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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR90003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
Rodrigo Tubino da Rocha
3083/03-30 00116562
récnoplanfãprodução de m u d a s e s erv i c o s
TECNOPLANTA FLORESTAL LTDA
Porto Alegre, Outubro de 2008.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR90003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
Rodrigo Tubino da Rocha
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
Orientador do Estágio: Suzane Marcuzzo - Eng.oa Florestal
Tutor de Estágio: Paulo Vitor Dutra de Souza - EngOAgrônomo
Comissão de Estágio
Lucia Brandão Franke - Depto. de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia
Maria Jane Cruz de Melo Sereno - Depto. de Plantas de Lavoura
Mari Bernardi - Depto. de Zootecnia
Lair Ferreira - Depto. de Horticultura e Silvicultura
Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos
Josué Sant'Ana - Depto. de Fitossanidade
Porto Alegre, Outubro de 2008.
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a toda a equipe da Tecnoplanta Florestal pela atenção e
paciência a me receber. Todos foram muito atenciosos e estavam sempre
dispostos em esclarecerem minhas dúvidas. Com certeza enriqueci muito o
meu conhecimento neste período. Agradeço, em especial, aos senhores Eudes
Romano Marchetli e Osmar Pereira· Rosa pela oportunidade de estagiar nesta
grande empresa, e à Engenheira Florestal Suzane Marcuzzo pela coordenação
e organização do estágio.
3
APRESENTAÇÃO
Neste relatório são relatadas as experiências adquiridas no decorrer da
realização do estágio. Realizei um estágio, cumprindo a carga horária exigida,
na Empresa Tecnoplanta Florestal Ltda., empresa do ramo florestal
especializada em produção de mudas de espécies florestais em sistemas
protegidos utilizando alta tecnologia. A produção de mudas com alta qualidade
é fundamental para a garantia de sucesso de desenvolvimento dos plantios
florestais, principalmente no que diz respeito a estabelecimento e vigor inicial,
além de uma baixa taxa de mortalidade de mudas e de uma menor
porcentagem de mudas tombadas pela ação dos ventos, o que é sinônimo de
uniformidade das árvores. Uma muda de boa qualidade também significa
menores custos para a manutenção do plantio, pois esta diretamente
relacionada à necessidade de tratos culturais. Por qualidade de mudas também
podemos entender a quantidade de raízes, tamanho da muda, rusticidade e
potencial genético. Uma muda de boa qualidade é fundamental para que ela
consiga sobreviver frente a inúmeras condições adversas que irá enfrentar
quando plantada.
Basicamente, descreve-se os processos de produção de mudas de
eucalipto e pinus, ou pinheiro americano, e de algumas espécies nativas de
plantas arbóreas. Este é um setor que vem adquirindo, cada vez mais,
importância no nosso Estado, principalmente após os novos investimentos que
este vem recebendo do setor de produção florestal. Além do mais, a área
escolhida para a realização do estágio compete a nossa futura profissão e
absorve uma boa quantidade de mão de obra, constituindo-se em uma possível
e promissora área de atuação profissional. Há um enorme crescimento da
produção de madeira no RS, mas ainda assim, existe um déficit em relação ao
aumento da demanda e do consumo. Grande parte deste se dá no setor
energético, seguido pela indústria de aglomerados, palets e à produção de
postes de eucalipto. Algumas fontes cogitam a possibilidade de um "apagão"
florestal. Com esta situação, o plantio de árvores para a produção de madeira é
uma importante fonte de renda para pequenos, médios e grandes proprietários
4
rurais, desde que cultivadas e manejadas adequadamente para atender as
exigências do mercado. As florestas, além de proporcionarem retorno financeiro
superior a várias outras formas de aplicação no mercado financeiro, não exigem
muitos cuidados com o manejo após o seu estabelecimento e permitem que o
patrimônio permaneça sob a posse do investidor, com total segurança,
tornando-se uma excelente oportunidade para o produtor formar sua poupança
viva. Para tanto, é fundamental o uso de uma muda com excelente qualidade.
5
Sumário
Títu lo do Item Página
Introdução 8
Caracterização do Local do Estágio 8
Caracterização da Instituição da Realização do Estágio 10
Estágio da Arte do assunto principal trabalhado no estágio 11
Atividades realizadas no estágio 12
Calendário de atividades 12
Mini-jardins clonais 13
Estação de Tratamento de Água 17
Confecção de Mudas ···· .18
Semeadura 20
Estufa de crescimento 21
Aclimatização/Rustificação 22
Expedição 23
Tubete 25
Laboratório de Sementes 25
Visita a Barba - Negra 26
Visita ao Viveiro de Nativas e ornamentais 27
Saída com a equipe pós-venda 28.Pós Venda ···· ..·.28
Doença 29
Geada 30
Funcionários 30
Conclusões 31
Análise crítica do estágios 31
Referências Bibliográficas 39
6
Lista de Figuras
Título da Figura Página
Figura 1 - Localização do Município de Barra do Ribeiro 9
Figura 2 - Províncias Geornorfolóqicas do Estado do Rio Grande do Sul. 9
Figura 3 - Via de acesso à empresa Tecnoplanta Florestal. 1O
Figura 4 - Visão Geral do Setor de Mini- Jardins Clonais 13
Figura 5 - Visão aérea das mini-cepas 14
Figura 6 - tesouras utilizadas para a realização das podas 15
Figura 7 - Carro térmico para transporte dos brotos coletados 16
Figura 8 - Reservatório de Água 18
Figuras 9 - Colaboradoras no setor de plantio 19
Figura 10 - Tela semeadas com Eucalipto 21
Figura 11 - Estufas de Crescimento 22
Figura 12 - Estufas climatizadas com teto-retrátil. 23
Figura 13 - mudas expeditas em rocambole 24
Figura 14 - Caminhões c1imatizados 24
Figura 15 - Tubetes utilizados na produção das mudas, destacando
as saliências internas anti-enovelamento de raízes...................... . 25
Figura 16 - lupa para separação das impurezas das sementes 26
Figura 17 - Mudas de calhandra 27
Figura 18 - Folhas de eucalipto com Rhizoctonia : 29
Figura 19 - Placas demarcando os setores a serem monitorados 30
Figura 20 - Sistema de captação da água da chuva 32
Figura 21 - Viveiro Suspenso, sinônimo de conforto de trabalho 33
Figura 22 - Detalhe da quantidade de raízes ativas 35
Figura 23 - Detalhe do reservatório descoberto, logo após o tratamento
da água 35
Figura 24 - Detalhe da ploriferação de algas 36
Figura 25 - Mudas de Pínus após 180 dias no viveiro 36
Figura 26 - Aluminets estendidos dentro da estufa 38
7
1-INTRODUÇÃO
o setor florestal vem adquirindo uma crescente importância e uma boa
participação na produção e no PIB agrícola do nosso Estado. No Brasil, existem
muitas empresas que necessitam de mão de obra qualificada para suprir a
demanda deste setor. Estes fatores, além da preferência na área para futura
atuação profissional, levaram a procura da empresa Tecnoplanta Florestal para
adquirir uma maior experiência e ter a possibilidade futura de atuar no setor de
forma mais confiante e profissional.
O estágio foi realizado nesta empresa, localizada no município de Barra
do Ribeiro, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, no período de 02 de janeiro de
2008 até 29 de fevereiro do mesmo ano (41 dias, 8 horas por dia), totalizando
328 horas.
O estágio teve como objetivo conhecer a alta tecnologia dos sistemas de
produção de mudas florestais de espécies nativas e exóticas que a empresa
possui.
2- CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO
Barra do Ribeiro localiza-se a 60 km de Porto Alegre (Figura 1), na zona
de transição entre a Planície Costeira e o Escudo-Sul-Rio-grandense (Figura 2).
Com uma área de 730,82 krn", possui uma população total de 11.845
habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE do ano de 2000. O
mesmo Censo indica que a população urbana corresponde a 8.938 pessoas e
que a rural representa mais 2.907 pessoas, com uma proporção em relação a
população total de 50% de homens e 50% de mulheres, aproximadamente. Seu
IDH é de 0,794, inferior ao do Estado (0,814). Possui um total de 3674
domicílios, sendo, a maioria, próprios e já quitados. A maior parcela da
população possui acesso a rede de esgoto e 75% dos domicílios possuem rede
de abastecimento de água. Cerca de 5% da população não possui banheiro em
suas casas e 80% do lixo é coletado pelo serviço municipal de limpeza. O PIB
do município é de R$ 99.313.606,00.
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Figura 1. Localização do Município de Barra do Ribeiro/RS.
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Figura 2. Províncias Geomorfológicas do Estado do Rio Grande do Sul.
Pode-se chegar até a empresa pela BR-116 entrando no acesso a Barra.do Ribeiro (RS 709), como pode ser observado na Figura 3. A empresa localiza-
se à margem desta rodovia estadual e, portanto, com acesso asfaltado em boas
condições.
Como se trata de algo produzido exclusivamente pela empresa na
região, a comercialização é feita diretamente na empresa e o transporte é feito
por caminhões próprios ou veículos fretados na região.
9
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Figura 3. Via de acesso à empresa Tecnoplanta Florestal situada em Barra do
Ribeiro/RS.
A altitude média do município é de 5 m em relação ao nível do mar. O
município faz divisas com Mariana Pimentel, Sertão Santana, Guaíba, Tapes,
Sentinela do Sul, Lago Guaíba e Laguna dos Patos.
A cidade encontra-se aproximadamente a 30°23' 30" de latitude sul e 51°
12' 00" longitude oeste. O tipo climático da região é Cfa, subtropical úmido, com
temperatura média das máximas em torno de 25°C, a média das mínimas ao
redor de 15,5°C, temperatura média anual de 19,3°C e precipitação média
anual de aproximadamente 1322 mm, segundo classificação climática de
Kõeppen.
O tipo de solo na área da empresa é classificado como um planossolo,
mal drenado, pouco oxidado e com contraste textural abrupto com horizonte B
plânico, além de adensado. Na região também se encontram argissolos, nas.áreas de encosta, que apresentam gradi~nte textural com horizonte
subsuperficial mais argiloso, além de uma baixa fertilidade natural e alta
susceptibilidade a erosão.
Quanto ao uso do solo nas regiões, encontram-se lavouras de arroz
irrigado nas planícies e, nas cotas mais altas, pecuária em campo nativo e
florestas cultivadas.
3- CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUiÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
10
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A empresa foi fundada em 1991, com o objetivo de prestar serviços
terceirizados, no setor de produção de mudas, para a empresa Riocel (atual
Aracruz Celulose S.A.). No decorrer destes 17 anos, a empresa cresceu e
conquistou novos clientes, num total de 200 atualmente, incluindo Aracruz
Celulose S.A., VCP Florestal, Satipel Industrial, Celulose Cambará, Stora Enso
e Isdralit. A empresa pertence a dois sócios, os Srs. Eudes Romano Marchetli e
Osmar Pereira da Rosa.
Com o uso de alta tecnologia, a Tecnoplanta Florestal Ltda é uma
empresa especializada em produzir mudas de alta qualidade, com alta sanidade
e elevado padrão genético. O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total
de 50.000 m2 de estufas e mais 15.000 m2 de galpões. As mudas são
propagadas por sementes ou vegetativa mente. No setor de produção são
utilizadas sementes selecionadas (de origem conhecida), semeadoras
automáticas, estufas c1imatizadas, viveiro suspenso, tubetes, vermiculita e
possui o acompanhamento de uma equipe de profissionais altamente
qualificados. A capacidade atual de produção é cerca de 80 milhões de mudas
por ano. O quadro funcional conta com cerca de 500 colaboradores.
4- ESTADO DA ARTE
A história da produção de mudas florestais pode ser dividida em 3 fases
(Zani et aI. 2001). Na primeira, de 1900 a 1970, as mudas eram produzidas em
tubos de bambu ou embalagens de papel, em terra peneirada e esterco. Já de
1970 a 1985, as embalagens eram feitos de laminados de pinheiro brasileiro e,-
sacos plásticos, e os substratos usados eram de terras de subsolo, esterco e
nutrientes minerais. Nos dias atuais, a produção se dá em viveiros suspensos,
protegidos em casas de vegetação, utilizando tubetes como recipientes e
materiais orgânicos ou vermiculita como substrato, por exemplo.
É vital produzir mudas de qualidade para o sucesso do plantio do
eucalipto e pinus. Essas mudas quando plantadas resistirão mais a seca,
ataque de formigas, tombamento por ventos e doenças. A árvore em
crescimento será vigorosa, com tronco reto e crescimento rápido.
11
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o êxito de um reflorestamento depende de muitos fatores, entre eles a
qualidade das mudas levadas ao campo, que, além de resistirem às condições
adversas, devem ser capazes de desenvolver produzindo árvores com
crescimento satisfatório (PAIVA e GOMES, 1995).
A sobrevivência, o estabelecimento, a freqüência dos tratos culturais e o
crescimento inicial das florestas são avaliações necessárias para o sucesso do
empreendimento florestal, o que está diretamente relacionado com a qualidade
das mudas por ocasião do plantio (Carneiro, 1983; Gomes et aI., 1991;).
5 - ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO
Juntamente com a equipe da Tecnoplanta Florestal, especialmente com
a coordenadora do viveiro, Engenheira Florestal Suzane Marcuzzo, foi
elaborado um cronograma didático para entender o funcionamento da empresa
de melhor maneira possível além da participação em algumas atividades,
aproveitando ao máximo este período, relativamente curto.
Foi definido então que o estagiário passaria um determinado período em
cada setor de produção (mini jardins clonais, estufas de crescimento, setor de
clonagem, setor de semeio) . Cada um destes setores possui um responsável,
geralmente um técnico agrícola, o qual acompanhava o estagiário,
esclarecendo dúvidas e explicando o funcionamento da respectiva etapa do
processo de produção.
As mudas são produzidas, basicamente, através de dois métodos:
clonagem e semeadura.
Cronograma das principais atividades desenvolvidas
Atividade I Setor Período
Apresentação da Empresa 02/01/2008 - 08/02/2008
Minijardim -clonal 09/01/2008 - 16/01/2008
Estação de tratamento de água 17/01/2008 - 21-01/2008
Setor de confecção 22/01/2008 - 25/01/2008
Estufas de crescimento 26/01/2008 - 01/02/2008
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Aclimatização/Rustificação 06/02/2008 - 08/02/2008
Expedição 11/02/2008 - 14/02/2008
Semeio 15/02/2008 - 20/02/2008
Laboratório de Sementes 21/02/2008 - 22/02/2008
Viveiro - Barba Negra 25/02/2008
Saída com a equipe pós-venda 26/02/2008
Viveiro de Nativas 27/02/2008 - 29/02/2008
./ Apresentação da empresa
No primeiro dia, a coordenadora do viveiro realizou uma breve
apresentação geral da empresa, resumindo os processos de produção e dando
uma idéia do seu potencial produtivo. Basicamente, a cada 50 funcionários se
tem uma equipe coordenadora formada por um encarregado, um substituto de
encarregado e um aprendiz (função na qual o estagiário estava mais inserido) .
./ Setor de mini-jardins clonais
Este é um setor chave para a garantia da continuidade de produção de
mudas na empresa. Os mini-jardins clonais (Figura 4) fornecem as brotações
que servirão para a produção dos clones. Para tanto, é necessário um manejo
minucioso das cepas.
Figura 4. Visão Geral do Setor de Mini- Jardins Clonais.
13
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Tomou-se conhecimento de como se dá todo o processo deste setor,
desde as podas de condução para formação das copas das mini-cepas (Figura
5) até as coletas dos brotos que são encaminhados ao setor de confecção de
mudas e clonagem.
As dimensões das estufas dos mini-jardins clonais davam a idéia da
grande potencialidade de produção de mudas via mini-estacas do viveiro.
Participou-se do treinamento e~ mini-jardins fornecido aos funcionários e
ministrado pela Engenheira Suzane.
Figura 5. Visão aérea das mini-cepas de eucalipto.
A respeito do manejo da irrigação do setor, existe uma pessoa
responsável para verificar o teor de umidade dos canteiros, ativaf"!do o sistema
somente quando necessário. A irrigação é feita via gotejamento para que as
folhas não permaneçam com água na superfície, eliminando a incidência de
doenças fúngicas nas cepas (com exceção dos oídios - Sphaerotheca pannosa
- que não necessitam de lâmina de água na superfície da folha para causarem
a infecção). Também é realizado diariamente o acompanhamento da
condutividade elétrica da solução nutritiva que entra e sai dos calhetões,
podendo assim ser verificado um excesso de salinidade antes que ela cause
um efeito fisiológico negativo para as plantas. Quando a salinidade for
detectada deve-se realizar imediatamente uma lavagem na areia dos calhetões,
onde são cultivadas as mini-cepas. Foram apresentados os resultados dos
14
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experimentos com lonas para cobrirem os canteiros (solarização) e utilização da
lã de escória, um material similar à lã de vidro .. Este material retém a umidade
por muito mais tempo do que a areia, o que é positivo para a economia de
água. Porém, pode ocorrer um efeito negativo em relação ao desenvolvimento
das raízes nas cepas pela dificuldade de eliminação do excesso de salinidade.
A areia é o substrato ideal para este setor, por ser praticamente inerte, não
adsorver nutrientes, ter qrande taxa de infiltração e espaço aéreo,
proporcionando, portanto, condições ideais para o desenvolvimento de raízes
das mini-cepas. É de grande importância à formação da copa das mini-cepas
(em formato de taça), assim como a característica que deve ter o broto para ser
coletado. A formação deve ser conduzida visando o maior aproveitamento
possível da incidência de radiação solar. O principal problema deste setor é a
falta de broto em épocas frias e com pouca luminosidade (que estiola os brotos
e dificulta a estaquia), além da coleta feita de forma errada pelas funcionárias, o
que prejudica a formação da taça e a manutenção do ponto de coleta no local
correto. A "taça" deve ser conduzida de modo com que fique com quatro ramos
principais, de onde surgirão os pontos de coleta. As tesouras (Figura 6) devem
estar sempre bem afiadas para cortarem bem os brotos e evitando assim
problemas com a nova brotação. Recentemente foi adquirido pela empresa um
esterilizador de tesouras, para evitar a disseminação de doenças. Estuda-se,
também, a confecção de uma tesoura automática para evitar a incidência de
tendinite nas funcionárias.
Figura 6. Tesouras utilizadas para a realização das podas.
15
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Está sendo elaborado um teste com hormônios para estimular a
elongação das células e, com isso, tentar resolver os problemas de falta de
broto nestas épocas frias e de baixa luminosidade. Outro problema diz respeito
aos dias de chuva, quando goteiras nas estufas fazem com que as folhas
fiquem com água na superfície, ficando mais suscetíveis a doenças. O piso das
estufas é todo de cimento ou brita, proporcionando conforto ao trabalho e
compondo um eficiente sistema. de drenagem. O teto possui calhas que
também coletam água da chuva para ser utilizada no sistema.
Quando o broto é coletados eles são imediatamente transportados para
um carrinho térmico (Figura 7), que possui um sistema de irrigação, o que
Figura 7. Carro térmico para transporte dos brotos coletados.
diminui o estresse das células vegetais por desidratação. Os brotos devem ter
em torno de 8 cm a 11 cm e uma base de diâmetro e consistência suficientes,-
para suportarem a estaquia. Semanalmente é realizada a limpeza dos canteiros
com uma máquina costal Still que produz vento e elimina todas as folhas que
caem sob as cepas e nos canteiros, evitando meios de sobrevivência de
patógenos. Os brotos ladrões (brotações que surgem fora do ponto de coleta)
também devem ser freqüentemente eliminados. Os canteiros de cimento
proporcionam um maior aproveitamento da área da estufa, além de terem maior
durabilidade, quando comparados com os calhetões de amianto. Isso significa
um maior número de cepas por área de estufa. O espaçamento entre os
canteiros é de 70 cm.
16
, w.
As principais doenças deste setor, mesmo que ocorram em baixa
freqüência, são Bofrifis - Bofryfis cinerea, oídio - Sphaerofheca pannosa e
ferrugem - Puccinia psidii, enquanto que as pragas são as cochonilhas e os
pulgões.
As colaboradoras são divididas em equipes para coletarem os brotos,
sendo que cada equipe tem uma meta. Este setor é basicamente composto por
mulheres, pelo fato de possuírem maior habilidade manual.
Os clones são desenvolvidos por empresas e destinados ao viveiro para
serem propagadas. A produção média gira em torno de 2 milhões de brotos por
mês.
Entre outras atividades, foi realizada a verificação e fiscalização da
qualidade de coleta dos brotos, levantamento de dados de pesquisa,
monitoramento da eletrocondutividade da solução usada na fertirrigação e ainda
acompanhado o treinamento teórico - prático que é dado a todos os
colaboradores que venham a trabalhar neste setor.
./ ETA - Estação de tratamento de água
Este, com certeza, é um setor diferencial no viveiro. A principal finalidade
é fornecer água de boa qualidade para as mudas, livre principalmente de metais
pesados e fitopatógenos. Todo o viveiro possui um excelente e bem planejado
sistema de drenagem e de captação da água da chuva. Toda essa água é
conduzida até um reservatório maior (Figura 8), com área de aproximadamente
1 ha e uma profundidade de 5 metros. Quando esta água não-é suficiente,
existe uma bomba que capta água de um arroio que se localiza próximo à
empresa. Então, toda esta água passa pela ETA, sendo efetuado um rigoroso
processo de filtragem e limpeza. A ETA tem capacidade de processar 100 mil
litros de água por hora, ou 3 Usegundo. Esta água é monitorada por um
técnico, que acompanha toda as etapas deste processo, realizando análises de
ph, temperatura e turbidez. Também é acompanhado o consumo diário de água
no viveiro, de acordo com o setor, e conforme a temperatura.
17
Figura 8. Reservatório de Água.
Está sendo feito um teste para analisar o efeito do cloro nas mudas, para
ser aplicado em uma dose suficiente para eliminar a possibilidade de
sobrevivência de outro grupo de patógenos (bactérias, basicamente) sem
causar fitotoxidez nas plantas. Rotineiramente é realizada a limpeza dos filtros
da estação, visando uma continua qualidade da água. A empresa vem
estudando um melhor aproveitamento deste lodo que é gerado, basicamente
como fertilizante.
Neste setor, foi feito levantamento de características qualitativas da
água, como o pH e turbidez, por exemplo, além de receber um treinamento para
a compreensão de todo o processo de funcionamento da ETA. Ajudou-se no
delineamento do teste do cloro, calculando doses e freqüências de irrigação.
Além disto, foi realizado coletas de amostras de água da ETA para serem
encaminhadas para análise e monitoramento do consumo de água,do viveiro .
./ Confecção das mudas
Após serem coletados nos mini-jardins clonais, os brotos são destinados
a este setor, onde serão plantados (estaqueados) (Figura 9). A confecção
consiste em deixar os brotos com dois pares de meias folhas e com o tamanho
adequado (aproximadamente o tamanho da palma da mão). Está sendo
realizado um teste para avaliar a taxa de enraizamento e de desenvolvimento
de brotos com tamanhos menores (8 cm e 5 cm).
18
Figura 9. Colaboradoras no setor de plantio.
Neste setor, também são misturados em uma betoneira os substratos
(50% casca de arroz carbonizada + 50% vermiculita) com a porção de adubo
previamente definida para cada espécie. O adubo está também na forma de
osmocote, um adubo granulado de liberação lenta dos nutrientes, a fim de ser
liberado mais lentamente, diminuindo as perdas por Iixiviação e,
conseqüentemente, suprindo as necessidades da muda no período em que ela
permanece no viveiro. Preenchem-se, então, os tubetes previamente
esterilizados, que já estão nas telas. O encanteiramento dos tubetes nas telas
era feito manualmente, mas recentemente a empresa adquiriu um
encanteirador automático de tubetes. Após, o substrato é umedecido e
compactado e os tubetes são todos perfurados no centro com um gabarito
manual, para só então serem plantadas as estacas. As funcio~árias então
devem estaquear as mudas no centro do tubete, de modo que uma folha não
fique em contato com a da outra muda do lado, diminuindo a incidência e
propagação de doenças dentro das casas de vegetação e otimizando a
utilização da energia solar (menor sombreamento). Cada dupla de
colaboradoras tem a meta de realizar o plantio de 8 telas por dia.
Também neste setor são confeccionadas as macro-estacas, que estão
cada vez sendo menos utilizadas em função de custos para serem coletadas e
da sua baixa taxa de enraizamento. Em função disso, está sendo estudado
também a aplicação de hormônios para estimular o enraizamento. Esta melhor
e mais rápida formação de raízes nas mini-estacas pode ser explicada em
19
, _.
função do conteúdo genético que uma cepa nova carrega, que possui uma
mensagem de produzir raízes abundantemente em busca de água e nutrientes,
enquanto que brotos de plantas de 7 ou 8 anos já não possuem está
mensagem genética de forma tão expressiva, pois eles já estão em uma árvore
adulta, com outros objetivos. Daí também sai a explicação do porque que
nenhuma cepa dos mini-jardins possui mais do que 2 ou 3 anos. A empresa
também planeja construir mais mini-jardins para passar a não depender mais
das macro-estacas, otimizando e estabilizando a produção.
O estaqueamento dos brotos com os pares de folhas sem serem
cortados também vem sendo analisado, a fim de reduzir esta porta de entrada
para doenças.
Contribuiu-se na identificação dos lotes, que mudam de acordo com
origem dos brotos (n.? do calhetão nos mini-jardins clonais) ou a cada mudança
de clone que está sendo confeccionado. Conferiu-se a qualidade do
estaqueamento e do preenchimento dos tubetes com substrato, além de
determinar a freqüência com que os brotos ficam a espera de serem
confeccionados deveriam ser irrigados. Também realizava o levantamento do
número de mudas que eram confeccionadas em um dia para inserir esta
informação no sistema interno de controle de produção que a empresa possui.
Foi auxiliada a formulação de uma matéria para o jornal da empresa, que tinha
como tema o uso de recipientes biodegradáveis na produção de mudas
florestais .
./ Semeadura
A empresa possui uma semeadora automática. Os tubetes são
encanteirados e passam pela máquina, que possui um sistema de sucção das
sementes de eucalipto ou pinus de um depósito, sendo então levadas até as
telas, onde são depositadas no centro dos tubetes. Os tubetes também são
preenchidos com substrato ( 40% turfa e 60% casca de Pinus) pela própria
máquina. Após a semeadura, é colocada uma camada de vermiculita sobre os
tubetes para diminuir a perda de água por evapotranspiração, minimizando a
necessidade de irrigação. As telas (Figura 10) são colocadas nas estufas de
20
, _.
germinação e posteriormente vão para as outras etapas de produção,
começando pelas estufas de crescimento, idênticas a dos clones.
Figura 10. Tela semeada com Eucalipto.
Eventualmente, em virtude do tamanho pequeno das sementes, a
máquina despeja nos tubetes mais de uma semente. Realiza-se então a prática
do raleio e da repicagem.
Todas as sementes de pinus são importadas e passam por um rigoroso
processo de seleção, mas mesmo assim eventualmente aparecem lotes com
baixo potencial germinativo. Atualmente a Tecnoplanta está investindo em
melhoramento genético num pomar de sementes de pinus de propriedade da
empresa.
Neste setor foi realizada mais uma função de Qestor, destinando as telas
semeadas para as melhores condições (estufas mais quentes e com bicos
pulverizadores adequados), além da determinação do ritmo que deveria ser
feito o encanteiramento dos tubetes nas telas e a passagem desta pela mesa
esterilizadora. Também deveria ficar atento a possíveis entupimentos nas
agulhas que succionam a semente para ser depositada no tubete. No pomar de
pinus, foi realizado levantamentos de dados experimentais e demarcações de
talhões com o uso de GPS .
./ Estufa de crescimento
Após serem confeccionadas ou semeadas, as mudas são levadas até as
estufas de crescimento (Figura 11). Estas estufas geralmente possuem uma
21
, _.
temperatura mais elevada. A irrigação é feita por uma névoa de água. As
mudas devem ficar permanentemente com água sobre a lâmina foliar (no caso
dos clones, principalmente). Isto deve ser feito para se evitar a desidratação
das mudas, pois o seu sistema radicular não está estabelecido (principalmente
as dos clones) e, portanto, não absorvendo quase nada de água. Este setor é
equipado também com aluminets e sombrites, a fim de diminuir a radiação solar
incidente nas mudas jovens.
Figura 11. Estufas de Crescimento.
As mudas freqüentemente são avaliadas reunidas em grupos
homogêneos conforme o seu tamanho, de modo a evitar principalmente a
competição por luz. Vale lembrar que uma muda de clone necessita de mais
água inicialmente em função da sua menor quantidade de raízes.
Foi colaborado na determinação de quanto tempo as mudas deveriam.permanecer nas casas de vegetação, além deopinar com os encarregados pelo
setor sobre momento de abertura e fechamento das cortinas e recolhimento ou
não dos aluminets .
./ Estufa de aclimatizacão e área de rustificacão
Passada a fase de crescimento inicial, as mudas são destinadas a fase
de aclimatização e rustificação. A empresa possui estufas com cortinas laterais
e teto retrátil (Figura 12). As mudas começam então a receber um manejo
diferenciado, com irrigação por aspersão e com tamanho de gota muito maior,
22
já se assemelhando com o de uma chuva natural. As cortinas e os tetos são
abertos e fechados conforme a temperatura, vento, radiação solar e umidade
relativa do ar. Após este processo, que varia de duração conforme a época do
ano, as telas são colocadas a céu aberto, onde então serão rustificadas, para
não sofrerem um grande impacto quando forem plantadas no campo, onde
ficarão sujeitas a geada, estresse hídrico ou ventos, por exemplo. As mudas
propagadas por sementes podem ir mais cedo para as áreas de rustificação em
função de seu sistema radicular melhor estabelecido. Em nenhuma destas
etapas é necessário fazer a pode de raízes, pois elas morrem ao entrarem em
contato com o vento e, portanto, não saem do recipiente.
Figura 12. Estufas climatizadas com teto-retrátil.
A função do estagiário era basicamente a mesma do setor das estufas de
crescimento, com o diferencial que neste setor também é realizada a abertura.dos tetos retráteis. Também monitorava a temperatura e a velocidade dos
ventos no interior da estufa, além de controlar a qualidade da seleção das
mudas (determinação do tamanho em pequena, média e grande) .
./ Expedição
Neste setor as mudas são passadas por um processo final de seleção,
sendo classificadas de acordo com o seu tamanho e qualidade. As mudas
devem ter de 20 a 35 em e possuir uma boa quantidade de raízes jovens. As
mudas que ainda não atingiram este padrão retornam as estufas de
23
, _.
crescimento, recebendo adubações suplementares. Após, são embaladas em
caixas ou em "rocamboles" e carregadas nos caminhões. Os rocamboles
(Figura 13) nada mais são do que a prática de embalamento com um plástico
de um conjunto de cerca de 50 mudas sem os tubetes. Esta técnica permite
uma maior capacidade de carga nos caminhões e faz com que os tubetes não
saiam da empresa, diminuindo as suas perdas. O plantio também fica facilitado.
Esta técnica é mais utilizada na expedição dos pinus.
Figura 13. Mudas expeditas em rocambole.
Cada caminhão tem capacidade para 81 mil mudas encaixotadas ou 180
mil mudas em rocamboles. A empresa possui caminhões próprios e também
terceiriza este tipo de serviço.
Após serem carregados, os caminhões passam por um sistema de
irrigação e é então .são enlonados. Atualmente, os caminhões também são
aclimatizados (Figura 14), com baús isolados termicamente. Neste setor, foi
realizado juntamente com o encarregado do setor, a fiscalização da qualidade
das mudas expedidas, amostragem de número de mudas por caixa e o tempo
de carregamento do caminhão, além de observar se as mudas eram
corretamente irrigadas e se os caminhões estava sendo enlonados na sombra.
Figura 14. Caminhões c1imatizados.
24
, _.
Após o carregamento, o motorista busca a nota fiscal. Todo esse
processo demora de 2 a 3 horas por caminhão. A muda, enfim, após ficar cerca
de 90 dias no verão e 120 no inverno dentro do viveiro, vai para o seu destino
final. Mudas de rocambole vão com raízes nuas, sendo mais sucetíveis a
doenças .
./ Tubetes
Os tubetes (Figura 15) possuem ranhuras internas e possuem um
volume de 55 em". Eles voltam do campo e são colocados em um lavador semi-
automático. Após, são encanteirados e passam por um esterilizador. Depois
serão destinados para as áreas de clonagem ou de semeio. Custam para a
empresa cerca de 40 reais cada milheiro.
Figura 15. Tubetes utilizados na produção das mudas,
destacando as saliências internas anti-enovelamento de raízes ..
Todos os tubetes e caixas teoricamente devem voltar para a empresa
após as mudas serem plantadas no campo. Existem perdas consideráveis,
geradas principalmente na hora do plantio. As perdas giram em torno de 10%
no período de um ano .
./ Laboratório de sementes
Todas as sementes utilizadas para a produção de mudas são
provenientes de programas de melhoramento genético e sofrem, portanto, um
25
rigoroso processo de seleção e limpeza antes de serem utilizadas. No local se
encontram vários equipamentos, como balanças de precisão, medidores de pH,
lupas (Figura 16) e refrigeradores para o acondicionamento das sementes.
Figura 16. Lupa para separação das impurezas das sementes .
./ Visita ao viveiro da Barba - Negra
Nesta visita ao viveiro na fazenda Barba Negra, da empresa Aracruz
.Celulose, onde o estagiário conheceu toda a estrutura deste local. A empresa
Tecnoplanta terceiriza o fornecimento da mão de obra para este setor da
Aracruz Celulose S.A. O processo de confecção das mudas é o mesmo. O que
mais chama a atenção é o fato de que todas as etapas são feitas em estufas
c1imatizadas (inclusive a rustificação), a maioria delas equipadas com tetos-
retráteis. Isso é bom pelo fato de que no inverno não se perdem mudas que"
estão na etapa de rustificação por ocorrência de geada ou granizo. Porém, o
lado negativo é que o teto retrátil sempre possui vazamentos, o que estava
ocasionando uma maior incidência de doenças no mini-jardim deste viveiro
quando comparado com o da Barra do Ribeiro, além de necessitarem de
manutenções periódicas. Outro fato interessante é que nas pesquisas da
Aracruz, as mudas são propagadas in viiro, o que acelera a obtenção de
resultados e dados. A fertilização dos mini-jardins clonais também é toda
automatizada.
26
./ Visita ao viveiro de mudas nativas e ornamentais
Neste dia pude perceber que a produção de mudas de espécies
florestais nativas (Figura 17) é bem mais complicada do que as exóticas. As
sementes geralmente possuem dormência mais difícil de ser quebrada e
também são mais susceptíveis a doenças, principalmente fúngicas.
Figura 17. Mudas de calhandra.
Estas especies possuem um desenvolvimento inicial lento. Nunca
sofreram um processo de seleção ou melhoramento, possuindo, portanto,
muitas características indesejáveis para a propagação em escala comercial. Os
recipientes também têm que ser diferentes, em função das características das
raízes. Enfim, não se pode ter um padrão de p odução nestes tipos de
espécies, em função que cada uma possui características biológicas e hábitos.distintos. Também existe a dificuldade de se obter sementes de árvores nativas._,o
Porém, com certeza é um segmento que não pode ser deixado de lado, pois o
mercado destas espécies parece estar em uma curva ascendente. Todo o ano,
a Tecnoplanta produz cerca de cem mil mudas que são distribuídas no
shopping Iguatemi, através da campanha cubra o mundo de verde. Outro
mercado fiel são algumas prefeituras do interior do Estado. A empresa já
percebeu o crescimento deste mercado. Tanto é que está com projeto para
realizar a ampliação deste local. Atualmente pode-se dizer que essa produção é
feita meramente por questões de marketing, pois praticamente não gera renda
para a empresa.
27
,~.
Entre as especies propagadas podemos citar pitangueiras, araçás,
quivis, goiabeiras, três marias, falsa érica, brinco de princesa,azalea e hibiscos.
A produção anual gira em torno de 600 mil mudas .
./ Saída com a equipe pós-venda
Juntamente com o técnico pós-venda, foi acompanhada a chegada de
uma carga de mudas a um local de propriedade da empresa Boise, no
município vizinho de Mariana Pimentel. As mudas já estavam com um tamanho
acima do padrão, pelo atraso da empresa em retirarem suas mudas do viveiro,
o que dificultou tanto o carregamento como o descarregamento. Elas
geralmente quebram nas pontas e podem produzir um maior número de
ramificações laterais, prejudicando a linearidade da tora, depreciando a
qualidade e aumentando custos com mão de obra, pois terá que ser realizados
um maior número de desbastes. Por outro lado, estas mudas estão mais
rústicas e, teoricamente, resistem melhor a um inverno frio e ventoso, por
exemplo, como ocorre freqüentemente. Nesta saída foi compartilhada a opinião
com o técnico pós venda e foi auxiliada a elaboração do relatório de visita
técnica que rotineiramente deve ser entregue aos supervisores da empresa .
./ Pós-venda
A empresa possui uma equipe de pós venda que presta assistência
técnica aos clientes. Eles orientam para a realização de um plantio eficiente.
Também é responsabilidade deste setor verificar se as mudas estão bem
armazenadas no campo, para evitar posteriores reclamações da qualidade das
mudas, além de conquistarem novos clientes. Muitas vezes as mudas chegam
à propriedade e são deixadas por um longo período a céu aberto, expostas ao
sol e sem receber água. Com isso, existe uma maior dificuldade para se
estabelecerem inicialmente no campo, o que muitas vezes gera reclamação dos
clientes questionando se isso não seria conseqüência de uma muda de má
qualidade. Com essa "fiscalização" da equipe pós-venda pode ser evitado este
tipo de reclamação. Juntamente com a equipe, foi realizado um levantamento
dos principais problemas que a muda enfrenta quando sai do viveiro, o que leva
28
,_.
paralelamente ao fomento de setor de pesquisa, especialmente no que diz
respeito à rustificação das mudas. Mais uma vez, o estagiário colaborou na
elaboração do relatório ..
-/ Doenças
De uma maneira geral, o viveiro não possuía, durante este período de
estágio, nenhum problema crítico de doenças. Botrytis cinerea (mofo cinzento)
ocorre em todas as fases de produção. Nos mini-jardins clonais pode ocorrer o
oídio - Sphaerotheca pannosa, já que as folhas permanecem com a superfície
livre de umidade. Já ocorreram também problemas de mancha foliar com a
quambalária - Quamba/aria euca/ypti. Na fase de aclimatização e rustificação, é
comum encontrar-se Rhizoctonia spp (Figura 18). De maneira geral, a empresa
sempre procura fazer a prevenção de doenças através do manejo integrado das
plantas (Figura 19), evitando assim o uso de fungicidas, preservando o meio
ambiente e diminuindo custos. O fungicida só é utilizado quando a doença
atingir o nível de dano econômico, ou seja, quando os danos pelo patógenos
irão ultrapassar os custos de uma aplicação. Ocorre o monitoramento diário das
mudas em pontos estratégicos com uma equipe adequadamente treinada para
a identificação de doenças.
Figura 18. Sintomas foliares de Rhizoctonia spp em eucalipto.
29
, _.
Figura 19. Placas demarcando os setores a serem monitorados .
./ Geada
Quando ela ocorre é necessário que se ligue o sistema de irrigação nas
mudas que ficam na rua, durante a noite e pela madrugada, evitando assim a
formação de gelo. Porém, esta técnica não garante 100% de eficiência. Muitas
mudas, principalmente as menores, não conseguem escapar. O gelo e o frio
provocam o rompimento dos vasos e células vegetais, ocasionando em muitos
casos a morte completa da muda. Na geada mais severa do ano de 2007 foi
feito um levantamento que registrou a perda de aproximadamente 400 mil
mudas, provenientes de semeadura, que tinham saído da casa de vegetação na
noite anterior.
./ Funcionário
Todos os funcionários, ao serem imcorporados no quadro, recebem
treinamento referente ao setor em que irão trabalhar. São fornecidos também a
eles todos os EPIS necessários (botinas, jaleco, camiseta, chapéu, óculos
escuros, etc.). A empresa oferece um salário compatível se analisarmos a
atividade que é realizada e o grau de especialização e escolaridade dos
funcionários. Também ocorre o fornecimento de cestas básicas e assistência
30
, _.
médica na própria empresa. Contribuiu-se nos treinamentos de forma em tentar
torná-los mais didáticos.
6- CONCLUSÕES
O estágio certamente acrescentou muito em minha formação. Pude ter
contato direto com futuros colegas de profissão e perceber a realidade que é
nossa profissão fora dos alcances da universidade. Todos os dias aparecem
novos desafios. Pude conhecer um pouco mais desta área de produção de
mudas em sistemas de viveiros fechados. Não descarto a possibilidade de atuar
futuramente neste setor.
A empresa considera como os principais desafios na produção de mudas
dentro do seu viveiro a automatização das etapas e a mudança no tipo de
recipiente. É provável que em pouco tempo utilize-se recipientes
biodegradáveis e mecanismos para o transporte dos brotos como o "aerocom".
7- ANÁLISE CRíTICA DO ESTÁGIO
Com certeza foi uma expenencia enriquecedora para os meus
conhecimentos e uma oportunidade de abrir uma porta para minha atuação
profissional ao concluir a graduação. É uma atividade que envolve muitas
técnicas e tecnologias, em que a cada dia surge u problema novo para se
resolver. O período de estágio mínimo exigido pelo curso não foi suficiente.
Primeiramente pelo fato de não permitir que o estagiário conheça todo um,-
sistema de produção e, em segundo lugar, porque quando a empresa começa a
adquirir confiança no estagiário e passaria, portanto a destinar uma função para
atuação mais efetiva no local, realizando mais atividades e não só adquirindo
conhecimentos, o período desta experiência já esta por se encerrar.
Abaixo, segue também uma análise critica em relação ao sistema de
produção do local do estágio, ressaltando pontos positivos e críticas.
31
~ Pontos positivos:
./ Manejo da água
Sem sombra de dúvidas, este é o principal diferencial da empresa. O
eficiente sistema de drenagem, captação (Figura 20) e tratamento da água
possibilita uma produção mais segura, econômica e sustentável.
Figura 20. Sistema de captação da água da chuva .
./ Treinamento
O treinamento que todos os funcionários recebem freqüentemente
possibilita uma maior produção e com uma maior qualidade.0,0
./ Viveiro suspenso
O viveiro suspenso (Figura 21) possibilita um maior conforto para o
trabalho. Além disto, à distância do chão pode diminuir a ocorrência de
patógenos, principalmente bacterioses, em função de uma menor umidade e
maior circulação de ar entre as mudas.
32
, _.
Figura 21 Viveiro Suspenso: sinônimo de conforto de trabalho .
./ Logística
Todo o sistema de produção é muito bem planejado. Tudo funciona
perfeitamente, em seqüência, garantindo uma produção contínua e um
escoamento rápido da produção. Os rádios comunicadores propiciam também a
rápida solução de problemas e dúvidas, além de uma instantânea comunicação
entre técnicos encarregados e supervisores de diferentes setores .
./ Produção fixada por metas
Isto leva a uma maior efetividade de trabalho, pois os colaboradores
sabem que tem metas a cumprir e tem>que se esforçarem ao máximo para
atingí-Ias .
./ Qualidade das mudas
Todo o sucesso da empresa com certeza deve-se a excelente qualidade
das mudas produzidas, principalmente na quantidade e qualidade de raízes,
rusticidade e vigor.
33
./ Aluminets
Todas as casas de vegetação possuem aluminets (Figura 22), que nada
mais são do que sombrites metálicos. Isso proporciona possibiliita reduzir a
temperatura no interior das estufas e proporciona ainda um maior conforto para
os funcionários trabalharem.
Figura 22. Aluminets estendidos dentro da estufa.
~ Aspectos a serem melhores avaliados:
Algumas telas entortaram em função de transporte e manuseio. Isto pode
estar causando uma leva queda na qualidade de produção e um maior número
de mudas perdidas por incidência de moléstias, fato que muitas vezes não é
nem perceptível no dia-a-dia. Mudas que ficam no canto dos tubetes podem ter
suas raízes enoveladas diminuindo o vigor da muda, o que ocorre geralmente
pelo fato de o gabarito não furar todos os tubetes no centro .
./ Qualidade de substrato
Deveria ser repensada uma possível forma de verificação da qualidade
do substrato. Ele não pode ser considerado um material inerte. Muitas vezes ele
pode estar chegando na empresa com fontes de inoculo de patógenos, ou
34
,_.
algum elemento quirruco que possa vir a prejudicar o desenvolvimento das
mudas. Acredito que não seja algo muito freqüente a presença destes
elementos. Porém, eventuais análises podem ser realizadas e virem a ser de
grande utilidade. A empresa realiza rotineiramente pesquisa com diferentes
tipos de substratos. O objetivo é identificar um substrato que adsorva uma boa
quantidade de água e proporcione, ao mesmo tempo, um bom desenvolvimento
das raízes (Figura 23). O substrato Carolina Soil é o que vem apresentando um
melhor resultado, apesar do seu maior custo, que pode ser compensado pela
economia de água. Nas pesquisas de substratos são avaliadas a MS de raízes,
consumo de água, diâmetro da muda, nOde pares de folhas, etc.
Figura 23. Detalhe da quantidade de raí es ativas .
./ Limpeza dos reservatórios
Dois dos três grandes reservatórios (de zinco) estavam descobertos
(Figura 24), com uma grande quantidade de limo e poeira depositados no
fundo. Portanto, de nada adianta a água sair com uma excelência qualidade da
ETA e ser novamente colocada em um local com sedimentos. Isto pode
inclusive acarretar no entupimento de encanamentos e de bicos pulverizadores.
35
Figura 24. Detalhe do reservatório descoberto, logo após o tratamento da água.
,/ Maior espaço para testes e pesquisas
Teste e pesquisa sempre são importantes para se obter dados que levem
a uma produção cada vez mais diferenciada e de qualidade. A empresa possui
profissionais qualificados para tanto e este tipo de atividade deveria ser cada
vez mais estimulada .
./ Qualidade da água de drenagem
A água drenada novamente para o reservatório maior carrega consigo
um grande aporte de nutrientes. Isso causou no último ano o surgimento e a
proliferação de algas (Figura 25) que podem vir a comprometer os
encanamentos do sistema de irrigação.
Figura 25. Detalhe da proliferação de algas.
36
, -
./ Revisão de bicos pulverizadores e vazamentos
Durante a minha passagem pela empresa pude verificar vazamentos e
bicos mal regulados ou entupidos. Isto pode gerar um aumento no consumo de
água e, conseqüentemente, no custo de produção. Os funcionários
denominados aguadores recebem treinamento para observarem isto, mas
mesmo assim o problema persistia .
./ Maior rigor de coleta de brotos
Mesmo com o treinamento, algumas funcionárias não realizam a coleta
no local correto, o que prejudica a próxima brotação. Este aspecto não chega a
ser tão relevante. Porém, sempre é algo que pode ser revisado e melhorado .
./ Levantamento de cortinas
Em alguns dias de vento, a cortina lateral do teto retrátil era levantada
para poder se fiscalizar o trabalho dos funcionários. A minha pouca experiência
no ramo não me permite uma análise mais crítica sobre este acontecimento,
mas com certeza as mudas de bordadura das estufas estavam sofrendo
estresse desnecessário pela incidência do vento. Achç que o mais correto seria
achar outra forma de se fiscalizar a produção dos colaboradores.
./ Adubação '.>
Um futuro bom investimento seria a automatização do sistema de
adubação, não só dos mini-jardins, mas como de todo o viveiro. Outro fato é
que cada espécie de eucalipto e cada um de seus clones possuem exigências
nutricionais diferenciadas. Portanto, é provável que a necessidade de nutrientes
de cada um deve também ser distintas. A mistura do adubo em forma de
osmocolte nas betoneiras também é desuniforme.
37
./ Tamanho e idade das mudas
Muitas vezes as mudas (Figura 26) ficam mais tempo que o necessário
dentro do viveiro. Isso se agravou nos últimos anos, em função de dificuldades
de licenciamentos para plantio por parte dos clientes. Com isso, as mudas
saem com um tamanho elevado, dificultando o carregamento dos caminhões.
Também se observa um número muito grande de raízes velhas e mortas, o que
vai dificultar o desenvolvimento inicial da floresta. Os custos com adubação e
irrigação também se elevam no viveiro, diminuindo a margem de lucro final.
Figura 26. Mudas de Pínus após 180 dias no viveiro.
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8- REFERÊNCIAS BIBLlOGRAFICAS
Tecnoplanta, Site da Empresa. Disponível em:www.tecnoplanta.net. Acesso em 15 de agosto de 2008.
Barra do Ribeiro, Site do Município. Disponível em:www.barradoribeiro.rs.gov.br/. Acesso em 20 de setembro de 2008.
CARNEIRO, J. G. A Influência dos fatores ambientais, das técnicas deprodução sobre o desenvolvimento de mudas florestais e a importância dosparâmetros que definem sua qualidade. In: FLORESTAS PLANTADAS NOSNEOTRÓPICOS COMO FONTE DE ENERGIA, 1983. Anais ... Viçosa:Universidade Federal de Viçosa, 1983. p. 10-24.
GOMES, J. M.; COUTO, L.; PEREIRA, A R. Uso de diferentes substratos esuas misturas na produção de mudas de Euca/ypfus grandis por meio desemeadura direta em tubetes e em bandejas de isopor. Revista Árvore, v. 9,n.1, p. 8-86, 1985.
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GONÇALVEZ, J.L.M.; Beneddeti, V. Nutrição Florestal.,Piracicaba, SP: IPEF,2000.
Alfenas, AC; Doenças na cultura do eucalipto. MG: UFV,2007.
"o
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