universidade federal do rio grande do norte … · de aula, compreendendo o significado de brincar...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
JENNIFAN LARISSA ANTONINO DA SILVA
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
NATAL - RN
2015.2
JENNIFAN LARISSA ANTONINO DA SILVA
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Prof. Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo.
NATAL - RN
2015.2
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Silva, Jennifan Larissa Antonino da.
A importância do brincar para o desenvolvimento das crianças da educação infantil/ Jennifan Larissa Antonino da Silva. - Natal, RN, 2015. 60f.
Orientador (a): Profa. Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo. Monografia (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Educação. Departamento de Educação.
1. Educação Infantil - Monografia. 2. Desenvolvimento infantil – Brincadeiras – Monografia. 3. Aprendizagem – Monografia. I. Araújo, Jacyene Melo de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 373.22
JENNIFAN LARISSA ANTONINO DA SILVA
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia.
Natal/RN: 06 de dezembro de 2015.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Orientador: Profa. Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo
Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação
Centro de Educação - UFRN
___________________________________________________________________
Avaliador: Profa. Msc.ª Ivone Priscilla de Castro Ramalho
Departamento de Práticas Educacionais e Currículo
Centro de Educação – UFRN
___________________________________________________________________
Avaliador: Profa. Dra. Giane Bezerra Vieira
Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação
Centro de Educação - UFRN
Dedico este trabalho aos meus pais Ronilson Gomes da Silva e Vera Lúcia Antonino da Silva, meu irmão Thavyson Levyson Antonino da Silva e meu esposo José Pereira do Nascimento Neto, pessoas essenciais em minha vida. As minhas avós Maria Franco e Maria de Lourdes Gomes da Silva e em especial meu avô Rivaldo Paulo Gomes que sempre me aconselhou e acreditou em meu potencial.
AGRADECIMENTOS
Foram muitas alegrias e tristezas, muitos obstáculos vencidos durante o
curso, porém, não teria conseguido se não fosse o apoio de algumas pessoas.
Deixo meus agradecimentos:
A Deus, por ter me guiado e me dado força para vencer nos momentos
difíceis.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, por me conceder a
oportunidade de realizar o curso.
A orientadora Profa. Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo que me ensinou e
ajudou bastante para a realização do trabalho.
A meu esposo José Pereira do Nascimento Neto que me apoiou bastante
durante todo o curso.
Aos meus pais Ronilson Gomes da Silva e Vera Lúcia Antonino da Silva, e
meu irmão Thavyson Levyson Antonino da Silva.
Aos meus colegas e amigos de classe em especial, Anna Mykellena, Bruna
Cristina, Jocileide Costa e Kainara Francleide por termos juntas passado por
momentos de dificuldades e alegrias que o curso nos proporcionou.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
RESUMO
O presente trabalho visa realizar uma análise acerca da importância do brincar na Educação Infantil. O objetivo central do estudo é analisar e refletir sobre as contribuições do brincar para o desenvolvimento das crianças da Educação Infantil e qual a importância que os professores dão para este momento no cotidiano em sala de aula, compreendendo o significado de brincar e o universo lúdico, que as crianças utilizam nas brincadeiras. Para tanto foi realizada uma pesquisa em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) do município de Natal/RN, com o intuito de analisar como se dá o momento da brincadeira na escola de educação infantil diante da atuação dos professores. Com base na abordagem qualitativa de pesquisa, o estudo foi realizado por meio de observações em salas dos níveis III e IV e aplicação de questionários com professores destes níveis, instrumentos de pesquisa essenciais para analisar e relacionar a teoria com a prática, o que os autores falam a respeito da brincadeira e o que foi percebido na realidade escolar sobre: como os professores da Educação Infantil vêm trabalhando com a brincadeira durante sua prática pedagógica e quais suas consequências e contribuições para o processo de ensino e aprendizagem. Por meio da pesquisa realizada, percebi que o brincar está presente no cotidiano da escola de Educação Infantil, e por meio dele, as crianças encontram a oportunidade de se expressar, imaginar, aprender e se desenvolver, então, assim como a escola, os professores também estão cientes da importância dessa atividade para o desenvolvimento dos seus alunos. Portanto, a escola deve proporcionar as crianças, espaços e tempos para que o brincar aconteça, proporcionando a aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento físico e intelectual. É importante a reflexão do professor sobre sua própria prática pedagógica por meio da formação continuada, atualizando seus conhecimentos sobre a ludicidade, abrindo-se para estratégias que reconheçam a significância dessa atividade no processo de ensino-aprendizagem.
PALAVRAS–CHAVE: Aprendizagem. Brincar. Desenvolvimento. Educação Infantil.
ABSTRACT
The present work aims to carry out an analysis on the importance of play in early childhood education. The main objective of the study is to analyze and reflect on the contributions of play for children's development of early childhood education and how important that teachers give to this moment in the daily in the classroom, understanding the meaning of play and the playful universe, that children use in games. To this end was held a search in a Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) of the municipality of Natal/RN, in order to analyze how the moment in the school of early childhood education on teachers ' performance. Based on qualitative research approach, the study was carried out through observations in levels III and IV and questionnaires with teachers of these levels, essential research tools to analyze and correlate the theory with practice, the authors talk about the game and what was perceived in reality about : how early childhood teachers have been working with the joke during his pedagogical practice and what their effects and contributions to the teaching and learning process. Through the survey, realized that the play is present in the daily life of the school of early childhood education, and through him, the children are given the opportunity to express themselves, imagine, learn and develop, so, as well as the school, the teachers are also aware of the importance of this activity for the development of their students. Therefore, the school must provide children, spaces and times for which the play happen, providing the acquisition of new knowledge and physical and intellectual development. It is important to teacher reflection about their own pedagogical practice through continuing education, upgrading their knowledge about playfulness, opening for strategies that recognize the significance of this activity in the teaching-learning process.
Keywords: Learning. Play. Development. Early Childhood Education.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Espaço externo das salas de aula. Fonte: Acervo da pesquisadora. .......... 31
Figura 2: Espaço externo das salas de aula. Fonte: Acervo da pesquisadora. .......... 31
Figura 3: Brinquedoteca. Fonte: Acervo da Pesquisadora. ............................................ 32
Figura 4: Parque. Fonte: Acervo da pesquisadora. ......................................................... 32
Figura 5: Turma do nível III brincando com legos. Fonte: Acervo da pesquisadora. . 34
Figura 6: Turma do nível III brincando de quebra-cabeça. Fonte: Acervo da
pesquisadora. ......................................................................................................................... 34
Figura 7: Turma do nível IV brincando de velocípede. Fonte: Acervo da
pesquisadora. ......................................................................................................................... 37
Figura 8: Turma nível IV brincando de circuito. Fonte: Acervo da pesquisadora. ...... 37
Figura 9: Professora do nível III interagindo com seus alunos na brincadeira de com
tapete de letras. Fonte: Acervo da pesquisadora. ............................................................ 38
Figura 10: Professora do nível IV interagindo com seus alunos na brincadeira de
com tapete de letras. Fonte: Acervo da pesquisadora. ................................................... 39
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Respostas das professoras do CMEI, questão número 01, 2015. ........... 40
Quadro 2: Respostas das professoras do CMEI, questão número 02, 2015. ........... 40
Quadro 3: Respostas das professoras do CMEI, questão número 03, 2015. ........... 41
Quadro 4: Respostas das professoras do CMEI, questão número 04, 2015. ........... 42
Quadro 5: Respostas das professoras do CMEI, questão número 05, 2015. ........... 42
Quadro 6: Respostas das professoras do CMEI, questão número 06, 2015. ........... 43
Quadro 7: Respostas das professoras do CMEI, questão número 07, 2015. ........... 44
Quadro 8: Respostas das professoras do CMEI, questão número 08, 2015. ........... 44
Quadro 9: Respostas das professoras do CMEI, questão número 09, 2015. ........... 45
Quadro 10: Respostas das professoras do CMEI, questão número 10, 2015. ......... 46
Quadro 11: Respostas das professoras do CMEI, questão número 11, 2015. ......... 47
Quadro 12: Respostas das professoras do CMEI, questão número 12, 2015. ......... 48
Quadro 13: Respostas das professoras do CMEI, questão número 13, 2015. ......... 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CMEI - Centro Municipal de Educação Infantil...........................................................13
RN - Rio Grande do Norte..........................................................................................13
ASG - Auxiliar de serviços gerais..............................................................................15
RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil........................................................................................................................19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2 O BRINCAR COMO UM DIREITO ..................................................................... 16
3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL POR MEIO DA BRINCADEIRA ................... 23
4 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL .... 30
4.1 O BRINCAR NO COTIDIANO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL ..... 30
4.2 O BRINCAR NA PERSPECTIVA DE EDUCADORAS INFANTIS ................ 39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 52
APÊNDICE A ............................................................................................................. 54
APÊNDICE B ............................................................................................................. 56
ANEXO ...................................................................................................................... 59
13
1 INTRODUÇÃO
Brincar é uma atividade realizada cotidianamente pelas crianças, as quais não
a veem como uma obrigação, mas a realizam com alegria, prazer e dedicação. Por
meio dela podem desenvolver vários aspectos essenciais para sua vida em
sociedade, como por exemplo, a linguagem, imaginação, coordenação motora,
interação, autonomia, criatividade, entre outros. De acordo com Estácio (2011, p. 74)
É na infância também que, através do brinquedo a criança se estrutura nas dimensões física, psíquica, biológica, social, cultural e histórica e estabelece relações com seu entorno, cria vínculos, aprende a respeitar regras, se socializa nas mais diversificadas classes sociais.
Através do brincar as crianças aprendem regras, que são construídas
individualmente ou em grupo, aprendem a resolver conflitos/problemas e levantar
hipóteses, demonstrando e defendendo sua opinião. E a educação infantil é um
período fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Sendo assim, o objetivo central do estudo é analisar e refletir sobre as
contribuições do brincar para o desenvolvimento das crianças da Educação Infantil e
qual a importância que os professores dão para este momento no cotidiano em sala
de aula.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa em um Centro Municipal de Educação
Infantil (CMEI), localizado na Zona Norte da cidade do Natal/RN, com o intuito de
analisar como se dá o momento da brincadeira, realizando observações em salas
dos níveis III e IV e aplicação de questionários com as professoras destas turmas,
instrumentos de pesquisa essenciais para analisar, refletir e relacionar a teoria com
a prática, ou seja, o que os autores/teóricos falam sobre o brincar e o que foi
vivenciado na realidade escolar, sobre como os professores da Educação Infantil
vem trabalhando com a brincadeira durante sua prática pedagógica e quais suas
consequências e contribuições para o processo de ensino e aprendizagem.
A pesquisa foi realizada com base na abordagem qualitativa de pesquisa.
Kauark, Manhães e Medeiros (2010 p.26) falam que, na pesquisa qualitativa, “[...] o
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento-chave”, deste modo, busquei explicar a importância da brincadeira para
14
as crianças da Educação Infantil, fazendo com que os professores reflitam sobre sua
prática pedagógica e planejem melhor as atividades com brincadeiras, propiciando e
facilitando o desenvolvimento dos seus alunos.
Foram realizadas observações da rotina das turmas dos níveis III e IV e dos
espaços que a escola disponibiliza para o brincar, como por exemplo,
brinquedoteca, salas de aula e parque. A observação realizada foi a não
participante, para que não interferisse no resultado da pesquisa, segundo Kauark,
Manhães e Medeiros (2010, p.62) “[...] é aquela em que o observador permanece
fora da realidade a ser estudada, sendo apenas espectador, não interferindo ou se
envolvendo na situação”. A pesquisa foi realizada também por meio de aplicação de
questionário com as professoras das turmas observadas, de acordo com Kauark,
Manhães e Medeiros (2010, p.58) “[...] é um instrumento de coleta de dados”, com o
intuito de entender o que as professoras pensam e sabem sobre a importância do
brincar.
A pesquisa, também, é de natureza bibliográfica, Kauark, Manhães e
Medeiros (2010, p.28) afirmam que “[...] é uma pesquisa elaborada por meio de
materiais publicados, constituídos de livros, artigos e materiais disponibilizados na
internet”. Esta pesquisa é importante para a análise os resultados da pesquisa
relacionando teoria e prática, ou seja, o que foi observado com o que os autores
pensam sobre o brincar na Educação Infantil. Dessa forma, busquei entender de que
forma o brincar está sendo utilizado na escola.
É importante estudar esse tema para que os professores possam refletir
sobre sua prática pedagógica, passando a ver a brincadeira como uma atividade que
pode ser utilizada para desenvolvimento das crianças das escolas de Educação
Infantil.
É por meio do lúdico que as crianças começam a desenvolver várias
habilidades, contudo, é importante se questionar: O ato de brincar auxilia no
desenvolvimento das crianças? Como os educadores infantis estão agindo no
momento da brincadeira de seus alunos? O professor está mediando as
brincadeiras, ou deixando apenas como um momento livre para preencher o tempo?
O CMEI utilizado para a pesquisa de campo, é uma instituição pública de
ensino infantil, reinaugurada recentemente, no ano de 2014, depois da realização de
uma reforma que era esperada há alguns anos; no período da reforma a escola
funcionava em uma casa adaptada. Segundo funcionários, desde o ano de 2002 a
15
instituição atua com a Educação Infantil no bairro, sendo antes uma creche
particular, somente no ano de 2009, passou a ser uma instituição pública, atendendo
a comunidade local e vizinhança, trabalhando com os diferentes níveis da Educação
Infantil: do berçário II ao nível II em tempo integral, e os níveis III e IV em tempo
parcial, nos horários da manhã e tarde.
O ambiente é bem espaçoso e aconchegante, com 9 (nove) salas de aula,
sendo 2 (duas) salas de berçário, com 1 banheiro em cada sala, 4 (quatro)
banheiros para professores, gestores e funcionários, 2 (dois) refeitórios, sala de
direção, sala de professores, sala da secretaria, depósito de materiais, depósito de
merenda, cozinha, brinquedoteca, biblioteca e parque, além de um amplo espaço
externo em frente as salas de aula, com a utilização de brinquedos/parque de
plástico.
A gestão da escola é formada pela diretora, vice-diretora e duas
coordenadoras, atuando uma pela manhã e outra à tarde. A equipe de professores
constitui-se por 18 (dezoito) professoras e 16 (dezesseis) estagiárias. O quadro de
funcionários é composto por 3 (três) secretárias, 6 (seis) vigilantes, 6 (seis)
cozinheiras e 6 (seis) ASG’s.
O CMEI é bem grande e iluminado, e possui vários espaços destinados ao
brincar, uma vez que atende somente ao publico da Educação Infantil e o brincar é
fundamental para este período da criança.
16
2 O BRINCAR COMO UM DIREITO
Toda criança gosta de brincar. Para elas, essa é uma atividade prazerosa,
divertida, empolgante, uma distração, realizada com muita alegria, e não por
obrigação. Por meio dela, a criança encontra um momento e uma oportunidade para
expressar seus desejos e sentimentos sobre o mundo. Para a criança, brincar é uma
forma de pensar, é onde ela encontra espaço para experimentar, explorar e
investigar o mundo, possibilitando assim, a construção e aquisição do conhecimento.
Para Estácio (2011, p. 19)
Brincando, a criança aprende a ser, se humaniza, subjetiva seus desejos, comunica, situa-se e é situada pelo outro, apropria-se do seu fazer, agindo, atuando e construindo suas aprendizagens no ambiente no qual ela está inserida.
Brincando ela se encontra no mundo, aprendendo coisas novas e
experimentando todas as suas possibilidades, sempre buscando ir além a cada nova
brincadeira. Dessa forma, brincando e repetindo a brincadeira a criança saboreia e
adquire um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar (CRAIDY e
KAERCHER, 2001).
Ao longo de experiências na educação infantil, percebi que um dos momentos
mais esperados pelas crianças na rotina escolar é o da brincadeira, seja no parque,
na brinquedoteca ou em sala de aula, chegando a ficar bastante ansiosos e
empolgados, ou seja, eles brincam por prazer e porque gostam, por isso, é
importante que haja esse momento no cotidiano da escola, para que as crianças
aprendam de uma maneira mais dinâmica e divertida, desenvolvendo vários
aspectos necessários para sua formação como cidadãos.
Fica claro que, é papel do professor, planejar e realizar atividades
direcionadas, entretanto, nem sempre a brincadeira deve ser dirigida, mas também,
deve ser deixada como um momento de livre escolha dos alunos, para que
aprendam a ter autonomia e tomar decisões. E a partir da escolha deles, o professor
pode analisar e traçar objetivos a serem alcançados.
É importante também a intervenção do professor em alguns momentos,
interagindo com seus alunos, disponibilizando materiais para auxiliar na brincadeira,
17
contribuindo assim, no processo de ensino-aprendizagem. Como afirmam Craidy e
Kaercher (2001, p. 31) “A perspectiva teórica do sociointeracionismo destaca o papel
do adulto frente ao desenvolvimento infantil, cabendo-lhe proporcionar experiências
diversificadas e enriquecedoras”. Por isso, o professor assume o papel de
mediatizador entre a brincadeira, o conhecimento e o aluno.
Pode-se afirmar então, que o adulto assume um papel muito importante para
o desenvolvimento da criança, e tanto os professores como também os pais e/ou
responsáveis devem estar cientes desse papel para o processo de desenvolvimento
das crianças.
Observei também, nas escolas de Educação Infantil, que algumas crianças
que se mostravam mais retraídas e tímidas, não participando da roda de conversa,
das músicas e atividades, ou seja, os alunos mais calados que não queriam
participar da rotina, quando iniciava o momento da brincadeira, seja livre ou
direcionada, encontravam uma oportunidade para se comunicar, interagir e
expressar seus pensamentos, algumas crianças até chegando a brincar de
professor, brincando com a rotina de sua escola, imitando sua professora e colegas
de classe, expressando seus sentimentos e desejos, interagindo e dialogando com
os outros colegas.
Craidy e Kaercher (2001, p. 30) ressaltam sobre a importância da imitação
para o desenvolvimento das crianças de acordo com as teorias de Vygotsky.
Segundo as autoras:
Para Vygotsky a imitação é uma situação muito utilizada pelas crianças, porém não deve ser entendida como mera copia de um modelo, mas uma reconstrução individual daquilo que é observado nos outros.
Desta forma, as crianças brincam imitando o adulto, os animais e até mesmo
outras crianças, como por exemplo seus irmãos mais novos (bebês), um ensinando
e aprendendo com o outro, como afirmam Craidy e Kaercher (2001, p. 30) “Crianças
também aprendem com crianças”. As brincadeiras são estimulantes, proporcionando
o desenvolvimento social, individual, afetivo e cognitivo da criança. Brincando, a
criança se diverte, mas também, se desenvolve e se humaniza, ao ter contato com o
outro, com o meio em que vive e com sua cultura, tornando-se sujeito ativo e
participativo da sociedade.
18
O ato de brincar é um direito de toda criança, que está assegurado pelo Artigo
31 da Convenção dos Direitos da Criança, garantindo o direito da criança ao
descanso, lazer, brincar, e à participação na vida em sociedade.
Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística.
(Convenção dos Direitos da Criança, Artigo 31, 1990)
Dessa forma, o brincar um direito garantido e assegurado da criança, como
também afirma Barros (2009, p. 25) “Brincar faz parte dos direitos da infância, que
assim como os direitos a saúde, alimentação e educação, o brincar faz parte dos
seus direitos e deve ser proporcionado à criança diariamente, tanto em casa, como
na escola”. Sendo assim, brincando a criança está exercendo seu direito.
No entanto, muitas pessoas não tem conhecimento sobre o brincar como um
direito da criança, principalmente os pais, que percebem esse momento apenas
como um passatempo, uma distração, e muitos não aprovam usar o tempo da
escola para esta atividade. Por isso é importante que o professor, juntamente com a
escola, aborde e conscientize os pais, nas reuniões escolares, sobre a importância
de tal atividade para o desenvolvimento dos seus filhos, tanto na escola como em
suas residências, envolvendo os pais nesse processo de ensino-aprendizagem.
Outro fato que também ocorre, é que muitas crianças tem a oportunidade de
brincar somente na escola, muitas vezes por não ter com quem brincar em casa, e
ainda seus pais ou responsáveis não darem o devido valor para essa atividade,
entretendo as crianças com televisão, tarefas domésticas ou realizando outras
atividades, como, aulas de reforço, de língua estrangeira, esporte, etc. Assim, é
importante que os pais e a escola possibilitem e oportunizem tempo e espaço para o
brincar no cotidiano da criança. De acordo com Estácio (2011, p. 46)
[...] o brincar, desde muito cedo, era visto como uma atividade importante e necessária para a formação da criança; no entanto, a despeito dessa importância, era colocado em segundo plano. Atualmente o brincar volta a ser valorizado, ressaltando sua importância e assegurando seu espaço na vida das crianças.
De fato, brincar é uma distração, um divertimento, realizado sem nenhuma
obrigação, mas de uma forma espontânea. Entretanto, atualmente, tem sido vista
19
como uma atividade séria, que tem sido alvo de muitos estudiosos. Quando falo em
criança penso logo em brincar, é um ato que já acompanha a infância por muitos
tempos, onde por meio dela, a criança tem a oportunidade de se reconhecer no
mundo. Segundo Craidy e Kaercher (2001, p. 104)
Através do brincar a criança experimenta, organiza-se, regula-se, constrói normas para si e para o outro. Ela cria e recria, a cada nova brincadeira, o mundo que a cerca. O brincar é uma forma de linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o outro, com o mundo.
Como já foi dito, a criança aprende a partir de um direito que é seu, e se
diverte ao mesmo tempo. Brincar é uma atividade prazerosa presente no cotidiano
das crianças, onde ao mesmo tempo em que ela se diverte, está aprendendo e se
desenvolvendo. Brincar é um aprendizado, quanto mais se brinca, mas se aprende,
e brincando a criança também aprende a brincar, tendo a oportunidade de aprender
de uma forma mais dinâmica e divertida, modificando, recriando e explorando suas
possibilidades.
Ao mesmo tempo em que se divertem, as crianças estão adquirindo
conhecimentos e se desenvolvendo. Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 2, p. 22)
“Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e
da autonomia”. Quando brincam, tem a oportunidade de se expressar e se descobrir,
percebendo-se como cidadão integrante da sociedade. Descobrem o mundo, seus
limites e possibilidades, exercendo sua autonomia e descobrindo sua identidade. No
RCNEI (BRASIL,1998, vol. 1, p. 13) estão definidos alguns princípios a serem
considerados para o exercício da cidadania das crianças de zero a seis anos de
idade, dentre eles está “O direito das crianças a brincar, como forma particular de
expressão, pensamento, interação e comunicação infantil”. Ao brincar a criança faz
uma distinção entre a brincadeira e a realidade, de acordo com o RCNEI (BRASIL,
1998, vol. 1, p. 27)
[...] é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda
20
brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada.
Desse modo, brincando, a criança expressa o que sente e pensa sobre o
mundo, conhece sua cultura e sua realidade, tomando suas próprias decisões e
fazendo suas escolhas, desenvolvendo então, a autonomia e conhecendo sua
identidade. Tudo vira uma brincadeira, e objetos que nunca imaginei que poderia ter
alguma utilidade, nas mãos das crianças, viram brinquedos. Elas levam a sério as
regras das brincadeiras, e uma situação comum do dia a dia, como por exemplo, a
mãe cuidar do seu filho, o pai sair para trabalhar, os filhos irem para a escola e etc.,
na brincadeira torna-se uma regra que tem que ser seguida por todos. Como afirma
Oliveira (2010, p. 69) “O que na vida real é natural e passa despercebido, na
brincadeira torna-se regra e contribui para que a criança entenda o universo
particular dos diversos papéis que desempenha”.
O brincar é uma linguagem não verbal que a criança tem o domínio, e através
dela, tem a oportunidade de elaborar e reelaborar, de dar significado e criar, enfim,
brincando ela se comunica com o outro e com o mundo. A brincadeira é uma
linguagem das crianças, que não precisam especificamente de uma língua falada
para se comunicar, mas se comunicam por meio de gestos, atitudes, organização,
etc., interagindo e se comunicando um com o outro. Ao brincar a criança expressa
toda possibilidade de estar no mundo.
Vygotsky, também fala sobre a importância do brincar para o desenvolvimento
infantil, fazendo referência à brincadeira faz-de-conta, como por exemplo, brincar de
casinha, de escolinha, de hospital, super-herói, etc., fazendo referência também a
outros tipos de brincadeiras, mas o faz-de-conta é privilegiado em sua discussão
sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento infantil (OLIVEIRA, 2010). No
momento em que a criança está brincando de faz-de-conta, está fazendo uma
relação do seu cotidiano com o que está sendo vivenciado na brincadeira,
obedecendo a regras e solucionando possíveis conflitos que possam surgir.
Vygotsky defende que o desenvolvimento ocorre por meio da Zona de
Desenvolvimento Proximal, e ressalta a importância da interação social para o
processo de desenvolvimento. Ele define zona de desenvolvimento proximal como:
[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar por meio da solução independente de
21
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado por meio da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
(VYGOTSKY apud OLIVEIRA 2010, p. 62)
Ainda segundo Vygotsky o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento
proximal na criança influenciando em seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2010). Ao
brincar, a criança está interagindo com o outro, seja adulto, ou colegas mais
experientes, que vão auxiliar a solucionar problemas e seguir regras, fazendo com
que, futuramente, a criança passe a realizar suas ações sozinha, tornando-se
autônoma e independente. Sendo assim, segundo Oliveira (2010, p. 62)
A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real.
Por meio de brinquedos ou brincadeiras, as crianças interagem e se
conhecem, utilizando a linguagem para a comunicação verbal. Vygotsky fala sobre a
importância de brincar, como um sistema simbólico, que proporciona o
desenvolvimento da linguagem e do pensamento. A relação entre os indivíduos é
mediada por sistemas simbólicos, em que a linguagem ocupa um papel central,
possibilitando intercâmbio e abstraindo e generalizando o pensamento (CRAIDY e
KAERCHER, 2001).
Brincar é uma fonte de estimulação muito importante para o processo de
desenvolvimento e crescimento pessoal da criança. A estimulação ocorre por meio
da exploração das possibilidades que a criança possui na relação com o outro e com
o meio social, revelando assim, suas habilidades, sua criatividade e imaginação.
Quando brinca, a criança deixa fluir a sua liberdade de criação (WINNICOTT, 1975).
O brincar é uma atividade livre, voluntária e prazerosa. Uma atividade que a
criança tem o direito, e deve ser respeitado. Um jeito de existir, onde as crianças
descobrem o mundo por meio da curiosidade, experimentando as coisas e sendo as
coisas, usando todas as suas possibilidades do mundo, do seu corpo, e percebendo
seus limites, até onde pode chegar.
Se a escola não disponibiliza materiais e recursos para que a criança possa
utilizar, está limitando a construção do conhecimento de si, do outro e do mundo,
pois com materiais a disposição da criança para que a brincadeira aconteça, ela
22
experimenta várias possibilidades, chegando a utilizar um determinado objeto de
várias formas diferentes, estimulando assim, o pensamento para construir e
reconstruir objetos para brincar, como por exemplo, uma caixa de papelão, um dia
pode ser uma casa, outro dia um carro e em outro uma nave especial, a criança
quem vai determinar o significado do objeto e sua utilidade para sua brincadeira. O
importante não é o que o objeto representa, mas o que a criança faz ele significar na
brincadeira. De acordo com Carvalho, Salles, Guimarães, Debortoli (2005, p. 19)
[...] para a criança, qualquer objeto pode se tornar um brinquedo. Ela tem em si mesma um impulso que a faz querer brincar, que a faz dar novos significados as coisas materiais e imateriais. E uma das mais importantes maneiras que ela tem de se relacionar com o mundo, para, assim, apreendê-lo e compreendê-lo, é o brincar.
Por isso, é importante o contato da criança com diversos materiais, não só
brinquedos em si, mas objetos do seu cotidiano, encontrados até mesmo em suas
próprias casas, como, garrafas, tampinhas, papelão, panela, vassoura, etc., enfim,
objetos comuns ao ver dos adultos, que para a criança pode ter um grande
significado.
Brincando a criança tem a oportunidade de interagir com o outro, tornando a
brincadeira bem mais divertida. Segundo Estácio (2011, p. 67) “Brincar promove a
socialização na infância, pois é muito mais divertido e prazeroso brincar em grupo”.
Ao brincar em grupo, as crianças discutem estratégias, constroem e desconstroem
regras para que a brincadeira possa acontecer, e ao mesmo tempo em que
constroem a brincadeira, estão aprendendo e se desenvolvendo. Uma criança não
brinca, ela se constrói, se sentindo realizada ao brincar.
Sendo assim, finalizo este tópico, ressaltando que o brincar, é um direito da
criança, que deve ser proporcionado cotidianamente em ambientes adequados e
seguros, tornando-se uma atividade prazerosa e divertida, mas ao mesmo tempo,
proporcionando possibilidades para a aprendizagem e aquisição de novos
conhecimentos, interagindo com o outro e com o meio social em que está inserido.
23
3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL POR MEIO DA BRINCADEIRA
Na Educação Infantil, o brincar é fundamental para o desenvolvimento da
criança nos aspectos físico, cultural, emocional, social, afetivo e cognitivo. Então
cabe ao professor planejar e possibilitar momentos de brincadeiras para seus
alunos. Segundo Estácio (2011, p. 27) “[...] torna-se imprescindível oportunizar a
criança possibilidades para vivenciar o brincar no contexto escolar, pois, quando
brinca, a criança coloca em jogo os recursos cognitivos que adquiriu”.
Ao brincar, a criança adquire estratégias para vários tipos de aprendizagens
necessárias para participação na escola. A criança que brinca em liberdade,
podendo tomar suas próprias decisões e utilizar seus próprios recursos na resolução
de problemas, desenvolverá habilidades para aprender a ler, escrever, contar,
relacionar, etc., por meio das situações vivenciadas na brincadeira (ESTÁCIO,
2011).
A criança brinca em diversos momentos do seu cotidiano, é um processo
natural dessa fase, estejam onde estiver, em casa, na escola, ou em outros lugares
que frequentam. É na brincadeira que ocorre o processo de humanização, onde a
criança aprende a conciliar de forma efetiva, a afirmação de si própria a vínculos
afetivos duradouros (OLIVEIRA, 2000). Sendo assim, as crianças também aprendem
brincando, interagindo e ampliando suas experiências para a formação de sua
identidade.
Ainda convém lembrar que, brincar faz parte da rotina diária da criança, e na
escola não deve ser diferente, é preciso que o professor planeje atividades com
brinquedos e brincadeiras sendo o mediador entre a criança e o brincar. Para Barros
(2009, p.25) “O educador deve mediar essas atividades proporcionando novas
experiências entre as crianças e o mundo”. Essa mediação, não ocorre somente
quando planeja ou disponibiliza no momento das aulas, brinquedos para os alunos,
mas em todo um conjunto de organização do espaço, planejamento, tempo e
materiais disponibilizados. Para Navarro e Prodócimo (2012)
Devemos entender que a mediação não acontece apenas quando o professor interfere diretamente numa atividade, mas a sua presença, a organização do espaço, dos objetos e dos horários são também exemplos de mediação.
24
Por meio da brincadeira a criança desenvolve várias capacidades importantes
para seu aprendizado e desenvolvimento, como a imaginação, cumprimento de
regras, atenção, estimulação da memória, imitação, motricidade, afetividade,
inteligência, criatividade e interação social. O RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 1, p. 28),
também nos fala sobre a importância desta atividade para o desenvolvimento da
criança, quando afirma que:
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes encontram-se, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações.
Dessa forma, desde cedo, a criança se comunica, através de gestos, sons e
com o passar do tempo, passa a se comunicar, também, por meio da brincadeira,
segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 2, p. 22) “brincando as crianças desenvolvem
algumas capacidades importantes, como, a atenção, a imitação, a memória, a
imaginação, amadurecendo também algumas capacidades de socialização, por meio
da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais”.
Sendo o brincar uma atividade muito importante no período da infância, é
preciso que a escola proporcione espaços e momentos para que seja realizada
cotidianamente, tanto como uma atividade livre, ou como uma atividade direcionada.
Oliveira (2010, p. 69) também ressalta a importância da escola utilizar a brincadeira
para o processo de aprendizagem dos alunos, segundo ele:
[...] a promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida função pedagógica. A escola e, particularmente, a educação infantil poderiam se utilizar deliberadamente desse tipo de situações para atuar no processo de desenvolvimento das crianças.
25
É fundamental a escola se organizar para que possa proporcionar aos seus
alunos um bom espaço, amplo e bem estruturado para que as brincadeiras
aconteçam de forma mais dinâmica, e o professor, em seu planejamento, deve
disponibilizar tempo para o brincar, não só na sala de aula, mas, em diferentes
lugares da escola. Segundo Craidy e Kaercher (2001, p. 67)
É importante que o educador observe o que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação.
Sendo assim, é essencial que professores juntamente com a gestão da
escola, pensem e organizem a instituição de ensino para acolher seus alunos de
forma a proporcionar e contribuir para um melhor desenvolvimento e aprendizado
por meio do brincar. O professor tem um papel fundamental no desenvolvimento dos
seus alunos, como afirmam Carvalho, Salles, Guimarães, Debortoli (2005, p. 86)
[...] sua habilidade consiste em possibilitar às crianças, nas brincadeiras, o desenvolvimento de sua imaginação e, ao mesmo tempo, a construção da consciência sobre a realidade e a vivência da possibilidade de modificá-la de acordo com seus interesses afetivos, cognitivos, suas experiências e seus conhecimentos.
O professor deve possibilitar aos seus alunos, de acordo com a realidade
deles, recursos e atividades para o desenvolvimento e aprendizagem, e o brincar é
crucial para que os alunos, principalmente da educação infantil, aprendam e se
desenvolvam.
O lugar em que a criança está inserida interfere no comportamento e no modo
de brincar, pois quando brinca, está interagindo socialmente, sendo assim, a
brincadeira se desenvolve no ambiente cultural, e a criança apropria-se de valores,
conhecimentos, hábitos e costumes do seu grupo social. Por meio da interação
social, seja com o outro ou com os diversos objetos e elementos do ambiente em
que vive, proporciona matéria-prima para o desenvolvimento psicológico do
indivíduo (OLIVEIRA, 2010).
Brincando ela descobre e aprende como funciona a sociedade, através do
lúdico, consegue entender como funciona o dia a dia das pessoas que a cercam e o
que a sua cidade, seu bairro, enfim, seu local de convivência tem a oferecer,
26
adquirindo conhecimento sobre a rotina da sociedade, observando a sua realidade,
entendendo e compreendendo o seu grupo social, para que a partir daí, possa se
expressar por meio da brincadeira, além de aprender a dar sentido ao mundo.
É interessante a forma como a criança elabora, descobre e constrói o mundo,
inserindo no faz-de-conta elementos da realidade, do seu cotidiano. O brincar é uma
forma de ler o mundo, sem uma exigência formal das letras, mas sendo utilizado
para a comunicação, expressão e simplesmente para diversão (BARROS, 2009).
Enquanto brinca, a criança se diverte, se movimenta, exercita o corpo, a
imaginação e interage com o mundo. O jogo de bola, por exemplo, promove a
socialização e a motivação, desenvolvendo a coordenação motora e habilidades
corporais. Brincar colabora para o desenvolvimento das potencialidades infantis
(BARROS, 2009). Desenvolve aspectos como, a motricidade (andar, correr, pular,
subir e descer) e os cinco sentidos (tato, olfato, audição, visão e paladar). Dessa
forma, brincando as crianças se desenvolvem em vários aspectos e adquirem vários
conhecimentos necessários para seu desenvolvimento. De acordo com Estácio
(2011, p. 71):
A criança que brinca exercita não apenas sua liberdade, mas também sua criatividade e tais qualidades/habilidades tornam-se elementos balizadores na construção de outras qualidades/habilidades exigidas em seu desenvolvimento.
Como já foi dito, é importante que a escola e o adulto (pais e/ou
responsáveis) proporcionem espaços e materiais que favoreçam brincadeiras no
cotidiano da criança, pois brincando ela expressa o concreto e o real, no mundo do
imaginário, segundo Oliveira (2010, p. 68) “O comportamento das crianças
pequenas é fortemente determinado pelas características das situações concretas
em que elas se encontram”, ou seja, quando brincam, as crianças expressam os
conhecimentos adquiridos no seu dia a dia, como brincar de casinha, imitando o
papel a mãe/pai ou a filha(o), brincar de escola, no papel da professora(o) ou
aluna(o), etc., desenvolvendo assim, a oralidade, expressando o que está pensando
e simulando o personagem que deseja ser, e/ou que admira, como médico,
professor, cantor, herói etc., dessa forma, na brincadeira, a criança tem a
possibilidade de ser o que ela quiser, de estar em outro lugar, ou até mesmo brincar
27
da profissão dos seus pais, representando assim por meio da brincadeira, a sua
cultura.
Quando as crianças brincam, expõem comportamentos além da sua faixa
etária, ao imitar o que acontece em seu dia a dia, como por exemplo, saber da
responsabilidade de ir para o trabalho e ir para a escola. Para Vygotsky (apud
OLIVEIRA 2011, p. 42) “No brinquedo, a criança sempre se compara além do
comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no
brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade”.
Esse comportamento é muito comum entre as brincadeiras infantis, a criança
se comporta de forma mais avançada do que a vida real, sabendo separar objeto e
significado (OLIVEIRA, 2010). A criança passa a entender o que está vivenciando,
compreendendo que a brincadeira é apenas um momento de imaginário, mas que,
por meio dela, vê uma oportunidade de expressar claramente, seus pensamentos,
sentimentos e desejos, alguns até mesmo impossíveis na vida real, como voar,
morrer e viver novamente, entre outros. De acordo com Estácio (2011, p. 71)
No ato de brincar se apresentam processos subjetivos, nos quais situações impossíveis são viabilizadas pelo imaginário. Brincando, a criança aprende a ser, revela seus desejos, se relaciona com o outro, e consequentemente amplia a sua subjetividade.
Em toda cultura há formas diferentes de brincar, e é por meio da interação
que a criança aprende as formas que a sociedade em que está inserida, utiliza para
brincar. Sendo assim, a criança não nasce sabendo brincar, ela aprende a brincar. A
brincadeira é uma dinâmica que muda de acordo contexto social, seja pelo tempo ou
pela cultura, ou seja, as características do brincar mudam constantemente.
Antigamente não havia tecnologia, as brincadeiras eram realizadas com
brinquedos simples, caseiros, feitos muitas vezes pelos próprios pais, como por
exemplo, telefone sem fio (feito com um cordão e dois copos), vai e vêm (feito com
duas cordas e uma garrafa pet), carrinhos de lata (feito com duas latas de leite) e
etc., existem diversos brinquedos feitos em casa, e existem também vários outros
tipos de brincadeiras, como, amarelinha, pula-corda, esconde-esconde, etc., todos
da geração de nossos pais ou avós. Atualmente, com o desenvolvimento da
tecnologia, os brinquedos são mais avançados, como jogos eletrônicos, bonecas
que falam, carros motorizados, entre outros, podendo ser um problema para o
28
desenvolvimento da criança, pois brincando sozinha, não socializa com outras, não
se movimenta, etc., ficando sem comunicação e sem contato com o outro ou com o
meio social.
Professores e pais devem, não só possibilitar espaços, tempos e materiais
para o brincar, mas, propor brincadeiras para os seus filhos, ensinando-os e até
mesmo, participando junto com as crianças, promovendo um momento de interação
com seus filhos e de descontração para si mesmos. É muito mais divertido e
prazeroso brincar em grupo, e é muito mais divertido para as crianças quando tem
um adulto brincando com elas. Ao brincar coletivamente, a criança aprende a
respeitar os seus semelhantes, ter paciência de esperar sua vez e lidar com
frustações e alegrias (ESTÁCIO, 2011).
As crianças que brincam, são muitos mais saudáveis e felizes. Algumas
utilizam esse momento para expressar suas angustias e alegrias, seja por meio de
gestos ou da oralidade, e brincar em conjunto com colegas, professores e/ou pais é
bem empolgante e estimulante para as crianças. De acordo com Winnicott (1975, p.
63) “[...] o brincar facilita o crescimento e, portanto a saúde; o brincar conduz aos
relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação [...] consigo
mesmo e com os outros”.
Uma criança que não brinca, não é uma criança saudável, ela precisa dessa
atividade para movimentar o corpo, estimular o raciocínio e levar uma vida ativa.
Brincar é fundamental, e deve ser visto hoje como um instrumento de sobrevivência
no mundo, onde elas têm a oportunidade de sonhar e pensar ao mesmo tempo,
passando a ver o mundo com mais clareza e compreendendo a sociedade. Segundo
Oliveira (2011, p. 164):
Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças formas mais complexas de relacionamento com o mundo.
O brincar pode ser visto como uma atividade onde a criança brinca por ser
criança, sem nenhuma pretensão, apenas como uma atividade necessária para esta
faixa etária, uma atividade realizada naturalmente, sem cobranças ou intervenções,
são também chamadas de brincadeiras livres, são as brincadeiras sem interferência
29
da professora, onde as crianças mesmas escolhem e constroem as brincadeiras,
permitindo a criança ter autonomia de escolha, sem intervenção do adulto. Ela
brinca por ter vontade de brincar. Toda brincadeira se inicia a partir de uma vontade,
não por uma obrigação, sendo uma atividade voluntária (CARVALHO, SALLES,
GUIMARÃES, DEBORTOLI, 2005).
Além disso, o brincar pode ser utilizado ainda como um meio para alcançar
algum objetivo, utilizado principalmente pelos profissionais da educação com o fim
de analisar o desempenho dos seus alunos, tornando-se brincadeiras pedagógicas,
com o intuito de ensinar algo.
Portanto, finalizo este tópico destacando a importância do brincar para o
desenvolvimento infantil, uma vez que, quando brinca, a criança se desenvolve e
aprende por meio da brincadeira, seja ela na escola ou em seus locais de
convivência, tornando assim, um aprendizado mais prazeroso e divertido.
30
4 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
4.1 O brincar no cotidiano da escola de educação infantil
A brincadeira deve ser uma das atividades mais importantes no cotidiano da
educação infantil. O professor deve saber planejar para que ela esteja sempre
presente nas atividades, projetos escolares, no espaço e organização da sala,
proporcionando momentos e ambientes favoráveis para tal atividade. Brincar é um
instrumento pedagógico que os professores devem usar em sua prática, uma vez
que, por meio dela a criança adquire conhecimentos através do lúdico.
Além disso, o professor deve estudar e resgatar o brincar em si mesmo,
entendendo que é uma atividade essencial para o desenvolvimento dos seus alunos.
Para Carvalho, Salles, Guimarães, Debortoli (2005, p. 25) “A criança não precisa (e
nem deve) ficar pensando em por que brinca, mas o educador precisa
constantemente procurar sobre o que o brincar tem a ver com seu trabalho”. Sendo
assim, não é preciso que os alunos saibam que é importante brincar, eles brincam
naturalmente, como uma atividade do seu dia a dia, mas o professor precisa estar
ciente sobre essa importância.
Dessa maneira, é importante a intervenção do professor na brincadeira dos
seus alunos, entretanto, ele deve saber o tempo exato para que não atrapalhe o
desenvolvimento deles, analisando qual o momento de contribuir/intervir, e de
silenciar/observar.
Durante a pesquisa realizada no CMEI, percebi que a escola prioriza bastante
o brincar no cotidiano de seus alunos, com vários espaços disponibilizados para esta
prática ser realizada, como: salas de aula (todas possuem jogos e brinquedos),
brinquedoteca, parque, espaço externo das salas de aula (onde são realizados os
circuitos, com pneus e materiais de concreto), na biblioteca (possui jogos
educativos), e na semana em que estava sendo realizada a pesquisa, presenciei a
chegada de brinquedos novos na escola, todos de plástico, colocados na parte
externa das salas (escorrego, casinha e gira-gira). As crianças ficaram muito
ansiosas para brincar nos novos brinquedos.
31
As figuras a seguir ilustram alguns ambientes que a escola disponibiliza para
o brincar dos seus alunos:
Figura 1: Espaço externo das salas de aula. Fonte: Acervo da pesquisadora.
Figura 2: Espaço externo das salas de aula. Fonte: Acervo da pesquisadora.
32
Figura 3: Brinquedoteca. Fonte: Acervo da Pesquisadora.
Figura 4: Parque. Fonte: Acervo da pesquisadora.
As observações ocorreram em duas semanas, do período de 14 a 25 de
setembro de 2015, nos níveis III e IV da educação infantil, sendo uma semana em
cada turma. Para tanto, foi utilizado um roteiro de observações, com tópicos a serem
analisados na escola e nas turmas. (Ver Apêndice A)
Primeiramente as observações foram realizadas na turma do nível III,
composta por uma professora e 26 (vinte e seis) alunos matriculados, sendo 8 (oito)
meninas e 18 (dezoito) meninos. Os alunos tem a faixa etária entre 4 (quatro) e 5
(cinco) anos de idade, a maioria já com uma bagagem de conhecimento, já que
33
estudam na instituição desde o nível I. Por ter um número maior de meninos, é uma
turma bem agitada, com vários casos de indisciplina, ocasionada por problemas de
família, são crianças com pais presos, envolvido com o tráfico de drogas e etc.,
porém a professora é bem firme e segura, procurando sempre estratégias para que
todos atinjam o conhecimento, tornando assim, o seu dia a dia um desafio.
Com a influência do meio em que vivem, as crianças transmitem, por meio da
brincadeira, o que acontece em seu cotidiano. Um exemplo é quando a professora
deixa a turma brincar livre (eles escolhem a brincadeira), a maioria dos alunos
brincam de armas montadas por eles mesmos com jogos de montar (legos), quando
isso ocorre, a professora faz intervenção, para que os alunos estimulem sua
criatividade com outros objetos, levando o foco da brincadeira para outros objetivos,
como por exemplo, ela sugere que os alunos montem robô, carros, trem etc.,
ensinando sobre a paz, o amor e o respeito ao colega.
O brincar está presente na rotina dos alunos, participando de muitas
brincadeiras relacionadas à aula do dia ou brincadeiras livres. Para Patiño (2009, p.
106) “A importância do brincar consiste no fato de que é na atividade lúdica que a
criança se desenvolve, aprendendo a agir também no campo cognitivo”. Sendo
assim, a professora realiza com a turma, várias atividades com brincadeiras,
realizando sempre intervenção e mediando no comportamento dos seus alunos,
relembrando as regras. No final de todas as aulas, faz anotações sobre o que
aconteceu no durante a aula, registrando avanços e retrocessos dos alunos.
Existem dois momentos que a professora utiliza o brincar das crianças para
fazer outra atividade. O primeiro é no inicio da aula, enquanto a professora se
ausenta para lanchar com os outros professores, as crianças ficam em sala
brincando com jogos de montar, como legos e quebra-cabeça, e uma pessoa do
apoio técnico fica observando os alunos. O segundo momento é já no final da aula,
enquanto as crianças brincam, geralmente de massinha, a professora faz as
agendas as crianças e chama uma delas para auxiliar na entrega das mesmas.
As figuras seguintes mostram algumas brincadeiras presenciadas pela turma
do nível III durante a pesquisa realizada:
34
Figura 5: Turma do nível III brincando com legos. Fonte: Acervo da pesquisadora.
Figura 6: Turma do nível III brincando de quebra-cabeça. Fonte: Acervo da pesquisadora.
Observando o plano de aula de cada dia, percebi que a professora não coloca
as brincadeiras que pretende realizar no dia, só as atividades do caderno, folha ou
cartazes, porém, sempre faz uma brincadeira relacionada à aula e atividade do dia.
O brincar nesta turma, é visto pelas crianças e professora como uma
recompensa, só brinca quem se comporta e participa da roda de conversa e
atividade, caso contrário, perde o direito de brincar.
Após o término da atividade, os alunos esperam ansiosos pelo momento de
brincar. Não existe um tempo para cada brincadeira, brincam o tempo que desejam,
quando não estão mais concentrados, a professora muda à brincadeira ou atividade,
35
porém, a professora os incentiva a todo o momento, interagindo com eles e
mediando o processo de ensino.
Durante toda a semana foram observadas várias brincadeiras: jogos de
montar (legos, quebra-cabeça), massinha, brincadeiras da estátua, imitação, o
mestre mandou, show de calouros (musicas infantis), circuito, parque, brincadeiras
com números e quantidade por meio do dado, e brinquedos em geral. Observei uma
grande interação no momento das brincadeiras, tanto entre os alunos, como também
com a professora. Nenhuma criança brincava sozinha, brincam todas juntas a todo o
momento. Os alunos que não falavam muito em sala de aula, quando brincavam,
interagiam bastante, se desenvolvendo junto com a turma, segundo Adamuz, Batista
e Zamberlan (2011, p. 159) “O brinquedo contribui, assim, para a unificação e
integração da personalidade e permite à criança entrar em contato com outras
crianças”, ou seja, quando brinca ela vê a oportunidade de se expressar e se
conhecer, interagindo consigo mesmas e com outras crianças.
A rotina dos alunos está organizada em uma sequência, que pode ser
alterada de acordo com a necessidade do dia: acolhida, roda de conversa,
brincadeira com legos (momento do lancha da professora), atividade, lanche,
escovação, brincadeiras, despedida. Enfim, foi uma semana bem proveitosa, onde
presenciei como acontece o brincar na rotina daquela turma.
A observação também foi realizada na turma do nível IV, composta por uma
professora e uma estagiária para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de
dois alunos com necessidades educacionais especiais. São 2 (dois) alunos, uma
com laudo médico de autismo grave, e o outro sem laudo médico, mas com
características de autismo médio. O aluno sem laudo médico estuda na instituição
de ensino desde o nível I, a escola já o encaminhou várias vezes para realizar os
exames para possuir o laudo médico, mas sempre há uma rejeição por parte da
mãe, que diz que ainda não é o momento para leva-lo para a consulta, preferindo
esperar mais um pouco. Então, as professoras fazem várias adaptações para que o
aluno acompanhe a turma no processo de ensino-aprendizagem. E com a dedicação
dos professores, o aluno acompanha a turma nos conhecimentos necessários para a
faixa etária, reconhece as letras do alfabeto, cores, números, formas geométricas
etc., enquanto a aluna com laudo médico, é o primeiro ano na escola, não
acompanha a turma, precisando de uma atenção maior por parte da estagiária.
36
A turma possui 22 (vinte e dois) alunos matriculados, sendo 15 (quinze)
meninas e 7 (sete) meninos. São alunos entre 5 e 6 anos de idade, e assim como os
alunos do nível III, a maioria já tem uma bagagem de conhecimento, pois estudam
na instituição desde o nível I. Uma turma tranquila e bem participativa, com uma
grande facilidade em cumprir as regras sem que seja preciso a professora lembrar a
todo o momento, como por exemplo, formar fila para ir e vir do lanche e escovação.
Nessa turma, não presenciei muitos momentos de brincadeira, percebi que a
professora estava bem mais preocupada em alfabetizar os alunos, realizando várias
atividades de leitura e escrita. Porém, todos os dias os alunos participam de
brincadeiras, mas somente após a atividade realizada, ou brincadeiras relacionada à
atividade e aula do dia. As brincadeiras são planejadas juntamente com as
atividades, sendo detalhados no planejamento os objetivos que a professora deseja
alcançar com a realização de cada uma. E como são planejadas, são todas
cronometradas, com tempo de início e fim.
A professora interage com os alunos a todo o momento, direcionando as
brincadeiras com regras e interferindo quando necessário, segundo ela, as regras
são fundamentais para o desenvolvimento da concentração e atenção dos alunos e
para o andamento da brincadeira, como afirmam Carvalho, Salles, Guimarães e
Debortoli (2005, p. 21) “Não existe brincar sem regras. Em toda brincadeira há um
acordo que orienta as ações entre aqueles que brincam”. A professora observa os
alunos quando estão brincando, e ao final de cada aula, faz registros do
desenvolvimento dos seus alunos durante a atividade e brincadeiras. Notei que, a
professora não utiliza o momento da brincadeira para realizar nenhuma outra
atividade, participando com os alunos em todo tempo.
Os alunos gostam muito de participar das brincadeiras planejadas pela
professora, e assim como na atividade, eles ficam muito felizes quando avançam
brincando. As brincadeiras são sempre realizadas com toda a turma, e todos
interagem muito entre si e com a professora, incluindo também, os alunos com
necessidades educacionais especiais. Segundo Adamuz, Batista e Zamberlan
(2011, p. 158) “A brincadeira é a melhor maneira de a criança comunicar-se,
relacionar-se com outras crianças”. E a interação nessa turma é um ponto marcante,
pois não é perceptível exclusão entre eles, todos interagem.
As figuras apresentadas a seguir mostram algumas brincadeiras presenciadas
pela turma do nível IV durante a pesquisa realizada:
37
Figura 7: Turma do nível IV brincando de velocípede. Fonte: Acervo da pesquisadora.
Figura 8: Turma nível IV brincando de circuito. Fonte: Acervo da pesquisadora.
A rotina dos alunos está organizada em uma sequência, e assim como na
turma do nível III, ou em qualquer outra turma, pode ser alterada de acordo com a
necessidade do dia: acolhida, roda de conversa, contação de história com estagiária
(momento do lanche da professora), atividade, lanche, escovação, atividade,
brincadeiras, despedida. Geralmente os alunos brincam quando terminam a
atividade, com exceção dos dias que a professora planeja brincadeiras relacionadas
a atividade, feita entre uma atividade e outra.
Diante da observação realizada, constatei que o brincar está presente no
cotidiano de ambas às turmas, porém uma realiza mais atividades que envolvam a
brincadeira que a outra. Nas duas turmas o brincar é visto como uma recompensa,
38
só brinca quem se comporta e realiza as atividades propostas pelas professoras. As
professoras das turmas observadas são bem experientes e conseguem fazer uma
ligação entre a brincadeira e o conteúdo, fazendo com que seus alunos aprendam
de uma forma mais dinâmica e divertida.
É perceptível que na escola, as crianças encontram um lugar onde elas
podem se expressar, imaginar e criar de acordo com sua capacidade. Segundo
Balestro (2001, p. 199) “[...] a escola de Educação Infantil, precisa ser um lugar para
brincar, sonhar, sorrir, pensar, construir conhecimentos e alimentar todos os dias, a
esperança e os sonhos das crianças”. Sendo assim, é de extrema importância a
intervenção do professor para auxiliar os alunos nesse novo mundo de descobertas.
Em ambas as turmas, as professoras fazem mediações e interagem com os
alunos no momento da brincadeira, interagindo com os alunos e participando junto
com eles, como ilustram as imagens a seguir:
Figura 9: Professora do nível III interagindo com seus alunos na brincadeira de com tapete de letras.
Fonte: Acervo da pesquisadora.
39
Figura 10: Professora do nível IV interagindo com seus alunos na brincadeira de com tapete de letras.
Fonte: Acervo da pesquisadora.
Foi percebido ainda que, todo espaço físico da escola, foi planejado para
proporcionar aos alunos um espaço aconchegante para aprender por meio da
brincadeira, possuindo vários ambientes com brinquedos, jogos e parque, e ainda
espaço para brincadeiras direcionadas pelas professoras da escola. Portanto, é
importante destacar que, a escola de Educação Infantil deve proporcionar aos
alunos, espaços e tempos para que o brincar aconteça, e os professores, devem
participar junto com seus alunos, fazendo mediações quando necessário,
proporcionando assim, a aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento
físico e intelectual dos alunos.
4.2 O brincar na perspectiva de educadoras infantis
Devido à necessidade de entender as práticas observadas no CMEI, foi
realizada a aplicação de um questionário com as professoras das turmas, buscando
a compreensão da relação que os educadores têm entre o brincar e a
aprendizagem. Por meio dele, as professoras puderam expressar suas experiências,
conhecimentos e pensamentos sobre a importância do brincar para as crianças da
educação infantil.
40
O questionário foi composto por questões fechadas e abertas, que
consideramos importantes para nossa análise na pesquisa (Ver Apêndice B),
aplicado apenas com as turmas observadas, sendo assim, duas professoras
contribuíram com este objeto de pesquisa, ao qual identifiquei como professoras A e
B, sendo A do nível III e B do nível IV.
Para que possa analisar as respostas dos professores, optei em fazer um
quadro por cada questão composto com as perguntas e respostas das professoras.
PROFESSORES QUESTÃO 1: Tempo de experiência como Educador
Infantil
A Mais de 7 anos.
B Mais de 7 anos.
Quadro 1: Respostas das professoras do CMEI, questão número 01, 2015.
Nesta primeira questão, perguntei qual o tempo de experiência como
professora da Educação Infantil, uma vez que a experiência é fundamental para que
possamos entender melhor sobre o conceito, função e importância do brincar para o
desenvolvimento dos alunos. As duas professoras são bem experientes, com mais
de 7 (sete) anos atuando nesta função, possuindo assim, uma bagagem de
conhecimentos a cerca de brincadeiras como um instrumento de aprendizagem.
Segundo Carvalho, Salles, Guimarães, Debortoli (2005, p. 25) “[...] somente a
partir de um conceito sobre o brincar, se me aproprio desse gesto e se percebo o
quanto ele é importante para a criança, é que consigo dar significado e direção ao
meu fazer educador”. Com a prática e o conhecimento sobre a importância da
brincadeira na escola, é que os professores pensam e planejam atividades lúdicas
de acordo com a faixa etária e necessidade dos seus alunos.
Quadro 2: Respostas das professoras do CMEI, questão número 02, 2015.
PROFESSORES QUESTÃO 2: Para você, o que é brincar?
A
Direito da criança.
Outra resposta: As crianças aprendem mais quando nas
brincadeiras são inseridas os conteúdos.
B
Direito da criança.
Outra resposta: Expressa alegria, prazer, confiança, onde
a criança comunica-se consigo mesma e constrói
conhecimento.
41
Assim como o direito a saúde e alimentação, o brincar também é um direito
da criança e deve ser respeitado, como afirma Patiño (2009, p. 82) “[...] o brincar é
observado como um direito individual do sujeito”. Senso assim, a escola de
Educação Infantil deve estar ciente desse direito, para que possa oferecer um
ensino de qualidade para seus alunos.
As respostas das duas professoras a respeito desta questão, não foram
diferentes do que diz o autor Patiño (2009) a respeito do brincar, segundo elas, o
brincar é um direito da criança, e acrescentam ainda sobre a importância de fazer
relação entre o conteúdo ensinado e a brincadeira, ressaltando que por meio dela a
criança se expressa e se comunica, construindo assim, o conhecimento e se
desenvolvendo.
PROFESSORES QUESTÃO 3: Qual a importância dessa atividade no
cotidiano das escolas de Educação Infantil?
A Muito importante.
B Muito importante.
Quadro 3: Respostas das professoras do CMEI, questão número 03, 2015.
As duas respostas a respeito da importância da brincadeira na escola de
Educação Infantil, foram consideradas pelas professoras como muito importante.
Através dessa pergunta, constatei que as professoras estão cientes sobre as
vantagens dessa atividade para a evolução dos seus alunos, e que por meio dela as
crianças adquirem conhecimentos e experiência para viver em sociedade,
adquirindo capacidade de se relacionar e resolver possíveis conflitos.
Para Winnicott (2008, p. 163) “A criança adquire experiência brincando”.
Portanto, é importante que esta atividade esteja presente na rotina das escolas de
Educação Infantil, e não somente como um momento de lazer e diversão, mas,
como uma forma de aprender, onde o aluno possa interagir com o outro, com
objetos e consigo mesmo, fazendo descobertas sobre o mundo.
PROFESSORES QUESTÃO 4: Na escola onde você atua, a brincadeira
é um direito garantido na rotina dos alunos?
A
Sim, a criança aprende brincando e interagindo uma
com as outras, seja maiores ou menores que elas. O
professor ajuda a construir os saberes.
B Sim, a criança é ser social ativo deste processo total, e
42
o brincar é um direito garantido dela, aprendendo de
forma prazerosa e significativa no ato de brincar,
desenvolvendo capacidades importantes como
afetividade, sociabilidade, criatividade, inteligência, o
que é interessante é o papel que assumem enquanto
brincam, tornando divertido, podendo transformar e
produzir novos significados.
Quadro 4: Respostas das professoras do CMEI, questão número 04, 2015.
Segundo as respostas das professoras entrevistadas, no CMEI em que elas
ensinam, o direito de brincar é garantido na rotina dos alunos, e o professor tem a
função de mediador na construção dos saberes. Ressaltam ainda que a criança é
um ser social, e que o brincar é um direito garantido dela, aprendendo de forma
prazerosa e significativa, onde a criança se desenvolve e adquire novos
conhecimentos. De acordo com Craidy e Kaercher (2001, p. 97)
[...] é necessário que estejam previstos na rotina escolar períodos de tempo consideráveis destinados ao jogo livre, permitindo, assim, que as crianças interajam entre si e com os objetos de forma espontânea.
Durante a pesquisa, foi observado que a escola prioriza bastante a
aprendizagem por meio do brincar, uma vez que é organizada com vários espaços
destinados para esta atividade, desde a entrada da escola, até o espaço final, que é
o parque.
PROFESSORES
QUESTÃO 5: Defina uma nota para a frequência que
planeja atividades com brincadeiras com seus alunos,
sendo 1 para nunca e 10 para sempre:
A 10 (dez).
B 10 (dez).
Quadro 5: Respostas das professoras do CMEI, questão número 05, 2015.
No que diz respeito à frequência de planejamento com atividades que
envolvam o brincar, as duas professoras definiram a nota 10, significando que as
brincadeiras sempre estão presentes em seu planejamento.
Entretanto, antes das aulas começarem, as professoras mostravam o
planejamento do dia, com todas as atividades que iriam ser realizadas, inclusive
lanche e escovação, e ao acompanhar a rotina das turmas, percebi que em uma das
43
turmas o planejamento não ocorre de forma correta, com objetivos a serem
alcançados. No planejamento da turma do nível IV, as brincadeiras eram planejadas
de acordo com a atividade e objetivos a serem alcançados, já no planejamento da
turma do nível III, não percebi em nenhum dos dias de observação, o brincar em seu
planejamento, a professora pensava no momento da aula e passava as brincadeiras
para seus alunos, não havia um planejamento específico com objetivos para aquelas
brincadeiras, somente objetivos da atividade/tarefa.
Assim como as atividades, as brincadeiras também devem ser planejadas
com objetivos a serem alcançados, e devem estar presente no dia a dia da escola.
Segundo Balestro (2001, p. 202)
[...] os educadores da Educação Infantil devem ter consciência plena que o lúdico deve fazer parte do mundo da criança [...] visto que brincar é necessário para o desenvolvimento integral da criança. Não importa o tipo de brinquedo, o que é significativo para ela, é brincar, mas sempre que possível disponibilizar situações lúdicas de acordo com sua fase evolutiva.
Dessa maneira, os professores da Educação Infantil devem estar conscientes
de que as brincadeiras devem estar sempre presente em seu planejamento, seja
diário ou em projetos desenvolvidos na escola, e assim como as atividades, devem
ser planejadas com objetivos a serem alcançados pelos alunos.
PROFESSORES QUESTÃO 6: A brincadeira interfere no desenvolvimento
do aluno da educação infantil?
A Interfere plenamente.
B Interfere plenamente.
Quadro 6: Respostas das professoras do CMEI, questão número 06, 2015.
As crianças aprendem de várias maneiras, lendo, escrevendo, assistindo,
mas sem dúvida o brincar, é uma das atividades mais importantes quando se diz
respeito ao desenvolvimento dos alunos da educação infantil, sendo assim, as duas
professoras responderam a esta questão afirmando que a brincadeira interfere
plenamente no desenvolvimento das crianças. De acordo com Balestro (2001, p.
200) “Com a brincadeira e o jogo a criança irá aprimorar seu vocabulário, aprender a
se expressar e desenvolver seu corpo e sua coordenação”.
44
Portanto, a brincadeira é responsável pelo desenvolvimento do aluno em
vários aspectos, não só da linguagem ou movimento por exemplo, mas, no momento
em que brincam, desenvolvem ao mesmo tempo aspectos como motricidade,
atenção, coordenação, oralidade etc., cabe ao professor pensar e refletir a evolução
de cada um dos seus alunos.
PROFESSORES QUESTÃO 7: A brincadeira em sala ajuda na interação
social e desenvolvimento da linguagem dos alunos?
A Plenamente.
B Plenamente.
Quadro 7: Respostas das professoras do CMEI, questão número 07, 2015.
Alguns alunos tem dificuldade de se comunicar e se expressar em alguns
outros momentos em sala de aula, como por exemplo, responder a algum
questionamento, participar da roda de conversa, cantar etc., entretanto, na
brincadeira, elas encontram uma oportunidade de falar e interagir com os outros
colegas e até mesmo com a professora, podendo ficar mais a vontade para criar e
expressar o seu cotidiano por meio do brincar. Segundo Carvalho, Salles,
Guimarães, Debortoli (2005, p. 26) “[...] a criança é aquela que está em busca do
aprender e que tem no brincar não uma ferramenta, mas uma maneira de se
expressar”.
Sendo assim, as professoras entrevistadas entendem e pensam desta mesma
forma quando respondem a essa questão afirmando que a brincadeira ajuda
plenamente no desenvolvimento da interação e linguagem dos alunos e quando
propiciam momentos para que essa comunicação aconteça em sua rotina na escola.
PROFESSORES
QUESTÃO 8: Imaginação, cumprimento de regras,
atenção, estimulação da memória, imitação, motricidade,
afetividade, inteligência, criatividade e interação social, são
aspectos importantes que são desenvolvidos quando a
criança brinca. Você está de acordo?
A Sim, é assim que educamos nossos alunos, com
responsabilidade para um desenvolvimento completo.
B
Sim, favorece o fortalecimento da autonomia da criança é
um momento que podemos ensinar e aprender muito com
elas, como uma forma de construção de conhecimento.
Quadro 8: Respostas das professoras do CMEI, questão número 08, 2015.
45
As professoras concordaram com a afirmação sobre os aspectos que são
desenvolvidos no ato de brincar, e acrescentaram ainda, o desenvolvimento da
autonomia. Ressaltam também que ao mesmo tempo em que ensinam, aprendem
com seus alunos.
Como já foi dito anteriormente, no momento em que brincam, as crianças
desenvolvem vários aspectos ao mesmo tempo, passando a entender e
compreender melhor o mundo em que vive. De acordo com Oliveira (2011, p. 164)
“Ao brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu
funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais”.
Desse modo, ao brincar, a criança passa a ver o mundo e agir sobre ele com
mais segurança e firmeza, sabendo como reagir e resolver conflitos em
determinados momentos.
PROFESSORES
QUESTÃO 9: Em que ambientes da escola de Educação
Infantil podemos proporcionar aos alunos momentos de
brincadeira?
A Em todos os ambientes da escola (sala, brinquedoteca,
parque, pátio etc.).
B Em todos os ambientes da escola (sala, brinquedoteca,
parque, pátio etc.).
Quadro 9: Respostas das professoras do CMEI, questão número 09, 2015.
O brincar na escola de Educação Infantil, não só pode, como deve ser
proporcionado em todos os ambientes da escola, facilitando assim, o planejamento
com brincadeiras variadas para os alunos. Segundo Adamuz, Batista e Zamberlan
(2011, p. 159)
[...] é importante que a escola dê condições adequadas visando a promover situações compatíveis com as necessidades apresentadas pelas crianças e oportunizando estimulação para seu desenvolvimento integral.
Dessa forma, a escola tem o dever de proporcionar aos seus alunos,
situações que envolvam o brincar em todos os espaços da escola que possa ser
aproveitado.
Quanto às respostas das professoras, as mesmas deixaram claro de que a
escola deve proporcionar diversos ambientes direcionados para o brincar, isso deve
46
ser feito com um propósito e objetivos a serem alcançados, e deve ser levado em
conta também a organização do espaço e tempo.
PROFESSORES
QUESTÃO 10: Na sua opinião, as brincadeiras devem ser
planejadas ou apenas deixadas como momentos livres?
Justifique.
A
As planejadas são necessárias, tão importantes quanto as
livres. Os alunos, mesmo pequenos, criam as suas
próprias brincadeiras usando a imaginação.
B
O brincar é uma atividade natural, mas devem ser
planejadas, mas não impede da criança soltar sua
imaginação.
Quadro 10: Respostas das professoras do CMEI, questão número 10, 2015.
Nesta décima primeira questão, indagamos as professoras se as brincadeiras
devem ser planejadas ou deixadas como momentos livres, onde os alunos quem
decidem o que querem brincar. A professora “A”, afirma que as brincadeiras
planejadas são mais importantes que as livres, já a professora “B” defende que
devem ser planejadas, e dentro das planejadas, os alunos podem se expressar, criar
e inventar. Segundo Adamuz, Batista e Zamberlan (2011, p. 166):
A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica pré-escolar é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados somente como lazer, mas também como elemento bastante enriquecedor para promover a aprendizagem.
É fato que, para o brincar na escola, é necessário o planejamento, entretanto,
nem sempre ele acontece de maneira correta, passando assim, a ser deixadas como
momentos livres, sem objetivo para serem alcançados, muitas vezes para completar
o tempo. É importante, na escola, a utilização dos brinquedos de forma correta, não
só como instrumentos de lazer, mas, como possibilidades para o desenvolvimento
dos alunos.
PROFESSORES
QUESTÃO 11: Observações e registros são métodos que
os professores de Educação Infantil podem utilizar para
avaliar seus alunos no momento da brincadeira. Você
concorda?
A Sim, através da brincadeira vemos o desenvolvimento
47
cognitivo, coordenação motora fina e global. É em
determinado momento nas brincadeiras percebemos as
atitudes
B
Sim, quando estão brincando percebo o quanto é
importante este momento, onde todos arriscam, utilizam
sua oralidade, imaginação, interagem com o outro e com
objetos, demonstram autonomia, segurança, equilíbrio e
afetividade, e a partir daí, o professor analisa e percebe o
desenvolvimento dos educandos.
Quadro 11: Respostas das professoras do CMEI, questão número 11, 2015.
Segundo as professoras, é possível analisar e verificar o desenvolvimento dos
alunos no momento das brincadeiras. As duas não deixaram claro se fazem ou não
registros dos alunos no momento da brincadeira, mas deixaram claro de que é um
ótimo momento para observar o desempenho deles. Portanto, observei que, ao final
de cada aula, as professoras fazem registros sobre o desenvolvimento dos seus
alunos, e nele estão presentes avanços e retrocessos deles ocorridos no momento
das brincadeiras.
Durante a brincadeira o professor pode observar seus alunos para analisar o
desenvolvimento e retrocessos. Craidy, Kaercher (p. 98-99) destacam tem três
funções essenciais para o professor exercer no momento da brincadeira dos seus
alunos, segundo elas:
A primeira delas é a função de “observador”, na qual o professor procura intervir o mínimo possível, de maneira a garantir a segurança e o direito à livre manifestação de todos. A segunda função é a de “catalizador”, procurando, através da observação, descobrir as necessidades e os desejos implícitos na brincadeira, para poder enriquecer o desenrolar de tal atividade. E, finalmente, de “participante ativo” nas brincadeiras, atuando como um mediador das relações que se estabelecem e das situações surgidas, em proveito do desenvolvimento saudável e prazeroso das crianças.
Dessa maneira, é importante o professor observar cada um de seus alunos
enquanto brincam, para analisar e refletir sobre as necessidades educacionais de
cada um, bem como, da turma em geral, interagindo e participando junto com eles
por meio de intervenções e mediações, afim de auxiliá-los no processo de ensino-
aprendizagem.
48
PROFESSORES QUESTÃO 12: Fale sobre a importância do ato de brincar
para os alunos da Educação Infantil.
A
Na educação infantil, a brincadeira é fundamental, eu não
vejo uma sala de educação infantil sem a presença do
brincar.
B
O brincar faz parte da vida da criança, é um direito
garantido, contribui bastante para seu desenvolvimento
total, tendo uma enorme função social e amplia o
conhecimento do aluno.
Quadro 12: Respostas das professoras do CMEI, questão número 12, 2015.
Esta questão foi essencial para que as professoras pudessem expressar seus
conhecimentos acerca do tema estudado. Segundo elas, brincar é fundamental, é
um direito da criança, que contribui para a aquisição de conhecimento.
A professora “A” foi bem direta quando responde que na Educação Infantil, o
brincar é fundamental, e que não vê uma sala dessa modalidade de ensino sem a
presença do brincar.
É na escola de Educação Infantil que a maioria das crianças passa a ter
contato com o mundo e com pessoas de personalidades e culturas diferentes, e é
por meio da brincadeira que ela irá encontrar uma forma de interagir e se comunicar,
e a instituição de ensino deve proporcionar esse momento para seus alunos.
Segundo Adamuz, Batista e Zamberlan (2011, p. 159) “Um dos objetivos da
pré-escola é introduzir e oportunizar as brincadeiras, brinquedo e/ou jogos para
desenvolvimento das habilidades, assim como promover autonomia e
independência”.
O professor deve estar preparado para desenvolver brincadeiras de acordo
com as necessidades educacionais dos seus alunos, buscando estratégias de
ensino e facilitando a aquisição dos conteúdos no processo de ensino-
aprendizagem.
PROFESSORES
QUESTÃO 13: Existe outra
observação que você gostaria de
registar e não foi mencionada no
questionário?
A Não.
B Não.
Quadro 13: Respostas das professoras do CMEI, questão número 13, 2015.
49
As respostas das professoras entrevistadas entram em acordo com o que foi
observado e com o que os autores pensam a respeito da importância do brincar para
o desenvolvimento dos alunos da Educação Infantil. Cabe então à escola se
empenhar para que os alunos aprendam da melhor forma possível, e o brincar é
uma delas, fazendo com que o aluno se divirta e aprenda ao mesmo tempo.
Para isso, é preciso, que o professor reflita sobre sua prática, se o brincar
está presente em seus planejamentos e rotina dos alunos, planejando, pensando e
utilizando estratégias de aprendizagem que envolvam atividades lúdicas, deixando o
ambiente escolar mais atraente e divertido para os alunos. De acordo com Adamuz,
Batista e Zamberlan (2011, p. 166) “Os professores precisam estar cientes de que a
brincadeira para a criança é necessária e que ela traz enormes contribuições no
desenvolvimento da habilidade de aprender a pensar”.
Portanto, finalizo este tópico ressaltando a necessidade da reflexão do
professor sobre sua prática pedagógica, e de uma boa formação acadêmica, com
conhecimentos sobre a ludicidade, entendendo sobre a importância dessa atividade
no processo de ensino-aprendizagem.
50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa realizada, percebi o quanto o brincar é importante para o
desenvolvimento dos alunos da Educação Infantil, pois enquanto brincam, eles
aprendem. A partir da brincadeira a criança interage com o outro e consigo mesmo,
aprendendo a viver em sociedade, além de desenvolver a memória, linguagem,
atenção, motricidade e criatividade, ou seja, desenvolvimento psicológico, cognitivo
e físico, adquirindo assim, novos conhecimentos de uma forma mais divertida.
O professor é peça fundamental nesse processo, onde tem o papel de
planejar e disponibilizar para seus alunos momentos de brincadeiras que
proporcionem o desenvolvimento deles, agindo assim, como um mediador,
acompanhando, motivando e facilitando a aquisição de conhecimentos.
Por meio das observações e questionário, percebi que a brincadeira está
presente no cotidiano da escola de Educação Infantil, porém alguns professores
planejam a partir de objetivos a serem alcançados, enquanto outros, apesar de
achar muito importante, não fazem o planejamento, direcionando as brincadeiras
para seus alunos no momento da aula, de uma forma improvisada, sem relação com
os objetivos a serem alcançados pelos alunos. É importante que todas as
brincadeiras sejam planejadas com objetivos a serem alcançados, seja brincadeiras
livres ou direcionadas, facilitando assim, o desenvolvimento dos alunos.
A brincadeira deve estar sempre presente no cotidiano das escolas,
principalmente de Educação Infantil, e a instituição de ensino tem a responsabilidade
de proporcionar aos alunos, espaços e tempos para que o brincar aconteça,
proporcionando assim a aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento físico
e intelectual dos alunos.
É importante é a reflexão do professor sobre sua prática pedagógica, para
que possa planejar atividades lúdicas de acordo com a necessidade dos seus
alunos, fazendo uma ligação entre conteúdo e brincadeira, tornando o aprendizado
mais dinâmico e divertido. Outro fator importante é que o professor tenha uma boa
formação, onde ele possa adquirir conhecimentos sobre a ludicidade, entendendo
sobre a importância dessa atividade no processo de ensino-aprendizagem dos seus
alunos.
51
Portanto, a brincadeira é muito importante para o desenvolvimento dos alunos
da Educação Infantil e deve estar presente na rotina da escola, sendo utilizada não
apenas como uma diversão e um momento de lazer, mas, com o objetivo de
desenvolver as potencialidades das crianças por meio da interação e desafios
vivenciados nas brincadeiras, tornando mais dinâmico o processo de ensino-
aprendizagem.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMUZ, Regina Celia. BATISTA, Cleide Victor Mussini. ZAMBERLAN, Maria
Aparecida Trevisan. Você gosta de brincar? Do quê? Com quem? In: SANTOS,
Santa Marli Pires dos (org.). Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. 7.ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, p. 157-167.
BALESTRO, Margarida. Recreação na escola: um espaço necessário para
educação Infantil. In: Eurilda Dias Roman e Vivian Edite Steyer (orgs). A criança de
0 a 6 anos e a educação infantil: um retrato multifacetado. Canoas: Ed. ULBRA,
2001, p.191-202.
BARROS, Flávia Cristina Oliveira Murbach de. Cadê o bincar? [livro eletrônico]:
da educação infantil para o ensino fundamental / Flávia Cristina Oliveira Murbach
de Barros. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em <
http://static.scielo.org/scielobooks/bdcnk/pdf/barros-9788579830235.pdf>. Acesso
em: 25 de junho de 2015.
BRASIL. RCNEI: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil.
Volume 1: Introdução. Volume 2: Formação pessoal e social. Brasília: MEC/SEF,
1998.
CARVALHO, Alysson. SALLES, Fátima . GUIMARÃES, Marilia. DEBORTOLI, José
Alfredo (Orgs.). Brincar(es). Belo Horizonte. Editora UFMG. Proex – UFMG, 2005.
CRAIDY, Carmem Maria. KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva (Orgs.). Educação
infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
Convenção dos Direitos da Criança: Presidência da República. Casa Civil. Subchefia
para assuntos jurídicos. Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990. Disponível
em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm>. Acesso
em: 08 de outubro de 2015.
53
ESTÁCIO, Mércia Maria de Santi. Um olhar sociológico sobre a criança e o
brincar / Mércia Maria de Santi Estácio. – Natal, RN: EDUFRN, 2011.
KAUARK, Fabiana. MANHÃES, Fernanda Castro. MEDEIROS, Carlos Henrique.
Metodologia da pesquisa : guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.
NAVARRO, Mariana Stoeterau. PRODÓCIMO, Elaine. Brincar e mediação na
escola. Rev. Bras. Ciênc. Esporte vol.34 no.3 Porto Alegre July/Sept. 2012.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32892012000300008>. Acesso em: 25 de junho de 2015.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um
processo sócio-histórico. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2010.
OLIVEIRA, Vera Barros de (org). O brincar e a criança do nascimento aos seis
anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. Disponível em:
<http://www.avm.edu.br/monopdf/6/VERONICA%20MARIA%20DE%20SOUZA.pdf>.
Acesso em 23 de junho de 2015.
OLIVEIRA, Zilma de Morais Ramos de. Educação infantil: fundamentos e
métodos. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PATIÑO, Joana Fontes. Compreendendo como as crianças significam o direito
de brincar. Natal, 2009. Disponível em: <
http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/handle/123456789/17454>. Acesso em 10 de
novembro de 2015.
WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Tradução Álvaro Cabral. 6.ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2008.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Imagino Editora LTDA. Rio de Janeiro,
1975.
54
APÊNDICE A
Método de Pesquisa: Observação
Roteiro:
1. Turma:
2. Quantidade de alunos na turma: ( ) Meninos ( ) Meninas ( ) Total
3. Quantidade de professores na turma: ________________________________
4. Alunos com deficiência: ( ) Sim ( ) Não. Se sim, qual(s)?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5. Quais os espaços que a escola oferece para o brincar dos seus alunos?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6. O brincar está presente na rotina cotidiana da turma? ( ) Sim ( ) Não
7. Como o professor reage durante o momento do brincar:
Interage com os alunos? ( ) Sim ( ) Não.
Se sim, como? _______________________________________________________
___________________________________________________________________
Observa os alunos? ( ) Sim( ) Não.
Faz registro do desenvolvimento dos alunos? ( ) Sim( ) Não.
Utiliza o momento para realizar outras atividades? ( ) Sim( ) Não. Se sim, qual(s)?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8. As brincadeiras são planejadas? ____________________________________
___________________________________________________________________
55
9. Qual a reação das crianças durante esse momento? ____________________
___________________________________________________________________
10. Durante as brincadeiras as crianças interagem entre si e com o professor? ( )
Sim ( ) Não. Como? _________________________________________________
___________________________________________________________________
11. Existe um limite de tempo destinado a brincadeira? ( ) Sim( ) Não.
12. Brincadeiras observadas na turma:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
56
APÊNDICE B
Método de Pesquisa: Questionário
1. Tempo de experiência como Educador Infantil:
( ) A partir de 1 a 2 anos.
( ) Entre 3 e 4 anos.
( ) Entre 5 e 6 anos.
( ) Mais de 7 anos.
2. Para você, o que é brincar?
( ) Passatempo.
( ) Direito da criança.
( ) Diversão e distração.
( ) Dever da criança.
( ) Outra resposta __________________________
3. Qual a importância dessa atividade no cotidiano das escolas de Educação
Infantil?
( ) Muito importante.
( ) Importante.
( ) Pouco importante.
( ) Não é importante.
4. Na escola onde você atua, a brincadeira é um direito garantido na rotina dos
alunos?
( ) Sim. ( ) Não.
Justifique: ___________________________________________________________
5. Defina uma nota para a frequência que planeja atividades com brincadeiras
com seus alunos, sendo 1 para nunca e 10 para sempre:
( ) 1
( ) 2 a 5
( ) 6 a 9
( ) 10
57
6. A brincadeira interfere no desenvolvimento do aluno da educação infantil?
( ) Interfere plenamente.
( ) Interfere razoavelmente.
( ) Interfere as vezes.
( ) Não interfere.
7. A brincadeira em sala ajuda na interação social e desenvolvimento da
linguagem dos alunos?
( ) Plenamente.
( ) Razoavelmente.
( ) As vezes.
( ) Não ajuda.
8. Imaginação, cumprimento de regras, atenção, estimulação da memória,
imitação, motricidade, afetividade, inteligência, criatividade e interação social, são
aspectos importantes que são desenvolvidos quando a criança brinca. Você está de
acordo?
( ) Sim. ( ) Não.
Por que?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9. Em que ambientes da escola de Educação Infantil podemos proporcionar aos
alunos momentos de brincadeira?
( ) Somente na sala de aula.
( ) No parque e brinquedoteca.
( ) Em todos os ambientes da escola (sala, brinquedoteca, parque, pátio etc).
( ) Não deve proporcionar espaços para a brincadeira.
10. Na sua opinião, as brincadeiras devem ser planejadas ou apenas deixadas
como momentos livres? Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
58
11. Observações e registros são métodos que os professores de Educação
Infantil podem utilizar para avaliar seus alunos no momento da brincadeira. Você
concorda?
( ) Sim. ( ) Não.
Por que?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
12. Fale sobre a importância do ato de brincar para os alunos da Educação
Infantil.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13. Existe outra observação que você gostaria de registar e não foi mencionada
no questionário? Se sim faça nas linhas abaixo:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________