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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MATEUS CÂNDIDO DE MELO COSTA

OCTOPUS

PROJETO DE UMA CASA NOTURNA EM PONTA NEGRA

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do

grau de Arquiteto e Urbanista.

Orientadora: Prof. Dra. Bianca Carla Dantas de Araújo

Natal, 2016

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Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Costa, Mateus Cândido de Melo.

Octopus: projeto de uma casa noturna em ponta Negra / Mateus

Cândido de Melo Costa. – Natal, RN, 2016.

93f. : il.

Orientadora: Bianca Carla Dantas de Araújo.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.

1. Projeto arquitetônico – Casa noturna – Ponta Negra/RN –

Monografia. 2. Lazer – Monografia. 3. Conforto acústico – Monografia.

I. Araújo, Bianca Carla Dantas de. II. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MATEUS CÂNDIDO DE MELO COSTA

OCTOPUS

PROJETO DE UMA CASA NOTURNA EM PONTA NEGRA

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do

grau de Arquiteto e Urbanista.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Bianca Carla Dantas De Araújo – Professora Orientadora – UFRN

_______________________________________________________________

José Aureliano de Souza Filho – Professor – UFRN

_______________________________________________________________

Debora Nogueira Pinto – Arquiteto Convidado

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Aos meus pais, Flávio e Gilkissa.

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AGRADECIMENTOS

Agradecimentos no início de um trabalho final de graduação.

Sempre me perguntei qual a necessidade de escrever isso, mas agora,

fazendo esse trabalho, eu acho que a ficha finalmente caiu e eu notei quão

importante é essa página.

Já é meio que obvio e clichê agradecer a família logo no começo dos

agradecimentos, então não vejo nenhum motivo para eu não começar

também assim, não tinha nem como ser diferente, afinal se existe um grupo

de pessoas que sempre acreditou e depositou em mim, esse grupo é a minha

família, principalmente minha família materna, provavelmente por eu ser o

primeiro dos netos de minha avó Tereza, o sobrinho que foi experimento

inicial de todas as tias.

Meus pais, Flávio e Gilkissa, não podem passar em branco,

obviamente, afinal, me sustentaram e acreditaram em mim desde o dia vinte

e cinco de maio de mil novecentos e noventa e dois, dia em que nasci. Meu

pai, que sempre foi o chato que ficava acompanhando minhas notas na

escola, com brincadeirinhas sem graça quando eu me dava mal em uma

prova de matemática, afinal, segundo ele, eu era “o mestre da matemática”.

Mas enfim, essa é a função dele, não fez mais do que sua obrigação

(desculpa, mas eu precisava falar isso).

Já minha mãe, eu acho que não existem páginas suficientes para

escrever tudo o que eu gostaria de escrever para ela. Ela que me perturba o

tempo todo perguntando onde eu estou, fica entrando o tempo todo no meu

quarto para perguntar se eu quero assim ou assado, mexe nas minhas coisas

e muda tudo de lugar, ela que faz tudo isso só para me agradar e querer o

meu bem. Enfim, mãe é mãe e não tem o que discutir, não existe amor maior

nem igual.

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Passado a família acho que o normal dos agradecimentos é falar dos

amigos, afinal, dizem que nossos amigos na verdade é a família que a gente

escolheu. Mas são tantos amigos, tantas coisas que precisam ser ditas, que

acho que fica melhor encerrar meus agradecimentos falando deles do que

jogar logo no começo.

Se tem algo que é impossível, é não citar os professores que tive

durante toda a minha graduação, sem eles eu jamais teria chegado aqui.

Primeiramente gostaria de agradecer minha orientadora, Bianca, não só por

aceitar me orientar, mas por ter lecionado uma das matérias que eu mais

gostei durante essa jornada. Também tenho que agradecer ao professor

Renato Medeiros, que deixou de ser meu professor e passou a ser meu

amigo, de conversas no whatsapp e muitas farras. Por mim todos os

professores que abriram minha mente e me mostraram o lado bom da

arquitetura, principalmente Carla Varela e Luciana, melhores professoras

de projeto, Aldomar, que me apresentou ao conforto com suas aulas

diferentes, Ruth, que me fez gostar (um pouco) de urbanismo e Petrus que

graças a Deus colocava a gente para calcular, saudades números.

Outra coisa importante que eu preciso agradecer são as novelas

mexicanas e globais, DVD de Cia do Calipso, Whitney Houston e filmes da

Disney, sem tudo isso, minhas tardes de projeto com a minha turma não

teriam sido as mesmas (sim, a gente projetava assistindo/ouvindo essas

coisas).

Por falar em turma, acho que já posso falar dos amigos, de todos

que me acompanharam de alguma forma durante todos esses anos. Não

posso deixar de falar dos meus melhores amigos, que nem do curso são, mas

mesmo assim me entendem e me apoiam. Vini e Tutu Caca, sempre me

fazendo rir e ouvindo meus desabafos, meus companheiros de guerra, as

duas pessoas que eu mais falo besteira. Se eu estou aqui escrevendo isso

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uma hora dessas (01:24 da manhã) é porque eu provavelmente perdi muito

tempo falando com vocês hoje, mas que com certeza esse “tempo perdido”

valeu muito a pena, pois deixou meu dia bem mais leve. Obrigado amigos <3

Ao meu amigo João Victor que também faz esse curso de doido e

entende toda essa confusão que é ser estudante de arquitetura. Obrigado

Jão por todas as noites sem limites que a gente teve, obrigado pelas lições

de moral que você já me deu, obrigado pelas nossas viagens nos últimos

anos e desculpa se eu já te bati ou puxei sua barba, não era eu.

A todos os meus amigos que me aturam e fazem as minhas noites

mais animadas em especial Jaiara, talvez a pessoa mais louca que eu

conheço, a pessoa que mais odeia esse trabalho e também a pessoa que mais

me faz rir e também ao meu amigo Zé, sempre pesando positivo, sempre me

motivando.

Sebe, Andola, Tay, Lucas, Paloma, Ana, Mari, meninas do 10, Phil,

Kim, Katrine, Aileen e principalmente Sheila e Juan, sem vocês meus

dezesseis meses em Dublin teriam sido um lixo.

Por falar em Dublin, esse período de intercambio me fez entrar em

uma nova turma e fazer novas amizades, é impossível não agradecer as

pessoas maravilhosas que essa turma me proporcionou conhecer,

principalmente Rafaela, Aline Vecchi e Martin, sem vocês esses períodos

não teriam sido tão legais e engraçados.

E turma, se tem algo que eu realmente preciso agradecer é minha

turma original, aos meus Boêmios. Sim, deixei para falar sobre as melhores

pessoas do mundo no fim de tudo, afinal isso tem que ser fechado com chave

de ouro. Esse grupo que, em sua maioria, entrou junto comigo nesse curso

em 2010.2, essas pessoas que me fizeram chegar até aqui, como não falar

individualmente de cada um?

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Primeiramente aos que estão comigo nessa batalha, provavelmente

acordados fazendo também esse trabalho final nesse exato momento.

Luizão, Fili, Carolinda, Larry Potter e Dani fina, VAI DAR CERTO, GALERA!

Obrigado a vocês por compartilhar dos desesperos ao longo desse semestre,

por sempre falar o pouco que tinha feito só para consolar o outro e mostrar

que estava tão atrasado quanto. Obrigado em especial a Luiza, praticamente

minha dupla de TFG, pela companhia todas as tardes que, teoricamente,

ficamos fazendo esse trabalho, mas, na real, ficávamos conversando

besteira.

Obrigado ao melhor imigrante (sim, o melhor), que foi

praticamente meu co-orientador desse trabalho. Eu que, segundo boatos,

cuidei de você na Irlanda e aqui em Natal e recebi todo esse cuidado de volta

esse período, recebendo mensagens perguntando como estava meu

trabalho, me mandando ir fazer e sempre oferecendo ajuda. Esse trabalho

não seria nem metade, de fato, do que ele é se não fosse você, valeu de

verdade.

Babina linda que mesmo tão longe sempre se faz sempre tão

presente. Minha primeira nova amiga dessa turma, minha companheira de

comentários durante apresentação de trabalhos. A pessoa que pensa tão

diferente e ao mesmo tempo tão igual a mim. Obrigado <3

Erivania e Aless, melhores companheiras de viagem, as que sempre

entendiam minhas loucuras, talvez por serem tão parecidas comigo. Duas

irmãs que ganhei nesse curso, duas pessoas que sei que posso contar

sempre que precisar. Obrigado <3

Txos, a dona e proprietária da maior retaguarda desse grupo. Não

me refiro ao seu glúteo avantajado, mas sim ao seu temperamento

australiano que sempre surgia quando precisava defender um de nos.

Obrigado por tudo, obrigado por ser tão presente, volta logo <3

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A minha Lady Guiga, sempre com seu jeitinho extrovertido, seu

jeito que anda entre o sexy, o bagunçado e o natural. Obrigado por toda a

parceria desde o colégio e, principalmente por ter colado seu papel na régua

paralela no primeiro período, tenho certeza que essa foi uma das maiores

crises de riso que eu já tive.

A rainha do Twitter Rhenyara, eu tenho 48937602% de certeza que

esse curso não teria sido tão leve sem você. Sempre levando as coisas na

brincadeira, mas ao mesmo tempo tendo seu lado sério, trazendo assuntos

que eu nunca tinha parado para pensar.

Valiosa e Hatsu, as mais caladinhas do grupo. Sempre mais

discretas, mais tímidas, mas sempre presentes. Estavam sempre ali do lado

quando alguém precisava de alguma ajuda.

E por fim, Barrosa Carnivora. Acho que o número de fotos juntas

que nós dois enviamos no nosso grupo durante já basta para mostrar o quão

presente você esteve em minha vida esse ano. Sempre presente quando

preciso, sempre pronta para me defender mesmo quando estive errado,

sempre preparada para me ajudar no que quer que fosse.

Enfim, eu acho que é isso. Pelo tanto que eu escrevi agora realmente

posso afirmar que sei o motivo de ter esse tópico chamado

“agradecimentos” no começo dos trabalhos, sem certas coisas nada disso

seria do jeito que é.

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RESUMO

COSTA, Mateus Cândido de Melo. Octopus: Projeto de uma casa noturna em Ponta Negra. 2016. 93f. Monografia (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

O presente trabalho, submetido como trabalho final de graduação, desenvolvido na área de projeto de arquitetura, tem como objetivo geral o desenvolvimento de um anteprojeto de arquitetura de uma casa noturna para a cidade de Natal, dando uma ênfase no conforto acústico dos usuários. Tal equipamento será locado no bairro de Ponta Negra, bairro esse que possui um grande fluxo turístico na cidade. Esse trabalho foi realizado a partir de um estudo teórico-conceitual sobre o tema além da utilização de diferentes estudos de referência diretos e indiretos. O resultado final foi o desenvolvimento da proposta do anteprojeto da “OCTOPUS: Uma casa noturna em Ponta Negra” sendo um equipamento de médio porte com diferentes ambientes.

Palavras-Chave: Lazer; Casa Noturna; Conforto Acústico; Projeto de arquitetura

ABSTRACT

The current paper, submitted as final graduation work, developed in the area of architecture project, has as general objective, the development of an architectural design of a nightclub for the city of Natal, giving an emphasis on the acoustic comfort of the users. Such equipment will be placed in the neighbourhood of Ponta Negra, a neighbourhood that has a great tourist presence in the city. This work was carried out based on a theoretical-conceptual study on the subject and also in the use of different direct and indirect reference studies. The final result of this work was the development of the design of "OCTOPUS: A nightclub in Ponta Negra", being a medium size equipment with different rooms.

Keywords: Leisure; Nightclub; Acoustic Comfort; Architectural design

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pepper’s Hall - Fachada Principal .............................................................. 28

Figura 2 - Planta Baixa ....................................................................................................... 29

Figura 3 – Camarotes, Pista de dança e Palco ........................................................... 30

Figura 4 - Camarotes e cabine do DJ ............................................................................ 30

Figura 5 - Casanova - Fachada Frontal ......................................................................... 32

Figura 6 - Pista de dança .................................................................................................. 33

Figura 7 - Planta baixa ....................................................................................................... 33

Figura 8 - Bar ........................................................................................................................ 34

Figura 9 - Nova rampa de acesso ................................................................................... 35

Figura 10 – Opium, Restaurante .................................................................................... 37

Figura 11 - Opium, Área Externa.................................................................................... 38

Figura 12 - Opium, Área Interna .................................................................................... 38

Figura 13 - Opium, Área Vip ............................................................................................ 38

Figura 14 - Opium, Lounge Externo .............................................................................. 38

Figura 15 - Fachada Inicial em 2006 ............................................................................. 39

Figura 16 - Fachada Atual ................................................................................................ 40

Figura 17 - Plantas .............................................................................................................. 41

Figura 18 - Vista da área V.I.P e o uso da volumetria do hexágono na composição

dos ambientes ............................................................................................................ 42

Figura 19 - Pista de dança no térreo ............................................................................. 43

Figura 20 - Baias do bar .................................................................................................... 43

Figura 21 - Bar do segundo pavimento ........................................................................ 44

Figura 22 – Localização do Bairro .................................................................................. 45

Figura 23 - Vista do terreno a partir de seu ponto mais elevado ........................ 46

Figura 24 - Vista do terreno a partir da praia ............................................................ 47

Figura 25 - Localização do terreno ................................................................................ 48

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Figura 26 - Terreno ............................................................................................................ 49

Figura 27 - Topografia do terreno ................................................................................. 49

Figura 28 - Carta dos ventos de Natal aplicada no terreno ................................... 51

Figura 29 - Carta Solar de Natal aplicada no terreno .............................................. 52

Figura 30 - Zoneamento Geral ........................................................................................ 63

Figura 31 - Fluxograma ..................................................................................................... 64

Figura 32- Esquema da primeira concepção .............................................................. 66

Figura 33 - Estudo volumétrico da primeira concepção ......................................... 67

Figura 34 - Croquis iniciais da proposta 1 ................................................................... 67

Figura 35 - Croquis inicias da segunda proposta ...................................................... 68

Figura 36 - Zoneamento inicial ....................................................................................... 69

Figura 37 - Topografia do terreno ................................................................................. 70

Figura 38 - Zoneamento vertical - Corte longitudinal ............................................. 71

Figura 39 - Croqui da vista sudoeste da solução final ............................................. 71

Figura 40 - Edificação em seu entorno ........................................................................ 72

Figura 41 - Zoneamento a partir da volumetria ........................................................ 73

Figura 42 - Planta baixa pavimento térreo ................................................................. 75

Figura 43 - Planta baixa pavimento -1 ......................................................................... 76

Figura 44 - Planta baixa pavimento +1......................................................................... 77

Figura 45 - Laje protendida ............................................................................................. 79

Figura 46 - Gráfico comparativo para lajes em concreto armado ou protendido

......................................................................................................................................... 80

Figura 47 - Edificação com revestimento externo em ACM preto ...................... 82

Figura 48 - Vista da fachada frontal .............................................................................. 88

Figura 49 - Vista da fachada posterior ......................................................................... 88

Figura 50 - Vista da fachada frontal .............................................................................. 89

Figura 51 - Vista para a Praia de Ponta Negra e Morro do Careca a partir da área

aberta ............................................................................................................................ 89

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Prescrições urbanisticas ------------------------------------------------- 54

Tabela 2 - Pré-dimensionamento pista 1 ------------------------------------------- 60

Tabela 3 - Pré-dimensionamento pista 2 ------------------------------------------- 61

Tabela 4 - Pré-dimensionamento área pública aberta --------------------------- 61

Tabela 5 - Pré-dimensionamento setor administrativo -------------------------- 61

Tabela 6 - Pré-dimensionamento área de serviço -------------------------------- 62

Tabela 7 - Pré-dimensionamento área técnica ------------------------------------ 62

Tabela 8 - Quadro resumo ------------------------------------------------------------ 62

Tabela 9 - Superficies de revestimento --------------------------------------------- 84

Tabela 10 - Tempo de reverberação ------------------------------------------------ 85

Tabela 11 - Atenunação --------------------------------------------------------------- 85

Tabela 12 - Tabela de cálculo da caixa d'agua ------------------------------------- 87

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 5

RESUMO ................................................................................................................................ 10

ABSTRACT ............................................................................................................................. 10

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. 13

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 16

1 - CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................... 18

1.1 – TURISMO EM NATAL .......................................................................................... 18

1.2 – LAZER NOTURNO ................................................................................................. 20

1.3 – CONFORTO ACÚSTICO ....................................................................................... 24

2 - ESTUDOS DE REFERÊNCIA .......................................................................................... 27

2.1 – ESTUDOS DIRETOS .............................................................................................. 27

2.1.1 – PEPPER’S HALL .............................................................................................. 27

2.1.2 – CASANOVA ECOBAR ................................................................................... 31

2.2 – ESTUDOS INDIRETOS .......................................................................................... 37

2.2.1 – OPIUM MAR .................................................................................................. 37

2.2.2 – JOSEFINE/ROXY ............................................................................................ 39

3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS .............................................................................. 45

3.1 – TERRENO ................................................................................................................ 45

3.1.1 – LOCALIZAÇÃO ............................................................................................... 45

3.1.2 – ASPECTOS FÍSICOS ....................................................................................... 48

3.1.3 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS ....................................................... 50

3.2 – CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................................ 52

3.2.1 – PLANO DIRETOR E CODIGO DE OBRAS .................................................. 53

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3.2.2 – CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E

PÂNICO ......................................................................................................................... 55

3.2.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE ..................................................................... 57

4 – MÉTODO DE PROJETO ............................................................................................... 58

4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES ....................................................................... 58

4.2 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................................................................. 60

4.3 – RELAÇÕES PROGRAMÁTICAS ........................................................................... 63

5 – PROPOSTA FINAL ......................................................................................................... 65

5.1 – PARTIDO ARQUITETÔNICO ............................................................................... 65

5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA ................................................................................ 65

5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS ...................................................................................... 72

5.3.1 – INSERÇÃO URBANÍSTICA ........................................................................... 72

5.3.2 – SOLUÇÕES FUNCIONAIS/RELAÇÕES SOCIOESPACIAIS ...................... 74

5.3.3 – ESTRUTURA ................................................................................................... 78

5.3.4 – MATERIAIS ..................................................................................................... 80

5.3.5 – CONFORTO ACÚSTICO ............................................................................... 82

5.3.6 – RESERVATÓRIO DE ÁGUA .......................................................................... 86

5.3.7 – PERSPECTIVAS .............................................................................................. 88

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 90

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 91

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INTRODUÇÃO

A noite natalense vem ficando a cada dia mais diversificada e

espaços destinados ao lazer noturno vêm surgindo dia após dia. Porém, na

grande maioria das vezes, esses espaços são edificações já existentes que

passam a ter seu uso modificado, sendo adaptadas para a nova função.

São exemplos desses espaços a boate Pink Elephant, na zona leste

da cidade, o Whiskritorio e o Casanova ecobar, localizados na zona sul da

cidade e todas com uma programação ativa de festas durante os fins de

semana. Em alguns casos, como o Galpão 29 e o Ateliê bar e petiscaria,

ambos no bairro da ribeira, as edificações sequer receberam uma melhoria

acústica ou física adequada para exercer tal atividade, porém, nos dois

casos, um simples galpão que recebeu uma estrutura mínima de bar e

banheiro, são utilizados para realização de festas.

Um dos poucos casos na cidade, de edificação que foi totalmente

reformada para tal função, é a boate Pepper’s Hall, em ponta negra. O

edifício, inaugurado em 2011, conta com todos os requisitos básicos para

exercer o papel de uma boate, com projeto acústico, lumínico e de segurança

adequado.

Diante deste contexto, o intuito desse trabalho é a elaboração de

um anteprojeto arquitetônico planejado desde o início para exercer a função

de casa noturna, tendo todos os requisitos que um empreendimento precisa

para funcionar adequadamente, dando uma ênfase em seu tratamento

acústico. O trabalho abrangerá todas as premissas para projeto, tanto do

ponto de vista de soluções formais e estruturais, como do ponto de vista da

contextualização da edificação e da inserção do usuário no edifício.

Já para atender às necessidades específicas do público alvo e

pensando no fator de rotatividade dos usuários na edificação, serão

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abordadas diretrizes para casas noturnas, onde serão discutidos os

aspectos que contribuem para um ambiente adequado para tal uso.

As condicionantes climáticas e legais também serão discutidas no

trabalho, a fim de mostrar os aspectos que fizeram o projeto personalizado

para o contexto, o clima, a cidade, e o entorno.

Portanto, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver um

anteprojeto de arquitetura de uma casa noturna para a cidade de Natal, com

ênfase no conforto acústico dos usuários.

A estrutura deste trabalho é dividida em dois volumes. O primeiro

deles corresponde ao trabalho escrito, enquanto o outro é composto pelo

jogo de pranchas de desenhos arquitetônicos.

O primeiro volume é organizado em cinco partes divididas em

tópicos e subtópicos de acordo com suas especificidades. Primeiramente

será feita uma contextualização geral sobre conceitos teóricos que foram

estudados para a elaboração desse trabalho. Em seguida serão

apresentados os estudos de referência diretos e indiretos utilizados como

base inicial do projeto arquitetônico. Após isso serão abordadas as

condicionantes projetuais e legais acerca do projeto. A quarta parte do

volume escrito apresenta o programa do projeto, contendo o programa de

necessidades e o pré-dimensionamento do mesmo. E por fim, a última parte

apresenta o memorial descritivo/justificativo da proposta final do projeto.

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1 - CONTEXTUALIZAÇÃO

O processo de projeto praticado por arquitetos não é um processo

explicito nem linear. Na maioria das vezes está cercado por aspectos

subjetivos, baseados na intuição e desprendido de conceitos, não atribuindo

a ele uma rotina racional.

Para um melhor entendimento sobre o tema estudado notou-se a

necessidade de um aprofundamento teórico em alguns conceitos que estão

estritamente ligados ao assunto.

Inicialmente, a partir de consultas prévias na literatura disponível,

observou-se a importância da definição de alguns conceitos como lazer,

lazer noturno e conforto acústico. Além disso, se notou importante um

estudo sobre o turismo na cidade e, principalmente, na área onde o projeto

será desenvolvido. O conhecimento destes é importante para a

fundamentação do estudo.

1.1 – TURISMO EM NATAL

A modalidade de turismo praticado em Natal é baseada no turismo

de massa, modalidade essa que se volta para o turismo de lazer e recreação.

Dessa forma, o processo de urbanização turística vem transformando os

espaços de lazer da cidade em áreas turísticas.

Durante os ultimos anos a atividade turística em Natal vem se

tornando uma das atividades econômicas mais significativas, não só na

cidade, mas também em todo o estado. Essa consolidação da atividade

turística na cidade se deu devido aos grandes investimentos feitos pelo

poder público na área.

A atividade turística na cidade veio se consolidar durante a década

de 1990, quando foi implantada a política do Programa de Desenvolvimento

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do Turismo no Rio Grande do Norte – PRODETUR/RN, onde ocorreram

grandes investimentos no turismo, principalmente nas áreas de praia.

Durante esse programa de desenvolvimento os espaços contemplados com

esses recursos a praia de Ponta Negra e toda a área da Via Costeira. Devido

a isso, o bairro de Ponta Negra recebeu recursos para melhoria de

esgotamento sanitário, drenagem, pavimentação, urbanização, iluminação

pública e outros fatores importantes para a sua infraestrutura (FONSECA,

2005).

Após a execução dessas políticas de turismo na região, foi notória a

melhoria e o aumento da infraestrutura turística por toda a cidade, essa

melhoria pôde ser notada, principalmente, devido ao grande aumento no

número de leitos de hospedagem na região que houve nesse período. Como

consequência disso, novos investidores internacionais foram atraídos para

o bairro e, devido a isso, novos estabelecimentos internacionalmente

renomados se instalaram em Ponta Negra.

O crescimento da atividade turística passa também despertar, além

do desenvolvimento econômico, o processo de urbanização. Esse fenômeno

é notoriamente percebido principalmente ao longo da Avenida Engenheiro

Roberto Freire, importante avenida da cidade que liga os bairros da zona

sul à Ponta Negra. De acordo com Furtado (2005), a partir dos meados dos

anos de 1990, essa Avenida passa a concentrar uma variedade de serviços,

destinados a atender tanto os turistas quanto residentes dos bairros

próximos.

Embora Ponta Negra seja considerada um forte polo turístico da

Cidade, no bairro ainda é muito forte a presença do uso do solo residencial,

tanto pelas classes socioeconômicas elevadas, quanto pelas populares.

Esses também fazem uso da praia como opção recreação e lazer, além dos

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equipamentos construídos a partir dos investimentos na área do turismo,

como bares, restaurantes, boates, entre outros.

Portanto, a praia de Ponta Negra é considerada o principal espaço

turístico da cidade, frequentada tanto por residentes como por turistas

advindos de várias partes do Brasil e do mundo, em busca de espaços de

lazer e recreação.

1.2 – LAZER NOTURNO

A palavra “lazer” é definida como um conjunto de atividades em

que um indivíduo participa por livre e espontânea vontade, podendo ser

para descansar, divertir ou socializar. O lazer vem adquirindo lugar de

crescente destaque em nossa sociedade contemporânea, contrapondo-se ao

que movimenta a sociedade industrial - o trabalho.

O conceito de lazer é baseado principalmente nas definições

teóricas do sociólogo francês Dumazedier (1976) no seu livro “Lazer e

cultura popular” (1976). Segundo Dumazedier o lazer, como conhecemos

hoje, surgiu na modernidade Europeia do século XIX, como fruto da

revolução industrial, que naquele tempo ocorria nos principais centros

urbanos da Europa, sobretudo na Inglaterra. Durante esse período os

proletariados com longas jornadas de trabalho, começaram a reivindicar

uma melhor distribuição social do “tempo” a partir do início do século XX, a

fim de aumentar o tempo para suas atividades de lazer para compensar a

exaustão adquirida.

O Movimento Trabalhista Internacional contribuiu diretamente

para a evolução no aumento do tempo livre e para uma abordagem mais

racionalizada e positiva do lazer enquanto fenômeno social. Para ele, o lazer

se contrapõe ao trabalho e corresponde a uma liberação periódica do

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trabalho no fim do dia, da semana, do ano e da vida, quando a aposentadoria

é alcançada. Dumazedier conceitua o lazer como:

"O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais" (Dumazedier, 1976).

Geralmente o significado de lazer está relacionado ao "não-

trabalho", tempo livre ou desocupado dedicado à diversão, à recuperação

de energias, à fuga das tensões e os problemas do cotidiano. Alguns

estudiosos, pessoas comuns considerem uma perda de tempo ou que o lazer

não faz parte das necessidades essenciais de uma sociedade, as pessoas

precisam de momentos de ócio para alcançar uma melhor qualidade de

vida.

Segundo Luiz O. Lima Camargo (2003), o lazer é uma escolha

individual, onde suas atividades são sempre livres de obrigações, é um

tempo no qual pode-se exercitar mais o fazer-por-fazer sem que,

necessariamente, haja um ganho financeiro em vista ou um preço sério a ser

pago. A propriedade mais óbvia do lazer é sua realização na busca da

compensação ou substituição de algum esforço que a vida impõe. Já Victor

A. de Melo e Edmundo de Drummond A. J. (2003) afirmam que:

(...) as atividades de lazer são observáveis no tempo livre das obrigações, sejam elas profissionais, religiosas, domésticas ou decorrentes das necessidades fisiológicas. E também afirmam que há compromisso no tempo de lazer, por exemplo quando vamos ao cinema, devemos respeitar o horário de início da sessão (MELO e DRUMMOND, 2003, p. 31).

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A busca de prazer no horário de lazer é sempre a primeira opção de

um indivíduo. É o tempo que ele pode aproveitar para atingir seu bem-estar

o que promove o seu desenvolvimento pessoal, recuperando a sua energia,

é um momento que ele procura a fazer o que realmente gosta sem

obrigações.

A importância do lazer para a sociedade é ainda reforçada com o

reconhecimento desse como direito social, presente na Declaração

Universal dos Direitos Humanos e na Constituição Federal do Brasil.

Dentre as diferentes ramificações dos tipos de lazer existem o lazer

esportivo, lazer alternativo, lazer ativo, entre outros. Para o tipo de

estabelecimento que está sendo proposto, se fez necessário um estudo mais

aprofundado sobre o lazer noturno.

Lazer noturno é definido como todo o tipo de atividade de lazer

associado ao período da noite e as atividades onde elas se desenvolvem,

como bares, discotecas e outros locais onde os pilares centrais são,

principalmente, a música e a bebida.

De acordo com Magnani (2005) o lazer noturno surgiu no século

XIX e ao longo do tempo as atividades relacionadas ao lazer noturno vieram

sofrendo intensas modificações devido a necessidade de solucionar

problemas urbanos que estavam sendo causados devido a tais atividades

ou, para satisfazer as necessidades dos usuários dos espaços de lazer

noturno. Barral (2006, p. 14) afirma que os espaços de lazer noturno são

locais que “proporcionam aos indivíduos o ver e o ser visto, a circulação, os

encontros e os desencontros, ligação e reforço dos vínculos de

sociabilidade”. Essas características que diferenciam a vivência do espaço

de lazer, de outros tipos de espaço, como escola e trabalho.

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Segundo Ferreira (2007), a vida noturna é um elemento da

identidade urbana que se projeta na tentativa de atrair mais polaridades e

investimentos. O lazer noturno comparece como sentido de vida, de

movimento, de alegria, de animação, de provocação de estímulos. Inclusive,

muitas reuniões e movimentos políticos surgiram em torno de uma mesa de

bar.

Esse tipo de atividade contribui para o um rápido crescimento

econômico tanto da cidade, como do país. As cidades se tornam mais

atrativas para pessoas que curtem, frequentam, apreciam e sustentam os

espaços de lazer noturno. Ainda de acordo com Ferreira (2007) a cidade e

sua economia são pontos de partida para o entendimento da noite, que

antes de ser dos jovens é, principalmente, da cidade. A vida noturna é parte

da economia e a economia da noite é a economia da diversão.

“A noite faz-se da conjugação da oferta e da procura. Soa artificial desconectá-las. Não é possível imaginar, por exemplo um irish pub, sem a gente que o frequenta e sustenta a cultura que lhe é própria. Mas o observador rapidamente se apercebe que a oferta da noite é fisicamente diversificada. Há discotecas, bares, pubs, cafés. Espaços abertos para a rua, outros para o lado da falésia, outros ainda em lugares mais recônditos, fora da vista de quem anda na rua em que a noite rola. Há também diversificação funcional, mesmo especialização, pelo menos em alguns casos. Espaços mais voltados para a dança, como as discotecas ou os bares com área de dança; outros proporcionando sociabilidades, as vezes amenas, outros exaltadas, em torno das bebidas; outros ainda, mais ruidosos, fazendo da música o seu leitmotiv. ” (FERREIRA, 2007; p 4)

O enfoque principal desse trabalho, uma casa noturna, tem como

característica principal propor o lazer noturno, que é marcado pela busca

de um convívio social, diversão, entretenimento, etc. Este tipo de

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estabelecimento pode incorporar diversos espaços como bares,

restaurantes entre outros serviços ligados a atividades de lazer noturno.

1.3 – CONFORTO ACÚSTICO

Nesse tipo de projeto existe a presença de música alta, dança e

grande circulação de usuários, o que proporciona um alto nível de pressão

sonora em todo o seu contexto. Devido a isso, existem variáveis

indispensáveis que afetam o uso deste espaço que estão relacionados ao

conforto do local e seu entorno. Portanto, os aspectos em relação a

estratégias de conforto acústico serão indispensáveis ao elaborar o projeto.

Conforto ambiental está relacionado com a atmosfera agradável

que rodeia o ser humano. Este é um aspecto indispensável ao se tratar de

um estabelecimento de lazer noturno, onde a maioria das atividades ali

realizadas proporcionam ruídos, por exemplo. Desta forma, o conforto

acústico é o aspecto a ser levado em consideração neste trabalho,

enfatizando as relações do empreendimento com o usuário e o entorno do

mesmo. Existem as normas que regulam esse tipo de estabelecimento em

relação aos ruídos na área externa do local, de acordo com o entorno do

ambiente. Da mesma forma, existem normas e parâmetros que definem

níveis de conforto acústico relacionados com a qualidade interna do

ambiente em relação ao som e a percepção do usuário.

O conforto acústico está associado à sensação fisiológica de prazer

ou desprazer dos usuários no interior dos ambientes. Segundo SCHMID

(2005), a acústica é provavelmente o aspecto mais complexo em um

ambiente construído, visto que, numa mesma obra, deve variar suas

características para realçar efeitos diversos.

O conforto acústico existe quando o ambiente proporciona a

ausência de sons indesejáveis no ambiente e boa inteligibilidade da fala (ou

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clareza musical). Dependendo do caso, o conforto acústico pode depender

de uma boa absorção sonora, de um eficiente isolamento acústico, ou de dos

dois fatores de modo simultâneo. A partir disso, tem-se os conceitos de

condicionamento e isolamento acústico.

De acordo com Solon do Valle (2009), “condicionamento acústico

consiste em criar uma sonoridade agradável dentro de um ambiente,

controlando a reverberação e os ecos, consertando problemas modais e

promovendo uma resposta frequente adequada ao tipo de utilização”.

Inserido nesse contexto, outro conceito bastante importante é a

reverberação, definida como o som que permanece no ambiente mesmo

depois que sua produção seja cessada. Esse fenômeno é combatido

mediante a inserção de objetos e superfícies absorventes, recuperando-se,

assim, a clareza dos sons gerados, perdendo-se em amplificação.

Um dos fatores para trabalhar a adequação acústica é o tempo de

reverberação ótimo, que se define como o tempo de reverberação adequado

para determinado ambiente e atividade, expresso em segundos, que vai ser

alcançado através do equilíbrio entres os materiais refletores e absorventes

utilizados.

No projeto de uma casa noturna, é imprescindível a preocupação

do projeto com o isolamento acústico entre os ambientes e entre a

edificação e o meio externo. De acordo com Valle (2009), “o isolamento

acústico consiste em não deixar passar som de dentro para fora, nem de fora

para dentro de um ambiente”. Para que o projeto seja isolado de forma

eficiente, o mesmo deve ser preparado contra duas formas de transmissão

sonora: a transmissão aérea – pelo ar –, ou de impacto, transmitida através

da estrutura (paredes, lajes e pisos).

Segundo Schmid (2005), os materiais rígidos e com superfícies lisas

e duras amplificam o som e são, muitas vezes, a causa das dificuldades

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acústicas, tornando o som confuso e sem clareza. Já as superfícies

absorvedoras facilitam a clareza e diminuem a amplificação do som.

O tratamento arquitetônico de lajes e paredes de um ambiente

influenciam tanto no isolamento, quando o condicionamento acústico do

local. Soluções como o uso da laje, piso flutuante, paredes com bastante

massa, sendo dupla ou não, e o uso de esquadrias acústicas auxiliam no

isolamento acústico do ambiente. Já para auxiliar no condicionamento

acústico, soluções como a utilização de painéis absorventes nas paredes e

forro para controle da reverberação, são as solições mais comumente

utilizadas.

No projeto a ser elaborado, todos esses fatores serão estudados

para que possa ser proposto um ambiente adequado para exercer a

atividade que o edifício terá.

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2 - ESTUDOS DE REFERÊNCIA

2.1 – ESTUDOS DIRETOS

Para os estudos diretos, dois equipamentos de lazer noturno foram

selecionados para serem analisados. A boate Pepper’s Hall, localizado em

Ponta Negra, aproximadamente na mesma região onde será proposto o

novo estabelecimento e o Casanova EcoBar, localizado em candelária.

2.1.1 – PEPPER’S HALL

Um ambiente moderno, que combina Music Bar, Boate e

Gastronomia, dando vida ao mais moderno Dining Club de Natal. Tecnologia

de iluminação, som e acústica, programação diferenciada, com eventos

selecionados, atrações de renome nacional e internacional e estilos

musicais diversificados, do sertanejo à música eletrônica, fazem do Pepper’s

Hall um local destinado à diversão e cultura. Os elementos que compõem a

decoração do ambiente remetem sofisticação e proporcionam uma

excelente sensação de conforto.

Amplamente conhecida e considerada uma das mais populares da

cidade, a boate Pepper’s Hall se localiza na Av. Roberto Freire, n° 3071, no

bairro de Ponta Negra. O bairro é predominante residencial, mas o entorno

onde o Pepper’s está inserido existem outros equipamentos de lazer

noturno e um vasto número de equipamentos de serviço dos mais diversos

tipos, principalmente hotéis e pousadas.

O Pepper’s está entre um dos locais mais frequentados na cidade

quanto se diz a respeito de opções de lazer noturno. A casa foi fundada em

2011 com o intuito de trazer um novo conceito de balada na cidade, que

nessa época sofria uma escassez de opções de equipamentos desse tipo

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devido ao encerramento das atividades da maioria das casas noturnas

existentes.

Figura 1 – Pepper’s Hall - Fachada Principal

Fonte : http://www.agendanatal.com.br/barOuPub/pepper-s-hall/7

O estabelecimento possui uma capacidade máxima rotativa de

oitocentos e quarenta pessoas e funciona sempre no período noturno, entre

quinta-feira e sábado, sempre a partir das vinte e duas horas até às cinco da

manhã.

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Figura 2 - Planta Baixa

Fonte: Pepper’s Hall

O terreno onde a boate está inserida possui uma área de

aproximadamente setecentos metros quadrados, sendo praticamente todo

ocupado pela edificação. Além disso, a casa possui um estacionamento

próprio no terreno ao lado que foi incorporado ao longo dos anos. Esse

estacionamento ficava inicialmente em um terreno de aproximadamente

oitocentos metros quadrados e depois foi incorporado outro terreno de

dimensões aproximadamente iguais, totalizando um estacionamento de mil

e seiscentos metros quadrados.

Em relação aos acessos, o estabelecimento possui três entradas

distintas, sendo uma delas para o público geral, na rua Pedro Fonseca Filho,

e dois acessos exclusivos para funcionários, sendo um também na rua Pedro

Fonseca Filho e o outro pela Avenida Eng. Roberto Freire.

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Figura 3 – Camarotes, Pista de dança e Palco

Fonte: http://www.bobflash.com.br/natal/local/pepper-s-hall

Ao entrar na boate, o público passa por uma grande área de check-

in e logo em seguida se dirige a uma grande escada que leva ao pavimento

superior da edificação, onde fica a parte principal da boate. O

estabelecimento conta com uma grande pista de dança, possuindo

aproximadamente duzentos e oitenta metros quadrados, em formato

retangular. O local passou por diversas reformas ao longo dos anos e, em

sua atual configuração, além da pista de dança, a casa também conta com

três camarotes exclusivos, na área lateral da pista de dança e em oposição à

entrada principal, um palco, um grande bar, em posição oposta ao palco, a

cabine do DJ, ao lado dos camarotes e dois banheiros, sendo um masculino

e um feminino.

Figura 4 - Camarotes e cabine do DJ

Fonte: http://www.bobflash.com.br/natal/local/pepper-s-hall

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O estudo realizado junto ao Pepper’s Hall foi referência projetual

para a casa noturna que será apresentada no tocante a informações quanto

ao:

- Programa

- Pré-dimensionamento

- Público potiguar

- Estratégias de conforto acústico

- Zoneamento

- Acessibilidade

2.1.2 – CASANOVA ECOBAR

Um dos destaques do lazer alternativo noturno na capital potiguar,

O Casanova EcoBar se localiza na Av. Senador Salgado Filho, n° 3526, no

bairro de Candelária. O bairro, localizado na Zona administrativa Sul da

cidade, é um bairro predominantemente residencial, porém no entorno

onde se localiza o Casanova é notória a presença de diversos equipamentos

de serviço como posto de gasolina, hotel, academias, restaurantes e

shopping centers. O bar fica localizado na via mais movimentada da cidade

que possui um grande fluxo de veículos durante todos os períodos do dia.

O estabelecimento de lazer noturno possui uma capacidade

máxima de setecentas pessoas e funciona sempre no período noturno entre

quarta-feira e sábado, sendo das vinte horas até as quatro e meia da manhã

nas quartas e quintas e das vinte horas até as seis horas da manhã nas sextas

e sábados.

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O terreno possui uma área de aproximadamente quatrocentos e

noventa metros quadrados e o estabelecimento uma área construída de

aproximadamente trezentos e quinze metros quadrados. Seu entorno é

predominantemente residencial de até dois pavimentos, porem também

são encontrados edifícios verticais de até vinte pavimentos e equipamentos

de serviço nessa região.

Figura 5 - Casanova - Fachada Frontal

Fonte: Tribuna do Norte

O acesso ao Casanova é único tanto para funcionários, como para

atrações e clientes, acesso esse dado pela Av. Senador Salgado Filho, através

de uma única rampa (figura 5) de dois lances, com uma pequena área de

check-in entre os dois lances. O acesso fica na fachada frontal do

equipamento, caracterizado pela grande varanda sob o deck de madeira ali

presente.

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Figura 6 - Pista de dança

Fonte: Casanova

Ao adentrar o estabelecimento os clientes podem optar entre a área

da varanda ou se dirigir para os salões cobertos, estando conscientes que

estes dois ambientes dão acesso ao salão de dança ou, como é chamado,

“aquário”. O “aquário” se trata de um salão de aproximadamente 40m² e

cabine para DJ, recentemente equipado com novas estratégias de conforto

acústico para uma melhor relação com os demais ambientes do

estabelecimento.

Figura 7 - Planta baixa

Fonte: Casanova

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O bar (figura 8) se encontra na parte posterior da casa noturna,

onde também são encontrados os banheiros para os clientes e um pequeno

escritório para a administração. A área restrita aos funcionários se resume

a banheiros, depósito e cozinha sendo seu acesso por uma área de

circulação comum a todos.

Figura 8 - Bar

Fonte: Casanova

As vagas para estacionar presentes no terreno do Ecobar não se

apresentam suficientes para o público recebido já que totalizam apenas

quatro vagas sendo uma delas para portadores de necessidades especiais e

uma para idosos, visto isso, o estabelecimento oferece o terreno vazio

encontrado na esquina do cruzamento da Avenida Salgado Filho com a Rua

Senador José Ferreira de Souza como uma alternativa para seus usuários.

Uma curiosidade sobre o bar é que o mesmo foi instalado em uma

edificação já existente, tendo sua função de casa noturna adaptada para o

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que se apresentava levantado. Isso implicou em várias reformas na

construção durante todos os seus anos de funcionamento para adequar os

ambientes às suas necessidades e normas vigentes. A reforma mais recente

se trata da ampliação dos banheiros para o público geral e a construção de

uma nova rampa (figura 9) na fachada principal que se adequasse melhor

ao código de incêndio do Rio Grande do Norte e a NBR 9050.

Figura 9 - Nova rampa de acesso

Fonte: Casanova

O estudo realizado junto ao Casanova Ecobar foi referência

projetual para a casa noturna que será apresentada no tocante à

informações quanto ao:

- Programa

- Pré-dimensionamento

- Público potiguar

- Adequação à normas vigentes

- Zoneamento

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Além do Pepper’s Hall e do Casanova EcoBar, outros locais da

cidade também foram visitados, como o Ateliê Bar e Petiscaria, no bairro da

Ribeira, A boate Pink Elephant, no bairro de Tirol e o Whiskritório Pub, no

bairro de Capim Macio.

Em todos esses locais visitados fora feitas entrevistas indiretas com

os usuários, buscando opiniões diversas sobre os ambientes em questão

procurando saber quais aspectos poderiam ser melhorados para poder

aplica-los nesse projeto.

No Pepper’s Hall e na Pink Elephant, ambas caracterizadas por serem

uma boate fechada com um único ambiente, era recorrente ouvir reclamações

sobre a falta de lugares para sentar e poder descansar um pouco. Além disso,

também foi muito citado a quantidade de ar-condicionado no local, visto que,

para muitos, os ambientes eram muito calorentos.

Nas duas boates citadas e também no Ateliê e no Casanova Ecobar, os

usuários citavam a falta de diversidade musical, visto que nesses locais a música

é uma só independentemente de onde esteja o usuário. Nas boates, devido ao

fato de ser um único ambiente, e no Casanova e no Ateliê, apesar de possuírem

mais de um ambiente, a música tocada é a mesma.

O fator comum em todos os cinco locais visitados foi a demora tanto

na entrada, quanto na saída do equipamento, devido à pouca quantidade de

caixas para check-in e check-out, causando grandes filas tanto no início quanto

no final das festas. Todos esses fatores foram levados em consideração para a

elaboração desse trabalho.

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2.2 – ESTUDOS INDIRETOS

2.2.1 – OPIUM MAR

O clube Opium Mar, localizado em Barcelona, foi a principal

referência para a elaboração desse projeto. O clube, criado no final de 2007,

fica localizado no Port Olimpic de Barcelona e possui uma capacidade para

3000 pessoas, o que a coloca no posto de maior clube à beira-mar da cidade.

Figura 10 – Opium, Restaurante

Fonte: http://www.opiumbarcelona.com

A Opium é uma mistura de restaurante com clube noturno,

possuindo as duas funções em diferentes horas do dia. O restaurante

funciona das 11:30 da manhã até as 23:45 da noite, momento em que o

restaurante encerra suas funções e sua área passa a ser um lounge para a

balada, que acontece durante toda a noite até o amanhecer.

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Figura 11 - Opium, Área Externa

Figura 12 - Opium, Área Interna

Fonte: http://www.opiumbarcelona.com

Um dos grandes atrativos da Opium é sua imagem de exclusividade

já que, mesmo com sua grande capacidade, o espaço possui diversas áreas

e terraços exclusivos (figura 13) que atraem grande público. Devido ao seu

espaço amplo, o local é ideal para todos os tipos de evento, que podem ser

de pequeno, médio e grande porte utilizando todos, ou apenas alguns dos

ambientes disponíveis.

Figura 13 - Opium, Área Vip

Figura 14 - Opium, Lounge Externo

Fonte: http://www.opiumbarcelona.com

Esse conceito de misturar uma boate com um terraço que possui

uma vista para o mar foi a principal diretriz para a elaboração desse

trabalho, tendo a Opium como uma das principais referências projetuais.

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2.2.2 – JOSEFINE/ROXY

Localizada em Belo Horizonte, mais precisamente no bairro da

Savassi, uma cidade brasileira que reúne uma quantidade considerável de

bares, botecos e afins. Ali fica a Roxy, clube-danceteria projetado e,

posteriormente, reformado pelo arquiteto - e DJ ocasional - Fred Mafra. Para

ele, o objetivo de casas como a Roxy é surpreender e seduzir o público, além

de oferecer comodidade, escapismo, flexibilidade e tecnologia. No trabalho,

o arquiteto recebeu carta branca dos proprietários nas duas ocasiões que

atuou no estabelecimento, em 2006 para a inauguração e em 2011 para um

trabalho de reforma.

A edificação criada para a Roxy tem quase mil metros quadrados

construídos, em dois pisos de plantas retangulares e conta com duas pistas

de dança, três bares, quatro camarotes vip escamoteáveis (podendo virar

uma só), dois lounges e áreas de fumantes com teto retrátil.

Figura 15 - Fachada Inicial em 2006

Fonte: http://migre.me/v5OnO

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Inicialmente, a face principal da construção (figura 15) era definida

por um pano de vidro laminado, recoberto por película branca. Onde Mafra

a classificava como uma fachada minimalista e diz que a configuração busca

amenizar o caos urbano do entorno. Ela foi elaborada, explica o autor, para

facilitar o acesso a portadores de necessidades especiais.

Na reforma ocorrida em 2011, Mafra continuou com a fachada

minimalista (Figura 16) mas apostando na cor negra, além de revestir os

pano de vidro laminado com películas espelhadas prata escura, com cada

módulo do vidro acima da rampa recebendo um painel de LCD voltado para

a face exterior, totalizando vinte módulos.

Figura 16 - Fachada Atual

Fonte: http://migre.me/v5OqD

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O partido é decorrente da volumetria do hexágono (Figura 18) e da

exploração de todas as suas faces, em tamanhos diferentes. “Elementos

prismáticos, pilares formados pela união de triângulos com quadrados e

volumes lapidados instigam o percurso, pois alteram a percepção

dependendo do ângulo a partir do qual se olha”, descreve o autor. As plantas

(Figura17) são, no entanto, simétricas em quase todos os ambientes.

Figura 17 - Plantas

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-40176/josefineroxy-fred-mafra/legenda-roxy/

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Figura 18 - Vista da área V.I.P e o uso da volumetria do hexágono na composição

dos ambientes

Fonte: http://migre.me/v5OM3

A cabine do DJ, disposta no fim do eixo principal da pista do térreo,

tem visão total do clube. A pista ficou mais longilínea (Figura 19), três vezes

maior que a antiga. Em uma de suas laterais foi instalado o bar principal,

composto por sete baias (Figura 20) que setorizam o serviço, evitando

aglomerações.

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Figura 19 - Pista de dança no térreo

Fonte: http://migre.me/v5P7H

Figura 20 - Baias do bar

Fonte: http://migre.me/v5P3s

As baias são emolduradas por pórticos em forma de trapézio,

realizados em drywall duplo e acústico que impede a entrada do som e

facilita o atendimento em cada nicho. O topo dos hexágonos serve como

anteparo e luminária para as barras de vídeo leds pixel mapping, instaladas

no perfil de alumínio do drywall e vedadas com policarbonato, onde o

resultado é um teto texturizado, tridimensional, com a luz em constante

movimento.

O piso superior, considerado um espaço privado no club, abriga a

segunda pista de dança, um terceiro bar (Figura 21), lounge e banheiros,

Mafra buscou uma mescla de elementos em cores vivas e quentes, como

vermelho, roxo e lilás. Os assentos são embutidos nas paredes com curvas,

que remetem à estética dos anos 1970. A pista de dança, para 200 pessoas,

possui iluminação programada e conta com 200 pontos de luz.

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Figura 21 - Bar do segundo pavimento

Fonte: http://migre.me/v5Pmc

Esse projeto de clube noturno foi referência projetual para esse

trabalho no tocante à elaboração de:

- Programa de necessidades

- Pré-dimensionamento

- Zoneamento

- Estética

- Materiais/estruturas

- Integração de ambientes

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3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS

3.1 – TERRENO

3.1.1 – LOCALIZAÇÃO

O terreno escolhido para a execução do projeto localiza-se na rua

Coronel Inácio Vale, no bairro de Ponta Negra, inserido na Região

Administrativa Sul da cidade de Natal/RN.

O bairro está inserido na Zona de Adensamento Básico segundo o

Plano Diretor (PD) do município – Lei Complementar n° 82 de 21 de junho

de 2007. Limita-se a norte com o bairro de Capim Macio e Parque das Dunas,

a sul com o município de Parnamirim, a Leste com o Oceano Atlântico, e a

Oeste com o bairro de Neópolis.

Figura 22 – Localização do Bairro

Fonte: Acervo pessoal

Segundo Anuário da Prefeitura do Natal (2014), o bairro de Ponta

Negra possui uma área de 1382 hectares - sendo um dos maiores da cidade

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em extensão territorial - onde residem aproximadamente 25 mil pessoas

(com base no censo de 2010) resultando em uma densidade habitacional de

18,12 habitantes/ha. Ainda de acordo com o Anuário 2014, o bairro tem

70% de seu território com drenagem de águas pluviais e 75%

pavimentados.

O terreno foi escolhido pelo fato de estar localizado em uma área

de grande fluxo turístico na cidade. O bairro de Ponta Negra já é famoso por

sua agitada vida noturna, devido ao fato de o bairro possuir um grande

número de bares e casas noturnas. Além do fato do terreno ser no bairro

maior movimentação noturna da cidade, outros aspectos essenciais como

suas dimensões e o fato de ser de frente ao mar foram fundamentais em sua

escolha.

Figura 23 - Vista do terreno a partir de seu ponto mais elevado

Fonte: Acervo pessoal

O bairro de Ponta Negra conta com uma estrutura de serviços

voltada ao turista, como casas de câmbio, correios, bares, hotéis,

restaurantes, boates, paradas de ônibus, shoppings e pontos turísticos como

o Morro do Careca e a praia de Ponta Negra.

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Figura 24 - Vista do terreno a partir da praia

Fonte: Acervo pessoal

A infraestrutura do bairro é satisfatória, contando com coleta de

lixo diariamente, com o abastecimento de água em 98,57% do bairro,

saneamento em grande parte de sua extensão e acesso à energia elétrica.

Tem 4.657 linhas de telefonia pública, é 70% drenada e 75% pavimentada.

1 unidade básica de saúde. 1 delegacia distrital, 2 delegacias especializadas,

1 base comunitária e 11 praças. A maior parte da população é alfabetizada

e tem renda entre 3 e 5 salários mínimos (SEMURB, 2013).

Dentro do bairro, o terreno está situado na Rua Coronel Inácio Vale,

estando atualmente desocupado. O terreno escolhido possui uma

localização estratégica, possuindo uma vista panorâmica da praia de Ponta

Negra e localizado próximo a uma grande quantidade de hotéis, devido a

sua aproximação a Via Costeira, onde ficam localizados os maiores hotéis da

cidade.

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Figura 25 - Localização do terreno

Fonte: Google maps (modificado pelo autor)

3.1.2 – ASPECTOS FÍSICOS

Para a resolução do projeto arquitetônico, os aspectos físicos são

fatores de extrema importância por se tratar de condicionantes

determinantes para soluções projetuais mais adequadas.

O terreno possui aproximadamente quatro mil e oitocentos metros

quadrados, possuindo setenta e três metros de dimensão na face voltada

para a rua Cel. Inácio Vale, sessenta e dois metros na lateral voltada para o

sul, sessenta e nove metros na lateral voltada para norte e setenta e quatro

metros na face voltada para o Oceano Atlântico.

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Figura 26 - Terreno

Fonte: Acervo pessoal

Além disso, o terreno possui um desnível de aproximadamente

dezenove metros do ponto mais elevado, na rua Cel. Inácio Vale, ao ponto

mais baixo, já na faixa de areia da praia.

Figura 27 - Topografia do terreno

Fonte: Acervo pessoal

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3.1.3 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS

Uma vez escolhido o terreno, a análise bioclimática deste se destaca

como ponto de partida para as primeiras decisões de projeto a serem

adotadas. Tomando-se conhecimento das trajetórias do sol e dos ventos

predominantes, é possível identificar as potencialidades do terreno, assim

como a definição dos primeiros zoneamentos.

Natal está localizada na Zona Bioclimática 8, caracterizada pela

presença de um clima quente e úmido, além da abundância de radiação

solar durante todo o ano. Os ventos predominantes vêm da direção sudeste,

leste e sul conforme a carta dos ventos de Natal. Mesmo se tratando de um

projeto de uma casa noturna que, em sua maioria não possuem uma grande

quantidade de aberturas, sabendo dessas informações é possível fazer as

análises para se determinar as aberturas de forma a receber boa parte dos

ventos e proteger as que ficarem na direção do poente, quando necessário.

A análise da carta solar e da carta de ventos é importante para esse

equipamento, mesmo sendo um edifício onde os ambientes são, em sua

maioria, fechados e com climatização artificial, para melhorar a eficiência

do uso de aparelhos de ar-condicionado devido ao ganho térmico nas

fachadas, além de se fazer necessario a renovação de ar nos ambientes.

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Figura 28 - Carta dos ventos de Natal aplicada no terreno

Fonte: Acervo pessoal

Com base na carta solar de Natal foi possível verificar a insolação

durante o ano, notando-se que o trajeto em que o sol se apresenta de

maneira mais intensa no sentido leste-oeste (nascente-poente), ressaltando

que existe uma variação da angulação deste percurso que depende da

estação do ano, sendo esta variação máxima no verão e no inverno.

Embora seja um equipamento de uso, em sua maioria, noturno,

alguns setores do edifício funcionam durante todo o dia, como a área

administrativa. Sendo assim, essa área do projeto foi elaborada pensando

nas proteções solares necessárias para que houvesse um maior conforto

térmico durante o dia.

Como as principais aberturas do edifício ficam voltadas para oeste

e leste, estratégias de proteção das aberturas foram utilizadas, como a

colocação de brises de madeira em toda a fachada principal da casa noturna,

que fica voltada para oeste, como o uso de grande beiral nas salas

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administrativas, que ficam voltadas para o Oceano Atlântico, privilegiando

a vista de quem ali está.

Figura 29 - Carta Solar de Natal aplicada no terreno

Fonte: Acervo pessoal

3.2 – CONDICIONANTES LEGAIS

O estudo da legislação incidente ao terreno é vital para os estudos

iniciais de um projeto arquitetônico. Devem ser analisados, para a

legalização do projeto de acordo com as normas, a regulamentação

incidente estabelecida pelo Plano Diretor de Natal (2007), o Código de

Obras e Edificações do Município de Natal (2004), a norma de acessibilidade

NBR 9050/2004, e o Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e

Pânico do Estado do Rio Grande do Norte.

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3.2.1 – PLANO DIRETOR E CODIGO DE OBRAS

O macrozoneamento da cidade de Natal divide a totalidade do

território do Município em três zonas: I - Zona de Adensamento Básico; II -

Zona Adensável e III - Zona de Proteção Ambiental.

O bairro de Ponta Negra, onde o terreno do projeto está localizado

é classificado como uma Zona de Adensamento básico. No entanto, dentro

do bairro outros tipos de classificação são presentes, como a Zona de

Proteção Ambiental (ZPA) 05 e 06, a Zona Especial de Interesse Social

(ZEIS) da Vila de Ponta negra e também a Zona Especial de Interesse

Turístico (ZET) é classificada como Zona Especial de Interesse Turístico

(ZET) 01, onde fica localizado o terreno escolhido. Existem 04 ZET’s no

Município: ZET – 1 (Ponta Negra), ZET – 2 (Via Costeira), ZET – 3 (Praia do

Meio) e ZET – 4 (Redinha), que são devidamente regulamentadas nos

Instrumentos de Ordenamento Urbano, do ano de 2009.

Dessa forma, de acordo com o Plano diretor do Município de Natal,

a parte do bairro onde está inserido o terreno, corresponde a Zona de

Interesse Turístico I, portanto possui legislação e prescrições urbanísticas

específicas, não se aplicando o índice de aproveitamento e recuos aplicados

ao restante do bairro.

A ZET – 1 apresenta quadro de prescrições urbanísticas contendo

usos permitidos e tolerados, área mínima de lotes, índices urbanísticos,

recuos e demais legislações específicas para cada uso. Para o projeto em

questão aplicam-se as prescrições urbanísticas da Tabela 01, referentes ao

uso como prestação de serviço

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Tabela 1 - Prescrições urbanisticas

USO LOTE EDIFICAÇÃO

Prestação

de

Serviços

Área

Mínima

(m²)

Frente

Mínima

(m)

Índices Urbanísticos Recuos Mínimos Gabarito Máximo

(M)

Utilização Ocupação Frontal

(m)

Lateral

(m)

Fundo

(m)

7,5m medidos em

qualquer ponto do

terreno 360 12 1,2 60% 5,00 1,50 3,00

Fonte: Instrumentos de Ordenamento Urbano de Natal, 2009

Nota: Elaboração do autor, 2016.

O Código de Obras é o instrumento utilizado para disciplinar os

procedimentos executivos e administrativos além das regras gerais e

especificas relacionadas as obras, edificações e equipamentos, inclusive os

destinados ao funcionamento de órgãos ou serviços públicos. Trata-se de

uma lei complementar que tem como objetivos de orientar os projetos e as

execuções das obras e edificações do município.

No âmbito municipal, essa lei tem o objetivo de garantir índices

mínimos aceitáveis de habitabilidade, principalmente no que se refere à

segurança e salubridade, através da regulamentação das atividades de

elaboração e aprovação de projetos, licenciamento para construir, execução

de obras, utilização e manutenção das obras e edificações públicas e

privadas.

A quantidade de estacionamento necessária depende do tipo de via

em que o terreno se encontra e do uso da edificação. Sendo assim, deve-se

analisar a legislação para uma via local, visto que o terreno se localiza na

rua Cel. Inácio do Vale, caracterizada como uma via local de acordo com o

código de obas. Quanto a tipologia a edificação é caracterizada como

restaurantes, salão de festas e boates, logo, é exigido uma vaga para cada

20m² de área de público para esse tipo de edificação.

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O código de obras estabelece ainda que as dimensões mínimas de

uma vaga de estacionamento para carros são de 2,40m X 4,50m, sendo

recomendadas 2,50 X 5,00m e para o estacionamento de carros pequenos e

médios, em ângulo de 90º em relação à via, deve ser prevista a circulação

mínima de 5,00m. Além disso o Código de Obras ainda exige que o

estabelecimento tenha área de carga e descarga, embarque e desembarque,

e lixo.

Além disso o Código de Obras ainda diz que todas as edificações

públicas ou privadas de uso coletivo, devem garantir o acesso, circulação e

utilização por pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade

reduzida, atendendo as seguintes condições e de conformidade com as

normas da ABNT. E também é existente a preocupação com os fatores

climáticos, toda edificação deve ser projetada com a observância e

orientação dos pontos cardeais, atendendo, sempre que possível, aos

critérios mais favoráveis de ventilação, insolação e iluminação.

3.2.2 – CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E

PÂNICO

O código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do

Estado do Rio Grande do Norte classifica um equipamento de lazer noturno

é como reunião pública e edificações com essa classificação devem atender

as exigências de dispositivos de proteção contra incêndio, de acordo com a

área construída e altura da edificação. O equipamento de lazer noturno com

altura entre seis e quinze metros e área construída superior a 750m², deve

atender as exigências da norma como:

Prevenção fixa (hidrantes);

Prevenção móvel (extintores de incêndio);

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Chuveiros automáticos (sprinkler) nas circulações e área comuns

e nas dependências de risco “C”;

Iluminação de emergência;

Sinalização;

Escada convencional;

Instalação de hidrante público;

Além dessas normas existem outros requisitos relevantes para o

anteprojeto que devem ser atendidos como as portas de saída de

emergência, que deverão ter abertura no sentido de saída e destravamento

por barra anti-pânico. Em ambientes com mais de 100 lugares, além das

aberturas normais de entrada, deverão dispor de saídas de emergência com

largura mínima de dois metros e vinte centímetros (2,20m), acrescendo-se

uma unidade de passagem (cinquenta e cinco centímetros) para excedentes

de 100 pessoas.

Em edificações com mais de um pavimento terão escadas com

largura mínima de um metro e sessenta centímetros (1,60m), para público

de até 200 pessoas, acrescendo-se uma unidade de passagem de cinquenta

e cinco centímetros (0,55 m), para excedentes de 200 pessoas. Se faz

obrigatória a utilização de guarda-corpo nas sacadas, rampas e escadas, em

material resistente, evitando-se quedas acidentais. Deve-se dispor de locais

de espera com área obedecendo a proporção de doze metros quadrados (12

m²) para público de 200 pessoas, acrescendo-se dois metros quadrados

(2m2) para excedentes de 100 pessoas.

A lotação máxima será calculada de acordo com os seguintes

parâmetros:

a. pessoas sentadas: uma pessoa para cada 0,70 m²;

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b. pessoas em pé: uma pessoa para cada 0,50 m²;

c. nas arquibancadas: para cada 1m² considera-se duas pessoas

sentadas ou três pessoas em pé;

d. não serão considerados no cálculo a área de circulação e “halls”;

3.2.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE

A NBR 9050 tem o objetivo de estabelecer critérios e parâmetros

técnicos a serem observados no projeto, construção, instalação e adaptação

de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de

acessibilidade. A norma visa proporcionar à maior quantidade à maior

quantidade de pessoas, independente de idade, estatura ou limitação de

mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do

ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.

Os critérios exigidos pela norma serão consultados mediante

necessidades, mas alguns dos critérios que podem influenciar a concepção

do projeto nesse momento são as determinações referentes aos vãos livres

mínimos que são de 80cm, acessos sem barreiras, tanto social quanto

serviço, as dimensões mínimas para banheiros de 1,50m por 1,70m e as

inclinações de rampas e dimensões de corrimãos e guarda-corpo.

Em relação ao estacionamento, na NBR9050 é citado que é

dispensada a vaga adaptada para pessoas com deficiência quando o

estacionamento contiver até 10 vagas, de 11 a 100 vagas, é exigida 1 vaga

reservada à deficiente, e quanto houver mais de 100 vagas, é necessário que

1% destas sejam adaptadas. As vagas devem conter sinalização vertical e

horizontal, e estar ligada às principais rotas de entrada. Junto a essas vagas

deve existir um espaço adicional, para circulação da cadeira de roda, de

1,20m de largura, que deve estar associado a guia de acesso à calçada.

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4 – MÉTODO DE PROJETO

O processo projetual consiste em uma progressão, ou seja, parte de

um ponto – contexto considerado problemático – e evolui em direção a uma

proposta de solução. Ele varia conforme cada pessoa, pois é um fenômeno

de natureza nitidamente psicológica. De acordo com Evan Silva (1998), para

que a composição evolua à uma solução adequada ela necessita passar por

etapas especificas. Sendo essas etapas programa, partido arquitetônico,

estudos preliminares, anteprojeto e projeto definitivo.

Na prática profissional, os procedimentos apresentam

semelhanças quanto à configuração geral. Os momentos de comunicação e

de exposição dos resultados caracterizam as etapas de desenvolvimento do

processo projetual. Estas se distinguem pelo grau de definição alcançado.

O método do projeto elaborado a seguir teve como embasamento

principal para a composição arquitetônica a bagagem teórica deste autor,

dos qual será subtraído e adaptado as diretrizes e conceitos que mais

possam enriquecer o processo e qualificar o produto. No caso, será

apresentado uma proposta de nível anteprojeto que, segundo Silva (1998),

se define como "uma solução geral do problema, com a definição de partido

adotado, da concepção estrutural e das instalações, possibilitando a clara

compreensão da obra a ser executada. Nesta etapa, faltam informações

pormenorizadas".

4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades da casa noturna foi definido a partir

dos estudos de referência e pesquisas relacionadas ao tema.

Para elaboração do programa de necessidades, o projeto foi

dividido em seis áreas principais: Pista de dança 1, pista de dança 2, área

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aberta, Área de serviços, área administrativa e área técnica. Após essa

divisão em áreas gerais do projeto, foi feito o programa de cada uma dessas

áreas.

Pista 1 – (400/500 pessoas)

Pista de dança; Palco; Camarim; Camarotes; Bar; Banheiros

(Masc./ Fem./ PNE).

Pista 2 – (150/200 pessoas)

Cabine DJ; Bar; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE).

Área aberta – (300/350 Pessoas)

Bar; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE); Área para mesas e cadeiras.

Administrativo –

Recepção; Sala de Administração; Sala de reunião; Escritório (2);

Financeiro; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE).

Serviço –

Bilheteria; Recepção/Espera; Banheiros (Masc./ Fem./ PNE); Depósito;

Copa; Recebimento de mercadorias; Cozinha; Dispensa; Banheiros com

vestiário (Masc./ Fem./ PNE); Casa de gás; Casa de lixo.

Técnico –

Casa de Maquinas; Sala de controle (Elétrico/eletrônico).

Estacionamento –

O cálculo para a quantidade de vagas de estacionamento foi

realizado de acordo com o código de obras de Natal, que define que o

empreendimento sob a classificação de restaurante, boate, ou salão de festa,

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localizados em vias locais, deve-se prever no mínimo uma vaga para cada

20m² de área de público.

Após elaborado o programa de necessidades do equipamento a ser

projetado, foi feito um pré-dimensionamento do edifício para, em seguida,

começar a elaboração do projeto da casa noturna.

4.2 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Com base no programa de necessidades, nos estudos de referência

e nas normas necessárias para a elaboração do projeto, como o código de

obras, o plano diretor e o Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio

e Pânico do estado, foi elaborado o pré-dimensionamento dos ambientes

presentes no projeto.

O cálculo do pré-dimensionamento dessas áreas públicas será

baseado da norma do Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e

Pânico do Estado do Rio Grande do Norte. Essa norma estabelece uma área

mínima de 0,70m² para as pessoas sentadas e 0,50m² para as pessoas em

pé. Para que haja um maior conforto, serão consideradas as áreas de 0,8m²

para pessoas em pé e 1m² para pessoas sentadas.

Tabela 2 - Pré-dimensionamento pista 1

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

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Tabela 3 - Pré-dimensionamento pista 2

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

Tabela 4 - Pré-dimensionamento área pública aberta

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

Tabela 5 - Pré-dimensionamento setor administrativo

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

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Tabela 6 - Pré-dimensionamento área de serviço

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

Tabela 7 - Pré-dimensionamento área técnica

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

Tabela 8 - Quadro resumo

Nota: Elaborado pelo autor, 2016.

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4.3 – RELAÇÕES PROGRAMÁTICAS

Após construção do programa e da elaboração do pré-

dimensionamento, o passo seguinte é a interpretação e organização dos

dados coletados em forma de organograma, onde estão apresentados dos

elementos devidamente relacionados entre si.

Figura 30 - Zoneamento Geral

Fonte: Acervo pessoal

O zoneamento considerou a necessidade que cada setor tem de se

relacionar com os acessos e os demais setores. Outro fator importante

levado em consideração foi a relação do terreno com a visual para o mar,

deixando os principais ambientes de permanência prolongada com a visual

mais privilegiada e, também, relacionar com o norte do terreno, para

projetar os espaços abertos em áreas passíveis de receber a ventilação

natural predominante vinda de sudeste.

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Figura 31 - Fluxograma

Fonte: Acervo pessoal

A área comum se caracteriza como a principal zona do projeto, por

isso o seu posicionamento central antecedendo todas as outras zonas. Já a

área da administração se configura como o único local do equipamento de

permanência prolongada, por esse motivo foi posicionado voltado para a

área sudeste do lote. O bloco de estacionamento foi posicionado de modo a

ser acessado pela parte interior da casa noturna, facilitando assim o fluxo

dos usuários. O setor de serviço foi posicionado na parte posterior do

edifício, com acesso restrito aos funcionários.

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5 – PROPOSTA FINAL

Neste capítulo é explicitado o partido arquitetônico adotado na

elaboração da proposta e sua evolução. Além disso, são apresentadas as

diferentes soluções volumétricas encontradas durante todo o processo de

projetação. Por fim, foi realizada uma análise técnico/formal da proposta

final da casa noturna através do memorial descritivo e justificativo.

5.1 – PARTIDO ARQUITETÔNICO

Desde o princípio da concepção do projeto, era desejado um local

que obtivesse um visual para o mar e um terreno com uma topografia

acentuada. Esses seriam os dois pontos iniciais para a elaboração do

projeto, de modo que esse visual para o mar fosse explorado em todo o

projeto, que seria desenvolvido a partir da topografia do terreno.

A solução do partido arquitetônico surgiu de maneira espontânea,

a partir do terreno em que o equipamento foi projetado. Visando o

aproveitamento da topografia do lote, de modo a necessitar da menor

movimentação de terra possível, e do visual da Praia de Ponta Negra e do

Morro do Careca que o local proporciona. Além desses fatores, as

condicionantes legais do terreno também foram determinantes, devido ao

baixo gabarito máximo permitido, influenciando assim na forma final da

edificação.

5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA

A partir do estudo da topografia do terreno, com a presença de um

desnível considerado nos dois sentidos do mesmo, e do fluxograma

inicialmente elaborado, um zoneamento dos ambientes dentro do terreno

começou a ser feito, de modo que os desejos iniciais de utilizar a topografia

e preservar a vista da praia e do morro fossem atendidos.

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Na primeira proposta, o terreno tinha sido dividido em dois, onde

em uma parte, na área mais elevada do terreno, ficaria toda a edificação e

na outra parte do terreno, na parte mais rebaixada com acesso direto pela

via, ficaria todo o estacionamento, descoberto.

Figura 32- Esquema da primeira concepção

Fonte: Acervo pessoal

Nessa proposta inicial a casa noturna possuía um acesso principal

para pedestres em um nível e outro acesso, para veículos, em um nível

inferior. Na parte edificada as duas pistas de dança eram sobrepostas e as

áreas de serviço e administrativa ficariam na fachada principal, voltadas

para a via de acesso.

Durante essa primeira concepção alguns estudos da forma do

edifício foram elaborados, tendo o volume da pista inferior maior do que a

superior dando um maior destaque a volumetria a partir da vista de quem

está no nível da praia.

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Figura 33 - Estudo volumétrico da primeira concepção

Fonte: Acervo pessoal

Figura 34 - Croquis iniciais da proposta 1

Fonte: Acervo pessoal

Essa proposta inicial foi descartada pois, ao evoluir na defiinição

das plantas, notou-se que seria necessaria uma área maior dos blocos para

poder atender todo o programa de necessidades proposto.

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Na segunda proposta elaborada, o bloco inferior, onde fica

localizada a maior pista, seria alongado tomando conta de quase todo o

terreno e os blocos superiores, com a pista menor e as áreas administrativas

e de serviços permaneceriam como na proposta inicial. Nessa proposta o

estacionamento ficaria localizado acima de parte da pista inferior, e os

acessos de pedestre e de veículos ficariam em um mesmo nível.

Figura 35 - Croquis inicias da segunda proposta

Fonte: Acervo pessoal

Nessa proposta o estacionamento serviria como uma grande área

aberta com vista privilegiada para o mar, então, a partir dessa proposta, foi

elaborada a proposta final, tirando proveito dessa área aberta com vista

para o mar onde ficaria locado o estacionamento, utilizando isso em favor

do usuário da casa noturna.

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Na proposta final, as áreas de serviço e administrativa ficaram

agrupadas na parte mais elevada do terreno, o estacionamento foi

deslocado para o subsolo, a pista de dança 1 manteve a mesma posição da

segunda proposta e a pista de dança 2 passou a ficar acima da pista 1, no

local onde ficava o estacionamento. Para tirar proveito do visual da praia e

do morro, foi criado a frente da pista de dança superior uma grande área

aberta com um bar ao ar livre com mesas e cadeiras para contemplação da

vista.

Figura 36 - Zoneamento inicial

Fonte: Acervo pessoal

Na proposta final, os edifícios foram alocados em diferentes alturas

do terreno. Foram escolhidas as curvas de nível com maior área plana

(figura 37), para que o movimento de terra necessário fosse o menor

possível. Sendo assim, os edifícios ficaram em planos diferentes entre si,

porém, devido a topografia acentuada nos dois sentidos do terreno, esses

dois níveis diferentes seguem a topografia da via de acesso.

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Figura 37 - Topografia do terreno

Fonte: Acervo pessoal

Diferentemente das duas propostas iniciais, onde o estacionamento

ficava aberto ocupando boa parte do lote, no produto final foi privilegiado

o visual da Praia de Ponta Negra e do Morro do Careca para quem esteja

dentro da casa noturna, visto que o edifício passou a tomar conta de todo o

terreno e o estacionamento, que também era um ponto de contemplação,

foi deslocado para o subsolo.

Também foi elaborado um zoneamento vertical (figura 38) para

que todos os setores fossem alocados de acordo com o nível hierárquico que

cada um deve ter. Sendo assim, a área administrativa foi alocada no ponto

mais elevado do edifício, tendo um rápido acesso para todas as outras áreas

da casa noturna e um visual de grande parte do equipamento. O setor de

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serviços ficou logo abaixo da área administrativa, e no mesmo nível da área

de acesso geral do público. A partir da área de serviço também pode-se ter

um rápido acesso a todos os outros setores da casa noturna. O

estacionamento foi alocado no subsolo e possui dois elevadores que levam

o usuário direto para a recepção do prédio. E as três áreas de acesso ao

público foram alocadas em dois níveis, sendo todas interligadas.

Figura 38 - Zoneamento vertical - Corte longitudinal

Fonte: Acervo pessoal

Como resultado final, foi obtido um prédio alongado com dois

volumes principais, sendo o primeiro formado pelos setores administrativo

e de serviços e o segundo pelas pistas de dança. Todos esses blocos e setores

ficaram interligados, sendo a área aberta de contemplação do visual um

ponto central do equipamento, que se conecta com todos os demais setores

da casa noturna.

Figura 39 - Croqui da vista sudoeste da solução final

Fonte: Acervo pessoal

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5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS

Neste subitem é realizada uma síntese técnico-formal do projeto,

onde são compiladas todas as justificativas para cada escolha de projeto.

São apresentadas informações acerca da inserção urbanística do edifício,

dos aspectos funcionais e formais, das estratégias adotadas para contribuir

com o conforto da edificação e dos sistemas construtivos e prediais.

5.3.1 – INSERÇÃO URBANÍSTICA

O edifício da casa noturna se insere no espaço urbano em uma

relação de semelhança com o seu entorno. Devido as prescrições

urbanísticas da região, o edifício possui um gabarito semelhante ao

conjunto edificado adjacente e com formas parecidas, utilizando-se sempre

de ângulos retos nos blocos da edificação.

Figura 40 - Edificação em seu entorno

Fonte: Acervo pessoal

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Apesar de possuir mesmo gabarito e formas semelhantes, o edifício

possui um pequeno destaque devido ao seu grande recuo frontal, se

contrapondo com os muros das residências, e seu tamanho alongado, visto

que seu entorno direto é predominantemente residencial. Mesmo com esse

leve destaque o usuário direto da região não será altamente afetado, já que

na mesma área existem dois hotéis que se assemelham hierarquicamente

com a edificação da casa noturna.

Visando atender ao longo programa de necessidades em

concordância com o zoneamento e diagrama de fluxos propostos na fase de

pré-projeto, a volumetria final do edifício foi concebida de modo a tornar as

relações socioespaciais legíveis, melhorando assim a funcionalidade e

vitalidade da casa noturna.

O produto final é formado por três setores distintos, porem todos

interligados e formando um único bloco edificável (figura 41), distinguível

apenas quando observado a partir da fachada frontal.

Figura 41 - Zoneamento a partir da volumetria

Fonte: Acervo pessoal

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5.3.2 – SOLUÇÕES FUNCIONAIS/RELAÇÕES SOCIOESPACIAIS

A disposição dos ambientes se deu seguindo o fluxograma e o

zoneamento elaborados na fase de pré-projeto, criando espaços

interligados de acordo com o seu setor, de modo a facilitar os diferentes

fluxos.

Como já mencionado, os ambientes de permanência prolongada e

os espaços abertos do edifício, foram dispostos nas melhores orientações

de modo a oferecerem um maior conforto térmico aos usuários durante

todo o tempo de permanência, além de privilegiar os visuais oferecidos pela

localização do terreno.

São esses espaços de permanência prolongada todo o setor

administrativo, que conta com sala de reuniões, administração, escritórios,

setor financeiro, copa e área de descanso para os funcionários. E os espaços

abertos são, ambos, na área de uso geral, sendo eles a área das mesas no

pavimento térreo e o grande deck de madeira no pavimento inferior.

As pistas de dança ficaram em pavimentos separados, porem

facilmente acessadas uma a outra. Cada uma dessas pistas conta com seu

próprio bar e banheiros. A pista localizada no pavimento inferior (figura 43)

possui uma capacidade para quinhentas pessoas e possui um palco para

shows que conta com uma estrutura de apoio composto por um camarim

com vestiário. Já a pista superior possui uma capacidade para duzentas

pessoas e conta com uma cabine de DJ. As duas pistas são acessadas a partir

da área aberta das mesas, no pavimento térreo, que conta com oitenta

lugares sentados e área para trezentas e vinte pessoas em pé.

Além disso, a área das mesas é ligada ao setor de serviços da casa

noturna, que conta com a cozinha, vestiários para os funcionários e os

depósitos, todos localizados no pavimento térreo (figura 42).

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Figura 42 - Planta baixa pavimento térreo

Fonte: Acervo pessoal

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Figura 43 - Planta baixa pavimento -1

Fonte: Acervo pessoal

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Para o setor administrativo, foi criado um terceiro pavimento

(figura 44) de modo que este podesse ser acessado facilmente tanto pelo

setor de serviços, quanto pelo publico em geral de modo que não fosse

necessário estar dentro da casa noturna para acessar esse setor, para

possibilitar o seu uso em horários que o restante do equipamento não esteja

em funcionamento.

Além disso, toda a administração da casa noturna foi colocada em

um andar independente, acima de todo o resto por uma questão

hierarquica, de modo que a partir dessa área fosse possivel observar boa

parte das outras áreas e tambem por ser uma área mais reservada onde o

acesso a essa área seja feito de forma controlado.

Figura 44 - Planta baixa pavimento +1

Fonte: Acervo pessoal

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5.3.3 – ESTRUTURA

O sistema construtivo foi definido a partir da viabilidade

construtiva para o tipo e local de projeto, além das necessidades projetuais

do edifício. O sistema estrutural elencado foi o de laje plana em concreto–

com necessidade de protensão nos maiores vãos e balanços – apoiadas em

capiteis – também de concreto.

A utilização do sistema de protensão em lajes apresenta algumas

vantagens em relação ao sistema convencional em concreto armado, entre

as quais cabe citar:

Maior liberdade arquitetônica devido à possibilidade de vencer

grandes vãos mantendo a esbeltes da laje;

Maior área útil do pavimento devido à menor quantidade de

pilares;

Economia em relação às estruturas em concreto armado para

vãos superiores a 7,0m;

Redução nas espessuras das lajes acarretando uma significativa

diminuição na altura total do prédio e consequentemente um menor peso

total da estrutura minimizando os custos nas fundações;

A principal vantagem associada ao uso de lajes protendidas é a

redução de deformações e fissuras nos elementos de concreto, aumentando

a vida útil da estrutura. A concretagem costuma ser mais rápida, com maior

facilidade no adensamento, o que ajuda a compensar o maior tempo

despendido no arranjo dos cabos sobre a laje. Em contrapartida, a

protensão requer mão de obra mais qualificada e equipamento especifico

para a sua execução.

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Figura 45 - Laje protendida

Fonte: http://www.procalc.com.br/blog/lajes-protendidas/

Como no projeto existem grandes vãos que precisam ser livres,

como nas duas pistas de dança, e o gabarito máximo do local é de apenas

sete metros e cinquenta centímetros, esse tipo de estrutura foi escolhida,

pois os grandes vãos são vencidos e a altura da laje necessária não e tão

espessa.

De acordo com o gráfico comparativo para lajes em concreto

armado ou protendido (figura 46), é necessária uma laje com

aproximadamente vinte centímetros de espessura, visto que, na boate,

existem vãos livres de ate doze centímetros, como por exemplo, na pista 1.

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Figura 46 - Gráfico comparativo para lajes em concreto armado ou protendido

Fonte: SCHIMID, 2009 p.09

Devido ao baixo gabarito máximo possível, foi escolhido laje

impermeável como o tipo da cobertura para a edificação, sendo assim, essa

laje recebe uma impermeabilização quando for, também, servir de

cobertura para o equipamento, tendo uma leve inclinação de 1% para

escorrimento da água.

5.3.4 – MATERIAIS

Quanto aos revestimentos de piso, parede e teto da edificação, foi

pensado nos revestimentos que proporcionam um melhor conforto

acústico para o usuário do equipamento.

Para as paredes das pistas de dança, foram propostas paredes de

trinta centímetro de largura de alvenaria dupla de nove centímetros com

espaçamento de seis centímetros entre elas, sendo esse espaçamento

preenchido com lã de vidro. Além disso, o revestimento interno nessas

paredes é feito de um painel PSI ® de lã de vidro aglomerada com resina

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sintética (Santa Marina), (volume 2, prancha 9, detalhe 1) ajudando na

absorção acústica desses ambientes.

Nos ambientes de grande movimento, como as duas pistas e a área

aberta das mesas, foi proposto um piso flutuante (volume 2, prancha 9,

detalhe 2), com um contra piso de quatro centímetros de malha metálica e

um piso vinílico com textura de madeira.

Nesses ambientes também foi proposto a utilização de nuvens

acústicas para uma maior absorção do ruído produzido. Essas nuvens

acústicas devem ficar trinta centímetros abaixo da laje, para que as

instalações elétricas, tubulação de ar-condicionado e os sprinklers possam

ter espaço para serem alocados. Essas nuvens acústicas são em ISOVER

Thermatex Thermofon com quinze milímetros de espessura e deve ocupar

aproximadamente cinquenta por cento da área de forro desses ambientes.

Acima das nuvens acústicas, a laje deve ser em concreto rugoso, para

também ajudar no conforto acústica dos ambientes.

Nos banheiros e vestiários, foi proposto a utilização revestimento

em porcelanato Portobello com acabamento natural tanto nos pisos quanto

nas paredes. Já no teto dessem ambientes, deve ser utilizado forro de gesso

pintado em branco gelo.

Na cozinha o piso é em revestimento cerâmico branco impermeável

e antiderrapante, Gail. As paredes devem ser em revestimento cerâmico

branco impermeável e o teto desse ambiente deve ser em forro de gesso

pintado em branco gelo. As circulações internas de serviço devem ser em

revestimento cerâmico antiderrapante no piso, tinta acrílica branca nas

paredes e o teto deve ser em forro de gesso pintado com tinta na cor branco

gelo.

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Para os ambientes do setor administrativo e também para o hall de

entrada, foi proposto a utilização de piso em porcelanato cinza

antiderrapante, PEI 4. No Hall de entrada as paredes devem ser em concreto

aparente e o terro em forro de gesso com pintura em branco gelo. Já no setor

administrativo as paredes devem emassadas com cal e pintadas com tinta

acrílica na cor branco gelo. No estacionamento, tanto o piso, quanto o teto,

quanto as paredes, são em concreto aparente. Para o revestimento externo

do edifício, foram utilizadas placas de ACM na cor preta 1,50m X 5,00m em

todas as paredes.

Figura 47 - Edificação com revestimento externo em ACM preto

Fonte: http://unimetalrevestimentos.com.br/

5.3.5 – CONFORTO ACÚSTICO

Como já dito, o edifício se comporta como uma grande fonte sonora

para as proximidades, predominantemente residencial. Para isso, o edifício

conta com uma preocupação no sistema construtivo, optando por um tipo

de parede diferente do convencional, para assim poder exercer suas

funções sem afetar diretamente seu entorno.

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No projeto, portanto, são encontradas além das paredes

convencionais de alvenaria (espessura total = 15 cm), paredes duplas de

alvenaria com espaçamento de seis centímetros entre elas com uma

espessura total de trinta centímetros, nos ambientes propagadores de alto

nível de ruídos.

Os dois diferentes tipos de divisórias existentes no projeto refletem

as necessidades acústicas de cada ambiente. No pavimento térreo, a pista

de dança é inteiramente construída com alvenaria dupla, a fim de isolar o

ambiente gerador de ruídos do restante da edificação e de seu entorno. As

demais paredes, por sua vez, são de alvenaria convencional. Já no

pavimento inferior, todas as paredes externas e as paredes que separam a

pista de dança dos demais ambientes são paredes duplas, devido ao alto

índice de ruídos gerados nesse ambiente.

Tanto na pista de dança inferior quanto na superior, paredões de

vidro foram projetados para proporcionar uma vista para a Praia de Ponta

Negra quanto para o Morro do Careca. Esses paredões de vidro são

formados por esquadrias basculante de cinquenta centímetros de largura

por sessenta e seis centímetros de altura feitas de vidro laminado duplo

com três milímetros de espessura e espaçamento de cinco centímetros

entre os vidros, além de amortecimento nas bordas (volume 2, prancha 9,

detalhe 3).

Essa esquadria foi utilizada não apenas nas pistas de dança, mas

também em todos os outros ambientes que possuem abertura em todo o

equipamento, como, por exemplo, todo o setor administrativo, unificando

assim as janelas do edifício.

Para certificar que as soluções para tratamento acústico foram

eficientes, foi calculado o tempo de reverberação na Pista 1, no pavimento

inferior.

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O tempo de reverberação é uma das características acústicas mais

importantes e mais utilizadas na qualificação de um ambiente. Seu valor

pode favorecer ou prejudicar consideravelmente a atividade realizada no

ambiente, pois interfere na inteligibilidade da fala ou na qualidade musical

(BERTOLI et al, 2008).

Pode-se considerar que o tempo de reverberação é o tempo em que

o som se apresenta audível em um determinado local, que pode ser uma sala

de aula, um auditório, um teatro, um cinema, enfim, qualquer lugar que

possa sofrer influência sonora. (CARVALHO, 2010).

Para calcular o tempo de reverberação da pista de dança 1, foi

levado em consideração a posição da fonte sonora, o volume total do espaço,

a área das superfícies do ambiente e o coeficiente de absorção dos materiais

dessas superfícies. O cálculo do tempo de reverberação foi feito utilizando

o programa REVERB e foi adotado o método de Sabine.

Tabela 9 - Superficies de revestimento

Nota: Gerado pelo programa REVERB

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Tabela 10 - Tempo de reverberação

Nota: Gerado pelo programa REVERB

Tabela 11 - Atenunação

Nota: Gerado pelo programa REVERB

A partir dos resultados do tempo de reverberação obtidos, pode-se

concluir que os tratamentos acústicos adotados foram eficientes, visto que

o tempo de reverberação calculado foi inferior ao tempo de reverberação

ideal para esse tipo de ambiente.

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5.3.6 – RESERVATÓRIO DE ÁGUA

O fornecimento de água para o imóvel deve ser feito a partir da

distribuição da rede pública de água (seguindo as exigências da

concessionária local) pelos ramais prediais que abastecem o castelo d’água

locado na parte frontal do lote. O castelo d’água foi a melhor opção de

reservatório por conta das características do edifício (bastante horizontal e

com áreas molhadas dispersas por vários setores). Sendo assim, armazenar

a água em apenas um ponto e distribuí-la pelo sistema predial apenas com

a força da gravidade torna-se uma medida mais viável.

Para o cálculo do reservatório de água é importante que se leve em

consideração o público a ser atendido, para quando sabendo da capacidade

máxima de pessoas se possa chegar ao consumo diário e por fim, aplicando-

se as margens de segurança para o abastecimento público, se chegue ao

valor do volume de água necessário para que o equipamento não sofra com

a falta d’água e possa-se assim escolher a caixa d’agua mais adequada.

Para o cálculo será utilizado o método de Hélio Creder autor do

livro Instalações hidráulicas e sanitárias, onde são estabelecidos critérios

para a definição de público pela taxa de ocupação do prédio, como

conhecemos o público, no caso mil e cem pessoas o cálculo se dá em função

do prédio.

Levando em conta que o consumo médio é de quinze litros por

pessoa, tem-se que:

15l x 1100 pessoas = 16.500 litros

Além do público geral da casa noturna, deve-se levar em conta

também todos os funcionários que ali trabalham. De acordo com a tabela de

Creder, o consumo médio diário para cálculo é de cinquenta litros por

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funcionário por dia. Considerando uma média de aproximadamente

quarenta funcionários temos que:

50l x 40 = 2000l

Somando-se as necessidades para uso geral e uso dos funcionários

tem-se o equivalente a: 18.500 litros dia. Creder indica que se multiplique

esse valor por dois, para que a edificação não sofra com a falta de água, pois

o abastecimento pode não ser regular, ou pode vir a ser cortado por curtos

períodos para a manutenção da rede pública. Assim tem-se:

18.500l x 2 = 37.000l

Creder recomenda que o volume da caixa d’água seja dividido por

dois reservatórios sendo um inferior (subterrâneo) que comporte 60% do

valor estimado em litros e outro, superior, que comporte 40% do volume.

Sendo que o reservatório superior também deve conter a reserva de

incêndio, esta foi estabelecida para dois hidrantes com consumo de

180l/min (litros por minuto) durante um período de 30 minutos

ininterrupto, em cumprimento ao exigido pelo Código de segurança e

prevenção contra incêndio e pânico do estado do Rio Grande do Norte. Por

fim acresceu-se o valor equivalente a 8.700 litros de água. Assim tem-se:

Tabela 12 - Tabela de cálculo da caixa d'agua

RESERVATÓRIO INFERIOR (60%) RESERVATÓRIO SUPERIOR (40%)

TOTAL

USO DIÁRIO RESERVA DE INCÊNDIO

22.200l 14.800 8.700l 45.700l

Nota: Elaboração do autor, 2016.

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5.3.7 – PERSPECTIVAS

Figura 48 - Vista da fachada frontal

Figura 49 - Vista da fachada posterior

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Figura 50 - Vista da fachada frontal

Figura 51 - Vista para a Praia de Ponta Negra e Morro do Careca a partir da área aberta

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após finalização desse trabalho, chegou-se a algumas

considerações acerca do tema trabalhado e do processo de projeto.

A partir da escolha do tema, foi percebido a importância dos

espaços relacionados ao lazer para as cidades e seus habitantes. Levando-

se em consideração as poucas opções de espaços de lazer em Natal, a

pretensão foi de contribuir positivamente através de um projeto que

atendesse à essas necessidades. Tendo em vista seu forte potencial turístico,

a cidade precisa de espaços que recebam esses visitantes que são muito

importantes no desenvolvimento econômico no âmbito municipal e

estadual.

O objetivo desse trabalho foi desenvolver uma proposta de uma

casa noturna para o bairro de Ponta Negra, zona sul da cidade de Natal. A

proposta de criar um novo equipamento desse tipo procurou, desde o início,

oferecer uma nova opção de alto nível que a cidade merece ter. Para chegar

ao objetivo, as exigências impostas pela legislação local e físicas do sitio

foram o grande desafio do trabalho.

Embora as dificuldades impostas tenham limitado muito o

processo criativo, o programa de necessidades inicial foi mantido e foi

possível chegar a um resultado que atende à legislação, funcional e

plasticamente bem resolvido.

Por fim, espera-se que este trabalho contribua com novas

pesquisas e atividades, já que foi, de certa forma, uma revisão de conceitos

e técnicas aprendidas durante o curso de Arquitetura e Urbanismo,

sintetizando alguns dos conhecimentos adquiridos ao longo deste período.

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