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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
Sunamita Nunes de Oliveira
“UMA ANÁLISE DO PROJETO DE EXTENSÃO TRILHAS POTIGUARES:
experiência vivenciada por estudante de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte”
Orientadora: Profª Esp. Francisca de Assis Sousa
Co-Orientador: Profº Dr. Deusimar Freire Brasil
NATAL 2007.2
SUNAMITA NUNES DE OLIVEIRA
UMA ANÁLISE DO PROJETO DE EXTENSÃO TRILHAS POTIGUARES:
experiência vivenciada por estudante de Biblioteconomias da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte
Orientadora: Profª Esp. Francisca de Assis Sousa
Co-Orientador: Profº Dr. Deusimar Freire Brasil
NATAL 2007.2
Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba para fins de avaliação da disciplina e como requisito parcial para a conclusão do curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O48a Oliveira, Sunamita Nunes de. Uma análise do projeto de extensão Trilhas Potiguares: experiência vivenciada por estudante de biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Sunamita Nunes de Oliveira. – Natal: UFRN, 2007.
54 f.
Orientadora: Francisca de Assis Sousa. Co-orientador: Deusimar Freire Brasil. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2007.
1. Extensão universitária. 2. Extensão na UFRN. 3. Trilhas Potiguares. 4. Experiência em Projetos-Biblioteca.
I.Título.
CDU: 02:378(813.2) RN/UF/DEBIB.
SUNAMITA NUNES DE OLIVEIRA
UMA ANÁLISE DO PROJETO DE EXTENSÃO TRILHAS POTIGUARES:
experiência vivenciada por estudante de Biblioteconomia da Universidade Federal
do Rio Grande
MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/_____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________ Profª. Esp. Francisca de Assis Sousa
(Orientadora)
__________________________________________________________ Profª. Msc. Maria do Socorro de Azevedo Borba
(Profª da Disciplina)
__________________________________________________________ Profº Drº. Deusimar Freire Brasil
(Co-orientador)
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a Deus, o autor
da vida. Foi Ele quem me capacitou para realizar
tal feito.
AGRADECIMENTOS
A Deus! Minha mãe, que sempre se preocupou em cada etapa da minha vida,
sem poupar sua dedicação e carinho. Meu pai, por sempre me orientar nas decisões.
Meus irmãos, no incentivo aos estudos. Vovó, tu és meu tesouro. Minhas tias,
Conceição, Rosário e Fátima (atenção especial a elas), pelo apoio nas horas difíceis.
Meus tios (as) Carlinhos e Princesa, José Antônio e Socorro, Welis e Rosário, Maria
Antônia. Meus primos (as), Geiza, Carla, Tiara, Thiago, Ícaro, Vinícius, André, Maria
Luíza, Matheus (1) e (2), Débora, Diógenes, etc. e demais familiares. Às minhas
amigas, Midian, Aline Leidy, Carolina e Késia, amigas e irmãs em Cristo, por estarem
sempre presentes.
Isabela e Beatriz (PROEX), Fabiana (Trilhas), Gláucia Cortez, Glauciane, irmã
Eva, Pr. Edson de Oliveira, Jane Mendes, Eliana, Dâmaris, Adriane e Maria José, pela
amizade e compreensão. Aos irmãos da Igreja do Parque das Jaqueiras, agradeço pela
compreensão da ausência quanto à elaboração deste. Aos colegas da Turma 2003.1 de
Biblioteconomia, vocês ficarão guardados para sempre no meu coração. Aos amigos
“trilheiros”, que me ajudaram na elaboração da “Experiência na Extensão”, um grande
abraço. Ao pessoal dos ENEBD’s e EREBD’s, vocês muito contribuíram na minha
formação.
Aos professores que me acompanharam durante o curso, em especial a
professora Francisca de A. Sousa, pela atenção. Maria do Socorro de A. Borba, Rita de
Cássia da C. Gomes (Pró-Reitora da Extensão/ UFRN), e o Professor Deusimar Freire
Brasil (Coordenador do Programa Trilhas Potiguares), pela paciência ao concluir esta
etapa. Ao DEBIB, pelo apoio.
Às Bibliotecárias, Cristina Nagahama (especialmente), Angela Vasconcelos,
Conceição Dalva, Margareth e Rildeci (BCZM), tudo que aprendi, devo a elas.
A Pró-Reitoria de Extensão - PROEX/ UFRN, pela contribuição na elaboração
deste. Ao Programa Trilhas Potiguares, que me deu a oportunidade de crescer como
profissional e pessoa. Ao Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região e a Justiça
Federal do Rio Grande do Norte. A todos aqueles que desejaram a concretização deste
trabalho, Deus abençoe suas vidas!
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
(Hebreus 11:1).
RESUMO
Analisa a atuação discente do curso de Biblioteconomia na Extensão
Universitária. Afirma que o bibliotecário é um agente social. Identifica os conceitos
biblioteconômicos na Extensão Universitária. Aponta a transferência da informação
como ferramenta do profissional em Programas de Extensão, como o Trilhas
Potiguares. Avalia a contribuição de projetos de organização de bibliotecas para a
sociedade e para o Profissional da Informação. Utiliza a metodologia de pesquisa
bibliográfica. Aborda estudo de caso com estudante de biblioteconomia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Descreve o conceito de Extensão Universitária,
fazendo um breve levantamento histórico. Explana sobre a Extensão na UFRN. Destaca
o Programa Trilhas Potiguares. Enfatiza a experiência na organização de bibliotecas no
interior do Estado. Acrescenta depoimentos que motivam os acadêmicos a desejarem
participar da extensão. Constata que a teoria posta em prática eleva o conhecimento
acadêmico. Conclui assegurando que o Trilhas é um marco na UFRN.
Palavras-chave: Extensão Universitária na UFRN. Programa Trilhas Potiguares.
Experiência em Projetos-Biblioteca.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09
2 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 10
2.1 A EXTENSÃO NA UFRN 18
2.1.1 Programa Trilhas Potiguares 30
3 EXPERIÊNCIA NA EXTENSÃO 35
3.1 EXPERIÊNCIAS NO TRILHAS POTIGUARES 36
3.1.1 Experiências em Projetos-Biblioteca 39
3.1.2 Projeto-Biblioteca em Baía Formosa/ RN 40
3.1.3 Projeto-Biblioteca em Bodó/ RN 41
3.1.4 Projeto-Biblioteca em Rio do Fogo/ RN 41
3.1.5 Depoimentos de trilheiros 44
4 CONCLUSÃO 50
REFERRÊNCIAS 51
APÊNDICE 54
9
1 INTRODUÇÃO
A aplicação do conhecimento é de grande importância no processo ensino-
aprendizagem. Desenvolvê-lo numa comunidade é necessário para a atuação do
futuro profissional. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a atuação discente do
Curso de Biblioteconomia na Extensão Universitária. Ressaltando que o bibliotecário
é um agente social que pode atuar em comunidades carentes; identificar a
aplicabilidade dos conceitos biblioteconômicos na Extensão Universitária; apontar a
transferência da informação como ferramenta do profissional em Programas de
Extensão, como o Trilhas Potiguares; analisar a contribuição de projetos de
organização de bibliotecas para a sociedade como também para o Profissional da
Informação.
Tem o objetivo de trazer à tona como o acesso à informação é importante no
interior do Rio Grande do Norte - RN, tendo em vista suas reais necessidades. A
metodologia empregada foi através de estudo de caso com estudante de
biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN e
complementado com pesquisa bibliográfica impressa e eletrônica, consulta a livros,
periódicos, anais de eventos, teses e dissertações relacionados com o assunto em
questão e a análise qualitativa do objeto apresentado.
No primeiro capítulo, será abordado a Extensão Universitária, seguindo da
Extensão na UFRN, o Programa Trilhas Potiguares, a experiência na Extensão e no
Trilhas Potiguares, dando ênfase à experiência na organização de projetos-
bibliotecas. Concluindo com os depoimentos que comprovam o quanto é importante
sua prática durante a sua passagem pela academia.
10
2 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
A Extensão é entendida como uma prática acadêmica que interliga a
Universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa, de acordo com as
demandas da maioria da população, possibilita a formação do profissional cidadão e
habilita, cada vez mais, junto à sociedade o espaço privilegiado de produção do
conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais existentes. É
importante solidificar a prática da Extensão, possibilitando a constante busca do
equilíbrio entre as demandas socialmente exigidas e as inovações que surgem do
trabalho acadêmico.
Na definição acima, compreendemos a evidência da atuação profissional.
Esta faz do cidadão universitário um ser envolvido no processo de quebra de
barreiras. Independente da área que atue, ele está pronto a lidar com diferentes
segmentos sociais.
Os objetivos podem ser, dentre muitos, dar a oportunidade de interagir com a
comunidade, possibilitando uma melhor formação, e partir daí, estreitar as relações
multi, inter e transdisciplinares, como também entre os próprios profissionais e
discentes. Levar esclarecimentos sobre educação, saúde e habitação, geração de
emprego e renda e práticas com a alimentação saudável. Ampliar os horizontes em
tecnologias da informação, enfatizar a despeito dos cursos à distância, como
alternativa em educação. Resgatar a memória artístico-cultural da população local.
Inserir a educação ambiental e desenvolvimento sustentável como mecanismo de
suporte na prática extensionista. Divulgar esses Programas e Projetos como
erradicadores e facilitadores de crescimento Institucional e conseqüente produto de
valor nacional e internacional. Trazer à tona que a Universidade é mais bem
reconhecida pelo seu papel de compromisso com a sociedade quando este atua.
Criar Políticas Públicas que viabilizem as transformações surgidas ao longo dos
anos. Envolver a comunidade e sociedade, dando reciprocidade com os problemas
afins e ressaltar os pontos fortes para que haja crescimento tecnológico e social no
país. Simplificando, traz resultados para a academia universitária, científica,
filosófica e tecnológica de Ensino, Pesquisa e Extensão, pois proporciona o contato
com a realidade, na disseminação do conhecimento e deixa claro para a sociedade
o papel que a Universidade tem com ela.
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Estes objetivos esclarecem os vários caminhos percorridos pelos que fazem
parte desta aglomerada interação entre comunidades acadêmicas e pessoas
comuns que esperam um pouco do que podemos levar para elas - a informação. Em
compensação, temos uma troca de saberes, ou conhecimentos compartilhados.
Pode-se afirmar que o estudo da Extensão Universitária é uma prática
relevante para o docente. Já para o discente, é comparada a um elemento de
atividade prática reconhecida por aqueles que desejam ter um contato com a futura
profissão. Ainda, uma “projeção da Universidade ao meio”, como também “uma
atitude de abertura da Instituição de Ensino Superior para a comunidade”, e um
instrumento de “formação humana do acadêmico e prestação de serviços à
comunidade” (SOUSA, 2000 apud TOALDO, 1976, p. 11).
Estas afirmações mostram como podemos definir a Extensão Universitária
sob vários enfoques. Cada um desses componentes é opinativo. Tem a ver segundo
a autora, com o contexto histórico da Educação no Brasil. É uma resposta à
sociedade, à economia e à política, que é absorvida pela sociedade. Temos que, a
História da Extensão é tida como parte integrante da Educação no Brasil – a
Universidade Brasileira. Os efeitos causados são vistos não apenas nesta Educação
Superior, pois aliada ao ensino e à pesquisa, a extensão universitária pode ser
considerada uma disseminadora de “[...] relações múltiplas e recíprocas entre
universidade e sociedade” (FAGUNDES, 1985, p. 9).
A Extensão Universitária tem a função de transmitir o conhecimento e a
produção do meio que está inserida, para que a sociedade se torne mais
participativa. E é somada a ela, uma troca de saberes que é adquirido na prática
social. Este é o perfil de universidade que se busca. No Ocidente, no século XII, ela
era organizada sob a forma de corporação. Exerceu influência na criação do
cristianismo, participando no corpo eclesiástico que a Igreja precisava. Atuava no
ensino, para adentrar na sociedade e era uma forma de prestação de serviço.
No período medieval, sua preocupação era o ensino, mas limitava-se à
especialização de cada área, como na Universidade Francesa, e a pesquisa
acontecia de maneira discreta, ou seja, fora daquela universidade. Este é o padrão
que foi adotado pela universidade. A partir da Revolução Industrial, no séc. XVIII, a
universidade se recicla. E no século seguinte, XIX, a prestação de serviços à
comunidade servirá como forma de dar um prolongamento à educação adquirida
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desde a nossa concepção de vida. Então trabalhada a partir deste momento. Foi a
Universidade Inglesa que percebeu as demandas sociais, para mostrar que a
Instituição não servira apenas como “formadora de elites”, mas uma “preparação
técnica” (SOUSA, 2000, p. 14) exigida pela contemporaneidade da época.
Nesse período surgiu a Extensão e foi consolidada. Considerada o modelo
europeu, criaram-se os cursos para assegurar uma educação continuada e uma
formação técnica. Já na América, a Extensão estava direcionada à prestação de
serviços. Nesse mesmo período, ergue-se a pesquisa na Universidade, por Wilhelm
Von Humboldt, em 1810, com o surgimento da Universidade de Berlim. Serve de
protótipo na pesquisa e aos cursos de pós-graduação.
O paradigma de Universidade nas Américas será o modelo europeu, que
veio da Norte-Americana, e esta, da Alemã. E a última, da Universidade Inglesa, que
tinha pensamentos de extensão rural e urbana. Já as Latino-Americanas, se
moldaram à Universidade Francesa, extraindo sua política de unificação cultural.
Houve um marco na História da Extensão Universitária, foi o Manifesto de
Córdoba, na Argentina, em 1818, intencionando modificar a Universidade Latino-
Americana, para que esta revisse sua posição na sociedade. Os estudantes que
provocaram o manifesto tinham em vista as reais necessidades de determinados
grupos sociais e do Estado. A Universidade Brasileira é comparada à dos países
capitalistas.
Em se tratando de referência na sociedade, ela se torna uma “utilização do
saber”, nesses países (FÁVERO, 1980, p. 23). No Brasil, tinha o papel exclusivo de
ensino. Mas a comunidade acadêmica mudou esta realidade, apesar de não
obterem uma resposta imediata. Logo, no Brasil foi resguardado seu papel social,
um ensino que funcionasse como mediador desse papel, limitando-se a um grupo
favorecido. Sousa (2000 apud CURY, 1985, p. 16), afirma: “o conceito de mediação
indica que nada é isolado”. E ainda: “Esta Sociedade é formada pela existência e
convivência [...]” e jamais dogmatizada como uma “abstração confrontada com o
indivíduo” (BOTTOMORE, 1988, p. 343). Percebe-se, ante a isso, a Universidade
como um respaldo para a sociedade.
Sob o ponto de vista jurídico, é mostrado num primeiro momento, o vocábulo
“Extensão”, na legislação educacional. Isto se deu em 1931, no Estatuto das
Universidades Brasileiras. É apoiado como organismo vivo na comunidade
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acadêmica, através de eventos educativos, etc. A lei que trata da sua origem é a
5.540/ 68 (BRASIL, 1968), sendo estabelecida a partir daí em todas as Instituições
de Ensino Superior - IES. Entretanto, ainda se espera seu crescimento. E esta passa
a ser item obrigatório no regulamento das universidades.
A Extensão é comparada com a própria História, pois ela “[...] é o mundo das
mediações”, segundo Sousa (2000, apud CURY, 1985, p. 18). Há interferência no
presente e no futuro, mas o passado serve apenas de base para o início de uma
nova fase. O mesmo autor revela que existem três interlocutores que fazem parte
deste contexto extensionista no Brasil: estudantes, com um movimento organizado;
o Estado, representado pelo MEC - Ministério da Educação; e as Universidades -
IES, representadas pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras.
A aparição destes na História da Extensão aconteceu naturalmente, sendo
dividido por períodos que serão abordados no quadro abaixo:
DISCENTES
I Período: da Colônia até o Estado Novo
II Período: do Estado Novo até o Golpe de 1964
III Período: do Golpe de 1964 até os nossos dias
Movimento Estudantil não organizado
Ações esporádicas
Criação da UNE (1937) Ausência do Movimento Estudantil nas ações extensionistas
ESTADO
I Período: da Colônia até o Golpe de 1964
II Período: do Golpe de 1964 até a abertura política
III Período: da abertura política até os nossos dias
Primeiro Estatuto das Universidades Brasileiras (1931)
Projeto Rondon
- Campus
Interação com as IES
IES
I Período: do início do Ensino Superior até as primeiras experiências extensionistas
II Período: das primeiras experiências extensionistas até o Golpe de 1964
III Período: do Golpe de 1964 até a
abertura política
IV Período: da abertura política até os nossos dias
Curso Livre dos Jesuítas
...Vácuo
Universidade Popular (1911)
Escola Agrícola (1912)
CRUTAC Fórum de Pró-Reitores de Extensão
Interação com o MEC
Título do Quadro: A Periodização da interlocução e seus Interlocutores (SOUSA, 2000, p.20).
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O quadro acima mostra que a História da Extensão evoluiu de acordo com
os acontecimentos da História da Educação, visto que traça dados que comprovam
o quanto ela é mediadora nas afinidades com a sociedade, desde os primeiros
momentos.
Destacaremos adiante, o papel da Sociedade, da Universidade e da
Extensão Universitária que será abordado conforme Freire (1979, p. 30):
Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com o seu trabalho pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias.
O compromisso social é algo que está ligado à prática da Extensão
Universitária. E é a sua razão de ser, porquanto a Universidade e a Sociedade estão
atreladas num conjunto de relações. Pode-se afirmar, então, a causa de seu
crescimento ao nível socioeconômico, político e cultural, no mesmo instante,
promovido pelo diálogo entre as duas partes.
A Universidade foi se moldando ao contexto de cada época e assumiu papéis
diversos. Por exemplo, no ensino ela se fortaleceu até a contemporaneidade, ao
passo que, a transmissão do conhecimento tem sido uma balança na “formação
cultural e formação profissional” (FAGUNDES, 1986, p. 105). Somando-se a ela,
temos a pesquisa, como um retorno às demandas do ambiente em que está
inserido, no período da Revolução Industrial, século XIX. Entretanto, a Universidade
neste momento ainda não tinha atingido o objetivo das relações socializadas, ou
melhor, a diminuição da distância entre a universidade e as pessoas da sociedade,
na pesquisa e no ensino.
Foi então para romper a distância entre as comunidades desfavorecidas que
a Extensão começou a atuar. Sua concretização se deu a partir desta necessidade,
atingindo uma demanda que privilegiasse não apenas as elites da época, mas
àqueles que poderiam contar com esta ajuda. Esta atitude de interagir com a
sociedade fez da academia uma precursora em dar feedback para estes grupos.
Primeiro, se consolidou no Brasil a Universidade que foi incorporada a ela a
Extensão, sendo nesse, um exemplo para as demais universidades. A atitude da
Universidade fez com que a academia assumisse sua função, provando o quanto
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sua presença seria importante, ou seja, uma maneira de assumir o compromisso
social nessas comunidades.
Assim, podemos ressaltar que a Extensão tem seu papel bem definido, pois a
forma de atuar faz dela uma articuladora social, diminuindo as distâncias das classes
mais necessitadas. Pode-se afirmar também que ela tem tentado satisfazer sua
contemporaneidade. Ainda está em aprendizado sua ação na sociedade, visto que
pode ocorrer uma discrepância devido aos seus autores.
O que devemos levar em conta, é a necessidade que temos, para observar se
tal modelo é compatível. Esta prática pode ser assim definida:
[...] a grandeza se expressa através da própria vocação nativa [...]. As soluções importadas devem ser reduzidas sociologicamente, isto é, estudadas e integradas num contexto nativo. Devem ser criticadas e adaptadas; neste caso, a importação reinventada ou recriada. Isto já é desalienação, o que não significa senão autovalorização. (FREIRE, 1979, p. 36).
Esta concepção está radicalizada na descrição acima mencionada. É descrito
como uma alienação quando se pensa em moldar à nossa realidade, sem antes
estudar a situação em que está inserida.
O segundo ponto a ser tratado é o ponto de vista do interlocutor, que afirma
ser o segmento principal neste conclave. O Movimento Estudantil deixa claro ser o
uso da Extensão Universitária o que pondera sua política, cultura e ideologia. A
prática cultural levou à sua socialização ou interação com o meio. O Estado e a IES
se esforçaram neste. Àquele não assumia que os estudantes da Extensão eram
partes integrantes em suas ideologias. Nesta questão permeada, o ponto abordado
será o desencadeamento dessas realizações, mostrando o quanto seu exercício
sempre foi seguido por poucos extensionistas.
Faz parte da cultura sua execução, como uma atividade acadêmica que
amplia horizontes. Ocorre, portanto em sentido bilateral. As atividades de cultura se
findam numa sociedade participativa. E acrescenta-se a cultura como elemento de
liberdade do indivíduo. Daí percebe-se como acontece o processo de transformação,
por intermédio da cultura popular. Segundo Paiva (1985, p. 124), é assim que
acontece a “[...] formação de uma autêntica cultura nacional”, fazendo o brasileiro
interagir neste processo e ainda: há a “libertação econômica, social e política de
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nosso povo”. É enfatizado o entrelaçamento de indivíduos diversos que buscam ter
um encontro consigo próprios nesta busca de identidade cultural.
De acordo com Sousa (2000, p. 124), foi utilizado a priori, pelo Estado, num
período de repressão. A Extensão Universitária foi confundida como uma ação
assistencialista. E na contemporaneidade, ainda é vista como seu principal mérito,
mesmo tendo em vista as necessidades percebidas. Esta prática era sua estratégia
de mostrar a intenção nas comunidades carentes, dando um suporte para o
desenvolvimento intrínseco do cidadão, ou melhor, promover o conhecimento aberto
a estas pessoas. O Estado, Órgão que assumiu a posição assistencialista, no
Projeto Rondom cujo lema era: “integra para não entregar” (SOUSA, 2000, p. 125).
A IES tem se voltado para a Extensão Universitária e utiliza a prática de
promover o uso de serviços emergenciais, contrapondo-se na luta pelo crescimento
desta. Apesar de a Extensão Universitária ter esta imagem assistencial, ela se
preocupa com sua causa principal, dar um retorno para a sociedade. Na busca de
soluções para ‘limpar’ o conceito da Extensão, de prestadora de serviços, propondo-
se a criar um elo entre a Universidade e a Sociedade. Assim, pode-se produzir um
saber comum, e se tornar mais que um serviço prestado por ela, na tentativa de
mudar seu paradigma de ação assistencialista, como uma ação renovadora.
O último eixo, provavelmente desenvolvido pelas IES, é tido como uma
“prestação de serviços, [...] voltada para a venda desses serviços” (SOUSA, 2000, p.
126). Isto faz com que a universidade opte por ter aliados fora dela para então poder
desenvolver estes projetos sociais. A demanda desses serviços é a razão de sua
existência.
Na tentativa de mudança de ordem extensionista, há uma possibilidade de
quebrar conceitos antes concebidos. Por exemplo, as IES, o MEC e os próprios
estudantes são alvo dessa inovação na extensão. Faz-se necessário esta
reciclagem, sabendo que o papel da extensão na universidade está desvirtuado.
Há uma exigência junto aos envolvidos, tendo em vista o investimento feito
pela sociedade, sua melhor parceira. Em contrapartida, não se pode subjugar a
universidade e transferir o papel do Estado nessa prática, já que é uma forma de
produzir conhecimento e disseminá-lo à sociedade. Esta produção prática-científica
é levada a crer que se pode aliar o ensino e a pesquisa, resultado de uma
universidade que se importa com a formação da cidadania, seja dentro ou fora dela.
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A Extensão Universitária é responsável por atitudes que parecem ser simples,
como no contexto abordado. É tida como: “instrumento articulador do ensino e da
pesquisa entre si e da Universidade com a sociedade que a rodeia”. (SOUSA, 2000,
p. 128). Há ausência de uma direção a ser seguida, pois existe uma dependência
das pessoas envolvidas nesse meio.
O papel histórico da Extensão segundo Sousa (2000, p. 128) é aproximar a
Universidade da Sociedade. Ou seja, criar esta possibilidade. Ainda, propor um
modelo de universidade que se adequa aos padrões sociais para o país, por ela
estar presente na vida social e no desenvolvimento do indivíduo. Quanto à
academia, ela dá a oportunidade do crescimento, pois abre portas, “colocando
conteúdos que tornem a educação um instrumento não só para a vida, mas para a
transformação da vida e da sociedade” (SOUSA, 2000, p. 129). Com isto, está
reafirmando seu compromisso. A contribuição se dá tanto para a sociedade quanto
para a academia, na sua visão crítica e na sua qualidade.
A visão crítica da universidade jamais pode ser esquecida, visto que: “A
Universidade precisa imiscuir-se ‘ativamente na vida prática’, como construtora e
organizadora de uma nova sociedade” (GRAMSCI, 1989, p. 3). Talvez a crise no
país seja um dos fatores que influencia a universidade a se extinguir dessa
responsabilidade.
Tem-se a Extensão como uma práxis revolucionária. E ela tem a função de
‘educar o educador’, como na afirmação:
O espaço de produção efetiva do conhecimento é a práxis, onde se supera o saber pedante e se produz o saber revolucionário. E a isto, uma boa parte da Universidade resiste; boa parte de seus profissionais são fruto do velho princípio educativo, intelectuais de grande cultura ou especialistas, sem serem dirigentes, no sentido gramsmiciano (político + especialista). Os espaços de articulação com o movimento do real, como os estágios, a pesquisa e a extensão, acabam por ser atividades marginais. Cair na vida, penetrar no caos, no buraco negro das relações sociais concretas, onde as explicações não são suficientes, onde o conhecimento é frágil, onde a competência formal não serve, é uma aventura que a poucos atrai. É mais confortável o útero morno e seguro da ‘mãe academia’ [...]. Os que conseguem, no entanto, romper os muros, por os pés – a cabeça – para fora, deixando entrar o ar fresco da realidade nos pulmões, têm descoberto que é no movimento, no provisório, no caos, na dinâmica jamais ‘enquadrada’ das relações concretas que se transforma a sociedade, que se faz a revolução. (KUNZER, 1992, p. 22).
18
Tendo a Extensão seu papel bem definido na sociedade, vemos que a
Universidade poderá ultrapassar seus próprios limites através de sua práxis e
derrubar barreiras antes existentes. Ainda:
[...] o sentido da extensão, enquanto função da Universidade, reside no seu não-sentido. Quando tiver contribuído para a deselitização do ensino e da pesquisa, para as transformações estruturais da sociedade e para a socialização da Universidade, a extensão tornar-se-á desnecessária, terá cumprido a sua função como não função da Universidade. [...] a plenitude da extensão... coincide com o seu ocaso. (FAGUNDES, 1985, p. 111).
Há perspectiva que a Universidade se torne independente na sua própria
história para renascer uma nova cultura. Assim, deixará de existir elites no ensino e
na pesquisa que interfiram na sua atuação, com o surgimento de novos protótipos.
A extensão universitária traz a oportunidade de colocar o estudante mais
próximo da sociedade. Ela nasceu com o intuito de quebrar barreiras sociais e
aproximar o acadêmico da interface: sociedade e universidade. Além disso, tem o
papel de formar o cidadão universitário; torná-lo participante em culturas diversas e
mostrar uma realidade que será a sua ao exercer a profissão.
2.1 A EXTENSÃO NA UFRN
Estatísticas apontam que há na Extensão Universitária da UFRN, uma média
de 34% de Doutores, 8,9% de Graduandos, 8,6% de Especialistas, e 61,5% de
Mestres. Podemos citar alguns projetos que a Universidade Federal do Rio Grande
do Norte mantém parceria: Programa Trilhas Potiguares; PROTECC; Promoção
Saúde – 3ª idade; Em Torno da Mesa; e Merenda Escolar.
As atividades de Extensão são nas áreas temáticas de Comunicação, Cultura,
Direitos Humanos, Educação, Meio Ambiente, Saúde, Tecnologia e Trabalho. Dentro
destas temáticas, têm-se as áreas programáticas, a saber: Educação e Cidadania;
Apoio às Ações Governamentais; Desenvolvimento Econômico e Social; Divulgação
Científica; Apoio a Grupos e Organizações Sociais; e Produção e Difusão Artístico-
Cultural.
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A PROEX – Pró-Reitoria de Extensão da UFRN apresenta uma sistemática de
avaliação das atividades de extensão. Ela é feita continuadamente tendo como base
um evento de grande importância para a Extensão Universitária, o Fórum Nacional
de Pró-Reitores, realizado desde 2003. A avaliação na UFRN também é
regulamentada pela Resolução n° 070/2004 – CONSEPE de 19/10/2004, Cap. III –
Art. 23.
É sucedido assim o processo de avaliação: análise das propostas, que são
logo encaminhadas à PROEX pelas unidades universitárias, pelo Comitê de
Extensão (Art. 34 da Resolução V, Representante), daí então, a Pró-Reitoria realiza,
por intermédio da Coordenação de Programas e Projetos, um acompanhamento dos
Programas e principais Projetos, concluindo com a análise dos relatórios das
atividades, relevando seus resultados. Este procedimento é considerado uma forma
de cumprir seu papel social, trazendo uma transformação para a universidade e a
sociedade. É avaliado, no âmbito quantitativo e qualitativo.
Outra realização da PROEX/ UFRN, são os Seminários de Extensão, que
ocorrem desde 2004, visando avaliar as ações desenvolvidas na Universidade,
todos os anos. O evento conta com a participação de todos os envolvidos na
Extensão. Objetiva mostrar a comunidade interna e externa a Extensão na UFRN e
seu crescimento. Em 2005, o tema do Seminário foi a Universidade e a sua
Responsabilidade Social. A inclusão social faz parte da política institucional na
Universidade. Acontece, no momento do evento, uma reflexão sobre tudo que foi
planejado e executado na intervenção feita.
A extensão na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN tem
contado com a participação de acadêmicos das mais diversas áreas. Suas ações de
intervenção na sociedade causam impacto na sua formação. Enriquece o
conhecimento, destrincha conceitos de assistencialismos antes utilizados nesta
relação de prática acadêmica. Tem papel educativo no ensino superior: aprende-se
a trabalhar em equipe, articulada na sua forma de atuar. Prepara os discentes para o
futuro profissional.
Há um enriquecimento de conhecimentos. A indissociabilidade no ensino-
pesquisa-extensão dá a chance de pôr este conhecimento em prática. Proporciona
crescimento, porque o atuar se torna algo mais do que uma contribuição social, mas
uma atitude de enobrecimento pessoal. Traz uma integração acadêmico-
comunitária. Quando surge o momento de se ater ao lado profissional, o aluno
20
denota o quanto sua parcela de contribuição foi importante para a comunidade e a
experiência adquirida o torna mais consciente de que sua aprendizagem foi válida
enquanto interventor social, visto que nem todos os cursos da universidade dão a
oportunidade de passar pela experiência.
Após a vivência, há um momento de reflexão sobre a vida. Aprendemos a dar
mais valor às pessoas à nossa volta, amigos, família, colegas de profissão. A
experiência é única e intransferível.
As atividades de extensão se desenvolvem e se manifestam na comunidade.
É dever do cidadão zelar pela memória da sociedade. O resgate histórico-cultural faz
parte da missão da universidade pública. Por isso se tem a necessidade de dar ao
cidadão um retorno pelos recursos advindos da própria sociedade. Os resultados da
produção obtidos na academia é uma das formas que se tem de dar uma resposta à
sociedade. A UFRN tem um compromisso de construção de uma sociedade melhor,
mais justa, mais solidária e mais democrática.
A Pró-Reitoria de Extensão tem como fim a inserção social, fazendo parte da
política institucional da UFRN. Seus eixos de atuação são os seguintes: Educação e
Inclusão Social; Políticas Públicas e Cidadania; Desenvolvimento Econômico e
Social; e Produção, Preservação e Difusão Cultural. As áreas programáticas
possibilitam a operacionalização desses quatro eixos. A PROEX/ UFRN dá
prioridade a essas áreas programáticas, já citadas anteriormente.
A interdisciplinaridade é uma marca da PROEX, segundo o Plano Nacional de
Extensão. São estas as áreas do Plano: comunicação, cultura, direitos humanos,
educação, meio ambiente, saúde, tecnologia e trabalho. A PROEX/ UFRN
desenvolve ações extensionistas:
Programas da UFRN em atividade:
Trilhas Potiguares – tem como objetivo principal propor novas formas
de aplicação do conhecimento gerado na Universidade, a partir do
contato com as demandas da comunidade externa, realizando
experiências de atuação em comunidades do interior do Rio Grande do
Norte. O Programa atua dentro das quatro (04) linhas de atuação da
Política de Extensão da UFRN: Educação e Inclusão Social;
Desenvolvimento Econômico e Social; Políticas Públicas e Cidadania;
Produção, Preservação e Difusão Cultural.
21
Escola de Governo – Programa conjunto das Pró-Reitorias de
Extensão e Pós-Graduação da UFRN, que tem como objetivo contribuir
para a formação/ qualificação de pessoal, inserido ou interessado na
formação/ implementação de políticas públicas e ações de governo, de
uma maneira geral.
Ação voluntária – Programa que articula projetos de extensão na área
de trabalho voluntário e formação de capital social. O seu objetivo é
divulgar a filosofia do voluntariado na UFRN, assim como estimular a
participação social da comunidade universitária em experiências de
solidariedade.
Educação, Saúde e Cidadania – SACI – este Programa teve início em
1999, com vista à formação de um novo profissional de saúde, capaz
de participar da transformação do modelo de atenção a saúde vigente
em nosso país. Foi a primeira experiência de Atividade Curricular
Comunitária, dentro da perspectiva da flexibilização curricular dos
cursos da UFRN, envolvendo os cursos de Nutrição, Enfermagem,
Medicina, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia.
Programa Trabalho, Educação e Cultura de Campo – PROTECC – este
Programa desenvolve ações junto aos assentamentos de reforma
agrária e tem como objetivo fundamental contribuir para a geração de
renda das famílias assentadas.
Ioga para a comunidade.
Programa Alfabetização Solidária – ALFASOL, atuando em 22
municípios do RN.
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA,
oferecendo cursos nas áreas de Pedagogia, Técnico em Enfermagem,
Técnico Agrícola e Formação de Professores.
Programa Geração Cidadã – alfabetização de adultos com recursos do
MEC e Secretaria Municipal de Educação de Natal.
Projetos da UFRN e Parceria
Nova Descoberta – Educação pelo Esporte, com recursos da Fundação
Ayrton Sena.
22
PREVENIR – uma nova estratégia de ação no combate a exploração e
abuso sexual de crianças e adolescentes no turismo sexual, com
recursos do MEC/ SESU.
Em Torno da Mesa – parceria com a PETROBRÁS/ Fome Zero.
Construindo a Cidadania - promoção de saúde como fator de inclusão
para melhoria da qualidade de vida da terceira idade, com recursos do
MEC/ SESU.
Universidade Cidadã – com recurso do Comitê de Entidades no
Combate à Fome e pela Vida – COEP.
Arte na Escola – com recursos do Instituto YOSCHP.
Melhoria do funcionamento do Programa da Alimentação Escolar – em
convênio com a Secretaria Municipal de Educação do município de
Natal.
Até o ano de 2003, os recursos dos Programas eram oriundos do Governo
Federal, com exceção do Trilhas Potiguares, criado em 1996. A partir de 2003 houve
uma articulação dos grupos existentes, a fim de fortalecer suas ações, para que
houvesse um maior apoio institucional.
Em 2004, a Resolução 070/ 2004 foi aprovada no segundo semestre,
promovendo uma mudança na história da extensão da UFRN. Foi acordada na
Resolução, uma base normativa para a Extensão na universidade e uma nova
definição, baseado no Plano Nacional de Extensão (elaborado pelo Fórum Nacional
de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras.)
Em 2005, a Extensão se desvincula do ensino e da pesquisa, dando maior
qualificação de suas ações, no resguardo da extensão, como apenas prestadora de
serviços técnicos. Para equilibrar o decréscimo na quantidade da prática
extensionista de Programas e Projetos, é evidenciado o aumento significativo da
qualidade da Extensão.
A articulação das atividades de extensão com as de ensino e pesquisa tem
por princípio a indissociabilidade entre eles, visando atender às demandas sociais. O
envolvimento na extensão corrobora o aluno no processo ensino-aprendizagem,
através das experiências que são vivências reais, partindo da teoria para a prática.
Tem-se uma visão mais crítica de cidadania, tendo em vista sua experiência - dos
que participam da Extensão na UFRN, como as intervenções feitas na área de
23
desenvolvimento econômico e social, o planejamento das ações, gera também, um
debate sobre políticas públicas, por exemplo, a política de reforma agrária. Este
trabalho de conclusão de curso é uma das contribuições que ressaltam a
importância da Extensão na UFRN.
Baseando-se na avaliação das atividades extensionistas, houve um
desenvolvimento de suas áreas sociais, inseridas na linha programática Políticas
Públicas e Cidadania. Na Política Educacional, temos os Programas de
alfabetização de jovens e adultos, formação de professores e treinamento nas mais
diversas áreas. Já a Política de Saúde, contribuiu na formação de gestores,
acompanhamento de programas como o PSF, realização de diferentes ações em
saúde preventiva. Na Política de Segurança Alimentar, a merenda escolar e a cultura
alimentar. Na Política de Desenvolvimento Econômico e Social, os projetos de
produção na zona rural de municípios do RN, especialmente em assentamentos
rurais nas áreas de piscicultura, caprinocultura, apicultura e artesanato. A Política de
Meio Ambiente, na realização de ações na educação ambiental, realização de
diagnósticos e formação de gestores. E a Política de Assistência, que trabalha com
idosos, pessoas deficientes, crianças, adolescentes e jovens.
Podemos ainda, discorrer a respeito do impacto que as atividades de
Extensão trazem à comunidade e à formação acadêmica, pois a mesma é
considerada, de acordo com o Plano Nacional de Extensão Universitária (2000-
2001), o “processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa
de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a
sociedade”. Acontece uma troca de saber científico com saber popular, produzindo
um terceiro tipo de conhecimento, que dá a possibilidade de mudanças
transformadoras na vida das pessoas. É através do resultado do diálogo com a real
situação de vidas das pessoas que as mudanças são observadas. Há uma
reciprocidade entre conhecimento científico e saber popular.
Podemos acrescentar que com a prática extensionista, os alunos e
professores obtêm uma melhor formação acadêmica. É o contato direto com as
pessoas que torna o cidadão universitário um ser mais sensível e reflexivo sobre
questões que irão abranger sua realidade como futuro profissional. Dá uma visão de
mundo antes não percebida, adquire novos conceitos e conhecimentos. E na classe
de docentes, eles trazem questões que servirão como propostas ou projetos de
24
pesquisa. A relação interdisciplinar é uma característica adquirida na extensão
universitária.
Para cada projeto desempenhado pela extensão na UFRN, há um impacto
social. Podemos destacar alguns de natureza mais consistente e o impacto
produzido nele:
Programa Trilhas Potiguares
Sua atuação se deu em mais de 87 municípios do nosso Estado. Tem caráter
interdisciplinar nas áreas temáticas de Cultura, Educação, Saúde, Organização
Comunitária e Cidadania, Meio Ambiente, Esporte e Lazer e Transferência de
Tecnologia. Os resultados são visíveis. Entre os projetos executados através dele,
enfatizamos alguns, a criação de bibliotecas, oficina de artes, informações básicas
na área de saúde, orientação pedagógica para professores, oficinas de teatro, de
pintura e tantas outras.
Este prima pela interação da sociedade, valorizando a cultura, a sociedade e
o espaço onde vivem. Em 2005, por exemplo, o Trilhas se desenvolveu em dez (10)
municípios do Rio Grande do Norte, a saber; Cerro Corá, Serra Caiada, São Miguel
do Gostoso, Parelhas, Lagoa Nova, Baía Formosa, Goianinha, São José de
Campestre, Sítio Novo e Jaçanã, inserindo os elementos da política de Extensão da
UFRN: Educação e Inclusão Social; Desenvolvimento Econômico e Social;
Produção, Preservação e Difusão Cultural; e Políticas Públicas e Cidadania. E estas
foram as linhas que foram utilizadas:
Educação e Inclusão Social – foram desenvolvidas atividades na formação de
bibliotecas, treinamento de merendeiras nas escolas públicas, oficina de
capacitação e orientação de professores.
Desenvolvimento Econômico e Social – engloba as ações de
desenvolvimento local, aproveitando os recursos sociais e físicos. A geração
de renda pode ser citada neste eixo, e crescimento nas seguintes áreas:
criação de peixes, apicultura, caprinocultura, turismo, artesanato, trabalho de
artes plásticas e outras.
Políticas Públicas e Cidadania – o aprimoramento da gestão das políticas
públicas, como o apoio às iniciativas de gestão social, o planejamento das
ações governamentais locais; criação e melhoramentos dos Conselhos
25
Tutelar e da Criança e do Adolescente; acompanhamento e avaliação dessas
políticas, com incentivo à participação comunitária na gestão e aspectos afins.
Produção, Preservação e Difusão Cultural – o resgate da cultura é um dos
objetivos primordiais do Programa Trilhas Potiguares e a preservação do
patrimônio e sua divulgação. Há uma ligação desta área com outras, que
promove uma integração nas suas ações.
Projeto em Torno da Mesa
Dá-se em torno do meio ambiente, trazendo diferença no impacto econômico
e ambiental, pois se analisarmos os benefícios oferecidos, podemos notar que os
resíduos de pescados serão reaproveitados na produção de subprodutos, como
adubo orgânico, uma forma de gerar renda para as comunidades. Para isto, é
elaborado um plano de negócios e sua firmação empreendedora tem o fim de
comercialização destes produtos e subprodutos de pescados. O Projeto em Torno
da Mesa é desenvolvido em comunidades como Barreiras e Diogo Lopes/ RN.
O início do Projeto sucedeu com a apresentação de um vídeo de mobilização
nestas comunidades, e teve o título: (Vi)vendo a Nossa História. Neste vídeo os
atores se colocam no lugar das pessoas, e acontece um diálogo entre o
conhecimento e o local, cada um respeitando seu espaço.
Projeto Melhoria do Funcionamento do Programa da Alimentação
Escolar da Rede Municipal de Ensino de Natal/ RN
A merenda escolar é vista como algo que contribui no arrefecimento da
evasão e/ ou permanência dos estudantes na escola. Esta é uma fase onde a
alimentação influencia nos estudos em resultados positivos. Na maioria das vezes
chega a substituir uma refeição saudável que as crianças não teriam acesso.
Melhora o desempenho escolar e desperta para a educação alimentar. Cria uma
interação entre os alunos, pais, merendeiras, professores e diretores,
conscientizando-os da alimentação saudável, higiene dos alimentos, forma de
conservar, sua utilização e o acondicionamento apropriado, levando a uma melhor
qualidade de vida. A meta a ser atingida é o melhoramento da saúde alimentar. Para
que seja preservada, tem que ser levada em conta a cultura da região, pois pode
aproveitar ao máximo os valores nutricionais dos alimentos e fazer com que este
26
hábito seja mantido pelas pessoas daquela comunidade. Ainda serve como renda e
descarta o mau hábito da utilização dos produtos industrializados.
Os resultados logo são vistos: as merendeiras mais bem preparadas para
cuidar da alimentação; a higiene-sanitária é valorizada; o cardápio é equilibrado,
pensando na satisfação dos alunos e chega a atender a cota do Programa Nacional
de Alimentação e Nutrição – PNAE (15% das necessidades diárias na escola) e
abrange os setores públicos tendo em mãos um diagnóstico da situação do
Programa e proposta de soluções realizáveis.
Projetos de Extensão Universitária em Assentamentos de Reforma
Agrária, vinculados ao PROTECC
Este se relaciona à linha de Desenvolvimento Econômico e Social. São
executadas atividades de dinamização da cadeia produtiva animal (peixes, abelhas,
bovinos, caprinos e ovinos) em lotes de aproximadamente 159 famílias e 22
assentamentos de reforma agrária da região do Mato Grande, por exemplo. Trabalha
com a capacitação do preparo de produtos lácteos e frutas. Tem como objetivo gerar
renda para as famílias assistidas. Também valoriza o resgate artístico-cultural, o
enobrecimento da cultura rural. Habilita, ainda, monitores para direcionar os
trabalhadores rurais no aproveitamento do tempo ocioso para ter o prazer de uma
vida saudável no campo, sendo um modo de diminuir o stress.
Este Projeto contribui com o crescimento tecnológico, científico e social,
enfocando a agropecuária familiar nos assentamentos agrários. O desenvolvimento
sustentável é um dos alvos desse Projeto. É estendido às pessoas do local,
técnicos, produtores, estudantes, etc. Percebe-se que há esclarecimentos da política
governamental que apóia assentamentos de reforma agrária no RN e no Semi-Árido
do Nordeste. Há uma contribuição quanto ao aspecto didático-cientifico, pois dá a
oportunidade de analisar dados do sistema produtivo de animais criados em
assentamentos, em grande escala de desenvolvimento e desperta os acadêmicos
para a pesquisa de trabalhos de conclusão de curso de graduação e mestrado.
Ações da Extensão Universitária na UFRN
A política institucional é constituída de quatro (04) linhas de ação: Educação e
Inclusão Social; Políticas Públicas e Cidadania; Desenvolvimento Econômico e
Social; e Produção e Preservação da Cultura. Estas norteiam os Programas de
27
Extensão na Universidade, fazendo com que haja uma interação entre si. O
Programa Trilhas Potiguares, é um deles. Fundado em 1996, é o principal Programa
Institucional da UFRN. São incorporadas a ele, as quatro (04) linhas de ação. Sua
característica principal é a intervenção e visa o desenvolvimento local e sua
integração. Dentre os municípios assistidos até 2005, podemos citar: Baía Formosa,
Bento Fernandes, Carnaubais, Ceará-Mirim, Cerro-Corá, Currais Novos, Goianinha,
Ipanguassu, Jaçanã, Jardim do Seridó, João Câmara, Lagoa Nova, Lagoa de
Velhos, Macaíba, Parelhas, Pedra Grande, Pedra Preta, Pedro Avelino, Poço
Branco, Pureza, Riachuelo, Santana do Matos, São Gonçalo do Amarante, São José
do Mipibú, São José do Seridó, São José de Campestre, São Miguel do Gostoso,
São Paulo do Potengi, Serra Caiada, Sítio Novo, Taipú e Venha Ver. Vejamos
adiante cada linha de ação da Extensão Universitária da UFRN:
Educação e Inclusão Social – atua com jovens e adultos ausentes da escola
formal. Qualifica os professores, principalmente na alfabetização de jovens e
adultos. Realizou, em anos anteriores, os seguintes Programas:
a) Alfabetização Solidária - Conveniado ao Governo Federal funcionou até o ano
de 2002 e a Fundação ALFASOL, desde 2003, teve como apanhado a
formação de alfabetizadores, dando um acompanhamento às ações de
alfabetização de adultos nos seguintes municípios: Bento Fernandes, Boa
Saúde, Campo Grande, Galinhos, Ielmo Marinho, Japi, Jardim de Angicos,
José da Penha, Jucurutu, Lagoa D’anta, Lagoa de Pedra, Marcelino Vieira,
Montanhas, Monte Alegre, Monte das Gameleiras, Nova Cruz, Parau, Passa e
Fica, Santana do Matos, Santo Antônio, São Bento do Trairi, São Francisco do
Oeste, São José de Campestre, Serra de São Bento, Triunfo Potiguar e
Upanema.
b) PRONERA – é conveniado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por
intermédio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, contando
com a realização de diversos projetos:
Projeto Saber da Terra. Promove a formação de alfabetizadores e o
desenvolvimento de projetos de alfabetização de jovens e adultos em
assentamentos da reforma agrária. Atuou em anos anteriores nos seguintes
municípios: Bento Fernandes, Carnaubais, Ceará-Mirim, Cerro-Corá, Currais
Novos, Ipanguassu, Jardim do Seridó, João Câmara, Lagoa Nova, Lagoa de
28
Velhos, Macaíba, Pedra Grande, Pedro Avelino, Poço Branco, Pureza,
Riachuelo, Santana do Mato, São José do Mipibú, São José do Seridó, São
Miguel do Gostoso, Serra Caiada, Taipu e Touros.
Magistério da Terra. É um curso de ensino médio, modalidade Normal
(formação de professores). Atendeu em anos passados, com 100 alunos de
assentamentos rurais nos municípios: São Miguel,Touros, Pureza, Macaíba,
Mossoró e Ceará-Mirim.
c) PIDEPE – é um Programa de formação de professores de educação infantil,
e foi realizado nos seguintes municípios: Arêz, Mossoró, Canguaretama,
Currais Novos, Serra Negra, Goianinha, São Tomé, Rui Barbosa, Santa Cruz,
Campo Redondo, Coronel Ezequiel, Lajes Pintadas, Tangará, Jaçanã, Tibau do
Sul e Vila Flor.
Desenvolvimento Econômico e Social
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte atenta para o
desenvolvimento econômico e social no RN. Por isso tem feito pesquisas em áreas
diversificadas com o fim de produzir conhecimento e tecnologia, que servirão para
dar um retorno à sociedade. Os projetos de desenvolvimento econômico e social têm
sido atendidos em assentamentos da Reforma Agrária em municípios onde tem
parcerias dos governos locais. São desenvolvidos nas áreas de produção de peixe e
camarão, criação de caprinos, ovinos e bovinos e projetos que geram emprego e
renda, atendendo prioritariamente às populações mais carentes. Estas iniciativas
foram desenvolvidas pelos municípios: Bento Fernandes, Natal, Poço Branco,
Touros, Lages, São Gonçalo do Amarante, São Miguel do Gostoso e São Paulo do
Potengi.
Políticas Públicas e Cidadania
Através desta, a UFRN visa fortalecer Políticas e Programas distintos em
parcerias com governos e promover a criação de políticas que estejam envolvidas
com a cidadania e o desenvolvimento sustentável. Temos exemplos de projetos
efetivados nessa linha nos municípios:
- São Paulo do Potengi: psicultura para o Programa Fome Zero.
- João Câmara: assentamentos de trabalhadores rurais.
29
- Senador Georgino Avelino: desenvolvimento sustentável para produtores de
camarão.
- Barra de Maxaranguepe: ações para a gestão integrada da área de
Preservação Ambiental dos Corais de Maracajaú.
- Macaíba: reutilização de águas.
- Nísia Floresta: diagnóstico ambiental de viveiros de criação de camarão.
- Açu, Carnaubais, Almino Afonso e Alto do Rodrigues: diagnóstico da
poluição das águas do rio Açu.
- Santa Cruz: assistência humanizada em Pediatria, Ginecologia, e
Obstetrícia.
- Macau (Diogo Lopes): ligado ao Programa Petrobrás Fome Zero, visando
aprimorar a qualidade nutricional da população em comunidades pesqueiras com o
fim de geração de trabalho e renda.
Programa Escola de Governo - está dentro desta linha. A PROEX em
parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação, tendo como alvo principal
capacitar gestores de políticas públicas nas mais diversas áreas. Há princípio
realizou cursos nos seguintes municípios: Natal, Parnamirim, Ceará-Mirim,
Extremoz, Sítio Novo, João Câmara, Açu e Monte Alegre.
Produção, Preservação e Difusão Cultural
A UFRN se inquieta com a questão da produção e a preservação da cultura
no RN. Participam de projetos na área, o Departamento de Artes, a Escola de
Música e Núcleo de Arte e Cultura (NAC). Veremos a seguir os projetos e os
respectivos municípios onde foram desenvolvidas essas atividades:
Projeto Pau e Lata – oferece oficinas de construção rítmica a partir do uso de
sucata, em parceria com escolas da rede pública e/ ou Organizações Não-
Governamentais, e os municípios assistidos foram: Apodi, Cabugi, Jucurutu,
Lages, Mossoró, Natal e Pedro Velho.
Exposições Itinerantes de Artes Plásticas – NAC: Acari, Cerro-Corá, Currais
Novos, Caicó, Parelhas e Florânia.
Projetos na área de Patrimônio Histórico: Açu, Caicó, Carnaúba dos Dantas e
São João do Sabugi.
30
Estatísticas da PROEX, afirmam que em 2003, participaram 1.752 discentes
na Extensão da UFRN. Em 2004, 1.861 discentes e em 2005, participaram 1.506 em
atividades da Extensão, entre estudantes, bolsistas e voluntários. Existe um
incentivo aos docentes (geralmente eles atuam como coordenadores nos projetos)
quanto à participação na Extensão, visto que facilita o ensino-aprendizagem e
contribui na formação acadêmica. Em 2003, 2004 e 2005 participaram
respectivamente da Extensão na UFRN: em 2003, 507 docentes, em 2004, 589, e
em 2005, 437 foram os que desenvolveram atividades na Extensão.
É preciso haver um incentivo maior para que estudantes e professores
possam se integrar a essa iniciativa tão nobre da Extensão Universitária na UFRN.
Para isso se faz necessário um planejamento, uma disposição e uma dedicação
maior aos projetos que darão respostas concretas à sociedade. Torná-la mais justa e
consciente do papel social que ocupa.
2.1.1 Programa Trilhas Potiguares
O Programa Trilhas Potiguares surgiu no final de 1996 – originou-se do
Projeto Pé na Trilha, do curso de Geografia da UFRN. Desde então tem
contemplado dezenas de municípios do nosso Estado. Neste ano, podemos citar os
municípios recebidos pelos grupos de trilheiros: Vera Cruz, Baía Formosa, Serra
Negra do Norte, Cerro-Corá, Jaçanã, Serra de São Bento, Alexandria, Antônio
Martins, São Miguel do Gostoso e Rio do Fogo.
A atuação extensionista da UFRN, no Programa Trilhas Potiguares propõe
novas formas de aplicar o conhecimento produzido na universidade. Os municípios
se mostram com pouca expectativa econômica, limitando seus residentes a uma
economia escassa. Mesmo com a ausência da dinâmica social e econômica dos
grandes e médios, a partir de 1988 houve um deslocamento de obrigações sociais
do governo federal e estadual para estes municípios.
O Rio Grande do Norte é um dos Estados que mais sofreu com a crise
econômica. As economias tradicionais, como a agropecuária e a mineração foram as
que mais refletiram este impacto. Tendo isso em evidência, pode-se afirmar que
houve um aumento da exclusão social e dos problemas sociais. Por isso a iniciativa
de implementar estas ações de ligação direta com o município. É neste contexto que
31
o Trilhas Potiguares se consolida, através de diversas atividades o Programa assiste
a estes municípios. É válido assegurar esta promoção à demanda existente por
parte desses municípios.
O Programa Trilhas Potiguares, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, existe há 11 anos, e suas ações são bastante eficazes no interior do Estado.
De acordo com Freire Brasil e Gomes (2006, p. 47), já é possível compatibilizar
dados que chegam a 50 mil pessoas atingidas, ao longo dos últimos dez anos,
destacam-se os anos 2004, 2005 e 2006 – com as linhas de atuação adotadas pela
Pró-Reitoria de Extensão, a saber: Produção, Preservação e Difusão Cultural;
Educação e Inclusão Social; Políticas Públicas e Cidadania; ainda, Desenvolvimento
Econômico e Social. Tem como alvo pôr em prática o conhecimento produzido na
universidade. Seus preceitos são a participação, a ética e a cidadania. É pertinente a
este a qualificação na academia e o compromisso social. A interação com a
sociedade é uma prática extensionista que diminui a distância entre a comunidade
externa e a universidade, dando a comunidade assistida uma melhor preparação
para a vida.
As metodologias utilizadas são de cooperação, valorizando a Extensão
Universitária. Freire Brasil e Gomes (2006, p. 48), interpreta esta definição como:
O fato de a comunidade ser demandante das atividades de extensão é, talvez, a condição mais importante para se atingir o sucesso numa atividade de extensão universitária. Nesse contexto, a comunidade assume papel de sujeito do processo, propõe ações, oferece contrapartida, enfim estabelece uma parceria concreta, afastando o “fantasma” do assistencialismo.
É papel da Universidade valorizar a sociedade. Assim fazendo, estará
estimulando a ter consciência de que a transformação acontece a partir dela. É
conhecendo sua realidade que se pode intervir no contexto social, econômico e
político. Pode-se também, a partir daí, investigar as possíveis necessidades locais e
planejar uma forma de extrair o que há de melhor desta.
Gomes et al (2004, p. 1), destaca alguns trabalhos desenvolvidos:
[...] tem por objetivo desenvolver atividades junto às parcelas mais carentes da população. Tem como missão propor novas formas de aplicação do conhecimento gerado na universidade, tendo por base princípios da participação, da ética e da cidadania. O Programa Trilhas associa o máximo de qualificação acadêmica com o máximo
32
de compromisso social. As ações propostas buscam estabelecer uma rica interlocução entre universidade e sociedade, resultando em fecundo e infindável processo de mudanças recíprocas e de sociabilidades, que privilegia o diálogo entre os diferentes saberes na luta constante pela conquista de uma vida digna em todos os aspectos do desenvolvimento humano.
O Trilhas é uma iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN, e tem em vista sugerir alternativas para aplicação do conhecimento
produzido na universidade, de acordo com as demandas da comunidade extra-
universitária. Tem importância quanto ao resgate da cultura e folclore em dada
região do Rio Grande do Norte. Dá a oportunidade do acadêmico de ter um contato
mais próximo com a população. Vários são seus objetivos, dentre eles, contribuir
com a qualificação universitária; provocar mudanças transformadoras na
comunidade assistida, como também incentivar o desenvolvimento sustentável,
fazendo com que todos se integrem neste processo, a partir da ética e cidadania.
A preservação ambiental é um dos projetos mais abordados e relevantes para
a melhoria local. Pode-se assegurar que o Trilhas contribui para a qualidade de vida
da população potiguar. A universidade através deste retoma sua intenção de fazer
com que o conhecimento crítico e sua participação tenham um reflexo na sua
maneira de enxergar o mundo à sua volta. Sua visão interdisciplinar enriquece a
aplicação deste no RN, consoante no Nordeste do Brasil.
Segundo MEDEIROS (2001), o Programa Trilhas Potiguares tem os seguintes
objetivos:
Identificar a realidade sócio-econômica, cultural e ambiental dos municípios, para realização de estudos localizados direcionados à execução de ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável das comunidades;
Desenvolver projetos em áreas e temas específicos que integrem professores, alunos, técnicos e lideranças comunitárias, utilizando como referencial os princípios do desenvolvimento sustentável, no sentido de contribuir para a transformação da realidade;
Articular demandas de projetos específicos para os municípios, de pesquisa ou extensão, que possam ser desenvolvidos em parceria com os diversos setores da UFRN;
Contribuir para o processo de qualificação social dos membros da comunidade acadêmica, oportunizando novos cenários de ensino-aprendizagem, troca de saberes e o desenvolvimento de uma consciência crítica acerca do seu papel social;
33
Identificar lideranças locais e capacitá-las a fim de que se tornem agentes multiplicadores das ações desenvolvidas nas diversas áreas do Programa.
Diante disto, percebemos que o incentivo à educação é o princípio desta
iniciativa. Sintonizar os idealizadores do projeto com a comunidade assistida torna
estes capazes de encontrar soluções para problemas cotidianos.
Sua metodologia é simples: primeiro, faz-se o cadastro dos municípios, dos
alunos e professores através da INTERNET, Rádio Universitária e TV Universitária;
na segunda fase, é estabelecido então, o primeiro contato com a comunidade. É o
diagnóstico propriamente dito, onde os líderes comunitários podem fazer um
levantamento das principais demandas, visando enxergar os problemas mais
comuns naquela região, juntamente com os professores da universidade, que são os
coordenadores do projeto. Esta é aberta à comunidade e o contato se faz necessário
para elaboração do projeto, ou seja, é conhecendo suas reais necessidades que se
pode fazer um planejamento adequado para sua execução.
Terceiro, acontece a preparação do grupo que atuará naquele município,
sendo feito sob o diagnóstico executado anteriormente, onde se preparam
estratégias teórico-metodológicas através de comparação com a pesquisa literária e
a realidade assistida; na quarta etapa, temos a preparação dos projetos pelos
discentes (sob a orientação dos docentes) que serão direcionados àquele município
em particular; em quinto lugar, é feito o embasamento de suas ações, onde se faz
uma avaliação, e podem ser usados os procedimentos técnico-metodológicos, ou
melhor, se avalia as ações a serem tomadas, e logo se reúne toda a comunidade
para breve discussão sobre suas demandas (este já contendo todo o cronograma
pré-pronto).
A sexta fase é a operacionalização dessas ações, que ocorre no período de
dez (10) dias e pode-se afirmar ser o auge da concretização do projeto, pois há
realmente a troca de saberes, o saber-fazer é estabelecido a partir dali, destacando-
se a interdisciplinaridade como forma de facilitar a cooperação tanto entre os
trilheiros, quanto com a população local; a sétima etapa é mostrar os resultados dos
projetos, verificando se há algo a ser questionado sobre o desenrolar das ações;
observar e fazer acompanhamento dos projetos, caso precise (uma das fases mais
importantes); por último, a avaliação das atividades desenvolvidas pelo Programa
Trilhas Potiguares, direcionado para todos os envolvidos no contexto: a equipe da
34
UFRN e a prefeitura, onde é abordado o que foi realizado e/ ou pode ser
aperfeiçoado. Esta metodologia empregada é através da qual se adapte melhor
àquela realidade, pois as pessoas que residem são as autoras da própria história
naquele município. Podemos citar um caso de sucesso, o Auto de São Miguel, na
cidade de São Miguel de Gostoso, em dezembro de 2005. Foi a partir desta iniciativa
dos trilheiros (alunos que elaboraram e executaram o projeto) no Programa Trilhas
Potiguares da UFRN, que foi criado a secretaria de cultura municipal, tendo em vista
valorizar a cultura local.
Este Programa é uma das principais ações da Universidade. Pode ser
comparado a um estágio oferecido aos alunos que dele participa. Pôr em prática a
teoria dá uma satisfação aos pequenos municípios assistidos, como torna o discente
mais consciente da sua responsabilidade com a sociedade. A qualidade de vida
pôde ser observada dentre as cidades que aderiram a esta iniciativa que promete se
aperfeiçoar cada vez mais.
35
3 EXPERIÊNCIA NA EXTENSÃO
A Extensão Universitária também é conhecida como Extensão Popular, e é
uma discussão para a Reforma no Ensino Universitário. Por exemplo, o
desenvolvimento sustentável é uma questão que permeia na contemporaneidade.
Segundo Falcão (2006, p. 43), compete à Universidade transmitir (ensino), produzir
(pesquisa) e aplicar (extensão) conhecimentos, sendo eles interligados. Ou seja, um
complementa o outro.
Falcão, (2006 apud OLIVEIRA, 1977, p. 44), afirma que “é a presença da
instituição no cotidiano das pessoas”. Podemos citar alguns exemplos de projetos
que tornaram as Universidades Livres e Populares, nascidas entre 1909 e 1912; a
extensão rural, em 1929; a idéia da escola nova, em 1932; a experiência no
CRUTAC; e o Projeto Randon, em 1965. Estes foram marcos nas atividades
extensionistas.
Em 1914, com o Golpe militar, houve um fortalecimento nas elites, em relação
ao ensino. Foi um período de mudanças. A extensão foi considerada para uns,
“saber científico” e para outros como “saber popular”. A ditadura militar influenciou o
MEC para que o ensino se tornasse democrata, ou melhor, daria ao discente a
condição de especialista, permanecendo esta forma de repensar o ensino nas
universidades públicas brasileiras. Isto sucedeu na década de 1980, na esperança
de criar um protótipo de ensino no país.
A descoberta de experiências compartilhadas foi a partir deste modelo, onde
os docentes e discentes poderiam estreitar a distância entre eles em suas trocas de
saberes. O estudante torna-se um agente ativo na extensão e articulador funcional
de ensino, pesquisa e extensão, consoante Falcão (2006, p. 45). O sistema
educacional foi debatido na década de 80 e 90, na intenção de propor modificações
no ensino. A extensão, apesar de evoluir, conforme os paradigmas extensionistas
têm sua função bem definida, atingir a sociedade e responder de acordo com estas
questões citadas anteriormente.
A concretização desses projetos foi baseada na campanha do sociólogo
Betinho, em 1994, no programa de combate à “fome” e a “miséria”. A sociedade
reagiu nesta discussão, várias classes sociais da sociedade civil organizada, o
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Estado, empresas privadas no Brasil e exterior. Daí, gerou-se a questão da
responsabilidade social, desencadeando outras culturas na classe operária.
O compromisso social na Universidade formou-se das atividades
comunitárias, que gerariam o exercício da cidadania. A Universidade Cidadã é um
projeto se que deve à definição de universidade (originado pelo Fórum de Pró-
Reitores das Universidades Públicas Brasileiras, década de 90) à qual facilitará o
desempenho dos programas de extensão, a fim de contestar as necessidades do
proletariado. Antes disso, surgiu o Programa Interdisciplinar de Ação Comunitária, da
Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários da UFPB, que iniciou em 1990, com o intuito
de favorecer os excludentes.
É desvendado então, o papel da Universidade na sociedade. O Programa é
de caráter interdisciplinar. Nomeado como o Programa Interdisciplinar de Ação
Comunitária. Favorece a organização das comunidades trabalhadoras, tendo em
vista o empobrecimento de políticas sociais. Interrelaciona o ensino, a pesquisa e a
extensão nas comunidades que não tem acesso a serviços de educação básica e
saúde. O ensino-aprendizagem é aplicado no processo. Visa criar formas de
participação social. Há um apoio de Organizações Governamentais ou não, para a
viabilização dos projetos.
O somatório das áreas multidisciplinares favorece sua operacionalização. O
esforço tem que ser conjunto para que aconteça de forma efetiva. A visão
interdisciplinar sensibiliza para melhor entendimento político e social. As ciências se
agregam a este contexto. Falcão (2006 apud Morin, 1996, p. 50) reforça que “só é
possível entender o homem se este for visto à luz da integração das ciências”.
Acontece um entrosamento entre as áreas do saber. Uma complementa a outra.
Para se aplicar este Projeto, tem que primeiro procurar conhecer a realidade
da comunidade, dando ênfase às necessidades enfrentadas por elas. É
desenvolvido ações de caráter teórico-práticos, para que possam dar andamento
aos projetos. Desta forma, tem-se em mente repensar a reforma do ensino na
prática extensionista.
3.1 EXPERIÊNCIAS NO TRILHAS POTIGUARES
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Pretende-se fazer uma abordagem geral sobre os Projetos-biblioteca em Baía
Formosa, Bodó e Rio do Fogo/ RN, que foram desenvolvidos nos anos 2005, 2006 e
2007, respectivamente. Para que possa servir de estímulo aos acadêmicos que
ainda não tiveram o contato com o “pensar-fazer”. A extensão universitária é uma
oportunidade onde os discentes podem colocar seu aprendizado em prática. Em se
tratando de biblioteca, pode-se trabalhar os principais conceitos biblioteconômicos
às pessoas das comunidades visitadas, situadas no interior do RN.
O conhecimento é algo que enaltece. Em contrapartida, ele torna os
indivíduos mais participativos em uma sociedade marginalizada por pouco ou
nenhum acesso à informação. Para isso, temos que ser pró-ativos e assemelhar
nossos objetivos aos objetivos do outro. Assim, teremos uma sociedade mais justa e
menos excludente.
Através da aplicação de mini-cursos de Capacitação em Biblioteca em Baía
Formosa, Bodó e Rio do Fogo/ RN, percebeu-se como os projetos-biblioteca têm sua
relevância no contexto universitário-biblioteconômico. Sabendo que o bibliotecário é
um gestor da informação, este trabalho mostra como o uso da informação faz do
futuro profissional um interventor na sociedade. Para entender melhor, temos que:
[...] as funções da biblioteca como centro organizado de informações à luz da relevância da informação como elemento essencial à conquista da cidadania, por todos os indivíduos. O profissional bibliotecário é estimulado a se transformar em instrumento de democratização, contribuindo para que seja legado a todos os indivíduos o exercício da cidadania via acesso à informação. (TARGINO, 2006, p. 67).
Os projetos de extensão da UFRN dão a oportunidade a alunos de diversas
áreas de interagir com a comunidade, fazendo com que desenvolvam projetos
específicos de atuação. O curso de biblioteconomia da UFRN está inserido em
projetos com a finalidade de organizar bibliotecas nas comunidades do interior do
Estado do Rio Grande do Norte.
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O objetivo geral deste é analisar a atuação discente do curso de
Biblioteconomia na extensão universitária. E os objetivos específicos foram: mostrar
que os Projetos-biblioteca contribuem no crescimento do futuro profissional em
biblioteconomia; identificar a aplicabilidade dos conceitos biblioteconômicos na
extensão universitária; apontar a Transferência da Informação como ferramenta do
profissional; analisar a contribuição do Projeto-biblioteca para a sociedade. A
metodologia utilizada foi através da aplicação de mini-curso de capacitação de
biblioteca em Baía Formosa, Bodó e Rio do Fogo/ RN. Tem o objetivo de trazer à
tona como o acesso à informação é importante no interior do RN, tendo em vista
suas reais necessidades.
A forma de atuação do Programa Trilhas Potiguares sofreu alterações com o
passar do tempo, abandonando o objetivo meramente assistencialista e
reconhecendo a importância do intercâmbio de conhecimentos. Os discentes têm a
oportunidade de pôr em prática o aprendizado adquirido em sala de aula, além de
absorver novas experiências que só os enriquecem como futuros profissionais. Por
sua vez, a comunidade entra em contato com o mundo acadêmico e com os
conhecimentos científicos, sendo beneficiada com o aperfeiçoamento de suas
habilidades nas atividades desempenhadas no dia-a-dia da comunidade, como por
exemplo, a organização de bibliotecas.
O ser-fazer se consolida na extensão e é proporcionada ao acadêmico uma
experiência de vida única. Cada projeto traz um vivenciar diferente, visto que os
municípios, apesar de terem quase as mesmas carências, têm necessidades
específicas. O projeto de extensão é gratificante tanto para seus autores quanto
para seus receptores. Ao atuar em projetos como este, sentimos a necessidade de
divulgá-lo, pois nos deparamos com uma comunidade que tem expectativas quanto
a esta iniciativa, esperançosa de que seus integrantes se tornem cidadãos melhores
que antes.
Estas participações no Programa foram relevantes para o crescimento
pessoal e acadêmico-biblioteconômico, pois, despertou o interesse em desenvolver
soluções eficazes aos problemas pertinentes à comunidade local. Proporciona aos
universitários uma experiência de vida, dando a oportunidade de conhecer outras
realidades, como também sensibilizar os indivíduos locais com a conscientização do
papel social que cada um ocupa. O desafio é o que dá motivação ao projeto.
39
3.1.1 Experiências em Projetos-Biblioteca
É relativo falar de experiências. Mas há autores que a definem como
‘significativas’ para nossa formação. Ou melhor, é o propósito da nossa existência.
Facilita a aprendizagem, sob o ponto de vista das atitudes, comportamentos,
pensamentos e saber-fazer. E é assim construída:
Ter experiências é viver situações e acontecimentos durante a vida, que se tornaram significativos, mas sem tê-los provocado. Fazer experiências são as vivências de situações e acontecimentos que nós próprios provocamos, isto é, somos nós mesmos que criamos, de propósito, as situações para fazer experiências. Pensar sobre as experiências, tanto aquelas que tivemos sem procurá-las [...], quanto àquelas que nós mesmos criamos [...]. (JOSSO, 2004).
Estes Projetos estão inseridos, dentre as modalidades da construção de
experiências acima mencionadas, no ‘pensar sobre as experiências’. Parafraseando
as palavras da autora, é percebido que é apenas através da prática que se adquire a
verdadeira experiência.
Os Projetos-Biblioteca: organização e dinamização em Baía Formosa, Bodó e
Rio do Fogo/ RN foram desenvolvidos dentro do projeto de extensão da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Programa Trilhas Potiguares,
visando atingir a população local, quanto à melhoria da qualidade de vida da
comunidade, através de parceria com a prefeitura do município. Este é um
acréscimo na formação acadêmica, uma ação de responsabilidade social, a fim de
proporcionar uma troca de saberes, sendo enriquecedor tanto para a população
atingida, quanto para os atuantes no Programa, geralmente alunos e professores.
O objetivo dos Projetos-Biblioteca foram habilitar pessoas da comunidade
para atuarem em bibliotecas como agentes multiplicadores em informação, de
acordo com o contexto social desta, além de selecionar e organizar o acervo
bibliográfico. Ainda, podemos destacar: promover o incentivo à leitura, aos estudos e
pesquisas; agregar valor à comunidade; atender às necessidades informacionais
dos usuários naquela Unidade de Informação; e oferecer espaço para exposição
cultural.
40
3.1.2 Projeto-Biblioteca em Baía Formosa/ RN
O Projeto-Biblioteca em Baía Formosa/ RN em 2005 teve uma relevância
muito grande, visto que a biblioteca localizava-se num espaço que estava se
deteriorando, devido à falta de reformas cabíveis àquela situação, também seu
acervo estava se acabando. Tendo isso em vista, podemos dizer que o projeto
“salvou” a biblioteca, que é para ser oferecida a todos que necessitam de
informação, pois a vida simples dessas pessoas fazia com que ficassem ociosas
sem o convívio com o espaço que se destinava aos estudos e pesquisas cotidianas,
bem como a leitura prazerosa.
O estado em que se encontrava o acervo foi alarmante, visto que a maioria
dos materiais estavam deteriorados e impróprios para uso. Mas como é o único
acesso às fontes de informação que dispõem as crianças para trabalhar suas idéias,
não se pôde fazer muito em relação a este aspecto.
O projeto teve a duração de uma semana (segunda à sexta-feira), sendo
assim dividido: os dois primeiros dias foram para o grupo aprender conceitos básicos
de biblioteca, tipos de bibliotecas, aplicaram-se dinâmicas de grupo, em seguida, foi
abordado como iríamos colocar em prática o projeto. No terceiro dia, colocou-se a
“mão na massa” e fomos visitar a biblioteca, e começamos o processo de seleção.
No quarto dia, tivemos que arranjar um espaço para que o acervo fosse transferido
daquele lugar, que era inadequado para o funcionamento, daí tivemos a idéia de um
Galpão da Prefeitura, que estava disponível, e logo fizemos a mudança. No último
dia, terminamos de organizar este espaço onde seria a “nova biblioteca”.
O curso teve grande interesse dos indivíduos locais em se integrar nessa
iniciativa promovida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, a
qual ofereceu auxílio financeiro ao projeto, como também o apoio dado pela
Prefeitura local. Este mini-curso foi oferecido à comunidade como forma de contribuir
para o bem comum social, com o intuito daqueles que participassem, pudessem dar
continuidade ao projeto.
A partir daquele momento organizou-se um local onde os estudantes e a
comunidade em geral teriam acesso à informação que tanto desejavam, já que a
biblioteca estava fechada há muito tempo. Atualmente, se percebe outra realidade, a
41
biblioteca aberta ao público, oferecendo serviços que contribuem para o
desenvolvimento das pesquisas e da leitura na região.
3.1.3 Projeto-Biblioteca em Bodó/ RN
Em Bodó/ RN, no ano de 2006, o projeto teve como objetivo preparar pessoas
da comunidade para organizar os materiais informacionais existentes, a fim de que
pudessem dar continuidade ao projeto. A metodologia empregada foi através de um
mini-curso oferecido às pessoas que estavam envolvidas no processo de
disseminação da informação, capacitando seis pessoas (uma que atua na biblioteca
e as outras que fazem parte da área de Educação, na escola e Secretaria de
Educação, já que estes ambientes também possuem material informacional).
Assim como em Baía Formosa, também houve grande interesse da
população local, que também contou com o apoio financeiro da prefeitura local, a
qual ofereceu auxílio financeiro ao projeto. Então, iniciou-se o processo de
organização do acervo para que os estudantes e a comunidade em geral tivessem
acesso à informação. A realidade atual é a mesma de Baía Formosa, a biblioteca
aberta ao público, oferecendo serviços que contribuem para o desenvolvimento das
pesquisas e da leitura na região.
3.1.4 Projeto-Biblioteca em Rio do Fogo/ RN
No município de Rio do Fogo/ RN, várias bibliotecas foram assistidas pelo
Projeto-Biblioteca do Programa Trilhas Potiguares 2007. A primeira foi a biblioteca
da escola municipal em Rio do Fogo, fundada em 2003. Para sua idealização, foram
doados 3.800 exemplares de livros. Atualmente, esta quantidade diminuiu, devido à
falta de conscientização por parte da comunidade e lideranças locais. Nesta visita,
percebeu-se que o acervo estava arrumado, mas não sistematicamente organizado.
42
A biblioteca permanece mais tempo fechada, devido à falta de pessoal para atender
aos alunos que a utilizam.
A outra biblioteca localizada também numa escola, no Distrito de Punaú, tem
as mesmas características que a primeira, com exceção do acervo, que é bem
maior. O estado em que o encontramos foi alarmante, pois estava desorganizado,
num amontoado de livros. A biblioteca parecia mais um de depósito de livros e
percebeu-se, que havia cadeiras às quais serviam de local para os professores
ministrarem suas aulas. Apesar destes fatores, o acervo é vasto e rico em materiais
informacionais. Uma das responsáveis pela biblioteca atualmente é Kely. Esta
funciona em três horários, manhã, tarde e noite.
O acervo destas duas bibliotecas é composto tanto por livros didáticos quanto
Literatura, obras especializadas, referências, e outros. Os usuários mais assíduos
são os alunos que freqüentam a escola, sendo um espaço de realização de
trabalhos e também uma forma de “passar o tempo”.
Outras escolas que foram visitadas ficam nos Distritos de Canto Grande,
Zumbi e Pititinga, e apesar de não possuírem um espaço destinado à biblioteca, foi
constatado que existe em cada um desses lugares um projeto de biblioteca
circulante, a Arca das Letras. Esta serve de consulta para os estudantes e a
comunidade. Por ser itinerante, ela pode estar alocada na escola ou mesmo na casa
de alguém da comunidade. O importante é servir como meio de acesso à
informação.
O projeto de organização de biblioteca foi desenvolvido durante a semana em
que o Grupo de Rio do Fogo desempenhou seus projetos, cada qual na sua área.
Este estava inserido no Grupo de Educação e Inclusão Social: Internet/ Biblioteca
Virtual e Comunitária. Aconteceu durante o Trilhas Rio do Fogo e finalizou com a
aplicação de oficina de capacitação para atuar em biblioteca. Teve o objetivo de
preparar pessoas da comunidade para organizar os materiais informacionais
existentes, para que possam dar continuidade ao projeto.
A metodologia empregada foi através de organização e sistematização do
acervo em Rio do Fogo, como também uma oficina oferecida às pessoas no Distrito
de Punaú. As pessoas que participaram estão envolvidas no processo de
disseminação da informação, totalizando vinte pessoas (algumas que já atuam em
biblioteca e outras que fazem parte da área de Educação e trabalham na escola ou
43
Secretaria de Educação), já que estes ambientes também possuem material
informacional.
Podemos citar os problemas mais comuns detectados nas bibliotecas de Rio
do Fogo: em Punaú, foi reduzida para funcionar sala de aula; em Zumbi, falta
espaço para funcionar a biblioteca, bem como há uma deficiência no acervo, pois
atende basicamente às necessidades de alunos do 1º ao 5º ano, ausência de
profissional adequado para manusear os livros na biblioteca; falta de espaço
adequado para utilização de material áudio-visual; falta iluminação adequada,
ventilação e decoração; ausência de sinalização nas estantes; ausência de horário
fixo de funcionamento.
As atividades se iniciaram logo no primeiro dia, onde fizemos um
reconhecimento do local, e, portanto da biblioteca, que fica na escola onde
estávamos hospedados. Visitamos o centro da cidade e a praia. Logo, o Grupo do
Trilhas Rio do Fogo se subdividiu. Houve, durante a semana, uma organização do
acervo da biblioteca em Rio do Fogo.
A oficina foi ministrada na sexta-feira no Distrito de Punaú e teve a duração
de duas horas e meia, sendo assim dividida: o primeiro momento foi para repassar
alguns conceitos de Biblioteconomia para logo em seguida, colocarmos em prática a
teoria. Falou-se sobre o processo de seleção, como também a classificação mais
apropriada para cada item.
Percebeu-se um interesse maior por parte de uma das funcionárias da
biblioteca, porque ela iria lidar com esse tipo de atividade no seu cotidiano. E
continuamos passando por todas as etapas do processo de documentação, desde a
seleção, o tombamento (foi inaugurado um livro de tombo), o carimbo, a catalogação
em fichas, a classificação - a parte mais delicada do processo, e por último a
inserção das obras dentro de suas classes, concluindo com a sinalização nas
estantes.
Obtivemos resultados positivos em Rio do Fogo, visto que a satisfação foi
geral daquelas pessoas que não têm acesso à informação sobre como organizar
uma biblioteca e ainda gratificante saber que em pouco tempo repassou-se a técnica
da classificação para essas pessoas. O que poderia ter sido melhor foi em relação
44
às horas investidas nas oficinas e palestras, que foram duas horas e meia. Não se
pôde fazer muito em relação a isso.
As funcionárias responsáveis pela biblioteca ficaram com a missão de
terminar de organizar o acervo, visto que o tempo disponível não foi suficiente para
sua concretização. O projeto tem muito que melhorar, caso necessite, voltar ao
município para rever o andamento do projeto naquelas bibliotecas, já que a
necessidade de informação é urgente para as pessoas poderem conseguir obter o
que tanto procuram – o acesso livre a informação.
Os resultados esperados neste trabalho acadêmico, é que, além de mostrar
os objetivos alcançados no projeto, pretende-se que este sirva de base de consulta
àqueles que pretendem ingressar num cenário tão real que nos cerca. Tornar ciente
aos estudantes de biblioteconomia e demais acadêmicos que o pensar-fazer é algo
mais que um simples atuar, ele torna as pessoas mais próximas da realidade que
terão de enfrentar ao exercer sua profissão.
De modo geral, estes projetos desencadearam muitas histórias de sucesso,
procurando aperfeiçoar-se neste Programa desenvolvido pela UFRN. O Trilhas
Potiguares denota o quanto a Universidade está preocupada com a formação
intrínseca do cidadão-universitário.
3.1.5 Depoimentos de trilheiros
Para confirmar a riqueza em conhecimento científico e saber popular,
selecionamos alguns depoimentos que comprovam que a experiência na Extensão
traz apenas benefícios à vida acadêmica.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Baía Formosa/ RN, 2005
– Ex-acadêmico do Curso de Geografia da UFRN:
O Trilhas é uma oportunidade para sairmos da teoria e praticar aquilo que aprendemos em sala de aula. O Trilhas foi uma experiência ótima neste sentido, possibilitando a convivência com pessoas do lugar (Baía formosa), vivenciar experiências novas. Outra coisa muito
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legal foi conviver com o pessoal do Trilhas, pessoas de cursos diferentes, o que possibilita a troca de conhecimento das mais diversas áreas. Além disso, podemos conhecer mais a fundo a cidade onde trabalhamos durante o projeto, observando seus costumes, sua cultura, o cotidiano da comunidade e contribuir para sua melhoria da qualidade de vida.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Serra Caiada/ RN, 2005
– Ex-acadêmica do Curso de Biblioteconomia da UFRN:
A participação no Programa Trilhas Potiguares me proporcionou uma experiência bastante enriquecedora, sem dúvida, sob diversos aspectos. Além de constituir-se em uma oportunidade única de colocar na prática algumas teorias vistas em sala de aula, a forma como acontecem as coisas torna essa experiência muito especial, pois temos a oportunidade de interagir com alunos de outras áreas, isso nos dá outras visões de mundo, ou seja, pontos de vistas bastante diversos. Fora isso foi uma oportunidade também de conhecer outras pessoas, o que me rendeu até uma proposta para participar de um outro projeto, com o pessoal de enfermagem. Outra coisa gratificante é a satisfação de estar doando um pouco de si para a sociedade.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Baía Formosa/ RN, 2005
– Acadêmica do Curso de Biologia da UFRN:
O Projeto Trilhas Potiguares nos dá a oportunidade de conhecer a realidade do interior do nosso Estado, tanto em relação à educação ambiental, que é um assunto pouco abordado nas escolas, quanto em outras áreas, como artes, a educação física, a geografia, a aqüicultura e a biblioteconomia dando a oportunidade de haver uma troca de saberes entre os universitários e entre a população do local. E com o conhecimento adquirido em Baía formosa com a população, percebe-se que nem sempre as pessoas agridem o ambiente porque querem e sim por falta de conhecimento no assunto, sendo, portanto de extrema importância que os projetos de extensão universitária cheguem até estas localidades.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Baía Formosa/ RN, 2006
– Ex-acadêmica do Curso de Pedagogia da UFRN:
Participar do Programa Trilhas Potiguares é muito importante para formação acadêmica de qualquer universitário. Diferente dos trabalhos de pesquisa, a extensão nos possibilita aplicar in loco o
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que aprendemos no contexto acadêmico, como também nos faz refletir sobre a função social que temos enquanto universitários, no retorno que a população espera de nós. É uma forma de percebermos que vale a pena estudar, fazer algo pela população, não pensando apenas no retorno financeiro ou no status de ser universitário em um país de pessoas iletradas em sua grande maioria, mas perceber que podemos intervir na sociedade de alguma forma. Tive participação nas cidades de Bodó e Baía Formosa e cada experiência foi singular. O processo de ensino-aprendizagem se deu de maneira efetiva, visto que também nos amplia a visão sobre muitas questões e se pode trazer para a sala de aula discussões tão em pauta no ‘mundo real’. A experiência é riquíssima e acho que todos ou a maioria dos alunos deveriam participar, ter acesso a essa realidade. Isso seria a “humanização da graduação”.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Bodó/ RN, 2006 –
Acadêmico do Curso de Geografia da UFRN:
Programa Trilhas Potiguares – breve relato acerca do Programa e da experiência nele vivenciada. Em linhas gerais, o Programa Trilhas Potiguares oportunizou a continuação de um pensamento por mim tido em razão do caráter que adquiri a partir do forte engajamento em uma das propostas tidas pelo curso ao qual pertenço (Geografia), ou seja, a prática de campo. Talvez pela própria influência passada através das disciplinas deste mesmo curso, bem como da existência de outro Programa, o Pé-na-Trilha (indutor inclusive para a criação do Trilhas Potiguares). É interessante apontar outro elemento de extrema importância que tive a partir da ação: o trabalho e convívio com componentes das diversas áreas de conhecimento, ciências. Enfim, seria o elemento que se prega enquanto atividade multidisciplinar. Não somente a relação com colegas de outras áreas é posta enquanto escala de importância para a formação individual, como também o envolvimento com os populares da(s) comunidade(s) envolvida(s), principalmente por estabelecer o ideal pregado de ‘interação entre a universidade (através de nossos grupos de alunos e professores) e a sociedade potiguar’ e de nos despertar o sentimento de ajuda na construção de vivências melhores a quem não tem muitas expectativas. Vale ressaltar que, apesar de programas como o Trilhas Potiguares realizado pela UFRN, ainda sinto ausência de muitas atividades envolvendo mobilizações entre alunos de variados cursos por parte de nossa instituição, tanto no que se remete a realizações externas à academia, como dentro de seu âmbito. Enfim, busco compreender o intuito de ações como essa do Trilhas dentro da tríade pregada pela UFRN quanto às atividades de ensino, pesquisa e extensão, voltando-se, de fato, à comunidade em si, não se limitando às instâncias universitárias e desejo a expansão do Programa, ao passo que ele possa, quem sabe, acompanhar com maior freqüência as práticas nas localidades contempladas quando de sua realização,
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assim como apresentar um contingente maior de alunos contribuindo para esse feito.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Bodó/ RN, 2006 –
Professora do Centro de Biociências da UFRN:
A visão que tenho sobre o Trilhas, é que aprendemos muito sobre pessoas, lugares etc., nos deixa com muitas interrogações sabe? Eu me sinto muito feliz em participar, porém fico com um certo vazio também, isso no que diz respeito as coisas que podemos fazer e ficam a desejar. O projeto é louvável, mas também acho que poderia ser mais intensivo, coisas de Brasil. Dar impressão de que o trabalho não terminou. Sei que nossa função é disseminar saber, porém acredito que deveríamos ter um controle sobre as tarefas que agendamos com eles, isso para saber se realmente irão fazer algo, se ficou mesmo alguma coisa? Fico com grandes questionamentos sobre a educação nestes lugares por onde passamos, tipo: até que ponto essas pessoas se empenharão nas melhorias? Ou darão mesmo continuidade de um certo modo a algo que planejamos e ensinamos com tanto carinho? Eles não têm culpa (os professores), mas os governantes? Enfim, é uma vivência singular para cada um de nós, se torna depois um pluralismo de saberes que envolve nosso eu mais profundo. É mais ou menos isso que sinto. [...] As Trilhas sempre nos acrescentam: Amor ao próximo, aprender a conviver em equipe, aprender a conhecer de perto os problemas de pessoas necessitadas de educação, melhores informações para gerar melhor conhecimento de causas, aprendemos a aprender, a procurar respostas perante os desafios, ser solidários, aprendemos também a pesquisar e ensinar coisas novas também.
Depoimento sobre a participação no Trilhas Potiguares em Nova Cruz/ RN, 2006 –
Acadêmica do Curso de Biblioteconomia da UFRN:
Participar de um projeto como o Trilhas Potiguares é essencial para o estudante que deseja unir a teoria com a prática, aplicando o conhecimento adquirido na universidade de forma efetiva e direta nas comunidades. O objetivo das atividades realizadas nas comunidades é despertá-los para o potencial existente na própria comunidade e motivá-los a trabalhar de forma sustentável. Como estudante do curso de Biblioteconomia minha contribuição no Trilhas Potiguares de Nova Cruz foi através de oficinas que mostravam a importância da leitura para a formação de cidadãos. As oficinas: Ler é um prazer, Contação de histórias e atividades pedagógicas na biblioteca mostraram que a leitura deve sempre estar presente na vida de todos. A troca de informações entre os estudantes e as pessoas das comunidades são essenciais para a geração do verdadeiro conhecimento.
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Depoimento extraído do Jornal da UFRN de jul./ ago. 2007 sobre a participação no
Trilhas Potiguares em Vera Cruz/ RN, 2007 – Acadêmico do Curso de Jornalismo da
UFRN:
Vera Cruz, uma pequena cidade do Agreste do RN distando 44 km de Natal. O Trilhas Potiguares, Programa de extensão da UFRN, que possibilita aproximação da instituição universidade e a sociedade como também a troca de conhecimentos entre universitários e a comunidade. Era a primeira vez que participava de um programa como esse e me questionava se a experiência ia ser como imaginava: ‘maravilhosa’, segundo relatos de ex-trilheiros. A resposta foi positiva, a começar pelo nosso coordenador, o professor Deusimar Freire Brasil, do Departamento de Oceanografia e Limnologia. Sempre paciente e descontraído ele orientou nosso grupo de 15 estudantes de forma dinâmica, nos alertando para a importância da cooperação e humildade num trabalho interdisciplinar e de voluntariado como o Trilhas. Nosso objetivo, ele deixou claro, não seria o de solucionar problemas, mas deixar ao menos as bases para um desenvolvimento sustentável. Vera Cruz e sua gente: cozinheiras, motorista, prefeito, professoras, população. Pessoas simples que do início ao fim de nossa estadia contribuíram com nossas atividades. Mas nossa atuação não se deteve apenas a Vera Cruz, alcançamos o seu distrito Cobé e comunidades rurais das proximidades. As atividades, que abordavam temáticas das mais variadas, atendiam, em sua maioria, às demandas levantadas anteriormente. Iniciação esportiva, sexualidade, formação de Conselhos Municipais, alimentação saudável e até técnicas de como se falar melhor em público, só para citar algumas, atraíram um grande público participativo e entusiasmado. Crianças, jovens e idosos opinando e discutindo, brincando e dançando, sempre sorrindo. O pró-reitor de Extensão, Cipriano Maia, e a pró-reitora adjunta de Extensão, Rita de Cássia, nos fizeram uma visita e puderam conferir um pouco do que estava sendo desenvolvido. Fatos marcantes são o que não faltam para contar. Em Cobé, pudemos conhecer um bonito trecho do rio Gulundi, que escorria límpido entre frondosas árvores. Soubemos também da fantástica lenda da areia movediça assassina, que segundo moradores locais havia engolido, tempos atrás cavalo e cavaleiro que passavam por ali. Numa das comunidades rurais que visitamos, conhecemos também uma tradicional Casa de Farinha e os problemas decorrentes da fabricação desse tradicional alimento nordestino. No local, que era quente e perigoso uma pequena criança de rosto manchado de farinha nos olhava com um olhar de assombro. Deveria ser filho de um dos trabalhadores. Ainda neste local, um outro fato impressionou: o destino incerto da manipueira (resíduo líquido gerado na prensagem da mandioca, com alto teor de toxicidade), que ficava exposta a céu aberto exalando um odor terrível. Um grande poluidor do meio ambiente, fatal para o ser humano que ingeri-la. A preservação do meio ambiente foi uma das principais bandeiras hasteadas pelos trilheiros em Vera Cruz. Além de coletas e análises da qualidade da água, realizamos uma caminhada pelo riacho da cidade, da qual participaram movimentos de preservação ambiental,
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populares e até o prefeito. O prefeito, aliás, não mediu esforços para nos acompanhar e até um churrasco, animado com Trio de Sanfoneiro e repentista nos ofereceu como agradecimento e despedida em sua casa. O encerramento oficial, no entanto, ocorreu num pavilhão aberto à população, onde expusemos fotos e vídeos de nossa atuação num telão, e assistimos a interessantes apresentações de grupos de danças e teatro da região. Ensinamos e aprendemos, cativamos e fomos cativados. A história de Tauane, a moreninha de olhar desconfiado, representa bem essa afeição mútua. Depois de participar de algumas de nossas oficinas, ela descobriu nosso alojamento e não saiu mais de lá. E é por causa de tamanha sintonia que o Trilhas na cidade não durou apenas uma semana. Nossa participação se estende em retornos que já estão acontecendo e devem continuar. Difícil não voltar transformado de uma viagem dessas. Particularmente, passei a admirar ainda mais nossas belezas naturais, nossa cultura e o estilo de vida simples conservada no interior do nosso Estado. É uma experiência que todos os universitários deveriam ter a oportunidade de viver. Aos que ainda não participaram, apenas ratifico a mensagem que havia recebido: é mesmo maravilhoso! Participem.
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4 CONCLUSÃO
Trabalhar em Projetos de Extensão Universitária, como o Trilhas Potiguares é
uma forma de por em prática a teoria vista em sala de aula. Esse Programa é
importante para a formação acadêmica. É uma experiência rica que nos leva a troca
de saberes com a comunidade à qual o projeto está atendendo. Na organização de
bibliotecas, a expectativa foi confirmada, pois houve uma resposta positiva na busca
do conhecimento como também para o crescimento profissional.
Propõe-se que este trabalho sirva de base para as áreas inter, multi e
transdisciplinares, que tentam encontrar soluções para melhoria de problemas
sociais. Certamente a encontrarão no pensar-saber e no saber-fazer.
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