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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Programa de Pós-Graduação Multicêntrico em Química de Minas Gerais Lívia Mara Fontes Costa Torres SÍNTESE DE NANOESTRUTURAS DE ALUMINA CONTENDO O PEPTÍDEO ANTIMICROBIANO BP100 PARA APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS Diamantina 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Programa de Pós-Graduação Multicêntrico em Química de Minas Gerais

Lívia Mara Fontes Costa Torres

SÍNTESE DE NANOESTRUTURAS DE ALUMINA CONTENDO O PEPTÍDEO

ANTIMICROBIANO BP100 PARA APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS

Diamantina

2018

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Lívia Mara Fontes Costa Torres

SÍNTESE DE NANOESTRUTURAS DE ALUMINA CONTENDO O PEPTÍDEO

ANTIMICROBIANO BP100 PARA APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

Multicêntrico em Química de Minas Gerais da

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri como requisito parcial para obtenção do

título de Doutora em Química.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Moreira Verly

Coorientador: Dr. Marcelo Porto Bemquerer

Diamantina

2018

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Aos meus pais,

Simone e Antônio,

que sempre priorizaram minha educação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus agradeço pela perfeição da criação em toda sua grandeza e em todos seus detalhes,

por nos ter permitido a curiosidade e por deixar aqui todas as respostas, permitindo a

insistência na busca e a alegria da conquista. Obrigada Senhor, por preencher minha mente e

meus instintos com Sua luz, me concedendo saúde, abençoando meu dia-a-dia, me guiando

pelas minhas escolhas e permitindo a conclusão de mais essa jornada, sem Ti nada seria

possível. Agradeço por ter colocado em meu caminho todas as pessoas que tanto contribuíram

para a conclusão desse trabalho, algumas acrescentaram muito conhecimento e sabedoria

outras preencheram todo vazio com alegria, carinho e amor. E todas foram essenciais para que

eu chegasse até aqui.

Aos meus pais agradeço por tanto incentivo à minha educação, eu jamais chegaria aqui sem a

base que vocês me proporcionaram. Vocês foram pilares para as minhas conquistas

acadêmicas e pessoais.

Aos meus irmãos, Thales e Maurício, agradeço pelo companheirismo, pela amizade e pelo

amor incondicional. Por acreditarem e confiarem tanto na minha capacidade. Espero ser

exemplo e não decepcioná-los.

Aos meus sobrinhos, Bia, Laurinha, Yasmin e Arthur, peço desculpas por tantos momentos

ausente e agradeço por fazerem a minha vida muito mais bonita!

Ao meu marido, professor e pesquisador, Wallans, agradeço por ser completamente

apaixonado pela pesquisa, por ser exemplo de dedicação e esforço e por todos os

ensinamentos. Adoro nossas conversas regadas a cerveja e muita química! Obrigada por

aceitar entrar e permanecer na minha vida, minha vida! Você contribuiu muito para a

conclusão desse trabalho.

Estendo a paixão pela pesquisa também ao meu orientador, o amor àquilo que se faz é o maior

incentivador que um aluno poderia ter. Isso nos faz querer ir mais longe, nos instiga a busca, o

interesse e a persistência. Obrigada pelo entusiasmo com o trabalho, isso é contagiante!

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Agradeço também pelos ensinamentos, pela dedicação e empenho, se hoje cheguei até aqui

foi porque encontrei apoio e encorajamento no decorrer de todos esses quatro anos.

Ao meu coorientador Marcelo Bemquerer agradeço por toda dedicação e interesse no

trabalho, pelas várias análises de espectrometria de massa e por todos os ensinamentos. À

Magali agradeço pela disposição em ir de Brasília a BH só para me auxiliar na MET e por

toda ajuda sempre oferecida. Deixo aqui um agradecimento muito especial a vocês.

Aos amigos que o LASEB me trouxe, agradeço pelos momentos de alegria e por toda ajuda

no decorrer desse trabalho. Somos uma equipe e trabalhando dessa forma garantimos não

apenas o sucesso coletivo, mas também o individual. A alegria de todos com a conquista de

cada um fazem do LASEB um lugar muito agradável de trabalhar. Espero que esse grupo

continue assim.

Quero agradeço especialmente à Natália, aluna de iniciação científica, que sintetizou muitas

nanopartículas de alumina para mim!

Com um carinho muito grande, agradeço à Mainara, por toda dedicação e esforço, só nós duas

sabemos o quanto foi difícil, estressante, cansativo física e mentalmente. Não foi nada fácil,

mas valeu a pena. Obrigada também pela companhia e pela amizade. Juntas conseguimos

chegar muito mais longe!

Também quero agradecer ao Lúcio, à Isabela, ao Kelton, à Carol e à Nara, com certeza vocês

tornaram essa difícil jornada muito mais feliz.

A todos os amigos do ICT, em especial aos técnicos de química Dilton, Breno e Thiaguinho,

que sempre se dispuseram em me ajudar, em todas e muitas vezes que precisei, muito

obrigada, o apoio de vocês foi fundamental!

Também não poderia deixar de agradecer à Keyla e ao Tiago Guedes, que se dispuseram a me

ajudar com a calcinação das amostras de nanopartículas.

Ilvinha, muito obrigada pela ajuda com a microscopia óptica, jamais conseguiria focalizar

tantas lâminas!

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Ao Felipe, Saulo e João, agradeço pela ajuda com os “ajustes técnicos” que alguns aparatos

utilizados nesse trabalho foram submetidos.

Ao técnico Teles, agradeço pelas análises de Raios-x e MEV, e também aos professores

Márcio e Manuel pelos ensinamentos imprescindíveis na interpretação dos difratogramas e

compreensão dessa técnica. Ao professor João Paulo agradeço pela grande contribuição com

as análises de termogravimetria e MET.

À técnica Kelly, agradeço por liofilizar minhas amostras dezenas de vezes, e pela paciência,

pela disponibilidade e ótimo humor nos ensaios microbiológicos, mesmo quando a leitura

precisava ser feita à 1h da madrugada! Também à professora Helen, agradeço por

disponibilizar seu laboratório e materiais para a execução destes ensaios.

À técnica Vanessa, agradeço pela disponibilidade do UV, foram aproximadamente 12345678

leituras! Ao técnico Abraão, agradeço pelas inúmeras tentativas de quantificação pela técnica

de análise elementar, não deu certo, mas aprendi bastante!

À professora Mariana, agradeço por disponibilizar seu laboratório e equipamentos para

execução das análises de dicroísmo circular e espectrometria de massa. Ao professor

Guilherme e à Flavinha, agradeço pela colaboração nos primeiros ensaios de citotoxicidade.

Agradeço também ao professor Victor, presença diária no laboratório, as conversas do dia-a-

dia esclareceram muitas dúvidas, obrigada pela enorme disponibilidade em ajudar!

À Talita, agradeço por todas as contribuições, principalmente no fechamento dos nossos

artigos!

Pelos momentos de alegria e pela amizade, quero agradecer aos amigos-irmãos que a vida me

deu, Maraísa e Eduardo! Vocês são muito especiais para mim!

Não se chega a lugar algum sozinho e sei que, dessa vez, alcancei grandes distâncias. Muito

obrigada, todos vocês!

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“A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos.”

Platão

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RESUMO

Nanopartículas de alumina contendo peptídeos antimicrobianos podem ser uma estratégia

promissora para modelar dispositivos nanoestruturados para uso em implantes e próteses, com

interesse de substituição óssea, uma vez que a contaminação por patógenos pode ser reduzida.

Neste trabalho, é apresentada a síntese de nanobioestruturas de alumina em morfologia

fibrosa, bem como a sua funcionalização com o peptídeo BP100 através de três diferentes

estratégias de síntese: (i) via formação de uma ligação amídica entre o grupo amino de

nanopartículas funcionalizadas e a cadeia lateral do resíduo de ácido glutâmico do peptídeo;

(ii) através de ligação de dissulfeto entre nanopartículas funcionalizadas com o grupo tiol e

cadeia lateral de resíduos de cisteína do peptídeo e (iii) por meio da reação de cicloadição 1,3-

dipolar entre as nanopartículas funcionalizadas com o grupo azido e a cadeia lateral de

propargilglicina do resíduo de aminoácido do peptídeo. Das três rotas de síntese

desenvolvidas neste trabalho, verificou-se que o maior grau de substituição foi alcançado nas

nanopartículas formadas a partir da reação de cicloadição catalisada por cobre (I). O trabalho

apresenta ainda ampla caracterização estrutural e fisco-química das nanopartículas

funcionalizadas empregando-se técnicas como difração de raios-x, microscopia eletrônica de

transmissão, espectroscopia na região do infravermelho por transformada de Fourier,

ressonância magnética nuclear e outras técnicas físico-químicas. Os dados de atividade

antimicrobiana das nanobioestruturas obtidas mostram que as nanopartículas de alumina são

ativas apenas após a funcionalização com o peptídeo BP100. Além disso, os estudos

conformacionais por dicroísmo circular e de interação por ressonância plasmônica de

superfície revelaram que as cadeias peptídicas mesmo ligadas covalentemente às

nanopartículas de alumina conseguem estabelecer uma interação peptídeo-membrana, a partir

da qual perturbam a estrutura da membrana microbiana exercendo assim seus mecanismos de

ação.

Palavras-chave: Nanobioestrutura. Nanopartícula. Alumina.Peptídeo antimicrobiano. BP100.

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ABSTRACT

Alumina nanoparticles containing antimicrobial peptides represent a promising strategy for

the development of bioactive nanostructured devices for use in orthopedic and orthodontic

implants, since pathogen contamination can be reduced. In this work, the synthesis of alumina

nanobioestructures with fibrous morphology, as well as their functionalization with the BP100

peptide through three different synthesis strategies are presented: (i) via an amide bond

formation between the amino group of functionalized nanoparticles and the side chain of the

glutamic acid residue; (ii) by disulfide bonding between thiol groups of functionalized

nanoparticles and the side chains of cysteine residues and (iii) through 1,3-dipolar

cycloaddition reaction between azide group of nanoparticles functionalized and the side chain

of propargylglycine amino acid residue. From the three synthetic routes developed in this

work it was verified that the highest substitution degree was achieved in the nanoparticles

formed from the copper(I)-catalyzed reaction. This work also presents an extensive set of

structural and physic-chemical characterization of the functionalized nanoparticles by using

techniques such as x-ray diffraction, transmission electron microscopy, Fourier transform

infrared spectroscopy, nuclear magnetic resonance and other physico-chemical techniques.

The antimicrobial activity assays for the nanobiostructures and alumina nanoparticles show

significant activity only after functionalization with the BP100 peptide. In addition,

interaction and conformational studies carried out by surface plasmon resonance and circular

dichroism, respectively, revealed that peptide chains are able to establish interaction with

phospholipidic bilayer in a helical conformation even covalently bound to alumina

nanoparticles, from which result in microbial membrane disruption, exerting their

mechanisms of action.

Key-words: Nanobiostructured. Nanoparticle. Alumina. Antimicrobial peptide. BP100

.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação esquemática das principais propostas de mecanismo de ação de

peptídeos antimicrobianos: modelo de formação do barril (A), modelo de formação do poro

toroidal (B), modelo carpete (C) e modelo detergente (D).......................................................42

Figura 2 – Estrutura secundária de peptídeos antimicrobianos: α-hélice (A) e β-folha

(B).............................................................................................................................................45

Figura 3 – Ângulos de rotação ϕ e ψ presentes em estruturas peptídicas (A). Espectros de

dicroísmo circular característicos de peptídeos não estruturados (espectro em vermelho), de

peptídeos estruturados em α-hélice (espectro em amarelo) e em β-folha (espectro em azul)

(B).............................................................................................................................................46

Figura 4 – Projeção helicoidal da sequência peptídica primária do BP100..............................47

Figura 5 – Mecanismo de ação do peptídeo antimicrobiano BP100 proposto por Manzini et al.

(2014)........................................................................................................................................48

Figura 6 – Esquema de estratégias para o desenvolvimento de materiais bioativos: superfície

de materiais contendo os ativos antimicrobianos adsorvidos a superfície (A) e superfície de

materiais ligados covalentemente aos agentes antimicrobianos (B).........................................53

Figura 7 – Estratégias para a imobilização de PAM na superfície de materiais.......................58

Figura 8 – Esquema demonstrativo da ligação covalente entre nanopartículas de alumina e as

cadeias peptídicas dos derivados EAAA-BP100 (A), CAAA-BP100 (B) e [Pra]GAAA-BP100

(C).............................................................................................................................................60

Figura 9 – Resina Rink®

amida.................................................................................................61

Figura 10 – Esquema das etapas de desproteção, acoplamento e clivagem realizadas na SPFS

empregando-se a estratégia Fmoc.............................................................................................64

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Figura 11 – Esquemas demonstrativos de parte da estrutura química dos peptídeos

[Pra]GAAA-BP100 (A) e [Trz-β-A1]AAA-BP100 (B) e da nanobioestrutura NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100 (C)..................................................................................................................67

Figura 12 – Etapas sequenciais das três estratégias para obtenção das nanobioestruturas do

BP100........................................................................................................................................69

Figura 13 – Aparato para realização da reação entre nitrato de alumínio e carbonato de sódio

(A) e esquema demonstrativo das reações envolvidas na obtenção das nanopartículas de

alumina (B)...............................................................................................................................70

Figura 14 – Mecanismo de remoção do grupo protetor Fmoc utilizando solução de PIPE em

DMF com posterior formação do aduto dibenzofulveno-piperidina........................................75

Figura 15 – Etapas sequenciais do processo de obtenção de LUV...........................................85

Figura 16 – Mecanismo de reação para remoção do grupo Fmoc............................................90

Figura 17 – Mecanismo de ativação da carboxila da porção C-terminal seguida da formação

de uma ligação peptídica...........................................................................................................91

Figura 18 – Perfil cromatográfico analítico de amostra bruta dos peptídeos BP100 (A),

EAAA-BP100 (B), CAAA-BP100 (C) e [Pra]GAAA-BP100 (D)...........................................95

Figura 19 – Espectro de massa MS dos peptídeos BP100 (A), EAAA-BP100 (B), CAAA-

BP100 (C) e [Pra]GAAA-BP100 (D).......................................................................................97

Figura 20 – Possíveis regiões de clivagem da cadeia peptídica gerando os íons: a, b, c, x, y e

z.................................................................................................................................................98

Figura 21 – Interpretação dos espectros de massa MS/MS dos peptídeos BP100 (A), EAAA-

BP100 (B), CAAA-BP100 (C) e [Pra]AAA-BP100 (D). Íons da série b estão apresentados em

azul escuro e íons da série y em vermelho. Íons em azul claro não foram observados no

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espectro, mas são característicos da molécula analisada. Os imônios estão indicados por

setas...........................................................................................................................................99

Figura 22 – Rota sintética para obtenção da nanobioestrutura NP-EAAA-BP100.................101

Figura 23 – Esquema demonstrativo da reação entre as hidroxilas imobilizadas em NP-OH e o

Si presente no APTES para a introdução de grupos contendo terminações amino na superfície

do óxido de alumínio...............................................................................................................103

Figura 24 – Espectros de ressonância magnética nuclear (13

C) em fase sólida de NP, NP-OH e

NP-NH2...................................................................................................................................103

Figura 25 – Difratograma de raios-x de nanopartículas de alumina. Em (A) planos cristalinos

e padrão de refinamento Rietveld de nanopartículas (NP) de -Al2O3. Em (B) difratograma de

raios-x de NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100..........................................................104

Figura 26 – Célula unitária de arranjo cúbico (duplicada no desenho) de -Al2O3................105

Figura 27 – Imagens de microscopia eletrônica de varredura de nanopartículas de Al2O3.

Agregados de nanopartículas evidenciados por círculos brancos, aumento de 2000 vezes (A).

Presença de agregado central e estruturas menores no entorno, aumento de 10000 vezes

(B)...........................................................................................................................................106

Figura 28 – Imagens de microscopia eletrônica de transmissão de NP (A e C) e NP-EAAA-

BP100 (B e D).........................................................................................................................107

Figura 29 – Espectro de infravermelho de nanopartículas e do peptídeo EAAA-BP100. À

esquerda, o espectro de NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100. À direita, comparação

entre os espectros de EAAA-BP100 e NP-EAAA-BP100......................................................108

Figura 30 – Curvas termogravimétricas de porcentagem de perda de massa (A) e da primeira

derivada da perda de massa (B) para as nanopartículas NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-

BP100......................................................................................................................................109

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Figura 31 – Valores de potencial zeta para NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 em

tampão Tris-HCl 10 mM, pH 8,5. Em (A) acompanhamento da variação do potencial zeta ao

longo de 60 min. Em (B) média dos valores obtidos e os respectivos

desvios.....................................................................................................................................110

Figura 32 – Espectros de dicroísmo circular dos peptídeos BP100 (A) e EAAA-BP100 (B) e

das nanopartículas NP, NP-NH2 (ambas em LUV POPC:POPG (3:1) 1 mM) e NP-EAAA-

BP100 (C) em tampão Tris-HCl, pH 8,5, e na presença de LUV POPC:POPG

(3:1).........................................................................................................................................116

Figura 33 – Intensidade da fluorescência de carboxifluoresceína ao longo do tempo devido a

adição de NP, EAAA-BP100 e NP-EAAA-BP100 em LUV de POPC:POPG (3:1) contendo

CF............................................................................................................................................117

Figura 34 – Esquema demonstrativo da interação das cadeias de peptídeo imobilizadas na

superfície de nanopartículas de formato alongado (A) e formato esférico (B) com a bicamada

fosfolipídica evidenciando o maior número de peptídeos em contato simultâneo quando

imobilizados em partículas alongadas.....................................................................................118

Figura 35 – Rota sintética para obtenção da nanobioestrutura NP-CAAA-BP100 (rota

2).............................................................................................................................................120

Figura 36 – Demonstração de possíveis ligações de dissulfeto (indicadas pelas setas): entre

derivados de cisteína em uma mesma nanopartícula (A), entre derivados de cisteína

imobilizados em nanopartículas distintas (B) e entre duas cadeias peptídicas de CAAA-BP100

(C)...........................................................................................................................................121

Figura 37 – Rota sintética para obtenção da nanobioestrutura NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100

(rota 3)...................................................................................................................................123

Figura 38 – Mecanismo de reação proposto para a reação de cicloadição 1,3-dipolar entre o

alcino terminal da propargilglicina e azida imobilizada em nanopartículas de Al2O3 com base

no trabalho de Worrell, Malik e Fokin (2013)........................................................................124

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Figura 39 – Perfil cromatográfico analítico de amostra bruta dos peptídeos [Pra]GAAA-

BP100 (A) e [Trz-β-A1]AAA-BP100 (B)...............................................................................125

Figura 40 – Espectro de massa MS do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100..............................126

Figura 41 – Interpretação do espectro de massa MS/MS do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100.

Íons da série b estão apresentados em azul e íons da série y em vermelho. Íons em azul claro

não foram observados no espectro, mas são característicos da molécula analisada. Os imônios

estão indicados por setas.........................................................................................................126

Figura 42 – Difratograma de raios-x de nanopartículas de alumina características de cada

etapa de funcionalização das rotas de síntese 2 e 3.................................................................127

Figura 43 – Imagens de microscopia eletrônica de transmissão de NP (A, B e C), NP-CAAA-

BP100 (D e E) e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (F e G)............................................................128

Figura 44 – Espectro de infravermelho de peptídeos e nanopartículas característicos das

estapas de funcionalização das rotas de síntese 2 e 3.............................................................130

Figura 45 – Espectros de ressonância magnética nuclear (13

C) em fase sólida das

nanopartículas de alumina em cada uma das etapas de funcionalização até obtenção de NP-

CAAA-BP100 (rota 2) e de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3)........................................132

Figura 46 – Curvas termogravimétricas de porcentagem de perda de massa (A e C) e da

primeira derivada da perda de massa (B e D). Estão apresentadas as curvas para as

nanopartículas de alumina em cada uma das etapas de funcionalização da rota 2 (A e B) e da

rota 3 (C e D).........................................................................................................................134

Figura 47 – Potencial zeta de nanopartículas de alumina em tampão Tris-HCl 10 mM, pH 8,5.

Acompanhamento da variação do potencial zeta ao longo de 60 min das nanopartículas

provenientes da rota 2 (A) e da rota 3 (B). Em (C) média dos valores de potencial zeta obtidos

e os respectivos desvios para as nanopartículas das rotas de síntese 2 e

3...............................................................................................................................................136

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Figura 48 – Espectros de dicroísmo circular dos peptídeos CAAA-BP100 (A) e [Trz-β-

A1]AAA-BP100 (B) e das nanopartículas em cada etapa de funcionalização da rota 2 (C) e da

rota 3 (D) em tampão Tris-HCl, pH 8,5, e na presença de LUVs POPC:POPG (3:1) (1 mM

para as nanopartículas)............................................................................................................142

Figura 49 – Sensogramas de interações com bicamada lipídica de NP, suas formas derivadas e

peptídeos livres medidas por SPR. Curvas obtidas para as espécies envolvidas nas etapas de

funcionalização da rota 2 (A) e da rota 3 (B). C e D mostram curvas obtidas em diversas

concentrações de peptídeo para NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100,

respectivamente. Em (E) estão apresentadas as curvas para determinação dos valores de

Ka.............................................................................................................................................144

Figura 50 – Em (A) espectro de UV evidenciando pico de absorção do aduto dibenzofulveno-

piperidina em 301 nm. Em (B) curva analítica obtida com o aduto dibenzofulveno-piperidina

(produto de desproteção da resina Rink®

amida 0,79 mnmol.g-1

) em PIPE/DMF 1:20

(v:v).........................................................................................................................................174

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Protocolo para solvatação da resina.......................................................................61

Quadro 2 – Protocolo de desproteção: para remoção do grupo protetor de terminação amino,

Fmoc..........................................................................................................................................62

Quadro 3 – Protocolo para acoplamento de derivado de aminoácido.......................................62

Quadro 4 – Protocolo de lavagem para remoção de resíduos e excesso de reagentes..............63

Quadro 5 – Protocolo para realização do teste de Kaiser..........................................................63

Quadro 6 – Protocolo para realização do procedimento de clivagem.......................................66

Quadro 7 – Protocolo para remoção do grupo protetor Fmoc e recolhimento do produto

gerado........................................................................................................................................77

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatística da atividade biológica de peptídeos do banco de dados de peptídeos

antimicrobianos.........................................................................................................................40

Tabela 2 – Biomateriais baseados em peptídeos antimicrobianos............................................54

Tabela 3 – Sequência de aminoácidos da estrutura primária dos peptídeos BP100, EAAA-

BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100 sintetizados.......................................................59

Tabela 4 – Derivados de aminoácidos utilizados na síntese dos peptídeos BP100

(MM:1420,872 g.mol-1

), EAAA-BP100 (MM: 1763,224 g.mol-1

), CAAA-BP100 (MM:

1737,251 g.mol-1

) e [Pra]GAAA-BP100 (1729,16 g.mol-1

).....................................................61

Tabela 5 – Solução empregada na etapa de clivagem para obtenção dos peptídeos

sintéticos....................................................................................................................................65

Tabela 6 – Grupos protetores de cadeias laterais reativas dos derivados de aminoácido

empregados na síntese dos peptídeos BP100 e análogos, e seus respectivos tempos mínimos

de reação de clivagem...............................................................................................................65

Tabela 7 – Concentrações de peptídeo e/ou nanopartícula presentes em cada amostra utilizada

no ensaio de atividade antibacteriana........................................................................................82

Tabela 8 – Concentrações de peptídeo e/ou nanopartícula presentes em cada amostra utilizada

no ensaio de atividade antifúngica............................................................................................83

Tabela 9 – Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo BP100....................................92

Tabela 10 – Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo EAAA-BP100......................92

Tabela 11 – Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo CAAA-BP100.....................93

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Tabela 12 – Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo [Pra]GAAA-BP100............ 94

Tabela 13 – Valores de MIC obtidos para os peptídeos BP100 e EAAA-BP100 e para as

nanobioestruturas NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 contra cepas de bactérias (E.

coli, S. typhimurium e S. aureus) e leveduras (C. krusei e C. parapsilosis).......................113

Tabela 14 – Valores de MIC obtidos sobre cepas de bactérias (E. coli, S. typhimurium e S.

aureus) para os peptídeos BP100, CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 e para as

nanopartículas em cada etapa de funcionalização até a obtenção da NP-CAAA-BP100 e NP-

[Trz-β-A1]AAA-BP100...........................................................................................................138

Tabela 15 – Valores de MIC obtidos sobre leveduras (C. kruseie C. parapsilosis) para os

peptídeos BP100, CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 e para as nanopartículas em cada

etapa de funcionalização até a obtenção da NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-

BP100......................................................................................................................................139

Tabela 16 – Grau de imobilização e valores de MIC obtidos para as nanoestruturas NP-

EAAA-BP100, NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 contra cepas de bactérias (E.

coli, S. typhimurium e S. aureus) e leveduras (C. krusei e C. parapsilosis)...........................147

Tabela 17 – Estrutura química dos 20 aminoácidos essenciais..............................................169

Tabela 18 – Íons fragmento das séries b e y do peptídeo BP100 – Massa monoisotópica:

1419,959..................................................................................................................................171

Tabela 19 – Íons fragmento das séries b e y do peptídeo EAAA-BP100 – Massa

monoisotópica: 1762,113........................................................................................................171

Tabela 20 – Íons fragmento das séries b e y do peptídeo CAAA-BP100 – Massa

monoisotópica: 1736,079........................................................................................................171

Tabela 21 – Íons fragmento das séries b e y do peptídeo do peptídeo [Pra]GAAA-BP100 –

Massa monoisotópica: 1729,114.............................................................................................172

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Tabela 22 – Íons fragmento das séries b e y do peptídeo do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 –

Massa monoisotópica: 1771,124.............................................................................................172

Tabela 23 – Concentrações das alíquotas obtidas pela desproteção da resina Rink®

amida 0,79

mmol.g-1

utilizadas na elaboração da curva analítica e os respectivos valores de absorbância

obtidos pela leitura em UV a 301 nm.....................................................................................174

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

A absorbância

ACN acetonitrila

APD banco de dados de peptídeos antimicrobianos, do inglês antimicrobial

peptide database

APTES 3-aminopropiltrietoxisilano

Boc t-butoxicarbonil

C concentração

CD dicroísmo circular, do inglês circular dichroism

CF 5,6-carboxifluoresceína

CLAE cromatografia líquida de alta eficiência

CPTES 3-cloropropiltrietoxisilano

DCM diclorometano

DIC N,N’-diisopropilcarbodiimida

DLS espalhamento de luz dinâmico, do inglês dynamics light scattering

DMF N,N-dimetilformamida

DRX difração de raios-x

EDAC 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil)carbodiimida

EDT 1,2-etanoditiol

EDTA ácido etilenodiamino tetra-acético, do inglês ethylenediamine

tetraacetic acid

EM espectrometria de massa

Equiv. equivalente

ESI ionização por eletro-spray, do inglês electron spray ionization

Fmoc 9-fluorenilmetoxicarbonila

FTIR espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier, do

inglês Fourier transform infrared spectrometry

HA hidroxiapatita

HOBt 1-hidroxibenzotriazola

IPA álcool isopropílico

LPS lipopolissacarídeo

LUV vesículas grandes unilamelares, do inglês large unilamellar vesicles

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MALDI dessorção/ionização de matriz assistida por laser, do inglês matrix

assisted laser dessorption/ionization

MET microscopia eletrônica de transmissão

MIC concentração inibitória mínima, do inglês minimal inhibitory

concentration

MOPS ácido 3-(N-morfolino)propanosulfônico, do inglês 3-(N-

morpholino)propanesulfonic acid

MS espectrometria de massa, do inglês mass espectrometry

MTT brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-2H-tetrazólio

NP nanopartículas de alumina calcinadas

NP-CAAA-BP100 nanopartículas de alumina contendo o peptídeo CAAA-BP100

imobilizado em sua superfície

NP-Cl nanopartículas de alumina contendo átomos de Cloro imobilizados

NP-Cys nanopartículas de alumina contendo resíduo de cisteína imobilizado

NP-EAAA-BP100 nanopartículas de alumina contendo o peptídeo EAAA-BP100

imobilizado em sua superfície

NP-NH2 nanopartículas de alumina aminadas

NP-N3 nanopartículas de alumina contendo azidas terminais

NP-OH nanopartículas de alumina hidroxiladas

NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100

OtBu t-butoxi

PAM peptídeos antimicrobianos

PIPE 4-metilpiperidina

POPC 1-palmitoil-2-oleilfosfatidilcolina

POPG 1-palmitoil-2-oleil-fosfatidilglicerol

PC fosfatidilcolina

PE fosfatidiletanolamina

PS fosfatidilserina

RMN ressonância magnética nuclear

SPFS síntese de peptídeos em fase sólida

SPR ressonância plasmônica de superfície, do inglês surface plasmon

resonance

tBu t-butil

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TFA ácido trifluoroacético

THF tetrahidrofurano

TIS tri-isopropilsilano

ToF tempo de voo, do inglês time of flight

tR tempo de retenção

Trt tritil

UFC unidade formadora de colônia

UV espectroscopia da região do ultra violeta

m/z razão entre a massa e a carga

λ comprimento de onda

ζ potencial zeta

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................35

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................39

2.1 Peptídeos antimicrobianos...............................................................................................39

2.1.1 Mecanismo de ação antibacteriano de peptídeos antimicrobianos...............................41

2.1.2 Estudos do mecanismo de ação de peptídeos antimicrobianos.....................................43

2.1.3 Resistência microbiana a peptídeos bioativos................................................................49

2.2 Biomateriais com propriedades antimicrobianas..........................................................50

2.2.1 Biomateriais baseados em peptídeos antimicrobianos...................................................53

2.3 Materiais derivados de alumina.......................................................................................55

2.4 Estratégias para a associação de PAM na superfície de materiais...............................57

3 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................59

3.1 Síntese dos peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-

BP100........................................................................................................................................59

3.1.1 Obtenção do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP10..................................................................66

3.2 Purificação e quantificação dos peptídeos sintéticos.....................................................67

3.3 Espectrometria de massa para caracterização dos peptídeos.......................................68

3.4 Síntese e funcionalização de nanopartículas de alumina...............................................70

3.4.1 Obtenção de nanopartículas de alumina (NP) – Etapa 1..............................................70

3.4.2 Hidroxilação das nanopartículas de alumina (NP NP-OH) – Etapa 2...................71

3.4.3 Ligação dos peptídeos sintéticos às nanopartículas de alumina...................................71

3.4.3.1 Rota 1 – Obtenção das nanobioestruturas NP- EAAA-BP100.....................................72

3.4.3.2 Rota 2 - Obtenção das nanobioestruturas NP -CAAA-BP100......................................73

3.4.3.3 Rota 3 - Obtenção das nanobioestruturas NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100........................74

3.5 Determinação do grau de funcionalização das nanopartículas de alumina................75

3.5.1 Confirmação do grau de substituição da resina Rink®

amida 0,79 mmol.g-1

e

confecção da curva analítica...................................................................................................76

3.5.2 Determinação do grau de funcionalização das nanopartíiculas de alumina com

derivados de aminoácido ou de peptídeos...............................................................................77

3.6 Caracterização das nanoestruturas.................................................................................78

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3.6.1 Difração de raios-x..........................................................................................................78

3.6.2 Microscopia eletrônica de varredura...........................................................................78

3.6.3 Microscopia eletrônica de transmissão........................................................................79

3.6.4 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho com transformada

de Fourier.................................................................................................................................79

3.6.5 Ressonância magnética nuclear de 13

C em fase sólida..................................................79

3.6.6 Análise térmica................................................................................................................80

3.6.7 Medidas de potencial zeta...............................................................................................80

3.7 Ensaios de atividade antimicrobiana...............................................................................80

3.7.1 Ensaio antibacteriano.....................................................................................................81

3.7.2 Ensaio antifúngico..........................................................................................................82

3.8 Estudos biofísicos..............................................................................................................84

3.8.1 Obtenção de vesículas lipídicas unilamelares................................................................84

3.8.2 Medidas de extravasamento de carboxifluoresceína.....................................................85

3.8.3 Dicroísmo circular..........................................................................................................86

3.8.4 Ressonância plasmônica de superfície...........................................................................86

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................89

4.1 Síntese, purificação e caracterização dos peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-

BP100 e [Pra]GAAA-BP100...................................................................................................89

4.1.1 Síntese dos peptídeos em fase sólida...............................................................................89

4.1.2 Purificação dos peptídeos sintetizados...........................................................................94

4.1.3 Caracterização por espectrometria de massa.................................................................96

4.2 Funcionalização de nanofibras de alumina com o peptídeo EAAA-BP100: Síntese,

caracterização e ensaios biológicos......................................................................................100

4.2.1 Obtenção da nanobioestrutura NP-EAAA-BP100......................................................102

4.2.2 Caracterização das nanoestruturas..............................................................................104

4.2.2.1 Difração de raios-x.....................................................................................................104

4.2.2.2 Microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletrônica de

transmissão.............................................................................................................................106

4.2.2.3 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho com transformada

de Fourier...............................................................................................................................107

4.2.2.4 Análise térmica...........................................................................................................109

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4.2.2.5 Potencial zeta..............................................................................................................110

4.2.3 Determinação do grau de funcionalização..................................................................111

4.2.4 Ensaio de atividades antibacteriana e antifúngica......................................................112

4.2.5 Estudos biofísicos: ensaios de dicroísmo circular e de extravasamento de

carboxifluoresceína ...............................................................................................................115

4.3 Nanobioestrutura de alumina acoplada ao peptídeo antimicrobiano BP100 através

de formação de ligação de dissulfeto e anel triazólico dissubstituído...............................119

4.3.1 Obtenção da nanobioestrutura NP-CAAA-BP100 (rota 2) .......................................119

4.3.2 Obtenção da nanobioestrutura NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3)..........................122

4.3.2.1 Síntese, purificação e caracterização do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100................124

4.3.3 Caracterização das nanoestruturas..............................................................................126

4.3.3.1 Difração de raios-x.....................................................................................................126

4.3.3.2 Microscopia eletrônica de transmissão......................................................................127

4.3.3.3 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho com transformada

de Fourier...............................................................................................................................129

4.3.3.4 Ressonância magnética nuclear de 13

C em fase sólida ..............................................131

4.3.3.5 Análise térmica...........................................................................................................133

4.3.3.6 Potencial zeta..............................................................................................................135

4.3.4 Ensaios de atividades antibacteriana e antifúngica....................................................137

4.3.4.1 Ensaio de atividade antibacteriana............................................................................137

4.3.4.2 Ensaio de atividade antifúngica..................................................................................139

4.3.5 Estudos biofísicos de interação com meios biomiméticos...........................................140

4.3.5.1 Espectroscopia de dicroísmo circular........................................................................141

4.3.5.2 Ressonância plasmônica de superfície.......................................................................143

5 CONCLUSÕES..................................................................................................................147

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................149

ANEXO I................................................................................................................................167

ANEXO II..............................................................................................................................169

ANEXO III.............................................................................................................................171

ANEXO IV.............................................................................................................................173

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35

1 INTRODUÇÃO

A incansável busca por substâncias químicas capazes de combater diferentes

microrganismos causadores de doenças infecciosas conduz há décadas a sociedade científica

na descoberta e no desenvolvimento de diferentes agentes biológicos. No entanto, há um

crescente desenvolvimento de resistência microbiana aos antibióticos convencionais, o que

reduz cada vez mais as opções no tratamento contra patógenos e torna ainda mais incessante e

necessária a busca de novos agentes antimicrobianos (HANCOCK, 2014). Nesse contexto, os

peptídeos antimicrobianos (PAM) surgem como uma alternativa promissora aos tratamentos

convencionais, principalmente em casos de desenvolvimento de resistência microbiana, uma

vez que não atuam apenas sobre um alvo específico, mas sobre toda a extensão da membrana

celular de microrganismos e, em alguns casos, sobre diferentes estruturas intracelulares

(PARK; PARK; HAHM, 2011).

Atualmente, 2980 peptídeos, de origem natural ou sintéticos, que apresentam

atividade antimicrobiana, já foram descritos (WANG; LI; WANG, 2016). Diante desse

enorme potencial microbicida, outras aplicações podem ser vislumbradas para estas

moléculas, principalmente em formulações farmacêuticas para uso terapêutico contra

organismos patogênicos. Contudo, recentemente tem aumentado muito o interesse do

emprego de PAM conjugados a materiais de diversas naturezas. Muitos estudos têm sido

direcionados para o desenvolvimento de materiais com propriedades antimicrobianas que

possam ser utilizados em implantes ortopédicos e dentários, cateteres, válvulas cardíacas e

diversos outros dispositivos médico-hospitalares (HOLMBERG et al., 2013;

KAZEMZADEH-NARBAT et al., 2013; GOMES et al., 2015; BUCKHOLTZ et al., 2016).

Dentre estes materiais, a alumina tem se mostrado compatível para a confecção de

dispositivos para reparação de tecido ósseo. A elevada dureza, baixo coeficiente de atrito e

resistência à corrosão da alumina propiciam pouco desgaste das superfícies articuladas em

aplicações ortopédicas (CORDINGLEY et al., 2003; SEQUEIRA et al., 2017). Além disso,

estudos recentes relatam que o crescimento de osteoblastos em sua superfície é altamente

favorecido (TAXIS et al., 2016; MUSSANO et al., 2018). Não obstante, ainda são

emergentes as pesquisas que associam a alumina à peptídeos com intuito de reparação óssea

(SWAN; POPAT; DESAI, 2005).

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36

Neste sentido, o presente trabalho tem como principal objetivo a obtenção de

nanobiomateriais híbridos, com atividade antimicrobiana, compostos por alumina e peptídeos

bioativos derivados do BP100 para aplicações futuras em dispositivos medicinais de

reestabelecimento ósseo, unindo assim o potencial mecânico e bioinerte da alumina e o

potencial antibacteriano do peptídeo BP100. O peptídeo BP100, escolhido para estudo neste

trabalho, é composto por 11 resíduos de aminoácidos, possui amplo espectro de ação contra

bactérias Gram-negativas (E. amylovora, X. vesicatoria, P. syringae, E. coli), baixa toxicidade

a células humanas e pouca susceptibilidade a degradação por proteases (TORCATO et al.,

2013; MANZINI et al., 2014; SCHREIER et al., 2014). Esse peptídeo foi desenvolvido por

química combinatória a partir de um híbrido da Cecropina A (resíduos 2-7) e Melitina

(resíduos 8-11) (BADOSA et al., 2007). A Melitina, encontrada no veneno da abelha, é

constituída por uma sequência peptídica formada por 26 resíduos de aminoácidos

(TERWILLIGER; EISENBERG, 1982) e a Cecropina A, um peptídeo formado por 37

resíduos de aminoácidos, é encontrada na hemolinfa da mariposa Hyalophora cecropia, e

apresenta elevada atividade contra bactérias Gram-negativas e Gram-positivas (FERRE et al.,

2006; FERRE et al., 2009).

Para a obtenção das nanoestruturas de alumina, o trabalho baseia-se em um

método previamente descrito na literatura, com algumas adaptações, através do qual foi

possível obter nanoestruturas de alumina hidroxiladas superficialmente (SWAN; POPAT;

DESAI, 2005; POTDAR et al., 2007). Em seguida, foram realizadas etapas de

funcionalização orgânica para desenvolvimento de três estratégias diferentes para ligação

covalente da cadeia peptídica do BP100 às nanopartículas: (i) formação de uma ligação

amídica entre grupos amino presentes na superfície do material inorgânico e carboxilas

disponíveis na cadeia peptídica, (ii) formação de uma ligação de dissulfeto entre tióis

presentes na superfície da nanopartícula e adicionados à cadeia peptídica pela introdução de

um resíduo de cisteína, e (iii) através de uma reação de cicloadição entre azidas imobilizadas

sobre as nanopartículas de alumina e grupos alcino presentes na cadeia lateral de um resíduo

de aminoácido (propargilglicina) intencionalmente adicionado à sequência primária do

BP100. O trabalho apresenta também ampla caracterização estrutural e físico-química das

nanobioestruturas em todas as suas etapas de funcionalização, além de ensaios de atividade

antibacteriana e antifúngica dos materiais obtidos.

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37

Os resultados deste trabalho estão divididos em três partes. Na primeira parte

(item 4.1) estão relacionados os resultados da síntese, purificação e caracterização do peptídeo

antimicrobiano BP100 e dos derivados EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100,

os quais foram utilizados para ligação com as nanopartículas de alumina, respectivamente de

acordo com as estratégias i, ii e iii mencionadas acima. Em seguida, na segunda parte (item

4.2) estão descritos os resultados da síntese, caracterização e estudos biológicos das

nanopartículas de alumina funcionalizadas com o derivado EAAA-BP100, esses resultados

foram utilizados na redação do primeiro artigo científico proveniente do presente trabalho

(TORRES et al., 2018). Finalmente, na terceira parte (item 4.3) são apresentados os

resultados da síntese, caracterização e dos ensaios antimicrobianos conduzidos com as

nanopartículas de alumina funcionalizadas com os derivados CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-

BP100. Estes resultados estão descritos no segundo artigo submetido proveniente deste

trabalho.

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39

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Peptídeos antimicrobianos

O crescente desenvolvimento de resistência microbiana aos antibióticos

convencionais tem reduzido cada vez mais as alternativas aos tratamentos atualmente

disponíveis (HANCOCK, 2014). Assim, os peptídeos antimicrobianos surgem como uma

nova classe de agentes antibióticos promissores para a substituição de fármacos comumente

empregados para tratamentos de infecções bacterianas e fúngicas, principalmente em casos de

resistência microbiana adquirida por microrganismos (JENSSEN; HAMILL; HANCOCK,

2006; KANG et al., 2014; DA COSTA et al., 2015).

Os PAM são moléculas biologicamente ativas que podem ser encontradas em

praticamente todas as formas de vida – bactérias, anfíbios, plantas, insetos, mamíferos, seres

humanos, entre outros (ZASLOFF, 2002; BOMAN, 2003; SÁNCHEZ; VÁZQUEZ, 2017). A

ampla distribuição de biodiversidade dessas moléculas sugere que elas desempenharam um

papel fundamental no processo evolutivo de todas essas espécies, pois atuam como parte do

sistema inato de defesa imunológica desses organismos, exercendo atividades diversas

(antibacteriana, antifúngica, antiviral, entre outras) e, consequentemente, protegendo o

hospedeiro de microrganismos patogênicos (DA COSTA et al., 2015).

O primeiro peptídeo antimicrobiano foi detectado por Renè Dubos, em células

procariotas, a partir de uma cultura da bactéria Bacillus brevis. Neste trabalho, verificou-se

que tal substância, então denominada gramicidina, apresentava atividade contra uma gama de

bactérias Gram-positivas (DUBOS; HOTCHKISS, 1941; HOTCHKISS; DUBOS, 1941).

Estudos posteriores revelaram que a gramicidina era, na verdade, composta por uma mistura

de seis PAM capazes de tratar feridas infectadas na pele de cobaias, indicando assim seu

potencial terapêutico para utilização clínica (SARGES; WITKOP, 1965a, 1965b, 1965c). A

gramicidina foi o primeiro antibiótico a base de PAM comercialmente fabricado, e atualmente

continua sendo utilizada em formulações farmacêuticas. No reino vegetal, Balls et al. (1942)

isolaram o primeiro PAM do trigo, denominado purotionina, responsável pela atividade

antimicrobiana contra algumas bactérias patogênicas e leveduras, como Pseudomonas

solanacearum e Xanthomonas campestres (DE CALEYA et al., 1972; HERNANDEZ-

LUCAS; CARBONERO; GARCIA-OLMEDO, 1978). Com o surgimento de patógenos

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microbianos multirresistentes (GRUNDMANN et al., 2006; ARIAS; MURRAY, 2015),

intensificou-se o interesse nas moléculas de defesa naturais e muitos peptídeos passaram a ser

isolados de diferentes espécies. Em 1962, o que alguns consideram ser a primeira descrição de

um PAM de origem animal, o peptídeo bombinina foi isolado do sapo Bombina variegata

(CSORDAS; MICHL, 1969; SIMMACO et al., 1991). Dentre os PAM oriundos de insetos,

em 1981 duas moléculas foram identificadas na hemolinfa da mariposa da seda, Hyalophora

cecropia, denominadas cecropinas A e B (STEINER, 1982). Atualmente, na base de dados de

peptídeos antimicrobianos (APD, http://aps.unmc.edu/AP/), estão cadastrados 2764 peptídeos

antimicrobianos, dentre estes, 276 PAM foram isolados de bactérias, 335 de plantas e 2075 de

animais, exercendo atividades antibacteriana, antifúngica, antiviral, entre outras, conforme

apresentado na Tabela 1.

Além do amplo espectro de atividade, os PAM apresentam, em grande parte,

baixa toxicidade às células humanas e elevada eficiência contra microrganismos em

concentrações relativamente baixas (ALVES; PEREIRA, 2014). Sendo assim, o estudo para a

utilização desses peptídeos como agentes antibióticos é uma proposta promissora para o

desenvolvimento de novos fármacos, conservantes de alimentos e antissépticos em

cosméticos, por exemplo.

Tabela 1 – Estatística da atividade biológica de peptídeos do banco de dados de peptídeos antimicrobianos

Atividade Biológica Número de peptídeos Porcentagem (%)

Antibacteriana 2502 83,95

Antiviral 182 6,1

Antifúngica 1062 35,63

Antiprotista 4 0,13

Antibiofilme 32 1,07

Antiparasitária 103 3,45

Inseticida 33 1,1

Espermicida 13 0,43

Anti-HIV 109 3,65

Antitumoral 213 7,14

Quimiotática 58 1,94

Cicatrizante de feridas 19 0,63

Antioxidante 22 0,73

Inibidora de enzimas/proteases 26 0,87

Fonte: Banco de dados de peptídeos antimicrobianos (APD3, http://aps.unmc.edu/AP/). Acesso em 21/05/2018.

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2.1.1 Mecanismo de ação antibacteriano de peptídeos antimicrobianos

Os PAM exercem seu mecanismo de ação de forma diferente dos antibióticos

clássicos, que atuam sobre alvos específicos, cujos mecanismos de ação baseiam-se, por

exemplo, em inibições enzimáticas (β-lactâmicos), no bloqueio da síntese de RNA

(rifampicina) e da replicação do DNA (fluoroquinolonas) e na interrupção da síntese proteica

bacteriana (macrolídeos, tetraciclinas) (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010;

BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2006).

De forma geral, os PAM exercem seu mecanismo de ação através da interação

com a membrana das células bacterianas, sem um alvo específico (CHOU et al., 2010).

Inicialmente, há a atração eletrostática entre as cadeias laterais catiônicas de resíduos de

aminoácidos presentes na estrutura primária do peptídeo e os grupos fosfato, de caráter

aniônico, presentes na superfície da membrana fosfolipídica de microrganismos. Nesta

primeira etapa, os peptídeos, ainda em solução aquosa, não apresentam uma conformação

definida (BECHINGER; LOHNER, 2006). Em seguida, após a interação com a superfície da

membrana, ocorrem mudanças conformacionais da cadeia peptídica passando a adquirir uma

estrutura secundária estável (em geral α-hélice ou β-folha) que permite que a porção

hidrofóbica do PAM interaja com a região mais interna e também hidrofóbica da bicamada

fosfolipídica das células bacterianas, resultando na perturbação da membrana e,

consequentemente, na morte celular (SANI; SEPAROVIC, 2016). Muitos modelos já foram

propostos na literatura para o mecanismo de ação de PAM, sendo os mais comuns o modelo

de barril (barrel-stave model), modelo de poro toroidal (toroidal pore model), modelo carpete

(carpet-like model) e o modelo detergente (detergent-like model) (JENSSEN; HAMILL;

HANCOCK, 2006). Mas é importante ressaltar que existem PAM que, além de perturbarem e

permearem a membrana bacteriana, também exercem seu mecanismo de ação atuando em

receptores intracelulares. Estes peptídeos atravessam a membrana celular sem rompê-la e

atuam em alvos que resultam na alteração de processos celulares fundamentais (TEIXEIRA;

FEIO; BASTOS, 2012), de maneira que a morte celular ocorre devido a mecanismos

secundários, mas que também podem acarretar na ruptura da membrana (EPAND; VOGEL,

1999; LOHNER, 2017).

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Figura 1 – Representação esquemática das principais propostas de mecanismo de ação de peptídeos

antimicrobianos: modelo carpete (A), modelo de formação do barril (B), modelo detergente (C) e modelo

de formação do poro toroidal (D).

Fonte: Bahar e Ren (2013).

De acordo com o modelo carpete, ocorre a interação paralela dos peptídeos com a

membrana fosfolipídica formando um agregado de moléculas que cobre esta superfície como

um carpete (FIG. 1A). Em uma segunda etapa, após a interação catiônica do peptídeo com os

grupos fosfato dos fosfolipídeos, o peptídeo direciona sua região hidrofóbica para o interior

da bicamada, o que perturba a estrutura fosfolipídica implicando em uma tensão superficial

que também resulta no rompimento da membrana celular (CARNICELLI et al., 2013).

No modelo de formação do barril os peptídeos interagem lateralmente entre si

ocasionando a formação de poros transmembranares por agregados de peptídeos dispostos

perpendicularmente a membrana fosfolipídica, como as aduelas de um barril (FIG. 1B).

Inicialmente, os monômeros do peptídeo, dispostos paralelamente sobre a superfície aniônica

da bicamada lipídica, agregam-se ao atingir concentração suficiente de moléculas nesta

superfície. Em seguida, ocorre a inserção perpendicular dos agregados de peptídeos na

membrana formando um poro, no qual a porção hidrofóbica das cadeias peptídicas interage

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com a região apolar da membrana, enquanto a porção hidrofílica fica exposta no interior do

poro, permitindo o fluxo de conteúdo entre os meios intra e extracelulares (YANG et al.,

2001; TEIXEIRA; FEIO; BASTOS, 2012).

O modelo detergente representa um mecanismo geral para moléculas anfipáticas e

descreve a ação detergente dos peptídeos, de forma inespecífica, sobre a membrana

fosfolipídica, resultando na perda de sua integridade pela formação de micelas (FIG. 1C).

Neste modelo, ao atingir a concentração crítica de moléculas de peptídeo, de forma similiar

aos detergentes, elas interagem entre si e originam estruturas micelares. Estas estruturas de

peptídeos agregados, ao interagir com a membrana celular, podem envolver moléculas de

fosfolipídeos que leva à formação de poros na bicamada lipídica (LEGRAND et al., 2011).

No modelo de formação do poro toroidal não há interação peptídeo-peptídeo. As

moléculas atuam de forma colaborativa na formação de uma curvatura na bicamada

fosfolipídica de maneira a originar uma toróide (FIG. 1D). Como descrito no modelo de

formação de barril, para a formação do poro toroidal também é necessário atingir um limiar

na concentração de cadeias peptídicas orientadas paralelamente na superfície da membrana

celular. Em seguida, as moléculas de peptídeo penetram a bicamada e se orientam

perpendicularmente à superfície da membrana. Neste modelo, o poro é formado por

peptídeos e lipídeos intercalados, de maneira que o poro é revestido pela própria membrana

celular (BECHINGER; LOHNER, 2006; MIHAJLOVIC; LAZARIDIS, 2010).

Estas são apenas algumas das diversas propostas sobre o mecanismo de ação de

peptídeos antimicrobianos, muitas outras já foram desenvolvidas e estão descritas na literatura

(LI et al., 2012). No entanto, para muitos PAM ainda não há um mecanismo de ação

determinado e acredita-se que cada peptídeo possa exercer sua atividade de forma distinta

(BECHINGER; GORR, 2017). Por esse motivo, essas moléculas tornam-se menos propensas

a induzir o desenvolvimento de resistência por parte dos microrganismos (SHAI, 2002;

BOWDISH; DAVIDSON; HANCOC, 2005; HANCOCK; SAHL, 2006).

2.1.2 Estudos do mecanismo de ação de peptídeos antimicrobianos

As propriedades físico-químicas e estruturais apresentadas pelos peptídeos

antimicrobianos são altamente influenciadas por características como carga, hidrofobicidade e

momento hidrofóbico, e estão relacionadas diretamente à atividade antimicrobiana exercida

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pelo PAM (SCHMIDTCHEN; PASUPULETI; MALMSTEN, 2014). Dessa forma,

modificações na sequência primária da cadeia peptídica de um dado peptídeo podem

ocasionar alterações nas características citadas anteriormente com subsequente efeito no

mecanismo de ação e potencial biológico do peptídeo (BISHT et al., 2007; JUNIOR et al.,

2017; THERY et al., 2018). Neste sentido, para elucidar e compreender o mecanismo de ação

dos peptídeos sobre membranas biológicas alguns estudos podem ser conduzidos. Métodos de

análise como a espectroscopia de dicroísmo circular (CD) e o extravasamento de

carboxifluoresceína (CF) são amplamente empregados para investigação de características

conformacionais de peptídeos e avaliação da capacidade lítica de peptídeos, repectivamente.

Esses experimentos são rotineiramente realizados na presença de modelos miméticos de

membrana e os resultados podem indicar o modo de interação peptídeo-membrana

(AVITABILE; D’ANDREA; RAMANELLI, 2014; GUSMÃO et al., 2017).

As vesículas lipídicas unilamelares (LUV) são modelos miméticos de membranas

celulares muito utilizados para avaliar a interação e estruturação de peptídeos

antimicrobianos. Diversos trabalhos já relatados na literatura descrevem a utilização de LUV

como meios biomiméticos para estudos de mecanismos de ação de PAM (RESENDE et al.,

2009; WANG et al., 2016; VERLY et al., 2017). Esta estratégia torna-se muito interessante,

pois as membranas celulares são constituídas, na sua maior parte, de lipídeos (glicerolipídeos,

esfingolipídeos e esteróis), proteínas de membrana e carboidratos (SEZGIN et al., 2017).

Dentre os glicerolipídeos destacam-se os fosfolipídeos, que consistem em moléculas de

natureza anfipática, constituintes da bicamada lipídica que envolve o conteúdo intracelular.

Nas LUV, assim como nas membranas celulares, os grupos apolares dos fosfolipídeos se

orientam para o interior hidrofóbico da bicamada e a região polar é orientada para a face

aquosa externa (DELEU et al., 2014; ZHAO et al., 2014).

Em células eucarióticas, os principais lipídeos que compõem a membrana são a

fosfatidilcolina (PC), fosfatidiletanolamina (PE), fosfatidilserina (PS) e ácido fosfatídico

(SAHU; LYNN, 1977), os quais conferem uma característica zwitteriônica para a bicamada

fosfolipídica. Por outro lado, as membranas bacterianas apresentam quantidade

significativamente maior de lipídeos carregados negativamente, como o fosfatidilglicerol

(PG) e a cardiolipina (EPAND; SAVAGE; EPAND, 2007; EPAND; EPAND, 2010). Neste

sentido, é comum a preparação de meios vesiculares compostos por PC e PG como meios

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biomiméticos de membranas bacterianas (GUSMÃO et al., 2017; JUNIOR et al., 2017). As

estruturas químicas dos fosfolipídeos citados estão apresentadas no Anexo I.

Ao interagir com as membranas biológicas, ou com meios que as mimetizam, os

peptídeos antimicrobianos podem apresentar estrutura secundária anfipática, caracterizada

pela orientação para a mesma face (em direção à região hidrofóbica da membrana) dos

resíduos de aminoácido hidrofóbicos da cadeia peptídica, o que favorece maior interação com

a bicamada lipídica dos microrganismos (JENSSEN; HAMILL; HANCOCK, 2006). Por essa

razão, a presença de estruturas secundárias pode estar diretamente relacionada à atividade

biológica apresentada pelo peptídeo (MANZINI et al., 2014).

Os PAM que apresentam estrutura secundária em α-hélice e β-folha (FIG. 2) são

os mais comuns (HUANG; HUANG; CHEN, 2010). A conformação em α-hélice, como

representada na Figura 2A para o peptídeo antmicrobiano DD k (VERLY et al., 2009),

consiste em uma estrutura helicoidal estabilizada pela formação de ligações de hidrogênio

intramoleculares. Já a conformação em β-folha é originada pela presença de dois segmentos

de fitas β, em geral aproximadas devido a presença de ligações de dissulfeto ou conformações

-turn e estabilizadas por ligações de hidrogênio entre os segmentos (POWERS; HANCOCK,

2003; SUDHEENDRA et al., 2015). A Figura 2B mostra a estrutura terciária do peptídeo

antimicrobiano lactoferricina B na qual é possível observar uma conformação em -folha

(HWANG et al., 1998). Alguns peptídeos podem apresentar estruturas terciárias nas quais

ambas estruturas secundárias podem ser formadas, como por exemplo os peptídeos MsDef4 e

α1-purotionina (RAUTENBACH; TROSKIE; VOSLOO, 2016).

Figura 2 – Estrutura secundária de peptídeos antimicrobianos: α-hélice (A) e β-folha (B).

Fonte: Protein Data Bank - DD k (DOI: 10.2210/pdb2JX6/pdb) (A) e Lactoferricina B

(DOI: 10.2210/pdb1LFC/pdb) (B). Disponível em: <http://www.rcsb.org>. Acesso em: 15/01/2018).

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A espectroscopia de dicroísmo circular, método utilizado para investigar

estruturas secundárias e preferências conformacionais de peptídeos em meios biomiméticos,

baseia-se na diferença de absorbância entre as duas componentes circulares da luz linearmente

polarizada (que pode ser descrita como o somatório de duas componentes circularmente

polarizadas de mesma magnitude, porém girando em sentidos contrários) originada pelos

grupos cromóforos da cadeia peptídica, (KELLY; JESS; PRICE, 2005).

Na cadeia peptídica, o grupo amido formador da ligação peptídica é o principal

grupo cromóforo presente na molécula. As absorções energéticas desse grupo se devem a

transições eletrônicas nos orbitais componentes das ligações peptídicas, cujas intensidades

dependem dos ângulos de rotação ϕ e ψ (FIG.3A). Por sua vez, esses ângulos dependem da

conformação que a cadeia peptídica adquire ao interagir com outras espécies (solventes e

meios biomiméticos, por exemplo). Os ângulos ϕ e ψ definem as condições de coplanaridade

dos orbitais envolvidos na ligação peptídica, sendo característicos para cada tipo de estrutura

secundária (BÜRCK et al., 2016). Em decorrência disso, as bandas observadas no espectro de

dicroísmo circular, em função do comprimento de onda, podem ser atribuídas a cada um dos

tipos de estrutura secundária apresentada pelo peptídeo (FIG.3B).

Figura 3 – Ângulos de rotação ϕ e ψ presentes em estruturas de peptídeos (A). Espectros de dicroísmo

circular característicos de peptídeos não estruturados (espectro em vermelho), de peptídeos estruturados

em α-hélice (espectro em amarelo) e em β-folha (espectro em azul) (B).

Fonte: Imagem extraída e adaptada do sítio <http://www.proteinchemist.com/cd/cdspec.html>. Acesso em:

11/10/2017.

O mecanismo de ação proposto para o peptídeo BP100 foi determinado por

estudos conformacionais e de interação peptídeo-membrana envolvendo técnicas biofísicas

como dicroísmo circular, ressonância magnética nuclear (RMN), extravasamento de

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carboxifluoresceína, medidas de potencial zeta e do volume hidrodinâmico por espalhamento

de luz dinâmico (DLS), entre outros (FERRE et al., 2009; MANZINI et al., 2014;

WADHWANI et al., 2014). Manzini et al. (2014) estudaram por CD a capacidade de

estruturação do BP100 em LUV aniônicas de PC:PG como meio biomimético. Os autores

obtiveram dados conformacionais que revelaram que em solução aquosa o peptídeo não

apresenta conformação definida, enquanto que uma conformação típica em α-hélice foi

observada na presença das vesículas. No entanto, os autores não identificaram conformações

α-helicoidais em vesículas zwiteriônicas de PC. Através desse estudo verificou-se a

importância da atração eletrostática na interação peptídeo-membrana para o mecanismo de

ação do BP100 (FERRE et al., 2009; MANZINI et al., 2014), sendo este peptídeo seletivo

para vesículas carregadas negativamente.

A partir de estudos por RMN, determinaram-se estruturas tridimensionais, ao

interagir com meios biomiméticos, mostrando que o BP100 adota uma conformação

helicoidal anfipática, com a disposição das cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos do

BP100 conforme mostrado na projeção helicoidal da Figura 4 (MANZINI et al., 2014;

WADHWANI et al., 2014). A face polar da hélice é constituída por 5 resíduos de lisina,

carregados positivamente em pH fisiológico, o que permite a atração eletrostática com as

cargas negativas dos fosfolipídeos constituintes da membrana bacteriana (MANZINI et al.,

2014). A face oposta, apolar, é composta por resíduos de aminoácido hidrofóbicos, cujas

cadeias laterais são capazes de se inserirem paralelamente na interface apolar da bicamada

lipídica em uma segunda etapa do mecanismo de ação, perturbando a integridade da

membrana (FERRE et al., 2009).

Figura 4 – Projeção helicoidal da sequência peptídica primária do BP100.

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Fonte: Adaptado de Wadhwani et al. (2014).

Sabe-se que o mecanismo de ação de peptídeos antimicrobianos depende da razão

peptídeo:lipídeo e a desintegração da membrana geralmente ocorre quando é atingida uma

concentração crítica de moléculas de peptídeos na superfície da membrana lipídica. Manzini

et al. (2014) verificaram por DLS que a lise de vesículas causadas por BP100 pode ocorrer em

razões peptídeo:lipídeo distintas, porém também através de mecanismos diferentes (FIG. 5).

O mecanismo de ação proposto não envolve a formação de poros transmembrana, uma vez

que o BP100 é composto por poucos resíduos de aminoácido, não sendo longo suficiente para

atuar de tal maneira (WADHWANI et al., 2014.). Os autores sugerem que o peptídeo atua

sobre células bacterianas através do mecanismo proposto no modelo carpete ou pela formação

de micelas, conforme proposta baseada no modelo detergente.

Figura 5 – Mecanismo de ação do peptídeo antimicrobiano BP100 proposto por Manzini et al. (2014).

Fonte: Adaptado de Manzini et al. (2014).

Muitos peptídeos antibacterianos podem ser também ativos contra fungos, como

os peptídeos Bombinina H4, Dermaseptina-B2, Magainina 2 (APD3,

http://aps.unmc.edu/AP/). Os agentes terapêuticos fungicidas atualmente disponíveis no

mercado apresentam alvos de ação limitados, na maioria atuando na biosíntese do ergosterol,

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presente na membrana dos fungos ou diretamente na síntese de sua parede celular (ARNOLD

et al., 2010). No entanto, os PAM geralmente atuam sobre toda extensão da membrana

fosfolipídica ou sobre alvos intracelulares de células de fungos, precisando, para isso,

atravessar a parede celuar desses microrganismos. Porém, já foi constatado que alguns

peptídeos atuam diretamente sobre moléculas constituintes da parede celular causando o

enfraquecimento ou desorganização dessa estrutura, que eventualmente acarreta na morte

celular (VAN DER WEERDEN; HANCOCK; ANDERSON, 2010).

Além disso, assim como a membrana de células bacterianas, a membrana celular

de fungos apresenta maior carga negativa que a de mamíferos (RAUTENBACH;

TROSKIED; VOSLOO, 2016), e dessa forma, esses microrganismos também são alvos de

peptídeos catiônicos, como o BP100.

2.1.3 Resistência microbiana a peptídeos bioativos

Mesmo apresentando amplo espectro de atividade biológica e baixa toxicidade,

alguns casos de resistência microbiana aos PAM já tem sido relatados na literatura (GUNN,

2008; ERNST; PESCHEL, 2011; SAAR-DOVER et al., 2012). O desenvolvimento de

resistência por parte dos microrganismos está diretamente relacionado ao mecanismo de ação

dos peptídeos antimicrobianos (ANDRÄ et al., 2011).

Os microrganismos podem desenvolver diversas estratégias de resistência e, no

caso dos PAM, os mecanismos mais comuns de desenvolvimento de resistência envolvem o

remodelamento da superfície bacteriana com alteração da superfície celular (carga, densidade

da membrana), dificultando a interação do peptídeo com a membrana (GUILHELMELLI et

al., 2013). Um exemplo é a redução da carga líquida negativa na superfície de células

bacterianas, que dificulta a atração eletrostática com a face positiva dos peptídeos (ANDRÄ et

al., 2011). Neste trabalho Andrä et al. (2011) verificaram que há alteração na síntese do

fosfotidilglicerol, componente estrutural de membrana lipídica de S. aureus, de forma que um

resíduo de lisina é transferido ao fosfolipídeo, conferindo assim uma redução da carga

negativa da membrana lipídica dessa bactéria.

Outra estratégia desenvolvida por microrganismos é o aumento da densidade da

parede/membrana celular (SAAR-DOVER et al., 2012) ou a formação de cápsula de

polissacarídeos aniônica, que reduz a ação de peptídeos antimicrobianos (LLOBET; TOMAS;

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BENGOECHEA, 2008). Llobet, Tomas e Bengoechea (2008) analisaram cápsulas de

polissacarídeos aniônicas isoladas de Klebsiella pneumoniae, Streptococcus pneumoniae e

Pseudomonas aeruginosa e descobriram uma nova estratégia de resistência microbiana

baseada na neutralização da atividade de peptídeos em decorrência do caráter aniônico das

cápsulas de polissacarídeos que se ligam eletrostaticamente aos peptídeos impedindo que

atuem sobre a membrana bacteriana.

Além disso, patógenos resistentes também podem produzir proteases que clivam a

cadeia peptídica, destruindo sua estrutura primária (JOHANSSON et al., 2008), reduzindo a

atividade biológica ou mesmo impedindo, que o peptídeo alcance a membrana bacteriana. No

trabalho de Johansson et al. (2008) foi constatado que uma protease de cisteína sintetizada por

estreptococos é capaz de inibir a catelicidina LL-37 humana in vitro. A catelicidina LL-37 é

um peptídeo antimicrobiano constituinte do sistema de defesa imunológica inata do

organismo humano e o protege contra algumas infecções de tecidos moles, como a fascite

necrosante, que são causadas por estreptococos. No entanto, a presença de resistência

bacteriana permite que a infecção progrida rapidamente ameaçando a vida do paciente.

Contudo, o desenvolvimento de resistência aos PAM é evidentemente menor que

aos antibióticos convencionais (PESCHEL; SAHL, 2006), devido ao modo de ação

inespecífico das moléculas peptídicas e por, possivelmente, exercerem de forma simultânea

diferentes modos de ação que resultam na morte celular. Neste contexto, a utilização destas

moléculas como agentes antibióticos continua sendo vantajosa frente às convencionalmente

empregadas. Diante disso, o uso de PAM associados a materiais de origem inorgânica tem

despertado atenção da sociedade científica nos últimos anos para o desenvolvimento de

biomaterias com atividade antimicrobiana (GABRIEL et al., 2006; BLIN et al., 2011).

2.2 Biomateriais com propriedades antimicrobianas

Muitos trabalhos já relatados na literatura empregam agentes antibióticos em

materiais biotecnológicos que são utilizados em implantes ortopédicos e odontológicos e em

dispositivos médico-hospitalares de fácil contaminação (NOROWSKI; BUMGARDNER,

2008; SHIRAI et al., 2011; STELZIG et al., 2011; XIE et al., 2014; BAZAKA et al., 2015).

A utilização de agentes antimicrobianos em materiais de implantes e próteses tem

sido realizada com o intuito de evitar a ocorrência de infecções em sítios cirúrgicos, pois a

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contaminação microbiana pode ocasionar a falência do implante e a necessidade de novo

procedimento operatório (ZHOU et al., 2015; CHEN et al., 2016; BRAEM et al., 2017). A

contaminação de materiais de uso cirúrgico, geralmente ocorre pela presença de

microrganismos na sala de operação ou normalmente encontrados em tecido epitelial (DAVIS

et al., 1999; YU et al., 2017). Uma vez que são implantados, a superfície desses dispositivos

torna-se um local propício para a adesão de células microbianas, que também podem ser

oriundas de fluídos biológicos que entram em contato com alguns destes dispositivos, como

saliva e urina, por exemplo (FRANCOLINI; DONELLI, 2010). Por sua vez, infecções

decorrentes de implantes médico-hospitalares têm se mostrado difíceis de tratar devido à

formação de biofilmes na superfície desses materiais. Biofilmes são constituídos por um

grupo complexo de células microbianas aderidas à superfície do material e entre si GODOY-

GALLARDO et al., 2014). As bactérias, em biofilmes, encontram-se envoltas por matrizes

poliméricas, produzidas por elas mesmas, que favorecem sua sobrevida em determinado meio

(HARDING; REYNOLDS, 2014; MISHRA et al., 2017). Os patógenos mais comuns

associados a infecções hospitalares e formação de biofilmes incluem diversas espécies de

Candida, bactérias Gram-positivas como Staphylococcus aureus, Staphylococus epidermidis,

Enterococcus faecalis e Streptococcus viridans e bactérias Gram-negativas como Escherichia

coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e Pseudomonas aeruginosa (ALVES;

PEREIRA, 2014).

Bactérias Gram-negativas apresentam, como um dos principais componentes de

sua membrana externa, a endotoxina denominada lipopolissacarídeo (LPS). Essa endotoxina

estimula funções de macrófagos como resposta imunológica do hospedeiro infectado

(BJORKBACKA et al., 2004), os quais constituem a primeira linha de defesa contra

microrganismos como bactérias e vírus (INGHAM; FISHER, 2005). Assim sendo, se há a

ativação exarcebada de macrófagos na interface do implante ortopédico ou dentário, uma série

de eventos imunológicos ocorrem para proteger o hospedeiro contra o organismo invasor e

que, consequentemente, podem alterar a biocompatibilidade do material de implante. Dentre

estes eventos estão a produção de fibroblastos (células que contribuem para a encapsulação

fibrosa do implante e para a formação de calos) e de diversas substâncias que causam

osteólise (reabsorção ósea). Estes eventos reduzem a proliferação de osteoblastos (células que

permitem a formação do tecido ósseo), de forma a acarrretar na falência do implante

(WEBSTER; SIEGEL; BIZIOS, 1999; GUTWEIN; WEBSTER, 2002; INGHAM; FISHER,

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2005). Por sua vez, a adesão de células bacterianas à superfície do implante depende tanto da

composição química do material como da morfologia da superfície do dispositivo

(VEERACHAMY et al., 2014). Assim, diversas estratégias têm sido reportadas com o intuito

de criar uma superfície antimicrobiana no dispositivo implantado; por exemplo, o

desenvolvimento de (i) superfícies que evitam a adesão celular, (ii) superfícies previamente

colonizadas com microrganismos não patogênicos e (iii) superfícies associadas a substâncias

antibióticas (COSTA et al., 2011).

Superfícies que evitam a adesão celular atuam pela redução de forças atrativas

entre a superfície bacteriana e o material; por exemplo, superfícies carregadas negativamente

ou altamente hidrofóbicas (HARDING; REYNOLDS, 2014). Contudo, inevitavelmente,

microrganismos irão aderir em alguma extensão à superfície destes materiais (ALVES;

PEREIRA, 2014). Por isso, superfícies associadas a substâncias antibióticas são mais

vantajosas e disponibilizam o agente antimicrobiano diretamente no sítio cirúrgico,

eliminando a presença de possíveis patógenos nestes locais. No entanto, a eficácia do material

superficialmente modificado com substâncias antibióticas depende do espectro de ação desse

agente e da capacidade dos patógenos desenvolverem resistência a este fármaco. Sendo assim,

a utilização de peptídeos antimicrobianos associados a estes materiais é uma opção

interessante para o desenvolvimento de materiais biocompatíveis (COSTA et al., 2011).

As superfícies associadas a substâncias antibióticas ou a ativos antimicrobianos

podem ser desenvolvidas visando a diferentes estratégias para eliminação dos patógenos. Uma

dessas estratégias envolve o uso de biomateriais que exercem efeito microbicida fora da

superfície, ou seja, materiais que liberam o ativo microbicida de sua superfície para o meio

(FIG. 6A). Uma outra estratégia está relacionada a biomateriais nos quais a atividade

microbicida ocorre diretamente em sua superfície, neste caso o agente antimicrobiano

permanecerá imobilizado na superfície do material (FIG. 6B) (SUPPAKUL et al., 2003). Uma

desvantagem dos biomateriais que liberam o ativo biológico da superfície é o curto tempo de

permanência do efeito antimicrobiano. Já os biomateriais obtidos com a imobilização

covalente do ativo apresentam maior duração da atividade antimicrobiana (ALVES;

PEREIRA, 2014).

Embora seja evidente o potencial, a utilização dos peptídeos antimicrobianos em

associação a biomateriais ainda é emergente (COSTA et al., 2011; ALVES; PEREIRA, 2014;

ZHOU et al., 2015; CHEN et al., 2016; YU et al., 2017)

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Figura 6 – Esquema de estratégias para o desenvolvimento de materiais bioativos: superfície de materiais

contendo os ativos antimicrobianos adsorvidos a superfície (A) e superfície de materiais ligados

covalentemente aos agentes antimicrobianos (B).

2.2.1 Biomateriais baseados em peptídeos antimicrobianos

Alguns trabalhos têm demonstrado que a associação de peptídeos antimicrobianos

em biomateriais conserva ou pode até mesmo elevar as propriedades biológicas dos PAM

(CAMPOCCIA; MONTANARO; ARCIOLA, 2013; HASAN; CRAWFORD; LVANOVA,

2013).

Dispositivos médicos incorporados com peptídeos antimicrobianos têm sido

desenvolvidos para a minimização da ocorrência de infecções em pacientes, como cateteres,

válvulas e implantes ósseos (YU et al., 2015; YAZICI et al., 2016). A Tabela 2 apresenta uma

variedade de materiais utilizados para a imobilização de peptídeos.

Gomes et al. (2015) demonstraram que a funcionalização de gazes de algodão

com peptídeos antimicrobianos, dentre eles a magainina 1 e a dermaseptina, reduz

consideravelmente o crescimento de Staphylococcus aureus e Klebsiella pneumonia. Por sua

vez, Willcox et al. (2008) testaram o peptídeo sintético melimina (combinação de porções dos

peptídeos antimicrobianos melitina e protamina) para incorporação em lentes de contato, e

observaram elevada redução da viabilidade celular de P. aeruginosa e S. aureus. Além disso,

trabalhos que visam a incorporação de moléculas peptídicas em embalagens de alimentos,

como filmes de polietileno ou celulose também já foram descritos na literatura (NITHYA;

MURTHY; HALAMI, 2013).

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Tabela 2 – Biomateriais baseados em peptídeos antimicrobianos

Material Peptídeo Aplicação Microrganismos

analisados Referência

Nanocompósito de

amido-haloisita

Nisina e

Pediocina Embalagens

Listeria monocytogenes

e Clostridium

perfringens

(MEIRA et al.,

2017)

Óxido de cálcio

alumínio (CaAlO) e

hidroxiapatita (HA)

Inverso-

CysHHC10

Implante ósseo

artificial Escherichia coli

(BUCKHOLTZ et

al., 2016)

Gazes de algodão

β-Defensina-1,

Dermaseptina,

Cys-LC-LL - 37

e Magainina 1

Material de uso

médico

Staphylococcus aureus e

Klebsiella pneumonia

(GOMES et al.,

2015)

Lã Cecropina-B e

[Ala5]-Tritrp7

Áreas de

geriatria ou

pediatria (peles

sensíveis)

Staphylococcus aureus e

Klebsiella pneumonia

(MOURO;

GOUVEIA, 2016)

Lentes de contato

(Etafilcon A) Melimina

Lentes de

contato

Pseudomonas

aeruginosa e

Staphylococcus aureus

(WILLCOX et al.,

2008)

Aço inoxidável Magainina I e

Nisina

Diversas. Ex:

Indústrias

(alimentos)

Listeria ivanovii (HÉQUET et al.,

2011)

Ouro Magainina I -

Listeria ivanovii,

Enterococcus faecalis e

Staphylococcus aureus

(HUMBLOT et

al., 2009)

Titânio HH-36 Implantes

ortopédicos

Pseudomonas

aeruginosa e

Staphylococcus aureus

(KAZEMZADEH-

NARBAT et al.,

2013)

Titânio GL13K Implantes

dentários

Porphyromonas

gingivalis

(HOLMBERG et

al., 2013)

Em um trabalho visando à incorporação de peptídeos em materiais para implantes

a base de titânio, Braem et al. (2017) utilizaram o método de deposição eletroforética por

corrente alternada para imobilizar o lipopeptídeo antifúngico caspofungina sobre a superfície

de titânio. Os autores observaram que o material revestido apresentou atividade antifúngica

contra C. albicans. Também estudando implantes de titânio, Godoy-Gallardo et al. (2014)

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realizaram revestimento antimicrobiano sobre a superfície de titânio, para aplicações em

implantes dentários, e avaliaram a atividade antibacteriana do peptídeo derivado da

lactoferrina humana hLf1-11. Os autores verificaram redução da adesão celular e da formação

de biofilmes de Streptococcus sanguinis e Lactobacillus salivarius nessas superfícies

funcionalizadas. Já no trabalho publicado em 2016, Buckholtz et al. (2016) desenvolveram

um biomaterial compósito a base de óxido de cálcio alumínio (CaAlO) e hidroxiapatita (HA)

para implantes ósseos e ligaram covalentemente o peptídeo antimicrobiano Inverso-

CysHHC10 em sua superfície; os autores verificaram a redução da proliferação de E. coli no

biomaterial criado.

Além desses, diversos outros trabalhos têm apontado para a utilização de

peptídeos antimicrobianos em implantes de titânio para fins ortopédicos e dentários (MA et

al., 2011; HOLMBERG et al., 2013; KAZEMZADEH-NARBAT et al., 2013). Contudo,

poucos analisaram a viabilidade de incorporação dessas moléculas sobre a superfície da

alumina (ATHARI et al., 2016), principalmente no desenvolvimento de biomateriais para

emprego em implantes e próteses para reconstituição óssea (SWAN; POPAT; DESAI, 2005).

2.3 Materiais derivados de alumina

A alumina é caracterizada como uma cerâmica bio-inerte, com boas propriedades

mecânicas, tais como elevada dureza e excelente resistência à corrosão e ao desgaste físico

(SEDEL; RAOULD, 2007; SAVADEKAR; KADAM; MHASKE, 2015). Devido às

características apresentadas, este material tem sido empregado na elaboração de biosensores

(KUMERIA; SANTOS; LOSIC, 2014) e dispositivos de liberação de fármacos (DEBRASSI

et al., 2014), mas principalmente, para a confecção de implantes dentários e próteses ósseas

(YOUN et al., 2011; OGIHARA et al., 2012). Pode-se encontrar no banco de dados de

patentes mundial (worldwide.espacenet.com) algumas relacionadas à utilização da alumina

em materiais para reintegração óssea (WEBSTER; SIEGEL; BIZIOS, 2001; WEBSTER;

TEPPER, 2003; NIU et al., 2008). No entanto, até o momento não foram encontrados

depósitos que relacionam a utilização de alumina associada a peptídeos. Em bancos de dados

de artigos científicos já podem ser encontrados alguns trabalhos que associam a alumina com

peptídeos bioativos (SWAN; POPAT; DESAI, 2005; YOUN et al., 2011; TANG et al., 2012),

porém este ainda é um campo pouco explorado. A alumina torna-se um material ainda mais

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promissor uma vez que o óxido de alumínio tem se mostrado um material inorgânico

quimicamente muito versátil, pois permite a funcionalização de sua superfície com diversos

grupos orgânicos, sendo adequado para a ligação de moléculas bioativas (INGHAM; TER

MAAT; DE VOS, 2012; SAPSFORD et al., 2013; DEBRASSI et al., 2014; BRAGAZZI et

al., 2015).

Youn et al. (2011) fabricaram e testaram um implante tridimensional poroso de

Al2O3, cujos experimentos conduzidos in vitro com células de osteoblastos e osteoclastos,

revelaram aumento da proliferação celular sobre o implante confeccionado. Já para a

execução do experimento in vivo, os implantes foram inseridos no tecido subcutâneo de ratos

e, após 4 e 6 semanas, os autores observaram a adesão de fibroblastos sobre a superfície do

implante e o surgimento de vasos sanguíneos no interior dos poros, respectivamente. Dessa

forma, os autores constataram neste trabalho que o material confeccionado, baseado em

alumina é promissor para uso em aplicações de aditivos em implantes ou até mesmo para a

substituição óssea. Apesar da alumina apresentar excelente resistência ao desgaste e boa

biocompatibilidade, sua baixa tenacidade e resistência à flexão reduzem seu emprego em

alguns implantes. Tais propriedades podem ser melhoradas através da confecção de

compósitos de alumina contendo partículas de zircônia como segunda fase. No trabalho de

Tang et al. (2012) foram avaliadas propriedades mecânicas de compósitos de alumina com

zircônia (0-30% v:v) para implantes dentários. Os autores verificaram aumento da resistência

e tenacidade à fratura com o aumento da quantidade de zircônia no compósito, portanto, a

adição de um segundo material à matriz principal é viável na busca de melhores propriedades

de desempenho.

Dentre trabalhos que associam a alumina a peptídeos biotivos podem-se citar os

trabalho de Athari et al. (2016) e de Swan, Popat e Desai (2005). Athari et al. (2016)

utilizaram nanopartículas de α-alumina conjugadas ao peptídeo intestinal vasoativo no

tratamento de asma. O peptídeo, composto por 28 resíduos de aminoácido (MM: 3326 Da),

isolado do sistema gastrointestinal, atua fortemente sobre as células do músculo liso das vias

aéreas, proporcionando uma broncodilatação duradoura. Os autores empregaram o peptídeo

associado à nanopartículas de α-alumina com o intuito de reduzir a degradação enzimática do

peptídeo no trato respiratório, e verificaram um maior efeito farmacológico utilizando o

peptídeo conjugado em comparação ao emprego do peptídeo livre. Em outro trabalho, o

peptídeo adesivo celular RGDC foi imobilizado covalentemente sobre nanoestruturas fibrosas

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(scafolds) de alumina, nas quais foi possível verificar aumento da adesão de osteoblastos em

comparação às membranas nanoporosas de alumina não funcionalizadas (SWAN; POPAT;

DESAI, 2005). Além disso, partículas de alumina em escala nanométrica favorecem a

proliferação de osteoblastos e condrócitos, quando comparado a partículas micrométricas

(KHANG et al., 2009). Todos esses resultados sugerem que nanopartículas de alumina são

um interessante carreador para peptídeos que atuam sobre membranas celulares. Dessa forma,

o presente trabalho baseou-se nessas evidências científicas para a produção de um novo

biomaterial baseado em nanopartículas de alumina e no peptídeo antimicrobiano BP100

ligados covalentemente com o objetivo de conferir atividade antimicrobiana às

nanopartículas, e assim, possibilitar seu emprego em materiais de implantes ortopédicos e

dentários, minimizando a ocorrência de infecções nos sítios cirúrgicos que reduzem a vida útil

ou mesmo resultam na rejeição do implante.

2.4 Estratégias para a associação de PAM na superfície de materiais

Os métodos para a incorporação de peptídeos antimicrobianos como agentes

biológicos ativos na superfície de materiais são baseados em estratégias de imobilização física

ou química. Dentre os métodos físicos, destaca-se a técnica camada-por-camada (LbL, do

inglês layer-by-layer), que envolve a adsorção de camadas alternadas de cátions e ânions

sobre a superfície do material sólido. Neste caso, os PAM se encontram adsorvidos nestas

diversas camadas (DORNER et al., 2016), diferentemente da imobilização química, na qual

os PAM reagem com a superfície do material formando uma ligação covalente entre a cadeia

peptídica e o material sólido. Entretanto, alguns materiais precisam ser modificados para que

grupos funcionais sejam introduzidos em sua superfície e possam se ligar covalentemente aos

PAM (ALVES; PEREIRA, 2014).

A imobilização química de peptídeos pode ser conduzida por diferentes

estratégias (COSTA et al., 2011) conforme esquematizado na Figura 7: (i) formação de

ligações amídicas entre grupos amino presentes na superfície do material e carboxilas

disponíveis na cadeia peptídica (ou vice-versa, carboxilas imobilizadas superficialmente ao

material e terminações amino do peptídeo) (FIG. 7A) (BAGHERI; BEYERMANN; DATHE,

2009) (ii) adicionando-se à cadeia peptídica alguma estrutura química através da qual pode ser

formada a ligação com a superfície do material, por exemplo pela incorporação de uma

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cisteína à cadeia peptídica, que permite a formação de ligações do grupo tiol à epóxidos (FIG.

7B), à grupos maleimida (FIG. 7C) ou mesmo à tióis previamente imobilizados no material

(FIG. 7D) (GLINEL et al., 2009) ou ainda (iii) pela realização de reações de cicloadição

(reação click), uma abordagem recentemente proposta que utiliza a adição de uma azida ou

um doador de alcino à cadeia peptídica, de forma que a ligação à superfície ocorra,

respectivamente, através de grupos alcino (FIG. 7E) ou azidas imobilizados (FIG. 7F)

(HUDALLA; MURPHY, 2010).

Figura 7 – Estratégias para a imobilização de PAM na superfície de materiais.

Fonte: Adaptado de Costa et al. (2011).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Síntese dos peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100

Utilizou-se o método manual de síntese de peptídeos em fase sólida (SPFS)

empregando-se a estratégia Fmoc (9-fluorenilmetoxicarbonila) (CHAN; WHITE, 2000) para

obtenção do peptídeo antimicrobiano BP100 e dos análogos EAAA-BP100, CAAA-BP100 e

[Pra]GAAA-BP100 (TAB. 3).

Tabela 3 - Sequência de aminoácidos da estrutura primária dos peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-

BP100 e [Pra]GAAA-BP100 sintetizados

Peptídeo Sequência de aminoácidos

BP100 KKLFKKILKYL-NH2

EAAA-BP100 EAAAKKLFKKILKYL-NH2

CAAA-BP100 CAAAKKLFKKILKYL-NH2

[Pra]GAAA-BP100 [Pra]GAAAKKLFKKILKYL-NH2

NH2 – representa região carboxi terminal amidada.

Pode-se observar na Tabela 3 a presença de quatro resíduos de aminoácidos

adicionados à porção amino terminal das cadeias peptídicas dos análogos do BP100 (a

metodologia empregada para a imobilização dos peptídeos sobre as nanopartículas será

detalhada no decorrer deste capítulo), os resíduos de alanina (Ala-2, Ala-3 e Ala-4) foram

adicionados para criar um espaçamento entre a estrutura primária do BP100

(KKLFKKILKYL-NH2) e a superfície da nanoestrutura, possibilitando assim que toda a cadeia

peptídica do BP100 possa interagir com a membrana fosfolipídica e manter sua atividade

antimicrobiana. Esses peptídeos, EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100, foram

covalentemente ligados à superfície funcionalizada de nanopartículas de alumina através da

cadeia lateral do primeiro resíduo de aminoácido (Glu-1, Cys-1 e [Pra]G-1, respectivamente)

(FIG.8).

Os derivados de aminoácido empregados na síntese dos peptídeos estão descritos

na Tabela 4 e foram todos adquiridos da Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA). A estrutura

química dos 20 aminoácidos essenciais pode ser verificada no Anexo II.

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Figura 8- Esquema demonstrativo da ligação covalente entre nanopartículas de alumina e as cadeias

peptídicas dos derivados EAAA-BP100 (A), CAAA-BP100 (B) e [Pra]GAAA-BP100 (C).

Todos os reagentes sólidos utilizados foram pesados em balança analítica da

marca Shimadzu, modelo ATX224 (Kyoto, Japão) e a agitação mecânica realizada em várias

etapas da síntese foi efetuada em aparelho Vortex Mixer da Analítica (São Paulo, Brasil)

adaptado com suporte para seringas.

Para a síntese de todos os peptídeos foi utilizada como suporte sólido a resina

Rink®

amida adquirida da Iris Biotech (Marktredwitz, Alemanha) com grau de substituição

0,79 mmol.g-1

(FIG. 9).

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Tabela 4 - Derivados de aminoácidos utilizados na síntese dos peptídeos BP100 (MM:1420,872 g.mol-1

),

EAAA-BP100 (MM: 1763,224 g.mol-1

), CAAA-BP100 (MM: 1737,251 g.mol-1

) e [Pra]GAAA-BP100

(1729,16 g.mol-1

)

Aminoácido Símbolo Derivado de Aminoácido Massa Molar do derivado de

aminoácido (g.mol-1

)

Ácido Glutâmico E Fmoc-Glu(OtBu)-OH 425,5

Alanina A Fmoc-Ala-OH 311,3

Cisteína C Fmoc-Cys(Trt)-OH 585,7

Isoleucina I Fmoc-Ile-OH 353,4

Leucina L Fmoc-Leu-OH 353,4

Lisina K Fmoc-Lys(Boc)-OH 468,5

Propargilglicina [Pra]G Fmoc-propargil-Gly-OH 335,3

Tirosina Y Fmoc-Tyr(tBu)-OH 459,5

Figura 9 - Resina Rink®

amida.

Fonte: Chan e White (2000).

As sínteses foram planejadas para obtenção de 300 mg de cada um dos peptídeos -

BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100. Empregou-se uma seringa de

polipropileno (5 mL) adaptada com filtro poroso de poliuretano para filtração e remoção dos

reagentes em solução, garantindo a retenção dos grânulos de resina.

Com a resina no interior da seringa, iniciou-se o procedimento para realização da

síntese. Primeiramente, foi realizada a solvatação da resina, utilizando diclorometano (DCM)

obtido da Proquímios (Rio de Janeiro, Brasil), como descrito no Quadro 1 abaixo.

Quadro 1 - Protocolo para solvatação da resina.

1. Adicionar 2,5 mL de DCM na seringa, por sucção, e manter o sistema em agitação por 15 minutos.

2. Remover o DCM por filtração.

3. Repetir as etapas 1 e 2.

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Após a solvatação dos grânulos da resina, esta foi desprotegida para remoção dos

grupos protetores Fmoc ligados covalentemente às terminações amino da resina (QUADRO

2). Nesse processo utilizou-se solução de 4-metilpiperidina (PIPE) (Sigma-Aldrich - St.

Louis, MO, USA) em N,N’-dimetilformamida (DMF) (Vetec Química Fina - Rio de Janeiro,

Brasil) 1:4 (v:v).

Quadro 2 - Protocolo de desproteção: para remoção do grupo protetor de terminação amino, Fmoc.

1. Adicionar à seringa de reação 2,5 mL de solução de PIPE/DMF 1:4 (v:v).

2. Manter o sistema em agitação por 15 minutos.

3. Remover os reagentes da seringa por filtração.

4. Repetir as etapas 1, 2 e 3.

5. Realizar o protocolo de lavagem (descrito no Quadro 4).

6. Fazer o acompanhamento da desproteção com o teste de Kaiser e observar a coloração dos grânulos

(procedimento descrito no Quadro 5).

Após a desproteção, procedeu-se à realização da etapa de acoplamento do

derivado de aminoácido adequado. Para isso seguiu-se o procedimento descrito no quadro

abaixo (QUADRO 3). Nessa etapa foram empregados como agentes ativadores do grupo

carboxila N,N’-diisopropilcarbodiimida (DIC) e 1-hidroxibenzotriazol (HOBt), ambos

adquiridos da Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA).

Quadro 3 - Protocolo para acoplamento de derivado de aminoácido.

1. Pesar as quantidades de aminoácido e HOBt e adicioná-los a um tubo Falcon de 50 mL.

2. Adicionar ao tubo Falcon 1,5 mL de DMF destilada e 1,5 mL de DCM, e agitar até a total solubilização.

3. Adicionar a quantidade calculada de DIC no tubo Falcon e homogeneizar.

4. Transferir a solução para um béquer de 25 mL.

5. Succionar a solução com a seringa de reação e manter o sistema em agitação por 2 horas.

6. Após agitação, descartar o resíduo de reagentes por filtração.

7. Realizar o protocolo de lavagem.

8. Realizar o teste de Kaiser e observar a coloração dos grânulos.

Após cada etapa de desproteção e acoplamento, realizou-se o processo de lavagem

descrito a seguir (QUADRO 4), seja para eliminar qualquer resíduo da solução de PIPE ou

para remover o excesso de derivado de aminoácido utilizado que ainda permaneça no interior

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na seringa de reação. As etapas de lavagem foram realizadas com DMF, álcool isopropílico

(IPA) obtido da Vetec Química Fina (Rio de Janeiro, Brasil) e DCM.

Para verificar a eficiência de cada uma das etapas de desproteção e acoplamento,

realizou-se o teste de Kaiser como descrito no Quadro 5. O teste de Kaiser emprega as

seguintes soluções: piridina a 2% (v:v) em solução aquosa de KCN a 1 mmol.L-1

, fenol a 80%

(m:v) em etanol e ninhidrina a 5% (m:v) em piridina, na proporção de 1:2:1 (v:v:v)

sequencialmente (TROLL; CANNAN, 1953). Os reagentes, piridina, KCN, fenol e

ninhidrina, foram adquiridos da Merck (Darmstadt, Alemanha), Lafan Química Fina (São

Paulo, Brasil) e Vetec Química Fina (Rio de Janeiro, Brasil), respectivamente.

Quadro 4 - Protocolo de lavagem para remoção de resíduos e excesso de reagentes.

1. Adicionar 2 mL de DMF na seringa de reação e manter em agitação por 1 minuto.

2. Remover o DMF por filtração.

3. Adicionar 2 mL de IPA na seringa de reação e manter em agitação por 1 minuto.

4. Remover o IPA por filtração.

5. Repetir as etapas 1, 2, 3 e 4 duas vezes.

6. Adicionar 2 mL de DCM na seringa de reação e manter em agitação por 1 minuto.

7. Remover o DCM por filtração.

A coloração dos grânulos de resina (resultado positivo) é indicativo da presença

de grupos amino livres, ou seja, demonstra que a remoção dos grupos Fmoc foi

adequadamente efetuada. Por outro lado, a ausência de coloração (resultado negativo)

demonstra que os grupamentos amino encontram-se ligados ao grupo protetor Fmoc, logo o

acoplamento ocorreu de maneira eficiente.

Quadro 5 - Protocolo para realização do teste de Kaiser.

1. Retirar aproximadamente 5 grânulos de resina da seringa de reação e colocá-los em um tubo de ensaio.

2. Adicionar ao tubo de ensaio:

- Uma gota da solução de cianeto.

- Duas gotas da solução de fenol.

- Uma gota da solução de ninidrina.

3. Manter o tubo de ensaio em aquecedor de tubos por 5 minutos a 90°C.

4. Colocar o tubo de ensaio contra a luz e observar com lupa a coloração dos grânulos.

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As etapas sequenciais do processo de síntese “desproteção - lavagem - teste de

Kaiser - acoplamento - lavagem - teste de Kaiser - desproteção” foram executadas até que

toda a sequência peptídica almejada fosse obtida. A Figura 10 mostra uma representação

esquemática desse processo.

Figura 10 - Esquema das etapas de desproteção, acoplamento e clivagem realizadas na SPFS empregando-

se a estratégia Fmoc

.Fonte: Adaptado de Chan e White (2000).

Por fim, para remoção simultânea do peptídeo do suporte sólido e dos grupos

protetores das cadeias laterais, realizou-se a etapa de clivagem após a desproteção do último

resíduo de aminoácido da sequência peptídica. Os reagentes utilizados na composição da

solução de clivagem foram definidos de acordo com os grupos protetores presentes na

sequência peptídica sintetizada (TAB. 5).

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Tabela 5 – Solução empregada na etapa de clivagem para obtenção dos peptídeos sintéticos

BP100, EAAA-BP100, [Pra]GAAA-BP100

e [Trz-β-A1]AAA-BP100

CAAA-BP100

95,0% TFA

2,5% H2O

2,5% TIS

94,0% TFA

2,5% H2O

2,5% EDT

1,0% TIS

Tabela 6 - Grupos protetores de cadeias laterais reativas dos derivados de aminoácido empregados na

síntese dos peptídeos BP100 e análogos, e seus respectivos tempos mínimos de reação de clivagem

Derivado de aminoácido Cadeia lateral reativa Grupo protetor Tempo de reação

(min)

Ácido Glutâmico

O

OH

O

O

t-butoxila (OtBu)

30

Cisteína SH

S

Tritila (Trt)

30

Lisina NH2

O

ONH

t-butoxicarbonila (Boc)

30

Tirosina OH O

t-butila (tBu)

30

Fonte: Adaptado de Chan e White (2000).

Para os peptídeos BP100, EAAA-BP100, [Pra]GAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-

BP100 utilizou-se a solução de clivagem composta por 95,0% de ácido trifluoroacético (TFA)

(Sigma-Aldrich - St. Louis, MO, USA), 2,5% H2O ultra-pura e 2,5% tri-isopropilsilano (TIS)

(Iris Biotech, Marktredwitz, Alemanha). Já para o peptídeo CAAA-BP100 sintetizado foi

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empregada a solução de clivagem contendo 95,0% de TFA, 2,5% H2O ultra-pura , 1,0% de

TIS e 2,5% de 1,2-etanoditiol (EDT) (Merck - Darmstadt, Alemanha). Os tempos reacionais

mínimos necessários para remoção dos grupos protetores de cadeias laterais presentes nos

aminoácidos empregados podem ser observados na Tabela 6. Contudo, com a finalidade de

garantir elevada eficiência na clivagem dos peptídeos, a reação foi realizada com agitação

mecânica durante 1 hora para todos os peptídeos sintetizados.

O procedimento para realização da clivagem foi realizado conforme sua descrição

apresentada no Quadro 6.

Quadro 6 - Protocolo para realização do procedimento de clivagem.

1. Adicionar à seringa de reação a solução de clivagem definida.

2. Submeter o sistema à agitação mecânica pelo tempo determinado.

3. Remover a solução de clivagem por filtração transferindo-a para um tubo Falcon de 15 mL.

4. Lavar a resina com adição de 500 µL de TFA na seringa de reação. Remover este reagente por filtração.

transferindo-o para o mesmo tubo Falcon.

5. Remover o TFA do filtrado por aplicação de nitrogênio gasoso até a obtenção de um sistema levemente

viscoso.

6. Adicionar 5 mL de éter diisopropílico (Vetec Química Fina - Rio de Janeiro, Brasil), previamente resfriado,

para precipitação do peptídeo.

7. Submeter o sistema a centrifugação a 3200 rpm por 5 minutos.

8. Remover o sobrenadante.

9. Repetir as etapas 6, 7 e 8 mais 3 vezes.

10. Secar o peptídeo por aplicação de nitrogênio gasoso.

11. Solubilizar o peptídeo em água ultra-pura.

12. Liofilizar a solução para obtenção do peptídeo bruto completamente seco.

3.1.1 Obtenção do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100

O peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 foi obtido pela modificação na porção N-

terminal do peptídeo [Pra]GAAA-BP100 (FIG. 11A) através de uma reação de cicloadição

1,3-dipolar. O peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 (FIG. 11B) foi sintetizado para possibilitar a

comparação de resultados obtidos para a nanobioestrutura NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (FIG.

11C), pois ao realizar o acoplamento do derivado [Pra]GAAA-BP100 à nanopartícula

funcionalizada (NP-N3) é formado um anel triazólico unindo as duas estruturas.

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Figura 11 – Esquemas demonstrativos de parte da estrutura química dos peptídeos [Pra]GAAA-BP100

(A) e [Trz-β-A1]AAA-BP100 (B) e da nanobioestrutura NP-[Trz-β-A

1]AAA-BP100 (C).

A reação de cicloadição 1,3-dipolar foi conduzida à temperatura ambiente em

seringa de polipropileno, anteriormente à etapa de clivagem do [Pra]GAAA-BP100. Foram

utilizados 10,9 mg de sulfato de cobre II (CuSO4.5H2O) (0,5 equiv.), 10,3 mg de ascorbato de

sódio (0,6 equiv.) e 10,4 mg de azida de sódio (1,8 equiv.). Cada um dos reagentes foi

solubilizado previamente em 250 μL de água ultra-pura e em seguida succionados para o

interior da seringa de reação onde se encontrava o [Pra]GAAA-BP100 ainda acoplado aos

grânulos de resina. A reação ocorreu por 72h em mesa agitadora. Ao final da reação foram

realizadas 8 etapas de lavagem com solução de ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA)

10% (m:v), seguida de 2 etapas de lavagem intercaladas com IPA e DMF e, por fim, 1

lavagem com DCM. Em seguida o peptídeo obtido foi clivado, conforme protocolo descrito

no Quadro 6.

3.2 Purificação e quantificação dos peptídeos sintéticos

A purificação dos peptídeos foi conduzida por cromatografia líquida de alta

eficiência (CLAE) em cromatógrafo líquido Varian® modelo Pro Star 315 (Walnut Creek,

Estados Unidos) com detector na região do UV-Vis modelo Pro Star 335 e válvula de injeção

marca Rheodyne, do Departamento de Química da UFVJM. Foram utilizadas as colunas

cromatográficas de fase reversa analítica Vydac® C18 (250 x 4,6 mm) e a semi-preparativa

Waters mBondapackTM

C18 10 mm 125 Ǻ (7,8 x 300 mm). As análises foram conduzidas

utilizando gradientes de dois eluentes: água ultra-pura acidulada com 0,1% de TFA, como

fase A, e acetonitrila (ACN) contendo 0,08% de TFA, como fase B. Esses reagentes, TFA e

ACN grau UV/HPLC, foram obtidos da Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA) e da Panreac

(Barcelona, Espanha), respectivamente, e a água ultra-purificada utilizada foi obtida em

aparelho da marca Simplicity UV Ultrapure (Type 1) Water (Berlim, Alemanha).

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A detecção foi feita por espectroscopia na região do ultravioleta (UV), sendo

utilizado máx 215 nm. A escala analítica (injeção de 100 µL de amostra bruta do peptídeo na

concentração de 1 mg.mL-1

, sob fluxo de 0,8 mL.min-1

e rampa de eluição com aumento de

1,67% de ACN/min realizada durante 60 min) foi utilizada para definir as condições de

realização da purificação em escala semi-preparativa (injeção de 1 mL de amostra bruta na

concentração de 2 mg.mL-1

, sob fluxo de 2 mL.min-1

). A coleta das frações foi realizada

manualmente.

Os reagentes (ACN e TFA) presentes nas frações coletadas durante a purificação

dos peptídeos foram removidos em um evaporador rotativo a vácuo Fisatom modelo 801 com

banho de aquecimento modelo 550 (São Paulo, Brasil), utilizando bomba de vácuo Prismatec

modelo 121 (São Paulo, Brasil). Em seguida, a água remanescente nas amostras foi removida

por liofilização, utilizando o liofilizador LS3000, Terroni (São Paulo, Brasil) do

Departamento de Farmácia da UFVJM.

A concentração de todas as amostras de peptídeo foi padronizada em solução de

acordo com um método previamente descrito na literatura (MURPHY; KIES, 1960). Para essa

determinação, mediu-se a absorbância das amostras em 205, 215 e 225 nm:

(A215 – A225).144 = k

(A205).31 = T

(k + T)/2 = C

onde A é a absorbância da solução da amostra em 205, 215 e 225 nm e C é a concentração da

amostra (mg.L-1

).

3.3 Espectrometria de massa para caracterização dos peptídeos

As análises por espectrometria de massa foram feitas em colaboração com a

EMBRAPA – Recursos Genéticos (Brasília, DF) e com o Instituto de Ciências Biológicas –

ICB/UFMG. Os peptídeos sintetizados - BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100, [Pra]GAAA-

BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 - foram analisados em espectrômetro MALDI-ToF/ToF,

modo MS e MS/MS, em instrumentos AutoFlex III e Ultraflex III da Bruker Daltonics®

equipado com Laser Smart beamTM

em modo positivo. Alíquotas dos peptídeos foram

misturadas a uma solução supersaturada de ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico - 1:1 (v:v)

diretamente em placas MTP AnchorChip 400/384 e 800/384 (Bruker Daltonics). Para a

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determinação da massa monoisotópica na faixa de 800 a 5000 Da foi utilizado o modo

refletido com calibração externa, empregando-se o padrão de calibração de peptídeos indicado

pelo fabricante (Peptide Calibration Standard, Bruker Daltonics). Também foi realizada a

fragmentação dos íons precursores utilizando o modo MS/MS (espectrometria de massa

sequencial). Para visualização dos espectros foi utilizado o software PepSeq e a interpretação

da estrutura primária dos peptídeos foi realizada manualmente.

Figura 12- Etapas sequenciais das três estratégias para obtenção das nanobioestruturas do BP100.

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3.4 Síntese e funcionalização de nanopartículas de alumina

Todas as etapas das estratégias de síntese e funcionalização para obtenção das

nanopartículas de alumina contendo o peptídeo antimicrobiano BP100 estão descritas na

Figura 12 e detalhadas a seguir. As etapas 1 e 2 foram iguais para todas as três rotas de

síntese. A etapa 3 é comum para as rotas 1 e 2.

3.4.1 Obtenção de nanopartículas de alumina (NP) – Etapa 1

O método para obtenção das nanopartículas de alumina (etapa 1) foi baseado em

um experimento previamente descrito na literatura (POTDAR et al., 2007). Utilizando um

balão de fundo redondo tritubulado, no qual foram acoplados um condensador (sistema de

refluxo) e dois funis de separação (FIG. 13), foi realizada a reação entre nitrato de alumínio

(150 mL, 0,10 M) e carbonato de sódio (150 mL, 0,19 M), ambos adquiridos da Sigma-

Aldrich (St. Louis, MO, USA).

Figura 13 - Aparato para realização da reação entre nitrato de alumínio e carbonato de sódio (A) e

esquema demonstrativo das reações envolvidas na obtenção das nanopartículas de alumina (B).

As soluções de nitrato de alumínio e carbonato de sódio foram transferidas,

separadamente, para cada um dos funis de separação e a reação ocorreu pela adição

simultânea (gota a gota) das soluções de Al(NO3)3 e Na2CO3 ao balão de fundo redondo

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tritubulado contendo 100 mL de água ultra-pura, sob agitação magnética e temperatura de 70

°C. Após, aproximadamente 3,5 h de reação, o sólido gelatinoso formado de AlOOH foi

separado por centrifugação (4500 rpm, 5 minutos) (centrífuga Spinlab, modelo SL-16RAV-

4000, São Paulo, Brasil) e submetido a sucessivas lavagens com água (1 x 10 mL), etanol (1 x

10 mL) e acetona (1 x 10 mL), nesta ordem. Após secagem à temperatura ambiente o

material foi calcinado em mufla de dimensões 30x15x15 (Fornos Magnu’s, Belo Horizonte,

MG, Brasil) com controlador de temperatura (N1040, Novus, Porto Alegre, RS, Brasil) a

550°C por 5 horas para remoção completa da água e obtenção das nanopartículas de Al2O3

(NP). As reações envolvidas na síntese do óxido de alumínio estão descritas na Figura 13B.

3.4.2 Hidroxilação das nanopartículas de alumina (NP NP-OH) – Etapa 2

A etapa de hidroxilação superficial das nanopartículas de alumina (etapa 2)

ocorreu com adição de 500 mg de NP em um balão de fundo redondo. As NP foram dispersas

em 50 mL de peróxido de hidrogênio a 30% (v:v) (Sigma-Aldrich - St. Louis, MO, USA) e

mantidas sob refluxo (100 °C) por 15 minutos utilizando manta aquecedora (Thelga, modelo

TMA250) e um condensador de bolas para obtenção das nanopartículas de alumina

hidroxiladas (NP-OH). Após resfriar à temperatura ambiente o material obtido foi

centrifugado (4500 rpm, 5 minutos) e submetido a sucessivas lavagens com água (3 x 10 mL)

e etanol (3 x 10 mL).

3.4.3 Ligação dos peptídeos sintéticos às nanopartículas de alumina

Para obtenção das nanoestruturas de alumina covalentemente ligadas à cadeia

peptídica do BP100 foram realizadas três estratégias diferentes que partem de modificações

estruturais das nanopartículas hidroxiladas. As etapas específicas das diferentes rotas

sintéticas estão destacadas na Figura 12 e serão descritas separadamente a seguir.

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3.4.3.1 Rota 1 – Obtenção das nanobioestruturas NP- EAAA-BP100

NP-OH NP-NH2 – Etapa 3

A funcionalização das NP-OH com grupos amino (NP-NH2 - etapa 3) foi realizada

para obtenção das nanobioestruturas contendo os análogos EAAA-BP100 (rota 1) e CAAA-

BP100 (rota 2). As nanopartículas hidroxiladas foram submetidas a reação com 3-

aminopropiltrietoxisilano (APTES) (Merck – Hohenbrunn, Alemanha) para formação das

nanopartículas com terminações amino livres (NP-NH2) (SWAN; POPAT; DESAI, 2005).

Em um balão de fundo redondo, 450 mg de NP-OH foram dispersas em solução de APTES /

tolueno (Isofar – RJ, Brasil) a 1:15 (v:v). A reação ocorreu em sistema de refluxo (110 °C)

por 120 minutos. O material obtido foi centrifugado (4500 rpm, 5 minutos) e lavado duas

vezes com cada um dos seguintes solventes - tolueno, IPA, DMF, etanol e água - adicionando

10 mL de solvente em cada etapa de lavagem.

NP-NH2 NP-EAAA-BP100 – Etapas 1.4 e 1.5

A obtenção das nanopartículas de alumina contendo o peptídeo EAAA-BP100

(NP-EAAA-BP100) ocorreu através da reação do peptídeo EAAA-BP100 com as NP-NH2 a

45 °C, sob agitação magnética, em um béquer de 25 mL contendo 3 mL de água ultra-pura

(etapa 1.4). Foram solubilizados 31,7 mg do peptídeo EAAA-BP100 protegido com Fmoc na

região N-terminal (2 equiv.), 45 mg de nanopartículas aminadas (1 equiv.) e, como ativadores,

3,5 mg de 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil)carbodiimida (EDAC) (Merck – Darmstadt,

Alemanha) (2 equiv.) e 2,8 mg de HOBt (2 equiv.). Após 180 minutos de reação, a suspensão

final foi transferida para um tubo Falcon de 15 mL e submetida à centrifugação (4500 rpm, 5

minutos) para remoção do sobrenadante. As nanopartículas obtidas (NP-EAAA-BP100)

foram lavadas com água (2 x 5 mL) e etanol (2 x 5 mL). Em seguida, foi realizada a remoção

e quantificação do grupo Fmoc (ainda presente no resíduo Glu-1) pela adição de 2 mL de

PIPE:DMF 1:4 (v:v) (etapa 1.5). A reação ocorreu por 60 minutos. Finalmente, o material foi

centrifugado e lavado com DMF (1 x 5 mL), água (2 x 5 mL) e etanol (2 x 5 mL),

sequencialmente.

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3.4.3.2 Rota 2 - Obtenção das nanobioestruturas NP -CAAA-BP100

NP-NH2 NP-Cys – Etapas 2.4, 2.5 e 2.6

Para realizar o acoplamento do derivado de cisteína (Fmoc-Cys(Trt)-OH) às

terminações amino presentes nas NP-NH2 foi utilizada uma suspensão contendo 50 mg de

NP-NH2, 29,6 mg de cisteína (5 equiv.), 7,7 mg de HOBt (5 equiv.) e 8 μL de DIC (5 equiv.)

em 3 mL de DMF (etapa 2.4). A reação ocorreu sob agitação por 3 horas. Ao final da reação

o sobrenadante foi descartado após centrifugação (4500 rpm, 5 minutos) e as nanoestruturas

foram lavadas 3 vezes para remoção de resíduos de reagentes e aminoácidos não acoplados. A

lavagem foi conduzida em três etapas, a primeira com DMF, em seguida com IPA e por fim

com etanol, adicionando-se 3 mL de solvente em cada lavagem. Em seguida, foi necessário

submeter as nanoestruturas a um processo de clivagem, previamente descrito no Quadro 6,

para remoção do Trt, grupo protetor de cadeia lateral da cisteína (etapa 2.5). A reação de

clivagem ocorreu por 1 hora, sob agitação, utilizando 1 mL de solução contendo 94,0% TFA,

2,5% H2O, 2,5% EDT e 1,0% TIS. Ao final deste procedimento, as nanoestruturas foram

secas em N2 gasoso.

As nanopartículas foram então submetidas ao processo de desproteção para

remoção e quantificação dos grupamentos Fmoc (procedimento descrito no item 3.5)

presentes nos derivados de cisteína imobilizados (etapa 2.6).

NP-CysNP-CAAA-BP100 – Etapas 2.7 e 2.8

Por fim, procedeu-se o acoplamento do peptídeo através da reação do CAAA-

BP100 com as NP-Cys a 35 °C, sob agitação magnética, em um béquer de 25 mL contendo 5

mL de solução tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8,5 (etapa 2.7). Nesta solução foram

solubilizados 15,6 mg do peptídeo CAAA-BP100 protegido com Fmoc na região N-terminal

(1 equiv.) e adicionados 45 mg de NP-Cys. A reação ocorreu por 48 horas. Em seguida as

nanoestruturas foram centrifugadas (4500 rpm, 5 min) e lavadas com adição de 3 mL de água

ultra-pura. Nova solução tampão contendo o peptídeo foi preparada e procedeu-se o

reacoplamento das nanoestruturas por mais 48 horas de reação nas mesmas condições

descritas anteriormente. Ao final do processo, as nanoestruturas obtidas foram novamente

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centrifugadas e submetidas a etapas de lavagem com água ultra-pura (2 x 5 mL) e etanol (2 x

5 mL). Em seguida, para remoção e quantificação dos grupamentos Fmoc, as nanopartículas

foram desprotegidas utilizando PIPE/DMF 1:4 (v:v) (etapa 2.8).

3.4.3.3 Rota 3 - Obtenção das nanobioestruturas NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100

A rota 3 foi desenvolvida para o acoplamento do análogo [Pra]GAAA-BP100 às

nanopartículas de alumina através de reação de cicloadição 1,3-dipolar.

A funcionalização das nanopartículas na rota 3 ocorreu em três etapas: (i) as

nanopartículas hidroxiladas foram, inicialmente, submetidas a reação com 3-

cloropropiltrietoxisilano (CPTES) (Merck – Hohenbrunn, Alemanha) para obtenção das

nanopartículas com átomos de cloro terminais (etapa 3.3), (ii) logo em seguida, foram

introduzidos grupos N3 (azido) em substituição aos átomos de cloro previamente ligados

(etapa 3.4) e, (iii) por fim, realizou-se o acoplamento do peptídeo [Pra]GAAA-BP100 às

nanoestruturas (etapa 3.5).

NP-OH NP-Cl – Etapa 3.3

A primeira etapa foi realizada em um sistema de refluxo contendo 450 mg de NP-

OH dispersos em solução de CPTES / tolueno (Isofar – RJ, Brasil) a 1:15 (v:v) para formação

das nanopartículas contendo os átomos de cloro terminais (NP-Cl). A reação ocorreu sob

temperatura de refluxo (110 °C) por 120 minutos. O material obtido foi centrifugado (4500

rpm, 5 minutos) e lavado duas vezes com tolueno e hexano, adicionando 10 mL de solvente

em cada lavagem.

NP-Cl NP-N3 – Etapa 3.4

Na segunda etapa, para introdução de grupamentos N3 em substituição aos átomos

de cloro, 400 mg de NP-Cl foram dispersos em solução de tetrahidrofurano (THF)/H2O 1:2

(v:v) contendo 58,5 mg de NaN3 (10 equiv.). A reação ocorreu a 45 ºC, sob agitação

magnética, por 120 minutos. Ao final, as nanopartículas foram centrifugadas (4500 rpm, 5

minutos) e lavadas 2 vezes com 10 mL de água e etanol, sequencialmente.

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NP-Cl NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 – Etapas 3.5 e 3.6

Por fim, a reação de cicloadição, empregada para ligar covalentemente o derivado

peptídico às nanoestruturas (etapa 3.5), foi realizada utilizando 45 mg de NP-N3, 20,2 mg de

[Pra]GAAA-BP100 (1,3 equiv.), 1, 1 mg de CuSO4 (0,5 equiv.) e 1,1 mg de ascorbato de

sódio (0,6 equiv.). Os reagentes foram solubilizados em 250 μL de água e o volume final de

reação foi ajustado para 3 mL. A reação ocorreu por 72 h em mesa agitadora. Ao final, as

nanopartículas obtidas foram centrifugadas e submetidas a etapas sequenciais de lavagem com

solução de EDTA 10% (m:v) (4 x 5 mL), água (2 x 10 mL) e etanol (2 x 10 mL). Em seguida

os grupos Fmoc foram removidos (etapa 3.6) e quantificados.

3.5 Determinação do grau de funcionalização das nanopartículas de alumina

A quantificação do grau de funcionalização das nanopartículas de alumina foi

alcançada por UV através da análise espectroscópica do aduto dibenzofulveno-piperidina

formado após realização da etapa de remoção dos grupos Fmoc presentes nos resíduos de

aminoácidos empregados na síntese dos peptídeos (FIG. 14). Dessa forma, para possibilitar a

quantificação do grau de funcionalização das nanopartículas foram acoplados os derivados de

Figura 14 – Mecanismo de remoção do grupo protetor Fmoc utilizando solução de PIPE em DMF com

posterior formação do aduto dibenzofulveno-piperidina.

Fonte: Adaptado de Eissler et al. (2017)

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peptídeo contendo o grupo Fmoc. A detecção de absorbância em máx 301 nm caracteriza a

presença de moléculas do aduto e representa a imobilização de moléculas do referido peptídeo

na superfície da nanopartícula. Para a determinação do grau de funcionalização das NP-

EAAA-BP100 foram realizados acoplamentos de Fmoc-EAAA-BP100 às nanopartículas de

NP-NH2. A determinação do grau de funcionalização das NP-CAAABP100 foi alcançada pela

ligação de dissulfeto de Fmoc-CAAA-BP100 às nanopartículas de NP-Cys. E para

determinação do grau de funcionalização das NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 foi realizada a

reação de cicloadição utilizando Fmoc-[Pra]GAAA-BP100 e as nanopartículas de NP-N3.

3.5.1 Confirmação do grau de substituição da resina Rink®

amida 0,79 mmol.g-1

e

confecção da curva analítica

Baseando-se no artigo de Eissler et al. (2017), cujos autores determinaram por

UV, no comprimento de onda de 301 nm, o coeficiente de absortividade molar (ε301 nm) para o

aduto dibenzofulveno-piperidina, realizou-se uma análise espectroscópica para confirmação

do grau de substituição da resina Rink®

amida (0,79 mmol.g-1

) indicado pelo fabricante, com

o intuito de utilizar o produto de desproteção dessa resina na elaboração da curva analítica a

ser empregada na determinação do grau de substituição das nanobioestruturas contendo

peptídeo ou aminoácido acoplado. A resina Rink®

amida possui terminações amino ligadas ao

grupo protetor Fmoc que produz o aduto dibenzofulveno-piperidina em reação de desproteção

com PIPE/DMF 1:5 (v:v) (FIG. 14).

O experimento foi realizado utilizando 10,7 mg de resina. Em um tubo Falcon de

15 mL foi adicionada a massa de resina pesada e 5 mL de PIPE/DMF 1:5 (v:v). O sistema foi

mantido em agitação mecânica por 60 minutos. Ao final da reação de desproteção os grânulos

de resina foram removidos por filtração e o sobrenadante da reação recolhido em balão

volumétrico de 10 mL cujo volume foi ajustado com adição de PIPE/DMF 1:5 (v:v). Para

leitura a λmáx 301 nm no espectrofotômetro de UV utilizou-se como branco solução de

PIPE/DMF 1:5 (v:v) e cubeta de 1 cm de caminho óptico, além disso, é importante ressaltar

que foi necessário diluir a amostra 1:10 na mesma solução. Utilizando os dados experimentais

citados, o valor de absorbância obtido e o coeficiente de absortividade molar determinado por

Eissler et al. (2017), calculou-se o grau de substituição da resina através da equação:

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SFmoc (mmol.g-1

) = [(E301 nm . V . D) / (I . ε301 nm . mresina)] . 106

Onde:

SFmoc - grau de substituição com Fmoc em mmol.g-1

de resina

E301 nm - absorbância da solução da amostra a 301 nm

106

- fator para conversão de mol para mmol e mg-1

para g-1

V - volume da amostra em L

I - comprimento do caminho óptico da célula em cm (1 cm)

D - fator de diluição

ε301 nm - coeficiente de absortividade molar 301 nm (8021 L.mol-1

cm-1

)

mresina - massa de resina (mg)

3.5.2 Determinação do grau de funcionalização das nanopartíiculas de alumina com

derivados de aminoácido ou de peptídeos

Finalizadas as reações para ligação dos derivados do peptídeo BP100 sobre as

nanopartículas, as nanoestruturas foram secas e pesadas. Em seguida procedeu-se à remoção e

recolhimento dos grupos Fmoc das cadeias de peptídeo imobilizadas.

A remoção dos grupamentos Fmoc foi feita pela adição de 2 mL de PIPE/DMF

1:4 (v:v) em um tubo Falcon contendo as nanopartículas funcionalizadas. A reação de

desproteção ocorreu por 60 minutos em mesa agitadora. Posteriormente, as nanopartículas

foram submetidas a etapas sequenciais de centrifugação e lavagem para recolhimento, em

balão volumétrico de 5 mL, de todo o sobrenadante que continha o aduto dibenzofulveno-

piperidina (conforme protocolo descrito no Quadro 7).

Quadro 7 - Protocolo para remoção do grupo protetor Fmoc e recolhimento do produto gerado.

1. Finalizada a reação de desproteção, o tubo Falcon contendo as nanoestruturas foi submetido a centrifugação

por 5 minutos, 4500 rpm.

2. Em seguida, o sobrenadante foi retirado e acondicionamento em balão volumétrico de 5 mL.

3. Adicionou-se ao tubo Falcon, 1 mL de DMF para lavagem das nanoestruturas.

4. O sistema foi mantido em agitação por 1 minuto e em seguida foi submetido a centrifugação por 5 minutos,

4500 rpm.

5. O sobrenadante foi recolhido e acondicionado no mesmo balão volumétrico citado anteriormente.

6. As etapas 3, 4 e 5 foram repetidas mais uma vez.

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Por fim, o volume do balão foi ajustado para 5 mL com a adição de DMF,

resultando em uma concentração de PIPE/DMF 1:10 (v:v). Dessa forma, para quantificação

do produto por espectroscopia na região do ultravioleta (UV) a curva analítica foi

confeccionada utilizando como solvente PIPE/DMF 1:10 (v:v), além disso empregou-se esta

mesma solução como branco e a leitura foi realizada em λmáx 301 nm.

O mesmo procedimento foi utilizado para quantificar moléculas de aminoácido

imobilizadas. Foi realizada a imobilização de um derivado de cisteína para obtenção de NP-

Cys-Fmoc (item 3.4.3.2 - NP-NH2 NP-Cys-Fmoc) e de um derivado de glicina (NP-NH2

NP-Gly-Fmoc) com o intuito de verificar a diferença no grau de funcionalização utilizando

apenas um derivado de aminoácido e uma cadeia de peptídeo.

3.6 Caracterização das nanoestruturas

Para a caracterização das nanopartículas de alumina contendo peptídeo e de cada

um dos produtos das etapas de funcionalização, realizou-se a análise dos materiais

sintetizados através das técnicas descritas a seguir.

3.6.1 Difração de raios-x

A estrutura cristalina de nanopartículas de alumina (Al2O3) foi analisada pela

técnica de DRX. Os dados foram obtidos em um difratômetro DRX6000, Shimadzu,

disponível no Departamento de Química da UFVJM. Empregou-se radiação Cu K

( = 1.540560 Å), operando a 200 mA e 40 kV. Silício foi utilizado como padrão

externo. O refinamento estrutural Rietveld dos dados de DRX foi efetuado com o

programa FullProf_Suite 2015.

3.6.2 Microscopia eletrônica de varredura

A avaliação morfológica das nanopartículas de alumina foi realizada utilizando o

microscópio eletrônico de varredura, da marca TESCAN, modelo VEGA-LMH (Kohoutovice

República Tcheca), disponível no bloco LABVALE do Departamento de Química da

UFVJM. As micrografias foram feitas a partir da deposição das nanoestruturas em suporte

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metálico. As nanopartículas foram previamente dispersas em etanol seguida de evaporação

deste solvente à temperatura ambiente.

3.6.3 Microscopia eletrônica de transmissão

A análise estrutural das nanopartículas antes e após imobilização do peptídeo, foi

realizada em microscópio eletrônico de transmissão Tecnai G2-20 - SuperTwin FEI - 200 kV,

no Centro de Microscopia da UFMG. As amostras foram dispersas em etanol utilizando

banho de ultrassom e, em seguida, uma pequena gota de cada amostra foi colocada sobre a

grade (Holey Carbon) e secas a temperatura ambiente.

3.6.4 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho com transformada

de Fourier

Para caracterização das etapas de funcionalização das nanopartículas de alumina e

ligação dos derivados peptídicos foram obtidos espectros de absorção na região do

infravermelho, de 4000 a 400 cm-1

, com resolução 8 cm-1

e 32 acumulações, utilizando o

espectofotômetro FT-IR Varian, modelo 640-IR, equipado com modo de reflectância total

atenuada (ATR, Pike Technologies, modelo GladiATR), disponível no Departamento de

Química da UFVJM.

3.6.5 Ressonância magnética nuclear de 13

C em fase sólida

Os experimentos de RMN em fase sólida foram realizados utilizando um

espectrômetro Bruker Avance III 500 (11.75 T) com a sonda CP/MAS de 4 mm. Os espectros

unidimensionais (1D) de 13

C foram realizados para peptídeos livres, nanopartículas

funcionalizadas e ligadas aos peptídeos. Para a calibração dos espectros, amostra padrão de

adamantano enriquecida com o isótopo 13

C foi usada como referência externa. Cada amostra

foi empacotada no rotor de óxido de zircônio e rotacionada a uma velocidade de 5 kHz no

ângulo mágico (54,7 °). Todos os espectros foram coletados com 1,0 s de atraso de relaxação

(d1), tempo de aquisição (AQ) de 0,027 s, 2K de pontos de aquisição (TD) e com janela

espectral de 37593,984 Hz usando polarização cruzada com supressão total da banda lateral -

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cptoss em 306 K (DIXON et al, 1982). Os dados de RMN foram adquiridos e processados

usando o software Bruker TopSpin (versão 3.1).

3.6.6 Análise térmica

A perda de massa das amostras de nanopartículas de alumina foi analisada, em

colaboração com o departamento de Química da UFMG, utilizando um termoanalisador DTG

60H (Shimadzu, Kyoto, Japan). As análises foram desenvolvidas em atmosfera inerte de N2,

sob um fluxo de 50 mL.min-1

, utilizando porta-amostra de alumina. O aquecimento foi

realizado a partir 30 °C até atingir 600 °C, utilizando taxa de aquecimento de 10 °C.min-1

.

3.6.7 Medidas de potencial zeta

As análises de potencial zeta foram conduzidas a 25 °C em um analisador de

partículas Zetasizer Nano ZS® da Malvern Instrument Ltd (Worcestershire, UK), disponível

no Departamento de Farmácia da UFVJM, utilizando cubeta de polietileno (DTS1061) de 700

µL. As amostras de nanopartículas de alumina foram submetidas ao espalhamento de luz

monocromática (10 mW Ne laser, λ 632,4 nm) e a intensidade de luz espalhada foi medida em

um ângulo de espalhamento de 90°. A determinação do potencial zeta (ζ) foi realizada com as

amostras (0.2 mg.mL-1

) dispersas em tampão Tris-HCl 10 mM, pH 8,5, contendo 100 mM de

NaCl.

3.7 Ensaios de atividade antimicrobiana

Os ensaios de atividades antibacteriana e antifúngica das nanopartículas de alumina

(NP, NP-OH, NP-NH2, NP-Cys, NP-Cl, NP-N3, NP-EAAA-BP100, NP-CAAA-BP100 e NP-

[Trz-β-A1]AAA-BP100) e dos peptídeos (BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Trz-β-

A1]AAA-BP100) foram realizados em colaboração com o Laboratório de Doenças

Parasitárias, Departamento de Farmácia, UFVJM.

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3.7.1 Ensaio antibacteriano

Foram utilizadas cepas de Escherichia coli (ATCC 25922), Salmonella

typhimurium (ATCC 14028) e Staphylococcus aureus (ATCC 29313) da American Type

Culture Collection (Manassas, VA, USA). Utilizou-se como referência a metodologia dos

testes de sensibilidade a agentes antimicrobianos por diluição para bactéria de crescimento

aeróbico (ANVISA, 2003; NCCLS, 2012) e o ensaio colorimétrico de viabilidade celular

(QUEIROZ et al., 2011).

Os microrganismos foram cultivados a 37°C em placa de ágar contendo meio BHI

(Brain Heart Infusion) da HiMedia Laboratories (Mumbai, India) durante 12 horas. As

colônias isoladas foram selecionadas e transferidas para o meio líquido de cultura Mueller-

Hinton da Kasvi (Curitiba, Brasil), cuja concentração foi ajustada utilizando o

espectrofotômetro Bel Photonics S-2000 UV (São Paulo, Brasil) para leitura de absorbância

em λmáx 625 nm de modo a obter uma turbidez óptica comparável a solução padrão McFarland

de 0,5, resultando em uma suspensão composta por aproximadamente 5 x 105 UFC.mL

-1

(unidades formadoras de colônia.mL-1

). Essa solução foi diluída (1:10) e alíquotas de 50 µL

do inóculo foram transferidas para cada poço da placa de 96 poços com fundo chato e estéril

Sarstedt (Nümbrecht, Alemanha) usada no ensaio. O Cloranfenicol (MM: 323,132 g.mol-1

)

(antibiótico convencional) obtido da Sigma Aldrich (St. Louis, MO, USA) foi utilizado como

padrão para controle de morte celular (controle positivo) na concentração de 30 µg.mL-1

(92,8

µmol.L-1

) e o controle negativo foi feito com adição de 50 µL do inóculo e 50 µL de meio de

cultura estéril. As concentrações das amostras empregadas no ensaio de atividade

antibacteriana estão detalhadas na Tabela 7. Todos os ensaios foram realizados em triplicata.

Os experimentos foram realizados em cultura estacionária a 37°C e após 20 horas

de incubação, foram adicionados em cada poço 30 μL de solução de resazurina 0,01%

(Sigma-Aldrich, Sto Lous, MO, USA), a incubação permaneceu por mais 4 horas na ausência

de luz para o desenvolvimento de coloração. A alteração de azul para rosa indica redução da

resazurina por microrganismos vivos. A concentração inibitória mínica (MIC) foi definida

como a menor concentração de amostra que inibiu completamente o crescimento de

microrganismos (não há alteração da cor).

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Tabela 7 - Concentrações de peptídeo e/ou nanopartícula presentes em cada amostra utilizada no ensaio

de atividade antibacteriana.

[Peptídeo]

(µmol.L-1

)

[Peptídeo] / [Nanopartícula]

(µmol.L-1

/ g.L-1

)

[Nanopartícula]

(g.L-1

)

BP100, EAAA-BP100, CAAA-

BP100 e [Trz-β-A1]AAA-

BP100

NP-EAAA-

BP100

NP-CAAA-

BP100

NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100

NP, NP-OH, NP-NH2, NP-

Cys, NP-Cl e NP-N3

2,5 2,5 / 0,03 2,5 / 0,09 2,5 / 0,03 0,13

5 5 / 0,06 5 / 0,18 5 / 0,07 0,25

10 10 / 0,13 10 / 0,35 10 / 0,13 0,50

20 20 / 0,26 20 / 0,70 20 / 0,26 1,00

40 40 / 0,51 40 / 1,40 40 / 0,53 2,00

80 80 / 1,03 80 / 2,80 80 / 1,05 4,00

160 160 / 2,05 160 / 5,60 160 / 2,10 8,00

Para remoção das nanopartículas de alumina, as placas de 96 poços foram

centrifugadas utilizando centrífuga de placas Thermo Fisher Scientific Megafuge 16R,

Alemanha, durante 15 minutos a 2000 rpm, e o sobrenadante transferido para uma nova placa,

na qual foi realizada a leitura de absorbância das soluções contidas nos poços. As medidas

espectrofotométricas foram efetuadas em λmáx 595 nm, utilizando uma Multileitora

Spectramax Paradigm Molecular Devices, LLC (Sunnyvale, CA, USA).

3.7.2 Ensaio antifúngico

Foram empregadas as leveduras Candida krusei (ATCC 34135) e Candida

parapsilosis (ATCC 22019) neste ensaio. A metodologia empregada no ensaio antifúngico foi

semelhante ao procedimento descrito para o ensaio antibacteriano, de acordo com o método

de referência para testes de diluição em caldo para determinação da sensibilidade de leveduras

à terapia antifúngica (ANVISA, 2002 e NCCLS, 2002) e o ensaio colorimétrico de viabilidade

celular (MOSMANN, 1983).

Os microrganismos foram cultivados por 24 h, em placa de ágar contendo meio

Sabouraud dextrosado da Prodimol Biotecnologia (Belo Horizonte, MG, Brasil). Para o

preparo do inóculo, as colônias isoladas foram transferidas para o meio líquido de cultura

RPMI-1640 contendo MOPS (ácido 3-(N-morfolino)propanosulfônico) 0,165 mol.L-1

, pH 7,0,

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ambos adquiridos da Sigma Aldrich (St. Louis, MO, USA), cuja concentração foi ajustada

utilizando espectrofotômetro para leitura de absorbância entre 0,25-0,30 em λmáx 530 nm de

modo a obter uma suspensão de leveduras composta por, aproximadamente, 1-5 x 106

UFC.mL-1

. A suspensão resultante foi submetida à duas diluições subsequentes (1:20 e 1:50)

utilizando o próprio meio RPMI/MOPS fornecendo uma concentração de 0,5 – 2,5 x 103

UFC.mL-1

. A Anfotericina B (MM: 924,08 g.mol-1

) (antibiótico convencional) obtido da

Sigma Aldrich (St. Louis, MO, USA) foi utilizado como padrão para controle de morte

celular na concentração de 200 µg.mL-1

(216,4 µM) e o controle positivo foi feito com adição

de 50 µL do inóculo e 50 µL de meio de cultura estéril.

A adição de MTT foi realizada após 44 horas de incubação em estufa a 35°C,

adicionou-se 10 µL da solução de MTT (brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-2H-

tetrazólio) da Sigma Aldrich (St. Louis, MO, USA) a 4% em cada poço da placa. Em seguida,

procedeu-se à incubação por mais 4 horas sob proteção da luz e os cristais de formazan, de

cor azul, foram solubilizados pela adição, em cada poço, de 100 µL da solução de laurel

sulfato de sódio em água e etanol 5:20:30 (m:v:v) e as medidas espectrofotométricas foram

efetuadas em λmáx 595 nm em leitor de microplaca (Molecular Devices, modelo SPECTRA

MAX, Sunnyvale, CA, USA). As concentrações das amostras analisadas de NP, EAAA-

BP100 e NP-EAAA-BP100 empregadas nos ensaios de atividade fungicida estão detalhadas

na Tabela 8. Todos os ensaios foram realizados em triplicata.

Tabela 8 - Concentrações de peptídeo e/ou nanopartícula presentes em cada amostra utilizada no ensaio

de atividade antifúngica

[Peptídeo]

(µmol.L-1

)

[Nanobioestruturas]

(µmol.L-1

/ g.L-1

)

[Nanopartícula]

(g.L-1

)

BP100, EAAA-BP100, CAAA-

BP100 e [Trz-β-A1]AAA-

BP100

NP-EAAA-

BP100

NP-CAAA-

BP100

NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100

NP, NP-OH, NP-NH2, NP-

Cys, NP-Cl e NP-N3

5 5 / 0,06 5 / 0,18 5 / 0,07 0,25

10 10 / 0,13 10 / 0,35 10 / 0,13 0,50

20 20 / 0,26 20 / 0,70 20 / 0,26 1,00

40 40 / 0,51 40 / 1,40 40 / 0,53 2,00

80 80 / 1,03 80 / 2,80 80 / 1,05 4,00

160 160 / 2,05 160 / 5,60 160 / 2,10 8,00

320 320 / 4,10 320 / 11,20 320 / 4,20 16,00

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3.8 Estudos biofísicos

3.8.1 Obtenção de vesículas lipídicas unilamelares

Para a realização dos experimentos de extravasamento de carboxifluoresceína,

dicroísmo circular e ressonância plasmônica de superfície foram empregadas LUV como meio

biomimético de membrana. As etapas de preparação das LUV estão esquematizadas na Figura

15 e foram realizadas de acordo com a metodologia previamente descrita na literatura

(KIRBY; GREGORIADIS, 1984). Inicialmente, os fosfolipídeos POPC e POPG, na

proporção 3:1 (mol/mol), foram solubilizados em 1 mL de clorofórmio para obtenção de uma

solução a 5 mM. A solução foi transferida para um tubo de ensaio e, utilizando um

evaporador rotativo, o clorofórmio foi removido para formação de um filme lipídico sobre a

parede interna do tubo de ensaio. Em seguida, o filme lipídico foi hidratado pela adição de 1

mL de solução tampão Tris-HCl 10 mM (pH 8,5) contendo 5(6)-carboxifluoresceína (Sigma-

Aldrich - St. Louis, MO, USA) a 5 mM, o que resultou na formação de vesículas

fosfolipídicas multilamelares contendo carboxifluoresceína. Vale ressaltar que o filme lipídico

utilizado no preparo das LUV empregadas no ensaio de CD foi hidratado com 1 mL de

solução tampão Tris-HCl 20 mM (pH 8,5) contendo NaCl 100 mM e sem 5(6)-

carboxifluoresceína.

A solução de LUV foi submetida a 8 ciclos sucessivos de congelamento em

nitrogênio líquido (-196ºC), descongelamento em banho-maria (40°C) e banho de ultrassom

por 2 minutos, resultando na formação de vesículas fosfolipídicas unilamelares de tamanhos

variáveis. Finalmente, para obtenção das LUV a solução de vesículas foi submetida a

processo de extrusão utilizando-se um sistema de micro extrusão da Avanti® Polar Lipids Inc

(Alabaster, AL) adaptado com membranas de policarbonato de 100 nm.

A CF livre em solução (não encapsulada em LUV) foi removida por separação em

coluna cromatográfica Sephadex-G25 (1,2 cm x 10 cm). Para o preparo da coluna, 500 mg de

Sephadex-G25 foram dispersos em 6 mL de tampão Tris-HCl 10 mM contendo NaCl 200

mM, pH 8,5. Essa suspensão foi mantida em agitação por 24 horas. Preencheu-se 2/5 de uma

seringa de polipropileno de 5 mL com a suspensão de Sephadex-G25, em seguida passou-se 1

mL da suspensão contendo as LUV por essa coluna. As LUV foram recolhidas e o teor total

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de fosfolípidos das LUV eluídas foi determinado por um método colorimétrico descrito na

literatura (STEWART, 1980).

Figura 15 – Etapas sequenciais do processo de obtenção de LUV.

3.8.2 Medidas de extravasamento de carboxifluoresceína

Alíquotas de LUV contendo CF (150 µL) foram adicionadas a microplacas de

poliestireno (dimensões 128 x 86 x 14,5 mm) de 96 poços (Greiner Bio-one – São Paulo,

Brasil) para medidas de emissão de fluorescência em meios contendo amostras de EAAA-

BP100, NP e NP-EAAABP100. O aumento da fluorescência de CF em função do tempo a

25°C foi continuamente registrado em um espectrofotômetro de fluorescência Spectra Max®

Paradigm (Molecular Devices, LLC, Sunnyvale, US), disponível no Departamento de

Farmácia da UFVJM. Foram utilizados λex 490 nm e λem 512 nm. A fluorescência de CF total

(extravasamento máximo) foi determinada por um experimento similar utilizando 100 µL de

Triton-X 100 a 1:10 (v:v). A porcentagem de extravasamento de CF (% CF) foi determinada

como descrito previamente na literatura (ALVAREZ et al., 2003 VERLY et al., 2008).

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3.8.3 Dicroísmo circular

Os espectros de dicroísmo circular foram registrados utilizando-se um

espectropolarímetro JASCO®

J-815 acoplado a um sistema de controle de temperatura Peltier

Jasco® modelo PTC-423L. Os espectros foram obtidos a 25 °C, na faixa λ de 190 a 260 nm,

utilizando-se uma cubeta de quartzo com 1 mm de caminho óptico, em oito varreduras

consecutivas por amostra. Foi empregada a velocidade de varredura de 100 nm.min-1

e tempo

de resposta de 4 s. A largura de banda foi de 1 nm e a leitura de elipticidade realizada a cada

0,2 nm. As preferências conformacionais dos peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-

BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 (100 µM) foram investigadas em solução tampão 20 mM

Tris-HCl (pH 8,5) contendo NaCl 100 mM e em diferentes concentrações de LUV

POPC:POPG (3:1) (125 µM, 250 µM, 500 µM e 1 mM). As amostras de nanopartículas - NP,

NP-NH2, NP-Cys, NP-Cl, NP-N3, NP-EAAA-BP100, NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100 – também foram analisadas em LUV (0,5 mM e 1 mM) e no mesmo tampão.

3.8.4 Ressonância plasmônica de superfície

As medidas de Ressonância Plasmônica de Superfície (SPR) foram realizadas em

comprimento de onda de 670 nm, a 25 ºC e fluxo de 50 mL.min-1

, utilizando equipamento

Multi-Paramétrico de Ressonância Plasmônica de Superfície (MP-SPR) SPRNavi® 200

(BioNavis®, Finlândia). Os experimentos foram realizadas utilizando um chip sensor de SiO2

(SPR102-SiO2) que foi lavado in situ, no canal de fluxo, anteriormente a cada análise por 5

minutos com injeções sequenciais de Hellmanex III a 5%, álcool isopropico e água ultra-pura.

Após cada lavagem, a condição do chip sensor foi confirmada pelo modo de

varredura em água. Para cada medida, o chip sensor foi inicialmente submetido ao tampão

utilizado nas análises (Tris-HCl 20 mM, pH 8,5) e depois a uma solução de POPC: POPG (3:

1) durante aproximadamente 10-15 min até que uma linha de base estável fosse alcançada. Os

experimentos consistiram de injeções de 50 μL de nanopartículas funcionalizadas ou dos

peptídeos livres suspensos na mesma solução tampão.

Para a determinação da constante de associação (Ka) foram analisadas as

nanopartículas que se ligam covalentemente aos peptídeos injetando solução de diferentes

concentrações de NP-CAAA-BP100 e NP- [Trz-β-A1] AAA-BP100 (2-32 μmol.L

-1 de

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87

peptídeo). A constante de associação (Ka) das interações peptídeo-membrana foi calculada

com a intensidade do sinal de RU registrada em 13 min para NP-CAAA-BP100 e 10 min para

NP- [Trz-β-A1]AAA-BP100 usando o software TraceDrawer

® v.1.6 (Ridgeview Instruments

AB, Vänge, Suécia).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Síntese, purificação e caracterização dos peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-

BP100 e [Pra]GAAA-BP100

Nesta sessão serão apresentados os resultados da obtenção do peptídeo BP100 e

dos derivados EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100, que foram usados para a

síntese das nanobiestruturas contendo peptídeo produzidas neste trabalho. Cada um destes

derivados foi covalentemente ligado às nanopartículas de alumina por diferentes estratégias de

síntese.

Sabe-se que o peptídeo antimicrobiano BP100 exerce seu mecanismo de ação

através da interação da cadeia peptídica em uma conformação helicoidal com a superfície da

membrana fosfolipídica do microrganismo (TORCATO et al., 2013; MANZINI et al., 2014).

Neste sentido, os resíduos adicionais de alanina presentes nos peptídeos EAAA-BP100,

CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100 foram introduzidos com o intuito de fornecer um

espaçamento adequado entre a superfície da alumina e a estrutura peptídica, possibilitando

assim que toda cadeia do BP100 fique disponível para interagir com a membrana de

microrganismos e manter sua atividade antimicrobiana. Dessa forma, pretende-se evitar

qualquer prejuízo ou alteração significativa na interação das cadeias peptídicas das

nanobioestruturas com as células patogênicas, mantendo a atividade biológica dos PAM

comparável ao peptídeo em sua forma livre (não imobilizada) (COSTA et al., 2011; ALVES;

PEREIRA, 2014). Já os resíduos de ácido glutâmico, cisteína e propargilglicina, presentes nos

derivados sintéticos EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-BP100, respectivamente,

foram adicionados pois, através da cadeia lateral destes resíduos, foi realizada a ligação à

superfície da alumina previamente funcionalizada.

4.1.1 Síntese dos peptídeos em fase sólida

Conforme descrito na metodologia, a síntese dos peptídeos ocorreu através da

realização de etapas sequenciais de desproteção e acoplamento de derivados de aminoácidos,

seguindo o protocolo de síntese de peptídeo em fase sólida. A estratégia Fmoc, utilizada neste

trabalho, emprega derivados de aminoácidos ligados covalentemente em sua porção N-

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terminal ao grupo protetor Fmoc, para evitar reações secundárias durante as etapas de

acoplamento dos resíduos de aminoácido. Assim como os derivados de aminoácidos, o

suporte polimérico empregado na síntese (resina Rink® amida), responsável pela fixação do

primeiro resíduo de aminoácido, também é protegido com grupamento Fmoc no grupo amino.

Portanto, a primeira etapa consiste na desproteção do grupo Fmoc da resina, promovida em

meio básico conforme demonstrado no mecanismo da Figura 16. Inicialmente, o hidrogênio

ácido do grupo Fmoc é removido pela base orgânica 4-metilpiperidina via mecanismo de

eliminação β, resultando na desproteção da região N-terminal do resíduo de aminoácido.

Figura 16 - Mecanismo de reação para remoção do grupo Fmoc.

Fonte: Adaptado de Pires, Bemquerer e Nascimento (2014).

Em seguida, é realizada a ativação do primeiro derivado de aminoácido

empregando-se DIC e HOBt, os quais favorecem o ataque nucleofílico do grupo amino livre

da resina ao carbono carbonílico do derivado de aminoácido (FIG.17). A partir desta etapa, as

sínteses consistiram em repetitivas etapas de desproteção do grupo Fmoc do derivado de

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91

aminoácido acoplado e ativação de um novo derivado para formação das ligações peptídicas

e, consequente, obtenção da sequência primária desejada. A eficiência de todas as etapas de

acoplamento e desproteção dos derivados de aminoácidos foram avaliadas através da

realização do teste de Kaiser.

Figura 17 - Mecanismo de ativação da carboxila da porção C-terminal seguida da formação de uma

ligação peptídica.

Fonte: Adaptado de Pires, Bemquerer e Nascimento (2014).

Nas Tabelas 9 e 10 é possível observar os dados do acompanhamento das sínteses

do BP100 e do EAAA-BP100, nas quais estão descritos os resultados de todos os testes de

Kaiser realizados. O sinal positivo (+) representa a presença de grupos amino livres, ou seja,

não há grupo protetor Fmoc ligado à porção N-terminal do derivado de aminoácido

adicionado. O sinal negativo (-) indica a presença de grupos amino protegidos, neste caso, o a

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porção N-terminal do resíduo de aminoácido se encontra covalentemente ligado ao grupo

Fmoc. Observa-se pelos dados apresentados nas tabelas que a síntese dos peptídeos ocorreu

de forma eficaz, não havendo problemas em nenhuma das etapas de acoplamento e

desproteção.

Tabela 9 - Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo BP100

Ordem de

acoplamento Derivado de Aminoácido Excesso

Tempo de

reação (h)

Resultado do Teste de Kaiser

Acoplamento Desproteção

1º Fmoc-Leu-OH 4 3 - +

2º Fmoc-Tyr(tBu)-OH 3 2 - +

3º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

4º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

5º Fmoc-Ile-OH 3 2 - +

6º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

7º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

8º Fmoc-Phe-OH 3 2 - +

9º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

10º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

11º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

Tabela 10 - Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo EAAA-BP100

Ordem de

acoplamento Derivado de Aminoácido Excesso

Tempo de

reação (h)

Resultado do Teste de Kaiser

Acoplamento Desproteção

1º Fmoc-Leu-OH 4 3 - +

2º Fmoc-Tyr(tBu)-OH 3 2 - +

3º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

4º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

5º Fmoc-Ile-OH 3 2 - +

6º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

7º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

8º Fmoc-Phe-OH 3 2 - +

9º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

10º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

11º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

12º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

13º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

14º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

15º Fmoc-Glu(OtBu)-OH 3 2 - +

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Os dados do acompanhamento da síntese dos peptídeos CAAA-BP100 e

[Pra]GAAA-BP100 estão apresentados nas Tabelas 11 e 12. Na síntese do CAAA-BP100

(TAB. 11) foi identificada a presença de grupos amino livres após 2 h de reação para adição

do derivado de cisteína (Fmoc-Cys(Trt)-OH) no 15º acoplamento. Dessa forma, foi necessário

repetir todo o procedimento para acoplamento do derivado de Fmoc-Cys(Trt)-OH. Por outro

lado, na síntese de [Pra]GAAA-BP100 (TAB. 12) não houve a necessidade de reacoplamentos

ou repetição de quaisquer etapas de desproteção.

Alguns dos derivados de aminoácidos empregados na síntese dos peptídeos

apresentam grupos protetores de cadeias laterais reativas - tritil (Trt), t-butoxi (OtBu), t-

butoxicarbonil (Boc), t-butil (tBu) - os quais foram removidos apenas ao final da síntese,

prevenindo assim a ocorrência de reações secundárias indesejáveis (CHAN; WHITE, 2000).

Estes grupamentos foram removidos exclusivamente em meio ácido, durante a etapa de

clivagem, na qual ocorreu também a separação da cadeia peptídica do suporte sólido.

Tabela 11 - Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo CAAA-BP100

Ordem de

acoplamento Derivado de Aminoácido Excesso

Tempo de

reação (h)

Resultado do Teste de Kaiser

Acoplamento Desproteção

1º Fmoc-Leu-OH 4 3 - +

2º Fmoc-Tyr(tBu)-OH 3 2 - +

3º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

4º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

5º Fmoc-Ile-OH 3 2 - +

6º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

7º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

8º Fmoc-Phe-OH 3 2 - +

9º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

10º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

11º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

12º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

13º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

14º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

15º Fmoc-Cys(Trt)-OH 3 2 +

*15º Fmoc-Cys(Trt)-OH 4 3 - +

*Reacoplamento

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Tabela 12 - Dados do acompanhamento da síntese do peptídeo [Pra]GAAA-BP100

Ordem de

acoplamento Derivado de Aminoácido Excesso

Tempo de

reação (h)

Resultado do Teste de Kaiser

Acoplamento Desproteção

1º Fmoc-Leu-OH 4 3 - +

2º Fmoc-Tyr(tBu)-OH 3 2 - +

3º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

4º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

5º Fmoc-Ile-OH 3 2 - +

6º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

7º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

8º Fmoc-Phe-OH 3 2 - +

9º Fmoc-Leu-OH 3 2 - +

10º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

11º Fmoc-Lys(Boc)-OH 3 2 - +

12º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

13º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

14º Fmoc-Ala-OH 3 2 - +

15º Fmoc-propargil-Gly-OH 3 2 - +

4.1.2 Purificação dos peptídeos sintetizados

Finalizada a síntese, e imediatamente após a etapa de clivagem, as amostras brutas

dos peptídeos foram submetidas a análise por cromatografia líquida de alta eficiência

(CLAE), cujos perfis cromatográficos estão apresentados na Figura 18. Em cada um dos

cromatogramas é possível observar a presença de um pico proeminente com tempo de

retenção de 29,05 min, 33,19 min, 34,57 min e 34,24 min, referente aos peptídeos BP100

(FIG. 18A), EAAA-BP100 (FIG. 18B), CAAA-BP100 (FIG. 18C) e [Pra]GAAA-BP100

(FIG. 18D), respectivamente, indicando elevada eficiência das sínteses.

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Figura 18 - Perfil cromatográfico analítico de amostra bruta dos peptídeos BP100 (A), EAAA-BP100 (B),

CAAA-BP100 (C) e [Pra]GAAA-BP100 (D).

Os tempos de retenção (tR) de cada um dos peptídeos estão diretamente

relacionados com a polaridade da molécula sintetizada (Qi et al., 2010). Sabendo que a coluna

cromatográfica empregada apresenta fase estacionária apolar, diversas considerações podem

ser pontuadas. O BP100 (FIG. 18A) foi o peptídeo com menor tempo de retenção, pois

apresenta menor número de resíduos de aminoácido (11 resíduos) em sua sequência primária.

Já os outros peptídeos sintetizados possuem maior cadeia peptídica que o BP100, todos

dispõem de 15 resíduos de aminoácidos e diferem entre si apenas no primeiro resíduo da

sequência de aminoácidos que compõe sua estrutura primária. O ácido glutâmico, primeiro

resíduo de aminoácido do EAAA-BP100 (FIG. 18B), apresenta cadeia lateral carregada e

polar, por isso o menor tR dentre os derivados. Já os peptídeos [Pra]GAAA-BP100 (FIG. 18D)

e CAAA-BP100 (FIG. 18C) apresentaram maiores tempos de retenção, os resíduos

propargilglicina e cisteína, respectivamente presente nesses derivados, possuem cadeia lateral

de baixa polaridade.

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96

4.1.3 Caracterização por espectrometria de massa

A caracterização química das amostras de peptídeos sintéticos foi realizada por

espectrometria de massa, permitindo a confirmação da obtenção das moléculas almejadas. A

Figura 19 apresenta os espectros de massa MS dos peptídeos BP100 (FIG. 19A), EAAA-

BP100 (FIG. 19B), CAAA-BP100 (FIG. 19C) e [Pra]AAA-BP100 (FIG. 19D), nos quais é

possível verificar a presença do pico do íon molecular de razão m/z característica de cada um

dos peptídeos analisados, 1420,99, 1763,07, 1737,07 e 1730,10, respectivamente. Todos as

massas monoisotópicas encontradas nos espectros apresentaram valores muito próximos das

massas teóricas dos respectivos peptídeos também destacadas na Figura 19.

Os íons [M+H]+ de m/z 1420,99, 1763,07, 1737,07 e 1730,10 foram ainda

submetidos à espectrometria de massa MS/MS para caracterização da sequência primária de

cada estrutura peptídica sintetizada. Considerando toda a estrutura química da cadeia

peptídica sabe-se que as ligações peptídicas (ligações amídicas) são mais facilmente

rompidas, dessa forma, os fragmentos oriundos da fragmentação dessas ligações são mais

frequentes no espectro MS/MS. Íons fragmentos que mantém a região N-terminal intacta

pertencem à série b e íons que mantém a região C-terminal intacta pertencem à série y, sendo

os íons do par de fragmentos b/y comlementares entre si. Embora menos intensos, outros íons

podem ser observados no espectro MS/MS, como por exemplo aqueles decorrentes da quebra

de ligações do carbono dos resíduos da cadeia peptídica, gerando as séries de íons a, c, x e z

(FIG. 20). Além desses, pode ocorrer ainda a quebra simultânea das regiões amino e carboxi

terminais de um mesmo aminoácido induzindo a formação de íons imônio (CANTÚ et al.,

2008).

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Figura 19– Espectro de massa MS dos peptídeos BP100 (A e B), EAAA-BP100 (C e D), CAAA-BP100 (E e

F) e [Pra]GAAA-BP100 (G e H).

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Figura 20 – Possíveis regiões de clivagem da cadeia peptídica gerando os íons: a, b, c, x, y e z.

Os espectros de massa MS/MS obtidos pela fragmentação das moléculas de

peptídeo BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100 e [Pra]AAA-BP100 estão apresentados na

Figura 21. No Anexo III estão apresentados todos os íons fragmento, teóricos e observados,

para as séries b e y do sequenciamento dos peptídeos BP100, EAAA-BP100 e [Pra]AAA-

BP100.

Em todos os espectros MS/MS dos peptídeos sintetizados foi possível identificar

alguns íons imônio característicos das moléculas sintetizadas. Os íons imônio provenientes

dos resíduos de aminoácido fenilalanina (m/z 120), isoleucina/leucina (m/z 86) e lisina (m/z

101), além do íon fragmento de m/z 84 que está relacionado ao imônio da lisina com perda do

grupo amino proveniente da cadeia lateral deste aminoácido, foram observados em todos os

espectros. O imônio característico de resíduos de alanina (m/z 44) não foi detectado apenas no

espectro do BP100.

Em todos os espectros obtidos nota-se que os sinais dos íons provenientes da série

b foram visualmente mais intensos do que os sinais devido aos íons da série y, sendo de

extrema importância na interpretação e elucidação das estruturas peptídicas primárias. Além

disso, como a variação das estruturas primárias das moléculas sintetizadas ocorreu apenas na

região amino-terminal, os espectros mostraram o mesmo conjunto de íons da série y diferindo

apenas nos íons fragmento y12, y13 e y14 (que praticamente não foram evidenciados nos

espectros), além do íon molecular.

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99

Figura 21– Interpretação dos espectros de massa MS/MS dos peptídeos BP100 (A), EAAA-BP100 (B),

CAAA-BP100 (C) e [Pra]AAA-BP100 (D). Íons da série b estão apresentados em azul escuro e íons da

série y em vermelho. Íons em azul claro não foram observados no espectro, mas são característicos da

molécula analisada. Os imônios estão indicados por setas.

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100

No espectro do BP100 (FIG. 21A) os íons b7 (m/z 886,81), b8 (m/z 999,84), b9

(m/z 1127,90) e b10 (m/z 1290,81), apareceram com elevada intensidade e permitiram fácil

identificação para a confirmação da estrutura primária do peptídeo. No espectro do EAAA-

BP100 (FIG. 21B) a presença do íon de m/z 101,1 em maior intensidade do que observado no

espectro de BP100 (FIG. 21A) pode ser decorrente do imônio do resíduo adicional de ácido

glutâmico, que geralmente ocorre próximo a m/z 102 assim como os íons imônios derivados

de resíduos de lisina. Neste espcetro também foi possível identificar todos os íons

pertencentes a série b referentes a molécula sintetizada, sendo os de maiores intensidades os

íons b11 (m/z 1228,8), b12 (m/z 1341,9) e b13 (m/z 1470,0). Por outro lado, no espectro

MS/MS do CAAA-BP100 (Figura 21C), os íons fragmento mais intensos foram b11 (m/z

1202,7), b12 (m/z 1315,8) e b7 (m/z 686,4), condizentes com a adição da massa relativa a um

resíduo de cisteína (m/z 104,2 – calculada para b1) nas razões m/z apresentadas. Além disso,

o imônio da cisteína (m/z 74) foi prontamente observado no espectro. Por fim, no espectro do

[Pra]GAAA-BP100 (FIG. 21D) todos os íons da série b apresentaram intensidade elevada,

possibilitando a caracterização completa da sequência de aminoácidos somente por esta série.

Embora o íon relativo ao fragmento b1 (m/z 95,9) não tenha sido observado, os íons devido

aos fragmentos b2 a b14 consideram a massa relativa ao resíduo de propargilglicina ([Pra]-

Gly-1), na razão m/z detectada.

4.2 Funcionalização de nanofibras de alumina com o peptídeo EAAA-BP100: Síntese,

caracterização e ensaios biológicos

Nesta sessão serão apresentados os resultados da caracterização e ensaios

antimicrobianos das nanoestruturas de alumina contendo o peptídeo EAAA-BP100 (NP-

EAAA-BP100) e de cada produto formado nas etapas intermediárias de funcionalização até a

obtenção do peptídeo covalentemente ligado. A Figura 22 apresenta um esquema da síntese

de NP-EAAA-BP100 (rota 1 da Figura 12, pág. 70) com todas as etapas para a obtenção da

nanobioestrutura.

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101

Figura 22 – Rota sintética para obtenção da nanobioestrutura NP-EAAA-BP100.

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102

4.2.1 Obtenção da nanobioestrutura NP-EAAA-BP100

As nanopartículas de alumina foram inicialmente obtidas através da reação entre

nitrato de alumínio e carbonato de sódio (FIG.22 - Etapa 1), cuja metodologia foi baseada no

trabalho de Potdar et al. (2007). A reação inicial consiste na hidrólise do carbonato de sódio

(Reação 1) que origina íons OH-, os quais reagem com os cátions Al

3+ dispersos em solução

aquosa de nitrato de alumínio, resultando na formação de hidróxido de alumínio (Al(OH)3)

(Reação 2). Por sua vez, o Al(OH)3 passa por uma processo de desidratação, formando um

sólido gelatinoso característico da alumina monohidratada (AlOOH), também denominada

boehmita (Reação 3) (POTDAR, et al. 2007). Após a calcinação da alumina monohidratada

forma-se finalmente o óxido inorgânico Al2O3 (Reação 4).

Na2CO3 + H2O 2NaOH + CO2 (1)

Al(NO3)3 + 3NaOH Al(OH)₃ + 3NaNO₃ (2)

Al(OH)₃ AlOOH + H2O (3)

2AlOOH Al2O3 + H2O (4)

Em seguida, as nanoestruturas de Al2O3 (NP) foram funcionalizadas para

possibilitar a ligação covalente entre o óxido inorgânico e a molécula orgânica do peptídeo

(SWAN; POPAT; DESAI, 2005). Embora nanoestruturas de óxido de alumínio possam

apresentar sua superfície hidroxilada espontaneamente devido à exposição ao ar (PUJARI et

al., 2014), neste trabalho as nanoestruturas de Al2O3 foram submetidas a reação com peróxido

de hidrogênio a 30% (v:v) para garantir elevada eficiência de hidroxilação na superfície do

material (etapa 2). As nanopartículas obtidas nesta etapa foram nomeadas como NP-OH.

Posteriormente, as NP-OH foram submetidas a reação com moléculas de APTES para

introdução de grupos amino livres (etapa 3) formando as nanopartículas denominadas de NP-

NH2. Essa reação foi realizada na presença de tolueno anidro para impedir a ocorrência de

polimerização do APTES em detrimento da sua ligação com a superfície hidroxilada do

material. A ligação do grupo APTES na superfície da nanopartícula ocorre através do átomo

de Si liberando o grupo etóxi no meio, permitindo assim diferentes formas de ligação com as

NP-OH conforme esquema apresentado na Figura 23.

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103

Figura 23 – Esquema demonstrativo da reação entre as hidroxilas imobilizadas em NP-OH e o Si presente

no APTES para a introdução de grupos contendo terminações amino na superfície do óxido de alumínio.

No entato, a caracterização dessas estruturas por ressonância magnética nuclear

em fase sólida mostra apenas sinais intensos de 13

C em 11,0, 22,5, e 42,8 ppm após a

funcionalização com APTES (NP-NH2) (FIG. 24 – espectro em azul). Estes sinais foram

atribuídos aos carbonos ligados ao silício Cα, Cβ e Cγ, respectivamente, não sendo observado

deslocamentos químicos de 13

C relativos aos carbonos de grupo etóxi do APTES. Dessa

forma, propõem-se a estrutura apresentada na Figura 23C como característica para a

nanoestrutura obtida após funcionalização com APTES, sendo mínima ou inexistente a

presença de grupos etoxi no derivado silano (FIG. 23A e B). Além disso, é importante

observar que, como esperado, não foram visualizados sinais de 13

C para NP e NP-OH

(espectros em preto e em vermelho, respectivamente) (FIG. 24).

Figura 24 – Espectros de ressonância magnética nuclear (13

C) em fase sólida de NP, NP-OH e NP-NH2.

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104

Finalmente, foi realizada a etapa de ligação do peptídeo EAAA-BP100 às NP-

NH2, que ocorreu pela formação de uma ligação amídica entre o grupo carboxila livre da

cadeia lateral do resíduo de ácido glutâmico (Glu-1) do peptídeo e a terminação amino

presente em NP-NH2. A reação foi conduzida pelo emprego dos ativadores HOBt e EDAC.

4.2.2 Caracterização das nanoestruturas

4.2.2.1 Difração de raios-x

A estrutura cristalina das nanopartículas de alumina NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-

EAAA-BP100, cuja definição está associada a repetição de grupos de átomos ou moléculas

arranjados espacialmente, foi analisada por difração de raios-x (FIG. 25).

Figura 25 – Difratograma de raios-x de nanopartículas de alumina. Em (A) planos cristalinos e padrão de

refinamento Rietveld de nanopartículas (NP) de -Al2O3. Em (B) difratograma de raios-X de NP, NP-OH,

NP-NH2 e NP-EAAA-BP100.

Os difratogramas de todas as nanopartículas, funcionalizadas ou não, mostraram

alargamento dos picos, o que é característico de amostras amorfas (AL-KHAWAJA; AL-

FATLAWI, 2016). Contudo, o subsequente refinamento Rietveld dos dados de DRX forneceu

os parâmetros estruturais para o Al2O3 que foram indexados como referentes a uma estrutura

predominantemente cúbica (grupo espaçador Fd3m) -Al2O3 de parâmetros de rede a = b = c

= 7,824 Å, α = β = γ = 90° (FIG. 25A). A estrutura cúbica definida de acordo com os planos

cristalinos observados representa a simetria da célula unitária e é a menor estrutura

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105

representativa de um cristal. Para as nanopartículas obtidas nestas etapas o arranjo cúbico de

-Al2O3 de uma célula unitária pode ser representado de acordo com a estrutura apresentada

na Figura 26.

Figura 26 – Célula unitária de arranjo cúbico (duplicada no desenho) de -Al2O3.

Fonte: Yazdanmehr et al. (2012).

A comparação entre os difratogramas das nanopartículas após as subsequentes

funcionalizações (FIG. 25B) não revelou diferença significativa do perfil de bandas obtido

para NP, o que demonstra que as etapas de funcionalização não alteraram o arranjo espacial

dos elementos inorgânicos constituintes do material.

De acordo com o trabalho de Zhang et al. (2016), a temperatura de calcinação

empregada (500 °C) favorece a obtenção de -Al2O3, estrutura do óxido de alumínio que

apresenta regiões amorfas, característica esta de um material com elevada área superficial. Os

autores relatam que o aumento da temperatura de calcinação reduz o volume de poros e tende

a formação de α-alumina, estrutura cristalina do óxido de alumínio com menor área de

superfície. Neste sentido, a temperatura de calcinação utilizada neste trabalho foi conveniente

com o objetivo de obter um material com elevada área superficial, além da maior porosidade

como já relatado para estruturas de -Al2O3 (LIU et al., 2015), que podem proporcionar maior

grau de funcionalização das nanopartículas.

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106

4.2.2.2 Microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletrônica de transmissão

Através das imagens das estruturas obtidas por MEV não foi possível concluir

sobre a morfologia e tamanho apresentados pelas partículas (FIG. 27), pois foram visualizadas

somente estruturas de formatos indefinidos e de tamanhos variados; possivelmente tratam-se

de diferentes agregados de nanopartículas. Estes agregados, destacados por círculos brancos

na Figura 27A, apresentaram dimensões que variam em ampla faixa de 4 a 15 μm. Assim

sendo, a partir desta técnica de microscopia não foi possível concluir sobre as dimensões e

morfologia das estruturas, mesmo em imagem ampliada como apresentada na Figura 27B.

Figura 27 – Imagens de microscopia eletrônica de varredura de nanopartículas de Al2O3. Agregados de

nanopartículas evidenciados por círculos brancos, aumento de 2000 vezes (A). Presença de agregado

central e estruturas menores no entorno, aumento de 10000 vezes (B).

Por outro lado, as imagens obtidas por MET mostram claramente nanoestruturas

morfologicamente similares para NP e NP-EAAA-BP100 (FIG. 28), embora revelam também

a presença de uma mistura de tamanhos de partículas. A maioria das partículas apresentaram-

se organizadas na forma de nanofilamentos, em contraste com diversas formulações de

partículas de alumina que mostram a obtenção de estruturas esféricas (PARIDA; PRADHAN;

SAHU, 2009; SADIQ et al., 2009; CUNHA; ROMAO; MACEDO, 2014; KATHIRVEL et

al., 2014). Observando-se as imagens em menor escala (FIG. 28C e D), verifica-se elevada

similaridade entre os nanofilamentos de NP e NP-EAAA-BP100, os quais apresentaram

diâmetros na faixa de 2-4 nm. Entretanto, enquanto o comprimento dos nanofilamentos de NP

pode ser mensurado na faixa de 25-35 nm, não foi possível determinar o comprimento médio

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dos filamentos de NP-EAAA-BP100. A imagem dessas nanoestruturas (FIG. 28B e D)

mostrou maior interligação entre os nanofilamentos, possivelmente devido à agregação de

cadeias peptídicas de EAAA-BP100 ligadas à superfície inorgânica, não possibilitando a

visualização de suas extremidades. Embora em suspensão (tampão Tris-HCl pH 8,5) a

presença da cadeia de peptídeo aumente a estabilidade das nanopartículas deixando-as mais

dispersas, devido às cargas positivas nos resíduos de Lys que resulta em repulsão entre as

nanobioestruturas, como as análises por MET foram conduzidas na ausência de água ou

solventes orgânicos, a formação de agregados de cadeias peptídicas torna-se mais propícia

para as NP-EAAA-BP100 nessas condições (FIG. 28B e D) (DONG et al., 2010).

Figura 28 - Imagens de microscopia eletrônica de transmissão de NP (A e C) e NP-EAAA-BP100 (B e D).

4.2.2.3 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho com transformada

de Fourier

Com o intuito de caracterizar estruturalmente os materiais sintetizados, todas as

nanopartículas (NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100) e o peptídeo EAAA-BP100 foram

analisados por espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho utilizando o

modo de reflectância total atenuada (ATR-FTIR). Os resultados da caracterização por FTIR

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revelam a presença de vibrações características dos diferentes grupos funcionais presentes em

cada nanopartícula (FIG. 29). No espectro de NP é possível observar a presença de uma banda

de vibração em 800-1110 cm-1

e outra em 2500-2000 cm-1

, ambas correspondentes a

vibrações de ligações Al-O-Al, enquanto que a banda de absorção em 1110 cm-1

foi atribuída

a vibrações angulares de grupos Al-O-Si (AKRAM et al., 2015). Este perfil está presente em

todos os espectros de nanopartículas de alumina, funcionalizadas ou não, enquanto o mesmo

só não foi observado para o peptídeo livre (EAAA-BP100).

Figura 29 – Espectro de infravermelho de nanopartículas e do peptídeo EAAA-BP100. À esquerda, o

espectro de NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100. À direita, comparação entre os espectros de EAAA-

BP100 e NP-EAAA-BP100.

A banda larga entre 3690-3000 cm-1

, observada no espectro de NP-OH é atribuída

a vibrações de deformação axial de O-H, cujo alargamento da banda se dá, em grande parte,

devido a ligações de hidrogênio (GUPTA; AGARWAL; SALEH, 2011). No espectro de NP-

NH2 observa-se uma banda típica de aminas primárias próxima a 3130-3100 cm-1

(vibração de

deformação axial de N-H). Diferenças importantes são observadas no espectro de NP-EAAA-

BP100. As vibrações características do esqueleto principal e de cadeias laterais da sequência

peptídica foram nítidas e comparáveis àquelas observadas para o peptídeo livre, destacando-

se: em 1650 cm-1

(vibração de deformação axial de carbonila C=O), em 1535 cm-1

(vibração

de deformação angular simétrica no plano de N-H), entre 1200-1120 cm-1

(vibração de

deformação axial de C-N de aminas alifáticas, resíduos de Lys-5, Lys-6, Lys-9, Lys-10 e Lys-

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13) e próximas a 3300 cm-1

(vibrações de deformação axial de N-H e C-H) (ZHANG et al.,

1992a, 1992b; MARTINEZ; MILHAUSER, 1995).

4.2.2.4 Análise térmica

Além da caracterização, as análises térmicas foram propostas neste trabalho para

avaliação da estabilidade térmica das nanoestruturas formadas. A Figura 30 apresenta as

curvas termogravimétricas obtidas para as amostras de NP antes e após a funcionalização com

grupos funcionais -OH, -NH2 (NP-OH e NP-NH2) e após a imobilização do peptídeo EAAA-

BP100. As nanopartículas de Al2O3 apresentaram perdas típicas de massa observadas para

estes materiais (GUPTA; RAMAMURTHY; MADRAS, 2011; ZHU et al., 2011) na faixa de

temperatura de 200 a 400 ºC, associadas às perdas de massa devido à eliminação de água e

dióxido de carbono fisicamente adsorvidos (GUPTA; RAMAMURTHY; MADRAS, 2011).

Acima de 400ºC, os grupos hidroxilas superficiais começam a sofrer reações de condensação

levando à desidratação das nanopartículas. Por outro lado, após a funcionalização é evidente

uma perda de massa para as partículas de NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 com início em 266ºC

e máximo centrado em 388 ºC (FIG. 30B), refletindo um comportamento característico da

decomposição térmica de estruturas orgânicas. Neste caso, associadas à perda de grupos

aminopropil (oriundos da reação com APTES) da superfície das nanopartículas NP-NH2 e a

presença da cadeia peptídica em NP-EAAA-BP100 (ZHOU et al., 1999; RAMESH et al.,

2015). Dessa forma, essas nanopartículas podem ser impregnadas em materiais cuja

formulação não ultrapasse temperaturas em torno de 150 ºC, abaixo da qual não há

decomposição térmica da estrutura orgânica dos peptídeos.

Figura 30 - Curvas termogravimétricas de porcentagem de perda de massa (A) e da primeira derivada da

perda de massa (B) para as nanopartículas NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100.

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4.2.2.5 Potencial zeta

A caracterização das funcionalizações e a estabilidade de suspensão das

nanopartículas derivatizadas foram avaliadas por medidas de potential zeta (ζ), cujos

resultados estão apresentados na Figura 31. Para isso, as nanopartículas NP, NP-OH, NP-

NH2 e NP-EAAA-BP100 foram dispersas em tampão Tris-HCl 10 mM (pH 8,5) contendo 100

mM de NaCl e as medidas de potencial zeta das amostras foram realizadas a cada 10 minutos

durante 60 minutos (FIG. 31A). Não foram observadas variações significativas no valor

medido ao longo do tempo, portanto, o valor de referência para comparação entre as

diferentes nanopartículas foi baseado na média de todos valores medidos para cada

nanoestrutura.

Figura 31 – Valores de potencial zeta para NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 em tampão Tris-HCl

10 mM, pH 8,5. Em (A) acompanhamento da variação do potencial zeta ao longo de 60 min. Em (B) média

dos valores obtidos e os respectivos desvios.

Não foram observadas alterações altamente significativas no valor de potencial ζ

médio comparando NP (-0,76 mV) e NP-OH (-0,54 mV), pois a introdução de grupos -OH na

superfície dos óxidos metálicos ocorre espontaneamente quando o material está exposto a

umidade. Consequentemente, uma mínima diferença é esperada para as nanoestruturas em

meio aquoso (PUJARI et al., 2014). O potencial ζ também pode ser utilizado como medida da

estabilidade de amostras, uma vez que partículas com valores próximos a ±30 mV

normalmente são mais estáveis que aquelas que apresentam menores valores absolutos

(DOMINGUES et al., 2008; DOMINGUES; CASTANHO; SANTOS, 2009), como no caso

de NP e NP-OH. Além disso, para essas nanopartículas a agregação/floculação e decantação

foi visualmente mais evidente quando comparada a NP-NH2 e a NP-EAAA-BP100, indicando

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menor estabilidade das suspensões. Contudo, houve grande diferença no valor de potencial ζ

determinado para NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 quando comparados com NP e NP-OH. Neste

caso, a presença de grupos amino tanto em NP-NH2 quanto em NP-EAAA-BP100 resultou no

aumento do valor absoluto de potencial ζ de NP-NH2 para +30,54 mV e de NP-EAAA-BP100

para +16,57 mV. Como esperado, a presença de grupos amino livres protonados em NP-NH2

e a presença de resíduos de Lys carregados positivamente (+5) na cadeia peptídica de EAAA-

BP100 aumentam a carga superficial dessas partículas (LEE; JEONG; PARK, 2002),

resultando na repulsão eletrostática entre elas. Consequentemente, observa-se a maior

estabilidade desses sistemas quando comparados aos sistemas de NP e NP-OH em solução

tampão Tris-HCl 10 mM (pH 8,5).

4.2.3 Determinação do grau de funcionalização

O grau de funcionalização da nanopartícula contendo peptídeo foi determinado

para avaliação da eficiência da metodologia proposta, além de possibilitar a obtenção de

valores de concentração mínima inibitória das nanopartículas para efeito de comparação com

os valores obtidos para o peptídeo BP100 e o derivado EAAA-BP100 frente a células de

bactérias e fungos.

Primeiramente, utilizando o coeficiente de absortividade molar para o aduto

dibenzofulveno-piperidina (301 nm), formado como sub-produto de desproteção da resina

Rink® amida 0,79 mmol.g

-1, foi obtida a curva analítica para determinação do grau de

funcionalização das nanopartículas de alumina com a imobilização de único derivado de

aminoácido e com peptídeo EAAA-BP100. A curva analítica apresentou faixa linear de

0,0027 mmol.L-1

a 0,1275 mmol.L-1

e R = 0,99. Todos os cálculos e detalhes deste

experimento estão descritos no Anexo IV.

Empregando-se esta curva, o grau de imobilização de resíduos de glicina na

superfície das NP-NH2 foi determinado pela quantificação do produto de desproteção das NP-

Gly-Fmoc. A imobilização do derivado Fmoc-Gly-OH na superfície de NP-NH2 foi realizada

apenas para efeito de comparação entre o grau de funcionalização obtido ligando-se um único

resíduo de aminoácido com o grau de funcionalização de NP-EAAA-BP100. As três amostras

de NP-Gly-Fmoc (5,3 mg, 5,6 mg e 6,7 mg) utilizadas neste ensaio forneceram grau de

imobilização médio de 0,2021 mmol.g-1

. Já a quantificação por UV do produto de desproteção

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dos grupos Fmoc provenientes do primeiro resíduo de aminoácido (Glu-1) da sequência

peptídica do EAAA-BP100 imobilizado em NP-NH2 forneceu valor de grau de imobilização

médio de 0,0455 mmol.g-1

, muito inferior quando comparado ao grau de substituição das NP-

NH2 contendo Fmoc-Gly. Este resultado pode estar associado aos impedimentos estéricos

decorrentes das cadeias laterais de resíduos adjacentes ao resíduo de Glu-1 somado à presença

do grupo Fmoc durante a reação para a ligação do peptídeo à nanopartícula. Além disso, a

elevada dinâmica conformacional da cadeia peptídica de EAAA-BP100, verificada pelos

resultados da análise de CD que revelaram uma ausência de conformação preferencial do

peptídeo em meio aquoso (FIG. 32B – espectro em preto, pág. 116), dificulta a aproximação

adequada dos grupos carboxila ativados das cadeias laterais do resíduo de Glu-1 aos grupos

amino da NP-NH2. Ademais, os grupos NH2 presentes nos resíduos de lisina (Lys-5, Lys-6,

Lys-9, Lys-10 e Lys-13) da cadeia peptídica do EAAA-BP100 competem com o grupo amino

da NP-NH2. Dessa forma, ligações entre cadeias peptídicas podem ocorrer em detrimento do

acoplamento do peptídeo à nanopartícula, resultando em menor número de moléculas

peptídicas disponíveis para ligação às nanopartículas. O baixo grau de imobilização do

EAAA-BP100 justifica a visualização por MET de um padrão de formação de nanoestruturas

morfologicamente semelhantes para as partículas NP e NP-EAAA-BP100 (FIG. 28, pág.

107).

4.2.4 Ensaio de atividades antibacteriana e antifúngica

A atividade antimicrobiana de NP, NP-OH, NP-NH2, NP-EAAA-BP100, BP100 e

EAAA-BP100 foi avaliada sobre cepas das bactérias Gram-negativas E. coli e S.

typhimurium, Gram-positiva S. aureus e sobre as leveduras C. krusei e C. parapsilosis. Os

valores de concentração inibitória mínima (MIC) foram determinados para as amostras que

apresentaram atividade antimicrobiana dentro da faixa de concentração empregada nos

ensaios e os resultados estão apresentados na Tabela 13.

As nanopartículas não funcionalizadas (NP) e NP-OH não apresentaram

capacidade de inibição do crescimento celular no meio testado. Entretanto, a presença do

peptídeo EAAA-BP100 ligado covalentemente à nanoestrutura determinou uma atividade

antibacteriana mesmo em concentrações baixas contra S. aureus (0,26 g.L-1

/ 20 μmol.L-1

), E.

coli (0,13 g.L-1

/ 10 μmol.L-1

) e S. typhimurium (0,26 g.L-1

/ 20 M μmol.L-1

). Ansari et al.

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(2013) verificaram inibição de crescimento bacteriano em um ensaio conduzido com

nanopartículas de Al2O3 (MIC: 1,6 - 3,2 g.L-1

). Contudo, no presente estudo, entre todas as

amostras contendo nanopartículas, somente NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 apresentaram

atividade antibacteriana. Um importante ponto que deve ser considerado no trabalho de

Ansari et al. (2013) é o formato e o tamanho das nanopartículas testadas. Em seus ensaios

antimicrobianos os autores empregaram nanopartículas esféricas com tamanho de partículas

variado (20 – 100 nm) diferentemente das nanofibras de aproximadamente 25-35 nm de

comprimento desenvolvidas neste trabalho, cuja morfologia foi comprovada por MET (FIG.

28C, pág. 107). Dessa forma, a morfologia do material pode influenciar significativamente na

atividade biológica manifestada. Em contraste com o trabalho de Ansari et al. (2013), Shi et

al. (2016) observaram inatividade de óxidos orgânicos sobre cepas bacterianas. Estes autores

sintetizaram o óxido de grafeno modificado com o peptídeo KRWWKWWRR, que inibiu o

crescimento de cepas de E. coli e S. aureus, no entanto o material isolado foi inativo sobre as

mesmas bactérias. Dessa forma, conclui-se que o óxido de alumínio não seja responsável pela

atividade antibacteriana nas concentrações analisadas, mas sim a presença da cadeia peptídica

em NP-EAAA-BP100.

Tabela 13 - Valores de MIC obtidos para os peptídeos BP100 e EAAA-BP100 e para as nanobioestruturas

NP, NP-OH, NP-NH2 e NP-EAAA-BP100 contra cepas de bactérias (E. coli, S. typhimurium e S. aureus) e

leveduras (C. krusei e C. parapsilosis)

MIC (g.L-1

/μmol.L-1

)

Amostra Ensaio antibacteriano Ensaio antifúngico

S. aureus E. coli S. typhimurium C. Krusei C. parapsilosis

NP n.a. n.a. n.a. n.a. 16a

NP-OH n.a. n.a. n.a. 16a 16

a

NP-NH2 8a 8

a n.a. 8

a 2

a

NP-EAAABP100 0,26a/20

b 0,13

a/10

b 0,26

a/20

b n.a. 1,03

a/80

b

EAAA-BP100 20b 20

b 10

b 40

b 10

b

BP100 20b 10

b 20

b 40

b 10

b

n.a.: não apresentou atividade biológica nas concentrações testadas.

a: Concentração em g.L

-1

b: Concentração em μmol.L

-1

Importante destacar a atividade antibacteriana observada para NP-NH2 contra

cepas de S. aureus e E. coli, embora os valores de MIC de 8 g.L-1

ainda sejam muito acima

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daqueles observados para NP-EAAABP100. Neste caso, acredita-se que as terminações

amino em NP-NH2 possam estar protonadas, conferindo carga superficial positiva à essas

nanoestruturas, como verificado na análise do potencial zeta de NP-NH2 (+30,54 mV) (FIG.

31B, pág. 110), e permitindo uma afinidade maior que as NP e NP-OH com as células

bacterianas de característica aniônica.

A atividade antibacteriana apresentada pelos peptídeos livres (BP100 e EAAA-

BP100) e imobilizado (NP-EAAA-BP100) foi semelhante. Assim sendo, a insersão do

fragmento EAAA na sequência do BP100 não altera de forma significativa o potencial

antibacteriano em relação ao BP100, bem como deixa a cadeia peptídica de BP100 disponível

para a interação com a membrana bacteriana.

Por outro lado, os dados experimentais obtidos para os ensaios antifúngicos

revelaram mesma antividade antifúngica dos peptídeos livres BP100 e EAAA-BP100 contra

as cepas de C. krusei (40 μmol.L-1

) e C. parapsilosis (10 μmol.L-1

), enquanto que NP-EAAA-

BP100 não foi ativa contra C. krusei, mas apresentou atividade contra C. parapsilosis (0,26

g.L-1

/ 80 μmol.L-1

). Também foi verificado que as nanopartículas funcionalizadas NP-OH e

NP-NH2 foram capazes de inibir o crescimento das leveduras testadas. A atividade de NP-OH

ocorreu apenas em concentração elevada (16 g.L-1

), já NP-NH2 apresentou atividade sobre C.

parapsilosis em baixa concentração (2 g.L-1

). Contudo, a atividade de NP-EAAA-BP100

(1,03 g.L-1

/ 80 M μmol.L-1

) contra a mesma cepa foi ainda maior que a verificada para NP-

NH2 em relação a concentração de nanopartículas empregada. Contra C. krusei, NP-NH2

apresentou MIC apenas em concentrações elevadas (8 g.L-1

), o que configura a baixa

atividade antifúngica das nanoestruturas não associadas ao peptídeo.

A atividade antifúngica de nanopartículas de óxido de alumínio já foi verificada

em outros trabalhos (JALAL et al., 2016; SHENASHEN et al., 2017). No entanto, a presença

da nanoestrutura carregada positivamente (NP-EAAA-BP100), devido aos resíduos de Lys,

pode favorecer a atração entre a nanoestrutura inorgânica e as células fúngicas, pois estes

microrganismos também possuem quantidade maior de fosfolipídeos aniônicos quando

comparado à células humanas (RAUTENBACH; TROSKIED; VOSLOO, 2016).

Sabendo que o peptídeo antimicrobiano BP100 interage com membranas

fosfolipídicas apresentando estrutura secundária em α-hélice (MANZINI et al., 2014), estudos

biofísicos foram realizados neste trabalho com o intuito de esclarecer e comprovar que a ação

da nanobioestrutura ligada covalentemente ao BP100 (NP-EAAA-BP100) contra cepas de

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115

microrganismos se deve à presença da cadeia peptídica e não devido ao óxido de alumínio ou

as funcionalizações nele desenvolvidas.

4.2.5 Estudos biofísicos: ensaios de dicroísmo circular e de extravasamento de

carboxifluoresceína

Neste trabalho, com o intuito de mimetizar membranas bacterianas foram

utilizados os fosfolipídeos 1-palmitoil-2-oleilfosfatidilcolina (POPC) e 1-palmitoil-2-oleil-

fosfatidilglicerol (POPG) para a preparação das vesículas lipídicas unilamelares de

características aniônicas, (EPAND; SAVAGE; EPAND, 2007; EPAND; EPAND, 2010)

Nesse sentido, foram realizados estudos conformacionais por dicroísmo circular de NP, NP-

NH2, NP-EAAA-BP100 e dos peptídeos BP100 e EAAA-BP100 para verificar o

comportamento conformacional dessas espécies na presença de LUV de POPC:POPG (3:1)

em tampão Tris-HCl a 10 mM, pH 8,5. Essa técnica possibilita analisar a estrutura secundária

adquirida por cadeias peptídicas em ambientes variados.

Através dos estudos por espectroscopia de CD realizados (FIG. 32) verificou-se

que tanto o peptídeo BP100 (FIG. 32A) quanto o derivado EAAA-BP100 (FIG. 32B) não

apresentam uma conformação definida em meio aquoso (FIG. 32 – espectros em preto).

Contudo, na presença de vesículas de POPC:POPG (3:1) ambos peptídeos adquirem

conformação helicoidal (FIG. 32A – espectros em verde e rosa para o BP100 e FIG. 32B –

espectros em verde, vermelho, azul e rosa para o EAAA-BP100). A adição de LUV resulta no

surgimento de um máximo λmáx 190 nm e em mínimos intensos em λmáx 208 e 222 nm,

indicando que aos peptídeos adotam conformação α-hélice nesse meio. Este comportamento

já era esperado para o BP100 (MANZINI et al., 2014), e através deste ensaio verificou-se que

a presença de estrutura secundária em α-hélice é mantida após a inserção da sequência de

resíduos EAAA na porção N-terminal deste peptídeo. Observa-se ainda que o peptídeo

EAAA-BP100 adquire conformação helicoidal mesmo em concentração de 0,125 mM de

LUV, enquanto o BP100 somente a partir de 0,5 mM de LUV. Esta maior capacidade de

formação de hélice pode ser em decorrência do aumento da cadeia peptídica que favorece a

interação com a superfície das LUV.

Da mesma forma, a interação peptídeo-membrana também ocorre em NP-EAAA-

BP100 e foi confirmada por estudos de CD realizados com essas nanopartículas. Na Figura

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116

32C pode ser visualizado um perfil da curva característica de conformação em α-hélice para

NP-EAAA-BP100 quando em contato com LUV (espectros em vermelho e em preto). Já os

espectros de dicroísmo circular para NP-EAAA-BP100 em tampão e para NP e NP-NH2 (FIG.

32 – espectros em rosa, verde e azul, respectivamente) não apresentaram valores

característicos para conformações helicoidais.

Figura 32 – Espectros de dicroísmo circular dos peptídeos BP100 (A) e EAAA-BP100 (B) e das

nanopartículas NP, NP-NH2 (ambas em LUV POPC:POPG (3:1) 1 mM) e NP-EAAA-BP100 (C) em

tampão Tris-HCl, pH 8,5, e na presença de LUV POPC:POPG (3:1).

Para o estudo de extravasamento de CF foram utilizadas LUV de POPC:POPG

(3:1) em tampão Tris-HCl a 10 mM, contendo 5 mM de CF encapsulada, para avaliar a

capacidade lítica do peptídeo EAAA-BP100, da nanopartícula de Al2O3 (NP) e da

nanoestrutura NP-EAAA-BP100. Foram realizadas medidas de intensidade de fluorescência

de CF em max de 512 nm em função do tempo (Figura 33) após seu extravasamento das

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LUV. O extravasamento de CF na presença de NP foi negligenciável durante o todo o

experimento. Entretanto, a adição de EAAA-BP100 e NP-EAAA-BP100 às LUV resultou no

aumento da fluorescência de CF devido ao seu extravasamento. Diante desses resultados,

conclui-se que, embora as NP não afetem as estruturas das LUV de POPC:POPG, quando

funcionalizadas com o peptídeo EAAA-BP100 há elevação da capacidade lítica, sugerindo

que a presença do peptídeo leva à ruptura da bicamada fosfolipídica.

Figura 33 - Intensidade da fluorescência de carboxifluoresceína ao longo do tempo devido a adição de NP,

EAAA-BP100 e NP-EAAA-BP100 em LUV de POPC:POPG (3:1) contendo CF.

Estes resultados estão de acordo com os obtidos através da técnica de dicroísmo

circular, pois os espectros para NP-EAAA-BP100 em tampão e para NP e NP-NH2 não

mostraram conformação α-helicoidal, de forma a evidenciar que o extravasamento de CF

observado mediante adição de NP-EAAA-BP100 é causado pela presença do peptídeo nas

nanoestruturas de alumina e não devido ao óxido de alumínio (TURCHENIUK et al., 2015;

RAILEAN-PLUGARU et al., 2016). A inabilidade de NP promover extravasamento de CF de

LUV aliada à capacidade de perturbação das vesículas pela nanobioestrutura NP-EAAA-

BP100 indicam que o peptídeo, mesmo covalentemente ligado à nanopartícula, é capaz de

interagir com vesículas fosfolipídicas. Dessa forma, as cadeias peptídicas de EAAA-BP100

mesmo imobilizadas na superfície de NP-EAAA-BP100 ficam disponíveis para interagir com

a superfície da bicamada lipídica, adotando uma conformação helicoidal ativa capaz de

perturbar sua integridade. Consequentemente, pode haver a formação de poros na membrana

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bacteriana, como indicado pela liberação de CF nas LUV de POPC:POPG, resultando na lise

celular, explicando em grande parte a atividade antibacteriana apresentada pela

nanobioestrutura de alumina contendo peptídeo.

A observação de atividades antibacteriana e antifúngica indica que a metodologia

proposta é adequada para funcionalizar nanopartículas mantendo a atividade biológica do

peptídeo BP100. Além disso, a morfologia alongada verificada para as nanopartículas

sintetizadas permite que ocorra uma interação mais eficiente entre as cadeias peptídicas

imobilizadas e a superfície de células microbianas, pois devido à este formato, maior número

de moléculas peptídicas podem interagir simultaneamente com a membrana lipídica de

microrganismos patogênicos em comparação a estruturas esféricas (FIG. 34). A vantagem do

material em nanofibras aliada à atividade antimicrobiana de peptídeos pode ser usada com o

objetivo de aumentar a biodisponibilidade local desses compostos.

Figura 34 – Esquema demonstrativo da interação das cadeias de peptídeo imobilizadas na superfície de

nanopartículas de formato alongado (A) e formato esférico (B) com a bicamada fosfolipídica evidenciando

o maior número de peptídeos em contato simultâneo quando imobilizados em partículas alongadas.

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4.3 Nanobioestrutura de alumina acoplada ao peptídeo antimicrobiano BP100 através

de formação de ligação de dissulfeto e anel triazólico dissubstituído

Nesta sessão serão apresentadas duas novas propostas de rotas sintéticas (rotas 2 e

3 da Figura 12, pág. 70) para a imobilização do peptídeo BP100 sobre a superfície de

nanopartículas de alumina visando o ganho do grau de funcionalização em relação às NP-

EAAABP100 e, consequentemente o aumento no potencial antimicrobiano das novas

nanopartículas produzidas. Neste sentido, serão discutidos a seguir os resultados obtidos pela

funcionalização de nanopartículas de alumina com os peptídeos CAAA-BP100 e [Pra]GAAA-

BP100 através de formação de ligação de dissulfeto (FIG. 12 - rota 2) e de estrutura de anel

triazólico dissubstituído (FIG. 12 - rota 3), respectivamente.

4.3.1 Obtenção da nanobioestrutura NP-CAAA-BP100 (rota 2)

A Figura 35 mostra todas as etapas de funcionalização para a obtenção da

nanobioestrutura NP-CAAA-BP100 (rota 2). A síntese das nanopartículas de alumina foi

realizada através da mesma metodologia empregada na segunda parte (item 4.2) deste

trabalho, assim como a etapa de hidroxilação pela reação com peróxido de hidrogênio (Etapa

2).

Para a obtenção das nanobioestruturas NP-CAAA-BP100 também foi realizada a

aminação com APTES (etapa 3), seguida do acoplamento do derivado de aminoácido Fmoc-

Cys(Trt)-OH (etapa 2.4 – formação de NP-Cys) via ligação amídica entre o grupo amino da

NP-NH2 e o grupo carboxila do derivado de aminoácido. Nesta etapa, a ligação do derivado

de cisteína foi realizada com o intuito de se obter grupos tióis na superfície da nanopartícula

de alumina. No entanto, o derivado de aminoácido empregado (Fmoc-Cys(Trt)-OH) possui a

cadeia lateral do tiol protegida com o grupo tritila (Trt). Para remoção desse grupo, após

ligação do aminoácido às nanopartículas aminadas, as nanoestruturas obtidas foram

submetidas ao processo de clivagem (etapa 2.5). Após removido o grupo protetor Trt em

meio ácido, as nanoestruturas contendo o derivado de cistéina foram submetidas ao processo

de remoção do grupo Fmoc (etapa 2.6) para quantificação do grau de funcionalização das

nanoestruturas com e derivado de cisteína (experimento similar ao realizado na parte II deste

trabalho com o derivado de glicina). O grau de funcionalização das nanoestruturas NP-Cys foi

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Figura 35 – Rota sintética para obtenção da nanobioestrutura NP-CAAA-BP100 (rota 2).

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121

determinado com um valor médio de 0,2140 mmol.g-1

. Finalmente, a ligação do peptídeo

CAAA-BP100 com a nanopartícula (etapa 2.7 – formação de NP-CAAA-BP100) através de

ligação de dissulfeto entre o resíduo de cisteína de CAAABP100 e o grupo tiol da NP-Cys.

O peptídeo CAAA-BP100 foi imobilizado sobre a superfície das NP-Cys sem a

remoção prévia do grupo protetor Fmoc do primeiro resíduo de aminoácido da cadeia

peptídica (Cys-1). Assim sendo, as NP-CAAA-BP100 também foram submetidas ao processo

de desproteção para remoção desse grupamento (etapa 2.8), e o grau de funcionalização

dessas nanopartículas apresentou valor médio de 0,0160 mmol.g-1

. Comparando com o grau

de funcionalização das NP-Cys (0,2140 mmol.g-1

), o grau de imobilização do peptídeo

CAAA-BP100 foi significativamente menor. Este resultado pode estar associado a ocorrência

de ligações de dissulfeto entre os grupos tióis próximos na superfície da NP-Cys, ou seja,

entre resíduos de cisteína imobilizados em uma mesma nanopartícula (FIG. 36A) ou mesmo

entre derivados imobilizados em nanopartículas distintas (FIG. 36B). Consequentemente, há

uma redução no número de sítios disponíveis para ligação ao peptídeo. Além disso, é possível

que durante a reação de acoplamento entre CAAA-BP100 e NP-Cys moléculas de peptídeo se

associem por ligação de dissulfeto formando o dímero do CAAA-BP100 (FIG. 36C) (VERLY

et al., 2017), diminuindo assim o número de cadeias peptídicas disponíveis para se ligar às

NP-Cys.

Figura 36 – Demonstração de possíveis ligações de dissulfeto (indicadas pelas setas): entre derivados de

cisteína em uma mesma nanopartícula (A), entre derivados de cisteína imobilizados em nanopartículas

distintas (B) e entre duas cadeias peptídicas de CAAA-BP100 (C).

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4.3.2 Obtenção da nanobioestrutura NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3)

A Figura 37 apresenta todas as etapas de funcionalização apenas para a rota 3

planejada para a síntese de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100. Para a síntese das nanobioestruturas

NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 também foram repetidas as mesmas etapas 1 e 2 para a obtenção

de NP e NP-OH, respectivamente. Contudo, para a introdução da cadeia carbônica contendo

átomo de cloro nas nanopartículas (NP-Cl), foi empregado o reagente CPTES (etapa 3.3). Em

seguida, foi feita a substituição do cloro por grupos azida para obtenção das NP-N3 (etapa

3.4). Posteriormente, a ligação ao peptídeo [Pra]GAAA-BP100 através de reação de

cicloadição 1,3-dipolar (etapa 3.5 ) resultou na formação de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100.

Esta etapa foi conduzida pela reação de cicloadição 1,3-dipolar entre um alcino

terminal (presente na cadeia lateral da propargilglicina – resíduo de aminoácido inserido na

porção N-terminal da cadeia peptídica de [Pra]GAAA-BP100) e o grupo azida presente das

nanopartículas NP-N3. No mecanismo proposto para essa reação (WORRELL; MALIK;

FOKIN, 2013; TAHER et al., 2015) o cobre atua como catalisador formando uma ligação

temporária com o grupo alcino (FIG. 38).

A quantificação do peptídeo imobilizados nas nanopartículas de alumina foi

realizada como descrito no item 3.5.2. E o valor obtido do grau de funcionalização foi de

0,0705 mmol.g-1

, utlizando a reação de cicloadiação para ligação do peptídeo à nanopartícula

NP-N3.

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Figura 37 – Rota sintética para obtenção da nanobioestrutura NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3).

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Figura 38 – Mecanismo de reação proposto para a reação de cicloadição 1,3-dipolar entre o alcino

terminal da propargilglicina e azida imobilizada em nanopartículas de Al2O3 com base no trabalho de

Worrell, Malik e Fokin (2013).

4.3.2.1 Síntese, purificação e caracterização do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100

O peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 foi sintetizado para efeito de comparação dos

dados biológicos e biofísicos obtidos para NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100, uma vez que após

realização da imobilização do peptídeo [Pra]GAAA-BP100 sobre a nanopartícula, é formado

um anel triazólico na porção N-terminal dessa molécula unindo-a à nanopartícula. Neste

sentido, este item apresenta os resultados da síntese e caracterização do peptídeo [Trz-β-

A1]AAA-BP100.

A síntese do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 foi realizada a partir da reação do

peptídeo [Pra]GAAA-BP100 (ainda imobilizado na resina Rink®

amida) com sulfato de cobre

II, ascorbato de sódio e azida de sódio (item 3.1.1, pág. 67). O perfil cromatográfico do

produto obtido está apresentado na Figura 39B. A redução no tempo de retenção apresentado

pela amostra do peptídeo modificado ocorreu devido à presença do anel triazólico, pois esta

estrutura aumenta a polaridade do peptídeo. Além disso, observa-se que houve elevado grau

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de conversão do [Pra]GAAA-BP100 em [Trz-β-A1]AAA-BP100, pois praticamente não foi

observado pico referente ao peptídeo propargilado no cromatograma da Figura 39B. A

caracterização da estrutura química de [Trz-β-A1]AAA-BP100 foi realizada por

espectrometria de massa MS e MS/MS.

Figura 39 - Perfil cromatográfico analítico de amostra bruta dos peptídeos [Pra]GAAA-BP100 (A) e [Trz-

β-A1]AAA-BP100 (B).

Pela espectrometria de massa observou-se a presença do íon molecular de razão

m/z 1772,01 característico do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 protonado (FIG. 40), cuja

massa teórica calculada para o mesmo peptídeo é de 1771,124 Da.

Por espectrometria MS/MS foi possível verificar a presença de íons fragmento

característicos da sequência primária do peptídeo contendo o anel triazol. No espectro de

massa MS/MS do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 (FIG. 41) pode-se observar a presença de

íons imônio de aminoácidos constituintes da cadeia peptídica almejada (indicados por setas no

espectro). Além disso, a grande maioria dos íons da série b está presente em intensidade

elevada no espectro, permitindo a identificação de toda sequência primária. A fragmentação

que resulta na série b ocorre mantendo-se a região N-terminal da cadeia peptídica intacta,

dessa forma a estrutura do anel triazólico é considerada em todos os íons fragmento dessa

série. No Anexo III estão apresentados todos os íons fragmento, teóricos e observados, para as

séries b e y desse sequenciamento.

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Figura 40 – Espectro de massa MS do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100.

Figura 41 – Interpretação do espectro de massa MS/MS do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100. Íons da série

b estão apresentados em azul e íons da série y em vermelho. Íons em azul claro não foram observados no

espectro, mas são característicos da molécula analisada. Os imônios estão indicados por setas.

4.3.3 Caracterização das nanoestruturas

4.3.3.1 Difração de raios-x

A Figura 42 apresenta os difratogramas obtidos para cada uma das nanopartículas

formadas nas etapas de funcionalização para a obtenção de NP-CAAA-BP100 (rota 2) e de

NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3).

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Figura 42 - Difratograma de raios-x de nanopartículas de alumina características de cada etapa de

funcionalização das rotas de síntese 2 e 3.

A introdução de grupamentos orgânicos através das etapas de funcionalização e

imobilização dos peptídeos sobre as nanopartículas de alumina não acarretou em alteração da

estrutura cristalina das nanoestruturas, indexada como estrutura cúbica de γ-Al2O3 de acordo

com a discussão apresentada anteriormente, na segunda parte dos resultados (item 4.2.2.1,

pág. 104). No entanto, é possível observar o surgimento de diversos picos de difração na

estrutura de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 que decorrem da presença de átomos de cobre ainda

associados à estrutura molecular do peptídeo. No trabalho de Taher et al. (2015) os autores

sintetizaram um compósito polimérico contendo Cu(I) para realizar a catálise de reações de

cicloadição 1,3-dipolar entre alcinos terminais e azidas para a obtenção de compostos 1,2,3-

triazólicos. O material sintetizado apresentou difratograma com picos cristalinos muito

semelhantes aos obtidos no espectro de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 na região de 10º - 40º

(2θ), e os autores associaram o cobre presente no material a Cu(I) e Cu(II). Nesse sentido,

devido a semelhança entre os perfis cristalinos, é possível que átomos de Cu(I) e Cu(II)

estejam ainda associados a cadeia do peptídeo imobilizado e sejam responsáveis pelo

surgimento dos diferentes picos no difratograma de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100.

4.3.3.2 Microscopia eletrônica de transmissão

Na Figura 43 estão apresentadas imagens de MET de nanopartículas de alumina

sem funcionalização (FIG. 43A, B e C) e ligadas ao BP100 - NP-CAAA-BP100 (FIG. 43D e

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E) e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (FIG. 43F e G). As análises das imagens mostram

novamente nanofilamentos morfologicamente semelhante às estruturas obtidas na segunda

parte deste trabalho (FIG. 28, pág. 107), comprovando que a metodologia de síntese proposta

para obtenção das nanoestruturas inorgânicas é reprodutível.

Figura 43 – Imagens de microscopia eletrônica de transmissão de NP (A, B e C), NP-CAAA-BP100 (D e E)

e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (F e G).

Também pode ser observado que a funcionalização com o peptídeo BP100 não

alterou a morfologia fibrosa das nanoestruturas de alumina. As imagens de NP-CAAA-BP100

e de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 apresentam forma e tamanho similares às verificadas para

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NP. No entanto, a análise microscópica de várias regiões das amostras, aponta que tanto NP-

CAAA-BP100 quanto NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 apresentam maior formação de

aglomerados de nanopartículas do que as NP não funcionalizadas, isso se deve à agregação

das cadeias peptídicas imobilizadas na superfície da alumina. Por outro lado, a presença de

planos cristalinos típicos da estrutura da alumina foi também observada nestas amostras.

Distâncias interplanares de 0,20, 0,24 e 0,42 nm foram identificadas nas amostras e estão

relacionadas aos planos cristalinos 311, 400 e 440 de γ-Al2O3 (CAI et al., 2015). Esses

resultados, embora mostrem nanoestruturas com morfologia um pouco variáveis, confirmam

que são materiais estruturados predominantemente em nanofilamentos com estrutura cristalina

característica de γ-Al2O3.

4.3.3.3 Espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho com transformada

de Fourier

A caracterização estrutural das etapas de síntese descritas nas rotas 2 e 3 foi

verificada através de espectroscopia de absorção molecular na região do infravermelho. Na

Figura 44 é possível observar os espectros de peptídeos e das nanopartículas para os produtos

de cada etapa de funcionalização até a obtenção das nanobiestruturas NP-CAAA-BP100 (rota

2) e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3).

Os espectros de nanopartículas de alumina apresentam o mesmo padrão de bandas

de vibração de Al2O3 observado na segunda parte (item 4.2) dos resultados deste trabalho.

Assim como as vibrações características de ligação de hidrogênio visualizadas no espectro de

NP-OH.

Na rota 2 a etapa de funcionalização subsequente à hidroxilação é a introdução de

grupos orgânicos com terminação NH2 (NP-NH2). No espectro dessa nanoestrutura observa-se

uma banda próxima a 3130-3100 cm-1

característica de vibração de deformação axial de N-H,

originada pela imobilização do grupo orgânico contendo amina primária. Após a imobilização

do derivado de cisteína, verifica-se grande semelhança entre os espectros de NP-Cys e NP-

CAAA-BP100 em relação ao perfil de bandas de absorção, cujas vibrações são características

do esqueleto principal de resíduos de aminoácidos e de ligação peptídica, pois mesmo no

espectro de NP-Cys a introdução do resíduo de cisteína foi realizada através de ligação

amídica formada entre o grupo NH2 presente na nanopartícula e a carboxila presente na

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porção C-terminal do resíduo de cisteína. Dessa forma, em ambos os espectros são

identificadas as vibrações de deformação axial de carbonila C=O (em 1650 cm-1

), de

deformação angular simétrica no plano de N-H (entre 1200-1120 cm-1

) e de deformação axial

de N-H e C-H (próximas a 3300 cm-1

). Essas vibrações também são prontamente identificadas

no espectro do peptídeo CAAA-BP100 não imobilizado, confirmando sua presença nas

nanopartículas funcionalizadas com peptídeo (NP-CAAA-BP100).

Figura 44 – Espectro de infravermelho de peptídeos e nanopartículas característicos das estapas de

funcionalização das rotas de síntese 2 e 3.

Na rota sintética 3, a funcionalização subsequente a obtenção de nanopartículas

hidroxiladas acarreta na obtenção de NP-Cl. No espectro de NP-Cl não é observada a banda

de hidroxila, confirmando a substituição das hidroxilas de NP-OH por grupos cloropropilsilil

em NP-Cl. Além disso, também pode-se observar banda característica de dobramento CH2-Cl

em 1300-1230 cm-1

, o que fornece evidências da presença do átomo de Cl na porção final da

cadeia carbônica imobilizada. Observando os espectros de NP-N3 e NP-[Trz-β-A1]AAA-

BP100, verifica-se que há diferenças no perfil de bandas apresentado por cada um, indícios de

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131

que as reações propostas para introdução de grupamentos e funcionalização das

nanopartículas transcorreram de maneira a resultar nessas modificações. No espectro de NP-

N3 a banda de estiramento C-N ocorre na faixa de 1350-1000 cm-1

se sobrepondo ao

dobramento CH2-Cl (1300-1230 cm-1

), no entanto é possível verificar que há intensificação da

banda de hidroxila no espectro de NP-N3. Ao contrário do átomo de Cl presente em NP-Cl

(etapa anterior à introdução de azida) a presença do nitrogênio na superfície da alumina

favorece a formação de ligações de hidrogênio. Comparando os espectros da nanobioestrutura

contendo o peptídeo (NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100) e o espectro do derivado peptídico livre

[Trz-β-A1]AAA-BP100 também são observadas grandes semelhanças de bandas, sendo essas

oriundas de vibrações entre átomos componentes de grupos funcionais característicos de

moléculas peptídicas.

4.3.3.4 Ressonância magnética nuclear de 13

C em fase sólida

A caracterização estrutural também das estruturas químicas das nanobioestruturas

também foi conduzidas por ressonância magnética nuclear, e neste caso, os espectros de RMN

de 13

C em fase sólida de peptídeos livres, nanopartículas funcionalizadas e contendo peptídeos

comprovaram a ligação covalente dos peptídeos às nanoestruturas de alumina (FIG. 45).

Como esperado, nenhum sinal de ressonância de 13

C foi observado para as nanopartículas

inorgânicas NP e NP-OH. No entanto, as demais nanopartículas funcionalizadas e ligadas ao

BP100 mostraram sinais de ressonância de 13

C característicos.

Para obtenção da nanobioestrutura formada por ligação de dissulfeto (rota 2), a

nanopartícula funcionalizada com APTES (NP-NH2) apresentaram sinais intensos em 11, 22,5

e 42,8, ppm que são atribuídos aos carbonos ligados ao silício Cα, Cβ e Cγ, respectivamente.

Após a ligação do resíduo de cisteína (NP-Cys), os deslocamentos químicos de 13

C a 57, 30,9

e 164,2 ppm foram atribuídos aos carbonos Cα, Cβ e ao carbono carbonílico da carboxiamida,

respectivamente, presentes na estrutura do resíduo de aminoácido. Esses valores estão de

acordo com os padrões de deslocamentos químicos observados para a cisteína no Banco de

Dados de Ressonância Magnética Biológica (Disponível em:

<www.bmrb.wisc.edu/ref_info/statful.htm>). Valores similares de deslocamentos químicos de

13C da cadeia lateral, Cα e carboxiamida para os espectros do peptídeo CAAA-BP100 livre e

ligado às nanopartículas (NP-CAAA-BP100) também puderam ser identificados na Figura 45.

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132

Figura 45 – Espectros de ressonância magnética nuclear (13

C) em fase sólida das nanopartículas de

alumina em cada uma das etapas de funcionalização até obtenção de NP-CAAA-BP100 (rota 2) e de NP-

[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3).

Contudo, um sinal intenso de deslocamento químico de 13

C da cistina foi prontamente

observado a 38 ppm (NP-CAAA-BP100), enquanto que o mesmo não foi observado no

espectro do peptídeo CAAA-BP100 livre. Este resultado revela que a maior parte do grupo

tiol presente nos resíduos de cisteína foi oxidada, resultando na ligação de dissulfeto entre o

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133

grupo tiol de NP-Cys e o resíduo de cisteína da cadeia peptídica de CAAA-BP100. Estes

valores estão de acordo com estudos prévios com peptídeos diméricos que mostram que os

deslocamentos químicos de Cβ de resíduos de cisteína e cistina são altamente sensíveis ao

estado de oxidação do enxofre (SHARMA; RAJARATHNAM, 2000; MARTIN et al., 2010).

Para obtenção de NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 (rota 3), a nanopartícula oriunda da

etapa de funcionalização da nanoestrutura de alumina com CPTES mostrou deslocamentos

químicos de 13

C 11,5, 27,3 e 46,2 ppm atribuídos aos carbonos de silano Cα, Cβ e Cγ

presentes em NP-Cl. No espectro de NP-N3, enquanto os deslocamentos químicos de 13

C dos

carbonos ligados ao silício Cα e Cβ não apresentaram mudança significativa (11,6 ppm e 27,4

ppm, respectivamente). A substituição do átomo de cloro pelo grupo azida determinou um

aumento de 46,2 ppm (em NP-Cl) para 49,1 ppm (em NP-N3) no deslocamento químico de

13C do Cγ. O espectro da nanopartícula de alumina ligada ao BP100 por um anel triazólico

dissubstituído (NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100) apresenta muitos sinais devido aos sistemas de

spin de aminoácidos característicos da cadeia do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100. Vale

ressaltar a presença de dois sinais de 13

C em torno de 117 ppm e 130 ppm observados nos

espectros de [Trz-β-A1]AAA-BP100 e de NP-[Trz-β-A

1]AAA-BP100. Essas correlações estão

de acordo com as ressonâncias de carbono do triazol (SUN; XU; ZHANG, 1998) e confirmam

o sucesso da reação de cicloadição entre o peptídeo propargilado ([Pra]GAAA-BP100) e a

nanopartícula contendo azida (NP-N3).

4.3.3.5 Análise térmica

Na Figura 46 estão apresentadas as curvas termogravimétricas obtidas para as

amostras de nanopartículas não funcionalizadas (NP) e após as etapas de funcionalização das

rotas 2 e 3 para a obtenção de NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100,

respectivamente. As análises foram realizadas com o intuito de evidenciar a presença de

diferentes grupos orgânicos provenientes das subsequentes etapas de funcionalização. Uma

evidência da ocorrência de funcionalização das nanoestruturas inorgânicas é a diferença nos

valores de massa das amostras ao final do tempo de experimento, uma vez que, quanto maior

a estrutura ligada às nanopartículas, menor é a porcentagem de massa final observada. Em

600 ºC verifica-se que as amostras de NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100

apresentam, respectivamente, cerca de 80 % e 60 % do seu valor de massa inicial. A menor

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134

porcentagem de massa final verificada para NP-Cys (aproximadamente 77%) se deve à

grande perda de massa inicial para essa amostra (até 150 ºC), que é decorrente da eliminação

de água adsorvida. Além disso, a porcentagem de perda de massa acentuada para NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100 quando comparada à perda apresentada por NP-CAAA-BP100 confirma o

maior grau de imobilização de peptídeos observado para essa nanoestrutura (0,0705 mmol.g-1

e 0,0160 mmol.g-1

, respectivamente).

Figura 46 - Curvas termogravimétricas de porcentagem de perda de massa (A e C) e da primeira derivada

da perda de massa (B e D). Estão apresentadas as curvas para as nanopartículas de alumina em cada uma

das etapas de funcionalização da rota 2 (A e B) e da rota 3 (C e D).

À exceção de NP e NP-OH, as demais curvas termograviméticas mostram

diversos eventos térmicos, mais evidentes nas curvas de primeira derivada, que estão

associados à eliminação dos grupos orgânicos imobilizados (JOHNS; MCELHILL; SMITH,

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135

1962). Principalmente nas curvas de NP-Cys, NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-

BP100 observa-se nitidamente que há grande número de eventos térmicos, o que pode ser

justificado pela maior diversidade de grupos funcionais presente nessas estruturas, como

observado nas análises de FTIR (FIG. 44, pág. 130), nas quais foram evidenciadas vibrações

características de grupos funcionais presentes em aminoácidos e moléculas peptídicas. Esses

resultados corroboram para a caracterização de todas as etapas de funcionalização das

nanopartículas de alumina e, novamente, mostram que as nanobioestruturas contendo

peptídeo apresentam estabilidade térmica a temperaturas inferiores a 150 ºC, sendo passíveis

de aplicação em formulação diversas cuja a temperatura de produção e modelagem não

ultrapassem este limite.

4.3.3.6 Potencial zeta

Os experimentos de determinação do potencial zeta para todas as nanopartículas

foram realizados a fim de avaliar as alterações químicas na superfície como resultado das

etapas de funcionalização para ambas as rotas sintéticas. A Figura 47 apresenta as medidas de

potencial zeta obtidas para nanopartículas de alumina e as estruturas derivadas, relacionadas

às rotas 2 e 3, suspensas em solução tampão Tris-HCl (pH 8,5). As medidas foram realizadas

a cada 10 minutos durante 60 minutos. Não foram observadas variações significativas no

valor medido ao longo do tempo para a mesma nanoestrutura. Mas foi possível observar

diferença no valor de potencial ζ determinado para diferentes nanopartículas.

Os valores médios de potencial ζ para as nanopartículas provenientes das

subsequentes funcionalizações da rota 2 podem ser observado no lado esquerdo da Figura

47C. Da mesma forma como observado para as noapartículas sintetizadas na parte II, os

valores de potencial ζ para NP e NP-OH foram próximos de zero. Por outro lado, as formas

derivadas obtidas durante as etapas da rota 2 proporcionaram um grande aumento nos valores

do potencial zeta. A presença do grupo aminopropil na NP-NH2 e as terminações α-amino na

NP-Cys aumentaram os valores do potencial para +30,5 e +23,0, respectivamente.

Similarmente, um aumento no valor de potencial ζ em comparação com NP-OH é alcançado

para NP-CAAA-BP100 (+17,2), como uma consequência dos cinco resíduos de Lys presentes

na cadeia peptídica.

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Figura 47 - Potencial zeta de nanopartículas de alumina em tampão Tris-HCl 10 mM, pH 8,5.

Acompanhamento da variação do potencial zeta ao longo de 60 min das nanopartículas provenientes da

rota 2 (A) e da rota 3 (B). Em (C) média dos valores de potencial zeta obtidos e os respectivos desvios para

as nanopartículas das rotas de síntese 2 e 3.

Os valores médios de potencial ζ para as nanopartículas da rota 3 podem ser

visualizados no lado direto da Figura 47C. As nanopartículas provenientes das

funcionalizações subsequentes na também mostraram grandes mudanças nos valores de

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potencial ζ quando comparadas a NP e a NP-OH. Contudo, as derivatizações que resultaram

na imobilização de grupos cloropropil (NP-Cl) e azidopropil (NP-N3) levaram os potenciais ζ

a valores negativos (-13,8 e -16,4, respectivamente) das nanopartículas. No entanto, a

imobilização da cadeia peptídica após reação de cicloadição resultou em um aumento do valor

de potencial para NP-[Trz-β-A1]]AAA-BP100 (Δζ de 13,1 mV), em comparação com o valor

obtido para NP-N3, novamente devido à presença de resíduos de lisina carregados

positivamente.

4.3.4 Ensaios de atividades antibacteriana e antifúngica

Após a caracterização das nanobioestruturas sintetizadas foram realizados ensaios

de atividade antimicrobiana de NP, NP-OH, NP-NH2, NP-Cys, NP-Cl, NP-N3, NP-CAAA-

BP100, NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 e dos peptídeos BP100, CAAA-BP100 e [Trz-β-

A1]AAA-BP100 foi avaliada contra cepas das bactérias Gram-negativas E. coli e S.

typhimurium, Gram-positiva S. aureus e contra as leveduras C. krusei e C. parapsilosis.

4.3.4.1 Ensaio de atividade antibacteriana

Os valores de concentração inibitória mínima (MIC) determinados no ensaio de

atividade antibacteriana estão apresentados na Tabela 14 e serão discutidos a seguir.

Não houve divergência significativa entre a atividade bacteriana dos peptídeos

livres (BP100, CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100) sobre as cepas testadas. Os peptídeos

apresentaram atividade antibacteriana semelhante e com baixos valores de MIC. Portanto, as

alterações realizadas na porção N-terminal da cadeia peptídica originando os derivados

CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 não afetam a atividade bacteriana dessas moléculas

em relação ao peptídeo BP100 original.

Em relação à atividade antibacteriana das nanopartículas, verificou-se que NP,

NP-OH, NP-Cl e NP-N3 não apresentaram atividade nas concetrações testadas, enquanto que

NP-NH2 e NP-Cys foram ativas sobre S. aureus e E. coli, embora em elevadas concentrações.

Neste caso, as terminações amino presentes tanto em NP-NH2 quanto em NP-Cys podem se

apresentar protonadas, como apontado pelos valores de potenciais zeta (+30,54 e +23,02,

respectivamente) determinados para estas nanoestruturas (FIG. 47, pág. 136), e dessa forma,

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contribuir para a atração eletrostática entre a nanopartícula e a membrana fosfolipídica

aniônica das células bacterianas (OMARDIEN; BRUL; ZAAT, 2016). É importante ressaltar que

o mecanismo necessário para ocasionar a morte celular não depende apenas de atração

eletrostática, pode-se observar que nenhuma das nanoestruturas, mesmo as carregadas

positivamente, apresentaram atividade sobre S. typhimurium.

Tabela 14 - Valores de MIC obtidos sobre cepas de bactérias (E. coli, S. typhimurium e S. aureus) para os

peptídeos BP100, CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 e para as nanopartículas em cada etapa de

funcionalização até a obtenção da NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100

Amostra MIC (g.L

-1/mol.L-

1)

S. aureus E. coli S. typhimurium

NP n.a. n.a. n.a.

NP-OH n.a. n.a. n.a.

NP-NH2 8a 8

a n.a.

NP-Cys 8a 4

a n.a.

NP-Cl n.a. n.a. n.a.

NP-N3 n.a. n.a. n.a.

NP-CAAABP100 5,6a/160

b 2,8

a/80

b 5,6

a/160

b

NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 1,05

a/80

b 1,05

a/8

b n.a.

BP100 20b 10

b 20

b

CAAA-BP100 20b 40

b 20

b

[Trz-β-A1]AAA-BP100 20

b 20

b 20

b

n.a.: não apresentou atividade biológica nas concentrações testadas.

a: Concentração em g.L

-1

b: Concentração em μmol.L

-1

As nanobioestruturas contendo peptídeo imobilizado NP-CAAA-BP100 e NP-

[Trz-β-A1]AAA-BP100 também apresentaram atividade antibacteriana. Ambas

nanobioestruturas de peptídeo mostraram atividade contra E. coli e S. aureus em

concentrações de nanopartículas menores que as apresentadas por NP-NH2 e NP-Cys. Além

disso, NP-CAAA-BP100 foi ativa inclusive sobre S. typhimurium na concentração de 5,6 g.L-

1/160 μmol.L

-1.

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4.3.4.2 Ensaio de atividade antifúngica

Os valores de MIC determinados no ensaio de atividade antifúngica estão

apresentados na Tabela 15 e serão discutidos a seguir.

Tabela 15 - Valores de MIC obtidos sobre leveduras (C. krusei e C. parapsilosis) para os peptídeos BP100,

CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 e para as nanopartículas em cada etapa de funcionalização até a

obtenção da NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100

Amostra MIC (g.L

-1/mol.L-

1)

C. Krusei C. parapsilosis

NP n.a. 16a

NP-OH 16a 16

a

NP-NH2 8a 2

a

NP-Cys 2a 0,25

a

NP-Cl 8a 1

a

NP-N3 16a 16

a

NP-CAAABP100 n.a. 11,2a/320

b

NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 0,26

a/20

b 0,07

a/5

b

BP100 40b 10

b

CAAA-BP100 40b 10

b

[Trz-β-A1]AAA-BP100 20

b 5

b

n.a.: não apresentou atividade biológica nas concentrações testadas.

a: Concentração em g.L

-1

b: Concentração em μmol.L

-1

Os peptídeos BP100 e CAAA-BP100 apresentaram mesmo valor de MIC sobre as

cepas de C. krusei e C. parapsilosis (40 μmol.L-1

e 10 μmol.L-1

, respectivamente). No

entanto, a presença do anel triazólico em [Trz-β-A1]AAA-BP100 intensificou a atividade

antifúngica dessa molécula, que mostrou menores valores de MIC sobre as mesmas cepas (20

μmol.L-1

e 5 μmol.L-1

, respectivamente). A atividade antifúngica relacionada à presença do

anel triazólico já é extensamente relatada na literatura (ZHOU; WANG, 2012; ZHANG et al.,

2014; DHEER; SINGH; SHANKAR, 2017) inclusive em associação a peptídeos

antimicrobianos (FERREIRA et al., 2015; JUNIOR et al., 2017). Muitos estudos apontam

para a capacidade da inibição da biossíntese do ergosterol, componente da membrana celular

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140

de fungos, causada pelos derivados triazólicos (RAUTENBACH; TROSKIE; VOSLOO,

2016).

Em alguma extensão todas as nanoestruturas de alumina sintetizadas apresentaram

atividade antifúngica. Jalal et al. (2016) e Shenashen et al. (2016) também sintetizaram e

verificaram atividade antifúngica em nanopartículas de alumina. As nanopartículas obtidas no

trabalho de Jalal et al. (2016) apresentaram diâmetro de aproximadamente 50 nm e foram

ativas sobre diversas espécies de Candida. Por microscopia eletrônica de transmissão de alta

resolução os autores verificaram que ocorre ancoramento das nanopartículas na superfície

celular e subsequente internalização de nanoestruturas menores nas células de leveduras,

acarretando em alterações morfológicas com ruptura de parede e membrana celulares e,

consequentemente, em morte celular.

No presente trabalho foi possível verificar que tanto as nanopartículas carregadas

positivamente (NP-NH2 e NP-Cys) quanto NP-Cl mostraram atividade sobre as espécies de

Candida testadas. Nitidamente a atividade de NP-Cys sobre as leveduras foi significativa

maior com valores de MIC obtidos sobre C. krusei e C. parapsilosis de 2 g.L-1

e 0,25 g.L-1

,

respectivamente.

Assim como verificado contra cepas bacterianas, a atividade antifúngica de NP-

CAAA-BP100 foi significativamente menor em comparação ao peptídeo CAAA-BP100 livre.

Porém, para a nanoestrutura ligada ao peptídeo através do anel triazólico (NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100) o valor de MIC contra as leveduras C. krusei (0,26 g.L

-1/20 μmol.L

-1) e C.

parapsilosis (0,07 g.L-1

/ 5 μmol.L-1

) foi menor do que o valor apresentado pelas

nanoestruturas intermediárias de ambas as rotas, NP, NP-OH, NP-NH2, NP-Cys, NP-Cl e NP-

N3 e o próprio peptídeo BP100. Neste senido, a presença do anel triazólico mesmo atuando

como ligante da porção inorgânica e peptídica em NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 também tem

papel fundamental na atividade antifúngica da nanobioestrutura.

4.3.5 Estudos biofísicos de interação com meios biomiméticos

Os estudos de CD e SPR foram realizados com o intuito de analisar o

comportamento estrutural e de interação dos peptídeos CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-

BP100 e das nanobioestruturas das rotas de síntese 2 e 3 na presença de LUV de POPC:POPG

(3:1) em tampão Tris-HCl a 10 mM, pH 8,5.

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4.3.5.1 Espectroscopia de dicroísmo circular

Através da espectroscopia de dicroísmo circular as preferências conformacionais

dos peptídeos, nanopartículas funcionalizadas e ligadas aos derivados peptídicos do BP100

foram investigadas em solução tampão e na presença de vesículas fosfolipídicas como meio

mimético de membrana. Foram coletados espectros de CD dos peptídeos livres CAAA-BP100

e [Trz-β-A1]AAA-BP100 para verificar se há alterações na conformação desses derivados ao

interagir com as membranas fosfolipídicas de POPC:POPG, em comparação com os

resultados de CD obtidos para o BP100 (item 4.2.5, pág. 115). Os espectros de CD dos

peptídeos CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 em solução tampão Tris-HCl pH 8,5 (FIG.

48A e C – espectros em preto, respectivamente) mostram uma banda negativa a cerca de 200

nm, que é típica de peptídeos em conformação desenovelada (SIANO et al., 2014). Na

presença de LUV POPC:POPG (3:1) os espectros de CD (FIG. 48A e C) revelaram que

ambos peptídeos adotam estrutura em α-hélice, caracterizado por um máximo em 193 nm e

dois mínimos em 208 nm e 222 nm. Aumentando-se a concentração de LUV, os espectros de

ambos os peptídeos revelam maiores intensidades nos sinais característicos de conformação

helicoidal. Mesmo na concentração de 125 mM de LUV POPC:POPG um perfil helicoidal

muito bem definido é reconhecido nos espectros dos peptídeos, uma vez que dois mínimos

são observados a 222 nm e 208 nm e um ponto máximo é observado a 193 nm. Curiosamente,

uma saturação na helicidade é alcançada mais rapidamente para proporções menores de LUV

POPC:POPG nas soluções que contêm o CAAA-BP100 quando comparado aos peptídeos

triazol. Contudo, as modificações realizadas na porção N-terminal de ambas cadeias

peptídicas (CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100) não causaram alteração significativa na

carga líquida positiva e tampouco gerado uma estrutura suficientemente longa para

possibilitar a formação de poros transmembrana modificando o mecanismo de ação do

BP100, uma vez que o perfil de estrutura secundária adotado pelos novos peptídeos é muito

semelhante ao apresentado pelo peptídeo antimicrobiano BP100, como pode ser visto na

segunda parte desse trabalho (FIG. 32A, pág. 116) e nos estudos apresentados por Manzini et

al. (2014).

Como esperado, devido à ausência de cadeias peptídicas, NP e todas as

nanopartículas funcionalizadas tanto para a rota 2 quanto para a rota 3 (NP-NH2, NP-Cys, NP-

Cl e NP-N3) não apresentaram quaisquer preferências conformacionais (FIG. 51B e 51D). Da

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142

mesma forma, os espectros de NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 em soluções

tampão Tris-HCl (FIG. 48B e D - espectros em azul claro em azul escuro - respectivamente)

revelam que a cadeia peptídica mostra uma conformação não definida, principalmente devido

à presença de uma banda positiva intensa próximo a 205 nm. Por outro lado, é observado um

aumento significativo na estabilidade estrutural para as moléculas peptídicas ligadas às

nanopartículas na presença de vesículas de fosfolipídeos, novamente caracterizando a

formação de conformações helicoidais das cadeias peptídicas (FIG. 48B e D - espectros em

rosa). Estes resultados demonstram que a presença dos resíduos Ala-2, Ala-3 e Ala-4

fornecem um espaçamento adequado entre a superfície da nanopartícula e a cadeia peptídica

de BP100 permitindo que esta interaja efetivamente com as membranas fosfolipídicas

conservando a conformação em α-hélice (COSTA et al., 2011).

Figura 48 - Espectros de dicroísmo circular dos peptídeos CAAA-BP100 (A) e [Trz-β-A1]AAA-BP100 (B) e

das nanopartículas em cada etapa de funcionalização da rota 2 (C) e da rota 3 (D) em tampão Tris-HCl,

pH 8,5, e na presença de LUVs POPC:POPG (3:1) (1 mM para as nanopartículas).

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Dessa forma, a espectroscopia de CD mostrou que ambos os peptídeos adotam

conformações -helice em ambientes de membrana, mesmo quando ligados às nanoestruturas.

Portanto, as interações peptídeo-membrana desempenham um papel crucial na estabilidade da

conformação -helicoidal ativa de todas as espécies. Isto foi observado anteriormente para

nanopartículas contendo o peptídeo EAAA-BP100 (FIG. 32C – espectros em vermelho e em

preto, pág. 120) ligado pela cadeia lateral do ácido glutâmico (TORRES et al., 2018). Diante

disso, podemos afirmar que os novos modelos de ligação não prejudicam a interação

peptídeo-membrana, como visto pelos resultados da atividade antimicrobiana, que se manteve

presente mesmo com a imobilização dos novos derivados em nanopartículas de alumina.

4.3.5.2 Ressonância plasmônica de superfície

A SPR foi utilizada a fim de investigar as interações peptídeo-membrana em

experimentos que avaliaram a afinidade dos peptídeos livres (CAAA-BP100 e [Trz-β-

A1]AAA-BP100) e de todas as nanopartículas envolvidas nas rotas 2 e 3 com LUV de

POPC:POPG (3:1). Os sensogramas da interação de todas as espécies citadas com as

bicamadas lipídicas de POPC:POPG são mostrados na Figura 49. Após a injeção de LUV de

POPC:POPG sobre o chip de SiO2 há a formação da bicamada fosfolipídica (HAN et al.,

2008) que é caracterizada pelo aumento do sinal de ressonância em 5 min até sua

estabilização em 20 min. Observa-se que as curvas para as nanopartículas sem peptídeo ligado

(NP, NP-NH2, NP-Cys, NP-Cl e NP-N3) apresentam baixo grau de interação, uma vez que a

intensidade do sinal da RU retorna a valores muito próximos aos observados para a bicamada

lipídica em tempos acima de 45 min (HALL; MOZSOLITS; AGUILAR, 2003). No entanto, a

intensidade do sinal da RU atingida para NP-NH2 e NP-Cys é relativamente maior do que as

intensidades observadas para NP, NP-Cl e NP-N3. Este resultado pode estar associado a maior

atração eletrostática com as membranas fosfolipídicas aniônicas das nanoestruturas de NP-

NH2 e NP-Cys, cujos valores de potencial zeta foram pronunciadamente positivos (+30,54 e

+23,02, respectivamente), enquanto para as demais (NP, NP-Cl e NP-N3) estes valores foram

negativos ou próximo a zero (-0,76, -13,78 e -16,44, respectivamente). Além disso, a maior

interação de NP-NH2 e NP-Cys com LUV de POPC:POPG confirmada pelo SPR está de

acordo com a atividade antibacteriana observada para essas estruturas, não verificada para as

NP, NP-Cl e NP-N3.

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Figura 49 - Sensogramas de interações com bicamada lipídica de NP, suas formas derivadas e peptídeos

livres medidas por SPR. Curvas obtidas para as espécies envolvidas nas etapas de funcionalização da rota

2 (A) e da rota 3 (B). C e D mostram curvas obtidas em diversas concentrações de peptídeo para NP-

CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100, respectivamente. Em (E) estão apresentadas as curvas para

determinação dos valores de Ka.

Por outro lado, os sensogramas de nanopartículas contendo peptídeo exibem

intensidade de sinal de RU elevada mesmo após o final da injeção da amostra (~45 min). Os

sensogramas dos peptídeos CAAA-BP100 e [Trz-β-A1]AAA-BP100 (FIG. 49A e B - curvas

em rosa) também foram obtidos para comparar a interação peptídeo-membrana da cadeia livre

e ligada às nanoestruturas de alumina. As curvas de NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-

BP100 revelaram intensidade do sinal de RU um pouco menor em relação aos peptídeos não

imobilizados, contudo com valores muito superiores aos apresentados pelas NPs sem

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peptídeo. Este resultado concorda com os valores de MIC obtidos nos ensaios antibacterianos

(TAB. 14, pág. 138) para as nanoestruturas NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 e

os respectivos peptídeos livres, pois foram determinados menores valores de MIC para os

peptídeos livres em comparação com as nanobioestruturas peptídicas.

Diante desses resultados, pode-se afirmar que mesmo ligadas às nanopartículas, as

cadeias peptídicas de NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 estão disponíveis para

a interação com a superfície da bicamada fosfolipídica de POPC:POPG. Assim sendo, as

constantes de associação (Ka) das nanoestruturas contendo peptídeo foram obtidas com o

objetivo de avaliar a interação peptídeo-membrana de NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100 com POPC:POPG (FIG. 49E). Os sensogramas registrados em diferentes

concentrações das nanobiestruturas peptídicas (FIG. 49C e D) confirmam as interações

peptídeo-membrana uma vez que a intensidade do sinal da UR aumenta em função da

concentração do peptídeo (PAPO; SHAI, 2003). Os sensogramas da ligação entre NP-CAAA-

BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 com as bicamadas lipídicas negativas são semelhantes

entre si. Estes resultados são fortemente apoiados pelos experimentos de CD, uma vez que o

perfil helicoidal observado para esses peptídeos derivados do BP100 também foi semelhante.

Os valores de Ka obtidos para NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 foram muito

próximos (6200±250 e 6900±180, respectivamente) e demonstram uma intensidade moderada

da interação dos peptídeos com bicamada fosfolipídica, comparável com outros PAM já

desritos na literatura e cujos mecanismo de ação basem-se na perturbação da membrana

bacteriana (KAMIMORI et al., 2005; LOMBARDI et al., 2017).

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147

5 CONCLUSÕES

O trabalho apresenta três diferentes estratégias de síntese para obtenção de

nanobioestruturas de alumina contendo o peptídeo antimicrobiano BP100. As metodologias

empregadas para realizar a ligação entre o peptídeo e a superfície da nanopartícula foram

investigadas e caracterizadas, mostrando-se adequadas para obtenção de uma ligação

covalente entre o óxido e a estrutura orgânica. Embora todas as estratégias de funcionalização

tenham sido eficientes para obtenção dos nanobiomateriais, a reação de cicloadição catalisada

por cobre (I) resultou no maior grau de funcionalização de peptídeo (TAB. 16).

Os aspectos físico-químicos e morfológicos dos materiais obtidos foram

caracterizados por diferentes técnicas analíticas. As nanopartículas de alumina não

funcionalizadas e após imobilização do peptídeo apresentaram estruturas de nanofilamentos

muito semelhantes. No entanto, verificou-se que as propriedades físico-químicas e biológicas

foram significativamente alteradas.

Tabela 16 - Grau de imobilização e valores de MIC obtidos para as nanoestruturas NP-EAAA-BP100,

NP-CAAA-BP100 e NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100 contra cepas de bactérias (E. coli, S. typhimurium e S.

aureus) e leveduras (C. krusei e C. parapsilosis)

MIC (g.L-1

/μmol.L-1

)

Amostra Grau de imobilização

(mmol.g-1

)

Ensaio antibacteriano Ensaio antifúngico

S.

aureus

E.

coli

S.

typhimurium

C.

Krusei

C.

parapsilosis

NP-EAAA-

BP100 0,0455 ± 0,0324 0,26

a/20

b 0,13

a/10

b 0,26

a/20

b n.a. 1,03

a/80

b

NP-CAAA-

BP100 0,0160 ± 0,0106 5,6

a/160

b 2,8

a/80

b 5,6

a/160

b n.a. 11,2

a/320

b

NP-[Trz-β-

A1]AAA-BP100

0,0705 ± 0,0198 1,05a/80

b 1,05

a/80

b n.a. 0,26

a/20

b 0,07

a/5

b

n.a.: não apresentou atividade biológica nas concentrações testadas.

a: Concentração em g.L

-1

b: Concentração em μmol.L

-1

As nanopartículas de alumina contendo os peptídeos apresentaram maior

atividade antimicrobiana quando comparadas às nanopartículas de alumina pura. Dentre as

três nanobioestruturas sintetizadas NP-EAAA-BP100 foi a que apresentou melhor atividade

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sobre as cepas bacterianas testadas. A nanobioestrutura com melhor potencial antifúngico foi

NP-[Trz-β-A1]AAA-BP100, o que pode estar relacionado a presença do anel triazólico,

reconhecidamente como um agente inibidor da biossíntese do ergosterol responsável pela

estabilidade da membrana de fungos. Essa nanobioestrutura também mostrou potencial

antimicrobiano

As metodologias sintéticas aqui propostas abrem novas possibilidades para o

desenvolvimento de diferentes nanobiomateriais, que podem ser obtidos através da ligação de

outros peptídeos a diferentes estruturas de alumina. Espera-se que investigações adicionais

possam levar a materiais com um potencial biológico ainda mais amplo. Um ponto importante

a ser abordado é a aplicação desses nanomateriais associados a suportes poliméricos para uso

em implantes ortopédicos ou ortodônticos, a fim de aumentar a regeneração óssea e, ao

mesmo tempo, prevenir a rejeição causada em consequência de infeções microbianas.

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167

ANEXO I

Estrutura química de alguns fosfolipídeos

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169

ANEXO II

Tabela 17 - Estrutura química dos 20 aminoácidos essenciais

Aminoácido

Abreviatura

(Símbolo)

Estrutura química

Aminoácido

Abreviatura

(Símbolo)

Estrutura química

Alanina

Ala

(A)

O

NH3

+

CH3 O

-

Arginina

Arg

(R)

NH

O

NH

NH2

NH3

+O

-

Asparagina Asn

(N)

O

O

NH2

NH3

+O

-

Ácido Aspártico

Asp

(D)

O-OH

NH3

+O

O

Cisteína

Cys

(C)

O

NH3

+SH O

-

Ácido

Glutâmico

Glu

(E)

O O

O-

OH

NH3

+

Valina

Val

(V)

O

NH3

+

CH3

CH3

O-

Glutamina

Gln

(Q)

O

O

NH2

NH3

+O

-

Glicina

Gly

(G)

O

NH3

+

O-

Histidina

His

(H)

O

NH3

+

N

NH

O-

Isoleucina

Ile

(I)

O

NH3

+

CH3

CH3 O

-

Tirosina

Tyr

(Y)

O

NH3

+

OH

O-

Leucina

Leu

(L)

O

NH3

+

CH3

CH3

O-

Lisina

Lys

(K)

O

NH3

+

NH2 O

-

Prolina

Pro

(P)

O

NH

2+

O-

Metionina

Met

(M)

O

NH3

+

SCH

3O

-

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170

Serina

Ser

(S)

O

NH3

+OH O

-

Fenilalanina

Phe

(F)

O

NH3

+O

-

Treonina

Thr

(T)

O

NH3

+OH

CH3

O-

Triptofano

Trp

(W)

O

NH3

+

NH

O-

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171

ANEXO III

Tabelas de íons fragmento das séries b e y determinados térica e experimentalmente

para os peptídeos BP100, EAAA-BP100, CAAA-BP100, [Pra]GAAA-BP100 e [Trz-β-

A1]AAA-BP100

Tabela 18 - Íons fragmento das séries b e y do peptídeo BP100 – Massa monoisotópica: 1419,959.

Série b Série y

íon Sequência Teórico Observado íon Sequência Teórico Observado b1 K- 129,092 129,16 y1 -L 132,100 n.o. b2 KK- 257,187 257,35 y2 -YL 295,163 n.o.

b3 KKL- 370,271 370,49 y3 -KYL 423,258 422,50

b4 KKLF- 517,339 517,64 y4 -LKYL 536,342 535,64

b5 KKLFK- 645,434 645,72 y5 -ILKYL 649,426 n.o. b6 KKLFKK- 773,529 773,75 y6 -KILKYL 777,521 776,76

b7 KKLFKKI- 886,613 886,81 y7 -KKILKYL 905,616 905,71

b8 KKLFKKIL- 999,697 999,84 y8 -FKKILKYL 1052,685 1052,85

b9 KKLFKKILK- 1127,792 1127,90 y9 -LFKKILKYL 1165,769 1164,87

b10 KKLFKKILKY- 1290,856 1290,81 y10 -KLFKKILKYL 1293,864 1293,15

KKLFKKILKYL 1403,940 1403,67 KKLFKKILKYL 1420,959 1420,98

n.o.: não observado

Tabela 19 - Íons fragmento das séries b e y do peptídeo EAAA-BP100 – Massa monoisotópica: 1762,113.

Série b Série y

íon Sequência Teórico Observado íon Sequência Teórico Observado

b1 E- 130,0393 129,13 y1 -L 132,1 n.o.

b2 EA- 201,0763 200,24 y2 -YL 295,163 n.o. b3 EAA- 272,1133 272,26 y3 -KYL 423,258 422,43

b4 EAAA- 343,1503 343,28 y4 -LKYL 536,342 n.o.

b5 EAAAK- 471,2453 470,45 y5 -ILKYL 649,426 n.o.

b6 EAAAKK- 599,3403 599,55 y6 -KILKYL 777,521 776,84

b7 EAAAKKL- 712,4253 712,68 y7 -KKILKYL 905,616 904,96

b8 EAAAKKLF- 859,4933 859,86 y8 -FKKILKYL 1052,685 1052,05

b9 EAAAKKLFK- 987,5883 987,94 y9 -LFKKILKYL 1165,769 1165,12

b10 EAAAKKLFKK- 1115,683 1116,04 y10 -KLFKKILKYL 1293,864 1293,14

b11 EAAAKKLFKKI- 1228,767 1229,07 y11 -KKLFKKILKYL 1421,959 n.o.

b12 EAAAKKLFKKIL- 1341,851 1342,03 y12 -AKKLFKKILKYL 1492,996 n.o.

b13 EAAAKKLFKKILK- 1469,946 1469,99 y13 -AAKKLFKKILKYL 1564,033 n.o. b14 EAAAKKLFKKILKY- 1633,009 1633,38 y14 -AAAKKLFKKILKYL 1635,07 1634,47

EAAAKKLFKKILKYL 1746,094 n.o. -EAAAKKLFKKILKYL 1763,113 1763,10

n.o.: não observado

Tabela 20 - Íons fragmento das séries b e y do peptídeo CAAA-BP100 – Massa monoisotópica: 1736,079.

Série b Série y

íon Sequência Teórico Observado íon Sequência Teórico Observado b1 C- 104,006 n.o. y1 -L 132,116 n.o.

b2 CA- 175,043 174,92 y2 -YL 295,179 n.o.

b3 CAA- 246,080 245,87 y3 -KYL 423,274 421,95

b4 CAAA- 317,117 316,89 y4 -LKYL 536,358 535,02

b5 CAAAK- 445,212 444,86 y5 -ILKYL 649,442 n.o. b6 CAAAKK- 573,307 572,97 y6 -KILKYL 777,537 776,19

b7 CAAAKKL- 686,391 686,06 y7 -KKILKYL 905,632 904,28

b8 CAAAKKLF- 833,460 833,15 y8 -FKKILKYL 1052,701 1051,29

b9 CAAAKKLFK- 961,555 961,19 y9 -LFKKILKYL 1165,785 1164,29

b10 CAAAKKLFKK- 1089,650 1089,25 y10 -KLFKKILKYL 1293,88 1292,21

b11 CAAAKKLFKKI- 1202,734 1202,23 y11 -KKLFKKILKYL 1421,975 n.o.

b12 CAAAKKLFKKIL- 1315,818 1315,2 y12 -AKKLFKKILKYL 1493,012 1491,21

b13 CAAAKKLFKKILK- 1443,913 1443,06 y13 -AAKKLFKKILKYL 1564,049 n.o. b14 CAAAKKLFKKILKY- 1606,976 1606,45 y14 -AAAKKLFKKILKYL 1635,086 n.o.

CAAAKKLFKKILKYL 1720,060 1720,16 CAAAKKLFKKILKYL 1737,079 1737,23

n.o.: não observado

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172

Tabela 21 - Íons fragmento das séries b e y do peptídeo do peptídeo [Pra]GAAA-BP100 – Massa

monoisotópica: 1729,114.

Série b Série y

íon Sequência Teórico Observado íon Sequência Teórico Observado b1 [Pra]G- 97,041 n.o. y1 -L 132,116 n.o.

b2 [Pra]GA- 168,078 168,22 y2 -YL 295,179 n.o. b3 [Pra]GAA- 239,115 239,31 y3 -KYL 423,274 422,43

b4 [Pra]GAAA- 310,152 310,33 y4 -LKYL 536,358 535,53

b5 [Pra]GAAAK- 438,247 437,44 y5 -ILKYL 649,442 650,68

b6 [Pra]GAAAKK- 566,342 566,69 y6 -KILKYL 777,537 776,90

b7 [Pra]GAAAKKL- 679,426 679,83 y7 -KKILKYL 905,632 905,03

b8 [Pra]GAAAKKLF- 826,495 826,92 y8 -FKKILKYL 1052,701 1052,08

b9 [Pra]GAAAKKLFK- 954,590 954,97 y9 -LFKKILKYL 1165,785 1165,13

b10 [Pra]GAAAKKLFKK- 1082,69 1083,14 y10 -KLFKKILKYL 1293,880 1293,15

b11 [Pra]GAAAKKLFKKI- 1195,77 1196,06 y11 -KKLFKKILKYL 1421,975 1420,89

b12 [Pra]GAAAKKLFKKIL- 1308,85 1309,19 y12 -AKKLFKKILKYL 1493,012 n.o.

b13

[Pra]GAAAKKLFKKILK-

1436,94

8 1437,04

y13

-AAKKLFKKILKYL 1564,049 1563,32 b14

[Pra]GAAAKKLFKKILKY-

1600,01

1 1600,25

y14

-AAAKKLFKKILKYL 1635,086 n.o.

[Pra]GAAAKKLFKKILKYL

1713,09

5 1713,13

[Pra]GAAAKKLFKKILKYL 1731,130 1730,21

n.o.: não observado

Tabela 22 - Íons fragmento das séries b e y do peptídeo do peptídeo [Trz-β-A1]AAA-BP100 – Massa

monoisotópica: 1771,124.

Série b Série y

íon Sequência Teórico Observado íon Sequência Teórico Observado b1 [Trz-β-A

1]- 139,051 n.o. y1 -L 132,116 n.o.

b2 [Trz-β-A1]A- 210,088 2010,24 y2 -YL 295,179 n.o.

b3 [Trz-β-A1]AA- 281,125 281,23 y3 -KYL 423,274 422,45

b4 [Trz-β-A1]AAA- 352,162 352,30 y4 -LKYL 536,358 535,56

b5 [Trz-β-A1]AAAK- 480,257 n.o. y5 -ILKYL 649,442 n.o.

b6 [Trz-β-A1]AAAKK- 608,352 608,56 y6 -KILKYL 777,537 776,81

b7 [Trz-β-A1]AAAKKL- 721,436 721,70 y7 -KKILKYL 905,632 906,01

b8 [Trz-β-A1]AAAKKLF- 868,505 868,94 y8 -FKKILKYL 1052,701 n.o.

b9 [Trz-β-A1]AAAKKLFK- 996,600 997,12 y9 -LFKKILKYL 1165,785 1165,96

b10 [Trz-β-A1]AAAKKLFKK- 1124,695 1125,03 y10 -KLFKKILKYL 1293,880 1293,88

b11 [Trz-β-A1]AAAKKLFKKI- 1237,779 1238,04 y11 -KKLFKKILKYL 1421,975 1421,90

b12 [Trz-β-A1]AAAKKLFKKIL- 1350,863 1351,09 y12 -AKKLFKKILKYL 1493,012 1492,73

b13 [Trz-β-A

1]AAAKKLFKKILK- 1478,958 1478,96

y13 -AAKKLFKKILKYL 1564,049

1564,00

b14 [Trz-β-A

1]AAAKKLFKKILKY- 1642,021 1641,94

y14 -AAAKKLFKKILKYL 1635,086

n.o.

[Trz-β-A

1]AAAKKLFKKILKYL 1755,105 1756,21

[Trz-β-A

1]AAAKKLFKKILKYL 1772,124 1772,26

n.o.: não observado

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173

ANEXO IV

Espectroscopia por UV para confirmação do grau de substituição da resina Rink®

amida

0,79 mmol.g-1

O coeficiente de absortividade molar para o aduto dibenzofulveno-piperidina, no

comprimento de onda de 301 nm (pico de absorção envidenciado na Figura 50A),

determinado por Eissler et al. (2017) foi de 8021 L.mol-1

cm-1

. A leitura de absorbância, após

diluição 1:10 do sobrenadante recolhido após reação de desproteção da resina, forneceu valor

de 0,6941. Utilizando esses resultados e os demais dados (abaixo relacionados) para a

realização do experimento, calculou-se o grau de substituição da resina através da equação

fornecida no artigo de Eissler et al. (2017):

E301 nm = 0,6941 (absorbância)

V = 10 mL = 0,01 L

D = 10

I = 1 cm

ε301 nm = 8021 L.mol-1

cm-1

Mresina = 10,7 mg

SFmoc (mmol.g-1

) = [(E301 nm . V . D) / (I . ε301 nm . mresina)] . 106

SFmoc (mmol.g-1

) = [(0,6941. 0,01 . 10) / (1 . 8021 . 10,7)] . 106

Sfmoc = 0,8087 mmol.g-1

Diante do resultado obtido (0,8087 mmol.g-1

) concluiu-se que o grau de

funcionalização da resina Rink® amida indicado pelo fornecedor (0,79 mmol.g

-1) é confiável.

Sendo assim, a curva analítica, empregada para determinar o grau de funcionalização das

nanopartículas de alumina com aminoácidos e os derivados peptídicos, pôde ser elaborada

utilizando o produto de desproteção da resina Rink® amida 0,79 mmol.g

-1. Então foram

realizadas diluições da solução obtida pela desproteção da resina polimérica para confecção

da curva (FIG. 50B). A concentração das alíquotas utilizadas na elaboração da curva analítica

e o valor de absorbância obtido pela leitura em 301 nm estão relacionados na Tabela 23. Vale

ressaltar a importância de refazer a curva analítica a cada 30 dias, caso fosse necessário

quantificar nova formulação de nanopartículas.

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174

Figura 50 – Em (A) espectro de UV evidenciando pico de absorção do aduto dibenzofulveno-piperidina em

301 nm. Em (B) curva analítica obtida com o aduto dibenzofulveno-piperidina (produto de desproteção da

resina Rink®

amida 0,79 mnmol.g-1

) em PIPE/DMF 1:20 (v:v).

A curva analítica obtida (FIG. 50B) apresentou faixa linear de 0,0027 mM a

0,1275 mM e R = 0,99. Na parte superior direita do gráfico está apresentada a equação da

reta.

Tabela 23 - Concentrações das alíquotas obtidas pela desproteção da resina Rink®

amida 0,79 mmol.g-1

utilizadas na elaboração da curva analítica e os respectivos valores de absorbância obtidos pela leitura em

UV a 301 nm.

Concentração (mM) Absorbância λ 301 nm

0,0027 0,0397

0,0053 0,0569

0,0106 0,0994

0,0213 0,1837

0,0425 0,3579

0,0850 0,6897

0,1275 1,0160