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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA Paulo Roberto Araújo Barbosa Pinheiro Multifuncionalidade da agricultura no Rio Grande do Norte: estudos de casos nos municípios de São Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e Serra de São Bento/RN NATAL/RN 2014.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Paulo Roberto Araújo Barbosa Pinheiro

Multifuncionalidade da agricultura no Rio Grande do Norte: estudos de casos nos municípios de São Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e

Serra de São Bento/RN

NATAL/RN

2014.2

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Paulo Roberto Araújo Barbosa Pinheiro

Multifuncionalidade da agricultura no Rio Grande do Norte: estudos de casos nos municípios de São Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e Serra

de São Bento/RN

Monografia de Graduação apresentada

ao Departamento de Economia da

UFRN como requisito para obtenção do

título de Bacharel em Ciências

Econômicas.

Orientador: Prof.º Dr. João Matos Filho

NATAL/RN

2014.2

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Pinheiro, Paulo Roberto Araújo Barbosa.

Multifuncionalidade da agricultura no Rio Grande do Norte: estudos de casos nos municípios de São

Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e Serra de São Bento/RN / Paulo Roberto Araújo Barbosa

Pinheiro. - Natal, RN, 2014.

79 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. João Matos Filho.

Monografia (Graduação em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Economia. Curso de Graduação em Ciências Econômicas.

1. Economia - Monografia. 2. Economia agrícola - Monografia. 3. Meio ambiente - Monografia. 4.

Atividade agrícola - Monografia. 5. Atividade turística - Monografia. I. Matos Filho, João. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 338.43

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Paulo Roberto Araújo Barbosa Pinheiro

Multifuncionalidade da agricultura no Rio Grande do Norte: estudos de casos nos municípios de São Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e Serra

de São Bento/RN

Monografia de Graduação apresentada

ao Departamento de Economia da

UFRN como requisito para obtenção do

título de Bacharel em Ciências

Econômicas.

Orientador: Prof.º. Dr. João Matos Filho

Aprovada em: __/__/____

__________________________________________

Prof. Dr. João Matos Filho/UFRN

_________________________________________

Prof. Dr. Thiago Ferreira Dias

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AGRADECIMENTOS

Ao meu pai, José Pinheiro Oliveira, pela paciência, amor e exemplo de

cidadão que sempre esteve comigo e acreditou em mim.

À minha querida mãe, Jacqueline Aparecida Araújo Barbosa, pelo

carinho e por ser pra mim um dos maiores exemplos de determinação e de que

o estudo pode transformar a vida das pessoas.

À minha irmã, Caroline Keli Araújo Barbosa Sanches, pelas várias vezes

que pedi ajuda na formatação dos meus trabalhos e pela paciência.

Aos meus amigos do curso de Graduação em Ciências Econômicas e de

outros cursos, em especial à Kaline Stephania Costa Lopes que eu aprendi a

amar muito ao longo do curso e ao meu grande amigo Daviton Gurgel Guerra.

Aos professores Edward Martins Costa e André Luís Cabral Lourenço,

com os quais tive bolsa de pesquisa e monitoria e acreditaram no meu

potencial.

Ao professor João Mattos Filho, que acreditou em mim e me orientou

neste trabalho, de forma paciente, e com muita competência, sendo um

exemplo de pesquisador na área agrícola que um dia pretendo ser.

À EMATER, FETARN e às prefeituras pelo excelente atendimento que

tive e pela disponibilidade em responder o questionário, sem o qual não seria

possível a conclusão deste trabalho.

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RESUMO

PINHEIRO, Paulo Roberto Araújo Barbosa. Multifuncionalidade da agricultura no Rio Grande do Norte: estudos de casos nos municípios de São Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e Serra de São Bento/RN. 2014. Monografia (Graduação em ciências econômicas)- Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

O presente trabalho de conclusão de curso teve a finalidade de encontrar

indícios de uma agricultura multifuncional no Rio Grande do Norte, mais

precisamente nos municípios: São Miguel do Gostoso, Passa e Fica e Serra de

São Bento. Para isso, foram feitas entrevistas aos donos e funcionários de

pousadas dos três municípios e foram enviados questionários à EMATER e à

FETARN dos municípios do RN, sendo que quinze municípios enviaram

resposta, possibilitando assim o mapeamento das atividades multifuncionais

desses municípios. Foi possível perceber que a agricultura multifuncional está

fortemente relacionada com sítios arqueológicos, turismo religioso e festas

culturais no que se referem aos municípios mapeados e o turismo esportivo e

ecológico nos municípios onde foram realizados os estudos de caso, essas

atividades vêm gerando uma nova fonte de emprego e renda para a população

dos municípios. Também foi possível perceber que a multifuncionalidade da

agricultura no RN tem suas especificidades no que consiste a geração de

emprego, boa parte dos empregados das pousadas mora na zona urbana e

não praticam agricultura ou deixaram de praticar a agricultura para poder

trabalhar somente na pousada, sendo poucos os moradores da zona rural e

que praticam a agricultura.

Palavras- chave: Agricultura multifuncional; Turismo ecológico; Zona rural.

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ABSTRACT

Multifunctionality of agriculture in the Rio Grande do Norte: cases studies in the municipalities of São Miguel do Gostoso/RN, Passa e Fica/RN e Serra de São Bento/RN. 2014.Monograph (Graduation in Sciences Economic – Center of Social sciences Applied). University federal of Rio Grande do Norte, Natal, 2012.

This academic work aimed to find evidence of a multifunctional agriculture in

Rio Grande do Norte, specifically in the cities: São Miguel do Gostoso, Passa e

Fica and Serra de São Bento. For this reason, interviews were conducted with

owners and employees of the hostels of the three municipalities and

questionnaires were sent to EMATER and FETARN municipalities RN, fifteen

municipalities sent the answers and this enable the mapping of the

multifunctional activities of these municipalities. It could be observed that

multifunctional agriculture is strongly related to archaeological sites, religious

tourism and cultural festivals in which they refer to mapped municipalities and

sports and eco-tourism in the counties where the case studies were performed,

these activities are generating a new source of employment and income for the

population of these municipalities. Also it was revealed that the

multifunctionality of agriculture in RN has its specificities which consists in the

generation of employment, most of the employees of the hostels live in urban

areas and do not practice agriculture or stopped practicing agriculture in order

to work only at the hostels, and are few the residents of rural areas practice

agriculture.

Key- Words: Multifunctional agriculture; rural areas; ecologic tourism.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Percentual dos grupos multifuncionais .................................................. 50

Gráfico 2. Produto Interno Bruto (Valor Adicionado) ............................................. 54

Gráfico 3. Origem dos donos das pousadas ........................................................... 55

Gráfico 4. Sexo dos indivíduos que trabalham nas pousadas ............................. 55

Gráfico 5. Local de moradia dos Funcionários ....................................................... 56

Gráfico 6. Escolaridade dos donos das pousadas ................................................. 57

Gráfico 7. Escolaridade dos Funcionários das pousadas ..................................... 57

Gráfico 8. Quantidade de pousadas que pretendem ampliar o número de leitos

........................................................................................................................................ 58

Gráfico 9. Local de compra de alimentos ................................................................ 59

Gráfico 10. Local de compra de produtos de Limpeza e higiene......................... 59

Gráfico 11. Produto Interno Bruto de Passa e Fica (Valor Adicionado) ............. 61

Gráfico 12. Produto Interno Bruto de Serra de São Bento (Valor Adicionado) . 63

Gráfico 13. Local de moradia dos Funcionários ..................................................... 64

Gráfico 15. Sexo dos indivíduos que trabalham nas pousadas ........................... 65

Gráfico 16. Escolaridade dos funcionários das pousadas .................................... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Padrão de ocupação da população rural no Brasil: Agrícola e Não

agrícola (PNADs 1981, 1992, 1996 e 1999) ..................................................... 15

Tabela 2. Distribuição dos ocupados rurais não agrícolas, segundo atividade

econômica- Brasil 2009 .................................................................................... 16

Tabela 3. Concentração e desigualdade da posse da terra entre os

estabelecimentos agropecuários- Brasil- anos 1975, 1980, 1985/1996 e 2006 24

Tabela 4. Quantidades de serviços multifuncionais agrícolas por município ... 48

Tabela 5. Quantidade de serviços/atividades/lugares/empreendimentos para os

municípios mapeados ...................................................................................... 49

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1. Formas de comercialização de serviços ambientais ....................... 40

Quadro 2. Programas e políticas referentes ao PSA a nível Estadual ............. 41

Figura 1. Principais funções da multifuncionalidade da agricultura .................. 33

Figura 2. Localização de São Miguel do Gostoso ............................................ 51

Figura 3. Localização de Passa e Fica ............................................................. 60

Figura 4. Localização de Serra de São Bento .................................................. 62

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

PNAD- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PAA- Programa de Aquisição de alimentos

MDA- Ministério de Desenvolvimento Agrário

MAPA- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

UE- União Europeia

APP- Área de Preservação Permanente

PSA- Pagamento por Serviços Ambientais

ONG- Organização Não Governamental

RN- Rio grande do Norte

INCRA- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

PRONAF- Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

CNUMAD- Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

CTE- Contratos Territoriais de Estabelecimento

LEADER- Ligações Entre Ações de Desenvolvimento da Economia Rural

CAD- Contratos de Agricultura Durável

LOA- Lei de Orientação Agrícola

FETARN- Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio

Grande do Norte

EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12

1. Origem do conceito multifuncionalidade da agricultura ................................ 14

1.1 Discussões acerca do conceito de rural .................................................. 14

1.2 Políticas públicas e Desenvolvimento rural ............................................. 20

1.3 Multifuncionalidade da agricultura no contexto brasileiro e europeu ....... 26

1.4 Perspectivas do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ................. 37

2. Metodologia .................................................................................................. 42

3. Multifuncionalidade no Rio Grande do Norte ................................................ 43

3.1 Mapeamento da multifuncionalidade no RN ........................................... 47

3.2 Multifuncionalidade em São Miguel do Gostoso ..................................... 51

3.3 Multifuncionalidade em Passa e Fica e Serra de São Bento .................. 60

Conclusão ........................................................................................................ 68

Referências: ..................................................................................................... 70

ANEXOS .......................................................................................................... 75

Anexo A ........................................................................................................ 76

Anexo B ........................................................................................................ 79

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso trata da multifuncionalidade

na agricultura no Rio Grande do Norte, ou seja, as funções que o meio rural ou

o agricultor pode oferecer além da produção de fibras e alimentos. O agricultor

tem além das funções primárias da agricultura, o papel importantíssimo de

proteger o meio ambiente, a cultura e a história do local onde vive.

A ideia da multifuncionalidade da agricultura passou a ser bastante

difundida logo após a Conferência Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, em que

se criticou bastante o processo de produção capitalista que ao utilizar uma

grande quantidade de agrotóxicos, trazia muitos malefícios ao meio ambiente e

à população. Portanto, a multifuncionalidade veio como uma alternativa de

geração de renda, além da produção na esfera agrícola, como também uma

forma de permanência do agricultor no meio rural.

Desse modo, o uso multifuncional da agricultura se torna um caminho

para que se chegue ao desenvolvimento rural sustentável, já que é com esse

conceito que estamos promovendo uma simbiose entre a questão agrícola,

ecológica e socioeconômica para a população rural.

Sendo assim, na primeira parte do trabalho buscou-se fazer um

apanhado bibliográfico acerca do conceito do rural, focando principalmente em

autores como Graziano e Wanderley, na ideia de que o rural não é apenas

agrícola, como também se tentou expor algumas políticas públicas voltadas

para o desenvolvimento rural, a partir de ideias de autores como Navarro e

Abramovay.

Nessa mesma parte foram utilizadas referências acerca da

multifuncionalidade da agricultura na Europa, mais precisamente na França

onde é mais atuante, por meio de textos de autores clássicos como Remy e

Segrelles, como também textos com experiências multifuncionais brasileiras de

autores como Sabourin, Bonnal, Cazella e Maluf, além de um instrumento

econômico que a meu ver, mais se aproxima com a multifuncionalidade

difundida na França: o Pagamento por Serviços Ambientais.

A segunda parte do trabalho contém a metodologia utilizada constituída

por pesquisa bibliográfica e documental, além de levantamento de dados

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primários através de pesquisa de campo na EMATER, FETARN e nos

municípios que se realizaram o estudo de caso: São Miguel do Gostoso, Passa

e Fica e Serra de São Bento. Com isso, houve a elaboração de questionários

para serem aplicados em pousadas e a feirantes, além de ter tido a utilização

de dados secundários extraídos do IBGE.

Na terceira parte do trabalho fez-se o mapeamento da

multifuncionalidade da agricultura no RN, a partir de dados de 15 municípios

colhidos por meio de um questionário eletrônico enviado à EMATER e à

FETARN, identificando-se as diferentes potencialidades do meio rural em

várias regiões do RN. Por fim, os três municípios citados para os estudos de

caso foram analisados e comparados, ficando nítida a existência de

especificidades na multifuncionalidade agrícola do RN.

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1. Origem do conceito multifuncionalidade da agricultura

1.1 Discussões acerca do conceito de rural

Diferenciar o rural do urbano é algo bastante complexo, diferindo de

uma região para outra. O meio rural não pode ser mais classificado puro e

simplesmente por delimitações geográficas, um baixo contingente populacional,

onde há somente a atividade agrícola e onde não há luz elétrica, asfalto e água

encanada.

Classificar o meio rural pelo baixo contingente populacional não pode ser

visto como um aspecto fundamental, já que países asiáticos possuem uma alta

densidade populacional no campo. Pela atividade agrícola também não pode

ser, pelo fato de que, no Brasil, muitos exercem atividades não-agrícolas e

muitos são pensionistas, aposentados, beneficiários de programas sociais ou

simplesmente pessoas que vêm para o meio rural em busca de um maior

contato humano e ambiental e acabam por gerar um forte dinamismo na

economia local.

Segundo Moreira (2012), o rural pode ser entendido com base em

quatro perspectivas teóricas: a) urbanização do campo, defendida por

Graziano, Del Grossi e Campanhola; b) urbanidades do rural, traduzido na

absorção de novas lógicas como a pluriatividade, multifuncionalidade do

território e atividades não agrícolas, defendida pelo geógrafo João Rua; c) o

rural como campo de lutas e contradições entre a agricultura empresarial e a

camponesa, defendida por geógrafos e sociólogos rurais; d) o rural como

construção e processo, defendida por autores como: Abramovay, Carneiro,

Shcneider e Wanderley.

Apesar de ainda existirem disparidades sociais e econômicas entre o

meio rural e o urbano, várias políticas de desenvolvimento rural têm gerado o

mínimo de ofertas de bens e serviços essenciais às vidas das pessoas que

independente de onde estão, deveriam ter acesso, não restringindo apenas ao

meio urbano a capacidade de fornecer empregos, lazer e acesso a bens e

serviços.

Além da agricultura, no meio rural existem também os setores

secundários e terciários, sendo estes dois muito mais presentes, de uma forma

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geral, do que a atividade agrícola. Brasil (2010) considera que a existência de

indústrias no meio rural não pode ser entendida como uma solução para os

problemas do meio rural, já que apesar de as indústrias gerarem um impacto

positivo no que se refere à geração de empregos, trazem também impacto

negativo ao meio ambiente e, se a indústria ou a agroindústria não

complementarem as potencialidades do âmbito rural, levarão a impactos

negativos na sociedade e na cultura locais, transformando cada vez mais este

local em urbano.

Graziano (1999) afirma que o crescimento das atividades não-agrícolas

não é algo de determinada região, mas sim algo que vem ocorrendo em todo o

país e que vem trazendo maiores retornos econômicos ao agricultor do que

continuar trabalhando apenas com a agricultura e indo mais além da

pluriatividade que seria exercida no próprio estabelecimento familiar, porém

isso não indica o fim da atividade agrícola e sim uma diversificação, como

podemos observar nas seguintes tabelas :

Tabela 1. Padrão de ocupação da população rural no Brasil: Agrícola e Não agrícola (PNADs 1981, 1992, 1996 e 1999)

Natureza de

ocupação

Pessoas (milhão) Taxa de crescimento (% ao

ano)

1981 1992 1996 1999 1981/92 1992/96 1996/99

Agrícola 10,7 11,2 9,9 10,2 0,4 -1,7 0,4

Não agrícola 3,1 3,5 4,0 4,6 1,2 3,7 6,1

Total de rurais

ocupados

13,8 14,7 13,9 14,8 0,6 -0,2 2,1

Total de rurais 34,5 32,0 31,7 32,6 -0,7 0,2 1,1

Fonte: PNADs, IBGE. Apud Silva, J.G. Velhos e novos meios do rural brasileiro. Em:

dossiê desenvolvimento rural, estudos avançados. Instituto de Estudos avançados,

São Paulo: Universidade de São Paulo, 1987. V. 1, n° 1, p.39.

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Tabela 2. Distribuição dos ocupados rurais não agrícolas, segundo atividade econômica- Brasil 2009

Atividade econômica Em 1.000 pessoas Em %

Serviços (públicos e

privados)

1.661 32,3

Indústria 1.130 22,0

Comércio 828 16,1

Construção 578 11,3

Administração pública 298 5,8

Transporte e

comunicação

258 5,0

Outros 383 7,4

Total 5.135 100.0

Fonte: IBGE. Pnad. Elaboração: DIEESE

Graziano et al (2001) mostra a diferença entre a pluriatividade dos

países desenvolvidos e a pluriatividade apresentada pelas famílias rurais

brasileiras. No Brasil a pluriatividade é tratada como uma estratégia de

sobrevivência devido à redução dos preços das principais “commodities”

brasileiras, enquanto que nos países desenvolvidos resulta de um aumento da

produtividade do trabalho agropecuário.

É a pluriatividade de empreendimentos familiares, no que consiste a

interação entre o setor primário, secundário e terciário, que faz com que

pequenas cidades rurais se tornem mais dinâmicas do que cidades unicamente

exploradoras dos recursos primários, em que a agricultura patronal muitas

vezes se impõe e gera concentração de renda e exclusão social.

Além dessa tendência de ocupação do espaço rural brasileiro por

atividades não-agrícolas, alavancadas principalmente pela pluriatividade como

alternativa de reprodução social para as famílias, há também a utilização do

espaço rural como lugar de descanso, de lazer e de residência (permanente ou

temporária). Além disto, o contato direto com a natureza, ao lado do exercício

ao ar livre, possibilitam a recomposição das energias despendidas nas horas

trabalhadas na cidade, do alto estresse no trânsito e do ar poluído proveniente

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das grandes indústrias, aumentando assim o debate sobre os novos tipos de

ruralidades na sociedade brasileira atual.

Kageyama (2004) propõe uma classificação territorial em três tipos de

zonas rurais: 1) zonas economicamente integradas; 2) zonas rurais

intermediárias; 3) zonas rurais isoladas. A primeira corresponde está localizada

mais próxima da cidade, com bons meios de transporte e de comunicação,

além de uma maior oportunidade de empregos. As zonas rurais intermediárias

caracterizam-se por um setor agrícola estável e as atividades associadas a

este setor são desenvolvidas, não possuem proximidade com centros urbanos,

porém têm uma via de escoamento para os produtos, com estradas e energia.

Por último, as zonas rurais isoladas são bastante afastadas dos centros

urbanos e possuem um baixo contingente populacional, além de serem

atrasadas tanto no que consistem os meios de transporte, como também as

oportunidades de emprego, saúde e lazer.

Feijó (2011) tenta conceituar o rural sem vinculá-lo a questões

geográficas e de contingente populacional, mas sim a um aspecto social e

antropológico:

Por rural, entendemos uma mentalidade, um estilo de vida. Trata-se de um peculiar espaço geográfico que oferece oportunidade de realização da condição humana que não se encontra nos núcleos urbanos. O estilo rural é menos gregário; o tipo rural quer seja o rico ou o pobre, trata-se de uma pessoa mais ensimesmada, de alguém que valoriza de modo acentuado as amenidades oferecidas pela natureza, prefere uma vida social menos agitada e que abdica do sedentarismo urbano em prol de um contato maior com a natureza (FEIJÓ, 2011, pág.12).

Brasil (2010) enfatiza que uma característica fundamental do rural é a

diversidade, indo de encontro à ideia unicamente agrícola e produtivista

levantada pela bandeira da modernização agrícola. Essa diversidade é

representada pelas várias culturas, crenças, raças, etnias, ecossistemas e ao

maximiza-la irá proporcionar uma maior dinamização ao meio rural tanto

socialmente como economicamente, como podemos notar no trecho abaixo:

[...] uma característica fundamental do rural é a diversidade: de ecossistemas, populações, culturas, sistemas produtivos, formas de organização social e política etc. e a diversidade não

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é apenas distintiva do rural, mas é o seu patrimônio. Algo a ser valorizado e não minimizado ou destruído. A força do rural, inclusive da perspectiva estritamente econômica de geração de emprego e renda, depende da capacidade de aproveitar as potencialidades dessa diversidade e de utilizá-las de forma sustentável.(BRASIL, 2010, pág.71)

Em uma entrevista concedida ao fórum de desenvolvimento rural

sustentável do Instituto Interamericano de cooperação para a agricultura (IICA),

Wanderley afirma que devemos pensar o mundo rural, levando em conta três

elementos. O primeiro refere-se à importância da grande propriedade,

elemento bastante forte no meio rural brasileiro, sendo responsável por uma

série de conflitos e expulsão do trabalhador rural, já que essas grandes

propriedades estão nas mãos da agricultura patronal que muitas vezes utiliza

as terras para a pecuária extensiva e como reserva de valor, o que enfraquece

a dinâmica do campo que necessita dessas áreas para produção e um local de

moradia.

O segundo elemento refere-se à população do campo, que difere em

certo sentido da população urbana pelo fato de ter um maior contato com a

natureza, ter um laço maior com as pessoas, proveniente principalmente de

uma vida mais pacata, ou seja, um lugar em que a identidade social é bem

definida.

O terceiro elemento vai de encontro com as relações campo x cidade,

em que grande parte da população rural brasileira vive nas zonas rurais dos

pequenos municípios, e que muitas cidades urbanizadas possuem um

processo de urbanização frágil e atrasado dificultando assim o processo de

desenvolvimento.

O “Projeto Rurbano”, iniciado em 1997 pelo professor José Graziano da

Silva junto ao Instituto de Economia Agrícola do IE-Unicamp, tem o claro

propósito de afirmar a não obrigatoriedade de um espaço rural ser agrícola. A

partir de dados extraídos da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), este projeto mostra

que com o desenvolvimento do país, reduz-se o precipício entre o campo e a

cidade.

Segundo Abramovay (2003 apud Silva 2013), três aspectos compõem o

meio rural:

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1) A relação com a natureza: já que no meio rural as pessoas têm um

maior contato com rios, a floresta e a fauna divergindo um pouco do

meio urbano onde os espaços verdes sofrem uma grande

intervenção humana. Além disso, é uma alternativa a queda no

desempenho da agricultura em determinadas localidades, sendo uma

forma de ocupação e geração de renda a utilização econômica de

uma maneira sustentável da natureza.

2) Relativa dispersão populacional: irá gerar uma maior interação entre

as pessoas e um ambiente de ajuda mútua, ao contrário da sensação

de insegurança e individualismo gerada nos grandes centros

urbanos.

3) Relação com as cidades: demonstra a forte influência que as áreas

com alta densidade populacional exercem sobre as de baixa

densidade populacional, promovendo um maior dinamismo e

crescimento, além de fornecerem certos tipos de serviços e

infraestruturas.

Wanderley (2001) refere-se a essa redução de contraste entre o rural e o

urbano utilizando o termo continuum rural-urbano, esse conceito possui duas

perspectivas principais. A primeira perspectiva refere-se à influência que o polo

urbano – que seria o pólo desenvolvido – exerce sobre o pólo rural – o polo

atrasado. Sendo assim, Wanderley afirma que haveria um intenso processo de

homogeneização social e espacial, refletindo em uma redução das fronteiras

existentes entre esses dois polos.

A segunda perspectiva vai de encontro à ideia de que apesar da maior

aproximação e interação do rural e urbano suas particularidades ainda são

conservadas, ou seja, cada um ainda possui suas influências históricas quanto

à ocupação do território e organização social e econômica.

Carneiro (1998) discorda da ideia de homogeneização espacial e social,

afirmando que apesar do espaço rural absorver características de produção e

trabalho exercidas pela cidade e difundidas mais rapidamente pela

globalização, não tem como promover o extermínio do meio rural e de suas

condições sociais e culturais locais, porém pode ocorrer uma interação do rural

e urbano em um mesmo espaço.

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Sendo assim, não há uma definição global do que seja o rural. Tal

definição tem que ser vista como algo interdisciplinar em que geógrafos,

sociólogos, ambientalistas, economistas e vários outros profissionais juntam

ideias em busca de promover uma maior interação para que assim se possa

chegar próximo de um conceito ideal do que se trata o rural. Portanto, tem-se

que olhar o meio rural e o seu desenvolvimento em um contexto heterogêneo,

como um espaço voltado para o lazer, para a preservação do meio ambiente e

do tecido social em que se apoia a agricultura, um local não somente marcado

pela produção, como também pelo consumo dessas funções. Nesse contexto,

o objetivo de uma agenda de desenvolvimento rural tal como afirma Veiga

(2000) seria maximizar as manchas de dinamismo e diminuir os enclaves.

1.2 Políticas públicas e Desenvolvimento rural

As políticas públicas podem ser entendidas como diretrizes ou princípios

norteadores para enfrentar um problema que seja coletivamente relevante.

Nesse sentido, o termo “público” não se refere somente à participação do

Estado, mas também de organizações não governamentais e organizações

privadas. No que se refere às políticas de desenvolvimento rural, o Estado tem

maior presença através de elaboração de leis, linhas de crédito e programas.

Dentre as políticas públicas que vem fortalecendo cada vez mais o meio

rural, estão: o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(PRONAF) com o intuito de financiar o agricultor familiar e gerar oportunidades

de emprego e renda, além de várias linhas de crédito como o Pronaf Mulher,

Pronaf Jovem, Pronaf Agroecologia e o Pronaf semiárido; o Programa de

Aquisição de Alimentos (PAA), onde o Estado interfere na comercialização e

nos preços dos alimentos da agricultura familiar; e, o Programa Garantia Safra

para a Agricultura Familiar (PGPAF).

Nos dias atuais o que vem sendo mais abertamente discutido é o

desenvolvimento rural sustentável, já que não basta só promover emprego e

renda aos habitantes do meio rural, mas sim fazer com que gerações futuras

tenham acesso ao solo fértil, sem contaminações na água e com uma vasta

vegetação, servindo de crítica ao agronegócio que gera vários problemas

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ambientais através do uso de agrotóxicos além de desemprego e conflito

agrário.

Em um artigo publicado no jornal “O Estado de S.Paulo” (15/2/14),

Zander Navarro conceitua o desenvolvimento rural como uma política de

Estado com o intuito de promover alterações sociais e econômicas positivas no

meio rural. Apresentado esse conceito, ele afirma que no Brasil nunca existiu

uma política de desenvolvimento rural e mostra duas formas de alcança-lo: por

um “caminho europeu” e pela “via argentina”.

No “caminho europeu”, o meio rural seria forte social e economicamente,

além de ter uma associação com pequenas e médias cidades e uma redução

na concentração de terras e produção agropecuária. A “via argentina” de

desenvolvimento seria decorrente do êxodo rural, provocando um

esvaziamento no campo, uma agricultura moderna de larga escala e

consequentemente a ida dessa população rural para as regiões metropolitanas

mais intensas. Sendo assim, Navarro considera a primeira via um pouco

distante, sendo preciso políticas inovadoras como o fim do MAPA e do MDA e

a criação do Ministério de Desenvolvimento Rural (MDR) como também a

extinção do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Já a

segunda via não precisaria esforço algum de nossos governantes, apenas

deixar como está.

Buainain (2014), também escreveu um artigo no jornal “O Estado de

S.Paulo” (18/02/14) concordando com a ideia de uma inexistência de política

de desenvolvimento rural no Brasil, porém é um pouco pessimista em relação à

tentativa de desenvolvimento rural segundo a “via europeia”, já que o Brasil não

possui um sistema de estradas bom, comparado ao da Europa. Para este

autor, uma política de desenvolvimento rural para Buainain vai além da ideia do

fim dos dois ministérios proposta por Navarro, portanto Buainain afirma:

O desenvolvimento rural requer muito mais do que eliminar o "nefasto hibridismo ministerial", como sugere o professor Navarro; requer coordenação e racionalização das políticas públicas e entes locais fortes, com capacidade financeira e operacional para construir e manter estradas, prover educação básica de qualidade, manter um médico no posto de saúde, uma delegacia e seus serviços, implantar locais de lazer público, de esporte e cultura. (O Estado de S.Paulo, 18/02/2014)

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Navarro (2001) divide o desenvolvimento e consequentemente o

desenvolvimento rural em dois momentos. O primeiro é a partir da década de

1950 até final dos anos 1970, quando o conceito de desenvolvimento começou

a entrar como tema principal nos debates teóricos vigentes. Os anos dourados

(1950-1975), período de uma forte expansão capitalista, trouxeram várias

mudanças no contexto econômico, político, tecnológico e cultural e, juntamente

com a revolução verde na década de 1970 o desenvolvimento rural começou a

ser intensamente discutido.

O segundo momento destacado por Navarro foi a partir de meados da

década de 1990 e representa um período de incertezas no que consiste à

materialização do desenvolvimento. Porém, o tema desenvolvimento – e

desenvolvimento rural – conseguiu se firmar nessa década a partir da

conferência Eco-92 e também do protocolo de Kyoto. Outro aspecto importante

referente ao desenvolvimento rural na década de 1990 foi o ressurgimento de

movimentos sociais que passaram o período da ditadura sem se manifestarem,

sendo fortemente oprimidos nesse período, como: novos grupos sociais, a

presença de ONGs e a participação da Igreja Católica no intuito de tornar mais

democratizante e menos clientelista o processo de desenvolvimento rural.

Schneider (2010) aborda quatro aspectos importantes sobre a

reemergência da discussão a respeito do desenvolvimento rural no Brasil:

1) A agricultura familiar passa a ser vista como um modelo social,

econômico e produtivo para a sociedade brasileira.

2) Uma maior participação do Estado no meio rural, através de diversas

políticas para agricultura familiar.

3) Mudanças no âmbito político e ideológico.

4) A importância da sustentabilidade no meio rural.

No Brasil é nítida a presença de duas modalidades de agricultura: a

agricultura familiar, que está representada pelo Ministério de Desenvolvimento

Agrário (MDA), e agricultura patronal, atendida pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA). A primeira é mais voltada ao cunho social,

no que se refere à fixação do agricultor no campo e de sua família e a redução

da pobreza rural, por meio principalmente da grande mão-de-obra que ela

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origina. Já a segunda, está mais voltada ao enfoque setorial, ou seja, para uma

visão produtivista, com suas imensas propriedades monocultoras – quase

sempre acima de 100 hectares – utilizando um grande número de máquinas e

mão-de-obra especializada e assalariada.

A existência dessa dicotomia, familiar versus patronal, dificulta bastante

a formulação de uma política de desenvolvimento rural, já que ao formularem

diferentes políticas esses dois modelos transformam-se em dois mundos

agrícolas, sendo isso justamente o oposto à ideia de desenvolvimento rural que

seria juntar as oportunidades oferecidas por estas duas modalidades e fornecer

aos habitantes do meio rural uma possibilidade de emprego, se não por conta

própria, tornando-se assalariado, e consequentemente uma maneira de gerar

renda.

O desenvolvimento nas áreas rurais proporciona um campo de

conhecimento muito diverso e não consegue ser explicado por apenas um,

sendo importante analisar a sociologia rural, a demografia, a geografia rural, a

economia regional e outros ramos da ciência. Segundo Kageyama (2004),

podemos identificar no meio rural, três enfoques referentes ao desenvolvimento

rural: o enfoque endógeno, o enfoque exógeno e uma combinação dos dois.

Sobre o primeiro enfoque entende-se o modelo de distritos industriais,

no qual os atores e as instituições irão promover um desenvolvimento local. No

enfoque exógeno a modernização conservadora é um bom exemplo, uma vez

que foi imposto por forças externas. O terceiro enfoque ocorre quando os

atores rurais se envolvem em complexos de redes locais e externas.

No Brasil, o debate acerca do desenvolvimento territorial rural está

intimamente ligado à desigualdade regional e a pobreza rural. Essa

desigualdade não é um problema do século XXI e sim algo que vem se

arrastando por vários séculos, já que a diferença econômica entre o Sudeste e

o Nordeste sempre existiu, tendo o nordeste até meados do século XIX uma

importância maior. Porém, a partir daquele período identificou-se uma maior

produção per capita no Sudeste principalmente pelo grande contingente de

escravos e de imigrantes europeus para essa região que logo após teve seu

período de industrialização, mais precisamente em São Paulo, graças às

divisas geradas pela produção de café, favorecendo a construção de estradas

e malhas ferroviárias para o escoamento dos produtos.

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Há muito o Brasil vem carregando uma noção de desenvolvimento rural

que mais parece um desenvolvimento agrícola, porém o rural é algo mais

amplo, possuindo as atividades agrícolas e não-agrícolas oriundas das

indústrias, comércios, serviços e artesanatos que lá se instalam, portanto é de

suma importância observar a pluriatividade das famílias rurais e as várias

formas de produção, os novos atores e as novas funções que fazem do meio

rural um local de diversidade.

Nesses termos, o desenvolvimento rural tem o objetivo de criar

oportunidades econômicas, sociais e culturais para a população pobre

principalmente por meio do acesso às terras, dando oportunidade aos

pequenos agricultores de proverem seu próprio sustento, mudando assim a

longa estrutura oligárquica que há séculos predomina no meio rural e vem

concentrando as terras.

Tabela 3. Concentração e desigualdade da posse da terra entre os estabelecimentos agropecuários- Brasil- anos 1975, 1980, 1985/1996 e 2006

Ano

Proporção da terra concentrada nos Índice de Gini

50% menores

estabelecimentos (50-)

5% maiores estabelecimentos

(5+)

1975 2,5 68,7 0,855

1980 2,4 69,3 0,857

1985 2,3 69,0 0,858

1995/1996 2,3 68,8 0,857

2006 2,3 69,3 0,856 Fonte: Hoffman e Ney (2010, p.20 apud BACHA 2010)

Além disso, o desenvolvimento rural também promove um fortalecimento

da agricultura familiar a fim de gerar segurança alimentar, emprego, renda e

sustentabilidade, diminuindo assim as disparidades socioeconômicas

existentes entre as regiões Sul-Sudeste e a região Norte-Nordeste. Portanto, o

combate à pobreza vem se constituindo numa das principais estratégias de

desenvolvimento rural, no sentido que não basta apenas a utilização de

políticas compensatórias, na forma de aposentadorias e pensões rurais, mas

sim os estímulo à novas oportunidades de geração de renda no meio rural.

Van der Ploeg (2011) ao fazer uma pesquisa comparativa internacional

sobre a trajetória do desenvolvimento rural, nota que cada local possui uma

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forma e um objetivo de se fazer uma política para o desenvolvimento rural. Na

União Europeia (UE) o foco está nas externalidades positivas provenientes da

agricultura, já no Brasil a política se dá principalmente como um meio de

fortalecer a agricultura familiar e diminuir as discrepâncias sociais e espaciais

existentes no meio rural.

O Programa Ligações Entre Ações de Desenvolvimento da Economia

Rural (LEADER), surgido em 1991 em um contexto de discussões sobre uma

nova forma de planejamento para o desenvolvimento, com o intuito de resolver

problemas locais específicos no âmbito rural. O diferencial desse programa foi

promover um território competitivo em relação ao mercado, como também

assegurar a conservação do meio ambiente, da cultura e do tecido social. No

Brasil, tem-se o Pronaf que foi criado em meados da década de 1990 e tem

como objetivos a redução da pobreza no meio rural por meio de crédito fácil,

barato e assistência técnica aos pequenos agricultores, incluindo-os assim nas

políticas de desenvolvimento rural.

Além disso, o desenvolvimento rural europeu cria novos tipos de

mercados, mercados mais sustentáveis provenientes das externalidades

positivas da agricultura, porém que se distanciam de um mercado produtivista

de fibras e alimentos que são controlados pelos, como Van der Ploeg chama,

impérios alimentares. Entretanto, mercados originados da externalidade

positiva da agricultura, ou multifuncionalidade da agricultura, não indica o fim

das atividades clássicas da agricultura, mas sim uma alternativa de geração de

ocupação e renda no campo.

No artigo de Fonte (2000) intitulado “Tradiciones e nuevos modelos de

ruralidad”, um trecho indica bem o intuito da política de desenvolvimento rural

europeia afirmado acima:

Lo rural, además de lugar de la producción agrícola, deviene un lugar a consumir, como paisaje, como ambiente sano, para el relax, como residencia. A lo rural le son abiertos nuevos espacios de existencia teórica y, sobre todo, de mercantilización económica: como bienes de consumo , además de factor de la producción y de bien reserva de valor . La diversidad del paisaje, de las culturas y de las tradiciones europeas constituye la base de la riqueza del mundo rural, que la nueva política de desarrollo rural se propone valorizar y vender, en un contexto de mercados cada

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vez más globalizados, al tiempo que cada vez más segmentados1.(FONTE, 2000. Pág. 152)

1.3 Multifuncionalidade da agricultura no contexto brasileiro e

europeu

Foi a partir da conferência Eco-92, a Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), cujo objetivo era

conciliar o desenvolvimento econômico e social com a questão ambiental, que

o conceito de multifuncionalidade ficou conhecido no Brasil. Este conceito se

encontra bastante difundido na Europa, especificamente na França e é utilizado

como uma estratégia de política pública para a promoção do desenvolvimento

territorial rural. Outros países como a Noruega, Suíça, Coreia do Sul e Japão

também modificaram sua legislação agrícola com o intuito de promover a

multifuncionalidade.

O debate sobre a multifuncionalidade da agricultura adquiriu maior

importância no contexto europeu basicamente por duas questões. A primeira

estava relacionada com o impacto negativo sofrido na sociedade, cultura, meio

ambiente e economia pelos malefícios provenientes do modelo produtivista que

foi intensificado após a segunda Guerra Mundial. A outra questão faz referência

à dependência e ao apego de um grande número de habitantes europeus à

agricultura familiar (Brasil, 2010).

Foi na França, principalmente através dos Contratos Territoriais de

Estabelecimento (CTE), que depois foram transformados pelo governo francês

em Contratos de Agricultura Durável ou Sustentável (CAD), que se deu a

expansão do conceito de multifuncionalidade na União Europeia2. Sendo

1 O rural, além de um lugar de produção agrícola, torna-se um lugar de consumo, como

paisagem, como ambiente saudável, para relaxar, como residência. Em relação ao rural estão abertos novos espaços de existência teórica e, sobretudo, de mercantilização econômica: como bens de consumo, além de fator de produção e bem de reserva de valor. A diversidade da paisagem, das culturas e das tradições europeias constituem a base da riqueza do mundo rural, que a nova política de desenvolvimento rural se propõe a valorizar e vender, em um contexto de mercados cada vez mais globalizados, como também cada vez mais segmentados.

2 Os CTEs foram implementados pela Lei de Orientação Agrícola (LOA) em 1999 sendo

eliminada em 2002, dando assim lugar ao CAD que teve seu fim em 2003. Desde 2003 a Medida Agroambiental territorializada (MEAT), que são medidas contratuais de proteção do meio ambiente numa concepção de agricultura familiar empresarial em estrita conformidade com a regulamentação europeia, está vigente. A vigência da MEAT mostra o abandona da

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assim, o governo francês ao introduzir este conceito na Lei de Orientação

Agrícola (LOA), compreendeu que a política agrícola deve levar em conta não

somente a questão econômica, como também a social, ambiental e cultural,

prevendo assim recompensar os agricultores pelas ofertas de bens imateriais

ou públicos, os quais não estariam sendo expressos mercantilmente.

No Brasil, o conceito de multifuncionalidade foi difundido por meio de

políticas públicas, com o intuito de fortalecer a agricultura familiar. Nesses

termos, atualmente há programas que utilizam a noção de multifuncionalidade,

uns mais explicitamente e outros menos como é o caso do Plano Nacional de

Reforma Agrária, o PROAMBIENTE e o Programa de Aquisição de Alimentos

da agricultura familiar (PAA) que tem o objetivo de estabelecer ligação entre

produção familiar, formação de estoques públicos e atendimento à população

em situação de insegurança alimentar e nutricional à medida que permita o

desenvolvimento local, a valorização e fortalecimento da alimentação regional e

da agrobiodiversidade.

Segundo a OCDE (2001), multifuncionalidade Refere-se a múltiplas

funções; significa que a atividade econômica pode ter vários produtos e, em

virtude disso, pode contribuir para vários objetivos sociais de uma só vez.

Multifuncionalidade é um conceito ou uma atividade orientada que se refere às

propriedades específicas do processo de geração de bens e serviços e suas

várias saídas, como é o caso da herança cultural e histórica, dos aspectos

ambientais, da segurança alimentar e vários outros.

A Multifuncionalidade da agricultura consiste em dizer que a agricultura

não pode mais ser associada apenas como algo meramente econômico e

produtivista que vem sendo enfatizado desde princípio da década de 1970 com

o contexto da revolução verde. A revolução verde ao aumentar drasticamente a

produtividade, aumentou também a dependência do agricultor às máquinas,

agrotóxicos, fertilizantes e implementos agrícolas e a utilização destas novas

formas de produção trouxeram malefícios ao meio rural tanto no aspecto

ambiental quanto no aspecto social.

multifuncionalidade da agricultura nas funções sociais e culturais, prevalecendo a dimensão ambiental.

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Houve um grande aumento na poluição de rios e degradação do solo,

devido à utilização das novas formas de produção trazidas pela revolução

verde que visam uma maior produção e inserção no mercado, deixando-se

assim de lado as formas tradicionais de produção que foram passadas de

geração em geração.

A modernização da agricultura ao trazer um aumento da produtividade

do trabalho e consequentemente uma maior produção devido ao uso intensivo

de máquinas e produtos químicos, gerou um intenso desemprego estrutural na

região rural, pois os agricultores com o baixo índice de escolaridade, muitos

sabendo só escrever os próprios nomes, ficaram impossibilitados de trabalhar

em máquinas modernas e de utilizar produtos que necessitavam de leitura, até

mesmo em outro idioma, para serem aplicados. Tiveram que procurar outro

emprego, que se não no meio rural, seria na cidade, aumentando assim o

êxodo rural e o inchaço urbano nas cidades.

Portanto, a multifuncionalidade pode gerar benefícios à sociedade, tanto

no que se refere ao meio ambiente, quanto à segurança alimentar no sentido

quantitativo como no qualitativo. Trata-se de um conceito que vai além do

aspecto privado e das funções clássicas da agricultura, ou seja, ele deixa de ter

o enfoque setorial e amplia as multifunções da agricultura, e é por isso que

políticas que não sejam voltadas apenas para o lado privado são de suma

importância para os valores culturais intangíveis e também para geração de

emprego e renda, já que a agricultura familiar gera mais emprego que a

agricultura patronal.

As funções ou os papéis clássicos da agricultura no processo de

desenvolvimento econômico elaboradas por Johnston e Mellor e que depois

foram ampliadas, podem ser destacadas a seguir:

a) Fornecer alimentos para a população urbana a baixos preços;

b) Liberar mão de obra para a indústria e outras atividades não-

agrícolas;

c) Fornecer recursos para a formação de capitais;

d) Abrir mercado consumidor para produtos industriais;

e) Produzir gêneros exportáveis para possibilitar a capacidade de

importação.

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A multifuncionalidade irá surgir como um meio de integrar as pessoas

que estão à margem do processo da modernização, já que os agricultores se

tornaram muito dependentes da indústria e também dos intermediários. Sendo

assim, a multifuncionalidade irá ser responsável pelo desenvolvimento rural

(mais precisamente o desenvolvimento rural sustentável) ao trazer novas

possibilidades de autonomia ao agricultor, gerando benefícios à população

rural, como: aumento da renda, redução da pobreza rural e do êxodo rural.

As multifunções da agricultura no Brasil surgem em um contexto em que

a agricultura familiar se torna cada vez mais importante para o mercado

agrícola brasileiro, no que se refere à geração de emprego, renda e divisas.

Portanto, não se pode excluir a questão produtivista dos agricultores familiares,

mas sim tornar uma simultaneidade entre a produção de bens públicos e

privados, indo além do conceito de pluriatividade que foca apenas nos bens

privados.

A agricultura tendo um caráter multifuncional irá adquirir conotações tais

como conservação dos recursos naturais, a agroecologia, o turismo rural,

conservação do patrimônio histórico e cultural, manutenção do tecido social e

cultural no meio rural, entre outros. Portanto, a multifuncionalidade segundo

Cazella, Bonnal e Maluf (2009) irá permitir analisar a interação entre famílias

rurais e territórios na dinâmica de reprodução social e não apenas suas

funções econômicas baseadas na produção de matérias-primas e fibras.

A noção de multifuncionalidade tem sido debatida por diversos autores

através de duas abordagens: multifuncionalidade da agricultura e a

multifuncionalidade do território. A primeira refere-se à agricultura além da

produção e suas consequências econômicas, a segunda refere-se aos

problemas do meio rural. Cazella, Bonnal e Maluf (2009) distinguem quatro

concepções de territórios de acordo com estas duas abordagens:

1) Território como unidade de atuação do Estado para controlar a

produção de externalidades pela agricultura: se refere à teoria da

escolha pública que se preocupa com a regulação e produção dos

bens públicos.

2) Território como unidade de construção de recursos específicos para

o desenvolvimento econômico: onde a multifuncionalidade da

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agricultura não é mais o elemento fundamental, mas sim o território

como um local de interação entre atores e agentes econômicos.

3) Território produto de uma ação coletiva

4) Território como componente fundamental de sociedades territoriais:

consiste na capacidade do território juntar formas materiais e

imateriais de formação da sociedade.

A agroecologia vem sendo bastante utilizada como um promotor do

desenvolvimento territorial rural, já que este modelo de agricultura consegue

unir a função ambiental e social à função econômica, pois gera mais empregos

ao ser mais intensiva em mão-de-obra, e também influencia na formação de

arranjos produtivos locais, aumentando a qualidade dos alimentos por meio da

segurança alimentar. Na UE desde o início de sua criação priorizou-se a

segurança alimentar e somente depois de a UE obter superávit da produção

agrícola é que as multifunções da agricultura e do meio rural ganharam

importância.

A proposta de uma alimentação mais saudável e com grandes

benefícios provenientes da agroecologia é uma proposta que não vem sendo

muito seguida no Brasil, já que de 2002 a 2012 o mercado brasileiro de

agrotóxicos cresceu 190% e a fiscalização dos alimentos representou apenas

5% do que é fiscalizado pelo EUA e UE.

Principalmente após da grande repercussão e do grande prejuízo que já

era causado pela Febre Aftosa, pela peste africana ocorrida nos suínos e pela

New Castle nas aves, e, mais recentemente, pela doença da Vaca Louca,

houve uma maior demanda por produtos de alta qualidade e com certificados

de garantia de inspeção. Isso influenciou tanto em mudanças de políticas

agrícolas quanto de desenvolvimento rural, já a partir desse acontecimento

começou-se a perguntar se valeria a pena um grande produção, porém com

risco para a saúde dos indivíduos.

Outra função importante para o desenvolvimento rural sustentável é o

turismo rural que consiste na soma do turismo verde, turismo de aventura,

agroturismo, turismo cultural, hotel-fazenda3, pesque pagues e vários outros,

3 O hotel-fazenda diferencia-se da fazenda-hotel, já que na fazenda-hotel as atividades agropecuárias

são mantidas intactas, além de cavalgadas, trilhas e a prática de esportes rurais.

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gerando ocupações não-agrícolas, aumentando assim a renda, além de

reverter o processo de êxodo rural dos jovens, preservar o meio ambiente, os

patrimônios históricos e culturais da cidade e proporcionar lazer. Portanto, ao

falarmos de desenvolvimento rural sustentável estamos promovendo uma

simbiose entre a questão agrícola, ecológica e socioeconômica.

Em alguns países da Europa como França, Portugal, Itália e Escócia,

ocorre um alto investimento em seus produtos locais como queijos, vinhos e

uísque com o propósito de torná-los atrativos para os turistas, mostrando sua

forma de produção, fornecendo degustações e vendendo os produtos locais,

gerando assim fontes de rendas provenientes não só do turismo, como também

da valorização dos produtos locais.

Apesar de o turismo rural ser uma importante alavanca para o

desenvolvimento rural, Almeida et al (2004) alertam acerca dos malefícios que

pode acarretar à sociedade, ao ambiente e a economia local:

a) Abandono das atividades agropecuárias;

b) Impactos negativos ao meio ambiente como poluição sonora,

poluição visual e dos rios;

c) Localização pontual do turismo, não possibilitando o desenvolvimento

de outras zonas;

d) Excessiva terceirização da atividade econômica e dependência do

turismo, gerando uma falta de outras atividades para a população

local;

e) Atividades turísticas que não valorizam as características locais das

zonas rurais

O novo Código Florestal, Lei nº 12.651, vem com o intuito de recuperar

áreas que foram altamente exploradas em um processo de colonização

incentivado por programas governamentais na década de 1970 e 1980 no

Norte e Centro-Oeste do país, portanto trata-se da interação entre a vegetação

nativa e os usos agropecuários em áreas privadas, ou seja, qual deve ser a

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área destina a Reservas Legais (RL) e Áreas de Preservação Permanente

(APPs4), além de novos tipos de produção sustentáveis.

No artigo 58 da lei 12.727/2012 do Novo Código Florestal, referente a

propriedades de até quatro módulos fiscais, podemos observar a presença da

noção multifuncional da agricultura, mesmo que não esteja explicitamente

afirmada, podemos perceber a importância da preservação ambiental nos

pontos apresentados como também uma remuneração a esses serviços, algo

bastante comum em países da UE:

Artigo 58: Assegurado o controle e a fiscalização dos órgãos ambientais competentes dos respectivos planos ou projetos, assim como as obrigações do detentor do imóvel, o poder público poderá instituir programa de apoio técnico e incentivos financeiros, podendo incluir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, os imóveis a que se refere o inciso V do caput do art. 3º, nas iniciativas de: I - preservação voluntária de vegetação nativa acima dos limites estabelecidos no art. 12; II - proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção; III - implantação de sistemas agroflorestal e agrossilvipastoril; IV - recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal; V - recuperação de áreas degradadas; VI - promoção de assistência técnica para regularização ambiental e recuperação de áreas degradadas; VII - produção de mudas e sementes; VIII - pagamento por serviços ambientais. A noção multifuncional da agricultura também está presente no capítulo da lei N° 8.171, de 17 de janeiro de 1991 que dispõe sobre a política agrícola, sendo enfatizada a questão ambiental, social, econômica e a qualidade dos alimentos: Art. 3° São objetivos da política agrícola: III - eliminar as distorções que afetam o desempenho das funções econômica e social da agricultura; IV - proteger o meio ambiente, garantir o seu uso racional e estimular a recuperação dos recursos naturais; IX- possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no setor rural, na definição dos rumos da agricultura brasileira; XV – assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus derivados e resíduos de valor

4 As APPs referem-se a áreas constituídas por matas ciliares, vegetações que evitem o risco de erosões

do solo e enchentes, topos de morros e encostas que são de grande importância para uma conservação dos rios, como também do solo e formação geológica.

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econômico; (Inciso incluído pela Lei nº 10.298, de 30.10.2001) XVII – melhorar a renda e a qualidade de vida no meio rural. (Inciso incluído pela Lei nº 10.298, de 30.10.2001)

Carneiro e Maluf (2005) propõem que a multifuncionalidade seja

entendida como um contrato social, em que o agricultor e a sociedade, por

meio do Estado, têm seus direitos e deveres no intuito de promover um

desenvolvimento rural, na prática, ou pelo menos teoricamente, seria o que os

Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural pretendem promover. Para

Carneiro e Maluf, a multifuncionalidade da agricultura possui quatro principais

funções:

Figura 1. Principais funções da multifuncionalidade da agricultura

Fonte: Elaboração própria

Nesses termos, a noção de multifuncionalidade é algo difícil de ser

conceituado já que, como afirma Carneiro e Maluf (2005) esse conceito passou

por um debate social muito intenso e suas implicações políticas e ideológicas

foram anteriores a uma completa consolidação do estudo.

Para Abramovay (2002) a multifuncionalidade vai além de uma tentativa

de encobrir o protecionismo europeu, no que consiste um obstáculo à

Reprodução socioeconômica das

famílias rurais

Características técnico-produtivas,

promoção da segurança alimentar das próprias famílias rurais e da sociedade e sustentabilidade da

atividade agrícola.

Manutenção do tecido social e cultural

associado a determinado

território.

Conservação dos recursos naturais e

manutenção da paisagem rural.

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multifuncionalidade da agricultura dos países periféricos, já que isso iria afetar

os preços dos produtos agrícolas dos países em desenvolvimento no mercado

internacional, resultando em um preço maior do que os dos países europeus e

levaria a um empobrecimento, êxodo rural e consequências ambientais

desfavoráveis nesses países em desenvolvimento.

Todavia, a multifuncionalidade poderá também promover de forma

equilibrada e sustentável uma ampliação do espaço rural onde há novas

relações entre o território e o homem, que produzem bens públicos e não

somente fibras e alimentos, fortalecendo o tecido social e econômico da região

como também uma maior conservação do meio ambiente e de patrimônios

históricos culturais, por meio do agroturismo, agroecologia, festivais

gastronômicos e festas regionais.

Cazella (2007) define a multifuncionalidade como uma nova forma de

inserir as unidades familiares de produção na dinâmica de desenvolvimento

rural por meio de políticas públicas, já que a agricultura não é mais apenas um

mero setor da economia, nela está inserida também suas formas de “produção

não-mercantis”. Além disso, o uso de uma agricultura multifuncional justificaria

a existência de uma contrapartida dos beneficiados através de subsídios

públicos para o agricultor multifuncional, ideia essa que no Brasil não acontece,

mas que na União Europeia vem sendo amplamente difundida.

O debate sobre a multifuncionalidade da agricultura, no contexto da

Organização mundial do comércio (OMC), criou dois grupos de países com

ideias distintas a respeito da multifuncionalidade: o grupo favorável incluía os

países da UE além do Japão, Suíça e Coreia. O grupo desfavorável a esse

conceito era composto pelos EUA e CAIRNS5. Para o grupo desfavorável, a

multifuncionalidade surgiria como um instrumento de implementação de

subsídios na agricultura da UE, o que promoveria uma perda nos termos de

troca, sendo assim ferindo o trato que havia sido feito na Rodada Uruguai6. Já

para o grupo favorável a multifuncionalidade da agricultura iria proporcionar

5 África do Sul, Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,

Guatemala, Ilhas Fiji, Indonésia, Malásia, Nova Zelândia, Paraguai, Filipinas, Tailândia e Uruguai. 6 A Rodada Uruguaia desenvolveu-se em três fases, começando em setembro de 1986 e seu

fim em dezembro de 1993. Desta reunião resultaram várias regras para o comércio agrícola como: tarifas, consolidação e redução do montante de subsídios à exportação, limites aos subsídios domésticos, além de medidas sanitárias e fitossanitárias.

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externalidades positivas e bens públicos, trazendo bons retornos à população

(Souza, 2006).

A revolução verde, promovida pelo governo militar a partir da década de

1970, relacionou o rural unicamente como um espaço agrícola e seu

desenvolvimento seria alcançado por meio de uma modernização agrícola,

resultando assim em um fortalecimento das elites agrárias e agroindustriais, e

em contrapartida, um enfraquecimento da reforma agrária, agravando a

questão fundiária brasileira. Começou-se assim uma supervalorização de um

modo de produção agrícola em que os grandes proprietários de terras eram os

beneficiados, por meio principalmente de créditos agrícolas fornecidos pelo

Estado.

Brasil (2010) cita algumas características trazidas pela modernização

agrícola brasileira que foram de suma importância para o alto grau de

diferenciação regional existente: 1) crédito agrícola se concentrou em sua

maior parte no sul e sudeste; 2) os incentivos foram maiores paras os médios e

grandes proprietários de terras, intensificando assim a concentração fundiária,

já que muitas vezes o pequeno agricultor sem recursos para produzir acabava

vendendo suas terras para os grandes e médios agricultores; 3) favoreceu os

produtos destinados à exportação, tendo alguns agricultores que mudar suas

culturas para conseguirem obter alguma renda; 4) provocou um intenso êxodo

rural.

Portanto, essa foi uma política totalmente elitista que trouxe benefícios

para as empresas do complexo agrícola industrial (nacional e internacional),

latifundiários tradicionais e modernos, e aumentou mais ainda o grau de

exclusão dos assalariados rurais, dos sem-terra, quilombolas e pequenos

agricultores.

O governo militar, ao promover uma política de modernização

conservadora, acabou transformando o latifúndio em uma grande empresa

capitalista em que há um dono, mudando assim a concepção de terra que o

campesinato tinha que era transmitir a terra para as outras gerações, ou seja,

ser gerente da terra, criando assim uma mentalidade de sustentabilidade, que

foi totalmente quebrada com o regime militar e sua modernização.

No Brasil é bastante presente a desigualdade de terras, sendo que

grandes latifúndios estão nas mãos de algumas oligarquias e muitas vezes são

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utilizados para a plantação de commodities, pastos e para a especulação

imobiliária, enquanto que a grande população rural não possui um mínimo

pedaço de terra sequer para a produção de alimentos voltados para o

autoconsumo. Portanto, os pequenos agricultores tiveram que se adequar a

uma nova lógica de organização e gestão do processo produtivo.

Isso decorre principalmente da preferência dada ao agronegócio como

política econômica doméstica, fazendo com que áreas até então preservadas

como no Norte e Centro-oeste, se tornem áreas de expansão agrícola com

uma imensa plantação de soja e também pastos para a pecuária bovina, com

pouca ou nenhuma preocupação com o meio ambiente e biodiversidade

existentes nesses locais, como também com a questão fundiária que acaba por

acarretar problemas sociais à população rural.

Sendo assim, são obstáculos ao processo de incorporação da

multifuncionalidade nos programas públicos brasileiros: a) a pobreza rural,

presente principalmente no Nordeste e na Amazônia; b) a dificuldade que a

população rural de ter acesso à terra; c) restrições orçamentárias,

desfavorecendo assim a produção da agricultura familiar; d) a elevada

desigualdade social no país; e e) as negociações dos acordos internacionais

(Brasil, 2010).

Em um artigo intitula do “La multifuncionalidad rural: realidade conflictva

em la UniónEuropea, mito em América Latina”, Segrelles (2007) crê que se não

houver uma resolução desses problemas não tem como haver um

desenvolvimento no campo e a multifuncionalidade tornar-se-á um mito, tal

qual a seguinte afirmação:

Una posible suavización de esta crisis tal vez pase por una diversificación económica de las áreas rurales que pueda propiciar un desarrollo sostenible e integral es decir, convertir los espacios rurales en espacios multifuncionales. Sin embargo, esta deseable multifuncionalidad agrorrural puede convertir-se en un mito inalcanzable si no se solucionan antes los verdaderos problemas que obstaculizan el desarrollo del campo latinoamericano: las estructuras agrarias tradicionales y los seculares desequilibrios, injusticias, desigualdad y pobreza que aún caracterizan a estos espacios no urbanos.7 (Segrelles,pág.97, 2007)

7 Uma possível suavização desta crise talvez passe por uma diversificação econômica das

áreas rurais que possa propiciar um desenvolvimento sustentável e integral, significa converter

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O presente trabalho vem afirmar que é possível a noção de

multifuncionalidade no contexto brasileiro, e que apesar deste conceito ser

mais difundido da Europa, ele pode muito bem se enquadrar nas

especificidades presentes na imensa diversidade territorial brasileira, mais

especificamente no Rio Grande do Norte que sofre com vários problemas

decorrentes de uma elitização agrária, concentração de terras, clima

desfavorável com constantes secas, e vários outros problemas que excluem a

população rural de ter uma identidade no meio rural.

Nestes termos, a noção de multifuncionalidade tem o objetivo de inserir

no campo a população rural que está à margem da modernização agrícola e

dessa noção produtivista da agricultura, dando assim oportunidades de

geração de emprego, renda, habitação e alimentação, tendo como meta o

pleno exercício da cidadania. Um grande exemplo disso são as pesquisas

publicadas no livro “Para além da produção”, pesquisas estas feitas no cerrado,

semiárido, serras e em vários outros contextos que comprovaram a

possibilidade da produção de bens públicos através da agricultura e um

consequente desenvolvimento rural e melhoria de vida da população rural.

Sendo assim:

[...] este enfoque parece adequar-se ao contexto do meio rural brasileiro, onde a agricultura familiar se destaca como potencialmente mais capaz de desempenhar funções estratégicas tanto econômicas e produtivas, como também na sustentação do tecido social rural, do que a própria agricultura patronal. (MULLER, 2007, pág.9).

1.4 Perspectivas do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

O equilíbrio no meio ambiente depende muito de como nos

comportamos nele, um alto grau de utilização do solo, a urbanização

desordenada, uma elevada utilização de agrotóxicos e uma alta exploração dos

os espaços rurais em espaços multifuncionais. Contudo, esta desejável multifuncionalidade agro rural pode converter-se em um mito inalcançável se não se solucionam antes os verdadeiros problemas que dificultam o desenvolvimento do campo latino-americano; as estruturas agrárias tradicionais e os seculares desequilíbrios, injustiça, desigualdade e pobreza que ainda caracterizam estes espaços não urbanos.

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recursos naturais irão gerar graves consequências ao nosso bem-estar,

principalmente pra camada mais pobre, já que em sua maioria vivem em áreas

rurais.

Um instrumento econômico vem ganhando força ao longo dos anos:

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Esse instrumento vem sendo

utilizado mais na região da mata atlântica, devido a sua variedade de

formações florestais e ecossistemas associados, tais como restingas,

manguezais e campos, além de vários mamíferos, anfíbios e pássaros. A

região da Mata Atlântica ocupava cerca de 130 milhões de hectares, porém

com a exploração do Pau-Brasil pelos portugueses e posteriormente com a

plantação de café e cana-de-açúcar, ela hoje se reduz a apenas a 7% da sua

cobertura original.

O PSA vem promover uma utilização sustentável e econômica dos

recursos naturais, do ecossistema, uma maior qualidade de vida dos pequenos

produtores rurais e uma maior interação entre o governo, a sociedade civil e os

proprietários de terras. O PSA vem sendo feito por ONGs, empresas e pelos

governos nos diversos níveis: municipal, estadual e federal.

No artigo 2º das disposições gerais da Política Nacional dos Serviços

Ambientais, são considerados serviços ambientais:

Para os fins desta Lei, consideram-se: I - serviços ambientais: serviços desempenhados pelo meio ambiente que resultam em condições adequadas à sadia qualidade de vida, constituindo as seguintes modalidades: a) serviços de aprovisionamento: serviços que resultam em bens ou produtos ambientais com valor econômico, obtidos diretamente pelo uso e manejo sustentável dos ecossistemas; b) serviços de suporte e regulação: serviços que mantêm os processos ecossistêmicos e as condições dos recursos ambientais naturais, de modo a garantir a integridade dos seus atributos para as presentes e futuras gerações; c) serviços culturais: serviços associados aos valores e manifestações da cultura humana, derivados da preservação ou conservação dos recursos naturais; II - pagamento por serviços ambientais: retribuição, monetária ou não, às atividades humanas de restabelecimento, recuperação, manutenção e melhoria dos ecossistemas que geram serviços ambientais e que estejam amparadas por planos e programas específicos; III - pagador de serviços ambientais: aquele que provê o pagamento dos serviços ambientais nos termos do inciso II; e

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IV - recebedor do pagamento pelos serviços ambientais: aquele que restabelece, recupera, mantém ou melhora os ecossistemas no âmbito de planos e programas específicos, podendo perceber o pagamento de que trata o inciso II.

Segundo Guedes e Seehusen (2011) um grande desafio para o PSA é

justamente a valoração econômica desses serviços providos pelos

ecossistemas e pela biodiversidade, este problema ocorre porque serviços

ambientais são considerados externalidades, que no caso seriam

externalidades positivas como uma maior plantação de árvores para que haja

uma maior absorção do carbono, e têm características de bens públicos no que

consiste a não rivalidade e exclusividade.

A rivalidade e a exclusão de um bem são fundamentais para a formação

de um mercado de serviços ambientais, sem exclusão preços não se formam e

sem a rivalidade não há uma competição. Isso faz com que gere o problema

dos caronistas, ou seja, os indivíduos não têm incentivos a pagar pelo uso do

serviço.

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Quadro 1. Formas de comercialização de serviços ambientais

Proteção dos recursos hídricos

Proteção da biodiversidade

Sequestro ou armazenamento

de Carbono

Beleza cênica

Serviço ambiental

(por exemplo: proteção das funções de manter os ecossistemas em funcionamento, manutenção da polinização, manutenção de opções de uso futuro, seguros contra choques, valores de existência).

(Por exemplo: proteção das funções de manter os ecossistemas em funcionamento, manutenção da polinização, manutenção de opções de uso futuro, seguros contra choques, valores de existência)

(por exemplo: absorção e armazenamento de carbono na vegetação e em solos).

(por exemplo: proteção da beleza visual para recreação)

Paga-se por

Reflorestamento em matas ciliares, manejo de bacias hidrográficas, áreas protegidas, qualidade da água, direitos pela água, aquisição de terras, créditos de salinidade, servidões de conservação etc.

Áreas protegidas, direitos de bioprospecção, produtos amigos da biodiversidade, créditos de biodiversidade, concessões de conservação, aquisição de terras, servidões de conservação etc.

Tonelada de carbono não emitido ou sequestrado através de Reduções Certificadas de Emissões (ERU), créditos de offsets de carbono, servidões de conservação etc.

Entradas, permissões de acesso de longo prazo, pacotes de serviços turísticos, acordos de uso sustentável de recursos naturais, concessões para ecoturismo, aquisição e arrendamen-to de terras etc.

Fonte: Guedes e Seehusen. (2011)

Segundo Motta (Guedes e Seehusen, 2011), há dois tipos de gestão

para lidar com a problemática relacionada aos serviços ambientais: os

instrumentos de comando e controle e os instrumentos econômicos. Por

instrumento regulatório entende-se as leis e regras que limitam o uso do solo,

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de agrotóxicos, gases poluentes de empresas que utilizados em excessos são

prejudicais ao meio ambiente e ao ser humano. Os instrumentos econômicos

estão relacionados à internalização das externalidades, que no caso dos

serviços ambientais seriam internalizar os benefícios, exemplos de

instrumentos econômicos são: ICMS ecológico, certificação e selos ambientais,

comercialização de créditos de carbono e taxa de reposição florestal.

Há duas formas que vêm sendo muito utilizadas como PSA que são: o

pagamento direto e os baseados em produtos. O primeiro é quando o governo

remunera os proprietários rurais em contrapartida de uma melhoria nas

tecnologias de utilização do solo e dos recursos hídricos, por exemplo, gerando

assim um impacto menor no meio ambiente. No PSA baseado em produtos, os

consumidores pagam um preço maior àqueles produtos ou serviços com o

intuito de garantir uma produção sustentável, por exemplo: produtos

ecológicos, orgânicos e com certificação.

A formação de políticas e programas referentes ao PSA é algo ainda

muito tímido e com maior frequência no sul e sudeste do país, mas que vem

gerando bons frutos à sociedade. No quadro abaixo tem-se algumas políticas e

programas no âmbito Estadual:

Quadro 2. Programas e políticas referentes ao PSA a nível Estadual

ES Programa de PSA (Lei 8.995/2008; Dec. 2.168-R/2008) FUNDÁGUA (Lei 8.960/2008)

MG Programa Bolsa Verde (Lei 17.727/2008; Dec. 45.113/2009)

PE Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas de Pernambuco (PL 1.527/2010; em tramitação)

PR Prestador de Serviços ambientais (16.436/2010)

RJ Política e Programa Estadual de PSA (Em preparação) Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei 3.239/99; e lei 4.247/03: cobrança pelo uso da água) e o respectivo fundo (FUNDRHI); Lei n˚ 5.234 de 05/08 (Artigo 2; Inciso VII)

RS Política de Estadual de Serviços ambientais (PL 449/2007; em tramitação)

SC Política e Programa Estadual de PSA (PEPSA) e o respectivo Fundo (FEPSA) (Lei 15.133/2010)

SP Política Estadual de mudanças climáticas (PEMC) (lei 13.789/2009) Projeto Mina D’ÁGUA (DEC. 55.947/2010) Política Estadual de PSA (PL 271/10 aprovado 15/02/20011)

Fonte: Guedes e Seehusen (2011)

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2. Metodologia

Para o desenvolvimento desta terceira parte do trabalho, utilizou-se

pesquisa exploratória-descritiva, levando em conta levantamento bibliográfico,

entrevistas e coleta de dados primários e secundários provenientes de sites

como IBGE e das prefeituras dos municípios analisados.

A pesquisa compreende o mapeamento de alguns municípios do Rio

Grande do Norte com o intuito de se identificar aspectos multifuncionais da

agricultura, além do estudo de caso de três municípios: São Miguel do

Gostoso, Passa e Fica e Serra de São Bento.

São Miguel do Gostoso se encontra no litoral norte e é bastante

conhecido pelas belas praias e por ser um local bastante propicio à prática de

windsurfe e kitsurf, o que traz turistas não só do Brasil todo como de outros

países. Serra de São Bento e Passa e Fica se localizam na Região Agreste

Potiguar, em uma região de serras que apresentam o turismo rural ecológico

como atração turística.

Para fazer o mapeamento dos municípios foi elaborado um questionário

eletrônico com o objetivo de identificar o número de empreendimentos,

serviços, atividades e lugares relacionados com atividades multifuncionais,

como: casas de artesanato, trilhas ecológicas, criações exóticas, cascatas,

pousadas, engenhos e vários outros. Este questionário foi enviado para a

EMATER e a FETARN de Natal e de lá foi encaminhado aos sindicatos da

FETARN e aos escritórios municipais da EMATER. Quinze municípios

enviaram resposta: Açu, Apodi, Ceará-Mirim, Caicó, Equador, Carnaúba dos

Dantas, Cruzeta, Governador Dix-Sept Rosado, Guamaré, Messias Targino,

Mossoró, Pedro Velho, Passa e Fica, São Miguel do Gostoso e Serra de São

Bento.

Nos municípios de São Miguel do Gostoso, Passa e Fica e Serra de São

Bento foram aplicados questionários nas pousadas, prefeituras e feirantes. Em

são Miguel do Gosto de um total de 65 pousadas aplicou-se o questionário em

13 de diferentes tamanhos e localizadas em diferentes áreas, umas mais

próximas da praia e outras mais no centro da cidade. Em Passa e Fica e Serra

de São Bento foram visitadas 4 pousadas de um total de 6, 2 localizadas no

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centro de Passa e Fica, 1 localizada no centro de Serra de São Bento e 1 na

zona rural de Serra de São Bento.

3. Multifuncionalidade no Rio Grande do Norte

O Rio Grande do Norte é bastante conhecido pelo seu extenso litoral de

aproximadamente 400 quilômetros, porém não tem apenas a região litorânea

como atrativo turístico e um impulso à economia, mas todas as oito regiões de

desenvolvimento: Mossoroense, Vale do Açu, Médio Oeste, Litoral Norte,

Metropolitana, Alto Oeste, Seridó e Agreste, Potengi e Trairi.

Essas regiões vêm fornecendo atrativos históricos, culturais, ecológicos,

religiosos e vários outros, não se restringindo somente ao caráter agrícola de

produção de alimentos e fibras. A interiorização do turismo é um fato bastante

importante e quem vem possibilitando uma visão multifuncional das cidades

rurais potiguar, além de uma alternativa de geração de renda para as famílias

rurais e um desenvolvimento rural sustentável.

Podemos citar algumas potencialidades das regiões citadas

anteriormente:

a) Mossoroense

Serra do mel tem que explorar seu potencial eólico, principalmente para

poder diminuir a dependência da produção de mel que apesar de ter tido um

aumento nos últimos meses, teve sua produção prejudicada devido às

prolongadas secas no período 2012 e 2013, já que sem chuva não se floresce

e as abelhas migram de região. Outro produto que vem sendo prejudicado

devido à estiagem é a castanha.

Mossoró é conhecido mais por sua indústria salineira, indústria extrativa,

agroindústria e fruticultura irrigada, em especial a cultura do melão, porém

também vem impulsionando sua economia através de três festas religiosas que

ocorrem por ano como é o caso da festa de Santa Luzia, considerada a maior

do estado. Também há a Festa da Liberdade, uma festa histórico-cultural que

relembra fatos como: o primeiro voto feminino da América Latina e o Motim das

Mulheres, a libertação dos escravos cinco anos antes da Lei Aurea, sendo

considerada a segunda cidade no Brasil a conceder a libertação dos escravos.

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Mossoró possui também o Memorial da Resistência e o museu Municipal

Lauro da Escóssia que possui acervos arqueológicos e paleontológicos. Além

de águas termais e cascatas.

b) Vale do Açu

Assú é um dos principais centros regionais do RN por ter uma grande

geração de bens e serviços, um alto contingente populacional e sua

proximidade com estados vizinhos. Economicamente Assú possui fruticultura

voltada para a exportação, exploração de petróleo e gás natural e a indústria

ceramista. Assú também tem potencial para outros tipos de atividades, já que

possui dois balneários, sendo um deles a maior atração turística da cidade, a

Lagoa do Piató, cascata, área de preservação ambiental, duas casas de

artesanato, dois sítios histórico-arqueológicos e um monumento histórico. O

aproveitamento dessas novas funções do meio rural proporciona a criação de

outras formas de renda como é o caso de cantinas, restaurantes e pousadas.

Segundo Aquino, Filho e Miranda (2013) o município de Pendências

possui 2.057 pessoas em extrema pobreza, sendo que dentre essas 2057

pessoas 750 pessoas não têm rendimento. A pesca ocorrida no Porto do Carão

e que sustenta algumas famílias ribeirinhas é uma das atividades desse

município, porém vem passando por uma situação muito delicada devido à

redução no número de pescados. Entretanto, há outras formas de se gerar

renda e desenvolvimento para essas famílias que não seja a pesca, como é o

caso de um passeio de canoa no rio Piranhas em que o turista aproveitaria

para ver a vegetação, as aves e o por do sol. Também é importante o

aproveitamento da festa religiosa que ocorre entre 10 e 20 de janeiro em

homenagem ao seu padroeiro São Sebastião e que atrai devotos dos

municípios vizinhos e também de Natal e outros municípios mais distantes.

c) Médio Oeste

Caraúbas possui a festa do padroeiro São Sebastião, que acontece todo

mês de janeiro, um hotel balneário o Olho d’água do milho e uma fazenda

histórica, a casa do Sabe Muito que foi construída em 1868 e é considerada a

maior casa de Caraúbas, apesar da sua importância histórica e cultural para

região, não vem sendo preservada e pouco atrai turistas.

Em Apodi está localizado o Lajedo de Soledade que é um dos sítios

arqueológicos mais importantes do Brasil, onde estão presentes várias pinturas

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e gravuras rupestres nas quais retratam animais, natureza e pessoas caçando.

Lá também podem ser encontrados fosseis de animais pré-históricos. Por ser

localizado numa área de rocha calcária, teve sua preservação ameaçada pela

retirada da cal, mas com o apoio da população local, da UFRN e de geólogos

da Petrobrás, o sítio arqueológico encontra-se muito bem preservado e

recebendo cerca de 700 visitantes por mês. Há o funcionamento do Museu

Lajedo de Soledade que atrai muitos alunos de geologia e é um espaço para os

artesãos divulgarem seus trabalhos.

Apodi também possui um patrimônio histórico-religioso que é a Matriz de

Nossa Senhora da Conceição construída em 1740, além da Gruta do Roncador

e a Barragem de Santa Cruz que abastece 27 municípios do estado.

d) Litoral Norte

Nesta região tem-se o município Angicos onde se encontra o Pico do

Cabugi que há milhares de anos atrás foi um vulcão e hoje recebe praticantes

do ecoturismo, havendo a possibilidade de fazer rapel e escalada, além de

apreciar a paisagem e as aves, como o Gavião do rabo branco, que lá são

oferecidas.

Próximo a Angicos há o município Lajes onde tem os paredões da Serra

do Feiticeiro e a Pedra do Anjo que nos fornecem um lindo por do sol e se

praticam o eco-rapel.

Nessa região ainda tem-se cidades como: galinhos, touros e caiçara do

norte que têm belíssimas praias, um potencial para a construção de pousadas

e energia eólica.

e) Metropolitana

A região metropolitana de Natal é formada por 10 municípios, dentre os

municípios que vem se destacando pelo aspecto multifuncional do meio rural

estão: Ceará-mirim e Macaíba.

Em Ceará-Mirim há três engenhos que preservam a história do RN: o

Engenho Guaporé, Engenho Verde-Nasce e Engenho Umburama. É possível

encontrar nesses engenhos, encenação de lendas referentes ao Barão de

Ceará-Mirim, passeios de charrete e a cavalo, degustação de mel e rapadura e

maquinários importados da Inglaterra no século XIX. Também há uma trilha

ecológica, uma área de preservação ambiental, uma casa de artesanato,

museu e o complexo eólico Riachão.

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Em Macaíba estão presentes alguns pontos históricos, como: o Museu

Solar Ferreiro Torto, Solar Caxangá, Matriz Nossa Senhora da Conceição,

Obelisco Augusto Severo, Solar da Madalena e o Casarão dos Guarapes.

Outro ponto turístico é a Fazendinha Recanto Natureza onde crianças têm um

contato maior com a natureza, com animais e aprendem a mexer com a horta.

f) Alto Oeste

No Alto Oeste o município que mais se destaca é Martins, lá se

encontram potenciais ambientais, históricos e culturais que podem servir de

alternativa à população rural como uma forma de emprego e desenvolvimento.

Podemos citar os seguintes atrativos da cidade de Martins: 1) o edifício

Pax: um sobrado criado em 1871 e que hoje funcionam o Museu Histórico e o

Museu de Arqueologia. 2) A casa de Agá Fernandes podemos encontrar um

acervo de móveis antigos. 3) O nicho Nossa senhora do livramento reúne

estilos Gótico, Clássico, Colonial e Barroco. 4) a Casa de Pedra do período

pré-cambriano está localizada na Fazenda Trincheira e é considerada a

segunda maior do País, em mármore. 5) Gruta Nossa Senhora do Perpétuo

Socorro, Nossa Senhora Aparecida e cachoeira da Umarizeira. 6) Na serra de

Martins podemos encontrar a Pedra dos Sapos e a Pedra Rajada que têm um

formato diferente decorrente do efeito da chuva e dos ventos. 7) Por último

tem-se a parte religiosa com várias atrações, como: Igreja Matriz Nossa

Senhora da Conceição, Capela Nossa Senhora do Rosário

Na cidade serrana de Portalegre é um bom local para quem gosta de

turismo de aventura ao aproveitar o contato com a natureza, a prática de rapel,

trilhas ecológicas, cachoeiras, piscinas naturais e aproveitar a vista

proporcionada pelos diversos mirantes que se tem na cidade, como é o caso

da Bela Vista e da Ponta de Serra. Além disso, em Portalegre há vários hotéis

e pousadas.

g) Seridó

O governo do Estado junto com o Sebrae/RN tem um projeto para o

Seridó que abrange 7 dos 17 municípios: Caicó, Currais Novos, Cerro Corá,

Acari, Jardim do Seridó, Parelhas e Carnaúba dos Dantas. Esse projeto tem

como objetivo divulgar as potencialidades turísticas desses municípios, como:

ecoturismo, preservação da cultura sertaneja, turismo pedagógico, festas

religiosas, gastronomia e história e arqueologia.

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Em 2014, o Seridó foi estimulado pelo projeto Talentos do Brasil Rural

com parceira do Sebrae, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério do

turismo que incentivou a visitação de municípios estão até 3 horas de Natal,

para com isso gerar renda, emprego e agregar valor aos produtos dessas

cidades.

h) Agreste, Potengi e Trairí

Santa Cruz se destaca nessa região por meio do turismo religioso

proporcionado pela construção do complexo turístico e religioso Alto de Santa

Rita e também pela Festa de Santa Rita. Essas duas atrações trazem um fluxo

muito grande de devotos e consequentemente de novas alternativas de

geração de renda, como: hospedarias e pousadas, lanchonetes, fabricação de

artesanatos referente à santa. Santa Cruz se diferencia das demais cidades

dessa região pela presença de duas universidades, a UFRN e a universidade

Estadual do Rio grande do Norte, e a presença de um Instituto Federal do Rio

Grande do Norte, possibilitando uma maior qualificação não só dos moradores

do município de Santa Cruz como também das cidades vizinhas.

Sítio Novo foi conhecido antigamente como um grande produtor de

algodão, porém com a queda na produção do algodão devido à abertura

comercial, falta de modernização na cultura algodoeira e o Bicudo, atualmente

se produz muito pouco e muitos anos nem se produz. Passaram-se os anos e

as formas de impulsionar a economia mudaram, tendo hoje o município um

importante papel na preservação histórico, cultural e ambiental do Estado. Uma

das principais atrações turísticas do município é o Castelo de Zé dos Montes,

localizado na serra da Tapuia. Há também uma festa de colheita, o festival da

Pinha que vem sendo realizado há 11 anos. Como também trilhas ecológicas,

rapel, cavernas e inscrições rupestres na Pedra de São Pedro, além de passeio

de bote e canoa no açude de Sítio Novo.

3.1 Mapeamento da multifuncionalidade no RN

Os 15 municípios mapeados representam 8,98% do total dos municípios

do RN, tem uma população de 612.782 habitantes, o que representa 17,98%

da população potiguar, e estão distribuídos da seguinte forma: 3 da região

Agreste, Potengi e Trairi, 1 do Litoral Norte, 2 da Região Médio Oeste, 1 da

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Região Mossoroense, 1 da Região Metropolitana de Natal, 4 da região do

Seridó, 2 da Região Vale do Assú e 1 da Região Alto Oeste.

Tabela 4. Quantidades de serviços multifuncionais agrícolas por município

Municípios Quantidade de serviços

Apodi 32

Assú 23

Caicó 79

Carnaúba dos Dantas 47

Ceará-Mirim 31

Pedro velho 24

São Miguel do Gostoso 123

Serra de São Bento 34

Passa e Fica 23

Messias Targino 5

Guamaré 47

Mossoró 41

Governador Dix-Spet Rosado 16

Equador 29

Cruzeta 16 Fonte: Elaboração própria

O município São Miguel do Gostoso apesar de representar

aproximadamente 21,57% dos empreendimentos e atividades não agrícolas,

tem suas atividades concentradas em sua maioria em pousadas e

restaurantes, ao contrário do que acontece com Apodi que apesar de uma

menor quantidade de atividades multifuncionais, representando 5,6% do total é

mais distribuída, sendo representada por pousadas, trilhas ecológicas,

restaurante, festas culturais e sítios arqueológicos. O município Messias

Targino representa apenas 0,88% do total das atividades não agrícolas, sendo

representado, por exemplo, por festa religiosa e criações exóticas.

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Tabela 5. Quantidade de serviços/atividades/lugares/empreendimentos para os municípios mapeados

Serviços/Atividades/Lugares/empreendimentos Quantidade

Pesque-pague 0

Balneários 11

Cascatas/Grutas 10

Trilhas ecológicas 15

Turismo Esportivo 7

Áreas de Preservação Ambiental 11

Hotéis-fazenda/Fazenda-Hotel 2

Pousadas 103

Casas de artesanato 14

Criações exóticas 3

Restaurantes e cantinas 101

Entrepostos comerciais 2

Agroindústrias 2

Indústrias e Fábricas 95

Serviços Agrícolas Terceirizados 17

Usinas Hidrelétricas 0

Sítios arqueológicos/históricos/antropológicos 16

Monumentos históricos (turísticos) 16

Museus 9

Engenhos 4

Engenhos que preservam a história e acultura local

3

Usinas eólicas 7

Festas religiosas 39

Festas gastronômicas 3

Festas culturais (preservação da cultura Potiguar, vaquejadas...)

17

Festas de colheitas 1

Fabricação de produtos coloniais 11

Unidades de polpa de frutas, amêndoas... 12

Igrejas e santuários 39

Total 570 Fonte: Pesquisa de campo

As atividades/empreendimentos/serviços/lugares estão divididos em quatro

grupos:

1) Lazer e turismo rural: compreendem trilhas ecológicas, turismo

esportivos, pousadas, fazenda hotel, cascatas/grutas, balneário, áreas

de preservação e/ou conservação ambiental e pesque-pague. Esse

grupo representa 27,9% do total das atividades multifuncionais.

2) Comércio e serviços: refere-se a casas de artesanato,

restaurantes/cantinas, criações exóticas, fabricação de produtos que

tenham uma identificação com a cidade, entrepostos comerciais,

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50

engenhos e unidades de polpas de frutas e amêndoas. Esse grupo

representa 25,8% do total.

3) Patrimônio histórico, cultural e religioso: compõe-se de festas culturais,

museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos/antropológicos,

igrejas e santuários, festas religiosas, festas gastronômicas, festas de

colheita e engenhos que preservam a história e a cultura local.

Representa 25,1% do total.

4) Fábricas, indústrias e unidades de geração de energia: usinas eólicas,

hidrelétricas, serviços terceirizados e agroindústria. Representam 21,2%

do total.

Gráfico 1. Percentual dos grupos multifuncionais

Fonte: Pesquisa de campo

No questionário enviado à FETARN e EMATER foi perguntado de que

forma a população poderia participar na ampliação da multifuncionalidade.

Quatro pessoas responderam que essa ampliação se daria por meio de

práticas agrícolas que preservassem o meio ambiente, três pessoas

promovendo o lazer através do turismo rural esportivo e trilhas ecológicas,

duas pessoas preservando casas de arquitetura rural e estruturas de apoio

agrícola, quatro pessoas disseram que promovendo parcerias entre

agricultores/proprietários locais com vista à preservação das atividades

agrícolas/pastoreio e do patrimônio histórico cultural e duas pessoas gerando

produtos de qualidade como: queijos e hortaliças.

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

Fábricas,Indústrias eUnidades deGeraçao de

Energia

Patrimôniohistórico, cultural

e religioso

Comércio eserviços

Lazer e turismoRural

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3.2 Multifuncionalidade em São Miguel do Gostoso

Segundo o site da prefeitura de São Miguel do Gostoso, o município fica

a 98 Km de Natal, está localizado no Litoral Norte do RN e faz parte do Pólo

Costa das Dunas. Tem uma área territorial de 343,75 , faz limite com os

municípios de Touros, Parazinho e Pedra Grande e o bioma predominante é a

Caatinga. Segundo o censo demográfico de 2010 há 8670 habitantes, sendo

que 4131 vivem na área urbana e 4539 na área rural, a estimativa populacional

para o ano de 2014 é que se tenha 9.333 habitantes.

Figura 2. Localização de São Miguel do Gostoso

Fonte: Google Imagens

A agricultura de São Miguel do Gostoso contribui com R$ 12.898

milhões e está concentrada na produção de Banana, Mamão, Castanha de

Caju, Coco-da-baía e Manga no que consiste a lavoura permanente, a lavoura

temporária encontra-se produção de feijão, Milho, mandioca, melão e abacaxi,

já a pecuária é voltada para a exploração de galinhas, bovinos e caprinos.

No RN, e em São Miguel do Gostoso não é diferente, há um grave

problema de comercialização dos produtos agrícolas, principalmente com o

abacaxi e o tomate. O agricultor vende os produtos a um atravessador, que

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leva o produto para a Ceasa e depois esse produto volta para ser

comercializado na feira livre ou no supermercado de São Miguel do Gostoso.

Isso faz com que se encareça muito o produto, há uma perda na renda dos

agricultores, aumento no custo dos consumidores e não há um

desenvolvimento local.

Em uma entrevista feita a onze feirantes de são Miguel do Gostoso, seis

confirmaram que compravam produtos na Ceasa para comercializar lá e muitos

desses produtos eram produzidos lá, como: abacaxi, tomate e melão. Os

demais disseram que produziam em São Miguel do Gostoso, Touros e Ceará-

mirim e comercializavam lá.

Na feira livre há também um grupo de agricultores, composto em sua

maioria por mulheres que produzem hortaliças orgânicas na comunidade do

Paraíso, distrito de São Miguel do Gostoso, tal produção é importante para a

preservação do meio ambiente, já que não se utiliza nenhum tipo de agrotóxico

desde a adubação e o controle de pragas e doenças, como também para

saúde humana. As hortaliças orgânicas, como: alface, repolho, cebolinha,

Agricultor em

São Miguel do

gostoso

Atravessador

Ceasa

Feirante de

São Miguel do

Gostoso

Supermercado

em São Miguel

do Gostoso

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pimentão e tomate, são destinadas à merenda escolar, algumas pousadas e

aos moradores da região.

O setor de serviços contribui com R$ 37.083 milhões, sendo assim o

setor que predomina no município, graças ao turismo que traz uma grande

quantidade de empresas ligadas a essa cadeia produtiva, como é o caso de

restaurantes, pousadas e agências de turismo.

O que vem atraindo bastante turistas de todo o Brasil como também de

fora do país para São Miguel do Gostoso é o turismo esportivo, mais

precisamente o kitesurf e windsurfe. Os praticantes desse esporte se

aproveitam da velocidade média dos ventos nas praias de lá para fazerem

manobras radicais e também da estrutura que se tem para a prática desse

esporte, com a presença de três escolas: Dr. Wind, Escola Gostoso e Clube

Kauli Seadi.

Os esportes náuticos, praias bem preservadas e o maior contato com a

natureza vêm fazendo com que haja a construção de vários empreendimentos.

A prefeitura, ao notar essas potencialidades começou a conceder incentivos

fiscais como redução da alíquota do Imposto Sobre Serviço (ISS) que foi de 5%

para 3%, beneficiando e atraindo não só os empreendedores locais, como

também em sua maioria empreendedores de fora do estado e do país. Portanto

o município não ficou prejudicado no que consiste a arrecadação, já que dados

da Receita Federal mostram que de 2009 a setembro de 2014 a arrecadação

própria subiu de R$ 890 mil para R$ 2,9 milhões.

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Gráfico 2. Produto Interno Bruto (Valor Adicionado)

Fonte: IBGE 2010.

Outra atração da cidade que vem atraindo muitos turistas e está na sua

segunda edição da mostra Audiovisual de São Miguel do Gostoso que ocorre

na praia de Maceió onde são mostrados vários filmes e documentários

nacionais. Além disso, o projeto leva oficinas de filmagem para os jovens da

zona rural que têm a oportunidade de poder fazer curtas-metragens e serem

divulgados na mostra.

Em são Miguel do Gostoso há aproximadamente 65 pousadas, na

pesquisa feita foram entrevistadas 13 pousadas de donos que são de São

Miguel do Gostoso e outros que são fora do município. Essas pousadas

empregam 54 pessoas em sua maioria mulheres para o serviço de limpeza e

homens para a parte da jardinagem e carregar malas, muitas vezes no período

que vai de novembro a fevereiro se contrata mão-de-obra temporária para

absorver o grande número de turistas desse período.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Agropecuária Indústria Serviços

São Miguel do Gostoso

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55

Gráfico 3. Origem dos donos das pousadas

Fonte: Pesquisa de campo

Gráfico 4. Sexo dos indivíduos que trabalham nas pousadas

Fonte: Pesquisa de campo

A maioria dos empregados são de São Miguel do Gostoso, porém o

grande número de pousadas faz com que demande trabalhadores de outros

municípios como Monte Alegre, Touros e Natal. Os empregados em sua

maioria não possuem ensino superior e quando têm, esses trabalhadores ficam

alocados na gerência da pousada. O contrário ocorre com os donos das

pousadas, praticamente todos têm ensino superior.

Os poucos funcionários que têm ensino superior se deve muito a uma

tendência que vem ocorrendo durante o governo Lula e Dilma que é a

0

1

2

3

4

5

32

22

Mulheres

Homens

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interiorização das Universidades e a criação de Institutos Federais (IFs), dando

oportunidades a pessoas que não estão nos centros urbanos das grandes

cidades, de terem uma formação e poderem aplicar o conhecimento no seu

próprio município de origem. Além disso, os aumentos de arrecadação própria

que a Prefeitura de São Miguel do Gostoso vem obtendo ao longo dos anos,

está sendo utilizado para a formação de moradores locais em cursos como:

turismo e hotelaria.

Gráfico 5. Local de moradia dos Funcionários

Fonte: Pesquisa de campo

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

monte alegre São Miguel Touros Natal

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Gráfico 6. Escolaridade dos donos das pousadas

Fonte: Pesquisa de campo

Gráfico 7. Escolaridade dos Funcionários das pousadas

Fonte: Pesquisa de campo

Apesar do grande fluxo turístico no período da alta estação, 61,5% dos

donos entrevistados não pretendem aumentar o número de leitos, muitos

acham que ao aumentar o número de leitos a pousada iria perder a qualidade,

já que teria que se preocupar mais com funcionários e com sua organização.

Aos que pretendem aumentar o número de leitos a justificativa seria a

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Analfabetos ensinofundamental I

ensinofundamental II

Ensino Médio Ensino SuperiorCompleto

Escolaridade dos donos de pousadas

0

5

10

15

20

25

30

Analfabetos E.Fundamental

I

E.Fundamental

II

EnsinoMédio

E. Superiorincompleto

E. Superiorcompleto

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oportunidade de atender mais turistas e poder criar uma clientela, pois muitos

voltam depois e ir a uma pousada e encontra-la lotada provavelmente fará com

que a pessoa evite procura-la na próxima vez.

Gráfico 8. Quantidade de pousadas que pretendem ampliar o número de leitos

Fonte: Pesquisa de campo

A compra de alimentos pelas pousadas, como frutas e verduras é feita

na maioria das vezes em São Miguel do Gostoso e em alguns casos em

Touros, já que esses alimentos têm uma grande rotatividade e trazê-los de

Natal seria mais caro e acabaria chegando com uma qualidade menor devido à

falta de prática de trazer os alimentos nos veículos e ao tempo de

deslocamento. Já os materiais de limpeza e higiene são comprados em sua

grande maioria em Natal, pois lá há vários supermercados atacadistas e sai

com um custo bem menor do que comprar em pequenas quantidades no

município local, ficando a compra desses materiais na cidade local para

pousadas de menor porte.

5

8 Sim

Não

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Gráfico 9. Local de compra de alimentos

Fonte: Pesquisa de campo

Gráfico 10. Local de compra de produtos de Limpeza e higiene

Fonte: Pesquisa de campo

A Indústria é o setor que menos contribui para o PIB do município com

R$ 3.581 milhões. A indústria eólica vem ganhando forças através dos fortes

ventos de aproximadamente 40 Km/h. Lá estão sendo construídos pela

VOLTALIA, companhia que produz energia elétrica de fontes renováveis, três

0

2

4

6

8

10

12

14

São Miguel do Gostoso touros

Quantidade de pousadas

0

2

4

6

8

10

12

Natal São Miguel do Gostoso

Quantidade de pousadas

Local de compra de produtos de higiene e limpeza

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parques eólicos que geram emprego para a mão-de-obra não especializada e

serviços para alguns empreendimentos locais.

3.3 Multifuncionalidade em Passa e Fica e Serra de São Bento

De acordo com o site da prefeitura de Passa e Fica, o município está a

aproximadamente 104 km da capital potiguar e se situa na Região Agreste

Potiguar, abrangendo uma área de e o bioma predominante é a

Caatinga. O município faz divisa com a Paraíba, além de quatro municípios do

RN: São José do Campestre, Serra de São Bento, Nova Cruz e Lagoa d’Anta.

Para dados de 2010 a população total de Passa e Fica era de 11.100 pessoas,

sendo que 6.755 moram na área urbana e 4.345 na zona rural, a população

estimada para 2014 é de 12.424 pessoas.

Figura 3. Localização de Passa e Fica

Fonte: Google imagens

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Gráfico 11. Produto Interno Bruto de Passa e Fica (Valor Adicionado)

Fonte: IBGE 2010

Agropecuária de Passa e Fica, apesar de contribuir apenas com R$

3.460 milhões, se destaca na produção de mandioca e na criação de Bovinos,

porém também há a produção de lavoura permanente, como: banana, mamão,

maracujá e goiaba. Apesar disso os principais estabelecimentos de vendas de

furtas e verduras da cidade compram em Campina Grande, ficando a produção

local voltada mais para subsistência.

O setor industrial contribui com R$ 6.716 milhões e se destaca

principalmente com a indústria têxtil, mais precisamente a Daya Confecções, e

as indústrias de farinha.

Passa e fica é bastante dependente do Fundo de Participação dos

Municípios (FPM), porém a redução desse repasse ao longo dos anos não vem

trazendo problemas ao município graças ao setor de serviços que contribui

com R$ 43.918 milhões e é impulsionado principalmente pelo comércio,

restaurantes e o turismo.

A prefeitura e o Sebrae têm uma importância muito grande no aumento

de empreendedores e na regularização desses em Passa e Fica, graças

principalmente à implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Lá

é fácil encontrar restaurantes com comidas típicas, como: buchada de bode e

galinha caipira. O grande número de empreendimentos que de acordo com o

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

Agropecuária Indústria Serviços

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Sebrae aumentou de 61 empresas em 2009 para 260 em outubro de 2014,

fazem com que haja uma arrecadação maior no ISS e no Imposto Predial

Territorial Urbano (IPTU).

O município de Serra de São Bento está a aproximadamente 112 Km de

Natal, se situa na Região Agreste Potiguar e o bioma predominante é a

Caatinga. O município tem uma área de 96,627 e faz fronteira com a

Paraíba e três municípios do RN: Monte das Gameleiras, Passa e Fica e São

José do Campestre. A população para dados de 2010 é de 5.743 habitantes

sendo que 3.262 moram na zona urbana e 2.481 na zona rural, a população

estimado para o ano de 2014 é de 5890 habitantes.

Figura 4. Localização de Serra de São Bento

Fonte: Google imagens

A agropecuária de Serra de São Bento contribui apenas com R$ 1.299

milhões e está concentrada na criação de Bovinos e caprinos, e alguns

produtos de lavoura permanente e temporária, como: feijão, mandioca, banana

e goiaba.

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63

A indústria contribui com R$ 2.086 milhões, representada pela Matriz

DAYA que teve sua primeira fábrica implantada em serra de São Bento e

posteriormente implantou uma filial em Passa e Fica. A fábrica gera empregos

para os moradores dos dois municípios que passaram por um processo de

capacitação para lá poderem trabalhar.

O setor de serviços contribui com R$ 19.641 milhões provenientes

principalmente do setor público, comércio, restaurantes e pousadas presentes

na região e que geram uma maior quantidade de emprego e renda para a

população local.

Gráfico 12. Produto Interno Bruto de Serra de São Bento (Valor Adicionado)

Fonte: IBGE 2010

Passa e Fica e Serra de São Bento são semelhantes quanto ao tipo de

turismo que atraem as pessoas para lá, o turismo ecológico e esportivo. Passa

e Fica é a cidade mais próxima do Parque Ecológico Pedra da Boca, o parque

está a 3 Km da cidade e ocupa uma área de conservação ambiental de 156

hectares. Pedra da Boca é a formação rochosa mais famosa que tem, porém lá

é possível encontrar também a Pedra da Santa, Pedra do Letreiro e a Pedra da

Piriquiteira.

No Sítio de Seu Tito, onde está localizado o Parque ecológico Pedra da

Boca, se tem guias e instrutores que indicam os locais que se pode praticar

rapel, escalada, voo livre e nos acompanham nas trilhas ecológicas para se

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

Agropecuária Indústria Serviços

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apreciar os pássaros e a vegetação, além de se ter restaurante e local para

acampar na propriedade.

Em Serra de São Bento o turismo esportivo e ecológico vêm atraindo

empreendimentos como a Pousada Pedra Grande e o Alto da Serra,

propriedades essas que se encontram na zona rural de Serra de São Bento. No

Alto da Serra tem-se um condomínio residencial, restaurante e a pousada Vilas

da Serra que foi construída sobre uma pedra e lá se pode aproveitar praticando

rapel, passeio a cavalo, quadriciclo e trilhas ecológicas.

Situa-se na zona rural de Serra de São Bento a tirolesa mais alta do RN,

em terra firme, como também tem um potencial para turismo religioso com a

criação do Santuário de São Bento, tem-se o festival cultural e gastronômico de

Serra de São Bento todo mês de Agosto e o município faz parte do Roteiro

cidade charme junto com Passa e Fica e Monte das Gameleiras.

As pousadas vêm sendo uma oportunidade de emprego e renda tanto

para os moradores da zona rural como também para os moradores da zona

urbana. Em Passa e Fica, as três pousadas estão na zona urbana, já em Serra

de São Bento das três pousadas que o município possui, duas estão na zona

rural e apenas uma na zona urbana. Além disso, dos quatro empreendimentos

entrevistados, dois donos eram de Passa e Fica, um de Serra de São Bento

outro de Natal.

Gráfico 13. Local de moradia dos Funcionários

Fonte: Pesquisa de campo

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Passa e Fica Monte das Gameleiras Serra de são Bento

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65

As pousadas empregam em sua maioria homens e o grau de

escolaridade dos funcionários vai desde não alfabetizados até o ensino

superior, já todos os donos têm ensino superior.

Gráfico 14. Sexo dos indivíduos que trabalham nas pousadas

Fonte: Pesquisa de campo

Gráfico 15. Escolaridade dos funcionários das pousadas

Fonte: Pesquisa de campo

12

9

Homens

Mulheres

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Analfabetos ensinofundamental I

ensinofundamental II

Ensino médio ensino superior

Escolaridade dos funcionários das pousadas

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O comércio local de Passa e Fica e Serra de São Bento é bem

beneficiado pelas pousadas, já que tanto a parte de alimentos como a parte de

produtos de higiene e limpeza, em sua maioria são comprados na própria

cidade, apenas uma pousada compra alimentos e produtos de higiene em

Natal. Isso é de suma importância para que se gere uma ligação cada vez mais

forte entre o comércio e o turismo, gerando assim emprego e renda para

população e uma maior tributação para o município.

Ao observar a multifuncionalidade de cada município pesquisado, pode-

se elaborar um quadro comparativo entre São Miguel do Gostoso e os

municípios de Passa e Fica e Serra de São Bento.

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Quadro 3. Comparação dos aspectos multifuncionais dos municípios estudados

São Miguel do Gostoso Passa e Fica Serra de São Bento

Região litorânea Região de serras Região de serras

Pousadas em sua maioria são de investimentos não locais

Pousadas em sua maioria investimentos locais

Pousadas em sua maioria investimentos locais

Pousadas na zona urbana Pousadas na zona urbana

Pousadas em sua maioria na zona rural

Turismo esportivo: Windsurfe e Kitsurf

Turismo ecológico: trilhas ecológicas e eco-rapel, provenientes da Pedra da boca-PB.

Turismo ecológico: Trilhas ecológicas, eco-rapel e passeios a cavalo, feito nas pousadas.

Grande quantidade de turistas estrangeiros e locais

Poucos turistas estrangeiros e grande quantidade de turistas locais

Poucos turistas estrangeiros e grande quantidade de turistas locais

Grande participação da prefeitura e Sebrae

Grande participação da prefeitura e Sebrae

Grande participação da prefeitura e Sebrae

Os produtos agrícolas não abastecem a cidade, os poucos produtos agrícolas produzidos no município vão para a Ceasa para depois retornar ao município.

Os produtos agrícolas não abastecem a cidade, os produtos agrícolas vêm de campina grande.

Os produtos agrícolas não abastecem a cidade, os produtos agrícolas vêm de campina grande.

Incentivo à produção agroecológica

Não há incentivo à produção agroecológica

Não há incentivo à produção agroecológica

Os funcionários das pousadas não praticam a agricultura

Os funcionários das pousadas não praticam a agricultura

Alguns funcionários das pousadas praticam a agricultura

A compra de produtos de higiene e limpeza é feita na capital

A compra de produtos de higiene e limpeza é feita na cidade

A compra de produtos de higiene e limpeza é feita na cidade

Incentivo à indústria eólica Incentivo à indústria têxtil

Incentivo à indústria têxtil

Fonte: Elaboração própria

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Conclusão

O presente trabalho veio confirmar a ideia de que o rural não pode ser

mais única e simplesmente associado com a produção de alimentos e fibras,

sendo também fornecedor de serviços turísticos e o local de atuação de

indústrias de vários ramos, gerando assim novas oportunidades de emprego e

renda para a população rural, evitando um dos mais graves problemas que

existe no meio rural que é o êxodo devido a uma falta de oportunidade de

trabalho, levando muitos a ir viver à margem da sociedade ao ir morar nos

centros urbanos.

Portanto, o que vem ocorrendo ultimamente e o que parecer ser uma

tendência ao meio rural, principalmente devido aos grandes investimentos que

prefeituras com parceria do Sebrae vêm fazendo, são novas formas

multifuncionais da agricultura, do meio rural e do agricultor, já que muitas vezes

os empreendimentos como pousadas e restaurantes se localizam no perímetro

urbano e atraem os agricultores para complementar sua renda e depois voltam

ao meio rural pra lá viverem e produzirem.

No caso do Rio Grande do Norte foi possível identificar algumas

especificidades na multifuncionalidade da agricultura que na França ou no Rio

Grande do Sul não ocorrem. No Rio Grande do Norte percebeu-se que muitas

vezes as pessoas deixam a agricultura para trabalhar nos serviços turísticos;

também é muito comum uma maior contratação dos empregados que moram

no meio urbano do que no próprio meio rural e os proprietários costumam ser

de fora do local do empreendimento.

Com a pesquisa foi possível identificar novas possibilidades para os

agricultores e habitantes do meio rural, dentre essas novas alternativas à

agricultura estão: pousadas, restaurantes, turismo rural e ecológico, festas

culturais, festas religiosas, comidas típicas, sítios arqueológicos e outras

potencialidades.

Porém não foi possível fazer um mapeamento melhor do Rio Grande do

Norte devido aos poucos questionários respondidos, não possibilitando assim

saber ao certo o porquê de alguns municípios em determinadas regiões

estarem propícios a uma maior multifuncionalidade agrícola.

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Portanto, espera-se que esse trabalho tenha conseguido demonstrar a

existência e a importância da multifuncionalidade no Rio Grande do Norte e

principalmente nos municípios que foram feitas as pesquisas de campo, sendo

preciso uma maior parceria das prefeituras com a população e o Sebrae para

poderem concretizar essa nova forma sustentável de geração de emprego e

renda para a população do meio rural.

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ANEXOS

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Anexo A

Questionário enviado à EMATER e à FETARN sobre o tema

multifuncionalidade da agricultura.

Prezado entrevistado,

este questionário faz parte de uma pesquisa acadêmica do aluno Paulo

Roberto Araújo Barbosa Pinheiro do último período de ciências econômicas da

UFRN.

É de grande importância a participação na pesquisa para que se possa ter uma

ideia das novas demandas que o meio rural potiguar está oferecendo, tais

como: atividades de lazer, turismo, geração de energia e preservação

ambiental. Sendo assim, o meio rural não fica mais restrito somente à aquela

antiga visão de produtor de fibras e alimentos.

Para mais informações ou dúvidas referente ao questionário, envie um e-mail

para [email protected].

Agradeço o tempo dedicado à leitura do questionário.

1. Identificação

1.1 Nome (Resposta opcional):

1.2 Município:

2. Lazer e turismo rural (Nessa parte terá que marcar a quantidade de

atrativos que o município tem referente ao lazer e turismo rural)

2.1 Pousadas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.2 Hotel Fazenda

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.3 Cascatas/Grutas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.4 Balneários

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.5 Áreas de preservação e/ou conservação ambiental

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.6 Trilhas ecológicas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.7 Turismo esportivo

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

2.8 Pesque-Pague

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

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3. Comércios e serviços no rural (Nessa parte terá que marcar a

quantidade de atrativos que o município tem referente ao comércio e

serviços)

3.1 Casas de artesanato

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

3.2 Restaurantes e cantinas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

3.3 Criações exóticas (Pássaros, mamíferos...)

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

3.4 Fabricação de produtos coloniais

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

3.5 Entrepostos comerciais

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

3.6 Engenhos

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

3.7 Unidades de polpas de frutas, amêndoas...

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4. Patrimônio histórico e cultural

4.1 Museus

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.2 Monumentos históricos

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.3 Sítios arqueológicos/antropológicos/históricos

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.4 Igrejas e santuários

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.5 Festas gastronômicas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.6 Festas culturais

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.7 Festas religiosas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.8 Festas de colheitas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

4.9 Engenhos que preservam a história e a cultura local

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

5. Fábricas, indústrias e unidades de geração de energia (Nessa parte terá

que marcar a quantidade de atrativos que o município tem, referente a

fábricas, Indústrias e unidades de geração de energia)

5.1 Agroindústrias

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

5.2 Indústrias e Fábricas

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( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

5.3 Eólicas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

5.4 Hidrelétricas

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

5.5 Serviços terceirizados (Serviços de terraplenagem, serraria,

colheita...)

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Outro:_______

6. Conclusão

6.1 Em sua opinião, de que forma a população (residentes, agricultores,

proprietários, empresários) poderá participar na ampliação da

multifuncionalidade.

( ) Aproveitar o potencial da agricultura e do pastoreio para o

incremento de produtos de qualidade ( queijos, hortícolas, bolacha,

etc.).

( ) Adotar práticas agrícolas tendentes à preservação da atividade

produtiva (conservação do solo, manutenção da biodiversidade e

qualidade da água).

( ) Preservar as casas de arquitetura rural e estruturas de apoio

agrícola.

( ) Promover parcerias entre agricultores/proprietários locais com

vista à preservação das atividades agrícolas/pastoreio e do

patrimônio histórico.

( ) Promover o lazer através de trilhas ecológicas e o turismo rural

esportivo.

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Anexo B

Questionário feito nas pousadas de Serra de São Bento, São Miguel do

Gostoso e Passa e Fica.

1. Parte do questionário voltada ao proprietário

1.1 Origem do proprietário:__________

1.2 Qual a sua escolaridade?

( ) Não sabe ler e escrever

( ) Sabe ler e escrever

( ) Ensino fundamental I (primeira a quarta série)

( ) Ensino fundamental II ( quinta a oitava série)

( ) Ensino médio

( ) Ensino técnico profissional

( ) Ensino superior

1.3 Tem pretensão de ampliar o número de leitos? Porque?

1.4 De onde vêm os produtos utilizados na pousada?

Alimentos:

Higiene e Limpeza:

1.5 Quantidade de funcionários

Homens:_____

Mulheres:_____

2. Parte do questionário voltada aos funcionários

2.1 Local de moradia dos funcionários:

2.2 Qual a sua escolaridade?

( ) Não sabe ler e escrever

( ) Sabe ler e escrever

( ) Ensino fundamental I (primeira a quarta série)

( ) Ensino fundamental II ( quinta a oitava série)

( ) Ensino médio

( ) Ensino técnico profissional

( ) Ensino superior