universidade federal fluminense de doutorado_mk_ap… · jnc 8 - 2014 evidence-based guideline for...
TRANSCRIPT
i
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
MÁRCIO GALINDO KIUCHI
EFEITOS DA DENERVAÇÃO RENAL COM CATETER DE ABLAÇÃO
CARDÍACA CONVENCIONAL IRRIGADO NA PRESSÃO ARTERIAL E FUNÇÃO
RENAL EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA E HIPERTENSÃO
ARTERIAL RESISTENTE
Niterói – RJ
2015
ii
MÁRCIO GALINDO KIUCHI
EFEITOS DA DENERVAÇÃO RENAL COM CATETER DE ABLAÇÃO
CARDÍACA CONVENCIONAL IRRIGADO NA PRESSÃO ARTERIAL E FUNÇÃO
RENAL EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA E HIPERTENSÃO
ARTERIAL RESISTENTE
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas da
Universidade Federal Fluminense como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do Grau de Doutor. Área de Concentração:
Ciências Médicas.
Orientação: Prof. Dr. Jocemir Ronaldo Lugon
Professor Titular da Disciplina de Nefrologia do Departamento de Medicina
Clínica da UFF
Coorientação: Prof. Dr. Miguel Luis Graciano
Professor Adjunto da Disciplina de Nefrologia do Departamento de Medicina
Clínica da UFF
Niterói – RJ
2015
iii
K62
Kiuchi, Márcio Galindo Efeitos da denervação renal com cateter de
ablação cardíaca convencional irrigado na
pressão arterial e função renal em pacientes com
doença renal crônica e hipertensão arterial
resistente / Márcio Galindo Kiuchi.- Niterói, 2015.
92 f.
Orientador: Jocemir Ronaldo Lugon
Coorientador: Miguel Luis Graciano
Tese (Doutorado em Ciências Médicas) –
Universidade Federal Fluminense, Faculdade de
Medicina, 2015.
1. Hipertensão. 2. Insuficiência Renal Crônica. 3. Rim-Denervação. 4. Pressão Arterial.
5. Testes de Função Renal. 6. Ablação por
Cateter. I. Titulo.
CDD 616.132
iv
MÁRCIO GALINDO KIUCHI
EFEITOS DA DENERVAÇÃO RENAL COM CATETER DE ABLAÇÃO
CARDÍACA CONVENCIONAL IRRIGADO NA PRESSÃO ARTERIAL E FUNÇÃO
RENAL EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA E HIPERTENSÃO
ARTERIAL RESISTENTE
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências Médicas da Universidade Federal
Fluminense como parte dos requisitos necessários à
obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração:
Ciências Médicas.
BANCA EXAMINADORA
1 - __________________________________________________________
Professor Dr. Jorge Paulo Strogoff de Matos
2 - __________________________________________________________
Professor Dr. Sergio Fernando Ferreira dos Santos
3 - __________________________________________________________
Professor Dr. Decio Mion Junior
4 - __________________________________________________________
Professor Dr. Humberto Villacorta Junior
5 - __________________________________________________________
Professor Dr. Gladyston Luiz Lima Souto
NITERÓI – RJ
2015
v
Dedico este trabalho:
Primeiramente aos meus pais, Tetsuaki Kiuchi e Ana Maria Galindo Kiuchi,
os eternos responsáveis.
A minha irmã, Karla Galindo Kiuchi, a cúmplice e maior incentivadora.
Ao meu grande ídolo, modelo de caráter e fonte de inspiração, Prof. Dr.
Gladyston Luiz Lima Souto.
A minha amiga e psicóloga, Glauciana Dutra, por ter me tornado
mentalmente mais forte e capaz de superar os grandes desafios, e sobre
tudo pela amizade.
A Deus, por transformar as possibilidades em algo concreto.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Jocemir Ronaldo Lugon, um exemplo de profissionalismo,
ética, dedicação e competência, sendo muito mais do que o meu orientador,
tornou-se sobre tudo um grande amigo. Muito obrigado por apostar num
desconhecido, e por acreditar quando todos duvidaram que era possível.
Sem o senhor nada disso teria sido viável!
A Professora Maria Ângela Magalhães de Queiroz Carreira, pela amizade e
por ter me incentivado desde o início. Obrigado minha eterna Professora!
Ao professor Dr. Miguel Luis Graciano, que atuou na coorientação desta
tese, tendo sido responsável pela elaboração e revisão dos artigos gerados
desse estudo. E principalmente, muito obrigado por me disciplinar!
Aos professores: Dra. Solange Artimos de Oliveira, Dr. Gilberto Perez
Cardoso e Dr. Jorge Paulo Strogoff de Matos, expoentes pesquisadores do
Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal
Fluminense, por ter contribuído no meu aprendizado científico até o
presente.
A todos os médicos e profissionais que colaboraram na execução dos
procedimentos e no acompanhamento dos pacientes.
vii
A Sra. Orlandina da Silva e Souza Alvarenga, secretária do Programa de
Pós-graduação em Ciências Médicas, por todo carinho e paciência
dedicados durante todo o processo da elaboração dessa tese.
Ao meu colega de curso Leonardo Cordeiro de Souza, por sempre ser
solícito nos momentos em que precisei da sua ajuda.
viii
“Um homem não está acabado quando enfrenta a derrota. Ele está acabado
quando desiste.”
Richard Nixon
ix
RESUMO
Objetivos: Avaliação da segurança e eficácia de denervação renal com um cateter
de ablação cardíaca irrigada padrão (CACI) na doença renal crônica (DRC) com
hipertensão refratária.
Métodos e resultados: Trinta pacientes foram incluídos. A denervação foi
realizada por um só operador com técnica padrão. Os pacientes tinham DRC nos
estágios 2 (n=19), 3 (n=6), e 4 (n=5). Os dados foram obtidos antes do
procedimento, mensalmente até o 6° mês, e bimensalmente do 7° ao 12° mês de
seguimento. Os valores basais da pressão arterial (PA) (média±DP) foram 185±18
mmHg/107±13 mmHg no consultório, e 152±17 mmHg/93±11 mmHg na
monitorização ambulatorial da pressão arterial de 24 horas (M.A.P.A.). Os valores
da PA do consultório no 12° mês após o procedimento foram 132±15 mmHg/86±9
mmHg (P<0,0001, para ambas comparações). A média da M.A.P.A. reduziu para
133±14 mmHg/85±10 mmHg no 12° mês após o procedimento (P < 0,0001, para
ambas comparações). A TFGe (média±DP) aumentou do basal (61,9±23,9
mL/min/1,73 m2) até o 12° mês (86,1±35,2 mL/min/1,73 m2, P<0,0001) de
seguimento. A mediana da relação albumina:creatinina (RAC) diminui do basal
(99,8, IQR: 38,0–192,1 mg/g) até o 12° mês após a ablação (RAC = 17,9, IQR:
10,0–100,6 mg/g, P=0,0005). Não foram observadas complicações maiores.
Conclusão: O procedimento usando o CACI pareceu ser viável, eficaz e seguro,
resultando em um melhor controle da PA num aumento na TFGe em curto prazo e
redução da albuminúria.
Palavras chaves: hipertensão, doença renal crônica, denervação renal, redução
da pressão arterial, melhora da função renal.
x
ABSTRACT
Aims: Evaluation of the safety and efficacy of renal denervation with a standard
irrigated cardiac ablation catheter (SICAC) in chronic kidney disease (CKD) patients
with refractory hypertension.
Methods and results: Thirty patients were included. Denervation was performed by
a single operator following the standard technique. CKD patients were on stages 2
(n=19), 3 (n=6), and 4 (n=5). Data were obtained at baseline and monthly until 6th
month and every 2 months from the 7th to the 12th month of follow-up. Baseline
values of blood pressure (mean±SD) were 185±18 mmHg/107±13 mmHg in the
office, and 152±17 mmHg/93±11 mmHg by 24 hour ambulatory blood pressure
monitoring (ABPM). Office blood pressure values at 12th month after the procedure
were 132±15 mmHg/86±9 mmHg (P<0.0001, for both comparisons). The mean
ABPM decreased to 133±14 mmHg/85±10 mmHg at the 12th month after the
procedure (P<0.0001, for both comparisons). Estimated glomerular filtration rate
(mean±SD) increased from baseline (61.9±23.9 mL/min/1.73 m2) to the 12th month
(86.1±35.2 mL/min/1.73 m2, P < 0.0001) of follow-up. The median urine
albumin:creatinine ratio decreased from baseline (99.8, IQR: 38.0–192.1 mg/g) to
the 12th month after ablation (ACR = 17.9, IQR: 10.0–100.6 mg/g, P=0.0005).
Conclusion: The procedure using SICAC seemed to be feasible, effective, and
safe resulting in a better control of BP, a short-term increase in estimated
glomerular filtration rate, and reduced albuminuria.
Keywords: hypertension, chronic kidney disease, renal denervation, blood pressure
reduction, improvement of renal function.
xi
LISTA DE TABELAS
NÚMERO TÍTULO PÁGINA
Tabela 1 Classificação dos estágios da doença renal crônica (KDOQI, 2002)
28
Tabela 2 Características basais dos pacientes. 46
Tabela 3 Terapia farmacológica antes e 12 meses após a denervação renal.
53
Tabela 4 Creatinina plasmática, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) e relação albumina:creatinina (RAC) antes e durante o acompanhamento.
54
Tabela 5 Análise univariada para testar associações com melhora da taxa de filtração glomerular ao fim do 6º mês da denervação renal percutânea.
58
Tabela 6 Análise multivariada para testar associações com melhora da taxa de filtração glomerular ao fim do 6º mês da denervação renal percutânea.
58
Tabela 7 Análise univariada para testar associações com melhora da taxa de filtração glomerular ao fim do 12º mês da denervação renal percutânea.
59
Tabela 8 Análise multivariada para testar associações com melhora da taxa de filtração glomerular ao fim do 12º mês da denervação renal percutânea
59
xii
LISTA DE FIGURAS
NÚMERO TÍTULO PÁGINA
Figura 1 Cateter de ablação cardíaco irrigado. 40
Figura 2 Aplicações de radiofrequência na artéria renal, de forma
helicoidal, em sentido distal para proximal.
41
Figura 3 Cateter de ablação cardíaco irrigado posicionado distalmente
na artéria renal direita durante aplicação de radiofrequência.
42
Figura 4. Cateter de ablação cardíaco irrigado posicionado
proximalmente na artéria renal direita durante aplicação de
radiofrequência.
43
Figura 5 Medidas da pressão arterial do consultório, sistólica (barras
fechadas) e diastólica (barras abertas) basais e nos meses
1, 3, 6 e 12 após a denervação renal.
48
Figura 6 Correlação entre as alterações (∆) na pressão sistólica do
consultório e aplicações totais de radiofrequência (RF) por
paciente, um ano após o procedimento
49
Figura 7 Média sistólica (barras fechadas) e diastólica (barras
abertas) da monitorização ambulatorial da pressão arterial de
24 horas (MAPA) basais e nos meses 1, 3, 6 e 12 após a
denervação renal.
50
Figura 8 Distribuição da pressão sistólica do consultório em
categorias, antes e no 12° mês após a denervação renal.
51
Figura 9 Número de classes de fármacos anti-hipertensivos usadas
por pacientes antes e no 12° mês após a denervação renal.
52
Figura 10 Valores individuais para taxa de filtração glomerular
estimada (TFGe) antes e nos meses 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10
e 12 após a denervação renal.
56
xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AVE – acidente vascular encefálico
BRA - bloqueadores dos receptores de angiotensina II
CACI - cateter de ablação cardíaca irrigada padrão
DCV – doenças cardiovasculares
DRC – doença renal crônica
FG – filtração glomerular
HAS – hipertensão arterial sistêmica
IECA – inibidores da enzima conversora da angiotensina
JNC 7 - The Seventh Report of the Joint National Comittee on Prevention,
Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure
JNC 8 - 2014 Evidence-Based Guideline for the Management of High Blood
Pressure in Adults, Report From the Panel Members Appointed to the Eighth Joint
National Committee
M.A.P.A. de 24 horas – monitorização ambulatorial da pressão arterial durante 24
horas
PA – pressão arterial
PAD – pressão arterial diastólica
PAS – pressão arterial sistólica
RAC – relação albumina:creatinina
TFG – taxa de filtração glomerular
TFGe – taxa de filtração glomerular estimada
xiv
SUMÁRIO
1) INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA página 16
2) OBJETIVOS página 33
2.1) Geral página 33
2.2) Específicos página 33
3) MATERIAL E MÉTODOS página 34
3.1) Grupo de Pacientes página 34
3.1.1) Critérios para inclusão de pacientes página 34
3.1.2) Critérios para exclusão de pacientes página 35
3.2) Avaliação de pacientes página 36
3.2.1) Pré-procedimento página 36
3.2.2) Pós-procedimento página 37
3.3) Denervação renal transcateter página 39
3.3.1) Técnica página 39
3.4) Análise Estatística página 44
4) RESULTADOS página 45
4.1) Características basais dos pacientes página 45
4.2) Procedimento de ablação página 46
4.3) Eficácia na redução da pressão arterial página 47
4.4) Mudanças nas medicações anti-hipertensivas após o
procedimento página 52
4.5) Função renal página 54
4.6) Segurança página 60
5) DISCUSSÃO página 62
xv
6) CONCLUSÕES página 71
7) LIMITAÇÕES DO ESTUDO página 72
8) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS página 73
9) ANEXOS página 88
16
1) INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial (PA).
Frequentemente está associada a alterações funcionais e/ou estruturais dos
órgãos-alvo (coração, rins, encéfalo e vasos sanguíneos) e a alterações
metabólicas, com consequente aumento dos níveis de eventos cardiovasculares
fatais e não fatais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2010;
MALTA et. al., 2008; DOCUMENTO DO BANCO MUNDIAL, 2005; WILLIAMS,
2010).
A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, sendo considerado um
dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas
mundiais de saúde pública. A mortalidade por doença cardiovascular aumenta
progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear,
contínua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al.,
2010). Em 2001, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram atribuídas à
elevação da PA (54% por acidente vascular encefálico – AVE e 47% por doença
isquêmica do coração) (WILLIAMS, 2010), sendo a maioria em países de baixo e
médio desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69
anos. Em nosso país, as doenças cardiovasculares têm sido a principal causa de
morte. Em 2007 ocorreram 308.466 óbitos por doenças do aparelho circulatório
(MALTA et. al., 2008). Entre 1990 a 2006, observou-se uma tendência lenta e
constante de redução das taxas de mortalidade cardiovascular.
17
As doenças cardiovasculares (DCV) são ainda responsáveis por alta
frequência de internações, ocasionando custos médicos e socioeconômicos
elevados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2010;
DOCUMENTO DO BANCO MUNDIAL, 2005). Como exemplo, em 2007 foram
registradas 1.157.509 internações por DCV no SUS. Em relação aos custos, em
novembro de 2009, houve 91.970 internações por DCV, resultando em um custo de
R$ 165.461.644,33 (DATASUS) (Consulta realizada nos dias 13, 14, 22, 23 e 24 de
Janeiro de 2009 http://w3.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=0203). A doença
renal terminal, outra condição frequente na HAS, ocasionou a inclusão de 94.282
indivíduos em programa de diálise no SUS, registrando-se 9.486 óbitos em 2007
(Consulta realizada nos dias 13, 14, 22, 23 e 24 de Janeiro de 2009 http://
www.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=0203).
Inquéritos populacionais em cidades brasileiras nos últimos 20 anos
apontaram uma prevalência de HAS acima de 30%. Considerando-se valores de
PA ≥ 140/90 mmHg, 22 estudos encontraram prevalências entre 22,3% e 43,9%
(média de 32,5%), com mais de 50% entre 60 e 69 anos e 75% acima de 70 anos
(CESARINO et al., 2008; ROSÁRIO et al., 2009 ).
Entre os gêneros, a prevalência foi de 35,8% nos homens e de 30% nas
mulheres, semelhante à de outros países. Revisão sistemática quantitativa de 2003
a 2008, de 44 estudos em 35 países, revelou uma prevalência global de 37,8% em
homens e 32,1% em mulheres (PEREIRA et al., 2009).
Estudos clínicos demonstraram que a detecção, o tratamento e controle da
HAS são fundamentais para a redução dos eventos cardiovasculares (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA et al., 2010). No Brasil, 14 estudos populacionais
18
realizados nos últimos 15 anos com 14.783 indivíduos (PA < 140/90 mmHg)
revelaram baixos níveis de controle da PA (19,6%) (ROSÁRIO et al., 2009;
JARDIM et al., 2007). Estima-se que estas taxas devam estar superestimadas,
devido, principalmente à heterogeneidade dos trabalhos realizados. A comparação
das frequências, respectivamente, de conhecimento, tratamento e controle nos
estudos brasileiros (ROSÁRIO et al., 2009; JARDIM et al., 2007) com as obtidas em
44 estudos de 35 países (PEREIRA et al., 2009), revelou taxas semelhantes em
relação ao conhecimento (52,3% vs. 59,1%), mas significativamente superiores no
Brasil em relação ao tratamento e controle (34,9% e 13,7% vs. 67,3% e 26,1%).
Em especial em municípios do interior com ampla cobertura do Programa de Saúde
da Família (ROSÁRIO et al., 2009), mostrando que os esforços encontrados dos
profissionais de saúde, das sociedades científicas e das agências governamentais
são fundamentais para se atingir metas aceitáveis de tratamento e controle da
HAS.
De acordo com “The Seventh Report of the Joint National Comittee on
Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure” (JNC 7)
(CHOBANIAN et al., 2003), a classificação de hipertensão é baseada na média de
2 ou mais aferições apropriadas da PA, na posição sentada, em cada uma de 2 ou
mais visitas ao consultório. A classificação da PA para adultos, em mmHg, consiste
em: normal, quando a pressão arterial sistólica (PAS) é < 120 e a pressão arterial
diastólica (PAD) é < 80; pré-hipertensão quando a PAS encontra-se entre 120 e
139 ou a PAD entre 80 e 89; a hipertensão é de estágio 1 quando a PAS encontra-
se entre 140 e 159 ou a PAD entre 90 e 99 e de estágio 2 quando a PAS é ≥ 160
ou a PAD ≥ 100.
19
Pré-hipertensão não é uma categoria de doença. É uma designação
escolhida para identificar indivíduos com alto risco de desenvolver HAS, de modo
que pacientes e médicos são alertados para esse risco e encorajados a intervir e
prevenir ou retardar o desenvolvimento da doença. Indivíduos pré-hipertensos não
são candidatos à terapia farmacológica baseada em seus níveis de PA e devem
ser fortemente aconselhados em relação à mudança no estilo de vida, a fim de
reduzir o seu risco de desenvolver hipertensão no futuro. Além disso, indivíduos
com pré-hipertensão, que também tem diabetes ou doença renal devem ser
considerados candidatos para terapia adequada com fármacos, se uma tentativa
de modificação de estilo de vida não reduzir sua PA para 130/80 mm Hg ou menos.
Esta classificação não estratifica hipertensos pela
presença ou ausência de fatores de risco ou danos em órgãos alvo, a fim de fazer
recomendações de tratamento diferentes, se qualquer
ou ambos estão presentes. O JNC 7 sugere que todas as pessoas com hipertensão
(estagios 1 e 2) devam ser tratadas. O objetivo do tratamento para indivíduos
hipertensos e sem outras condições convincentes é < 140/90 mmHg. A meta para
indivíduos com pré-hipertensão e sem outras indicações convincentes é inferior a
PA normal, com mudança do estilo de vida, a fim de evitar o aumento progressivo
da PA.
A monitorização ambulatorial da pressão arterial (M.A.P.A.) é o método que
permite o registro indireto e intermitente da PA durante 24 horas ou mais, enquanto
o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono.
20
Uma das suas características mais específicas é a possibilidade de
identificar as alterações do ciclo circadiano da PA, sobretudo as alterações durante
o sono, que têm implicações prognósticas consideráveis (OHKUBO et al., 1997).
Tem-se demonstrado que este método é superior à medida de consultório
em predizer eventos clínicos, tais como infarto agudo do miocárdio, AVE,
insuficiência renal e retinopatia (SEGA et al., 2001). São consideradas anormais as
médias de PA de 24 horas > 125/75 mmHg, vigília > 130/85 mmHg e sono >
110/70 mmHg (KIKUYA et al., 2007).
Entre os pacientes com HAS existe um subgrupo que é incapaz de alcançar
o controle adequado da PA, apesar da utilização de múltiplos fármacos, mudança
de hábitos alimentares e estilo de vida. Estes pacientes (denominados "refratários"
ou "resistentes") são, por definição, pacientes que fazem uso de ≥ 3 diferentes
classes de fármacos anti-hipertensivos, sendo um deles obrigatoriamente um
diurético, nas máximas doses recomendadas ou toleradas (SARAFIDIS & BAKRIS,
2008). Tais pacientes apresentam risco mais elevado de sofrer eventos
cardiovasculares maiores (CALHOUN et al., 2008).
A exata prevalência da hipertensão refratária não é exatamente sabida
ainda, mas alguns estudos sugerem que ela afeta cerca de 10 a 15% dos pacientes
tratados para HAS por médicos da atenção primária (EGAN et al., 2009).
Há um acúmulo e evidências convincentes pré-clínicas e clínicas mostrando
que a ativação simpática renal tem papel vital na patogênese da hipertensão, como
descrito em artigos de revisão recentes (DIBONA & ESLER., 2010;. SIDDIQI et al.,
2009).
21
A inervação simpática do rim está implicada na patogênese da hipertensão,
através dos efeitos sobre a secreção de renina, aumento da atividade da renina
plasmática levando à retenção de sódio e água, e redução do fluxo sanguíneo renal
(DIBONA & KOPP, 1997; KOPP & DIBONA, 2006).
A inervação simpática renal consiste de uma densa rede de neurônios pós-
ganglionares (BARAJAS & LIU, 1992; LUFF et al., 1992). Os axônios dos neurônios
pré-ganglionares saem do tronco simpático torácico e lombar e chegam aos
gânglios simpáticos pré e paravertebrais. Os nervos pré-ganglionares renais
correm ao longo da artéria renal e entram no hilo do rim. A partir daí eles se
dividem em feixes nervosos menores, seguindo os vasos sanguíneos e penetram
nas áreas corticais e justamedulares. A ativação nervosa simpática renal aumenta
a produção de noradrenalina para terminações nervosas e também de
noradrenalina excedente (BARAJAS et al., 1984; ESLER, 2000; ESLER et al.,
2001), enquanto que a interrupção das fibras simpáticas renais resulta em uma
diminuição acentuada da noradrenalina excedente (até 95%) (DIBONA & KOPP,
1997). Quando os nervos simpáticos renais são ativados, receptores beta 1
adrenérgicos aumentam a secreção de renina, e a ativação de receptores alfa 1
resulta no aumento da reabsorção de sódio e fluidos, na vasoconstricção renal, e
na diminuição do fluxo sanguíneo renal.
Os nervos simpáticos renais aferentes originam-se principalmente na parede
da pelve renal (KOPP et al., 2004; KOPP et al, 2001; LIU & BARAJAS, 1993;
STELLA & ZANCHETTI., 1991). Os mecanorreceptores respondem ao estiramento
e os quimiorreceptores detectam isquemia renal (DIBONA & KOPP, 1997; STELLA
& ZANCHETTI, 1991). Os corpos das células dos nervos aferentes renais
localizam-se na raiz dorsal ipsilateral dos gânglios (T6-L4). A partir daí, os sinais
22
ascendentes viajam para os centros renais cardiovasculares no sistema nervoso
central. A ativação dos nervos renais aferentes também promove a liberação de
vasopressina e ocitocina da neurohipófise (PAPADEMETRIOU et al., 2011). A
denervação renal quando feita previamente à estimulação renal, no entanto, atenua
estes efeitos, sugerindo que a completa denervação renal inibe efetivamente o
estímulo aferente ascendente. Em suma, as fibras aferentes simpáticas podem ter
importante contribuição na regulação da resistência vascular sistêmica e no
controle da PA.
A primeira visão sobre a influência da ação da atividade do sistema
simpático na função renal relacionada à hipertensão foi a de Claude Bernard, em
1859 (BERNARD, 1859). Ele observou que, ao cortar o nervo esplâncnico maior,
causava-se aumento da diurese, enquanto que a estimulação elétrica nervosa
simpática renal produzia uma redução da diurese. No entanto, a abordagem
cirúrgica (não específica) da denervação renal coincidiu com efeitos colaterais
graves, como observado em estudos a partir de 1930, utilizando denervação
cirúrgica do sistema nervoso simpático na região tóraco-lombar, sendo, portanto
abandonada (PAGE & HEUER, 1935; ADSON & BROWN, 1934).
Os nervos simpáticos renais aferentes e eferentes, que se encontram dentro
e imediatamente adjacentes à parede da artéria renal, são cruciais para o início e a
manutenção da HAS. A ativação simpática é uma marca registrada do estado
hipertensivo essencial, ocorrendo precocemente no curso clínico da doença
(GRASSI 2009; GRASSI, 2010; PAITON & RAIZADA, 2010). Na doença renal
crônica (DRC), a hiperatividade simpática parece se manifestar na fase mais
precoce clínica da doença, estando diretamente relacionada a gravidade do estado
de falência renal (AUGUSTYNIAK et al., 2002; TINUCCI et al., 2001; GRASSI et
23
al., 2012, MCGRATH et al., 1978; NEUMANN et al., 2004; SCHLAICH et al., 2009).
Sabe-se que esta hiperatividade é mediada por sinais oriundos do rim em falência
(HAUSBERG et al., 2002). Em ambas as condições, hipertensão e insuficiência
renal, os mecanismos do estado hiperadrenérgico são múltiplos e incluem vias
reflexas e neuro-humorais (GRASSI, 2009; GRASSI, 2010; MCGRATH et al.,
1978). A ativação adrenérgica exibe um impacto adverso sobre a morbidade
cardiovascular e, no caso de insuficiência renal, também na mortalidade
cardiovascular (GRASSI, 2009; GRASSI, 2010; GRASSI et al., 2012; ZOCCALI et
al. 2002). Em conjunto, essas peculiaridades da DRC tornam esses pacientes
potencialmente mais sensíveis a estratégias de controle da PA que envolva
redução da atividade simpática.
Métodos cirúrgicos radicais para denervação simpática renal foram bem
sucedidos na redução da PA em pacientes com HAS severa. Entretanto, estes
métodos foram associados à alta morbidade peri operatória e até mesmo à
mortalidade e a complicações em longo prazo (MORRISSEY et al., 1953).
Recentemente, uma abordagem percutânea através de cateteres baseada na
liberação de energia por radiofrequência foi desenvolvida para interromper a
inervação simpática renal. Esta nova técnica não mostrou nenhuma complicação
grave vascular ou renal a curto ou a longo-prazo (36 meses) (KRUM et al., 2014).
Também foi mostrada uma redução significativa das pressões sistólica e diastólica
em pacientes com hipertensão refratária, em uso de doses máximas de fármacos
anti-hipertensivos, com seu efeito mostrando-se duradouro, nos estudos realizados
(KRUM et al., 2009; SYMPLICITY HTN-1 INVESTIGATORS, 2011; SYMPLICITY
HTN-2 INVESTIGATORS, 2010; VOSKUIL et al., 2011; MAHFOUD et al., 2011;
KRUM et al., 2014). O estudo Simplicity HTN-2 publicado recentemente, que foi o
24
primeiro estudo randomizado controlado usando esta técnica de denervação renal,
confirmou as conclusões do primeiro estudo realizado em humanos – Simplicity
HTN-1, e mostrou que o efeito na redução da PA se sustentou durante todo o
seguimento de 36 meses (KRUM et al., 2014; SYMPLICITY HTN-1
INVESTIGATORS, 2011; SYMPLICITY HTN-2 INVESTIGATORS, 2010). A
denervação renal parece ser uma opção terapêutica segura para pacientes com
hipertensão e DRC (KIUCHI et. al., 2013; HERING et al., 2012; SCLAICH et al.,
2013; LUO et al., 2013), podendo reduzir o nível da atividade da renina, a
angiotensina II, e aldosterona em humanos (WANG et al., 2013), visto que a
interrupção desta hiperatividade simpática e do circuito de retroalimentação do
sistema renina angiotensina aldosterona parece ser benéfica nessas condições.
A DRC é definida por lesão renal caracterizada por alterações estruturais ou
funcionais dos rins com ou sem redução da taxa de filtração glomerular (TFG),
manifestadas por alterações patológicas ou indícios de lesão renal em exames de
sangue, de urina ou de imagens. A insuficiência renal crônica, por sua vez, é
definida por reduzida TFG, isto é, quando menor que 60 ml/min/1,73m2, por três
meses ou mais, com ou sem lesão renal (BORTOLOTTO, 2008).
A TFG representa uma ótima maneira de mensurar a função renal. Uma
TFG reduzida é considerada um bom índice da função renal, e deve ser usada no
estadiamento da DRC. Uma queda na FG precede o aparecimento de sintomas de
falência renal em todas as formas de doença renal progressiva. Portanto, ao se
monitorizar mudanças na TFG estima-se o ritmo de perda da função renal. A
aplicação clínica da TFG permite ainda predizer riscos de complicações da DRC e
também proporcionar o ajuste adequado de doses de drogas nestes pacientes
prevenindo a toxicidade.
25
O uso de equações para estimar a TFG, seja a partir da creatinina sérica,
SCr, ou da cistatina sérica, sCis, tem como vantagem principal a dispensa de
coleta da urina de 24 horas, que é incômoda para o paciente e sujeita a erros. As
equações contemplam ajustes para sexo, idade, superfície corporal e raça que
interferem na produção de creatinina (WALSER, 1998; PERRONE et al., 1992).
Algumas equações são utilizadas para estimar o clearance de creatinina ou a TFG
em pacientes adultos. A mais comumente utilizada é a fórmula de Cockcroft-Gault,
na qual FG (ml/min)= (140 – idade) . peso . (0,85 se mulher) / 72 . sCr,
desenvolvida para o cálculo da depuração da creatinina (COCKCROFT & GAULT,
1976). Outra fórmula utilizada para estimar a TFG foi desenvolvida a partir do
estudo MDRD (Modification of Diet in Renal Disease Study) (LEVEY et al., 1999):
FG (ml/min/1,73m2) = 186 . (sCr)-1154 . idade-0.203 . (0,742 se mulher) . (1,210 se
negro). Uma nova equação, a CKD-EPI (Chronic Kidney Disease Epidemiology
Collaboration), que emprega as mesmas variáveis utilizadas na equação do MDRD,
foi sugerida para estimar a TFG em adultos a partir da creatinina sérica, usando um
grande banco de dados a partir de 10 estudos. Esta equação pode ser assim
expressada: se do sexo feminino, com sCr <= 0,7 mg/dl “144 . (sCr/0,7)-0,329 .
0,993 Idade” ou com sCr > 0,7 mg/dl “144 . (sCr/0,7) - 1,209 . 0,993 Idade”; se
do sexo masculino, com sCr <= 0,9 mg/dl “141 . (sCr/0,9)- 0,411 . 0,993 Idade”
ou com sCr > 0,9 mg/dl “141 . (sCr/0,9) - 1,209 . 0,993 Idade”. A equação de
CKD-EPI tem menor viés, especialmente para TFG estimada superior a 60
ml/min/1,73m2, mas sua precisão ainda é limitada.
A equação CKD-EPI 2009 é a recomendada pelo NKF KDOQITM (The
National Kidney Foundation Kidney Disease Outcomes Quality Initiative). Na sua
versão simplificada, necessita apenas de dados relacionados à idade, sexo e raça,
26
além da creatinina sérica. No entanto, a aplicação das equações do MDRD e CKD-
EPI em população miscigenada ainda não foi validada, o que permite questionar se
o ajuste para raça é pertinente no Brasil.
A DRC é dividida em cinco estágios funcionais (Tabela 1), de acordo com o
grau de função renal do paciente (KDOQI). Estes estágios são:
Estágio 1 – corresponde aos estágios iniciais de lesão renal com TFG preservada,
ou seja, a TFG estimada está acima de 90 ml/min/1,73m2.
Estágio 2 - Compreende a TFG estimada entre 60 e 89 ml/min/1,73m2. Ocorre no
início da perda de função dos rins. Neste estágio, os níveis de uréia e creatinina
plasmáticos ainda são normais, não há sinais ou sintomas clínicos importantes de
insuficiência renal e somente métodos acurados de avaliação da função do rim
(métodos de depuração, por exemplo) irão detectar estas anormalidades. Os rins
conseguem manter razoável controle do meio interno.
Estágio 3 - Corresponde a uma faixa de TFG estimada compreendido entre 30 e
59 ml/min/1,73m2. Neste estágio, embora os sinais e sintomas da uremia possam
estar presentes de maneira discreta, o paciente mantém-se clinicamente bem. Na
maioria das vezes, apresenta somente sinais e sintomas ligados à causa básica
(lupus, HAS, DM, infecções urinárias, etc.). Avaliação laboratorial simples já nos
mostra, quase sempre, níveis elevados de uréia e de creatinina plasmáticos.
Estágio 4 – Corresponde à faixa de TFG estimada entre 15 a 29 ml/min/1,73m2. O
paciente já se ressente de disfunção renal. Apresenta sinais e sintomas marcados
de uremia. Dentre estes a anemia, a HAS, o edema, a fraqueza, o mal-estar e os
sintomas digestivos são os mais precoces e comuns.
Estágio 5 – Compreende a uma TFG estimada inferior a 15 ml/min/1,73m2. Como
o próprio nome indica, corresponde à faixa de função renal na qual os rins
27
perderam o controle do meio interno, tornando-se este bastante alterado para ser
incompatível com a vida. Neste estágio, o paciente encontra-se intensamente
sintomático. Suas opções terapêuticas são os métodos de depuração artificial do
sangue (diálise peritoneal ou hemodiálise) ou o transplante renal.
É importante ressaltar que para que indivíduos com TFG estimada ≥ 60
ml/min/1,73m2 possam ser enquadrados como portadores de DRC, eles tem que
apresentar alguma forma de lesão renal que persiste por mais de 3 meses. Lesão
renal é definida como a presença de alteração renal demonstrada seja por exame
de imagem (doença policística, por exemplo), exame histológico, ou exame de
urina (albuminúria/proteinúria, por exemplo).
Mais recentemente, uma iniciativa internacional, o KDIGO (Kidney Disease /
Improving Global Outcomes) (EKNOYAN et al., 2013), propôs que o estágio 3 da
DRC seja dividido em 3a (TFGe entre 45 e 59 ml/min/1,73m2), faixa na qual a
TFGe é considerada de leve a moderadamente diminuída, e 3b (TFGe entre 30 e
<45 ml/min/1,73m2), no qual a TFGe é considerada de moderada a gravemente
diminuída.
28
Tabela 1. Classificação dos estágios da doença renal crônica (KDOQI, 2002)
Estágio Descrição TFG (ml/min/1,73m2)
1 Dano renal comTFG
normal ou aumentada
> ou = 90
2 Dano renal com redução
discreta da TFG
60 – 89
3 Moderada redução da
TFG
30 – 59
4 Severa redução da TFG 15 – 29
5 Falência funcional renal < 15
KDOQI = do inglês, Kidney and Dialysis Outcome Quality Initiative
TFG = taxa de TFG
Dados da literatura indicam que portadores de HAS, de diabetes mellitus, ou
história familiar para DRC têm maior probabilidade de desenvolverem insuficiência
renal crônica.
No Brasil, os dados estatísticos relativos à DRC resumem-se aos casos em
terapia renal substitutiva.
No censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia de janeiro de 2007, 621
centros de diálise foram contatados, e 546 deles retornaram informações (88%)
(IBGE, 2008). Havia 73.605 pacientes em diálise, permitindo calcular uma taxa de
prevalência ajustada para a população ao redor de 390 pacientes por milhão de
população. Este número indica o acesso insuficiente ao tratamento para grande
parte da população (LUGON, 2009).
29
Como mencionado previamente, não existem dados nacionais sobre o
número de pacientes com DRC em estágio pré-dialítico no Brasil. No entanto, se
aplicarmos a proporção obtida recentemente nos Estados Unidos (8,4%) (US
RENAL DATA SYSTEM, 2008), o número de pacientes com TFG <60
ml/min/1,73m2 seria em torno de 15 milhões de pessoas no Brasil. Infelizmente, a
maioria destes pacientes não é diagnosticada e, portanto, não está em tratamento.
A detecção precoce da doença renal e condutas terapêuticas apropriadas
para o retardamento de sua progressão pode reduzir o sofrimento dos pacientes e
os custos financeiros associados à DRC. Como as duas principais causas de
insuficiência renal crônica são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, são os
médicos clínicos gerais que trabalham na área de atenção básica à saúde que
cuidam destes pacientes. Ao mesmo tempo, os portadores de disfunção renal leve
apresentam quase sempre evolução progressiva, insidiosa e assintomática,
dificultando o diagnóstico precoce da disfunção renal (KEANE et al., 1999).
A incidência de DRC em hipertensos é de cerca de 156 casos por milhão,
em estudo de 16 anos com 332.500 homens entre 35 e 57 anos. O risco de
desenvolvimento de nefropatia é de cerca de 30% nos diabéticos tipo 1 e de 20%
nos diabéticos tipo 2. Dados ainda não publicados do Camélia (Projeto
Cardioneurometabólico-renal Familiar), realizado pelo Programa de Saúde da
Família da cidade de Niterói, mostram que a prevalência de DRC em adultos
portadores de HAS e diabetes mellitus atendidos no programa é da ordem de 16%.
A proteinúria é um marcador sensível e precoce de lesão renal. A albumina
(peso molecular 69.000 daltons) é a proteína predominantemente encontrada na
maioria dos casos de DRC.
30
Microalbuminúria é a excreção urinária de pequena, porém anormal
quantidade de albumina e é detectada com exames laboratoriais mais sensíveis. A
determinação clínica da proteinúria ou da albuminúria é realizada em urina de 24
horas (normal < 300 mg/dia), ou em amostra isolada pela relação da proteinúria ou
albuminúria pela creatinina plasmática (normal < 20mg/g de cretinina) (JAFAR et
al., 2001).
Níveis maiores de proteinúria/albuminúria estão associados com uma
progressão mais rápida da doença renal e maior risco cardiovascular (KEANE et
al., 1999; K/DOQI, 2002; LEVEY et al., 1998; GARG et al., 2002) . Seus valores
tem sido como marcadores indiretos do ritmo de progressão da DRC.
A maioria dos pacientes portadores de DRC é hipertensa. Níveis elevados
de PA estão associados com uma progressão mais rápida da DRC e maior risco
cardiovascular. Vários medicamentos anti-hipertensivos são necessários para se
atingir um controle adequado da PA. Pacientes portadores de DRC não diabéticos
devem ser mantidos com níveis de PA inferiores a 140/90 mmHg sendo importante
fator na redução do risco cardiovascular e de desaceleração da progressão da
doença (SHULMAN et al., 1989; JAMES et al., 2014). Inibidores de enzima de
conversão (IECA) são mais efetivos que outros agentes no retardo da progressão
da DRC. Os inibidores dos receptores de angiotensina II (BRA) parecem ser
igualmente efetivos aos IECA na redução da proteinúria. Diuréticos potencializam
os efeitos benéficos dos IECA e dos BRA (MASCHIO et al., 1996).
IECA, BRA e inibidores de canais de cálcio não dihidropiridínicos são mais
efetivos em reduzir a proteinúria que outros hipotensores em pacientes renais
crônicos não diabéticos (MASCHIO et al., 1996).
31
Pacientes com DRC, quando comparados à população geral, apresentam
maior prevalência de doenças cardiovasculares (DCV), incluindo doença
coronariana, cérebro-vascular, vascular periférica e insuficiência cardíaca. Alguns
estudos têm demonstrado que o desenvolvimento das DCV é precoce no curso da
DRC (BARRETT et al.,1997; CULLETON et al., 1999; LEVIN et al., 1996). Além
disso, as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de óbito nos
pacientes com DRC em estágios iniciais (SHULMAN et al., 1989; JUNGERS et al.,
1999; WANNAMETHEE et al., 1997). Em análises de grandes populações, tais
como o “Hypertension Detection and Follow-up Program” (SHULMAN et al., 1989) e
no British Regional Heart Study (WANNAMETHEE et al., 1997), a principal causa
de óbito nos pacientes com alguma alteração da função renal foram as DCV.
A mortalidade destes pacientes é elevada e aumenta com a progressão da
doença renal, principalmente devido a causas cardiovasculares. Os fatores de risco
tradicionais devem ser investigados e tratados: diabetes, hipertensão,
dislipedemias e tabagismo. Além dos fatores tradicionais, os pacientes portadores
de DRC possuem outros agravantes de risco cardiovascular que devem ser
investigados e tratados (proteinúria, anemia, hiperparatiroidismo secundário,
alterações na volemia e desnutrição) (GARG et al., 2002).
Em suma, a DRC é uma condição muito frequente em nosso país e tem
como uma de suas principais causas, a HAS. Muitas das vezes os pacientes
portadores de HAS são refratários ao tratamento farmacológico, mesmo com a
associação de várias substâncias anti-hipertensivas, permanecendo com níveis
tensionais elevados, que contribuem para o desenvolvimento e progressão da
insuficiência renal. O nível da PA é o fator modificável que mais influencia o ritmo
de progressão da DRC. Logo, encontrar instrumentos inovadores que facilitem o
32
controle da HAS, com o potencial de mudar o curso natural da doença, representa
um dos grandes desafios da medicina contemporânea.
33
2) OBJETIVOS
2.1) Geral
Avaliar se a denervação renal por ablação renal transcateter foi efetiva e
segura, na redução da PA, em pacientes com DRC estágios 2, 3 e 4 (TFG
estimada entre 15 e 89 ml/min/1,73m2; pacientes com TFG estimada > 60
ml/min/1,73m2 deviam necessariamente apresentar microalbuminúria),
refratários à terapia farmacológica anti-hipertensiva convencional.
2.2) Específicos
Avaliar se houve redução no número de fármacos utilizados pelo paciente,
após a denervação renal.
Avaliar se houve impacto sobre o valor da creatinina sérica e sobre a TFG
estimada, após a denervação renal.
Avaliar se a denervação renal influenciava os níveis da
microalbuminúria/proteinúria.
34
3) MATERIAL E MÉTODOS
3.1) Grupo de Pacientes
Os pacientes foram provenientes do ambulatório de DRC do Hospital
Universitário Antônio Pedro e de consultórios privados de médicos que
colaboraram no recrutamento de pacientes, pois possuíam um perfil específico,
necessitando ser hipertensos e portadores de DRC estágios 2, 3 e 4 (TFG
estimada entre 15 e 89 ml/min/1,73m2; pacientes com TFG estimada > 60
ml/min/1,73m2 deviam necessariamente apresentar microalbuminúria). Estes
pacientes foram acompanhados após o procedimento pelo médico que realizou o
procedimento. Visto que os trabalhos internacionais à época (2011) envolvendo a
denervação renal percutânea foram realizados, em sua maioria, com
aproximadamente 50 pacientes, e o maior estudo multicêntrico prospectivo
realizado até àquele momento envolvendo 24 centros na Austrália, Estados Unidos
e Europa (Simplicity HTN-2) incluiu 190 pacientes, optamos por constituir uma
amostra de conveniência, com 30 pacientes. Cada paciente foi seu próprio controle
minimizando o problema da grande variação no ritmo de progressão da doença
renal de base.
3.1.1) Critérios para inclusão de pacientes
Foram admitidos no estudo os pacientes que apresentavam todos os critérios
abaixo:
35
1. Pressão Sistólica ≥ 160 mmHg (≥ 150 mmHg em pacientes com DM tipo 2)
no consultório, em tratamento com pelo menos 3 fármacos anti-hipertensivos
(incluindo um diurético) ou intolerância confirmada às medicações;
2. Taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) entre 15 – 89 ml/min/1,73m2
(pacientes com TFG estimada > 60 ml/min/1,73m2 deviam necessariamente
apresentar microalbuminúria);
3. Idade maior que 18 anos e menor que 70 anos.
3.1.2) Critérios para exclusão de pacientes
Não foram incluídos pacientes com quaisquer dos critérios abaixo:
1. Gravidez;
2. Doença valvar com repercussão hemodinâmica significativa;
3. Uso de rilmenidina ou warfarina;
4. Doença valvar cardíaca estenótica com repercussão hemodinâmica;
5. Infarto agudo do miocárdio, angina instável, acidente vascular cerebral ou
ataque isquêmico transitório nos 6 meses prévios;
6. Anomalias renovasculares (incluindo estenose grave de artéria renal,
angioplastia com ou sem implante de stent renal) ou artéria renal dupla e
múltiplas artérias principais no mesmo rim.
7. Neoplasias ou doenças com baixa expectativa de vida.
36
3.2) Avaliação de pacientes
3.2.1) Pré-procedimento
Todos os pacientes preenchiam todos os critérios de inclusão e exclusão,
assinaram termo de consentimento informado por escrito durante consulta
ambulatorial e foram submetidos à anamnese e exame físico completo, avaliação
dos sinais vitais e revisão da medicação. As medidas da PA foram realizadas
através de dispositivo automático validado clinicamente (Omron HEM 7113, Omron
Health-Care, Brasil), em pelo menos duas visitas subsequentes ao consultório,
após dez minutos de repouso, em ambos os membros superiores, nas posições
sentada e supina, sendo consideradas para o estudo a média das médias de cada
consulta (obtidas com as 4 medidas).
Os pacientes também foram submetidos à coleta de hemograma, bioquímica
(incluindo creatinina sérica padronizada), microalbuminúria, e creatinina urinária,
estimativa da TFG pela equação CKD-EPI 2009 e pesquisa de albuminúria (relação
albumina:creatinina), M.A.P.A. e Eco Doppler para avaliação da anatomia das
artérias renais dos pacientes.
O monitoramento da PA durante 24 horas foi realizado com um dispositivo
validado clinicamente (CardioMapa, Cardios, Brasil) antes do procedimento. Os
dispositivos foram programados para medir a cada 15 minutos de 6 às 22 horas, e
a cada 30 minutos das 22 às 6 horas. Os pacientes foram instruídos a continuar
suas atividades regulares durante o período de gravação e ir para a cama não mais
que às 23 horas. O período de vigília foi definido como o intervalo de 8 às 22 horas,
e o período de sono, como o intervalo de meia-noite às 6 horas (MANCIA et al.,
2007). Todos os pacientes foram instruídos a registrar em um diário os horários de
37
dormir e acordar, das refeições, da ingestão das medicações, além dos sintomas e
de eventos que pudessem influenciar a PA durante este período. As medições
eram transferidas para um computador e uma série de análises pôde ser realizada.
Pelo menos 70% dos valores aferidos no período diurno e noturno deveriam ser
satisfatórios, ou então, a monitorização deveria ser repetida (STERGIOU et al.,
2012).
3.2.2) Pós-procedimento
Os pacientes ficaram internados durante um período de 24 horas, após o
procedimento, em leito de enfermaria.
O seguimento dos pacientes foi realizado semanalmente no primeiro mês,
mensalmente até o sexto mês após e bimensalmente do sétimo ao décimo
segundo mês após o procedimento. Em todas as consultas a PA foi aferida após
dez minutos de repouso, em ambos os membros superiores, nas posições sentada
e supina, sendo consideradas para o estudo a média de 4 medidas. A dosagem do
hemograma, da bioquímica (incluindo creatinina sérica padronizada), da
microalbuminúria, creatinina urinária e o cálculo da TFG estimada pela equação
CKD-EPI 2009 e da relação albumina:creatinina (RAC) também foram realizados
em todas as consultas. A M.A.P.A. foi realizada 1, 3, 6 e 12 meses após o
procedimento.
No primeiro e no sexto mês após a realização do procedimento todos os
pacientes foram submetidos ao Eco Doppler para avaliação de artérias renais, com
o intuito de observar ausência ou presença de complicações pós-procedimento.
38
Recentemente, o JNC 8 (JAMES et al., 2014) relatou uma nova meta: PAS <
140 mmHg e diastólica e PAD < 90 mmHg para a população com 18 anos ou mais
e com DRC. Com base nos critérios de inclusão utilizados nos ensaios clínicos
randomizados revisados por especialistas a partir do painel do JNC 8, esta
recomendação deve aplicar-se a indivíduos com menos de 70 anos, com uma TFG
inferior a 60 mL/min/1,73m2 e em pessoas de qualquer idade com albuminúria
definida como mais do que 30 mg de albumina/g de creatinina em qualquer nível de
filtração glomerular.
Em concordância com esta nova recomendação, os pacientes do estudo
foram divididos em dois grupos, identificados como pacientes com PA controlada e
não controlada (PAS do consultório 12 meses após procedimento < 140 mmHg e ≥
140 mmHg, respectivamente), e tiveram seu curso longitudinal analisado
retrospectivamente para verificar se a redução da PA foi preditiva de alterações na
TFGe.
A determinação da creatinina sérica foi realizada utilizando um
autoanalisador (Selectra, Vital Scientific NE, Netherlands), cujos resultados já são
fornecidos como valores de creatinina sérica padronizada. Para levar em conta o
coeficiente de variação intraensaio de determinação da creatinina do kit utilizado
(Vitros, Johnson & Johnson Medical, Brasil), apenas mudanças na TFGe com
ordem de grandeza maior do que 6,2% foram tomadas em consideração. Por
conseguinte, apenas os doentes com, pelo menos, esta melhoria foram marcadas
como respondedores em relação à taxa de filtração glomerular.
39
3.3) Denervação Renal Transcateter
3.3.1) Técnica
Todos os pacientes foram submetidos à infusão venosa de bicarbonato de
sódio (3ml/Kg) e solução salina 0,9% durante uma hora antes do procedimento,
como profilaxia para atenuação a nefrotoxicidade associada ao meio de contraste
iodado (MERTEN et al., 2004; TEM DAM & WETZELS, 2008).
Por supervisão de anestesiologista os pacientes foram pré-tratados com
diazepam ou midazolam. Após a injeção subcutânea de anestésicos locais na
região inguinal, realizamos o cateterismo da artéria femoral através da técnica de
Seldinger padrão. Uma bainha valvulada 8Fr foi introduzida nesta artéria e heparina
não fracionada foi administrada em bolus intravenoso, tendo como alvo um tempo
de coagulação ativada > 250 segundos. Posteriormente, sob visão fluoroscópica,o
introdutor 8Fr arterial foi trocado por introdutor valvulado aramado contralateral de
45cm (introdutor Balkin) de 8Fr, permitindo assim, o acesso às artérias renais.
Através deste foi introduzido um cateter de ablação cardíaco irrigado (CACI) 7Fr
(AlCath Flux eXtra Gold Full Circle 270°; VascoMed GmbH, Binzen, Germany)
(Figura 1), com eletrodo distal capaz de entregar a energia de radiofrequência à
inervação das artérias renais.
40
Figura 1. Cateter de ablação cardíaco irrigado.
Antes das aplicações uma dose inicial de fentanil intravenosa foi administrada, já
que estas são dolorosas. As aplicações de radiofrequência foram realizadas no
tronco principal das artérias renais, bilateralmente, com séries de aplicações de 8
W de potência, 60 segundos de duração cada uma, com fluxo de irrigação de
17mL/min e temperatura de 48°C, visando 4 aplicações de radiofrequência por
artéria renal, de acordo com o seu comprimento. Os pontos tratados tinham, no
mínimo, 5 mm de distância entre eles sendo o cateter movido em sentido distal
para proximal, de maneira helicoidal. O número de lesões por artéria foi escolhido
com base na medição do comprimento da artéria por angiografia antes das
aplicações de radiofrequência. Para artérias inferiores a 20 mm, um mínimo de
41
quatro lesões foram realizadas, e para cada aumento de 5 mm uma lesão adicional
foi feita (Figuras 2, 3 e 4).
Figura 2. Aplicações de radiofrequência na artéria renal, de forma helicoidal, em sentido
distal para proximal. Adaptado de http://www.medtronicrdn.com.
42
Figura 3. Cateter de ablação cardíaco irrigado posicionado distalmente na artéria renal
direita durante aplicação de radiofrequência.
43
Figura 4. Cateter de ablação cardíaco irrigado posicionado proximalmente na artéria renal
direita durante aplicação de radiofrequência.
Após o procedimento, a anatomia das artérias renais foi verificada por angiografia
para avaliar se houve qualquer complicação durante o procedimento. No final do
procedimento, os pacientes foram submetidos à outra infusão de bicarbonato de
44
sódio (1 ml/ kg/h), durante 6 horas (MERTEN et al., 2004; TEM DAM & WETZELS,
2008).
3.4) Análise Estatística
As variáveis acompanhadas foram: PA sistólica e diastólica, número de
medicamentos anti-hipertensivos, TFGe e microalbuminúria.
Os resultados foram expressos como média e desvio padrão no caso de
distribuição normal e como mediana com faixa de variação em caso contrário. A
comparação de variáveis contínuas ao longo do estudo foi realizada com ANOVA
medidas repetidas no caso de distribuição gaussiana ou com ANOVA Kruskall
Wallis se não gaussiana. Frequências foram comparadas com o teste do chi-
quadrado.
Associações com resposta ao tratamento foram analisadas através de
modelos de regressão logística em 2 passos. Somente variáveis com alta
probabilidade de associação no modelo univariado (P<0,10) foram incluídos nos
modelos multivariados. Ao final, valores de P<0,05 foram considerados
significantes. Toda a análise estatística foi realizada usando o programa SPSS v
18.0.
45
4) RESULTADOS
4.1) Características basais dos pacientes
As características gerais dos 30 pacientes estão listadas na tabela 2.
Dezenove dos 30 pacientes estavam em estágio 2 da DRC, 6 em estágio 3, e 5 em
estágio 4. A média da pressão sistólica/diastólica arterial foi de 185±18 mmHg /
107±13 mmHg. Os pacientes estavam usando uma média de 4,6±1,4
medicamentos anti-hipertensivos diferentes.
46
Tabela 2. Características basais dos pacientes
N 30
Idade, anos 55 ± 10a
Sexo feminino, f (%) 17 (57%)
Cor da pele (Brancos), f (%) 21 (70%)
Índice de massa corpórea, Kg/m² 30,8 ± 4,9
Doença arterial coronariana, f (%) 5 (17%)
Fibrilação atrial paroxística, f (%) 2 (7%)
Acidente vascular cerebral, f (%) 6 (20%)
Diabetes mellitus tipo 2, f (%) 11 (37%)
LDL > 130 mg/dl, f (%) 19 (63%)
Tabagismo, f (%) 3 (10%)
N° de anti-hipertensivos 4,6 ± 1,4
TFGe, mL/min/1,73m² (CKD-EPI) 61,9 ± 23,9
Estágios da doença renal crônica, f (%)
2 19 (63%)
3 6 (20%)
4 5 (17%)
Pressão arterial, mmHg 185 ± 18 /107 ± 13
a
Média±DP; f=frequência; TFGe = taxa de filtração glomerular estimada
4.2) Procedimento de ablação
Neste grupo de pacientes, 463 pontos de ablação foram realizados. A média
do número de lesões realizadas foi de 9±3 (faixa de 4-14) na artéria renal direita, e
9±3 (faixa de 5-14) na artéria renal esquerda. A duração média da ablação foi
1060±357 s de RF por paciente (faixa de 600-1680 s), a duração do procedimento
variou entre 30 a 60 min, e o tempo de exposição média à fluoroscopia foi de 21±6
minutos.
47
4.3) Eficácia na redução da pressão arterial
Todos os pacientes submetidos à ablação das artérias renais apresentaram
redução altamente significativa na PA aferida no consultório, tanto sistólica quanto
diastólica, em todos os momentos de aferição após o procedimento. A PA diminuiu
de 185±18/107±13 para 138±13/89±10, 139±14/91±9, 137±14/89±8 e 132±15/86±9
mmHg nos meses 1, 3, 6 e 12, respectivamente (P<0,0001 para valores de PA
sistólica e diastólica em cada momento vs. basal, Figura 5). Interessante notar que
foi encontrada uma correlação significativa entre a diminuição da pressão arterial
sistólica do consultório no 12° mês de seguimento e o número total de pontos de
ablação (r = -0,3912, P=0,0326) (Figura 6).
48
Figura 5. Medidas da pressão arterial do consultório, sistólica (barras fechadas) e diastólica
(barras abertas) basais e nos meses 1, 3, 6 e 12 após a denervação renal. *P<0,0001 vs.
valores basais correspondentes (n=30). Valores expressos como Média±DP.
M e s e s
Pre
ss
ão
Art
eri
al
(mm
Hg
)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
2 0 0
2 5 0
* * * *
* * **
1B a s a l 3 6 1 2
49
Figura 6. Correlação entre as alterações (∆) na pressão sistólica do consultório e aplicações
totais de radiofrequência (RF) por paciente, um ano após o procedimento (n=30).
A redução dos valores médios da pressão arterial sistólica e diastólica
também foi significativa na MAPA de 24 horas, 1, 3, 6 e 12 meses após o
procedimento, com redução de 152±17 mmHg/93±11 mmHg para 135±13
mmHg/84±9 mmHg, 134±13 mmHg/85±9 mmHg,134±14 mmHg/86±11 mmHg e
133±14 mmHg/85±10 mmHg, respectivamente (P<0,0001 para valores de PA
sistólica e diastólica em cada momento vs. basal, Figura 7).
T o ta l d e a p lic a ç õ e s d e R F / P a c ie n te
P
A S
istó
lic
a
(mm
Hg
)
0 1 0 2 0 3 0
-1 0 0
-8 0
-6 0
-4 0
-2 0
0
50
Figura 7. Média sistólica (barras fechadas) e diastólica (barras abertas) da monitorização
ambulatorial da pressão arterial de 24 horas (MAPA) basais e nos meses 1, 3, 6 e 12 após a
denervação renal. *P<0,0001 vs. valores basais correspondents (n=30). Valores expressos
como Média±DP.
A redução ocorreu na pressão arterial média durante toda a vigília, partindo de
níveis basais de 113±13 mmHg para 103±10 mmHg (P<0,0001), 103±9 mmHg
(P<0,0001), 103±11 mmHg (P<0,0001) e 102±10 mmHg (P<0,0001), nos meses 1,
3, 6 e 12 pós-procedimento, respectivamente, e durante o sono, partindo de níveis
basais de 107±16 mmHg para 98±13 mmHg (P<0,0001), 96±13 mmHg (P<0,0001),
97±13 mmHg (P<0,0001) e 96±11 mmHg (P<0,0001), nos meses 1, 3, 6 e 12 pós-
procedimento, respectivamente. O número de casos sem descenso noturno da PA
antes e aos 12 meses após o procedimento permaneceu inalterado (21/30). Do
mesmo modo, a magnitude da redução na pressão arterial média durante o sono,
M e s e s
MA
PA
de
24
ho
ras
(m
mH
g)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
2 0 0
* * *
* * * *
*
B a s a l 1 3 6 1 2
51
quando comparados a linha de base (6,6±12,4 mmHg) e o 12° mês pós-
procedimento (6,1±8,3 mmHg) não diferiu (P=0,7478).
A distribuição da pressão arterial sistólica em categorias de gravidade
também melhorou quando comparada antes e após o procedimento (Figura 8). De
fato, antes da denervação renal, todos os pacientes apresentavam pressão arterial
sistólica ≥ 160 mmHg, com o maior percentual estando acima de 180 mmHg (53%).
No 12° mês após a ablação, todos os pacientes apresentavam pressão arterial
sistólica <180 mmHg, estando a grande maioria abaixo de 140 mmHg (80%).
Figura 8. Distribuição da pressão sistólica do consultório em categorias, antes e no 12° mês
após a denervação renal (n=30).
Basal 12 meses
<140 mmHg
140-159 mmHg
160-179 mmHg
>180 mmHg
52
4.4) Mudanças nas medicações anti-hipertensivas após o procedimento
O número médio de medicamentos anti-hipertensivos usados por paciente
quando avaliado um ano após a ablação (3,4±1,3) foi reduzido em comparação
com a linha de base (4,6±1,4) (P<0,0001) (Figura 9).
Figura 9. Número de classes de fármacos anti-hipertensivos usadas por pacientes antes e no
12° mês após a denervação renal (4,6±1,4 vs. 3,4±1,3; P<0,0001; n=30).
Nenhum paciente exigiu aumento do número de medicamentos. Em vinte e dois
pacientes (73%), houve redução no número ou na dosagem de medicamentos. As
classes de medicamentos e suas respectivas dosagens, expressas em mediana
(faixa de variação), no início do estudo e um ano após o procedimento são
mostradas na Tabela 3.
Basal 12 meses
1
2
3
4
5
≥6
53
Tabela 3. Terapia farmacológica antes e 12 meses após a denervação renal
Anti-hipertensivos
Basal 12° mês
mg n mg n
IECA
Captopril
150 (150-150) 3 0 (0-50) 2
Enalapril
40 (40-40) 2 40 (40-40) 1
BRA
Candesartana
16 (16-16) 1 16 (16-16) 1
Losartana
100 (100-100) 12 100 (0-100) 8
Valsartana
320 (320-320) 12 320 (0-320) 11
Inibidores da renina
Alisquireno
600 (600-600) 2 600 (600-600) 2
β-bloqueadores
Atenolol
100 (100-100) 8 50 (0-100) 7
Bisoprolol
10 (10-10) 5 10 (7.5-10) 5
Carvedilol
50 (25-50) 5 50 (25-50) 5
Metoprolol
Nebivolol
100 (50-100)
5 (5-5)
4
1
100 (50-100)
5 (5-5)
4
1
Propranolol
240 (240-240) 1 - 0
Diurético de alça
Furosemida
80 (40-80) 14 40 (0-80) 10
Diurético poupador de potássio
Espironolactona
37,5 (25-50) 3 12,5 (0-25) 2
Diuréticos tiazídicos
Clortalidona
25 (25-25) 5 25 (0-25) 4
Hidroclorotiazida
25 (25-50) 16 0 (0-25) 9
Bloqueadores dos canais de cálcio
Diidropiridinas
Anlodipina
10 (10-10) 11 10 (0-10) 8
Felodipina
10 (10-10) 1 - 0
Manidipina
20 (20-20) 2 20 (20-20) 2
Nifedipina de liberação
prolongada 60 (60-60) 10
40 (0-60) 9
Nitrendipina
40 (40-40) 1 - 0
Não diidropiridinas
Diltiazem
180 (180-180) 1 180 (180-180) 1
Verapamil
120 (0-240) 2 80 (0-160) 2
Bloqueador dos receptores α-1 adrenérgicos
Doxazosina
4 (4-4) 1 4 (4-4) 1
Agonista adrenérgico α-2
Clonidina
0,4 (0,4-0,6) 11 0,1 (0-0,6) 6
Vasodilator
Hidralazina 150 (100-150) 4 - 0
Valores apresentados como mediana e (faixa de variação).
IECA = inibidores da enzima conversora da angiotensina; BRA = bloqueador do receptor da
angiotensina.
54
4.5) Função renal
Houve uma redução significativa da creatinina sérica basal de 1,46±0,95
mg/dL para 1,25±0,93 mg/dL (P=0,0003), 1,25±0,95 mg/dL (P=0,0002), 1,21±0,89
(P<0,0001) e 1,12±0,95 mg/dl (P<0,0001) nos meses 1, 3, 6 e 12, respectivamente
(Tabela 4).
Tabela 4. Creatinina plasmática, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) e relação albumina:creatinina
(RAC) antes e durante o acompanhamento
Basal 1° mês 3° mês 6° mês 12° mês
Creatinina, mg/dl 1,46±0,95a
1,25± 0,93* 1,25±0,95
* 1,21±0.,9* 1,12±0,95
*
TFGe, ml/min/1,73m2
61,9±23,9a
76,1±32,5* 77,2±33,2
* 80,3±35,0* 86,1±35,2
*
% de casos com aumento da TFGe - 73,3 83,3 80,0 86,7
RAC, mg/g 99,8b
(38,0-192,1)
46,9
(19,0-182,3)
23,9
(10,9-159,8)
24,4
(10,7-96,3)
17,9
(10,0-100,6)
a
Média±DP; b
Mediana (IQR)
* P<0,001,
P<0,010 ambos vs. Valores basais correspondentes (valores de teste post hoc).
Como consequência, observou-se um significativo aumento da TFG estimada ao
longo do acompanhamento em comparação à média inicial: basal (61,9±23,9
mL/min/1,73 m2), 1° mês (76,1±32,5 mL/min/1,73m2, P<0,0001), 3° mês (77,2±33,2
mL/min/1,73m2, P<0,0001), 6° mês (80,3±35,0 mL/min/1,73m2, P<0,0001) e 12°
55
mês (86,1±35,2 ml/min/1,73m2, P<0,0001). Ao final de 12 meses o número de
pacientes que aumentou a TFGe era 26 (86,7%); ao fim do primeiro mês esse
número era 22 (73,3%). A mediana das RAC no 1° mês de seguimento (46,9, IQR:
19,0-182,3 mg/g) não foi significativamente diferente da RAC basal (99,8, IQR:
38,0-192,1 mg/g), P=0,3349. No entanto, a partir do 3° mês, o valor da mediana da
RAC tornou-se significativamente mais baixo do que a inicial: 3º Mês (23,9, IQR:
10,9-159,8 mg/g, P=0,0114), 6° mês (24,4, IQR: 10,7-96,3 mg/g, P=0,0042) e 12°
mês (17,9, IQR: 10,0-100,6 mg/g, P=0,0005). Para melhor apreciar as mudanças
na TFG estimada ao longo do seguimento, dados individuais estão representados
na Figura 10.
56
Figura 10. Valores individuais para taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) antes
e nos meses 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10 e 12 após a denervação renal (n=30). Valores
médios são mostrados pela linha tracejada.
Ao final do período de observação, o aumento absoluto na média da TFG estimada
foi significativo nos pacientes com TFG estimada basal ≥ 45 ml/min/1,73 m2
57
(29,2±15,2 mL/min/1,73 m2, P < 0,0001) mas não naqueles com TFG estimada
basal < 45 mL/min/1,73 m2 (8,0±11,2 ml/min/1,73 m2, P=0,1079). Quando
mudanças nos valores medianos da RAC basal foram examinadas nestes dois
subgrupos, redução a partir do 3° mês foi encontrada nos pacientes que
apresentavam TFG estimada ≥ 45 mL/min/1,73 m2: basal (44,8, IQR: 35,7-154,4
mg/g), 3º mês (15,5, IQR: 7,0-40,8 mg/g; P=0,0004), 6º mês (14,0, IQR: 10,2-29,0
mg/g; P=0,0003) e 12º mês (12,2, IQR: 8,2-21,4 mg/g; P<0,0001). Em contraste,
diferenças significativas não foram observadas nos que tinham TFG estimada < 45
mL/min/1.73m2: basal (477,4, IQR: 198,8-910,1 mg/g), 3º mês (574,9, IQR: 144,9-
2367,0 mg/g; P>0,9999), 6° mês (216,4, IQR: 51,4-1042,0 mg/g; P>0,9999) e 12°
mês (117,9, IQR: 67,8-173,6 mg/g, P=0,3128).
Para analisar quais os fatores associados à elevação da TFG aos 6 e 12
meses, lançou-se mão de modelos de regressão logística, Tabelas 5-8.
58
Tabela 5. Análise univariada para testar associações com melhora da taxa de filtração
glomerular ao fim do 6º mês da denervação renal percutânea.
Variáveis testadas OR IC95% Valor de P
Idade (anos) 0,855 0,723-1,011 0,067
Gênero 0,714 0,119-4,297 0,713
Diabetes mellitus tipo 2 0,500 0,082-3,060 0,453
Tabagismo 0,714 0,061-8,397 0,789
PAS na entrada (mmHg) 0,978 0,932-1,026 0,366
PAD na entrada (mmHg) 1,042 0,964-1,126 0,297
Queda da PAS ao fim do 1º mês (mmHg) 1,030 0,981-1,082 0,239
Queda da PAD ao fim do 1º mês (mmHg) 1,001 0,933-1,074 0,985
TFGe ≥ 45 ml/min/1,73m2 na entrada 14,000 1,741-112,551 0,013
PAS controlada no 6o mês segundo JNC 8 1,667 0,275-10,094 0,578
Retirada de IECA/BRA 1,000 0,091-11,028 1,000
Retirada de diurético 0,824 0,122-5,573 0,842
BRA: bloqueadores dos receptores de angiotensina II; IECA: inibidores da enzima
conversora da angiotensina; PAD: pressão arterial diastólica; PAS: pressão arterial sistólica;
TFGe: taxa de filtração glomerular estimada.
Tabela 6. Análise multivariada para testar associações com melhora da taxa de
filtração glomerular ao fim do 6º mês da denervação renal percutânea.
Variáveis testadas OR IC95% Valor de P
Idade (anos) 0,815 0,656-1,013 0,065
TFGe ≥ 45 ml/min/1,73m2 na entrada 28,103 1,704-463,426 0,020
TFGe: taxa de filtração glomerular estimada.
59
Tabela 7. Análise univariada para testar associações com melhora da taxa de filtração
glomerular ao fim do 12º mês da denervação renal percutânea
Variáveis testadas OR IC95% Valor de P
Idade (anos) 0,950 0,839-1,075 0,413
Gênero 2,571 0,235-28,089 0,439
Diabetes mellitus tipo 2 0,148 0,013-1,652 0,121
Tabagismo 0,391 0,030-5,078 0,473
PAS na entrada (mmHg) 0,939 0,878-1,004 0,064
PAD na entrada (mmHg) 1,042 0,952-1,141 0,370
Queda da PAS ao fim do 1º mês (mmHg) 1,036 0,977-1,098 0,238
Queda da PAD ao fim do 1º mês (mmHg) 0,956 0,868-1,053 0,357
TFGe ≥ 45 ml/min/1,73m2 na entrada 4,200 0,470-37,499 0,199
PAS controlada no 12o mês segundo JNC 8 23,000 1,773-298,446 0,016
Retirada de IECA/BRA 2,302 0,107-49,540 1,000
Retirada de diurético 4,886 0,237-100,900 0,287
BRA: bloqueadores dos receptores de angiotensina II; IECA: inibidores da enzima
conversora da angiotensina; PAD: pressão arterial diastólica; PAS: pressão arterial sistólica;
TFGe: taxa de filtração glomerular estimada.
Tabela 8. Análise multivariada para testar associações com melhora da taxa de filtração
glomerular ao fim do 12º mês da denervação renal percutânea
Variáveis testadas OR IC95% Valor de P
PAS na entrada (mmHg) 0,948 0,878-1,023 0,171
PAS controlada no 12° mês segundo JNC 8 18,561 1,186-290,524 0,037
PAS: pressão arterial sistólica.
60
Para aumentos da TFG no 6o mês, apenas as variáveis idade e TFG >45
ml/min/1,73 m2 na entrada mostraram alta probabilidade de associação (P<0,10) na
análise univariada sendo, portanto, incluídas no modelo multivariado. Ao final,
somente a TFG >45 ml/min/1,73 m2 foi significantemente associada à recuperação
da TFG aos 6 meses (OR 28,103 IC95% 1,704-463,426, P=0,020). Quando a
análise foi feita para aumento da TFG no 12o mês, as variáveis com alta
probabilidade de associação (P<0,10) no modelo univariado foram a PAS na
entrada e PAS controlada no 12o mês segundo o JNC8. Ao final, somente esta
última variável manteve associação significante no modelo multivariado (OR 18,561
IC95% 1,186-290,524, P=0,037).
4.6) Segurança
Dos 30 pacientes que foram submetidos à denervação renal apenas um
paciente apresentou sangramento, exigindo intervenção no local da punção da
artéria femoral, após o final do procedimento. A complicação foi adequadamente
solucionada por compressão mecânica, infusão de líquidos e transfusão
sanguínea.
Imagens em tempo real das artérias renais foram realizadas para avaliar
eventuais mudanças estruturais relacionadas ao procedimento. Algumas pequenas
irregularidades focais das artérias renais que estavam presentes durante o
procedimento (possivelmente devido a espasmos menores ou edema) não foram
mais vistos no pós-operatório imediato. No 1° e 6° meses após a ablação, todos os
61
pacientes foram submetidos a novo Doppler das artérias renais sem qualquer
evidência de estenose ou a limitação do fluxo.
62
5) DISCUSSÃO
Neste estudo clínico, descrevemos uma nova abordagem para o tratamento
de pacientes hipertensos refratários portadores de DRC, através do uso de
denervação renal empregando CACI.
Em concordância com outros estudos, nos quais o CACI foi utilizado
(VOSKUIL et al., 2011; AHMED et al., 2012; POKUSHALOV et al. 2012;
PROCHNAU et al. 2012, PROCHNAU et al., 2012), e apesar de um indiscutível
número pequeno de pacientes, a intervenção não promoveu efeitos adversos
persistentes. No final de 12 meses, não observamos qualquer caso de aneurisma
ou estenose da artéria renal, através do eco Doppler. A denervação simpática renal
levou à redução acentuada da pressão arterial sistólica e diastólica em pacientes
com HAS refratária e DRC. A redução da PA do consultório foi evidente desde o 1°
mês após o procedimento, e foi mantida até o final do período de seguimento de 1
ano. Ressalte-se que a magnitude da redução da média da PA sistólica ao final do
período de observação foi de aproximadamente 53 mm Hg, um número maior do
que os relatados em estudos anteriores empregando denervação (KRUM et al.,
2009; SYMPLICITY HTN-1 INVESTIGATORS, 2011; SYMPLICITY HTN-2
INVESTIGATORS, 2010; VOSKUIL et al., 2011; MAHFOUD et al., 2011). Além
disso, em contraste com estudo recente (HERING et al., 2012), valores da média
da M.A.P.A. pós-procedimento no presente estudo também foram
significativamente reduzidos. A redução ocorreu em ambos os períodos, de vigília e
sono. O número de casos com descenso noturno da PA antes e após o
63
procedimento foi semelhante. A magnitude da redução da média da PA não foi
diferente durante o período de vigília e sono. Este fato não é inesperado,
considerando que um dos principais determinantes do descenso noturno da PA é o
ciclo circadiano da atividade simpática (GRASSI et al., 2008), que pode ser
influenciado pela denervação renal. Em outro estudo recente, realizado em
pacientes com hipertensão resistente, a denervação renal associada a um
tratamento anti-hipertensivo escalonado padronizado reduziu a PA ambulatorial de
24 horas após 6 meses, de modo mais eficaz do que o mesmo tratamento anti-
hipertensivo escalonado padronizado isolado (grupo controle) (AZIZI et al., 2015).
Este efeito de redução adicional da pressão arterial, se mantido em longo prazo,
poderia contribuir para uma redução em morbidade cardiovascular após o
procedimento.
Um estudo recente randomizado, cego e controlado por grupo “sham”
confirmou a segurança da denervação renal, mas a redução da PA sistólica após 6
meses da realização do procedimento foi semelhante no grupo denervado e no
“sham”, não contemplando o objetivo inicial do estudo que era uma margem de
superioridade mínima de 5 mmHg (BHATT et al., 2014). Uma limitação deste
estudo é que a adesão à medicação não pôde ser confirmada. Deve ser ressaltado,
entretanto, que, como já mencionado, diversos estudos prévios demonstraram
reduções significativas e duradouras na PA após denervação (KRUM et al., 2009;
SYMPLICITY HTN-1 INVESTIGATORS, 2011; SYMPLICITY HTN-2
INVESTIGATORS, 2010; VOSKUIL et al., 2011; MAHFOUD et al., 2011).
O estudo de Baht e colaboradores foi objeto de uma reanálise na qual foram
identificados alguns problemas com o seu desenvolvimento incluindo manuseio das
medicações, resultados em subgrupos específicos, e fatores relacionados ao
64
procedimento. Entre a randomização até o seguimento ao final de 6 meses, 39%
dos pacientes foram submetidos a mudanças de medicações. Independente
dessas mudanças, a PA sistólica basal ≥180 mmHg, o uso de antagonistas da
aldosterona, o não uso de vasodilatadores, e o número de ablações realizadas
foram considerados previsores de redução da PA sistólica no consultório aos 6
meses no grupo submetido à denervação renal. Foram identificados subgrupos nos
quais houve redução significativa da PA sistólica em relação aos controles. Os
pacientes americanos não afrodescendentes denervados apresentaram maior
redução na PA sistólica do consultório do que aqueles que foram submetidos ao
procedimento “sham” (-15,2+23,5 vs. -8,6+24,8 mmHg, respectivamente; (P =
0,012). Além disso, maiores reduções na PA sistólica do consultório e na MAPA de
24 horas foram observadas com um maior número de ablações e maior energia
aplicada num modelo de quatro quadrantes (KANDZARI et al., 2015).
O maior estudo abordando denervação renal percutânea em hipertensos
refratários até o momento, é o registo global Symplicity (BÖHM et al., 2015) que
tem caráter prospectivo, aberto e multicêntrico. A PA do consultório e a MAPA de
24 horas foram avaliadas. As alterações 6 meses após o procedimento em relação
ao basal foram avaliadas para todos os pacientes e para todos os subgrupos
baseados na PA sistólica basal, diabetes e função renal; uma coorte com HAS
grave, definida como, PA sistólica do consultório ≥160 mmHg e PA sistólica na
MAPA de 24 horas ≥135 mmHg em uso de pelo menos 3 classes de fármacos anti-
hipertensivos, também foi estudada. A análise incluiu eventos de segurança
definidos pelo protocolo. Resultados de seis meses para 998 pacientes, incluindo
323 na coorte de hipertensão grave, foram relatados. A média da PA sistólica basal
do consultório foi 163,5±24,0 mmHg para todos os pacientes e 179,3±16,5 mmHg
65
para a coorte com HAS grave; os valores correspondentes basais para a PA
sistólica da MAPA de 24 horas foram de 151,5±17,0 e 159,0±15,6 mmHg. No 6°
mês, as reduções na PA sistólica de consultório e na MAPA de 24 horas foram
11,6±25,3 e 6,6±18,0 mmHg para todos os pacientes (P <0,001 para ambos) e
20,3±22,8 e 8,9±16,9 mmHg para aqueles com hipertensão grave (P <0,001 para
ambos). A denervação renal foi associada a baixas taxas de eventos adversos.
Após o procedimento, ao longo de 6 meses, houve uma estenose da artéria renal
>70% e 5 casos de hospitalização por emergência hipertensiva. Segundo este
estudo, na prática clínica, a denervação renal resultou em reduções significativas
na PA do consultório e da MAPA de 24 horas, com um perfil de segurança
favorável, além de ter mostrado que os maiores efeitos na redução da PA
ocorreram nos pacientes com maiores pressões basais. Estes achados
corroboram nossos resultados, mostrando que após o procedimento há redução da
PA ao longo do tempo.
Há várias explicações possíveis para a discrepância entre os resultados do
estudo Symplicity HTN-3 e os resultados de todos os outros estudos abordando o
procedimento de denervação renal percutânea em hipertensos (KRUM et al., 2009;
SYMPLICITY HTN-1 INVESTIGATORS, 2011; SYMPLICITY HTN-2
INVESTIGATORS, 2010; VOSKUIL et al., 2011; MAHFOUD et al., 2011; BÖHM et
al., 2015; AZIZI et al., 2015), como já mencionado previamente. A regressão à
média poderia ter feito parte desta discrepância, de tal forma que os pacientes que
tiveram uma PA sistólica elevada no dia em que foram incluídos no estudo
poderiam ter tido uma mensuração posterior inferior, indicando uma redução que
foi na verdade, um artefato do critério de inclusão no estudo (BARNETT et al.,
2005). Além disso, em alguns estudos sem um grupo controle, o efeito do
66
tratamento observado poderia ter sido resultado da participação no ensaio, com a
redução da PA sistólica devido ao bom atendimento e a um alto grau de adesão à
terapia anti-hipertensiva, como resultado de acompanhamento rigoroso, ou seja,
efeito Hawthorne (MCCAMBRIDGE et al., 2014; GALE et al., 2007). Entretanto, em
relação ao nosso estudo, estas considerações não parecem ter seu lugar, visto que
a PA basal foi a média de 4 medidas, proveniente de aferições decorrentes de pelo
menos duas visitas subsequentes ao consultório, e de o efeito da redução da PA
ser sustentado durante todo acompanhamento (1 ano), havendo inclusive, retirada
de fármacos anti-hipertensivos em boa parte dos pacientes.
A maior magnitude de redução na PA em nosso estudo pode ter decorrido
das propriedades do cateter utilizado (TEMPLIN et al., 2013; SCHUBERT et al.,
2014). A extensão das lesões produzidas pela ablação, assim como, o número de
lesões por artéria renal, também têm sido sugeridos como importantes para o
resultado obtido (DAHM et al., 2012; MENDELSOHN, 2014, KANDZARI et al,,
2014). Uma correlação moderada entre o número de aplicações de radiofrequência
e da magnitude da redução da média da PA sistólica um ano após o procedimento
foi encontrada, mas nosso estudo não foi concebido para abordar especificamente
esta questão. O cateter escolhido é irrigado e possui um eletrodo distal com ponta
de ouro, com o comprimento desta cerca de quatro vezes maior do que o cateter
tradicionalmente usado neste tipo de procedimento (SYMPLICITY HTN-1
INVESTIGATORS, 2011; SYMPLICITY HTN-2 INVESTIGATORS, 2010). A
utilização de um sistema de irrigação (JAÏS et al., 2000) e o contato mais extenso
do eletrodo com a parede do vaso podem perfeitamente permitir a formação de
lesões mais extensas e profundas. Isso pode ser importante já que os nervos
67
simpáticos estão, em grande parte, localizados na camada adventícia, 1,5 a 2 mm
do lúmen da artéria renal (ATHERTON et al., 2012).
Como sugerido anteriormente (KRUM et al., 2009), a redução da PA pode
ser explicada por uma atenuação pós-procedimento dos sinais aferentes
provenientes dos rins. Os sinais aferentes de rins doentes às estruturas
integradoras no cérebro resultam na ativação de fluxo simpático, que pode ser um
dos principais contribuintes para a hipertensão neste cenário (GRASSI et al., 2012).
De fato, vários estudos indicam que em estágios iniciais da doença renal, a
ativação simpática é detectável, sendo diretamente proporcional à gravidade da
insuficiência renal tanto em condições experimentais (YE et al., 2002) quanto em
humanos (GRASSI, 2009; PARK et al., 2012; GRASSI et al., 2009; GRASSI et al.,
2011). Deve ser mencionado que a denervação renal também é sabidamente
associada ao aumento da natriurese (DIBONA & KOPP, 1997). No entanto, a
extensão da influência desse fenômeno sobre a redução da PA não pode ser
dimensionada em nosso estudo, porque não abordamos o equilíbrio de sal e água
em nossos pacientes.
O longo efeito sobre a redução da PA ainda é desconhecida, devido ao
potencial dos nervos simpáticos se recuperarem após as lesões (NORVELL et al.,
1969). Consistente com resultados anteriores, nos quais foram relatados efeitos
sustentados por até 36 meses (KRUM et al., 2014; ESLER et al., 2014), os
pacientes não apresentaram atenuação da redução da PA obtida no presente
estudo ao longo do acompanhamento. Os dados sugerem que não houve
recuperação das fibras nervosas, nem desenvolvimento de mecanismos contra-
reguladores eficazes, capazes de elevar a PA.
68
O aumento da filtração glomerular foi precoce e progressivo. Ao final do 1°
mês já era notado um aumento na TFGe de 23%, enquanto ao final do 12° mês
esse aumento era da ordem de 39%. A RAC apresentou um perfil inverso, havendo
redução progressiva, já sendo notada uma queda de 53% ao final do 1° mês e de
82% ao final do 12° mês.
O aumento da TFGe após 6 meses (KIUCHI et al., 2013) e 1 ano (KIUCHI et
al., 2014) da realização do procedimento relatado no presente estudo é um achado
único na literatura. Nossos dados aparentemente contrastam com um estudo
recente sobre pacientes com DRC em que a TFGe não mudou 12 meses pós-
procedimento (HERING et al., 2012). Entretanto, as amostras estudadas diferem
substancialmente. A maioria dos nossos pacientes pertencia ao estágio 2 da DRC
(TFGe ≥ 60 mL/min/1,73m2), em contraste com os pacientes do estudo prévio, cuja
TFGe foi < 45 mL/min/1,73m2 (estágio 3b ou mais avançado da DRC, segundo a
classificação do KDIGO).
As razões para aumento da TFGe em curto e longo prazo podem não ser as
mesmas. A mudança precoce na TFGe pode ter decorrido de alterações
hemodinâmicas. Uma preocupação inicial foi que o aumento na TFGe pudesse ser
decorrente de aumento da pressão do capilar glomerular o que, a médio prazo
poderia ser danoso para o rim. Entretanto, os pacientes que tiveram aumento na
TFG também apresentaram redução na excreção de albumina, indicando que um
aumento prejudicial da pressão glomerular não deve ter ocorrido. Em nossa visão,
uma explicação razoável para o aumento inicial da TFGe seria a redução do tônus
simpático levando a uma diminuição da resistência vascular renal e ao aumento do
fluxo sanguíneo renal, que é conhecido por ser um dos principais determinantes da
taxa de filtração glomerular (BAYLIS & BRENNER, 1978). Recentemente, um
69
estudo envolvendo 21 pacientes mostrou incremento significativo dos diâmetros
das artérias renais, 6 meses após serem submetidos à denervação simpática renal
percutânea (ARMAGANIJAN et al., 2014), corroborando nossa hipótese.
Embora alterações hemodinâmicas possam explicar o aumento precoce da
TFGe, seu aumento progressivo ao longo do tempo sugere que outros fatores
possam ter contribuído a esse achado. Deve ser comentado que o percentual de
pacientes que elevou a TFGe aumentou ao longo do tempo. É bastante plausível
que a explicação, em longo prazo, envolva alterações estruturais (remodelação
tissular). Por essa razão, procuramos avaliar os fatores associados à melhora da
TFGe aos 6 e 12 meses em modelos de regressão logística. De modo não
surpreendente, a única variável associada ao aumento da filtração glomerular aos 6
meses foi TFGe na entrada > 45 mL/min/1,73m2. Em contraste, aos 12 meses, o
único fator associado foi o efetivo controle da pressão arterial segundo o JNC8.
Nesse particular, devido ao melhor controle da PA, a retirada de
medicamentos anti-hipertensivos, especialmente os que prejudicam o sistema
renina-angiotensina (SRA) e diuréticos, teve que ser considerada para tentar
explicar as mudanças na TFGe. Este ponto específico foi cuidadosamente
abordado e os resultados obtidos com a regressão logística testando tanto para
diuréticos quanto para inibidores do SRAA não corroboram esta hipótese.
Recentemente, outro estudo mostrou redução na RAC em pacientes
portadores de hipertensão refratária e albuminúria (OTT et al., 2014), em
concordância com nossos resultados. Como demonstrado previamente
(SCHMIEDER et al., 2011), a albuminúria é um fator de risco independente
70
cardiovascular e renal. Desta forma, nossos achados sugerem uma redução do
risco cardiovascular e renal nestes pacientes.
Dados ainda não publicados do estudo “ADELAIDE-ENLIGHTN AND RENAL
BLOOD FLOW”, apresentados no “American Heart Association Scientific Sessions
2014”, mostraram aumento na TFGe e associação à redução numérica nos níveis
de proteínas urinárias e aldosterona plasmática em pacientes hipertensos
refratários e com TFGe ≥ 45 mL/min/1,73m2, seis meses após estes terem sido
submetidos à denervação renal (DELACROIX S, 2014), corroborando em parte
nossos resultados.
71
6) CONCLUSÕES
Nossos resultados indicam que o uso do CACI em uma vasta gama de
aplicações de radiofrequência para realizar a denervação simpática renal em
pacientes portadores de hipertensão refratária e DRC parece ser viável, efetivo e
seguro. O estudo proporciona uma redução altamente significativa na PA e permite
a redução substancial do número de anti-hipertensivos utilizados. Além disso,
houve associação deste fato ao aumento da TFG e diminuição da excreção de
albumina neste período de acompanhamento. Apesar de encorajadores, os nossos
dados são preliminares e precisam ser validados em um prazo e em uma
população maiores.
72
7) LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Relativamente, a pequena amostra do estudo pode ser vista como uma
limitação. No entanto, de acordo com o nosso conhecimento, a presente série é a
maior descrita na literatura, abordando a denervação simpática das artérias renais
de forma percutânea em pacientes portadores de DRC. Contudo, dada à natureza
do estudo, que não é controlada, os nossos resultados devem ser interpretados
com cautela.
O uso do eco Doppler para avaliar os danos nas artérias renais é de alguma
forma, uma limitação. Entretanto, as complicações precoces causadas pelas
aplicações de radiofrequência foram excluídas por angiografia, realizada ao final de
cada procedimento. Qualquer outro método, como a angio tomografia
computadorizada, angio ressonância magnética, ou uma nova angiografia das
artérias renais, poderia expor o paciente a injúrias tóxicas adicionais e indesejáveis.
Angiografia usando CO2 não está disponível em nosso serviço.
Além disso, métodos mais precisos de avaliação da TFGe, como cistatina-C
ou iotalamato, devem ser utilizados em futuros estudos para confirmar nosso
achado em relação aos efeitos da denervação renal sobre a TFGe, especialmente
levando-se em consideração que apenas uma amostra de sangue para
determinação da creatinina sérica foi coletada em cada momento de avaliação do
estudo.
73
8) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Adson AW, Brown GE. Malignant hypertension. Report of case treated by
bilateral section of anterior spinal nerve roots from the sixth thoracic to the
second lumbar inclusive. JAMA. 1934; 102:1115.
2. Ahmed H, Neuzil P, Skoda J, Petru J, Sediva L, Schejbalova M, et al. Renal
sympathetic denervation using an irrigated radiofrequency ablation catheter
for the management of drug-resistant hypertension. JACC Cardiovasc Interv.
2012; 5:758–65.
3. Armaganijan L, Staico R, Moreira D, Amodeo C, Borelli F, Sousa M, et al.
Efeitos da Denervação Simpática Renal no Diâmetro da Artéria Renal
Avaliados Pela Angiografia Quantitativa. Rev Bras Cardiol Invasiva. 2014;
22: 155-60.
4. Atherton DS, Deep NL, Mendelsohn FO. Micro-anatomy of the renal
sympathetic nervous system: a human post-mortem histologic study. Clin
Anat. 2012; 25:628–33.
5. Augustyniak RA, Tuncel M, Zhang W, Toto RD, Victor RG. Sympathetic
overactivity as a cause of hypertension in chronic renal failure. J Hypertens.
2002; 20:3–9.
6. Azizi M, Sapoval M, Gosse P, Monge M, Bobrie G, Delsart P, et al. Optimum
and stepped care standardised antihypertensive treatment with or without
renal denervation for resistant hypertension (DENERHTN): a multicentre,
open-label, randomised controlled trial. Lancet. 2015 Jan 23. pii: S0140-
6736(14)61942-5. doi: 10.1016/S0140-6736(14)61942-5.
74
7. Barajas L, Liu L, Powers K. Anatomy of the renal innervation: intrarenal
aspects and ganglia of origin. Canadian Journ of Physiol and Pharmacol.
1992; 70:735–749.
8. Barajas L, Powers K, Wang P. Innervation of the renal cortical tubules: a
quantitative study. American Journ Physiol. 1984; 247:F50–F60.
9. Barnett AG, van der Pols JC, Dobson AJ. Regression to the mean: what it is
and how to deal with it. Int J Epidemiol. 2005; 34: 215-20.
10. Barrett BJ, Parfrey PS, Morgan J, Barré P, Fine A, Goldstein MB, et al.
Prediction of early death in end-stage renal disease patients starting dialysis.
Am J Kidney Dis. 1997; 29:214-22.
11. Bhatt DL, Kandzari DE, O'Neill WW, D'Agostino R, Flack JM, Katzen BT, et
al. A controlled trial of renal denervation for resistant hypertension. N Engl J
Med. 2014; 370: 1393-401
12. Baylis C, Brenner BM. The physiologic determinants of glomerular
ultrafiltration. Rev Physiol Biochem Pharmacol. 1978; 80:1–46.
13. Bernard C. Lec¸ons sur les Propriétés et les Altérations Pathologiques des
Liquides de L’Organisme, vol. 2. Paris: Bailliére et Fils; 1859: 170–1.
14. Böhm M, Mahfoud F, Ukena C, Hoppe UC, Narkiewicz K, Negoita M, et al.
First Report of the Global SYMPLICITY Registry on the Effect of Renal Artery
Denervation in Patients With Uncontrolled Hypertension. Hypertension. 2015
Feb 17. pii: HYPERTENSIONAHA.114.05010. [Epub ahead of print]
15. Bortolotto LA. Arterial hypertension and chronic renal failure. Rev Bras
Hipertens. 2008; 15:152-155.
16. Calhoun DA, Jones D, Textor S, Goff DC, Murphy TP, Toto RD, et al.
Resistant hypertension: diagnosis, evaluation, and treatment: a scientific
75
statement from the American Heart Association Professional Education
Committee of the Council for High Blood Pressure Research. Circulation.
2008; 117:e510–26.
17. Cesarino CB, Cipullo JP, Martin JFV, Ciorlia LA, de Godoy MRP, Cordeiro
JA, et al. Prevalência e fatores sociodemográficos em hipertensos de São
José do Rio Preto. Arq Bras Card. 2008; 91:31–35.
18. Chobanian, AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA, Izzo JL Jr,
et al. Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention,
Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. Hypertension.
2003; 42:1206-1252.
19. Cockcroft DW, Gault MH. Prediction of creatinine clearance from serum
creatinine. Nephron. 1976; 16: 31-41.
20. Consulta realizada nos dias 13, 14, 22, 23 e 24 de Janeiro de 2009 http://
w3.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=0203.
21. Culleton BF, Larson MG, Wilson PW, Evans JC, Parfrey PS, Levy D.
Cardiovascular disease and mortality in a community- based cohort with mild
renal insufficiency. Kidney Int. 1999; 56:2214-9.
22. Dahm JB, Wolpers HG, Becker J, Daume B, Hansen C. Renal sympathetic
denervation - physical-anatomical basics, procedure, and analysis of clinical
and technical parameters on procedure success and efficacy. Dtsch Med
Wochenschr. 2012; 137:1904–1909.
23. Delacroix S. 18099 - Renal Sympathetic Denervation Increases Renal Artery
Blood Flow: a Serial MRI Study in Resistant Hypertension. Data from
ADELAIDE-ENLIGHTN AND RENAL BLOOD FLOW. Data presented at the
AHA Scientific Sessions (AHA) – 2014. Date: 2014/11/16.
76
24. DiBona GF, Esler M. Translational medicine: the antihypertensiveeffect of
renal denervation. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2010;
298:R245–53.
25. DiBona GF, Kopp UC. Neural control of renal function. Physiological
Reviews. 1997; 77:75–197.
26. Documento do Banco Mundial. Enfrentando o desafio das doenças não-
transmissíveis no Brasil. Relatório No 32576-BR. 15 de novembro de 2005.
27. Egan BM, Zhao Y, Rehman SU, Brzezinski WA, Clyburn B, Basile JN, et al.
Treatment resistant hypertension in a community-based practice network. J
Clin Hypertens. 2009; OR-12:A6; (abstract).
28. Eknoyan G, Lameire N, Eckardt KU, Bertram KL, Wheeler DC, Abboud OI, et
al. KDIGO 2012 Clinical Practice Guideline for the Evaluation and
Management of Chronic Kidney Disease. Kidney Int Suppl. 2013; 3: 1-150.
29. Esler M, Rumantir M, Kaye D, Jennings G, Hastings J, Socratous F, et al.
Sympathetic nerve biology in essential hypertension. Clin Exp Pharmacol
Physiol. 2001; 28: 986-9.
30. Esler M. The sympathetic system and hypertension. American Journ Hypert.
2000; 13:S99–S105.
31. Esler MD, Böhm M, Sievert H, Rump CL, Schmieder RE, Krum H, et al.
Catheter-based renal denervation for treatment of patients with treatment-
resistant hypertension: 36 month results from the SYMPLICITY HTN-2
randomized clinical trial. Eur Heart J. 2014; 35:1752-9.
32. Gale EA, Beattie SD, Hu J, Koivisto V, Tan MH. Recruitment to a clinical trial
improves glycemic control in patients with diabetes. Diabetes Care 2007; 30:
2989-92.
77
33. Garg AX, Clark WF, Haynes RB, House AA. Moderate renal insufficiency and
the risk of cardiovascular mortality: Results from the NHANES I. Kidney Int.
2002; 61:1486-1494.
34. Grassi G, Bertoli S, Seravalle G. Sympathetic nervous system: role in
hypertension and in chronic kidney disease. Curr Opin Nephrol Hypertens.
2012; 21:46–51.
35. Grassi G, Quarti-Trevano F, Seravalle G, Arenare F, Volpe M, Furiani S, et
al. Early sympathetic activation in the initial clinical stages of chronic renal
failure. Hypertension. 2011; 57:846–851.
36. Grassi G, Seravalle G, Arenare F, Buccianti G, Furiani S, Ilardo V, et al.
Behaviour of regional adrenergic outflow in mild-to-moderate renal failure. J
Hypertens. 2009 ;27:562–566.
37. Grassi G, Seravalle G, Quarti-Trevano F, Dell'Oro R, Bombelli M, Cuspidi C,
et al. Adrenergic, metabolic, and reflex abnormalities in reverse and extreme
dipper hypertensives. Hypertension. 2008; 52: 925– 931.
38. Grassi G. Assessment of sympathetic cardiovascular drive in human
hypertension: achievements and perspectives. Hypertension 2009; 54:690–
697.
39. Grassi G. Sympathetic neural activity in hypertension and related diseases.
Am J Hypertens. 2010; 23: 1052–1060.
40. Hausberg M, Kosch M, Harmelink P, Barenbrock M, Hohage H, Kisters K, et
al. Sympathetic nerve activity in end-stage renal disease. Circulation. 2002;
106:1974–1979.
78
41. Hering D, Mahfoud F, Walton AS, Krum H, Lambert GW, Lambert EA, et al.
Renal denervation in moderate to severe CKD. J Am Soc Nephrol
2012;23:1250–1257.
42. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem007/default.sht
m. Accessed on July 29, 2008.
43. Jafar TH, Stark PC, Schmid CH, Landa M, Maschio G, Marcantoni C, et al.
Proteinuria as a modifiable risk factor for the progression of non-diabetic
renal disease. Kidney Int. 2001; 60:1131-1140.
44. Jaïs P, Shah DC, Haïssaguerre M, Hocini M, Garrigue S, Le Metayer P, et al.
Prospective randomized comparison of irrigated-tip versus conventional-tip
catheters for ablation of common flutter. Circulation. 2000; 101:772–776.
45. James PA, Oparil S, Carter BL, Cushman WC, Dennison-Himmelfarb C,
Handler J, et al. 2014 evidence-based guideline for the management of high
blood pressure in adults: report from the panel members appointed to the
Eighth Joint National Committee (JNC 8). JAMA. 2014;311:507-20.
46. Jardim PCBV, Gondim MRP, Monego ET, Moreira GH, Vitorino PVO, Souza
WKSBS, et al. Hipertensão arterial e alguns fatores de risco em uma capital
brasileira. Arq Bras Card. 2007; 88:452–457.
47. Jungers P, Khoa TN, Massy ZA, Zingraff J, Labrunie M, Descamps-Latscha
B, et al. Incidence of atherosclerotic arterial occlusive accidents in predialysis
and dialysis patients: a multicentric study in the Ile de France district. Nephrol
Dial Transplant. 1999; 14:898-902.
48. K/DOQI Clinical Practice Guidelines for Chronic Kidney Disease: Evaluation,
Classification, and Stratification. Am J Kidney Dis. 2002; 39: S5-S266.
79
49. Kandzari DE, Bhatt DL, Brar S, Devireddy CM, Esler M, Fahy M, et al.
Predictors of blood pressure response in the SYMPLICITY HTN-3 trial. Eur
Heart J. 2014 Nov 16. pii: ehu441. [Epub ahead of print]
50. Keane WF, Eknoyan G. Proteinuria, albuminuria, risk, assessment,
detection, elimination (PARADE): A position paper of the National Kidney
Foundation. Am J Kidney Dis.1999; 33:1004-10.
51. Kikuya M, Hansen TW, Thijs L, Björklund-Bodegård K, Kuznetsova T,
Ohkubo T, et al. On Behalf of the International Database on Ambulatory
blood pressure monitoring in relation to Cardiovascular Outcomes (IDACO)
Investigators. Diagnostic Thresholds for Ambulatory Blood Pressure
Monitoring Based on 10-Year Cardiovascular Risk. Circulation. 2007;
115:2145–2152.
52. Kiuchi MG, Maia GL, de Queiroz Carreira MA, Kiuchi T, Chen S, Andrea BR,
et al. Effects of renal denervation with a standard irrigated cardiac ablation
catheter on blood pressure and renal function in patients with chronic kidney
disease and resistant hypertension. Eur Heart J. 2013;34:2114-21.
53. Kiuchi MG, Chen S, Andrea BR, Kiuchi T, Carreira MA, Graciano ML, et al.
Renal sympathetic denervation in patients with hypertension and chronic
kidney disease: does improvement in renal function follow blood pressure
control? J Clin Hypertens (Greenwich). 2014;16:794-800.
54. Kopp UC, Cicha MZ, Nakamura K, Nüsing RM, Smith LA, Hökfelt T.
Activation of EP4 receptors contributes to prostaglandin E2-mediated
stimulation of renal sensory nerves. Am J Physiol Renal Physiol. 2004;
287:F1269-82.
80
55. Kopp UC, Cicha MZ, Smith LA, Hökfelt T. Nitric oxide modulates renal
sensory nerve fibers by mechanisms related to substance P receptor
activation. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2001; 281:R279-90.
56. Kopp UC, DiBona GF. The neural control of renal function. In The Kidney:
Physiology and Pathophysiology, Seldin G and Giebisch G, Eds. Raven
Press, New York, NY, USA, 3rd edition, 2006; 981–1006.
57. Krum H, Schlaich M, Whitbourn R, Sobotka PA, Sadowski J, Bartus K, et al.
Catheter-based renalsympathetic denervation for resistant hypertension: a
multicentresafety and proof-of-principle cohort study. Lancet. 2009;
373:1275–81.
58. Krum H, Schlaich MP, Sobotka PA, Böhm M, Mahfoud F, Rocha-Singh K, et
al. Percutaneous renal denervation in patients with treatment-resistant
hypertension: final 3-year report of the Symplicity HTN-1 study. Lancet. 2014;
383:622-9.
59. Levey AS, Beto JA, Coronado BE, Eknoyan G, Foley RN, Kasiske BL, et al.
Controlling the epidemic of cardiovascular disease in chronic renal disease:
what do we know? What do we need to learn? Where do we go from here?
National Kidney Foundation Task Force on Cardiovascular Disease. Am J
Kidney Dis. 1998; 32: 853-906.
60. Levey AS, Bosch JP, Lewis JB, Greene T, Rogers N, Roth D. A more
accurate method to estimate glomerular filtration rate from serum creatinine:
a new prediction equation. Modification of Diet in Renal Disease Study
Group. Ann Intern Med. 1999; 130:461-470.
81
61. Levey AS, Stevens LA, Schmid CH, Zhang YL, Castro AF 3rd, Feldman HI,
et al. CKD-EPI (Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration). A new
equation to estimate glomerular filtration rate. Ann Intern Med. 2009;
150:604-12.
62. Levin A, Singer J, Thompson CR, Ross H, Lewis M. Prevalent left ventricular
hypertrophy in the predialysis population: identifying opportunities for
intervention. Am J Kidney Dis. 1996; 27:347-54.
63. Liu L, Barajas L. The rat renal nerves during development. Anat Embryol
(Berl). 1993; 188:345-61.
64. Luff SE, Hengstberger SG, McLachlan EM, Anderson WP. Distribution of
sympathetic neuroeffector junctions in the juxtaglomerular region of the rabbit
kidney. Journal of the Autonomic Nervous System. 1992; 40:239–254.
65. Lugon JR. End-stage renal disease and chronic kidney disease in Brazil.
Ethn Dis. 2009;19 (1 Suppl 1):S1-7-9.
66. Luo D, Zhang X, Lu CZ. Renal sympathetic denervation for the treatment of
resistant hypertension with chronic renal failure: first-in man experience. Chin
Med J. 2013;12:1392–1393.
67. Mahfoud F, Schlaich M, Kindermann I, Ukena C, Cremers B, Brandt MC, et
al. Effect of Renal Sympathetic Denervation on Glucose Metabolism in
Patients With Resistant Hypertension: A Pilot Study. Circulation. 2011;
123:1940-1946.
68. Malta DC, Moura L, Souza FM, Rocha FM, Fernandes FM. Doenças
crônicas não-transmissíveis: mortalidade e fatores de risco no Brasil, 1990 a
2006 in Saúde Brasil 2008. Ministério da Saúde, Brasília 2009; 337–362
82
69. Mancia G, De Backer G, Dominiczak A, Cifkova R, Fagard R, Germano G,
et al. Management of Arterial Hypertension of the European Society of
Hypertension European Society of Cardiology: 2007 Guidelines for the
Management of Arterial Hypertension: The Task Force for the Management
of Arterial Hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and
of the European Society of Cardiology (ESC). J Hypertens. 2007; 25: 1105–
1187.
70. Maschio G, Alberti D, Janin G, Locatelli F, Mann JF, Motolese M, et al. Effect
of theangiotensin-converting-enzyme inhibitor benazepril on the progression
of chronic renal insufficiency. The Angiotensin-Converting-Enzyme Inhibition
in Progressive Renal Insufficiency Study Group. N Engl J Med. 1996; 334:
939-945.
71. McCambridge J, Witton J, Elbourne DR. Systematic review of the Hawthorne
effect: new concepts are needed to study research participation effects. J
Clin Epidemiol 2014; 67: 267-77.
72. McGrath BP, Ledingham JG, Benedict CR. Catecholamines in peripheral
venous plasma in patients on chronic haemodialysis. Clin Sci Mol Med.
1978;55:89–96.
73. Mendelsohn FO. Does complete renal denervation translate into superior
clinical outcomes? Lessons learned from denervation of accessory renal
arteries. Clin Res Cardiol. 2014; 103:681-3.
74. Merten GJ, Burgess WP, Rittase RA, Kennedy TP. Prevention of contrast-
induced nephropathy with sodium bicarbonate: an evidence-based protocol.
Crit Pathw Cardiol. 2004; 3:138-43.
83
75. Morrissey DM, Brookes VS, Cooke WT. Sympathectomy in the treatment of
hypertension; review of 122 cases. Lancet. 1953; 1: 403–8.
76. Neumann J, Ligtenberg G, Klein II, Koomans HA, Blankestijn PJ.
Sympathetic hyperactivity in chronic kidney disease: pathogenesis, clinical
relevance, and treatment. Kidney Int. 2004; 65: 1568–1576.
77. Norvell JE, Weitsen HA, Dwyer JJ. Degeneration and regeneration of
adrenergic nerves in the autotransplanted kidney. Transplantation 1969;
7:218–220.
78. Ohkubo T, Imai Y, Tsuji I, Nagai K, Watanabe N, Minami N, et al. Relation
between nocturnal decline in blood pressure and mortality. The Ohasama
study. Am J Hypertens 1997; 10:1201–1207.
79. Ott C, Mahfoud F, Schmid A, Ditting T, Veelken R, Ewen S, et al.
Improvement of albuminuria after renal denervation. Int J Cardiol.
2014;173:311-5.
80. Page IH, Heuer GJ. A surgical treatment of essential hypertension. J Clin
Invest. 1935; 14:22–6.
81. Papademetriou V, Doumas M, Tsioufis K. Renal Sympathetic Denervation for
the Treatment of Difficult-to-Control or Resistant Hypertension. Int J
Hypertens. 2011;2011:196518. doi: 10.4061/2011/196518. Epub 2011 Mar
30.
82. Park J, Campese VM, Nobakht N, Middlekauff HR. Differential distribution of
muscle and skin sympathetic nerve activity in patients with end-stage renal
disease. J Appl Physiol 2008; 105:1873–1876.
83. Paton JF, Raizada MK. Neurogenic hypertension. Exp Physiol. 2010; 95:
569–571.
84
84. Pereira M, Lunet N, Azevedo A, Barros H. Differences in prevalence,
awareness, treatment and control of hypertension between developing and
developed countries. J Hypertension 2009; 27:963–975.
85. Perrone RD, Madias NE, Levey AS. Serum creatinine as an index of renal
function: new insights into old concepts. Clin Chem. 1992; 38:1933-1953.
86. Pokushalov E, Romanov A, Corbucci G, Artyomenko S, Baranova V, Turov
A, et al. A randomized comparison of pulmonary vein isolation with versus
without concomitant renal artery denervation in patients with refractory
symptomatic atrial fibrillation and resistant hypertension. J Am Coll Cardiol
2012; 60:1163–70.
87. Prochnau D, Figulla HR, Surber R. Efficacy of renal denervation with a
standard EP catheter in the 24-h ambulatory blood pressure monitoring-long-
term follow-up. Int J Cardiol 2012; 157:447–8.
88. Prochnau D, Lucas N, Kuehnert H, Figulla HR, Surber R. Catheter-based
renal denervation for drug-resistant hypertension by using a standard
electrophysiology catheter. EuroIntervention 2012; 7:1077–80.
89. Rosário TM, Scala LCNS, França GVA, Pereira MRG, Jardim PCBV.
Prevalência, controle e tratamento da HAS em Nobres, MT. Arq Bras Card
2009; 93:672–678.
90. Sarafidis PA, Bakris GL. Resistant hypertension: an overview of evaluation
and treatment. J Am Coll Cardiol. 2008; 52:1749 –1757.
91. Schlaich MP, Socratous F, Hennebry S, Eikelis N, Lambert EA, Straznicky N,
et al. Sympathetic activation in chronic renal failure. J Am Soc Nephrol.
2009;20:933–939.
85
92. Schlaich MP, Bart B, Hering D, Walton A, Marusic P, Mahfoud F, et al.
Feasibility of catheter-based renal nerve ablation and effects on sympathetic
nerve activity and blood pressure in patients with end-stage renal disease. Int
J Cardiol. 2013;168:2214–2220.
93. Schmieder RE, Mann JF, Schumacher H, Gao P, Mancia G, Weber MA, et
al. Changes in albuminuria predict mortality and morbidity in patients with
vascular disease. J Am Soc Nephrol. 2011;22:1353-64.
94. Schubert S, Dreysse S, Fleck E, Kelle S. Optical coherence tomography
(OCT) to reveal vascular lesions after renal nerve ablation using a novel
water-cooled, open-irrigated helical catheter approach. Int J Cardiol. 2014;
177:e172-3.
95. Sega R, Trocino G, Lanzarotti A, Carugo S, Cesana G, Schiavina R, et al.
Alterations of cardiac structures in patients with isolated office, ambulatory or
home hypertension. Data from the general population (Pressione Arteriose
Monitorate E Loro Associazioni [PAMELA] Study). Circulation 2001;
104:1385–1392.
96. Shulman NB, Ford CE, Hall WD, Blaufox MD, Simon D, Langford HG, et al.
Prognostic value of serum creatinine and effect of treatment of hypertension
on renal function. Results from the hypertension detection and follow-up
program. The Hypertension Detection and Follow-up Program Cooperative
Group. Hypertension. 1989; 13:I80-I93.
97. Siddiqi L, Joles JA, Grassi G, Blankestijn PJ. Is kidney ischemia the central
mechanism in parallel activation of the renin and sympathetic system? J
Hypertens. 2009; 27:1341–9.
86
98. Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão,
Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.
Arq Bras Cardiol 2010; 95 (1 supl.1): 1-51.
99. Stella A, Zanchetti A. Functional role of renal afferents. Physiol Rev. 199;
71:659-82.
100. Stergiou GS, Kollias A, Destounis A, Tzamouranis D. Automated blood
pressure measurement in atrial fibrillation: a systematic review and meta-
analysis. J Hypertens 2012; 30: 2074–2082.
101. Symplicity HTN-1 Investigators. Catheter-based renal sympathetic
denervation for resistant hypertension: durability of blood pressure reduction
out to 24 months.Hypertension. 2011; 57:911-7.
102. Symplicity HTN-2 Investigators. Renal sympathetic denervation in
patients with treatment-resistant hypertension (The Symplicity HTN-2 Trial): a
randomised controlled trial. Lancet. 2010; 376:1903-9.
103. Templin C, Jaguszewski M, Ghadri JR, Sudano I, Gaehwiler R,
Hellermann JP, et al. Vascular lesions induced by renal nerve ablation as
assessed by optical coherence tomography: pre- and post-procedural
comparison with the Simplicity catheter system and the EnligHTN multi-
electrode renal denervation catheter. Eur Heart J. 2013; 34:2141-8, 2148b.
104. ten Dam MA, Wetzels JF. Toxicity of contrast media: an update. Neth
J Med. 2008; 66:416-22.
105. Tinucci T, Abrahao SB, Santello JL, Mion D Jr. Mild chronic renal
insufficiency induces sympathetic overactivity. J Hum Hypertens. 2001; 15:
401–406.
87
106. US Renal Data System. Excerpts from the USRDS 2007 Annual Data
Report: chronic kidney disease. Am J Kidney Dis. 2008;52 (Suppl 1):S63–
S80.
107. Voskuil M, Verloop WL, Blankestijn PJ, Agostoni P, Stella PR,
Doevendans PA. Percutaneous renal denervation for the treatment of
resistant essential hypertension; the first Dutch experience. Neth Heart J.
2011; 19:319-23.
108. Walser M. Assessing renal function from creatinine measurements in
adults with chronic renal failure. Am J Kidney Dis. 1998; 32:23-31.
109. Wang L, Lu CZ, Zhang X, Luo D, Zhao B, Yu X, et al. The effect of
catheter based renal sympathetic denervation on renin-angiotensin-
aldosterone system in patients with resistant hypertension. Zhonghua Xin
Xue Guan Bing Za Zhi. 2013;41:3–7. Chinese.
110. Wannamethee SG, Shaper AG, Perry IJ. Serum creatinine
concentration and cardiovascular disease: A possible marker for increased
risk of stroke. Stroke. 1997; 28:55.
111. Williams B. The year in hypertension. JACC 2010; 55:66–73.
112. Ye S, Zhong H, Yanamadala V, Campese VM. Renal injury caused by
intrarenal injection of phenol increases afferent and efferent renal
sympathetic nerve activity. Am J Hypertens. 2002; 15:717–724.
113. Zoccali C, Mallamaci F, Parlongo S, Cutrupi S, Benedetto FA, Tripepi
G, et al. Plasma norepinephrine predicts survival and incident cardiovascular
events in patients with endstage renal disease. Circulation. 2002; 105: 1354–
1359.
88
9) ANEXOS
UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – NITERÓI - RJ
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PESQUISA
(Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. Conselho Nacional de Saúde)
TITULO DO PROJETO: Denervação Renal Transcateter.
RESPONSÁVEL PELO PROJETO: Jocemir Ronaldo Lugon
RESPONSÁVEL PELA PESQUISA: Márcio Galindo Kiuchi
DEPARTAMENTO: Medicina Clínica
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
Telefones para contato: (21) 76186910 - (21) 25405773
Nome do
voluntário:_______________________________________________________
DATA NASC: ___/___/___ RG:__________________
RESPONSÁVEL
LEGAL:__________________________________________________
R.G. Responsável legal:_____________________
89
O(A) Sr(a). está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa
“Denervação Renal Transcateter”, desenvolvido pelo Dr. Márcio Galindo Kiuchi. O
objetivo desta pesquisa é verificar o efeito da denervação renal por cateter na
pressão arterial em pacientes hipertensos portadores de doença renal crônica
estágios 2, 3 e 4.
A pressão alta não controlada pode acelerar a progressão da doença renal
crônica e precipitar a entrada dos pacientes em diálise. Muitas das vezes, os
pacientes hipertensos, especialmente os portadores de doença renal crônica, são
resistentes às medicações, mesmo com a associação de várias substâncias anti-
hipertensivas. Logo, encontrar instrumentos inovadores que facilitem o controle da
HAS e sejam capazes de mudar o curso natural da doença torna-se um desafio
para a medicina.
Recentemente, uma técnica para interromper a inervação simpática renal
não mostrou complicação grave vascular ou renal a curto ou a longo-prazo (24
meses) e foi eficaz em reduzir a pressão de pacientes com hipertensão resistente
com efeitos duradouros.
Para a pesquisa, os pacientes serão submetidos à coleta de amostras de
sangue e urina. Todos os medicamentos utilizados regularmente pelos pacientes, a
principio, serão mantidos.
O procedimento chamado de denervação renal é feito em hospital, com
internação prevista de um dia. O paciente é admitido na unidade de hemodinâmica
ou centro cirúrgico e submetido à sedação para que não sinta qualquer
desconforto. É feita uma punção da artéria femoral direita ou esquerda, sendo
introduzido um cateter de ablação na artéria renal. Lá são feitas cauterizações que
90
bloqueiam a ação dos nervos renais. O procedimento dura em média uma hora. Ao
término do procedimento são retirados os cateteres, não ficando qualquer material
no interior do corpo. É feito um curativo compressivo e o paciente é encaminhado
ao quarto. No dia seguinte o paciente tem alta hospitalar. Os exames pré-
denervação bem como a denervação e o acompanhamento posterior será realizado
em ambulatório do Hospital Universitário Antônio Pedro - da Universidade Federal
Fluminense – UFF ou em um dos consultórios do Dr. Márcio Kiuchi, sem custos
para o paciente.
O procedimento é feito sob sedação para que o paciente não sinta qualquer
desconforto e é muito seguro, com taxa de complicações inferior a 3%. As
possíveis complicações são: hematomas no local da punção femoral, pseudo-
aneurisma, dissecção e oclusão da arteira renal. Pode haver necessidade de
implante de stent ou mesmo cirurgia para corrigir tais complicações. Não foram
registradas complicações maiores que estas (óbitos) nos estudos já realizados.
Espera-se que o controle da pressão passe a ser mais fácil e que o ritmo de
progressão da doença renal diminua.
Serão fornecidos respostas ou esclarecimentos a qualquer dúvida acerca
dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a
pesquisa ao longo do estudo. Sua participação é voluntária e você poderá retirar
seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem que
isto traga prejuízo à continuação do seu tratamento.
As informações obtidas com o estudo serão confidenciais e utilizadas
apenas com o propósito científico.
91
Eu, _________________________________, RG n° ______________, declaro ter
sido informada e concordo em participar, como voluntária, do projeto de pesquisa
acima descrito.
Ou
Eu, _________________________________, RG n° ______________,
responsável legal por __________________________________, RG n°
________________, declaro ter sido informado e concordo com a sua participação,
como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Niterói,_______de_________________de_________
_________________________________ _________________________________
Paciente ou responsável Médico
_________________________________ __________________________________
Testemunha Testemunha