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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DE CAMPOS AGRICULTURA FAMILIAR versus SALINIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM ETNOPEDOLÓGICA NO NORTE FLUMINENSE Raquel da Silva Paes Campos dos Goytacazes, RJ 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DE CAMPOS

AGRICULTURA FAMILIAR versus SALINIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM

ETNOPEDOLÓGICA NO NORTE FLUMINENSE

Raquel da Silva Paes

Campos dos Goytacazes, RJ

2017

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RAQUEL DA SILVA PAES

AGRICULTURA FAMILIAR versus SALINIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM

ETNOPEDOLÓGICA NO NORTE FLUMINENSE

Orientadora: PROFa DRA. CAMILAH ANTUNES ZAPPES

Campos dos Goytacazes, RJ

2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense - Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) BUCG / UFF / Campos

P126a Paes, Raquel da Silva Agricultura familiar versus salinização: uma abordagem etnopedológica no norte fluminense / Raquel da Silva Paes. -- Campos dos Goytacazes, RJ: [s.n], 2017.

55 f. : il. : figuras. tab. Orientador: profa Dra. Camilah Antunes Zappes Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade

Federal Fluminense. Campos dos Goytacazes, RJ, 2017. Área de Concentração: Análise Regional e Ambiental

Referências. f. 44 1. Agricultura familiar – São João da Barra,(RJ).2.

Açu, São João da Barra (RJ) – Porto. I. Zappes, Camilah Antunes. II. Título. Título: uma abordagem etnopedológica no norte fluminense

CDD 338.10981662

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AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo fomento à

pesquisa por meio de concessão de bolsa de Pós-Graduação.

À Secretaria Municipal de Agricultura de São João da Barra e todos os agricultores

familiares pela colaboração durante as coletas dos dados, especialmente ao Guia local Srº Jair

Barboza Barreto.

A Sérgio Carvalho Moreira pela colaboração na elaboração de mapas.

A minha família por todo apoio nessa caminhada, especialmente a minha mãe por todo seu

amor, carinho, paciência e dedicação.

A minha orientadora Profª Camilah Zappes que acreditou no meu trabalho me auxiliando em

todos os momentos desta pesquisa com dedicação e atenção.

A todos os professores do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade

Federal Fluminense e à equipe do Laboratório de Geografia Física por todo crescimento me

proporcionado em todas as atividades desenvolvidas.

Às amigas Carolina Cidade e Sayonara Freixas pelas conversas, ajuda nos Trabalhos de

Campo e aos diversos momentos de apoio. A minha querida amiga e sempre presente Flávia Alves

que me dedicou carinho e atenção de sempre. Aos companheiros de turma que compartilharam

comigo vivências importantes. Às queridas amigas Cinthia Amaral e Thainara Souza pelo

companheirismo, amizade e lealdade construída. Ao meu namorado Lucas Almeida que mesmo

distante geograficamente não deixou de me apoiar e ajudar em todos os detalhes dessa pesquisa.

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RESUMO

Este estudo objetivou descrever por meio da percepção dos agricultores a atividade agrícola familiar praticada no 5º Distrito, município de São João da Barra, estado do Rio de Janeiro; a existência de manejo tradicional que permite o uso do solo para fins de agricultura; e a possível ocorrência de processo de salinização do solo e dos recursos hídricos decorrente da construção do Complexo Logístico Industrial do Porto do Açu (CLIPA) na região. Dentre os métodos etnográficos foram utilizados a observação participante, o diário de campo e realizadas 50 entrevistas etnográficas por meio da aplicação de questionário semiestruturado com representantes locais das instituições agrícolas e agricultores familiares locais. O método da Triangulação foi utilizado para análise dos relatos bem como a técnica de informações repetidas em situação sincrônica. Os agricultores da região são principalmente do sexo masculino com baixa escolaridade. As principais lavouras envolvem os cultivos de maxixe, quiabo e abacaxi, além de folhas como couve e alface. Poços artesianos/bomba elétrica/mangueira pressurizada e sistema de aspersão convencional são utilizados na irrigação. O conhecimento tradicional sobre a agricultura familiar foi desenvolvido ao longo de anos e repassado dentro do núcleo familiar. Devido à baixa fertilidade do solo do norte fluminense os agricultores utilizam adubo químico, orgânico e lodo de cana de açúcar para fornecer nutrientes aos cultivos. O manejo tradicional para a conservação do solo é praticado por meio de técnicas de pousio e rotação de culturas junto à adubação mista e irrigação. Na percepção dos agricultores a salinização do solo e dos recursos hídricos foi intensificada após a instalação do CLIPA. Tal fenômeno interfere de maneira negativa nos cultivos e causam prejuízo financeiro às famílias de agricultores que dependem da atividade. Estudos geográficos, etnográficos, pedológicos e limnológicos devem ser realizados na região a fim de buscar soluções para os conflitos entre agricultura familiar e CLIPA por meio das demandas das próprias populações. Diante deste cenário, o poder público, a iniciativa privada responsável pelo CLIPA e as instituições de pesquisa da região devem planejar o desenvolvimento sócio-econômico-cultural com a participação das localidades interessadas a fim de manter a qualidade de vida local. Os resultados dessa pesquisa apontam para consequências atuais das novas dinâmicas socioeconômicas regionais sendo necessárias proposições de políticas públicas específicas a esta realidade, principalmente àquelas ligadas a conservação dos recursos hídricos e solos, além de suas manutenções.

Palavras-chave: comunidade agrícola, uso do solo, manejo tradicional, megaempreendimento,

conflito.

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ABSTRACT

This study aimed to describe through the perception of farmers and family farming practiced in Açu district, São João da Barra, Rio de Janeiro State; the existence of traditional management that allows the use of land for agricultural purposes; and the possible occurrence of salinization of soil and water resources process resulting from the construction of the Logistic Industrial Açu Port Complex (CLIPA) in the region. Among the ethnographic methods were used participant observation, field diary and conducted 50 ethnographic interviews through semi-structured questionnaire with local representatives of agricultural institutions and local farmers. The method of Triangulation was used for analysis of the reports as well as the technique of repeated information in synchronic situation. Farmers in the region are mainly males with low education. The main crops involve gherkin crops, okra and pineapple, and leaves like cabbage and lettuce. Artesian wells/electric pump/pressurized hose and sprinkler system are used for irrigation. The traditional knowledge of family farming has been developed over years and passed on within the family. Due to low fertility of soil the farmers use chemical fertilizers, organic and sugar cane sludge to provide nutrients to crops. The traditional management for soil conservation is practiced through fallow techniques and crop rotation with the mixed fertilization and irrigation. In the perception of farmers to soil salinization and water resources was intensified after installing CLIPA. This phenomenon affects negatively the crops and cause financial loss to the families of farmers who depend on activity. Geographical, ethnographical, soil and limnological studies should be conducted in the region in order to seek solutions to conflicts between farming family and CLIPA through the demands of their own populations. In this scenario, the government, the private sector responsible for CLIPA and research institutions in the region should plan the socio-economic and cultural development with community participation interested in order to maintain the quality of local life. The results of this research point to current consequences of the new regional socioeconomic dynamics are required for specific public policy proposals to this reality, especially those related to conservation of water and soil resources, and their maintenance.

Key words: farming community, use of soil, traditional management, mega enterprise, conflict.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Indicação das localidades estudadas no entorno do 5º Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro

p. 16

Figura 2 Mapa etnográfico aplicado junto às localidades para indicação das áreas salinizadas no 5º Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro

p. 19

Figura 3 Técnicas e instrumentos modernos utilizados na agricultura familiar em São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. A - Utilização de trator para preparação do solo; B - Aplicação de fertilizantes; C - Poço artesiano, bomba elétrica e mangueira pressurizada; D - Aspersão convencional.

p. 22

Figura 4 Etapas do manejo tradicional praticado na agricultura familiar nas localidades do 5º Distrito, São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro.

p. 23

Figura 5 Destino da Cadeia produtiva da agricultura familiar do 5º Distrito do município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro.

p. 25

Figura 6 Cadeia produtiva da agricultura familiar do 5º Distrito, município de São João da Barra, estado do Rio de Janeiro.

p. 26

Figura 7 Percepção de agricultores referente às interferências sobre a atividade agrícola familiar no 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro

p. 28

Figura 8 Percepção de agricultores referente às causas da salinização dos corpos hídricos e do solo no 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro.

p. 29

Figura 9 Percepção de agricultores referente às principais consequências da salinização dos corpos hídricos e do solo sobre a agricultura familiar no 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro.

p. 30

Figura 10 Indicação das localidades pesquisadas, espacialidade dos corpos hídricos locais, Complexo Logístico Industrial do Porto do Açu (CLIPA) e identificação das áreas salinizadas indicadas pelos agricultores (representadas em círculos), 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro.

p. 31

Figura 11 Dinâmica da cadeia produtiva com utilização de atravessadores

p. 36

Figura 12 Dinâmica da cadeia produtiva por meio de comercialização em feiras regionais

p. 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais espécies desenvolvidas na prática agrícola familiar do 5°

Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de

Janeiro.

p. 24

Tabela 2 Estimativa de renda por produto comercializado (salários mínimos) p. 27

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SUMÁRIO

1 Introdução p. 9

Capítulo 1 Agricultura Familiar no 5º Distrito, município de São João da Barra

Norte do Estado do Rio de Janeiro e o fenômeno da salinização

p. 12

1.1 Agricultura Familiar e Manejo Tradicional p. 12 1.2 Agricultura familiar no norte do Rio de Janeiro x megaempreendimento p. 13

Capítulo 2 Caracterização da área de estudo e aspectos metodológicos p. 15 2.1 Caracterização física p. 15 2.2 As localidades do 5º Distrito, município de São João da Barra, norte

fluminense p. 16

2.3 Procedimentos p. 18 2.4 Análise dos dados p. 20

Capítulo 3 Resultados p. 21 3.1 Perfil dos entrevistados e caracterização da agricultura familiar no norte

fluminense p. 21

3.2 Interferências sobre a agricultura familiar p. 27 Capítulo 4 Discussão p. 32

4.1 Perfil dos entrevistados e caracterização da agricultura familiar no norte

fluminense

p. 32

4.2 Interferências sobre a agricultura familiar p. 37 5 Considerações Finais p. 42 6 Referências bibliográficas p. 44 7 Apêndices p. 55

7.1 Questionário aplicado às localidades agrícolas pesquisadas p. 55

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INTRODUÇÃO

Etnociência é um ramo científico que estuda o conhecimento de comunidades

referente à natureza, seus fenômenos, processos, classificações e taxonomias bem como busca

avaliar o ambiente a partir do envolvimento de pesquisadores e representantes do

conhecimento tradicional de maneira a compartilhar as diferentes formas de saberes a partir

da linguística (FARIAS; ALVES, 2007; ARAÚJO et al., 2013). Desta maneira, este campo

científico tem como objetivo compreender o modo como as comunidades classificam e

interagem com o meio, e elaboram o conhecimento tradicional (FARIAS; ALVES, 2007).

A Etnociência se divide em diversos campos, como a etnoecologia, etnobiologia,

etnozoologia, etnobotânica, etnoornitologia, etnoentomologia, etnomicologia, etnomatemática

e etnopedologia (ARAÚJO et al., 2013). Esta última se define por uma área da pesquisa que

combina questões relacionadas às Ciências Humanas e Naturais e retrata a percepção de

comunidades em relação aos diversos tipos de solos, suas utilizações antrópicas bem como

analisa os recursos naturais envolvidos diretamente ao solo, como vegetação, água e clima

(ARAÚJO et al., 2013). Um dos principais enfoques da etnopedologia se relaciona às análises

do conhecimento tradicional utilizado pelas comunidades tradicionais no desenvolvimento das

diversas produções agrícolas (CORREIA et al., 2007).

Desde o surgimento da espécie humana, o ser humano, sempre demonstrou

dependência em relação aos corpos hídricos, ao solo e suas propriedades devido ao cultivo e

coleta de recursos para a alimentação, produtos medicinais e matérias-primas para atividades

de caça e vestimenta (RESENDE et al., 1995). Comunidades agrícolas utilizam estes recursos

baseado principalmente no conhecimento tradicional desenvolvido por meio de experiências

empíricas das relações sociedade-natureza, o que torna a percepção da realidade distinta do

conhecimento considerado não tradicional (AGRAWAL, 1995; DIEGUES, 2000a). Tais

comunidades apresentam o conhecimento tradicional adquirido ao longo de gerações sendo

este repassado oralmente entre seus membros (DIEGUES, 2000a). Desta maneira, torna-se

fundamental valorizar este conhecimento com suas práticas ancestrais já que sua utilização

permite o desenvolvimento do manejo tradicional adequado à conservação dos ecossistemas

(QUEIROZ, 2005).

Ainda são escassos os estudos etnopedológicos, pois pouco se trabalha as questões

sociais na formação dos pedólogos (ARAÚJO et al., 2013). Esta ausência de pesquisas nesta

área da ciência interfere na compreensão sobre a percepção do agricultor em relação ao

ambiente e considera apenas a tecnologia como solução para problemas da agricultura

(CORREIA et al., 2007). No Brasil alguns estudos publicados relacionados à questão

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etnopedológica abordaram a agricultura indígena e de comunidades estritamente agrícolas

(ARAÚJO et al., 2013). Neste sentido, a compreensão do funcionamento e uso dos solos

junto às comunidades locais permite a junção dos conhecimentos científico (por meio da

pedologia) e local (por meio da comunidade agrícola) e fornece suporte para a elaboração de

técnicas mais sustentáveis bem como a construção de modelos que possam suprir as

necessidades locais das comunidades (CORREIA et al., 2007). Dentro desta temática estão

inseridas as comunidades de agricultura familiar. Estas são caracterizadas pelo

desenvolvimento de práticas ancestrais repassadas no interior do núcleo familiar e

consequente relação de ancestralidade com os aspectos naturais como o solo, vegetação; além

de seus manejos associados (Lei Federal 13.123/15).

No norte do estado do Rio de Janeiro estão inseridas as comunidades de agricultura

familiar do 5° Distrito, município de São João da Barra. Em 2007 foi iniciada nesta área a

instalação do Complexo Logístico Industrial do Porto do Açu (CLIPA). Este complexo é

considerado um megaempreendimento a fim de funcionar empresas dos ramos de energia,

mineração e siderurgia em nível nacional e internacional (PIRES, 2009). O CLIPA localiza-

se na Zona Industrial do Porto do Açu criada através da Lei Municipal nº 035/06, em que sua

área de implantação ocupa aproximadamente 1.924 há e alcança 6,7 km da linha de costa.

No 5º Distrito, as localidades sofrem com alterações no seu ambiente físico

decorrente da implantação das atividades iniciais do CLIPA (PIRES; PEDLOWSKI, 2009).

As principais alterações descritas se dividem em alguns setores e serviços como transporte de

ônibus, proibição da atividade de pesca artesanal em lagoas costeiras e linha de costa,

contratação de mão de obra externa que causou aumento na demanda de bens e serviços e

infraestrutura básica, desapropriação de famílias agrícolas devido à incorporação de terras

cedidas ao CLIPA, alterações dos ecossistemas aquáticos inclusive pelo aterramento de

alguns corpos hídricos e salinização do lençol freático e solo devido à construção do canal de

atracação dos navios (ESTEVES; SUZUKI, 2008; SOUZA; OLIVEIRA 2010; PIRES;

PEDLOWSKI, 2009). Dentre essas, a salinização atinge diretamente as comunidades de

agricultores que dependem do solo e da água para realizar suas atividades de trabalho. Além

de afetar a dinâmica natural de desenvolvimento das plantas, resultados decorrentes da

salinização interferem também nas produções agrícolas já que o solo é alterado e causam

impactos negativos na geração de renda das comunidades que dependem da agricultura local

(ESTEVES; SUZUKI, 2008).

Dessa maneira, essa dissertação tem como objetivos: 1) Descrever técnicas utilizadas

na agricultura familiar praticada no 5° Distrito do município de São João da Barra, norte do

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estado do Rio de Janeiro; 2) identificar a ocorrência de um possível manejo tradicional

voltado para a atividade agrícola na região; 3) descrever a cadeia produtiva da atividade na

região; 4) compreender por meio da etnologia a percepção das comunidades agrícolas do 5°

Distrito, município de São João da Barra em relação ao processo de salinização dos corpos

hídricos e solo decorrente da construção do CLIPA e viabilidade da atividade agrícola

tradicional diante da instalação do megaempreendimento.

No capítulo I a agricultura familiar do 5º Distrito é caracterizada bem como suas

técnicas e manejos associados às lavouras desenvolvidas. No capítulo II é apresentada a

caracterização física da área de estudo e o perfil sociodemográfico das localidades estudadas.

No capítulo III são apresentados os resultados e no capítulo IV as discussões em relação ao

processo de salinização, suas causas, a possível intensificação, após a instalação do CLIPA e

as interferências deste fenômeno sobre as lavouras da região. No capítulo V apresentam-se as

considerações finais da pesquisa.

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CAPÍTULO 1. AGRICULTURA FAMILIAR NO 5º DISTRITO, MUNICÍPIO DE SÃO

JOÃO DA BARRA NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E O FENÔMENO

DA SALINIZAÇÃO

1.1 Agricultura familiar e o manejo tradicional

Agricultura familiar é caracterizada como uma atividade rural onde as relações de

trabalho apresentam relações de parentesco em que a gestão é realizada pelos proprietários

das unidades produtivas, o capital pertence à família e os membros familiares residem nas

propriedades rurais (ABRAMOVAY, 1997; WANDERLEY, 1999; ALTAFIN, 2007). Tal

atividade influencia decisivamente nas políticas públicas ligadas ao setor já que a base é de

cunho familiar tradicional sendo regulamentada pela Lei Federal nº 11.326/2006.

Na agricultura familiar são utilizadas técnicas específicas desenvolvidas a partir da

prática diária da atividade com conhecimento adquirido durante anos pela comunidade local

(ABRAMOVAY, 1997). Ainda, a relação dos agricultores familiares com a natureza interfere

nas estratégias de manuseio e utilização dos recursos durante os cultivos agrícolas e nos

ambientes onde são cultivados (POSEY, 1987). Por utilizarem técnicas locais, os agricultores

familiares podem desenvolver manejo tradicional por meio do uso do próprio conhecimento

tradicional (NETTING, 1993).

Em uma abordagem ecológica pode ser compreendido como a conversão completa

de um ecossistema original à dinâmica que melhor se adequa às condições materiais da área e

econômicas daqueles que manejam o ambiente (HANAZAKI, 2003). No manejo tradicional

ocorre a integração das atividades realizadas por comunidades locais e que levam à

conservação de ambientes intensamente utilizados pelos sistemas agrícolas, florestais e

agroflorestais (CHRISTENSEN et al., 1996).

Em todo o mundo há registros de domesticação e manejo de espécies vegetais por

comunidades locais em que ao longo dos anos foram desenvolvidas técnicas de manejo

tradicional (NETTING, 1993; PECH et al., 2004; ALTIERI; TOLEDO, 2005). Este manejo

tem sido atribuído como um importante elemento a ser considerado na política de gestão dos

recursos naturais (GELCICH et al., 2006). Isso porque as experiências ancestrais de

comunidades locais com a natureza podem contribuir na implementação e manutenção de

políticas co-participativas de usos dos recursos da natureza (SOUZA, 2006). A identificação

da prática de manejo tradicional em comunidades agrícolas é importante a partir do momento

em que podem ser encontradas soluções para problemas ambientais baseadas em técnicas

locais de baixo custo e de baixo impacto para o ecossistema.

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1.2 Agricultura familiar no norte do Rio de Janeiro x megaempreendimento

No norte do estado do Rio de Janeiro, especificamente no município de São João da

Barra, a agricultura familiar apresenta práticas tradicionais em que os cultivos são

desenvolvidos por meio de adubação orgânica e química com práticas de conservação dos

solos que envolvem rotação dos plantios e descanso do terreno pelo pousio. As principais

espécies desenvolvidas são quiabo, maxixe e abacaxi, respectivamente (BURLA et al., 2015).

Nesta região está inserido o 5° Distrito do município de São João da Barra onde em 2007

foram iniciadas as obras de instalação do megaempreendimento denominado por Complexo

Logístico Industrial Portuário do Açu (CLIPA) e suas atividades portuárias inauguradas em

2015.

Atualmente, diversas áreas no Brasil sofrem interferência com implantações de

megaempreendimentos, inclusive as atividades de agricultura e de pesca artesanal. Tais

interferências são observadas no entorno de complexos portuários ao longo da costa do país,

como na região nordeste no Porto de Itaqui, estado do Maranhão (CARVALHO, 2011); no

Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, estado de Pernambuco

(CASTRO; ALMEIDA, 2012); na região sudeste no Porto de Tubarão, estado do Espírito

Santo (CASTRO; ALMEIDA, 2012); no Complexo Logístico Industrial do Porto do Açu,

estado do Rio de Janeiro (PIRES, 2009; SOUZA; OLIVEIRA, 2010); no Porto de Santos,

estado de São Paulo (ORNELAS, 2008); na região sul no Porto de Paranaguá, estado do

Paraná (CUNHA, 2003; ABRAHÃO, 2011) e Porto de Rio Grande, estado do Rio Grande do

Sul (GRANATO, 2005).

A escolha da localização para instalação do CLIPA se deve a alguns fatores, como:

processo de reestruturação produtiva do estado do Rio de Janeiro, com destaque para

migração de atividades decorrente da atividade extrativista crescente e melhoria da

infraestrutura; disponibilidade de recursos humanos para diversos níveis necessários à

produção; políticas municipais de incentivo fiscal e financeiro, para instalação das empresas e

os diferentes pólos de ensino situados na região que contemplam pesquisas nas áreas de

tecnologia adequadas aos grandes empreendimentos portuários atuais (COUTINHO, 2009).

A instalação do CLIPA gerou impactos positivos e negativos desde sua fase de

planejamento até a efetivação de suas atividades previstas em Estudos de Impacto Ambiental.

Os impactos positivos se relacionam principalmente ao meio socioeconômico que envolvem

geração de emprego e renda, dinamização da economia local, aumento de arrecadação

municipal e melhoria de acessibilidade local e regional (ECOLOGUS, 2011). Em relação aos

impactos negativos, o CLIPA interferiu principalmente nos setores da agricultura e da pesca

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artesanal devido à proibição da atividade de pesca em lagoas costeiras e linha de costa,

expulsão/desapropriação de famílias agrícolas devido à incorporação de terras cedidas ao

megaempreendimento, sem desapropriação, alterações dos ecossistemas aquáticos,

salinização do lençol freático e solo devido à construção do canal de atracação dos navios

(SOUZA; OLIVEIRA, 2010; PIRES; PEDLOWSKI, 2009; LATINI, 2016).

Dinâmicas de estabelecimento de megaempreendimentos geralmente trazem

impactos variados considerados pela legislação brasileira em suas dimensões positivas e

negativas (CONAMA, 1986). Nesse contexto, impactos causados por tais obras são diversos e

envolvem desde hidrelétricas, transposição de corpos hídricos à construção de complexos

portuários. Esta última divisão tem se destacado no mundo e no Brasil (CASTRO;

ALMEIDA, 2012). A estrutura do CLIPA conectada em um cenário de economia globalizada

tem fornecido reflexos e impactos consideráveis na configuração econômica e social do norte

fluminense. Apesar do megaempreendimento estar localizado em área afastada das áreas

urbanas, suas atividades podem interferir direta e indiretamente sobre as populações e

ecossistemas do entorno (BARRETO; JÚNIOR, 2012).

No norte fluminense, os solos e recursos hídricos geralmente apresentam-se

naturalmente salinos por estarem localizados próximos ao mar (CERQUEIRA et al., 2014).

Essa salinização pode ser definida como a concentração de sais no solo ou em determinados

corpos hídricos, que se torna um fator limitante ao desenvolvimento e produção de plantas

(ESTEVES; SUZUKI, 2008; PEDROTTI et al., 2015). Este processo pode ser gerado

naturalmente por variação do nível da maré com intrusão salina em aquíferos costeiros (DIAS

et al., 2005) ou por alterações antrópicas no ambiente, como por exemplo, causada por

atividades industriais diversas (MACHADO et al., 2007; JUNIOR; SILVA, 2010; ASLAM;

PRATHAPAR, 2006).

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CAPÍTULO 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E ASPECTOS

METODOLÓGICOS

2.1 Caracterização física

A região norte fluminense é caracterizada em sua topografia por unidades

geomorfológicas distintas: região serrana, tabuleiros terciários e planície quaternária. Nessa

região, a área litorânea apresenta indícios de níveis marinhos ocorridos no passado acima do

atual nível do mar (SUGUIO et al., 2005). Dentre os fatores desta caracterização estão

sedimentos arenosos com coloração mais clara nos depósitos externos e areias mais escuras

nos depósitos internos; além de registros de sambaquis de origem nativa indígena há mais de

30 km da linha de costa (SOUZA et al., 2015). Desse modo, são identificados dois depósitos

de sedimentos marinhos: 1) terraços pleistocênicos – mais internos em relação a plataforma

continental e mais antigos; e 2) terraços holocênicos - mais externos em relação a plataforma

continental e mais recentes, o que justifica a intensa dinâmica e instabilidade da área (SOUZA

et al., 2015).

A área ao sul do Rio Paraíba do Sul possui relevância ambiental regional por abrigar

diversificados ambientes associados à configuração física de proximidade marinha e amplas

áreas de planície inundável do Paraíba do Sul. Estes ambientes se dividem em manguezais,

restingas e considerável número de lagoas que possuem características de distintas extensões

(TCE, 2008; PIRES, 2009). Na região do 5º Distrito do município de São João da Barra, as

lagoas existentes possuem caracterizações influenciadas pela formação física da área onde

destacam-se as lagoas do Açu e lagoa Salgada (CARNEIRO, 2011).

A configuração pedológica da área é relatada com formação fluvio marinha. Os solos

são constituídos sobre cordões litorâneos paralelos à linha de costa, variando de 1 a 3 metros

de altura. Estes cordões são voltados para o litoral com direções norte-sul sendo responsáveis

pela gênese da planície costeira que mede aproximadamente 30 km de largura (ASSUNÇÃO

e NASCIMENTO, 2000). A caracterização dessa região é resultante de sucessivas

transgressões e regressões marinhas, marcadas pelos processos de erosão e sedimentação dos

depósitos marinhos e continentais (COSTA et al., 2008).

O clima da região litorânea do município de São João da Barra, é caracterizado como

tropical sub úmido a semiárido com precipitação pluviométrica anual variando de 800 a 1200

mm (RADAM BRASIL, 1983). O vento Nordeste predomina na região e se associa à redução

das precipitações em direção ao Cabo Frio (BARBIÉRE, 1984). Esta configuração garante o

transporte sedimentar litorâneo, por meio de ondas, do flanco sul da planície do Paraíba do

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Sul para norte onde se adaptam às ondas de sudeste, geradas por frentes frias ocasionadas por

latitudes mais elevadas. Toda essa caracterização natural através da atuação de diversos

processos resulta na acumulação de sedimentos ao sul dos guia-correntes para a manutenção

da abertura do canal da Barra do Furado e consequentemente erosão, a norte, por efeito de

retenção desses sedimentos (MUEHE, 2006).

2.2 As localidades do 5º Distrito, município de São João da Barra, norte fluminense

O 5º Distrito do município de São João da Barra está localizado aproximadamente a

30 km da sede municipal (21o52’S - 040o55’O) (IBGE, 2015). Neste distrito foram estudadas

as localidades da Barra do Açu, Mato Escuro, Água Preta, Sabonete, Cazumbá, Alto Cardeiro

e Azeitona (Figura 1). Estas são identificadas como localidades com características

tradicionais por desenvolverem atividades de maneira ancestral que se dividem em pesca

artesanal, artesanato tradicional e agricultura familiar com cultivos de abacaxi, maxixe e

quiabo, principalmente (ECOLOGUS, 2011; BURLA et al., 2015). Nesta região foi instalado

o Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu (CLIPA) (21°49’S - 041°00’O) onde estão

inseridos a Zona Industrial do Porto do Açu (ZIPA) e o Distrito Industrial de São João da

Barra (DISJB) com área próxima de 7.036 ha (ECOLOGUS, 2011).

Figura 1. Indicação das localidades estudadas no entorno do 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

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A localidade da Barra do Açu está localizada entre os municípios de Campos dos

Goytacazes com 40 km de distância, São João da Barra com 30 km e conta com 1.127

moradores (OLIVEIRA et al., 2013). Devido sua localização esta comunidade é receptora de

fluxo turístico dos municípios citados em períodos de veraneio, férias e festividades locais o

que demanda intensidade dos produtos e serviços (COUTINHO, 2009; PIRES, 2009).

A pesca artesanal e agricultura familiar são as principais atividades econômicas tradicionais

(ZAPPES et al., 2016). A comunidade de Mato Escuro se localiza a 40 km do município de

São João da Barra e 35 km de Campos dos Goytacazes (COUTINHO, 2009), sua população

aproximada é de 424 habitantes (OLIVEIRA et al., 2013). A organização econômica desta

localidade se divide em atividade agrícola familiar e comércio de pequeno porte como

restaurantes, postos de gasolina e salões de beleza (COUTINHO, 2009). A localidade de

Água Preta está distante 30 km de Campos dos Goytacazes e 35 km de São João da Barra com

população aproximada de 458 moradores (OLIVEIRA et al., 2013). Também apresenta como

principal atividade local a agricultura familiar tradicional, além de pequeno comércio local

(COUTINHO, 2009).

A comunidade de Sabonete se distancia a 40 km de São João da Barra, 25 km de

Campos dos Goytacazes e conta com população estimada em 474 moradores (OLIVEIRA et

al., 2013). A localidade de Cazumbá apresenta 30 km de distância de Campos dos Goytacazes

São João da Barra com 462 moradores (OLIVEIRA et al., 2013). Apesar do comércio local, a

principal atividade destas localidades é a agricultura familiar e existem olarias que empregam

residentes (COUTINHO, 2009). A localidade de Alto do Cardeiro tem distância aproximada

de 30 km de São João da Barra e 40 km de Campos dos Goytacazes, e mostra-se com a menor

população registrada em 77 habitantes (OLIVEIRA et al., 2013). A comunidade de Azeitona

está a 30 km de distância de São João da Barra e 40 km de Campos dos Goytacazes, e possui

118 habitantes (OLIVEIRA et al., 2013). As atividades locais destas duas localidades

envolvem a agricultura familiar, pesca artesanal e pequeno comércio (COUTINHO, 2009).

Algumas das localidades do 5º Distrito possuem associações coletivas e Organização

Não Governamentais (ONG’s) relacionadas às atividades de agricultura tradicional e

artesanato se destacando: o Centro de Oportunidade dos Artesãos da Praia do Açu

(COARAÇU) na Barra do Açu; a Associação dos Produtores Rurais e Imóveis (ASPRIM), em

Campo da Praia; e Associação para o Desenvolvimento Regional Sustentável Sanjoanense

(ADERSAN), localizada em Mato Escuro.

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2.3 Procedimentos

Entre os meses de junho e outubro de 2015 foram realizadas idas ao campo a fim de

promover a observação participante e desta forma observar a prática agrícola e o cotidiano

dos agricultores locais (MALINOWSKI, 1978; LABURTHE-TOLRA; WARNIER, 2010).

Essa fase ocorreu por meio de visitas às propriedades dos agricultores familiares do 5º

Distrito. Em certos momentos, estes estavam em feiras agrícolas locais comercializando os

produtos cultivados e o acompanhamento foi desenvolvido de forma integrada à dinâmica da

feira, bem como nas atividades de preparação do solo e sementes, técnicas de plantio e

irrigação. Durante a aplicação da observação participante também foi utilizado um diário de

campo para registro de informações pertinentes à pesquisa como observações sobre as

práticas cotidianas das pessoas e ambientes visitados (ALBUQUERQUE et al., 2010;

ECKERT; ROCHA, 2008).

Para compreensão da percepção local foram realizadas 50 entrevistas etnográficas

com agricultores familiares nas localidades de Cazumbá (n=1), Sabonete (n=18), Mato Escuro

(n=5), Barra do Açu (n=3), Alto do Cardeiro (n=6), Azeitona (n=8) e Água Preta (n=9). A fim

de minimizar a interferência de outro entrevistado, cada entrevista foi conduzida

individualmente. O critério de seleção das localidades pesquisadas foi estabelecido levando

em consideração a inserção dessas localidades na Área de Impacto Direto (AID) do CLIPA

(ECOLOGUS, 2011).

O número de entrevistas em cada localidade foi estabelecido por meio do acesso aos

agricultores entrevistados. Deste modo, as primeiras entrevistas foram realizadas em

encontros oportunísticos com os agricultores nas lavouras. Devido à dificuldade de acesso a

outros entrevistados foi solicitada junto à Secretaria Municipal de Agricultura de São João da

Barra informações de contato com os agricultores do 5º Distrito. Desta maneira, um guia local

auxiliou na busca de novos agricultores que pudessem participar da pesquisa, já que

geralmente é aquele que melhor conhece os atores locais (SANCHES, 2004), ainda foi

utilizada a técnica bola-de-neve em que um entrevistado indicava um possível novo

entrevistado (BAILEY, 1982; COOPER; SCHINDLER, 2003), além dos encontros aleatórios

oportunísticos com os agricultores da região.

Expressões e palavras locais foram utilizadas durante as entrevistas a fim de gerar

maior confiança entre as partes com aproximação da linguagem local (COSTA-NETO;

MARQUES, 2000). As entrevistas foram guiadas por um questionário-padrão contendo

questões abertas e fechadas semiestruturadas exibindo certa flexibilidade o que permitiu ao

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entrevistador a realização de adaptações necessárias e identificadas ao longo do campo

(ALBUQUERQUE et al., 2010; KENDALL, 2008) (APÊNDICE). O questionário continha

perguntas relacionadas ao perfil sociodemográfico dos entrevistados (sexo, idade,

escolaridade e tempo de atuação na prática da agricultura familiar), características da

agricultura familiar local, modos de reprodução do conhecimento sobre a atividade,

representações simbólicas em relação às propriedades agrícolas, espécies cultivadas,

equipamentos e técnicas utilizadas na atividade, interferências sobre a agricultura familiar,

causas e soluções para conflitos.

Um mapa etnográfico (Figura 2) foi aplicado durante a entrevista para identificação

das áreas possivelmente salinizadas segundo os agricultores entrevistados. Este foi elaborado

a partir de base cartográfica oficial disponível, sem alguns elementos de um mapa oficial

como escala e título no intuito de não confundir o entrevistado e sua imagem mental da área

em estudo. Nesse contexto, o mapa etnográfico é uma importante ferramenta de identificação

de dados relacionados aos recursos naturais utilizados na reprodução social de comunidades

(OLIVEIRA, 2009).

Figura 2. Mapa etnográfico aplicado junto às localidades para indicação das áreas salinizadas no 5º Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

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2.4 Análise dos dados

Os relatos foram organizados em categorias de acordo com o questionário (RYAN;

BERNARD, 2000). A partir dessas informações foi possível descrever o conhecimento

tradicional sobre a agricultura familiar, as técnicas tradicionais utilizadas, a cadeia produtiva,

identificar manejo tradicional relacionado à atividade agrícola local, possíveis alterações

técnicas da prática, manutenção da prática agrícola frente às atividades do CLIPA. Todas

estas informações foram comparadas ao conhecimento científico sobre o tema. Essas

comparações foram realizadas a partir das frequências percentuais das respostas dos

questionários.

Informações sobre as etnoespécies, que são cultivadas na prática agrícola local, foram

comparadas com a literatura para verificar correspondências em relação à nomenclatura. Estes

dados não representam a identificação taxonômica propriamente dita, mas a indicação da

lavoura provável. A partir das indicações de áreas salinizadas no mapa etnográfico foi

possível confeccionar um mapa em que foram representados os corpos hídricos da região, o

CLIPA, as localidades agrícolas pesquisadas e as áreas salinizadas indicadas pelos

agricultores.

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CAPÍTULO 3. RESULTADOS

3.1 Perfil dos entrevistados e caracterização da agricultura familiar no norte fluminense

Dentre os entrevistados, 76% (n=38) eram do sexo masculino e 24% (n=12) do sexo

feminino. A faixa etária variou entre 20 e 75 anos de idade, na qual: 16% (n=8) entre 20 e 30

anos; 10% (n=5) entre 31 e 40 anos; 26% (n=13) entre 41 e 50 anos; 30% (n=15) entre 51 e

60 anos; 12% (n=6) entre 61 e 70 anos e 6% (n=3) entre 71 e 75 anos. Em relação à

escolaridade 78% (n=39) cursou o ensino fundamental, na maioria das vezes incompleto; 8%

(n = 4) o ensino médio; 8% (n=4) não estudou e 6% (n=3) não respondeu. Em relação ao

tempo de prática na agricultura familiar na região, os agricultores atuam na atividade: até 15

anos (n=18; 36%); de 16 a 30 anos (n=14; 28%); de 31 a 45 anos (n=9; 18%); de 46 a 60 anos

(n=8; 16%) e acima de 60 anos (n=1; 2%).

Na agricultura familiar praticada nas localidades do 5º Distrito são utilizadas

técnicas, instrumentos e etapas de plantio com baixo uso de tecnologia em que o

conhecimento sobre a atividade é repassado oralmente no interior familiar. Segundo os

agricultores, a reprodução ancestral do conhecimento envolve os ensinamentos do pai (n=16;

32%) e da família (n=29; 58%), mas também pode envolver o aprendizado por observação em

que o agricultor aprende sozinho (n=3; 6%), além do aprendizado ensinado pelos patrões

(n=2; 4%).

Ainda, foram relatadas as representações simbólicas relacionadas às propriedades

rurais em que para 86% (n=43) dos agricultores as propriedades rurais são patrimônio da

família, para 68% (n=34) a propriedade é uma ferramenta de trabalho e para 4% (n=2) não há

simbolismo relacionado à terra. A diferença entre o número de entrevistados (n=50) e o

número de respostas (n=79) é explicado devido alguns entrevistados atribuírem mais de um

significado em relação às propriedades.

Para a realização da agricultura familiar alguns agricultores (n=43) utilizam

equipamentos e técnicas modernas como trator (n=34; 68%) (Figura 3A) e o uso de adubos

químicos (n=9; 18%) (Figura 3B) a fim de facilitar a preparação do solo, melhorar a

fertilidade do mesmo para plantio e evitar pragas. Além disso, todos os agricultores relataram

utilizar ferramentas manuais como arados e enxadas. O uso de trator pode ser viabilizado aos

agricultores por meio de auxílio público em que a prefeitura disponibiliza o maquinário via

projeto social denominado ‘Patrulha Mecanizada’ ou pelo uso de maquinário disponibilizado

pela associação de agricultores da região. Caso a demanda por estes maquinários seja intensa

alguns agricultores precisam alugar outro trator a fim de não terem prejuízo com a lavoura.

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Em relação à irrigação agrícola, todos os entrevistados (n=50) descreveram utilizar

poços artesianos, destes 84% (n=42) irrigam com o auxílio de bomba elétrica e mangueira

pressurizada (Figura 3C) e 16% (n=8) afirmaram irrigar as lavouras por meio de poços

artesianos via modelo aspersão convencional (Figura 3D). Nesta técnica de irrigação são

fixados sistemas de canos na área central da lavoura em que são liberados jatos de água

semelhantes a gotas de chuva. Um agricultor descreveu que em nas lavouras de abacaxi é

utilizada uma técnica de proteção da fruta em que esta é envolta em folhas de jornal para

evitar queimaduras em seu estágio final de desenvolvimento devido à luminosidade solar.

Figura 3. Técnicas e instrumentos modernos utilizados na agricultura familiar em São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. A - Utilização de trator para preparação do solo; B - Aplicação de fertilizantes; C - Poço artesiano, bomba elétrica e mangueira pressurizada; D - Aspersão convencional. Fotos: Raquel da Silva Paes.

Apesar da utilização de algumas técnicas modernas, os agricultores utilizam ainda

técnicas organizadas por eles e que desta maneira se inserem no manejo tradicional. Dentre os

entrevistados, 58% (n=29) utilizam uma mistura entre adubo químico e orgânico

(excrementos de animais); 22% (n=11) utilizam somente adubo químico; 18% (n=9) usam

apenas adubo orgânico e 2% (n=1) utiliza lodo de cana de açúcar. Ainda, são utilizadas

técnicas de conservação do solo por meio da rotação de culturas (n=38; 76%) e pousio (n=32;

64%). A diferença entre o número de entrevistados (n=50) e o número de respostas (n=70) é

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explicado devido alguns entrevistados atribuírem mais de uma técnica de conservação do

solo.

O pousio envolve o descanso total do solo em um período entre seis a 12 meses,

momento em que nenhuma lavoura é plantada no terreno. Já a rotação de culturas é a

alternância de plantio de espécies diferentes em um único terreno o que garante a inserção de

nutrientes variados no solo. Estas etapas possibilitam a conservação do solo por meio de

observação de ciclos naturais em que a rotação de culturas insere novos nutrientes no solo à

medida que há variação nas espécies cultivadas e no seu descanso total na etapa de pousio. A

figura 4 demonstra os níveis em que o manejo tradicional é realizado na prática da agricultura

familiar no 5º Distrito do município de São João da Barra, norte fluminense.

.

Figura 4. Etapas do manejo tradicional praticado na agricultura familiar nas localidades do 5° Distrito, São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

Os entrevistados classificam as culturas desenvolvidas pela sua morfologia e

fisiologia vegetais, sendo descritos dois tipos de lavoura: ‘lavoura verde’ e ‘lavoura branca’

(Tabela 1). A primeira é composta por hortaliças enquanto a segunda é formada

principalmente por grãos e raízes. As principais espécies cultivadas envolvem quiabo (n=33;

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66%), abacaxi (n=25; 50%), maxixe (n=21; 42%), batata doce (n=12; 24%) e mandioca

(n=10; 20%). Outras espécies são cultivadas em pequena escala (n=34; 68%) como melancia,

laranja, pepino, salsinha, cebolinha e couve. Segundo os agricultores, as espécies cultivadas

foram selecionadas ao longo dos anos, pois se adaptaram às características naturais da região

costeira do norte fluminense, que apresenta condições de alta luminosidade e temperaturas, e

solos com baixa fertilidade. A diferença entre o número de respostas (n=179) com o número

dos entrevistados (n=50) descritos na tabela 1 é justificada pelo fato de que um mesmo

agricultor cultiva mais de uma lavoura.

Os produtos diversos são cultivados a fim de utilizar algum espaço entre as lavouras

principais em períodos nos quais é necessário o desenvolvimento de rotação de culturas, já

que segundo os entrevistados esta técnica garante a ciclagem de nutrientes no solo. Ainda, a

escolha da espécie a ser plantada é baseada na: 1) capacidade de adaptação da espécie às

características da região; 2) disponibilidade de espaço para cultivo nas propriedades; e 3) na

demanda do mercado do norte fluminense.

Tabela 1. Principais espécies desenvolvidas na prática agrícola familiar do 5° Distrito,

município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro.

Fonte: Oliveira et al. (2012); Nascimento et al. (2013); Embrapa Hortaliças (2008); Sistema Embrapa de Bibliotecas (2015); Cardoso et al. (2005); Pereira et al. (2004). Elaborado por Raquel da Silva Paes .

Classificação Etnobotânica Etnoespécie Número de relatos

% Família provável*

Quiabo 66% (n=33) Malvaceae Batata doce 24% (n=12) Convolvulaceae

Lavoura Branca

Maxixe 42% (n= 21) Curcubitaceae Abacaxi 50% (n= 25) Bromeliaceae

Mandioca 20% (n= 10) Euphorbiaceae Feijão de corda 8% (n= 4) Fabaceae

Caju 4% (n= 2) Anacardiaceae Jiló 16% (n = 8) Solanaceae

Lavoura Verde Produtos diversos 68% (n=34) ________

Não informado

Milho 10% (n= 5) Poaceae Abóbora 28% (n= 14) Cucurbitaceae Maracujá 6% (n=3) Passifloraceae

Coco 10% (n= 5) Arecaceae Tomate 6% (n= 3) Solanaceae

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A cadeia produtiva da agricultura familiar na região é caracterizada pela produção no

norte fluminense e comercialização principalmente em feiras e mercados nos municípios de

São João da Barra e Campos dos Goytacazes (21°45’S - 41°20’O) e nas Centrais de

Abastecimento do Estado (CEASA) no município do Rio de Janeiro (22°49’S - 43°20’O).

Apesar disso há abastecimento de produtos agrícolas dessa cadeia em diversos municípios da

região norte, região dos Lagos e região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, e uma

pequena parcela nos estados de São Paulo, Goiás, Tocantins e Minas Gerais o que demonstra

correlação entre abastecimento local e regional (Figura 5).

Figura 5. Destino da Cadeia produtiva da agricultura familiar do 5º Distrito do município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

Por semana são comercializadas de 15 a 20 caixas de feijão de corda, abacaxi, batata

doce e maxixe em que cada uma pode pesar entre 10 e 15 kg. Com isso é possível estimar que

são comercializados de 150 a 300 kg desses produtos. Por outro lado, a venda semanal do

quiabo é maior, pois envolve de 30 a 40 caixas que pesam até 15 kg, totalizando

aproximadamente 600 kg por semana.

A cadeia produtiva pode ocorrer de duas maneiras: 1) agricultor (produtor) –

consumidor final, sendo esta comercialização em feiras realizadas no município de Campos

dos Goytacazes e São João da Barra via parceria com o projeto social “Patrulha mecanizada”

(34%; n=17) e; 2) agricultor (produtor) – primeiro comprador (atravessador intermediário) –

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segundo comprador (centrais de distribuição) - terceiro comprador (estabelecimento

comercial) – consumidor final sendo esta comercialização no município do Rio de Janeiro

(70% n=35). Ainda, pequena parcela da produção pode ser usada para subsistência (Figura 6).

Figura 6. Cadeia produtiva da agricultura familiar do 5º Distrito, município de São João da Barra, estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

O valor mínimo mensal declarado foi de um (1) salário mínimo (R$ 880,00) e o

máximo informado foi referente à venda da colheita de abacaxi que já rendeu cerca de 90

salários mínimos (R$ 74.800,00/safra) (Tabela 2). Ressalta-se que esses valores de

comercialização são relacionados às safras dos produtos cultivados, onde se destacou o valor

do abacaxi, que foi relatado como uma lavoura de sucesso. Os valores variam, pois a renda

líquida depende do tamanho da propriedade, das variáveis naturais (clima e disponibilidade de

água), da capacidade de plantação e colheita de cada agricultor, além da presença do

atravessador. Com o uso do atravessador para venda dos cultivos há um incremento no valor

final ao consumidor o que obriga o agricultor a diminuir o seu ganho. Caso contrário, este não

consegue preço para competir com outros produtores.

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Tabela 2. Estimativa de renda por produto comercializado (salários mínimos)

Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

Segundo os relatos de 58% (n=29) dos entrevistados, não existem associações de

agricultores na região, enquanto 36% (n=18) descrevem que tais associações existem e 6%

não souberam responder (n=3). Isso demonstra a ausência de informações que permeia o

grupo e consequentemente pode interferir negativamente sobre o desenvolvimento da

agricultura familiar no norte fluminense.

3.2 Interferências sobre a agricultura familiar

Em relação às interferências sobre a atividade agrícola familiar na região, os relatos

dos entrevistados se dividiram em: salinização dos corpos hídricos e do solo (n=24; 48%),

dificuldade financeira (n=24; 48%), estiagem (n=18; 36%) e doenças nas lavouras (n=3; 6%)

(Figura 7). Alguns entrevistados descreveram mais de uma interferência o que justifica o

número de respostas (n=69) maior que o número de entrevistados (n=50). Ainda, 6% (n=3)

descreveram que não existem interferências e 4% (n=2) desconhecem interferências sobre a

atividade. A salinização dos corpos hídricos e do solo e a dificuldade financeira se mostram

como as interferências mais marcantes na percepção dos agricultores.

Produtos comercializados Valores relacionados à safra Queijo 1 salário mínimo Aipim, abóbora e maxixe 1 salário mínimo Batata doce Entre 1 e 4 salários mínimos Quiabo Entre 1 e 6 salários mínimos Quiabo e Maxixe 2 salários mínimos Coco 4 salários mínimos Maracujá 5 salários mínimos Guando 6 salários mínimos Abacaxi

1 – 20 salários mínimos 21 – 40 salários mínimos 41 – 60 salários mínimos 61 – 80 salários mínimos

Acima de 80 salários mínimos

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Figura 7. Percepção de agricultores referente às interferências sobre a atividade agrícola familiar no 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

Em relação às causas da salinização dos corpos hídricos e do solo, 24% (n=12) dos

agricultores atribuíram à instalação do CLIPA na região; 18% (n=9) relataram que o

fenômeno ocorre naturalmente sem a interferência humana; 4% (n=2) citaram que as causas

podem ser tanto de atividades do CLIPA quanto um fenômeno natural (Figura 8). Os

agricultores explicaram que alguns trabalhadores da área desconhecem sobre a salinização e

suas causas, pois as comunidades não são informadas sobre as alterações que ocorrem na

região, principalmente após a instalação do CLIPA. Os entrevistados que citaram a ocorrência

da salinização na área explicaram que durante as instalações do CLIPA foi aberto um grande

canal inserido no continente (ver Figura 1) por onde os navios atracam e descarregam as

cargas. Segundo estes agricultores, tal obra intensificou o teor de sal na rede hídrica local e no

solo o que consequentemente interferiu na agricultura local.

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Figura 8. Percepção de agricultores referente às causas da salinização dos corpos hídricos e do solo no 5º Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

Dentre os entrevistados que citaram a salinização dos corpos hídricos e do solo como

uma das interferências sobre a agricultura familiar (n=24), as principais consequências

sofridas são a ‘baixa fertilidade’ (n=6; 12%), a ‘morte das plantas’ (n=14; 28%) e ‘baixa

fertilidade seguida da morte das plantas’ (n=2; 4%) (Figura 9). Dois entrevistados (4%) não

souberam descrever as principais consequências. As consequências da salinização descritas

podem causar perda da lavoura bem como o aumento dos custos da produção. Os

entrevistados indicaram as áreas salinizadas na região próxima às localidades de Mato Escuro,

Alto do Cardeiro, Azeitona, Água Preta e Sabonete e áreas no entorno dos canais São Bento

(Figura 10).

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Figura 9. Percepção de agricultores referente às principais consequências da salinização dos corpos hídricos e do solo sobre a agricultura familiar no 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes.

Os entrevistados descreveram que não existe solução para o problema da salinização

dos corpos hídricos e solo que atinge as lavouras e que a fim de minimizar as interferências

negativas deste fenômeno algumas alternativas podem ser realizadas, como: 1) Para a

salinização: plantio das culturas em lugares mais altos a fim de evitar o solo salinizado, já que

o excesso de sal se torna um fator limitante ao crescimento das plantas; 2) Para as

dificuldades financeiras: busca de novos fregueses, recorrer a incentivos governamentais,

evitar contratação de trabalhadores externos, trabalhar em outras atividades, empréstimos com

amigos para honrar dívidas e arrendamento de terras por falta de trabalhadores; 3) Para a

estiagem: irrigação e adubação intensas e aprofundamento dos poços artesianos sendo esta a

principal técnica tradicional utilizada para irrigação na região; 4) Para as doenças nas

lavouras: receita de remédio caseiro e aquisição de sementes comercializadas.

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Figura 10. Indicação das localidades pesquisadas, espacialidade dos corpos hídricos locais, Complexo Logístico Industrial do Porto do Açu (CLIPA) e id entificação das áreas salinizadas indicadas pelos agricultores (representadas em círculos), 5° Distrito, município de São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado por Sérgio Carvalho Moreira.

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CAPÍTULO 4. DISCUSSÃO

4.1 Perfil dos entrevistados e caracterização da agricultura familiar no norte fluminense

Os agricultores familiares das localidades pesquisadas no 5º Distrito são em sua

maioria do sexo masculino com baixa escolaridade. Estas são características sociais comuns

relacionadas ao perfil dos trabalhadores deste ramo econômico no país (NEY; HOFFMAN,

2009; SOUZA et al., 2015). A educação é um fator que influencia diretamente no acesso de

geração de renda e no processo de formação cidadã. Assim, a baixa escolaridade de

populações rurais tem historicamente dificultado a sua organização social (SOUZA et al.,

2015), além de impedir sua inserção em vagas de emprego oferecidas no CLIPA (PIRES,

2009).

Populações rurais que desenvolvem a agricultura garantem sua sobrevivência a partir

da atividade (ABRAMOVAY, 1997). Nas localidades do 5° Distrito a prática da agricultura

familiar é inserida precocemente na vida dos agricultores, sendo repassada principalmente no

núcleo familiar durante gerações o que demonstra ser esta uma atividade tradicional. Essa

característica de reprodução ancestral da prática agrícola é um aspecto comum no país sendo

repassado geralmente de pai para filho e desta maneira é estabelecida a tradição

(ABRAMOVAY, 1997).

No 5° Distrito os agricultores familiares utilizam instrumentos que se dividem desde

ferramentas manuais até maquinário pesado como tratores. Guanziroli; Cardim. (2000)

relataram que a agricultura familiar depende de forma intensa da força de trabalho com o uso

de instrumentos manuais nos cultivos e com pequena inserção tecnológica. Entretanto, a

frequente utilização de tratores nas localidades estudadas provavelmente ocorre devido à

disponibilidade do maquinário fornecido por projeto municipal social e empréstimo via

associação de agricultores. Tal projeto é uma ação governamental que visa apoiar o pequeno

produtor com apoio técnico e incentivo a venda dos produtos em feiras locais.

Dentre as técnicas e etapas utilizadas na agricultura familiar no 5° Distrito, o pousio

e a rotação de culturas interferem diretamente na conservação do solo juntamente com a

adubação e irrigação usadas tradicionalmente há gerações como estratégia de conservação dos

solos. Os processos desta atividade descritos pelos agricultores também são registradas por

Burla et al. (2015) que caracterizam a atividade como tradicional. De acordo com Boserup

(1987) a técnica de pousio é classificada como longo/florestal, arbustivo, curto, anual e

múltiplo de acordo com o desenvolvimento da vegetação natural em que não há presença de

lavoura. No 5° Distrito é desenvolvido o pousio curto em que a vegetação apresenta

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características de ambientes campestres de porte pequeno, uso de adubação adicional de

origem orgânica (excrementos de animais), e utilização de instrumentos manuais como arados

e enxadas.

Em relação à rotação de culturas ocorre uma diversificação dos cultivos o que

melhora o rendimento dos solos. Segundo os agricultores, as lavouras são melhor

desenvolvidas depois da alternância das espécies cultivadas. Nesse contexto, estudos sobre a

funcionalidade dessa técnica a descrevem como importante na diminuição de doenças, e no

equilíbrio da ciclagem de nutrientes nos solos, pois as espécies cultivadas inserem novos

nutrientes nesse recurso o que consequentemente melhora o rendimento agrícola (WUTKE et

al., 2000; DUARTE JÚNIOR; COELHO, 2010).

Além disso, esta técnica foi justificada a fim de aproveitar os espaços entre as

lavouras e diminuir o problema da ciclagem de nutrientes. Ao longo dos anos, cultivos

contínuos de mesmas espécies causam queda na produtividade, pois as características do solo

são alteradas e as condições do ambiente propiciam multiplicação de pragas e doenças nos

cultivos. Desta maneira, a rotatividade de culturas se torna a solução para minimizar tais

problemas (SILVEIRA; STONE, 2003). Isto demonstra que existe uma convergência entre o

conhecimento tradicional dos agricultores entrevistados e o conhecimento científico sobre o

tema o que indica que estes dois tipos de saberes podem ser trabalhados juntos na busca de

soluções de problemas voltados à questão agrícola no norte fluminense. Ainda, a associação

entre o conhecimento tradicional agrícola e o desenvolvimento de rotação de culturas podem

possibilitar o equilíbrio físico, biológico e químicos interferindo decisivamente na economia

dos sistemas de produção (DUARTE JÚNIOR; COELHO, 2010).

A utilização de adubação química foi justificada pela ocorrência de déficit hídrico e

consequentemente carência nutricional do solo da região. Segundo os agricultores, quando há

falta de água o solo torna-se pobre em nutrientes, sendo necessário intensificar a adubação

para solucionar este problema. O incremento de substâncias químicas ao solo sem orientação

e observação técnica pode causar desequilíbrios nutricionais e prejuízo nas produções

(BURLA et al., 2015; SILVA; MENEZES, 2007). Uma solução aos danos causados ao solo

pelo déficit hídrico e nutricional é apresentada por Almeida et al. (2004) em que descrevem o

uso de um modelo de irrigação por água subterrânea realizado no município de Pesqueira,

região do semiárido do estado de Pernambuco, nordeste do Brasil, já que esta região apresenta

baixos níveis de precipitação.

Ainda como incremento nutricional ao solo do norte fluminense é identificado em

menor frequência o uso de resíduos do processo de industrialização do açúcar. Atualmente a

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utilização deste resíduo é pequena, provavelmente devido à decadência da indústria

sulcroalcooleira na região. A junção da adubação química com a adubação orgânica descrita

pelos agricultores mostra-se uma solução para enriquecer o solo de nutrientes. Esta técnica

tem sido utilizada no município de Coimbra, estado de Minas Gerais e tem apresentado

resultados consistentes para a produtividade de grãos em lavouras de milho (SILVA et al.,

2007).

Neste estudo, o sistema de irrigação por poços artesianos com bomba elétrica e

mangueira pressurizada se mostrou o mais frequentemente usado. Esta técnica é caracterizada

como tradicional, pois se associa às condições naturais da área e é utilizada nos sistemas

agrícolas desde antes das alterações de drenagem iniciadas no final do século XVII

(CARNEIRO, 2004). Trata-se também de uma maneira simples de abastecimento hídrico para

as residências da região com água encanada (OLIVEIRA et al., 2013). Em sistemas lagunares

de planície fluvio-marinha regional, como exemplo o norte fluminense, a disponibilidade de

água permite o desenvolvimento de atividades tradicionais altamente dependentes de recurso

hídrico como a agricultura familiar (BURLA et al., 2015).

O modelo de irrigação de aspersão convencional é utilizado em menor quantidade no

norte fluminense devido ao elevado investimento financeiro para montagem de sua estrutura.

A aplicação deste modelo de irrigação tem sido apresentada em sistemas produtivos

familiares de assentados no semiárido nordestino a partir de confecção artesanal o que reduz o

custo (COELHO et al., 2012). Nesta mesma região do nordeste são utilizadas formas de

irrigação por canos ou mangueiras perfuradas que se assemelham às utilizadas no 5° Distrito

como auxílio ao modelo de irrigação por poços artesianos.

Em relação às etnoespécies (lavoura branca e lavoura verde) descritas como

principais cultivos da região, as mesmas são consideradas como tradicionais na agricultura

familiar (BURLA et al., 2015) se destacando o abacaxi, o quiabo e o maxixe. Segundo os

entrevistados, as espécies cultivadas se adaptaram às condições de altas temperaturas e

luminosidade e solos pobres em nutrientes. Essas adaptações estão relacionadas aos

mecanismos bioquímico, osmótico, morfológico, fisiológico e anatômico das espécies,

mediante às condições ambientais que envolvem aclimatação ao ambiente salino

(LOKHANDE; SUPRASANNA, 2012; SANTOS, 2016). Isto demonstra que o saber

tradicional agrícola envolve conhecimentos sobre as dinâmicas físicas do solo e as condições

adequadas para o desenvolvimento dos plantios (MATUK, 2012). Como a área apresenta alto

grau de salinização (LATINI, 2016), a agricultura familiar é desenvolvida devido ao profundo

conhecimento dos agricultores sobre a prática.

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Estudos sobre a tolerância de espécies frente à salinidade tem sido realizados,

entretanto, ainda são limitados. Nesse contexto, há registros de pesquisas sobre o crescimento

de quiabeiro (Malvaceae) à estresses salinos em que foram encontrados resultados negativos

de crescimento sendo a família descrita como semitolerante (MASS, 1984). Outra espécie

cultivada na região do 5º Distrito é o maxixe (Curcubitaceae) descrito na literatura como

espécie com alta capacidade de adaptação a condições adversas como rusticidade e escassez

hídrica (YOKOYAMA; SILVA JUNIOR, 1988). Além disso, há uma associação de sua

ocorrência aos benefícios de diminuição de erosão dos solos e perda de água via evaporação,

devido à sua característica de desenvolvimento ser fixada próximo à superfície do solo de

forma rastejante o que contribui para cobertura vegetal. Isso poderia diminuir o efeito splash

ocorrido quando as gotas de chuvas atingem a superfície do solo YOKOYAMA; SILVA

JUNIOR, 1988). O cultivo de abacaxi (Bromeliaceae), como a segunda cultura mais plantada

no 5º Distrito descrita pelos entrevistados, é registrada pela literatura como tolerante à

salinidade (MASS, 1984). Entretanto, estudos também descrevem variações de

comportamento dessa família aos efeitos da salinidade em que podem ocorrer surgimento de

folhas finas e folhas largas (FONTENO; MCWILLIAMS, 1974).

Historicamente a maior parte da produção agrícola do norte fluminense é fornecida

às Centrais de Abastecimento do Estado (CEASA) do município do Rio de Janeiro (SILVA;

CARVALHO, 2004). Atualmente essa distribuição ainda se mantém, mas uma parcela da

produção é revendida em Campos dos Goytacazes e São João da Barra. Ainda, as espécies

selecionadas para o plantio e posteriormente vendidas são baseadas na demanda do mercado,

o que demonstra ser a atividade de agricultura familiar uma fonte de renda das famílias

agricultoras do 5º Distrito e que dependem de uma cadeia produtiva. A atividade agrícola

tradicional contribui para o mercado interno do país, pois além de ser o principal fornecedor

de alimentos agrícolas, ainda gera um elevado número de empregos. Desta maneira, a

agricultura familiar apresenta resultados de produção mais elevados do que a agricultura

patronal (ASSAD; ALMEIDA, 2004). Ainda, com o uso do atravessador para venda dos

cultivos há um incremento no valor final do produto ao consumidor o que obriga o agricultor

a diminuir o seu ganho, caso contrário, este não consegue preço para competir com outros

produtores (Figura 11).

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Figura 11. Dinâmica da cadeia produtiva com utilização de atravessadores Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes .

Outras cadeias produtivas agrícolas pelo país apresentam características de

comercialização dos produtos baseadas na presença de atravessadores entre outros atores.

Esse elo da cadeia produtiva eleva o custo dos produtos devido aos baixos valores de compra

oferecidos pelos atravessadores (QUEIROZ et al., 2016).

Cadeias produtivas de sucesso apresentam em sua maioria uma relação direta da

comercialização dos cultivos, pois são organizadas em associações de agricultores (MALUF,

2004). Neste sentido, no 5º Distrito em São João da Barra existe a necessidade em se

fortalecer associações voltadas para a agricultura familiar a fim de diminuir a presença de

intermediários (atravessadores) na comercialização (Figura 12). A medida em que for possível

excluir essa etapa da cadeia produtiva haverá maior lucro para os produtores que poderão

revender seus produtos diretamente ao consumidor final (MALUF, 2004).

Figura 12. Dinâmica da cadeia produtiva por meio de comercialização em feiras regionais Fonte: Elaborado por Raquel da Silva Paes .

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O uso de atravessadores para conduzir o produto ao consumidor final gera ao produtor

uma dependência para comercialização o que aumenta os custos de toda a produção.

Produtores já possuem gastos com insumos agrícolas, energia e manutenção de equipamentos

(SOUZA, 2011). Em certos casos os espaços da produção se localizam distantes para o seu

escoamento o que aumentam as despesas com transporte (ANDRADE, 1981). Assim, sugere-

se fortalecer a cadeia produtiva por meio de comercialização intensificada via feiras, o que

diminui custos de transporte e ainda viabiliza a chegada de produtos de maneira mais rápida

ao consumidor final, além da necessidade em elaborar um planejamento que envolva a

manutenção da cultura da agricultura familiar e consequente aumento da produção da

atividade.

A partir do conhecimento tradicional de agricultores familiares foi possível

compreender o modo como a atividade é realizada no 5º Distrito em que são utilizadas um

conjunto de técnicas modernas e tradicionais, além de ter sido identificada a existência de

manejo tradicional em lavouras. Tal manejo foi desenvolvido ao longo de anos de observação

do ambiente e o modo como as espécies cultivadas se desenvolviam em um solo com baixa

fertilidade, altas temperaturas e grande luminosidade. O uso dos recursos naturais baseado nas

experiências tradicionais geralmente está associado à relação ancestral entre comunidades e

ambiente (HANAZAKI, 2003). Desta maneira, este conhecimento empírico pode ser utilizado

na implementação e manutenção de políticas públicas direcionadas aos recursos naturais a

serem conservados e manejados para a continuidade das atividades tradicionais como

exemplo, a agricultura familiar no norte fluminense.

4.2 Interferências sobre a agricultura familiar

Os agricultores identificam como principais interferências sobre a agricultura a

salinização do solo e dos corpos hídricos, questões financeiras, estiagem e doenças nas

lavouras. Questões financeiras podem estar diretamente relacionadas à salinização, estiagem e

doenças nas lavouras já que estas questões podem levar à perda dos cultivos devido à

concentração de sais no solo, pragas e escassez hídrica o que pode limitar a produção de

plantas (ESTEVES; SUZUKI, 2008; PEDROTTI et al., 2015). Além disso, os custos da

atividade na região também podem estar relacionados ao fato de terem uma cadeia produtiva

composta principalmente por atravessadores já que precisam enviar os produtos ao CEASA

do Rio de Janeiro. Esta etapa da cadeia absorve parcela significativa dos lucros dos

agricultores familiares devido à falta de organização em associações agrícolas locais e

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produção agrícola em pequena escala, o que dificulta a negociação dos produtos por parte dos

agricultores (BURLA et al., 2015)

Para os entrevistados, a salinização do solo e corpos hídricos no 5° Distrito ocorre

devido à ação antrópica, mas também de causas naturais. Esta última devido à proximidade

com o mar e o regime de marés (e.g. LIMA et al., 2001). O desenvolvimento natural da

salinização, se relaciona à diversos fatores que são inter-relacionados, como: clima, relevo,

organismos vivos e o tempo. Seu desenvolvimento e interferências ambientais tem sido

relatados como originado desde a formação dos solos devido aos processos geológicos

associados como intemperização de rochas ou do material de origem com suas dinâmicas

físicas, biológicas e químicas (RIBEIRO et al., 2003). A dinâmica hídrica tem forte

contribuição no processo de salinização, à medida que os sais encontrados nessas áreas são

transportados pelas águas, se armazenando e acumulando em suas camadas superficiais

devido a evaporação dos recursos hídricos ou do seu consumo, e se infiltrando nos sistemas

hídricos subterrâneos (DAKER, 1988).

Além da formação pedológica, a contribuição para o desenvolvimento de

acumulação de sais solúveis, podem também ter sua origem relacionada aos fatores edáficos,

como baixa capacidade dos solos de lixiviação dos sais, e presença de camadas impermeáveis,

(AYERS & WESTCOT, 1991; WANDERLEY, 2009). Na região do 5º Distrito do município

de São João da Barra, onde são desenvolvidas as lavouras da agricultura familiar local, as

características dos solos são diretamente relacionadas aos elementos de ambientes salinos,

como processos geológicos associados à intemperização do material de origem, balanço

hídrico negativo, baixa precipitação pluviométrica anual, proximidade com a linha de costa.

Esses elementos caracterizam a área com ocorrência da salinização natural, denominada como

salinização primária.

O desenvolvimento do processo de salinização decorrente de atividades antrópicas é

denominado salinização secundária. Essa dinâmica é descrita em decorrência de irrigação

inadequada, deficiências de drenagem hídrica da área e uso excessivo de fertilizantes

(MUNNS, 2012). Além disso, há uma associação de atividades antrópicas como construção

de barragens, obras no litoral, como megaempreendimentos portuários no desenvolvimento da

salinização secundária (MACHADO et al., 2007; JUNIOR; SILVA, 2010; ASLAM;

PRATHAPAR, 2006).

A ação antrópica de possível aceleração do processo de salinização no 5º Distrito de

São João da Barra foi também relacionado à construção do CLIPA. Os agricultores descrevem

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que perceberam um incremento da salinidade do solo e recursos hídricos após a construção do

canal para a atracação de navios do CLIPA. Para a construção desse canal foi realizado um

aterro hidráulico com aproximadamente 44 metros cúbicos, cujo material originou da

dragagem do canal de navegação aberto para a implantação da Unidade de Construção Naval

- UCN do CLIPA (LATINI, 2016). Para a construção deste tipo de canal é necessária essa

dragagem a fim de limpar, aprofundar e escavar o fundo das áreas marítimas próximas aos

espaços de atracagem dos navios. Essa atividade gera alterações na turbidez, salinidade e

contaminação química dos corpos hídricos e em algumas situações podem não ser

consideradas no planejamento e nem divulgadas à população (PORTO; TEIXEIRA, 2002;

CASTRO; ALMEIDA, 2012). Tal obra pode ter alterado a dinâmica físico-química dos

corpos hídricos e do solo das áreas de cultivo localizadas no entorno do megaempreendimento

(LATINI, 2016).

Como consequências da salinização sobre a agricultura familiar os entrevistados

descrevem que ocorre a baixa fertilidade e morte das plantas, já que tanto o solo quanto a

água utilizada para irrigação estão com alto teor salino. Isso eleva os custos da produção e

diminui o lucro dos agricultores. Para os entrevistados não existe uma solução direta para este

problema, mas sim alternativas que envolvem desde a mudança da área do plantio, aumento

da rede de clientes, diminuição de gastos e uso de técnicas tradicionais de irrigação e

adubação. Segundo ASLAM e PRATHAPAR (2006) comunidades agrícolas paquistanesas

afetadas pela salinização testaram medidas que diminuíram as dificuldades de irrigação por

sulcos, bacias de papelão ondulado, por aspersão e por gotejamento. No entanto, tais técnicas

foram utilizadas apenas pelos grandes proprietários de terra que possuíam maquinário e

pessoal capacitado para a realização das mesmas. Assim, a baixa escolaridade aliada à

ausência de equipamentos adequados às novas técnicas dificulta a manutenção da agricultura

familiar. Neste contexto, é possível perceber que as pequenas comunidades agrícolas

paquistanesas e os agricultores familiares do 5º Distrito se assemelham nas dificuldades

voltadas à atividade embora estejam distantes geograficamente.

O fato de alguns entrevistados desconhecerem a salinização e suas causas está

relacionado a pouca informação recebida pelas comunidades. No início e durante a instalação

do CLIPA foram realizadas audiências públicas previstas em lei, porém a participação ativa

da população foi obstruída por meio da restrição de acesso aos documentos relacionados ao

megaempreendimento e uso de terminologia técnica pouco compreendida pelo público leigo

(PIRES, 2009; DITTY; REZENDE, 2013). As práticas socioculturais bem como a linguagem

local devem ser consideradas na facilitação da comunicação de massa principalmente quando

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tais informações podem interferir na manutenção das atividades locais (ALEXANDRE,

2001). Além disso, o desconhecimento sobre o fenômeno da salinização pode estar

relacionado ao fato de algumas propriedades agrícolas estão localizadas distantes da linha de

costa e do megaempreendimento, mesmo situando-se na área de Influência Direta do CLIPA.

Os agricultores indicaram no mapa as áreas salinizadas o que demonstra que além de

identificarem o solo e corpos hídricos enquanto recursos econômicos identificam também as

características físicas e químicas do sedimento, as alterações sobre tais características e os

efeitos causadores destas. Todo este conhecimento é resultado das territorialidades históricas

sobrepostas e materializadas no espaço (VERONEZZI; FAJARDO, 2015). Na percepção dos

entrevistados a salinização apesar de ser natural para a região foi intensificada após a

instalação do CLIPA e atualmente interfere na manutenção da prática agrícola. As áreas

apontadas pelos agricultores no mapa se localizam nas proximidades do

megaempreendimento, mas também estão situadas próximo à costa o que as torna

naturalmente salinas devido à proximidade com o mar (LIMA et al., 2001).

Entretanto, LATINI (2016) apresenta resultados da intensificação evidente da

salinização do solo e corpos hídricos causados após a instalação do CLIPA. Neste estudo,

análises limnológicas e pedológicas mostram a intensificação desse fenômeno nas mesmas

áreas identificadas no mapa pelos agricultores. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA

(ECOLOGUS, 2011) realizado na área aborda a salinização de maneira introdutória,

apontando a área como naturalmente salobra e que por essa razão a recuperação de alteração

salina poderia ser minimizada naturalmente. Isto demonstra a necessidade da continuidade de

estudos com estas abordagens que juntamente com pesquisas etnopedológicas podem buscar

soluções para a salinização no norte fluminense e desta maneira manter a agricultura familiar

na região por meio da junção de técnicas dos conhecimentos tradicional e científico.

Altas taxas de sais, presentes nos recursos hídricos e solos, têm sido identificadas em

todo o mundo, principalmente nas regiões áridas e semiáridas onde as consequências afetam a

disponibilidade de água potável para produção de alimentos e dessedentação (VENGOSH,

2000; PEDROTTI et al, 2015; ZANOTTI, 2015). Tais identificações contribuem para

entender os relatos das comunidades agrícolas pesquisadas em São João da Barra quando

expõem a diminuição da fertilidade dos solos cultivados e a morte de algumas espécies devido

à salinização.

Uma questão a ser considerada é o fato de que governantes e grandes empresários do

norte fluminense apresentam como meta extinguir a economia tradicional como justificativa

para a construção de uma sociedade economicamente rica e igualitária (RIBEIRO, 2010).

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Ainda, as políticas públicas socioambientais da zona costeira no estado não direcionam

esforços a fim de garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico e a

conservação do patrimônio natural e cultural (SOUZA et al., 2010). Esta realidade intensifica

a crise social e ambiental que envolve comunidades do entorno de empreendimentos dessa

natureza. Os meios legislativos são manipulados a fim de manter o interesse dos proponentes

portuários privados (SAHOO, 2014) o que consequentemente não considera os interesses do

coletivo. Neste sentido, mostra-se necessário um programa de incentivos para o

fortalecimento da agricultura familiar no país (BUAINAIM et al., 2003; RIBEIRO, 2010). Tal

programa deve ser elaborado por meio de estratégias de inclusão dos agricultores em áreas de

conflito com empreendimentos já que tais atores geralmente são marginalizados pela falta de

políticas de apoio (BUAINAIM et al., 2003).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os agricultores familiares do 5º Distrito são principalmente do sexo masculino com

baixa escolaridade. O baixo grau escolar pode dificultar a organização dos envolvidos

como um grupo social de geração de renda a partir de bens alimentícios

comercializáveis.

A propriedade rural é descrita por simbolismos e o conhecimento sobre a agricultura

familiar foi desenvolvido ao longo de anos por meio da prática diária da atividade e

repassado principalmente dentro do núcleo familiar.

O manejo do solo e técnicas utilizadas na produção agrícola do 5° Distrito se

apresentam de forma variada e adaptada ao ambiente local destacando a produção de

espécies como quiabo, maxixe e abacaxi, além de vegetais desenvolvidos em pequena

escala como couve e alface.

As principais formas de irrigação agrícola envolvem a irrigação por poços

artesianos/bomba elétrica/mangueira pressurizada seguido da aspersão convencional

utilizada em menor frequência devido ao custo das instalações mecânicas.

Devido à baixa fertilidade do solo são utilizados adubo químico, orgânico e lodo de

cana de açúcar. As técnicas de pousio e rotação de culturas junto à adubação mista e

irrigação são utilizadas como práticas de manejo tradicional para a conservação do

solo.

O conhecimento tradicional exibido pelos entrevistados em relação às alterações

sofridas pelo ambiente e técnicas utilizadas para a qualidade de cultivos apresenta

semelhança ao conhecimento científico. A compreensão da percepção de agricultores

sobre as técnicas e etapas de produções da agricultura familiar pode se tornar

importante para o estabelecimento de políticas públicas.

A identificação de ocorrência de manejo tradicional e a aproximação entre

pesquisadores e comunidades agrícolas pode ser um fator facilitador de

implementação e incremento de novas técnicas a fim de aumentar a produção na

agricultura familiar e auxiliar na manutenção da atividade tradicional.

A atividade agrícola familiar do 5º Distrito de São João da Barra abastece

principalmente os municípios de São João da Barra, Campos dos Goytacazes e Rio de

Janeiro.

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Na região a cadeia produtiva é formada por: 1) agricultor (produtor) – consumidor

final, e 2) agricultor (produtor) – primeiro comprador (atravessador intermediário) –

segundo comprador (centrais de distribuição) – terceiro comprador (estabelecimento

comercial) – consumidor final.

Necessário fortalecer associações voltadas para a agricultura familiar a fim de diminuir

a presença de intermediários (atravessadores) na comercialização dos produtos

agrícolas cultivados.

A continuidade da atividade agrícola familiar na região pode estar comprometida

devido à intensificação da salinização dos corpos hídricos e solo. Tal salinização é um

fenômeno natural devido às características da costa norte fluminense, mas também foi

intensificado após a instalação do CLIPA. A perda das lavouras causa prejuízo

financeiro às famílias locais que dependem desta atividade para sua sobrevivência

financeira. As lavouras estão sediadas principalmente na área de influência direta do

megaempreendimento, o que aumenta a interferência sobre o cotidiano dos atores

locais que dependem da agricultura familiar.

Estudos geográficos, etnográficos, pedológicos e limnológicos devem ser realizados

na região a fim de buscar soluções para os conflitos entre agricultura familiar e CLIPA

por meio das demandas das próprias populações. Diante deste cenário, o poder

público, a iniciativa privada responsável pelo megaempreendimento portuário, e as

instituições de pesquisa da região devem planejar o desenvolvimento sócio-

econômico-cultural com a participação da comunidade interessada a fim de manter a

qualidade de vida local.

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7. APÊNDICE

7.1 Questionário aplicado às localidades agrícolas pesquisadas

Nome: ________________________________________________________________

Telefone: ___________________ Idade:___________________ Sexo: F ( ) M ( )

Profissão (outra fonte de renda) ____________________________________________

Quantas pessoas constituem a sua família? ___________________________________

Há quanto anos trabalha com a prática da agricultura? _________________________

Como aprendeu a trabalhar com agricultura? _________________________________

______________________________________________________________________

Quantos integrantes da sua família trabalham com a agricultura? _________________

______________________________________________________________________

O que sua propriedade significa pra você?

( ) é um patrimônio da minha família

( ) é minha ferramenta de trabalho

( ) um bem que posso vender a qualquer momento

( ) nenhuma das anteriores _______________________________________________

Quem trabalha na sua propriedade?

( ) somente a família ( ) trabalhadores assalariados ( ) ______________________

O que você produz? E qual a quantidade mensal de cada

cultivo?_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

______________

Quais as principais culturas plantadas aqui no Açu pelos agricultores?__________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Na produção, você utiliza insumos agrícolas ou maquinário pesado?

Insumos Agrícolas: ( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Maquinário: ( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Que tipo de maquinário?_______________________________________________________

Você necessita de empréstimos para manter ou aumentar sua produção?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Qual o tamanho de sua propriedade?________________________________________

______________________________________________________________________

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Você produz para atender o mercado (feira), subsistência ou é comercializado somente o

excedente de sua produção?

( ) Mercado ( ) Excedente ( ) Subsistência ( ) _______________________________

Para qual(is) localidade(s) sua produção é comercializada? _____________________

______________________________________________________________________

Como é feita a irrigação da sua lavoura?_____________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Você utiliza alguma técnica de cultivo para produzir em áreas costeiras?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

De que forma você trata o solo, com vistas a melhorar sua fertilidade?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Você faz rotação de culturas?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Você faz àreas de pousio na sua lavoura? Com que periodicidade ? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Quando você trabalha na terra você chega a encontrar o lençol freático? E quando isso acontece o que você faz? ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

As áreas alagáveis da região, influenciam nas técnicas e resultados de cultivo das suas

culturas? De que forma?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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Na sua opinião, o espaço da agricultura no Açu, tem se transformado ou permanece o mesmo

de antigamente?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Você já ouviu falar em Salinização?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

O que significa salinização? ____________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

A salinização ocorre na região do Açu?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Se sim, o que você acha que causa salinização no Açu? ______________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Atualmente, qual a maior dificuldade enfrentada pelos agricultores locais?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

A salinização no Açu interfere na agricultura local?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Se sim, de que forma?_________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Já foi preciso alterar as técnicas ou espaço de cultivo por causa de alguma dificuldade local?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Que alternativa de técnicas na lavoura foi utilizada para amenizar essas dificuldades?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Existe alguma cooperativa que atua junto aos agricultores?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Qual o nome e localização desta instituição?_______________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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Escolaridade:

( ) ensino médio ( ) ensino fundamental ( ) ensino superior ( ) NE ( )NR

Toda a sua renda vem da comercialização de seus produtos?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NS ( ) NR

Se sim, qual o principal produto de comercialização?___________________________

______________________________________________________________________

Qual a sua renda? (salário mínimo em 2015: R$788,00)

( ) até 1 salário ( ) entre 2 e 3 salários ( ) entre 3 e 5 salários ( ) mais de 5 salários