universidade federal do rio grande do norte ......previamente explorou-se o canal radicular em toda...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
GABRIEL MOREIRA ROSADO
AVALIAÇÃO IN VITRO DO DESVIO APICAL EM AMPLIAÇÃO FORAMINAL
APÓS PREPARO COM SISTEMAS ENDODÔNTICOS MECANIZADOS
NATAL/RN
2018
GABRIEL MOREIRA ROSADO
AVALIAÇÃO IN VITRO DO DESVIO APICAL EM AMPLIAÇÃO FORAMINAL APÓS
PREPARO COM SISTEMAS ENDODÔNTICOS MECANIZADOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte do requisito para obtenção do título de Cirurgião-dentista. Orientador: Prof. Dr. Fábio Roberto Dametto.
NATAL/RN
2018
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
Rosado, Gabriel Moreira. Avaliação in vitro do desvio apical em ampliação foraminal após preparo
com sistemas endodônticos mecanizados. – 2018.
19 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Fábio Roberto Dametto.
Monografia (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de odontologia, Natal, 2016.
1. Ápice dentário - Monografia. 2. Endodontia - Monografia. 3. Instrumentação - Monografia. I. Dametto, Fábio Roberto. II. Título.
RN/UF/BSO Black D24
GABRIEL MOREIRA ROSADO
AVALIAÇÃO IN VITRO DO DESVIO APICAL EM AMPLIAÇÃO FORAMINAL APÓS
PREPARO COM SISTEMAS ENDODÔNTICOS MECANIZADOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte do requisito para obtenção do título de Cirurgião-dentista.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em 05 de
dezembro de 2018, pela seguinte Banca Examinadora:
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Fábio Roberto Dametto Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Orientador)
Profa. MSc. Lilian Karine Cardoso Guimaraes de Carvalho Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(1º examinador)
Prof. Dr. Marcílio Dias Chaves de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(2º examinador)
RESUMO
Introdução: O tratamento endodôntico objetiva a manutenção do dente em função.
Para sucesso desta terapia, é imprescindível que sejam obedecidos princípios
científicos, mecânicos e biológicos, o que está diretamente ligado ao sucesso ou
insucesso da terapia endodôntica. O preparo do canal radicular é das etapas mais
importantes da terapia, diante disso, a escolha da técnica e material adequado é de
suma importância na endodontia. Objetivo: Avaliar o grau de desvio apical em
ampliação foraminal com três protocolos: técnica Mullaney, Waveone gold (Dentsply
Maillefer, Ballaigues, Suiça) e X1 blue (MK Life, Porto Alegre, Brasil). Metodologia:
Foram utilizados 30 molares inferiores, em que foi trabalhado na raiz mesio-
vestibular. Inicialmente, os dentes foram acessados e padronizados em blocos de
silicone de condensação para avaliação do ângulo e classificação proposta por
Schneider. Depois de instrumentados, os dentes foram radiografados nos mesmos
blocos padronizados e de posse dos resultados obtidos, foram comparados
estatisticamente no Software BioEstat 5.0. Resultados: Após análise estatística, foi
possível evidenciar que em todos os grupos, houve diferença (p<0,05) quando
comparado os ângulos iniciais e finais Conclusão: todos os métodos de
instrumentação pesquisados apresentou algum grau de desvio da trajetória do canal
radicular, no entanto, em analise descritiva, os grupos tratados com instrumentos
automatizado em níquel titânio apresentaram melhores resultados quando
comparados ao tratamento com técnica Mullaney.
Palavras-chave: Ápice dentário. Endodontia. Instrumentação.
ABSTRACT
Introduction: Endodontic treatment aims to maintain the tooth functional. For the
success of this therapy, it’s important to follow some mechanics and biologicals
scientifics principles. This is directly related to the success or failure of the
endodontic therapy. The preparation of root canal is the most important task of the
therapy, in front of that, the choice of technique and material represents extreme
importance. Objective: evaluate the degree of apical displacement in extension with
three protocols: Mullaney technique, Gold wave (Dentsply Maillefer, Ballaigues,
Switzerland) and X1 blue (MK Life, Porto Alegre, Brazil). Methodology: 30
mandibular molars were used, in which the mesiobuccal root was worked. Initially,
the teeth were accessed and standardized in blocks of condensation silicone for
evaluation of the angle and classification proposed by Schneider. After worked, the
teeth were radiographed in the same blocks patterns. The results were compared
statistically in BioStat 5.0 Software. Results: the statistical analysis showed that all
groups had a failure (p <0.05) when the initial and final angles were compared.
Conclusion: all instrumentation methods corroborated some degree of deviation of
the root canal trajectory, however, in a descriptive analysis, the groups treated with
automated instruments in nickel titanium showed best results when compared to the
treatment with Mullaney technique.
Keywords: Tooth Apex. Endodontics. Instrumentation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................ 6
2 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................... 7
3 RESULTADOS............................................................................ 9
4 DISCUSSÃO................................................................................ 10
5 CONCLUSÕES............................................................................ 13
REFERÊNCIAS........................................................................... 13
ANEXOS...................................................................................... 16
6
1 INTRODUÇÃO
O tratamento endodôntico tem como objetivo debelar o foco infeccioso,
dor e manter o dente funcional¹. Nesta modalidade terapêutica, uma das fases
mais importantes é o preparo biomecânico do sistema de canais radiculares,
consequentemente, falhas na referida etapa podem causar invasão microbiana,
perfurações, alargamento exagerado do conduto ou até perda do elemento
dentário².
O desvio ou transporte apical caracteriza-se pela diferença de seu
padrão anatômico original pós-tratamento, causado pelo desgaste dentinário na
limagem e também pela incapacidade de manter a conformação original do
conduto³.
Usualmente, a literatura preconiza a instrumentação do sistema de
canais radiculares somente no canal dentinário, isto é, 1 mm aquém do ápice
radiográfico4. Entretanto, estudos3,5,6 mais recentes têm sugerido a
instrumentação ultrapassando o forame apical, tal conduta se justifica baseada
em pesquisas atuais que evidenciam a persistência ou infecção microbiana por
patógenos que permeiam o canal cementário.
Por conseguinte, com o avanço tecnológico, transcorreu a evolução
dos instrumentos endodônticos mecanizados, que marcaram uma fase de
destaque referente ao desenvolvimento do tratamento endodôntico, desta
forma, um marco que deve ser aprofundado a fim de investigar sua tamanha
dimensão.
Em decorrência desse avanço, sucedeu uma crescente substituição do
preparo manual pelo mecanizado na endodontia, logo, novos motores e limas
são lançados no mercado constantemente e prometem um tratamento mais
rápido e simplificado, tanto para o paciente quanto para o profissional7.
Entre estes novos instrumentos recentemente inseridos no mercado,
há um grande destaque para as limas Wave one gold (Dentsply Maillefer,
Ballaigues, Suiça) e X1 blue (MK Life, Porto Alegre, Brasil), ambas tem
demonstrado resultados clínicos satisfatórios e grande aceitabilidade pelos
profissionais. Não obstante, poucos estudos foram realizados para investigar a
segurança de tais instrumentos quanto ao desvio apical em protocolo de
alargamento foraminal.
7
Os sistemas de movimento reciprocante foram lançados no mercado
na presente década e prometem vantagens sobre os rotatórios, como a
diminuição do stress da lima devido à liberação do instrumento no sentido
horário, reduzindo, por conseguinte, a fadiga cíclica. Ademais, os sistemas
utilizados nesta pesquisa são de lima única, o que simplifica a técnica
operatória e reduz o tempo da consulta8.
Outra novidade nos instrumentais é o tratamento de superfície blue,
segundo os fabricantes, as limas com esta tecnologia passam por um processo
de tratamento térmico que conferem maior flexibilidade e resistência à fadiga
em comparação às limas de Níquel-titânio comuns9.
Diante desta perspectiva, surge o seguinte questionamento: com os
novos sistemas lançados no mercado, clinicamente, a escolha pelo sistema
endodôntico se torna ainda mais difícil, levando em consideração que são
escassos os estudos que avaliem o desvio apical em tais sistemas.
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o grau de
desvio apical em canais submetidos ao preparo biomecânico, com ampliação
foraminal, utilizando os sistemas reciprocantes Waveone Gold, X1 Blue e
técnica de Mullaney.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em
pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob número
3.058.140.
Para realização deste estudo, foram utilizados trinta molares inferiores
extraídos, apresentando rizogênese completa, patência foraminal, ausência de
cárie radicular ou reabsorções visíveis e grau de curvatura maior que 5º, de
acordo com a classificação de Schneider (1971)10. Os dentes, após
desinfecção, foram armazenados em soro fisiológico (NaCl a 0,9%) nas
condições ambientes de temperatura e pressão (CATP).
Realizou-se o acesso endodôntico à câmara pulpar com ponta
diamantada esférica 1014 LN (FG-KG Sorensen). Realizou-se desgastes
compensatórios com ponta tronco-cônica de extremidade inativa 3082 (FG-KG
Sorensen). O comprimento real do dente (CRD) foi verificado com limas tipo K
8
nº 10 (Dentsply Maillefer) explorando-se até ultrapassar 1mm do forame apical,
posteriormente, recuou-se ao nível foraminal. Após esta determinação visual do
CRD, foi feita a tomada radiográfica para confirmação nos blocos de silicone
padronizados.
Foi confeccionado um bloco de silicone de condensação (Coltene®)
para padronização das tomadas radiográficas, de modo que o tubo do aparelho
de raio X foi posicionado perpendicularmente às amostras a uma distância de
10cm. Após radiografia inicial, foram fotografadas e arquivadas as imagens
para avaliação do grau de curvatura.
Após obtenção das imagens digitais das radiografias, mediu-se os
graus de curvatura com o Software AutoCad 2016, traçando-se as linhas para a
formação do ângulo proposto por Schneider(1971)10: uma linha partindo da
embocadura e acompanhando a lima ao início da curvatura, outra saindo do
forame apical até o ponto de intersecção com a primeira. De acordo em esta
classificação adotada, dentes com grau de curvatura até 5º são considerados
de curvatura suave, sendo então descartados do estudo.
Foram instrumentados os canais mesiovestibulares dos molares
selecionados, respeitando-se a sobreinstrumentação 1mm além do CRD. As
amostras foram divididas, aleatoriamente, em três grupos: grupo A, grupo B e
grupo C. No grupo A, utilizou-se a lima Proglider 16.02 (Dentsply Maillefer,
Ballaigues, Suiça), seguida da Wave one Gold 025.07; no grupo B, também
utilizou-se a lima Proglider, seguida da X1 blue 26/06; no grupo C, utilizou-se
limas tipo K (Dentsply Maillefer) e Brocas Gates Glidden (Dentsply Maillefer),
seguindo a técnica Mullaney. Em todos os grupos, foi utilizada a solução de
hipoclorito de sódio a 2,5 %. Irrigando-se 2ml de solução a cada troca de lima.
Para instrumentação com limas reciprocantes e uso das brocas Gates,
foi utilizado o motor X Smart Plus (Dentsply). Para uso das lima reciprocantes,
previamente explorou-se o canal radicular em toda sua extensão com lima K
nº10, posteriormente com lima Proglider 16.02 e só então com as limas
Waveone gold 025.07 e X1 blue 25/06, dividindo-se o dente em 3 terços e
sempre em movimento tipo Crown-down, pincelando-se contra as paredes, até
ultrapassar 1mm do forame com o instrumento. Após o preparo das amostras
conforme protocolo, inseriu-se nos condutos instrumentados, limas K nº10 no
9
CRD e procedeu-se as tomadas radiográficas no mesmo bloco de silicone, de
forma a padrão.
Conforme aferição inicial do grau de curvatura na metodologia de
Schneider (1974)10 no Software AutoCad 2016, foi averiguado, sob os mesmos
métodos, a curvatura pós instrumentação. De posse dos resultados, foi
tabulado em software editor de planilhas e convertido em diagnóstico
estatístico por meio do BioEstat 5.0. Os dados foram tabulados e compilados,
analisados estatisticamente utilizando análise de variância (ANOVA) com nível
de significância de 5%.
3 RESULTADOS
Os ângulos do grau de curvatura antes e após instrumentação e seus
respectivos desvios padrão estão ilustrados na Figura 1. Pode-se observar que
em todos os grupos houve uma diminuição no grau de curvatura dos canais.
Dentre as técnicas utilizadas, a Mullaney apresentou maior alteração no grau
de curvatura, seguida pela Waveone gold e a X1 blue.
Figura 1. Representação gráfica da média do grau de curvatura inicial e final promovido pelas diferentes técnicas utilizadas e desvio padrão.
29,2
34,6
28
21,5
28,9
17,6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Waveone gold 025.07 X1 blue 25/06 Mullaney
Inicial
Final
10
De posse dos ângulos iniciais e finais, os dados foram comparados
intra-grupo pelo teste ANOVA em que foi evidenciada diferença
estatisticamente significante (p<0,05) em todos os três grupos (Tabela1). Desta
forma, podemos afirmar que todos os grupos alteraram a anatomia original do
canal radicular.
Tabela1. Comparação do desvio apical antes e após instrumentação com teste ANOVA
Tratamento Wave one gold 025.07
X1 blue 25/06 Mullaney
Valor p (p)=0,0001 (p)=0,0004 (p)= <0,0001
Foi realizada a comparação inter-grupo utilizando o percentual de
redução do grau de curvatura. Os resultados apontaram não haver diferença
estatisticamente significante entre os grupos (p=0,27). No entanto, podemos
observar que a técnica de Mullaney foi a que mais promoveu alteração no grau
de curvatura, seguida da Waveone Gold e X1 Blue.
Tabela2. Média percentual de redução do grau de curvatura e desvio padrão.
Grupo Média %Desvio
padrãoValor p
Waveone Gold 31 23
X1 blue 23 22 p= 0,27
Mullaney 40 24
4 DISCUSSÃO
Vários estudos demonstram o percentual de sucesso do tratamento
endodôntico crescendo e chegando a níveis superiores a 94%, especialmente
quando realizado uma técnica correta de desinfecção, modelagem e obturação
do sistema de canais radiculares11. Segundo Leonardo12, a fase químico-
cirúrgica do tratamento dos canais radiculares representa um papel relevante
em seu sucesso, sendo um dos princípios básicos desta modalidade
terapêutica.
11
Nesse momento, a fase de preparo é considerada crítica e a evolução
no campo da endodontia busca realizar uma eficaz limpeza, desinfecção e
modelagem do canal de forma a vencer os desafios anatômicos peculiares ao
paciente com os menores riscos possíveis, menor tempo e consequentemente
maior êxito13.
As variações anatômicas individuais explicam as diferentes técnicas e
instrumentos. Não existindo um consenso nem uniformidade de opinião entre
os profissionais, pois a escolha depende da anatomia interna, custos e
experiência do profissional.
O desvio acentuado da trajetória do conduto complica sua correta
limpeza, desinfecção e obturação, possibilitando o fracasso da terapia. Tais
erros acontecem durante a fase de instrumentação e decorrem principalmente
de anatomias complexas, curvatura acentuada ou uso de instrumentos pouco
flexíveis2.
No campo da endodontia contemporânea, os instrumentos
mecanizados em liga de níquel-titânio têm sido empregados com o objetivo de
contornar os desafios anatômicos e por apresentarem flexibilidade, corte e
menor tendência à retificação quando comparada aos instrumentos
convencionais8. Contudo, pesquisas com instrumentos de rotação cíclica
evidenciaram falhas como a fratura por fadiga. Técnica proposta por Yared,
aliou as vantagens da liga NiTi ao movimento reciprocante, que evidenciou
resultados superiores como maior resistência, vida útil e capacidade de
centralização do canal14.
Embora os resultados do presente estudo não apontem diferença
estatística significante entre os tratamentos (valor de p<0,05), em uma
abordagem descritiva pode-se observar uma diferença relevante entre os três
grupos. De tal forma, a técnica mullaney apresenta o maior desvio, seguida
pela Waveone gold e em seguida, pela X1 blue, que apresentou o menor grau
de transporte apical.
A verificação de um maior desvio na instrumentação com limas de aço
inoxidável utilizados na técnica Mullaney em comparação ao mecanizado
fabricado em Níquel-titânio está consoante com o estudo de Pires, Albergaria,
Tomazinho e Tomazinho13, que avaliou a instrumentação manual com limas de
aço inox comparada a instrumentação mecanizada com limas NiTi. Tal
12
diferença, segundo os autores da bibliografia de referencia, se justifica pela
menor memória elástica dos instrumentos manuais quanto comparados às ligas
de NiTi, além disso, quanto maior o taper do instrumento tipo K, menor sua
flexibilidade e consequentemente, a possibilidade de retificação do conduto
radicular8.
Gluskin, Brow e Buchanan15, avaliaram comparativamente os efeitos do
preparo com limas manuais em aço inoxidável e brocas Gates Gliden, com
instrumentos automatizados em Níquel-titânio. Em seu estudo, os preparos
biomecânicos dos canais radiculares com instrumentos NiTi apresentaram um
menor grau de desvio apical e maior conservação de estrutura dental.
Ademais, diversos estudos ressaltam a rapidez da técnica automatizada7.
Em todos os três grupo estudado foi possível evidenciar desvio apical,
fato que esta de acordo com a literatura. O presente resultado corrobora como
estudo de Costa16, em 2017, que avaliou o efeito da instrumentação
mecanizada no transporte apical, nenhum dos sistemas pesquisados, foi capaz
de manter a curvatura inicial, promovendo então o desvio apical.
Ao analisar os resultados obtidos, observa-se um menor desvio apical
na técnica utilizando a X1blue, que manteve 76,96% da conformação de
curvatura original do conduto, seguida pela Waveone gold, com 69,38%, e por
último, a técnica Mullaney, apresentando 60,11%. Em consonância com os
resultados obtidos nesta pesquisa, Boff17, em 2015, evidenciou um preparo
com menor desvio apical quando utilizado instrumento em níquel-titânio quando
comparado aos instrumentos manuais em aço inox. Além de serem mais
flexíveis, resistentes à torção e fratura.
Na endodontia, um dos maiores obstáculos é vencer a variação
anatômica do sistema de canais radiculares e promover a desinfecção em toda
a sua extensão. A conduta clássica e adotada pela maioria dos clínicos é a
instrumentação 1mm aquém do ápice radiográfico, instrumentando assim,
somente o canal dentinário. No entanto, essa pequena porção usualmente não
instrumentada tem área suficiente para abrigar cerca de oitenta mil
estreptococos. Em vista disso, atualmente têm-se preconizado a
instrumentação também no forame apical, promovendo limpeza. Outrossim, a
manutenção da patência promove a retirada de debris, facilitando a
desinfecção local4.
13
Seguindo esta linha de raciocínio, os estudos de Da Silva18, em 2011, e
Medeiros19, em 2015, constataram a influência do limite de instrumentação,
além do forame, em que foi averiguada a presença de desvio no forame apical.
Apesar disso, não foi prejudicial no tratamento final e obturação do sistema de
canais radiculares.
Então, o limite apical de instrumentação configura um tema controverso
na literatura, representando um dilema entre a escola clássica da endodontia
que preserva o canal cementário e protocolos modernos de ampliação do
forame apical. Ambos, com respaldo técnico e científico nas suas diferentes
correntes e, como são comuns na ciência e na clínica, protocolos podem
divergir, desde que respaldados por evidências científicas18.
5 CONCLUSÕES
Com base no desenho de pesquisa empregado e nos resultados
obtidos, foi possível constatar que todos os grupos estudados apresentaram
alteração no grau de curvatura do canal radicular. De forma que o grupo
instrumentado com limas X1 blue (MK Life) apresentou menor grau percentual
de desvio apical, seguido pelo grupo com lima Waveone gold (Dentsply-
Mailefer) e por fim, as limas manuais em aço inox empregadas na técnica
Mullaney.
REFERÊNCIAS
1. Luckmann G, Dorneles LC, Grando CP. Etiologia dos insucessos dos tratamentos endodônticos. Vivências: Rev Eletrônica Extensão da URI. 2013;9(16):133-139. 2. Occhi IGP, Souza AAR, Rodrigues V, Omazinho LFT. Avaliação de sucesso e insucesso dos tratamentos endodônticos realizados na clínica odontológica da UNIPAR. Rev. UNINGÁ Review. 2011;8(2):39-46. 3. Fontoura TAM, Weber A, Menon D, Grazziotin RS, Azevedo AS. Análise da influência do grau de curvatura na ocorrência de desvios apicais após o preparo oscilatório em canais simulados. RSBO: Rev Sul-Brasileira Odontol. 2010;7(3):212-319.
14
4. Lima TFR, Soares AJ, Souza Filho FJ. Avaliação morfológica do forame apical após o preparo endodôntico com dois sistemas rotatórios. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2012;66(4):272-276. 5. Coldero LG1, McHugh S, MacKenzie D, Saunders WP. Reduction in intracanal bacteria during root canal preparation with and without apical enlargement. Int Endod J. 2002;35(5):437-446. 6. Brandão PM. Influência da instrumentação do canal cementário no reparo de lesões periapicais: estudo em ratos. Salvador. Dissertação [Mestrado em Clínica Odontológica] – Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; 2014. 7. Machado MEL, Nabeshima CK, Leonardo MFP, Cardenas JEV. Análise do tempo de trabalho da instrumentação recíproca com lima única: WaveOne e Reciproc. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2012;66(2):120-124. 8. Pereira HSC, Silva EJNL, Coutinho-Filho TS. Movimento reciprocante em Endodontia: revisão de literatura. Rev Bras Odontol. 2013;69(2):246-249. 9. Dentsply Brasil. Instruções de uso RECIPROC® BLUE: limas para Odontologia. Rio de janeiro: Romibras LTDA; [2015]. 10. Schneider SW. A comparison of canal preparations in straight and curved root canals. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol 1971;32(2):271-275. 11. Mărgărit R, Andrei OC, Mercuţ V. Anatomical variation of mandibular second molar and its implications in endodontic treatment. Rom J Morphol Embryol. 2012;53(2):413-416. 12. Leonardo MR, Leonardo RT. Tratamento de canais radiculares. 2. ed. São Paulo: Artmed; 2017.
13. Pires LB, Albergaria SJ, Tomazinho FSF, Tomazinho LF. Avaliação radiográfica do desvio apical de canais radiculares curvos após emprego da instrumentação manual e rotatória. RSBO. 2009;6(3):279-285. 14. Yared G. Canal preparation using only one Ni-Ti rotary instrument: preliminary observations. Int Endod J. 2008;41(4):339-344. 15. Gluskin AH, Brown DC, Buchanan LS. A reconstructed computerized tomographic comparison of Ni–Ti rotary GT™ files versus traditional instruments in canals shaped by novice operators. Int End J. 2001;34(6):476-484. 16. Costa EL, Sponchiado Junior EC, Carvalho FMA, Garcia LFR, Marques AAF. Desvio apical promovido por sistemas rotatórios e reciprocantes: estudo piloto em canais simulados. Rev Odontol Bras Central. 2017;26(79)32-36.
15
17. Boff LB; Cord CB, Galafassi D, Melo TAF. Análise do desvio apical promovido por três tipos de sistemas endodônticos: manual, rotatório e reciprocante. Dent Press Endod. 2015;5(2):40-44. 18. Silva JM. Influência do alargamento foraminal na anatomia apical e na qualidade de selamento após obturação. Piracicaba. Tese [Doutorado em Clínica Odontológica] – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba; 2011. 19. Medeiros TA. Avaliação in vitro do desvio e microinfiltração apical em dentes submetidos à ampliação foraminal com sistemas rotatório e reciprocante. Natal. Monografia [Graduação em Odontologia] – Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2015.
16
ANEXOS
ANEXO I – Normas para publicação em Dental Press Endodontics
O Dental Press Endodontics publica artigos de investigação científica, revisões
significativas, relatos de casos clínicos e de técnicas, comunicações breves e
outros materiais relacionados à Endodontia, tendo a missão de difundir os
avanços científicos e tecnológicos nessa área, que contribuam
significativamente à comunidade de pesquisadores em níveis local, regional e
internacional, visando à publicação da produção técnico-científica, relacionada
à saúde e, especialmente, à Endodontia. — O Dental Press Endodontics utiliza
o GNPapers, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para
submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com.br —
Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press
International Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 CEP 87.015-001,
Maringá/PR Tel.: (44) 3033-9818 E-mail: [email protected] — As
declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente
correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão
qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher
garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nessa
publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve
determinar se deve agir conforme as informações contidas nessa publicação. A
Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer
dano advindo da publicação de informações errôneas. — Os trabalhos
apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para
publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e
consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. Os autores devem seguir as
orientações descritas a seguir.
ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS — Os trabalhos
devem, preferencialmente, ser escritos em língua inglesa. — Apesar de ser
oficialmente publicado em inglês, o Dental Press Endodontics conta ainda com
uma versão em língua portuguesa. Por isso serão aceitas, também,
submissões de artigos em português. — Nesse caso, os autores deverão
também enviar a versão em inglês do artigo, com qualidade vernacular
adequada e conteúdo idêntico ao da versão em português, para que o trabalho
possa ser considerado aprovado.
FORMATAÇÃO DOS MANUSCRITOS — Submeta os artigos usando o
website: www.dentalpressjournals.com.br — Organize sua apresentação como
descrito a seguir.
17
1. Autores — o número de autores é ilimitado; entretanto, artigos com mais de
4 autores deverão informar a participação de cada autor na execução do
trabalho.
2. Página de título — deve conter título em português e em inglês, resumo e
abstract, palavras-chave e keywords. — não devem ser incluídas informações
relativas à identificação dos autores (por exemplo: nomes completos dos
autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos
administrativos). Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no
site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão
disponíveis para os revisores.
3. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250
palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem
conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS,
descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os
resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando, além das conclusões do
estudo, as implicações clínicas dos resultados. — os resumos devem ser
acompanhados de 3 a 5 palavras- -chave, também em português e em inglês,
adequadas conforme orientações do DeCS (http://decs.bvs.br/) e do MeSH
(www.nlm.nih.gov/mesh).
4. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução,
Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e
Legendas das figuras. — os textos devem ter no máximo 3.500 palavras,
incluindo legendas das figuras e das tabelas (sem contar os dados das
tabelas), resumo, abstract e referências. — as figuras devem ser enviadas em
arquivos separados (leia mais abaixo). — insira as legendas das figuras
também no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo.
5. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou PNG, em RGB
ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 DPIs de resolução. —
devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi
publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original.
— todas as figuras devem ser citadas no texto.
6. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser citados, no texto, como
figuras. — devem ser enviados os arquivos que contêm as versões originais
dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua
confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de
imagem bitmap (não editável). © 2018 Dental Press Endodontics 91 Dental
Press Endod. 2018 Sept-Dec;8(3):90-2 Normas de apresentação de originais
— os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela
produção da revista, a critério do Corpo Editorial.
18
7. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e
não duplicar, o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na
ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada
tabela. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de
rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de
texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não
editável).
8. Comitês de Ética — os artigos devem, se aplicável, fazer referência ao
parecer do Comitê de Ética da instituição.
9. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das
seguintes declarações: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo os direitos
autorais do manuscrito para a Dental Press, caso o trabalho seja publicado. —
Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para
com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção
aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento
das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da
Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por
experimentação humana/animal. — Permissão para uso de imagens protegidas
por direitos autorais Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de
material com direitos autorais devem vir acompanhadas da permissão de uso
pelos proprietários desses direitos e pelo autor original (e a legenda deve dar
corretamente o crédito à fonte). — Consentimento Informado Os pacientes têm
direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento
informado. Fotografias de pessoas identificáveis devem vir acompanhadas por
uma autorização assinada pela pessoa ou pelos pais ou responsáveis, no caso
de menores de idade. Essas autorizações devem ser guardadas
indefinidamente pelo autor responsável pelo artigo. Deve ser enviada folha de
rosto atestando o fato de que todas as autorizações dos pacientes foram
obtidas e estão em posse do autor correspondente. 10. Referências — todos
os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as
referências devem ser citadas no texto. — para facilitar a leitura, as referências
serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências
devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e
numeradas na ordem em que são citadas. — as abreviações dos títulos dos
periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index
Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é
responsabilidade dos autores e elas devem conter todos os dados necessários
para sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do
texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih.
gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos a seguir:
Artigos com até seis autores Vier FV, Figueiredo JAP. Prevalence of different
periapical lesions associated with human teeth and their correlation with the
19
presence and extension of apical external root resorption. Int Endod J
2002;35:710-9.
Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M,
Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of
adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-
32.
Capítulo de livro Nair PNR. Biology and pathology of apical periodontitis. In:
Estrela C. Endodontic Science. São Paulo: Artes Médicas; 2009. v. 1. p. 285-
348.
Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent
pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes
Education Services; 2001.
Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Debelian GJ. Bacteremia
and Fungemia in patients undergoing endodontic therapy. [Thesis]. Oslo -
Norway: University of Oslo, 1997.
Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de
Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press
Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008].
Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf