universidade federal dos vales do jequitinhonha e...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
Laís Matos e Oliveira
PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE GRUPOS GENÉTICOS DE BOVINOS DE CORTE
NO CERRADO
Diamantina
2016
Laís Matos e Oliveira
PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE GRUPOS GENÉTICOS DE BOVINOS DE
CORTE NO CERRADO
Dissertação apresentada à Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, para obtenção do título de Magister
Scientiae.
Orientador: Dsc. Severino Delmar Junqueira Villela
Coorientador: Dsc. Fabiana Villa Alves
Diamantina
2016
Ficha Catalográfica Serviço de Bibliotecas/UFVJM
Bibliotecário Rodrigo Martins Cruz – CRB-6/2886
O48p
2016
Oleiveira, Laís Matos e.
Parâmetros fisiológicos de grupos genéticos de bovinos de corte no cerrado / Laís
Matos e Oleiveira. – Diamantina, 2016.
56 p. : il., tabs.
Orientador: Prof. Dr. Severino Delmar Junqueira Villela.
Coorientadora: Fabiana Villa Alves.
Dissertação (Mestrado) – Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, 2016.
1. Frequência cardíaca. 2. Frequência respiratória. 3. Taxa de sudação. 4.
Temperatura retal. 5. Coloração de pele. 6. Coloração de pelo. I. Villela, Severino
Delmar Junqueira. II. Alves, Fabiana Villa. III. Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri. Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. IV. Título.
CDD 636.2
A Deus, pelo dom da vida.
Aos meus pais João Elísio e Rita de Cássia, pelo amor e apoio incondicionais.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente ao Deus vivo que me deu a vida e me guarda desde sempre.
Aos meus pais, João e Rita pelo amor e apoio incondicionais.
Aos meus irmãos e sobrinhos pelas conversas e risadas.
Ao meu namorado Pedro pela companhia, apoio e carinho.
A todos meus familiares, família está no coração de Deus que é a base de tudo.
À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri pela oportunidade de
aprendizado.
Ao professor Dsc. Severino Delmar Junqueira Villela por abraçar minha causa, pela
orientação, confiança e pelo exemplo de conduta profissional.
À Embrapa Gado de Corte e Dsc. Fabiana Villa Alves por abrir as portas e passar todo
conhecimento necessário à execução do projeto.
Ao Dsc. Gilberto Romeiro pelo apoio nas coletas de dados e estatística do experimento.
Ao Dsc. Rodrigo Gomes e Dsc. Marina Bonin pelo apoio durante as coletas de dados.
À Dsc. Cinara Siqueira Carvalho pelo apoio e ensinamentos durante a graduação e agora no
mestrado.
Ao Pós Doutorando da UFVJM Paulo Martins pelo auxílio na escrita e correções.
Aos técnicos de campo e campeiros da Embrapa, em especial ao Odivaldo, Tião, Dimas e Sr.
Samuel.
Aos orientados do grupo ILPF Embrapa pelo auxílio.
Aos meus professores de graduação da Unimontes por formarem a minha base e aos quais
serei eternamente grata, em especial meu orientador Dsc. Vicente Ribeiro Rocha Júnior e aos
amigos e professores Dsc. Maria Dulcineia, Fredson Vieira, Laura, Eleuza, João Paulo e
Hélida.
À todos os professores do Departamento de Zootecnia.
À Elizângela funcionária do DZO na UFVJM pela disposição em ajudar SEMPRE.
À todos da pensão da TUIUIÚ, em Campo Grande pelas conversas, churrascos, ajuda na
coleta de dados e fins de semana em companhia.
As colegas de república Raquel, Bárbhara, Nathále, Renata, Jéssica e Emanuelle.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudo.
À Embrapa, Fundect e CNPq pela concessão de recursos para realização do experimento.
À todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
“Eis que, já hoje, sigo pelo caminho de todos os da terra; e vós bem sabeis de todo o vosso
coração e de toda a vossa alma que nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras
que falou de vós o SENHOR, vosso Deus; todas vos sobreviveram, nem uma delas falhou.”
Josué 23:14
RESUMO
Objetivou-se com este estudo avaliar as características fisiológicas de diferentes grupos
genéticos mantidos no cerrado. Foram avaliados 48 bovinos de corte criados em sistema
precoce para abate aos 24 meses, sendo seis machos e seis fêmeas de cada grupo genético
(Nelore, ½ Nelore x ½Caracu, ¾ Caracu x ¼ Nelore, ¼ Angus x ¼ Nelore x ½Caracu). Os
parâmetros fisiológicos taxa de sudação (TS), frequência cardíaca (FC), frequência
respiratória (FR), temperatura retal (TR), temperatura da superfície corporal (TSC) foram
obtidos entre 07:00 e 12:00h. Foram avaliados o comprimento, número de pelos por unidade
de área, densidade de massa dos pelos e diâmetro médio dos pelos. A coloração do pelo e pele
foram avaliadas por meio da Tabela Padrão e do colorímetro MniScan XE Plus. O
delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial com seis
repetições. Foi utilizado o procedimento GLM do SAS, adotando-se para comparação de
médias o teste t com nível de significância de 5%. O NEL apresentou maior FR seguido pelo
½NCAR. A FC foi maior no verão. A TS foi maior no verão em relação ao outono. A TR foi
maior no ½NCAR, seguido pelo ¾CAR, sendo a menor TR observada no NEL e TRI. Houve
correlação positiva entre a temperatura do olho e a temperatura retal. Os pelos do dorso e
garupa foram mais compridos no outono, e, em relação ao sexo, maiores nas fêmeas. O
comprimento dos pelos na garupa foi maior no TRI, seguido pelo ¾CAR, NEL e ½NCAR. O
diâmetro dos pelo do dorso foi maior para o ½NCAR, seguido pelo ¾CAR, TRI e NEL. O
número de pelos na garupa foi maior número no verão. Os pelos do dorso foram mais
inclinados no ½NCAR, seguidos pelo ¾CAR, NEL e TRI. No verão, os pelos do dorso
permaneceram mais inclinados, e, em relação ao sexo, os machos tiveram maior inclinação no
dorso e garupa. A densidade dos pelos no dorso e garupa foi maior no outono. Os pelos da
garupa foram mais densos no ½NCAR, seguidos do ¾CAR, TRI e NEL. A EC no dorso foi
maior no TRI, seguida pelo NEL, ¾CAR e ½NCAR. Entre os sexos a EC foi maior nas
fêmeas. A EC na garupa foi maior no TRI, seguida pelo ¾CAR, NEL e ½NCAR. Os pelos
tanto do dorso quanto da garupa foram mais claros no NEL. Os pelos mais escuros no dorso
foram observados no TRI e na garupa no ¾CAR. O grupo genético que demonstrou maior
adaptação à criação no Cerrado foi o NEL seguido do ½NCAR.
Palavras chave: Frequência cardíaca. Frequência respiratória. Taxa de sudação. Temperatura
retal. Coloração de pele. Coloração de pelo.
ABSTRACT
The objective with this study was to evaluate the physiological characteristics of different
genetic groups maintained in the savannah. Thirty-eight beef cattle raised in a system to be
slaughter at 24 months of age were evaluated, with six males and six females of each genetic
group (Nellore; ½ Nellore x ½ Caracu; ¾ Caracu x ¼ Nellore; and ¼ Angus x ¼ Nellore x ½
Caracu). Sweating rate (SR), heart rate (HR), respiratory rate (RR), rectal temperature (RT)
and body surface temperature (BST) were obtained between 07:00 and 12:00. Length, number
of furs per unit area, mass density of the fur, and the average furs diameter were assessed. Fur
and skin coloring were evaluated using the Standard Table and the MniScan XE Plus
colorimeter. The experimental design was the completely randomized in a factorial scheme
with six replicates. The GLM procedure of SAS was used, adopting the t test for mean
comparison with significance level of 5%. The NEL presented higher RR followed by ½
NCAR. The HR was higher in the summer. The SR was greater in the summer compared with
the autumn. The RT was higher in the ½NCAR, followed by ¾CAR, with the lower RT
observed in NEL and TRI. There was a positive correlation between eye temperature and
rectal temperature. The furs of the dorsum and rump were longer in the autumn, and, in
relation to sex, larger in females. The fur length on the rump was longer in TRI, followed by
¾CAR, NEL and ½NCAR. The fur diameter on the dorsum was larger for ½NCAR, followed
by ¾CAR, TRI and NEL. The number of furs on the rump was higher in the summer. The
furs on the dorsum were more inclined in ½NCAR, followed by ¾CAR, NEL, and TRI. In the
summer, the furs on the dorsum remained more leaned, and, in relation to sex, the males have
a higher inclination on the dorsum and rump. Fur density on the dorsum and rump was higher
in autumn. The furs of the rump were denser in ½NCAR, followed by ¾CAR, TRI, and NEL.
The EC on the dorsum was higher in TRI, followed by NEL, ¾ CAR, and ½NCAR. Among
the sexes, the EC was higher in females. The EC on the rump was higher in TRI, followed by
¾ CAR, NEL and ½NCAR. The furs on both dorsum and rump were clearer in the NEL. The
darker furs on the dorsum were observed on TRI and on the rump on ¾ CAR. The genetic
group that demonstrated the greatest adaptation to the raising in the savannah was NEL
followed by ½NCAR.
Key words: Fur coloring. Heart rate. Rectal temperature. Respiratory rate. Skin coloring.
Sweating rate.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Instrumentos ............................................................................................................ 27
Figura 2 - Frequências cardíaca e respiratória .......................................................................... 28
Figura 3 - Temperatura superficial ........................................................................................... 29
Figura 4 - Lâminas .................................................................................................................... 30
Figura 5 - Amostra de pelos ..................................................................................................... 31
Figura 6 - Avaliação da coloração ............................................................................................ 32
Figura 7 - Avaliação do colorímetro......................................................................................... 33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Microclima e índices de conforto térmico nas diferentes estações em que os
animais foram avaliados ........................................................................................ 35
Tabela 2 - Médias e erro padrão das variáveis fisiológicas dos diferentes grupos genéticos em
duas estações e por sexo ........................................................................................ 35
Tabela 3 - Correlações dos parâmetros fisiológicos ................................................................. 36
Tabela 4 - Microclima e índices de conforto térmico ao longo do ano .................................... 36
Tabela 5 - Média e erro padrão das características morfológicas dos pelos do dorso e garupa
dos diferentes grupos genéticos em duas estações e por sexo ............................... 38
Tabela 6 - Média para coloração do pelo utilizando como referência a tabela e o colorímetro
em diferentes grupos genéticos para duas estações e por sexo .............................. 39
Tabela 7 - Média para coloração de pele utilizando como referência a tabela e o colorímetro
em diferentes grupos genéticos para duas estações e por sexo .............................. 40
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
½NCAR ½ Nelore x ½ Caracu
¾CAR ¾ Caracu x ¼ Nelore
BPM Batimentos por minuto
CTR Carga térmica radiante
FC Frequência cardíaca
FR Frequência respiratória
GG Grupo genético
ITGU Índice de temperatura de globo e midade
ITU Índice de temperatura e umidade
NEL Nelore
PE Pele
PO Pelo
TR Temperatura retal
TRI ¼ Angus x ¼ Nelore X ½Caracu
TS Taxa de sudação
TSC Temperatura de superfície corpora
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 13
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................................... 15
2.1 Produção de carne no Brasil ........................................................................................................ 15
2.2 Raças puras e seus cruzamentos .................................................................................................. 15
2.3 Influências do clima tropical na produção animal ..................................................................... 18
2.4 Parâmetros fisiológicos ................................................................................................................. 20
2.5 Características de pelame ............................................................................................................. 22
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................. 25
3.1 Local ............................................................................................................................................... 25
3.2 Período experimental e animais ................................................................................................... 25
3.3 Manejo experimental .................................................................................................................... 25
3.4 Índices microclimáticos................................................................................................................. 26
3.5 Parâmetros fisiológicos ................................................................................................................. 27
3.6 Temperatura de superfície corporal (TSC) ................................................................................ 28
3.7 Taxa de sudação (TS) .................................................................................................................... 29
3.8 Avaliação tricológica ..................................................................................................................... 30
3.9 Avaliação da cor ............................................................................................................................ 31
3.10 Delineamento experimental ........................................................................................................ 33
3.11 Análise estatística ........................................................................................................................ 33
4 RESULTADOS ................................................................................................................................. 35
5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................................... 41
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 49
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 51
13
1 INTRODUÇÃO
O Brasil ocupa lugar de destaque na produção e exportação mundial de carne
bovina, sendo o segundo maior produtor e o maior exportador mundial desse produto (USDA,
2012). Só de janeiro a abril de 2016 foram exportados 480.000 toneladas de produtos cárneos,
12% a mais que o mesmo período de 2015 (ABIEC, 2016).
Grande parte destes animais é criada em ambientes de bioma cerrado, segundo
maior bioma brasileiro (depois da Amazônia) com pouco mais de 200 milhões de hectares
abrigando um rico patrimônio de recursos naturais renováveis adaptados às duras condições
climáticas, edáficas e hídricas (KLINK, et al., 2005).
O cerrado é caracterizado pelo clima tropical sazonal, de inverno seco. A
temperatura média anual é de 24ºC, sendo que na primavera e no verão a temperatura pode
chegar aos 40°C, já no inverno caem para 12°C. As serras e planaltos altos de Minas Gerais,
Goiás e Mato Grosso do Sul experimentam sensíveis quedas de temperatura, inclusive geadas,
caracterizando áreas de clima tropical de altitude. A média de chuvas anual fica em torno de
1.300 a 1.700 mm, a maior parte concentrada nos meses de outubro a março. Entre maio e
setembro ocorre a estação seca, com os meses de julho a agosto apresentando baixa umidade
relativa do ar, podendo ficar entre 15% e 30%. No cerrado não costuma ventar muito, o vento
é calmo e normalmente não ultrapassa os 7 km/h (MAROUELLI, 2003).
Dentre os fatores que exercem efeito sobre o bem estar, produção e produtividade
animal, o clima é o mais proeminente, sendo, portanto, fator que regula ou limita a exploração
de animais para fins econômicos (PEREIRA, 2005).
A busca na melhoria da produtividade, da qualidade da carne e da eficiência dos
sistemas de produção levam a um aumento na introdução de raças taurinas e no uso de
cruzamento industrial na cadeia produtiva da pecuária brasileira. Porém, pouco se sabe sobre
os padrões adaptativos e respostas produtivas desses grupos genéticos e dos produtos de seus
cruzamentos às condições climáticas em que são criados no Brasil (RIBEIRO et al., 2008).
Apesar de apresentarem bom desempenho produtivo e excelente qualidade de carcaça,
animais com grau de sangue taurino sofrem mais no ambiente tropical quando comparados
com animais zebuínos, devido principalmente a fatores fisiológicos e morfológicos inerentes à
origem genética, como coloração da pele e número de glândulas sudoríparas. (BAENA et al.,
2014).
Diante desse cenário, a identificação de parâmetros associados à adaptação de
bovinos de corte ao ambiente em que vivem é uma das principais tendências e desafios da
14
pecuária mundial. Espera-se que animais bem adaptados procedam a manutenção da
homeotermia com perdas mínimas no desempenho e produção, mobilizando o mínimo de
energia possível para essa função.
Considerando que a produção animal nos trópicos é limitada principalmente pelo
estresse calórico e que as raças selecionadas para maior produção, no geral, são provenientes
de países de clima temperado, objetivou-se com o presente trabalho a avaliação das
características fisiológicas de diferentes grupos genéticos mantidos no cerrado.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Produção de carne no Brasil
O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de carne bovina do
mundo. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2016 foram abatidas 7,29 milhões de
cabeças de bovinos sob algum tipo de inspeção sanitária. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
lideram o ranking, ambos com mais de 750.000 animais abatidos. Em seguida vem São Paulo,
Pará, Goiás e Minas Gerais, abatendo acima de 600.000 animais neste primeiro trimestre
(IBGE, 2016).
Cerca de 80% do rebanho é composto de raças zebuínas (Bos indicus), dentre
estas raças, podemos destacar o Nelore, com 90% desta parcela. Considerados animais
adaptados as condições brasileiras, tanto ao ambiente quanto ao sistema de produção, a
criação destes animais é predominantemente a pasto. Na região Sul do Brasil, caracterizada
pelas baixas temperaturas e pastagens de maior valor nutritivo, é possível encontrar grandes
criatórios de raças taurinas (Bos taurus), como Aberdeen Angus, Red Angus, Herefor e
Simental. Estes animais são criados em sistemas mais adaptados às suas necessidades, tanto
nutricionais quanto de controle de ecto e endo parasitas. No Brasil ainda encontramos os
chamados europeus adaptados, representados principalmente pelas raças Senepol e Caracu
(ABIEC, 2016).
Em busca da pecuária moderna que exige bovinos com equilíbrio entre as
virtudes: adaptação ao ambiente, resistência a parasitas, potencial de crescimento,
precocidade de acabamento de carcaça, eficiência reprodutiva e nutricional e maciez de carne,
uma ferramenta cada vez mais utilizada pelos criadores brasileiros é o cruzamento entre raças,
ou cruzamento industrial (MENEZES; MONTAGNER, 2008). O objetivo é usufruir do ganho
de heterose (ganho genético decorrente de combinação de características entre as raças), além
da complementaridade das características. Os cruzamentos vêm ganhando adeptos com o
passar dos anos, permitindo a produção de uma carne mais nobre em ambientes mais rústicos
(ABIEC, 2016).
2.2 Raças puras e seus cruzamentos
Em função da história evolutiva, os zebuínos diferem dos taurinos, de um modo
geral, em características anatômicas, fisiológicas e de comportamento. Independente da raça
16
escolhida, a primeira providencia em busca da eficiência econômica do empreendimento
consiste em proporcionar a todos os animais as melhores condições de criação.
2.2.1 Raças zebuínas
Em condições ambientais mais adversas e com histórico de seleção muito recente,
as raças zebuínas apresentam índices produtivos mais baixos em relação às taurinas europeias.
Em sua região de origem, Índia e Paquistão, o peso adulto destas raças varia de 350 a 450 kg,
enquanto no Brasil, de um modo geral, os abates são feitos com pesos de 460 a 500 kg
(NIETO et al., 2013).
De maneira geral o zebuíno apresenta menor perímetro torácico, ossatura mais
fina, membros mais longos, cascos pretos e resistentes, possibilitando-o percorrer longas
distâncias em busca de alimento ou de água (ROSA et al., 2013). Com pele mais fina,
geralmente de cor escura ou preta o zebu apresenta maior resistência à radiação ultravioleta.
Além disso, possui superfície corporal proporcionalmente mais desenvolvida, devido à pele
solta, facilitando trocas de calor com o meio ambiente. Os zebuínos apresentam, ainda, vasos
sanguíneos capilares e glândulas sudoríparas mais ativas e em maior número que as raças
europeias. Os pelos são mais curtos, densos, sedosos e de cores mais claras (ROSA et al.,
2013). Adaptadas à criação em pastagens, em uma época em que o mercado mundial
passa a valorizar criações em ambiente natural, livre de pesticidas, com baixos custos de
produção e índices de produtividade crescentes, as raças zebuínas podem constituir excelentes
alternativas para a pecuária em ambientes tropicais quer para a produção de carne ou leite. No
Brasil o maior rebanho de zebuínos é formado pela raça Nelore, sendo portanto, a mais
difundida no país (PEREIRA, 2008).
2.2.2 Raças taurinas britânicas
Nesse grupo estão, entre outras, as raças Aberdeen Angus e Red Angus, animais
de menor porte dentre as raças taurinas. São animais com membros curtos e cascos maiores,
apresentando vasos sanguíneos capilares e glândulas sudoríparas menos ativas e em menor
densidade, com diâmetro reduzido e morfologia enovelada. Os pelos são mais longos e de
cores mais escuras (ROSA et al., 2013).
17
Com relação às características produtivas, apresentam excelentes características
de fertilidade, precocidade sexual e de acabamento da carcaça com qualidade de carne
reconhecida mundialmente, tendo em vista a maciez das fibras musculares e a suculência,
devida à gordura entremeada nos músculos (marmoreio) (COSTA; SILVA et al., 2013). Em
função destas características e de serem geneticamente mochas, condição interessante para
sistemas de produção mais intensivos, estas raças foram difundidas amplamente pelo mundo,
para serem criadas puras ou em cruzamentos comerciais e para a criação de novas raças
(NIETO et al., 2013).
2.2.3 Raças taurinas adaptadas
São raças formadas a partir do gado europeu, introduzido no novo mundo durante
o período colonial, após longo processo de adaptação às condições tropicais e dos efeitos da
seleção praticada pelos criadores. São também denominadas “crioulas” ou naturalizadas, onde
se enquadra o gado Caracu. Além de adaptabilidade ao meio ambiente tropical, as raças
pertencentes a este grupo se destacam por elevados níveis de fertilidade, habilidade materna e
maciez da carne, típica da subespécie Bos taurus (COSTA; SILVA et al., 2013).
A seleção natural proporcionou o desenvolvimento de pelos lisos e curtos, que
contribui para tolerância ao calor. Neste grupo o tipo de pelame é uma característica
influenciada pelo vigor híbrido e não determinada apenas pelo efeito aditivo das raças
maternas e paternas (SCHLEGER; TURNER, 1960).
2.2.4 Benefícios inerentes ao cruzamento entre raças taurinas e zebuínas
Por meio dos cruzamentos, é possível produzir animais mais precoces, com
capacidade de crescimento e desempenho para ganho de peso superior. Essas características
conferem melhor qualidade de carne e carcaças melhores quando comparadas a animais
zebuínos. Porém, quando se pensa na criação em território brasileiro caracterizado pelo clima
tropical, com altas temperaturas e elevada umidade do ar, a participação de animais zebuínos
se torna muito importante, pois confere rusticidade a cria (NIETO et al., 2013). A maior parte do rebanho bovino brasileiro é formada por fêmeas zebuínas, sendo
que em sua maioria animais da raça Nelore. A rusticidade, conformação de carcaça e
habilidade materna fazem deste animal uma matriz de excelência, porém por ser um animal
18
de porte grande acaba por se tornar também um animal tardio e com problemas no que diz
respeito ao acabamento de carcaça (COSTA E SILVA et al., 2013). Pensando na melhoria dos índices produtivos e reprodutivos, outra raça muito
utilizada no país tem sido a Angus, que apresenta características de qualidade de carne,
habilidade materna, fertilidade, precocidade sexual e de acabamento de carcaça. Porém,
quando se cruza uma matriz Nelore com um touro da raça Angus obtém-se um animal de
porte pequeno se comparado aos animais encontrado nas fazendas de corte do país (ZADRA,
2009). Buscando aumentar a carcaça deste animal sem perder o ganho com a heterose da
utilização do animal zebuíno com taurino, muitos criatórios têm utilizado animais da raça
Caracu, animal rústico, de grande porte e com boa capacidade para desenvolvimento muscular
(MCMANUS et al., 2010).
Com o cruzamento destas raças de forma organizada e sistematizada espera-se
aliar as características de rusticidade e capacidade de crescimento às características de
precocidade e qualidade de carcaça.
2.3 Influências do clima tropical na produção animal
A interação animal e ambiente deve ser considerada quando se busca maior
eficiência na exploração pecuária porque as diferentes respostas do animal às peculiaridades
de cada região são determinantes no sucesso e/ou fracasso da atividade (BARBOSA, 2012).
A correta identificação dos fatores que influenciam no desempenho produtivo do
animal, como o estresse imposto pelas flutuações estacionais do clima, permite ajustes nas
práticas de manejo dos sistemas de produção, possibilitando oferecer melhor sustentabilidade
e viabilidade econômica. Neiva et al. (2004) afirmaram que o conhecimento das variáveis
climáticas, interação com os animais e as respostas comportamentais, fisiológicas e
produtivas são preponderantes na adequação do sistema de produção aos objetivos da
atividade. Os bovinos em clima tropical, principalmente os que são criados à pasto, ficam
expostos ao sol e a outras intempéries por várias horas ao dia e se tornam susceptíveis a um
estado permanente de estresse, resultando em alterações fisiológicas que comprometem seu
desempenho produtivo (DEITENBACH et al., 2008).
Os efeitos de temperatura do ar e umidade do ar são, muitas vezes, limitantes ao
desenvolvimento, produção e reprodução dos animais, em razão do estresse a eles associado.
A temperatura do ar é considerada o elemento climático com influência mais importante sobre
19
o ambiente físico do animal, sendo o principal elemento a ser considerado nos aspectos de
produção animal em confinamento (SAMPAIO et al., 2004). Quando a temperatura ambiente
supera o valor máximo de conforto para o animal, a umidade relativa do ar passa a ter
importância fundamental nos mecanismos de dissipação de calor (PIRES; CAMPOS, 2008).
A umidade relativa do ar elevada dificulta a liberação de calor por evaporação, promovendo
alterações nas respostas fisiológicas dos animais (SOUZA et al., 2007).
Dentro de ampla faixa de temperatura, podem ser definidas zonas térmicas que
proporcionam maior ou menor conforto ao animal. Do ponto de vista de produção, este
aspecto se reveste de muita importância, pelo fato de, dentro desses limites, os nutrientes
ingeridos pelos animais serem utilizados exclusivamente para seu crescimento e
desenvolvimento produtivo e reprodutivo (BAÊTA; SOUZA, 1997). A radiação solar impõe carga adicional de calor nos animais a pasto, ocasionando
estresse calórico e queda na produção (PIRES; TEODORO; CAMPOS, 2000). A intensidade
da radiação solar está relacionada com a temperatura do ambiente em que o animal vive. A
radiação solar direta é, em parte, refletida de acordo com a cor e outras propriedades do
pelame do animal, sendo a parte restante, absorvida sob a forma de calor (STARLING et al.,
2002). Neste caso a velocidade com que o ar se move sobre a pele do animal tem importante
ação na perda de energia. A velocidade do vento influi na maior ou menor possibilidade do
animal perder calor pelo contato de sua pele com o ar. Supõe-se que a velocidade do vento de
5 a 8 km/h seja mais adequada para termorregulação de bovinos, ovinos e búfalos nos trópicos
(PEREIRA, 2005). Estudos como os de Carvalho, Oliveira, Turco (2004) e Darcan e Güney (2008)
reportam o uso de ventilação natural ou artificial na tentativa de reduzir a carga térmica
animal, ressaltando a importância da movimentação do ar na melhoria do conforto térmico
dos animais de produção. Logo, a correta identificação dos fatores que influenciam na vida produtiva do
animal, como estresse imposto pelas flutuações estacionais do meio ambiente, permite ajustes
nas práticas de manejo dos sistemas de produção, possibilitando sustentabilidade e viabilidade
econômica (SILVA; SOUZA; SILVA, 2006).
20
2.4 Parâmetros fisiológicos
A capacidade de adaptação às condições ambientais está diretamente relacionada
a produtividade de bovinos de corte criados à pasto, sendo que um dos aspectos mais
importantes neste processo é a tolerância ao calor (MCMANUS et al., 2009). As respostas relacionadas ao estresse de calor em bovinos são relatadas como
redução na ingestão de alimentos, aumento da frequência respiratória, da ingestão de água, da
frequência cardíaca, da salivação, abertura da boca, exposição e relaxamento de língua,
aumento do fluxo sanguíneo periférico e da sudorese (TERUI et al., 1980). Ao longo das 24 horas do dia os animais homeotérmicos devem manter a
temperatura corporal dentro de limites estreitos. Para tanto, deve haver um equilíbrio entre a
produção de calor (termogênese) e a perda de calor (termólise) durante esse período. Esses
processos são regulados através da modulação da termogênese e da intensificação de
diferentes mecanismos de termólise (BARBOSA et al., 2004).
Em temperaturas mais amenas (10 a 27ºC), os animais dissipam calor sensível
para o ambiente através da pele, por radiação, por condução e por convecção. Se o animal não
conseguir dissipar o calor excedente através dos mecanismos citados, a temperatura retal
aumenta acima dos valores fisiológicos normais (38 a 39ºC) e desenvolve-se o estresse
calórico, responsável em parte pela baixa produtividade animal nos trópicos (RANDALL,
2010).
O aumento gradativo da temperatura do meio dificulta a dissipação de calor da
forma sensível, sendo necessária então a ativação de outros mecanismos como a sudorese e o
aumento da frequência respiratória. Esses dois fatores constituem os meios de perda de calor
da forma insensível, que é influenciada pela umidade, ou seja, quanto maior a umidade
relativa do ar aliada a altas temperaturas, menos eficiente é a dissipação do calor (SOUZA;
BATISTA, 2012).
O primeiro sinal visível de animais submetidos ao estresse térmico é o aumento da
frequência respiratória, que, pesar de ser o meio natural de controle da temperatura do
organismo, representa esforço extra e, consequentemente, alteração na produtividade animal
(MARTELLO et al., 2004).
A frequência respiratória está sujeita a variações intrínsecas e extrínsecas. As
intrínsecas caracterizam-se pelas respostas aos exercícios físicos, medo, excitação, estado
fisiológico e produção de leite. Fatores extrínsecos são atribuídos ao ambiente, como
21
condições climáticas, principalmente temperatura e umidade do ar, radiação solar, velocidade
dos ventos, estação do ano, hora do dia, densidade e sombreamento (ROSSAROLLA, 2007).
A frequência respiratória normal em bovinos adultos varia entre 24 e 36
movimentos respiratórios por minuto (mov/min), mas pode apresentar valores mais amplos,
entre 12 e 36 mov/min (TERRA, 1993). Sob estresse térmico, a frequência respiratória
começa a elevar-se antes da temperatura retal (BIANCA, 1965) e, geralmente, observa-se
taquipnéia em bovinos em ambientes com temperatura elevada (FERREIRA, et al., 2006). Os
valores de frequência respiratória podem passar de 60 para até 120 movimentos por minuto de
acordo com o tempo e intensidade da exposição ao calor (BACCARI JÚNIOR, 2001).
Caso o aumento na frequência respiratória não seja eficiente para
termorregulação, ocorre então o aumento no número de batimentos cardíacos por minuto
(denominado frequência cardíaca) (CUNNINGHAM, 2004). A partir deste momento a forma
mais efetiva de perda de calor é a evaporação cutânea, responsável por aproximadamente 85%
da perda total de calor latente ((MAIA; SILVA; LOUREIRO, 2005). A vantagem da
evaporação é que não depende de um diferencial de temperatura, tal como a condução, a
convecção e a radiação, mas sim do diferencial de pressão de vapor entre a atmosfera e a
superfície em questão (OLIVEIRA, 2007).
A temperatura retal, a frequência respiratória, e a taxa de sudação cumprem um
importante papel na termorregulação dos animais (NÓBREGA et al., 2011). Caso a soma da produção de calor metabólico com a fração de calor absorvida do
meio passe a ser maior que a quantidade de calor eliminada pelas vias latente e sensível, os
animais passam a estocar calor, aumentando sua temperatura retal. A temperatura retal é um
importante indicador do balanço térmico animal que pode ser utilizada para avaliar o impacto
do estresse térmico (DARCAN; CEDDEN; GUNEY, 2007). A avaliação dos mecanismos de termorregulação auxilia na seleção de grupos
genéticos mais adaptados e, portanto, mais eficientes para serem criados no bioma cerrado.
Existe, por exemplo, uma grande variação entre os grupos genéticos quanto ao número e à
morfologia das glândulas sudoríparas, influenciando de forma significativa, a eficiência na
perda de calor (RIBEIRO, 2010). Segundo Souza Júnior (2008), a seleção de animais que
apresentam taxas de sudação elevadas sob condições de alta temperatura e umidade do ar,
favorece a sua transferência térmica, reduzindo o estresse pelo calor, e pode ser uma excelente
alternativa na realização do melhoramento genético de bovinos mais adaptados à criação nos
trópicos.
22
Em decorrência da taxa metabólica, os zebuínos têm habilidade termorregulatória
superior, no entanto, raças taurinas também podem desenvolver capacidade adaptativa às
condições tropicais, como é o caso de diversas raças naturalizadas brasileiras, introduzidas no
país por colonizadores ibéricos, e que se adaptaram ao ambiente por meio da seleção natural
durante séculos (MCMANUS et al., 2009). Entende-se então, que adaptabilidade de um animal vai depender basicamente da
capacidade de manter sua temperatura corporal dentro do padrão fisiológico através dos
diversos mecanismos de termorregulação. É importante ressaltar que a utilização dos
mecanismos de termorregulatórios pode trazer consequências a produtividade animal. Dessa
maneira entende-se a importância de se trabalhar com animais adaptados e nas condições
adequadas de manejo (COSTA E SILVA et al., 2013).
2.5 Características de pelame
Ajustes fisiológicos observados com o passar do tempo, sejam por seleção natural
ou mesmo por cruzamento, levaram à modificações anatômicas nos bovinos. Fatores como
espessura da capa de pelame, número de pelos por área, diâmetro e comprimento dos pelos
podem auxiliar na perda de calor para o ambiente (SILVA, 2000).
No bioma cerrado, o pelame tem a função de proteção mecânica da epiderme e de
proteção contra radiação solar. Destaca-se, porém, a capacidade de resistência à intensa
radiação solar, qualidade muito importante para os animais em condições de pasto. Tal
capacidade está diretamente relacionada com a presença de uma capa externa de pelame
apropriado. Propriedades da pele e dos pelos dos animais Bos indicus explicam muito da sua
tolerância ao calor. Essas propriedades incluem número, distribuição e diâmetro das glândulas
sudoríparas, espessura da capa de pelos, diâmetro, comprimento, pigmentação e inclinação
dos pelos, espessura e pigmentação da pele. No caso dos bovinos de raças Britânicas, raças as
quais a coloração do pelo acompanha a cor da pele, o tipo de pelame é altamente
correlacionado à tolerância ao calor, podendo ser empregado como um índice de adaptação
em ambientes tropicais (TURNER, 1980). A transferência térmica através do pelame depende do número de pelos por
unidade de área, do ângulo de inclinação dos pelos em relação à epiderme, de seu diâmetro e
do comprimento. O calor conduzido pelas fibras é maior do que o conduzido pelo ar. Deste
modo, quanto maior o número de pelos por unidade de área e quanto mais grossos forem os
23
mesmos, maior será a quantidade de energia térmica conduzida através da capa. Por outro
lado, fibras mais finas, compridas e menos numerosas, formando uma trama mais fechada,
resultam em passagem mais limitada de calor devido à maior resistência térmica das fibras
(SILVA, 2000).
Neste aspecto, a raça zebuína Nelore apresenta características fisiológicas e
morfológicas que favorecem às trocas térmicas. Os pelos curtos, claros e sobre uma pele
altamente pigmentada proporcionam a proteção necessária contra radiação ultravioleta. Já os
animais de raças taurinas, ao contrário, apresentam pelos mais longos, que acompanham a cor
da pele e por este motivo, têm maior dificuldade de efetivar o mecanismo de sudorese
(COSTA E SILVA et al., 2013).
A posição inclinada das fibras resulta em contato mais frequente entre elas,
reduzindo o volume de ar no interior da capa e sua espessura, aumentando a condução térmica
(SILVA, 2000).
Finalmente, a resistência térmica pode ser aumentada pela presença de fibras finas
e lanosas entremeadas com as mais grossas e compridas. Os efeitos da espessura do pelame
sobre a troca de calor são marcantes e o aumento de 3 para 10 mm demonstraram redução na
perda de calor sensível de bovinos de 17 para 10% (TURNPENNY et al., 2000). Diversos
estudos mostram as diferenças destas características entre animais Bos taurus e Bos indicus
(TURNER, 1980; SILVA; LA SCALA; POCAY, 2001; MAIA; SILVA; BERTIPAGLIA,
2003), que favorecem os animais zebuínos em ambiente tropical. Segundo Prayaga et al. (2003), o tipo de pelame é um importante fator
determinante do controle da temperatura corporal. Olson et al. (2003) observaram
temperatura corporal mais baixa (0,34°C menor) em bovinos classificados com tipo de
pelame curto e bem assentado. A frequência respiratória para estes foi de 12,4 movimentos
por minuto a menos que os animais classificados como de pelame normal em bovinos
cruzados ¾ Holandês: ¼ Senepol, na Flórida. Silva, La Scala Jr., Pocay (2001), estudando a transmissão da radiação ultravioleta
(UV) através do pelame e da epiderme de bovinos das raças Holandesa e Nelore, concluíram
que em um ambiente caracterizado por altos níveis de radiação ultravioleta, a combinação
mais adequada é um pelame de cor branca, sobre uma epiderme de cor negra, e que, na
impossibilidade desta combinação, um pelame de cor negra é a alternativa mais desejável em
relação à penetração pela radiação UV. Entretanto, um pelame negro constitui uma superfície
de grande absorvidade da radiação térmica, de modo que a temperatura da superfície cutânea
nestes animais é mais elevada que naqueles com pelame branco.
24
Quando se refere ao tipo de pelame mais vantajoso para bovinos no bioma
cerrado, é necessário definir o sistema de criação, ou seja, se existe proteção contra a radiação
solar. De modo geral, o tipo mais vantajoso seria aquele que apresenta uma capa de pelame
branco, com pelos bem assentados sobre uma epiderme altamente pigmentada. Entretanto,
uma vez que na maioria das raças europeias a pigmentação da epiderme acompanha a do
pelame, têm-se duas alternativas: sob regime de pasto, dar preferência a animais
predominantemente pretos; sob regime de estabulação, animais predominantemente brancos
serão mais vantajosos. Em qualquer caso, o pelame deverá ser o menos espesso possível, com
pelos curtos, grossos e bem assentados (SILVA, 1999). Para caracterizar as diferentes respostas fisiológicas e histológicas entre raças
adaptadas e não adaptadas submetidas a estresse térmico, Carvalho et al. (1995) conduziram
um experimento no Brasil comparando duas linhagens de bovinos Simental, importada e
criada no Brasil a partir de cruzamento absorvente com zebuínos, com bovinos Bos indicus e
observaram que os animais Simental de origem importada não foram capazes de completar o
experimento, que exigia uma caminhada de sete quilômetros a 37ºC com 65% de umidade
relativa do ar, apresentando frequência respiratória elevada e hipertermia. Mesmo os animais
Simental de origem nativa apresentaram temperatura retal e frequência respiratória muito
maiores que os animais Bos indicus após o exercício, com sinais evidentes de estresse
térmico. A conclusão deste estudo foi que animais Bos taurus de raças não adaptadas
certamente apresentarão problemas quando expostos às condições de produção extensivas
neste clima, mesmo tendo nascido neste ambiente (CARVALHO et al., 1995). Silva, Arantes Neto e Holtz-Filho (1988) advertiram que pelos escuros
aumentavam a carga de calor absorvida, mas protegiam as camadas mais profundas da
epiderme dos danos promovidos pela radiação ultravioleta, uma importante causa de
neoplasias cutâneas. As propriedades da pele (número, distribuição de glândulas sudoríparas, espessura
e pigmentação da pele) e dos pelos (número, espessura, diâmetro, comprimento, pigmentação,
inclinação e temperatura) podem explicar a tolerância ao calor. Diversos estudos comprovam
as diferenças dessas características entre Bos taurus e Bos indicus na qual favorecem os
animais zebuínos em ambiente tropical. De maneira geral, a combinação de pelos curtos,
finos, assentados sobre a pele é a ideal para criação de bovinos criados a pasto em ambiente
tropical devido ao fato que essa combinação favorece as trocas de temperatura do animal com
o meio ambiente (TURNER, 1980).
25
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O experimento foi realizado na Embrapa Gado de Corte, localizada no município
de Campo Grande/MS, situada a 20º27’ de latitude sul, 54º37’ de longitude oeste e 530 m de
altitude. O padrão climático da região, de acordo com a classificação de Köppen, encontra-se
na faixa de transição entre Cfa e Aw tropical úmido com precipitação média anual de 1560
mm.
3.2 Período experimental e animais
O experimento teve duração de sete meses, período compreendido entre fevereiro
e agosto de 2015 e todas avaliações foram realizadas conforme procedimentos aprovados pelo
CEUA do CNPGC Embrapa Gado de Corte sob o nº 012/2014. Foram utilizados 48 bovinos
de corte criados em sistema precoce para abate aos 24 meses, sendo seis machos e seis fêmeas
de cada grupo genético (Nelore (NEL), ½ Nelore x ½Caracu (½ NCAR), ¾ Caracu x ¼
Nelore (¾ CAR), ¼ Angus x ¼ Nelore X ½Caracu (TRI)).
Os animais foram desmamados aos oito meses. O período de recria teve início no
mês de junho de 2014, com duração de 12 meses e encerrou em maio de 2015. Neste período
os animais permaneceram em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, sendo a área
dividida em oito piquetes, perfazendo 68 ha providos de bebedouros e comedouros, onde os
animais receberam suplementação. O método adotado foi o de pastejo contínuo. Todos os
animais receberam manejo sanitário, de acordo com as recomendações técnicas e calendário
sanitário oficial.
3.3 Manejo experimental
A pesagem dos animais foi realizada nos dias 04 e 05 de março e 23 e 24 de abril,
ambos no ano de 2015, mesma data em que foram realizadas as seguintes avaliações:
26
3.4 Índices microclimáticos
As coletas dos parâmetros microclimáticos (temperatura de bulbo seco,
temperatura de bulbo úmido, temperatura de globo negro e velocidade do vento) foram
realizadas no mesmo dia da avaliação animal, no período da manhã (a cada hora, das 07h00 às
13h00), em dois pontos (sol e sombra).
As temperaturas de bulbo seco e umidade relativa do ar foram mensuradas com
termohigrômetro digital com data logger (modelo HT – 500, Instrutherm). As temperaturas de
bulbo úmido foram medidas com termômetro analógico de bulbo seco e úmido (Incoterm). A
mensuração da temperatura de globo negro foi obtida por termômetro de globo adaptado,
segundo modelo proposto por Souza (2000). A velocidade do vento foi mensurada com
anemômetro portátil durante 3 minutos, obtendo-se a velocidade máxima e mínima do
período, a 1,5 m de altura da superfície do solo, altura correspondente aos órgãos internos dos
bovinos (FIG. 4). A partir da média dos dados microclimáticos, foram calculados, para cada
local, os seguintes índices microclimáticos:
1. índice de temperatura e umidade (THOM, 1959): ITU = Tbs + 0,36 Tbu + 41,5, em
que: Tbs = temperatura de bulbo seco em ºC Tbu = temperatura de bulbo úmido em
ºC;
2. índice de temperatura de globo negro e umidade (BOND; KELLY, 1955): ITGU = 0,7
Tbu + 0,2 Tgn + 0,1Ta, em que: Tbu = temperatura de bulbo úmido em ºC Tgn =
temperatura de globo negro em ºC Ta = temperatura ambiente em ºC;
3. índice de carga térmica radiante (ESMAY, 1982): CTR = α x (TRM)4, em que α
(constante de Stefan-Boltzmann) = 5,67.10-8
(W.m-2
.K-4
) e TRM (temperatura radiante
média) = 100{2,51.(v)0,5
.(TGN-TBS)+(TGN)4/100}
4, em que v = velocidade do vento
em m.s1; TGN = temperatura de globo negro em °K TBS = temperatura de bulbo seco
em °K.
27
Figura 1 - Instrumentos
Notas: A) Termohigrômetro digital com data logger e termômetro de globo negro adaptado; B) Anemômetro
portátil.
3.5 Parâmetros fisiológicos
Frequência cardíaca (FC), em batimentos por minuto (bpm) (FIG. 2), obtido por
auscultação dos movimentos cardíacos durante 15 segundos, com estetoscópio posicionado
em correspondência ao 4º intervalo intercostal. Posteriormente o valor encontrado foi
multiplicado por quatro para tornar-se equivalente a um minuto.
Frequência respiratória (FR), em movimentos/ minuto, obtida a partir da
contagem dos movimentos do flanco direito dos animais, durante um minuto. A observação
foi realizada no curral de manejo, quando o animal se encontrava dentro do tronco de
contenção, durante 15 segundos e posteriormente o valor encontrado multiplicado por quatro
para que correspondesse a um minuto.
Temperatura retal (TR), mensurada por meio de termômetro digital retal para
animais domésticos posicionado no reto do animal logo após a entrada no tronco.
28
Figura 2 - Frequências cardíaca e respiratória
Notas: A) Aferição da frequência cardíaca; B) Observação do flanco para obtenção da frequência respiratória;
C) Termômetro digital para animais domésticos; D) Medição da temperatura retal.
3.6 Temperatura de superfície corporal (TSC)
Também foi registrada a temperatura superficial dos animais com câmera
termográfica Thermal Imager (Testo 880®), com precisão de ± 0,1ºC e intervalo de espectro
infravermelho de 7,5 a 13 μm. As imagens foram analisadas pelo software da própria câmera
(Testo IRSoft Software), com a escala definida na opção de paleta quente, temperatura
ajustada de acordo com a temperatura ambiente e índice de emissividade de 0,98. Foram
consideradas as regiões da cabeça e olho esquerdo (FIG. 3). A partir das imagens
termográficas infravermelhas, foi estimada a correlação com a TR.
29
Figura 3 - Temperatura superficial
Notas: A) Câmera termográfica Testo; B) Foto termográfica da cabeça de um dos animais teste; C) Foto
termográfica do olho esquerdo de um dos animais test.
3.7 Taxa de sudação (TS)
A taxa de sudação foi determinada pela contagem do tempo necessário para que
discos de papel impregnados com solução de cloreto de cobalto a 10% mudassem sua cor azul
para cor-de-rosa, segundo técnica descrita por Schleger e Turner (1965). Foram utilizados
discos de papel tipo filtro, de 0,5 cm de diâmetro, cortados e desidratados. Três discos foram
colocados lado a lado no centro de uma fita adesiva transparente, a qual foi fixada em lâmina
de microscopia. A preparação da lâmina ocorreu no máximo 24 horas antes de seu uso,
conforme recomendação de Silva (2000). No momento da avaliação, a fita adesiva com os
discos de papel fixados foi removida da lâmina e imediatamente fixada sobre a pele do animal
na região do dorso (FIG. 1). Com o auxílio de um cronômetro foi registrado o tempo da
mudança de cor de cada disco de papel e calculado o tempo médio dos três círculos. A TS foi
estimada pela equação proposta por Schleger e Turner:
30
(1)
Em que,
t = tempo médio da mudança de cor azul para rosa
Figura 4 - Lâminas
Notas: A) Papel filtro recortado e embebido em cloreto de cobalto a 10%; B) Material no dessecador de sílica
para retirada da umidade; C) Lâminas de microscopia higienizadas; D) Lâminas preparadas em recipiente
com desumidificador ambiental; E) Avaliação da taxa de sudação.
3.8 Avaliação tricológica
Foi retirada, com auxílio de uma lâmina de inox, uma amostra de pelos de área
equivalente a 1 cm² nas regiões do dorso e garupa (FIG. 5).
TS= (22 x 3600) = 38446,6
(2,06 t) t
31
Figura 5 - Amostra de pelos
Notas: A) Envelopes identificados, lâminas de inox e luvas para coleta; B) Coleta de pelos.
Os pelos coletados foram colocados em envelopes de papel previamente
identificados para posterior contagem. Foram realizadas medidas de comprimento (média
aritmética, em cm, do comprimento dos dez maiores pelos eleitos por meio de análise visual)
com paquímetro digital, segundo procedimento utilizado por UDO (1978). Nas amostras,
também foram avaliados número de pelos por unidade de área (pelos/cm²), por meio de
contagem visual, densidade de massa dos pelos (g/cm2), calculada por pesagem em balança
analítica de todos os pelos de cada amostra, e diâmetro médio dos pelos (cm), por meio de
microscopia, a partir da média dos 10 maiores pelos presentes na amostra de cada animal.
3.9 Avaliação da cor
A coloração foi avaliada de duas maneiras: a primeira por meio de Tabela Padrão
(Cor 1) e a segunda através do Colorímetro MniScan XE Plus (Cor L*, a*, b*), usualmente
utilizado para mensuração de cor em carne. Com o animal contido no tronco, a tabela foi
posicionada sobre a superfície do animal e após comparação visual foi determinada a
coloração do pelo (FIG. 6). A mesma área (dorso e garupa) passou por tricotomia e após a
retirada dos pelos a tabela foi novamente posicionada sobre a superfície animal para
determinação da cor da pele.
32
Figura 6 - Avaliação da coloração
Notas: A) Tabela padrão para avaliação da coloração do pelame; B) Avaliação sendo realizada por comparação
com a pele e o pelo do animal teste.
A avaliação com colorímetro foi realizada da seguinte forma: o aparelho foi
posicionado sobre a superfície do animal. Neste momento, o botão com símbolo de raio foi
pressionado e aguardou-se o som de um bip confirmando a leitura (FIG. 7). O mesmo
procedimento foi realizado mais duas vezes e só então o aparelho foi retirado da superfície
animal. Em seguida, o botão foi pressionado novamente quando as três médias foram geradas,
uma para o parâmetro L (luminosidade), outro para o parâmetro a (intensidade de vermelho) e
mais uma para o parâmetro b (intensidade de amarelo).
33
Figura 7 - Avaliação do colorímetro
Notas: A) Colorímetro MniScan XE Plus vista superior; B) Colorímetro MniScan XE Plus vista inferior;
C) Colorímetro posicionado sobre a superfície do animal teste para avaliação.
3.10 Delineamento experimental
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial
com seis repetições, verificando o efeito do sexo dentro de cada um dos quatro tratamentos
(NEL, ½NCAR, ¾CAR , TRI).
3.11 Análise estatística
Os dados foram analisados conforme o modelo que continha os efeitos fixos de
grupo genético do animal, sexo, idade do animal no dia da coleta aninhado dentro de sexo
(covariável linear) e horário da coleta aninhado dentro de sexo (covariável linear) e efeito
aleatório do erro. Para as análises, foi utilizado o procedimento GLM do SAS (versão
9.4), adotando-se para comparação de médias o teste t com nível de significância de 5%. Não
foram encontradas interações.
35
4 RESULTADOS
Foram observadas temperaturas do ar superiores no outono em relação ao verão
(TAB. 1). Quanto à umidade relativa do ar, esta se apresentou maior no verão. Para
velocidade do vento, não foram observadas diferença entre as duas estações. Já o ITGU foi
maior no outono em relação ao verão.
Tabela 1 - Microclima e índices de conforto térmico nas diferentes estações em que os
animais foram avaliados
Microclima Estação
Verão Outono
TA (°C) 27 28
UR (%) 70,3 66,8
VV (m/s) 1 1
ITGU 75,9 78,3
Houve diferença significativa entre os grupos genéticos para característica FR,
sendo que o NEL apresentou maiores valores médios de FR (TAB. 2). A menor FR foi
verificada para o grupo genético ¾CAR. Tais valores estão de acordo com a literatura onde
Ferreira (2010) e Hahn e Mader (1997) citam que animais com FR entre 20 e 60 movimentos
por minuto estão dentro da zona de termoneutralidade. Para estação do ano e sexo não foram
observadas diferenças significativas.
Tabela 2 - Médias e erro padrão das variáveis fisiológicas dos diferentes grupos
genéticos em duas estações e por sexo
Variáveis Grupo Genético
Estação
Sexo
EPM NEL ½NCAR ¾CAR TRI
Verão Outono
Fêmea Macho
FR 45c 41b
c 36
a 40
ab
40
a 41
a
38
a 43
a 1,66
FC 73a 72
a 70
a 63
a
78
b 61
a
65
a 74
a 4,49
TS 333,4a 331,5
a 306
a 282,8
a
359,45
b 267,40
a
332,34
a 294,51
a 20,97
TR 38,9ab
39,2c 39,1
bc 38,8
a
39,3
b 38,7
a
38,9
a 39,1
b 0,11
(1) Médias comparadas pelo Teste t.
(2) Letras diferentes na linha diferem entre si a 5% de probabilidade.
(3) FR=frequência respiratória; FC=frequência cardíaca; TS=taxa de sudação; TR=temperatura retal.
Não foi observada diferença significativa para FC entre os GG, sendo que todos
os valores estão dentro do aceitável de 60 a 80 batimentos por minuto segundo Kelly (1976) e
36
Feitos (2008). Para estação do ano, a frequência cardíaca foi superior no verão em relação ao
outono, ainda assim permanecendo na faixa aceitável para zona de termoneutralidade. Não
foram observadas diferenças significativas entre os sexos.
Não houve diferença significativa entre os grupos genéticos e nem entre os sexos
para TS. Para estação do ano, foram encontrados valores superiores no verão. Os valores
encontrados estão dentro da faixa esperada para as estações onde o verão pode chegar até
36ºC. McManus (2009) avaliando animais zebuínos cita valores entre 215,22 e 323,22
g/m²/h, enquanto Schleger e Turner (1965), avaliando cruzados, zebu com taurino,
encontraram valores entre 289 e 500 g/m²/h.
Foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos genéticos para a TR,
sendo que os ½NCAR apresentaram maiores valores e os TRI valores inferiores aos demais
grupos genéticos. Houve diferença estatística para TR entre as estações, sendo que no verão
as temperaturas foram superiores às observadas no outono. Não foi observada diferença
estatística entre os sexos. Todos os valores encontrados então próximos aos descritos por Du
Perez (2000) e Rodrigues (2006) como dentro da faixa de conforto para bovinos, que fica
entre 38 e 39ºC.
Tabela 3 - Correlações dos parâmetros fisiológicos
Variáveis Correlação (r) Probabilidade (t)
Temp. Olho x Temp. Cabeça 0,7884 <0,0001
Temp. Olho x Temp. Retal 0,5106 <0,0001
Freq. Respiratória x Freq. Cardíaca 0,5222 <0,0001
Houve correlação positiva alta entre a temperatura do olho e a temperatura da
cabeça (TAB. 3). Para correlação entre a temperatura do olho e a temperatura retal, assim
como para frequência respiratória e cardíaca as correlações foram positivas e medianas.
Tabela 4 - Microclima e índices de conforto térmico ao longo do ano
Microclima Período
Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr
TA (°C) 25,9 27,4 24,7 24,9 25,9 25,2 25 24,6
UR (%) 64,8 60 80 88,4 82,3 86,7 84,5 83
VV (m/s) 3,8 3,8 3 2,9 2,6 2,5 2,6 2,9
CTR 548,4 57,7 504,6 480,8 488,4 480,7 488,7 497,2
37
As maiores TA foram observadas nos meses de setembro, outubro e janeiro, sendo
que a menor temperatura foi observada em abril, mês que compreende o outono (TAB. 4).
Todos os valores de TA estão próximos a faixa 10 a 27ºC descrita como dentro da faixa de
conforto térmico por Baeta e Souza (1997).
As maiores UR foram observadas nos meses de dezembro e fevereiro, período do
verão, sendo que todos os meses, a partir de novembro, apresentaram UR acima da faixa de
conforte térmico, que é de 60 a 70%.
Para VV, os valores foram superiores de setembro a novembro, durante a
primavera, já a menos VV foi observada em fevereiro durante o verão. Todos os valores
ficaram dentro da faixa de 5 a 8 km/h, que é quando os animais encontram facilidade na perda
de calor para o meio.
A CTR maior nos meses de setembro e outubro, enquanto valores menores foram
observados em fevereiro (TAB. 4). Todos os valores ficaram abaixo dos descritos por Souza
et al. (2011) (683,52 W.m²) e Navarini et al. (2009) (571 W.m²) para animais em conforte
térmico.
Não houve diferença estatística para o comprimento dos pelos no dorso (P<0,05)
(TAB. 5). Para estação do ano, no outono os pelos foram mais compridos que no verão tanto
no dorso, quanto na garupa. As fêmeas apresentaram pelos mais compridos no dorso e garupa
em relação aos machos. Houve diferença significativa para o comprimento dos pelos na
garupa, sendo que os pelos dos TRI foram os mais compridos e os ½NCAR apresentaram
pelos mais curtos.
Foram encontradas diferenças estatísticas para o diâmetro dos pelos no dorso,
sendo que para o ½NCAR os pelos apresentaram maior diâmetro e os animais NEL, menor
diâmetro. Não houve diferença significativa para estação do ano ou sexo. O diâmetro dos
pelos na garupa não diferiu em nenhuma das características
avaliadas.
38
Tabela 5 - Média e erro padrão das características morfológicas dos pelos do dorso e
garupa dos diferentes grupos genéticos em duas estações e por sexo
Variáveis Grupo Genético Estação Sexo
EPM NEL ½NCAR ¾CAR TRI Verão Outono Fêmea Macho
Comp.PD 7,53 7,83 8,79 10,02
7,06b 10,03
a
9,44
a 7,65
b 0,89
Comp.PG 8,10ab
7,72b 8,79
ab 9,59
a
7,59
b 9,50
a
9,20
a 7,90
b 0,65
Diâm.PD 0,09b 0,11
a 0,10
ab 0,10
ab
0,09 0,10
0,10 0,10 0,003
Diâm.PG 0,10 0,11 0,11 0,10
0,11 0,11
0,10 0,15 0,008
Núm.PD 983 983 879 833
936 903
905 934 56,96
Núm.PG 910 957 870 887
940a 872
b
873 939 62,52
Incl. PD 0,79ab
0,88a 0,81
ab 0,65
b
0,91
a 0,66
b
0,71
b 0,85
a 0,66
Incl. PG 1,44 1,81 1,91 1,40
0,85b 2,42
a
0,73
b 2,55
a 0,32
Dens. PD 0,014 0,018 0,015 0,016
0,013b 0,019
a
0,015 0,017 0,001
Dens. PG 0,010b 0,012
a 0,012
ab 0,011
b
0,010
b 0,014
a
0,011
b 0,013
a 0,001
EC. PD 1,99a 1,70
b 1,94
a 2,03
a
1,94 1,89
2,01
a 1,82
b 0,07
EC. PG 2,21b 2,19
b 2,32
ab 2,53
a 2,20
b 2,42
a 2,47
a 2,15
b 0,11
(1) Médias comparadas pelo Teste t.
(2) Letras diferentes na linha diferem entre si a 5% de probabilidade. Comprimento (Comp. PD e Comp. PG),
diâmetro (Diâm. PD e Diâm. PG), número de pelos (Núm. PD e Núm. PG), inclinação (Incl. PD e Incl. PG),
densidade (Dens. PD e Dens. PG) e espessura da capa dos pelos do dorso e garupa (EC. PD e EC. PG).
O número de pelos no dorso e garupa não apresentou diferença significativa entre
grupos genéticos, estação do ano ou sexo.
Houve diferença significativa para inclinação dos pelos no dorso, sendo que nos
animais ½NCAR os pelos ficaram mais inclinados e nos TRI, menos inclinados. No verão os
pelos ficaram mais inclinados em relação ao outono. Já para o sexo, os machos apresentaram
pelos mais inclinados do que as fêmeas, tanto no dorso, quanto na garupa. Não houve
diferença na inclinação dos pelos da garupa em relação aos grupos genéticos. Para as
estações, ao contrário do observado no dorso, os pelos foram mais inclinados no outono.
Não houve diferença estatística para a densidade dos pelos no dorso para os
grupos genéticos. No outono a densidade foi maior que no verão tanto no dorso quanto na
garupa. Para o sexo não houve diferença significativa. Foram observadas diferenças
estatísticas para densidade dos pelos na garupa para os grupos genéticos, sendo que animais
½NCAR apresentaram maior densidade em relação aos animais NEL. A densidade dos pelos
na garupa foi maior para os machos em relação às fêmeas.
A menor espessura da capa foi observada nos animais ½NCAR (P<0,05). Não
houve diferença significativa entre as estações. As fêmeas apresentaram maior espessura da
39
capa no dorso e garupa que os machos. A espessura da capa na garupa foi maior para animais
TRI. No outono a espessura foi maior do que no verão (TAB. 5).
Houve diferença significativa para cor do pelo no dorso e garupa pela tabela entre
os grupos genéticos (P<0,05), sendo que o NEL apresentou menores valores e os TRI
apresentou os maiores valores (TAB. 6). No outono os valores foram maiores que no verão.
Não houve diferença estatística entre os sexos.
Tabela 6 - Média para coloração do pelo utilizando como referência a tabela e o
colorímetro em diferentes grupos genéticos para duas estações e por sexo
Variáveis Grupo Genético
Estação
Sexo
NEL ½NCAR ¾CAR TRI
Verão Outono
Fêmea Macho
PO D.Cor 1 21,04c 44,89
b 56,04
a 66,04
a
43,03
b 50,98
a
45,67 48,33
PO G.Cor 1 25,21c 46,36
b 55,00
ab 66,04
a
45,16
b 51,15
a
47,97 48,33
PO D.Cor L 65,19a 53,47
b 45,80
b 35,29
c
50,06
a 49,81
b
50,63
a 49,24
b
PO G.Cor L 66,39a 53,84
b 47,02
b 37,66
c
52,65
a 49,81
b
51,53 50,92
PO D.Cor a 7,86 9,01 11,47 10,31
8,74 10,59
8,35 10,98
PO G.Cor a 7,36b 9,71
ab 11,70
a 10,21
ab
9,34 10,15
9,40 10,09
PO D.Cor b 14,99b 20,55
a 22,36
a 19,78
a
19,62 19,21
18,38 20,46
PO G.Cor b 16,21c 21,98
ab 24,25
a 20,03
b
20,58 20,67
19,60 21,64
(1) Médias comparadas pelo Teste t.
(2) Letras diferentes na linha diferem entre si a 5% de probabilidade. Referência de cor do pelo usando a tabela
(PO Dorso Cor 1, PO Garupa Cor 1).
(3) Referência de cor do pelo usando o colorímetro variável L (PO Dorso Cor L e PO Garupa Cor L), variável a
(PO Dorso Cor a e PO Garupa Cor a) e variável b (PO Dorso Cor b e PO Garupa Cor b).
A Cor L apresentou diferença estatística entre os grupos genéticos (P<0,05), sendo
que foi maior no dorso e garupa dos animais NEL e menor nos TRI. No verão a Cor L foi
maior em relação ao outono. Houve diferença significativa apenas no dorso para o sexo,
quando as fêmeas obtiveram valores superiores aos machos.
Não houve diferença significativa para Cor a no dorso em nenhuma das
avaliações realizadas (P>0,05). Para garupa foram encontradas diferenças significativas
apenas entre os grupos genéticos, sendo que o ¾CAR apresentou maior valor e o NEL menos
valor.
Houve diferença significativa para Cor b no dorso, sendo que o NEL apresentou
valor inferior aos demais GG (TAB. 6). Não houve diferença estatística para Cor b entre as
estações ou sexo. Na garupa o ½NCAR e ¾CAR apresentaram maiores valores para Cor b e o
NEL o menor valor. Não foram observadas diferenças significativas para esta variável entre
as estações ou sexo (P>0,05).
40
Houve diferença significativa para Cor 1 no dorso e garupa, sendo que o NEL
apresentou maior valor que os demais grupos (TAB. 7). No dorso não foram encontradas
diferenças significativas (P>0,05), enquanto que, na garupa, o maior valor foi observado
durante o verão (P<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos.
A Cor L variou entre os grupos genéticos, sendo que tanto no dorso quanto na
garupa o NEL apresentou valores inferiores aos demais grupos genéticos (P<0,05). Não
houve diferença significativa para Cor L entre as estações ou sexo (P>0,05).
Tabela 7 - Média para coloração de pele utilizando como referência a tabela e o
colorímetro em diferentes grupos genéticos para duas estações e por sexo
Variáveis Grupo Genético
Estação
Sexo
NEL ½NCAR ¾CAR TRI
Verão Outono
Fêmea Macho
PE D.Cor 1 94,17a 73,90
b 69,58
b 68,54
b
76,20 76,90
76,43 76,67
PE G.Cor 1 92,08a 69,72
b 66,67
b 67,92
b
76,18
b 72,01
a
75,69 72,50
PE D.Cor L 31,82b 38,41
a 38,53
a 37,57
a
36,60 36,56
36,39 36,78
PE G.Cor L 29,87b 40,14
a 40,66
a 39,50
a
37,24 37,84
36,18 38,90
PE D.Cor a 2,99b 11,20
a 11,87
a 11,12
a
9,23 9,36
8,73 9,86
PE G.Cor a 2,04b 10,96
a 11,99
a 11,12
a
9,16 8,90
8,38 9,68
PE D.Cor b 4,67b 15,31
a 16,51
a 15,37
a
13,29 12,64
12,35 13,58
PE G.Cor b 3,04b 16,24
a 17,18
a 18,97
a
15,12 12,59
14,30 13,41
(1) Médias comparadas pelo Teste t.
(2) Letras diferentes na linha diferem entre si a 5% de probabilidade. Referência de cor da pele usando a tabela
(PE Dorso Cor 1, PE Garupa Cor 1). (3) Referência de cor da pele usando o colorímetro variável L (PE Dorso Cor L e PE Garupa Cor L), variável a
(PE Dorso Cor a e PE Garupa Cor a) e variável b (PE Dorso Cor b e PE Garupa Cor b).
Foram encontradas diferenças significativas para Cor a, sendo que o NEL
apresentou menores valores em relação aos demais GG (P<0,05). Não foram encontradas
diferenças significativas para Cor a entre as estações ou sexo (P>0,05).
Houve diferença significativa para Cor b entre os GG, sendo que os menores
valores foram observados para o NEL (P<0,05). Não foram observadas diferenças
significativas para Cor b entre as estações ou sexo (P>0,05) (TAB. 7).
41
5 DISCUSSÃO
A FR variou entre os GG, indo de 36 a 45 mov/min. (TAB. 2). Apesar da
diferença estatística, todos os GG avaliados apresentaram FR para animais sem estresse
térmico conforme descrito por Hahn e Mader (1997) e Ferreira (2010) para valores entre 20 e
60 mov/min, ou seja, os animais não apresentavam estresse por calor. Este resultado pode ser
explicado pela TA°C observada no período de avaliação, que ficaram de 27 a 28°C,
temperaturas que segundo Baeta e Souza (1997) estão dentro da faixa de conforto para
bovinos (TAB. 1).
Mesmo estando dentro da faixa de conforto, a FR do NEL e ½NCAR foi superior
aos demais GG. Essa variação pode ser explicada pelo temperamento animal. Apesar do NEL
apresentar características que induzem a uma melhor adaptabilidade, seu temperamento
extremamente ativo interfere nos resultados fisiológicos, visto que animais desta raça reagem
de forma mais agressiva durante manejos de rotina, dependendo da forma como são criados (a
pasto ou em baia, com trato diário ou não) e este temperamento acaba por interferir na
frequência respiratória (estresse de manejo).
Pode-se observar também que, quanto maior o grau sanguíneo da raça nelore no
cruzamento, maior a frequência cardíaca o que corrobora com os conhecimentos a respeito do
temperamento dos animais da raça. Shiota (2013) avaliando novilhas Nelore no verão e
inverno em ambiente tropical encontraram valores 31,4 a 33,6 mov/min. Ribeiro et al. (2008),
avaliando a raça Nelore e seus cruzados com Angus e Senepol, encontraram valores acima de
41 mov/min para os cruzados com Angus, valores mais próximos aos encontrados no presente
trabalho.
Para estação do ano e sexo, não foram observadas diferenças com a FR
apresentando média de 40,5 movimentos por minuto.
A FC não variou entre os GG, sendo que todos os valores observados estão dentro
do aceitável de 60 a 80 batimentos por minuto segundo Kelly (1976) e Feitosa (2008) (TAB.
2).
Para estação do ano, a FC foi superior no verão em relação ao outono, ainda assim
permanecendo na faixa aceitável para zona de termoneutralidade. A maior FC observada no
verão pode ser explicada pela associação da TA com a UR, pois, apesar da TA ter sido
semelhante entre as estações a maior UR foi observada no verão e esta associação entre a TA
e UR aumenta a sensação de calor pelo animal. Desta forma, os animais apresentaram maior
fluxo sanguíneo para periferia na tentativa de maior dissipação de calor para o ambiente.
42
Souza et al. (2007) ao estudarem bovinos da raça Sindi, encontraram na estação seca valores
de frequência cardíaca de 89 batimentos por minuto pela manhã e 95 batimentos por minuto a
tarde, e na estação chuvosa tanto pela manhã como a tarde verificaram 52 batimentos por
minuto, valores acima daqueles preconizados por Feitosa (2008).
Segundo Silva (2000), quando o organismo está sob estresse de calor, ocorre uma
vasodilatação periférica, resultando numa queda da pressão sanguínea; para compensar essa
baixa pressão, há um incremento no trabalho cardíaco. Por esse motivo, animais em
ambientes quentes tendem a apresentar aumento na frequência de batimentos cardíacos.
Não foram observadas diferenças significativas entre os sexos.
Não houve diferença (P>0,05) para taxa de sudação (TS) entre os grupos
genéticos e os sexos, sendo que a TS variou entre 282,85 g/m²/h a 333,38 g.m².h (TAB. 2).
Bertipaglia et al. (2007) avaliando vacas da raça Braford, encontrou uma taxa de sudação
média de 319,97 g.m².h, bem semelhante às encontradas no presente estudo, este autor
considerou essa média como um valor favorável para animais criados em ambiente tropical.
Já MacManus et al. (2005), trabalhando com bovinos naturalizados ou não (Curraleiro,
Crioulo Lageano, Nelore, Pantaneira, Junqueira, Holandês e Mocho Nacional), não
observaram diferenciação quanto à raça, a hora do dia em que foi medida e o indivíduo dentro
de raça.
Valores maiores encontrados para os animais Bos taurus podem ser justificados
pela menor eficiência de outros mecanismos termorreguladores, como por exemplo, pelame
inadequado ao ambiente, menor capacidade respiratória e menor área epidérmica em
relação ao volume corporal e outros. No presente estudo esta diferença não foi observada,
pois os grupos genéticos avaliados eram compostos, em sua maioria, pelo cruzamento do Bos
indicus x Bos taurus adaptado, sendo que, o Bos taurus de origem britânica, que apresenta
baixa adaptação ao clima tropical entrou apenas no cruzamento dos animais TRI, grupo em
que o grau sanguíneo do taurino adaptado é maior. Quanto à estação do ano, foram
observados maiores valores na taxa de sudação para o verão do que para o outono, o que pode
ser explicado pela combinação de temperatura e alta umidade relativa do ar encontrada nesse
período.
A TR apresentou diferenças significativas entre os GG, com o TRI mostrando
menor valor e o ½NCAR apresentando maior valor, porém todos os GG tiveram TR dentro da
faixa de conforto térmico descrita por Du Perez (2000) e Rodrigues (2006) que fica próxima
aos 38-39°C. O GG ½NCAR, apresentou maior FR, possivelmente em busca da perda de
calor que estava acumulando no organismo animal, conforme demonstrado pela TR.
43
McManus et al. (2005) trabalhando com gado naturalizado exposto ao sol, encontraram
valores superiores para os animais da raça Nelore (39,36ºC), apesar da temperatura retal mais
elevada que a encontrada no presente trabalho os autores afirmam que o Nelore foi o que
menos sofreu com a temperatura ambiente. Carvalho et al. (1995) relataram ainda que outro
fator intrínseco importante na avaliação da temperatura retal é a capacidade de adaptação do
animal ao ambiente e que bovinos zebuínos adaptados aos trópicos são menos sujeitos aos
efeitos extremos da temperatura quando comparados aos bovinos taurinos, mais adaptados
aos climas temperados.
No verão, os animais apresentaram TR mais elevada quando comparado com as
avaliações realizadas no outono (TAB. 2). Tal fato pode ser explicado pela maior umidade
relativa do ar encontrada no verão (TAB. 1). Neste caso, os mecanismos de evaporação
utilizados na perda de calor pelo animal se tornam menos eficientes e o animal retém mais
calor, o que reflete no aumento da temperatura retal. Segundo Nardone (1998), a
susceptibilidade dos bovinos ao estresse calórico aumenta à medida que o binômio umidade
relativa e temperatura ambiente ultrapassam a zona de conforto térmico, o que dificulta a
dissipação de calor que, por sua vez, aumenta a temperatura corporal, com efeito negativo
sobre o desempenho. Do ponto de vista bioclimático, mesmo para animais cruzados,
considerados tolerantes ao calor, podem ocorrer alterações comportamentais e fisiológicas.
Entre os sexos, os machos tiveram TR superior a das fêmeas (TAB. 2). Essa
variação pode ser explicada pela reação dos animais durante o manejo, como os manejos já
estavam em idade reprodutiva, apresentaram comportamento mais agitado. A excitação dos
animais e a forte movimentação contribuem para o aumento na temperatura. Já nas fêmeas o
mesmo comportamento não foi observado, sendo, portanto, animais mais tranquilos.
Resultados diferentes foram encontrados por Souza et al. (2007), trabalhando com animais
da raça Sindi no semi-árido, onde não foi observada diferenças entre os sexos para
temperatura retal.
A correlação positiva alta entre a temperatura do olho e a temperatura da cabeça já
era esperada devido à proximidade da área (TAB. 3). A correlação mediana entre a
temperatura do olho e a temperatura retal, torna-se uma descoberta interessante quando se
refere ao modo como as duas temperaturas são aferidas. O modo não invasivo utilizado para
aferir a temperatura do olho torna-se uma alternativa interessante para pesquisa, já que é uma
avaliação não invasiva. Cardoso (2013) trabalhando com as raças Pantaneiro, Nelore e
Curraleiro, encontrou altas correlações entre as temperaturas superficiais (pescoço, nariz,
soldra e garupa), também avaliadas através da termografia de infravermelho. A temperatura
44
retal, avaliação utilizada como parâmetro fisiológico, trata-se de uma técnica invasiva. As
pesquisas têm caminhado para avaliações com menos contato e interferência no ambiente e no
comportamento animal, sendo assim a utilização da termografia de infravermelho pode se
tornar uma ferramenta muito útil nas avaliações de parâmetros fisiológicos avaliando a
temperatura corporal.
A frequência respiratória apresentou correlação mediana com a frequência
cardíaca (TAB. 3). Apesar das duas frequências serem alteradas pelo animal em ambiente
termicamente desconfortável, o primeiro mecanismo a ser utilizado pelo animal é o aumento
da frequência respiratória na tentativa de perder calor. Esta observação foi confirmada por
Martello et al. (2004), que afirmaram que o primeiro sinal visível de animais submetidos ao
estresse por calor é o aumento da frequência respiratória, pois o aumento ou diminuição está
na dependência da intensidade e da duração do estresse a que estão submetidos. A frequência
cardíaca vai alterar significativamente caso a alteração na frequência respiratória não seja
suficiente.
Não houve variação para o comprimento dos pelos do dorso entre os GG, no
entanto houve para estação do ano e sexo (TAB. 5). No verão os pelos foram mais curtos
quando comparado ao outono, tanto para o dorso, quanto para garupa. A maior CTR
observada nos meses que antecederam as avaliações podem ter colaborado para este
resultado. A CTR é quantidade de energia que o animal troca com as superfícies ao seu redor,
com a CTR do ambiente alta, os pelos que podem se desenvolverem mais curtos para facilitar
a troca de calor com o meio. Essa alteração se deve ao mecanismo de adaptação dos animais a
variação no clima. Os pelos do dorso e garupa foram maiores nas fêmeas em relação aos
machos possivelmente devido ao peso e tamanho corporal, que nas fêmeas é menor, assim, a
capa de pelos torna-se uma proteção contra variações de temperatura.
O comprimento dos pelos da garupa diferiu (P<0,05) entre os grupos genéticos,
entre as estações e o sexo, sendo que os NEL apresentaram pelos mais curtos em relação ao
TRI (TAB. 5). Os pelos mais longos nos animais TRI podem ser justificados devido a
inclusão da raça Angus neste cruzamento. Ribeiro et al. (2008), avaliando animais da raça
Nelore e seus cruzados com Senepol e Angus, encontraram maior comprimento dos pelos
para os animais Angus x Nelore (13,61 mm) quando comparados aos animais Nelore (6,07
mm) e Senepol x Nelore (5,20 mm), resultados que corroboram com este trabalho.
O diâmetro dos pelos do dorso foi diferente (P<0,05) entre os grupos genéticos,
sendo que, o ½NCAR apresentou maior diâmetro e o NEL pelos mais finos (TAB. 5). Silva,
La Scala Jr., Pocay (2001) avaliando da raça Nelore, Holandês e cruzados encontraram pelos
45
mais espessos para os animais Nelore (5,4 µm) e mais finos para os mestiços (3,8 µm),
valores inferiores aos encontrados no presente experimento. Vale ressaltar que o diâmetro dos
pelos tem grande importância em relação à capacidade de penetração da radiação no interior
da capa, sendo que pelos com maior diâmetro promove melhor proteção contra radiação solar.
Os maiores valores encontrados, neste trabalho, para os animais do grupo ½NCAR talvez
sejam explicados pela heterose, já que estes animais são F1 Nelore x Caracu. Considerando
que, para o melhoramento genético, os filhos são superiores aos pais, estes seriam então mais
eficientes ao se adaptarem ao ambiente tropical. Para a estação do ano e variação no sexo não
foram observadas diferenças em relação ao diâmetro dos pelos (P>0,05). Com os pelos em
processo de crescimento o diâmetro não foi alterado.
Diferente dos pelos do dorso, o diâmetro dos pelos na garupa não diferiu para
nenhuma das características avaliadas (P>0,05). Segundo Maia et al. (2003), em um ambiente
caracterizado por altas temperaturas, como de uma região tropical, a elevada incidência da
radiação solar, certamente é o fator climático decisivo para que ocorram tais modificações nas
propriedades físicas do pelame. De acordo com os resultados encontrados neste estudo,
podemos inferir que as modificações ocorram no sentido da região frontal para caudal, o que
pode estar relacionado com a proximidade aos órgãos vitais.
O número de pelos no dorso não apresentou diferenças (P>0,05) em nenhuma das
variáveis (TAB. 5). McManus et al. (2005) avaliando animais naturalizados e Holandês,
reportaram diferença no número de pelos entre raças, encontrando maior número de pelos
para os animais Holandeses (408,06 pelos/cm²). Para os animais da raça Nelore, foram
relatados números menores (358 pelos/cm²), sendo estes bem inferiores aos encontrados no
presente trabalho (983 pelos/cm²). É interessante o maior número de pelos por área, pois eles
formam uma barreira física contra radiação solar e conferem maior adaptabilidade ao animal.
O número dos pelos na garupa não diferiu entre os grupos genéticos (P>0,05).
Porém, pode ser observada variação entre as estações para as três avaliações e ainda entre os
sexos para a inclinação (TAB. 5). Conforme revisado por Silva (2000b) fibras mais
numerosas favorecem a transferência de energia térmica. Por outro lado o menor número
destas fibras resulta em passagem mais limitada de calor devido à maior resistência térmica.
Como no verão o número de pelos foi superior do que no inverno, podemos inferir que houve
atuação de mecanismos de adaptabilidade em função da alteração das estações, porém não
houve diferenças entre os sexos.
O TRI apresentou maior inclinação dos pelos do dorso (P<0,05), sendo, portanto,
o grupo com pelos mais assentados (TAB. 5). O oposto foi observado para o grupo ½NCAR
46
que apresentaram pelos menos inclinados, o que é desfavorável para proteção da pele animal
contra radiação solar. De acordo com Bertipaglia et al. (2007) pelos mais inclinados
favorecem a condução do calor pelas fibras e a perda de calor para o ambiente. Quando os
pelos ficam muito eretos formam-se bolsas de ar entre eles e isso favorece a retenção de calor
que aquece ainda mais o organismo animal. A inclinação dos pelos do dorso, neste estudo,
foram maiores (P<0,05) para o outono bem como para as fêmeas.
Conforme esperado os pelos da garupa permaneceram mais assentados no verão
que no outono (TAB. 5). Segundo Silva (2000b), a posição inclinada das fibras resulta em
contato mais frequente entre elas, reduzindo o volume de ar no interior da capa e aumentando
a condução térmica. No caso do outono, ocorrem alterações em função da estação seguinte
(inverno), quando os pelos tendem a permanecer menos inclinados, buscando reter o calor
corporal. Para o sexo, as fêmeas apresentaram pelos mais inclinados e os machos pelos
menos inclinados. Pode-se relacionar esta inclinação ao comprimento dos pelos, que nas
fêmeas foi maior e permaneceram mais assentados, diferente dos machos que, com pelos
mais curtos, mantiveram menos inclinados.
A densidade dos pelos do dorso foi maior para os animais ½NCAR (P<0,05) e
menor para os animais NEL (TAB. 5). Durante o outono os animais apresentaram pelos mais
densos que no verão. Quanto ao sexo, machos tiveram mais pelos por área que nas fêmeas. O
calor conduzido através das fibras é maior que o conduzido pelo ar e vários fatores
interferem na transferência de calor através do pelame, dentre eles, o número de pelos por
unidade de área, o ângulo de inclinação dos pelos em relação à epiderme, seu diâmetro e o
comprimento são determinantes neste processo (SILVA, 2000). Deste modo, quanto maior o
número de pelos por unidade de área e quanto mais grossos forem, maior será a quantidade
de energia térmica conduzida através da capa de pelame. Segundo Silva (2000b), a
resistência térmica da capa de pelame pode ser maior pela presença de fibras finas e
compridas.
A densidade dos pelos na garupa foi menor no verão e maior no outono (TAB.
5). Segundo Turpenny et al. (2000), os efeitos da espessura do pelame sobre a troca de calor
são marcantes e o aumento de 3 para10 mm reduz a perda de calor sensível de bovinos de 17
para 10%. Ribeiro (2008), avaliando animais Nelore, Senepol x Nelore e Angus x Nelore em
clima subtropical, encontraram valores de 0,010 a 0,020 g/cm³, que são próximos aos
encontrados no presente experimento.
A espessura da capa de pelame do dorso diferiu para todas as características
estudadas, sendo que capa mais espessa foi encontrada nos animais TRI (P<0,05) (TAB. 5).
47
Este resultado pode ser explicado pelo alto grau de sangue taurino presente neste cruzamento.
No outono a espessura da capa foi maior em relação ao verão, resultado da adaptação do
organismo animal ao clima mais frio. Pra o sexo, as fêmeas apresentaram capa de pelame
mais espessa, provavelmente devido ao seu porte menor, buscando melhor proteção.
Turnpenny et al. (2000) afirmaram que os efeitos da espessura do pelame sobre a troca de
calor são marcantes e o aumento de 3 para 10 mm reduz a perda de calor sensível de bovinos
de 17 para 10%.
A espessura da capa na garupa diferiu entre os grupos estudados, bem como estre
os sexos (P<0,05). Nesse caso os animais ½NCAR apresentaram menor espessura da capa
(1,70 cm) quando comparado aos demais grupos (TAB. 5). Maia, Silva e Bertipaglia (2003)
avaliando animais malhados em ambiente tropical, encontraram espessura menor da capa para
regiões mais escuras da superfície animal (2,35 cm) quando comparadas às regiões mais
claras (2,75 cm). Porém, nos animais estudados, a cor do pelo acompanhava a cor da pele. No
presente estudo alguns grupos apresentavam cor de pele escura e pelo branco. Para maior
adaptação ao calor e favorecimento na perda de calor para o meio, é importante que a capa
seja menos espessa devido as altas temperaturas encontradas nos ambientes de clima tropical.
Quanto ao sexo, as fêmeas apresentaram capa mais espessa quando comparadas aos machos,
o que indica uma melhor adaptação dos machos.
Para coloração do pelo tanto no dorso quanto na garupa, têm-se as seguintes
relações, quanto maior o valor observado para variável Cor 1, que se refere a utilização da
tabela, mais escuro é o pelo. Para a variável L* que corresponde a luminosidade, quanto maior
o valor, mais claro é o pelo, e para as variáveis a* e b*, quanto maiores os valores maior a
saturação e intensidade, demonstrando portanto pelos mais escuros. Com base nessas
informações preliminares, pode-se observar que houve diferença significativa (P<0,05) na
coloração entre os grupos estudados, sendo que os animais da raça Nelore apresentaram pelos
mais claros que os cruzados e quanto maior o grau de sangue das raças taurinas, mais escuro
foi o pelo dos animais (TAB. 6).
Para as estações no verão os pelos foram mais claros do que no inverno,
possivelmente devido a maior CTR encontrada nos meses que antecederam a coleta (P<0,05;
TAB. 6). A maior troca de calor com o meio com a maior TS pode ter favorecido a
despigmentação dos pelos. Para os sexos, não foi observada diferença estatística (P>0,05).
Turner e Schleger (1960) trabalhando com animais cruzados no verão e inverno, observaram
que o mês da amostragem foi altamente importante sobre a cor dos pelames, os quais eram
mais escuros no verão que no inverno. Entretanto, estes autores não quantificaram a coloração
48
do pelame. É usualmente aceito que animais com superfície externa pigmentada e escura são
mais sujeitos ao estresse de calor que os de coloração clara. Esta última apresentaria maior
refletividade, o que tem levado a maioria dos pesquisadores a aceitar a vantagem adaptativa
dos pelames claros nos ambientes tropicais. Sendo assim, os pelos mais claros encontrados no
verão para o presente experimento demonstram potencial de adaptabilidade dos grupos
genéticos estudados.
O NEL apresentou pele mais escura quando comparado aos demais grupos
estudados, apesar da saturação e intensidade apresentarem valores inferiores para este grupo,
a luminosidade e a avaliação pela tabela nos permite inferir isto (TAB. 7).
Avaliando a coloração durante as estações, a pele da garupa foi mais escura no
verão que no outono. Silva, La Scala Jr. e Pocay (2001) avaliando a epiderme de bovinos
puros e cruzados, observou que animais de epiderme mais clara aborveram maior radiação
térmica que animais de epiderme escura. Assim, a despeito da maior absorvidade para a
radiação térmica, epidermes de coloração escura oferecem uma proteção bastante eficaz
contra a radiação ultra violeta, em relação às epidermes claras ou despigmentadas.
Os resultados das tabelas 6 e 7 também mostram a relação da coloração da tabela,
o qual é usualmente utilizado, com a coloração aferida pelo colorímetro. Os resultados foram
semelhantes, portanto, o colorímetro torna-se a opção mais precisa, visto que não apresenta
subjetividade.
Em geral, conforme Silva (1999), o tipo mais vantajoso de bovino para regiões
tropicais seria aquele com uma capa de pelame branco, o menos espesso possível, com pelos
curtos, grossos, numerosos e bem assentados sobre uma epiderme altamente pigmentada.
Ainda segundo Silva (1999) e Gebremedhin e Wu (2002), estas características associadas a
eficiente evaporação cutânea são características desejáveis para o controle térmico eficiente
nos bovinos, sendo proporcionado pela sudação e favorecido pela movimentação do ar e
morfologia do pelame.
49
6 CONCLUSÕES
O grupo genético Nelore demonstrou maior adaptação à criação no Cerrado
seguido pelo ½Nelore ½ Caracu.
A correlação positiva entre a temperatura do olho e a temperatura retal indica a
possibilidade de utilização da técnica de termografia por infravermelho na obtenção da
temperatura retal, porém são necessários mais estudos para viabilizar a utilização da técnica.
O aparelho colorímetro foi eficiente para avaliar a coloração da pele e pelame,
sendo uma alternativa para substituição da tabela.
51
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