universidade federal do rio grande do sul faculdade de … ok.pdf · 2018. 7. 16. · o viveiro...

39
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR90003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO Rodrigo Tubino da Rocha 3083/03-30 00116562 réc noplanfã produção de mudas e s erv i cos TECNOPLANTA FLORESTAL LTDA Porto Alegre, Outubro de 2008.

Upload: others

Post on 19-Nov-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR90003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Rodrigo Tubino da Rocha

3083/03-30 00116562

récnoplanfãprodução de m u d a s e s erv i c o s

TECNOPLANTA FLORESTAL LTDA

Porto Alegre, Outubro de 2008.

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR90003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Rodrigo Tubino da Rocha

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Orientador do Estágio: Suzane Marcuzzo - Eng.oa Florestal

Tutor de Estágio: Paulo Vitor Dutra de Souza - EngOAgrônomo

Comissão de Estágio

Lucia Brandão Franke - Depto. de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia

Maria Jane Cruz de Melo Sereno - Depto. de Plantas de Lavoura

Mari Bernardi - Depto. de Zootecnia

Lair Ferreira - Depto. de Horticultura e Silvicultura

Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos

Josué Sant'Ana - Depto. de Fitossanidade

Porto Alegre, Outubro de 2008.

2

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda a equipe da Tecnoplanta Florestal pela atenção e

paciência a me receber. Todos foram muito atenciosos e estavam sempre

dispostos em esclarecerem minhas dúvidas. Com certeza enriqueci muito o

meu conhecimento neste período. Agradeço, em especial, aos senhores Eudes

Romano Marchetli e Osmar Pereira· Rosa pela oportunidade de estagiar nesta

grande empresa, e à Engenheira Florestal Suzane Marcuzzo pela coordenação

e organização do estágio.

3

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

APRESENTAÇÃO

Neste relatório são relatadas as experiências adquiridas no decorrer da

realização do estágio. Realizei um estágio, cumprindo a carga horária exigida,

na Empresa Tecnoplanta Florestal Ltda., empresa do ramo florestal

especializada em produção de mudas de espécies florestais em sistemas

protegidos utilizando alta tecnologia. A produção de mudas com alta qualidade

é fundamental para a garantia de sucesso de desenvolvimento dos plantios

florestais, principalmente no que diz respeito a estabelecimento e vigor inicial,

além de uma baixa taxa de mortalidade de mudas e de uma menor

porcentagem de mudas tombadas pela ação dos ventos, o que é sinônimo de

uniformidade das árvores. Uma muda de boa qualidade também significa

menores custos para a manutenção do plantio, pois esta diretamente

relacionada à necessidade de tratos culturais. Por qualidade de mudas também

podemos entender a quantidade de raízes, tamanho da muda, rusticidade e

potencial genético. Uma muda de boa qualidade é fundamental para que ela

consiga sobreviver frente a inúmeras condições adversas que irá enfrentar

quando plantada.

Basicamente, descreve-se os processos de produção de mudas de

eucalipto e pinus, ou pinheiro americano, e de algumas espécies nativas de

plantas arbóreas. Este é um setor que vem adquirindo, cada vez mais,

importância no nosso Estado, principalmente após os novos investimentos que

este vem recebendo do setor de produção florestal. Além do mais, a área

escolhida para a realização do estágio compete a nossa futura profissão e

absorve uma boa quantidade de mão de obra, constituindo-se em uma possível

e promissora área de atuação profissional. Há um enorme crescimento da

produção de madeira no RS, mas ainda assim, existe um déficit em relação ao

aumento da demanda e do consumo. Grande parte deste se dá no setor

energético, seguido pela indústria de aglomerados, palets e à produção de

postes de eucalipto. Algumas fontes cogitam a possibilidade de um "apagão"

florestal. Com esta situação, o plantio de árvores para a produção de madeira é

uma importante fonte de renda para pequenos, médios e grandes proprietários

4

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

rurais, desde que cultivadas e manejadas adequadamente para atender as

exigências do mercado. As florestas, além de proporcionarem retorno financeiro

superior a várias outras formas de aplicação no mercado financeiro, não exigem

muitos cuidados com o manejo após o seu estabelecimento e permitem que o

patrimônio permaneça sob a posse do investidor, com total segurança,

tornando-se uma excelente oportunidade para o produtor formar sua poupança

viva. Para tanto, é fundamental o uso de uma muda com excelente qualidade.

5

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Sumário

Títu lo do Item Página

Introdução 8

Caracterização do Local do Estágio 8

Caracterização da Instituição da Realização do Estágio 10

Estágio da Arte do assunto principal trabalhado no estágio 11

Atividades realizadas no estágio 12

Calendário de atividades 12

Mini-jardins clonais 13

Estação de Tratamento de Água 17

Confecção de Mudas ···· .18

Semeadura 20

Estufa de crescimento 21

Aclimatização/Rustificação 22

Expedição 23

Tubete 25

Laboratório de Sementes 25

Visita a Barba - Negra 26

Visita ao Viveiro de Nativas e ornamentais 27

Saída com a equipe pós-venda 28.Pós Venda ···· ..·.28

Doença 29

Geada 30

Funcionários 30

Conclusões 31

Análise crítica do estágios 31

Referências Bibliográficas 39

6

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Lista de Figuras

Título da Figura Página

Figura 1 - Localização do Município de Barra do Ribeiro 9

Figura 2 - Províncias Geornorfolóqicas do Estado do Rio Grande do Sul. 9

Figura 3 - Via de acesso à empresa Tecnoplanta Florestal. 1O

Figura 4 - Visão Geral do Setor de Mini- Jardins Clonais 13

Figura 5 - Visão aérea das mini-cepas 14

Figura 6 - tesouras utilizadas para a realização das podas 15

Figura 7 - Carro térmico para transporte dos brotos coletados 16

Figura 8 - Reservatório de Água 18

Figuras 9 - Colaboradoras no setor de plantio 19

Figura 10 - Tela semeadas com Eucalipto 21

Figura 11 - Estufas de Crescimento 22

Figura 12 - Estufas climatizadas com teto-retrátil. 23

Figura 13 - mudas expeditas em rocambole 24

Figura 14 - Caminhões c1imatizados 24

Figura 15 - Tubetes utilizados na produção das mudas, destacando

as saliências internas anti-enovelamento de raízes...................... . 25

Figura 16 - lupa para separação das impurezas das sementes 26

Figura 17 - Mudas de calhandra 27

Figura 18 - Folhas de eucalipto com Rhizoctonia : 29

Figura 19 - Placas demarcando os setores a serem monitorados 30

Figura 20 - Sistema de captação da água da chuva 32

Figura 21 - Viveiro Suspenso, sinônimo de conforto de trabalho 33

Figura 22 - Detalhe da quantidade de raízes ativas 35

Figura 23 - Detalhe do reservatório descoberto, logo após o tratamento

da água 35

Figura 24 - Detalhe da ploriferação de algas 36

Figura 25 - Mudas de Pínus após 180 dias no viveiro 36

Figura 26 - Aluminets estendidos dentro da estufa 38

7

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

1-INTRODUÇÃO

o setor florestal vem adquirindo uma crescente importância e uma boa

participação na produção e no PIB agrícola do nosso Estado. No Brasil, existem

muitas empresas que necessitam de mão de obra qualificada para suprir a

demanda deste setor. Estes fatores, além da preferência na área para futura

atuação profissional, levaram a procura da empresa Tecnoplanta Florestal para

adquirir uma maior experiência e ter a possibilidade futura de atuar no setor de

forma mais confiante e profissional.

O estágio foi realizado nesta empresa, localizada no município de Barra

do Ribeiro, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, no período de 02 de janeiro de

2008 até 29 de fevereiro do mesmo ano (41 dias, 8 horas por dia), totalizando

328 horas.

O estágio teve como objetivo conhecer a alta tecnologia dos sistemas de

produção de mudas florestais de espécies nativas e exóticas que a empresa

possui.

2- CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

Barra do Ribeiro localiza-se a 60 km de Porto Alegre (Figura 1), na zona

de transição entre a Planície Costeira e o Escudo-Sul-Rio-grandense (Figura 2).

Com uma área de 730,82 krn", possui uma população total de 11.845

habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE do ano de 2000. O

mesmo Censo indica que a população urbana corresponde a 8.938 pessoas e

que a rural representa mais 2.907 pessoas, com uma proporção em relação a

população total de 50% de homens e 50% de mulheres, aproximadamente. Seu

IDH é de 0,794, inferior ao do Estado (0,814). Possui um total de 3674

domicílios, sendo, a maioria, próprios e já quitados. A maior parcela da

população possui acesso a rede de esgoto e 75% dos domicílios possuem rede

de abastecimento de água. Cerca de 5% da população não possui banheiro em

suas casas e 80% do lixo é coletado pelo serviço municipal de limpeza. O PIB

do município é de R$ 99.313.606,00.

8

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Figura 1. Localização do Município de Barra do Ribeiro/RS.

---

PI'OYII'lCIaSGeomortok)glca$---"-"""""~00tpr1iGNot.l1/1ll

""""" •...••...•.- Ãr~'tA"~óoAooQ>"""lIoWl9!18E_IoÇkI~E""-"H·05.2Ol)oI

Figura 2. Províncias Geomorfológicas do Estado do Rio Grande do Sul.

Pode-se chegar até a empresa pela BR-116 entrando no acesso a Barra.do Ribeiro (RS 709), como pode ser observado na Figura 3. A empresa localiza-

se à margem desta rodovia estadual e, portanto, com acesso asfaltado em boas

condições.

Como se trata de algo produzido exclusivamente pela empresa na

região, a comercialização é feita diretamente na empresa e o transporte é feito

por caminhões próprios ou veículos fretados na região.

9

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

l.j..adali;:

C.lOaS do Sull'

••••• -+ Liloral

r

Figura 3. Via de acesso à empresa Tecnoplanta Florestal situada em Barra do

Ribeiro/RS.

A altitude média do município é de 5 m em relação ao nível do mar. O

município faz divisas com Mariana Pimentel, Sertão Santana, Guaíba, Tapes,

Sentinela do Sul, Lago Guaíba e Laguna dos Patos.

A cidade encontra-se aproximadamente a 30°23' 30" de latitude sul e 51°

12' 00" longitude oeste. O tipo climático da região é Cfa, subtropical úmido, com

temperatura média das máximas em torno de 25°C, a média das mínimas ao

redor de 15,5°C, temperatura média anual de 19,3°C e precipitação média

anual de aproximadamente 1322 mm, segundo classificação climática de

Kõeppen.

O tipo de solo na área da empresa é classificado como um planossolo,

mal drenado, pouco oxidado e com contraste textural abrupto com horizonte B

plânico, além de adensado. Na região também se encontram argissolos, nas.áreas de encosta, que apresentam gradi~nte textural com horizonte

subsuperficial mais argiloso, além de uma baixa fertilidade natural e alta

susceptibilidade a erosão.

Quanto ao uso do solo nas regiões, encontram-se lavouras de arroz

irrigado nas planícies e, nas cotas mais altas, pecuária em campo nativo e

florestas cultivadas.

3- CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUiÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

10

, _.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

A empresa foi fundada em 1991, com o objetivo de prestar serviços

terceirizados, no setor de produção de mudas, para a empresa Riocel (atual

Aracruz Celulose S.A.). No decorrer destes 17 anos, a empresa cresceu e

conquistou novos clientes, num total de 200 atualmente, incluindo Aracruz

Celulose S.A., VCP Florestal, Satipel Industrial, Celulose Cambará, Stora Enso

e Isdralit. A empresa pertence a dois sócios, os Srs. Eudes Romano Marchetli e

Osmar Pereira da Rosa.

Com o uso de alta tecnologia, a Tecnoplanta Florestal Ltda é uma

empresa especializada em produzir mudas de alta qualidade, com alta sanidade

e elevado padrão genético. O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total

de 50.000 m2 de estufas e mais 15.000 m2 de galpões. As mudas são

propagadas por sementes ou vegetativa mente. No setor de produção são

utilizadas sementes selecionadas (de origem conhecida), semeadoras

automáticas, estufas c1imatizadas, viveiro suspenso, tubetes, vermiculita e

possui o acompanhamento de uma equipe de profissionais altamente

qualificados. A capacidade atual de produção é cerca de 80 milhões de mudas

por ano. O quadro funcional conta com cerca de 500 colaboradores.

4- ESTADO DA ARTE

A história da produção de mudas florestais pode ser dividida em 3 fases

(Zani et aI. 2001). Na primeira, de 1900 a 1970, as mudas eram produzidas em

tubos de bambu ou embalagens de papel, em terra peneirada e esterco. Já de

1970 a 1985, as embalagens eram feitos de laminados de pinheiro brasileiro e,-

sacos plásticos, e os substratos usados eram de terras de subsolo, esterco e

nutrientes minerais. Nos dias atuais, a produção se dá em viveiros suspensos,

protegidos em casas de vegetação, utilizando tubetes como recipientes e

materiais orgânicos ou vermiculita como substrato, por exemplo.

É vital produzir mudas de qualidade para o sucesso do plantio do

eucalipto e pinus. Essas mudas quando plantadas resistirão mais a seca,

ataque de formigas, tombamento por ventos e doenças. A árvore em

crescimento será vigorosa, com tronco reto e crescimento rápido.

11

, _.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

o êxito de um reflorestamento depende de muitos fatores, entre eles a

qualidade das mudas levadas ao campo, que, além de resistirem às condições

adversas, devem ser capazes de desenvolver produzindo árvores com

crescimento satisfatório (PAIVA e GOMES, 1995).

A sobrevivência, o estabelecimento, a freqüência dos tratos culturais e o

crescimento inicial das florestas são avaliações necessárias para o sucesso do

empreendimento florestal, o que está diretamente relacionado com a qualidade

das mudas por ocasião do plantio (Carneiro, 1983; Gomes et aI., 1991;).

5 - ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO

Juntamente com a equipe da Tecnoplanta Florestal, especialmente com

a coordenadora do viveiro, Engenheira Florestal Suzane Marcuzzo, foi

elaborado um cronograma didático para entender o funcionamento da empresa

de melhor maneira possível além da participação em algumas atividades,

aproveitando ao máximo este período, relativamente curto.

Foi definido então que o estagiário passaria um determinado período em

cada setor de produção (mini jardins clonais, estufas de crescimento, setor de

clonagem, setor de semeio) . Cada um destes setores possui um responsável,

geralmente um técnico agrícola, o qual acompanhava o estagiário,

esclarecendo dúvidas e explicando o funcionamento da respectiva etapa do

processo de produção.

As mudas são produzidas, basicamente, através de dois métodos:

clonagem e semeadura.

Cronograma das principais atividades desenvolvidas

Atividade I Setor Período

Apresentação da Empresa 02/01/2008 - 08/02/2008

Minijardim -clonal 09/01/2008 - 16/01/2008

Estação de tratamento de água 17/01/2008 - 21-01/2008

Setor de confecção 22/01/2008 - 25/01/2008

Estufas de crescimento 26/01/2008 - 01/02/2008

12

,~.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Aclimatização/Rustificação 06/02/2008 - 08/02/2008

Expedição 11/02/2008 - 14/02/2008

Semeio 15/02/2008 - 20/02/2008

Laboratório de Sementes 21/02/2008 - 22/02/2008

Viveiro - Barba Negra 25/02/2008

Saída com a equipe pós-venda 26/02/2008

Viveiro de Nativas 27/02/2008 - 29/02/2008

./ Apresentação da empresa

No primeiro dia, a coordenadora do viveiro realizou uma breve

apresentação geral da empresa, resumindo os processos de produção e dando

uma idéia do seu potencial produtivo. Basicamente, a cada 50 funcionários se

tem uma equipe coordenadora formada por um encarregado, um substituto de

encarregado e um aprendiz (função na qual o estagiário estava mais inserido) .

./ Setor de mini-jardins clonais

Este é um setor chave para a garantia da continuidade de produção de

mudas na empresa. Os mini-jardins clonais (Figura 4) fornecem as brotações

que servirão para a produção dos clones. Para tanto, é necessário um manejo

minucioso das cepas.

Figura 4. Visão Geral do Setor de Mini- Jardins Clonais.

13

, _.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Tomou-se conhecimento de como se dá todo o processo deste setor,

desde as podas de condução para formação das copas das mini-cepas (Figura

5) até as coletas dos brotos que são encaminhados ao setor de confecção de

mudas e clonagem.

As dimensões das estufas dos mini-jardins clonais davam a idéia da

grande potencialidade de produção de mudas via mini-estacas do viveiro.

Participou-se do treinamento e~ mini-jardins fornecido aos funcionários e

ministrado pela Engenheira Suzane.

Figura 5. Visão aérea das mini-cepas de eucalipto.

A respeito do manejo da irrigação do setor, existe uma pessoa

responsável para verificar o teor de umidade dos canteiros, ativaf"!do o sistema

somente quando necessário. A irrigação é feita via gotejamento para que as

folhas não permaneçam com água na superfície, eliminando a incidência de

doenças fúngicas nas cepas (com exceção dos oídios - Sphaerotheca pannosa

- que não necessitam de lâmina de água na superfície da folha para causarem

a infecção). Também é realizado diariamente o acompanhamento da

condutividade elétrica da solução nutritiva que entra e sai dos calhetões,

podendo assim ser verificado um excesso de salinidade antes que ela cause

um efeito fisiológico negativo para as plantas. Quando a salinidade for

detectada deve-se realizar imediatamente uma lavagem na areia dos calhetões,

onde são cultivadas as mini-cepas. Foram apresentados os resultados dos

14

, w'

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

experimentos com lonas para cobrirem os canteiros (solarização) e utilização da

lã de escória, um material similar à lã de vidro .. Este material retém a umidade

por muito mais tempo do que a areia, o que é positivo para a economia de

água. Porém, pode ocorrer um efeito negativo em relação ao desenvolvimento

das raízes nas cepas pela dificuldade de eliminação do excesso de salinidade.

A areia é o substrato ideal para este setor, por ser praticamente inerte, não

adsorver nutrientes, ter qrande taxa de infiltração e espaço aéreo,

proporcionando, portanto, condições ideais para o desenvolvimento de raízes

das mini-cepas. É de grande importância à formação da copa das mini-cepas

(em formato de taça), assim como a característica que deve ter o broto para ser

coletado. A formação deve ser conduzida visando o maior aproveitamento

possível da incidência de radiação solar. O principal problema deste setor é a

falta de broto em épocas frias e com pouca luminosidade (que estiola os brotos

e dificulta a estaquia), além da coleta feita de forma errada pelas funcionárias, o

que prejudica a formação da taça e a manutenção do ponto de coleta no local

correto. A "taça" deve ser conduzida de modo com que fique com quatro ramos

principais, de onde surgirão os pontos de coleta. As tesouras (Figura 6) devem

estar sempre bem afiadas para cortarem bem os brotos e evitando assim

problemas com a nova brotação. Recentemente foi adquirido pela empresa um

esterilizador de tesouras, para evitar a disseminação de doenças. Estuda-se,

também, a confecção de uma tesoura automática para evitar a incidência de

tendinite nas funcionárias.

Figura 6. Tesouras utilizadas para a realização das podas.

15

,_.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Está sendo elaborado um teste com hormônios para estimular a

elongação das células e, com isso, tentar resolver os problemas de falta de

broto nestas épocas frias e de baixa luminosidade. Outro problema diz respeito

aos dias de chuva, quando goteiras nas estufas fazem com que as folhas

fiquem com água na superfície, ficando mais suscetíveis a doenças. O piso das

estufas é todo de cimento ou brita, proporcionando conforto ao trabalho e

compondo um eficiente sistema. de drenagem. O teto possui calhas que

também coletam água da chuva para ser utilizada no sistema.

Quando o broto é coletados eles são imediatamente transportados para

um carrinho térmico (Figura 7), que possui um sistema de irrigação, o que

Figura 7. Carro térmico para transporte dos brotos coletados.

diminui o estresse das células vegetais por desidratação. Os brotos devem ter

em torno de 8 cm a 11 cm e uma base de diâmetro e consistência suficientes,-

para suportarem a estaquia. Semanalmente é realizada a limpeza dos canteiros

com uma máquina costal Still que produz vento e elimina todas as folhas que

caem sob as cepas e nos canteiros, evitando meios de sobrevivência de

patógenos. Os brotos ladrões (brotações que surgem fora do ponto de coleta)

também devem ser freqüentemente eliminados. Os canteiros de cimento

proporcionam um maior aproveitamento da área da estufa, além de terem maior

durabilidade, quando comparados com os calhetões de amianto. Isso significa

um maior número de cepas por área de estufa. O espaçamento entre os

canteiros é de 70 cm.

16

, w.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

As principais doenças deste setor, mesmo que ocorram em baixa

freqüência, são Bofrifis - Bofryfis cinerea, oídio - Sphaerofheca pannosa e

ferrugem - Puccinia psidii, enquanto que as pragas são as cochonilhas e os

pulgões.

As colaboradoras são divididas em equipes para coletarem os brotos,

sendo que cada equipe tem uma meta. Este setor é basicamente composto por

mulheres, pelo fato de possuírem maior habilidade manual.

Os clones são desenvolvidos por empresas e destinados ao viveiro para

serem propagadas. A produção média gira em torno de 2 milhões de brotos por

mês.

Entre outras atividades, foi realizada a verificação e fiscalização da

qualidade de coleta dos brotos, levantamento de dados de pesquisa,

monitoramento da eletrocondutividade da solução usada na fertirrigação e ainda

acompanhado o treinamento teórico - prático que é dado a todos os

colaboradores que venham a trabalhar neste setor.

./ ETA - Estação de tratamento de água

Este, com certeza, é um setor diferencial no viveiro. A principal finalidade

é fornecer água de boa qualidade para as mudas, livre principalmente de metais

pesados e fitopatógenos. Todo o viveiro possui um excelente e bem planejado

sistema de drenagem e de captação da água da chuva. Toda essa água é

conduzida até um reservatório maior (Figura 8), com área de aproximadamente

1 ha e uma profundidade de 5 metros. Quando esta água não-é suficiente,

existe uma bomba que capta água de um arroio que se localiza próximo à

empresa. Então, toda esta água passa pela ETA, sendo efetuado um rigoroso

processo de filtragem e limpeza. A ETA tem capacidade de processar 100 mil

litros de água por hora, ou 3 Usegundo. Esta água é monitorada por um

técnico, que acompanha toda as etapas deste processo, realizando análises de

ph, temperatura e turbidez. Também é acompanhado o consumo diário de água

no viveiro, de acordo com o setor, e conforme a temperatura.

17

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Figura 8. Reservatório de Água.

Está sendo feito um teste para analisar o efeito do cloro nas mudas, para

ser aplicado em uma dose suficiente para eliminar a possibilidade de

sobrevivência de outro grupo de patógenos (bactérias, basicamente) sem

causar fitotoxidez nas plantas. Rotineiramente é realizada a limpeza dos filtros

da estação, visando uma continua qualidade da água. A empresa vem

estudando um melhor aproveitamento deste lodo que é gerado, basicamente

como fertilizante.

Neste setor, foi feito levantamento de características qualitativas da

água, como o pH e turbidez, por exemplo, além de receber um treinamento para

a compreensão de todo o processo de funcionamento da ETA. Ajudou-se no

delineamento do teste do cloro, calculando doses e freqüências de irrigação.

Além disto, foi realizado coletas de amostras de água da ETA para serem

encaminhadas para análise e monitoramento do consumo de água,do viveiro .

./ Confecção das mudas

Após serem coletados nos mini-jardins clonais, os brotos são destinados

a este setor, onde serão plantados (estaqueados) (Figura 9). A confecção

consiste em deixar os brotos com dois pares de meias folhas e com o tamanho

adequado (aproximadamente o tamanho da palma da mão). Está sendo

realizado um teste para avaliar a taxa de enraizamento e de desenvolvimento

de brotos com tamanhos menores (8 cm e 5 cm).

18

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Figura 9. Colaboradoras no setor de plantio.

Neste setor, também são misturados em uma betoneira os substratos

(50% casca de arroz carbonizada + 50% vermiculita) com a porção de adubo

previamente definida para cada espécie. O adubo está também na forma de

osmocote, um adubo granulado de liberação lenta dos nutrientes, a fim de ser

liberado mais lentamente, diminuindo as perdas por Iixiviação e,

conseqüentemente, suprindo as necessidades da muda no período em que ela

permanece no viveiro. Preenchem-se, então, os tubetes previamente

esterilizados, que já estão nas telas. O encanteiramento dos tubetes nas telas

era feito manualmente, mas recentemente a empresa adquiriu um

encanteirador automático de tubetes. Após, o substrato é umedecido e

compactado e os tubetes são todos perfurados no centro com um gabarito

manual, para só então serem plantadas as estacas. As funcio~árias então

devem estaquear as mudas no centro do tubete, de modo que uma folha não

fique em contato com a da outra muda do lado, diminuindo a incidência e

propagação de doenças dentro das casas de vegetação e otimizando a

utilização da energia solar (menor sombreamento). Cada dupla de

colaboradoras tem a meta de realizar o plantio de 8 telas por dia.

Também neste setor são confeccionadas as macro-estacas, que estão

cada vez sendo menos utilizadas em função de custos para serem coletadas e

da sua baixa taxa de enraizamento. Em função disso, está sendo estudado

também a aplicação de hormônios para estimular o enraizamento. Esta melhor

e mais rápida formação de raízes nas mini-estacas pode ser explicada em

19

, _.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

função do conteúdo genético que uma cepa nova carrega, que possui uma

mensagem de produzir raízes abundantemente em busca de água e nutrientes,

enquanto que brotos de plantas de 7 ou 8 anos já não possuem está

mensagem genética de forma tão expressiva, pois eles já estão em uma árvore

adulta, com outros objetivos. Daí também sai a explicação do porque que

nenhuma cepa dos mini-jardins possui mais do que 2 ou 3 anos. A empresa

também planeja construir mais mini-jardins para passar a não depender mais

das macro-estacas, otimizando e estabilizando a produção.

O estaqueamento dos brotos com os pares de folhas sem serem

cortados também vem sendo analisado, a fim de reduzir esta porta de entrada

para doenças.

Contribuiu-se na identificação dos lotes, que mudam de acordo com

origem dos brotos (n.? do calhetão nos mini-jardins clonais) ou a cada mudança

de clone que está sendo confeccionado. Conferiu-se a qualidade do

estaqueamento e do preenchimento dos tubetes com substrato, além de

determinar a freqüência com que os brotos ficam a espera de serem

confeccionados deveriam ser irrigados. Também realizava o levantamento do

número de mudas que eram confeccionadas em um dia para inserir esta

informação no sistema interno de controle de produção que a empresa possui.

Foi auxiliada a formulação de uma matéria para o jornal da empresa, que tinha

como tema o uso de recipientes biodegradáveis na produção de mudas

florestais .

./ Semeadura

A empresa possui uma semeadora automática. Os tubetes são

encanteirados e passam pela máquina, que possui um sistema de sucção das

sementes de eucalipto ou pinus de um depósito, sendo então levadas até as

telas, onde são depositadas no centro dos tubetes. Os tubetes também são

preenchidos com substrato ( 40% turfa e 60% casca de Pinus) pela própria

máquina. Após a semeadura, é colocada uma camada de vermiculita sobre os

tubetes para diminuir a perda de água por evapotranspiração, minimizando a

necessidade de irrigação. As telas (Figura 10) são colocadas nas estufas de

20

, _.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

germinação e posteriormente vão para as outras etapas de produção,

começando pelas estufas de crescimento, idênticas a dos clones.

Figura 10. Tela semeada com Eucalipto.

Eventualmente, em virtude do tamanho pequeno das sementes, a

máquina despeja nos tubetes mais de uma semente. Realiza-se então a prática

do raleio e da repicagem.

Todas as sementes de pinus são importadas e passam por um rigoroso

processo de seleção, mas mesmo assim eventualmente aparecem lotes com

baixo potencial germinativo. Atualmente a Tecnoplanta está investindo em

melhoramento genético num pomar de sementes de pinus de propriedade da

empresa.

Neste setor foi realizada mais uma função de Qestor, destinando as telas

semeadas para as melhores condições (estufas mais quentes e com bicos

pulverizadores adequados), além da determinação do ritmo que deveria ser

feito o encanteiramento dos tubetes nas telas e a passagem desta pela mesa

esterilizadora. Também deveria ficar atento a possíveis entupimentos nas

agulhas que succionam a semente para ser depositada no tubete. No pomar de

pinus, foi realizado levantamentos de dados experimentais e demarcações de

talhões com o uso de GPS .

./ Estufa de crescimento

Após serem confeccionadas ou semeadas, as mudas são levadas até as

estufas de crescimento (Figura 11). Estas estufas geralmente possuem uma

21

, _.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

temperatura mais elevada. A irrigação é feita por uma névoa de água. As

mudas devem ficar permanentemente com água sobre a lâmina foliar (no caso

dos clones, principalmente). Isto deve ser feito para se evitar a desidratação

das mudas, pois o seu sistema radicular não está estabelecido (principalmente

as dos clones) e, portanto, não absorvendo quase nada de água. Este setor é

equipado também com aluminets e sombrites, a fim de diminuir a radiação solar

incidente nas mudas jovens.

Figura 11. Estufas de Crescimento.

As mudas freqüentemente são avaliadas reunidas em grupos

homogêneos conforme o seu tamanho, de modo a evitar principalmente a

competição por luz. Vale lembrar que uma muda de clone necessita de mais

água inicialmente em função da sua menor quantidade de raízes.

Foi colaborado na determinação de quanto tempo as mudas deveriam.permanecer nas casas de vegetação, além deopinar com os encarregados pelo

setor sobre momento de abertura e fechamento das cortinas e recolhimento ou

não dos aluminets .

./ Estufa de aclimatizacão e área de rustificacão

Passada a fase de crescimento inicial, as mudas são destinadas a fase

de aclimatização e rustificação. A empresa possui estufas com cortinas laterais

e teto retrátil (Figura 12). As mudas começam então a receber um manejo

diferenciado, com irrigação por aspersão e com tamanho de gota muito maior,

22

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

já se assemelhando com o de uma chuva natural. As cortinas e os tetos são

abertos e fechados conforme a temperatura, vento, radiação solar e umidade

relativa do ar. Após este processo, que varia de duração conforme a época do

ano, as telas são colocadas a céu aberto, onde então serão rustificadas, para

não sofrerem um grande impacto quando forem plantadas no campo, onde

ficarão sujeitas a geada, estresse hídrico ou ventos, por exemplo. As mudas

propagadas por sementes podem ir mais cedo para as áreas de rustificação em

função de seu sistema radicular melhor estabelecido. Em nenhuma destas

etapas é necessário fazer a pode de raízes, pois elas morrem ao entrarem em

contato com o vento e, portanto, não saem do recipiente.

Figura 12. Estufas climatizadas com teto-retrátil.

A função do estagiário era basicamente a mesma do setor das estufas de

crescimento, com o diferencial que neste setor também é realizada a abertura.dos tetos retráteis. Também monitorava a temperatura e a velocidade dos

ventos no interior da estufa, além de controlar a qualidade da seleção das

mudas (determinação do tamanho em pequena, média e grande) .

./ Expedição

Neste setor as mudas são passadas por um processo final de seleção,

sendo classificadas de acordo com o seu tamanho e qualidade. As mudas

devem ter de 20 a 35 em e possuir uma boa quantidade de raízes jovens. As

mudas que ainda não atingiram este padrão retornam as estufas de

23

, _.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

crescimento, recebendo adubações suplementares. Após, são embaladas em

caixas ou em "rocamboles" e carregadas nos caminhões. Os rocamboles

(Figura 13) nada mais são do que a prática de embalamento com um plástico

de um conjunto de cerca de 50 mudas sem os tubetes. Esta técnica permite

uma maior capacidade de carga nos caminhões e faz com que os tubetes não

saiam da empresa, diminuindo as suas perdas. O plantio também fica facilitado.

Esta técnica é mais utilizada na expedição dos pinus.

Figura 13. Mudas expeditas em rocambole.

Cada caminhão tem capacidade para 81 mil mudas encaixotadas ou 180

mil mudas em rocamboles. A empresa possui caminhões próprios e também

terceiriza este tipo de serviço.

Após serem carregados, os caminhões passam por um sistema de

irrigação e é então .são enlonados. Atualmente, os caminhões também são

aclimatizados (Figura 14), com baús isolados termicamente. Neste setor, foi

realizado juntamente com o encarregado do setor, a fiscalização da qualidade

das mudas expedidas, amostragem de número de mudas por caixa e o tempo

de carregamento do caminhão, além de observar se as mudas eram

corretamente irrigadas e se os caminhões estava sendo enlonados na sombra.

Figura 14. Caminhões c1imatizados.

24

, _.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Após o carregamento, o motorista busca a nota fiscal. Todo esse

processo demora de 2 a 3 horas por caminhão. A muda, enfim, após ficar cerca

de 90 dias no verão e 120 no inverno dentro do viveiro, vai para o seu destino

final. Mudas de rocambole vão com raízes nuas, sendo mais sucetíveis a

doenças .

./ Tubetes

Os tubetes (Figura 15) possuem ranhuras internas e possuem um

volume de 55 em". Eles voltam do campo e são colocados em um lavador semi-

automático. Após, são encanteirados e passam por um esterilizador. Depois

serão destinados para as áreas de clonagem ou de semeio. Custam para a

empresa cerca de 40 reais cada milheiro.

Figura 15. Tubetes utilizados na produção das mudas,

destacando as saliências internas anti-enovelamento de raízes ..

Todos os tubetes e caixas teoricamente devem voltar para a empresa

após as mudas serem plantadas no campo. Existem perdas consideráveis,

geradas principalmente na hora do plantio. As perdas giram em torno de 10%

no período de um ano .

./ Laboratório de sementes

Todas as sementes utilizadas para a produção de mudas são

provenientes de programas de melhoramento genético e sofrem, portanto, um

25

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

rigoroso processo de seleção e limpeza antes de serem utilizadas. No local se

encontram vários equipamentos, como balanças de precisão, medidores de pH,

lupas (Figura 16) e refrigeradores para o acondicionamento das sementes.

Figura 16. Lupa para separação das impurezas das sementes .

./ Visita ao viveiro da Barba - Negra

Nesta visita ao viveiro na fazenda Barba Negra, da empresa Aracruz

.Celulose, onde o estagiário conheceu toda a estrutura deste local. A empresa

Tecnoplanta terceiriza o fornecimento da mão de obra para este setor da

Aracruz Celulose S.A. O processo de confecção das mudas é o mesmo. O que

mais chama a atenção é o fato de que todas as etapas são feitas em estufas

c1imatizadas (inclusive a rustificação), a maioria delas equipadas com tetos-

retráteis. Isso é bom pelo fato de que no inverno não se perdem mudas que"

estão na etapa de rustificação por ocorrência de geada ou granizo. Porém, o

lado negativo é que o teto retrátil sempre possui vazamentos, o que estava

ocasionando uma maior incidência de doenças no mini-jardim deste viveiro

quando comparado com o da Barra do Ribeiro, além de necessitarem de

manutenções periódicas. Outro fato interessante é que nas pesquisas da

Aracruz, as mudas são propagadas in viiro, o que acelera a obtenção de

resultados e dados. A fertilização dos mini-jardins clonais também é toda

automatizada.

26

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

./ Visita ao viveiro de mudas nativas e ornamentais

Neste dia pude perceber que a produção de mudas de espécies

florestais nativas (Figura 17) é bem mais complicada do que as exóticas. As

sementes geralmente possuem dormência mais difícil de ser quebrada e

também são mais susceptíveis a doenças, principalmente fúngicas.

Figura 17. Mudas de calhandra.

Estas especies possuem um desenvolvimento inicial lento. Nunca

sofreram um processo de seleção ou melhoramento, possuindo, portanto,

muitas características indesejáveis para a propagação em escala comercial. Os

recipientes também têm que ser diferentes, em função das características das

raízes. Enfim, não se pode ter um padrão de p odução nestes tipos de

espécies, em função que cada uma possui características biológicas e hábitos.distintos. Também existe a dificuldade de se obter sementes de árvores nativas._,o

Porém, com certeza é um segmento que não pode ser deixado de lado, pois o

mercado destas espécies parece estar em uma curva ascendente. Todo o ano,

a Tecnoplanta produz cerca de cem mil mudas que são distribuídas no

shopping Iguatemi, através da campanha cubra o mundo de verde. Outro

mercado fiel são algumas prefeituras do interior do Estado. A empresa já

percebeu o crescimento deste mercado. Tanto é que está com projeto para

realizar a ampliação deste local. Atualmente pode-se dizer que essa produção é

feita meramente por questões de marketing, pois praticamente não gera renda

para a empresa.

27

,~.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Entre as especies propagadas podemos citar pitangueiras, araçás,

quivis, goiabeiras, três marias, falsa érica, brinco de princesa,azalea e hibiscos.

A produção anual gira em torno de 600 mil mudas .

./ Saída com a equipe pós-venda

Juntamente com o técnico pós-venda, foi acompanhada a chegada de

uma carga de mudas a um local de propriedade da empresa Boise, no

município vizinho de Mariana Pimentel. As mudas já estavam com um tamanho

acima do padrão, pelo atraso da empresa em retirarem suas mudas do viveiro,

o que dificultou tanto o carregamento como o descarregamento. Elas

geralmente quebram nas pontas e podem produzir um maior número de

ramificações laterais, prejudicando a linearidade da tora, depreciando a

qualidade e aumentando custos com mão de obra, pois terá que ser realizados

um maior número de desbastes. Por outro lado, estas mudas estão mais

rústicas e, teoricamente, resistem melhor a um inverno frio e ventoso, por

exemplo, como ocorre freqüentemente. Nesta saída foi compartilhada a opinião

com o técnico pós venda e foi auxiliada a elaboração do relatório de visita

técnica que rotineiramente deve ser entregue aos supervisores da empresa .

./ Pós-venda

A empresa possui uma equipe de pós venda que presta assistência

técnica aos clientes. Eles orientam para a realização de um plantio eficiente.

Também é responsabilidade deste setor verificar se as mudas estão bem

armazenadas no campo, para evitar posteriores reclamações da qualidade das

mudas, além de conquistarem novos clientes. Muitas vezes as mudas chegam

à propriedade e são deixadas por um longo período a céu aberto, expostas ao

sol e sem receber água. Com isso, existe uma maior dificuldade para se

estabelecerem inicialmente no campo, o que muitas vezes gera reclamação dos

clientes questionando se isso não seria conseqüência de uma muda de má

qualidade. Com essa "fiscalização" da equipe pós-venda pode ser evitado este

tipo de reclamação. Juntamente com a equipe, foi realizado um levantamento

dos principais problemas que a muda enfrenta quando sai do viveiro, o que leva

28

,_.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

paralelamente ao fomento de setor de pesquisa, especialmente no que diz

respeito à rustificação das mudas. Mais uma vez, o estagiário colaborou na

elaboração do relatório ..

-/ Doenças

De uma maneira geral, o viveiro não possuía, durante este período de

estágio, nenhum problema crítico de doenças. Botrytis cinerea (mofo cinzento)

ocorre em todas as fases de produção. Nos mini-jardins clonais pode ocorrer o

oídio - Sphaerotheca pannosa, já que as folhas permanecem com a superfície

livre de umidade. Já ocorreram também problemas de mancha foliar com a

quambalária - Quamba/aria euca/ypti. Na fase de aclimatização e rustificação, é

comum encontrar-se Rhizoctonia spp (Figura 18). De maneira geral, a empresa

sempre procura fazer a prevenção de doenças através do manejo integrado das

plantas (Figura 19), evitando assim o uso de fungicidas, preservando o meio

ambiente e diminuindo custos. O fungicida só é utilizado quando a doença

atingir o nível de dano econômico, ou seja, quando os danos pelo patógenos

irão ultrapassar os custos de uma aplicação. Ocorre o monitoramento diário das

mudas em pontos estratégicos com uma equipe adequadamente treinada para

a identificação de doenças.

Figura 18. Sintomas foliares de Rhizoctonia spp em eucalipto.

29

, _.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Figura 19. Placas demarcando os setores a serem monitorados .

./ Geada

Quando ela ocorre é necessário que se ligue o sistema de irrigação nas

mudas que ficam na rua, durante a noite e pela madrugada, evitando assim a

formação de gelo. Porém, esta técnica não garante 100% de eficiência. Muitas

mudas, principalmente as menores, não conseguem escapar. O gelo e o frio

provocam o rompimento dos vasos e células vegetais, ocasionando em muitos

casos a morte completa da muda. Na geada mais severa do ano de 2007 foi

feito um levantamento que registrou a perda de aproximadamente 400 mil

mudas, provenientes de semeadura, que tinham saído da casa de vegetação na

noite anterior.

./ Funcionário

Todos os funcionários, ao serem imcorporados no quadro, recebem

treinamento referente ao setor em que irão trabalhar. São fornecidos também a

eles todos os EPIS necessários (botinas, jaleco, camiseta, chapéu, óculos

escuros, etc.). A empresa oferece um salário compatível se analisarmos a

atividade que é realizada e o grau de especialização e escolaridade dos

funcionários. Também ocorre o fornecimento de cestas básicas e assistência

30

, _.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

médica na própria empresa. Contribuiu-se nos treinamentos de forma em tentar

torná-los mais didáticos.

6- CONCLUSÕES

O estágio certamente acrescentou muito em minha formação. Pude ter

contato direto com futuros colegas de profissão e perceber a realidade que é

nossa profissão fora dos alcances da universidade. Todos os dias aparecem

novos desafios. Pude conhecer um pouco mais desta área de produção de

mudas em sistemas de viveiros fechados. Não descarto a possibilidade de atuar

futuramente neste setor.

A empresa considera como os principais desafios na produção de mudas

dentro do seu viveiro a automatização das etapas e a mudança no tipo de

recipiente. É provável que em pouco tempo utilize-se recipientes

biodegradáveis e mecanismos para o transporte dos brotos como o "aerocom".

7- ANÁLISE CRíTICA DO ESTÁGIO

Com certeza foi uma expenencia enriquecedora para os meus

conhecimentos e uma oportunidade de abrir uma porta para minha atuação

profissional ao concluir a graduação. É uma atividade que envolve muitas

técnicas e tecnologias, em que a cada dia surge u problema novo para se

resolver. O período de estágio mínimo exigido pelo curso não foi suficiente.

Primeiramente pelo fato de não permitir que o estagiário conheça todo um,-

sistema de produção e, em segundo lugar, porque quando a empresa começa a

adquirir confiança no estagiário e passaria, portanto a destinar uma função para

atuação mais efetiva no local, realizando mais atividades e não só adquirindo

conhecimentos, o período desta experiência já esta por se encerrar.

Abaixo, segue também uma análise critica em relação ao sistema de

produção do local do estágio, ressaltando pontos positivos e críticas.

31

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

~ Pontos positivos:

./ Manejo da água

Sem sombra de dúvidas, este é o principal diferencial da empresa. O

eficiente sistema de drenagem, captação (Figura 20) e tratamento da água

possibilita uma produção mais segura, econômica e sustentável.

Figura 20. Sistema de captação da água da chuva .

./ Treinamento

O treinamento que todos os funcionários recebem freqüentemente

possibilita uma maior produção e com uma maior qualidade.0,0

./ Viveiro suspenso

O viveiro suspenso (Figura 21) possibilita um maior conforto para o

trabalho. Além disto, à distância do chão pode diminuir a ocorrência de

patógenos, principalmente bacterioses, em função de uma menor umidade e

maior circulação de ar entre as mudas.

32

, _.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Figura 21 Viveiro Suspenso: sinônimo de conforto de trabalho .

./ Logística

Todo o sistema de produção é muito bem planejado. Tudo funciona

perfeitamente, em seqüência, garantindo uma produção contínua e um

escoamento rápido da produção. Os rádios comunicadores propiciam também a

rápida solução de problemas e dúvidas, além de uma instantânea comunicação

entre técnicos encarregados e supervisores de diferentes setores .

./ Produção fixada por metas

Isto leva a uma maior efetividade de trabalho, pois os colaboradores

sabem que tem metas a cumprir e tem>que se esforçarem ao máximo para

atingí-Ias .

./ Qualidade das mudas

Todo o sucesso da empresa com certeza deve-se a excelente qualidade

das mudas produzidas, principalmente na quantidade e qualidade de raízes,

rusticidade e vigor.

33

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

./ Aluminets

Todas as casas de vegetação possuem aluminets (Figura 22), que nada

mais são do que sombrites metálicos. Isso proporciona possibiliita reduzir a

temperatura no interior das estufas e proporciona ainda um maior conforto para

os funcionários trabalharem.

Figura 22. Aluminets estendidos dentro da estufa.

~ Aspectos a serem melhores avaliados:

Algumas telas entortaram em função de transporte e manuseio. Isto pode

estar causando uma leva queda na qualidade de produção e um maior número

de mudas perdidas por incidência de moléstias, fato que muitas vezes não é

nem perceptível no dia-a-dia. Mudas que ficam no canto dos tubetes podem ter

suas raízes enoveladas diminuindo o vigor da muda, o que ocorre geralmente

pelo fato de o gabarito não furar todos os tubetes no centro .

./ Qualidade de substrato

Deveria ser repensada uma possível forma de verificação da qualidade

do substrato. Ele não pode ser considerado um material inerte. Muitas vezes ele

pode estar chegando na empresa com fontes de inoculo de patógenos, ou

34

,_.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

algum elemento quirruco que possa vir a prejudicar o desenvolvimento das

mudas. Acredito que não seja algo muito freqüente a presença destes

elementos. Porém, eventuais análises podem ser realizadas e virem a ser de

grande utilidade. A empresa realiza rotineiramente pesquisa com diferentes

tipos de substratos. O objetivo é identificar um substrato que adsorva uma boa

quantidade de água e proporcione, ao mesmo tempo, um bom desenvolvimento

das raízes (Figura 23). O substrato Carolina Soil é o que vem apresentando um

melhor resultado, apesar do seu maior custo, que pode ser compensado pela

economia de água. Nas pesquisas de substratos são avaliadas a MS de raízes,

consumo de água, diâmetro da muda, nOde pares de folhas, etc.

Figura 23. Detalhe da quantidade de raí es ativas .

./ Limpeza dos reservatórios

Dois dos três grandes reservatórios (de zinco) estavam descobertos

(Figura 24), com uma grande quantidade de limo e poeira depositados no

fundo. Portanto, de nada adianta a água sair com uma excelência qualidade da

ETA e ser novamente colocada em um local com sedimentos. Isto pode

inclusive acarretar no entupimento de encanamentos e de bicos pulverizadores.

35

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

Figura 24. Detalhe do reservatório descoberto, logo após o tratamento da água.

,/ Maior espaço para testes e pesquisas

Teste e pesquisa sempre são importantes para se obter dados que levem

a uma produção cada vez mais diferenciada e de qualidade. A empresa possui

profissionais qualificados para tanto e este tipo de atividade deveria ser cada

vez mais estimulada .

./ Qualidade da água de drenagem

A água drenada novamente para o reservatório maior carrega consigo

um grande aporte de nutrientes. Isso causou no último ano o surgimento e a

proliferação de algas (Figura 25) que podem vir a comprometer os

encanamentos do sistema de irrigação.

Figura 25. Detalhe da proliferação de algas.

36

, -

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

./ Revisão de bicos pulverizadores e vazamentos

Durante a minha passagem pela empresa pude verificar vazamentos e

bicos mal regulados ou entupidos. Isto pode gerar um aumento no consumo de

água e, conseqüentemente, no custo de produção. Os funcionários

denominados aguadores recebem treinamento para observarem isto, mas

mesmo assim o problema persistia .

./ Maior rigor de coleta de brotos

Mesmo com o treinamento, algumas funcionárias não realizam a coleta

no local correto, o que prejudica a próxima brotação. Este aspecto não chega a

ser tão relevante. Porém, sempre é algo que pode ser revisado e melhorado .

./ Levantamento de cortinas

Em alguns dias de vento, a cortina lateral do teto retrátil era levantada

para poder se fiscalizar o trabalho dos funcionários. A minha pouca experiência

no ramo não me permite uma análise mais crítica sobre este acontecimento,

mas com certeza as mudas de bordadura das estufas estavam sofrendo

estresse desnecessário pela incidência do vento. Achç que o mais correto seria

achar outra forma de se fiscalizar a produção dos colaboradores.

./ Adubação '.>

Um futuro bom investimento seria a automatização do sistema de

adubação, não só dos mini-jardins, mas como de todo o viveiro. Outro fato é

que cada espécie de eucalipto e cada um de seus clones possuem exigências

nutricionais diferenciadas. Portanto, é provável que a necessidade de nutrientes

de cada um deve também ser distintas. A mistura do adubo em forma de

osmocolte nas betoneiras também é desuniforme.

37

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

./ Tamanho e idade das mudas

Muitas vezes as mudas (Figura 26) ficam mais tempo que o necessário

dentro do viveiro. Isso se agravou nos últimos anos, em função de dificuldades

de licenciamentos para plantio por parte dos clientes. Com isso, as mudas

saem com um tamanho elevado, dificultando o carregamento dos caminhões.

Também se observa um número muito grande de raízes velhas e mortas, o que

vai dificultar o desenvolvimento inicial da floresta. Os custos com adubação e

irrigação também se elevam no viveiro, diminuindo a margem de lucro final.

Figura 26. Mudas de Pínus após 180 dias no viveiro.

38

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE … ok.pdf · 2018. 7. 16. · O viveiro situa-se numa área de 20 ha, com um total de 50.000 m 2de estufas e mais 15.000 m

8- REFERÊNCIAS BIBLlOGRAFICAS

Tecnoplanta, Site da Empresa. Disponível em:www.tecnoplanta.net. Acesso em 15 de agosto de 2008.

Barra do Ribeiro, Site do Município. Disponível em:www.barradoribeiro.rs.gov.br/. Acesso em 20 de setembro de 2008.

CARNEIRO, J. G. A Influência dos fatores ambientais, das técnicas deprodução sobre o desenvolvimento de mudas florestais e a importância dosparâmetros que definem sua qualidade. In: FLORESTAS PLANTADAS NOSNEOTRÓPICOS COMO FONTE DE ENERGIA, 1983. Anais ... Viçosa:Universidade Federal de Viçosa, 1983. p. 10-24.

GOMES, J. M.; COUTO, L.; PEREIRA, A R. Uso de diferentes substratos esuas misturas na produção de mudas de Euca/ypfus grandis por meio desemeadura direta em tubetes e em bandejas de isopor. Revista Árvore, v. 9,n.1, p. 8-86, 1985.

PAIVA, H. N.; GOMES, J. M. Viveiros florestais. Viçosa, MG: UniversidadeFederal de Viçosa, 1995. 56 p.

GONÇALVEZ, J.L.M.; Beneddeti, V. Nutrição Florestal.,Piracicaba, SP: IPEF,2000.

Alfenas, AC; Doenças na cultura do eucalipto. MG: UFV,2007.

"o

39