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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL CARMEN RAQUEL FERNANDES DE FREITAS MARCELINO VIEIRA-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

CARMEN RAQUEL FERNANDES DE FREITAS

MARCELINO VIEIRA-RN

2016

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CARMEN RAQUEL FERNANDES DE FREITAS

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Dra. Márcia Cristina Barragan Moraes Toledo.

MARCELINO VIEIRA-RN

2016

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O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por

CARMEN RAQUEL FERNANDES DE FREITAS

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Dra. Márcia Cristina Barragan Moraes Toledo (Orientadora) Faculdade de Ciências Educacionais e Empresariais de Natal

_____________________________________________________

Me. Maria Eliane Souza da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Me. Thiago Tavares das Neves Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Carmen Raquel Fernandes de Freitas

Resumo

O referido estudo é baseado nas experiências vivencias enquanto bolsistas do

PIBID (Programa institucional de bolsa com iniciação à docência) pela UFRN

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte) nos anos iniciais do Ensino

Fundamental, tendo em vista os resultados positivos adquiridos em sala de aula

por meio das estratégias lúdicas. Partindo do pressuposto de que o lúdico tem o

papel de atrair a atenção dos alunos em sala de aula fizemos uso de estratégias

com a finalidade de promover uma aprendizagem relativamente significativa,

sendo a contação de história “protagonista” para o desenvolvimento dessa

atividade.

Palavras-chave: Lúdico. Estratégias. Contação de histórias.

AS LUDIC READING STRATEGY: HISTORYTELLING IN FIRST YEARS OF

BASIC EDUCATION

Abstract

The study is based on livings experiences as fellows PIBID (Institutional program

bag with introduction to teaching) by UFRN (Federal University of Rio Grande do

Norte) in the early years of elementary school, in view of the positive results

obtained in the classroom through ludic strategies. Assuming that the ludic has

the role to attract the attention of students in the classroom we use strategies in

order to promote learning relatively large, and storytelling “protagonist” for the

development of this activity.

Keywords: Ludic. Strategies. Storytelling.

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Introdução

Com base no pressuposto que a ludicidade possibilita a mediação entre

prazer e o aprender, e que os educadores encontram dificuldades em inserir em

suas aulas metodologias que envolvam o lúdico, salientando que esse gera

inquietação e euforia nos alunos, esse trabalho tem por objetivo estudar o lúdico

como estratégia de leitura, especificamente, a contação de história nos primeiros

anos do Ensino Fundamental na promoção de um ensino de qualidade.

Apresenta uma discussão acerca da importância de usar a ludicidade em

sala de aula como ferramenta importante no processo de ensino-aprendizagem,

sendo que a mesma contribui para que as crianças desenvolvam habilidades de

raciocínio lógico, de relacionamento, entre as outras, além de ajudá-la a

compreender mais facilmente os conteúdos.

Para a elaboração deste trabalho utilizamos como referenciais teóricos

Fritzen (1985) e o volume 1 e 2 dos Referenciais Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), dentre outros. Estudiosos da área

que apresentam estudos sobre o desenvolvimento da criança, bem como a

importância do jogo e das brincadeiras nesse processo.

O lúdico busca no educador empenho para o planejamento de suas aulas,

com atividades que norteiam um processo de ensino de forma prazerosa e

atrativa. O conto e reconto por meio da contação de história que promove o

desenvolvimento da criança, motivando-a a ser generosa e solidária, fazendo-a

compreender que nem sempre as pessoas são boas e que nem sempre as

situações são agradáveis.

Por consequência, desperta seu senso crítico, fazendo-a refletir entre o

pensar e o agir, entre o certo e o errado. De certo modo, o uso de contação de

história deixa as crianças liberarem seus sonhos, ao se inserirem dentro do texto.

Histórias infantis, contos antigos que ainda hoje podem ser considerados

verdadeiras obras de arte, cujos enredos falam de sentimentos comuns a todos

os seres humanos, como: ódio, inveja, ciúme, ambição, rejeição e frustração,

que só podem ser compreendidos e vivenciados pela criança através das

emoções e da fantasia.

O lúdico que aflora a imaginação da criança, que passa a vê-la como um

momento de magia, tudo parece ser possível e pode acontecer, um universo que

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garante simultaneamente o desenvolvimento de competências e habilidades

cognitivas, físicas e sociais.

Aporte teórico

O lúdico tem o papel de atrair a atenção dos alunos em sala de aula, já

que estar ali sentados tendo que absorver os conhecimentos repassados pelo

professor de forma tradicional chega a se desconfortável, com isso, a utilização

do lúdico serve para sair desse contexto tradicionalista de ensino, mostrando

que a brincadeira é estratégia para ensinar e aprender de forma inovadora. O

trabalho com ludicidade refere-se à os sentimentos de liberdade e

espontaneidade de ação através de atividades descontraídas, nas quais as

crianças comunicam-se consigo mesma e com o mundo.

Nesse sentido, em relação ao aporte teórico, temos a subdivisão em três

aspectos, isto é, sob três pontos que embora diferenciados entre si, tem-se como

base o uso do lúdico no ensino aprendizagem. Para isso, inicialmente, tecemos

informações gerais sobre o lúdico. Em seguida, sobre estratégias de ensino e,

por último, acerca da contação de história como ferramenta pedagógica na

promoção de um ensino qualitativo.

O lúdico e suas significações: aspectos gerais

Inicialmente, é preciso considerarmos a etimologia da palavra lúdico, que

originalmente encontra-se associada ao termo em latim ludus, que conforme o

dicionário de língua portuguesa (XIMENES, 2001, p. 549) significa jogo; trata-se

de um adjetivo masculino relativo a diversão, posto que encontra-se relacionado

diretamente aos jogos educativos, brinquedos, brincadeiras e todos os

movimentos espontâneos e atividades prazerosas que ao serem utilizadas no

processo de ensino aprendizagem possibilita a criança com um amplo universo

de descobertas.

Reconhecer essas possibilidades e dinamicidade significa reconhecer a

nossa herança cultural e educacional, esta que tem como precursores os índios,

os portugueses e os escravos e, ao resgatarmos um pouco dessa história

percebemos que os jogos e as brincadeiras têm origem em uma miscigenação,

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que incorpora além da cor, raça, etnia e crença o próprio ato de brincar, isto é,

as atividades destinadas a momentos de prazer e diversão que foram

repassadas de gerações a gerações.

Brincadeiras que associam-se a descoberta do mundo ao qual crianças

encontravam-se inseridos, que envolvia jogos de palavras, números, tais como:

o jogo de amarelinha, dentre outras. O ato de brincar e aprender

simultaneamente, ao ativar as competências cognitivas, assim como o raciocínio

lógico.

Desse modo, o lúdico ganhava espaço dentro e fora das salas de aulas,

a esse fato justifica-se a possibilidade de proporcionar autonomia em atividades

que resultam até hoje no desenvolvimento cognitivo, social e motor das crianças;

cognitivo quando a atividade os faz pensar, refletir ou solucionar problemas;

social quando os faz interagir e relacionar-se e, motor quando trabalha as

habilidades motoras e físicas.

Há relatos que o lúdico integrou-se à educação aos poucos, por meio das

necessidades de aperfeiçoamento que surgiam para uma prática mais

significativa, uma vez que o ser humano desenvolve suas capacidades por meio

do aprendizado e a mediação utilizada para tal finalidade é o que faz a diferença.

Os sujeitos envolvidos em uma atividade lúdica têm prazer em

desenvolvê-las por causa da diversão que ela proporciona aos mesmos, o que

não quer dizer que o professor deve deixar seus alunos brincarem

aleatoriamente pelo simples fato de passar o tempo, mas utilizar a brincadeira

como um recurso pedagógico que tem objetivos. “Nesses momentos, lembrar-

se sobre o que, com quem e com o que brincaram poderá ajudar as crianças a

organizarem seu pensamento e emoções, criando condições para o

enriquecimento do brincar”. (BRASIL: RCNEI, 1998, p.50).

O lúdico tem significância essencial no desenvolvimento das várias

habilidades das crianças, umas das principais é a percepção, a criança passa a

ficar mais atenta e prestativa, então, aprender por meio de estratégias lúdicas

torna-se prazeroso sem parecer que se tem a obrigação de aprender.

E, condicionadas à sala de aula o trabalho com o lúdico sob o prisma de

ensinar temas transversais promove a integração de ações de modo

contextualizado, através da interdisciplinaridade, de forma a não fragmentar os

conhecimentos dentro das disciplinas curriculares e, sim que a educação

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realmente constitua o meio de transformação social, cultural e histórico do

cidadão.

O lúdico, a brincadeira e o jogo como elos universais do processo de

ensino aprendizagem, ao mediar uma ponte entre o crescimento físico/intelectual

e as relações sociais, ampliando a comunicação da criança consigo mesmo e

com os outros, dando-lhe oportunidade para expressar de forma segura e clara

os seus sentimentos. Mediante a esse contexto, o RCNEI aponta que:

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, Por meio da interação e da utilização e experimentação de Regras e papéis sociais. (RCNEI, v. 2; p. 22, 1998).

Como bem enunciado no documento oficial, o ato de brincar é uma

estratégia que promove a interação com o meio em que vive, toda e qualquer

brincadeira e/ou atividade lúdica exige da criança uma reação, um aguçamento

de sua curiosidade, sobretudo, espontaneamente.

Por ser espontâneo, os espaços destinados ao processo de

aprendizagem não podem e tão pouco devem desconsiderarem o uso de

estratégias que promovam e motivem crianças e educadores na aquisição de

conhecimento. Deve-se possibilitar espaços adequados para que as atividades

inerentes a ludicidade ocorra com eficiência. Que os profissionais da educação

tenham um acompanhamento contínuo pedagógico e materiais adequados.

Entretanto, é importante ressaltar que ainda há resistência de muitos

adultos em relação as atividades dinâmicas, principalmente dos pais dos alunos,

que não conseguem ver a brincadeira como uma estratégia de aprendizagem,

para isso é necessário informação e o acompanhamento da família na vida

escolar da criança, se faz necessário reconhecer que brincar é dever e direito da

criança, é uma necessidade utilizada para a expressão e comunicação, por isso,

atuar de forma lúdica em qualquer que seja a idade não deve ser vista como

simples diversão.

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O papel do lúdico no ensino e aprendizagem é transformar aquela

educação tradicionalista e mecânica em que os alunos estão sentados em suas

cadeiras e o professor “depositando os conteúdos em suas cabeças”, em uma

educação prazerosa, participativa e inovadora, em que o aluno media sua

aprendizagem por meio dos sentimentos de liberdade e espontaneidade.

Para os PCN’s (BRASIL,1997, p.30) “A ‘pedagogia tradicional’ é uma

proposta de educação centrada no professor, cuja função se define como a de

vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria”. Sendo que, para que

haja de fato uma aprendizagem significativa, o professor deve ir além, buscar

novos métodos e tornar seus alunos seres ativos e participativos durante a aula,

pois nas atividades lúdicas o que importa para a criança é a própria ação e

execução, não o resultado em si.

Vejamos, no tópico a seguir o papel do lúdico nas estratégias pedagógicas

de ensino, isto é, de que forma o lúdico pode ser trabalhado na promoção de um

ensino de qualidade e, qual é o papel do professor enquanto mediador desse

universo de símbolos e palavras, da ação em executar os caminhos e

descaminhos da aprendizagem.

O que são as estratégias de ensino?

Compreendemos, como estratégia de ensino, a possibilidade de promover

uma prática pedagógica qualitativa, de buscar sempre novas metodologias a

serem aplicadas nos espaços destinados a um ensino que seja norteado por

competências e habilidades cognitivas.

Contudo, inevitavelmente surgem questionamento, tais como: Que

estratégias de ensino é possível ser utilizada na sala de aula? De que forma o

lúdico deve ser trabalhado? Responder a esses questionamentos, cada vez mais

tornou-se uma tarefa complexa no mundo atual.

Tendo em vista que, uma proposta adequada para se trabalhar com o

lúdico é deixar o aluno chegar as suas próprias conclusões mediante o que lhe

for apresentado, despertando assim seus sentimentos de liberdade. Villardi

(1999) aponta que a proposição do professor deve procurar investir sempre

naquilo que não está óbvio, quer dizer que o professor deve ofertar a seus alunos

as mais diversas probabilidades de resultados que a leitura pode ter.

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E, compreende-se como leitura, a sua capacidade de revalidar por meio

de um jogo e/ou de uma história coletiva ou inventada a capacidade de construir

narrativas de acordo com sua capacidade cognitiva, assim como interagindo com

o meio a qual encontra-se inserida. A criança, sob esse deslumbre aprende de

forma prazerosa e, constantemente ativa suas potencialidades, exigindo do fazer

pedagógico recursos metodológicos por parte de seus educadores. Ou seja, que

estes tenham a capacidade de usar o lúdico em sala de aula, unindo a fantasia,

o imaginário da criança com o seu respectivo mundo concreto (mundo real),

assim, as atividades lúdicas vão representar atividades livres e de prazer, mas

com lições que se refletem e se refratam em seu caráter, nos valores éticos e

sociais.

Ainda, com base em Villardi (1999, p.40), “por esse motivo, deve-se

procurar evitar o padrão pergunta e resposta do questionário, oferecendo jogos

e brincadeiras por meio dos quais os alunos construa uma leitura própria[...]”,

nessa perspectiva, entende-se que quanto mais o aluno se interessa pela leitura,

mais ele se envolve e vai moldando suas possibilidades, e para que o educador

venha a desenvolver o interesse do aluno pela leitura, serão necessárias

estratégias de ensino, essas estratégias são as formas e métodos que o

professor irá utilizar para chegar a algum resultado, nesse caso, o de despertar

o interesse pela leitura. Para Solé (1998):

A estratégia tem em comum com todos os demais procedimentos sua utilidade para regular a atividade das pessoas, à medida que sua aplicação permite selecionar, avaliar, persistir ou abandonar determinadas ações para conseguir a meta a que nos propomos. (SOLÉ,1998, p.69).

Com isso, entende-se que as estratégias são as táticas usadas pelo

professor com a finalidade de explorar, exemplificar, desafiar, etc, seus alunos

em busca de uma aprendizagem relativamente positiva. Mais à frente, Solé

(1998) aponta, que é necessário ensinar estratégias de compreensão pelo fato

de que devemos formar leitores autônomos, capazes de ler e compreender

gêneros textuais variados. Portanto, são as estratégias que fará os alunos

saírem do conformismo e buscar novos resultados, novas respostas, novos

conhecimentos, tornando sua aprendizagem significativa.

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Faz-se, portanto, necessário que os professores dominem os aspectos teóricos relativos à estrutura da narrativa, bem como da sua relevância para o desenvolvimento do domínio da linguagem pela criança. E, assim, a pratica da leitura na escola tenha, de fato, um objetivo que lhe faça jus. (AMARILHA, 2012, p.23)

Uma importante tarefa do professor é mediar a relação epistemológica, ou

seja, a relação da criança com o conhecimento, sendo que por meio das

atividades lúdicas, a criança reproduz diversas situações ocorrentes em seu

cotidiano e por meio da imaginação e do faz de conta, são reelaboradas, já que

a fantasia e a realidade se complementam facilitando o entendimento do que

está sendo proposto.

Segundo Amarilha (2012), professores sem prazer não podem formar

leitores desejantes. Por essa razão, o educador deve criar um ambiente que

tenha a junção de elementos motivantes para as crianças praticarem a leitura e

se interessar de fato em fazer novas buscas.

Quando falamos na prática do professor, umas das primeiras coisas que

nos vem à cabeça é a competência que ele deve exercer em suas atividades, o

educador por sua vez tem o importante papel de mediar os conhecimentos entre

conteúdo e alunos, que pode ser uma tarefa árdua, mas felizmente podemos

usufruir hoje em dia de vários recursos tecnológicos que facilitam e auxiliam a

tarefa de educar, voltando a atenção do aluno para o conteúdo trabalhado de

forma prática e divertida, sem perder o foco da aprendizagem, desde que ele

saiba trabalhar com essas mídias de forma significativa, o que exige bastante

reflexão sobre sua prática pedagógica.

Cabe ao professor, como também todo corpo escolar, formar pessoas

críticas e criativas, que não se satisfaça com o conformismo, que tenha opinião,

que a expresse, que invente, que descubra, que construam conhecimento, etc.

Por esse motivo, se faz importante trabalhar a criança de maneira que ela possa

posicionar-se, opinar, expondo suas conclusões, para que só então venha ser

um cidadão ativo na sociedade.

Ativo, por reconhecer o seu papel na sociedade sob o prisma de direitos

e deveres a cumprir. Por assumir uma postura ética que lhes foi passado por

valores sociais explorados em estratégias didáticas que envolvia o prazer da

leitura, a identificação do bem e do mal, do caráter, da beleza e retomada de

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decisões, seja por uma identificação imaginária entre personagens fictícios, mas

que propõem a honestidade e força, como: heróis, príncipes, princesas, reis e

rainhas, dentre outros. Ou até mesmo, pelo reconhecimento de sua criatividade,

em que a criança aprende no momento que brinca, encena ou simplesmente

escuta uma simples contação de história (vejamos, especificamente, como eixo

central do trabalho em questão a importância da contação na aquisição de

ensino e aprendizagem da criança).

A contação de histórias

Como dito, uma estratégia pedagógica faz toda uma diferença no

exercício da docência e, quando se trata de atividades lúdicas temos a contação

de histórias, que vem a ser uma das atividades mais antigas já que desde o

surgimento do homem, entre os mais velhos o ato de contar histórias refere-se

a uma maneira significativa que eles encontraram para relatar suas experiências,

como as de outras pessoas também, com isso, em concordância com a prática

pedagógica, o professor deve se adequar a essa característica e transformar o

momento da contação em um recurso de formação do leitor.

Não basta o professor ler uma história, seja ela do gênero que for, ele

deve instigar seus alunos antes e depois da contação, fazer um levantamento

dos conhecimentos prévios dos mesmos e compreender o que eles entendem

sobre o título.

Durante a contação a imaginação da criança fantasia imagens que

representam a história, isso acontece de forma individual de criança para

criança, pois essa representação irá acontecer através da assimilação feita com

a realidade de cada uma delas. Ao final da contação, não pode-se deixar de

perguntar o que foi intendido na história, pois é o momento que o aluno vai

posicionar-se e apresentar seu ponto de vista para os demais colegas, uma boa

forma de conseguir isso é pedindo a eles para fazer o reconto oral da história.

A contação de história é um recurso pedagógico que estimula, promove e

potencializa o desenvolvimento infantil em seus aspectos: cognitivo, afetivo,

psíquico, motor e na formação de valores. Por ser uma atividade lúdica desperta

o interesse das crianças, prendendo sua atenção, e as envolvendo em um

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enredo de história fictícia que acaba se transformando real sob o olhar da criança

aprendiz.

Essa atividade conduz as crianças a fazerem descobertas, estimulando a

fantasia e a imaginação, proporcionando o jogo simbólico, em que aprendem ao

brincar de faz de conta e, por consequência vivenciam em sua realidade,

construindo assim, conceitos sobre o mundo que as cercam. Transfigurados em

contos e recontos, na arte de se ver por meio de um dado personagem, a criança

introduz valores sociais que os seguiram por toda a vida. Para Bettelheim (2002):

Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Os contos de fadas declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da adversidade, mas apenas se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade. Estas estórias prometem à criança que, se ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua ajuda, e ela o conseguirá. As estórias também advertem que os muito temerosos e de mente medíocre, que não se arriscam a se encontrar, devem se estabelecer numa existência monótona se um destino ainda pior não recair sobre eles. (BETTELHEIM, 2002, p.23).

Sendo assim, a necessidade fundamental da criança conhecer o mundo

por meio do brinquedo e da fantasia acaba sendo colocada racionalmente dentro

da escola. O brincar é prioridade, mas dentro de uma diretriz pedagógica

fundamentada por conhecimentos científicos, regularizados especialmente na

cognição, tanto o brincar como o ouvir histórias tornaram-se trabalhos que

incorporam a realização de atividades pedagógicas. Nesse ensejo:

Ler sempre significou abrir todas as comportas para entender o mundo através dos olhos dos autores e da vivência das personagens... Ler foi sempre maravilha, gostosura, insubstituível... E continua, lindamente, sendo exatamente isso! (ABRAMOVICH, 1997, p.17).

Abramovich (1997), coloca a importância da leitura contínua e degustativa

como elo primordial para a aquisição de múltiplas aprendizagens. Cabe ao

educador desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a

gostar de ler. No início da prática na vida escolar, já na Educação Infantil, é

necessário o trabalho com contos que circulam socialmente, dando maior

importância a Literatura Infantil.

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O contato da criança com materiais de leitura deve ser constante para que

desperte o gosto por esse ato independentemente de qualquer tipo de leitura, os

educadores costumam ler ao iniciar as aulas e as leituras são denominadas por

eles como leitura deleite, para assim levar seus educandos aterem prazer pelo

o mundo da leitura principalmente aquelas que fazem a imaginação dos

educandos fluírem.

Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo sugerir soluções para os problemas que a perturbam. (BETTELHEIM, 1996, p.13).

O mundo maravilhoso dos contos de fadas faz com que aos poucos a

magia, a imaginação e o fantástico deixem de ser vistos como pura fantasia para

fazer parte da vida cotidiano de cada um, inclusive dos adultos que já se

permitem em muitos momentos se transportar para este mundo mágico, lugar

que a vida se torna mais leve e bem menos enfadonha.

Dohme (2003) se refere as histórias como forma de encantar as crianças

e podem por si só entretê-las por muitas horas, o trabalho que associado as

capacidades artísticas oferece às crianças uma oportunidade de auto expressão,

que vai enriquecendo as suas habilidades manuais, estéticas e desenvolvendo

cada vez mais a criatividade.

Portanto, a contação de histórias é uma tática para fazer o aluno se

interessar pela leitura, mas para que tenha resultado satisfatório e vire hábito, o

professor deve fazer desse momento uma atividade prazerosa, alegre e

agradável, para que de fato seja produtiva e alcance o objetivo pretendido, que

esse caso é o de formar leitores ativos.

Percurso metodológico

Com relação à metodologia, o referido trabalho trata-se de uma pesquisa

bibliográfica, como também investigativa, que baseado nas fundamentações

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teóricas e nas oportunidades de experiências vivenciadas através da experiência

em sala de aula enquanto pibidiana nos anos iniciais do Ensino Fundamental

enquanto bolsista do PIBID (Programa institucional de bolsa com iniciação à

docência) pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Dito isso, é importante ressaltar que a escola fonte de estudo e,

consequentemente da pesquisa hora apresentada foi uma instituição Municipal

Ensino Fundamental, situada na zona urbana de Marcelino vieira/ RN. A

instituição trabalha nos turnos matutino e vespertino com os anos iniciais do

Ensino Fundamental e noturno funcionando a Educação de Jovens e adultos

(EJA).

As atividades exercidas enquanto pibidiana deve ao fato da existência do

PIBID no Polo Universitário da cidade de Marcelino Vieira que foi contemplado

em 2014 com o programa, especificamente, a turma de pedagogia 2012.12,

sendo a primeira turma de pedagogia na modalidade a distância a fazer parte

desse projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Por meio de reuniões foram feitos os sorteios de divisão de grupos e

escolha das Escolas contempladas com o projeto, sendo a Escola Municipal

Raquel Silva escolhida como instituição de Ensino Fundamental e a Escola

Municipal Alexandre Nonato Fernandes como instituição de Educação Infantil.

O primeiro contanto com a Instituição Educativa fonte de pesquisa para

o desenvolvimento deste trabalho, foi no turno matutino por meio de uma oficina

de apresentação, entre todos os sujeitos que formam a comunidade escolar e

pibidianos, como também exibição de um slide explicando o que é o PIBID e

para aplicação de um questionário com a gestão escolar e os professores para

que pudéssemos ter um diagnóstico e acesso as características da escola para

formular o projeto do PIBID por escrito e enviarmos ao nosso coordenador geral,

o professor Gilberto Ferreira da Costa.

Haviam muitas dúvidas neste momento, tanto dos professores sobre

como seria a nossa contribuição na escola, como nossas enquanto pibidianos,

pois seria a primeira experiência em sala de aula para maioria dos alunos

participantes.

Com a proposta do projeto apresentada e aceita entre os professores, a

divisão em duplas foi necessária, bem como a realização do sorteio perante a

todos presentes na oficina para saber em quais salas de 1º a 5º trabalharíamos

15

com o projeto. Feito a divisão, marcamos o segundo encontro com a escola, que

seria para observação das turmas de forma geral.

A segunda visita à escola foi em horário vespertino para a observação do

comportamento das crianças desde a chegada até a hora de retornar para casa.

Observamos os comportamentos individuais, no coletivo, a atenção sobre o

conteúdo, entre outras coisas, como também a prática do professor em sala de

aula. Sendo que, o intuito dessa observação era fazer o reconhecimento do

espaço que iriamos atuar. Seguindo o roteiro, nos encontramos pela terceira vez

na escola no horário noturno para participarmos do planejamento dos

professores. Os planejamentos acontecem semanalmente divididos por séries,

com acompanhamento e ajuda de uma supervisora para cada grupo.

Por meio de uma conversa informal com as professoras das salas que o

pibid atuaria, perguntamos o que seria mais importante contemplarmos nas

aulas, pois trabalharíamos em uma mesma linha de ensino e por meio de

sequências didáticas, todas optaram então que déssemos ênfase na leitura, que

era a maior dificuldade encontrada o momento em sala de aula. Com base nas

informações e sugestões obtidas das professoras desenvolvemos as sequências

didáticas.

Parafraseando Dolz e Schneuwly, as sequências didáticas são um

conjunto de atividades pedagógicas, organizadas de forma sistemática com base

em um gênero textual que permite o aluno escrever ou falar de maneira

adequada numa dada situação de comunicação.

Para cada nova sequência, escolhemos um livro de literatura infantil, que

tenha alguma ligação com o conteúdo a ser ministrado e através da contação de

história desenvolvermos estratégias de ensino que os instigue a ficar mais

atentos a aula. Foi nesse momento que percebemos o desinteresse dos

professores em trabalhar com os livros infantis que a própria Escola disponibiliza,

já que o que mais tem na mesma são armários de livros, nomeados de “arca da

leitura” que faz parte de um projeto de leitura da escola, mas que na maioria das

vezes os professores reclamam da escola não disponibilizar material para

trabalho.

O projeto Arca da leitura é posto em prática uma vez por ano, onde tira-

se um dia inteiro para se trabalhar as cotações, frisar a leitura, propor momentos

16

lúdicos com apresentação teatral, danças, etc, enquanto esse dia não chega, os

livros ficam trancados e cheios de poeira.

A escola também trabalha com o PACTO Nacional de Alfabetização pela

Idade Certa, que trata-se de um compromisso formal assumido pelos governos

federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as

crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ou seja, no final do 3º

ano do ensino fundamental, que disponibiliza de ótimos livros infantis de 1º ao

3º Ano.

Mas ainda precisávamos de um significado, algo que fizesse os alunos

terem interesse e ficarem atentos as aulas e principalmente ao momento da

contação, para que assim pudessem interagir e posicionar-se diante seus

colegas, daí veio a ideia de trabalhar com portfólios, os quais nomeamos “diários

de leitura”. Os Portfólios vêm a ser um caderno produzido e customizado

individualmente pelo aluno, nele as crianças devem fazer o relato oral da aula

ministrada pelas pibidianas seguindo de uma ilustração da história contada na

aula do dia.

Essa foi uma das estratégias com mais significância em nossa trajetória,

pois os alunos passaram a ficar mais prestativos como também esforçavam-se

mais para produzir, os que ainda não tinham desenvolvido a escrita procuravam

ajuda aos colegas que tinham mais domínio. Ver os alunos produzirem

espontaneamente, sem cobranças, produzindo apenas pelo fato de querer se

expressar foi e ainda é muito gratificante para nós, além de ter ajudado bastante

em suas leituras e escritas.

Enquanto pibidianas, não temos autonomia de interferir no método de

ensino dos professores, até porque nosso objetivo é o de somar, de ajudar e

promover melhorias, buscamos estimula-los apresentando ideias e vantagens

de se trabalhar de forma inovadora, usando o lúdico como uma mediação para

a contação de histórias e que além da nossa intervenção nas aulas, eles

enquanto professores também adotassem essa prática.

Para Solé (1998, p. 72) “Estas estratégias – torno a insistir – são

necessárias para aprender a partir do que se lê, mas também quando a

aprendizagem se baseia no que se escuta, no que se discute ou debate”. Pois

bem, ainda com base em Solé (1999) e no seu livro “Estratégias de leitura”

chegamos a alguns resultados.

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A escola tem como um dos seus deveres ensinar a ler e escrever, mas o

problema é não trabalhar isso de forma continua, para que os alunos se

apropriem dessa atividade podendo assim ler e produzir textos de mais diversos

gêneros sem dificuldade, as estratégias entram em cena para que os mesmos

possam desenvolver essa habilidade de forma dinâmica. Por tanto, não é

apenas na matéria de português que se deve instigar a leitura, ela deve está

integrada a todas ás matérias e trabalhada diariamente.

Um fator de suma importância para a aprendizagem dos alunos é o que

professor vai trabalhar antes e depois da leitura, ou seja, de que forma ele vai

despertar o interesse pelo dado livro, como ele vai explora-lo, como será o

levantamento dos conhecimentos prévios e como vai dar significado a ele o final.

(TEBEROSKY; COLOMER, 2003, p. 122) “Aprender a frequentar, dominar, usar

e amar os livros, a escrita e a leitura é um dos objetivos da escola há séculos.

Mas, teria a escola realmente atingido esse objetivo? ”.

Sendo assim, percebemos que o professor deve estar apto e capacitado

suficiente para que possa transmitir uma aprendizagem qualitativa, buscando

sempre inovar-se e está em constante avaliação consigo mesmo, para isso

nunca deve estar satisfeito com os conhecimentos que já adquiriu, buscar novos

meios, novos projetos, cursos, oficinas, esses são essencial para moldar um

profissional.

A instituição de ensino também deve promover cursos de capacitação e

especialização para seus professores, como também palestras, oficinas entre

outros meios que priorizem estratégias para a melhoria de sua prática docente.

Com base na importância de um método de ensino significativo, buscamos

responder uma inquietação bem comum: Como os professores dos anos iniciais

do Ensino Fundamental podem buscar estratégias de leitura aperfeiçoando sua

prática e interagindo com a ludicidade?

Um primeiro passo é a formação continuada para aprofundamento dessa

temática, atividades de leitura que envolvam a ludicidade, depois, organizar seu

planejamento a partir do uso dos gêneros textuais, trazendo dinamicidade e

sentido para a leitura e a escrita, e ainda participar de oficinas que tratam de

estratégias que trazem a ludicidade na sua essência, como a contação de

história usando instrumentos diferenciados, como fantoches, palitoches,

encenação com fantasias, reconto oral e escrito, considerando sempre o

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contexto em que os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem estão

inseridos.

A Instituição Educativa, pode e deve ajudar nessa busca dos professores,

primeiro ela precisa oferecer condições de trabalho, formação continuada, apoio

pedagógico, momentos de planejamento, bem como materiais didático-

pedagógicos, e ainda auxílio em atividades que necessitem da ajuda de mais de

um adulto na sala, e sempre apoiar iniciativas de projetos que unam leitura,

escrita e ludicidade.

Com isso, considera-se então, que mesmo quando a escola contém

matérias bons e disponíveis para trabalho, os professores na maioria das vezes

não fazem uso desses meios, para criar estratégias de ensino, talvez a pouca

experiência, a insegurança, um planejamento não tão elaborado ou até mesmo

a acomodação de trabalhar de forma tradicional, interferem as atividades lúdicas

para as crianças.

Com base essa experiência, adotamos uma outra ideia que foi criar dentro

da própria sala de aula um espaço de leitura confortável, atrativo e lúdico, em

busca de atrair os alunos, e instiga-los a ler, para isso usamos esses matérias e

objetos que deviam ser de fato utilizados nas aulas pelas crianças e que estavam

guardados junto com os livros em armários, como por exemplo: tapetes,

almofadas, cortinas de TNT, fantoches, letras e numerais de EVA, vários jogos

educativos, os próprios livros, entre vários outros objetos.

A reação das crianças ao chegar na sala e ver todo o espaço de leitura

não deixou dúvidas de que de fato o ambiente interfere muito em seus processos

de ensino e aprendizagem, elas ficaram admiradas e felizes, todas bem curiosas,

observaram cada detalhe e folhearam vários livros no momento do

reconhecimento do espaço.

Vale salientar que nas salas de aulas, existem diversos cartazes nas

paredes, um deles é refere-se ao “cantinho da leitura”, mas que não tem nada

além do próprio cartaz e uns livros em cima de uma mesa. Enquanto professores,

sabemos que o cantinho da leitura é um lugar para se relaxar, mas sem deixar

de aprender, dessa forma deve ser um lugar que desperte interesse se estar

presente, afim de criar o interesse pelo hábito da leitura. Villardi (1999, p.90),

“Falamos de um lugar diferente do resto da escola, de um lugar sempre aberto

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(até na hora do recreio), aprazível, onde as crianças gostem de estar para ler,

pelo simples prazer de ler”.

Para deixar o cenário ainda mais propicio para o momento, nos vestimos

de acordo com os personagens das histórias trabalhadas, fazendo com que os

alunos entrem de vez a história e tenham um contato mais próximo com ela, pois

é nesse instante onde cada criança cria uma visão com relação ao personagem

e a história, a mesma passa a vê-la como um momento de magia, tudo parece

ser possível e pode acontecer.

Entre as várias atividades com grande relevância que desenvolvemos em

sala de aula por meio do PIBID até hoje, vale salientar o projeto “correio

encantado” o qual será trabalhado com as crianças até o mês de junho do

referido ano. Trata-se de uma atividade que tem a finalidade de desenvolver a

leitura e a escrita dos alunos sempre de forma lúdica, seu desenvolvimento se

dará da seguinte forma: Dessa vez a cada semana será trabalhado nas salas de

aula um conto de fadas, integrando aos conteúdos das disciplinas, mas ao invés

do registro ao final da aula no diário de leitura, eles escreveram uma carta para

os personagens do conto.

A carta escrita pelos alunos são colocadas no “correio encantado” e

enviado a seus destinatários, que para surpresa dos alunos são respondida.

Nessa atividade buscamos instigar os alunos a praticar a escrita na hora de

produzir a carta, como também a leitura por meio da socialização da resposta.

“A participação em atividades de leitura compartilhada permite à criança aceder

ao mundo da linguagem escrita e apropriar-se de suas funções, formas e

expressões”. (TEBEROSKY; COLOMER, 2003, p.112, grifo do autor).

Nossa perspectiva com trabalho do PIBID, sempre foi deixar na escola o

legado de um trabalho dinâmico que gerou boas influências e bons resultados

para professores e alunos, partindo da brincadeira, do jogo e dos meios

tecnológicos, fazendo todos os alunos interagirem com a leitura e com a escrita,

mostrado assim, que a educação depende muito do compromisso do professor.

Dado essa descrição acerca dos trabalhos realizados durante efetivação

do programa PIBID, para a realização e efetivação dos resultados, foi realizado

uma aplicação de um questionário com os profissionais da educação que nos

acolheu em seus respectivos espaços escolares. E, para tanto, como medida

preventiva foi aplicado um termo de livre consentimento e esclarecido, nas quais

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estão postos os objetivos da pesquisa e o compromisso em preservar a

identidade dos sujeitos voluntários.

O questionário é composto por apenas três questões. As duas primeiras

foram subjetivas, que questionavam acerca da efetivação do programa e a

terceira e última objetiva, em que sinalizaram de 1 a 10, qual a importância do

PIBID no processo de ensino aprendizagem. É importante ressaltar, que em

relação aos resultados, codificamos os sujeitos em PY e PX.

Quando questionado: O PIBID (Programa institucional de bolsa com

iniciação à docência) trata-se de um programa que conduz o acadêmico a prática

em sala de aula. Como foi receber em seu espaço educacional graduandos do

curso de Pedagogia? Sob esse questionamento, obtemos as seguintes

amostras:

PY: Foi positivo. Eu já havia me visto nessa mesma situação, só que como estagiária. As graduandas me ajudaram muito no processo de ensino dos alunos. O PIBID tinha muitos recursos, material impresso, jogos, brinquedoteca. Eu aprendi muito com as oficinas dadas no Polo. Os trabalhos das meninas foram excelentes. PX: O PIBID é outra coisa. Quer dizer, o aluno tem acesso a tantas possibilidades. Eu, adorei fazer parte desse processo. As alunas de pedagogia se se empenhavam bastante.

É notório as contribuições dadas aos profissionais da educação com o uso

de programas de pesquisas e extensão. O PIBID não só aproxima os

acadêmicos a uma prática escolar, este garante inúmeras possibilidades que

reflete também na prática pedagógica. É um extensor de descobertas e formação

pedagógica.

Em relação a segunda questão: Os alunos pibidianos tem uma

responsabilidade enorme em contribuir com a prática pedagógica cotidiana. Dito

isso, de que forma o projeto contribuiu com sua prática docente? Os professores

sinalizaram que:

PY: As alunas pibidianas me mostraram novas prática pedagógicas, que são atualizadas e lúdicas. Sua prática contribuiu para meu exercício docente, no sentido de se manter sempre atual, com propostas inovadoras. PX: Eu nunca aprendi tanto. O trabalho dessas meninas mudou minha vida profissional, minha prática em sala de aula.

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As respostas acima, só demonstra a relevância em possibilitar formação

continuada, em disponibilizar aos professores novas possibilidades

pedagógicas. O contato com instrumentos inovadores encanta não apenas as

crianças e, sim atua como potencializador de conhecimentos, em que o professor

ensina ao mesmo tempo que aprende (FREIRE, 1998).

Por último, na questão objetiva: De zero a dez, qual nota você daria aos

pibidianos que atuaram como parceiros em sala de aula?

PY: Não poderia ser menos que nove, a nota é 10. PX: Como são alunos de graduação em processo de aprendizagem, minha nota é 9,5.

Desse modo, em linhas gerais é perceptível que o trabalho executado

enquanto pibidiana faz diferença, não apenas na vida acadêmica e, sim nas

diversas áreas da educação, tanto em relação aos professores que tem um novo

acesso as novas tendências educacionais, quanto em relação as crianças que

passam a fazer parte integrante desse novo processo de educar.

O PIBID, é um programa que age como divisor de conhecimentos, de

formação pedagógica, de aproximação com a prática escolar e, por essas

características, sua efetivação e promoção diária contribui para uma educação

sem barreiras ideológicas. Portanto, um programa que além de educacional atua

como social, já que transforma vida daqueles que o integram.

Considerações finais

Por meio das discussões apresentadas ao longo deste trabalho, foi

possível compreender a relevância do lúdico como fator essencial a formação e

desenvolvimento dos educandos, tendo em vista que, por meio de atividades

lúdicas em sala de aula é permitido a estes o desenvolvimento da auto estima,

da criatividade e psique infantil, bem como noções indispensáveis para o

convívio na sociedade.

Vimos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer

idade, mas principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não

apenas como diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da

criança, visto que o conhecimento é construído pelas relações interpessoais e

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trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a formação integral da

criança.

Nesse sentido, é prudente destacar que a escola exerce um papel

bastante influente nesse aspecto, porquanto através de seus docentes devem

procurar direcionar suas práticas de forma cuidadosamente as atividades lúdicas

em sala de aula, sendo vistas como atividade potencializada e formadora das

capacidades dos educandos e não como meros exercícios de passa tempo e

diversão sem noção de aprendizagem.

Um processo de aprendizagem que a cada dia torna-se um desafio

permanente para os profissionais da educação, cujo papel e responsabilidade é

mediar todo o processo de aquisição do conhecimento, de forma a contribuir

para o desenvolvimento do aluno e sua capacidade de pensar, refletir e criar

novas condições para a efetivação da vida em sociedade.

O PIBID, como um programa potencializador de aprendizagens,

direcionados a todos que encontram-se inseridos. Um programa acadêmico que

transforma a vida e formação dos graduandos, na medida que reflete na prática

pedagógica os conhecimentos teóricos adquiridos nas disciplinas curriculares.

Trata-se de uma aproximação entre a teoria acadêmica e a prática escolar.

Portanto, diante do exposto, o trabalho trata-se de um amplo estudo,

sendo resultado de todo um processo de formação profissional que necessitará

sempre estar atualizado, isto é, uma pesquisa que deverá ser continuada, no

sentido de buscarmos sempre novos fundamentos para uma prática pedagógica

qualitativa.

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REFERÊNCIAS

AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2012. ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. 16.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº. 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF. BRASIL. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1,2 e 3. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. DOHME, V. Atividades Lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelo. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003. SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. São Paulo: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. SOLÉ, I.; SCHILLING, C. Estratégias de leitura. 6ª ed. Porte Alegre: Artes Médicas, 1998. TEBEROSKY, A.; COLOMER, T. Aprender a ler e escrever: Uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003. VILLARDI, R. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Qualitymark / Dunya ed.,1999. XIMENES, S. Dicionário da língua portuguesa. – 3. Ed. Ver. E ampl. – São Paulo: Ediouro, 2001.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – TERMO DE LIVRE CONSENTIMENTO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.)

(Em 02 vias, firmado por cada participante-voluntario (a) da pesquisa e pelo responsável)

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Leia atentamente as

informações abaixo e faça qualquer pergunta que desejar, para que todos os procedimentos desta

pesquisa sejam esclarecidos.

Meu nome é Raquel Fernandes de Freitas, sou aluna do curso de Pedagogia na Universidade Federal

do Rio Grande do Norte – UFRN. Gostaria de convidar você para participar de uma pesquisa sobre o

lúdico na sala de aula. Esse trabalho é parte integrante do artigo cientÍfico “O lúdico como estratégia de

leitura: a contação de história nos primeiros anos do ensino fundamental”, orientado pela Professora Dra.

Maria Cristina Leandro de Paiva - UFRN. Destacamos que essa pesquisa fundamentará, em parte, meu

trabalho final de curso que utilizará como instrumento para coleta de dados questionários aplicados aos

profissionais da instituição de ensino (Escola Municipal Raquel Silva). Nosso objetivo é identificar,

descrever e analisar as práticas pedagógicas do lúdico via construção da pesquisa acima referida. Vale

ressaltar que sua identidade será preservada e as informações resultantes de sua participação só serão

divulgadas entre os profissionais estudiosos do assunto. É também importante destacar que, como

colaborados voluntário, você não deve participar contra a sua vontade. Dessa forma, poderá desligar-se

e retirar seu consentimento a qualquer momento sem prejuízos ou penalidades.

O abaixo-assino, ____________________________________________________, ______anos, RG

n°___________________ declara que é de livre e espontânea vontade que está participando como

voluntário da pesquisa. Eu declaro que li cuidadosamente este Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e que, após sua leitura tive oportunidade de fazer perguntas sobre o conteúdo do mesmo,

como também sobre a pesquisa e recebi explicações que responderam por completo minhas dúvidas.

Declaro ainda estar recebendo uma cópia assinada deste Termo.

Marcelino Vieira ___/___/______

Nome do voluntário Data Assinatura

Nome do pesquisador Data Assinatura

Endereço do responsável pela pesquisa: Nome: Raquel Fernandes de Freitas Instituição: Endereço: Polo Marcelino Vieira – UFRN

ATENÇÃO: Para informar qualquer questionamento durante a sua participação no estudo, entre em contato

via:

E-mail: [email protected]

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO

QUESTIONÁRIO

01 - O PIBID (Programa institucional de bolsa com iniciação à docência) trata-se

de um programa que conduz o acadêmico a prática em sala de aula. Como foi

receber em seu espaço educacional graduandos do curso de Pedagogia?

02 - Os alunos pibidianos tem uma responsabilidade enorme em contribuir com

a prática pedagógica cotidiana. Dito isso, de que forma o projeto contribuiu com

sua prática docente?

03 - De zero a dez, qual nota você daria aos pibidianos que atuaram como

parceiros em sala de aula?