gerenciamento de integridade de vasos de...

68
GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES EM UNIDADES DE PERFURAÇÃO MARÍTIMA. Danniel de Vasconcelos Macedo Rio de Janeiro Outubro de 2018 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Upload: others

Post on 03-Jan-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS

DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES EM UNIDADES DE

PERFURAÇÃO MARÍTIMA.

Danniel de Vasconcelos Macedo

Rio de Janeiro

Outubro de 2018

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, Escola

Politécnica, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro Naval e

Oceânico.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Page 2: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

ii

GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS

DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES EM UNIDADES DE

PERFURAÇÃO MARÍTIMA.

Danniel de Vasconcelos Macedo

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

Orientadora: Prof.ª Marta Cecilia Tapia Reyes, D.Sc.

Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc.

Prof. Luiz Antonio Vaz Pinto, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

OUTUBRO DE 2018

Page 3: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

iii

Macedo, Danniel de Vasconcelos

Gerenciamento de integridade de vasos de pressão e

tubulações em unidades de perfuração marítima. / Danniel

de Vasconcelos Macedo - Rio de Janeiro: UFRJ/ ESCOLA

POLITÉCNICA, 2018

X, 57 p.: il.: 29,7 cm.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Engenharia

Naval e Oceânica, 2018.

Referências Bibliográficas: p.56.

1. Introdução 2. O Drillship E Suas Principais

Tecnologias 3. Gerenciamento de Integridade 4.

Gerenciamento de Integridade Segundo Normatização 5.

Conclusão e Considerações Finais I. Tapia Reyes, Marta

Cecilia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Naval e Oceânica. III.

Gerenciamento de integridade de vasos de pressão e

tubulações em unidades de perfuração marítima.

Page 4: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

iv

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço à minha família, por seu amor e carinho incondicional.

Obrigado por todas as formas de apoio, e por sempre estarem presentes, apesar da

distância. Meu pai Ubiraelson, fonte de inspiração e conselhos, sempre terei suas palavras

comigo. À minha mãe Aymee dedico todo o meu sucesso, seus cuidados permitiram que

chegasse aqui. E ao meu irmão Diogo agradeço a amizade, que se fortaleceu com o tempo.

Aos meus amigos, os elevo à condição de família. Daniboy, Matheus, Otto, André, Lual,

Jooj, Clarinha e Yuri, seu companheirismo e carinho foi o que me apoiou ao longo de

todos esses anos longe de casa, e continuará apoiando por tantos mais. Aos amigos que

fiz durante a graduação, também dedico os mais sinceros agradecimentos e espero os

levar para a vida. Laura, Sambaquy, Eurico, Kaskus, obrigado por terem compartilhado

comigo sorrisos, lágrimas e experiências.

Agradeço aos educadores da UFRJ, que me passaram valiosos conhecimentos e desafios

que me fizeram crescer ao longo desses anos. Em especial agradeço à professora Marta

Tápia, pela orientação nesse trabalho e pelas melhores aulas durante a graduação.

Obrigado pela preocupação com o crescimento do aluno e ética na sala de aula.

Agradeço aos colegas de trabalho que me receberam muito bem e me deram todo o

suporte nese trabalho. Sou grato pela amizade e orientação de vocês, e saibam que grande

parte do conhecimento aqui contido foi dado por vocês. Vitor, Lincon, Gustavo, Gabriel,

Vinicius e Marcos. Agradeço também ao Sr. Gareth Morgan, pela prestatividade em me

conceder parte do seu tempo para acrescentar valiosos conhecimentos a esse documento.

O final dedico à minha musa Natália. Mesmo que presente a pouco tempo em minha vida,

já se tornou especial e necessária. Agradeço por todo o carinho e sentimento, apesar da

distância. Os momentos juntos são a calmaria na vida atribulada e amenizam todas as

dificuldades. Obrigado por estar presente, sempre terei você comigo.

Page 5: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Gerenciamento de Integridade de Vasos De Pressão e

Tubulações em Unidades de Perfuração Marítima.

Danniel de Vasconcelos Macedo

Outubro / 2018

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Palavras-chave: Gerenciamento de integridade, Vasos de Pressão, Tubulações, NR-13.

O trabalho consiste em analisar os processos de gerenciamento de integridade de vasos

de pressão e tubulações em uma unidade de perfuração, compilando e analisando as

normas e legislação aplicável. O objetivo é gerar um material didático e coeso que possa

servir como guia para os envolvidos nessas atividades.

Page 6: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Naval and Ocean Engineer.

Integrity Management of Pressure Vessels and Process

Piping in Offshore Drilling Rigs.

Danniel de Vasconcelos Macedo

October / 2018

Advisor: Marta Cecilia Tapia Reyes

Graduation: Engenharia Naval e Oceânica

Key words: Integrity Management, Pressure Vessels, Process Piping, NR-13.

The work consists of analyzing the processes of integrity management of pressure

vessels and process piping in a offshore drilling rig, compiling and analyzing the

applicable norms and laws. The objective is to generate a didactic and cohesive material

that can serve as a guide for activities in these activities.

Page 7: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

vii

Sumário

1. Introdução ................................................................................................................. 1

Descrição das atividades e objetivos do trabalho ......................................................... 3

2. O Drillship E Suas Principais Tecnologias .............................................................. 4

2.1 A Operação ............................................................................................................. 4

2.2 Sistemas E Equipamentos ....................................................................................... 7

2.3 Vasos de Pressão .................................................................................................. 15

2.4 Tubulações ............................................................................................................ 17

Sistemas de Alta Pressão ........................................................................................ 18

Sistemas de Baixa Pressão ...................................................................................... 20

2.5 Instrumentos ......................................................................................................... 22

Manômetro ......................................................................................................... 22

Válvulas de Segurança........................................................................................ 23

Pressure Relief Valves (PRV): ........................................................................... 23

Pressure Safety Valve (PSV): ............................................................................. 23

3. Gerenciamento de Integridade ................................................................................ 25

3.1 Inspeção Baseada em Risco (RBI) ....................................................................... 25

3.1.1 Estruturação do programa de RBI ................................................................. 27

Consequência e probabilidade de falha em Vasos de Pressão e tubulações ....... 27

Análise Qualitativa ............................................................................................. 28

Análise Quantitativa ........................................................................................... 28

Avaliação de Risco ............................................................................................. 29

Operabilidade Do Programa de RBI e Periodicidade De Inspeção .................... 30

4. Gerenciamento de Integridade Segundo Normatização ......................................... 32

4.1 Vasos de Pressão .................................................................................................. 32

Vasos de Pressão Enquadrados na NR-13 .............................................................. 32

Page 8: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

viii

Plano de Manutenção de Vasos de Pressão ........................................................ 40

Vasos de Pressão Não-Enquadrados na NR-13 ...................................................... 44

4.2 Tubulações ............................................................................................................ 45

Tubulações Enquadradas na NR-13 ....................................................................... 45

Plano de Manutenção de Tubulações segundo NR-13 ....................................... 47

Tubulações Não-Enquadradas na NR-13 ............................................................... 48

Plano de Manutenção de Tubulações ................................................................. 49

5. Considerações Finais .............................................................................................. 54

6. Bibliografia ............................................................................................................. 56

Page 9: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

ix

Sumário de Legendas

Figura 1-1 - Área de exploração do Pré-sal [1] ................................................................ 2

Figura 2-1- Esquemático de um poço [3] ......................................................................... 7

Figura 2-2 - Arranjo do sistema de içamento e rotação [4] ............................................ 11

Figura 2-32-3 - Esquema de circulação de lama. [4] ...................................................... 13

Figura 2-4 - Arranjo BOP Stack. [4] .............................................................................. 15

Figura 2-5 - Vaso de pressão vertical típico [Arquivo do autor] .................................... 16

Figura 2-62-4 - Linha de teste do poço (A) e Linha de Cimento de alta pressão (B)

[Arquivo do autor] .......................................................................................................... 19

Figura 2-7 - Linha de Lama de Alta pressão saindo da bomba de lama [Arquivo do autor]

........................................................................................................................................ 20

Figura 2-8 - Linha de água de incêndio [Arquivo do autor] ........................................... 22

Figura 2-9 - Exemplo de Manômetro metálico .............................................................. 23

Figura 2-10 - Exemplo de uma válvula de segurança instalada em um sistema

pressurizado [Arquivo do autor] ..................................................................................... 24

Figura 3-1 Gerenciamento de Risco utilizando RBI [8] ................................................. 26

Figura 3-2 Exemplo de uma matriz de risco [8] ............................................................. 30

Figura 3-3 Fluxograma de RBI [PATEL,2005] ............................................................. 31

Figure 4-1 Categorização dos Vasos de Pressão [10]..................................................... 34

Figure 4-2 Instrumento indicador de pressão de operação. [Arquivo do autor] ............. 35

Figure 4-3 placa de identificação de Vaso de pressão. [Arquivo do autor].................... 35

Figure 4-4 Indicação de categoria e código de identificação. [Arquivo do autor] ......... 36

Figure 4-5 Periodicidade de inspeções periódicas de vasos em empresas que não possuem

sistema próprio de inspeção [10] .................................................................................... 40

Figure 4-6 Periodicidade de inspeções periódicas de vasos em empresas que possuem

sistema próprio de inspeção [10] .................................................................................... 41

Figure 4-7 CMLs de um trecho do sistema de lama de alta pressão (em vermelho).

[Arquivo do autor] .......................................................................................................... 51

Page 10: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

x

Figure 4-8 Periodicidade máxima de inspeções segundo a API 570 [11]. ..................... 52

Page 11: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como
Page 12: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

1

1. INTRODUÇÃO

O Petróleo se tornou a principal fonte de energia não-renovável no último século, sua

importância se refletiu em importantes eventos políticos e no, cada vez maior, esforço

para sua exploração e produção. A exploração moderna do Petróleo se deu início no

século XIX, com o primeiro poço no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Com o

aumento das atividades industriais e o uso de motores de combustão interna, a demanda

por Petróleo cresceu vertiginosamente, sendo necessária a obtenção em novas fronteiras

para atender as necessidades energéticas crescentes.

Na primeira metade do século XX se iniciaram as explorações de Petróleo em reservas

submarinas, principalmente no Golfo do México e Venezuela, com o acompanhamento

de novas tecnologias para viabilizarem tais produções. No Brasil, a Petrobrás, estatal

responsável pela extração e refino de petróleo em território nacional, começou a

exploração de reservas submarinas na década de 70, com a descoberta do campo de

Guaricema em Sergipe. Desde então a exploração e produção de Petróleo na costa

brasileira aumentou consideravelmente, com a descoberta das reservas do Pré-sal,

colocando o País no mapa como um dos novos grandes “players” do mercado e

fomentando a indústria naval e Offshore no país. Estima-se que lá estejam guardados

cerca de 80 bilhões de barris de petróleo e gás, o que deixaria o Brasil na privilegiada

posição de sexto maior detentor de reservas no mundo.

Os campos do Pré-sal se estendem do Norte da Bacia de Campos até o Sul da Bacia de

Santos, ocupando uma faixa de cerca de 800 quilômetros ao longo da costa brasileira e a

uma distância de até 300 quilômetros da costa. As jazidas se localizam em lâminas d’água

de até 2000m, seguidas por uma camada de sal que varia entre 4000 e 6000 m, totalizando

uma profundidade de exploração de até 8000m.

Page 13: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

2

Figura 1-1 - Área de exploração do Pré-sal [1]

O pré-sal representa uma fronteira pra a exploração de Petróleo, suas grandes

profundidades precisam de cada vez mais tecnologia e esforço para viabilizar a

exploração e produção de Petróleo nessa região. Além disso, a presença de ácido

sulfídrico e gás carbônico nas reservas apresenta mais um desafio para o projeto.

Nesse contexto de exploração de reservas submarinas em águas ultra profundas, as

Sondas de perfuração marítima se apresentam como as melhores alternativas para a

perfuração e completação de poços. As Sondas podem ser Plataformas

Semissubmersíveis ou Navio-Sonda (Drillsips), embarcações projetadas e equipadas para

operar em elevada lâmina d’água e em condições adversas de alto-mar de forma segura e

controlada. Essas embarcações estão em uma operação de alto risco, em um ambiente

adverso envolvendo ativos de alto valor, sendo o gerenciamento de integridade da sonda

e de seus equipamentos fundamental para uma operação confiável e segura.

O objetivo desse trabalho é analisar o gerenciamento de integridade de um Drillship,

especificamente de vasos de pressão e tubulações, equipamentos de alto risco que operam

com altas cargas e em contato direto com a tripulação. Devido a sua alta criticidade, Vasos

Page 14: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

3

de Pressão e tubulações são regulados por autoridades em engenharia e legislação

nacional, e tais normas serão apresentadas e como na prática devem ser aplicadas nos

programas de manutenção e inspeção. Espera-se gerar um material didático e coeso, para

esclarecimento e referência sobre a área, que possa servir como guia para os envolvidos

em atividades de gerenciamento de integridade e inspeção de vasos de pressão e

tubulações.

Descrição das atividades e objetivos do trabalho

Uma vez introduzida a temática abaixo segue uma breve descrição do conteúdo dos

próximos capítulos deste trabalho.

No capítulo 2 será apresentado o Navio de perfuração, o Drillship, descrevendo sua

operação, sistemas e equipamentos de forma geral. Então, serão apresentados os conceitos

de vasos de pressão e tubulações e como eles se aplicam em um Navio Sonda.

No capítulo 3 será introduzido o conceito de gerenciamento de integridade e de inspeção

baseada no risco, abordando como se aplica no contexto de Vasos de Pressão e tubulações

em um Navio sonda.

No capítulo 4 as normas e legislação aplicável a esses equipamentos serão descritas e

discutidas, buscando sumarizar o que se espera que seja feito no gerenciamento de

integridade dos equipamentos em questão. Ao longo desse capítulo serão incluídos

comentários de profissionais da área, coletados em entrevistas, de forma a trazer uma

perspectiva mais próxima do campo para essa questão.

Page 15: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

4

2. O DRILLSHIP E SUAS PRINCIPAIS TECNOLOGIAS

As unidades flutuantes de perfuração marítima podem ser Plataformas

Semissubmersíveis, uma estrutura com um ou mais conveses apoiadas por colunas em

flutuadores submersos, ou um Navio-Sonda ou Drillship, embarcação que começou a ser

desenvolvida a partir de adaptações na década de 1940 para uma embarcação

especializada. Apesar do tema de gerenciamento de integridade de Vasos de Pressão e

tubulações seja comum aos dois tipos de embarcação, esse trabalho irá usar um Drillship

como referência e tratará das suas peculiaridades.

Normalmente empregado em lâminas d’água que variam entre 600 e 2000 metros, o

Drillship utiliza o Derrick para fornecer torque a coluna de perfuração que passa através

do Moonpool até o leito marinho, onde o poço é perfurado e depois completado. A

embarcação é desenvolvida com esse propósito e todo o seu arranjo gira em torno dessa

operação. Durante a perfuração de poços, um Navio-Sonda está conectado a

equipamentos no fundo do poço e precisa permanecer parado, independente da ação de

correnteza, ventos e ondas. Para isso são usados sistemas de ancoragem, compostos de

um conjunto âncoras e cabos ou correntes presos em catenária ou retesados que mantem

a embarcação na posição e mais comuns em embarcações antigas, ou sistemas de

posicionamento dinâmico, onde sensores de posição determinam a deriva e propulsores

no casco acionados por computador restauram a posição da Sonda[2], o sistema de

posicionamento dinâmico se tornou a regra para os Drillships nos últimos anos.

Uma grande vantagem do Drillship, em relação a uma Sonda Semissubmersível, é ser

uma embarcação auto propelida, capaz de rapidamente se deslocar de um poço ao outro,

aumentando a produtividade e diminuindo o tempo ocioso da unidade.

Para melhor entendimento desse tipo de embarcação, abaixo será descrita uma operação

de perfuração de poço, então os principais equipamentos e sistemas dessa embarcação

serão apresentados e, posteriormente, será introduzido como os Vasos de Pressão e

Tubulações se aplicam a esses sistemas e sua utilização.

2.1 A Operação

A perfuração de poços submarinos é feita por fases, relacionadas as características das

rochas encontradas e a profundidade do reservatório. Como é de se esperar, a perfuração

Page 16: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

5

começa em um maior diâmetro e vai afunilando, cada diâmetro é definido por uma broca,

que acaba por representar cada etapa da perfuração. Basicamente, é utilizado o torque

fornecido pelo Top Drive e o peso da coluna para que a broca tenha força necessária para

“abrir caminho” através do leito marinho e as subsequentes camadas de rochas. A

composição dos diferentes elementos da coluna de perfuração é estabelecida de modo a

garantir que haverá a rigidez, ou flexibilidade, e peso suficientes na coluna e na broca.

Durante o processo são utilizados fluidos de perfuração que possuem diversas funções

como: manter as pressões de formação sob controle, carregar os cascalhos até a superfície,

manter a estabilidade mecânica do poço, resfriar a broca, transmitir força hidráulica até a

broca e manter os cascalhos em suspensão quando sem circulação. O tipo de fluido, ou

lama de perfuração, a ser utilizado depende da natureza da rocha que está sendo perfurada,

uma vez que diferentes materiais precisam de diferentes características para manter a

integridade do poço. O fluído utilizado pode ter diversas características, podendo ser a

base de água, óleo ou sintéticos, dependendo da sua aplicação.

O coração da operação de perfuração é a Torre de Perfuração/Convés de Perfuração, onde

a coluna de perfuração é montada e recebe o torque para perfurar, sendo descida pelo

Moonpool no centro da embarcação. Nessa área é onde a perfuração é controlada e o

arranjo da planta gira em torno. Os tubos de perfuração e risers são içados para dentro da

torre dos seus respectivos conveses, um de cada lado da torre, por equipamentos de

içamento, e arranjados na vertical.

A coluna é montada apoiada em cunhas sobre a mesa rotativa, que sustenta todo o seu

peso. Conforme a coluna é montada ela é descida para o fundo do mar onde é realizada a

perfuração. Abaixo segue uma descrição em etapas de um dos métodos de como a

perfuração é feita, para fins ilustrativos serão utilizados os diâmetros de brocas e tubos

utilizados na perfuração apresentada na a pág. 114 da referência [2] deste relatório.

• Etapa 0: É descido um conjunto Base Guia Temporária (BGT) junto a um tubulão,

que é assentado com 14m de profundidade e servirá como apoio para descida da

coluna de perfuração.

• Etapa 1: Desce-se uma coluna de perfuração, com a broca de 26” e alargador de

36” , utilizando água do mar e retornando os cascalhos diretamente a superfície,

então é descido um revestimento (Casing) de 30”, um tubo metálico que será a

“parede” do poço, e é feita a cimentação dessa etapa. Junto a ele é descida a base

Page 17: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

6

guia permanente (BGP), por onde irão passar elementos das próximas etapas e

será posteriormente assentado o BOP.

• Etapa 2: Finalizada a primeira etapa é descida uma nova coluna de perfuração,

com uma broca de 26”. A mesma perfura até certa profundidade e ainda mantem

a circulação para limpar o poço de cascalhos com o auxílio da água do mar. Uma

vez perfurado e limpo, a coluna é retirada e é descido o revestimento de 20”, que

uma vez no local é feito o processo de cimentação dessa etapa e instalado um

alojador de alta pressão na sua extremidade superior, que irá promover a

integração do revestimento de superfície com os demais componentes.

• Etapa 3: É descida a coluna de risers e o Blow Out Preventer (BOP) para serem

instalados na base guia permanente (BGP), proporcionando continuidade do Deck

de perfuração para o poço, promovendo maior controle de injeção de lama,

pressão dentro do poço e permitindo as próximas etapas de perfuração.

• Etapa 4: As operações de perfuração continuam até a conclusão da perfuração do

poço.

Finalizada a perfuração é feita a completação do poço, afim de equipa-lo para a produção

de Óleo ou Gás. Nessa etapa é instalada a Base adaptadora de Produção, feito o

condicionamento do poço, avaliação da cimentação, estimulação do poço, instalação da

coluna de produção e da árvore de natal molhada. Vale ressaltar que nem sempre é feita

a completação dos poços logo após a sua perfuração, nesses casos uma capa de abandono

é instalada, permitindo a posterior retomada dos trabalhos [2].

Page 18: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

7

Figura 2-1- Esquemático de um poço [3]

2.2 Sistemas E Equipamentos

O Drillship é uma embarcação extremamente complexa e com inúmeros tipos de

equipamentos, estruturas e sistemas. De forma geral, podemos definir os principais

sistemas de um Navio Sonda como:

• Sistemas de Movimentação de Carga

• Sistema Propulsivo/ Sistema de Posicionamento Dinâmico;

• Sistema de Geração de Energia e Sistemas Elétricos

• Sistema de Comunicação, controle e instrumentação

• Pacote de Perfuração;

O Sistema de Movimentação de carga está relacionado aos equipamentos utilizados para

mover cargas pela embarcação, isso inclui guindastes, equipamentos soltos de içamento

BOP

Riser

Page 19: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

8

como: manilhas, eslingas, grampos, patescas e outros; e equipamentos fixos de

movimentação, como olhais, paus de carga e vigas. Durante a operação normal de um

Drillship a tripulação tem a necessidade de mover muitos equipamentos, seja para a

operação de perfuração em si, como os tubos de perfuração, que são movidos para dentro

do Drill Floor, seja em atividades periféricas, como mover um componente dentro da sala

de máquinas. Por se tratar da suspensão de cargas e o risco inerente a essa atividade todos

esses equipamentos devem estar em constante avaliação e sujeitos a inspeções periódicas

para garantir que funcionem de forma correta e segura.

O Sistema Propulsivo e o Sistema de posicionamento dinâmico se sobrepõem em um

Navio-Sonda, uma vez que em embarcações mais modernas se utilizam de uma propulsão

diesel-elétrica com Thrusters azimutais que servem tanto para propelir a embarcação

quando precisa se movimentar, quanto para fornecer as cargas para anular as forças de

corrente, vento e ondas para mantê-la parada. Os Drillships modernos utilizam uma tripla

redundância no sistema de posicionamento dinâmico, ou seja, DP3. Isso quer dizer que a

embarcação possui 3 conjuntos de motores que operam de forma independente e, se um

falhar, ainda há dois sistemas para supri-lo. Um arranjo típico são 6 propulsores

azimutais, divididos entre as 3 praças de máquinas do navio.

O Sistema de Geração de energia é composto por conjuntos Diesel-Geradores utilizados

para abastecer a embarcação, incluindo os propulsores azimutais. Esses geradores

fornecem corrente alternada a um barramento trifásico, que passa a corrente por pontes

de retificadores controlados de silício e transformam em corrente continua, para alimentar

os inúmeros equipamentos da sonda e da área de vivência, após passar por um

transformador [2]. Uma embarcação desse porte gera altas tensões e possui robustos

sistemas de transmissão de energia, que devem ser tratados com cuidado e, devido a sua

alta periculosidade, estão sujeitos a normas e legislações, como a NR-10, sendo

necessário acompanhamento constante e inspeções periódicas nesses sistemas e nos

equipamentos de proteção associados a eles.

Já o Sistema de Comunicação, controle e instrumentação está presente em praticamente

todas as atividades realizadas a bordo. A comunicação é fundamental para a segurança

em qualquer operação e por alinhar os trabalhos de todas as equipes. Um Navio-sonda

possui diversos equipamentos de comunicação com o exterior e dentro da unidade. Esse

sistema também permite controlar as operações a bordo e o meio ambiente ao seu redor,

Page 20: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

9

fornecendo parâmetros e dados importantes. Os instrumentos são fundamentais para

garantir a segurança das operações e serão mais bem tratados adiante.

O Pacote de perfuração é o mais característico de um Drillship, uma vez que é o que

realiza a sua atividade fim e o mais relevante para o tema desse trabalho, sendo por isso

o que será abordado em maiores detalhes. Para fins didáticos os seus elementos serão

devidos em quatro grupos, que serão explicados abaixo: Sistema de Içamento e Rotação,

Coluna de Perfuração, Sistema de Circulação de Lama e Sistema de Controle e Segurança

de Poço.

O Sistema de içamento e perfuração é o que sustenta, movimenta e dá torque à coluna.

Podemos definir seus principais componentes como:

1. Torre de Perfuração

2. Polias de Coroamento (Crown block)

3. Travelling block (Catarina)

4. Top drive

5. Mesa Rotativa

6. Drawworks

7. Cabo De Perfuração

8. Deadline anchor

A torre de perfuração, ou Derrick, consiste em uma estrutura de aço piramidal com seção

transversal quadrada ou retangular montada como estrutura fixa. Sua estrutura em geral

é treliçada e montada em partes, composta de aço especial, sendo necessário um

acompanhamento permanente de seus componentes sujeitos a cargas e conexões para

garantir sua integridade. Em unidades de perfuração em águas ultra profundas pode

atingir altura superior a 100m. A torre possui aberturas que permitem a passagem de risers

e tubos de perfuração para montagem da coluna, através de equipamentos de

movimentação, como Catwalks e guindastes. Dentro da torre temos os Finger Boards,

que são estruturas onde os tubos de perfuração são armazenados na vertical, e de onde

são coletados pelo Top Drive.

Page 21: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

10

A torre de perfuração é assentada sobre a Subestrutura, constituída de vigas de aço

especial montadas sobre a base da sonda, ela irá receber as descargas de peso da Torre,

provenientes do peso da coluna.

Na base da torre encontramos o drill flloor, o convés de perfuração. No drill floor é onde

acontece a montagem da coluna e a operação de perfuração é controlada, sendo o local

que recebe todos os equipamentos e suprimentos necessários para a perfuração.

No topo do Derrick temos as Polias de Coroamento (crown block), um conjunto de 5 a 8

polias fixas, que trabalham em conjunto com o Travelling Block (Catarina) para

movimentar as cargas durante as operações de perfuração. O Travelling Block (Catarina)

é um conjunto de 3 a 6 polias suspensas pelo cabo de perfuração montadas em um eixo e

contidas por uma estrutura, similar a uma patesca. O cabo de perfuração passa

alternadamente pelas polias do boco de coroamento e polias do travelling block, formando

um sistema com várias linhas passadas que se move de cima a baixo na torre, permitindo

o içamento de grandes cargas.

Já o Top Drive, produzido pela NOV e AKER, é um dos principais equipamentos desse

sistema, sendo quem realiza propriamente as operações de içamento da coluna de

perfuração, da torque à coluna e permite a circulação dos fluidos de perfuração através de

um swivel integrado. O Top Drive foi uma inovação recente da indústria de perfuração

offshore e sintetiza três equipamentos em um único, a Mesa Rotativa, o Kelly e Swivel

Head.

Quem dá poder de içamento ao arranjo e controla a descida da coluna é o Drawworks, um

poderoso guincho do qual sai o cabo de perfuração que está conectado ao Travelling

block/Top Drive. O cabo é proveniente de um carretel e é passado e fixado em uma

âncora, chamada de Deadline Anchor, que garante sua ancoragem e é onde o indicador

de peso está instalado, podendo estar localizado logo no Drill Floor ou abaixo do mesmo.

Então, ele é passado no sistema Bloco de Coroamento e Travelling Block e fixado no

tambor do Drawworks.

A figura 2-2 representa um arranjo típico desses componentes. Note que os números que

relacionam cada equipamento são os que estão na lista a cima.

Page 22: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

11

Figura 2-2 - Arranjo do sistema de içamento e rotação [4]

A Coluna de Perfuração é responsável por transmitir peso e rotação à broca, para que a

mesma atravesse as formações rochosas, e por conduzir os fluidos de perfuração e

remover os detritos das rochas que são fragmentadas pela broca do fundo do poço. Além

disso, em casos de poços inclinados são também os elementos da coluna que vão prover

direção e manter a inclinação dos tubos de perfuração. Seus principais componentes são:

• Comandos (Drill Collars): os primeiros (mais próximos da broca) componentes

da coluna, são eles que fornecem peso sobre a broca e dão rigidez à coluna,

permitindo melhor controle da trajetória do poço.

• Tubos pesados (Heavy Weight Drill Pipe): são colocados na transição entre

Comandos e Tubos de Perfuração, de forma a criar uma transição gradual entre

eles e reduzir a possibilidade de falhas por fadiga e a fricção com a parede do poço

em altas rotações a grandes profundidades.

• Tubos de perfuração (Drill Pipes): são os mais elementares componentes da

coluna de perfuração, eles estão diretamente ligados ao Top Drive e compõe a

maior parte da coluna.

Page 23: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

12

Além desses equipamentos, a coluna de perfuração também possui diversos acessórios

como Subs, que são pequenos tubos que podem realizar diversas funções dependendo da

sua concepção; Estabilizados e Escareadores, que ajudam a manter o calibre do poço e

dão maior rigidez à coluna; Alargadores e Amortecedores; e equipamentos de

movimentação de coluna, como elevadores, cunhas, chaves flutuantes e etc.

Vale lembrar que a coluna de perfuração não fica em direto contato com a água, passando

por dentro de Risers rígidos de perfuração, que além de protegerem a coluna do contato

direto com a água do mar e todas as dificuldades que isso implica, também é utilizado

para a movimentação de lama e passar comandos para a coluna.

Se faz importante citar alguns equipamentos auxiliares que são utilizados para minimizar

os efeitos da movimentação da Sonda sobre a coluna, uma vez que fazem uso de vasos

de pressão para realizar suas funções, como: Tensionadores de risers, um conjunto de

cilindros hidráulicos ligados a um anel rotativo, ligado aos risers; e os Compensadores de

Movimento, um sistema hidráulico-pneumático utilizado para manter a coluna de

perfuração em uma posição vertical constante.

O Sistema de Circulação de Lama é o responsável pelo bombeamento e circulação dos

Fluidos de Perfuração dentro da coluna e seu posterior tratamento. Vele lembrar que esses

sistemas é um dos mais relevantes para o tema desse trabalho de Gerenciamento de

Integridade de Vasos de pressão e Tubulações, uma vez que esses se fazem muito

presentes nesse sistema.

A lama de perfuração é composta de misturas complexas de sólidos, líquidos, produtos

químicos e gases. Conforme dito anteriormente, os Fluidos de perfuração têm a função

de manter as pressões de formação sob controle, carrear os cascalhos até a superfície,

manter a estabilidade mecânica do poço, resfriar a broca, transmitir força hidráulica até a

broca e manter os cascalhos em suspensão quando sem circulação. Os principais insumos

da Lama de perfuração são:

• Baritina, Calcita ou Hematita: utilizados para aumentar a densidade da lama

• Água e Óleo Diesel: Utilizado para reduzir a densidade da lama

• Bentonita: É um tipo de argila, que pode ser ativo ou inerte e é utilizado para

aumentar a viscosidade do fluido.

Page 24: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

13

Podemos dividir a circulação de lama em três fases, fase de injeção, retorno e tratamento.

As bombas de lama succionam os Fluidos de perfuração dos tanques e os injetam na

coluna de perfuração através do Swivel. Os fluidos percorrem a coluna e são passados

para o poço através dos Jatos da Broca, pequenos orifícios que permitem a passagem do

fluído. Saindo da broca o fluído de perfuração percorre o espaço anular entre a coluna e

a parede do poço ou revestimento, chegando nas Peneira Vibratória, onde se inicia o

tratamento do fluído.

A peneira vibratória tem a função de separar os sólidos mais grosseiros do fluído de

perfuração, tais como cascalho e grandes grãos de areia. Em seguida o Fluído passa por

um conjunto de dois a quatro Desareiadores, que são responsáveis por retirar a areia do

fluido. Em seguida o fluido de perfuração segue para um conjunto de 8 a 12 Dessiltadores,

responsáveis por retirar as partículas de tamanho equivalente ao Silte. Então o fluido

passa pelo Mud Cleaner, que é basicamente um Dessiltador com peneira que permite

recuperar partículas, reduzindo o gasto com aditivos. Em alguns casos o fluido ainda

passa por uma centrifuga para remover partículas ainda menores que não tenham sido

descartadas anteriormente. Por fim, o fluído é inserido com os aditivos volta para as

bombas para ser reinjetado no poço.

Figura 2-32-3 - Esquema de circulação de lama. [4]

Page 25: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

14

Os Sistemas de Controle e Segurança de poço são de extrema importância, uma vez que

fornecem informações preciosas sobre a situação do poço e parâmetros da perfuração e

garantem a segurança no caso de um “Kick”.

Durante a operação de perfuração pode ocorrer um “Kick”, que é o fluxo indesejável do

fluido contido em alguma formação ir para dentro do poço. Se não for controlado de

forma eficiente, esse fluxo pode se transformar em um Blowout, com o poço fluindo

totalmente sem controle. Esse evento pode ter sérias consequências como danos aos

equipamentos da sonda, danos ambientais, acidentes a tripulação e até a perda, parcial ou

total, do poço [2].

Quando tratamos do Controle de Poço falamos dos equipamentos necessários ao controle

e monitoramento da perfuração, esses itens são importantes para atingir a máxima

eficiência da perfuração, que está diretamente ligada a melhor combinação dos seus

diferentes parâmetros.

Diversos instrumentos são utilizados para essa função, podendo ser classificados como

indicadores, que apenas retornam o valor de um determinado parâmetro como: o

indicador de peso sobre a broca, o torquímetro que retorna o torque da coluna de

perfuração, o manômetro que indica a pressão de bombeio e o tacômetro para medir a

velocidade de rotação e do bombeio de lama. E também temos os equipamentos

registradores, que traçam curvas dos valores medidos, a exemplo do mostrador da taxa de

penetração da broca, e da taxa de bombeio de lama e a profundidade da broca.

Já o sistema de Segurança de Poço é relativo aos Equipamentos de Segurança de Cabeça

de Poço, sendo o principal deles o Blowout Preventer (BOP). Esse equipamento está

ligado as linhas de controle de fluxo e possibilita o fechamento do poço no caso de uma

perda de controle. Devido aos esforços extras ao qual está submetido, os componentes do

BOP são integrados em uma estrutura que apresenta maior resistência e confiabilidade,

compondo o BOP Stack [2].

O BOP Stack é composto de um conjunto de preventores, equipamentos que permitem o

fechamento do espaço anular, para controlar a pressão do poço e, em último caso, fecha-

lo. Um arranjo típico de BOP Stack vai consistir de um a seis preventores do tipo gaveta

na base e até dois preventores anulares no topo [2]. O funcionamento do BOP se dá

através do controle remoto feito via comandos hidráulicos ou elétricos, feitos da

superfície e transmitido através de cabos internos aos risers. Há também acumuladores

Page 26: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

15

submarinos, que são classificados como vasos de pressão, que armazenam energia

hidráulica para o rápido acionamento das válvulas e preventores no caso de um Blowout

sem necessidade de suprimento da superfície.

Porém, os preventores só são acionados em segundo caso, quando a primeira barreira de

controle falha, a pressão hidrostática da lama de perfuração. Ao BOP Stack também são

ligadas as linhas de Kill (Matar) e Choke (Sufocar), que são linhas de Lama de Perfuração

utilizadas para controlar a pressão do poço e promover circulação quando pelo meio usual

não é possivel. A linha de Choke possibilita aplicar uma “contrapressão” no caso de um

influxo ou “Kick”, permitindo controlar a pressão no poço. Já a linha de Kill permite uma

forma de bombear lama para o poço quando não é possível faze-lo pela coluna de

perfuração. Essas linhas são conectadas a manifolds no convés da embarcação, que são

ligados aos tanques de lama. Abaixo temos um exemplo de arranjo de um BOP Stack.

Figura 2-4 - Arranjo BOP Stack. [4]

2.3 Vasos de Pressão

Por definição, um vaso de pressão é qualquer reservatório utilizado para armazenar

fluidos em uma pressão interna ou externa diferente da atmosférica, independente de

tamanho e geometria. Esse tipo de equipamento é amplamente utilizado em qualquer

Page 27: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

16

planta de processo, não sendo diferente na indústria de exploração offshore de Óleo e

Gás.

Vasos de pressão são equipamentos que operam sob condições perigosas e vários

acidentes já ocorreram ao longo da história. Sendo assim, suas especificações, fabricação

e operação passaram a ser regulados por autoridades em engenharia e legislações. A

Sociedade Americana de Engenharia Mecânica (ASME) e o Instituto Americano de

Petróleo (API) são algumas das principais referências em vasos de pressão e suas

regulamentações são utilizadas como base para os parâmetros de projeto, fabricação e

operação, além das rotinas de manutenção e gerenciamento de integridade.

Figura 2-5 - Vaso de pressão vertical típico [Arquivo do autor]

Para o Brasil, a Norma Regulamentadora 13 do Ministério do Trabalho (NR-13) tem

como objetivo condicionar a inspeção e operação de vasos de pressão, caldeiras e

tubulações, e tem força de lei. A norma enquadra determinados vasos de pressão como

sujeitos aos seus requerimentos, baseando-se em parâmetros como pressão de operação,

volume e fluido são enquadrados na legislação brasileira. Os equipamentos que não são

enquadrados na norma, apesar de não sujeitos a todos os requerimentos da mesma, ainda

Page 28: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

17

devem estar incluídos em um plano de inspeção de acordo com as boas práticas nacionais

e internacionais.

Um levantamento feito no Drillship West Tellus, de propriedade da Seadrill, operando no

pré-sal brasileiro, temos cerca de 300 vasos de pressão enquadrados na NR-13, que estão

sujeitos a todos os requisitos da norma. Além desses, temos mais os itens que também

estão sob normas e padrões nacionais e internacionais, devendo estar todos incluídos no

programa de gerenciamento de integridade da Sonda.

2.4 Tubulações

Podemos classificar tubulações como um conjunto de tubos e acessórios que tem por

finalidade principal transportar fluidos de um lugar a outro. A tubulação pode conter,

misturar separar, descarregar ou distribuir produtos, conforme a necessidade do processo

[5]. Qualquer embarcação é composta de dezenas de sistemas de tubulações, esses

sistemas transportam fluidos a diversas pressões para os mais variados objetivos.

Adicionalmente, em um Drillship surge o escopo das tubulações relativas a operação de

perfuração, que operam sobre altas pressões em sistemas cruciais à unidade.

Assim como os Vasos de Pressão, as tubulações também são equipamentos que operam

sob condições perigosas, operando em alta pressão e sujeitos a ação corrosiva do

escoamento interno devido a efeitos erosivos e abrasivos. Sendo assim, o constante

acompanhamento da integridade desses elementos é fundamental para evitar vazamentos,

acidentes e perda de eficiência.

Com isto em mente, as tubulações estão sujeitas a normas de autoridades de engenharia

e legislações, a exemplo da ASME B31.3, que trata da construção de tubulações de

processos industriais e a API 570, que tange a inspeção, classificação e reparo de

tubulações de processo em operação. A NR-13 também enquadra algumas como sujeitas

as suas normatizações, que também devem fazer parte do Gerenciamento de integridade

de uma planta industrial, o que inclui um Drillship.

Podemos definir os sistemas de tubulações e vasos de pressão ligados a eles em sistemas

de alta e baixa pressão, o que define a sua criticidade e como o gerenciamento da sua

integridade deve ser tratado. A distinção entre tubulações de alta e baixa pressão é

nebulosa, em geral as normas e padrões internacionais não especificam exatamente a

Page 29: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

18

partir de qual pressão uma tubulação pode ser considerada de baixa, média ou alta

pressão. A ASME B31.3, por exemplo, exclui sistemas com pressão de projeto abaixo de

15 PSI, exceto em caso de líquidos inflamáveis ou tóxicos e danosos a tecidos humanos,

e estabelece no seu capitulo IX que sistemas que ultrapassam a pressão estabelecida na

classificação ASME B16.5 PN420 (Class 2500) podem ser classificados como alta

pressão, sendo que esta definição depende do fluido, material e temperatura do sistema.

No entanto, essas mesmas normas permitem que essa definição seja feita pelo “dono” da

planta, conforme sua operação e os riscos que está disposto a assumir. O Drillship West

Tellus, utilizado como base para exemplos nesse trabalho, considera sistemas de alta

pressão aqueles operando acima de 5000 PSI (344.7 Bar). Apesar de parecer uma margem

muito alta, vale lembrar que essa definição é feita levando em consideração a natureza da

operação, a temperatura dos fluidos e sua classificação. Essa será a definição adotada para

esse trabalho também, caso seja necessário.

Abaixo serão apresentados alguns dos principais sistemas de alta e baixa pressão. Mais a

frente será apresentada como é feita a análise de risco desses sistemas e como é tratado o

seu gerenciamento de integridade.

Sistemas de Alta Pressão

Esses sistemas, em geral, são relacionados ao pacote de perfuração e são os mais críticos,

uma vez que uma falha pode resultar em graves consequências. Abaixo segue uma

descrição dos principais sistemas de alta pressão.

Sistema de Cimento de Alta Pressão

Esse é o sistema responsável pela cimentação do poço, sendo por onde a lama é bombeada

para o interior da coluna. Os seus componentes são fabricados em liga de aço (AISI 4130)

e a sua pressão de projeto é de 1035 Bar e sua temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Sistema de Teste de Poço

Esse sistema é utilizado para realizar os testes de pressão do poço, que servem para

identificar os fluidos contidos nas formações, verificar a pressão estática do poço e a

ocorrência de depleção, determinar a produtividade da formação e etc. Os seus

componentes são fabricados em liga de aço (AISI 4130) e a sua pressão de projeto é de

1035 Bar e sua temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Page 30: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

19

Figura 2-62-4 - Linha de teste do poço (A) e Linha de Cimento de alta pressão (B) [Arquivo do autor]

Sistema de lama de alta pressão

Esse sistema pressurizado é utilizado para bombear o a lama de perfuração para dentro

da coluna e dentro do poço, conforme processo já explicado anteriormente. Ele pode ser

dividido em duas partes, antes do manifold de “Choke and Kill”, com uma pressão de

projeto de 517 Bar e temperatura de projeto de -10 a 50 ºC, e depois do manifold, com

pressão de projeto de 690 Bar e temperatura de projeto de -10 a 50ºC. Os seus

componentes são fabricados em liga de aço (AISI 4130).

Page 31: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

20

Figura 2-7 - Linha de Lama de Alta pressão saindo da bomba de lama [Arquivo do autor]

Sistema de controle de poço / Linha de Choke and Kill

Conforme explicado anteriormente, as linhas de Choke and Kill são utilizadas para

controlar a pressão do poço e promover a circulação de lama, quando não for possível

pelos meios usuais. Os seus componentes são fabricados em liga de aço (AISI 4130) e a

sua pressão de projeto é de 1035 Bar e sua temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Além dos sistemas mencionados acima temos outros que também são classificados como

de alta pressão, como: Sistema de óleo bruto, Sistema de Água de Lubrificação de alta

pressão, Sistema de água de alta pressão para controle do BOP, Sistema de óleo hidráulico

de alta pressão e outros.

Sistemas de Baixa Pressão

Os sistemas de baixa pressão são fundamentais para a operação da unidade e, apesar do

nome, esses sistemas podem operar em pressões suficientemente elevadas para causar

acidentes a tripulação e perda de ativos, devendo ser constantemente acompanhados.

Dentre os principais sistemas de baixa pressão temos.

Page 32: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

21

Sistema de Granel de Barita e Bentonita e Sistema de Granel de Cimento.

Esses dois sistemas realizam a movimentação do granel de Barita, Bentonita e Cimento,

que posteriormente serão usados para formar a lama de perfuração e a pasta de cimento

para o poço. Os seus componentes são fabricados em aço carbono (ASTM A106 Gr.B) e

a sua pressão de projeto é de 10 Bar e sua temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Sistema de Água de perfuração

Esse é o sistema de movimentação da água com aditivos que é utilizada na perfuração, e

não seu sistema de injeção no poço. Os seus componentes são fabricados em aço carbono

galvanizado (ASTM A106 Gr.B) e a sua pressão de projeto é de 10 Bar e sua temperatura

de projeto é de -10 a 70 ºC.

Sistema de Lama de Baixa pressão

Esse é o sistema usado para a movimentação da lama dentro da planta de processo da

unidade, como no sistema de armazenamento e limpeza de lama. Os seus componentes

são fabricados em aço carbono (ASTM A106 Gr.B) e a sua pressão de projeto é de 10

Bar e sua temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Sistema de Água do Mar (Sea Water)

Nesse caso se trata dos vários sistemas utilizados para movimentação de água do mar para

diversos fins, como arrefecimento e serviços gerais. Os seus componentes são fabricados

em aço carbono (ASTM A106 Gr.B) e a sua pressão de projeto é de 15.5 Bar e sua

temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Sistema de Óleo Diesel

É o sistema utilizado para movimentação de óleo diesel entre os tanques e para os

propulsores e outros equipamentos que utilizam diesel. Os seus componentes são

fabricados em aço carbono (ASTM A106 Gr.B) e a sua pressão de projeto é de 10 Bar e

sua temperatura de projeto é de -10 a 50 ºC.

Sistema de Água de Incêndio

Esse é o sistema que liga o tanque hidróforo às bombas de incêndio e as tomadas de

incêndio da Sonda. Os seus componentes são fabricados em aço carbono galvanizado

Page 33: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

22

(ASTM A106 Gr.B) e a sua pressão de projeto é de 10 Bar e sua temperatura de projeto

é de -10 a 70 ºC.

Figura 2-8 - Linha de água de incêndio [Arquivo do autor]

Os sistemas de baixa pressão apresentados são uma pequena amostra dos inúmeros que

se tem em uma Sonda de perfuração offshore típica, dentre os muitos outros sistemas

podemos citar os sistemas de: óleo lubrificante, aditivos, esgoto, água doce, sistema de

baixa pressão de gás para o flare, fluidos hidráulicos de baixa pressão e outros.

2.5 Instrumentos

A NR-13 exige que todo sistema pressurizado tem ligado a ele instrumentos de controle

e segurança para medir a pressão e evitar o acumulo de pressão acima do considerado

seguro. Dentre os principais equipamentos temos:

Manômetro

É um instrumento que mede a pressão de fluidos em sistemas fechados, como vasos de

pressão e tubulações. Existem diversos tipos de manômetros, o principal tipo utilizado na

indústria são os Manômetros metálicos ou Aneroides, que geralmente consistem em um

tubo metálico, laminado, hermético, fechado em uma extremidade e enrolado em espiral.

Page 34: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

23

A extremidade aberta se comunica com o depósito que contém o fluido cuja pressão se

deseja medir; então, ao aumentar a pressão no interior do tubo, este tende a desenrolar-

se, e põe em movimento uma agulha indicadora frente a uma escala calibrada em unidades

de pressão. Estes manômetros são para aplicações de 0,6 até 7.000 bar.

Figura 2-9 - Exemplo de Manômetro metálico

Válvulas de Segurança

O objetivo principal de uma válvula de segurança é a proteção da vida, ativos e meio

ambiente. Uma válvula de segurança é projetada para abrir e aliviar o excesso de pressão

de vasos ou equipamentos e fechar e evitar a liberação adicional de fluido após as

condições normais terem sido restauradas. Uma válvula de segurança é um dispositivo de

segurança e, em muitos casos, a última linha de defesa. É importante garantir que a

válvula de segurança seja capaz de operar em todos os momentos e em todas as

circunstâncias, sendo fundamental o seu constante acompanhamento. Elas podem ser

classificadas como:

Pressure Relief Valves (PRV):

É o dispositivo de alívio em uma Vaso de pressão que contém líquidos. Para tal válvula,

a abertura é proporcional ao aumento da pressão do vaso. Portanto, a abertura da válvula

não é repentina, mas gradual se a pressão for aumentada gradualmente.

Pressure Safety Valve (PSV):

É o dispositivo de alívio em um fluido compressível ou Vaso de pressão cheio de gás.

Para tal válvula, a abertura é repentina. Quando a pressão de ajuste da válvula é atingida,

a válvula abre quase completamente. Algumas também possui uma alavanca para abertura

Page 35: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

24

da válvula em emergências. Uma das principais diferenças entre a PSV e a PRV é que a

primeira não pode ter sua pressão de abertura alterada durante a operação, somente em

eventos de calibração do equipamento.

Figura 2-10 - Exemplo de uma válvula de segurança instalada em um sistema pressurizado [Arquivo do autor]

Page 36: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

25

3. GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE

Gerenciamento da integridade é um ponto discutido há tempos na indústria em geral.

Estudos em gerenciamento da integridade de ativos para plataforma offshore se

expandem em volume e qualidade devido a dimensão das falhas provocadas e segurança

das operações envolvidas. A história nos permite ressaltar exemplos tristes de desastres

ao longo do tempo, como: Piper Alpha, mar do norte em 1988; Deep Water Horizon,

golfo do México em 2010; Alexander L. Kielland, mar do norte em 1980; entre outros

infelizes casos.

Uma das funções da gestão de integridade é assegurar o alcance dos objetivos, por meio

da identificação antecipada dos possíveis eventos que poderiam ameaçar o atingimento

dos objetivos, o cumprimento de prazos, leis e regulamentos etc, e, implementar uma

estratégia evitando o consumo intenso de recursos para solução de problemas quando

estes surgem inesperadamente, bem como a melhoria contínua dos processos [6].

“Gerenciamento da Integridade de Ativos pode ainda ser descrito como o

processo de avaliação contínua aplicado em toda construção, design, instalação

e operações para assegurar que as instalações são e continuam adequadas à

sua finalidade.” (MILLAR, 2015)

Deve se levar em consideração também que nenhuma operação assume risco zero,

partindo desse princípio e afim de mitigar as consequentes falhas, leva-se em

consideração os seguintes fatores para análise de integridade: manutenção, inspeção,

monitoramento e programa de verificação. Esse conjunto de fatores, uma vez

institucionalizados no ambiente coorporativo, propicia ferramentas palpáveis para

adequação do estudo no cenário escolhido.

Diversas metodologias podem ser empregadas para implementar o gerenciamento de

integridade de ativos em uma planta de processos. Esse estudo sobre o gerenciamento de

integridade de Vasos de Pressão e tubulações em um navio sonda será baseado na

Inspeção Baseada em Risco (RBI), uma ferramenta já conhecida no mercado que permite

determinar os intervalos, tipo e abrangência de inspeções baseada no risco relacionado

aos ativos.

3.1 Inspeção Baseada em Risco (RBI)

“Inspeção Baseada em Risco (RBI) é um método utilizado para

identificar e gerenciar os riscos associados com a integridade dos

Page 37: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

26

sistemas de pressão, a fim de reduzi-los a um nível ALARP (tão baixos

quanto razoavelmente praticável). Este método é utilizado como base

para priorizar e controlar os esforços de um programa de inspeção, a

fim de garantir que a inspeção é realizada de uma forma rentável e em

conformidade com a legislação pertinente no mar, a orientação da

indústria e exigências da empresa.” (MILLAR, 2015)

Risco pode ser classificado como algo que indivíduos se dispõem diariamente em sua

tomada de decisão. Proposital ou involuntariamente nos colocamos em situações onde a

decisão final é fundamentada por uma análise de risco, desde o simples ato de atravessar

a rua até a construção de uma unidade de produção de petróleo. A mensuração do Risco,

portanto, pode ser definido como o produto da multiplicação da probabilidade da falha e

consequência da falha:

“Risco = probabilidade de falha x consequência da falha.” [8]

Um programa de RBI completo visa o gerenciamento da integridade por determinar a

combinação ótima entre os métodos e frequência de inspeção; reduzindo as falhas e

controlando os riscos. Na Figura 3-1 vemos a linha superior que representa uma inspeção

convencional. Note que com o investimento inicial o risco é diminuído ao longo da

frequência de inspeção, mas não nos mesmos níveis de uma inspeção otimizada por RBI,

representada pela linha inferior. A Figura 3-1 ainda ilustra como o risco pode, inclusive,

aumentar em uma inspeção convencional, dada alta periodicidade de inspeção e a quão

invasiva é a inspeção, acelerando a deterioração do equipamento. [8]

Figura 3-1 Gerenciamento de Risco utilizando RBI [8]

Page 38: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

27

Vale ressaltar que para se estabelecer uma rotina de manutenção baseada no risco é

preciso institucionalizar cargos e departamentos dentro do ambiente corporativo,

estabelecendo funções que vão garantir que o processo seja feito de forma adequada e

que seus resultados possam ser confiáveis. Isso requer o investimento educacional nas

funções estabelecidas, como: coordenador de RBI, Engenheiro de inspeção, Engenheiro

de integridade, Engenheiro de materiais, responsável pelos processos químicos,

responsável por operações e etc.

3.1.1 Estruturação do programa de RBI

Na prática, a estruturação de um programa de RBI envolve análises quantitativas e

qualitativas para determinar as consequências e probabilidade de falha dos ativos,

determinando o risco da operação, que será a uma fonte de informação valiosa para a

estruturação dos programas de inspeção.

Consequência e probabilidade de falha em Vasos de Pressão e tubulações

O programa de RBI combina a eventualidade do equipamento em falhar com as possíveis

resultantes da falha.

Como um exemplo, analisemos um vaso de pressão que tenha uma de suas válvulas de

contenção de fluido danificada. O vazamento pode levar a uma série de danos a estrutura.

como:

• Acumulo de gás na periferia do equipamento propiciando ignição;

• A liberação de substâncias danosas ao ser humano;

• O derramamento de substâncias danosas ao meio ambiente;

• A parada de produção devido ao vazamento;

• Consequências diretas na segurança operacional e rentabilidade do projeto.

Uma vez que as consequências são enumeradas e a probabilidade de tal evento acontecer

reportada, temos o risco da operação dimensionado. Esses parâmetros podem ser melhor

exemplificados através de uma matriz de risco, que correlaciona consequência e

probabilidade de falha, que será descrita posteriormente.

Page 39: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

28

Análise Qualitativa

Podemos definir uma análise qualitativa como:

“Análise que usa amplas categorizações para probabilidades e

consequências da falha. Métodos que utilizam principalmente

julgamento de engenharia e experiência como base para a determinação

das probabilidades e consequências da falha.” (API 580, 2009,)

Através de métodos qualitativos se tem a dimensão das resultantes da falha dentro do

domínio onde o material de estudo se encontra. Esta análise requer profundo expertise e

domínio do sistema como um todo, uma vez que os resultados são demonstrados tanto

por intervalos quanto por classificações, como: alto, médio e baixo risco. Portanto,

diferentemente da análise quantitativa que apresenta valores discretos, o estudo

qualitativo é representado por valores menos precisos.

Análise Quantitativa

A análise quantitativa pode ser definida por:

“Uma análise de risco quantitativa (QRA) completa integra em uma

metodologia uniforme as informações relevantes sobre o projeto de

instalação, práticas operacionais, histórico operacional, confiabilidade

dos componentes, as ações humanas, a progressão física de acidentes, e

potenciais efeitos ambientais e de saúde.” (API 580, 2009,)

Durante o estudo quantitativo, combina-se os fatores estruturais e ambientais. Estudos de

risco e operabilidade (HAZOP) e falha humana são incluídos na QRA, que por fim é mais

detalhada do que o próprio estudo de RBI. Diferentemente da análise qualitativa, o estudo

quantitativo mostra com maior precisão a profundidade do risco envolvido, geralmente

representado em custo por ano.

Tomemos a exemplificação demonstrada na norma do Instituto de Petróleo Americano

(API) 580 [2009], que pode ser adaptado para nossa análise. Uma tubulação contendo

líquido inflamável é acessada para inspeção. O risco quantificado do vazamento até a

propagação final do fogo seria – valores não condizentes com a realidade aplicados:

Probabilidade de fogo = (Probabilidade de falha) x (probabilidade de ignição)

Probabilidade de fogo = (0,001 por ano) x (0,01) = 0,00001 por ano = 10-5 por ano

A probabilidade em não se ter fogo, portanto, seria:

Page 40: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

29

Probabilidade não fogo = (Prob de falha x Prob não ignição) + Prob não falha

Probabilidade não fogo = (0,001 por ano x 0,99) + 0,999 por ano = 0, 99999 por ano

Considerando que a situação de fogo é avaliada a um custo de $ 107, teremos, portanto:

Rico de fogo = (10-5 por ano) x ($ 107) = $100/ano.

Avaliação de Risco

A avaliação de risco é valiosa para estabelecer os planos de manutenção, a partir dela são

definidos os sistemas e pontos mais críticos e estabelecidas as prioridades, periodicidade

e abrangência dos planos de inspeções.

Identificação de periculosidade (HAZID)

A análise qualitativa deve se iniciar pela identificação da periculosidade envolvida na

operação, HAZID (Hazardous Identification), mais conhecido também como

mecanismos de danos. O HAZID pode, por exemplo, identificar perdas como: corrosão

interna, corrosão externa, erosão, falhas estruturais, superdimensionamento de pressão

hidráulica, entre outros fatores que variam conforme o sistema em análise. Para tal

levantamento, se faz necessário o histórico operacional do sistema e contribuição da

engenharia com o detalhamento do equipamento.

Quando tratamos da análise de probabilidade de vasos de pressão e tubulações todas as

formas de danos físicos que seriam razoáveis de esperar que afetem esses equipamentos

operando em um Navio Sonda devem ser considerados [9], como:

• perda de metal externa devido à corrosão localizada ou geral;

• todas as formas de trinca e quaisquer outras formas de corrosão metalúrgica;

• danos mecânicos (por exemplo, fadiga, fragilização, deformação, etc.).

Outras características também devem ser levadas em consideração, como:

• Materiais de construção.

• Condições de projeto do navio, relativas às condições de operação.

• Adequação dos códigos e padrões de design utilizados.

• Eficácia dos programas de monitoramento de corrosão.

Page 41: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

30

• A qualidade dos programas de garantia / controle de qualidade de manutenção e

inspeção.

Avaliação das consequências

Durante esta análise, leva-se em consideração os efeitos da falha no ambiente operacional.

Os fatores usualmente utilizados na estruturação dos conceitos são: Segurança, Meio

Ambiente, Produção e Custo. Todos estes avaliados conforme a gravidade do risco

envolvido, por vezes caracterizado como: Negligenciado, Marginal, Moderado, Crítico e

Catastrófico.

No escopo da avaliação de consequências de um vaso de pressão, por exemplo, deve

considerar os possíveis incidentes que podem ocorrer como resultado da liberação de

fluido, o tamanho de uma liberação potencial e o tipo de uma liberação potencial (inclui

explosão, incêndio ou exposição tóxica). A avaliação também deve determinar os

potenciais incidentes que podem ocorrer como resultado da liberação de fluidos, que

podem incluir: efeitos, danos ambientais, danos ao equipamento e tempo de inatividade

do equipamento [9].

Matriz de risco

O resultado da junção de ambas análises de consequência e probabilidade de falha podem

ser ilustrado através da matriz de risco. Quão maior nível de informações coletadas e

precisão na escolha dos valores e conceitos mais precisa é a esquematização de risco para

futura decisão da periodicidade de inspeção.

Consequência da Falha

Probabilidade

de Falha Negligenciado Marginal Moderado Crítico Catastrófico

Muito alto MÉDIO MÉDIO ALTO ALTO ALTO

Alto BAIXO MÉDIO MÉDIO ALTO ALTO

Médio BAIXO BAIXO MÉDIO MÉDIO ALTO

Baixo BAIXO BAIXO BAIXO MÉDIO MÉDIO

Muito baixo BAIXO BAIXO BAIXO BAIXO MÉDIO Figura 3-2 Exemplo de uma matriz de risco [8]

Operabilidade Do Programa de RBI e Periodicidade De Inspeção

Page 42: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

31

De maneira facilitada, PATEL, Ramesh J., disponibiliza um fluxograma de fácil

entendimento em seu artigo intitulado “Risk Based Inspection” de novembro de 2005 –

Fig. 3-3.

Figura 3-3 Fluxograma de RBI [PATEL,2005]

Com base nas informações coletadas em cada etapa do diagrama proposto na Fig. 3-3 é

possível se criar cenários de inspeções periódicas. Exemplificando para o caso de sistemas

pressurizados, durante o primeiro ano é proposto a varredura de todos os pontos críticos

dos sistemas. Informações de programas de inspeção tradicionais são requeridos, caso

não se tenha tais informações, os pontos de análise ao longo do domínio de estudo serão

determinados durante as reuniões periódicas com informações empíricas sugeridas pelos

participantes. Já no segundo ano de análise consegue-se traçar o comportamento do

sistema considerando o fluido de trabalho e a taxa de corrosão, comportamento este que

será confirmado no terceiro ano de inspeção.

A reavaliação sistêmica deve incluir os critérios de falha já considerados em momento

anterior e os eventos que ocorreram no decorrer do ano, que pode inferir diretamente na

periodicidade de inspeção. A coleta de dados é determinada pelo time e pode ser

reavaliada ao longo do processo. Um exemplo de tal reavaliação seria a seleção de um

novo método de inspeção perante a confirmação de estabilidade do sistema ao longo

tempo.

Coleção de dados

e informações

Consequência

da falha

Probabilidade

da falha

Avaliação

de risco

Plano de

inspeção

Mitigação

(se aplicável)

Reavaliação

Page 43: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

32

4. GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE SEGUNDO

NORMATIZAÇÃO

Conforme dito anteriormente, devido a seu alto grau de criticidade, vasos de pressão e

tubulações estão sujeitos a diversas normatizações que tem por objetivo garantir a sua

integridade.

Nesse capitulo serão abordadas as normas mais relevantes para esses equipamentos

quando se encontram em Navios Sonda operando sob legislação brasileira e o trabalho

que as normas pedem que sejam executados. Em suma, as normas serão “destrinchadas”

explicando de forma prática o que deve ser feito para estar em conformidade com as

mesmas. Serão incluídos conhecimentos coletados com profissionais do ramo, de forma

a tornar esse trabalho mais próximo da realidade.

Por este trabalho tratar de embarcações operando sob a legislação brasileira, a Norma

Regulamentadora 13, que estabelece requisitos mínimos para gestão da integridade

estrutural vasos de pressão e suas tubulações de interligação, será a principal norma

abordada, sendo utilizadas outras normativas tradicionais nessa assunto, como a API e a

ASME, quando a norma brasileira se mostrar ambígua ou aberta a outras referências.

4.1 Vasos de Pressão

Para efeitos de gerenciamento de integridade e normativas a serem cumpridas, os vasos

de pressão podem ser classificados naqueles enquadrados na Norma Regulamentadora

número 13, e sujeitos a suas requisições, e naqueles que não estão enquadrados na mesma,

mas ainda devem estar sujeitos ao gerenciamento de sua integridade e incluídos nos

planos de manutenção.

Vasos de Pressão Enquadrados na NR-13

Conforme dito anteriormente, são enquadrados na NR-13 os vasos de pressão que

possuem as seguintes características:

− vasos de pressão cujo produto P.V seja superior a 8 (oito), onde P é a pressão

máxima de operação em kPa e V o seu volume interno em m³;

Page 44: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

33

− vasos de pressão que contenham fluido da classe A independente das dimensões

e do produto P.V;

A definição dos fluidos é dada por:

fluidos de classe A:

- Fluidos inflamáveis;

- Fluidos combustíveis com temperatura superior ou igual a 200 ºC (duzentos

graus Celsius);

- Fluidos tóxicos com limite de tolerância igual ou inferior a 20 (vinte) partes por

milhão (ppm);

- Hidrogênio;

- Acetileno.

fluidos de classe B:

- Fluidos combustíveis com temperatura inferior a 200 ºC (duzentos graus

Celsius);

- Fluidos tóxicos com limite de tolerância superior a 20 (vinte) partes por milhão

(ppm).

fluidos de classe C:

- Vapor de água, gases asfixiantes simples ou ar comprimido.

fluidos de classe D:

- Fluido não enquadrado acima.

Em caso de mistura de fluidos, para possíveis efeitos de cálculo, deve-se considerar

sempre aquele que apresenta maior risco aos trabalhadores e instalações, conforme o

Anexo IV 1.1.1 da NR 13.

A NR-13 classifica os vasos de pressão em grupos de potencial de risco em função do

produto P.V, onde P é a pressão máxima de operação em MPa, em módulo, e V o seu

volume em m³. Então os vasos são categorizados de acordo com o seu potencial de risco

e a classe do seu fluído, conforme mostra a figura 4-1. Percebe-se que a figura 4-1 se trata

Page 45: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

34

de uma matriz de risco, e que a NR-13 parece adotar uma metodologia baseada no risco

para gerenciar a integridade dos sistemas de pressão, definindo a sua criticidade e como

devem ser tratados nos programas de manutenção.

Figure 4-1 Categorização dos Vasos de Pressão [10]

No Drillship West Tellus, tomado como referência, um exemplo de Vaso de categoria I é

o desgaseificador a vácuo, que remove ar ou gás que estejam na Lama de Perfuração; já

na Categoria II temos os vasos de pressão dos tensionadores de riser e compensadores de

coluna.

Uma vez que o vaso esteja enquadrado na norma ele deve cumprir alguns requisitos

mínimos para a operação, tais como: possuir válvula ou outro dispositivo de segurança

com pressão de abertura ajustada em valor igual ou inferior à Pressão Máxima de

Trabalho Admissível (PMTA), instalada diretamente no vaso ou no sistema que o inclui;

possuir dispositivo de segurança contra bloqueio inadvertido da válvula quando esta não

estiver instalada diretamente no vaso; possuir um instrumento que indique a pressão de

operação (ver figura 4-2); placa de identificação, indelével, com no mínimo as seguintes

informações (ver figura 4-3):

− Fabricante;

Page 46: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

35

− Número de Identificação;

− Ano de Fabricação;

− Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA),

− Pressão de Teste Hidrostático e

− Código de Projeto e Ano de Edição.

O vaso de pressão deve também possuir a indicação de sua categoria e seu número ou

código de identificação (ver figura 4-4).

Figure 4-2 Instrumento indicador de pressão de operação. [Arquivo do autor]

-

Figure 4-3 placa de identificação de Vaso de pressão. [Arquivo do autor]

Page 47: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

36

Figure 4-4 Indicação de categoria e código de identificação. [Arquivo do autor]

A norma regulamentadora de número 13 (NR13) estabelece a instalação da plaqueta de

identificação, e as informações mínimas que nela devem estar contidas. Não existe

restrição relativa ao tamanho da plaqueta, seu formato, tamanho da fonte, cor, material e

até mesmo informações extras que podem estar presentes, mas o bom senso deve ser

levado em consideração.

Além dos requisitos que afetam a estrutura e funcionalidade do vaso de pressão, faz-se

necessária, também a documentação do equipamento, devidamente atualizada. A

documentação compreende:

− Prontuário do vaso de pressão a ser fornecido pelo fabricante, contendo o código

de projeto e ano de edição; a especificação dos materiais; os procedimentos

utilizados na fabricação, montagem e inspeção final e determinação da PMTA; o

Page 48: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

37

conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento da sua

vida útil; as características funcionais; os dados dos dispositivos de segurança; o

ano de fabricação e a categoria do vaso.

− Registro de segurança constituído por livro com páginas numeradas, pastas ou

sistema informatizados ou não com confiabilidade equivalente onde serão

registradas todas as ocorrências importantes capazes de influir nas condições de

segurança dos vasos e as ocorrências de inspeções de segurança;

− Projeto de alteração ou reparo, quando necessário; e

− Relatórios de inspeção com a identificação do vaso de pressão; identificação dos

fluidos de serviço; identificação da categoria do vaso de pressão; tipo do vaso de

pressão; data de início e término da inspeção; tipo de inspeção executada;

descrição dos exames e testes executados; resultado das inspeções e intervenções

executadas; conclusões; recomendações e providências necessárias; data prevista

para a próxima inspeção e nome legível com assinatura e número de registro do

PH no conselho regional (CREA).

Um Profissional Habilitado (PH) é aquele que tem competência legal para o exercício da

profissão de engenheiro nas atividades referentes a projeto de construção,

acompanhamento da operação e da manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de

caldeiras, vasos de pressão e tubulações, em conformidade com a regulamentação

profissional vigente no País, sendo este Engenheiro Mecânico ou Naval, segundo

resolução do CONFEA nº 218/73. Um PH deve ser registrado no CREA como

responsável pela adequação e conformidade dos sistemas de vasos de pressão e

tubulações em uma planta segundo os critérios da NR-13, sendo quem responde

legalmente por esses sistemas.

Tratando-se de navios e plataformas, mesmo que estrangeiras, a NR13 deve ser aplicada,

conforme definição da NR-01, que define que todas as NRs devem ser seguidas onde há

trabalhadores operando sob o regime de CLT. Para isso, o primeiro passo é atender os

requerimentos básicos de identificação, segurança e documentação, além de categoriza-

los de acordo com a matriz de risco apresentada na figura 4-1, conforme mostrado

anteriormente. Como se espera de uma inspeção baseada no risco a categoria do vaso irá

definir como o mesmo será tratado nos planos de inspeção.

Page 49: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

38

Porém, não é incomum que Drillships que precisam se adequar a NR-13 para operar no

Brasil encontrem dificuldades para atender aos requerimentos da norma. Atender aos

requisitos de identificação e segurança, apesar de ser trabalhoso é de solução óbvia.

Porém, uma das maiores dificuldades apontadas por profissionais do ramo é a falta de

rastreabilidade da documentação dos equipamentos (data book de fabricação), uma vez

que é comum que o operador da unidade não os tenha. A falta dos registros de fabricação

pode comprometer a análise técnica e elaboração do plano de inspeção dos equipamentos,

bem como onerar o projeto de adequação à Norma Regulamentadora 13, entre outros

requisitos.

Quando não há rastreabilidade dos documentos relativos aos equipamentos, ou os

mesmos são inexistentes, é necessário que um profissional Habilitado (PH) reconstitua o

prontuário, sendo imprescindível a reconstituição das premissas de projeto, dos dados dos

dispositivos de segurança e da memória de cálculo da PMTA, conforme item 13.5.1.7 da

norma.

Para se reconstruir um prontuário de um vaso de pressão o PH precisará considerar uma

premissa de projeto para o mesmo, como a ASME sec. VIII div. I. Para reconstruir a

memória de cálculo da PMTA é necessário uma verificação do histórico do vaso e de suas

características, sendo a PMTA dada, conforme a ASME, por:

Onde:

S = Tensão Admissível do Material;

E = Coeficiente da Eficiência da Solda,

e = Espessura Mínima e

R = Raio interno do Cilindro

O primeiro e mais importante item a ser verificado é o certificado do material do vaso.

Este deve ser assinado por uma classificadora (DNV, ABS ou outra) ou o fabricante. No

Page 50: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

39

caso de vasos iguais e o certificado conter apenas os números de séries de alguns desses

vasos, o PH pode considerar os certificados para todo o grupo.

Caso não seja encontrado o certificado, existem duas alternativas que podem ser

consideradas:

1. A análise do material (PMI - Positive Material Identification) pode ser utilizada

para determinação da liga ou,

2. A premissa de que o material do vaso é o aço grau A283 Grade C, o material mais

básico e com as menores características de resistência mecânica, utilizado na

confecção de vasos de pressão, conforme a ASME VIII seção II. Dessa forma

estará utilizando o parâmetro mais conservador.

É requisito da ASME VIII que os vasos de pressão que possuem tampos soldados

necessitam ser radiografados para que seja assegurada a eficiência do processo de

soldagem, nesses casos o coeficiente considerado é 1,0. Em casos que Mednão se tenha

registro do processo de soldagem, o coeficiente de junta considerado para cálculos deve

ser de 0.7. Caso não haja tampos soldados, é considerado coeficiente 1,0.

Vale lembrar que a maior causa de reprovações/reduções de pressões de trabalho é a não

existência de documentos que comprovem o processo de soldagem, quando existente, e

o material utilizado para confecção do vaso, levando a considerar um material de tensão

admissível menor que a real.

Para efeito de verificação da espessura do vaso de pressão dois tipos de medição de

espessura podem ser efetuados, o ‘spot check’, também chamado de medição por pontos,

com aproximadamente 20 pontos de medições, incluindo sempre casco e tampo, ou então,

varredura por ultrassom que também pode ser utilizada como substituição ao teste

hidrostático por ensaio não destrutivo alternativo. Neste caso, o PH deverá certificar-se

que o relatório terá explicitamente a realização da medição por varredura. Com a menor

espessura obtida pode-se facilmente determinar o raio interno do cilindro e calcular a

PMTA. Vale ressaltar que a PMTA não deve ser superior a pressão de projeto.

Em posse de todas as informações necessárias já detalhadas, conforme solicitado, é

possível a geração de uma base de dados que resulta na categoria de cada vaso, o que nos

permite definir a periodicidade das inspeções.

Page 51: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

40

Plano de Manutenção de Vasos de Pressão

Segundo a NR-13 os vasos de pressão devem ser submetidos a inspeções de segurança

inicial, periódica e extraordinária.

A inspeção de segurança inicial deve ser realizada em vasos novos, antes de sua entrada

em funcionamento, no local definitivo de instalação, devendo compreender exame interno

e externo. É requisito que o vaso de pressão tenha sido submetido a um teste hidrostático,

caso o mesmo não tenha sido feito durante a fabricação do mesmo, pode ser feito durante

a inspeção de segurança inicial ou até a próxima data de inspeção interna.

A inspeção de segurança periódica, constituída por exames externo e interno, e em alguns

casos também testes hidrostáticos, quando já não feitos anteriormente durante a vida do

vaso de pressão, devendo obedecer aos prazos máximos, mostrados abaixo, estabelecidos

pela norma. Vale lembrar que o prazo real deverá ser estabelecido pelo PH em função da

experiência anterior disponível, devendo ser contado a partir do último exame executado

no vaso de pressão.

Figure 4-5 Periodicidade de inspeções periódicas de vasos em empresas que não possuem sistema próprio de

inspeção [10]

Page 52: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

41

Figure 4-6 Periodicidade de inspeções periódicas de vasos em empresas que possuem sistema próprio de inspeção

[10]

A inspeção extraordinária é realizada nas seguintes oportunidades:

− sempre que o vaso de pressão for danificado por acidente ou outra ocorrência que

comprometa sua segurança;

− quando o vaso de pressão for submetido a reparo ou alterações importantes,

capazes de alterar sua condição de segurança;

− antes do vaso de pressão ser recolocado em funcionamento, quando permanecer

inativo por mais de 12 (doze) meses;

− quando houver alteração do local de instalação do vaso de pressão, exceto para

vasos móveis.

Já para instrumentos de segurança (PSV e PRV) a norma estabelece que os mesmos

devem ser desmontados, inspecionados e calibrados e mantidos em boas condições, sendo

que a periodicidade não deve ser superior ao tempo de inspeção periódica dos vasos aos

quais estão instalados. A periodicidade da dessas inspeções, de forma geral, é estabelecida

no procedimento interno do dono da planta de processos.

De acordo com profissionais do ramo, a calibração dos instrumentos é um dos aspectos

mais trabalhosos de se atender. Pois, para retirar os equipamentos do sistema é necessário

que o mesmo seja despressurizado, o que nem sempre é possível sem afetar a operação

da sonda. Esse é um dos motivos de muitas vezes unidade que vem operar no Brasil

precisarem de um tempo em shutdown e ir a um estaleiro para se adequar a NR-13, pois

Page 53: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

42

é necessário incluir redundâncias nos sistemas de tubulações de forma a permitir que a

remoção dos instrumentos seja feita sem maiores transtornos durante a operação. Quando

as linhas dos sistemas pressurizados não foram projetadas tendo em mente requisições

brasileiras e quando não é aceitável fazer tais modificações, é necessário que haja muito

planejamento para permitir a remoção periódica de instrumentos durante a operação.

É importante lembrar que, em casos de reparo e alterações no equipamento, o PH deve

elaborar um Plano de Alteração e Reparo, contemplando o motivo do reparo, as técnicas

utilizadas e incluindo esses dados no plano de RBI.

Exame Externo

Apesar de prever exames externos nos vasos de pressão, a NR-13 não especifica a

abrangência da inspeção de segurança periódica bem como as técnicas a serem utilizadas,

que deverão ser definidas pelo PH com base no histórico do vaso de pressão e nas normas

técnicas vigentes.

De acordo com a API 510 - Pressure Vessel Inspection Code:In-Service Inspection, Rating,

Repair, and Alteration, 9th Ed., 2006 - Inspeções externas são realizadas para verificar a

condição da superfície externa dos vasos, sistemas de isolamento, sistemas de pintura e

revestimento, suportes, estrutura associada; e para verificar se há vazamentos, pontos

quentes, vibração, espaço para dilatação e o alinhamento geral do vaso em seus suportes.

Durante a inspeção externa, deve ser dada especial atenção dada as soldas utilizadas para

fixar componentes (por exemplo, placas de reforço e grampos), para fissuras ou outros

defeitos. De forma geral essas verificações podem ser feitas através da inspeção visual,

dado que se tem acesso para isso. Caso contrário, técnicas alternativas precisam ser

empregadas para verificar áreas de difícil acesso, como o uso de espelhos e boroscópios.

É uma boa prática da indústria a utilização da técnica de ultrassom para medição de

espessura da parede do vaso, acompanhando possíveis perdas de material. Caso

visualmente o vaso não apresente boas condições, deve-se solicitar uma limpeza e

remoção de tinta para que também através da técnica de Ultrassom possa-se verificar se

houve perda de espessura nos pontos mais danificados externamente. Se não houver perda

significativa, apenas a pintura deve ser recomendada.

Page 54: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

43

Havendo perda de espessura, esse valor deve ser considerado como sendo o menor valor

medido e por isso uma nova verificação da PMTA deve ser efetuada a fim de evitar

informações falsas relativas a inspeção.

Também é uma boa prática averiguar a situação da calibração dos instrumentos de

segurança do vaso de pressão em sua inspeção externa, garantindo que os instrumentos

estão sempre em conformidade.

Exame Interno

Assim como para os exames externos, os exames internos, apesar de previstos não são

especificados na NR-13. Em seu glossário temos uma breve definição do que se trata, ao

definir como:” exame da superfície interna e de componentes internos de um

equipamento, executado visualmente, com o emprego de ensaios e testes apropriados para

avaliar sua integridade estrutural.”

A API 510 estabelece que uma inspeção interna deve se certificar dos bons estados das

superfícies sobre pressão e procurar danos que não seriam identificados pela inspeção

externa. De forma geral a inspeção interna é feita através do método de inspeção visual,

podendo ser utilizados diversos aparelhos para auxiliar nesse método. A API 510 também

sugere que outros ensaios como: líquido Penetrante e corrente parasita podem ser

aplicados.

Para vasos nos quais não seja fisicamente possível realizar a inspeção interna, o PH pode

definir um ensaio alternativo para verificar a integridade do equipamento, como varredura

por ultrassom, teste hidrostático e outros. São exemplos de vasos de pressão que não

permitem o exame interno:

− Aqueles que não possuem bocas de visita ou aberturas que permitam a passagem

de uma pessoa.

− Aqueles cujo diâmetro do casco não permite o acesso de uma pessoa.

− Trocadores de calor com espelho soldado ao casco, etc.

Teste Hidrostático

Page 55: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

44

A norma exige que seja feito ao menos um teste hidrostático durante a vida útil do vaso

de pressão, aceitando o teste hidrostático feito durante a fabricação do equipamento. Caso

não haja registro de tal inspeção, o mesmo deve ser executado na primeira oportunidade

possível.

O teste hidrostático pode ser feito com água a temperatura ambiente ou com o próprio

fluido de trabalho do vaso, contanto que o mesmo seja Classe D.

Vasos de Pressão Não-Enquadrados na NR-13

Segundo o item 13.2.2 da NR-13 os tipos de vasos de pressão relacionados abaixo estão

dispensados do cumprimento dos demais itens da Norma, devendo ser inspecionados sob

a responsabilidade técnica de um PH, considerando recomendações do fabricante,

códigos e normas nacionais ou internacionais a eles relacionados, bem como submetidos

a manutenção.

− recipientes transportáveis, vasos de pressão destinados ao transporte de produtos,

reservatórios portáteis de fluido comprimido e extintores de incêndio;

− recipientes transportáveis de gás liquefeito de petróleo – GLP – com volume

interno menor do que 500 L (quinhentos litros) e certificados pelo INMETRO;

− vasos de pressão destinados à ocupação humana;

− vasos de pressão que façam parte de sistemas auxiliares de pacote de máquinas;

− vasos de pressão sujeitos apenas à condição de vácuo inferior a 5 (cinco) kPa,

independente da classe

− do fluido contido;

− tanques e recipientes para armazenamento e estocagem de fluidos não

enquadrados em normas e códigos de projeto relativos a vasos de pressão;

− vasos de pressão com diâmetro interno inferior a 150 mm (cento e cinquenta

milímetros) para fluidos das classes B, C e D, e cujo produto P.V seja superior a

8 (oito), onde P é a pressão máxima de operação em kPa, em módulo, e V o seu

volume interno em m³;

− vasos intimamente ligados a equipamentos rotativos ou alternativos, pois entende-

se que, além dos esforços de pressão, estes equipamentos estão sujeitos a esforços

dinâmicos que poderão provocar fadiga, corrosão fadiga, etc. Entende-se que tais

vasos sejam cobertos por normas específicas mais rigorosas que a NR-13.

Page 56: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

45

Quando tratamos de algum item listado a cima, não há uma diretriz clara por parte da NR-

13 de como o gerenciamento de integridade do mesmo deve ser tratado, ficando a cargo

do PH definir como tal será feito.

Nesses casos, os equipamentos são inseridos no plano de RBI, onde a partir da análise de

risco do vaso de pressão e da sua criticidade o “Profissional Habilitado” irá determinar a

periodicidade e abrangência das inspeções periódicas, com base em sua experiência e

recomendações do fabricante e regulamentações. Conforme explicado anteriormente, a

inspeção baseada no risco (RBI) é um processo iterativo e, a partir dos dados coletados

sobre o equipamento ao longo de sua operação e o resultado das inspeções periódicas, os

planos de inspeção e manutenção são modificados, de forma a melhor garantir a

integridade do equipamento.

4.2 Tubulações

Para efeitos de gerenciamento de integridade e normativas a serem cumpridas, as

tubulações, assim como os vasos de pressão, podem ser classificadas naqueles

enquadrados na Norma Regulamentadora 13, e sujeitos a suas requisições, e naqueles que

não estão enquadrados na mesma. No entanto, diferente de quando falamos de vasos de

pressão, a maioria dos sistemas de tubulação em um Navio Sonda não estão entre aqueles

especificados pela norma brasileira e seu gerenciamento de integridade é feito pelo

programa de RBI estabelecido.

Nesses casos, o gerenciamento de integridade se apoia de normativas e boas práticas

internacionais, como a API 570, que trata de inspeção, manutenção e reparos de

tubulações em serviço.

Tubulações Enquadradas na NR-13

São enquadrados na NR-13 tubulações ou sistemas de tubulação interligados a caldeiras

ou vasos de pressão, enquadrados na norma, que contenham fluidos de classe A ou B

conforme mostrado anteriormente. Vale lembrar que a norma abre margem para que o

PH enquadre sistemas inteiros ou apenas linhas, conforme o seu entendimento técnico e

necessidade da planta, e é possível que apenas alguns trechos de um sistema estejam

enquadrado na norma.

Page 57: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

46

Trechos de linhas tipicamente enquadrados como NR-13 são os que estão ligados aos de

gaseificadores da planta de processos de lama ou aos ligados ao sistema de árvore de natal

molhada.

Segundo a NR-13, as empresas que possuem tubulações e sistemas de tubulações

enquadradas nesta norma devem possuir um programa e um plano de inspeção que

considere, no mínimo, as variáveis, condições e premissas descritas abaixo:

− os fluidos transportados;

− a pressão de trabalho;

− a temperatura de trabalho;

− os mecanismos de danos previsíveis;

− as consequências para os trabalhadores, instalações e meio ambiente trazidas por

possíveis falhas das tubulações.

Vemos que todas essas variáveis seriam levantadas em um programa de RBI padrão e

consideradas nas análises de risco quantitativas e qualitativas. Porém, diferente de como

faz para vasos de pressão, a NR-13 não determina uma matriz de risco especifica que

deva ser adotada, cabendo ao responsável pelo plano de manutenção desses sistemas

elabora-la.

É estabelecido pela norma brasileira que tubulações ou sistemas de tubulação devem

possuir dispositivos de segurança e indicadores de pressão de operação, conforme os

critérios do código de projeto utilizado, ou em atendimento às recomendações de estudo

de análises de cenários de falhas. Além disso, os sistemas de tubulação devem ser

identificáveis segundo padronização formalmente instituída pelo estabelecimento, e

sinalizadas conforme a Norma Regulamentadora n.º 26.

Além dos requisitos que afetam a estrutura e funcionalidade do vaso de pressão, faz-se

necessária, também a documentação do sistema, devidamente atualizada. A

documentação compreende:

− especificações aplicáveis às tubulações ou sistemas, necessárias ao planejamento

e execução da sua inspeção;

− fluxograma de engenharia com a identificação da linha e seus acessórios;

− projeto de alteração ou reparo sempre que as condições de projeto forem

modificadas e sempre que forem realizados reparos que possam comprometer a

Page 58: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

47

segurança. Lembrando que os projetos de alterações ou reparo devem ser

concebidos ou aprovados por PH; determinar materiais, procedimentos de

execução, controle de qualidade e qualificação de pessoal; ser divulgados para os

empregados do estabelecimento que estão envolvidos com o equipamento.

− relatórios de inspeção que contenham identificação da(s) linha(s) ou sistema de

tubulação; fluidos de serviço da tubulação, e respectivas temperatura e pressão de

operação; tipo de inspeção executada; data de início e de término da inspeção;

descrição das inspeções, exames e testes executados; registro fotográfico da

localização das anomalias significativas detectadas no exame externo da

tubulação; resultado das inspeções e intervenções executadas; recomendações e

providências necessárias; parecer conclusivo quanto à integridade da tubulação,

do sistema de tubulação ou da linha até a próxima inspeção; data prevista para a

próxima inspeção de segurança; nome legível, assinatura e número do registro no

conselho profissional do PH e nome legível e assinatura de técnicos que

participaram da inspeção.

Assim como para os Vasos de pressão, se o prontuário for inexistente ou extraviado, deve

ser reconstituído por PH, em processo similar ao explicado anteriormente, que envolve o

estabelecimento de premissas e determinação de especificações a partir das mesmas.

Plano de Manutenção de Tubulações segundo NR-13

Segundo a NR-13 os sistemas de tubulação devem ser submetidos a inspeções de

segurança inicial, periódica e extraordinária.

A inspeção inicial é feita logo após a instalação da tubulação, em local de operação.

As inspeções periódicas têm periodicidade máxima igual ao prazo máximo de inspeção

interna do Vaso de Pressão ou caldeira mais críticos ligados a eles. Como dito

anteriormente, a critério do PH, o programa de inspeção pode ser elaborado por tubulação,

linha ou por sistema. No caso de programação por sistema, o intervalo a ser adotado deve

ser correspondente ao da sua linha mais crítica. Os intervalos também podem ser alterados

conforme recomendação do PH, desde que embasados tecnicamente.

Já as inspeções extraordinárias devem ser feitas quando:

Page 59: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

48

− sempre que a tubulação for danificada por acidente ou outra ocorrência que

comprometa a segurança dos trabalhadores;

− quando a tubulação for submetida a reparo provisório ou alterações significativas,

capazes de alterar sua capacidade de contenção de fluído;

− antes da tubulação ser recolocada em funcionamento, quando permanecer inativa

por mais de 24 (vinte e quatro) meses.

A abrangência e o método das inspeções são definidos por PH, de forma que permitam

uma avaliação da sua integridade estrutural de acordo com normas e códigos aplicáveis.

A seguir, quando tratar dos sistemas não enquadrados em NR-13, será discutido a

abrangência e métodos recomendados pela API 570 e que podem ser aplicados nesse

contexto.

Tubulações Não-Enquadradas na NR-13

Basicamente todos os sistemas de tubulação que requerem gerenciamento de integridade

são levados em consideração no plano de RBI em um Navio Sonda. Na prática, pode-se

dizer que mesmo os trechos incluídos na NR-13 estão incluídos no programa de RBI (no

que tange a como os seus planos de inspeção são tratados), tendo em adição alguns

requerimentos.

Conforme explicado anteriormente, um plano de RBI vai categorizar os diversos sistemas

em potenciais de risco, através do estudo da sua probabilidade de falha e consequências,

e a partir dessa classificação vai determinar os intervalos de inspeção e a abrangência dos

exames/inspeções.

No estudo da probabilidade de falha de uma tubulação deve-se levantar, por exemplo, os

principais mecanismos de danos a tubulação, e a capacidade de identificar a ocorrência

desses eventos. Informações como os parâmetros de construção das linhas (material,

design, códigos aplicados e etc.) histórico de operação do equipamento e histórico de

manutenção e falhas vão servir como base para esse estudo. Já no estudo da consequência

deve-se considerar os potenciais incidentes que podem ocorrer como resultado da

liberação de fluido, o tamanho de uma possível liberação e o tipo de uma possível

liberação (inclui explosão, incêndio ou exposição tóxica). A avaliação também deve

determinar os possíveis resultados que podem ocorrem como resultado da liberação de

Page 60: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

49

fluidos ou danos ao equipamento, que podem incluir: efeitos à saúde, impacto ambiental,

danos adicionais ao equipamento e tempo de inatividade ou lentidão do processo.

O plano de RBI é iterativo e a partir dos dados coletados na operação do equipamento e

das inspeções periódicas os intervalos e abrangência das inspeções são atualizados. Por

esse motivo é fundamental também o bom registro de documentos como informações de

fabricação, relatórios de inspeção, histórico de operação e etc.

Plano de Manutenção de Tubulações

Um plano de inspeção de um sistema de tubulação deve incluir informações como:

− o tipo de inspeções necessárias (Interna, externa, teste de pressão) e as técnicas e

locais de ensaios não-destrutivos a serem aplicados;

− a periodicidade das inspeções;

− determinar os requerimentos de um teste de pressão, caso aplicável;

− descrever os reparos a serem feitos no equipamento, caso conhecidos;

− Descrever os tipos de danos conhecidos ou antecipados no equipamento e

possíveis medidas mitigatórias;

Inspeções internas não são comuns em inspeções periódicas de tubulações, devido a

dificuldade de acesso. Quando possível desmontar a tubulação, se deve verificar a

condição dos parafusos e conexões dos flanges e se verifica a condição interna dos tubos

através de inspeção visual e outros ensaios não destrutivos, como líquido penetrante e

partícula magnética.

Testes de pressão também não são comuns em inspeções periódicas, sendo necessários

quando se faz alterações ou reparos e na instalação da tubulação. Esses testes são

executados em todo o sistema e requerem uma parada na operação. Testes de serviço e/

ou testes de pressão mais baixos, usados apenas para o aperto dos sistemas de tubulação,

pode ser conduzido em pressões designadas pelo proprietário / usuário da planta.

As inspeções externas são as mais aplicáveis em inspeções periódicas e é recomendado

que se realizem as inspeções com a tubulação “on-stream”, operando, realizando diversos

ensaios não destrutivos externos que vão buscar identificar os métodos de falha apontados

no estudo de risco. Apesar das inspeções externas possuírem limitações inerentes como a

Page 61: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

50

falta de acesso ao interior do equipamento, as diversas técnicas podem fornecer um bom

acompanhamento da integridade do sistema.

Os principais ensaios não destrutivos externos mais usuais em tubulações são:

Inspeção visual externa: Serve para determinar a condição do lado de fora da

tubulação, sistema de isolamento, sistemas de pintura e revestimento, conexões,

suportes e equipamentos associado; e verificar sinais de desalinhamento, vibração

e vazamento. Especial atenção deve ser dada às soldagens de acessórios (por

exemplo, placas e clipes) procurando rachaduras, corrosão ou outros defeitos.

Quando pontos de corrosão forem encontrados ensaios não destrutivos adicionais

devem ser realizados, como medição de espessura, para averiguar a abrangência

da corrosão e os devidos reparos devem ser aplicados.

Medição de espessura por ultrassom: Medições de espessura são obtidas para

verificar a espessura dos componentes da tubulação. Esses dados são usados para

calcular taxas de corrosão, dadas em mm/ano, e a vida útil restante do sistema de

tubulação. Essas medições são tiradas enquanto a tubulação está operando, sendo

uma boa ferramenta para monitorar a corrosão e avaliar possíveis danos devido a

mudanças no processo ou operacionais.

É fundamental durante o planejamento do plano de inspeção determinar as áreas que

devem passar pela medição de espessura e ensaios não destrutivos adicionais, uma

tubulação pode ter centenas de metros de comprimento e é impraticável inspecionar tudo.

Esses trechos, conhecidos como CML (Condition monitoring location), devem ser

definidos baseados em potenciais mecanismos de danos como pontos sujeitos a maiores

cargas, a maior perda de espessura (curvas, reduções de diâmetro e conexões), alta

temperatura e etc. Sistemas de tubulação que se espera ter maiores taxas de corrosão vão

ter mais CMLs, principalmente em pontos sujeitos a perda de material localizada, devido

a efeitos abrasivos e corrosivas. Esses pontos devem ser definidos de forma a ficarem

distribuídos ao longo de toda a tubulação, de forma a serem uma amostra válida da linha

como um todo. Já em sistemas onde não se espera uma perda de espessura ou a mesma

não é localizada, por motivos como o tipo do fluido, poucos trechos curvos ou reduções

e uma consequência pouco grave de vazamento, a definição dessas áreas pode ser

reduzida ou até zerada. Na figura 4-7 temos a determinação das CMLs em um trecho do

sistema de lama de alta pressão do Navio Sonda West Tellus. Note que as áreas são

Page 62: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

51

definidas em trechos mais suscetíveis a perda de material, como curvas (ou a jusante de

curvas quando as mesmas possuem reforço) e após conexões.

Figure 4-7 CMLs de um trecho do sistema de lama de alta pressão (em vermelho). [Arquivo do autor]

É importante ressaltar que espessura mínima medida não deve ser menor que a espessura

de projeto ou a espessura estrutural mínima, sendo que em sistemas de alto risco um valor

mais conservador deve ser utilizado. Se a espessura mínima for atingida um reparo é

necessário, conforme será discutido posteriormente.

A inspeção das soldas de tubulações também pode ser incluída no plano de inspeção,

porém como essas já passam por verificações de qualidade na sua fabricação, é comum

que só se realize esse tipo de ensaio quando há alterações ou reparos na linha, ou no caso

de alguma avaria. Nesses casos métodos como radiografia e ultrassom podem ser

utilizados, e é recomendável que o critério de aceitação seja o mesmo utilizado pelo

fabricante da tubulação.

Os intervalos de inspeção serão estabelecidos a partir do programa de RBI, sistemas mais

críticos terão intervalos menores, enquanto sistemas de baixo risco podem ter os períodos

entre as inspeções estendidos. Vale ressaltar que os diferentes pontos dentro de um

mesmo sistema podem ter diferentes intervalos de inspeção, um ponto sujeito a altas taxas

de corrosão local pode ser inspecionado anualmente, enquanto um ponto de trecho reto,

Page 63: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

52

onde não se espera encontra perda de espessura, pode ser inspecionado a cada 3 anos.

Sendo que esses intervalos estão sujeitos a mudanças, conforme o princípio do RBI.

A API 570 (2016) recomenda períodos máximos para as medições de espessura e

inspeções visuais de um sistema, baseado no potencial de risco dos sistemas, definido por

classes. A figura 3-11 explicita essa periodicidade.

Figure 4-8 Periodicidade máxima de inspeções segundo a API 570 [11].

Sendo que as classes dos sistemas são dadas por:

Classe 01: Serviços com o maior potencial de resultar em uma emergência imediata se

um vazamento ocorrer. Normalmente são dados por sistemas compreendidos por:

serviços inflamáveis que podem auto refrigerar e levar a fraturas frágeis; serviços

pressurizados que podem rapidamente vaporizar durante a liberação, criando vapores que

podem coletar e formar uma mistura explosiva, como fluxos C2, C3 e C4. Fluidos que

podem vaporizar rapidamente são aqueles com atmosfera temperaturas de ebulição

abaixo de 50 ° F (10 ° C) ou onde o ponto de ebulição atmosférico está abaixo do

temperatura (tipicamente uma preocupação com serviços de alta temperatura); sulfeto de

hidrogênio (maior que 3% em peso) em corrente gasosa; cloreto de hidrogénio anidro;

ácido fluorídrico; serviços inflamáveis operando acima de sua temperatura de

autoignição.

Classe 02: Nessa classificação estão os sistemas não contidos em outras e é onde estão a

maioria dos sistemas de tubulação de processos de um Navio Sonda. Normalmente são

dados por sistemas compreendidos por: hidrocarbonetos no local que vaporizam

lentamente durante a liberação, como aqueles que operam abaixo do ponto de ebulição,

mas acima do ponto de fulgor; hidrogênio, gás combustível e gás natural no local; ácidos

fortes e cáusticos no local.

Page 64: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

53

Classe 03: Fluidos que são inflamáveis, mas não evaporam significativamente quando

vazam, ou seja, abaixo do ponto de fulgor, ou inflamáveis, mas estão localizados em áreas

remotas e operam abaixo do ponto de ebulição. Fluidos que são potencialmente nocivos

para o tecido humano, mas estão localizados em áreas remotas podem ser incluídos nesta

classe.

Classe 04: Fluidos que são essencialmente não inflamáveis e não tóxicos estão na Classe

4, assim como a maioria dos serviços utilitários. Inspeção de tubulação da Classe 4 é

opcional e geralmente é baseada nas necessidades de confiabilidade e nos impactos

comerciais, em oposição à segurança ou impacto ambiental. Normalmente são dados por

sistemas compreendidos por: vapor e vapor condensado; ar; nitrogênio; água, incluindo

água de alimentação da caldeira ou água suja retirada; óleo lubrificante, óleo de vedação;

serviços ASME B31.3, Categoria D; encanamento e esgoto.

Quando reparos e alterações forem feitos nos sistemas de tubulação o código de

construção do sistema deve ser seguido na medida que for prático para o uso em serviço.

Quando o código de construção não for aplicável, padrões internacionais como a API 570

podem ser utilizados.

Para reparações temporárias, incluindo em funcionamento, um invólucro bipartido de

encapsulamento soldado ou de caixa, desenhado pelo engenheiro de tubulação, pode ser

aplicado sobre a área danificada ou corroída. Os reparos temporários devem ser

substituídos por reparos permanentes na próxima oportunidade de manutenção.

É importante lembrar que, se tratando de tubulações operando no Brasil, em casos de

reparo e alterações no equipamento, o PH deve elaborar um Plano de Alteração e Reparo,

contemplando o motivo do reparo, as técnicas utilizadas e incluindo esses dados no plano

de RBI.

Page 65: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

54

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho consistiu em apresentar do que se trata o gerenciamento de integridade de

vasos de pressão e tubulações em um Navio de Sonda e descrever o trabalho que deve ser

feito para adequar, a legislação e normas nacionais, os equipamentos de um Drillship que

venha operar no Brasil.

Primeiramente, no capítulo 2, contextualizamos a operação de uma embarcação dessa

natureza e como vasos de pressão e sistemas de tubulação se fazem presentes em um

drillship, exemplificando os sistemas e equipamentos.

Em seguida, no capítulo 3, foi introduzido o conceito de gerenciamento de integridade e

inspeção baseada em risco, um método utilizado para identificar e gerenciar os riscos

associados com a integridade dos sistemas de pressão que tem se tornado um boa prática

em operações de alta periculosidade. Foi descrito como esses métodos podem ser

aplicados no objeto de estudo desse trabalho, dando exemplos práticos envolvendo vasos

de pressão e tubulações. Normativas internacionais, como a API 580 ou API 510 foram

utilizadas para embasar o estudo. Também foram discutidos os principais aspectos de um

programa de gerenciamento de integridade baseado no RBI, e como esse de forma

iterativa se adapta conforme novas informações sobre a operação passam a ser

conhecidas.

Por fim, no capítulo 4, foram abordadas e discutidas as normas e legislações aplicáveis a

um Navio Sonda operando no Brasil.

Para vasos de pressão a atenção foi em grande parte em cima da Norma Regulamentadora

13, uma vez que o atendimento a suas requisições é obrigatório a qualquer unidade

operando no Brasil, além dessa ser considerada mais rigorosa que outras normativas

estrangeiras e ao se adequar a seus requisitos de certa forma qualquer outra norma

utilizável já estaria coberta. Na verdade, em consulta à profissionais da área com

experiência internacional, suas opiniões deixam claro que quando se trata de vasos de

pressão e sistemas pressurizados o Brasil está na vanguarda em termos de gerenciamento

de integridade, e que a legislação brasileira se atualizou ao longo dos anos para melhor

atender as necessidade de segurança do setor de Óleo & Gás brasileiro.

Page 66: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

55

Foram tratados os principais aspectos da regulamentação brasileira para a adequação dos

equipamentos, abordando dificuldades comumente encontradas em situações reais e

como as mesmas podem ser contornadas. Para isso foi feita extensa consulta a

profissionais que trabalham diretamente com isso e suas experiências foram adicionadas

as análises.

Para sistemas de tubulação, foi também abordado o que seria enquadrado dentro da NR-

13, mas como é comum que muitos sistemas estejam fora da mesma também foram

abordados os aspectos referentes a normas internacionais, principalmente a API 570

(2016), que trata especificamente da inspeção de sistemas de tubulação em operação.

Aqui também foram utilizados exemplos práticos e a experiencia daqueles que realizam

esse tipo de serviço para enriquecer as análises.

Por fim, espero que o objetivo desse trabalho, de gerar um material didático e coeso, que

possa servir de referência sobre a área, tenha sido atingido. Vale ressaltar que esse

material não substitui a consulta as normas e legislações, e serve como uma guia aos

interessados no tema.

Page 67: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

56

6. BIBLIOGRAFIA

[1] Petrobrás, fatos e dados - A descoberta de um campo de petróleo e gás natural em 5

passos, 2005.

Disponível em:http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/a-descoberta-de-um-

campo-de-petroleo-e-gas-natural-em-5-passos.htm, acessado em 26/07/2018

[2] José Eduardo Thomas (2a. Ed, 2004). Fundamentos De Engenharia De Petróleo,.

Editora Interciência.

[3] Petrobrás. Projeto de Revestimento e Cimentação, Sonda NS-21, Poço 1-RJS-586.

Disponível em: https://www.slideshare.net/Joaosantana22/perfurao-no-mar-

8993908. Acessado em 02/08/2018

[4] Eni Corporate University (Rev.01, 2006). Libya – Drilling & completion Engineer –

Drilling Rigs.

[5] Silva Teles (9ª Ed., 1997). Tubulações industriais – Materiais, projetos, montagem.

Editora LTC

550182-01- Annual piping inspection WEstTellus

[6] AECI (200&). Manual De Gestão De Integridade, Riscos E Controles Internos Da

Gestão. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – MP.

[7] MILLAR, Peter McClean (2015). Asset Integrity Management Handbook.

[8] API Publication 580 Recommended Practice for Risk Based inspection (2ª Ed., 2009).

[9] API Publication 510 - Pressure Vessel Inspection Code: In-Service Inspection, Rating,

Repair, and Alteration (9ª Ed., 2009).

[10] Norma Regulamentadora -13 Caldeiras, Vasos De Pressão E Tubulação. Ministério

do Trabalho. Portaria MTb n.º 1.084, de 28 de setembro de 2017.

[11] API Publication 570 - Piping Inspection Code: In-service Inspection, Rating, Repair,

and Alteration of Piping Systems. (4ª Ed., 2016)

[12] PATEL, Ramesh J. Risk Based Inspection - Qatargas Operating Company Limited,

Qatar 2005.

Page 68: GERENCIAMENTO DE INTEGRIDADE DE VASOS DE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027829.pdfv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

57

[13] ASME B31.3, Process Piping Guide (Rev.02, 2009).

[14] ASME Boiler & Pressure Vessel Code -Section VIII: Pressure Vessels (2017).

[15] ASME Boiler and Pressure Vessel Code, Section V: Nondestructive Examination

(2017).

[16] NR-13 – Segurnaça na operação de unidades de processo, (3º Ed., 2015). West

Group.