universidade federal do rio de janeiromonografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015943.pdf ·...

76
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE COGERAÇÃO. Rodrigo Albino Caramicoli Oliveira PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO. Aprovado por: ______________________________________________ Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida ______________________________________________ Prof. Alexandre Salem Szklo ______________________________________________ Prof. Reinaldo de Falco RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL OUTUBRO DE 2015

Upload: nguyenhanh

Post on 21-Jan-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE ANÁLISE DA VIABILIDADE

TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE COGERAÇÃO.

Rodrigo Albino Caramicoli Oliveira

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

______________________________________________

Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida

______________________________________________

Prof. Alexandre Salem Szklo

______________________________________________

Prof. Reinaldo de Falco

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

OUTUBRO DE 2015

ii

Oliveira, Rodrigo Albino Caramicoli

Desenvolvimento de uma ferramenta de análise da

viabilidade técnica e econômica da implantação de sistemas

de cogeração/ Rodrigo Albino Caramicoli Oliveira. – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

X, 58p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Mecânica, 2015.

Referências Bibliográficas: p.58

1.Introdução. 2. Fundamentos Teóricos. 3. Análise

da Planilha. 4. Estudos de Caso. 5. Conclusões. 6. Sugestões

para futuros trabalhos. I. Almeida, Silvio Carlos Anibal. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de

Graduação em Engenharia Mecânica. III. Desenvolvimento

de uma ferramenta de análise da viabilidade técnica e

econômica da implantação de sistemas de cogeração.

iii

Agradecimentos

Aos meus pais, Albino F. S. Oliveira e Rosana C. Oliveira, que sempre colocaram

a minha educação em primeiro lugar. Por terem me ensinado a ser uma pessoa honesta,

responsável e ética. Por me apoiarem em minhas decisões e me ajudarem nas dificuldades.

A Cristiana S. Vianna, por ter sido minha companheira durante esse longo tempo

de graduação. Por ter me apoiado nos momentos difíceis, me ajudado a superar as

barreiras e me lembrar de sempre encarar a vida com alegria. Graças a ela esse período

da minha vida foi muito mais leve e feliz.

Ao meu orientador, Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida, por todas as conversas

e conselhos que me ajudaram a terminar meu projeto com qualidade. Por ser um exemplo

de pessoa e profissional, sempre presente e ajudando aos seus alunos.

A todos da empresa Renewpower, por tudo que aprendi trabalhando, por toda a

amizade e solidariedade com que me acolheram e pela oportunidade que me deram.

Ao nosso sempre presente Tito Lívio José Barbosa, por toda a sua ajuda a

inúmeros alunos do curso de engenharia mecânica da UFRJ. Sem sua presença nossa vida

seria infinitamente mais complicada. Obrigado pela paciência e dedicação em seu

trabalho.

iv

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE ANÁLISE DA

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS

DE COGERAÇÃO

Rodrigo Albino Caramicoli Oliveira

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida

Curso: Engenharia Mecânica

O presente trabalho apresenta uma ferramenta computacional, desenvolvida na

plataforma MS Excel, que tem como objetivo a análise da viabilidade técnica e econômica

da implantação de centrais de cogeração de energia.

O usuário deve inserir os valores de demanda elétrica e térmica de seu sistema,

bem como premissas de projeto. Feito isso, o usuário pode selecionar o equipamento a

ser usado na cogeração e ver na mesma tela os resultados econômicos financeiros

automaticamente calculados pelo programa de modo a melhor realizar sua seleção.

A ferramenta desenvolvida faz todos os cálculos relativos a energia necessária ao

projeto bem como os custos operacionais para o sistema com e sem cogeração. De posse

desses valores é feito um fluxo de caixa baseado na economia que a planta de cogeração

proporciona e no investimento necessário para sua implantação. A partir do fluxo de caixa

são calculados a taxa interna de retorno (TIR) e o Pay-back do projeto em questão.

Por fim, são analisados três estudos de caso utilizando a ferramenta desenvolvida.

Os casos estudados são focados em empreendimentos de grande porte, sendo eles: um

shopping, uma cervejaria e uma indústria alimentícia. Para efeito de validação do

programa desenvolvido, os resultados econômicos e financeiros obtidos são comparados

com os dados reais fornecidos por uma empresa de energia que fez os projetos de

implantação da cogeração nos casos estudados.

Palavras-chave: Cogeração de energia, eficiência energética.

v

Undergraduate Project Abstract presented to DEM/UFRJ as a partial fulfilment of the

requirements to obtain the degree of Mechanical Engineer

TOOL DEVELOPMENT FOR TECHNICAL AND ECONOMIC FEASIBILITY

ANALYSIS OF COGENERATION SYSTEMS IMPLEMENTATION

Rodrigo Albino Caramicoli Oliveira

Advisor: Silvio Carlos Anibal de Almeida

Course: Mechanical Engineering

This paper presents a computational tool developed in MS Excel platform, which

aims to analyze the technical and economic feasibility of implementing energy

cogeneration plants.

The user must enter the electrical and thermal demand values of the system, as

well as project assumptions. Then, the user can select the equipment to be used in

cogeneration and see the financial economic results of the projetct. Therefore, the user

will be able to select the equipment according to the obtained results.

The developed tool does all the calculations for the energy needed for the project

and operating costs for the system with and without cogeneration. With these values is

done a cash flow-based economy based on the cogeneration plant economy and the

investment required for its implementation. From the cash flow is calculated the internal

rate of return (IRR) and the payback of the project in question.

Finally, three case studies are analyzed using the tool developed. The case studies

are focused on large enterprises, namely: a mall, a brewery and a food industry plant. The

economic and financial results obtained are compared with real data obtained from a

energy efficiency company that developed the considered cases.

Keywords: Combined Heat and Power, energy efficiency.

vi

Sumário

1. Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1 Objetivos ..................................................................................................................... 1

1.2 Descrição dos capítulos .............................................................................................. 1

2. Cogeração ..................................................................................................................... 3

2.1 Tecnologias de Cogeração .......................................................................................... 3

2.2.1 Turbina a Gás .......................................................................................................... 4

2.2.2 Motor de combustão interna .................................................................................... 5

2.2.3 Chiller de Absorção ................................................................................................. 6

2.2.4 Caldeira de Recuperação ......................................................................................... 9

2.3 Análise Econômica ................................................................................................... 10

2.3.1 Fluxo de caixa ........................................................................................................ 11

2.3.2 Métodos de avaliação do fluxo de caixa ................................................................ 12

2.3.2.1 Método da taxa interna de retorno (TIR) ............................................................ 12

2.3.2.2 Método do Pay-back ........................................................................................... 12

3. Descrição da Planilha ................................................................................................. 13

3.1 Demandas ................................................................................................................. 14

3.1.1 Demanda Elétrica ................................................................................................... 15

3.1.2 Demanda de Vapor ................................................................................................ 16

3.1.3 Demanda de Refrigeração ..................................................................................... 17

3.2 Premissas .................................................................................................................. 18

3.2.1 Descrição dos valores de entrada........................................................................... 18

3.3 Análise Técnica ........................................................................................................ 24

3.4 Qualificação ANEEL ................................................................................................ 27

3.5 Custo do Gás ............................................................................................................. 29

vii

3.6 Custo da EE .............................................................................................................. 32

3.8 Análise Financeira .................................................................................................... 34

3.8.1 Custos de Aquisição .............................................................................................. 34

3.8.2 Análise Financeira ................................................................................................. 36

3.9 Banco de Dados ........................................................................................................ 37

3.10 Central de Água Gelada (CAG).............................................................................. 39

3.11 Resultados ............................................................................................................... 40

4. Estudos de Caso .......................................................................................................... 44

4.1 Shopping ................................................................................................................... 44

4.2 Cervejaria.................................................................................................................. 49

4.3 Indústria Alimentícia ................................................................................................ 54

5. Conclusões .................................................................................................................. 61

6. Sugestões para futuros trabalhos ................................................................................ 63

Referências ..................................................................................................................... 64

viii

Índice de Figuras

Figura 1 – Ciclo Brayton .................................................................................................. 4

Figura 2 – Ilustração de uma turbina a gás em um sistema de cogeração ........................ 5

Figura 3 – Quatro tempos do ciclo Otto ........................................................................... 6

Figura 4 – Funcionamento do Chiller de absorção ........................................................... 7

Figura 5 – Bombeamento da solução diluída de brometo de lítio .................................... 8

Figura 6 – Condensador do Chiller de absorção .............................................................. 8

Figura 7 – Evaporador do Chiller de absorção ................................................................. 8

Figura 8 – Absorvedor do Chiller de absorção ................................................................. 9

Figura 9 – Ilustração de uma caldeira de recuperação.................................................... 10

Figura 10 – Exemplo de curva do consumo mensal de energia elétrica do empreendimento

........................................................................................................................................ 15

Figura 11 – Código de cores utilizado na planilha ......................................................... 18

Figura 12 - Diagrama de blocos do funcionamento do programa .................................. 20

Figura 13 – Peso das bandeiras tarifárias ....................................................................... 34

Figura 14 - Janela de cadastramento de equipamentos no banco de dados .................... 38

ix

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Inserção dos dados de consumo elétrico do empreendimento ...................... 15

Tabela 2 – Inserção dos dados de consumo de vapor do empreendimento .................... 16

Tabela 3 – Inserção dos dados de carga térmica para refrigeração do empreendimento 17

Tabela 4 – Premissas básicas para o projeto................................................................... 18

Tabela 5 – Escolha das utilidades a serem geradas ........................................................ 21

Tabela 6 – Venda de energia elétrica.............................................................................. 21

Tabela 7 – Seleção do (s) equipamento (s) para cogeração ............................................ 22

Tabela 8 – Seleção dos equipamentos para refrigeração ................................................ 23

Tabela 9 – Indicação da queima adicional...................................................................... 23

Tabela 10 – Resumo dos resultados com cogeração ...................................................... 24

Tabela 11 – Cálculo do consumo específico de gás natural do equipamento ................ 25

Tabela 12 – Cálculo da potência térmica útil retirada do equipamento ......................... 25

Tabela 13 – Análise da Geração de Energia ................................................................... 26

Tabela 14 – Tabela para definir parâmetros da Qualificação da Cogeração .................. 28

Tabela 15 – Verificação da Qualificação da Cogeração perante à ANEEL ................... 29

Tabela 16 – Cálculo do consumo de Gás Natural pelo equipamento ............................. 30

Tabela 17 - Consumo de combustível pelos auxiliares .................................................. 30

Tabela 18 – Cálculo do custo do Gás Natural Industrial ................................................ 31

Tabela 19 - Cálculo do custo do Gás Natural para Cogeração ....................................... 31

Tabela 20 – Custo anual do combustível ........................................................................ 32

Tabela 21 – Cálculo dos custos com energia elétrica no sistema convencional............. 32

Tabela 22 – Cálculo da importação de energia elétrica necessária para a cogeração .... 33

Tabela 23 – Cálculo do custo de importação da energia elétrica para a cogeração ....... 33

Tabela 24 - Tabela com os custos de aquisição para a planta de Cogeração ................. 35

Tabela 25 – Custos Complementares da Instalação da Planta de Cogeração ................. 35

Tabela 26 – Análise Financeira do Projeto de Cogeração .............................................. 36

Tabela 27 – Parte da Aba “Banco de Dados” ................................................................. 37

Tabela 28 – Parte da Tabela de dados da aba “CAG” .................................................... 39

Tabela 29 - Equipamento da cogeração .......................................................................... 40

Tabela 30 – Consumo e custo de energia elétrica para o sistema com e sem cogeração 40

Tabela 31 – Custo anual com a produção de vapor ........................................................ 41

x

Tabela 32 – Custo anual com refrigeração ..................................................................... 41

Tabela 33 – Venda de energia elétrica excedente........................................................... 41

Tabela 34 – Custo anual operacional .............................................................................. 42

Tabela 35 – Economia operacional da planta e resultado financeiros ............................ 43

Tabela 36 – Demanda e consumo elétrico do Shopping ................................................ 45

Tabela 37 – Consumo de frio do Shopping .................................................................... 45

Tabela 38 – Premissas para o estudo do Shopping ......................................................... 46

Tabela 39 – Seleção do equipamento para o Shopping .................................................. 47

Tabela 40 – Seleção dos equipamentos para a refrigeração do Shopping ...................... 47

Tabela 41 – Avaliação da necessidade de queima adicional no Shopping ..................... 47

Tabela 42 – Resumo dos resultados do Shopping .......................................................... 48

Tabela 43 – Comparação dos custos operacionais para o Shopping .............................. 48

Tabela 44 – Demanda e consumo elétrico da Cervejaria ............................................... 49

Tabela 45 – Consumo de vapor da Cervejaria ................................................................ 50

Tabela 46 – Premissas para o estudo da Cervejaria........................................................ 51

Tabela 47 – Seleção do equipamento para a Cervejaria ................................................. 52

Tabela 48 – Avaliação da necessidade de queima adicional na Cervejaria.................... 52

Tabela 49 – Seleção dos equipamentos para a refrigeração da Cervejaria ..................... 53

Tabela 50 – Resumo dos resultados da Cervejaria ......................................................... 53

Tabela 51 – Comparação dos custos operacionais para o Shopping .............................. 53

Tabela 52 – Demanda e consumo elétrico da Indústria Alimentícia .............................. 54

Tabela 53 – Consumo de vapor da Indústria Alimentícia .............................................. 55

Tabela 54 – Demanda de frio da Indústria Alimentícia.................................................. 55

Tabela 55 – Premissas para o estudo da Indústria Alimentícia ...................................... 56

Tabela 56 – Seleção do equipamento para a Indústria Alimentícia .............................. 57

Tabela 57 – Seleção dos equipamentos para a refrigeração da Indústria Alimentícia ... 57

Tabela 58 – Avaliação da necessidade de queima adicional na Indústria Alimentícia .. 57

Tabela 59 – Resumo dos resultados da Indústria Alimentícia ....................................... 58

Tabela 60 – Comparação dos custos operacionais para a Indústria Alimentícia............ 58

Tabela 61 – Seleção de motores para a Indústria Alimentícia ....................................... 59

Tabela 62 - Seleção dos equipamentos para a refrigeração da Indústria Alimentícia .... 59

Tabela 63 - Avaliação da necessidade de queima adicional na Indústria Alimentícia ... 60

xi

Tabela 64 – Comparação entre seleções de diferentes equipamentos para a Indústria

Alimentícia ..................................................................................................................... 60

Tabela 65 – Comparação dos resultados obtidos............................................................ 61

xii

Lista de Símbolos

𝐶𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 - Consumo da caldeira (m³/ton)

𝐶𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 - Consumo de combustível por hora (m³/h)

𝐶𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 - Consumo de combustível por ano (m³/ano)

𝐶𝑒𝑠𝑝 - Consumo específico de combustível (m³/kWh)

𝐷𝑡 - Despesa Total (R$)

𝐸𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 - Energia demandada (kWh)

𝐸𝐸𝑙,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 - Energia Elétrica gerada (kWh)

𝐸𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 - Energia gerada (kWh)

𝐸𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 - Energia pendente (kWh)

𝐸𝑡𝑒𝑟𝑚,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 - Energia Térmica gerada (kWh)

𝐹𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 - Fator de utilização do equipamento (%)

ℎ𝑓𝑢𝑛𝑐 - Horas de funcionamento (h)

𝑖 - Taxa de retorno (%)

𝑅𝑡 - Receita Total (R$)

𝐼0 - Investimento Inicial (R$)

𝜂𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 - Eficiência do equipamento (%)

𝑃𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 - Potência do equipamento (kW)

𝑃𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 - Produção de vapor (ton/h)

𝑄ú𝑡𝑖𝑙 - Calor útil (kW)

𝑡 - Tempo (anos)

1

1. Introdução

A produção de energia elétrica é um tópico de extrema importância para o Brasil.

O risco de racionamento e o aumento do custo de energia são palpáveis para 2015, e as

empresas mais do que nunca estão à procura de soluções para evitar perda de produção e

redução de seus lucros.

Os sistemas de cogeração de energia (CHP – combined heat and power) se

inserem nesse contexto de forma a garantir um uso mais eficiente dos recursos

energéticos. Isto é feito a partir do conceito de geração combinada de energia elétrica, sob

a forma de eletricidade, e energia térmica, sob a forma de calor útil. (BALESTIERI, 2002)

1.1 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é apresentar o desenvolvimento de uma

ferramenta computacional a ser usada para a análise da viabilidade técnica e econômica

de projetos de cogeração.

O programa foi feito na plataforma Microsoft Excel e é capaz de, baseado nos

dados de entrada do usuário, calcular o consumo e custos com a energia necessária ao

empreendimento (elétrica e térmica). Adicionalmente, o programa apresenta a

comparação de custos entre o sistema convencional e com cogeração, bem como os

resultados financeiros da implementação de um sistema de cogeração.

1.2 Descrição dos capítulos

Este estudo foi divido em cinco capítulos, que descrevem o que é um sistema de

cogeração, como a planilha funciona, três estudos de caso e uma análise dos resultados

obtidos.

No segundo capítulo, são apresentados conceitos fundamentais sobre a cogeração de

energia e os principais equipamentos utilizados para a cogeração. Também são

apresentados conceitos sobre a análise financeira que será aplicada ao programa.

2

O terceiro capítulo apresenta o funcionamento da planilha. É apresentada a memória

de cálculo, os parâmetros envolvidos e como deve ser feita a inserção de dados por parte

do usuário.

O quarto capítulo apresenta os estudos de caso realizados com a ferramenta. Três

estudos de caso com diferentes características foram, de forma a avaliar a flexibilidade

do programa. Em cada estudo de caso é apresentada a inserção dos dados de entrada no

programa e uma análise dos resultados encontrados.

No quinto capítulo é feita a conclusão do trabalho, onde é avaliada a eficácia do

programa desenvolvido, comparando os resultados obtidos com os da empresa de energia

que realizou os mesmos estudos, a Renewpower.

3

2. Cogeração

Esse capítulo tem como objetivo desenvolver os fundamentos teóricos necessários

ao entendimento básico de um projeto de cogeração e sua análise técnica e econômica.

A cogeração consiste na produção simultânea e sequenciada de duas ou mais

formas de energia a partir do uso de uma única fonte energética primária como: óleo

combustível, carvão, gás natural, biomassa, etc. O presente estudo considera como

combustível primária da cogeração o gás natural pois é o combustível mais utilizado nos

processos de cogeração de energia, devido à sua acessibilidade, preço e baixo índice de

emissão de gases danosos ao ambiente. (ANDREOS, 2013)

No processo de cogeração, a energia térmica, rejeito obtido na produção de

energia elétrica, é aproveitada para a produção de energia térmica (calor ou frio). Dessa

maneira, a energia do combustível de entrada, que seria desperdiçada no processo sem

cogeração, ao ser utilizada aumenta eficiência global do sistema.

2.1 Tecnologias de Cogeração

O componente principal de um sistema de cogeração são os equipamentos

responsáveis pela produção de energia elétrica e térmica. O foco do estudo presente se

dará em aplicações industriais, de maneira que os equipamentos mais comuns para essa

aplicação são as turbinas e motores a gás (para produção de energia elétrica), as caldeiras

de recuperação (para produção de calor) e os Chillers de absorção (para a produção de

frio).

4

2.2.1 Turbina a Gás

As turbinas a gás são largamente utilizadas em cogerações industriais de grande

escala devido a sua grande potência, alta capacidade de geração térmica e confiabilidade

operacional. (ANDREOS, 2013)

A turbina a gás opera no Ciclo Brayton onde o combustível é queimado em uma

câmara de combustão. A queima do combustível produz a expansão dos gases que são

encaminhados para a turbina onde exercem força sobre as pás da turbina, girando o eixo

e produzindo trabalho. O eixo da turbina é acoplado a um gerador que, por sua vez, gera

energia elétrica a partir do movimento da turbina. A figura a seguir ilustra o Ciclo Brayton

de funcionamento de uma turbina a gás.

Figura 1 – Ciclo Brayton

Os gases de exaustão são expelidos a uma temperatura média entre 400 e 650ºC;

Devido a sua alta temperatura, os gases de exaustão comumente utilizados para a

produção de água quente ou vapor de água em um sistema de cogeração, conforme ilustra

a figura a seguir.

5

Figura 2 – Ilustração de uma turbina a gás em um sistema de cogeração

2.2.2 Motor de combustão interna

Os motores possuem construção compacta, podem utilizar diversos tipos de

combustíveis como: óleo diesel, gás natural e biogás. São muito utilizados em processos

de cogeração pois possuem elevada eficiência elétrica, disponibilidades da ordem de 90%

e podem ser fabricados em container, incluindo todos os equipamentos auxiliares, de

forma a diminuir o tempo de construção (plug and play).

Os tipos de motores empregados disponíveis em escala comercial para plantas de

cogeração seguem dois tipos de configurações - ciclo Diesel e ciclo Otto. Os motores a

gás natural funcionam com ciclo Otto, no qual o motor aspira uma mistura de ar e

combustível. A chama é iniciada por uma vela de ignição. O funcionamento do motor de

quatro tempos pode ser definido por quatro ciclos que serão melhores detalhados a seguir:

Admissão: O pistão desce aspirando a mistura ar/combustível para o interior do

cilindro (válvula de admissão aberta).

Compressão: A mistura ar/combustível aspirada é comprimida pelo pistão.

Combustão: A mistura se inflama devido a uma centelha iniciada vela de ignição.

Escape: Os gases produzidos pela combustão da mistura saem do cilindro

empurrado pelo pistão para o coletor de escape (válvula de exaustão aberta).

6

A figura a seguir ilustra os quatro tempos do processo de geração de trabalho do

motor a gás natural.

Figura 3 – Quatro tempos do ciclo Otto

2.2.3 Chiller de Absorção

Os Chillers de absorção são os equipamentos responsáveis por gerar a água gelada

de um processo de cogeração. Esse tipo de equipamento usa os rejeitos térmicos do motor

ou turbina como insumo para a produção de água gelada a ser usada no processo de

refrigeração do empreendimento.

O ciclo de refrigeração de um Chiller de absorção funciona através de um processo

físico-químico conforme mostra a figura a seguir.

7

Figura 4 – Funcionamento do Chiller de absorção

Em geral, os Chillers de absorção usados em projetos de cogeração são os que

funcionam com uma solução de brometo de lítio e água.

Primeiramente a solução diluída de brometo de lítio é bombeada do fundo da

carcaça do absorvedor para um trocador de calor que realizará o pré-aquecimento da

solução. A figura a seguir ilustra esse processo.

8

Figura 5 – Bombeamento da solução diluída de brometo de lítio

Após passar pelo trocador, a solução segue até o gerador onde passa por um feixe

de tubos contendo vapor ou água quente. Ocorre então uma troca de calor entre os tubos

e a solução, o ganho de calor faz a solução se dissociar em brometo de lítio e vapor d’água.

O vapor sobe e passa por um condensador que causa a condensação do vapor de água e

coleta a água em estado líquido conforme mostra a figura a seguir.

Figura 6 – Condensador do Chiller de absorção

A água em estado líquido é então levada ao evaporador onde, em um estado

próximo ao vácuo, evapora sobre as paredes dos tubos do evaporador, refrigerando o

líquido dentro dos tubos.

Figura 7 – Evaporador do Chiller de absorção

9

Para completar o ciclo, a solução concentrada de brometo de lítio entra em contato

com o vapor d’água que veio do evaporador. A solução de brometo de lítio absorve a

água formando uma solução diluída e gera calor nesse processo, por isso ela passam por

tubos com água gelada. Finalmente a solução diluída volta para a bomba e o ciclo

recomeça.

Figura 8 – Absorvedor do Chiller de absorção

2.2.4 Caldeira de Recuperação

As caldeiras de recuperação de calor são equipamentos que utilizam o calor dos

gases de exaustão a partir de processos de combustão ou processos industriais para

produzir água quente ou vapor saturado. As caldeiras de recuperação de calor são

principalmente utilizadas em combinação com turbinas e motores a gás em plantas de

cogeração. Em processos industriais, sob a influência dos custos crescentes de energia,

cada vez mais o calor residual é utilizado pela caldeira de recuperação.

Quando a demanda de vapor local supera o limite máximo de geração de vapor

pela caldeira de recuperação, devem ser acoplados queimadores suplementares às

caldeiras. O queimador auxiliar da caldeira de recuperação pode também ser utilizado

para gerar vapor independente do motor principal. Estes sistemas podem ser projetados

para funcionar de acordo com qualquer combustível líquido ou gasoso, também

compreendendo combustíveis de descarga. (FONSECA, 2014)

A figura a seguir ilustra uma caldeira de recuperação aquotubular. Esse é o tipo

de caldeira de recuperação mais usada em indústrias de grande porte, pois apresenta alta

confiabilidade e eficiência energética acima de 90%. Ela possui um feixe de tubos por

10

onde recebe a água quente proveniente do equipamento de geração de energia elétrica e

troca calor para a produção de vapor saturado para o processo.

Figura 9 – Ilustração de uma caldeira de recuperação

2.3 Análise Econômica

Implantar um sistema de cogeração não depende apenas das características

técnicas do projeto, mas também de seu retorno financeiro. Dessa forma os custos

operacionais do sistema cogerado devem ser menores do que os do sistema convencional,

de modo que existam vantagens econômicas do projeto.

Porém, não basta apenas uma economia operacional. É necessário que exista um

retorno no investimento feito para o projeto de cogeração dentro de um tempo

considerado razoável para o investidor. Para analisar os aspectos financeiros do projeto

existem métodos confiáveis conforme os que serão descritos a seguir.

11

2.3.1 Fluxo de caixa

O fluxo de caixa é um instrumento de contabilidade que considera as entradas e

saídas de recursos financeiros (SOUZA, 2011). No projeto de cogeração, é considerada

como entrada a economia operacional anual proveniente da implantação da central de

cogeração. As saídas consideradas são os impostos, amortizações de dívidas e juros de

financiamento. Os impostos considerados são:

Imposto de renda (IR);

Alíquota de 34% incidente sobre o lucro;

PIS e COFINS que juntos somam uma alíquota de 9,25% (SOUZA, 2011).

As outras saídas do fluxo de caixa são os investimentos em aquisição da planta e as

parcelas da dívida de financiamento, caso este seja contratado. A parte da parcela

relacionada ao pagamento de juros deve ser descontada da entrada de caixa antes do

imposto de renda incidir, diminuindo o valor devido.

Além disso, também deve ser considerada a depreciação. A depreciação é um

benefício fiscal que contabiliza o desgaste de um bem devido ao uso ao longo do tempo.

O valor da depreciação contábil é calculado como o valor total do bem dividido por uma

quantidade de anos determinada pela Receita Federal. Essa quantidade de anos varia de

acordo com a natureza do bem. No caso de máquinas e equipamentos esse tempo é de 10

anos (SOUZA, 2011), portanto, a cada ano o bem deprecia 10% de seu valor total.

O pagamento de juros e a depreciação da planta são abatidos do lucro da empresa

antes da cobrança do IR incidir, resultando no lucro antes do imposto de renda (LAIR).

Em seguida, o pagamento de amortizações de dívidas deve ser descontado do fluxo de

caixa, já que o pagamento de amortizações não pode ser deduzido no LAIR, pois esse

valor de amortização refere-se a um capital previamente tomado e que produziu riqueza

ao tomador (SOUZA, 2011). Assim, o fluxo de caixa acumulado é dado pela soma dos

valores dos fluxos de caixa anuais do tempo do projeto.

12

2.3.2 Métodos de avaliação do fluxo de caixa

A análise econômica de um projeto será realizada através de dois métodos:

Método da taxa interna de retorno (TIR);

Método do Pay-back.

2.3.2.1 Método da taxa interna de retorno (TIR)

A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa, i, que iguala o valor presente de um ou

mais equipamentos, com o valor de um ou mais recebimentos do caixa. Em outras

palavras, o TIR iguala as entradas com as saídas do caixa. A equação (2.1) mostra como

é realizado o cálculo do TIR:

∑ 𝑅𝑡𝑛𝑡=1 −

𝐷𝑡

(1+𝑖)𝑡 = 𝐼0 (2.1)

Os valores aceitáveis para a TIR variam de acordo com a aplicação e o desejo do

empreendedor. Mas em geral valores a partir de 15% já são interessantes para o

investidor.

2.3.2.2 Método do Pay-back

O método do Pay-back determina o tempo decorrido até que o valor do

investimento realizado no projeto seja recuperado pelo empreendedor. Este talvez seja o

método mais importante na análise de viabilidade econômica de um projeto. Os valores

aceitáveis de tempo de Pay-back também variam com o interesse do investidor, mas

sempre se visa o menor tempo de Pay-back possível.

13

3. Descrição da Planilha

A ferramenta computacional COGERAR tem como objetivo fazer uma análise

técnica e econômica da viabilidade de implantação de uma central de cogeração em um

determinado empreendimento. O programa foi elaborado em Microsoft Excel, por ser um

programa de fácil acesso, conhecimento e funcionamento simples. Ao iniciar o arquivo o

usuário terá acesso a 19 abas sendo elas:

“Demandas”

“Premissas”

“Resultados”

“Análise Técnica”

“Qualificação ANEEL”

“Fluxo de Caixa”

“Controle Financeiro”

“Análise Financeira”

“Custo do Gás”

“Custo da EE”

“Custos Comp”

“SAC”

“Banco de Dados”

“CAG”

“ELEKTRO”

“AMPLA”

“LIGHT”

“CEG”

“COMGÁS”

O usuário deverá inserir os dados de seu empreendimento nas abas “Demandas”

e “Premissas”. Na aba “Demandas” são necessárias as informações sobre demanda e

consumo de energia elétrica, bem como o consumo de vapor e água gelada. Na aba

14

“Premissas” serão inseridos todos os demais dados necessários para a avaliação do

processo: concessionária de energia elétrica, classe de tensão, horas de operação, etc.

O próximo passo é selecionar o equipamento a ser usado na planta de cogeração,

bem como sua quantidade. Ainda na aba “Premissas” um resumo dos resultados é

automaticamente gerado, de modo que o usuário pode ver se a sua escolha de

equipamento obteve um bom resultado econômico e ajustá-la melhor de maneira iterativa.

O usuário pode ainda inserir um valor relativo ao aumento do custo da energia elétrica,

para analisar seu sistema para uma futura previsão de acréscimo nas taxas de energia.

As demais abas mostram os detalhes técnicos e financeiros realizados pelo

programa, bem como o fluxo de caixa, cálculo dos custos de operação, custos de

investimento, além do banco de dados de equipamentos.

Os itens a seguir irão detalhar as abas do programa, mostrando seu funcionamento

e cálculos efetuados.

3.1 Demandas

A aba “Demandas” é o local no qual os dados de consumo de energia elétrica,

vapor e refrigeração do empreendimento a ser considerado serão inseridos. Para tal,

existem 3 Tabelas onde o usuário encontrará as células a serem preenchidas.

15

3.1.1 Demanda Elétrica

A primeira Tabela permite ao usuário preencher os valores mensais de demanda

e consumo, ponta e fora de ponta de seu empreendimento.

Tabela 1 – Inserção dos dados de consumo elétrico do empreendimento

ELETRICIDADE

Tempo Demanda Elétrica [kW] Consumo de Energia [kWh]

Ponta Fora de Ponta Ponta Fora de Ponta

Janeiro 17.500 19.000 1.102.500 10.453.740

Fevereiro 17.500 19.000 997.500 9.598.840

Março 17.500 19.000 1.001.996 9.017.964

Abril 17.500 19.000 1.050.000 10.526.710

Maio 17.500 19.000 780.428 7.023.852

Junho 17.500 19.000 890.618 8.015.562

Julho 17.500 19.000 1.155.000 10.129.530

Agosto 17.500 19.000 1.119.166 10.072.494

Setembro 17.500 19.000 1.099.605 9.896.445

Outubro 17.500 19.000 1.050.000 10.766.120

Novembro 17.500 19.000 1.050.000 10.291.668

Dezembro 17.500 19.000 1.124.445 10.120.005

TOTAL 12.421.258 115.912.930

A partir desses dados, o programa gera uma curva de consumo elétrico para que

o usuário visualize seu perfil anual, conforme a seguir.

Figura 10 – Exemplo de curva do consumo mensal de energia elétrica do empreendimento

16

Serão calculados na aba “Custo da EE” o custo anual da energia elétrica, e a

energia elétrica total a ser suprida pela planta de cogeração.

3.1.2 Demanda de Vapor

Na Tabela 2 o usuário insere, na coluna em branco, a demanda de vapor em

kg/mês, visto que é a quantidade mais facilmente medida pelas empresas e indústrias que

usam vapor em seus processos. É necessário também a entrada dos valores de consumo

de combustível, produção de vapor, PCI e a seleção do combustível utilizado na caldeira.

Os dados de consumo de combustível e produção de vapor podem ser obtidos

diretamente do catálogo do fabricante da caldeira.

Tabela 2 – Inserção dos dados de consumo de vapor do empreendimento

VAPOR

Tempo kg de Vapor Gerado/mês m³/mês kW.h/mês

Janeiro 45.051.095 3.559.037 35.406.833

Fevereiro 47.122.968 3.722.715 37.035.172

Março 38.054.648 3.006.317 29.908.142

Abril 52.676.096 4.161.412 41.399.520

Maio 35.852.774 2.832.369 28.177.631

Junho 21.148.876 1.670.761 16.621.454

Julho 35.822.591 2.829.985 28.153.910

Agosto 43.091.856 3.404.257 33.867.016

Setembro 36.282.389 2.866.309 28.515.278

Outubro 39.038.223 3.084.020 30.681.160

Novembro 34.083.566 2.692.602 26.787.165

Dezembro 28.463.917 2.248.649 22.370.536

TOTAL/ANO 456.689.000 36.078.431 358.923.817

Combustível da Caldeira Gás Natural

Consumo de Combustível [m³/h] 158

Produção de Vapor [ton/h] 2

Eficiência da Caldeira [%] 90%

Consumo da Caldeira [m³/ton] 79

17

Dessa forma o programa calcula o consumo da caldeira e converte a demanda de

vapor para kWh/mês para ser utilizada posteriormente no cálculo da energia térmica

necessária ao processo, como mostram as equações (3.1) e (3.2).

𝐶𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 =𝐶𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙

𝑃𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 (3.1)

𝑉𝑎𝑝𝑜𝑟 [𝑘𝑊.ℎ

𝑚ê𝑠] = 𝑉𝑎𝑝𝑜𝑟 [

𝑘𝑔

𝑚ê𝑠] .

𝐶𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎

1000. 𝑃𝐶𝐼𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙. 0,0011622 (3.2)

3.1.3 Demanda de Refrigeração

Na Tabela 3 o usuário pode entrar diretamente com seu consumo de energia

térmica em TR.h/mês, visto que é uma quantidade normalmente medida nas indústrias.

Desse modo o programa pode dimensionar os equipamentos a serem utilizados na Central

de Água Gelada da planta de cogeração.

Tabela 3 – Inserção dos dados de carga térmica para refrigeração do empreendimento

REFRIGERAÇÃO

Tempo TR.h/mês

Janeiro 1.281.915

Fevereiro 1.175.225

Março 1.110.928

Abril 1.283.665

Maio 866.213

Junho 988.117

Julho 1.252.134

Agosto 1.241.480

Setembro 1.219.983

Outubro 1.310.399

Novembro 1.257.903

Dezembro 1.247.336

TOTAL/ANO 14.235.299

18

3.2 Premissas

A aba “Premissas” é utilizada para a inserção dos dados de entrada que serão

utilizados pelo resto da planilha. Além disso, nesta aba o usuário também deve selecionar

o equipamento responsável pela geração de energia elétrica e reaproveitamento de energia

térmica rejeitada.

A inserção de dados na planilha segue o código de cores apresentado na Figura

12:

Figura 11 – Código de cores utilizado na planilha

3.2.1 Descrição dos valores de entrada

A seguir será feita uma breve descrição dos valores a serem inseridos pelo usuário.

Tabela 4 – Premissas básicas para o projeto

PREMISSAS

Cotação do dólar [R$] 3,20

Chiller da planta sem cogeração Chiller Elétrico Alternativo

PCI do gás natural [kcal/m³] 8.560

PCI do óleo combustível [kcal/m³] 9.300.000

Custo do óleo combustível [R$/m³] 1750,00

Hora de início de operação da planta [h] 0

Hora do fim de operação da planta [h] 24

Nº de dias de funcionamento por ano 365

Número de horas de operação na Ponta por mês [h] 63

Número de horas de operação na Fora da Ponta por mês [h] 657

Tarifa de EE Mercado Livre

Tarifa Mercado Livre [R$/MWh] 235,00

Tarifa de Gás COMGÁS

Classe de Tensão A4 AZUL

Custo Anual com Perdas de Produção [R$] 0,00

Dado de Entrada do Usuário

Valor Calculado pelo Programa

19

Nessa etapa serão inseridas as premissas básicas necessárias para a análise do

programa, a serem descritas a seguir:

Cotação de dólar: influencia no custo de aquisição e manutenção do

equipamento a ser adquirido;

Chiller da planta sem cogeração: necessário para que se possa fazer a

comparação de custos entre cogeração e planta convencional;

PCI do gás natural e óleo combustível: necessários para o cálculo do balanço

energético do sistema;

Custo do óleo combustível: necessário para o cálculo do custo com óleo

combustível caso a caldeira convencional funcione com queima de óleo;

Hora de início, fim e número de dias de funcionamento de operação da

planta: Faixa de tempo de funcionamento diário do empreendimento para o

cálculo da geração de energia do equipamento.

Número de horas na ponta e fora de ponta da planta: Necessário para que se

possa calcular o consumo de energia em cada faixa e a quantidade de energia

importada;

Tarifa de EE: Seleciona a concessionária que distribui a energia elétrica ou

Mercado Livre;

Tarifa Mercado Livre: Inserir a tarifa do mercado livre, caso não compre do

mercado livre, deixar vazio;

Tarifa de Gás: Seleciona a distribuidora de gás natural;

Classe de Tensão: Seleciona a classe de tensão em que opera o empreendimento;

Combustível Caldeira Auxiliar: Seleciona o combustível usado na caldeira

auxiliar, caso seja necessária;

Custo anual com perdas de produção: Valor anual que representa perdas com

paradas na produção por falta de energia;

20

Conforme foi dito no capítulo 2, a cogeração irá produzir energia elétrica e térmica a

partir do mesmo combustível. Essa energia térmica pode ser aproveitada na produção de

vapor e água gelada, conforme ilustra a figura a seguir.

Figura 12 - Diagrama de blocos do funcionamento do programa

Conforme ilustrado na Figura 12, a energia excedente proveniente do equipamento

de geração será aproveitada no chiller de absorção. Se houver energia excedente no

chiller, essa energia será aproveitada na caldeira de recuperação. No caso de insuficiência

na demanda de frio ou vapor, são utilizados equipamentos auxiliares para produção

adicional das utilidades necessárias (chillers adicionais ou acionamento de outra

caldeira).

21

Cabe ao usuário decidir quais das utilidades ele deseja produzir para seu

empreendimento, como indica a Tabela 5.

Tabela 5 – Escolha das utilidades a serem geradas

OBJETIVOS DA COGERAÇÃO

Vapor (Calor) Não

Água Gelada (Frio) Sim

A Tabela 6 mostra o local no qual o usuário selecionará se deseja vender seu

excedente de energia elétrica (caso exista), bem como o valor que será pago por essa

energia (pode ser determinado junto a distribuidora da região). A venda de energia elétrica

é incentivada pelas concessionárias pois descarrega o sistema da rede.

Tabela 6 – Venda de energia elétrica

VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA

Deseja vender energia elétrica excedente? Não

Preço para venda de energia elétrica[R$/kWh] 0,16

A Tabela 7 mostra o consumo de energia elétrica do sistema convencional e

permite ao usuário selecionar o equipamento a ser utilizado a partir do banco de dados do

programa, bem como sua quantidade e fator de carga. Feita essa seleção, o programa

realiza a subtração entre a energia gerada pelo equipamento e a energia demandada pelo

empreendimento. Caso a energia gerada seja insuficiente para suprir toda a demanda será

realizada a importação de energia adicional da rede. Por outro lado, caso a energia gerada

exceda a energia demandada poderá haver a venda desse excedente para a rede.

22

Tabela 7 – Seleção do (s) equipamento (s) para cogeração

GERAÇÃO ELÉTRICA COM COGERAÇÃO

Demanda Elétrica a ser suprida na Ponta [kW] 17.500

Demanda Elétrica a ser suprida Fora de Ponta [kW] 19.000

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido na Ponta [kWh] 12.421.258

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido Fora de Ponta [kWh] 115.912.930

Consumo Total de Energia Elétrica a ser suprido/ano [kWh] 128.334.188

Equipamento Selecionado Turbina TAURUS70 8MW

Dimensão do Equipamento selecionado [kW] 7965

Quantidade de equipamentos 2

Potência Instalada [kW] 15.930

Importação de energia necessária/ano [kWh] 2.742.068

Excedente de energia gerada/ano [kWh] 0,00

Fator de carga do equipamento 90%

A energia térmica rejeitada pelo equipamento de geração de energia elétrica pode

ser aproveitada para geração de vapor e/ou de água gelada. O usuário determina a

quantidade de energia térmica a ser aproveitada para a produção de água gelada, sendo a

energia restante usada para a produção de vapor em caldeiras de recuperação. Conforme

comentado acima, se a demanda de água gelada não for atendida, podem ser selecionados

chillers de queima direta ou elétricos para esse fim. Da mesma forma, está prevista a

utilização de queima suplementar em caldeiras convencionais, que podem ser

selecionadas para queimar gás natural ou óleo combustível, de forma complementar a

produção de vapor.

O próximo passo é a seleção dos equipamentos para a refrigeração conforme

ilustra a Tabela 8. O programa calcula a carga térmica total em TR necessária para a

planta.

A primeira linha indica a demanda total em TR de frio a ser suprida para o

empreendimento. A segunda linha indica a capacidade máxima de produção de frio a ser

gerada através de chillers de absorção. Essa capacidade é limitada pela quantidade de

energia térmica que pode ser aproveitada pelo equipamento de geração selecionado. O

usuário pode então inserir o valor correspondente a capacidade do(s) Chiller(s) a serem

usados. A capacidade do Chiller de absorção será limitada pela quantidade total de rejeito

23

térmico do equipamento que pode ser aproveitada. Dessa forma, caso a demanda de frio

seja maior que a capacidade máxima de produção de frio por absorção, deve-se

complementar a produção com chillers elétricos ou de queima direta.

Caso o usuário não deseje usar algum dos tipos de Chiller, basta deixar a célula

referente ao mesmo com o valor zero. Se a opção for por um Chiller Elétrico, o usuário

pode ainda, através de uma lista suspensa, escolher o tipo de Chiller Elétrico a ser

utilizado (Alternativo, Scroll, Parafuso).

A soma das capacidades dos equipamentos deve ser no mínimo igual ao valor

apresentado na primeira linha da Tabela 8, de modo a atender o projeto.

O programa automaticamente calcula custos adicionais de manutenção, consumo

de energia elétrica ou gás natural referente a cada opção de Chiller.

Tabela 8 – Seleção dos equipamentos para refrigeração

De acordo com as demandas, a ferramenta calcula se há necessidade de queima

adicional em uma caldeira convencional. Se for o caso, o usuário indica o combustível a

ser utilizado (gás natural ou óleo combustível) e o consumo de combustível da caldeira é

calculado, conforme mostrado Na Tabela 9.

Tabela 9 – Indicação da queima adicional

QUEIMA ADICIONAL

Necessidade de queima adicional na caldeira Sim

Demanda térmica adicional a ser suprida [kWh] 208.198.124

Combustível para queima adicional na caldeira Gás Natural

Consumo Anual de combustível adicional na caldeira [m³] 23.252.591

EQUIPAMENTOS PARA REFRIGERAÇÃO

Produção de Frio Necessária [TR] 1.079

Capacidade máxima de produção de frio por Absorção [TR]

359

Produção com Chiller de Absorção [TR] 350

Produção com Chiller de Queima Direta [TR] 0

Chiller Elétrico Utilizado Chiller Elétrico

Alternativo

Produção com Chiller Elétrico [TR] 750

Produção Total [TR] 1.100

24

A Tabela 10 mostra o resumo dos resultados operacionais da planta, de modo que

o usuário possa alterar sua seleção de equipamentos para obter uma otimização do

sistema. É permitido mudar o tempo de projeto e inserir um aumento no custo da energia

elétrica, com o propósito de analisar o mesmo projeto para o caso de um futuro aumento

no custo da energia elétrica.

O aumento no custo da energia elétrica simplesmente multiplica as tarifas atuais

pelo aumento percentual inserido pelo usuário. O objetivo desse procedimento é avaliar

o impacto de eventuais aumentos no custo de energia elétrica sobre o projeto. Esse índice

não permite fazer uma previsão de aumento anual de energia elétrica.

Tabela 10 – Resumo dos resultados com cogeração

RESUMOS DOS RESULTADOS OBTIDOS COM COGERAÇÃO

Tempo de projeto (anos) 20

Economia operacional anual da planta [R$] R$ 18.159.814

Aumento do Custo de EE [%] 0%

Economia operacional anual da planta [%] 20%

Taxa Interna de Retorno (TIR) 30%

PAY-BACK (anos) 4,8

3.3 Análise Técnica

A aba “Análise Técnica” é responsável por realizar os balanços de energia do

projeto de cogeração que está sendo simulado. Para isso, é realizado, primeiramente, o

cálculo do consumo específico de gás natural por kWh gerado pelo equipamento

selecionado na aba “Premissas”. Assim, o consumo específico de gás natural pelo

motogerador é dado pela equação (3.3) (NERI, 2009):

𝐶𝑒𝑠𝑝 [𝑚3

𝑘𝑊ℎ] =

860 [𝑘𝑐𝑎𝑙

𝑘𝑊ℎ]

𝑃𝐶𝐼 [𝑘𝑐𝑎𝑙

𝑚3 ].𝜂𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝

(3.3)

25

A Tabela 11 apresenta esta parte do cálculo realizado pela planilha. O PCI do gás

natural é obtido através do valor inserido na aba “Premissas”, e a eficiência do

equipamento do banco de dados da planilha, de acordo com o equipamento que foi

selecionado.

Tabela 11 – Cálculo do consumo específico de gás natural do equipamento

Consumo de gás natural por kWh gerado pelo equipamento

PCI do gás natural [kcal/m³] 8560

Eficiência do equipamento 34,00%

Consumo de gás natural [m³/kWh] 0,295

Em seguida, é realizado o balanço de energia, propriamente dito, e é calculada a

potência térmica útil para a cogeração que pode ser retirada do equipamento, isto é, a

potência que poderá ser aproveitada na geração de energia térmica. A Tabela 12 ilustra

esse procedimento. O valor da potência térmica retirada do equipamento é obtida a partir

do banco de dados da planilha. Pode-se ainda modificar a eficiência dos trocadores de

calor, de modo a refinar o estudo.

Tabela 12 – Cálculo da potência térmica útil retirada do equipamento

ANÁLISE TÉCNICA DO PROJETO CHP

Dimensão do equipamento [kW] 7.965

Número de equipamentos 2

Consumo de gás natural [m³/kWh] 0,295

PCI do gás natural [kcal/m³] 8.560

Vazão horária de gás natural [m³/h] 2.354

Potência térmica total que entra no equipamento [kW] 23.449

Potência térmica retirada do bloco do motor [kW] 0

Potência térmica retirada da exaustão [kW] 10.062

Eficiência dos trocadores de calor 95%

Potência térmica útil para CHP [kW] 17.206

Energia Produzida pela CHP por ano [kWh] 150.725.694

Na Tabela 13 é realizada a análise de geração elétrica e térmica da planta, bem

como se a produção da cogeração será suficiente para suprir as demandas do sistema

convencional.

26

Tabela 13 – Análise da Geração de Energia

Análise da Geração Energia

Energia Elétrica Gerada por ano [kWh/ano] 125.592.120

Energia Térmica Gerada por ano [kWh/ano] 150.725.694

Energia Elétrica a ser suprida por ano [kWh/ano] 128.334.188

Energia Térmica a ser suprida por ano [kWh/ano] 358.923.817

Energia Elétrica excedente por ano [kWh/ano] 0

Energia Térmica excedente por ano [kWh/ano] 0

Utilização de caldeira auxiliar de queima direta Sim

Demanda da Caldeira Auxiliar [kWh/ano] 208.198.124

A energia elétrica gerada pelo equipamento é calculada conforme a equação (3.4),

enquanto a energia térmica gerada a partir do equipamento é calculada através da equação

(3.5). O calor útil vem dos rejeitos térmicos do equipamento selecionado. Esses valores

são retirados da aba “Banco de Dados”.

𝐸𝐸𝑙,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑃𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝. 𝐹𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝.𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑎𝑛𝑜. ℎ𝑓𝑢𝑛𝑐 (3.4)

𝐸𝑡𝑒𝑟𝑚,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑄ú𝑡𝑖𝑙. 𝐹𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝.𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑎𝑛𝑜. ℎ𝑓𝑢𝑛𝑐 (3.5)

Após realizar o cálculo da energia elétrica gerada e da energia térmica gerada pela

cogeração, é possível calcular o valor da energia pendente ou da energia excedente da

planta com cogeração. Caso a cogeração gere menos energia do que é demandado pela

planta, existe uma energia pendente que deve ser suprida. Essa energia pendente é dada

pela equação (3.6).

𝐸𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐸𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 − 𝐸𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 (3.6)

No caso da energia elétrica, a energia pendente é suprida por meio de compra de

energia elétrica da rede. No caso da energia térmica, a energia pendente é suprida por

meio de queima adicional de combustível na caldeira.

Se a cogeração gera mais energia do que é demandado pela planta, existe uma

energia excedente gerada. A energia excedente pode ser calculada pela equação (3.7).

27

𝐸𝑒𝑥𝑐𝑒𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐸𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝐸𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 (3.7)

A energia elétrica excedente pode ser vendida para a rede caso o usuário deseje,

contanto que o projeto de cogeração seja qualificado pela ANEEL.

3.4 Qualificação ANEEL

A aba “Qualificação ANEEL” tem como objetivo avaliar se o projeto de

cogeração analisado cumpre com os requisitos necessários para ser reconhecido pela

ANEEL como uma planta de cogeração. Baseado na legislação vigente, a ANEEL

estabelece diversos mecanismos regulatórios para fomentar a participação das fontes não

convencionais de geração de energia elétrica no Brasil. (ANDREOS, 2013)

A qualificação como cogeração perante à ANEEL é necessária para que o

empreendimento possa usufruir das vantagens concedidas às plantas de cogeração,

principalmente a tarifa especial de gás natural e o direito de venda de energia elétrica

excedente.

Para que possa ser enquadrada na modalidade de “cogeração qualificada” pela

ANEEL, a central termelétrica cogeradora deverá atender aso seguintes requisitos

(ANEEL, 2010):

I - estar regularizada perante a ANEEL, conforme o disposto na legislação

específica e na Resolução no 112, de 18 de maio de 1999;

II – preencher os requisitos mínimos de racionalidade energética, mediante o

cumprimento das inequações a seguir:

a) 𝐸𝑡

𝐸𝑓≥ 15%

b) (𝐸𝑡

𝐸𝑓) ÷ 𝑋 +

𝐸𝑒

𝐸𝑓≥ 𝐹𝑐%

28

Sendo:

𝐸𝑓 - Energia da fonte: energia recebida pela central cogeradora, em seu regime

operativo médio, em kW, com base no conteúdo energético específico, que no

caso dos combustíveis é o poder calorífico inferior (PCI);

𝐸𝑒 - Energia da utilidade eletromecânica: energia cedida pela central cogeradora,

em seu regime operativo médio, em kW, em termos líquidos, ou seja, descontando

da energia bruta gerada o consumo em serviços auxiliares elétricos da central;

𝐸𝑡 - Energia da utilidade de calor: energia cedida pela central cogeradora, em seu

regime operativo médio, em kW, em termos líquidos, ou seja, descontando das

energias brutas entregues ao processo as energias de baixo potencial térmico que

retornam à central;

𝐹𝑐% - Fator de Cogeração: parâmetro definido em função da potência instalada e

da fonte da central cogeradora, o qual se aproxima do conceito de Eficiência

Exergética;

𝑋 - Fator de Ponderação: parâmetro adimensional definido em função da potência

instalada e da fonte da central cogeradora, obtido da relação entre a eficiência de

referência da utilidade de calor e da eletromecânica, em processos de conversão para

obtenção em separado destas utilidades.

Os valores de 𝑋 e 𝐹𝑐 deverão ser aplicados em função da Tabela abaixo:

Tabela 14 – Tabela para definir parâmetros da Qualificação da Cogeração

29

A Tabela 15 demonstra os valores obtidos pelo programa para os cálculos dos

parâmetros necessários à qualificação da cogeração perante à ANEEL. Os valores para o

fator de cogeração e para o fator de ponderação são obtidos a partir da Tabela 12. Se

ambos os requisitos, a e b, forem satisfeitos a cogeração é apresentada como

“qualificada”, caso contrário a situação da planta é “não qualificada”.

Tabela 15 – Verificação da Qualificação da Cogeração perante à ANEEL

QUALIFICAÇÃO DA COGERAÇÃO

Ef [kW] 46.897,4

Et [kW] 17.206,1

Ee [kW] 15.930,0

Fator de cogeração (Fc) 44%

Fator de ponderação (X) 2,13

Requisito a ( >= 15%) 36,69%

Requisito b ( >= Fc) 51,19%

SITUAÇÃO QUALIFICADO

3.5 Custo do Gás

A aba “Custo do Gás” calcula o custo do gás natural para a operação do

empreendimento no modo convencional e com a planta de cogeração. As tarifas são

automaticamente alteradas segundo a escolha da companhia distribuidora na aba

“Premissas”. O usuário pode ainda alterar as tarifas no caso de um possível reajuste

através das abas auxiliares “CEG” e “COMGÁS”.

30

Em primeiro lugar, o cálculo do consumo de gás natural pelo equipamento é feito

a partir da vazão horária de combustível, do tempo de funcionamento da planta e do fator

de carga do equipamento, o consumo anual de gás natural pelo equipamento é calculado

através da equação (3.8).

𝐶𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 [𝑚3

𝑎𝑛𝑜] = 𝐶𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 [

𝑚3

ℎ] . ℎ𝑓𝑢𝑛𝑐 . 𝐹𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 (3.8)

Além do gás natural consumido pelo equipamento selecionado para a cogeração,

pode existir ainda a necessidade de uma queima adicional de combustível em uma

caldeira ou ainda em um Chiller de queima direta, conforme foi explicado na seção 3.1.

Tabela 16 – Cálculo do consumo de Gás Natural pelo equipamento

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL PELA CHP

Consumo de gás natural no equipamento

Potência gerada [kW] 14.337

Eficiência do equipamento 34,00%

PCI do gás natural [kcal/m³] 8.560,00

Consumo de gás natural por kWh gerado [m³/kWh] 0,295

Vazão horária de gás natural [m³/h] 4.236,5

Consumo anual de gás natural [m³] 33.400.323

Consumo mensal de gás natural [m³] 2.783.360

Somando o consumo de gás natural do equipamento de geração de energia, da

caldeira auxiliar (caso funcione com gás natural) e do Chiller de queima direta, obtém-se

o consumo total de gás natural da planta de cogeração.

Tabela 17 - Consumo de combustível pelos auxiliares

Consumo de combustível pelos auxiliares

Combustível utilizado para queima adicional Gás Natural

Consumo adicional anual de combustível na caldeira [m³] 23.252.591

Consumo adicional anual de gás natural na CAG auxiliar [m³] 0

Podemos então calcular o custo com gás natural tanto para a planta de cogeração

tanto para o sistema convencional, que teve seu consumo de gás calculado na aba

“Demandas”.

31

O custo do gás é calculado em cascata, isso é, existe uma tarifa para diferentes

faixas de consumo e sua conta final é a soma da multiplicação entre essas tarifas e o seu

consumo em cada faixa estabelecida pela distribuidora, conforme a Tabela a seguir.

Tabela 18 – Cálculo do custo do Gás Natural Industrial

A distribuidora COMGÁS usa ainda a parcela fixa, que é um valor adicional a ser

pago pelo consumo na faixa estabelecida. O programa automaticamente soma essa

parcela no caso de seleção de gás distribuído pela COMGÁS. (COMGÁS, 2015)

Da mesma maneira é realizado o cálculo do gás para a cogeração, mas com tarifas

menores, visto que a cogeração usufrui de um preço de gás diferenciado em todo o Brasil.

Tabela 19 - Cálculo do custo do Gás Natural para Cogeração

Por fim, o programa mostra o custo anual do combustível para o caso com e sem

cogeração. Caso o combustível selecionado para a geração de vapor no caso convencional

Custo total

R$/m3 C/ICMS

- 50.000 2,2819 - 50.000

50.001 300.000 1,6539 - 300.000

300.001 500.000 1,5836 - 500.000

500.001 1.000.000 1,5707 - 1.000.000

1.000.001 2.000.000 1,5443 85.542 1.156.536

2.000.001 10.000.000.000.000 1,5210 - -

10.000.000.000.001 - - - -

1 - - - -

1 - - - -

1 - - - -

Consumo mensal = 3.006.536 m3/mes

Conta mensal = 4.844.404R$ /mes

Custo do m3 (S/ICMS, PIS e COFINS) = 1,26889R$ /m3

Custo do m3 (C/ICMS, PIS e COFINS) = 1,61129R$ /m3

Intervalo de Consumo [m³] Parcela Fixa m³

Conta de Gás Natural Industrial

Conta de Gás Natural para Cogeração

Custo total

R$/m3 C/ICMS

- 5.000 1,9922 5.000 9.961,00R$

5.001 50.000 1,9185 50.000 95.925,00R$

50.001 100.000 1,2851 100.000 128.510,00R$

100.001 500.000 1,1539 500.000 576.950,00R$

500.001 2.000.000 1,1693 2.000.000 2.338.600,00R$

2.000.001 4.000.000 1,1685 2.066.076 2.414.210,08R$

4.000.001 7.000.000 1,1676 - -R$

7.000.001 10.000.000 1,1673 - -R$

10.000.001 10.000.000.000.000 1,0995 - -R$

Consumo mensal = 4.721.076 m3/mes

Conta mensal = 5.564.156R$ /mes

Custo do m3 (S/ICMS, PIS e COFINS) = 0,92813R$ /m3

Custo do m3 (C/ICMS, PIS e COFINS) = 1,17858R$ /m3

VALOR [R$]m³Intervalo de Consumo [m³]

32

seja óleo combustível o programa utiliza a tarifa inserida na aba “Premissas” para o

cálculo do custo anual. (COMGÁS, 2015)

Tabela 20 – Custo anual do combustível

CUSTO DO COMBUSTÍVEL

Custo anual do combustível sem cogeração [R$/ano] 58.132.843,70

Custo anual do combustível com cogeração [R$/ano] 66.769.872,91

3.6 Custo da EE

A aba “Custo da EE” calcula o custo da energia elétrica para o sistema

convencional, bem como para a cogeração, caso haja a necessidade de importar energia

da rede. O programa atualiza as tarifas de energia de acordo com a seleção da

concessionária de energia feita na aba “Premissas”. O usuário pode ainda alterar as tarifas

no caso de um possível reajuste através das abas auxiliares “LIGHT”, “AMPLA” e

“ELEKTRO”.

Os custos com a energia a partir das tarifas e dos dados fornecidos na aba

“Demandas” são calculados na Tabela a seguir. Caso o empreendimento opere na classe

Azul de tensão deve ainda arcar com os custos de demanda contratada além do seu

consumo de energia.

Tabela 21 – Cálculo dos custos com energia elétrica no sistema convencional

Custos Energia Elétrica

CONVENCIONAL Demanda Consumo Demanda Consumo

Janeiro -R$ 270.081,32R$ -R$ 767.670,28R$

Fevereiro -R$ 136.165,63R$ -R$ 811.904,48R$

Março -R$ 135.470,56R$ -R$ 828.007,38R$

Abril -R$ 135.470,56R$ -R$ 800.939,12R$

Maio -R$ 136.727,03R$ -R$ 775.116,43R$

Junho -R$ 136.727,03R$ -R$ 707.403,98R$

Julho -R$ 136.727,03R$ -R$ 727.781,17R$

Agosto -R$ 136.727,03R$ -R$ 752.686,25R$

Setembro -R$ 136.727,03R$ -R$ 717.565,99R$

Outubro -R$ 136.727,03R$ -R$ 805.287,57R$

Novembro -R$ 135.470,56R$ -R$ 791.052,83R$

Dezembro -R$ 135.470,56R$ -R$ 771.071,58R$

TOTAL -R$ 1.768.491,40R$ -R$ 9.256.487,06R$

CUSTO TOTAL ANUAL 11.024.978,46R$

Fora de PontaPonta

33

O programa automaticamente calcula a diferença entre a energia gerada

mensalmente pela planta de cogeração e o consumo mensal demandado. Caso a geração

de energia não supra toda a necessidade do empreendimento o restante da energia

necessária ao processo será comprada da concessionária e é calculada considerando que

12% da energia elétrica total é utilizada na ponta, e 88% fora de ponta. (RENEWPOWER,

2015)

Tabela 22 – Cálculo da importação de energia elétrica necessária para a cogeração

Tabela 23 – Cálculo do custo de importação da energia elétrica para a cogeração

Outro detalhe a ser considerado são as bandeiras tarifárias. No momento atual

estamos operando com tarifa de consumo em bandeira vermelha, e a previsão é que

continue assim por algum tempo.

Importação EE

COGERAÇÃO Ponta [kWh] Fora de Ponta [kWh] Ponta [kW] Fora de Ponta [kW]

Janeiro - - - -

Fevereiro - - - -

Março - 190.553,53 - 290,04

Abril - - - -

Maio - - - -

Junho - - - -

Julho - - - -

Agosto - - - -

Setembro - - - -

Outubro - - - -

Novembro - - - -

Dezembro - - - -

Total - 190.553,53 - 290

Consumo Cogeração Demanda Cogeração

Custos Energia Elétrica

COGERAÇÃO Demanda Consumo Demanda Consumo

Janeiro -R$ -R$ -R$ -R$

Fevereiro -R$ -R$ -R$ -R$

Março -R$ -R$ -R$ 104.816,88R$

Abril -R$ -R$ -R$ -R$

Maio -R$ -R$ -R$ -R$

Junho -R$ -R$ -R$ -R$

Julho -R$ -R$ -R$ -R$

Agosto -R$ -R$ -R$ -R$

Setembro -R$ -R$ -R$ -R$

Outubro -R$ -R$ -R$ -R$

Novembro -R$ -R$ -R$ -R$

Dezembro -R$ -R$ -R$ -R$

TOTAL -R$ -R$ -R$ 104.816,88R$

CUSTO TOTAL ANUAL 104.816,88R$

Ponta Fora de Ponta

34

Uma contribuição importante da ferramenta é a opção de se fazer uma média

ponderada entre as tarifas de energia para bandeiras verde, amarela e vermelha, de modo

que o usuário possa ter uma projeção mais real para o futuro (cfr. Figura 14). O peso de

cada bandeira multiplica as respectivas tarifas de energia e o custo total é então a soma

de todas as tarifas vezes o consumo do empreendimento. Isso torna-se interessante num

período de tempo longo, como em um dos casos estudados, em que o período é de 20

anos.

O programa já tem um padrão de ponderação como mostrado na figura 5, no

entanto o usuário pode alterar da maneira que achar mais aplicável a seu caso.

Figura 13 – Peso das bandeiras tarifárias

3.8 Análise Financeira

A aba “Análise Financeira” tem como objetivo propiciar a análise de viabilidade

econômica do projeto de cogeração na planta. Em um primeiro momento, a aba calcula

os custos totais de instalação da cogeração. Em seguida, é realizada a análise financeira

propriamente dita, onde é calculada a economia operacional da planta com cogeração,

baseados nos custos operacionais e de manutenção da planta com e sem cogeração. Além

disso, são calculados os parâmetros que dizem respeito ao retorno do capital investido

para instalação da cogeração: Pay-back, TIR e VPL.

3.8.1 Custos de Aquisição

A Tabela a seguir exibe a parte da aba “Análise Financeira” que contempla os

custos totais de instalação da planta de cogeração. O custo de instalação do equipamento

é obtido do banco de dados da planilha e é especifico para cada equipamento. Da mesma

forma o custo de aquisição da Central de Água Gelada (CAG) é obtido da aba “CAGs” e

o custo de aquisição do sistema de vapor equivale a 10% do custo do equipamento

(RENEWPOWER, 2015).

20% 30% 50% 100%

PESO DAS BANDEIRAS TARIFÁRIAS

35

Tabela 24 - Tabela com os custos de aquisição para a planta de Cogeração

CUSTOS DE AQUISIÇÃO

Custo de Instalação do Equipamento R$ 66.562.294

Custos Complementares R$ 8.813.598

Custo de Aquisição da CAG [R$] R$ 2.730.000

Custo de Aquisição do Sistema de Vapor [R$] R$ 6.656.229

Custo Total de Instalação da Planta R$ 84.762.122

Investimento por energia elétrica gerada [R$/kWh] R$ 0,6749

Investimento por energia total gerada [R$/kWh] R$ 0,3068

Somados aos custos de instalação, a planilha apresenta os custos complementares

que estão em uma aba auxiliar. Os custos complementares incluem acompanhamento de

obra, consultorias (jurídica, técnica, financeira), despesas gerais, com viagens e qualquer

outra que o usuário deseje incluir (SOUZA, 2011). A Tabela 25 exibe esses custos

complementares.

Tabela 25 – Custos Complementares da Instalação da Planta de Cogeração

INSTALAÇÃO

Custos Complementares

do Projeto

Valor Mensal

N° de meses Valor Ano 1 Valor Ano 2 Total

Acompanhamento R$ 5.000,00

13

R$ 60.000,00

R$ 5.000,00

R$ 65.000,00

Consultoria Técnica R$ 10.000,00

1

R$ 10.000,00

R$ -

R$ 10.000,00

Consultoria Financeira

R$ 20.000,00

1

R$ 20.000,00

R$ -

R$ 20.000,00

Consultoria Jurídica R$ 20.000,00

1

R$ 20.000,00

R$ -

R$ 20.000,00

Viagens R$ 3.500,00

13

R$ 42.000,00

R$ 3.500,00

R$ 45.500,00

Despesas Gerais R$ -

-

R$ -

R$ -

R$ -

Outros R$ -

-

R$ -

R$ -

R$ -

Total R$ 160.500,00

12

R$ 152.000,00

R$ 8.500,00

R$ 160.500,00

36

3.8.2 Análise Financeira

A análise financeira, mostrada na Tabela a seguir, demonstra o valor da economia

anual da planta bem como o Pay-back e a taxa interna de retorno do projeto, fatores

decisivos na determinação de sua viabilidade.

Tabela 26 – Análise Financeira do Projeto de Cogeração

ANÁLISE FINANCEIRA

Economia anual da planta com cogeração [R$/ano] R$ 18.159.814

Tempo de Projeto 20

Reajuste Anual de Economia 2,00%

Parcela Financiada (Até 60% : BNDES) 60%

Taxa de Juros (% a.a.) 4,30%

Taxa SELIC 13,65%

Valor Presente Líquido (VPL) R$ 5.654.141

Taxa Interna de Retorno (TIR) 29,64%

PAY-BACK (anos) 4,79

Ainda na Tabela 26, o usuário pode alterar o percentual do valor total da instalação

financiado (até 60%), a taxa de juros anual negociada no financiamento e o valor da taxa

Selic para reajuste.

Uma aba auxiliar se encarrega de construir o fluxo de caixa e realiza os cálculos

do VPL, TIR e Pay-back. Esses valores calculados são exibidos na Tabela 26 e podem

ser utilizados para o empreendedor avaliar a viabilidade econômica do projeto de

cogeração.

37

3.9 Banco de Dados

A aba “Banco de Dados” é responsável por armazenar informações relevantes

sobre os equipamentos que podem ser utilizados em uma central de cogeração. As

informações sobre cada equipamento contido nesta aba são:

Tipo de equipamento;

Potência elétrica nominal [kW];

Eficiência Elétrica [%];

Calor recuperado pela exaustão [kW];

Calor recuperado pelo bloco [kW];

Calor recuperado do óleo de lubrificação [kW];

Custo total de instalação [R$\kW];

Custo total com Operação e Manutenção [R$\kWh].

A Tabela 27 mostra uma ilustração de parte da aba “Banco de Dados”.

Tabela 27 – Parte da Aba “Banco de Dados”

EQUIPAMENTO

Potência nominal[k

W]

Eficiência Elétrica

[%]

Calor recuperado pela exaustão

[kW] Calor recuperado pelo bloco do motor [kW]

MOTOR 100 kW 100 28,0% 82,1 96,7

MOTOR 300 kW 300 29,0% 182,3 199,6

MOTOR 800 kW 801 30,0% 469,6 575,0

Turbina TITAN250 22MW 21.745 38,9% 22.807,9 0,0

Turbina TITAN130 15MW 15.000 35,2% 21.801,1 0,0

Turbina TAURUS70 8MW 7.965 34,0% 10.062,1 0,0

Turbina CENTAUR40 3.5MW 3.515 27,9% 7.670,0 0,0

38

É a partir desta aba que a planilha calcula os principais resultados. Os primeiros

equipamentos cadastrados no banco de dados são equipamentos hipotéticos com seus

valores estimados com base nos dados de desempenho dos principais sistemas de

cogeração comercializados em 2007, de acordo com as Tabelas extraídas do Apêndice A,

retiradas de EPA (2007). Foram considerados motores de combustão interna de 100 kW

à 5000 kW, turbinas à gás de 1150 kW à 40000 kW e microturbinas de 30 à 250 kW.

A fim de tornar as análises mais reais, foram inseridos no banco de dados,

informações sobre equipamentos reais. Dentre os equipamentos inseridos encontram-se

motores fabricados pela GE Energy, da série JENBACHER, que é uma linha de motores

que visa atender o mercado de cogeração. Também foram inseridas algumas informações

sobre turbinas a gás fabricadas pela empresa Solar Turbines. As especificações dos

equipamentos reais inseridos no banco de dados são mostradas no Apêndice A.

Esta aba também permite que o usuário insira um novo equipamento no banco de

dados da planilha, a fim de utilizá-lo para sua análise do projeto de cogeração. É possível

observar na Tabela 27 que na parte superior da aba existe um botão “Inclusão no Banco

de Dados”. Este botão está vinculado a um macro que permite o usuário cadastrar um novo

equipamento. A Figura 6 exibe a janela de cadastramento que é aberta ao usuário clicar no

botão “Inclusão no Banco de Dados”.

Figura 14 - Janela de cadastramento de equipamentos no banco de dados

39

Em seguida, o usuário deve preencher o formulário com o valor das informações

requisitadas, com as unidades indicadas. Após completar o formulário, o usuário deve

clicar no botão “CADASTRAR”. Com isso, o equipamento inserido já estará pronto par

ser utilizado na planilha.

3.10 Central de Água Gelada (CAG)

Da mesma maneira que a aba “Banco de Dados” a aba “CAG” reúne informações

sobre os equipamentos que podem vir a ser utilizados na geração de água gelada para o

empreendimento. São elas:

COP

Consumo de Gás

Consumo de Energia Elétrica

Custo de Manutenção

Custo de Tratamento Químico

Custo de Instalação

A Tabela 28 ilustra essas informações.

Tabela 28 – Parte da Tabela de dados da aba “CAG”

CHILLER Consumo de EE [

kW/TR] COP

[kW/kWi] Consumo de gás

[m³/TRh]

Chiller Elétrico Alternativo 1,14 3,2 0

Chiller Elétrico Centrífugo 0,64 5,5 0

Chiller Elétrico Scroll 0,99 3,55 0

Chiller Elétrico Parafuso 0,88 4 0

Chiller de Absorção < 300 TR 0,03 0,8 0

Chiller de Absorção > 300 TR 0,03 0,8 0

Chiller Queima Direta < 300 TR 0,03 1,36 0,22

Chiller Queima Direta > 300 TR 0,03 1,36 0,22

40

3.11 Resultados

A aba “Resultados” reúne e compara as informações de custos de operação anual

entre a planta convencional e de cogeração.

Primeiramente o usuário encontra um resumo com o equipamento selecionado,

quantidade e potência total da planta de cogeração.

Tabela 29 - Equipamento da cogeração

Equipamento Selecionado Turbina TAURUS70 8MW

Quantidade 2

Potência Total 15.930

Em seguida são indicados os consumos de energia elétrica e custos anuais para

os sistemas com e sem cogeração.

Tabela 30 – Consumo e custo de energia elétrica para o sistema com e sem cogeração

1. CUSTO ANUAL COM ENERGIA ELÉTRICA DA REDE CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Demanda Ponta [kW] 17.500 0

Demanda Fora de Ponta [kW] 19.000 2.368

Consumo Ponta [kWh] 12.421.258 0

Consumo Fora de Ponta [kWh] 115.912.930 2.872.65

2

Consumo Total [kWh] 128.334.188 2.872.65

2

Custo anual [R$] 30.158.53

4 675.073

A Tabela 31 exibe a produção de vapor anual e o custo com combustível para o

sistema convencional. O custo com combustível para o sistema de cogeração está incluído

na Tabela 34. Lembrando que esse custo com combustível incluí tanto o gás natural

quanto o óleo combustível que pode ser usado nas caldeiras para a produção de vapor.

41

Tabela 31 – Custo anual com a produção de vapor

2. CUSTO ANUAL COM A PRODUÇÃO DE VAPOR

CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Vapor Gerado [kg] 456.689.000 456.689.000

Consumo de Combustível [m³] 36.078.431 Incluído nos Custos com

Cogeração

Custo anual [R$] 58.132.844 0

A Tabela 32 explicita a produção anual de frio bem como os custos com

manutenção e operação dos equipamentos.

Tabela 32 – Custo anual com refrigeração

3. CUSTO ANUAL COM REFRIGERAÇÃO CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Produção de Água Gelada [TRh] 14.235.299 14.235.299

Operação e Manutenção [R$] 377.650 170.625

Custo anual [R$] 377.650 170.625

A Tabela 33 mostra a receita obtida com a venda do excedente de energia gerado

pela planta de cogeração.

Tabela 33 – Venda de energia elétrica excedente

4. VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA EXCEDENTE COGERAÇÃO

Preço de venda de Energia Elétrica excedente [R$/kWh] 0,160

Excedente de energia gerada/ano [kWh] 26.650

Faturamento anual com venda de Energia Elétrica [R$] 4.264

Ganho Anual [R$] 4.264

A Tabela 34 exibe e soma os custos operacionais dos sistemas com e sem

cogeração

A primeira linha exibe os custos com energia elétrica. O sistema convencional

compra toda a sua energia da concessionária, conforme selecionado na aba “Premissas”.

A cogeração por vezes não gera toda a energia necessária ao sistema, o que representa

um custo com importação de energia elétrica da rede. Caso exista venda de energia

42

elétrica do sistema de cogeração a mesma terá seu valor de receita deduzido do custo com

energia elétrica.

A segunda linha exibe o volume de combustível consumido no sistema

convencional e com cogeração. No caso do convencional esse combustível pode ser gás

natural ou óleo combustível, a ser usado na queima da caldeira para a produção de vapor.

No caso da cogeração o combustível principal é o gás natural que será utilizado

nos equipamentos de geração de energia (motores ou turbinas). Pode-se ainda ter

consumo de gás natural em chillers de queima direta (caso selecionados para o projeto) e

caldeiras auxiliares, que podem funcionar com gás natural ou óleo combustível.

A terceira linha representa os custos com os respectivos combustíveis, de acordo

com a tarifa de gás natural e o custo com óleo combustível inseridos na aba “Premissas”.

A quarta linha reproduz os custos de operação e manutenção dos equipamentos

utilizados nos sistemas com e sem cogeração. Os custos de manutenção dos equipamentos

da cogeração variam de acordo com a cotação do dólar, conforme os valores informados

na aba “Banco de Dados”

A quinta linha exibe os custos anuais com perdas na produção do sistema

convencional. Muitas empresas têm sofrido com falta de energia e isso pode acarretar

grandes perdas dependendo do tipo de produção que é feita, pois mesmo que existam

geradores, normalmente é necessário um tempo de partida relativamente grande.

Os custos são então somados e é obtido o total das despesas operacionais para a

planta com e sem cogeração.

Tabela 34 – Custo anual operacional

5. CUSTO ANUAL OPERACIONAL CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Custo com Energia Elétrica [R$] 30.158.534 675.073

Consumo de Combustível [m³] 36.078.431 56.652.915

Custo com Combustível [R$] 58.132.844 66.769.873

O&M [R$] 377.650 3.064.267

Custos com perdas na produção [R$] 0 0

Custo anual [R$] 88.669.028 70.509.214

A economia anual alcançada com a cogeração pode então ser calculada conforme

a equação (3.9).

43

𝐸𝑃 [𝑅$

𝑎𝑛𝑜] = 𝐶𝐶𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 − 𝐶𝐶𝑜𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (3.9)

A economia e os resultados financeiros já exibidos na aba “Análise Financeira”

são demonstrados na última tela da aba “Resultados”, conforme a Tabela 35.

Tabela 35 – Economia operacional da planta e resultado financeiros

Economia Anual [R$] 18.159.814

Economia Anual [%] 20%

Aumento do custo da Energia Elétrica 0%

Tempo de projeto (anos) 20

Taxa Interna de Retorno (TIR) 30%

PAY-BACK (anos) 4,8

44

4. Estudos de Caso

Este capítulo é dedicado à realização de estudos de caso, onde a planilha

COGERAR é utilizada para analisar a viabilidade de projetos de cogeração.

Foram selecionados três casos de empresas reais, interessadas em implantar uma

planta de cogeração em seu empreendimento em 2015. São elas:

Shopping: geração de eletricidade e frio

Cervejaria: geração de eletricidade e vapor

Indústria Alimentícia: geração de eletricidade, vapor e frio

Os três estudos foram realizados pela empresa Renewpower e os resultados obtidos

pela mesma servirão de base para a validação do programa COGERAR. A seguir será

feita a explicação sobre cada caso bem como a exibição dos resultados obtidos.

4.1 Shopping

O Shopping é localizado em Madureira, Rio de Janeiro RJ. O objetivo do

empreendimento com a cogeração é gerar eletricidade e frio para atender às altas

demandas do shopping e economizar em relação aos custos com a compra de energia da

concessionária. (RENEWPOWER, 2015)

Os dados de consumo e demanda contratada de eletricidade e de consumo de frio

foram informados pelo Shopping. Primeiramente é feita a inserção dos valores na aba

“Demandas” conforme as Tabelas a seguir.

45

Tabela 36 – Demanda e consumo elétrico do Shopping

ELETRICIDADE

Tempo Demanda Elétrica [kW] Consumo de Energia [kWh]

Ponta Fora de Ponta Ponta Fora de Ponta

Janeiro 1.850 1.850 112.665 578.403

Fevereiro 1.850 1.850 105.482 505.287

Março 1.850 1.850 118.466 511.561

Abril 1.850 1.850 95.032 456.832

Maio 1.850 1.850 90.621 511.388

Junho 1.850 1.850 98.602 422.137

Julho 1.850 1.850 84.046 342.696

Agosto 1.850 1.850 85.470 403.898

Setembro 1.850 1.850 82.641 393.997

Outubro 1.850 1.850 88.680 484.045

Novembro 1.850 1.850 81.420 440.075

Dezembro 1.850 1.850 122.100 626.318

TOTAL 1.165.225 5.676.636

Tabela 37 – Consumo de frio do Shopping

REFRIGERAÇÃO

Tempo TR.h/mês

Janeiro 358.608

Fevereiro 316.940

Março 346.406

Abril 312.192

Maio 343.596

Junho 305.568

Julho 316.349

Agosto 362.774

Setembro 343.008

Outubro 372.000

Novembro 368.928

Dezembro 388.368

TOTAL/ANO 4.134.738

A seguir, a aba “Premissas” é completada com os dados referentes ao projeto. Tal

como apresentado na Tabela a seguir.

46

Tabela 38 – Premissas para o estudo do Shopping

Nesse caso temos 15 horas de operação por dia, funcionando com a compra de

energia da LIGHT e do gás natural pela CEG. A venda de energia elétrica foi selecionada

como “Não” pois a LIGHT não demonstrou interesse em comprar a energia proveniente

do projeto.

O equipamento selecionado será o mesmo usado pela Renewpower, de modo a

termos uma comparação válida entre os resultados obtidos. O equipamento selecionado

foi o motor GE J420, conforme a Tabela a seguir.

3,20

Chiller Elétrico Alternativo

8.560

9.300.000

1750,00

9

24

365

63

393

Light

0,00

CEG

A4 AZUL

0,00

Não

Sim

Não

0,16

Custo do óleo combustível [R$/m³]

Chiller da planta sem cogeração

Classe de Tensão

OBJETIVOS DA COGERAÇÃO

Tarifa de Gás

Custo Anual com Perdas de Produção [R$]

Tarifa Mercado Livre [R$/MWh]

PREMISSAS

Tarifa de EE

PCI do gás natural [kcal/m³]

PCI do óleo combustível [kcal/m³]

Cotação do dolar [R$]

Número de horas de operação na Fora da Ponta por mês [h]

Hora de início de operação da planta [h]

Número de horas de operação na Ponta por mês [h]

Hora do fim de operação da planta [h]

Nº de dias de funcionamento por ano

Vapor (Calor)

Água Gelada (Frio)

Deseja vender energia elétrica excedente?

Preço para venda de energia elétrica[R$/kWh]

VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA

47

Tabela 39 – Seleção do equipamento para o Shopping

Selecionam-se os equipamentos para a produção de frio. A capacidade de

produção de frio a partir dos rejeitos térmicos do motor é de 359TR enquanto a demanda

do empreendimento é de 1079TR. Seleciona-se então um Chiller de absorção de 350 TR

e o resto da produção é complementada com um Chiller Elétrico Alternativo de 750TR.

Atende-se assim a demanda total de frio do shopping, conforme mostra a Tabela 40.

Tabela 40 – Seleção dos equipamentos para a refrigeração do Shopping

Não existe queima adicional no projeto, pois não existe demanda de vapor,

conforme mostra a Tabela seguinte.

Tabela 41 – Avaliação da necessidade de queima adicional no Shopping

1.850

1.850

1.165.225

5.676.636

6.842.716

Motor GE J420 GS 1.4MW

1426

1

1.426

433.135

183.899,44

90%

Equipamento Selecionado

Potência Instalada [kW]

Dimensão do Equipamento selecionado [kW]

Importação de energia necessária/ano [kWh]

Quantidade de equipamentos

Consumo Total de Energia Elétrica a ser suprido/ano [kWh]

Excedente de energia gerada/ano [kWh]

Fator de carga do equipamento

Demanda Elétrica a ser suprida na Ponta [kW]

Demanda Elétrica a ser suprida Fora de Ponta [kW]

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido Fora de Ponta [kWh]

GERAÇÃO ELÉTRICA COM COGERAÇÃO

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido na Ponta [kWh]

1.079

359

350

0

Chiller Elétrico Alternativo

750

1.100

Chiller Elétrico Utilizado

Produção Total [TR]

EQUIPAMENTOS PARA REFRIGERAÇÃO

Produção de Frio Necessária [TR]

Produção com Chiller de Queima Direta [TR]

Produção com Chiller de Absorção [TR]

Produção com Chiller Elétrico [TR]

Capacidade máxima de produção de frio por Absorção [TR]

Não

0

Gás Natural

0

Demanda térmica adicional a ser suprida [kWh]

QUEIMA ADICIONAL

Consumo Anual de combustível adicional na caldeira [m³]

Combustível para queima adicional na caldeira

Necessidade de queima adicional na caldeira

48

Por fim o resumo dos resultados é obtido para um tempo de projeto de 15 anos,

conforme a Tabela 42.

Tabela 42 – Resumo dos resultados do Shopping

Na aba “Resultados” obtemos uma descrição detalhada dos custos envolvidos na

simulação, como mostra a Tabela 43.

Tabela 43 – Comparação dos custos operacionais para o Shopping

5. CUSTO ANUAL OPERACIONAL CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Custo com Energia Elétrica [R$] 5.255.818 732.666

Consumo de Combustível [m³] 0 1.576.552

Custo com Combustível [R$] 0 1.868.074

O&M [R$] 179.081 420.572

Custos com perdas na produção [R$] 0 0

Custo anual [R$] 5.434.899 3.021.312

Pode-se identificar que o projeto de cogeração apresenta grandes vantagens para

o shopping, pois gera grande economia operacional, supre a maior parte da demanda

elétrica do empreendimento e na totalidade a demanda de frio. Demonstra ainda grande

viabilidade por obtermos um alto valor de TIR e de Pay-back.

15

R$ 2.413.587

0%

44%

29%

4,9

Economia operacional anual da planta [%]

Taxa Interna de Retorno (TIR)

PAY-BACK (anos)

Aumento do Custo de EE [%]

RESUMOS DOS RESULTADOS

Tempo de projeto (anos)

Economia operacional anual da planta [R$]

49

4.2 Cervejaria

A Cervejaria, localizada em Petrópolis-RJ, visa com a cogeração gerar

eletricidade e vapor para atender ao seu processo produtivo. A geração de vapor até então

é feita a partir de caldeiras de queima de gás natural.

Os dados de consumo e demanda contratada de eletricidade e de consumo de

vapor foram informados pela Cervejaria. Primeiramente é feita a inserção dos valores na

aba “Demandas” conforme as Tabelas a seguir.

Tabela 44 – Demanda e consumo elétrico da Cervejaria

ELETRICIDADE

Tempo Demanda Elétrica [kW] Consumo de Energia [kWh]

Ponta Fora de Ponta Ponta Fora de Ponta

Janeiro 5.850 5.850 360.772 2.645.658

Fevereiro 5.850 5.850 345.191 2.531.397

Março 5.850 5.850 354.850 2.602.233

Abril 5.850 5.850 274.770 2.014.976

Maio 5.850 5.850 296.482 2.174.200

Junho 5.850 5.850 236.989 1.737.922

Julho 5.850 5.850 224.568 1.646.831

Agosto 5.850 5.850 261.795 1.919.830

Setembro 5.850 5.850 292.139 2.142.349

Outubro 5.850 5.850 320.373 2.349.404

Novembro 5.850 5.850 280.081 2.053.930

Dezembro 5.850 5.850 321.931 2.360.825

TOTAL 3.569.941 26.179.555

50

Tabela 45 – Consumo de vapor da Cervejaria

VAPOR

Tempo kg de Vapor Gerado/mês m³/mês kW.h/mês

Janeiro 11.409.206 901.327 8.966.793

Fevereiro 11.026.280 871.076 8.665.842

Março 10.148.050 801.696 7.975.617

Abril 8.690.874 686.579 6.830.385

Maio 10.110.984 798.768 7.946.487

Junho 8.297.655 655.515 6.521.344

Julho 6.957.808 549.667 5.468.323

Agosto 10.165.575 803.080 7.989.391

Setembro 11.633.781 919.069 9.143.292

Outubro 12.102.814 956.122 9.511.918

Novembro 10.608.471 838.069 8.337.475

Dezembro 11.567.231 913.811 9.090.989

TOTAL/ANO 122.718.730 9.694.780 96.447.856

Combustível da Caldeira Gás Natural

Consumo de Combustível [m³/h] 158

Produção de Vapor [ton/h] 2

Eficiência da Caldeira [%] 90%

Consumo da Caldeira [m³/ton] 79

A seguir, a aba “Premissas” é completada com os dados referentes ao projeto. Tal como

apresentado na Tabela a seguir.

51

Tabela 46 – Premissas para o estudo da Cervejaria

PREMISSAS

Cotação do dólar [R$] 3,20

Chiller da planta sem cogeração Chiller Elétrico

Alternativo

PCI do gás natural [kcal/m³] 8.560

PCI do óleo combustível [kcal/m³] 9.300.000

Custo do óleo combustível [R$/m³] 1750,00

Hora de início de operação da planta [h] 0

Hora do fim de operação da planta [h] 24

Nº de dias de funcionamento por ano 365

Número de horas de operação na Ponta por mês [h] 63

Número de horas de operação na Fora da Ponta por mês [h] 657

Tarifa de EE Mercado Livre

Tarifa Mercado Livre [R$/MWh] 301,42

Tarifa de Gás CEG

Classe de Tensão A4 AZUL

Combustível Caldeira Auxiliar Gás Natural

Custo Anual com Perdas de Produção [R$] 0,00

OBJETIVOS DA COGERAÇÃO

Vapor (Calor) Sim

Água Gelada (Frio) Não

VENDA DE ENERGIA ELÉTRICA

Deseja vender energia elétrica excedente? Não

Preço para venda de energia elétrica[R$/kWh] 0,16

Nesse caso temos 24 horas de operação por dia, 7 dias na semana. Funcionando

com a compra de energia do Mercado Livre, a uma tarifa informado de R$ 301,42/MWh

(RENEWPOWER, 2015). O equipamento selecionado será o mesmo usado pela

Renewpower, de modo a termos uma comparação válida entre os resultados obtidos. O

equipamento selecionado foi a Turbina do fabricante Solar, modelo CENTAUR 40,

conforme a Tabela a seguir.

52

Tabela 47 – Seleção do equipamento para a Cervejaria

A capacidade de geração de vapor através dos rejeitos térmicos da turbina

selecionada não é o suficiente para atender a demanda do projeto. Será usada então uma

caldeira complementar para a queima de gás natural, produzindo o restante do vapor

demandado. As quantidades de demanda térmica e consumo de gás natural adicionais são

exibidas na Tabela a seguir. A segunda linha da Tabela 48 indica demanda térmica

adicional é a energia térmica a ser gerada por queima de combustível em uma caldeira. A

quarta linha da mesma tabela ilustra o consumo adicional do combustível selecionado

proveniente desse procedimento.

Tabela 48 – Avaliação da necessidade de queima adicional na Cervejaria

A planta não possui demanda de frio, portanto não existe produção de frio

necessária ao processo, conforme mostra a Tabela a seguir.

5.850

5.850

3.569.941

26.179.555

29.749.496

Turbina CENTAUR40 3.5MW

3515

1

3.515

2.683.193

0,00

90%

Demanda Elétrica a ser suprida Fora de Ponta [kW]

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido Fora de Ponta [kWh]

GERAÇÃO ELÉTRICA COM COGERAÇÃO

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido na Ponta [kWh]

Demanda Elétrica a ser suprida na Ponta [kW]

Excedente de energia gerada/ano [kWh]

Fator de carga do equipamento

Consumo Total de Energia Elétrica a ser suprido/ano [kWh]

Equipamento Selecionado

Potência Instalada [kW]

Dimensão do Equipamento selecionado [kW]

Importação de energia necessária/ano [kWh]

Quantidade de equipamentos

Sim

39.001.090

Gás Natural

4.355.834

Demanda térmica adicional a ser suprida [kWh]

QUEIMA ADICIONAL

Consumo Anual de combustível adicional na caldeira [m³]

Combustível para queima adicional na caldeira

Necessidade de queima adicional na caldeira

53

Tabela 49 – Seleção dos equipamentos para a refrigeração da Cervejaria

Por fim o resumo dos resultados é obtido para um tempo de projeto de 15 anos,

conforme a Tabela 50.

Tabela 50 – Resumo dos resultados da Cervejaria

Na aba “Resultados” obtemos uma descrição detalhada dos custos envolvidos na

simulação, como mostra a Tabela 51.

Tabela 51 – Comparação dos custos operacionais para o Shopping

5. CUSTO ANUAL OPERACIONAL CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Custo com Energia Elétrica [R$] 8.967.093 808.768

Consumo de Combustível [m³] 9.694.780 13.337.046

Custo com Combustível [R$] 14.212.726 15.603.318

O&M [R$] 0 709.434

Custos com perdas na produção [R$] 0 0

Custo anual [R$] 23.179.819 17.121.520

Pode-se identificar que o projeto de cogeração apresenta grandes vantagens para

o shopping, pois gera grande economia operacional, supre a maior parte da demanda

0

0

0

0

Chiller Elétrico Alternativo

0

0

Chiller Elétrico Utilizado

Produção Total [TR]

EQUIPAMENTOS PARA REFRIGERAÇÃO

Produção de Frio Necessária [TR]

Produção com Chiller de Queima Direta [TR]

Produção com Chiller de Absorção [TR]

Produção com Chiller Elétrico [TR]

Capacidade máxima de produção de frio por Absorção [TR]

15

R$ 6.058.299

0%

26%

26%

5,5

Economia operacional anual da planta [%]

Taxa Interna de Retorno (TIR)

PAY-BACK (anos)

Aumento do Custo de EE [%]

RESUMOS DOS RESULTADOS

Tempo de projeto (anos)

Economia operacional anual da planta [R$]

54

elétrica do empreendimento e na totalidade a demanda de vapor. Demonstra ainda boa

viabilidade pelos valores obtidos de TIR e Pay-back.

4.3 Indústria Alimentícia

A indústria alimentícia, localizada em Limeira-SP, visa com a cogeração gerar

eletricidade, vapor e refrigeração para atender ao seu processo produtivo. A geração de

vapor até então é feita a partir de caldeiras de queima de gás natural e a de frio por chillers

elétricos.

Os dados de consumo e demanda contratada de eletricidade e de consumo de

vapor e refrigeração foram informados pela indústria (RENEWPOWER, 2015).

Primeiramente é feita a inserção dos valores na aba “Demandas” conforme as Tabelas a

seguir.

Tabela 52 – Demanda e consumo elétrico da Indústria Alimentícia

ELETRICIDADE

Tempo Demanda Elétrica [kW] Consumo de Energia [kWh]

Ponta Fora de Ponta Ponta Fora de Ponta

Janeiro 17.500 19.000 1.102.500 10.453.740

Fevereiro 17.500 19.000 997.500 9.598.840

Março 17.500 19.000 1.001.996 9.017.964

Abril 17.500 19.000 1.050.000 10.526.710

Maio 17.500 19.000 780.428 7.023.852

Junho 17.500 19.000 890.618 8.015.562

Julho 17.500 19.000 1.155.000 10.129.530

Agosto 17.500 19.000 1.119.166 10.072.494

Setembro 17.500 19.000 1.099.605 9.896.445

Outubro 17.500 19.000 1.050.000 10.766.120

Novembro 17.500 19.000 1.050.000 10.291.668

Dezembro 17.500 19.000 1.124.445 10.120.005

TOTAL 12.421.258 115.912.930

55

Tabela 53 – Consumo de vapor da Indústria Alimentícia

VAPOR

Tempo kg de Vapor Gerado/mês m³/mês kW.h/mês

Janeiro 45.051.095 3.559.037 35.406.833

Fevereiro 47.122.968 3.722.715 37.035.172

Março 38.054.648 3.006.317 29.908.142

Abril 52.676.096 4.161.412 41.399.520

Maio 35.852.774 2.832.369 28.177.631

Junho 21.148.876 1.670.761 16.621.454

Julho 35.822.591 2.829.985 28.153.910

Agosto 43.091.856 3.404.257 33.867.016

Setembro 36.282.389 2.866.309 28.515.278

Outubro 39.038.223 3.084.020 30.681.160

Novembro 34.083.566 2.692.602 26.787.165

Dezembro 28.463.917 2.248.649 22.370.536

TOTAL/ANO 456.689.000 36.078.431 358.923.817

Combustível da Caldeira Gás Natural

Consumo de Combustível [m³/h] 158

Produção de Vapor [ton/h] 2

Eficiência da Caldeira [%] 90%

Consumo da Caldeira [m³/ton] 79

Tabela 54 – Demanda de frio da Indústria Alimentícia

REFRIGERAÇÃO

Tempo TR.h/mês

Janeiro 1.281.915

Fevereiro 1.175.225

Março 1.110.928

Abril 1.283.665

Maio 866.213

Junho 988.117

Julho 1.252.134

Agosto 1.241.480

Setembro 1.219.983

Outubro 1.310.399

Novembro 1.257.903

Dezembro 1.247.336

TOTAL/ANO 14.235.299

56

A seguir, a aba “Premissas” é completada com os dados referentes ao projeto. Tal como

apresentado na Tabela a seguir.

Tabela 55 – Premissas para o estudo da Indústria Alimentícia

PREMISSAS

Cotação do dólar [R$] 3,20

Chiller da planta sem cogeração Chiller Elétrico Alternativo

PCI do gás natural [kcal/m³] 8.560

PCI do óleo combustível [kcal/m³] 9.300.000

Custo do óleo combustível [R$/m³] 1750,00

Hora de início de operação da planta [h] 0

Hora do fim de operação da planta [h] 24

Nº de dias de funcionamento por ano 365

Número de horas de operação na Ponta por mês [h] 63

Número de horas de operação na Fora da Ponta por mês [h] 657

Tarifa de EE Mercado Livre

Tarifa Mercado Livre [R$/MWh] 383,74

Tarifa de Gás COMGÁS

Classe de Tensão A4 AZUL

Combustível Caldeira Auxiliar Gás Natural

Custo Anual com Perdas de Produção [R$] 0,00

Nesse caso temos 24 horas de operação por dia, 7 dias na semana. Funcionando

com a compra de energia do Mercado Livre, a uma tarifa informado de R$ 383,74/MWh.

O equipamento selecionado será o mesmo usado pela Renewpower, de modo a

termos uma comparação válida entre os resultados obtidos. O equipamento selecionado

foi a Turbina do fabricante Solar, modelo TAURUS 70, conforme a Tabela a seguir.

57

Tabela 56 – Seleção do equipamento para a Indústria Alimentícia

A produção de frio foi toda atendida pelos rejeitos térmicos da turbina, através de

chillers de absorção. A Tabela a seguir exibe os resultados.

Tabela 57 – Seleção dos equipamentos para a refrigeração da Indústria Alimentícia

A capacidade de geração de vapor através dos rejeitos térmicos da turbina após o

aproveitamento no chiller de absorção não é o suficiente para atender a demanda do

projeto, conforme informação apresentada na Tabela 58. Será usada então uma caldeira

complementar para a queima de gás natural, produzindo o restante do vapor demandado.

As quantidades de demanda térmica e consumo de gás natural adicionais são exibidas na

Tabela a seguir.

Tabela 58 – Avaliação da necessidade de queima adicional na Indústria Alimentícia

17.500

19.000

12.421.258

115.912.930

128.334.188

Turbina TAURUS70 8MW

7965

2

15.930

2.872.652

0,00

90%

Equipamento Selecionado

Potência Instalada [kW]

Dimensão do Equipamento selecionado [kW]

Importação de energia necessária/ano [kWh]

Quantidade de equipamentos

Consumo Total de Energia Elétrica a ser suprido/ano [kWh]

Excedente de energia gerada/ano [kWh]

Fator de carga do equipamento

Demanda Elétrica a ser suprida na Ponta [kW]

Demanda Elétrica a ser suprida Fora de Ponta [kW]

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido Fora de Ponta [kWh]

GERAÇÃO ELÉTRICA COM COGERAÇÃO

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido na Ponta [kWh]

2.275

4.403

2.275

0

Chiller Elétrico Alternativo

0

2.275

Chiller Elétrico Utilizado

Produção Total [TR]

EQUIPAMENTOS PARA REFRIGERAÇÃO

Produção de Frio Necessária [TR]

Produção com Chiller de Queima Direta [TR]

Produção com Chiller de Absorção [TR]

Produção com Chiller Elétrico [TR]

Capacidade máxima de produção de frio por Absorção [TR]

Sim

278.284.431

Gás Natural

31.080.175

Demanda térmica adicional a ser suprida [kWh]

QUEIMA ADICIONAL

Consumo Anual de combustível adicional na caldeira [m³]

Combustível para queima adicional na caldeira

Necessidade de queima adicional na caldeira

58

Por fim o resumo dos resultados é obtido para um tempo de projeto de 15 anos,

conforme a Tabela 59.

Tabela 59 – Resumo dos resultados da Indústria Alimentícia

Na aba “Resultados” obtemos uma descrição detalhada dos custos envolvidos na

simulação, como mostra a Tabela 60.

Tabela 60 – Comparação dos custos operacionais para a Indústria Alimentícia

5. CUSTO ANUAL OPERACIONAL CONVENCIONAL COGERAÇÃO

Custo com Energia Elétrica [R$] 49.246.961 1.102.352

Consumo de Combustível [m³] 36.078.431 64.480.499

Custo com Combustível [R$] 58.132.844 75.916.405

O&M [R$] 377.650 3.064.267

Custos com perdas na produção [R$] 0 0

Custo anual [R$] 107.757.455 80.083.024

Pode-se identificar que o projeto de cogeração apresenta grandes vantagens para

o shopping, pois gera grande economia operacional, supre a maior parte da demanda

elétrica e vapor e na totalidade a demanda de frio do empreendimento. Demonstra ainda

excelente viabilidade pelos valores obtidos de TIR e Pay-back.

Foi feito ainda a mesma análise, mas considerando quatro motores GE J624 GS

de 4MW no lugar das duas turbinas TAURUS 70 de 8MW. As Tabelas a seguir indicam

as entradas e resultados dessa mudança.

20

R$ 27.674.431

0%

26%

45%

3,4

Economia operacional anual da planta [%]

Taxa Interna de Retorno (TIR)

PAY-BACK (anos)

Aumento do Custo de EE [%]

RESUMOS DOS RESULTADOS

Tempo de projeto (anos)

Economia operacional anual da planta [R$]

59

Tabela 61 – Seleção de motores para a Indústria Alimentícia

GERAÇÃO ELÉTRICA COM COGERAÇÃO

Demanda Elétrica a ser suprida na Ponta [kW] 17.500

Demanda Elétrica a ser suprida Fora de Ponta [kW] 19.000

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido na Ponta [kWh] 12.421.258

Consumo de Energia Elétrica a ser suprido Fora de Ponta [kWh] 115.912.930

Consumo Total de Energia Elétrica a ser suprido/ano [kWh] 128.334.188

Equipamento Selecionado Motor GE J624 GS

4MW

Dimensão do Equipamento selecionado [kW] 4008

Quantidade de equipamentos 4

Potência Instalada [kW] 16.032

Importação de energia necessária/ano [kWh] 1.497.059

Excedente de energia gerada/ano [kWh] 0,00

Fator de carga do equipamento 90%

A demanda por frio é a mesma, logo a seleção dos Chillers se mantem conforme

ilustra a Tabela seguinte.

Tabela 62 - Seleção dos equipamentos para a refrigeração da Indústria Alimentícia

EQUIPAMENTOS PARA REFRIGERAÇÃO

Produção de Frio Necessária [TR] 2.275

Capacidade máxima de produção de frio por Absorção [TR]

3.387

Produção com Chiller de Absorção [TR] 2.275

Produção com Chiller de Queima Direta [TR] 0

Chiller Elétrico Utilizado Chiller Elétrico

Alternativo

Produção com Chiller Elétrico [TR] 0

Produção Total [TR] 2.275

60

O rejeito térmico dos motores é menor do que o das turbinas previamente

selecionadas, logo o volume de gás natural necessário para a queima adicional é maior,

conforme ilustra a Tabela abaixo.

Tabela 63 - Avaliação da necessidade de queima adicional na Indústria Alimentícia

QUEIMA ADICIONAL

Necessidade de queima adicional na caldeira Sim

Demanda térmica adicional a ser suprida [kWh] 313.068.021

Combustível para queima adicional na caldeira Gás Natural

Consumo Anual de combustível adicional na caldeira [m³] 34.964.978

Os resultados obtidos com os quatro motores são melhores economicamente do

que com as duas turbinas. No entanto o espaço disponível para a cogeração não

comportaria essa escolha, motivo pelo qual a Renewpower optou pelas turbinas. Segue

abaixo a comparação entre os resultados das duas escolhas.

Tabela 64 – Comparação entre seleções de diferentes equipamentos para a Indústria Alimentícia

Motor Turbina

Tempo de projeto (anos) 20 20

Economia operacional anual da planta [R$] R$31.050.240 R$27.674.431

Aumento do Custo de EE [%] 0% 0%

Economia operacional anual da planta [%] 29% 26%

Taxa Interna de Retorno (TIR) 57% 44%

PAY-BACK (anos) 2,8 3,4

61

5. Conclusões

O objetivo do presente trabalho foi criar uma ferramenta computacional que

permita a análise técnica e financeira da viabilidade de um projeto de cogeração. A

planilha recebe como entrada os dados de consumo energético do empreendimento e, a

partir deles, calcula os custos operacionais do sistema convencional e de um sistema de

cogeração. A comparação desses custos permite elaborar uma análise financeira do

projeto, com o objetivo de viabilizar sua aplicação.

Foram estudados três casos previamente analisados pela empresa Renewpower.

Os resultados obtidos pela mesma servirão de base para a validação do programa

COGERAR. A Tabela a seguir mostra a comparação dos resultados financeiros e

econômicos entre os valores obtidos pelo programa COGERAR e a empresa

Renewpower.

A planilha obteve resultados muito próximos dos obtidos pela Renewpower nos

três casos considerados. Segue a comparação da economia, TIR e Pay-back.

Tabela 65 – Comparação dos resultados obtidos

RESULTADOS COGERAR RENEWPOWER

Sho

pp

ing Economia (%) 44% 47%

TIR (%) 29% 22%

Pay-back (anos) 4,9 4,2

Ce

rvej

aria

Economia (%) 26% 28%

TIR (%) 26% 17%

Pay-back (anos) 5,5 5,0

Ind

úst

ria

Alim

entí

cia Economia (%) 26% 24%

TIR (%) 44% 36%

Pay-back (anos) 3,4 3,8

As diferenças entre os resultados se devem principalmente a um fator. A Tabela

COGERAR trabalha com custos médios de manutenção e investimento, enquanto a

62

Renewpower tem esses preços detalhados para cada equipamento. Essa diferença de

valores tem três aspectos.

Primeiramente, os valores para os custos de manutenção usados na planilha

COGERAR são médios, enquanto os usados pela Renewpower são de propostas

atualizadas de fornecedores. Dessa maneira, os custos operacionais calculados pela

ferramenta não são tão precisos quanto os calculados pela Renewpower, causando essa

pequena diferença na economia anual.

Em segundo lugar, o custo de manutenção dos equipamentos não é distribuído

homogeneamente conforme o usado na planilha COGERAR. Os custos de manutenção

variam de acordo com as horas de uso do equipamento, sendo que certas manutenções

representam um custo elevado em um único ano. Devido a esse fato a TIR da simulação

da Renewpower será menor do que a simulada na planilha COGERAR.

Por fim, o Pay-back obtido pela planilha COGERAR será diferente do que o valor

da Renewpower porque os custos de investimento também utilizam valores médios,

enquanto a Renewpower obtém cotações precisas dos equipamentos necessários ao

projeto.

Dessa maneira a planilha COGERAR se mostra como uma planilha segura, pois

seus valores estão muito próximos dos obtidos pela Renewpower. Para uma análise

preliminar a Tabela funciona com muita segurança em seus resultados, e pode ainda ser

refinada, caso utilize custos de manutenção e aquisição mais precisos.

63

6. Sugestões para futuros trabalhos

O presente programa considera sempre a cogeração a partir da energia vinda do

gás natural por ser a de maior empregabilidade no Brasil. No entanto a cogeração não se

limita apenas a esse tipo de sistema. Diversas fontes de energia podem ser utilizadas a

fim de gerar energia a um processo e reaproveitadas de várias maneiras.

Futuros trabalhos podem criar opções para diferentes sistemas de cogeração:

Cogeração a partir de biogás gerado por tratamento de esgoto, utilizando motores

ou turbinas à gás.

Cogeração a partir da queima de bagaço de cana, onde o vapor gerado em caldeiras

alimentaria turbinas ao vapor, comumente utilizadas nas plantações de cana do

estado de São Paulo.

Cogeração associada a plantas de produção de CO2 para processos industriais de

indústrias de bebidas.

64

Referências

ANDREOS, R. (2013). Estudo de viabilidade técnico-econômica de pequenas centrais

de cogeração a gás natural no setor terciário do estado de São Paulo.

ANEEL. (9 de Setembro de 2010). Resolução Normativa nº 414.

BALESTIERI, J. A. (2002). Cogeração: Geração combinada de eletricidade e calor. .

COMGÁS. (31 de 05 de 2015). Deliberação ARSESP nº 575.

FONSECA, A. C. (2014). PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE FERRAMENTA PARA

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA EM PROJETOS DE COGERAÇÃO DE

ENERGIA.

NERI, J. T. (2009). Dados de Unidades de Conversão.

RENEWPOWER. (2015). Comunicação pessoal. (R. Oliveira, Entrevistador)

SOUZA, L. D. (2011). Análise de viabilidade técnica e econômica de projetos de

cogeração de energia usando a planilha de simulação desenvolvida

"ANALISECOGERA". Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.