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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA LEONARDO PAIVA SILVA O PÍFANO DE PVC COMO FERRAMENTA DE MUSICALIZAÇÃO EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO RIO GRANDE DO NORTE NATAL/RN 2019

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

LEONARDO PAIVA SILVA

O PÍFANO DE PVC COMO FERRAMENTA DE MUSICALIZAÇÃO EM UMA

ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL/RN

2019

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

LEONARDO PAIVA SILVA

O PÍFANO DE PVC COMO FERRAMENTA DE MUSICALIZAÇÃO EM UMA

ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO RIO GRANDE DO NORTE

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,

na área de Educação Musical, como

requisito parcial à obtenção do título de

Licenciado em Música.

Orientador: Alexandre Johnson dos Anjos

NATAL/RN

2019

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Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

LEONARDO PAIVA SILVA

O PÍFANO DE PVC COMO FERRAMENTA DE MUSICALIZAÇÃO EM UMA

ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO RIO GRANDE DO NORTE

Monografia apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,

na área de Educação Musical, como

requisito parcial à obtenção do título de

Licenciado em Música.

Monografia aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Johnson dos Anjos Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(ORIENTADOR)

__________________________________________________

Prof. Esp. Magno Altieri Chaves de Sousa Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(MEMBRO DA BANCA)

__________________________________________________

Prof. Me. Luciano Luan Gomes Paiva Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(MEMBRO DA BANCA)

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

Dedico este TCC a todos (as) que doam

uma parte do seu tempo à trabalhos

voluntários em projetos sociais em prol da

cultura e que, através da música,

transformam a vida de todos (as) ao seu

redor.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por permitir que minha caminhada me

trouxesse até aqui.

A Antônio Barnabé, meu querido pai, por me ensinar o valor da honestidade e

à minha mãe, Joana Darc, por me ensinar o valor do amor. Também por ambos

sempre terem me apoiado em todas as decisões por mim tomadas.

À minha esposa Gicele Lima, por nunca ter soltado minha mão nos momentos

mais difíceis e por nunca me deixar desistir de nenhum sonho.

Às minhas filhas Kamile e Lívia, por serem meu maior motivo de vida e por me

darem tanto orgulho.

A meu irmão Helder Paiva (Dudu), por todos os momentos de nossa caminhada

musical.

A toda minha família, em especial a meu tio Ary (in-memorian) por mostrar que

não existem limites para a arte.

A meu padrinho Robson Bezerra (Mestre Nordestino), por mostrar que fazer

música é possível para qualquer pessoa.

Ao Maestro Almeida, pelas oportunidades que alavancaram minha carreira

profissional.

A meus amigos Raphael Lacerda e Sara Nuño, sem vocês o “Leo do Pife”

jamais existiria.

Aos professores (as) que sempre apoiaram os projetos de cultura popular na

EMUFRN, em especial, ao professor Alexandre Johnson, que sempre apoiou as

oficinas de pífanos.

Aos amigos Magno Altieri e Luciano Paiva, por contribuírem para minha

formação acadêmica durante todo o período da Licenciatura.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

“A arte existe porque a vida não basta”

Ferreira Gullar

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

RESUMO

Esta monografia apresenta um relato de experiência desenvolvido em uma escola da

rede básica de ensino no estado do Rio Grande do Norte, onde utilizamos a Flauta

Pífano de PVC como principal ferramenta para a musicalização dos alunos. Os

estudantes não aprenderam apenas a tocar os instrumentos e tiveram iniciação

musical, mas, também, a fabricar seus próprios instrumentos (pífanos). Este trabalho

é fruto de um projeto realizado na Escola de Música do Rio Grande do Norte

(EMUFRN) intitulado por Laboratório de Instrumentos Artesanais (LIA) no qual, alunos

do Curso de Licenciatura em Música da UFRN, ensinam a luteria de flautas pífanos de

PVC, além de desenvolverem, também, novos instrumentos musicais. As oficinas

ocorreram na escola Municipal Yayá Paiva na cidade de Nísia Floresta RN turma do

7° ano “A” Vespertino durante a disciplina de música da professora Ms. Camila Luna.

Os resultados foram bastante satisfatórios e motivadores para a continuidade desse

projeto. A aceitação dos alunos e total empenho destes, mostrou a importância em

desenvolver novas ferramentas para o ensino e a aprendizagem musical, utilizando

materiais acessíveis a todos. Graças a essa pesquisa foi possível desenvolver novas

ferramentas e dar praticidade a oficina.

Palavras-chave: Construção de pífano de PVC. Novas ferramentas pedagógicas.

Pífano na educação musical. Pífano como ferramenta pedagógica. Instrumentos de

sopro na educação básica.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

ABSTRACT

This monograph presents an experience report developed in a primary school in the

state of Rio Grande do Norte, where we use the PVC Fife Flute as the main tool for

students' musicalization. The students did not learn only to play the instruments and

musical initiation, but to manufacture their own instruments. This research is the result

of a project carried out at the School of Music of Rio Grande do Norte (EMUFRN)

entitled Laboratory of Artisanal Instruments in which students of the degree course in

Music of UFRN teach the luthiership of PVCífanos flutes and are always developing

new instruments. The workshops took place at the Yayá Paiva Municipal School in the

city of Nísia Floresta RN class of the 7th grade "A" Vespertino during the music

discipline of teacher Ms. Camila Luna. The results were very satisfactory and

motivating for the continuity of this project, the acceptance of the students and total

commitment, showed the importance of developing new tools for teaching and learning

with materials accessible to all. Thanks to this research it was possible to develop new

tools and give practicality to the workshop.

Keywords:PVC fife construction. New pedagogical tools. Fife in music education.

Fife as a pedagogical tool. Wind instruments in basic education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

IMAGEM 1 - Raphael Lacerda, Carlos Zens e Leonardo Paiva……………….

IMAGEM 2 - Localização geográfica dos principais pifeiros pelo Brasil…….

IMAGEM 3 - Componentes do LIA durante oficina nas dependências da

EMUFRN……………………………………………………………

IMAGEM 4 - Componentes do UFRPÍFANOS (Felipe, Helder e

Leonardo) …………………………………………………………….

IMAGEM 5 - Marcação e perfuração do duto de PVC………………………….

IMAGEM 6 - Alunos do 7º ano “A” fabricando o pífano de PVC em sala de

Aula……………………………………………………………………

IMAGEM 7 - Aluno da escola tocando o pífano de PVC num recital………...

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Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 12

2 O PÍFANO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE..............................

3 O LABORATÓRIO DE INSTRUMENTOS ARTESANAIS - LIA …………….

3.1 O GRUPO UFRPÍFANOS………………………………………………………

3.2 Experimentação e construção do pífano de PVC: a criatividade em prol

do ensino de música...............................................................................................

4 O PÍFANO COMO FERRAMENTA DE MUSICALIZAÇÃO...……………......

4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES……………………………………………...

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………...

REFERÊNCIAS……………………………………………………………………...

BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………...…

APÊNDICE…………………………………………………………………………...

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) baseia-se, metodologicamente,

em um relato de experiência onde busquei, através de oficinas sobre o processo de

construção de pífanos feitos a partir do PVC e de sua execução por alunos de uma

escola pública na cidade de Nísia Floresta/RN. Desse modo, pretendeu-se incluir a

utilização do pífano de PVC como ferramenta pedagógica no processo de ensino-

aprendizagem dentro de uma escola da educação básica no estado do Rio Grande do

Norte.

A pesquisa, caracteriza-se metodologicamente em um relato de experiência por

descrever a experiência adquirida durante as oficinas, contribuindo assim de forma

relevante para área de Educação Musical, trazendo metodologias e motivações para

as ações tomadas durante a vivência. (SANFELICI; FIGUEIREDO, 2015).

Esta pesquisa é fruto de um projeto realizado dentro da Escola de Música da

UFRN, que visa disseminar a arte da luteria do pífano de PVC e aperfeiçoamento da

execução do instrumento, resgatando a cultura popular do pífano que a cada dia vem

sendo esquecida no Rio Grande do Norte. O projeto tem por nome LIA (Laboratório de

Instrumentos Artesanais) formado por alunos do curso de Licenciatura em Música da

UFRN e pessoas externas à comunidade acadêmica. A pesquisa se deu através de

oficinas realizadas semanalmente em uma Escola da rede básica de ensino do Rio

Grande do Norte na cidade de Nísia Floresta, supervisionado pela Mestra Camila Luna

professora de música da Escola Municipal Yayá Paiva, escolhida para as oficinas, na

turma do 7° ano “A” e teve a duração de 6 meses. A oficina iniciou no dia 13 de junho

e finalizou dia 19 de dezembro de 2017. A realização dessa oficina possibilitou interagir

com os alunos e saber melhor sobre suas habilidades e limitações, além de projetar

novas ferramentas para a realização de novas oficinas.

Segundo Araújo (1999), a flauta é um dos instrumentos mais antigos, da época

em que os recursos eram limitados e os homens se utilizavam de ossos e outros

materiais com formato de tubos para fabricarem diversos tipos de flauta. Casca de

frutas oca, ossos de avestruz, e tubo de bambu eram os mais comuns.

Com o passar do tempo, orifícios foram sendo adicionados às flautas e suas outras formas. As civilizações Egípcias e Sumérias já entraram na história fazendo uso de instrumentos com três ou quatro orifícios. No entanto, desde a era pré-histórica já se sabia de flautas fabricadas

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com ossos e contendo vários orifícios perfurados (ARAÚJO 1999, p. 01).

Com o passar do tempo, as flautas foram tomando as formas como são

conhecidas hoje. Tocadas de maneira vertical ou horizontal. O pífano é um instrumento

musical tocado de maneira horizontal semelhante a flauta transversal, contém vários

orifícios (podem ter 7, 8 ou 9 orifícios), que para soar diferentes notas utiliza-se os

dedos. A utilização do tubo de PVC na construção do pífano é comum em diferentes

regiões do Brasil. O tubo de PVC é facilmente encontrado descartado na natureza, ou

comprado por baixo custo em lojas especializadas em material de construção. O tubo

de PVC possibilita um fácil manuseio na abertura de orifícios para a construção do

pífano, possibilitando a utilização de ferramentas artesanais, geralmente recicladas ou

também de baixo custo.

A problemática que norteia essa pesquisa é como resolver a falta de recursos

para as aulas de música nas escolas de educação básica do Rio Grande do Norte? A

pesquisa mostra que é possível utilizar o pífano de PVC para preencher essa lacuna

e contribuir para as aulas como ferramenta de musicalização.

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2 O PÍFANO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

A cultura do pífano abrange grande parte da região do nordeste brasileiro,

concentradas, principalmente, nos Estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco,

Paraíba e Ceará. Estende-se, também, pelo norte de Minas Gerais, norte de Goiás,

até São Paulo, estado que abriga, desde a década de 1980, a banda de pífano de

Caruaru (MENEGATTI, 2012). Em Brasília, Zé do Pife (natural de São José do

Egito/PE e nascido no dia 24 de maio de 1943) realizou, na Universidade de Brasília,

oficinas de pífanos observadas por Silva (2010), entre os anos de 2007 a 2009, a

relação entre mestre-aprendiz, rendendo artigos sobre a arte da aprendizagem

musical na tradição oral.

Na capital do país, Zé do Pife, artista brasiliense nascido em São José do Egito/PE, participa da ação desde março de 2007. Zé do Pife, que é instrumentista, cantador, fabricante de pífano, poeta e compositor, é considerado na cidade mestre de tradição oral. Em 2008 ganhou o prêmio culturas populares do Ministério da Cultura e desde 2007 ministra oficinas de pífano na Universidade de Brasília. Conheceu e começou a tocar o pífano em sua cidade natal, onde integrava junto a seu irmão Zeca a Banda de Pife de Riacho de Cima. Chegou à Brasília em 1992 depois de ter morado algum tempo em São Paulo trabalhando na construção do metrô (SILVA, 2010, p. 1176).

O Rio grande do Norte - RN, não está entre os estados com forte tradição de

bandas de pífano, fato que não extingue a existência de pifeiros e luthiers deste

instrumento na região. O músico e compositor Carlos Zens, por exemplo, é um

potiguar que defende a arte da luteria do pífano de PVC no Rio Grande do Norte. Foi

através dos projetos encabeçados por Carlos Zens sobre a confecção de pífanos de

PVC que Raphael Lacerda1 conheceu e aprendeu a luteria dos pífanos de PVC e,

motivado pela ação voluntária, começou a divulgar esta arte na Escola de Música da

UFRN, momento onde conheci o pífano construído a partir de canos PVC e suas

possíveis possibilidades educacionais.

1 Pedagogo, Mestre, Doutor em Educação e licenciando em Música pela UFRN.

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IMAGEM 1 - Raphael Lacerda, Carlos Zens e Leonardo Paiva.

Fonte: autor.

Antes de ingressar no Curso Graduação da UFRN (Licenciatura em Música),

em 2016, trabalhei em vários segmentos musicais como, por exemplo, saxofonista e

guitarrista em bandas de forró aqui no RN e como professor de violão. Desde esse

período, já me identificava com os movimentos de cultura popular que encontrava. Ao

conhecer o pífano de PVC através de Raphael Lacerda, tive a oportunidade de

ingressar definitivamente na cultura popular, durante a disciplina de etnomusicologia,

regida pelo Prof. Dr. Agostinho Lima, tive uma maior vivência sobre o pífano no

nordeste brasileiro e o nome dos principais artistas de quase todos os estados.

Durante as aulas, por me identificar tanto com o pífano, recebi o apelido de “Leo do

Pife” do professor Agostinho e logo tornou-se muito conhecido por todos. Daí então,

tenho divulgado o pífano pelo estado do RN.

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IMAGEM 2 - Localização geográfica dos principais pifeiros pelo Brasil.

Fonte: autor.

Em Mossoró (município distante a cerca de 281 km da capital, Natal), a tradição

de bandas de pífanos e cabaçais vem se fortalecendo e, a cada ano, vários grupos se

formam na cidade e em regiões próximas, como as bandas: “Umbu Cajá”, da cidade

de Upanema e a banda “Monxorós”, de Mossoró, comandada por Marcondes

Menezes, um dos divulgadores do pífano no Rio Grande do Norte. Em uma entrevista

a um programa da TV Assembleia RN, Marcondes relata a existência de grupos de

pífano utilizando o tubo de PVC desde 1960, em Mossoró.

Os grupos existentes nessa parte do Estado se apresentavam anualmente no

festival de pífanos e cabaçais realizado em Mossoró, que acontece dentro do Mossoró

Cidade Junina (MCJ). Para grande perda da cultura, desde o ano de 2016, a Prefeitura

da cidade de Mossoró retirou, do calendário junino, o maior festival da cultura do pífano

do Estado, mas, “apesar das perdas, o pífano vem passando por um grande momento

de redescoberta e experimentalismo musical, se apresentando em grandes

movimentos da música contemporânea” (Informação verbal. Cafundó-Programa 323).

Pretendeu-se, com as oficinas de pífanos, nas escolas de educação básica,

fortalecer a cultura do pífano no RN, repassando algumas técnicas de construção e

execução do instrumento para gerações futuras. Dificilmente se valoriza o que não se

conhece, então, é preciso disseminar essa cultura, para que, futuramente, ela seja

valorizada e defendida pela sociedade como tradição, mostrando que o pífano de PVC,

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pode ser utilizado como ferramenta de musicalização em qualquer ambiente

educacional. Segundo Abreu e Soiet (2003);

Tradições são assim mesmo, frequentemente inventadas e reinventadas, como mostraram Hobsbawn e Ranger, pois visam consolidar determinadas continuidades em relação ao passado, frente às constantes transformações do mundo moderno. Cabe aos professores ficarem atentos a elas, tentando conhecer a sua história, mesmo daquelas que dão a impressão de serem mais genuínas ou mais autênticas que outras (ABREU; SOIET, 2003, p. 19).

A realização de oficinas em projetos sociais também tem sido bastante eficazes

para a divulgação do pífano, projetos como: “Pifar Para Transformar Vidas”, “Pifando

no Museu NF”, “Projeto Cultura e Cidadania Leo Do Pife”, “Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculo NF” e “Centro de Referência da Assistência Social – Litoral

Parnamirim”. Graças aos projetos, foi possível atender a um público de mais de 200

crianças, adolescentes, jovens e adultos.

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3 O LABORATÓRIO DE INSTRUMENTOS ARTESANAIS - LIA

A escolha por utilizar o pífano de PVC como ferramenta pedagógica, se deu

pela necessidade e, até mesmo, pela falta de recursos financeiros para implantação

de projetos ou a realização de oficinas criativas e atrativas para os alunos de música

na educação básica. Segundo Trindade (2013), a utilização de instrumentos

alternativos para as práticas musicais vem se mostrando cada vez mais comum no

ensino de música na educação básica, desde 1981, e defende essa prática no ensino

de música por ela;

Promover a criação e a utilização de instrumentos não convencionais, assim como a escuta sonora diversificada; ampliar as possibilidades do fazer musical; viabilizar os conhecimentos teóricos musicais de forma prática; e por desenvolver a criatividade artística dos envolvidos (TRINDADE, 2013, p. 01).

Voltado a atender essa falta de recursos pedagógicos/musicais e financeiros e,

também, pela busca de novas ferramentas para o ensino da música é que surge o LIA,

projeto desenvolvido nas dependências da Escola de Música da UFRN (EMUFRN)

com a finalidade de propiciar o ensino da fabricação de instrumentos de sopro a partir

de materiais recicláveis e de baixo custo. Um de seus maiores objetivos, é que alunos,

professores e o público externo à comunidade acadêmica, possam levar esse

aprendizado obtido nas oficinas do LIA para outras comunidades, para outros projetos

e grupos musicais interessados na fabricação e utilização de instrumentos de sopro

cujo o custo monetário para tanto, é mínimo, devido ao uso de materiais recicláveis e

de baixo custo.

Além da produção artesanal de instrumentos de sopro, o LIA realiza pesquisas

bibliográficas com o intuito de encontrar dissertações, teses e demais trabalhos sobre

história, organologia e etnomusicologia referente aos aerofones e instrumentos de

sopro de outras partes do mundo, ampliando o conhecimento sobre a ampla gama de

possibilidades dentro dessa família de instrumentos.

Os componentes do LIA são estudantes dos cursos de música da Escola de

Música da UFRN (Licenciatura, Bacharelado, Técnico), assim como alunos de outras

áreas e cursos, além de professores e pessoas externas à instituição, mas, todos,

interessadas na produção e divulgação de instrumentos de sopro mais baratos.

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O LIA surgiu em setembro de 2016, como iniciativa de um grupo de estudantes

da Escola de Música da UFRN diante da necessidade em levar instrumentos de sopro

de baixo custo aos projetos musicais e educativos nos quais os alunos da EMUFRN

trabalhavam na época. Carlos Zens foi um dos pioneiros na fabricação de pífanos de

seis furos com material de PVC. Raphael Lacerda foi aluno de flauta de Carlos Zens,

com quem aprendeu a arte da luteria desses pífanos, no Instituto de Música Waldemar

de Almeida (Natal, RN), onde eram realizadas oficinas de pífanos.

IMAGEM 3 - Componentes do LIA durante oficina nas dependências da EMUFRN.

Fonte: autor.

Como resultado, Raphael Lacerda começou a elaborar pífanos mais

aperfeiçoados e afinados, baseados no sistema de sete furos da flauta pífano Yamaha

YRF-21. A Yamaha define seu Pífano como tendo

Origem da flauta transversal ocidental, que começou a ser usada na Europa medieval e se desenvolveu até o estilo atual. Na Europa e na América, é amplamente usado em música folclórica e bandas de pífaros. Seu som telúrico também atrai muitas pessoas no Japão, onde a popularidade do pífaro faz com que ele seja o instrumento melódico usado em bandas de tambor e pífaros, e seja usado como o instrumento inicial para os que desejam tocar flauta ou flautim. Com um projeto inovador do porta lábio, o pífaro Yamaha é fácil de tocar com entonação precisa, e permite que qualquer pessoa que siga os procedimentos básicos consiga produzir lindos sons (YAMAHA, 2019).

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A partir de então, surgiu uma importante demanda por parte de músicos,

professores e do público geral, interessados na fabricação dos pífanos de PVC com

sete furos. Como consequência, foi criado o LIA na EMUFRN, onde foi ampliado o

leque de instrumentos de sopro fabricados, assim como os materiais empregados

pelos participantes. Sou membro do projeto desde seu início e um dos principais

divulgadores, onde tenho desenvolvido pífanos a partir de novos materiais, como o

metal, com bocais diversos e novas propriedades. Na atualidade, além dos pífanos,

são fabricadas flautas doces, quenas ou gaitas com formas de afinação diferentes. O

projeto continua sendo expandido a partir dos próprios participantes que, uma vez

entendido a arte de fabricar o instrumento, levam tal aprendizado para outros lugares

e projetos musicais.

O objetivo principal do LIA da EMUFRN, é ensinar a alunos, professores e

pessoas interessadas, a fabricação de instrumentos de sopro a partir de materiais

recicláveis e de baixo custo, mais especificamente, em ensinar a fabricar instrumentos

de sopro com materiais recicláveis, em criar novas metodologias e ferramentas para

otimizar a fabricação de instrumentos musicais, em criar novos instrumentos com

materiais distintos e modos de afinação diversos, em divulgar o trabalho e metodologia

para que possa ser expandido em outras comunidades e projetos educativos e a

pesquisa de teses, dissertações e trabalhos sobre história, organologia e

etnomusicologia referente a instrumentos de sopro.

3.1 O Grupo UFRPÍFANOS

O grupo musical UFRPÍFANOS é formado por três alunos do Curso de

Licenciatura em Música da EMUFRN e são eles: Felipe Erick, Helder Paiva e eu (Leo

do Pife). Sua formação instrumental é o pífano produzido no projeto LIA, acordeom e

triângulo, mas, sempre que necessário, outros instrumentos integram o grupo.

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IMAGEM 4 - Componentes do UFRPÍFANOS (Felipe, Helder e Leonardo).

Fonte: autor.

O grupo surgiu em novembro de 2016, após os encontros do LIA, onde alunos

e simpatizantes realizam oficinas para fabricar os pífanos feitos de material de PVC.

O projeto tem como padrinho o flautista Carlos Zens, um grande propagador da cultura

do pífano no Brasil.

O principal objetivo do grupo é o disseminar a cultura do pífano no Estado do

Rio Grande do Norte, através de apresentações, do incentivo a fabricação do pífano e

a adesão de novos pifeiros, para que essa tradição seja cada vez mais fortalecida,

sempre mostrando um repertório voltado para as raízes do nordeste com obras de Luiz

Gonzaga, Dominguinhos, Carlos Zens, dentre outros. O grupo também dispõe de

músicas autorais e já realizou várias apresentações tendo, como principais: uma na

Semana da Música 2016 na EMUFRN, no evento internacional GLOMUS (Global

Music Network) e em apresentações didáticas em escolas da rede pública de ensino.

Em 2017 o grupo se apresentou na CIENTEC, mostrando a arte da luteria do

pífano de PVC, com uma apresentação de músicas regionais utilizando o pífano de

PVC como principal instrumento solo. Tendo em vista que o evento possui um público

diversificado culturalmente, conseguimos dar mais um passo na valorização e

disseminação de nossa arte.

As apresentações têm alcançado resultados positivos em relação aos seus

objetivos e vem, a cada dia, assumindo seu espaço nos eventos culturais na cidade

de Natal/RN e demais regiões. O reflexo disso, são as apresentações com diversos

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

22

grupos que encontram, no pífano, uma possibilidade de divulgação da nossa cultura.

Projetos como “O pífano em uma dança”, que tem como principal objetivo relacionar a

musicalidade por meio do pífano, associado aos movimentos da dança, dando um

novo significado ao frevo e o pastoril como fatores fenomenológicos culturais.

Idealizado por graduandos dos cursos de licenciatura em música e dança da UFRN,

com a proposta de ampliar os conceitos das danças e instrumentos culturais populares

e folclóricos. Outro fato importante para o grupo, foi a participação com a Orquestra

Mestra, que acompanha o Pastoril Dona Joaquina, bastante conceituado no Rio

Grande do Norte e no Brasil, de forte tradição cultural.

3.2 Minicurso “Experimentação e construção do pífano de PVC: a criatividade

em prol do Ensino da Música”

Fruto do Projeto LIA, o minicurso realizado dentro da XXIII edição da CIENTEC2

(2017), propiciou o ensino da construção do pífano de PVC no evento. Os

participantes, além de aprender a fabricar os pífanos, também receberam dicas de

como tocá-los. Toda a matéria prima e ferramentas de manuseio para a fabricação

dos instrumentos durante o minicurso, foi disponibilizado por mim. Cada participante,

ao final das oficinas, ganhou o pífano que fabricou. O minicurso ocorreu durante três

dias e cada encontro durou duas horas. Tivemos um público bastante satisfatório e

muitas sementes foram plantadas na oportunidade.

Visando atender a escassez de instrumentos musicais nos diversos ambientes

do ensino de música, o minicurso evidenciou, no pífano de PVC, uma possível

ferramenta para a musicalização com baixo custo. Com a facilidade de acesso aos

materiais necessários a construção do pífano e as possibilidades que ele pode

promover, tanto em sala de aula quanto em projetos afins, estamos conseguindo aos

poucos, o resgate dessa importante força cultural.

2 Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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4 O PÍFANO COMO FERRAMENTA DE MUSICALIZAÇÃO

O ensino de música vem a cada ano conquistando mais espaços nas redes de

ensino do país. Em 2008, com a aprovação da Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008), que

inclui o ensino de música como conteúdo obrigatório na educação básica, as

instituições superiores de ensino passaram a se mobilizar providenciando formas para

capacitar profissionais para suprirem a demanda existente no mercado. Em 2009, o

Grupo de Estudos e Pesquisa em Música (GRUMUS/EMUFRN), iniciou uma pesquisa

de campo com o objetivo de identificar as escolas que atendiam a Lei em vigor e quais

as dificuldades existentes para aquelas que ainda não atendiam à referida Lei.

Na busca pelo desenvolvimento da Educação Musical no estado do RN, em

2013, a pesquisa intitulada “A prática da educação musical nas escolas do Rio Grande

do Norte” (SANTOS e CARVALHO, 2014), realizou visitas às escolas no município de

Natal/RN e, em 2016, foi ampliada para a cidade de Parnamirim/RN. Em julho de 2016,

começo a fazer parte do GRUMUS como bolsista de pesquisa e orientado pela Profa.

Dra. Valéria Carvalho. Em minha pesquisa como bolsista, dou continuidade ao

trabalho que vinha sendo realizado pelo aluno Carlos Freitas, também participante do

GRUMUS na época, onde fui a campo coletar os dados da pesquisa nas Escolas de

Parnamirim/RN.

Durante a pesquisa, constatamos a falta de estrutura de algumas escolas e a

falta de profissionais capacitados atuando como professores de música. Os diretores

das escolas visitadas demonstraram ter ciência sobre a das aulas de música e

mostram-se favoráveis ao cumprimento da Lei. A música como ferramenta

educacional, em todos os contextos e possibilidades, possivelmente mudaria a

realidade de muitas escolas na formação de cidadãos melhores e aculturamento dos

alunos.

Com o resultado da pesquisa, se fez perceber a precariedade de recursos e

estruturas das escolas, do desenvolvimento de novas maneiras para musicalizar os

alunos e de novas ferramentas para esse objetivo, que precisam ser estudadas e

aprimoradas. A maioria dos diretores escolares sabem da importância da música, não

só como elemento educacional, mas, também, como de inclusão social visando os

inúmeros problemas sociais encontrado nas escolas onde os alunos estão cada vez

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE

24

mais violentos (fato que pode ser observado durante as visitas). Talvez devido a

dualidade de ideais e pensamentos segundo Carreira 2005:

Existe, porém, um outro tipo de violência gerada no interior das escolas, fruto da heterogeneidade de opiniões e vivências, fruto das relações interpessoais que retrata a falta de preparo ao convívio com diferentes. É uma violência gerada por situações conflitantes que não foram mediadas (CARREIRA, 2005, p. 75).

Foi pensando no Pífano de PVC como uma possível ferramenta de

musicalização, que resolvi realizar oficinas em uma escola da rede básica de ensino

do Rio Grande do Norte, na tentativa de resolver a falta de estrutura enfrentada pelo

professor de música.

Utilizando um tubo de PVC de 20 milímetros de circunferência e 35 centímetros

de comprimento, fabricamos as flautas. Com este material, obtemos um custo

financeiro bastante baixo e, na maioria das vezes, quase zero, na construção do

instrumento. Neste tubo, são feitos alguns furos e obedecendo a um modelo pré-

estabelecido, desenvolvido no projeto LIA. Deve-se saber que, as medidas e

distâncias entre furos no tubo de PVC, interferem diretamente na afinação do

instrumento, para o qual tenta-se chegar o mais próximo da afinação do piano, que é

de 440Hz.

Os materiais utilizados para a construção do pífano de PVC são: tubo de PVC

de 20 mm; tesouras (de mais de um tipo, com ponta, sem ponta); caneta permanente;

facas de serra; réguas de alumínio; paquímetros; ferros de solda e; alguns tipos de

lixa em folha para acabamentos (finas, grossas).

Através da fabricação artesanal e utilização do pífano de PVC como

instrumento musical, são inseridas notações musicais, tais como: técnicas de

respiração, figuras musicais, escalas, percepção musical, prática de conjunto,

composição, vivência cultural etc. Tudo de acordo com o que havia sido planejado

previamente. Para a fabricação do pífano de PVC, se faz necessário a utilização de

ferramentas cortantes, então, para que fosse possível o manuseio das ferramentas

pelos alunos, todos tiveram que levar para casa um termo de responsabilidade

autorizando sua participação na oficina e trazer assinado por seus pais, além de,

sempre, estar observando atentamente cada passo dado pelos alunos nas oficinas de

construção.

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A escola escolhida para as oficinas de construção do pífano foi a Escola

Municipal Yayá Paiva, localizada na Rua João Batista Gondim, número 100, no Centro

do município de Nísia floresta/RN. Alunos da turma A do 7° ano vespertino com idade

entre 12 e 13 anos foram os participantes e ocorrendo das 13h30 às 14h30, todas as

terças feiras. O horário estabelecido para a duração da oficina foi o de uma hora,

ficando 50 minutos para a oficina de pífano e os 10 minutos restantes, para avisos da

professora e para a organização da sala. A direção da escola foi de grande importância

para a realização das oficinas, disponibilizando o espaço físico (laboratório de

informática) e os materiais suficientes para a participação de todos os alunos nos

encontros.

As oficinas foram ministradas em 5 etapas:

1) O que é um pífano? Através da utilização de vídeos e materiais fotográficos,

foi apresentado, aos alunos, o pífano e alguns dados históricos sobre o

instrumento, como: onde surgiu, quais os tipos de pífanos conhecidos, de quais

materiais podem ser fabricados, quais as principais referências musicais deste

instrumento, a presença do pífano no RN e um pouco de minha trajetória

musical até conhecer o pífano;

2) Como fabricar o pífano de PVC? Aqui, demonstrei aos alunos as ferramentas

utilizadas, como manuseá-las e os cuidados a serem tomados. Essa etapa foi

de total importância para que os alunos se conscientizassem do cuidado em

manusear as ferramentas para, assim, evitar qualquer tipo de acidente, já que

alguns materiais são cortantes;

3) Primeiras experiências com marcações e perfurações no cano de PVC:

Nesta etapa, os alunos aprenderam a manusear cada ferramenta na prática ao

fabricarem o bocal para o pífano em um pedaço de cano de PVC de 12

centímetros (geralmente a sobra de material), pois, erros são inevitáveis nesse

primeiro contato. Aprender como posicionar a embocadura para a emissão do

som é fundamental, nessa etapa, através da execução de notas longas

utilizando a semibreve e a mínima.

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IMAGEM 5 - Marcação e perfuração do duto de PVC.

Fonte: autor.

4) Fabricando o pífano de PVC: Depois de passar pelas etapas anteriores, os

alunos iniciaram a fabricação do seu pífano de PVC, obedecendo ao padrão e

as medidas dos pífanos que são fabricados no projeto LIA, utilizados como

modelo nas oficinas. As habilidades adquiridas na luteria dos instrumentos,

foram peça chave para o sucesso da oficina.

IMAGEM 6 - Alunos do 7º ano “A” fabricando o pífano de PVC em sala de aula.

Fonte: autor.

5) Tocando o pífano de PVC: nesse momento, os alunos iniciaram suas

primeiras notas no pífano, mas, infelizmente, essa etapa não pode ser

concluída com êxito devido ao fim do ano letivo.

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IMAGEM 7 - Aluno tocando o pífano de PVC num recital.

Fonte: autor.

4.1 Resultados e discussões

O que se pôde perceber durante as oficinas é que, os alunos, em sua maioria,

estão dispostos a novos desafios, a sair do convencional, a utilizar seu potencial com

coisas construtivas para sua educação. O ato físico de fazer algo, possivelmente os

motivarão a outras práticas em suas vidas pessoais e/ou profissionais. Deve-se

mostrar que todos são capazes e descobrirão novos caminhos a seguir, novas culturas

que possa fazer, futuramente, virar uma tradição. O importante é desviá-los de

caminhos obscuros, como a criminalidade e da cultura do terror que toma conta de

nossa sociedade.

Educação não é apenas passar conhecimento. Conhecimento se passa em todo lugar. O que precisa ser feito na escola é construir personalidades, passar conhecimentos como cultura. Cultura é conhecimento, mas também é feita de valores, crenças, filosofia, ciências, arte, utilização do corpo. Por que não aprendemos a paz na escola? (PARO, 2008).

Alguns alunos demonstraram dificuldade em concluir seus trabalhos, havendo

até desistências. Ao buscar entender o motivo de tais desistências e descobrir quais

os pontos negativos das oficinas que os levaram a desmotivação, não recebi nenhum

tipo de resposta dos alunos. Numa conversa com a professora titular da turma, a

Camila Luna, surgiu um dado preocupante: os alunos que não concluíram a oficina,

também tinham dificuldades em concluir outras atividades em sala de aula,

independente da disciplina, desistindo de seus projetos na primeira dificuldade

encontrada por eles, sem esboçar nenhum esforço e simplesmente dizendo que

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“perderam a paciência” (informação verbal). Isso tem ocorrido em quase todas as

disciplinas, segundo relato dos professores da escola, sempre com os mesmos alunos.

Segundo Gomes e Martins (2016), a desmotivação pode acontecer devido a fatores

escolares na relação entre professor e aluno, também por conta da estrutura física do

espaço onde ocorrem as aulas ou, também, de cunho familiar. O aluno precisa estar

sempre interagindo junto ao professor durante as atividades e expondo seu ponto de

vista, devem existir debates sobre o assunto abordado.

Até o presente momento, decidi não me aprofundado sobre os possíveis fatores

que possam ter desmotivado os alunos durante o período que ministrei as oficinas,

esse ponto precisa ser bem pensado e repensado para a continuidade desse trabalho.

Planejei as oficinas para que o pífano fosse introduzido em sua totalidade no contexto

histórico-cultural, onde mostrei que não se trata apenas de um instrumento musical,

mas, sim, de uma ferramenta cultural.

Houve um balanceamento entre a teoria e a prática durante as oficinas, mas,

provavelmente, a parte teórica tenha se estendido e afetando, assim, a parte prática,

causando cansaço e, possivelmente, desmotivando alguns dos alunos, culminando

nessa “perca de paciência”. As 05 etapas que foram executadas durante as oficinas,

bem pensadas e funcionaram muito bem para a maioria dos alunos, porém, vejo a

necessidade de modificar a ordem cronológica dessas etapas e fundir algumas delas,

transformando-as, no máximo, em 03 etapas, mas, sem excluir conteúdo e

possivelmente, evitando que os alunos percam a paciência.

Para a realização das oficinas de pífanos de PVC, se faz necessário um

investimento mínimo para a compra dos materiais, onde mostramos que, a falta de

dinheiro ou a disponibilidade de poucos recursos, não pode ser um dos fatores que

impeçam a realização de uma aula de musicalização. Isso se dá pela utilização de

ferramentas simples e de fácil acesso aos professores e alunos nas escolas.

Durante a realização das oficinas, acredito que, a ausência de algumas

ferramentas, poderiam ter deixado os encontros mais funcionais em, pelo menos, 80%,

na fabricação dos instrumentos e me refiro às ferramentas industriais como: furadeira,

esmeril, morsa, torno de bancada etc. Talvez, com tais recursos, daríamos mais

praticidade a construção dos pífanos, mas sem deixar de lado, a parte artesanal, para

aqueles que não disponham dessas ferramentas para realização das oficinas. A

dessas novas ferramentas nas oficinas se dá, exclusivamente, para uma melhor

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praticidade do ministrante, evitando que o aluno não conclua seu instrumento por falta

de paciência, já que alguns momentos do processo exigem isso dos alunos.

Ao término das oficinas, tivemos 22 pífanos fabricados, em perfeito estado e

afinados, apenas 05 não foram concluídos e 05 alunos da turma, não puderam

participaram das aulas práticas devido à falta de autorização dos seus responsáveis.

Numa cidade onde a maioria das pessoas possivelmente não sabem o que é

um pífano, iniciou-se uma nova etapa de aprendizagem e de inserção cultural onde,

quem sairá ganhando, em primeiro lugar, é a sociedade.

Por fim, durante todo o processo das oficinas, o que fica é o aprendizado por

ambas as partes (aluno-professor). Como professor e ministrante da oficina, aprendi a

valorizar as habilidades individuais de cada aluno e, durante esse período,

demonstrou-se novas possibilidades para se manusear o pífano de PVC, sobre sua

fabricação e sua execução.

Essa experiência fez com que eu me aproximasse das diversas realidades

enfrentada pelos adolescentes que participaram das oficinas e suas qualidades e

dificuldades. Ficou evidente a necessidade de um novo planejamento para antecipar

a parte prática das oficinas, mas, sem prejudicar todo o contexto cultural a ser inserido.

As oficinas contaram com total apoio dos diretores da escola e da professora Camila

Luna, cedendo seu horário e, isso, foi fundamental para o desenvolvimento da

pesquisa. Ainda existem educadores que acreditam na educação através da cultura e

reconhecem sua importância.

Essa pesquisa demonstra que o pífano de PVC pode ser mais uma ferramenta

para a educação musical em uma escola da rede básica de ensino e a educação,

aconteça através da cultura. Utilizando materiais reciclados e de baixo custo, pode-se

mudar a realidade musical de uma sala de aula, de uma escola ou até mesmo de uma

cidade. Esse trabalho poderá abrir novas possibilidades educacionais utilizando

materiais não convencionais e de fácil acesso ao professor e alunos. O professor de

música, ao assumir esse ambiente educacional, que são as Escolas da Rede Básica

de Ensino, provavelmente irá se deparar com falta de infraestrutura e material

adequado. Cabe ao professor criar novas estratégias ou, também, pesquisar sobre

projetos que utilizem, por exemplo, instrumentos musicais alternativos de baixo custo,

já que é evidente a precariedade de recursos destinados para essas aulas com a

música.

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Evidenciou-se que os alunos estão abertos a novas formas de aprendizagem,

cabe, ao professor, criá-las e experimentá-las em sala de aula, para que, com esta

falta de recursos enfrentado, venha ter novas possibilidades para a mediação no

processo de ensino-aprendizagem.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante os capítulos percorridos neste trabalho, apresentou-se: uma breve

explanação sobre a presença do pífano em vários estados brasileiros, dentre eles, os

estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Brasília, São Paulo e

Ceará, onde destacam-se grandes nomes da cultura popular que atuam como pifeiros.

Evidenciou que, o Rio Grande do Norte, apesar de não está entre os estados

brasileiros com uma forte tradição com o pífano, pode-se encontrá-lo inserido em

algumas cidades das cidades potiguares onde, dentre estas, pode-se considerar o

município Mossoró, como principal lugar onde o pífano se faz presente. Mostrou que,

a cada dia, o pífano vem ocupando espaço como uma ferramenta para a

musicalização, principalmente, através de projetos sociais. A continuidade das oficinas

possibilitará com que o Rio Grande do Norte, futuramente e, possivelmente, fortaleça-

se com a cultura do pífano, cada vez mais divulgando este instrumento nas cidades

de Natal, Nísia Floresta e circunvizinhas.

Apresentou-se o LIA, este, formado por alunos da EMUFRN, meio fundamental

para o desenvolvimento desta pesquisa. No LIA, surgiram todas as vertentes para

esse trabalho. O Laboratório é voltado a atender a falta de recursos encontrados para

o ensino de música, desenvolvendo oficinas de construção de instrumentos musicais

a partir de materiais recicláveis ou de baixo custo, tendo, no pífano de PVC, como seu

principal instrumento desenvolvido.

Além da luteria, o LIA desenvolve pesquisas sobre dissertações, teses e

trabalhos na área de história, organologia e etnomusicologia, referente aos aerofones

e instrumentos de sopro de outras partes do mundo.Esse trabalho de revisão

bibliográfica amplia o conhecimento dos integrantes do Laboratório sobre gama de

possibilidades dentro dessa família de instrumentos. No Capítulo 3, conhecemos a

história do projeto LIA e os principais componentes que colaboraram diretamente com

o projeto, tendo o músico Carlos Zens, como um dos principais colaboradores e

influenciadores do projeto. O Prof. Dr. Raphael Lacerda, é o fundador e principal

colaborador do projeto. A partir do LIA, surge o grupo musical UFRPIFANOS, que se

apresentou em eventos culturais importantes para a comunidade acadêmica, levando,

para a sociedade, a cultura do pífano com um repertório típico do pífano,

principalmente, o nordestino. O LIA possibilitou a realização de oficinas fora da

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EMUFRN, relatado no Capítulo 3 deste trabalho (3.1. A oficina de experimentação e

construção do pífano de PVC: a criatividade em prol do Ensino da Música), um

minicurso realizado dentro da XXIII edição da CIENTEC/UFRN.

As oficinas de construção de pífano de PVC, realizadas na Escola Municipal

Yayá Paiva, na turma “A” do 7° ano, na cidade de Nísia Floresta/RN e durante as aulas

de música da Profa. Ma. Camila Luna. Apresentou como se deu as oficinas e como os

alunos interagiram, os tipos de materiais utilizados a metodologia aplicada e as

dificuldades encontradas em relação à aplicação da oficina, comprovando que é

possível utilizar o pífano de PVC como ferramenta de musicalização. Poderá atender

a demanda encontrada na rede pública de ensino, onde os (as) professores (as) de

música, em sua maioria, não encontram uma estrutura mínima para a realização de

suas aulas. O pífano de PVC pode muito bem preencher essa lacuna, suprindo a falta

de recurso para adquirir instrumentos musicais, ao mesmo tempo, estará fazendo o

resgate da cultura popular tão comum na maioria dos estados do nordeste.

Esse trabalho mostrou a importância de novas ferramentas para o ensino de

música em escolas da rede básica de ensino do Rio Grande do Norte, tendo o pífano

de PVC como um potencial instrumento para a musicalização. Mostra que o pífano se

faz presente na cultura do Rio Grande do Norte e deve ser potencializado nas escolas,

trabalhando o ensino de música através do empoderamento cultural e resgatando essa

vertente de nossa cultura. Mediante as dificuldades encontradas ao ministrar aulas de

música na rede pública, o pífano de PVC também é uma excelente solução para

problemas orçamentários das escolas/instituições.

Destaco, aqui, a importância do grupo de alunos que formam o projeto LIA.

Essa união, possibilitou que os estudantes da EMUFRN conhecessem mais de perto

essa vertente de nossa cultura e começassem a valorizar ainda mais as riquezas

culturais do nosso Rio Grande do Norte.

Pretendo ampliar essa pesquisa, realizando novas oficinas na rede básica de

ensino, realizando cursos em projetos sociais, ampliar a valorização dos artistas da

cultura popular que tocam pífano no Rio Grande do Norte e criar métodos que facilitem

a execução do pífano e sua construção de maneira fácil e acessível a todos.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Fluxograma sobre Projeto LIA

Fluxograma sobre o Projeto LIA e seus produtos

Fonte: autor.

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APÊNDICE B – Lista de materiais para as oficinas de pífano

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APÊNDICE C – Declaração do responsável autorizando a participação nas

oficinas

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APÊNDICE D - Laboratório de Instrumentos Artesanais (LIA)

Fonte: autor.

Fonte: autor.

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Fonte: autor.

Fonte: autor.

Fonte: autor.

Fonte: página Facebook do projeto LIA.

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APÊNDICE E - Apresentações culturais do UFRPÍFANOS

Fonte: autor.

Fonte: autor.

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Fonte: autor.

Fonte: autor.

Fonte: autor.

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APÊNDICE F - MODELO DESENVOLVIDO DURANTE A PESQUISA

Fonte: autor.