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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL JULIANA KALINNE DA SILVA PEREIRA A (IN)VISIBILIDADE SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO NA PARTICULARIDADE DO BRASIL: ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS. NATAL - RN JULHO / 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

JULIANA KALINNE DA SILVA PEREIRA

A (IN)VISIBILIDADE SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E

SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO NA PARTICULARIDADE DO

BRASIL: ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS.

NATAL - RN

JULHO / 2016

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JULIANA KALINNE DA SILVA PEREIRA

A (IN)VISIBILIDADE SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E

SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO NA PARTICULARIDADE DO

BRASIL: ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA

OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE GRADUAÇÃO EM

SERVIÇO SOCIAL.

ORIENTADORA: LUCIANA DO NASCIMENTO SIMIÃO

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Pereira, Juliana Kalinne da Silva.

A (in)visibilidade social de pessoas com deficiência intelectual e sua

inserção no mercado de trabalho na particularidade do Brasil: entre avanços e

retrocessos / Juliana Kalinne da Silva Pereira. - Natal, RN, 2016.

60f.

Orientadora: Profa. Me. Luciana do Nascimento Simião.

Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento

de Serviço social.

1. Mercado de trabalho - Pessoas com deficiência intelectual –

Monografia. 2. Inclusão – Monografia. 3. Proteção social - Monografia. I.

Simião, Luciana do Nascimento. II. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 331-056.3

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RESUMO

O trabalho é algo fundamental que garante a transformação dos indivíduos, essencial em sociedade. Problematizamos, nesta pesquisa, o processo de inclusão das pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho, na particularidade do Brasil, fazendo um resgate histórico da temática na premissa de descortinar como essas pessoas eram vistas no passado e no presente, os avanços e os desafios atuais no campo dos direitos e reconhecimento social. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, documental, quanti-qualitativa, onde foram coletados dados e informações que concretizaram a realização desse trabalho. Concluímos que, apesar de termos leis e aparatos legais que possibilitam o ingresso dessas pessoas ao mercado de trabalho, algumas delas ainda precisam ser efetivadas na prática, proporcionando maiores oportunidades de profissionalização para as pessoas com deficiência intelectual. Tendo como um fator de grande importância o envolvimento, a valorização e reconhecimento de suas habilidades e possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional.

Palavras-chave: Pessoa com deficiência intelectual. Trabalho. Inclusão.

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ABSTRACT

Work is essential to ensure the transformation of individuals, essential in society. Problematize, in this research, the process of inclusion of people with intellectual disabilities in the labor market in Brazil particularity, making a historical theme rescue the premise uncover how these people were seen in the past and the present, advances and challenges current in the field of rights and social recognition. a literature search, document, quantitative and qualitative, which were collected data and information that realized the completion of this work was carried out. We conclude that, although we have laws and legal apparatus that allow the entry of these people to the labor market, some of them still need to be effected in practice, providing greater professional opportunities for people with intellectual disabilities. Having as a factor of great importance involvement, appreciation and recognition of their skills and opportunities for personal and professional development.

Keywords: Intellectual disabled person. Work. Inclusion.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido a oportunidade de

ingressar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no curso de

Serviço Social, pois ele sempre esteve ao meu lado em meio a tantas lutas e

dificuldades, e sei que em nenhum momento ele me abandonou.

Agradeço o apoio da minha família, especialmente minha mãe Maria

Cristina da Silva que tanto me apoio e me incentivou; ao meu pai Elizael Soares

Pereira que mesmo distante pôde também me apoiar nessa trajetória; a minha tinha

“postiça” Marline Teixeira Lopes Dantas e ao seu esposo Ademar Lopes Dantas que

também me incentivaram nessa caminhada para a superação de obstáculos ao

longo da minha jornada nesse curso e na minha vida. Agradeço aos demais

familiares que com certeza contribuíram de alguma forma no meu desenvolvimento

pessoal e profissional.

À professora Luciana Nascimento Simião, fica os meus agradecimentos,

pois foi bastante paciente e coerente nas orientações, me proporcionando uma

experiência ímpar no curso de graduação de Serviço Social. Fica aqui, o meu

obrigada!

Não poderia aqui, deixar de agradecer a uma pessoa que sempre esteve

ao meu lado me incentivando, me ajudando e me apoiando, que é o meu namorado

Daniel Holanda de Lima, sempre muito paciente e com certeza foi

fundamental não só na conclusão desse trabalho, mas no decorrer da minha vida.

Agradeço também a todos os meus colegas de salas, amigos de longas e

curtas datas, aos todos os meus professores; que com certeza contribuíram de

alguma forma para que esse trabalho acontecesse.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Percentual de Portadores de Deficiência no Brasil ................................. 28

Gráfico 2 – Percentual de Deficiência por Tipo ........................................................ 29

LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Tipos de Deficiências .............................................................................. 29

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2 A CENTRALIDADE DO TRABALHO NA HISTÓRIA DAS SOCIEDADES: UMA

ANÁLISE NECESSÁRIA E RECONFIGURAÇÕES NA RELAÇÃO DO CAPITAL

COM O TRABALHO E SUA PRECARIZAÇÃO NO BRASIL. ................................... 18

2.1 O trabalho na vida das pessoas com deficiência .......................................... 27

3 PROTEÇÃO SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS E A INCLUSÃO NO

MERCADO DE TRABALHO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL. ..... 37

3.1 A configuração da inclusão do mercado de trabalho das pessoas com

deficiência intelectual ................................................................................................ 43

4 OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS DEFICIENTES INTELECTUAIS NO

MERCADO DE TRABALHO ..................................................................................... 48

4.1 O papel da família no processo de inclusão ao mercado de trabalho........... 53

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 57

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 59

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1 INTRODUÇÃO

A temática central, deste trabalho, versa sobre a questão da inclusão ou

“exclusão” integrativa das pessoas com deficiência no mercado de trabalho,

especificamente, o segmento das pessoas com deficiência intelectual. Entretanto,

pensar em direitos humanos e de cidadania, de uma forma mais abrangente, requer

um olhar sensível e uma leitura de totalidade do complexo de relações que

envolvem a cultura, a economia e o jogo das forças sociais na história da sociedade.

De modo que, um fenômeno em si é a síntese de múltiplas determinações históricas.

Assim, o fizemos ao analisar as condições de vida e de trabalho da população com

deficiência intelectual, ao situar o problema não apenas como patológico, mas em

seu vínculo social. Posto que submetidos a uma lógica de organização da vida social

que nos afeta não somente do ponto de vista das condições objetivas, concretas,

mas sobretudo em nossa subjetividade.

Nesse interim, provocamos aqui a compreensão das necessidades dos

sujeitos deficientes intelectuais, de saúde e social, as formas históricas de

intervenção da sociedade (convívio), do Estado (políticas públicas e sociais) e do

núcleo familiar (“provedor” / afetivo), considerando sua (in)visibilidade em diferentes

conjunturas, tendo como foco central o acesso ao trabalho. Ambos, espaços

essenciais entrelaçados e reconfigurados em sua dinâmica pela mesma força

estrutural, o sistema capitalista.

Ao interesse envolvendo o assunto em questão, associamos uma série de

determinações. A primeira delas diz respeito ao processo de estágio curricular

obrigatório realizado na Instituição APABB (Associação de Pais, Amigos e Pessoas

com Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade). Esta

Instituição trabalha com a maior parte dos seus usuários sendo pessoas com

deficiência intelectual o que despertou a inquietação de compreender o difícil

contexto social e de saúde enfrentado por essas pessoas, principalmente quando

nos deparamos com tantas lutas e movimentos em prol da inclusão delas em meio à

sociedade.

Nessa experiência também podemos observar que as Assistentes Sociais

da Instituição em questão, estavam balizadas pelo seu Código de Ética, Leis de

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Regulamentação e diretrizes curriculares de formação profissionais instituídas em

suas atuações e parâmetros de intervenções que tiveram sua pauta pelo

compartilhamento das atividades, convivência não conflituosa das diferentes

abordagens teóricas metodológicas e que fundamentavam a análise e intervenção

da realidade. Essa atuação, também trouxe encantamento para a concretização da

abordagem em questão. Tendo em vista que pôde - se observar que nesse âmbito o

Serviço Social também pode desenvolver a sua atuação de forma bastante

considerável e positiva.

A defesa e ampliação dos direitos a serem exercidos por todos e o

posicionamento contrário às reformas neoliberais se tornam desafios bastante

consideráveis para o Serviço Social, tendo em vista uma luta constante e incessante

pela garantia dos direitos.

Diante desse cenário, inicialmente podemos citar a intervenção do

assistente social, na questão envolvendo a garantia do direito a educação para as

pessoas com deficiência, sendo uma “ponte” de suma importância para a sua

inserção no mercado de trabalho.

Sabe-se que a educação é um direito constitucional de todos e este, deve

ser garantido não apenas com a democratização desse acesso à educação, mas

com o que se refere à qualidade desse ensino, no que se diz ao desenvolvimento

específico daquele indivíduo. E isso envolve uma educação de fato, para todos, sem

distinção de raça, cor, etnia ou se possuir algum tipo de deficiência ou não.

“pensar o conjunto de necessidades sociais que se colocam como campo potencial para atuação do profissional do Serviço Social, exige um profissional mais refinado, capaz de compreender para além da brutalidade da pobreza, da exclusão social, da violência, as possibilidades emancipatórias dos desejos e das escolhas significativas”. Costa (2006).

O Serviço Social torna-se também de extrema importância para a

inserção das pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho, tendo em

vista que pode desenvolver uma mediação com relação primeiramente a inserção

dessas pessoas no âmbito educacional, em virtude dos grandes desafios que essas

pessoas com deficiência têm enfrentado na aquisição desse direito bem como

auxiliar diretamente na inclusão delas ao mercado de trabalho.

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O Serviço Social também pode ser visto como uma profissão que trabalha

no sentido educativo de revolucionar consciências, de proporcionar novas

discursões, de trabalhar as relações interpessoais e grupais. Assim, a intervenção

do assistente social é uma atividade veiculadora de informações, trabalhando em

consciências com a linguagem que é a relação social (MARTINELLI, 1998).

“O desafio é re-descobrir alternativas e possibilidades para o trabalho profissional no cenário atual; traçar horizontes para a formulação de propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles que a vivenciam, não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua vida, da sua humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo trabalho profissional contemporâneo (IAMAMOTO, 1998, p.75). “

Dessa forma, para que o assistente social possa intervir nessas questões

e atuar criticamente na realidade social dessas pessoas, precisa buscar cada vez

mais um desenvolvimento bem diferenciado, crítico, reflexivo, analítico, criativo,

propositivo, com inovações estabelecendo assim, a sua qualificação profissional e o

entendimento da realidade social de cada usuário e como poderá atuar em cada

situação individualmente ou interdisciplinarmente, visando também um foco na

busca pela participação conjunta da sociedade nessas ações. Esse processo, afirma

Iamamoto (2001, p.20),

“exige do assistente social uma participação enquanto um sujeito profissional que tenha competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais [...] desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. [...] e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes.”

Referenciando também um papel de extrema importância desse

profissional no que diz respeito ao desenvolvimento de um trabalho que vise o foco

na família dessas pessoas com deficiência, coletando dados e informações da vida e

realidade de cada pessoa com deficiência intelectual para que assim, possa

subsidiar ações e estratégias da equipe multidisciplinar envolvida no

desenvolvimento dessa pessoa, seja em casa, nas escolas, nas instituições ou nos

espaços organizacionais.

E quando nos remetemos a esse contexto, temos que falar do processo

de inclusão social em que esse é um processo pelo qual a sociedade se adapta para

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poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com deficiência e,

simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A

inclusão social constitui então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda

excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre

soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos (Sassaki, 1997, p. 3).

A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a

construção de uma sociedade mais humanizada e consciente através de grandes

transformações interna e externas e na conscientização de cada indivíduo. Dessa

forma, podemos falar sim de uma sociedade para todos, em que todos têm os seus

direitos e deveres enquanto cidadãos. Valendo lembrar que esse processo de

inclusão não remete apenas às pessoas com deficiências, mas envolve toda a

sociedade num processo de integração.

Segundo SASSAKI 2009, a ideia de integração social surgiu para

derrubar a prática da exclusão social a que foram submetidas às pessoas com

deficiência por vários séculos. A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as

pessoas com deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade

porque antigamente elas eram consideradas inválidas, sem utilidade para e

incapazes para o trabalho, características estas atribuídas indistintamente a todos

que tivesse alguma deficiência.

Se algumas culturas simplesmente eliminavam, descartavam as pessoas

deficientes, outras adotaram a prática de interná-las em grandes instituições de

caridade, junto com doentes e idosos. Instituições essas, que eram em geral muito

grandes e serviam basicamente para dar abrigo, alimento, medicamento e alguma

atividade para ocupar o tempo ocioso, as necessidades que julgavam importante

para àquelas pessoas. (SASSAKI 1997).

Ou seja, a história das sociedades é marcada por uma série de violações

de direitos humanos e contextos históricos de barbárie social. E, a reconfiguração

desse cenário foi um processo lento e gradual. Há uma série de desafios e avanços

que ainda precisam ser alcançados em sua efetivação, ainda que as condições de

lutas não sejam tão favoráveis.

“podemos evidenciar que a alta destrutividade da sociabilidade no capital, expõe a humanidade ao limite da civilização, contexto em que

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intensifica a barbárie humana e, por isso, defender os direitos humanos torna-se imperativo em nosso tempo histórico. Não uma defesa que se finde nela mesma, mas que, sobretudo, esteja articulada à luta sobre a emancipação humana”. (CFESS MANIFESTA, 2016).

Embora o que foi citado anteriormente, não exima a força estrutural do

sistema capitalista, sendo assim, de extrema importância a articulação desses

direitos e a sua efetividade.

A afirmação das minorias fez a diferença depois da Declaração Universal

dos Direitos Humanos de 1948. Revolucionou o Direito Constitucional, reafirmando-o

a partir de princípios com força de norma, princípios que humanizaram o Direito,

dirigido às pessoas, para sua dignidade. Dessa forma, o trabalho das pessoas com

deficiência e as ações afirmativas que o garantem não são contrários ao clamor de

justiça universal, confirmam-no na medida em que este grupo traz a tona, com suas

reivindicações, questões de inclusão social que aperfeiçoam os direitos humanos a

partir da chamada igualdade real entre as pessoas; tão real que se reforça nas

diferenças existenciais. Diante disso, assinalamos que os direitos sociais e a própria

liberdade individual desses indivíduos, vêm sendo de certa forma, agredida quando

esses direitos lhes são negados.

Dizemos isso porque nas últimas décadas as sociedades estão imersas

em uma conjuntura de crise econômica com rebatimentos sociais expressivos, posto

o paradigma vigente no primado da hegemonia das finanças. Além disso, um tipo de

regulação social, que delimita uma nova relação do Estado com a sociedade que

retrocede quanto ao campo dos direitos sociais e do trabalho. O que não é qualquer

dado. Se nos desafiamos a analisar a inclusão no mercado de trabalho de pessoas

com deficiência intelectual, antes, temos que ter um olhar sobre o mundo do trabalho

de uma forma geral, na vigência, por exemplo, do modelo de acumulação flexível. O

que nos implica desde o resgate dessa categoria até a análise das atuais condições

históricas de organização das relações de trabalho e de vida das populações.

Falando de estimativas referentes aos indivíduos com deficiência,

podemos analisar que o senso divulgado pelo IBGE em 2010, aponta que 45,6

milhões de pessoas declararam ter ao menos algum tipo de deficiência, o que

corresponde a 23,9% da população brasileira. Diante desse quadro, a deficiência

visual foi a mais apontada, trazendo dados de 18,8% do total dessa população; já a

deficiência motora ficou com 7%, seguida da auditiva com 5,1% e da intelectual com

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1,4%. Com isso, podemos perceber que não só por fazer parte de uma parcela

considerável da população, mas por ser cidadão como qualquer outro, merece a

devida atenção e prestação de serviços.

No decorrer da realização do trabalho foi percebido também que há uma

certa alienação por parte de muitas pessoas no que se refere de fato a questão do

que é a deficiência intelectual, pois muitas vezes a mesma é encarada como uma

doença mental e muitas pessoas acabam tendo receio de até mesmo se aproximar

delas. Sabendo que as pessoas com qualquer tipo de deficiência e inclusive as com

deficiência intelectual, podem e devem ser tratadas como parte constituinte da

sociedade detentora de direitos e deveres perante a mesma.

Objetivo do Trabalho:

Agregar conhecimento a respeito da questão envolvendo as pessoas com

deficiência, especificamente o segmento das pessoas com deficiência intelectual no

que remete à sua inserção no mercado de trabalho. Em análise social, foi se

percebendo como essas pessoas poderiam garantir ainda mais os seus espaços na

sociedade e inclusive nos ambientes coorporativos. Elas sendo detentora de suas

habilidades e capacidades podem enriquecer muito um ambiente coorporativo e

crescer bastante como pessoa e enquanto profissional. Isso se houver uma

regularização de programas, leis, políticas e projetos que possibilitem e deem

impulso para a inserção dessas pessoas.

Objetivo Principal:

A realização de estudos em análises de pesquisas e estudos bibliográficos

para mostrar de fato a realidade, os desafios enfrentados por essas pessoas e que

elas tem potencial e capacidade para garantir sim uma vaga no mercado de trabalho

que apesar de ser tão competitivo e cruel, merece e deve abraçar e incluir também

essas pessoas.

Estrutura do Trabalho:

Foi realizado na apresentação do trabalho um resgate histórico da temática

envolvendo o trabalho e como o mesmo também veio se configurando e se

desenvolvendo de um modo geral. Podemos elencar também os modelos

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econômicos e de produções existentes que puderam concretizar e se modificar com

suas configurações e especificidades o mercado de trabalho. E em meio a esses

processos os padrões em si de produção foram sendo alterados e as relações de

trabalho também foram se modificando de acordo com ás exigências do mercado,

tendo assim, uma dimensão do universo do “trabalho contemporâneo”, trazendo

também os desafios e precarizações acerca do trabalho no Brasil. Essa abordagem

faz parte da análise efetuada no capítulo 2.0 desse trabalho - A centralidade do

trabalho na história das sociedades e suas reconfigurações na relação do capital

com o trabalho e sua precarização no Brasil: uma análise necessária.

Já no item 2.1 (O trabalho na vida das pessoas portadoras de deficiência),

abordaremos os desafios e históricas lutas enfrentadas pelas pessoas com

deficiência para se ter uma participação mais digna e efetiva na sociedade e no

mercado de trabalho. Pois foi em meio a muitas lutas e embates que essas pessoas

conseguiram e vêm conseguindo ter uma maior garantia desses direitos.

Abordaremos um pouco mais a respeito de algumas deficiências existentes no Brasil

e como se dão a sua jornada diante de sua inserção em nossa sociedade.

No capítulo 3.0 (Proteção Social, Políticas Públicas e sociais de inclusão

no mercado de trabalho das pessoas com deficiência no Brasil), discorreremos mais

especificamente tratando desse processo de invisibilidade social ao reconhecimento

histórico dos direitos dessas pessoas com deficiência no que se refere à garantia

dos direitos dessas pessoas pautados em leis e políticas públicas e sociais. Fazendo

menção também, dessa forma, a configuração da inclusão no mercado de trabalho

das pessoas com deficiência intelectual (Item 3.1). Diante disso, evidenciamos a

respeito da importância do trabalho na vida das pessoas com deficiência

especificamente das com deficiência intelectual e como o Brasil se configura no que

se refere a leis e políticas para a inclusão das mesmas ao mercado de trabalho.

A respeito das legislações, podemos perceber que as mesmas veem

sendo vistas como um meio bastante relevante e necessário para acabar com certas

discriminações da sociedade como um todo no que se refere às pessoas com

deficiência.

Houve conjunturas em que essas pessoas não tinham sequer direitos

reconhecidos, na verdade elas não eram reconhecidas como pessoas, eram vistas

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como “aberrações”, como uma “maldição”. Com o passar dos tempos e em meio a

muitas lutas e movimentos sociais, foi que essa tão árdua e dura realidade foi se

modificando.

As pessoas com deficiência passaram a ser reconhecidas perante a

sociedade de uma maneira mais positiva e foram sendo criadas leis estabelecidas

na própria Constituição Federal de 1988 que deram a elas os seus direitos e ir e vir,

os seus direitos enquanto pessoa. Porém em meio a tantas conquistas, podemos

também perceber que ainda temos muito no que avançar, pois percebemos muitas

vezes que a efetividade na prática dessas leis, não vem sendo concretizada de

maneira adequada. Apesar de termos uma das Constituições mais avançadas

quando nos referirmos às pessoas portadoras de deficiência, em contrapartida não

temos ainda uma efetividade tão avançada quando nos referimos à concretização

dessas leis.

No capítulo 4.0 desse trabalho, apontaremos discussões em torno das

dificuldades que esses indivíduos encontram na sua longa e árdua jornada de

inserção ao mercado de trabalho, em meio aos preconceitos e estigmas ainda

existentes em nossa sociedade. Em que também discorremos no item 4.1 o papel

das famílias dessas pessoas, pois são de extrema importância para o seus processo

de construção pessoal. O fato dessas pessoas estarem inseridas no mercado de

trabalho, traz grandes realizações e torna qualquer indivíduo pertencente aos seus

direitos e deveres enquanto cidadãos, inclusive as pessoas com deficiência

intelectual. Para isso, essas pessoas também precisam do apoio e reconhecimento

de seu potencial e suas capacidades não só da sociedade em si, mas da sua própria

família.

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2 A CENTRALIDADE DO TRABALHO NA HISTÓRIA DAS SOCIEDADES: UMA

ANÁLISE NECESSÁRIA E RECONFIGURAÇÕES NA RELAÇÃO DO

CAPITAL COM O TRABALHO E SUA PRECARIZAÇÃO NO BRASIL.

Se fizermos um resgate histórico sobre a temática acerca do trabalho,

percebemos que esse assunto vem se fazendo presente ao longo da história, se

distinguindo apenas nas suas configurações e no contexto em que foi ou está

inserido. Na abordagem crítica o trabalho é o fundamento ontológico do ser social. É

a atividade fundamental de transformação mútua da natureza e do homem que ao

longo da história delimita a vida em sociedade.

Podemos aqui mencionar a origem e o significado da palavra “trabalho”,

carrega em si o sinônimo de sofrimento e de punição perpassou pela história da

civilização. Essa vem do latim vulgar tripalium, embora seja, às vezes, associada à

trabaculum. Tripalum era um instrumento feito de três paus aguçados, com ponta de

ferro, no qual os antigos agricultores batiam os cereais para processá-los. Associa-

se a palavra trabalho ao verbo tripaliare, igualmente do latim vulgar, que significa

“torturar sobre trepalium”, mencionado como uma armação de três troncos, ou seja,

suplício que substituiu o da cruz, instrumento de tortura no mundo cristão. Por muito

tempo, a palavra trabalho significou experiência dolorosa, padecimento, cativeiro,

castigo” (BUENO: 1988, p. 25).

Se formos resgatar o trabalho vivenciado na Antiguidade, de acordo, com

o filósofo grego Aristóteles, podemos destacar que se estabeleceu uma divisão

qualificativa dos diferentes tipos de trabalho, divisão essa caracterizada pelos

trabalhos manuais e intelectuais. Não se tinha muito interesse nos trabalhos

manuais, braçais; esses foram considerados desprezíveis. O que se tinha valor

nessa época eram os trabalhos que se dedicavam ao intelecto humano – atividades

intelectuais. Com isso, observamos que naquele contexto, já existia uma concepção

de diferenciação acerca da temática envolvendo o trabalho comparada há tempos

anteriores.

Já na Idade Média, podemos destacar que o trabalho tinha de certa

forma, vínculo com a religiosidade. Nessa sociedade, a igreja tinha influência direta

e havia-se uma “crença” de que o trabalho precisaria ser envolto de sacrifício. No

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início, para essa sociedade, o trabalho era visto como punição para algum pecado

cometido.

Nessas sociedades o trabalho estava relacionado a obtenção apenas do

necessário para manter o sistema funcionando, não existindo por isso, a noção de

lucro e nem preocupações em otimizar as técnicas de produção.

Com o passar do tempo e com a evolução do capitalismo, o cenário foi se

modificando. O trabalho foi sendo visto de outra forma na vida da sociedade como

um todo. Com a era da industrialização e as Revoluções Industriais, o trabalho foi

sendo propagado como algo positivo, algo primordial para a vida de qualquer

indivíduo. A população foi passando a ser coagida a trabalhar, pois quem não

trabalhasse, não era visto de uma maneira digna. Até mesmo o ambiente de

trabalho foi se configurando de uma outra maneira; antes, os trabalhos de um modo

geral, eram executados nas suas próprias casas, não havia divisão do espaço casa

– trabalho. Já aqui, quem possuía os meios de produção eram os “donos dos

negócios” – os capitalistas. Eles agora eram quem definiam o quê e como produzir.

Sendo os trabalhadores apenas detentor da força de trabalho.

Nessa época, têm-se uma separação e que se é verificado e distinguido

com relação a qualificação em si do trabalho. Podia - se caracterizar as maneiras e

formas de trabalho de acordo com os seus aspectos de qualificação e produção – o

trabalho qualificado e não qualificado; o trabalho produtivo e o não produtivo.

Para Lukács (1978), o ser social era dotado de consciência e deveria

predefinir como queriam concretizar a realização do seu trabalho. “O trabalho é um

ato de por consciente e, portanto, pressupõe um conhecimento concreto, ainda que

jamais perfeito, de determinadas finalidades e de determinados meios”. Com isso,

para Marx o trabalho é de extrema importância e essencial para a vida humana

porque se torna e se caracteriza como um meio para a sua existência enquanto ser

social.

“Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independentemente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, vida humana”. (Marx, 1971:50).

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Para o homem dos tempos modernos, o tempo livre inexistia ou era

escasso. "Tempo é dinheiro". A lógica do trabalho perpassou a cultura, o esporte e,

até mesmo, a intimidade. Todas as atividades humanas passaram a ser foco de

negócios ou tornaram-se oportunidades para alguém ganhar dinheiro, lógica que se

apoderou de todas as esferas da vida e da existência humana. Para grande parte da

população, o trabalho transformou-se em emprego na sociedade moderna.

Segundo MARX (1983):

[...] o trabalho revela o modo como o homem lida com a natureza, o processo de produção pelo qual ele sustenta a sua vida e, assim, põe a nu o modo de formação de suas relações sociais e das ideias que fluem destas". Para o autor, o trabalho é o centro das atividades especificamente humanas. Sob essa ótica, os homens relacionam-se com a natureza por intermédio do trabalho. Considera, ainda, que, "[...] ao submetê-la aos seus próprios fins, o homem realiza, neste sentido, uma humanização da natureza" (p.150). O trabalho é a categoria que funda o desenvolvimento do mundo dos homens como uma esfera distinta da natureza; não é apenas a relação dos homens entre si no contexto da reprodução social; o seu desenvolvimento exige o desenvolvimento concomitante das relações sociais (p.149).

Em meio a todas essas circunstâncias e embates, o trabalho foi e veio se

tornando ao longo do tempo, algo essencial na vida da sociedade. Teve suas

particularidades e singularidades de acordo com cada período e sociedade

existente, mas se pararmos para analisarmos, muitas dessas singularidades e

particularidades se assemelham ao fato de o trabalho proporcionar ao indivíduo

certo sentido à vida em busca de suas realizações e de poder concretizar as suas

satisfações e as suas necessidades mesmo sabendo que existiram e existem muitas

situações de trabalho em que o homem não se reconhece muitas vezes em suas

concepções, mas isso faz parte da base de troca vivenciada através do atual

capitalismo.

A sociedade brasileira pôde presenciar grandes transformações ao longo

dos tempos com relação ao mundo do trabalho. Daremos continuidade

apresentando aqui, alguns dos modelos de produção existentes e que provocaram

grandes impactos nas condições de vida e de trabalho classe trabalhadora

brasileira.

Iniciemos abordando o surgimento do conceito de produção e consumo

em massa que dava destaque para a indústria automobilística. Instituído pelo norte

americano Henry Ford em 1914. O modelo de produção Fordista ficou conhecido

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pelo aumento da produção ou produção em massa barateando o produto, resultando

assim, numa venda em larga escala. Nesse existia-se uma linha de montagem

composta por uma produção em série. Alocava-se uma esteira rolante em

determinado ponto da fábrica em que essa esteira conduzia o produto e cada grupo

de operários ficava responsável exclusivamente por uma etapa do processo de

produção, não detendo assim, conhecimento do processo como um todo. Os

funcionários não precisavam sair do seu local de trabalho, resultando numa maior

velocidade de produção. Tornando-se um trabalho repetitivo e de certa forma,

alienado.

Já o modelo de produção japonesa, conhecido como Toyotismo, foi criado

pelo japonês Taiichi Ohno e implantado nas fábricas de automóveis Toyota, após o

fim da Segunda Guerra Mundial. Em que tem suas características básicas em

contraposição ao taylorismo / fordismo em sua produção muito vinculada a

demanda. Ela é bastante variada e heterogênea, fundamenta-se no trabalho

operário em equipe com multivariedades e funções; tendo como princípios o just in

time, o melhor aproveitamento possível do tempo de produção e que funciona

segundo o sistema de kaban, placas ou senhas de comando para reposição de

peças e de estoques que, no toyotismo devem ser mínimos. Enquanto na fábrica

fordista cerca de 75% era produzido no seu interior, na fábrica toyotista somente

cerca de 25% é produzido no seu interior. Ela horizontaliza o processo produtivo e

transfere a “terceiros” grande parte do que anteriormente era produzido dentro dela

(ANTUNES 2007).

Essa horizontalização acarreta também, no toyotismo, a expansão desses métodos e procedimentos para toda a rede de fornecedores. Desse modo, kanban, just in time, flexibilização, terceirização, subcontratação, CCQ, controle de qualidade total, eliminação do desperdício, "gerência participativa", sindicalismo de empresa, entre tantos outros elementos, propagam-se intensamente.(ANTUNES, 1995).

E não foi só o modo e padrões em si de produção que foram alterados; as

relações de trabalho foram se modificando cada vez mais mediante a uma

característica do toyotismo que ficou e é bastante conhecida que é a flexibilidade.

Flexibilidade essa que foi algo que passou a ser presente e vivido pela classe

trabalhadora com o advento do toyotismo. Essas relações de flexibilidade foram

redesenhando o trabalhador de forma que o mesmo deveria ser bastante

qualificado, polivalente e altamente participativo do processo de produção como um

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todo. Enquanto que no fordismo o trabalhador era capacitado apenas para conhecer

e exercitar uma única parte do processo produtivo; no toyotismo quanto mais o

trabalhador conhecesse as etapas do processo como um todo, melhor. Um só

trabalhador executa diversas máquinas e faz se concretizar mais de uma etapa

desse processo produtivo.

Aqui se tem uma situação totalmente diferenciada do modelo de produção

fordista. O trabalho estava totalmente voltado para o cumprimento e alcance de suas

metas e demandas. Insto encoberto pelo manto da participação e da premiação dos

agora chamados “colaboradores”. Dessa maneira, novas formas de adequação

foram realizadas na produção de acordo com a lógica do mercado, sendo exigências

mais individualizadas do mercado, produzir em um menor tempo e com melhor

qualidade. O Toyotismo surge com a premissa de promover maior eficiência

produtiva, com a dinamização nas distribuições de atividades laborais, posto que isto

provocaria maior lucratividade.

Com os sucessivos processos de transformações nas indústrias e

empresas de modo geral, tivemos o processo de reestruturação produtiva, em que

tem seu surgimento no contexto do modelo de produção toyotista e se caracterizou

pela desregulamentação e flexibilidade do trabalho fruto da acumulação flexível e

das novas tecnologias que tivemos com o advento da Terceira Revolução Industrial

ou também conhecida como revolução Tecno - Científica. Podemos observar que

esse processo de reestruturação produtiva pôde ser evidenciado por volta de 1970

com a crise do capitalismo e do fordismo/taylorismo e em meio ao processo de

produção e acumulação industrial, proporcionado pelo modelo vigente. Podendo-se

dar destaque também, frente a esse contexto, o modelo que predominou -

neoliberalismo – em que se havia uma presença mínima do Estado na economia e

quanto menos o Estado intervisse melhor. Tendo como a maior participação nesse

modelo econômico o setor privado.

Então, diante desse cenário, aquele trabalho marcado pela complexidade

da linha fabril, que permitia aos trabalhadores detensão de conhecimento apenas de

uma só parte do processo produtivo e marcado pela repetição de uma mesma

atividade, foi dando espaço e sendo substituído pela então flexibilidade do trabalho

presente no modelo que conhecemos como Toyotismo. Com isso, a Reestruturação

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Produtiva elaborou-se a partir da confluência entre as concomitantes transformações

na economia e na produção industrial.

Segundo Graça Druck (2007), com relação ao universo do “trabalho

contemporâneo”, pode-se dizer que na transição do século XX para o século XXI, foi

se vivenciando uma série de transformações cujas complexidades podem ser

melhores compreendidas a partir das perspectivas histórico-dialéticas da temática

em questão. Trazendo a essa discussão também, a precarização do trabalho em

que sabemos que esse fenômeno não é algo presente apenas na conjuntura atual,

mas é algo que já vem desde o início da história do trabalho. De formas particulares

a cada época e geração, mas de forma bem singular, quando se diz respeito à

precarização sendo considerada um fenômeno de caráter macro e micro social.

O trabalho precário em suas diversas dimensões (nas formas de inserção

e de contrato, na informalidade, na terceirização, na desregulação e flexibilização da

legislação trabalhista, no desemprego, no adoecimento, nos acidentes de trabalho,

na perda salarial, na fragilidade dos sindicatos), é um processo que dá unidade à

classe-que-vive-do-trabalho e que dá unidade também aos distintos lugares em que

essa precarização se manifesta. Há um fio condutor, há uma articulação e uma

indissociabilidade entre: as formas precárias de trabalho e de emprego, expressas

na (des) estruturação do mercado de trabalho e no papel do Estado e sua (des)

proteção social, nas práticas de gestão e organização do trabalho e nos sindicatos,

todos contaminados por uma altíssima vulnerabilidade social e política. (Druck,

2007.p.19-20).

Acima, temos uma referência às formas precárias de trabalho e emprego.

Antes de adentrarmos com mais detalhes a respeito da temática da precarização do

trabalho, podemos fazer uma breve análise que envolve o significado do trabalho e

emprego.

Temos uma divisão do trabalho estabelecida na sociedade, onde o capital

estabelece uma relação social com o trabalho e a mercadoria. Estabelecendo

também uma base de troca. E que base de troca estamos falando? Base de troca

essa que garante por meio do exercício do emprego, o seu meio de sustento e

sobrevivência, pois recebe em troca da sua força de trabalho um salário que provêm

o seu “sustento”. Porém sabemos que vivemos em uma sociedade em que está

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longe de ser uma sociedade justa e igualitária. Temos muitos trabalhadores, por

exemplo, que exercem e exprimem a sua força de trabalho em jornadas árduas de

trabalho em troca de míseros salários; enquanto que, uma parcela mínima usufrui

dos altos e melhores benefícios e salários por uma mínima base de troca.

O capitalismo contemporâneo vem, nas últimas décadas, engendrando

profundas mudanças no mercado de trabalho. Essas mudanças se expressam,

principalmente, pela globalização das finanças, pela crescente precarização das

relações de trabalho, pelas taxas elevadas de desemprego, pelo deslocamento

geográfico de organismos produtivos e absorvedores de mão-de-obra e pela

eliminação de postos de trabalho na indústria e nos serviços.

Assim, podemos perceber que foi surgindo novas formas de

precarizações do trabalho, como a exemplo, o desemprego estrutural que veio

sendo gerado pela introdução do grande aporte tecnológico com a finalidade de

enxugar a mão-de-obra e os custos do processo produtivo. Foi em meio a esses

processos que tiveram impactos nos setores comerciais, indústrias e de serviços,

pois houve grandes demissões diante desse processo. Afinal de contas, havia-se

uma lógica da “empresa enxuta” em que um mesmo funcionário poderia exercer ou

operar diversas funções em um só processo.

De acordo com ANTUNES, 1995 e1999, homens e mulheres que fazem

parte da classe trabalhadora, compreendendo a totalidade dos assalariados, vivem

da venda intensa da sua força de trabalho, sendo despossuídos dos meios de

produção. Afirmando que a classe trabalhadora vem presenciando um processo

multiforme, em que possui tendências tais como:

Com a retração do binômio taylorismo / fordismo, vem ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada de tipo taylorista e fordista. Esse proletariado vem diminuindo com a reestruturação produtiva do capital, dando lugar a formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis que se estruturavam por meio de empregos formais. (ANTUNES, 1995 e 1999).

Luciano Vasapollo (2006) traz outra característica desse processo de

modo que novas figuras do mercado de trabalho, e que novos fenômenos foram

surgindo no decorrer do tempo e foi sendo conhecido como o exemplo do

empreendedorismo e foram cada vez mais se configurando em formas ocultas de

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trabalho assalariado, subordinado, precarizado, instável; também caracterizando que

essas configurações de trabalho vem se constituindo como trabalho autônomo de

última geração, que mascara a dura realidade da redução do ciclo produtivo. Dessa

forma, se tratando de uma nova marginalização social. Se formos analisar a

flexibilização do trabalho que foi se tornando tão presente, pode ser percebido um

quadro bastante significativo também de certa precarização. Essa nova condição de

trabalho vem decrescendo de certa forma, os direitos e as garantias sociais. “Tudo

se converte em precariedade, sem qualquer garantia de continuidade”. (Vasapollo,

2006).

Têm-se outra tendência bastante relevante e significativa com relação ao

trabalho contemporâneo, estando relacionado ao aumento significativo do trabalho

feminino, que atinge mais de 40% da força de trabalho em diversos países

avançados e que tem sido absorvido pelo capital, preferencialmente no universo do

trabalho part-time, precarizado e desregulamentado (Aritgo de Antunes e Alves – As

mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital p.3).

Se aqui formos discorrer um pouco sobre a divisão sexual do trabalho,

percebemos que este assunto não é algo recente. Está presente em nossa

sociedade desde sempre, nem todas as vezes se apresentado com essa definição,

mas com suas intensas e questionáveis configurações e variações. Nas sociedades

pré-industriais, de maneira geral, podíamos observar que a mulher estava à frente

dos trabalhos domésticos. Tínhamos atividades relacionadas a divisão sexual do

trabalho, totalmente distintas. A mulher não era vista como mão-de-obra produtiva.

Os homens precisavam das mulheres apenas para lhes fornecer um “suporte” para a

concretização de seus negócios.

As transformações das unidades de produção familiar despontam com o surgimento das indústrias domésticas, cuja produção já se dirigia para o mercado mais amplo. Na medida em que o trabalho era feito dentro de casa, combinado com o serviço doméstico, o lugar da mulher não se modifica, inclusive havia algumas manufaturas que produziam artigos femininos e ofereciam oportunidades de ganhos para elas. A presença das indústrias domésticas, contribuiu para modificar as diferenças estabelecidas entre o trabalho feminino e o masculino em que as mulheres permaneciam sentadas de 12 a 16 horas por dia, enquanto os homens cultivavam às suas pequenas propriedades ou cuidavam dos rebanhos (Hufton, 1991).

Com o passar do tempo essas relações foram se modificando e se

concretizando e a mulher foi conquistando e alcançando o seu espaço no mercado

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de trabalho. Espaço esse que até os dias de hoje vem sendo pauta de grandes

discussões entre os órgãos de poder e a sociedade, pois a mulher apesar de ao

longo da história vir através de lutas e embates conquistando o seu direito de

inserção no mercado de trabalho; ainda se tem muitas discriminações e embates

políticos e ideológicos que precisam ser discutidos e modificados. A mulher ainda é

vista por muitas organizações públicas e privadas como o sexo frágil, alguém que

não é detentor de grandes conhecimentos para exercer funções de grandes

qualificações. A mulher ainda é vítima de assédios morais e sexuais em seus

próprios ambientes de trabalho e com certeza isso são resquícios de seus

antepassados.

Sabemos que se formos comparar os tempos atuais com o anterior, muita

coisa mudou com relações a isso, mas por muitas vezes é lamentável como em

meio a tantos desenvolvimentos, revoluções, programas de conscientizações, dentre

outros, como algumas pessoas em meio a tantas evoluções possam ser tão

retrógradas, discriminatórias e injustas.

Muitos estudos têm apontado que, na nova divisão sexual do trabalho, as

atividades de concepção ou aquelas de capital intensivo são realizadas

predominantemente pelos homens, ao passo que aquelas de maior trabalho

intensivo, frequentemente com menores níveis de qualificação, são

preferencialmente destinadas às mulheres trabalhadoras (e também a trabalhadores

(as) imigrantes, negros (as), indígenas, etc.) (HIRATA, 2002).

Observamos que atualmente o mercado de trabalho não tem sido

“generoso” com a classe trabalhadora de um modo geral. Hoje, temos uma parcela

imensa dessa classe que não ocupa ou nem sequer tem tido oportunidades de

ocupar às vagas do mercado. O mercado de trabalho tem feito às suas escolhas da

sua maneira e do modo que lhe convêm e que acha pertinente. Ele não pensa no

trabalhador em si, mas como e de que maneira aquele ser enquanto trabalhador

pode servi-lo em meio ao seu processo produtivo.

Podemos destacar que do mesmo jeito em que o mercado inclui, ele

exclui, evidenciando aqui, que há um contingente de jovens que já atingiram à idade

considerada acima da média para se ingressar no mercado de trabalho, idade essa

“pré-estabelecida” pelo próprio capitalismo e um contingente de trabalhadores

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considerados “velhos” demais para o mercado e que acabam sendo de certa forma,

excluídos. Essas pessoas acabam fazendo parte das “discriminações” existentes

nesse cenário. Fazendo com que as mesmas estejam inseridas nos índices de

desempregos formais e que para conseguir o seu sustento e viver no mínimo em

meio a condições dignas, acabam se submetendo a diversas formas de trabalhos

bem precários. Trabalhos com longas jornadas, mínimas remunerações e sem

garantias de direitos trabalhistas. E o mercado tem sido tão perverso para essas

pessoas que por muitas vezes eles não têm escolha; se submetem a essas

precarizações até mesmo porque a própria sociedade capitalista já embutiu em seus

pensamentos: “Se você não quiser, com certeza terá alguém que queira”. E

infelizmente, isso tem sido uma árdua realidade.

Segundo ANTUNES e GIOVANNI ALVES 2004 em “As mutações no

mundo do trabalho na era da mundialização do capital”: há muitas manifestações de

revolta contra os estranhamentos que ocorreram entre aqueles que foram expulsos

do mundo do trabalho e, consequentemente, impedidos de ter uma vida dotada de

algum sentido. A desumanização segregadora leva ao isolamento individual, às

formas de criminalidade, à formação de guetos de setores excluídos, até as formas

mais ousadas de explosão social que, entretanto, não podem ser vistas meramente

em termos de coesão social da sociedade como tal, isoladas das contradições da

forma de produção capitalista (que é produção de valor e de mais-valor).

Com isso, temos também o aumento da precarização e da informalidade

do trabalho; pois por muitas vezes às pessoas nem mesmo conseguem se inserir

nessas vagas de extrema precarização ou então, opta por trabalhar na informalidade

do mercado sem adquirir formalmente a garantia de seus direitos trabalhistas.

2.1 O trabalho na vida das pessoas com deficiência

Historicamente, o termo deficiência esteve presente ao longo das

mudanças sócio - culturais e terminologias, sendo modificado até chegar aos dias

atuais e conceituar pessoas com alguma limitação física, intelectual, por exemplo,

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como pessoa com deficiência. Sendo relevante para eliminar preconceitos, estigmas

ou quaisquer práticas discriminatórias.

De acordo com a OMS, a deficiência é caracterizada como um problema

relacionado à perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica ou

anatômica, afetando assim, sua capacidade de realizar determinadas atividades de

acordo com as determinações consideradas normais para um indivíduo. Dessa

maneira a pessoa com deficiência considera-se incapaz de realizar atividades em

condições iguais aos demais, levando-se em consideração diversos fatores sócios –

culturais.

De acordo com o levantamento realizado pelo IBGE em 2010, o Censo

Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - revela que

23,9% da população brasileira têm algum tipo de deficiência.

Gráfico 1 - Percentual de Portadores de Deficiência no Brasil

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-45-6-milhoes-de-deficientes,893424

O estudo mostra que dentre os tipos de deficiência analisados, a

deficiência visual foi a que obteve um maior percentual (18,8%). A deficiência motora

apontou resultados de 7% do total dessa população seguida da auditiva com 5,1% e

da intelectual com 1,4% desse total.

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Gráfico 2 – Percentual de Deficiência por Tipo

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-45-6-milhoes-de-deficientes,893424

Na Tabela 1, serão listadas algumas deficiências existentes e às suas

definições:

Tabela 1 – Tipos de Deficiências

Deficiência Vertente

Física

A deficiência física é a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento

da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,

tetraplegia, amputação ou ausência de

membros, paralisia cerebral, nanismo e

etc.

Paraplegia

Paralisia total ou parcial dos membros inferiores,

comprometendo a função dos braços e das pernas;

Tetraplegia

Paralisia total ou parcial do corpo, comprometendo a

função dos braços e pernas;

Amputação ou

ausência de

membros

Perda total ou parcial de um ou mais membros do

corpo.

Paralisia Cerebral

É usado para designar um grupo de limitações

psicomotoras resultantes de uma lesão do sistema

nervoso central. Geralmente, pessoas com paralisa cerebral possuem movimentos involuntários e espasmos musculares

repentinos, além de apresentar expressões estranhas no rosto e

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dificuldades na fala.

Intelectual

É o funcionamento mental

significativamente abaixo da média,

oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com

limitações associadas a duas ou mais áreas

da conduta adaptativa, ou da sociedade, nos seguintes aspectos:

comunicação, cuidados especiais, habilidades sociais,

desempenho na família e comunidade,

independência na locomoção, saúde e

seguridade, desempenho escolar,

lazer e trabalho.

- -

Auditiva

É a redução ou ausência da

capacidade de ouvir determinados sons,

em diferentes graus de intensidade, devido a fatores que afetam a

orelha externa, média e interna.

- -

Visual

É considerada deficiente visual, a

pessoa que é privada, em parte, ou

totalmente da capacidade de ver.

- -

Múltipla

É associada de duas ou mais deficiências,

podendo ser: Deficiência Intelectual

associada a deficiência física;

Deficiência auditiva associada à

deficiência intelectual e deficiência física. Ou

ainda deficiência

- -

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visual associada à paralisia cerebral.

Fonte: Instituto Mara Gabrilli - Manual de Convivência – Pessoas com

deficiência mobilidade reduzida / 2010

Se formos fazer um resgate histórico de como se deu e se desenvolveu

ao longo dos tempos a temática acerca das pessoas que são portadoras de

deficiência; podemos destacar que segundo o artigo publicado por Graça Druck

(1997); na mitologia grega, por sua vez, mais precisamente na sociedade espartana,

a vida das crianças era decidida pelos velhos e a presença de um defeito físico

poderia implicar na condenação à morte (seriam atiradas do alto do Taigeto), para

que não fosse transmitida a falta de fortaleza a gerações futuras.

Já aqueles que eram escolhidos para a vida eram, a partir dos doze anos,

mandados para o campo, onde deviam aprender sozinhos a se sustentar. Se não

morressem de fome ou frio, estariam aptos a viver como soldados espartanos. Na

sociedade romana, ou o pai matava o filho que era defeituoso (como determinava a

Lei das XII Tábuas) ou o abandonava. Nesse caso, estes eram acolhidos para

serem usados na prática de mendicância ou eram vendidos como escravos.

Na Idade Média, os indivíduos com deficiência eram vítimas de

extermínio, porque os concebiam como portadores de poderes especiais, oriundos

dos demônios. Apesar disso, começaram a surgir hospitais e abrigos destinados aos

doentes e também as pessoas com deficiências. Por outro lado, no Renascimento,

com o surgimento do espírito científico, algumas pessoas com deficiência começam

a desfrutar de um tratamento de certa forma, mais humanitário. E, na idade

Moderna, algumas dessas pessoas tornaram-se notáveis no campo das artes e da

literatura.

No Brasil até os anos de 1940 a deficiência era consequência da má-

formação congênita ou de doenças decorrentes da idade avançada. Existiam, ainda,

os acidentes que ocorriam com pessoas adultas, sendo que nestes, poucos

sobreviviam. Além disso, crianças com o conhecido “retardo mental” e os adultos

cegos eram afastados do meio social.

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Nessa época, quem tinha uma deficiência era julgado incapaz para

praticar um trabalho. No final da década de 40 aconteceram dois fatos mundiais

(Segunda Guerra Mundial e a Revolução Industrial-ocorrida nos anos 50) que

fizeram com que às pessoas portadoras de deficiência fosse um tema que

merecesse atenção. Nesse momento as opiniões tomaram duas correntes

principais: uns entendiam que os empregadores deveriam ser contra a reserva de

vagas para portadores de deficiência nas grandes indústrias, enquanto outros

acreditavam na reabilitação para o trabalho com fundamento na exploração das

capacidades de cada trabalhador. Até o momento não existia nenhum projeto no

país de ação concreta que tivesse sido pensado pelo poder público ou por

particulares.

É evidente que alguém que não se enquadra no padrão social e historicamente considerado normal, quer seja decorrente do seu processo de concepção e nascimento ou impingido na luta pela sobrevivência, acaba se tornando um empecilho, um peso morto, fato que o leva a ser relegado, abandonado, sem que isso cause o chamado sentimento de culpa característica da nossa fase histórica”. (BIANCHETTI, FREIRE; 1998, p.28)

Diante disso, as pessoas com deficiência, ainda vinham sendo alvos de

grandes divisões, principalmente quando se remetia a sua inserção no mercado de

trabalho. Não se tinha uma credibilidade e um entendimento real referente às

atividades que essas pessoas poderiam exercer e como lidar com elas

principalmente se fôssemos analisar o contexto de inserção ao mercado de trabalho.

Essas pessoas deveriam ser cidadãos iguais às outras independentes das suas

“limitações” ou dificuldades; sendo instituídas de seus plenos direitos e deveres

perante a sociedade. Porém não era assim que as mesmas eram encaradas e vistas

antes de se existirem leis e lutas sociais pelos direitos e espaços que foram sendo

conquistados por elas.

Na década de 1970 as instituições trabalhavam para que o

comportamento das pessoas com deficiência parecesse o mais "normal" possível, ou

seja, o indivíduo era aceito apenas se conseguisse se enquadrar aos padrões da

sociedade. A integração social era apenas para aqueles que superassem as

barreiras físicas e acadêmicas estabelecidas, permitindo apenas uma inserção

parcial dessas pessoas na sociedade, "[...] a integração do indivíduo com deficiência

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dependerá do processo de relações dialéticas constituído desde as primeiras

vivências no seu grupo de referência" (MATTOS, 2002, p.03).

E essas e muitas outras dificuldades de aceitação com relação às

pessoas portadoras de deficiência, foram sendo alvo de bastantes discussões ao

decorrer dos tempos, até se existir a partir da Constituição de 1988 leis que de fato,

puderam garantir e concretizar o espaço dessas pessoas enquanto parte constituinte

de nossa sociedade e que passassem a gozar de plenos direitos e poderes como

qualquer outra.

Quando falamos de inserção ao mercado de trabalho para essas

pessoas, também temos grandes “polêmicas” acerca de como e de que maneira

pode e deve-se ocorrer essa inserção, quando principalmente nos remetemos ao

contexto político-econômico em que estamos inseridos atualmente.

Sabemos que o mundo capitalista em que vivemos vem exigindo altas

qualificações dos seus trabalhadores e isso vem ocasionando de certa forma, o

aumento do desemprego e suas precarizações no próprio espaço do mercado de

trabalho. Se tratando das pessoas que possuem deficiência, apesar de sabermos

que hoje já existe a Lei de Cotas e leis que amparam a inserção das pessoas

portadoras de deficiência no mercado de trabalho, sabemos que na prática nem tudo

que se está em lei vem sendo absolutamente executado, conforme será abordado

no capítulo 3.0 desse trabalho.

Diante desse contexto do capitalismo, podemos perceber grandes

disputas e acirramentos para se conseguir uma vaga nesse mercado tão cruel e

competitivo. Quem não atinge os padrões exigidos pelo mercado, acaba sendo

“devorado” pelo mesmo. Quanto mais qualificado e quanto mais atividades você

puder executar em uma única função, mais chances você terá numa possível

ocupação de uma vaga.

Essas dificuldades para as pessoas com deficiência por muitas vezes são

ainda mais acentuadas, pois ainda existem perante a sociedade e as organizações,

certos preconceitos. E também devemos levar em consideração a questão de sua

qualificação, pois os deficientes não só encontram dificuldades de inserção no

mercado de trabalho, mas infelizmente, em sua base de qualificação – a educação -.

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A educação que deveria ser um gozo de oportunidade comum para qualquer

cidadão, independente da sua cor, raça, padrão social ou limitações.

É importante destacar que a educação inclusiva proposta pela UNESCO

(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), em 1994 a

partir da Declaração de Salamanca, acaba contribuindo para que se tenha uma

forma de qualidade referente ao aprendizado nas escolas, devendo-se também fazer

uso de metodologias de acordo com a necessidade de cada indivíduo seja uma

pessoa com algum tipo de deficiência ou não.

De acordo com a Constituição Federal Brasileira de 1988 em seu artigo

205 ressalta que a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho”.

E quanto aos princípios do ensino no artigo 206 dispõe que este deve

favorecer a “I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II -

liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o

saber”.

Hoje já tem se falado bastante a respeito da educação especial para

essas pessoas que possui algum tipo de deficiência. Sendo assim, segundo o

Ministério da Educação (2007) em seu documento subsidiário à política de inclusão,

pode-se definir a Educação Especial, a partir da LDBEN 9394/96:

“como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino. Esta definição permite desvincular “educação especial” de “escola especial”. Permite também, tomar a educação especial como um recurso que beneficia a todos os educandos e que atravessa o trabalho do professor com toda a diversidade que constitui o seu grupo de alunos. Podemos dizer que se faz necessário propor alternativas inclusivas para a educação e não apenas para a escola. A escola integra o sistema educacional (conselhos, serviços, apoio, e outros), que se efetiva promotora de relações de ensino e aprendizagem, através de diferentes metodologias, todas elas alicerçadas nas diretrizes de ensino nacionais. O surgimento da educação especial está vinculado ao discurso social posto em circulação na modernidade para dar conta das crianças que não se adaptam aos contornos da escola. Foi a partir deste lugar de “criança não escolarizável” que as deficiências foram organizadas em um amplo espectro de diagnóstico, recortadas e classificadas com o apoio do saber médico”.

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Para se ter uma maior qualificação para o mercado de trabalho, a

educação é uma fase de transição e a base para que isso venha a se concretizar.

Dessa forma, a Declaração de Salamanca afirma que:

“os jovens com necessidades educacionais devem receber ajuda para fazer uma eficaz transição da escola para a vida adulta produtiva. As escolas devem ajudá-los a se tornarem economicamente ativos e prover-lhes as habilidades que respondam às demandas sociais e de comunicação e às expectativas da vida adulta. Isto requer tecnologias apropriadas de treinamento, incluindo experiência direta em situações de vida real fora da escola. Os currículos para os alunos com necessidades educacionais especiais em classes mais adiantadas devem incluir programas transicionais específicos, apoio para ingressarem no ensino superior sempre que possível e subsequente treinamento profissional que os prepare para atuarem como membros contribuintes independentes em suas comunidades após terminarem estudos. Estas atividades devem ser executadas com a participação ativa de conselheiros profissionais, agências de colocação, sindicatos, autoridades locais e diferentes serviços e entidades interessadas” (1994ª, p.56).

Conforme já citado anteriormente, a educação é um direito de todos

garantido em Constituição e a educação inclusiva deve sim está inserida dentro

desse contexto. Educação para todos deve-se remeter a uma educação sem

exceções. Todas as escolas tem a obrigação de aceitar pessoas com qualquer tipo

de deficiência o mais importante: estar preparada para recebê-las.

Essa preparação é mais um dos grandes desafios que presenciamos na

atualidade, pois não só percebemos que ainda tem várias escolas e docências

despreparadas para lidar com esse público alvo, como também um despreparo

ainda bastante considerável entorno de todo o contexto dessa possibilidade

integrada de aprendizado. Pois para que se primeiramente chegue à escola para

poder usufruir de seu direito, às pessoas com deficiência tem enfrentado também

diversos obstáculos desde a sua locomoção de sua residência até à escola, tendo

em vista que ainda temos um grande déficit com relação aos avanços nos meios de

transportes e de locomoção de modo geral, o que acaba dificultando a inserção

dessas pessoas no âmbito educacional.

Já podemos perceber que hoje em dia já se tem muitos trabalhos e

processos de conscientização com relação à inclusão dessas pessoas no sistema

educacional; apesar de se existir leis que obriguem as escolas a aceitar essas

pessoas em seus quadros de alunos, muitas escolas ainda não tem buscado a

concretização de uma estrutura adequada e funcionários capacitados para lidar com

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tais situações. Com isso, muitas pessoas que tem deficiência foram se eximindo e

sendo excluídas dos seus direitos como cidadãos no que se refere à educação que

é indiscutivelmente, um direito da pessoa com deficiência. Seja qual for a sua

limitação, ela não pode restringir a sua cidadania.

Dessa forma, torna-se um obstáculo a mais para essas pessoas o seu

ingresso no mercado de trabalho tendo em vista que muitas delas acabam não

conseguindo ao menos a conclusão do ensino fundamental ou médio.

Comprometendo de certa forma, a sua qualificação profissional.

Araújo e Schimidt (2006) já afirmavam que as empresas têm como

empecilho na contratação de pessoas com deficiência a escolarização, pois a

exigência mínima solicitada pelas empresas é o Ensino fundamental completo,

mesmo com a existência de leis que asseguram o direto de acesso das pessoas

com deficiência ao mercado de trabalho, a existência desses instrumentos não

garante que a inclusão esteja, de fato, ocorrendo de maneira justa e correta. "Apesar

da legislação admitir preferência para PNE'S na ocupação de um percentual variável

de vagas no serviço público e privado, [...] as PNE's precisam ter qualificação e

aptidão física para ocupar as vagas a elas destinadas" (ARAUJO; SCHIMIDT, 2006,

p. 241).

Canziani (1997) acredita ainda que a aprendizagem para o trabalho

propõe a integração da pessoa com deficiência na comunidade com grandes

possibilidades de participação no campo político, econômico social e cultural da

comunidade, além do ponto de vista de "produzir".

A pessoa com deficiência luta de várias formas para conquistar sua

inserção no mercado de trabalho:

A pessoa com deficiência percorre, luta e enfrenta situações de diversas formas para alcançar a sua conquista e espaço no mercado de trabalho. Uma destas formas é a procura individual, através da qual a pessoa com deficiência recorre às empresas, aos centros de recrutamento ou outros órgãos destinados á seleção de profissionais. Outra forma é buscar de entidades que oferecem cursos profissionalizantes especializados. Geralmente ligado a empresas de grande porte que absorvem os melhores profissionais ali preparados. Uma terceira forma é através das Associações de "Deficientes", as quais lutam, junto à comunidade empresarial, para obtenção de vagas nos diferentes setores de produção. (CARMO, 1997,P:8).

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Porém nem sempre os resultados finais dessas buscas na prática, vêm

sendo efetivados com êxitos. A contratação de pessoas com deficiência deveria e

deve ser encarada como qualquer outra. Mas percebemos que hoje em dia, por

muitas vezes, as empresas estão apenas preocupadas com o preenchimento e

cumprimento das vagas voltadas para a Lei de Cotas, tento em vista que se não

houver o cumprimento da mesma, as empresas irão ser penalizadas e obrigadas a

pagarem multas. Sem contar que para o preenchimento dessas vagas obrigatórias,

as empresas ainda exigem perfis que julgam mais adequados dentre as próprias

deficiências, como por exemplo, exigências de pessoas com grau de deficiência leve

para que a empresa não precise adaptar tanto o seu espaço físico ou institucional

para o recebimento daquela pessoa. Essa situação se caracteriza num processo

totalmente inverso ao da inclusão.

3 PROTEÇÃO SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS E A INCLUSÃO NO

MERCADO DE TRABALHO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL.

Do processo de invisibilidade social ao reconhecimento histórico dos

direitos das pessoas com deficiência, percorreu-se uma longa e contraditória

trajetória. Muitos são os avanços, mas, igualmente, os desafios de materialização e

reconhecimento social desses direitos.

Hoje já temos políticas de inclusão, leis voltadas especificamente para

esse público alvo, em que a nossa legislação já possui artigos bastante avançados

para a inclusão dessas pessoas na sociedade. Porém, sabemos que ainda são

inúmeras as dificuldades e grandes são os desafios que essas pessoas continuam

vivenciando atualmente. Há uma luta diária na efetivação da garantia desses direitos

e sabemos que as nossas leis e políticas, veem sendo fragilizadas em alguns

segmentos, envolvendo também os portadores de deficiência. Muito já se foi feito

com relação à concretização de direitos que pudessem integrar de fato essas

pessoas na sociedade. Porém, ainda temos grandes desafios a alcançar enquanto

sociedade que de fato inclui, pois percebemos que muitas dessas políticas e leis

precisam e devem ter uma maior efetividade em sua prática. Nesse capítulo,

discorremos um pouco sobre essa temática.

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A partir da década de 80 com a Constituição Federal, foram dados passos

mais largos para a efetivação dos direitos sociais. A política de Seguridade Social foi

instituída na constituição como direito aquém dela precisar e faz parte do tripé da

seguridade a previdência, saúde e assistência social. A Seguridade Social foi

definida no artigo 194 da Constituição Federal como: “um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os

direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (Constituição Federal,

Artigo 194).

“São objetivos da seguridade: a universalidade de cobertura de atendimento; uniformidade e equivalência dos benefícios e dos serviços das populações e rurais; seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade na forma de participação no custeio; diversidade de base de financiamento; caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados”.

Podemos também destacar à Assistência Social, em que é configurada

como uma política social que se destina às pessoas que encontram - se em

condições de exclusão, vulnerabilidade e desigualdade social. A Assistência Social

tem em vista garantir a proteção social básica, que inclui: ações preventivas, que

priorizam a convivência, socialização, acolhimento e inserção; possui um caráter

voltado para a família e visa o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários

e se destina a populações em situações de vulnerabilidade social (PNAS, p.27,

2004).

A assistência é uma política que tem que ser concebida a quem dela

necessitar, inclusive para as pessoas com deficiência, conforme previsto no artigo

203, IV da Constituição Federal, que prever que à assistência social será prestada a

quem dela necessitar, independente de contribuição à seguridade social, e tem por

uns dos seus objetivos: IV – a habilitação das pessoas portadoras de deficiência e a

promoção de sua integração à vida comunitária.

Diante desse cenário, podemos destacar também o Benefício de

Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) que é uma transferência de

renda garantida pelo art. 203 da Constituição Federal de 1988 e regulamentada

pelos arts. 20 e 21 da Lei nº 742/93, chamada de Lei Orgânica da Assistência Social

(LOAS). Esse benefício é de um salário mínimo mensal e é direcionado a idosos ou

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pessoas com deficiência incapazes para o trabalho, cuja renda familiar per capita

seja inferior a um quarto de salário mínimo.

Com isso, podemos perceber que existem dispositivos da Constituição

brasileira que são dedicados a amparar as pessoas com deficiência no desejo de

ressaltar que são estendidos a elas todos os direitos inerentes à cidadania e à

dignidade, norma fundamental da estrutura da Magna Carta.

Considera-se que dignidade e pessoa humana devem ser levadas em

conta em toda interpretação constitucional, pois se violado haverá a ausência de

justiça. Nota-se, portanto, que a aplicação da Constituição e das leis deve tomar por

conta a repercussão democrática de tais, tanto na origem, quanto no efeito. Não se

trata puramente de aplicar a lei, ou qualquer lei. Deve ser uma lei democraticamente

elaborada e voltada na sua aplicação para os interesses do povo.

A promulgação da Constituição Federal de 1988 permitiu a ordenação de

vários mecanismos legais, iniciada pela publicação da lei nº 7.853, de 24 de outubro

de 1989. Esta lei dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração

social, sobre a CORDE (Coordenadoria Nacional para a Integração de Pessoa

Portadora de Deficiência), que “instituiu a tutela jurisdicional de interesses coletivos

ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes,

e dá outras providências” (Lei Federal nº 7.853). Até então o país não dispunha de

uma legislação específica que assegurasse os direitos das pessoas com deficiência

e o dever do Estado frente à população.

A lei 7.853/89, o decreto 914/93 e o decreto 3.298/99, estabeleceram a

Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,

assegurando pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com

deficiência. Essa política tem como princípios, segundo o art. 5º, I – III, do Decreto

3.298, de 20 de dezembro de 1999.

I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de

modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no

contexto sócio - econômico e cultural;

II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais

que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus

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direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-

estar pessoal, social e econômico;

III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber

igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes

são assegurados, sem privilégios ou paternalismos.

Na Constituição Federal de 1988, também podemos observar que a

mesma prevê direitos trabalhistas às pessoas portadoras de deficiência, tanto no

âmbito privado como no âmbito público e foi sendo inserido diversos direitos e

dispositivos de proteção para essas pessoas.

O artigo 7º, XXXI, da CF, dentre o rol de direitos trabalhistas aplicáveis

aos trabalhadores urbanos e rurais, proíbe qualquer discriminação salarial e critérios

de admissão de trabalhadores com deficiência, dessa forma, assegura o princípio da

igualdade.

Sendo assim, se as limitações físicas ou psicomotoras, são compatíveis

para com as atividades disponíveis no mercado de trabalho, entende-se que o artigo

acima citado garante um compromisso assumido pela sociedade em que a pessoa

com deficiência pode e deve ser encarada também como um trabalhador, podendo

exercer assim, os seus direitos de cidadania como qualquer outra pessoa.

Uma lei bastante presente nesse contexto da inserção de pessoas com

deficiência no mercado de trabalho é a Lei de Cotas (Lei 8213/910), que determina

que a empresa com 100 ou mais empregados deva preencher de 2% a 5% de seus

cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência

habilitadas na seguinte proporção: se uma empresa tiver de 100 a 200 funcionários,

2% dessas vagas devem ser destinadas a pessoas com deficiência; se a empresa

tiver de 201 a 500 funcionários, 3% dessas vagas devem ser destinadas a pessoas

com deficiência; se tiver 501 a 1.000 funcionários, 4% dessas vagas devem ser

destinadas a pessoas com deficiência; de 1.000 em diante, deve ser destinada 5%

dessas vagas.

A Lei de Cotas para os portadores de necessidades especiais é reforçada

pela Convenção 159/83 da Organização Internacional do Trabalho e da Convenção

Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as

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Pessoas Portadoras de Deficiência. Ressaltando que a reserva desse percentual já

previsto em lei, não viola o princípio da igualdade.

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (...)” (Art. 5º / Constituição Federal 1988).

Com relação ainda à Lei de Cotas, deve-se haver uma fiscalização

assídua para verificar o cumprimento da mesma. Na hipótese de o Auditor Fiscal do

Trabalho constatar o não cumprimento do art.93 da Lei 8.213/91, a Instrução

Normativa 20 ordena que seja facultado o encaminhamento da matéria ao Núcleo de

Promoção da Igualdade de oportunidades e de Combate à Discriminação ou a

instauração de um procedimento especial (de acordo com art.627-A da CLT),

segundo o qual a empresa pode firmar um Termo de Compromisso, que conterá um

cronograma para preenchimento das vagas por pessoas portadoras de deficiência

ou beneficiários reabilitados e também para a adequação das condições do

ambiente de trabalho.

Na hipótese de a empresa não firmar o termo de ajuste de conduta ou

descumpri-lo, o Ministério Público do Trabalho poderá propor uma ação civil pública,

segundo art. 2º da Lei 7.853/89. Nesta ação o Ministério Público do Trabalho

buscará o cumprimento de uma obrigação de fazer (ou seja, a contratação de

pessoas portadoras de deficiência, nos termos da lei), mediante imposição de multas

diárias, as quais são estabelecidas em valores elevados com o objetivo de

desestimular o descumprimento da ordem provinda do Poder Público.

Sendo assim, de suma importância à fiscalização por parte das

autoridades e da atuação do Ministério Público do Trabalho para um cumprimento

mais efetivo e eficaz por parte das leis existentes.

Temos como critérios para a admissão de pessoas portadoras de

deficiência, sabendo que a Constituição Federal, em seu art.7º inciso XXXI, proíbe

qualquer discriminação nos critérios de admissão dos empregados portadores de

deficiência. Dessa forma, as entrevistas e as avaliações devem ser iguais tanto para

os candidatos deficientes quanto para os que não são deficientes. Portanto, não

cabem distinções injustificadas em todas as fases do contrato de trabalho.

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“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros

que visem à melhoria de sua condição social: (...)”.

XXXI- proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios

de admissão do trabalhador portador de deficiência;”

Outras questões ainda bastante discutidas e que gera certas dúvidas, é

com relação ao salário a ser pago a pessoa com deficiência e à sua jornada de

trabalho. Diante disso, devemos levar em consideração que pelo o que é previsto

em Constituição, o trabalhador com deficiência, deve gozar das normas gerais da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Com isso, não há nenhuma diferenciação

salarial, sendo igual aos demais empregados na mesma função. (art.7º, incisivo XXX

e XXI, da Constituição Federal de 1988, e o art. 461 da CLT). Com relação à jornada

de trabalho, pode-se haver em comum acordo com as empresas uma jornada

especial para funcionários com deficiência, tendo assim, o seu horário flexível e

reduzido, com proporcionalidade de salário, quando tais procedimentos forem

necessários em razão de seu grau de deficiência. Para atender, por exemplo, a

necessidades especiais, como locomoção, tratamento médico, dentre outros. (art.

35, 2º, do Decreto nº 3.298/99).

Dessa forma, percebemos que no Brasil, existem leis e aparatos legais

que podem diminuir de maneira bastante considerável as barreiras impostas às

pessoas que possuem deficiência com relação ao seu ingresso no mercado de

trabalho. Porém por muitas vezes a falta de esclarecimentos a respeito dessas

pessoas e o preconceito que ainda podemos perceber de maneira bastante

acentuada com relação a mesmas, acabam sendo uns dos grandes impedimentos

para a concretização e cumprimento dessas leis na prática. Apesar de já termos

grandes avanços em nosso ordenamento jurídico e de constatar que aos poucos as

pessoas portadoras de deficiência veem conquistando o seu espaço não só no

ambiente de trabalho, mas na vida; ainda podemos perceber que tem muita coisa

que ainda deixa a desejar no cumprimento e efetividade dessas leis seja no âmbito

público ou privado.

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3.1 A configuração da inclusão do mercado de trabalho das pessoas com deficiência intelectual

Diante de todo o contexto histórico ao longo dos tempos envolvendo as

pessoas com deficiência, podemos destacar no artigo 2º da Convenção sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência que o conceito de “pessoa com deficiência”

implica grande reversão paradigmática na concepção jurídica do sujeito a quem se

destina o referido instrumento internacional. É que, além do aspecto clínico

comumente utilizado para a definição em apreço, concernente à limitação física,

intelectual ou sensorial, inclui-se a questão social, para estabelece-se o alcance da

maior ou menor possibilidade de participação dessas pessoas em sociedade.

Se formos fazer uma busca com relação à definição da deficiência

intelectual, podemos verificar que há algumas terminologias que os estudos

apontam para a definição da mesma.

Conforme a Constituição de 1988, Decreto nº 3.298/99, alterado pelo

Decreto nº 5.296/04, conceitua-se como deficiência intelectual o funcionamento

intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos

e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da

comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer, trabalho. (Decreto

de nº 5.296/04, art.5º, 1º, I, “d”; e Decreto nº 3.298/99, art. 4º, I).

Aqui, serão citados alguns sistemas utilizados para diagnosticar a DI que

são o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), da

Associação Americana de Psiquiatria, e a Classificação Internacional de Doenças

(CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Carvalho e Maciel (2003),

o DSM, na sua quarta e última edição, define as pessoas com DI como aquelas que

apresentam um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, ou

seja, com QI igual ou abaixo a 70, acompanhado de limitações em, pelo menos,

duas habilidades de funcionamento adaptativo. As habilidades são agrupadas em

categorias, tais como: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades

sociais e interpessoais, dentre outras. O DSM-IV estabelece também categorias

descritivas da DI que são classificadas em: leve (QI de 50-55 a 70), moderada (QI

de 35-40 a 50-55), severa (QI de 20-25 a 35-40) e profunda (QI abaixo de 20 ou 25).

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É de suma importância o processo de inclusão das pessoas que possuem

algum tipo de deficiência. Porém observamos que a nossa história mostra uma

realidade ainda um tanto discriminatória com relação à temática em questão.

Envolvendo não só a discriminação desse público alvo, mas o seu isolamento social;

o preconceito que ainda é bastante presente perante a sociedade e certo abandono

nas relações postas para com essas pessoas.

A inclusão deve ser encarada como um processo que está associado não

somente às pessoas portadoras de deficiência, mas a sociedade como um todo. A

mesma sociedade que exclui é a que inclui.

Entretanto, segundo Aranha (2001), o modo de funcionamento e organização da inclusão, em especial a inclusão no trabalho, não parecem tão compatíveis com um mundo regido pelo capitalismo, marcado pela competitividade e, portanto, pela falta de oportunidades. Observa-se, especialmente no Brasil, que os programas de atenção às pessoas com deficiência são de natureza segregatória, marcados pelo assistencialismo e filantropia, deixando muitas vezes para a pessoa com deficiência e sua família a responsabilidade para conseguir o acesso aos programas de inclusão (ARANHA, 2001;CORRER, 2010).

O direito de ir e vir, de trabalhar e de estudar é a mola mestra da inclusão

de qualquer cidadão e, para que se concretize em face das pessoas com deficiência,

há que se exigir do Estado a construção de uma sociedade livre, justa e solidária

(art. 3º, Constituição Federal), por meio da implantação de políticas públicas

compensatórias e eficazes.

A obrigação, porém, não se esgota nas ações estatais. Todos nós somos

igualmente responsáveis pela efetiva compensação de que se cuida. As empresas,

por sua vez, devem primar pelo respeito ao princípio constitucional do valor social do

trabalho e da livre iniciativa, para que se implemente a cidadania plena e a dignidade

do trabalhador com ou sem deficiência (art. 1º e 170 da Constituição Federal /

1988). Dessa forma, a contratação de pessoas com deficiência intelectual deve ser

vista como qualquer outra.

As empresas tem que analisar e tratar o processo seletivo de uma pessoa

com deficiência intelectual verificando atividades que as mesmas possam

desenvolver. É como qualquer outra contratação. Se eu tenho um candidato a

funcionário com certo perfil para desempenhar determinadas atividades em

determinados cargos ou setores, o mais coerente é se contratar esse funcionário

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para esse determinado cargo ou setor. A mesma coisa é com um deficiente

intelectual, quando se estiver fazendo o processo seletivo você deve verificar qual o

perfil daquele funcionário e qual vaga ou setor ele mais se adequaria.

Isso não é discriminar, mas é também dar a oportunidade do deficiente

intelectual passar por um processo seletivo da mesma forma que os demais. Agora

uma questão bastante relevante nesse processo é de que as empresas precisam

estar bem preparadas para receber esse funcionário, pois se eu não tenho

conhecimento e preparo sobre determinada situação, como posso abraçar e incluir

aquele colaborador? E é muitas vezes por esse despreparo e desconhecimento que

se acaba “inserindo” essas pessoas, mas para vagas que consideram não ter tanta

relevância no processo coorporativo, pois acreditam que esse funcionário não terá

“capacidade” para desenvolver outras funções. Coibindo muitas vezes o

desenvolvimento pessoal e profissional daquela pessoa.

A lei inclui todos os tipos de pessoas que possuem deficiência habilitadas

e reabilitadas. Não faz distinção da reserva dessas vagas apenas para um tipo

específico de deficiência, mas engloba todos que possui. Compreendendo-se assim,

que qualquer pessoa com deficiência poderá ser contratada quando demonstrar

capacidade de assumir as atividades destinadas para tal vaga.

Igualmente, são consideradas pessoas portadoras de deficiência habilitadas, de acordo com o Decreto 3.298/99, aquelas que concluíram curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e também aquelas que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, estejam capacitadas para o exercício da função (art.36, 2º e 3º, do Decreto nº 3.298/99).

Através da lei de cotas (Lei 8.213 / 91), que garante uma parcela das

vagas das empresas para a contratação de pessoas com deficiência, conforme já

citado anteriormente, apesar de se haver isso em legislação brasileira, observa-se

que a pessoa com deficiência intelectual ainda encontra grandes dificuldades para a

sua inserção no mercado de trabalho. Percebemos que a pessoa com deficiência

física, auditiva e visual são as que ocupam a maior parte dessas vagas. Sendo uma

parcela ainda bem reduzida de pessoas com deficiência intelectual no mercado de

trabalho.

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Todavia, mesmo com a reserva de cargos e a contratação de pessoas

com deficiência, os instrumentos legais não vêm garantindo que a inclusão esteja,

de fato, ocorrendo, diante da dificuldade de permanência dessas pessoas no

emprego (Lobato, 2009).

Vivemos em uma sociedade capitalista em que muitas vezes às

diferenças são vistas de certa forma, como incapacidades e quem faz parte dessas

diferenças são tratados como “descartáveis”, “sem utilidade”, como “imperfeitos”. Por

isso, ainda tem muito a ser feito com a efetivação e concretização de fato, de

políticas públicas que garantam não só o acesso das pessoas com deficiência no

mercado de trabalho, mas, principalmente, a permanência dessas pessoas.

As empresas precisam estar preparadas para receber essas pessoas,

cumprindo as leis estabelecidas de forma correta e adequada, não apenas com o

cumprimento da lei de Cotas. Mas esse processo tem que ir além desse

preenchimento. Enquanto as empresas não se conscientizarem dessa situação, a

realidade com relação ao entendimento e o saber lidar com essas questões,

permanecerão como um processo estagnado de “inclusão”. As empresas precisam

trabalhar o processo de inclusão de fato. Investir em aporte tecnológico,

arquitetônico, implantar programas de formação profissional não apenas para as

pessoas com deficiência intelectual, mas para todo o seu quadro de funcionários,

pois esse processo não pode e nem deve se restringir apenas a pessoa com

deficiência, mas se estender às pessoas que irão trabalhar lado a lado com as

mesmas, para que possam compartilhar de todo aprendizado e experiências. Dessa

forma, poderão sim, ser consideras como empresas que realmente praticam o

processo de inclusão.

De acordo com o Portal Brasil em torno de 306 mil pessoas com

deficiência estavam formalmente empregadas em 2013. Sendo que desse total,

cerca de 220 mil foram contratadas por conta da Lei de Cotas. O número parece

bom, mas deveria ser bem maior. Caso a Lei nº 8.213 fosse cumprida, esse índice

representaria 700 mil postos de trabalho voltados para os deficientes preenchidos,

destaca o EBC. Até porque, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

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Estatística (IBGE), o Brasil possui aproximadamente 45 milhões de pessoas com

pelo menos algum tipo de deficiência.1

“Essa política deverá ter por finalidade assegurar que existam medidas adequadas de reabilitação profissional ao alcance de todas as categorias de pessoas deficientes e promover oportunidades de emprego para as pessoas deficientes no mercado regular de trabalho”.

Ao que tudo indica a distância entre a necessidade de independência

econômica e social das pessoas com deficiência e a dificuldade brasileira de cumprir

o que determina a Convenção foi à perda de toque, no ano de 2000, do

ressurgimento revigorado de antigos textos legais e da edição de novos. Atualmente,

o Brasil tem tentado dar efetividade as suas leis de proteção essas pessoas.

Dessa forma, a contratação dessas pessoas deveria também ser

encarada de maneira natural, uma vez que tenho um funcionário apto a exercer

determinada função. Até mesmo porque a lei prevê a obrigatoriedade da inclusão

dessas pessoas, mas devendo as mesmas serem tratadas sem nenhum tipo de

benefício além do que os outros colaboradores possuam. A pessoa que tem

deficiência intelectual contratada, passa da mesma forma que os demais por um

período de experiência e caso a mesma não atenda aos requisitos mínimos exigidos

pela empresa, a lei não traz como obrigatoriedade a sua permanência dentro da

Instituição. A obrigatoriedade que se tem é que no momento que eu desligo um

funcionário que é incluso através da lei de cotas, pessoa com algum tipo de

deficiência, a empresa tem por obrigatoriedade repor aquela vaga com outro

profissional portador de deficiência.

Nesse sentido, Sergio Pinto Martins[10] entende que:

“Trata-se de hipótese de garantia de emprego em que não há prazo certo. A dispensa do trabalhador reabilitado ou dos deficientes só poderá ser feita se a empresa tiver o número mínimo estabelecido pelo art. 93 da Lei nº 8.213. Enquanto a empresa não atinge o número mínimo previsto em lei, haverá garantia de emprego para as referidas pessoas. Admitindo à empresa deficientes ou reabilitados em percentual superior ao previsto no art. 93 da Lei nº 8.213, poderá a empresa demitir outras pessoas em iguais condições até atingir o referido limite. Poderá, porém, a empresa dispensar os reabilitados ou deficientes por justa causa.”

1 Site Mundo Carreira: http://www.mundocarreira.com.br/gestao-de-pessoas/o-atual-

cenario-de-inclusao-das-pessoas-com-deficiencia-mercado-de-trabalho-brasileiro/, acesso em 10.04.2016.

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Sabemos que o preconceito e desconhecimento a respeito da temática

envolvendo os portadores de deficiência, se desenvolveram ao longo dos anos e ao

longo da história da sociedade. Mesmo com todos os avanços que já tivemos a

respeito dessa temática, percebemos que o preconceito e muitas vezes a falta de

informações por parte de algumas pessoas, acabam remetendo as pessoas

portadoras de deficiência a retrocessos históricos e sociais. Por causa dessa

conduta discriminatória e ignorante por parte de alguns, as pessoas com deficiência

ficam marginalizadas e aquém de alguns direitos cíveis perante a sociedade. Dessa

forma, essa infeliz prática, ainda desenvolvida por muitos, acaba adentrando no

cenário organizacional das empresas e instituições brasileiras.

Mesmo tendo conhecimento que há uma lei que assegura o direito e

obrigatoriedade da contratação das pessoas com deficiência, incluindo as pessoas

com deficiência intelectual, na prática a sua efetividade vem sendo bastante

comprometida por algumas organizações.

4 OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS DEFICIENTES INTELECTUAIS NO

MERCADO DE TRABALHO

Podemos verificar que já ocorreram certos avanços constitucionais

conforme mencionados anteriormente e que já se tem um processo de inclusão em

andamento para a inserção das pessoas com deficiência intelectual não só no

mercado de trabalho, mas na sociedade de maneira geral.

O cenário brasileiro atual aponta certas mudanças significativas na

relação do processo de inclusão dessas pessoas. De acordo com a proposta

elaborada pelas Nações Unidas (1995), a sociedade inclusiva se baseia no respeito

aos diretos humanos, à liberdade à diversidade, à justiça social de grupos

vulneráveis e marginalizados em busca da participação democrática e do exercício

dos direitos. Dessa forma, deve-se haver uma equiparação de oportunidades e que

se haja uma participação efetiva em todas as esferas da vida.

Apesar de haver esses avanços, em contrapartida, se tem ainda um

processo de exclusão das mesmas quando os seus direitos são negados como, por

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exemplo, no que se remete a uns dos princípios básicos enquanto cidadãos:

educação e possibilidade de inserção no mercado de trabalho.

Diante disso, existe ainda uma má interpretação com relação ao

significado de uma pessoa que possui uma doença mental e uma pessoa que é

portadora de uma deficiência intelectual. A deficiência intelectual, segundo a

Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento AAID,

caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a

limitações adaptativas em que pelo menos duas áreas de habilidades: comunicação,

autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da

comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorre antes

dos 18 anos de idade. Significando assim, que uma pessoa com deficiência

intelectual tem dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns

comparadas a outras pessoas.

Com isso, existe um comprometimento cognitivo e que prejudica de certa

forma, as suas habilidades adaptativas. A deficiência intelectual é resultado, quase

sempre, de uma alteração no desempenho cerebral, provocadas por fatores

genéticos, distúrbios na gestação, problemas no parto ou na vida após o

nascimento. Já a doença mental engloba uma série de condições que causam

alteração de humor e no comportamento, e que podem afetar o desempenho da

pessoa na sociedade. Essas alterações acontecem na mente da pessoa e causam

uma alteração na sua percepção da realidade, sendo uma doença psiquiátrica.2

Diante disso, podemos perceber que ainda existe sim um certo

preconceito da sociedade para com essas pessoas pelo próprio desconhecimento

do que realmente significa a deficiência intelectual, confrontando com a doença

mental. Que isso também não que dizer que se deva discriminar ou ter preconceito

para com a pessoa com uma doença mental, mas porque tem algumas pessoas que

veem esses doentes mentais como uma ameaça para a sociedade e que muitas

vezes isso vem sendo refletido nas pessoas portadoras de deficiência intelectual.

A lógica dessa exclusão social, consequente da desinformação e preconceito, conduz a atitudes e práticas que dificultam ou impossibilitam

2 Site da APAE de São Paulo:

http://www.apaesp.org.br/SobreADeficienciaIntelectual/Paginas/O-que-e.aspx, acessado em 19.05.2016, às 21:30h.

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as oportunidades e também o acesso ao mercado de trabalho. Ferronatto (2008)

De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais

(RAIS) de 2007, do Ministério do Trabalho e do Emprego, referente à inclusão das

pessoas com deficiência no mercado de trabalho, constata-se que dos 37,6 milhões

de postos de trabalho apenas 348,8 mil (1%) são ocupados por pessoas com

deficiência e destes 2,4% têm deficiência intelectual (ALMEIDA, 2009). Dessa forma,

podemos constatar que o número de pessoas inseridas no mercado de trabalho com

deficiência intelectual é menor do que se comparado a outros tipos de deficiências.

Na prática, temos uma fragilidade enquanto cumprimento e efetivação

dessas leis e no que se refere a conscientização da própria sociedade quanto o

direito ao trabalho das pessoas com deficiência, pois essas leis ainda não tem sido

suficientes para uma mudança de olhar e aceitação com essa diversidade. Tendo

em vista que muitas empresas vêm fazendo as contratações dessas pessoas

apenas de maneira obrigatória, pois se não as fizer, pagará uma multa. Não

contratando dessa forma, pelo reconhecimento de fato das capacidades

profissionais e pessoais desses indivíduos.

Dessa forma, esse processo de “inclusão” acaba sendo descaracterizado

e muitas vezes até passando a se concretizar de forma exclusiva, pois as empresas

acabam selecionando os candidatos conforme o tipo e grau de deficiência que

aquelas pessoas têm, pois na nossa legislação não tem nenhum tipo de

obrigatoriedade que diga que o percentual de vagas para deficientes precise ser

distribuído com relação aos diferentes tipos de deficiências. Com isso, as empresas

acabam fazendo esse tipo de seleção e fazendo um pré julgamento que se

consolida muitas vezes, na contratação de funcionários que terão um maior grau de

“capacidade”, avaliando assim, o tipo e grau de deficiência que para eles são

consideradas como mais aptas ao trabalho: a exemplo das pessoas com deficiência

física, auditiva ou visual. Apesar de para os deficientes físicos, auditivos e visuais

ainda se ter bastantes barreiras e entraves para a sua inclusão, criou-se uma visão

de que os mesmos são mais fáceis de lidar e de se adaptar tanto ao ambiente

corporativo quanto à sociedade. Descontruindo assim, o verdadeiro processo de

inclusão.

Segundo o paradigma da inclusão social, reforçado pela Convenção da

ONU, mas já presente em nossa constituição federal de 1988, devemos priorizar a

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diversidade humana, ambiente social para todos, daí que as empresas devem

contratar todo tipo de deficiência.

Um dos grandes desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência

intelectual na inserção do mercado de trabalho é com relação a sua qualificação

profissional. Muitas empresas ainda querem “exigir” um padrão de qualificação igual

ou similar a qualquer outro trabalho ou se é exigido, de forma generalizada, um

patamar de escolaridade que não é compatível com as exigências de fato

necessárias para o exercício das funções. Porém sabemos todos os enfrentamos e

desafios para que essas pessoas pudessem ser reconhecidas enquanto capazes e

enquanto cidadãos. Sabemos o quanto essas dificuldades ainda estão presentes em

nosso dia-a-dia, pois não tem sido dada de maneira geral, igualdade de

oportunidades de acesso à escolarização dessas pessoas.

O modelo atual de organização do trabalho impôs um perfil de trabalhador polivalente que desempenha inúmeras funções. Dependendo das limitações impostas pela deficiência, muitas vezes a pessoa não consegue desenvolver o conjunto das funções inseridas num mesmo cargo. Entretanto, pode realizar grande parte delas. A empresa, sempre que possível, deve verificar a possibilidade de desmembrar as funções de forma a adequar o cargo á peculiaridades dos candidatos (art. 36, alínea “d”, da Recomendação nº 168 da OIT).

São percebidas também dificuldades na inserção dessas pessoas no

mercado de trabalho, pois ainda pode-se destacar o pouco esclarecimento das

empresas sobre a legislação relativas a inclusão das pessoas com deficiência

intelectual no mercado formal de trabalho, bem como as desinformações sobre o

potencial destas pessoas. Essas questões ao longo dos tempos contribuíram de

certa forma, para uma manutenção desses indivíduos como incapazes e

dependentes, consequentemente trazendo impacto bastante negativo na vida

dessas pessoas e eximindo o direito que elas tem de inserção no mercado de

trabalho.

“Muitas pessoas com deficientes estão cercadas por outras pessoas que não reconhecem o que fazem como trabalho. Em um mundo no qual o emprego remunerado para todos nem sempre é possível. É importante que a contribuição das pessoas deficientes seja reconhecida”. (Westmacott, 1996).

Para poder consolidar efetivamente esse processo de inclusão, as

empresas precisam desenvolver estratégias que viabilizem a geração de programas

adequados que possibilitem a inclusão dessas pessoas nas empresas. Promover

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palestras e treinamentos para os funcionários no intuito de se entender mais sobre

as pessoas com deficiência intelectual, para que as contribuições e competências

desses funcionários também sejam reconhecidas. Devendo também a empresa

investir no desenvolvimento desse colaborador dentro da mesma, pois não basta

apenas a contratação desse funcionário. Qualquer trabalhador tem o direito e

merece ser treinado, desenvolvido para a atividade em questão, e com os

deficientes intelectuais não pode ser diferente.

Podemos observar também que a desinformação a respeito dessa

temática que geram preconceitos diante dos próprios funcionários das empresas,

dificultando assim, o processo de inclusão social dessas pessoas no espaço

coorporativo. Uma saída para esse conflito é justamente as empresas investirem em

informação adequada para os seus funcionários com o objetivo de procurar fazer

com se entenda a realidade dessas pessoas promovendo um processo de

sensibilização e mostrando o quanto elas podem contribuir enquanto pessoas e

profissionais, pois apesar de possuir certas limitações, tem capacidade de

desempenhar as atividades propostas. Tendo com isso, um desenvolvimento social

a respeito da diversidade no trabalho.

Cabe às empresas disseminarem o reconhecimento pela igualdade de

oportunidades a partir de um fazer compartilhado, pautado na ética das relações

humanas valorização da diversidade, sendo assim, de fato uma empresa que

realmente promove a inclusão e não apenas uma mera “contratação”. Ser realmente

uma empresa em que está preocupada com a construção de uma sociedade mais

justa e igualitária.

Segundo o Instituto Ethos, o conceito de responsabilidade social aplicado

à gestão dos negócios se traduz como um compromisso ético voltado para a criação

de valores para todos os públicos com os quais a empresa se relaciona: clientes,

funcionários, fornecedores, comunidade, acionistas, governo e meio ambiente. A

Social AccountAbility 8000 (SA8000) é a primeira certificação internacional da

responsabilidade social.

Aqui no Brasil, foi criada a norma 16001 pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT). A norma brasileira estabelece requisitos mínimos relativos

a um sistema de gestão de responsabilidade. Essa certificação visa atender à

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crescente preocupação da sociedade com temas associados a ética, à cidadania,

aos direitos humanos, ao desenvolvimento econômico, ao desenvolvimento

sustentável e à inclusão social.

A organização deve estabelecer, implementar, manter e documentar

programas para atingir seus objetivos e metas de responsabilidade social. Esses

programas devem incluir no que se refere ao trabalho: boas práticas de governança;

direitos da criança e do adolescente, incluindo o controle ao trabalho infantil; direitos

do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, a remuneração justa

e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho forçado; promoção da

diversidade e combate à discriminação (por exemplo: cultural, de gênero, de raça /

etnia, idade, pessoa portadora de deficiência). (Ministério do Trabalho e emprego

2007).

4.1 O papel da família no processo de inclusão ao mercado de trabalho.

Não podemos encerrar essa discussão sem antes, falarmos a respeito da

importância que a família tem nesse processo de construção e de inserção das

pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho.

Cabe notar, que as famílias sofrem reconfigurações em sua formação,

que tem vinculo com os diferentes contextos históricos que vivenciam. Alteram-se

em sua estrutura considerada “padrão”, por ideologias pautadas em modelos

opressores, como o patriarcal e heteronormativo, coexistindo com modelos ditos

“transgressores” que reivindicam formas sociais legítimas, afetivas e reais, a partir

da realidade concreta e não de sua idealização abstrata. Referimo-nos aos novos

arranjos familiares, que superaram a dimensão das famílias tradicionais burguesas,

podendo ser compostas por pessoas do mesmo sexo, por dois ou por apenas um

responsável pela família, etc. Além disso, que as famílias vivenciam de forma

desigual as vicissitudes de um sistema socialmente desigual. Ou seja, as famílias

lutam e vivem em condições antagônicas que redundam o pertencimento de classe.

De modo que, a família burguesa em relação à família proletária, goza de privilégios

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de classe. Assim, a noção de família “estruturada” não se aplica em regra, a família

proletária.

Todavia, apesar do reconhecimento dessas contradições, é fato que o

ambiente familiar é de suma importância para que o indivíduo encontre as condições

para o seu desenvolvimento pessoal e interpessoal; aprendendo assim, a viver em

sociedade e se adaptar a mesma. Não é papel apenas das Instituições

governamentais e da sociedade fazer a inclusão do deficiente intelectual no mercado

de trabalho, as famílias, quando em condições favoráveis, precisam dar o seu

primeiro passo com relação à aceitação daquela pessoa e saber de suas

possibilidades e capacidades de se desenvolver, reconhecendo os direitos enquanto

ser humano, buscando com isso, uma forma de incentivar a pessoa com deficiência

intelectual a superar as suas limitações, enfrentando as barreiras diárias e

proporcionando assim uma melhor qualidade de vida não só para pessoa com

deficiência, mas para a própria família.

Da mesma forma que uma sociedade pode ser é discriminatória e não

inclui, também pode-se ter uma família que segue esses “padrões”. A partir do

momento que ao invés de incentivar a pessoa com deficiência intelectual a buscar

sua própria independência desde na educação infantil até a sua inserção no

mercado de trabalho e incentivando o seu desenvolvimento e habilidades pessoais,

tem-se uma família que vitimiza essa pessoa a fazendo parecer e a tornando como

“incapaz”; essa pessoa nunca vai poder ter o seu desenvolvimento pessoal

enquanto cidadão e isso torna muito mais complicado o seu processo de inclusão

diante à própria sociedade.

Outra questão bastante significativa envolvendo a família que podemos

mencionar aqui é o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC.

O que deveria ser uma grande ajuda para as pessoas com deficiência por exemplo,

torna-se uma questão que acaba sendo um impeditivo para a realização pessoal e

profissional das pessoas com deficiência intelectual se tornando de certa forma, um

empecilho por parte da própria família na inserção dessas pessoas ao mercado de

trabalho uma vez que o vínculo empregatício formal impede o acesso ao benefício.

Dessa forma, muitas famílias com receio das pessoas com deficiência intelectuais

não permanecerem no mercado de trabalho acabam optando por continuarem com o

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benefício e frustrando a condição de tornar independe e aguçar as habilidades e

competências dessas pessoas. Esse é um dos impactos familiar que contribui

bastante de forma negativa nessa inserção ao mercado de trabalho.

Todas as pessoas têm suas qualidades e seus defeitos e com as pessoas

com deficiência não seria diferente. Mas como qualquer outra pessoa, elas têm as

suas características próprias e também merecem ser respeitada como qualquer

outra, inclusive pela própria família. A família pode e deve fazer o papel de mostrar

que acreditam de fato que a deficiência não a diminui enquanto pessoa, acreditando

assim, no seu desenvolvimento e potencial e fazendo com que elas sempre

acreditem que são capazes.

Outro ponto bastante importante a ser discutido, quando tratamos de

pessoas com deficiência intelectual é a psicodinâmica familiar. Verificamos que

desde o nascimento de uma pessoa com necessidades especiais, estas famílias

vivem uma realidade distinta, onde os pais são forçados a um desligamento abrupto

da criança sonhada e “perfeita”, de onde podem surgir sentimentos de culpa, ruptura

de planos e desgosto; diante dos novos desafios impostos pela nova condição à

família que passa a ter como membro uma criança com necessidades especiais.

Dessa forma, existem as que conseguirão encontrar com maior facilidade um ponto

de equilíbrio, no entanto alguns pais podem se desestabilizar por completo; os

caminhos a serem percorridos se tornarão mais ou menos difíceis de acordo com a

capacidade de aceitação e superação dos problemas (MARQUES, 1995).

Se a deficiência for congênita ou adquirida, as famílias dessas pessoas

com deficiência precisarão de transformações na sua estrutura familiar que possa

possibilitar os cuidados e convívio com as pessoas com deficiência. Essas

transformações vão desde transformações internas, de cunho afetivo, temporal e

econômico; até relações externas que podem surgir como a falta de oportunidades,

rótulos e atitudes preconceituosas. Tais situações podem levar muitas famílias ao

isolamento social, esse isolamento pode levar a família a reforçar mecanismos de

superproteção. Nesses casos a condição do indivíduo com deficiência pode ser

hiperdimensionada em detrimento de suas capacidades e o cuidado com o indivíduo

dito “especial” pode tomar proporções exageradas, prejudicando sua independência

e autonomia de forma que a própria estrutura familiar se volta quase exclusivamente

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para os cuidados, em detrimento inclusive dos cuidados com os demais integrantes

da família (GLAT, 2004).

É bastante comum ter esse perfil de família super protetora quando nos

referimos aos deficientes intelectuais. Muitos pais e familiares tratam essas pessoas

como se elas não tivessem qualquer tipo de defesa e que para realizar todas as

suas necessidades dependerá sempre da ajuda da família. Muitas vezes,

necessidades essas bem básicas como tomar água, guardar o copo, amarrar o

cadarço de um calçado, puxar a cadeira para sentar, tirar os seus calçados dentre

outras atividades. Muitas vezes ao invés dos familiares começarem desde cedo a

incentivarem e cultivarem essa independência inicialmente nas atividades que são

básicas, as famílias acabam fragilizando essas pessoas e acabam não as

desenvolvendo. Muitas vezes percebendo que um próprio adulto com deficiência

intelectual é tratado como uma criança, inclusive os próprios pais dizem que eles

são crianças por julgarem que são “incapazes”. Nesse cenário, até o tipo de

vestimenta dessas pessoas com deficiência são de trajes infantis.

Isso acaba mostrando um reflexo bastante expressivo de como as

famílias também precisam entender o que realmente os seus filhos tem. Precisam

fazer todo o acompanhamento da evolução dos mesmos seja na escola, em

instituições, na vida como um todo. As famílias também precisam de apoio

psicológico, pedagógico para saber lidar com tais situações. Muitos desses casos

acontecem por falta também de informação e do desconhecimento. E não é só a

sociedade que pode sofrer com o desconhecido não, a própria família também pode

passar por isso. Então quando falamos em processo de inclusão para as pessoas

com deficiência intelectual, também devemos abraçar e incluir as famílias que são à

base da estruturação desses indivíduos.

Visto que a integração social dessa pessoa depende, em muito, de que

sua família lhe proporcione e permita usufruir o que é oferecido na sociedade. Por

isso é de grande importância entrar em contato com essas dinâmicas familiares para

compreender mais sobre a pessoa com deficiência. Dessa forma, é de suma

importância que sejam realizados trabalhos de orientação a essas famílias,

encorajando-os a oferecer maior independência e integração à comunidade na

sociedade (GLAT, 2004).

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5 CONCLUSÃO

Ao longo da pesquisa realizada para a concretização desse trabalho,

foram lançados esforços no que se referem ao cumprimento do objetivo central em

apreender as dimensões ideológicas e políticas a respeito do tema abordado: “A

inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho”. Tendo na

inclusão dessas pessoas, elementos de discussões e identificação de que esse

processo traz desenvolvimento à vida dessas pessoas e das demais.

Diante disso, foram promovidas discussões a respeito da construção do

trabalho como elemento essencial na vida e no desenvolvimento dos seres

humanos. Como esse trabalho veio se configurando e se modificando ao longo das

sociedades e como o mesmo constrói e desconstrói o processo de precarização das

relações trabalhistas existentes.

Podemos perceber que quando falamos sobre a inclusão ao mercado de

trabalho para as pessoas com deficiência intelectual, identificamos que a presença

da família é fundamental nesse processo, pois é propulsora de motivação e incentivo

para que possibilitem a essas pessoas o reconhecimento das suas capacidades

pessoais e profissionais.

Diversos contextos, envolvendo a família, educação, trabalho, sociedade;

acabam contribuindo ou não na promoção dessa inserção ao mercado de trabalho.

E essa inserção promove possibilidades de construção da própria identidade das

pessoas com deficiência intelectual e faz com que esses indivíduos se desenvolvam

num conjunto social, aprendendo e proporcionando aprendizado para todos que os

cercam.

Analisamos que o segmento referente à deficiência intelectual é um dos

que menos estão inseridos no mercado de trabalho comparado a outras deficiências

como a física e a auditiva, por exemplo. Mesmo se tendo leis e políticas voltadas

para a inclusão na sociedade como um todo, ainda percebemos falta de

oportunidades para elas, de as empresas acreditarem em seu potencial e lhes

proporcionarem uma chance no mercado de trabalho, havendo-se com isso, uma

valorização de um papel positivo na vida dessas pessoas, se tornando assim, de

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fato uma empresa que promove a inclusão sem distinção de deficiência, mas que

primeiramente acredita no potencial e nas competências de seus funcionários, sem

distinção de cor, raça ou de qualquer tipo de deficiência.

Podemos identificar também que o desconhecimento e despreparo das

empresas em receber um profissional com deficiência intelectual juntamente com a

falta de qualificação adequada das pessoas com deficiência intelectual acabam

sendo vistas como grandes entraves e barreiras para a concretização dessa

inclusão.

Entorno de todo o aparato legal destinado à inclusão dessas pessoas não

só no mercado de trabalho, mas na sociedade como um todo; identificamos que

ainda se tem uma “valorização” de maneira geral, da sociedade no que se refere à

integração na sociedade, porém ainda são percebidas posturas discriminatórias e de

desvalorização das habilidades e do trabalho da pessoa com deficiência intelectual.

E como podermos promover de fato essa inclusão e fazer com essas

pessoas se sintam parte constituinte de nossa sociedade como qualquer outra? Isso

é uma missão que não se restringe apenas a um segmento específico da sociedade,

vai muito, além disso. Envolve a família, a comunidade, as escolas, as instituições, o

mercado de trabalho. Envolve todos esses segmentos sociais, para que assim se

tenha uma promoção efetiva de entendimento a respeito da temática em questão e

que se possa incluir e integrar de fato todos, construindo assim, uma sociedade para

todos.

Promover a inclusão dessas pessoas ao mercado de trabalho é promover

a diversidade, trazendo assim, grandes benefícios para as empresas e seu quadro

de funcionários como um todo. Incluir pessoas com formações diferentes, com

visões diferenciadas, com origens, políticas e religiões diversificadas. Pessoas

diferentes reunidas em um mesmo espaço proporcionam uma visão mais holística e

acabam promovendo uma maior criatividade e inovação nesses ambientes sócios

ocupacionais. Quando temos um grupo bastante diversificado à troca de

experiências proporcionadas por essas pessoas acabam enriquecendo todo o grupo,

não apenas em seu intelecto profissional, mas na sua vida de maneira geral.

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