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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE FARMÁCIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE
DESENVOLVIMENTO DE CANDIDATOS A PROTÓTIPOS DE FÁRMACOS
ANTIVIRAIS PARA OS VÍRUS DA DENGUE E HEPATITE C SINTETIZADOS
A PARTIR DO ISOSORBÍDEO
ALINE CORDEIRO PORTELA
NITERÓI
2014
ALINE CORDEIRO PORTELA
DESENVOLVIMENTO DE CANDIDATOS A PROTÓTIPOS DE FÁRMACOS
ANTIVIRAIS PARA OS VÍRUS DA DENGUE E HEPATITE C SINTETIZADOS
A PARTIR DO ISOSORBÍDEO
Dissertação apresentada no Curso de Pós-
graduação em Ciências Aplicadas a Produtos
para Saúde, nível Mestrado, pela
Universidade Federal Fluminense, como
requisito necessário para a obtenção do grau
de mestre. Área de concentração: Pesquisa e
monitoramento de produtos para a saúde.
Campo de confluência: Desenvolvimento de
produtos para saúde.
Orientadora: Profª.Dra. Estela Maris Freitas Muri
Co-orientadora: Profª.Dra. Thalita Gonçalves Barros
2014
Niterói
P843 Portela, Aline Cordeiro
Desenvolvimento de candidatos a protótipos de fármacos antivirais
para os vírus da dengue e hepatite C sintetizados a partir do isomanídeo / Aline
Cordeiro Portela; Orientadora: Estela Maris Freitas Muri. – Niterói, 2014.
114f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, 2014.
1. Dengue 2. Hepatite C 3. Serina protease I. Muri, Estela Maris Freitas
II. Título.
CDU 616.91852
ALINE CORDEIRO PORTELA
DESENVOLVIMENTO DE CANDIDATOS A PROTÓTIPOS DE FÁRMACOS
ANTIVIRAIS PARA OS VÍRUS DA DENGUE E HEPATITE C SINTETIZADOS A
PARTIR DO ISOSORBÍDEO
Dissertação apresentada no Curso de Pós-
graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para
Saúde, nível Mestrado, pela Universidade Federal
Fluminense, como requisito necessário para a
obtenção do grau de mestre. Área de
concentração: Pesquisa e monitoramento de
produtos para a saúde. Campo de confluência:
Desenvolvimento de produtos para saúde.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Carlos Alberto Manssour Fraga
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Dr. José Celestino de Barros Neto
Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde – Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
Profª.Dra. Luiza Rosária Sousa Dias
Faculdade de Farmácia – Universidade Federal Fluminense (UFF) – membro suplente e
revisora
Profª.Dra. Estela Maris Freitas Muri
Faculdade de Farmácia – Universidade Federal Fluminense (UFF) – orientadora e
presidente da banca
2
“Sonho que se sonha só é só um sonho que se
sonha só, mas sonho que se sonha junto é
realidade”.
(Raul Seixas)
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço às minhas orientadora e co-orientadora, respectivamente, Profa.
Dra. Estela Maris Freitas Muri e Profa. Dra. Thalita Gonçalves Barros pelos
ensinamentos, amizade, paciência e apoio, desde minha iniciação em ciência até a
conclusão deste trabalho. Minha eterna gratidão a vocês.
À CAPES pela concessão da bolsa.
À coordenadora deste programa de pós-graduação, Profa. Dra Kátia Gomes
de Lima Araújo, pelo empenho na coordenação.
Aos técnicos do LaReMN-UFF e do IV-UFF pelas análises realizadas.
Ao Prof. Ronaldo Mohana-Borges (Biofísica/UFRJ) e seu grupo de pesquisas
pelos ensaios biológicos.
Aos professores, alunos e ex-alunos do LQMed, em especial à Profª. Dra.
Luiza Rosária Sousa Dias e aos alunos e ex-alunos Bárbara Abrahim-Vieira, Pedro
Henrique Azevedo, Letícia Oliveira e Maríllia Cardoso pela amizade e apoio ao
desenvolvimento deste trabalho.
A todos os amigos da pós-graduação.
Ao meu marido Thiago Oliveira por todo amor, companheirismo e apoio
incondicional.
Aos meus pais Cláudia e Elpídio, pelo amor e apoio e, principalmente, por me
proporcionarem a mais preciosa herança: a educação.
i
SUMÁRIO
INDICE DE FIGURAS.................................................................................................iii
INDICE DE TABELAS.................................................................................................v
INDICE DE ESQUEMAS.............................................................................................vi
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS......................................................................vii
RESUMO.....................................................................................................................ix
ABSTRACT..................................................................................................................x
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 4
3.1 A DENGUE ........................................................................................................ 6
3.1.1 A TRANSMISSÃO DA DENGUE ................................................................ 7
3.1.2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE NO BRASIL E NO MUNDO ..................... 8
3.1.3 O VÍRUS DA DENGUE (DENV) ................................................................ 10
3.1.4 TERAPIA ANTI-DENV ............................................................................... 11
3.2 A HEPATITE C ................................................................................................ 12
3.2.1 A TRANSMISSÃO DA HEPATITE C ........................................................ 14
3.2.2 EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE C NO BRASIL E NO MUNDO ............. 14
3.2.3 O VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) ............................................................. 15
3.2.4 TERAPIA ANTI-HCV ................................................................................. 16
3.3 SERINA PROTEASES .................................................................................... 19
3.3.1 INIBIDORES DE SERINA PROTEASES .................................................. 21
3.3.2 PEPTIDEOMIMÉTICOS INIBIDORES DE SERINA PROTEASES ........... 22
3.4 DERIVADOS DO ISOMANÍDEO ..................................................................... 28
3.5 DERIVADOS DO ISOSORBÍDEO ................................................................... 32
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 34
4.1 ESTRATÉGIA SINTÉTICA ................................................................................. 35
4.2 PREPARAÇÃO DO INTERMEDIÁRIO-CHAVE: AMINA O-BENZILADA 34 . 37
4.3 PREPARAÇÃO DA SÉRIE DE PRODUTOS FINAIS 28a-c ............................ 41
ii
4.3.1 SÍNTESE DOS REAGENTES OXAZOLÔNICOS 38a-c PARA
OBTENÇÃO DE 28a-c ....................................................................................... 41
4.3.2 SÍNTESE DOS PRODUTOS FINAIS 28a-c ............................................... 43
4.4 PREPARAÇÃO DA SÉRIE DE PRODUTOS FINAIS 29a-g ........................... 44
4.5 PREPARAÇÃO DA NOVA SÉRIE DE PRODUTOS FINAIS 42a-e ................ 49
4.6 RESULTADOS FARMACOLÓGICOS ............................................................. 55
4.6.1 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DAS SÉRIES 28a-c E 29a-g EM
ENSAIOS DE INIBIÇÃO DA SERINA PROTEASE DO DENV-2. ...................... 56
4.6.2 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DAS SÉRIES 28a-c E 29a-g EM
ENSAIOS DE INIBIÇÃO DA SERINA PROTEASE DO HCV-1b. ...................... 56
4.6.3 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DA NOVA SÉRIE 42a-e EM ENSAIOS
DE INIBIÇÃO DA SERINA PROTEASE DO HCV-1b. ....................................... 59
4.7 MODELAGEM MOLECULAR ......................................................................... 60
4.7.1 ESTUDOS DE DOCKING MOLECULAR .................................................. 60
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 63
6. EXPERIMENTAL .................................................................................................. 65
6.1 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 65
6.2 SÍNTESE .......................................................................................................... 66
6.3 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA................................................................... 97
6.3.1 ENSAIO DE ATIVIDADE DE INIBIÇÃO DA PROTEASE
RECOMBINANTE NS3PRO/4A DO HCV .......................................................... 97
6.3.2 METODOLOGIA UTILIZADA NA DOSAGEM DA CAPACIDADE
INIBITÓRIA DOS COMPOSTOS ....................................................................... 97
6.3.3 PURIFICAÇÃO E EXPRESSÃO DA NS3/4A PROTEASE ....................... 98
6.4 MODELAGEM MOLECULAR ......................................................................... 98
6.4.1 REDOCKING ............................................................................................. 98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 100
iii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Estruturas gerais dos compostos objetivados no trabalho .................. 3
Figura 2. Fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti .............................................. 8
Figura 3. Distribuição mundial do risco de transmissão da dengue .................... 8
Figura 4. Média anual de casos de dengue e dengue hemorrágica notificados à
OMS e número médio de países notificadores ....................................................... 9
Figura 5. Morfologia do vírus da dengue .............................................................. 10
Figura 6. Poliproteína do DENV ............................................................................. 11
Figura 7. Progressão clínica após a exposição ao HCV ...................................... 13
Figura 8. Representação esquemática do genoma do HCV e os produtos de
clivagem da poliproteína viral ................................................................................ 15
Figura 9. Ciclo replicativo do HCV ......................................................................... 16
Figura 10. Estrutura tridimensional do INF-α 2b .................................................. 17
Figura 11. Estrutura química dos compostos 1a e 1b ......................................... 18
Figura 12. Estrutura química dos compostos 2a e 2b ......................................... 18
Figura 13. Estrutura química dos compostos 3 .................................................... 19
Figura 14. Estrutura química dos compostos 4,5 e 6 ........................................... 24
Figura 15. Estrutura química dos compostos 7 e 8 .............................................. 26
Figura 16. Estrutura química dos compostos 9 .................................................... 27
Figura 17. Estrutura química dos compostos 10, 11 e 12 .................................... 27
Figura 18. Estrutura química dos compostos 13 e 14 .......................................... 28
Figura 19. Estrutura química do isomanídeo ........................................................ 29
Figura 20. Estrutura química dos compostos 16, 17 e 18 .................................... 30
Figura 21. Compostos com melhor perfil de atividade biológica desenvolvidos
pelo grupo ................................................................................................................ 32
Figura 22. Estrutura química do composto 27 ...................................................... 33
Figura 23. Sinais e bandas características do composto 29a nos espectros de
RMN1H e IV ............................................................................................................... 48
Figura 24. Planejamento estrutural da série de compostos 42a-e ...................... 49
Figura 25. Resultados de inibição enzimática da protease do DENV-2 pelos
compostos 28a-c e 29a-g ........................................................................................ 56
iv
Figura 26. Inibição enzimática dos compostos 28a-c e 29a-g frente à HCV
protease ................................................................................................................... 57
Figura 27. Curva dose-resposta para os compostos 20a e 28a frente à inibição
da enzima NS3/4A protease do HCV ...................................................................... 58
Figura 28. Inibição enzimática dos compostos 28a e 42a-e frente à HCV
protease ................................................................................................................... 59
Figura 29. (A) Estrutura química do inibidor HU1. (B) Sobreposição da melhor
pose de docking do inibidor (em rosa) e da conformação de raios-X (em
amarelo), RMSD=1,09Å ........................................................................................... 61
Figura 30. (A) Docking molecular do composto 28a no sítio ativo da NS3/NS4
protease do HCV visualizado no programa PyMOL. (B) Interações entre a
proteína em estudo e a pose obtida no docking gerada pelo programa
PoseView.................................................................................................................. 62
Figura 31. Composto 28a na cavidade da enzima serina protease do HCV ....... 62
Figura 32. Planejamento estrutural da série de compostos 42a-e ...................... 64
v
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Os arbovírus mais importantes causadores de doença humana ......... 4
Tabela 2: Os mais importantes membros da família Flaviviridae ......................... 5
Tabela 3: Caracterização dos compostos finais 28a-c ........................................ 44
Tabela 4. Síntese e características físicas dos peptideomiméticos 29a-g ........ 47
Tabela 5. Caracterização dos compostos finais 42a-d ........................................ 53
vi
ÍNDICE DE ESQUEMAS
Esquema 1. Mecanismo catalítico da serina protease ......................................... 20
Esquema 2. Compostos desenvolvidos pelo grupo contendo o cerne derivado
do isomanídeo ........................................................................................................ 31
Esquema 3. Modificação estrutural para o planejamento das séries 28 e 29 .... 34
Esquema 4. Modificação estrutural para o planejamento da série 42 ................ 35
Esquema 5. Estratégia sintética para obtenção dos intermediários-chave 34 e
47 .............................................................................................................................. 36
Esquema 6. Estratégia sintética para obtenção das séries 28a-c, 29a-g e 42a-e
.................................................................................................................................. 36
Esquema 7. Reação de tosilação do isosorbídeo ................................................ 37
Esquema 8. Síntese do intermediário benzilado 32 ............................................. 38
Esquema 9. Síntese da azida 33 ............................................................................. 39
Esquema 10. Obtenção do líquido iônico [bmim]+BF4 ......................................... 40
Esquema 11. Síntese da amina 34 ......................................................................... 41
Esquema 12. Obtenção da N-benzoilglicina (41) .................................................. 41
Esquema 13. Síntese das oxazolonas 38a-c ......................................................... 42
Esquema 14. Síntese dos produtos finais 28a-c .................................................. 43
Esquema 15. Mecanismo de formação do anidrido carboxílico por reação com
DCC .......................................................................................................................... 45
Esquema 16. Reação de formação da ligação peptídica entre o anidrido
carboxílico e a amina .............................................................................................. 46
Esquema 17: Síntese das oxazolonas 38d-f ......................................................... 49
Esquema 18. Obtenção da p-cloro-N-benzoilglicina (43) ..................................... 50
Esquema 19. Obtenção da oxazolona 38g ............................................................ 51
Esquema 20. Síntese dos compostos finais 42a-d ............................................... 52
Esquema 21. Síntese do intermediário 45 ............................................................. 54
Esquema 22. Rota sintética para obtenção da amina 47 ..................................... 54
Esquema 23. Síntese do produto final 42e ........................................................... 55
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Asp Ácido aspártico
Bn Benzila
Boc Carbonato de terc-butila
BVDV-1/2 Vírus da diarreia bovina viral 1/2
d Dupleto
DC Dengue clássica
dd Duplo dupleto
DENV Vírus da dengue
DST Doença sexualmente transmissível
FDA Food and Drug Administration
FHD Febre hemorrágica da dengue
HCV Vírus da hepatite C
HIV Vírus da imunodeficiência humana (Human Immunodeficiency Virus)
His Histidina
IC50 Concentração inibitória mínima para inibir 50% da atividade in vitro
IV Infravermelho
IFN-α Intereron alfa
JEV Vírus da Encefalite Japonesa (Japanese Encephalitis Virus)
Ki Constante de inibição enzimática
Lis Lisina
m Multipleto
OMS Organização Mundial de Saúde
PEG-INF Interferon peguilado
p.f. Ponto de fusão
RBV Ribavirina
RMN Ressonância magnética nuclear
RNA Ácido ribonucleico
RNAm Ácido ribonucleico mensageiro
s Simpleto
SAR Estudo de relação estrutura-atividade
SCD Síndrome do Choque da Dengue
viii
Ser Serina
t Tripleto
t.a. Temperatura ambiente
TBAB Brometo de tetra-n-butilamônio
TBEV-EU Vírus da Encefalite transmitida por carrapato, Subtipo Europeu
(Tickborne Encephalitis Virus, European Subtype)
TBEV-FE Vírus da Encefalite transmitida por carrapato, Subtipo Extremo Oriente
(Tickborne Encephalitis Virus Far Eastern)
WNV Vírus do Oeste do Nilo (West Nile Virus)
YFV Vírus da Febre Amarela (Yellow Fever Virus)
ix
RESUMO
A dengue é um problema de saúde pública mundial, acometendo cerca de 50
milhões de pessoas por ano. O HCV é a principal causa de hepatite crônica e
estima-se que 200 milhões de pessoas estejam infectadas no mundo. A terapia atual
contra o HCV apresenta eficácia limitada e baixa tolerância, enquanto que para a
dengue não existe um tratamento antiviral específico. Com o objetivo de explorar
essa demanda, o presente trabalho descreve a síntese para a obtenção de quinze
compostos peptideomiméticos inéditos, contendo o cerne rígido proveniente do
isosorbídeo, como potenciais agentes inibidores da enzima NS3 protease de ambos
os vírus. A estratégia de síntese dos peptideomiméticos consistiu inicialmente na
obtenção de dez compostos inéditos, das séries 28a-c (derivada de oxazolonas) e
29a-g (derivada de aminoácidos N-protegidos). Os compostos foram inicialmente
testados frente à inibição da protease do DENV-2, os quais não apresentaram
resultados significativos. Entretanto, os resultados de inibição enzimática dos
compostos frente à NS3/4A do HCV-1b foram mais satisfatórios, sendo o composto
28a (1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(benzoilamino)-1-oxo-3-(2-tienil)-2-propen-1-il]amino]
-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol, o mais ativo, com IC50 = 88µm. Estudos de docking
molecular foram realizados para avaliar o modo de interação dos ligantes com a
serina protease NS3/4A do HCV. Dentre os compostos sintetizados, 28a foi
considerado protótipo para o desenvolvimento de novos compostos com potencial
de inibição da enzima em questão. A partir de 28a, a nova série de compostos
inéditos 42a-e foi proposta e obtida. Os resultados dos ensaios farmacológicos
frente à NS3/4A do HCV-1b permitiram-nos inferir que a substituição do tiofeno de
28a pelo furano e 3-metiltiofeno em 42b e 42c, respectivamente, resultou em um
aumento de cerca de 30% no perfil de inibição enzimática, com inibição de 70%
dessa enzima viral. Dessa forma, podemos identificar esses dois novos compostos
como protótipos para o planejamento de futuras moléculas potencialmente inibidoras
da enzima serina protease do vírus da Hepatite C.
Palavras-chave: Serina protease; isosorbídeo; peptideomiméticos; dengue; hepatite
C.
x
ABSTRACT
Dengue fever is a worldwide public health concern, affecting approximately 50
million people per year. HCV is the main cause of chronic hepatitis and it is estimated
that 200 million people are infected worldwide. Current therapy against HCV has
limited efficacy and low tolerance, and there is no specific antiviral treatment for
dengue fever. In order to exploit this demand, this work describes the synthesis for
obtaining fifteen novel peptidemimetic compounds, isosorbide derivatives as potential
inhibitory agents of the NS3 protease enzyme of both viruses. Initially the synthetic
strategy of peptidemimetics consisted in obtaining ten novel compounds: 28a-c
(derived from oxazolones) and 29a-g (derived from N-protected amino acids) series.
The compounds were initially tested on the inhibition of protease DENV-2 , which
results were not significant. However, the results of enzymatic inhibition of the
compounds against the NS3/4A HCV-1b was more satisfactory, and the compound
28a (1,4 : 3,6- dianhydro -5 - [[( 2Z ) -2- ( benzoylamino) -1 -oxo- 3- (2- thienyl) -2 -
propen -1- yl] amino] -2- deoxy -2- O- ( phenylmethyl ) -D- iditiol) , the most active ,
presenting IC50 = 88μm. Molecular docking studies were performed to assess the
compounds mode of interaction with the serine protease NS3 / 4A HCV. Among the
compounds synthesized, 28a was considered a prototype for the development of
new compounds with a potential inhibition of the enzyme in question. Staring from
28a as a prototype the 42a-e serie was proposed and obtained. The results of
pharmacological tests against the NS3/ 4A HCV -1b allowed us to conclude that
substitution of the 28a furan thiophene and 3- methylthiophene in 42b and 42c
respectively resulted in an increase of 30 % in the profile enzyme inhibition , with
inhibition of 70 % of the viral enzyme . Thus , we can identify these new compounds
as prototypes for planning future potentially molecule inhibitors of serine protease
enzyme of the Hepatitis C virus.
Keywords: Serine protease; isosorbide; peptidemimetics; dengue fever; hepatitis C.
1
1. INTRODUÇÃO
Os vírus da dengue e da hepatite C, pertencentes à família Flaviviridae, são
causadores de doenças que acometem grande parte da população mundial.
Entretanto, sabe-se que para a dengue não existe tratamento antiviral específico,
enquanto que para a hepatite C a terapia atual apresenta baixa tolerância e eficácia
limitada (SIMMONS, 2012); (GHANY, 2009).
Com o objetivo de responder a essa demanda, diversos trabalhos do grupo
vêm demonstrando com sucesso a obtenção de moléculas quirais inéditas,
derivadas do isomanídeo, as quais têm apresentado algum perfil de inibição da
protease NS3 do HCV e do DENV (ABRAHIM-VIEIRA,2014); (BARROS,2012);
(BARROS,2010); (BARROS, 2009); (MURI,2007); (MURI, 2005); (MURI, 2004).
Sabe-se que a formação de complexos entre estruturas quirais e enzimas ou
receptores estereoespecíficos pode levar a respostas biológicas diferentes,
dependendo da estereoquímica do ligante. O número crescente de estudos
relacionando propriedades biológicas com quiralidade molecular confirma a
crescente demanda pelo assunto (BARREIRO, 1997); (BONATO, 2005).
Considerando essa demanda e com o intuito de analisar a influência da
mudança da estereoquímica na atividade biológica dos compostos
peptideomiméticos, o grupo decidiu investigar a estrutura e reatividade do 1,4:3,6-
dianidro-D-glucitol ou isosorbídeo (27), um diastereoisômero do isomanídeo.
2
2. OBJETIVOS
O planejamento de inibidores peptideomiméticos sintéticos consiste em uma
alternativa ao uso de peptídeos naturais, já que podem fornecer melhor seletividade
e biodisponibilidade oral, além de outras vantagens a serem discutidas.
Baseando-se na credibilidade dos compostos peptideomiméticos respaldada
pela comercialização de vários fármacos com esse tipo de estrutura, este trabalho
tem como objetivos principais: o planejamento, síntese e avaliação biológica de
compostos peptideomiméticos, derivados do isosorbídeo (27), como potenciais
inibidores da serina protease presente nos vírus da dengue e hepatite C.
Nesse contexto, os objetivos específicos deste trabalho consistem no:
Planejamento e síntese de compostos peptideomiméticos derivados do
isosorbídeo (27), representados pelas séries 28a-c e 29a-g (Figura 1); e
posteriormente da série 42a-e.
Caracterização estrutural de todos os compostos obtidos sinteticamente;
Avaliação biológica do potencial de inibição dos peptideomiméticos
sintetizados frente às serina proteases do DENV e HCV.
Realização de estudos de docking molecular a fim de se estabelecer a
relação estrutura-atividade e compreender o modo de interação destas
substâncias com a serina protease.
3
Figura 1. Estruturas gerais dos compostos objetivados no trabalho.
4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os arbovírus constituem um dos maiores grupos virais existentes,
apresentando distribuição mundial. O termo arbovírus é uma contração da frase em
inglês “arthropod-borne virus”, adotado para designar os vírus transmitidos por
artrópodes hematófogos. Sendo assim, esse termo não constitui uma classificação
taxonômica, apesar disso, essa designação apresenta enorme importância prática.
As arboviroses são alguns dos principais problemas de saúde pública do mundo no
início do terceiro milênio. Há atualmente 534 vírus registrados no Catálogo
Internacional de Arbovírus, dentre os quais, 25% são conhecidamente causadores
de doenças em humanos. As principais famílias de arbovírus são: Togaviridae,
Flaviviridae e Bunyaviridae (GUBLER, 2001) (Tabela 1).
Tabela 1: Os arbovírus mais importantes causadores de doença humana.
Família/vírus Vetores Hospedeiros vertebrados
Togaviridae
Chikungunya mosquitos humanos e primatas
Ross River mosquitos humanos e marsupiais
Mayaro mosquitos pássaros
Flaviviridae
Dengue mosquitos humanos e primatas
Febre amarela mosquitos humanos e primatas
Encefalite japonesa mosquitos pássaros e porcos
Encefalite transmitida por
carrapatos
carrapatos pássaros e roedores
Bunyaviridae
Encefalite da Califórnia mosquitos roedores
Febre hemorrágica
Crimean-Congo
carrapatos roedores
(Adaptado de GUBLER, 2001)
5
A família Flaviviridae compreende mais de 70 vírus, distribuídos entre os
gêneros: Flavivírus, Pestivírus e Hepacivírus. Os vírus do gênero Pestivírus são
considerados patógenos de animais, enquanto o gênero Hepacivírus é formado
apenas pelo vírus da hepatite C (HCV). O gênero Flavivírus é considerado de
grande importância, pois é constituído por muitos patógenos humanos, como os
vírus da dengue (DENV), da Febre Amarela, do Oeste do Nilo, da Encefalite
Japonesa, entre outros (LINDENBACH, 2007) (Tabela 2).
Tabela 2: Os mais importantes membros da família Flaviviridae.
Unidade taxonômica Exemplos representativos
Flavivírus
Transmitidos por carrapatos:
Grupo transmitido por carrapatos a
mamíferos (15)
Grupo transmitido por carrapatos a aves
marinhas (4)
Vírus da Encefalite transmitida por
carrapato, Subtipo Europeu (TBEV-EU);
e Subtipo Extremo Oriente (TBEV-FE)
Vírus Tyuleniy
Transmitidos por mosquitos:
Grupo Aroa vírus (4)
Grupo do vírus da Dengue (5)
Grupo da Encefalite Japonesa (10)
Grupo do vírus da Febre Amarela (9)
Aroa vírus
Vírus da Dengue, tipos 1-4 (DENV-1 a
DENV-4)
Kedougou vírus
Vírus da Encefalite Japonesa (JEV)
Vírus do Oeste do Nilo (WNV)
Vírus da Febre Amarela (YFV)
Vírus com nenhum vetor conhecido:
Grupo do vírus do Rio Bravo (7) Vírus do Rio Bravo
Pestivirus
Vírus da diarreia bovina viral 1 (BVDV-
1),quatro sorotipos
Vírus da diarreia bovina viral 2 (BVDV-
2), dois sorotipos
Hepacivirus
Vírus da Hepatite C (HCV), seis
sorotipos
(Adaptado de LINDENBACH, 2007)
6
Dentre os vírus da família Flaviviridae, o vírus da dengue e o vírus da hepatite
C são considerados de grande importância, pois são causadores de doenças que
constituem problemas de saúde pública mundial (GUBLER, 2001).
3.1 A DENGUE
A dengue é uma das doenças negligenciadas mais difundidas no mundo. A cada
ano, cem milhões de pessoas infectam-se com o DENV, principalmente nas cidades
e zonas urbanas tropicais, enquanto cerca de 2,5 bilhões de pessoas sofrem com
risco de infecção (NOGUEIRA, 1999).
A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral com quatro diferentes
sorotipos: DEN-1-4. Essa doença pode se manifestar clinicamente de quatro
maneiras diferentes: infecção inaparente, dengue clássica (DC), febre hemorrágica
da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). A evolução do quadro
clínico pode ser benigna, quando a doença se manifesta na forma clássica e grave
quando se apresenta na forma hemorrágica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
A dengue clássica é a forma mais comum de manifestação da doença,
caracterizada inicialmente por febre alta (39-40ºC), de início abrupto, associada a
diarreia, prostração, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária, exantema maculopapular
acompanhado ou não de prurido. No final do período febril, podem surgir
manifestações hemorrágicas como epistaxe, petéquias, gengivorragia, metrorragia e
outros. Em casos mais raros, podem existir sangramentos maiores como
hematêmese, melena ou hematúria. A presença de manifestações hemorrágicas não
é exclusiva da febre hemorrágica da dengue e quadros com plaquetopenia
(<100.000/mm3) podem ser observados, com ou sem essas manifestações
(SIMMONS, 2012).
Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue clássica,
todavia, entre o terceiro e sétimo dia do seu início, quando da defervescência da
febre, surgem sinais e sintomas mais graves como vômitos, dor abdominal intensa,
hepatomegalia dolorosa, desconforto respiratório, letargia, derrames cavitários.
Estes sinais de alarme precedem as manifestações hemorrágicas, que podem ser
fatais em 5% dos casos (RIGAU-PÉREZ, 1998).
7
A evolução da dengue hemorrágica pode levar a um quadro de síndrome do
choque da dengue, que se caracteriza por importantes alterações da permeabilidade
capilar e grande extravasamento de plasma, que atingem órgãos como o fígado,
pulmão, coração, rins e que podem trazer complicações neurológicas (RIGAU-
PÉREZ, 1998).
3.1.1 A TRANSMISSÃO DA DENGUE
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a dengue é hoje a
arbovirose mais importante que afeta o homem, constituindo um sério problema de
saúde pública no mundo, principalmente em países tropicais, onde as condições do
meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti,
principal mosquito vetor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Considerando que a vida média do mosquito Aedes aegypti é de 45 dias,
nesse período, um único mosquito pode contaminar até 300 pessoas
(BULUGAHAPITIYA, 2007). A transmissão se faz pela picada da fêmea do mosquito
hematófago Aedes aegypti (Figura 2), no ciclo homem – mosquito – homem, sendo
um mosquito de hábitos diurnos. Após um repasto com sangue infectado, ocorre
uma infecção das células epiteliais do intestino do mosquito, que se propaga através
da lâmina basal do intestino para a circulação e infecta as glândulas salivares do
vetor. O período de incubação intrínseca é de 8-12 dias, após o qual o mosquito
poderá transmitir o vírus. Ao picar o hospedeiro, a fêmea do mosquito regurgita a
saliva, na qual encontram-se substâncias anticoagulantes evitando a coagulação
durante a alimentação, e por conseguinte o vírus é introduzido dentro da corrente
sanguínea da vítima (McBRIDE, 2008).
A transmissão mecânica também é possível, quando o repasto de sangue
infectado é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro
suscetível próximo (RIGAU-PÉREZ, 1998).
O homem infectado é capaz de transmitir o vírus ao mosquito durante o
período de viremia, que começa um dia antes da febre e perdura até o sexto dia da
doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
8
Figura 2. Fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti.
(Adaptado de BULUGAHAPITIYA, 2007).
3.1.2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE NO BRASIL E NO MUNDO
Nos últimos 50 anos, a incidência da dengue aumentou 30 vezes. Este
aumento foi acompanhado da expansão geográfica da doença para países sem
antecedentes de infecção e, nesta última década, de áreas urbanas para áreas
rurais. Cerca de 50 milhões de infecções pelo DENV ocorrem anualmente e
aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas vivem em países endêmicos (WHO, 2009)
(Figura 3).
Figura 3. Distribuição mundial do risco de transmissão da dengue.
(Adaptado de SIMMONS, 2012).
A dengue é uma doença que tem sido relatada há mais de 200 anos. A FHD
foi relatada pela primeira vez na década de 1950, durante as epidemias de dengue
nas Filipinas e Tailândia, e em 1970, nove países já haviam relatado epidemia de
9
dengue hemorrágica. Esses números vêm aumentando a cada ano, atingindo mais
de 50 países na década de 2010 (WHO, 2009) (Figura 4).
Figura 4. Média anual de casos de dengue e dengue hemorrágica notificados à
OMS e número médio de países notificadores.
(Adaptado de WHO, 2009).
No Brasil, as primeiras referências de epidemias são do ano de 1916, no
estado de São Paulo, e em 1923, em Niterói-RJ, sem diagnóstico laboratorial
comprovatório. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu
em 1981-1982 em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos DENV-1 e DENV-4
(ROCCO, 2012).
A partir de 1986, foram registradas epidemias em diversos estados com a
introdução do sorotipo DENV-1. A introdução dos sorotipos DENV-2 e DENV-3 foi
detectada no estado do Rio de Janeiro em 1990 e em 2000, respectivamente. O
sorotipo DENV-3 apresentou uma rápida dispersão para 24 estados do país no
período de 2001-2003. Em 2003, apenas os estados do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina não apresentavam transmissão autóctone da doença. As maiores
epidemias detectadas até o momento ocorreram nos anos de 1998 e 2002, com
cerca de 530 mil e 800 mil casos notificados, respectivamente. Os primeiros casos
de FHD foram registrados em 1990 no estado do Rio de Janeiro, após a introdução
do sorotipo DENV-2 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
10
Em agosto de 2010, os primeiros casos de dengue causados pelo sorotipo
DENV-4 foram registrados em Boa Vista (RR). Subsequentemente, o vírus foi
detectado no norte (estados do Amazonas e Pará) e no nordeste (estados da Bahia,
Pernambuco e Piauí) do país. No sudeste, o primeiro episódio notificado ocorreu no
Rio de Janeiro em 2011. A presença do sorotipo DENV-4 no Brasil é causa de maior
preocupação, pois uma vez que este sorotipo não circulava no país por 30 anos, sua
reintrodução em um território que já convive com a transmissão de outros 3 sorotipos
aumenta a possibilidade de casos mais graves da doença (ROCCO, 2012).
3.1.3 O VÍRUS DA DENGUE (DENV)
3.1.3.1 Morfologia viral
A estrutura do DENV consiste em um genoma de fita simples de RNA positivo
e três proteínas estruturais: a proteína C (capsídeo), a proteína prM (membrana) e a
glicoproteína E (envelope). Além disso, o vírus apresenta sete proteínas não
estruturais: NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a e NS4b e NS5 (MELINO, 2007). A
partícula viral é esférica, envelopada, com diâmetro de cerca de 50 nm. A superfície
do vírus maduro é lisa, com as proteínas do envelope alinhadas em pares paralelos
à superfície. A glicoproteína E modula adesão celular e fusão e é também o principal
alvo de anticorpos protetores. Ela é dividida em três domínios estruturais ou
funcionais: o domínio central; o domínio de dimerização que apresenta um peptídeo
de fusão e o domínio de ligação ao receptor (Figura 5) (WHITEHEAD, 2007).
Figura 5. Morfologia do vírus da dengue.
(Adaptado de WHITEHEAD, 2007).
11
3.1.3.2 Ciclo reprodutivo
A ligação da proteína E (proteína de adesão viral) com o receptor da célula
alvo do hospedeiro consiste na primeira etapa do processo infectivo (LESCAR,
2008). Após esse reconhecimento, ocorre a fusão das membranas virais e celulares
e a entrada do vírus na célula. O genoma viral dissocia-se do nucleocapsídeo e
entra no citoplasma onde funciona como RNA mensageiro, que é traduzido em uma
grande poliproteína. A poliproteína é posteriormente processada nas três proteínas
estruturais e sete proteínas não estruturais do vírus (WHITEHEAD, 2007);
(GUZMAN, 2010) (Figura 6).
Figura 6. Poliproteína do DENV.
(Adaptado de GUZMAN, 2010).
Esse processamento ocorre pela participação de proteases da célula
hospedeira e de uma serina protease (NS3pro), proveniente da partícula viral, cuja
atividade é essencial para o sucesso de replicação viral (NOBLE, 2010). Por esse
motivo, a NS3pro constitui um alvo de interesse para o desenvolvimento de
abordagens terapêuticas para o tratamento da dengue (BARROS, 2010).
3.1.4 TERAPIA ANTI-DENV
Até o momento não existe uma terapia específica para a dengue, havendo
somente o tratamento dos sintomas decorrentes da patologia. A medicação
sintomática deve ser feita com analgésicos e antitérmicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
12
2002). A possibilidade de evolução da DC para a FHC ou SCD, doenças de alta
letalidade, demonstra a necessidade de desenvolvimento de terapias específicas
contra a doença.
Em resposta a essa demanda, grandes esforços estão sendo empregados ao
redor do mundo para o desenvolvimento de vacinas e fármacos contra o DENV.
Desde a década de 70, a OMS tem patrocinado diversos estudos que ampliam os
conhecimentos sobre a imunidade dos sorotipos e a fisiopatologia da FHD/SCD, que
são essenciais para o desenvolvimento de vacinas seguras e efetivas contra a
dengue (INNIS, 2003). Como consequência, o campo de pesquisa sobre a dengue
foi revigorado na última década, alimentado pelo crescente reconhecimento da
importância da doença juntamente com a perspectiva de uma vacina contra a
mesma (SIMMONS, 2012). De acordo com a base de dados mundial sobre estudos
clínicos em andamento, disponível no site http://clinicaltrials.gov, em junho de 2014,
23 ensaios clínicos estão em andamento visando o desenvolvimento de vacinas e
testes diagnósticos contra a doença. É importante enfatizar que nenhum desses
estudos se trata do desenvolvimento de um fármaco contra a doença e que a
dengue é considerada uma doença negligenciada pela OMS, o que constitui uma
lacuna a ser explorada pela ciência.
Além disso, embora o ritmo de desenvolvimento de vacinas tenha aumentado
recentemente, os desafios que se colocam ao desenvolvimento de uma vacina
aceitável ainda são significativas. Pouco se sabe sobre o potencial de interferência
na replicação entre os componentes de um vírus vivo atenuado de uma vacina
tetravalente, em especial no contexto dos vacinados com níveis variáveis de
imunidade pré-existente (WHITEHEAD, 2007). Além disso, outro problema é a falta
de um modelo animal para a testagem das vacinas. Embora os modelos mais
utilizados, ratos e macacos, sejam infectados pelo DENV, esses animais não
apresentam uma patologia semelhante à dos humanos, elevando assim os custos
das pesquisas devido à dificuldade para se avaliar a proteção vacinal (GIBBONS,
2002); (GUY,2010).
3.2 A HEPATITE C
Hepatite constitui um termo geral que significa doença inflamatória que atinge
os hepatócitos, levando a uma inflamação generalizada no fígado. As hepatites
13
podem ser causadas por agentes infecciosos, tóxicos ou por doenças auto-imunes.
As hepatites causadas por agentes infecciosos virais são as de maior importância
clínica, já que acometem o maior número de pacientes. As hepatites virais podem
ser causadas por vários vírus como os das hepatites A, B, C, D e E (COREL, 2011).
A infecção aguda pelo HCV é geralmente assintomática e silenciosa. Neste
estágio é dificilmente detectada, mas caso seja, é passível de tratamento. Alguns
pacientes eliminam o vírus espontaneamente, através de mecanismos ainda não
esclarecidos, mas 60-85% dos mesmos tornam-se cronicamente infectados. A maior
parte dos portadores crônicos não desenvolve doença hepática significativa, todavia,
entre 20-30% irá desenvolver cirrose em um período de 20 anos. A progressão da
doença do fígado pode durar várias décadas e fatores como consumo de álcool,
diabetes, infecção por HIV ou outros vírus no fígado, além de ter contraído a hepatite
C em idade avançada, contribuem para acelerar a evolução da doença (COREL,
2011) (Figura 7).
Figura 7. Progressão clínica após a exposição ao HCV. (COREL, 2011).
14
3.2.1 A TRANSMISSÃO DA HEPATITE C
A transmissão do HCV ocorre pelo contato com sangue infectado pela: exposição
através da pele (contato de instrumentos pérfuro-cortantes), transfusão de sangue
e/ou hemoderivados, compartilhamento de equipamentos para uso de drogas,
confecção de tatuagens e colocação de piercing, compartilhamento de objetos de
uso pessoal como pedicure/manicure e transplantes de órgãos de doadores
infectados. A transmissão sexual pode ocorrer quando não houver o uso de
preservativos. A presença de alguma doença sexualmente transmissível (DST),
incluindo o HIV, facilita a transmissão do vírus (SHARARA, 1996).
3.2.2 EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE C NO BRASIL E NO MUNDO
Um levantamento epidemiológico preciso é dificultado pelo fato da hepatite C se
apresentar, na maioria dos casos, como uma doença silenciosa. Normalmente, o
relato da doença só é possível quando ocorre a evolução para um quadro
sintomático ou quando o paciente passa por procedimento médico em que a
pesquisa de anticorpos contra o HCV é realizada. Por esse motivo, todos dos dados
epidemiológicos da doença se baseiam em estimativas (SHEPARD, 2005).
De acordo com a OMS, estima-se que cerca de 3% da população mundial
seja portadora do vírus e que cerca de 170 milhões de pessoas sejam portadores
crônicos em risco de desenvolvimento de cirrose hepática e/ou câncer de fígado
(MAO, 2008). No Brasil, foram confirmados 69.952 casos de hepatite C no período
de 1999 a 2010. Destes, 47.830 provêm da Região Sudeste e 15.095 da Região Sul,
que juntas concentram 90% dos casos confirmados no país. A maior proporção de
casos de hepatite C confirmados entre 1999 e 2010 encontra-se na faixa etária de
40 a 59 anos, que detém 54,4% dos eventos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
15
3.2.3 O VÍRUS DA HEPATITE C (HCV)
3.2.3.1 Morfologia viral
O HCV é um vírus envelopado, constituído por uma fita única positiva de
RNA, com um genoma de aproximadamente 9.600 nucleotídeos. Seu RNA é
codificado em uma poliproteína que é processada por proteases virais e da célula
hospedeira, resultando em 5 proteínas virais estruturais (C, E1, E2, P7 e 2) e 6
proteínas não-estruturais (NS2, NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B) (Figura 8)
(MELINO,2007).
Figura 8. Representação esquemática do genoma do HCV e os produtos de
clivagem da poliproteína viral.
(Adaptado de BARTENSCHLAGER, 2000).
Os genótipos de 1-6 deste vírus são os mais importantes, sendo os mesmos
subdivididos em mais de 50 subtipos (1a, 1b, 2a, etc). Os genótipos chegam a
apresentar 30 a 50% de diferença no seu RNA, o que constitui grande variabilidade
genética entre as cepas. Esta divisão é importante porque cada subtipo tem
características próprias de agressividade e resposta ao tratamento. Genótipos 1 e 4
apresentam maior resistência ao tratamento com interferon do que os genótipos 2 e
3, por exemplo (McOMISH, 1994).
Essas variações genotípicas entre os subtipos induzem respostas muito
específicas do sistema imunológico, o que dificulta a produção de vacinas. Além
disso, a existência de vários subtipos que respondem de maneiras variadas aos
16
limitados tratamentos existentes amplia a necessidade de desenvolvimento de novos
fármacos contra o vírus.
3.2.3.2 Ciclo replicativo
O ciclo do HCV é semelhante ao do DENV, sendo a partícula viral endocitada
pela superfície da célula hospedeira através de receptores ainda não bem
conhecidos (PILERI, 1998). Após a endocitose, ocorre o processo de fusão da
membrana viral (controlado pelas glicoproteínas E1 e E2) com a membrana
endossomal, levando à formação do poro lipídico que libera o nucleocapsídeo no
citoplasma. Com a desmontagem dos nucleocapsídeos, há a liberação do RNA viral
no citoplasma, que é então traduzido em uma grande poliproteína precursora que se
insere na membrana do retículo endoplasmático. Nesta etapa, ocorre a clivagem da
poliproteína pelas proteases do hospedeiro e pelas proteases virais NS2 e NS3/4a,
provenientes da própria partícula viral (Figura 9) (BARTENSCHLAGER,2000).
Figura 9. Ciclo replicativo do HCV. (Adaptado de FLYING PUBLISHER, 2013).
3.2.4 TERAPIA ANTI-HCV
O tratamento tem como objetivo a supressão sustentada da replicação do
vírus, prevenindo a progressão da doença e consiste no uso de interferon-α (INF-α),
17
interferon peguilado (PEG-INF) ou um destes agentes combinados com a ribavirina
(RBV) (1b) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Entretanto, o uso da terapia
combinada, INF-α mais RBV, trouxe melhores taxas de resposta viral sustentada
(38-43%) em comparação com a monoterapia com INF-α (10-19%), introduzida nos
anos 90 (GHANY, 2009); (HAYASHI, 2006).
O INF-α é uma proteína produzida endogenamente para proteger o organismo
de agentes externos como vírus, bactérias ou células tumorais. O INF-α age
diretamente contra o vírus inibindo a replicação viral e aumentando a resposta
imune, além de bloquear a síntese do genoma do HCV por inibição da enzima NS5B
polimerase, em culturas de hepatócitos humanos (CASTET, 2002). Na terapêutica, o
INF-α é administrado intravenosamente e possui meia-vida de 2-4 horas (RANG,
2007) (Figura 10).
Figura 10. Estrutura tridimensional do INF-α 2b. (DRUGBANK, 2014).
O PEG-INF (1a) é o resultado de uma conjugação do interferon clássico com
moléculas de polietilenoglicol (PEG), processo conhecido como peguilação. As
moléculas de PEG são praticamente inertes no organismo, apresentando velocidade
lenta de eliminação. Então, através da peguilação, converte-se um interferon
clássico em um medicamento com maior tempo de meia-vida, permitindo que a
administração do mesmo ocorra em intervalos maiores (CALICETI, 2004).
A RBV (1b) é um nucleosídeo sintético, com estrutura similar à guanosina.
Acredita-se que seu mecanismo de ação se baseie na interferência da síntese do
RNAm viral (RANG, 2007). Além disso, foi observado que a RBV leva a altas taxas
de mutações no RNA viral levando à inviabilidade do genoma viral (CROTTY, 2001).
18
Figura 11. Estrutura química dos compostos 1a e 1b.
Apesar desses tratamentos serem largamente utilizados, eles mostram baixa
eficácia clínica por insuficiente inibição da replicação do vírus, baixa tolerabilidade e
número elevado de contra-indicações, demonstrando urgência no desenvolvimento
de fármacos antivirais mais efetivos (GHANY, 2009).
Em 2011, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou dois novos
medicamentos, inibidores de protease viral, o boceprevir (2a) (Victrelis®) e o
telaprevir (2b) (Incivek/Incivo®), ambos também já aprovados pela ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) (PERNI, 2006). Apesar da boa atividade contra o
genótipo 1 do HCV, a monoterapia com esses agentes resultou em rápida seleção
de variantes droga-resistentes. Estudos de fase II e III mostraram que a combinação
desses protótipos com PEG-INF e RBV levou a uma substancial redução na
frequência de mutantes resistentes (BACON, 2011) (HÉZODE, 2009). Assim, eles
são empregados como um terceiro medicamento no tratamento de pacientes com
hepatite C crônica (infectados com o genótipo 1), junto com o PEG-INF e RBV,
visando a obtenção de maior resposta terapêutica (OMS, 2011); (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA, 2011).
Figura 12. Estrutura química dos compostos 2a e 2b.
19
Em 2013, o FDA aprovou o medicamento sofosbuvir (3) (Sovaldi/Virunon®),
um análogo de nucleotídeo usado em combinação com outras drogas para o
tratamento da hepatite C. Comparado com tratamentos prévios, os regimes de
tratamentos baseados no sufosbuvir apresentam maiores taxas de cura e diminuição
dos efeitos adversos e tempo de tratamento, além da não necessidade de co-
administração de interferon (FDA, 2013). O medicamento já se encontra em fase de
aprovação no Brasil e espera-se que esteja disponível na rede pública dentro de
dois anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
Figura 13. Estrutura química dos compostos 3.
3.3 SERINA PROTEASES
Proteases são enzimas com importantes papéis fisiológicos, envolvidas em
processos biológicos essenciais como a coagulação sanguínea, morte celular,
diferenciação de tecidos, entre outros. Essas enzimas catalisam a hidrólise de
ligações peptídicas presentes em proteínas ou peptídeos, liberando peptídeos de
tamanho variável ou aminoácidos livres (SALAGA, 2013).
As proteases podem ser classificadas quanto à natureza química do sítio
catalítico/mecanismo de ação, são elas: i) serina proteases; ii) cisteína proteases; iii)
aspártico proteases; iv) treonina proteases e v) metaloproteases. Cada classe de
proteases tem seu conjunto particular de aminoácidos no sítio ativo. É importante
ressaltar que as serina proteases, enzimas de especial interesse deste trabalho,
20
apresentam a tríade catalítica composta por Ser139, His57 e Asp81 (numeração dos
resíduos referente à serina protease do HCV) (POLGÁR, 2005).
O mecanismo catalítico da serina protease se inicia pela ativação da cadeia
lateral da Ser139 (-CH2-OH), por uma catálise básica mediada por Asp81 e His57
através de interações por ligação hidrogênio. A carbonila amídica do substrato é
atacada pela serina do sítio ativo (nucleófilo ativado), formando um intermediário
oxiânion tetraédrico. É importante mencionar que a formação do intermediário
oxiânion tetraédrico é considerada a etapa lenta da reação. A transferência de um
próton da His leva à formação de um aminoácido e de um intermediário acil-enzima,
com consequente rompimento do intermediário tetraédrico. Posteriormente, ocorre a
liberação do aminoácido, ligado à His por ligação de hidrogênio, o qual é substituído
por uma molécula de água. O oxigênio da molécula de água ataca a carbonila do
intermediário acil-enzima, o que libera o fragmento C-terminal do substrato e
regenera a enzima. (DRAG, 2010). É importante destacar que o Asp, por ser um
resíduo ácido, tem importante papel de neutralização, através de interações
eletrostáticas, da carga positiva gerada no intermediário durante a catálise (RANEY,
2010) (Esquema 1).
Esquema 1. Mecanismo catalítico geral de serina proteases. (Adaptado de RANEY, 2010).
21
Conforme previamente discutido, o vírus da dengue e o vírus da hepatite C
pertencem à mesma família viral, Flaviviridae. Por esse motivo, eles apresentam
uma enzima serina protease em comum, necessária para a replicação viral. Essa
enzima é responsável pelo processamento pós-traducional da região NS3/NS5 da
poliproteína viral, gerando os componentes necessários para a replicação de ambos
os vírus (LESCAR, 2008).
Para atingir a atividade proteolítica ótima, a serina protease do vírus da
dengue requer cofatores que são supridos pela proteína NS2B (LEUNG, 2001). O
cofator essencial para a ação proteolítica da NS3 do HCV é a NS4A. Esse cofator
apresenta alguns dos resíduos de aminoácidos hidrofóbicos, cuja função é ancorar o
complexo enzimático na membrana exterior do retículo endoplasmático (DE
FRANCESCO, 2007).
3.3.1 INIBIDORES DE SERINA PROTEASES
Como descrito anteriormente, até o momento não existe tratamento específico
para a dengue e, em relação à hepatite C, há uma urgência no desenvolvimento de
fármacos antivirais mais efetivos para o tratamento da doença. Portanto, a pesquisa
e desenvolvimento de medicamentos para essas doenças, tornaram-se uma questão
estratégica em saúde pública.
Uma das abordagens mais promissoras para uma terapia antiviral eficaz para
ambas as doenças é o desenvolvimento de moléculas inibidoras da serina protease
viral (NS3), a qual é um componente essencial para a maturação da poliproteína de
ambos os vírus (CHANPRAPAPH, 2005).
Considerando que o substrato natural das serina proteases virais discutidas é
uma poliproteína viral, um inibidor competitivo teoricamente ideal para esta enzima
deve ter estrutura química semelhante a uma proteína, a fim de que haja afinidade
pelo sítio catalítico da enzima.
Muito embora peptídeos naturais possuam características farmacodinâmicas
e farmacocinéticas que permitiriam seu uso terapêutico, este não é um fenômeno
comum para esta classe de compostos. Isto porque, a reduzida estabilidade
química, a baixa biodisponibilidade e a suscetibilidade frente a proteases os tornam
fracos candidatos para o uso terapêutico. Além disso, a alta flexibilidade
22
conformacional dos peptídeos naturais é um grande empecilho para utilização
terapêutica destes como inibidores enzimáticos, já que permite que estes assumam
estruturas tridimensionais de baixa afinidade pelo sítio catalítico da enzima
(FROKJAER, 2005).
3.3.2 PEPTIDEOMIMÉTICOS INIBIDORES DE SERINA PROTEASES
Uma estratégia para contornar essa limitação no uso de peptídeos naturais
consiste no desenvolvimento de compostos peptideomiméticos. Esses compostos
são estruturalmente semelhantes ao peptídeo natural, porém apresentam
modificações de modo a conferir menor flexibilidade conformacional, maior
seletividade por determinado sítio catalítico enzimático, o que diminui a
suscetibilidade frente às demais proteases (KHARB, 2011). Todavia, para que um
derivado peptídeomimético seja planejado é crucial compreender o papel
desempenhado pelos suas diversas subunidades estruturais (STEFANUCCI, 2011);
(VAGNER, 2008).
As cadeias laterais dos aminoácidos do ligante, por exemplo, encontram-se
fortemente associadas à afinidade pelo receptor. Essas interações ocorrem entre os
aminoácidos da cadeia lateral do ligante e os grupamentos de caráter complementar
na estrutura do receptor, através de interações tanto de natureza eletrostática,
quanto interações mais fortes, como ligações de hidrogênio, dipolo-dipolo e Van der
Waals (HRUBY, 1993).
Desta maneira, um peptideomimético pode ser obtido através da alteração do
esqueleto básico peptídico, constituído por ligações amídicas (peptídicas)
intercaladas por uma unidade metilênica ou metínica, desde que mantidas as
cadeias laterais nas posições adequadas para a interação com o receptor. A
alteração de ligações peptídicas por outras enzimática e quimicamente mais
estáveis confere maior resistência dos peptideomiméticos frente a proteases, o que
torna esta estratégia crucial para o planejamento de inibidores de proteases
(KHARB, 2011).
23
3.3.2.1 Peptideomiméticos inibidores da protease do DENV
Até o momento, poucas moléculas de natureza peptideomimética têm sido
descritas na literatura como inibidores da NS3 protease do vírus da dengue. Com
exceção da aprotinina (um antifibrinolítico natural), um inibidor padrão de serina
protease, que apresentou um IC50=65 nM contra serina protease recombinante do
DENV-2 (LEUNG, 2001). A protease do DENV tem preferência de clivagem em
resíduos dibásicos dos substratos, como por exemplo, Lis e/ou Arg. Dentre esse tipo
de substrato encontram-se várias classes de inibidores de serina protease, como as
-ceto-amidas, amidas, aldeídos e trifluorometilcetonas (GAO, 2010); (LESCAR,
2008); (YIN, 2006); (YANG, 2011).
Muitas estratégias têm sido utilizadas na busca por inibidores da NS2/NS3
protease do DENV com vários graus de êxito. Dentre elas podem ser citadas a
síntese racionalmente planejada de peptideomiméticos e ciclopeptídeos, screening
virtual baseado na estrutura, screening de produtos naturais, entre outras. Todavia,
apenas poucos inibidores estruturalmente pequenos e de natureza peptideomimética
são descritos (DENG, 2012); (YANG, 2011); (NOBLE, 2010).
Dentro da estratégia de síntese planejada de peptideomiméticos, o composto
do tipo aldeído 4 foi sintetizado por Yin e colaboradores, apresentando um Ki de
inibição igual a 5,8 M contra a NS3 protease do DENV-2, e mostrando ser um
inibidor reversível e competitivo. Com o intuito de encontrar novos inibidores, um
estudo de relação estrutura-atividade (SAR) foi realizado (YIN, 2006); (PARKINSON,
2010).
Como resultado dos estudos de SAR foi obtido o tripeptídeo 5, mais ativo,
mostrando um Ki=1,5 M. Dentro deste estudo, o composto 4 serviu como protótipo
para o desenvolvimento de novas estruturas de natureza peptideomiméticas e para
o entendimento das interações inibidor-enzima, as quais confirmaram a preferência
da enzima por resíduos básicos de Arg na porção terminal, especialmente na
posição P2.
Dentro da estratégia de screening virtual baseado na estrutura, Frecer e
Miertus (2010) realizaram um estudo de modelagem molecular, utilizando a estrutura
3D da NS2B/NS3pro do DENV e técnicas combinatórias para desenhar uma
biblioteca virtual de compostos peptideomiméticos. Nesse trabalho, mais de 9.000
24
compostos foram desenhados, tendo como protótipo o aldeído 4 e resíduos de
aminoácidos não naturais nas posições P1 à P4, os quais foram testados in silico.
O composto 6, foi considerado o mais promissor da busca virtual realizada,
apresentando um Ki cerca de 50 vezes menor (Kipre=0,1µM) do que o composto
modelo 4 e foi analisado em termos de interação enzima-inibidor e propriedades
físico-químicas relacionadas a absorção, distribuição, metabolismo e excreção
(ADME).
Figura 14. Estrutura química dos compostos 4,5 e 6.
Apesar de alguns inibidores já terem sido descritos na literatura com valores
de IC50 em uma faixa menor que micromolar, as indesejadas características físico-
químicas e alta toxicidade dos mesmos não permitiram posterior desenvolvimento.
25
Assim, uma inibição seletiva da protease do DENV ainda não foi obtida e até o
momento compostos para ensaios clínicos ainda não estão disponíveis.
3.3.2.2 Peptideomiméticos inibidores da protease do HCV
A serina protease NS3/4A do HCV tem sido alvo de intensos estudos para a
descoberta de inibidores seletivos e potentes para a terapia de pacientes com
hepatite C, desde a sua identificação, em 1993.
Proteases virais podem ser excelentes alvos para o desenho de novos
fármacos baseados na estrutura química, vide o sucesso do desenvolvimento de
inibidores da HIV protease.
Todavia, em se tratando da serina protease do HCV, a busca por estruturas
químicas, potentes candidatas a um novo fármaco, bioativas por via oral, têm sido
parcialmente dificultada pelo fato do sítio da ligação ao substrato ser razoavelmente
plano e marcadamente hidrofóbico. Apesar disso, significantes progressos têm sido
feitos nos últimos anos para a identificação de novos inibidores da serina protease
NS3/4A (FROKJAER, 2005).
Os inibidores da protease do HCV podem ser divididos em covalentes e não
covalentes. Dentro dessa classificação eles podem ainda estar subdividos em
lineares ou macrocíclicos.
3.3.2.2.1 Inibidores não covalentes
a) Inibidores peptídicos lineares
Inicialmente, as buscas por um potente inibidor de HCV protease utilizaram a
estratégia de planejamento de fármacos baseada na estrutura. Essa estratégia
considerava a significante inibição da enzima pelos produtos peptídicos N-terminal,
que são liberados da clivagem enzimática de vários substratos.
Dessa forma, diversos inibidores foram obtidos, como o hexapeptídeo 7, que
apresentou um Ki=0,04 µM. Partindo desse composto, compostos menores e menos
carregados foram desenvolvidos, tal como o composto tripeptídico 8, que apresentou
um Ki=0,6 µM (CHEN, 2009).
26
Figura 15. Estrutura química dos compostos 7 e 8.
b) Inibidores peptídicos macrocíclicos
Na tentativa de melhoramento do perfil farmacocinético dos inibidores
peptídicos, vários métodos de despeptidização têm sido utilizados, tais como, o uso
de aminoácidos não-naturais, uso de isósteros peptídicos e a macrociclização. Além
de serem menos susceptíveis à hidrólise por protease, os macrocíclicos, com
estrutura e tamanho de anéis apropriados, podem se ligar mais fortemente a uma
enzima de uma maneira rígida e pré-organizada (TYNDALL, 2001).
Análises da estrutura de raios-X da enzima NS3 protease demonstrou que as
porções S1 e S3 têm localização bem próxima. Dessa forma, vários inibidores
macrocíclicos foram obtidos através da ciclização dos resíduos P1 e P3, os quais
apresentaram bons perfis pré-clínicos que os levaram aos testes clínicos. O
ciluprevir (9) (BILN 2061 - Boehringer Ingelheim), um macrocíclo de 15 membros, foi
o primeiro composto inibidor de protease do HCV avaliado em testes clínicos. Os
primeiros resultados obtidos foram promissores, já que o composto proporcionou um
rápido declínio da carga viral plasmática em todos os pacientes com HCV genótipo
tipo 1 tratados. Porém, resultados posteriores apresentaram certa toxicidade
cardíaca em altas doses (LAMARRE, 2003). Adicionalmente, em testes in vitro, o
composto apresentou eficácia reduzida contra os genótipos 2 e 3, sendo, dessa
forma, retirado do estudo (NAGGIE, 2010). Entretanto, apesar dos resultados
clínicos desfavoráveis, estudos da relação estrutura-atividade (SAR) mostraram que
a presença do aminoácido com cadeia ciclopropilvinila em P1 apresentou o melhor
encaixe com a superfície da enzima, o que passou a ser um elemento fundamental
na estrutura de inibidores análogos posteriormente relatados.
27
3.3.2.2.2 Inibidores covalentes
a) Inibidores macrocíclicos
Muitos inibidores macrocíclicos têm sido descritos pela Schering-Plough.
Nesses compostos, a cadeia lateral P2 foi ciclizada com o grupamento da
extremidade P3, originando os chamados macrocíclicos P2-P3, bem como aqueles
denominados P1-P3. Os compostos 10 e 11, macrocíclicos P2-P3, se mostraram
menos potentes nos testes celulares com replicon, apesar de elevada potência em
testes enzimáticos. Já o composto 12, um macrocíclico P1-P3, apresentou melhor
perfil de atividade no replicon celular (CHEN, 2006); (CHEN, 2008).
Figura 16. Estrutura química dos compostos 9.
Figura 17. Estrutura química dos compostos 10, 11 e 12.
28
b) Inibidores lineares
Na classe de inibidores covalentes lineares, destacam-se os compostos do
tipo ácido borônico/boronatos e os derivados do tipo α-cetoamidas, cujas funções
têm sido estudadas como eletrófilos que, possivelmente, poderiam interagir com a
hidroxila nucleofílica da serina do sítio ativo. Alguns exemplos do primeiro tipo
desenvolvidos pela Schering-Plough são os compostos 13 e 14 (VENKATRAMAN,
2009).
Figura 18. Estrutura química dos compostos 13 e 14.
Dentro da classe das α-cetoamidas têm-se o telaprevir (3) e o boceprevir (2),
(apresentados no item 1.2.4), ambos já empregados como um terceiro fármaco no
tratamento de pacientes com hepatite C crônica (infectados com o genótipo 1), junto
com o interferon peguilado e a ribavirina, visando a obtenção de maior resposta
terapêutica, conforme previamente discutido.
Muitos outros compostos inibidores da protease NS3/4A estão em diferentes
fases de testes clínicos, o que aumentará consideravelmente as opções de
tratamento em um futuro próximo.Sabendo que o verdadeiro sucesso de uma terapia
anti-HCV consistirá em uma terapia capaz de inibir todas as variantes virais e
prevenir a emergência de cepas mutantes. Talvez a combinação de diversos
agentes antivirais, em que cada um atinja diferentes alvos no ciclo replicativo viral,
seja necessário para controlar a infecção e o aparecimento da resistência.
3.4 DERIVADOS DO ISOMANÍDEO
Considerando que a incorporação de aminoácidos com ângulos corretos de
torção pode ser fundamental para a atividade e seletividade, muitos esforços têm
29
sido feitos no sentido de desenvolver estratégias de planejamento e síntese de
moléculas peptídicas e peptideomiméticas com conformações específicas, tais
como, α-hélice, folhas β ou estendida.
Atualmente, observa-se um maior enfoque voltado para o planejamento,
síntese e utilização de aminoácidos conformacionalmente restritos, para a
incorporação dos mesmos nas estruturas de inibidores enzimáticos
peptideomiméticos (TRABOCCHI, 2008).
Em resposta a essa demanda, nosso grupo de pesquisa decidiu, então, pelo
estudo e utilização do composto 1,4:3,6-dianidro-D-manitol, também denominado
isomanídeo (15), como cerne estrutural para o desenvolvimento de potenciais
inibidores da serina protease viral.
O composto 15 é um carboidrato, obtido industrialmente pela desidratação do
D-manitol e comercialmente disponível. A estrutura simétrica do composto do tipo
C2, bicíclica, apresentando duas hidroxilas na posição endo, o torna um cerne
estrutural atrativo para aplicações sintéticas, além do fato de ser um reagente de
baixo custo (FAUCONIER, 1882) (FAUCONIER, 1884); (WIGGINS, 1945).
O isomanídeo e seus derivados já vêm sendo utilizados por vários grupos de
pesquisa, como catalisadores de transferência de fases em síntese assimétrica,
como ligantes e auxiliares quirais, na síntese de líquidos iônicos quirais, bem como
produtos de partida para a síntese de compostos de interesse farmacêutico (MURI,
2010); (CARCEDO, 2004); (LOUPY, 1996).
Figura 19. Estrutura química do isomanídeo.
A escolha do isomanídeo como cerne estrutural ocorreu por conta de sua
estrutura de éter bicícico, conformacionalmente restrita do tipo em “U” e de
30
estereoquímica definida, além do fato de apresentar simetria C2. Essas
características estruturais poderiam mimetizar uma estrutura natural do tipo folha β
presente em determinado alvo molecular. (HANESSIAN, 2008). Uma inversão de
configuração em um dos grupamentos hidroxila levaria a uma manipulação estrutural
relativamente fácil é muito importante no planejamento de novos compostos, em
particular de derivados peptideomiméticos. A idéia do planejamento de compostos
do tipo éter cíclico surgiu da observação de vários compostos bioativos com esse
padrão estrutural, tal como o darunavir (16), um inibidor da protease do HIV, além de
produtos naturais como o antibiótico monensina (17) e o antagonista do fator de
ativação plaquetária, o ginkgolídeo B (18). Esses compostos não sofrem de
problemas de biodisponibilidade oral (GHOSH, 2008).
Figura 20. Estrutura química dos compostos 16, 17 e 18.
Algumas séries de compostos desenvolvidas pelo nosso grupo de pesquisas,
utilizando o isomanídeo como produto de partida para síntese de compostos
peptideomiméticos com potencial de inibição da serina protease dos vírus DENV e
HCV, são mostradas no Esquema 2 (MURI, 2004); (MURI, 2005).
Dentre os trabalhos mais relevantes destacamos as séries 19 e 20, derivadas
do isomanídeo e de diferentes oxazolonas (em vermelho). Esses compostos foram
testados em um ensaio baseado em células do replicon de HCV, no qual o composto
3,4-metilenodioxi 19a (Figura 21) foi o mais ativo com um EC50% igual a 20 μM, mas
infelizmente o mesmo também foi o mais citotóxico com um CC50% = 20 μM. Dentre
os compostos da série 20, destacou-se o composto 20a (Figura 21) com um EC50%
na faixa de 35 μM (BARROS, 2009); (BARROS, 2010).
31
Em outro trabalho, Barros e colaboradores (2012) sintetizaram séries de
novos ésteres e amidas 25 e 26, respectivamente, provenientes do acoplamento da
amina derivada de 15 com diferentes aminoácidos protegidos. A avaliação biológica
destes derivados mostrou uma atividade de 45% de inibição enzimática para o
composto 100 µM do composto 26a (Figura 21), um derivado amida com cadeia
lateral N-Boc-N-di-CBz-L-Arg. Esse composto foi submetido a estudos de docking
molecular no sítio ativo na enzima NS3/4A, os quais mostraram sua localização na
fenda hidrofóbica S1, onde há interação entre o resíduo de arginina com os resíduos
enzimáticos Ile132, Leu135, Lis136, Gli137, Ser139 e Phe154. Além disso,
observou-se a existência de seis ligações hidrogênio, sendo duas entre o anel
isomanídeo e a enzima, e quatro entre o resíduo arginina e os aminoácidos
enzimáticos His57 e Arg155. Ki = 45% (100 µM do composto).
Esquema 2. Compostos desenvolvidos pelo grupo contendo o cerne derivado do isomanídeo.
(Adaptado de MURI, 2014)
32
Abrahim-Vieira e colaboradores (2014) desenvolveram a síntese de novos
peptideomiméticos, provenientes de 15, incorporando o cerne do ácido tartárico (em
verde) acoplado com diversos aminoésteres (Série 22, Esquema 2). Após ensaios
biológicos desta série, o composto 22a (Figura 21), derivado do ácido D-tartárico e o
aminoéster da valina, apresentou o melhor perfil de inibição frente NS3/4A do HCV,
com IC50 na faixa de 70 μM.
Ainda tendo em mente a substituição de ligações peptídicas por subunidades
isostéricas não hidrolisáveis, Zorzanelli e colaboradores (2013) apresentaram uma
rota inédita para a síntese de novos compostos portadores do cerne estatina (Série
21, Esquema 2, em lilás). Estes compostos encontram-se ainda em fase de
avaliação biológica.
Figura 21. Compostos com melhor perfil de atividade biológica desenvolvidos pelo
grupo.
3.5 DERIVADOS DO ISOSORBÍDEO
O 1,4:3,6-dianidro-D-glucitol, também denominado isosorbídeo (27), assim
como o isomanídeo, é um carboidrato, disponível comercialmente e obtido
33
industrialmente pela desidratação do D-sorbitol. Ele é composto de dois anéis
tetraidrofuranos fundidos em cis, apresentando uma estrutura em forma de cunha
com uma hidroxila na posição C-5-endo e outra em C-2-exo (KAGAN, 1992).
Figura 22. Estrutura química do composto 27.
A importância do isosorbídeo (27) como bloco de construção quiral tem
aumentado devido a sua configuração absoluta e a presença de duas hidroxilas com
configurações e reatividades diferentes, por conta da ausência do elemento de
simetria presente no isomanídeo. O isosorbídeo, assim como o isomanídeo, vem
sendo bastante explorado em diferentes áreas químico-farmacêuticas. Dentre elas
destaca-se a área da química de polímeros e síntese de poliésteres, policarbonatos
e poliamidas quirais derivados de 27 (MEDIMAGHA, 2013); (RISTIĆ, 2012);
(CHANG, 2014).
O composto 27 também vem sendo bastante utilizado na síntese de líquidos
iônicos quirais, os quais são utilizados em diversas reações químicas, como por
exemplo, em reações assimétricas de aza Diels-Alder (BUU, 2009).
Na área farmacêutica, 27 é amplamente usado na sua forma éster de
dinitrato, como vasodilatador na angina de peito e outras patologias associadas
(BRUNTON, 2012). O dinitrato de isosorbídeo é comercializado nos EUA sob o
nome comercial de Dilatrate-SR® e Isordil®.
34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os compostos peptideomiméticos das séries 28 e 29, objetivados neste
trabalho, foram planejados para serem sintetizados a partir de 27. As séries de
compostos 20 e 26 foram escolhidas como séries protótipos, pois apresentaram
compostos derivados do isomanídeo com melhor perfil de inibição enzimática
(Esquema 3).
A modificação estrutural nas séries de compostos protótipos 20 e 26,
respectivamente, envolveu a mudança da esteroquímica do carbono 2, de endo para
exo. As cadeias laterais provenientes da abertura de oxazolonas e do acoplamento
com aminoácidos protegidos, foram mantidas nas séries 28 e 29 (Esquema 3).
Esquema 3. Modificação estrutural para o planejamento das séries 28 e 29.
35
A partir de resultados preliminares positivos, o composto 28a foi considerado
protótipo para a síntese da série de compostos 42 (Esquema 4).
Esquema 4. Modificação estrutural para o planejamento da série 42.
4.1 ESTRATÉGIA SINTÉTICA
A estratégia sintética empregada na primeira fase de obtenção dos
compostos peptideomiméticos 28a-c, 29a-g e 42a-e é mostrada no Esquema 5. Na
primeira etapa de obtenção dos intermediários-chave O-benzilados, o composto 27
sofre uma reação de tosilação seletiva, se convertendo no composto 31. O
composto 31 é, então, submetido a reações de benzilação com cloreto de benzila e
cloreto de 4-metoxibenzila, levando aos produtos 32 e 45, respectivamente. Na
sequência, ambos os produtos formados sofrem uma reação de substituição
nucleofílica com inversão de configuração, com azida de sódio, originando os
produtos 33 e 46. Por fim, os compostos 33 e 46 sofrem reação de redução da
função azida, formando os intermediários-chave 34 e 47.
O intermediário-chave 34 é crucial para obtenção da série de compostos
peptiodemiméticos 28a-c, através da exploração da reação de Erlenmeyer de
abertura de oxazolonas, além da série 29a-g, através da exploração de reações com
aminoácidos protegidos. Entretanto, para a obtenção da série 42a-e, foram utilizados
o intermediários 34, na obtenção dos compostos 42a-d e o intermediário 47, na
obtenção do composto 47e. Todos os compostos da série 42a-e foram obtidos
através da exploração da reação de Erlenmeyer de abertura de oxazolonas, assim
como os compostos da série 28a-c (Esquema 6).
36
Esquema 5. Estratégia sintética para obtenção dos intermediários-chave 34 e 47.
Esquema 6. Estratégia sintética para obtenção das séries 28a-c, 29a-g e 42a-e.
37
4.2 PREPARAÇÃO DO INTERMEDIÁRIO-CHAVE: AMINA O-BENZILADA 34
Explorando a diferença de reatividades entre as duas hidroxilas, nas posições
2-exo e 5-endo, do isosorbídeo (27) (TAMION, 1993); (BUCK, 1966), a primeira
etapa da síntese do intermediário-chave, a amina O-benzilada 34, consistiu na
tosilação seletiva da hidroxila C-5-endo. A reação foi realizada usando cloreto p-
toluenossulfonila e piridina e o produto desejado 31 foi purificado por coluna
cromatográfica em gel de sílica (eluente: hexano e acetato de etila, em polaridade
crescente) sendo obtido em 40% de rendimento. Apesar do baixo rendimento
encontrado, o mesmo está de acordo com a literatura (LEMIEUX, 1960);
(BACHMANN, 1998). Nesta etapa de tosilação, apesar da metodologia utilizada
favorecer a formação do produto endo-tosilado 31 em maior rendimento, foram
obtidos como produtos minoritários o produto tosilado na hidroxila C-2-exo (9%) 30a
e o produto di-tosilado 30b (2%) (Esquema 7) (KUROCHKINA, 2004).
A maior reatividade da hidroxila 5-endo em relação a 2-exo frente a reações
de esterificação pode ser atribuída à ligação de hidrogênio formada por esse grupo
com o oxigênio do biciclo vizinho (ver Figura 22 mostrada no item 3.5, pág 33).
Desta forma, o oxigênio da 5-OH endo estaria com um caráter nucleofílico mais
acentuado para atacar o enxofre do TsCl, com posterior saída do átomo de cloro.
Posteriormente o hidrogênio da hidroxila seria abstraído pela base do meio reacional
(GOODWIN, 1980).
Esquema 7. Reação de tosilação do isosorbídeo.
O composto 31 foi caracterizado espectroscopicamente por RMN e IV e está
de acordo com a literatura. O espectro de RMN 1H, apresentou dois dupletos em
7,84 ppm e 7,36 ppm relativos aos hidrogênios do anel aromático, bem como um
sinal simples em 2,45 ppm relativo aos hidrogênios do grupamento metila. No
38
espectro de IV destaca-se a banda em 1360 cm-1 referente ao estiramento da
ligação S=O do grupo sulfônico do grupamento tosila.
Apesar da semelhança estrutural, os compostos 30 e 31 foram diferenciados
entre si tanto pela avaliação de suas características físico-químicas, quanto pela
análise dos espectros de RMN 1H. O composto 30 foi obtido como um sólido branco
(p.f.110ºC) e 31 como um óleo incolor, o que está de acordo com dados encontrados
na literatura (KUROCHKINA, 2004).
Além disso, o espectro de RMN1H de 30 apresentou os sinais em 3,49 (dd,
1H/H3a, J = 5,9Hz); 3,85-3,82 (m, 1H/H3b); 4,29-4,27 (m, 1H/H2); 4,93 (d, 1H/H5, J
= 3,2Hz) com boa correspondência ao encontrados na literatura (3,51; 3,85; 4,28;
4,94 ppm) para os mesmos hidrogênios respectivamente. Paralelamente, o espectro
de RMN1H de 31 apresentou os sinais em 3,88 ppm (m, 2H/H6a,H6b); 4,30 ppm (sl,
1H/H5); 4,89 (ddd, 1H/H2, J =1,2; 6,3Hz) também de acordo aos sinais encontrados
na literatura (3,91; 4,30; 4,89 ppm) para os mesmos hidrogênios, respectivamente.
O tratamento de 31 com o cloreto de benzila, em meio alcalino, na presença
de brometo de tetra-n-butilamônio (TBAB) como catalisador de transferência de
fases, forneceu o composto benzilado na hidroxila exo 32, como um óleo amarelo,
em 95% de rendimento, após purificação por coluna cromatográfica em sílica gel
(eluente: hexano e acetato de etila, em gradiente de polaridade crescente)
(Esquema 8) (LOUPY, 1996).
Esquema 8. Síntese do intermediário benzilado 32.
O espectro de RMN 1H de 32 apresentou principalmente um sinal duplo em
7,82 ppm e um sinal múltiplo em 7,36-7,27 ppm correspondentes aos 9 hidrogênios
39
aromáticos, além de um singleto em 4,53 ppm, atribuído aos hidrogênios
diastereotópicos do grupo -CH2 da posição benzílica.
Na sequência, o composto 32 sofreu uma reação de substituição nucleofílica
com azida de sódio em líquido iônico tetrafluoroborato de N-benzil-N-metil-imidazol
([bmim]+BF4-) como solvente, por 12h a 110ºC originando a azida 33. O produto bruto
foi purificado por coluna cromatográfica em gel de sílica (eluente: hexano e acetato
de etila, em polaridade crescente), fornecendo um óleo incolor em 70% de
rendimento (Esquema 9) (LOUPY, 2002).
É importante destacar que na tentativa de obtenção de 33, uma metodologia,
que adota DMSO como solvente foi utilizada, todavia não foram obtidos resultados
satisfatórios (TAMION, 1993).
Esquema 9. Síntese da azida 33.
Esta reação de substituição nucleofílica (SN2) ocorre com inversão da
estereoquímica da posição C-5. Isso se deve ao fato do nucleófilo (N3-) se aproximar
da molécula pelo lado oposto ao grupo de saída (TsO-). Dessa forma a
estereoquímica de C-5 muda de endo para exo (MCMURRY, 2006).
A azida 33 foi caracterizada espectroscopicamente onde se verificou no
espectro de RMN1H, a mudança de multiplicidades dos sinais de H-5: em 32 o sinal
de H5 em 4,85 ppm é um duplo duplo duplete (ddd, J = 1,5 e 6,6 ppm), enquanto
que para 33, o hidrogênio H-5 mostrou-se como um sinal duplo em 4,08 ppm. Além
disso, nota-se o desaparecimento dos sinais característicos ao grupo tosila: o sinal
dos hidrogênios da metila (simpleto em 2,44 ppm) e os sinais duplos dos hidrogênios
do anel aromático (7,84 e 7,36 ppm). No espectro de IV observa-se o
desaparecimento da banda em 1360 cm-1 (estiramento da ligação S=O) e o
aparecimento do sinal em 2100 cm-1, característico de grupamento azida (N3).
40
Apesar da necessidade de sintetizá-lo, o emprego do líquido iônico
[bmim]+BF4- apresenta muitas vantagens em relação aos solventes orgânicos, uma
vez que não possuem pressão de vapor mensurável à temperatura ambiente, e
mesmo a temperaturas bastante elevadas degradam apenas acima de 400°C,
podendo ser usados em vácuo sem que haja perda de solvente. Além disso, são
reutilizáveis (CHIAPPE, 2003).
A obtenção do líquido iônico foi possível pela reação do N-metil-imidazol 35
com o bromobutano, formando o [bmim]+Br- 36 (um sal de amônio quaternário), que
por troca iônica com NaBF4 deu origem ao produto [bmim]+BF4- 37. O líquido iônico
foi purificado por coluna cromatográfica em sílica gel, utilizando diclorometano como
eluente, e obtendo o produto puro como um óleo levemente amarelado em 83% de
rendimento (Esquema 10) (LANCASTER, 2002).
Esquema 10. Obtenção do líquido iônico [bmim]+BF4.
A redução da função azida de 33 foi efetuada por reação de hidrogenação
catalítica, empregando-se Pd/C 5% como catalisador, etanol absoluto como
solvente, a temperatura ambiente e a uma pressão de 40 psi por 4 horas, formando
a amina 34, em rendimento quantitativo (Esquema 11) (BACHMANN, 2004)
(LOUPY, 2002). O produto foi caracterizado por RMN e IV, onde nesse último ficou
evidenciado o desaparecimento da banda em 2100 cm-1 referente ao estiramento da
função azida e o aparecimento de uma pequena banda em 3371 cm-1 referente ao
grupo amina. Cabe mencionar que a metodologia utilizada seria, teoricamente,
capaz de retirar o grupamento benzila do composto 33. Todavia, trabalhos anteriores
do grupo mostraram que essa desproteção não ocorre na prática, por razões a
serem ainda elucidadas (BARROS, 2009), (BARROS, 2010), (BARROS 2012).
41
Esquema 11. Síntese da amina 34.
4.3 PREPARAÇÃO DA SÉRIE DE PRODUTOS FINAIS 28a-c
4.3.1 SÍNTESE DOS REAGENTES OXAZOLÔNICOS 38a-c PARA OBTENÇÃO DE
28a-c
Para a síntese das oxazolonas 38a-c, inicialmente foi realizada a obtenção da
N-benzoilglicina (41) através da reação da glicina (39) com cloreto de benzoíla (40),
em solução aquosa de NaOH. Após o término da adição do cloreto de benzoíla, a
reação foi neutralizada com HCl concentrado e o precipitado formado foi filtrado e
lavado com água gelada. O produto suficientemente puro foi obtido como um sólido
branco (p.f. 188 °C / p.f. literatura 188-189 °C) em 95% de rendimento (Esquema
12) (MESAIK, 2004).
Esquema 12. Obtenção da N-benzoilglicina (41).
Pode-se destacar no espectro de RMN1H do composto 41 sinais multipletos
na região de aromáticos (8,80-8,75 ppm e 8,50-8,30 ppm) referentes aos 5
hidrogênios aromáticos da molécula, além de um sinal simpleto referente aos
hidrogênios do –CH2 em 5,0 ppm.
42
No espectro de IV destaca-se a banda em 3073 cm-1 referente ao estiramento
da ligação N-H do grupo amida.
Após a obtenção da N-benzoilglicina (41), partiu-se para a obtenção das
oxazolonas (também conhecidas como azalactonas). A reação de Erlenmeyer é o
método mais utilizado para a preparação desses compostos, pois apresenta
vantagens como: pequeno número de etapas, reagentes de baixo custo e de fácil
acesso. Esse método consiste no aquecimento de aldeídos aromáticos (R-CHO)
com a N-benzoilglicina (41), na presença de anidrido acético e acetato de sódio,
gerando exclusivamente o isômero Z, termodinamicamente mais estável. Dessa
forma, 41 reagiu, respectivamente, com os aldeídos: tiofeno 2-carbaldeído, 3,4-
metilenodioxibenzaldeído e benzaldeído gerando os compostos 38a-c, em
rendimento de 60-70% (Esquema 13) (MESAIK, 2004).
Esquema 13. Síntese das oxazolonas 38a-c.
Os compostos 38a-c foram caracterizados espectroscopicamente por RMN e
I.V, e estão de acordo com as análises já descritas por nosso grupo de pesquisa
(BARROS, 2009).
Nos espectros de RMN 1H, os compostos 38a-c apresentaram sinais relativos
aos hidrogênios vinílicos na região de 6,8-7,2 ppm. No espectro de IV é possível
verificar a presença de bandas na região de 1780-1790 cm-1 e 1650 cm-1
características dos grupos C=O de lactona e C=N, respectivamente. Além disso, é
possível observar o desaparecimento das bandas em 1600 cm-1 e 3341 cm-1,
referentes, aos estiramentos das ligações N-H do grupo amida e O-H do grupo ácido
carboxílico, respectivamente, presentes da N-benzoilglicina (41).
43
4.3.2 SÍNTESE DOS PRODUTOS FINAIS 28a-c
A etapa final para a síntese dos compostos 28a-c consistiu em uma reação de
abertura de anel das oxazolonas substituídas 38a-c com a amina O-benzilada 34,
em acetato de etila e refluxo. Após o tempo necessário de cada reação, esta foi
resfriada a temperatura ambiente e o produto precipitado foi filtrado e seco. Os
produtos foram purificados por coluna cromatográfica em gel de sílica (eluente:
hexano e acetato de etila, em gradiente de polaridade crescente), e obtidos com 35-
79% de rendimento (Esquema 14) (BARROS, 2009).
Esquema 14. Síntese dos produtos finais 28a-c.
As estruturas dos compostos 28a-c foram completamente caracterizadas e na
Tabela 3 são mostrados os dados mais relevantes.
44
Tabela 3. Caracterização dos compostos finais 28a-c.
Nº X Aspecto p.f. (ºC)
Rendimento (%)
RMN1H (ppm) IV (cm-1)
28a
Sólido branco
180-181
35 6,80 (H-vinílico); 8,11
(H-arom. vizinho ao S)
3226, 3061 (N-H); 2924 (C-Harom.); 1653; 1639
(C=O amida)
28b
Sólido branco
173-174
42 6,91 (H-vinílico); 5,99
(-CH2 metilenodioxi)
3240 (N-H); 1642, 1650
(C=O amida)
28c
Sólido branco
160-161
79 6,92 (H-vinílico); 7,55-
6,92 (H- arom.)
3234, 3424 (N-H); 2869 (C-Harom.); 1642, 1629
(C=O amida)
Os procedimentos de obtenção de 28a e 28b foram realizados apenas uma
vez, enquanto que a reação de obtenção de 28c duas vezes, com a primeira
tentativa proporcionando um rendimento de cerca de 40%. Este fato pode explicar a
discrepância nos rendimentos obtidos para os três produtos, já que no caso de 28c
houve aperfeiçoamento da técnica de obtenção e purificação.
4.4 PREPARAÇÃO DA SÉRIE DE PRODUTOS FINAIS 29a-g
Para a síntese da série de produtos finais 29a-g, a amina O-benzilada 34
reagiu com diversos aminoácidos N-protegidos, obtidos de fonte comercial, pela
reação de acoplamento e formação de ligação peptídica usando o sistema
DCC/DMAP. Entre os reagentes de reação de acoplamento e formação de ligação
45
peptídica, a N,N '-dicicloexilcarbodiimida (DCC) é bastante utilizada por apresentar
uma boa atividade desidratante e por ser razoavelmente barato (BARROS, 2012);
(HAN, 2004).
O mecanismo da reação de acoplamento com o sistema DCC/DMAP é, de
maneira geral, possível pela formação de um anidrido simétrico. Esse anidrido é
formado pela reação de dois equivalentes do substrato ácido carboxílico com um
equivalente de DCC. Inicialmente, ocorre a desprotonação do ácido carboxílico por
um dos nitrogênios do DCC. O nucleófilo formado ataca o carbono central do DCC
com movimentação de uma ligação dupla para o nitrogênio carregado positivamente,
formando uma O-acil-isouréia. Esta é ativada pela protonação do nitrogênio da
imina. O substituinte uréia protonada resultante se torna um excelente grupo de
saída. O intermediário O-acil-isouréia é atacado pelo íon carboxilato formando o
anidrido simétrico e a dicicloexiluréia (DCU), a qual é separada do meio por filtração
ou por cromatografia por coluna “flash” em gel de sílica (Esquema 15)
(MONTALBETTI, 2005).
Esquema 15. Mecanismo de formação do anidrido carboxílico por reação com DCC.
(MONTALBETTI, 2005).
46
Após a formação do anidrido carboxílico, esse reage com a amina formando a
ligação peptídica catalisada pela 4-dimetilaminopiridina (DMAP). Com a formação do
peptídeo, um equivalente do ácido carboxílico da reação é restituído (Esquema 16)
(MONTALBETTI, 2005).
Esquema 16. Reação de formação da ligação peptídica entre o anidrido carboxílico e a amina.
(MONTALBETTI, 2005).
Os produtos finais peptideomiméticos 29a-g, provenientes da reação de
acoplamento e formação da ligação peptídica entre amina O-benzilada 34 e os
aminoácidos N-protegidos, empregando o sistema DCC/ DMAP, são apresentados
na Tabela 4.
O acoplamento da amina 34 com a N-Boc-L-Prolina (reagente comercial)
empregando-se o sistema DCC/DMAP forneceu o peptideomimético 29a, como um
óleo amarelado em 50% de rendimento, após purificação por coluna cromatográfica
em sílica gel (hexano e acetato de etila, em gradiente de polaridade crescente).
Cabe ressaltar que os compostos 29a-g foram obtidos com rendimentos similares
aos seus respectivos protótipos, os quais são derivados do isomanídeo (BARROS,
2012).
Na análise do espectro de RMN1H de 29a destacam-se os seguintes sinais
referentes à incorporação da porção N-Boc-Prolina: sinal largo em 4,05 ppm
atribuído a H-13, sinal múltiplo em 3,49-3,39 ppm referente a H-16, dois sinais largos
em 1,86 ppm e 1,64 ppm atribuídos a H-14 e H-15, além do sinal simples em 1,46
ppm, referente aos hidrogênios metílicos do grupo terc-butila. No espectro de IV do
composto foi observada uma banda em 1694 cm-1, referente aos estiramentos das
carbonila de carbamato (Figura 23). No espectro de RMN13C de 29a, observa-se o
aparecimento dos sinais referentes à carbonila do carbamato em 155,0 ppm e à
carbonila amídica em 171,6 ppm.
47
Tabela 4. Síntese e características físicas dos peptideomiméticos 29a-g.
Produto Aminoácido
N-protegido X Rendimento
(%) Aspecto/p.f.
(ºC)
29a
N-Boc-L-Pro
50
óleo incolor
29b
N-Boc-L-Treo
50
sólido
amarelo/128
-130
29c
N-Boc-L-Met
60
sólido
branco/106-
107
29d
N-Boc-O-Benzil-
L-Ser
64
sólido
branco/135-
136
29e
N-Boc-N-Cbz-L-
Lis
65
óleo
amarelo
29f
N-Boc-L-Trp
70
sólido
branco/74-
75
29g
N-Boc-N-di-Cbz-
L-Arg
70
sólido
branco/115-
116
48
Figura 23. Sinais e bandas características do composto 29a nos espectros de
RMN1H e IV.
Os demais compostos da série foram completamente caracterizados e seus
assinalamentos espectroscópicos estão de acordo com os compostos protótipos
descritos por Barros e colaboradores (BARROS, 2012).
Os dez compostos finais das séries 28a-c e 29a-g, foram testados
biologicamente para avaliação de suas atividades inibitórias da enzima NS3
protease do vírus DENV-2 e do HCV. Os resultados dos testes são detalhadamente
descritos na seção 4.6. No momento é importante ressaltar que o composto 28a
apresentou-se como o mais ativo no teste de inibição da enzima NS3/4A do HCV-1b.
A partir dessa triagem biológica preliminar e dos estudos de modelagem
molecular (ver item 4.7, pagina 61) foi proposta a síntese de uma nova série de
compostos, 42a-e, tendo 28a como protótipo.
Os novos compostos 42a-e foram planejados a partir de modificações em
determinados grupamentos do protótipo 28a (Figura 24). A partir do conceito de
bioisosterismo clássico de anéis, o tiofeno foi substituído pelo anel furano,
resultando assim no composto 42b (em azul). Além disso, o anel tiofênico foi
substituído pelos anéis 2-benzotiofeno e 3-metiltiofeno (em azul), no intuito de inserir
grupamentos mais lipofílicos na molécula, resultando assim nos compostos 42a e
42c, respectivamente. Ainda com esse intuito, foi introduzido um grupamento metóxi
49
no anel benzênico da subunidade benzílica da molécula (em roxo), dando origem a
42e e um halogênio (-Cl) no anel benzênico da cadeia lateral (em vermelho),
formando o composto 42d (THOMAS, 2003); (BARREIRO, 2008).
Figura 24. Planejamento estrutural da série de compostos 42a-e.
4.5 PREPARAÇÃO DA NOVA SÉRIE DE PRODUTOS FINAIS 42a-e
Para a síntese dessa nova série foi necessário preparar quatro oxazolonas
38d-g, de acordo com a mesma metodologia de Erlenmeyer utilizada para a síntese
das oxazolonas 38a-c, descritas anteriormente no Esquema 13. A síntese das
oxazolonas 38d-f está demonstrada no Esquema 17.
Esquema 17: Síntese das oxazolonas 38d-f.
50
As oxazolonas 38d-f foram caracterizadas espectroscopicamente por RMN1H
e IV, os quais estão de acordo com a literatura (BARROS, 2009). Nos espectros de
RMN1H, os compostos 38d-f apresentaram sinais relativos aos hidrogênios vinílicos
na região de 6,6-7,3 ppm. Cabe ressaltar que o composto 38f difere da oxazolona
protótipo 38a pela presença de um grupo metila na posição 3 do anel tiofênico, o
qual foi evidenciado pelo aparecimento do sinal em 2,47 ppm (s, 3H) no seu
espectro de RMN1H. Além disso, no espectro de IV é possível verificar o
desaparecimento das bandas em 1600 e 3341 cm-1, referentes, respectivamente,
aos estiramentos das ligações N-H do grupo amida e O-H do grupo ácido carboxílico
da N-benzoilglicina (41). Também observam-se bandas de absorção da carbonila de
lactona em 1786, 1789 e 1784 cm-1 para os compostos 38d-f, respectivamente.
As três oxazolonas foram obtidas como sólidos amarelos (p.f. 216-218, 169-
171 e 165-166ºC), em 64, 55 e 60% de rendimentos, respectivamente.
Diferentemente das oxazolonas 38d-f, as quais apresentaram modificações
no anel tiofênico, a oxazolona 38g apresenta um átomo de cloro na posição 4 do
anel benzênico da N-benzoilglicina (41). Objetivando a síntese de 38g, inicialmente
foi realizada a obtenção do composto p-cloro-N-benzoilglicina (43), realizada através
da reação da glicina (39) com cloreto de p-clorobenzoíla (44), em solução aquosa de
NaOH. Após o término da adição do cloreto de p-clorobenzoíla, a reação foi
neutralizada com HCl concentrado e o precipitado formado foi filtrado e lavado com
água gelada. O produto foi obtido suficientemente puro como um sólido branco (p.f.
144-146°C), em 90% de rendimento (Esquema 18) (MESAIK, 2004); (PEIYUAN,
2011).
Esquema 18. Obtenção da p-cloro-N-benzoilglicina (43).
Pode-se destacar no espectro de RMN1H do composto 43, a presença de dois
dupletos distorcidos na região dos aromáticos (7,86-7,81 ppm, 2H e 7,54-7,49 ppm,
51
2H), relativos ao padrão AB típico de benzenos p-di-substituídos. Além disso,
destaca-se um sinal em 4,00 ppm (s, 2H) referente aos hidrogênios metilênicos.
No espectro de infravermelho destaca-se a banda em 1595 cm-1 referente ao
estiramento da ligação N-H do grupo amida, além das bandas em 1091 cm-1,
referente ao estiramento da ligação C-aromático-Cl.
Após a obtenção da p-cloro-N-benzoilglicina (43), partiu-se para a obtenção
da oxazolona 38g, através da reação de Erlenmeyer, previamente discutida
(Esquema 19) (MESAIK, 2004).
Esquema 19. Obtenção da oxazolona 38g.
Pode-se destacar no espectro de RMN1H do composto 38g sinais múltiplos na
região 8,11-7,49 ppm, indicando a presença dos sete hidrogênios aromáticos da
molécula, além de um sinal em 7,18-7,16 ppm (dd, 1H, J= 5,0 Hz), referente ao
hidrogênio alélico.
A etapa final para a síntese dos compostos 42a-d consistiu em uma reação
de abertura de anel das oxazolonas 38d-g com a amina O-benzilada 34 em acetato
de etila em refluxo, por 24 horas. Após o término reação, o produto bruto foi
resfriado em banho de gelo, formando um precipitado o qual foi filtrado. Os produtos
foram purificados por coluna cromatográfica em gel de sílica (eluente: hexano e
acetato de etila, em gradiente de polaridade crescente), sendo obtidos com 54-80%
de rendimento (Esquema 20) (BARROS, 2009).
52
Esquema 20. Síntese dos compostos finais 42a-d
As estruturas dos compostos 42a-d foram completamente caracterizadas e na
Tabela 5 são mostrados os dados mais relevantes.
O último produto final 42e, o qual apresenta um grupamento metóxi no anel
benzênico da porção benzílica, pôde ser obtido pela modificação do reagente na
segunda etapa da rota sintética. Dessa forma, o isosorbídeo monotosilado 31 foi
benzilado com cloreto de 4-metoxibenzila nas mesmas condições reacionais já
descritas anteriormente (LOUPY, 1996). Após purificação por coluna cromatográfica
em sílica gel (eluente: hexano: acetato de etila), o produto 45 foi obtido como um
sólido branco (p.f. 171-173ºC), em 50% de rendimento (Esquema 21).
Cabe ressaltar que o composto 42e difere do seu análogo 28a pela presença
de um grupo metoxi na posição 4 do anel benzênico. Por esse motivo, tem-se como
principal evidência da confirmação da síntese de 45 o aparecimento de um sinal
3,79 ppm (s, 3H) referente aos hidrogênios desse grupo no espectro de RMN1H.
53
Tabela 5. Caracterização dos compostos finais 42a-d.
Nº Subst. H Subs. Y
Aspecto p.f. (ºC)
Rend. (%)
RMN1H (ppm)
IV (cm-1)
42a
H Sólido branco
159-162
54 7,37-7,29 (H-vinílico)
3238 (N-H); 2873 (C-Harom.);
1660; 1641 (C=O
amida)
42b
H Sólido branco
183 (dec.)
80 6,57-6,50 (H-vinílico);
8,27 (H-arom.
vizinho ao O)
3231 (N-H); 2927 (C-Harom.);
1647, 1637 (C=O
amida)
42c
H Sólido branco
180-182
78 6,96 (H-vinílico);
2,35 (-CH3)
3221 (N-H); 1641 (C=O
amida)
42d
Cl Sólido branco
178-180
65 7,10 (H-vinílico);
7,64-7,61 (H-arom.
do benzeno subst.)
3236 (N-H); 2927 (C-Harom.);
1641 (C=O amida)
Subst. = Substituinte / Rend. = Rendimento
54
Esquema 21. Síntese do intermediário 45.
Dando prosseguimento à rota sintética para obtenção da amina 47, cabe
mencionar que todas as demais reações foram realizadas conforme metodologia já
discutidas para a amina 34 (Esquema 22).
Esquema 22. Rota sintética para obtenção da amina 47.
Após purificação por coluna cromatográfica em sílica gel (eluente: hexano:
acetato de etila), o produto 46 foi obtido como um óleo amarelo, em 70% de
rendimento. Pode-se destacar no espectro de RMN1H da azida 46 dois dupletos na
região de aromáticos, indicando a presença dos quatro hidrogênios aromáticos da
molécula, confirmando a perda do grupo tosila. A perda desse radical também foi
confirmada no espectro de IV, já que observamos o desaparecimento da banda em
1376 cm-1 referente ao estiramento da ligação S=O do grupo sulfônico.
A amina 47 foi obtida, por redução da função azida de 46, como um óleo
amarelado em rendimento quantitativo. A formação do produto foi evidenciada
principalmente a partir do desaparecimento da banda em 2102 cm-1 referente ao
estiramento da função azida no espectro de IV e o aparecimento de uma pequena
55
banda em 3403 cm-1, referente ao aparecimento do grupo amina na molécula. Vale
ressaltar que as estruturas de 45, 46 e 47 não foram encontradas na literatura.
A etapa final para a síntese do composto 42e consistiu na reação de abertura
de anel da oxazolona 38a com a amina O-benzilada 47, em acetato de etila em
refluxo, por 24 horas. Após o término da reação, o meio foi resfriado em banho de
gelo, com formação de um precipitado, o qual foi filtrado. Esse precipitado foi
purificado por coluna cromatográfica em gel de sílica (eluente: hexano: acetato de
etila), obtendo o produto puro como um sólido branco (p.f. 169-171ºC) em 50 % de
rendimento (Esquema 23) (BARROS, 2009).
Esquema 23. Síntese do produto final 42e.
O composto 42e teve sua estrutura completamente caracterizada,
apresentando, no espectro de IV, bandas de absorção de ligações N-H em 3220 e
3047 cm-1, além de uma banda em 1641 cm-1 atribuída ao estiramento da ligação
C=O do grupo amida.
4.6 RESULTADOS FARMACOLÓGICOS
Os ensaios biológicos desse trabalho foram realizados pelo grupo de
pesquisa coordenado pelo Prof. Dr. Ronaldo Mohana-Borges (Biofísica/UFRJ).
56
4.6.1 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DAS SÉRIES 28a-c E 29a-g EM ENSAIOS DE INIBIÇÃO DA SERINA PROTEASE DO DENV-2.
Os compostos das séries 28a-c e 29a-g foram inicialmente testados frente à
inibição da protease do DENV-2, onde os derivados não apresentaram resultados
significativos. Apenas o composto 28c apresentou cerca de 20% de atividade
inibitória enzimática em uma concentração de 100 µM (Figura 25).
Figura 25. Resultados de inibição enzimática da protease do DENV-2 pelos
compostos 28a-c e 29a-g.
4.6.2 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DAS SÉRIES 28a-c E 29a-g EM ENSAIOS
DE INIBIÇÃO DA SERINA PROTEASE DO HCV-1b.
Os resultados da inibição enzimática das séries 28a-c e 29a-g frente à
NS3/4A do HCV-1b são mostrados abaixo (Figura 26A). O composto 28a mostrou-
se o mais ativo apresentando das duas séries, com IC50 = 88 µM (inibidor padrão
IC50 = 0,6 µM), calculado pela curva dose-resposta (Figura 26B). Na Figura 26C
observam-se as percentagens de inibição de 28a frente às proteases mutantes
(R155K, A156V, D168S e V170A) bem como àquela sem mutação (WT, wild type,
alelo selvagem). O gráfico mostra que tanto 28a, quanto o inibidor padrão foram
57
capazes de inibir (~100%) a atividade proteolítica da enzima sem mutação. Além
disso, 28a foi capaz de diminuir a atividade proteolítica da enzima mutante A156V a
cerca de 20%, enquanto o inibidor padrão a cerca de 70%. Entretanto, a
concentração do inibidor padrão (20µM) foi 10 vezes menor que o composto 28a
(200µM) (Figura 26C).
Figura 26. Inibição enzimática dos compostos 28a-c e 29a-g frente à HCV protease.
(A) Atividade residual da enzima na presença dos compostos testados, (B) Curva
dose-resposta de 28a, (C) Inibição de 28a frente às cepas virais mutantes R155K,
A156V, D168S e V170A, e à cepa WT (sem mutação), (D) Estrutura do composto
mais ativo 28a.
Os compostos 28a e 20a (20a foi previamente sintetizado pelo grupo,
mostrado na Figura 21, com EC50 = 35μM), foram testados juntamente na mesma
placa, para avaliação do perfil de inibição da HCV protease. Ressalta-se que esses
dois compostos diferem somente pela estereoquímica do carbono 2.
58
Pelo gráfico mostrado na Figura 27, observa-se que 20a levou a um aumento
da atividade proteolítica da enzima em altas concentrações, enquanto que 28a
mostrou um bom perfil de inibição enzimática, com um IC50 = 67µM. Cabe destacar
que, estatisticamente, não há diferença de valores de IC50 do composto 28a, IC50 =
88 µM ± 11/ Figura 26 e IC50 = 67 µM ± 21,6/ Figura 27, portanto, os resultados
encontrados para o composto 28a são coerentes. Outro fator que deve ser descrito
é a diferença dos resultados biológicos obtidos para 20a. O mesmo apresentou um
valor inicial de EC50 = 35 µM, onde foi testado em células, ao passo que na Figura
27, o ensaio foi realizado com a enzima isolada, mostrando que 20a não apresentou
inibição enzimática satisfatória. Este fato nos leva a crer que o composto 20a pode
estar agindo por outro mecanismo diferente da inibição da enzima protease.
Logo, de acordo com os dados discutidos e considerando-se o fato de que
20a é proveniente do cerne rígido derivado do isomanídeo, enquanto 28a é
proveniente do cerne rígido derivado do isosorbídeo, sugere-se que a utilização do
cerne isosorbídeo para síntese dos compostos peptideomiméticos é mais vantajosa
do que a utilização do cerne isomanídeo. Outros testes mais elucidativos necessitam
ser realizados para confirmar essa hipótese.
Figura 27. Curva dose-resposta para os compostos 20a e 28a frente à inibição da
enzima NS3/4A protease do HCV.
59
4.6.3 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DA NOVA SÉRIE 42a-e EM ENSAIOS DE INIBIÇÃO DA SERINA PROTEASE DO HCV-1b.
A nova série de compostos 42a-e, sintetizada tendo o composto 28a como
protótipo, foi testada frente à inibição da atividade protease do HCV. Os resultados
são apresentados na Figura 28.
Analisando os resultados obtidos para a série 42a-e, pode-se identificar os
compostos 42b e 42c como os mais ativos da série. Além disso, Observa-se que
houve um aumento nas percentagens de inibição enzimática para esses dois
compostos (em torno de 70%), em relação ao protótipo 28a (em torno de 42%).
Esses resultados sugerem que a substituição isostérica do grupo tiofeno de 28a
pelos grupos furano e 3-metiltiofeno de 42b e 42c, respectivamente, possa ter
beneficiado o perfil de inibição enzimática dos mesmos. Comparando o resultado
obtido para 42d e 42e (em torno de 40% e 50% de inibição) com 28a, observa-se
que não houve mudança significativa na atividade inibitória ao inserir um substituinte
halogenado (cloro) no anel benzênico proveniente da oxazolona, em 42d, e um
grupamento metóxi no anel benzênico da porção benzílica, em 42e. Mas ao
comparar 42d e 42e com os mais ativos 42b e 42c, observa-se uma redução nas
percentagens de inibição.
Figura 28. Inibição enzimática dos compostos 28a e 42a-e frente à HCV protease.
60
4.7 MODELAGEM MOLECULAR
4.7.1 ESTUDOS DE DOCKING MOLECULAR
O docking molecular consiste na avaliação da conformação e orientação de
um ligante no sítio de ligação da molécula-alvo, predizendo o curso natural da
interação entre o ligante e o receptor pela via de menor energia através da
complementaridade química entre as estruturas em estudo (KITCHEN, 2004). Os
principais objetivos desta metodologia são: a modelagem estrutural precisa e a
estimativa da atividade de um ligante.
A estrutura do complexo formado entre a macromolécula biológica e o ligante
fornece informações importantes sobre o modo de interação e sobre as potenciais
interações que ocorrem no sítio ativo tais como, interações hidrofóbicas,
eletrostáticas e ligações hidrogênio no complexo enzima/inibidor (ERICKSON,
2004).
O objetivo desses estudos foi avaliar o modo de interação do composto mais
ativo 28a com a serina protease do HCV, possibilitando identificar os principais
grupos de interação de 28a com a enzima pela análise das conformações dos
ligantes no complexo enzima-ligante.
Nos estudos de docking molecular foi utilizado o programa AutoDock 4.2. O
AutoDock é um conjunto de programas gratuitos, desenvolvido pelo grupo de Arthur
J. Olson da Universidade da Califórnia (San Diego, EUA) que permite a predição da
interação entre ligante-macromolécula. Para identificar as possíveis combinações
entre ligante-macromolécula, o programa possui 3 opções de algoritmos: SA
(Simulated Annealing), GA (Genetic Algorithm) e LGA (Lamarckian Genetic
Algorithm). Nesse trabalho, o algoritmo de busca utilizado foi o algoritmo genético
Lamarckiano (LGA), o qual apresenta os melhores resultados na busca do mínimo
global (MORRIS, 1998).
Para a validação do método e avaliação da capacidade preditiva do
programa, foi realizado o redocking do ligante HU1 com a proteína NS3/NS4
protease do vírus HCV, sob o código 2OC0, retirados do PDB (Protein Data Bank),
utilizando o AutoDockTools (A descrição da metodologia utilizada encontra-se na
parte experimental). A confiabilidade do protocolo de docking foi verificada
61
analisando as melhores soluções a partir das soluções com menores valores de
energia de docking no cluster que tinha o maior número de poses, avaliando a
similaridade da conformação final e a configuração de menor energia (Figura 29).
Resultados do redocking mostraram um valor de RMSD de 1,09 Å, sugerindo que o
processo de docking pode ser utilizado para prever o modo de ligação dos
compostos do conjunto sob investigação. De acordo com a literatura, um valor limiar
de RMSD de 2,0 Å é amplamente aceito como a distinção entre o sucesso e o
fracasso na reprodução de um modo conhecido de ligação (DILMURAT YUSUF,
2008).
(A)
(B)
Figura 29. (A) Estrutura química do inibidor HU1. (B) Sobreposição da melhor pose
de docking do inibidor (em rosa) e da conformação de raios-X (em amarelo),
RMSD=1,09Å.
Nos estudos de docking molecular do composto 28a (Figura 30) foram
analisadas as conformações do cluster mais populoso de menor energia. Também
foi realizada uma inspeção visual das soluções possíveis, visando analisar os
contatos entre os resíduos altamente conservados dentro do sítio ativo.
Os resultados obtidos para o docking do 28a indicaram que o composto
realiza interações importantes, tais como: a carbonila da função amida interage por
ligação hidrogênio com o resíduo de Ser139A (da cadeia A da proteína), bem como o
anel tiofênico interage por interações hidrofóbicas com o resíduo de His57A (Figuras
30 e 31). Desta forma, esses resultados indicam que o composto 28a se localiza nas
cavidades próximas a cavidade catalítica, conferindo uma provável inibição
competitiva.
62
(A)
(B)
Figura 30. (A) Docking molecular do composto 28a no sítio ativo da NS3/NS4
protease do HCV visualizado no programa PyMOL. (B) Interações entre a proteína
em estudo e a pose obtida no docking gerada pelo programa PoseView.
Com o intuito de realizar modificações estruturais no composto 28a para
aprimoramento da atividade, sugerem-se, principalmente, substituições do anel por
bioisósteros, a fim de proporcionar maior interação com residuos, como His57A.
Aumentos na lipofilicidade do anel podem resultar em maior interação com o
ambiente protéico, levando a uma acomodação na cavidade catalítica (Figura 31).
Figura 31. Composto 28a na cavidade da enzima serina protease do HCV.
(As setas mostram os principais locais de interação com os resíduos. Em destaque a
posição dos resíduos His57 e Ser139).
His57
Ser139
63
5. CONCLUSÃO
Neste trabalho foram sintetizados quinze compostos peptideomiméticos
contendo o cerne rígido proveniente do isosorbídeo (27), sendo todos inéditos na
literatura.
A estratégia de síntese dos peptideomiméticos das séries 28a-c, 29a-g e 42a-
e, aplicando metodologias clássicas, mostrou-se satisfatória, permitindo a obtenção
das moléculas-alvo, em rendimentos globais que variaram entre 10% (28a) e 22%
(42b).
De acordo com os dados comparativos discutidos para 20a, proveniente do
cerne rígido derivado do isomanídeo, e 28a, proveniente do cerne rígido derivado do
isosorbídeo, sugere-se que a utilização do isosorbídeo para síntese dos compostos
peptideomiméticos é mais vantajosa do que a utilização do cerne isomanídeo.
Entretando, outros testes mais elucidativos necessitam ser realizados para confirmar
essa hipótese
Os estudos de docking molecular foram realizados para avaliar o modo de
interação dos ligantes com serina protease NS3/4A do HCV. Dentre os compostos
sintetizados, das séries 28a-c e 29a-g, 28a foi considerado como protótipo para o
desenvolvimento de novos compostos com potencial de inibição da enzima em
questão.
Os resultados dos ensaios farmacológicos da série 42a-e sugerem que a
substituição do tiofeno de 28a pelo furano e 3-metiltiofeno nos compostos 42b e 42c,
respectivamente, tenha aumentado o perfil de inibição enzimática em 30%. Dessa
forma, podemos identificar dois novos compostos protótipos para o planejamento de
futuras moléculas potencialmente inibidoras da enzima serina protease do vírus da
hepatite C.
64
Figura 32. Estrutura química do compostos 42b e 42c.
65
6. EXPERIMENTAL
6.1 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Química Medicinal (LQMed),
localizado na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Os solventes e reagentes utilizados foram devidamente tratados quando
necessário. Diclorometano, acetato de etila e piridina foram tratados adicionando
hidreto de cálcio, agitados por uma noite e destilados em seguida. O cloreto de p-
toluenossulfonila foi tratado adicionando a ele clorofórmio, em seguida filtrado e ao
líquido recolhido adicionado éter de petróleo. Após adicionar carvão ativo ficou
agitado por 4 horas, depois foi filtrado e evaporado no evaporador rotatório.
As análises de RMN foram realizadas em um aparelho Varian VNMRS
(500MHz e 300MHz para RMN1H e 75MHz para RMN13C). Os valores de
deslocamento químico são atribuídos em unidade (ppm) em relação ao solvente
deuterado utilizado na análise e as constantes de acoplamento (J) foram expressas
em Hertz (Hz). As multiplicidades (s-simpleto; sl-sinal largo; d-dupleto; t-tripleto; dd-
duplo dupleto; m-multipleto) e o número de hidrogênios (deduzido por integração
relativa) estão entre parêntesis.
Os espectros de IV foram obtidos em um espectrofotômetro Perkin-Elmer
modelo Spectrum One, utilizando filmes em diclorometano ou pastilhas de KBr. Os
valores de absorção foram registrados em número de onda, sendo a unidade o
centímetro recíproco (cm-1).
Os pontos de fusão foram medidos em aparelho Unit- Melt / Thomas Hoover /
Capillary Melting Point Apparatus (Arthur H. Thomas Company. Philadelphia PA,
USA) e não foram corrigidos.
A visualização de substâncias cromatografadas analiticamente foi feita com
lâmpada ultravioleta (254 e 365 nm).
66
As análises de foram realizadas no aparelho ACATEC - Polarimetro
Digital Automatico PDA 9300.
6.2 SÍNTESE
6.2.1 - 5-(4-metilbenzenossulfonato)-1,4:3,6-dianidro-D-glucitol (31) e 2-(4-metilbenzenossulfonato)-1,4:3,6-dianidro-D-glucitol (30)
À uma solução de isosorbídeo (27) (2 g; 13,68 mmol) em piridina destilada (20
mL) foi adicionado cloreto de tosila (5,2 g; 27,36 mmol; 2eq.) a 0ºC. A mistura foi
agitada por 40h a t.a. Após esse tempo a piridina foi evaporada e o óleo resultante
foi dissolvido em diclorometano (150 mL) e a solução foi lavada com HCl 1N (3 x 20
mL) e solução saturada de NaCl (3 x 20 mL). A fase orgânica foi seca com Na2SO4,
filtrada e evaporada. O produto foi purificado por coluna cromatográfica em sílica gel
(eluente: hexano/acetato de etila), obtendo o produto endo tosilado 31 (1,6 g) em
40% como um óleo incolor e o produto exo tosilado 30 (0,387 g) em 9% de
rendimento como um sólido branco (p.f.109-110ºC). O produto ditosilado foi obtido
em 2% (0,130 g).
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,84 (d, 2H/H-arom., J = 8,3 Hz); 7,36 (d, 2H/H-
arom., J = 8,3 Hz); 4,89 (ddd, 1H/H-2, J = 1,2; 5,1; 6,3 Hz); 4,64 (t, 1H/H-1, J = 4,5
Hz); 4,38 (d, 1H/H-4, J = 4,2 Hz); 4,30 (sl, 1H/H-5); 3,89-3,88 (m, 2H/H-6a e H-6b);
3,86-3,82 (m, 1H, H-3b); 3,71 (dd, 1H/H-3a, J = 9,6, 6,3 Hz); 2,45 (s, 3H/-CH3).
(Anexo, p. 2)
67
RMN13C (75MHz ,CDCl3) δ (ppm): 145,1 (C-7); 133,1 (C-10); 129,8 (C-arom.); 127,9
(C-arom.); 87,9 (C-1); 79,6 (C-4); 78,7 (C-5); 76,1 (C-2); 75,8 (C-3); 69,4 (C-6); 21,6
(CH3). (Anexo, p. 4)
IV (KBr) cm-1: 3435, 2951, 2880, 1925, 1598, 1454, 1401, 1360, 1308, 1293, 1190,
1175, 1094, 1043, 1008, 972, 849, 703. (Anexo, p. 5)
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,81 (d, 2H/H-arom., J = 8,3 Hz); 7,38 (d, 2H/H-
arom., J = 8,3 Hz); 4,93 (d, 1H/H5, J = 3,2 Hz); 4,61(t, 1H/H3, J = 4,8 Hz); 4,48 (d,
1H/H4, J = 4,3 Hz); 4,29-4,27 (m, 1H/H2); 4,10 (d, 1H/H6b, J = 11 Hz); 3,91(d,
1H/H6a, J = 3,4 Hz); 3,85-3,82 (m, 1H/H3b); 3,49 (dd, 1H/H3a, J = 9,4; 5,9 Hz); 2,49
(s,3H/-CH3); (Anexo, p. 6)
RMN13C (75MHz, CDCl3) δ (ppm): 145,3 (C-7); 133,1 (C-10); 130,0 (C-arom.); 127,8
(C-arom.); 85,4 (C-1); 83,6 (C-4); 81,9 (C-5); 73,4 (C-6 ou C-3); 73,1 (C-6 ou C-3);
72,1 (C-2); 21,6 (CH3). (Anexo, p. 8)
68
6.2.2 – 5-(4-metilbenzenossulfonato)-1,4:3,6-dianidro-2-O-(fenilmetil)-D-glucitol (32)
À uma solução do composto 31 (0,298 g; 0,993 mmol) em diclorometano (8
mL), sob agitação, foram adicionados solução aquosa de KOH 50% (0,5 mL), TBAB
(0,028 g) e BnCl (0,34 mL; 2,98 mmol). A reação ficou em agitação por 3 dias. Após
esse tempo a mistura foi diluída com água, a fase orgânica foi separada e a fase
aquosa extraída com diclorometano (3x 20 mL). As fases orgânicas combinadas
foram secas com Na2SO4 anidro, filtradas e evaporadas. O resíduo foi purificado por
coluna cromatográfica em sílica gel (eluente: hexano/acetato de etila), obtendo o
produto 32 (0,367 g) em 95% de rendimento como um óleo incolor.
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,82 (d, 2H/H-arom., J = 8,3 Hz); 7,36-7,27 (m,
7H/H-arom.); 4,85 (ddd, 1H/H-5, J = 1,5; 5,1; 6,6 Hz); 4,59 (t, 1H/H-1, J = 4,7 Hz);
4,53 (s, 2H/-CH2); 4,49 (d, 1H/H-4, J = 4,5 Hz); 4,04 (sl, 1H/H-2); 4,00-3,96 (m, 1H/H-
6a ou 6b); 3,90 (d, 1H/ H-6a ou 6b, J = 4,0 Hz); 3,87-3,84 (m, 1H/ H-3a ou 3b); 3,72
(dd, 1H/ H-3a ou 3b, J = 7,2 Hz); 2,44 (s, 3H/-CH3). (Anexo, p. 9)
RMN13C (75MHz, CDCl3) δ (ppm): 145,0 (C-7); 137,3 (C-10); 133,2 (C-13); 129,8 (C-
arom.); 128,4 (C-arom.); 127,9 (C-arom.); 127,8 (C-arom.); 127,6 (C-arom.); 86,0 (C-
4); 83,2 (C-1); 80,1 (C-2); 78,6 (C-5); 73,4 (C-12); 71,4 (C-6); 69,2 (C-3); 21,6 (-CH3).
(Anexo, p. 11)
69
IV (KBr) cm-1: 3435, 3092, 3063, 2951, 2880, 2691, 2591, 2532, 2413, 2306, 2192,
1925, 1812, 1731, 1632, 1494, 1454, 1401, 1360, 1308, 1293, 1271, 1190, 1175,
1094, 1043, 1008, 972, 951, 849, 816, 703, 643. (Anexo, p. 12)
+78.8 (c 0,6, CH2Cl2).
6.2.3 – 5-(4-metilbenzenossulfonato)-1,4:3,6-dianidro-2-O-((4-metilfenil)metil)-D-glucitol (45)
À uma solução do composto 31 (0,832 g; 2,77 mmol) em diclorometano (15
mL), sob agitação, foram adicionados solução aquosa de KOH 50% (1,4 mL), TBAB
(0,008 g) e cloreto de 4-metoxibenzila (0,96 mL; 3,22 mmol). A reação ficou em
agitação por 17 horas. Após esse tempo a mistura foi diluída com água, a fase
orgânica foi separada e a aquosa extraída com diclorometano (3x 20 mL). As fases
orgânicas combinadas foram secas com Na2SO4 anidro, filtradas e evaporadas. O
resíduo foi purificado por coluna cromatográfica em sílica gel (eluente:
hexano/acetato de etila), obtendo o produto 45 (0,700 g) em 61% de rendimento
como um sólido branco (p.f.171-173ºC).
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,83 (d, 2H/H-arom., J = 4,8 Hz); 7,34 (d, 2H/H-
arom., J = 4,8 Hz); 7,22 (d, 2H/H-arom., J = 5,1 Hz); 6,87 (d, 2H/H-arom., J = 5,4
Hz); 4,86 (ddd, 1H/H-5, J = 1,5; 5,1;6,4 Hz); 4,57 (t, 1H/H-1, J = 3,0 Hz); 4,47-4,46
70
(m, 3H/H-4 e -CH2); 4,02 (sl, 1H/H-2); 3,96-3,94 (m, 1H/ H-6a ou 6b); 3,88-3,87 (m,
1H/H-6a ou 6b); 3,86-3,85 (m, 1H, H-3a ou 3b); 3,79 (s, 3H/-OCH3); 3,72 (dd, 1H/ H-
3a ou 3b, J = 4,2 Hz); 2,44 (s, 3H, -CH3). (Anexo, p. 13)
RMN 13C δ ppm (75MHz, CDCl3) δ (ppm): 159,3 (C-16); 145,0 (C-7); 133,2 (C-10);
129,8 (C-arom.); 129,4 (C-13); 129,3 (C-arom.); 127,9 (C-arom.); 113,8 (C-arom.);
86,0 (C-4); 82,9 (C-1); 80,9 (C-2); 78,6 (C-5); 73,4 (C-12); 71,1 (C-6); 69,2 (C-3);
55,2 (-OCH3); 21,6 (-CH3). (Anexo, p. 15)
IV (KBr) cm-1: 1613, 1512, 1376, 1365, 1245, 1176, 1138, 1105, 973, 915, 818,
716, 658. (Anexo, p. 16)
+62.75 (c 0,8, CHCl3).
6.2.4 – 5-azido-1,4:3,6-dianidro-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (33)
O composto 32 (2,64 g; 6,77 mmol) foi dissolvido em [Bmim+][BF4-] (8,22 mL;
6 eq.) previamente preparado e seco sob vácuo. NaN3 (2,2 g; 5 eq.) foi adicionada e
a mistura permaneceu em agitação a 120ºC por 20h. Ao final desse tempo, a mistura
foi resfriada à t.a. e água foi adicionada à mistura reacional. A fase aquosa foi
extraída com éter etílico (3x 30 mL) e as fases orgânicas combinadas foram secas
com Na2SO4 anidro, filtradas e evaporadas. O resíduo obtido foi purificado por
coluna cromatográfica em sílica gel (eluente: hexano/acetato de etila), obtendo o
produto 33 (1,2 g) em 68% de rendimento como um óleo incolor.
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,37-7,30 (m, 5H/H-arom.); 4,68 (d, 1H/H-4, J =
10,2 Hz); 4,67 (d, 1H/H-1, J = 5,7 Hz); 4,60 (q, 2H/-CH2, J = 7,2 Hz); 4,08 (d, 1H/H-5,
J = 2,7 Hz); 4,02 (d, 1H/H-2, J = 2,1 Hz); 3,95-3,91 (m, 2H/H6a e H6b); 3,87 (dd,
1H/H3a ou H3b, J = 2,4 Hz); 3,83 (dd, 1H/H3a ou H3b, J = 2,4 Hz). (Anexo, p. 17)
71
RMN13C (75MHz, CDCl3) 75MHz δ (ppm): 137,4 (C-8), 128,5 (C-arom.), 127,9 (C-
arom.), 127,7 (C-arom.), 85,9 (C-1), 85,7 (C-4), 82,7 (C-2), 72,6 (C-7), 71,6 (C-6),
71,3 (C-3), 65,7 (C-5). (Anexo, p. 19)
IV (KBr) cm-1: 2944, 2875, 2100, 1455, 1339, 1254, 1079, 915, 843, 739, 699.
+58.7 (c 0,6, CH2Cl2). (Anexo, p. 20)
6.2.5 – 5-azido-1,4:3,6-dianidro-2-O-((4-metilfenil)metil)-D-iditiol (46)
O composto 45 (0,700 g; 1,67 mmol) foi dissolvido em [Bmim+][BF4-] (2,02
mL; 6 eq.) previamente preparado e seco sob vácuo. NaN3 (0,54 g; 5 eq.) foi
adicionada e a mistura permaneceu em agitação a 120ºC por 20h. Ao final desse
tempo, foi adicionada água à mistura reacional. A fase aquosa foi extraída com éter
etílico (3x 30 mL) e as fases orgânicas combinadas foram secas com Na2SO4 anidro,
filtradas e evaporadas. O resíduo obtido foi purificado por coluna cromatográfica em
sílica gel (eluente: hexano/acetato de etila), obtendo o produto 46 (0,306 g) em 63%
de rendimento como um óleo incolor.
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,24 (d, 2H/H-arom., J = 5,4 Hz); 6,89 (d, 2H/H-
arom., J = 5,4 Hz); 4,65 (d, 1H/H-4, J = 8,7 Hz); 4,63 (d, 1H/H-1, J = 3,9 Hz); 4,52 (q,
2H/-CH2, J = 15,0; 7,0 Hz); 4,05 (sl, 1H/H-5); 4,02 (d, 1H/H-2, J = 2,1 Hz); 3,92-3,90
(m, 2H//H6a e H6b); 3,87 (dd, 1H/H3a ou H3b, J = 2,4 Hz); 3,82 (dd, 1H/H3a ou H3b,
J = 2,4 Hz); 3,80 (s, 3H/-OCH3). (Anexo, p. 21)
RMN13C (75MHz, CDCl3) δ (ppm): 159,4 (C-11), 129,4 (C-8), 129,3 (C-arom.), 113,9
(C-arom.), 85,8 (C-1), 85,7 (C-4), 82,4 (C-2), 72,6 (C-7), 71,3 (C-6), 70,9 (C-3), 65,7
(C-5), 55,2 (-OCH3). (Anexo, p. 23)
IV (KBr) cm-1: 3437, 2938, 2102, 1613, 1514, 1302, 1248, 1174, 1086, 1034.
(Anexo, p. 24)
72
+42.75 (c 0,8, CHCl3).
6.2.6 - 5-amino-1,4:3,6-dianidro-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (34)
À uma solução da azida 33 (1,3 g; 4,98 mmol) em EtOH (30 mL) foi
adicionado Pd/C 10% (0,49 mmol) e a mistura foi hidrogenada sob 40 psi à
temperatura ambiente por 4h. Após este período, a suspensão foi filtrada com paple
de filtro e algodão, até retirada de todo o paládio e lavada com etanol. O solvente foi
evaporado fornecendo o produto como um óleo incolor, sem necessidade de
purificação, em rendimento quantitativo.
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,36-7,28 (m, 5H/H-arom.); 4,71 (d, 1H/H-4, J =
2,4Hz); 4,60 (q, 2H/-CH2, J = 15,0; 7,2 Hz); 4,44 (d, 1H/H-1, J = 2,4 Hz); 4,05 (sl,
1H/H-5); 3,87 (m, 3H/H-2, H6a e H6b); 3,68 (d, 1H/H3a ou H3b, J = 2,4 Hz); 3,54 (d,
1H/H3a ou H3b, J = 2,4 Hz); 1,84 (s, 2H/-NH2). (Anexo, p. 25)
RMN13C (75MHz, CDCl3) δ (ppm): 137,6 (C-8), 128,4 (C-arom.), 127,8 (C-arom.),
127,7 (C-arom.), 89,0 (C-1), 85,3, (C-4), 83,1 (C-2), 74,5 (C-7), 72,3 (C-6), 71,5 (C-
3), 57,8 (C-5). (Anexo, p. 27)
IV (KBr) cm-1: 3371, 3032, 2938, 2873, 1605, 1455, 1267, 1167, 1077, 912, 737,
699. (Anexo, p. 28)
+33.7 (c 0.8, CH2Cl2).
73
6.2.7 – 5-amino-1,4:3,6-dianidro-2-O-((4-metilfenil)metil)-D-iditiol (47)
À uma solução da azida 46 (0,1 g; 0,34 mmol) em EtOH (10 mL) foi
adicionado Pd/C 10% (0,44 mmol) e a mistura foi hidrogenada sob 40 psi à
temperatura ambiente por 4h. Após esse período, a suspensão foi filtrada com papel
de filtro e algodão, até retirada de todo o paládio e lavada com etanol. O solvente
evaporado fornecendo o produto como um óleo incolor em rendimento quantitativo.
RMN1H (CDCl3, 300MHz) (ppm): 7,24 (d, 2H/H-arom.); 6,88 (d, 2H/H-arom.); 4,67
(d, 1H H-4, J = 2,4Hz); 4,50 (q, 2H/-CH2, J = 15,6; 6,9 Hz); 4,39 (d, 1H/H-1, J =
2,4Hz); 4,03 (sl, 1H/H-5); 3,87-3,84 (m, 3H/H-2, H6a e H6b); 3,80 (s, 3H/-OCH3);
3,64 (d, 1 H/H3a ou H3b, J = 5,4 Hz); 3,51 (sl, 1H/H3a ou H3b); 1,54 (sl, 2H/-NH2).
(Anexo, p. 29)
RMN13C (75MHz, CDCl3) δ (ppm): 159,2 (C-11), 129,6 (C-arom.), 129,5 (C-arom.),
129,3 (C-8), 113,8 (C-arom.), 86,0 (C-1), 84,5 (C-4), 82,2 (C-2), 72,6 (C-7), 71,1 (C-
6), 70,2 (C-3), 63,0 (C-5), 55,2 (-OCH3). (Anexo, p. 31)
IV (KBr) cm-1: 3403, 2924, 1713, 1610, 1512, 1463, 1301, 1246, 1175, 1079, 1031,
910, 819, 772. (Anexo, p. 32)
+27,5 (c 0.96, CHCl3).
74
6.2.8 – N-benzoilglicina (41)
A glicina (133,0 mmol, 10 g) foi dissolvida em uma solução de NaOH 10%
(100 mL) e, em seguida, cloreto de benzoíla (186,0 mmol, 21,6 mL) foi adicionado
lentamente sob agitação vigorosa. Posteriormente, foi adicionado gelo picado e HCl
concentrado lentamente, até que o pH da reação atingisse 2-3. A mistura foi, então,
filtrada em funil de Büchner e lavada com água gelada. O produto 41 foi obtido como
um sólido branco (p.f.197ºC), em 95% de rendimento.
RMN1H (CD3OD, 300MHz) (ppm): 8,80-8,75 (m, 2H/H-arom.); 8,50-8,30 (m, 3H/H-
arom.); 5,00 (s, 2H/H-2). (Anexo, p. 34)
RMN13C (CD3OD, 75MHz) δ (ppm): 173,4 (C-1), 170,7 (C-3); 135,3 (C-4), 133,1 (C-
arom.), 129,8 (C-arom.), 128,6 (C-arom.), 42,5 (C-2). (Anexo, p. 35)
IV (KBr) cm-1: 3341, 3073, 2938, 2478, 1745, 1600, 1557, 1416, 1181, 723, 693.
(Anexo, p. 36)
6.2.9 – N-(4-clorobenzoil)-glicina (43)
75
A glicina (5 g, 66.61 mmol) foi dissolvida em uma solução de NaOH 10% (50
mL) e, em seguida, cloreto de 4-cloro-benzoíla (12 mL, 93 mmol) foi adicionado
lentamente com agitação vigorosa. Posteriormente, foi adicionado gelo picado e HCl
concentrado lentamente, até que o pH da reação atingisse 2-3. A mistura foi, então,
filtrada em funil de Büchner e lavada com água gelada. O produto foi obtido como
um sólido branco (p.f. 138-140º C), em 90% de rendimento.
RMN1H (DMSO-d6, 300MHz) (ppm): 8,82 (t, 1H/-NH, J = 5,7 Hz); 7,86-7,81 (m,
2H/H-arom.); 7,54-7,49 (m, 2H/H-arom.); 4,00 (s, 2H/H-2). (Anexo, p. 37)
RMN13C (75MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 171,6 (C-1), 166,1 (C-3), 136,6 (C-7), 132,8
(C-4), 129,9 (C-arom.), 128,7 (C-arom.), 41,8 (C-2). (Anexo, p. 39)
IV (KBr) cm-1: 3296, 2973, 2548, 1913, 1708, 1636, 1595, 1542, 1486, 1404, 1317,
1234, 1182, 1091, 1046, 1014, 925, 879, 847, 761, 644, 618. (Anexo, p. 40)
6.2.10 – Metodologia geral para síntese das oxazolonas (38a-g)
Uma mistura de N-benzoilglicina (2,0 g, 11,17 mmol), o respectivo aldeído
(11,70 mmol) e anidrido acético (3 mL) foi aquecida sob agitação até a dissolução
dos reagentes, e, logo após, foi adicionado acetato de sódio anidro (11,17 mmol). Ao
adicionar o acetato de sódio, formou-se uma mistura pastosa, à qual foi necessária
nova adição de anidrido acético (3 mL). A mistura permaneceu a 60o C por 3h. Após
o término desse tempo, a reação foi resfriada a temperatura ambiente e água foi
adicionada (5 mL). O precipitado formado foi filtrado em funil de Büchner e lavado
com água gelada. O produto bruto foi recristalizado em etanol.
6.2.10.1 – (4Z)-2-fenil-4-(2-tienil-metileno)-5(4H)-oxazolona (38a)
76
Aspecto: sólido amarelo.
p.f.: 176-178ºC
Rendimento: 70%.
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,18-8,16 (m, 2H/H-arom.); 7,72 (d, 1H/H-arom.,
J = 3,6 Hz); 7,63 (d, 1H/H-arom., J = 2,1 Hz); 7,61-7,58 (m, 1H/H-arom.); 7,54-7,51
(m, 2H/H-arom.); 7,48 (s, 1H/H-arom.); 7,16 (dd, 1H/H-8, J = 3 Hz). (Anexo, p. 41)
IV (KBr) cm-1: 3423, 3087, 3069, 3035, 1828, 1792, 1771, 1644, 1450, 1415, 1328,
1295, 1167, 1154, 1050, 860, 721, 695, 684. (Anexo, p. 43)
6.2.10.2 – (4Z)-4-(1,3-benzodioxol-5-il-metileno)-2-fenil-5(4H)-oxazolona (38b)
Aspecto: sólido amarelo.
p.f.:198-200ºC
Rendimento: 60%.
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,19-8,10 (m, 3H/H-arom.); 7,23-7,44 (m, 4H/H-
arom.); 7,16 (s, 1H/H-arom.); 6,89 (d, 1H/H-8., J = 8,1 Hz); 6,07 (s, 2H/H-15).
(Anexo, p. 44)
77
IV (KBr) cm-1: 3444, 2908, 1780, 1763, 1646, 1615, 1486, 1450, 1266, 1167, 1096,
1035, 984, 928, 865, 699. (Anexo, p. 45)
78
6.2.10.3 – (4Z)-2-fenil-4-(fenilmetileno)-5(4H)-oxazolona (38c)
Aspecto: sólido amarelo.
Rendimento: 60%.
p.f.: 168-170ºC
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,30-8,10 (m, 4H/H-arom.); 7,70-7,40 (m, 6H/H-
arom.); 7,26 (s, 1H/H-8). (Anexo, p. 46)
IV (KBr) cm-1: 3444, 3040, 1794, 1769, 1652, 1596, 1553, 1490, 1449, 1363, 1328,
1295, 1231, 1164, 1095, 1070, 984, 928, 887, 866, 767, 751, 699, 686. (Anexo, p.
47)
6.2.10.4 – (4Z)-4-(benzo[b]tien-2-il-metileno)-2-fenil-5(4H)-oxazolona (38d)
Aspecto: sólido amarelo.
Rendimento: 60%.
79
p.f.: 216-218ºC.
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,22-8,20 (m, 2H/H-arom.); 7,85 (d, 1H/H-arom.,
J = 4,5 Hz); 7,84 (d, 1H/H-arom., J = 4,2 Hz); 7,79 (s, 1H/H-arom.); 7,64-7,60 (m,
1H/H-arom.); 7,56-7,53 (m, 3H/H-arom.); 7,44-7,40 (m, 1H/H-arom.); 7,39-7,37 (m,
1H/H-8). (Anexo, p. 48)
IV (KBr) cm-1: 3427, 3051, 1961, 1786, 1646, 1592, 1552, 1498, 1448, 1346, 1324,
1299, 1237, 1181, 1130, 1098, 1067, 980, 931, 872, 773, 738, 692. (Anexo, p. 50)
6.2.10.5 – (4Z)-4-(2-furanilmetileno)-2-fenil-5(4H)-oxazolona (38e)
Aspecto: sólido amarelo.
Rendimento: 50%.
p.f.: 169-171ºC.
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,16-8,14 (m, 2H/H-arom.); 7,67 (d, 1H/H-arom.,
J = 0,9 Hz); 7,61-7,58 (m, 1H/H-arom.); 7,56 (d, 1H/H-arom., J = 2,1 Hz); 7,52 (t,
2H/H-arom., J = 4,5 Hz); 7,17 (s, 1H/H-arom.); 6,66-6,65 (m, 1H/H-8). (Anexo, p. 51)
IV (KBr) cm-1: 3430, 3134, 3107, 3063, 1789, 1654, 1599, 1558, 1492, 1465, 1454,
1329, 1297, 1233, 1156, 1024, 940, 883, 861, 757, 699, 684. (Anexo, p. 53)
80
6.2.10.6 - (4Z)-4-((3-metil-2-tienil)metileno)-2-fenil-5(4H)-oxazolona (38f)
Aspecto: sólido amarelo.
Rendimento: 55%.
p.f.: 165-166ºC.
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,17-8,15 (m, 2H/H-arom.); 7,64 (d, 1H/H-arom,
J = 3 Hz); 7,55-7,50 (m, 4H/H-arom.); 6,97 (d, 1H/H-8, J = 3 Hz); 2,47 (s, 3H/-CH3).
(Anexo, p. 54)
IV (KBr) cm-1: 2923, 2853, 2067, 1784, 1760, 1638, 1595, 1552, 1514, 1489, 1448,
1412, 1330, 1293, 1256, 1184, 1085, 980, 921, 884, 856, 774, 735, 695, 615.
(Anexo, p. 56)
6.2.10.7 – (4Z)-2-(4-clorofenil)-4-(tienilmetileno)-5(4H)-oxazolona (38g)
Aspecto: sólido amarelo.
81
Rendimento: 65%.
p.f.: 145-147ºC.
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,11-8,08 (m, 2H/H-arom.); 7,73 (d, 1H/H-arom.,
J = 3,3 Hz); 7,63 (d, 1H/H-arom., J = 2,4 Hz); 7,51-7,49 (m, 3H/H-arom.); 7,18-7,16
(dd, 1H/H-8, J = 5,0 Hz). (Anexo, p. 57)
IV (KBr) cm-1: 1796, 1646, 1487, 1407, 1405, 1154, 1098, 979, 848, 718. (Anexo,
p. 59)
6.2.11 – Metodologia geral para síntese dos produtos finais (28a-c) e (42a-e)
Á uma solução da amina O-benzilada 34 ou 47 (0,88 mmol) em AcOEt (10
mL) foi adicionada a respectiva oxazolona 38 (0,88 mmol). A mistura ficou em refluxo
por 24h, quando foi resfriada em banho de gelo. O precipitado formado foi filtrado e
lavado com AcOEt. O produto foi purificado por coluna cromatográfica em sílica gel
(eluente: hexano/acetato de etila).
6.2.11.1 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(benzoilamino)-1-oxo-3-(2-tienil)-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (28a)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 35%.
p.f.: 180-181ºC.
+75.0 (c 0,2, CH2Cl2).
82
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,11 (sl, 1H/-NH), 8,02 (d, 2H/H-arom., J = 7,1
Hz); 7,59-7,46 (m, 4H, H-arom.); 7,37 (d, 1H/H-arom., J = 4,8 Hz); 7,34-7,27 (m,
5H/H-arom.); 7,17 (sl, 1H/-NH); 7,02 (m, 1H/H-arom.); 6,80 (sl, 1H/H-19); 4,57 (s,
2H/H-4 e H-1); 4,52 (q, 2H/-CH2, J = 28,3; 11,9 Hz); 4,41 (sl, 1H/H-5); 3,99 (sl, 1H/H-
2); 3,88 (dd, 1H/H-6a ou H-6b, J = 4,8 Hz); 3,83-3,76 (m, 2H/H-3a e 3b); 3,73-3,68
(m, 1H/H-6a ou 6b). (Anexo, p. 60)
RMN13C (DMSO-d6, 75 MHz) δ (ppm): 166,7 (C-14), 165,2 (C-12), 137,5 (C-8), 136,1
(C-20), 132,7 (C-15), 132,4 (C-arom.), 132,4 (C-arom.), 129,5 (C-arom.), 128,8 (C-
arom.), 128,4 (C-arom.), 127,8 (C-arom.), 127,7 (C-arom.), 127,6 (C-arom.), 127,3
(C-arom.), 125,5 (C-13), 125,2 (C-19), 86,5 (C-1), 85,7 (C-4), 83,0 (C-2), 72,1 (C-7),
71,8 (C-6), 71,4 (C-3), 56,7 (C-5). (Anexo, p. 62)
IV (KBr) cm-1: 3226, 3061, 2924, 2872, 2853, 2362, 1653, 1639, 1622, 1566, 1509,
1501, 1466, 1441, 1424, 1382, 1310, 1270, 1217, 1092, 1050, 904, 857, 841, 784,
743, 697, 685, 629. (Anexo, p. 63)
6.2.11.2 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-3-(benzodioxol-5-il)-2-(benzoilamino)-1-oxo-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (28b)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 50%.
p.f.: 173-174ºC.
+92,0 (c 0,2, CH2Cl2).
83
RMN1H (DMSO-d6, 300 MHz) δ (ppm): 9,72 (sl, 1H/-NH); 8,14 (sl, 1H/-NH), 7,97 (d,
2H/H-arom., J = 7,64 Hz); 7,62-7,48 (m, 3H/H-arom.); 7,38-7,26 (m, 5H/H-arom.);
7,15 (sl, 1H/H-arom.); 7,09-7,06 (m, 2H, H-arom.); 6,91 (d, 1H/H-19, J = 8,17 Hz);
5,99 (s, 2H/H-24); 4,59-4,55 (m, 4H/H-4, H-1, -CH2); 4,21 (sl, 1H/H-5); 4,04-4,02 (m,
1H/H-2); 3,91 (dd, 1H/H-6a ou H-6b, J = 5,6 Hz); 3,83 (d, 2H/H-3a e 3b, J = 2,8 Hz);
3,70 (dd, 1H/H-6a ou H-6b, J = 3,57 Hz). (Anexo, p. 64)
RMN13C (75 MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 165,8 (C-14), 165,6 (C-12), 147,6 (C-25),
147,2 (C-23), 138,0 (C-8), 133,7 (C-15), 131,7 (C-arom.), 128,7 (C-arom.), 128,4 (C-
arom.), 128,36 (C-arom.), 128,31 (C-13), 127,8 (C-arom.), 127,68 (C-arom.), 127,63
(C-arom.), 124,9 (C-19), 108,5 (C-arom.), 108,4 (C-arom.), 101,3 (C-24), 86,3 (C-1),
85,3 (C-4), 82,6 (C-2), 71,6 (C-7), 71,4 (C-6), 70,5 (C-3), 56,7 (C-5).
(Anexo, p. 66)
IV (KBr) cm-1: 3240, 1731, 1681, 1650, 1642, 1564, 1557, 1519, 1504, 1484, 1445,
1344, 1255, 1241, 1069, 1028, 1005, 929, 898, 818, 698, 631. (Anexo, p. 67)
6.2.11.3 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(benzoilamino)-1-oxo-3-fenil-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (28c)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 79%.
p.f.: 160-161ºC.
+65,0 (c 0,2, CH2Cl2).
84
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,14 (sl, 1H/H-arom.), 7,82 (d, 2H/H-arom., J =
7,2 Hz); 7,56-7,50 (m, 1H/H-arom.); 7,45-7,29 (m, 12H/H-arom.); 6,92 (s, 1H/H-19);
6,75 (d, 1H/H-arom., J = 6,78 Hz); 4,64-4,60 (m, 2H/H-4 e H-1); 4,55 (d, 2H/-CH2);
4,41 (sl, 1H/H-5); 4,04 (t, 1H/H-2, J = 3,46 Hz); 3,91-3,86 (m, 3H/H-6a, H-6b e H-3a
ou H-3b); 3,80 (dd, 1H/H-3a ou H3b, J = 1,7 Hz). (Anexo, p. 68)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 166,4 (C-14), 165,7 (C-12), 137,6 (C-8), 133,5
(C-20), 132,7 (C-15), 132,3 (C-arom.), 129,5 (C-13), 129,1 (C-arom.), 129,0 (C-
arom.), 128,8 (C-arom.), 128,7 (C-arom.), 128,4 (C-arom.), 127,8 (C-arom.), 127,6
(C-arom.), 127,5 (C-arom.), 127,2 (C-19), 86,3 (C-1), 85,8 (C-4), 83,2 (C-2), 72,3 (C-
7), 71,9 (C-6), 71,5 (C-3), 56,8 (C-5). (Anexo, p. 70)
IV (KBr) cm-1: 3424, 3234, 2869, 1642, 1629, 1554, 1482, 1210, 1080, 878, 693.
(Anexo, p. 71)
6.2.11.4 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-3-benzo[b]tien-2-il-2-(benzoilamino)-1-oxo-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (42a)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 54%.
p.f.: 159-162ºC.
[]D20 +65,75 (c 0,8, DMSO).
RMN1H (DMSO-d6, 300 MHz) δ (ppm): 9,90 (sl, 1H/-NH), 8,39 (d, 1H/H-arom., J =
6,8 Hz); 8,11 (d, 2H/H-arom., J = 7,4 Hz); 7,86 (t, 2H/H-arom., J = 8,6 Hz); 7,75 (s,
1H/H-arom.); 7,64-7,56 (m, 4H/H-arom.); 7,37-7,29 (m, 6H/H-arom. e H-19); 4,59 (m,
2H/H-4 e H-1); 4,55 (s, 2H/-CH2); 4,23 (sl, 1H/H-5); 4,04 (sl, 1H/H-2); 3,92 (dd, 1H/
85
H-6a ou H-6b, J = 5,7 Hz); 3,85-3,83 (m, 2H/H3a e H3b); 3,70 (dd, 1H/H6a ou H6b, J
= 3,2 Hz). (Anexo, p. 72)
RMN13C (75 MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 166,2 (C-14), 164,6 (C-12), 140,4 (C-20),
138,0 (C-27), 137,9 (C-22), 137,0 (C-8), 133,6 (C-15), 131,7 (C-arom.), 129,3 (C-13),
128,5 (C-arom.), 128,3 (C-arom.), 128,2 (C-arom.), 127,9 (C-arom.), 127,5 (C-arom.),
127,4 (C-arom.), 125,5 (C-19), 124,7 (C-arom.), 124,6 (C-arom.), 123,9 (C-arom.),
122,1 (C-arom.), 86,2 (C-1), 85,1 (C-4), 82,5 (C-2), 71,4 (C-7), 71,3 (C-6), 70,3 (C-3),
56,6 (C-5). (Anexo, p. 74)
IV (KBr) cm-1: 3238, 2873, 1641,1620,1530, 1520, 1480, 1455, 1287, 1081.
(Anexo, p. 75)
6.2.11.5 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(benzoilamino)-3-(2-furil)-1-oxo-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (42b)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 80%.
p.f.: 183ºC (dec.)
+54,25 (c 0,8, DMSO).
RMN1H (DMSO-d6, 300 MHz) δ (ppm): 9,74 (s, 1H/H-NH), 8,27 (d, 1H/H-arom., J =
6,9 Hz); 8,03 (d, 2H/H-arom., J = 7,5 Hz); 7,74 (sl, 1H/H-arom.); 7,59 (t, 1H/H-arom.,
J = 7,3 Hz); 7,52 (t, 2H/H-arom., J = 7,3 Hz); 7,36-7,27 (m, 4H/H-arom.); 7,04 (s,
1H/H-arom.); 6,69 (d, 1H/H-arom., J = 3,4 Hz); 6,57-6,56 (m, 1H/H-19); 4,58-4,56 (m,
2H/H-4 e H-1); 4,54 (s, 2H/-CH2); 4,21 (sl, 1H/H-5); 4,02 (sl, 1H/H-2); 3,90 (dd, 1H/
86
H-6a ou H-6b, J = 5,7 Hz); 3,83-3,82 (m, 2H/H3a e H3b); 3,69 (dd, 1H/H6a ou H6b, J
= 3,4 Hz). (Anexo, p. 76)
RMN13C (75 MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 165,3 (C-14), 164,5 (C-12), 149,6 (C-20),
144,2 (C-arom.), 137,8 (C-8), 133,6 (C-15), 131,4 (C-arom.), 128,17 (C-arom.),
128,10 (C-arom.), 127,7 (C-arom.), 127,4 (C-arom.), 127,3 (C-arom.), 127,2 (C-13),
116,5 (C-19), 113,5 (C-arom.), 112,0 (C-arom.), 86,1 (C-1), 86,0 (C-4), 82,4 (C-2),
71,3 (C-7), 71,2 (C-6), 70,2 (C-3), 56,5 (C-5). (Anexo, p. 78)
IV (KBr) cm-1: 3231, 2927, 1657, 1637, 1569, 1505, 1486, 1451, 1091,1081,
1051,699. (Anexo, p. 79)
6.2.11.6 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(benzoilamino)-1-oxo-3-(2-tienil)-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (42c)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 78%.
p.f.: 180-182ºC.
+59,5 (c 0,8, DMSO).
RMN1H (DMSO-d6, 300 MHz) δ (ppm): 9,68 (s, 1H/-NH), 8,24 (d, 1H/H-arom., J = 6,9
Hz); 8,07 (d, 2H/H-arom., J = 7,1 Hz); 7,61-7,52 (m, 5H/H-arom.); 7,36-7,28 (m,
4H/H-arom.); 6,96 (d, 1H/ H-19, J = 5,1 Hz); 4,57 (s, 2H/H-4 e H-1); 4,55 (s, 2H/-
CH2); 4,22 (sl, 1H/H-5); 4,03-4,02 (m, 1H/H-2); 3,92 (dd, 1H/H-6a ou H-6b, J = 5,8
Hz); 3,84-3,83 (m, 2H/H3a e H3b); 3,69 (dd, 1H/H6a ou H6b, J = 3,6 Hz); 2,35 (s,
3H/-CH3). (Anexo, p. 80)
87
RMN13C (75 MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 165,3 (C-14), 164,7 (C-12), 140,1 (C-21),
137,8 (C-8), 133,8 (C-15), 131,4 (C-arom.), 130,3 (C-20), 129,6 (C-arom.), 128,5 (C-
arom.), 128,1 (C-arom.), 127,8 (C-arom.), 127,4 (C-arom.), 127,3 (C-arom.), 125,9
(C-13), 122,6 (C-19), 86,2 (C-1), 85,1 (C-4), 82,4 (C-2), 71,3 (C-7), 71,2 (C-6), 70,2
(C-3), 56,6 (C-5), 14,0 (-CH3). (Anexo, p. 82)
IV (KBr) cm-1: 3221, 1641, 1555, 1514, 1484, 1298, 1246, 1076, 1053, 702.
(Anexo, p. 83)
6.2.11.7 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(p-clorobenzoilamino)-1-oxo-3-(2-tienil)-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(fenilmetil)-D-iditiol (42d)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 65%.
p.f.: 178-180ºC.
+54,25 (c 0,8, CHCl3).
RMN1H (DMSO-d6, 300 MHz) δ (ppm): 9,80 (s, 1H/-NH), 8,25 (d, 1H/H-arom., J = 6,8
Hz); 8,09 (d, 2H/H-arom., J = 8,4 Hz); 7,64-7,61 (m, 4H/H-arom.); 7,43 (d, 2H/H-
arom., J = 3,3 Hz); 7,36-7,28 (m, 4H/H-arom.); 7,10 (dd, 1H/H-19, J = 3,7 Hz); 4,57-
4,56 (m, 2H/H-4 e H-1); 4,55 (s, 2H/-CH2); 4,24-4,21 (m, 1H/H-5); 4,03 (sl, 1H/H-2);
3,91 (dd, 1H/H-6a ou H-6b, J = 5,8 Hz); 3,84-3,83 (m, 2H/H-3a e H-3b); 3,68 (dd,
1H/H-6a ou H6b, J = 3,6 Hz). (Anexo, p. 84)
RMN13C (75 MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 164,9 (C-14), 164,4 (C-12), 137,8 (C-8), 136,5
(C-18), 136,4 (C-20), 132,5 (C-15), 132,0 (C-arom.), 129,9 (C-arom.), 129,7 (C-
arom.), 128,2 (C-arom.), 128,1 (C-arom.), 127,4 (C-arom.), 127,3 (C-arom.), 126,8
88
(C-arom.), 126,4 (C-13), 125,0 (C-19), 86,2 (C-1), 85,1 (C-4), 82,4 (C-2), 71,3 (C-7),
71,2 (C-6), 70,2 (C-3), 56,6 (C-5). (Anexo, p. 86)
IV (KBr) cm-1: 3236, 2927, 1641, 1596, 1556, 1464, 1271, 1095, 1051, 698.
(Anexo, p. 87)
6.2.11.8 – 1,4:3,6-dianidro-5-[[(2Z)-2-(benzoilamino)-1-oxo-3-(2-tienil)-2-propen-1-il]amino]-2-deoxi-2-O-(p-metoxifenilmetil)-D-iditiol (42e)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 65%.
p.f.: 169-171ºC.
+39,5 (c 0,8, CHCl3).
RMN1H (DMSO-d6, 300 MHz) δ (ppm): 9,71 (s, 1H/-NH), 8,20 (d, 1H/H-arom., J = 6,8
Hz); 8,06 (d, 2H/H-arom., J = 7,4 Hz); 7,63-7,59 (m, 3H/H-arom.); 7,55-7,52 (m,
2H/H-arom.); 7,42 (d, 1H/H-arom., J = 3,2 Hz); 7,25 (d, 2H/H-arom., J = 8,6 Hz); 7,10
(dd, 1H/H-19., J = 3,7 Hz); 6,91 (d, 2H/H-arom., J = 8,6 Hz); 4,54 (s, 2H/H-4 e H-1);
4,46 (s, 2H/-CH2); 4,23-4,20 (m, 1H/H-5); 3,99 (t, 1H/H-2, J = 2,8 Hz); 3,90 (dd,
1H/H-6a ou H-6b, J = 5,8 Hz); 3,80 (d, 2H/H3a e H3b, J = 2,9 Hz); 3,74 (s, 3H/-
OCH3); 3,69 (dd, 1H/H6a ou H6b, J = 3,5 Hz). (Anexo, p. 88)
RMN13C (75 MHz, DMSO-d6) δ (ppm): 165,9 (C-14), 164,5 (C-12), 158,6 (C-11),
136,6 (C-20), 133,7 (C-15), 131,8 (C-arom.), 131,5 (C-arom.), 129,8 (C-arom.), 129,7
(C-8), 129,1 (C-arom.), 128,1 (C-arom.), 127,8 (C-arom.), 126,79 (C-arom.), 126,71
89
(C-13), 124,8 (C-19), 113,5 (C-arom.), 86,2 (C-1), 85,1 (C-4), 82,0 (C-2), 71,3 (C-7),
71,2 (C-6), 69,9 (C-3), 56,5 (C-5), 54,9 (-OCH3). (Anexo, p. 90)
IV (KBr) cm-1: 3220, 3047, 2930, 2869, 1720, 1621, 1641, 1553, 1513, 1482, 1373,
1296, 1245, 1073, 1036, 933, 898, 819, 698, 654. (Anexo, p. 91)
6.2.12 – Metodologia geral para síntese dos produtos finais (29a-g)
A uma solução da amina O-benzilada 34 (0,083g; 0,35mmol) em CH2Cl2 (5
mL) foi adicionado o respectivo aminoácido protegido (0,35mmol) previamente
dissolvido em CH2Cl2, e a 0ºC, foram adicionados DCC (0,072g; 0,35mmol) e DMAP
(0,005g; 0,035mmol). Após agitação por 12h a temperatura ambiente, a mistura foi
filtrada e o filtrado foi evaporado. O produto bruto foi purificado em coluna
cromatográfica em sílica gel (Eluente: hexano/acetato de etila).
6.2.12.1 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(N-t-butoxicarbonil-L-prolina)-D- iditiol (29a)
Aspecto: óleo amarelado.
Rendimento: 50%.
-9,4 (c 1.0, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 7,35-7,28 (m, 5H/H-arom.); 4,60-4,53 (m, 4H/H-
4, H-1 e –CH2); 4,38 (sl, 1H/H-5); 4,24 (sl, 1H/H-2); 4,05 (sl, 1H/H-13); 3,89-3,86 (m,
3H/H-6a, H-6b, H-3a ou H-3b); 3,71 (d, 1H/H-3a ou H-3b, J = 9,5 Hz); 3,49-3,39 (m,
90
2H/H-16); 1,86 (sl, 2H/H-14 ou H-15); 1,64 (sl, 2H/H-14 ou H-15); 1,46 (s, 9H/-CH3).
(Anexo, p. 93)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 171,7 (C-12), 154,3 (C-17), 137,5 (C-8), 128,4
(C-arom.), 127,8 (C-arom.), 127,6 (C-arom.), 86,4 (C-1), 85,7 (C-4), 83,0 (C-2), 80,7
(C-18), 72,4 (C-7), 72,2 (C-6), 71,5 (C-3), 60,2 (C-13), 56,0 (C-5), 47,1 (C-16), 29,6
(C-14), 28,3 (-CH3), 25,4 (C-15) . (Anexo, p. 95)
IV (KBr) cm-1: 3302, 2957, 2874, 1694, 1651, 1548, 1454, 1403, 1247, 1162, 1084,
914, 896, 734. (Anexo, p. 96)
6.2.12.2 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(N-t-butoxicarbonil-L-treonina)-D-iditiol (29b)
Aspecto: sólido amarelo.
Rendimento: 50%.
p.f.: 128-130ºC.
+37.0 (c 0.2, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 7,37-7,28 (m, 5H/H-arom.); 6,87 (sl, 1H/-NH);
5,48 (sl, 1H); 4,62-4,61 (m, 1H/H-13); 4,58-4,56 (m, 3H/H-4, H-1 e H-14); 4,40-4,35
(m, 2H/-CH2); 4,22 (dd, 1H/H-5, J = 3,4; 5,7 Hz); 4,07-4,05 (m, 1H/H-2); 3,99-3,96
(m, 1H/H-6a ou H-6b); 3,94-3,85 (m, 2H/H-3a e H-3b); 3,69 (m, 1H/H-6a ou H-6b);
1,46 (s, 9H/-CH3); 1,18 (d, 3H/-CH3, J = 6,4 Hz). (Anexo, p. 97)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 171,4 (C-12), 156,7 (C-16), 137,5 (C-8), 128,5
(C-arom.), 127,8 (C-arom.), 127,7 (C-arom), 86,4 (C-1), 85,8 (C-4), 83,0 (C-2), 80,7
91
(C-17), 72,4 (C-7), 72,1 (C-6), 71,6 (C-3), 66,4 (C-14), 57,4 (C-13), 56,1 (C-5), 28,2 (-
CH3) 18,3 (-CH3). (Anexo, p. 99)
IV (KBr) cm-1: 3376, 2924, 2853, 1699, 1646, 1604, 1445, 1399, 1217, 1110.
(Anexo, p. 100)
6.2.12.3 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(N-t-butoxicarbonil-L-metionina)-D-iditiol (29c)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 60%.
p.f.: 106-107ºC.
+21,2 (c 0,.8, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 7,37-7,28 (m, 5H/H-arom.); 6,50 (sl, 1H/H-NH);
5,12 (sl, 1H); 4,61-4,60 (m, 1H/H-13); 4,57 (d, 2H/-CH2, J = 4,2 Hz); 4,54-4,52 (m,
1H/H-4); 4,41-4,37 (m, 1H/H-1); 4,24-4,17 (m, 1H/H-5); 4,15-4,08 (q, 1H/H-2, J = 7,1
Hz); 4,08-4,05 (m, 1H/H-6a ou H-6b); 3,92-3,87 (m, 2H/H3a, H3b); 3,71 (dd, 1H/H-6a
ou H-6b, J = 1,6; 9,6 Hz); 2,60-2,46 (m, 2H/H-15); 2,10 (s, 3H/S-CH3); 2,08-2,06 (m,
2H/H-14); 1,44 (s, 9H/-CH3). (Anexo, p. 101)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 171,2 (C-12), 155,7 (C-16), 137,4 (C-8), 128,4
(C-arom.), 127,8 (C-arom.), 127,6 (C-arom.), 86,3 (C-1), 85,7 (C-4), 83,0 (C-6), 80,3
92
(C-17), 72,4 (C-7), 71,9 (C-6), 71,5 (C-3), 56,1 (C-5), 53,3 (C-13), 31,2 (C-15), 30,3
(C-14), 28,2 (-CH3), 15,2 (S-CH3). (Anexo, p. 103)
IV (KBr) cm-1: 3305, 2975, 2928, 2874, 2368, 1659, 1504, 1455, 1366, 1249, 1167,
1084, 912, 738. (Anexo, p. 104)
6.2.12.4 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(N-t-butoxicarbonil-O-benzil-L-serina)-D-iditiol (29d)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 64%.
p.f.: 135-136ºC.
+38,7 (c 0.8, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 7,38-7,27 (m, 10H/H-arom.); 6,56 (sl, 1H/-NH);
5,34 (sl, 1H); 4,58-4,53 (m, 3H/H-4 e –CH2); 4,51-4,47 (m, 3H/H-1 e H-15); 4,42-4,38
(m, 1H/H-13); 4,15 (q, 1H/H-5, J = 7,2 Hz); 4,04-4,02 (m, 1H/H-2); 3,90-3,85 (m,
4H/H-14, H-6a e H-6b); 3,69 (dd, 1H/H-3a ou H-3b, J = 1,7; 9,6 Hz); 3,53 (dd, 1H/H-
3a ou H-3b, J = 6,9; 9,2 Hz); 1,44 (s, 9H/-CH3). (Anexo, p. 105)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 170,0 (C-12), 155,4 (C-16), 137,4 (C-8 ou C-19),
137,2 (C-8 ou C-19), 128,5 (C-arom.), 128,4 (C-arom.), 128,0 (C-arom.), 127,8 (C-
arom.), 127,7 (C-arom.), 127,6 (C-arom.), 86,2 (C-1), 85,6 (C-4), 82,9 (C-2), 80,4 (C-
17), 73,5 (C-7), 72,3 (C-15), 71,9 (C-6), 71,4 (C-14), 69,7 (C-3), 56,1 (C-5), 53,8 (C-
13), 28,2 (-CH3). (Anexo, p. 107)
93
IV (KBr) cm-1: 3380, 3285, 2929, 2881, 1702, 1656, 1528, 1512, 1473, 1362, 1244,
1133, 912. (Anexo, p. 108)
6.2.12.5 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(Nα-t-butoxicarbonil-Nε-carbobenziloxi-L-lisina)-D-iditiol (29e)
Aspecto: óleo amarelo.
Rendimento: 65%.
+18,3 (c 0.8, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 7,35-7,28 (m, 10H/H-arom.); 6,50 (sl, 1H/-NH);
5,12-5,06 (m, 3H/H-19); 4,85 (sl, 1H/H-13); 4,61-4,59 (m, 1H/H-4); 4,55 (m, 3H/H-1 e
–CH2); 4,40-4,37 (m, 1H/H-5); 4,05 (m, 1H/H-2); 3,91-3,86 (m, 3H/ H-6a, H-6b e H-3a
ou H-3b); 3,73 (d, 1H/H-3a ou H-3b, J = 9,1 Hz); 3,18 (m, 2H/H-17); 1,89-1,82 (m,
2H/H-14); 1,55-1,49 (m, 2H/H-16); 1,43 (s, 9H/-CH3); 1,39-1,36 (m, 2H/H-15).
(Anexo, p. 109)
RMN13C (75 MHz, acetona-d6) δ (ppm): 173,9 (C-12), 158,2 (C-20 ou C-18), 157,4
(C-20 ou C-18), 140,3 (C-8), 139,5 (C-23), 130,2 (C-arom.), 130,1 (C-arom.), 129,6
(C-arom.), 129,5 (C-arom.), 129,4 (C-arom.), 129,3 (C-arom.), 88,4 (C-1), 87,3 (C-4),
85,1 (C-2), 80,2 (C-21), 73,7 (C-7), 73,5 (C-6), 72,7 (C-3), 67,4 (C-19), 58,2 (C-13),
56,3 (C-5), 42,1 (C-17), 34,0 (C-16), 29,5 (-CH3), 27,3 (C-14), 24,6 (C-15). (Anexo, p.
111)
94
IV (KBr) cm-1: 3315, 3064, 2935, 2869, 1713, 1651, 1538, 1505, 1455, 1366, 1249,
1168, 1083, 912, 736. (Anexo, p. 112)
6.2.12.6 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(N-t-butoxicarbonil-L-triptofano)-D-iditiol (29f)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 74%.
p.f.: 74-75ºC.
+52.5 (c 0.5, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 8,27 (sl, 1H/-NH); 7,65 (d, 1H/-NH, J = 7,7 Hz);
7,40-7,27 (m, 7H/H-arom.); 7,20-7,10 (m, 2H/H-arom.); 6,99 (d, 1H/H-arom., J = 2,3
Hz); 5,75 (d, 1H, J = 8,1 Hz); 5,33 (sl, 1H/H-13); 4,51 (d, 2H/-CH2, J = 3,6 Hz); 4,26
(sl, 1H/H-4); 3,92-3,88 (m, 3H/H-1, H-5 e H-2); 3,80-3,73 (m, 2H/H-6a e H6b); 3,69
(dd, 1H/H-3a ou H3b, J = 4,5; 9,8 Hz); 3,51-3,44 (m, 1H/H-3a ou H-3b); 3,25 (dd,
1H/H-14, J = 5,4; 13,8 Hz); 3,12 (dd, 1H/H-14, J = 9,0; 13,9 Hz); 1,44 (s, 9H/-CH3).
(Anexo, p. 113)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 171,3 (C-12), 155,3 (C-15), 137,5 (C-8), 136,2
(C-17), 128,5 (C-arom.), 127,9 (C-arom.), 127,5 (C-arom.), 127,0 (C-18), 123,2 (C-
arom.), 122,3 (C-arom.), 119,8 (C-arom.), 118,7 (C-arom.), 111,3 (C-arom.), 110,5
(C-19), 86,0 (C-1), 85,0 (C-4), 82,9 (C-2), 80,1 (C-16), 72,2 (C-7), 71,4 (C-6), 71,3
(C-3), 65,8 (C-, 55,6 (C-5), 49,1 (C-13), 28,9 (C-14), 28,3 (-CH3). (Anexo, p. 115)
95
IV (KBr) cm-1: 3315, 2975, 2928, 1693, 1657, 1525, 1498, 1456, 1366, 1248, 1168,
1080, 909, 741. (Anexo, p. 116)
6.2.12.7 – 1,4:3,6-dianidro-2-O-(benzil)-5-N-(Nα-t-butoxicarbonil-Nδ,Nω-di-carbobenziloxi-L-arginina)-D-iditiol (29f)
Aspecto: sólido branco.
Rendimento: 70%.
p.f.: 115-116ºC.
+22,5 (c 0.8, CH2Cl2).
RMN1H (CDCl3, 300 MHz) δ (ppm): 9,42 (d, 2H/-NH), 7,42-7,28 (m, 15H/H-arom.);
6,69 (sl, 1H/-NH); 5,58 (sl, 1H); 5,29 (s, 1H-13); 5,23 (sl, 2H/H-19); 5,21 (q, 2H/H-23,
J = 12 Hz); 4,58 (q, 2H/-CH2, J = 12 Hz); 4,40-4,37 (m, 2H/H-4 e H-1); 4,27-4,22 (m,
2H/H-5 e H-2); 4,04-3,99 (m, 3H/H-6a, H-6b e H3a ou H-3b); 3,78 (dd, 1H/ H3a ou H-
3b, J = 7,5; 9,0 Hz); 3,47-3,45 (m, 2H/H-16); 1,77-1,68 (m, 4H/H-14 e H-15);1,43 (s,
9H/-CH3). (Anexo, p. 117)
RMN13C (75 MHz, CDCl3) δ (ppm): 171,8 (C-12), 163,5 (C-17), 160,8 (C=O), 155,6
(C=O), 137,7 (C-8), 136,6 (C-20 ou C-24), 134,5 (C-20 ou C-24), 128,9 (C-arom.),
128,8 (C-arom.), 128,5 (C-arom.), 128,4 (C-arom.), 128,3 (C-arom.), 127,9 (C-arom.),
127,8 (C-arom.), 127,6 (C-arom.), 86,9 (C-1), 80,0 (C-22), 79,9 (C-4), 78,8 (C-2),
96
72,9 (C-7), 72,3 (C-6), 70,4 (C-3), 68,9 (C-23), 67,0 (C-19), 56,9 (C-5), 49,0 (C-13),
43,9 (C-16), 28,4 (C-14), 28,2 (-CH3), 24,8 (C-15). (Anexo, p. 119)
IV (KBr) cm-1: 3388, 3327, 2926, 2851, 1723, 1651, 1611, 1520, 1455, 1380, 1254,
1088, 737, 697. (Anexo, p. 120)
97
6.3 AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA
6.3.1 ENSAIO DE ATIVIDADE DE INIBIÇÃO DA PROTEASE RECOMBINANTE
NS3PRO/4A DO HCV
A avaliação da atividade proteolítica do HCV foi realizada com o kit
SensoLyte®520 HCV Protease Assay Kit *Fluorimetric* (AnaSpec, CA, USA). Este
ensaio possibilita realizar a triagem de inibidores anti-HCV-NS3pro/4A com maior
eficiência e sensibilidade, baseado no fenômeno de FRET (fluorecence ressonance
energy transfer), no qual o peptídeo derivado do sítio de clivagem NS4A/NS4B
encontra-se marcado com fluoróforo 5-FAM/QXLTM520, sendo a fluorescência do 5-
FAM suprimida pela QXLTM520. A quantificação da atividade proteolítica ocorre
quando o peptídeo FRET sofre a clivagem em dois fragmentos pela NS3pro/4A, com
isso, a fluorescência do 5-FAM pode ser monitorada em excitação/emissão igual a
490 nm/520 nm.
6.3.2 METODOLOGIA UTILIZADA NA DOSAGEM DA CAPACIDADE INIBITÓRIA
DOS COMPOSTOS
Os compostos liofilizados foram resuspendidos em DMSO (100%) a uma
concentração de 20 mM. Posteriormente, 200 μM dos compostos foram
préincubados a 25ºC por 15 min com 30 ng da enzima HCV-NS3pro/4A em volume
final de 50μL do tampão de reação do kit SensoLyte®520 HCV Protease Assay Kit
*Fluorimetric* (AnaSpec, CA, USA), seguindo o protocolo do fabricante. A reação foi
iniciada com a adição do substrato Peptídeo 5-FAM/QXL™520 FRET, cuja clivagem
do peptídeo foi monitorada no leitor de placas SpectraMax M2e (Molecular Devices)
em excitação/emissão igual a 490 nm/ 520 nm medindo a fluorescência gerada a
cada 30 segundos por 60 min.
Os parâmetros cinéticos de velocidade inicial (Vi) das reações foram
calculados por regressões linear e/ou polinomial de 3ª ordem utilizando-se o
programa SigmaPlot versão 10.0 e Excel 2007, respectivamente, sendo os valores
de Vi convertidos em atividade residual (%).
98
6.3.3 PURIFICAÇÃO E EXPRESSÃO DA NS3/4A PROTEASE
O plasmídeo recombinante pET21dHT-NS3pro/4A foi transformado em E. coli
da cepa BL21 [DE3] e a expressão da proteína quimérica 6xHis-tev-NS3pro/4A foi
induzida utilizando o isopropyl-B-D-thiogalactopyranoside (IPTG). As células foram
centrifugadas e o sedimento de bactérias foram lisados para a purificação da
6xHistev-NS3pro/4A utilizando colunas de afinidade HisTRAP (GE-Healthcare),
seguido de excisão da cauda de 6xHis-tev da NS3pro/4A com a enzima TEV
protease.
6.4 MODELAGEM MOLECULAR
6.4.1 REDOCKING
A preparação da proteína NS3/NS4 protease do vírus HCV, sob o código
2OC0, bem como o seu ligante HU1, retirados do PDB (Protein Data Bank), foi
realizada no AutoDockTools. Os átomos de hidrogênio polares foram adicionados e
os átomos de hidrogênio não-polares foram mesclados com os respectivos átomos
de carbono. Cargas atômicas parciais Gasteiger foram assinaladas. Todas as
ligações rotacionáveis dos ligantes foram mantidas livres.
A fim de verificar a precisão do protocolo proposto, foi realizado o redocking
entre 2OC0 e HU1 em seu local de ligação. Os protocolos foram avaliados com base
na capacidade do AutoDock em reproduzir o modo de ligação do 2OC0 e HU1 como
observado na estrutura de cristal correspondente. É geralmente medido por cálculo
da distância de raiz quadrada média (RMSD) entre os átomos, exceto hidrogênios,
do ligante na estrutura de cristal e os átomos correspondentes da conformação
gerada.
Caixa de grade de tamanho idêntico (60X60X60 pontos) foram centradas no
ligante e foram calculados com espaçamento 0,375 Å.
Várias opções de carga disponíveis nos parâmetros do AutoDock 4.2 foram
sistematicamente variadas para determinar a condição ótima. O número de
execuções de ancoragem foi fixado em 50, tamanho da população foi definida para
150, número máximo de indivíduos superiores que automaticamente sobrevivem
99
tinha 10 anos, e o nível de detalhe para a saída utilizada foi o algoritmo genético. A
posição inicial especificada pelo usuário não foi aleatória, assim como deslocamento
diedro inicial relativo relativa nos parâmetros do ligante.
A confiabilidade do protocolo de docking foi verificada analisando as melhores
soluções a partir das soluções com menores valores de energia de docking no
cluster que tinha o maior número de poses, avaliando a similaridade da conformação
final e a configuração de menor energia
Resultados do redocking mostraram um valor de RMSD de 1,09 Å, sugerindo
que o processo de docking pode ser utilizado para prever o modo de ligação dos
compostos do conjunto sob investigação. De acordo com a literatura, um valor limiar
de RMSD de 2,0 Å é amplamente aceito como a distinção entre o sucesso e o
fracasso na reprodução de um modo conhecido de ligação.
100
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.
0
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE FARMÁCIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE
DESENVOLVIMENTO DE CANDIDATOS A PROTÓTIPOS DE FÁRMACOS ANTIVIRAIS PARA OS VÍRUS DA DENGUE
E HEPATITE C SINTETIZADOS A PARTIR DO ISOSORBÍDEO
ALINE CORDEIRO PORTELA
ANEXO
NITERÓI
2014
1
Série das Aminas O-benziladas 34 e 47
2
(31) – (CDCl3, RMN1H -300MHz)
3
(31) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
4
(31) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
5
(31) – (IV (KBr) cm-1)
6
(30a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
7
(30a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
8
(30a) – (CDCl3 ,RMN13C -75MHz)
9
(32) – (CDCl3,RMN1H - 300MHz)
10
(32) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
11
(32) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
12
(32) – (IV (KBr) cm-1)
13
(45) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
14
(45) – (CDCl3,RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
15
(45) – (CDCl3, RMN13C -75MHz)
16
(45) – (IV (KBr) cm-1)
17
(33) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
18
(33) – (CDCl3 ,RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
19
(33) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
20
(33) – (IV (KBr) cm-1)
21
(46) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
22
(46) – (CDCl3, RMN1H -300MHz) – Expansão do espectro
23
(46) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
24
(46) – (IV (KBr) cm-1)
25
(34) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
26
(34) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
27
(34) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
28
(34) – (IV (KBr) cm-1)
29
(47) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
30
(47) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
31
(47) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
32
(47) – (IV (KBr) cm-1)
33
Série dos produtos finais 28a-c e 42a-e
34
(41) – (CD3OD, RMN1H - 300MHz)
35
(41) – (CD3OD, RMN13C - 75MHz)
36
(41) – (IV (KBr) cm-1)
37
(43) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)
38
(43) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
39
(43) – (DMSO-d6, RMN13C -75 MHz)
40
(43) – (IV (KBr) cm-1)
41
(38a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
42
(38a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
43
(38a) – (IV (KBr) cm-1)
44
(38b) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
45
(38b) – (IV (KBr) cm-1)
46
(38c) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
47
(38c) – (IV (KBr) cm-1)
48
(38d) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
49
(38d) – (CDCl3, RMN1H -300MHz) – Expansão do espectro
50
(38d) – (IV (KBr) cm-1)
51
(38e) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
52
(38e) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
53
(38e) – (IV (KBr) cm-1)
54
(38f) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
55
(38f) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
56
(38f) – (IV (KBr) cm-1)
57
(38g) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
58
(38g) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
59
(38g) – (IV (KBr) cm-1)
60
(28a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
61
(28a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
62
(28a) – (CDCl3, RMN13C – 75 MHz)
63
(28a) – (IV (KBr) cm-1)
64
(28b) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)
65
(28b) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
66
(28b) – (DMSO-d6, RMN13C - 75MHz)
67
(28b) – (IV (KBr) cm-1)
68
(28c) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
69
(28c) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
70
(28c) – (CDCl3, RMN13C - 75MHz)
71
(28c) – (IV (KBr) cm-1)
72
(42a) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)
73
(42a) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
74
(42a) – (DMSO-d6, RMN13C - 75MHz)
75
(42a) – (IV (KBr) cm-1)
76
(42b) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)
77
(42b) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
78
(42b) – (DMSO-d6, RMN13C - 75MHz)
79
(42b) – (IV (KBr) cm-1)
80
(42c) – (DMSO-d6, 1H-RMN - 300MHz)
81
(42c) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
82
(42c) – (DMSO-d6, RMN13C – 75 MHz)
83
(42c) – (IV (KBr) cm-1)
84
(42d) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)
85
(42d) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)– Expansão do espectro
86
(42d) – (DMSO-d6, RMN13C – 75 MHz)
87
(42d) – (IV (KBr) cm-1)
88
(42e) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz)
89
(42e) – (DMSO-d6, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
90
(42e) – (DMSO-d6, RMN13C – 75 MHz)
91
(42e) – (IV, KBr)
92
Série dos produtos finais 29a-g
93
(29a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
94
(29a) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
95
(29a) – (CDCl3, RMN13C - 75 MHz)
96
(29a) – (IV, KBr)
97
(29b) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
98
(29b) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)– Expansão do espectro
99
(29b) – (CDCl3, RMN13C – 75 MHz)
100
(29b) – (IV, KBr)
101
(29c) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
102
(29c) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)– Expansão do espectro
103
(29c) – (CDCl3, RMN13C –75 MHz)
104
(29c) – (IV, KBr)
105
(29d) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
106
(29d) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
107
(29d) – (CDCl3,13C-RMN – 75 MHz)
108
(29d) – (IV, KBr)
109
(29e) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
110
(29e) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
111
(29e) – (acetona-d6, RMN13C – 75 MHz)
112
(29e) – (IV, KBr)
113
(29f) – (CDCl3, RMN1H -300MHz)
114
(29f) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
115
(29f) – (CDCl3, RMN13C – 75 MHz)
116
(29f) – (IV, KBr)
117
(29g) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz)
118
(29g) – (CDCl3, RMN1H - 300MHz) – Expansão do espectro
119
(29g) – (CDCl3, RMN13C – 75 MHz)
120
(29g) – (IV, KBr)