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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RICARDO AUGUSTO NIEDERAUER FLORES SEVERO BPM E LEAN INTEGRADOS EM UMA ABORDAGEM DE MAPEAMENTO E ANÁLISE DE PROCESSOS: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA NATAL / RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

RICARDO AUGUSTO NIEDERAUER FLORES SEVERO

BPM E LEAN INTEGRADOS EM UMA ABORDAGEM DE MAPEAMENTO E ANÁLISE DE PROCESSOS: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE

ENSINO SUPERIOR PÚBLICA

NATAL / RN

2017

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RICARDO AUGUSTO NIEDERAUER FLORES SEVERO

BPM E LEAN INTEGRADOS EM UMA ABORDAGEM DE MAPEAMENTO E ANÁLISE DE PROCESSOS: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE

ENSINO SUPERIOR PÚBLICA

Monografia apresentada à banca examinadora do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Josué Vitor de Medeiros Júnior

NATAL / RN

2017

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Severo, Ricardo Augusto Niederauer Flores. BPM e Lean integrados em uma abordagem de mapeamento e análise de

processos: estudo de caso em uma instituição de ensino superior pública / Ricardo Augusto Niederauer Flores Severo. - Natal, 2017.

72f.: il. Orientador: Prof. Dr. Josué Vitor de Medeiros Júnior. Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas.

1. Mapeamento de Processos – Monografia. 2. Análise de Processos – Monografia. 3. Melhoria de Processos - Monografia. 4. Sistema Toyota de Produção. - Monografia. 5. Gestão Pública - Ensino Superior - Monografia. 6. BPM - Monografia. 7. Lean - Monografia. I. Medeiros Júnior, Josué Vitor de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 005.4

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RICARDO AUGUSTO NIEDERAUER FLORES SEVERO

BPM E LEAN INTEGRADOS EM UMA ABORDAGEM DE MAPEAMENTO E ANÁLISE DE PROCESSOS: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE

ENSINO SUPERIOR PÚBLICA

Monografia apresentada à banca examinadora do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovado em: ___/___/____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________

Prof. Dr. Josué Vitor de Medeiros Júnior

Orientador

________________________________________________________________

Prof. Dr. Carlos David Cerqueira Feitor

Examinador

________________________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Fernando Machado de Medeiros

Examinador

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pelo dom da vida e por sempre orientar meus

passos.

Aos meus pais, Vânia Maria Niederauer Flores Severo e Ricardo Nascimento

Flores Severo, por sempre estarem me apoiando em cada etapa de minha trajetória,

por me fornecerem a base moral, ética e educacional que tenho hoje, e sobretudo por

serem meu maior exemplo de determinação e amor à família.

À minha irmã e meu cunhado, Giulliana Niederauer e Tiago Neves, por serem

meus irmãos de sangue e de fé, sempre caminhando lado a lado comigo.

À minha namorada Nina, por ser minha fiel companheira, sempre me dando o

amor e o amparo necessário para que possamos trilhar juntos nossa caminhada.

À minha Tia Claudia Niederauer, por sempre incentivar meu lado

empreendedor e exercer papel de mãe em todas as horas.

Ao meu orientador, Professor Josué, por ser um grande incentivador da minha

paixão pela administração, e acima de tudo por tê-lo como um exemplo de

Administrador.

Aos meus professores e colegas de curso, por sempre agregarem à minha

formação enquanto profissional, em especial aos meus parceiros e sócios do mundo

empreendedor.

E a todos os demais que de alguma forma, direta ou indiretamente,

contribuíram para mais o alcance de mais uma etapa e para a conclusão deste

trabalho.

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RESUMO

A análise e a melhoria de processos são uma característica presente em toda

e qualquer organização que tem como objetivo a melhoria contínua e o

aperfeiçoamento organizacional. Neste contexto, o principal objetivo deste estudo foi

descrever uma abordagem de mapeamento e análise de processos através da

integração das metodologias BPM e Lean em uma Instituição de Ensino Superior (IES)

pública, por meio de um estudo de caso utilizando como objeto de estudo o processo

de elaboração do relatório de gestão da Coordenadoria de Planejamento da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. À luz das metodologias de

gerenciamento de processos de negócio (BPM) e Sistema Toyota de Produção

(Lean), a pesquisa caracteriza-se como descritiva, devido à execução de atividades

da abordagem de mapeamento e análise utilizada. Sobretudo, um estudo de caso,

pois modelou e analisou o processo de elaboração do relatório de gestão através da

observação-participante, por intermédio de entrevistas e workshop estruturado. Como

resultados de tal estudo, observou-se uma complementariedade das metodologias

abordadas (BPM e Lean), permitindo-se a utilização dos princípios e técnicas de cada

uma das abordagens, de modo a compreender e definir o processo crítico da

Coordenadoria de Planejamento, até seu respectivo mapeamento e análise,

culminando na análise de causa-raiz das problemáticas diagnosticadas e posterior

proposições de melhorias ao processo.

Palavras-Chave: Mapeamento de Processos. Análise de Processos. Melhoria de

Processos. BPM. Lean. Sistema Toyota de Produção. Instituição de Ensino Superior

(IES). Gestão Pública. UFRN.

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ABSTRACT

The analysis and improvement of process characterize every

organization that has the continuous improvement and betterment

organizational as an objective. In this context, the main objective of this

study was to describe an approach of modeling and analyze process by

means of the methodologies integration BPM and Lean at a higher education

institution public, with a case study using as object of study the process of

elaboration of the management report of the Planning Coordinator of the

Federal University of Rio Grande do Norte. Based on the methodologies of

business process management (BPM) and Toyota Production System

(Lean), this research is characterized as descriptive, due to the execution

of activities of the mapping and analysis approach used. Above all, a case

study, for it modeled and analyzed the process of elaborating the

management report with participant observation, by means of interviews

and structured workshop. As a result of the study, a complementarity of the

methodologies (BPM and Lean) was observed, allowing the use of the

principles and techniques of each one of the approaches, in order to

understand and define the critical process of the Planning Coordination, until

its respective mapping and analysis, culminating in the root cause analyses

of the diagnoses problems and subsequent propositions of improvements

to the process.

Key-Words: Processes Modeling. Processes Analyze. Processes

Improvement. BPM. Lean. Toyota Production System. Higher Education

Institution. Public Management. UFRN.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Hierarquia do Processo .............................................................. 14

Figura 2 – Áreas de conhecimento do BPM CBOK ..................................... 15

Figura 3 – Ciclo PDCA de Deming ............................................................... 16

Figura 4 – Ciclo de Vida BPM típico para processos com comportamento

previsível ..................................................................................... 17

Figura 5 – Avaliação do valor agregado (AVA) ............................................ 26

Figura 6 – O continuum da solução de problemas ....................................... 31

Figura 7 – Processo de limitação e concentração ....................................... 34

Figura 8 – Classificação da Pesquisa .......................................................... 38

Figura 9 – Etapas da Pesquisa .................................................................... 39

Figura 10 – Definição de Processo Crítico ..................................................... 40

Figura 11 – Script de entrevista presencial .................................................... 41

Figura 12 – Modelagem do Processo ............................................................ 41

Figura 13 – Tipos de atividades (Análise de Valor Agregado) ....................... 42

Figura 14 – Identificação de Problemáticas no Processo .............................. 43

Figura 15 – Priorização de Problemáticas ..................................................... 44

Figura 16 – Análise da Causa-Raiz ............................................................... 45

Figura 17 – Definição de processo crítico da Coordenadoria de

Planejamento .............................................................................. 47

Figura 18 – Identificação do Processo de elaboração do relatório de Gestão 48

Figura 19 – Desenho inicial do Processo de Elaboração do Relatório de Gestão

.................................................................................................... 50

Figura 20 – Análise de Valor Agregado e Levantamento de Dificuldades no

processo de Elaboração do Relatório de Gestão ........................ 52

Figura 21 – Priorização de problemáticas do Processo de Elaboração do

Relatório de Gestão .................................................................... 53

Figura 22 – Desenho final do Processo de Elaboração do Relatório de

Gestão ........................................................................................ 54

Figura 23 – Atividade de resposta a solicitações da AUDIN e sua respectiva

problemática e pontuação GUT .................................................. 55

Figura 24 – Legenda de tipos de atividades na ótica de Valor Agregado ...... 55

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Figura 25 – “5 Por Quês” aplicado às problemáticas priorizadas ................... 57

Figura 26 – Problemáticas, causas e possíveis soluções .............................. 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA ................................................... 8

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 11

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 13

2.1 GESTÃO DE PROCESSOS ......................................................................... 13

2.1.1 Definição de Processo ............................................................................... 13 2.1.2 Gerenciamento de Processos de Negócio ............................................... 14 2.1.3 Ciclo de Vida de Processos ....................................................................... 16

2.1.4 Mapeamento de Processos ........................................................................ 18 2.1.5 Análise de Processos ................................................................................. 22

2.2 LEAN ............................................................................................................ 27

2.2.1 Sistema Toyota de Produção (STP) .......................................................... 27

2.2.2 Solução de Problemáticas no Modelo Toyota .......................................... 30

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 36

3.1 TIPO DA PESQUISA .................................................................................... 36

3.2 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................... 38

4 RESULTADOS ............................................................................................. 46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 60

5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................. 60

5.2 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES .......................................................... 62

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 64

ANEXOS ....................................................................................................... 69

Anexo A – Quadro Elementos do BPMN ...................................................... 70 Anexo B – Figura Elementos da Pesquisa Bibliográfica ............................... 72

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo apresenta-se a contextualização do problema, os objetivos

gerais e específicos e a justificativa para a realização deste trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA

As organizações caracterizam-se cada vez mais como partes integrantes de

um sistema complexo e competitivo em consonância à acelerada globalização e a

crescente necessidade de serem eficientes na utilização de seus recursos para sua

perenidade. O que antes se transparecia como uma característica intrínseca de

empresas privadas, hoje se mostra como uma tendência natural em toda e qualquer

organização que tem como objetivo a entrega de valor a seus clientes e a melhoria

contínua de seus processos.

Diante do aspecto socioeconômico brasileiro, pode-se observar uma vertente

de mudança organizacional que quebra paradigmas constantemente em

concordância às necessidades de modernização administrativa. Gradualmente, as

empresas buscam formas de exercer controle sobre os seus processos de trabalho

no sentido de obter resultados com eficiência.

As organizações públicas por sua vez, foram por muitos anos conhecidas como

burocráticas - no sentido pejorativo da palavra -, e ineficientes na execução dos seus

serviços, agregaram para si uma cultura em que a identificação de problemas e a

implementação de melhorias são muito complexas, onde o desafio se torna tão

grandioso e oneroso diante da burocracia excessiva, que as melhorias se

transparecem como impossíveis ou até mesmo imperceptíveis. Todavia, diante do

ritmo das mudanças sociais e econômicas, muito tem se feito nas instituições públicas

para que se modernize a gestão, cada vez mais os anseios da sociedade são

atendidos e as melhorias implementadas.

Segundo Santos (2006), uma organização pública é um sistema aberto em

continuo intercâmbio com o ambiente externo e, ao mesmo tempo, constituída de

outros subsistemas, e em decorrência a tal fato, necessita de uma constante gestão

dos seus principais processos frente à crescente exigência advinda da sociedade.

Observa-se que há a necessidade de se atender aos anseios da sociedade que

demanda por maior transparência e qualidade na prestação dos serviços públicos,

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assim como na utilização de recursos públicos. As instituições públicas diante de tal

cenário, vêm criando soluções e buscando novas alternativas para estruturar e melhor

controlar seus processos e recursos, nesse sentido, a otimização dos fluxos de

processos se mostra um fator primordial para a boa administração pública (CATELLI;

SANTOS, 2004).

O gerenciamento de processos de negócio (BPM), por sua vez, vem surgindo

cada vez mais como protagonista na vertente de modernização da gestão nas mais

diversas organizações. Sua presença em estudos acadêmicos é notória diante dos

benefícios alcançados pela sua utilização. O BPM tem sido disseminado no sentido

de compreender processos de trabalho ponta a ponta, estruturar atividades e melhorar

o desempenho organizacional através da orientação por processos.

Devido as pressões internas e externas, a mudança se tornou algo rotineiro

para as organizações; integrar, dinamizar, flexibilizar e inovar é um desafio latente

nesse novo cenário. A orientação por processos alterou a visão vertical das empresas

para uma visão sistêmica, onde integrar processos é a palavra-chave (BALDAM;

VALLE; ROZENFELD, 2014).

Segundo Jesus e Macieira (2015), a teoria de gestão por processos aborda

essencialmente que, para criar e sustentar bons produtos e serviços, as organizações

devem ter como objetivo de sua gestão, a visão de processos ponta a ponta a partir

da perspectiva do cliente.

De acordo com o manual de gestão por processos do Ministério Público

Federal, o BPM vem sendo utilizado como metodologia primordial para a

modernização administrativa em instituições públicas, sendo vista como abordagem

de melhoria diretamente ligada ao crescimento do desempenho organizacional,

excelência e agilidade. Através do gerenciamento de processos de negócio, permite-

se aos órgãos públicos a análise, definição, execução, monitoramento e administração

de processos, inclusive fomentando o suporte para a interação entre pessoas e

aplicações informatizadas (MANUAL, 2013).

Em paralelo à utilização do gerenciamento de processos de negócio (BPM)

como abordagem para modernização administrativa nos diversos tipos de

organizações, há outras metodologias com foco em aumento de performance que

visam corroborar com a melhoria dos processos organizacionais, como por exemplo,

as ferramentas de gerenciamento de qualidade, e os conceitos e ferramentas do

Sistema Toyota de Produção, os quais emergem como metodologia que visa

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colaborar com a melhoria continua sob uma outra perspectiva ao abordar questões,

tais como: fluxo de valor, foco no cliente e desperdícios (BALDAM; VALLE;

ROZENFELD, 2014).

Atualmente, verifica-se que muitas equipes se deparam com dúvidas e desafios

em comum ao definirem objetivos e planejarem abordagens de melhorias de

processos na organização. Tais dúvidas dizem respeito principalmente a: Qual

abordagem de melhoria de processos é a ideal? Qual se faz mais adequada à

realidade e natureza da organização? O BPM é de fato suficiente para projetos de

melhorias em processos?

Em consonância ao foco teórico e natureza do estudo, justifica-se a utilização

do método de pesquisa, estudo de caso na Coordenadoria de Planejamento da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelo fato de ser uma Instituição

de Ensino Superior Federal, mantida por recursos públicos, na qual a inovação e a

modernização da administração não devem somente acompanhar mudanças mas

estarem sempre em primeiro lugar, fazendo seu papel de agente de transformação,

disseminando conhecimentos científicos e tecnológicos.

Em concordância também à temática do estudo, selecionou-se o processo de

elaboração do relatório de gestão da Coordenadoria de Planejamento como fluxo de

atividade modelo para ser mapeado e analisado. Tanto por ser um processo

relacionado à transparência organizacional, com fluxo de atividades voltado à

elaboração de um relatório anual de gestão, como por já ser parte integrante em

projeto de melhoria de processos da Secretária de Gestão de Projetos (SGP1),

podendo, dessa forma, auxiliar na compreensão da abordagem de mapeamento e

análise de processos da Secretaria de Gestão de Projetos da UFRN.

Diante do exposto, este trabalho busca descrever uma abordagem de

mapeamento e análise de processos através da integração das metodologias BPM e

Lean em um projeto de melhoria de processos da SGP, mais especificamente no

processo de elaboração do relatório de gestão da Coordenadoria de Planejamento da

UFRN. Além da descrição da abordagem supracitada, tem-se como objetivo também

fornecer informações que possibilitem a implementação de melhorias no processo de

elaboração do relatório de gestão, assim como concluir o estudo com resposta para a

problemática principal deste trabalho: Qual seria uma abordagem ideal para

1 SGP: Secretária de Gestão de Projetos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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mapeamento e análise de processos em um Instituição de Ensino Superior (IES)

pública?

1.2 OBJETIVOS

O Objetivo geral deste estudo é descrever uma abordagem de mapeamento e

análise de processos através da integração das metodologias BPM e Lean em uma

Instituição de Ensino Superior pública.

Para atingir tal objetivo, tem-se os seguintes objetivos específicos:

a) Identificar, mapear e analisar o processo de elaboração do relatório de gestão

da Coordenadoria de Planejamento da UFRN;

b) Identificar e propor oportunidades de melhoria no processo crítico com base no

fluxo de atividades analisado;

c) Descrever e explicitar a abordagem de mapeamento e análise de processos à

luz do BPM e do Lean.

1.3 JUSTIFICATIVA

Diante do exposto, para a contextualização e problemática do estudo em

questão, observa-se a real necessidade das instituições públicas em obterem cada

vez mais celeridade, transparência e eficiência na execução de seus processos

administrativos.

Em consonância a tal afirmação, a gestão de processos (BPM) e o Lean se

mostram como metodologias viáveis a serem utilizadas no dia-a-dia das organizações

em prol dos anseios apresentados pela sociedade e pelas próprias instituições.

Embora o processo de elaboração do relatório de gestão esteja sendo

executado de forma eficaz, no que tange ao resultado obtido ao final do processo, a

Coordenadoria de Planejamento ainda assim apresenta dificuldades que interferem

na celeridade e eficiência na execução de atividades de tal processo, as quais serão

mostradas no decorrer deste trabalho.

Conforme capítulo VII, seção I, subseção III, do Regimento Interno da UFRN, é

função da Coordenadoria de Planejamento, elaborar os relatórios anuais e outros

documentos gerenciais da Administração da UFRN (UFRN, 2015, p. 48).

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Diante da necessidade de atender aos anseios da sociedade e melhorar o

desempenho no processo de elaboração do relatório de gestão, o estudo tem

relevância e justifica-se no sentido de descrever uma abordagem de melhorias em

processos como propositor de melhorias para a Coordenadoria de Planejamento.

Além disso, servirá como um projeto piloto para ser replicado em outros setores da

UFRN e em outras Instituições de Ensino Superior (IES), gerando benefícios diretos

para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e para o âmbito público de forma

geral.

Outrossim, o estudo se faz viável devido ao fato de já se encontrarem em

andamento projetos de melhoria de processos na UFRN na Coordenadoria de

Planejamento através de iniciativas da SGP, a qual desde março de 2016 vem

atuando como principal articulador de mudanças organizacionais, aproximando

sociedade e IES por meio da disseminação de boas práticas em gestão de processos

e projetos.

Conforme verifica-se no capítulo XIII, seção II, artigo 251, do Regimento Interno

da UFRN (2015, p. 78), o qual discorre sobre o papel da Secretaria de Gestão de

Projetos (SGP) na UFRN: “promover e compartilhar melhores práticas e

conhecimentos em gestão de projetos e gestão de processos” e “apoiar a adoção de

ferramentas, métodos e técnicas de gestão de projetos e gestão de processos”.

Espera-se que ao final deste trabalho, possamos explicitar e descrever,

explicitamente, a abordagem de mapeamento e análise de processos padrão que

traga benefícios diretos tanto para a Coordenadoria de Planejamento na elaboração

do relatório de gestão, como para a SGP, no sentido de atuar como disseminador de

melhorias organizacionais através de boas práticas em mapeamento e análise de

processos da UFRN.

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13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão apresentadas as bases teóricas que sustentam o

desenvolvimento do trabalho. Identificaremos e definiremos os conceitos em torno de

dois grandes temas: Gestão de Processos e Lean (Sistema Toyota de Produção).

2.1 GESTÃO DE PROCESSOS

Para o entendimento do funcionamento de uma organização orientada a

processos, tal qual o funcionamento de ciclo de melhorias de processos nas

organizações, é de fundamental importância obter conhecimento mais aprofundado

sobre o que versa a literatura de gestão de processos.

2.1.1 Definição de Processo

Segundo Davenport (1994), processos são um conjunto de atividades

estruturadas e mensuradas que geram um ou mais efeitos, para tanto, Rotondaro

(2005), complementa, afirmando que o processo pode ser entendido como uma

atividade repetitiva ou uma série de atividades que transformam um conjunto definido

de entradas em saídas mensuráveis, o qual a empresa gerencia e mede sua

respectiva execução.

Pode-se aferir que processos, são então um grupo de atividades realizadas

numa sequência lógica (HAMMER; CHAMPY, 1994), o qual toma um input, adiciona

valor a ele e fornece um output a um cliente especifico (GONÇALVES, 2000).

Segundo a ABPMP (2013), processo de negócio é um trabalho que entrega

valor para os clientes ou apoia/gerencia outros processos. Confirmado por Davenport

(1994), ao afirmar que processos tem uma ordenação especifica de atividades de

trabalho no tempo e no espaço, criando uma estrutura para a ação.

Ao analisar-se o conceito de processo no âmbito público, de acordo com o

Manual de Gestão por Processos do Escritório de Processos Organizacionais do MPF

(2013), processos são um conglomerado de decisões que transformam recursos em

valor gerado ao cliente/cidadão.

Ainda, segundo Harrington (1993), processos são atividades necessárias para

administrar e/ou operar uma organização, afirmando que é necessário se estabelecer

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14

uma hierarquia de processos para se compreender as relações entre tarefas e

processos, assim como processos com outros processos, como pode-se observar na

figura 1:

Figura 1 – Hierarquia do Processo

Fonte: HARRINGTON, 1993, p. 34.

2.1.2 Gerenciamento de Processos de Negócio

O Business Process Management (BPM) é uma metodologia que vem sendo

amplamente difundida nas organizações. Nesse sentido, trata-se de uma abordagem

estruturada, com base na orientação por processos, de análise e melhoria contínua

dos elementos de processos de negócios, com ferramentas, técnicas e métodos para

suportar o planejamento, implantação, gerenciamento e análise (BALDAM; VALLE;

ROZENFELD, 2014).

O Business Process Management Common Body of Knowledge (BPM CBOK)

referência em boas práticas para gerenciamento de processos de negócio, defende

que o BPM é uma nova forma de visualizar as operações de negócio, é uma disciplina

gerencial que integra objetivos de uma organização com expectativas e necessidades

do cliente, por meio de processos ponta a ponta. No BPM o negócio é visto de forma

holística, onde o processo representa todo o trabalho executado para entregar o

produto ou serviço, independentemente de onde ocorram as atividades na

organização.

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O CBOK está divido em áreas de conhecimento, no qual, para este estudo,

será relevante a área de gerenciamento de processos de negócio, conforme observa-

se na Figura 2, a seguir: Figura 2 – Áreas de conhecimento do BPM CBOK

Fonte: ABPMP, 2009, p. 2.

O principal objetivo do CBOK é fornecer uma visão abrangente para a prática

de BPM nas organizações, onde para cada realidade e escopo de atuação, sejam

adequadas as boas práticas fornecidas pelo corpo de conhecimento (ABPMP, 2013).

Ainda segundo a ABPMP (2013), BPM assume alguns conceitos fundamentais

e relevantes para esta pesquisa, tais como:

• BPM é uma disciplina gerencial Conjunto de princípios e práticas para orientar recursos

organizacionais em direção aos objetivos definidos;

• BPM não é prescritivo

Permite às organizações serem mais eficientes e eficazes na

execução de seus processos através da adequação de suas boas

práticas;

• BPM visa entregar valor para o cliente

Não à organização, o proposito principal é gerar valor para o

cliente por meio da orientação por processos;

• BPM orquestra o trabalho ponta a ponta

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16

Essência do BPM, o que diferencia o gerenciamento de

processos de negócio do gerenciamento funcional tradicional;

• Processos são gerenciados por ciclo contínuo

Visando a integridade dos processos e transformação contínua

através de planejamento, análise, desenho, implementação,

monitoramento e controle e refinamento.

Este último tópico caracteriza-se como um dos pontos principais do BPM, pois,

pode-se averiguar na literatura especifica da área de gestão de processos que há um

universo de ciclos de vida de processos de negócio que descrevem a abordagem de

gerenciamento como um ciclo de vida contínuo. A premissa do CBOK é não ser

prescritiva, mas sim com propósito de abordar conceitos e princípios fundamentais

para a melhoria dos processos organizacionais (ABPMP, 2013).

2.1.3 Ciclo de Vida de Processos

Segundo Baldam, Valle e Rozenfeld (2014) a literatura especializada propõe

vários modelos para gerenciar processos de negócio, conforme relata a ABPMP

(2013), ao enfatizar que, embora haja diversos modelos de ciclos de vida de processos

de negócio, com inúmeras e diferentes fases, a maioria dos ciclos de vida podem ser

mapeados como um ciclo básico PDCA (Plan, Do, Check, Act) de Deming (ABPMP,

2013).

Figura 3 – Ciclo PDCA de Deming

Fonte: ABPMP, 2013, p. 53.

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Ainda segundo a ABPMP (2013), devido a sua simplicidade, popularidade e

nenhuma divergência com outras metodologias e estruturas de trabalho, o ciclo

original PDCA pode ser utilizado como referência base para desenvolvimento de

quaisquer outros ciclos de melhoria.

Na perspectiva de Baldam, Valle e Rozenfeld (2014), há quatro etapas para o

ciclo BPM: planejamento do BPM, modelagem e otimização de processos, execução

de processos, e controle e análise de dados. Baseando-se em outros modelos, Smith

e Fingar (2006) propõem um ciclo de vida dividido em oito etapas: descoberta,

modelagem, distribuição, execução, integração, controle, otimização e análise do

processo.

Diante dos modelos citados, pode-se observar uma similaridade de

informações e etapas, porém com diferenciação no foco que se é dado a cada uma

das fases de modelo para modelo. Baldam, Valle e Rozenfeld (2014), afirmam que

nenhum modelo corresponde exatamente a realidade, não há como prever como se

dará o BPM, os modelos apenas servem como direcionadores para a prática.

Em conformidade a tal fato, e em ênfase a esta pesquisa, para as etapas de

análise e modelagem de processos, utilizar-se-á o ciclo de vida BPM típico segundo

a ABPMP (2013), o qual aborda um ciclo base, porém não prescritivo, representado

pela figura abaixo com fases não necessariamente sequenciais.

Figura 4 – Ciclo de Vida BPM típico para processos com comportamento previsível

Fonte: ABPMP, 2013, p. 52.

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Através da Figura 4, pode-se observar 6 grandes etapas:

• Planejamento

Alinhamento estratégico dos processos, onde se desenvolve um

plano e uma estratégia dirigida à processos para a organização;

• Análise

Entendimento dos atuais processos organizacionais no contexto

das metas e objetivos desejados, onde se incorpora várias

técnicas e metodologias, de forma a facilitar as atividades dos

envolvidos com o diagnóstico da situação atual do negócio;

• Desenho

Modelagem de processos para a criação da representação do

processo em uma perspectiva ponta a ponta;

• Implementação

Realização do desenho do processo de negócio, através de

procedimentos e fluxo de trabalho documentados;

• Monitoramento e controle

Aferição e validação do processo, como forma de garantir sua

execução conforme seu planejamento e representação;

• Refinamento

Transformação dos processos, implementando-se modificações

através de resultados de análise;

Conforme objetivo do estudo, abordar-se-á somente as etapas de análise e

desenho, à luz do ciclo de vida do CBOK.

2.1.4 Mapeamento de Processos

Sob a ótica do CBOK (ABPMP, 2013, p. 72), mapeamento de processos “é o

conjunto de atividades envolvidas na criação de representações de processos de

negócio existentes ou propostos. Pode prover uma perspectiva ponta a ponta ou uma

porção dos processos primários, de suporte ou de gerenciamento”. Conforme afirma

Davenport (1994), modelagem de processos de negócio, do inglês Business Process

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Modeling, trata de uma linha teórica com base na reengenharia de processos, o qual

Correia e Leal (2002) complementa, ao afirmar que a modelagem contribui com alguns

propósitos, como por exemplo: entender como funciona o negócio, controlar ou

monitorar atividades, tomar decisões, analisar alguns aspectos da organização,

simular o comportamento de algumas partes, e replanejar e racionalizar.

Ainda segundo o CBOK (ABPMP, 2013, p. 72), o “propósito da modelagem é

criar uma representação do processo de maneira completa e precisa sobre seu

funcionamento”, o qual segundo Harrington (1993), através da ferramenta fluxograma,

se facilita a identificação de cada evento da sequência de atividades por meio de

símbolos, linhas e palavras.

O mapeamento de processos utiliza diferentes técnicas de modelagem e

desenho que nos mostram diferentes perspectivas. Entretanto, a correta interpretação

ao utilizar quaisquer que sejam os modelos é fundamental. Segundo CBOK (ABPMP,

2013), uma representação de processos inclui ícones que representam atividades,

eventos, decisões, condições e demais elementos dos processos, os quais são

padronizados através de notação específica.

Notação é um conjunto padrão de símbolos e regras que determinam o

significado dos símbolos utilizados na modelagem do processo (ABPMP, 2013), sob

a mesma perspectiva, Oliveira (1998) acrescenta que podem ser utilizadas diversas

notações, contanto que não ofereçam dificuldade de compreensão para o leitor e que

sejam definidas previamente.

Para se compreender realmente como funcionam os processos

organizacionais, com o objetivo de melhorá-los, se faz necessário adotar ferramentas

que permitam compreender, comunicar e gerenciar componentes de processos de

negócio (ABPMP, 2013).

As mais diversas técnicas de mapeamento, segundo o CBOK (ABPMP, 2013)

podem ser observadas no Quadro 1, a seguir:

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Quadro 1 – Notações de modelagem de processos

Notação Descrição

BPMN (Business Processs Model and Notation)

Padrão criado pela Object Management Group (OMG), útil para apresentar um modelo para públicos-alvo diferentes.

Fluxograma Inclui conjunto simples e limitado de símbolos. Facilita o entendimento rápido do fluxo do processo.

EPC (Event-driven Process Chain)

Considera eventos como “gatilhos para” ou “resultados de” uma etapa do processo. Útil para processos complexos.

UML (Unified Modeling Language)

Conjunto-padrão de notações técnicas de diagramação orientada à descrição de requisitos de sistemas de informação.

IDEF (Integrated Definition Language)

Destaca entradas, saídas, mecanismos, controle de processo e relação dos níveis de detalhe do processo superior e inferior.

Value Stream Mapping Do Lean Manufacturing consiste em um conjunto intuitivo de símbolos usados para mostrar a eficiência de processos por meio do mapeamento de uso de recursos e elemento de tempo

Fonte: Adaptado de ABPMP (2013, p. 79).

Atualmente, a notação BPMN vem sendo consolidada como um dos mais

importantes padrões de notação gráfica aberta para desenho e modelagem de

processos de negócio (INTALIO, 2017). Padrão esse criado pela Object Management

Group (OMG); a aceitação de BPMN tem se destacado como sendo uma das

principais ferramentas de modelagem. Tal notação apresenta um conjunto robusto de

símbolos para modelagem de diferentes aspectos de processos de negócio (ABPMP,

2013).

Um dos desafios da notação BPMN é a criação de mecanismos simples para a

construção de modelos de processos de negócio, sem fugir da complexidade

intrínseca dos processos organizacionais (WHITE, 2004). A fim de compreender mais

sobre a notação, há diferentes tipos de submodelos existentes no BPMN (BIZAGI,

2017), a seguir:

• Privativo

Utilizados quando não há interesse em verificar interação entre

este processo e outros processos na organização;

• Abstrato

Representa a interação entre um processo principal e outro

processo participante, sendo este último, parte colaborativa do

fluxo, sem preocupação de definição de seu conteúdo;

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• Colaborativo

Descreve a interação entre duas ou mais entidade de negócio,

com fluxo especificado em cada uma delas.

O BPMN, pela vantagem de ser simples, fornece a notação para expressar os

processos de negócio em um único diagrama de processo de negócio – Business

Process Diagram (BPD) (WHITE, 2004). O BPD tem um conjunto básico de elementos

gráficos que permitem a diagramação de fluxos de trabalho, tais elementos

distinguem-se em quatro categorias (BPMN, 2011):

• Objetos de fluxo

Objetos que definem o comportamento dos processos de negócio,

composta por 3 tipos de objetos: eventos, atividades e gateways;

• Objetos de conexão

Objetos que conectam os objetos de fluxo. São compostos por: fluxo

associação, fluxo Mensagem e associação;

• Swimlanes

Entidades que agrupam elementos pools e lanes. Permitem dividir o

diagrama BPD em responsáveis pela execução das atividades,

permitindo com que as swimlanes possam informar onde as

atividades são executadas;

• Artefatos

Objetos utilizados para prover informações adicionais sobre o

processo, composto por três grupos: dados, grupo e anotação.

A fim de explicitar os elementos utilizados na modelagem de processos, pode-

se observar, em anexo a este documento, o quadro elementos do BPMN segundo o

OMG (2011) (ver Anexo A).

Após a escolha de uma notação específica para a representação dos processos

de negócio, se faz necessário o estabelecimento de ferramentas para que a

modelagem possa ser feita de maneira eficaz (ABPMP, 2013). Todavia, ainda

segundo ABPMP (2013), o foco deve ser o processo e não a ferramenta. Segundo

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Barbará (2008), ferramentas informatizadas de modelagem são softwares usados

para mapear processos de negócio, no sentido de criar modelos que retratam a

atividade produtiva da empresa.

No mercado há diversas ferramentas para modelagem de processos: ARIS,

Microsoft Visio, Bizagi Modeler, ProVision. Dentre os softwares citados, devido à

familiaridade com a notação BPMN, e licença gratuita para utilização, a ferramenta

escolhida para a etapa de modelagem de processos deste estudo foi o Bizagi

Modeler2.

2.1.5 Análise de Processos

Para a ABPMP (2013), a análise de processos vai além de produzir modelos, a

análise se caracteriza como um meio, e não um fim. O resultado do trabalho deve ser

o de gerar valor para a organização.

Seguindo o escopo do CBOK (ABPMP, 2013), o primeiro passo para analisar

um processo é criar um entendimento comum do estado atual (“AS-IS”) do processo.

A análise se dá por meio de várias técnicas, incluindo modelagens e

entrevistas. Muitas vezes, em complemento à abordagem analítica, se contempla o

estudo do ambiente de negócio, o contexto organizacional do processo, fatores que

contribuem para o ambiente operacional, características do segmento de negócio,

regulamentações governamentais, segmentos de negócio, pressões de mercado e

concorrência. Dessa forma, a análise de processos constitui a base para o desenho

de processos (ABPMP, 2013).

A análise de processos pode se dá por de vários motivos, dentre eles;

problemas de desempenho ou acionado por eventos externos ou temporais, segundo

afirma o CBOK (ABPMP, 2013, p. 128):

Quando desvios no desempenho do processo são identificados, a análise de processos permite fundamentar decisões sobre ações corretivas ou elaboração de uma proposta para mudança do processo”. “Quando surgem problemas de desempenho, a análise de processos pode ajudar na identificação das causas-raiz.

2 Bizagi Modeler – trata-se de um Software de modelagem e simulação de processos de negócio, o

qual utiliza a notação BPMN.

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No início da análise de processos deve-se identificar os processos críticos e

direcionar esforços no sentido de aperfeiçoá-los. Segundo Carreira (2009), é

recomendável que se inicie atividades de melhoria pelos processos críticos, podendo

trazer resultados mais significativos. Pode haver casos de prioridades concorrentes

entre processos críticos que precisam ser levadas em consideração, dessa forma,

critérios de priorização podem ser estabelecidos no sentido de criar pontuações para

atribuir valores aos fatores de priorização (ABPMP, 2013).

Segundo Varkavis et al. (1998), diferentes aspectos podem ser considerados

na hora de definir os processos críticos à análise. Abaixo, os principais fatores para

definição do processo crítico:

• Impacto para o cliente Melhoria do processo irá causar impactos diretos ao cliente?

• Impacto estratégico Impacto na estratégia da organização;

• Abrangência Impacto da melhoria do processo será local ou em toda a

organização?

• Grau de dificuldade Pode depender de diversos outros fatores;

• Necessidade de tempo Tempo necessário para implementar mudanças.

Cada organização, diante de sua realidade e natureza, determinará quais seus

fatores para definição de processos críticos, fator importante segundo o CBOK

(ABPMP, 2013), é estabelecer o escopo dos processos críticos incluídos na análise

como uma das primeiras ações da equipe, a qual deve ser fator limitante para decisão

de até que ponto a análise avançará, levando em conta quais os objetivos e resultados

desejados na análise.

Para Rotondaro (2005), a gestão de processos deve inicialmente identificar,

avaliar e selecionar os processos prioritários para só depois aperfeiçoá-los.

Após delimitar o escopo de atuação de análise, deve-se escolher a abordagem

de análise, a qual segundo o CBOK (ABPMP, 2013), não contempla uma única forma

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correta. De acordo com a natureza do processo e da informação disponível, serão

delimitados os tópicos a serem estudados, os métodos e as ferramentas.

Ainda em consonância com as recomendações apresentadas pelo CBOK

(ABPMP, 2013), na análise de processos o fator equipe é essencial para a execução

de um trabalho eficaz. Quanto mais interfuncional for composta a equipe, melhor a

visão sobre o processo, menos enviesada e superficial corre o risco de ser a análise

(ABPMP, 2013).

Observa-se abaixo, alguns métodos prescritos na etapa de análise de

processos para levantamento de informações do CBOK (ABPMP, 2013).

• Pesquisa

Pesquisa por documentações ou notas do processo provenientes

de registros e/ou auditorias, podendo inclusive solicitar por escrito

informações às partes interessadas;

• Entrevista

Entrevista com cada uma das partes interessadas atuantes no

processo ou associados de alguma forma, através de muitas

formas, sendo o modo presencial o mais produtivo;

• Workshop estruturado

Reunião focada e facilitada, na qual especialistas em processos

e partes interessadas criam modelos de forma interativa. Como

benefício pode haver o encurtamento do tempo para o desenho

do processo e criar um forte senso de propriedade nos

participantes quando comparado com outras técnicas;

• Observação direta

Similar à entrevista, a observação direta in loco pode agregar

informações sob uma outra perspectiva, porém com grande risco

de não serem levantados desvios diários;

• Simulação de atividades

Simulação de atividades relacionadas ao processo através da

demonstração de etapas do processo por cada um dos indivíduos

participantes.

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Após a coleta de informações e modelagem de processos “AS-IS” pode ser

iniciada a análise do processo, a qual se caracteriza por uma análise detalhada e

revisões das informações do processo com o fluxo de trabalho em andamento. “Da

mesma forma, problemas devem ser claramente identificados, definidos e conectados

às funções de negócio que afetam” (ABPMP, 2013).

Segundo D’Ascenção (2007), no levantamento do processo, também deve

ocorrer a identificação de problemáticas, bem como, se possível, a identificação das

causas.

Na etapa de análise, frente à diversas análises que podem ser executadas,

destacam-se quatro análises para este estudo (ABPMP,2013):

• Análise de causa-raiz

No âmbito dos problemas identificados, foca-se na análise de

causa-raiz, através da coleta de dados, investigação e

diagramação da relação de causa e feito para eliminação de

possibilidades;

• Análise da qualidade

Tanto a partir da perspectiva do cliente (de fora para dentro),

focando na forma como o processo atende as necessidades dos

clientes, quanto a partir da perspectiva da organização (de dentro

para fora), focado em como o processo é executado e na

capacidade das pessoas em executar o processo conforme

planejado;

• Análise do valor A análise do valor identifica quais atividades agregam valor e

quais são desnecessárias e que contribuem para aumentar o

tempo, custos, erros e insatisfações dos clientes. São três tipos

básicos de atividades:

o Adiciona valor ao cliente: cria valor ou contribui para a

satisfação do cliente;

o Adiciona valor ao negócio: corrobora para o

cumprimento de políticas ou regulamentações;

o Não adiciona valor: atividade candidata à eliminação,

pois não adiciona valor nem ao cliente nem ao negócio.

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• Análise de conformidade legal A análise de conformidade legal integra a gestão de requisitos e

se baseia no levantamento de requisitos legais, normas e

legislação aplicável ao processo de negócio.

Diante da necessidade de estabelecer quais atividades apresentam valor

agregado e quais não criam valor, Harrington (1993), através de sua metodologia de

avaliação de valor agregado (AVA), definiu três categorias de atividades existentes

em um processo, conforme observa-se abaixo:

Figura 5 – Avaliação do valor agregado (AVA)

Fonte: HARRINGTON, 1993, p. 170.

Atividades com valor real agregado (VRA): contribuem para a satisfação das

necessidades dos clientes; Atividades com valor empresarial agregado (VEA):

necessária à organização, mas que não agregam valor na perspectiva do cliente;

Atividades sem valor agregado (SVA): que não acrescentam valor ao processo e

podem ser eliminadas sem afetar o cliente ou a organização.

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2.2 LEAN

Ainda hoje é grande o desafio de observar todas as dimensões envolvidas no

Sistema Toyota de Produção (STP) e representá-las através de uma definição exata

de seu real significado (ARBJøRN; FREYTAG, 2013; PETTERSEN, 2009). Diante de

tal fato, se faz necessário conhecer os princípios e conceitos do STP, assim como

compreender seu método de solução de problemáticas.

2.2.1 Sistema Toyota de Produção (STP)

Em meados de 1900, Fred Taylor e Henry Ford procuraram lidar com as

deficiências da produção artesanal devido ao fato de somente clientes de altíssima

renda poderem comprar seus carros. Além disso, cada produto era imprevisível em

relação à sua qualidade, o que tornava o processo incerto e muito demorado. Diante

de tal fato, o gerenciamento científico de Taylor e as inovações na fábrica da Ford

começaram a estabelecer as bases para a produção em massa, a qual obteve

sucessivas vitórias enquanto modo de produção durante décadas (DENNIS, 2011).

Em paralelo ao modelo de produção em massa, diante da grande escassez de

dinheiro e outros recursos no período pós-guerra, o Japão buscou outras soluções

para seu modo de produção, que fossem simples e de baixo custo (OHNO,1997).

Eji Toyoda e seu gênio da produção, Taiichi Ohno, chegaram à conclusão de

que a produção em massa não funcionaria no Japão, induzindo a que criassem um

sistema que fazia de suas principais virtudes as necessidades vividas na época. A

falta de capital incentivou o desenvolvimento de máquinas flexíveis e de tamanho

certo com trocas rápidas, além da própria imagem criada pela Toyota enquanto

comunidade, fator esse que estabeleceu alicerces para que os funcionários se

envolvessem de forma intensa à organização (DENNIS, 2011).

Nesse sentido, o grande objetivo do STP é a redução de custos por meio da

redução de desperdícios encontrados no processo produtivo, onde a redução

progressiva de custos até a completa eliminação de desperdícios e de tudo que não

agrega valor ao processo produtivo culmina em aumento da qualidade, busca

constante por melhorias e aumento da flexibilidade no atendimento das demandas

dos clientes (OHNO, 1997).

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Levaram trinta anos para que Ohno aperfeiçoasse seu sistema e conseguisse

a total implementação na Toyota (DENNIS, 2011). No ano de 1990 foram lançados os

primeiros exemplares do livro “The Machine that Changed the World” dos autores

James P. Womack, Daniel T. Jones & Daniel. O nome inicial era Sistema Toyota de

Produção – TPS de Lean Manufacturing, um livro no estilo benchmarking, o qual

apresentou um grande paradigma para a época ao abordar conceitos contrários aos

princípios da produção em massa. Produzir cada vez mais com cada vez menos foi a

nova filosofia de várias empresas ao redor do mundo, o termo Lean (enxuto)

disseminou-se e desde então, várias organizações seguem seus princípios e

ferramentas.

Diante de todas as abordagens provenientes desde a concepção do Sistema

Toyota de Produção, tais quais o Lean Office, Lean Manufacturing, Lean Health, Lean

Thinking, Lean Construction e tantas outras, pode-se aferir, segundo Womack e Jones

(2004) que a produção enxuta em geral tem em seus pilares, cinco princípios básicos

que norteiam todas as metodologias relacionadas ao Lean:

• Valor • Produto ou serviço específico que atende as necessidades do cliente a

um preço especifico em um momento especifico;

• Fluxo de valor • Conjunto de ações especificas necessárias para se levar um produto

desde o pedido até sua entrega. Empresas enxutas tornam seu fluxo de

valor enxuto desde a concepção até a distribuição, eliminando qualquer

tipo de desperdício;

• Fluxos • Faz com que as etapas que criam valor, fluam. Permite que todos os

processos da organização possam contribuir de forma positiva para a

criação de valor;

• Puxar • Inicio de processo somente com a solicitação de um cliente. O cliente

deve puxar o produto quando necessário, e não quando a empresa

empurra;

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• Perfeição • Caminho para a identificação e remoção de desperdícios, a fim de inovar

e criar novas formas de gerar valor.

Frente à melhoria de desempenho organizacional, a busca pela perfeição deve

ser sempre o principal objetivo da organização que busca a excelência, no entanto,

só se faz possível com a transparência do processo completo, fazendo com que os

colaboradores localizem de forma mais fácil formas de criar valor (GONÇALVES,

2011). Womack e Jones (2004), também nesse sentido, afirmam em “A Mentalidade

Enxuta nas Empresas”, que deva primeiramente se conhecer o fluxo de valor no

processo, e então etapas que não agreguem valor e/ou gerem desperdícios, sejam

eliminadas. Todas as definições convergem na ideia de Liker (1998), ao afirmar que

uma empresa enxuta é um processo contínuo de redução de tudo que não agrega

valor.

Segundo Womack (2007) em seu artigo “Moving Beyond The Tool Age”, valor

é o resultado final de uma longa sequência de etapas definida como fluxo de valor.

Segundo Werkema (2011), valor é conceituado como o que o cliente valoriza,

portanto, somente ele pode definí-lo.

Segundo Rother e Shook (1999), após entender o fluxo de valor é possível

identificar as atividades agregadoras de valor e não-agregadoras de valor, além das

fontes de desperdício, as quais, segundo Nogueira (2003), após serem reconhecidas

precisam ser medidas e eliminadas, pois, onde quer que ocorram, prejudicam os

resultados da organização. Ohno (1997) coloca a eliminação de todo desperdício no

centro do STP, e defende que tudo o que não acrescenta valor ao produto ou serviço,

é visto como desperdício sob o olhar do cliente.

Ainda segundo Ohno (1997), existem sete tipos de desperdícios, sete tipos de

“muda”, palavra japonesa que caracteriza uma atividade humana que utiliza recursos,

mas não cria ou agrega valor ao processo. A seguir, os desperdícios:

• Desperdício de Estoque

Unidades de fluxo que se acumulam mais do que o necessário;

• Desperdício do Retrabalho

Tempo gasto fazendo algo incorretamente, inspecionando erros

ou consertando erros;

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• Desperdício de Superprodução

Fazer mais do que o demandado pelo cliente/organização ou

“produzir” antes de surgir demanda do cliente;

• Desperdício de Espera

Espera pelo próximo evento ou atividade do trabalho por parte do

funcionário ou cliente;

• Desperdício de Processamento

Fazer trabalho que não é valorizado pelo cliente/organização ou

causado por definições de qualidade que não se alinha às

necessidades;

• Desperdício de movimentação de materiais

Movimento desnecessário da unidade de fluxo no processo;

• Desperdício de movimentação do Operador Movimentos desnecessários do colaborador no processo.

No intuito de aumentar o desempenho dos processos organizacionais, muitas

organizações utilizam ferramentas Lean visando eliminar qualquer tipo de desperdício

sem antes conhecer o processo ponta a ponta ou ao menos entender as principais

problemáticas apresentadas. O desafio se faz no sentido de entender os conceitos

enxutos e então saber quais ferramentas utilizar e como utilizá-las.

2.2.2 Solução de Problemáticas no Modelo Toyota

O modelo Toyota é um processo cíclico de conquista de estabilidade,

padronização, e contínua pressão sobre o processo a fim de expor os obstáculos. No

caminho para a perfeição, o Modelo Toyota procura identificar e remover tais

obstáculos impeditivos à melhoria-continua (LIKER; MEIER, 2007).

Ainda segundo Liker e Meier (2007), a metodologia de solução de problemas

da Toyota é uma habilidade que percorre todos os níveis e funções da organização,

podendo ser aplicado rapidamente, como podendo durar meses ou até anos. O

processo como um todo proporciona uma estrutura para alinhar recursos de modo

eficaz, garantir a compreensão mútua da importância do problema, identificar com

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clareza a necessidade e o benéfico da solução do problema e, com precisão, prever

os resultados. Figura 6 – O continuum da solução de problemas

Fonte: LIKER; MEIER, 2007, p. 305.

Cada processo de solução de problemas tem suas características específicas,

no entanto, de modo geral, a estrutura básica do modelo Toyota de solução de

problemas é sempre a mesma, onde a identificação correta do problema se faz a etapa

mais importante (LIKER; MEIER, 2007).

A seguir algumas das situações onde, conforme Liker e Meier (2007), o

processo de solução de problemáticas pode ser empregado:

• Correção de pontos fracos nos níveis de habilidades e desenvolvimento

de um plano de treinamento;

• Compra de novo equipamento;

• Atividades de redução de custos;

• Atividades de melhoria de equipe (Círculos de qualidade, eventos de

Kaizen);

• Melhoria de produtividade e do fluxo do processo;

• Planejamento anula e desenvolvimento de estratégia.

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Segundo Greef, Freitas e Romanel (2012), o termo “Kaizen”, palavra de origem

japonesa, tem como significado, a melhoria contínua, método este que deve ser

aplicado enquanto elemento cultural, que facilita a obtenção de resultados e objetivos

organizacionais com a participação de todos os colaboradores do ambiente.

Conforme Mascitelli (2004), Kaizen é uma atividade dentro do processo 3P,

“Pessoas, Processos e Procedimentos”, onde o Kai (mudar) e o Zen (melhorar),

enfatizam a melhoria contínua.

Ainda segundo Greef, Freitas e Romanel (2012, p. 210):

O conceito Kaizen” propõe a melhoria continua de um fluxo completo de valor ou de um processo individual, a fim de agregar constantemente mais valor às atividades de desenvolvimento, com menos desperdício.

Para Imai (1996), o processo de melhoria contínua traz alguns fundamentais

pilares que tornam efetivos e traduzem os caminhos da metodologia Kaizen:

• A análise de valor;

• A eliminação de desperdícios;

• A padronização;

• A racionalização da força de trabalho, entre outros.

Ao identificar e analisar o processo ou o fluxo de valor, poderão se analisar

muitos exemplos de perda de ciclo e de paralisações. Deve-se reunir fatos para

compreender o impacto total de cada problemática, a importância (gravidade), a

urgência e a tendência, um simples modo de fazer isso é empregar a lista

classificatória de valor agregado / valor não-agregado (LIKER; MEIER, 2007). Ainda

segundo Liker e Meier (2007), a primeira exigência da solução é determinar o mérito

da solução, desse modo, os problemas devem ser ponderados, onde o mais

importante segundo sua importância, urgência e tendência, deve ser abordado

primeiro.

Para se obter uma eficaz definição da problemática, quatro informações são

necessárias (LIKER; MEIER, 2007):

• O verdadeiro desempenho atual com alguns detalhes históricos;

• O desempenho desejado;

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• A magnitude do problema conforme a diferença entre o real e o

desejado;

• A extensão e as características do problema ou situação.

Ao atuar no sentido de priorizar problemáticas já levantadas e que devam ser

solucionadas primeiramente, e ainda garantir que os recursos sejam concentrados

adequadamente na solução proposta (LIKER; MEIER, 2007), deve-se utilizar os

seguintes critérios, os quais se assemelham à Matriz GUT, ferramenta de

gerenciamento da qualidade:

• Importância

Importância do problema no contexto geral de satisfação do

cliente;

• Urgência

Prazos em relação à solução da problemática;

• Tendência

Problema está pior, melhor ou continua igual?

Segundo Gomes (2006), a Matriz GUT (gravidade x urgência x tendência), é

uma ferramenta que trata a priorização de problemas através de uma matriz de

decisão, onde cada parâmetro é pontuado de 1 a 5, e após isso, calcula-se o resultado

da multiplicação dos parâmetros, dessa forma, estabelecendo prioridades das

problemáticas a serem resolvidas. A seguir a descrição dos parâmetros:

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Quadro 2 – Matriz GUT

Fonte: DAMAZIO, 1998, p.33.

Após identificado e priorizado o problema, a análise eficaz se faz crucial para

descobrir e entender as diversas causas potenciais do problema. A partir dessas

causas, é necessário limitar o campo de atuação e focar nas mais significativas. Para

tanto, a ferramenta dos “5 Por Quês” se mostra eficiente para análise da causa-raiz

do problema (LIKER; MEIER, 2007).

Figura 7 – Processo de limitação e concentração

Fonte: LIKER; MEIER, 2007, p. 319.

As melhorias provenientes dos “5 Por Quês” estão em encontrar a raiz do

problema, definir o relacionamento entre as diferentes causas e por ser um processo

com viés humano, promover a interação entre equipes (ISIXSIGMA, 2017).

Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002), os “5 Por Quês” configuram-se

como uma técnica simples, porém efetiva para ajudar a compreender razões de

ocorrência de problemas.

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35

Na visão de Greef, Freitas e Romanel (2012), a prática de perguntar “Por Quê?”

de forma repetitiva diante de uma problemática é uma ferramenta mais eficaz para

identificar a causa de um problema em comparação à uma simples observação.

Liker e Meier (2007) defendem que devemos seguir alguns passos para obter

uma análise efetiva da causa-raiz do problema e assim efetuar uma boa utilização da

ferramenta:

• Analisar cada questão com uma nova perspectiva;

• Abordar a análise com a intenção de encontrar causas que possam ser

corrigidas;

• Restringir-se continuamente às causas mais significativas e redirecionar

a análise de acordo;

• A determinação das raízes do problema deve propiciar um entendimento

claro e óbvio das soluções necessárias;

• A análise deve ser baseada em fatos e dados. As raízes do problema

devem ser mensuráveis, e o efeito da melhoria deve ser previsível antes

da implementação.

Por fim, ao executar as diretrizes propostas pelo modelo de solução de

problemáticas do Sistema Toyota de Produção proposto por Liker e Meier (2007), Imai

(1996) complementa ao propor alguns mandamentos fundamentais à melhoria

continua, tais como:

• O desperdício deve ser eliminado, pois melhorias graduais devem ser

feitas continuamente;

• Todos os colaboradores devem estar envolvidos;

• Deve ser focada a atenção onde se cria valor;

• Deve se haver uma orientação por processos.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo tem por finalidade a apresentação da metodologia utilizada na

pesquisa, assim como a descrição dos procedimentos metodológicos para a

realização dos objetivos propostos no capítulo I (Introdução).

3.1 TIPO DA PESQUISA

Existem diversos tipos de pesquisas que variam de acordo com o objetivo do

pesquisador e com a natureza da pesquisa. Dessa forma, a seleção do método de

pesquisa é essencial para elaboração do trabalho, direcionando quais os

procedimentos serão os mais adequados para analisar o que se pretende estudar.

Do ponto de vista da natureza, esse estudo caracteriza-se como uma

pesquisa aplicada, ao objetivar gerar conhecimentos para aplicação prática e

dirigidos à solução de problemas específicos e reais, devido à escassez teórica para

a particularidade do tema em questão (THIOLLENT, 2009) e por meio da modelagem

e análise de processos.

Ainda segundo o ponto de vista da forma de abordagem do problema, se

caracteriza por ser uma pesquisa qualitativa, com observação-participante na

coleta de dados, diante do fato de não utilizar dados quantitativos e atuar no sentido

de colher informações através da aplicação de ferramentas in loco, conjuntamente ao

sujeito da pesquisa, objetivando a modelagem e análise do processo.

Do ponto de vista de seus objetivos, caracteriza-se por ser descritiva, na qual,

segundo Gil (2008), detém como objetivo principal a descrição das características de

determinada população ou fenômeno, ou, então, o estabelecimento de relações entre

variáveis.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, essa pesquisa caracteriza-se

por utilizar as seguintes técnicas (GIL, 2008):

• Pesquisa bibliográfica • Pesquisa documental

• Estudo de caso

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Segundo Vergara (2008) a pesquisa documental é utilizada no sentido de

analisar documentos de qualquer natureza das organizações. No caso desta

pesquisa, foi utilizado o regimento interno da Reitoria da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte para a compreensão dos processos da Coordenadoria de

Planejamento e da Secretaria de Gestão de Projetos.

Para Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material já

publicado, constituído por livros, periódicos, no qual segundo Vergara (2008), envolve

a pesquisa e sistematização do material publicado para estudo. Para a

fundamentação teórica desta pesquisa foram levantadas informações sobre dois

grandes temas através de livros, artigos, internet e periódicos: gestão de processos e

Lean.

Diante dos procedimentos técnicos utilizados nesta pesquisa, Vergara (2008),

afirma que o estudo de caso “tem caráter de profundidade e detalhamento”, Acevedo

e Nohara (2007), confirmam tal visão ao abordar que o foco de análise pode ser um

objeto, um grupo de objetos, indivíduos ou organizações.

Dessa forma, o estudo de caso é um estudo de caráter empírico que investiga

um fenômeno atual no contexto real, geralmente, considerando que as fronteiras entre

o fenômeno e o contexto não são claramente definidas (YIN, 2010). Tal pesquisa

buscou seguir um conjunto de “procedimentos predeterminados” (VERGARA, 2008),

a medida em que modelou e analisou o processo de elaboração do relatório de gestão

da Coordenadoria de Planejamento da UFRN.

Em relação ao ambiente da pesquisa, tal estudo foi realizado na Coordenadoria

de Planejamento da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), localizado no prédio da Reitoria no Campus da UFRN, e no hotel Praiamar,

localizado no bairro de Ponta-Negra, Natal-RN, através de workshop estruturado por

intermédio da Secretaria de Gestão de Projetos da UFRN.

De acordo com Vergara (2008), os sujeitos da pesquisa “são as pessoas que

fornecerão os dados que você necessita”. Diante disso, os sujeitos da pesquisa

caracterizam-se por serem os servidores da Coordenadoria de Planejamento da

UFRN.

A Figura 8, resume a classificação da presente pesquisa.

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Figura 8 – Classificação da Pesquisa

Fonte: O Autor (2017).

3.2 ETAPAS DA PESQUISA

Conforme a afirmação de que o estudo de caso tem um conjunto de

“procedimentos predeterminados” (VERGARA, 2008), tal estudo se baseou no ciclo

de vida de processos do CBOK para modelagem e análise, e no modelo de análise

de problemáticas do Lean para a formulação do seguinte framework (Figura 9) voltado

para a realização dos objetivos propostos no capítulo I (Introdução).

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Figura 9 – Etapas da Pesquisa

Fonte: O Autor (2017).

A pesquisa bibliográfica deste estudo se caracteriza através do capítulo II,

referencial teórico, o qual foram abordados os temas “Gestão de processos e Lean”,

conforme pode-se observar na figura elementos da pesquisa bibliográfica, anexo a

este trabalho (ver Anexo B).

Para a etapa de definição do processo crítico, baseou-se na abordagem do

CBOK (ABPMP, 2013), por não caracterizar um modelo de análise prescritivo, ou seja,

ao identificar-se processos críticos, podem ser estabelecidos critérios adequados à

realidade e natureza da organização em questão, indo de encontro à visão de Varkavis

et al. (1998), ao afirmar que diferentes critérios podem ser utilizados na análise dos

processos.

Diante disso, para a priorização de processos críticos para modelagem e

análise, durante workshop estruturado, foram utilizados os seguintes critérios:

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Figura 10 – Definição de Processo Crítico

Fonte: Adaptado da Secretaria de Gestão de Projetos - UFRN.

Segundo Rotondaro (2005), a gestão de processos deve identificar, avaliar e

selecionar os processos, para tanto, através de workshop estruturado e entrevista,

foram levantadas informações contextuais do processo para prosseguimento do

desenho e análise. Em consonância à etapa de análise do processo, foi também

utilizada a técnica de pesquisa documental para levantamento e análise de

conformidades legais inerentes ao processo.

Na página seguinte framework que aborda as informações levantadas através

de observação-participante e entrevista presencial com os servidores da

Coordenadoria de Planejamento (Figura 11).

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Figura 11 – Script de entrevista presencial

Fonte: Adaptado da Secretaria de Gestão de Projetos – UFRN

A etapa de modelagem do processo (Figura 12) se deu através de workshop

estruturado com a presença de servidores da Coordenadoria de Planejamento, por

meio de observação-participante do autor ao modelar os processos in-loco através da

ferramenta bizagi modeler.

Figura 12 – Modelagem do Processo

Fonte: O Autor (2017).

Segundo Womack (2007), Valor é o resultado final de uma longa sequência de

atividades definidas como fluxo de valor, no qual somente após o completo

entendimento do fluxo é que se pode identificar as atividades agregadoras de valor e

não agregadoras de valor (ROTHER; SHOOK, 1999).

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Dentro da etapa de análise do CBOK (ABPMP, 2013), uma das análises

efetuadas é a análise de valor, no qual as atividades são classificadas como: adiciona

valor ao cliente, adiciona valor ao negócio ou não adiciona valor.

Na visão de Harrington (1993), as atividades podem ser classificadas como:

atividades com valor real agregado (VRA), atividades com valor empresarial agregado

(VEA), e atividades sem valor agregado (SVA).

Além da própria análise do fluxo de atividades sob a perspectiva do cliente

através de workshop estruturado, deve-se ter em mente para o desenvolvimento do

estudo, que no setor público várias regulamentações, normas e legislações criam

burocracias ao processo, as quais por muitas vezes não geram valor direto sob a ótica

do cliente. Por isso, a necessidade de análise de conformidade legal segundo o CBOK

(ABPMP, 2013).

Diante disso, baseando-se no referencial bibliográfico deste estudo, adaptou-

se as ferramentas e técnicas provenientes do Lean e CBOK para a realidade do

estudo de caso, objetivando a análise de valor das atividades do processo de

elaboração do relatório de gestão da Coordenadoria de Planejamento, conforme

demonstrado na Figura 13.

Figura 13 – Tipos de atividades (Análise de Valor Agregado)

Fonte: Adaptado da Secretaria de Gestão de Projetos – UFRN.

Para a etapa da identificação de problemáticas, utilizou-se a observação-

participante e o workshop estruturado como técnica de identificação de problemáticas

no fluxo de elaboração do relatório de gestão, seguindo-se procedimentos específicos

de levantamento de problemáticas, conforme Figura14.

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Figura 14 – Identificação de Problemáticas no Processo

Fonte: O Autor (2017).

Para identificação de problemáticas, primeiramente foram explanados os tipos

de desperdícios ambientados à realidade da Coordenadoria de Planejamento.

Simultaneamente, houve uma análise balizadora, no sentido de obter informações

mais aprofundadas e holísticas sobre as problemáticas, tais como: desempenho atual

do processo com base em histórico, desempenho desejado, magnitude do problemas

e características do problema. Através de tais procedimentos se faz possível a

identificação de problemáticas exatas e a sua respectiva alocação no fluxo de

trabalho, com intenção de identificar em que etapa do processo o problema está

realmente acontecendo.

Após uma eficaz identificação e revisão das problemáticas relativas ao

processo, deve-se priorizar as problemáticas que devam ser solucionadas,

primeiramente, no sentido de concentrar recursos humanos, tempo e financeiros na

solução da problemáticas que trarão resultados mais significativos (LIKER; MEIER,

2007). Para tanto, utilizou-se a técnica de observação-participante para priorizar

problemáticas em conjunto com os servidores da Coordenadoria de Planejamento, por

meio da utilização da ferramenta Matriz GUT adequando-a ao contexto da

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Coordenadoria de Planejamento e ao contexto do processo de elaboração do relatório

de gestão. Pode-se observar na Figura 15, os procedimentos para utilização da

ferramenta:

Figura 15 – Priorização de Problemáticas

Fonte: Adaptado de DAMAZIO (1998).

Segundo a metodologia proposta por Damazio (1998), foram feitas perguntas

para cada uma das problemáticas, pontuadas de 1 a 5, e em seguida multiplicadas

para se obter o score de priorização de cada uma delas. Os critérios adaptados da

metodologia serão representados abaixo:

• Gravidade Impacto negativo no output do processo, o qual afeta diretamente

a qualidade e a criação de valor para o cliente. Sendo a qualidade

um fator crítico levado em consideração na priorização para

solução das problemáticas;

• Urgência Tempo disponível para melhoria da problemática;

• Tendência Com base em histórico de frequência e crescimento do problema,

obtido qualitativamente através de observação-participante.

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Após a seleção de duas problemáticas principais, através de observação-

participante foi utilizada a ferramenta dos “5 Por Quês” para a identificação da causa-

raiz dos problemas priorizados.

A partir daí foram levantadas as causas-raiz das problemáticas, levantou-se

também possíveis soluções para tais causas (Figura 16), o que na visão de Liker e

Meier (2007), caracteriza-se como uma boa prática ao utilizar a ferramenta, ao

afirmarem que é preciso abordar a análise com a intenção de encontrar causas que

possam ser corrigidas, assim como suas possíveis soluções, devendo transparecer

entendimento claro e óbvio das ações de melhorias necessárias, propiciando inclusive

a previsão do efeito da melhoria ao serem traçados planos de ação para eliminação

de tais causas.

Figura 16 – Análise da Causa-Raiz

Fonte: O Autor (2017).

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4 RESULTADOS

Este capítulo tem como objetivo apresentar e discutir sobre os resultados

obtidos a partir deste estudo de caso, com objetivo de, segundo o capítulo I desta

pesquisa, identificar, mapear, analisar e propor oportunidades de melhoria ao

processo de elaboração do relatório de gestão, assim como, descrever uma

abordagem de mapeamento e análise de processos à luz do BPM e Lean utilizada no

âmbito dos projetos de melhoria de processos da Secretaria de Gestão de Projetos

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Através da conjugação e implementação dos princípios Lean e BPM, sendo

este último embasado no ciclo de vida do CBOK (Common Body of Knowledge) se fez

possível a utilização de artefatos, técnicas e ferramentas da metodologia de

gerenciamento de processos de negócio à luz dos conceitos, princípios e ferramentas

do Sistema Toyota de Produção.

Tal conjugação de metodologias em prol do mapeamento e análise do processo

de relatório de gestão só se fez possível diante de uma extensa pesquisa bibliográfica

referente aos temas abordados na pesquisa, conforme pode-se observar no capítulo

II deste estudo, referencial teórico.

Devido à dificuldade em encontrar estudos que abordem uma metodologia

padrão para melhoria de processos em Instituições de Ensino Superior públicas, em

especifico, se tratando da integração da metodologia enxuta ao BPM, este estudo de

caso teve como premissa a utilização de procedimentos descritos no CBOK e Manual

Toyota de Aplicação, porém muito bem frisados como não prescritivos, inclusive

alertando diversas vezes sobre a necessidade de compreensão e entendimento das

boas práticas para que só assim o conhecimento possa ser adequado à real

necessidade da organização.

Em virtude da utilização de tais metodologias supracitadas em uma Instituição

de Ensino Superior pública, e mais especificamente, por intermédio de projetos de

melhoria de processos da Secretária de Gestão de Processos, foi possível a descrição

de uma abordagem própria de mapeamento e análise de processos, a qual agrega

conhecimento, técnicas e ferramentas de cada uma das metodologias, sem a

necessidade de seguir script metodológico que prescrevesse o mapeamento e análise

do processo de relatório de gestão como um procedimento teórico padrão.

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Diante do objetivo de definição do processo crítico, identificação do processo e

sua respectiva modelagem, no hotel Praiamar, localizado no bairro de Ponta-Negra,

Natal-RN, no dia 10 de abril de 2017, foi efetuado o Workshop estruturado por

intermédio da Secretária de Gestão de Projetos da UFRN, com o objetivo de iniciar

projetos de melhoria de processos organizacionais da Universidade.

Na ocasião, o autor reuniu-se com a Coordenadoria de Planejamento da

Reitoria da UFRN e através de observação-participante, reuniu-se com os servidores

da Coordenadoria no sentido de estabelecer equipe de análise de processos.

O principal desafio na ocasião se fazia no sentido de: “Como engajar as

pessoas para a identificação, priorização e modelagem de processo crítico? ”.

Inicialmente, após a definição da equipe de análise, buscou-se identificar o

processo crítico da coordenadoria para que fosse possível o prosseguimento das

atividades. Frente a isso, foi utilizada a abordagem adaptada da SGP para definição

de processos críticos. O resultado de tal aplicação pode ser observado na Figura 17.

Figura 17 – Definição de processo crítico da Coordenadoria de Planejamento

Fonte: O Autor (2017).

Através da ferramenta de priorização de processos críticos, por meio de

discussões entre o grupo e observação-participante do autor, no sentido de direcionar

as discussões e aferições das pontuações, foi escolhido o processo de Elaboração do

Relatório de Gestão, processo esse que apresenta:

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• Frequência anual;

• Desempenho baixo;

• Bastante relevância estratégica;

• Ocorrência de grande parte do processo dentro do setor.

Diante da alta concorrência de priorização de processos críticos, e quase

igualdade de pontuação dos fatores estabelecidos para priorização, o trabalho em

equipe, a sinergia no decorrer da discussão e a previsão de possíveis melhorias

imediatas no setor, foram fatores determinantes para a priorização do processo crítico

a ser mapeado e analisado primeiramente.

Após a priorização do processo crítico, ainda através de observação-

participante e entrevista presencial no workshop estruturado, identificou-se o processo

de elaboração de relatório de gestão, no intuito de obter uma visão holística e

sistêmica das atividades na organização, assim como compreendê-lo ao seu contexto

e à sua realidade. Tal passo se fez essencial para o prosseguimento das próximas

etapas. O processo será identificado e descrito na Figura 18.

Figura 18 – Identificação do Processo de elaboração do relatório de Gestão

Fonte: O Autor (2017).

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Após a identificação do processo, prosseguiu-se com a modelagem do

processo de elaboração do relatório de gestão, através da observação-participante do

autor com a participação dos servidores da Coordenadoria no Workshop Estruturado.

Na figura 19, observa-se o processo modelado e apto para análise.

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Figura 19 – Desenho inicial do Processo de Elaboração do Relatório de Gestão

Fonte: O Autor (2017).

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A modelagem do processo se mostrou uma etapa crítica na abordagem de

mapeamento e análise. Decidiu-se por utilizar a notação BPMN e o software Bizagi

Modeler como ferramenta para o desenho do processo. Devido ao fato de nem todos

conhecerem a notação, houve a necessidade de uma explanação da linguagem, muito

embora facilitada devido à simplicidade com que se mostra tal notação.

Outro fator crítico que influenciou a modelagem de processos diz respeito a

quantidade excessiva de revisões do processo em conjunto aos servidores,

totalizando 3 encontros para revisões do processo modelado. Tais revisões se

justificaram pelo fato de não haver, previamente, um entendimento comum da equipe

em relação a amplitude e ao foco no desenho do processo, e também por obterem

perspectivas diferentes sobre papéis e responsabilidades na execução das atividades

em relação a outros setores, o que dificultou o trabalho de modelagem, passando por

algumas revisões que culminaram em reestruturações impactantes.

Após revisões e estabelecimento da modelagem final do processo de

elaboração do relatório de gestão, realizou-se novo encontro para análise de valor

agregado das atividades do processo e identificação de problemáticas.

Para a etapa de análise de valor agregado e levantamento de problemáticas

imprimiu-se o processo em A0, proporcionando aos participantes um aspecto mais

visual do processo e interativo no decorrer das discussões.

Para análise de valor agregado, utilizou-se os critérios: Atividades que agregam

valor, Atividades que não agregam valor, e atividades necessárias. Sendo estas

representadas no processo mapeados no Bizagi Modeler através das cores azul,

vermelho e amarelo respectivamente. Tais percepções sobre valor agregado foram

puramente definidas pela perspectiva dos servidores sob a ótica dos beneficiados pelo

output do fluxo de atividades, ou seja, o Relatório de Gestão.

Após a análise de valor agregado, foram levantadas através de brainstorming

– “técnica utilizada por equipes para geração de ideias” (BAXTER, 2008) – as

principais problemáticas, as quais foram aferidas por cada um dos participantes

através de caneta e post-its. Todas as problemáticas partiram da compreensão dos 7

tipos de desperdícios defendido por Ohno (1997), adequando-as à realidade da

Coordenadoria.

Em face ao levantamento de problemáticas, cada um dos problemas foi

revisado por todos, evitando o risco de alguma informação estar enviesada e

objetivando a alocação da problemática no fluxo de atividades no local onde, a priori,

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ocorre. Abaixo foto que representa a etapa de levantamento de análise de valor

agregado e identificação de problemáticas.

Figura 20 – Análise de Valor Agregado e Levantamento de Dificuldades no processo de Elaboração do

Relatório de Gestão

Fonte: O Autor (2017).

Seguido o levantamento de problemáticas e alocação no fluxo de atividades,

houve novo encontro, onde iniciou-se o processo de priorização de problemáticas.

Inicialmente com a revisão das problemáticas e alocação destas no processo, utilizou-

se a ferramenta Matriz GUT para priorização dos problemas a serem resolvidos

inicialmente.

Previamente à utilização da ferramenta de priorização, através de observação-

participante, o autor explicitou os conceitos da ferramenta adequada à respectiva

realidade da coordenadoria, o que facilitou na compreensão de todos os envolvidos

na priorização. A seguir na Figura 21, as problemáticas priorizadas através de

pontuação efetuadas pelos próprios servidores.

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Figura 21 – Priorização de problemáticas do Processo de Elaboração do Relatório de Gestão

Fonte: O Autor (2017).

Como pode-se observar, as problemáticas prioritárias a serem analisadas

foram:

• Falta de padronização e coerência nas informações prestadas pelas

unidades (Score: 30);

• Dificuldades de as unidades parceiras fornecerem informações em

tempo hábil e, em resposta as SA’s.

Dessa forma, ao finalizar as etapas de definição de processo crítico,

identificação de processo crítico, identificação do processo, modelagem do processo,

análise de valor agregado, identificação de problemáticas e priorização de

problemáticas, podemos obter como produto final o processo modelado no Bizagi

Modeler, com informações adicionais, tais como: análise de valor agregado,

problemáticas alocadas no fluxo de atividades e priorização de problemáticas

alocadas no fluxo. A seguir, o processo final desenhado (Figura 22).

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Figura 22 – Desenho final do Processo de Elaboração do Relatório de Gestão

Fonte: O Autor (2017).

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Pode-se observar que abaixo de cada uma das problemáticas está vinculada

sua respectiva pontuação “GUT”, que representa o score de priorização para

melhorias:

Figura 23 – Atividade de resposta a solicitações da AUDIN e sua respectiva problemática e pontuação

GUT

Fonte: O Autor (2017).

Pode-se também identificar através da Figura 24, que há uma legenda no

diagrama do processo, fundamental para que se compreenda quais atividades

agregam valor, quais não agregam valor e quais são necessárias à execução do

processo:

Figura 24 – Legenda de tipos de atividades na ótica de Valor Agregado

Fonte: O Autor (2017).

Ao final da etapa de análise, tendo como requisito o levantamento e a

priorização de problemáticas, assim como descrita e explicitada anteriormente,

prossegue-se com a etapa de análise da causa-raiz dos dois problemas selecionados

para análise: falta de padronização e coerência nas informações prestadas pelas

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unidades, e dificuldades de as unidades parceiras fornecerem informações em tempo

hábil e, em resposta as SA’s.

Para a identificação da causa-raiz das problemáticas, foi efetuado novo

encontro, no qual através de observação-participante, foi utilizada a ferramenta “5 Por

Quês” com os servidores da coordenadoria.

A ferramenta de análise das possíveis causas das problemáticas priorizadas se

fez de caráter muito dinâmico ao facilitar o entendimento da equipe de análise sobre

a relação de causalidade entre problemas, causas e efeito. Na Figura 25, pode-se

observar o resultado final da utilização da ferramenta “5 Por Quês”:

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Figura 25 – “5 Por Quês” aplicado às problemáticas priorizadas

Fonte: O Autor (2017).

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Pode-se observar através da imagem acima que não necessariamente será

utilizado exatamente os cinco porquês na análise da causa-raiz. Outro fator importante

diz respeito à necessidade de conhecer a fundo o processo e seu contexto, no sentido

de direcionar as perguntas dos porquês de forma contextualizada, direcionando a real

causa de uma problemática. Em conformidade à necessidade de se obter causas para

as problemáticas de maneira assertiva, ainda é relevante o manejo da ferramenta ao

deparar-se com causas relacionadas entre si, e causas repetidas em mais de uma

“consequência”.

Em conformidade ao objetivo do estudo proposto no capítulo I desta pesquisa,

e às boas práticas defendias tanto por autores de Gestão de Processos como do Lean,

ao mesmo passo que se analisou as possíveis causas-raiz dos problemas traçou-se

possíveis soluções, o que pode ser considerado como melhorias diretas para a

Coordenadoria de Planejamento. Na Figura 26, pode-se observar algumas das

soluções traçadas para sanar as causas levantadas.

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Figura 26 – Problemáticas, causas e possíveis soluções

Fonte: O Autor (2017).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo tem por finalidade a conclusão deste estudo, através da aferição

de conclusões sobre os resultados obtidos e recomendações de melhorias ao

processo analisado, além da proposição de futuros trabalhos em continuidade à

pesquisa.

5.1 CONCLUSÕES

O presente estudo realizou incialmente pesquisa bibliográfica sobre os temas

Gestão de processos e Lean (Sistema Toyota de Produção) afim de obter

embasamento teórico suficiente para alcançar a sua finalidade: descrever e explicitar

a abordagem de modelagem e análise de processos do processo de elaboração do

relatório de gestão da Coordenadoria de Planejamento da UFRN.

Para tanto, foram explorados subtemas no estudo, no qual, dentre os mais

importantes pode-se citar: gerenciamento de processos de negócio, ciclo de vida de

processos, abordagens de desenho e análise de processos, e demais ferramentas e

técnicas do Sistema Toyota de Produção para solução de problemáticas.

Tais estudos se fizerem essenciais para o desenvolvimento das atividades de

mapeamento e análise, além do próprio cumprimento dos objetivos específicos, os

quais foram alcançados através da integração de metodologias, BPM e Lean.

Desde o começo das atividades relacionadas à pesquisa, mesmo em etapa de

pesquisa bibliográfica, foi possível perceber uma grande relação de

complementariedade entre as duas metodologias propostas neste trabalho. Pôde-se

aferir que é de fundamental importância a assimilação dos conceitos e princípios do

STP para que seja viável a utilização de suas ferramentas e técnicas em colaboração

às iniciativas BPM de mapeamento e análise de processos.

Muito embora cada uma das linhas teóricas tenha suas particularidades e

características que direcionem a enfoques e perspectivas diferentes, nota-se que toda

e qualquer abordagem de desenho e melhoria de processos tem como objetivo em

comum a melhoria contínua e a criação de valor para o cliente final, neste caso, em

linha gerais, a sociedade.

Além do próprio entendimento das metodologias para sua eficaz utilização nas

atividades supracitadas, verifica-se através do estudo que ambas as metodologias

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não detêm caráter prescritivo em suas proposições de abordagem de análise e

melhoria de processos, o que possibilita uma grande flexibilidade na sua utilização,

devendo-se, conforme alertado pelos autores, compreender e adaptar as boas

práticas em função da natureza, necessidades e realidades da organização.

A flexibilidade e a simplicidade das ferramentas e técnicas utilizadas neste

estudo foi fator crítico de sucesso na integração e engajamento da equipe de

servidores da Coordenadoria de Planejamento para os resultados alcançados.

Através da participação dos servidores, foi possível a definição, identificação e

priorização de processos críticos, tendo como processo prioritário a ser mapeado e

analisado, o processo de elaboração do relatório de gestão.

Na etapa de definição, identificação e priorização, observou-se a real

importância da adequação de fatores e flexibilidade na utilização de ferramentas de

priorização à realidade organizacional, levando-se em conta também a necessidade

de alinhamento da equipe de análise para estabelecimento de prioridades de

melhorias no setor.

Outro fator positivo observado diante dos resultados alcançados no estudo, diz

respeito à rápida assimilação dos servidores à linguagem BPMN, demonstrando ser

uma linguagem intuitiva e de fácil aprendizagem, tal qual aspectos da gestão visual

utilizados neste estudo, como no caso das revisões do desenho do processo,

levantamento e alocação de problemáticas, e análise de valor agregado, através da

representação dos processos modelado em folha A0, propiciando o entendimento, a

interatividade e a participação de todos no desenvolvimento das atividades.

Em relação aos procedimentos de análise do processo, observou-se a

necessidade de adequação da ferramenta de análise de valor-agregado para a

realidade das Instituições de Ensino Superior públicas em decorrência de requisitos

legais inerentes ao processo, os quais muito embora não agreguem valor diretamente

ao cliente, ou até mesmo, não sejam vistos sob esta perspectiva pela sociedade, são

de fato necessários ao desenvolvimento das atividades, como podem ser observados

no processo final desenhado, ao observarmos claramente trâmites que não agregam

valor ao fluxo de atividades, gerando à luz do Lean, desperdícios, afetando

diretamente na celeridade e eficiência do processo.

Em relação ao processo de elaboração do relatório de gestão, no intuito de

aferir análises e propor melhorias conforme objetivado inicialmente, concluiu-se

através da utilização da ferramenta 5 Porquês, que as principais problemáticas – Falta

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de padronização e coerência nas informações prestadas pelas unidades; e dificuldade

de as unidades parceiras fornecerem informações em tempo hábil e, em repostas as

SA’S – detém, nestes casos, mais de uma possível causa-raiz, demonstrando mais

uma vez a necessidade de entendimento e flexibilização da ferramenta para sua eficaz

utilização.

5.2 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

Como sugestão à Coordenadoria de Planejamento, no que diz respeito às

problemáticas levantadas e priorizadas, referentes ao processo de elaboração do

relatório de gestão, e em consonância ao atingimento do objetivo específico de tal

estudo de identificar e propor oportunidades de melhoria do processo com base no

fluxo de atividades analisado segue quadro com problemática, causas e ações de

melhoria sugeridas.

Quadro 3 – Proposição de melhorias ao Processo de Elaboração do Relatório de Gestão

Problemática Causas Soluções propostas

Falta de Padronização e coerência nas

informações prestadas pelas unidades.

Ausência do roteiro específico, a qual não foi previamente diagnosticada como problema.

Criação de roteiro especifico para cada unidade.

Falta de sensibilização por parte da Administração Superior e da PROPLAN. Ações de sensibilização.

Equipe possuía grande expertise na correção dos relatórios das unidades.

Processo de revisão periódico do roteiro específico.

Dificuldade das unidades parceiras

fornecerem informações em tempo hábil e, em respostas

as SA’S.

Não há cultura na organização de suas informações.

Ações de sensibilização e política de gestão pela Administração Superior.

Falta de ações de capacitação para o problema em especifico.

Proposição de projeto de capacitação.

Fonte: O Autor (2017).

Para futuros trabalhos, relacionados à temática de análise e melhoria de

processos, sugere-se:

• Mapear e analisar demais processos da UFRN seguindo abordagem proposta

neste estudo;

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• Deter maior compreensão teórica e prática no que diz respeito a integração do

BPM e Lean em projetos de modernização administrativa, em detrimento da

lacuna teórica que ainda existe ao ir além do BPM;

• Estabelecer ações de Benchmarking com outras IES, no sentido de disseminar

boas práticas em melhoria de processos;

• Continuar o estudo, explicitando e descrevendo novas abordagens de melhoria

de processos, de forma a contemplar demais etapas do ciclo de vida dos

processos.

Em conclusão, diante do exposto, pode-se concluir que o objetivo do presente

estudo foi alcançado, uma vez que foi descrita uma abordagem de mapeamento e

análise de processos através da integração das metodologias BPM e Lean em uma

Instituição de Ensino Superior pública. Objetivo esse, alcançado através do êxito

nos objetivos específicos que se referiam à identificação, mapeamento e análise do

processo de elaboração do relatório de gestão da Coordenadoria de Planejamento da

UFRN; identificação e proposição de melhorias do processo com base no fluxo de

atividades analisado; e descrição e explicitação da abordagem de mapeamento e

análise de processo à luz do BPM e do Lean. Sendo este último, de grande

importância à disseminação de boas práticas em projetos de melhorias de processos

e modernização administrativa na UFRN;

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ANEXOS

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ANEXO A

Quadro – Elementos do BPMN

Elemento Descrição Notação

Pool Cada Pool representa um processo ou uma entidade participante no processo

Lane É a sub-partição dentro de uma pool. São

utilizadas para organizar e categorizar a pool

Atividade – tipo nenhum

Unidade de trabalho de um processo, representando os trabalhos executados dentro do processo

Subprocesso Utilizado quando se tem atividade que não se

encerra em sai mesma, ou seja, não é uma atividade atômica, é um subprocesso dentro do processo

Fluxo de Sequência

Utilizado para mostrar a ordem de execução das atividades, com a característica de só se ter uma única origem e um único destino

Fluxo de Mensagem

Utilizado para mostrar o fluxo de mensagens entre dois participantes, ou seja, duas pools

Associação Usada para associar informações à objetos de

fluxo

Evento de início – tipo nenhum

Usado para iniciar o processo. Cada processo só ter um único início do tipo nenhum.

Gateway exclusivo

Utilizado quando se tem uma decisão e só pode ser tomada uma saída proposta. Necessariamente tem-se que haver uma atividade antes do gateway para que lhe forneça informação para tomada de decisão

Gateway inclusivo Utilizado quando se tem uma decisão e pode ser tomada uma ou mais das saídas propostas.

Gateway paralelo Utilizado quando se tem ramificações que

acontecem simultaneamente. Todas as saídas deste gateway acontecem ao mesmo tempo.

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Evento intermediário – tipo nenhum

Usado no meio do processo, podendo ter um fluxo de sequência chegando ou saindo dele.

Evento intermediário – tipo mensagem

Utilizando no meio do processo para representar que em determinado ponto do fluxo do processo uma mensagem será recebida (envelope branco) ou enviada (envelope escuro).

Evento intermediário – tipo link

Utilizado no meio do processo para representar que o fluxo do processo sairá de um determinado ponto e irá para outro, dentro do mesmo processo. O ícone com seta branca representa recebimento do link, e o ícone com a seta escura representa o envio do link.

Evento de Fim – tipo nenhum

Usado para terminar o fluxo do processo.

Elementos ligados à borda

O fluxo toma uma saída alternativa ou segue um determinado padrão através do estabelecimento de um evento intermediário, geralmente ligado à atividade que necessitem uma compensação ou exceção, podendo ser uma mensagem, timer, condicional, sinal ou múltiplo.

Anotação Utilizada para fornecer informações adicionais à leitura do diagrama

Grupos Mecanismos visual para agrupar elementos de

um diagrama informalmente

Fonte: Elaborado pelo Autor a partir de BPMN (2011, p. 29-41).

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ANEXO B

Figura – Elementos da pesquisa bibliográfica

Fonte: O Autor (2017).