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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
MINHAS EXPERIÊNCIAS COMO DOCENTE EM FORMAÇÃO ATRAVÉS DO
PIBID- PEDAGOGIA NA UFRN
KARLA MIKAELE FERREIRA DO NASCIMENTO
Natal (RN)
2016
KARLA MIKAELE FERREIRA DO NASCIMENTO
MINHAS EXPERIÊNCIAS COMO DOCENTE EM FORMAÇÃO ATRAVÉS DO
PIBID- PEDAGOGIA NA UFRN
Relatório de Práticas Educativas elaborado pela
acadêmica do curso de Pedagogia, Karla Mikaele
Ferreira do Nascimento, como Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) apresentado à Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia.
Orientação: Profa. Crislane B. Azevedo
Natal (RN)
2016
KARLA MIKAELE FERREIRA DO NASCIMENTO
Relatório de Práticas Educativas apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro
De Educação da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do
título de licenciada em Pedagoga.
Aprovada em 31/ 05/ 2016
COMISSÃO EXAMINADORA
Crislane B. Azevedo – Orientação
Departamento de Práticas Educacionais e Currículo
Maria da Paz Siqueira de Oliveira - 1 º Membro
Departamento de Práticas Educacionais e Currículo
Soraneide Soares Dantas – 2 º Membro
Departamento de Praticas Educacionais e Currículo
SUMÁRIO
1-Introdução---------------------------------------------------------------05
2-Lócus das Experiências -----------------------------------------------06
3-O Projeto no Ensino Fundamental e a sua execução------------09
4-O Projeto na Educação Infantil e sua execução ------------------22
5-Considerações Finais---------------------------------------------------32
6-Referências---------------------------------------------------------------34
7-Anexos (Projetos)-------------------------------------------------------36
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MINHAS EXPERIÊNCIAS COMO DOCENTE EM FORMAÇÃO ATRAVÉS DO
PIBID- PEDAGOGIA NA UFRN
Karla Mikaele Ferreira do Nascimento
Resumo: Este Relatório de Práticas Educativas apresenta minha experiência como professora
em formação através do PIBID-Pedagogia. O objetivo é descrever minha atuação em turma de
Ensino Fundamental e na Educação Infantil, relatando a minha prática, meus erros, acertos,
dificuldades, aprendizagens e também relacionar à teoria vista no curso de Pedagogia. Minhas
principais referências foram encontradas nos PCN (BRASIL, 1997), RCNEI (BRASIL, 1998),
Libâneo (1990), Fazenda (1979), entre outros. Os resultados obtidos neste artigo revelam um
aprendizado significativo em minha vida como futura pedagoga, pois tive um contato muito
grande com duas turmas de eixos bem diferentes e com isso pude aprender bastante. Do ponto
de vista de iniciação a docência, desenvolvi a capacidade de planejar e coordenar o processo
ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Aprendizagem. Sala de Aula. Formação Docente.
1 - Introdução
Por intermédio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID/CAPES) Subprojeto Pedagogia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), desenvolvi os projetos de intervenção “Conhecendo nosso amigo canguru” (2014) e
“Musicalizando com o movimento, através do mundo literário” (2015), respectivamente na
Escola Estadual Luiz Antonio e no Centro Municipal de Educação Infantil Professora Antônia
Fernanda Jalles (CMEI).
O Projeto “Conhecendo Nosso Amigo Canguru” foi desenvolvido em uma turma de 2º
ano, do Ensino Fundamental com crianças de idades entre sete e oito anos, no segundo
semestre de 2014 (de julho a dezembro), com a finalidade de mostrar para as crianças algo
novo e prazeroso, despertar a sua curiosidade e com isso, usando das atividades em sala de
aula, fazer com que elas aprendessem sobre diversos assuntos e temas ligados ao canguru. A
busca foi também pela ampliação dos seus conhecimentos em escrita e leitura, e nas demais
disciplinas que elas estavam tendo contato em sala de aula.
O Projeto “Musicalizando com o movimento, através do mundo literário.” Foi
desenvolvido em uma turma de berçário II, da Educação Infantil, com crianças de idades entre
um e dois anos, no ano de 2015 (março a dezembro). Com o intuito de usar da música e da
literatura, para proporcionar novas experiências para as crianças, a busca foi por fazer com
que ampliassem o seu vocabulário, desenvolvessem a oralidade, melhorassem em aspectos
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relativos à psicomotricidade e também fazer dessas crianças, crianças “leitoras”, que já
cresçam com o incentivo à leitura e ao prazer no ler.
Tenho como objetivo principal neste artigo, articular minha prática docente em sala de
aula, com os estudos teóricos vistos no curso de Pedagogia, na UFRN. Dessa forma venho
explanar minhas experiências, assim como meus erros, acertos e aprendizagens. Pretendo
explicar um pouco do que é ser uma aluna do curso de Pedagogia atuando em sala de aula
com pouca experiência e com uma vontade enorme de ajudar e auxiliar os alunos no que for
preciso. Para fazer este artigo usei das minhas anotações feitas depois das intervenções, para
me auxiliar na descrição das ações e também para ajudar-me na minha reflexão crítica e
construtiva. Sobre o que eu havia feito em sala de aula. Assim como também busquei
referências em autores vistos durante o curso de Pedagogia, como por exemplo: Libâneo
(1990), Morrin (2005) e Almeida (1998).
Nas duas escolas em que atuei como bolsista do PIBID a dinâmica era a mesma, toda a
semana existia uma reunião com os supervisores para a elaboração do planejamento de ensino
e também para conversar sobre como estava o andamento das atividades. Havia também
reuniões na Universidade com os coordenadores de área do subprojeto Pedagogia. Em sala de
aula, nas escolas, as atividades ocorriam duas vezes na semana, a professora titular da turma
(professora colaboradora) sempre estava em sala de aula para nos ajudar e auxiliar no que
fosse necessário.
Este artigo está organizado em mais três seções. Inicialmente, apresento as instituições
nas quais as atividades de iniciação à docência ocorreram. Em seguida, exponho uma síntese
sobre os projetos de ensino elaborados para execução nos anos iniciais do Ensino
Fundamental e na Educação Infantil, acompanhados dos relatos das experiências. O texto é
fechado com a seção considerações finais na qual retomo, em síntese, o sentido das
experiências para a minha formação docente inicial.
2 - Lócus das Experiências
A Escola Estadual Professor Luís Antônio (EELA) desenvolve seu trabalho educativo
no Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano - anos iniciais no turno matutino, e de 6º ao 9º ano -
anos finais e Ensino Médio regular, no turno vespertino, e ensino médio modalidade normal
no turno noturno. Situa-se à rua Alamanda, s/nº, bairro Candelária – Natal- RN, sendo
mantida pela Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, criada através do
decreto de nº 7316, de 13 de abril de 1978 com o ensino de 1º grau. Foi transformada em
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estabelecimento de ensino de 1º e 2º graus através do decreto de nº 8218, de 24 de agosto de
1981.
A escola funciona com uma estrutura física de 12 (doze) salas de aula, sala de
reuniões e multimeios, sala do grêmio, sala de direção, sala de professores, sala de artes,
laboratório de ciências e química, laboratório de informática, cozinha com dispensa, sala de
vídeos, almoxarifado, biblioteca, banheiros para alunos e banheiros para professores. Dispõe
ainda de área coberta para recreação e refeitório e quadra de esportes com cobertura. Em
minhas atividades usei a sala de vídeo algumas vezes para passar para os alunos vídeos
relacionados ao canguru, também fizemos uma atividade na parte externa da sala de aula, na
busca por animais.
O corpo discente é constituído de alunos advindos de bairros periféricos da
capital e de municípios da grande Natal com faixas etárias heterogêneas, em
geral são oriundos de famílias de baixa renda. Conta-se ainda com um
aspecto desfavorável que é a falta de contribuição dos pais das crianças do
ensino fundamental que comumente não estabelecem uma relação dialógica
e educativa com a escola, de modo que dificulta a continuidade das
atividades educacionais fora da sala de aula. A escola dispõe de um quadro
de recursos humanos que, em parte, possibilita a viabilização da proposta de
ensino e da Escola. O mesmo é composto por professores, especialistas,
secretárias e auxiliares de secretaria, bibliotecárias, auxiliares de
serviços gerais, apoio técnico-pedagógico e vigias. São profissionais
em sua maioria, capacitados para desempenham suas funções. Alguns
foram admitidos por concurso público e outros conforme regime
anterior ao concurso. Atualmente a instituição dispõe de um instrumento
importante para a vivência da gestão democrática como, por exemplo, a
eleição direta para direção de escola e o Conselho Escolar com caráter
deliberativo. No entanto, ainda é muito difícil um funcionamento pleno, pois
a falta de disponibilidade dos membros acarreta uma dificuldade na
frequência das reuniões. (ESCOLA Estadual Luis Antonio, 2012, p. 8).
Encontra-se a disposição dos profissionais, um acervo de material didático pedagógico
como: mapas históricos e geográficos, livros na biblioteca, fita, cds, DVDs e material de
expediente. Os equipamentos são compostos de televisão, retroprojetor, spirilight, cavalete,
mimeógrafo, DVD, som, computadores e data show. Vale salientar que tanto em relação aos
materiais disponíveis quanto aos equipamentos se enfrenta dificuldades na manutenção, ou
seja, o material é insuficiente e os equipamentos sofrem desgaste contínuo, o que
impossibilita o uso conforme a necessidade. A escola é bastante ampla e tem um espaço muito
bom, assim como o CMEI, é bem amplo e o espaço para as crianças é ótimo.
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O Centro Municipal de Educação Infantil Fernanda Jalles1 foi inaugurado no dia 15
de fevereiro de 2012, pela Secretaria Municipal de Educação (SME), em terreno localizado na
comunidade do conjunto habitacional Cidade Satélite, na Rua Rio Suassui, S/N, no bairro
Vale do Pitimbu.
A inauguração do CMEI se deu em fevereiro de 2012, porém, somente em abril do
mesmo ano é que se iniciaram as aulas, devido à ausência de equipamentos e de materiais
essenciais ao funcionamento.
O CMEI organiza-se com 02 (duas) turmas de Berçário II, 03 (três) de nível I e como
também formara 03 (três) turmas de Nível III, ficando na totalidade 11 (onze) turmas. Como a
estrutura física do CMEI comporta 08 (oito) salas de aulas, foi adaptada a sala de multiuso
para as turmas do nível III e IV.
A clientela se compõe por famílias constituídas na sua maioria por quatro
pessoas, com percentual significativo de autônomos e prestadores de
serviços e também por parte representativa de pessoas desempregadas e do
lar. A maioria das famílias que são atendidas pelo CMEI é residente no
Bairro Planalto, localizado a oeste da Cidade Satélite. Os profissionais que
compõem a equipe de professores são todos concursados do quadro efetivo
em sua maioria e seletivo. Parte significativa tem pós-graduação em
Educação. Vale destacar o acentuado percentual de professores com
formação superior em Pedagogia constituintes da equipe atuante no CMEI.
Além da pós-graduação na área de educação realizada também pelos
professores. (CENTRO Municipal de Educação Infantil Fernanda Jalles,
2015, p. 14).
No que tange à equipe de apoio, compõe-se de 02 (duas) cozinheiras, 03 (três)
auxiliares de cozinha, 05 (cinco) funcionários da limpeza, 02 (dois) porteiros e 02 (dois)
vigias. Em uma aula em que fiz o “banho de grude” precisei do auxilio da cozinheira. Um dia
antes conversei com ela e perguntei sobre a possibilidade de usar o fogão da cozinha e pegar
uma panela emprestada do CMEI para fazer o banho de grude, ela foi muito prestativa e até
ajudou na hora de fazer a massa. Também levei os alunos para a caixa de areia para uma
atividade específica; para o tapete sensorial que se encontra por trás da escola; e, para a praça
literária. Os meus alunos sempre usufruíam bastante de todos os espaços da escola no decorrer
das atividades.
1 As informações sobre o CMEI são diferentes das informações que constam no lócus da experiência da EELA,
pois não obtive informações igualitárias, para colocar nas duas descrições e assim fazer uma discussão sobre as
condições da estrutura e funcionamento das escolas.
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3 - O projeto no Ensino Fundamental e a sua execução.
Compreendo que atividades que façam sentido para os alunos e que levem em
consideração seus conhecimentos prévios refletem significativamente em seu processo de
ensino-aprendizagem, pois se sentirão motivados a compartilhar suas experiências. O projeto
“Conhecendo nosso amigo canguru.” Foi executado somente no segundo semestre do ano de
2014, mas eu estava acompanhando a turma desde abril do mesmo ano, e ao iniciar as
atividades nesta turma comecei com um projeto sobre os animais, mas percebi que trabalhar
todos os animais era muito amplo e o foco por diversas vezes era perdido, então, com o inicio
do segundo semestre decidi fazer um projeto voltado para um único animal, levei a ideia de
ser trabalhado o canguru para a sala de aula e os alunos gostaram da ideia tanto que fizeram
diversos questionamentos sobre o canguru e a partir dai começamos a conhecer um pouco
mais sobre este animal.
Em minhas intervenções, busquei desenvolver as atividades de forma dinâmica,
atraente e criativa. Isso porque acredito que no processo de ensino-aprendizagem o lúdico é
uma ferramenta que contribui para o desenvolvimento cognitivo, sócioafetivo,
sóciocomunicativo e psicológico do educando. Nesse sentido, acreditei que criar um ambiente
agradável na qual a sensibilidade e a afetividade ganhem espaço, é fundamental para a
construção de relações saudáveis e, principalmente, para a formação de um leitor.
Quando decidi usar de métodos diferentes no projeto, foi também para mim algo novo,
pois nunca tinha tido contato com essa maneira de ensinar aos alunos, e com isso no decorrer
das aulas era sempre uma nova descoberta, tanto para mim como para as crianças e pude ver
que é possível ensinar aos alunos de uma maneira diferenciada.
Os planejamentos das aulas eram feitos uma vez por semana na escola, junto com o
auxilio da supervisora, e eram sempre bastante flexíveis, pois por diversas vezes algumas
atividades planejadas para uma aula acabava ficando para a semana seguinte, e outras vezes
quando todas as atividades pensadas para a aula não preenchiam todo o tempo, as atividades
que eu havia planejado para a semana seguinte eram antecipadas para as crianças não ficarem
com tempo ocioso.
As aulas se deram de formas expositivas, também através de vídeos, confecção de
cartazes, livros, dinâmicas e jogos educativos, conversas e apresentações. Ao trabalhar o tema
“conhecendo nosso amigo canguru” explorei o que os alunos já sabiam sobre o animal, e
despertei não só o interesse dos alunos por ele, mas também usei desse interesse para
trabalhar a escrita e a leitura na sala de aula. Goodman afirma que:
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As crianças não são meros sujeitos aprendizes, mas são também sujeitos que
sabem. Em outras palavras, as crianças adquirem novos comportamentos
durante seu desenvolvimento, porém, mais importante, é que elas adquirem
um novo conhecimento. Isso significa que o sistema de escrita se torna um
objeto de saber e pode ser caracterizado como tal. (GOODMAN, 1995,
p.23).
Sendo assim a partir do que eles sabiam sobre o Canguru foram trabalhados novos
aprendizados e o sistema de escrita, respeitando o ritmo de cada aluno, acreditando que
através deste projeto eles aumentariam o seu vocabulário e, consequentemente, estariam em
contato com diversos materiais de circulação do meio, com isso exercendo e aperfeiçoando a
escrita.
Desde o primeiro dia de observação na turma até o último dia de aula sempre saía da
sala de aula com uma experiência nova e uma reflexão diferente sobre a prática docente. O
avanço ou não dos alunos me dizia o que melhorar e porque não atingi determinado objetivo.
Com o tempo, entendi que cada um tem seu tempo e ritmo de aprendizagem o que pode ser
diferente do coletivo. Outra coisa que me fez ter um novo olhar, foi perceber que existe um
afeto muito grande entre professor e aluno. Afeto esse que me fez enxergar as dificuldades de
cada um individualmente e tentar trazer melhores opções de ensino para aquele cidadão.
Como diz Fernández (1991, p. 47, 52): “Para aprender, necessitam-se dois personagens
(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. (...) Não aprendemos de
qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar”.
Acredito que com o afeto conquistado com aqueles alunos, eles depositaram em mim
uma confiança e um carinho muito grandes, acreditando que eu poderia ensiná-los e fazer com
que aprendessem da melhor maneira possível. Foi criado um vínculo muito grande entre mim
e os alunos. Percebia em pequenos atos de que sim, existia um elo entre mim e os estudantes
ao ponto de quando havia atividades externas na universidade e eu não ia à escola, muitos
vinham correndo me abraçar e falavam que sentiram saudades, assim como quando o ano
letivo terminou e eu expliquei para eles que não iria continuar na escola no ano seguinte.
Muitos ficaram tristes e pediram, por favor, que eu ficasse com eles no próximo ano, mas tive
que buscar novos rumos e também novas experiências, confesso que também fiquei triste em
ter que deixar a turma. Porém, a vontade de ir em busca do novo falou mais alto.
Em todas as intervenções, percebi que os alunos que estavam comigo desde o semestre
anterior, eram muito inteligentes. O que só precisavam era de um incentivo, pois quando
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iniciei na escola, muitos ainda não sabiam ler direito e, ao fim das intervenções, percebi o
avanço na leitura e escrita daqueles alunos.
Em uma de minhas primeiras intervenções, percebi que havia um aluno pré-silábico2,
ele fazia relações interfigurais, como é dito por Campelo (2011, p.4), “A criança passa a
exigir que cadeias de palavras diferentes sejam grafadas com sequências diferentes de letras,
constituindo, assim a escrita diferenciada interfiguralmente”, ou seja, a criança esta em uma
fase que usa letras que ela já conhece nas palavras que ela vai escrever e diferencia as letras
de cada palavra, pois ela já percebeu que as palavras são escritas de modos diferentes. Este
aluno estava nessa fase, ele usava letras “aleatórias” muitas vezes ele usava letras de seu
nome para escrever as palavras que eu havia ditado. Com isso pensei em atividades com o
alfabeto móvel para todos os alunos e com o pensamento de que iria ajudar o aluno pré-
silábico e reforçar o conhecimento dos demais alunos já alfabéticos, um aluno alfabético na
explicação de Ferreiro é:
Como parte da construção no eixo quantitativo, a criança descobre que não
basta, necessariamente, uma letra por sílaba, e que não se estabelece
regularidade duplicando letras por sílaba, uma vez que a relação letras/sílaba
é variável. (FERREIRO, 1985, p.27).
Os demais alunos já eram alfabéticos, tinha o domínio da escrita, não ortográfico, mas
já conseguiam escrever, com alguns erros ortográficos, mas quando eu pedia para eles
escreverem alguma palavra eles sabiam escrever de forma convencional.
Também fiz cartazes com nomes de animais diversos que começavam com a letra “c”. Queria
mostrar para eles que a letra “c” não era somente do canguru, e que outros animais também
tinha essa letra no nome. Fiz cartazes com imagens, informações sobre a Austrália e
características sobre o canguru. Com essas atividades trabalhei leitura, oralidade, escrita e
raciocínio lógico. Para incentivar o interesse pela leitura, em todas as intervenções começava
sempre com uma degustação literária. Nesse sentindo, concordo com Lopes e Vieira (2013,
p.3) quando afirmam que:
2 Existem níveis que se diferenciam as escritas dos alunos que são: Nível Pré-Silábico - Neste nível a criança já
diferencia imagem de palavras, escreve palavras com letras que ela conhece, mas as palavras não têm
correspondência com os sons. Nível Silábico - É dividido em dois, Silábico, quando a criança escreve pensando
em cada silaba usando uma letra para cada silaba, e Silábico alfabético, quando a criança já compreende que a
escrita representa o som das palavras o que a faz escrever cada silaba com alguma letra (vogal ou consoante) que
tenha o som parecido com a palavra que ela irá escrever. E o Nível Alfabético - A criança já compreende o
processo de aquisição da escrita, já consegue escrever as palavras de forma convencional, porém não é
necessariamente ortográfica.
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É preciso destacar que, como nos disse Vygotsky (1998) enquanto o
aprendizado da língua oral dá-se “naturalmente”, quer dizer, sem uma
intervenção formal (pois é preciso intervenção dos adultos para uma criança
aprender a falar) o mesmo não acontece com a língua escrita que, pela
complexidade de suas convenções de simbolização requer, para seu
aprendizado, intervenções intencionais e sistemáticas, cujo lugar é, em nossa
sociedade, a escola.
Com isso, sempre acreditei que incentivando as crianças, iria fazer com que eles se
interessassem e adquirissem o gosto pela leitura, sempre levava livros diferentes e muitas
vezes eu lia livros que eles mesmos iam até a biblioteca pegar emprestado. Alguns ainda não
sabiam ler muito bem e ficavam empolgados e animados quando descobriam a história do
livro que eles haviam ido buscar na biblioteca.
Ilustração 01 – Cartaz com as informações sobre a Austrália e sobre o canguru- Escola Estadual
Luiz Antonio
Acervo pessoal da autora, 2014.
Na ilustração 01, é possível verificar que trabalhamos conhecimentos de por diversas
disciplinas, como Ciências, quando falamos que o canguru é um animal mamífero; Geografia,
quando mostramos a localização da Austrália; Matemática, sabendo o peso e quantos
quilômetros por hora o canguru pode atingir quando está correndo. Com isso os alunos
puderam ver eixos diferentes em um único cartaz. A atividade relativa às características do
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canguru foi um incentivo para as crianças se interessarem e requererem ajuda tanto minha
como dos outros alunos, o importante é ver que depois de todo o esforço, eles conseguem
reconhecer onde melhoraram. Um depoimento que sustenta essa reflexão é a fala de Maria
Fernanda, aluna do segundo ano, em que diz (2014): “Eu gostei muito do PIBID, porque elas3
me ensinaram muitas coisas, quando elas mostraram as coisas do canguru e eu não sabia
muito ler e elas me ensinaram a ler um pouco mais do que eu sabia e eu gostei muito das
professoras do PIBID e também elas ajudaram a gente”.
Em outra intervenção, levei para a sala de aula um globo terrestre, a partir do qual
mostrei diversas localizações, como à do Brasil e também à da Austrália (Ilustração 02). Os
alunos ficaram super encantados com o globo, ao ponto de quererem procurar também outros
países que eles já tinham ouvido falar, e pedi que eles encontrassem e me mostrassem, e eles
estavam lendo e reconhecendo onde ficavam os locais que eles tinham o interesse. Minha
surpresa foi grande em ver o quanto eles queriam procurar e encontrar outros lugares, a
curiosidade era imensa, algo tão simples como levar o globo para eles, fez com que se
despertasse a curiosidade deles e isso me deixou encantada, pois muitas vezes buscamos
métodos super diferentes para conseguir a atenção dos alunos e nem sempre dá certo e um
simples globo terrestre fez com que eles ficassem encantados e maravilhados. Eu mesma não
acreditava que o globo faria tanto sucesso entre os alunos, pude perceber que algo simples,
também desperta curiosidades. Foi ótima a procura deles por outros países, pois eles puderam
perceber a distância entre os países, foi algo muito prazeroso para eles. Como é citado no
PCN de Geografia:
O estudo de Geografia possibilita, aos alunos, a compreensão de sua posição
no conjunto das relações da sociedade com a natureza; como e por que suas
ações, individuais ou coletivas, em relação aos valores humanos ou à
natureza, têm consequências — tanto para si como para a sociedade. Permite
também que adquiram conhecimentos para compreender as diferentes
relações que são estabelecidas na construção do espaço geográfico no qual se
encontram inseridos, tanto em nível local como mundial, e perceber a
importância de uma atitude de solidariedade e de comprometimento com o
destino das futuras gerações. (BRASIL,1997 ,p.6)
3 “Elas” a que se refere a aluna, são as bolsistas que executaram o projeto. De autoria de Karla Mikaele Ferreira
do Nascimento, o projeto foi executado também por Erika Ribeiro de Lima, bolsista PIBID integrada às
atividades, a partir de julho de 2014.
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Ilustração 02 – Alunos conhecendo o Globo Terrestre - Escola Estadual Luiz Antonio
Acervo pessoal da autora, 2014.
Em uma aula pedi para que todos os alunos criassem uma história que envolvesse o
canguru, fiquei surpreendida, pois eles usaram da criatividade conseguiram colocar o país do
canguru, a Austrália, na história, ficou bem divertida e teve começo, meio e fim. A partir da
história que eles mesmos criaram em conjunto, fiz uma atividade de construção de um livro.
Cada um fez o seu próprio livro, seguindo as regras, colocaram capa, contra capa, dedicatória,
agradecimento e a história feita por eles. Algumas coisas durante essa atividade fugiram um
pouco do controle, como por exemplo, o fator tempo. Pensei que terminaria em, pelo menos,
uma intervenção, mas durou muito mais. Também a forma de utilização de alguns materiais,
como a cola colorida, que entreguei para eles fazerem as ilustrações e muitos acabaram
“estragando” o livro e tendo que refazê-lo.
Percebi que uma aluna não conseguia se concentrar de jeito nenhum na escrita do
livro, a manhã terminava e ela não conseguia terminar de escrever. O problema era que ela
queria brincar e toda hora ficava levantando, sua inquietação acabava por prejudicar os outros
alunos que se distraiam também. Tive que sentar ao lado dela, para ver se ela terminava logo e
mesmo assim não adiantava, logo me deu vontade de gritar com ela, mas pensei que
sinceramente essa não era a forma de tratar o aluno e que a inquietação é algo individual,
enquanto os outros estavam conseguindo terminar o livro, ela não. Atentei para o fato de que
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a paciência é necessária nessas horas e entendi que a indisciplina é uma realidade presente em
sala de aula, existente por muitos motivos, que talvez se fosse minuciosamente analisar,
entenderia os motivos pra tanta falta de atenção e desrespeito. A indisciplina em sala de aula é
algo muito presente como nos diz Aguino (1996, p.38):
A questão disciplinar é atualmente, uma das dificuldades fundamentais
quanto ao trabalho escolar. O ensino tem como um de seus obstáculos
centrais a conduta desordenada de elementos da comunidade escolar,
traduzida, em termos como: bagunça tumulto, falta de limite, mau
comportamento, desrespeito às figuras de autoridade, etc.
O ideal seria usar de um caminho para poder atingir o interesse desse aluno, e usar da
agitação como aliado da descoberta e do conhecimento, coisa que tentei fazer desde os
primeiros dias de intervenção, percebia que a aluna tinha uma dificuldade muito grande de
concentração, não consigo imaginar o motivo da inquietação dela, talvez ela não estivesse
com vontade de fazer aquela atividade naquele momento e queria fazer qualquer outra coisa,
menos a atividade proposta, muitas vezes percebia que por eu ser muito próxima a eles,
muitos acabavam por não me ver como uma autoridade em sala de aula e sim como uma
amiga e que não tinha que respeitar como uma figura de autoridade e percebo que falhei nesta
etapa, pois Libâneo afirma que:
A relação maternal ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um
lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na sala de
aula o professor se relaciona com o grupo de alunos. Ainda que o professor
necessite atender um aluno em especial ou que os alunos trabalhem
individualmente, a interação deve estar voltada para a atividade de todos os
alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula. (...) Na sala de aula o
professor exerce uma autoridade, fruto de qualidades intelectuais, morais e
técnicas. Ela é um atributo da condição profissional do professor e é exercida
como um estímulo e ajuda para o desenvolvimento independente dos alunos.
(LIBÂNEO, 1990, p. 251).
O que eu fazia diversas vezes, o que acredito que foi um erro meu, foi deixar-me agir
pela emoção e não pela razão, com isso acabava por ficar próxima demais dos alunos. Criando
de laços de amizade, fazendo com que me vissem como uma amiga, uma tia, uma irmã mais
velha, alguém que estava ali para ajudar, não contribuía para que eles me vissem como
alguém que era necessário respeitar. Confesso que falhei nesta etapa do ensino.
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Ilustração 03 – Livros produzidos pelos alunos
Acervo pessoal da autora, 2014
Foram basicamente duas intervenções para concluir o livro. Ele foi finalizado com
sucesso e todos ficaram felizes com suas criações. Com a leitura dos PCN de Português,
percebo o quanto é importante a atividade em grupo e a produção concreta como resultado de
tal atividade:
O trabalho em grupo possibilita ricos intercâmbios comunicativos que,
embora tenham enorme valor social e pedagógico, nem sempre implicam
interação produtiva do ponto de vista dos conteúdos escolares. Para que a
interação grupal cumpra seu papel didático é preciso que os alunos realmente
realizem juntos uma determinada atividade, que o resultado seja, de fato,
produto da ação do grupo [...] (BRASIL, 1997, p.67).
Os alunos também estudaram e pensaram matematicamente de forma bem divertida.
Seguindo no projeto que estive tratando constantemente sobre as características do canguru,
desta vez especificamente preferi falar sobre a altura desse animal. Preparei uma aula voltada
para o tema das medidas de comprimento. Primeiro perguntei se eles ainda lembravam qual
era a altura do canguru e porque a medida era dada em metros, muitos falaram corretamente a
medida do animal, mas não sabiam dizer por que essa medida era dada em metros. Perguntei
pra eles se já tinham ouvido falar em quilômetro (km), metro (m), centímetro (cm) e outras
medidas de cumprimento. Muitos responderam que olhavam esses símbolos na estrada
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quando estavam viajando. E os PCN nos mostra que os alunos tem a capacidade de fazer essa
relação entre o novo e o desconhecido.
“É fundamental não subestimar a capacidade dos alunos, reconhecendo que resolvem
problemas, mesmo que razoavelmente complexos, lançando mão de seus conhecimentos
sobre o assunto e buscando estabelecer relações entre o já conhecido e o novo.”
(BRASIL,1997, p.29). A partir daí mostrei a régua e a fita métrica. Expliquei os dois
instrumentos de medida e mostrei para que serviam. Inclusive, muitos descobriram que a
régua não servia só PA ra fazer linhas nas folhas de papel ofício, mas que cada centímetro
representava uma medida. Perguntei se alguém já tinha visto uma fita métrica antes e onde era
usada. Um dos alunos respondeu que a costureira da mãe usava para medir as pessoas e poder
fazer as roupas. Depois das explicações, pedi que em duplas cada um medisse o amigo e nos
falasse a medida para que pudéssemos colocar todas elas no quadro, comparamos as medidas
de todos os alunos e explicamos que todas as pessoas são iguais independente da altura.
Todos gostaram tanto da atividade que começaram por espontânea vontade a medir as coisas
que estavam na sala. Esta também foi uma intervenção que de algo simples, tornou-se
grandioso o momento de aprendizagem, pois o ânimo deles em descobrir o tamanho de cada
coisa que tinha na sala era muito grande. Para mim foi uma experiência incrível, poder ver
cada aluno fazendo descobertas e aprendendo a manusear um instrumento que eles nem
sabiam para que serviam.
Foi algo divertido para eles que sem perceber estavam brincando e aprendendo ao
mesmo tempo, e foi esse o meu objetivo principal, fazer com que eles descobrissem algo que
para eles não era novo, mas o modo como eles iriam utilizar o material sim, pois apesar de já
conhecerem uma fita métrica, eles não sabiam para que servia e ao descobrir, ficaram
maravilhados e querendo, por si sós, fazer suas pesquisas e descobrir o tamanho de cada
objeto da sala de aula, como é dito por Van De Walle (2009, p.4):
O papel do professor é criar este espírito de pesquisa, de confiança e de
expectativa. Neste ambiente, os estudantes são convidados a fazer
matemática. Os problemas são apresentados e os estudantes buscam soluções
por eles mesmos. O foco está nos estudantes ativamente compreenderem as
coisas, testarem ideias e fazerem conjecturas, desenvolverem raciocínios e
apresentarem explicações. Os estudantes trabalham em grupos, em duplas ou
individualmente, mas eles estão sempre compartilhando e discutindo suas
ideias. O raciocínio é celebrado quando os estudantes defendem seus
métodos e justificam suas soluções.
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Em uma das intervenções, mobilizei todos os alunos para a criação de um canguru de
papel, medindo o tamanho real do animal. Já que eles já sabiam como usava a fita métrica,
pedi que eles medissem 1,80m em cima da mesa para daí começarmos a confeccionar. Sobre a
prática, vi que as atividades se tornam mais interessantes e envolventes quando a descoberta
parte da curiosidade deles. Sair de um modelo tradicional e segregado e entrar em algo
unificado que faça sentido na vida do aluno é muito mais interessante e prazeroso para
aprender. O trabalho todo foi feito coletivamente, até aqueles alunos que não gostavam de
participar quiseram ajudar, pintando, colando e dando sugestões. Depois do trabalho montado,
pedi para que eles comparassem a altura do canguru, que tinha sido pendurado no quadro,
com a deles. Todos puderam ver que realmente o animal era bem maior que eles e as coisas
que estavam na sala.
O bom de nos empenharmos a trabalhar com responsabilidade é saber que podemos
contribuir para o futuro de muitos alunos e ouvir bons relatos sobre as propostas em sala e o
reconhecimento sobre o PIBID. Da seguinte forma manifestou-se a aluna Gabryella:
Eu gostei muito do PIBID, eu gostei de tudo e eu aprendi quanto o canguru
pesava e também eu aprendi que a gente pode fazer tudo com ajuda, a gente
fez um canguru bem grandão e foi muito legal fazer isso, eu gostei também
da música que a gente estava ensaiando e também gostei muito das
atividades que elas fizeram, aprendi a não mentir, não fazer bagunça na sala
de aula e não falar palavrão. (Gabryella , aluna do segundo ano da Escola
Estadual Luís Antônio, 2014).
Essa atividade me fez lembrar também a fala da professora colaboradora Iracema de
Lima que uma vez nos disse:
Eu sou apaixonada pelo PIBID desde o inicio, desde 2010 então eu continuo
gostando do mesmo jeito, foi muito boa ter a experiência de vocês duas,
contribuíram bastante, foi muito bom o que vocês fizeram. Eu acredito que
além de tudo vocês cumprem o horário, cumprem realmente o planejamento
e além de vocês cumprirem o horário e cumprirem o planejamento vocês
conhecem bem a turma e aplicam aquilo o que eles estão esperando, está
muito bom. Eu aprendi bastante com vocês, aprendi muito mesmo e depois
de 24 anos de sala de aula tem muita coisa que você vai deixando de fazer ou
então que você já não sabe que é inovação pra gente e temos que fazer
cursos novos e vocês já fazem isso na prática. (LIMA, 2014, p.1).
A intervenção nesse dia considero como uma das melhores, pois consegui atingir as
metas esperadas sobre a contribuição de todos para a construção dessa atividade. Aí que me
certifiquei sobre o conhecimento da turma. Refletindo através do que eles me apresentavam
todos os dias, entendo que a atividade em conjunto funcionaria muito bem e prenderia a
19
atenção de todos. A atividade da construção do canguru nos prova conforme bem afirma
Almeida (1998, p.13) que:
A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo,
brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança,
no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma
transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na
elaboração constante do pensamento individual em permutações com o
pensamento coletivo.
As crianças sem perceber estavam aprendendo muito, pois a atividade requeria uma
atenção muito grande deles, pois precisavam fazer a medição com exatidão para fazerem o
canguru no tamanho real, e com isso acabavam por aprender um pouco mais sobre a
disciplina de matemática e a de artes também, pois foi necessário eles cortarem as partes do
corpo do animal, desenhar cada parte para poder fazer a colagem, foi tudo muito prazeroso
para eles e pude ver no rosto de cada um o orgulho ao final da atividade quando viram o
canguru pronto.
Para avaliar a escrita de todos, resolvi fazer um ditado com palavras sobre assuntos
que abordamos desde o começo do projeto. Com esse ditado, pude perceber que alguns
evoluíram e outros especificamente Ramon, ainda não tinha adquirido a compreensão do
sistema de escrita. Como é dito por Lopes e Vieira:
Portanto, a compreensão da natureza social da linguagem é indispensável
para entendermos a essência dos processos de alfabetização e do letramento,
tendo em vista que, se a escrita é uma linguagem, ler e escrever são práticas
de produção e compreensão de linguagem e, portanto, produzidas em
situações de interação, com função social, características que devem ser
respeitadas em seu ensino-aprendizado, processo identificado
historicamente como alfabetização. (LOPES e VIEIRA, 2013, p. 3).
Talvez Ramon nos anos anteriores ou até mesmo em sua casa, não tinha contato ou
qualquer interação com o “mundo” da escrita e leitura, por isso essa dificuldade maior com a
compreensão do sistema de escrita. Em conversa com a professora colaboradora ela me
relatou que a família de Ramon não era tão presente na escola e que passava por dificuldades
também. Nessas horas percebo o quanto a família é importante para a formação do aluno e o
papel, que a família, junto com a escola desempenha na construção de conhecimentos para o
cidadão.
Visando a melhoria da escrita dos alunos, analisada em intervenções anteriores, pensei
na aplicação do alfabeto móvel para que os alunos que ainda não reconhecem muito bem as
20
letras, pudessem compreender a forma, visto que muitos não sabiam ainda diferenciar letras
cursiva e de fôrma ou maiúscula de minúscula.
Para intervenção, instiguei uma competição. A sala foi dividia em dois grupos, o
objetivo era ver qual grupo conseguia montar o alfabeto na sequência e de forma certa. Eles
teriam que separar letras de fôrma de letras cursivas e o grupo que conseguisse fazer tudo
certo em menos tempo ganharia.
Ilustração 04 – Alunos na atividade com o alfabeto móvel - Escola Estadual Luiz Antonio
Acervo pessoal da autora, 2014
Todos ficaram empolgados e juntos se ajudaram. Os alunos conseguiram perceber e
corrigir o erro de outros alunos do grupo. Depois escrevi o alfabeto com letras de forma e
cursiva no quadro, a partir de então de então eles iriam montar o próprio alfabeto móvel,
podendo colorir livremente se preferisse. Assim poderiam perceber a sequência e as diferentes
formas entre uma letra e outra.
Diante de todas as intervenções feitas, aprendi bastante, aprendi que um bom
planejamento antes de iniciar a aula é extremamente importante, pois não podia jamais chegar
em sala de aula sem saber o que iria fazer, como é dito por Libâneo a definição de
planejamento: "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente,
articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social" (LIBÂNEO, 1990, p.
222). Por ser uma escola pública, os alunos vinham de uma realidade completamente diferente
da que eu conhecia, sempre estudei em escola privada e sempre tive o apoio dos meus pais.
21
Logo, precisei compreender a dinâmica do contexto dos alunos para melhor planejar minhas
ações.
Nessa escola, na turma em que eu estava, tinha alunos órfãos, que moravam em
orfanatos e alunos cujos pais nem sequer apareciam na escola para saber como os filhos
estavam. Para mim foi um choque de realidade, pois eu não tinha contato com crianças com
essa realidade e meu emocional sempre ficava abalado, pois percebia que muitas vezes os
alunos que eram mais distantes e que faltavam muito, eram as crianças que tinham uma
realidade diferente das demais. Por isso sempre levava atividades em que eles pudessem
literalmente esquecer os problemas lá de fora e por nem, que fosse algumas horas, se
divertirem e perceberem que nem sempre a vida é tão injusta e que existem pessoas que
querem fazer o bem para eles e que estão dispostas a ajudar. Queria ter feito mais por eles,
mas fiz tudo o que estava ao meu alcance, ficava extremamente triste, quando via alunos que
estavam tristes, pois não tinham uma mãe ou um pai e vibrei junto uma vez quando uma aluna
foi adotada. Aprendi que apesar de os alunos serem todos da mesma idade, eles têm
dificuldades diferentes, e aprendem de maneiras diferentes também, com isso tentava na
medida do possível diferenciar as atividades para atingir a todos de maneira igualitária.
Segundo Perrenoud (1997, citado por Inácia Santana, 2000, p.30) diferenciar é:
Romper com a pedagogia magistral, a mesma lição e os mesmos exercícios
para todos ao mesmo tempo, mas é sobretudo uma maneira de pôr em
funcionamento uma organização de trabalho que integre dispositivos
didáticos, de forma a colocar cada aluno perante a situação mais favorável ao
seu processo de aprendizagem.
Tive que aprender a lidar com cada aluno, a turma tinha 15 discentes e isso foi muito
bom, pois eu podia conversar sempre com cada um individualmente, conhecê-los, e com isso
tentar ajudar de alguma forma aquele aluno que estava com algum problema. Como
professora, aprendi que é necessário saber lidar com cada estudante, saber me impor em sala
de aula e fazer com que eles me respeitassem e me enxergassem como uma figura de
autoridade, pois por ser muito próxima a eles nas relações interpessoais, muitos por diversas
vezes, não me viam como uma professora e não me respeitavam. Diante disso, acabei tirando
um aprendizado, de que é necessário sempre demonstrar para eles que eu sou a professora e
que eles precisavam me respeitar.
Ao concluir o ano na turma do ensino fundamental, quis buscar novos rumos e
também novas experiências e com isso no ano seguinte fui para uma turma de Educação
Infantil (berçário II). Fui para algo completamente diferente e também de eixos bem variados.
22
Na educação infantil, e principalmente por ser uma turma de berçário, na qual as crianças têm
de um a dois anos, o cuidar vem em primeiro lugar, são crianças totalmente dependentes dos
adultos e necessitam de um cuidado redobrado, já as crianças do segundo ano do Ensino
Fundamental possuem de sete a oito anos e o seu foco diferencia-se. Na sua maioria, já
letradas, são conscientes do que é certo e do que é errado.
4 - O Projeto na Educação Infantil e a sua execução
Ao fazer as primeiras observações na turma de Berçário, percebi que muitos eram
inquietos e que mordiam um ao outro com facilidade (algo normal para crianças de um ano de
idade) A psicóloga clínica e escolar Hennemann (2004) explica: “Esta é uma manifestação de
desenvolvimento considerada impulsiva e exploratória”.
Queria fazer algo que eles pudessem saber e entender que a boca não servia para
morder os amigos em sala de aula. Foi da busca por esse fazer algo que elaborei o projeto
“Musicalizando com o movimento, através do mundo literário”. No decorrer das observações,
percebi que a música poderia ser uma forte aliada neste projeto, pois todos os alunos, sem
exceção gostavam muito de músicas, curtiam muito o momento, então pensei que isso poderia
me ajudar de alguma forma a fazer este projeto, como é citado no RCNEI:
O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de
expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive
aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é
excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-
estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.
(BRASIL, 1998, p.51).
Neste sentido, meu objetivo foi o de promover a integração entre os aspectos
sensíveis, afetivos, estéticos, motores, cognitivos e de promoção de interação e comunicação
social que o movimento e a música possibilitam, sendo direcionado através da literatura, com
o conto “João e pé de feijão”. Como é dito por Amarilha (2010, p. 108): “[...] a leitura oral de
literatura apresenta um potencial fecundo para abrir um canal cognitivo, linguístico, social e
afetivo, ao desenvolver a capacidade do leitor de participar pela palavra da experiência
inventiva e comunicativa [...]”.
As observações iniciais na turma do berçário II (crianças com um a dois anos de
idade) do CMEI Antônia Fernanda Jalles me possibilitaram conhecer melhor, não só o espaço
de aprendizado das crianças, instigou-me na busca em conhecer cada criança, respeitando
suas particularidades, seus tempos e processos de aprendizagem. Pretendi proporcionar
23
atividades diversas com as crianças desde construção de uma massinha de modelar à
construção de instrumentos musicais, atividades diferenciadas em que eles pudessem se
reconhecer, como o banho de grude por exemplo, e sobre o qual discorrei adiante.
No CMEI Antonia Fernanda Jalles eles prezam muito a literatura e em toda a sala de
aula tinha um conto literário a ser estudado e eu não poderia fugir desta temática, e o conto
escolhido da turma foi “João e o pé de feijão”. Ao saber da escolha do conto, comecei a ver
possibilidades de poder juntar a música com a literatura, e algo muito interessante, deste conto
é que ele tem um instrumento musical que é a harpa, e foi algo bastante significativo para
poder assim fazer essa junção da música com a literatura, mas também não me prendi
somente a música. Fiz atividades que acreditava serem importantes para o desenvolvimento
dos alunos, como a construção de uma massa de modelar, banho de grude, brincadeiras com
garrafas pets, a construção de um jogo de boliche. Apesar de muito pequenos, sempre quis
colocar a criança como a protagonista da história, sempre fazendo com que ela fosse a autora
de seus materiais, então tudo foi feito por eles, tudo teve a “cara” deles. Claro que todos os
passos, toda a confecção de materiais eram feitos com o intermédio de adultos.
Em minha primeira intervenção, tive a ideia de fazer uma caixinha com objetos que
fizessem parte do cotidiano deles para eles explorarem o tato e para que pudessem tentar
descobrir o que estava dento da caixa, com isso tentando também já trabalhar a oralidade com
os alunos ao tentar que eles falassem o que estava dentro da caixa. Toda turma de educação
infantil, tem uma rotina já específica da criança e com isso, temos que seguir esta rotina, que
se dá na seguinte sequência: Acolhida; café da manhã; atividade fora de sala (parquinho ou
sala de leitura); sala de aula com a rodinha inicial, com a contação de histórias e cantigas de
rodas; atividade; banho; almoço e dormida.
Em minha primeira intervenção como nas demais, seguia toda esta sequência.
Assumindo a sala de aula, juntamente com a minha dupla4, fizemos a leitura com eles,
cantamos músicas também. Demos início a nossa atividade com a caixa. Ela estava encapada
e com um buraco no qual cabia a mãozinha do bebê. O início foi um pouco conturbado, pois
fizemos um círculo com eles, e minha intenção era de que um por vez colocasse a mão dentro
da caixa, mas todos queriam colocar a mão ao mesmo tempo, começaram a puxar a caixa e
não conseguimos controlar os alunos e uma criança acabou mordendo a outra e tivemos que
parar nossa intervenção para dar apoio à criança que foi mordida e também para falar sério
com a criança que havia mordido. A professora colaboradora esteve todo tempo auxiliando e
4 O projeto foi elaborado e executado em dupla por Karla Mikaele Ferreira do Nascimento e Maria Alessandra
de Oliveira.
24
ajudando, como a mordida foi muito rápida, mesmo com as estagiárias na sala e a professora,
não conseguimos perceber o momento em que a criança mordeu a outra. Por ser a primeira
regência, me senti um pouco frustrada, pois os objetivos propostos não foram concluídos, as
crianças não se expressaram oralmente e também não participaram como o esperado na parte
da caixinha, acredito que talvez por ser muito pequenos, eles não entenderam a dinâmica que
eu estava propondo para eles, e por serem bastante inquietos, eles não souberam esperar a sua
vez para poder colocar a mão na caixa. Como toda criança, todos são muito curiosos e não
queriam somente colocar a mão, queriam abrir a caixa, queriam ver o que estava dentro, e
com isso houve o grande “tumulto”.
A partir desta experiência, pude comprovar que não é bom fazer uma atividade deste
tipo com os alunos sem ter antes feito atividades que demonstrem para eles que cada um tem a
sua vez, que não se deve puxar o objeto do colega, que é necessário esperar sua vez para fazer
a atividade, mas essa experiência serviu de aprendizado para as demais atividades, como é
citado no RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil), sobre a ação que eu
pretendia fazer em sala de aula.
Essas ações exploratórias permitem que o bebê descubra os limites e a
unidade do próprio corpo, conquistas importantes no plano da consciência
corporal. As ações em que procura descobrir o efeito de seus gestos sobre os
objetos propiciam a coordenação sensório motora, a partir de quando seus
atos se tornam instrumentos para atingir fins situados no mundo exterior. Do
ponto de vista das relações com o objeto, a grande conquista do primeiro ano
de vida é o gesto de preensão, o qual se constitui em recurso com múltiplas
possibilidades de aplicação. (BRASIL, 1998, p.21).
Como a experiência da caixa foi um pouco frustrada e acabei não conseguindo chegar
até o objetivo final, na semana seguinte fiz a construção de uma massinha de modelar, as
crianças iriam utilizar as mãos agora para fazerem suas atividades com a massinha de
modelar, foi algo novo para mim também, pois nunca tinha tido uma experiência de fazer a
massinha de modelar, então foi uma descoberta não só dos alunos mais minha também, a
professora colaboradora da sala também estava em seu primeiro ano com a turma de berçário,
para ela também era tudo novo, minha dupla também estava tendo sua primeira experiência na
Educação Infantil e em uma turma de berçário, assim como eu, então éramos todas iniciantes
e uma descobrindo e aprendendo junto com a outra.
Antes de começar a fazer a massinha mostramos para os alunos todos os ingredientes
que nós iríamos utilizar para fazer a massinha de modelar, mostramos a farinha de trigo, o sal
e o óleo, ao mostrarmos o sal, dei um pouquinho para cada criança para que experimentasse e
25
para que pudessem perceber que era salgado, e comestível, e então começamos a fazer a nossa
massa de modelar, com a massinha já pronta colocamos anelina coloridas, para a experiência
ficar mais divertida, dei um pedaço para cada um e eles foram brincar com suas massinhas.
Ilustração 05 – Aluna brincando com a massinha - CMEI Fernanda Jalles
Acervo pessoal da autora, 2015.
Uma aluna percebeu que a massinha colava na janela da sala de aula e começou a
fazer a colagem, foi algo bastante significativo poder ver a descoberta daquela criança
(Ilustração 05). Todas as crianças daquela idade estão passando por diversas descobertas e
uma simples descoberta dessas, de que a massa de modelar poderia se fixar na janela deixou-
me bastante feliz em poder presenciar a descoberta daquela menina e com isso contagiar os
outros alunos que viram e acharam muito legal e foram colar suas massinhas na janela
também.
Esta intervenção foi muito significativa e me deixou muito satisfeita, percebi que o
objetivo havia sido alcançado, sai daquele dia na escola muito feliz, pois percebi que aquele
planejamento havia dado certo e saiu até melhor do que eu havia imaginado.
Em uma outra intervenção, fiz a confecção de bolinhas, e foi feita com revistas e
jornais velhos, levei para eles esses periódicos, mostrei uma bola pequena e falei que iríamos
juntos fazer uma bola também, e começamos a pegar as folhas velhas e juntar todas formando
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um círculo. Depois mostrei a fita adesiva que iria servir para colarmos na bola para fazer o
acabamento e para a bola não se desfazer. Todos se divertiram muito e conseguiram perceber
que a fita colava e começaram a colar a fita em seu corpo, foi algo bastante significativo para
eu poder ver que a criança estava conseguindo fazer essas relações. Como é citado por Held
(1980, p. 48):
Quando fornecemos, a qualquer criança, cubos para ensiná-la a dominar o
espaço, para desenvolver sua coordenação, ela é capaz de encontrar
utilizações tão múltiplas quanto opostas: construções “racionais”, tendo por
modelo os edifícios e as técnicas do mundo adulto, e também procura
infatigável de pequenos milagres fantásticos de equilíbrios extravagantes
apenas pelo prazer de desafiar a norma de se ultrapassar, de realizar o
desconhecido e de ver até onde pode ir. Procura do impossível e do infinito,
prazer que nós, adultos, encontramos quando nos distraímos empilhando
peças do jogo de damas ou xadrez.
A criança ali naquele momento pode descobrir e perceber para que servia o uso da fita
adesiva, com isso foi além, ela não quis simplesmente só colar a fita adesiva nas bolinhas, ela
quis também colar em seu próprio corpo e em outros lugares e percebendo que a fita fixava-se
em qualquer lugar em que fosse colocada, o bebê pode compreender para que servia uma fita
adesiva.
Ilustração 06 – Alunos construindo a bolinha para o boliche - CMEI Fernanda Jalles
Acervo pessoal da autora, 2015.
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Em uma outra intervenção fiz um banho de grude com as crianças elas ficaram
somente de fraldas. Este também foi meu primeiro contato com o banho de grude, foi preciso
auxílio das cozinheiras para fazer o banho, pois é necessário levar ao fogo, assim que a massa
do banho ficou pronta, deixei esfriar, coloquei anelina e levei para os alunos brincarem.
Enquanto uns livremente participavam das atividades, outros aos poucos se chegavam
próximo do “grude” que estava sendo construído, e outros, rejeitavam o contato com a
massinha, pois era algo novo para eles.
De repente, qual foi a minha surpresa: quando um dos alunos começou a sair melando com o
banho de grude, seus coleguinhas, e tendo todo o cuidado para não os machucar. Acredito que
ele fez isso, pois, percebia que muitos estavam sem querer participar da atividade, e ele estava
se divertindo tanto com aquele banho de grude que foi até os demais colegas para fazer eles
também sentirem o prazer de esta se “melando”.
Ilustração 07 – Alunos brincando com o banho de grude - CMEI Fernanda Jalles
Acervo pessoal da autora, 2015.
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Acredito que por não saber como se expressar e falar para as outras crianças de como
estava sendo divertido aquele momento, este bebê usou do recurso de ir até os amigos e
mostrar para eles como era legal aquela experiência, como é dito por Rosseti- Ferreira:
As crianças, sobretudo as pequenas, têm poucos recursos para se expressar,
visto ainda não se comunicarem verbalmente. Assim, manifestam seus
sentimentos através do corpo. Durante o processo de adaptação à creche, elas
vivenciam momentos de separação, insegurança e outros sentimentos que,
nessa situação, podem desencadear diversos tipos de comportamentos.
(ROSSETI-FERREIRA, 1998, p. 46).
Foi muito prazeroso ver isso acontecer, embora alguns alunos tivessem obtidos formas
diferentes de reagir, como rir ou chorar. E teve criança, que até para dentro da vasilha com o
banho de grude foi, e isso contribuía cada vez mais, para que os objetivos fossem alcançados,
pois a intenção principal era o reconhecimento do corpo, ali naquele banho de grude as
crianças puderam explorar o seu corpo e se conhecerem também e experimentarem novas
sensações, como é citado no RCNEI “Atividades como o banho e a massagem são
oportunidades privilegiadas de explorar o próprio corpo, assim como de experimentar
diferentes sensações, inclusive junto com outras crianças.”. (BRASIL, 1998, p.30)
Objetivando trabalhar os diferentes sons transmitidos pelos objetos, e explorar a
percepção através dos sons, levei os sons de diferentes elementos da natureza para serem
expostos na da sala de aula para que eles pudessem ouvir, conhecer e se relacionar com os
objetos que já conhecem. O mais legal foi poder ver a reação das crianças ao escutar os sons
que fazem parte do cotidiano deles, ao escutarem esses sons, rapidamente, fizeram
associações e falavam o nome do objeto que emitia o som que estava sendo transmitido. Foi
muito importante, poder perceber o aprendizado deles, pois muitos nem sabiam falar direito e
ao ouvir o som, tentavam falar o nome do objeto que emitia aquele áudio. Comecei a perceber
o avanço daquelas crianças, ao tentar se expressar e transmitir o que eles estavam sentindo
naquele momento, que era o de estar conhecendo aquele som e querer falar que já tinha
ouvido e que sabia o que era. Como é dito no RCNEI :
Nessa fase, predomina a dimensão subjetiva do movimento, pois são as
emoções o canal privilegiado de interação do bebê com o adulto e mesmo
com outras crianças. O diálogo afetivo que se estabelece com o adulto,
caracterizado pelo toque corporal, pelas modulações da voz, por expressões
cada vez mais cheias de sentido, constitui-se em espaço privilegiado de
aprendizagem. A criança imita o parceiro e cria suas próprias reações:
balança o corpo, bate palmas, vira ou levanta a cabeça etc. (BRASIL, 1998,
p. 21).
29
Ainda utilizando dos sons, mas a partir de então o de animais, levei sons de animais
como gato e cachorro, que os alunos, de certa forma, já conheciam em sua maioria, por
conviver com estes animais. No entanto, levei outros sons de animais, para que os alunos
conhecessem o novo. Na busca de fazer com que os alunos identificassem os sons emitidos
pelos animais, foi praticamente a mesma experiência, dos sons que havia levado
anteriormente, pois as crianças ao ouvirem os sons dos animais que elas já conheciam,
ficaram a todo momento falando o nome dos animais que elas conheciam, e quando o som era
de um animal que elas não conheciam, eu falava qual era o animal que estava emitindo aquele
som. Para Jeandot (1997 p.19):
O som prende a atenção das crianças e o contato com o objeto viabiliza a
interação com o mundo sonoro, pois o objeto produz sons e desperta à
criança para atitudes de gestos variados. Como recurso auditivo a música
está presente desde o nascimento da criança e estará contribuindo no seu
desenvolvimento e compreensão do mundo.
Pude perceber que realmente o som era algo que chamava bastante a atenção dos
alunos, pois em qualquer situação em que eles estivessem se colocássemos uma música, ou
até mesmo começássemos a cantar, eles rapidamente começavam a interagir com o som, eles
adoravam esse momento, era muito perceptível o interesse deles pela música.
Fiz a confecção de um cordão sonoro, com tampas de leite ninho e eles também
trabalharam de forma lúdica, usei tampas de plástico e outras de ferro, para eles perceberem a
diferença de cada som, como tudo que faz barulho desperta a atenção das crianças, todos
gostaram muito e se divertiram colocando as tampinhas uma por uma na corda e prestando
atenção no som que estava sendo transmitido. Foi interessante e muito significativo, para eles,
pois eles queriam pegar, mexer para ouvir o som do cordão sonoro. Todos participaram
ativamente da confecção do cordão.
Construí também um pandeiro, a partir da caixa de pizza e tampas de lata de leite.
Antes da construção, aos alunos era exposto o objeto original a ser elaborado. As crianças
participaram do processo. Contudo, com relação mais à parte de ilustração final devido ao
fato de ser o processo de construção delicado. Delalande citado por Pires (2005), diz que: “Desde
os primeiros dias da vida, elas são atraídas pelos sons musicais e manifestam-se de diversas
maneiras, como sorrisos, interagindo com os sons através dos movimentos corporais, como
palmas e toques nos brinquedos sonoros.”
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Ilustração 08 – Alunos construindo o pandeiro - CMEI Fernanda Jalles
Acervo pessoal da autora, 2015.
As crianças sempre ficavam encantadas quando encontravam o instrumento musical já
pronto, elas queriam manusear, interagir com o som que estava sendo transmitido pelo objeto,
muitos dançavam, outros batiam palmas, alguns sorriam e era uma verdadeira festa para eles o
momento de poder ter contato com os instrumentos.
Construímos também uma Harpa, para simbolizar o instrumento do conto “João e o pé
de feijão” fizemos com rolos de papel toalha, porém bem maiores. Fiz com a ajuda deles e
colocamos areia ao redor da harpa, para ficar mais divertida e também para eles poderem
participar mais ativamente do processo de construção. A harpa foi o único instrumento que
construí com eles que não tinha som, pois fiz com o rolo de papel toalha e barbante,
infelizmente não consegui achar outro método que pudesse fazer com que a harpa fizesse
som.
O último instrumento construído foi um ganzá, na construção deste instrumento
específico, quis que os alunos fizessem parte de todo o processo. Mostrei as caixas de leite e
falei que através daquela caixa seria feito um instrumento que eles já conheciam, mas já
pronto. Então caminhei com eles até um local da escola, onde se tem muitas pedrinhas e pedi
para que pegassem as pedras, para fazermos o ganzá. Todos foram muitos participativos. Ao
31
chegar à sala, mostrei o som que fazia a pedrinha dentro da lata e que íamos juntar uma lata
na outra para fechar, para tanto usamos uma fita adesiva. Juntos picotamos papel crepom,
pegamos cola e eles todos colaram ao redor do ganzá. Nesta atividade fiquei muito feliz e
satisfeita em ver o empenho de cada um. Todos quiseram participar ativamente, e o fizeram.
Foi gratificante perceber o êxito do planejamento, no qual se pretendia o protagonismo efetivo
dos alunos. Todos esses instrumentos contribuíram para que os alunos trabalhassem a
percepção sonora e a corporal, ao ilustrarem com materiais diferentes, como tintas, papéis,
algodão, lata de leite, tampinhas de leite, garrafas pet, rolo de papel, feijão, pedrinhas, suas
produções e relacionando com os instrumentos reais, além de trazer o som do instrumento,
para o concreto. Ao final de nossas intervenções, a professora colaboradora Jeane Menezes
nos disse palavras de incentivo que me deixou muito feliz como segue abaixo:
Sou professora da educação infantil há seis anos, mas este foi o meu
primeiro ano como professora do berçário, foi um desafio muito gratificante
e enriquecedor, nunca tinha tido “pibidianas” em minha sala de aula, e foi
me perguntado se eu gostaria de ter elas em minha sala, fiquei com um certo
receio, pois eu também estava como meu primeiro ano em uma turma de
berçário, mas aceitei as meninas e foi um trabalho enriquecedor e
gratificante, essa troca de experiências, tanto para elas quanto para mim foi
maravilhosa, eu diria que foi um trabalho em equipe, as meninas vieram para
somar, as crianças se desenvolveram bastante, nos permitimos fazer esse
trabalho de troca, foi muito bom trabalhar com o PIBID, elas ajudaram
demais, elas fizeram um trabalho maravilhoso em sala de aula, muito rico, e
a gente pode ver isso na prática, as crianças estão muito desenvolvidas, e eu
só tenho a agradecer demais por tudo o que as meninas fizeram.
(MENEZES, 2015, p. 1).
A proposta na Educação Infantil foi completamente diferente do projeto no Ensino
Fundamental, pois eram eixos bem diferentes e as crianças também eram de idades muito
variadas. Aprendi muito na Educação Infantil. Foi uma experiência única, o local também
onde eu pude fazer o meu trabalho, era ótimo e bastante acolhedor. Apesar de também ser
uma escola pública, a realidade dos alunos de ambas as instituições era bem diferentes. Os
alunos da Educação Infantil, tinham os pais muito presentes, e isso era muito bom, pois eles
sempre ajudavam de alguma forma. Aprendi a lidar com os bebês, aprendi a lidar com cada
aluno individualmente. Percebi que mesmo ainda muito pequenos cada um já tem a sua
própria personalidade e com isso, já tem seus próprios gostos e suas próprias manias, e tinha
que saber lidar com cada um. Teve aqueles alunos que de forma involuntária acabaram
ficando muito próximos a mim e quando eu ia embora, choravam bastante. Cresci muito
profissionalmente, nesse um ano na turma de Berçário. Pude perceber que ao chegar ao final
32
do ano, os alunos estavam muito mais agitados e muitos até bastante malcriados, pude
perceber que eles estavam criando autonomia e que muitos já não obedeciam à professora,
mas também percebi o crescimento desses alunos, quando eles iam para a sala de leitura e
pegavam os livros e começavam a folhear olhando as imagens, até mesmo na fala, muitos já
conseguiam se expressar muito bem. Foi uma experiência fantástica e muito prazerosa.
5 - Considerações Finais
Como pedagoga em formação inicial, aprendi muito com o PIBID, contribuiu muito
para a prática e a troca de experiência, ajudou-me a melhorar a repensar o modo de tratar cada
aluno. Alguns erros foram necessários, é claro, para adquirir experiências e não voltar a fazê-
los novamente. Entendo que esse trabalho todo sobre os projetos não teria dado muito certo se
estivesse sozinha com os alunos na sala de aula. A participação das professoras das escolas
também foi muito importante para informar e ajudar a reconhecer a característica de cada
aluno, assim como trocar experiências.
De acordo com a afirmação da professora Iracema, da Escola Estadual Luiz Antonio,
meu trabalho foi importante para que ela adquirisse novos saberes sobre a prática e inovação,
coisa que com o tempo acabam sendo perdidas. Sobre os alunos do ensino fundamental, pude
receber um retorno de satisfação, quando em suas falas foi exposta a importância do projeto
para o desenvolvimento da leitura e escrita deles. Fiz o possível para que tudo desse certo e o
que aprendi, foi que nem todo planejamento acontece do jeito que quero e planejo, seja por
problemas nos equipamentos da escola, seja por falta de materiais, ou ainda pela falta de
alguns alunos ou mesmo por dúvidas ou assuntos novos gerados em discussões em sala de
aula. A lição que tiro disso é que devo estar preparada para um segundo plano, para quando o
primeiro falhar saber conduzir a turma para outra atividade que tenha relação com a proposta
anterior.
A meu ver o projeto da “musicalização” foi bem acolhido pela turma, além da
professora envolvida e dos pais dos alunos. Senti avanços significativos, desde participação
das crianças nas atividades como também no que se diz respeito à oralidade, ou seja, a
comunicação; no comportamento dos bebês para com o próximo; na percepção das coisas; e,
na sua autonomia. E tudo isso reflete no dia a dia das crianças, que estão em fase de
desenvolvimento, seja para cognitivo, sensório-motor, e tantos outros elementos, que são
essenciais na vida de um ser humano, em especial dos bebês.
33
Meu principal erro foi o de não comportar-me como uma figura de autoridade em sala
de aula na turma de Ensino Fundamental, como já transcrevi no decorrer do texto, algo que
foi bem diferente na turma de Educação Infantil, nesta turma pude colocar-me como um
sujeito de autoridade e os alunos apesar da pouca idade respeitavam-me. Também errei
quando não imaginei que algumas situações poderiam acontecer em determinadas aulas como
quando um aluno mordeu o outro, também quando uma criança estragou o livro quando usou
a cola colorida (eu deveria ter entregado a cola colorida só no final) sem o livro já está
terminado e com isso atrasando a construção do livro e tendo que ficar para a semana
seguinte. Acertei quando planejava atividades “extras” caso a atividade do planejamento
acabasse antes do tempo e com isso os alunos não ficavam com tempo ocioso.
Acredito que o sentido das minhas experiências como docente em formação foram o
de perceber que a criança independente de faixa etária deposita uma confiança no professor,
percebem que o docente está ali para ensinar. Pude percebe que os alunos sempre esperavam
que eu levasse para eles algo que eles ainda não sabiam e enxergava neles essa vontade de
aprender e esperavam que eu ajudasse a eles a descobrir o novo, o que eles ainda não
conheciam.
Ao concluir os dois projetos, considero-me satisfeita, pois foram trabalhos que
executei enquanto aluna do curso de Pedagogia, e me vi como uma verdadeira docente em
sala de aula, onde pude me encontrar e aprender dia após dia com meus erros e acertos. Foi
uma experiência de grande valia para o meu processo de professora em formação, pois como
aluna de licenciatura pude vivênciar relações efetivas entre teorias e práticas e pude dedicar-
me ao exercício imprescindível da escrita quando fiz meus relatos reflexivos e como
professora, pude ministrar aulas que eu mesma havia planejado bem como pude trocar
experiências de docência com diferentes profissionais da área no próprio ambiente do meu
futuro exercício profissional, a escola de Educação Básica.
34
6 - Referências
AGUINO, Júlio Groppa (Org). Indisciplina na escola. Alternativas Teóricas e Práticas. São
Paulo: Summus, 1996.
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica. São Paulo: Loyola, 1998
AMARILHA, Marly. Leitura e oralidade: escrita e leitura. In: DAUSTER, Tania;
FERREIRA, Lucena; (Org.). Por que ler? Perspectivas culturais do ensino da leitura. Rio de
Janeiro: Lamparina, 2010, p. 89-110.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: história, geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares
nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF,
1998.
CAMPELO, Maria Estela Costa Holanda. A apropriação da escrita pelas crianças dos anos
iniciais do ensino fundamental: a Psicogênese da Língua Escrita de Emilia Ferreiro. In
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. UFRN; CONTINUUM – Programa de Formação
continuada do professor para a educação básica. Curso de Aperfeiçoamento Infância e ensino
fundamental de nove anos. Módulo III - Linguagem, Alfabetização e Letramento. Natal:
UFRN/CONTINUUM, 2011.
CENTRO Municipal de Educação Infantil. Projeto Político Pedagógico. Natal, 2015.
ESCOLA Estadual Luis Antônio. Projeto Político Pedagógico. Natal, 2012.
FERNANDÉZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez/Autores Associados,
1985.
GOODMAN, Yeta M. Como as crianças constroem a leitura e a escrita: perspectivas
piagetianas. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
HELD, Jacqueline. O imaginário no poder. As crianças e a literatura fantástica.Trad. Carlos
Rizzi. São Paulo: Summus, 1980.
HENNEMANN, M. F. S. A adaptação da criança à escola infantil. In: XXVI Jornada
Anual do CEAPIA, 2004, Porto Alegre, 2004.
JEADOT, Nicole. Explorando o universo da música. São Paulo: Spicione, 1997.
35
LIMA, Iracema. Minhas experiências como docente em formação através do PIBID-
Pedagogia na UFRN: depoiment. [30/05/2016]. Natal. Entrevista concedida a Karla Mikaele
F. do Nascimento para uso em trabalho acadêmico.
LIBÂNEO, José; Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1990.
LOPES, Denise; VIEIRA, Giane. Linguagem, Alfabetização e Letramento: O trabalho
pedagógico nos três primeiros anos do Ensino Fundamental e as especificidades da criança.
Apostila de Texto [Alfabetização e Letramento I] Natal, UFRN, 2013.
MENEZES, Jeane. Minhas experiências como docente em formação através do PIBID-
Pedagogia na UFRN: depoiment. [30/05/2016]. Natal. Entrevista concedida a Karla Mikaele
F. do Nascimento para uso em trabalho acadêmico.
PIRES, Maria. Cristina. de C. O som como linguagem e manifestação da pequena infância.
Revista Pátio Educação Infantil. n.8, 2005.
ROSSETI-FERREIRA, Maria Clotilde et al. (Org.). Os fazeres na educação infantil. São
Paulo: Cortez, 1998.
SANTANA, Inácia – Práticas Pedagógicas Diferenciadas. Escola Moderna, 2000, nº. 8, 5ª
série.
VAN DE WALLE, J. A.. Matemática no ensino fundamental: formação de professores e
aplicações em sala de aula. Tradução Paulo Henrique Colonese. 6 ed. Porto Alegre: Artmed,
2009.
36
7- Anexos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO - CURSO DE PEDAGOGIA
PROJETO APRESENTADO AO PIBID – 2014.2
CONHECENDO NOSSO AMIGO CANGURU
ESCOLA ESTADUAL PROF. LUÍS ANTÔNIO
NATAL/RN
2014
37
AUTORAS:
ERIKA RIBEIRO DE LIMA
KARLA MIKAELE FERREIRA DO NASCIMENTO
Projeto de intervenção apresentado ao subprojeto de
Pedagogia, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, como requisito de intervenção no processo
de desenvolvimento de capacidades de leitura,
escrita e oralidade dos alunos do 2° ano matutino da
Escola Estadual Prof. Luís Antônio. Supervisionado
por Joana D’arc de Queiroz e Luzivânia Hipólito do
Nascimento. Orientado pela prof Dra Crislane
Azevedo
NATAL/RN
2014
Introdução
38
O projeto “Conhecendo nosso amigo canguru” será desenvolvido no âmbito do Programa de
Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto de Pedagogia, na Escola Estadual Professor Luís
Antônio, sob a coordenação, supervisão da Professora Joana D`arc, e orientação da professora
doutora Crislane Azevedo, ministradas pelas bolsistas, Erika Ribeiro de Lima e Karla Mikaele
Ferreira do Nascimento.
Compreendemos que atividades que façam sentido para os alunos e que levem em
consideração seus conhecimentos prévios refletem significativamente em seu processo de
ensino-aprendizagem, pois se sentirão motivados a compartilharem suas experiências.
Em nossas intervenções, buscaremos desenvolver as atividades de forma dinâmica,
atraente e criativa. Isso porque acreditamos que no processo de ensino-aprendizagem o lúdico
é uma ferramenta que contribui para o desenvolvimento cognitivo, sócioafetivo,
sóciocomunicativo e psicológico do educando. Nesse sentido, acreditamos que criar um
ambiente agradável onde à sensibilidade e a afetividade ganhe espaço, é fundamental para a
construção de relações saudáveis e principalmente para a formação de um leitor.
Pretendemos trabalhar a interdisciplinaridade com os alunos, pois através do canguru, vamos
conhecer eixos de disciplinas, pretende-se a partir deste projeto apresentar para as crianças o
canguru um animal mamífero marsupial que vive na Austrália. Fazer com que os alunos se
interessem em saber mais do animal, propondo que pesquisem sobre ele que se aprofundem
no tema e descubram tudo sobre o canguru, como por exemplo:
Onde ele vive (o habitat dos cangurus são as planícies da Austrália e da Papua Nova Guiné),o
que ele come (a alimentação dos cangurus consiste em frutas e vegetais), que Um canguru
adulto pesa em média 80 quilos, que Com relação à altura, medem, em média, de 1 a 1,40
metro. o período de gestação da fêmea é de 30 a 40 dias. Em cada gestação nasce apenas um
filhote. O filhote nasce bem imaturo, é no marsúpio (espécie de bolsa da mãe canguru), que
ele vai se desenvolver durante um ano. Ganha também amamentação e proteção da mãe, o
pelo dos cangurus é grosso e, grande parte das espécies, possui pelagem na coloração cinza
escuro ou marrom (com a região do peito e barriga na cor creme), os cangurus são animais
velozes. Um adulto pode atingir até 50 km/h de velocidade.
Utilizaremos deste tema pretendendo despertar o interesse dos alunos sobre esse
animal e que não é tão conhecido pelas crianças, além disso, iremos estimular o
desenvolvimento da leitura e da escrita na rotina dos alunos, poderemos trabalhar a partir do
tema proposto os vários eixos que são necessários para que elas iniciem o processo de
aquisição da língua escrita: A compreensão e valorização da cultura escrita, apropriação do
39
sistema escrito, leitura, produção de textos escritos e desenvolvimento da oralidade, temos a
preocupação de trabalhar com os alunos em uma perspectiva de letramento, sendo avessos a
posturas de ensino mecanicistas.
.
Justificativa
Ao pensarmos em criar um projeto, pensamos nos animais, pois foi algo que já queríamos
trabalhar antes, mas por alguns empecilhos não conseguimos colocá-lo em prática como
queríamos no primeiro semestre, com isso ao elaborarmos o novo projeto, pensamos em um
único animal especifico e que através desse animal, pudéssemos ir para vários eixos diferentes
e encontramos no canguru isso tudo. Este trabalho tem a intenção de apresentar ou aprofundar
os conhecimentos dos alunos sobre o Canguru, ao despertar o interesse deles pelo animal,
possibilitaremos que os alunos despertem seu intelecto, sua curiosidade, além de promover
uma maior interação entre os alunos e as práticas de leitura na escola, pois ao trabalhar com o
tema conhecendo nosso amigo canguru podemos não só apresentar o animal as crianças,
como também, proporcionarmos o contato com as práticas de leitura e escrita ao propor
pesquisas sobre o animal, trabalhar o nome do mesmo e de animais que comecem com a
mesma letra do seu nome, as partes do corpo dele e trabalhar assuntos que envolvam esse
animal, como ele ser mamífero, conhecer um pouco do país de origem do animal que é a
Austrália, entender o porquê de o animal ficar dentro daquela bolsa e mostrar que não é só o
Canguru que tem ela.
Objetivo Geral
Visamos a partir do tema de pesquisa despertar o interesse e o prazer das crianças para
a leitura, fazer com que elas conheçam, utilizem e valorizem os modos de produção e
circulação da escrita como, por exemplo: proporcionar a elas o contato com o “mundo” do
Canguru ao fazer isso podemos estimular que pesquisem mais sobre ele, o que os leva a ter
contato com diferentes textos, seus espaços de circulação, a forma de aquisição de acessos aos
textos de pesquisa, os diversos suportes da escrita e etc., podemos desenvolver atividades
especificas para que os alunos escreverem ao propormos atividades que envolvam o tema
como ditar partes do corpo do canguru para que a professora escreva no quadro ao fazer isso a
professora poderá ajudar os alunos a dominar convenções gráficas. Visa-se também que com
atividades como escrever nomes de animais que comecem ou terminem com as mesmas letras
do nome do canguru os alunos reconheçam as unidades fonológicas, conheçam o alfabeto e
40
que desenvolvam atitudes e disposições favoráveis à leitura. Ou seja, visamos explorar ao
máximo o tema do projeto afim de que com ele as capacidades do texto pró-letramento e as
teorias de Ferreiro e Teberosk ajudem nossos alunos a iniciarem da melhor forma possível a
aquisição da escrita e da leitura.
Objetivos Específicos
Vamos conhecer eixos de disciplinas diversas coma ao levar o aluno para conhecer o
país do Canguru estaremos vendo um pouco da geografia, vamos saber quanto mede um
canguru e seu peso, isto já parte para a disciplina de matemática, saber também que o canguru
é um animal mamífero, engloba a disciplina de ciências, trabalhos com a escrita e leitura
relacionados ao tema canguru, é algo que se vê no português. Queremos mostrar para os
alunos que se pode juntar mais de uma disciplina em um único tema, algo que seja prazeroso
e interessante.
Queremos que os alunos compreendam que as palavras são feitas através do som, que
eles consigam ter uma noção sobre a quantidade de letras que devem usar em determinadas
palavras, que eles desenvolvam capacidades favoráveis à apropriação da escrita como:
Conhecer, utilizar e valorizar os modos de produção e de escrita na sociedade; Conhecer os
usos e funções sociais da escrita; Desenvolver capacidades necessárias para o uso da escrita
no contexto escolar; Conhecer o alfabeto; Dominar convenções gráficas; Compreender textos;
Desenvolver fluência em leitura. Queremos que eles aprimorem a leitura através das
atividades de apresentações, que desenvolvam a oralidade ao apresentar suas pesquisas,
queremos que eles cheguem a escrever convencionalmente, e que desenvolvam ao máximo a
leitura e a escrita.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Sabemos que é por meio da língua oral e escrita que nós, seres humanos, temos acesso
à informação, e é por meio da linguagem que compartilhamos experiências de vida, visões de
mundo e construímos as relações sociais. Diante disso, acreditamos que a escola deve cumprir
o seu papel de possibilitar ao educando o acesso aos saberes linguísticos. Entendemos que o
indivíduo só poderá dar sentido ao mundo, a realidade dele e a sua própria subjetividade por
meio da língua. É em situações concretas de produção que a linguagem pode ser
compreendida, isto é, aprendemos a linguagem, quando produzimos linguagem. Nesse
sentindo; concordamos com Lopes e Vieira (ano) quando afirma que:
41
A compreensão da natureza social da linguagem é indispensável para
entendermos a essência dos processos de alfabetização e do letramento,
tendo em vista que, se a escrita é uma linguagem, ler e escrever são práticas
de produção e compreensão de linguagem e, portanto, produzidas em
situações de interação, com função social, características que devem ser
respeitadas em seu ensino-aprendizado, processo identificado
historicamente como alfabetização. [LOPES, Denise; VIEIRA, Giane. Texto
Linguagem, Alfabetização e Letramento. p. 3]
Levando em consideração essas afirmações e os estudos realizados pelo grupo, assim
como a realidade dos alunos, temos a preocupação de trabalhar com os alunos em uma
perspectiva de letramento, sendo avessos a posturas de ensino mecanicistas. Nesse aspecto,
pretendemos contribuir para que de fato haja uma inserção do ato de ler e escrever nas
práticas sociais, para que, assim, o discente se aproprie cada vez mais da língua portuguesa e
de suas regras. Levar em consideração o contexto social em que o aluno está inserido,
utilizando ideias pedagógicas ligadas à vida prática do discente, não é somente guia-lo a
codificação e decodificação, mas mostrar sentido ao ato de saber ler e escrever de uma forma
prazerosa, levando em conta as práticas sociais.
Sendo assim, nosso trabalho está pautado nos estudos de Emília Ferreiro (1995) e Ana
Teberosk sobre o processo de aquisição da língua escrita. Ao trabalhar o tema conhecendo
nosso amigo Canguru pretendemos explorar o que os alunos já sabem sobre o animal, e
despertar não só o interesse dos alunos por ele, mas também usar esse interesse para trabalhar
a escrita e a leitura na sala de aula. Um dos pontos básicos do quadro teórico de Ferreiro e
Teberosk que está no texto “Como as crianças constroem a leitura e a escrita” diz que: “As
crianças não são meros sujeitos aprendizes, mas são também sujeitos que sabem”.
(FERREIRO 1995 p.23), sendo assim a partir do que eles sabem sobre o Canguru será
trabalhado novos aprendizados e o sistema de escrita, respeitando o ritmo de cada aluno,
iremos propor atividades que estimulem o processo de aquisição da escrita e que despertem a
prática de leitura por deleite. Como existe na turma a ser desenvolvido o projeto crianças com
vários níveis de desenvolvimento de leitura e de escrita às teorias de Ferreiro serão um norte
para o desenvolvimento de um bom trabalho, pois, entendemos que o professor tem que saber
o que cada aluno pensa sobre o funcionamento do sistema de escrita e respeitar o ritmo do seu
desenvolvimento, ajudando o a iniciar o processo de aquisição da escrita de forma natural.
42
METODOLOGIA
Aulas expositivas, aulas práticas e degustações literárias;
Conversas em grupo, discussões;
Atividades que evidenciem os diferentes temas do canguru
Escrita espontânea, produção de texto;
Aulas expositivas;
Vídeos, dinâmicas e jogos;
Confecção de cartazes;
Textos livres;
Materiais utilizados:
Cartolina
E.V.A
Cola branca
Papel ofício
Papel Madeira
Fitas métricas
hidrocor
Lápis de cor
Cola colorida
tesouras
borrachas
lapís
grampeador
caixa clipes
AVALIAÇÃO
43
A avaliação sobre a aprendizagem dos alunos do 2º ano se dará de forma contínua,
durante a realização de cada passo do processo de aprendizagem diária. Serão feitas análises
de participação dos alunos em cada etapa, bem como serão avaliados os avanços na escrita, na
leitura, na expressão oral e na compreensão do gênero trabalhado. Iremos fazer diversas
atividades, entre elas atividades de escrita onde poderemos ao longo do semestre ver no
“concreto” se os alunos estão avançando, também faremos rodadas de leitura, onde será
sempre percebido se os alunos estão tendo avanços.
RESULTADOS ESPERADOS
Queremos contribuir no aprendizado dos alunos, fazer com que aqueles que
ainda não são alfabetizados, possam ser alfabetizados, através de nossas atividades propostas
em sala de aula, queremos que os alunos possam aprender coisas diferentes e que eles saiam
com algum conhecimento, quando as atividades do semestre chegar ao fim, gostaríamos
muito de ter este nosso projeto em forma de banner, para nos apresentarmos nos simpósios e
eventos da “casa” como o ENALIC, CIENTEC, SID.
Referências
LOPES, Denise; VIEIRA, Giane. Linguagem, Alfabetização e Letramento: O trabalho
pedagógico nos três primeiros anos do Ensino Fundamental e as especificidades da criança.
Apostila de Texto [Alfabetização e Letramento I], 2013
FERREIRO, Emília. Desenvolvimento da alfabetização: Psicogênese, In: GOODMAN, Yeta
M. (org.). Como as crianças constroem a leitura e a escrita. Porto Alegre: Artes Médicas.
1995
44
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO - CURSO DE PEDAGOGIA
PROGRAMA DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID
COORDENADORA: Dra. Soraneide Soares Dantas
PROJETO: Musicalizando com movimento, através do mundo
literário
CMEI PROFESSORA ANTÔNIA FERNANDA JALLES
NATAL/RN
2015
45
AUTORAS: KARLA MIKAELE FERREIRA DO NASCIMENTO
MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA
PROJETO: MUSICALIZANDO COM MOVIMENTO, ATRÁVES DO
MUNDO LITERÁRIO
Projeto de intervenção apresentado ao PIBID-
PEDAGOGIA, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial de
intervenção no processo educativo no CMEI
Professora Antonia Fernanda Jalles. Supervisionado
pelas professoras Danielle Christine de Andrade
Queiros Cunha, Carolina Tavares da Silva, Joraida
de Freitas Santos Felinto e Maria de Fátima Oliveira
Araújo. Coordenado pela Prof.ªDr.ª Soraneide
Soares Dantas.
NATAL/RN
46
2015
APRESENTAÇÃO
O projeto Musicalizando com o movimento, através do mundo literário será
desenvolvido no âmbito do Programa de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto de
Pedagogia, no Centro Municipal de Educação Infantil Professora Antônia Fernanda
Jalles.Este, sob a coordenação, supervisão das professoras Danielle Christine de Andrade
Queiroz Cunha, Carolina Tavares da Silva, Joraida de Freitas Santos Felinto e Maria de
Fátima Oliveira Araújo; e orientação da professora doutora Soraneide Soares Dantas, além da
professora colaboradora JEANE, ministradas pelas bolsistas, Karla Mikaele Ferreira do
Nascimento e Maria Alessandra de Oliveira.
As crianças vivem e demonstram seus estados afetivos com o corpo inteiro: se estão
alegres, pulam, correm e brincam ruidosamente, e sempre estão usufruindo do mundo
imaginário. Se estiverem tímidas ou tristes, encolhem-se e sua expressão corporal é
reveladora do que sentem, além terem a capacidade de entrar e vivenciar o mundo do
fantástico. Henri Wallon nos lembra que a criança pequena utiliza seus gestos e movimentos
para apoiar seu pensamento, como se este se projetasse em suas posturas. E isso só nos
reforça a riqueza que é, unir a música a literatura, impulsionando a penetrar nesse imaginário,
que tanto contribui para o desenvolvimento da criança, no qual nós adultos, por diversas vezes
enquanto leigo desconhece a importância de oportunizar momentos que proporcione unir a
música e a literatura, buscando trabalhar e desenvolver, a psicomotricidade e dentre outros.
“Quando fornecemos, a qualquer criança, cubos para ensiná-la a dominar
o espaço, para desenvolver sua coordenação, ela é capaz de encontrar
utilizações tão múltiplas quanto opostas: construções “racionais”, tendo por
modelo os edifícios e as técnicas do mundo adulto, e também procura
infatigável de pequenos milagres fantásticos de equilíbrios extravagantes
apenas pelo prazer de desafiar a norma de se ultrapassar, de realizar o
desconhecido e de ver até onde pode ir. Procura do impossível e do infinito,
prazer que nós, adultos, encontramos quando nos distraímos empilhando
peças do jogo de damas ou xadrez.”(HELD,1980,p.48)
47
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras, capazes de expressar e
comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento
expressivo entre o som e o silêncio, da mesma forma que a literatura, no qual através da
prosódia e seus elementos, podemos explorar além do que a musicalidade nos permite,como
as imagens. Assim, é importante que na Educação Infantil o professor possa organizar
situações e atividades em que as crianças possam conhecer, valorizar, estimular as
possibilidades expressivas do próprio corpo e cognitivo.
Neste sentido, nosso objetivo é de promover a integração entre os aspectos sensíveis,
afetivos, estéticos, motores, cognitivos e de promoção de interação e comunicação social que
o movimento e a música possibilitam, sendo direcionado através da literatura, com o conto
“João e pé de feijão”.
Até por volta de um ano e meio, a criança mais nos ouve do que canta, no entanto, já
demonstra suas preferências e as acompanha de alguma forma. Em um segundo momento,
canta os finais das frases ou as partes preferidas e, muitas vezes, um pouco depois de nós, ela
nos aponta ilustrações que os levam a se interessar e se envolver.
São tantas variáveis , que podem ser exploradas através da junção literatura, música e
movimento, posto que, assim como no desenvolvimento musical, quanto mais as crianças
tiverem oportunidade de vivenciar situações em que possam se expressar pela dança, mais
naturalmente usarão essa linguagem(UNESCO, 2005), na literatura
“[...] a leitura oral de literatura apresenta um potencial fecundo
para abrir um canal cognitivo, linguístico, social e afetivo, ao
desenvolver a capacidade do leitor de participar pela palavra da
experiência inventiva e comunicativa [...]”(AMARILHA,2010,p.108)
II-JUSTIFICATIVA
As observações iniciais na turma do berçário II do CMEI Antônia Fernanda Jalles nos
possibilitaram conhecer melhor, não só o espaço de aprendizado das crianças, nos instigou na
busca em conhecermos cada criança, respeitando suas particularidades, seus tempos e
processos de aprendizagem.
A turma é composta por 16 crianças, com idades variando entre um e dois anos.
Encontra-se em fase de adaptação na rotina e em sua maioria vivenciam sua primeira
48
experiência no contexto escolar. Então vivenciamos choro, irritação, mordidas, pouca
concentração, comuns nesta fase inicial, tratando-se de crianças tão novas.
As expressões de alegria, tristeza, dor, desconforto ou satisfação expressada pelas
crianças precisa ser interpretado pelo professor. A partir desse diálogo, tais movimentos que
inicialmente eram reflexos começam a adquirir intencionalidade, ou seja, a criança pequena
percebe que cada gesto feito causa uma reação nas pessoas com quem convive e começa a
fazer deles um meio de comunicação. Portanto, o convívio da criança com outras pessoas,
sejam elas adultas ou também crianças, é de fundamental importância para o seu
desenvolvimento. A organização desse espaço de convívio também passa a ter muita
importância, conforme seja estimulante e provocador de situações de movimento, diálogo e
gestualidade.
No período de observação inicial, percebemos o interesse das crianças pela musica na
rotina proposta pela professora colaboradora e fizemos a opção de utilizá-la como estratégia
inicial de aproximação e atenção das crianças.
Desde o nascimento, a criança tem necessidade de desenvolver o senso de ritmo, pois
o mundo que a rodeia, expressa numa profusão de ritmos evidenciados por diversos aspectos:
no andar das pessoas, nos pingos de chuva, numa banda, num motor, e até mesmo na voz das
pessoas mais próximas. Segundo Sekeff (2007) “a música é um poderoso agente de
estimulação motora, sensorial, emocional e intelectual”. E queremos inserir a literatura, que
com o mundo do fantástico também contribui para o desenvolvimento das crianças, nesse
contexto.
Na educação infantil, as músicas muitas vezes são utilizadas para criar hábitos, como
lavar as mãos, hora do lanche, entre outros, e isso favorece para a educação saudável da
criança, alem de estimular a sociabilidade. Também favorece o estimulo rítmico da criança,
que desenvolve uma linguagem corporal para expressar a música que ouve. Ainda valendo
salientar, que na literatura, há a presença de personagens, que também são crianças, e
possuem seus hábitos,que de uma forma positiva, podem contribuir e fazer com que a criança
percebam os mais variados sentidos explorados pelos próprios personagens.
Por tudo isso o Projeto “Musicalizando com o Movimento,através do mundo
literario” visa contribuir no desenvolvimento da criança, tanto intelectualmente quanto
fisicamente, utilizando a literatura e músicas com ritmos fáceis de acompanhar com palmas,
gestos e expressões corporais, para que a criança possa desenvolver suas capacidades.
Através da música o educador tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos,
podendo explorar e desenvolver características no aluno. O individuo com a educação musical
49
cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolve coordenação motora,
acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção, e ainda criatividade e capacidade de
comunicação. (LIMA, 2010) , Isso, também podemos encontra na literatura, como já vimos
no decorrer do Projeto.
III – OBJETIVO GERAL
Desenvolver e estimular as crianças no que diz respeito a sua autonomia, a motricidade, a
oralidade e se reconhecer enquanto ser humano por meio do do Projeto musicalizando o
movimento,através do mundo literário.
IV - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Despertar e desenvolver o gosto musical;
Contribuir para uma efetiva consciência corporal e de movimentação;
Favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico;
Trabalhar a coordenação motora e a atenção;
Favorecer o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a
participação e a cooperação;
Propiciar o desenvolvimento oral, através da música e leitura de testos literários e não
literários;
Compreender para que funciona as partes do corpo(boca, nariz, olhos, mãos...), por
meio de atividade lúdicas e corporais;
Identificar-se enquanto individuo, ao reconhecer seus proprios nomes;
Estimular a pratica de leitura e escrita, em momento de leituras e atividades de
manuseio de matérias didático e não didáticos;
Trabalhar a percepção, brincando com jogos e em espaços como a sala do estimulo e a
multifuncional;
Promover espaços lúdicos, que transmitam sensações de liberdade e emoção,
respeitando as particularidades de cada um;
Ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento utilizando de gestos
diversos e ritmos corporais;
Explorar e identificar os componentes da massinha de modelar caseira;
50
Perceber e expressar sensações e sentidos através da música;
Ampliar o repertório musical;
Proporcionar o trabalho coletivo;
V- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para Jeandot (1997)
O som prende a atenção das crianças e o contato com o objeto
viabiliza a interação com o mundo sonoro, pois o objeto produz sons e
desperta à criança para atitudes de gestos variados. Como recurso auditivo a
música está presente desde o nascimento da criança e estará contribuindo no
seu desenvolvimento e compreensão do mundo.
“A música, devido a suas características intrínsecas, pode colaborar no
desenvolvimento das estruturas cognitivas, bem como favorecer o desenvolvimento de outras
habilidades, como as emocionais, as sociais e as musicais, propriamente ditas”. (MARTINS,
2004).
Delalande citado por Pires (2005), diz que:
“Desde os primeiros dias da vida, elas são atraídas pelos sons musicais e manifestam-se de
diversas maneiras, como sorrisos, interagindo com os sons através dos movimentos corporais,
como palmas e toques nos brinquedos sonoros.”
A música está bastante ligada ao lúdico e ao brincar. “Em todos os povos, as crianças
brincam com a música. Jogos e brinquedos musicais, como as rodas cantadas, são encontrados
nos lugares aonde houver crianças.” (UNESCO, 2005)
Ao lermos o RCNEI, percebemos que existe também diversas citações que nos demonstra a
importância da música como :
“A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar
sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo
entre o som e o silêncio.” ( BRASIL,1998, p.45)
Como também temos algumas outras citações que nos diz :
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A música no contexto da educação infantil vem, ao longo de sua história,
atendendo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões próprias
dessa linguagem. Tem sido, em muitos casos, suporte para atender a vários
propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as
mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; (
BRASIL,1998, p.45)
Também queremos fazer com que as crianças interajam entre si, tenham autonomia, façam
descobertas e isto também é pautado no RCNEI :
O trabalho com Música proposto por este documento fundamenta-se nesses
estudos, de modo a garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir
sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que também
oferece condições para o desenvolvimento de habilidades, de formulação de
hipóteses e de elaboração de conceitos. (BRASIL, 1998, p.48)
O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de
expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive
aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é
excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-
estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.
(BRASIL, 1998, p.51)
Como estamos em uma turma de berçário e eles são bebês, queremos que eles explorem ao
máximo o corpo e tudo o que estiver ao seu redor que faça som/barulho e isto também é
citado no RCNEI :
Do primeiro ao terceiro ano de vida, os bebês ampliam os modos de
expressão musical pelas conquistas vocais e corporais. Podem articular e
entoar um maior número de sons, inclusive os da língua materna,
reproduzindo letras simples, refrões, onomatopéias etc., explorando gestos
sonoros, como bater palmas, pernas, pés, especialmente depois de
conquistada a marcha, a capacidade de correr, pular e movimentar-se
acompanhando uma música. ( BRASIL,1998,p.51)
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Recursos utilizados:
Livros literários
Matérias didático
Fantoche
Recicláveis
Jogos
DVDs
Músicas
Brinquedos
VI- PROCESSO METODOLÓGICO
Leitura de livros
Leitura de Imagens
Exposição de sons
Roda de conversa
VII- AVALIAÇÃO
A avaliação será feita desde o primeiro dia de observação. Através do
diagnostico, buscaremos analisar sobre quem e como são nossos alunos no contexto
escolar, até o termino de nossas intervenções através dos resultados, objetivando
compreender a dinâmica deste nível e contribuir para não só o processo de ensino
aprendizado dos alunos como também o da escola.
Posto que, além da avaliação ser continua, dependendo dos nossos objetivos
dentro dos conteúdos propostos pelo Rcnei como: explorar as possibilidades de
gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações
de interação; deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao andar, correr ,pular
, desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras; e explorar
e utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc, buscaremos avaliar
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os avanços dos alunos e suas respostas a tais ações. Valendo aqui ressaltar, que
através da música e do movimento, será acompanhado cada passo das nossas
crianças, sendo também considerada, tal evolução, embora gradual, algo avaliativo,
seja nas suas respostas as atividades, seja suas respostas no seu próprio
desenvolvimento.
Sendo que, é importante aqui ressaltar, que diante tudo isso, como produto final,
iremos construir gradualmente, juntamente com os alunos, instrumentos músicas
artesanais, os quais eles com a nosso contribuição construíram e com eles
interagiram.
Referências
AMARILHA,Marly. Leitura e oralidade:escrita e leitura. In:Por que ler? Perspectivas
culturais do ensino da leitura. Dauster, Tania; Ferreira, Lucena;(Orgs.). Rio de Janeiro:
Lamparina,2010.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil /
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação
Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.
HELD, Jacqueline. O imaginário no poder.As crianças e a literatura fantástica.Trad.
Carlos Rizzi. São Paulo: Summus, 1980.
ORTIZ, Cisele; De Carvalho, Maria Teresa Venceslau. Interações: ser professor de bebês -
cuidar, educar e brincar, uma única ação. Coleção Interações, 2012, São Paulo, Ed.
Blucher.
PIRES, M. C. de C. O som como linguagem e manifestação da primeira infância. Revista
Pátio Educação Infantil, n.8, 2005
UNESCO, BANCO MUNDIAL, FUNDAÇÃO MAURÍCIO SIROTSKY SOBRINHO. A
Criança Descobrindo, Interpretando e Agindo sobre o Mundo. Brasília, 2005.