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DETECÇÃO DE FALHAS EM REVESTIMENTOS ANTICORROSIVOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE CORRENTES PARASITAS Andre Henrique Mascarenhas Lima Projeto de graduação apresentado ao curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Gabriela Ribeiro Pereira Rio de Janeiro Dezembro de 2014

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DETECÇÃO DE FALHAS EM REVESTIMENTOS

ANTICORROSIVOS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE

CORRENTES PARASITAS

Andre Henrique Mascarenhas Lima

Projeto de graduação apresentado ao curso de

Engenharia de Materiais da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadora: Gabriela Ribeiro Pereira

Rio de Janeiro

Dezembro de 2014

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DETECÇÃO DE FALHAS EM REVESTIMENTOS ANTICORROSIVOS

ATRAVÉS DA TÉCNICA DE CORRENTES PARASITAS

Andre Henrique Mascarenhas Lima

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE MATERIAIS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE MATERIAIS.

Examinado por:

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

DEZEMBRO DE 2014

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Lima, Andre Henrique Mascarenhas

Detecção de falhas em revestimentos anticorrosivos

através da técnica de correntes parasitas/ Andre Henrique

Mascarenhas Lima – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2014.

x, 100 p.: il.; 29,7cm

Orientadora: Gabriela Ribeiro Pereira

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia de

Materiais, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 96 -98

1.Correntes Parasitas 2.Ensaios não-destrutivos 3.

Revestimentos Anticorrosivos 4.Processamento de imagens

I. Pereira, Gabriela Ribeiro II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia de Materiais. III. Detecção

de falhas em revestimentos anticorrosivos através da técnica

de correntes parasitas

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“Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a

gente mudou.”

Nelson Mandela

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer aos meus pais João Lima e Maria Cristina por terem me

apoiado em todas as etapas e todas as decisões que tomei para que eu chegasse até este

momento.

A minha irmã Ana Paula por ser minha amiga e por ter me acompanhado

durante os anos. Aos meus avós Jurandy Mascarenhas, Gracília Mascarenhas e João

Lima por sempre terem sido um exemplo de vida.

A todos os colaboradores do LNDC e em especial à pessoa que me acompanhou

e orientou, Rodrigo Sacramento, obrigado pelos ensinamentos, conselhos e sugestões.

Todos ajudaram muito no meu crescimento.

Muito obrigado à professora Gabriela Pereira pela orientação na iniciação

científica e neste trabalho.

Aos meus amigos em geral que dividi bons momentos, mas principalmente

àqueles do grupo Metalmat Underground, pois sem eles esse percurso teria sido mais

difícil.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO. ........................................................................................................... 1

2. REVISÃO TEÓRICA. ................................................................................................. 2

2.1 CORRENTES PARASITAS. ................................................................................. 2

2.1.1 Histórico. ......................................................................................................... 2

2.1.2 Princípios da técnica. ...................................................................................... 2

2.1.3 Plano de impedância. ....................................................................................... 3

2.1.4 Profundidade de penetração. ........................................................................... 5

2.1.4.1 Frequência. ................................................................................................... 7

2.1.4.2 Condutividade elétrica. ................................................................................. 7

2.1.4.3 Permeabilidade Magnética. .......................................................................... 8

2.1.5 Fatores que influenciam as correntes parasitas................................................ 8

2.1.5.1 Geometria do material ensaiado e efeito de borda. ...................................... 8

2.1.5.2 Proximidade entre bobina e o material ensaiado (lift-off). ........................... 9

2.1.6 Sondas. ........................................................................................................... 10

2.1.6.1 Sondas absolutas. ........................................................................................ 10

2.1.6.2 Sondas diferenciais. .................................................................................... 11

2.1.6.3 Sondas reflexivas. ....................................................................................... 11

2.1.7 Vantagens e desvantagens. ............................................................................ 11

2.1.8 Aplicações. .................................................................................................... 12

2.2 REVESTIMENTO. .............................................................................................. 14

2.2.1 Corrosão e seus Custos .................................................................................. 14

2.2.2 Cuidados prévios para aplicação do revestimento. ........................................ 15

2.2.2.1 Limpeza com solventes. ............................................................................. 16

2.2.2.2 Limpeza por ação química. ......................................................................... 16

2.2.2.3 Limpeza por ação mecânica. ...................................................................... 17

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2.2.3 Tipos de revestimento. ................................................................................... 18

2.2.3.1 Revestimentos metálicos. ........................................................................... 18

2.2.3.2 Revestimentos não metálicos inorgânicos. ................................................. 18

2.2.3.3 Revestimentos orgânicos – tintas e polímeros. ........................................... 19

2.2.3.3.1 Pintura. ..................................................................................................... 19

2.2.3.3.2 Tintas. ...................................................................................................... 20

2.2.3.3.2.1 Formação de película e propriedades da tinta. ..................................... 21

2.2.3.3.2.2 Mecanismos de proteção. ..................................................................... 22

2.2.3.4 Seleção de um esquema de pintura. ............................................................ 23

2.2.3.5 Falhas em esquema de pintura anticorrosiva. ............................................. 23

2.3 PROCESSAMENTO DE IMAGENS. ................................................................. 25

2.3.1 Imagens digitais. ............................................................................................ 25

2.3.2 Sistema de processamento de imagens digitais. ............................................ 26

2.3.3 Histograma. ................................................................................................... 27

2.3.4 Segmentação e limiarização. ......................................................................... 28

2.3.4.1 Limiarização bilevel. .................................................................................. 28

2.3.4.2 Limiarização multilevel. ............................................................................. 30

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. .................................................................................. 31

3.1 Avaliação de defeitos com outras técnicas não destrutivas. ................................. 31

3.1.1 Análise utilizando a técnica de termografia. ................................................. 31

3.1.2 Análise pela técnica de ultrassom. ................................................................. 33

3.2 Correntes Parasitas. .............................................................................................. 35

3.2.1 Avaliação de revestimento não condutor por correntes parasitas.................. 35

3.2.2 Detecção de defeitos em estruturas com multicamadas. ............................... 39

3.2.3 Análise de substrato recoberto por material não condutor. ........................... 42

3.3 Processamento auxiliando correntes parasitas. ..................................................... 49

4. MATERIAIS E MÉTODOS. ...................................................................................... 53

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4.1 Corpos de prova. ................................................................................................... 53

4.1.1 Substrato. ....................................................................................................... 54

4.1.2 Revestimento. ................................................................................................ 55

4.1.3 Dimensões dos defeitos inseridos. ................................................................. 57

4.2 Ensaio de Correntes Parasitas. .............................................................................. 59

4.2.1 Procedimento experimental. .......................................................................... 59

4.2.2 Configurações e Equipamentos. .................................................................... 61

4.3 Formação e Processamento de Imagem................................................................ 61

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO. .............................................................................. 65

5.1 Resultados dos ensaios ......................................................................................... 69

5.1.1 Corpo de Prova A1. ........................................................................................... 69

5.1.2 Corpo de Prova A2. ........................................................................................... 72

5.1.3 Corpo de Prova A3. ........................................................................................... 74

5.1.4 Corpo de Prova A4. ........................................................................................... 76

5.1.5 Corpo de Prova A5. ........................................................................................... 78

5.1.6 Corpo de Prova A6. ........................................................................................... 80

5.1.7 Corpo de Prova A7. ........................................................................................... 82

5.1.8 Corpo de Prova A8. ........................................................................................... 84

5.1.9 Corpo de Prova A9. ........................................................................................... 86

5.1.10 Corpo de Prova A10. ....................................................................................... 88

5.1.11 Corpo de Prova A11. ....................................................................................... 90

5.2 Comparação com estudos anteriores. ................................................................... 92

6. CONCLUSÕES. ......................................................................................................... 94

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS. ..................................................... 95

8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 96

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.

Detecção de falhas em revestimentos anticorrosivos através da técnica de correntes

parasitas

Andre Henrique Mascarenhas Lima

Dezembro/2014

Orientadora: Gabriela Ribeiro Pereira

Curso: Engenharia de Materiais

Os revestimentos anticorrosivos compósitos compostos com material orgânico com

adição de cargas são cada vez mais utilizados na indústria petroquímica em diversos

componentes. Apesar de seu uso frequente, ainda não existe no mercado uma técnica

não destrutiva que se mostre mais adequada para a inspeção deste tipo de material,

sendo o sistema suscetível a falhas como empolamento do revestimento, falta de

aderência entre substrato e revestimento, ou corrosão localizada do substrato. A

capacidade da técnica de correntes parasitas em detectar a corrosão localizada foi

investigada como possível ferramenta de inspeção para este tipo de sistema. O trabalho

consistiu em obter uma configuração ótima para detectar este tipo de falha e a formação

de uma imagem com os dados obtidos, em seguida essa imagem foi processada com a

finalidade de facilitar a detecção e eliminar sinais de falsos defeitos. Os resultados

mostraram que a técnica de correntes parasitas é uma ferramenta capaz de detectar a

corrosão localizada no substrato e que o processamento de imagens eliminou os falsos

defeitos existentes nas imagens originais.

Palavras-chave: Correntes parasitas, ensaios não-destrutivos, revestimento

anticorrosivo, processamento de imagens.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for degree of Engineer.

Flaw detection in anticorrosive coatings by eddy current technique

Andre Henrique Mascarenhas Lima

December/2014

Advisor: Gabriela Ribeiro Pereira

Course: Materials Engineering

The use of anti-corrosive composite coatings made of organic material with addition of

fillers is growing in petrochemical industry where this system of protection is used in

several elements. There is no nondestructive inspection method that show up more

appropriate to inspect the possible flaws like shoaling of coating, lack of adherence

between coating and substratum, or localized corrosion on the substratum, in these

materials, despite its frequent use. The eddy current capacity to detection of localized

corrosion was analyzed as a possible inspection method for these systems. The objective

of this work is obtain a configuration to detect flaws of localized corrosion of

substratum and a formation of a digital image using the data of the inspection, then this

image was processed with the intention of to render the detection of flaws a more easily

task and to eliminate the noise signals of fake defects. The results shows that the eddy

current inspection method is a tool capable of detecting the localized corrosion on

substratum and that the processing of the images was successful on eliminated the fake

defect presents on original images

Keywords: Eddy currents, nondestructive testing, anticorrosive coating, image

processing

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1. INTRODUÇÃO.

Sistemas anticorrosivos compostos de aço carbono e revestimento compósito (material

orgânico mais cargas) vêm cada vez mais sendo utilizados nas últimas décadas nas

indústrias química, petroquímica, nuclear, entre outras, onde é encontrado este tipo de

sistema em tanques de armazenamento, dutos, componentes estruturais, vasos de

processos, trocadores de calor, algumas das aplicações podem ser vistas na figura 1.1.

Os ensaios não destrutivos são implementados na indústria com o objetivo de

aperfeiçoar as paradas para manutenção. Através da utilização dos ensaios não

destrutivos, existe a possibilidade de inspecionar os materiais e estruturas sem danificá-

los e até mesmo sem interferir na sua vida em serviço. Apesar do crescente uso de

sistemas anticorrosivos (revestimento compósito e aço carbono), não há no mercado

uma técnica não destrutiva que se mostre ideal para a detecção de falhas, principalmente

quando esta se encontra abaixo do revestimento, impossibilitando a detecção visual.

Nesse contexto surge uma demanda de avaliação da potencialidade de técnicas não

destrutivas no monitoramento de revestimentos anticorrosivos, especificamente na

detecção de falhas de aplicação e de desempenho. Como o substrato é um condutor

elétrico e o revestimento não, consequentemente existe uma diferença entre as

permeabilidades magnéticas dos mesmos, a técnica de correntes parasitas surge com um

forte potencial para a detecção de perda de espessura no substrato (corrosão) e defeitos

na interface substrato revestimento (falta de aderência entre substrato e revestimento).

Este trabalho tem como objetivo avaliar a possibilidade da técnica de correntes parasitas

auxiliada por processamento de imagens ser capaz de detectar defeitos simulando

corrosão localizada no substrato (abaixo do revestimento) e serão discutidas as variáveis

que possuem interferência no ensaio.

(a) (b) (c) (d)

Figura 1.1 (a) dutos (b) tanques (c) interior de tubos e (d) trocadores de calor. [1].

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2. REVISÃO TEÓRICA.

2.1 CORRENTES PARASITAS.

2.1.1 Histórico.

O ensaio não destrutivo de correntes parasitas tem sua origem em 1831 quando Michael

Faraday descobriu a indução eletromagnética [2]. As equações de Maxwell,

apresentadas em 1864, possibilitaram uma melhor compreensão do fenômeno de

geração e fluxo das correntes induzidas e seu campo eletromagnético. Em 1879, usando

os princípios do ensaio por correntes parasitas, Hughes observou diferenças nas

propriedades de uma bobina em contado com metais de diferentes condutividades

elétricas, permeabilidades magnéticas e temperaturas [2,3].

Posteriormente em meados da década de 1920 Kranz desenvolveu um sistema de

correntes parasitas para medir espessura, Farrow desenvolveu em 1935 um sistema para

inspeção de tubos de aço soldados e em 1942 Vingers, Dinger e Gunn desenvolveram

um sistema para a detecção de falhas em materiais não magnéticos. Atualmente o

método de inspeção por correntes parasitas é compreendido, eficaz e usado nas

indústrias aeronáutica, nuclear, petroquímica para a detecção de defeitos e

caracterização de materiais, entre outras aplicações [2,3].

2.1.2 Princípios da técnica.

Quando uma corrente alternada passa através de uma bobina, é gerado um campo

magnético primário, ao aproximar a bobina de um material condutor, esse campo

primário penetra no material, induzindo as correntes parasitas no mesmo, essas

correntes geram um campo magnético secundário, que possui a mesma direção do

campo primário, porém com sentido oposto, a figura 2.1 representa estas interações

entre material inspecionado e bobina. Caso exista algum fator que aumente a resistência

ao fluxo das correntes parasitas, tais como, descontinuidades, mudanças

microestruturais, mudança na espessura do material onde as correntes estão sendo

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induzidas, esta diferença no fluxo de correntes parasitas acarreta em uma mudança na

impedância da bobina, que é constantemente monitorada, essa variação na impedância é

a base de informações do ensaio [4,5]

Figura 2.1. Desenho esquemático do princípio da técnica de correntes parasitas.

É possível fazer uma comparação da técnica de ensaio por correntes parasitas com o

princípio de um transformador, onde a bobina equivale ao primário, e o material

condutor elétrico a ser inspecionado equivale ao secundário, com o número de voltas

desse secundário sendo igual a uma unidade [5,6].

2.1.3 Plano de impedância.

Os instrumentos comerciais de correntes parasitas apresentam como resposta do ensaio

um plano de impedância, onde o plano complexo da impedância é representado

graficamente com a componente resistiva R (parte real) no eixo das ordenadas e a

componente indutiva (parte imaginaria) no eixo das abscissas, como mostra a figura

2. O ângulo θ formado pela componente indutiva e a componente resistiva R é

definido como ângulo de fase [2,3,6].

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Figura 2.2. Desenho esquemático do plano de impedância [2] (adaptado).

Ao se excitar uma bobina com uma corrente elétrica alternada, o fluxo de corrente

encontra duas barreiras: a resistência elétrica (R) que pode ser definida como oposição

do material ao fluxo de corrente elétrica, sendo expressa pela equação 1, e a reatância

indutiva ( ) que pode ser definida como a oposição a mudanças de corrente alternada

que fluem no material, sendo expressa pela equação 2. Sendo definida como impedância

(Z) a oposição total ao fluxo de corrente alternada num material dependente tanto da

reatância indutiva quanto da resistência, sendo expressa pela equação 3 [2,3].

R =

Equação 1

= 2fπL Equação 2

Z =

Equação 3

Onde a resistência elétrica (R) em Ohms, a diferença de potencial através de um resistor

(V) em Volts, a corrente (I) em Ampères, a reatância indutiva ( em Ohms, a

frequência da corrente alternada (f) em Hertz, a indutância (L) em Henry e a impedância

(Z) em Ohms.

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Artifícios disponíveis nos instrumentos comerciais como a rotação de fase e o ganho,

são utilizados pelos operadores para eliminar sinais indesejados, como o de lift-off, que

será abordado posteriormente neste trabalho, ou variáveis que não são de interesse

naquela inspeção, por exemplo. A figura 2.3(a) representa um visor de um equipamento

de inspeção por correntes parasitas onde o plano de impedância é representado, em que

foi utilizado esse artifício na inspeção de um material contendo diferentes tamanhos de

defeito, o esquema de inspeção está representado na figura 2.3(b). O sinal de lift-off

encontra-se na horizontal, a variação do sinal no ponto A (sem defeito) para o sinal dos

pontos de defeito B, C e D é representado respectivamente pelas curvas AB, AC e AD,

nota-se que é possível diferenciar o tamanho do defeito pelo sinal tanto pela amplitude

quanto pela fase do sinal [2,3,6].

(a) (b)

Figura 2.3. (a) Representação do plano de impedância para defeitos diferentes,

eliminando o sinal de lift-off e (b) esquema do ensaio por correntes parasitas [3]

adaptado.

2.1.4 Profundidade de penetração.

As correntes parasitas são mais densas na superfície, à medida que penetram no material

elas diminuem gradativamente até que deixam de existir, esse fenômeno é conhecido

como efeito peculiar, a profundidade padrão de penetração das correntes parasitas, onde

a densidade de correntes parasitas diminui para cerca de 37% da densidade superficial

pode ser calculada pela equação 4 e diminui com a frequência usada na inspeção e é

função da condutividade elétrica e da permeabilidade magnética do material a ser

ensaiado. Para materiais não magnéticos considera-se que a permeabilidade magnética

possui o mesmo valor que a permeabilidade do ar [2,3,6].

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Equação 4

Onde: δ é a profundidade de penetração padrão em milímetros, ρ é a resistividade

elétrica em micro-ohms-centímetros, f é a frequência de inspeção em Hertz e é a

permeabilidade magnética relativa (adimensional).

Vale ressaltar que existem correntes abaixo da profundidade padrão de inspeção e

usualmente trata-se a profundidade onde a densidade de correntes parasitas é igual a 5%

da densidade de correntes parasitas na superfície como a profundidade efetiva de

penetração, essa é a profundidade onde as correntes parasitas não tem mais influência na

resposta da bobina, geralmente essa profundidade é três vezes a profundidade de

penetração padrão [2,3,6]. A figura 2.4 representa a queda de densidade de corrente à

medida que a profundidade aumenta.

Figura 2.4. Desenho esquemático da queda de densidade de correntes parasitas devido

ao aumento da profundidade [3] adaptado.

O efeito peculiar pode ser explicado dividindo-se hipoteticamente o material em varias

camadas onde as correntes irão passar, em cada camada cria-se um campo magnético

que se opõe ao campo primário, assim as camadas superiores debilitam o campo

magnético nas camadas mais profundas, reduzindo as correntes parasitas à medida que a

profundidade aumenta [2,3,6].

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A resposta do sinal proveniente de um defeito depende da amplitude e fase das correntes

que foram obstruídas, devido ao efeito peculiar um defeito superficial pequeno ou um

defeito interno grande podem criar a mesma variação na impedância da bobina de

inspeção, logo a analise da fase do sinal é de suma importância para determinar o

tamanho do defeito e localiza-lo [5,6].

2.1.4.1 Frequência.

Por ser um parâmetro instrumental, a frequência usada no ensaio pode ser selecionada

pelo operador e tem influência direta na profundidade de penetração das correntes

parasitas e na sensibilidade para encontrar defeitos.

Usualmente a frequência de inspeção selecionada pelo operador é a maior possível para

a profundidade de penetração a ser inspecionada. Quando é desejado detectar defeitos

com uma profundidade maior, frequências baixas são usadas e a sensibilidade aos

defeitos é sacrificada. Na inspeção de materiais ferromagnéticos, frequências baixas são

usadas devido ao fato da pequena profundidade de penetração nesses materiais [2,3].

2.1.4.2 Condutividade elétrica.

Pode ser descrita como a resistência que o material possui ao fluxo de correntes

elétricas, aqueles com maior resistência são chamados de isolantes elétricos, os que

possuem resistência intermediaria são chamados de semicondutores e os que possuem

pouca resistência são chamados de condutores elétricos, esses por sua vez são os

materiais que são de interesse para a inspeção por correntes parasitas. Uma série de

fatores pode alterar a condutividade elétrica de um material, dentre eles, composição

química, tratamento térmico, materiais encruados a frio, tratamento térmico,

temperatura, mudança da microestrutura local, tamanho de grão e dureza [2,3].

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2.1.4.3 Permeabilidade Magnética.

Pode ser descrita como a facilidade do material em ser magnetizado, para materiais não

ferrosos como, alumínio, cobre, latão ou aços inoxidáveis austeníticos a permeabilidade

magnética relativa é a mesma que no ar, ou seja, igual a um ( =1), entretanto para

materiais ferromagnéticos como, aço, ligas de níquel e cobalto, por exemplo, a

permeabilidade magnética relativa pode chegar à ordem de grandeza de centenas, e

possuem uma influência na resposta do ensaio. Uma série de fatores pode alterar a

permeabilidade magnética de um material, dentre eles, composição química, dureza,

tensões residuais, defeitos, tratamento térmico [2,6].

2.1.5 Fatores que influenciam as correntes parasitas.

Uma série de fatores além de descontinuidades tem influência no fluxo de correntes

parasitas em um material, tais como, composição química, dureza, resistência, desgaste

por corrosão, grau de encruamento, extensão do tratamento térmico e tamanho de grão.

Entretanto nenhuma dessas propriedades ou estados é medida diretamente, a inspeção

por correntes parasitas é sensível quando as propriedades em estudo alteram a

resistividade elétrica e/ou permeabilidade magnética, sendo assim uma medida indireta

das propriedades do material e é preciso uma compreensão boa dos princípios da técnica

e padrões apropriados para obtenção de resultados desejados [3,6].

Assim para sucesso da inspeção, seja ela na detecção de defeitos ou na caracterização

do material se baseia em eliminar a influência das variáveis que não se deseja

inspecionar no ensaio [3,6].

2.1.5.1 Geometria do material ensaiado e efeito de borda.

No caso em que o campo magnético primário gerado pela bobina, não penetrar toda

espessura da peça inspecionada, a inspeção é somente superficial e subsuperficial, e

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poderá deixar de detectar descontinuidades mais profundas, vale ressaltar que esse é o

caso mais comum para o ensaio. Caso o campo magnético primário seja maior que a

espessura da peça inspecionada, a descontinuidade será detectada caso altere o fluxo das

correntes parasitas, se houver um aumento de espessura desse material a resposta será

como se houvesse um aumento na condutividade do material, pois se tem maior

densidade de corrente no material [3,4].

Quando a bobina está próxima a cantos vivos, curvaturas, furos e bordas, parte do

campo magnético primário está fora do material, alterando assim a geração e fluxo das

correntes parasitas no mesmo e consequentemente a resposta do ensaio, esse fenômeno

é conhecido como efeito de borda e impossibilita a inspeção nas proximidades das

bordas [2,4].

2.1.5.2 Proximidade entre bobina e o material ensaiado (lift-off).

A distância entre a bobina e o material ensaiado é chamada de lift-off.

Mesmo estando a uma distância em que não induzirá correntes no material a ser

inspecionada, uma bobina excitada com corrente alternada, terá um valor de impedância

e consequentemente uma resposta para o ensaio, ao se aproximar a bobina de um

material condutor a impedância inicial da bobina irá variar gradualmente até que se a

bobina e o material estejam em contato, esse fenômeno é conhecido como efeito lift-off

e é sensível a pequenas variações entre a distância entre a bobina e o material

inspecionado, podendo mascarar informações de interesse no ensaio, além de se tornar

uma dificuldade a mais para a realização dos ensaios em materiais de forma complexa,

pois existe uma redução da sensibilidade do ensaio com o aumento da distância entre

bobina e material inspecionado [2,3,4].

Apesar de ser indesejado em muitas aplicações, o efeito lift-off, pode ser utilizado pelo

operador, como ferramenta para medição de espessura de revestimentos não condutores,

por exemplo [2,3].

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2.1.6 Sondas.

Existe uma larga variedade de formatos e tamanhos disponíveis para as sondas

utilizadas nos ensaios de correntes parasitas, podendo ser projetadas para aplicações

especificas, a figura 2.5 mostra sondas de diversos tamanhos e formatos. Existem dois

tipos de classificação para as sondas, devido a sua configuração e devido ao seu modo

de operação.

Figura 2.5. Sondas de diversos tamanhos e formatos [7]

A classificação por configuração refere-se à maneira de como as bobinas estão

“embaladas” para examinar o material de interesse, enquanto a classificação por

operação refere-se como a bobina é conectada e dentro desta classificação as sondas

usualmente são divididas em absolutas, diferenciais e reflexivas, e serão discutidas nos

itens subsequentes [7].

2.1.6.1 Sondas absolutas.

São as sondas mais simples e mais usadas, possuem apenas uma bobina, e a resposta do

ensaio é obtida monitorando a variação da impedância da sonda.

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As sondas absolutas são muito sensíveis a condutividade elétrica, permeabilidade

magnética, lift-off e temperatura, logo é necessário que o operador controle a

instrumentação de correntes parasitas para eliminar as variáveis não desejáveis no

ensaio. Devido à sua versatilidade esse tipo de sonda é usado em detecção de defeitos,

medidas de condutividade elétrica, medida de espessura e medidas de lift-off [5,7].

2.1.6.2 Sondas diferenciais.

Possuem duas bobinas acopladas que obtêm informações de áreas diferentes do material

ensaiado, a resposta da sonda para o ensaio é dada pela diferença entre os dois pontos

inspecionados. A sensibilidade para detectar defeitos pequenos é a principal vantagem

desse tipo de sonda, porém se as duas bobinas estiverem sobre áreas com defeitos

semelhantes ou o mesmo defeito, o mesmo não será detectado [5,7].

2.1.6.3 Sondas reflexivas.

Possuem duas bobinas, entretanto difere da sonda diferencial, pois uma é usada para a

geração das correntes parasitas no material a ser inspecionado, enquanto a outra é usada

para captar a resposta das correntes parasitas [7].

2.1.7 Vantagens e desvantagens.

As vantagens do ensaio não destrutivo por correntes parasitas são [4,6] :

Sensível a pequenas trincas e defeitos;

Resultados imediatos, não requerendo tempo de revelação;

Equipamento portátil e com baterias;

Análise de muitas variáveis físicas e metalúrgicas, uma vez que as variáveis que

não são de interesse podem ser eliminadas;

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Pode ser usada para diversas aplicações como: caracterização de materiais,

medidas de espessura e detecção de defeitos;

A sonda e o material a ser inspecionado não necessitam estar em contato direto;

Pouca ou nenhuma preparação da superfície do material a ser inspecionado é

necessária.

As desvantagens do ensaio não destrutivo por correntes parasitas são [4,6]:

É necessário treinamento do inspetor para que o mesmo seja capaz de suprimir

as variáveis que não são de interesse, por exemplo;

Apenas materiais condutores podem ser inspecionados;

A superfície deve ser acessível à sonda;

Devido à limitada profundidade de penetração das correntes parasitas, os

defeitos só são detectados superficialmente e subsuperficialmente, nas

aplicações comuns essa profundidade é menor que 5 milímetros;

Em superfícies que sofreram corrosão severa, o ensaio de correntes parasitas

possui uma relação sinal-ruído baixa;

Por ser um método comparativo, blocos de referência para calibração são

necessários.

2.1.8 Aplicações.

Devido suas características o ensaio não destrutivo de correntes parasitas tem aplicação

na detecção de trincas e defeitos superficiais e subsuperficiais, medidas de espessura de

peças finitas, medida de espessura de recobrimentos não condutores sobre substrato

condutor, detecção de fase deletéria sigma em aços duplex, detecção de

desbalanceamento entre a fase austenítica e ferrítica em um aço duplex, caracterização

de materiais, medição de condutividade elétrica e permeabilidade magnética. É ideal

para ensaios passa não passa, sendo amplamente utilizado em linhas de produção de

tubos, por exemplo, além de terem importância nas indústrias petrolífera, petroquímica,

automobilística, aeronáutica e nuclear [2,3,4,5,6].

Como motivações iniciais para o presente trabalho, foram consideradas:

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A possibilidade de detectar defeitos, mesmo o material a ser inspecionado sendo

ferromagnético, para tal é necessário usar frequências baixas devido a

profundidade de penetração nesses materiais ser limitada [2,5].

A capacidade de medir a espessura de um revestimento não condutor sobre um

substrato condutor, esta medição é realizada através do sinal de lift-off,

grosseiramente, considera-se o material não condutor como o ar, assim o sinal

proveniente de sua variação é semelhante ao sinal de variação do lift-off, a figura

2.6, representa um ensaio de correntes parasitas para medição de espessura de

um revestimento não condutor, nota-se que quanto maior o revestimento, maior

o lift-off , menor a densidade total de correntes parasitas, consequentemente a

amplitude do sinal de resposta será menor, sendo assim possível detectar

variações de espessura do revestimento sobre o substrato [3].

Figura 2.6. Desenho esquemático da influência de um revestimento não

condutor no ensaio por correntes parasitas.

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2.2 REVESTIMENTO.

2.2.1 Corrosão e seus Custos

A deterioração de um material por ação química ou eletroquímica do meio ambiente é

definida como corrosão, essa interação físico-química representa alterações indesejáveis

ao uso, pois degradam o material, tornando o desempenho do mesmo afetado além de

seu tempo de vida ser alterado [8,9].

Quando se trata de um metal, pode-se traçar um paralelo entre a corrosão e o inverso de

um processo metalúrgico, onde o objetivo principal é a extração do metal a partir de

seus minérios, enquanto na corrosão o metal oxida. Para a obtenção do metal é

necessário um gasto energético, energia que é cedida pelo processo metalúrgico, ao final

do processo o metal refinado possui nível energético superior ao composto que lhe deu

origem, portando, em geral, a corrosão é um processo espontâneo, a figura 2.7 ilustra

esse ciclo [8,9]

Figura 2.7. Desenho esquemático do ciclo de um metal [8] adaptado.

As consequências da corrosão são sentidas em diversos ramos como nas indústrias

químicas, petrolífera, petroquímica, naval, construção civil, automobilística,

aeronáutica, em meios de transporte em geral, nos meios de comunicação, na área da

saúde (medicina e odontologia) e em obras de arte (monumentos e esculturas) [8,10].

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Os danos devido à corrosão são sentidos portando em muitas áreas, alguns estudos

foram feitos para quantificar economicamente os prejuízos. Uhlig, apresentou em 1949

em uma conferência realizada pela ONU, uma estimativa que o custo da corrosão nos

Estados Unidos era de 5 bilhões de dólares por ano. Hoar e seu grupo, publicaram em

seu relatório em 1971 que o custo anual mínimo da corrosão no Reino Unido era de

aproximadamente 1,36 bilhões de libras esterlinas. Battelle e Specialty Steel Industry of

North America, estimaram em 1995, que o custo anual da corrosão nos Estados Unidos

era de 300 bilhões de dólares, enquanto poderiam ser economizados 100 bilhões de

dólares desde que fossem usados materiais resistentes à corrosão e aplicadas medidas de

proteção adequadas [8,9,10].

A taxa de corrosão dos materiais metálicos pode ser diminuída com a adoção de

métodos práticos baseados em [10]:

Modificação do processo;

Modificação do meio corrosivo;

Modificação do metal;

Revestimentos protetores.

Para evitar a corrosão, as técnicas anticorrosiva mais usadas são: proteção catódica,

proteção anódica, uso de inibidores e revestimentos anticorrosivos, uma seleção de

materiais mais adequados para meios corrosivos. Além destes métodos, é necessária a

manutenção preventiva e preditiva, de equipamentos de que estejam expostos a um

meio propício à corrosão [8,9,10,11].

Para o presente trabalho utilizou-se um revestimento anticorrosivo para proteção do

substrato.

2.2.2 Cuidados prévios para aplicação do revestimento.

A limpeza e o preparo da superfície é uma etapa importante para a aplicação de um

revestimento anticorrosivo, esta etapa visa retirar contaminantes e impurezas da

superfície, como cloretos e sulfatos que contribuem para a rápida degradação do

revestimento, e criar condições para que ocorra uma boa aderência entre substrato e

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revestimento. Um preparo não adequado pode acarretar em falhas prematuras, como

empolamento da pintura, corrosão do substrato e perda de aderência entre substrato e

revestimento. Dentre os tipos mais comuns de impurezas estão, impurezas oleosas,

somi-sólidas, sólidas, óxidos e produtos de corrosão. Os meios de preparo de superfície

dependem do estado inicial da superfície a ser tratada, do fim que se destina, prazo,

condições econômicas, equipamento disponível e agressão ao meio ambiente, sendo os

meios de preparo mais utilizados, a limpeza com solventes e a limpeza com ação

química ou mecânica [8,9,12].

2.2.2.1 Limpeza com solventes.

É a preparação adequada para materiais onde não houve uma reação química entre o

substrato e o contaminante, na maior parte dos casos a limpeza com solventes é apenas

uma parte do processo de preparação de superfícies, e visa remover contaminantes

oleosos e sais [8,9].

Entre os produtos utilizados na limpeza com solventes estão, detergentes, soluções

alcalinas, solventes orgânicos, vapor e água doce [8].

2.2.2.2 Limpeza por ação química.

É a preparação adequada para materiais onde ocorreu uma reação química entre o

substrato e o contaminante, pode-se destacar os processos de decapagem ácida e a

decapagem alcalina [8,9,12].

A decapagem ácida consiste em mergulhar o material a ser preparado para o

revestimento em soluções de ácidos, esta solução, geralmente contém inibidores. O

processo é apenas possível para peças que possam ser imersas e que não possuam

regiões que permitam a estagnação da solução, sendo indispensável o enxaguamento

com finalidade de eliminar totalmente o ácido da peça, após a decapagem [8,9].

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A decapagem alcalina, usada principalmente em peças de aço ou ferro, tem como

objetivo solubilizar a camada de ferrugem, formando sais complexos solúveis, apesar de

ser mais lenta e difícil, é utilizada quando a peça exige estabilidade dimensional e

precisão, pois não ataca o substrato. Quando utilizada em metais macios como, alumínio

e zinco, ocorre ataque do metal, portanto a decapagem alcalina não é recomendada para

esses materiais [8,9].

2.2.2.3 Limpeza por ação mecânica.

Tem como objetivo a retirada do produto de corrosão da superfície do substrato, sem

que ocorram danos ao mesmo, pode-se destacar a limpeza por ferramentas mecânicas,

por jateamento abrasivo e hidrojateamento [8,9,12].

A limpeza por ferramentas mecânicas é utilizada em casos onde não é possível o

jateamento abrasivo, como no caso onde existe a proximidade de motores, painéis

elétricos, e equipamentos que possam ser danificados pelo pó abrasivo. Entre as

ferramentas usadas no preparo da superfície estão, lixas, escovas de aço, raspadeiras e

martelos de impacto. É necessário ressaltar que quando a limpeza é realizada por esse

método, o produto de corrosão não é retirado completamente, logo o tempo de vida útil

do revestimento será inferior quando comparado com outros métodos de preparo

[8,9,12].

A limpeza por jateamento abrasivo é um método eficiente na remoção de contaminantes

e na formação de um perfil de ancoragem para a aderência do revestimento, porém é

necessária a limpeza da superfície com solventes antes do jateamento. O processo em si

se resume na colisão de partículas no substrato a ser revestido, onde a projeção das

partículas é feita por força centrífuga ou ar comprimido, e os abrasivos mais utilizados

são, a escória de fundição de cobre, granalha de aço, bauxita sinterizada e areia. Apesar

de eficiente, é necessário ter cuidados para não ocorrer à contaminação da superfície,

onde devem ser levados em conta os fatores. A qualidade do ar comprimido, tipo e local

do serviço, condições operacionais, grau de limpeza exigido e legislação ambiental [8].

A limpeza por hidrojateamento é um método onde a limpeza dos contaminantes é

realizada pela colisão de água a alta pressão e o substrato, sendo eficiente

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principalmente quando há sais solúveis na superfície do substrato, quando comparado

com o método de limpeza por jateamento abrasivo tem como principal vantagem o

impacto ambiental, que é nulo por não produzir pó nem faíscas durante o processo,

tendo como desvantagem o perfil de ancoragem que não é dado por este método [8].

2.2.3 Tipos de revestimento.

2.2.3.1 Revestimentos metálicos.

São utilizados com diversas finalidades, tais como, endurecimento superficial,

resistência à corrosão e decorativa. Para revestimentos anticorrosivos, os materiais

atuam como barreira, como nos casos de cromo e alumínio, ou proteção catódica, como

nos casos do zinco e cádmio [8].

Para revestimentos que protegerão o material de forma catódica, a qualidade do

revestimento deve ser de tal forma que contenha uma boa aderência e impermeabilidade

para uma proteção adequada, caso contrário haverá uma formação de uma pilha

galvânica na presença de um eletrólito, acarretando numa rápida corrosão do substrato

já que a área anódica for pequena em relação à área catódica. Porém para revestimentos

anódicos esse tipo de problema é inexistente [8,9].

As principais técnicas utilizadas para aplicação de revestimentos metálicos são:

cladização, imersão a quente, aspersão térmica, eletrodeposição, cementação, reação

química e deposição de fase gasosa [8].

2.2.3.2 Revestimentos não metálicos inorgânicos.

São constituídos de compostos inorgânicos que são formados sobre a superfície do

substrato ou depositados sobre essa superfície. Podem ser citados esmaltes vitrosos,

vidros, porcelanas, cimentos, óxidos, carbetos, nitretos, boretos e silicietos como os

principais revestimentos inorgânicos depositados sobre superfícies metálicas para

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proteção contra corrosão. Nesta classe estão os revestimentos formados diretamente

sobre a superfície metálica são obtidos por reação química entre o substrato e o meio

adequado, tendo como produto da reação um composto que protege a superfície contra a

corrosão. A obtenção deste tipo de revestimento é feita pelos processos de anodização,

cromatização e fosfatização [8].

2.2.3.3 Revestimentos orgânicos – tintas e polímeros.

Uma das técnicas de proteção contra corrosão mais utilizada é a aplicação de tintas ou

esquemas de pintura, tendo como principais vantagens o baixo custo e a facilidade de

aplicação e manutenção. Apesar da pintura ser uma técnica antiga, o avanço tecnológico

se deu no século XX, devido a criação de novas resinas (polímeros). Este tipo de

revestimento foi utilizado no presente trabalho [8].

2.2.3.3.1 Pintura.

Define-se pintura como o processo de revestimento de uma superfície por meio de

tintas, sendo uma técnica anticorrosiva muito difundida, entretanto complexa, dinâmica

e capaz de acompanhar o desenvolvimento tecnológico em outras áreas e se adaptar a

tendências como o forte apelo pela conservação do meio ambiente [11].

Quando o objetivo da pintura é proteger uma estrutura, utiliza-se o termo aplicação de

um esquema de pintura para o processo, sendo o esquema de pintura um procedimento

que especifica todos os detalhes técnicos envolvidos na aplicação, como [8,9]:

Tipo de preparação e grau de limpeza da superfície;

Tintas de fundo (primer), intermediária, e de acabamento a serem aplicadas;

Espessura de cada uma das demãos de tintas;

Os intervalos entre demãos e métodos de aplicação das tintas;

Os critérios para execução de retoques na pintura;

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Os ensaios de controle de qualidade a serem executados na pintura;

As normas e procedimentos a serem seguidos para cada atividade a ser realizada.

Um esquema de pintura para fins de proteção contra corrosão, geralmente, é composto

por três tipos de tinta. A tinta de fundo (primer), que são aplicadas diretamente sobre o

substrato, contendo em sua composição os pigmentos anticorrosivos que exercem o

mecanismo de proteção química ou eletroquímica e são responsáveis pela aderência do

revestimento ao substrato. As tintas intermediárias, que são utilizadas no esquema de

pintura para aumentar a espessura do revestimento, com um menor número de demãos,

logo são constituídas de um alto teor de sólidos. As tintas de acabamento, que tem como

objetivo conferir resistência química ao revestimento, estando em contato direto com o

meio corrosivo, também conferem a cor final do revestimento [8].

2.2.3.3.2 Tintas.

Os constituintes da tinta são o veiculo fixo, pigmentos e solventes (veículo volátil) e

aditivos. As tintas em pó possuem todos os constituintes menos os solventes, enquanto

os vernizes não apresentam os pigmentos [8,9].

O veículo fixo ou não volátil (VNV) é o constituinte ligante das partículas de pigmento,

tem como função a continuidade e formação da película de tinta, em geral, são formados

por um ou mais tipos de resinas, que por sua vez em sua maioria tem natureza orgânica.

É responsável pela maior parte das propriedades físico-químicas da tinta [8,9].

Os solventes são empregados tanto para auxiliar na fabricação das tintas, na

solubilização da resina e no controle de viscosidade [8,9].

Os aditivos são compostos empregados, em pequenas concentrações, nas formulações

das tintas com objetivos diversos como: melhorar a secatividade, reduzir a sedimentação

dos pigmentos, evitar a formação de uma fina camada chamada de nata, nivelamento,

evitar a formação de espuma, evitar a formação de fungos, conferir flexibilidade

adequada e evitar o escorrimento vertical da tinta [8,9].

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Os pigmentos são partículas sólidas, finamente divididas, insolúveis no veiculo fixo,

utilizados para se obter proteção anticorrosiva, cor, opacidade, impermeabilidade e

melhoria das características físicas da película. Podem ser classificados em:

anticorrosivos, opacificantes coloridos, cargas e funcionais [8,9].

2.2.3.3.2.1 Formação de película e propriedades da tinta.

O mecanismo de secagem e de formação de película é um processo pelo qual um filme

de tinta, após sua aplicação, se converte em uma película sólida com propriedades

desejadas. Sendo a resina responsável pela formação dessa película, portanto o

constituinte com maior influência nas propriedades físico-químicas da mesma. As

resinas podem ser classificadas em função do mecanismo de formação da película de tal

forma [8]:

Evaporação de solventes, onde a secagem e cura da película dependem apenas

da evaporação do solvente, possuem baixa resistência a solventes e não

necessitam ser lixadas para aplicação de uma nova demão. Sendo as resinas

vinílicas, acrílicas, borracha clorada, asfalto e nitrocelulose, desta categoria.

Oxidação, onde a formação da película ocorre através da reação química da

película com o oxigênio presente no ar, deve ser aplicada dentro da espessura

especificada, caso contrário falhas como retardamento da cura e enrugamento

podem ocorrer. Sendo as resinas de óleo vegetal, alquídicas modificadas com

óleo vegetal e fenólicas modificadas com óleo vegetal, desta categoria.

Através da reação química de polimerização por condensação à temperatura

ambiente, onde as resinas são compostas com dois ou mais componentes que

quando misturados, em proporções corretas, reagem quimicamente gerando um

composto com as características desejadas. Sendo as resinas epóxi,

poliuretânicas e polissiloxano desta categoria.

Polimerização térmica, onde a formação da película ocorre por meio do calor.

Sendo silicones e tintas em pó, classificados nessa categoria.

Hidrólise, onde a formação da película ocorre através da reação do filme de tinta

com a umidade do ar, logo a velocidade de cura varia conforme a umidade do ar,

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as tintas formadas pelo mecanismo de hidrólise possuem alto desempenho e são

ideais para ambientes marinhos e industriais. Como exemplo de resina nesta

categoria, pode-se citar o silicato de etila.

Coalescência, onde partículas da resina são dispersas num meio aquoso e após a

aplicação, a película começa a formar-se a medida da evaporação da água

ocorre, as partículas da resina se aproximam até que ocorra a fusão entre as

mesmas. Sendo as resinas poli (acetato de vinila) e acrílicas em emulsão desta

categoria

Para o presente trabalho utilizou-se resinas do tipo epóxi. Este tipo de resina é um dos

mais importantes veículos fixos para o combate a corrosão, devido sua resistência

química, a alta resistência a abrasão e ao impacto e as propriedades de aderência com o

substrato.

2.2.3.3.2.2 Mecanismos de proteção.

Existem três tipos de mecanismos de proteção contra corrosão conferidos por uma tinta,

estes mecanismos são definidos tomando-se o aço como substrato de referência e são

[8,9]:

Barreira, que consiste em colocar entre o substrato e o meio corrosivo uma

película, a mais impermeável possível, com objetivo de introduzir no sistema

substrato-meio uma resistência que abaixe a corrente de corrosão a níveis

desprezíveis. A eficiência desse mecanismo depende da espessura do

revestimento e da resistência das tintas ao meio corrosivo;

Inibição, também chamado de passivação anódica, nesse mecanismo, as tintas de

fundo possuem pigmentos inibidores que dão origem a uma camada passiva

sobre a superfície do metal, impedindo assim a corrosão;

Proteção catódica, as tintas com esse mecanismo possuem alto teor de elementos

considerados anódicos quando comparados ao metal do substrato, protegendo-o

de forma catódica na presença de um eletrólito.

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2.2.3.4 Seleção de um esquema de pintura.

Os fatores a serem considerados na seleção do esquema de pintura que atendam

especificações técnicas e econômicas, tornam a tarefa de seleção complexa. É de

extrema importância o conhecimento técnico das características da tinta além das

condições de uso de equipamento a ser protegido pelo revestimento. Sendo os principais

fatores para a seleção de um esquema de pintura [8]:

As condições prévias em que se encontra o equipamento ou a estrutura;

As condições de exposição;

O tipo de substrato a ser revestido;

A facilidade de manutenção;

A finalidade da pintura.

A eficiência dos revestimentos orgânicos contra a corrosão depende do preparo prévio

da superfície, do tipo e concentração dos pigmentos anticorrosivos, do método de

formação do filme, da aderência entre revestimento e substrato, e das propriedades

mecânicas do revestimento [8,9].

2.2.3.5 Falhas em esquema de pintura anticorrosiva.

Existem dois tipo de falha em um revestimento por pintura, o primeiro quando a vida

útil do revestimento atinge seu limite, sendo uma falha esperada portanto não critica. A

segunda falha é a prematura e pode ocorrer por diversos fatores relacionados com

diferentes etapas da aplicação do esquema de pintura, esse tipo de falha acarreta

prejuízos e para evita-la uma série de fatores como o projeto dos equipamentos,

condições prévias do substrato, preparação da superfície, especificação do esquema de

pintura, aplicação das tintas, qualidade e características técnicas dos produtos usados e a

manutenção constante devem ser considerados [8,9].

As principais áreas de ocorrência de falhas, e consequentemente áreas a serem

monitoradas mais frequentemente pela equipe de manutenção, são: parafusos e porcas,

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cantos vivos, soldas e suas proximidades e locais onde possa haver estagnação de água

[8,9].

Os principais defeitos são: o escorrimento da tinta sobre a superfície, surgimento de

bolhas no revestimento, crateras, nivelamento deficiente, enrugamento, porosidade,

fendimento, empolamento, descascamento, degradação acentuada do revestimento e

corrosão onde observa-se produto de corrosão do substrato no revestimento [8,9].

O objetivo deste trabalho é contribuir com uma técnica de inspeção que possa detectar

falhas prematuras que possam ocorrer com equipamentos, onde haja o tipo de

revestimento presente no estudo, procurando detectar defeitos que possam ocorrer na

interface entre substrato e revestimento [8,9].

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2.3 PROCESSAMENTO DE IMAGENS.

2.3.1 Imagens digitais.

Sabe-se que os computadores trabalham com linguagem numérica, logo uma imagem

será representada em um computador por um conjunto de números, para que o mesmo

seja capaz de reproduzi-la e processa-la.

Uma imagem digital é uma função discreta f(x,y), tanto em coordenadas espaciais

quanto em intensidade de cinza (brilho). As coordenadas (x,y) identificam a posição

espacial enquanto o valor da função refere-se ao brilho naquela coordenada. Cada ponto

representa um elemento da imagem e é chamado de pixel, como abreviação de picture

element. Outra maneira de representar uma imagem digital é por meio de uma matriz

MxN, onde cada combinação do índice i e j representa um pixel e o valor do elemento

corresponde à sua intensidade. Na figura 2.8, observa-se um exemplo de como uma

imagem física (fotografia) é representada por uma matriz, onde cada elemento da matriz

tem seu valor de intensidade [13,14,15].

Figura 2.8. Representação de uma imagem física e sua correspondente como imagem

digital [13] adaptado.

O processamento de imagens digitais pode ser resumido na manipulação de imagens por

um computador, ou seja, manipulação da matriz que representa essa imagem. O

processamento tem como finalidade a melhoria da informação contida na imagem

digital para a análise humana, como no caso de melhoria da imagem digital para análise

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de uma inspeção por ensaios não destrutivos, ou percepção automática através de

máquinas como detectores automáticos de endereço. No primeiro caso, onde a imagem

digital após o processamento será analisada por um observador, o sucesso ou não do

processamento não é tão claro, pois depende da interpretação visual do observador,

tornando a qualidade do processamento subjetiva [13,14,16].

2.3.2 Sistema de processamento de imagens digitais.

O conjunto de operações que podem ser efetuados sobre uma imagem é conhecido

como sistema de processamento de imagens, sendo estas operações: aquisição,

armazenamento, processamento, transmissão e exibição [14].

A aquisição de uma imagem consiste na conversão de uma imagem em uma

representação numérica adequada para o processamento a ser realizado. Esta primeira

etapa é dividida em duas partes, a primeira onde: um dispositivo físico sensível a uma

faixa de energia eletromagnética que produza um sinal elétrico de saída proporcional a

um nível de energia percebida, e a segunda parte onde: um digitalizador converte o sinal

elétrico em informação digital. Para o presente trabalho o dispositivo físico utilizado foi

o equipamento de correntes parasitas enquanto o digitalizador foi um osciloscópio

[14,15].

O armazenamento é dividido em três categorias: armazenamento por curto tempo,

armazenamento “on-line” para acesso rápido e armazenamento em arquivo [14].

O processamento de imagens envolve procedimentos que são expressos em forma

algorítmica e é caracterizado por soluções específicas, logo técnicas que tem bons

resultados para uma área podem se mostrar inadequadas em outra área. Utilizou-se o

software MatLab® para o processamento de imagens no presente trabalho [14,15].

A última operação é a exibição das imagens. Os principais dispositivos de exibição são

os monitores de TV, quando a exibição é feita em papel, a melhor opção é a reprodução

fotográfica [14,15].

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2.3.3 Histograma.

Uma ferramenta simples e muito usada no processamento de imagens digitais é o

histograma, que pode ser descrito como um representação de quantos pixels possuem

determinada intensidade de cinza, podendo também ser estendido para imagens RGB

[13,14]. Uma imagem digital com intensidades de cinza dentro do intervalo [0,L-1] é

uma função discreta h( ) = , onde é a i-esima intensidade de cinza e é o

número de pixels na imagem digital com essa intensidade de cinza, é o número total

de pixels da imagem e i = 0,1,2,3,...,L-1. A função h( ) é uma estimativa da

probabilidade de ocorrência da intensidade de cinza , o histograma dessa imagem é

um gráfico onde o eixo das abcissas representa a intensidade de cinza e o eixo das

ordenadas representa a frequência (numero de pixels) em que essa intensidade ocorre na

imagem, como pode ser observado na figura 2.9(b) que é a representação do histograma

da imagem digital representada pela figura 2.9(a), onde existem mais pixels de

intensidade menor, ou seja, intensidade de cor mais próxima ao preto, do que pixels com

intensidade maior, com intensidade de cor próxima ao branco [13,14,17].

(a) (b)

Figura 2.9. (a) imagem digital e (b) histograma da imagem [15] adaptado.

Através do histograma é possível tirar conclusões sobre a imagem, como contraste (alto

ou baixo), se uma imagem possui muito ou pouco detalhe, se uma imagem é clara ou

escura, além de ser possível obter informações como área total em que determinada

intensidade de cinza ocupa [14,18].

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2.3.4 Segmentação e limiarização.

A segmentação subdivide a imagem em suas partes ou objetos constituintes, sendo o

nível dessa subdivisão dependente do problema a ser resolvido, ou seja, a segmentação

é interrompida quando os objetos de interesse na aplicação tiverem sido isolados do

fundo, a análise é feita desconsiderando-se ou descartando-se o fundo, assim o objeto de

interesse possui forma, tamanho e posição destacadas após a segmentação [14,16,19].

A segmentação por limiarização pode ser subdividida em dois grupos conforme a

processamento, sendo esses grupos [17]:

bilevel, onde a imagem é binarizada obtendo-se uma imagem com o objeto em

branco e o fundo em preto ou vice-versa.

multilevel, onde há mais de um objeto de interesse na imagem e é necessário

diferenciar esses objetos.

2.3.4.1 Limiarização bilevel.

A partir da análise do histograma, estabelecer uma intensidade chamada (t), que será o

limiar, os pixels com valores maiores ou iguais ao valor de (t), serão convertidos em

branco e o restante deles em preto, ao final do processo restará apenas uma imagem com

fundo preto e objetos de interesse em branco [13,14,16].

De forma matemática, o processamento por limiarização bilevel gera uma imagem

g(x,y), alterando a intensidade dos níveis de cinza da imagem original f(x,y) de tal

forma que:

g(x,y) = 1 se f(x,y) ≥ t

0 se f(x,y) < t

O valor do limiar é escolhido através do histograma, e mais simples quando o mesmo

apresenta apenas dois picos, dessa forma o limiar (t) é a intensidade de cinza que

corresponde ao vale, também é possível escolher o limiar quando a área do objeto de

interesse é previamente conhecida, conhecendo-se também o número de pixels que essa

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área ira representar, assim com auxílio do histograma identifica-se a região de interesse

e o limiar [13,17,18,19].

A figura 2.10(a) representa um histograma de uma imagem antes de ser limiarizada,

onde o valor do limiar t está indicado, enquanto a figura 2.10(b) representa um

histograma de uma imagem após ser limiarizada. A figura 2.11 mostra uma imagem

antes e depois de ser limiarizada.

(a) (b)

Figura 2.10. (a) histograma da imagem antes da limiarização e (b) histograma da

imagem depois da limiarização [15].

(a) (b)

Figura 2.11. (a) Imagem digital original e (b) imagem digital após limiarização [15].

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2.3.4.2 Limiarização multilevel.

Quando a imagem digital apresenta mais de uma região de interesse, onde essas regiões

possuem intensidades de cinza diferentes, é necessário escolher mais de um valor de

limiar para que a imagem processada tenha valor para análise, desta forma, os objetos

de interesse dessas regiões serão destacados na imagem processada. Também é usada

quando há necessidade de diferenciar os objetos que serão destacados após a

limiarização [16,17], por exemplo, quando é feita uma análise, por meio de imagens, de

danos estruturais, os defeitos encontrados precisam ser quantificados para saber-se o

quanto compromete a estrutura, sendo assim uma imagem binarizada não atende esse

requisito.

De forma matemática, o processamento por limiarização multilevel gera uma imagem

g(x,y), alterando a intensidade dos níveis de cinza da imagem original f(x,y) de tal

forma que:

g(x,y) = se 0 ≤ f(x,y) ≤

se < f(x,y) ≤

se < f(x,y) ≤

se < f(x,y) ≤

...

se < f(x,y) ≤

Sendo igual ao valor da intensidade de cinza após o processamento, onde i =

(1,2,3,...,N) e igual ao valor do limiar onde k = (1,2,3,...,N), nota-se que na

limiarização multilevel, a imagem processada g(x,y) não é binarizada, podendo separar e

diferenciar vários objetos do fundo [17].

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Embora a técnica de correntes parasitas seja bem difundida e utilizada no mercado, não

existe na literatura uma gama de trabalhos disponível relacionando a técnica com

detecção de defeitos em substrato ferromagnético revestido com compósito não

condutor.

Esta sessão do trabalho apresentará estudos relacionados com a inspeção de materiais

semelhantes por outras técnicas de ensaio não destrutivos, a detecção de defeitos e

avaliação de revestimento não condutor pela técnica de correntes parasitas,

processamento de sinais e processamento de imagens para auxilio na técnica de

correntes parasitas.

3.1 Avaliação de defeitos com outras técnicas não destrutivas.

Diversos trabalhos procuraram detectar falhas em sistemas de pintura anticorrosiva por

ensaios não destrutivos, a técnica de termografia foi estudada por Grosso et al [20] e a

técnica de ultrassom foi estudada por Almeida et al [21] ambos os estudos procuraram

analisar os tipos de defeito, tais como, falta de aderência entre substrato e revestimento

e detecção de corrosão localizada do substrato. Grosso et al também estudou a falha de

empolamento [20,21].

Algumas das amostras que procuraram simular corrosão localizada no substrato

utilizadas nestes trabalhos [20,21] são as mesmas analisadas no presente trabalho, e os

resultados serão comparados no subitem 5.2.

3.1.1 Análise utilizando a técnica de termografia.

A técnica de termografia foi utilizada na sua modalidade pulsada, na qual é utilizada

uma fonte externa de calor para excitação do objeto inspecionado através de um pulso

de calor bem definido no tempo. Tal pulso elevará a temperatura do material resultando

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em um aumento da emissão de radiação infravermelha, que é a base do ensaio

termográfico, que será diferente para regiões sadias e defeituosas. A resposta final do

ensaio pode ser apresentada em forma de imagem e é a ferramenta utilizada para análise

do operador.

Para a realização dos ensaios foram confeccionados 4 corpos de prova, sendo os

revestimentos semelhantes ao utilizados no presente trabalho, a tabela 3.1 mostra as

características dos revestimentos e defeitos simulados em cada corpo de prova [20].

Tabela 3.1

Corpo de Prova Composição do

Revestimento

Defeito Simulado

1

Composto

polímero/cerâmica. Resina

epóxi modificada de dois

componentes em reação

com um agente de cura

cicloalifático de amina com

reforços de cerâmicas

Falha de aderência

2

Composto de resina epóxi

novolac reforçado com

carga de flocos de vidro

Empolamento com origem

de ensaios de corrosão em

autoclave

3

Resina epóxi modificada

multifuncional com agente

de cura modificado

aminociclofático com

reforços minerais

modificados

Corrosão localizada abaixo

do substrato

4

Sistema bicomponente de

resinas epóxi

multifuncionais aditivadas

com escamas de vidro,

agente de cura sendo a

poliamida modificada

Corrosão localizado abaixo

do substrato com a

presença de produto de

corrosão.

As figuras 3.1(a), 3.1(b), 3.1(c) e 3.1(d) são imagens termográficas dos ensaios de cada

um dos corpos de prova. Os defeitos de falta de aderência e empolamento foram

facilmente detectados, suas imagens podem ser vistas nas figuras 3.1(a) e 3.1(b)

respectivamente, o trabalho não procurou avaliar a severidade desses defeitos. A figura

3.1(c) mostra os defeitos do corpo de prova 3, que foram detectados e dimensionados,

sendo o maior erro relativo do dimensionamento na imagem original de 17.96% e o

menor de 5,58%. A figura 3.1(d) mostra que a técnica teve dificuldade na detecção de

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defeitos abaixo do revestimento na presença de produto de corrosão, sendo apenas os

defeitos maiores detectados com facilidade [20].

(a) (b)

(c) (d)

Figura 3.1. Imagens termográficas dos corpos de prova com os defeitos simulados, (a)

falta de aderência, (b) empolamento, (c) corrosão localizada, (d) corrosão localizada

com produto de corrosão [20].

3.1.2 Análise pela técnica de ultrassom.

A modalidade de ultrassom utilizada no estudo de Almeida et al [21] foi o método de

pulso-eco onde o mesmo transdutor é responsável por transmitir e receber o pulso de

energia sônica, introduzido no material em intervalos regulares de tempo. Quando os

pulsos encontram alguma superfície refletora, a energia é totalmente ou parcialmente

refletida e retorna ao transdutor, que converte as vibrações em energia elétrica e a

transforma na resposta do ensaio, que é apresentada na forma de C-scan [21].

Foram confeccionados 6 corpos de prova simulando corrosão localizada no substrato,

sendo dois dos corpos de prova contendo produto de corrosão, dois com ausência de

produto de corrosão e dois corpos de prova com defeitos de falta de aderência. A figura

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3.2(a) mostra uma imagem C-scan da resposta do ensaio do corpo de prova simulando

corrosão localizada sem a presença de produto de corrosão, a figura 3.2(b) mostra uma

imagem C-scan da resposta do ensaio do corpo de prova simulando corrosão localizada

com a presença de produto de corrosão e a figura 3.2(c) mostra uma imagem C-scan da

resposta do ensaio do corpo de prova simulando falta de aderência entre substrato e

revestimento [21].

(a)

(b)

(c)

Figura 3.2. Imagens C-scan dos corpos de prova (a) simulando corrosão localizada no

substrato sem produto de corrosão, (b) simulando corrosão localizada no substrato com

produto de corrosão e (c) simulando falta de aderência [21].

Todos os tipos de defeito estudados foram detectados com sucesso em todos os corpos

de prova, com uma dificuldade maior quando há a presença de produto de corrosão, os

defeitos de corrosão localizada foram dimensionados tendo como resultado 25% dos

defeitos apresentam erro relativo percentual maior que 15% [21].

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3.2 Correntes Parasitas.

3.2.1 Avaliação de revestimento não condutor por correntes parasitas.

A avaliação de um revestimento não condutor cerâmico foi estudado por Khan et al

[22]. O revestimento estudado atua como barreira térmica e é utilizado em turbinas de

propulsão a gás. A barreira térmica pode ser dividida em 3 camadas, uma liga com o

substrato, a primeira camada de revestimento ligante ao substrato e a segunda camada

de revestimento que terá uma resistência ao choque térmico, baixa condução térmica e

um coeficiente de expansão térmica alto. A primeira camada de revestimento tem como

objetivo minimizar o efeito da diferença de expansão térmica entre o substrato e a

camada de revestimento superior além de ser responsável pelas propriedades de

aderência do conjunto e proteger o substrato contra corrosão em altas temperaturas.

Kahn estudou um conjunto onde a primeira camada de revestimento é um pó (Ni-5Al)

com tamanho variando entre 50 e 90 μm e a segunda camada uma cerâmica de

composição 76Zr -24MgO (óxido de magnésio e zircônia) sendo o substrato uma

superliga de níquel [22].

O substrato tem formato retangular e espessura de 5 mm, ambos os revestimentos foram

aplicados com auxílio de plasma, a primeira camada com espessura de 95 ± 10 μm e a

segunda camada com 180 ± 20 μm. A figura 3.3 mostra uma secção transversal do

sistema logo após a confecção do mesmo feita em um microscópio eletrônico de

varredura (MEV) [22].

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Figura 3.3. Secção transversal do sistema logo após ser confeccionado [22] adaptado.

Após serem confeccionadas, as amostras sofreram um tratamento térmico em um forno

em temperaturas (750, 900, 1000 ºC) e tempos diferentes (10, 30, 60 horas), sendo

resfriados dentro do próprio forno com sua porta fechada. Após o tratamento térmico

foram feitas as imagens dessas amostras no microscópio eletrônico de varredura (MEV),

as figuras 3.4(a), 3.4(b), 3.4(c), 3.4(d), 3.4(e), 3.4(f) mostram algumas das imagens em

diferentes regimes de tratamentos térmicos submetidos [22].

(a) (b)

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(c) (d)

(e) (f)

Figura 3.4 (a) regime de 10 horas à 750 ºC, (b) regime de 30 horas à 750 ºC, (c) regime

de 10 horas à 900 ºC, (d) regime de 30 horas à 900 ºC, (e) regime de 60 horas à 900 ºC e

(f) regime de 60 horas à 1000 ºC [22] adaptado.

Observou-se o surgimento de uma fase intermetálica entre as duas camadas de

revestimento, onde a variação de espessura dessa camada varia conforme o regime do

tratamento térmico, portanto esta camada foi chamada de camada afetada termicamente

(CAT). A CAT foi analisada por um EDS onde verificou-se que sua composição era

rica em níquel com presença de oxigênio e pequenas quantidades de ferro, sendo

formada basicamente de óxidos [22].

Após as amostras serem submetidas aos diferentes tratamentos térmicos foi realizado o

ensaio de correntes parasitas, onde foi utilizada uma sonda absoluta e frequência de 4

kHz e com a fase do sinal de lift-off rotacionada em torno de 120º para que os sinais de

lift-off permaneçam na horizontal no plano de impedância do aparelho. As amostras

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logo após confeccionadas (antes de sofrerem o tratamento térmico) foram consideradas

como padrões para a realização dos ensaios [22].

O sistema inspecionado é constituído por um substrato (superliga de níquel), que é

condutor e não magnético, onde a influência do substrato ao ensaio de correntes

parasitas foi considerada igual para todas as amostras. A segunda camada do

revestimento é de um material não condutor e não magnético que funciona como ar

(tendo seu efeito no ensaio como o efeito lift-off) entre a sonda e a primeira camada de

revestimento (que por sua vez é condutora). A fase do sinal se manterá constante se a

espessura da segunda camada for constante [22].

A camada afetada termicamente (CAT), formada principalmente de óxidos, tem como

resposta do sinal uma redução do ângulo de fase do ensaio e um aumento da amplitude.

Logo a análise da resposta do ensaio está ligada a formação da CAT. Dois gráficos,

mostrando a amplitude e a fase dos ensaios, podem ser observados na figura 3.5(a) e

3.5(b) respectivamente, onde observou-se um aumento amplitude e a redução do ângulo

de fase para as amostras onde a temperatura do tratamento térmico foi de 750 e 900 ºC

conforme o tempo do tratamento térmico aumenta. No caso das amostras onde a

temperatura do tratamento foi de 1000 ºC há um comportamento diferente devido ao

fato que essa temperatura após 10 horas forma-se a CAT e a resposta do ensaio é

esperada como nas temperaturas mais baixas, mas com o tempo a segunda camada de

revestimento se separa do sistema, sendo prejudicial para o mesmo e alterando as

características do corpo de prova, alterando a resposta do ensaio [22].

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(a)

(b)

Figura 3.5. (a) amplitude do ensaio de correntes parasitas e (b) ângulo de fase do ensaio

de correntes parasitas [22] adaptado.

Khan et al concluíram que ao passar por tratamento térmico uma camada afetada

termicamente (CAT) é criada no sistema de revestimento, essa camada é indesejada e

pode afetar a qualidade do mesmo, a espessura da CAT aumenta com a temperatura e

tempo do tratamento térmico e pode ser medida pelo ensaio de correntes parasitas uma

vez que a CAT possui influência tanto na amplitude quanto no ângulo de fase da

resposta do ensaio [22].

Khan et al não procuraram medir a espessura da CAT com o ensaio de correntes

parasitas, tendo como objetivo principal apenas a detecção desta camada.

3.2.2 Detecção de defeitos em estruturas com multicamadas.

Disque e Becker estudaram a inspeção de defeitos não visíveis causados pela corrosão

devido a umidade entre camadas de alumínio com material adesivo na interface entre as

camadas, este tipo de material é utilizado na indústria aeronáutica e sua detecção é

extremamente necessária para evitar falhas catastróficas [23].

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A amostra confeccionada para a realização das inspeções, é composta por 3 camadas de

alumínio com diferentes espessuras, sendo estas 0,7; 0,8 e 1 milímetros, entre as

camadas existe uma camada de adesivo de 0,4 milímetros. Na interface entre a primeira

camada de alumínio e o adesivo realizou-se artificialmente a simulação de um dano

causado por corrosão, com formato circular de 14 milímetros em degraus de 0,1 e 0,5

milímetros e uma área maior com corrosão constante com 0,3 milímetros de

profundidade. Na interface entre a última camada de alumínio e o adesivo a corrosão foi

simulada em diferentes áreas com diferentes profundidades, de 0,2 à 0,7 milímetros. A

área de corrosão na primeira camada de alumínio cobre parcialmente a área de corrosão

na última camada. A figura 3.6 representa a realização do ensaio nesse material [23].

Figura 3.6. Representação do ensaio no material com multicamadas [23] adaptado.

Os seguintes parâmetros foram considerados como agentes que influenciam a

impedância da sonda, consequentemente a resposta do ensaio, sendo estes: espessura

das diferentes camadas de alumínio e adesivo, tamanho e forma dos defeitos simulando

corrosão, e a frequência utilizada no ensaio.

Como o ensaio de correntes parasitas é um método indireto e sensível a muitas

variáveis, foram aplicadas várias frequências simultaneamente com o objetivo de obter

informação suficiente para avaliar o dano causado pela corrosão e caracterizar a perda

de espessura das diferentes camadas de alumínio [23].

A calibração do equipamento de correntes parasitas foi realizada com o uso de camadas

de alumínio com defeitos circulares com diâmetro de 14 milímetros com profundidades

entre 0,2 e 0,7 milímetros. Filtros foram utilizados para a diferenciação dos sinais

provenientes das diferentes camadas de alumínio, tornando possível inspecionar uma

camada em uma profundidade específica e desejada, sendo a variação da espessura da

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camada adesiva um parâmetro que pode causar resultado indesejado, sendo quando

possível suprimido pelos filtros [23].

As figuras 3.7(a) e 3.7(b) representam os resultados obtidos na inspeção de diferentes

camadas, na parte superior das figuras encontra-se as imagens C-scan geradas com os

dados da inspeção enquanto na parte inferior encontra-se a amplitude correspondente a

uma área de inspeção que contenha o defeito. Na figura 3.7(a) o filtro foi aplicado de

modo que apenas os defeitos inseridos na primeira camada de alumínio são detectados,

a mesma área é representada na figura 3.7(b), porém com a utilização do filtro para

detectar a corrosão na última camada, notou-se que mesmo com a tentativa de suprimir

o sinal dos defeitos presentes na primeira camada, estes ainda são detectados, também

foi detectado o defeito presente na última camada [23].

(a) (b)

Figura 3.7. (a) inspeção na primeira camada e (b) inspeção na última camada [23]

adaptado.

Disque e Becker [23] realizaram o dimensionamento da profundidade dos defeitos com

erro relativo menor de 10% [23].

O estudo apresentado mostrou que é possível à detecção de defeitos causados pela

corrosão em camadas não visíveis e que materiais como adesivo, que na maioria dos

casos é um material polimérico, possui uma influência indesejada para o ensaio,

suprimiu-se essa influência com a utilização de filtros, que também tornaram possível a

diferenciação da profundidade de inspeção desejada, consequentemente a área

inspecionada.

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Para o presente trabalho ambos os revestimentos utilizados possuem base polimérica e

há a presença de defeito simulando corrosão abaixo do revestimento.

3.2.3 Análise de substrato recoberto por material não condutor.

Em dois trabalhos Angani e Park et al. investigaram a variação da perda de espessura de

um aço inoxidável recoberto por um material não condutor que simula revestimentos

anticorrosivos, a principal diferença entre os trabalhos é o tipo de sonda utilizado

(absoluta e diferencial) [24,25].

Nos estudos realizados, foi utilizada a modalidade pulsada de correntes parasitas, que

difere da convencional, que por sua vez opera em uma única frequência senoidal, a

modalidade pulsada aplica repetitivos pulsos em pequenos intervalos de tempo, a

resposta do ensaio é obtida após o pulso de excitação acabar, sendo um método menos

suscetível a interferências [24,25].

Os corpos de prova utilizados buscam simular a perda de espessura do substrato,

possuem forma de escada, como pode ser vista na figura 3.8, uma camada de material

polimérico recobre a parte plana do corpo de prova, sendo essa camada com diferente

espessura nos dois trabalhos (6 milímetros para a sonda absoluta e 8 milímetros para

sonda diferencial).

Figura 3.8. Corpo de prova utilizado nos ensaios com sonda absoluta [24] adaptado.

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Foi utilizado um sistema automatizado de inspeção onde a sonda é capaz de percorrer a

superfície inspecionada nos eixos XY com velocidade controlada. Para o controle da

inspeção foi utilizado um software baseado na plataforma LabVIEW [24,25].

Para analisar a resposta do ensaio foram plotadas as amplitudes em função da posição

da sonda durante a inspeção, como pode ser visto nas figuras 3.9(a) e 3.9(b), nota-se que

tanto o ensaio com a sonda absoluta quanto o ensaio com sonda diferencial foram

capazes de detectar a variação de espessura do substrato, também é possível notar que a

amplitude da sonda absoluta ao inspecionar o material são negativas enquanto da sonda

diferencial são positivas, a forte dependência do ensaio de correntes parasitas com a

área de calibração pode explicar essa diferença, onde no ensaio com sonda absoluta a

calibração foi feita em tubos com variações de espessura e no ensaio com sonda

diferencial foi realizada na própria amostra [24,25].

(a)

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(b)

Figura 3.9 . (a) resultado do ensaio com a sonda absoluta e (b) resultado do ensaio com

sonda diferencial [24,25] adaptado.

Os trabalhos de Angani e Park et al. [24,25] mostraram a capacidade da técnica de

correntes parasitas em detectar a perda de espessura de um substrato de material

condutor recoberto por material não condutor.

Scottini e Quakkelsteijn [26] mostraram em seu trabalho o monitoramento da variação

de espessura de materiais revestidos ou em lugares de difícil acesso pela técnica de

correntes parasitas, neste trabalho também foi utilizada a modalidade pulsada da técnica

[26].

A corrosão debaixo da camada de revestimento é um grande problema em instalações e

estruturas de aço carbono, sendo a inspeção periódica e monitoramento de áreas sujeitas

a esse tipo de falha um método de aumentar a vida útil dos equipamentos. A técnica de

correntes parasitas foi escolhida para tal finalidade no trabalho de Scottini e

Quakkelsteijn [26], pois possui características de ter o menor contato possível com o

material inspecionada, e não ser necessário a retirada do revestimento para que a

inspeção seja realizada [26].

Devido à alta dependência com a calibração da técnica, foi desenvolvido um algoritmo

que relaciona a resposta do sinal com a espessura do material, esse algoritmo é

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funcional apenas para aços baixo carbono, sendo o sistema de inspeção capaz de dar a

resposta do ensaio em poucos segundos, já relacionando com a espessura do substrato,

além de ser armazenada e poder ser analisada futuramente. Infelizmente com a

aplicação do algoritmo, a detecção de defeitos localizados, como pits, por exemplo, não

são detectados [26].

No trabalho, Scottini e Quakkelsteijn [26] consideraram que foi possível a detecção do

defeito mais importante que o dimensionamento do mesmo, sendo a comparação entre

diversas inspeções utilizada para monitorar áreas com defeitos previamente detectados

[26].

A inspeção de substratos condutores revestidos com material não ferromagnético e não

condutor foi possível, uma vez que foi considerado que o material do revestimento não

possui influência no ensaio. A figura 3.10(a), mostra uma inspeção na estrutura de um

tanque de armazenamento esférico, onde essa estrutura é recoberta por concreto, a

aquisição de dados do ensaio foi feita em cada 100 milímetros, a figura 3.10(b), mostra

a resposta do ensaio, nota-se que a técnica foi capaz de detectar a perda de espessura do

substrato com sucesso [26].

(a)

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46

(b)

Figura 3.10. (a) Fotografia da inspeção e (b) resultado da inspeção [26] adaptado.

Crouzen et al. estudaram o perfil de tubos atacados por corrosão abaixo da camada de

pintura pela técnica de correntes parasitas na modalidade pulsada. Crouzen et al. [27]

analisaram as propriedades elétricas e magnéticas de alguns revestimentos, sendo eles,

pinturas, polímeros e concreto, e concluíram que para o ensaio de correntes parasitas a

magnitude dessas propriedades podem ser comparadas com o vácuo, não tendo

influência efetiva no ensaio. Também foi analisado a influência de produto de corrosão

e como a condutividade do produto de corrosão pode ser desprezada quando comparada

com o substrato, considerou-se que não existem correntes parasitas no produto de

corrosão, portanto este também não possui influência no ensaio [27].

Com o objetivo de detectar a perda de espessura da parede externa do tubo, os sinais do

ensaio de correntes parasitas são obtidos em uma área do corpo de prova que não

contém defeito, sendo obtidas respostas para o ensaio para diferentes valores de lift-off,

como pode ser visto na figura 3.11(a) , a figura 3.11(b) mostra a amplitude do sinal

obtido em função do lift-off, essa curva foi utilizada como base do ensaio e representa a

calibração. A inspeção realizada em um material com defeito esta representada na figura

3.11(c) e a resposta do ensaio na figura 3.11(d), a amplitude do sinal são comparadas

com as amplitudes da curva de calibração, sendo assim a perda de espessura detectada

com o gráfico lift-off versus posição do sensor que reflete o perfil do material ensaiado

[27].

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(a) (b)

(c) (d)

Figura 3.11. (a) calibração; (b) curva de calibração; (c) inspeção do material e (d)

resultado do ensaio [27] adaptado.

A figura 3.12(a) mostra um tubo onde foi realizada a inspeção, após a remoção da

pintura, enquanto a figura 3.12(b) mostra a resposta para o ensaio, os dados do ensaio

foram aquisitados em diversos pontos da superfície externa do tubo, assumiu-se que não

existia corrosão interna no tubo, é possível observar a diferença de espessura e

severidade de corrosão em diversas áreas, os pontos verdes e azuis são pontos onde não

houve detecção de perda de espessura efetiva enquanto os pontos em amarelo, cinza,

roxo, vermelho foram pontos em que houve detecção de corrosão com a severidade

variando nesta ordem, foi detectado a perda total de espessura (furo) em um ponto,

representado pela célula de cor branca, esse furo foi posteriormente confirmado por um

exame destrutivo do tubo [27].

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(a)

(b)

Figura 3.12. (a) Tubo onde foi realizada a inspeção e (b) resposta do ensaio [27]

adaptado.

Crouzen et al. mostraram que a técnica de corrente parasitas é capaz de detectar perda

de espessura em um substrato revestido com pintura, e que esta não possui interferência

no ensaio, assim como o produto de corrosão, possibilitando assim que o ensaio seja

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realizado sem nenhuma preparação de superfícies. Crouzen et al. também mostraram

que a técnica possui a tendência de minimizar a profundidade com defeitos com

diâmetro em torno de 30 milímetros sendo esse efeito menor a medida que o os defeitos

são maiores [27].

3.3 Processamento auxiliando correntes parasitas.

Não se encontra com facilidade na literatura trabalhos sobre processamento de imagens

aplicado para o auxílio da técnica de correntes parasitas, porém existem diversos

trabalhos focados no processamento de sinais do ensaio, em sua maioria aplicados para

eliminar a interferência do sinal de lift-off durante o ensaio.

Ribeiro et al [28] descobriram em seu trabalho uma relação exponencial entre a

distância da sonda e o corpo de prova com a amplitude de sinal do ensaio, sendo quanto

mais próxima a sonda do corpo de prova, maior a amplitude. Foi desenvolvido um filtro

que reduzia essa dependência do sinal com o lift-off [28] .O material utilizado para os

ensaios foi uma liga de alumínio 2024 T3, sendo assim o filtro desenvolvido útil para

ensaios com esse tipo de material. A figura 3.13 mostra os gráficos antes e depois da

aplicação do filtro, sendo a amplitude do sinal normalizada para cada ensaio.

(a)

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(b)

Figura 3.13. (a) Antes do processamento e (b) depois do precessamento [28] adaptado.

Nota-se que Ribeiro et al foi capaz de diminuir a redução de amplitude para maiores lift-

offs, quando é aplicado o filtro desenvolvido.

Cacciola et al e Chen et al [29,30], estudaram em diferentes trabalhos o processamento

de sinal de ensaios de correntes parasitas por meio de transformadas wavelet, sendo em

ambos os trabalhos o objetivo final a redução do ruído proveniente do sinal de lift-off.

Ambos os trabalhos utilizaram corpos de prova contendo defeitos simulando trincas

[29,30].

He et al [31] estudaram em seu trabalho a caracterização de defeitos através de

processamento de imagens C-scan formadas com dados de um ensaio de correntes

parasitas pulsada. Como corpos de prova, utilizou-se duas placas de alumínio com um

defeito controlado em cada placa, estes simulando corrosão [31].

A figura 3.14 mostra a imagem C-scan antes de ser processada, proveniente dos ensaios

nos dois corpos de prova diferentes, a barra de cores representa a amplitude do sinal no

ensaio e sua grandeza é de milivolts [31]. Lembrando que a modalidade de correntes

parasitas pulsada também é dependente do tempo.

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(a)

(b)

Figura 3.14. Imagens C-scan detectando os defeitos inseridos [31] adaptado.

Com o objetivo de retirar o ruído das imagens obtidas, He et al propuseram a aplicação

de um processamento nas imagens por meio de uma transformada wavelet. As imagens

após serem processadas podem ser vistas na figura 3.15.

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(a) (b)

Figura 3.15 Imagens após o processamento [31] adaptado.

He et al consideraram que o processamento das imagens foi eficaz, pois possibilitou a

melhor detecção do defeito, sendo sinais provenientes de defeito na cor amarela ou

vermelha após o processamento ser realizado [31].

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4. MATERIAIS E MÉTODOS.

Como o objetivo deste trabalho é analisar a capacidade de detecção de defeitos de

corrosão em aços carbono revestidos com materiais compósitos não condutores pelo

ensaio não destrutivo de correntes parasitas, este item do trabalho apresentará os

aspectos relacionados à confecção dos corpos de prova, dos defeitos inseridos,

configuração do ensaio de correntes parasitas e o processamento de imagens realizado.

4.1 Corpos de prova.

Para o presente trabalho foram confeccionados onze corpos de prova com defeitos

controlados, ou seja, com dimensões e localização conhecidas. Estes defeitos buscam

simular falhas de perda de espessura do substrato devido à corrosão localizada,

reproduzindo uma situação encontrada na prática, uma vez que revestimentos

anticorrosivos são usados em tanques de armazenamento, por exemplo, onde existe a

possibilidade de ocorrência de corrosão localizada no substrato sem que haja uma

indicação na superfície, impossibilitando uma inspeção visual.

Com finalidade de avaliar se o tipo de revestimento possui influência efetiva no ensaio

de correntes parasitas, foram utilizados dois tipos de revestimento, denominados de

revestimento A e revestimento B, suas características serão descritas no item 4.1.2.

Com finalidade de avaliar se o produto de corrosão ( ) possui influência efetiva no

ensaio de correntes parasitas, foi adicionado este produto nos defeitos inseridos em seis

dos onze corpos de prova antes da aplicação do revestimento.

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4.1.1 Substrato.

Foram utilizadas como substrato, placas de aço carbono, com dimensões: 150

milímetros de comprimento, 100 milímetros de largura e 4,7 milímetros de espessura,

estas placas sofreram o jateamento com microesferas de vidro.

Os defeitos de perda de espessura no substrato devido à corrosão localizada foram

simulados através de furos controlados que não atravessaram o substrato. Estes furos

foram feitos de duas maneiras, a primeira com a utilização de uma fresa e a segunda

com a utilização de uma furadeira, os furos feitos com a fresa apresentam uma

profundidade constante e uniforme, com seu fundo paralelo a superfície do substrato,

sendo chamado de furo planar, enquanto os furos feitos com a furadeira apresentam

forma cônica e não paralela a superfície do substrato, sendo chamados de furo cônico.

Em 6 dos corpos de prova foram feitos 6 furos, enquanto em 5 dos corpos de prova

foram feitos 3 furos, a tabela 4.1 mostra a quantidade de furos por corpo de prova, o

tipo de revestimento utilizado, o tipo de furo (planar ou cônico) e se existe ou não

presença de produto de corrosão no defeito controlado. A figura 4.1 mostra diversos

corpos de prova antes da aplicação do revestimento.

Tabela 4.1.

Corpo de

Prova

Quantidade de

Furos

Tipo de

Revestimento

Tipo de

Furo

Produto de

Corrosão A1 6 A Planar Não

A2 6 B Planar Não

A3 6 B Planar Sim

A4 6 A Cônico Não

A5 6 B Cônico Não

A6 6 B Cônico Sim

A7 3 A Planar Sim

A8 3 A Planar Sim

A9 3 A Cônico Não

A10 3 A Cônico Sim

A11 3 A Cônico Sim

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(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4.1. Fotografias dos substratos antes da aplicação do revestimento. (a)

amostra com 6 furos planares, (b) amostra com 6 furos cônicos, (c) amostra

com 3 furos planares, (d) amostra com 3 furos cônicos.

4.1.2 Revestimento.

Para o presente trabalho foram usados dois tipos de revestimento que são utilizados

comercialmente no interior de tanques de armazenamento de petroquímicos. O método

utilizado para a preparação da superfície do substrato foi à limpeza mecânica por

jateamento abrasivo, utilizando microesferas de vidro como abrasivo. A aplicação dos

revestimentos foi feita, com pincel, através de uma fina camada, evitando a área dos

furos. Essa camada serviu como adesivo para a fixação de uma película seca,

previamente preparada com o próprio revestimento. As películas foram feitas em uma

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placa de teflon, aplicando os revestimentos com extensor. Depois de curados, os

revestimentos foram destacados manualmente e fixados nos corpos de prova. A tabela

4.2 apresenta as principais características de cada revestimento. As figuras 4.2(a) e

4.2(b) mostram uma etapa da aplicação do revestimento para dois corpos de prova e as

figuras 4.2(c) e 4.2(d) mostram dois corpos de prova com os revestimentos A e B

aplicados.

Tabela 4.2. Características dos revestimentos A e B

Tipo de Revestimento Composição Indicação de uso

Revestimento A

Sistema bicomponente de

resina epóxi

multifuncionais aditivadas

com escamas de vidro.

Sólidos 98%, agente de

cura: poliamida modificada

Resiste a uma larga gama

de produtos químicos

agressivos, incluindo

solventes e ácidos fortes, à

temperatura ambiente até

temperaturas elevadas (80

Cº)

Revestimento B

Resina epóxi modificada

multifuncional com agente

de cura modificado:

aminociclolifático com

reforços minerais

modificados.

100% sólidos.

Resistente a soluções

alcalinas e alvejantes,

acetona, bunker C, diesel,

etanol, gasolina, álcool

isopropílico, querosene,

metanol, MEK, MIBK,

nafta, água salgada, esgoto,

tolueno, xileno, ac. acético

(5%), ac. nítrico (10-60%),

ac.fosfórico (30-85%), ac.

sulfúrico (30-98%)

(a) (b)

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(c) (d)

Figura 4.2. (a) primeira etapa da aplicação do revestimento A, (b) primeira etapa da

aplicação do revestimento B, (c) corpo de prova com revestimento A, (d) corpo de

prova com o revestimento B

As especificações para espessura final são de 240 µm para 3 a 4 demãos com tempo

total de cura de 7 dias a 25ºC para o revestimento A, e de 375 à 500 µm por demão com

tempo de cura total de 250 horas a 25ºC para o revestimento B.

4.1.3 Dimensões dos defeitos inseridos.

A tabela 4.3 apresenta as principais dimensões dos defeitos inseridos em cada corpo de

prova além de apresentar o tipo do furo (planar ou cônico), tipo de revestimento (A ou

B), se existe ou não a presença de produto de corrosão nos defeitos inseridos.

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Tabela 4.3. Especificações dos corpos de prova.

F

U

R

O

A1

Furo Planar

Revestimento A

Sem Produto de Corrosão

A2

Furo Planar

Revestimento B

Sem Produto de Corrosão

A3

Furo Planar

Revestimento B

Com Produto de Corrosão

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

1 5,45 1,5 5,41 1,00 5,15 1,96

2 5,25 2,3 5,36 1,90 5,20 2,21

3 5,25 2,8 5,26 2,37 5,15 2,86

4 10,75 1,5 11,20 1,53 11,04 1,88

5 11,00 2,15 11,20 1,93 10,96 2,14

6 10,84 2,7 11,24 3,00 10,85 2,73

F

U

R

O

A4

Furo Cônico

Revestimento A

Sem Produto de Corrosão

A5

Furo Cônico

Revestimento B

Sem Produto de Corrosão

A6

Furo Cônico

Revestimento B

Com Produto de Corrosão

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

1 3,45 1,46 3,33 1,46 3,44 1,48

2 3,40 2,70 3,38 2,60 3,41 2,56

3 3,44 3,30 3,40 3,80 3,44 2,87

4 6,35 1,46 6,40 1,46 6,35 1,48

5 6,45 2,70 6,38 2,60 6,38 2,56

6 6,43 3,30 6,42 3,80 6,40 2,87

F

U

R

O

A7

Furo Planar

Revestimento A

Com Produto de Corrosão

A8

Furo Planar

Revestimento A

Com Produto de Corrosão

A9

Furo Cônico

Revestimento A

Sem Produto de Corrosão

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

Diâmetro

(mm)

Profundidade

(mm)

1 5,65 3,43 5,43 3,42 4,89 3,41

2 5,56 2,54 5,6 2,45 4,98 2,56

3 5,53 1,47 5,58 1,51 4,64 1,42

F

U

R

O

A10

Furo Cônico

Revestimento A

Com Produto de Corrosão

A11

Furo Cônico

Revestimento A

Com Produto de Corrosão

Diâmetro (mm) Profundidade

(mm)

Diâmetro (mm) Profundidade

(mm)

1 4,89 3,51 4,96 3,52

2 4,98 2,46 5,01 2,40

3 4,64 1,37 4,67 1,45

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4.2 Ensaio de Correntes Parasitas.

4.2.1 Procedimento experimental.

Para o presente trabalho foi usada a modalidade convencional da técnica de correntes

parasitas, sendo utilizada uma mesa para a movimentação da sonda absoluta de forma

automatizada, onde é possível fazer a varredura em dois eixos. Esta movimentação

automatizada da mesa permite que seja definida a área de varredura, e

consequentemente o tamanho da matriz que representará o ensaio.

Para o controle da mesa e aquisição dos dados foi utilizado um software, baseado na

plataforma Labview, desenvolvido no LNDC pelo departamento de Tecnologia e

Informação (T.I). Os sinais aquisitados pelo equipamento de correntes parasitas são

digitalizados por um osciloscópio e em seguida enviados ao software, que formará as

matrizes, estas serão a base para a formação das imagens digitais. Para cada ensaio

realizado se obtêm duas matrizes, uma para a componente resistiva do campo de

impedância e a outra para a componente indutiva. Na prática tentou-se eliminar o efeito

da variação do lift-off mudando a fase e o ganho do equipamento para que sinais

provenientes desse efeito estivessem apenas na componente indutiva, logo a imagem

resultante dessa matriz terá uma relação sinal/ruído baixa e não foi utilizada para a

análise dos defeitos, portanto não estando presentes neste trabalho. Entretanto a imagem

proveniente da matriz da componente resistiva possui relação sinal/ruído alta, sendo

assim utilizada no presente trabalho.

A formação da imagem para análise foi realizada utilizando o software MatLab®, A

imagem formada é do tipo C-scan. O número de pontos em que o sinal de correntes

parasitas foi aquisitado é escolhido pelo operador, utilizando uma ferramenta do

software de controle da mesa, que possibilita a escolha do tamanho de cada passo dado

(o quanto a mesa se desloca em milímetros a cada movimentação), a aquisição de um

número maior de pontos (passo pequeno) gera imagens de melhor resolução e

qualidade, porém aumentam o tempo de ensaio. A figura 4.3(a) representa a

movimentação da mesa, enquanto a figura 4.3(b) representa o ensaio pela técnica de

correntes parasitas em um material que contêm defeito e sua imagem C-scan

proveniente dos dados da matriz associada à resposta do ensaio.

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(a)

(b)

Figura 4.3. (a) desenho esquemático da movimentação da mesa e (b) desenho

esquemático do ensaio e a geração da imagem C-scan.

A calibração do equipamento de correntes parasitas foi feita, antes de cada ensaio, nas

próprias amostras, em uma região onde acreditou-se ser ausente de defeitos, geralmente

essa região era o ponto (0,0) no sistema de coordenadas (X,Y) de inspeção do ensaio.

Como o ensaio por correntes parasitas é um método comparativo, todos os outros

pontos de obtenção de dados do ensaio serão comparados ao ponto de calibração. Assim

qualquer variância de espessura do revestimento ou na inclinação (empeno) da mesa que

seja sensível ao ensaio terá influência no mesmo e poderá mascarar os resultados. O lift-

off utilizado foi o menor possível, contanto que a sonda não estivesse em contato com o

corpo de prova em nenhum momento do ensaio.

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Devido ao fato da profundidade de penetração ser limitada para materiais

ferromagnéticos, os ensaios foram realizados apenas nas faces dos corpos de prova que

continham os defeitos inseridos.

4.2.2 Configurações e Equipamentos.

Os equipamentos utilizados no ensaio foram:

Equipamento de correntes parasitas ZETEC – MIZ 21;

Sonda de correntes parasitas ZETEC – 5kHz à 50 kHz;

Osciloscópio Tektronix MSO 4030;

Software de aquisição de dados em forma de matriz;

Mesa de varredura XY;

Software para obtenção da imagem a partir da matriz (MatLab®).

O equipamento de correntes parasitas foi configurado com frequência de 10 kHz, ganho

de 33 dB, ângulo de fase de 122 º, sendo enviada para a sonda uma corrente de 0,02

mA. Para os ensaios realizados no presente trabalho foi utilizada uma resolução de 1

passo por milímetro.

4.3 Formação e Processamento de Imagem.

Os dados com a resposta do ensaio são apresentados em forma de matriz, esta será a

base da imagem usada para análise do corpo de prova. Com o auxílio do software

MatLab®, uma imagem digital é formada a partir dos dados da matriz obtida no ensaio.

Para operações aritméticas o MatLab® utiliza matrizes com formato Double onde os

valores dos elementos são números reais com diversas casas decimais, sendo o número

de casas decimais dependente da capacidade de processamento de cada computador

[32].

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Como os valores da resposta do ensaio de correntes parasitas em cada ponto (elemento

da matriz) são números reais com casas decimais, não foi necessário transformar os

elementos da matriz para escala de tons de cinza, variando de 0 à 255.

O tom de cor das imagens utilizado foi o próprio default do MatLab®. A barra de cores

é formada conforme o valor de cada pixel, onde o pixel de menor valor terá uma

correspondente de cor de valor mais baixo, no caso do presente trabalho o azul, e o pixel

de maior valor terá uma correspondente de cor de valor mais alto, no caso do presente

trabalho o vermelho [33].

Para exemplificar uma matriz com 10 elementos 2X5 está representada abaixo com seus

valores na figura 4.4(a) e sua representação como imagem digital representada na figura

4.4(b), no mesmo método utilizado neste presente trabalho. Nota-se que o elemento de

menor valor da matriz possui a cor de menor valor associado e as cores da imagem

variam gradualmente com os valores dos elementos da matriz.

(a) (b)

Figura 4.4. (a) Uma matriz, figura e (b) sua representação como imagem digital

utilizando o MatLab®

O processamento de imagens utilizado no presente trabalho foi a limiarização

multilevel, para cada amostra obteve-se a imagem original, e uma imagem processada.

O objetivo do processamento foi de facilitar a detecção dos defeitos quando comparados

com a imagem original e eliminar regiões que possuam variação de espessura do

revestimento que mascaram a inspeção com sinais de falsos defeitos.

O valor do limiar foi escolhido com o auxílio do histograma de cada amostra. Como os

corpos de prova possuem defeitos controlados, sabe-se a área e localização que estes

possuem, e a área de inspeção é escolhida e varia para cada ensaio, mas também é um

parâmetro controlado. Com estes dados sabe-se previamente a quantidade de pontos

aquisitados pelo ensaio de correntes parasitas que terão resposta com características de

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63

defeito, essas características variarão para cada amostra pela forte dependência do

ensaio com a calibração, como já foi mencionado anteriormente neste trabalho.

Além das quantidades de sinais provenientes do defeito foi investigada a amplitude dos

mesmos na imagem original na região da borda do defeito, onde a amplitude do sinal de

defeito será menor ao comparada com o centro do defeito.

Com o objetivo de eliminar as regiões de falsos defeitos na imagem original, mas

podendo ainda ter uma diferenciação dos defeitos após o processamento, pois defeitos

maiores terão maior risco estrutural e precisam ser diferenciados de defeitos menores,

os valores dos limiares secundários são iguais ao valor do elemento da imagem inicial,

na prática esses valores não são alterados pelo processamento. Matematicamente para os

casos onde o defeito tem amplitude positiva, tem-se:

g(x,y) = f(x,y) se f(x,y) ≥ t

0 se f(x,y) < t

Matematicamente para os casos onde o defeito tem amplitude negativa, tem-se:

g(x,y) = f(x,y) se f(x,y) ≤ t

0 se f(x,y) > t

Onde f(x,y) representa a imagem original, g(x,y) a imagem processada e t é o valor do

limiar escolhido.

As rotinas utilizadas no MatLab® para os processamentos estão no anexo deste

trabalho.

O dimensionamento dos defeitos foi realizado utilizando a ferramenta brush do

MatLab®, que é um modelo de interação com gráficos e imagens onde os dados dentro

do retângulo são destacados [34].

A função de brush fornece valores das posições do retângulo, tornando possível assim

dimensionar os defeitos. Para o presente trabalho, todos os defeitos inseridos tem forma

superficial cilíndrica e o dimensionamento utilizou a média aritmética entre a diagonal

do eixo X e a diagonal do eixo Y dos defeitos identificados, a figura 4.5 mostra a função

brush em um gráfico de pontos, nota-se que é possível medir os lados do retângulo.

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Figura 4.5. Função brush em um gráfico de pontos no MatLab®.

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65

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

A inspeção de revestimentos não condutores através da técnica de correntes parasitas é

baseada na variação de lift-off, pois os mesmos não possuem interferência nas correntes

parasitas em si (apenas na distância entre sonda e substrato, ou seja, lift-off) como

mostra os trabalhos de Scottini e Crouzen [26,27], nas regiões onde o revestimento é

mais espesso, o valor de lift-off é maior e nas regiões onde o revestimento é menos

espesso, o valor de lift-off é menor, a relação entre lift-off e amplitude de sinal foi

demonstrada por Ribeiro et al [28], onde esta relação é inversa, ou seja quanto maior

lift-off menor a amplitude do sinal, portanto quanto maior a espessura do revestimento,

menor a amplitude do sinal.

A escala de cor presente na imagem C-scan é fortemente dependente da região do corpo

de prova onde é realizada a calibração. Em todos os corpos de prova a calibração foi

feita em um ponto onde acreditou-se não conter defeitos, o ponto (0,0) em coordenadas

cartesianas da movimentação da mesa, esta região de referência equivale ao zero da

escala de cor da imagem original (imagem proveniente do ensaio, sem sofrer

processamento), assim todas as regiões do corpo de prova que possuírem mesma

espessura de revestimento e não contenham defeito no substrato ou na interface entre

substrato e revestimento, a tonalidade de cor será a mesma do ponto de calibração

daquele corpo de prova.

Para eliminar a presença das regiões onde houve a variação de espessura foi realizado o

processamento de imagens (limiarização multilevel). Para cada corpo de prova foi feito

um processamento, sendo o processamento realizado considerando-se a própria imagem

original e seu histograma. A tabela 5.1 mostra o limiar dos processamentos utilizados

para cada amostra e tenta exemplificar a alteração realizada pelo processamento na

matriz associada à imagem original f(x,y).

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Tabela 5.1. Limiares dos processamentos e a alteração na imagem original

Corpo de Prova Limiar do processamento

O que alterou na

imagem original f(x,y)

com o processamento

A1 0 Volts Se f(x,y) < 0

g(x,y) = 0

A2 0 Volts Se f(x,y) < 0

g(x,y) = 0

A3 0,35 Volts Se f(x,y) < 0,35

g(x,y) = 0

A4 0,63 Volts Se f(x,y) < 0,63

g(x,y) = 0

A5 - 0,9 Volts Se f(x,y) > -0,9

g(x,y) = 0

A6 0,6 Volts Se f(x,y) > -0,6

g(x,y) = 0

A7 -1,7 Volts Se f(x,y) > -1,7

g(x,y) = 0

A8 -1,2 Volts Se f(x,y) > -1,2

g(x,y) = 0

A9 -1 Volt Se f(x,y) > -1

g(x,y) = 0

A10 -1,93 Volts Se f(x,y) > -1,93

g(x,y) = 0

A11 -1 Volt Se f(x,y) > -1

g(x,y) = 0

Assim como nos trabalhos de Angani e Park et al [24,25] verificou-se que os sinais

provenientes de defeitos tanto com amplitude positiva quanto negativa. Pode-se

relacionar este fato à região do corpo de prova em que foi realizada a calibração, sendo

a espessura do revestimento neste local diferente para cada corpo de prova.

A diferença de amplitude do sinal quando há ou não a presença de defeitos pode ser

vista na figura 5.1, os sinais são provenientes do corpo de prova A1, onde na figura

5.1(a) percorreu-se uma região que não contém defeito, nota-se que a variação da

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amplitude nesse caso é pequena e se deve ao sinal de variação do lift-off e ruídos

existentes na inspeção, enquanto na figura 5.1(b) percorreu-se uma região que contém

dois defeitos, nota-se que a variação da amplitude é maior quando comparada com uma

região sem defeito.

Estes sinais demonstrados foram realizados fixando-se a linha e varrendo as colunas da

matriz que representará o ensaio. A imagem que irá ser formada pelo ensaio é

constituída de n sinais como este.

(a)

(b) Figura 5.1 (a) Sinal proveniente de uma região sem nenhum defeito e (b) Sinal

proveniente de uma região com dois defeitos

A presença de produto de corrosão não possui interferência significativa no ensaio de

correntes parasitas, esta conclusão foi feita após a análise das imagens obtidas para

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todas as amostras, observou-se que não houve diferença na amplitude do sinal devido à

presença ou não do produto de corrosão, o que confirma a conclusão de Crouzen et al.

[27]. O que pode ser visto nos itens subsequentes que irão apresentar os resultados

obtidos para cada corpo de prova.

A figura 5.2(a) mostra s histograma da imagem original obtida após o ensaio do corpo

de prova A1, destacando o parâmetro t utilizado no processamento, enquanto a figura

5.2(b) mostra o histograma da imagem após o processamento realizado. Como esperado

a área de fundo da imagem possui uma quantidade de pixels maior que o objeto

(defeitos inseridos simulando corrosão localizada), pois a área total dos defeitos quando

comparada com a área total do corpo de prova é pequena, logo a quantidade de dados do

ensaio provenientes de defeitos é menor de que a quantidade de dados das regiões sem

defeitos.

(a)

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(b)

Figura 5.2 Histogramas da imagem do ensaio do corpo de prova A1, (a) original e (b)

processada.

5.1 Resultados dos ensaios

5.1.1 Corpo de Prova A1.

A figura 5.3(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A1. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 6 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A1 pode ser observada na figura 5.3(a), as regiões

dos defeitos de maior diâmetro apresentam valores de amplitude em torno de 2,5 Volts

enquanto os defeitos de menor diâmetro apresentam valores de amplitude de 1,5 Volts.

Existem regiões na imagem, onde a amplitude do sinal é negativa em até -1 Volt

aproximadamente. Essas variações de amplitude devem ao fato da variação do lift-off,

com a possível variação da espessura do revestimento. Sabe-se que não é um defeito

uma vez que os campos magnéticos nestas regiões apresentam sentido contrário ao das

regiões de defeito, visto que os valores de amplitude dos defeitos possuem sinais

positivos enquanto regiões de variação de revestimento possuem sinais negativos.

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A imagem processada pode ser vista na figura 5.3(b). Com a utilização do

processamento, a detecção dos defeitos foi facilitada e o efeito de variação de espessura

eliminado para este corpo de prova.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A1 pode ser visto na

tabela 5.2, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de 5%,

sendo o menor de 0%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 33% e o menor de 0%.

Tabela 5.2. Dimensionamento do corpo de prova A1.

Corpo de Prova A1

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 5,45 5,5 1% 4 27%

2 5,25 5,5 5% 3,5 33%

3 5.25 5,25 0% 4 24%

4 10,75 10,5 2% 10,5 2%

5 11,00 11 0% 11 0%

6 10,84 10,75 1% 10,75 1%

(a)

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(b)

Figura 5.3. Imagem do corpo de prova A1; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.2 Corpo de Prova A2.

A figura 5.4(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A2. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 6 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A2 pode ser observada na figura 5.4(a), as regiões

dos defeitos de maior diâmetro apresentam valores de amplitude em torno de 2,4 Volts

enquanto os defeitos de menor diâmetro apresentam valores de amplitude de 1,5 Volts.

Existem regiões na imagem, onde a amplitude do sinal é negativa em até -1 Volt

aproximadamente. Essas variações de amplitude devem ao fato da variação do lift-off,

com a possível variação da espessura do revestimento. Sabe-se que não é um defeito

uma vez que os campos magnéticos nestas regiões apresentam sentido contrário ao das

regiões de defeito, visto que os valores de amplitude dos defeitos possuem sinais

positivos enquanto regiões de variação de revestimento possuem sinais negativos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.4(b). Com a utilização do

processamento, a detecção dos defeitos foi facilitada e o efeito de variação de espessura

eliminado para este corpo de prova.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A2 pode ser visto na

tabela 5.3, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de 7%,

sendo o menor de 2%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 26% e o menor de 4%.

Tabela 5.3. Dimensionamento do corpo de prova A2.

Corpo de Prova A2

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 5,41 5,5 2% 4 26%

2 5,36 5,5 3% 4 25%

3 5,26 5 5% 4 24%

4 11,20 11 2% 10 11%

5 11,20 11 2% 10 11%

6 11,24 10,5 7% 10,75 4%

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(a)

(b)

Figura 5.4. Imagem do corpo de prova A2; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.3 Corpo de Prova A3.

A figura 5.5(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A3. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 6 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A3 pode ser observada na figura 5.5(a), as regiões

dos defeitos de maior diâmetro apresentam valores de amplitude em torno de 1,9 Volts

enquanto os defeitos de menor diâmetro apresentam valores de amplitude de 1,6 Volts.

Existem diversas regiões na imagem, onde a amplitude do sinal é negativa em até -1,5

Volts. Essas variações de amplitude devem ao fato da variação do lift-off, com a

possível variação da espessura do revestimento. Sabe-se que não é um defeito uma vez

que os campos magnéticos nestas regiões apresentam sentido contrário ao das regiões de

defeito, visto que os valores de amplitude dos defeitos possuem sinais positivos

enquanto regiões de variação de revestimento possuem sinais negativos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.5(b), com a utilização do

processamento foi facilitada a detecção dos defeitos, porém observou-se regiões nas

imagens que possuem o campo magnético com o mesmo sentido que nas regiões de

defeitos, porém com amplitude menor, em torno de 0,5 Volts, essa região pode ser tanto

de variação de espessura do revestimento tanto como uma região onde ocorreu o efeito

de borda ou defeitos inseridos de forma não intencional no preparo do corpo de prova

A3, como defeitos de interface entre revestimento e substrato.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A3 pode ser visto na

tabela 5.4, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

13%, sendo o menor de 3%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 63% e o menor de 7%.

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Tabela 5.4. Dimensionamento do corpo de prova A3.

Corpo de Prova A3

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 5,15 5 3% 4 22%

2 5.20 4,5 13% 2 63%

3 5.15 5 3% 3,5 32%

4 11,04 10,25 7% 10,25 7%

5 10,96 10 9% 9 18%

6 10,85 10 8% 8,5 22%

(a)

(b)

Figura 5.5. Imagem do corpo de prova A3; (a) imagem original; (b) imagem

processada.

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5.1.4 Corpo de Prova A4.

A figura 5.6(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A4. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 6 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A4 pode ser observada na figura 5.6(a), as regiões

dos defeitos de maior diâmetro apresentam valores de amplitude em torno de 1,9 Volts

enquanto os defeitos de menor diâmetro apresentam valores de amplitude em torno de 1

Volts. Existem regiões na imagem, próximas aos defeitos com menor diâmetro onde a

amplitude do sinal é positiva, em torno 0,5 Volts, que estão sobrepostas aos defeitos,

essa sobreposição acarretou em uma redução na amplitude dos sinais dos defeitos

inseridos.

Existem também outras regiões com amplitudes negativas, essas regiões de sinal

negativo podem ser explicadas pela variação do lift-off, com a possível variação da

espessura do revestimento. Sabe-se que não é um defeito uma vez que os campos

magnéticos nestas regiões apresentam sentido contrário ao das regiões de defeito, visto

que os valores de amplitude dos defeitos possuem sinais positivos enquanto regiões de

variação de revestimento possuem sinais negativos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.6(b), observa-se regiões com tonalidade

de cor correspondente a defeito devido ao campo magnético nessas regiões ter mesmo

sentido que nas regiões de defeitos, porém de amplitude menor ao comparado com os

defeitos de diâmetro maior, lembrando que os defeitos de diâmetro menor foram

atenuados por uma região de sinais menores, sobreposta a eles, essa região pode ser

tanto de variação de espessura do revestimento tanto como defeitos inseridos de forma

não intencional no preparo do corpo de prova A4.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A4 pode ser visto na

tabela 5.5, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

16%, sendo o menor de 2%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 41% e o menor de 9%.

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Tabela 5.5. Dimensionamento do corpo de prova A4.

Corpo de Prova A4

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 3,45 4 16% 4,5 30%

2 3,40 3,5 3% 2 41%

3 3,44 3 13% 2 42%

4 6,35 6,5 2% 7,5 18%

5 6,45 7 9% 7 9%

6 6,43 7,25 13% 7,25 13%

(a)

(b)

Figura 5.6. Imagem do corpo de prova A4; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.5 Corpo de Prova A5.

A figura 5.7(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A5. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 6 defeitos inseridos.

Diferentemente dos outros corpos de prova analisados até este ponto, os defeitos

detectados apresentaram valores de amplitude negativos. Isto se deve ao fato da região

tomada como referência na calibração poder apresentar uma maior espessura da camada

de revestimento.

A imagem original do corpo de prova A5 pode ser observada na figura 5.7(a), as regiões

dos defeitos de maior diâmetro apresentam valores negativos de amplitude em torno de

-2,3 Volts enquanto os defeitos de menor diâmetro apresentam valores de amplitude

negativos em torno de -1 Volt. Existe uma grande região na imagem, onde a amplitude

dos sinais é negativa e menor ou igual a -1 Volt, essa região sobrepõe dois defeitos de

menor diâmetro, dificultando a detecção dos mesmos, mas não a ponto de impossibilita-

la.

A imagem processada pode ser vistas na figura 5.7(b), observa-se regiões com

tonalidade de cor correspondente a defeito devido ao campo magnético nessas regiões

ter mesmo sentido que nas regiões de defeitos, porém de menor amplitude, em módulo,

ao comparado com os defeitos de diâmetro maior, lembrando que dois defeitos de

diâmetro menor foram atenuados por uma região de sinais menores, em módulo,

sobreposta a eles, essa região pode ser tanto de variação de espessura do revestimento

tanto como defeitos inseridos de forma não intencional no preparo do corpo de prova

A5.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A5 pode ser visto na

tabela 5.6, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

18%, sendo o menor de 4%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 32% e o menor de 2%.

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Tabela 5.6. Dimensionamento do corpo de prova A5.

Corpo de Prova A5

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 3,33 3,5 5% 2,5 25%

2 3,38 3,5 4% 3,5 4%

3 3,40 4 18% 3 12%

4 6,40 6,75 5% 6,5 2%

5 6,38 7 10% 6,5 2%

6 6,42 7,5 17% 8,5 32%

(a)

(b)

Figura 5.7. Imagem do corpo de prova A5; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.6 Corpo de Prova A6.

A figura 5.8(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A6. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 3 dos 6 defeitos inseridos.

Como no corpo de prova A5, os defeitos detectados apresentaram valores de amplitude

negativos. Isto se deve ao fato da região tomada como referência na calibração poder

apresentar uma maior espessura da camada de revestimento.

A imagem original do corpo de prova A6 pode ser observada na figura 5.8(a), as regiões

dos defeitos detectados apresentam valores negativos de amplitude em torno de 0,2

Volts. Existe uma grande região na imagem, onde a amplitude dos sinais é positiva e

sobrepõe os defeitos de menor diâmetro, impossibilitando a detecção dos mesmos, essa

região pode conter defeitos inseridos de maneira não intencional tanto no substrato

como na interface entre revestimento e substrato.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.8(a), foi possível detectar um defeito

que não foi detectado na imagem original.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A6 pode ser visto na

tabela 5.7, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

18%, sendo o menor de 17%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 18% e o menor de 2%.

Tabela 5.7. Dimensionamento do corpo de prova A6.

Corpo de Prova A6

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 3,44 - - - -

2 3,41 - - - -

3 3,44 - - 3,5 2%

4 6,35 7,5 18% 7,5 18%

5 6,38 7,5 18% 7,5 18%

6 6,40 7,5 17% 7,5 17%

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(a)

(b)

Figura 5.8. Imagem do corpo de prova A6; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.7 Corpo de Prova A7.

A figura 5.9(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A7. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 3 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A7 pode ser observada na figura 5.9(a), as regiões

dos defeitos detectados possuem amplitude negativa com aproximadamente -2,3 Volts.

Nos 3 defeitos detectados existem regiões em torno deles que possuem amplitude

negativa porém de menor modulo, essas regiões podem conter defeitos inseridos de

maneira não intencional tanto no substrato como na interface entre revestimento e

substrato.

Existem também outras regiões com amplitudes positivas, essas regiões de sinal

positivo, que podem ser explicadas pela variação do lift-off, com a possível variação da

espessura do revestimento. Sabe-se que não é um defeito uma vez que os campos

magnéticos nestas regiões apresentam sentido contrário ao das regiões de defeito, visto

que os valores de amplitude dos defeitos possuem sinais negativos enquanto regiões de

variação de revestimento possuem sinais positivos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.9(b), observa-se a quase total

eliminação das manchas existentes na imagem original, facilitando a detecção dos

defeitos inseridos.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A7 pode ser visto na

tabela 5.8, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

10%, sendo o menor de 2%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 28% e o menor de 1%.

Tabela 5.8. Dimensionamento do corpo de prova A7.

Corpo de Prova A7

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 5,65 5,75 2% 4,5 20%

2 5,56 5 10% 4 28%

3 5,53 5 10% 5,5 1%

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(a)

(b)

Figura 5.9. Imagem do corpo de prova A7; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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84

5.1.8 Corpo de Prova A8.

A figura 5.10(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A8. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 3 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A8 pode ser observada na figura 5.10(a), as

regiões dos defeitos detectados possuem amplitude negativa com aproximadamente -2

Volts. Nos 3 defeitos detectados existem regiões em torno deles que possuem amplitude

negativa porém de menor modulo, essas regiões podem conter defeitos inseridos de

maneira não intencional tanto no substrato como na interface entre revestimento e

substrato.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.10(b), observa-se a eliminação de duas

das manchas existentes na imagem original, facilitando a detecção dos defeitos

inseridos, porém uma mancha ainda existe na imagem processada, essa região

possivelmente contém um defeito ou no substrato ou na interface entre substrato e

revestimento, inserido de maneira não intencional.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A8 pode ser visto na

tabela 5.9, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

33%, sendo o menor de 3%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 51% e o menor de 3%.

Tabela 5.9. Dimensionamento do corpo de prova A8.

Corpo de Prova A8

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 5,43 5,25 3% 5,25 3%

2 5,6 6 7% 5 11%

3 5,58 3,75 33% 2,75 51%

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(a)

(b)

Figura 5.10. Imagem do corpo de prova A8; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.9 Corpo de Prova A9.

A figura 5.11(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A9. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 3 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A9 pode ser observada na figura 5.11(a), as

regiões dos defeitos detectados possuem amplitude negativa com aproximadamente -1,5

Volts. Em 2 defeitos detectados existem regiões em torno deles que possuem amplitude

negativa porém de menor modulo, essas regiões podem conter defeitos inseridos de

maneira não intencional tanto no substrato como na interface entre revestimento e

substrato.

Existem também regiões com amplitudes positivas, essas regiões de sinal positivo, que

podem ser explicadas pela variação do lift-off, com a possível variação da espessura do

revestimento. Sabe-se que não é um defeito uma vez que os campos magnéticos nestas

regiões apresentam sentido contrário ao das regiões de defeito, visto que os valores de

amplitude dos defeitos possuem sinais negativos enquanto regiões de variação de

revestimento possuem sinais positivos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.11(b), observa-se a eliminação de

manchas existentes na imagem original, facilitando a detecção dos defeitos inseridos,

porém duas manchas ainda estão presentes na imagem processada, estas regiões

possivelmente contém um defeito ou no substrato ou na interface entre substrato e

revestimento, inserido de maneira não intencional.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A9 pode ser visto na

tabela 5.10, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

23%, sendo o menor de 0%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 25% e o menor de 2%.

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Tabela 5.10. Dimensionamento do corpo de prova A9.

Corpo de Prova A9

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 4,89 3,75 23% 5 2%

2 4,98 5 0% 3,75 25%

3 4,64 5 8% 5 8%

(a)

(b)

Figura 5.11. Imagem do corpo de prova A9; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.10 Corpo de Prova A10.

A figura 5.12(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A10. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 3 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A10 pode ser observada na figura 5.12(a), as

regiões dos defeitos detectados possuem amplitude negativa com aproximadamente -2,7

Volts. Nos 3 defeitos detectados existem regiões em torno deles que possuem amplitude

negativa porém de menor modulo, essas regiões podem conter defeitos inseridos de

maneira não intencional tanto no substrato como na interface entre revestimento e

substrato.

Existem também outras regiões com amplitudes positivas, essas regiões de sinal

positivo, que podem ser explicadas pela variação do lift-off, com a possível variação da

espessura do revestimento. Sabe-se que não é um defeito uma vez que os campos

magnéticos nestas regiões apresentam sentido contrário ao das regiões de defeito, visto

que os valores de amplitude dos defeitos possuem sinais negativos enquanto regiões de

variação de revestimento possuem sinais positivos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.12(b), observa-se a quase total

eliminação das manchas existentes na imagem original, facilitando a detecção dos

defeitos inseridos.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A10 pode ser visto na

tabela 5.11, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

12%, sendo o menor de 2%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 23% e o menor de 14%.

Tabela 5.11. Dimensionamento do corpo de prova A10.

Corpo de Prova A10

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 4,89 5,5 12% 6 23%

2 4,98 5,25 5% 5,75 15%

3 4,64 4,75 2% 4 14%

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(a)

(b)

Figura 5.12. Imagem do corpo de prova A10; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.1.11 Corpo de Prova A11.

A figura 5.13(a) mostra a imagem C-scan formada a partir dos dados do ensaio de

correntes parasitas, do corpo de prova A11. Observa-se que a técnica foi capaz de

detectar os 3 defeitos inseridos.

A imagem original do corpo de prova A11 pode ser observada na figura 5.13(a), as

regiões dos defeitos detectados possuem amplitude negativa com aproximadamente -1,5

Volts. Nos 3 defeitos detectados existem regiões em torno deles que possuem amplitude

negativa porém de menor modulo, essas regiões podem conter defeitos inseridos de

maneira não intencional tanto no substrato como na interface entre revestimento e

substrato.

Existem também regiões com amplitudes positivas, essas regiões de sinal positivo, que

podem ser explicadas pela variação do lift-off, com a possível variação da espessura do

revestimento. Sabe-se que não é um defeito uma vez que os campos magnéticos nestas

regiões apresentam sentido contrário ao das regiões de defeito, visto que os valores de

amplitude dos defeitos possuem sinais negativos enquanto regiões de variação de

revestimento possuem sinais positivos.

A imagem processada pode ser vista na figura 5.13(b), observa-se a quase total

eliminação das manchas existentes na imagem original, facilitando a detecção dos

defeitos inseridos, porém ainda existe uma região onde a amplitude do sinal é

semelhante a de defeito, essa região pode conter defeitos inseridos de maneira não

intencional tanto no substrato como na interface entre revestimento e substrato.

O dimensionamento dos defeitos inseridos no corpo de prova A11 pode ser visto na

tabela 5.12, observa-se que o maior erro relativo para a imagem C-scan original é de

19%, sendo o menor de 0%, sendo o maior erro relativo do dimensionamento após o

processamento de 30% e o menor de 1%.

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Tabela 5.12. Dimensionamento do corpo de prova A11.

Corpo de Prova A11

Furo Diâmetro Nominal

(mm)

Dimensionamento Imagem

Original (mm) e seu erro

relativo

Dimensionamento pós

Processamento (mm) e seu

erro relativo

1 4,96 4 19% 5 1%

2 5,01 5 0% 3,5 30%

3 4,67 5,5 18% 4 14%

(a)

(b)

Figura 5.13. Imagem do corpo de prova A11; (a) imagem original, (b) imagem

processada.

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5.2 Comparação com estudos anteriores.

Assim como na técnica de ultrassom, estudada por Almeida et al. [21], a técnica de

corrente parasitas se mostrou uma boa ferramenta para a detecção de defeitos de

corrosão localizada no substrato abaixo do revestimento, uma vez que a técnica de

ultrassom detectou todos os defeitos inseridos nas amostras apresentadas no estudo [21],

enquanto a técnica de correntes parasitas foi capaz de detectar aproximadamente 96%

dos defeitos.

Com relação ao dimensionamento em seu estudo Almeida et al. [21] obteviveram em

25% dos defeitos analisados um erro percentual maior que 15% entre o valor medido e

o valor real do defeito [21], enquanto para os resultados do presente trabalho, em torno

de 15% para o dimensionamento sem filtro e 50% para o dimensionamento utilizando o

filtro possuíram medidas com erro maior que 15%.

Em seu estudo Almeida et. al [21] não processaram a imagem obtida, sendo a facilidade

de detecção visual do defeito, pela análise das imagens, comparável com as imagens

obtidas pela técnica de correntes parasitas (sem utilização de processamento).

Entretanto a maior facilidade de detecção de defeitos com o uso de processamento de

imagens é nítido quando comparadas as imagens (originais e processadas).

Uma vantagem da técnica de correntes parasitas quando comparada com a técnica de

ultrassom é a preparação do corpo de prova, onde os cuidados necessários são menores,

além de não ser necessário a utilização de acoplante.

Em seu estudo Grosso et al [20] analisaram apenas dois corpos de prova com defeitos

simulando corrosão localizada no substrato abaixo do revestimento, e mostrou

dificuldade na detecção de defeitos menores em um dos corpos de prova.

O dimensionamento apresentado no trabalho de Grosso et al [20] foi feito apenas em

uma amostra, porém foi analisada uma comparação entre diferentes processamentos de

imagem, para o processamento de segmentação todas as medidas obtiveram um erro

relativo maior que 15% (pior resultado) enquanto para a imagem reconstituída todas as

medidas obtiveram um erro relativo menor que 15%.

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Com os resultados do trabalho de Grosso et al, nota-se a facilidade da técnica de

termografia em detectar falhas do tipo de empolamento e falta de aderência entre

substrato e revestimento, enquanto houve dificuldade na detecção de defeitos de

corrosão localizada em uma dos corpos de prova analisados. O dimensionamento se

mostrou eficaz no dimensionamento dos defeitos, porém foram apresentados apenas os

resultados do processamento para o corpo de prova onde todos os defeitos foram

detectados, não mostrando se os processamentos utilizados auxiliam na detecção dos

defeitos.

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6. CONCLUSÕES.

A técnica de correntes parasitas se mostrou uma ferramenta capaz de detectar defeitos

que simularam corrosão localizada nos substratos condutores, revestidos com material

compósito não condutor, mesmo quando o substrato é um material ferromagnético, uma

vez que detectou a grande maioria dos defeitos (simulando corrosão do substrato)

inseridos, possibilitando também a diferenciação dos defeitos, pois defeitos de maior

tamanho possuem uma amplitude de sinal maior quando comparados com defeitos de

menor tamanho.

Devido a variação da espessura do revestimento, há um sinal de variação de lift-off no

ensaio de correntes parasitas. Para eliminar este sinal indesejado foi utilizada uma

técnica de processamento de imagens, que por sua vez , se mostrou eficaz, eliminando

os sinais de falsos defeitos devido a variação da espessura do revestimento, facilitando a

análise para a detecção dos defeitos inseridos, uma vez que o processamento de imagens

utilizado não modificou as áreas que continham defeitos na imagem original. A

capacidade da técnica de diferenciar defeitos de maior tamanho dos de menor tamanho

pela diferença de amplitude de sinal foi mantida.

Além dos defeitos propositadamente inseridos a técnica foi capaz de detectar defeitos

inseridos de maneira não intencional durante a confecção dos corpos de prova, estes

defeitos estando presentes na interface entre revestimento e substrato, sendo

possivelmente defeitos de falta de aderência.

A presença ou não de produto de corrosão não impossibilitou a detecção dos defeitos

inseridos, não possuindo interferência no ensaio e portando pode ser ignorada pelo

operador para a realização do ensaio.

Em suma, a técnica de correntes parasitas auxiliada pelo processamento de imagens

proposto, foi capaz de detectar defeitos simulando corrosão do substrato com ou sem a

presença de produto de corrosão.

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7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.

Modificações, no presente trabalho, que poderão ser estudadas futuramente:

Analisar a detecção de defeitos simulando corrosão por outra modalidade do

ensaio de correntes parasitas, pulsada, por exemplo;

Analisar a detecção de defeitos de falta de aderência do revestimento no

substrato pela técnica de correntes parasitas;

Analisar se é possível medir a espessura do revestimento pela técnica de

correntes parasitas;

Analisar outra forma de escolha do limiar para o processamento de limiarização

multilevel, para que se elimine a necessidade de escolha de um operador;

Procurar outras formas de processamento de imagem, como a transformada

wavelet ou histogram matching, para este último é necessário uma amostra

padrão;

Confecção de amostras ditas como padrão, para que a calibração seja realizada

nas mesmas, permitindo que o ensaio seja reprodutivo (a calibração no presente

trabalho foi realizada em cada amostra antes do ensaio ser realizado);

Confeccionar amostras para testes cegos (defeitos inseridos não são conhecidos

pelo operador);

Verificar o limite do tamanho de defeito que a técnica de correntes parasitas é

capaz de detectar.

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8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.chesterton.com/ENU/Products/Pages/Product.aspx?ProductLine=ARC&Cat

egory=Metal+Composite+Systems&ModelID=S4%2b - acessado em 20/10/2014.

[Online] chesterton.

[2] Handbook, ASM. Non destructive Evaluation and Quality Control. Vol. 17.

[3] Hansen, J., "The Eddy Current Inspection Method" s.l. : Insight, 2004, Vol. 46.

[4] Handbook, Nondestructive Testing. Eletromagnetic Handbook. [ed.] Udpa S. S.

3º. Vol. 5.

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Columbia : s.n. Vol. 2.

[6] Henriques P.C. F, Carneval R. O., Ensaio Não-destrutivo por Correntes

Parasitas. s.l. : Petrobras.

[7] https://www.nde-ed.org/ , acessado em 15/07/2014. [Online]

[8] Gentil V., Corrosão. Rio de Janeiro : LTC, 2007.

[9] Sheir L. L., Jarman R. A., Corrosion. s.l. : Butterworth Heinmann.

[10] Jambo, H. C. M., Fofano S., Corrosão - Fundamentos, Monitoramento e

Controle. Rio de Janeiro : Ciência Moderna Ltda., 2008.

[11] J., Vernon W. H., Metallic Corrosion and Conservation of Natural Resoucers .

1957.

[12] Handbook, ASM., Corrosion. Vol. 13.

[13] R., Castleman K., Digital Image Processing. 1º. New Jersey : Prentice Hall, 1996.

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Edgard Blutcher, 2000.

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[15] Marques O. F., Neto V. H., Processamento Digital de Imagens. 1º. São Paulo :

Brasport, 1999.

[16] C., Russ J., The Image Processing Handbook. 2º. s.l. : CRC.

[17] Sahoo P., Wilkins C. and Yeager J. "Threshold Selection Using Renyi´s Entropy".

s.l. : Elsevir Science, 1997, pp. 71 - 84.

[18] Sahoo P. K., Soltani S., Wong A. K. C. "A Survey of Thresholding Techiniques".

[19] S., Weszka J, "A Survey of Threhold Selection Techiniques".. s.l. : Computer

Graphics and Image Processing 7, 1978, pp. 259 - 265.

[20] Grosso M., Rebello J. M. A., Margarit-Mattos I. C. P.,Pereira G. R., Soares S. D.,

"Análise Termográfica Qualitativa e Quantitativa de Defeitos em Revestimentos

Compósitos". s.l. : COTEQ2013, 2013. 101.

[21] Almeida P. D., Rebello J. M. A., Margarit-Mattos I. C. P., Pereira G. R., Soares S.

D., "Detecção por Ultrassim de Falha em Substrato Metálico Revestido por Camada

Anticorrosiva". s.l. : COTEQ2013, 2013. 129.

[22] Khan A. N., Khan S. H., Ali F., Iqbal M. A. "Evaluation of ZrO2-24MgO Ceramic

Coating by Eddy Current Method". s.l. : Computational Materials Science 44, 2009.

[23] Disque M., Becker R.. "Multifrequency Eddy Current (EC) Inspection of Layered

Aluminium Aircraft Structures to Detect and Size Hidden Corrosion". [ed.] G.

Dobmann. s.l. : Eletromagnetic Nondestructive Evaluation (VII), IOS Press, 2006.

pp. 57 - 61.

[24] Park D. G., Angani C. S., Kim C. G., Cheong Y. M. "Evaluation of Pulsed Eddy

Current Response and Detection of Thickness Variation in Stainless Steel". IEEE

Transaction on Magnetics. 2009, Vol. 45, pp. 3893 - 3896.

[25] Angani C. S., Park D. G., Kim C. G., Leela P., Kollu P. "The Pulsed Eddy Current

Differential Probe to Detect a Thickness Variation in an Insulated Stainless Steel".

Nondestructive Evaluation Journal. 2010, Vol. 29, pp. 248 - 252.

[26] Scottini R., Quakkelstijn H. J. "Monitoring Average Wall Thickness of Insulated

or Difficult to Acess Objects with Pulsed Eddy Current". s.l. : RTD Group.

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[27] Crouzen P., Verweij M., Eggink C., "Electromagnetic Profiler for Inspections of

Steel Throught Corrosion Product". s.l. : ECNDT, 2006.

[28] Ribeiro A. L., Alegria F., Postolache O. A., Ramos H. M. G., "Liftoff Correction

Based on Spatial Spectral Behavior of Eddy-Current Images". IEEE Transactions on

istrumentation and measurement. 2010, Vol. 59, pp. 1632 - 1637.

[29] Cacciola M., Gasparics A., Morabito F. C., Versaci M., Barrile V. "Tests Advances

in Signal Processing to Reduce Lift-off Noise in Eddy Current". s.l. : PIERS ONLINE,

2007, Vol. 3, pp. 517 - 521. 4.

[30] Chen G., Yamaguchi A., Miya K."A Novel Signal Processing Techinique for

Eddy-Current Testing of Steam Generator Tubes". s.l. : IEEE TRANSACTIONS ON

MAGNETICS, 1998, Vol. 34. 3.

[31] He Y., Luo F., Pam M., "Defect characterization based on pulsed eddy current

imaging techinique". Sensers and Actuators A: Physical. 164, 2010.

[32] A., McAndrew., An Introduction to Digital Image Processing with Matlab. s.l. :

Victoria University od Technology.

[33] http://www.mathworks.com/help/matlab/ref/colormap.html acessado em

05/08/2014. [Online]

[34] http://www.mathworks.com/help/matlab/ref/brush.html acessado em 13/08/2014.

[Online]

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Anexo

Rotina do MatLab® para a formação da imagem original, processamento e formação da

imagem processada.

- Para os corpos de prova onde os defeitos possuem amplitude positiva, como exemplo

para a demonstração da rotina, utilizaremos o corpo de prova A1, onde seu limiar (t)

escolhido foi de 0.

load A1.txt imagesc(A1'); xlabel('mm','fontsize',26); ylabel('mm','fontsize',26); colorbar set(gca,'YDir','normal') set(gca,'FontSize',20) colormap(jet) saveas(gcf,'A1_a.fig')

[m,n] = size(A1);

for i=1:m

for j=1:n

A1_processada(i,j) = A1(I,j);

if (A1_processada(i,j) < t)

A1_processada(i,j) = 0;

end

end

end

imagesc(A1_processada'); xlabel('mm','fontsize',26); ylabel('mm','fontsize',26); colorbar set(gca,'YDir','normal') set(gca,'FontSize',20) colormap(jet) saveas(gcf,'A1_processada.fig')

- Para os corpos de prova onde os defeitos possuem amplitude negativa. como exemplo

para a demonstração da rotina, utilizaremos o corpo de prova A5, onde seu limiar (t)

escolhido foi de -0,9.

load A5.txt imagesc(A5'); xlabel('mm','fontsize',26); ylabel('mm','fontsize',26); colorbar set(gca,'YDir','normal') set(gca,'FontSize',20) colormap(jet) saveas(gcf,'A5_a.fig')

[m,n] = size(A5);

for i=1:m

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100

for j=1:n

A5_processada(i,j) = A1(I,j);

if (A5_processada(i,j) > t)

A5_processada(i,j) = 0;

end

end

end

imagesc(A5_processada'); xlabel('mm','fontsize',26); ylabel('mm','fontsize',26); colorbar set(gca,'YDir','normal') set(gca,'FontSize',20) colormap(jet) saveas(gcf,'A1_processada.fig')

Onde t é o valor do limiar escolhido e varia de amostra para amostra.