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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
GINÁSTICA LABORAL: POR QUE NÃO DEU CERTO EM UM SETOR DE PRODUÇÃO
GRÁFICA?
GISELI FRANÇOASI TREBIEN
Curitiba /PR
2003
GISELI FRANÇOASI TREBIEN
GINÁSTICA LABORAL: POR QUE NÃO DEU CERTO EM UM SETOR DE PRODUÇÃO
GRÁFICA?
Trabalho de Conclusão do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia da Produção, Ênfase em Ergonomia,
Orientador: Professora Lia Buarque de Macedo Guimarães, PHD
3
Curitiba /PR
2003
Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção do título de mestre em engenharia e aprovado em sua forma final pelo Orientador e pelo Coordenador do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
DATA APROVAÇÃO:
__________________
_________________________________________
Profa. Lia Buarque de Macedo Guimarães, PHD Orientador Escola de Engenharia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
_________________________________________
Prof. Luiz Fernando Nicodemo Chaves, PHD Coordenador Tæecnico do Mestrado Profissional
Escola de Engenharia Universidade Federal do Rio Grande do Sul
BANCA EXAMINADORA:
Maria da Graça Luderitz Hoefel
Prof. Dr.
Carmen Silvia Benevides Fellippa
Prof. Dr.
4
Benno Becker Junior
Prof. Dr.
Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditaram
em minha capacidade.
AGRADECIMENTO
Agradeço a todos, que de alguma forma contribuíram para
a realização deste projeto, em especial a Marcos Ribeiro
Franco, Augusto Fernandes, Lia Buarque de Macedo
Guimarães,
Fernando Amaral, Marta Cristina Wachowicz, Claudia
Celli, Robert El Saraf, Lucy Mara Silva e Rosimeire
Sedrez Bitencourt.
De um modo muito especial agradeço ao Laboratório de
Estatística da Universidade Federal do Paraná (LABEST
/UFPR ), principalmente a Carlos Antônio Hervis Dantas,
David Packer Neto e ao Professor Adilson dos Anjos, que
colaboraram tanto com este trabalho e, que desenvolveram
com tanta eficácia os cálculos estatísticos.
Muito Obrigado pais, irmãos e ao meu querido Rafael
Alexandre da Rocha.
7
“A falta de atividade destrói a boa condição de qualquer
ser humano, enquanto o movimento e o exercício físico-
metódico o salva e o preserva”.
(PLATÃO, citado por NIEMAM, 1999, p. 21)
9
RESUMO
Com o aumento dos casos de LER/DORT nos setores de produção, a LTC decide implantar o
programa de Ginástica Laboral entre seus funcionários. Entretanto, o programa não foi capaz
de fidelizar os participantes e promover os efeitos esperados. Através da teoria, da
experiência de algumas empresas e das características apresentadas pelo grupo estudado,
procura-se compreender as razões que levaram a ginástica laboral, uma ferramenta de tanto
sucesso no mundo a fracassar nesta empresa.
Palavras- chaves: Saúde ocupacional. Ginástica laboral. Ergonomia.
ABSTRACT
With the increase of the cases of LER/DORT in the sectors of production, the LTC decides to
implant the program of labor gymnastics between its employees. However, the program was
not able to get fidelity the participants and to promote the waited effects. Through of the
theory, the experience of some companies and the characteristics presented for the studied
group is looked for understanding the reasons that they had taken the labor gymnastics, a tool
with so much success in the world, to fail in this company.
Keywords: Health occupational. Labor gymnastics. Ergonomics.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1– BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NA MUSCULATURA............... 36 FIGURA 2– GINÁSTICA COM ORIENTAÇÃO................................................................... 61 FIGURA 3 – GINÁSTICA LABORAL NO SPE .................................................................... 63 FIGURA 4 – DIAGRAMA MASCULINO BASEADO NO CORLETT PARA ANÁLISE DE
DESCONFORTO E DOR................................................................................... 67 FIGURA 5 – DIAGRAMA FEMININO BASEADO NO CORLETT PARA ANÁLISE DE
DESCONFORTO E DOR................................................................................... 67 FIGURA 6 – CARACTERÍSTICAS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE DA
EMPRESA ESTUDA.......................................................................................... 74 FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE DA
EMPRESA ESTUDA- CONT. .......................................................................... 75 FIGURA 8 – DADOS PROFISSIONAIS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE DA
EMPRESA ESTUDA.......................................................................................... 75 FIGURA 9 – DADOS FÍSICOS/CORPÓREAS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE
DA EMPRESA ESTUDA................................................................................... 76 FIGURA 10 – OPERADORES PRODUZINDO LEIAUTE E ENCAPSULADOS ............... 77 FIGURA 11– ATIVIDADES REALIZADAS PARA PRODUÇÃO DE LEIAUTES............ 77 FIGURA 12 – PREPARAÇÃO DE ANÚNCIOS PARA PRODUÇÃO ................................. 78 FIGURA 13 - PREPARAÇÃO DE ANÚNCIOS PARA PRODUÇÃO.................................. 78 FIGURA 14 – PRODUÇÃO EPS ............................................................................................ 78 FIGURA 15 - ENCERRAR PRODUÇÃO DE EPS ................................................................ 79 FIGURA 16 – PAGINAÇÃO................................................................................................... 79 FIGURA 17 – FILMAGEM E REVELAÇÃO ........................................................................ 79
FIGURA 18 – CALIBRAÇÃO IMAGESETTER.................................................................... 80 FIGURA 19 – LIMPEZA DA PROCESSADORA.................................................................. 80 FIGURA 20 - GRÁFICO DE CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO ................................ 84 FIGURA 21 – ILUMINAÇÃO SPE......................................................................................... 88 FIGURA 22 – SISTEMA REFRIGERAÇÃO SPE.................................................................. 89 FIGURA 23 – MOBILIÁRIO SPE: ARMÁRIOS ................................................................... 91 FIGURA 24 – MOBILIÁRIO: CADEIRAS ............................................................................ 91 FIGURA 25 - MOBILIÁRIO SPE: MESAS DE PRODUÇÃO GRÁFICA............................ 92 FIGURA 26 – CARACTERÍSTICAS MESAS DE PRODUÇÃO .......................................... 92 FIGURA 27 – VISTA DAS MESAS DE PRODUÇÃO.......................................................... 92 FIGURA 28 – APOIO DE COMPUTADOR........................................................................... 93 FIGURA 29 – DETALHES DE ACABAMENTO .................................................................. 93 FIGURA 30 – APOIO DE PÉ .................................................................................................. 93 FIGURA 31 – FUNCIONALIDADE E ADEQUAÇÃO DOS MÓVEIS................................ 94 FIGURA 32 – DOCUMENTOS............................................................................................... 94 FIGURA 33 – ESTAÇÕES DE PRODUÇÃO GRÁFICA ...................................................... 95 FIGURA 34 – OBSERVANDO O SPE TRABALHANDO.................................................... 96 FIGURA 35 – ANÁLISE AMBIENTE DE TRABALHO (ENTREVISTA) .......................... 97 FIGURA 36 – INCIDÊNCIA DE DOR POR CASO NO SPE (PRIMEIRA SEMANA) ..... 100 FIGURA 37 – PONTUAÇÃO DE DOR POR CASO (PRIMEIRA SEMANA)................... 100 FIGURA 38 – INCIDÊNCIA DE DOR POR OPERADOR NO SPE (PRIMEIRA SEMANA) ......................................................................................................................... 101 FIGURA 39 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR NO SPE (PRIMEIRA
SEMANA) ...................................................................................................... 101 FIGURA 40 – INCIDÊNCIA DE DOR POR CASO NO SPE (TERECEIRA SEMANA)... 102
FIGURA 41 – INCIDÊNCIA DE DOR POR OPERADOR NO SPE (TERCEIRA SEMANA) ................................................................................................................................................ 103 FIGURA 42 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR NO SPE (TERCEIRA
SEMANA) ...................................................................................................... 103 FIGURA 43 – INCIDÊNCIA DE DOR POR CASO............................................................. 104 FIGURA 44 – PONTUAÇÃO DE DOR POR CASO ........................................................... 104 FIGURA 45 – INCIDÊNCIA DE DOR POR OPERADOR.................................................. 104 FIGURA 46 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR................................................. 104
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO ......................................................... 84
TABELA 2 – PERCEPÇÃO DE RUÍDO PELOS FUNCIONÁRIOS DO SPE NA LTC ...... 86
TABELA 3 – PERCEPÇÃO DE ILUMINAÇÃO PELOS FUNCIONÁRIOS DO SPE NA LTC................................................................................................................... 87
TABELA 4 – SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO DO SPE NA LTC ...................................... 88
TABELA 5 – PERCEPÇÃO DE TEMPERATURA PELOS FUNCIONBÁRIOS DO SPE NA LTC ............................................................................................................ 89
TABELA 6 - PERCEPÇÃO DE VENTILAÇÃO PELO SPE................................................. 89
TABELA 7 – AMBIENTE E POSTO DE TRABALHO NA VISÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO SPE............................................................................................................. 97
TABELA 8 - TESTE “T” DOR ACUMULADA: SAÍDA DO SOFTWARE R ................... 106
TABELA 9 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS CONTÍNUAS.............. 107
TABELA 10 - VALORES DE MÉDIAS DAS VARIÁVEIS............................................... 108
TABELA 11 – IMPLANTAÇÃO DA GINÁSTICA NA LTC ............................................. 111
TABELA 12 - IMPLANTAÇÃO DA GINÁSTICA NA LTC: MOTIVOS.......................... 111
TABELA 13 - CONHECIMENTO SOBRE GINÁSTICA LABORAL NA LTC ................ 112
TABELA 14 - BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NO GRUPO DO SPE............ 113
TABELA 15 - EFICIÊNCIA DA GINÁSTICA LABORAL NO GRUPO DO SPE............. 114
TABELA 16 – PROGRAMA PERFEITO PARA O GRUPO DO SPE ................................ 115
TABELA 17 – SESSÕES DIÁRIAS DE GINÁTICA LABORAL NO SPE ........................ 116
TABELA 18 – PONTOS DESEGRADÁVEIS DO PROGRAMA DE GINÁTICA LABORAL DA LTC PARA O GRUPO DO SPE.......................................... 117
TABELA 19 – MOTIVAÇÃO PARA EXERCITAR-SE NO SPE ....................................... 117
TABELA 20 – PROGRAMA DE GINÁTICA INDIVIDUALIZADO NO SPE .................. 118
TABELA 21 – MOTIVOS PARA FALTAR GINÁSTICA LABORAL NO SPE................ 118
TABELA 22 – MELHORAS SENTIDAS PELO GRUPO DO SPE ATRAVÉS DA GINÁSTICA LABORAL ............................................................................... 120
15
TABELA 23 – PARTICIPAÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL ......................................... 121
TABELA 24 – PARTICIPAÇÃO/APTIDÃO FÍSICA.......................................................... 122
TABELA 25 – PARTICIPAÇÃO/LER/DORT...................................................................... 122
TABELA 26 – ATIVIDADE FÍSICA.................................................................................... 123
TABELA 27 - MOTIVAÇÕES.............................................................................................. 124
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVOS....................................................................................................................... 22
1.2 ESTRUTURA..................................................................................................................... 23
2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO /BENEFÍCIOS À SAÚDE........................................... 24
2.1 PROCESSAMENTO DA ENERGIA DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS ....... 25
2.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS............. 26
2.3 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS................. 27
2.4 A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS E OS BENEFÍCIOS AO ORGANISMO....................... 29
2.4.1 Benefícios Cardíacos ..................................................................................................... 29
2.4.2 Sistema Locomotor ........................................................................................................ 29
2.4.3 Prevenção ao Câncer ..................................................................................................... 31
2.4.4 Prevenção a Diabetes..................................................................................................... 31
2.4.5 Benefícios Psico-Emocionais......................................................................................... 32
2.5 GINÁSTICA LABORAL................................................................................................... 34
2.5.1 Objetivos da Ginástica Laboral ................................................................................... 35
2.5.2 Modalidades e Elementos da Ginástica Laboral ........................................................ 37
2.5.3 Possíveis Dificuldades de um Programa de Ginástica Laboral ................................. 43
2.5.4 Recomendações para o Sucesso do Programa ............................................................ 44
2.6 GINÁSTICA LABORAL NO BRASIL............................................................................. 47
2.6.1 Experiência Brasileira................................................................................................... 49
3 MÉTODO ............................................................................................................................. 53
3.1 A EMPRESA...................................................................................................................... 54
3.1.1 Breve Histórico da LTC ................................................................................................ 54
3.1.2 Ginástica Laboral na LTC............................................................................................ 55
3.2 GINÁSTICA LABORAL NO SPE .................................................................................... 60
3.3 MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA PESQUISA SOBRE GINÁSTICA LABORAL NO SPE.......................................................................................................... 64
3.3.1 Análise do Trabalho Realizado no SPE....................................................................... 65
3.3.2 Pesquisa com a Participação Direta dos Funcionários do SPE ................................. 65
3.3.3 Análise dos Resultados .................................................................................................. 70
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 73
4.1 CARACTERÍSTICAS DO GRUPO DO SPE.................................................................... 73
4.2 TAREFAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................... 76
4.2.1 Tarefas Descritas ........................................................................................................... 76
4.2.2 Carga Horária................................................................................................................ 80
4.2.3 Organização de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE.................................. 81
4.2.4 Conteúdo do Trabalho .................................................................................................. 83
4.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO – RESULTADOS DE ANÁLISE COM PARTICIPAÇÃO DIRETA DOS FUNCIONÁRIOS ...................................................... 86
4.3.1 Ambiente de Trabalho – SPE ....................................................................................... 86
4.3.2 Posto de Trabalho .......................................................................................................... 91
4.3.3 Funcionalidade e Adequação dos Móveis.................................................................... 96
4.3.4 Ambiente e Posto de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE.......................... 98
4.4 ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO POR MEIO DA ANÁLISE POSTURAL..... 100
4.5 ANÁLISE DA PROGRESSÃO DA DOR DURANTE A PESQUISA........................... 101
4.5.1 Teste ”T” ...................................................................................................................... 106
4.5.2 Estatística Descritiva das Variáveis Contínuas ........................................................ 107
4.6 AVALIAÇÃO DA GINÁSTCA LABORAL NO SPE.................................................... 111
4.7 DISCUSÃO DOS DADOS (ANÁLISE CRUZADA) ..................................................... 122
4.8 CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................................................... 125
5 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 126
6 SUGESTÕES DE MELHORIAS ..................................................................................... 129
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 133
APÊNDICE A – OUT PUT DO SPE.................................................................................... 139
APÊNDICE B - PESQUISA: INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL................................................................................................. 140
APÊNDICE C – PESQUISA: GINÁSTICA LABORAL..................................................... 141
APÊNDICE C – PESQUISA: GERAL................................................................................. 142
APÊNDICE D – PESQUISA SOBRE ESPORTES.............................................................. 146
APÊNDICE E – DORES NO SPE: PLANILHA DE INSERÇÃO DE PONTOS................ 150
APÊNDICE F – EXERCÍCIOS FÍSICOS PRATICADOS NO SPE.................................... 154
1 INTRODUÇÃO
“O ser humano nasceu para movimentos globais e as condições de
trabalho atuais, com alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza
humana”.
(SCHARCOW citado por CAÑETE, 1996, p. 112)
Cerca de 310 mil trabalhadores, apenas em São Paulo, apresentam algum tipo de Lesão por
Esforço Repetitivo /Doença Ocupacionail Relacionados ao Trabalho (LER/DORT), uma
epidemia que vem atingindo pessoas no auge de suas carreiras, capacidade produtiva e
experiência profissional. Indivíduos de 30 a 40 anos vêm perdendo suas habilidades físicas e
oportunidades no mercado (O’NEIL, 2003, p. 13).
Este é um reflexo direto da globalização econômica e a concorrência desenfreada que exigem
das empresas cada vez mais agilidade, qualidade, produtividade e menores gastos. Isto pode
vir a representar mais horas trabalhadas, menos trabalhadores e a inferiorização das
capacidades humanas, uma nova realidade que, para Bawa (1994, p. 18), está nos ensinando
que os limites do trabalho não estão nas máquinas, softwares ou no tempo disponível, mas no
operador, que são os elos mais ricos, valiosos, porém, mais frágis da cadeia automatizada.
Uma realidade que, para Goulart e Becker (1999), interfere no estado físico e psico-
emocional dos trabalhadores.
O´Neil (2003, p. 29) estudou várias destas características da sociedade moderna: as horas
extras realizadas nas empresas, por exemplo, alimentam, mais e mais, a probabilidade de
novos casos de LER/DORT. Entre os trabalhadores que aderem a esta prática 23% (nove
pontos percentuais acima da média) apresentam dores e outros sintomas de lesões e já
procuraram um médico. O trabalho com computadores é responsável por 19% dos casos,
enquanto 18% deles é responsabilidade do trabalho repetitivo. A autora revela, também, que
16
17
são os trabalhadores da classe média e as mulheres (18%) que mais sofrem com esta doença
do trabalho.
Polito e Bergamaschi (2002, p. 23) relacionam o estresse, a fadiga, a depressão, os Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) e os perigos dos longos períodos em
uma mesma posição, como geradores de: danos à estrutura anatômica, desequilíbrio da
tonicidade muscular, diminuição de mobilidade das articulações e da flexibilidade, defeitos
posturais e o aparecimento de dores. Em relação às más-posturas, Nogueira (1979, p. 16)
complementa descrevendo que a posição sentada pode causar, também, o relaxamento da
musculatura abdominal, o aparecimento da famosa “barriguinha” e desarranjos orgânicos. A
repetitividade dos movimentos, por sua vez, favorece o aparecimento de perturbações
psíquicas (como estresse, irritação e /ou desinteresse) e a degradação do sistema orgânico e
muscular, como dores, lesões e outros problemas.
Em relação aos sentimentos, Goleman (1995, p. 98) explica que, ao mesmo tempo em que a
ansiedade “solapa o intelecto”, interferindo na clareza de raciocínio e na memória, ela é um
indicador de altos níveis de estresse. Segundo Bruce MacEwen, psicólogo de Yale (citado por
GOLEMAN, 1995, p. 188) esta tensão descontrolada pode comprometer o sistema
imunológico, disparar a metástase do câncer, propiciar infecções virais, alguns tipos de
diabetes, de gastrite e de problemas cardíacos.
Quanto à raiva, Goleman (1995, p.185) explica que é um sentimento muito prejudicial à
saúde, principalmente à saúde do sistema circulatório, que sofre com a turbulência do “sangue
fervente” passando pelo coração e pelas artérias. Um mecanismo que afeta a eficiência do
bombeamento do sangue sendo, particularmente, letal para os cardiopatas. Sujeitos sob
longos períodos de ansiedade, tristeza, pessimismo, estresse e desgosto, correm duplo risco de
adoecer (GOLEMAN, 1995, p.184). O indivíduo pode ser acometido por: asmas, cefaléias,
males cardíacos e artrites.
Os sentimentos negativos, como a tensão e o nervosismo, dificultam a manutenção da
atenção, mesmo porque, segundo Irala (1969, p. 17, 140), estes sentimentos tencionam
excessivamente os músculos do peito, da nuca, dos ombros, dos braços e pernas, desviam
parte da carga sangüínea do cérebro, alteram o ritmo respiratório e criam uma sensação de
cansaço. Outros sentimentos como a desmotivação e a depressão também causam falta de
18
atenção, mas pela falta de tensão muscular (IRALA, 1969, p.17) que ocasionam, também, a
tendência de curvar a coluna e fechar os ombros, comprimindo os órgãos internos,
aumentando a sensação de cansaço e fraqueza.
O estresse intensifica as frustrações e preocupações, possibilitando que distúrbios mentais e
físicos afetem o desempenho do trabalhador (BAWA, 1994, p. 19/22). Alguns desses
distúrbios podem caracterizar-se pela elevação da pressão arterial e das taxas de acidez do
estômago, assim como o aparecimento da insônia, irritação, gripes e problemas imunológicos.
Associado com o computador, o estresse torna-se um agente promotor das lesões relacionadas
a esta máquina. Isto ocorre porque o operador sente-se acuado diante da velocidade e das
exigências da máquina em ser alimentada, que contabiliza tudo o que é feito. Muitas vezes
este operador sofre mental e emocionalmente, transferindo este sofrimento para o corpo,
desalinhando-o e enrijecendo-o (BAWA, 1994, p. 25).
Estes problemas são típicos da sociedade moderna. Durante séculos, as pessoas mantiveram
uma relação muito íntima com seu corpo, conheciam como ele funcionava e do que ele
precisava. Longe das cidades grandes e da tecnologia que hoje conhecemos, as pessoas
possuíam uma vida muito diferente, com outros ritmos e exigências. E para sobreviverem a
esta vida, necessitavam de um corpo sadio e preparado para as longas caminhadas, o trabalho
ao ar livre, enfim para aquelas tarefas que exigiam toda a capacidade do corpo, mas que,
também, forneciam movimento e força ao organismo.
A tumultuada vida moderna e a necessidade da sobrevivência levaram o homem a abandonar
os antigos costumes e o ritmo de vida que tanto valorizava nossas capacidades físicas. O
homem passou a utilizar o corpo de uma maneira diferente, os movimentos tornaram-se
limitados e repetitivos, enquanto aos poucos o referencial humano foi desaparecendo das
áreas de trabalho e o homem transformava-se em uma extensão das máquinas que operava
(REVISTA PROTEÇÃO, 1995). O homem descobriu-se inanimado, estressado,
psiquicamente instável, com dores e problemas fisiológicos. Infelizmente, este mesmo
homem não foi capaz de perceber que estava adoecendo, pois havia perdido sua consciência
corporal, o que o impediu de reconhecer os sinais de alerta que seu corpo emitia.
Somente no século XX, alguns estudiosos e empresários perceberam que o homem agonizava
enquanto trabalhava e elaboraram “uma série de alternativas para valorizar o potencial
19
humano nas empresas[…] dentre elas, está o cuidado com a saúde física e mental dos
trabalhadores” (REVISTA PROTEÇÃO, 1995).
Como uma destas alternativas, surge a ginástica laboral: atividade física e saúde. Uma relação
muito antiga, cujas primeiras referências encontram-se na milenar “cultura chinesa, no Ayur-
veddic da Índia e nos textos clássicos gregos e romanos” (AGITA São Paulo, 1998, p. 07),
que só foi incorporada ao trabalho em 1925, quando sessões diárias de exercícios físicos
foram acopladas à jornada de trabalho na Polônia (GOULART; BECKER, 1999). De acordo
com Polito e Bergamaschi (2002, p. 25), outros países seguiram o exemplo da Polônia.
Primeiro foi à Holanda, depois a Bulgária, Alemanha Oriental e logo em seguida a Rússia,
que começou com cerca de 150 mil empresas oferecendo ginástica de pausa adaptada às
funções de seus trabalhadores.
No Japão, a ginástica laboral teve início em 1928, com a finalidade de cultivar a saúde dos
funcionários dos Correios. Mais tarde, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a utilização
desta ferramenta foi difundida por todo o país, o que, para Goulart e Becker (1999),
contribuiu para promover o engajamento consciente dos empregados, o crescimento do país e
da economia.
Segundo Polito e Bergamaschi (2002, p. 25), o grande responsável por este fenômeno da
ginástica laboral no Japão foi a Rádio Taissô que, até hoje, possui uma programação matinal
especial, com músicas selecionadas por pessoas preparadas, ritmos próprios à prática de
exercícios físicos e palestras de curta duração sobre saúde, trabalho e produtividade. Em
1960, o Japão comemorava a diminuição dos acidentes de trabalho e melhora da sensação de
bem-estar dos seus trabalhadores. Enquanto isto, as pesquisas realizadas na Bulgária e na
antiga URSS indicavam que a primeira hora, após a execução das atividades físicas,
apresentava produção maior à que antecedia a ginástica.
Na mesma época, segundo Goulart e Becker (1999), os resultados das pesquisas realizadas
pela França, Bélgica e Suécia, demonstravam a influência positiva da ginástica em relação à:
a) tempo de reação dos trabalhadores;
b) melhora da coordenação nas atividades;
c) melhora da sensibilidade nas tarefas de precisão;
20
d) manutenção da atenção e concentração;
e) melhora da destreza para realização das atividades;
f) melhora da reação visomotora em 42% a 65%;
g) diminuição do cansaço dos trabalhadores;
h) aumento de 25% a 37% da capacidade vital, através da melhora das funções
cardiorespiratórias.
A partir da segunda metade do século XX, a informatização e automação da produção
trouxeram ao mundo novos tipos de lesões e doenças derivadas do trabalho, prejudicando a
qualidade de vida nas empresas. A busca por soluções a estes problemas deu à ergonomia
maior importância e à ginástica laboral novas dimensões e maior responsabilidade sobre a
manutenção da saúde dos trabalhadores. Simples sessões de exercícios tornaram-se
programas complexos com academias próprias e o envolvimento de profissionais da saúde e
do esporte. Contudo, este grande desenvolvimento da ginástica na empresa só foi possível,
pois as pessoas envolvidas, fossem empregadas ou empregadoras, conheciam as razões que
faziam da prática de atividades físicas um ato de grande importância para a manutenção da
vida e, principalmente, eram acostumadas a exercitar-se regularmente.
Em alguns países, como o Japão, a China e a Coréia, as escolas secundárias apresentam
programas similares ao da ginástica laboral em suas rotinas. As crianças crescem assimilando
esta idéia e conhecendo os motivos que levam o ser humano a ter a necessidade de exercitar-
se. Os trabalhadores não precisam de um chamado especial ou de um monitor para iniciarem
suas atividades físicas nos horários previstos. Pessoas, de todas as idades e condições sociais
são vistas em praças, jardins e ruas, alongando-se, praticando yoga ou outro tipo de
modalidade esportiva. Para estes povos, exercitar-se é um costume e característica cultural.
Todavia, não basta confiar o sucesso da ginástica laboral e da prevenção de doenças e
acidentes de trabalho, apenas à cultura e aos costumes de um povo: invariavelmente, os
trabalhadores devem ser constantemente motivados a participarem do programa e orientados
a respeito dos benefícios dos exercícios físicos em seus organismos e desempenho
profissional.
21
A necessidade que o ser humano possui em exercitar-se e que os orientais já compreenderam
é explicado por Varenne (1956, p.10) que ressalta que “nós não fomos feitos para a inação.
Nossos músculos precisam contrair-se; as articulações devem trabalhar, nosso coração bater e
os nossos pulmões respirar sem descanso”. Todo este trabalho orgânico traz oxigênio e
nutrição suficientes para o corpo, além de permitir que os longos grupos de músculos, tendões
e ligamentos, que permitem braços e pernas realizarem os mais diversos trabalhos, sejam
cultivados e mantidos, fazendo com que todo o sistema evolua e se aprimore.
Por esta razão, é importante proporcionar ao funcionário exercícios físicos saudáveis, após
um longo período de trabalho desgastante, repetitivo e monótono. Basta só um pouco de
esforço e de tempo para interromper a monotonia corporal e amenizar as conseqüências
negativas do trabalho e da falta de condicionamento, melhorando as condições gerais de vida
(BLUM, 1998, p. 39).
De Marchi (REVISTA PROTEÇÃO, 1995) explica que gerenciar e manter um grupo de
funcionários saudáveis traz muitos benefícios à performance da companhia, pois se a empresa
fornece condições adequadas de trabalho, valorizando seu capital humano, irá contar com
funcionários mais criativos, capazes e motivados, o que representa maior produtividade,
menos custos de assistência médica, melhor satisfação interna, melhor imagem externa e
lucros maiores.
A idéia de incentivar o exercício físico diário nos funcionários de uma empresa materializou-
se no que hoje se conhece como “Ginástica Laboral”, que consiste em exercícios realizados
no local de trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica no caso das DORTs, sem
levar o trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e enfatizar o alongamento e a
compensação das estruturas musculares envolvidas nas tarefas ocupacionais diárias”
(CANETE, 1996).
Karam (REVISTA PROTEÇÃO, 1995, p. 28-33) define a ginástica na empresa como uma
“atividade de prevenção e compensação [...] que visa a promoção da saúde, melhorando as
condições de trabalho e a preparação biopsicossocial do participante”.
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O site Realce Ginástica na Empresa (2002) refere-se à ginástica laboral como exercícios
diários que visam normalizar capacidades e funções corporais para o desenvolvimento do
trabalho, diminuindo a possibilidade de comprometimento da integridade do corpo.
Kolling (1980, p.20) complementa dizendo que a ginástica no trabalho “é o repouso ativo,
que aproveita as pausas regulares durante a jornada de trabalho, para exercitar os músculos
correspondentes e relaxar os grupos musculares que estão em contração durante o trabalho,
tendo como objetivo a prevenção da fadiga”.
Sharcow, citado por Cañete (1996, p. 111), amplifica esta definição, explicando que a
ginástica laboral,
É a criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade, exercer várias atividades e exercícios que, muito mais do que condicionamento mecanicista estimule o autoconhecimento, levando à sua ampliação da consciência e da auto-estima. E, conseqüentemente, proporcionem um melhor relacionamento consigo, com os outros e com o meio.
Desta forma, pode-se dizer que a Ginástica Laboral é uma ferramenta de múltiplos estímulos,
capaz de fornecer movimento e alongamento aos músculos, distração e descontração para a
mente, saúde para o organismo como um todo e educação para o indivíduo, pois este está
sendo constantemente orientado e motivado a cultivar o bem-estar e a integridade de seu
corpo e sua mente. Contudo, para a maioria dos trabalhadores brasileiros, todos estes
conceitos e benefícios da ginástica laboral são uma realidade distante, pois a prática de
exercícios físicos não faz parte da cultura brasileira (MALTA, 1981). Assim, se os
funcionários não forem constantemente motivados e educados a continuarem freqüentando as
sessões de ginástica laboral, os programas de saúde na empresa acabam fracassando.
Um dos exemplos do fracasso de Ginástica Laboral foi à empresa Listas Telefônicas
Company (LTC) com sede no Paraná, caso que serviu como estudo nesta dissertação, pois
querendo entender as razões do fracasso de ginástica laboral, a empresa abriu suas portas para
o estudo e análise do programa em um de seus setores.
23
1.1 OBJETIVOS
O objetivo desta dissertação é analisar o programa da ginástica laboral no Setor de Produção
Editorial (SPE) da empresa Listas Telefônicas e compreender o seu fracasso.
Especificamente, os objetivos desta dissertação são:
a) analisar o trabalho realizado no SPE;
b) conhecer os motivos que levaram a LTC a empregar a ginástica laboral em suas
atividades diárias;
c) conhecer a metodologia do progama de ginástica empregada pela empresa;
d) conhecer a necessidade da ginástica laboral para o grupo em estudo;
e) conhecer o índice de participação no SPE;
f) conhecer os sentimentos do grupo do SPE pela ginástica laboral.
1.2 ESTRUTURA
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos, incluindo esta introdução. No capítulo 2 é
feita uma revisão de literatura sobre a fisiologia do exercício e seus benefícios. No capítulo 3
encontram-se os objetivos, modalidades, sistema de implantação, dificuldades e
recomendações para o sucesso de um programa de ginástica laboral, além de algumas
experiências ocorridas no Brasil. No capítulo 4 é apresentado o estudo de caso do programa
de Ginástica Laboral na Listas Telefônicas Company (LTC). Logo em seguida, no capítulo 5
foram expostos os resultados obtidos durante os estudos realizados no Setor de Produção
Editorial e as discussões relacionadas a tais estudos. A dissertação é finalizada no capítulo 6,
com a conclusão do estudo a respeito do programa de ginástica laboral da LTC utilizada pelos
funcionários do Setor de Produção Editorial.
2 REVISÃO DE LITERATURA: FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO /BENEFÍCIOS À
SAÚDE
“Quando o corpo se movimenta, muitos processos fisiológicos e
psicológicos ocorrem simultaneamente[…]
quando alguém corre, aumenta a contratilidade[…]
a freqüência dos batimentos cardíacos; o metabolismo é aumentado;
os hormônios são mobilizados; a temperatura corporal é elevada.“.
(BARBANTI, 2000, p.19)
Para a manutenção da vida e a realização de trabalhos físicos, é necessária a transferência de
energia pelo organismo, pois “energia não pode ser criada ou destruída em qualquer processo,
seja químico ou físico” (VANDER et al. 1981, p. 83). O ser humano precisa de uma reserva
energética, realizando, diariamente, uma alimentação de qualidade, rica em carboidratos,
lipídeos e proteínas. Segundo Vander et al. (1981, p. 93), a energia (7kcal/mol) é obtida pela
quebra dos nutrientes ingeridos, tendo como uma de suas finalidades a fosfalização de ADP
(de difosfato adenosina), em ATP (de trifosfato adenosina). A energia (7kcal/mol) é o
resultado do catabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas.
Porém, o trifosfato adenosina não é uma molécula de armazenamento de energia e
rapidamente se degrada, liberando a energia necessária para o trabalho celular (contração
muscular, transporte ativo de moléculas, etc). Após a degradação, o ATP é reduzido
novamente em ADP, reiniciando o ciclo de transporte de energia e queima de calorias.
Segundo Carvalho et al. (1995, p. 32), durante a atividade física este processo é melhorado:
complexos ajustes metabólicos e fisiológicos ocorrem no organismo.
25
2.1 PROCESSAMENTO DA ENERGIA DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS
Com o início dos exercícios físicos, a disponibilidade e utilização de nutrientes como
oxigênio, ácidos graxos, proteínas e aminoácidos, para a ressintetização do ATP, são
acelerados. Este ajuste é necessário para adequar o fornecimento de energia à utilização
exigida pelo corpo, sintetizando o ATP no mesmo ritmo de sua degradação, permitindo que
os músculos continuem realizando seu trabalho.
Um dos meios mais rápidos de formar ATP na célula muscular é pelo fosfato creatina (CP).
Esta molécula oferece fosfato e muita energia, por pouco tempo (20 segundos no máximo):
uma verdadeira explosão, cujo sistema é capaz de recuperar-se em 3 ou 5 minutos. Estas
características fazem do sistema ATP/CP o mais presente durante a prática de esportes, em
especial os de curtíssima duração e alta intensidade (levantamento de peso, voleibol, beisebol,
natação/25 metros, corrida/100 metros), quando o ATP/CP pode atuar isoladamente. Porém,
se a atividade muscular deve continuar por mais tempo, as moléculas de ATP devem buscar
outras fontes de energia para se ressintetizar.
No caso de exercícios de alta intensidade (excedendo os 50% da taxa máxima de
desdobramento) e média duração, o organismo passa a trabalhar com o sistema glicolítico.
Este método utiliza glicogênio, em frações progressivas e dispensa a utilização do oxigênio.
Os resultados são 60 segundos de energia, 2 moléculas de ATP (a partir de cada molécula de
glicogênio) e ácido láctico. Com o esgotamento das reservas de glicogênio e o acúmulo de
ácido láctico, o músculo cansa e somente após 15 minutos a 2 horas o sistema recupera-se.
Para exercícios de longa duração e de baixa a moderada intensidade, o organismo utiliza-se
da mais abundante fonte de combustível do corpo humano: a gordura. Um nutriente capaz de
manter o sistema aeróbio funcionando por horas. Entretanto, os depósitos de gordura são
utilizados apenas aos 15 ou 30 minutos de trabalho físico. Mesmo com a demora inicial, a
vantagem deste sistema é que o oxigênio e a gordura podem sintetizar um maior número de
moléculas de ATP: para cada molécula de ácido graxo, com 18 carbonos, 147 moléculas de
ADP são fosforiladas em ATP. O tempo para o início da queima dos ácidos graxos depende
26
do condicionamento físico do indivíduo. Pessoas mais treinadas respondem mais rapidamente
ao metabolismo do exercício.
2.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS
Ao exercitar-se, o corpo realiza súbitas e temporárias alterações fisiológicas para suportar as
novas exigências impostas ao organismo. Os sistemas cardiovascular e respiratório sofrem
modificações funcionais e morfológicas (CARVALHO et al., 1995, p. 41):
a) os pulmões passam a captar maiores volumes de oxigênio;
b) o coração bate mais rápido e vigorosamente;
c) o sangue migra de regiões que, durante o exercício, serão menos requisitadas, para
aquelas que realmente necessitarão de um fluxo sangüíneo incrementado. Durante este
processo, são liberados pelo sangue, fluidos essenciais ao trabalho muscular, oxigênio
para a queima de carboidratos e gorduras na sintetização do ATP e os fluidos da
liberação do suor. Cerca de três quartos do sangue segue para os músculos durante o
exercício;
d) os músculos, segundo Goulart e Becker (1999), passam a liberar substâncias
vasoconstritoras, melhorando o fluxo do sangue no local. Dentre estas substância,
encontra-se a histamina, que auxilia o corpo com sua relação às lesões;
e) o nível de lactato e a concentração de potássio nas células musculares diminuem
(GOULART; BECKER, 1999);
f) os níveis de insulina sangüínea caem e os de glucagon aumentam, balanceando o
efeito “insulina-like” da contração muscular (NIEMAM, 1999, p. 96).
27
2.3 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
“O funcionamento do corpo é mantido por um equilíbrio dinâmico que necessita de atividade para funcionar normalmente”.
Barbanti (2000, p. 18)
Com a regularidade dos exercícios, estas alterações tornam-se mais expressivas e passam a
provocar transformações de média e longa duração:
a) o sistema respiratório, de acordo com Carvalho et al. (1995, p. 43), sofre melhora da
capacidade fisiológica, maior volume respiratório e melhor ventilação;
b) o coração treinado torna-se uma bomba muito eficaz, pois apresenta a diminuição da
freqüência cardíaca e o aumento de outras importantes funções: ejeção cardíaca,
débitos cardíacos, volume ventricular, volume sangüíneo e hemoglobina total;
c) o coração ganha força e volume. Segundo Nieman (1999, p. 24), durante muito tempo,
acreditou-se que o aumento do coração fosse prejudicial à saúde, porém, esta alteração
trata-se, apenas, dos resultados do músculo cardíaco exercitado e o reflexo da saúde
do atleta;
d) os músculos esqueléticos adquirem maior volume (com mesma quantia de células) e
maior habilidade para queimar energia e sintetizar ATP, enquanto o trabalho regular
provoca um aumento de volume;
e) a necessidade do organismo, em fornecer a quantidade suficiente de sangue e
nutrientes aos músculo em constante atividade, para Nieman (1999, p. 28), provoca o
aumento do número de capilares no corpo, já nos primeiros meses de treinamento;
28
f) a redução dos níveis de lactato e de potássio nos músculos, durante séries regulares de
exercícios, resulta na impermeabilização da membrana celular, no balanceamento do
potássio e do sódio e no favorecimento de recuperações de fibras musculares
(GOULART; BECKER, 1999);
g) a secreção de endorfina é facilitada, que ao cair na corrente sangüínea e banhar o
cérebro, como explica Barbanti (2000, p. 89), alivia a sensação de dor, o desânimo e a
fadiga por 2 a 5 horas;
h) os receptores de insulina têm sua sensibilidade aumentada, necessitando quantidades
menores de insulina (NIEMAM, 1999, p. 96);
i) o corpo apresenta-se revigorado, fortalecido, com maior aptidão física, maior bem-
estar físico e mental e maior capacidade em realizar as atividades diárias:
j) as melhorias se manifestam durante a prática de exercícios físicos e também durante
as atividades rotineiras e no repouso.
29
2.4 A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS E OS BENEFÍCIOS AO ORGANISMO
“Não existe nada em nosso organismo que não esteja relacionado com o seu funcionamento na sua totalidade”.
Barbara Iwanowice (citada por CAÑETE, 1996, p. 80)
2.4.1 Benefícios Cardíacos
O sistema cardíaco (veias, artérias e coração) de indivíduos treinados adquire a capacidade de
expandir-se com maior facilidade, tornando-se menos rígido durante a velhice, o que
contribui para a diminuição do risco de ataques cardíacos e de entupimento de veias.
Os estudos de Ornish, citado por Carvalho et al. (1995, p. 26), indicam que exercícios físicos,
associados a dietas alimentares, possibilitam a redução da obstrução coronariana em até 10%.
Este resultado proporciona a duplicação da perfusão miocárdica, normalização da pressão
arterial, sensação de melhoria de saúde e maior disposição. Os pacientes apresentaram ainda,
uma redução de 95% dos eventos clínicos e redução de 227 para 172 mg% do colesterol total.
A prática de exercícios físicos também contribui para o aumento da expectativa e de
qualidade de vida. O Doutor Gary Fraser, do Center for Health Research, citado por Niemam
(1999, p. 45), explica que pessoas que se exercitam regularmente, ao chegar aos 60 anos,
poderão viver 5.7 anos adicionais, livres de doenças coronarianas.
2.4.2 Sistema Locomotor
Com a prática de exercícios físicos, os músculos tornam-se mais volumosos, fortes e
alongados; as articulações mantêm-se lubrificadas e ganham amplitude e eficácia; os ossos
30
apresentam um aumento de conteúdo mineral, densidade, volume e força. Estas novas
condições físicas permitem ao corpo: manter suas habilidades naturais (força, elasticidade,
flexibilidade e agilidade); diminuir os riscos de retração, atrofias e enfraquecimento do
sistema locomotor; e aumentar a resistência a lesões, lombalgias, artrite e definhamento
normal da velhice.
A prática de alongamento promove uma série de benefícios no corpo humano. Autores como
Goulart e Becker (1999), Oliveira (2002, p. 74), Blum (1998, p. 14), Nieman (1999, p. 15) e o
Programa Agita São Paulo (1998, p. 07) relacionam algumas destas melhorias:
a) promoção da oxigenação do corpo;
b) diminuição da rigidez dos músculos;
c) redução da tensão nos músculos;
d) melhora da irrigação sangüínea;
e) desenvolvimento e manutenção da amplitude articular, flexibilidade muscular e
estabilidade corporal;
f) melhora da coordenação motora;
g) melhora da resposta a estímulos (inclusive os de proteção, em caso de acidentes);
h) aumento de performance, força e resistência a lesões que possam ocorrer em músculos
e articulações.
Estas adaptações que ocorrem no corpo ao decorrer do treinamento trazem, também,
benefícios secundários, mas igualmente importantes. Dentre eles, o indivíduo beneficia-se de
movimentos mais graciosos, reeducação postural, melhora do condicionamento físico, do
humor, amenização do estresse, ansiedade e depressão, o desenvolvimento da consciência
corporal e de saúde e maior bem-estar.
A questão do aumento de performance, força e resistência a lesões é um item importantíssimo
para os trabalhadores em geral, especificamente para as mulheres. Segundo Codo (1995, p.
172) e Cañete (1996, p. 71) a constituição física feminina é mais sensível e suscetível a lesões
derivadas da repetitividade e do trabalho diante do computador. Sendo assim, é
imprescindível a prática de exercícios físicos pelas mulheres.
31
2.4.3 Prevenção ao Câncer
Muitos tipos de câncer, segundo o Doutor I-Min Lee, da Harvard School of Public Helth
(citado por NIEMAM,1999, p. 59), em especial do colo do útero, próstata e intestino, podem
ser prevenidos através do prática regular de exercícios físicos, pois uma série de
melhoramentos ocorrem e se mantém no organismo, enquanto o indivíduo cultiva o hábito de
exercitar-se:
a) controle do peso e dos níveis de gordura e insulina (NIEMAN, 1999, p. 61);
b) melhora da aptidão das células “exterminadoras” e, assim, da imunidade natural [Dra.
Laurie Hoffman-Goetz, faz parte da University of Waterloo em Ontário-Canadá
(NIEMAM, 1999, p. 61);
c) os exercícios estimulam o movimento muscular do intestino grosso (peristaltismo),
evitando que substâncias cancerosas permaneçam em contato com a região (Pesquisas
da Havard University, citada por NIEMAM,1999, p. 45).
Estas evidências sobre os benefícios da atividade física em relação à prevenção de câncer
promoveram, em 1996, a inclusão desta prática na listagem oficial de medidas preventivas ao
câncer, pela American Cancer Society.
2.4.4 Prevenção a Diabetes
Um homem obeso e sedentário apresenta quatro vezes mais chances de desenvolver diabetes
melito não-insulino-dependente, segundo Doutor. Ralph Paffenbarger, da Stanford University
School of Medicine (citado por NIEMAM,1999, p. 93).
A redução do peso diminui a glicemia e melhora a sensibilidade à insulina. Isto significa que,
se o indivíduo conseguir manter o peso em níveis adequados e saudáveis, terá como resultado
a diabetes controladas e passará a sentir-se melhor e mais disposto.
32
De acordo com a American Diabetes Association (NIEMAM, 1999, p. 45), a prática de
atividade física regular diminui a necessidade de insulina no corpo, uma vez que os músculos
em exercício aumentam a capacitação de glicose, enquanto receptores podem ser ativados
com menor quantidade de insulina.
2.4.5 Benefícios Psico-Emocionais
Quando o corpo apresenta melhor desempenho, saúde e bem-estar, devido à prática regular de
exercícios físicos, a mente passa a ser beneficiada. Barbara Iwanowice (citada por CAÑETE,
1996, p. 80), explica que isto ocorre devido à influência que o corpo e a mente possuem um
sobre o outro.
Para Goleman (1995, p. 76), os efeitos benéficos vão além da influência de um corpo
saudável sobre o estado psico-emocional das pessoas. As transformações fisiológicas e
metabólicas ocorridas durante o esporte e a ginástica, auxiliam o organismo a contra-
balancear os efeitos das alterações físicas ocorridas em “estados de espírito” ruins.
A raiva, por exemplo, promove alta estimulação. Entretanto, os exercícios físicos provocam
uma estimulação ainda maior, que decai rapidamente ao final da sessão. O corpo entra em um
estado diferente do cérebro, proporcionando relaxamento e conseqüentemente sensação de
prazer e calma.
A depressão, por sua vez, é um estado de baixíssimo estímulo. Para combater este sentimento,
segundo Diane Tice, citada por Goleman (1995, p. 86), exercícios aeróbicos são muito
eficazes, pois eleva a freqüência dos estímulos, melhorando o estado de ânimo.
Os movimentos bloqueados pela tensão são liberados, propiciando o relaxamento e a melhora
da coordenação motora (BULSING, citado por POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 31),
enquanto a produção de endorfinas é aumentada (similar à morfina) causando, segundo
Cañete (1996, p. 80), alívio temporário da dor, independente de sua origem.
33
O maior dos benefícios, contudo, é distrair e desviar a atenção do indivíduo, de pensamentos
degradantes (de raiva, aborrecimento, etc). Assim, como demonstram pesquisas realizadas
nos EUA (CAÑETE, 1996, p. 79), pode-se observar: a redução da ansiedade, melhoramento
do bem-estar, do humor, ânimo, disposição, redução da depressão, do estresse e estados
emocionais negativos, aumento da capacidade imaginativa, redução da tensão, melhora da
auto-estima, do autoconceito e do desempenho no trabalho.
É importante ressaltar que os indivíduos treinados também apresentam um aprendizado
constante sobre trabalho em equipe, limites pessoais, desenvolvimento corporal e superação
físico e psico-emocional. Desta forma, as pessoas tornam-se mais preparadas para enfrentar e
superar os problemas diários, sem causar transtornos à sociedade e prejuízos à empresa.
34
2.5 GINÁSTICA LABORAL
O ser humano nasceu para movimentos globais, e as condições de trabalho atuais, com a alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza humana.
Para tentar amenizar este problema, empresas lançam mão da Ginástica Laboral. Ela pode colaborar com este processo, no sentido do
desenvolvimento e evolução dos indivíduos e organização, dependendo da competência, grau de conscientização e postura ética adotada pelos
profissionais que a conduzem. Disto dependerá, também, sua afirmação e valorização como um importante instrumento de educação, prevenção e
manutenção da saúde dos trabalhadores.
(SHARCOW citado por POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 29)
As condições de vida e de trabalho do homem moderno contribuem, imensamente para que o
trabalho físico executado pelas pessoas seja mínimo. Segundo Kolling (1982, p.1) “do ponto
de vista neuropsicomotor, a expressão mas característica do homem de outrora é a do
movimento, enquanto do homem moderno é a do anti-movimento.”
O autor explica que o modo de vida atual leva o trabalhador a uma vida sedentária, com
prejuízos às suas funções orgânicas e a diminuição da tonicidade muscular. O indivíduo
torna-se fragilizado diante das circunstâncias impostas pela rotina de trabalho e suscetível às
doenças e lesões laborais.
Sendo assim, observa-se a necessidade de oportunizar ao homem a possibilidade de mudanças
de hábitos, favorecendo a saúde e melhorias de qualidade de vida (KOLLING, 1982, p. 3). A
ginástica laboral pode ser o meio que empregados e empregadores obterem tais melhorias e
garantirem a saúde.
35
2.5.1 Objetivos da Ginástica Laboral
A ginástica na empresa tem como objetivo geral, suscitar, desenvolver e aprimorar as qualidades físicas do industriário, estimular o funcionamento de seus
órgãos e, como principal, objetivo, desenvolver excepcionalmente certas qualidades que a natureza da profissão escolhida exige, para melhor rendimento
de trabalho e, melhor ainda, dar ao organismo uma compensação, de modo tal, que as sinergias musculares, muito solicitadas durante o trabalho, possam obter
outras, em que a solicitação foi quase nula, seja convenientemente exercitadas, de maneira a evitar a atrofia dos elementos componentes e, como conseqüência, a
redução de sua capacidade.
(PENA MARINHO citado por POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 30).
A ginástica laboral objetiva, segundo Lima (2003, p. 8), “promover adaptações físiológicas,
físicas e psíquicas por meio de exercícios dirigidos e adequados para o ambiente de trabalho”.
Mas a ginástica pode ser mais do que isto. Polito e Bergamaschi (2002, p. 33) comentam que
se exercitar na empresa é um importante fator de prevenção e de melhora da saúde, da
qualidade de vida e do bem-estar do ser humano, pois promove a quebra de ritmo, da rigidez
e da monotonia do trabalho, preenchendo a carência de valorização das pessoas, “mostrando o
caminho de humanização do trabalho”.
Este contato periódico com exercícios físicos auxilia, também, no processo de reeducação dos
trabalhadores quanto a sua postura e saúde, além de aumentar sua consciência corporal. Isto é
possível quando o usuário do programa sabe quais os efeitos esperados de cada exercício e
percebe que estes efeitos estão sendo processados por seu organismo. Alguns destes
efeitos/benefícios são expostos na Figura 1.
36
Riscos
Grupo Muscular
Prevenção/Reparo
Perda de força e sustentação do
braço. Riscos de lesões e
rompimentos.
Musculatura do Ombro e Tendões
do Manguito Rotador Alongamento local.
Prejuízo à postura e a mobilidade
dos braços. Região Escapular
Exercícios de alongamento e
fortalecimento na região.
Curvatura da coluna,
aproximação frontal dos ombros e
compressão dos órgãos internos.
Região do Tórax
Exercícios de alongamento e
fortalecimento na região.
Favorece a curvatura da coluna e
o chamado “órgãos soltos” (falta
de estabilidade dos órgãos
abdominais) e a famosa
“barriguinha”.
Região do Abdômen Exercícios de alongamento e
fortalecimento na região.
Instabilidade da coluna Reto Abdominal
Exercícios de alongamento e
fortalecimento na região.
Redução de movimentos.
Problemas de circulação.
Incômodo ao sentar. Fraturas.
Rompimento da cabeça do fêmur.
Região do Quadril
Exercícios de alongamento e
fortalecimento na região. Evitar
longos períodos inerte e sentado.
Insatabilidade do joelho. Luxação
da patela. Região da Coxa Alongamento
Instabilidade do tornozelo. Riscos
de torções e quedas. Panturrilha
Exercícios de alongamento e
fortalecimento na região.
FIGURA 1 – BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NA MUSCULATURA - Barbanti (1990, p. 15), Donkin (1996, p. 25, 88), Nieman (1999, p. 21), Nogueira (1985, p.16), Caillet (1988, p. 72)
Segundo Polito e Bergamaschi (2002, p. 30) esperam-se, também da prática da ginástica
laboral, a diminuição do absenteísmo e da procura ambulatorial; a prevenção da fadiga
muscular e dos DORTs; a melhora da condição física geral dos trabalhadores; o aumento do
ânimo e da disposição para o trabalho; a melhora das relações pessoais; a promoção da saúde,
do auto-condicionamento orgânico e da consciência corporal; além da correção dos vícios
posturais.
Para instituições como o American College of Sports Medice (NIEMAN, 1999, p. 18) e o
Agita São Paulo (1998) o grande objetivo da ginástica é provocar uma mudança suave e
37
gradativa dos hábitos e rotinas, levando as pessoas a terem uma vida mais ativa e menos
sedentária, além de melhorar a saúde pública e o bem-estar individual.
Alguns autores consideram que ginástica laboral pode ser uma ferramenta de inibição dos
casos de lesões, doenças, absenteísmo, afastamentos e a redução de todos seus custos
correlacionados (OLIVEIRA, 2002, p. 12), a baixos custos de implantação e manutenção.
Uma pesquisa realizada por telefone, em junho de 2002, revelou um custo de manutenção de
R$ 60,00 a R$ 300,00 por mês para duas sessões de ginástica laboral com 20 a 40
funcionários. Estes valores variam de acordo com a região do país e do tipo de
empresa/profissional contratados.
Segundo Paffemberger, citado por Polito e Bergamaschi (2002, p. 32), um programa bem
definido, implantando e constantemente monitorado e renovado, traz ao empresário a
perspectiva de retorno dos investimentos: para cada dólar investido na ginástica laboral,
retornam dois dólares para a empresa.
2.5.2 Modalidades e Elementos da Ginástica Laboral
A principal meta de uma empresa que decide empregar a ginástica laboral, como método
preventivo a LER/DORT e acidentes de trabalho, é desenvolver sessões de ginásticas muito
criativas, atraentes e condizentes com as atividades realizadas pela empresa e com as
características de cada um dos setores e funções envolvidas (OLIVEIRA, 2002, p. 73). Para
tanto, Polito e Bergamaschi (2002, p. 21) defendem que os profissionais da saúde e do
esporte, que auxiliarão na implantação e manutenção do programa, devem estudar os detalhes
e problemas de cada área, através da análise dos postos de trabalho, do trabalho em si e da
carga horária.
Conhecidos os detalhes e as necessidades do grupo, torna-se possível decidir quais exercícios
podem ser aplicados para cada setor (LIMA, 2003, p. 13) e em que momento da jornada de
trabalho, definindo o tipo de ginástica a ser utilizada. A classificação da ginástica laboral
depende de seu objetivo:
38
a) ginástica preparatória ou pré-aplicada ou de aquecimento: a ginástica preparatória é
aquela realizada no início da jornada, com duração de 5 a 10 minutos e exercícios que
preparam o indivíduo para o trabalho, estimulando diferentes capacidades corpóreas
(como velocidade, força e resistência), que serão utilizadas durante as tarefas do dia
(POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 28; OLIVEIRA, 2002, p. 47; CAÑETE, 1996,
p. 110). Esta modalidade é excelente para despertar, distrair e relaxar os trabalhadores
que, muitas vezes, chegam ao trabalho sonolentos, ainda cansados e envolvidos com
questões pessoais/família (LIMA, 2003, p. 14);
b) ginástica de compensação ou de pausa: a ginástica de pausa tem como finalidade
aliviar as tensões do trabalho, monotonia operacional, fortalecer a musculatura,
eliminar vícios de postura e proporcionar bem-estar físico e mental. Isto é possível
através de atividades realizadas durante o expediente, exercitando os músculos pouco
utilizados e relaxando aqueles muito trabalhados durante a jornada (POLITO;
BERGAMASCHI, 2002, p. 28; OLIVEIRA, 2002, p. 47; CAÑETE, 1996, p. 110).
Segundo Lima (2003, p. 17), “com a ginástica de pausa, é possível, além de aplicar os
exercícios compensatórios, incentivar a correção postural, a conscientização, a
automassagem e a massagem”;
c) ginástica corretiva: a ginástica corretiva é realizada em forma de uma ou mais pausas
diárias, com a finalidade de restabelecer o antagonismo muscular, através do
encurtamento dos músculos que estão alongados ou alongando aqueles que foram
encurtados durante a execução das tarefas (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 28;
CAÑETE, 1996, p. 110);
d) ginástica de relaxamento: a ginástica de relaxamento é realizada após a jornada de
trabalho, promovendo relaxamento físico e mental aos trabalhadores, que realmente
terão um descanso agradável e eficaz durante a noite e estarão preparados para um
novo dia de trabalho (OLIVEIRA, 2002, p. 47). Lima (2003, p. 19) mais uma vez
aprofunda-se nos estilos de ginástica laboral e afirma que a ginástica de relaxamento,
quando utiliza exercícios de relaxamento em forma de alongamento e consciência
corporal possibilita o autoconhecimento, através do pensamento voltado para o
indivíduo, meditação e auto-avaliação;
e) elementos da ginástica laboral:
39
- Ambiente: muitas empresas reservam um espaço especial para as sessões de
ginástica. Nestes espaços, as pessoas ficam menos expostas, mais livres e
descontraídas para participarem dos exercícios sugeridos. Contudo, destinar uma sala
ou montar uma academia na empresa não é um pré-requisito para a prática da
ginástica laboral. Muitos programas apresentam melhores resultados, exercitando
seus funcionários em seus postos de trabalho. Assim, o tempo de deslocamento pode
ser revertido em tempo de ginástica e aqueles funcionários mais resistentes à
participação se vêem envolvidos no clima da aula e acabam cedendo e exercitando-
se (CAÑETE, 1996, p. 119). Lima (2003, p. 60) também defende a prática das
sessões de ginástica no ambiente de trabalho. Entretanto, a autora alerta para que os
responsáveis pelo programa de ginástica prestem atenção se o local não oferece
riscos aos trabalhadores e se eles podem movimentar-se com liberdade;
- Música: a música tem a capacidade de modificar um ambiente, o que a faz ser
recomendada por professores de educação física, fisioterapeutas e especialistas em
geral. O chão de fábrica e o escritório ganham novas dimensões e características
apropriadas para a prática de exercícios. A música atrai, motiva e descontrai e as
pessoas podem relaxar e distrair-se com as melodias tocadas (POLITO;
BERGAMASCHI, 2002, p. 74). Entretanto, Oliveira (2002, p.73) alerta que a
escolha da seleção musical deve ser cuidadosa, pois deve refletir o ritmo do
exercício ou atividade a ser realizada. Músicas lentas são recomendadas para o fim
do dia, para exercícios suaves e de relaxamento, que tenham a intenção de suavizar a
tensão e o cansaço. Para momentos mais descontraídos, cuja intenção é despertar e
motivar as pessoas deve-se utilizar músicas mais agitadas e alegres. Contudo, é
recomendável estudar o grupo e realizar pesquisas de interesse para saber se algum
estilo poderá provocar o afastamento das pessoas das aulas. Músicas lentas e
relaxantes podem criar um clima entediante ou monótono para alguns trabalhadores,
enquanto outros podem não conseguir acompanhar o ritmo de uma música cheia de
energia e simplesmente parar com a atividade;
- Material de apoio: bolas, bexigas, sucatas, cadeiras e bancadas são ótimos materiais
de apoio para incrementar e movimentar as sessões de ginástica. Autores como
Moraes (2000), Oliveira (2002), Donkin (1996) e Nogueira (1985), indicam a
utilização destes materiais durante os exercícios. Para grupos treinados, que
apresentem bom alongamento e altos níveis de participação, é possível inserir a
40
utilização de bastões, pesos, bicicletas ergométricas e outros aparelhos mais
sofisticados, desde que haja acompanhamento profissional. Lima (2003, p. 67) diz
que o material de apoio é um grande agente motivador, além de diversificar as aulas,
estimular a coordenação motora, promover recreação e exercícios de maior
resistência;
- Massagem (LIMA, 2003, p. 69): em muitas culturas, a massagem é uma técnica
utilizada para cura de doenças e melhoria dos estados emocionais. No Brasil, a
massagem vem sendo empregada nas empresas para fornecer um momento relaxante
aos funcionários e incrementar os relacionamentos e sentido de grupo. Entretanto,
sua aplicação deve ser feita com cautela. Como a massagem envolve contato físico,
muitas pessoas poderão sentir-se retraídas ou constrangidas;
f) etapas de implantação recomendadas para um Programa de Ginástica Laboral:
- Avaliação e diagnóstico: Polito e Bergamaschi (2002, p. 53) recomendam a
realização de uma avaliação diagnóstica do trabalho, para detectar pontos negativos
e positivos importantes para o desenvolvimento de um programa de ginástica
eficaz. Dentre estes pontos, devem ser analisados: as características do grupo (as
atividades exercidas, os postos de trabalho), níveis de aptidão física, potências
biomecânicas e qualidade de vida além dos horários estabelecidos, ambientes
psicossociais em que os trabalhadores estão imersos, a qualidade dos
relacionamentos, o ritmo de trabalho e a identificação dos riscos à saúde. Segundo
Oliveira (2002, p. 73), para determinar o tipo de atividade a ser realizada na
ginástica laboral, deverão ser profundamente analisadas as tarefas executadas
diariamente pelos trabalhadores, levando-se em conta o ritmo e detalhamento de
cada movimento executado durante esta rotina. Assim, as secretárias, por exemplo,
praticarão uma atividade física diferente a dos torneiros mecânicos;
- Planejamento e estruturação do Programa: com o resultado da etapa anterior, o
programa deve ser desenhado, respeitando as características e anseios do grupo a
ser trabalhado. Polito e Bergamaschi (2002, p. 55) sugerem que, neste
planejamento, sejam levados em conta o mínimo de funcionários a serem
atendidos, para ser definido quantos professores, fisioterapeutas ou monitores serão
necessários para o programa. No caso, recomenda-se que a cada 20 funcionários
exista a participação de 1 professor e um estagiário/monitor. Durante o
41
planejamento deve ser levado em conta, também, as necessidades de cada um dos
grupos, baseando-se na atividade exercida, com a finalidade de definir o melhor
período para a aplicação da ginástica. Se as tarefas exigem muita atenção desde o
início do turno, é indicado a ginástica preparatória, por exemplo, enquanto
atividades estressantes exigem que os exercícios sejam feitos nos momentos de
maior fadiga (OLIVEIRA, 2002, p. 73; POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 53);
- Programa de Conscientização: “A maioria das pessoas está mais consciente quanto
às suas responsabilidades e desafios do dia-a-dia do que sobre as necessidades do
seu organismo e mente” (LIMA, 2003, p. 116). Desta forma, investir em estímulos
que despertem a consciência corporal, além do reconhecimento do corpo e estados
de tensão e estados emocionais, é de grande importância (LIMA, 2003, 117). Sendo
assim, Polito e Bergamaschi (2002, p. 57) recomendam que todos os colaboradores,
inclusive chefias, devem ser educados e treinados a respeito dos benefícios da
ginástica, da necessidade de exercitar-se, de manter uma boa postura e atitudes
seguras, enfim, sobre tudo aquilo que traga benefícios ao indivíduo, à empresa e
sucesso ao programa. Para tanto, podem e devem ser utilizadas todas as
ferramentas disponíveis para a promoção da ginástica entre os trabalhadores, sejam
elas: palestras, reuniões, entrevistas, e os mais diversos meios de comunicação
(cartazes, folders, anúncios de áudio e vídeo), entre outros. Lima (2003, p. 117)
lembra que:
quanto maior a consciência de que o corpo deve ser mantido com saúde – gerando maior produtividade -, com uma coordenação motora que lhe assegure integridade, sem danos funcionais, melhor será a competência técnica do trabalhador, assim como o seu compromisso engajado com a empresa,
- Projeto Piloto: o programa é implantado de forma experimental, passível a ajustes,
até que ele atenda a todas as necessidades do grupo, inclusive necessidades
motivacionais e emocionais;
- Implantação: caso o projeto piloto tenha sofrido os ajustes necessários e
apresentado os resultados esperados, a programa pode ser implantado de forma
definitiva e em toda a empresa, caso isto ainda não tenha sido feito. Cañette (1996,
p. 127) explica que o sucesso da implantação do programa depende do
comprometimento da cúpula da empresa e da transformação da antiga cultura
sedentarista. Assim, a empresa precisa direcionar os esforços do pessoal de
42
Recursos Humanos, psicólogos, médicos, gerentes e todos aqueles profissionais
que possam interferir, promover a ginástica e fidelizar os empregados;
- Melhoria contínua: ao implantar um programa de Ginástica Laboral, devem-se
traçar objetivos, metas e trabalhar para que sejam alcançados nos prazos previstos
(LIMA, 2003, p 85). Para tanto, programa deve ser monitorado, diariamente,
admitindo a opinião, reações e comportamentos dos colaboradores. A evolução do
programa poderá servir como motivação aos participantes e aqueles trabalhadores
que ainda não aderiram às aulas. As análises e resultados devem ser utilizados
como incremento no programa, assegurando a melhoria contínua, motivação e
quebra de rotina. Oliveira (2002, p. 128) ressalta a importância de escutar o
trabalhador, saber o que ele pensa, o que ele deseja, afinal, é ele o usuário e é ele
que trará ao projeto sucesso ou fracasso;
- Apoio superior: Lima (2003, p. 75) enfatiza a importância do alto escalão da
empresa em motivar e orientar os funcionários a participarem das sessões de
ginástica, a sentirem-se importantes e úteis. Este é um fator tão determinante que a
autora expõe que muitas empresas colocam como responsáveis e monitores do
programa, seus gerentes e diretores;
- Ministrando as aulas: muitas empresas utilizam o trabalho de fisioterapeutas e/ou
professores de educação física nas sessões de ginástica laboral. Algumas contratam
estes profissionais para que fiquem integralmente dentro do ambiente de trabalho
ou que ministrem todas as aulas realizadas na empresa. Outras, no entanto, optam
por um método misto de profissional externo e monitores escolhidos nos setores da
companhia.
A escolha da pessoa que irá ministrar as sessões é fundamental. Em primeiro lugar, deve-se
saber se os trabalhadores têm confiança nos monitores ou se preferem profissionais do esporte
ou saúde. Mas de um modo geral, como explica Oliveira (2002, p. 128), a pessoa escolhida
deve ser autêntica, pois é uma figura de destaque e influência. Esta pessoa, também, deve ser
simpática, acessível e agradável.
Independente se quem comande as aulas é um profissional ou um monitor, segundo Lima
(2003, p. 20), esta pessoa deve estimular os funcionários a exercitarem-se, não somente
durante as sessões, mas toda vez que sentirem necessidade, em forma de micro-pausas. Este
43
indivíduo deve deixar claro que cada um é responsável pela própria saúde e bem-estar, sendo
assim, também responsável pela participação ou não das sessões. Contudo, todas as
informações devem ser passadas com cautela e cuidado.
Bawa (1994, p. 119) ressalta a importância destas pausas e micropausas na prevenção das
lesões relacionadas com computador, principalmente quando elas são acompanhadas da
ginástica de pausa.
Para Polito e Bergamaschi (2002, p. 29), o sucesso da ginástica laboral, sua aceitação por
parte dos trabalhadores e a obtenção dos melhores resultados depende da competência, do
grau de conscientização e da postura ética dos profissionais que a conduzem.
2.5.3 Possíveis Dificuldades de um Programa de Ginástica Laboral
Uma das maiores dificuldades encontradas para implantar e obter sucesso na ginástica laboral
é atrair e fidelizar seus participantes (POLITO; BERGAMASCHI, 2002; OLIVEIRA, 2002).
Se as pessoas não sentem interesse em participar do programa, sentem vergonha, medo ou,
simplesmente, não confiam na utilização desta ferramenta, ela fracassará em poucos meses.
A experiência de Polito e Bergamaschi (2002, p. 22) demonstra que a vergonha e a falta de
conhecimento são as primeiras grandes barreiras a serem quebradas. Muitas pessoas
desconhecem as necessidades e limites físicos e os benefícios da prática de exercícios físicos.
A vergonha de expor-se diante dos colegas, executando movimentos que, no início, são
desajeitados e grosseiros, torna a adaptação à nova rotina desagradável e difícil. Muitos
indivíduos se recusam, terminantemente, a participar com o grupo. A empresa deve estar
preparada para lidar com o problema, com delicadeza, sem causar constrangimentos ou
revolta.
44
A diferença de tratamento entre setores seja porque estes setores apresentam exercícios
diferentes, seja porque alguns se beneficiam da ginástica, e outros não, pode causar rixas,
conflitos e repressões. Por estas razões, a empresa deve informar, claramente, as políticas do
programa, descrevendo detalhes e diferenças de implantações e explicando as razões que
levaram a empresa a tomar tais atitudes.
A monotonia e o desinteresse causados pela repetitividade e falta de cuidado do programa,
fazem com que a participação decaia rapidamente. Segundo Oliveira (2002, p. 48), logo no
primeiro mês, 90% a 100% dos trabalhadores comparecem às sessões de ginástica. Contudo,
a partir do quarto mês, a participação passa a sofrer abalos fortes e constantes. É necessário
manter o programa sempre atraente e agradável, apresentando atividades diferenciadas e do
gosto do grupo.
Um problema muito comum nas empresas, que poucos profissionais consideram, mas que
gera um efeito devastador à ginástica e suas possibilidades de benefício, é o sofrimento
enfrentado por seus funcionários. Cañete (1996, p. 38), diz que:
Sofrimento dos indivíduos decorrente de inúmeras condições desfavoráveis em seu ambiente de trabalho continua intensificando-se na medida que tal ética e lógica alimentam este sofrimento e da alienação que surge como defesa[…]. É possível afirmar que, entre várias outras razões, a falta de sentido ou a perda de significado do seu trabalho, bem como a monotonia de um trabalho repetitivo, robotizado e alienante, determina em grande parte este sofrimento do trabalhador.
Muito deste sofrimento transtorna e transforma os indivíduos em pessoas inseguras,
deslocadas, desmotivadas e com um certo sentimento de rejeição. Para combater este
processo psico-emocional, a empresa deve contar com profissionais adequados e com a
participação das chefias nas sessões de ginástica, juntamente com seus subordinados
(POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 66; CAÑETE, 1996, p. 126). Afinal, se o supervisor,
gerente ou outro superior está realizando as atividades, é porque ele se interessa pelas pessoas
e porque o programa é bom, realmente.
Infelizmente, a maior de todas as dificuldades é o descaso com os funcionários e com o
programa. Muitas empresas apenas implantam a ginástica e não promovem adaptações,
manutenções, melhorias ou eventos adicionais, como o estudo dos postos de trabalho. Os
45
esforços são direcionados à redução de gastos e não com a redução de perdas e gastos com
afastamentos, acidentes, debilitações e outros problemas (POLITO; BERGAMASCHI, 2002,
p. 63; OLIVEIRA, 2002, p. 11, 47).
Os trabalhadores, então, deixam de perseguir seus objetivos e interesses, se acomodam diante
das dificuldades, não se interessando mais, nem pelo próprio bem-estar, provocando a
falência de muitos programas de saúde e motivação.
2.5.4 Recomendações para o Sucesso do Programa
Oliveira (2002, p. 128) chama a atenção para que a participação da ginástica seja voluntária,
sem qualquer tipo de imposição ou ameaças por parte da empresa. O indivíduo deve ser
atraído e gostar das sessões que participa. Para tanto, é “necessário elaborar estratégias para
motivar o grupo, tais como: desenvolver atividades esportivas, recreativas, dinâmicas de
grupo e palestras de conscientização”.
Segundo Oliveira (2002, p. 128), além de motivadas, as pessoas não podem ser coagidas ou
constrangidas durante as atividades. Os instrutores físicos devem conhecer o grupo que estão
trabalhando, para selecionarem exercícios condizentes com a capacidade física apresentada.
Deve-se evitar movimentos que o grupo ainda não seja capaz de executar, assim como os que
não fadiguem as pessoas ou provoquem mal-estar e suor. Afinal, pessoas sedentárias levarão
um certo tempo para adquirirem aptidão física suficiente para executar determinados
movimentos.
Oliveira (2002, p.128) recomenda evitar séries longas e tediosas de exercícios localizados.
Porém, como explica Nieman (1999, p. 14), todos os movimentos, em especial os de
alongamento, devem ser realizados com calma, evitando movimentos balísticos ou bruscos,
repetindo de três a cinco vezes cada exercício e, se possível, mantendo a postura de 10 a 30
segundos, dependendo do condicionamento físico adquirido.
Contudo, não basta apenas oferecer aos funcionários a ginástica, deve-se oferecer, também,
condições para que estas pessoas possam usufruir os benefícios desta ferramenta. Para tanto,
46
o tempo destinado a cada sessão é fundamental. Muitos autores e profissionais da saúde,
como Oliveira (2002, p. 47), recomendam que a ginástica tenha a duração de oito a doze
minutos por dia.
O Programa Agita São Paulo (1998) e Niemen (1999, p. 17) defendem a idéia de que a saúde
não necessita de horas de exercícios intensos. Bastam 30 minutos diários contínuos ou
cumulativos (sessões de 10 ou 15 minutos), com intensidade moderada. Esta é, também, a
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Conselho Internacional da
Ciência do Esporte e Educação Física (ICSSPE), do Centro do Controle e Prevenção de
Doenças – USA (CDC), do Colégio Americano de Medicina esportiva (ACSM), da
Federação Internacional de Medicina Esportiva (FIMS) e Associação Americana de
Cardiologia (AHA).
Este verdadeiro “Passaporte da Saúde”, como se refere o Programa Agita São Paulo (1998, p.
07), é o tempo exato para que o corpo reaja às estimulações emitidas pelos exercícios e seja
capaz de inibir os efeitos do sedentarismo, dos movimentos bruscos, das longas jornadas sem
movimento algum, da fadiga, monotonia, estresse e repetitividade. Assim, o corpo adquire
ferramentas para proteger-se das doenças degenerativas e das lesões.
E por fim, um detalhe que se torna unânime no discurso de diversos profissionais e
especialistas, como Oliveira (2002 p. 128): a ginástica não deve ser a única ferramenta a ser
aplicada em um grupo de trabalho, mas ser uma parte de um projeto global de saúde. Polito e
Bergamaschi (2002, p. 31) acrescentam que a ginástica associada à ergonomia, não apenas
aumenta os efeitos positivos nos funcionários, reduzindo riscos de lesões, doenças e
acidentes, mas também, traz benefícios à economia, aos custos de manutenção do programa e
aos custos associados a estes efeitos negativos do trabalho.
47
2.6 GINÁSTICA LABORAL NO BRASIL
A ginástica laboral tem seu início no Brasil, em 1969, com a chegada dos estaleiros
Ishiksvajima no Rio de Janeiro, como explicam Polito e Bergamaschi (2002 p. 26). Quatro
anos mais tarde, a Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior (FEEVALE) e o SESI,
iniciam um projeto pioneiro no país, com o nome de “Educação Física Compensatória e
Recreação”. Este projeto era constituído por exercícios baseados em análises biomecânicas,
que poderiam “relaxar os músculos agônicos pela contração dos antagônicos, em face da
exigência funcional unilateral” do trabalho (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 27).
Em 23 de novembro de 1978, o projeto é implantado em caráter experimental, em cinco
empresas do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, com o nome “Ginástica Laboral
Compensatória” (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 27). Os resultados foram
surpreendentes. A Metalgrin, por exemplo, apresentou imediata redução dos acidentes de
trabalho, chegando a zero em alguns de seus setores (GOULART; BECKER, 1999).
Com o final do projeto da FEEVALE e SESI, a ginástica laboral caiu no esquecimento por
muitos anos. Entretanto, o crescente número de doenças e acidentes de trabalho no Brasil
provocou a retomada da idéia da ginástica laboral pelas empresas brasileiras.
Esta retomada foi estimulada, também, pelo reconhecimento legal da “doença dos
digitadores”, como doença profissional, em 1987 (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 27);
pela dignificação do trabalho e o direito ao ambiente de trabalho saudável pela Constituição
da República em 1988, onde “ficou estabelecido que a saúde é direito de todos e dever do
Estado, sendo que, no caso do trabalhador, a saúde é dever do empregador” (OLIVEIRA,
1997); pela recomendação da utilização da ginástica laboral pelo Congresso Internacional de
Doenças da Coluna Vertebral, em 1989 (PADÃO; MONTEIRO, 1992, p.28); e pelo sucesso
em muitos países europeus e asiáticos ao combate da LER/DORT, como o Japão, a China, a
França e a Suíça.
48
Então, na década de 90, a ginástica laboral explodiu no Brasil. Centenas de empresas
adotaram esta ferramenta, como medida preventiva de doenças e acidentes em suas
instalações. Porém, a prática de exercícios físicos nas empresas brasileiras jamais se tornou o
fenômeno ocorrido no Japão e logo surgem os primeiros fracassos.
A maioria das pessoas passou a acreditar que a ginástica não é um instrumento de prevenção
confiável. A explicação estaria na falta de resultados imediatos, na dificuldade de medir o
retorno dos investimentos, no desinteresse dos funcionários e, principalmente, como expõe
Oliveira (2002, p. 48), na repetitividade e monotonia das sessões, que acabavam por afastar
os participantes.
Em primeiro lugar, é conhecida a falta de hábito dos brasileiros em exercitar-se (MALTA,
1981, p. 11). Muitos jovens buscam meios para faltarem ou serem dispensados das aulas de
educação física. Outros, por sua vez, pulam de academia em academia, sem adquirir o gosto
por uma ou outra modalidade esportiva. Os adultos, em sua maioria, totalmente sedentários,
cultivam a “barriguinha” enquanto passam o pouco do tempo livre em bares ou diante da TV.
E como se não bastasse, o brasileiro sente vergonha em exercitar-se diante dos colegas, pois
um ou outro movimento poderia ser motivo de chacota.
De um modo geral, este comportamento revela a falta de conhecimento do brasileiro em
relação a seu próprio corpo. São poucos os que possuem uma determinada consciência
corporal e aproveitam-se dela.
Além do mais, esta resistência em participar de qualquer tipo de atividade esportiva revela,
também, a falta de conhecimento sobre os riscos do trabalho forçado, do sedentarismo, dos
limites e necessidades do corpo e dos benefícios da prática de exercício físico. Para estas
pessoas, ginástica e esporte são “coisa para gente jovem e rica, que deseja ficar com um belo
corpo” e não para trabalhadores exaustos (PIRES; PIRES DO RIO, 2001, p. 23,41-43;
POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p.63; CAÑETE, 1996, 32-34, 46; AGITA SÃO PAULO,
1998, p. 7).
A falta de comprometimento das empresas em relação à manutenção do programa, leva a
ginástica laboral ao fracasso. Muitos empresários imaginam que basta autorizar seus
funcionários a exercitar-se, afinal, é assim que funciona no Japão. Contudo, as diferenças
49
culturais entre os dois países indicam que a abordagem com os trabalhadores, também deve
ser diferenciada (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 42). Assim, o trabalhador brasileiro,
em especial, os de menor nível de instrução, devem ser constantemente educados e motivados
a participarem das sessões de ginástica, que devem ser sempre criativas e calorosas (AGITA
SÃO PAULO, 1998, p. 8; OLIVEIRA, 2002, p. 128; POGERE, 1998, p. 129).
Infelizmente, valorizar e motivar os funcionários não é a filosofia dominante nas empresas
brasileiras, pois consideram que estas abordagens são perda de dinheiro e não investimento
com a produção. Para algumas fábricas, emprego é sinônimo de favor e o máximo que podem
fazer por seus trabalhadores é mantê-los em seus postos, mesmo que seja em condições sub-
humanas. É necessário criar, em todo o povo, empregados e empregadores, uma nova
mentalidade sobre direitos e deveres de cada indivíduo, explicar-lhes que as pessoas não
“saem de casa para sofrer” (frase dita pelo Diretor de produção da LTC aos funcionários da
SPE), mas para garantir uma vida digna e saudável, mostrando-lhes o caminho da
humanização do trabalho, preenchendo a carência de valorização do indivíduo, criando novos
hábitos e culturas. Somente neste momento, os programas de saúde e bem-estar nas empresas,
sejam derivadas da sociedade privada ou do governo, terão sucesso e resultados realmente
eficazes, pois cada um saberá a importância que isto realmente tem em suas vidas e a
importância que suas vidas têm para os programas, empresas e país (AGITA SÃO PAULO,
1998, p. 7,8; OLIVEIRA, 2002, p. 129; POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 33; CAÑETE,
1996, p. 32).
2.6.1 Experiência Brasileira:
a) Ishikawajima do Brasil /Campo Grande(RJ) - em 1969, segundo Polito e
Bergamaschi (2002, p. 26), o estaleiro Ishikawajima do Brasil,“segundo a influência
administrativa do modelo empresarial japonês” (CAPITAL HUMANO, 1995, p. 28-
43), inicia a prática de ginástica laboral em suas instalações, marcando, também, o
início desta atividade no Brasil. Padão (1992, p. 28), engenheiro de segurança da
Ishikawajima, explica que todos os dias, das 7:30 às 7:38h, quatro mil homens, da
diretoria ao chão de fábrica, exercitam-se simultaneamente, com o auxílio de um guia
responsável pelo treinamento. O protocolo nunca é quebrado, mesmo que a tradicional
música não seja tocada pelas dezenas de alto-falantes espalhados pela empresa, “numa
demonstração de que a ginástica contribuirá para seu desenvolvimento físico e mental,
50
com reflexos positivos, sobretudo para a segurança ocupacional” (PADÃO;
MONTEIRO, 1992, p. 28). Desta forma, os trabalhadores terão sua musculatura pré-
aquecida para suportar a vida sedentária do escritório ou as constantes subidas de
escadas, bases e andaimes do trabalho árduo da fábrica. Contudo, os maiores
benefícios estão na educação corporal adquirida: os trabalhadores são aptos a realizar
uma auto-avaliação física e de sua disposição para o trabalho, enquanto são avaliados
por seus supervisores ou encarregados, o que contribui, e muito, para a prevenção de
acidentes e doenças;
b) Selenium/Nova Santa Rita (RS) - segundo Klever (1997), gerente de Relações
Industriais da empresa, a ergonomia conquistou seu espaço na Selenium, fabricante de
alto-falantes, em 1994, com a implantação da ginástica laboral. Para convencer os
trabalhadores, a Selenium começou com um projeto piloto no setor de montagem, que
contava com uma sessão diária de ginástica, de 15 minutos à tarde e uma sessão
opcional ao meio-dia. Os resultados promoveram a utilização da ginástica em outros
setores, extendendo-se a toda a empresa no prazo de um ano. Atualmente, o programa
conta com duas sessões diárias de dez minutos cada: uma na entrada dos trabalhadores
(7:40h), com caráter preparatório; e a outra, no meio da tarde (15:00h), com caráter
compensatório, paralisando a produção de toda a fábrica. As sessões são realizadas
por alguns funcionários (monitores), responsáveis por determinadas áreas da empresa
e orientados por professores de ginástica. Para Klever (1997) “ a ginástica reduz as
faltas, motiva o trabalho, dá mais disposição e diminui as queixas de dores
musculares”. Isto pode ser comprovado pelos resultados obtidos entre novembro de
1994 e maio de 1995, quando se registrou a diminuição em 38% do absenteísmo, em
86.6% nos casos de LER/DORT e em 64% das reclamações de dor. Contudo, Klever
salienta que oferecer pausa e exercícios aos trabalhadores não é o suficiente para
evitar LER/DORT. A empresa precisa investir em melhoramentos ergonômicos nos
postos de trabalho e na organização do trabalho;
c) Merrel Lepetit/Santo Amaro (SP)- com o objetivo de conscientizar e melhorar
continuamente a saúde de seus trabalhadores, a Indústria Farmacêutica Merrel Lepetit,
em uma parceria do Departamento de Saúde Ocupacional e dos trabalhadores,
instalaram um Fitness Center no complexo industrial. Esta academia particular da
Merrel Lepetit deu início ao Program Viva Vida, um projeto de incentivo e saúde aos
trabalhadores, que exercitam-se sob a orientação de profissionais especializados, fora
51
do horário de trabalho. Ao chegar ao Fitness Center, o indivíduo é avaliado, orientado
e segue um cronograma estipulado, que normalmente abrange 10 a 25 minutos de
trabalho aeróbico (corrida, caminhada, etc) e 35 a 50 minutos de trabalho corporal
(ginástica aeróbica e localizada, alongamento, circuit trainning, step, musculação,
entre outros). O tempo e o tipo do programa são determinados pelas características
físicas, fisiológicas e metabólicas de cada indivíduo, descobertas através de exames de
saúde e avaliações de posto e função. Além da academia, os funcionários contam,
ainda com uma sessão diária de ginástica no local de trabalho (10 minutos antes do
início do turno) e palestras educativas. Estas sessões são ministradas por funcionários
treinados (monitores) que, assim como no Fitness Center, aplicam exercícios próprios
às funções executadas para cada grupo;
d) Bosch/Curitiba (PR) - a Robert Bosch do Brasil, fabricante de peças para motores a
diesel, está experimentando a ginástica laboral. Mesmo assim, um módulo piloto
incentiva os trabalhadores para usufruírem o benefício, a fim de “trazer a melhora na
qualidade de vida do grupo e, por conseguinte, melhorando o nível de produção e
diminuindo os fatores que implicam nos afastamentos do trabalho” (WELLINGTON
EXTERN, 2001). Para a empresa, a ginástica laboral é tratada como um produto que
deve ser vendido e muito bem vendido para seus funcionários. Para gerar a
aceitabilidade do programa (70% até o momento), conscientização dos funcionários
quanto à prevenção de LER no trabalho e, principalmente, motivação. O programa
conta, ainda, com a parceria do SESI/Ctba e da Associação dos Funcionários da
empresa. O SESI é responsável pela organização das séries de exercícios, preparação
conceitual do grupo, diagnóstico do setor de trabalho e apoio material. A associação
dos funcionários, por sua vez, através dos professores de educação física, é
responsável pela implantação e manutenção do programa, auxiliada pelos setores do
Núcleo de Qualidade de Vida. A ginástica tem objetivos compensatórios, sendo
realizada todos os dias em horários e locais pré-determinados, através de um programa
também previamente elaborado. Os funcionários trabalham apenas com seus grupos,
sendo acompanhados por um professor uma vez por semana. Mas a empresa ressalta
que os funcionários não são obrigados a participar das atividades, muito menos de
serem monitores. O único compromisso é incentivá-los e conscientizá-los, o que se
torna mais fácil com a presença dos professores e agentes de segurança e saúde.
Assim como as demais empresas, a Bosch não emprega a ginástica laboral como única
52
ferramenta de prevenção. Ela faz parte de um programa muito maior chamado Núcleo
de Qualidade de Vida;
e) Renner Hermann/Gravataí (RS)- a Indústria Química Tintas Renner mantém o
programa de ginástica laboral desde 1992. Desde sua implantação, ela é ministrada
por um professor de educação física, com a colaboração da área médica e de
segurança do trabalho. A empresa mantém, também, um grupo de funcionários
monitores, devidamente treinados, para que, na eventualidade da ausência do
professor, estes possam ministrar a aula. A ginástica acontece diariamente com
duração média de 30min, sendo aplicados exercícios de alongamento. As seções ainda
contam com o auxílio do médico do trabalho, que orienta o professor e o funcionário
com problemas para trabalharem exercícios específicos ao caso. Os funcionários não
são obrigados a praticarem a atividade, mas o fazem, de livre e espontânea vontade,
por conhecerem seus benefícios. Estas são as características do programa empregado
hoje na empresa, uma vez que todo o processo sofreu diversas alterações durante estes
nove anos, com a finalidade de obter os melhores resultados para a população da
empresa. Desta forma, a ginástica vem apresentando resultados positivos por despertar
a conscientização da prática da atividade física (entrevista realizada em 2001, com a
Técnica de Segurança do Trabalho da Empresa);
f) Programa Agita São Paulo (SP) - a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em
conjunto com o Governo do Estado de São Paulo e o Centro de Estudos do
Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do SUL (CELAFISCS), desenvolveram
um programa para promover a saúde da população através da atividade física diária. O
“Agita São Paulo” foi lançado em dezembro de 1996, contando com uma estrutura
constante, envolvendo profissionais especializados da saúde e do esporte, meios de
comunicação, o mascote do programa chamado Meiorito e voluntários. Defendendo a
idéia de que o ser humano necessita de, pelo menos, 30 minutos por dia de atividade
física, o programa, por meio da mídia, de eventos e palestras à comunidade e às
empresas, incentiva e educa as pessoas a mudarem seus hábitos de vida em prol de
uma vida mais saudável, com menores riscos de doenças degenerativas e vícios. De
um modo geral, o programa objetiva incrementar o conhecimento da população sobre
os benefícios da atividade física; aumentar o envolvimento da população com a
atividade física; incentivar o sedentário a ser um pouco mais ativo, o indivíduo pouco
53
ativo a se tornar ativo, e o ativo a ser muito ativo, enfim promover a saúde e a
qualidade de vida da população;
g) Listas Telefônicas Company (LTC)/Curitiba (PR) - em 1999, a LTC (nome fictício
da empresa que foi usada no estudo de caso) contratou o programa de Ginástica na
Empresa do SESI/Curitiba, que, em 2000, foi substituída por uma empresa
especializada. No entanto, ao contrário dos casos mencionados, o programa não
obteve o efeito esperado.
O capítulo a seguir detalha o caso desta empresa, objeto de estudo desta dissertação.
54
3 ESTUDO DE CASO: O PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL DA LTC/SPE
A necessidade de evitar doenças profissionais, acidentes de trabalho e diminuir gastos com
absenteísmo, assistência médica e processos trabalhistas, está levando muitas empresas a
buscarem alternativas para proteger seus funcionários. Alguns empresários adotam esquemas
extremamente elaborados, que contam com mudanças de postos e organização de trabalho,
programa alimentar e educacional, além da utilização de atividades físicas. Outras empresas,
seja pela cultura ou pelo orçamento, utilizam programas muito mais simples, que nem sempre
surtem o efeito esperado.
Na tentativa de proteger os funcionários de produção, a empresa Listas Telefônicas Company
(LTC) desenvolveu um programa de saúde que conta apenas com a ginástica laboral. As
bases do programa e os resultados obtidos são os alvos deste trabalho que, para tanto, busca
conhecer suas características, os pontos fortes e fracos, a coerência dos exercícios aplicados
com as atividades exercidas a em de avaliação de aceitação pelos funcionários do SPE (Setor
de Produção Editorial), um departamento que tem como características: trabalho com
computadores; carga horária de 8:30h; casos de LER/DORT; ser o primeiro setor a trabalhar
com a ginástica laboral e o único a continuar com o programa.
Com a finalidade de preservar o grupo de trabalho e os indivíduos que pertencem a este
grupo, a empresa solicitou que seu nome não fosse revelado, tendo-se adotado a identificação
fictícia de Listas Telefônicas Company (LTC).
55
3.1 A EMPRESA
A Listas Telefônicas Company (LTC) é uma empresa multinacional, atuante no mercado
gráfico brasileiro. Possui cinco escritórios no Brasil e cerca de 400 funcionários, sendo que
mais da metade destes estão na matriz, em Curitiba, no Paraná.
Embora a LTC produza diferentes produtos gráficos, todos os esforços são direcionados para
a publicação de listas telefônicas (95% dos contratos). Os funcionários estão agrupados em
setores com responsabilidades diferentes para a produção das listas telefônicas: Área de
Vendas (AV), Cadastro (CAD), Conferência (DECON) e Produção Editorial (SPE). A área de
vendas é responsável por buscar e atender os clientes que desejam anunciar suas empresas nas
listas telefônicas e guias de endereços, negociando pagamentos, prazos e leiautes. O Cadastro
(CAD) tem a responsabilidade de cadastrar os clientes e efetivar as vendas, enquanto o
DECON confere a veracidade e legalidade dos contratos. A produção dos leiautes, anúncios e
paginação das listas e guias cabem ao pequeno SPE.
3.1.1 Breve Histórico da LTC
Durante duas décadas, os processos produtivos da LTC foram exatamente os mesmos,
praticamente artesanais: os funcionários trabalhavam em pranchetas ou mesas de escritório,
de acordo com a função que executavam; os anúncios eram desenhados com nanquim em
papel vegetal; a diagramação das listas era toda feita à mão. Os poucos computadores que
existiam, exerciam atividades contábeis, enquanto a “multidão” (54 pessoas no SPE e 60
pessoas no CAD e DECON) que produzia/editava as listas telefônicas na época (2.5 vezes
mais do que os dias atuais) não assegurava prazos e qualidade.
Em 1996, a empresa inicia um processo de modernização. Os setores de produção CAD,
DECON e SPE passam a ser informatizados. A novidade traz agilidade e qualidade à
produção, mas também, demissões em todos os níveis e setores. Este processo, relativamente
lento (4 anos até estabilizar), foi responsável por deixar os funcionários agitados, inseguros,
56
cansados física, mental e emocionalmente. Os resultados não poderiam ser piores para a LTC.
Os níveis de erro e retrabalho eram altíssimos (50% em média no SPE), gerando gastos
extravagantes com perda de material e horas extras.
Em 2000, quando a empresa encontra seu ponto de equilíbrio, as demissões são encerradas e
o plano de informatização concretizado. Os trabalhadores passaram a demonstrar todo o seu
potencial, aumentando vertiginosamente a produção e a qualidade do material produzido.
Atualmente, os maiores problemas enfrentados pela LTC são:
a) a falta de integração e uniformidade de produção entre setores: cada setor apresenta
uma organização de trabalho diferente, comprometendo o fluxo de trabalho;
b) dificuldade de compreensão dos cargos e responsabilidades: as tarefas deixam de ser
feitas e algumas pessoas passam a assumir responsabilidades que não cabem a elas;
c) problemas com relacionamentos pessoais e com o sentimento de grupo: intrigas,
brigas, dificuldades para trabalho em grupo;
d) casos de LER/DORT nos setores de produção,
- seis casos no grupo estudado até 2001;
- onze casos na história do setor até 2001;
- vinte casos registrados na história da LTC até 2001.
3.1.2 Ginástica Laboral na LTC
Em 1999, os primeiros casos de LER/DORT em membro superior são registrados na LTC. Os
três primeiros casos foram registrados em homens dos setores de produção DECON e SPE.
Os casos no SPE foram detectados em funcionários recém-dispensados, que entraram na
justiça contra a empresa. A situação alertou os gerentes e diretor de produção que, em
conjunto com o setor de Recursos Humanos, buscaram ferramentas que pudessem proteger
seus trabalhadores de lesões e acidentes de trabalho. A procura terminou em julho, deste
57
mesmo ano, quando a empresa optou pela utilização da Ginástica Laboral e contratou o
Programa Ginástica na Empresa do SESI (Serviço Social da Indústria).
As análises preliminares haviam apontado que a ginástica laboral apresentava diversas
vantagens: a empresa estaria afastando o perigo de novos casos de LER/DORT, de
afastamentos por dor e lesão e dos processos judiciais movidos por antigos funcionários. Para
conquistar tudo isto, a LTC arcaria com custos muito baixos para a implantação e
manutenção do programa, apenas, com o honorário da professora de educação física e com a
responsabilidade de fornecer uma sala para a prática das atividades. Por outro lado, os
funcionários estariam realizando pausas (15 min. diários) na prolongada jornada de trabalho
de oito horas e meia, obtendo um pouco de lazer e, principalmente, exercitando os músculos
tencionados e estagnados. Além destas vantagens, o programa do SESI oferecia, ainda, o
treinamento de um funcionário por setor, com a finalidade de que estas pessoas fossem
“monitores” habilitados a praticarem os exercícios com seus colegas durante quatro dias por
semana, enquanto o quinto dia seria ministrado por uma professora de educação física.
A perspectiva para o programa era de total sucesso. Parecia óbvio que, se a empresa oferece
uma ferramenta que promove o bem-estar das pessoas, esta seria aceita imediatamente, sem
discussões, garantindo a participação e imunização dos funcionários contra a LER/DORT.
Entretanto, o programa não cativou os trabalhadores. As sessões eram pouco freqüentadas, a
participação masculina era praticamente nula, enquanto a feminina chegava a 80%. Segundo
os funcionários, as aulas eram monótonas e tediantes, sendo bastante comum ocorrerem
apenas em três ou quatro dias na semana.
Contudo, existiam sessões que realmente agradavam os funcionários. Eram aquelas realizadas
pela professora de educação física, que possuía condições técnicas para inovar e movimentar
as aulas. As funcionárias participavam maciçamente destas aulas, amontoando-se na pequena
sala para aprender passos de aeróbica. O problema foi que, apesar de este tipo de atividade
agradar o público feminino, desagradava o público masculino.
O programa, mesmo assim, continuou sendo empregado e da mesma forma. Nenhuma das
chefias envolvidas tomou qualquer atitude junto aos trabalhadores, para motivá-los a
participar das atividades. A impopularidade da ginástica entre os funcionários, de acordo com
o depoimento dos mesmos, se deu por:
58
a) falta de informação: os funcionários sabiam que alguns colegas apresentavam LER.
Porém, não sabiam o que isto significava, como era adquirida ou o que acarretava ao
corpo humano;
b) falhas de divulgação: o programa não foi devidamente divulgado. Os funcionários
foram orientados a participarem da ginástica laboral para evitar LER, mas, em
nenhum momento foram explicadas as vantagens de ter um corpo são na batalha
contra a LER e como a ginástica laboral poderia ser útil nesta tarefa;
c) falta de conhecimento legal: alguns funcionários passaram a acreditar que a
implantação da ginástica laboral era um meio da LTC livrar-se da responsabilidade de
novos casos de LER e se recusaram a participar das atividades;
d) monitores: os monitores, mesmo treinados, não possuíam conhecimentos técnicos e
habilidade suficientes para realizar sessões diferenciadas e descontraídas, ou para
orientar os colegas quanto à postura correta durante as atividades;
e) cultura individual: para muitos trabalhadores era evidente que, se participassem das
sessões de ginástica, passariam a trabalhar cansados e suados e isto seria muito
desagradável. Como, também, seria muito desagradável expor-se ao exercitar-se
diante dos colegas de trabalho.
No primeiro bimestre de 2000, novos casos de LER/DORT foram detectados nos setores de
produção, em especial no SPE. Os novos processos contra a LTC e o afastamento de
funcionários altamente produtivos, provocaram a retomada, por parte das chefias, do
programa de ginástica laboral, decretando a obrigatoriedade da prática. Contudo, a medida
não agradou aos trabalhadores, que deliberadamente deixaram de participar das sessões.
Mesmo com todos os problemas apresentados, a ginástica laboral, para a LTC, ainda era a
melhor opção. Se o programa não apresentava resultados satisfatórios, era evidente que os
profissionais envolvidos, bem como o sistema utilizado, eram inadequados. Imediatamente, a
empresa encerrou o contrato com o médico do trabalho e com o SESI. Um novo médico foi
contratado, enquanto a ginástica laboral ficou aos cuidados da empresa de fisioterapia
ocupacional Fisiotrab (o nome da empresa também é fictício, a pedido da LTC). Neste
momento, a ginástica laboral foi estendida para toda a empresa.
59
Para a Fisiotrab, era de fundamental importância conhecer, educar e fidelizar os funcionários
da LTC. Apenas desta maneira, seria possível garantir o sucesso do programa na empresa,
afinal, indivíduos que possuem consciência corporal e de tudo aquilo que o agride e beneficia,
são capazes de decidir se querem ou não participar do programa e o porque de estarem
fazendo. Para tanto, a Fisiotrab utiliza a seguinte metodologia de trabalho:
a) palestra inaugural: a Fisiotrab realizou uma palestra inaugural e educativa para todos
os funcionários da LTC, divididos em pequenos grupos. A palestrante ofereceu
explicações sobre a Fisiotrab, necessidades físicas, atividades físicas, sedentarismo,
hábitos insalubres e LER/DORT. Este evento deu início ao Comitê de Ergonomia
(COERGO) para promover a participação dos funcionários e educar as pessoas a
realizarem adequadamente a Ginástica Laboral;
b) treinamento para integrantes do COERGO: a Fisiotrab conseguiu montar um grupo
bastante coeso, com doze integrantes, sendo quatro deles do SPE. As reuniões
semanais discutiam a qualidade de vida em cada um dos setores, melhorias na
ginástica laboral e a prática de atividades físicas com qualidade: postura, respiração,
períodos, velocidade, aplicações, causas, efeitos, reações musculares e neurais;
c) análise dos postos de trabalho: Na tentativa da criação de um programa de saúde
completo para a LTC, a Fisiotrab, analisou todos os postos de trabalho, traçando um
paralelo com as tarefas executadas individualmente por trabalhador. Simultaneamente,
as fisioterapeutas realizavam educação postural e regulagens nos postos, baseadas na
construção corporal das pessoas. Este trabalho resultou em um projeto de modificação
de postos de trabalho e organização de trabalho para a LTC;
d) ginástica laboral: a ginástica laboral continuava a ser realizada com o auxílio de
monitores. Entretanto, o treinamento intensivo os capacitou a trabalhar com os
colegas, sem oferecer riscos à integridade física deles. Os monitores tornaram-se
capazes de montar as próprias sessões, escolhendo as atividades, baseando-se no dia
de trabalho. Semanalmente, uma fisioterapeuta realizava as sessões, trabalhando de
forma mais intensiva músculos e tendões, incentivando a curiosidade dos funcionários
a respeito do próprio corpo, demonstrando a eles o comportamento físico durante cada
exercício.
60
O sistema da Fisiotrab cativou os funcionários da LTC, que estavam tão necessitados de
atenção e auxílio. As pessoas passaram a sentirem-se valorizadas, motivadas e dispostas a
colaborarem com o projeto. A ginástica laboral ganhou em força, participação (100%) e
qualidade, mesmo sem a presença direta do fisioterapeuta.
Durante três meses, o trabalho desenvolvido entre a LTC e a Fisiotrab foi tecnicamente
aprovado. As pessoas participaram intensamente de todas as atividades e, o que era mais
importante, sentiam-se bem física e mentalmente. Contudo, quando o projeto de melhorias
proposto pela Fisiotrab foi vetado e a participação da fisioterapeuta radicalmente diminuída
(passou a ser bimestral), devido à contenção de despesas, o abatimento tornou-se geral,
diminuindo a participação na ginástica e a credibilidade da empresa diante dos funcionários.
O programa foi definhando gradativamente. No início de 2001, a presença da Fisiotrab era
praticamente nula e as sessões de ginástica passaram a serem canceladas em muitos setores,
sobrevivendo apenas no SPE, graças ao apoio do gerente.
Em agosto de 2001, a Fisiotrab retornou a LTC com um programa simples, que contava com
a participação quinzenal da fisioterapeuta nas sessões de ginástica laboral. Três meses mais
tarde, a participação tornou-se semanal e, apenas em janeiro de 2002, passa a ter duas sessões
por semana. Esta foi uma conquista muito importante para a maioria dos funcionários, pois
eram as únicas sessões realizadas com eles.
3.2 GINÁSTICA LABORAL NO SPE
Quando as atividades do SESI iniciaram na empresa, em 1999, patrões e empregados
desconheciam, totalmente, os riscos das longas jornadas diante do computador, bem como
dos móveis e posturas inadequados. O fato de colegas estarem com “LER” parecia não
incomodar os operadores, enquanto brincadeiras eram realizadas para descobrir o que
significava a sigla tão estranha de uma doença que ninguém sabia o que era. Mesmo os
gerentes e profissionais de Recursos humanos pareciam não acreditar que pessoas poderiam
adoecer ao trabalharem com o computador.
61
Tamanha desinformação provocou a repulsa dos funcionários em relação ao programa de
ginástica laboral durante sua implantação. As pessoas não acreditavam que fariam educação
física na empresa e, tão pouco, que estas aulas seriam úteis para protegê-las da tal doença.
Mesmo assim, algumas funcionárias, timidamente, decidiram conhecer, assistir e participar
das primeiras sessões, realizadas todos os dias. Uma vez por semana, uma professora de
educação física do SESI chamava os trabalhadores em seus postos de trabalho e comandava a
aula em uma sala de recreação. Após esta aula, a professora entregava a apostila da semana
aos monitores (no SPE, um monitor por turno) que assumiam as turmas nos outros dias.
Invariavelmente, estas sessões contavam com a presença das mulheres do turno da manhã,
apenas, o que representava cerca de 40% dos funcionários da época.
A falta de interesse dos funcionários, e a falta de atitude da LTC em reverter este quadro,
aliadas a mudança de turnos (de dois turnos de 7:00h para um de 8:30), favoreceram o
aparecimento de novos casos de LER/DORT e afastamentos. Assustados com estes casos, a
diretoria de produção, a gerência do setor e a gerência de Recursos Humanos decretaram a
obrigatoriedade da participação de todos os operadores nas sessões de ginástica. A medida
desagradou a todos, especialmente, aos rapazes, provocando a falência do programa no
primeiro semestre de 2000.
Imediatamente, a LTC contratou os serviços da Fisiotrab, uma empresa que visa à prática de
exercícios físicos na empresa (ver figura 2), a educação dos funcionários e a reestruturação do
ambiente de trabalho. Esta nova metodologia e a atenção oferecida pelas profissionais da
Fisiotrab cativaram os funcionários do SPE que se apresentaram acessíveis, amáveis e muito
motivados, principalmente com a perspectiva da mudança da mobília do setor. Porém a
grande transformação observada nestas pessoas foi a consciência dos riscos oferecidos pelo
tipo da atividade que exercitavam, das más-posturas e dos longos períodos sentados diante
dos computadores.
62
As sessões de ginásticas passaram a contar com 100% dos funcionários que se mostravam
sempre muito dispostos e satisfeitos. Algum dos fatores decisivos para este acontecimento foi
a simpatia e a atenção dispensadas pela fisioterapeuta durante as três sessões semanais e as
visitas periódicas ao setor. Conforme os comentários dos trabalhadores, esta profissional,
também era dona de uma beleza irresistível para alguns dos homens da área, que passaram a
participar da ginástica com a finalidade de admirá-la. É possível perceber que muitas
expectativas e carências do grupo foram atendidas e o resultado desta satisfação foi o
aumento da participação nas sessões oferecidas pelo Fisiotrab.
Em resposta a todos estes acontecimentos, as reclamações de dor e cansaço foram
desaparecendo. Embora a empresa não possua registros documentados sobre este período, em
entrevista, alguns funcionários do setor e alguns superiores revelam que as pessoas
aparentavam estar sentindo-se melhor e de melhor humor.
Contudo, três meses mais tarde, a presença das fisioterapeutas na LTC foi sendo diminuída
gradativamente, provocando ansiedade e redução da participação na ginástica laboral. A
ansiedade justificava-se pelo medo de que o grupo fosse abandonado e as reformas
mobiliárias e da carga horária não fossem realizadas. Neste período, foi decisiva a
participação do gerente do setor que chamava todo o grupo e incentivava as pessoas a
participarem das sessões, promovendo brincadeiras e momentos divertidos.
Figura 2– ginástica com orientação: o grupo do SPE da empresa realizando as atividades com a orientação da fisioterapeuta – janeiro de 2002
63
Com a saída do gerente, em março de 2001, e a redução de custos na empresa, o programa de
ginástica laboral sofreu uma nova e decisiva crise: as melhoras no ambiente de trabalho foram
canceladas, a fisioterapeuta foi substituída, sua participação reduzida para 1 vez por mês e,
por fim, drástica diminuição da participação das pessoas nas sessões em cerca 70% (dos 20
funcionários apenas seis continuavam participando).
O grupo recorreu ao RH solicitando a presença mais efetiva e constante de um profissional da
saúde nas sessões de ginástica e a troca da fisioterapeuta que, segundo o grupo, parecia um
“sargentão”. Estes funcionários pediram, também, a retomada do melhoramento do
mobiliário do setor que apresentava 100% dos funcionários com dor, sendo que cinco dos 17
funcionários foram afastados para tratamento nos meses de Junho e Agosto.
No início de 2002, apenas o SPE realizava os exercícios físicos durante o trabalho, com muita
dificuldade e baixa participação (ver figura 3). Por esta razão e pela insistência de alguns
funcionários do SPE, o setor de Recursos Humanos cancelou o atendimento mensal dos
setores que não fossem diretamente participantes da produção e passou as horas destinadas a
tais áreas para os três setores de produção: SPE, DECON e CAD.
Por fim, o SPE conquistou o direito ao atendimento semanal ao seu programa de ginástica
laboral. Entretanto, muitos dos funcionários perderam o interesse na ginástica. A participação
tornou-se sazonal: as pessoas participavam apenas quando não tinham muitas tarefas a serem
realizadas e quando tinham vontade. Esta situação gerou o interesse em um estudo mais
detalhado, que é apresentado no capítulo a seguir.
Figura 3 – ginástica laboral no SPE: o grupo está realizando as atividades entre os computadores e equipamentos. No centro, uma funcionária continua trabalhando.
64
A intenção do estudo é conhecer a ginástica laboral neste grupo e os motivos que levaram ao
fracasso desta ferramenta no SPE. Considera-se, como fracasso, o fato da ginástica laboral
não ter cativado, atraído e fidelizado os usuários. As conseqüências deste fracasso são: a falta
de motivação, de participação e, principalmente, a impossibilidade destes trabalhadores de
usufruírem dos benefícios da realização alegre e diária da ginástica laboral. Em resumo, a
ginástica laboral não atinge seus objetivos: auxiliar o trabalhador a descansar, descontrair-se,
proteger o corpo e auxiliar no processo de prevenção de LER/DORT e doenças laborais.
3.3. MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA PESQUISA SOBRE GINÁSTICA LABORAL NO SPE
Os estudos na LTC começaram a ser realizados em maio de 2001. O foco central é o Setor de
Produção Editorial (SPE), que participa da ginástica laboral desde o início do projeto na
empresa. O setor, também, destaca-se pelas ocorrências de LER/DORT no setor e pelo tipo de
produção: totalmente realizada através de estações de produção gráfica (utilização intensiva
de computador + mouse + teclado + scanner + digitalizadora + rip panther + press match +
impressora).
No SPE, a produção realmente acontece: os operadores criam e manipulam todos os produtos
da empresa que serão publicados, sejam eles leiautes, anúncios, listas, entre outros. O setor é
constituído por 17 funcionários, que realizam suas atividades nas estações de produção
gráfica, por no mínimo, oito horas e meia por dia.
A LTC permitiu a realização da pesquisa no SPE, mas, no entanto, fez uma série de restrições
ao grupo e ao pesquisador, também integrante do grupo da empresa. Foram proibidas as
entrevistas individuais muito longas (com mais de 10 minutos), reuniões coletivas, aplicações
de muitas pesquisas ou testes, enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, interferisse na
produção ou provocasse qualquer desconforto para a empresa.
As exigências contribuíram para que os funcionários se sentissem inibidos em responder às
pesquisas e de colaborar com os estudos. Os levantamentos sobre hábitos pessoais e
profissionais e análises posturais mais detalhados foram prejudicados pelo medo dos
65
trabalhadores em expor seus pontos de vistas, opiniões e que estas informações fossem
descobertas pelos superiores, em especial pelos funcionários dos Recursos Humanos. Este
estudo foi bastante calçado na observação direta e entrevistas informais que permitiram uma
análise mais detalhada sobre o trabalho realizado e a ginástica laboral no setor.
3.3.1 Análise do Trabalho no SPE, da Ginástica Laboral e das Condições Físicas dos
Funcionários do SPE
Para melhor compreender o trabalho no SPE e captar a percepção dos funcionários quanto a
eficiência da ginástica laboral, durante os treze meses de estudo, foram observados o
comportamento dos funcionários, as posturas diante das adversidades do cotidiano e seus
comentários. O que resultou da observação do pesquisador foi categorizado, nesta
dissertação, como pesquisa com a participação indireta dos trabalhadores; os resultados dos
questionários, entrevistas, depoimentos etc, foram classificados como pesquisa com a
participação direta dos trabalhadores.
Pesquisa com a Participação Direta dos Funcionários do SPE
A título de entender como os funcionários entendiam as características e as condições de seu
tarbalho no SPE, além das levantar as condições físicas dos funcionários do SPE, foram feitas
entrevistas e aplicados questionários sobre a percepção dos trabalhadores quanto ao trabalho
realizado, a ginástica laboral, desconforto/dor e hábitos de vida, conforme descrito a seguir.
a1) primeira pesquisa sobre a ginástica laboral realizada no SPE - em maio de 2001,
foi feita a primeira pesquisa, sobre o interesse dos trabalhadores em participar da
ginástica laboral oferecida pela empresa. Uma pesquisa simples, cuja principal
finalidade era estabelecer a aproximação com o grupo e obter um relacionamento
de confiança dos funcionários do setor com o pesquisador. Com base em quatro
66
perguntas, foram questionados os tipos de exercícios que deveriam existir, ou não,
no programa e o desejo das pessoas em relação à ginástica laboral. Uma destas
questões, bastante polêmica, foi de exigência do gerente do Setor: “Você se
compromete em participar da ginástica laboral diariamente?”. De acordo com o
gerente do setor, a intenção desta pergunta, não era coagir os funcionários a
participar do programa de ginástica, mas, sim avaliar o comprometimento dos
funcionários em relação programa. O gerente mencionou que sua idéia era
conhecer as necessidades de cada um dos trabalhadores para traçar projetos de
melhoria e de motivação para o programa de ginástica laboral do grupo. No
entanto, a pergunta gerou desconfiança, pois ela não remete para esta intensão e
deixa transparecer certa “obrigatoriedade de participação”;
a2) segunda pesquisa sobre ginástica laboral - em outubro de 2001, uma nova
pesquisa foi aplicada, cujo objetivo era avaliar o desempenho da ginástica laboral
para o grupo. A pesquisa era composta por perguntas sobre a ginástica laboral, a
iniciativa da LTC em implantar esta ferramenta e o desempenho da fisioterapeuta.A
pedido dos operadores do SPE, este questionário não exigia a identificação pessoal.
Isto dificultou um pouco a tabulação dos resultados, uma vez que tornou
impossível relacionar as respostas com as pessoas. Porém contribuiu para que um
número grande de pessoas (13) sentissem a vontade para responder e entregar as
folhas de avaliação de desconforto/dor, fato que não se repetiu nas demais
pesquisas, que exigiam identificação;
b) levantamento sobre desconforto/dor - o afastamento progressivo da Fisiotrab
contribuiu para a redução da estima dos trabalhadores do SPE e da participação na
ginástica laboral. O curioso deste período, é que imediatamente após a redução das
sessões de ginástica com a fisioterapeuta, o grupo passou a queixar-se de dores pelo
corpo. Sabia-se que o grupo estava exposto a uma série de situações de risco e
sofrimento. Os funcionários que, no momento do estudo, trabalhavam oito horas e
meia diante dos computadores, estavam sem pausa e, também sem ginástica laboral.
As pessoas, claramente mostravam-se estressadas, pressionadas e com dor. Era
necessário saber em quais pontos do corpo as dores eram mais freqüentes e fortes.
Para realizar esta medição, as pessoas preencheram uma folha de papel com desenhos
do corpo humano masculino (entregue aos homens – figura 4) e do feminino
67
(entregue as mulheres – figura 5), sobre os quais deveriam ser marcados os pontos de
dor e feitos comentários sobre a intensidade de dor, de acordo com seguinte escala,
- dor suportável e calosidades (posteriormente quantificada como intensidade 0.5);
- dor intensa (posteriormente quantificada como intensidade 0.75);
- pontadas, sensação gélida e má circulação (posteriormente quantificada como
intensidade 1)
Nome :
RelatoSextaÚltimaHora
MãoDireita
MãoEsquerda
Nome: _________ Data: _________ Horário:_________ Comentários:
Figura 4– diagrama masculino baseado no diagrama proposto por Corlett para análise de desconforto e dor
68
Nome :
RelatoSemanal
MãoDireita
MãoEsquerda
No SPE, as pessoas apresentaram-se interessadas pelo método e de certa forma
dependentes do mesmo, pois esta foi a única forma que eles encontraram para expor
suas dores e desconforto, sem sentirem que estavam fazendo algo errado. Enfim, os
trabalhadores encontraram uma forma de atenção aos seus problemas, sem
comprometerem-se com a empresa. Esta situação promoveu a aplicação desta técnica
de avaliação em quatro etapas,
- 1ª Semana: aplicação nas manhãs e nas tardes dos dias 30 de Julho e 03 de Agosto;
- 2ª Semana: durante toda a semana seguinte, os funcionários preencheram o
diagrama toda vez que sentiam algum tipo de dor;
- 3ª Semana: aplicação nas manhãs e nas tardes dos dias 23 e 27 de Agosto. Nesta
fase os operadores trabalharam, em média quatorze horas por dia (média de 5 horas
extras por dia);
- 4ª Semana: durante toda a semana seguinte, os funcionários preencheram o
diagrama toda vez que sentiam algum tipo de dor. Nesta fase os operadores
trabalharam, em média, quatorze horas por dia (média de 5 horas extras por dia);
Nome: _________ Data: _________ Horário:_________ Comentários:
Figura 5 – diagrama feminino baseado no diagrama proposto por Corlett para análise de desconforto e dor
69
c) pesquisa geral - o fato das pessoas temerem que as respostas dadas por elas, em
qualquer documento chegassem ao conhecimento de superiores e, principalmente,
do setor de Recursos Humanos, foi o grande desafio e problema desta terceira
pesquisa: hábitos de vida, qualidade de vida no trabalho e ginástica laboral. Esta
pesquisa foi um pouco longa a pedido dos próprios funcionários, que preferiram
preencher um questionário de 40 perguntas, ao invés de preencher quatro
questionários de 10 perguntas cada. No questionário, foram abordadas questões
quanto ao trabalho realizado no SPE (conteúdo do trabalho, posto de trabalho,
organização do trabalho); quanto aos hábitos pessoais (alimentação, período de
descanso e lazer); características pessoais (peso, altura, escolaridade, entre outros),
percepção da ginástica laboral, do trabalho e da ocorrência de DORT/LER.Apenas
sete dos dezessete funcionários entregaram as respostas desta pesquisa, mesmo
sabendo que os resultados não seriam repassados para a empresa;
d) pesquisa sobre esporte - como as pesquisas anteriores não foram capazes de reunir
informações suficientes sobre o grupo e suas características, foi necessário realizar
mais uma pesquisa, enfocando ginástica laboral e hábitos esportivos. A natureza
das perguntas agradou as pessoas, o que contribuiu para que 15 dos 17 funcionários
entregassem a pesquisa, mesmo sendo identificada;
Pesquisa com a Participação Indireta dos Funcionários do SPE
a) análise do trabalho realizado no SPE
Foi feita observação direta do trabalho realizado no SPE para conhecer as condições
de trabalho e o processo de produção do setor. As atividades realizadas pelos
trabalhadores são determinantes para definir o aparecimento de estresse, monotonia,
lesões, entre outros problemas. Conhecer as características de tais atividades auxilia
na compreensão do trabalho realizado e pode auxiliar a avaliar a necessidade, ou
não, da aplicação de uma ferramenta como a ginástica laboral.
b) análise das posturas
As constantes reclamações das mesas, das cadeiras e de dores corporais indicaram a
necessidade da aplicação de um método de análise de postura dos trabalhadores em
70
seus postos de trabalho. O método RULA de McAtammey e Corlett (1993) favorece
uma avaliação rápida das posturas adotadas pelos trabalhadores e permite um
diagnóstico de possíveis riscos de lesões e a importância da intervenção ergonômica
como preventivo ou controle de risco. O sujeito deve ser observado durante vários
momentos do trabalho. Estes momentos podem ser documentados em forma de
fotografias ou vídeos e as posturas são identificadas (por região corporal), avaliadas
com base em um diagrama com diferentes notas para diferentes posturas. As posturas
assumidas são classificadas em níveis de ação que variam de um (baixo risco) a sete
(alto risco).
Os dezessete funcionários do SPE deram permissão para serem observados e
analisados com base em observação direta e em três filmagens realizadas para
avaliação postural pelo método RULA.
c) análise da ginástica laboral - com a finalidade de conhecer a aptidão física dos
funcionários do SPE, eles também foram observados durante as sessões de ginástica
laboral. Buscava-se conhecer e analisar a capacidade de realização das atividades
físicas sugeridas, bem como a presença dos trabalhadores nas sessões. Os exercícios
foram escolhidos baseados nos estudos de Herzer (2003) que indica a flexibilidade e a
força e resistência de grupos de músculos, como um forte indicador da presença ou
ausência de aptidão física. Sendo assim, foram escolhidos os seguintes exercícios:
- alongamento total de pernas: o indivíduo deve ser capaz de tocar os dedos dos pés
com as mãos, com os joelhos esticados. Espera-se que o indivíduo obtenha sucesso
na primeira tentativa, sem movimentos balísticos;
- alongamento total de braços: o indivíduo deve ser capaz de realizar uma série de
alongamentos com os braços: tocar uma mão na outra, sendo que ambas devem
estar nas costas (uma passando por cima da cabeça e a outra passando pela cintura);
cruzar o braço na frente do peito, fazendo que o cotovelo do braço alongado chegue
muito próximo do ombro contrário; realizar 90º da mão com o braço, estando a mão
voltada para baixo ou para cima. Espera-se que o indivíduo obtenha sucesso na
primeira tentativa, sem movimentos balísticos;
71
- resistência a exercícios com as pernas: o indivíduo deve ser capaz de realizar uma
série de exercícios com a repetitividade mínima de 10 vezes, sem pausas, apoios ou
redução de ritmo ou amplitude;
- resistência a exercícios com os braços: o indivíduo deve ser capaz de realizar uma
série de exercícios com a repetitividade mínima de 10 vezes, sem pausas, apoios ou
redução de ritmo ou amplitude.
3.3.2 Análise Estatística dos Resultados
Para verificar se as variáveis respostas de dor apresentam diferença entre as duas fases de
levantamento com o Diagrama de Desconforto adaptado de Corlett (1995) foi utilizado o teste
estatístico “T”, para amostras pareadas, já que entre a primeira fase (1ª e 2ª semana) e
segunda fase (3ª e 4ª semana) do estudo, existe uma diferença de horas trabalhadas. Na
segunda fase, os funcionários trabalharam, em média, 14 horas/dia, enquanto na primeira fase
foi uma média de 9 horas/dia.
Com base no teste “T”, para amostras pareadas foi obtido um p-valor significativo para a
hipótese de que existe um valor de dor maior na 4ª semana do que na 2ª semana.
Teste de Hipótese de Diferenças entre o nível de dor:
a) H0: as duas fases têm médias iguais de dor;
b) H1: a fase 2 tem média superior de dor à fase 1.
Na busca de indicadores das causas das dores indicadas pelos trabalhadores, durante toda a
pesquisa foram coletados os comentários verbais dados pelos funcionários do SPE, além do
mapeamento de dores. Os dados das duas fases de pesquisa foram analisados com base na
estatística descritiva e a técnica Boostrap.
:
72
a) estatística descritiva - os dados dos questionários nas duas fases da pesquisa foram
sumarizados em 10 tabelas, contendo percentuais ou simplesmente a contagem de
opiniões dos funcionários, para as respostas dadas às questões abertas e de múltipla
escolha, presentes nos questionários aplicados, envolvendo questões ligadas as
atividades executadas, ao posto de trabalho, à ginástica laboral e à saúde;
b) estatística Boostrap - a técnica estatística Boostrap permite a estimação pontual e
estimação por intervalo de médias, mediana e variância, entre outras. É um método de
reamostragem, formando amostras Boostrap, geradas a partir de amostragem, com
reposição, da amostra original, O número de amostras boostrap é geralmente grande,
200, 500, 1000. Neste trabalho foi utilizado o tamanho 1000,
- Vantagens:
- válido para qualquer parâmetro e, não é necessário conhecer a distribuição da
variável em questão;
- fornecer medidas precisas para as estimativas estatísticas;
- o conjunto de valores boot da estatística corresponde a uma estimativa da
verdadeira distribuição amostral da estatística em questão.
Nesta pesquisa, foi empregada esta técnica, pois os valores de confiança gerados a partir da
amostra (apenas sete pessoas entregaram a pesquisa) pelo método tradicional, resultaram em
intervalos grandes, dificultando suas interpretações. Assim, optou-se pela técnica Boostrap
que gerou intervalos menores, mais precisos. Os intervalos de confiança, com nível de 5% de
confiança (0.05), foram estimados através do método percentil.
No método tradicional, o intervalo de confiança é obtido através da média amostral ± tα;n-1
s/n1/2 (média amostral ± estatística t vezes o erro padrão). No método percentil, ordena-se as
m médias geradas a partir de Boostrap e obtém-se a seguir os valores que encontram-se nos
percentis 2.5% e 97.5%.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo, são divulgados e discutidos os resultados encontrados no Setor de Produção
Editorial (SPE) durante o período de estudo. Para melhor compreender os resultados, estes
foram divididos em grupos de análise: características de grupo, posto de trabalho, tarefas e
organização do trabalho e ginástica laboral.
4.1 CARACTERÍSTICAS DO GRUPO DO SPE
Com base nas análises comportamentais e entrevistas, foi montado o quadro de características
individuais. Buscou-se rastrear informações pessoais como idade, peso, altura e hábitos
esportivos para subsidiar a análise das posturas e da qualidade de vida.
Figura 6 – características do grupo que trabalha no SPE da empresa estudada
74
Figura 7 (continuação) – características do grupo que trabalha no SPE da empresa estuda
Grupo SPE
Mulher (70,59%) Homem (29.41%)
Média de Idade 28.58 anos 28 anos
Tempo médio de Empresa 6,75 anos 4,8 anos
Escolaridade: 2º Técnico 33,33%
Escolaridade: Superior 58,33% 100%
Escolaridade: Pós-graduação 8,33%
Figura 8 – dados profissionais do grupo que trabalha no SPE da empresa estuda
O SPE é composto, em sua grande maioria (70.59%), por mulheres jovens, com média de
idade de 28.58 anos. Estas mulheres apresentam um longo tempo de permanência no setor
(6.75 anos), executando, durante todo este período, a mesma atividade física/motora diante
dos computadores.
Os homens, tão jovens quanto as mulheres, estão no setor há menos tempo (4.8 anos). O SPE
sempre teve um predomínio maior de mulheres e, também, menor rotatividade. Enquanto os
75
homens entram e saem da empresa (por vontade própria ou não) as mulheres continuam em
seus postos.
Grupo SPE
Mulher (70,59%) Homem (29.41%)
Relação Peso/Altura*: Peso acima do normal 33,33% 20%
Relação Peso/Altura*: Peso normal 50% 80%
Relação Peso/Altura*: Peso abaixo do normal 16,66%
Obesidade Andróide (tipo maçã)** 25% 20%
Afastamento por LER/DORT 50% 0%
OBS: * Dados retirados da Tabela Peso/Altura do site “Saúde e Vida on Line”
** Obesidade Andróide é o acúmulo de gordura nas áreas abdominais. Quando a cintura ultrapassa 90cm nos homens e 80cm
nas mulheres é sinal de perígo para a saúde (Nieman, 1999, p. 13).
Figura 9– dados físicos/corpóreas do grupo que trabalha no SPE da empresa estuda
Das mulheres do setor, 33,33% apresentam algum grau de obesidade, sendo que 25% destas
funcionárias apresenta obesidade andróide. O quadro se repete no lado masculina do setor,
onde 20% deles apresentam o peso acima do recomendado e com obesidade andróide.
Entretanto, o número mais expressivo é referente aos afastamentos por LER/DORT: 50% das
mulheres já apresentaram lesões graves o suficiente para que o médico do trabalho
prescrevesse afastamento de suas atividades e da empresa. Em contra partida, os homens,
mesmo sem participar das sessões de ginástica, não apresentam problemas com LER/DORT.
76
4.2 TAREFAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
4.2.1 Tarefas Descritas
Por duas décadas, o setor contou com uma linha de produção totalmente artesanal. Os
anúncios eram desenhados manualmente através de canetas nanquim em papel vegetal. A
paginação era montada página-a-página, à mão. Todo o processo era efetuado por meio de 54
funcionários alojados em pranchetas e mesas de luz. Entretanto, a chegada de um novo
gerente, em 1996, muda, radicalmente, este cenário: computadores substituem as pranchetas e
as tarefas ganham novas dimensões e organização. Durante os quatro anos que se seguiram,
os computadores tornaram-se estações de produção gráfica (computadores mais equipamentos
eletrônicos acoplados), o setor foi reduzido em 63%, mas ganhou em qualidade e
produtividade (seis vezes mais).
Em 2000, o setor passa a operar em regime de ilhas de produção multifuncionais e
autogerenciáveis. Independente uma das outras, cada ilha fica responsável por uma filial e por
determinados produtos da matriz. Este sistema permitiu ao grupo trabalhar com diversas listas
simultaneamente, cumprindo rigorosamente as metas estipuladas, mesmo após a transferência
do gerente para uma das filiais em 2001.
Atualmente, o SPE é responsável pela produção dos leiautes dos anúncios dos clientes, pela
transformação do leiaute em encapsulado post script, pela paginação (diagramação) das listas
telefônicas, bem como de sua impressão, filmagem e revelação, tudo por meios eletrônicos e
computadorizados.
Nas figuras 10 a 19 que seguem, estão descritas as atividades realizadas pela equipe de
produção do SPE. São tarefas realizadas diariamente por todos os trabalhadores, sem exceção.
É possível perceber o quanto os processos são parecidos entre si e extremamente repetitivos.
Os funcionários acabam executando atividades similares durante todo o dia, por mais que
realizem uma rotação de tarefas.
77
Figura 10 – operadores produzindo leiaute e encapsulados
Receber solicitação de leiaute Verificar dados e materiais enviados;
Lançar entrada em relatório Descriminando: tipo, vendedor e unidade;
Acessar Internet;
Digitar senhas;
Entrar no menu;
Escolher cidade referente ao produto;
Escolher tamanho dos leiautes;
Digitar número do contato (10 dígitos);
Digitar nome do cliente;
Digitar telefone de contrato do cliente;
Digitar código do vendedor (6 digitos);
Numerar os leiautes no
Sistema do servidor NT:
Transcrever número fornecido pelo sistema para a solicitação do vendedor (8
dígitos).
Criar no upload do computador
pessoal a pasta do leiaute
Operação manual.
Criar as ilustrações e imagens
necessárias para a produção do leiaute
As ilustrações são produzidas através do software Adobe Illustrator e imagens no
Adobe Photoshop.
Montar o leiaute O leiaute é montado no software Creator, utilizando ilustrações do Adobe Illustrator
e imagens do Adobe Photoshop.
Imprimir o leiaute Inserir tarja no momento de impressão
Enviar para conferente Os leiautes são conferidos por uma operadora treinada.
Acessar Internet;
Digitar senhas;
Entrar no menu;
Solicitar tipo de entrega;
Escolher material de entrega;
Confirmar;
Abrir script 1;
Prod
ução
de
Lei
aute
Con
form
e Fi
gura
8 (2
6.00
0 un
idad
es/a
no –
mat
riz)
Tem
po d
e Pr
oces
sam
ento
s: 1
5min
a 8
:00h
por
leia
ute
Entregar produção
Confirmar;
78
Abrir script 2.
Figura 11– atividades realizadas para produção de leiautes
Figura 12 – preparação de anúncios para produção
Os anúncios chegam ao SPE através de lotes;
As informações da capa de lote devem ser comparadas às informações dos anúncios;
Conferir assinaturas dos clientes;
Separar anúncios das capas de lote;
Separar anúncios por operador;
Receber Material
Separar anúncios por tipo (informação e espaço).
Entrar no programa;
Digitar senhas;
Entrar no menu;
Digitar informaçõoes (lista, edição, data, leiaute, anúncio);
Imprimir capas de lote;
Buscar capas no andar inferior;
Montar Lotes
Montar lotes em sacos plásticos (anúncios e capa de lote).
Entrar no programa;
Digitar senhas;
Entrar no menu;
Digitar informaçõoes (lista, edição, data, leiaute, anúncio);
Prep
araç
ão d
e A
núnc
ios p
ara
Prod
ução
Con
form
e Fi
gura
9
(30.
000
unid
ades
/ano
- M
atri
z)
Transferência de Lotes
(transferência de sistemas)
Efetuar transferência.
Figura 13 - preparação de anúncios para produção
Entrar no programa; Digitar senhas; Entrar no menu; Digitar informações (anúncio, cidade, tipo, operador; links) Muda menu; Abrir Script 1;
Recebimento de Lote pelo Operador
Solicitar transferência de material. Retocar imagens (ilustrações e fotos); Refazer links; Salvar;
Encapsular os Anúncios
Exportar arquivo em GiFF e EPS. Gerar arquivos de impressão, através do EPS; Instalar fontes na impressora; Ativar software de impressão;
Impressão
Conferir os EPS com base no leiaute. Entrar no programa; Digitar senhas;
Prod
ução
de
EPS
-Enc
apsu
lado
s pos
t scr
ipt C
onfo
rme
Figu
ra
8
(1
2.00
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es/a
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Mat
riz)
Tem
po d
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Pro
cess
amen
to: 1
5 m
in a
2:0
0h c
ada
Anú
ncio
Entregar Trabalho
Entrar no menu;
79
Escolher material a entregar; Abrir Script 2;
Abrir Script 3.
Figura 14 – produção eps
Entrar no programa;
Digitar senhas;
Entrar no menu;
Digitar informações (lista, edição, data, anúncio);
Entregar Trabalho Sistema SPE
Confirmar produção.
Entregar Trabalho - Sistema LTC Repetir processo “Entregar Trabalho - Sistema SPE”, em outra máquina e
software;
Enc
erra
r Pr
oduç
ão d
e E
PS T
empo
de P
roce
ssam
ento
:
30m
in. p
ara
cada
10
anún
cios
Arquivar Os anúncios devem ser arquivados em ordem numérica até a paginação.
Figura 15 - encerrar produção de eps
Anúncios Os anúncios devem ser separados em assinantes e classificada e ordenados por roteiro. Entrar no programa;
Digitar senhas;
Entrar no menu;
Digitar nome do arquivo;
Transmissão de Texto
Efetuar transferência.
Criar livros da lista através do software de paginação Livros
Importar arquivos de: EPSs, Calhaus, Fontes e parâmetros.
Diagramar prévia das páginas, tantas vezes quantas necessárias; Conferir; Prévia
Efetuar alterações necessárias.
Diagramar páginas oficialmente;
Conferir;
Pagi
naçã
o
Tem
po d
e Pr
oces
sam
ento
: 5 a
25
dias
por
list
a
Paginação Realizar alterações necessárias.
Figura 16 – paginação
Seleção Selecionar os arquivos finalizados. Instalar Fontes na imagesseter;
Colocar arquivos nos diretórios de entrada; Filmar
Controlar metragem.
Paralisar imagesseter/cortar filme; Revelação
Retirar Casseta da imagesseter.
Acoplar cassete à processadora (preparada com revelador e fixador / ácido sulfúrico e nitrato de prata);
Inserir filme no canal de entrada; Prévia
Enrolar filme (até 20 metros).
Refilar Páginas (até 160 cortes);
Tir
ar F
ilme
Tem
po d
e Pr
oces
sam
ento
: 1:0
0h/c
asse
te
Paginação Conferir.
80
Figura 17 – filmagem e revelação
Preparação Ligar Imagesseter e processadora. Esperar esquentar químicos.
Abrir programa;
Setar preferências;
Imprimir filme de teste; Teste
Revelar e refilar filme.
Passar filme pelo densitômetro;
Realizar setagens;
Cal
ibra
ção
Imag
esse
ter
Tem
po d
e Pr
oces
sam
ento
:
1:00
h/di
a
Calibração
Confirmar e Salvar.
Figura 18 – calibração imagesetter
Esgotar os 3 tanques da máquina (água, revelador e fixador); Preparação
Retirar e desmontar os 3 cassetes.
Lavar as cubas da máquina;
Lavar as peças dos cassetes; Lavagem
Montar cassetes.
Enchimento da cuba de água;
Lim
peza
da
Proc
essa
dora
Tem
po d
e Pr
oces
sam
ento
:
4:00
h/di
a
Finalização Preparação de 40 litros de fixador e 40 litros de revelador.
OBS: Até 2001 este processo era realizado na sala fechada e sem nenhum equipamento de segurança. Fabricante recomendou máscaras e
luvas para trabalho com material altamente corrosivo e ácido.
Figura 19 – limpeza da processadora
4.2.2 Carga Horária
Até 1996, quando os funcionários trabalhavam em pranchetas, a carga horária era de
8h30min/dia. Após esta data, quando as pranchetas foram substituídas pelos computadores, o
grupo foi dividido em dois turnos de 7:00h. Porém, no início de 2000, um dos turnos foi
excluído e os trabalhadores que restaram passaram a trabalhar 8h30min.
O retorno para uma carga horária de 8h30min/dia não agradou ao grupo, que reclamava de
muito esforço, cansaço e impossibilidade de executar suas tarefas pessoais. Entretanto, a
81
empresa compreendeu que o setor precisava cumprir os mesmos horários dos demais setores
para garantir maior uniformidade na organização do trabalho e melhor atendimento a
vendedores e cliente. Desta forma, a jornada de trabalho no SPE é da 8h às 12h e das
13h30min às 18h.
Em setembro de 2001, é empregada a política de pausas de 10min. a cada 50min. trabalhados,
proposta na NR 17. Entretanto, devido à pressão, controle e medo de represálias, os
funcionários jamais cumpriram estes intervalos.
4.2.3 Organização de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE
As reclamações diárias quanto a alguns aspectos das tarefas realizadas no SPE e,
principalmente, em relação à organização do trabalho na LTC, indicam pontos importantes na
degradação da qualidade de vida dos trabalhadores, bem como do bem-estar físico e mental
destes indivíduos. Muitas destas insatisfações ocorrem por questões como repetitividade e
monotonia derivadas das tarefas realizadas e pela tensão rotineira pela qual as pessoas vem
passando (Tabela 1 e Figura 20).
Em dias, aparentemente, normais, os trabalhadores apresentam-se calmos, promovendo
diálogos tranqüilos e até mesmo descontraídos. Mesmo assim, as reclamações são constantes
sobre:
a) carga horária diária;
b) a quantidade de retrabalho a ser realizado (depoimento de 100% dos trabalhadores);
c) atrasos dos fornecedores internos e externos (94% dos trabalhadores);
d) limitação da criatividade por superiores e clientes internos e externos (88% dos
trabalhadores);
e) a “chatice” (monotonia) da repetitividade de processos e da falta de variedade de
trabalho;
82
f) falta de informação ou informações sem clareza sobre as tarefas a serem realizadas
gerando erros e retrabalho;
g) a qualidade e desempenho dos softwares fornecidos pela holding (94% dos
trabalhadores).
Entretanto, estes momentos mais calmos estão sendo poucos. Normalmente os trabalhadores
ficam agitados, ansiosos e tensos, descontando uns nos outros seus medos e nervosismos,
gerando discussões, brigas, situações desagradáveis e mais estresse.
As causas de tantos problemas foram apontadas, pelos próprios trabalhadores, durante
algumas reuniões. Para eles, o perfil da organização do trabalho e da política administrativa
da empresa, contribuem para que as pessoas permaneçam em um constante estado de tensão,
alerta e desconfiança. De um modo geral, a empresa valoriza resultados e prazos e para
conquistar suas metas, submete os funcionários a uma série de transtornos físicos, mentais e
emocionais e, por fim, não reconhece nenhum esforço.
Quanto mais confusos, irritados e doloridos os trabalhadores estão, maior a tensão no
ambiente e maiores são as reclamações e a insatisfação expostas:
a) carga horária diária, a falta de intervalos e a exigência de intermináveis horas extras;
b) falta de comprometimento e ajuda dos integrantes do grupo;
c) falta de confiança nos indivíduos e nas chefias;
d) falta de organização e integração da empresa;
e) desrespeito dos demais profissionais da empresa pelos profissionais do SPE;
f) falta de reconhecimento pelos esforços;
g) ritmo estafante em posto;
h) pressão em produzir mais em menos tempo;
i) repetitividade: sempre as mesmas tarefas/executadas da mesma maneira/sem a
possibilidade de utilizar a criatividade;
83
j) dores pelo corpo;
k) diantes dos computadores.
4.2.4 Conteúdo do Trabalho
Os trabalhadores foram questionados sobre as características de suas tarefas diárias, de um
modo bem simples (respondendo a pergunta: como é seu trabalho?) para que eles tivessem a
liberdade de relatar exatamente o que sentiam a respeito do que faziam e, desta forma,
transcrevendo as sensações do dia-a-dia.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
Cansativas Causadoras de Cansaço FísicoCausadoras de Cansaço Visual Causadoeas de Fadiga MentalChatas Restringe a CriatividadeDesconfortantes DesmotivantesEstafantes EstressantesExcessivamente Parametrizadas Desrespeitadas pelos demais Setores da EmpresaFalta Interesse dos Companheiros Não trazem ReconhecimentoForçam Permanecer Sentado durante o Dia. Deveria ser mais LivreMonotonas Não Agrega novos ConhecimentosPaginação Provoca muito mais Tensão RepetitivasPrazeirosas Resultam em grande PressãoProvocam Dores Repetição de ComandosRotineiras Salários Baixos
Tarefas: Tarefas:
Figura 20 - gráfico de características do trabalho
OBS: Escala Usada: Escala de Importância – O primeiro item indicado pelo operador na entrevista recebeu pontuação 1, o
segundo 0.75, o terceiro 0.5 e o quarto 0.25 – A pontuação de cada item foi somada estabelecendo um ranking.
84
A Figura 20 mostra o resultado do questionário. Observa-se que a monotonia é um dos
maiores problemas enfrentados pelo grupo. Sensação derivada de um trabalho repetitivo de
alta duração (8:30h mínimas), com tarefas de observação, pobres em estímulos, tão
necessários para o processo de criação. O problema da monotonia é alimentado ainda, por
aspectos psicológicos, segundo Grandjean (1998, p. 152): condições pessoais (cansaço,
existência de dores), saturação (tarefas cansativas, desrespeito, estresse), insatisfação (falta de
reconhecimento, falta de interesse).
A monotonia é responsável pelo aumento da sensação de rotina, e “chatice” nas tarefas
diárias, itens classificados pelo grupo, que diminuem a capacidade criativa das pessoas, pois
estão vivendo situações pouco estimulantes.
Tabela 1 - características do trabalho
Demanda Intervalo de Confiança (mm)
Resultado
Satisfação Com o Trabalho (Sem Satisfação/Muito Satisfeito) (85,70 ; 104,85) Levemente Satisfatório
Repetição (Sem Repetitividade/Muito Repetitivo) (72,57 ; 127,57) Repetitivo
Monotonia (Sem Monotonia/Muito Monótono) (53,13 ; 94,71) Intervalo Largo
Diversidade de opiniões Estresse
(Sem Estresse/Muito Estresse) (62,00 ; 109,73) Intervalo Largo Tendência: Estressante
Prazer (Resignação/Muito Prazer) (51,56 ; 92,16) Intervalo Largo
Diversidade de opiniões Segurança no que Faz
(Insegurança/Confiança) (113,41 ; 130,43) Confiança
Opção do Trabalho (Necessidade/Opção e Amor) (63,13 ; 99, 85) Intervalo Largo
Diversidade de opiniões Volume de Tarefa Diária
(Vol. Inferior a Capacidade/Vol. Superior a Capacidade) (43,85 ; 92,00) Intervalo Largo Diversidade de opiniões
Reconhecimento (Trabalho Ignorado/Trabalho devidamente Reconhecido) (41.99 ; 78,57) Levemente Ignorado
Necessidade de Reconhecimento (Sem necessidade/Muita necessidade) (108,28 ; 132,72) Muita Necessidade de
Reconhecimento
OBS: Os resultados da escala continua foram transcritos em um intervalo de confiança, por meio deste intervalo é possível
interpretar a percepção dos funcionários quanto as características do trabalho.
Na análise dos dados obtidos nesta pesquisa, pode-se perceber certas necessidades do grupo,
bem como a divergência de opinião em alguns fatores relacionados ao trabalho como:
monotonia, prazer, opção do trabalho e volume de tarefa diária.
Esta questão pode ser explicada pelo fato de muitos questionários não terem sido devolvidos
ou terem sido devolvidos com solicitação de não divulgar os resultados, com medo de
85
represália, conforme já mencionado no capítulo de método. Por esta razão, posteriormente foi
feita uma entrevista individual para reavaliar os resultados dos questionários.
Paradoxalmente, os resultados da entrevista, conforme a Figura 20, indicam que os
trabalhadores consideram que o SPE é composto por tarefas monótonas repetitivas, com puçá
liberdade de criação, rotineiras, cansativas, não reconhecidas e valorizadas e que causam dor.
Somente através da entrevista (figura 20) é possível observar que a monotonia é um dos
maiores problemas enfrentados pelo grupo. Sensação derivada de um trabalho repetitivo de
alta duração (8:30h mínimas), com tarefas de observação, pobres em estímulos, tão
necessários para o processo de criação. O problema da monotonia é alimentado ainda, por
aspectos psicológicos, segundo Grandjean (1998, p. 152): condições pessoais (cansaço,
existência de dores), saturação (tarefas cansativas, desrespeito, estresse), insatisfação (falta de
reconhecimento, falta de interesse).
Muitas das características negativas do trabalho expostas pelo SPE são produtos de uma
organização do trabalho ruim, orientada para a produtividade, sem considerar o indivíduo no
processo. Segundo Dutra et al. (1997, p. 264) em uma organização focada em produção,
como ocorre na LTC, as variabilidades rotineiras são desconsideradas e os objetivos são
alcançados, apenas, pelas estratégias e esforços dos trabalhadores à margem da organização,
que muitas vezes representam a saúde física e mental dos funcionários. Os trabalhadores
apresentam-se cansados, estressados, desmotivados, sofrendo com a monotonia, a
repetitividade, a falta de estímulos e de reconhecimento pelo esforço realizado, sempre
entregando o produto com a qualidade esperada e nos prazos estipulados. Desta forma, as
pessoas passam a apresentar menor disposição para enfrentar os desafios do dia-a-dia, lutar
contra as dores e lesões, além de apresentar menores condições físicas, metais e emocionais.
As conseqüências para os trabalhadores são dor e estresse e para a empresa é a dificuldade
das pessoas em manterem o coeficiente de produção e a qualidade do produto.
86
4.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO
4.3.1 Ambiente de Trabalho – SPE
a) localização e dimensões - O SPE está instalado em uma sala de 107m2, em forma de
“L”, no terceiro e último andar do prédio da empresa. Para alcançar o setor, o
trabalhador necessita subir oito lances de escada, pois o local não conta com
elevadores;
b) ruído - o leiaute do setor SPE concentra 90% das máquinas e pessoas no quadrante
sudoeste da sala. Nesta área, o ruído é intenso e constante, enquanto no restante da
sala, sem equipamentos e com apenas dois funcionários é silencioso e tranqüilo. Para
conhecer os níveis de ruído no setor, em Janeiro de 2001, o médico do trabalho
conveniado a LTC, a pedido do SPE, realizou medições de ruído no setor. O médico
acompanhado pela técnica responsável percorreu a sala, medindo o nível de ruído em
vários pontos (pontos mais ruidosos e mais silenciosos). O resultado foi 65db(A) em
média, sem divulgar a pontuação de cada um dos postos de trabalho. Desta maneira, o
médico considerou a sala confortável do ponto de vista sonoro, privilegiando um
conforto auditivo que não existe. O médico do trabalho e a empresa desconsideraram
a reclamação das pessoas localizadas ao lado dos aparelhos de ar-condicionado e das
impressoras. Procurando conhecer a sensação sonora sentida pelos trabalhadores, foi
aplicada uma pesquisa baseada na escala contínua de 14cm. O intervalo de confiança
obtido pelo método Boostrap no item satisfação sonora foi de 63.00 a 121.57 mm,
indicando desconforto sonoro. Este intervalo relativamente grande, que engloba o
neutro e, o muito ruidoso, é explicado por 17% dos operadores não estarem no
quadrante considerado mais ruidoso e por 23% dos trabalhadores permanecerem com
fones de ouvido (ouvindo música).
Tabela 2 – percepção de ruído pelo SPE
Pouco Ruído Ruído neutro Muito Ruído
28.5% 14.3% 57.2%
87
Para 57,2% dos funcionários (conforme tabela 2 e figura 35) o ambiente é muito
ruidoso, o que causa uma perturbação muito forte. Durante as entrevistas, no entanto,
82,3% dos trabalhadores afirmaram ter a concentração prejudicada devido ao ruído
existente na sala. Este resultado corrobora as pesquisas realizadas por Grandjean
(1998, p. 272), que indicam que 35% das pessoas estudadas se diziam fortemente
perturbadas pelo ruído e 69% diziam ter sua concentração perturbada em várias
situações de trabalho. Semelhantes ao SPE, ambientes muito ruidosos são
responsáveis por um forte incomodo, por lesões auditivas, pela alteração do estado de
vigília do indivíduo, aumentando a necessidade de atenção (GRANDJEAN, 1998, p.
263) e, conseqüentemente, gerando aumento da tensão. Esta situação pode contribuir
para o aparecimento do estresse, da tensão muscular e, como no caso do SPE, da perda
de concentração e capacidade criativa;
c) iluminação - A iluminação da sala é totalmente artificial, mesmo tendo três das
quatro paredes compostas por janelas. Isto ocorre, pois as janelas estão cobertas por
películas azuladas de 70% e 100% de densidade, impedindo a entrada de luz natural e
o contato das pessoas com o ambiente externo. As películas de 70% são aplicações
novas e especiais para o trabalho com computadores, enquanto as películas de 100%
são sobras de uma antiga sala de revelação desativada. Desta forma, a iluminação é
realizada através de 51 lâmpadas fluorescentes, agrupadas de três em três, a três
metros de altura. Na tabela 2, observa-se o resultado da avaliação de satisfação
realizada com os funcionários do SPE, em relação à iluminação da sala. O intervalo de
confiança obtido pelo método Boostrap é de 67.71 a 73.57 mm, um intervalo que
engloba o ponto neutro, apresentando uma leve tendência ao pouco iluminado,
indicando certo desconforto causado pela iluminação.
Tabela 3 – percepção de iluminação pelo SPE
Pouco Iluminado Iluminação Neutra Iluminação Exagerada
0% 100% 0%
OBS: Apenas 1 funcionário reclama da falta de luz natural no setor.
88
Figura 21 – iluminação SPE
d) ventilação e temperatura -
TABELA 4– SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO DO SPE
Sistema de Refrigeração SPE Aparelho: Central Sensor Ar-condicionado
Unidades: 1 2 11
Localização: Parede sudoeste Laje parede sul: 6 uni parede leste: 4 uni parede oeste: 1 uni
O SPE possui um sistema de refrigeração que controla a ventilação e temperatura da
sala, que não deve passar de 21ºC, para preservar os equipamentos e garantir a agilidade
da produção. Entretanto, a disposição dos equipamentos e sensores tornam o sistema
ineficaz e desconfortável. O acúmulo de aparelhos de ar-condicionado nas paredes leste
e sul sobrecarregam o quadrante sudoeste do setor que, permanentemente, fica super-
resfriado e hiper-ventilado, enquanto o lado oposto sofre com o calor radiado pelos
computadores e pela laje. A posição dos sensores é um outro fator de desconforto para o
grupo. Colados na laje, os sensores registram o calor do concreto durante o dia todo e
não da sala, que muitas vezes está inferior à temperatura estipulada. A agravante é que a
laje não possui tratamento térmico e está em contato direto com o sol e o calor. Na
avaliação de satisfação com a Temperatura, o intervalo de confiança obtido pelo
método Boostrap é de 20.70 a 60.85 mm. Este intervalo localiza-se na seção Muito
Frio, indicando desconforto causado pelo frio.
Luminária com 3 lâmpadas
fluorescentes
Detalhamento da laje / barreira para a iluminação.
PelículaAzulada
70%
89
Tabela 5 – percepção de temperatura pelo SPE
Muito frio Agradável Muito quente
57.2% 42.8% 0%
Na avaliação de satisfação com a Ventilação o intervalo de confiança obtido pelo
método Boostrap é de 55.42 a 106.28 mm. Este intervalo é muito grande, revelando
diferenças de opinião. Em entrevista, 57.2% dos funcionários revelaram que a hiper-
ventilação é considerada como o forte vento (muitas vezes gelado) que saem dos
aparelhos, mas que o ar é viciado e apresenta um odor ruim (azedo). Os demais
funcionários, como está representado no quadro abaixo, consideram a ventilação
adequada.
Tabela 6 – percepção de ventilação pelo SPE
Pouco Ventilado Neutro Hiperventilado
0% 42.8% 57.2%
Figura 22 – sistema refrigeração SPE
Central de refrigeração
Sensor de Temperatura Aparelhos de
ar-condicionado
90
Nas tabelas 5 e 6, observa-se que 57,2% dos trabalhadores consideram o ambiente frio e
hiper-ventilado. Estes trabalhadores são mulheres jovens, pequenas e algumas delas
(16.66%) muito magras. Grandjean (1998) explica esta questão de perda acelerada de
calor por pessoas com menor massa corporal e do sexo feminino. Contudo, o problema
para estas funcionárias não restringe-se apenas ao desconforto térmico, mas também as
cólicas muito fortes e constantes, além da manutenção de um ambiente propício ao
desenvolvimento de algumas lesões, como a tenossinovite, fato confirmado por Moraes
(2000, p. 81).
Para um ambiente ser considerado confortável, a temperatura média deve estar em
torno de 24ºC (SANDERS; MCCORMICK, citado por MORAES, 2000, p. 81).
Entretanto, as temperaturas registradas na sala do SPE variam de 18ºC a 21ºC no verão,
com a influência de aparelhos de ar-condicionado e ficam em torno de 10ºC no inverno.
A sensação de desconforto térmico no setor é agravada pela velocidade do ar, que no
SPE chega a 12m/s, quando a velocidade recomenda é de 0,5m/s (PIRES et al, 2001,
p.197). No caso de 57,2% dos funcionários (Tabela 6), que se sentam diante dos
aparelhos de ar-condicionados, o sofrimento, com o frio é muito maior;
c) qualidade do ar - Os funcionários reclamam constantemente do mau cheiro da sala,
principalmente ao final do dia. Este fator, explica-se devido a dois fatores,
- portas e janelas da sala, permanecem fechadas durante o dia todo, dificultando a
renovação do ar;
- presença da processadora de filmes na sala. A máquina opera com revelador e
fixador (ácido sulfúrico e nitrato de prata) aquecidos. Os produtos químicos, desta
forma, evaporam e tomam conta do ambiente. Os funcionários apresentam irritação
nas mucosas, dores de cabeça, crises respiratórias e diarréia, devido à contaminação
do ar pelos químicos.
91
4.3.2 Posto de Trabalho
a) mobiliário:
- armários
1.20
ME
TR
O
80 C
M
Descrição: Armário para materiais e produtos.Quantidade: 6 unidades
Descrição: Armário para objetos pessoais.Quantidade: 1 unidades
Figura 23 – mobiliário do SPE: armários
Cada uma das ilhas possui um armário para material, com a finalidade de organizar e
proteger seus trabalhos. As outras duas unidades são destinadas ao armazenamento
dos suprimentos de informática, matéria-prima e backup. Para armazenar os objetos
pessoais, a LTC fornece uma gaveta com chave para cada um dos funcionários;
- cadeiras:
Cadeira “Ergonômica”
Cadeira do “chefe”
92
Regulagem: assento, encosto e braços.
Utilização: funcionários delgados e baixos (60%).
Motivo: Similaridade de dimensões entre cadeira e
funcionários – escolha pessoal dos funcionários.
Adaptações extras: A metade das cadeiras utilizadas
tiveram seus braços retirados.
Motivo: Aproximação das cadeiras às mesas.
Regulagem: assento.
Utilização: funcionários maiores (40%).
Motivo: Dimensões maiores de assento e encosto –
escolha pessoal dos funcionários.
Adaptações extras: Uma cadeira teve seus braços
retirados.
Motivo: Aproximação da cadeira à mesa.
Figura 24 – mobiliário do SPE: cadeiras
- mesa pessoal de suporte à produção
Descrição: Mesa em “L”, arestas
arredondados, espaço para computador e,
impressora e documentos.
Utilização: Funcionários de suporte de
produção.
Quantidade: 2 Unidades
Figura 25 – mobiliário: mesa de suporte à produção
- mesas de produção gráfica
Figura 26 - mobiliária SPE: mesas de produção gráfica
Sala com as duas mesas coletivas. Ao fundo as janelas coma película e os aparelhos de ar-condicionado.
93
Mesa Maior 11 pessoas Capacidade
Mesa Menor 8 pessoas
Mesa Maior 11 pessoas Distribuição atual
Mesa Menor 4 pessoas / 2 servidores / 2 computadores de suporte / 2 impressoras
Altura 850mm
Cor Bege Características
Físicas Acabamento Apresentação de “cantos vivos” e degraus na área de transporte do mouse.
Figura 27 – características das mesas de produção
Como a altura da mesa não atende
a todos os funcionários, os mais
altos utilizam caixas, livros e
outros materiais na tentativa de
elevar o monitor até a altura
adequada.
FIGURA 29– APOIO DE COMPUTADOR
Suporte improvisado para elevar o Computador
Figura 28 – vista das mesas de produção No primeiro plano está a mesa menor e no segundo plano a mesa maior.
94
- apoio de pé
Apoio de pé
Plataforma móvel de 500mm x 400mm.
Altura com 3 estágios: 50mm, 100mm e 150mm.
Superfície anti-derrapante.
Quantidade: 19 unidades
Figura 31– apoio de pé
b) ferramentas de trabalho:
- documentos
Figura 30 – detalhes de acabamento
Após algumas horas com punhos e
braços sobre os “cantos vivos” das
mesas, os funcionários apresentam
vermelhidão e ferimentos nestas
regiões.
Os degraus no acabamento da mesa
dificultam o trabalho com o mouse.
Falha de acabamento“Cantos Vivos”
95
Descrição: Leiautes vendidos e
convertidos em anúncios.
Quantidade: 30.000 unidades/ano
Figura 32 – documentos
- estação de produção gráfica
Computadores Descrição: CPU e monitor acoplados. Equipamento leve e de fácil
transporte.
Deficiência: Não é possível regular a altura da tela. Algumas
pessoas elevam o equipamento usando livros e caixas sob os
computadores.
Quantidade: 21 unidades.
Mouse
Descrição: Leitor a laser, conexão no teclado, calota inteiriça e
transparente.
Observação: Fundamental nas atividades realizadas pelo SPE. É
utilizado como um lápis ou caneta na confecção dos desenhos.
Quantidade: 21 unidades.
Teclado Descrição: Base transparente e teclas pretas. Duas regulagens de
altura.
Idioma: Inglês
96
Quantidade: 21 unidades.
Scanner
Descrição: Scanner de mesa.
Observação: Utiliza-se o scanner para alimentar as máquinas com
informações dos clientes.
Quantidade: 4 unidades.
Câmera Digital
Descrição: Máquina fotográfica digital. Capacidade para 24 fotos.
Alimentação por baterial
Quantidade: 2 unidades
Figura 33 – estações de produção gráfica
Os equipamentos/ferramentas de trabalho são de alta qualidade, o que falta realmente é a
adequação dos móveis em relação aos trabalhadores. Faltam, também os equipamentos de
proteção individual (EPI) na sala de revelação de filmes.
A única ressalva em relação aos equipamentos/ferramentas de trabalho são os documentos
manuseados pelos funcionários. A grande quantidade de papel trabalhado todos os dias, cerca
de 30.000 unidades por ano, exigindo constante foliação, transporte e busca (muitos
movimentos repetitivos) provocam muitas dores, principalmente nas costas e ombros.
4.3.3 Funcionalidade e Adequação dos Móveis
Os móveis são inadequados e desconfortáveis. As mesas apresentam cantos vivos (que ferem
os pulsos), relevos na superfície (que exigem maior esforço no manuseio do mouse). As
cadeiras apresentam braços que impedem a aproximação das pessoas junto às mesas,
97
comprometendo a postura e o estado de bem-estar. A altura incompatível entre mesas e
cadeiras impossibilita a adequação das mesmas ao corpo. As pessoas fazem ajustes em
cadeiras, mesas e computadores, buscando maior conforto. Contudo, nestes ajustes os
trabalhadores acabam desfavorecendo a postura de braços, pernas ou tronco.
Figura 34– funcionalidade e adequação dos móveis
4.3.4 Ambiente e Posto de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE
TABELA 7 – AMBIENTE E POSTO DE TRABALHO NA VISÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO SPE
Demanda Intervalo de Confiança (mm) Resultado
Conforto apresentado pelo Posto de Trabalho
(Sem Satisfação / Muito Satisfatório) (81.57 ; 97.57) Satisfatório
Funcionalidade do Posto de trabalho
(Sem Funcionalidade / Muito Funcional) (27.57 ; 85.71) Sem Funcionalidade
Adequação dos móveis ao Corpo
(Sem Adequação / Muito Adequado) (12.99 ; 49.86) Totalmente Inadequado
Tratamento Térmico do Ambiente
(Muito Frio / Muito Quente) (20.70 ; 60.85) Muito Frio
Ventilação do Ambiente
(Muito Vento / Sem Circulação de Ar) (55.42 ; 106.28) * Indeterminado
Qualidade Sonora do Ambiente
(Sem Ruído / Muito Ruidoso) (63.00 ; 121.57) * Ruidoso
Suporte improvisado para elevar o Computador
Falha de acabamento
“Cantos Vivos”
98
Iluminação do Ambiente
(Pouco Iluminado / Muito Iluminado) (67.71 ; 73.57) Neutro
OBS: A coleta de dados foi realizada por meio da escala continua e a análise dos resultados foi realizada com o auxílio do universitário Carlos Dantas, utilizando a técnica Bootstrap.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Desconforto Não-Funcional
Inadequado Calor Frio Não-Ventilado
Ruidoso Fédido
Figura 35 – análise ambiente de trabalho (entrevista)
OBS: Escala Usada: Escala de Importância – O primeiro item indicado pelo operador na entrevista recebeu pontuação 1, o segundo 0.75, o terceiro 0.5 e o quarto 0.25 – A pontuação de cada item foi somada
estabelecendo um ranking.
A tabela 7 mostra os resultados do questionário quanto o ambiente e posto de trabalho no
SPE. Os resultados indicam que os funcionários do SPE consideram seu posto de trabalho
confortável apesar dos móveis serem inadequados e não funcionais.
No entanto, conforme já mencionado no capítulo de método, como muitos questionários não
foram devolvidos ou foram devolvidos com solicitação de não divulgar os resultados, com
medo represália, posteriormente foi feita uma entrevista individual para reavaliar os
resultados dos questionários.
Paradoxalmente, os resultados da entrevista, conforme a Figura 35, indicam que os
trabalhadores consideram que o SPE é composto por postos de trabalho inadequados,
desconfortáveis e muito quentes.
A diferença entre os resultados da pesquisa (Tabela 7) e da entrevista (Figura 35), pode ser
explicado pelo fato dos funcionários sentirem-se mais a vontade para responder as perguntas
99
durante as entrevistas. O fato de ter que deixar registros do que pensam, sempre assustou e
inibiu os trabalhadores que algumas vezes deixaram de entregar as pesquisas e em outras
ocasiões não responderam as questões com sinceridade.
4.4 ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO POR MEIO DA ANÁLISE POSTURAL
O resultado obtido pelo método RULA de avaliação postural foi preocupante. Dos dezessete
postos analisados, quinze (88%) apresentaram escore sete e dois (12%) apresentaram escore
seis.
Segundo Corlett (2000, p. 4.1-18), os escores cinco ou seis indicam que a postura assumida
apresenta riscos de DORT, que o operador executa movimentos repetitivos e/ou atividade
muscular estática. Neste estágio, existe a necessidade de investigações e alterações no
ambiente de trabalho, em curto prazo. O escore sete, por sua vez, indica que a postura de
trabalho é inadequada, com movimentos onde a repetitividade e a força são necessários”,
exigindo investigações e alterações imediatas no setor.
Na prática, percebe-se que os operadores do SPE passam 8:30h executando centenas de vezes
as mesmas tarefas e movimentos, assumindo posturas inadequadas, com torções de coluna,
desnivelamento de ombros, apoio da cabeça em uma das mãos, inclinação do corpo para
frente, apoio do corpo na bacia, entre outros. Estas posturas trazem um falso conforto
temporário, contraturas, torções e facilitam o desenvolvimento de lesões.
O problema das posturas inadequadas é agravado pelo fato destes operadores realizarem
trabalho estático. Neste tipo de trabalho, segundo Grandjean (1998, p. 18), os músculos
permanecem inativos por períodos muito longos, sem serem alongados, sofrendo com altos
índices de tensão e de força. “Os vasos sangüíneos são pressionados pela pressão interna
contra o tecido muscular” (GRANDJEAN, 1998, p. 19), o sangue para de fluir com
naturalidade, deixando de recolher as impurezas e de fornecer os nutrientes necessários aos
músculos para manterem-se sadios. A conseqüência para o corpo são dores e lesões.
100
Os resultados obtidos pelo método RULA de avaliação postural, são claros quanto a
necessidade de intervenção ergonômica no ambiente, na organização do trabalho e na
educação postural, física e de hábitos de vida dos trabalhadores.
No caso do SPE, a avaliação do posto de trabalho dos 17 funcionários, mostrou que 16 (94%)
estão na faixa sete do RULA (o que exige investigação e mudança imediatas); 6 (35%) dos
funcionários (os mais altos) apresentam problemas de postura na região lombar (todos eles
"deitam-se” na cadeira) e acomodação dos braços (quase esticados para frente); 58%
(funcionários mais baixos) tem problemas com acomodação de braços e ombro
(constantemente elevado). Os dois grupos têm problemas de apoio de perna, seja pela grande
altura da cadeira (para funcionários mais baixos) ou pela reduzida altura das cadeiras para os
mais altos; 23.6% estavam sentados sobre as pernas. 11.8% estavam com as pernas cruzadas.
101
4.5 ANÁLISE DA PROGRESSÃO DA DOR DURANTE A PESQUISA
a) primeira semana:
Figura 36 – incidência de dor por caso (primeira semana)
A semana é iniciada com alguns trabalhadores com dores, principalmente em membro
superior, situação que é agravada com o passar do dia. Os ombros, especialmente o
direito, sentem a longa jornada, sem pausas, como também a cabeça, os olhos e as
pernas. No final da semana, 41.18% dos funcionários queixam-se de dores,
principalmente em membro superior.
Gra
u d
e D
or
Casos
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Fadi
ga M
enta
l
Cab
eça
Vis
ta C
ansa
da
Pite
rigi
o
Gar
gant
a
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coço
Om
bro
Dir.
Om
bro
Esq
.
Om
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una
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Cot
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Pun
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ir.
Pun
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sq.
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Mão
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os M
ão D
ir.
Ded
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sq.
Cox
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ir.
Cox
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sq.
Joel
ho D
ir.
Joel
ho E
sq.
Pan
turr
ilha
Dir.
Pan
turr
ilha
Esq
.
Torn
ozel
o D
ir.
Torn
ozel
o E
sq.
Pé
Dir.
Pé
Esq
.
Dor
es M
usc.
Gen
eral
.
Can
saço
Exa
gera
do
Ard
or n
as n
arin
as
Cri
se B
ronq
uite
Pontuação de Dor por Caso: Comparativo da Primeira Semana
30.07.01 Manhã
30.07.01 Tarde
03.08.01 Manhã
03.08.01 Tarde
Figura 37 – pontuação de dor por caso (primeira semana)
102
Embora o número de casos aumente muito durante a semana, o grau de dor não varia
muito. O índice já começa alto na segunda-feira, principalmente em membro superior e
aumenta um pouco mais durante a semana.
Incidência de Dor por Operador: Comparativo da Primeira Semana
Operadores
14
12
10
8
6
4
2
0O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2
03.08.01 Manhã
03.08.01 Tarde
30.07.01 Manhã
30.07.01 Tarde
Qua
ntid
ade
de P
onto
s de
Dor
Figura 38 – incidência de dor por operador (primeira semana)
Os trabalhadores iniciam o primeiro dia com dor em poucos pontos do corpo,
terminando-o com um aumento de pontos doloridos. Durante o último dia de trabalho
da semana, o padrão de dor é basicamente o mesmo com pequenas variações entre um
funcionário e outro. Com base nas observações realizadas no SPE, é possível
determinar que as pessoas que apresentam uma variação de pontos de dor são aquelas
que se apresentaram sobrecarregadas e tensas durante a jornada de trabalho, nestes
períodos;
b) segunda semana:
Pontuação de Dor por Operador: Comparativo da Primeira Semana
Operadores
8
7
6
5
4
3
2
1
0O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2
30.07.01 Manhã
30.07.01 Tarde
Gra
u de
Dor
03.08.01 Manhã
03.08.01 Tarde
FIGURA 39 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR (SEGUNDA SEMANA)
103
A mesma situação ocorrida no gráfico anterior (figura 37) observa-se aqui. Contudo, o
grau de dor de algumas pessoas aumentou tanto que é possível perceber que os
trabalhadores deixam o escritório exaustos, com muita dor pelo corpo;
c) terceira semana:
Figura 40 – incidência de dor por caso (terceira semana)
Assim como na primeira semana, os operadores chegam ao trabalho sentindo dores. Isto
pode indicar que a carga semanal é muito pesada e os trabalhadores não conseguem
descansar e relaxar durante o final de semana. Este fato é um sinal muito forte de que os
funcionários podem estar entrando em processo de degradação corporal (lesões) e
problemas mentais e emocionais (estresse, depressão etc). Nesta semana, os operadores
apresentam o aumento de áreas de dor. O que na semana anterior restringia-se a cabeça,
região dos ombros e um pouco na região das pernas e se estendeu, também para os
braços. O aumento de pontos de dor em relação à primeira semana é um reflexo do
aumento de horas trabalhadas pelo grupo. Nesta fase, são iniciadas as horas extras.
104
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Incidência de Dor por Operador: Comparativo da Terceira Semana
Operadores
O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2
27.08.01 Manhã
27.08.01 Tarde
23.08.01 Manhã
23.08.01 Tarde
Qua
ntid
ade
de P
onto
s de
Dor
Figura 41 – incidência de dor por operador (terceira semana)
Da primeira para a terceira semanas, os trabalhadores continuam apresentando muitos
pontos de dor, porém são outros os trabalhadores mais afetados. Esta mudança, em um
prazo tão pequeno, é explicada pela mudança de trabalho e de carga horária de uma
semana para outra, entre os trabalhadores.
Pontuação de Dor por Operador: Comparativo da Terceira Semana
Operadores
O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2
14
12
10
8
6
4
2
0
23.08.01 Manhã
23.08.01 Tarde
Gra
u de
Dor
27.08.01 Manhã
27.08.01 Tarde Figura 42 – pontuação de dor por operador (terceira semana)
Durante a semana, os trabalhadores tiveram um aumento no grau de dor, com exceção
do Operador 08 que passou a semana todo com muita dor. Este operador já foi
afastado por causa de lesões em membro superior, anteriormente.
105
c) análise geral:
Neste segmento, as quatro semanas serão comparadas para análise do desenvolvimento
de dor.
Figura 43 – incidência de dor por caso
Figura 44 – pontuação de dor por caso
Analisando e comparando as quatro semanas, é possível perceber a progressão da dor no
setor. De semana em semana, mais operadores são acometidos pela dor, principalmente em
membros superiores, braços e punhos (áreas mais utilizadas para o acionamento do mouse,
ferramenta de trabalho mais importante do setor). Esta evolução é conseqüência do aumento
de trabalho, horas trabalhadas, da pressão sobre os funcionários e da falta de ginástica laboral
106
neste período. Em relação à carga horária, houve um aumento de 54% de horas trabalhadas:
enquanto na primeira fase os trabalhos eram realizados em 9h/dia em média, na segunda fase
os funcionários cumpriam 14h/dia.
Figura 45 – incidência de dor por operador
Figura 46 – pontuação de dor por operador
Os operadores demonstram diferentes níveis de dor e pontos de dor durante as quatro
semanas. Isto pode ser explicado pelo nível de exigência de determinados trabalhadores entre
as quatro semanas. De um modo geral, pode-se dizer que todos os trabalhadores sentem
dores, com o aumento dos pontos de dor ou do nível de dor em um momento e outros.
As exceções percebidas neste estudo são:
a) operador 4: Faltou a 5 das 10 coletas de dados;
b) operador 5: Faltou a 1das 10 coletas de dados;
107
c) operador 6: Estava afastado por Ler em 9 das 10 coletas de dados;
d) operador 15: Estava afastados por Ler em todas as 10 coletas de dados;
e) operador A2: Estava afastados por Ler em 4 das 10 coletas de dados.
4.5.1 Teste ”T”
Para verificar se as variáveis respostas de dor apresentavam diferença entre as duas fases
pesquisadas, foi utilizado um teste “t” para amostras pareadas, lembrando que entre a fase 1 e
a fase 2 existe o aumento de horas trabalhadas e a falta de ginástica laboral.
Teste de Hipótese de Diferenças entre o Nível de Dor;
a) H0: as duas semanas têm médias iguais de dor;
b) H1: a semana 4 têm média superior de dor à semana 2.
TABELA 8 – TESTE “T” DOR ACUMULADA: SAÍDA DO SOFTWARER
> t. teste (dados$resp1, dados$ resp2, paired=T)
Teste t para amostras pareadas
Dados: dados$resp1 e dados$ resp2
t= -2.5028, g.1. = 11, p-valor= 0.02936
hipóte alternativa é verdadeira, existe diferença entre os dois valores de médias
Intervalo de confiança de 95%:
-4.6202389 -0.2964277
diferença entre as médias:
-2.458333
Segundo a tabela 8, existe diferença significativa entre as duas fases, havendo mais dor na
segunda fase. Esta diferença pode ser resultado das horas extras executadas e da falta das
sessões de ginástica laboral.
108
4.5.2 Estatística Descritiva das Variáveis Contínuas
Tabela 9 - estatística descritiva das variáveis contínuas
idade imc tempemp gstginl eficginl Resp1 Resp2
Média 28,083 23,076 6,417 86,917 86,500 3,771 6,229
Mediana 28,000 23,162 6,000 82,000 74,500 3,000 6,250
Moda 31,000 20,761 7,000 70,000 70,000 1,000 6,250
Desvio Padrão 3,476 3,677 2,937 16,251 27,609 3,131 2,986
Mínimo 22,000 15.577 3,000 70,000 36,00 1,000 1,000
Máximo 33,000 28,069 11,000 118,000 125,000 10,250 13,000
Limite Inferior 25,875 20,740 4,550 76.591 68,958 1,782 4,332
Limite Superior 30,292 25,412 8,283 97,242 104,042 5,760 8,126
OBS: IMC – Índice de massa corporal (peso/altura2) / TEMPEMP / Tempo de empresa / GSTGINL - Gosta de ginástica
laboral / EFICGINL – Eficiência de Ginástica Laboral.
As variáveis idade e imc não representam influências significativas na questão dor. A variável
idade apresenta valor de média de 28,083 com um intervalo de confiança de (25,875 ; 30,292)
ao nível de 95% de confiança, enquanto a média da variável imc é 23,076.
A variável tempo de empresa, ao contrário da idade e do imc, apresentam uma grande
variabilidade, apresentando até oito anos de diferença entre um indivíduo e outro.
O mesmo ocorre com as variáveis gosto por ginástica laboral e eficiência da ginástica laboral.
Possivelmente esta diferença é decorrente das perguntas abertas que permitiu aos indivíduos
expressarem suas opiniões.
109
Tabela 10 – valores de médias das variáveis
Dor na Fase 1 Dor na Fase 2 Variável N
Média Média
Feminino 7 4,46 7,00 Sexo
Masculino 5 2,80 5,15
Casado 5 3,55 6,20 Estciv
Solteiro 7 3,93 6,25
Raramente 5 2,85 6,40
Ocasionalmente 3 2,08 3,33 Frginl
Diariamente 4 6,19 8,19
Não 8 3,16 5,78 Fracad
Sim 4 5,00 7,13
Não 7 3,68 5,11 Alogper
Sim 5 3,90 7,80
Não 6 2,54 5,63 Alogbra
Sim 6 5,00 6,83
Não 3 1,92 5,25 Restper
Sim 9 4,39 6,56
Não 5 2,85 4,60 Restbra
Sim 7 4,43 7.39
Não 6 5,21 5,17 Fisioler
Sim 6 2,33 7,29
Não 9 4,11 5,61 Afastler
Sim 3 2,75 8,08
Não 6 4,46 6,00 motivgin
Sim 6 3,08 9,46
OBS: ESTCIV – Estado Civil / FRGINL – frequencia da ginástica laboral / FRACAD – Frequênta academia / ALOGPER – Alongamento de perna / ALOGBRA / alongamento de braço / RESTPER – resistência de perna / RESTBRA – resistência de braço / FISIOLER – fez fisioterapia por LER / AFASTLER –
Afastamento por LER / MOTIVGIN – Motinvação para praticar ginástica.
Na tabela 10 verificam-se as médias de dor que assumem os maiores valores, em função das
variáveis. Assim:
a) os indivíduos que freqüentam as sessões de ginástica possuem maiores índices de dor
– São pessoas que já enfrentaram a LER/DORT e participam das sessões para
protegerem-se;
b) os indivíduos que freqüentam academia têm maiores índices de dor – São os mesmos
indivíduos que praticam ginástica laboral;
c) os indivíduos que não tiveram LER/DORT apresentam grandes índices de dor na
primeira fase;
110
d) os indivíduos que apresentam alongamento nos braços apresentam maior índice de dor
na primeira fase.
Embora o resultado pareça contraditório, ele expõe as razões que fazem do programa de
ginástica laboral da LTC sobreviver diante de seus problemas estruturais, da falta de
participação dos trabalhadores e da motivação destes indivíduos em participar das sessões.
Quem participa das sessões de ginástica laboral e freqüenta academia são pessoas que já
vivenciaram os problemas da LER/DORT ou que sentem algum tipo de dor. Conscientes dos
problemas sofridos pelo corpo, as pessoas passaram a buscar medidas para aliviar os sintomas
e/ou protegê-los.
Na Segunda Fase, os valores obtidos são muito próximos, o que dificulta identificar com
exatidão as situações ocorridas. Torna-se impossível afirmar que alguma das variáveis está
influenciando, ou não, na resposta da dor.
Possivelmente, a variável de maior influência é a presença de horas extras na segunda fase,
que afeta diretamente os trabalhadores. Fator de grande importância neste estudo é a variação
natural existente entre as pessoas, variação esta que determina a capacidade de cada indivíduo
em reagir às condições de trabalho e aos efeitos da atividade física.
A constância e o teor das reclamações feitas pelos operadores do SPE demonstram a
insatisfação dos trabalhadores em relação à organização e política da LTC. Porém, este
cenário expõe mais do que insatisfação. Reclamações diárias, desavenças constantes e
aborrecimentos são reflexos da sobrecarga emocional sobre os trabalhadores, afetando a
capacidade produtiva e a saúde das pessoas.
É evidente a pressão e insatisfação sentidas pelos funcionários do SPE. Sensações tão
destrutivas que minam as resistências orgânicas e possibilitam os fatores ideais para o
aparecimento de lesões osteomusculares: tensão muscular, alterações cardiorespiratórias;
descompensações orgânicas, posturas rígidas e movimentos repetitivos realizadas diante dos
computadores. Ao final do dia, o resultado pode ser apenas: dores pelo corpo e mau-humor.
111
Desta forma, de nada adianta a empresa desenvolver qualquer programa de ergonomia ou de
saúde para seus trabalhadores, se as condições para o desenvolvimento do trabalho, se as
relações interpessoais e intersetoriais são de péssima qualidade (CODO; ALMEIDA, 1997, p.
25). O que ocorre é que as causas da LER no ambiente deixam de ser ambientais e físicas
para tornarem-se psicoemocionais derivadas de questões relativas à organização do trabalho.
Quando a empresa chega a este estágio, o emocional está tão fundido às tarefas do cotidiano,
que o DORT/LER (CODO; ALMEIDA, 1997, p. 36) pode representar a “única forma
possível de expressão de uma situação vivida em seu trabalho de modo angustiante”.
A avaliação de dor realizada nesta pesquisa esclarece como a pressão do trabalho pode se
revelar fisicamente.
4.6 AVALIAÇÃO DA GINÁSTCA LABORAL NO SPE
a) implantação da ginástica laboral - Cañete (1996, p. 21/22) relata que muitas empresas
estão implantando a ginástica laboral, na tentativa de enfrentar os problemas com as
LER/DORT e suas conseqüências, como o aumento dos custos e a diminuição da
produtividade. “Uma vez que os resultados vêm se mostrando bem mais que
satisfatórios e até surpreendentes e que a demanda das empresas brasileiras vem
crescendo, quanto à ginástica, acredita-se que já podemos falar em uma tendência”.
Seguindo esta tendência, a LTC implantou a ginástica laboral em seus departamentos.
Tabela 11 – implantação da ginástica Quantidade Percentual
Muito Importante 10 58,8%
Importante 3 17,6%
Pouco Importante 0 0%
Desnecessâria 0 0%
Não Respondeu 4 23,5%
Total 17 100%
112
Tabela 12 – implantação da ginástica: motivos
Quantidade Porcentagem
É Importante para quem trabalha neste tipo de
atividade 3 17,64%
Manutenção da Saúde 3 17,64%
Devido a Tensão 2 11.76%
Devido as Dores 2 11.76%
Para Alongar e Relaxar 2 11.76%
Não Respondeu 5 29,41%
Total 17 100%
A iniciativa da implantação de um programa de ginástica laboral pela LTC, foi
considerada muito importante para 58.8% dos funcionários, importante para 17.6% e
apenas 23.5% não responderam. Isto revela que os indivíduos sabem a necessidade de
realizarem pausas durante o turno de trabalho. Segundo estas pessoas, a ginástica é
importante para quem trabalha com computadores (17.64%), para a manutenção da saúde
(17.64%) e para aliviar a tensão, as dores e favorecer alongamento e relaxamento durante
o trabalho (11.76%). Percebe-se que os trabalhadores possuem uma certa consciência a
respeito da importância da ginástica laboral em seu dia-a-dia e na qualidade de vida no
trabalho. Uma consciência resultante do trabalho realizado pela Fisiotrab, que se esforçou
em divulgar os conceitos e benefícios da ginástica na empresa. Segundo Pogere (1998, p.
65) esta é a metodologia a ser seguida, defendendo a educação e a conscientização das
pessoas, para que compreendam os reais motivos da aplicação da ginástica, o que
beneficia os aspectos motivacionais e, assim, os melhores resultados. Entretanto, não
basta apenas que a empresa implante a ginástica laboral e que os funcionários apresentem
algum tipo de conhecimento a respeito desta ferramenta. De acordo com Cañete (1996,
p.125) “é fundamental que haja um real comprometimento com a idéia, após a tomada de
decisão, pois é bom lembrar que uma nova proposta sempre gera expectativas e se a
experiência for malsucedida cria um clima e condições desfavoráveis para outras
tentativas”,
- conhecimento individual sobre ginástica laboral e apreciação do programa: a partir
das experiências obtidas com a ginástica laboral até então, os operadores do SPE
foram motivados a expor quais eram suas percepções sobre a ferramenta. O que era
a ginástica laboral para cada um deles:
113
Tabela 13 – conhecimento sobre ginástica laboral
Indicações Porcentagem
Alongamento 4 17,39%
Meio que Evita Doeças e Lesões 3 13,04%
Relaxamento 3 13,04%
Melhora a Postura 2 8,69%
Alívio a Tensão 2 8,69%
Repouso 1 4,34%
Lazer 1 4,34%
Movimento 1 4,34%
Sair do Ambiente do Trabalho 1 4,34%
Descanço 1 4,34%
Alívio das Dores 1 4,34%
Pausa 1 4,34%
Meio que Evita o Sedentarismo 1 4,34%
Ginástica na Empresa 1 4,34%
Total 23 100%
Uma série de autores citados por Polito (2002, p. 28), entre eles Basso, Schimitz e
Sharcow, entende como ginástica laboral:
A criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade, exercer várias atividades e exercícios que estimulam o autoconhecimento e levam à ampliação da auto-estima e, conseqüentemente, proporcionam um melhor relacionamento consigo, com os outros e com o meio,
além de exercitar os músculos correspondentes e relaxar os músculos que estão
contraídos durante o trabalho. Um conjunto de fatores que amenizam os problemas
derivados do trabalho e propiciam uma certa proteção ao corpo humano. Este é um
conceito bastante clássico e abrangente sobre ginástica laboral, mas pouco conhecido
pelos funcionários do SPE. Entretanto, estes trabalhadores são capazes de identificar
alguns pontos que constituem (mas não identificam) a ginástica no trabalho. Para a
maioria dos funcionários do SPE (17.39%), a ginástica laboral significa alongamento,
um meio que evita doenças e lesões (13,04%) e alívio das tensões diárias (13,04%).
114
b) benefícios da ginástica laboral:
Tabela 14 – benefícios da ginástica laboral
Indicações Porcentagem
Melhor Qualidade de Vida 7 38,89%
Prepara o Corpo para Resistir a Doenças 6 33,33%
Alívio dos Sentimentos Negativos (Nervosismo,
raiva, tensão, etc) 1 5,55%
Diminui a Dor Muscular 2 11,11%
Revigora 1 5,55%
Previne (?) 1 5,55%
Total 18 100%
Não Respondereu 10 58,82%%
Quando os operadores de estação gráfica do SPE foram questionados a respeito de seus
conhecimentos sobre a ginástica laboral, eles conseguiram descrever a ferramenta de uma
maneira muito próxima àquela fornecida pelos autores e estudiosos. Para 100% dos
funcionários, a ginástica na empresa é melhoria da qualidade de vida, preparação/resistência
do corpo, diminuição da dor, prevenção e sensação de revigoramento, itens que fazem parte
dos benefícios indicados por Polito e Bergamaschi (2002, p. 31) e Cañete (1996, p. 77 -83).
Por sua vez, Goleman (1995, p.76, 86-87) expõe as vantagens da prática de exercícios no
alívio e controle de sentimentos negativos, em especial a raiva.
O resultado mais interessante desta pesquisa foi o grande número de pessoas que não
responderam esta questão, por fazer parte de um questionário que 58.82% dos funcionários
temeram responder alegando medo de represália da LTC. Esta reação poderia ser um indício
de descontentamento com o programa de ginástica laboral, que as pessoas não desejam ou
temem expor sua opinião e denegrirem sua imagem diante a empresa. Entretanto, quando
questionados sobre o quanto apreciavam o programa de ginástica laboral da LTC, os
operadores indicaram através de suas respostas no questionário que apreciam a prática de
exercícios durante o trabalho (média - µ - 91mm / Desvio padrão - σ - 26.16), embora o
programa sofra com críticas e com a falta de participação nas sessões;
c) eficácia da ginástica laboral: em relação à eficácia do programa, os resultados obtidos
(média - µ - 86.8mm/Desvio padrão - σ - 35.4) indicam que os funcionários
consideram o programa de ginástica laboral eficaz. Ao analisar os resultados obtidos
115
em relação à apreciação, à eficácia e à ginástica laboral como um todo, percebe-se que
durante as pesquisas escritas os funcionários tendem a dar pontuações neutras ou
suavemente positivas a estes quesitos. Porém, durante entrevistas, conversas informais
e observações diretas, percebe-se exatamente o oposto. As pessoas apresentam-se
insatisfeitas, com má vontade, cheias de dúvidas e desconfiança, além de
considerarem o cumprimento das atividades/responsabilidades muito mais
importantes e urgentes. Em resumo, os funcionários denotam eficácia, satisfação e
outras características a um programa em que não participam regularmente. Entretanto,
se a maioria destes indivíduos não participam das sessões de ginástica (melhorar
texto) e que, por esta razão, podem não apresentar parâmetros suficientes para julgar
a qualidade da ginástica laboral fornecida;
d) orientadores da ginástica laboral: Monitores ou Fisioterapeutas?
Tabela 15 – eficiência da ginástica laboral
Eficiência Resposta Resultado
Sim 70,59% Monitor
Não 17,65%
Sim 47,06%
Não 23,53% Fisioterapeuta
Indiferente 17,65%
Opinião Omitida 11,76%
Para Polito e Bergamaschi (2002, p. 58, 60-62), a forma de obter resultados mais eficazes na
ginástica laboral é contratar profissionais da área da Educação Física para ministrarem as
sessões de exercícios, pois evitaria problemas pessoais entre os funcionários e com a falta de
orientação durante a execução das atividades. Entretanto, funcionários adequadamente
selecionados e treinados, são capazes de aplicar alguns exercícios mais simples com
eficiência. Para os funcionários do SPE, os monitores, colegas de trabalho, estão
apresentando maior eficiência do que o Fisioterapeuta. Isto pode ser explicado por algumas
declarações dadas pelos trabalhadores nas entrevistas, alegando que os monitores estão
sempre disponíveis, são persistentes e mais amigáveis que muitos fisioterapeutas. Entretanto,
no dia-a-dia, os funcionários hostilizam os monitores e pouco participam das sessões. Sessões
ministradas por monitores apresentam participação de 23,53% em média. As aulas que
apresentam fisioterapeutas à frente da turma, invariavelmente, contam com 100% de
participação e com muitos elogios quanto a qualidade do orientador e dos exercícios
elaborados. Em parte, a presença maciça dos funcionários nas sessões de ginástica é
116
justificada pela presença de um profissional da atividade física e sem vínculos aparentes com
a empresa. Entretanto, sobretudo em relação aos homens do setor, a presença e a satisfação
nas aulas eram muito superiores quando a fisioterapeuta era bonita e simpática. Na mesma
pesquisa onde os funcionários elegem o monitor como orientador mais eficiente, as pessoas
fizeram observações a respeito da qualidade do trabalho dos fisioterapeutas: melhora a
participação (23,53%), são mais rigorosas (23,53%) e apresentam melhores condições
técnicas para montar ótimas sessões e corrigir os erros de postura durante a execução das
atividades (47.59%).
e) Programa de Ginástica Laboral: O Programa Perfeito
Tabela 16 – programa perfeito para o SPE
Quantidade Percentual Duas Vezes ao Dia 3 15,79% Fora do Ambiente de Trabalho 2 10,53% Com Fisioterapeuta 2 10,53% Com Música 2 10,53% Sem Sapatos 2 10,53% Não Faz Idéia 2 10,53% Diária 1 5,26% Na Academia 1 5,26% Com Avaliação Individual 1 5,26% Diversificada 1 5,26% Exercitando a Musculatura 1 5,26% Três Vezes ao Dia 1 5,26% Total 19 100%
Obter um programa de ginástica laboral perfeito é, praticamente, impossível. Em um único
grupo existem indivíduos muito diferentes uns dos outros, sendo muito difícil agradar a todos.
É necessário estudar cada um dos grupos a serem trabalhados, levando em conta suas
necessidades, respeitando características individuais como religião e crendices (OLIVEIRA,
p. 128). Esta questão da individualidade de grupos é tão forte que, em grupo pesquisado por
Cañete (1996, p. 177), os resultados obtidos foram totalmente distintos: Diminuir o ritmo dos
exercícios; exercícios com maior tempo de duração e fora do expediente, melhorar a
distribuição dos exercícios com relação às partes do corpo e programa de motivação à
participação da ginástica. O único ponto que foi coincidente para os dois grupos foi a
ginástica laboral ministrada por professores e não por monitores. Uma vez que as pessoas são
ouvidas, é possível criar um programa adequado ao grupo, eficaz e de sucesso. Mesmo
porque, os exercícios escolhidos devem preencher diversas necessidades básicas do corpo e
da mente, que somente os usuários podem indicar quais são (DONKIN, 1996, p. 83). A
117
exigência de duas sessões diárias indica a necessidade que o grupo possui em movimentar-se,
livremente (sem sapatos) e de forma bem descontraída (com música e fora do ambiente de
trabalho). O que surpreende é que, embora os funcionários considerem o monitor mais
eficiente, o programa de ginástica perfeito é realizado por fisioterapeutas.
f) sessões diárias de ginástica laboral:
Tabela 17 – sessões diárias de ginástica laboral
1 x 23,53% Sessões Diárias
2x 76,47%
Sessão da Manhã: 15min.
Sessão da Tarde: 5 min 41%
Sessão da Manhã: 5min.
Característica da Sessão Dupla
Sessão da Tarde: 15 min 12%
Embora a presença da Ginástica Laboral seja baixa, a maioria dos funcionários (76,47%)
solicita a existência de duas sessões diárias, sendo que a sessão matinal é mais longa (15min)
e a sessão da tarde com o tempo reduzido (5min). Este pedido demonstra o desejo de
transformar o programa de Ginástica Laboral em um programa eficaz e que realmente atenda
as necessidades dos indivíduos participantes. Este fato é comprovado pelas conversas
informais, momento em que 88,23% dos funcionários demonstraram seu interesse na
melhoria do programa. O resultado obtido nesta perquisa é coerente com o que Polito e
Bergamaschi (2002, p. 54) orientam: “pelo menos duas aulas diárias (no início e no final de
cada turno)”.
g) pontos desagradáveis do programa de ginástica:
Tabela 18 – pontos desagradáveis do programa de ginástica laboral
Quantidade Total
Ficar suado 5 29,41%
Exercitar-se no setor 9 52,94%
Exercitar-se fora do setor 3 17,65%
Total 17 100%
118
A maioria dos funcionários do SPE (52,94%) não gosta de exercitar-se no setor, o que é
contrário a algumas recomendações de literatura. Para o professor Queiroga, citado por
Cañete (1996, p. 114), os exercícios devem ser realizados no próprio local de trabalho e sob
orientação de monitores devidamente treinados, visando o mínimo de deslocamento e
interferência nas outras atividades, facilitando a adaptação das pessoas a tais atividades.
Oliveira (2002, p. 128) alerta quanto aos exercícios que provoquem muita transpiração, fator
que tanto incomoda os operadores do SPE: 29,41% deles não gostam de ficar suado nas
atividades e conseqüentemente durante o trabalho;
h) motivação para exercitar-se:
TABELA 19 – MOTIVAÇÃO PARA EXERCITAR-SE
Opinião Quantidade Total
Sim 8 53,33%
As Vezes 2 13,33%
Não 4 26,66%
Não Quando a Ginástica é no
Escritório 1 6,66%
Total 15 100%
Apenas 53,33% sentem motivação para participar das sessões de ginástica laboral, explicando
os baixos índices de participação diária nas sessões. Oliveira (2002, p. 48) explica que com o
passar dos dias, a ginástica se torna repetitiva e monótona, o que diminui a participação das
pessoas. Se não houver colaboração dos superiores e aplicação de estratégias de motivação,
como ocorre na LTC, torna-se impossível manter o interesse e a participação das pessoas no
programa de ginástica;
i) Programa de Ginástica Laboral individualizado:
Tabela 20 – programa de ginástica individualizado
Opinião Quantidade Total
Sim 11 64,7%
Não 2 11,76%
Não Respondeu 4 23,53%
Desmotivação 17 100%
119
Normalmente, a ginástica laboral é realizada em grupos e, segundo Cañete (1996, p. 119),
pode ser realizada de forma individual para pessoas especiais ou com problemas, utilizando
as técnicas de um profissional da saúde. Curiosamente, os funcionários do SPE desejam um
programa de ginástica individualizado, nem tanto pelos problemas e as necessidades físicas,
mas pela carência decorrente da pressão, falta de reconhecimento e pelos efeitos psicológicos
do forte ritmo de trabalho, da dor e da existência de colegas afastados conforme informações
extraídas de entrevistas,
- participação na ginástica laboral - os funcionários foram questionados quanto ao
motivo de faltarem às sessões de ginástica laboral
Tabela 21 – motivos para faltar ginástica
Indicações Total
Volume de Trabalho 11 36,67%%
Pressão 6 20%
Prazos 3 10%
Preguiça 3 10%
Dor 3 10%
Desmotivação 1 3.33%
Não Falta 1 3.33%
Não Respondeu 2 6,67%%
Total 30 100%
Os itens indicados pelos trabalhadores revelam todo o estresse enfrentado por eles. Indica,
também que eles possuem mais motivos para freqüentarem a ginástica do que faltarem as
sessões. Afinal, tais motivos são alvos do programa: alívio da pressão e da dor, colaborar para
a conquista de motivação e de um novo fôlego para atingir metas e prazos. Esta situação
revela que as pessoas estão dando mais importância ao trabalho do que a própria saúde, o que
demonstra uma baixa consciência de seus corpos e dos riscos que estão sujeitas, expostas
prolongadamente a determinados tipos e ambientes de trabalho, que elas mesmas indicam
como insalubres (tabelas 1 a 6 e figuras 18 a 28). Sabe-se que indivíduos que conhecem
pouco sobre suas características e necessidades físicas, mentais e emocionais, acostumados
com o sedentarismo e tendo como único objetivo de manter-se em seus empregos, são menos
comprometidos e responsáveis com o próprio corpo e com a saúde. Para estes trabalhadores,
tudo se torna mais importante ou urgente, menos eles mesmos. É impressionante observar os
operadores de estação gráfica do SPE trabalhando ferozmente diante dos computadores,
120
extremamente concentrados no que fazem, ignorando praticamente tudo ao redor. Ao serem
chamados para a Ginástica, para uma pausa e, ocasionalmente para o intervalo do almoço,
eles recusam o convite informando que possuem algo importante a ser feito ou que possuem
muito trabalho ou algum trabalho muito urgente. O trabalho é uma obsessão. A falta dele não
preocupa os trabalhadores que alegam não terem medo de serem demitidos. Analisando os
resultados, percebe-se bem esta condição: os funcionários cedem facilmente ao volume de
trabalho (36,67%), à pressão exercida por superiores e clientes internos (20%), aos prazos
(10%) e a preguiça (10%) que vem depois de horas estressantes de trabalho. Segundo Codo
(1995, p. 219), a pressão exercida pela chefia imediata é um fator de extrema importância no
desenvolvimento de LER/DORT, provocando um ambiente de forte tensão. No SPE, esta
pressão, além de provocar o aceleramento do trabalho a redução dos intervalos de descanso,
induz as pessoas a faltarem as sessões de ginástica. Como se não bastasse, os funcionários
apresentam-se trabalhadores rigorosos com o próprio desempenho. Uma exigência que é
alimentada pela pressão externa que coloca à prova a qualidade do trabalho exercido. Uma
pressão que chega a colocar à prova a qualidade dos profissionais: os bons são aqueles que
não participam da ginástica laboral. Esta situação acaba interferindo nas decisões pessoais e
relacionadas à saúde. As pessoas sentem medo de fracassarem, de não entregarem o trabalho
nos prazos ou de serem vistos na ginástica e não no posto de trabalho em ritmo acelerado.
Apesar deste medo transparecer nas atitudes, nas palavras e olhares, nenhum funcionário
assume;
j) melhora através da ginástica laboral: os funcionários foram orientados a dar notas
(0-10) à melhoria de alguns quesitos físicos.
Tabela 22 – melhora através da ginástica laboral
Nota Média
Melhora da Disposição para o Trabalho 7.15
Melhora do Alongamento 6.53
Melhora da Postura 4.92
Melhora das Dores no Corpo 5.46
Para que sejam consideradas melhoras significativas, as notas recebidas pelas características
de melhoramento avaliadas pelos funcionários do SPE, deveriam ser iguais ou superiores a
oito. Notas abaixo de sete significam nenhum tipo de melhoria ou conforto obtidos. Com isto,
entende-se que o SPE não sentiu melhoras significativas em nenhum aspecto físico ligado à
121
prática da ginástica laboral. Apenas registraram um conforto limitado no aspecto da
disposição ao trabalho. Segundo Oliveira (2002, p. 48), estes resultados não são aqueles
normalmente esperados, como pode ser observado abaixo,
- melhoria da disposição para o trabalho: 91%;
- melhoria da postura: 92%;
- melhoria das dores no corpo: 93%.
Percebe-se, também, que os resultados apresentados neste tópico não são coerentes com os
dados os obtidos nas questões “Apreciação do Programa de Ginástica Laboral” e “Eficácia da
Ginástica Laboral”, cujos resultados são positivos à ginástica. Então, se um programa é
apreciado e eficaz, isto significa que ele deve trazer algum tipo de benefício (melhoramento)
significativo aos seus usuários.
4.7 DISCUSÃO DOS DADOS SOBRE GINÁSTICA LABORAL (ANÁLISE CRUZADA)
Para melhor compreender os resultados, os funcionários foram divididos em grupos que
apresentam as mesmas características: sexo e participação nas sessões de ginástica. A partir
desta divisão, foi possível cruzar algumas informações obtidas durante as pesquisas:
a) G1A: Mulheres que participam da ginástica laboral todos os dias;
b) G1B: Homens que participam da ginástica laboral todos os dias;
c) G2A: Mulheres que as vezes participam das sessões de ginástica laboral;
d) G2B: Homens que as vezes participam das sessões de ginástica laboral;
e) G3A: Mulheres que raramente participam das sessões de ginástica laboral;
122
f) G3B: Homens que raramente participam das sessões de ginástica laboral;
g) participação na Ginástica Laboral:
Diariamente Ocasionalmente Raramente Total
Mulheres 58,33% (7)
G1A
33,33% (4)
G2A
8,34% (1)
G3A
100%
(12)
Homens 0
G1B
20% (1)
G2B
80% (4)
G3B
100%
(5)
A participação diária dos funcionários do SPE na ginástica é de apenas 41.81%. Analisando
homens e mulheres separadamente, percebe-se que são as mulheres que se dedicam muito
mais as práticas de ginástica do que os homens;
h) participação na Ginástica Laboral e Aptidão Física: segundo Nieman (1999, p. 5) a
“aptidão física relacionada com a saúde é tipificada por uma capacidade de realizar
atividades diárias com vigor e está relacionada a um menor risco de doenças
crônicas”. Para mensurar esta aptidão física são analisados: a resistência
cardiovascular, a força e a resistência muscular e a flexibilidade.
Tabela 24 – participação/aptidão física
G1A G2A G2B G3A G3B
Possui Alongamento Total de
Pernas
6
85,71%
2
50%
0
0%
0
0%
1
25%
Possui Alongamento Total de
Braços
4
57,14%
1
25%
0
0%
0
0%
2
50%
Consegue Realizar Séries de
Exercícios com as Pernas
7
100%
3
75%
1
100%
0
0%
2
50%
Consegue Realizar Séries de
Exercícios com os Braços
5
71,43%
3
75%
0
0%
0
0%
2
50%
Durante as sessões de ginástica, os funcionários do SPE foram observados e analisada sua
aptidão muscular através da execução de alguns exercícios, com a finalidade de saber se a
participação nas sessões de ginástica laboral trouxe algum benefício aos trabalhadores. O
grupo G1A apresentou maior capacidade física, conseguindo realizar os exercícios acima
Tabela 23 – Participação da Ginástica Laboral
123
mencionados com certa facilidade. Estes exercícios exigem prática para serem realizados. Um
músculo que permanece parado e não é estimulado e treinado constantemente não possui
flexibilidade e força para a execução destas atividades, como foi possível perceber nos
demais grupos,
124
- participação na Ginástica e LER/DORT
Tabela 25 – participação/LER/DORT
G1A G2A G2B G3A G3B
Faz Fisioterapia 3
42,86%
3
75%
0
0%
0
0%
2
50%
Já foi Afastado 4
57,14%
2
25%
0
0%
0
0%
0
0%
Oliveira (2002, p. 13) informa, que 60% a 75% dos afastamentos de trabalhadores no Brasil,
são causados por LER/DORT. No SPE, considerando apenas os funcionários que ainda
trabalham na empresa, são 35%. As pessoas que mais sofrem com as lesões são as mulheres.
Dos oito casos de indivíduos que fazem fisioterapia, 75% pertencem ao G1A e G2B e estão
nestes grupos os seis casos de LER que necessitaram de afastamento. Entretanto, não é
possível afirmar que as pessoas que fazem ginástica laboral adoecem. Uma explicação para
esta relação é que as pessoas que um dia sofreram com lesões e afastamentos tornaram-se
participantes mais ativos do programa. Inclusive, os piores casos são daqueles indivíduos que
participam diariamente das sessões de ginástica e que realizam alongamentos durante vários
momentos no dia. Enfim, pessoas que conhecem os problemas causados por LER/DORT
possuem a tendência de cuidarem melhor da saúde e do corpo, assumindo posturas mais
saudáveis, como participar da ginástica laboral;
i) atividade física:
Tabela 26 – atividade física
G1A G2A G2B G3A G3B
Gosta de Atividade Esportivas 7
100%
1
25%
1
100%
0
0%
3
75%
Prativa Alguma Modalidade
Esportiva com Freqüência
3
42,86%
2
25%
0
0%
0
0%
2
50%
125
Durante entrevistas realizadas, os indivíduos que não participavam da ginástica laboral
alegavam que praticavam alguma modalidade esportiva com freqüência. Contudo, o que se
percebe é que os indivíduos que praticam ginástica são os mesmos que freqüentam academia
e que gostam de praticar algum tipo de atividade física. A exceção é o Grupo G3A, que
embora não participe das sessões de ginástica, possuem uma boa participação em outras
modalidades esportivas. O importante desta pesquisa é ressaltar que a maior parte dos
funcionários do SPE estão apresentando uma quantidade de atividade física muito inferior aos
30 minutos de exercícios acumulados, por dia, período recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), Conselho Internacional do Esporte e Educação Física (ICSSPE),
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), entre outros (AGITA SÃO PAULO,
1998, p. 7).
- motivação:
Tabela 27 – motivações
G1A G2A G2B G3A G3B
Gosta de Atividade Esportivas 7
100%
1
25%
1
100%
0
0%
3
75%
Sente Motivação para a Ginástica
Laboral
3
42,86%
0
0%
1
100%
0
0%
4
100%
Motivo para Faltar as Sessões
Trab. 71,4%
Press. 42,9%
Dor: 28,6%
Prazo: 14,3%
Pregu. 14,3%
Trab. 50%
Press. 25%
Dor: 25%
Prazo: 25%
Pregu. 25%
Trabalho
Trabalho
Preguiça
Pressão
Trab. 75%
Press. 25%
Pregu. 25%
Segundo Bergamini (CAÑETE, 1996, p. 45), a motivação se processa de dentro para fora nos
indivíduos e, este indivíduo, fará alguma coisa de forma motivada, se conseguir ver nesta
atividade alguma possibilidade de atingir algum objetivo. No Grupo G1A, 100% dos integrantes
afirmam gostar de atividades esportivas, apenas 42,86% sentem motivação para participar da
ginástica laboral e é o grupo que mais relaciona motivos para faltar às sessões, inclusive a
preguiça. Curiosamente, é o grupo que menos falta às sessões, pois eles possuem um objetivo
pessoal: recobrar a saúde. Por mais trabalho, pressão ou preguiça que tenham os integrantes do
G1A eles compreendem a necessidade de exercitar-se e de dar ao corpo um pouco de descanso
126
do trabalho repetitivo e estático, pois é um grupo que conhece as conseqüências do trabalho e
das lesões. O Grupo G2A assume a falta de gosto e motivação para exercitar-se além de
relacionar uma série de motivos para faltar. Este grupo realmente dá mais importância ao
trabalho do que a saúde. Uma situação que se repete nos demais grupos.
4.8 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Com base nos resultados obtidos, observa-se que existe a necessidade dos funcionários do
SPE participarem de programas de saúde no trabalho, no caso, a ginástica laboral. Entretanto,
apesar das pessoas indicarem nas pesquisas, um certo interesse em participar de um ou duas
sessões de ginástica por dia, raramente exercitavam-se. Preocupavam-se em demonstrar
interesse e uma participação que não existia, bem como de não deixarem registros de
desaprovação ou insatisfação, enquanto trabalhavam incessantemente.
A maioria (76,5%) dos trabalhadores entende que deixar de produzir, principalmente em
momentos calamitosos, é uma falta grave e, por este motivo, preferem continuar se
ausentando das pausas (ativas ou inativas).
Esta situação gera uma insatisfação camuflada, que potencializa os sentimentos negativos, o
estresse e a tensão, além de prejudicar os relacionamentos pessoais e o trabalho em grupo,
como se observa na figura 34 e a tabela 7.
As conseqüências de tantos pontos negativos do trabalho (aspectos psico-emocionais,
organizacionais e ambientais) podem ser observadas no item 5.4 Dores no SPE, onde se
encontram, claramente os registros de dor da população estudada.
As dores concentram-se, em especial nos membros superiores das mulheres do setor.
Algumas delas reclamam de dores nas pernas, também, pois permanecem muito tempo
sentadas diante dos computadores.
Embora todos os funcionários apresentem algum tipo de dor, não são todos os que
desenvolveram algum tipo de lesão (35,3% lesionados). Entretanto, são justamente os
lesionados que participam com mais intensidade das sessões de ginástica laboral (tabela 22) e
praticam exercícios físicos regularmente (tabela 23). O motivo deste resultado é que pessoas
127
que conhecem profundamente a LER/DORT cuidam-se muito mais do que aquelas que
apenas sentem dores.
5 CONCLUSÃO
Esta dissertação apresentou uma pesquisa retrospectiva e análise histórica da Ginástica Laboral
situando-a no contexto produtivo de uma empresa fabricante de listas telefônicas, denominada LTC,
localizada em Curitiba, no Paraná. Para tanto, foi avaliado o trabalho realizado e o programa de
ginástica laboral no Setor de Produção Editorial (SPE) da empresa que teve início em 1999 devido à
ocorrência de LER/DORT mas que não teve a aceitação prevista, tendo em vista o reduzido número
de participantes.
Pode-se assumir que as LER/DORT representam o sofrimento físico e mental de um grande número
de assalariados que tem o seu trabalho modificado pela globalízação e pela alta competitividade do
mundo empresarial atual: para sobreviverem, as empresas almejam níveis de agilidade e produtividade
que só são possíveis por meio de uma organização de trabalho baseada na aceleração do ritmo e
volume de produção muitas vezes obtidos pela ampliação da jornada de trabalho e horas extras.
Assim, as razões para ocorrência de LER/DORT na LTC não são diferentes de muitas outras
empresas, brasileiras ou não, que mudaram sua organização do trabalho e sua forma de gestão para
manterem sua lucratividade e os resultados deste estudo permitem questionar a eficácia do Programa
de Ginástica Laboral como alternativa para enfrentar este novo perfil de adoecimento e sofrimento no
trabalho que são as LER/DORT.
A LTC, em 1996, passou por um processo de reestruturação produtiva, e o SPE foi informatizado ao
mesmo tempo que sofre uma redução de pessoal e intensificação do trabalho. Esta intensificação do
trabalho, com consequente sobrecarga física, mental e psíquica tendo em vista o aumento das pressões
para o cumprimento das demandas de trabalho e o medo de demissões passaram a contaminar o
ambiente de trabalho e a estabelecer o perfil de adoecimento. O clima organizacional da LTC pode ser
caracterizado da seguinte forma:
• Falta de integração entre os setores;
• Dificuldade de compreensão dos cargos e responsabilidades
• Problemas de relacionamento pessoais e com sentimentos de grupo: intriga, brigas,
dificuldades para o trabalho em grupo; aumento dos casos de LER/DORT: em 2001
ocorreram 6 casos no grupo estudado tendo havido 11 na história do setor (SPE) nesse
período e 20 na empresa como um todo.
Frente aos casos de LER/DORT, e aos processos judiciais que a empresa começou a sofrer, os
gerentes e direção de produção e o RH optaram pela Ginástica Laboral como estratégia para enfrentar
esta problemática.
129
A escolha do Programa de Gínástica Laboral, que é o foco desta dissertação foi iniciada por
um programa do SESI que promelía afastar o perigo de novos casos de LER, de absenteísmo
por dor, lesão, e processos judiciais. Para conseguir essa “mágica”, a empresa contratou uma
professora de educação física que deveria formar monitores para dar prosseguimento ao
programa de prevenção. A ginástica ocorria no intervalo de 15 minutos, em uma jornada de 8
horas e 30 minutos, portanto sem nenhuma diminuição da carga de trabalho. A avaliação do
primeiro ano de sua implantação é que não surtiu o efeito desejado e se tornou impopular.
Com o surgimento de novos casos de LER, a posição da gerência foi torná-la obrigatória.
Essa medida não agradou os empregados que deixaram de participar das sessões. Cabe
ressaltar que nesse período a ginástica era uma atividade isolada, não era acompanhada de
mudanças no processo, na organização e nas condições de trabalho, pelo contrário, tírava o
intervalo livre dos funcionários.
A segunda fase da ginástica iniciou em 2000, quando a empresa encerrou o contrato com o antigo
médico do trabalho e SESI e contrata novo médico e serviço de fisioterapia ocupacional da
FISIOTRAB. A proposta da FISIOTRAB era mais ampla pois, além de realizar a ginástica, pretendia
fazer um trabalho de sensibilização dos funcionários, criar um comitê de ergonomia, e analisar os
postos de trabalho. A implantação desta proposta teve aceitação geral dos funcionários
(conseguindo100 % de envolvimento mas desagradou a empresa pois ultrapassava a visão “mágica”
de que todos os problemas seriam resolvidos a partir da ginástica). Ao contrário do que se propunha, a
participação dos trabalhadores no processo de avaliação dos ambientes de trabalho e de mudanças nos
postos de trabalho através do Comitê de Ergonomia, participação que também se refletiu na ginástica.
Em 2001, o programa de Ginástica Laboral, restrito apenas à ginástica, contava só quinzenalmente
com a participação da fisioterapeuta, três meses depois tornou-se semanal e, em 2002, passou a ser
duas sessões por semana. Assim, o programa teve um curto período de três meses de vida e logo
depois foi vetado pela empresa. O fim da experiência participativa da FISIOTRAB desestimulou os
funcionáríos, trouxe uma dímínuição gradatíva da participação na ginástica, ansiedade por frustração
das expectativas não alcançadas e abandono das reformas no mobiliário.
O estudo mostra que o programa de Ginástica Laboral do SPE não teve sucesso basicamente por três
fatores:
1. O SPE apresenta uma grande necessidade de revisão completa no leiaute do setor e na
organização e política do trabalho já que a jornada de trabalho precisa ser revista,
assim como a forma como o trabalho está sendo executado no setor: há necessidade de
revisão da carga de trabalho alocada aos funcionários, além da inclusão de pausas;
130
2. o programa não era bom o suficiente para motivar as pessoas. No Capítulo 3, sobretudo nos
itens 3.1.2 e 3.2 é possível observar que a Ginástica Laboral foi empregada de forma
equivocada, não atraindo a atenção dos usuários, quanto menos fidelizando-os no
processo. Além disto, a ginástica na empresa é uma ferramenta e não um programa
completo e deve ser encarada como tal. Sua presença nas empresas é importante, mas
a ferramenta de Ginástica Laboral não pode ser encarada como algo miraculoso. Na
verdade, ela deve ser um complemento de um programa mais elaborado e complexo.
Usá-la isoladamente é arriscado, no sentido de que as pessoas continuarão expostas às
mesmas circunstâncias que as lesionavam e estressavam e não enxergarão qualquer
resultado em uma breve sessão de ginástica diária.
3. a pressão por produção não viabilizava espaço para uma pausa: 11 dos 17 funcionários
(64.7%) indicaram que o volume de trabalho era o principal responsável pela
necessidade que eles tinham de faltar as sessões de ginástica, logo sendo seguida pela
pressão exercida (35.3%) pelos superiores.
Apesar da Ginástica Laboral não ter dado certo na LTC, sem dúvidas ela pode ser benéfica à
saúde, se o Programa for bem estruturado e estimulante. Os estímulos podem começar com o
trabalho da psicóloga da empresa mostrando que parar um pouco (pausa) não é nenhum
pecado, pelo contrário poderá melhorar a capacidade produtiva e criativa de cada um. Podem
ser proferidas palestras educativas relembrando as necessidades do corpo e as conseqüências
do trabalho estático. Alguns dos itens que podem ser abordados nestas palestras são citados
por Blum (1998, p. 41) e detectados no grupo:
a) atividade contínua e estática: as pessoas passam muito tempo sentadas;
b) carga unilateral no trabalho: os funcionários utilizam de forma assimétrica, com forças
e freqüências desiguais nos dois braços. Com um, executam ininterruptamente
movimentos com o mouse e, com o outro fornecem comandos ao computador pelo
teclado;
c) cargas causadas por um projeto ergonômico errado ou inexistente: os postos de
trabalho inadaptados aos usuários, com cadeiras e mesas desconfortáveis, presença de
reflexos, fonte de vento, frio e calor, entre outros, provoca problemas posturais, tensão
dos músculos e distração;
d) ausência de movimentos de compensação: durante o dia todo, os mesmos músculos
são utilizados ou permanecem em repouso. Não existem atividades, pausas ou outros
fatores que invertam esta condição e provoquem um efeito de compensação;
131
e) estado de ânimo: constantemente pressionados, cobrados e pouco reconhecidos e
valorizados, os funcionários perdem motivação, vigor e prazer, tornando-se
depressivos, mal-humorados, abatidos, tensos e coagidos;
f) enfermidades do aparelho locomotor: As dores presentes no cotidiano do grupo e os
casos de LER/DORT ocorridos pioram o estado de ânimo do grupo e afetam o
rendimento e produtividade;
g) as sessões de ginástica não são direcionadas aos tipos de atividade realizadas pelo
setor;
h) os funcionários não são orientados e motivados a participarem das atividades de
Ginástica Laboral.
Uma proposta de um novo Programa de Ginástica Laboral para a LTC e que pode ser adotado
em outras empresas deve:
a) analisar as atividades realizadas por cada um dos setores da empresa;
b) estudar as necessidades físicas de cada um dos grupos;
c) estudar as características e necessidades físicas de cada indivíduo;
d) desenvolver um programa específico para cada setor;
e) criar um programa diário de aplicação das sessões de Ginástica Laboral, em cada um
dos setores;
f) aplicar a Ginástica Laboral nos diversos setores, duas vezes por dia, com a utilização
de um profissional da saúde;
g) criar um sistema de motivação diária direcionada a cada setor;
h) realizar palestras bimestrais sobre saúde e trabalho;
i) monitorar continuamente o programa e desenvolver melhorias necessárias.
132
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APÊNDICES
139
APÊNDICE A
Out Put do SPE
Impressora
Descrição: Impressora a laser colorida.
Observação: Utilização de cera e toner.
Quantidade: 1 Impressora Laser Colorida (cera)
1 Impressora Laser P&B (toner).
Expositora e Prensa Pressmatch
Descrição: Equipamento para testagem de filme. O prensa fixa a película no papel fotográfico (116ºC).
A expositora sensibiliza o papel.
Quantidade: 1 Expositora;
1 Prensa.
Imagesseter
Descrição: Equipamento responsável por sensibilizar filmes.
Observação: equipamento composto pela imagesseter e pela RIP.
Quantidade: 1 imagesseter;
1 RIP.
Processadora
Descrição: Equipamento, que através de revelador e fixador, revela filmes (fotolitos).
Observação: O ambiente deve estar aquecido e totalmente escuro, o que facilita a evaporação de
gazes e intoxicação de funcionários.
Quantidade: 1 unidade.
PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR
Galão de revelador e fixador à preparar
Revelador e Fixador Processados
140
APÊNDICE B - PESQUISA: INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO DA GINÁSTICA
LABORAL
O que não gosta de fazer durante as sessões?
Quais atividades deseja executar durante as sessões?
Como organizaria as sessões de ginástica?
Você pretende participar de todas as sessões?
141
APÊNDICE C
PESQUISA: GINÁSTICA LABORAL
PESQUISA SOBRE GINÁSTICA LABORAL
O que você pensa sobre a iniciativa da LTC em implantar a
Ginástica Laboral?
( ) Muito Imortante ( ) Pouco Imortante
( ) Imortante ( ) Desnecessária
1- Você pratica Ginástica Laboral
( ) Sim
Porque………………………………………………………………………
( ) Não
Porque………………………………………………………………………
2- Você pratica alguma outra atividade física for a da empresa?
( ) Sim
Qual…………………………………………………………………………
( ) Não
3- Gostaria de, além da ginástica em grupos, ter seu programa individualizado?
( ) Sim ( ) Não
4- Desde o início do programa de Ginástica Laboral, você percebeu (de uma
nota de 0 a 10):
a) Melhora da disposição para o trabalho?…………………
b) Melhora do alongamento muscular?……………………..
c) Melhora da postura?………………………………………..
d) Melhora das dores no corpo?……………………………..
142
APÊNDICE D - PESQUISA: GERAL
Nome:____________________________ Idade:____________ Peso:_____________ Altura:____________ Tempo de empresa:__________ Escolaridade:________________________ Estado Civil:_______________ Filhos: ( ) Não ( ) Sim__________ Meio de Transporte Diário:___________________________
1) Fale sobre a organização de trabalho de sua empresa” ___________________________________________________________________________________
2) Como são as tarefas que executa habitualmente?
___________________________________________________________________________________ 2.1) O quanto você está satisfeito?
2.2) O quanto seu trabalho é repetitivo? 2.3) O quanto seu trabalho é monotono? 2.4) O quanto seu trabalho é estressante?
3) Posto de trabalho 3.1)
Sem satisfação Muito Neutro
Sem repetitividade Muito Normal
Sem monotonia Muito Normal
Sem estresse Muito Normal
Sem Conforto Muito ConfortávelNeutro
143
3.2) 3.3) 3.4) 3.5) 3.6) 3.7)
4) Você trabalha com: 4.1) 4.2) 4.3) 4.4)
Sem Funcionalidade Muito Funcional Neutro
Sem Adequação Muito Adequado ao meu corpo
Neutro
Resignação Muito Prazer Neutro
Indiferença Presteza e Satisfação Neutro
Com insegurança Confiante Neutro
Por necessidade Por opção e amor Neutro
Muito frio Muito Quente Neutro
Muito vento Sem circulação de ar Neutro
Sem ruído Muito ruidoso
neutro
Pouco Iluminado Iluminado com exagero Neutro
144
5) Ainda sobre sua empresa e tarefas:
5.1) Você acredita que executa as atividades:
5.2) Você acredita que você e seu trabalho são:
5.3) O quanto isto é importante para você?
5.4) O quanto você se sente importante pela empresa?
5.4) O quanto a empresa é importante para você?
6) O que te faz empenhar-se pela empresa? ________________________________________________________________________________________ 7) O que te faz desanimar te impedindo de executar suas tarefas com presteza e prazer? 8) Você tem influência na maneira de organizar seu trabalho? 9) Você sabe exatamente o que tem que fazer diariamente)
Em quantidade
i f i d
Em quantidade superior do que é capaz
Neutro
Com qualidade
i f i d
Com qualidade superior do que é capaz
Neutro
Ignorados Devidamente reconhecidosNeutro
Pouco Importante Muito Importante
Neutro
Pouco Importante Muito Importante
Neutro
Pouco Importante Muito Importante
Neutro
Em nenhum grau Influência Total Neutro
De maneira alguma Totalmente Neutro
145
10) Você é requisitado: 11) Você acredita que seu treinamento para exercer suas tarefas foi: 12) Você sofre de alguns destes sintomas? Assinale N (nunca), V (as vezes) ou R (regularmente). Dor de Cabeça Insônia Nervosismo Cãimbras Cansaço Excessivo Ansiedade Indigestão Pressão Alta Gastrites/ Asias Tensão Nervosa Tensão Muscular 13) Se marcou alguma das alternativas acima, qual das alternativas abaixo você considera como causa (s). Utilize numerais para dar ordem de importância (1 para mais importante, 2 para o que tem uma importância um pouco menor e assim por diante) Mudanças constantes de organização e
processos. Quantidade insuficiente de funcionários.
Carga horária de trabalho excessiva. Quantidade de trabalho excessivo. Falta/Falha de comunicação. Conflito/molestamento de superiores. Insegurança no trabalho. Conflito/molestamento de outros setores. Posição/condição da empresa no mercado. Posto de trabalho. Outro: Conflitos com Clientes Outro:
Outro:
14) Para você, qual é a solução? ________________________________________________________________________________________ 15) Como você descreve sua qualidade de vida no trabalho? __________________________________________________________________________________________ 16) Como você descreve sua qualidade de vida fora do trabalho? __________________________________________________________________________________________ 17) Você costuma levar os problemas do trabalho para casa? __________________________________________________________________________________________ 18) Você costuma executar tarefas em casa? (cortar grama, lavar louça, passar, roupa, trabalhos artesanais, cuidar de crianças, etc)Pode dar alguns detalhes e informar a periodicidade? __________________________________________________________________________________________ 19) Você costuma tirar momentos para você, família e amigos (lazer)? O que costuma fazer? E que momentos de sua semana ou mês? __________________________________________________________________________________________ 20) Costuma fazer ginástica/exercícios em casa ou academia? Qual e com que freqüência? __________________________________________________________________________________________ 21) Acredita que exercitar-se lhe dá maior qualidade de vida, saúde e humor? Pode explicar o que pensa a este respeito? __________________________________________________________________________________________
Em nenhum
momento
Em tempo Integral
Neutro
Muito ruim Perfeito Neutro
146
22) Você acha que se você estiver praticando algum exercício físico fora da empresa, estará livre da LER/DORT? Pode dizer algo a respeito? __________________________________________________________________________________________ 23) Acredita que exercitar-se na empresa pode trazer algum benefício para você? Pode explicar? __________________________________________________________________________________________ 23) O que você entende como ginástica Laboral? __________________________________________________________________________________________ 24) Se você pudesse estruturar a ginástica laboral, como a estruturaria? Como ela seria composta? Quanto tempo ela duararia, quantas vezes por dia ela deveria ser empregada? __________________________________________________________________________________________ 25) Você a chamaria de ginástica? Se não, como seria? __________________________________________________________________________________________ 26) O que você acredita que está acontecendo com seu setor e colegas? Por que estão todos doentes? __________________________________________________________________________________________ 27) O que você sugere para reparar este mal? __________________________________________________________________________________________ 28) O que você acredita que é a LER/DORT? __________________________________________________________________________________________ 29) O que você acredita estar errado na atual ginástica laboral? __________________________________________________________________________________________ 30) Você acha que outras técnicas ou atividades poderiam dar mais resultado, para o que você e seus colegas estão enfrentando? __________________________________________________________________________________________ 31) Qual é o melhor lugar, para você, para fazer a ginástica, ou sua proposta? __________________________________________________________________________________________ 32) Você gostaria de fazer algumas destas atividades? Marque N (não) O (ocasionalmente) R (regularmente) Alongamento Puro Brincadeiras Infantis Mímicas Massagem Apenas Pausa Caminhas em volta da quadra Relaxamento Gincana Apenas sair do prédio Yoga Jogos 33) Pense no tipo de cronograma perfeito para você, seu corpo e mente, seus colegas, seu trabalho (como você produziria mais e melhor – sem prejudicar sua saúde). Esqueça as regras e construa uma agenda semanal que atenda estes requisitos. Marque horários de entrada e saída, almoço (ou janta), lanches, pausas, ginástica, ou qualquer outro item que você julgue importante. A Agenda fica totalmente ao seu critério, seja coerente, mas não se prenda.
Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
147
APÊNDICE E
PESQUISA SOBRE ESPORTES 1- Você gosta de atividades esportivas? ( ) Sim ( ) Não
2- Qual modalidade prefere?_______________________________________
3- Você freqüênta alguma academia esportiva? ( ) Sim ( ) Não
Qual?______________________________________________
4- Para você, o que é ginástica laboral?
______________________________________________________________
5- Você acredita que a ginástica laboral aplicada na LTC corresponde as suas
expectativas? Porque?____________________________________________
6- Qual os motivos que te levam faltar as sessões de ginástica?
______________________________________________________________
7- O quanto você gosta da ginástica laboral em sua empresa?
8- O quanto você acha que ela é eficaz?
9- Você acredita que a ginástica empregada por um colega seu, pode ser
eficiente?
_____________________________________________________________ 10- A ginástica com fisioterapeuta é melhor, na sua opinião?
_____________________________________________________________
11- Como seria uma ginástica de qualidade para você?
______________________________________________________________
Nada Muitíssimo
Nada Muitíssimo
148
APÊNDICE F - DORES NO SPE: PLANILHA DE INSERÇÃO DE PONTOS
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A1 0.5 1 0.5
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Total Casos
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Manhã - 30/07/01
Calo Causado por quinas vivas
Sensação gélida-má circulação
Ausente
AfastadoPontadasDor
Dor Muito Forte
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A 1 0 . 5 1 0.5
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Total Casos 0 5 3 0 1 1 5 4 1 1 1 3 0 0 0 0 1 3 0 1 0 1 1 1 0 3 3 3 3 2 2 0 0 1 1 1 3 1 0
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0.5 0 0.5
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– Desconforto/Dor Manhã de 30/07/01
Desconforto/Dor Tarde de 30/07/01
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Total Casos
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Manhã - 03/08/01
Calo Causado por quinas vivas
Sensação gélida-má circulação
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A1 0 . 5 1 0.5
A2 0 . 5 0 . 5 0 . 5 3 1.5
Total Casos
4 2 1 0 0 4 7 5 4 4 4 6 1 0 0 0 1 1 0 2 0 1 0 0 0 1 1 2 2 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1
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Desconforto/Dor Manhã de 03/08/01
Desconforto/Dor Tarde de 03/08/01
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0.5 0 0 1.5
1.5 2 2 1 1 0 0 0.5
0.5 0 1.5 0 0.8
Acumulado da 2ª Semana
Calo Causado por quinas vivas
Sensação gélida-má circulação
Ausente
AfastadoPontadasDor
Dor Muito Forte
Op
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O2 0 . 5 0.5 0.5 0.5 4 2
O3 0.5 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 8 4.25
O4 0 0
O5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 0.5 6 3.5
O6 0 0
O7 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 5 2.5
O8 0.75 0.75 1 1 1 1 1 0.5 0.75 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 1 1 1 6 12.5
O9 0.75 1 0.75
O10 0 0
O11 0 0
O12 0 . 5 0.5 2 1
O13 0.5 0.5 2 1
O14 0 0
O15 0 0
A1 0 0
A2 1 1 1
Total Casos
3 1 1 1 0 2 4 4 4 4 3 1 0 2 1 1 1 1 1 4 2 0 2 1 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pts 1.5
0.7
5
0.7
5
0.7
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0
1.5
2.7
5
2.5
2.5
2.5
1.5 1 0
1.2
5
0.7
5
0.5
0.5
0.5
0.5
2.5 0 1 0
1.5 1 0 0
0.5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Manhã - 23/08/01
Desconforto/Dor Manhã de 23/08/01
Desconforto/Dor Segunda Semana
151
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O10 0.5 0.5 2 1O11 0.75 0.75 2 1.5O12 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 3 6.5O13 2 0O14 0.75 0.5 0.75 0.5 0.75 0.5 6 3.75O15 0 0A1 0.5 1 0.5A2 0 0
Total Casos
4 2 3 3 0 3 7 6 4 4 4 3 0 2 2 1 1 4 1 8 2 2 1 3 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0
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2.5
2.2
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1.5 0 1.5
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0.5
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1.5
0.5
3.7
5
1 1 0.5 2 1 0 0 0 0.5
0.7
5
0.7
5
0 0 0 0 0.5 0 0 0
Desconforto/Dor Tarde de 23/08/01
Desconforto/Dor Manhã de 27/08/01
152
Acumulado da 4ª Semana
Calo Causado por quinas vivas
Sensação gélida-má circulação
Ausente
AfastadoPontadasDor
Dor Muito Forte
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O7 0 . 5 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.75 0.75 0.75 0.75 1 0 6.25
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O9 0 . 5 0.75 0.75 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 3 7.25
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O11 0.75 0.75 0.5 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.5 0.5 1 1 7.5
O12 0 . 7 5 0.5 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0 0.75 0.75 1 2 8.75
O13 0.75 0.5 0.75 0.5 0.75 0.5 0.5 0.5 8 4.75
O14 0.75 0.5 0.75 0.5 0.75 0.5 6 3.75
O15 0 0
A1 0.5 0.5 2 1
A2 0 0
Total Casos
8 3 5 5 0 5 1 0 8 6 6 6 5 0 5 3 3 3 4 2 9 3 3 0 2 1 2 3 3 4 2 3 0 0 0 0 2 2 0 0
Pts
4.7
5
2
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3.5 0
3.2
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0 0
Desconforto/Dor Tarde de 27/08/01
Desconforto/Dor Quarta Semana
153
APÊNDICE G - EXERCÍCIOS FÍSICOS PRATICADOS NO SPE
Force o queixo para frente,enquanto a mão empurra o queixopata trás.
Deite a cabeça sobre o ombro esquerdo, enquanto a mão esquerda puxa o braço direito para baixo e para a esquerda. Repita para o outro lado.
Incline a cabeça para a frente,até sentir os tendões no pescoço.Volte a cabeça para trás e continueo movimento até o limite do pescoço.Mantenha a boca fechada.
Deite a cabeça sobre o ombro, atésentir o tendão do outro lado do pescoço. Repita o movimento para o outro lado.
(Ombro-Deslizamento Caudal)
(Ombro-Deslizamento Caudal)
Entrelace as mãos na nuca.Expire o ar e deixe o peso dos braçosabaixar a cabeça e alongar o pescoço e o tronco.
Force a testa para a frente, impedindo omovimento com a mão.Mantenha a posição.
Force a cabeça para trás e realize o movimento contrário com o braço,puxando a cabeça para frente.
Force a cabeça sobre o ombro, enquantoa mão empurra a cabeça na direçãocontrária.Repita o processo para o outro lado.
Puxe a cabeça sobre o ombro, com aajuda de um dos braços. O outro, deveráestar esticado na altura dos ombros,com amão aberta e o polegar apontado paracima.
Realize a rotação da cabeça, lentamente e para os dois lados.
Pressione as palmas das mãos na altura do peito, com os dedos voltadospara cima. Abaixe as mãos ao máximosem descola-las.
Abra as mãos, junte as pontas dos dedosna altura do peito e pressione os dedosde uma mão contra os da outra.Não esqueça nenhum dedo.
Entrelace as mãos.Gire as mãos, invertendo a posiçãodos dorsos.
Com as mãos entrelaçadas, forceos punhos para que movam-se paracima e para baixo.
Relaxe as mãos,Feche-as com força erelaxe as mãos novamente.
Relaxe as mãos.Abra todos os dedos ao máximo.Relaxe novamente.
Exercícios para as mãos, realizados pelo SPE
FIGURA 38 – Exercícios para o pescoço, realizados pelo SPE
154
Estique os braços acima dacabeça e una as palmas das mãos.Alongue os braços para cima e um poucopara trás.
Puxe, delicadamente, o braço direitoaté o ombro esquerdo. Tente encostara parte interna do cotovelo no ombro.Repita para o outro braço.
Estando os braços esticados acimada cabeça, segure o cotovelo de umdos braços com a outra mão e force aquele braço para baixo.Repita o movimento para o outro lado.
Entrelace os dedos, na alura dos ombros.Vire as palmas da mão para fora.Estique ombros e braços.
Eleve os ombros, lentamente.Flexione a coluna para o lado e depois para o outro, com asmãos nos ombros.
Extenda a coluna o máximo possível.Mantenha os joelhos esticados e a mãona cintura.Dobre os joelhos quando retornar.
Coloque as mãos nas costas.Segure a mão direita com a esquerda.Eleve a mão direita, através da esquerda.Repita o movimento com a outra mão.
Coloque as mãos nos ombros emovimente o cotovelo para frentee para trás, como um pêndulo.
Coloque as mãos, entrelaçadas na nuca.Force a cabeça para trás e puxe o pescoço para frente com as mãos.
Coloque as mãos nas costas, uma porcima e outra por baixo do ombro.Entrelace os dedos.Mantenha a posição.Repita o movimento com a outra mão.
(Elevação da escápula)
(Rotação Interna - Ombro) (Retração-Pescoço)
(Flexão/Extensão - Ombros)
Vista Superior
Em pé, eleve os braços na frente dosombros. Rotacione um deles para as costas e o traga novamente para a frente.Repita o movimento com o outro braço.Acompanhe o movimento dos braçoscom a cabeça.
De pé ou sentado.Mantenha os braços perto do corpo, comos cotovelos em ângulo reto.Gire os braços para fora e para frente.
Coloque os dois braços acima da cabeça.Desça um deles e suba novamente, neste momento repita o movimento com ooutro braço e assim por diante.
Em pé, com o quadril e joelhos ligeira-mente flexionados e a musculatura abdominal contraída, force e balanceos braços, alternadamente, para cima epara baixo.
Eleve os braços estendidos por cima dacabeça.Desça os braços, separando-os.Repita o movimento.
Exercícios para membro superior, realizados pelo SPE
155
Com as mãos esquerdas unidas e emângulo reto com o corpo, a dupla devecaminhar lentamente para a frente (direções opostas) até o limite dos ombros.Repita com o outro braço.
Em dupla, um de frente para o outro,com pés e mãos unidos, deve inclinar o tronco para trás, lentamente.A dupla deve sustentar esta posição por alguns segundos.
Em pé, a dupla deve dar as mãos por cima da cabeça e de costas. Os dois participantes deverão dar pequenos elentos passos para a frente até o limite de seus ombros.O mesmo exercício deve ser repetido com os braços na altura dos ombros e abaixoda cintura.
Com o tronco inclinado para a frente eas pernas esticadas, realize a elevação dos braços alternadamente, sem mover acoluna.
Realize a inclinação lateral do tronco,com as pernas afastadas, joelhos dobrados e braços elevados.
Em pé, com o quadril encaixado, coloqueo bastão na vertical atrás do corpo, segurando a ponta superior com a mão direita e a inferior com a esquerda. Com amão direita puxe o bastão e, também, amão esquerda, o máximo que esta aguentar.Repita a operação para o outro lado.
Em pé, com o quadril encaixado, coloqueo bastão na vertical atrás do corpo, segurando a ponta superior com a mão direita e a inferior com a esquerda. Utilizando os dois braços, empurre epuxe o bastão na direção do corpo.
De pé ou sentado.Mantenha os braços em ângulo reto como corpo e o cotovelo flexionado.Gire os braços para fora e para frente, sempre na altura dos ombros. Empregue força nos braços.
De mãos dadas, com as pernas fechadase esticadas, realizem a inclinaçãolateral do tronco.Repitam a operação para o outrolado.
De frente um para o outro, a dupla deveunir as palmas, com os dedos voltados para cima e abaixar lentamente os braços,sem deslocar as palmas das mãos. Chegando no limite dos braços devemparar, girar as mãos (voltando os dedos para baixo) e elevar as mãos, sem descolar as palmas.
De frente, com as mãos dadas, realizema inclinação anterior do tronco, mantendoa coluna em ângulo reto com as pernas,que devem estar esticadas.
Em pé, quadril encaixado e joelhosflexionados, eleve os braços na altura dos ombros. Um dos braços deve ficaresticado na lateral do corpo e o outrodobrado na frente do peito. Alternea posição dos braços.
Em pé, com o quadril encaixado, coloqueas mãos nos ombros e realize círculoscom os cotovelos, para frente e paratrás.
Com uma mão fechada (punho) e a outra aberta, ambas na altura do peito,realize a pressão de uma contra a outra.
Com uma bexiga ou bola flexível nas mãos,eleve os braços até a altura dos ombrose pressione a bola por 10x. Repita a operação com os braços sobre acabeça, abaixo da cintura e nas costas.
Com uma bexiga ou bola nas mãos,rotacioná-la em volta do pescoço.
Exercícios para membro superior, realizados pelo SPE
156
Caminhe na ponta dos pés Caminhe com os calcanhares.
Caminhe acocorado.Desça sobre uma das pernas,enquanto a outra deve ser esticada paratrás. Gire o tornozelo da perna de tráspara fora.Repita a operação com a outra perna.
Desça sobre uma das pernas,enquanto a outra deve ser esticada paratrás. Os dois pés devem estar totalmenteplantados no chão.Jogue o peso de seu corpo na perna da frente. Mantenha a posição.Repita a operação com a outra perna.
Eleve um joelho por vez, até o nível do quadril.
Acocorado, com as pernas afastadas,desencoste um dos calcanhares do chão.Encoste novamente.Repita o movimento com o outro pé.Repita o movimento com os dois pés juntos.
Acocorado, com as pernas afastadas.Desencoste a ponta de um dos pésdo chão.Encoste novamente.Repita o movimento com o outro pé.Repita o movimento com os doispés juntos.
Em pé com as pernas juntas, abaixe-see abraçe as pernas aproximando a testados joelhos. Mantenha a posição.
(Cardiovascular)
(Cardiovascular)
(Cardiovascular)
(Tornozelo - Flexão plantar)
Em pé, leve o peso de seu corpona ponta dos pés, elevandoos calcanhares. Mantenha a posição.Desça lentamente.
Em pé, leve o peso de seu corpoaos calcanhares, elevandoas pontas dos pés. Mantenha a posição.Desça lentamente.
Em pé, puxe o tornozelo de uma das pernas até as nádegas. Mantenha acoluna reta, o quadril encaixado, osjoelhos juntos, a perna de apoio reta eo pé da perna flexionada encostado nasnádegas.Repita com a outra perna.
Coloque um pé sobre uma cadeira e asmãos em seu encosto. Incline o corpo parafrente, liberando o peso do corpo.Mantenha a perna que está no solo reta eo pé totalmente plantado no chão.Repita o movimento com a outra perna.
Coloque um pé no encosto de uma cadeira. Mantenha as duas pernas retas.Incline lentamente o corpo para a frente,forçando o quadril e os joelhos, com cuidado.Repita com a outra perna.
Em pé ou deitado, puxe uma das pernasaté o peito e mantenha a posição. Mantenha a coxa encostada no peito e o joelho totalmente flexionado.
Abra as pernas. Deslize o corpo até umdos joelhos que deverá ser flexionado. A outra perna deverá estar esticada.Repita o processo com a outra perna.
Exercícios para membro inferior, realizados pelo SPE
157
Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Controle a respiração.Solte a coluna e relaxe.Repita os movimentos suavemente.
Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Eleve e abaixe um das pernas,sem flexioná-la.Repita o processo com a outra perna.
Sente no chão. Coloque uma pernaestendida no solo e a outra dobrada sobre esta.Segure o joelho e rotacione o corpopara o lado da perna flexionada.Mantenha a posição.Repita para o outro lado.
Em pé, com as pernas esticadas e afastadas, encoste a mão esquerdano pé do lado oposto, enquanto obraço direito acompanha o movimento do tronco.Rotacione o tronco para inverter aposição dos braços.
Em pé, com as pernas esticadas e afastadas, entrelace as mãos nascostas.Incline o corpo para a frente, até que fique em ângulo reto com as pernas.Os braços devem estar eretos e a cabeçana mesma linha do corpo.Ao levantar, dobre os joelhos.
Em pé realize movimentos rápidos deaproximação de joelho e cotoveloopostos.
Em posição de passo, dobre suavementea perna de trás e segure com as duasmãos, o pé que está na frente.Ao levantar, dobre o joelhos.
Com os pés em paralelo, realize a circundação do quadril para uma ladoe depois para outro.
Em pé, segure com as duas mãos, umadas pernas (no joelho). Execute aelevação e flexão da perna estendida.
Com uma bola ou bexiga nas mãos, afaste as pernas e incline o tronco parafrente. Contorne com a bola o tornozeloesquerdo, depois o direito e por último,realizar um oito com a bexiga entre ostornozelos.
Afaste as pernas e incline o tronco atéuma das pernas. Segure o pé com as duasmãos e toque o joelho com a testa.Repita a operação para o outro lado.
Agache-se e segure os dedos do pé.Então, levante o quadril, alongando a perna, mas sem soltar a mão do pé.
Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Eleve um das pernas.Flexione o tornozelo.Rotacione o tornozelo para um lado edepois para outro.Abaixe a perna.Repita o processo com a outra perna.
Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Eleve um das perna, sem flexioná-la. Abra e feche esta perna 10x.Abaixe a perna.Repita o processo com a outraperna.
Sente no chão, com a coluna e uma daspernas bem retas. A outra perna deveser dobrada ao lado do corpo.Desça o corpo em direção da perna estendida e segure o pé.Retorne à posição anterior.Repita o processo com a outraperna.
Em pé, com as pernas esticadas e afastadas, incline o corpo para a frenteaté tocar as mãos no solo. Em seguida,deslize as mãos para o meio das pernase por fim, para trás das pernas.Ao levantar, dobre os joelhos.
Exercícios para membro inferior, realizados pelo SPE
T784g Trebian Ginástica laboral: por que não deu certo em um setor de
produção gráfica? / Giseli Trebian ; orientadora, Lia Buarque de Macedo. – Porto Alegre, 2004.
Trabalho de Conclusão. Curso de Mestrado Profissionalizante
em Engenharia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção com Ênfase em Ergonomia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
1. Saúde ocupacional. 2. Ginástica laboral. 3. Ergonomia. I. Macedo, Lia Buarque de, orient. II. Título.
CDU – 331.472