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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS LABORATÓRIO MULTIDISCIPLINAR DE PESQUISA Capacidade antioxidante in vitro e avaliação da toxicidade aguda in vivo de extratos de folhas de Licania rigida Benth., Licania tomentosa (Benth.) Fritsch e Couepia impressa Prance (Chrysobalanaceae) JOSÉ BENILSON MARTINS MACÊDO NATAL/RN 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

LABORATÓRIO MULTIDISCIPLINAR DE PESQUISA

Capacidade antioxidante in vitro e avaliação da toxicidade

aguda in vivo de extratos de folhas de Licania rigida Benth.,

Licania tomentosa (Benth.) Fritsch e Couepia impressa Prance

(Chrysobalanaceae)

JOSÉ BENILSON MARTINS MACÊDO

NATAL/RN2011

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JOSÉ BENILSON MARTINS MACÊDO

Capacidade antioxidante in vitro e avaliação da toxicidade

aguda in vivo de extratos de folhas de Licania rigida Benth.,

Licania tomentosa (Benth.) Fritsch e Couepia impressa Prance

(Chrysobalanaceae)

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas como requisito para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª Drª Maria das Graças Almeida Coorientador: Prof. Dr. Jorge Alberto López Rodríguez

NATAL/RN2011

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CATALOGAÇÃO NA FONTE

M141c Macêdo, José Benilson Martins.

Capacidade antioxidante in vitro e avaliação da toxicidade aguda in vivo de extratos de folhas de Licania rigida Benth., Licania tomentosa (Benth.) Fritsch e Couepia impressa Prance (Chrysobalanaceae) / José Benilson Martins Macêdo. Natal, 2011.

104f. Orientadora: Profª. Drª. Maria das Graças Almeida. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Plantas medicinais Dissertação. 2. Licania rigida Capacidade antioxidante Dissertação. 4. Licania tomentosa Dissertação. I. Almeida, Maria das Graças. II. Título.

RN-UF/BS-CCS CDU: 615.89 (043.3)

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O importante não é o ponto onde vos encontrais, mas sim a direção em que caminhais com os vossos passos e a vida que vos propondes seguir. O ambiente que vos rodeia, o ponto de onde partistes e o trecho do caminho já percorrido, não são tão importantes como atitude mental com que vos resolveis continuar a marchar e o rumo que haveis de dar.

Oliver Wendell Holmes (1809-1894)

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Dedico aos meus pais, Benedito Avelino de Macedo (in memorian) e Terezinha Martins de Macedo, pelo exemplo, amor e apoio incondicional.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, porque tudo o que existe existe em Deus, e sem Deus nada pode existir nem ser concebido. À Profª Drª Maria das Graças Almeida, pela orientação e pelo incentivo e exemplo de profissionalismo. Ao Prof. Dr. Jorge Alberto López Rodríguez, Curso de Biotecnologia, Centro de Ciências Biológicas e de saúde, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, pela coorientação, atenção e visão globalizada da pesquisa científica. À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas – UFRN, na pessoa da Profª Drª Adriana Augusto de Rezende, pela importância da ética e seriedade na pesquisa. Ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) – UFRN, na pessoa do Dr. Juarez Ferreira da Costa, pelo apoio ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas – UFRN. Ao Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas – UFRN, na pessoa da Profª Drª Telma Maria Araújo Moura Lemos, pelo apoio. Aos laboratórios da Faculdade de Farmácia da UFRN: Laboratório de Toxicologia, Laboratório de Farmacognosia, Laboratório de Sistema Disperso e Laboratório de Hematologia. À Profª Drª Maria Iracema Bezerra Loiola, Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da UFRN, pela presteza na identificação botânica. Aos professores, Prof. Dr.Carlos Roberto Oliveira Souto e Profª Drª Maria de Fátima Vitória de Moura, Departamento de Química da UFRN, pela ajuda e disponibilidade de seus laboratórios. À Profª Renata Mendonça Araújo, Departamento de Química da UFRN e ao Prof. Edilberto Rocha Silveira, Centro Nordestino de Aplicação e Uso da RMN, Laboratório de Fitoquímica de Plantas Medicinais, Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Centro de Ciências da UFCE, pelo fracionamento dos extratos e análise por RMN. Às amigas e companheiras Maria Aparecida do Nascimento, Naira Josele Neves de Brito e Elizabeth Cristina Gomes dos Santos, pelo carinho e dedicação incansável na realização deste trabalho. Ao amigo Gabriel Araujo Silva, pela ajuda nos ensaios de sequestro do radical DPPH das frações e de toxicidade aguda.

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Aos alunos de iniciação científica, Luciane de Lira Teixeira, Hugo Thiago de Holanda Oliveira, Maria Larissa Pereira da Costa e Taiza Nayara da Silva Caridade, pela amizade e, sobretudo, pela grande ajuda na realização deste trabalho. Aos funcionários do Biotério Central do CCS, Ana Auxiliadora Fernandes de Vieira e Washington Fernandes da Rocha, pela amizade e pelos cuidados especiais dispensados aos animais. Às funcionárias da Secretaria da Pós-Graduação, Maria Aureliana do Nascimento e Fábia Cristina de Miranda de Araújo Freire, pela constante atenção e presteza. À minha irmã Maria Josenilda Martins de Macedo Bruno, ao meu cunhado Joilson Mendes Bruno e à minha adorável sobrinha Camila Martins Bruno, pelas preces que me fortalecem. Ao meu irmão, Jailson Martins de Macedo, pelo incentivo e apoio incondicional. Aos meus primos, Simone Martins Félix pela ajuda nas dúvidas em informática e Sílvio Martins Félix na formatação do texto. Às amigas de trabalho, Esúlia Maria Farias de Lima, Fanny Cassandra da Silva, Iracilda Maciel de Medeiros, Jacione Arcanjo de Paiva, Lúcia de Fátima Cavalcanti, Maria Marques Silva da Câmara e todas as pessoas do Laboratório de Análises Clínicas da Unidade Mista de Felipe Camarão – Secretaria Municipal de Natal, pela amizade e a força que sempre me dispensaram. Enfim, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. Com eles divido a alegria desta conquista.

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RESUMO

Licania rigida Benth., Licania tomentosa (Benth.) Fritsch, e Couepia impressa

Prance (família Chrysobalanaceae) são plantas utilizadas pela medicina

popular do Nordeste do Brasil, sob a forma de extratos e infusões para o

tratamento do diabetes e reumatismo, doenças degenerativas com

envolvimento de espécies reativas de oxigênio (ERO). O objetivo deste estudo

foi avaliar a capacidade antioxidante dos extratos aquoso, etanólico e

hidroetanólico das folhas dessas espécies, utilizando vários sistemas de ensaio

in vitro (poder redutor, capacidade de sequestro do DPPH●, o sistema β-

caroteno/ácido linoleico e a inibição da peroxidação lipídica em homogenato de

cérebro de ratos, utilizando as substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico -

SRAT). A toxicidade oral aguda dos extratos aquosos também foi avaliada in

vivo. Os resultados revelaram extratos com alto poder redutor, capacidade de

sequestro do DPPH● e de proteção no sitema β-caroteno/ácido linoleico, bem

como a capacidade de impedir a formação de SRAT em homogenato de

cérebro de ratos, de maneira concentração-dependente. Quanto à toxicidade

oral aguda in vivo dos extratos aquosos, nenhum efeito tóxico foi observado em

relação às avaliações fisiológica, hematológica e bioquímica. A presença de

elevado teor de compostos fenólicos e flavonoides foi determinada

principalmente no extrato etanólico. Entretanto, o extrato hidroetanólico de C.

impressa, fracionado com hexano, clorofórmio e acetato de etila para a análise

por RMN 1H, mostrou resultados mais eficientes do que o antioxidante de

referência Carduus marianus. As classes de compostos orgânicos

determinados foram fenólicos na fração acetato de etila e terpenos nas frações

hexânica e clorofórmica. A fração acetato de etila apresentou o maior teor de

flavonoides e maior capacidade de sequestro do DPPH●, possivelmente pela

presença de compostos fenólicos. Portanto, uma detalhada investigação da

composição fitoquímica e estudo in vivo do extrato hidroetanólico de C.

impressa é sugerida para caracterizar os compostos ativos da espécie.

Palavras-chave: Licania rigida, Licania tomentosa, Couepia impressa,

compostos fenólicos, flavonoides, capacidade antioxidante.

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ABSTRACT

Licania rigida Benth., Licania tomentosa (Benth.) Fritsch, and Couepia impressa

Prance (Chrysobalanaceae family) plants have long been used medicinally by

the people from Northeastern Brazil. Crude extracts and infusions of these

plants have been applied in the treatment of several conditions such as

diabetes and rheumatism, degenerative diseases with involvement of reactive

oxygen species (ROS). The aim of this study was to evaluate the aqueous,

ethanolic, and hydroethanolic leaves extracts antioxidant capacity of these

species, using several in vitro assay systems (reducing power, DPPH●

scavenging, the β-carotene linoleate model system and lipid peroxidation

inhibition in rat brain homogenate, using thiobarbituric acid reactive substances

- TBARS). The oral acute toxicity of aqueous extracts was also evaluated in

vivo. Results revealed that these extracts possess a potent reducing power and

DPPH scavenging ability, as well as the ability to prevent TBARS formation in

rat brain homogenate in a concentration-dependent manner. Regarding in vivo

oral acute toxicity of the aqueous species extracts, no toxic effects were

observed upon evaluating physiological, hematological and biochemical

parameters. The presence of high levels of phenolics and flavonoids was

determined mainly in the ethanol extract. However, the C. impressa

hydroethanolic extract, fractionated with hexane, chloroform and ethyl acetate

for analysis by NMR 1H, showed more efficient results than the reference

antioxidant Carduus marianus. The classes of organics compounds were

determined were phenolics in the fraction of ethyl acetate and terpenes in

chloroform and hexane fractions. The ethil acetate fraction had the highest

content of flavonoids and increased scavenging capacity of DPPH●, possibly by

the presence of phenolic compounds. Therefore, a detailed investigation of the

phytochemical composition and in vivo study of the C. impressa hydroethanolic

extract is suggested to characterize the active compounds of the species.

Keyswords: Licania rigida, Licania tomentosa, Couepia impressa, phenolic

compounds, flavonoids, antioxidant capacity.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAT Catalase

CCD Cromatografia em Camada Delgada

CDCl3 Clorofórmio Deuterado

δ Deslocamento Químico

DNA Ácido Desoxirribonucléico

DPPH● Radical Livre DPPH

DPPH 1,1-difenil-2-picrilhidrazil

DPPH-H 1,1-difenil-2-picrilhidrazina

DP Desvio Padrão

ERO Espécies Reativas de Oxigênio

ERN Espécies Reativas de Nitrogênio

FA Fração Acetato de Etila

FC Fração Clorofórmica

FH Fração Hexânica

fOH Antioxidante Fenólico

fO• Radical Semiquinona

GSH Glutationa Reduzida

GSSG Glutationa Oxidada

GPx Glutationa Peroxidase

H2O2 Peróxido de Hidrogênio

HOO• Radical Hidroperoxil

L• Radical Alquil Lipídico

LH Ácidos Graxos Poliinsaturados

LOO• Radical Peroxil Lipídico

LOOH Hidroperóxido Lipídico

MDA Malonildialdeído

MeOD Metanol Deuterado

MHz Megahetz

NO Óxido Nítrico 1O2 Oxigênio Singlet

O2•¯ Radical Ânion Superóxido

•OH Radical Hidroxil

ppm Partes por Milhão

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rf Rádio Frequência

RMN 1H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

ROO• Radical Peroxil

SOD Superóxido-dismutase

SRAT Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico

SRL Sequestro de Radical Livre

T Tesla

TBA “Thiobarbituric acid” (Ácido Tiobarbitúrico)

TCA “Trichloroacetic acid” (Ácido Tricloroacético)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema da peroxidação lipídica, resultando na formação

em cadeia de inúmeros radicais lipídicos .................................... 26

Figura 2 – Estrutura básica dos flavonoides e de diferentes subgrupos

de flavonoides ................................................................................ 29

Figura 3 – Distribuição geográfica da família Chrysobalanaceae na

Mata Atlântica ................................................................................. 31

Figura 4 – Licania rigida. Detalhes de folhas (A), flores (B) e frutos (C) .... 33

Figura 5 – Licania tomentosa. Detalhes de flores (A) e frutos e folhas

(B) ................................................................................................... 34

Figura 6 – Couepia impressa. Detalhes de folhas e flores (A) e frutos

(B) ................................................................................................... 35

Figura 7 – Exsicatas das espécies estudadas, depositadas no Herbário

do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) .............. 45

Figura 8 – Esquema para a detecção de substâncias químicas com

capacidade antioxidante................................................................ 48

Figura 9 – Fluxograma da determinação do teor de fenólicos totais .......... 49

Figura 10 – Fluxograma da determinação do teor de flavonoides totais ...... 50

Figura 11 – Fluxograma da inibição da oxidação no sistema β-

caroteno/ácido linoleico ................................................................ 53

Figura 12 – Fluxograma da determinação da peroxidação lipídica em

cérebro de rato ............................................................................... 55

Figura 13 – Detecção de substâncias antioxidantes reveladas com

solução β-caroteno ........................................................................ 59

Figura 14 – Detecção de substâncias fenólicas reveladas com solução

de ferricianeto de potássio/ cloreto férrico .................................. 60

Figura 15 – Detecção de substâncias redutoras reveladas com solução

de nitrato de prata amoniacal ....................................................... 60

Figura 16 – Curva de calibração da catequina para determinar o

conteúdo de substâncias fenólicas .............................................. 61

Figura 17 – Curva de calibração da quercetina para determinar o

conteúdo de flavonoides ............................................................... 63

Figura 18 – Capacidade de redução do ferro (Fe3+) pelos extratos

aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. rigida. ......................... 64

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Figura 19 – Capacidade de redução do ferro (Fe3+) pelos extratos

aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. tomentosa .................. 65

Figura 20 – Capacidade de redução do ferro (Fe3+) pelos extratos

aquoso, etanólico e hidroetanólico de C. impressa .................... 66

Figura 21 – Capacidade de sequestro do DPPH pelos extratos aquoso,

etanólico e hidroetanólico de L. rigida ......................................... 67

Figura 22 – Capacidade de sequestro do DPPH pelos extratos aquoso,

etanólico e hidroetanólico de L. tomentosa ................................ 67

Figura 23 – Capacidade de sequestro do DPPH pelos extratos aquoso,

etanólico e hidroetanólico de C.impressa ................................... 68

Figura 24 – Inibição da oxidação no sistema β-Caroteno/ácido linoleico

pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L.

rigida ............................................................................................... 70

Figura 25 – Inibição da oxidação no sistema β-Caroteno/ácido Linoleico

pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L.

tomentosa ....................................................................................... 70

Figura 26 – Inibição da oxidação no sistema β-Caroteno/ácido Linoleico

pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de

C.impressa ...................................................................................... 71

Figura 27 – Inibição da produção de SRAT pelos extratos aquoso,

etanólico e hidroetanólico de L. rigida ......................................... 73

Figura 28 – Inibição da produção de SRAT pelos extratos aquoso,

etanólico e hidroetanólico de L. tomentosa. ............................... 74

Figura 29 – Inibição da produção de SRAT pelos extratos aquoso,

etanólico e hidroetanólico de C.impressa. .................................. 74

Figura 30 – Capacidade de sequestro do DPPH pelas frações hexânica,

clorofórmica e acetato de etila do extrato hidroetanólico de

C.impressa ...................................................................................... 76

Figura 31 – Espectro de RMN 1H (500 MHz, MeOD/CDCl3) da FH ................... 78

Figura 32 – Espectro de RMN 1H (500 MHz, MeOD/CDCl3) da FC ................... 79

Figura 33 – Espectro de RMN 1H (500 MHz, MeOD/CDCl3) da FA,

destacando-se a região referente aos hidrogênios

aromáticos. ..................................................................................... 81

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Endemismos da família Chrysobalanaceae na Mata Atlântica. ...... 31

Tabela 2 – Teor de fenólicos totais nos extratos das espécies analisadas ..... 61

Tabela 3 – Teor de flavonoides totais nos extratos brutos analisados ............ 63

Tabela 4 – Teor de flavonoides totais nas frações hexânica, clorofórmica e

acetato de etila do extrato hidroetanólico de C. impressa ............. 75

Tabela 5 – Resultados do consumo de ração e água e peso dos animais ....... 82

Tabela 6 – Resultados dos parâmetros hematológicos ..................................... 84

Tabela 7 – Resultados dos parâmetros bioquímicos ......................................... 86

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Moléculas isoladas de algumas espécies da família

Chrysobalanaceae. ........................................................................ 38

QUADRO 2 – Parâmetros utilizados para avaliar alguns aspectos de

toxicidade dos extratos das plantas em estudo nos animais

tratados. .......................................................................................... 56

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 23

2.1 ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO .......................................................... 24

2.2 PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA ............................................................................. 25

2.3 SISTEMAS DE DEFESA ANTIOXIDANTE .................................................... 26

2.4 ANTIOXIDANTES NATURAIS ....................................................................... 28

2.5 FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE ................................................................. 30

2.5.1 Licania rigida Benth. .......................................................................... 32

2.5.2 Licania tomentosa (Benth.) Fritsch ................................................... 33

2.5.3 Couepia impressa Prance .................................................................. 34

2.6 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE ................. 36

2.7 ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DA FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE ....... 39

2.8 ESTUDO DA TOXICIDADE ........................................................................... 39

2.8.1 Toxicidade aguda ............................................................................... 40

3. OBJETIVOS ................................................................................................... 41

3.1. GERAL .......................................................................................................... 42

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 42

4 METODOLOGIA .................................................................................................. 43

4.1 REAGENTES QUÍMICOS .............................................................................. 44

4.2 MATERIAL VEGETAL ................................................................................... 44

4.2.1 Obtenção dos extratos ....................................................................... 44

4.2.2 Fracionamento por partição líquido/líquido do extrato

hidroetanólico de C. impressa .......................................................... 45

4.3 ANIMAIS ........................................................................................................ 46

4.3.1 Coleta de material ............................................................................... 46

4.3.2 Preparação do homogenato de cérebro de rato .............................. 46

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4.4 DETECÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS COM CAPACIDADE

ANTIOXIDANTE ........................................................................................... 47

4.4.1 Cromatografia em Camada Delgada ................................................. 47

4.4.2 Determinação do teor de fenólicos totais ......................................... 48

4.4.3 Determinação do teor de flavonoides totais .................................... 49

4.4.4 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de

Hidrogênio (RMN 1H) das frações hexânica, clorofórmica e

acetato de etila do extrato hidroetanólico de C. impressa ............. 50

4.5 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE IN VITRO ........................ 51

4.5.1 Determinação do poder redutor ........................................................ 51

4.5.2 Sequestro do radical livre DPPH ....................................................... 51

4.5.3 Atividade antioxidante no sistema β-caroteno/ácido linoleico ....... 52

4.5.4 Inibição da peroxidação lipídica em cérebro de rato ...................... 53

4.6 TESTE DE TOXICIDADE AGUDA DOS EXTRATOS AQUOSOS EM

RATOS ......................................................................................................... 55

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................ 56

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 57

5.1 DETECÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS COM CAPACIDADE

ANTIOXIDANTE ........................................................................................... 58

5.1.1 Cromatografia em Camada Delgada ................................................. 58

5.1.2 Determinação de fenólicos totais ................................................................ 61

5.1.3 Determinação de flavonoides totais ................................................. 62

5.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE NOS EXTRATOS

BRUTOS IN VITRO ...................................................................................... 64

5.2.1 Determinação do poder redutor ........................................................ 64

5.2.2 Sequestro do radical livre DPPH ....................................................... 66

5.2.3 Inibição da oxidação no sistema β-caroteno/ácido linoleico.......... 69

5.2.4 Inibição da peroxidação lipídica em homogenato de cérebro ........ 72

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5.3 AVALIAÇÃO DAS FRAÇÕES FH, FC E FA DO EXTRATO

HIDROETANÓLICO DE C. IMPRESSA IN VITRO ....................................... 75

5.3.1 Determinação do teor de flavonoides totais nas frações FH, FC

e FA do extrato hidroetanólico de C. impressa ............................... 75

5.3.2 Sequestro do radical livre DPPH nas frações FH, FC e FA do

extrato hidroetanólico de C. impressa ............................................. 76

5.3.3 Análise espectroscópica das frações FH, FC e FA do extrato

hidroetanólico de C. impressa por RMN 1H ..................................... 77

5.4 TOXICIDADE AGUDA DOS EXTRATOS AQUOSOS EM RATOS................ 82

5.4.1 Parâmetros fisiológicos ..................................................................... 82

5.4.2 Parâmetros hematológicos ................................................................ 83

5.4.3 Parâmetros bioquímicos .................................................................... 85

6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

ANEXO A − Identificação botânica das plantas

ANEXO B − Aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL)

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19

1 INTRODUÇÃO

_______________________________________________________________

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20

Os produtos naturais são utilizados pela humanidade desde tempos

imemoriais. A busca por alívio e cura de doenças através da ingestão de

plantas talvez seja uma das primeiras formas de utilização de produtos

naturais. A medicina popular, portanto, é o resultado do acúmulo secular de

conhecimentos empíricos da ação de diversos grupos étnicos. O resgate

desses conhecimentos tradicionais e dos valores culturais tem sido alcançado

pela etnofarmacologia, a qual é definida como a exploração científica

interdisciplinar de agentes biologicamente ativos, empregados ou observados

pelo homem (RODRIGUES; CARLINI, 2003).

Um estudo etnofarmacológico precisa ter: componentes etnográficos

(descrição de povos, língua, raça e religião); detalhes sobre a parte usada do

vegetal, usos, tipo de preparação medicinal, dosagem e modo de

administração; uma exsicata do material com nome do coletor, números da

coleção e do depósito em herbário, como uma base para identificação

taxonômica e futuras referências de uma dada planta (SOEJARTO, 2005).

O uso de plantas medicinais não se restringe a zonas rurais ou a regiões

desprovidas de assistência médica e farmacêutica, mas ao meio urbano, como

forma alternativa ou complementar à medicina oficial, sendo um fenômeno

social da atualidade, caracterizado pelas inter-relações biológicas, sociais,

culturais e econômicas. Tudo isso concatenado às ciências da pós-

modernidade, que ressaltam uma mudança de paradigma, saindo do modelo

cartesiano e reducionista para um modelo holístico com a valorização do todo,

em que se incluía a relação do homem com a natureza e a utilização de

recursos naturais de forma sustentável. Assim, o uso de plantas medicinais e

medicamentos fitoterápicos são estimulados, principalmente por movimentos

sociais, em decorrência do baixo custo e do não acesso aos serviços de saúde

por usuários do Sistema Único de Saúde.

Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2010),

85% da população mundial utilizam plantas medicinais para o tratamento

primário da saúde. No Brasil, 82% da população fazem uso de produtos à base

de plantas. Assim, o setor fitoterápico movimenta anualmente R$ 1 bilhão em

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21

toda a sua cadeia produtiva, empregando mais de 100 mil pessoas (ABIFISA,

2004).

Dentre os medicamentos comercializados no mundo, cerca de 40% têm

origem direta ou indireta em fontes naturais; 78% e 74% de medicamentos

antibacterianos e antitumorais, respectivamente, são derivados de produtos

naturais (SIANI; MICHILES, 2005). Por exemplo, substâncias isoladas de

Catharanthus roseus são utilizadas no tratamento da leucemia infantil e da

doença de Hodgkin, sem que haja conhecimento médico de sua origem

(VIEGAS JÚNIOR et al., 2006).

As informações referentes ao modo tradicional de preparo, quando

analisadas sob o ponto de vista químico, podem contribuir fortemente para

estabelecer hipóteses quanto à identidade dos princípios ativos, visando

elucidar a ação farmacológica (NUNES, 1996). Atualmente, uma das atividades

mais pesquisadas é o poder antioxidante de plantas. As moléculas com ação

antioxidante estão presentes em todas as partes da planta. Dentre as várias

moléculas sintetizadas pelas plantas durante o metabolismo secundário, de

grande ocorrência, podem ser citados os polifenóis, constituídos de ácidos

fenólicos e flavonoides (MANCINI-FILHO, 2003), que estão sendo utilizadas em

várias doenças, inibindo a formação de espécies reativas de oxigênio (ERO) e

nitrogênio (ERN) (RATNAM et al., 2006; HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007).

Portanto, é importante que a seleção de espécies vegetais para

pesquisa e desenvolvimento, fundamentada na alegação de um dado efeito

terapêutico em humanos, possa constituir um valioso atalho para a descoberta

de fármacos, pois o uso tradicional pode ser encarado como uma pré-triagem

quanto à utilidade terapêutica em humanos (ELISABETSKY, 2007). Nesse

contexto, insere-se o aproveitamento da diversidade da flora regional e o

conhecimento popular do emprego de L. rigida Benth., L. tomentosa (Benth.)

Fritsch e C. impressa Prance no tratamento do diabetes e reumatismo,

doenças degenerativas com envolvimento de espécie reativas do oxigênio.

Diante do exposto, o presente estudo avaliou a capacidade antioxidante

in vitro dos extratos aquoso, hidroetanólico e etanólico de L. rigida Benth., de L.

tomentosa (Benth.) Fritsch e de C. impressa Prance. Também foi realizado um

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estudo in vivo com os extratos aquosos das referidas plantas para avaliar a

toxicidade aguda, visando a um melhor conhecimento do potencial e do

aproveitamento racional dessas espécies, tendo em vista a sua provável

aplicação fitoterápica, considerando a ampla gama de empregos na medicina

popular.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

_______________________________________________________________

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2.1 ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO

Atualmente, há um grande interesse no estudo de biomoléculas com

ação antioxidante devido, principalmente, às descobertas sobre o efeito dos

radicais livres no organismo. A oxidação é essencial para muitos organismos

vivos para a produção de energia, utilizada como combustível nos processos

biológicos, transformando lipídios em ácidos graxos poliinsaturados, gerando

espécies reativas de oxigênio (ERO), espécies reativas de nitrogênio (ERN) e

radicais livres (SARIKURKCU et al., 2008).

Em condições fisiológicas do metabolismo celular aeróbio, cerca de 95%

do oxigênio participa das reações intracelulares; o restante (5%) passa por um

processo de redução tetravalente, com aceitação de quatro elétrons, resultando

na formação de H2O. Durante esse processo formam-se intermediários

reativos, como o ânion superóxido (O2•¯), o radical hidroperoxil (HOO•), o

radical hidroxil (•OH) e o peróxido de hidrogênio (H2O2) (LETELIER et al.,

2008).

O O2•¯ é gerado continuamente por diversos processos celulares (cadeia

de transporte de elétrons na mitocôndria, no microssomo, através de enzimas

como xantina oxidase e NADPH oxidase), ou pela redução monoeletrônica de

O2. É um forte agente redutor e um fraco agente oxidante, porém pode formar

ERO (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007). Em fagócitos, como neutrófilos e

macrófagos, é um dos microbicidas mais importantes na defesa contra as

infecções (HATHERILL; TILL; WARD, 1991).

O HOO• representa a forma protonada do ânion superóxido, ou seja,

possui o próton hidrogênio. Há evidências indicando que o hidroperoxil é mais

reativo que o superóxido, devido à maior facilidade em iniciar a destruição de

membranas biológicas (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007).

O •OH é o mais reativo e mais lesivo radical conhecido e para o qual,

uma vez formado, o organismo humano não dispõe de mecanismo de defesa,

causa modificação no DNA (com modificação das bases e quebras das fitas),

danos nas proteínas, inativação enzimática e peroxidação lipídica. Ele é gerado

principalmente por radiação ionizante e em reação com metais de transição, a

partir da reação de Fenton ou de Haber-Weiss, ou ainda pode surgir como

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produto da reação entre o radical ânion superóxido e peróxido de hidrogênio

(VASCONCELOS et al., 2007).

O H2O2 é um Intermediário formado pela reação de dismutação do

O2•¯catalisada pela enzima SOD, pela redução de 2 elétrons na molécula de O2

e pela ação de diversas enzimas oxidases in vivo, localizadas nos

peroxissomas. É um fraco agente oxidante e um fraco agente redutor, reage

lentamente com tióis, com sais de ferro e cobre reduzidos, com proteínas heme

e peroxidases para iniciar reações radicalares e peroxidações lipídicas

(YOSHIDA; CAMPOS, 2005).

O oxigênio singlet (1O2) é a forma excitada do oxigênio molecular e não

possui elétrons desemparelhados em sua última camada, sendo importante em

vários eventos biológicos, porém poucas doenças foram relacionadas à sua

presença (KARIHTALA; SOINI, 2007).

A formação de ERO é uma consequência natural do metabolismo

aeróbico e é importante para manter a homeostase de oxigênio nos tecidos.

Entretanto, um aumento significativo na produção de ERO leva ao desequilíbrio

entre pró- e antioxidantes em favor dos primeiros, o que acarreta a ruptura da

sinalização e o controle redox e/ou dano molecular, resultando no

envelhecimento e em doenças degenerativas, tais como, aterosclerose,

diabetes, câncer e cirrose (SCHNEIDER; OLIVEIRA, 2004).

2.2 PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA

A oxidação de lipídios depende de várias reações, cujos mecanismos

são extremamente complexos, relacionados ao tipo de estrutura lipídica e ao

meio onde este se encontra. O tipo de interface entre os lipídios e o oxigênio

(fase lipídica contínua, dispersa ou em emulsão), a exposição à luz e ao calor,

a presença de pró-oxidantes (e.g., íons metálicos de transição) ou de

antioxidantes são fatores determinantes para a estabilidade dos lipídios e,

consequentemente, para as membranas celulares (GALLEANO, 2010).

As ERO (e.g., •OH, O2•¯e ROO•) causam danos ao DNA e podem

oxidar lipídios e proteínas. Essas espécies atacam as cadeias de ácidos graxos

poliinsaturados (LH) de fosfolipídios e do colesterol, e, ao sequestrar um

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hidrogênio do grupo metileno bis-alílico, iniciam o processo de peroxidação

lipídica nas membranas celulares (OMONI; ALUKO, 2005). Essa sequência de

reações leva à formação do L• (radical alquil lipídico). A figura 1 mostra a

propagação, o L• que reage rapidamente com o O2, resultando em LOO•

(radical peroxil lipídico), que, por sua vez, ao sequestrar um hidrogênio do

ácido graxo poliinsaturado, forma um novo L•. O término da peroxidação

lipídica ocorre quando os radicais (L• e LOO•), produzidos nas etapas

anteriores, combinam-se e geram espécies não-radicalares (GALLEANO,

2010).

Figura 1 – Esquema da peroxidação lipídica, resultando na formação em cadeia de

inúmeros radicais lipídicos (Adaptado de FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

2.3 SISTEMAS DE DEFESA ANTIOXIDANTE

Um antioxidante é qualquer substância que, quando presente em baixa

concentração, comparada à do substrato oxidável, regenera o substrato ou

previne significativamente a oxidação deste (HALLIWELL; GUTTERIDGE,

2007).

Os antioxidantes constituem uma gama de substâncias que agem em

diferentes níveis, protegendo os sistemas biológicos dos efeitos deletérios de

processos ou de reações de oxidação de macromoléculas (proteínas, lipídios,

carboidratos e DNA). Inibem a formação de ERO, ERN ou de seus precursores;

reduzem hidroperóxidos, peróxidos orgânicos e inorgânicos e capturam íons

metálicos ou removem radicais livres, reparando os danos ocasionados. Além

. .

. .

. .

. .

. .

LH + OH L + H2O INICIAÇÃO

L + O2 LOO PROPAGAÇÃO

LH + LOO L + LOOH PROPAGAÇÃO

LOO + L LOOL TERMINAÇÃO

LOO LOO+ LOOL + O2 TERMINAÇÃO

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disso, alguns antioxidantes têm a capacidade de induzir a biossíntese de outros

antioxidantes ou enzimas de defesa (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007).

Em sistemas aeróbicos, o equilíbrio entre agentes óxido-redutores (e.g.,

ERO) e o sistema de defesa antioxidante é essencial. Assim, muitos

organismos possuem sistemas de defesa antioxidante enzimático (superóxido

dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx) e não-

enzimático, como a glutationa (GSH), principal composto antioxidante

intracelular. Antioxidantes provenientes da dieta, como o α-tocoferol (vitamina

E), β-caroteno (pro-vitamina A), ácido ascórbico (vitamina C) e flavonoides são

substâncias utilizadas para essa finalidade, por atuarem na redução de radicais

livres, sendo as moléculas mais estudadas (WU et al., 2005).

A SOD corresponde a uma família de enzimas com diferentes grupos

prostéticos em sua composição. Em eucariontes, há duas formas de SOD, a

SOD-cobre-zinco e a SOD-manganês, presentes no citosol e na mitocôndria,

respectivamente. Essa enzima também tem papel antioxidante ao catalisar a

dismutação do radical ânion superóxido em H2O2 e O2, na presença do próton

H+ (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007).

A CAT, uma hemeproteína citoplasmática, catalisa a redução do H2O2 a

H2O e O2. Essa enzima é encontrada no sangue, medula óssea, mucosas, rins

e fígado. Embora essa enzima seja capaz de decompor H2O2, é praticamente

inativa frente a hidroperóxidos orgânicos, diferentemente da GPx, que é

altamente ativa contra esses compostos (VASCONCELOS et al., 2007).

A GPx catalisa a redução do H2O2 e peróxidos orgânicos para seus

correspondentes alcoóis pela conversão da GSH a GSSG. Embora a GPx

tenha ação fundamentalmente citosólica, in vitro ela é capaz de reduzir

hidroperóxidos de membrana (SHARADAMMA et al., 2011).

A glutationa reduzida (GSH, L-"-glutamil-L-cisteinil-glicina), presente na

maioria das células, é o antioxidante mais abundante no meio intracelular. Sua

capacidade redutora é determinada pelo grupamento -SH, presente na cisteína.

A glutationa reduzida (GSH) age como um agente sequestrante de radical com

ação redox, e ao reagir com oxidantes, produz, consequentemente, a glutationa

oxidada (GSSG), via enzima GPx, que a utiliza como substrato para eliminar

peróxidos. A exposição da GSH ao agente oxidante provoca sua oxidação à

GSSG (VASCONCELOS et al., 2007).

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A regeneração da GSH é feita pela enzima glutationa redutase (GR),

uma etapa essencial para manter íntegro o sistema de proteção celular. A GR é

uma flavoproteína NADPH-dependente e, portanto, dependente da integridade

da via das pentoses. A diminuição do fornecimento de NADPH, por exemplo,

no jejum e na deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), prejudica

a função da GR (YOSHIDA; CAMPOS, 2005).

Além dos antioxidantes citados, o α-tocoferol confere proteção à

membrana celular ao sequestrar os oxidantes produzidos durante a

lipoperoxidação. Essa molécula é um importante antioxidante lipofílico, cuja

função pode estar limitada em situações de sobrecarga de ferro. O β-caroteno

interage com as ERO especialmente quando ocorrem baixas tensões de O2,

enquanto a vitamina E mostra-se mais eficiente quando há altas tensões de O2

no meio. A vitamina C, ou ascorbato, é um antioxidante hidrossolúvel que pode

neutralizar diretamente as ERO; porém, em altas concentrações ou quando

exposta a um metal, pode agir como pró-oxidante provocando lipoperoxidação

(OSIECKI et al., 2010).

2.4 ANTIOXIDANTES NATURAIS

Produtos naturais com atividade antioxidante utilizados para auxiliar o

sistema protetor endógeno têm despertado o interesse na pesquisa por

moléculas antioxidantes derivadas de plantas. As propriedades curativas de

plantas medicinais e a sabedoria popular contribuem para o conhecimento do

uso terapêutico, comprovados por estudos farmacológicos (KARAGÖZLER et

al., 2008).

Os antioxidantes naturais são essencialmente substâncias de natureza

polifenólica que podem estar presentes em todas as partes da planta. As

plantas superiores sintetizam e acumulam uma grande diversidade dessas

moléculas em decorrência do metabolismo secundário, desde moléculas

simples como os ácidos fenólicos, até moléculas altamente polimerizadas,

como os taninos condensados (GALLEANO et al., 2010).

Um dos principais grupos de antioxidantes fenólicos são os flavonoides

biossintetizados a partir da via dos fenilpropanoides e do acetato, precursores

de vários grupos de substâncias, como aminoácidos alifáticos, terpenoides,

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ácidos graxos, dentre outros. Quimicamente, os flavonoides são definidos

como uma família de polifenóis que têm uma estrutura básica de dois anéis

aromáticos (A e B) ligados através de três carbonos que frequentemente

formam um heterociclo oxigenado (anel C). Diferentes arranjos de grupos

carbonila e/ou hidroxila e duplas ligações carbono-carbono na estrutura básica

definem os diferentes subgrupos de flavonoides, como mostrado na Figura 2

(CROZIER et al., 2009).

Figura 2 – Estrutura básica dos flavonoides e de diferentes subgrupos de flavonoides (MARÇO et al., 2008).

Os flavonoides participam de importantes funções no crescimento,

desenvolvimento e na defesa dos vegetais contra o ataque de patógenos,

estando presentes na maioria das plantas, principalmente em sementes, frutos,

cascas, raízes, folhas e flores. As plantas medicinais contendo flavonoides são

utilizadas há milhares de anos na medicina oriental, porém são pouco

empregadas terapeuticamente na medicina popular ocidental, embora possuam

atividade antioxidante em termos de proteção e no tratamento de doenças

degenerativas mediadas por estresse oxidativo (DORNAS et al., 2007).

A atividade antioxidante dos flavonoides deve-se, possivelmente, a sua

propriedade redox através da absorção e da neutralização de radicais livres ou

da decomposição de peróxidos, podendo vir a apresentar efeitos

farmacológicos, como anti-histamínico (NITTA et al., 2007), antibacteriano

(ROMERO et al., 2007), cardiovascular (LORENZ et al., 2007), dentre outros.

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Todavia, os mecanismos fisiológicos ligados às características químicas

antioxidantes dos polifenóis com seus efeitos sobre a saúde ainda estão

sujeitos a discussão (GALLEANO et al., 2009).

A busca de moléculas antioxidantes fundamenta-se principalmente em

plantas usadas pela medicina popular. Há diversos exemplos de plantas cujos

extratos ou moléculas isoladas possuem atividade antioxidante in vitro

comprovada. Como exemplos podem ser citados marcela (Achyrocline

satureioides (Lam.) D.C.) (DESMARCHELIER et al., 1997), e pariparoba

(Pothomorphe umbellata L.), da qual foi isolado o 4-nerolidilcatecol (BARROS

et al, 1996). Ainda nesse contexto, pode ser citado o extrato de folhas e flores

de Carduus marianus, utilizado no tratamento de distúrbios hepáticos

(STICKEL; SCHUPPAN, 2007), e os extratos de Turnera ulmifolia L., com

potencial antioxidante maior que o α-tocoferol (NASCIMENTO et al., 2006).

2.5 FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE

Chrysobalanaceae, ordem Rosales e superordem Rosiflorae, é uma

família com distribuição pantropical, principalmente nas Américas Tropical e

Subtropical, na África e na Ásia, incluindo 20 gêneros e mais de 500 espécies

(HEWOOD et al., 2007). Essa família é constituída de árvores, arbustos ou

raramente subarbustos. Suas folhas são simples, alternas, com estípulas

frequentemente caducas, enquanto as flores são actinomorfas ou zigomorfas,

diclamídeas, heteroclamídeas, 5- ou 4-meras, monoclinas, oligo-, iso- ou

polistêmones, hipóginas; androceu com filetes livres ou unidos na base,

anteras com deiscência longitudinal; gineceu unilocular com 2 óvulos basais

eretos ou bilocular com 1 óvulo por lóculo, estilete geralmente ginobásico. O

fruto é uma drupa, seca ou carnosa; sementes com endosperma escasso e

embrião conspícuo (GIULIETTI et al., 2009).

No Brasil, ocorrem sete gêneros e cerca de 250 espécies, a maioria na

região amazônica, junto às florestas de terras baixas (SOUZA; LORENZI,

2008), exaustivamente estudadas por Prance (1972, 1976, 1989). Na Mata

Atlântica, encontram-se seis gêneros e 59 espécies, sendo 80% delas

endêmicas. Os gêneros Coeupia e Licania são os melhores representantes em

número de endemismos (Tabela 1), cuja maior riqueza é encontrada no

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Corredor Central da Mata Atlântica, entre o Espírito Santo e o sul da Bahia

(Figura 3).

Tabela 1 – Endemismos da família Chrysobalanaceae na Mata Atlântica.

Gênero

Número de espécies

Mundo Brasil Mata Atlântica

Total Endêmicas

Chrysobalanus 03 01 01 00 Couepia 71 57 16 16 Exellodendron 05 06 02 01 Hirtella 107 62 14 09 Licania 214 110 21 15 Parinari 039 012 05 04

Fonte: Departamento de Botânica/ICB/UFMG, 2008.

Figura 3 – Distribuição geográfica da família Chrysobalanaceae na Mata Atlântica. Fonte: Departamento de Botânica/ICB/UFMG, 2008.

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Na região Nordeste do Brasil, algumas dessas espécies estão

amplamente distribuídas, como é o caso de L. rigida Benth. L. tomentosa

(Benth.) Fritsch e C. impressa Prance.

2.5.1 Licania rigida Benth.

L. rigida Benth. (Figura 4) popularmente conhecida como oiticica [F.: oiti

+ - cica, do tupi ï'sika], é uma árvore que atinge até 15 metros de altura, com

tronco grosso, ramificando-se a pouca distância do solo, cujos galhos, quando

jovens, são lanosos a tomentosos, tornando-se depois glabros e lenticulados.

Suas folhas (Figura 4A) são oblongas e elípticas, 6 a 13 cm de comprimento,

2,8 a 6,5 cm de largura, coriáceas, arredondadas a retusas no ápice,

arredondadas a cordifoliadas na base, glabras e brilhantes na parte superior, a

superfície inferior com nervações reticuladas profundas, descrevendo as

cavidades estomáticas, com pubescência lanosa entre as nervações, mas não

sobre estas; nervura central ligeiramente levantada, pelos muito finos para a

base quando jovens; 11 a 16 pares de veias primárias, proeminentes na

superfície inferior, ligeiramente virada para cima, pecíolos com 5 a 8 cm de

comprimento, tomentosos quando jovens, tornando-se glabracentes com a

idade, seção transversal circular, com duas glândulas sésseis. Suas estípulas

são lineares, com 10 mm de comprimento, membranosas e caducas, e suas

inflorescências racemosas (panículas), com raques e ramos tomentosos-cinza.

As flores (Figura 4B) são amarelas, com 2,5 a 3,5 mm de comprimento, em

pequenos grupos, sésseis em ramos primários da inflorescência, com brácteas

e bractéolas com 1,5 a 2,5 mm de comprimento, ovais, tomentosas no exterior,

persistente, toda serrilhada e sem glândulas e um receptáculo campanulado,

tomentoso-cinza no exterior, tomentoso por dentro; pedicelo com 0,5 mm de

comprimento. O cálice possui lobos agudos, tomentosos no exterior e

tomentosos por dentro. As flores apresentam 5 pétalas, densamente

pubescentes e 14 estames, igualando aos filamentos dos lobos do cálice,

conatos sobre cerca da metade da base, densamente pubescentes. O ovário

acompanha a base do receptáculo, vilosidades. O estilete é igual aos lobos do

cálice, quase no ápice das vilosidades (PRANCE, 1972). Os frutos (Figura 4C)

dessa planta são drupáceos elípticos, 4 a 5,5 cm de comprimento; epicarpo

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liso, seco e verde, mesmo quando maduro, mas se torna marrom esverdeado

quando seco; mesocarpo fino, fibroso, frágil e fibras dispostas

longitudinalmente, promovendo deiscência longitudinal, esparsamente

pubescente por dentro e semente única de igual formato em relação ao fruto

(LORENZI; MATOS, 2002).

Figura 4 – Licania rigida. Detalhes de folhas (A), flores (B) e frutos (C). Fonte: Galeria pública do Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura – NEEF/DZ/CCA/UFC.

2.5.2 Licania tomentosa (Benth.) Fritsch

L. tomentosa (Benth.) Fritsch (Figura 5), denominada oiti, oiti-da-praia,

oiti-cagão ou oiti-mirim [F.: do tupi, de or. contrv., posv. gwi'ti], é uma árvore

frondosa de cerca de 20 m de altura, ramos jovens tomentosos-lanosos, logo

se tornando glabros, cujas folhas oblongo-elípticas a oblongo-lanceoladas,

cartáceas, possuem de 4,5 a 12 cm de comprimento, 1,5 a 4,5 cm de largura,

apiculada-acuminada no ápice, com acúmen de 2 a 4 mm de comprimento,

cuneifoliado a subcuneifoliado na base, farináceas-lanosas em ambas as

superfícies quando jovens, tornando-se glabras com a idade; a base da lâmina

com duas glândulas, mas outras glândulas paliçadas estão ausentes; nervura

central ligeiramente levantada para cima, lanosas-pubescentes quando jovens,

7 a 10 pares de veias primárias, finas, ligeiramente levantadas para cima

abaixo do nível, ou quase isso, e acima imperceptível; pecíolos com 4 a 6 mm

de comprimento, lanosos quando jovens, tornando-se glabros com a idade,

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com duas glândulas, canaliculadas pouco profundas. Suas estípulas são

caducas, lineares, membranosas e intrapeciolares, de inflorescência pouco

ramificada, racemosa (racemos ou panículas), predominantemente axilares, a

raque escassamente tomentosa-cinza. Suas flores (Figura 5A) são brancas,

com 3 mm de comprimento, solitárias, mas densamente povoadas ao longo da

raque, cujo receptáculo é campanulado, escassamente tomentoso-cinza no

exterior, tomentoso por dentro; pedicelo com 1 a 2 mm de comprimento. O

cálice possui lobos agudos, tomentosos no exterior e pelos muito finos por

dentro. As flores apresentam 5 pétalas, quase glabras, com margens ciliadas e

30 estames inseridos em um círculo completo; filamentos muito superiores aos

lobos do cálice, conatos ligeiramente na base. Seu ovário está inserido na base

do receptáculo, lanoso. O hirsuto do estilete é maior que o seu comprimento,

igualando ou excedendo os filamentos (PRANCE, 1972). Seus frutos (Figura

5B) são drupáceos oblongos; epicarpo liso, seco e marrom, amarelo quando

maduro; pericarpo espesso, frágil, fibroso, glabro por dentro, de cheiro

desagradável e com semente grande (PIO CORREA, 1974).

Figura 5 – Licania tomentosa. Detalhes de flores (A) e frutos e folhas (B). Fonte: Fotos de E. Giacon e A. Mezzono.

2.5.3 Couepia impressa Prance

C. impressa Prance (Figura 6), largamente distribuída na Mata Atlântica

do Nordeste do Brasil, é conhecida vulgarmente como goiti. Essa espécie, de

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hábito arbóreo, tem ramos jovens glabros com estípulas de cerca de 2 mm de

comprimento, subuladas e decíduas. Suas folhas (Figura 6A) são alternas,

pecioladas; pecíolos de 6 a 12 mm de comprimento, glabros,

supracanaliculados e sem glândulas; lâminas oblongas a oblongo-lanceoladas,

11 a 18,5 cm de comprimento, 4 a 6 cm de largura, ápice com acúmen de 3 a 7

mm de comprimento abruptamente reduzido, base rotunda ou arredondada,

supraglabras, súbitas, esparsas e pubescentes; nervura central glabra; 18 a 23

cortes secundários, súbitos, proeminentes e supraimpressos. As flores (Figura

6A) estão dispostas em panículas terminais, densas e griseo-pubescentes, com

brácteas e bractéolas ovais de 2 a 3,5 mm de comprimento e um receptáculo

subcampanulado com 6 a 7mm de comprimento, curvado para cima, exterior

griseo-púbere, subabertura interior com pelos longos, deflexos, densos e

tomentosos, contra uma base glabra. O cálice tem 5 lobos e acúleo, 5 pétalas,

decíduas e com margens curtas ciliadas, 15 a 17 estames, dispostos na ordem

de 2/3 da base e curtos conatos. O ovário está inserido na base do

receptáculo, vilosidades. Seu estilete está saltado na base do ovário, meio

pubescente (PRANCE, 1972). Seu fruto (Figura 6B) é oval com pericarpo pardo

amarelado, verrucoso, pouco espesso, unido a uma massa granulosa,

espessa, doce-ácida, adstringente, de cor amarela, de sabor agradável e com

semente grande (PIO CORREA, 1974).

Figura 6 – Couepia impressa. Detalhes de folhas e flores (A) e frutos (B). Fonte: Fotos de J. B. M. Macêdo.

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2.6 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE

Quanto à composição química, diversas moléculas têm sido isoladas de

espécies dessa família (QUADRO 1). Os estudos químicos são ainda

incipientes, contudo flavonoides, terpenoides (diterpenos e triterpenos),

esteroides e taninos têm sido isolados (CASTILHO et al., 2000). Do gênero

Licania, estudos mostraram, principalmente, o isolamento de flavonóides e

triterpenoides. Os flavonoides foram isolados de Licania densiflora, L.

heteromorpha, L. carii e L. pittieri e são, em sua maioria derivados do

campferol, quercetina e miricetina (BRACA et al., 1999a; BRACA et al., 1999b;

BILIA; MENDEZ; MORELLI, 1996; MENDEZ et al., 1995). Já os triterpenoides

são do tipo oleanano, ursano e lupano. De L. licaniaeflora isolaram-se ácido

oleanólico, ácido maslínico, ácido 3-O-arabinosídeo-oleanólico, ácido

betulínico, arjunetina, ácido tormêntico, ácido pomólico, entre outros (BRACA et

al., 2001). Já em L. heteromorpha isolaram-se ácido betulínico, derivados do

ácido alfitólico e do ácido maslínico (BRACA et al., 2000). Em L. carii isolaram-

se os ácidos betulínico, ursólico e maslínico (BILIA; MENDEZ; MORELLI, 1996)

e em L. pyrifolia, ácido 11α-hidroxibetulínico e ácido 6β-hidroxibetulínico (BILIA;

MORELLI, 1996). O estudo químico de L. tomentosa, uma espécie vegetal que

não apresenta pesquisas quanto a sua composição química, levou ao

isolamento e à caracterização de hidrocarbonetos, esteroides e triterpenos,

revelando assim uma quantidade grande de derivados da via do acetato-

mevalonato, na forma de triterpenos ácidos com esqueletos do tipo oleanano,

ursano e lupano, muito característicos do gênero Licania e da família

Chrysobalanaceae. Além de um licanolídeo, triterpeno inédito do tipo lupano

CASTILHO; KAPLAN (2008).

Quimicamente, o gênero Couepia não é muito estudado, porém de C.

paraensis foram isolados sitosterol, ácido oleanólico, ácido 3-acetiloleanólico,

naringenina, quercetina, rutina, ácido espinósico, 5-hidróxi-2,8-dimetil-6,7-

dimetóxicromona e 5-hidróxi-8-dimetil-6,7-desmetóxibenzopirano-4-ona

(SANDUJA; ALAM; EULER, 1983; SANDUJA et al., 1982).

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ESPÉCIE PARTE USADA EXTRATO COMPOSTOS ISOLADOS REFERÊNCIA Licania rigida Sementes Óleo Ácido licânico (ácido γ-keto-Δθκµ-octa-decatrienóico)

BROWN; FARMER (1935)

Licania pittieri Folhas Triterpenos e flavonóides (ácido ursólico; ácido oleanólico; catequina; epicatequina, quercetina; quercitrina, isoquercetina, hiperina e quercetina-3-arabinopiranosídeo)

MENDEZ; BILIA; MORELLI (1995)

Licania carii Cardozo Folhas - Triterpenos e flavonóides (ácido ursólico; ácido betulínico; 2 α-hidroxi ursólico ácido; ácido maslínico; β-sitosterol-3-O-glicosídeo; miricetina-3-(2”-xilosil) ramnosídeo; quercetina-3-(2”-xilosil) ramnosídeo; quercetina-3-glicosídeo; quercetina-3-galactosídeo; miricetina-3-glicosídeo; miricetina-3-galactosídeo; rutina; miricetina-3’-metil-3-rutinosídeo e miricetina-3-rutinosídeo)

BILIA MENDEZ; MORELLI (1996)

Licania pyrifolia Folhas - Triterpenos (ácido 11α-hidroxibetulínico; ácido 6β-hidroxibetulínico; ácido 2α, 3β-diidroxiup-12-en-28-óico 3-(éster 3’,4’-diidroxibenzoil) e ácido 2α, 3β, 27-triidroxiup-12-en-28-óico 3-( éster 3’,4’-diidroxibenzoil)

BILIA; MORELLI (1996)

Licania tomentosa Frutos Aroma 1-hexanol; 4-heptanol; butanoato de 3-metilbutila; hexanal; mirceno e butanoato de etenila (principais constituintes) e outros

ANDRADE et al. (1998)

Licania densiflora Folhas - Flavonóides (8-hidroxi-naringerina-4’-metil éter; miricetina 3’,4’-dimetil éter 3-O- β-D-glicopiranosídeo e 3-O-α-L-(2”-O-α-L-ramnopiranosídeo)-ramnopiranosídeo)

BRACA et al. (1999a)

Licania heteromorpha Partes aéreas Metanólico Flavonóides (miricetina 3,4’-di-O-α-L-ramnopiranosídeo; miricetina 7-metil éter 3,4’-di-O-α-L-ramnopiranosídeo e miricetina 4’-metil éter 3-O-β-D-galactopranosídeo)

BRACA et al. (1999b)

Licania heteromorpha Folhas e galhos jovens

- Triterpenos (ácido betulínico; ácido alfitólico; ácido alfitólico 3 beta-O-trans-p-coumaroil; ácido alfitólico 3 beta-O-cis-p-coumaroil; ácido maslínico 3 beta-O-trans-p-coumaroil e ácido maslínico 3 beta-O-cis-p-coumaroil)

BRACA et al. (2000)

Licania licaniaeflora (Sagot) Blake

Folhas - Triterpenos (ácido oleanólico; ácido maslínico; ácido olenólico 3-O-arabinosídeo; ácido betulínico; arjunetina; ácido tormêntico glicosil éster; ácido pomólico e oleano-12-en-2α,3β-diol)

BRACA et al. (2001)

Licania densiflora Folhas - Miricetinas glicosídicas (miricetina 3’-metil éter-3-O-glicosídeo; miricetina 3’-metil éter-3-O-galactosídeo; miricetina 4’-metil éter-3-O-ramnosídeo; miricetina 3’,5’-dimetil éter-3-O-glicosídeo e miricetina 3’,5’-dimetil éter-3-O-ramnosídeo)

BRACA et al. (2001)

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Licania intrapetiolaris Raiz Metanólico Diterpenos clerodanos (intrapetacina A e intrapetacina B) e triterpeno (cucurbitacina B)

OBERLIES et al. (2001)

Licania michauxii Prance Raiz - Diterpenos ent kaurenos (ácido licamichauxiióico-A e ácido licamichauxiióico-B)

CHAUDHURI et al. (2002)

Couepia ulei Casca Metanólico Compostos fenólicos ativos (eritro-2,3-bis(4-hidroxi-3-metoxifenil)-3-etoxipropano-1-ol e evofolina-B) e inativos (ácido betulínico, ácido oleanólico, ácido pomólico, (±)-siringaresinol e ácido ursólico)

JANG et al. (2004)

Licania tomentosa Frutos Hexânico e metanólico

Lactona triterpênica (licanolídeo 3β-hidroxilupano-20,28-olídeo)

CASTILHO; OLIVEIRA; KAPLAN (2005)

Licania arianeae Prance Folhas - Cromonas (quatro 5,7-diidroxi-2-alquilcromonas, quatro 5,7-diidroxi-6-alquilcromonas e duas 5,7-diidroxi-6,8-dicloro-2-alquilcromonas)

CARVALHO et al. (2005)

Chrysobalanus icaco Folhas Hidroetanólico Flavonóides (miricetina 3-O-glucuronídeo (miricitrina) e quercitrina) e outros derivados minoritários de miricetina

BARBOSA et al. (2006)

Licania tomentosa Frutos

Folhas

Hexânico

Hexânico Metanólico

Triterpenos ácidos (ácido betulínico; licanolídeo, uma nova lactona triterpênica; ácido oleanólico; lupeol) e ácidos graxos (ácido palmitoléico e ácido hexadecanóico). Lupeol e uma mistura de estigmaterol e sitosterol. Uma mistura de ácido tormêntico, ácido ursólico e ácido betulínico.

CASTILHO; KAPLAN (2008)

Licania arianeae Prance Folhas e Casca

- Triterpenos ácidos (ácido oleanóico e ácido ursânico) e Saponinas triterpênicas

CARVALHO et al. (2008)

Licania arianeae Prance Madeira

Folhas

- -

Ácido flavona-6-sulfônico (4’-O-metil-5,7-diidroxi-flavona-6-sulfonato, conhecido como niruriflavona) Saponina (ácido 3-O-[6’-O-4-hidroxibenzoil]-β-D-galactopiranosil-ursa-12-en-28-óico)

CARVALHO et al. (2009)

Licania tomentosa Frutos Óleo Hexanol; 3-hexanona-2-ol e hexanal (principais constituintes) e outros

CASTILHO; KAPLAN (2010)

QUADRO 1 – Moléculas isoladas de algumas espécies da família Chrysobalanaceae.

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2.7 ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DA FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE

Na medicina popular, espécies dessa família são utilizadas para diversos

fins. Na África, espécies do gênero Parinari são empregadas no tratamento da

malária (GESSLER et al., 1995), enquanto no Brasil, Chrysobalanus icaco e L.

rigida, para o tratamento do diabetes, cujos efeitos hipoglicemiantes e

diuréticos têm comprovação farmacológica (PRESTA; PEREIRA, 1987).

Os diterpenos encontrados nessa família mostram uma ampla

diversidade farmacológica; os obtidos de Parinari curatellifolia apresentam

citotoxicidade (LEE et al., 1996), enquanto os de C. icaco e P. capensis têm

potencialidade para o tratamento da AIDS (GUSTAFSON et al., 1991) e ação

antifúngica (GARO et al., 1997), respectivamente.

Do gênero Licania, L. tomentosa (BRAGA, 1960) é utilizada para o

tratamento empírico do diabetes (AGRA; FREITAS; BARBOSA-FILHO, 2007).

Miranda et al. (2002) mostraram que o extrato das sementes de L. tomentosa

inibiram a atividade do vírus herpes-simples. Os triterpenos (ácidos betulínico,

oleanólico e pomólico) isolados das folhas e frutos dessa planta apresentaram

atividade antitumoral contra linhagens de células leucêmicas (FERNANDES et

al., 2003; FERNANDES et al., 2005), o ácido oleanólico, isolado dos seus

frutos, também apresentou atividade leishmanicida (DELORENZI et al., 2003).

Com outras espécies, os flavonoides de L. licaniaeflora mostraram atividade

antioxidante (BRACA et al., 2002), enquanto o extrato metanólico de folhas e

raízes de L. michauxii induziu a apoptose (BADISA et al., 2000).

Estudos com folhas de C. grandiflora Benth. indicaram que essa planta

brasileira possui um grande potencial terapêutico, pois seus extratos

apresentaram atividade citotóxica, antioxidante e antibacteriana (ZUQUE et al.,

2004).

2.8 ESTUDO DA TOXICIDADE

A avaliação das possíveis propriedades tóxicas, de quaisquer

substâncias a que o homem está exposto, é de suma importância. No caso de

substâncias de origem natural, nota-se que o consumo de fitoterápicos vem

sendo impulsionado através da confiabilidade e inocuidade que o termo

"natural" exerce sobre as pessoas em geral. Embora propalados como naturais

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e, portanto, associados à ausência de efeitos adversos, os fitoterápicos podem

apresentar sérios efeitos tóxicos. A toxicidade de uma planta, em muitos casos,

é devida à própria natureza do vegetal, que, ao longo do caminho evolutivo,

incorpora ao seu código genético a capacidade de produzir substâncias para

vencer os desafios do ambiente e, assim, cumprir sua função de reproduzir-se

e manter-se em seu meio. O uso de plantas medicinais está baseado, na

maioria das vezes, em conhecimentos empíricos que são passados através

das gerações. No entanto, pouco se conhece sobre as possíveis propriedades

toxicológicas existentes nos extratos vegetais, cujas relações causa-efeito são

geralmente complexas e de difícil reconhecimento na população usuária dos

chás, infusões ou tinturas de plantas (LAPA et al., 2007).

2.8.1 Toxicidade aguda

Um dos primeiros testes realizados para a avaliação do potencial tóxico

de quaisquer substâncias é o teste de toxicidade aguda. A dose letal mediana

(DL50) e outros efeitos tóxicos podem ser determinados após administração

aguda por uma ou mais vias (rota de exposição) em uma ou mais espécies

(ratos e camundongos são as espécies mais frequentemente usadas). Os

estudos são realizados em animais adultos de ambos os sexos, e verifica-se o

número de animais que morrem durante o período de observação de 14 dias. A

avaliação dos resultados permite conhecer a espécie ou o sexo mais sensível.

Além de dados de mortalidade e peso corporal, podem ser avaliados outros

parâmetros, como sinais de intoxicação, letargia, mudanças comportamentais,

morbidade e alteração no consumo de alimento. Os testes de toxicidade aguda

fornecem: 1) uma estimativa quantitativa de toxicidade aguda em comparação

com outras substâncias; 2) a identificação dos órgãos-alvo ou outras

manifestações clínicas agudas; 3) o estabelecimento do caráter reversível das

respostas tóxicas; e 4) um guia de doses para outros estudos (OECD, 2001;

BRASIL, 2004).

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3. OBJETIVOS

_______________________________________________________________

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3.1. GERAL

Avaliar a capacidade antioxidante in vitro e a toxicidade aguda in vivo de

extratos de folhas de L. rigida Benth., L. tomentosa (Benth.) Fritsch e C.

impressa Prance (Chrysobalanaceae).

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Prospecção fitoquímica dos extratos aquoso, hidroetanólico e etanólico

das plantas em estudo pela cromatografia em camada delgada;

2. Quantificar teores de fenólicos e flavonoides totais nos extratos brutos;

3. Determinar a capacidade antioxidante dos extratos brutos mediante o

sistema β-caroteno/ácido linoleico, o poder redutor e o sequestro do

radical livre DPPH;

4. Avaliar a capacidade dos extratos brutos em inibir a peroxidação lipídica

espontânea em homogenato de cérebro de rato;

5. Avaliar a toxicidade aguda dos extratos aquosos das plantas em estudo,

utilizando-se parâmetros fisiológicos, hematológicos e bioquímicos;

6. Fracionar por partição líquido/líquido o extrato bruto que apresentar a

melhor capacidade antioxidante;

7. Quantificar teores de flavonoides totais nas frações do extrato bruto que

apresentar a melhor capacidade antioxidante;

8. Determinar o sequestro do radical livre DPPH nas frações do extrato

bruto que apresentar a melhor capacidade antioxidante;

9. Analisar por Espectroscopia de RMN 1H as frações do extrato bruto que

apresentar a melhor capacidade antioxidante.

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4 METODOLOGIA

_______________________________________________________________

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4.1 REAGENTES QUÍMICOS

Ácido tiobarbitúrico (TBA), ácido tricloroacético (TCA), ácido linoleico, β-

caroteno, catequina, quercetina, Carduus marianus (silimarina), 1,1-difenil-2-

picrilhidrazil (DPPH), reagente de Folin-Ciocalteu e Tween 20 foram adquiridos

da Sigma-Aldrich Co. (St. Louis, MO, USA). Todos os outros reagentes

químicos utilizados foram de grau analítico.

4.2 MATERIAL VEGETAL

Folhas das espécies L. rigida Benth., L. tomentosa (Benth.) Fritsch e C.

impressa Prance (Família Chrysobalanaceae) foram identificadas

taxonomicamente pela Profª Drª Maria Iracema Bezerra Loiola (Anexo A) e um

exemplar de cada espécie foi depositado no Herbário do Departamento de

Botânica, Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UFRN (Figura 7). As folhas foram coletadas entre os meses de Março e Abril

de 2009 no Estado do Rio Grande do Norte, conforme a seguinte descrição:

Planta Nº da exsicata Local de coleta

L. rigida Benth. 8206 Florânia, Microrregião da Serra de

Santana, Mesorregião do Central

Potiguar

L. tomentosa (Benth.)

Fritsch

8207 Natal, Microrregião de Natal,

Mesorregião do Leste Potiguar C. impressa Prance 8205

4.2.1 Obtenção dos extratos

As folhas das espécies coletadas foram selecionadas, secas a 40ºC em

estufa com circulação de ar (Hydrosan, Brasil), trituradas em moinho de faca

tipo Willy (AmericanLab, mod. SL-031, Brasil) e acondicionadas à temperatura

ambiente e ao abrigo da luz até sua utilização. Os extratos foram preparados a

10%, sendo o aquoso preparado por decocção (20 min), enquanto os extratos

etanólico e hidroetanólico (1:1, v/v) foram preparados por maceração durante

10 dias com agitação periódica. Após filtração, os extratos foram concentrados

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em rotaevaporador sob pressão reduzida (Fisatom®, mod. 550, Brasil), e o teor

do resíduo seco foi calculado por gravimetria e armazenado a -20ºC.

Figura 7 – Exsicatas das espécies estudadas, depositadas no Herbário do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Fonte: Fotos de J. B. M. Macêdo.

4.2.2 Fracionamento por partição líquido/líquido do extrato hidroetanólico

de C. impressa

As frações hexânica, clorofórmica e de acetato de etila foram obtidas

pelo método de partição líquido-líquido, utilizando como solvente hexano,

clorofórmio e acetato de etila, respectivamente. Para isso, o extrato

hidroetanólico de Couepia Impressa foi colocado em um funil de separação,

juntamente com 200 mL de hexano, a partir disto separou-se a fração hexânica

A. Licania rigida Benth (nº 8206)

B. Licania tomentosa (Benth.) Fritsch (nº 8207)

C. Couepia impressa Prance (nº 8205)

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(m = 12,0 mg). Em seguida, adicionou-se à fase aquosa 200 mL de clorofórmio,

então se separou a fração clorofórmica (m = 55,0 mg). Removida essa fração,

adicionou-se ao funil 200 mL de acetato de etila, separando então a última

fração (m = 85,0 mg); parte aquosa (m = 42,0 mg). Após a conclusão desse

processo, as frações tiveram o solvente evaporado em rotaevaporador sob

pressão reduzida (Fisatom®, mod. 550, Brasil).

4.3 ANIMAIS

Ratos machos Wistar (180-240 g) foram utilizados. Os animais foram

mantidos sob condições controladas de temperatura (22 ± 3ºC), fotoperíodo de

12h, com água e ração (Labina-Purina, São Paulo, Brasil) ad libitum, no

Biotério do Centro de Ciências da Saúde, UFRN. A experimentação animal foi

conduzida conforme as recomendações do Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (COBEA, 2009) e do Comitê de Ética em Pesquisa de

Animais do Hospital Universitário Onofre Lopes, UFRN (Protocolo nº 268/08-

CEP/HUOL/UFRN) (Anexo B).

4.3.1 Coleta de material

Todos os animais foram anestesiados com Tiopental (3 a 4 mg/kg) e

sacrificados por deslocamento cervical, sendo em seguida submetidos a

laparotomia com retirada do cérebro para posterior preparação do homogenato.

4.3.2 Preparação do homogenato de cérebro de rato

O homogenato de cérebro de ratos Wistar adultos foi preparado em

tampão fosfato-salina pH 7,4 a 4ºC (fosfato de sódio 40 mM e NaCl 140 mM),

na proporção de 1:5 (Homogeneizador tipo Potter–Elvehjem). Após

centrifugação (1000g/15min/4ºC) (mod. IEC Multi RF-Thermo Electron

Corporation®, USA), o sobrenadante obtido foi imediatamente diluído (1:4) com

o mesmo tampão.

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4.4 DETECÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS COM CAPACIDADE

ANTIOXIDANTE

4.4.1 Cromatografia em Camada Delgada

A triagem dos extratos foi feita por Cromatografia em Camada Delgada –

CCD (DUVE; WHITE, 1991). Após ativação a 100ºC/15 min das placas de

sílica-gel G, tipo 60 (0,25 mm), 100 µg dos extratos foram aplicados às placas,

e o desenvolvimento cromatográfico foi realizado utilizando o sistema de

solventes n-butanol:ácido acético:água (5:1:4, v/v/v). Após esta etapa, a

detecção dos grupos químicos foi efetuada, conforme mostrado na Figura 8. As

placas foram nebulizadas com solução de β-caroteno (22,5 mg de β-caroteno

em 7,5 mL de clorofórmio, 15 mL de etanol e 10 μL de ácido linoleico) e

expostas à luz natural por 24 horas. A permanência da coloração laranja após

12 horas indica a presença de substâncias antioxidantes no extrato. Para

detectar a presença de grupos fenólicos, as placas foram nebulizadas com

solução de ferricianeto de potássio (K3Fe(CN)6) a 1% e cloreto férrico (FeCl3) a

1% (1:1), enquanto uma solução de prata amoniacal (hidróxido de amônia

(NH4OH) a 30% e nitrato de prata (AgNO3) a 3,4%), na proporção de 1:1, foi

utilizada na detecção de substâncias redutoras. Catequina e Carduus marianus

foram utilizados como padrões de referência na mesma concentração dos

extratos.

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Figura 8 – Esquema para a detecção de substâncias químicas com capacidade

antioxidante.

4.4.2 Determinação do teor de fenólicos totais

O teor de fenólicos totais nos extratos foi determinado através do

método colorimétrico de Folin-Ciocalteu descrito por Georgé et al. (2005),

conforme fluxograma mostrado na Figura 9. Uma alíquota de 0,5 mL de cada

extrato, nas concentrações de 25 a 125 μg/mL, foi misturada com 2,5 mL do

reagente de Folin-Ciocalteu em água (1:10,v/v). Após 2 minutos de incubação à

temperatura ambiente, 2,0 mL de Na2CO3 a 7,5% foram adicionados, e a

mistura foi incubada em banho de água a 50°C por 15 minutos. A absorbância

foi determinada a 745 nm (Shimadzu – UV-VISIBLE mod. 1650 PC, Kioto,

Japão), utilizando-se como branco (água ultrapura contendo todos os

reagentes, menos os extratos). Catequina (5 a 65 μg/mL), dissolvida em água

destilada, foi utilizada como padrão para obter a curva de concentração. As

determinações foram realizadas em triplicata, e os resultados foram expressos

como mg de equivalentes de catequina por g de amostra.

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Figura 9 – Fluxograma da determinação do teor de fenólicos totais.

4.4.3 Determinação do teor de flavonoides totais

O conteúdo de flavonoides foi avaliado conforme descrito por Miliauskas

et al. (2004) (Figura 10). Uma alíquota de 1 mL da diluição de cada extrato a 10

mg/mL foi misturada com 1 mL da solução etanólica de AlCl3 (20 mg/mL, p/v) e

o volume aferido para 25 mL com etanol. Após agitação, a mistura foi incubada

por 40 minutos à temperatura ambiente. A absorbância foi mensurada a 415

nm (Shimadzu UV-VISIBLE mod. 1650 PC, Kioto, Japão), utilizando-se como

branco 1 mL da diluição de cada extrato, 1 gota de ácido acético glacial,

aferindo-se para 25 mL com etanol. Quercetina, nas concentrações de 50, 100,

150, 250, 350, 500, 1000, 1500 µg/mL, sob as condições já descritas, foi

utilizada para construir a curva padrão. As determinações foram realizadas em

triplicata, e os resultados foram expressos como equivalentes de quercetina

(mg de quercetina/g de extrato).

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Figura 10 – Fluxograma da determinação do teor de flavonoides totais.

4.4.4 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

(RMN 1H) das frações hexânica, clorofórmica e acetato de

etila do extrato hidroetanólico de C. impressa

Os espectros de RMN 1H foram obtidos em espectrômetros Bruker

modelo Avance DRX-500, pertencentes ao Centro Nordestino de Aplicação e

Uso da Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Ceará

(CENAUREMN-UFC), sob cooperação com a Profª Renata Mendonça Araújo e

o Prof. Edilberto Rocha Silveira.

O aparelho Bruker Avance DRX-500 aplica uma frequência de 499,8

MHz (1H) sob um campo magnético de 11,5 T, utilizando sonda multinuclear de

5 mm com detecção inversa. As amostras foram dissolvidas em alíquotas de

0,6 mL de solvente deuterado: metanol (MeOD) e clorofórmio (CDCl3),

comercializados pelas companhias Merck ou Aldrich.

Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por milhão

(ppm) e referenciados, no caso dos espectros de hidrogênio, pelos picos dos

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hidrogênios pertencentes às moléculas residuais não-deuteradas dos solventes

deuterados utilizados: metanol (δ 3,31) e clorofórmio (δ 7,27).

As multiplicidades dos sinais de hidrogênio nos espectros de RMN 1H

foram indicadas segundo a convenção: s (simpleto), d (dupleto), dd (duplo

dupleto), t (tripleto), q (quarteto), m (multipleto).

4.5 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE IN VITRO

4.5.1 Determinação do poder redutor

A técnica de redução do ferro é frequentemente usada como um

indicador de atividade de doação de elétrons, um importante mecanismo de

ação de antioxidantes fenólicos que pode ser fortemente correlacionado com

outras propriedades antioxidantes (DORMAN et al., 2003).

O poder redutor dos extratos foi determinado de acordo com Oyaizu

(1986). Nesse método, a coloração amarela da solução em análise muda de

tonalidades, do verde ao azul, dependendo do poder de redução de cada

substância, ou seja, a presença de agentes redutores (antioxidantes) reduz o

complexo Fe3+/ferricianeto para a forma ferrosa (Fe2+), sendo a concentração

de Fe2+ monitorada a 700 nm.

Alíquotas de 2,5 mL de extratos em concentrações variando de 12,5 a

200 µg/mL, preparadas em tampão fosfato de sódio 0,2 M pH 6,6, foram

misturadas com 2,5 mL de ferricianeto de potássio a 1%. Após incubação

(50°C/20 min), 2,5 mL de TCA a 10% foram adicionados para parar a reação. A

mistura foi centrifugada a 650g por 10 minutos (Centrífuga Sigma 2k15,

Alemanha). O sobrenadante (2,5mL) foi misturado com 2,5 mL de água

destilada e com 0,5 mL de cloreto férrico a 0,1%. A absorbância foi

determinada a 700 nm (Shimadzu UV-VISIBLE mod. 1650 PC, Kioto, Japão). A

maior absorbância indicou um maior poder de redução.

4.5.2 Sequestro do radical livre DPPH

O DPPH é um radical livre estável que aceita um elétron ou átomo de

hidrogênio, resultando numa molécula não-radicalar DPPH-H (KOLEVA et al.,

2002). O sequestro de radicais livres (SRL) foi avaliado pelo método do 1,1-

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52

difenil-2-picrilhidrazil (DPPH), como descrito por Cuendet et al. (1997), que se

fundamenta no descoramento de uma solução de DPPH (coloração púrpura), a

qual na presença de um antioxidante, muda para uma cor amarelada,

resultando na diminuição da absorbância.

Alíquotas de 3,9 mL de DPPH 60µM em etanol foram misturadas com

0,1 mL de amostras (62,5 a 1000 µg/mL). Após incubação no escuro

(temperatura ambiente/30 min), a absorbância foi mensurada a 515 nm

(Shimadzu – UV-VISIBLE mod. 1650 PC, Kioto, Japão). Catequina e C.

marianus foram utilizados como padrões, sob as mesmas condições. As

análises foram realizadas em triplicata, e os resultados, expressos em %SRL,

calculados através da equação:

, onde Abs corresponde à absorbância.

4.5.3 Atividade antioxidante no sistema β-caroteno/ácido linoleico

A atividade antioxidante foi avaliada pelo modelo de inibição da oxidação

no sistema β-caroteno/ ácido linoleico, conforme descrito por Marco (1968) e

Miller (1971). No sistema β-caroteno/ácido linoleico, o β-caroteno sofre

descoloração rápida na ausência de antioxidante, devido a radicais livres

gerados pela oxidação do ácido linoleico e de outros radicais livres, como

radicais peroxil, produtos primários da oxidação, produzidos pelo próprio

sistema. Estes atacam as duplas ligações do β-caroteno, cuja subsequente

oxidação provoca a perda da coloração deste cromóforo, evidenciado através

do desaparecimento da cor laranja característica.

O sistema (20 mg de β-caroteno em 1,0 mL de clorofórmio, 20 mg de

ácido linoleico e 60 mg do emulsificador Tween 20) foi evaporado à secura, e

ressuspendido com 100 mL de água e submetido a agitação vigorosa. A

emulsão, de aparência límpida, apresentou absorbância entre 0,6 a 0, 7, a 470

nm (Espectrofotometro Shimadzu UV-VISIBLE mod. 1650 PC, Kioto, Japão).

Alíquotas de 2,95mL da emulsão foram adicionadas a tubos de ensaio

contendo 50µL do extrato em diferentes concentrações (50; 100; 150; 200; 250

µg/mL). Uma primeira leitura de absorbância a 470 nm foi efetuada

imediatamente (tempo zero) e, em seguida, os tubos foram mantidos em banho

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53

de água (50ºC/2 h), até efetuar-se a segunda leitura. As determinações (em

triplicata) foram comparadas a um controle (sem adição de antioxidantes).

Catequina e C. marianus foram utilizados como padrões, sob as mesmas

condições antes descritas (Figura 11). A atividade antioxidante foi calculada

como percentual de inibição da oxidação em relação ao controle, conforme a

equação:

, onde Abs corresponde à absorbância.

Figura 11 – Fluxograma da inibição da oxidação no sistema β-caroteno/ácido linoleico.

4.5.4 Inibição da peroxidação lipídica em cérebro de rato

A inibição da peroxidação lipídica em homogenatos de cérebro de ratos

foi avaliada colorimetricamente como o percentual de inibição de substâncias

reagentes com o ácido tiobarbitúrico (SRAT), dentre elas o malonildialdeído

(MDA), pelo procedimento de Fee e Teitelbaum (1972), mostrado na figura 12.

Alíquotas de 3 mL do homogenato foram incubadas com 50 µL de extratos

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54

dissolvidos em solução salina (concentrações finais: 1,04; 2,08; 4,16; 8,33 e

16,66 µg/mL). Ao tubo controle foram adicionados 50 µL de solução salina.

Alíquotas de 1mL do meio reacional foram transferidas para tubos de centrífuga

(T0), e o conteúdo restante, incubado em banho de água sob agitação (37ºC/60

min) (Dubnoff-Gefran-500 mod. 232 Nova Técnica, Piracicaba, Brasil). Então,

alíquotas de 1mL foram retiradas e transferidas para tubos (T60), adicionando-

se 1 mL de TCA a 5% aos tubos T0 e T60. Após centrifugação (825 g/15 min), o

sobrenadante (1 mL) foi transferido para outro tubo, adicionando-se 1mL de

TBA a 0,67%, sendo incubados sucessivamente em banho de água a 100°C e

banho de gelo por 20 minutos. A absorbância do complexo formado entre o

MDA – TBA (cor rosa) foi mensurada a 535 nm, após 20 minutos, à

temperatura ambiente (Espectrofotômetro Shimadzu UV-VISIBLE mod. 1650

PC, Kioto, Japão). As determinações (em triplicata) foram expressas em

percentual de inibição da produção de SRAT, calculado conforme a equação:

onde T60 (amostra e controle) são as leituras após 60 minutos de incubação, e

T0 (amostra e controle) são as medições feitas sem incubação, na presença e

ausência dos extratos, respectivamente.

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55

Figura 12 – Fluxograma da determinação da peroxidação lipídica em cérebro de rato.

4.6 TESTE DE TOXICIDADE AGUDA DOS EXTRATOS AQUOSOS EM

RATOS

O teste de toxicidade aguda de dose única foi realizado segundo

protocolos experimentais da ANVISA (BRASIL, 2004) e da OECD (2001). Para

o desenvolvimento desse teste, foram utilizados 21 animais divididos por pesos

aproximados em sete grupos de três animais para cada dose (500 e 2000

mg/kg) e para o controle, sendo utilizada a média de 3 animais para preparar a

concentração e o volume adequados do extrato para cada grupo. Os extratos

foram administrados por gavage aos animais em dose única, não excedendo 1

mL/100 g de peso corporal. O grupo controle recebeu água destilada.

Nas primeiras 12 horas, foram realizadas observações comportamentais

sistemáticas, conforme o screening hipocrático (frênito vocal, piloereção,

hiperatividade, tremores, espasmos abdominais, diarreia e número de óbitos) a

cada 30 minutos. A partir do segundo dia, a observação foi feita a cada 6 horas

e depois no mínimo duas vezes por dia. Além disso, o consumo de água, de

ração e o peso dos animais foram verificados em intervalos de dois dias.

No 14º dia, os animais foram anestesiados com Tiopental e sacrificados

por deslocamento cervical, sendo em seguida submetidos à laparotomia para

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56

coleta de sangue por punção cardíaca e evisceração. O QUADRO 2 mostra os

parâmetros utilizados na avaliação da toxicidade aguda dos extratos em

estudo. Além desses parâmetros, os animais sobreviventes foram autopsiados

e, caso fossem observadas alterações nas autópsias, estudos histopatológicos

dos órgãos acometidos deveriam ser realizados.

Parâmetros

Fisiológicos Hematológicos Bioquímicos

Peso dos animais Hemograma Uréia (UR)

Consumo de água Creatinina (CT)

Consumo de ração Alanina amino transferase (ALT)

Aspartato amino transferase (AST)

Gama glutamil transferase (GGT)

Bilirrubina total (BT) e frações (BD e BI)

Amilase (AMI) Proteínas totais (PT) Albumina (ALB) Glicose (GLI) Colesterol (COL) Triglicérides (TRIG)

QUADRO 2 – Parâmetros utilizados para avaliar alguns aspectos de toxicidade dos

extratos das plantas em estudo nos animais tratados.

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram expressos através da média ± desvio padrão

(Média ± DP). O tratamento estatístico foi efetuado através da análise de

variância (ANOVA), seguida pelo teste de comparação múltipla de Tukey,

usando software estatístico R (R Development Core Team, 2008), sendo

considerado um nível de significância de 5%.

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57

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

_______________________________________________________________

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58

Face ao crescente interesse na busca de antioxidantes naturais em

plantas, devido ao seu potencial em prevenir os efeitos deletérios das ERO

(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007), torna-se necessário executar um conjunto

de ensaios para explicar os diferentes mecanismos de ação dessas

substâncias e avaliar a atividade antioxidante de extratos e/ou moléculas contra

espécies oxidantes (HUANG et al., 2005).

Nesse sentido, o presente estudo foi conduzido inicialmente visando à

caracterização química dos extratos aquoso, hidroetanólico e etanólico, usando

a técnica de cromatografia em camada delgada e a determinação do teor de

fenólicos e flavonoides totais. A capacidade antioxidante foi avaliada mediante

ensaios para detectar o poder redutor, o sequestro do radical livre DPPH, a

inibição da oxidação no sistema β-caroteno/ácido linoleico e inibição da

peroxidação lipídica em homogenato de cérebro de ratos. Além disso,

considerando o uso popular de L.rigida, L. tomentosa e C. impressa, foi

avaliada a toxicidade aguda somente do extrato aquoso das referidas plantas.

5.1 DETECÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS COM CAPACIDADE

ANTIOXIDANTE

5.1.1 Cromatografia em Camada Delgada

A CCD, como técnica de triagem de extratos brutos, permite obter várias

informações sobre determinadas substâncias em um curto espaço de tempo e

com pouca quantidade de amostra. Assim, foi possível detectar substâncias de

natureza antioxidante nos extratos analisados, as quais foram capazes de

proteger o β-caroteno da oxidação após revelação com uma solução de β-

caroteno, evidenciadas por manchas alaranjadas (Figura 13).

A permanência das manchas após 24 horas de exposição à luz natural é

devida à ação de antioxidantes naturais, que estabilizaram o β-caroteno,

impedindo sua descoloração, uma vez que os carotenoides são pigmentos

fotorreceptores (MOREIRA; SHAMI, 2004). Sua oxidação, induzida

principalmente pela luz natural, leva ao desaparecimento gradual da coloração

laranja (MELÉNDEZ-MARTINEZ et al., 2004).

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59

Figura 13 – Detecção de substâncias antioxidantes reveladas com solução de β- caroteno. Fase estacionária: placas de sílica-gel G, tipo 60 (0,25 mm) e fase móvel: n-butanol:ácido acético:água (5:1:4, v/v/v).

1 Catequina 2 C.marianus 3 Ext. Aq. L. rígida 4 Ext. Et. L. rigida 5 Ext. Het. L. rigida 6 Ext. Aq. L. tomentosa 7 Ext. Et. L. tomentosa 8 Ext. Het. L. tomentosa 9 Ext. Aq. C. impressa 10 Ext. Et. C. impressa 11 Ext. Het. C. impressa 10 Ext. Et. C. impressa

Esses resultados permitiram investigar a presença de substâncias

fenólicas e redutoras, que podem ser responsáveis pela inibição da oxidação

do β-caroteno. Assim, as manchas de coloração azul, reveladas com solução

de ferricianeto/cloreto férrico foram semelhantes àquelas reveladas com

solução de β-caroteno, indicando, portanto, a natureza polifenólica dessas

substâncias (Figura 14).

A reação com nitrato de prata amoniacal indicou a presença de

substâncias redutoras pelo aparecimento de manchas castanhas, pretas e

cinzas, como mostrado na figura 15.

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60

Figura 14 – Detecção de substâncias fenólicas reveladas com solução de ferricianeto de potássio/ cloreto férrico. Fase estacionária: placas de sílica-gel G, tipo 60 (0,25 mm) e fase móvel: n-butanol:ácido acético:água (5:1:4, v/v/v).

1 Catequina 2 C.marianus 3 Ext. Aq. L. rígida 4 Ext. Et. L. rigida 5 Ext. Het. L. rigida 6 Ext. Aq. L. tomentosa 7 Ext. Et. L. tomentosa 8 Ext. Het. L. tomentosa 9 Ext. Aq. C. impressa 10 Ext. Et. C. impressa 11 Ext. Het. C. impressa 10 Ext. Et. C. impressa

Figura 15 – Detecção de substâncias redutoras reveladas com solução de nitrato de prata amoniacal. Fase estacionária: placas de sílica-gel G, tipo 60 (0,25 mm) e fase móvel: n-butanol:ácido acético:água (5:1:4, v/v/v).

1 Catequina 2 C.marianus 3 Ext. Aq. L. rígida 4 Ext. Et. L. rigida 5 Ext. Het. L. rigida 6 Ext. Aq. L. tomentosa 7 Ext. Et. L. tomentosa 8 Ext. Het. L. tomentosa 9 Ext. Aq. C. impressa 10 Ext. Et. C. impressa 11 Ext. Het. C. impressa 10 Ext. Et. C. impressa

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61

5.1.2 Determinação de fenólicos totais

O teor de fenólicos totais nos extratos de L. rigida, L. tomentosa e C.

impressa, obtidos com os diferentes solventes, foi determinado por interpolação

da absorbância das amostras contra uma curva de calibração construída com o

padrão catequina (y = 0,0107x; R² = 0,9987), como mostrado na figura 16.

Figura 16 – Curva de calibração da catequina para determinar o conteúdo de substâncias fenólicas

A tabela 2 apresenta os resultados referentes ao teor de compostos

fenólicos nos diferentes extratos analisados. Os extratos etanólicos de folhas

de L. rigida (149,68±0,27 mg de eq. de catequina/g de extrato ) e de C.

impressa (96,26±1,24 mg de eq. de catequina /g de extrato), seguido do extrato

aquoso de L. tomentosa (70,95±0,36 mg de eq. de catequina /g de extrato),

foram aqueles que apresentaram os maiores teores desses compostos. Os

resultados sugerem que essas substâncias são componentes importantes

dessas plantas e, provavelmente, algumas de suas ações farmacológicas

podem ser atribuídas à presença desses constituintes.

Tabela 2 – Teor de fenólicos totais nos extratos das espécies analisadas

Planta Fenólicos totais (mg de eq. de catequina/ g de extrato)

Ext. aquoso Ext. etanólico Ext. hidroetanólico

L. rigida 39,25±0,87 149,68±0,27* 36,60±0,27

L. tomentosa 70,95±0,36 63,65±0,18 60,74±1,53

C. impressa 60,90±0,97 96,26±1,24 86,68±0,23

Os valores são expressos em média ± DP de triplicatas. * Indica o maior teor de fenólicos (ρ < 0,001)

y = 0,0107x

R2 = 0,9987

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0 20 40 60 80

Concentração (µg de catequina/mL)

Ab

s(7

4 5

nm

)

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62

Os polifenóis constituem as principais substâncias com atividade

antioxidante de plantas, largamente distribuídos em frutos, legumes, grãos,

sementes, folhas e raízes. Essa atividade pode estar associada,

principalmente, a sua propriedade redox, que desempenha um papel

importante na adsorção e neutralização de ERO, no sequestro de oxigênio

singlet e triplet ou na decomposição de peróxidos (KAROU et al., 2005).

Portanto essas moléculas são capazes de retardar o envelhecimento, aumentar

a defesa imunológica e diminuir o risco de doenças degenerativas

(SÄÄKSJARVI et al., 2008).

A variação no teor de fenólicos totais em diferentes plantas relatados na

literatura é devida à natureza complexa desse grupo de substâncias, além dos

métodos de extração e de análises (KALT et al., 2001). Ainda, o conteúdo de

substâncias fenólicas em plantas é influenciado por diversos fatores, alguns

intrínsecos à natureza (gênero, espécie e cultivo), e outros extrínsecos

(ambientais, agronômicos, manuseio e armazenagem) (TOMAS-BARBERAN;

ESPIN, 2001).

Poucos são os estudos quanto à composição de fenólicos na família

Chrysobalanaceae, no entanto algumas avaliações fitoquímicas evidenciaram a

presença de taninos, flavonoides, saponinas, esteroides livres e quinonas no

extrato hidroetanólico da casca de L. macrophylla (GOMES et al., 2006), e de

cromonas em folhas de L. arianeae Prance (CARVALHO et al., 2005).

5.1.3 Determinação de flavonoides totais

Os flavonoides, um grupo de substâncias polifenólicas naturalmente

presentes em plantas, são os constituintes responsáveis pelas colorações

amarelada, vermelha e azul dos frutos (ERLUND, 2004). Na atualidade, a

importância dos flavonoides deve-se aos múltiplos benefícios proporcionados à

saúde, evidenciados por estudos clínicos e epidemiológicos que contribuem na

prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas,

osteoporose e câncer do pulmão (YAO et al., 2004; LAMPILA et al., 2009).

O teor de flavonoides foi determinado por interpolação da absorbância

das amostras contra uma curva de calibração construída com o padrão

quercetina (y = 0,001x; R² = 0,9975), representada na figura 17.

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63

Figura 17 – Curva de calibração da quercetina para determinar o conteúdo de flavonoides

A análise dos extratos brutos em estudo (Tabela 3) mostra que os

extratos etanólicos foram aqueles que apresentaram os maiores teores de

flavonoides (L. rigida: 96,71±1,32; L. tomentosa: 38,97±0,52 e C. impressa:

34,92±2,66 mg de eq. de quercetina / g de extrato).

Tabela 3 – Teor de flavonoides totais nos extratos brutos analisados

Planta Flavonoides totais (mg de eq. de quercetina/g de extrato)

Ext. aquoso Ext. etanólico Ext. hidroetanólico

L. rigida 7,85±0,19 96,71±1,32* 11,52±0,34

L. tomentosa 10,75±0,04 38,97±0,52 21,54±0,24

C. impressa 2,58±1,17 34,92±2,66 2,73±0,03

Os valores são expressos em média ± DP de triplicatas. * Indica o maior teor de flavonóides (ρ < 0,001)

Os resultados indicam que o etanol foi o solvente mais eficiente na

extração dos flavonoides, para as plantas em estudo. O extrato etanólico de L.

rigida apresentou o mais alto teor de substâncias de natureza polifenólica

devido, principalmente, à grande variedade de moléculas de caráter hidrofílico

presentes na família Chrysobalanaceae, tais como flavonoides e taninos

(CASTILHO et al.,2000). Assim, sugere-se que a atividade antioxidante dos

extratos deve-se à propriedade redox dessas moléculas envolvidas na

adsorção e na neutralização de radicais livres e/ou na decomposição de

peróxidos (KAROU et al., 2005).

y = 0,0013xR² = 0,9975

0 500 1000 1500 2000

Concentração (µg de quercetina/mL)

0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Ab

s(4

15

nm

)

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64

5.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE NOS EXTRATOS BRUTOS

IN VITRO

Considerando que a capacidade antioxidante é um parâmetro

amplamente empregado para determinar substâncias bioativas, diferentes

metodologias analíticas foram utilizadas para avaliar a referida capacidade

antioxidante nos extratos das plantas em estudo, tais como poder redutor,

capacidade de sequestro do radical livre DPPH, inibição da oxidação no

sistema β-caroteno/ácido linoleico e inibição da peroxidação lipídica.

5.2.1 Determinação do poder redutor

As Figuras 18, 19 e 20 mostram a capacidade redutora dos extratos,

avaliada através do aumento da absorbância e sua correlação com o aumento

da atividade antioxidante. Os extratos apresentaram um poder redutor

concentração-dependente.

Os extratos aquoso (0,137±0,003) e etanólico (0,868±0,014) de L. rigida

(Figura 18), nas concentrações de 25 µg/mL e 200 µg/mL, respectivamente,

apresentaram resultados mais significativos que o extrato hidroetanólico e C.

marianus, utilizado como controle positivo.

Figura 18 – Capacidade de redução do ferro (Fe3+) pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. rigida.

a = difere sig. do extrato aquoso de L. rigida b = difere sig. do extrato etanólico de L. rígida c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. rigida d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

a'b'c'e'a'b'c'e'

a'b'c'e'

a'b'c'e'

a'b#c'e'

a#b'c#

a'b'c'a'b'c'

e#b'c'e'

c*

c*

e#c'e'

c#

a#c'

e*0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

12,5 25 50 100 200

Ab

s (7

00 n

m)

Concentração (μg/mL)Catequina C. marianus L. rigida Aq. L. rigida Et. L. rigida HEt.

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65

Na espécie L. tomentosa, o extrato aquoso foi estatisticamente

significativo, diferindo dos demais extratos e C. marianus (ρ < 0,001) (Figura

19).

Dentre todos os extratos, o extrato hidroetanólico de C. impressa

(0,119±0,007 a 0,958±0,058) foi aquele que apresentou a melhor capacidade

redutora na concentração de 200 µg/mL, mas não difere estatisticamente da

catequina e do extrato aquoso nessa mesma concentração (Figura 20).

Os extratos avaliados apresentaram como já foi mencionado, um

expressivo poder redutor concentração-dependente. As propriedades redutoras

estão associadas à presença de substâncias de natureza fenólica nesses

extratos, as quais exercem atividade antioxidante ao estabilizar e bloquear as

reações da cadeia radicalar ao doar elétrons (SHIMADA et al., 1992).

Figura 19 – Capacidade de redução do ferro (Fe3+) pelos extratos aquoso, etanólico e

hidroetanólico de L. tomentosa.

a = difere sig. do extrato aquoso de L. tomentosa

b = difere sig. do extrato etanólico de L. tomentosa

c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. tomentosa d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

a'b'c'e'a'b'c'e'

a'b'c'e'

a'b'c'e'

a#b'c'e'

b'c#

b'

b'

b'c'e#

b'c'e'

b'c'e'

b#

a'b' b*

b#

b'e'

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

12,5 25 50 100 200

Ab

s (7

00 n

m)

Concentração (μg/mL)

Catequina C. marianus L. tomentosa Aq. L. tomentosa Et. L. tomentosa HEt.

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66

Figura 20 – Capacidade de redução do ferro (Fe3+) pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de C. impressa.

a = difere sig. do extrato aquoso de C.impressa

b = difere sig. do extrato etanólico de C.impressa

c = difere sig. do extrato hidroetanólico de C.impressa d = difere sig. da catequina e = difere sig. deC. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

5.2.2 Sequestro do radical livre DPPH

Considerando a capacidade dos antioxidantes em sequestrar radicais

livres, a metodologia baseada no sequestro do DPPH é largamente utilizada

para detectar a capacidade antioxidante de extratos vegetais.

A atividade de sequestro de radical livre (SRL) dos extratos em estudo

apresentou um comportamento concentração-dependente, mostrando uma

capacidade superior, diferindo estatisticamente dos valores observados para C.

marianus, um antioxidante de uso clínico (Figuras 21 a 23). Para os extratos de

L. rigida (Figura 21), o etanólico apresentou o melhor %SRL na concentração

de 500 µg/mL (72,62±0,78%), em relação aos extratos aquoso e hidroetanólico,

enquanto os valores de SRL para os extratos aquoso e hidroetanólico de L.

tomentosa foram similares, diferindo estatisticamente dos resultados do extrato

etanólico (Figura 22).

a'b'c'e'

a'b'c'e'

a'b'c'e'

a'b'e'

a'b'c'd'

e#

b'e'

e#

e'

a'c'd'

a'b'e'

a'b'e'

a'b'e'

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

12,5 25 50 100 200

Ab

s (7

00 n

m)

Concentração (μg/mL)Catequina C. marianus C. impressa Aq. C. impressa Et. C. impressa Het.

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67

Figura 21 – Capacidade de sequestro do DPPH pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. rigida.

a = difere sig. do extrato aquoso de L. rigida b = difere sig. do extrato etanólico de L. rigida

c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. rigida d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

Figura 22 – Capacidade de sequestro do DPPH pelos extratos aquoso, etanólico e

hidroetanólico de L. tomentosa.

a = difere sig. do extrato aquoso de L. tomentosa b = difere sig. do extrato etanólico de L. tomentosac = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. tomentosa d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

e* e# e#e'

a*e' e'e'

a'e' a'e'

e'

a'c#e'a'e'

e' d'e' d'e'

0

20

40

60

80

100

Catequina C. marianus L.rigida Aq. L. rigida Et. L. rigida HEt.

SR

L (

%)

62,5 µg/mL 125 µg/mL 250 µg/mL 500 µg/mL 1000 µg/mL

b'e' b'e'

b'e'

e#

b'e'

b'e'

e'

b'e'

d#e'e'

d#e'

0

20

40

60

80

100

Catequina C. marianus L. tomentosa Aq. L. tomentosa Et. L. tomentosaHEt.

SR

L (

%)

62,5 µg/mL 125 µg/mL 250 µg/mL 500 µg/mL 1000 µg/mL

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68

Figura 23 – Capacidade de sequestro do DPPH pelos extratos aquoso, etanólico e

hidroetanólico de C.impressa.

a = difere sig. do extrato aquoso de C.impressa b = difere sig. do extrato etanólico de C.impressa c = difere sig. do extrato hidroetanólico de C.impressa d = difere sig. da catequina e = difere sig. deC. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

O SRL apresentado pelo extrato hidroetanólico de C. impressa foi o

maior percentual de SRL observado, com valores oscilando entre 86,99±2,30 e

88,51±0,76%, nas concentrações de 500 e 1000 µg/mL, respectivamente

(Figura 23). Esse resultado foi significante quando comparado aos obtidos com

os extratos das outras espécies.

Sendo o DPPH um radical estável, apenas agentes redutores fortes são

capazes de reagir com esses radicais (SCHWARZ et al., 2001). Portanto pode-

se inferir que a atividade antioxidante dos extratos é decorrente da presença de

agentes redutores, que ao doar hidrogênio para as espécies radicalares mais

reativas, geram outras menos reativas. As moléculas redutoras também podem

atuar na etapa final da cadeia radicalar (CZINNER et al., 2000).

Os resultados apresentados corroboram dados da literatura que

mostram a capacidade de extratos de folhas de C. grandiflora e de L.

licaniaeflora em sequestrar radicais livres, inclusive o DPPH, devido à presença

de flavonoides e de moléculas, tais como a flavanona 8-hidoxi-naringenina e

canferol 3-O-α-raminosídeo, respectivamente (BRACA et al., 2002; ZUQUE et

al., 2004).

a'b'e'b'e'

e'

a'b'e'

b*e'

e'

a'b'e'd'e' d#e' d'e'

0

20

40

60

80

100

Catequina C. marianus C. impressa Aq. C. impressa Et. C. impressa Het.

SR

L (

%)

62,5 µg/mL 125 µg/mL 250 µg/mL 500 µg/mL 1000 µg/mL

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69

A propriedade antioxidante de polifenóis é um parâmetro importante na

avaliação da capacidade de extratos de plantas de inibirem ou de retardarem a

degradação oxidativa de lipídios, especialmente a reação em cadeia, em

emulsões ou homogenatos de tecidos. Assim, os valores de SRL determinados

experimentalmente são justificados pela presença de substâncias de natureza

antioxidantes (polifenóis e flavonoides totais), como mostrado nos itens 5.1.2 e

5.1.3.

5.2.3 Inibição da oxidação no sistema β-caroteno/ácido linoleico

A inibição da oxidação no sistema β-caroteno/ácido linoleico mensurada

por meio da descoloração do β-caroteno, apresentada nas figuras 24, 25 e 26,

mostrou um aumento da capacidade antioxidante concentração-dependente

dos extratos, que foram eficientes ao retardar a oxidação do β-caroteno. Os

resultados obtidos com os extratos aquosos de L. rigida (Figura 24), L.

tomentosa (Figura 25) e C. impressa (Figura 26) apresentaram os melhores

potenciais antioxidantes.

Contudo o extrato aquoso de C. impressa foi aquele que apresentou o

maior potencial antioxidante, entre 15,64±8,10 e 86,63±2,95% (ρ < 0,001),

quando comparado à inibição da oxidação observada com os outros extratos,

e, ainda, com a inibição obtida com os padrões de referência, catequina

(10,98±4,49 a 50,20±2,62%) e C. marianus (23,14±2,70 a 66,42±3,13%).

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70

Figura 24 – Inibição da oxidação no sistema β-Caroteno/ácido linoleico pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. rigida

a = difere sig. do extrato aquoso de L. rigida

b = difere sig. do extrato etanólico de L. rigida

c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. rigida d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

Figura 25 – Inibição da oxidação no sistema β-Caroteno/Ácido Linoleico pelos

extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. tomentosa

a = difere sig. do extrato aquoso de L. tomentosa b = difere sig. do extrato etanólico de L. tomentosa

c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. tomentosa d = difere sig. da catequina e = difere sig. deC. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

a#c#e*

a# a*c*e#

a'c'e#

e*

a*c*a#c#e#

a'c*a*e* a'c'e'

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

50 100 150 200 250

Inib

ição

da

oxi

daç

ão (%

)

Concentração (μg/mL)

Catequina C. marianus L.rigida Aq. L. rigida Et. L. rigida HEt.

e*

a* a*

a#e#

a'c#e'a#d#

0

10

20

30

40

50

60

70

80

50 100 150 200 250

Inib

ição

da

oxi

daç

ão (

%)

Concentração (μg/mL)Catequina C. marianus L. tomentosa Aq. L. tomentosa Et. L. tomentosa Het.

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71

Figura 26 – Inibição da oxidação no sistema β-Caroteno/Ácido Linoleico pelos

extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de C.impressa

a = difere sig. do extrato aquoso de C.impressa

b = difere sig. do extrato etanólico de

C.impressa c = difere sig. do extrato hidroetanólico de C.impressa d = difere sig. da catequina e = difere sig. deC. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

Segundo Hassimotto et al. (2005), a capacidade antioxidante é

classificada em níveis de inibição da oxidação como alta (>70%), intermediária

(40 a 70%) ou baixa (<40%). Comparando-se os resultados obtidos com esses

índices, o percentual de inibição da oxidação dos extratos das espécies em

estudo está acima de 70%, portanto podem ser classificados no nível de alta

inibição da oxidação. Consequentemente, a eficiência desses extratos em inibir

a oxidação é um reflexo do potencial de interação entre o extrato e os

componentes da emulsão, além da complexidade da composição dos extratos,

cujos compostos podem agir sinergicamente devido às diferenças na

reatividade com os diferentes oxidantes, gerando uma melhor proteção do

sistema.

Em se tratando de extratos de plantas, a complexa mistura de

substâncias, com diferentes modos de ação, pode gerar interações que tornam

os extratos muito mais efetivos. O sinergismo pode ser também devido à

interação direta entre os antioxidantes (MORTENSEN, SKIBSTED, 1997). De

acordo com Lila e Raskin (2005), a potencialização sinérgica ou aditiva ocorre

a'c' a'c'a'c'

c*

b# a'c' a#b#c#e#

a#b'c#d*

a#b*e*

a'c' a'c'

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10

20

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50 100 150 200 250

Inib

ição

da

oxi

daç

ão (

%)

Concentração (μg/mL)

Catequina C. marianus C. impressa Aq. C. impressa Et. C. impressa Het.

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72

em termos de endointerações ou interações na parte interna da planta, que

podem modificar os efeitos farmacológicos, e por exointerações, que são

interações entre os componentes relacionados da planta e/ou as drogas.

5.2.4 Inibição da peroxidação lipídica em homogenato de cérebro

A peroxidação lipídica é uma reação em cadeia, na qual átomos de

hidrogênio são abstraídos de ácidos graxos poli-insaturados (LH), produzindo

radicais alquil lipídicos (L∙) que, ao reagirem com o oxigênio molecular, geram

radicais peroxil lipídicos (LOO∙). Na ausência de antioxidantes de quebra de

cadeia, os radicais peroxil abstraem átomos de hidrogênio do substrato lipídico

oxidado, resultando em um novo radical alquil lipídico (L∙), e, portanto,

propagando a reação em cadeia. Os hidroperóxidos (LOOH) são produzidos

concomitantemente e reduzidos por metais de transição ou reação de Fenton,

radicais alcoxil instáveis e, eventualmente, produtos de oxidação secundária

(e.g., malonildialdeído). Contudo a reação entre os radicais peroxil lipídicos e

os lipídios oxidados é relativamente lenta, proporcionando aos antioxidantes

fenólicos (fOH) a oportunidade de interceptar os radicais peroxil, interrompendo

a propagação da reação em cadeia (LAMBERT; ELIAS, 2010). Isso depende

da entalpia de dissociação dos antioxidantes, e como a ligação O-H do grupo

hidroxila é mais fraca, a reação com o radical peroxil é mais rápida (WRIGHT et

al., 2001). Além disso, o radical semiquinona (fO∙) resultante pode ser

relativamente estável, reagindo lentamente com os lipídios oxidados, o que é

conseguido mediante estabilização da ressonância dos radicais fO∙ (MORAN et

al., 1997).

A inibição da peroxidação lipídica em homogenato de cérebro pelos

extratos das plantas em estudo apresentou resultados que indicaram uma

maior eficiência quando comparados às substâncias utilizadas como referência.

Os resultados mostraram que os extratos aquoso (83,65±4,32 a

101,96±0,96%) e etanólico (82,21±4,80 a 101,96±0,94%) de L. rigida

apresentaram a maior capacidade em inibir a peroxidação lipídica (%SRAT),

estatisticamente significativa em relação aos demais extratos (Figura 27),

enquanto que com L. tomentosa e C.impressa apenas os extratos aquosos

apresentaram uma diferença estatística significante, como mostrado nas

figuras 28 e 29, respectivamente.

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73

Os resultados da inibição da oxidação do sistema β-caroteno/ácido

linoleico obtidos com os extratos foram confirmados pela inibição da produção

de SRAT em homogenato de cérebro de rato. Todos os extratos analisados

diminuíram a formação de produtos da autoxidação no homogenato, mostrando

uma efetividade na atividade antioxidante in vitro de maneira concentração-

dependente em relação aos controles. Os maiores efeitos inibitórios da

peroxidação lipídica foram observados com os extratos aquoso e etanólico de

L. rigida, e os aquosos de L. tomentosa e de C. impressa.

A inibição da peroxidação lipídica de todos os extratos foi maior que a

apresentada pela catequina e por C. marianus, utilizados como controles

positivos. Portanto os extratos de L. rigida, de L. tomentosa e de C. impressa

podem agir como potenciais supressores ou inibidores da peroxidação lipídica.

Os resultados experimentais apontam efeitos benéficos antioxidantes, ao

retardar o início da autoxidação, e ao sequestrar produtos primários e

secundários. Assim, ocorreu inibição ou retardamento em uma ou mais etapas

da reação em cadeia de radicais livres.

Figura 27 – Inibição da produção de SRAT pelos extratos aquoso, etanólico e

hidroetanólico de L. rigida. a = difere sig. do extrato aquoso de L. rigida

b = difere sig. do extrato etanólico de L. rigida

c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. rigida d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

c#d'e' c*d'e'

d'e'

d'e'd'e' d'e'

d'e' d'e' d'e'd'e' d'e' d'e'd'e* d'e#

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0

20

40

60

80

100

120

Catequina C. marianus L.rigida Aq. L. rigida Et. L. rigida HEt.

SR

AT

(%

)

1,04 µg/mL 2,08 µg/mL 4,16 µg/mL 8,33 µg/mL 16,66 µg/mL

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74

Figura 28 – Inibição da produção de SRAT pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de L. tomentosa.

a = difere sig. do extrato aquoso de L. tomentosa b = difere sig. do extrato etanólico de L. tomentosa c = difere sig. do extrato hidroetanólico de L. tomentosa d = difere sig. da catequina e = difere sig. de C. marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

Figura 29 – Percentual de inibição da produção de SRAT pelos extratos aquoso, etanólico e hidroetanólico de C.impressa.

a = difere sig. do extrato aquoso de C.impressa b = difere sig. do extrato etanólico de C.impressa c = difere sig. do extrato hidroetanólico de C.impressa d = difere sig. da catequina e = difere sig. deC. Marianus * ρ< 0,05; #ρ< 0,01; ‘ ρ< 0,001

b'c'd'e'

d'e'b*c#d'e'

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d'e'

d'e'b#d'e'

d'e' b#d'e'd'e' d'e' d'e'd'e* d'e* d'e*

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Catequina C. marianus L. tomentosaAq.

L. tomentosa Et. L. tomentosaHet.

SR

AT

(%

)

1,04 µg/mL 2,08 µg/mL 4,16 µg/mL 8,33 µg/mL 16,66 µg/mL

c'd'e'

d'e'

c#d'e'

b*d'e'

d'e'

b*d'e'd'e' d'e'd'e'd'e' d'e' d'e'd'e# d'e* d'e#

0

20

40

60

80

100

120

Catequina C. marianus C. impressa Aq. C. impressa Et. C. impressaHet.

SR

AT

(%

)

1,04 µg/mL 2,08 µg/mL 4,16 µg/mL 8,33 µg/mL 16,66 µg/mL

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75

5.3 AVALIAÇÃO DAS FRAÇÕES FH, FC E FA DO EXTRATO

HIDROETANÓLICO DE C. IMPRESSA IN VITRO

Com a finalidade de determinar o composto bioativo do extrato

hidroetanólico de C. impressa, que mostrou a melhor capacidade antioxidante

entre todas as espécies analisadas, o extrato hidroetanólico foi fracionado por

partição líquido-líquido com solventes em ordem crescente de polaridade,

obtendo-se as frações hexânica, clorofórmica e acetato de etila, FH, FC e FA,

respectivamente. Estas foram testadas frente ao teor de flavonoides totais e

radical livre DPPH e, posteriormente, analisadas espectroscopicamente por

RMN 1H.

5.3.1 Determinação do teor de flavonoides totais nas frações FH, FC e FA

do extrato hidroetanólico de C. impressa

A Tabela 4 mostra os teores de flavonoides nas frações em estudo,

destacando-se a fração acetato de etila, que apresentou o maior teor de

flavonoides totais (271,11±4,90 mg de eq. de quercetina / g de extrato).

Tabela 4 – Teor de flavonoides totais nas frações hexânica, clorofórmica e acetato de

etila do extrato hidroetanólico de C. impressa

Fração Flavonoides totais (mg de eq. de quercetina/g de extrato)

Ext. hidroetanólico de C. impressa

Hexânica 91,49±18,25

Clorofórmica 153,21±16,56

Acetato de etila 271,11±4,90*

Os valores são expressos em média ± DP de triplicatas. * Indica o maior teor de flavonoides (ρ < 0,001)

Jang (2004) isolou da fração de acetato de etila do extrato hidroetanólico

da casca de Couepia ulei um novo produto natural, eritro-2,3-bis(4-hidroxi-3-

metoxifenil)-3-etoxipropano-1-ol, e um composto já conhecido, a evofolina-B.

Enquanto Pires (2009), utilizando o mesmo tipo de fração, detectou a presença

de três flavonoides (2R, 3R-taxifolina 3-O-β-D-xilopiranosídeo, miricetina 3-O-α-

L-ramnopiranosídeo e quercetina 3-O-α-L-ramnopiranosídeo) no extrato

hidroetanólico de folhas de Licania octandra.

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76

5.3.2 Sequestro do radical livre DPPH nas frações FH, FC e FA do extrato

hidroetanólico de C. impressa

De forma geral, verifica-se que a fração acetato tem um comportamento

melhor que a fração clorofórmica e a fração hexânica, principalmente em

relação às concentrações 250 µg/ml e 500 µg/ml, em que a diferença é

estatisticamente significativa (Figura 30).

Figura 30 – Capacidade de sequestro do DPPH pelas frações hexânica, clorofórmica e acetato de etila do extrato hidroetanólico de C.impressa.

a = difere sig. da fração hexânica d = difere sig. da Catequina

b = difere sig. da fração clorofórmica e = difere sig. de C. marianus

c = difere sig. da fração acetato de etila * ρ < 0,05; # ρ < 0,01; ‘ ρ < 0,001

Em relação à evidente atividade antioxidante da fração acetato de etila,

a literatura também relata que outras espécies como Mangifera indica

(BADMUS et al., 2011), Enhydra fluctuans (SANNIGRAHI et al., 2010),

Tephrosia procumbens (PATWEKAR et al., 2010), Convolvulus arvensis

(THAKRAL et al., 2010) e Euphorbia hirta (KANDALKAR et al., 2010)

apresentaram uma maior atividade de sequestro do radical livre DPPH,

atividade esta confirmada pela presença de flavonoides.

a'b' a#b#

a'b'c'e'

a# a'

a#

a'b'c*e'

a'b#e'

a'b*e'

e'

a'e'

a'b#e'e' e'

e' e'

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

Catequina C. marianus Fração Hexânica Fração Clorofórmica Fração Acetato de Etila

SR

L (

%)

62,5 µg/mL 125 µg/mL 250 µg/mL 500 µg/mL 1000 µg/mL

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77

5.3.3 Análise espectroscópica das frações FH, FC e FA do extrato

hidroetanólico de C. impressa por RMN 1H

As frações FH, FC e FA foram analisadas por RMN 1H, para determinar

as possíveis classes de compostos orgânicos presentes em cada fração,

baseados na teoria do deslocamento químico.

O espectro de RMN 1H da fração FH (Figura 31) apresentou sinais entre

δ 0,5 - 2,5 ppm, referentes a hidrogênios ligados a carbonos sp3 não

oxigenados e sinais entre δ 5,0 - 5,5 ppm, indicativos da presença de duplas

ligações, característicos da presença de esqueletos terpênicos na fração. Esse

espectro apresentou ainda sinal largo e intenso em δ 1,20 ppm referente a

vários carbonos sp3 metilênicos ( -CH2-), que indica grande quantidade de

ácidos graxos na fração.

O espectro da fração FH não apresentou nenhum sinal referente a

hidrogênios aromáticos, que foram visualizados apenas nos espectros das

frações clorofórmica (FC) e acetato de etila (FA). No espectro de RMN 1H da

fração FC (Figura 32), também foram observados os sinais característicos da

presença de terpenos e ácidos graxos, mas em menor quantidade que na

fração hexânica. Nesse espectro foi possível observar sinais entre δ 3,0 - 5,0

ppm, relacionados a carbonos sp3 oxigenados, indicativos da presença de

unidades carboidráticas na fração clorofórmica.

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78

Figura 31 – Espectro de RMN 1H (500 MHz, MeOD/CDCl3) da FH.

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79

Figura 32 – Espectro de RMN 1H (500 MHz, MeOD/CDCl3) da FC.

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80

No espectro de RMN 1H da fração FA (Figura 33), foram observados

inúmeros sinais entre δ 5,5 - 8,0 ppm, referentes a hidrogênios ligados a

carbonos sp2, característicos da presença de núcleos aromáticos. Ainda nesse

espectro, foram observados sinais em δ 8,9 e 9,2 ppm, que sugerem a

presença de compostos fenólicos, ratificados pelos sinais em δ 5,5 - 6,0 ppm

característicos de hidrogênios aromáticos protegidos, possivelmente pelas

hidroxilas fenólicas. Foram observados ainda sinais referentes a açúcar, ácidos

graxos e compostos terpênicos em menor proporção que as demais frações.

Esses resultados são compatíveis com os dados da atividade

antioxidante pelo sequestro do radical DPPH das frações, que foram mais

promissores para a fração acetato de etila, quando comparados com as demais

frações, possivelmente pela presença dos compostos fenólicos, bastante

reportados na literatura por possuir essa propriedade. Esse fato também foi

comprovado pela constatação de maior teor de flavonoides na fração acetato

de etila em relação às outras frações.

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Figura 33 – Espectro de RMN 1H (500 MHz, MeOD/CDCl3) da FA, destacando-se a região referente aos hidrogênios aromáticos.

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5.4 TOXICIDADE AGUDA DOS EXTRATOS AQUOSOS EM RATOS

Diante dos resultados da capacidade antioxidante in vitro, a avaliação da

toxicidade aguda foi efetuada com os extratos aquosos de L. rigida, de L.

tomentosa e de C. impressa, considerando a existência de poucos relatos na

literatura e, ainda, por eles serem mais empregados na medicina popular.

5.4.1 Parâmetros fisiológicos

Os parâmetros fisiológicos, tais como consumo de ração e de água, e o

peso dos animais dos grupos tratados com 500 mg/kg e 2000 mg/kg de extrato

e do grupo controle, foram determinados no primeiro, sétimo e décimo quarto

dia de experimento, como mostrados na tabela 5. Durante o período

experimental, foi observado um equilíbrio no peso corpóreo entre animais do

mesmo grupo, embora tenha ocorrido um discreto ganho de peso.

Tabela 5 – Resultados do consumo de ração e água e peso dos animais

1° dia 7° dia 14° dia

Ração Água

Peso (g)

Ração Água

Peso (g)

Ração Água

Peso (g)

C 82 170 318±31,04 69 120 330±26,66 69,25 110 334±21,54

G1 64 135 295±8,08 68 105 303±8,50 73,35 125 313±15,94

G2 72 140 303±2,64 70,75 120 310±1 63,25 110 317±5,50

G3 85,5 170 313±5,19 69,5 112,5 315±1,52 66,5 117,5 319±4

G4 53,3 100 275±9,29 49,5 77,5 267±20,03 54,45 87,5 275±24,57

G5 64,4 135 277±1 55 95 280±8,50 65 117,5 282±3,05

G6 55 100 281±4,58 61,7 97,5 290±7,50 60,5 95 293±6,02

C- controle G1- L. rigida 500 mg/kg G2- L. tomentosa 500 mg/kg G3- C. impressa 500mg/kg

G4- L. rigida 2000 mg/kg G5- L. tomentosa 2000 mg/kg G6- C. impressa 2000mg/kg

Os valores são expressos em média ± DP de triplicatas.

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5.4.2 Parâmetros hematológicos

O tratamento com os extratos aquosos na concentração de 500 mg/kg e

2000 mg/kg, durante 14 dias consecutivos, não induziu modificações no perfil

hematológico dos ratos (Tabela 6). Entretanto, os valores da contagem global

de hemácias (RBC), hemoglobina (HGB) e hematócrito (HCT), importantes

indicadores na determinação das anemias, apresentaram uma diminuição nos

grupos G4 e G5 tratados com a dose de 2000 mg/kg dos extratos de L. rigida e

L. tomentosa, respectivamente, quando comparados ao grupo controle,

sugerindo indícios de possível anemia durante o período de tratamento.

A contagem diferencial de leucócitos (L), monócitos (M) e granulócitos

(G) apresentou-se semelhante entre os grupos (Tabela 3). A monocitose

observada nos grupos tratados com o extrato (500 mg/kg e 2000 mg/kg) pode

ser caracterizada como inespecífica, pois a contagem global de leucócitos não

apresentou modificações. Segundo Klaassen e Watkins (2001), nem a

monocitose nem a monocitopenia parecem ser especificamente induzidas por

agressões químicas.

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Tabela 6 – Resultados dos parâmetros hematológicos

Grupos HEMOGRAMA

RBC (106/mm3)

HGB (g/dL)

HCT (%)

WBC (103/mm3)

L (%)

M (%)

G (%)

PLT (103/mm3)

C 8,4±0,21 16±0,28 47,5±0,98 7,6±0,84 89,2±1,76 8,9±1,41 1,85±0,35 865±9,89

G1 8,4±0,85 16,1±2,15 45,4±5,91 11,2±4,31 86,6±1,36 10,5±0,11 2,8±1,24 854,6±146

G2 7,6±1,49 14,5±2,72 47,7±3,97 7,9±3,85 75,5±6,56 15,2±2,92 9,2±3,93 645,6±211

G3 8,7±0,51 16,2±0,11 52,1±8,97 11,2±4,30 81,6±8,78 13,2±5,33 5,0±3,49 830,6±71,5

G4 5,1±1,95 11,8±2,90 34,9±7,84 5,0±1,55 80,6±1,43 14,7±0,92 4,6±1,35 489,6±359

G5 6,4±2,35 12,9±4,49 38,6±14,53 6,3±1,56 83,7±7,06 11,4±4,37 4,8±2,85 616,6±178

G6 9,0±3,84 21,7±7,52 42,9±10,23 8±6,84 81,9±7,79 12,9±4,76 5,1±3,06 813,3±608

C- controle G1- L. rigida 500 mg/kg G2- L. tomentosa 500 mg/kg G3- C. impressa 500mg/kg

G4- L. rigida 2000 mg/kg G5- L. tomentosa 2000 mg/kg G6- C. impressa 2000mg/kg

Os valores são expressos em média ± DP de triplicatas.

RBC- Contagem global de hemácias; HGB- Hemoglobina; HCT- Hematócrito; WBC- Contagem global de leucócitos;

L %- Percentual relativo de linfócitos; M %- Percentual relativo de monócitos; G%- Percentual relativo de granulócitos;

PLT- Plaquetas.

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5.4.3 Parâmetros bioquímicos

A análise das enzimas aminotransferases (AST e ALT) mostrou um

aumento nos níveis séricos de AST para os grupos controle e o G2 (L.

tomentosa, 500 mg/kg) (Tabela 7).

Ainda em relação aos valores de creatinina entre os grupos controle e

G2 (L. tomentosa, 500 mg/kg), foi observada uma diferença que pode sugerir

diminuição na filtração glomerular.

A diminuição da filtração glomerular, de forma geral, leva ao aumento

das concentrações de ureia e creatinina. Em ratos, níveis séricos alterados

para ureia não são bons indicadores de lesão renal, mas alterações na

creatinina podem ser um indicador confiável para avaliar a presença de lesão,

pois seu nível sérico não é influenciado pela dieta, idade e sexo.

Os extratos aquosos das espécies avaliadas não ofereceram risco

toxicológico, uma vez que, durante o período experimental, nenhum animal foi

a óbito. Esses extratos apresentaram uma boa capacidade antioxidante in

vitro.

Ao término do período de observação, os animais foram sacrificados e

autopsiados. De acordo com a Resolução nº 90 da ANVISA (BRASIL, 2004),

como não foram observadas alterações nas autópsias, estudos

histopatológicos dos órgãos não foram realizados.

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Tabela 7 – Resultados dos parâmetros bioquímicos

PB GRUPOS

C G1 G2 G3 G4 G5 G6

UR 54,5±7,77 44,3±7,23 75±4,24 40,5±2,12 55±7,93 44,3±0,57 47,3±4,04

CT 0,6±0,07 0,6±0,1 0,75±0,07 0,5±0,07 0,6±0,05 0,6±0,11 0,7±0,00

ALT 97±4,24 80,3±16,25 93,5±17,67 75,5±2,12 95±11,53 80,3±6,65 90±25,51

AST 250±23,33 182±21,96 301±109 182±22,62 233±10,69 173±12,28 209±15,30

GGT 12±1,41 3,7±5,40 0,7±0,00 0,6±0,14 06±0,00 0,6±0,05 0,6±0,05

BT 0,38±0,26 0,31±0,02 0,28±0,14 0,20±0,007 0,38±0,15 0,24±0,06 0,20±0,13

BD 0,10±0,007 0,10±0,01 0,16±0,11 0,15±0,02 0,09±0,01 0,12±0,01 0,10±0,09

BI 0,28±0,26 0,20±0,02 0,18±0,11 0,05±0,01 0,29±0,14 0,11±0,05 0,13±0,09

AMI 1029±3,53 824±158 1039±72,8 749±98,28 758±147 707±8,38 803±66,52

COL 54,5±36,06 33,6±26,83 51±11,31 31±29,69 32±21,65 30,3±12,22 22±18,19

PT 6,6±0,00 6,4±1,28 7,2±0,91 5,9±0,84 6,8±0,26 6,3±0,45 6,73±0,60

ALB 3,1±0,42 2,7±0,45 3,1±0,28 2,6±0,21 2,69±0,37 2,9±0,3 2,6±0,3

GLO 3,5±0,42 3,7±0,83 4,1±0,63 3,2±0,63 4,1±0,11 3,4±0,69 4,1±0,55

GLI 122±21,92 152±26,35 136±77,0 130±50,2 101±32,50 163±54,5 125±12,50

TRIG 53±5,65 66,6±13,6 81±15,55 35,5±2,12 48,6±4,50 62,3±20,23 68,6±34,38

C- controle G1- L. rigida 500 mg/kg G2- L. tomentosa 500 mg/kg G3- C. impressa 500mg/kg

G4- L. rigida 2000 mg/kg G5- L. tomentosa 2000 mg/kg G6- C. impressa 2000mg/kg

Os valores são expressos em média ± DP de triplicatas.

PB- Parâmetros bioquímicos; UR-Uréia (mg/dL); CT- Creatinina (mg/dL); ALT- Alanina amino transferase (U/L); AST- Aspartato amino transferase (U/L); GGT- Gama glutamil transferase (U/L); BT- Bilirrubina total (mg/dL); BD- Bilirrubina direta (mg/dL);BI- Bilirrubina indireta (mg/dL); AMI- Amilase (U/L); PT- Proteínas totais (g/dL); ALB- Albumina (g/dL); GLO- Globulina (g/dL); GLI- Glicose (mg/dL); COL- Colesterol (mg/dL); TRIG- Triglicérides (mg/dL).

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Alguns estudos fitoquímicos na família Chrysobalanaceae têm mostrado

a predominância de substâncias de natureza fenólica (BRACA et al., 2002;

CASTILHO, KAPLAN, 2008; GARO et al., 1997.; GUSTAFSON et al., 1991;

LEE et al., 1996). Devido às suas propriedades antioxidantes, essas

substâncias recebem grande atenção, por exercerem vários efeitos por meio de

diferentes funções, como, por exemplo, a supressão da formação de ERO,

ERN ou seus precursores; redução de hidroperóxidos e de peróxidos orgânicos

e inorgânicos; sequestro de íons metálicos; remoção de radicais livres ativos

com reparo e/ou remoção do dano. Além disso, alguns antioxidantes induzem a

biossíntese de outros antioxidantes ou enzimas (NOGUSSHI; NIKI, 2000).

Com base nas eficientes atividades antioxidantes observadas nos

sistemas avaliados, pode-se inferir que as moléculas presentes nos extratos

apresentam características hidrofílicas. Embora os estudos referentes a essas

espécies sejam escassos, esses resultados indicam que L. rigida, L. tomentosa

e C. impressa devem ser investigadas in vivo, face ao seu potencial

antioxidante, especificamente o extrato hidroetanólico de C. impressa, visando

o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico e, portanto, à validação de

seu uso popular.

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6 CONCLUSÃO

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Considerando os resultados experimentais anteriormente expostos,

pode-se concluir que:

1. a prospecção fitoquímica preliminar dos extratos de L. rigida., L. tomentosa

e C. impressa indica a presença de substâncias de natureza fenólica;

2. as capacidades antioxidantes dos extratos das plantas em estudo, e

especificamente o extrato hidroetanólico de C. impressa, avaliadas por

meio de várias metodologias foram superiores àquela apresentada por C.

marianus, um fitoterápico de conhecida atividade antioxidante;

3. a capacidade antioxidante detectada in vitro corrobora o uso popular destas

plantas no tratamento de doenças nas quais há envolvimento de espécies

reativas de oxigênio (e.g., diabetes e reumatismo);

4. a avaliação da toxicidade aguda em dose única demonstrou que os

extratos aquosos das espécies estudadas não oferecem risco toxicológico;

5. com base no anteriormente exposto, este estudo abre perspectivas de

estudos in vivo com estas plantas e especificamente com o extrato

hidroetanólico de C. impressa, visando a validação de um uso etnomédico.

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REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

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ANEXOS _______________________________________________________________

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ANEXO A − Identificação botânica das plantas

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ANEXO B − Aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL)