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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO QUEIMA DE GÁS MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO GUSTAVO LEANDRO LOUREIRO Niterói, 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

QUEIMA DE GÁS

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

GUSTAVO LEANDRO LOUREIRO

Niterói, 2012

GUSTAVO LEANDRO LOUREIRO

QUEIMA DE GÁS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia de Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Orientador: Prof. Arturo Rodrigo Ferreira Pardo

Niterói

2012

iii

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram um pouco de si

para que a conclusão desse trabalho se tornasse possível:

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pelo dom da vida e da sabedoria que foi capaz de

transformar um sonho em realidade. Por não ter me dado tudo que pedia, mas me deu forças

para lutar por aquilo que queria.

Aos meus pais, que durante todos esses anos dedicaram a mim todos os minutos de suas

vidas. Sempre afirmando que a maior herança é a Educação, que só ela pode levar ao sucesso

e a felicidade. Que a ética, o caráter deve ser à base de nossa existência.

A Universidade Federal Fluminense, especialmente aos meus professores, pela formação que

recebi, por serem mediadores, por terem compartilhado os seus conhecimentos, mostrando a

importância de descobrir as coisas boas e interessantes.

Ao meu professor orientador, Arturo Rodrigo Ferreira Pardo, pelo auxílio, disponibilidade de

tempo e material.

À Agência Nacional de Petróleo (ANP), não só por ter me dado à oportunidade de iniciar a

prática acadêmica, mas por ter fornecido a base, os princípios para a elaboração desse

trabalho de pesquisa, o que me levou a conhecer melhor o mercado de trabalho.

À minha namorada por ter compreendido a importância e a necessidade da dedicação quase

que total.

Aos meus amigos que durante o curso conheci, aprendi que o espírito de equipe, a

colaboração e a amizade tornam o dia-a-dia mais fácil.

iv

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas

usadas...

Que já têm a forma do nosso corpo...

E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos

mesmos lugares...

É o tempo da travessia...

E se não ousarmos fazê-la...

Teremos ficado... para sempre...

À margem de nós mesmos...”

Fernando Pessoa

v

RESUMO

O Gás Natural vem conquistando em nossa matriz energética um espaço de muita

importância. Além das pressões sofridas por todas as indústrias com relação às questões

ambientais, somam-se a estes fatos os interesses governamentais para que sejam otimizadas as

utilizações dos recursos naturais, podemos perceber tais fatos através dos esforços realizados

pela Agência Nacional do Petróleo em parceria com as empresas operadoras do campo.

O Gás Natural, por ser uma fonte de energia segura e econômica. vem ganhando um

espaço cada vez maior. A vantagem da sua utilização é muita, tanto para o consumidor como

para toda a sociedade, uma delas é o baixo custo.

A indústria do petróleo vem avançando cada vez mais em busca da conquista

tecnológica que visa reduzir a queima de gás natural, investindo em conhecimento e inovação.

Embora essa redução venha ocorrendo, ela ainda não é a ideal. Podemos observar este

fato nos números que serão encontrados durante este trabalho.

Palavras-chave: Gás Natural. Otimizar. Reduzir a Queima de Gás.

vi

ABSTRACT

The natural gas using is growing and becoming really important in Brazilian. One of

the reasons for this are the pressures suffered about the environmental cares, other factor is

the interesting from governments to optimize the use of natural resources, we can see that this

factors are resulting in efforts from National Petroleum Agency of Brazil in partnership with

the enterprises that explores fields in Brazil.

This natural resource is economical and safe, the use of natural gas has a lot of

advantages to the consumer and for everybody in the world, and the biggest advantage for us

is the low cost.

Petroleum industry is always moving forward looking for the perfect technology

trying to reduce the gas flaring and venting, to optimize this production making more money

and minimizing environmental impacts.

Although reducing have been occurring, it’s far away from the perfect. This fact can

be observed in number that you will find in this job.

Keywords: Natural Gas. Optimize. Gas Flaring.

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Campo de Urucu no estado de Amazonas............................................. 5

Figura 2 – Campo de San Alberto na Bolívia......................................................... 5

Figura 3 – Reservas provadas de gás natural – 1965-2010.................................... 10

Figura 4 – Distribuição percentual das reservas provadas de gás natural................ 11

Figura 5 – Matriz Energética.................................................................................. 12

Figura 6 – Oferta de Gás Natural no Brasil............................................................ 12

Figura 7 – Reservas de Gás Natural no mundo....................................................... 15

Figura 8 – Organograma ANP................................................................................ 22

Figura 9 – Fluxograma relacionando os documentos PD, PAP e BMP.................. 35

Figura 10 – Placas de Orifício................................................................................. 37

Figura 11 – Placa de orifício entre flanges.............................................................. 38

Figura 12 – Placa de orifício montada entre porta-placas....................................... 38

Figura 13 – Medidor do tipo turbina....................................................................... 40

Figura 14 – Trecho de um sistema de medição com condicionador de fluxo......... 41

Figura 15 – Produção e Perda de Gás Natural........................................................ 44

Figura 16 – Termo de compromisso....................................................................... 45

Figura 17 – Tipos de PIG’s..................................................................................... 48

Figura 18 – Distribuição dos Motivos da Queima de Gás Natural......................... 50

Figura 19 – Distribuição da Queima de Gás em 2007............................................ 51

Figura 20 - Distribuição da Queima de Gás em 2008............................................ 51

Figura 21 - Distribuição da Queima de Gás em 2009............................................ 51

Figura 22 – Ciclo Queima....................................................................................... 52

Figura 23 – Injeção de Gás..................................................................................... 56

Figura 24 – Injeção na Capa de Gás....................................................................... 56

Figura 25 – Esquema de tratamento de gás............................................................. 57

Figura 26 – Cadeia de valor do GNL...................................................................... 60

Figura 27 – Instalação de Gasodutos...................................................................... 60

Figura 28 – Malha dutoviária brasileira.................................................................. 61

Figura 29 – Comparação de custo de transmissão de eletricidade .......................... 63

Figura 30 – Comparação de Tipos de Transporte de Gás Natural.......................... 63

Figura 31 – Planta projetada pela ADCO visando a Queima Zero.......................... 68

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição de Gás Natural Bruto........................................................ 4

Tabela 2 – Reservas totais e provadas de Gás Natural, por localização (terra e

mar), segundo Unidades da Federação – 2007 – 2010 ......................

16

ix

SUMÁRIO

I – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO..................................................................................1

1.1 Introdução ....................................................................................................................1

1.2 Objetivos......................................................................................................................1

II – DEFINIÇÃO DE GÁS NATURAL ....................................................................................3

2.1 Gás Natural associado e não associado.......................................................................4

2.2 Principais usos ............................................................................................................6

2.2.1 Setor Industrial .....................................................................................................6

2.2.2 Setor de transportes ..............................................................................................6

2.2.3 Setor residencial e comercial................................................................................7

2.2.4 Geração Elétrica ...................................................................................................7

2.3 Vantagem na utilização do Gás Natural .....................................................................7

III – HISTÓRIA DO GÁS NATURAL......................................................................................9

3.1 Papel do Gás Natural na Matriz Energética Brasileira ...............................................9

3.2 Reservas de Gás Natural ...........................................................................................10

3.3 Tipos de Reservas de Gás Natural ............................................................................13

IV – LEGISLAÇÃO.................................................................................................................17

V – FORMAS DE CONTROLE ..............................................................................................30

5.1 Plano de Desenvolvimento (PD)...............................................................................30

5.2 Programa Anual de Trabalho e Orçamento (PAT) ...................................................31

5.3 Programa Anual de Produção (PAP) ........................................................................32

5.4 Boletim Mensal de Produção (BMP)........................................................................33

5.5 Relação entre os documentos e as formas de controle da queima de Gás Natural ...34

5.6 Fiscalizações .............................................................................................................35

5.7 Tipos de medição ......................................................................................................36

5.7.1 Medição Fiscal ...................................................................................................36

5.7.2 Medição de Apropriação ....................................................................................36

5.7.3 Medição Operacional .........................................................................................36

5.7.4 Medição para transferência e custódia ...............................................................37

5.8 Atuação do NFP.......................................................................................................42

5.9 Acordos com as Operadoras ....................................................................................44

x

VI – MOTIVOS QUE OCORREM AS QUEIMAS E RAZÕES PORQUE DEVEM SER

EVITADAS ..............................................................................................................................46

6.1 Problemas nas Turbomáquinas ..................................................................................47

6.2 Ausência de Escoamento ...........................................................................................47

6.3 Falhas em sistemas operacionais ...............................................................................49

6.4 Manutenções programadas.........................................................................................49

6.5 Comissionamento.......................................................................................................49

6.6 Motivos pelos quais as Queimas devem ser evitadas ................................................52

VII – ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DA QUEIMA/PERDA DE GÁS NATURAL.55

7.1 Re-injeção .................................................................................................................55

7.2 Legislações severas no controle da perda de gás natural..........................................57

7.3 Políticas de incentivos fiscais para melhor aproveitamento do gás natural..............58

7.4 Alternativas de transporte de gás natural..................................................................59

7.4.1 Gás Natural Liquefeito (GNL) ...........................................................................59

7.4.2 Construção de gasodutos....................................................................................60

7.4.3 Gas to Liquid (GTL) ..........................................................................................61

7.4.4 Gas to Wire (GTW)............................................................................................62

7.4.5 Comparação entre as formas de transporte ........................................................63

7.5 Incidência de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) na queima

de gás natural ........................................................................................................................64

VIII – ESTUDO DE CASO .....................................................................................................66

IX – RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................70

9.1 Recomendações às operadoras..................................................................................70

9.2 Recomendações aos governos e às agências reguladoras:........................................70

9.3 Recomendações de trabalhos futuros:.......................................................................71

X – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................74

1

I – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

1.1 Introdução

Nosso país, atualmente, procura aumentar a oferta de gás natural, mas em contra

partida milhões de metros cúbicos de gás estão sendo queimados por dia. Este montante

poderia gerar energia elétrica que ajudaria não só ao Estado do Rio de Janeiro como a outros

Estados.

Diante deste quadro, percebemos a preocupação da agência reguladora em criar

normas e leis que viabilizem a redução da queima de gás natural no Brasil e incentivem as

empresas ao melhor aproveitamento do gás produzido nas plataformas.

1.2 Objetivos

Este trabalho tem por objetivo geral um estudo mais profundo sobre a queima de gás

natural.

Sua finalidade é expor o problema da perda de gás, esclarecendo as principais razões

para esse desperdício e os motivos pelos quais essa perda deve ser evitada.

Sugerindo então, alternativas para minimizar este quadro, através de novas tecnologias

e experiências de outros países.

No decorrer deste trabalho, nossos objetivos específicos serão exemplificados, com a

meta de elucidar tais questões.

1.3 Estrutura do trabalho

Este trabalho está estruturado em oito capítulos. O Capítulo I, Apresentação do

Trabalho, demonstra a importância de um estudo sobre a perda de gás natural, os objetivos

desta pesquisa e a sua estrutura.

No Capítulo II, aborda a definição e o conceito sobre gás natural, sua composição,

seus principais usos nos diversos setores onde o mesmo está inserido, implicando na

vantagem de sua utilização.

No Capítulo III, A História do Gás Natural, o seu papel na matriz energética brasileira

e as vantagens ambientais e econômicas na utilização deste recurso, assim como os tipos de

reservas encontradas no Brasil e no Mundo.

No Capítulo IV, Legislação, trata de dar as condições legais a fim de manter a ordem

institucional. Para isso algumas leis serão citadas, como a Lei 9.478/97, que criou a Agência

2

Nacional de Petróleo, com o objetivo de fiscalizar a regulamentação das atividades

econômicas da indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis, conhecida como a Lei do

Petróleo, por ter vindo estabelecer a política energética nacional.

No Capítulo V, Formas de Controle, tem por finalidade saber a forma como a Agência

Nacional de Petróleo consegue controlar o desperdício desse recurso e fiscalizar o mesmo.

Por isso, os documentos utilizados pela agência reguladora e as formas de medição serão

listados e estudados no decorrer desse capítulo.

No Capítulo VI, Motivos que ocorrem as queimas e razões porque devem ser evitadas,

serão apontados os motivos que levam a esse desperdício, mas principalmente as razões

econômicas e ambientais pelos quais os mesmos devem ser evitados, consequentemente os

prejuízos ocasionados por isso.

No Capítulo VII, Alternativas para a redução da Queima/Perda de Gás Natural, serão

explicadas alternativas que viabilizam a melhora destas perdas, algumas já utilizadas e com

sucesso por outros países e por nossa nação, reduzindo assim essa queima valiosa e seus

impactos ambientais.

No Capítulo VIII, Estudo de Caso, visa demonstrar que os estudos teóricos dos

capítulos anteriores, podem e devem se tornar realidade, apropriando-se do estudo de caso de

projeto realizado no Oriente Médio e Golfo do México, estudamos os desafios encontrados,

tanto técnicos quanto econômicos, e como os mesmos foram superados.

O capítulo IX tem como objetivo fornecer recomendações para as empresas

operadoras assim como para os governos e agências reguladoras, outro tema abordado é a

sugestão de trabalhos futuros complementares ao estudo aqui.

Por fim, o Capítulo X, ponderará sobre as considerações finais demonstradas ao longo

do trabalho.

3

II – DEFINIÇÃO DE GÁS NATURAL

O Gás Natural é um combustível fóssil, que consiste em uma mistura de

hidrocarbonetos leves, formados a partir da decomposição de matéria orgânica ocasionada por

bactérias anaeróbicas. Essa degradação da matéria orgânica acontece em altas pressões e

temperaturas ou através da alteração térmica dos hidrocarbonetos líquidos. Algumas de suas

características são:

- Inodoro

- Incolor

- Toxidade – O Gás Natural não é tóxico e se dissipa facilmente na atmosfera

Geralmente, este recurso apresenta um baixo teor de contaminantes. Como é de se

esperar, a pressão atmosférica e temperatura ambiente o faz permanecer na fase gasosa. Sendo

o gás natural mais leve que o ar, ele se dissipa facilmente na atmosfera, para que este gás se

inflame, o mesmo deve ser submetido a uma temperatura superior a 620°C. Por ser inodoro, o

gás natural é comercializado odorizado com enxofre por questões de segurança.

O aproveitamento energético deste recurso natural produz impactos indesejáveis ao

meio ambiente, mas ainda assim, esses impactos são menores quando comparados ao petróleo

e ao carvão mineral. Em termos de poluição atmosférica, a combustão desse gás contribui

para a formação do smog, que é uma mistura de fumaça, poluentes e nevoeiro. Isso ocorre

pela combinação de Nitrogênio e Oxigênio formando dióxido de nitrogênio, principal vilão na

formação do smog. (MELO & MEDINA, 2005)

Apesar de sabermos que o Gás Natural é composto por: Hidrocarbonetos, Dióxido de

Carbono (CO2), Hidrogênio Sulfurado (H2S), Nitrogênio (N2), Água (H2O), Ácido Clorídrico

(HCl), entre outras substâncias, não se pode afirmar com certeza a presença e proporção

dessas substâncias pois isto varia de acordo com a localização do reservatório, da mistura

original de matéria orgânica que gerou essa acumulação de gás, do tipo de solo, do tipo de

rocha onde está localizado reservatório. (VAZ; SANTOS; MAIA, 2008)

Abaixo, pode ser encontrada a tabela 1 com a composição do Gás Natural Bruto em

vários países e Estados brasileiros, para que se possa ter a idéia de como é variável essa

composição de elementos, porém podemos notar a preponderância do gás metano nessas

composições, fato que sempre ocorre no gás natural.

4

Tabela 1 – Composição de Gás Natural Bruto

Origem Composição em % Volume

País/Campo Metano CH4

Etano C2H6

Propano C2H2

C4 e Maiores

CO2 N2

Densidade

Poder Calorífico Superior (MJ/Nm²)

USA/Panh 81,8 5,6 3,4 2,2 0,1 6,9 ------- 42,7 USA/Ashlaw 75,0 24,0 - - - 1,0 ------- 46,7 Canadá 88,5 4,3 1,8 1,8 0,6 2,6 ------- 43,4 Rússia 97,8 0,5 0,2 0,1 0,1 1,3 ------- 39,6 Austrália 76,0 4,0 1,0 1,0 16,0 2,0 ------- 35,0 França 69,2 3,3 1,0 1,1 9,6 0,6 ------- 36,8 Alemanha 74,0 0,6 - - 17,8 7,5 ------- 29,9 Holanda 81,2 2,9 0,4 0,2 0,9 14,4 0,640 31,4 Pérsia 66,0 14,0 10,5 7,0 1,5 1,0 0,870 52,3 Mar do Norte 94,7 3,0 0,5 0,4 0,1 1,3 0,590 38,6 Argélia 76,0 8,0 3,3 4,4 1,9 6,4 ------- 46,2 Venezuela 78,1 9,9 5,5 4,9 0,4 1,2 0,702 47,7 Argentina 95,0 4,0 - - - 1,0 0,578 40,7 Bolívia 90,8 6,1 1,2 0,0 0,5 1,5 0,607 38,8 Chile 90,0 6,6 2,1 0,8 - - 0,640 45,2 Brasil Rio de Janeiro

89,44 6,7 2,26 0,46 0,34 0,8 0,623 40,22

Bahia 88,56 9,17 0,42 - 0,65 1,2 0,615 39,25 Alagoas 76,9 10,1 5,8 1,67 1,15 2,02 - 47,7 Rio Grande do Norte

83,48 11 0,41 - 1,95 3,16 0,644 38,54

Espírito Santo

84,8 8,9 3,0 0,9 0,3 1,58 0,664 45,4

Ceará 76,05 8,0 7,0 4,3 1,08 1,53 - 52,4 Fonte: CONPET (2004)

2.1 Gás Natural associado e não associado

O Gás Natural é encontrado em rochas porosas no subsolo, acompanhado ou não de

petróleo, ou seja, ele pode ser encontrado em reservatórios que contenham apenas Gás Natural

ou reservatórios com Petróleo e Gás Natural, podendo ser classificado como Gás associado ou

Gás não associado, essa classificação é feita em função do teor de petróleo bruto e de gás

livre.

a) Gás associado: Este tipo de gás encontra-se dissolvido no óleo ou na forma de capa de

gás (Figura 1). Nessas situações a produção deste gás, acaba sendo controlada pela

produção do óleo. Este gás pode ser utilizado para reinjeção, buscando aumentar a

recuperação de petróleo no reservatório (atráves da manutenção da pressão no

reservatório devido à reinjeçao), pode ser usado também em um processo conhecido

como gás lift, que é método de elevação o qual age facilitando a subida do petróleo

5

através da coluna de produção. Além disso, esse gás pode ser utilizado para geração de

energia abastecende a própria unidade de produção, pois normalmente ela se encontra

em locais isolados e de difícil acesso, outro destino desse gás é a queima, tema que

será detalhado durante essa monografia. (SOCIETY OF PETROLEUM ENGINEERS;

AMERICAN ASSOCIATION OF PETROLEUM GEOLOGISTS; WORLD

PETROLEUM COUNCIL; SOCIETY OF PETROLEUM EVALUATION

ENGINEERS,2007)

Figura 1 – Campo de Urucu no Estado do Amazonas

Fonte : CONPET (2004)

b) Gás não-associado: Consiste no gás proveniente de um reservatório onde não existe

óleo ou ele existe em pequenas quantidades, nessas situações só é válida

economicamente a produção de gás. (Figura 2) (SOCIETY OF PETROLEUM

ENGINEERS; AMERICAN ASSOCIATION OF PETROLEUM GEOLOGISTS;

WORLD PETROLEUM COUNCIL; SOCIETY OF PETROLEUM EVALUATION

ENGINEERS,2007)

Figura 2 – Campo de San Alberto na Bolívia

Fonte: CONPET (2004)

6

2.2 Principais usos

O gás natural é um combustível que pode ser usado na geração de eletricidade e

fornecimento de calor. Outra forma de utilização deste recurso, é como matéria-prima em

indústrias siderúrgicas, químicas, petroquímicas e de fertilizantes. Ele pode também ser

utilizado na área de transportes, substituindo a gasolina, o diesel e o álcool. Como podemos

notar, o gás natural possui um leque de vários segmentos, podendo ser utilizado desde que

sejam atendidas as condições ambientais estipuladas.

Serão agora separados, definidos e explicados alguns setores, algumas áreas onde o

gás natural está inserido. (MELO & MEDINA, 2005)

2.2.1 Setor Industrial

Como mencionado anteriormente, o gás natural possui uma queima melhor em

questões ambientais do que outros tipos de combustíves, podendo ser considerada uma

combustão “limpa”, o que leva a um benefício para o meio ambiente.

No setor industrial, ele é utilizado na geração de eletricidade, geração de calor, como

matéria prima nos setores petroquímicos e químicos, com destaque na produção de metanol,

amônia e uréia. Participando ainda, no processo de fabricação do aço como redutor

siderúrgico.

Além disso, por ser um combustível extremamente versátil, pode ser utilizado para

abastecer equipamentos como caldeiras, fornos, secadores, estufas, entre outros, o que reduz

custos de manutenção de máquinas, aumentando a segurança e a eficiência dos equipamentos.

(VAZ; SANTOS; MAIA, 2008)

2.2.2 Setor de transportes

No setor de transportes o gás natural é utilizado como combustível , sendo conhecido

como GNV (gás natural veicular). Por ser seco, o GNV não gera resíduos de carbono no

motor, o que aumenta a vida útil do mesmo. Por ser mais leve que o ar, ele se dissipa

rapidamente na atmosfera, diminuindo o risco de explosão, sendo considerado um

combustível ecológico, pois emite menos poluentes que os seus concorrentes. Além disso, seu

custo é menor do que o de seus concorrentes.

Tem com desvantagem o alto custo de instalação do sistema GNV nos automóveis, o

que leva a uma menor quantidade de postos com GNV em comparação com os demais

combustíveis. (DE JESUS, 2004)

7

2.2.3 Setor residencial e comercial

O Gás Natural é muito utilizado em grandes centros urbanos no consumo residencial,

podendo ser utilizado nas formas mais comuns como em chuveiros, fogões ou ainda em

formas menos conhecidas como em saunas, lareiras e até mesmo em churrasqueiras.

No setor comercial, a aplicação do gás natural é muito semelhante a encontrada em

residências, aquecendo água e climatizando ambientes, levando em conta a necessidade de

obter esses resultados em larga escala e constantemente, a utilização do gás natural é uma

forma extremamente econômica de obter tais necessidades.(DE JESUS, 2004.)

2.2.4 Geração Elétrica

A geração de energia elétrica é outra grande utilidade do gás natural, podendo, por

exemplo, ser produzida através de usinas termelétricas. É possível a substituição de óleo,

lenha, carvão utilizando-se gás natural em turbinas para gerar eletricidade. Sendo, menos

poluente e mais eficiente que os demais combustíveis fósseis e por esta razão que o gás

natural vem conquistando cada vez mais espaço no sertor elétrico.

Agora que já foram abordados os principais setores onde o gás natural é utilizado,

compreender-se-à um pouco mais sobre o porque esse recurso vem sendo cada vez mais

utilizado nesses setores e porque vem ganhando cada vez mais destaque na matriz energética

brasileira e mundial, deixando claro motivos pelos quais ele não deve ser disperdiçado.

(ANEEL)

2.3 Vantagem na utilização do Gás Natural

Além das vantagens de segurança, econômicas e ambientais, existem outras vantagens

que o gás natural possui em comparação aos combustíveis fósseis, com os quais ele concorre :

(MELO & MEDINA, 2005)

a) Vantagens Macroeconômicas:

-Diversificação da Matriz Energética

-Ampla disponibilidade

-Aumento no rendimento energético

-Aumento da competitividade das indústria

-Aumento na oferta de empregos

-Elimina custos de estocagem

8

b) Vantagens ao Usuário:

-Aumento na vida útil dos equipamentos

-Fácil adaptação das instalações existentes

-Menor corrosão nos equipamentos

-Menor custo de manutenção

-Reduz custos das instalações

-Combustão regulável facilmente

-Alto rendimento energético

-Pagamento efetuado após o consumo

-Custo muito competitivo

c) Vantagens Ambientais de Segurança:

-Menores restrições ambientais

-Redução na emissão de partículas

-Redução do desmatamento

-Baixa presença de contaminantes

-Rápida dispersão de vazamentos

-Diminuição da poluição

-Dispensa a manipulação de produtos químicos perigosos

Portanto, apesar de todas as vantagens que o gás natural é capaz de nos fornecer, no

contexto atual, onde existe uma grande preocupação com o meio ambiente as vantagens mais

contribuitivas são em relação à questão ambiental, ou seja, à questão da redução da poluição.

Porém, não devemos é claro cair em utopia e afirmar que este é o fator determinante, as

questões econômicas também não podem ser esquecidas, pois todos os projetos precisam ser

viáveis.

Levando em consideração que além de possuir vantagens econômicas, o gás natural

também possui vantagens ecológicas, entre outras vantagens. Este tipo de recurso natural

torna-se uma ótima alternativa energética neste momento, por se tratar de um combustível

econômico, limpo, versátil e com boa disponibilidade.

9

III – HISTÓRIA DO GÁS NATURAL

Povos como Persas, Babilônicos e Gregos já conheciam o gás natural. Apesar da falta

de conhecimento sobre este recurso natural, em alguns lugares esse gás era expelido

naturalmente e esses povos construíam templos onde mantinham o “fogo eterno” aceso.

Apesar disso, os primeiros usos econômicos do gás natural só foram registrados nos

séculos XVIII e XIX. Eles utilizaram as saídas de gás natural através do solo e construíram

fornos destinados à cerâmica e metalurgia.

Já no final do século XIX, com a invenção do queimador Bunsen, que misturava gás

natural com o ar, permitindo assim o ajuste do tamanho da chama e com a construção de um

gasoduto, esse recurso passou a ser mais utilizado na Europa. Porém, como essas técnicas de

construção de gasodutos eram muito básicas, o domínio do óleo e do carvão ainda era

extremamente preponderante, pois os volumes transportados por estes gasodutos eram

pequenos e para pequenas distâncias.

Por volta de 1930, os avanços da tecnologia já começavam a tornar possível o

transporte desse recurso natural para longos percursos.

Durante o período de construções pós-guerra, com os avanços na metalurgia, nas

técnicas de soldagens e construção de tubos, ocorreram investimentos em milhares de

quilômetros de gasodutos. A partir daí, países como Estados Unidos, Canadá, Japão passaram

a fazer uso do gás natural, devido às vantagens ambientais e econômicas apresentadas por este

recurso. (ROBERTO, 2004.)

3.1 Papel do Gás Natural na Matriz Energética Brasileira

A importância do Gás Natural tem aumentando cada vez mais nesses últimos anos.

Este insumo que para alguns segmentos é usado como combustível e para outros funciona

como matéria prima, tem tomado espaço na matriz energética brasileira, pois em nosso país a

indústria de petróleo e gás é de extrema importância e possui um enorme papel na economia

brasileira.

Apesar do aumento dessa importância, algumas dificuldades encontradas fazem com

que nem todas as descobertas de reservatórios de gás associados ou não-associados possam

vir a aumentar a oferta deste recurso. Isto porque, os custos envolvidos devem ser estudados

para que exista uma viabilidade econômica; visto que o gás natural requer um alto custo

associado à infra-estrutura para que seja possível o acesso a essa reserva, ainda mais se levado

em consideração que a maior parte das reservas está localizada no mar, o que potencializa

10

ainda mais esse problema de gastos devido aos maiores custos relativos às operações offshore.

O aumento da tecnologia vem amenizando esse fator e investimentos nesses estudos e o seu

desenvolvimento seria uma solução para o problema.

Mesmo com algumas dificuldades, a introdução do Gás Natural na matriz energética

brasileira entre os anos de 1980 e 2000, deu-se ao fato do aumento do aproveitamento deste

na Bacia de Campos, assim como novas descobertas principalmente nessa região. Entre esses

anos, as reservas provadas chegaram a quadruplicar, um fato que impulsionou essa descoberta

foi a primeira crise mundial do petróleo, no início da década de 70, o que acabou

impulsionando a pesquisa para exploração de novas áreas, garantindo o abastecimento

nacional e minimizando assim a dependência externa. Além disso, nessa época o gás natural

possuía baixo valor agregado, uma péssima estrutura de escoamento, processamento e um

mercado consumidor muito pequeno. Somando todos esses aspectos e levando em

consideração que as plataformas da ocasião não foram projetadas visando o aproveitando do

gás natural, podemos concluir a situação que se originou: a maioria dos campos produtores

que surgiram naquela época queimavam grandes quantidades de gás associado, situação essa

que arrastaram alguns desses problemas por muitos anos. (TOLMASQUIM .;GUERREIRO.;

GORINI, 2007)

3.2 Reservas de Gás Natural

De acordo com a situação acima, a crise do petróleo na década de 70 impulsionou a

busca pelo Gás Natural. Aqui no Brasil isto se traduziu em descobertas na bacia de Campos,

que tiveram papel fundamental na introdução do Gás Natural na matriz energética brasileira,

conforme podemos notar observando a figura 3, onde se encontra o comportamento da

quantidade de Reservas Provadas de Gás Natural entre os anos de 1965 e 2010, mostrando as

descobertas na Bacia de Campos. (Agência Nacional do Petróleo, 2011)

Figura 3 – Reservas provadas de gás natural – 1965 - 2010

Fonte : Boletim Mensal de Produção (04/2011)

11

A figura 4 nos fornece uma visão sobre o que foi mencionado, é o gráfico de

distribuição das Reservas Provadas de Gás Natural em nosso país, onde podemos observar

que a maior concentração deste recurso encontra-se justamente no Rio de Janeiro, onde está

localizada boa parte da Bacia de Campos.

Figura 4 – Distribuição percentual das reservas provadas de gás natural, segundo Unidades da Federação,

31/12/2010 Fonte : Boletim Mensal de Produção (04/2011)

Outras razões que levaram a esta crescente inserção deste recurso em nossa matriz

energética foram:

a) a flexibilização do monopólio da Petrobras.

b) valorização comercial do Gás Natural.

c) privatização de empresas estaduais de distribuição de gás.

d) as licitações de novas áreas de concessão.

e) a edição do Programa Prioritário de Termelétricas, que buscou a implantação de

centrais termelétricas a gás, fato fortalecido com a crise do apagão no início do século

XXI.

f) as importações através do gasoduto Brasil-Bolívia.

Sendo este último polêmico de certa forma. O Brasil resolveu importar o gás da

Bolívia por razões econômicas e sociais, porém essa tentativa de comercialização de recursos

naturais, que já vinha sendo ensaiada desde 1930 quando a tentativa era com base do petróleo

teve sua obra iniciada em 1997 com o gasoduto Brasil-Bolívia e iniciou sua produção no ano

de 1999, porém com a posse do presidente Evo Morales, em 2005, e a busca pela

nacionalização das reservas de hidrocarbonetos em 2006, essa relação de comercialidade

acabou afetada. (MOREIRA; NIYAMA; BOTELHO)

Nessa situação o Brasil viu-se obrigado a buscar a auto-suficiência. Para isto foram

tomadas algumas medidas políticas, como por exemplo, o Plano de Antecipação de Produção

12

do Gás (Plangás) e maiores investimentos ocorreram também através do Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), com essas medidas ocorreu um aumento na produção do

gás natural já no ano de 2007.

Em 2008, nosso país sentiu reflexos da crise mundial, observa-se nas figuras 5 e 6 que

houve uma retração na movimentação de gás natural no setor industrial e energético. Neste

período, o alto índice pluviométrico durante essa época também potencializou essa queda do

gás natural, pois manteve alto o nível dos reservatórios das usinas hidroelétricas, diminuindo

a necessidade da utilização das termelétricas, o que reduziu o consumo do gás natural.

Figura 5 – Matriz energética

Fonte : MME/International Energy Agency (2010)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

19

80

19

82

19

84

19

86

19

88

19

90

19

92

19

94

19

96

19

98

20

00

20

02

20

04

20

06

20

08

20

10

Em

%

OFERTA DE GÁS NATURAL NO BRASIL

GÁS NATURAL

Figura 6 – Oferta de Gás Natural no Brasil

Fonte: https://ben.epe.gov.br/BENSeriesCompletas.aspx

Nota-se que nas figuras acima citadas, apesar do grande aumento da oferta no Brasil,

devido às descobertas de novos reservatórios, ao comparar a nossa matriz energética com a

matriz mundial, percebe-se que esse recurso natural ainda pode ser mais bem explorado e para

que isso aconteça não é necessária à busca de novas reservas desse bem, basta um aumento da

eficiência das reservas que já são conhecidas, diminuindo perdas, investindo em infraestrutura

13

para escoamento de produção, com isso o gás natural pode vir a somar cada vez mais na

economia brasileira.

Segundo dado da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE), essa fonte de energia representa mais de 20% da energia consumida em países de

primeiro mundo.

Analisando a figura 5 da matriz energética brasileira, observa-se que outra forma de

energia de grande importância é a de origem hídrica, mas devido à dependência de fatores

ambientais existem as usinas térmicas que entram como forma de suprir eventuais

necessidades, a partir do momento em que os níveis das usinas hidroelétricas se encontram

abaixo do limite de segurança, sendo que muitas dessas usinas são movidas a Gás Natural.

(TOLMASQUIM; GUERREIRO; GORINI, 2007)

Por esta razão, a possibilidade de insuficiência da oferta deste recurso gera

preocupações e a necessidade de buscar soluções para o atendimento da demanda nacional e

neste caso não se tratando apenas do abastecimento de usinas, mas de outros setores como

segmentos industriais, residências, automotivo entre outras necessidades comuns a qualquer

país.

3.3 Tipos de Reservas de Gás Natural

Antes de começar a falar sobre as reservas encontradas no Brasil e no Mundo,

devemos ter em mente que não é possível precisar exatamente a quantidade de óleo e gás

presente em um reservatório, por esta razão com o objetivo de padronizar esses valores

encontrados, evitando que cada empresa adote um critério diferente, começou-se a estudar

uma forma de padronização, a fim de manter uma maior uniformidade entre os valores

divulgados pelas empresas, visto que essas reservas reportadas afetam diretamente os valores

das empresas nas bolsas.

Harrel & Gardner (2003, página 2) buscaram destacar as entidades que estão

realizando esse trabalho, uma delas é a Society of Petroleum Engineers (SPE) que realiza

estudos com o apoio da World Petroleum Council (WPC), e a United States Securities and

Exchange Comission (SEC). Enquanto a SPE possui uma organização de caráter profissional

e científico, a SEC possui normas com força regulatória no mercado de títulos dos Estados

Unidos, para que empresas petrolíferas negociem suas ações na Bolsa de Nova Iorque.

Essas empresas precisam cumprir as normas da SEC, podemos citar como dessas normas as

estimativas de volume de petróleo e gás natural que podem ser extraídos de seus reservatórios,

porém esses valores devem estar baseados nos critérios definidos e nos padrões especificados.

14

A primeira tentativa de se classificar o petróleo e as categorias de reservas surgiu do

Instituto de Petróleo Americano (API), na década de 30. A partir daí, com o passar dos anos e

os desenvolvimentos tecnológicos e científicos, métodos mais confiáveis e precisos foram

surgindo o que permitiu uma melhor avaliação das reservas encontradas, foi então que

apareceu a necessidade de uma terminologia para esses tipos de reservas. (MOREIRA;

NIYAMA; BOTELHO)

Como foi dito anteriormente, não se pode precisar exatamente as reservas encontradas,

observando este fato surgiu-se a necessidade de classificar esses valores de acordo com seu

grau de incerteza. De acordo com a SPE (1997) as reservas ficam classificadas de acordo com

o nível de certeza em três categorias, sendo elas:

- Reservas Provadas:

De acordo com a SPE, esse termo é utilizado para designar o volume de petróleo e gás

natural com viabilidade econômica para ser comercializado, possuindo um razoável grau de

confiabilidade sendo essas reservas estimadas através de estudos e dados de engenharia e

geológicos.

- Reservas Não-Provadas:

A SPE (1997) define: “[...] são baseadas em dados geológicos ou de engenharia similares

aos utilizados para reservas provadas. Mas incertezas técnicas, contratuais, econômicas ou

normativas impedem que sejam classificadas como provadas.”

Estes tipos de reservas podem ser incluídos como reservas prováveis ou possíveis, que

serão definidas abaixo.

- Reservas Prováveis:

Conforme definido pela SPE (1997), analisando dados geológicos e de engenharia, este

tipo de reserva seria um tipo de reserva não-provada onde a probabilidade de sucesso seria

superior a probabilidade de fracasso. Ou seja, essas reservas devem ter 50% ou mais de

chance de que as quantidades de óleo e/ou gás extraídas sejam iguais ou maiores que a soma

das estimativas para reservas provadas e não-provadas. .

- Reservas Possíveis:

Também segundo a SPE (1997) elas são um tipo de reservas não-provadas que ao

contrário das prováveis, possuem uma menor probabilidade de recuperação, estando entre

50% e 10% as chances de que suas quantidades recuperáveis se igualem ou superem os

volumes das reservas provadas somados aos das reservas não-provadas.

15

Agora que conhecemos os tipos de reservas e suas definições, sabendo as principais

diferenças entre elas, observando o mapa (figura 7), que coloca as reservas de gás natural em

cada país do mundo, sendo estes valores em metros cúbicos, podemos perceber que o país

com a maior reserva provada de gás natural é a Rússia com 47,57 trilhões de metros cúbicos

seguido pelo Irã e Catar com 29,61 trilhões de metros cúbicos e 25,47 trilhões de metros

cúbicos respectivamente. Nosso país ocupa apenas a 36ª colocação no ranking de países com

maiores reservas provadas, mais uma razão para atentar para o desperdício desse valioso

recurso natural.

Figura 7 – Reservas de Gás Natural no mundo

Fonte : http://www.indexmundi.com

Um fato importante de ser observado é que apesar da Rússia ser o país que possui as

maiores reservas provadas, ela não é o maior produtor de Gás Natural. O maior produtor de

Gás Natural é os Estados Unidos.

Isto ocorre devido a um maior investimento em infra-estrutura, desenvolvimento de

tecnologia, porém a maior parcela de todo esse esforço deve-se ao simples fato de que os

Estados Unidos é o maior consumidor de Gás Natural do mundo. Além desses fatores as

companhias que investem na exploração do chamado gás não-convencional recebem

incentivos governamentais o que gera uma busca cada vez maior na exploração deste tipo de

jazida.

Resumindo, o maior produtor de gás do mundo ainda precisa importar esse recurso

para suprir suas necessidades internas, o que mostra a grande importância que o gás natural

possui na matriz energética americana.

Agora que possuímos conhecimento para diferenciar os tipos de reserva existentes,

podemos observar a tabela 2, que nos mostra as reservas totais e provadas entre 2007 e 2010,

16

e sua localização (se são localizadas em terra e mar), o que nos faz perceber que a maior parte

das reservas está localizada no mar.

Tabela 2 – Reservas totais e provadas de gás natural, por localização (terra e mar), segundo Unidades da Federação – 2007 – 2010

Reservas de Gás Natural (milhões m3)

2007 2008 2009 2010

Unidades da Federação

Localização

Reservas totais

Reservas provadas

Reservas Totais

Reservas provadas

Reservas totais

Reservas provadas

Reservas totais

Reservas provadas

Total 584.472 364.991 589.007 364.095 577.044 358.121 802.264 416.952

Subtotal Terra Mar

117.158 467.315

68.131 296.860

125.056 463.950

73.242 290.853

118.698 458.346

65.279 292.842

116.917 685.347

68.659 348.293

Amazonas Terra 90.518 52.774 90.453 52.143 93.909 52.397 94.456 55.878

Ceará Terra Mar

1.097

825

1.321

1.028

1.152

784

1.447

652

Rio Grande do Norte

Terra Mar

2.439 13.166

1.942 11.755

11.699 2.172

8.663 1.585

2.254 10.288

1.555 8.115

2.036 10.555

1.385 8.421

Alagoas Terra Mar

4.830 1.061

3.042 850

4.706 944

2.917 730

4.340 1.084

2.571 825

4.063 1.085

2.297 1.085

Sergipe Terra Mar

923 4.794

761 2.842

1.306 4.908

989 2.678

1.330 4.962

913 2.523

1.452 4.303

1.027 2.588

Bahia Terra Mar

16.238 35.044

8.470 26.423

14.850 33.603

7.447 24.671

15.149 29.291

7.202 24.813

13.379 26.366

7.356 22.806

Espírito Santo

Terra Mar

1.449 68.179

1.140 37.594

1.266 71.851

940 38.004

946 87.874

637 46.714

716 85.431

583 43.776

Rio de Janeiro

Mar 272.839 167.917 290.028 173.142 267.164 161.967 496.918 218.460

São Paulo Mar 67.088 47.881 55.984 48.340 53.265 46.189 55.304 49.373

Paraná Terra Mar

761 1.610

1 568

777 538

142 468

770 904

4 684

814 1.261

135 904

Santa Catarina

Mar 2.437 206 2.600 205 2.364 230 2677 230

Fonte : Boletim Mensal de Produção (04/2011)

17

IV – LEGISLAÇÃO

Experiências internacionais e até mesmo de outros assuntos mostram que para um

melhor funcionamento de um mercado qualquer, assim como o do petróleo e gás natural, é

fundamental a existência de condições institucionais e legais a fim de manter um tipo de

ordem. E o governo federal ciente dessa situação tratou de criar a Lei 9.478/97, conhecida

como Lei do Petróleo, de 06 de Agosto de 1997, que dispõe sobre a política energética

nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, estabelecendo a criação do

Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), e da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Por esta razão, este capítulo tem como finalidade expor a legislação vigente no setor

de exploração e produção do petróleo e gás natural, mostrando os seus objetivos para

melhorar a exploração destes recursos. Para que assim fique destacada a importância de uma

correta utilização destes recursos naturais.

Como citado anteriormente a Lei 9.478/97, foi responsável pela criação da Agencia

Nacional do Petróleo, porém a ANP só foi implementada em 1998 e somente em 2005, com a

Lei 11.097, ela passou a ser chamada Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis. Este órgão governamental tem a função de promover a regulação, a

contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo,

gás natural e biocombustíveis. Segue, abaixo, partes das Legislações que afirmam tal fato:

I- implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de

petróleo, gás natural e biocombustíveis, contida na política energética

nacional, nos termos do Capítulo I desta Lei, com ênfase na garantia do

suprimento de derivados de petróleo, gás natural e seus derivados, e de

biocombustíveis, em todo o território nacional, e na proteção dos interesses

dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta dos

produtos; (Redação dada pela Lei nº 11.097, de 2005)

II - promover estudos visando à delimitação de blocos, para efeito de

concessão das atividades de exploração, desenvolvimento e produção;

II - promover estudos visando à delimitação de blocos, para efeito de

concessão ou contratação sob o regime de partilha de produção das

atividades de exploração, desenvolvimento e produção; (Redação dada pela

Lei nº 12.351, de 2010)

18

III - regular a execução de serviços de geologia e geofísica aplicados à

prospecção petrolífera, visando ao levantamento de dados técnicos,

destinados à comercialização, em bases não-exclusivas;

IV - elaborar os editais e promover as licitações para a concessão de

exploração, desenvolvimento e produção, celebrando os contratos delas

decorrentes e fiscalizando a sua execução;

V - autorizar a prática das atividades de refinação, processamento,

transporte, importação e exportação, na forma estabelecida nesta Lei e sua

regulamentação;

V - autorizar a prática das atividades de refinação, liquefação,

regaseificação, carregamento, processamento, tratamento, transporte,

estocagem e acondicionamento; (Redação dada pela Lei nº 11.909, de 2009)

VI - estabelecer critérios para o cálculo de tarifas de transporte dutoviário e

arbitrar seus valores, nos casos e da forma previstos nesta Lei;

VII - fiscalizar diretamente, ou mediante convênios com órgãos dos Estados

e do Distrito Federal, as atividades integrantes da indústria do petróleo,

bem como aplicar as sanções administrativas e pecuniárias previstas em lei,

regulamento ou contrato;

VII - fiscalizar diretamente, ou mediante convênios com órgãos dos Estados

e do Distrito Federal, as atividades integrantes da indústria do petróleo, do

gás natural e dos biocombustíveis, bem como aplicar as sanções

administrativas e pecuniárias previstas em lei, regulamento ou

contrato; (Redação dada pela Lei nº 11.097, de 2005)

VII - fiscalizar diretamente e de forma concorrente nos termos da Lei

no 8.078, de 11 de setembro de 1990, ou mediante convênios com órgãos dos

Estados e do Distrito Federal as atividades integrantes da indústria do

petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, bem como aplicar as

sanções administrativas e pecuniárias previstas em lei, regulamento ou

contrato; (Redação dada pela Lei nº 11.909, de 2009)

VIII - instruir processo com vistas à declaração de utilidade pública, para

fins de desapropriação e instituição de servidão administrativa, das áreas

19

necessárias à exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás

natural, construção de refinarias, de dutos e de terminais;

IX - fazer cumprir as boas práticas de conservação e uso racional do

petróleo, dos derivados e do gás natural e de preservação do meio

ambiente;

IX - fazer cumprir as boas práticas de conservação e uso racional do

petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis e de preservação do

meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 11.097, de 2005)

X - estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias na exploração,

produção, transporte, refino e processamento;

XI - organizar e manter o acervo das informações e dados técnicos relativos

às atividades da indústria do petróleo;

XI - organizar e manter o acervo das informações e dados técnicos relativos

às atividades reguladas da indústria do petróleo, do gás natural e dos

biocombustíveis; (Redação dada pela Lei nº 11.097, de 2005)

XII - consolidar anualmente as informações sobre as reservas nacionais de

petróleo e gás natural transmitidas pelas empresas, responsabilizando-se

por sua divulgação;

XIII - fiscalizar o adequado funcionamento do Sistema Nacional de Estoques

de Combustíveis e o cumprimento do Plano Anual de Estoques Estratégicos

de Combustíveis, de que trata o art. 4º da Lei nº 8.176, de 8 de fevereiro de

1991;

XIV - articular-se com os outros órgãos reguladores do setor energético

sobre matérias de interesse comum, inclusive para efeito de apoio técnico ao

CNPE;

XV - regular e autorizar as atividades relacionadas com o abastecimento

nacional de combustíveis, fiscalizando-as diretamente ou mediante

convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou

Municípios;

20

XVI - regular e autorizar as atividades relacionadas à produção,

importação, exportação, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda e

comercialização de biodiesel, fiscalizando-as diretamente ou mediante

convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou

Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.097, de 2005)

XVI - regular e autorizar as atividades relacionadas à produção,

importação, exportação, armazenagem, estocagem, transporte,

transferência, distribuição, revenda e comercialização de biocombustíveis,

assim como avaliação de conformidade e certificação de sua qualidade,

fiscalizando-as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da

União, Estados, Distrito Federal ou Municípios; (Redação dada pela

Medida Provisória nº 532, de 2011)

XVII - exigir dos agentes regulados o envio de informações relativas às

operações de produção, importação, exportação, refino, beneficiamento,

tratamento, processamento, transporte, transferência, armazenagem,

estocagem, distribuição, revenda, destinação e comercialização de produtos

sujeitos à sua regulação; (Incluído pela Lei nº 11.097, de 2005)

XVIII - especificar a qualidade dos derivados de petróleo, gás natural e seus

derivados e dos biocombustíveis. (Incluído pela Lei nº 11.097, de 2005)

XIX - regular e fiscalizar o acesso à capacidade dos gasodutos; (Incluído

pela Lei nº 11.909, de 2009)

XX - promover, direta ou indiretamente, as chamadas públicas para a

contratação de capacidade de transporte de gás natural, conforme as

diretrizes do Ministério de Minas e Energia; (Incluído pela Lei nº 11.909, de

2009)

XXI - registrar os contratos de transporte e de interconexão entre

instalações de transporte, inclusive as procedentes do exterior, e os

contratos de comercialização, celebrados entre os agentes de

mercado; (Incluído pela Lei nº 11.909, de 2009)

21

XXII - informar a origem ou a caracterização das reservas do gás natural

contratado e a ser contratado entre os agentes de mercado; (Incluído pela

Lei nº 11.909, de 2009)

XXIII - regular e fiscalizar o exercício da atividade de estocagem de gás

natural, inclusive no que se refere ao direito de acesso de terceiros às

instalações concedidas; (Incluído pela Lei nº 11.909, de 2009)

XXIV - elaborar os editais e promover as licitações destinadas à

contratação de concessionários para a exploração das atividades de

transporte e de estocagem de gás natural; (Incluído pela Lei nº 11.909, de

2009)

XXV - celebrar, mediante delegação do Ministério de Minas e Energia, os

contratos de concessão para a exploração das atividades de transporte e

estocagem de gás natural sujeitas ao regime de concessão;

XXVI - autorizar a prática da atividade de comercialização de gás natural,

dentro da esfera de competência da União; (Incluído pela Lei nº 11.909, de

2009)

XXVII - estabelecer critérios para a aferição da capacidade dos gasodutos

de transporte e de transferência; (Incluído pela Lei nº 11.909, de 2009)

XXVIII - articular-se com órgãos reguladores estaduais e ambientais,

objetivando compatibilizar e uniformizar as normas aplicáveis à indústria e

aos mercados de gás natural(Incluído pela Lei nº 11.909, de 2009).

Para que a ANP conseguisse colocar em prática tais funções, foi concedido a ela poder

para formular portarias com força legal, desde que as mesmas não contrariem as leis que

deram origem a agência. Essas portarias têm a função de regulamentar à indústria do petróleo,

estabelecendo critérios, normas, especificações que deverão ser cumpridas pelos

concessionários.

A estrutura organizacional da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis podem ser observados resumidamente abaixo: (Figura 8)

22

Figura 8 – Organograma ANP Fonte: http://www.anp.gov.br

Legenda:

AUD - Auditoria

CRG - Corregedoria

PRG - Procuradoria Geral

SAB - Superintendência de Abastecimento

SBQ - Superintendência de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos

SCI - Superintendência de Comunicação e Relações Institucionais

SCM - Superintendência de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus Derivados e

Gás Natural

SDB - Superintendência de Definição de Blocos

SDP - Superintendência de Desenvolvimento e Produção

SDT - Superintendência de Dados Técnicos

SEC - Secretaria Executiva

SEP - Superintendência de Exploração

SFA - Superintendência de Gestão Financeira e Administrativa

SFI - Superintendência de Fiscalização do Abastecimento

SPG - Superintendência de Participações Governamentais

SPL - Superintendência de Promoção de Licitações

SPP - Superintendência de Planejamento e Pesquisa

SRH - Superintendência de Gestão de Recursos Humanos

SRP - Superintendência de Refino e Processamento de Gás Natural

23

A ANP é dividida em diversas superintendências, estando às mesmas sob condução de

uma diretoria colegiada. Para o desenvolvimento do trabalho, é necessário conhecer melhor a

Superintendência de Desenvolvimento e Produção (SDP), uma de suas diversas funções está

relacionada ao controle da queima de gás natural, assunto abordado neste trabalho. Portanto,

encontram-se abaixo algumas das atribuições da SDP, relacionadas ao controle da queima de

Gás Natural, estabelecida no Regime Interno da ANP através da Portaria n°160 de 02 de

agosto de 2004, sendo a mesma atualizada em abril de 2011 através da Portaria 69:

I - gerir os contratos nas etapas de desenvolvimento e produção, bem como

fiscalizar e controlar as atividades a elas relativas;

III - atuar junto aos concessionários, à indústria e aos órgãos públicos,

preservando os interesses da União relativos às atividades de

desenvolvimento e produção;

IV - propor regulamentação técnica, relativa ao controle da produção de

petróleo e gás natural, observando a preservação dos recursos petrolíferos,

a segurança das operações e a preservação ambiental, na condução das

atividades de desenvolvimento e produção;

V - fiscalizar a execução das atividades de desenvolvimento e produção de

petróleo e gás natural, visando à conservação e ao uso racional do petróleo

e do gás natural;

XII - subsidiar a Superintendência de Comercialização e Movimentação de

Petróleo, seus Derivados e Gás Natural no processo de caracterização das

reservas que suportarão o fornecimento dos volumes de gás natural

contratados;

XIII - propor regulamentação técnica para a estocagem de gás natural e

para o direito de acesso de terceiros às instalações concedidas;

XIV - fiscalizar a estocagem de gás natural e o acesso de terceiros às

instalações concedidas;

XVI - gerir os contratos de concessão, celebrados pela ANP mediante

delegação do Ministério de Minas e Energia, para estocagem de gás

natural;

XVII - propor os requisitos técnicos, econômicos e jurídicos para a

construção e a operação de gasodutos de escoamento da produção, não

integrantes de concessão de exploração e produção de petróleo e gás;

24

XVIII - propor a outorga de autorização para construção e a operação de

dutos de escoamento da produção de petróleo e gás natural externos às

áreas de exploração e produção.

Conforme análise das atribuições da ANP e da SDP, percebe-se que grandes esforços

estão sendo feitos para reduzir a queima e se fazer cumprir as boas práticas de conservação e

uso racional do petróleo e do gás natural, preservando assim o meio ambiente.

A Agência Nacional do Petróleo deve garantir o suprimento de petróleo, gás natural e

biocombustíveis em todo o território nacional, o que deixa subentendido que não se pode

tomar uma postura radical, fechando os poços produtores de petróleo a fim de solucionar o

problema da queima excessiva de gás natural. Portanto, a ANP deverá de outras formas

buscar uma racionalização da queima de gás natural, sendo uma delas através dos contratos de

concessão, que podem ser definidos como um acordo entre a ANP e a empresa

concessionária, dando a esta o direito de exploração de um bloco, onde caso haja alguma

descoberta a concessionária terá o direito de exploração e produção. Neste contrato

encontram-se os direitos, deveres, obrigações, sujeições relacionadas a todas as partes

envolvidas.

Além disso, os contratos estabelecem que o concessionário esteja obrigado a adotar as

medidas necessárias para a conservação dos reservatórios e dos recursos naturais envolvidos,

visando à segurança das pessoas, do meio ambiente e dos seus equipamentos.

Segundo os contratos de concessão, “As melhores práticas da Indústria do Petróleo”

são as práticas e os procedimentos adotados em todo o mundo por operadores prudentes e

diligentes sob condições e circunstâncias semelhantes àquelas experimentadas visando:

a) conservar os recursos petrolíferos e gaseíferos, como por exemplo, a utilização de

métodos adequados à maximização da recuperação de hidrocarbonetos de forma

economicamente sustentável e visando minimizar as perdas na superfície.

b) segurança operacional, empregando métodos e processos que assegurem a prevenção de

acidentes operacionais.

c) proteção ambiental, adoção de métodos e procedimentos que minimizem os impactos

ambientais da exploração e produção de hidrocarbonetos.

Nos contratos de concessão também existe uma cláusula que submete aos

concessionários o dever de planejar, preparar, executar e controlar as operações de maneira

25

diligente, eficiente e apropriada de acordo com a legislação brasileira aplicável e com “as

melhores práticas da indústria do petróleo”.

Resumindo, o concessionário é obrigado a adotar em suas operações as medidas

necessárias para conservar os recursos naturais, manter a segurança de pessoas e

equipamentos, proteger o meio ambiente, obedecendo sempre às normas e procedimentos

técnicos, científicos pertinentes.

No contrato de concessão encontra-se estabelecido que as queimas de gás associado

estejam sujeitas à prévia aprovação por escrito da ANP, que será analisada e respondida com

justificativa plausível.

Outra forma de regular a ação da queima de gás natural é através da Portaria ANP nº

249 de 01 de novembro de 2000, que tem como objetivos:

a) regular os procedimentos e fundamentos para queimas em flares (local onde parte da

produção de gás é queimada com segurança) e as perdas de gás natural.

b) estabelecer os limites para as queimas e perdas autorizadas

c) estabelecer os limites para as queimas e perdas não sujeitas ao pagamento de royalties

d) estabelecer condições para as queimas e perdas de gás nos testes de poços

e) estabelecer parâmetros para o controle das queimas e perdas de gás natural

Para melhor entendimento desta portaria é importante à compreensão da definição de

alguns termos e a diferença entre eles com nomenclaturas que possam nos trazer algum tipo

de confusão, abaixo algumas explicações para sanar possíveis dúvidas:

- Queima de gás natural refere-se ao ato de queimar em flares este recurso natural, enquanto

perda de gás natural significa o ato de ventilar no meio ambiente este recurso.

Segundo esta portaria (ANP 249 de 01/01/00), as queimas/perdas autorizadas pela

ANP podem ser enquadradas em dois tipos, sendo elas:

5.1 Queimas e perdas autorizadas - significa o volume máximo de gás

natural, aprovado pela ANP, que pode ser queimado ou ventilado no meio

ambiente, cujo total foi previsto no Plano de Desenvolvimento e no

Programa Anual de Produção dos campos, ou no programa de teste de

poço.

5.1.1 Queimas e perdas autorizadas sem incidência de royalties - significa o

volume máximo de gás natural aprovado pela ANP, não sujeito ao

pagamento de royalties, que pode ser queimado ou ventilado no meio

26

ambiente, cujo total foi previsto no Plano de Desenvolvimento e no

Programa Anual de Produção do campo, ou no programa de teste de poço;

5.1.2 Queimas e perdas autorizadas com incidência de royalties - significa o

volume máximo de gás natural, aprovado pela ANP, sobre o qual incide o

pagamento de royalties, que pode ser queimado ou ventilado no meio

ambiente, cujo total foi previsto no Plano de Desenvolvimento e no

Programa Anual de Produção do campo, ou no programa de teste de poço.

As queimas ocorrem por diversas razões, podemos separá-las em 10 tipos principais,

sendo elas:

i) Segurança: diz respeito ao volume queimado nos flares desde que tal queima esteja

relacionada às operações nas fases de exploração e produção de petróleo e gás

natural.

ii) Emergência: trata-se do volume queimado/ventilado por razões de emergência como

paradas de emergências da unidade de produção, vazamentos acidentais, acidentes de

descontrole do poço.

iii) Limitação Operacional: refere-se ao volume de gás ventilado/queimado por razões

como falhas nas unidades compressoras, produção de gás em quantidade menor que o

inventário mínimo necessário à pré-operação de unidades compressoras em

instalações novas.

iv) Manutenção Programada: Paradas programadas e previstas no Programa Anual de

Produção de estações ou unidades compressoras ou unidades de tratamento de gás

natural que levam a queima/ventilação de um volume de gás natural associado.

v) Obra em andamento: Diz respeito ao volume de gás natural associado perdido devido

ao período de construção da estrutura necessária para o aproveitamento desse gás.

vi) Baixa produção de Gás Natural: Refere-se ao gás natural associado

queimado/ventilado em campos com baixa produção de gás associado, onde seu

aproveitamento não é possível.

vii)Contaminação: É o volume de gás natural associado ventilado/queimado que por

possuir alto teor de contaminantes não pode ser aproveitado, porém esses teores não

podem representar riscos ao ambiente e à saúde ocupacional, além disso, a sua injeção

tem que ter sido mostrada economicamente e tecnicamente inviável.

27

viii) Economicidade: É o volume de gás natural associado que pode ser

queimado/ventilado, onde a sua utilização ou injeção tornaria inviável a exploração

do campo.

ix) Ventilação em tanques: Refere-se ao volume de gás associado ventilado provenientes

do último estágio de separação.

x) Teste de poço: Durante a aquisição de dados por teste de poço ocorre uma

ventilação/queima de gás.

Outro fator importante que devemos ter em mente para uma compreensão do assunto é

o fato de que nem todas as queimas de gás natural precisam de uma prévia autorização da

Agência reguladora, porém as mesmas devem ser reportadas através de documentos, são elas:

- Queimas/perdas não cumulativas que representem um valor igual ou inferior a 3% da

produção mensal de gás natural associado. Observando que não é levado em conta

nesse cálculo o volume de gás não associado.

- Queimas/perdas durante testes de poços que ocorrem na fase exploratória com

período igual ou inferior a 72 horas por intervalo testado, sendo estas cumulativas.

- Queimas/perdas cumulativas por segurança limitada a um volume mensal de 15 mil

m³ para os pilotos dos queimadores de equipamentos, 30 mil m³ para flares em

instalações terrestres e 60 mil m³ para flares em unidades marítimas. Estes valores

podem ser alterados, desde que o concessionário apresente justificativas plausíveis.

Nesses valores já se encontram incluídos os valores mínimos para manter a pressão

positiva nos queimadores.

- Queimas/perdas de gás natural associado em campos que produzam mensalmente

volume total igual ou inferior a 150 mil m³ ou em campos que produzam com razão

gás-óleo igual ou inferior a 20 m³/m³.

- Queimas/perdas em navios de armazenamento ou tanques, sendo essas limitadas pela

razão de solubilidade igual ou inferior a 15 m³/m³.

- Queimas/perdas por razões de emergência, sendo elas por paradas de unidades de

produção ou por perdas de controle do poço.

Agora serão listados os motivos que levam as queimas ou perdas de gás natural onde é

necessária uma prévia autorização da Agência Nacional de Petróleo, sendo alguns desses

motivos:

28

a) Limitações operacionais.

b) Manutenção programada.

c) Obras em andamento.

d) Gás Natural com alto teor de contaminantes.

e) Economicidade, campos onde o aproveitamento do gás inviabilizaria o projeto.

OBS: Exceto por questões de segurança, emergência ou testes de poço, nenhum outro tipo de

perda de gás não-associado é autorizada pela ANP.

Antes de entrarmos na questão de quais queimas não estão sujeitas ao pagamento de

royalties, deve-se entender melhor o que são os royalties.

Antigamente os royalties que deriva da palavra Royal, que significa algo que pertence

ao rei, eram valores pagos como forma de compensação pela utilização de recursos naturais

incluindo pesca, água, madeira. Atualmente, o significado em si não mudou muito em relação

aos royalties na indústria do petróleo, a diferença é que hoje em dia essa compensação é paga

ao governo para extração de recursos naturais do solo de nosso território nacional.

O valor dos royalties é obtido multiplicando-se a alíquota do campo, a produção

mensal e o preço destes hidrocarbonetos no mês.

- Valor da produção = Vp * Pp + Vg * Pg

- Royalties = Alíquota * Valor da produção

Onde:

Alíquota: Varia normalmente entre 5% e 10% sendo esse percentual estipulado no contrato

de concessão.

Vp: volume da produção de petróleo do campo naquele mês.

Pp: é o preço do petróleo naquele mês.

Vg: Volume de gás natural produzido no campo naquele mês.

Pg: preço do gás natural naquele mês.

Agora que já sabemos mais sobre os royalties, vamos descrever em quais situações o

volume de gás natural perdido durante as operações podem ser isentos de pagamentos de

royalties. Apenas por situações de segurança e em comprovadas necessidades operacionais, as

queimas podem ser isentadas de pagamento de royalties.

Mesmo assim, quando relacionada à questão da segurança nos casos de:

29

a) Queimas/perdas cumulativas por segurança limitada a um volume mensal de 15 mil m³

para os pilotos dos queimadores de equipamentos, 30 mil m³ para flares em instalações

terrestres e 60 mil m³ para flares em unidades marítimas. Estes valores podem ser

alterados desde que o concessionário apresente justificativas plausíveis.

b) Segurança: diz respeito ao volume queimado nos flares desde que tal queima esteja

relacionada às operações nas fases de exploração e produção de petróleo e gás natural.

E quando relacionada à questão de necessidades operacionais nos casos de:

a) Queimas/perdas geradas por motivos de emergência.

b) Queimas/perdas que ocorram durante os períodos de testes de poços na fase

exploratória desde que durem até 72 horas por intervalo testado.

30

V – FORMAS DE CONTROLE

Após ter o conhecimento sobre o que é o gás natural, saber sobre a sua história e

entender como funciona a legislação que trata para que este recurso seja aproveitado da

melhor forma possível, resta à dúvida sobre de que forma a Agência Nacional do Petróleo,

Gás Natural e Biocombustíveis que é que tem o poder de fiscalizar e regular este recurso

consegue controlar a queima ou a ventilação, ou seja, o desperdício desse recurso. É esta

dúvida que este capítulo tem a finalidade de sanar, mostrando as formas de controle que a

ANP possui.

Além é claro das ações de fiscalização que a ANP possui, o poder de realizar e

verificar possíveis situações incorretas, esta Agência reguladora tem outras formas de

fiscalização como, por exemplo, através de documentos que devem ser enviados pelo

concessionário, que serão inicialmente citados e posteriormente abordados, sabendo o que

significa cada um deles e o que eles contêm, será estudado o modo com que estes documentos

são utilizados como forma de controle da queima de gás que é o assunto deste trabalho, apesar

destes documentos servirem para outros tipos de fiscalização.

Alguns desses documentos serão listados abaixo.

5.1 Plano de Desenvolvimento (PD)

Primeiramente, vale destacar que a elaboração deste Plano de Desenvolvimento é de

responsabilidade do concessionário e deve ser aprovado pela Agência Nacional de Petróleo

tendo como base a Portaria ANP n°90, de 31 de maio de 2000. Este documento deve ser

elaborado para campos que ainda não foram explorados, campos que já estão produzindo, mas

que precisam de informações adicionais para melhoria da produção.

Após a declaração de comercialidade, o concessionário tem um prazo de 180 dias para

entregar o Plano de Desenvolvimento à ANP e esta tem um prazo de 60 dias para aprovação

do mesmo. Caso necessite de modificações por informações equivocadas ou pela falta de

informações, o concessionário tem 60 dias para apresentar uma revisão a contar da data de

notificação da ANP. Caso o concessionário não cumpra os prazos, ele poderá ser autuado ou

até mesmo perder o direito exploratório da região, caso a ANP não cumpra os prazos o PD

será aprovado automaticamente.

Segundo a Portaria ANP n°90, de 31 de maio de 2000, o Plano de Desenvolvimento

deve fornecer informações relevantes e que torne possível a ANP acompanhar e conhecer

todos os procedimentos que serão utilizados no campo em questão. Outro fator importante é

31

que com elas o concessionário demonstrará que todas as suas ações ocorreram de acordo com

a legislação vigente, atendendo normas e regulamentações estipuladas pelos órgãos

responsáveis, através do plano de desenvolvimento o concessionário demonstrará que serão

utilizadas as melhores práticas da indústria de petróleo no desenvolvimento do campo e cabe

a Agência Reguladora julgar e fiscalizar se é de fato o que está ocorrendo.

O Plano de Desenvolvimento tem a função de garantir que os recursos petrolíferos

serão conservados e otimizados, ou seja, garantir um fator de recuperação do campo eficiente,

controlar o declínio das reservas e tornar mínimo as perdas dos recursos naturais na

superfície. Outra função do PD é na questão de segurança operacional, através da utilização

das melhores normas, procedimentos a fim de manter a segurança operacional, prevenindo a

ocorrência de acidentes. Além dessas duas funções, outro fator importante é a preservação

ambiental, no PD serão utilizados processos que reduzam os impactos ambientais.

O Plano de Desenvolvimento é basicamente um documento onde toda a vida do

campo deve ser descrita, contendo as seguintes informações: (Portaria ANP n° 90, de

31.5.2000 – DOU 1º.06.2000)

a) Localização do campo

b) Descrição da Geologia e dos Reservatórios

c) Estimativa de Reservas

d) Previsão de Produção e Movimentação de fluidos

e) Informações sobre poços (quantidade, tipo, localização, etc.)

f) Sistema de coleta de produção

g) Unidades de produção

h) Sistema de escoamento da produção

i) Sistema de medição

j) Procedimentos de segurança operacional e Preservação ambiental

k) Desativação do campo

l) Cronograma de atividades

m) Análise de viabilidade econômica

5.2 Programa Anual de Trabalho e Orçamento (PAT)

O PAT será preparado de acordo com a Portaria ANP n°123, de 18 de julho de 2000

contendo informações relevantes, cuja profundidade seja capaz de fazer com que a Agência

Nacional de Petróleo avalie se as informações do documento estão de acordo com as que

constam no Plano de Desenvolvimento do campo em questão.

32

O PAT é um documento onde se encontram as informações sobre as atividades que

serão realizadas pelo concessionário no decorrer de um determinado ano e uma perspectiva

das atividades que serão realizadas para os quatro anos subsequentes. Deve ser entregue até o

dia 31 de outubro de cada ano e ANP tem um prazo de aprovação de 30 dias contados a partir

do recebimento do mesmo.

Nele devem ser indicadas atividades que serão realizadas como: (Portaria ANP n° 123,

de 18.07.2000 – DOU 19.07.2000)

a) Estudos e Projetos

b) Perfuração de poços

c) Completação de poços

d) Elevação Artificial

e) Sistema de coletas de produção

f) Unidades de produção

g) Segurança Operacional

h) Proteção Ambiental

i) Desativação do campo

5.3 Programa Anual de Produção (PAP)

O PAP deve ser preparado de acordo com a Portaria ANP n°100, de 21 de junho de

2000 contendo informações relevantes e cuja profundidade seja capaz de fazer com que a

Agência Nacional de Petróleo avalie se as informações deste documento estão de acordo com

as informações que constam no Plano de Desenvolvimento do campo em questão.

O PAP é um documento com as informações sobre as previsões de produção e de

movimentação de hidrocarbonetos e água, sendo comunicados os volumes previstos para

serem queimados ou perdidos, informados os volumes previstos para injeção no reservatório,

visando melhorar a recuperação e informados também a produção e descarte de resíduos

sólidos gerados pelo processo de produção.

Resumindo, o Programa Anual de Produção é onde se encontra as previsões anuais de

produção e movimentação dos fluidos envolvidos no processo de produção de um

determinado campo, encontrada também uma perspectiva menos detalhada para os quatro

anos subsequentes. Deve ser entregue até o dia 31 de outubro de cada ano e ANP tem um

prazo de aprovação de 30 dias contados a partir do recebimento do mesmo. (Portaria ANP n°

100, de 20.06.2000 – DOU 21.06.2000)

No PAP devem constar os seguintes assuntos:

33

- Produção de Petróleo e Gás Natural

- Movimentação de Petróleo e Gás Natural

- Produção e descarte de água

- Injeção de fluidos

- Produção e descarte de resíduos sólidos

5.4 Boletim Mensal de Produção (BMP)

Segundo o decreto n° 2.705, de 03 de agosto de 1998 a partir do primeiro dia de

entrada em produção do campo, o concessionário tem por obrigação manter atualizada e

acurada medições reportadas através do Boletim Mensal de Produção de Petróleo e Gás

Natural que foram produzidos naquele determinado mês.

O prazo para entrega deste documento é de até o décimo quinto dia do mês seguinte ao

mês das produções referidas, ou seja, até o dia 15 o BMP contendo as produções do mês

anterior já deve ter sido entregue a Agência Nacional do Petróleo, em caso de não

cumprimento do prazo, o concessionário justificará e cabe a ANP julgar se o motivo é

aceitável ou não, sendo passível de punição em determinadas situações.

Este documento não é sigiloso, qualquer pessoa acessa no site da Agência Nacional do

Petróleo os relatórios que são gerados a partir dos BMP’s, algumas das informações

encontradas nele são:

a) Produção de Petróleo

b) Produção de Gás

c) Volume de Gás Natural queimado

d) Produção de Gás Natural por estado

e) Produção de Petróleo por estado

f) Produção de Gás Natural por operador

g) Produção de Petróleo por operador

h) Os maiores campos produtores

i) Os poços com maior produção

j) Movimentação de Fluidos

Essas informações são enviadas pelos concessionários para a Agência Nacional do

Petróleo através de cartas, chegam a um formato padrão de planilhas do Excel previamente

elaboradas pela ANP onde o concessionário entra apenas com os dados.

34

5.5 Relação entre os documentos e as formas de controle da queima de Gás Natural

Após conhecer os documentos usados pela ANP como formas de controle na queima

de Gás Natural e na defesa dos interesses nacionais nestes recursos naturais, o próximo passo

será entender qual é a relação que estes documentos possuem entre si e como podem auxiliar

a Agência Reguladora nesta missão.

A partir do que foi aprendido sobre o Plano de Desenvolvimento, Programa Anual de

Produção e Boletim Mensal de Produção, percebe-se que esses três documentos tratam de

assuntos em comum que se resume em movimentação dos fluidos e possibilita incluir

volumes de produção, volumes queimados/perdidos/ventilados, entre outras informações.

Porém, apesar deles nos fornecerem as mesmas informações existe uma diferença

crucial entre eles, a época em que são informados. Note que o Plano de Desenvolvimento

reporta previsões futuras de movimentações de fluidos para toda a vida útil do campo em uma

época onde ainda existem muitas incógnitas sobre o campo produtor, já o Programa Anual de

Produção apesar de também se tratar de previsões para os próximos cincos anos, já se

encontram sanadas a maioria das dúvidas a respeito do campo, podendo-se afirmar com maior

precisão a capacidade de produção deste campo, enquanto esses dois fazem previsões o

Boletim Mensal de Produção reporta aquilo que já foi produzido, ou seja, ele trata de um

evento que ocorreu no passado.

Portanto, a Agência Nacional do Petróleo analisa esses documentos procurando

informações desencontradas sobre a produção do campo em questão, porém obviamente esses

valores não são idênticos devido ao grau de incerteza nas previsões e os eventos inesperados

que ocorrerem nas instalações, por esta razão são toleráveis determinadas variações

percentuais entre os valores informados no Boletim Mensal de Produção, no Programa Anual

de Produção e no Plano de Desenvolvimento.

Entre o Plano de Desenvolvimento e o Programa Anual de Produção são toleráveis

diferenças de até 10%, maiores que isso deverão ser justificadas e estarão sujeitas a aprovação

da ANP. (Portaria ANP n° 100, de 20.06.2000 – DOU 21.06.2000)

Entre o Programa Anual de Produção e o Boletim Mensal de Produção são aceitáveis

diferenças de até 15%; maiores que isso deverão ser justificadas e estarão sujeitas a aprovação

da ANP. (Portaria ANP n° 249, de 1°.11.2000 – DOU 3.11.2000)

Abaixo uma representação esquemática (Figura 9) para facilitar o entendimento:

35

Figura 9 – Fluxograma relacionando os documentos PD, PAP e BMP

Fonte: Silva (2011)

5.6 Fiscalizações

A fiscalização é outra forma de controle que a Agência Nacional do Petróleo possui

para que a exploração e utilização dos recursos naturais como Petróleo, Gás Natural seja

otimizada e realizada da melhor forma possível para toda a sociedade e para o meio ambiente.

Segundo a Lei n° 9.478/1997, a ANP tem o dever de priorizar a utilização das

melhores práticas da indústria, a melhor forma de exploração e utilização dos recursos

naturais, além de prezar pela segurança operacional e do meio ambiente. E a maneira de

manter esse tipo de controle é a fiscalização.

A Agência Nacional do Petróleo tem o poder e o dever de realizar fiscalizações para

inspecionar as instalações terrestres e marítimas, essas fiscalizações vão de assuntos

teoricamente mais simples como, por exemplo, a sinalização dos poços, dos riscos existentes,

da coleta seletiva, até assuntos considerados mais sérios como, por exemplo, qualidade das

instalações, tratamento de resíduos, condições de trabalho, verificação da existência de

equipamentos indispensáveis e se os mesmos estão na posição correta como aparelhos de

medição da produção para que a cobrança dos royalties seja feita de forma correta, mantendo

os interesses da união e dos estados que recebem essa compensação. (BORGES &

CASTRO,2007)

A instalação desses instrumentos de medição da produção deve ser realizada de

maneira correta, para que não sejam medidas vazões já contabilizadas por outros

equipamentos de medição ou para que vazões não sejam desconsideradas, é importante a

realização de um estudo sobre essa posição, pois caso exista ar na linha, este será contado na

Diferenças de mais de 15% devem ser justificadas

Diferenças de mais de 10% devem ser justificadas

36

forma de óleo. É através de um balanço de massa de valores que entram e valores que saiam

que se mantém o controle da situação.

Além disso, esses medidores de vazão têm função importante no tema abordado na

monografia sobre a queima de gás natural, visto que são eles que computam os volumes de

gás que são queimados/perdidos. O Regulamento Técnico de Medição (RTM) estabelece os

padrões para a instalação e utilização desses equipamentos assim como os pontos de medição

onde estão os medidores. Estes equipamentos além de seguirem a norma do RTM devem ser

instalados de acordo com as informações e especificações fornecidas pelo fabricante do

mesmo. (Portaria Conjunta n°1 ANP/INMETRO, de 19.06.200 – DOU 20.06.2000)

5.7 Tipos de medição

É importante definir os quatro tipos de medições existentes para uma melhor

compreensão do assunto.

5.7.1 Medição Fiscal

É a medição do volume de produção fiscalizada em determinado ponto, esta

medição informa os volumes que serão utilizados no cálculo das participações

governamentais, portanto neste trecho o fluxo deve estar estabilizado, não devendo

conter gás dissolvido e a razão de água e sedimentos no petróleo deve ser inferior a

1% (ANP/INMETRO, 2000).

5.7.2 Medição de Apropriação

É a medição utilizada para fornecer os volumes produzidos por cada poço em

um mesmo campo ou em um conjunto de campos com medição fiscal compartilhada,

ou seja, quando a produção de dois ou mais campos é unida antes de ser medida

fiscalmente. Neste tipo de medição o petróleo não necessariamente precisa estar

estabilizado, podendo também conter uma razão de água e sedimentos no petróleo

superior a 1% (ANP/INMETRO, 2000).

5.7.3 Medição Operacional

É a medição utilizada para controlar a produção incluindo nestes valores os

hidrocarbonetos utilizados para consumo interno, utilizado como combustível. Outras

utilizações comumente encontradas são a utilização do gás para elevação artificial,

injeção, estocagem, ventilação ou queima em tocha; utilização da água produzida,

37

injetada, captada ou descartada; do petróleo transferido; do gás natural para

processamento; do petróleo e gás natural transportado, estocado, movimentado,

importado ou exportado (ANP/INMETRO, 2000).

5.7.4 Medição para transferência e custódia

É a medição realizada no ponto em que a propriedade do óleo ou gás é

transferida do vendedor para o comprador de acordo com os acordos estipulados no

contrato. (ANP/INMETRO, 2000),

Para as medições de Gás Natural são utilizados medidores tipo:

Placas de orifício:

As placas de orifícios são basicamente placas simples com orifícios de tamanho e com

posições determinadas por normas conforme observa-se na figura 6. Existem dois tipos de

placas de orifícios, as clássicas ou as especiais que somente são utilizadas quando as placas

clássicas não funcionam adequadamente.

O princípio de funcionamento é baseado em gerar um aumento da velocidade do

fluido ao passar pelo orifício gerando assim um diferencial de pressão antes desta placa e

depois. (DELMÉE, 2003)

Figura 10 – Placas de orifício

Fonte: Ribeiro (2003) Como se deduz através do princípio de funcionamento, o fluido entra em contato

direto com as placas, ou seja, a peça deve ser fabricada com um material que não sofra com

este contato, a velocidade do fluido também é fator importante neste dimensionamento da

placa de orifício.

O formato da placa deve ser igual ao da figura acima, plana de espessura fina, em

formato circular com um “furo” no meio.

As placas especiais existem para as situações nas quais as placas clássicas não se

aplicam sendo por: impurezas no fluido, diâmetro da tubulação, viscosidade do fluido, ou pela

38

ausência de trecho reto na tubulação. Um exemplo é a placa onde o orifício não é concêntrico

e são utilizadas quando os fluídos contem impurezas para evitar o acúmulo das mesmas.

(DELMÉE, 2003)

A montagem destas placas nas tubulações é realizada entre flanges ou em

equipamentos denominados porta-placa, estes são usados com a finalidade de facilitar a

troca/substituição deste equipamento sem que haja interrupção do processo.

A seguir encontram-se as figuras 11 e 12, que ilustram dois tipos de opções para

montagem das placas de orifício, primeiramente a montagem realizada entre flanges e

posteriormente a utilização com porta-placa.

Figura 11 – Placa de orifício entre flanges

Fonte: Ribeiro (2010)

Figura 12 – Placa de orifício montada entre porta-placas

Fonte: Ribeiro (2010) Para que a medição seja realiza da maneira correta é necessário que não existam

distúrbios no fluxo antes e depois da placa, por esta razão é necessário um trecho reto de

39

tubulação à montante e à jusante, caso não haja espaço físico para implementação do trecho

reto necessário podem ser utilizados retificadores de vazão. (DELMÉE, 2003)

Dentre as vantagens deste tipo de medidor é importante citar:

- Baixo custo

- Fácil manutenção

A principal desvantagem deste tipo de medidor é a perda de carga.

Turbinas:

Este tipo de medidor serve para gases assim como para líquidos. Seu princípio de

funcionamento é simples, o fluido passa por um rotor que possui aletas, fazendo com que

ocorra um movimento de rotação.

Esse equipamento tem basicamente quatro partes: o corpo, o rotor, os mancais e

suportes. O corpo da turbina deve ser fabricado de material compatível com o fluido que

passará por ele para evitar problemas como corrosão, além de suportar as condições de

operação como temperatura e pressão, esta é a peça que irá girar quando o fluido passar por

ele, enquanto os mancais e suportes têm a função de manter a posição do rotor de forma

correta em relação ao escoamento do fluido. (DELMÉE, 2003)

A velocidade angular a qual o rotor estará sujeito é diretamente proporcional à

velocidade do fluido e consequentemente à vazão.

Assim como todos os medidores de vazão, as turbinas devem ser instaladas

respeitando as normas e as especificações do fabricante do equipamento. Por exemplo, se a

turbina estiver sendo usada para medir líquidos, é necessária a colocação de um filtro antes

para que partículas sólidas não entrem no rotor, além da necessidade de um trecho reto à

montante para retificação do fluxo.

Este tipo de medidor apresenta vantagens como: (DELMÉE, 2003)

a) alta precisão

b) podem ser utilizados para calibrar outros tipos de medidores

c) instalação simples

Este tipo de medidor apresenta desvantagens como:

a) maior probabilidade de defeito

b) necessidade de fluido limpo

c) não deve ser utilizado em fluidos muito viscosos

d) exige calibração periódica

40

Na figura 13, observa-se uma representação de um medidor de vazão tipo turbina para

um melhor entendimento.

Figura 13 – Medidor do tipo Turbina

Fonte: Ribeiro (2010)

Ultrassônicos:

Este é o tipo de medidor de maior utilização no Brasil, esse medidor de vazão possui

emissores e receptores de ondas acústicas que propagam essas ondas no sentido do fluxo e

contra o mesmo, seu princípio de funcionamento baseia-se na teoria de que o som se propaga

de modo diferente quando é emitido no mesmo sentido do fluxo em comparação com a

propagação no sentido contra o fluxo. (ARANTES, 2006)

Como se espera, a velocidade de propagação é maior quando ocorre no mesmo sentido

do fluxo. Então é realizada a emissão de ondas nesses dois sentidos (contra o fluxo e no

mesmo sentido do fluxo). Essa diferença de tempo encontrada é função da velocidade do

fluido e através dessa informação a vazão será calculada. (ARANTES, 2006)

O medidor ultrassônico assim como os anteriormente citados, necessita de

determinados cuidados na hora da instalação, para uma correta utilização do mesmo, alguns

desses cuidados são: (API, 2005)

a) Utilização de condicionadores de fluxo: Dependendo do arranjo das tubulações

e da forma que o fluxo se encontra naquela região da tubulação pode ser

necessário utilizar esses condicionadores para reduzir a turbulência, geralmente

são usados quando não há possibilidade de instalação de um trecho reto com

tamanho suficiente para tornar o escoamento laminar. (Figura 14)

41

Figura 14 – Trecho de um sistema de medição com condicionador de fluxo

Fonte: Ribeiro (2010)

b) Posição das válvulas: As válvulas de controle de pressão e temperatura devem

ser instaladas preferencialmente à jusante do medidor para evitar influências no

resultado.

Este tipo de medidor apresenta vantagens como: (DOS SANTOS,2011)

a) alta precisão

b) maior intervalo entre as calibrações

c) maior durabilidade

d) perda de carga é praticamente nula

e) não possui elevados custos de manutenção

f) pode ser instalado com o processo em andamento

Este tipo de medidor apresenta desvantagens como:

a) alto custo de aquisição

b) alto custo de instalação

c) sensibilidade do medidor quanto ao perfil de velocidades

OBS: Outros tipos de medidores também são usados para medir a vazão de gás

natural, desde que sejam devidamente autorizados pela Agência Nacional do Petróleo.

Os sistemas de medição fiscal fornecem os volumes com uma incerteza inferior a

1,5%, na medição de apropriação de gás natural essa incerteza deve ser inferior a 2%. Para

que sejam mantidos estes índices de incertezas, os medidores passam por calibrações

sucessivas para os medidores fiscais, os equipamentos devem ser calibrados a cada 60 dias,

enquanto para os outros tipos de medidores este intervalo não pode ultrapassar 90 dias.

(Portaria Conjunta n°1 ANP/INMETRO, de 19.06.200 – DOU 20.06.2000)

Os medidores tipo turbina e ultrassônicos devem ser calibrados com uma vazão igual à

de operação e com uma classe de exatidão de 10% para mais ou para menos. Nos pontos de

medição fiscal devem ser retiradas amostras para análise no mínimo uma vez por mês.

Outro fato levado em consideração nas medições é a variação de volume do fluido de

acordo com pressão, temperatura e seu fator de compressibilidade, portanto é necessário fazer

uma correção do volume medido, trazendo-o para as condições de referência de temperatura e

42

pressão que são 20ºC e 0, 101325 Mpa respectivamente. (Portaria Conjunta n°1

ANP/INMETRO, de 19.06.200 – DOU 20.06.2000)

O concessionário do campo deve enviar relatórios para a ANP contendo as medições,

análises, cálculos incluindo sua metodologia, a ANP têm a obrigação de manter estes

relatórios arquivados por um período de cinco anos, a Agência também pode verificar

relatórios de teste de produção dos poços, relatórios de calibração dos equipamentos,

realizarem inspeção em tanques e sistema de medição. O regulamento que rege a ANP dispõe

que a mesma tem livre acesso a todas as instalações de petróleo e/ou gás natural, a qualquer

tempo. É durante estas inspeções que acontece a verificação da correta posição dos

medidores, o estado dos equipamentos do sistema de medição, podendo também acompanhar

os testes de produção e verificar como estão sendo realizados os cálculos. O concessionário

tem a obrigação de prestar todo tipo de suporte aos fiscais como, por exemplo, fornecer

equipamentos, pessoal para acompanhamento da fiscalização.

5.8 Atuação do NFP

Esse controle da medição da produção é tão importante que a Agência Nacional do

Petróleo através da Portaria ANP n°69, de 06/04/2011 – DOU 07/04/2011, designou um setor

vinculado a Superintendência de Desenvolvimento e Produção (SDP), chamado de Núcleo de

Medição de Petróleo e Gás Natural (NFP) que tem como responsabilidade:

I - fiscalizar os sistemas de medição nas instalações de petróleo e gás

natural;

II - fiscalizar a movimentação de petróleo e gás natural nas

instalações de embarque e desembarque referentes às estações

terrestres coletoras de campos produtores e de transferência de

petróleo ou gás natural;

III - propor a regulamentação técnica, os procedimentos e as

diretrizes relativos à medição da produção de petróleo e gás natural,

em conjunto com as demais instituições governamentais competentes;

IV - verificar a integridade dos dados de produção fornecidos pelos

concessionários;

43

V - analisar o desempenho técnico-operacional dos concessionários,

buscando estabelecer referências para o controle e a medição da

produção, no que se refere a padrões operacionais;

VI - monitorar os níveis de queima de gás natural e fiscalizar o

cumprimento das regras relativas aos limites autorizados;

VII - analisar e prover parecer sobre a adequação de procedimentos

dos concessionários em situações de falha dos sistemas de medição e

no tocante às exceções do Regulamento Técnico de Medição.

Portanto, o NFP tem a responsabilidade de fiscalizar e garantir que as medições de

volumes estejam sendo realizadas de forma correta, pois estes volumes serão usados no

cálculo das Participações Governamentais, que constituem grande parte da receita de nosso

país.

Os pagamentos efetuados pelos concessionários foram regulamentados pelo decreto n°

2.705 de agosto de 1998, artigos 45 até 51 da Lei do Petróleo. Esses deveres para com a união

devem estar todos contidos nos contratos de concessão entre o concessionário e a Agência

Nacional do Petróleo, entre eles estão:

a) Bônus de Assinatura (art. 46, Lei do Petróleo nº 9.478): valor ofertado pela empresa

vencedora da licitação para a aquisição de um bloco para produção de petróleo. Deve

ser pago no ato da assinatura do contrato de concessão.

b) Royalties (art. 47, Lei nº 9.478): compensação financeira que deverá ser paga pelos

concessionários de exploração de petróleo e gás natural, pagos mensalmente, a partir

do mês que se iniciar a produção.

c) Participação Especial (art. 21, Decreto nº 2.705/98): Aplica-se aos casos de campos

com grande volume de produção ou de grande rentabilidade. Constitui compensação

financeira extraordinária que deverá ser paga pelos concessionários.

d) Pagamento pela ocupação ou retenção de área (art. 51, Lei nº 9.478): valor pago por

quilômetro quadrado e que variam dependendo se o projeto está na fase de exploração,

desenvolvimento ou produção.

44

5.9 Acordos com as Operadoras

Outra forma de controle que a Agência Nacional de Petróleo possui é realizar acordos

com as empresas operadoras, esta já é uma forma de controle para uma fase já mais adiantada,

pois já foi constatada uma não conformidade durante algum tempo na produção/exploração do

gás natural. Apesar de ser realizado como uma maneira de precaver o problema, este recurso

normalmente é utilizado quando o problema já se encontra em andamento.

A Agência Nacional de Petróleo já realizou acordos para redução da queima com

empresas como a Petrobras, por exemplo, trabalhando em conjunto ficou definido o Termo de

Compromisso conhecido como “Programa de Ajuste para Redução da Queima de Gás Natural

da Bacia de Campos”, assinado entre as partes em 2002 e o resultado foi uma queda

considerável até 2004. No ano de 2005 ocorreu um acidente que aumentou os números de

queima/perda, este acordo terminou neste mesmo ano. Posteriormente ao acordo os níveis de

queima começaram a subir até que em 2009 chegaram a níveis alarmantes, fazendo com que a

ANP passasse a ter uma postura mais rígida buscando um novo acordo para redução da

queima de gás.

Nota-se os fatos descritos anteriormente através da figura 15 abaixo:

Figura 15 – Produção e Perda de Gás Natural

Fonte: Silva (2011)

Basicamente, o andamento das etapas para a realização destes dois acordos em 2002 e

em 2010, foi gerado pelos altos valores de Queimas. Esse problema tentou-se resolver com

reuniões entre ambas as partes sem sucesso, o que levou a ANP a negar as solicitações de

queimas extraordinárias, levando a uma necessidade de acordo entre as partes, chegando

então ao termo de compromisso como mostra a figura 16.

45

Figura 16 – Termo de compromisso

Fonte: Silva (2011)

Alguns dos compromissos mais comuns, firmados entre as operadoras e a Agência

Nacional de Petróleo em acordo para redução da queima/perda de gás natural, são:

a) A operadora compromete-se a realizar todos os esforços necessários para que

sejam cumpridas as metas de queima.

b) Apresentar relatórios mensais à ANP sobre o andamento do plano de ação

acordado.

c) Caso não tenham sido cumpridas as metas e as justificativas dadas pelo

operador forem insatisfatórias, penalidades serão aplicadas em conformidade

com a legislação vigente.

46

VI – MOTIVOS QUE OCORREM AS QUEIMAS E RAZÕES PORQUE DEVEM SER EVITADAS

O Gás Natural é um importante recurso energético em nosso país, já começa a ganhar

seu espaço em nossa matriz energética nacional e pode vir a se tornar um forte responsável no

desenvolvimento econômico. Por estas e outras razões o tema abordado nesse trabalho é de

extrema importância.

Após abordar temas como a definição do gás natural para melhor compreensão das

características e como é formado este recurso, história do gás natural contendo informações

sobre o desenvolvimento deste recurso natural em nossa matriz energética revelando assim

sua importância, legislação e formas de controle para tomar conhecimento da legislação

vigente em nosso país com a finalidade de defender nossos recursos naturais e as formas de

controle que a Agência Nacional do Petróleo possui para manter essa situação da melhor

forma possível atendendo aos nossos interesses e ao da nossa população.

Nota-se, através da figura 15, o nível de seriedade que este assunto deve ser tratado e a

necessidade de investimentos para reduzir a queima/ventilação deste recurso.

O objetivo deste capítulo é abordar as razões pelas quais as queimas/perdas de gás

natural acontecem com maior frequência. Pois se um recurso é tão importante, por que não

fazer uso dele da melhor maneira possível?

A principal razão para este fato é o petróleo em estado líquido possuir um valor

comercial muito mais atraente do que o gás que possui um baixo valor de mercado. O que faz

com que o petróleo seja produzido e a perda de gás vista como uma externalidade, embora

não desejada pelo concessionário, assim como por todos brasileiros, é assumida como um mal

menor. (SACRAMENTO,2008)

Outro motivo deste desperdício é a inexistência ou precariedade de mecanismos de

escoamento e/ou armazenamento da produção deste gás em muitos campos produtores, o que

reduz muito o aproveitamento deste recurso. Apesar de investimentos em desenvolvimentos

de tecnologia e em mecanismos de escoamento da produção estar sendo realizados, estes

continua sendo um grande fator que contribui para a má utilização deste recurso natural.

(SACRAMENTO, 2008)

Além dos problemas nomeados anteriormente, que possuem uma base mais

econômica, existem também problemas técnicos que elevam ainda mais este volume de gás

desperdiçado e serão citados abaixo.

47

6.1 Problemas nas Turbomáquinas

Para que seja possível entender o que está por trás do maior vilão na questão da

queima/perda de gás natural, é preciso saber primeiro o que são as turbomáquinas e seu modo

de funcionamento, para buscar algum tipo de solução para esta questão.

Turbomáquinas são equipamentos que através de um eixo giratório enviam ou

recebem energia de um fluido, são comumente chamadas de turbinas e bombas. A principal

diferença entre as duas, é que enquanto as bombas cedem energia ao fluido aumentando sua

pressão, as turbinas retiram energia do fluido reduzindo a pressão do mesmo. Outro detalhe

com relação às bombas é que elas movimentam líquidos, equipamentos que movimentam

gases são conhecidos por outros nomes como compressores, ventiladores. Neste trabalho a

ênfase será apenas nas turbomáquinas mais utilizadas na indústria do petróleo, por serem

equipamentos que trabalham em altas pressões e condições severas, sofrem com problemas

como vibração por exemplo.

Esses equipamentos presentes nas plataformas têm a importante função de transmitir

energia ao gás natural, fazendo com que este possa fluir através da linha de produção até

chegar ao seu destino final. Ocorrendo algum tipo de pane neste equipamento, o gás não terá

condições de seguir seu trajeto, pois ele deve entrar em certos equipamentos com uma

determinada pressão que não será alcançada. Caso ocorra alguma falha no sistema de

compressão, a solução então é ventilar este gás para a atmosfera, contribuindo para o

desperdício deste recurso. Segundo a Agência Nacional esta queima é realizada por motivos

de segurança, devendo ser informada como tal e dispondo da isenção de tarifas sobre ela.

(JULIANI, 2005)

Algumas paradas neste equipamento, normalmente são ocasionadas por paralisações

no sistema de compressão para manutenção. Outra razão comum é a falta de energia elétrica o

que impossibilita o funcionamento do equipamento. (TACQUES; DE SOUZA, 2009)

6.2 Ausência de Escoamento

O escoamento da produção de gás consiste no envio deste recurso para tratamento, a

forma mais comum para este envio é através de gasodutos submarinos. O processo de

escoamento do gás nos tubos acontece por diferencial de pressão, fluindo da região de maior

pressão para a de menor pressão. Este processo fica comprometido caso ocorra alguma

obstrução na linha ou algum tipo de vazamento, porque ocorreria uma perda de pressão na

tubulação.

48

Para evitar que ocorram vazamentos, o gasoduto é previamente testado. Um dos testes

realizados é o teste hidrostático, que consiste em encher o tubo com água exercendo uma

pressão, até que seja atingida uma pressão que garanta a capacidade de operação do tubo.

Outro tipo de teste realizado é o de corrosão, pois este fenômeno leva a uma diminuição da

parede do tubo reduzindo sua integridade estrutural, uma das maneiras de realização deste

teste é a inclusão da peça numa câmara fechada, contendo Anidrido Sulfuroso e Cloreto de

Sódio, formando uma atmosfera extremamente corrosiva.

Com a finalidade de evitar obstruções no gasoduto, o gás que fluirá através dele deve

ser previamente desidratado, evitando que as linhas sejam obstruídas por hidratos. Caso

ocorra desenquadramento na desidratação do gás, será utilizado o etanol como inibidor

termodinâmico em injeção contínua até o completo enquadramento da desidratação do gás.

(SCUCUGLIA, 2006)

Ou seja, uma das formas de evitar o bloqueio da linha de escoamento é a injeção de

produtos que evitam a formação de hidratos. Produtos químicos anti-corrosivos também tem a

possibilidade de serem injetados, evitando assim a corrosão na linha.

Outra forma de proteger a tubulação contra estes problemas é a passagem periódica de

pig para retirada do condensado e de eventuais incrustações, alguns pig’s também são capazes

de obter informações sobre níveis de corrosão na tubulação.

O PIG é um dispositivo inserido na tubulação, viajando através dela para realizar a sua

tarefa de limpeza ou obtenção de informações. (SANDERBERG, 1989)

Os PIG’s de limpeza são chamados de “Utility PIG’s”, enquanto os “Smart PIG’s”

são usados para coletar informações de corrosão, por exemplo. A figura 17 mostra alguns

PIG’s.

Figura 17 – Tipos de PIG’s Fonte: www.mastertreat.com.br

49

Os “Utility PIG’s” são divididos em:

- “Cleaning PIG’s”: Usados para remover partículas sólidas das tubulações

- “Sealing PIG’s”: Usados para remover líquidos das tubulações, pois possuem uma boa

vedação.

Já os “Smart PIG’s” que coletam informações como medições de diâmetro da

tubulação, curvatura da tubulação, registro de temperatura e pressão, detecção de trincas e

fugas e inspeção fotográfica, podem ser eletromagnéticos ou ultrassônicos.

6.3 Falhas em sistemas operacionais

As falhas em sistemas operacionais também contribuem para a queima/ventilação do

gás natural nos campos de petróleo. Nessa lacuna, diversas são as causas a serem incluídas,

pois uma falha no sistema operacional compromete todo o processamento não só do gás

natural, mas também do óleo líquido, ou seja, a produção de petróleo bruto continua sendo

realizada pelos poços; porém como alguma falha em determinado sistema operacional

comprometeu o processamento primário, o gás passa a ser ventilado para a atmosfera.

6.4 Manutenções programadas

Como abordado anteriormente neste trabalho, às manutenções programadas requerem

uma prévia autorização da Agência Nacional do Petróleo e devem estar definidas no

Programa Anual de Produção, pois normalmente estas manutenções comprometem o

processamento do gás natural, o que leva à realização de “by-pass” (um tipo de caminho

alternativo) na linha de produção, para que ocorra a ventilação do mesmo para a atmosfera.

6.5 Comissionamento

Comissionamento nada mais é do que a ação de garantir que componentes e sistemas

de uma determinada etapa/planta industrial sejam projetados, instalados, testados e operados

de forma correta mantendo as especificações e normas recomendadas, evitando assim

eventuais problemas. Este trunfo pode ser realizado, tanto para novas instalações quanto para

sistemas que já existam. (BENDIKSEN & YOUNG, 2005)

Resumindo, este processo consiste na utilização de técnicas de engenharia para que

seja verificados, inspecionados, testados e aplicados desde a fase de projetos, operação

assistida até revisões periódicas.

Neste processo são garantidas as integridades e estanqueidades de equipamentos como

gasodutos, dutos do sistema de coleta, conexões flangeadas e válvulas.

50

Durante esse processo novamente as linhas deverão estar fora de operação ou um “by-

pass” deve ser realizado, o que aumenta o nível de queima/ventilação do gás natural.

Outros fatores que levam a perda de gás natural:

Obviamente os fatores apresentados anteriormente não são os únicos responsáveis para

este problema, apesar de serem os maiores contribuintes existem alguns outros que também

levam a perda de gás natural, entre eles estão:

a) Perda devido a contaminantes

b) Baixa eficiência dos permutadores

c) Perdas por despressurização

d) Problemas de alta pressão

e) Poço produzindo por golfadas

f) Problemas nas linhas de gás lift

g) Aumento do consumo no flare devido ao aumento nos ventos

h) Perda na desaeradora

i) Perda por vazão de gás insuficiente

Agora que os problemas técnicos de ocorrência mais comum nos campos de petróleo

que contribuem para perda do gás natural já foram citados e explicados, abaixo se observa a

figura 18 que dimensiona tal situação. Nela percebe-se que o maior vilão para o desperdício

do gás natural, são os problemas nas turbomáquinas, seguido da ausência de escoamento, já

na terceira posição encontra-se as falhas em sistemas operacionais, seguida pelo

comissionamento. Nota-se que todos os outros problemas que levam a perda de gás são de

certa forma pequenos contribuintes neste cenário.

Figura 18 - Distribuição dos Motivos da Queima de Gás Natural

Fonte : Silva (2011)

51

A figura 18 foi desmembrada em três figuras em formato de pizza, uma delas para

cada ano (2007, 2008, 2009), onde se observa a influência de cada fator responsável pela

queima/perda de gás natural em seu respectivo ano de ocorrência.

As figuras abaixo foram colocadas em porcentagem, para que seja possível mensurar

tal influência citada anteriormente.

Figura 19 – Distribuição da Queima de Gás em 2007

Fonte : Autoria do próprio autor baseado na Figura 18

Figura 20 – Distribuição da Queima de Gás em 2008 Fonte : Autoria do próprio autor baseado na Figura 18

Figura 21 – Distribuição da Queima de Gás em 2009 Fonte : Autoria do próprio autor baseado na Figura 18

52

6.6 Motivos pelos quais as Queimas devem ser evitadas

Nesta etapa do trabalho serão abordados os motivos pelos quais as queimas devem ser

evitadas, o terceiro capítulo desta monografia disserta sobre um assunto que serve de base

para iniciar este. Afinal, o crescimento do papel do gás natural na matriz energética brasileira

e mundial, é ocasionado pela redução na queima, que por sua vez acontece pelos motivos que

serão abordados. Este é considerado um dos motivo para manter os investimentos e reduzir o

desperdício, pois caso seja aumentada a necessidade de utilização deste recurso,

consequentemente as queimas serão reduzidas devido à necessidade do mercado. Formando

assim um tipo de ciclo conforme ilustra a figura 22.

Figura 22 – Ciclo da queima

Fonte : Autoria do próprio autor

O fator abordado, possui um caráter econômico, e o alcance deste fato não chega

apenas a nossa geração, esse problema terá influência nas futuras gerações, pois as reservas

estarão cada vez mais escassas devido à má utilização deste recurso, e isto acarretará um

aumento no preço do gás natural, gerando um grande impacto na economia mundial, como

ocorreu entre os anos de 2000 e 2010, quando o preço do gás natural sofreu um aumento de

187%. (SACRAMENTO, 2008)

Agora levando em conta consequências econômicas em curto prazo, apesar de o gás

natural estar ganhando seu espaço na matriz energética brasileira, em outros países este

recurso natural já é de suma importância, como acontece normalmente em países de clima

frio, onde o gás natural muitas vezes serve para fornecer aquecimento aos ambientes. O

desperdício e a falta de investimentos neste recurso fazem com que o Brasil não se torne um

grande exportador do gás natural, reduzindo a oferta para países que precisam, o que leva

nosso país a um tipo de prejuízo, pois poderia suprir a necessidade interna deste recurso, ainda

vender e conseguir lucrar com isso. Conseguindo assim acordos internacionais, além de

melhorar a imagem de um país com forte desenvolvimento, trazendo investimentos e

tecnologia.

53

Ainda sobre este cenário, o Brasil possui boas reservas de gás natural que seriam

facilmente exploradas, mas não estão sabendo aproveitá-las. No caso dos Estados Unidos, por

ser um grande utilizador deste recurso e por ver suas reservas se esgotarem, exploram o que

ficou conhecido como “Shale gas”, que seria um tipo de reserva de gás natural encontrada

entre placas de xisto. Porém não basta apenas atingir este reservatório com a perfuração do

poço, pois este gás não possui “caminhos” para chegar até o poço e ser produzido, é utilizado

então uma técnica conhecida como faturamento hidráulico, que consiste no bombeamento de

um fluido com determinadas características para dentro do poço aumentando a sua pressão até

que a formação seja fraturada, obtendo assim o caminho necessário para que o “Shale gas”

chegue ao poço e seja produzido. (HALLIBURTON, 2008)

Observando o panorama citado acima, percebe-se como o gás natural é desprezado em

nosso país, visto que os EUA realizam com esforço buscando ser possível a exploração deste

gás não convencional, enquanto o Brasil poderia extrair gás natural de forma mais simples

(menos tecnológica) e menos arriscada.

A má utilização deste recurso natural implica socioeconomicamente tanto para nossa

geração quanto para gerações futuras e é um dos dois aspectos que estão no centro do debate

proposto nesta etapa de trabalho, que busca as razões pelas quais as queimas/perdas de gás

natural devem ser evitadas. Outro aspecto está relacionado à questão ambiental, devido às

atuais preocupações em emissões de gases poluentes para a atmosfera.

Como se sabe a emissão de gases poluentes é um tema extremamente abordado

atualmente devido a sua relevância nas questões ambientais locais e globais, este problema é

considerado por muitos especialistas como o maior vilão na questão da poluição atmosférica.

A emissão de gases poluentes gera além de impactos ambientais, impactos a saúde

humana os quais serão citados, abaixo os de maior relevância: (MARIANO, 2005).

Impactos Ambientais:

- Chuvas ácidas: Consiste basicamente na reação das partículas d’água com os compostos

ácidos como de enxofre e de nitrogênio, presentes como impurezas no petróleo e no gás

natural. Essa chuva leva a corrosão de determinados materiais, acidificação de lagos,

contaminação do solo e lençóis freáticos.

- Efeito Estufa: Consiste no processo responsável pela manutenção da temperatura da Terra.

Os raios solares ao atingirem a superfície da Terra tendem a serem refletidos, os gases

54

presentes na atmosfera fazem com que estes raios fiquem “presos”, porém as emissões de

poluentes fazem com que esta barreira aumente, retendo ainda mais o calor na Terra.

- Redução da camada de ozônio: A camada de ozônio forma um tipo de barreira evitando que

radiações nocivas aos seres vivos cheguem a Terra. A emissão de poluentes reduz esta

camada, facilitando a passagem destas radiações, o que configura um problema para o meio

ambiente em geral.

Impactos a saúde humana:

Os problemas mais comuns ocasionados pela emissão de gases poluentes na atmosfera

afetam os sistemas cardiovasculares e respiratórios, ocasionando uma diminuição na

capacidade pulmonar, com um possível aumento nos casos de doenças respiratórias.

Para um dimensionamento desta situação, observe os dados informados segundo artigo

publicado por Magnum Seixas Sacramento, “As perdas monetárias somente em 2009

atingiram os US$ 700 milhões, aproximadamente 40% do valor importado em gás pelo Brasil

no mesmo ano. A emissão de poluentes a atmosfera pela queima de gás correspondeu à

emissão da frota urbana da cidade de São Paulo (próxima a 6 milhões de veículos)”.

55

VII – ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DA QUEIMA/PERDA DE GÁS NATURAL

Conforme apresentado durante este trabalho, com a exploração de petróleo é comum à

chegada de gás associado como subproduto na superfície e caso não haja infraestrutura para o

aproveitamento deste gás ou mercados próximos que viabilizem a exploração deste recurso,

uma porção significativa tem a possibilidade de vir a ser desperdiçada. Isso acarreta diversos

problemas que também já foram abordados e que serão agrupados em dois aspectos: perda de

uma fonte valiosa de energia e impactos ambientais inaceitáveis atualmente gerados pela

queima deste combustível fóssil.

Inicialmente é importante deixar claro, que o objetivo central deste capítulo não é

entrar em méritos de viabilidade de implantação destas alternativas, para isto seria necessário

um estudo mais detalhado sobre tais opções e seus respectivos casos. Sendo assim, este

capítulo tem o intuito de mostrar e explicar alternativas que são utilizadas em outros países,

ou até mesmo dissertar sobre melhorias em alternativas já usadas em nosso país para redução

da perda de gás natural.

Uma das melhores maneiras para se reduzir a queima/perda de gás natural é através da

utilização do gás associado como fonte de energia, pois apesar da quantidade de metano no

gás associado ser menor que a encontrada no gás não associado, ainda assim este tipo de gás é

uma fonte valiosa de energia. Outra excelente alternativa é a reinjeção do gás no reservatório.

Agora citaremos e explicaremos alternativas para minimizar este problema. (ALIABADI &

SHAMEKHI, 2012)

7.1 Re-injeção

O processo de re-injeção do gás natural consiste em um método de recuperação

secundária, que visa aumentar a produção de óleo através da manutenção de pressão do

reservatório, essa injeção pode ser realizada diretamente no óleo (figura 23) onde a ideia é

basicamente formar um colchão de gás, que varreria o óleo expulsando-o através do poço

produtor. Outra forma é realizar a injeção de gás natural na capa de gás do reservatório (figura

24), onde a ideia é similar a anterior, manter a pressão no reservatório empurrando o óleo até

as zonas produtoras.

56

Figura 23 - Injeção de Gás

Fonte: Santana (2008)

Figura 24 - Injeção na Capa de Gás

Fonte: Santana (2008)

Essa é uma excelente alternativa para evitar a queima/perda de gás natural, muito

usada no Brasil e no Mundo, apesar de parecer simples envolve diversos estudos complexos

como, por exemplo, o posicionamento dos poços a fim de maximizar a obtenção do óleo,

sendo necessária a utilização de softwares para aperfeiçoar a exploração de petróleo na região.

57

Outra questão levada em conta, é que o gás injetado deve ser processado anteriormente, o

esquema para uma melhor compreensão ficaria assim: (SANTANA, 2008)

Figura 25 - Esquema de tratamento de gás

Fonte: Santana (2008)

Com este tipo de aproveitamento do gás natural, seria aumentado o fator de

recuperação do campo, grandeza que consiste na razão entre o volume de óleo recuperável e o

volume total existente no reservatório, ou seja, percentual esperado de produção naquele

reservatório.

7.2 Legislações severas no controle da perda de gás natural

Apesar de o nosso país possuir uma forte legislação nesta luta contra o desperdício

deste recurso, a repreensão a este cenário não acontece de forma tão adequada quanto deveria,

faltam investimentos governamentais para que essas leis saiam do papel e sejam colocadas em

prática da melhor forma possível.

Ao tratar de uma legislação forte para minimizar o problema, esta deve abordar

assuntos como:

a) Políticas que especifiquem o papel da redução da perda de gás natural alcançando os

objetivos ambientais do país.

b) Legislação que dê ao órgão regulador o poder de agir eficazmente contra esta situação.

c) A legislação deve manter as responsabilidades do órgão regulador claramente definido

além de garantir que este seja independente das companhias operadoras evitando

assim qualquer conflito de interesses.

d) Os órgãos reguladores devem ser devidamente formados e financiados para que sejam

capazes de fazer cumprir os regulamentos.

e) As situações onde a queima de gás associado pode ser realizada sem uma pré-

aprovação do órgão regulador devem estar claramente definidas na legislação.

58

f) Procedimentos eficazes na medição do volume de gás perdido para um controle da

situação.

g) As entidades reguladoras devem ter um controle adequado e fortes poderes de

execução.

Para uma melhor ilustração a respeito dos poucos investimentos que são realizados, de

maneira a colocar a legislação vigente em nosso país em prática, bastar observar a reportagem

publicada pelo jornal “O Globo”, na qual é comparado o valor investido pela ANP em ações

de fiscalizações (R$ 5,03 milhões), com o valor desembolsado pela Petrobrás para servir café

em todas as unidades do país (R$ 5,5 milhões). (BOAS, Jornal O Globo, 2011)

Segundo especialistas, o valor fornecido para a ANP realizar as ações de fiscalização é

insuficiente, o ex-presidente David Zylbersztajn da ANP também concorda com isso e soma

ainda a este problema outro fato, o qual segundo ele a ANP não utiliza a verba total que é

disponibilizada, e a mesma não é muita. Apesar disso, a ANP em resposta a reportagem,

escreveu em nota garantindo que a verba é suficiente para o desempenho de tais fiscalizações.

7.3 Políticas de incentivos fiscais para melhor aproveitamento do gás natural

Infelizmente esse tipo de incentivo ainda não acontece em nosso país. Olhar o que os

outros países fazem e trazer para o nosso afim, com o objetivo de melhorar cada vez mais o

aproveitamento de nossos recursos deve ser a nossa meta. Como por exemplo, medidas

tomadas pelos Estados Unidos e já mencionadas anteriormente no trabalho. Apesar de não

possuírem as mesmas facilidades encontradas pelo nosso país com relação à exploração do

gás natural, ainda assim eles buscam a obtenção deste recurso através da exploração do

“Shale gas”, que conforme definido anteriormente, consiste em reservas de gás que não

possuem uma boa permeabilidade. Ou seja, ao perfurar um poço, o gás natural não é capaz de

escoar para ser produzido, é realizado então o chamado faturamento hidráulico que consiste

em trincar a rocha criando assim um caminho para que o gás natural possa escoar e ser

produzido.

As dificuldades apesar de maiores são superadas com a ajuda de incentivos fiscais

fornecidos pelo governo para as empresas que exploram este recurso. As questões fiscais que

influenciam, direta ou indiretamente, a perda de gás natural inclui: royalties, taxas e

participação do governo nos contratos de partilha de produção. Um tratamento diferencial

para a produção de gás, através de menores taxas e royalties, em comparação com a produção

de petróleo, promoveria um incentivo na produção e desenvolvimento de mercados. A Nigéria

adotou essa medida para encorajar o desenvolvimento de uma rede de gás obtendo sucesso,

59

mesmo sabendo que isso não resolveria completamente o problema, criou incentivos para

aumentar a utilização deste recurso em seu país. Outras jurisdições foram além, como o

Ministério de Energia de Alberta que incluiu em 1998 um programa de isenção de royalties

para que os operadores utilizassem gás associado. A Noruega que é um dos países que menos

queimam gás no mundo, sendo considerado um exemplo no ramo, introduziu uma taxa e

cobra por emissão de gases poluente como o CO2, em 1991. (WORLD BANK

GROUP,GLOBAL GAS FLARING REDUCTION)

7.4 Alternativas de transporte de gás natural

7.4.1 Gás Natural Liquefeito (GNL)

Em 2010, devido aos conflitos entre Brasil e Bolívia com relação à importação de gás

natural, nosso país por precaução buscou novas formas para suprir a necessidade interna, para

reduzir assim os riscos de problemas de abastecimento. Foi então que o Gás Natural

Liquefeito (GNL) ganhou relevância, tornando-se uma boa alternativa ao transporte de dutos,

principalmente quando diante das seguintes situações: (ANP, 2010)

a) Houver incerteza com relação ao volume de gás, que foi negociado e que foi

realmente entregue.

b) Malha dutoviária ainda precária.

c) Dutos já estão trabalhando com 100% da capacidade.

d) O abastecimento de gás natural no país é feito com a utilização de diversos modais

de transporte.

Esta forma de transporte que será descrita abaixo se justifica quando a distância e/ou

quantidade entre o mercado e o local de produção são elevadas inviabilizando a utilização de

dutos. A figura 26 mostra as etapas necessárias para a utilização desta forma de transportes.

Antes de ser transportado, o gás passa por processos de purificação onde são retirados

gases como H2S, CO2, água, óleo, etc. Posteriormente, este gás é comprimido e resfriado até

estar pronto para ser transportado, que de acordo com a figura 26 seria a etapa 4, a qual

consiste no processo de conversão do gás natural inicialmente em estado gasoso para o estado

líquido (liquefação), enquanto que a regaseificação, que consiste no processo inverso, estaria

representado pela etapa 6 da figura 26. (ANP, 2010)

60

Figura 26 - Cadeia de valor do GNL Fonte: adaptado de Oatley (2008)

Esta é a forma mais econômica para campos que possuem uma elevada produção de

gás associado e encontra-se longe dos mercados, o GNL ocupa um volume 600 vezes menor

que o gás em formato gasoso, o que torna vantajosa a sua utilização para longas distâncias,

onde o uso de dutos torna-se inviável.

7.4.2 Construção de gasodutos

Gasoduto é formado por uma tubulação que serve de meio de transporte ao gás

natural. Um fluido tende a escoar de uma região de maior pressão, para uma região de menor

pressão, sendo este o princípio de funcionamento do gasoduto. Porém, nem todos os casos

possuem situações adequadas para o escoamento do fluido, sendo necessária a utilização de

equipamentos capazes de transmitir energia ao fluido, tornando-o capaz de alcançar o objetivo

desejado. Como citado anteriormente, a falha em um desses possíveis equipamentos (turbo

máquinas) representa grande contribuinte para o enorme desperdício de gás natural que

acontece nos campos de petróleo. (Figura 27)

Figura 27 - Instalação de Gasodutos Fonte: http://www.gasnet.com.br/conteudo/4983

61

Além disso, para que possa ser garantida a segurança e a capacidade de operação do

gasoduto, é necessária manutenção além da utilização de técnicas anti-corrosão, por exemplo.

Para que isto seja possível, diversas estações são construídas sendo através delas que os

gasodutos deixam o subsolo e chegam até a superfície, onde existe toda uma estrutura a fim

de resolver e evitar qualquer tipo de problema nas tubulações.

O problema da perda de gás natural em nosso país deve-se em grande parte pela falta

de infraestrutura para o aproveitamento deste recurso, questão que engloba os poucos

investimentos na construção de gasodutos. A figura 28 mostra os gasodutos em operação, em

período de implantação e que estão sendo estudados. No mapa, observa-se claramente o

seguinte problema: a malha dutoviária existente não condiz com um país com dimensões

continentais como é o caso do Brasil.

Figura 28 - Malha dutoviária brasileira

Fonte: www://conexaogeografia.hdfree.com.br

A utilização de gasodutos é a maneira mais conhecida para transporte de gás natural,

esta alternativa de transporte é a mais aconselhável em casos onde a produção é elevada e as

distâncias até os mercados não são grandes.

7.4.3 Gas to Liquid (GTL)

Esta tecnologia surgiu em 1992, os cientistas alemães Franz Fischer e Hens Tropsch,

descobriram uma forma de converter o gás natural em um combustível líquido extremamente

parecido com o óleo cru, o que torna esta tecnologia extremamente interessante, pois

transforma o gás que seria vendido por um preço em produtos de maior valor agregado, que

são vendidos por preços maiores. O processo GTL consiste em duas etapas:

62

1° - O oxigênio separado do ar é injetado no reator para realizar uma reação de reforma do gás

natural. Outra forma utilizada é a injeção de vapor d’água no reator, o produto gerado desta

primeira etapa é chamado de Syngas, ou seja, gás de síntese. As reações ficariam então da

seguinte forma:

CH4 + 1/2 O2 → CO + 2 H2

CH4 + H2O → CO + 3 H2

2° - Nesta etapa, o gás formado anteriormente (syngas) entra no reator de Fischer-Tropsch

onde esses gases de cadeia curta serão combinados formando hidrocarbonetos de cadeia

longa, nesta reação é gerado vapor d’água superaquecido como subproduto sendo utilizado

em turbinas para geração de energia elétrica. De acordo com a seguinte reação química:

n(CO) + 2n (H2) → (CH2)n + n(H2O)

Estão formados assim hidrocarbonetos de cadeia longa muito parecida com o óleo cru,

estes seguem então para serem fracionados em diesel, nafta e outros derivados de maior valor

agregado.

Apesar de todos os benefícios que este tipo de tecnologia é capaz de nos fornecer

existem dois grandes empecilhos na sua implantação, um deles é o alto custo para instalação

da tecnologia e outro problema é o de espaço, pois essa planta necessita de uma grande área

para sua instalação. (ALIABADI & SHAMEKHI, 2012)

7.4.4 Gas to Wire (GTW)

Este tipo de tecnologia não se baseia no transporte do gás natural propriamente dito, o

que é realmente transportado de uma região para a outra é a energia elétrica obtida a partir

deste recurso.

O GTW é recomendado para campos com baixa ou média produção de gás associado

onde à construção de gasodutos e unidades de GTL e GNL não são tecnicamente ou

economicamente viáveis.

Esta tecnologia exige a instalação de uma infraestrutura para geração dessa energia

elétrica na unidade de produção Offshore ou Onshore, além de cabos de alta voltagem para

transmissão da energia elétrica para o mercado por serem de altas voltagens a unidade de

produção deverá estar ligada a rede nacional de abastecimento elétrico ou a consumidores que

precisem deste tipo de energia.

Existem dois tipos de possibilidade de transmissão desta energia, uma delas é a por

corrente alternada e a outra é por corrente contínua (High Voltage Direct Current – HVDC).

63

A figura 29 mostra a comparação sobre qual é a forma mais vantajosa levando em conta a

distância até o mercado. (ALIABADI & SHAMEKHI, 2012)

Figura 29 – Comparação de custo transmissão de eletricidade usando AC e HVDC

Fonte: Watanabe (2006)

7.4.5 Comparação entre as formas de transporte

Existem diversas tecnologias para transportar o gás natural até os mercados

consumidores, todas elas possuem suas peculiaridades. Vantagens e desvantagens, sendo

necessário um estudo de viabilidade técnica e econômica para que seja possível afirmar com

certeza qual é a melhor opção para que este gás natural produzido nos campos seja produzido.

(ALIABADI & SHAMEKHI, 2012)

A figura 30 serve para nos dar uma visão geral sobre que tipo de tecnologia deverá ser

utilizada, relacionando a vazão produzida de gás natural com a distância até os mercados

consumidores.

Figura 30 – Comparação de tipos de transporte de gás natural

Fonte: International Energy Agency Staff (2006)

64

7.5 Incidência de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) na queima de gás natural

Uma das formas comumente utilizada por diversos países a fim de mitigar o

desperdício do gás natural, é a inserção de tributos sobre o volume de gás queimado/perdido.

Além dos royalties, outros impostos buscam a redução da queima através de ações punitivas.

Por exemplo, o seguinte caso: em 2010 foi proposta na Assembléia Legislativa do Rio de

Janeiro a incidência de 6% de ICMS sobre o gás descartado por queima (ESTADÃO, 2010).

Apesar de essas medidas parecerem extremamente atraentes além de teoricamente

simples de ser implantada, esta não é sempre a melhor maneira para se lidar com o problema.

No caso de um reservatório com alta produtividade, é interessante à adoção dessa medida,

porém em campos maduros, onde a produção não é tão lucrativa, esse tipo de ação não seria

importante, a melhor solução seria a adoção de políticas de bonificação e apoio às empresas

concessionárias, que muitas vezes são empresas de pequeno porte.

Este tipo de medida (adoção de ICMS) divide opiniões sobre sua legalidade ou não.

Uma corrente de especialistas afirma que esta conduta seria inconstitucional, pois defendem

que o termo “mercadoria” não se adéqua ao gás queimado.

“Se o possuir com a finalidade de vendê-lo dando impulso à cadeia produção-

consumo, então, se caracteriza como mercadoria, do contrário, será somente um bem

móvel.” (PEREIRA & SILVA, 2010).

Enquanto isso, outros especialistas defendem a incidência de ICMS, pois as

operadoras dos campos de petróleo devem realizar a exploração dessas áreas, de forma a

atender os interesses nacionais e de toda a sociedade.

“É tal que o contrato de concessão é cercado de instrumentos jurídicos que

estabelecem obrigações relativas ao cumprimento de metas de desenvolvimento dos campos,

prevendo a sua retomada pela União no caso de descumprimento das metas.” (PEREIRA &

SILVA, 2010).

Nota-se que este assunto é extremamente delicado e dá margem a diversas

interpretações. Como o objetivo deste trabalho não é entrar em um debate jurídico sobre o

assunto, fica a caráter do leitor a interpretação e o posicionamento referente a tal questão, mas

o fato é que independente desta questão este tipo de política só será de interesse geral caso

possua algo além de um caráter arrecadatório para gerar receita para o estado, esta política

deve estar de acordo com o seu objetivo central, que é reduzir o desperdício de gás natural.

Este tipo de solução apesar de ser muito utilizada, deve ser realizada com cautela,

observando a diferenças para cada caso, por exemplo, se o campo é terrestre ou marítimo, se é

65

um campo maduro, cada situação merece um tratamento distinto. Além disso, caso essa

política não venha com uma estrutura sólida, mantendo o foco principal, que é reduzir a

queima de gás natural, ela será apenas uma forma de arrecadação de verba.

66

VIII – ESTUDO DE CASO

Enquanto os capítulos anteriores possuem uma base mais teórica indispensável para a

compreensão desta monografia, este capítulo tem por objetivo levar o leitor a uma realidade

técnica e prática a respeito do objetivo das grandes companhias e dos países produtores de

petróleo e gás natural, que é a Queima Zero. Em capítulos anteriores, foi mostrado que

existem diversas formas de controle, diversas tecnologias, esforços realizados pelas agências

reguladoras e pelas operadoras do campo, porém até então a Queima Zero não era nada de

concreto. Para a alteração deste ponto de vista, a melhor forma de expor e demonstrar que é

realmente possível alcançar este objetivo, é através de um estudo de caso.

O estudo de caso escolhido para trabalharmos neste capítulo, foi o primeiro projeto de

Queima Zero realizado na região do Oriente Médio e no Golfo do México, foi concretizado

pela Abu Dhabi Company for Onshore Oil Operations (ADCO).

A ADCO em 1997, começou a realizar pesquisas e estudos com o objetivo de reduzir a

perda de gás natural e já em 1999, o primeiro projeto piloto para eliminar a queima de gases

inertes, foi implementado. Porém, só em 2003, foi possível chegar ao escopo do primeiro

projeto de Queima Zero em um dos maiores campos explorados pela companhia. Atualmente,

a ADCO continua implementando projetos de recuperação de vapor, redução de queima e/ou

Queima Zero em seus campos utilizando as experiências e lições aprendidas em projetos

anteriores. Nessas lições, é importante citar a utilização das tecnologias mais adequadas,

avaliação e recomendação dos locais mais propícios para implantação do projeto, além do

gerenciamento do mesmo. (WASFI, 2004)

Além de alcançar a tão almejada marca de Queima Zero, o projeto implementado pela

ADCO tinha por objetivo:

a) transferência de tecnologia, conhecimento e experiência entre seus parceiros.

b) ganhar experiência e aprender através do monitoramento desta planta de

operação.

Inúmeros desafios foram enfrentados pela companhia para que este projeto exemplar

fosse alcançado, entre eles:

a) Recuperação do Gás gerado pela destilação Flash.

b) Eliminação do gás piloto.

c) Alta concentração de H2S no Gás Natural.

d) Problemas relacionados à segurança.

e) Eliminação de Gases Inertes.

67

f) Eliminação de Gás de Purga.

Desafios foram feitos para serem superados e a indústria de petróleo é motivada por

alcançar seus objetivos superando os desafios encontrados durante este caminho, e com

relação à Queima Zero não foi diferente, os desafios citados acima foram devidamente

superados através da implementação das seguintes soluções (WASFI, 2004):

a) sistema de recuperação de vapor usando óleo injetado através de um compressor.

b) utilização de uma válvula de rápida abertura (Quick Opening Valve-QOV) nas linhas de

flare de 30 polegadas.

c) novo sistema de ignição com alta perfeição.

d) sistemas de controle e monitoramento que garanta a rápida abertura da QOV promovendo

fluxo de informações online sobre a QOV e o sistema de ignição automático.

e) novo bico de Flare que se adaptem melhor as novas condições de funcionamento.

f) medidores de vazões ultrassônicos para dimensionar a quantidade do gás enviado ao Flare.

Após tomar ciência dos objetivos do projeto, os desafios que foram encontrados para

que o mesmo fosse colocado em prática e as soluções que foram utilizadas para alcançar os

objetivos propostos inicialmente superando os que haviam sido encontrados, será abordado

agora o que é necessário ao sistema para que a Queima Zero seja alcançada.

a) Compressor para recuperação de vapor. (VRC)

b) Garantia de alta integridade da QOV sem que seja permitido nenhum vazamento no Flare,

incluindo transmissores de pressão.

c) Sistema de ignição confiável.

d) Disponibilidade de N2 para utilização contínua como gás de purga.

e) Novo bico de Flare que se adaptem melhor as novas condições de funcionamento.

f) Sistema de controle e monitoramento que garanta um perfeito funcionamento da QOV e

promova uma troca de informações online além de controlar o compressor para

recuperação de vapor e o sistema de ignição.

Nesta etapa do capítulo será descrito o processo que ocorre na planta projetada pela

ADCO visando a Queima Zero. A figura 31 mostra o esquema do sistema de Flare utilizado e

os outros sistemas relacionados ao mesmo, apesar de projetado para não haver perdas de gás

natural, caso algum problema aconteça o gás precisará ser ventilado/queimado por motivos de

segurança, porém este modo trabalha de forma a minimizar este possível problema.

68

O gás que normalmente seria queimado ou ventilado toma agora o caminho do Flare

Suction Tank (FST), de onde será encaminhado até o VRC para ser comprimido e enviado até

a planta projetada pela GASCO, subsidiária da empresa Abu Dhabi National Oil Company.

Com um abastecimento confiável de N2 utilizando-o assim como gás de purga e

consequentemente evitando a utilização de hidrocarbonetos para este fim, garantido que o gás

piloto não seja enviado até o Flare, é possível chegar então a Queima Zero, levando em

consideração sempre que estas são condições normais de operação, porém quando um evento

inesperado acontece o gás será direcionado para o Flare através da válvula de abertura rápida

(QOV), caso ocorra falha nessa válvula um sistema de by-pass é utilizado para contornar essa

válvula, esse gás passará pelo medidor ultrassônico onde será computado o valor de gás

queimado.

Outra parte importante desse sistema é o sistema de ignição, formado por 4

“fagulhadores” e um novo tipo de bico do Flare, que garante uma perfeita vedação impedindo

que o gás escape, garantindo assim nenhuma queima ou ventilação de hidrocarbonetos leves

que muitas vezes possuem alto teor de H2S.

Figura 31 – Planta projetada pela ADCO visando a Queima Zero

Fonte: Wasfi (2004)

69

A torre de Flare é continuamente purificada com gás nitrogênio nas linhas abaixo da

QOV para evitar a entrada de ar durante condições normais de operação, sendo portanto

queimado N2. Daí a necessidade de um fornecimento confiável de nitrogênio, pois caso esse

fornecimento de nitrogênio seja comprometido hidrocarbonetos serão usados

automaticamente no processo de purificação, o que ocasionará a queima deste recurso natural.

(WASFI, 2004)

Ao lado da questão técnica, outro fator que influencia diretamente a implantação de

um projeto é a questão econômica. Já foram abordadas as partes técnicas, equipamentos e

procedimentos utilizados nesta planta para alcançar o objetivo principal, que consiste na

proteção e uso racional do gás natural.

O estudo de caso abordado neste capítulo possui um custo total de implantação

estimado em 7 MM$, considerando que a redução de custos devido a impactos ambientais que

incluem problemas de saúde gire em torno de 1,2 MM$ por ano. Além disso, o aumento da

recuperação de gás natural geraria uma receita de anual de 1,4 MM$. A partir destes dados é

possível concluir que o projeto começaria a gerar lucro em menos de 3 anos. (WASFI , 2004)

Modelos deste tipo são utilizados na Noruega e no Canadá, o mesmo possui ainda a

vantagem de ser capaz de operar em um modo que minimize as queimas de gás, quando as

mesmas são inevitáveis.

70

IX – RECOMENDAÇÕES

O objetivo deste capítulo é dar recomendações gerais, podendo ser dividido em três

partes sendo elas: recomendações às empresas operadoras, recomendações aos governos e às

agências reguladoras de cada país e recomendações para trabalhos futuros. Como já foi

mencionado anteriormente cada recomendação dependerá de cada situação existente no

campo como, por exemplo, estudos de viabilidade econômica, espaço para implantação da

tecnologia, volume e características do gás produzido, entre outros. Por esta razão não

podemos generalizar nenhum tipo de recomendação mencionado neste capítulo sem um

estudo profundo sobre o campo, sobre o país, agências reguladoras existentes assim como da

legislação vigente em questão.

9.1 Recomendações às operadoras:

Como recomendações às empresas operadoras dos campos para maximizar a produção

de gás natural, reduzindo assim a queima e a ventilação deste recurso natural não renovável

pode-se mencionar:

- Investimento em universidades para desenvolvimento de novas tecnologias.

- Formação de parcerias com empresas que possuam forte tecnologia na busca a Queima

Zero.

- Investimento em infraestrutura para escoamento da produção de gás natural.

- Acordo com as agências reguladoras.

- Estudos sobre as principais causas técnicas que levam a queima e/ou ventilação do gás para

que a partir daí saiba-se combater o foco do problema.

9.2 Recomendações aos governos e às agências reguladoras:

Como recomendações aos órgãos governamentais e ao próprio governo para um

melhor controle e consequentemente uma redução da queima e da ventilação deste recurso

podem ser citadas as seguintes opções:

- Destinar mais recursos para as agências reguladoras para fiscalizações.

- Otimização dos recursos disponíveis nas agências reguladoras.

- Investimento em capacidade de monitoramento da movimentação de fluidos em tempo real.

- Acordos entre agências reguladoras e empresas operadoras.

- Manter a legislação atualizada de acordo com a necessidade existente.

71

9.3 Recomendações de trabalhos futuros:

A queima de gás natural é um assunto muito recente e de grande importância

atualmente, não só devido às preocupações ambientais, mas também devido aos impactos

socioeconômicos que acabam sendo ocasionados. Podemos perceber isto observando todos os

esforços que estão sendo feitos tanto pelas operadoras quanto pelas agências reguladoras.

Por estas razões o número de estudiosos sobre o assunto é grande e a tendência é

aumentar até que seja um assunto com soluções cada vez mais viáveis estudadas e

implementadas em todos os campos onde este desperdício acaba por comprometer a produção

de gás natural.

Ficam então como legados as lições aprendidas durante todo o trabalho e como

sugestão para trabalhos futuros pontos que o leitor achou interessante e que possam ser

desenvolvidos mais profundamente. Os seguintes temas podem ser interessantes:

- Comparar a legislação brasileira com a de países que queimam pouco e países que queimam

muito gás natural.

- Estudo de caso sobre um campo no Brasil oferecendo soluções que minimizem a ventilação

e a queima deste recurso.

- Estudo sobre turbomáquinas, obtendo as maiores causas de problemas e oferecendo soluções

para amenizar tal quadro.

72

X – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção de petróleo está em plena expansão no Brasil. Paralelamente a isso,

investimentos em novas tecnologias e em programas com o objetivo de reduzir as queimas de

gás natural no Brasil, são expectativas que deverão tornar-se realidade. É necessário diminuir

a queima de gás, enquanto se aumenta a produção de petróleo. Isso até tem ocorrido com

elevados investimentos, que buscam a meta de melhorar o aproveitamento do gás natural, um

dos objetivos da Petrobrás.

O Brasil está entre os cinco produtores que menos queimam gás, o primeiro é a

Rússia, mas isso não deve bastar e servir de argumento para não buscar novos investimentos.

Apesar dos avanços, a queima de gás na produção de petróleo é persistente.

Durante o trabalho desenvolvido, é possível perceber que o Gás Natural possui

diversos usos tais como no setor industrial, setor de transporte, setor residencial e comercial, e

no setor de geração elétrica. Existem dois tipos de gás natural, associado e não-associado,

ambos encontrados na natureza. A utilização deste recurso natural não renovável apresenta

várias vantagens como, por exemplo, a diversificação da Matriz Energética, o alto rendimento

energético e a diminuição da poluição.

Devido à queima e o desperdício do gás natural, é imprescindível à regulamentação,

através da criação de órgãos reguladores, que possuem instrumentos de combate e controle da

queima.

Para alcançar o objetivo do trabalho, torna-se necessário conhecer a causa pelos quais

esse desperdício acontece, como por problemas nas turbomáquinas e falhas nos sistemas

operacionais. Em contra partida a estes argumentos, também existem os motivos pelos quais a

queima deve ser evitada, como por exemplo, pelos impactos ambientais e socioeconômicos.

Diante dos problemas apresentados, há necessidade de criarmos alternativas para que o

mesmo seja minimizado. A re-injeção do gás natural, as diversas alternativas de transporte e

as políticas de incentivos fiscais podem vir a otimizar o uso do gás natural.

Após a abordagem da parte teórica, constata-se a necessidade de demonstrar na

prática, que essa solução é possível e que já ocorrem em outros países,

É importante ressaltar que a queima de gás faz parte do processo de produção de

petróleo e gás. Existe em todos os países, mas por razões ambientais e econômicas essa

queima pode e deve ser diminuída. Os órgãos reguladores possuem mecanismos que visam

reduzir essa queima e também nota-se um compromisso com as empresas nessa direção, por

73

isso a expectativa é que no futuro existam níveis decrescentes de queima, mas é necessário

que políticas governamentais se preocupem mais com isso.

74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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