universidade federal do rio grande do norte … · resumo a pesquisa objetiva ... pelo cpc 00 (r1)...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CRÉCIO FAGNER CÂNDIDO BISPO
IMPAIMENT TEST: UMA ABORDAGEM QUALITATIVA DA INFORMAÇÃO
Orientador: Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira
NATAL/RN
2013
CRÉCIO FAGNER CÂNDIDO BISPO
IMPAIRMENT TEST: UMA ABORDAGEM QUALITATIVA DA INFORMAÇÃO
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira
NATAL/RN
2013
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Bispo, Crécio Fagner Cândido.
Impairment test: uma abordagem qualitativa da informação/ Crécio Fagner
Cândido Bispo. - Natal, RN, 2013.
45f. : il.
Orientador: Prof. M. Sc. Atelmo Ferreira de Oliveira.
Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de
Ciências Contábeis.
1. Contabilidade – Ativo - Monografia. 2. Impairment test – Monografia. 3.
Qualidade da informação - Monografia. I. Oliveira, Atelmo Ferreira de. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 657
FOLHA DE APROVAÇÃO
CRÉCIO FAGNER CÂNDIDO BISPO
IMPAIRMENT TEST: UMA ABORDAGEM QUALITATIVA DA INFORMAÇÃO
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em: _____ / __________ / ______.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________ Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira
Orientador
________________________________________________ Prof. Msc. João Maria Montenegro
Membro
________________________________________________ Prof. Raimundo Marciano De Freitas Neto
Membro
Dedicatória
A minha mãe, Cícera Tereza da Silva Bispo (in
memoriam). Fostes minha fortaleza, minha
conselheira. A ti dedico a minha vida e meu eterno
amor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente, nunca tive dúvidas que existia um propósito
em minha vida, e num dos momentos mais confusos e incertos da minha vida o meu
senhor presentou-me com a aprovação no curso de Ciencias Contábeis.
Agradeço ao meu pai, irmãos e sobrinhos, como foi prazeroso dar-lhes orgulho
e saber que torciam e torcem pelo meu crescimento profissional e pessoal. Agradeço
também a outra família, esta dada de presente pela vida, Ibrahim Medeiros obrigado
pelo incentivo, correções e companheirismo, Fábio Henrique meu irmão não saguíneo
e minha querida Danielle Maria.
Durante minha tragetória pela UFRN fiz amizades verdadeiras que serão
preservadas por toda vida, entre elas quero dar um agradecimento especial para
Josineide Benigna e Haroldo Barreto, meus parceiros de trabalhos e estudos do
primeiro ao último semestre. Em momentos de incertertezas estiveram a meu lado e
fizeram a diferença.
Não poderia deixar de mencionar João Leonardo, Ana Paula, Jérsica
Evangelista, Eliene Ferreira, Fernanda Lima, Kergimilson Bezerra, Lidiane Maria,
Lílian Régia, Sterffany Castro, Ulisses das Merces, Marcelo Ronald e todos que
fizeram a turma 2009.2 ser inesquecível.
Aos professores Ermínio, Luiz Vieira, Liz Bessa, João Maria, Josué Lins, José
Dionísio, Pedro Lopes, Joana Darc, Daniele da Rocha, Marise Magaly e Fabiana
Lucena só tenho a agradecer todo o conhecimento transmitido ao longo da graduação.
Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira, exemplo de determinação e de
profissionalismo que pretendo seguir, obrigado pela orientação do trabalho. Seus
ensinamentos foram o meu divisor de águas profissional.
A todos da empresa analisada pelo suporte e disposição em ajudar. E a todos
que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração do trabalho.
RESUMO
A pesquisa objetiva verificar se um relatório de teste de impairment elaborado por profissional não contábil pode ser considerado de qualidade. Para a realização do trabalho foi escolhida uma empresa concessionaria de serviços públicos do Estado do Rio Grande do Norte, escolha esta que foi influenciada pela constância da empresa em elaborar o teste e pela sua receptividade com a pesquisa; desta forma o estudo, no que diz respeito aos procedimentos, é identificado como estudo de caso, pois se atém ao estudo de apenas uma empresa. Foi utilizada pesquisa bibliográfica para abranger conceitos consagrados na literatura contábil sobre o tema e, pesquisa documental com fontes de segunda mão, que são elementos que já foram analisados de alguma outra forma. É uma pesquisa descritiva quanto aos seus objetivos, pois apenas se analisa as informações e não há nenhuma intervenção nelas; e, quanto a abordagem do problema é integralmente qualitativa. Para a realização foram utilizados diversos documentos da empresa, especialmente o relatório de impairment, no qual foram retiradas as premissas a serem validadas consoante as exigências do CPC 01 (R1). O resultado da análise demonstrou que o relatório não representa fidedignamente o que se propõe, demonstrar se há perda por desvalorização dos ativos, sendo desta forma considerada de não qualidade pelas premissas impostas pelo CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual Para Elaboração e Divulgação de relatório Contábil-Financeiro. Palavras-chave: Impairment Test. Qualidade da Informação. Ativo.
ABSTRACT
The research aims to determine whether a report of an impairment test prepared by non-accounting professional can be considered of quality . To conduct the study was chosen a company dealers public service of the State of Rio Grande do Norte , that this choice was influenced by the constancy of the company in preparing the test and its receptivity to the research , the study in this way , as far with procedures , is identified as a case study because it clings to the study of only one company . A literature review was used to cover concepts embodied in the accounting literature on the subject and documentary research with second hand sources , which are elements that have been covered in some other way . It is a descriptive research as to their goals because only analyzes the information and there is no intervention in them, and how to approach the problem is entirely qualitative . For performing various company documents , especially the report of impairment , in which assumptions to be validated according to the requirements of CPC 01 ( R1 ) were removed were used . The result of the analysis showed that the report does not represent faithfully that which it is proposed to demonstrate whether there is an impairment of assets , and is thus not considered quality by the assumptions imposed by CPC 00 ( R1 ) - Conceptual Framework for Preparation and Disclosure Report accounting and Finance . Keywords: Impairment Test. Information Quality. Active.
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 – VPL Pela Taxa do Acionista 30
Equação 2 – CAPM 30
Equação 3 – VPL pelo Fluxo da Empresa 31
Equação 4 - WACC 31
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Formas de Mensurar o Ativo 17
Tabela 2 – Dados do Balanço Patrimonial da Empresa 35
Tabela 3 – Bem e Direito Intangível 37
Tabela 4 – Grupo Imobilizado e Intangível 38
Tabela 5 – Saídas de Caixa 40
Tabela 6 – Taxa de Desconto 41
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IASB – International Accounting Standards Board
IFRS – International Financial Reporting Standards
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis
FASB – Financial Accounting Standards Board
SFAS – Statement of Financial Accounting Standards
UGC – Unidade Geradora de Caixa
CAPM – Capital Asset Pricing Model
WACC – Weighted Average Cost of Capital
IR – Imposto de Renda
CSSL – Contribuição Social Sobre o Lucro
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11 1.1 Tema e Problematização........................................................................ 11 1.2 Objetivos ................................................................................................ 12 1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 12 1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................... 12 1.3 Justificativa ............................................................................................. 12 1.4 Estrutura do trabalho .............................................................................. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 15 2.1 Ativo ....................................................................................................... 15 2.2 Valor justo .............................................................................................. 17 2.3 Impairment test ....................................................................................... 19 2.3.1 CPC 01 (R1) ....................................................................................... 21 2.4 Qualidade da informação ....................................................................... 24 2.5 Concessão pública ................................................................................. 26 2.6 Conceitos e Instrumentos paralelos a normatização contábil ................. 28 2.6.1 Fluxo de caixa ..................................................................................... 28 2.6.2 Taxas de desconto .............................................................................. 29 2.6.2.1 Taxa de desconto pelo custo de Capital Próprio .............................. 30 2.6.2.2 Abordagem do fluxo de caixa da empresa ....................................... 31 3 METODOLOGIA DO ESTUDO ................................................................. 32 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................. 35 4.1 A empresa .............................................................................................. 35 4.2 O teste de recuperabilidade ................................................................... 35 4.3 Análise crítica do teste de impairment .................................................... 36 4.3.1 Definição do valor recuperável ............................................................ 36 4.3.2 Definição de quais ativos foram avaliados .......................................... 37 4.3.3 Definição das unidades geradoras de caixa ........................................ 38 4.3.4 Definição dos fluxos de caixa futuros .................................................. 38 4.3.4.1 Entradas de caixa ............................................................................. 39 4.3.4.2 Saídas de caixa ................................................................................ 39 4.3.5 Definição da taxa de desconto ............................................................ 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 42 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 43
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema e problematização
Convergir, palavra de ordem na atual fase da contabilidade brasileira e mundial,
contudo nem sempre foi assim. Há pouco tempo era impossível comparar
contabilidades entre países e seus respectivos relatórios, fato esse que vem mudando
gradativamente nos últimos anos, principalmente pós 2008. A partir desse ponto não
se aceitava mais uma contabilidade enraizada em fórmulas com suas receitas prontas
para cada débito ou crédito, entrava-se na era do pensamento, da subjetividade, com
a contabilidade assumindo seu posto de ciência social.
O IASB - International Accounting Standards Board, é o principal órgão, em
nível mundial, a emitir pronunciamentos objetivando à convergência das normas
internacionais de contabilidade, estes pronunciamentos que são conhecidos como
IFRS - International Financial Reporting Standards.
A palavra convergência pode ser facilmente confundida como sinônimo de
harmonização contábil. O importante é destacar que enquanto a primeira está ligada
ao processo de normatização universal, a segunda diz respeito às práticas contábeis
em si.
No Brasil, o processo de convergência foi difundido a partir da criação do CPC
- Comitê de Pronunciamentos Contábeis, ganhando força após as divulgações das
Leis nº 11.638/07 e 11.941/09 que alteraram a Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas), desvinculando a forte ligação existente no país entre a contabilidade
societária e a fiscal.
Assim, a qualidade da informação contábil passou a ser primordial para a
tomada de decisão. Por conseguinte, a qualidade é entendida como sendo a
capacidade que uma informação possui de embasar uma decisão.
Dentre os pronunciamentos emitidos pelo CPC destaca-se o pronunciamento
contábil nº 01 (R1) Redução ao Valor Recuperável de Ativos, que visa garantir que os
bens das sociedades não estejam registrados contabilmente por valores acima dos
que se esperam recuperar no futuro.
Sendo a qualidade da informação necessária na nova contabilidade societária
e com mudanças tão bruscas ocorrendo, boa parte dos profissionais contábeis não
12
estavam, e muitos ainda não estão preparados para tais exigências. Com isso, outros
profissionais liberais assumiram postos que até então estavam esquecidos pelos
contadores. Dessa forma, o presente trabalho busca responder a seguinte
problemática, os relatórios de teste de recuperabilidade dos ativos, Impairment test,
realizados por profissionais não contadores atendem aos requisitos necessários para
serem considerados de qualidade?
Para responder a questão será analisado relatório confeccionado por um
economista para uma empresa concessionária de serviço público no estado do Rio
Grande do Norte, aqui intitulada Empresa RN.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral desta pesquisa é verificar se um relatório de Impairment Test
elaborado por profissional não contábil para uma empresa concessionária de serviços
públicos pode ser considerado de qualidade.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Verificar as premissas utilizadas no teste de impairment;
b) Validar qualitativamente o teste analisado.
1.3 Justificativa
Diante dos novos desafios, os profissionais contábeis, por falta de um melhor
preparo, correm riscos de perder espaço no desenvolvimento de trabalhos que exijam
competência que deveriam ser inerente aos profissionais da área. Devido a lacuna
deixada pelos profissionais da área contábil alguns profissionais de outras áreas estão
ocupando um nicho de mercado sem o devido preparo. Não é objetivo do presente
trabalho chegar a justificativa do porquê, mas é preciso enxergá-la com olhares mais
críticos.
13
No que tange ao teste de Impairment há estudos que revelam que muitos
profissionais não possuem o conhecimento necessário sobre o que é ativo, Goulart
(2002, p.65) comprovou que os profissionais possuem conhecimento superficial do
conceito de ativo, o que mais preocupa é que eles não associam a capacidade de
gerar benefícios econômicos futuros como sendo uma característica do ativo. O autor
exalta sua preocupação e identifica a necessidade de maior atenção ao estudo de
ativos no processo de formação dos profissionais atuantes na área contábil.
Uma formação aquém da esperada pode ser a principal causa da deficiência
citada, mas não a única, o fator decisivo para a capacitação profissional é o próprio
contador.
Sobre o estudo do Ativo, Iudícibus (2000, p.129) destaca sua importância pois
é “o capítulo fundamental da Contabilidade, porque à sua definição e avaliação está
ligada a multiplicidade de relacionamentos contábeis que envolvem receitas e
despesas”.
Fica evidente que a falta de formação continuada é a grande dificuldade
encontrada pelos profissionais, e que somada a convergência da contabilidade,
tornou-se ainda mais preciso e urgente que eles assumam uma nova postura.
Outro ponto de destaque é a resistência a mudanças. Em linhas gerais, boa
parte dos profissionais não querem mudar suas práticas, muitas vezes adquiridas há
muito tempo e isso pode ser um desafio para o desenvolvimento de um novo perfil.
É necessário, então, que as mudanças sejam compreendidas em toda sua
importância e que os profissionais utilizem-na como uma oportunidade de valorar a
profissão. Para isso, os contadores devem se atualizar e adaptar-se à convergência
contábil, devem acompanhar com primazia as questões de cunho internacional e
serem capazes de julgar e mensurar os diversos eventos econômicos.
Dentre todas as mudanças que os contadores devem estar atentos, uma das
principais diz respeito ao Impairment (deterioração) que é a prática de mensurar a
desvalorização dos ativos de vida longa.
O presente estudo tem sua relevância ao analisar um teste de impairment
realizado por um profissional não contador com o objetivo de validá-lo, destacando a
sua importância para a empresa e se o procedimento adequa-se às exigências de um
relatório contábil, no que diz respeito à qualidade.
14
1.4 Estrutura do trabalho
Estruturado em cinco capítulos, o trabalho inicialmente apresenta a introdução,
contemplando todas as considerações essenciais a ele, como a exposição do
problema da pesquisa, seu objetivo geral e específicos, a justificativa que embasa e
direciona a pesquisa, finalizando com a descrição de sua estrutura.
Num segundo momento, se expõe o referencial teórico enfatizando os
conceitos julgados necessários para a plena compreensão e consequentemente boa
análise do tema. Assim como, as características essenciais para uma informação ser
considerada relevante.
O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada para dar corpo ao
trabalho, sendo delineadas as premissas mais adequadas para o estudo de caso.
No quarto é apresentado o resultado da pesquisa, sendo a empresa objeto de
estudo devidamente apresentada e tendo um de seus relatórios contábeis analisados
qualitativamente.
Encerrando o trabalho, no capitulo cinco são tecidas as considerações finais
embasadas na análise da qualidade informacional do teste de recuperabilidade da
empresa, demonstrando as conclusões que se chegam pós análise, quais dificuldades
encontradas durante a pesquisa e as recomendações para futuros estudos.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Ativo
De forma clássica, pode-se inferir que os ativos são todos os bens e direitos
pertencentes a uma entidade, e assim, foi tido por muitos anos. Contudo, a
conceituação do que é realmente um ativo necessita de uma maior expressão ou
significância, visto que representam toda a fonte de geração de riqueza de uma
empresa.
Canning, segundo Hendrinksen e Breda (1929, p. 22 apud Hendriksen e Breda,
2010, p. 284), foi um dos primeiros autores que definiu de forma mais próxima da atual
conjuntura o termo “ativo”. Sendo assim, ele o definiu:
Qualquer serviço futuro em dinheiro ou qualquer serviço futuro conversível em dinheiro [...] cujo interesse benéfico está legalmente ou equitativamente ligado a alguma pessoa ou conjunto de pessoas. Tal serviço é um ativo somente para aquela pessoa ou aquele conjunto de pessoas para quem flui.
Mesmo que de forma rústica, o conceito datado de 1929 já contemplava
informações além de seu tempo.
Com a evolução natural da teoria da contabilidade, seu significado foi moldado,
passando a representar um benefício econômico futuro, o que pode ser evidenciado
pela definição de Iudícibus (2006, p. 153), essa versa que uma das principais
características dos ativos é a geração de benefícios econômicos futuros prováveis,
obtidos ou controlados por um ente e sendo originados de eventos passados.
Todos os conceitos contribuíram para a atual definição de ativos que o CPC 00
R1 define como sendo “um recurso controlado pela entidade como resultados de
eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para
a entidade” (2011, p. 26).
Iudícibus (2006, p. 139) destaca ainda que das várias definições apresentadas
para ativo na literatura contábil, o mais relevante é a identificação das seguintes
características:
• O ativo deve ser considerado quanto ao seu controle por parte da entidade;
• Precisa estar incluída uma probabilidade de fluxos de caixa futuros; e
16
• O direito precisa ser exclusivo da entidade.
Na mesma linha de pensamento, Hendriksen e Breda (2010, p. 285) observam
como características de um ativo: a existência de algum direito específico ao benefício
futuro ou potenciais serviços, que os direitos devem favorecer exclusivamente uma
empresa específica, a clara evidência que os benefícios futuros das receitas são
prováveis e, que o benefício econômico flua de transações de eventos passados.
É importante destacar a obrigatoriedade da presença de todas as
características mencionadas para que se possa definir um ativo em termos contábeis,
a ausência de qualquer uma delas já o descaracteriza como tal.
Fica claro pelos conceitos apresentados que os ativos são essenciais para
continuidade da empresa. Ao gerar os benefícios econômicos futuros alicerçam as
bases para a sua subsistência. Dessa forma, é de fundamental a devida mensuração
para que eles representem, sozinhos ou em conjunto, o seu valor real.
Não há um consenso acerca de qual é a melhor forma de mensurar um ativo,
como mencionam Hendriksen e Breda (2010, p. 304), o que existe é um debate de
qual seria a melhor forma. Já Iudícibus e Marion (1999, p. 142-143) definem que “[...]
a mensuração, às vezes, tem de se ater às limitações de quem avalia e mensura e de
quem utiliza a informação, além das restrições do meio ambiente”.
Debates a parte, por mensurar, entende-se como sendo o processo de
precificar os ativos e que representem da melhor forma possível a sua capacidade de
gerar benefícios econômicos futuros, cobrindo pelo menos os seus custos. Na
literatura contábil há menção de duas formas de mensurar e avaliar um ativo: são os
valores de entrada e de saída.
Em consonância com Hendriksen e Van Breda (2010, p. 306), por valor de
entrada entende-se que “representam o volume de dinheiro, ou valor de alguma outra
forma de compensação, pago quando um ativo ou seus serviços ingressam na
empresa por meio de troca ou conversão”, já os de saída são “o volume de caixa, ou
valor de algum outro instrumento de pagamento, recebido quando um ativo ou serviço
deixa a empresa por meio de troca ou conversão” (2010, p.310).
Retomando Hendriksen e Van Breda, pode-se classificar os tipos de entradas
em pelo menos três classes, são elas: passado, corrente e futuro. Abaixo, segue a
exemplificação:
17
Valores de Entrada Valores de Saída Passados Custos históricos Preço de venda passados Correntes Custo de reposição Preço corrente de venda Futuros Custos esperados Valor realizável esperado
Tabela 1- Formas de Mensurar o Ativo
Fonte: Hendriksen e Van Breda (2010, p.304).
Por imposição legal, no Brasil o registro originário deve ser pelo custo histórico,
exceto quando o valor de mercado do item for inferior ao custo. Entretanto, ao longo
dos anos, o valor registrado pode não mais representar a sua verdadeira capacidade
em gerar benefícios econômicos futuros. Quando esse momento chega, é hora de
testar sua capacidade, utilizando a ferramenta contábil de teste de recuperabilidade
dos ativos.
2. 2 Valor justo
O debate acerca de uma forma mais adequada de se mensurar os ativos é
bastante extenso e dos mais calorosos, dentre as possíveis formas a que atualmente
mais gera conflitos é o de Valor justo ou Fair value.
Sendo assim, Lisboa e Scherer (2000, p. 68) esclarecem que “[...] a noção do
que é justo envolve juízo de valores, de tal forma que, o que é justo para determinadas
pessoas pode não ser para outras”. Já Poon (2004, p. 39) esclarece que a relevância
e a confiabilidade devem ser as principais premissas ao se tentar mensurar o valor
contábil justo.
Como se percebe, o valor justo tende sempre a prezar pelo subjetividade, o que
sempre ocasiona dificuldades e tensões.
Nem todos os autores corroboram com a ideia que o Valor justo seria a melhor
forma de mensurar um ativo, como afirma King (2009, p. 43) ao defender que com a
adoção do Valor justo pode ocorrer discrepâncias em relação a valores, o que poderia
ser totalmente inadequados para alguém do outro lado de uma transação. King (2008,
p. 304) ainda alerta para o fato de envolver julgamento de valor no processo, o que
não tem como ser auditado, gerando dessa forma, parcialidade ou tendência.
Krumwiede (2008, p. 39) alega também para o fato que má gestões podem se
favorecer dos julgamentos e estimativas para manipular as informações na ânsia de
obter maiores lucros.
18
Visto os perigos que a avaliação a Valor justo pode causar, existem
recomendações informais que as precificações sejam segregadas e realizadas por
terceiros. O que diminuiria os riscos e conduziria naturalmente a uma maior
confiabilidade dos demonstrativos.
Numa corrente otimista da teoria, Schmidt e Santos (2002, p. 90) definem o Fair
value como sendo “o valor pelo qual o ativo ou passivo pode ser trocado, existindo um
conhecimento amplo e disposição por parte dos envolvidos no negócio, em uma
transação sem favorecimentos”. Em detrimento do valor histórico Poon (2004, p. 39-
41) deixa claro, em seu argumento, que os valores justos refletem as condições atuais
de mercado e suas mudanças acorrem também em condições de mercado, enquanto
o custo histórico reflete somente as circunstâncias que existiram quando as
transações ocorreram, e seus efeitos nos preços são sentidos apenas quando são
realizadas.
É habitual comparar e associar o Valor justo do ativo ou passivo com o seu
valor de mercado. Sobre o assunto, diversos autores afirmam que se utilizado em um
mercado eficiente, a mensuração a valor de mercado pode representar com um grau
de confiabilidade elevada o Valor justo e alertam apenas para o fato de quando
medidos em economias mais frágeis e não maduras suficientes para se estimar um
Valor justo apenas pela observação de mercado.
Ciente das dificuldades, das repercussões negativas e observando o
comportamento das empresas o FASB - Financial Accounting Standards Board - criou
o SFAS - Statement of Financial Accounting Standards - 157 – Fair Value
Measurements –, normatização de como utilizar valor justo para avaliação de ativos e
passivos.
Com o processo de convergência em andamento o IASB emitiu uma nova
orientação, por meio do IFRS 13 – Fair Value Measurement –, similar ao SFAS 157,
que versa sobre a mensuração do valor justo para as IFRS. O IFRS 13 define o valor
justo, estabelece uma estrutura definindo conceitual para mensuração do valor justo
e determina as exigências de divulgação à mensuração do Valor justo. Sendo assim,
torna mais transparente e diminui a complexidade da mensuração a Valor justo.
No Brasil, o CPC emitiu em 2012 o pronunciamento Técnico CPC 46, versão
localizada da IFRS 13, que já teve sua aplicação autorizada para uso já no ano 2013,
assim, de acordo com o CPC 46 (2012, p. 03), Valor Justo é “o preço que seria
19
recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo
em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de
mensuração”.
O que recomenda-se na mensuração de um Valor justo é sempre observar as
regras já emitidas bem como as legislações que já versam sobre. Dessa forma, melhor
será alcançado um resultado pautado na realidade e livre de julgamentos duvidosos.
2.3 Impairment test
O fato da contabilização inicial ser mensurada pelo custo histórico pode, com o
passar dos exercícios, causar sérios problemas de perda na capacidade que ele teria
em gerar benefícios econômicos futuros. Portanto, existe na cultura contábil a figura
do teste de recuperabilidade dos ativos ou impairment test que objetiva medir o quanto
o ativo já não representa a sua real capacidade.
O conceito do Impairment já é bastante difundido internacionalmente, e formas
de reconhecer os ativos com valores mais próximos dos realizáveis já estão bastante
disseminados na teoria contábil. Exemplos clássicos são as mensurações de estoque
pelo valor de custo ou mercado, dos dois, o menor é o reconhecimento da Provisão
de Créditos de Liquidação Duvidosa.
O Impairment Test é regulamentado internacionalmente pelo International
Accounting Standards Board - IASB, no IAS nº 36, e pelas normas americanas pelo
FASB, nos SFAS nº 121, 142 e 144. Atentando para uma tradução despretensiosa,
apontamos os significado “deterioração”, ou seja, algo que mede o quanto um bem
perdeu de seu valor de uso.
Para Schmidt e Santos (2002, p.90) Impairment é “a quantidade pela qual o
valor do ativo líquido e de sua amortização acumulada excede seu valor recuperável”.
Ancorado a definição de Schmidt e Santos, deve-se “comparar o valor contábil
do ativo e o seu valor justo. Se o valor contábil exceder o valor justo, uma perda por
impairment será reconhecida, no valor desse excesso, o que implica em dizer que a
perda decorrente da redução do valor do ativo será reconhecida no resultado do
exercício”. Santos et al. (2003, p.4).
20
No Brasil. o conceito é relativamente novo quando comparado com discursões
internacionais, através das redações das Leis 11.638/07 e 11.941/09 que alteraram a
clássica Lei 6.404/76 (das Sociedades por Ações) é esclarecido que:
A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização (art.183, § 3).
A publicação do CPC 01 (R1) foi de grande avanço para a contabilidade no
Brasil. Uma vez extinguido a figura da reavaliação dos ativos, as empresas
necessitavam de uma técnica para assegurar que os seus ativos estivessem com seus
valores registrados corretamente. Assim, o CPC 01 (R1) esclarece:
O objetivo deste Pronunciamento Técnico é estabelecer procedimentos que a entidade deve aplicar para assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de recuperação. Um ativo está registrado contabilmente por valor que excede seu valor de recuperação se o seu valor contábil exceder o montante a ser recuperado pelo uso ou pela venda do ativo. Se esse for o caso, o ativo é caracterizado como sujeito ao reconhecimento de perdas, e o Pronunciamento Técnico requer que a entidade reconheça um ajuste para perdas por desvalorização. O Pronunciamento Técnico também especifica quando a entidade deve reverter um ajuste para perdas por desvalorização e estabelece as divulgações requeridas. (p.3)
As empresas devem sempre estar atentas para qualquer sinal de que seus
ativos perderam sua capacidade de gerar benefícios, tais sinalizações podem ser
tanto internas à entidade, que é o caso de ser considerada uma taxa muito baixa de
depreciação/amortização, quanto de fontes externas, que seria o caso de mudanças
bruscas na economia. Identificado o distúrbio, é o momento das empresas testarem
seus ativos. E se “o ativo sofreu um impairment; a empresa tem então que contabilizar
o ativo por seu valor justo – o valor de mercado do ativo ou, na falta deste, o valor
presente dos benefícios futuros” (STICKNEY e WEIL, 2001, p. 408).
21
Por tratar-se de estudo em uma empresa brasileira dedicar-se-á em
explanações do Impairment localizados no país.
2.3.1 CPC 01 (R1).
Visando adequar a norma internacional IAS nº 36 - Impairment of Assets –
emitida pelo IASB à realidade brasileira o CPC emite o pronunciamento técnico nº 01.
Como já mencionado, o objetivo do CPC 01 (R1) é o de garantir que os ativos
estejam registrados por um valor que não exceda o seu valor recuperável. O item 6
do CPC 01 (R1) (2010) define que o “Valor recuperável de um ativo ou de unidade
geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de
venda e o seu valor em uso”.
Em conformidade com o CPC 01, o teste deve ser realizado sempre que houver
algum indício que seus ativos estejam registrados por valores que excedam seus
valores recuperáveis. Seu item 12 faz menção à existência de fontes internas e
externas a empresa que podem indicar oscilações significativas.
Entre as fontes externas à entidade destacam-se:
• Durante o período, o valor de mercado do ativo diminuiu
significativamente;
• Mudanças significativas com efeito adverso sobre a entidade ocorreram
durante o período, ou ocorrerão em futuro próximo, no ambiente
tecnológico, de mercado, econômico ou legal, no qual a entidade opera
ou no mercado para o qual o ativo é utilizado;
• As taxas de juros de mercado ou outras taxas de mercado de retorno
sobre investimentos aumentaram durante o período, e esses aumentos
provavelmente afetarão a taxa de desconto utilizada no cálculo do valor
em uso de um ativo e diminuirão materialmente o valor recuperável do
ativo; e
• O valor contábil do patrimônio líquido da entidade é maior do que o valor
de suas ações no mercado.
Como fontes internas:
• Evidência disponível de obsolescência ou de dano físico de um ativo;
22
• Mudanças significativas, com efeito adverso sobre a entidade,
ocorreram durante o período, ou devem ocorrer em futuro próximo,
na extensão pela qual, ou na maneira na qual, um ativo é ou será
utilizado. Essas mudanças incluem o ativo que se torna inativo ou
ocioso, planos para descontinuidade ou reestruturação da operação
à qual um ativo pertence, planos para baixa de ativo antes da data
anteriormente esperada e reavaliação da vida útil de ativo como finita
ao invés de indefinida;
• Evidência disponível, proveniente de relatório interno, que indique
que o desempenho econômico de um ativo é ou será pior que o
esperado;
Vale esclarecer que há tratamentos diferenciados para os ativos que possuem
vida útil indefinida, estes não são depreciados ou amortizados, além disso, devem
obrigatoriamente serem submetidos aos testes anualmente. Já os ativos com vida útil
definida observar-se-á as indicações já apontados.
Sempre que não for possível, por motivos técnicos e/ou econômicos, aplicar o
teste em cada unidade do ativo há a possibilidade de definir as UGC - Unidades
Geradoras de Caixa - que o CPC 01 no item 6 define como sendo “o menor grupo
identificável de ativos que gera entradas de caixa, entradas essas que são em grande
parte independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos de
ativos”.
Conforme entendimento do CPC 01 (R1) pode-se concluir que as UGC podem
ser (PADOVEZE; BENEDICTO; LEITE, 2012):
a) Um ativo único que tem capacidade de prestação de serviços;
b) O conjunto de ativos (máquinas, equipamentos, utensílios, veículos) de
uma linha de produção e comercialização;
c) Uma divisão ou unidade de negócio, etc.
Uma unidade geradora de caixa pode até ser uma fábrica inteira, se a mesma
produzir apenas um tipo de produto (Iudícibus et al, 2010). Contudo exige-se das
empresas que tenham zelo ao definir uma UGC, não deve ser apenas uma decisão
arbitrária, e sim, utilizada quando realmente não se puder segregar os ativos ou os
custos necessários para essa segregação não inviabilizarem o teste.
23
Já por valor em uso, entende-se como o valor atual de um ativo obtido através
da projeção de fluxos de caixa e trazido a valor presente, isso fica evidente no CPC
01 em seu item 30, transcrito a seguir:
Os seguintes elementos devem ser refletidos no cálculo do valor em uso do
ativo:
a) Estimativa dos fluxos de caixa futuros que a entidade espera obter com
esse ativo;
b) Expectativas acerca de possíveis variações no montante ou no período
de ocorrência desses fluxos de caixa futuros;
c) Valor do dinheiro no tempo, representado pela atual taxa de juros livre
de risco;
d) Preço pela assunção da incerteza inerente ao ativo (prêmio); e
e) Outros fatores, tais como falta de liquidez, que participantes do mercado
iriam considerar ao precificar os fluxos de caixa futuros esperados da
entidade, advindos do ativo.
Após encontrar o Valor justo e o valor de uso para a entidade, deve prevalecer
o maior entre eles que será então o seu valor recuperável. Não é exigência do
pronunciamento que a empresa estime os dois valores, a empresa pode a seu critério
definir qual dos dois encontrar. No entanto, quando falamos de qualidade da
informação, o valor procurado deve ser aquele que mais próximo esteja da realidade
da companhia.
Ao confrontar o valor recuperável com o valor contábil – valor líquido dos ativos,
ou seja, valor contabilidade menos a depreciação/amortização acumulada – a
empresa deve reconhecer a perda por impairment apenas se o valor contábil for maior
que o recuperável.
A redução deve ser reconhecida em conta de resultado em contrapartida com
uma retificadora do ativo exatamente no valor da diferença encontrada. O CPC
permite ainda que o valor seja revertido caso haja mudanças nas premissas utilizadas,
a norma apenas orienta que a reversão não ultrapasse o valor originalmente
reconhecido como perda.
24
2.4 Qualidade da informação
A qualidade da informação é para a contabilidade é um assunto de vital
importância. O seu direcionamento traduz o sentido da ciência contábil como a ciência
da informação. Conforme Amorim (2007, p.32), “[...] a informação contábil pode ser
considerada como aquela que altera o estado da arte do conhecimento de seu usuário
em relação à empresa e, a partir de interpretações, utiliza-a na solução de problemas”.
De todos os estudo que explicam a informação, o que merece destaque é o
estudo que associa os sistemas de informação com o corpo humano. Leme (apud
Kroetz et al.1999) contextualiza que:
É de todos conhecida a similitude entre a empresa e um organismo vivo. Neste organismo, podemos distinguir um cérebro, encarregado das decisões; os membros, encarregados da ação; o sistema nervoso, que se incumbe de transmitir o comando do cérebro para os membros e as Informações dos sentidos para o cérebro.
Visto dessa forma, pode-se alocar a contabilidade como o sistema nervoso de
uma empresa encarregada de colher informações exteriores, sentidos, e após
processadas das orientações para os diversos usuários, membros do corpo.
Enxergando a contabilidade como um sistema, podemos notar o tratamento
informacional que ocorre em seu interior, num primeiro momento coleta-se um dado
bruto, que na contabilidade pode ser uma nota fiscal de compra por exemplo, que
isoladamente não teria uma representatividade satisfatória, e a transforma, através da
contabilização e análise da mesma, gerando dessa forma, uma informação útil para o
usuário.
Percebe-se que uma simples nota fiscal pode ser detentora de várias
informações, desde que bem observada. De tal modo, Yamamoto e Salotti (2006)
esclarecem que a informação contábil para ser considerada relevante deve alterar o
conhecimento do seu usuário em relação à empresa, pois só assim seria capaz de
influenciar uma decisão econômica.
Com a adoção das normas internacionais no Brasil, passou-se a valorizar as
informações pelas suas características qualitativas. Nesse sentido, o CPC 00 R1
define que a informação tem qualidade quando ela dá o suporte necessário para a
25
tomada de decisão dos usuários, apenas quando estas estão devidamente registradas
nos relatórios contábil/financeiros das entidades.
Quanto aos tipos de características qualitativas, o CPC 00 (R1) as dividem em
duas categorias: características qualitativas fundamentais e de melhoria. Enquanto as
primeiras são intrínsecas aos relatórios, as segundas devem ser utilizadas para
valorizá-las.
São características fundamentais da informação:
• Relevância: uma informação é relevante quando ela tem o poder de
fazer a diferença no momento que o usuário precisa tomar decisões,
para isso, devem possuir valor preditivo, confirmatório ou ambos. Uma
informação pode ser considerada preditiva quando ela pode ser
utilizada para predizer futuros resultados e confirmatória quando der o
suporte para confirmar predições passadas.
• Representação fidedigna: uma informação é representada
fidedignamente quando ela estiver livre de erros, for neutra, ou seja,
isenta de viés e for completa. Informação neutra é aquela que não induz
a tomada de decisão ou julgamento, visando atingir um resultado ou
desfecho, pela escolha de qual informação que será divulgada; e é
completa, quando divulgadas integralmente, respeitado os limites de
materialidade e custo.
Importante é esclarecer que ambas as características devem estar presentes
para que uma informação seja considerada útil, conforme o CPC 00 (R1) item QC 17,
ressalta “a informação precisa concomitantemente ser relevante e representar com
fidedignidade a realidade reportada para ser útil”.
O pronunciamento ainda enumera passos a serem seguidos para se confirmar
como útil uma informação. São elas:
1. Identificar o fenômeno econômico que tenha o potencial de ser útil para
os usuários da informação contábil financeira reportada pela entidade;
2. Identificar o tipo de informação sobre o fenômeno que seria mais
relevante se estivesse disponível e que poderia ser representado com
fidedignidade; e
3. Determinar se a informação está disponível e pode ser representada
com fidedignidade.
26
São características de melhoria da informação:
• Comparabilidade: é a característica que permite aos usuários comparar
as demonstrações da entidade de interesse com as de outras empresas
e, também, com as próprias elaboradas em períodos passados.
• Verificabilidade: é a característica que permite aos usuários se
certificarem que as informações estão adequadamente registradas, a
verificação pode ser de forma direta, quando é feita a observação
diretamente na fonte da informação, e indireta, quando é observado os
meios que uma informação é processada. Exemplos, direta: contagem
de caixa a fim de se validar o saldo da respectiva conta contábil, indireta:
recalculo de provisões utilizando-se das mesmas premissas.
• Tempestividade: informação tempestiva é aquela apresentada aos
usuários a tempo de influencia-los em suas decisões.
• Compreensibilidade: informação para ser considerada compreensível
deve ser classificada, caracterizada e apresentada com clareza e
concisão. Pode surgir ocorrências em que a omissão de determinados
fatos tornem a informação mais compreensiva, contudo não deve-se
seguir os impulsos, pois a omissão tornaria a informação incompleta,
destacar vale que as informações são direcionadas para usuários que
conhecem razoavelmente os negócios e as atividades econômicas da
companhia.
As características de melhorias devem ter seu uso maximizado até o ponto
limite, observando sempre o custo necessário para gera-la, no entanto, a sua
utilização por si só não torna uma informação útil.
2.5 Concessão pública
É assegurado a todo brasileiro o direito de receber serviços públicos de
qualidade, todavia nem sempre o poder público dispõe de recursos ou meios para
assim prestá-los. Para esses e outros motivos há o processo de concessão dos
27
serviços, que é a combinação de interesses entre o ente público e o privado, quando
o primeiro cede ao outro o direito de prestar serviços à população.
A Constituição Federal em seu artigo 175 esclarece que "incumbe ao Poder
Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos".
Iudícibus et al. (2010, p.452) aponta que concessão são:
...contratos, onde o governo ou outro órgão do setor público (o concedente) contrata uma entidade privada (a concessionária, também chamada de entidade operadora) para desenvolver, aperfeiçoar, operar ou manter seus ativos de infraestrutura, são denominados contratos de concessão de serviços, ou apenas concessões.
No Brasil, historicamente os serviços públicos sempre foram prestados pelo
Estado. Essa realidade só foi alterada, principalmente, a partir da década de 80
respaldada pela Constituição no já citado artigo 175. Marques (2009, p. 19) enfatiza
que a estrutura que a administração pública dispunha não era suficiente para prestar
um serviço de qualidade, levando às concessões e ao início da operacionalização dos
serviços por particulares. Por particulares, entende-se como sendo quem está a
operar o serviço, podendo ser uma entidade de direito privado ou não.
Iudícibus et al. (2010, p. 454) evidencia quatro características comuns aos
contratos de concessão, segue sua transcrição:
a) A parte que concede o contrato de prestação de serviços (o concedente) é um órgão público ou uma entidade pública, ou uma entidade privada para a qual foi delegado o serviço;
b) A entidade operadora da concessão (o concessionário) é responsável ao menos por parte da gestão da infraestrutura e serviços relacionados, não atuando apenas como mero agente, em nome do concedente;
c) O contrato estabelece o preço inicial a ser cobrado pelo concessionário, regulamentando suas revisões durante a vigência do contrato de prestação de serviços;
d) O concessionário fica obrigado a entregar a infraestrutura ao concedente em determinadas condições especificadas no final do contrato, por um pequeno ou nenhum valor adicional, independentemente de quem tenha sido seu financiador.
Com a implantação do ICPC 01 houve uma revolução na contabilização dos
ativos referentes à concessão e muitas polemicas também. Pode-se contabilizar os
28
ativos da concessão de três formas distintas, a primeira, quando a concessionária não
tem a obrigação de remunerar o poder concedente, nesse caso todos os bens são
registrados como ativos intangíveis, a segunda forma é quando a empresa tem que
remunerar, nesse caso, os ativos são registrados como financeiros; e uma terceira
forma, que funciona de forma híbrida, deve-se reconhecer tanto ativo financeiro como
intangível.
Sobre a contabilização dos ativos da concessão a ICPC 01 determina:
A infraestrutura dentro do alcance desta Interpretação não será registrada como ativo imobilizado do concessionário porque o contrato de concessão não transfere ao concessionário o direito de controlar o uso da infraestrutura de serviços públicos. O concessionário tem acesso para operar a infraestrutura para a prestação dos serviços públicos em nome do concedente, nas condições
2.6 Conceitos e instrumentos paralelos à normatização contábil
2.6.1 Fluxo de Caixa
Na teoria financeira o fluxo de caixa é um instrumento utilizado para definir se
determinado projeto é viável ou não, Noronha (1987, p.132) assim define:
[...] fluxos de caixa são valores que refletem as entradas e saídas dos recursos e produtos por unidade de tempo que formam uma proposta de investimento. Sua formação só é possível se todas as especificações técnicas de recursos necessários, bem como de produtos a serem produzidos, forem conhecidas.
Inúmeros autores abordam a importância dos fluxos de caixas para a tomada
de decisão, inclusive creditam a sua assertividade à Contabilidade, conforme Lopes e
Martins (2007, p. 65):
Investidores em mercado de capitais, por exemplo, estão preocupados com a capacidade da empresa em gerar fluxos de caixa no futuro, ou seja, na criação de valor e não somente com o fluxo de caixa gerado nos períodos passados. (...) Assim, a contabilidade é relevante à medida que fornece informações úteis a previsão dos fluxos de caixa futuros.
29
Pode-se enxergar a importância da avaliação das empresas a partir dessa
ferramenta, através dela avalia-se a riqueza econômica dos entes em valor presente,
descontando o fluxo de caixa esperado no futuro por uma taxa de atratividade que
reflita o devido custo de oportunidade. Brealey e Myers (2000, p. 28) justificam os
procedimentos de trazer os valores a valor presente por dois motivos: “a primeira,
porque um dólar disponível hoje vale mais que um dólar disponível amanhã, e, a
segunda, porque um dólar com risco vale menos que um dólar sem risco”. Hendriksen
e Van Breda (2010, p. 181) afirmam também que “[...] a confiabilidade das predições
que usam dados de fluxo de caixa é maior do que a de predições baseadas somente
nos dados históricos de lucro”.
Para iniciar o cálculo do valor recuperável deve ser elaborado o fluxo de caixa
futuro a partir de unidades geradoras de caixa. O CPC 01 (R1) ainda menciona a
importância de não se utilizar prazo superior a cinco anos de projeção, o que poderia
diminuir o grau de certeza encontrado.
Deve-se observar o fluxo líquido, que é a diferença entre as partes que o
compõem, fluxo de entradas menos fluxo de saídas. O fluxo de entradas ou de saídas
pode ser nulo, ou seja, pode-se ter um fluxo apenas com saídas ou apenas com
entradas.
Obtido o fluxo líquido é ele que será submetido a técnicas de desconto.
2.6.2 Taxas de desconto
Ponto de vital importância é definir qual taxa de desconto será utilizada na
avaliação e a sua escolha pode tornar viável ou inviável um investimento.
O CPC 01 (R1) orienta para a utilização de uma taxa que:
• Deve ser a taxa antes dos impostos;
• Deve refletir as avaliações do mercado sobre o valor do dinheiro no
tempo, e
• Dos riscos específicos do ativo, para os quais os fluxos de caixa
esperados não tenham sido ajustados.
A taxa mais adequada no desconto vai ser aquela que melhor se adequar a
realidade da empresa, há, pelo menos, duas abordagens para um fluxo de caixa, uma
avalia apenas a participação acionária, ou seja, é aquela empresa que não tem
30
empréstimos junto a terceiros, e uma outra para as empresas que possuem ambas as
formas de financiamento.
2.6.2.1 Taxa de desconto pelo custo de capital próprio
Pela abordagem do acionista deve-se descontar os Fluxos esperados pelos
acionistas deduzidos de todas as despesas, bônus fiscais, pagamento de juros e a
taxa de retorno exigida pelos acionistas.
O cálculo da taxa de desconto pela abordagem do acionista é realizado
conforme a fórmula a seguir:
Equação 1- VPL pela taxa do acionista
Onde:
VPL: Valor Presente Líquido;
FCa: Fluxo de Caixa do Acionista no período t
Ka: Custo do Patrimônio Líquido (Taxa de retorno exigida pelos acionistas)
O método mais indicado para se obter o custo do capital próprio é o CAPM -
Capital Asset Pricing Model. Este é calculado através de uma equação que demonstra
a relação entre o beta e o retorno esperado, segue:
CAPM = Rf + Beta (RM – Rf)
Equação 2 - CAPM
Onde:
Rf: Taxa livre de risco;
RM: Retorno esperado do mercado;
Beta: Risco do Ativo; e
(RM – Rf): Prêmio.
31
No Brasil existem algumas limitações quanto ao uso do CAPM, entre elas pode-
se citar a baixa participação de ações ordinárias nos pregões, Alto grau de
concentração das ações negociadas entre outras. Para diminuir estas limitações
utiliza-se Benchmarks, que são preços de referência para medição da performance
média de um mercado. Sendo assim, à fórmula apresentada seria somado o risco
Brasil.
2.6.2.2 Abordagem do fluxo de caixa da empresa
Na abordagem da avaliação pelo enfoque da empresa, considera-se o valor da
empresa como um todo. Boa parte das empresas possuem como fone de
financiamento o Capital próprio e o de terceiros. Nestas o valor presente é conseguido
através da fórmula:
Equação 3 - VPL pelo Fluxo da Empresa
Onde:
VPL: Valor Presente Líquido;
FCe: Fluxo de Caixa da Empresa no período t;
WACC: Custo médio de capital ponderado.
O WACC - Weighted Average Cost of Capital, reflete o custo do capital da
empresa e é calculado pela fórmula a seguir:
WACC = Kpl (PL / (PL+D)) + Kd (D / (PL+D))
Equação 4 - WACC
Onde:
Kpl: Custo do Patrimônio Líquido;
Kd: Custo da Dívida após impostos;
32
PL: Patrimônio Líquido;
D: Dívida a valor de mercado.
3 METODOLOGIA DO ESTUDO
O ser humano sempre se preocupou em conhecer a realidade que o cerca, a
partir dessa concepção nasceu a pesquisa, que visa a obtenção de respostas para as
diversas interrogações humanas utilizando-se para tal de instrumentos científicos.
Para Minayo (1994, p. 25) “a pesquisa é um labor artesanal, que se não prescinde da
criatividade, se realiza fundamentalmente por uma linguagem fundada em conceitos,
proposições, métodos e técnicas”, complementando Gil (2009, p. 17) define como
sendo o “procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos”.
Para uma pesquisa ser bem sucedida deve-se conduzi-la de forma adequada,
para isso, uma metodologia adequada precisa ser bem observada. Por metodologia
entende-se como sendo os caminhos a serem seguidos para uma pesquisa coerente,
observa-se que uma apresentação em ordem cronológica se faz necessária para se
alcançar a coerência objetivada.
Há várias tipologias de pesquisa e não há consenso acerca da melhor. Ao
observar as particularidade da Contabilidade. Beuren (2008, p. 79) agrupa-as em três
categorias:
“Pesquisa quanto aos objetivos, que contempla a pesquisa exploratória, descritiva e explicativa; pesquisa quanto aos procedimentos, que aborda o estudo de caso, o levantamento, a pesquisa bibliográfica, documental, participante e experimental; e a pesquisa quanto à abordagem do problema, que compreende a pesquisa qualitativa e a quantitativa”.
Com o objetivo de analisar a qualidade da informação contábil elaborado por
profissional não contábil a pesquisa caracteriza-se como descritiva, Gil (2009, p. 42)
aponta que a pesquisa descritiva é aquela que tem “como objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno”,
complementando, Andrade (2002 apud BAUREN, 2008, p. 81) acrescenta que:
33
[...] a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisa-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.
Para as tipologias apresentadas, os procedimentos para pesquisa mais
adequadas são: o estudo de caso, a pesquisa de levantamento, a pesquisa
bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa participante e a pesquisa
experimental. Não existe uma receita pronta de quais procedimentos utilizar, mas o
que vai realmente definir a escolha, será o enfoque determinado para o trabalho. Para
delinear o presente estudo foram utilizados o estudo de caso, a pesquisa bibliográfica
e a pesquisa documental, tendo em vista que são as ferramentas mais adequadas
para o tipo de abordagem utilizado.
Sobre estudo de caso Bauren (2008, p. 84) identifica que o procedimento
“caracteriza-se pelo estudo concentrado de um único caso” e Gil (2009, p. 54)
esclarece que o enfoque seletivo permite ampliar e detalhar os conhecimentos sobre
o tema, mesmo que seja uma tarefa praticamente impossível, pois há outros tipos de
delineamento da pesquisa envolvidos.
Já a pesquisa bibliográfica conforme Cervo e Bervian (1983 apud BAUREN,
2008, p. 86):
Explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema
A pesquisa bibliográfica é parte obrigatória em qualquer trabalho cientifico e
sua principal vantagem é o de “permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla de que aquela que poderia pesquisar diretamente” (Gil,
2009, p. 45).
Muitas vezes confundida com a pesquisa bibliográfica a pesquisa documental
distancia-se da primeira essencialmente pela natureza de suas fontes, Gil (2009, p.
45) diferencia as pesquisas:
Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um
34
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa
A pesquisa documental pode ser classificada em dois tipos principais: fontes
de primeira mão, ainda não tratados e/ou analisados, e de segunda, para a presente
pesquisa foram utilizados documentos de segunda mão que são aqueles que de
alguma forma já foram analisados.
Referente à abordagem do problema, a pesquisa pode ser de cunho qualitativo
ou quantitativo, sendo o estudo caracterizado como de abordagem qualitativa, pois
essa abordagem “visa destacar características não observadas por meio de um
estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste último” (ILSE, 2008, p. 92).
Richardson (1999 apud ILSE, 2008, p. 92) destaca que “abordar um problema
qualitativamente pode ser uma forma adequada para conhecer a natureza de um
fenômeno social”. É importante ressaltar que a Contabilidade, apesar de se basear
essencialmente em números, é uma ciência social o que por si só já justifica a
abordagem qualitativa.
Para a realização do trabalho foram consultadas informações sobre a operação
da companhia extraídas de seus balanços patrimoniais, demonstrações de resultados,
orçamentos empresariais, contratos e principalmente do relatório do teste de
recuperabilidade de seus ativos. De posse das informações já citadas foi verificado se
os requisitos necessários para a informação ser considerada de qualidade foram
cumpridos, conforme as exigências do CPC 00 (R1).
35
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1 A empresa
Com o objetivo de analisar a qualidade da informação contida em um teste de
recuperabilidade dos ativos buscou-se aliar a teoria contábil com a realidade empírica
de uma determinada empresa.
A atuação destacada da companhia no Rio Grande do Norte – RN, sendo
considerada um destaque em meio as diversas empresas públicas do estado, bem
como sua constância em realizar o teste de recuperabilidade suportaram a decisão da
sua escolha para ser estudada. Para preservar o necessário sigilo, a razão social da
empresa foi omitida, sendo assim, intitulada “Empresa RN”.
A empresa conta com aproximadamente 70 funcionários diretos e indiretos
somados a outros terceirizados junto as prestadoras de serviços de construção e
manutenção de seus ativos. Tem sua matriz localizada na cidade do Natal e pretende,
no seu campo de atuação, ser reconhecida como uma das melhores.
Algumas informações são necessárias antes das análises, elas são essenciais
para o desenvolvimento e melhor compreensão do assunto abordado e foram
retiradas diretamente dos demonstrativos da empresa como demonstra a tabela a
seguir:
Ativo Imobilizado R$ 1.675.010,67 Ativo Intangível R$ 39.521.682,33 Patrimônio Líquido R$ 44.280.534,55
Tabela 2 - Dados do Balanço Patrimonial da Empresa
Fonte: Produção própria (2013)
A empresa não apresentava para o ano em analisado endividamento junto a
terceiros.
4.2 O teste de recuperabilidade
36
Anualmente a empresa testa seus ativos com a finalidade de verificar se eles
estão registrados pelo valor correto e se suas depreciações e/ou amortizações se
utilizam de taxas adequadas. Para isso, contrata junto a terceiros o serviço para a
elaboração do teste de impairment. De posse do contrato de prestação de serviço,
observou-se o objeto da contratação logo abaixo descrito:
Objeto: Contratação de serviço para realização de análise sobre a capacidade
operacional da “Empresa RN” (uso do ativo) para a recuperação de valores
registrados no imobilizado e/ou intangível (Teste de impairment – CPC 01) constantes
do inventário de bens patrimoniais da companhia, encerrado em 31 de dezembro de
2012, com a finalidade de subsidiar a adequação do processo de preparação das
demonstrações contábeis com as práticas (normas) contábeis internacionais,
previstas na Lei Nº 11.638/07 e Medida Provisória Nº 449/08.
Nota-se na análise do objeto acima que a empresa preocupa-se em estár
atualizada com as normas internacionais de contabilidade e, consequentemente, em
estado de harmonia com as normas e legislações do Brasil.
Por ser uma empresa pública, a companhia fica impossibilitada de contratar
diretamente quem irá prestar-lhe serviços. Para tanto, ela realiza licitações públicas
com essa finalidade. Para o ano em estudo, o licitante ganhador do processo licitatório
foi um economista, devidamente registrado em seu órgão de classe. Ele apresentou
todas as características necessárias que foram impostas pela empresa. Apesar de o
teste ser uma ferramenta contábil não há nenhum impedimento legal que justificasse
a não contratação de profissionais de outras áreas de atuação.
4.3 Análise crítica do teste de impairment
A seguir, será analisado o Relatório gerado pelo economista, apontando suas
premissas e validando-as ou não. Será utilizada uma sequência de tópicos que
representam diversas fases da demonstração. Cabe lembrar que a sequência
demonstrada não necessariamente é a que deve ser seguida para uma boa prática.
4.3.1 Definição do valor recuperável
37
Na definição do valor recuperável para os ativos, o profissional optou por utilizar
o seu valor presente líquido obtido após suas devidas projeções, nesse ponto, não há
nenhuma falha, já que o próprio pronunciamento recomenda a sua utilização quando
não for possível obter um grau de certeza de um valor justo de venda e boa parte dos
ativos intangíveis da empresa são tubulações e não existe um mercado formal para a
sua venda, sem mencionar que os custos envolvidos no processo torná-la-iam
inviável.
4.3.2 Definição de quais ativos foram avaliados
Foi definido apenas um grupo para ser avaliado pelo teste, identificado
contabilmente por “Instalações – Concessão” que faz parte do ativo intangível da
empresa, como identificado a seguir:
Tabela 3-Bem e Direito Intangível
Fonte: Produção própria (2013)
Utilizou-se o valor contábil líquido das amortizações corretamente, no valor de
R$ 30.184.512,55.
Apesar do valor representar boa parte dos ativos permanentes da empresa,
outros não foram levados em consideração, o que vai contra o que foi contratado pela
empresa. Como descrito anteriormente, o teste deveria ter sido realizado nos grupos
do Imobilizado e/ou Intangível. O texto não deixa claro se deveriam ser avaliados
ambos, contudo não justifica ser avaliado apenas uma parcela do intangível. Aqui o
recomendável seria avaliar todo o grupo do imobilizado demonstrado em seguida:
1.3.4.01 BEM E DIREITO INTANGIVEL 65.609.906,52
1.3.4.01.0001 SOFTWARE 8.968,77
1.3.4.01.0002 MARCAS E PATENTES 1.249,00
1.3.4.01.0003 MAQUINAS - CONCESSAO 56.702,71
1.3.4.01.0004 INSTALACOES - CONCESSAO 65.542.986,04
1.3.4.02 (-)DEPRECIACAO, AMORTIZACAO E EXAUSTAO 35.376.624,71-
1.3.4.02.0001 SOFTWARE 5.314,05-
1.3.4.02.0002 MARCAS E PATENTES 770,08-
1.3.4.02.0003 MAQUINAS - CONCESSAO 12.067,09-
1.3.4.02.0004 INSTALACOES - CONCESSAO 35.358.473,49-
38
Tabela 4- Grupo Imobilizado e Intangível
Fonte: Produção Própria (2013)
Os grupos do Ativo somados geram um valor de R$ 41.196.693,00 o que
representa um aumento de 26,7307% sobre o valor considerado.
4.3.3 Definição das unidade geradoras de caixa
Para o trabalho, os ativos não foram avaliados individualmente, e sim, em UGC,
devido a complexidade que seria segregar cada ativo. O mais indicado neste caso é
a utilização das unidades. O critério utilizado para defini-las foi o de localização. A
empresa conta com uma grande rede de tubulações em várias cidades do RN; e como
possui representações físicas em duas cidades, as unidades foram classificadas em
1-Unidade Grande Natal e 2-Unidade Mossoró. Como boa parte dos ativos não geram
entradas de caixa consideradas independentes, o pronunciamento recomenda
identificar as unidades geradoras, dessa forma, pode ser considerada correta as
definições utilizadas.
4.3.4 Definição dos fluxos de caixa futuros
A utilização de muitos anos para a projeção de fluxos de caixa futuros pode
conter distorções relevantes que não representariam adequadamente o valor do bem,
por isso, o CPC 01 orienta a utilização de cinco anos para a projeção. Para a utilização
de período superior a cinco anos é recomendado pelo pronunciamento que seja
apresentada a sua devida justificativa de uso.
1.3.2 ATIVO IMOBILIZADO 1.675.010,67
1.3.2.01 BENS E DIREITOS EM USO 2.320.530,79
1.3.2.02 (-) DEPRECIACAO, AMORTIZACAO E EXAUSTAO 648.520,12-
1.3.2.03 OBRAS EM ANDAMENTO 3.000,00
1.3.3.01 ESTUDOS E PROJETOS 27.109,65
1.3.3.02 (-) AMORTIZACAO ACUMULADA 27.109,65-
1.3.4 ATIVO INTANGIVEL 39.521.682,33
1.3.4.01 BEM E DIREITO INTANGIVEL 65.609.906,52
1.3.4.02 (-)DEPRECIACAO, AMORTIZACAO E EXAUSTAO 35.376.624,71-
1.3.4.03 OBRAS EM ANDAMENTO 7.242.561,82
1.3.4.04 ESTOQUE P/OBRAS 2.045.838,70
39
Para a realização do trabalho foi utilizada uma projeção de dez anos, como
justificativa de uso foi declarado que o período das amortizações dos bens intangíveis
referentes à concessão que é de dez anos ou 10% ao ano. Não se pode considerar
um erro a projeção já que o pronunciamento faz menção em seu item 36 a projeção
pelo tempo de vida útil do bem.
4.3.4.1 Entradas de caixa
Neste ponto, serão definidas as entradas de caixa ou receitas projetadas. O
pronunciamento orienta a utilização dos orçamentos empresariais já aprovados pela
entidade como base para estimá-las, desde que excluídas as estimativas de
restruturação ou aprimoramento de desempenho dos bens. No trabalho, sob análise,
não houve menção ao orçamento da companhia, foi realizada uma média das receitas
do ano 2012 devidamente ajustadas para representarem os valores no tempo, a priori
não há problema no valor encontrado que foi de R$ 160.030.040,79.
Erro crasso foi o de utilizar o valor de entrada para todos os dez anos de
projeção. O CPC ainda que permita as projeções de fluxo de caixa até o fim da vida
útil de um ativo define que deve ser utilizada uma taxa de “crescimento” para os anos
subsequentes, o documento emitido pelo comitê vai além e esclarece que esta taxa
deve ser estável, decrescente ou crescente, esta última apenas se for harmônica com
os padrões do ativo e da economia. Uma taxa zero ou negativa seria permitida apenas
quando apropriada, por exemplo num momento de grande crise econômica ou ser
identificado que empresa encontra-se em processo de descontinuidade, que não foi a
realidade do ano em estudo. Outra crítica foi a utilização das receitas totais para
avaliar apenas um grupo especifico de ativos.
4.3.4.2 Saídas de caixa
A mesma falha ocorrida nos valores de entrada foi repetida para os valores de
saída que são as despesas. Houve a devida projeção para o primeiro ano, como
mostra a tabela baixo:
40
a) Encargos sobre Vendas R$ 46.990.479 b) Custo de aquisição de MP R$ 88.304.202 c) Custos de operação e manutenção R$ 2.907.611 d) Desp. Administrativas e Gerais R$ 9.555.961 e) Depreciação / Amortização R$ 5.486.081 f) Despesa Tributária R$ 356.489 g) IRPJ R$ 1.607.304 h) CSSL R$ 578.629
Tabela 5: Saídas de Caixa
Fonte: Produção própria (2013)
Todas as despesas foram devidamente calculadas observando a realidade da
empresa, foi utilizada a taxa de 25% para Imposto de Renda – IR, e de 9% para a
Contribuição Social sobre o Lucro – CSSL, vale salientar que os tributos foram
devidamente recalculados sobre o lucro operacional descartando o resultado
financeiro da companhia como preconiza o CPC.
Como mencionado no primeiro momento, o mesmo erro cometido nas
projeções de entradas foi aqui repetido, todos os valores demonstrados na tabela 2
foram utilizados nas projeções dos demais anos com exceção da depreciação e
amortização dos bens que foram sendo reduzidas ao longo dos demais anos, uma
vez que a projeção foi pela vida útil do bem.
4.3.5 Definição da taxa de desconto
Definir uma taxa de desconto adequada coma realidade é de suma importância
para se chegar ao valor presente correto. A não observância da taxa adequada pode
provocar decisões equivocadas pelos usuários da informação. Nesse trabalho, o
economista utilizou o modelo CAPM para chegar a taxa de desconto. Foram utilizadas
premissas atuais e bem respaldadas para sua elaboração. Do relatório de impairment
foram retirados as seguintes informações:
41
Taxa livre de risco - Rf 3,15% Prêmio de risco 11,86% Rentabilidade esperada para o setor 15,01% Risco Brasil - Rb 1,75% Beta desalavancado 0,53 Rent. Título da dívida dos EUA 3,15% Rent. Título da dívida brasileira 4,09% Custo capital próprio (CAPM) 11,19%
Tabela 6: Taxa de Desconto
Fonte: Produção própria (2013)
Fato bem observado foi o da não utilização da estrutura de capital da empresa
como orienta o CPC.
42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente trabalho, de verificar se um relatório de teste de
Impairment elaborado por profissional não contábil para uma empresa concessionária
de serviços públicos pode ser considerado de qualidade foi alcançado. Associando o
resultado pós estudo de caso com as exigências do CPC para que uma informação
possa ser considerada de qualidade, conclui-se que o relatório em análise não pode
ser considerado de qualidade.
Para uma informação ter a qualidade necessária, ela precisa atender a
requisitos impostos pelo CPC 00. Existem as qualidades fundamentais que
necessariamente devem estar presentes, e as qualidades de melhoria, são as que
devem ser utilizadas ao máximo, mas, que não são de adequação obrigatória.
Embasado nos documentos contábeis da empresa, principalmente do relatório
do Impairment test, verificou-se que as características comparabilidade,
verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade foram alcançadas pelo
profissional, sendo elas, características de melhoria da informação. Referente às
características fundamentais, que são de “relevância” e de “representação fidedigna”
não foram plenamente satisfeitas. Apesar da informação ser considerada relevante,
os erros encontrados, principalmente nas premissas utilizadas para o cálculo do valor
presente dos ativos, não a faz representar fidedignamente o que se propõe. Sendo
assim a representação não fidedigna de informação relevante não auxiliam os
diversos usuários na tomada de decisão.
Com a constatação de que o relatório elaborado não pode ser considerado de
qualidade, tornando-o sem valor contábil, fica mais clara a necessidade de
capacitação dos profissionais da contabilidade e que eles preencham as lacunas
deixadas no passado.
Na realização do trabalho, não foram encontradas dificuldades. A empresa
demonstrou-se sempre solicita e interessada nos resultados que seriam obtidos pelo
trabalho.
Para estudos futuros, fica a sugestão de se conduzir uma reelaboração do teste
de impairment, utilizando informações mais adequadas à realidade da empresa, sem
deixar de confrontá-los. Sugere-se, também, a análise do relatório de outras empresa
com finalidade de se constatar quantos estão sendo realizados por contadores.
43
REFERÊNCIAS
AMORIM, A. D. G. A mediação da informação contábil sob a ótica da Ciência da Informação. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. BEUREN, Ilse Maria (org.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: teoria e prática. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 6ª Ed, São Paulo: Atlas, 2006. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade para o nível de graduação. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010. HENDRIKSEN, E. S., BREDA, M. F V. Teoria da Contabilidade. Tradução Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Editora Atlas, 2010. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Principles of corporate finance. V.5. New York: McGraw-Hill, 2000. CARDOSO, R. L. Competências do contador: um estudo empírico. Tese de doutorado. São Paulo: FEA/USP, 2006.
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Setembro, 2007. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 46 – Mensuração do Valor Justo. Dezembro, 2012. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Interpretação Técnica ICPC 01- Contratos de Concessão. 2009. GOULART, A. M. C. O Conceito de Ativos na Contabilidade: Um Fundamento a Ser
44
Explorado. Revista de Contabilidade & Finanças. Universidade de São Paulo (USP). Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP, v. No 28, n. abril 2002, p. 1, 2002. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª Ed, São Paulo: Atlas, 2009. KROETZ, Cesar Eduardo Stevens; MATOS Wilson Castro; FONTOURA, José Roberto de Araújo. Dos sistemas à contabilidade. Revista Brasileira de Contabilidade, São Paulo, n. 1, p. 22-28, jan./mar. 1999. LISBOA, Lázaro Plácido; SCHERER, Luciano Márcio. Fair value accounting e suas implicações nas atividades agropecuárias. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, ano XXIV, n. 126, p.66-83, nov./dez., 2000. LOPES, A.B.; MARTINS, E. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. São Paulo: Atlas, 2007. MARQUES, F. F. A prestação privada de serviços públicos no Brasil. Dissertação de Mestrado – USP, São Paulo, 2009. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 17. Ed. Petrópolis: Vozes, 1994 NORONHA, José F. Projetos agropecuários: administração financeira, orçamento e viabilidade econômica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1987. PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manual de contabilidade internacional: teoria e prática. São Paulo: Cengage Learning, 2012. POON, Win W. Using fair value accounting for financial instruments. American Business Review, 22,1; p. 39-41, jan. 2004. King, A. M. Fair Value is dangerous for cost management. Cost Management; v. 23, n.1, p. 41-47, 2009. KING, A. M. Be careful what you ask for: Is fair value accounting really fair? International Journal of Disclosure and Governance, v. 5, n.4, p.301-311, 2008. KRUMWIEDE, T. (2008). Fair value accounting: Why historical cost accounting makes sense. Strategic Finance.v.90, n.2, p.33-39, 2008. Financial Accounting Standards Board .Statement of Financial Accounting Standards 157: Fair Value Measurements. United States of America, 2006. SANTOS, José Luiz dos et al. Ativos intangíveis: teste de impairment. In: ENCONTRO DA ANPAD, XXVII, 2003, Atibaia. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2003.
45
SCHMIDT, P., SANTOS, José Luiz dos. Avaliação de ativos intangíveis. São Paulo: Atlas, 2002. STICKNEY, Clyde P.; WEIL, Roman L. Contabilidade financeira: uma introdução aos conceitos, métodos e usos. São Paulo: Atlas, 2001. IASB (INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD). International Accounting Standard (IAS). Impairment of assets. n. 36. London: IASB, 1998. YAMAMOTO, M. M.; SALOTTI, B. M. Informação Contábil: Estudos sobre a sua Divulgação no Mercado de Capitais. São Paulo: Atlas, 2006.