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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA ITACY DE ARAÚJO ROCHA A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR NA PERSPECTIVA DA ESCUTA À VIDA: O ENSINO HUMANIZADO NATAL/RN 2017.1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA

ITACY DE ARAÚJO ROCHA

A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR NA

PERSPECTIVA DA ESCUTA À VIDA: O ENSINO HUMANIZADO

NATAL/RN

2017.1

1

ITACY DE ARAÚJO ROCHA

A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR NA

PERSPECTIVA DA ESCUTA À VIDA: O ENSINO HUMANIZADO

Artigo apresentado como trabalho de conclusão de

curso na graduação de Pedagogia do Centro de

Educação da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como requisito parcial para obtenção do

Grau de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jacyene Melo de Oliveira

Araújo.

NATAL/RN

2017.1

2

A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR NA

PERSPECTIVA DA ESCUTA À VIDA: O ENSINO HUMANIZADO

Por

ITACY DE ARAÚJO ROCHA

Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso

na graduação de Pedagogia do Centro de Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura

em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jacyene Melo de Oliveira Araújo

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Prof.ª Dr. ª Jacyene Melo de Oliveira Araújo (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________________

Prof.ª Dr. ª Giane Bezerra Vieira (Examinadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________________

Prof.ª Msc.ª Ivone Priscilla de Castro Ramalho (Examinadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

3

AGRADECIMENTO

Ao relembrar a trajetória da graduação é inevitável o sentimento de que o

percurso dessa conquista fortaleceu-me e evoluiu-me de maneira singular. Percebo que

algumas pessoas foram essenciais nesta caminhada. Dessa maneira, o sentimento de

gratidão se direciona a todos aqueles que estiveram ao meu lado, independente da

conjuntura. Portanto, dedico esse sucesso aos professores que genuinamente

destacaram-se durante minha formação; a minha professora e orientadora Jacyene

Oliveira por todas as oportunidades e aprendizagens permitidas; à doutoranda Ana

Glícia Medeiros por todos conselhos e auxílio; aos meus pais por todo o investimento e

incentivo; às minhas irmãs por todo o apoio, cuidado e amizade; à minha sobrinha por

todos os momentos de aprendizado que o seu desenvolvimento me proporcionou, ao

meu noivo por toda a parceria, compreensão, suporte e carinho e aos amigos por todo o

zelo, incentivo e emoções compartilhadas. Por fim, almejo que minha atuação

profissional resgate a essência do que eu mais acredito na educação: o conhecimento

que liberta e resgata e a formação humana para uma sociedade igualitária e justa!

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A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR NA

PERSPECTIVA DA ESCUTA À VIDA: O ENSINO HUMANIZADO

Itacy de Araújo Rocha1

Jacyene Melo de Oliveira Araújo2

Resumo:

Na contemporaneidade observa-se que o curso de pedagogia tem discutido a atuação do

pedagogo para além da sala de aula. Dessa forma, percebe-se que esse profissional é

capaz de exercer seu papel em diferentes espaços. Logo, a pedagogia no âmbito

estrutural e legal deixa de direcionar-se apenas ao horizonte do ensino e aprendizagem e

de restringir-se ao âmbito escolar. Assim, com base nessa compreensão, este artigo

trata sobre uma vertente da educação em contexto não escolar: o atendimento

educacional no ambiente hospitalar. Partindo da minha experiência como bolsista de

Iniciação Científica do projeto “O Atendimento Educacional Hospitalar das Crianças de

0 a 5 Anos: Um Estudo das Características da Implementação de Uma Classe Hospitalar

na Educação Infantil no HOSPED3 (UFRN)”, orientado pela professora doutora Jacyene

Melo de Oliveira Araújo, a pesquisa tem como objetivo discutir sobre

indispensabilidade da classe hospitalar no prisma da escuta à vida, a qual concebe uma

educação visa o ser humano de maneira integral, para além dos processos de ensino e

aprendizagem restritos ao ambiente escolar, repercutindo positivamente na criança

hospitalizada. No quesito metodológico o estudo foi estruturado pela pesquisa

bibliográfica , empírica e qualitativa em educação. Fundamentada nos pressupostos dos

teóricos Silva e Andrade (2013), Ceccim, (1999) Ceccim e Fonseca (2009), e Matos e

Mugiatti (2009) e Matos (2014), além da análise documental das leis e dos documentos

oficiais da tendência pedagógica no hospital. Os instrumentos para a consolidação da

pesquisa basearam-se na conjectura de Bogdan e Biklen (1994) e Haguette (2010).

Assim, foram realizadas entrevistas individuais com questionários semiestruturados de

perguntas abertas e fechadas com a equipe multidisciplinar da pediatria do HUOL.

Debater sobre esse cenário de ação do pedagogo permite que o meio social e acadêmico

conheça a proposta de trabalho deste profissional e compreenda a relevância do seu

papel no contexto hospitalar. Não obstante, propagar o valor dessa prática é elencar sua

indispensabilidade para a criança hospitalizada.

Palavras chaves: Classe Hospitalar; Escuta à vida; Ensino humanizado; Atenção

integral.

1 Graduanda em Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista (PROPESQ-

UFRN), Email: [email protected] 2 Professora do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora deste

trabalho de conclusão de curso (TCC). 3 Atualmente o Hospital Pediátrico (HOSPED) não existe mais, foi transformado em uma unidade de

pediatria no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL).

5

Abstract:

Nowadays it's noticeable that pedagogics studies are discussing the pedagogue's work

beyond the classroom. So it's possible to realize that this professional is capable of

exercising his part in different spaces, therefore, pedagogy in it is structure and legality

is no longer directed only to the horizon of teaching-learning and restricting itself to the

school. Based on this comprehension this article looks to an educational strand outside

of the school, more specifically: the teaching and learning process inside hospitals.

From my experience as a scientific intern in the project: "Teaching processes inside

hospitals with children from 0 to 5 years old: A study of the characteristics about the

implementation of a hospitalar classroom to children inside HOSPED (UFRN)"

supervised by the Professor Jacyene Melo de Oliveira Araújo. The research focus on the

approach of an indispensable need to an education inside the hospitals as an attention to

a life's need, with integral care that regards the human being as a whole, and on this

case, education beyond the teaching-learning processes, and also its positives effects in

the hospitalized child. In the methodological aspect, the study was structured by the

bibliographical, empirical and qualitative research in education. Based on the

assumptions of the theorists Silva and Andrade (2013), Ceccim, (1999) Ceccim and

Fonseca (2009), and Matos and Mugiatti (2009) and Matos (2014), besides

documentary analysis of the laws and official documents of the pedagogical at the

hospital. For the consolidating the research were based on the conjecture of Bogdan and

Biklen (1994) and Haguette (2010). Individual interviews were conducted with semi-

structured questionnaires of open and closed questions with the multidisciplinary team

of pediatrics at HUOL. Debating the pedagogue's work place allows for the social and

academical environment to know this project's action proposals and understand the

relevancy of this professional inside the hospitalar context. Nevertheless, disseminating

this practice shines a light about its indispensability to the children residing inside

hospitals.

Keywords: Inside Hospitals Classrooms; Life's Need; Humanized Teaching; Integral

Care.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A educação em ambiente hospitalar consiste no atendimento pedagógico

educacional, que ocorre em um ambiente de tratamento de saúde (internação ou

atendimento em hospital-dia). O intuito básico da classe hospitalar é avigorar os

vínculos escolares, mantendo o elo entre o aluno e sua escola de origem (posteriormente

a reinserção do aluno na escola), a fim de evitar os índices de repetência e evasão

escolar.

A classe hospitalar pode contribuir significativamente para o processo de

recuperação da autoestima, identidade social e vida da criança hospitalizada. Dessa

maneira, o propósito principal deste artigo é discutir sobre a relevância da classe

hospitalar na perspectiva da escuta à vida, isto é, um ensino humanizado como um dos

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meios da atenção integral que viabiliza a recuperação da criança hospitalizada. A

“escuta à vida”, termo utilizado por Ceccim e Carvalho (1997), compreende que o

pedagogo entendendo as singularidades de um aluno hospitalizado não o enxerga

apenas como um ser cognitivo, mas em diversos aspectos, de forma integral. A escuta

capta as entrelinhas do discurso (ou do silêncio) e entra em contato com as

peculiaridades de cada indivíduo. Dessa maneira, essa escuta assume caráter

fundamental, atuando como, apoio, conforto e estabelece conexões, emoções e

necessidades intelectuais.

Para Pimenta (2002) a educação é “[...] uma prática humana, uma prática social,

que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais,

que dá uma configuração à nossa existência humana individual e grupal.” (p. 64). Desse

modo, a classe hospitalar será abordada não apenas como o direito à educação e

testificação de cidadania, mas também como direito à atenção integral do

aluno/paciente.

É perceptível que, por se tratar de uma abordagem contemporânea, a vertente

hospitalar na pedagogia ainda não recebe a devida atenção no meio acadêmico. Logo, os

relatos da ação pedagógica nesse cenário ainda são discutidos progressivamente. Pelo

exposto, surgem algumas inquietações a respeito da pedagogia no contexto hospitalar.

Dentre elas, compreender os princípios básicos e particularidades da educação na

vertente hospitalar, as leis que fundamentam o direito ao acesso à educação no hospital

e qual o papel para além os processos de ensino e aprendizagem que o pedagogo assume

nesse espaço.

Para fundamentar esse artigo, esse trabalho foi construído a partir de uma

pesquisa exploratória na dimensão bibliográfica e empírica(GIL, 2008) e qualitativa em

educação (GODOY,1995). Portanto, com base nas impressões do meu contato direto

como bolsista (observação participante) de Iniciação Científica na Classe Hospitalar do

Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL, para a compreensão, pretende-se analisar

aqui a perspectiva dos participantes da situação (alunos, pedagogo, equipe

multiprofissional), bem como a fundamentação nos pressupostos dos teóricos Silva e

Andrade (2013), Ceccim e Fonseca (1997), Matos e Mugiatti (2001) e Matos (2014), a

análise documental das leis e dos documentos oficiais da tendência pedagógica no

hospital e entrevistas com profissionais envolvidos no contexto.

Em relação aos instrumentos para a consolidação da pesquisa, estes foram

baseados na conjectura de Bogdan e Biklen (1994) e Haguette (2010). Dessa forma,

7

foram realizadas entrevistas individuais com questionários semiestruturados de

perguntas abertas e fechadas com a equipe multidisciplinar da pediatria do HUOL

(assistente social, psicólogo, nutricionista, enfermeiro, pediatra e as pedagogas), as

quais tiveram o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o tema abordado aqui e

revelar aspectos importantes da escuta à vida (CECCIM e CARVALHO, 1997) da

classe hospitalar do HUOL, oportunizando assim uma flexibilidade e amplitude para as

análises com o intuito de efetivar a pesquisa e traçar as conclusões finais.

Contudo, com o interesse de facultar uma discussão pertinente, este artigo

percorrerá conforme a divisão das seguintes temáticas: no primeiro ponto haverá uma

concisa conjuntura histórica do ser pedagogo; no segundo ponto uma breve

contextualização sobre o atendimento educacional hospitalar e seu ordenamento legal;

no terceiro ponto o diálogo entre a educação e saúde como um meio para o bem-estar

da criança enferma; no quarto ponto a classe hospitalar no ponto de vista de escuta à

vida e, nas entrelinhas, será explorada a justificativa da presença do pedagogo na classe

hospitalar. Nas considerações finais será apresentado os resultados encontrados.

Conforme a necessidade do pedagogo em um cenário hospitalar, pretende-se,

enfim, que os resultados da pesquisa somem com as reflexões contemporâneas acerca

da pedagogia, contribuindo expressivamente com os processos de construção social e

educacional e visando o desenvolvimento humano e integral por intermédio da

educação.

2. A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR

NA PERSPECTIVA DA ESCUTA À VIDA: O ENSINO HUMANIZADO

2.1 Uma breve contextualização histórica geral da formação do ser pedagogo e da

educação hospitalar: marcos relevantes.

Os pedagogos nem sempre desempenharam funções como profissionais da

educação. Por isso, no decorrer dos séculos, o “ser pedagogo” se esculpiu até resultar no

ofício que se conhece hoje. Na antiguidade a educação era pensada como um meio de

garantir a continuidade histórico-cultural em uma sociedade. A civilização grega foi o

berço da educação ocidental e foi na Grécia Antiga que o termo “pedagogo” surgiu.

Nessa época, ao pedagogo (paidagogos), era estabelecida a função de escravo/guardião,

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o qual conduzia e acompanhava as crianças até o local de ensino, segundo Aranha

(2006):

A palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a

criança, com o tempo o sentido do conceito ampliou-se para designar

toda teoria sobre a educação. [...]. Os gregos esboçaram as primeiras

linhas conscientes da ação pedagógica e assim influenciaram por séculos a cultura ocidental. (ARANHA, 2006, p.67)

Foi nesse cenário que Platão, Sócrates e Aristóteles consolidaram o que hoje

conhecemos por Filosofia da Educação. Seus princípios de aprendizagem retórica,

valorização do físico e do intelecto e a transmissão de conhecimentos para formar o

homem até hoje são indeléveis nas ações pedagógicas de educadores. Contudo, em

conformidade com Silva e Andrade (2013), Platão é visto como o pai da pedagogia,

uma vez que organizou currículo e ideias de como educar o homem de forma integral.

Cambi (1999) pontua que os modelos de pensamentos dos filósofos citados

acima também foram encontrados na Idade Média, embora baseado nos modelos

filosóficos, os pressupostos dessa época eram direcionados para uma visão cristã. A

corrente mais famosa desse cenário foi a de Santo Agostinho, o qual foi considerado o

mestre da pedagogia cristã, e a de São Tomás de Aquino, que propôs o pensamento

racionalista respaldado na fé. Mais a frente, a Europa conhece a educação humanista,

na qual o humano é priorizado em detrimento do espiritual. A corrente protestante de

Lutero vem para contestar o cristianismo, e afirma que a educação deve valorizar a

alfabetização como acessível a todos, fazendo com que a educação seja percebida como

utilidade social.

Durante a Reforma protestante, a Igreja Católica, com a criação da Companhia

de Jesus, baseava as ações pedagógicas na propagação da fé, na luta contra os infiéis e

desenvolvimento das potencialidades do ser humano (retomando o idealismo de São

Tomé de Aquino), uma vez que havia o receio de que os pensamentos humanistas

pudessem desviar a fé dos educandos (SILVA e ANDRADE, 2013). Cambi (1999)

pontua que a modernidade vem com uma educação que prioriza a formação do caráter e

intelecto. Com a economia Liberal iniciada no século XVIII, a pedagogia permite mais

avanços em seu cerne e, por conseguinte, os novos horizontes implicam em novos

pensadores: Jean-Jacques Rousseau (pai da pedagogia contemporânea) com a união da

pedagogia e política e a crença de que o homem nasce bom, mas a sociedade o

9

corrompe, John Dewey que imprimiu a educação à prática e a democracia e Maria

Montessori propondo a autoeducação do aluno.

Por fim, a contemporaneidade nasce com a Revolução Francesa. Segundo Cambi

(1999), nessa época de transformação sociocultural o pensar pedagógico é determinado

pela ideologia de Karl Max: a educação deve ser analisada criticamente e não mais de

maneira reprodutiva. Outros nomes importantes no século XX foram Célestin Freinet,

defendendo que o educador deve estimular a criança a procurar a resposta de suas

inquietações, Jean Piaget que pensou a gênese do desenvolvimento da criança, além de

Lev Vigotsky sobre a relação entre o sujeito e a sociedade.

No Brasil, Saviani (2008) afirma que foi no século XIX que houve a

generalização do termo pedagogia, o qual começou a ser usado para conectar a ideia de

pensar e fazer a educação. Logo, a organização do campo educacional implicava na

profissionalização e formação específica na área. Em 1878 o exercício do magistério se

direcionava àqueles que possuíam o desejo de lecionar. O curso de Pedagogia foi

regulamentado em 4 de abril de 1939, pelo decreto 1.190 (SILVA, 2003), e era

destinado à formação de bacharéis e licenciados.

Cada um desses teóricos que hoje são referências contribuiu na inovação e

ativismo do debate filosófico sobre a educação. É resgatando a história da educação que

é possível se pensar nas diferentes identidades assumidas pelos pedagogos. De acordo

com Silva e Andrade (2013): “desde a antiguidade, o ensino vem se transformando

paulatinamente, fomentado por novas propostas educativas que tendem a sofrer

influência das necessidades atuais vividas por cada sociedade.” No desdobrar da

história, a Pedagogia passou por diversas mudanças e se esculpiu como um curso de

formação humana, com perspectivas que transcendem o cenário de apenas ensino e

aprendizagem. À vista disso, sendo um campo com identidade própria, o objeto de

estudo da Pedagogia compreende os elementos da ação educativa e sua

contextualização, que abarca o educando, educador, saberes e o contexto em que ocorre

as práticas interativas e pedagógicas. Por fim, o pedagogo é o profissional responsável

pela ação educativa nas distintas esferas de modalidades e cenários de atuação. De

acordo com Libâneo (2006):

A pedagogia não se resume a um curso, antes, a um vasto campo de

conhecimentos, cuja natureza constitutiva é a teoria e a prática da educação ou a teoria e a prática da formação humana. Assim, o objeto

próprio da ciência pedagógica é o estudo e a reflexão sistemática

10

sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas em todas as

suas dimensões (LIBÂNEO, 2006, p.5).

O pedagogo tinha, a princípio, sua ação restrita apenas no espaço escolar.

Entretanto, um novo cenário se constitui e essa profissão traz novos campos e

perspectivas. Libâneo (1996) afirma que há uma pluralidade de práxis educativas

intencionais na sociedade que podem se estabelecer como escolares e não escolares e

Gadotti (2004) compreende o pedagogo como aquele o qual não é indiferente e neutro

diante da realidade que atua (intervém nela). Uma vez inseridos num contexto de

relações globais, entende-se que continuamente uma nova sociedade emerge e que as

mudanças de ideias se fazem presentes nas nuances trabalhistas, culturais e sociais.

Assim, foi necessário que os pedagogos acompanhassem e se adequassem a essas

transformações, qualificando-se de acordo com esses processos de mudanças e

assumindo um caráter de prática multidimensional. Essa ideia quebra paradigmas e

possibilita um novo cenário de atuação, como também a criação de uma nova identidade

profissional. Dessa maneira, o pedagogo, corroborando com Libâneo:

É o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de

transmissão e assimilação ativa dos saberes e modo de ação, tendo em vista objetivos de formação humana definidos em sua

contextualização histórica. (LIBÂNEO, 1998, p. 127).

Compreendendo que o campo da pedagogia não é limitado unicamente ao

cenário escolar, outros horizontes de atuação afluem propondo um olhar pedagógico em

outros contextos. Dentre os campos diversos de possibilidades do pedagogo, emerge a

pedagogia na vertente hospitalar. Embora a área seja uma discussão contemporânea na

educação, esta advém durante a II Guerra Mundial. Seguindo a historicidade daquele

contexto, a tendência hospitalar partiu da necessidade de amparo às crianças e

adolescentes em idade escolar que foram feridas e permaneciam em hospitais por longos

períodos. Nessa linha de pensamento, de acordo com Esteves (2008), a classe hospitalar

é inaugurada no ano de 1935 em Paris pelo prefeito de Surenses, Henri Sellier, com o

intuito de oportunizar a crianças hospitalizadas o prosseguimento de seus estudos dentro

do hospital.

Com o apoio de médicos, religiosos e voluntários, a classe hospitalar foi

conquistando espaço na sociedade e sendo difundida em vários países como Alemanha e

Estados Unidos, os quais criaram classes hospitalares para atender crianças tuberculosas

11

impossibilitadas de frequentar a escola. Em 1939 é fundado o Centro Nacional de

Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada de Suresnes (CNEFEI) e a função de

professor para a classe hospitalar. Na Alemanha, de acordo com Matos e Mugiatti

(2001), na década de 1960 as clínicas pediátricas passaram a adotar um atendimento

mais humanizado. Tal decisão foi estabelecida pela conscientização da importância do

bem estar físico e mental da criança e do adolescente enquanto enfermo.

No Brasil, Fonseca (1999) afirma a existência de registros indicando que a

Classe Hospitalar surgiu na cidade do Rio de Janeiro, em 1950, no Hospital Menino

Jesus e que continua atuando com a modalidade de atendimento educacional na

atualidade. Em São Paulo, também na década de 50, nasce a primeira classe hospitalar

no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, tendo sido os primeiros atendimentos

pedagógicos realizados na enfermaria do Hospital.

Ainda a esse respeito, Fonseca (1999) pontua que desde essa época o

atendimento pedagógico hospitalar vem crescendo de maneira paulatina. É no ano de

1994 que é definido o termo “classe hospitalar” e a legislação reconhece a classe

hospitalar prevista pelo Ministério da Educação e do Desporto a partir da publicação da

Política Nacional de Educação Especial. Por fim, em 2002, o Ministério da Educação,

por intermédio da Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de

estratégias e orientações para atendimento nas classes hospitalares.

É relevante também ter o conhecimento do contexto da Classe Hospitalar do

Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), lócus que proporcionou conhecimentos e

vivências para a construção deste artigo. Conforme Araújo et al. (2016), a Classe

Hospitalar do HUOL foi implementada em 2015 e, antes de ela ser consolidada, no

mesmo espaço físico se situava a brinquedoteca, a qual dispunha de bolsistas de apoio

técnico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Contudo, com a

fundação da classe, duas pedagogas da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande

do Norte (SEEC/RN) assumiram a classe hospitalar, sendo uma no turno matutino e

outra no vespertino. Até a atualidade, o atendimento educacional do HUOL desenvolve

ações educacionais tanto no espaço da classe hospitalar quanto nos leitos,

responsabilizando-se pelo atendimento pedagógico no hospital para as crianças e

adolescentes internados, garantindo, portanto, o direito à escolarização e reinserção

educacional após receber alta.

12

2.2 Princípios básicos e amparo legal no âmbito nacional e local da Classe

Hospitalar

O Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Especial, em

2002, estabelece que a função básica da classe hospitalar é promover o

acompanhamento pedagógico do processo de desenvolvimento e construção do

conhecimento de sujeitos que estão matriculados ou não no ensino regular da educação

básica, os quais se encontram impossibilitados de frequentar a escola por um período

temporário ou permanente. Essa alternativa de acesso à educação está inserida no

campo da Educação Especial. Nesse sentido, para os educandos com necessidades

educacionais especiais, o sistema de ensino deve garantir que currículo, práticas,

métodos e recursos específicos atendam à particularidade do aluno. Então, se tratando

de educação hospitalar, estar hospitalizado não é estar excluído, pois a criança antes de

ser paciente é cidadã e mesmo com a saúde comprometida tem direito ao acesso à

educação.

Segundo Matos e Mugiatti (2009), este enfoque educativo no hospital surgiu do

pressuposto de que a criança e o adolescente hospitalizado em idade escolar não deve

suspender o processo de desenvolvimento do conhecimento escolar. Desse modo, este

atendimento pedagógico no hospital cumpre a função de estimular a continuidade do

currículo escolar para que estes estudantes não sejam prejudicados no processo de

escolarização, evitando a repetência e a evasão escolar. Sendo assim, este atendimento

de educação especial objetiva auxiliar os pacientes na adaptação da nova realidade na

qual estão inseridos, além de manter o vínculo com o mundo exterior para conservar

seus laços com familiares e amigos. Corroborando com Fontes (2004):

[...] a abordagem pedagógica pode ser entendida como instrumento de

suavização dos efeitos traumáticos da internação hospitalar e do

impacto causado pelo distanciamento da criança de sua rotina, principalmente no que se refere ao afastamento escolar. O período de

hospitalização é transformado, então, num tempo de aprendizagem, de

construção de conhecimento e aquisição de novos significados, não sendo preenchido apenas pelo sofrimento e o vazio do não

desenvolvimento afetivo, psíquico e social (FONTES, 2004, p.7).

No que diz respeito à organização e funcionamento administrativo e pedagógico

das classes hospitalares, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) declara que este

atendimento se vincula aos sistemas de educação, pois é uma unidade das Secretarias

13

Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Educação, bem como às direções clínicas

dos sistemas de saúde em que as classes estão inseridas (BRASIL, 2002). Entretanto, é

de competência da Secretaria de Educação o serviço do atendimento pedagógico

hospitalar e domiciliar, assim como contratação, capacitação de docentes e a provisão

de recursos financeiros e materiais das classes.

Ainda citando o documento de orientação do MEC, o atendimento poderá

ocorrer tanto na classe hospitalar quanto na enfermaria, no leito ou no isolamento,

respeitando a condição do educando. O professor que está à frente da classe hospitalar

deve conhecer a dinâmica do trabalho pedagógico no contexto hospitalar e domiciliar,

articular -se com a equipe de saúde do hospital, a Secretaria de Saúde, a escola de

origem do aluno e ser capacitado para trabalhar com as necessidades de educação

especial de cada educando, devendo implantar um currículo flexível e adaptado para

esse cenário educativo que oportunize trabalho intelectual, atenção integral e bem-estar

ao aluno (BRASIL, 2002).

A hospitalização não deixa a criança inábil; ela continua em desenvolvimento e

há inúmeras possibilidades de estimular o seu potencial. A classe hospitalar resgata a

criança para a escola, promove momentos de socialização, de trabalho de autoestima e

oportunidades de aprendizagem que excitam, além do cognitivo, o desejo de cura e de

viver. Compreendendo os fatores de direito e de valor da educação para a criança

hospitalizada, a legislação brasileira reconhece o direito de acesso à educação à criança

doente. Sendo o hospital um local onde a aprendizagem favorece positivamente o

sujeito internado, há amparo legal para que o aluno em condições especiais de saúde,

encontrando-se hospitalizado ou em domicílio, tenha direitos ao atendimento

profissional pedagógico segundo as seguintes determinações a seguir: a Constituição

Federal/88, art.205; a Lei nº 8.069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente; a

Resolução nº41/ 95 do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do

Adolescente; a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional nº 9.394/96; a Resolução

nº02/01–CNE/CEB das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação

Básica; o Documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar:

estratégias e orientações, editadas pelo MEC em 2002 e o Plano Nacional de Educação

do Rio Grande do Norte, Lei 10.046/2016. Cada base legal citada confirma o direito à

educação mesmo a criança estando em condições especiais de hospitalização,

entendendo a classe hospitalar como caminho que atesta a mesma como cidadã, dessa

forma, Fontes (2004) afirma:

14

A classe hospitalar contemporânea, além de atender às necessidades

pedagógico-educacionais da criança e do adolescente hospitalizados (necessidades provenientes de atenção integral ao seu crescimento e

desenvolvimento), obedece aos fundamentos políticos da educação, isto

é, ratifica o respeito aos princípios democráticos da igualdade, da liberdade e da valorização da dignidade humana (FONTES, 2004, p.4).

De acordo com a Constituição Federal Brasileira de 1988, a educação é um

direito resguardado por lei, sendo obrigação do Estado e da família e que deve ser

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Há políticas específicas que

também asseguram os direitos das crianças e adolescentes: o Estatuto da Criança e do

Adolescente- ECA (Brasil, 1990) reafirma, no capítulo IV, o direito à educação para

todas as crianças e adolescentes. O documento também convalida a esses sujeitos o

direito de escolaridade em situações de tratamento hospitalizado.

A Política Nacional de Educação Especial (PNEE) propõe que a educação nesse

contexto se faça por meio das classes hospitalares, uma vez que a hospitalização

determina restrições nas áreas social, escolar e nas relações de aprendizagens com

colegas e professores. Assim, define a classe hospitalar como um: "ambiente hospitalar

que possibilita o atendimento educacional de crianças e jovens internados, que

necessitam de educação especial ou que estejam em tratamento.” (BRASIL, 1994).

No ano de 1995 o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

(CONANDA), na resolução de n.º 41, no artigo 9º, afirma que é “Direito de desfrutar de

alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do

currículo escolar durante sua permanência hospitalar” (CONANDA, 1995).

A educação tem potência para reconstruir a integralidade e a humanização nas

práticas de atenção à saúde para propor outro tipo de acolhimento às famílias nos

hospitais, uma interação de aposta no crescimento das crianças. O aluno hospitalizado

precisa sentir que está aproveitando seus direitos de cidadão e que é parte de uma

sociedade, especialmente por já está se sentindo fora de seu ambiente de convívio social

e familiar, fazendo-se necessário, nesse sentido, um trabalho de inclusão. Corroborando

com Matos e Mugiatti (2009):

O que mais importa é que a criança ou adolescente hospitalizado venha receber, sempre e com o máximo empenho, o atendimento a

que fazem jus, nessa tão importante fase de sua vida, da qual depende

a sua estrutura, enquanto pessoa e cidadã. (MATOS E MUGIATTI,

2009, p. 65).

15

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), no artigo 5°, atesta

que para assegurar o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará

formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, inclusive com a

possibilidade de se organizar de diferentes maneiras para promover o processo de

aprendizagem. Dentre as situações que exigem formas alternativas de acesso ao ensino,

há aquelas que caracterizam a produção intelectual no campo da educação especial

(BRASIL, 1996).

No ano de 2002, o Ministério da Educação e Cultura lança o documento “Classe

Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações”, o qual

aborda os princípios e fundamentos da classe hospitalar e do atendimento domiciliar.

Tal documento é um instrumento que compreende as particularidades do processo

pedagógico e educativo do indivíduo hospitalizado, bem como as responsabilidades do

poder público. Esses alunos com necessidades educacionais no hospital precisavam ser

contemplados em políticas de educação específicas:

Na impossibilidade de frequência à escola, durante período de

tratamento de saúde ou de assistência psicossocial, as pessoas

necessitam de formas alternativas de organização e oferta de ensino de modo a cumprir com os direitos à educação e a saúde, tal como

definidos na Lei e demandados pelo direito à vida em sociedade.

(BRASIL, 2002, p.11).

Finalizando no cenário local, de acordo com o Araújo et al. (2016), o Estado do

Rio Grande do Norte possui um histórico de atendimento educacional para crianças e

adolescentes hospitalizados desde o ano de 1998 em instituições sem fins lucrativos. Em

2004, por meio de um projeto de extensão do curso de Pedagogia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é implementado no Hospital do Seridó, em

Caicó/RN, a primeira classe hospitalar do Estado. A Secretaria de Educação e Cultura-

SEEC/RN, no ano de 2010, por meio da Subcoordenadoria de Educação Especial

(SUESP), firmou convênio para implementação de diversas classes hospitalares no

Estado.

O município de Natal, por intermédio da Lei nº 6.365, de agosto de 2012,

instituiu o Programa de Classe Hospitalar para asseverar o direito de crianças e

adolescentes prosseguirem com os processos educativos no hospital: “Art. 1° - Fica

criado no Município de Natal o Programa Classe Hospitalar com o objetivo de instalar

nas dependências físicas de hospitais o serviço de atendimento educacional, coordenado

16

e definido pela Secretaria Municipal de Educação”. No mesmo ano, o Conselho

Estadual de Educação do Rio Grande do Norte, na resolução n° 02/2012, artigo 13,

divulgou a respeito do atendimento educacional no ambiente hospitalar e domiciliar,

para estudantes que estejam hospitalizados, a garantia do acesso à educação.

Em 2013 o governo sanciona a Lei nº 9.808: Art. 1º. “Fica instituído, no

calendário oficial do Estado, o Dia da Classe Hospitalar a ser comemorado, anualmente,

no dia 11 de novembro”. Enfim, o Plano Estadual de Educação do Rio Grande do Norte,

Lei nº 10.049/2016, em sua meta de nº 4, assegura que as redes estaduais e municipais

escolares disponibilizem os serviços de apoio pedagógico especializado com a oferta de

professores para o atendimento hospitalar e domiciliar.

O atendimento pedagógico hospitalar e domiciliar ratifica o direito à cidadania.

É válido refletir que esses documentos oficiais e as políticas para as crianças e os

adolescentes agregam uma série de mecanismos sociais e políticos. Desse modo, tão

importante quanto a validação e/ou legitimação dessas classes hospitalares, é

fundamental compreender o funcionamento destas e, principalmente, suscitar um olhar

mais reflexivo sobre o papel do pedagogo e as práticas curriculares nas classes

hospitalares.

2.3 União entre educação e saúde no ponto de vista da atenção integral

Outrora, a equipe hospitalar era composta apenas por médicos e enfermeiros e o

modelo de atendimento era o “médico” com enfoque na patologia, ou seja, descartando

o paciente como um ser singular e de necessidades particulares. Sem embargo, uma

nova visão de atendimento emerge no campo da saúde, a equipe de profissionais se

amplia e inclui a áreas como a nutrição, serviço social, psicologia, pedagogia e outras.

Conforme Ortiz e Freitas (2005), a educação e saúde estão sendo vistas dentro do

mesmo prisma e não mais isoladamente. Dessa maneira, esses dois campos interligados

pressupõe o ser humano hospitalizado como um sujeito total, cujo cuidado deve abarcar

os aspectos biológicos, cognitivos, psicológicos, afetivo e social do paciente, visto que a

saúde não se circunscreve apenas ao cuidado do corpo, mas também no bem estar

integral do sujeito hospitalizado (SILVA; ANDRADE, 2013).

De acordo com o texto elaborado por Teixeira (2011) para subsidiar o debate nas

Conferências Municipal e Estadual de Saúde em Salvador, a saúde é uma política de

Estado entendida como um direito de cidadania e dever do Estado (de igual forma a

17

educação). O Sistema Único de Saúde (SUS) amparado na Lei Orgânica da Saúde

(1990) tem base nos princípios de universalidade, equidade, e integralidade da atenção à

saúde. Dentre esses princípios, será enfatizado a integralidade para melhor se

compreender a importância do cuidado integral ao aluno hospitalizado.

A integralidade depreende determinadas práticas e serviços do Sistema de

Saúde. Esta perspectiva aborda o cuidado à saúde abarcando as relações entre os

profissionais e os usuários e perpassa pelos serviços e níveis de assistência que tem

como finalidade valorizar a promoção da saúde e atenção individual e coletiva. Se a

saúde compete o cuidado do sujeito de maneira total, corpo e mente, a articulação com a

educação favorece um atendimento mais humanizado ao paciente. De acordo com Silva

e Andrade (2013):

Compreendendo o diálogo entre educação e saúde, é possível garantir na prática o direito assegurado a toda criança, principalmente quando

se encontra hospitalizada. É preciso que passemos a visualizar a

Educação no âmbito da saúde, pois ela nos acompanha desde o

nascimento até a morte, e por ser dessa forma, Educação é vida, é vida é saúde, portanto Educação e Saúde estão intimamente associadas e

ligadas às nossas aprendizagens enquanto sujeitos vivos. (SILVA e

ANDRADE, 2013, p.44).

Ceccim e Carvalho (1997) afirmam que o perfil de desenvolvimento de

recursos para crianças hospitalizadas têm movido esforços na compreensão do processo

de adoecimento e cura a nível biológico. Contudo, um movimento recente no Brasil

passa a pensar a saúde como defesa de vida. O tratamento da doença, de modo geral, é

mediado pelo parecer fisiopatológico, anatomoclínico e psicoterapêutico. Porém, estas

apenas são partes do cuidado necessário para a promoção da saúde. Sabendo que o

hospital e a doença trazem uma forte ameaça à integridade emocional da criança,

embora existam tecnologias de ponta, equipes multiprofissionais e diversos serviços de

saúde, a atenção para o cuidado integral também é vital.

Assim, um dos meios de garantir a promoção dessa atenção integral na saúde é a

oportunidade do acesso à educação no hospital. Citando Matos (2014) é: “integrando

educação e saúde, visando assim, ao melhor atendimento para as pessoas que ali se

encontram nesse momento” (p. 85). Não obstante, além de garantir o direito à educação

inclusive quando o aluno se encontra hospitalizado, o pedagogo direciona a sua práxis

para a humanização das práticas hospitalares, assim como evidencia:

18

Verificou-se que a intervenção pedagógica em hospitais, além de

encontrar respaldos nas ações educativas junto de crianças e

adolescentes, garantindo a continuidade didática e a interação com a escola de origem destas, necessitando se estender aos demais setores

da saúde, caracterizando-se como importante aliada no processo de

humanização hospitalar. (MATOS, 2014, p. 89)

Compreender que a criança hospitalizada possui outras necessidades significa

reconhecê-la não somente no seu âmbito patológico, mas cognitivo, afetivo, psicológico

e social. A educação e saúde se unem a uma nova educação, a qual vislumbra a vida e

sua melhor qualidade, dado que no momento em que a criança quer aprender infere-se

um desejo de viver (CECCIM, 1997).

2.4 ATENDIMENTO EDUCACIONAL HOSPITALAR NA CONCEPÇÃO DA

ESCUTA À VIDA: EDUCAÇÃO PARA NUMA PERSPECTIVA INTEGRAL

E HUMANIZADA

De acordo com Matos e Mugiatti (2009), a área da saúde vem repensando o

olhar restritamente biológico ao paciente. Percebe-se que essa unilateralidade no

tratamento do enfermo é insuficiente na sua recuperação. A humanização no espaço

hospitalar almeja o rompimento da visão do ser humano apenas identificado pela doença

e como instrumento de pesquisa e, por conseguinte, passivo no processo de sua

recuperação. Se a doença confere um caráter psicossocial, o atendimento hospitalar

deve, portanto, atender o paciente de maneira integral.

Atentando para o exposto acima, uma das preocupações elencadas é o longo

período de internação de crianças e adolescentes em razão do tratamento de doenças e,

em consequência disso, a ausência deles na sala de aula. Como já discutido, o

atendimento educacional hospitalar admite que o desenvolvimento dos processos de

ensino e aprendizagem do escolar intercorra durante o seu período provisório ou

permanente de hospitalização. De acordo com Matos e Mugiatti (2009):

O hospital-escola constitui-se num espaço alternativo que vai além da escola e do hospital, haja vista que se propõe a um trabalho não

somente de oferecer continuidade de instrução. Ele vai além, quando

realiza a integração de escola e hospitalizado, prestando ajuda não só

na escolarização e na hospitalização, mas em todos os aspectos decorrentes do afastamento necessário do seu cotidiano e do processo,

por vezes, traumático da internação". (MATOS; MUGIATTI, 2009, p.

73)

19

Do ponto de vista da atenção integral, a inclusão do pedagogo/classe hospitalar

na pediatria concebe a escuta à vida. Nessa perspectiva, a classe hospitalar não se

caracteriza apenas pela transmissão de conhecimentos formais, mas também como um

suporte psicosociopedagógico.

Na perspectiva da atenção integral, o desenvolvimento da escuta pedagógica

(escuta à vida) na classe hospitalar remete à promoção da saúde e, por isso, é tão

necessário os processos interativos e de assistência social como fonte para as percepções

das sensibilidades dos pacientes. A escuta pedagógica, de acordo com Ceccim e

Carvalho (1997), é específica e dispõe da aprendizagem e da construção do

conhecimento, auxiliando ao aluno a compreender a sua rotina no hospital, a despeito

das informações médicas e da doença, de forma lúdica e didática.

Durante as vivências como bolsista da classe hospitalar do HUOL, foi

constatado que as crianças além de reaver os processos de ensino aprendizagem,

também consomem a escuta à vida. Em repetidas ocasiões os alunos expõem suas

experiências com a doença, medicações ou dificuldades oriundas da internação. Assim,

conversam uns com os outros sobre sua enfermidade, dão apoio e inclusive conselhos

de como lidar com determinadas situações. Esses diálogos ocorrem constantemente na

classe (nas brincadeiras, atividades, acolhida, etc.) e foi notório que a pedagoga nesse

cenário está sempre mediando as conversas a fim de conduzir uma escuta pedagógica

que possibilite outros aprendizados para além dos processos cognitivos. É dessa

maneira que se configura a atenção ao aluno como um ser integral. Portanto, não se trata

de uma escuta sem eco, mas sim uma escuta que germina o diálogo, o qual é à base da

educação. Segundo Fontes:

A escuta pedagógica surge, assim, como uma metodologia educativa própria do que chamamos pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher

a ansiedade e as dúvidas das crianças hospitalizadas, criar situações

coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos conhecimentos que

contribuam para uma nova compreensão de sua existência, possibilitando a melhora do seu quadro clínico. (FONTES, 2005, p.

135).

O termo escuta é oriundo da psicanálise e diferencia-se da audição: a audição

imputa à apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis, enquanto a escuta se refere à

apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, que podem ser ouvidos a partir de

palavras ou lacunas do que é percebido nos silêncios, expressões, condutas e postura

(CECCIM e CARVALHO, 1997). Dessa forma, entende-se que essa escuta é uma busca

20

de compreender o hospitalizado partindo de suas diversas necessidades e não só na ótica

de recomposição do organismo doente. Desse modo, a escuta pedagógica é a atenção

integral à criança hospitalizada em todos os seus aspectos: físico, psíquico, afetivo e

emocional. É atender, segundo Ceccim (1999), a uma “dimensão vivencial” que

acarreta as expectativas de cura e qualidade de vida afetiva. Por essa razão, é importante

destacar a necessidade de estímulo intelectual da criança com a oferta da classe

hospitalar, que além de promover estabilidade da vida cotidiana escolar da criança,

oportuniza momentos de bem-estar, alegria, interação e tantas outras vivências que

assistem o processo de cura da criança:

Parece-me que, para a criança hospitalizada, o estudar emerge como um

bem da criança sadia e um bem que ela pode resgatar para si mesma como um vetor de saúde no engendramento da vida, mesmo em fase do

adoecimento e da hospitalização (ORTIZ; FREITAZ, 1999, p.47).

Compreendendo o paciente como um sujeito integral, a humanização no hospital

visa que o sujeito deve receber atenção em suas diversas esferas. Assim, uma equipe

multiprofissional consagra o atendimento de maneira total ao paciente. Sabendo que o

pedagogo é parte integrante dessa equipe e que exerce práticas tão imprescindíveis

como as demais áreas, uma entrevista com a equipe multiprofissional4 da pediatria do

HUOL. Os seis entrevistados atuam na pediatria do HUOL, dentre eles quatro são

residentes e dois são funcionários concursados. Em relação ao gênero, cinco são

mulheres e um é homem. A idade dos entrevistados varia entre 20 a 50 anos e todos

possuem a graduação básica em sua área.

A pesquisa foi realizada com o intuito de avaliar, de maneira geral, como alguns

profissionais entendem o papel do pedagogo e da classe hospitalar como relevante no

cuidado integral ao paciente. Um dos questionamentos aborda a pertinência do

pedagogo na Classe hospitalar do HUOL. Deste modo, foram obtidos os seguintes

retornos:

“Eu acho essencial a atividade de vocês, (..), não são brincadeiras

somente que se faz aqui, são atividades com um fim e que trabalham os diversos temas, desde a relação com a família, com a escola, com o

conhecimento mesmo: como a matemática com o português e etc.

Então eu acho muito bacana essa coisa da atividade orientada, tanto

individual como em grupo. Então eu acho muito importante.” (Psicóloga, 2017)

4 Os entrevistados terão sua identidade preservada e serão identificados apenas pela função a qual exerce

no hospital. Contudo, é assegurada a legitimidade da entrevista e a lealdade ao que foi dito.

21

“Eu entendo que o pedagogo como um educador, ele consegue

entender o indivíduo como um todo também. (...) Eu acho que o pedagogo tem uma visão ampla e trabalhando com a equipe

multiprofissional ele pode contribuir muito na atenção integral da

criança, (...) eu vejo ele como um agente fomentador do acesso dessa continuação do aprendizado da criança. Esse serviço é muito válido,

(...) o cuidado eu acredito, que tem que ser total, integral e especial a

essa criança e não só focar na patologia, mas no desenvolvimento psicomotor, no desenvolvimento social e também a questão da

informação, educacional. Então, a criança aqui não pode ser vista

somente como portadora de uma patologia, mas como um todo. A

classe hospitalar serve muito pra isso, né? Para puxar esse desenvolvimento da criança como um todo, para ela entender um

pouco do processo que tá passando e tudo mais, aqui vai ter

orientação em relação a alta dela, como vai ser a saída dela, essa volta a escola , vai ser bem orientada, porque a escola faz parte, é um dos

pilares de formação da criança e do adolescente. Não é porque ela tá

no hospital que ela deve ser privada da educação, é um dos seus direitos.” (Assistente social, 2017)

“É o profissional principal, é o maestro da orquestra, então, acho que o

pedagogo sempre deverá ter o papel fundamental. Ele pode através da

educação ajudar nesse processo de recuperação do paciente, ser a motivação para manter a educação formal das disciplinas, de procurar

melhorar para que o aluno não tenha descontinuidade na sua atividade

escolar por estar sofrendo um processo na sua saúde. É extremamente importante.” (Médica, 2017)

“Eu acredito que seja importante, realmente. Porque a internação

hospitalar causa toda uma desvinculação com uma fase que é

fundamental para a criança. Até mesmo para ela se relacionar com

outras. Inclusive, aqui elas dizem que estão com saudades de ir para a escola. Eu acho importante porque elas já estão atrasadas em outas

coisas, outras fases como o próprio brincar (...) tem umas que nunca

foram à escola e vem pra cá. Eu Acho importante exatamente para elas terem essa interação que a gente tem na escola.” (Enfermeira,

2017)

Analisando cada fala dos profissionais entrevistados, além dos sujeitos

reforçarem a imprescindibilidade do atendimento integral a criança e a visão de que a

mesma não é somente corpo biológico, é possível perceber que a classe hospitalar é

compreendida como uma ferramenta que auxilia a evolução/desenvolvimento do aluno

enquanto paciente. Segundo a equipe multiprofissional do HUOL, a prática pedagógica

em ambiente hospitalar está associada à melhora da qualidade de vida da criança

hospitalizada, uma vez que a criança e o adolescente respondem melhor ao tratamento

médico, se inserem em todos os aspectos positivos do aprender (exercício intelectual,

22

criativo e interativo), diminuem o estresse causado pela situação da doença, ocupam o

tempo ocioso, resgatam os sentimentos de alegria e a autoestima, além de outros fatores

que, por fim, possibilitam a redução no período de internação.

Por fim, é notório que a equipe entrevistada avalia que a escola no hospital

integraliza o atendimento pediátrico pelo reconhecimento e respeito às necessidades

intelectuais e sociointerativas que tornam peculiar o desenvolvimento da criança.

Ceccim (1997) pontua que quando o aluno no contexto hospitalar percebe que é apto a

aprender, ganha vida: a doença se deprecia diante da possibilidade de aprender. Matos

(2014) afirma que por intermédio da educação, os hospitalizados terão forças para reagir

ao tratamento: renova o fôlego e recompõe a saúde. Corroborando com Matos e

Mugiatti (2009):

Os profissionais de saúde envolvidos no processo de cuidado e tratamento do paciente-aluno relatam que a criança que recebe algum

tipo de educacional durante o internamento tende a ser mais receptiva,

calma e realiza as tarefas terapêuticas com disposição, o que auxilia em sua recuperação (MATOS e MUGIATTI, 2009, p.43).

Dessa forma, o pedagogo no hospital, que articula a sua prática com a concepção

da escuta à vida, tenciona o processo de ensino permeado de afetividade e na alegria de

viver, cuja práxis educacional estimula a libertação do sujeito internado sem abdicar dos

direitos de escolarização do educando. A hospitalização causa uma série de impactos

emocionais, então a escuta pedagógica na saúde deve ser considerada eficaz para a

vontade de cura da criança.

Seguindo esse raciocínio, a cura deixa de ser vista apenas como responsabilidade

de pais, profissionais e da criança, e passa a ser vista como motivo de atenção de uma

equipe multiprofissional que trabalha de modo interdisciplinar a fim de um único

objetivo. Corroborando com Matos e Mugiatti:

Considera-se, portanto, que o envolvimento da atuante equipe

profissional e sua integração é fator essencial e ao mesmo tempo crucial para o sucesso desse trabalho. Esta integração deve, com a

devida prevalência, favorecer e conciliar as situações

problematizadoras, com ênfase nesse processo de cura. Também aí se instala a relevância dos atendimentos psicossociais e pedagógicos,

inseridos num único processo, como fator de restabelecimento. É

quando surge a necessidade de uma nova mentalidade na formação

desses profissionais, o que lhes vem assegurar um real e adequado desempenho, com ênfase, neste momento, ao do pedagogo, na

23

qualidade de novo profissional na equipe de saúde. (MATOS e

MUGIATTI, 2009, p.49):

De acordo com Portela: “A garantia dos direitos da criança hospitalizada, não se

limita ao tratamento da doença, mas envolve ações que possam amenizar a experiência,

muitas vezes negativa e dolorosa, decorrentes da privacidade da sua rotina e dos espaços

que lhes são próprios” (2009, p. 02). Dessa maneira, na perspectiva da escuta à vida, o

pedagogo explora o seu campo de atuação no hospital e concebe sua práxis para além

dos processos de ensino e aprendizagem. Por isso, é perceptível por intermédio das

teorias, das minhas experiências na Classe hospitalar do HUOL e pelas respostas da

equipe multiprofissional que o trabalho do pedagogo influencia na recuperação dos

alunos hospitalizados. Nesse tocante, a equipe multiprofissional se posicionou na

seguinte maneira:

“A gente pensa o paciente não só como paciente, mas como uma pessoa. A gente pode dividir a recuperação em duas questões, a

recuperação da saúde (...), mas também recupera em relação à

autoestima. As crianças, especialmente as que têm doenças crônicas, acabam se ausentando muito na escola e não adquirido os

conhecimentos necessários que era para elas adquirir caso tivesse

frequentando a escola regularmente, então ela acaba tendo muitas lacunas (...). A gente resgata nessa criança a capacidade que ela tem,

as suas potencialidades, mostrando que ela pode, que ela deve evoluir

(...). Quando a gente fala da recuperação a gente fala da recuperação

do todo, da saúde, mas também dos aspectos emocionais e afetivos. Essa criança precisa voltar com autoestima com competências que são

necessárias para a faixa etária dela (...).” (Pedagoga, 2017)

“Eu acho que tanto a classe como a atividade com vocês tira um

pouquinho a criança dessa imersão na doença. É muito comum você

ficar o tempo todo no leito e vem a equipe fazer intervenções e a

criança vivencia muito a doença. E acho que aqui é o momento dela vivenciar a infância de uma forma geral, trabalha as outras questões da

criança, aqui tem os brinquedos, tem as brincadeiras tem as atividades

para elas saírem um pouquinho e explorar o além doença. Que é justamente isso que a gente não pode ignorar aqui no hospital: não se

trata apenas doença, se trata uma pessoa antes disso.” (Psicóloga,

2017)

“Eu percebo como um trabalho que ele agrega um conjunto de

atividades e ações feitas com aquela criança. Porque ao ponto que se

chega e começa a olhar a criança como um indivíduo em processo de aprendizagem e desenvolvimento, ele contribui muito com relação a

própria recuperação dessa criança, visto que, para ela está em seu bem

estar não é somente a recuperação patológica da doença, mas sim a recuperação psico a recuperação social e todos esse fatores.” (

Assistente Social, 2017)

24

“É um processo que caminha muito junto, a medida que o indivíduo

recupera a saúde ele tem condições também de manter a saúde mental

por sua plenitude e isso inclui a educação. É voltar a fazer parte, a se sentir incluído dentro desse mundo todo maior da saúde corporal

física, mas mental também. (...). A educação é a base de tudo! Tem

uma frase muito bonita que diz que o objetivo da educação é transformar espelhos em janelas, então talvez o que a gente construa

com a classe é mostrar para as crianças que ela podem enxergar além

do espelho, que elas podem vislumbrar um outro mundo com a

educação.” (Médica, 2017)

“Eu acho que influencia muito na recuperação, porque faz com que as

crianças possam interajam mais, faz com que elas não fiquem restrita ao leito. Então, a gente sabe que quando as crianças melhoram o

humor elas conseguem se recuperar mais rápido.” (Nutricionista,

2017)

Observa-se que o discurso dos profissionais do HUOL remete ao trabalho da

classe hospitalar com a perspectiva na escuta à vida. A educação neste cenário é vista

tanto como um direito quanto como um caminho o qual ameniza os traumas da

internação, oferta esperança e contribui na cura do aluno. Em consonância com a

entrevista dos profissionais da equipe multiprofissional da pediatria do HUOL, com a

observação participante como bolsista na classe hospitalar do HUOL e com os

pressupostos teóricos abordados, é perceptível a importância atribuída à classe

hospitalar como um dos meios para configurar a atenção integral ao paciente. O

processo de escolarização e continuidade dos estudos no hospital tanto contribui para a

aprendizagem e desenvolvimento infanto-juvenil quanto nos aspectos como o

entendimento sobre a vida e a morte, sobre sua condição social, sobre si mesmo e o

outro.

É explícito que para a equipe multiprofissional do HUOL a educação é também

um resgate. Eles deduzem a classe hospitalar como um lócus de aprendizado e um

espaço permissível à liberação e ao compartilhamento de sentimentos onde a criança

hospitalizada sente-se acolhida e compreendida. As vivências na classe permitem o

ajustamento emocional que favorece a adaptação ao meio hospitalar e até mesmo o

reestabelecimento da saúde da criança. Todos afirmam que a classe é o espaço além-

doença que privilegia as ações de atenção integral e atenção mais humanizada no

cuidado à saúde.

É evidente que a Classe Hospitalar fomenta alternativas verídicas que

contribuem para que a criança enquanto hospitalizada seja vista em sua totalidade. É no

25

ambiente descrito acima que o educador desenvolverá um trabalho notável dentro dos

leques de atuação de um profissional da pedagogia. Deveras, o atendimento educacional

hospitalar é um processo diferente de educar, pois se opõe aos métodos tradicionais de

ensino, sustentando a educação também como fonte de cura. Portanto, como já

mencionado, é a escuta à vida na classe hospitalar auxiliando na condição de

recuperação do paciente.

É conclusivo que a intervenção pedagógica no hospital é urgente, pois além de

favorecer o direito ao acesso à educação a crianças e jovens hospitalizados, também é

uma aliada no processo de bem estar, alegria, e nas práticas de humanização do hospital.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A princípio, refletir acerca da atividade do pedagogo no hospital é quebrar o

paradigma que o associa apenas no âmbito de ensino e aprendizagem na escola formal.

O atendimento educacional no hospital é um direito indubitável por lei. Destarte, o

desenvolvimento de aprendizagem do aluno dentro do hospital garante que a criança

e/ou adolescente hospitalizado dê continuidade aos seus estudos formais. Ao abordar as

perspectivas e particularidades da pedagogia no contexto hospitalar é possível concluir

o quanto o trabalho do pedagogo nesse campo é imprescindível e repleto de ganhos para

todos os evolvidos no processo.

Sabendo que a doença acarreta alguns sentimentos negativos é imprescindível

que o paciente seja percebido para além da sua enfermidade. Sendo assim, o elo entre

educação e saúde possibilita que o paciente/aluno deverá receber um cuidado integral e,

consequentemente, humanizado. O tratamento da saúde de uma pessoa hospitalizada

não requer atenção apenas aos aspectos biológicos. À vista disso, o paciente também

deve ter acesso ao lazer, terapia, exercício intelectual e qualquer outra assistência que

traga bem-estar para o indivíduo hospitalizado.

Foi exposto que o atendimento educacional no âmbito hospitalar no

entendimento da escuta à vida suscita que a ação do pedagogo está além das práticas de

ensino e aprendizado, ou seja, a atenção ao aluno não está direcionada apenas as suas

condições cognitivas, mas a todos os aspectos inseridos na pedagogia que constitui o

aluno como um ser humano total. Dessa forma, o hospitalizado tem suas necessidades

sociais, psicológicas e pedagógicas contempladas. Segundo Matos (2014), discutir esse

atendimento educacional no hospital é relevante, uma vez que a perspectiva pedagógica

26

da escuta à vida promove benefícios para toda a comunidade hospitalar, desde os

hospitalizados até a equipe multiprofissional.

O que se conclui é que a classe hospitalar estimula o desenvolvimento cognitivo

e emocional da criança acometida por uma enfermidade. Nesse cenário, o compromisso

do educador não é apenas de reintegração social e escolar, mas fundamentalmente todas

as práticas de escuta à vida que fecunda a recuperação da criança e o seu retorno ao

cotidiano.

Sabendo que o pedagogo se inseriu na equipe multiprofissional do hospital, a

partir das análises das entrevistas com a equipe da pediatria do HUOL foi constatado

que a classe hospitalar do HUOL é fundamental no cotidiano das crianças enfermas. Em

suma, os entrevistados pontuaram que o cuidar da saúde não se restringe a um processo

de intervenção na doença, implica também em criar condições em que indivíduos

possam dispor de meios para a manutenção e recuperação do seu estado de saúde. Logo

a classe hospitalar, reforça o tratamento humano e integral a criança hospitalizada.

Por fim, embora esse artigo tenha buscado trazer contribuições para os estudos

de pedagogos na classe hospitalar, é interessante pontuar que essa temática continue

sendo aprofundada com discussões e pesquisas para assim garantir que a

imprescindibilidade e identidade do pedagogo nesse cenário seja revelada e aprimorada.

Na temática da classe hospitalar há inúmeras possibilidades que podem ser exploradas.

São práticas, métodos, processos e tantos outros percalços pedagógicos que propõe

inevitáveis discussões, novas reflexões e evidências.

27

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02/2012, 31 de outubro de 2012. Normas para o atendimento educacional especializado.

31

APÊNDICE:

INSTRUMENTO PARA PESQUISA:

I- Identificação:

1. Sexo:

1.Masculino ( )

2.Feminino ( )

2. Idade:

1.( ) De 20 a 25 anos

2.( ) De 26 a 30 anos

3.( ) De 31 a 35 anos

4.( ) De 36 a 40 anos

5.( ) Outros

3. Qual a sua formação?

1.( )Ensino médio

2.( ) Graduação- Qual curso? ________________________

3.( ) Especialização – Qual o curso?______________________

4.( ) Mestrado

5.( ) Doutorado

6.( ) Outros

4. Há quanto tempo atua na área?

1.( ) De 1 a 5 anos

2.( ) De 6 a 10 anos

3.( ) De 11 a 15 anos

4.( ) De 16 a 20 anos

32

5.( ) Outros

II- Questões guias:

1. O que você entende por Classe Hospitalar?

2.Qual a relevância do Pedagogo na classe hospitalar do HUOL? Explique.

3. Como você percebe o trabalho do pedagogo no processo de recuperação do paciente?

Justifique a sua resposta.

4. Qual a relevância do trabalho multiprofissional na pediatria, e mais especificamente

na Classe Hospitalar, para as crianças e os adolescentes?

33

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE ESCLARECIMENTO AOS PROFISSIONAIS

PARTICIPANTES DA PESQUISA

Orientanda: Itacy de Araújo Rocha

Email: [email protected] Telefone: (84) 98723-9998

Orientadora: Prof.ªDrªJacyene de Melo Oliveira

E-mail: [email protected] Telefone: (84) 9168-9015

Você está sendo convidado a participar do estudo para o Trabalho de Conclusão

de Curso (TCC) - O objetivo dessa pesquisa é investigar a importância da classe

hospitalar na pediatria. Este estudo contribuirá na formação dos graduandos de

pedagogia.

De acordo com as exigências do Comitê de Ética, serão submetidos à apreciação

dos profissionais: o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

A participação do profissional é voluntária, o que significa que ele poderá

desistir a qualquer momento, ficando livre para retirar seu consentimento, sem que isso

lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Caso decida aceitar o presente convite,

esclarecemos que o profissional participará de uma entrevista a respeito do modo como

ele percebe sua atuação como pedagogo e importância no ambiente hospitalar. As

entrevistas, realizadas no ambiente hospitalar, os conteúdos serão posteriormente

transcritos e analisados pelos pesquisadores responsáveis para fins de produção de

conhecimento.

Ao participar do questionário, o profissional corre os seguintes riscos: cansar-se

da sua participação; não querer compartilhar informações ou participar do questionário;

não sentir-se à vontade para participar. Na eventualidade de os profissionais

apresentarem indícios de qualquer uma dessas manifestações, consideradas como riscos

da pesquisa, a equipe de pesquisadores terá o cuidado de interromper a dinâmica para

evitar qualquer constrangimento, garantindo aos profissionais um ambiente acolhedor,

afetivo e, quando necessário os objetivos do estudo serão sempre apresentados e as

decisões dos profissionais, quanto a continuar ou não realizando a entrevista,

preservadas e respeitadas.

34

Quanto aos benefícios, estima-se que os profissionais serão estimulados a falar e

expressar suas perspectivas acerca de um serviço no qual eles são coparticipantes,

dentro de uma perspectiva de atuação multiprofissional no ambiente hospitalar. O

trabalho conjunto com os pesquisadores se apresentará como um momento de reflexão

sobre como os profissionais da pediatria percebem a relevância da classe hospitalar, e

também contribuirá na formação dos graduandos de pedagogia, focalizando a atuação

do pedagogo/educador no espaço hospitalar.

Todas as informações obtidas no questionário serão utilizadas unicamente em

trabalhos acadêmicos. Os nomes dos participantes serão preservados. Todas as

informações obtidas serão mantidas no anonimato. Os dados serão guardados em local

seguro, ou seja, na unidade de pesquisa. Na UFRN, serão armazenadas na sala da

Coordenadora do Projeto (Sala 22, 3º andar), localizada no Centro de Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Campus Universitário, s/n, Lagoa

Nova, CEP – 59.078-970, Natal-RN, tel. (84) 3342-2270, ramal 252.

A divulgação dos resultados será feita sob a forma de artigos. Em todos esses

trabalhos não serão identificados os voluntários. Você ficará com uma cópia deste

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Caso ocorra algum tipo de prejuízo em razão de divulgação indevida do áudio,

os pesquisadores se comprometem a ressarcir e/ou indenizar qualquer prejuízo desde

que devidamente comprovado de que ele decorre da pesquisa.

Dúvidas a respeito da ética desta pesquisa poderão ser questionadas a

Orientadora: Prof.ªDrªJACYENE MELO DE OLIVEIRA Sala da Orientadora do TCC

(sala 22, 3º andar), localizada no Centro de Educação da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte - Campus Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP – 59.078-970, Natal-

RN, tel. (84) 3342-2270, ramal 252. Telefone: (84) 3342-2270, ramal 252.

35

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO

Eu, ___________________________________________________________, li

e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual

procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os possíveis

riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha

participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão. Sei que meu nome não

será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar. Eu

concordo em participar do estudo

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Natal/RN, Data _________/_________/_________

__________________________________________

Assinatura/ Documento de identidade