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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
METODOLOGIA PARA PROJETO DE
AEROGERADOR DE EIXO VERTICAL
DO TIPO DARRIEUS
Leonardo Morais Barreto
Setembro de 2018
ii
METODOLOGIA PARA PROJETO DE
AEROGERADOR DE EIXO VERTICAL
DO TIPO DARRIEUS
Leonardo Morais Barreto
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia Mecânica da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.
Orientadore(s): Gustavo Cesar Rachid
Bodstein, PhD
Rio de Janeiro
Setembro de 2018
iv
Barreto, Leonardo Morais
Metodologia para projeto de aerogerador de eixo vertical do tipo Darrieus / Leonardo Morais Barreto – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2018
XIII, 109 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Gustavo Cesar Rachid Bodstein
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Mecânica, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 74-76.
1. Turbinas Eólicas Verticais
I. Bodstein, Gustavo Cesar Rachid II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Metodologia para projeto de aerogerador de eixo vertical do tipo Darrieus.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Metodologia para projeto de aerogerador de eixo vertical do tipo Darrieus
Leonardo Morais Barreto
Setembro/2018
Orientador: Gustavo Cesar Rachid Bodstein
Curso: Engenharia Mecânica
A busca por fontes alternativas de geração de energia é uma preocupação
crescente na sociedade, intensificada principalmente após a década de 1970. Neste
cenário, os aerogeradores foram destino de muito investimento de pesquisa e
desenvolvimento e têm encontrado cada vez mais aplicações, seja em fazendas dedicadas
a produção eólica on shore e off shore, ou com pequenos geradores para produção local
construídos no topo de prédios e áreas rurais. Neste trabalho, é estudado o modelo
matemático de seção de escoamento simples, para projeto de aerogeradores verticais do
tipo Darrieus, e é desenvolvido um simulador para cálculo das forças e potência geradas
pelo rotor. Com isso, é possível uma comparação e testes de diferentes cenários e
parâmetros.
Palavras-chave: Energia Eólica, Aerogerador, Darrieus, Turbina Vertical, Modelo
Numérico.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
Methodology for design of Darrieus-type vertical axis aerogenerator
Leonardo Morais Barreto
September/2018
Advisor: Gustavo Cesar Rachid Bodstein
Course: Mechanical Engineering
Searching for alternative energy generation sources has become a growing
concern in our society, intensified mainly after the 1970s. On this scenario,
aerogenerators were the destiny of a lot of research and development investments, which
are finding many different aplications, from dedicated energy generation farms, both on
shore and off shore, and small generators that are being used on small rural areas or on
the top of high buildings. On this work, a mathematical model for the design of Darrieus-
type vertical axis aerogenerator (simple streamtube model) was studied and a
computational simulator was build, calculating forces and power associated with the
aerogenerator. Thus, it allowed tests and comparisons between different scenarios and
parameters.
Keywords: Wind Energy, Aerogenerator, Darrieus, Vertical Turbine, Numerical
Model.
vii
Sumário 1 Introdução ..................................................................................................................... 1
2 Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 3
2.1 Energia Eólica ................................................................................................... 3
2.1.1 História de Energia Eólica ................................................................................... 3
2.1.2 O Vento ........................................................................................................................ 8
2.1.3 Atlas do Potencial Eólico Brasileiro ............................................................. 10
2.1.4 Regime dos Ventos no Brasil .......................................................................... 14
2.2 Aerogeradores ...............................................................................................19
2.2.1 Turbinas Eólicas Verticais e Horizontais ................................................... 19
2.2.2 Tecnologia .............................................................................................................. 24
2.2.3 Sandia 34-Meter Test Bed ................................................................................ 30
2.2.4 Éole Darrieus VAWT ........................................................................................... 32
2.3 Modelos aerodinâmicos para aerogeradores verticais do tipo
Darrieus 33
2.3.1 Tipos de modelos computacionais para turbinas verticais do tipo
Darrieus 33
3 Metodologia ................................................................................................................39
3.1 Modelo Físico ..................................................................................................39
3.2 Modelo Matemático ......................................................................................42
3.3 Simulador desenvolvido .............................................................................50
4 Resultados e Análise ................................................................................................54
4.1 Cenários propostos .......................................................................................54
4.2 Resultados da simulação ............................................................................55
4.2.1 Cenário 1: turbina de pequeno porte conforme Melo e Silveira Neto
(2012) 55
viii
4.2.2 Cenário 2: turbina de pequeno porte conforme modelo VisionAIR3
63
4.2.3 Cenário 3: turbina de grande porte conforme modelo Sandia 34-
meter Test Bed 67
5 Conclusões ...................................................................................................................72
6 Bibliografia ..................................................................................................................73
7 Apêndices .....................................................................................................................76
7.1.1 Apêndice A – Dados de cd e cl par aerofólio NACA00212 a um ângulo
de ataque entre 0 e 180o e Número de Reynolds entre 10 000 e 700 000 .................. 76
7.1.2 Apêndice B – Código fonte do simulador ................................................... 84
7.1.3 Apêndice C – Modelos de turbinas verticais de mercado ................. 107
ix
Lista de Figuras Figura 2.1 - Turbina construída por Brush em 1888. Fonte: (Righter, 2008) ......................... 4
Figura 2.2 – Ranking Mundial 2016 Capacidade Instalada Acumulada (GW) - Fonte:
(GWEC, 2018) .......................................................................................................................................... 6
Figura 2.3 – Ranking Mundial 2016 Capacidade Instalada Nova (GW) - Fonte: (GWEC,
2018) ........................................................................................................................................................... 6
Figura 2.4 – Colocações do Brasil e Capacidade Instalada Acumulada (GW) - Fonte:
(GWEC, 2018) .......................................................................................................................................... 7
Figura 2.5 – Colocações do Brasil e Capacidade Instalada Nova (GW) - Fonte: (GWEC,
2018) ........................................................................................................................................................... 7
Figura 2.6 - Escoamento através de um obstáculo (Jervell, 2008) ............................................ 10
Figura 2.7 - Mapa do potencial eólico da região Nordeste ........................................................... 13
Figura 2.8 - Mapa do potencial eólico da região Sudeste .............................................................. 14
Figura 2.9 - Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s
(DO AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001) .............................................................. 18
Figura 2.10 - Potencial eólico-elétrico estimado do Brasil (DO AMARANTE, BROWER,
ZACK, & DE SÁ, 2001) ........................................................................................................................ 18
Figura 2.11 - Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal da Siemens Gamesa, modelo SG2.1-114
..................................................................................................................................................................... 20
Figura 2.12 - Diferentes configurações típicas para VAWTs (Sandia National Laboratories,
2012) ........................................................................................................................................................ 25
Figura 2.13 - Exemplo de turbinas comerciais do tipo Savonius (Windside – WS30, à
esquerda) e Darrieus (UGE – VisionAir3, à direita). Fonte:
http://www.windside.com/products/media e http://visionairwind.com/visionair-
3/ ............................................................................................................................................................... 26
Figura 2.14 - Troposkien: Formato das pás de uma turbina Darrieus (Islam, Ting, & Fartaj,
2006) ........................................................................................................................................................ 27
x
Figura 2.15 - Exemplo de uso de cabos de fixação em turbina Darrieus em Canyon, Texas
(EUA) Fonte: http://www.wind-works.org/cms/index.php?id=219 (acessado em
12/05/2018) ......................................................................................................................................... 29
Figura 2.16 - Turbinas Darrieus instaladas em Pincher Creek, Alberta (CA) na década de
1990 – Fonte: http://www.wind-works.org/cms/index.php?id=716 (acessado em
12/05/2018) ......................................................................................................................................... 30
Figura 2.17 – Sandia Test Bed - Fonte: https://share-
ng.sandia.gov/news/resources/news_releases/wind-facility/ (acessado em
18/08/2018) ......................................................................................................................................... 31
Figura 2.18 - Turbina Eóle, no Canadá - Fonte: http://www.wind-
works.org/cms/index.php?id=506 (acessado em 21/05/2018) .................................... 33
Figura 2.19 - Modelo matemático para os três tipos de modelos de Momento: (a) Modelo
de seção de escoamento simples (b) Modelo de seções de escoamento múltiplas (c)
Modelo de seções de escoamento duplas-múltiplas (Islam, Ting, & Fartaj, 2006) .. 36
Figura 2.20 - Esquema representativo do Modelo de vórtices para um aerofólio
submetido a um escoamento (Islam, Ting, & Fartaj, 2006) ............................................... 37
Figura 3.1 – Corte horizontal de uma turbina Darrieus (Melo & Silveira Neto, 2012) ..... 40
Figura 3.2 – Mudança no padrão de escoamento do vento ao se aproximar da turbina
(Melo & Silveira Neto, 2012) .......................................................................................................... 41
Figura 3.3 – Velocidades envolvidas na interação do escoamento com a pá, para um dado
ângulo de ataque (Melo & Silveira Neto, 2012) ..................................................................... 42
Figura 3.4 – Direção da força de arrasto e sustentação, e sua componente Fθ (Melo &
Silveira Neto, 2012)............................................................................................................................ 47
Figura 3.5 – Dimensões de diâmetro e altura do rotor .................................................................. 50
Figura 3.6 – Imagem do simulador ......................................................................................................... 51
Figura 3.7 – Arquivo de importação de valores de coeficientes de sustentação (Cl) e
arrasto (Cd) ........................................................................................................................................... 51
Figura 3.8 – Algoritmo do simulador ..................................................................................................... 53
Figura 4.1 – Ângulo de Ataque por posição azimutal θ .................................................................. 56
xi
Figura 4.2 – Ângulo de Ataque por posição azimutal θ, de acordo com Melo e Silveira Neto
(2012) ...................................................................................................................................................... 56
Figura 4.3 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal θ .................................... 57
Figura 4.4 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal θ, de acordo com Melo
e Silveira Neto (2012) ....................................................................................................................... 57
Figura 4.5 – Velocidade do vento por posição azimutal θ ............................................................ 58
Figura 4.6 – Velocidade do vento por posição azimutal θ, de acordo com Melo e Silveira
Neto (2012) ........................................................................................................................................... 58
Figura 4.7 – Força tangencial por posição azimutal θ .................................................................... 59
Figura 4.8 – Força tangencial por posição azimutal θ, de acordo com Melo e Silveira Neto
(2012) ...................................................................................................................................................... 59
Figura 4.9 – Força normal por posição azimutal θ .......................................................................... 60
Figura 4.10 – Força normal por posição azimutal θ, de acordo com Melo e Silveira Neto
(2012) ...................................................................................................................................................... 60
Figura 4.11 – Coeficiente de Potência por TSR .................................................................................. 61
Figura 4.12 – Coeficiente de Potência por TSR, de acordo com Melo e Silveira Neto (2012)
..................................................................................................................................................................... 61
Figura 4.13 – Torque por TSR .................................................................................................................. 62
Figura 4.14 – Torque por TSR, de acordo com Melo e Silveira Neto (2012) ......................... 62
Figura 4.15 – Desenho esquemático do VisionAIR3 (UGE - Urban Green Energy, 2015) 63
Figura 4.16 – Ângulo de Ataque por posição azimutal θ ............................................................... 64
Figura 4.17 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal θ ................................. 64
Figura 4.18 – Velocidade resultante por posição azimutal θ ....................................................... 65
Figura 4.19 – Força tangencial por posição azimutal θ ................................................................. 65
Figura 4.20 – Força normal por posição azimutal θ ........................................................................ 65
Figura 4.21 – Coeficiente de Potência por TSR .................................................................................. 66
Figura 4.22 – Torque por TSR .................................................................................................................. 66
xii
Figura 4.23 – Desenho esquemático do Sandia 34-m Test Bed (Ashwill, 1992) ................. 67
Figura 4.24 – Ângulo de Ataque por posição azimutal θ ............................................................... 68
Figura 4.25 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal θ ................................. 68
Figura 4.26 – Velocidade resultante por posição azimutal θ ....................................................... 69
Figura 4.27 – Força tangencial por posição azimutal θ ................................................................. 69
Figura 4.28 – Força normal por posição azimutal θ ........................................................................ 69
Figura 4.29 – Coeficiente de Potência por TSR .................................................................................. 70
Figura 4.30 – Torque por TSR .................................................................................................................. 70
Figura 7.1 – Imagem do simulador ......................................................................................................... 84
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Parâmetro n para diferentes tipos de superfície (Hirata, 1985) ....................... 10
Tabela 4.1 – Parâmetros utilizados nas simulações ........................................................................ 54
Tabela 4.2 - Comparação entre a potência calculada e esperada no cenário 2 .................... 67
Tabela 4.3 – Comparação entre a potência calculada e esperada no cenário 3 ................... 71
Tabela 7.1 – Valores de coeficiente de arrasto e sustentação ..................................................... 76
Tabela 7.2 - Modelos reais de aerogeradores verticais encontrados no mercado ........... 107
1
1 Introdução
Os números associados a energia eólica impressionam. Somente em 2017, a
capacidade global de produção de energia a partir da fonte dos ventos subiu 52,5 GW
(GWEC, 2018), de acordo com o GWEC Global Wind Report. É impossível deixar de notar
uma tendência mundial crescente que tenta tirar de cena o foco da produção energética
proveniente de fontes fósseis como o petróleo e o carvão, dando espaço para a energia
dita renovável, proveniente de fontes como o sol, o vento e as águas. Este
redirecionamento, por mais improvável que pudesse parecer há alguns anos, vem
tomando a agenda inclusive de empresas tradicionais que sempre se basearam na matriz
fóssil. Shell, BP e outras companhias já divulgaram na mídia projeções de cenários futuros
que preveem a redução na utilização de petróleo em detrimento às fontes de energias
ditas limpas.
A utilização da força do vento pela civilização humana, por outro lado, está longe
de ser uma novidade. Moendas de grãos e moinhos de vento para bombeamento de água
já eram utilizados na China há milênios e continuaram, ao longo do tempo, sendo
utilizados na Mesopotâmia, Pérsia, França, Estados Unidos e em todas as partes do
mundo. O desenvolvimento de turbinas eólicas com o objetivo exclusivo de geração de
energia data do fim do século XIX, nos Estados Unidos. O período de maior crescimento
tecnológico veio, porém, com investimentos pesados após a crise do petróleo da década
de 1970. Deste momento histórico para frente, diversas iniciativas privadas e
governamentais foram responsáveis pelo avanço das turbinas até que elas chegassem nos
modelos de alta performance que são utilizados em larga escalas atualmente.
Analisando os investimentos em energia eólica, percebe-se uma tendência
histórica de financiamento de pesquisa e desenvolvimento das turbinas de eixo
horizontal, chegando em muitos momentos a ser 10 vezes maior do que o aplicado em
turbinas de eixo vertical. Naturalmente, este modelo de turbina se destacou ao alcançar
valores mais altos de eficiência na geração. Tal fato não implica, entretanto, que o modelo
vertical seja inferior. Uma recente retomada no estudo e desenvolvimento deste tipo de
turbina (Tiju, Marnoto, Mat, Ruslan & Sopia , 2014) vem trazido resultados positivos e
animadores, especialmente em aplicações onde os tradicionais modelos horizontais não
2
encontram boas aplicações, como em rotores de pequeno porte para geração local ou no
alto de edifícios, e em algumas aplicações offshore.
Os primeiros modelos matemáticos de aerogeradores verticais foram
pesquisados na década de 1970. Nos trabalhos de Templin (1974), Wilson & Lissaman
(1974) e Paraschivoiu (1983) foram descritas metodologias baseadas na teoria de
Momentos. Alguns anos depois, outros modelos baseados na teoria de Vórtexes foram
publicados por Larsen (1975), Fanucci e Walters (1979) e Strickland (1979) e modelos
baseados na teoria de cascatas foram propostos por Hirsch e Mandal (1987). Mais
recentemente, em um cenário de retorno do interesse nas chamadas VAWTs (Vertical Axis
Wind Turbines), diversos modelos físicos e matemáticos vem sendo aprimorados para
melhor estimar parâmetros associados ao rotor, se beneficiando com frequência do
aumento da capacidade de processamento dos computadores modernos e tecnologias
associadas a CFD (Fluido dinâmica computacional).
O objetivo deste trabalho é analisar um destes modelos baseados na teoria de
Momentos, o modelo de seção de escoamento simples. A partir deste modelo, desenvolver
um simulador utilizando a linguagem de programação Python, com uma interface de fácil
usabilidade, que possibilite estimar as forças e potência geradas por um aerogerador de
eixo vertical, a partir de diversos parâmetros de entrada. Com isso, é possível testar
diferentes cenários para projeto aerodinâmico de uma turbina eólica de eixo vertical. É
feito um estudo comparativo com três cenários diferentes, que incluem um cenário de
validação do modelo proposto e duas comparações com turbinas reais, uma de pequeno
porte e outra de grande porte.
3
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Energia Eólica
2.1.1 História de Energia Eólica
O relacionamento entre o homem e o vento data de pelo menos 3000 anos, quando
a utilização de tecnologia baseada na força eólica já deixava vestígios. Suas principais
aplicações eram, inicialmente, ligadas a atividades agrícolas como moagem de grãos ou
bombeamento de água, e também em aplicações navais, com a construção de barcos a vela
(Burton, 1947).
Acredita-se que o primeiro moinho de vento foi desenvolvido na Mesopotâmia,
por volta de 1700 AC, como um sistema de eixo vertical utilizado para bombear água.
Posteriormente, na Pérsia, também foram desenvolvidos moinhos de vento que
realizavam tarefas de moagens de grãos e bombeamento de água (da Purificação & della
Fonte, 2012).
Por volta de 1000 DC, os chineses aproveitaram estas tecnologias já conhecidas
pelos persas e mesopotâmios e desenvolveram um moinho com característica parecida
com a utilizada atualmente em moinhos de eixo vertical: a possibilidade de utilizar o
vento em todas as direções (da Purificação & della Fonte, 2012).
A primeira configuraçao de um moinho de vento com eixo horizontal foi utilizada
no oeste europeu por volta de 1270 DC. Conhecido como moinho de torre, possuia um
enorme avanço tecnológico em relação aos moinhos desenvolvidos pelos Persas e pelos
Chineses, ja que os europeus utilizavam um mecanismo de uma engrenagem de madeira
para transmitir o movimento horizontal do eixo no movimento vertical pela pedra que
era utilizada para moer grãos. Com esta configuraçao, era possível utilizar a forca de
sustentação para girar o rotor com uma maior velocidade e, por consequência uma
eficiência maior quando comparado aos moinhos de eixo vertical (da Purificação & della
Fonte, 2012).
4
Desde o século XIII, moinhos de vento de eixo horizontal já eram parte integral da
economia rural e só caíram em desuso com o advento de geradores a combustíveis fósseis
e o posterior avanço da eletrificação rural. O retorno dos moinhos de vento, com a
utilização de turbinas eólicas para geração elétrica, só acontece no fim do século XIX com
o gerador eólico de 12kW DC construído por Brush nos EUA, mostrado na Figura 2.1 e as
pesquisas realizadas por LaCour na Dinamarca (Burton, 1947).
Figura 2.1 - Turbina construída por Brush em 1888. Fonte: (Righter, 2008)
Porém, o interesse maior por esta fonte de energia só foi reforçado e estimulado
após a abrupta queda no preço do óleo em 1973. Nesta ocasião, começaram a surgir
numerosos programas de pesquisas, desenvolvimento e demonstração financiados por
iniciativas governamentais. Nos EUA, estas iniciativas levaram a construção de uma série
de protótipos de turbinas, com diâmetros começando em 38 metros e 100kW em 1975
até 97,5 metros e 2,5 MW em 1987. Programas similares apareceram no Reino Unido,
Alemanha e Suécia (Burton, 1947).
Outras configurações de aerogeradores, além dos de eixo horizontal, foram
experimentadas para avaliar vantagens comparativas entre diferentes modelos. No
Canada, um aerogerador de eixo vertical do tipo Darrieus foi construído com capacidade
de 4MW e este conceito também foi investigado nos EUA num modelo de 34m de
diâmetro, o Sandia Vertical Axis. No Reino Unido, uma alternativa ao modelo Darrieus de
eixo vertical utilizando pás retas – rotor do tipo “H” – foi proposto pelo Dr. Peter
5
Musgrove, e um protótipo de 500 kW foi construído. Posteriormente, em 1981, uma
turbina de eixo horizontal de 3MW foi construída e testada nos EUA (Burton, 1947).
O estímulo para desenvolvimento da energia eólica em 1973 ocorreu devido ao
preço do óleo e a preocupação crescente com os limites dos recursos fósseis. Agora,
naturalmente, o principal fator para o uso de turbinas eólicas para geração de energia
elétrica é a emissão baixa de CO2 ao longo do ciclo completo de fabricação, instalação e
operação e decomissionamento, e o consequente potencial limitante da mudança
climática.
Em 1997, a Comissão da União Europeia publicou um relatório (CEU, 1997)
instigando que 12 porcento da demanda energética bruta da União Europeia fosse gerada
por fontes renováveis até 2010. A fonte eólica foi identificada com um papel importante
no fornecimento de energia renovável, com um crescimento da capacidade instalada de
2,5 GW em 1995 para 40 GW em 2010. O taxa de crescimento anual na instalação de
turbinas eólicas na Europa entre 1993 e 1999 foi de aproximadamente 40%. A
distribuição de capacidade de turbinas eólica na Alemanha correspondia a 45% do total
na Europa em 2000, seguido de Dinamarca e Espanha, cada um com 18%. Existe mais de
89 GW de capacidade instalada nos EUA, na qual 65% estava na Califórnia, embora um
crescente interesse seja observado no Texas e outros estados do centro-oeste americano.
Muitas fazendas eólicas da Califórnia foram construídas originalmente na década de 1980
e estão agora sendo reequipadas com turbinas mais modernas e maiores.
Atualmente, segundo relatórios da GWEC/ABEEólica, a capacidade mundial
instalada de energia eólica atingiu o patamar de 539,123 GW em 2017. A China é o país
com maior representatividade neste número, com 188,392 GW instalados. Em seguida
encontra-se os EUA, com 89,077 GW. O Brasil está na oitava posição, com 12,753 GW
instalados, conforme ilustrado na Figura 2.2. Entretanto, acompanhando o aumento da
capacidade anualmente, nos últimos cinco anos, pode-se perceber que o Brasil tem
investido bastante nesta fonte de energia, sendo o 4o país que mais investiu em 2014 e
2015, o 5o em 2016 e o 6 o em 2017, instalando em média 2,3 GW por ano, como se pode
ver na Figura 2.4 e na Figura 2.5.
6
Figura 2.2 – Ranking Mundial 2016 Capacidade Instalada Acumulada (GW) -
Fonte: (GWEC, 2018)
Figura 2.3 – Ranking Mundial 2016 Capacidade Instalada Nova (GW) - Fonte:
(GWEC, 2018)
188,392
89,077
56,13232,848 23,17 18,872 13,759 12,763 12,239 9,479
020406080
100120140160180200
Ranking Mundial 2016Capacidade Instalada Acumulada (GW)
23,33
8,25,44
3,612,01 1,56 1,39 0,89 0,74 0,7
6,73
0
5
10
15
20
25
Ranking Mundial 2016Capacidade Instalada Nova
7
Figura 2.4 – Colocações do Brasil e Capacidade Instalada Acumulada (GW) -
Fonte: (GWEC, 2018)
Figura 2.5 – Colocações do Brasil e Capacidade Instalada Nova (GW) - Fonte:
(GWEC, 2018)
2,53,4
5,9
8,7
10,7
15º13º
10º
10º
9º
0
2
4
6
8
10
12
2012 2013 2014 2015 2016
Colocações do Brasil e Capacidade Instalada Acumulada (GW)
1,08 0,95
2,52,75
2,018º
7º
4º 4º5º
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
2012 2013 2014 2015 2016
Colocações do Brasil e Capacidade Instalada Nova
8
2.1.2 O Vento
O vento é o movimento de ar entre regiões de alta pressão para regiões de baixa
pressão na atmosfera. É algumas vezes referido como fonte indireta de energia solar, pois
tem no Sol a origem essencial do fenômeno. A Terra recebe constantemente, em forma de
radiação, energia proveniente do Sol. Esta energia atinge a superfície do planeta de forma
não-uniforme, causando uma distribuição de temperatura e pressão. A existência de
diferença de pressão entre áreas diferentes é condição para formação do vento
(Paraschivoiu I. , 2002).
A principal característica do vento é sua intermitência. Em intervalos de horas,
dias e meses, variações de intensidade e direção são notadas nos regimes de vento.
Diversas técnicas são empregadas para registrar dados como velocidade e direção dos
ventos em diferentes regiões como forma de tentar descobrir padrões no comportamento
temporal e local do vento. O instrumento mais comumente utilizado para medições de
velocidade do vento é o anemômetro. Abaixo são apresentadas algumas propriedades
físicas associadas ao vento.
2.1.2.1 Potência disponível no vento e limite de Betz
O vento carrega energia, a qual será aproveitada pelas turbinas eólicas para
geração de energia. A Potência disponível no vento, 𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝, pode ser descrita através da
equação:
𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝 =𝑊∆𝑡
2.1
onde W é a energia cinética do vento, ou seja, representada por
𝑊 = 𝑚 𝑢2
2=
(𝜌𝑎 𝑢 𝐴𝑠 ∆𝑡) 𝑢2 2
2.2
9
e m, a massa, pode ser representada pela expressão ( 𝜌𝑎 𝑢 𝐴 ∆𝑡) , sendo 𝜌𝑎 a
densidade do ar, u a velocidade do ar e 𝐴𝑠 a área varrida pelo vento. Combinando as
expressões, chega-se a:
𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝 =𝜌𝑎 𝑢3𝐴𝑠
2
2.3
Nota-se, portanto, que a Potência disponível no vento é diretamente proporcional
ao cubo da velocidade do vento e também à área varrida. Porém, ao utilizar um
equipamento para capturar esta energia, outros fatores devem ser levados em
consideração, como mecanismos de escoamento ao redor do equipamento e a
aerodinâmica e a eficiência do mesmo (Jervell, 2008).
Existe um valor máximo de rendimento para um equipamento eólico, conhecido
como limite de Betz, que indica que o máximo da potência disponível no vento que pode
ser convertida em potência mecânica por um aerogerador. Independente do seu tipo,
todas as turbinas operam com um rendimento abaixo deste valor, que é
aproximadamente 59,3% (Amaral, 2011).
2.1.2.2 Influência da rugosidade do solo e de obstáculos
Diversos fatores físicos influenciam o comportamento do vento, como a
rugosidade do solo, variações topográficas, altitude e obstáculos.
A influência da rugosidade do solo na velocidade dos ventos pode ser descrita pela
equação:
𝑈(ℎ) = 𝑈(ℎ𝑟) × (ℎℎ𝑟
)𝑛
2.4
onde U é a velocidade do vento, h é a altitude, ℎ𝑟 é uma atitude de referência e n é
um parâmetro associado a rugosidade do solo. A Tabela 2.1 mostra valores padrões de n.
10
Tabela 2.1 - Parâmetro n para diferentes tipos de superfície (Hirata, 1985)
Descrição do Terreno Parâmetro n
Superfície lisa, lago ou oceano 0,10
Grama baixa 0,14
Vegetação rasteira com árvores
ocasionais 0,16
Arbustos com árvores ocasionais 0,20
Árvores e construções ocasionais 0,22-0,24
Áreas residenciais 0,28-0,40
Além da rugosidade, a existência de obstáculos é fonte de turbulência no
escoamento dos ventos. A turbulência é um fenômeno tridimensional, estocástico e
intermitente, resultante da interação de um escoamento livre com obstáculos. Sua
influência pode ser entendida qualitativamente através da Figura 2.6.
Figura 2.6 - Escoamento através de um obstáculo (Jervell, 2008)
2.1.3 Atlas do Potencial Eólico Brasileiro
11
Para uma análise do potencial eólico destinado à geração de energia elétrica é
necessário um nível de detalhamento maior do comportamento do vento em uma
determinada região. Os dados disponíveis atualmente podem apresentar valores médios
anuais, sazonais, mensais, médias diárias, médias horárias ou até mesmo médias de 10
minutos da velocidade do vento. É muito importante, no entanto, a verificação do período
de observação uma vez que esses valores podem se modificar de um ano para outro,
tornando necessária a análise de vários anos de medição. Dados confiáveis, com longos
períodos de medição não são fáceis de obter. O Ministério da Agricultura (INMET), a
Marinha e a Aeronáutica, são fontes importantes de dados (Dutra , 2007).
O interesse na medição do potencial eólico especificamente para estudos de
viabilidade técnica para geração de energia elétrica iniciou-se no Brasil com o esforço
feito pela Eletrobrás, durante o início da década de oitenta, na elaboração da primeira
versão do Atlas do Potencial Eólico Nacional. Outros Altas surgiram a partir de então.
Diversas instituições no Brasil, interessadas no levantamento do potencial eólico para
geração de energia elétrica, levantaram o potencial eólico de regiões bem específicas: O
Centro Brasileiro de Energia Eólica (Região Nordeste) e a COPEL (Estado do Paraná).
Alguns Estados, através de suas Secretarias de Energia e Infraestrutura, também
viabilizaram projetos para elaboração de Atlas eólicos para suas regiões. Estados como
Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia e Rio de Janeiro apresentam estudos eólicos mais
detalhados para localização de nichos específicos para geração de energia elétrica (Dutra
, 2007).
Diante da gigantesca extensão territorial do Brasil, os problemas para a
monitoração do potencial eólico em toda a sua extensão apresenta uma questão de difícil
solução. A quantidade de estações anemométricas disponíveis são insuficientes para
cobrir todo o território, onde, ao longo do tempo, os dados utilizados para fins de
avaliação do potencial eólico foram perdendo representatividade com o crescimento
demográfico e também com as alterações na vegetação no entorno das estações
anemométricas. Para solucionar os desafios de se obter o potencial eólico para todo
território brasileiro torna-se indispensável à utilização de ferramentas computacionais
capazes de calcular o potencial dos ventos a partir de outras grandezas, cujas medições
apresentassem boa confiabilidade e que as mesmas fossem pouco sensíveis ao
crescimento demográfico e as alterações da vegetação (Dutra , 2007).
O Atlas do Potencial Eólico do Brasileiro foi elaborado graças ao desenvolvimento
dessas ferramentas computacionais, que simulam a dinâmica atmosférica dos regimes de
vento e variáveis meteorológicas correlatas, a partir de amostragens representativas de
12
dados validados de pressão atmosférica. O sistema inclui condicionantes geográficos
como o relevo, rugosidade induzida por classes de vegetação e uso do solo, interações
térmicas entre a superfície terrestre e a atmosfera incluindo os efeitos do vapor d’água. O
modelo empregou uma base de dados de pressão de topo de camada limite do período de
1983 a 1999 (SÁ, 2001). O resultado das simulações são apresentados em mapas
temáticos por código de cores, representando os regimes de vento e fluxo de potência
eólica em uma altura de 50 metros, com uma resolução horizontal de 1km x 1km nas
macro-regiões identificadas como mais promissoras, e 2km x 2km para o restante do país.
Exemplos destes mapas para as regiões Nordeste e Sudeste são apresentados na
Figura 2.8 e na Figura 2.8:
13
Figura 2.7 - Mapa do potencial eólico da região Nordeste
14
Figura 2.8 - Mapa do potencial eólico da região Sudeste
2.1.4 Regime dos Ventos no Brasil
Com 8.514.215 km2, o Brasil é o quinto maior país do mundo e o maior da América
Latina em área territorial. Estendendo-se entre as latitudes 5°16’N e 33°45’S e longitudes
32°23’W e 73°59’W, o Brasil apresenta distintas regiões imersas em várias zonas de
climas e regimes sinóticos de circulação atmosférica. Seus 7.367 km de extensão litorânea
com o Oceano Atlântico constituem um complexo indutor de mecanismos de mesoescala
ao longo dos quais ocorrem brisas marinhas de variadas amplitudes diurnas e sazonais
(DO AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
No caso eólico, o relevo exerce distintas influências conforme o caso e a região:
como obstáculo ao movimento da camada atmosférica inferior, como indutor de
fenômenos de mesoescala (brisas montanha-vale) e como gerador de ondas e acelerações
15
orográficas. Como a camada inferior da atmosfera tem espessura da ordem de 600m a
1500m, áreas territoriais elevadas geralmente estão imersas em distintas camadas
atmosféricas e regimes de vento (DO AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
O perfil de circulação atmosférica induz ventos de leste ou nordeste sobre o
território brasileiro ao norte da Bacia Amazônica e no litoral nordeste. Os ventos
próximos à superfície são geralmente fracos ao longo da Depressão Equatorial, porém
aumentam de intensidade ao norte e ao sul dessa faixa (DO AMARANTE, BROWER, ZACK,
& DE SÁ, 2001).
Esse perfil geral de circulação atmosférica encontra variações significativas na
mesoescala e na microescala, por diferenças em propriedades de superfícies, tais como
geometria e altitude de terreno, vegetação e distribuição de superfícies de terra e água.
Esses fatores atuantes nas escalas menores podem resultar em condições de vento locais
que se afastam significativamente do perfil geral da larga escala da circulação atmosférica
(DO AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
Na Bacia Amazônica Ocidental e Central, que se estende aproximadamente entre
as latitudes 10°S e 5°N, e longitudes 70°W e 55°W, as velocidades médias anuais de vento
a 50 metros de altura através dessa região são inferiores a 3,5 m/s. O escoamento
atmosférico predominante de leste (alísios) sobre a região é bastante reduzido pelo atrito
de superfície associado à longa trajetória sobre florestas densas e pelos gradientes fracos
de pressão associados à zona difusa de baixas pressões centrada nessa região da Bacia
Amazônica (DO AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
A Bacia Amazônica Oriental abrange a área continental a partir da longitude 55°
W (Santarém, PA) até aproximadamente 100km da costa que se estende entre o Amapá e
o Maranhão. A Depressão Equatorial permanece geralmente próxima a essa região, a qual
é dominada por ventos alísios de leste a nordeste, em sua porção norte, e leste a sudeste,
em sua porção sul. O vento médio anual é geralmente inferior a 3,5 m/s devido à
proximidade dos gradientes fracos de pressão associados à Depressão Equatorial e ao
elevado atrito de superfície causado pela rugosidade da vegetação densa (DO
AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
A Zona Litorânea Norte-Nordeste é definida como a faixa costeira com cerca de
100km de largura, entre o extremo norte da costa do Amapá e o Cabo de São Roque, no
Rio Grande do Norte. Nessa região, os ventos são controlados primariamente pelos alísios
de leste e brisas terrestres e marinhas. Essa combinação das brisas diurnas com os alísios
de leste resulta em ventos médios anuais entre 5 m/s e 7,5 m/s na parte norte dessa
16
região (litorais do Amapá e Pará) e entre 6 m/s e 9 m/s em sua parte sul, que abrange os
litorais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. As velocidades são maiores na
parte sul devido a dois principais fatores:
x os ventos alísios geralmente tornam-se mais fortes à medida que se
afastam da Depressão Equatorial;
x as brisas marinhas são significativamente acentuadas ao sul dessa região
em razão dos menores índices de vegetação e de umidade do solo, fazendo
que a superfície do solo atinja temperaturas mais elevadas durante as
horas de sol e, consequentemente, acentuando o contraste de
temperaturas terra-mar e as brisas marinhas resultantes. As maiores
velocidades médias anuais de vento ao longo dessa região estão ao norte
do Cabo de São Roque, abrangendo os litorais do Rio Grande do Norte e
Ceará, onde a circulação de brisas marinhas é especialmente intensa e
alinhada com os ventos alísios de leste-sudeste (DO AMARANTE,
BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
Entretanto, o vento médio anual decresce rapidamente à medida que se desloca
da costa para o interior, devido ao aumento de atrito rugosidade da superfície e ao
enfraquecimento da contribuição das brisas marinhas (DO AMARANTE, BROWER, ZACK,
& DE SÁ, 2001).
A Zona Litorânea Nordeste-Sudeste é definida como a faixa de aproximadamente
100km de largura que se estende entre o Cabo de São Roque (RN) até aproximadamente
o Estado do Rio de Janeiro. As velocidades médias anuais decrescem de 8 a 9 m/s na
porção norte (Rio Grande do Norte) até 3,5 a 6 m/s sobre a maioria da costa que se
estende até o Sudeste. A exceção mais significativa desse comportamento está na costa
entre as latitudes 21° S e 23° S (sul do Espírito Santo e nordeste do Rio de Janeiro), onde
as velocidades são próximas de 7,5 m/s. Isso é resultante do efeito de bloqueio do
escoamento leste-nordeste (causado pelo Anticiclone Subtropical Atlântico) pelas
montanhas imediatamente a oeste da costa. Nesse caso, é criada uma espécie de
aceleração por obstáculo, pois o ar acelera-se para o sul para aliviar o acúmulo de massa
causado pelo bloqueio das formações montanhosas. Ao sul dessa região, a costa do Estado
do Rio de Janeiro desvia-se para oeste, onde os ventos passam a ser consideravelmente
mais fracos devido ao abrigo das montanhas a norte e a nordeste. Disso resultam
17
velocidades relativamente menores na região que engloba a cidade do Rio de Janeiro (DO
AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
As Elevações Norte-Sudeste são definidas como as áreas de serras e chapadas que
se estendem ao longo da costa brasileira, desde o Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro,
a distâncias de até 1000 km da costa. Velocidades médias anuais de 6,5 m/s até 8 m/s
devem ser encontradas nos cumes da maiores elevações da Chapada Diamantina e da
Serra do Espinhaço. Essas áreas de maiores velocidades ocorrem em forma localizada,
primariamente devido ao efeito da compressão vertical do escoamento predominante em
larga escala, que é leste-nordeste, quando ultrapassa a barreira elevada das serras. Os
ventos anuais mais intensos são geralmente encontrados nas maiores elevações, onde o
efeito de compressão é mais acentuado. No entanto, o escoamento atmosférico é bastante
complexo nessa região, existindo outras características locais com influência adicional,
resultantes de uma combinação de fatores relacionados à topografia e ao terreno (DO
AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001).
Com base nestes dados de velocidade de vento em diferentes regiões brasileiras,
foi possível construir um estudo do potencial disponível para energia eólica no país. O
resultado deste estudo é apresentado na Figura 2.9 e na Figura 2.10.
18
Figura 2.9 - Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a
7,0 m/s (DO AMARANTE, BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001)
Figura 2.10 - Potencial eólico-elétrico estimado do Brasil (DO AMARANTE,
BROWER, ZACK, & DE SÁ, 2001)
19
2.2 Aerogeradores
2.2.1 Turbinas Eólicas Verticais e Horizontais
Os aerogeradores, ou turbinas eólicas, são equipamentos capazes de gerar energia
a partir da força proveniente dos ventos. O movimento do ar, ao passar pelo rotor do
aerogerador, movimenta suas pás, gerando movimento rotativo no eixo da turbina até
atingir altas rotações. Um gerador, acoplado ao rotor, é responsável pela transformação
da energia cinética em energia elétrica (Sandia National Laboratories, 2012). Estes
equipamentos são comumente divididos em dois grupos, de acordo com a orientação do
eixo da turbina: as turbinas Verticais e as turbinas Horizontais.
As turbinas eólicas de eixo horizontal, – Horizontal Axis Wind Turbines, HAWTs –
correspondem ao modelo de aerogerador mais conhecido e utilizado. Desde os antigos e
simples moinhos de vento até equipamentos modernos altamente complexos e
sensoriados, são os equipamentos de maior visibilidade quando se discute o tema da
Energia Eólica (Sandia National Laboratories, 2012). Exemplos deste tipo de turbina
podem ser observados na Figura 2.11.
O princípio físico associado aos HAWTs é o movimento gerado através das forças
aerodinâmicas de sustentação e arrasto. A força de sustentação atua perpendicularmente
ao escoamento e é predominante no movimento, enquanto a força de arrasto atua na
direção do mesmo. A direção do vento é um fator essencial para a produção de energia de
um HAWT. Para atingir sua configuração de projeto, o vento deve atingir a turbina
frontalmente (Sandia National Laboratories, 2012).
20
Figura 2.11 - Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal da Siemens Gamesa, modelo
SG2.1-114 (Fonte: https://www.siemensgamesa.com/en-int/products-and-
services/onshore/wind-turbine-sg-2-1-114)
As turbinas eólicas de eixo vertical – Vertical Axis Wind Turbines, VAWTs – são
aerogeradores cujo movimento rotativo é perpendicular à direção do vento. Por essa
característica, tais turbinas também recebem a denominação de turbinas “cross-flow”. Em
projetos modernos típicos, o eixo central é uma torre vertical. O torque transmitido por
esse eixo move o motor/gerador, responsável por converter a energia da rotação em
potência elétrica (Sandia National Laboratories, 2012).
As turbinas verticais do tipo Darrieus foram inventadas na década de 1920, porém
só foram desenvolvidas pela primeira vez na década de 1970. O projeto complexo e os
altos custos de fabricação impediram que este modelo fosse tão competitivo quanto os
21
modelos de turbina horizontal. Adicionalmente, diversas falhas durante este período
diminuíram a confiança pública na solução, enquanto o sucesso dos modelos horizontais
afastaram os investimentos públicos e privados nas turbinas verticais até o meio da
década de 1990. (Tiju, Marnoto, Mat, Ruslan, & Sopia , 2015)
O suporte para o desenvolvimento da turbina vertical sempre foi menor do que
para o desenvolvimento de turbinas horizontais. Nos EUA, no início da década de 1970,
foi destinado apenas para turbinas horizontais um fundo de U$300.000. Em 1977, 90%
de um fundo de U$15 milhões foram destinados às horizontais, enquanto apenas 10%
foram para turbinas verticais. Em seguida, em 1981, as VAWTs receberam apenas U$8
milhões de U$87 milhões do budget reservado para sistemas de energia eólica. Um
cenário semelhante ocorreu no Reino Unido, onde 16% do fundo disponível em 1985 era
destinado para este propósito (Tiju, Marnoto, Mat, Ruslan, & Sopia , 2015).
O fundo limitado restringiu os pesquisadores em explorar as diversas
configurações de turbinas VAWT, ao mesmo tempo que impediu a aplicação de melhorias
em alguns pontos que apresentavam falhas. Por outro lado, a generosidade de recursos
aplicados nas turbinas horizontais permitiu que fossem experimentados diversos
materiais e modelos, especialmente nas pás. O uso de materiais compósitos na fabricação
de pás para turbinas horizontais resultou num significativo aumento da taxa de geração
de energia. Em 2010, uma turbina horizontal de três pás produzida comercialmente tinha
capacidade de produzir mais de 5 MW de energia (Tiju, Marnoto, Mat, Ruslan, & Sopia ,
2015).
Uma diferença significativa entre HAWTs e VAWTs é a orientação do eixo rotativo
em relação a direção do vento. Pela natureza do projeto, as pás das turbinas verticais se
movem perpendicularmente à direção do vento. Com isso, o equipamento funciona
independente deste fator, permitindo uma acomodação direcional. Por outro lado, as
turbinas horizontais só funcionam bem com o correto alinhamento com o vento, se
fazendo necessário um mecanismo de controle direcional e, portanto, possuindo uma
resposta mais lenta à mudança na direção dos ventos. A independência nos VAWTs de tal
mecanismo aumenta a confiabilidade da turbina, diminuindo seus custos capitais.
Como característica primária dos VAWT, que favorece configurações off-shore,
tem-se o fato de todo o equipamento pesado associado a geração de energia, como a
transmissão e o gerador, estão localizados abaixo do rotor. Esta configuração permite o
posicionamento desses equipamentos no nível da água ou ainda abaixo dele. Isso oferece
22
estabilidade adicional para a plataforma (estrutura) que suporta o rotor, reduzindo
custos. Somente o rotor e a torre central precisam estar acima da superfície da água.
Embora a maioria dos HAWTs tenham partida automática, alguns geradores
VAWT do tipo Darrieus não têm essa capacidade, dependendo das condições de vento.
Por isso, para assegurar que a turbina será inicializada no momento necessário, ela deve
ser equipada com um sistema de partida. Tipicamente, esses sistema usa o gerador como
motor para rotacionar o rotor até que se atinja a velocidade suficiente para começar a
produção de energia. Apesar da solução relativamente simples, isso implica no requisito
de uma caixa de marchas bidirecional, aumentando o custo da turbina.
As VAWTs ainda apresentam como vantagens:
x não necessitam de mecanismos direcionais. Isso faz com que as mesmas
sejam propícias, por exemplo, à aplicação de geração de energia em cima
de edifícios em regiões urbanas, onde normalmente os ventos mudam de
direção frequentemente e rapidamente;
x as pás, como as turbinas Darrieus, são fixas nos dois extremos do eixo,
reduzindo o esforço estrutural;
x as pás são fabricadas com corda constante permitindo redução de custos
no processo de fabricação;
x em geral, as turbinas eólicas de eixo vertical são montadas mais próximas
ao solo, isso diminui bastante a captação do vento. Entretanto, isso não é
problema quando as mesmas são montadas em cima de edifícios;
x são de construção mais simples do que as turbinas eólicas de eixo
horizontal.
As VAWTs apresentam como desvantagens:
x as turbinas de sustentação requerem um sistema de partida para o
acionamento em baixas velocidades;
x perdem captura de energia em terrenos complexos;
23
x a fabricação das pás em alumínio tem custo elevado e apresenta
problemas por fadiga. Assim, modelos de segunda geração utilizam pás de
poliéster e fibra de vidro;
x a natureza do escoamento nas pás é muito mais complexa do que nas
turbinas eólicas de eixo horizontal, havendo dificuldades na obtenção de
um adequado modelamento das forças aerodinâmicas;
x as turbinas eólicas de eixo vertical são muito difíceis de serem instaladas
em torres, o que significa que elas devem ser instaladas em bases, como
terreno ou prédio.
x em decorrência do movimento de rotação de suas pás, altera
constantemente os ângulos de ataque são constantemente alterado, assim
como o seu deslocamento em relação à direção dos ventos, o que, além de
limitar o rendimento, causa acentuada vibração em toda sua estrutura.
Atualmente, as turbinas Darrieus estão sendo investigadas para aplicações em
águas profundas. Embora elas sejam praticamente menos eficientes em comparação às
HAWT, investigações sugerem que a utilização dessas turbinas em larga escala podem
prover um custo reduzido para energia, especialmente no território de multi-megawatts.
Estes estudos feitos com turbinas Darrieus em aplicações offshore apontam vantagens
comparativas como (Tiju, Marnoto, Mat, Ruslan, & Sopia , 2015):
Custos
x utilização de menos material em comparação com os HAWT, a
medida que o rotor aumenta em tamanho.
x menores custos de fabricação devido a uniformidade das pás e pode
ser feita em segmentos similares, eliminando a complexidade do
contorno das pás em HAWTs
x menores custos de instalação, uma vez que o rotor pode ser
transportado em segmentos menores e acoplados a uma altitude
muito menor, eliminando o uso de transporte e ferramentas
especializadas
x custo de operação e manutenção (O&M) reduzido, devido a
localização da aparelhagem na base do rotor
24
Operacional
x estruturalmente mais estável, com o centro de gravidade na base do
rotor, vantagem comparativa principalmente em turbinas de larga
escala e em situações off-shore
x possibilidade de capturar a energia do vento proveniente de
qualquer direção instantaneamente
x diferentemente das turbinas on-shore, não há necessidade de alocar
a turbina em grandes altitudes – o que aumenta o custo de operação
e manutenção. Os VAWTs tem a vantagem de poder ajustar a área
varrida pelo rotor, isto é, através da altura e do diâmetro.
x efeitos giroscópicos são negligenciados no VAWT do tipo Darrieus
x um número menor de partes móveis permite maior confiança para
aplicações off-shore.
Tamanho
do Rotor
x as pás dos VAWTs podem ser mais longas, já que experimentam uma
flexão devido a efeitos gravitacionais muito menor que as pás dos
HAWTs.
x a área varrida pelo rotor é ajustável para configurações de pás retas,
reduzindo assim a diferença de velocidade do vento induzida pela
altura
2.2.2 Tecnologia
Algumas configurações típicas para VAWTs são demonstradas abaixo, na Figura
2.12, como a (a) Darrieus, (b) “H”, (c) “V”, “Y” ou “sunflower”, (d) “Delta”, (e) “Diamond“ e
(f) “Gyromill”.
25
Figura 2.12 - Diferentes configurações típicas para VAWTs (Sandia National
Laboratories, 2012)
As configurações mais usuais para construções de VAWTs são as Savonius e
Darrieus, cada uma operando por diferentes princípios físicos. As turbinas Savonius são
construídas de tal forma que a potência gerada é resultado da transferência de momento,
sendo movimentadas por uma força perpendicular à sua superfície exposta ao vento – a
força de arrasto. Diferentemente, as turbinas Darrieus baseiam-se nas forças
aerodinâmicas de sustentação para geração de movimento. Essas turbinas podem ser
observadas na Figura 2.13.
26
Figura 2.13 - Exemplo de turbinas comerciais do tipo Savonius (Windside –
WS30, à esquerda) e Darrieus (UGE – VisionAir3, à direita). Fonte:
http://www.windside.com/products/media e http://visionairwind.com/visionair-3/
As turbinas do tipo Savonius são caracterizadas por alto torque, baixa velocidade
e baixa eficiência, não alcançando a metade do limite de Betz. Por outro lado, turbinas do
tipo Darrieus caracterizam-se por alta velocidade e alta eficiência, aproximando-se do
limite de Betz.
O inventor francês Georges Jean Marie Darrieus foi responsável pela patente das
turbinas Darrieus na França, em 1925, e nos Estados Unidos, em 1931. Futuramente, na
década de 1960, a configuração foi reinventada no Canada por Rangi, South e Templin.
As turbinas Darrieus oferecem um método mecânico e estrutural simples para
captação da energia dos ventos. Este tem sido o sistema mais eficiente de conversão de
energia eólica. A máquina de Darrieus é uma turbina de eixo vertical com pitch fixo, e sua
simplicidade se deve a ausência de mecanismos de controle direcionais (yawning
mechanism) e posicionamento de equipamentos pesados no nível do solo. Esta
simplicidade, porém, não se estende para a aerodinâmica do rotor. Os elementos de pá
operam em momentos com e sem estol, e as pás encontram seus próprios vórtices
gerados e aqueles gerados por outras pás. Estes fatores combinados tornam a análise da
turbina Darrieus uma tarefa desafiadora (Paraschivoiu I. , 2002).
Uma desvantagem notável da turbina Darrieus é o tamanho de suas pás, que são
duas vezes mais longas que as pás de uma turbina horizontal, em área varrida
equivalente. Porém, no design tradicional das turbinas Darrieus, as pás estão conectadas
à torre central em suas duas extremidades, podendo ser produzidas com materiais mais
leves que os equivalentes em turbinas horizontais. Além disso, as pás podem ser
produzidas com corda constante e sem torção, sem que haja uma perda grande de
eficiência aerodinâmica.
27
Existe um formato especial no qual as pás das turbinas Darrieus podem ser
construídas, otimizando a distribuição de tensões ao longo destes elementos. Este
formato é um troposkien, mostrado na Figura 2.14, forma característica de uma corda
quando rotacionada com velocidade angular constante e com suas duas extremidades
presas. Este formato resulta em uma pá carregada apenas com tensões normais, um
cenário muito favorável para utilização de materiais compósitos.
Figura 2.14 - Troposkien: Formato das pás de uma turbina Darrieus (Islam, Ting,
& Fartaj, 2006)
A construção mais leve das pás de uma turbina vertical leva a situações de maior
flexão – tanto estática quanto dinâmica – das pás. Em muitos casos, as pás devem ser
reforçadas utilizando suportes. Enquanto estes suportes provém uma estabilidade
necessária por um custo reduzido, acabam causando uma significante redução na
performance do rotor por introduzir arrasto aerodinâmico nas juntas entre os suportes e
28
as pás. Estas estruturas devem ser colocadas o mais próximo possível das juntas entre a
pá e a torre para minimizar este impacto. As carenagens aerodinâmicas em torno dessas
juntas tiveram resultados mistos na redução do arrasto nas juntas e na restauração da
eficiência do rotor.
A pá de um rotor vertical produz torque positivo quando atravessa
perpendicularmente o vento e produz torque pequeno ou negativo quando se move
paralelo ao vento. Portanto, cada pá de uma turbina vertical produz dois “pulsos” de
torque a cada vez que completa uma revolução. Em rotores com números pares de pás –
em particular rotores de duas pás – estes pulsos se alinham, produzindo um torque
resultante altamente variável que se aproxima de uma senóide de média positiva.
Como equipamentos como a caixa de engrenagem e geradores não operam bem
em situações de torque altamente variável, o sistema de transmissão pode apresentar
problemas. Entretanto, mesmo nos mais antigos projetos, esta situação foi bem resolvida
pelo simples uso de compensações de torque na caixa de transmissão.
Muitos projetos de rotores verticais utilizam cabos de aço como uma maneira
efetiva para estabilização do topo do rotor. Porém, esta estrutura apresenta alguns
problemas. Quando cabos de aço são utilizados, o rolamento de apoio na base do rotor
deve ser projetado para não somente suportar o peso do rotor, mas também a força
vertical da tensão nesses cabos. Um rolamento de pressão também deve ser utilizado no
topo do rotor para permitir a rotação do rotor abaixo dos cabos. Este incremento na
capacidade dos rolamentos devido aos cabos pode contribuir significativamente no custo
das turbinas.
Adicionalmente, os cabos e suas fixações aumentam a área de instalação destes
rotores, conforme mostrados na Figura 2.15. Num cenário de grande extensão rural, este
não é um grande problema, mas pode ser decisivo em pequenos terremos ou em cenários
offshore.
29
Figura 2.15 - Exemplo de uso de cabos de fixação em turbina Darrieus em
Canyon, Texas (EUA) Fonte: http://www.wind-works.org/cms/index.php?id=219
(acessado em 12/05/2018)
Quando os rotores são construídos com aerofólios convencionais, como os
utilizados na aviação, a potência gerada para um rotor de velocidade fixa cresce
monotonicamente com o aumento da velocidade. Sem controle adequado, este resultado
pode sobrecarregar o sistema, levando a uma situação de instabilidade que cause a
autodestruição da turbina. Entretanto, projetos modernos de aerofólios – tanto de rotores
verticais como para horizontais – criaram aerofólios que dissipam carga em situações de
alta velocidade do vento, através do controle do stall nas pás, e aliviam o problema. Estas
são chamadas turbinas com controle de stall. A operação com velocidade variada pode
também ser utilizada para reduzir a potência gerada em excesso, baixando a taxa de
rotação do rotor para avitar atingir uma condição de instabilidade.
30
Figura 2.16 - Turbinas Darrieus instaladas em Pincher Creek, Alberta (CA) na
década de 1990 – Fonte: http://www.wind-works.org/cms/index.php?id=716
(acessado em 12/05/2018)
2.2.3 Sandia 34-Meter Test Bed
Um modelo de uma turbina vertical do tipo Darrieus de 34 metros de diâmetro foi
projetado, fabricado e construído pelos Laboratórios Nacionais Sandia (Sandia National
Laboratories), nos Estados Unidos, para servir de teste para pesquisas aerodinâmicas, de
dinâmica estrutural, precisão de vida em fadiga e algoritmos de controle. Fotos deste
modelo podem ser observados na Figura 2.17.
31
Figura 2.17 – Sandia Test Bed - Fonte: https://share-
ng.sandia.gov/news/resources/news_releases/wind-facility/ (acessado em
18/08/2018)
A máquina possuía velocidade variável, operando no intervalo de 28 a 38 rotações
por minuto, e era uma turbina com razão de altura por diâmetro de 1,25. Foi projetada
para atender 500 kWatts de potência elétrica à 37,5 rpm em ventos de 12,5 m/s.
Sua construção foi baseada em projetos conservadores, não considerando
otimizações para construção de um modelo comercialmente viável.
O rotor utilizado na turbina foi considerado convencional para um projeto da
época. Foi projetado com duas pás de razão altura-diâmetro de 1,25. O rotor possuía as
pás fixas no centro da torre que rotacionava com o rotor, isto é, um tubo de torque. O rotor
era estabilizado com 3 conjuntos de cabos de aço, cada conjunto com 2 cabos. As pás de
alumínio foram construídas utilizando aerofólios afilados que foram torcidas
permanentemente no formato de uma troposkien, para minimizar efeitos de flexão.
As pás foram construídas com alumínio 6063 utilizando processos de extrusão. O
projeto final utilizou seções construídas utilizando aerofólios de cordas de 1,22m, 1,07m
e 0,91m. A seção de 1,22 m utilizou o perfil NACA 0021, e as outras duas utilizaram o perfil
SAND 0018/50. A solidez do rotor era de 0,13.
O aerofólio de perfil SAND 0018/50 é um aerofólio simétrico, se escoamento
naturalmente laminar, projetado especificamente para aplicações de turbinas eólicas
32
verticais por Klimas, Berg e Gregorek (Klimas G. G., 1984). Estes foram os primeiros
aerofólios criados especificamente para aplicações em turbinas de vento. As
características de stall desses aerofólios foram projetadas para regular a potência de
saída do rotor no regime de altos ventos, possibilitando a criação de um rotor regulador
de stall. Esses aerofólios foram projetados para também serem menos sensíveis à
rugosidade da ponta de ataque que os seus similares da série NACA 00XX, para reduzir a
variação na potência da turbina enquanto as pás sofrem erosão e se contaminam por
resíduos de insetos ao longo do tempo.
O projeto mecânico do rotor utilizou pás afuniladas compostas por 5 seções. A
seção equatorial tinha 19,1 metros de comprimento com uma corda de 0,91 m. As duas
seções de transição, entre a seção equatorial e a seção da raiz, tinham 7,5 m de
comprimento e uma corda de 1,07 m, e as duas seções da raiz da pá tinham 9,2 m de
comprimento e 1,22 m de corda. O projeto do rotor não necessitou a utilização de
suportes.
2.2.4 Éole Darrieus VAWT
Éole representa o resultado de mais de uma década de pesquisa entre os Estados
Unidos e o Canadá em Turbinas Eólicas de Eixo Vertical. Éole foi – e se mantém – a maior
turbina vertical já instalada. O equipamento, exibido na Figura 2.18, está na costa sul de
Saint Lawrence, perto do Cabo Chat, na península de Gaspé, no Quebec.
A turbina não é única apenas pelo seu tamanho, mas também pelo seu inovador e
potente gerador de grande diâmetro, com capacidade de projeto de 4 MW. O rotor
Darrieus, que tem 64 metros de diâmetro e 96 metros de altura, começou a ser construído
em 1984 e entrou em operação em 1987, varrendo uma área de 4000 metros quadrados.
Operou até 1993, quando seu rolamento já estava danificado. Durante seus seis anos de
operação, gerou aproximadamente 12 milhões de kWh.
33
Figura 2.18 - Turbina Eóle, no Canadá - Fonte: http://www.wind-
works.org/cms/index.php?id=506 (acessado em 21/05/2018)
2.3 Modelos aerodinâmicos para aerogeradores
verticais do tipo Darrieus
Foi notada, na última década, uma ressurgência no interesse em VAWTs, enquanto
diversas universidades e centros de pesquisa realizam diversas atividades de pesquisa e
desenvolvem numerosos projetos baseados em modelos aerodinâmicos computacionais.
Estes modelos são cruciais para a otimização de parâmetros de projeto e também para
predição da performance antes da fabricação de modelos e protótipos (Islam, Ting, &
Fartaj, 2006). Abaixo são apresentados alguns dos mais conhecidos e utilizados modelos
presentes na literatura.
2.3.1 Tipos de modelos computacionais para turbinas
verticais do tipo Darrieus
Nos últimos anos, diversos modelos matemáticos, baseados em diversas teorias,
foram prescritos para a predição da performance e projeto de turbinas eólicas verticais
do tipo Darrieus, propostos por diferentes pesquisadores. Os componentes chave de todos
estes modelos computacionais podem ser amplamente descritos como:
34
x cálculo das velocidades locais e ângulos de ataque para diferentes valores
de TSR (tip speed ratio) e posições azimutais;
x cálculo da razão entre a velocidade induzida e a velocidade do
escoamento, considerando a interação entre as pás e a turbulência gerada
na esteira da pás;
x expressões matemáticas baseadas em abordagens para calcular as forças
normais e tangenciais (momento, vórtex, cascata);
x características “pré-estol” (Cl, Cd e Cm) para o regime do escoamento em
diferentes números de Reynolds;
x modelos pós-estol para regimes com desenvolvimento de estol e
estolados;
x considerações de razão de aspecto finita (finite aspect ratio);
x modelos de estol dinâmico para considerar efeitos de regime transiente;
x “modelo de curvatura do escoamento” para considerar o movimento
circular das pás.
De acordo com a literatura, os modelos mais estudados e melhores validados
podem ser amplamente classificados em três categorias:
1. Modelo de Momento
2. Modelo de Vórtex
3. Modelo de Grade (cascade model)
Deve-se notar que nem todos os modelos consideram os itens principais listados
acima.
2.3.1.1 Modelo de Momento
Diferentes modelos baseados em teoria de Momento – também chamados de
Teoria do Elemento/Momento de Pá – são basicamente baseados no cálculo da velocidade
do escoamento ao longo da turbina pelo equacionamento das forças aerodinâmicas
devido ao escoamento nas pás com a taxa de variação do momento do ar, que é igual a
variação total de velocidade vezes a fluxo da massa de ar. A força é também igual à média
35
da diferença de pressão antes e depois do rotor. A equação de Bernoulli é aplicada em
cada trecho de escoamento ao longo do rotor, dividido em seções. A principal deficiência
deste modelo é que eles se tornam inválidos para grandes valores de TSR (tip speed radio)
e também por rotores com pás de alta solidez pois, nestes casos, as equações de momento
são inadequadas. Ao longo dos anos, diferentes abordagem tentaram utilizar este
conceito, como:
x modelo de seção de escoamento simples
x modelo de seções de escoamento múltiplas
x modelo de seções de escoamento duplas-múltiplas
A principal diferença na abordagem de cada um destes modelos está na
modelagem da velocidade do escoamento em diferentes posições ao longo do rotor. O
primeiro modelo, por exemplo, considera uma única seção de corrente ao longo do rotor
e uma única velocidade no seu interior, diferente da velocidade inicial de escoamento
livre do vento e da velocidade final de saída. O segundo modelo, de seções de escoamento
múltiplas, considera uma divisão regular da corrente dentro do rotor e propõe diferentes
velocidades induzidas em cada uma dessas seções. Por fim, o modelo de seções de
escoamento duplas-múltiplas ainda divide as velocidades induzidas interiores a cada
seção de corrente em duas, na entrada do rotor e na saída. A Figura 2.19 ilustra a
diferença de abordagem dos modelos.
36
(a) (b)
(c)
Figura 2.19 - Modelo matemático para os três tipos de modelos de Momento:
(a) Modelo de seção de escoamento simples (b) Modelo de seções de escoamento
37
múltiplas (c) Modelo de seções de escoamento duplas-múltiplas (Islam, Ting, & Fartaj,
2006)
2.3.1.2 Modelo de Vórtices
Os modelos de vórtice são basicamente modelos de potencial de fluxo baseado no
cálculo da velocidade do campo sobre a turbina devido a influência a vorticidade na
esteira das pás. As pás das turbinas, conforme a Figura 2.20, são representadas por
fronteiras ou vórtices de linha cujas intensidades são determinadas utilizando dados
experimentais de aerofólios e valores calculados de velocidade relativa do escoamento e
ângulo de ataque.
Os modelos de vórtice são tidos como os mais acurados de acordo com diversos
pesquisadores, porém requerem uma capacidade computacional alta, gerando altos
custos de utilização. Além disso, existem relatos de problemas de convergência na
utilização do modelo (Islam, Ting, & Fartaj, 2006).
Figura 2.20 - Esquema representativo do Modelo de vórtices para um aerofólio
submetido a um escoamento (Islam, Ting, & Fartaj, 2006)
2.3.1.3 Modelos de Grade
38
O arranjo periódico equidistante das pás de turbomáquinas é chamado de grade
(linear cascade). Portanto, a grade é o elemento básico de uma turbomáquina, e o
escoamento em grades é um fenômeno físico essencial para a operação destas máquinas.
O modelo de grades foi proposto por Hirsch et al para aplicar os princípios de grade,
amplamente utilizados em turbomáquinas, para a análise de VAWTs pela primeira vez.
Neste modelo, as pás da turbina são posicionadas numa superfície plana – chamada de
grade linear – com o espaço entre pás igual ao perímetro da turbina dividido pelo número
de pás. A relação entre a velocidade da esteira e a velocidade do escoamento é
estabelecido utilizando a equação de Bernoulli, enquanto a velocidade induzida é
relacionada a velocidade da esteira através de uma expressão semi-empírica.
39
3 Metodologia
Este capítulo tem como objetivo descrever o modelo utilizado neste trabalho para
análise do rotor de um aerogerador vertical. O modelo escolhido foi o modelo de seção de
escoamento simples, descrito resumidamente no capítulo anterior. Inicialmente será
apresentado o modelo físico, detalhando as variáveis envolvidas no problema e as
hipóteses admitidas. Em seguida, o modelo matemático, com a exposição dos cálculos
envolvidos.
3.1 Modelo Físico
O aerogerador de eixo vertical do tipo Darrieus é modelado, de acordo com esta
metodologia, como um eixo central, em torno do qual se movem pás retas. Estas pás
possuem o formato de um aerofólio e a interação das mesmas com o escoamento do
ambiente dá origem às forças aerodinâmicas que possibilitam a conversão da energia do
vento em potência elétrica.
O modelo propõe a utilização de pás retas, de forma que um corte horizontal em
qualquer altura do rotor resulta na imagem exibida abaixo, na Figura 3.1.
40
Figura 3.1 – Corte horizontal de uma turbina Darrieus (Melo & Silveira Neto,
2012)
O rotor está imerso em uma região onde há um escoamento de ar. Quando este
escoamento se aproxima da turbina, a interação entre os dois elementos altera a trajetória
do ar, gerando uma redução na sua velocidade. Esta redução é observada desde a
velocidade livre do vento, representada por 𝑈∞, até uma velocidade posterior e menor,
𝑈2 . Também é observada uma distorção na direção do escoamento na vizinhança da
turbina, devido a rotação das pás. As linhas de corrente do escoamento, portanto, tendem
a se curvar no mesmo plano seguindo o movimento da turbina (Melo & Silveira Neto,
2012). Após o contato com a turbina, o escoamento interage novamente com o ambiente
e tende a voltar à sua direção original. Este comportamento pode ser melhor visualizado
na Figura 3.2.
41
Figura 3.2 – Mudança no padrão de escoamento do vento ao se aproximar da
turbina (Melo & Silveira Neto, 2012)
A Figura 3.2 apresenta um volume de controle limitado pelos planos 3 e 4 e as
linhas de corrente que passam por eles. O plano 2 está a uma distância suficientemente
grande para que a velocidade que passa por ele, 𝑈2, possa ser considerada uniforme e a
pressão local, a pressão atmosférica. Devido à queda de velocidade entre os planos 3 e 4,
é esperada também uma queda de pressão entre os planos 3 e 4, causada pelos efeitos
viscosos interiores a estes planos (Melo & Silveira Neto, 2012).
A interação do vento com as pás do rotor é exemplificado na Figura 3.3 abaixo.
Nela pode-se perceber as diferentes componentes da velocidade que resultam na
velocidade final do vento observada na ponta da pá. O rotor gira com uma velocidade
angular 𝜔 , o que implica na componente angular da velocidade na ponta da pá, com
intensidade igual a 𝜔𝑅 . Além disso, a velocidade do vento que atinge a pá 𝑈′ também
contribui para o movimento. A velocidade resultante do vento é observada, portanto,
como sendo a composição destas duas anteriores, e é descrita como velocidade 𝑉.
A pá é atingida pelo escoamento do vento com esta velocidade 𝑉 numa direção tal
que forma um ângulo 𝛼 com a corda do aerofólio. Este ângulo é conhecido como ângulo
42
de ataque, definido como o ângulo entre a velocidade resultante 𝑉 e a direção da
velocidade da pá, 𝜔𝑅 . A Figura 3.3 mostra o ângulo de ataque 𝛼 para uma posição
qualquer 𝜃 de rotação da turbina.
Figura 3.3 – Velocidades envolvidas na interação do escoamento com a pá, para
um dado ângulo de ataque (Melo & Silveira Neto, 2012)
A interação de um escoamento de ar com um objeto é normalmente descrito
através de duas forças dominantes, componentes da força resultante atuante no objeto. A
força de sustentação, 𝐹𝑙 , é a componente perpendicular à velocidade resultante do vento,
enquanto a força de arrasto, 𝐹𝑑, é a componente paralela à mesma velocidade resultante.
Projetando essas forças na direção da corda da pá, pode-se determinar a força
tangencial à corda da pá 𝐹𝑡 , que será utilizada para a análise do torque do rotor e,
consequentemente, da potência gerada pela turbina. Adicionalmente, a projeção
perpendicular à corda da pá é conhecida como força normal, 𝐹𝑛.
O torque gerado pelo movimento é o produto entre a força tangencial, 𝐹𝑡, e o raio
𝑅 do rotor. Esta grandeza, quando multiplicada pela velocidade angular 𝜔, determina a
potência gerada pela turbina.
3.2 Modelo Matemático
43
O modelo matemático para o cálculo dos parâmetros associados ao movimento do
rotor submetido a um escoamento de vento é definido para uma posição azimutal θ, num
intervalo de 0 a 360o, realizando portanto uma análise de uma rotação completa do rotor.
As velocidades do escoamento antes e depois do rotor da turbina Darrieus,
observadas na Figura 3.2 não são consideradas constantes, mas é observada uma variação
do ângulo de ataque local. Pode-se observar que o escoamento ocorre na direção axial. O
componente de velocidade da corda 𝑉𝑐 e o componente de velocidade normal 𝑉𝑛 são,
respectivamente, obtidos das seguintes expressões:
𝑉𝑐 = 𝑅𝜔 + 𝑈′𝑐𝑜𝑠𝜃 3.1
𝑉𝑛 = 𝑈′𝑠𝑖𝑛𝜃 3.2
onde 𝑈′ é a velocidade axial da corrente, ou seja, a velocidade induzida, através do
rotor, 𝜔 é a velocidade angular, R é o raio da turbina e 𝜃 o ângulo do rotor (azimutal). O
ângulo de ataque 𝛼 pode ser expresso por:
𝛼 = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝑉𝑛
𝑉𝑐) 3.3
Substituindo os valores de 𝑉𝑛 e 𝑉𝑐 e representando de forma adimensional:
𝛼 = 𝑡𝑎𝑛−1 [𝑠𝑖𝑛𝜃
(𝑅𝜔𝑈∞
⁄ ) ( 𝑈′𝑈∞
) + 𝑐𝑜𝑠𝜃]
3.4
44
onde 𝑈∞ é a velocidade livre do vento.
A velocidade relativa do escoamento 𝑉 pode ser obtida pela expressão:
𝑉 = √𝑉𝑐2 + 𝑉𝑛
2 3.5
Inserindo os valores de 𝑉𝑐 e 𝑉𝑛 na equação, pode-se encontrar a razão de
velocidades:
𝑉𝑈∞
=𝑉𝑈′
.𝑈′𝑈∞
=𝑈′𝑈∞
√[𝑅𝜔𝑈∞
𝑈′𝑈∞
⁄ + 𝑐𝑜𝑠𝜃]
2
+ 𝑠𝑖𝑛𝜃
3.6
É comum, na análise de problemas aerodinâmicos, utilizar números
adimensionais para comparação entre problemas de natureza semelhante. O Número de
Reynolds (Re) é amplamente utilizado na mecânica dos fluidos para descrever o regime
físico de um escoamento. É definido por:
𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝑐
𝜇 3.7
onde 𝜌 é a densidade do fluido, 𝑐 é a corda do aerofólio e 𝜇 a viscosidade do fluido.
Outro número adimensional, importante em problemas de aerogeradores, é a
velocidade da ponta da pá, TSR, ou tip speed ratio. Esta grandeza adimensional é
45
representada pela razão entre a velocidade na ponta da pá e a valocidade livre do vento.
O valor de TSR é definido por:
𝑇𝑆𝑅 =𝜔𝑅𝑈∞
3.8
Os coeficientes de sustentação, 𝑐𝑙 , e arrasto, 𝑐𝑑 são diretamente proporcionais ao
valor da força de sustentação e de arrasto através das equações:
𝐹𝑙 =𝑐𝑙𝜌 𝑉2 𝐴
2
3.9
𝐹𝑑 =𝑐𝑑𝜌 𝑉2 𝐴
2
3.10
A partir do valor do número de Reynolds (Re) e do ângulo de ataque α, dados de
coeficientes de sustentação (cl) e arrasto (cd) podem ser encontrados em catálogos e na
literatura para diferentes aerofólios. Através destes coeficientes, é possível determinar o
valor do coeficiente da força na direção do movimento do ar, referida por 𝐶𝑥′.
𝐶𝑥′ = (𝐶𝑑 𝑐𝑜𝑠𝛼 − 𝐶𝑙 𝑠𝑖𝑛𝛼)𝑠𝑖𝑛𝜃 + (𝐶𝑑 𝑠𝑖𝑛𝛼 + 𝐶𝑙𝑐𝑜𝑠𝛼)𝑐𝑜𝑠𝜃 3.11
Duas equações distintas fornecem o valor da força 𝐹𝑥′ , a primeira utilizando o
coeficiente de força descrito acima e a segunda através da equação de momento:
46
𝐹𝑥′ =𝐶𝑥′𝜌 𝑈′2 𝐴
2
3.12
𝐹𝑥′ = ��(𝑈∞ − 𝑈2) 3.13
Nestas equações, 𝑈′ é definido como a média das velocidades de entrada 𝑈∞ e
saída 𝑈2 e �� = 𝜌𝐴𝑈∞ . Igualando as duas equações e isolando 𝑈′ como função de 𝑈∞ e
𝐶𝑥′ , chega-se à:
𝑈′ =𝑈∞
1 + 𝐶𝑥′
4 3.14
O valor de 𝑈′ deve ser calculado iterativamente para cada posição azimutal 𝜃 .
Inicialmente, adota-se o valor 𝑈′ = 𝑈∞, e calcula-se os valores do ângulo de ataque e do
Número de Reynolds. Para estes valores, é possível descobrir 𝐶𝑙 e 𝐶𝑑 para o aerofólio
escolhido, através de dados experimentais na literatura.
Em sequência, calcula-se 𝐶𝑥′ e 𝑈′. Adota-se um valor de erro máximo 𝜀 entre o
valor calculado para 𝑈′ nesta iteração e na iteração anterior. Ou seja, o processo iterativo
termina quando
|𝑈′
𝑖 − 𝑈′𝑖−1
𝑈′𝑖
| ≤ 𝜀 3.15
47
Assim, o valor de 𝑈′ converge para 𝑈′ = 𝑈′𝑖 e, com esta grandeza, pode-se
prosseguir com os cálculos de esforços do rotor.
Figura 3.4 – Direção da força de arrasto e sustentação, e sua componente 𝐹𝜃
(Melo & Silveira Neto, 2012)
As direções das forças de arrasto e sustentação estão representadas na Figura 3.4.
O coeficiente de força tangencial 𝐶𝑡 é a diferença entre os componentes tangenciais das
forças de sustentação e arrasto. Da mesma maneira, o coeficiente de força normal 𝐶𝑛 é a
diferença entre as componentes normais das forças de sustentação e arrasto. As
expressões para 𝐶𝑡 e 𝐶𝑛 podem, então, ser escritas como:
𝐶𝑡 = 𝐶𝑙𝑠𝑖𝑛𝛼 − 𝐶𝑑𝑐𝑜𝑠𝛼 3.16
𝐶𝑛 = 𝐶𝑙𝑐𝑜𝑠𝛼 − 𝐶𝑑𝑠𝑖𝑛𝛼 3.17
48
As forças tangencial e normal podem ser definidas como:
𝐹𝑡 = 𝐶𝑡12
𝜌𝑐ℎ𝑉2 3.18
𝐹𝑛 = 𝐶𝑛12
𝜌𝑐ℎ𝑉2 3.19
onde 𝜌 é a densidade do ar, 𝑐 é a corda da pá, ℎ é a altura da turbina.
Uma vez que as forças tangencial e normal, representadas pelas equações acima,
são definidas para qualquer posição azimutal, são definidas como funções do ângulo 𝜃. A
força média tangencial 𝐹𝑡𝑎 pode ser expressa para uma pá como:
𝐹𝑡𝑎 =1
2𝜋∫ 𝐹𝑡(𝜃)𝑑𝜃
2𝜋
0
3.20
ou, de forma discreta, como:
𝐹𝑡𝑎 =𝑅
2𝜋∑ 𝐹𝜃 ∆𝜃
𝑁
𝑖=𝑜
3.21
onde N é o número de posições discretas da rotação da pá (de 0 a 360o).
49
O torque total 𝑇 para um número 𝑛 de pás é obtido por
𝑇 = 𝑛𝐹𝑡𝑎𝑅 3.22
Dado o torque, a potência total obtida é
𝑃 = 𝑇𝜔 3.23
O coeficiente de potência 𝐶𝑝 é uma grandeza adimensional definida como a razão
entre a potência total obtida por um rotor e a potência máxima disponível no vento. A
medida de 𝐶𝑝 como função de TSR oferece informações importantes sobre as
propriedades aerodinâmicas da turbina e sobre o ponto de operação ótimo do rotor.
𝐶𝑃 =𝑃
𝑃𝑚𝑎𝑥 3.24
O valor de 𝑃𝑚𝑎𝑥 é calculado a partir da equação da energia cinética:
𝑃𝑚𝑎𝑥 =12
��𝑈∞2 3.25
onde,
�� = 𝜌𝐴𝑈∞ 3.26
e
𝐴 = 𝐷𝐻 3.27
50
sendo 𝐷 o diâmetro e 𝐻 a altura do rotor, conforme a Figura 3.5.
Figura 3.5 – Dimensões de diâmetro e altura do rotor
Logo,
𝑃𝑚𝑎𝑥 =12
𝜌𝐷𝐻𝑈∞3 3.28
3.3 Simulador desenvolvido
Para executar o modelo descrito acima, foi desenvolvido um simulador na
linguagem de programação Python. A linguagem foi escolhida por sua facilidade de
utilização com bibliotecas científicas, de integração com o software Microsoft Excel e de
geração e tratamento de gráficos. A interface gráfica do simulador pode ser vista na Figura
3.6.
51
Figura 3.6 – Imagem do simulador
Figura 3.7 – Arquivo de importação de valores de coeficientes de sustentação
(𝐶𝑙) e arrasto (𝐶𝑑)
O simulador importa valores para coeficientes de sustentação (𝐶𝑙) e arrasto (𝐶𝑑)
de um arquivo MS Excel (Figura 3.7), onde pode-se inserir tais dados para diferentes
combinações de número NACA e número de Reynolds. Os valores utilizados para os testes
neste trabalho podem ser encontrados no Apêndice A.
52
Após a importação dos dados iniciais, o simulador permite ao usuário inserir os
parâmetros:
x Velocidade livre do vento 𝑈∞
x Viscosidade do ar 𝜇
x Densidade do ar 𝜌
x Altura do rotor ℎ
x Raio do rotor 𝑅
x Comprimento de corda do rotor 𝑐
x Número NACA do aerofólio do rotor
Ao selecionar a opção “Start Simulation”, o simulador executa a rotina e exibe os
seus resultados em diferentes abas, na forma dos gráficos a seguir:
x Ângulo de ataque por posição azimutal θ
x Velocidade do vento por posição azimutal θ
x Velocidade resultante por posição azimutal θ
x Força normal por posição azimutal θ
x Força tangencial por posição azimutal θ
x Força resultante por TSR
x Torque por TSR
x Coeficiente de Potência por TSR
Adicionalmente, na última aba de resultados, é exibido um log da execução com a
memória de cálculo da simulação.
A rotina de cálculo segue o modelo físico e matemático apresentado na seção
anterior. Um detalhamento do algoritmo é apresentado na Figura 3.8:
53
Figura 3.8 – Algoritmo do simulador
54
4 Resultados e Análise
4.1 Cenários propostos
A partir do simulador desenvolvido, buscou-se aplicar o modelo proposto em
cenários reais. Através de dados na literatura e pesquisas de mercado, foram escolhidos
para integrar o presente trabalho o cenários abaixo:
x Cenário 1: simulação de turbina de pequeno porte, conforme especificações
propostas em Melo e Silveira Neto (2012)
x Cenário 2: simulação de turbina comercial de pequeno porte, conforme modelo
VisionAIR 3 do fabricante UGE (UGE - Urban Green Energy, 2015)
x Cenário 3: simulação de turbina de grande porte, conforme turbina Sandia 34-
meter Test Bed, da Sandia National Laboratories, mencionada na seção 2.2.3.
Os parâmetros utilizados em cada cenário mapeado são descritos na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Parâmetros utilizados nas simulações
Parâmetro/Cenário Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
Velocidade livre do vento
[m/s]
10 11 12,5
Viscosidade do ar [kg/m.s] 1,84 E-5 1,84 E-5 1,84 E-5
Densidade do ar [kg/m3] 1,19 1,19 1,19
Pressão atmosférica [Pa] 1,01325 E5 1,01325 E5 1,01325 E5
Raio do rotor [m] 0,64 0,9 17
Comprimento de corda do
rotor [m]
0,032 0,03 0,91
Altura do rotor [m] 1 1,8 42,5
Perfil NACA 0012 0012 0012
Intervalo de valores TSR 3 a 18 3 a 18 3 a 18
55
4.2 Resultados da simulação
4.2.1 Cenário 1: turbina de pequeno porte conforme Melo
e Silveira Neto (2012)
O primeiro cenário foi escolhido com o objetivo de validar a metodologia e o
desenvolvimento do simulador, a partir da referência do trabalho de Melo e Silveira Neto
(2012), que utiliza a mesma metodologia apresentada. Realizando a simulação com os
mesmos parâmetros do trabalho de referência, foi possível então obter os mesmos
resultados, confirmando a repetibilidade e consistência do modelo. Abaixo, é feita uma
análise destes resultados e a comparação com os gráficos obtidos por Melo e Silveira Neto
(2012).
A Figura 4.1 mostra o gráfico de ângulo de ataque para cada posição 𝜃 do rotor.
Conforme esperado pelo modelo, obteve-se uma função periódica onde os valores
máximo e mínimo se encontram nas posições em que a direção do vento encontra-se
perpendicular à pá, ou seja, em 𝜃 = 0° e 𝜃 = 180°. Quando a pá está paralela à velocidade
do vento, em 𝜃 = 90° e 𝜃 = 270°, o ângulo de ataque tem valor zero.
A influência da velocidade de rotação, através de diferentes valores de TSR, pode
ser também observada. Para valores maiores de TSR, obteve-se um valor máximo
absoluto menor para o ângulo de ataque, resultado coerente com a formulação
matemática da grandeza.
Os resultados obtidos por Melo e Silveira Neto (2012) são explicitados na Figura
4.2, que tem correspondência exata com os resultados do simulador.
56
Figura 4.1 – Ângulo de Ataque por posição azimutal 𝜃
Figura 4.2 – Ângulo de Ataque por posição azimutal 𝜃, de acordo com Melo e
Silveira Neto (2012)
O perfil obtido para a velocidade induzida do vento no rotor, 𝑈′, também foi de
uma função periódica, com seus valores máximo nas extremidades do disco do rotor, ou
seja, em posições de 𝜃 = 90° e 𝜃 = 270°, enquanto os valores mínimos encontram-se no
interior do disco, em 𝜃 = 0° e 𝜃 = 180°. Quanto maior é o valor de TSR, menor é a redução
da velocidade induzida do vento.
57
Figura 4.3 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal 𝜃
Figura 4.4 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal 𝜃, de acordo
com Melo e Silveira Neto (2012)
A Figura 4.4 mostra a velocidade resultante do vento na pá, que é composta pela
incidência da velocidade induzida do vento e da velocidade de rotação da pá. Conforme
esperado, para valores maiores de TSR e, por consequência, maiores velocidades
angulares, os valores absolutos obtidos no gráfico são maiores. O ponto de máximo
encontra-se em 𝜃 = 90° , quando o vento e a pá movem-se na mesma direção e o de
mínimo em 𝜃 = 270°, quando o movimento é na direção oposta.
58
Figura 4.5 – Velocidade do vento por posição azimutal 𝜃
Figura 4.6 – Velocidade do vento por posição azimutal 𝜃, de acordo com Melo e
Silveira Neto (2012)
O gráfico da força tangencial, mostrado pela Figura 4.7, exibe valores máximos
para 𝜃 = 0° e 𝜃 = 180°, posições em que a pá está próxima de uma posição paralela à
velocidade do vento, resultando num torque máximo positivo. Por outro lado, para
valores próximos de 𝜃 = 90° e 𝜃 = 270° , a força tangencial é mínima e negativa e,
consequentemente, o torque nesta posição tem valor negativo. Apesar da existência desta
faixa de intervalos negativos, o toque total calculado pela intergração em uma rotação tem
valor positivo. Quanto maior for o valor de TSR, menores são os valores dessa grandeza,
e menor o torque total obtido.
59
Figura 4.7 – Força tangencial por posição azimutal 𝜃
Figura 4.8 – Força tangencial por posição azimutal 𝜃, de acordo com Melo e
Silveira Neto (2012)
A força normal, embora não influencie no torque, é muito importante para os
cálculos de esforço no eixo. O gráfico apresentado pela Figura 4.9 mostra que esta força
tem valores máximos nas posições em que a pá está perpendicular à velocidade do vento,
em 𝜃 = 0° e 𝜃 = 180°, e valor zero em 𝜃 = 90° e 𝜃 = 270°, nas posições de em que são
paralelas. A força normal aumenta sua intensidade com o aumento do valor de TSR.
60
Figura 4.9 – Força normal por posição azimutal 𝜃
Figura 4.10 – Força normal por posição azimutal 𝜃, de acordo com Melo e
Silveira Neto (2012)
O gráfico obtido para o coeficiente de potência do rotor está de acordo com
resultado esperado para este tipo de turbina. Os valores de 𝐶𝑃 estão abaixo do limite físico
de Betz. A medida que o valor de TSR aumenta, aumenta também o valor de 𝐶𝑃, até atingir
um valor máximo, a partir do qual volta a decrescer. Nesta simulação, o máximo foi
alcançado próximo a 0,39 para TSR = 11.
61
Figura 4.11 – Coeficiente de Potência por TSR
Figura 4.12 – Coeficiente de Potência por TSR, de acordo com Melo e Silveira
Neto (2012)
O valor do torque é obtido ao longo de uma rotação do rotor pela integração das
forças tangenciais atuantes. Como as forças tangenciais são maiores para valores de TSR
menores, o torque obtido segue a mesma tendência.
62
Figura 4.13 – Torque por TSR
Figura 4.14 – Torque por TSR, de acordo com Melo e Silveira Neto (2012)
63
4.2.2 Cenário 2: turbina de pequeno porte conforme
modelo VisionAIR3
Figura 4.15 – Desenho esquemático do VisionAIR3 (UGE - Urban Green Energy,
2015)
O segundo cenário simulado utiliza dados de um modelo de aerogerador de eixo
vertical encontrado no mercado, o VisionAIR3, da fabricante americana Urban Green
Energy, ilustrado na Figura 4.15. Do catálogo técnico do produto (UGE - Urban Green
Energy, 2015) foram retiradas as especificações de projeto, utilizados na simulação, e o
valor nominal de potência de saída, 1 kW, para comparação com os resultados.
Os resultados obtidos, apresentados abaixo, possuem as mesmas características
observadas no resultado da primeira simulação, como periodicidade e posições de
máximo e mínimo, de acordo com o esperado pelo modelo físico do problema.
O gráfico do ângulo de ataque, exibido da Figura 4.16, possui valores iguais ao
mesmo gráfico no cenário 1, uma vez que o cálculo desta grandeza depende apenas das
características físicas do aerofólio utilizado no rotor. Como para os dois cenários foi
utilizado o NACA 0012, não era esperada modificação no resultado.
64
Figura 4.16 – Ângulo de Ataque por posição azimutal 𝜃
O gráfico de velocidade induzida do vento também segue as mesmas
características do primeiro cenário, variando-se o valor absoluto, devido à velocidade
livre do vento especificada no catálogo, de 11 𝑚/𝑠 . Conforme esperado, o gráfico
aproxima-se deste valor nas posições em que a pá está paralela à direção da velocidade
do vento, em 𝜃 = 90° e 𝜃 = 270°.
Figura 4.17 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal 𝜃
Os gráficos apresentados na Figura 4.18, na Figura 4.19 e na Figura 4.20,
representando respectivamente a velocidade resultante, força tangencial e força normal,
também replicam as características do primeiro cenário, com a variação do valor absoluto
das grandezas.
65
Figura 4.18 – Velocidade resultante por posição azimutal 𝜃
Figura 4.19 – Força tangencial por posição azimutal 𝜃
Figura 4.20 – Força normal por posição azimutal 𝜃
66
O gráfico do coeficiente de potência 𝐶𝑃 desta turbina comporta-se de acordo com
as características esperadas para uma turbina de eixo vertical, apresentando um valor
ótimo próximo de 𝑇𝑆𝑅 = 11, de 𝐶𝑃 = 0,26. Tal valor respeita o limite de Betz, mas indica
uma conversão de energia menor do que a obtida no cenário 1.
Figura 4.21 – Coeficiente de Potência por TSR
Figura 4.22 – Torque por TSR
Na especificação técnica do produto, espera-se uma potência de saída de 1 kW.
Para esta simulação, a potência de saída obtida foi de 1,206 kW. Foi observado que alguns
fatores influenciam no desvio calculado de 20,6% entre o esperado e calculado, observado
na Tabela 4.2:
x O modelo físico utilizado descreve um rotor de pás retas, diferente da
configuração real do aerogerador, que possui pás curvas.
x A especificação técnica não informou dados de tamanho da corda do aerofólio, de
forma que este valor foi estimado.
67
x Também não se conhece o perfil do aerofólio utilizado no projeto do produto.
Desta forma, a simulação realizada considerou o perfil NACA0012
Tabela 4.2 - Comparação entre a potência calculada e esperada no cenário 2
Potência
calculada (kW)
Potência
esperada (kW)
Desvio (%)
1,206 1 20,6
4.2.3 Cenário 3: turbina de grande porte conforme
modelo Sandia 34-meter Test Bed
Figura 4.23 – Desenho esquemático do Sandia 34-m Test Bed (Ashwill, 1992)
O terceiro cenário teve como objetivo utilizar os dados de um modelo de grande
porte na simulação. Foi escolhido o modelo Sandia 34-metes Test Bed, do Sandia National
68
Laboratories, para a análise. O modelo foi discutido anteriormente na seção 2.2.3 e está
representado esquematicamente pela Figura 4.23.
Tal qual o cenário 2, as características dos gráficos obtidos não foram alteradas e
estão de acordo com o modelo físico proposto.
Figura 4.24 – Ângulo de Ataque por posição azimutal 𝜃
Figura 4.25 – Velocidade induzida do vento U’ por posição azimutal 𝜃
69
Figura 4.26 – Velocidade resultante por posição azimutal 𝜃
Figura 4.27 – Força tangencial por posição azimutal 𝜃
Figura 4.28 – Força normal por posição azimutal 𝜃
Neste cenário, o gráfico do coeficiente de potência 𝐶𝑃 apresentou um valor mais
elevado, de 𝐶𝑃 = 0,50, indicando uma conversão maior de energia do que o modelo de
pequeno porte. Este valor de 𝐶𝑃 foi encontrado também próximo de 𝑇𝑆𝑅 = 11, posição
de operação ótima para o rotor. Tal valor, apesar de mais alto, também respeita o limite
físico de Betz, ou seja, é menor que 0,57.
70
Figura 4.29 – Coeficiente de Potência por TSR
Figura 4.30 – Torque por TSR
A turbina construída pelo Sandia National Laboratories possui uma potência de
saída de projeto de 500 kW. Para esta simulação, a potência de saída obtida foi de 844,3
kW. Foi observado que alguns fatores influenciam no desvio calculado de 68,6% entre o
esperado e calculado, observado na Tabela 4.3:
x O modelo físico utilizado descreve um rotor de pás retas, diferente da
configuração real do aerogerador, que possui pás curvas no formato de
troposkien.
x A corda do aerofólio possui diferentes valores divididos em três seções, de 0,91
m, 1,07 m e 1,22 m. Foi utilizado para o cálculo o valor de 0,91 m, pois representa
a seção de maior comprimento e que está na posição equatorial do rotor.
x O perfil do aerofólio utilizado no projeto do produto foi o NACA0021, enquanto
na simulação realizada considerou-se o perfil NACA0012.
71
Tabela 4.3 – Comparação entre a potência calculada e esperada no cenário 3
Potência
calculada (kW)
Potência
esperada (kW)
Desvio (%)
500 844,3 68,8
72
5 Conclusões
Seguindo a tendência mundial de investimento em energia renovável, o Brasil
adicionou 2,022 GW de capacidade energética proveniente de fontes eólicas em 2017,
alcançando a capacidade nacional de 12,76 GW, de acordo com o GWEC Global Wind
Report 2018. Cerca de 7,5% da energia elétrica gerada no país é gerada por mais de 6000
turbinas eólicas, que empregam mais de 190000 pessoas, direta ou indiretamente.
Com um potencial mundialmente reconhecido, há no Brasil espaço para grande
crescimento neste mercado. Acredita-se que, futuramente, quando houver maior
descentralização na geração de energia e maior possibilidade de produção individual on
e off-grid, fontes eólicas terão um papel importante juntamente com a fonte solar na
produção de energia elétrica. Em especial, as turbinas verticais vem mostrando cada vez
mais potencial de geração em cenários urbanos, de geração local de pequena escala e
também potencial aplicação em ambientes offshore. Algumas vantagens, como maior
facilidade de manutenção, inexistência de mecanismos direcionais e menor custo de
fabricação das pás mostram-se atrativos para pesquisadores e investidores.
O presente trabalho propôs analisar e simular a utilização de turbinas eólicas
verticais do tipo Darrieus de acordo com um modelo físico e matemático de seção de
escoamento simples. Como resultado, foi possível visualizar o comportamento do rotor
em diferentes cenários e comprovar a possibilidade de utilização da ferramenta para uma
análise inicial de viabilidade a partir de parâmetros físicos de fácil medição.
O modelo ainda encontra algumas limitações, que poderiam ser melhor
exploradas em futuros trabalhos através de comparações entre outros modelos que
utilizam a teoria de momento (seção de escoamento múltipla e seção de escoamento
múltipla-dupla) e outras teorias (modelos de Vórtex e de grade). Adicionalmente, uma
análise econômica dos custos envolvidos na fabricação e comercialização destes rotores
trariam grande valor.
73
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76
7 Apêndices
7.1.1 Apêndice A – Dados de cd e cl par aerofólio
NACA00212 a um ângulo de ataque entre 0 e 180o e
Número de Reynolds entre 10 000 e 700 000
Os dados da Tabela 7.1, utilizados pelo simulador, foram extraídos de um relatório
do Sandia National Laboratories (Klimas & Sheidal, 1981). Os dados foram encontrados
experimentalmente através de testes em rotores de eixo vertical com características
diversas de número de Reynods, perfil NACA e ângulos de ataque.
Tabela 7.1 – Valores de coeficiente de arrasto e sustentação
NACA 0012 0012 0012 0012 0012 0012
REYNOLDS 10000 10000 20000 20000 40000 40000
ALFA CL CD CL CD CL CD
0 0,0000 0,0337 0,0000 0,0245 0,0000 0,0175
1 0,0830 0,0338 0,1057 0,0247 0,1100 0,0177
2 0,1534 0,0343 0,2072 0,0251 0,2200 0,0181
3 0,2009 0,0351 0,3032 0,0259 0,3376 0,0189
4 0,2003 0,0351 0,3929 0,0270 0,4464 0,0199
5 0,0328 0,0351 0,4781 0,0282 0,5276 0,0218
6 -0,1413 0,0460 -0,0298 0,0460 0,6116 0,0232
7 -0,1142 0,0580 -0,1089 0,0580 -0,0212 0,0580
8 -0,0703 0,0720 -0,0699 0,0720 -0,0615 0,0720
9 -0,0215 0,0860 -0,0198 0,0860 -0,0160 0,0860
77
10 0,0311 0,1010 0,0320 0,1010 0,0344 0,1010
11 0,0848 0,1170 0,0856 0,1170 0,0869 0,1170
12 0,1387 0,1340 0,1894 0,1340 0,1406 0,1340
13 0,1928 0,1520 0,1934 0,1520 0,1945 0,1520
14 0,2468 0,1710 0,2474 0,1710 0,2484 0,1710
15 0,3008 0,1900 0,3014 0,1910 0,3024 0,1900
16 0,3548 0,2100 0,3554 0,2100 0,3563 0,2100
17 0,4079 0,2310 0,4089 0,2300 0,4107 0,2310
18 0,4606 0,2520 0,4620 0,2520 0,4644 0,2520
19 0,5121 0,2740 0,5147 0,2740 0,5178 0,2740
20 0,5838 0,2970 0,5663 0,2970 0,5708 0,2970
21 0,6161 0,3200 0,6184 0,3200 0,6232 0,3200
22 0,6687 0,3440 0,6709 0,3440 0,6755 0,3440
23 0,7216 0,3690 0,7238 0,3690 0,7283 0,3690
24 0,7744 0,3940 0,7765 0,3940 0,7809 0,3940
25 0,8276 0,4200 0,8297 0,4200 0,8340 0,4200
26 0,8810 0,4460 0,8831 0,4460 0,8873 0,4460
27 0,9345 0,4730 0,9365 0,4730 0,9407 0,4730
30 0,9150 0,5700 0,9150 0,5700 0,9150 0,5700
35 1,0200 0,7450 1,0200 0,7450 1,0200 0,7450
40 1,0750 0,9200 1,0750 0,9200 1,0750 0,9200
45 1,0850 1,0750 1,0850 1,0750 1,0850 1,0750
50 1,0400 1,2150 1,0400 1,2150 1,0400 1,2150
55 0,9650 1,3450 0,9650 1,3450 0,9650 1,3450
60 0,8750 1,4700 0,8750 1,4700 0,8750 1,4700
78
65 0,7650 1,5750 0,7650 1,5750 0,7650 1,5750
70 0,6500 1,6650 0,6500 1,6650 0,6500 1,6650
75 0,5150 1,7350 0,5150 1,7340 0,5150 1,7350
80 0,3700 1,7800 0,3700 1,7800 0,3700 1,7800
85 0,2200 1,8000 0,2200 1,8000 0,2200 1,8000
90 0,0700 1,8000 0,0700 1,8000 0,0700 1,8000
95 -0,0700 1,7800 -0,0700 1,7800 -0,0700 1,7800
100 -0,2200 1,7500 -0,2200 1,7500 -0,2200 1,7500
105 -0,3700 1,7000 -0,3700 1,7000 -0,3700 1,7000
110 -0,5100 1,6350 -0,5100 1,6350 -0,5100 1,6350
115 -0,6250 1,5550 -0,6250 1,5550 -0,6250 1,5550
120 -0,7350 1,4650 -0,7350 1,4640 -0,7350 1,4650
125 -0,8400 1,3500 -0,8400 1,3500 -0,8400 1,3500
130 -0,9100 1,2250 -0,9100 1,2250 -0,9100 1,2250
135 -0,9450 1,0850 -0,9450 1,0850 -0,9450 1,0850
140 -0,9450 0,9250 -0,9450 0,9250 -0,9450 0,9250
145 -0,9100 0,7550 -0,9100 0,7550 -0,9100 0,7550
150 -0,8500 0,5750 -0,8500 0,5750 -0,8500 0,5750
155 -0,7400 0,4200 -0,7400 0,4200 -0,7400 0,4200
160 -0,6600 0,3200 -0,6600 0,3200 -0,6600 0,3200
165 -0,6750 0,2300 -0,6750 0,2300 -0,6750 0,2300
170 -0,8500 0,1400 -0,8500 0,1400 -0,8500 0,1400
175 -0,6900 0,0550 -0,6900 0,0550 -0,6900 0,0550
180 0,0000 0,0250 0,0000 0,0250 0,0000 0,0250
79
NACA 0012 0012 0012 0012 0012 0012
REYNOLDS 80000 80000 160000 160000 360000 360000
ALFA CL CD CL CD CL CD
0 0,0000 0,0133 0,0000 0,0103 0,0000 0,0079
1 0,1100 0,0134 0,1100 0,0104 0,1100 0,0080
2 0,2200 0,0138 0,2200 0,0108 0,2200 0,0084
3 0,3300 0,0145 0,3300 0,0114 0,3300 0,0089
4 0,4400 0,0155 0,4400 0,0124 0,4400 0,0098
5 0,5500 0,0170 0,5500 0,0140 0,5500 0,0113
6 0,6284 0,0189 0,6600 0,0152 0,6600 0,0125
7 0,7227 0,0204 0,7460 0,0170 0,7700 0,0135
8 0,6930 0,0222 0,8274 0,0185 0,8542 0,0153
9 -0,0010 0,0600 0,8527 0,0203 0,9352 0,0167
10 0,0413 0,0600 0,1325 0,0188 0,9811 0,0184
11 0,0911 0,1170 0,1095 0,0760 0,9132 0,0204
12 0,1430 0,1340 0,1533 0,1340 0,4832 0,0217
13 0,1966 0,1520 0,2030 0,1520 0,2759 0,0222
14 0,2504 0,1710 0,2546 0,1710 0,2893 0,1060
15 0,3043 0,1900 0,3082 0,1900 0,3306 0,1900
16 0,3582 0,2100 0,3620 0,2100 0,3792 0,2100
17 0,4139 0,2310 0,4200 0,2310 0,4455 0,2310
18 0,4689 0,2520 0,4768 0,2520 0,5047 0,2520
19 0,5232 0,2740 0,5322 0,2740 0,5591 0,2740
20 0,5770 0,2970 0,5870 0,2970 0,6120 0,2970
80
21 0,6305 0,3200 0,6414 0,3200 0,6643 0,3200
22 0,6839 0,3440 0,6956 0,3440 0,7179 0,3440
23 0,7373 0,3690 0,7497 0,3690 0,7715 0,3690
24 0,7902 0,3940 0,8034 0,3940 0,8246 0,3940
25 0,8432 0,4200 0,8572 0,4200 0,8780 0,4200
26 0,8963 0,4460 0,9109 0,4460 0,9313 0,4460
27 0,9496 0,4730 0,9646 0,4730 0,9846 0,4730
30 0,9150 0,5700 0,9150 0,5700 0,9150 0,5700
35 1,0200 0,7450 1,0200 0,7450 1,0200 0,7450
40 1,0750 0,9200 1,0750 0,9200 1,0750 0,9200
45 1,0850 1,0750 1,0850 1,0750 1,0850 1,0750
50 1,0400 1,2150 1,0400 1,2150 1,0400 1,2150
55 0,9650 1,3450 0,9650 1,3450 0,9650 1,3450
60 0,8750 1,4700 0,8750 1,4700 0,8750 1,4700
65 0,7650 1,5750 0,7650 1,5750 0,7650 1,5750
70 0,6500 1,6650 0,6500 1,6650 0,6500 1,6650
75 0,5150 1,7350 0,5150 1,7350 0,5150 1,7350
80 0,3700 1,7800 0,3700 1,7800 0,3700 1,7800
85 0,2200 1,8000 0,2200 1,8000 0,2200 1,8000
90 0,0700 1,8000 0,0700 1,8000 0,0700 1,8000
95 -0,0700 1,7800 -0,0700 1,7800 -0,0700 1,7800
100 -0,2200 1,7500 -0,2200 1,7500 -0,2200 1,7500
105 -0,3700 1,7000 -0,3700 1,7000 -0,3700 1,7000
110 -0,5100 1,6350 -0,5100 1,6350 -0,5100 1,6350
115 -0,6250 1,5550 -0,6250 1,5550 -0,6250 1,5550
81
120 -0,7350 1,4650 -0,7350 1,4650 -0,7350 1,4650
125 -0,8400 1,3500 -0,8400 1,3500 -0,8400 1,3500
130 -0,9100 1,2250 -0,9100 1,2250 -0,9100 1,2250
135 -0,9450 1,0850 -0,9450 1,0850 -0,9450 1,0850
140 -0,9450 0,9250 -0,9450 0,9250 -0,9450 0,9250
145 -0,9100 0,7550 -0,9100 0,7550 -0,9100 0,7550
150 -0,8500 0,5750 -0,8500 0,5750 -0,8500 0,5750
155 -0,7400 0,4200 -0,7400 0,4200 -0,7400 0,4200
160 -0,6600 0,3200 -0,6600 0,3200 -0,6600 0,3200
165 -0,6750 0,2300 -0,6750 0,2300 -0,6750 0,2300
170 -0,8500 0,1400 -0,8500 0,1400 -0,8500 0,1400
175 -0,6900 0,0550 -0,6900 0,0550 -0,6900 0,0550
180 0,0000 0,0250 0,0000 0,0250 0,0000 0,0250
NACA 0012 0012 0021 0021 0021 0021
REYNOLDS 700000 700000 10000 10000 20000 20000
ALFA CL CD CL CD CL CD
0 0,0000 0,0067 0,0000 0,0413 0,0000 0,0309
1 0,1100 0,0068 -0,0320 0,0414 0,0243 0,0310
2 0,2200 0,0070 -0,0631 0,0420 0,0393 0,0314
3 0,3300 0,0075 -0,0854 0,0429 0,0472 0,0321
4 0,4400 0,0083 -0,0995 0,0441 0,0619 0,0332
5 0,5500 0,0097 -0,1156 0,0459 0,0505 0,0345
6 0,6600 0,0108 -0,1240 0,0480 0,0475 0,0362
82
7 0,7700 0,0118 -0,1400 0,0507 0,0266 0,0382
8 0,8800 0,0128 -0,1475 0,0538 0,0120 0,0407
9 0,9598 0,0144 -0,1581 0,0575 -0,0190 0,0435
10 1,0343 0,0159 -0,1581 0,0750 -0,0506 0,0700
11 1,0749 0,0175 -0,1429 0,0990 -0,0610 0,0965
12 1,0390 0,0195 -0,1276 0,1230 -0,0713 0,1230
13 0,8737 0,0216 -0,0658 0,1580 -0,0538 0,1405
14 0,6284 0,0236 -0,0398 0,1707 -0,0362 0,1580
15 0,4907 0,1170 -0,0137 0,1833 -0,0016 0,1770
16 0,4696 0,2100 0,0123 0,1960 0,0331 0,1960
17 0,5195 0,2300 0,0579 0,2170 0,0756 0,2170
18 0,5584 0,2520 0,1035 0,2380 0,1180 0,2380
19 0,6032 0,2740 0,1521 0,2600 0,1652 0,2600
20 0,6474 0,2970 0,2006 0,2820 0,2124 0,2820
21 0,6949 0,3200 0,2504 0,3055 0,2614 0,3055
22 0,7446 0,3440 0,3002 0,3290 0,3103 0,3290
23 0,7948 0,3690 0,3514 0,3543 0,3608 0,3543
24 0,8462 0,3940 0,4027 0,3797 0,4113 0,3797
25 0,8984 0,4200 0,4539 0,4050 0,4618 0,4050
26 0,9506 0,4460 0,5876 0,4600 0,5929 0,4600
27 1,0029 0,4730 0,7213 0,5150 0,7239 0,5150
30 0,9150 0,5700 0,8550 0,5700 0,8550 0,5700
35 1,0200 0,7450 0,9800 0,7450 0,9800 0,7450
40 1,0750 0,9200 1,0350 0,9200 1,0350 0,9200
45 1,0850 1,0750 1,0500 1,0750 1,0500 1,0750
83
50 1,0400 1,2150 1,0200 1,2150 1,0200 1,2150
55 0,9650 1,3450 0,9550 1,3450 0,9550 1,3450
60 0,8750 1,4700 0,8750 1,4700 0,3750 1,4700
65 0,7650 1,5750 0,7600 1,5750 0,7600 1,5750
70 0,6500 1,6650 0,6300 1,6650 0,6300 1,6650
75 0,5150 1,7350 0,5000 1,7350 0,5000 1,7350
80 0,3700 1,7800 0,3650 1,7800 0,3650 1,7800
85 0,2200 1,8000 0,2300 1,8000 0,2300 1,8000
90 0,0700 1,8000 0,0900 1,8000 0,0900 1,0000
95 -0,0700 1,7800 -0,0500 1,7800 -0,0500 1,7800
100 -0,2200 1,7500 -0,1850 1,7500 -0,1850 1,7500
105 -0,3700 1,7000 -0,3200 1,7000 -0,3200 1,7000
110 -0,5100 1,6350 -0,4500 1,6350 -0,4500 1,6350
115 -0,6250 1,5550 -0,5750 1,5550 -0,5750 1,5550
120 -0,7350 1,4650 -0,6700 1,4650 -0,6700 1,4650
125 -0,8400 1,3500 -0,7600 1,3500 -0,7600 1,3500
130 -0,9100 1,2250 -0,8500 1,2250 -0,8500 1,2250
135 -0,9450 1,0850 -0,9300 1,0850 -0,9300 1,0850
140 -0,9450 0,9250 -0,9800 0,9250 -0,9800 0,9250
145 -0,9100 0,7550 -0,9000 0,7550 -0,9000 0,7550
150 -0,8500 0,5750 -0,7700 0,5750 -0,7700 0,5750
155 -0,7400 0,4200 -0,6700 0,4200 -0,6700 0,4200
160 -0,6600 0,3200 -0,6350 0,3200 -0,6350 0,3200
165 -0,6750 0,2300 -0,6800 0,2300 -0,6800 0,2300
170 -0,8500 0,1400 -0,8500 0,1400 -0,8500 0,1400
84
175 -0,6900 0,0550 -0,6600 0,0550 -0,6600 0,0550
180 0,0000 0,0250 0,0000 0,0250 0,0000 0,0250
7.1.2 Apêndice B – Código fonte do simulador
O simulador descrito neste trabalho foi desenvolvido na linguagem Python, com
o suporte das bibliotecas PyQt5 (módulo gráfico), OpenPyXL (módulo de leitura de
arquivos XLS), Matplotlib e Numpy (módulos científicos). Através de uma interface
gráfica, é possível selecionar os parâmetros desejados para simulação e executá-la. Como
resultado, uma série de gráficos são exibidos e é possível exportá-los. Adicionalmente,
uma aba de log contém a memória de cálculo de cada passo da rotina.
Figura 7.1 – Imagem do simulador
O simulador está dividido em quatro arquivos: main.py, parameters.py,
tsrmodule.py e dadosNACA.xlsx. No arquivo main.py encontra-se a construção da
interface gráfica e as ações da tela. No arquivo parameters.py encontra-se o objeto que
armazena os parâmetros selecionados na tela para futura execução. O arquivo
tsrmodule.py possui a rotina de execução da metodologia e as funções necessárias para a
85
mesma, como loops e funções de interpolação. Por fim, o arquivo dadosNACA.xlsx é a
fonte de dados para os coeficientes de arrasto (cd) e sustentação (cl). O código fonte dos
arquivos encontra-se abaixo.
main.py
#!/usr/bin/python3
# -*- coding: utf-8 -*-
import sys
import logging
import parameters
import tsrmodule
import random
from PyQt5.QtWidgets import (QWidget, QLabel, QDesktopWidget,
QLineEdit, QComboBox, QApplication, QProgressBar, QPushButton,
QGridLayout, QHBoxLayout, QVBoxLayout, QTabWidget, QPlainTextEdit,
QScrollBar)
from PyQt5.QtCore import (QBasicTimer, QSize)
from PyQt5.QtGui import (QFont, QPalette, QColor)
from matplotlib.backends.backend_qt5agg import FigureCanvasQTAgg as FigureCanvas
from matplotlib.backends.backend_qt5agg import NavigationToolbar2QT as NavigationToolbar
import matplotlib.pyplot as plt
class VAWTSimulator(QWidget):
def __init__(self):
super().__init__()
self.initUI()
def initUI(self):
86
self.logger = logging.getLogger('VAWTlog')
self.logger.setLevel(logging.DEBUG)
fh = logging.FileHandler('spam.log')
fh.setLevel(logging.DEBUG)
ch = logging.StreamHandler()
ch.setLevel(logging.ERROR)
formatter = logging.Formatter('%(asctime)s %(name)s [%(levelname)s] %(message)s')
fh.setFormatter(formatter)
ch.setFormatter(formatter)
self.logger.addHandler(fh)
self.logger.addHandler(ch)
self.isError = False
self.simulatorTitle = QLabel(self)
self.simulatorTitle.setText("Single streamtube model for VAWT analysis")
self.simulatorTitle.setFont(QFont('SansSerif',24))
##Parameters
#Labels
self.parametersLabel = QLabel(self)
self.parametersLabel.setText("Choose parameters:")
self.parametersLabel.setFont(QFont('SansSerif',12,weight=QFont.Bold))
self.paramLabelWindSpeed = QLabel(self)
self.paramLabelWindSpeed.setText("Wind Speed [m/s]:")
self.paramLabelWindSpeed.setFont(QFont('SansSerif',12))
self.paramLabelTurbineRadius = QLabel(self)
self.paramLabelTurbineRadius.setText("Turbine Radius [m]:")
self.paramLabelTurbineRadius.setFont(QFont('SansSerif',12))
self.paramLabelAirDensity = QLabel(self)
self.paramLabelAirDensity.setText("Air Density [kg/m3]:")
self.paramLabelAirDensity.setFont(QFont('SansSerif',12))
87
self.paramLabelAirViscosity = QLabel(self)
self.paramLabelAirViscosity.setText("Air Viscosity [kg/m3]:")
self.paramLabelAirViscosity.setFont(QFont('SansSerif',12))
self.paramLabelChord = QLabel(self)
self.paramLabelChord.setText("Airblade Chord [m]:")
self.paramLabelChord.setFont(QFont('SansSerif',12))
self.paramLabelHeight = QLabel(self)
self.paramLabelHeight.setText("Height [m]:")
self.paramLabelHeight.setFont(QFont('SansSerif',12))
self.paramLabelNACA = QLabel(self)
self.paramLabelNACA.setText("NACA Profile:")
self.paramLabelNACA.setFont(QFont('SansSerif',12))
#Inputs
self.paramInputWindSpeed = QLineEdit(self)
self.paramInputWindSpeed.setText("10")
self.paramInputTurbineRadius = QLineEdit(self)
self.paramInputTurbineRadius.setText("0.64")
self.paramInputAirDensity = QLineEdit(self)
self.paramInputAirDensity.setText("1.19")
self.paramInputAirViscosity = QLineEdit(self)
self.paramInputAirViscosity.setText("0.0000184")
self.paramInputChord = QLineEdit(self)
self.paramInputChord.setText("0.032")
self.paramInputHeight = QLineEdit(self)
self.paramInputHeight.setText("1")
self.paramInputNACA = QComboBox(self)
self.paramInputNACA.addItems(["0012"])
#Btn
self.btnNACA = QPushButton('View NACA data', self)
self.btnNACA.clicked.connect(self.showNACA)
self.statusLabel = QLabel(self)
88
self.statusLabel.setFont(QFont('SansSerif',9))
self.btnStart = QPushButton('Start Simulation', self)
self.btnStart.clicked.connect(self.startSimulation)
self.tabs = QTabWidget()
self.logAndShow("Aguardando")
#Results
self.btnExport = QPushButton('Export', self)
self.btnExport.clicked.connect(self.export)
self.btnExport.setDisabled(True)
self.results = []
self.tsrList = (6,9,12,15,18)
self.tsrList = (6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18)
#Layout
grid = QGridLayout()
grid.setSpacing(5)
grid.addWidget(self.simulatorTitle, 1, 0, 1, 2)
grid.addWidget(self.parametersLabel, 2, 0, 1, 2)
grid.addWidget(self.paramLabelWindSpeed, 3, 1, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramInputWindSpeed, 3, 2, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramLabelTurbineRadius, 3, 3, 1, 2)
grid.addWidget(self.paramInputTurbineRadius, 3, 5, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramLabelAirDensity, 4, 1, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramInputAirDensity, 4, 2, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramLabelAirViscosity, 4, 3, 1, 2)
grid.addWidget(self.paramInputAirViscosity, 4, 5, 1, 1)
89
grid.addWidget(self.paramLabelChord, 5, 1, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramInputChord, 5, 2, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramLabelHeight, 5, 3, 1, 2)
grid.addWidget(self.paramInputHeight, 5, 5, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramLabelNACA, 6, 1, 1, 1)
grid.addWidget(self.paramInputNACA, 6, 2, 1, 1)
grid.addWidget(self.btnNACA, 6, 3, 1, 1)
grid.addWidget(self.btnExport, 7, 3, 1, 1)
grid.addWidget(self.btnStart, 7, 2, 1, 1)
grid.addWidget(self.statusLabel, 8, 0, 1, 2)
grid.addWidget(self.tabs,9,0,6,6)
self.setLayout(grid)
#Load NACA
self.dictNACA = parameters.loadNACAprofiles()
#self.setGeometry(800, 800, 800, 800)
self.setWindowTitle('VAWT Simulator')
self.center()
self.showNACA(True)
self.show()
def center(self):
qr = self.frameGeometry()
ag = QDesktopWidget().availableGeometry()
cp = ag.center()
self.setGeometry(ag)
qr.moveCenter(cp)
self.move(qr.topLeft())
def reloadLog(self):
self.logTextBlock.setPlainText(open('spam.log').read())
90
def clearLog(self):
open('spam.log', 'w').close()
self.logTextBlock.setPlainText(open('spam.log').read())
def onChanged(self, text):
self.lbl.setText(text)
self.lbl.adjustSize()
def startSimulation(self):
if len(self.results) != 0:
self.results = []
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.tabs.removeTab(2)
self.logAndShow("Calculating...")
self.validate = False
msg = self.validateProperties()
if self.validate:
naca = self.paramInputNACA.currentText()
for i in self.tsrList:
tsrObj = tsrmodule.TsrObj(self.params, naca)
try:
91
tsrObj.calcular_tsr(i)
except Exception as ex:
self.logError(ex)
self.isError = True
self.results.append(tsrObj)
if self.isError == False:
self.plot('teta','u_linha',"Teta (°)", "Wind velocity (m/s)", "Wind velocity at the turbine")
self.plot('teta','v_res', "Teta (°)","Resulting Velocity (m/s)", "Resulting Velocity")
self.plot('teta','alfa', "Teta (°)","Alfa (°)","Angle of attack")
self.plot('teta','f_teta',"Teta (°)", "F_t (N)","Tangencial force")
self.plot('teta','f_n', "Teta (°)","F_n", "Normal force")
self.plotTsr('t_total','','tsr', 'Torque [Nm]', "Torque on the turbine")
self.plotTsr('cp','','tsr', 'Cp', "Power Coefficient of the turbine")
self.plotTsr('fr','','tsr', 'Fr [N]', "Resulting average forces")
#self.plotSpeed('','','tsr', 'Speed [m/s]', "Resulting velocities")
#self.plotPressure('','','tsr', 'Pressure [Pa]', "Pressure distributions")
self.logAndShow("End of simulation.")
self.btnExport.setDisabled(False)
else:
self.logAndShow(msg)
self.statusLabel.setMaximumWidth(600)
self.showLog()
def showNACA(self, onStart = False):
if onStart == False:
self.tabs.removeTab(0)
self.tabs.removeTab(0)
naca = self.paramInputNACA.currentText()
92
tab_cl = QWidget()
tab_cd = QWidget()
self.tabs.addTab(tab_cl,"Lift Coefficient")
self.tabs.addTab(tab_cd,"Drag Coefficient")
cl_figure = plt.figure()
cl_plot = cl_figure.add_subplot(1,1,1)
cl_plot.axis([0, 25, -0.1, 1.2])
cl_plot.grid(which='both', linestyle='-', linewidth=1)
cl_canvas = FigureCanvas(cl_figure)
cd_figure = plt.figure()
cd_plot = cd_figure.add_subplot(1,1,1)
cd_plot.axis([0, 25, -0.1, 1])
cd_plot.grid(which='both', linestyle='-', linewidth=1)
cd_canvas = FigureCanvas(cd_figure)
for re in self.dictNACA[1]:
if str(re) in self.dictNACA[0][naca]:
cl_plot.plot(self.dictNACA[0][naca][str(re)]['alfa'], self.dictNACA[0][naca][str(re)]['cl'], label= "Re = " + str(re))
cd_plot.plot(self.dictNACA[0][naca][str(re)]['alfa'], self.dictNACA[0][naca][str(re)]['cd'], label= "Re = " + str(re))
cl_plot.legend()
cd_plot.legend()
cl_figure.tight_layout()
cd_figure.tight_layout()
cl_canvas.draw()
cd_canvas.draw()
cl_toolbar = NavigationToolbar(cl_canvas,self)
cd_toolbar = NavigationToolbar(cd_canvas, self)
93
tab_cl.layout = QVBoxLayout()
tab_cl.layout.addWidget(cl_canvas)
tab_cl.layout.addWidget(cl_toolbar)
tab_cl.setLayout(tab_cl.layout)
tab_cd.layout = QVBoxLayout()
tab_cd.layout.addWidget(cd_canvas)
tab_cd.layout.addWidget(cd_toolbar)
tab_cd.setLayout(tab_cd.layout)
def showLog(self):
self.logTextBlock = QPlainTextEdit()
self.logTextBlock.setPlainText(open('spam.log').read())
self.logTextBlock.setReadOnly(True)
self.btnReloadLog = QPushButton("Reload Log", self)
self.btnClearLog = QPushButton("Clear Log", self)
self.tabLog = QWidget()
self.tabs.addTab(self.tabLog,"View Log")
self.tabLog.layout = QVBoxLayout()
self.tabLog.layout.addWidget(self.btnReloadLog)
self.tabLog.layout.addWidget(self.btnClearLog)
self.tabLog.layout.addWidget(self.logTextBlock)
self.tabLog.setLayout(self.tabLog.layout)
self.btnReloadLog.clicked.connect(self.reloadLog)
self.btnClearLog.clicked.connect(self.clearLog)
def logAndShow(self,text):
self.logger.info(text)
def logError(self, ex):
self.logger.error(ex)
self.statusLabel.setText("An error has occurred, check log file for more information.")
def validateProperties(self):
94
self.validate = True
msg = "Invalid properties: "
u_inf = self.paramInputWindSpeed.text()
r = self.paramInputTurbineRadius.text()
ro = self.paramInputAirDensity.text()
mu = self.paramInputAirViscosity.text()
c = self.paramInputChord.text()
p_atm = "101325"
h = self.paramInputHeight.text()
props = {
"Wind Speed" : u_inf,
"Radius" : r,
"Air Density" : ro,
"Air Viscosity" : mu,
"Chord" : c,
"Epsilon": "0.01",
"Atmospheric Pressure" : p_atm
}
h = float(h.replace(',','.'))
paramsTuple = ()
for prop, value in props.items():
try:
paramsTuple += (float(value.replace(',','.')),)
except ValueError:
self.validate = False
msg += prop + ", "
if self.validate == True:
self.params = parameters.Parameters(*paramsTuple, h, self.dictNACA, False)
95
msg = msg.strip()[:-1] + "."
return msg
def plot(self, x, y, xlabel, ylabel, tab_name):
new_tab = QWidget()
self.tabs.addTab(new_tab,tab_name)
new_figure = plt.figure()
new_plot = new_figure.add_subplot(1,1,1)
new_plot.grid(which='both', linestyle='-', linewidth=1)
new_canvas = FigureCanvas(new_figure)
self.tsrList = (6,9,12,15,18)
self.tsrList = (6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18)
for i in range(0, len(self.tsrList)):
if self.tsrList[i]%3 != 0:
continue
new_plot.plot(getattr(self.results[i],str(x)),getattr(self.results[i],str(y)),label = "TSR = " + str(self.tsrList[i]))
new_plot.set_xlabel(xlabel)
new_plot.set_ylabel(ylabel)
new_plot.legend()
new_toolbar = NavigationToolbar(new_canvas, self)
new_figure.tight_layout()
new_tab.layout = QVBoxLayout()
new_tab.layout.addWidget(new_canvas)
new_tab.layout.addWidget(new_toolbar)
new_tab.setLayout(new_tab.layout)
def plotTsr(self, x, y, xlabel, ylabel, tab_name):
96
new_tab = QWidget()
self.tabs.addTab(new_tab,tab_name)
new_figure = plt.figure()
new_plot = new_figure.add_subplot(1,1,1)
new_plot.grid(which='both', linestyle='-', linewidth=1)
new_canvas = FigureCanvas(new_figure)
xValues = []
yValues = []
for i in range(0, len(self.tsrList)):
xValues.append(self.tsrList[i])
yValues.append(getattr(self.results[i],str(x)))
new_plot.plot(xValues,yValues)
new_plot.set_xlabel(xlabel)
new_plot.set_ylabel(ylabel)
new_toolbar = NavigationToolbar(new_canvas, self)
new_figure.tight_layout()
new_tab.layout = QVBoxLayout()
new_tab.layout.addWidget(new_canvas)
new_tab.layout.addWidget(new_toolbar)
new_tab.setLayout(new_tab.layout)
def export(self):
return
if __name__ == '__main__':
app = QApplication(sys.argv)
ex = VAWTSimulator()
sys.exit(app.exec_())
97
parameters.py
import math
from openpyxl import load_workbook
from openpyxl import Workbook
class Parameters():
#Inicialize choosen parameters
def __init__(self, u_inf, r, ro, mu, c, epsilon, p_atm, h, dictNACA, defaultValues):
if defaultValues == False:
self.u_inf = u_inf
self.r = r
self.ro = ro
self.mu = mu
self.c = c
self.a = c*h
self.epsilon = epsilon
self.p_atm = p_atm
self.h = h
else:
self.u_inf = 10
self.r = 0.64
self.ro = 1.19
self.mu = 0.0000184
self.c = 0.032
self.a = self.c*h
self.epsilon = 0.01
self.p_atm = 101325
self.h = 1
self.n = 360
self.dteta = 2*math.pi/self.n
self.dictNACA = dictNACA
98
def loadNACAprofiles():
#logger.info('Abrindo documento com dados NACA')
wb = load_workbook(filename = 'dadosNACA.xlsx', data_only=True)
ws = wb[wb.sheetnames[0]]
ws_range = str.split(ws.dimensions,':')
#Define o Numero de valores de alfa e o numero pares (cd,cl)
alfa_range = int(ws_range[1][1:])
naca_range = int(((ord(ws_range[1][:1].lower()) - 96)-1)/2)
listaRe = []
dictNACA = {}
for naca in range(1, naca_range + 1):
num_naca = str(ws[chr(97+2*naca).upper()+str(1)].value)
re = str(ws[chr(97+2*naca).upper()+str(2)].value)
if num_naca not in dictNACA:
dictNACA[num_naca]={}
if re not in dictNACA[num_naca]:
dictNACA[num_naca][re]={}
else:
if re not in dictNACA[num_naca]:
dictNACA[num_naca][re]={}
if not listaRe.__contains__(re):
listaRe.append(int(re))
listaRe.sort
# dictNACA[num_naca][re]={'alfa':[], 'cd': [], 'cl':[]}
# dictNACA[num_naca][re][alfa]
#Estrutura excel
#Linha 1: Valores Naca
#Linha 2: Valores Reynolds
99
#Linha 3: Titulos
#Coluna 1: Valores Alfa
for naca in range(1,naca_range+1):
num_naca = str(ws[chr(97+2*naca).upper()+str(1)].value)
re = str(ws[chr(97+2*naca).upper()+str(2)].value)
dictNACA[num_naca][re]={'alfa':[],'cd':[],'cl':[]}
for i in range(4,alfa_range+1):
dictNACA[num_naca][re]['alfa'].append(float(ws['A'+str(i)].value))
dictNACA[num_naca][re]['cl'].append(float(ws[chr(96+2*naca).upper() + str(i)].value))
dictNACA[num_naca][re]['cd'].append(float(ws[chr(96+2*naca+1).upper() + str(i)].value))
#logger.info('Fim da importacao dos dados NACA')
return (dictNACA,listaRe)
tsrmodule.py
import numpy as np
import matplotlib.pyplot as plt
import math
import logging
######################
#### Objeto TSR ######
######################
tsrObjectlogger = logging.getLogger('VAWTlog.TsrObject')
class TsrObj:
def __init__(self, params, num_naca):
self.params = params
n = self.params.n
self.teta = np.arange(0,360+360/float(n),360/float(n))
self.u_linha = np.zeros(n)
self.alfa = np.zeros(n)
100
self.re = np.zeros(n)
self.v_res = np.zeros(n)
self.cl = np.zeros(n)
self.cd = np.zeros(n)
self.f_l = np.zeros(n)
self.f_d = np.zeros(n)
self.f_n = np.zeros(n)
self.f_teta = np.zeros(n)
self.t = np.zeros(n)
self.f_r_mov = np.zeros(n)
self.f_r_perp = np.zeros(n)
self.naca = num_naca
self.listaRe = self.params.dictNACA[1]
self.t_total = 0
self.cp = 0
self.u2 = 0
self.fr_mov_total = 0
self.fr_perp_total = 0
self.fr = 0
self.cd_rot = 0
self.re_rot = 0
self.p3 = 0
self.p4 = 0
self.beta = 0
self.gama = 0
self.logger = logging.getLogger('VAWTlog.TsrObject')
def calcular_tsr(self, tsr):
self.logger.info('Calculating for TSR = ' + str(tsr))
self.logger.info('Initializing arrays on tsr module.')
ar_teta = self.teta
ar_u_linha = np.zeros(ar_teta.size)
101
ar_alfa = np.zeros(ar_teta.size)
ar_re = np.zeros(ar_teta.size)
ar_v_res = np.zeros(ar_teta.size)
ar_cl = np.zeros(ar_teta.size)
ar_cd = np.zeros(ar_teta.size)
ar_f_l = np.zeros(ar_teta.size)
ar_f_d = np.zeros(ar_teta.size)
ar_f_n = np.zeros(ar_teta.size)
ar_f_teta = np.zeros(ar_teta.size)
ar_t = np.zeros(ar_teta.size)
ar_f_r_mov = np.zeros(ar_teta.size)
ar_f_r_perp = np.zeros(ar_teta.size)
#Velocidade de rotacao
omega = tsr*self.params.u_inf/self.params.r
#Potencia Maxima
area = 2*self.params.r*self.params.h
p_max = 0.5*self.params.ro*(area)*(self.params.u_inf**3)
#self.logger.info('Initializing iteration on teta.')
for i in range(ar_teta.size):
#self.logger.info('Iteration: teta = ' + str(i))
resultado = self.definir_u_linha(ar_teta[i], omega)
u_linha = resultado[0]
alfa = resultado[1]
re = resultado[2]
v_res = resultado[3]
ar_u_linha[i] = u_linha
ar_alfa[i] = math.degrees(alfa)
ar_re[i] = re
ar_v_res[i] = v_res
102
ar_cl[i] = self.interpolar('cl',alfa,re)
ar_cd[i] = self.interpolar('cd',alfa,re)
if alfa >= 0 :
ar_f_l[i] = ar_cl[i]*0.5*self.params.ro*self.params.a*(v_res**2)
else:
ar_f_l[i] = -ar_cl[i]*0.5*self.params.ro*self.params.a*(v_res**2)
ar_f_d[i] = ar_cd[i]*0.5*self.params.ro*self.params.a*(v_res**2)
ar_f_n[i] = - (ar_f_d[i]*math.sin(alfa) + ar_f_l[i]*math.cos(alfa))
ar_f_teta[i] = - (ar_f_d[i]*math.cos(alfa) - ar_f_l[i]*math.sin(alfa))
ar_t[i] = ar_f_teta[i]*self.params.r/self.params.n
ar_f_r_mov[i] = - (ar_f_teta[i]*math.sin(math.radians(ar_teta[i])) + ar_f_n[i]*math.cos(math.radians(ar_teta[i])))/self.params.n
ar_f_r_perp[i] = - ( ar_f_teta[i]*math.cos(math.radians(ar_teta[i])) - ar_f_n[i]*math.sin(math.radians(ar_teta[i])))/self.params.n
#self.logger.info('End of iteration on teta.')
u_linha_medio = np.average(ar_u_linha)
t_total = np.sum(ar_t)
p = t_total*omega
c_p = p/p_max
f_r_mov_total = np.sum(ar_f_r_mov)
f_r_perp_total = np.sum(ar_f_r_perp)
self.logger.info('tsr = ' + str(tsr))
self.logger.info('p_max = ' + str(p_max))
self.logger.info('t_total = ' + str(t_total))
self.logger.info('p = ' + str(p))
self.logger.info('omega = ' + str(omega))
self.logger.info('c_p = ' + str(c_p))
103
f_r = math.sqrt(f_r_mov_total**2+f_r_perp_total**2)
c_d_rotor = f_r_mov_total/(self.params.ro*(self.params.u_inf**2)*self.params.a*0.5)
re_rotor = self.params.ro*(self.params.u_inf**2)*(2*self.params.r)/self.params.mu
u_2 = 2*u_linha_medio - self.params.u_inf
p_3 = self.params.p_atm + self.params.ro*0.5*(self.params.u_inf**2-u_linha_medio**2)
p_4 = self.params.p_atm + self.params.ro*0.5*(u_2**2-u_linha_medio**2)
erro = 10
count = 0
beta_linha = 10
beta = 0
gama = 0
# while (erro > 0.01 and count < 100):
# k1 = (f_r**2+(p_4*self.params.a)**2+(p_3*self.params.a)**2)/(2*p_3*self.params.a*(f_r-(p_4*self.params.a*math.cos(beta_linha)/math.cos(beta_linha/2)))+2*p_4*self.params.a*f_r)
# #excecao para se k1 estiver fora do dominio
# beta = 2*np.arccos(k1)
# erro = abs((beta-beta_linha)/beta_linha)
# if erro > 0.1:
# beta_linha = beta
# else:
# break
# count +=1
# k2 = (-f_r*math.cos(beta/2)+p_4*self.params.a*math.cos(beta/2)-p_3*self.params.a)/(p_4*self.params.a*math.sin(beta)-f_r*(beta/2))
# #excessao para se k2 estiver fora do dominio
# gama = np.arctan(k2)
104
f_r_x = f_r_mov_total*math.cos(gama+beta/2)+f_r_perp_total*math.sin(gama+beta/2)
f_r_y = f_r_mov_total*math.sin(gama+beta/2)+f_r_perp_total*math.cos(gama+beta/2)
######## Fim do Calculo
self.teta = ar_teta
self.u_linha = ar_u_linha
self.alfa = ar_alfa
self.re = ar_re
self.v_res = ar_v_res
self.cl = ar_cl
self.cd = ar_cd
self.f_l = ar_f_l
self.f_d = ar_f_d
self.f_n = ar_f_n
self.f_teta = ar_f_teta
self.t = ar_t
self.f_r_mov = ar_f_r_mov
self.f_r_perp = ar_f_r_perp
self.t_total = t_total
self.cp = c_p
self.u2 = u_2
self.fr_mov_total = f_r_mov_total
self.fr_perp_total = f_r_perp_total
self.fr = f_r
self.cd_rot = c_d_rotor
self.re_rot = re_rotor
self.p3 = p_3
self.p4 = p_4
self.beta = beta
self.gama = gama
return
105
def definir_u_linha (self,teta,omega):
#self.logger.info('Initializing iteration on u_linha for teta = ' + str(teta))
# Estimativa inicial para u_linha = self.params.u_inf
u_linha = self.params.u_inf
alfa = 0
# Definicao de teta em radianos
teta = math.pi*teta/180
erro = 10
count = 0
u_linha_n_conv = 0
while (erro > 0.000001 or count < 100):
v_teta = omega*self.params.r + u_linha*math.sin(teta)
v_r = u_linha*math.cos(teta)
v_res = math.sqrt((v_teta)**2+(v_r)**2)
alfa = math.atan(v_r/v_teta)
re = self.params.ro*v_res*self.params.c/self.params.mu
cd = self.interpolar('cd', alfa, re)
cl = self.interpolar('cl', alfa, re)
if alfa >= 0:
cx_linha = (cd*math.cos(alfa)-cl*math.sin(alfa))*math.sin(teta)+(cd*math.sin(alfa)+cl*math.cos(alfa))*math.cos(teta)
else:
cx_linha = (cd*math.cos(alfa)-cl*math.sin(alfa))*math.sin(teta)+(cd*math.sin(alfa)+cl*math.cos(alfa))*math.cos(teta)*-1
#fx_linha = cx_linha*ro*(u_linha_2**2)*a/2
u_linha_2 = self.params.u_inf/(1 + cx_linha/4)
erro = abs((u_linha-u_linha_2)/u_linha_2)
#self.logger.info('Calculation of u_linha: Count = ' + str(count) + ' , erro = ' + str(erro) + ' , u_linha = ' + str(u_linha_2))
if erro > 0.000001:
106
u_linha = u_linha_2
else:
break
count += 1
if count == 99:
self.logger.info('Calculation of u_linha did not converge for alfa = ' + str(alfa) + 'and re = ' + str(re))
return ((u_linha+u_linha_n_conv)/2, alfa, re)
#self.logger.info('Calculations for U_LINHA: u_linha = ' + str(u_linha) + ', alfa = ' + str(alfa) + ', re = ' + str(re))
return (u_linha, alfa, re, v_res)
def interpolar(self, c, alfa, re):
for i in range(0,len(self.listaRe)):
diferenca = re - self.listaRe[i]
if diferenca > 0:
if i == len(self.listaRe) - 1:
re1 = self.listaRe[i]
re2 = re1
return self.interpolar_em_alfa(alfa,re1,c)
continue
else:
re2 = self.listaRe[i]
re1 = self.listaRe[i-1]
c_alfa_re2 = self.interpolar_em_alfa(alfa, re2, c)
c_alfa_re1 = self.interpolar_em_alfa(alfa, re1, c)
return c_alfa_re2*(re1-re)/(re1-re2)+c_alfa_re1*(re-re2)/(re1-re2)
def interpolar_em_alfa(self, alfa, re, c):
107
#Utilizando o valor absoluto de alfa pois o perfil e simetrico
# self.params.dictNACA[0][num_naca][re]={'alfa':[], 'cd': [], 'cl':[]}
# self.params.dictNACA[0][num_naca][re][alfa]
alfa_deg = math.degrees(abs(alfa))
if (alfa_deg >= self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'][0] and alfa_deg < self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'][len(self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'])-1]) :
#find index of closest smaller then...
for i in range(1,len(self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'])):
diferenca = alfa_deg - self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'][i]
if diferenca > 0:
continue
else:
#Interpolacao de cd com o valor anterior
c1 = self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)][c][i-1]
c2 = self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)][c][i]
alfa1 = self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'][i-1]
alfa2 = self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'][i]
return c1 + (c2-c1)*(alfa_deg-alfa1)/(alfa2-alfa1)
else:
if (alfa_deg == self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'][len(self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'])-1]) :
return self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)][c][len(self.params.dictNACA[0][self.naca][str(re)]['alfa'])-1]
7.1.3 Apêndice C – Modelos de turbinas verticais de
mercado
Durante o levantamento de mercado, foram encontrados, em catálogos de
fornecedores, os modelos de turbina eólica de eixo vertical exibidos na Tabela 7.2.
Tabela 7.2 - Modelos reais de aerogeradores verticais encontrados no mercado
Turbinas Eólicas Verticais
108
Tipo
Diâmetro do
rotor (m)
Capacidade de
Geração (kW) Fabricante Modelo Tecnologia
Vertical 1,24 0,3 Hi-VAWT DS-300 Darrieus
Vertical 1,93 0,7 Hi-VAWT DS-700 Darrieus
Vertical 4 3 Hi-VAWT DS-3000 Darrieus
Vertical 2,8 1,5 Hi-VAWT DS-1500 Darrieus
Vertical 1,37 0,75 Royal Power WIN80082 Gyromill
Vertical 1,58 2 Royal Power WIN80083 Gyromill
Vertical 1,68 3 Royal Power WIN80084 Gyromill
Vertical 2,13 5 Royal Power WIN80085 Gyromill
Vertical 1,8 1 V-Air Visionair 3 Darrieus
Vertical 3,2 3,2 V-Air Visionair 5 Darrieus
Vertical 3,1 7,5 quietrevolution QR6 Darrieus