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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO VICTOR OLIVEIRA LEMOS DE FARIAS DETERMINANTES DA MORTALIDADE DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SETOR DE CAFETERIA NA CIDADE DE NATAL/RN NATAL 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

VICTOR OLIVEIRA LEMOS DE FARIAS

DETERMINANTES DA MORTALIDADE DE MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS NO SETOR DE CAFETERIA NA CIDADE DE NATAL/RN

NATAL

2017

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VICTOR OLIVEIRA LEMOS DE FARIAS

DETERMINANTES DA MORTALIDADE DE MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS NO SETOR DE CAFETERIA EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para à obtenção do título de Bacharel em Administração

Orientador: Gabriel Martins de Araújo Filho, Dr.

Natal

2017

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Farias, Victor Oliveira Lemos de.

Determinantes da mortalidade de micro e pequenas empresas no setor de cafeteria

em Natal/RN/ Victor Oliveira Lemos de Farias. - Natal, 2017.

80f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Gabriel Martins de Araújo Filho.

Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas.

1. Administração – Monografia. 2. Mortalidade empresarial – Monografia. 3.

Cafeterias - Monografia. 4. Ciclo de vida - Empresas - Monografia. I. Araújo Filho, Gabriel

Martins de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 005.53

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

DETERMINANTES DA MORTALIDADE DE MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS NO SETOR DE CAFETERIA EM NATAL/RN

VICTOR OLIVEIRA LEMOS DE FARIAS

Monografia apresentada e aprovada em ___ de __________ de ____,

pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

_______________________________________ Prof. Gabriel Martins de Araújo Filho, Dr.

Orientador

_________________________________________ Profa. Patrícia Whebber Souza de Oliveira , Dra.

Examinadora 1

_________________________________________ Antônio Carlos Ferreira

Examinadora 2

Natal

2017

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Dedico este trabalho à minha família e a todas as pessoas envolvidas na conclusão do mesmo, em especial à minha avó, que se fez presente de forma essencial ao longo de toda minha jornada estudantil.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, a qual, tenho

certeza, Ele vem abençoando e cuidando desde seu início.

À minha família, por ter sido minha base nas construções de todos os

meus principais valores; sem dúvida, sem eles eu não teria conseguido

alcançar nenhum objetivo.

Aos meus amigos, companheiros do Marista, formidáveis pessoas que

muito me ajudaram a estar aqui e desejar sonhos maiores.

A todos os colaboradores, clientes e amigos da Loja do Estudante que

estão comigo no dia a dia, vivenciando e superando todos os obstáculos e

percalços que a vida nos impõe.

A todos os professores do curso de administração, em especial meu

orientador, pela paciência, compreensão e ensinamentos.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a todos os seus

colaboradores, meu muito obrigado pelos ensinamentos não só acadêmicos.

Aos meus colegas, companheiros de curso, que me acompanharam

direta e indiretamente em meu percurso; sobre eles, tenho certeza, além de

ganhar companheiros de profissão, também ganhei vários amigos para a minha

vida pessoal.

A todos aqueles que, não só neste, mas em todos os momentos,

torceram e colaboraram para o meu sucesso e felicidade.

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RESUMO

Trata de identificar os determinantes que contribuem para o fechamento de

empresas, na cidade de Natal, no ramo de cafeteria. Foi elaborada uma

pesquisa baseada em depoimentos de empresários desistentes atuais do

ramo, através de aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturada, a partir

do modelo de Joacir Sabino da Silva. Buscou-se embasamento teórico em

literatura direcionada à vida organizacional, com enfoque em suas diversas

fases e ênfase à mortalidade de empresas, cujo, tema foi escolhido como base

na tentativa de se encontrar uma resposta para um fenômeno que se verifica

no país, que é o elevado número de empresas que se abrem e não conseguem

sobreviver por mais de quatro anos. Após o levantamento e análise dos dados,

foi constatado que as principais razões para mortalidade das empresas foram:

sistema de planejamento ineficaz, dificuldade com mão de obra, má localização

física do empreendimento.

Palavras-Chaves: Cafeterias. Mortalidade empresarial. Ciclo de vida das

empresas.

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ABSTRACT

This study identifies the determinants that contribute to the bankruptcy of coffee

shops in the city of Natal. The research is based on testimonials from

entrepreneurs who closed their companies and entrepreneurs of the coffee

shop industry. Through the application of a semi-structured interview, based on

Joaci Sabino da Silva model. Theoretical background was acquired on literature

on organizational life, focused on phases and emphasis on corporate mortality,

whose theme was chosen based on the attempt to find an answer to a

phenomenon that occurs in the country, which is the large number of

companies that open and can’t survive for more than four years. After the data

collection and analysis, it was found that the main reasons for the companies'

mortality were: inefficient planning system, difficulty with employees and poor

physical location of the coffee shop.

Key-words: Coffee shops. Corporate Mortality. Business life cycle.

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O fracasso é menos um estado físico e mais um estado de espírito; O sucesso é cair e voltar a se levantar, vez após vez.

(Jim Collins)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. O modelo de Cinco Forças 25

Figura 2. Perfil das Empresas 51

Figura 3. Motivos para fechamento das empresas 52

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Disfunções organizacionais de 1º Grau 48

Quadro 2: Disfunções de 2º Grau 49

Quadro 3. Classificação das variáveis do estudo 54

Quadro 4. Descrição das variáveis do estudo 55

Qudro 5. Classificação das Variáveis do Estudo 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Comparação entre os motivos internos e externos 56

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SUMÁRIO

1. PARTE INTRODUTÓRIA 13

1.1. Apresentação 13

Contextualização e problema 14

Objetivos da pesquisa 15

1.1.1. Objetivo Geral 15

1.1.2. Objetivos Específicos 15

1.2. Justificativa 15

2. REFERENCIAL TEÓRICO 18

2.1. O café e as cafeterias dentro da economia brasileira 18

2.2. Gourmetização do café 20

2.3. Caso Nespresso 20

2.4. Modelo de administração estratégica 20

2.4.1. Vantagem competitiva – sustentabilidade 22

2.4.2. Vantagem competitiva – Visão ética 23

2.4.2.1. Discutindo e avaliando o ambiente externo de uma empresa, Barney e Hesterly

23

2.5. Conhecendo o modelo das cinco forças 24

2.6. Ciclo de vida das organizações 27

2.6.1. Vida útil empresarial 27

2.6.2. Identificando declínio e mortalidade de empresas 28

2.6.3. Sobre mortalidade 29

2.6.4. Sobre declínio e mortalidade de empresas – Visão de Jim Collins

29

2.7. O modelo de cinco estágios 30

2.8. Vida, declínio e morte - Visão de Ichak Adizes 34

2.8.1. Morte nas empresas

42

2.9. Ciclo de vida das organizações - visão de Foguel e Souza 43

2.9.1. A deterioração organizacional 46

2.9.2. Disfunções organizacionais de 1º grau 48

2.9.3. Disfunções organizacionais de 2º grau 49

2.10. Mortalidade das micro e pequenas empresas 51

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 53

3.1. Classificação da pesquisa 53

3.2. Técnicas de coleta de dados 53

3.3. Abrangência da pesquisa 53

3.4. Análise de dados 53

3.5. Definições das variáveis 54

4. RESULTADO DO TRABALHO 56

4.1. Principais causas determinantes do fechamento de micro e pequenas empresas no ramo de cafeteria em Natal-RN.

57

Sistemas de planejamento ineficazes ou mesmo ausentes 58

Mão de obra 59

4.1.3. Localização 59

4.1.4. Estratégias de preço, distribuição e promoção falhas 59

4.1.5. Problemas de caixa 60

4.1.6. Desinteresse na continuidade do negócio 60

4.2. Comparando as causas apresentadas pelos empreendedores 61

4.2.1. Sistemas de planejamento ineficazes ou mesmo ausentes 61

4.2.2. Mão de obra qualificada 62

4.2.3. Má localização 62

4.2.4. Estratégia de preço, distribuição e promoção falhas 62

4.2.5. Problemas de caixa 63

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

5.1. Recomendações 66

REFERENCIAS 67

ANEXOS 71

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1. PARTE INTRODUTÓRIA

1.1. Apresentação

Mesmo em meio à crise que se instalou em nosso país nos últimos

anos, quando todos os índices apontam para o seu baixo ou nenhum

crescimento econômico, os brasileiros têm buscado sobreviver, reinventar-se e

alimentar a esperança de um país melhor e um momento próximo de

soerguimento.

O empreendedor vem procurando formas de aquecer o mercado,

mantendo-se nele presente, buscando novos caminhos, novos negócios.

Entre as opções que têm atraído o mercado está a expansão de casas

no ramo de cafeteria, já há bastante tempo explorado, não somente no Brasil,

mas em todo mundo, mesmo que as estatísticas demonstrem a fugacidade de

permanência de parte desses estabelecimentos.

A proposta deste trabalho é identificar quais são as causas de ordens

interna e externa determinantes para a mortalidade das empresas de cafeteria,

na cidade de Natal-RN.

O estudo foi baseado na análise de pesquisa realizada com dados

coletados entre os empresários do segmento econômico e de dados

secundários extraídos dos achados bibliográficos existentes na literatura

acadêmica e em outras publicações atinentes ao assunto.

Para tanto, o mesmo apresenta os conceitos dos fatores tidos como

determinantes. Em seguida é apresentado o método de pesquisa, essa

realizada através de entrevistas com ex-proprietários de empresas que

atuavam no ramo, a fim de entender os motivos que, para eles, os levaram a

fechar suas empresas, visando identificar o que os fracassos têm em comum.

Por fim, comparar os dados teóricos da administração com dados apontados

pela pesquisa, gerando o aprendizado e assim reduzindo substancialmente as

chances de erro para os futuros empreendedores do mesmo ramo.

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Contextualização e problema

O Brasil enfrenta no momento atual, uma crise política e ainda está

atravessando a crise econômica que se instalou no cenário mundial no final da

primeira década do século 21. O país foi atingido pela constatação de que a

prática de corrupção se tornara constante nas áreas governamentais, vendo-

se, assim, refletido num quadro extremamente confuso, em que, imagens de

um crescimento recente misturam-se a ameaças de descrédito e retrocesso.

Como um caldeirão em plena ebulição, organizações aparentemente sólidas

mostram sinais de enfraquecimento. Comércio e indústria iniciam um processo

de desaceleração, dando lugar às vias inseguras do desemprego e nítida

instabilidade econômica.

É nesse contexto de crise generalizada que no ano passado atingimos

a triste marca de pior ano da história do varejo, com números recordes de

fechamento de lojas, demissões e retração de vendas, como mostrou o estudo

da Confederação Nacional do Comércio, com base nos dados do Cadastro

Geral de Empregados e Desempregados. Foram fechadas mais de 108 mil

lojas e 182 mil vagas de emprego foram cortadas. No ano de 2017, o número

do desemprego conseguiu piorar; ao todo são aproximadamente 14,2 milhões

de pessoas desempregadas no país (GUIDINI, 2017). Um panorama nada

prazeroso para uma população que até pouco “ostentava” a posição de 7ª

economia do mundo. Um governo deposto, substituído por outro que a

qualquer momento poderá ter o mesmo destino. O Brasil ainda não conseguiu

alavancar as ferramentas necessárias para que a máquina voltasse aos trilhos.

Com o aumento do desemprego e a retração do consumo, o país necessita

urgentemente começar a reverter esse quadro.

É nesse momento de números recordes de estabelecimentos fechados

que o presente trabalho busca informações sobre mortalidade de empresas,

mais especificamente no ramo de cafeteria na cidade do Natal.

Pretende-se, mostrar, através de dados e estudos sobre o assunto, que

as cafeterias são uma tendência do mercado com grande aumento da

diversidade de oferta, e consumidores cada vez mais motivados por uma

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experiência que difere da tradicional e que lhe ofereça uma satisfação, além da

oportunidade de variar sua escolha, seja do local, seja do produto ou do

atendimento, pois “podem facilmente comparar várias ofertas com produtos

semelhantes”. (KOTLER, 2006, p.4).

Objetivos da pesquisa

1.3.1. Objetivo Geral

Identificar os principais motivos determinantes da mortalidade de micro

e pequenas empresas no ramo de cafeteria na cidade de Natal nos últimos três

anos.

1.3.2. Objetivos Específicos

A partir das respostas obtidas na pesquisa, apontar, na visão dos

empreendedores, quais as causas que determinaram o fechamento de

cafeterias em Natal.

Analisar as razões do fechamento das empresas, na percepção dos

entrevistados, e como se relacionam com à teoria estudada.

Descrever alternativas para enfrentamento das situações de declínio

empresarial identificadas na pesquisa.

Justificativa

Como forma de enfrentamento da crise econômica instalada no país,

os empreendedores brasileiros buscam alternativas capazes de suavizar os

efeitos da mesma. Assim o fizeram e ainda estão fazendo, ora partindo para

inovações dentro do próprio negócio, ora tentando realizar sonhos há muito

alimentados, entendendo ser este o momento propício para tal.

Foi com esta visão que se propôs a elaboração deste trabalho,

focalizando um ramo de mercado que se tem posto como uma das vitrines da

nossa capital - o ramo de cafeterias.

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O investidor que patrocinou a pesquisa é proprietário de uma

livraria/papelaria, com vivência de várias décadas no mercado natalense,

caracterizada como pequena empresa, com clientes fidelizados ao longo dos

anos. Sobre tal estabelecimento, afirma-se seguramente que conseguiu suprir

e ainda supre três gerações de estudantes, com material escolar e material

para escritório, de qualidade e de reconhecidas marcas. Pretende agora inserir

no rol de produtos oferecidos à sua clientela - um café - utilizando parte de seu

ambiente físico, a exemplo do que já fazem algumas de suas congêneres nesta

e em outras cidades.

Considerando-se, no entanto, a despeito do número de empresas

abertas, um número significativo de outras que fecham suas portas em curto

espaço de tempo, buscou-se através de instrumento de pesquisa respostas

para essas questões básicas:

- Quais motivos levaram ao fechamento dessas empresas?

- O que os fracassos tiveram em comum?

- Quais os fatores que contribuíram para as respostas às questões acima

levantadas?

O presente estudo poderá tornar-se útil para os empresários ou

pessoas comuns que se encontram dispostas a iniciar um negócio no ramo de

cafeteria.

O assunto tem sua importância acadêmica por merecer atenção no

campo de estudos, sobre possibilidades de mercado, levando-se em conta os

aspectos a seguir. Em primeiro lugar, a escassez de informações sobre

mortalidade empresarial no Brasil, visto que os trabalhos de maior realce

existentes, ainda que de conteúdos altamente qualificados, que podem ser, por

isso, considerados atemporais, têm pelo menos cinco anos de produzidos.

Órgãos locais não se dispõem de boa vontade a atender solicitações nesse

sentido, a menos que sature na demora em fornecê-las, fato ocorrido com a

JUCERN - Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte, que não

conseguiu atender a tempo uma solicitação encaminhada com vistas à consulta

para este trabalho.

Em segundo lugar, como incentivo à exploração do ramo de cafeterias

como promissor no mercado brasileiro, haja vista o aumento do consumo da

bebida e o número de estabelecimentos abertos voltados para o mesmo ramo

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no país. Este seguimento, além de oportunizar obtenção de lucro, agrega um

viés social, pois o produto explorado vem a constituir-se em um ponto de

convergência- a procura por uma bebida que se identifica com o cotidiano de

quase todos os brasileiros.

Em terceiro lugar, conhecer as causas que levam boa parte dos

estabelecimentos do gênero, abertos em Natal, a apresentarem vida tão curta.

O desejo de unir esses pontos levou este pesquisador a satisfazer

expectativas particulares, pois como empreendedor iniciante direciona o seu

interesse, em médio prazo, a essa área do comércio.

A pesquisa de campo instrumentalizou o diagnóstico quanto às

empresas em Natal, e o embasamento teórico sobre o Ciclo de Vida

Empresarial com enfoque na mortalidade constituiu-se fonte imprescindível

para facilitar a identificação desse processo nas empresas alvos da pesquisa.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. O café e as cafeterias dentro da economia brasileira

Com a chegada do café no Brasil no Séc. XVIII, e, disseminado o seu

cultivo, passou esse produto à ser base da economia do país no Séc. XIX,

contribuindo grandemente para o seu enriquecimento. Hoje somos os maiores

produtores e exportadores de café do mundo. As exportações do café no Brasil

somaram aproximadamente US$ 5,4 bilhões em 2016, segundo o Portal Brasil.

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café-

ABIC (2014), o brasileiro está, a cada dia, apurando mais o seu gosto pelo café

e este de melhor qualidade, ao mesmo tempo em que tem buscado consumir a

bebida, também, fora do âmbito do lar. Por essa razão, a procura por cafés

“gourmet” tem aumentado consideravelmente, entendendo-se a expressão

“gourmet” associada a uma cafeteria, como um conceito de alta qualidade

gastronômica. Aos cafés gourmet afluem clientes, em sua maioria, das classes

média e alta. (SEBRAE, 2015)

As cafeterias são os negócios mais charmosos e tradicionais do segmento de alimentação. É um tipo de negócio que está relacionado a uma satisfação pessoal que vai além da gastronomia pura. Servir café é oferecer momentos especiais e isso exige um conjunto de cuidados que o empreendedor deve levar em consideração. (SEBRAE, 2015)

Ainda seguindo dados da ABIC, existiam em 2010, cerca de 3.500

cafeterias no Brasil, sendo que o consumo dentro de casa continua em maior

porcentagem (61%) em relação à procura fora de casa (38%). Diante do

grande consumo da bebida, o Brasil se apresenta atualmente como um

mercado propício para as cafeterias, vez que, como um referencial à produção

em todo o mundo, e mesmo com incentivo do crescimento do mercado interno,

esse nicho já é uma tendência nas capitais mais conhecidas do mundo assim

como nas brasileiras, tanto seguindo modelos tradicionais, quanto exibindo

modelos mais diferenciados. O setor tem obtido um crescimento de 15% em

cafés gourmet, contra 3% para cafés tradicionais (COLDIBELI, 2013). Da

mesma fonte, porém, vem a informação de que, a despeito da demanda pelos

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cafés gourmet, 64% do consumo da bebida ainda se dá nas padarias, sendo

que muitos consumidores frequentam os dois tipos de estabelecimentos.

Ressalta, também, essa fonte que entre os países maiores consumidores do

café, desde 2010, estão a Alemanha, França, Itália.

Gelma Franco, especialista em cafés gourmet, ao defender os efeitos

do café no organismo, sustenta que a bebida contém propriedades

estimulantes, antioxidantes e de melhoria na oxigenação do sangue. Segundo,

ela, o cliente já pode escolher hoje os cafés que mais combinam com seu

paladar e com o seu bem-estar. (DIB, 2016)

O relatório da ABIC (2016) atesta a atual crise econômica causou, sim,

desaceleração do consumo da bebida de maior preferência dos brasileiros,

mas ainda se mantém como fator importante de crescimento, isto porque os

fabricantes decidiram continuar investindo em qualidade, optando por cortar

gastos em áreas administrativas, ao invés de repassar os seus custos no seu

todo para o consumidor, constatando-se, em tese, que apesar dos cafés

tradicionais terem ganho mais espaço, os produtos de melhor qualidade ainda

permanecem firmes, mantendo a preferência dos seus consumidores habituais.

Em pesquisa realizada entre consumidores em 2015, 58% responderam que,

apesar da crise, pretendiam manter-se fiéis à marca de suas preferências.

Entretanto, para um bom percentual da população, a redução do poder

aquisitivo não refletiu em retração do consumo, mas na substituição de marcas

mais caras por outras mais baratas (ABIC, 2016).

Da mesma fonte, obtêm-se informações importantes: cápsulas e café

em pó ocupam maiores espaços nas gôndolas de supermercado, sendo que as

cápsulas tendem a crescer 120% até 2019, segundo projeções; em regiões

menos desenvolvidas, a preferência ainda é do café em pó, havendo uma

transição do coador de tecido para os filtros descartáveis e cafeteiras elétricas;

para consumidores em geral é importante que haja sabor e aroma no preparo

da bebida - o sabor influenciará na percepção da qualidade da marca; a

precária situação econômica de alguns consumidores de café leva-os a

saborearem-no em seus locais de trabalho; é esperado que as cafeterias

especializadas cresçam em 3,2% em número de lojas nas linhas premium e

gourmet.

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2.2. Gourmetização do café

Segundo Pessoa (2010), o café é um dos principais símbolos do Brasil

no exterior e existe um esforço para que se agregue valor ao café brasileiro

tanto dentro quanto fora do país. Desde meados dos anos 1990, a valorização

e os investimentos nos cafés gourmet no Brasil vêm crescendo seja por

incentivos vindos de dentro do próprio país, seja pela vinda de empresas

estrangeiras.

O café gourmet possui qualidade superior ao normal, tanto em seus

ingredientes - que são grãos selecionados das melhores colheitas - quanto na

sua fabricação. Essas diferenças fazem com que o consumidor de cafés

gourmet esteja disposto a pagar até 40% a mais para consumir o produto em

questão, segundo o Programa de Estudo dos Negócios do Sistema

Agroindustrial (2001, p. 60).

2.3. Caso Nespresso

Hoje existe um gigantesco número de cafeterias especializadas em

café “Premium” espalhadas, quase que como farmácias, pelo mundo. Essa

busca por sabores cada vez específicos e exóticos, seguindo uma tendência

mundial- a “gourmetização” do café- é cada vez mais difundida, e o tratamento

do mesmo é feito de forma cuidadosa, igual a do vinho, que vai desde sua

plantação em solos mais férteis até testes regularmente feitos por sommelieres

de café.

Esse fenômeno tem como um dos grandes responsáveis, se não o

maior, a Nestlé com sua marca de café “Nespresso”. “A Nespresso conseguiu

um sucesso espetacular, transformando-se na marca do café luxuoso,

possuindo um crescimento anual superior a 30%., sendo chamada de Louis

Vuitton do café.” (HOOLEY; PIERCY e NICOULAUD, 2012, p. 210).

2.4. Modelo de administração estratégica

Defendido por Barney e Hesterly (2011) é apresentado como modelo a

ser implementado em empresas que visam à modernização de suas ações.

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Antes de comentar-se este modelo, vale obter-se primeiramente uma

definição do que seja ESTRATÉGIA, em se falando de uma Organização

empresarial. Veja-se o que dizem os autores citados.

Estratégia de uma empresa é definida como sua teoria de como obter vantagens competitivas. Uma boa estratégia é aquela que realmente gera tais vantagens. Quanto mais acuradas forem as suposições e hipóteses em refletir como a competição no setor realmente evolui, maior a probabilidade de que uma empresa obtenha vantagens competitivas com a implementação de suas estratégias. (BARNEY e HESTERLY, 2011)

Essa posição subtende um desafio, pois é difícil se antever como e

quando exatamente ocorrerá a evolução da competição em um setor, sendo,

então, difícil saber-se, também, se a estratégia escolhida pela empresa está

certa.

Segundo Barney e Hesterly (2011), o Processo de Administração

Estratégica é um conjunto sequencial de análises e escolhas que podem

aumentar a probabilidade de uma empresa escolher uma boa estratégia, isto é,

uma estratégia que gere vantagens competitivas. (BARNEY e HESTERLY,

2011, p. 4).

Para os autores, o processo de Administração Estratégica começa na

empresa quando ela define a sua missão, quando ela define o seu propósito de

longo prazo e o que ela quer evitar nesse período. Geralmente as empresas

declaram formalmente a sua missão, detalhando sucintamente o que elas

elegem como pontos importantes para a sua atuação, incluindo, muitas vezes,

seus valores centrais e compromissos assumidos perante a sociedade. Na

opinião dos autores, algumas missões podem melhorar o desempenho da

empresa, assim como podem prejudicá-lo.

Além da missão, compõem o Processo de Administração Estratégica a

definição dos objetivos da empresa, as análises externa e interna. Na primeira,

a empresa identifica as principais ameaças e oportunidades em seu ambiente

competitivo, prevê, na medida do possível, como evoluirá a competição em seu

ambiente. Já a análise interna, ajuda a empresa a identificar suas forças e

fraquezas organizacionais (BARNEY e HESTERLY, 2011). Na sequência,

definidos a missão, os objetivos e procedidas as análises, dar-se-á, então, a

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escolha das estratégias, ou seja, a empresa estará apta para optar pela “teoria

de como obter vantagem competitiva”.

Pode-se afirmar, de acordo com os autores citados, que o objetivo do

Processo de Administração Estratégica é a concretização da vantagem

competitiva. Uma empresa terá uma vantagem competitiva se estiver criando

mais valor econômico do que suas rivais.

Continuando, eles afirmam que tanto a vantagem quanto a

desvantagem competitiva podem ser temporárias e sustentáveis. Que

vantagens competitivas de uma empresa são medidas pelo seu desempenho

financeiro e pelo seu desempenho econômico.

O desempenho financeiro usa índices calculados com os

demonstrativos de lucros e perdas e o balanço da empresa, e é comparado

com o nível médio de desempenho em seu setor. Já o econômico, compara o

nível de retorno de uma empresa com seu custo de capital.

2.4.1. Vantagem competitiva – sustentabilidade

Seguindo o enfoque das vantagens competitivas, ponto-chave do

modelo de Administração Estratégica, vale refletir sobre a sustentabilidade das

mesmas, seu tempo de durabilidade, a partir da escolha pela empresa de sua

estratégia. Dizem Barney e Hesterly que há interesse dos economistas nesse

sentido e, na visão deles, dos economistas tradicionais, essa estratégia não se

sustenta por muito tempo nas empresas.

Tornando mais clara a questão, vale fixar o conceito de vantagem

competitiva. Segundo os autores citados, a empresa consegue empunhar essa

bandeira, quando ela se torna capaz de gerar maior valor econômico para seu

cliente do que o fazem seus concorrentes. Entenda-se como valor econômico a

diferença entre os benefícios obtidos e percebidos pelo cliente na compra de

produtos e serviços em uma determinada empresa e o custo econômico que

lhe trouxeram esses produtos e serviços em outra empresa. Dir-se-ia que foi

dado ao cliente perceber o custo x benefício sobre sua preferência na

aquisição desse serviço ou produto em uma empresa em relação ao seu

mesmo procedimento em outra do mesmo ramo. Diz-se, então, que o “tamanho

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da vantagem competitiva de uma empresa é a diferença entre o valor

econômico que ela consegue criar e aquele de seus rivais”.

Para os autores acima citados, a vantagem competitiva de uma

empresa pode ser temporária ou sustentável, dependendo do seu tempo de

duração. Quando uma empresa cria uma vantagem competitiva que apresente

a seu cliente o mesmo valor econômico que outras empresas oferecem, ela

está experimentando, como já registrado em outro tópico, apenas uma

paridade competitiva. Se ela gera menos valor econômico que suas rivais, ela

tem uma desvantagem competitiva.

2.4.2. Vantagem competitiva – Visão ética

2.4.2.1. Discutindo e avaliando o ambiente externo de uma empresa,

Barney e Hesterly

Sabendo-se que um dos princípios básicos da teoria econômica é que

é de fácil observação o fato de uma sociedade demonstrar bem-estar quando

ela se vê inserida em setores competitivos. Os autores afirmam que não se

torna difícil identificar-se as razões pelas quais a competitividade ganha a

simpatia da sociedade, porquanto, nesse contexto, ela se vê como maior

beneficiária. No momento em que as empresas lutam para obter a preferência

dos seus clientes, elas passam a oferecer baixos custos, melhor qualidade de

produtos, inovação nas suas formas de venda, etc., gerando, assim, a par da

consistência nos seus próprios interesses, os interesses de sua clientela.

Consequentemente, alcançam o interesse da sociedade de modo mais amplo e

promovem, de certa forma, o seu bem-estar.

Entretanto, há de se valorizar, em contrapartida, a posição

questionadora de alguns estudos da Administração que se manifestam

interessados muito mais pela melhoria da sociedade como um todo e, na sua

visão sobre gestão estratégica e bem-estar social, presumem que quaisquer

que sejam as vantagens competitivas empreendidas pelas empresas em um

setor prejudicam a sociedade. Há modelos de visão administrativa que

oferecem uma postura alternativa, quando a adoção de algumas vantagens

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competitivas, desde que se voltem claramente para atender necessidades dos

clientes. (BARNEY e HERSTERLEY, 2011)

Concorda-se com os autores quando defendem que “ambas as

perspectivas podem ser verdadeiras”, pois convergem para o atendimento das

necessidades dos clientes daquele núcleo empresarial, abrangendo, por

consequência, a sociedade, promovendo, assim a maximização do seu bem-

estar social.

A expectativa de um novo negócio pressupõe uma série de cuidados

incluindo um planejamento prévio, tudo com vistas ao sucesso do

empreendimento. Muitas são as orientações da administração nesse sentido,

antigas e modernas, bastando ao empreendedor buscá-las e segui-las.

Sugere-se aqui a adoção do marketing e alianças estratégicas,

consideradas dentro dos padrões modernos da administração.

2.5. Conhecendo o modelo das cinco forças

Como orientação preventiva contra as ameaças que se fazem

presentes em qualquer negócio, sugere-se conhecer este modelo citado por

diversos autores, dentre eles Silva (2000), Barney e Hesterly (2011).

O modelo das cinco forças desenvolvido pelo professor Michael Porter

em 1979 - Rivalidade entre concorrentes; Ameaças de novos entrantes; Poder

de barganha dos clientes; Poder de barganha dos fornecedores; Ameaças de

produtos substitutos – é destinado à análise da competição entre empresas e

tem como objetivo analisar o ambiente competitivo diante dos concorrentes.

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Figura 1. O Modelo de Cinco Forças

Fonte: Porter (1991, p.23)

1

Essas cinco forças competitivas determinam a rentabilidade, no caso,

da indústria, porque influenciam nos preços, nos custos e no investimento mais

elevado, buscando não só a solidificação de sua marca, frente aos

concorrentes, mas também procurando perceber novas oportunidades de

negócios (PORTER, 1991, P.4).

O modelo acima, para BARNEY e HESTERLY (2011) constitui-se,

justamente, nas cinco principais ameaças com que se deparam as empresas

em seu labor organizacional.

São essas as cinco ameaças, a partir do resumo apresentado por

Barney e Hesterly (2011):

Ameaça de Entrada: depende da existência e da “altura” das barreiras a

essa entrada. Como exemplo de barreiras mais comuns, temos: economias de

escala, diferenciação do produto, vantagens de custo independentes da escala

e de normas governamentais.

Ameaça de Rivalidade: depende do número e da competitividade das

empresas em um setor. Essa ameaça é considerada alta em um setor, quando

existe um número grande de concorrentes, quando são, basicamente, do

mesmo tamanho e detêm a mesma influência, quando o crescimento do setor é

lento, quando não há diferenciação do produto e quando a capacidade

produtiva é adicionada em grande incremento.

Ameaça de Substitutos: depende da semelhança entre os produtos e

serviços, em desempenho e custo a produtos e serviços em um setor.

Enquanto todos os rivais atendem às necessidades deles praticamente da

1 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cinco_For%C3%A7as_de_Porter.png.

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mesma forma, os substitutos atendem às mesmas necessidades, mas de

formas diferenciadas.

Ameaça de Fornecedores: depende do número e das características

técnicas dos produtos oferecidos a um setor. Essa ameaça aumenta quando o

setor de um fornecedor é dominado por poucas empresas; os fornecedores

vendem produtos únicos ou altamente diferenciados; os fornecedores não são

ameaçados por substitutos, os fornecedores ameaçam a integração vertical

para frente; as empresas são clientes importantes para os fornecedores.

Ameaça de Compradores: depende do mundo e do tamanho dos

clientes de um setor. Essa ameaça se torna maior quando: os produtos

vendidos são padronizados; os produtos vendidos representam uma

porcentagem significativa do custo final de um comprador; os compradores não

estão obtendo lucros significativos; os compradores ameaçam a integração

vertical para trás.

Segundo esses autores, quando essas forças e ameaças se revelam

altas, a competição em um setor começa a se aproximar do que se conhece

por competição perfeita; quando são muito baixas, a competição passa a ser

chamada pelos economistas de monopólio. Entre essas duas modalidades de

competição, eles ainda identificam mais duas em um mesmo setor:

monopolista e o oligopólio. Nessas duas últimas, as cinco ameaças são

moderadamente altas.

Eles ainda afirmam que uma competição é considerada perfeita

quando existe um grande número de concorrentes; quando há homogeneidade

nos produtos vendidos e a entrada e saída são de baixo custo. No caso, o que

se espera é apenas uma paridade competitiva. Já nos setores monopolistas

comumente competitivos, o número de empresas também é grande, há baixo

custo de entrada e saída, porém os produtos não são homogêneos quanto a

custo e atributos. Nesses setores, empresas podem ganhar vantagens

competitivas.

Setores monopolistas são os de uma só empresa, enquanto que os

oligopólios são caracterizados por um pequeno número de empresas

concorrentes.

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2.6. Ciclo de vida das organizações

Embasando-se teoricamente esta pesquisa, traçou-se uma linha de

tempo, com abordagens pertinentes a cada estágio da vida de uma empresa

ou organização, concentrando-se opiniões de estudiosos que se dedicaram a

apontar e analisar aspectos importantes que são inerentes à vida das

organizações em geral.

2.6.1. Vida útil empresarial

Silva (2000), escudado em Cobra e Zwarg (1986), mostra que, para

cumprimento de sua missão, uma empresa deve estar sempre escolhendo

caminhos e alternativas que lhe favoreçam o crescimento e desenvolvimento

durante todo o percurso de sua existência. Ele caracteriza a vida de uma

organização por fases distintas, as quais apresenta como: crescimento,

consolidação, diversificação e ação social.

O crescimento seria o período que marca o momento de aceitação no

mercado, a diferenciação na concorrência, o esforço para manter-se

conhecida. A fase de consolidação seria o momento da busca pela

sobrevivência em solidez, com estabilidade, sendo nessa fase que a empresa

enfrenta os maiores desafios e ameaças externas, necessitando reunir forças

que lhe garantam a estabilidade desejada.

O autor cita o modelo das cinco forças de Porter, já apresentado, como

ameaças sempre presentes na vida empresarial, principalmente nessa fase de

consolidação. Como terceira fase, ele mostra a diversificação, o momento em

que a empresa se amplia, inova e se firma para alcançar com êxito a última

fase, a que ele chama ação social, o estágio em que a organização já firmada

promove e fixa sua imagem perante a sociedade.

Segundo os autores citados, não existe um modelo a ser seguido, e

mesmo que essas fases se mostrem distintas, o modo de planejá-las e

atravessá-las varia de empresa para empresa. Eles mostram, por exemplo, que

mesmo ainda na fase de crescimento, por incrível que possa parecer, muitas

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empresas saem de cena, vítimas, talvez, de ações e estratégias inadequadas

que não lhe proporcionaram o resultado desejado por seus fundadores.

A ideia passada é a de que, em que qualquer atividade explorada, as

empresas enfrentarão sempre momentos positivos e negativos, desafios

internos e externos, variando conforme a sazonalidade da demanda, com o

comportamento do mercado e sobretudo com a satisfação demonstrada pelos

clientes, ressaltando que, muitas vezes, as forças competitivas que impelem

determinadas empresas à concorrência e, consequentemente, ao seu melhor

desempenho, podem, elas mesmas, provocar o desaparecimento de outras do

mesmo ramo.

2.6.2. Identificando declínio e mortalidade de empresas

As empresas não conseguem muitas vezes vencer as dificuldades e

percalços surgidos em alguns casos por crises de caixa, crise financeira ou até

mesmo de identidade, dependendo do tempo de sua criação (SILVA, 2000).

Segundo Marcondes e Bernardes (1997) para uma empresa nova,

torna-se confuso definir o que pode ser contabilizado como rentabilidade e o

que representa capital de giro, o que pode ocorrer em face do desejo de

crescimento, de melhor atendimento às necessidades da clientela, levando

essa empresa a adotar políticas mal planejadas, como por exemplo, a

concessão de vendas a crédito (se essa for uma praxe do estabelecimento)

com prazo para o consumidor maior do que o prazo oferecido à empresa pelo

seu fornecedor.

Para Marcondes e Bernardes (1997, p. 21):

O ponto de equilíbrio das empresas é o ponto no qual a reta das receitas cruza com a reta do total das despesas, ou seja, não há lucro nem perda porque os valores monetários das despesas se igualam com os das receitas. (p. 21)

Sobre o declínio organizacional, Lima diz:

O declínio organizacional começa a instalar-se numa organização quando ela, logo após ter chegado ao ápice, do estágio de formalização, torna-se estagnante, excessivamente burocratizada e passiva, tudo evidenciado por sua falta de sensibilidade quanto ao

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desenvolvimento de novos produtos, quanto aos interesses dos seus membros e quanto às preferências dos consumidores. (p. 347)

Essas afirmações sintetizam as posições dos outros autores que foram

consultados desta pesquisa, os quais veremos mais adiante.

2.6.3. Sobre mortalidade

No raciocínio de Silva (2000), o fenômeno da mortalidade de empresas

é frequente no Brasil e em grande parte é devido à insensibilidade do

empreendedor em reconhecer os momentos em que sua empresa necessita de

mudanças, de implementações de novas técnicas. O empresário continua

insistindo em velhas estratégias, atestando, assim, sua arrogância,

contribuindo desse modo para a mortalidade da sua empresa. Além disso,

outras falhas são por ele apresentadas, tais como falta de definição clara do

negócio frente aos objetivos traçados, ausência de indicadores para o

acompanhamento e avaliação com vistas à consecução dos objetivos da

empresa, além de outras.

Foguel e Souza (1995, p.34-35) declaram:

A mortalidade organizacional deve ser percebida como um processo intrínseco às organizações, da mesma forma que o processo de desenvolvimento. Dessa forma, longe de serem mutuamente excludentes, deterioração e desenvolvimento coexistem em cada momento da vida organizacional. As organizações tendem paulatinamente à deterioração como decorrência natural do seu próprio funcionamento. (p. 34-35)

2.6.4. Sobre declínio e mortalidade de empresas – Visão de Jim Collins

Para Collins (2010), o declínio de uma empresa pode ser comparado a

uma enfermidade que se instala silenciosamente no corpo humano, mesmo

que, aparentemente, o seu portador pareça saudável. Admite, entretanto, esse

autor que em grande parte, esse processo consiste em uma “mazela” criada

pela própria empresa. Fazendo analogia a uma doença, ele vê o declínio como

aquele mal difícil de ser detectado, mas fácil de ser curado nos estágios

iniciais, e fácil de ser detectado, porém difícil de curar nos estágios posteriores.

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Ele afirma que toda instituição é vulnerável, independendo do seu

desempenho, do progresso desenvolvido e do poder acumulado.

No seu projeto de pesquisa, Collins (2010) descobriu elementos que

resultaram na apresentação do modelo dos Cinco Estágios, estudo que

contribuiu grandemente para feitura desse trabalho, cujo objetivo maior é

justamente detectar fatores que determinaram a mortalidade de um tipo de

empresa.

Para chegar à conclusão de sua pesquisa, Collins tomou para análise

duas empresas, tentando, diante do sucesso e do fracasso apresentados

distintamente por cada uma delas, responder à questão:

- Por que uma empresa cai e outra não?

Considerando que as empresas analisadas apresentavam

comportamentos idênticos, com excelentes níveis de crescimento, retorno

positivo aos investidores, tendo em seu controle preparados líderes

empreendedores, esperava-se que houvesse continuidade desse panorama,

entretanto, em determinado momento, a situação se diversificou, constatando-

se a subida de uma das empresas e a queda vertiginosa de outra. Inicialmente,

ele procurou estudar a história de cada uma dessas empresas, examinando

cronologicamente suas documentações, elementos que se mostraram

importantes para sua análise, visto que foram mostradas claras evidências dos

momentos em que se davam os eventos, evidências essas que eram

analisadas também cronologicamente, isto antes de ser conhecido o resultado.

Para realização da análise em questão, não foi utilizada entrevista, apenas o

acervo documental das empresas que, a partir de evidências históricas, lhe

forneceu condições de concluir sua pesquisa e chegar à conclusão de que uma

empresa pode aparentar perfeita saúde externamente, mas já estar em

declínio, prestes a cair.

2.7. O modelo dos cinco estágios

Collins (2010), segundo ele mesmo declara, este não é um modelo

definitivo de declínio corporativo, pois empresas podem cair por motivos e

causas alheios à sua vontade, como por exemplo, vitimadas por catástrofes,

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fraudes, entre outros. Eis os estágios que podem levar uma empresa à sua

queda.

Estágio Nº1 - O excesso de confiança proveniente do sucesso -

Essa fase é iniciada quando os líderes esquecem os fatores básicos que

levaram a empresa ao sucesso e tornam-se arrogantes, excessivamente

orgulhosos de suas ações. Este desprezo arrogante pode ser verificado em

vários aspectos, como sejam, a empresa se desenvolve em determinado setor

além das expectativas de seus responsáveis e, confiados neste sucesso

aparentemente garantido, eles decidem partir para um novo investimento em

um outro setor, colocando ali todo seu esforço criativo, apostando todas as

fichas nessa nova aventura, desviando a sua atenção daquele setor que estava

a mil. Esquecem que o sucesso garantido de qualquer empreendimento

depende em grande parte da atenção e cuidado das ações que o envolvem,

que o fazem girar. Isto não significa que a empresa não deva levar à frente

novas ideias, novos empreendimentos, mas, na maioria das vezes, o

aprimoramento do negócio principal, que vem apresentando desempenho

positivo e lucrativo, conferir-lhe atenção intensa e contínua será o mais

sensato.

Estágio Nº2 - A busca indisciplinada por mais - A sensação e quase

certeza absoluta do sucesso obtido no primeiro estágio, impulsiona a empresa

ao estágio seguinte. É neste momento, que dirigentes como que se desviam da

forma disciplinada com que trabalharam, de como exerceram sua criatividade

e, empolgados com a excelência alcançada, caminham de forma nem tanto

planejada para áreas das quais não detêm um perfeito domínio, contando

como certo sucesso de sua nova empreitada. Muitas vezes, este sucesso

surge rapidamente, porém sem consistência, o que se torna perigoso para a

empresa, confirmando que “tentar fazer demais leva ainda mais empresas

poderosas à queda”.

O autor, à guisa de orientação, elenca alguns indicativos para esse 2º

estágio, a seguir mencionados:

A busca insustentável por crescimento, confundindo grande com

excelente;

Saltos descontínuos indisciplinados;

Proporção cada vez menor das pessoas certas em posições chave;

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Um caixa fácil desgasta a disciplina de custos;

A burocracia subverte a disciplina;

Sucessão problemática de poder;

Interesses pessoais acima dos interesses organizacionais.

Estágio Nº 3 - A negação de riscos e perigos - É por aí que sinais de

alerta internos vão sendo dados e as empresas fingem ignorá-los,

negligenciando-os, confiantes que estão no andamento ainda positivo do

negócio e, quando as dificuldades começam a surgir, ao invés de assumirem

total responsabilidade, atribuem-na a fatores externos, e mesmo diante do

acúmulo de evidências ao contrário, continuam fazendo grandes apostas. Diz

Collins (2010) que “metas audaciosas estimulam o progresso, mas grandes

apostas sem avaliação empírica ou que se opõem às evidências podem

derrubar empresas, a menos que sejam abençoadas com uma sorte incomum.

E contar com sorte não é uma estratégia confiável”.

Abaixo, alguns indicativos do estágio 3, oferecidos pelo autor.

Enfatizar o positivo, minimizar o negativo;

Grandes apostas e metas ousadas sem validação empírica;

Desgaste da dinâmica saudável da equipe;

Externalização da culpa;

Reorganizações obsessivas;

Desapego arrogante.

Estágio Nº 4 - A luta desesperada pela salvação - As

consequências negativas dos riscos ou mesmos dos perigos que foram

subestimados no estágio anterior começam a aparecer a olhos vistos. A

empresa tenta de todas as maneiras reverter a situação, buscando uma nova

estratégia, ousada, mas muitas vezes não comprovada, uma mudança radical,

o lançamento de um novo produto, do qual se espera recorde de vendas, etc.,

ou outras soluções que, na vontade dos responsáveis pela empresa, possam

operar o milagre da sua recuperação, cuja situação já se acha bastante

comprometida. Os resultados, a princípio positivos, geralmente se fazem

efêmeros.

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Indicativos do estágio:

O que ele chama de uma série de balas de prata - tendência a drásticas

ações tentando mudar o jogo, salto descontinuado em nova estratégia, ou

grande inovação, tentativa de um avanço revolucionário, repetição da façanha

várias vezes, mudando de um programa a outro, de uma meta a outra, de uma

estratégia a outra; muitas vezes, ao final do estágio 4, aceleram a própria

morte;

Agarrar-se a um salvador - procura de um líder carismático e/ou um

salvador de fora da empresa;

Pânico e afobação, em lugar de calma e disciplina;

Mudança radical e “revolução” com grande alarde. Tentativa de motivar

A badalação precede os resultados - Em vez de definir baixas

expectativas, os líderes, para compensar a falta de resultados atuais, tentam

“vender o futuro”.

Uma melhoria inicial seguida de decepções - Um surto de resultados

positivos de pouca duração - esperanças frustradas.

Confusão e ceticismo - A organização não motiva mais as pessoas para

o trabalho, desgaste dos valores essenciais.

Reestruturação crônica e desgaste da força financeira

Estágio Nº5 - A entrega à irrelevância ou à morte - Quanto mais

tempo uma empresa permanecer nesse estágio, mais chance terá de cair.

Nesse estágio, as derrotas acumuladas e os tropeços desgastam a força

financeira e a moral envolvidas na empresa até o ponto em que os líderes

perdem a esperança de reconstrução. A organização se torna insignificante,

atrofia e morre. São advertências de COLLINS:

“Se uma empresa se vir diante de uma verdadeira crise, quanto antes

romper o ciclo de luta desesperada pela salvação, tanto melhor”.

“O caminho para a recuperação reside, antes de mais nada, na

retomada de práticas de gestão bem fundamentadas e um rigoroso

pensamento estratégico”.

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“A marca dos verdadeiramente excelentes, em contraste com os

meramente bem-sucedidos, não é ausência de dificuldades, mas a capacidade

de sair das quedas”.

“Grandes empresas podem tombar e se recuperar”.

“O fracasso é menos um estado físico e mais um estado de espírito; O

sucesso é cair e voltar a se levantar, vez após vez”. (COLLINS, 2011)

Com o seu estudo, Collins (2010) adverte ainda: é necessário à

empresa prestar atenção no seu dia a dia, observando os sinais que se

apresentam a partir dos primeiros estágios, e se porventura conseguir reverter

a situação até o 4º estágio, visando a uma reconstrução, que esta seja feita por

etapas, um passo de cada vez.

2.8. Vida, declínio e morte - Visão de Ichak Adizes

Ainda no enfoque da vitalidade-declínio e morte das empresas, será

oportuna a visão de Adizes (1998), o que faremos.

Este autor compara o ciclo de vida de uma empresa ao ciclo de vida de

um ser vivo, obedecendo a suas fases e peculiaridades.

Segundo ele, assim como ocorre com os organismos vivos, o

crescimento e o envelhecimento das organizações se manifestam através da

inter-relação entre dois fatores: flexibilidade e controlabilidade. A

flexibilidade, característica dos humanos mais jovens, é também característica

das empresas mais jovens e à medida que elas envelhecem, essa flexibilidade

diminui.

A flexibilidade nas jovens empresas se traduz na capacidade de

mudanças com certa facilidade, o que não ocorre com empresas menos jovens

e à medida que elas envelhecem, essa flexibilidade diminui.

O autor, nesse sentido, traz uma advertência interessante: “Tamanho e

tempo não são causas de crescimento e envelhecimento. Empresas grandes

com uma longa tradição, não são necessariamente velhas; e empresas

pequenas sem tradição alguma não são necessariamente jovens. ” Isto quer

dizer que uma organização é velha quando o seu comportamento é controlável

(independente do seu tempo de existência), mas ela é inflexível e resistente à

mudança.

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Pode acontecer a uma empresa apresentar as duas características- ser

ao mesmo tempo flexível e controlável, possuindo, assim as vantagens da

juventude e da maturidade. Alcançando esse estágio, essa organização pode

mudar sua direção quando quiser fazê-lo e pode usar de controle, também,

como e quando quiser. A este estágio este a que o autor chama de Plenitude.

Quando a empresa atinge a plenitude, ela tem de procurar evitar

envelhecer, isto é, buscar formas de manter-se com as características da

empresa jovem, sendo flexível e tentando resolver os problemas da forma mais

equilibrada possível a seu alcance, pois que problemas estão initerruptamente

presentes na vida de uma empresa.

De acordo com Adizes (1998), os problemas enfrentados pela empresa

podem ser considerados normais quando podem ser por ela mesma resolvidos,

a partir da tomada de decisões, e que são problemas previstos para aquele

ciclo de vida que ela experimenta no momento e que, muitas vezes, são

comuns a todas as organizações, com maior ou menor intensidade ou duração.

A estes, o autor denomina sensações; se não forem previstos, ele os

classifica como transicionais, pois que desaparecerão logo se dê a transição

para o estágio seguinte do seu ciclo de vida. Problemas são considerados

anormais quando exigem intervenção externa, dado que são complexos e

podem algumas vezes se converter em uma patologia para a empresa.

Um exemplo de um problema normal seria uma insuficiência de caixa,

que pode ser sanado pela gerência. Um exemplo de problema anormal, ou

complexo, seria o estilo autocrático e centralizador de certas gerências, que

avocam para si as principais decisões da empresa. Por exemplo, o fundador de

determinada empresa é, sozinho, o maior ativo e o maior passivo. Morre esse

cidadão e a empresa, muitas vezes, sucumbe.

Nas fases de envelhecimento, um problema que se repete e que

carece de solução é a burocratização, aqui vista como “a capacidade cada

vez menor de uma organização satisfazer as necessidades dos clientes”.

Adizes (1998) oferece em seu trabalho uma metodologia de diagnósticos que

permite distinguir os diferentes tipos de problemas, bem assim uma

metodologia de intervenção, com características curativa e preventiva, com a

finalidade de orientar sobre como superar as complexidades e patologias nas

empresas, encaminhando-as à plenitude para permanecerem sempre.

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Como já foi registrado, este autor faz analogia do ciclo da vida de uma

empresa ao de um ser vivo humano. Ele descreve no estágio do crescimento o

Namoro, considerando uma organização que ainda não foi iniciada

formalmente, que apenas existe na ideia, mas já ocupa a mente do seu

fundador, que traça objetivos, discute, planeja e firma compromisso, e, como

no namoro, fomenta paixão, traça planos, faz promessas.

Diz o autor que a organização nasce quando o compromisso é posto à

prova e sai vitorioso, quando é assumido o risco. De modo inverso, ela morre

quando esse compromisso deixa de existir por parte de todos os que

respondiam pelo seu funcionamento. Após o nascimento dessa empresa, esse

compromisso é que a manterá viva ou a sua falta decretará sua falência.

Da fase do namoro à infância, ele intitula de Organização Criança,

quando o enfoque será a produção de resultados, indicando que as

necessidades serão satisfeitas, confirmando para que foi criada essa empresa.

As vendas serão o sinal de aprovação das ideias postas em prática.

Este momento, o autor compara ao período antes e logo depois do casamento.

O romantismo acentuado dá lugar à conscientização de que uma vida de

maiores responsabilidades está iniciando, chegou a hora da concretização dos

sonhos e isso envolverá muita habilidade, boa vontade e também

compromisso.

A organização criança exige do seu fundador uma entrega total,

diligência extrema. Ela tem sistemas reduzidos, somente algumas diretrizes,

escassos orçamentos e poucos procedimentos. Nesse momento, pesa

realmente sobre o fundador a carga maior e, inicialmente ele terá de ser

realmente centralizador, e atuar em ambiente de pouca hierarquia. A

contratação de pessoal é feita de acordo com as necessidades surgidas e

dispensa exigências maiores dos contratados, que se iniciam imediatamente no

trabalho.

Nesse momento de sua vida, a organização, que não possui passado

nem experiência, passa a assumir, além das responsabilidades, riscos de

sobrevivência: a probabilidade de erros é grande, tendo em vista a escassez de

recursos que geralmente se verifica na maioria das empresas recém-criadas,

recursos esses que poderiam ser usados em ferramentas de proteção,

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entendidas aqui como contratação de equipe complementar, projeto técnico,

entre outras medidas.

Empenho desmedido e capital suficiente para desenvolver-se nessa

etapa serão elementos indispensáveis; também, será necessário e, antes de

tudo, um planejamento a curto prazo, em base do qual as ideias serão postas à

prova. Esse estágio não permite delegação de autoridade e, repetindo, recai

sobre o fundador todo o direcionamento da empresa. Somente em estágios

futuros, ele poderá distribuir competências, já numa situação mais estável da

sua empresa.

Devido ao excesso de responsabilidades, esse dirigente empresarial

poderá entediar-se e, diante do surgimento de problemas maiores, perder o

controle da sua organização, o que acarretará sérias dificuldades, quiçá a

morte dessa empresa ainda na sua fase infantil.

Segue Adizes (1998), fazendo a transição no ciclo de vida da empresa

de criança para um estágio que ele denomina toca-toca, no qual a empresa se

sente florescendo. Dá-se, então, o perigo de tornar-se o fundador arrogante

junto com sua empresa. Uma onda de euforismo lhe domina e, segundo o

autor, quanto maior o sucesso da organização, mais arrogante se torna o seu

fundador.

Confiante no sucesso obtido, segue ele tocando em várias frentes,

diversificando o negócio, ampliando e vendo aumentarem rapidamente as

vendas. A tendência é que, neste momento, o fundador comece a descuidar-se

dos seus investimentos e, apostando nos resultados, descuida-se, também, do

planejamento, do acompanhamento rigoroso tão necessários ao negócio.

A inocorrência de vários erros, faz a empresa cometer mais um: pensar

que “ mais significa melhor”, e tornar-se uma “organização movida pelas

oportunidades e não geradora de oportunidades”. Uma observação se faz com

alusão aos três estágios até aqui apresentados: no estágio namoro há uma

visão. Na infância, a visão na prática, a organização está voltada para o

produto, e no estágio toca-toca, ela volta-se para as vendas.

Nesse estágio, a orientação para as vendas pode ter consequências

anormais. Há o pressuposto de que a margem de lucro sobre as vendas gerará

mais vendas e, consequentemente mais lucros, entretanto, a rapidez no

crescimento sugere ao dirigente maior expansão, e essa se dá em descontrole,

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vindo a resultar num grande equívoco. Ao invés de lucro, estará sofrendo

prejuízo. Segundo o autor desse estudo, esse fenômeno tem se tornado

recorrente em muitas empresas.

O autor prossegue apresentando aspectos próprios de uma empresa

em processo acelerado de crescimento, que tem manifestações

organizacionais, com abertura de novos negócios e com um crescente número

de funcionários com pouco treinamento, poucas avaliações de desempenho e

falhas na administração salarial. Falta aos dirigentes consistência e

concentração. A empresa está, nesse momento, organizada em torno de

pessoas, não das tarefas, falta planejamento e controle do ambiente

operacional, que passa a ser o controlador da empresa.

Pela falta de maturidade, ela não sabe ainda definir prioridades, o que

pode vir a fazê-la perder grandes oportunidades e clientes. Evidencia-se então,

a necessidade de elaboração de um subsistema administrativo, com adoção de

regras e diretrizes que lhe facilitarão a transição para sua próxima fase, a fase

da adolescência. Caso isto não aconteça, o autor afirma que a empresa

sofrerá uma espécie de morte prematura, que ele chama de Cilada do

fundador. Já foi aqui registrada, que o fundador de uma empresa é a mola

mestra dessa empresa. Ele é a própria empresa, tudo nela depende dele.

Reconhecer, então, que é chegada a hora de distribuir suas grandes

responsabilidades, porém, não consegue fazê-lo corretamente, além de não

querer perder o total controle de tudo. Esse empresário, desconhecendo o que

seja delegar, ou seja, distribuir tarefas respeitando a hierarquia da empresa,

passando a exigir tarefas, respeitando a hierarquia da empresa. Quando ele

exige um senso de responsabilidade por parte de quem executará tais tarefas,

ele comete a descentralização, que pressupõe a tomada de decisões, o que

não deveria acontecer, visto a empresa não possuir um sistema de controle

tecnicamente organizado.

Começa, então, um período de verdadeiras “turbulências”, em que as

decisões, tomadas isoladamente, começam a entrar em choque com as do

dono da empresa, que se vê cada vez mais perdido nos seus objetivos e metas

por ele, desorganizadamente, traçadas. Ele vê sua autoridade abalada, vê que

está perdendo o controle e tenta voltar ao antigo sistema, onde somente ele

decidia, e não mais consegue.

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O seu espirito e modelo centralizador não mais se adequam às

exigências da empresa e a sua ausência passa a ser desejada pelos seus

antigos subordinados, hoje, donos do poder decisório. Esse é o momento a que

o autor Adizes (1998) chama de cilada do fundador, que significa que a morte

do fundador da empresa pode induzir à morte da mesma. Para o autor, muito

tempo correrá para que essa empresa volte a ocupar o seu antigo lugar, ou

talvez jamais retorne.

Adolescência - seria um momento de segundo nascimento da

empresa, que se vê obrigada a mudar radicalmente na forma de sua liderança,

e não faltarão nesse sentido muitos conflitos e inconsistências. O estágio exige

delegação de autoridade, especialização, profissionalização. É um momento de

transição importante para a organização.

A nova liderança, muitas vezes, não recebe a simpatia dos mais

antigos que a veem com desconfiança, e o antigo líder, que foi “obrigado” a

passar o bastão, tenta não se fazer esquecido. Surgem conflitos,

principalmente se a empresa passou a ser gerenciada pelos filhos. Se a

empresa consegue vencer mais esse período de turbulências, se conseguir se

enquadrar num sistema mais organizado, duas coisas poderão acontecer,

segundo discute Adizes (1998).

A empresa sofre envelhecimento prematuro, já que passou por

problemas normais e anormais e conseguiu superá-los, não atinge o estágio

seguinte à plenitude, ou então ela atinge o seu ponto mais favorável na curva

do seu ciclo de vida, através de autocontrole e flexibilidade. Essa restruturação

terá de ser abrangente a todos os setores da empresa e levará, também, um

certo tempo.

A plenitude será alcançada quando a empresa conseguir manter:

Sistemas e estruturas organizacionais e funcionais. Visão e criatividade institucionalizadas; orientação para os resultados a organização satisfaz as necessidades dos clientes; organização planeja e segue seus planos; a organização supera suas expectativas de desempenho, previsivelmente. A organização é capaz de manter simultaneamente, o crescimento das vendas e o aumento da lucratividade; a organização passa a gerar novas organizações Crianças (ADIZES, 1998, p.61).

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Os problemas não desaparecem, mas são tratados de forma mais

técnica, alguns já são de antemão previstos. O grande desafio para a

organização que alcança esse estágio, onde a curva de sua vida reflete a sua

plena vitalidade, quando ela consegue alcançar resultados eficientes e eficazes

a curto e a longo prazos, é conseguir permanecer nele.

Envelhecimento - o primeiro dos estágios da fase de envelhecimento

de uma empresa é justamente a sua fase estável, ou seja, a sua fase plena.

Ela encontra-se forte e equilibrada, mas começa a perder sua flexibilidade.

Começa, então, a abandonar o espirito criativo de inovação, de incentivos às

mudanças, diminui sua flexibilidade e passa a achar-se autoconfiante, visto já

ter conquistado um reconhecimento estável no mercado, sentindo-se segura na

maior parte de suas ações.

O clima de discordância que antes havia torna-se mais ameno e

instala-se um clima mais formal. Muitas mudanças ocorrem. As verbas

orçamentárias que antes eram pródigas para as pesquisas, inclusive de

marketing, agora são postas mais a favor do aperfeiçoamento de produtos

existentes, tudo direcionado ao aumento da lucratividade. A equipe de finanças

torna-se mais importante que as de outros setores, o retorno sobre o

investimento é respeitado, a objetividade toma o lugar do raciocínio conceitual.

A organização assume menos riscos, as vendas continuam assegurando o

crescimento, mas um perigo ronda a empresa - o arrefecimento do espirito

empreendedor.

A estabilidade reduz a necessidade de mudanças e isso poderá levar a

empresa à estagnação.

Segundo o autor em estudo, ao estágio da Plenitude, segue-se um

processo de deterioração. O esvaecimento do espirito empreendedor instalado

na fase estável cede lugar a um novo estágio, a que Adizes (1998) denomina

ARISTOCRACIA.

Concretamente, esse estágio é por ele definido da seguinte maneira:

Aplica-se dinheiro em sistemas de controle, benefícios e instalações.

Enfatiza-se como as coisas são feitas e não o que é e por que é feito.

Há grande formalidade no vestir e no falar.

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As pessoas preocupam-se, individualmente, com a vitalidade da

empresa, mas também, enquanto grupo, o lema operacional é “não fazer

ondas”. Negócios como sempre.

Há um baixo nível de inovação interna.

A empresa poderá adquirir outras empresas para obter novos produtos e

mercados, ou para tentar reaver dessa maneira o espirito empreendedor que

perdeu.

A organização tem dinheiro em abundância, tornando-se um alvo em

potencial de manobras para aquisição do controle acionário.

Diz o autor que, se na Adolescência reina uma espécie de paranoia, as

pessoas dão interpretações ao que alguém disse ou por que foi dito, na

Plenitude, a comunicação é clara e cristalina. Já na ARISTROCRACIA o meio é

a mensagem, que pode não ser totalmente verdadeira, pode conter

subterfúgios, suposições.

No estágio aristocrático, a empresa não consegue lidar com o futuro,

nem aceita a realidade do presente. Continua a proceder como se tudo

estivesse no estado normal mesmo que assim não aconteça. Como exemplo,

ele cita determinada empresa que, ignorando como se comportava o mercado,

deixava com a alta administração o poder de decidir, qual o retorno que

desejava conceder aos acionistas, em seguida, determinava qual o lucro que a

empresa deveria obter e, para isso, estipulava o lucro que cada unidade

deveria ter, bem como os gastos nos quais poderia incorrer.

As Aristocracias aumentam os lucros, elevando a receita sem reduzir

os custos. O autor ainda coloca que este comportamento de aumentar preços

“quando a fatia do mercado está diminuindo, é como jogar gasolina em uma

fogueira”. Não faz mais do que acelerar a passagem da empresa para o

estágio seguinte- Burocracia Incipiente.

Burocracia incipiente se traduz num estágio que antecede o

Envelhecimento da empresa.

Nesse estágio, há uma sensação de tragédia iminente. A empresa

tenta de diversas maneiras minorar a situação, alimentando ilusões de que

tudo irá melhorar, entretanto, internamente, ela não confia em seus próprios

esforços para garantir a sua sobrevivência, e o fato é que ela começa a cair

vertiginosamente em alguns aspectos, tudo iniciado no estágio da Aristocracia.

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Instala-se aí um processo de conflitos entre os responsáveis pelos

diversos setores, em que os líderes bem preparados que já haviam advertido

sobre o perigo, começam a perder o estímulo. Uns deixam a empresa, outros

são postos para fora. Acontece uma verdadeira “caça às bruxas” na tentativa

de identificar quem colocou a empresa nessa situação, onde foi cometido o

erro que gerou a derrocada. Desculpas e culpas são lançadas de uns para

outros.

O que acontece é que a capacidade criativa dessa empresa em

processo burocrático não é mais direcionada à criação de produtos melhores,

de uma melhor estratégia de marketing, mas a preocupação dos gerentes é a

sua sobrevivência pessoal e isto eles conseguem através da eliminação e

descrédito dos demais colegas. Nesse estado de coisas, a empresa deixa de

gerar recursos próprios suficientes à sua manutenção. A organização

Burocrática é organizada e não esclarece antecipadamente tudo que está

acontecendo, tanto é que um setor não toma conhecimento do que ocorre no

outro, que estratégias estão sendo usadas, etc., e desse modo, vai se

instalando o estágio do envelhecimento.

Envelhecimento - Tal como na velhice, as organizações Burocráticas

conhecem as regras, mas “não se lembram porque elas existem”. Diz o autor

que burocracia vive de rituais, não da razão. Observa-se nesse estágio, o

comportamento descortês para com os clientes, dificultando-lhes a

comunicação com a empresa e o acesso a ela. Observa-se a perda do senso

de controle por falta de inter-relacionamento e falta de cooperação. Os reflexos

atingem os clientes que se sentem desvalorizados.

Muitas das organizações em estágio aqui chamado Burocrático

mantêm-se vivas, graças às relações mantidas com órgãos governamentais, e

a sua preocupação maior é descobrir o que eles querem ou precisam comprar.

Se eliminadas essas relações, muitas dessas organizações fechariam suas

portas. E isto se aplica, também, aos próprios órgãos governamentais, porque

muitos deles só conseguem funcionar isolados do ambiente externo.

O estágio Burocrático, via de regra, leva as empresas à morte num

período extenso de coma.

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2.8.1. Morte nas empresas

Segundo Adizes (1998), cujo estudo sobre os ciclos de vida das

organizações está sendo apresentado nesse tópico, a verdadeira morte pode

levar anos. Ela ocorre quando todos os envolvidos com a empresa lhe faltam

com o compromisso. Essa morte pode ter-se dado antes do processo de

Burocratização, quando o compromisso da empresa com os clientes foi

desprezado em favor, muitas vezes, do interesse desta por órgãos

governamentais e políticos.

A morte de uma empresa acontecerá quando ela não possui nenhuma

funcionalidade, quando perder a sua eficácia. Se for uma organização

comercial, ocorrerá se as medidas cautelares e de emergência não forem

acionadas no momento certo.

2.9. Ciclo de vida das organizações- visão de Foguel e Souza.

Foguel e Souza (1995), afirmam que na vida organizacional, duas

características se fazem presentes e se entrelaçam – Forças de

desenvolvimento e Forças de Deterioração. Elas coexistem simultaneamente.

Segundo esses autores, essa visão difere das atuais e costumeiras,

que são voltadas para o crescimento das empresas, deixando de lado um

aspecto importante que é a tendência à deterioração das mesmas.

Chamam eles atenção sobre a necessidade de discernimento quanto

ao processo de desenvolvimento da organização e do momento certo para se

proceder a uma intervenção, a fim de evitarem males que venham levar essa

organização a um processo de deterioração.

A falha em não se fazer essa identificação inibe o avanço do

conhecimento do processo de desenvolvimento em si e limita,

consequentemente, a eficácia do processo de intervenção tão necessário no

seu tempo.

Surge a questão: Por que a ênfase em se destacar patologias,

disfunções, doenças organizacionais, em detrimento de uma abordagem

positiva sobre o crescimento?

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É aí que eles fazem uma analogia com as ciências médicas e

biológicas em desenvolverem estudos que não só expliquem as doenças, mas

também apresentem formas de prevenção e cura.

Os autores mostram que a diferença, nesse aspecto, entre empresas e

seres vivos, é que, nestes, as fases do seu ciclo vital são perfeitamente

identificáveis e previsíveis, sendo possível estimar-se até o momento

aproximado do final de cada um, pela idade, caso não aconteçam doenças

inesperadas fatais e/ou acidentes, o que se conhece por morte natural.

Já nas empresas, essa causa “natural” se torna indefinida, podendo as

“doenças” afetarem a empresa em qualquer estágio de sua existência, por

causas muitas vezes atribuídas à sua incapacidade de lidar com problemas

complexos de difíceis soluções. Silva (1999) afirma que uma empresa pode se

extinguir antes de atingir a sua fase melhor de crescimento e amadurecimento.

Segundo ele, “Não existe um modelo pré-estabelecido que determine o

comportamento gráfico da vida das organizações”. (SILVA; 1999).

Foguel e Souza (1985, p. 182) dizem que “uma das principais

armadilhas que surpreendem os executivos é a tendência de formularem um

modelo ideal a respeito de como deve funcionar e estabelecer-se uma

organização”.

Eles acrescentam que o apego das organizações a modelos

predeterminados envolve ameaças à sua sobrevivência. Mostram, ainda, que o

nível de eficácia de grande parte das empresas tem apresentado melhoras,

graças a um consciente e oportuno programa de intervenção, muitas vezes

aplicado com o auxílio de consultorias externas ou mesmo pela mudança de

seus líderes. Mesmo assim, o resultado do pós-funcionamento não é

observado positivamente.

No passado, dizem os autores, o desaparecimento de empresas do

mercado não era tão notado, nem os danos causados na sociedade em face do

desemprego, o que hoje, com o crescimento natural das populações, que

enseja a criação de um sem número de organizações, inclusive de extensos

conglomerados empresariais formados a partir de fusões, incorporações,

transferências do controle de ações, etc., os efeitos são muito mais sentidos,

uma vez que o aumento dos desempregados traz um resultado muito mais

negativo.

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A adoção de programas que visam evitar o fechamento de empresas

no país não tem conseguido alcançar os seus objetivos, infelizmente. É neste

sentido que Foguel e Souza (1985) afirmam que hoje vivemos uma verdadeira

era organizacional, com proliferação de organizações das mais variadas

espécies e que adotam diferentes estratégias e táticas, além de não se

restringirem ao âmbito local, ou regional, mas extrapolando negócios além de

nossas fronteiras.

Em sendo assim, impossível seria determinar quais as causas

determinantes do fracasso dos programas de orientação para não fechamento

de empresas. Dizem os autores, como já o disseram outros, que “não existem

fórmulas mágicas. Cada organização é única e não se pode construir um

quadro de soluções universais para todos os problemas organizacionais”.

(FOGUEL e SOUZA, 1985, p.17).

A par de tudo isso, existe um clima de descrença nas organizações,

principalmente as governamentais e, por mais que os grupos organizacionais

aperfeiçoem seus mecanismos de atuação e controle, eles passam a

impressão de quererem moldar o comportamento dos indivíduos, e o público,

por sua vez, procura se precaver contra o que lhe parece abusivo. Assim,

permanece o clima de desconfiança extensivo a todas as organizações, sejam

públicas ou privadas, educacionais, eclesiásticas, entre outras.

Mesmo assim, até por necessidades de sobrevivência, pessoas

procuram as empresas e ali depositam toda a sua capacidade laborativa.

Sendo que as oportunidades são mais atraentes nas grandes organizações; a

essas também recorrem profissionais liberais, que buscam no exercício de

suas profissões obter sucessos individuais. Nesse grupo estão os consultores,

cuja relação de dependência é forte, visto que as organizações são seus

clientes.

O papel do dirigente tem de ser definido e, muitas vezes, redefinido.

Diante do nível de complexidade que envolve as organizações, ele além de

supervisionar e dirigir o conjunto de operações da empresa, tem como sua

responsabilidade planejar o futuro dessa empresa, e administrar tecnicamente

os recursos necessários para efetuar as transições que se mostrarem

evidentes a fazer. Têm, portanto, esses profissionais o dever de traçar e

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perseguir objetivos para a empresa que dirigem, que visem à sua evolução

desde o presente e para o futuro.

Esses indivíduos, diante de tantas complexidades com que se veem

envolvidos, se conscientizaram que terão limitadas as manifestações de suas

individualidades, que terão de entregar-se à ética da responsabilidade,

significando que verão comprometidas as suas vontades pessoais e que todas

as demais dimensões de suas vidas estarão ligadas às empresas que dirigem.

Todo esse processo ensejará mudanças no cotidiano dessas pessoas, com

previsão de efeitos desestruturantes, pois, quanto maiores forem as crises em

que as empresas, porventura, se virem inseridas, maior será o seu empenho

em saná-las, superá-las.

Isso requer para as empresas, líderes cada vez mais preparados. Eles

terão diante de si o desafio de não apenas solucionar conflitos entre os seus

próprios objetivos individuais e os objetivos traçados para a organização sob

sua responsabilidade, mas também de compatibilizar os objetivos da

organização com os objetivos dos seus demais integrantes e os objetivos da

sociedade.

A pressão da opinião pública em cima das empresas tem alimentado a

criação de várias entidades que reivindicam delas responsabilidade social,

ensejando até movimentos que terminam por impedir a sua livre iniciativa, além

de terem elas obrigatoriedade às leis que para vários fins são criadas e estão

vigentes.

2.9.1. A deterioração organizacional

Quanto mais evolui a sociedade, mais crescem suas exigências em

todos os sentidos, inclusive para com as organizações, e essas têm de

dispender os maiores esforços para atuarem com eficácia, procurando ser

instrumentos de satisfação para essa sociedade.

Já foi colocado no início deste tópico que desenvolvimento e

deterioração são forças internas que coexistem simultaneamente numa

organização; que não podem ser consideradas excludentes.

Tem-se verificado e, de acordo com os estudos já realizados sobre o

tema, que a deterioração é latente em uma organização, e torna-se evidente

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em momentos de crise, isso acontecendo até numa sociedade ou mesmo com

um indivíduo quando acometido por qualquer enfermidade. Geralmente, é

nesse momento que, diante de sofrimentos, por exemplo, as doenças se

prevalecem das baixas defesas do portador para elevarem seu poder e, muitas

vezes, encaminhá-lo para a morte.

Quando, nas empresas, nos estágios de ascensão, a ênfase dada

pelos dirigentes é voltada para o crescimento (aumento de vendas) e não para

o desenvolvimento propriamente, a empresa, sem perceber, estará entrando

em posição de vulnerabilidade, sendo provável que, por qualquer vacilo,

poderá começar a trabalhar contra si mesma.

Essa tendência sempre presente pode conduzir a empresa à sua

extinção, se as suas forças de resistência superarem as forças que poderiam

levá-la ao desenvolvimento.

Entre as disfunções mais sérias, através das quais se dão sinais de

deterioração, está o comportamento de muitos dirigentes, que ao invés de

buscarem soluções, ficam buscando as causas, e estas são apontadas e

imputadas às “deficiências da natureza humana”, ou seja, jogam nos demais

envolvidos na organização, falhas que, a seu ver, são demonstradas com a má

vontade no trabalho, quando precisam ser coagidos a se esforçarem

adequadamente para poderem alcançar os objetivos da empresa. Para Foguel

e Souza (1985), “as causas básicas da deterioração organizacional estão

embutidas nas próprias práticas gerenciais, filosofia, concepção estrutural,

sistema de controle, recompensas e punições, estilos de liderança e sistemas

de valores utilizados pela organização”.

Para comprovar que a deterioração de empresas se constitui um

fenômeno, podemos dizer, corriqueiro em nosso país, os autores fazem

menção de publicações em periódicos nacionais que davam conta, já em 1978,

que de 100.000 novas empresas abertas na área privada, apenas 18%

ultrapassavam os três anos de fundação e uma pequena parcela comemorava

os cinco anos. Ainda hoje, o fenômeno se repete. As publicações

especializadas apontam incontável número de falências, concordatas,

insolvências, etc. E elas registram um dado digno de nota – No estado de

Minas Gerais, em 1972, 80% dos casos de falências, foram devidos a “falhas

gerenciais”. (FOGUEL e SOUZA, 1985)

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Prosseguindo, os autores afirmam que não só empresas novas se

extinguem, mas muitas antigas não conseguem proceder à transição positiva

de uma a outra geração de proprietários.

Nesses casos de empresas familiares, somente a adoção de uma

rigorosa profissionalização da administração poderá trazer resultados positivos

e livrar essas empresas de seu desaparecimento. Muitas vezes, são os

próprios herdeiros que se negam a assumir o negócio, no caso, os que

pertenciam a pequenos empresários, ainda hoje, os que ocupam maior número

de estabelecimentos comerciais no país. Vale salientar que os sinais de

deterioração nessas empresas já se apresentam antes da morte dos

fundadores.

Nos enfoques até agora apresentados neste trabalho, os eventos se

circunscrevem, quase totalmente a empresas privadas, deixadas de lado as

organizações públicas, onde também são verificados processos de

deterioração organizacional.

Evidenciando que foi a coexistência de forças de desenvolvimento e

deterioração como fato comum e sempre confrontantes nas organizações,

mister se faz apresentar-se as disfunções que se registram nas empresas e

que aceleram o processo de deterioração latente nas mesmas.

Essas disfunções Foguel e Souza (1985) comparam às doenças que

se instalam no corpo das organizações e que precisam ser diagnosticadas no

tempo certo.

Limitar-se-á aqui a fazer-se um comentário mínimo sobre essas

disfunções, dentro da tabela em que aparassem dispostas, conforme nos ditam

os autores aqui enfocados. Foguel e Souza (1985) as elencam em dois grupos:

disfunções organizacionais de 1º grau e disfunções organizacionais de 2º grau,

com analogia de febre (sintoma) para as primeiras, e de infecção (causa) para

as segundas.

2.9.2. Disfunções organizacionais de 1º grau

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Quadro 1. Disfunções organizacionais de 1º Grau Descrição Consequências

Alto grau de incongruência (incompatibilidade) Desorientação, choques, esforços em direções diferentes, apatia, falta de ação. Aparecem entre as políticas, objetivos, intenções (proclamadas, e efetivamente utilizadas), entre os papéis e funções, entre políticas de áreas distintas, como produção e vendas; entre políticas de áreas distintas, como produção e vendas; entre políticas de um órgão e as gerais da organização.

Falta de definição clara do negócio e dos objetivos

Contradição de percepções e opiniões sobre o negócio por parte dos dirigentes, dirigindo esforços por caminhos divergentes

Existência de políticas e diretrizes vagas e/ou ambíguas

Geram incertezas, incapacidade de operacionalização

Estrutura em alto grau de ambiguidade com respeito à divisão de tarefas e à autenticidade para tomada de decisões

Geram áreas de congestionamento, sobre cargas, tarefas deixam de ser executadas e decisões deixam de ser tomadas, indefinição de papéis e de responsabilidades. Uma das mais frequentes patologias e de maiores fontes de conflitos.

Estruturas definidas “anualmente” Não reflete a dinâmica da vida organizacional; após a última “mudança da estrutura” vem o processo de ambiguidade na divisão de tarefas e na identificação da autoridade para tomada de decisões.

Estruturas com alto grau de centralização e com “macrocefalia”

Complicam e empurram o processo decisório.

Grande distância entra a fonte de informações necessárias às decisões e o local onde estas são tomadas.

Gera perda de agilidade provocada por lapso de tempo; Gera informações de baixa qualidade e distorções.

Sistemas de planejamento ineficazes Excesso de formulários, extensas reuniões, adiciona tarefas ao dirigente; deixam de ser instrumento de gestão para ser consumidor de tempo e energia

Políticas organizacionais inexequíveis ao ambiente e inadequadas devido a mudanças ocorridas e não detectadas a tempo

Inviabilizam a operacionalização das ações devidas

Descompasso entre as intenções do primeiro escalão e as medidas implementadas pelo segundo escalão

Conjuga várias disfunções, dificulta coordenação e integração das ações dos órgãos engajados na resolução de um problema ou no aproveitamento de uma oportunidade.

Pouca orientação para as missões e objetivos finalísticos dos órgãos.

Ênfase conferida aos meios administrativos. Atenção voltada para burocracia e não para a necessidade de mudanças

Multiplicidade de órgãos cuidando do mesmo problema

Duplicidade de esforços, pulverização de recursos, confusão de papéis, atritos, abordagens fragmentadas, dos problemas a serem resolvidos; Indefinição de responsabilidades; baixo nível de eficácia na resolução de problemas e no aproveitamento de oportunidades

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

2.9.3. Disfunções organizacionais de 2º grau

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Convém registrar que, segundo FOGUEL, SOUZA (1985), as

disfunções de 2º grau são instaladas em razão das causas de permanência de

disfunções de 1º grau, que diminuem a capacidade da organização de tomar

consciência das disfunções existentes, discuti-las, diagnosticá-las e então fazer

as mudanças necessárias.

Quadro 2. Disfunções de 2º Grau Descrição Consequências

Falta de compreensão da organização como um sistema total

Os integrantes de organização têm consciência limitada sobre o funcionamento da empresa e não reúnem pré-requisitos para diagnosticar as disfunções existentes, muito menos para promover mudanças. Há casos que só alguns dos integrantes conhecem a fundo as disfunções que existem na empresa, mas ainda que as diagnostiquem e formulem soluções para resolvê-las, não conseguem fazê-lo

Utilização de estratégias comportamentais baseadas no princípio da unilateralidade.

Como resultado de pesquisa pelos autores, quando foram analisadas perto de 500 casos, os resultados indicaram “que as pessoas utilizam estratégias comportamentais que, consciente ou inconscientemente visam controlar unilateralmente os demais”. Consequentemente, a alta defensiva mútua resulta na baixa eficácia e baixa aprendizagem nas organizações.

Existência de tabus, formais ou informais, sobre a discussão de certos temas

Questões de relações humanas significativas não são levadas em conta como valores que devem integrar as discussões; sentimentos e emoções são descartadas; esses itens se constituem tabus em algumas empresas. Os dirigentes valorizam apenas as discussões racionais e cognitivas; consideram os fatos emocionais e assuntos interpessoais irrelevantes, imaturos; esse comportamento resulta em barreiras à comunicação e se converte em camuflagem de situações prejudicais à empresa

Crença de que competência técnica é mais vital para a consecução dos objetivos da empresa do que a competência interpessoal.

Valorização de instalações, equipamentos, técnicos capacitados e recursos financeiros em detrimento da importância da utilização de práticas básicas de administração nos vários campos: mercadorias, finanças, de produção e de recursos humanos; criação do mito de que a competência técnica requer tratamento especial, enquanto a competência interpessoal pode ser adquirida por qualquer um que seja tecnicamente preparado; as organizações que assim agem, trocam excelentes técnicos por administradores medíocres; predominância dos processos de comunicação, planejamento e de tomada de decisão sobre a importância de capacitação no relacionamento eficaz com as pessoas

Falta de consciência de que existem causas importantes de deterioração embutidas dentro da organização.

O distanciamento crítico (consciente e inconsciente) impede as pessoas de perceberem que elas próprias se constituem causas das disfunções que elas atribuem aos outros, à organização e ao ambiente externo

Quadro 2. Disfunções de 2º Grau Em cada escalão, os subordinados atribuem à rigidez e às orientações dos superiores as causas da situação disfuncional em que vivem

Por sua vez, as chefias em cada escalão, atribuem a situação disfuncional aos subordinados

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Postura dos membros da organização de encarar crenças, objetivos, políticas e estruturas como rígidos, inflexíveis, inelásticas e imutáveis

Não há questionamento, indagação, pesquisa sobre o que é certo e sobre como deve ser, não se chegar ao diagnóstico das disfunções; acomodação à situação vigente de incompatibilidades, indefinições de papéis e responsabilidades, decisões lentas, inoportunas, pobres de planejamento, rotina; padrões básicos de comportamento decorrentes da cultura predominante conduzem a uma postura que limita o grau de conscientização como um sistema total e às suas consequências

“Memória organizacional” muito limitada ou pouco difundida

Entende-se essa “memória” observando-se o indivíduo que age, detecta erros, aprende a solução e inicia uma nova ação, retendo na memória o que aprendeu. Se isso não ocorre, tempos depois, frente a mesma situação ele volta a incorrer no mesmo erro; e o que se observa em muitas organizações, nos casos de centralização ou descentralização. Falhas são detectadas, atribuídas a vários fatores, decisões são tomadas (ou não) que não resolvem os problemas.

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

2.10. Mortalidade das micro e pequenas empresas

Apresenta-se aqui mais uma sucinta abordagem sob o tema

mortalidade de empresas, direcionada às micro e pequenas empresas,

lamentando-se de antemão a escassez de informações atualizadas sobre tal

assunto.

Das leituras realizadas em artigos, publicações em jornais, blogs,

portais da internet, etc., o que se observou foi a repetição de dados e

informações. O SEBRAE, uma das fontes mais citadas, divulgou o seu

Relatório Anual de Sobrevivência das Empresas (SEBRAE, 2016).

A pesquisa foi realizada entre 2.000 micro e pequenas empresas

Ativas/inativas e trouxe os seguintes dados:

Figura 2. Perfil das empresas

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54

Fonte: SEBRAE

2

E os principais motivos alegados pelos empreendedores para que a

empresa deixasse de funcionar foram:

Figura 3. Motivos para fechamento das empresas

2 Disponível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-

das-empresas-no-brasil-relatorio-apresentacao-2016.pdf

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55

Fonte: SEBRAE

3

Seguindo os dados dessa pesquisa podemos observar que o perfil do

empresário que teve seu negócio fechado é: abriu seu negócio por

necessidade, estava desempregado, planejamento deficiente, não possuía

curso sobre gestão nem experiência na área.

E os principais motivos para o fechamento da empresa foram:

impostos, custos, despesas, vendas fracas, pouca demanda de clientes, forte

concorrência, problemas financeiros e problemas com mão de obra.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3 Disponível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-

das-empresas-no-brasil-relatorio-apresentacao-2016.pdf

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3.1. Classificação da pesquisa

Seguindo orientações do guia prático, os procedimento metodológicos

foram feitos da seguinte forma:

Quanto à natureza – Pesquisa Aplicada: visa obter o conhecimento

desejado de forma prática dirigida à solução de problemas específicos.

Usando da forma de abordagem – Quantitativa: consegue traduzir

em números e/ou percentuais, opiniões e informações que possam ser

analisadas.

Aos objetivos – descritiva realiza-se o estudo, a análise, o registro e a

interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador.

São exemplos de pesquisa descritiva as pesquisas mercadológicas e de

opinião (BARROS e LEHFELD, 2007)

3.2. Técnicas de coleta de dados

Foi utilizado um formulário/questionário, cujo teor já fora testado em

pesquisa análoga por Joaci Sabino Silva. As questões eram apresentadas pelo

entrevistador diretamente ao responsável pela empresa.

3.3. Abrangência da pesquisa

Foram feitas visitas a 17 estabelecimentos, sendo 12 em atividade e 5

desativados, todos eles cafeterias da cidade de Natal-RN. As visitas foram

realizadas no período entre os meses de maio e junho do ano de 2017. A

população total da pesquisa será representada por 5 empresários que tiveram

seus estabelecimentos desativados entre os anos de 2015/2017. Face ao

reduzido número de empresas, a pesquisa será censitária.

3.4. Análise dos dados

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As informações coletadas através de questões abertas, entre cinco

empresários, são múltiplas, uma vez que cada entrevistado pôde citar o

número de variáveis que quisesse como resposta. De posse das respostas,

procedeu-se à análise dos dados coletados, que foram quantificados e

convertidos estatisticamente e demonstrados em planilha da seguinte forma: na

primeira coluna, têm-se o número absoluto de respostas observadas em cada

item. O total pode superar o número de empresários entrevistados, visto que,

cada entrevistado pode marcar mais de um item como resposta. Na segunda

coluna, têm-se o percentual de respostas a cada item calculado sobre o total

de itens respondidos. Na terceira, temos o percentual de respostas dadas a

cada item calculado sobre o total de empresários entrevistados. A soma da

coluna pode ultrapassar 100%.

3.5. Definições das variáveis

As análises realizadas na pesquisa utilizaram o conjunto de variáveis

constantes daquele modelo, as quais estão definidas e classificadas no quadro

3.

Quadro 3. Classificação das variáveis do estudo

Grupo Variável Tipo Medida

planejamento e estratégia

planejamento ineficaz Contínua Percentual

Falta de compreensão da organização Contínua Percentual

Estratégias falhas Contínua Percentual

Crença de que competência técnica é a mais vital Contínua Percentual

Problemas de caixa Contínua Percentual

Concorrência Contínua Percentual

Localização Contínua Percentual

Clientes Contínua Percentual

Gestão de pessoas

Existências de tabus Contínua Percentual

Memória organizacional Contínua Percentual

Mão de obra Contínua Percentual

Dificuldades com os provedores Relacionamento com fornecedores Contínua Percentual

Falta de vontade Desinteresse Contínua Percentual

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

Quadro 4. Descrição das variáveis do estudo

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Variável Descrição fonte de coleta

planejamento ineficaz Sistema de planejamentos ineficazes ou ausentes Entrevista

Falta de compreensão Falta de compreensão da organização como um sistema total Entrevista

Estratégias falhas As estratégias de preço, distribuição e promoção falhavam Entrevista

Principal competência Crença de que competência técnica é mais vital para a consecução dos objetivos Entrevista

Problemas de caixa problemas de caixa eram tratados somente na sua ocorrência Entrevista

Concorrência Concorrência acirrada no ramo Entrevista

Localização Má localização física Entrevista

Clientela Mercado consumidor restrito Entrevista

Existências de tabus Existência de tabus, formais ou informais, sobre a discussão de certos temas Entrevista

Memória organizacional Memória organizacional muito limitada ou pouco difundida Entrevista

Mão de obra Dificuldade com mão-de-obra qualificada- comprometimento dos funcionários Entrevista

Relacionamento com fornecedores Relacionamento difícil com fornecedores Entrevista

Desinteresse Desinteresse na continuação do negócio Entrevista

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

4. RESULTADO DO TRABALHO

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Cinco entrevistas foram realizadas para compilação dos dados.

Muitas respostas foram dadas verbalmente por ocasiões de visitas

realizadas, as quais, mesmo não computadas na planilha, serviram para

reforçar a opinião do entrevistador, facilitando-lhe a identificação dos fatores

investigados.

Os fatores, aqui considerados causas de ordens internas ou externas

correspondem a muitas, classificados como internos e externos, correspondem

àqueles apresentados nos estudos teóricos consultados para embasamento da

pesquisa e estão espelhados na planilha abaixo.

Tabela 1. Comparação entre os motivos internos e externos

PRINCIPAIS CAUSAS DETERMINANTES

FRENQUÊNCIA

CAUSAS DE ORDENS INTERNAS Nº de resposta

Sobre respostas%

Sobre empresários (*)%

Planejamento ineficaz 4 16,7% 80

Existências de tabus 1 4,2% 20

Falta de compreensão 1 4,2% 20

Estratégias falhas 2 8,3% 40

Principal competência 1 4,2% 20

Memória organizacional 1 4,2% 20

Problemas de caixa 2 8,3% 40

Falta de vontade 2 8,3% 40

TOTAL DAS CAUSAS INTERNAS 14 58,3%

CAUSAS EXTERNAS

Mão de obra 4 16,7% 80

Relacionamento com os fornecedores 1 4,2% 20

Concorrência 1 4,2% 20

Localização 3 12,5% 60

Clientela 1 4,2% 20

TOTAL DE CAUSAS EXTERNAS 10 41,7%

TOTAL GERAL 24 100% 480

(*). Note que o percentual total sobre os empresários ultrapassa 100% porque cada empresário pode marcar mais de uma alternativa na questão. Note na segunda coluna da tabela 1 que 4 dos 5 empresários responderam que um dos fatores que contribuíram de forma significativa para a mortalidade de sua empresa foram Sistemas de planejamento ineficazes ou ausentes. A terceira coluna mostra que, no total de respostas (24), este item ocorreu 16,7%. A quarta coluna mostra que 80%, ou seja, 4/5 dos entrevistados (4/5) assinalaram este item. Questão de múltipla escolha.

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

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4.1. Principais causas determinantes do fechamento de micro e pequenas

empresas no ramo de cafeteria em Natal-RN.

Ao analisando-se os resultados obtidos através da avaliação das

respostas do formulário apresentado nas entrevistas realizadas, observada a

distribuição da frequência e o percentual encontrado para cada um dos 13 itens

nele constantes, observou-se que os entrevistados elegeram três desses itens

como os de maior importância e mais três em grau menor. Sobre eles, além de

sinalizarem, no formulário, eles teceram comentários, emitiram opiniões e

justificativas. Pela ordem de importância para os empreendedores, temos:

sistemas de planejamentos ineficazes ou ausentes (16,7%); dificuldades de

mão de obra qualificada (16,7%); má localização física (12,5%).

Gráfico 01. Três causas principais respostas mais frequentes

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

Planejamento ineficaz 4 16,7%

Mão de obra 4 16,7%

Localização 3 12,5%

Seguindo-se: estratégias de preço, distribuição e promoção falhas

(8,3%); problemas de caixa (8,3%), desinteresse na continuação do negócio

(8,3%).

Gráfico 2: Causas citadas com menor frequência

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Fonte: Dados da pesquisa, 2017

Em proporções ainda menores apareceram: existência de tabus,

formais e informais sobre discussão de certos temas (4,2%); falta de

compreensão da organização como um sistema total (4,2%); crença de que

competência interpessoal é mais vital do que a competência interpessoal

(4,2%); alto poder de exigência da clientela (4,2%); relacionamento difícil com

os fornecedores ou concorrência entre os mesmos (4,2%); concorrência

acirrada no ramo (4,2%); memória organizacional muito limitada ou pouco

definida (4,2%) .

Considerando as três primeiras causas apontadas, temos: em primeiro

lugar, quanto a sistemas de planejamento ineficazes ou mesmo ausentes.

Sistemas de planejamento ineficazes ou mesmo ausentes

A grande maioria dos entrevistados, 80%(16,7 das respostas),

admitiram ter isto acontecido. Faltou, na realidade, um planejamento eficaz,

com orientações técnicas adequadas, tanto antes da inauguração do negócio,

quanto no desenrolar do mesmo. “Faltou um estudo prévio de mercado para

identificar se realmente havia demanda para o nosso tipo de produto”. A

vontade de iniciar um negócio, o sonho de realizá-lo a contento, superaram o

bom senso e a cautela, foi o detectado a partir das falas ouvidas.

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4.1.2. Mão de obra

Quanto à mão de obra, também 80% (16,7% das respostas) a

consideraram um ponto importante, pois o ramo de cafeteria requer uma certa

especialização, supõe um treinamento prévio, um conhecimento básico de

cozinha. O café tem seus segredos na dosagem para chegar ao ponto

desejável para, pelo menos, a média dos clientes. Exige o preparo mais ou

menos de um barista. “A seleção da equipe de atendimento foi deficiente, o que

impactou na fidelização da clientela”.

Na ânsia de conseguirem um emprego, os candidatos omitem suas

limitações, e os empreendedores, na ansiedade de acharem as pessoas

certas, apressam-se na admissão, baseando-se na sua desenvoltura, deixando

de submetê-los a testes experimentais e de conferirem as referências

oferecidas. Um outro aspecto abordado foi a falta de compromisso por parte

dos funcionários que, com pouco tempo de função, começam a apresentar

falhas, não se submetendo às observações, começando também a dar motivos

para dispensa, resultando, muitas vezes, em causas judiciais onerosas.

4.1.3. Localização

A terceira colocação foi “má localização física”- com 60% dos

entrevistados (12,5% das respostas), alegando a falha na escolha do local

escolhido para instalação do negócio. “Por ser um corredor, minha publicidade

não dava o retorno que poderia dar.”

Quanto às causas que, segundo os entrevistados, podem parecer

secundarias temos: Estratégias de preço, distribuição e promoção falhas,

Problemas de caixa, Desinteresse na continuação do negócio.

4.1.4. Estratégias de preço, distribuição e promoção falhas

Na tabela de comparação entre Causas internas ou externas, observa-

se que 40% dos empresários apontaram deficiência neste item. Segundo

SILVA, um aspecto de realce a ser considerado neste sentido é a importância a

ser atribuída aos custos do produto desde a sua aquisição até chegar à

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disposição do cliente, principalmente quando esses custos estão sujeitos a

variáveis. Por exemplo, um dos entrevistados citou “os produtos terceirizados,

que não permitem atribuir uma margem boa de lucro”; vez que necessita se

praticar o preço do mercado.

Sobre a distribuição do produto, uma das entrevistadas alegou

dificuldade na falta de um centro de distribuição no Nordeste, o que

representou para ela a falta de suporte da franquia representada. Um outro

colocou:

A logística de ressuprimento da loja impactou, visto que, várias vezes ocorreu de faltar produto na filial, pois como a demanda era muito irregular no início, aconteciam picos de vender tudo, e o balcão ficar vazio por 30 ou 40 minutos, enquanto as mercadorias eram transportadas da matriz para lá. (ENTREVISTADO 02, 2017)

4.1.5. Problemas de caixa

40% dos entrevistados afirmaram que os problemas de caixa eram

tratados somente na sua ocorrência. É comum a ocorrência de problemas com

fluxo de caixa. Muitos empreendedores, entusiasmados com o movimento de

vendas, deixam de manter aquele ponto de equilíbrio citado no referencial

teórico, Marcondes e Bernardes (1997, p.21), quando enfatiza-se o cruzamento

da reta das receitas com a reta do total das despesas, onde os valores devem

se igualar. Muitas vezes esse problema de suprimento de caixa e capital de

giro levam alguns proprietários a recorrer a bancos para suprimento dessas

necessidades e especialmente se houver em algum momento o apelo de uma

concorrente a ser enfrentada. Isso poderá trazer grandes dificuldades

financeiras futuras, caso não haja uma compensação planejada.

4.1.6. Desinteresse na continuidade do negócio

Muitos empreendedores, pelas causas acima citadas, e muito mais

acentuadamente pela sua falta de preparo, de planejamento prévio, de

acompanhamento técnico, de uma contabilidade segura, veem-se envolvidos

em situações descritas nos demais itens do questionário utilizado na pesquisa,

tanto é que os resultados aparecem na tabela em percentuais iguais.

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O fato é que, juntos, esses aspectos pesaram no item em destaque-o

desinteresse na continuidade do negócio, podendo se sintetiza-los nos

depoimentos abaixo, que, à exceção de uma entrevistada que alegou doença

grave do esposo, demonstram o que afirmamos no início deste tópico. “Vendi

por ser um negócio sem proporções de crescimento, os problemas surgidos

foram me desanimando cada vez mais”. “O negócio é realmente muito rentável,

mas dá muito trabalho”.

Depois de todas as causas apresentadas pelos empresários se faz

necessário compara-los com as causas apresentadas pelos autores

anteriormente citados.

4.2. Comparando as causas apresentadas pelos empreendedores

4.2.1. Sistemas de planejamento ineficazes ou mesmo ausentes

Este item encabeça o questionário de forma proposital em se tratando

de entrevistas direcionadas a empresas novas que não sobreviveram por mais

de 3 anos.

O material utilizado no corpo do trabalho traz ricas orientações e

preceitos aplicados, em grande parte, a empresas já organizadas e em fase de

crescimento, não comportando por óbvio, o mérito específico do planejamento.

Entretanto, tomou-se por bases Adizes (1990), que diz a opinião de vários

teóricos acerca das causas principais da mortalidade empresarial reside na

ausência de planejamento global de suas atividades ou na inadequação das

formas de como planejar, acompanhar e prever os diversos ciclos de vida das

organizações.

Ainda Adizes (1998) quando explora namoro diz: “embora fisicamente

a empresa não exista, dá-se destaque às ideias e possibilidades futuras”.

Barney e Hesterly (2011) colocam que o processo de administração

estratégica começa na empresa quando define o seu propósito, sua missão,

seus objetivos, análises externa e interna para somente depois escolher suas

estratégias. O exposto acima pressupõe que qualquer organização, antes de

iniciar suas atividades, terá de elaborar um planejamento, elemento

indispensável ao desenvolvimento de suas atividades.

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Obs: Este item mereceu atenção especial de 80% dos entrevistados que,

espontaneamente, reconheceram não ter dedicado maior cuidado a um

planejamento técnico antes e durante as gestões dos seus negócios.

4.2.2. Mão de obra qualificada

O 2º item na ordem de atenção, Mão de obra qualificada.

Para Adizes (1990) é no ambiente interno onde surgem os problemas

normais que a organização pode resolver com sua própria energia interna, ou

seja, a organização tem capacidade de acionar processos e de tomar decisões

que resolverão os problemas.

Os fatores organizacionais reúnem a rede de comunicação, delegação de autoridade, esfera de pessoal, recrutamento, seleção, treinamento, avaliação de desempenho, absenteísmo e rotatividade. (SILVA1999, p.60)

Considera ele que mão de obra compreende os valores que

influenciam a disponibilidade de seres humanos para realizar tarefas

organizacionais necessárias, questões tais como nível de conhecimento,

treinamento, salários, entre outros.

4.2.3. Má localização

Este item surgiu da 1º visita realizada, em razão da constatação

apresentada pelo empreendedor, o que achamos relevante a sua inclusão no

questionário, apesar de não ter respaldo teórico aqui registrado, mas

apresentou-se grande peso na avaliação feita. Ver depoimento do

empreendedor na pagina 61. Outro motivo a ser correlacionado é o “excesso

de confiança” citada por ADIZES e COLLINS, em que o empresário possui a

sensação que o sucesso obtido anteriormente irá se repetir, fazendo com que

se caminhe de forma menos planejada. Foi-se referido o “excesso de

confiança” a este tópico devido dois dos empresários que indicaram a

localização do ponto como falho estavam abrindo filias e acreditavam que com

a força da marca se faria a clientela o que acabou não acontecendo.

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4.2.4. Estratégia de preço, distribuição e promoção falhas.

Silva (1999) diz que:

Um planejamento a longo prazo serve para auxiliar a empresa a antecipar e preparar-se para um futuro mais previsível. O crescimento não planejado pode transformar a operação de um sucesso em uma aventura mal sucedida (SILVA 1999, p.65)

A citação acima já foi comentada na tabela de avaliação das causas de

fechamento de pequenas e microempresas na cidade de Natal.

4.2.5. Problemas de caixa

Marcondes e Bernardes (1997, p.21), afirmam:

O ponto de equilíbrio das empresas é o ponto no qual a reta das receitas cruza com reta total das despesas, ou seja, não lucro nem perda porque os valores monetários das despesas se igualam com os das receitas. (p. 21)

4.2.6. Desinteresse

O desinteresse em continuação da empresa vai ocorrendo junto com desgastes, devido a problemas diários criando o desinteresse em continuação. Aqui podemos correlacionar o desinteresse com o que ADIZES (1998), diz que:

A organização criança exige entrega total do seu fundador, diligência extrema. Ela tem sistemas reduzidos, somente algumas diretrizes, escasso orçamento e poucos procedimentos. Nesse momento, pesa realmente sobre o fundador a carga maior.

O que ocorreu exatamente o contrario nos casos entrevistados, em que o empresário não tinha o interesse ou não tinha condições de se fazer presente.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos dias atuais e, por que não dizer, quase sempre, não se registra a

preocupação com a morte. Viver bem preenche o real e o imaginário das

pessoas. Como nos seres vivos, a morte é por demais surpreendente, os

homens dificilmente se encontram preparados para recebê-la, mesmo

reconhecendo que é uma certeza indiscutível.

Da mesma forma, acontece com as organizações, cientes que estão de

que as suas simples existências não lhes asseguram perenidade e, como

organismos vivos, estarão sempre vulneráveis à deterioração e morte.

Este trabalho parte da preocupação em buscar-se o porquê de tantas

empresas serem abertas no Brasil e não sobreviverem ao seu 4º ano de

existência. O que resultar de respostas servirá para alimentar sonho de

empreendedor que, para driblar a crise econômica atual, deseja diversificar seu

campo de ação e partir para exploração de mais um ramo comercial, podendo,

inclusive, este trabalho, auxiliar a outros que assim pensam.

Como objetivo geral, foi proposta a identificação das principais causas

da mortalidade de micro e pequenas empresas no ramo de cafeteria em Natal-

RN nos últimos três anos.

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Conforme já registrado nos procedimentos metodológicos, optou-se por

uma pesquisa simples monitorada por um formulário direcionado, através d

com do qual foram entrevistados ex-proprietários de empresas do ramo

fechadas, apesar de terem sido visitadas também outras em atividade.

Como o principal foco era o motivo de fechamento desse tipo de

empresas (cafeterias), concentrou-se o interesse maior nas entrevistas com os

empreendedores que prontificaram a responder o questionário, buscando

obter-se nas respostas dadas, as principais causas dos fechamentos dessas

empresas, conseguir elementos para comparar essas causas apresentadas

com as causas vistas na literatura estudada e , ao final, oferecer-se alternativas

para o enfrentamento das situações de declínio, quando, porventura se

depararem as empresas.

Considerou-se alcançado o objetivo. Os resultados da avaliação de

dados foram lançados graficamente em tabela e dela feitos os devidos

comentários.

Feito, também, embora de forma sucinta, cotejamento dos dados

obtidos na avaliação com os estudos teóricos que embasaram a pesquisa.

Resta agora oferecer algumas alternativas para enfrentamento da situação de

declínio, como atingimento do 3º objetivo, o que será feito a seguir.

Sugestões de alternativas para enfrentamento da situação de declínio.

Procedido um planejamento adequado e instalada a empresa,

necessário se faz um rigoroso acompanhamento de suas atividades; seguindo

orientações técnicas, adequadas ao tamanho da empresa.

Observar detalhadamente as fases que constituem o ciclo de vida

organizacional e, ao perceber que se apresenta alguma situação de risco,

procurar identificá-la, tomando as providências no tempo certo. A participação

contínua do empreendedor é requisito indispensável ao bom andamento da

organização.

Tomadas essas providências e se ainda assim, for observado que o

declínio da empresa já se faz notar, algumas medidas deverão ser tomadas.

Sugere-se: ouvir a opinião ou, caso possível, contratar a um consultor de

empresas. Otimizar o quadro pessoal, nele retendo os funcionários que

apresentam maior comprometimento a empresa; negociar prazos com

fornecedores e com bancos, se for o caso; procurar manter contato mais

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estreito com o cliente. Por fim, manter o ânimo e a fé, pois ela move

montanhas.

Quadro 5. Classificação das Variáveis do Estudo

Objetivos Comprovação do alcance

Identificar os principais motivos determinantes da mortalidade de micro e pequenas empresas no ramo de cafeteria na cidade de Natal nos últimos três anos.

4. RESULTADO DO TRABALHO

A partir das respostas obtidas na pesquisa, apontar, na visão dos empreendedores, quais as causas que determinaram o fechamento de cafeterias em Natal.

4.1.2 Sistemas de planejamento

ineficazes ou mesmo ausentes;

4.1.3. Mão de obra;

4.1.4. Localização;

4.1.5. Estratégias de preço,

distribuição e promoção falhas;

4.1.6. Problemas de caixa;

4.1.7. Desinteresse na continuidade do negócio.

Analisar as razões do fechamento das empresas, na percepção dos entrevistados, e como se relacionam com à teoria estudada

4.2. Comparação das causas apresentadas pelos empreendedores com aquelas citadas pelos autores anteriormente.

Descrever alternativas para enfrentamento das situações de declínio empresarial identificadas na pesquisa.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fonte: Dados da pesquisa, 2017

5.1. Recomendações

Após as exposições feitas, apresentadas as considerações, algumas

recomendações são oferecidas, as quais poderão ou não ter caráter

conclusivo.

Para abrir-se uma cafeteria ou mesmo qualquer negócio, necessita-se

de um prévio planejamento e contínuo acompanhamento pelo empreendedor,

devendo haver de sua parte posição humilde, evitando atitudes arrogantes e

procurando valorizar ao máximo seus funcionários, clientes e todos os

envolvidos nas atividades de sua empresa.

O empreendedor deve apropriar-se de conhecimentos sobre o ramo e

explorar e, com a continuação, investir na capacitação, tanto sua quanto dos

seus funcionários. Deve também procurar ao máximo a diferenciação dos seus

produtos, observando atentamente o comportamento dos concorrentes.

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No caso específico de cafeteria, além do já exposto, primar pela

escolha do grão, da localização física do estabelecimento, do ambiente,

conservando-o atraente, limpo e acolhedor.

Finalmente, existe viabilidade de abertura de mais estabelecimentos no

ramo de cafeteria em Natal, pois, seguindo como fonte de auxílio as

estatísticas do SEBRAE, o número de micro e pequenas empresas que fecham

é sempre menor comparado ao número das que abrem anualmente. Problemas

sempre existiram, existem e existirão em qualquer empresa.

REFERÊNCIAS

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em:<http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=472&si

d=61&tpl=printerview>. Acesso em: 10 abr. 2017.

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http://consorciopesquisacafe.com.br/arquivos/consorcio/consumo/EMI_Coffe_M

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tradicional. 2013. Disponível em:

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cresce-4-vezes-mais-do-que-o-tradicional-veja-diferencas.htm>. Acesso em: 10

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Acesso em: 04 mar. 2017.

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e pequena empresa industrial de criação e abate de aves, na grande Natal/RN.

In: ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ADMINISTRAÇÃO, ENANPAD, 24. 2000, Florianópolis. Anais... Florianópolis:

Anpad, 2000. 1 CD-ROM.

ANEXOS

Anexo 01: Formulário

1- Nome do proprietário/gestor:

2- Data do início das atividades da empresa:

3- Formação profissional do proprietário/gestor:

4- Tamanho da empresa: ( ) micro ( ) pequena

5- Número de empregados:

6- Data do encerramento das atividades:

7- Na sua percepção, quais fatores impactaram a sobrevivência da sua

empresa?

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8- Escolha dentre os fatores abaixo, aqueles que você julga que

contribuíram de forma mais significativa para mortalidade da sua

empresa:

( ) Falta de definição clara do negócio e dos objetivos das organizações;

( ) Existência de políticas e diretrizes vagas e/ou ambíguas;

( ) Estruturas em alto grau de ambiguidade com respeito à divisão de

tarefas e à autoridade para tomada de decisões;

( ) Estruturas em alto grau de centralização e com grande distância

entre a fonte das informações necessárias para decisões e o local onde

as decisões são tomadas;

( ) Sistema de planejamento ineficazes ou ausentes;

( ) Políticas organizacionais inexequíveis no ambiente ou inadequadas,

devido a mudanças ocorridas e não detectadas a tempo;

( ) Descompasso entre as intenções do primeiro escalão e as medidas

implementadas pelo segundo escalão;

( ) Falta de compreensão da organização como um sistema total;

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( ) Existência de tabus, formais ou informais, sobre a discussão de

certos temas;

( ) má localização da empresa.

( ) Crença de que competência técnica é mais vital para a consecução

dos objetivos organizacionais do que a competência interpessoal;

( ) Falta de consciência de que existem causas importantes de

tendência à mortalidade embutidas dentro da própria organização;

( ) Postura dos membros da organização de encarar crenças, objetivos,

políticas e estruturas como rígidas, inflexíveis, inelásticas e imutáveis;

( ) Memória organizacional muito limitada ou pouco difundida;

( ) Dificuldade com mão-de-obra qualificada;

( ) Relacionamento difícil com os fornecedores, ou concorrência de

monopólio dos mesmos, ditando as regras do jogo.

( ) Alto poder de exigência da clientela;

( ) Falta de experiência no ramo.

( ) Concorrência acirrada no ramo;

( ) Ameaça de produtos importados;

( ) O uso de tecnologia inferior à concorrência;

( ) As estratégias de preço, distribuição e promoção falhavam ou não

eram devidamente bem elaboradas;

( ) As pessoas contratadas não eram comprometidas, qualificadas e

impactavam nos resultados da empresa;

( ) Havia alta rotatividade de pessoal.

( ) Os problemas de caixa eram tratados somente na sua ocorrência, ou

seja, não existia um adequado sistema de informação gerencial que

proporcionasse decisões qualitativas na administração financeira.

9- Dentre os fatores escolhidos, que ordem de importância seria dada para

cada um em ordem crescente.

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Anexo 02: Questionário 2

Razão social: ____________________________________________________

Nome fantasia: ___________________________________________________

Tipo de empresa: Individual ( ) Sociedade ( )

Endereço: _______________________________________________________

Nome do empresário:

______________________________________________

Nome do sócio:

___________________________________________________

Abertura da empresa: Mês______________ Ano _____

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Local de Abertura: ________________________________________________

Se houve mudança de ponto de venda, há quanto tempo está neste endereço:

Mês____________ Ano______

Está empresa é sucessora de outra do mesmo mercado, se sim qual?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Ao iniciar esta empresa o Sr. Já tinha alguma experiência comercial? Sim ( )

Não ( )

Se sim,

Como proprietária ( ) Como empregado ( )

No ramo de café ( ) Noutro ramo ( )

Qual ramo?

______________________________________________________

Qual sua motivação para iniciar atividade no ramo de café?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Fez algum tipo de pesquisa de mercado?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual o tempo de planejamento para iniciar o negócio? Menos de 6 meses ( )

Mais de 06 meses ( )

Quanto tempo precisamente? _______________________________________

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Já dispunha de um espaço físico para abrir o negócio? Sim ( ) Não ( ) Aluguel

( )

Qual a despesa com aluguel por mês? ___________________________

Dispunha recurso financeiro? Sim ( ) Não( )

Obteve empréstimo bancário? Sim ( ) Não ( )

Qual valor do empréstimo?

__________________________________________

Negociou prazos iniciais com fornecedores?

Sim ( ) Não ( )

Com quantos funcionários contou para abrir o negócio?

_______________________________________________________________

Hoje a empresa possui quantos funcionários? __________________________

Efetuou algum tipo de treinamento com seus funcionários antes de iniciar as

atividades do café, Se sim quais?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Procurou ou procura ouvir/sentir o grau de satisfação dos clientes quanto aos

produtos ou serviços oferecidos? Sim( ) Não ( )

Através de que sistema? Abordagem verbal ( ) Pela internet ( ) Observação

pela frequência ( ) outros ( )

Acompanha as novas tecnologias visando ao aprimoramento do seu negócio?

Sim ( ) Não ( ) Pode especificar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Investe na capacitação da mão-de- obra? Sua ( ) dos sócios ( ) dos

funcionários ( )

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Pode citar algum curso ou treinamento já realizado?

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_______________________________________________________________

Realiza acompanhamento rigoroso da evolução das receitas e despesas do

seu negócio ao longo do tempo? Sim ( ) Não ( )

Recebe orientação do contador? Sim ( ) Não ( )

Faz acompanhamento do estoque? Com planilha ( ) Sem planilha ( )

Faz avaliação periódica do andamento do seu negócio? Qual instrumento

utilizado?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

O que você considera ser o diferencial da sua empresa?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual o tipo de café mais vendido na sua empresa?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual a máquina de café utilizada? É sua ou alugada?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Possui curso de barista? Sim ( ) Não ( )

Quantos cafés são vendidos ao dia?

_______________________________________________________________

Qual o mais lucrativo?

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_______________________________________________________________

Qual o alimento mais vendido?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual a bebida mais pedida, fora o café?

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_______________________________________________________________

Todos os seus produtos são produzidos pela empresa? Sim ( ) Não ( )

Quais os produtos que são comprados a terceiros?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Com que frequência se dá a alteração do cardápio?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Em sua avaliação qual o maior erro cometido na empresa e qual o maior

acerto?

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_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Pretende abrir filias? Sim ( ) Não ( )

No mesmo formato? Sim ( ) Não( )

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