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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Instituto COPPEAD de Administração EDUARDO SANTIAGO SPILLER A EXCELÊNCIA NA GESTÃO ORGANIZACIONAL E A PERFORMANCE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO: A VISÃO DAS GRANDES EMPRESAS NO BRASIL Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Instituto COPPEAD de Administração

EDUARDO SANTIAGO SPILLER

A EXCELÊNCIA NA GESTÃO ORGANIZACIONAL E A PERFORMANCE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO: A VISÃO DAS GRANDES EMPRESAS NO BRASIL

Rio de Janeiro 2006

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EDUARDO SANTIAGO SPILLER

A EXCELÊNCIA NA GESTÃO ORGANIZACIONAL E A PERFORMANCE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO: A VISÃO DAS GRANDES EMPRESAS NO BRASIL

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Administração.

Orientador: Prof. Donaldo de Souza Dias, D.Sc.

Rio de Janeiro 2006

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S756e Spiller, Eduardo Santiago. A Excelência na Gestão Organizacional e a Performance da Gestão do Conhecimento: A Visão das Grandes Empresas no Brasil / Eduardo Santiago Spiller. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2006. xx , 210 f.: il. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2006. Orientador: Donaldo de Souza Dias, D.Sc..

1. Gestão Organizacional. 2. Gestão do Conhecimento. 3. Organizações. 4. Administração – Teses. I. Dias, Donaldo de Souza (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

CDD 658.4

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EDUARDO SANTIAGO SPILLER A Excelência na Gestão Organizacional e a Performance da Gestão do Conhecimento: A Visão das Grandes Empresas no Brasil Tese submetida ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Administração. Aprovada em ___/___/_____, por: _________________________________________________ Prof. Donaldo de Souza Dias, D.Sc. – COPPEAD/UFRJ – Orientador _________________________________________________ Prof. Antonio Roberto Ramos Nogueira, D.Sc. – COPPEAD/UFRJ _________________________________________________ Prof. Marcos Cavalcanti, D.Sc. – COPPE/UFRJ _________________________________________________ Prof. Marcus Vinicius Quintella Cury, D.Sc. – IME _________________________________________________ Prof. Valdecy Faria Leite, D.Sc. – FACC/UFRJ

Rio de Janeiro Dezembro de 2006

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A minha mulher, Jussara, e meus filhos, Camila, Daniela e Gabriel

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AGRADECIMENTOS

Um trabalho extenso é fruto do concurso de vários agentes, que por sua

participação, influência e importância não podem deixar de ser lembrados, por isso, me

perdoe o leitor, se me alongo.

Agradeço a Deus por me dar ânimo e inspiração nesta jornada em que muitos e

grandes obstáculos foram superados.

Às minhas origens: Margarida, minha mãe, que pavimentou com seu sacrifício e

renúncia o caminho de minha formação; ao meu pai, Bruno, por seu exemplo de trabalho

honesto e dedicação; ao meu avô e pai, Emílio, cujos exemplos, orientações, incentivos,

bondade e amor sem limites forjaram o meu caráter e estimularam o meu desenvolvimento.

A estes que me deram raízes e asas, busco honrar a sua memória.

À minha mulher, Jussara, que assumiu com mestria a gestão de nossa casa e

família. Por seu apoio e amparo, e pela coragem e empenho em seguir comigo, ombro a

ombro, ao também fazer sua especialização no COPPEAD e sentir sobre si o peso dos

encargos que uma instituição de excelência impõe. Por me ajudar a superar momentos

difíceis e perdas inestimáveis e por suportar o meu cansaço e mau humor que me

acompanharam, sem perder a paciência, a elegância e o apego, e contudo é ainda capaz de

dizer que me ama.

Aos meus filhos: Camila, Daniela e Gabriel, que apesar da tenra idade

compreenderam a necessidade do meu afastamento do convívio diário e deram o máximo

de si para cooperar com a rotina de estudos. Foram e são meu maior estímulo e razão de

ser. À Dona Tereza que sempre tinha um café a me oferecer nas madrugadas de estudo a

ajudava a conter a alegria ruidosa de meus filhos da qual me vi privado de compartilhar.

Ao meu irmão, Alfredo, por seu contentamento e realização ao ver alcançada por

meu intermédio mais uma difícil etapa, a partir de nossa modesta origem.

No âmbito organizacional, agradeço ao Dr Carlos Aloysio Rabello, que me iniciou

na carreira executiva, e me levou a dar o primeiro passo em direção a aperfeiçoamento

acadêmico, quando da realização do meu curso de mestrado. Registro também a minha

admiração por sua segurança, dinamismo e curiosidade que me transmitiu com legado.

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À Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, cujo então Diretor-Presidente,

Dr. Ziza Valadares, não somente autorizou, mas incentivou a continuidade dos meus

estudos rumo ao doutoramento.

Agradeço também à Escola Superior de Guerra – ESG -, na pessoa de seu Ex-

Comandante e Diretor de Estudos, Vice-Almirante Adilson Vieira de Sá, líder da estirpe

dos que conferem importância à ampliação da visão além da linha do horizonte e julgam

essencial o aprimoramento de sua equipe. Marinheiro e piloto, singra mares estranhos e

estimula o vôo.

Agradeço especialmente aos meus companheiros que integram o Corpo Docente da

Escola Superior de Guerra pelo apoio incondicional que me foi dispensado. Em especial

destaco o Prof. PhD. Cel.Paulo Dantas Cabral, meu chefe e farol de navegação, que por

tantas vezes cobrou o meu melhor esforço para que eu buscasse energia onde faltasse para

superar as dificuldades e concluísse os estudos. Leal, enérgico e generoso, assumiu para si

os encargos decorrentes de minhas ausências. Ao longo dos oito anos de convívio intenso

em bons e maus momentos para ambos, reve lou-se um grande achado. Mais que um

amigo, quase um pai, que anima e impulsiona. Devo-lhe muito por este meu brevê.

No ambiente acadêmico, agradeço a todo o Corpo Docente do Instituto COPPEAD

de Administração pela acolhida, mais uma vez, dado que fiz também lá meu curso de

mestrado. Admiro a competência e dedicação dos seus integrantes e agradeço

insistentemente o apoio e incentivo que todos me dispensaram.

Primeiramente, agradeço ao Prof. Emérito Dr. Agrícola de Souza Bethlem, de quem

sou confesso admirador, que me recebeu e tornou possível meu ingresso no curso após a

aprovação em todas as fases do concurso de acesso, mas que de última hora se viu

impedido de me orientar formalmente, em razão de sua aposentadoria, afinal superada pelo

justo reconhecimento, ao tornar-se Professor Emérito da Universidade do Brasil. Seus

ensinamentos e exemplos certamente enriqueceram o meu aprendizado.

Agradeço com especial reconhecimento, respeito e carinho ao meu orientador, Prof.

Dr. Donaldo de Souza Dias, que já na fase de coroamento de sua carreira desviou a sua

atenção para um assunto ao qual não se dedicara antes, para me abrigar entre seus demais

orientados. Tal desprendimento, grandeza, generosidade e apego à Ciência permitiram que

me distinguisse com mais do que a atenção cuidadosa e a orientação segura, própria dos

que sabem, podem e querem conduzir os iniciantes. Sua orientação serena e firme, e

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extraordinária sensibilidade e razão revelaram ser ele também um grande conselheiro,

prudente, zeloso e ponderado, ao apontar os desvios aos riscos e armadilhas a que os

aprendizes se expõem. Ajudou-me muitas vezes a recuperar o equilíbrio e afastar o

desânimo e o cansaço, em meio a toda pressão que nos submete um curso de excelência.

Foi, a bem dizer, também psicanalista e guru: sua escuta e aconselhamentos foram além da

esfera acadêmica. Fui mais uma vez carinhosamente adotado. Deste modo, quero reafirmar

minha admiração, apreço e gratidão.

Agradeço de maneira especial também aos professores: Profª. Drª Denise Fleck,

cient ista dedicada e dotada de elevada capacidade de concentração nos estudos, por sua

disponibilidade em ceder muitas vezes o seu tempo para conversas em que formulava

questões inquietantes que muito auxiliaram as minhas reflexões e o esforço de pesquisa.

Profª Drª Úrsula Wetzel, por suas contribuições que ampliaram a minha formação além do

objeto de estudo do qual me ocupara, permitindo muitas vezes desanuviar a tensão ao nos

dedicarmos a assuntos acadêmicos relativos ao empreendedorismo. Prof. Dr. Roberto

Nogueira, por sua constante atenção e interesse no andamento e operacionalização do meu

estudo, que muito contribuiu para o aperfeiçoamento e aprofundamento dos resultados

alcançados, dado o esmero com que se dedica a tudo o que faz.

Agradeço ainda aos demais integrantes da banca examinadora desta Tese,

professores de instituições externas ao COPPEAD, pelo privilégio que me foi concedido ao

ter suas contribuições acrescidas ao esforço do estudo, dada a sua reconhecida competência

e brilhante carreira nas quais busco me espelhar. Ao Prof. Dr. Valdecy Faria Leite, por sua

minuciosa leitura, revisão e sugestões valiosas que resultaram em significativos

aprimoramentos, desde a defesa do projeto de tese. Ao Prof Dr. Marcus Vinicius Quintella

Cury, por seus questionamentos oportunos e certeiros, que auxiliaram no aprofundamento

das contribuições oferecidas ao final deste estudo. Ao Prof. Dr. Marcos Cavalcanti, que

despertou em mim, por seu entusiasmo e dedicação, o interesse em estudar com afinco a

Gestão do Conhecimento e indicou o caminho para a busca dos ensinamentos mais

valiosos.

Aos meus dois grandes e inseparáveis companheiros do curso de doutorado, outro

importante achado ao longo do tempo de estudos, pois ainda que a pesquisa impusesse o

isolamento, pudemos compartilhar nossas ansiedades, receios, dúvidas e dificuldades. Ao

fim e ao cabo, conquistei dois grandes amigos: Otávio Henrique dos Santos Figueiredo a

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quem agradeço especialmente a cessão de seu tempo e valiosa ajuda nas técnicas

quantitativas que domina como poucos e é capaz de transmitir com simplicidade, a

despeito da complexidade que as cerca; Mônica Ferreira da Silva, minha freqüente

revisora, dotada de grande senso crítico e domínio metodológico. Companhia inseparável

desde o início do curso e parceira de todas as horas. Ambos foram decisivos para a

conclusão do meu trabalho.

Agradeço a todos os funcionários do COPPEAD pela distinção em me auxiliar

continuamente, com empenho e muito boa vontade. Em especial as Sras. Maria Aparecida

Portugal, Simone Meruzzi Tavares e Lucianita Barbosa da Silva, da secretaria acadêmica,

meus anjos da guarda, que cuidaram dos prazos e trâmites burocráticos, eliminando mais

esta preocupação do meu dia-a-dia. Às Bibliotecária s,Srª Marinete Nunes Santos cujo

apoio na busca de uma infinidade de referências essenciais poupou-me inestimável tempo.

A Srª Márcia Prol pela cuidadosa revisão estética do texto e adequação às normas técnicas.

Aos integrantes do serviço de reprografia, em particular a Srª Dilze Caldeira e o Sr. José

Targino de Oliveira – Zezinho - por toda atenção com que sempre me atenderam na

reprodução e encadernação de inúmeros trabalhos, com presteza e agilidade. Ao

Administrador do COPPEAD, Sr. Ricardo Ferreira Vaz, que a todo tempo se dedica a

oferecer os recursos físicos e conforto para nossas atividades acadêmicas. Finalmente, ao

agente de segurança, Sr. Sidney Monteiro de Souza que, sempre atento e atencioso,

garantiu a nossa tranqüilidade ao longo de dias, noites e finais de semana de estudos.

A todos, reafirmo minha gratidão e compromisso em buscar fazer com que tenha

valido a pena a participação de cada um nas diversas etapas de minha formação acadêmica

e peço a Deus que os abençoe pela grandeza de cada gesto.

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RESUMO SPILLER, Eduardo Santiago. A excelência na gestão organizacional e a performance da gestão do conhecimento: a visão das grandes empresas no Brasil. Rio de Janeiro, 2006. Tese (Doutorado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

Esta pesquisa verificou a existência de grupos de empresas que apresentem

características semelhantes em sua gestão e na gestão do conhecimento e a existência de

relação entre a excelência na gestão organizacional e a performance da gestão do

conhecimento, caracterizada pelo processo de sua circulação, a partir dos modelos

elaborados por Nogueira (1999) e Lee et al. (2005), empregados de modo conjugado.

Do modelo de Nogueira (1999) foram explorados os macroconstrutos Formalização

do Planejamento e Controle, Direcionamento dos Recursos Humanos e Direcionamento

para o Futuro e do modelo de Lee et al.(2005), os macroconstrutos Criação, Acumulação,

Compartilhamento, Utilização e Internalização do Conhecimento.

O referencial teórico relativo aos assuntos relacionados à gestão organizacional e à

gestão do conhecimento ofereceu suporte à formulação de dezesseis hipóteses relacionadas

às variáveis selecionadas para a pesquisa.

Do frame amostral composto pelas maiores empresas em operação no País,

internacionais e brasileiras de capital privado e estatal, foi extraída a amostra de

conveniência estudada, composta ao final por cento e dez empresas representadas por um

de seus executivos, dos quais foram coletadas impressões sobre como percebem as práticas

correntes em suas organizações, a partir de afirmativas por eles avaliadas.

O processo de investigação empregou o método Survey operacionalizado por

intermédio do questionário, encaminhado aos respondentes por e–mails ou impressos.

Foram utilizadas técnicas estatísticas uni e multivariadas para apurar os resultados

que apontam para a existência de grupos de empresas que apresentam características

semelhantes em sua gestão e na Gestão do Conhecimento. Foram encontrados três

segmentos dotados de diferença significante entre os fatores que caracterizam a Gestão

Organizacional e a Gestão do Conhecimento, um deles, denominado Avançado, em suas

práticas está bastante próximo dos preceitos contidos na literatura. Há também um

segmento intermediário que revela características que explicam a sua denominação de

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segmento Em Transição. O terceiro segmento, denominado Passivo, apresenta

características que o tornam oposto ao primeiro segmento, que podem representar riscos à

condução dos negócios.

Os achados permitiram ainda identificar a existência de associação significante

entre todos os macroconstrutos da pesquisa e de maneira abrangente, entre a excelência na

Gestão Organizacional e a performance dos processos de Gestão do Conhecimento.

O detalhamento do estudo acerca das correlações encontradas indicou serem elas

positivas e significantes e sugere que o macroconstruto Direcionamento dos Recursos

Humanos é o mais influente na formação da variável canônica que representa a Gestão

Organizacional. Quanto à Gestão do Conhecimento, o mesmo ocorre em relação à

importância dos macroconstrutos Criação, Compartilhamento, Utilização e Internalização

do Conhecimento, que são os mais influentes na formação da variável canônica Gestão

Organizacional.

O agrupamento denominado Avançado, a despeito dos aspectos que lhe dão o

nome, apresenta alguns valores desfavoráveis que parecem requerer maior sintonia quanto

ao macroconstruto Direcionamento para o Futuro, que indica a existência de discordância

entre as afirmações calcadas na literatura e a percepção dos executivos que representam as

organizações estudadas acerca de sua realidade. Quanto aos demais macroconstrutos de

ambos os modelos, verifica-se que as práticas adotadas por essas organizações parecem ir

totalmente ao encontro das recomendações contidas nas referências bibliográficas.

As empresas pertencentes ao segmento, Passivo, com resultados mais baixos,

apresentam-se menos distantes do exposto na literatura: em termos da avaliação

sistemática dos investimentos realizados, de acordo com os seus benefícios financeiros; a

existência de um responsável pelos projetos; a competência em técnicas de gestão; o

domínio da Tecnologia da Informação; e o uso da Internet para obter conhecimento.

Quanto ao segmento denominado Em Transição, este revela maior aproximação ao

segmento Avançado, em comparação ao segmento Passivo, indicando haver

predominância de características que apontam para a evolução das organizações que o

compõem. Os maiores escores obtidos referem-se à formulação da missão e dos objetivos

que refletem os interesses dos stakeholders; ao envolvimento de todos os executivos com a

estratégia; ao domínio da TI para a realização de tarefas.

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ABSTRACT

SPILLER, Eduardo Santiago. A excelência na gestão organizacional e a performance da gestão do conhecimento: a visão das grandes empresas no Brasil. Rio de Janeiro, 2006. Tese (Doutorado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

This research has checked the existence of clusters of companies that might show

similar characteristics both in their corporative management and in their knowledge

management. It was also searched the occurrence of a relationship between excellence in

organizational management and performance in the management of knowledge, so as

characterized by the process of its circulation from the models built up by Nogueira (1999)

and Lee et al. (2005) herein compoundedly employed.

Based on Nogueira’s model this research exploited the three following

macroconstructs: Planning and Control Formalization, Human Resources Guidance and

Guidance for the Future. Upon Lee et al. (2005) the macroconstructs Knowledge Creation,

Accumulation, Sharing, Utilization and Internalization were built up.

The theoretical reference related to matters concerning Organizational Management

and Knowledge Management provided support to the formulation of 16 hipotheses

connected to the variables selected for the research.

It was from a sampling frame made up by both the major international and

Brazilian state and private companies operating in Brazil that the convenience sample was

extracted. The sample was finally compounded by 110 organizations, each represented by

one work-on-site executive from whom impressions were collected on how they perceive

current practices in their organizations, beginning from assertives that they have evaluated.

The research process drew on the survey method substancialized by means of a

questionnaire which was forwarded to responders by e-mail or printed material.

Statistic uni and multivariated techniques were utilized so as to reach results that

point to the existence of clusters of companies showing similar characteristics in their own

management as well as in their Knowledge Management. Three other segments were found

bearing a significant difference between themselves on the factors characterized on one

side by organizational management matters and on the other side Knowledge Management.

The difference lies in that one of them, called Advanced, has its own practices close to the

precepts indicated by literature. There is also an intermediary cluster which characteristics

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explain its denomination, In Transition cluster. The third cluster, named Passive, shows

opposite characteristics, in face of the first one, which may represent risks to the

organizations.

Findings permitted to identify the existence of a significant association linking

extensively all the research macro-constructs. This association connects excellence in

organizational management and the performance achieved in the knowledge management

process.

Refining the study on the co-relations found allowed the conclusion of their being

positive and significant and also suggested that the Human Resources Guidance macro-

construct is the most influential in the building of the cannonical variable that stands for

Organizational Management. As regards Knowledge Management the same occurs as to

this importance of macro-constructs such as Knowledge Creation, Sharing, Utilization and

Internalization, which are the most influential in the building of Organizational

Management Cannonic variable.

The cluster referred to as Advanced, in spite of the aspects that justify its

denomination, unveils a few unfavourable measures that seem to require a greater tune- in

awareness as to the “Guidance to the Future”. This macro-construct reveals a degree of

discord between assertions based on literature and those coming from the perception of

executives of their reality. On the other aspects, it was noted tha t the practices adopted by

organizations that belong to this latter group seem to abide by literature recommendations,

as to what refers to macro-constructs drew by both models.

The Passive cluster reflects a large number of results below the average point of the

scale used, symptomizing discords related to the assertions set up in the questionnaire.

They stand for the distance between organization and important precepts from literature

that they stand by, as: systematic evaluation of investments according to the ir financial

benefits; the existence of a project leader; management techniques competence;

Information Technology domain; and Internet use to knowledge obtaining.

As regards the In Transition cluster, it is closer to the Advanced one, in

comparision to the Passive cluster, pointing at the predominance of characteristics that

indicate its evolution. The greatest scores refers to the mission and objectives formulation

reflecting the stakeholders interests; the executives involvement to the organizations

strategies; the Information Technology domain to execute the tasks.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1

Dimensões da Gestão Organizacional x Dimensões de desempenho da Gestão do Conhecimento........................................

27

FIGURA 2.1

Distribuição do conteúdo do referencial teórico por capítulo...........

33

FIGURA 5.1

Processo de circulação do conhecimento..........................................

80

FIGURA 6.1

Taxonomia de Bento e Ferreira.........................................................

101

FIGURA 6.2

Representação gráfica das hipóteses de 3 a 16.................................

111

FIGURA 7.1

Diagrama de dispersão idade x tempo na organização.....................

127

FIGURA 7.2

Diagrama de dispersão idade x experiência em gestão.....................

128

FIGURA 7.3

Diagrama de dispersão tempo no cargo x tempo na organização.....

129

FIGURA 7.4

Diagrama de dispersão experiência em gestão x tempo na organização.......................................................................................

129

FIGURA 7.5

Dendrograma contendo as observações da amostra da pesquisa......

149

FIGURA 7.6

Função Discriminante Canônica.......................................................

170

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 2.1 Resumo conceitual do referencial para o Processo de

Planejamento e Controle................................................................

42 QUADRO 3.1 Resumo conceitual do referencial para o Direcionamento dos

Recursos Humanos.........................................................................

52 QUADRO 4.1 Resumo conceitual do referencial para o Direcionamento para o

Futuro.............................................................................................

70 QUADRO 5.1 Diferenças entre as perspectivas sobre o conhecimento................ 77 QUADRO 5.2 Resumo conceitual do referencial para a Gestão do

Conhecimento.................................................................................

88 QUADRO 6.1 Operacionalização do Macroconstruto Formalização do

Planejamento e Controle................................................................

105 QUADRO 6.2 Operacionalização do Macroconstruto Direcionamento dos

Recursos Humanos.........................................................................

106 QUADRO 6.3 Operacionalização do Construto Direcionamento para o Futuro... 107 QUADRO 6.4 Operacionalização dos Macroconstrutos da Performance da

Gestão do Conhecimento...............................................................

108 QUADRO 7.1 Distribuição das organizações por setor industrial......................... 124 QUADRO 7.2 Origem do capital das organizações que empregam os

respondentes...................................................................................

125 QUADRO 7.3 Distribuição dos cargos dos respondentes por nível e média de

idade...............................................................................................

126 QUADRO 7.4 Distribuição dos respondentes por idade e tempo de

experiência.....................................................................................

127 QUADRO 7.5 Associação idade e tempo na organização..................................... 127 QUADRO 7.6 Associação entre idade e experiência em gestão............................ 128 QUADRO 7.7 Associação entre o tempo no cargo e o tempo na

organização....... 128

QUADRO 7.8 Associação entre a experiência em gestão e o tempo na organização.....................................................................................

129

QUADRO 7.9 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle.....................................

133

QUADRO 7.10 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Direcionamento aos Recursos Humanos........................................

135

QUADRO 7.11 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Direcionamento para o Futuro........................................................

137

QUADRO 7.12 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Criação do Conhecimento............................................................................

139

QUADRO 7.13 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Acumulação do Conhecimento......................................................

141

QUADRO 7.14 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Compartilhamento do Conhecimento.............................................

142

QUADRO 7.15 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Utilização do Conhecimento............................................................................

143

QUADRO 7.16 Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Internalização do Conhecimento....................................................

145

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xvi

QUADRO 7.17 Resumo da Confiabilidade, Adequação e Poder de Explicação......................................................................................

146

QUADRO 7.18 Análise dos centróides dos três segmentos identificados, a partir dos fatores correspondentes aos macroconstrutos dos modelos de GO e GC........................................................................................

150 QUADRO 7.19 Análise Descritiva do Nível de Cargo por Segmento.................... 151 QUADRO 7.20 Análise Descritiva de Gênero por Segmento................................. 151 QUADRO 7.21 Análise Descritiva da Formação por Segmento............................. 152 QUADRO 7.22 Análise Descritiva da Origem do Capital por Segmento............... 153 QUADRO 7.23 Análise Descritiva da Região Geográfica por Segmento............... 153 QUADRO 7.24 Análise Descritiva dos Setores Industriais por Segmento.............. 155 QUADRO 7.25 Análise Descritiva de Tempo no Cargo por Segmento.................. 156 QUADRO 7.26 Análise Descritiva de Tempo na Organização por Segmento........ 157 QUADRO 7.27 Análise Descritiva de Experiência em Gestão por Segmento........ 158 QUADRO 7.28 Análise Descritiva Consolidada das Variáveis Demográficas por

Segmento........................................................................................ 158

QUADRO 7.29 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle, por Segmento ...........

160

QUADRO 7.30 Análise Descritiva das Variáveis de Direcionamento de RH por Segmento........................................................................................

162

QUADRO 7.31 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Direcionamento para o Futuro, por Segmento...............................

163

QUADRO 7.32 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Criação do Conhecimento por Segmento................................... ..................................

164

QUADRO 7.33 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Acumulação do Conhecimento, por Segmento..............................

166

QUADRO 7.34 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Compartilhamento do Conhecimento, por Segmento....................

166

QUADRO 7.35 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Utilização do Conhecimento, por Segmento ..................................................

167

QUADRO 736 Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Internalização do Conhecimento, por Segmento............................

169

QUADRO 7.37 Cálculo do Lambda de Wilks......................................................... 169 QUADRO 7.38 Matriz de Estrutura......................................................................... 170 QUADRO 7.39 Resultados da Classificação........................................................... 171 QUADRO 7.40 Testes Multivariados de Significância .......................................... 171 QUADRO 7.41 Análise de Variância para cada Fator – ANOVA.......................... 172 QUADRO 7.42 Resultado da Aplicação do Teste para Mais de Duas Médias – A

NOVA............................................................................................

172 QUADRO 7.43 Análise de Correlação entre Fatores dos Macroconstrutos

referentes à Gestão Organizacional, à Gestão do Conhecimento e a ambos os modelos entre si...........................................................

174 QUADRO 7.44 Resultados dos Testes de Hipótese................................................. 177 QUADRO I.1

Autovalores e Correlação Canônica...............................................

202

QUADRO I.2 Análise da Redução das Dimensões............................................... 202 QUADRO I.3 Análise de Redundância da GO...................................................... 202 QUADRO I.4 Análise de Redundância da GC...................................................... 202

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QUADRO I.5 Análise dos Coeficientes Canônicos Padronizados e das Cargas Canônicas para GO.........................................................................

202

QUADRO I.6 Análise dos Coeficientes Canônicos Padronizados e das Cargas Canônicas para GC.........................................................................

203

QUADRO I.7 Análise dos Coeficientes e das Cargas Canônicas para GO e GC. 203

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xviii

SUMÁRIO PARTE I - INTRODUÇÃO

1 O PROBLEMA........................................................................................... 21 1.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 21 1.2 A PERGUNTA DA PESQUISA.................................................................. 23 1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO......................................................................... 27 1.4 JUSTIFICATIVAS PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO..................... 28 1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO................................................................... 29 1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO..................................................................... 30 1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO................................................................. 31 PARTE II - REFERENCIAL TEÓRICO

2 PLANEJAMENTO E CONTROLE......................................................... 34 2.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 34 2.2 PLANEJAMENTO E CONTROLE............................................................. 34 3 DIRECIONAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS.......................... 45 3.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 45 3.2 DIRECIONAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS.............................. 45 4 DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO.............................................. 54 4.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 54 4.2 DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO................................................. 55 5 A GESTÃO DO CONHECIMENTO....................................................... 72 5.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 72 5.2 A PERFORMANCE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO..................... 75 5.3 O PROCESSO DE CIRCULAÇÃO DO CONHECIMENTO – KCP......... 80 5.3.1 Criação do Conhecimento.......................................................................... 80 5.3.2 Acumulação de Conhecimento.................................................................. 81 5.3.3 Compartilhamento do Conhecimento....................................................... 82 5.3.4 Utilização de Conhecimento...................................................................... 83 5.3.5 Internalização de Conhecimento............................................................... 83 PARTE III – METODOLOGIA 6 METODOLOGIA....................................................................................... 101 6.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 101 6.2 MÉTODO DE PESQUISA........................................................................... 102 6.3 DEFINIÇÃO DAS PERGUNTAS DA PESQUISA.................................... 103 6.4 PLANO DE REFERÊNCIA E DEFINIÇÕES OPERACIONAIS............... 104 6.4.1 Macroconstrutos associados à Gestão Organizacional........................... 104 6.4.2 Macroconstrutos associados à Gestão do Conhecimento........................ 107 6.5 HIPÓTESES................................................................................................. 109 6.6 COLETA DOS DADOS............................................................................... 112

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6.6.1 Frame Amostral.......................................................................................... 112 6.6.2 Participantes.................................................................................................. 113 6.6.3 O Método da Coleta de Dados................................................................... 115 6.6.4 Instrumento de Coleta de Dados............................................................... 116 6.6.4.1 Definição do questionário............................................................................. 116 6.6.4.2 Pré-teste e revisão final do questionário....................................................... 117 6.6.4.3 Operacionalização das variáveis................................................................... 118 6.7 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS.............................. 118 6.8 PREPARAÇÃO DOS DADOS.................................................................... 121 6.8.1 Outliers , Dados faltantes e Respondentes não qualificados.................... 121 6.8.2 Tratamento da não-resposta...................................................................... 121 6.9 LIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................................... 122 PARTE IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS E

CONCLUSÃO

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................... 123 7.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 123 7.2 ANÁLISE DESCRITIVA............................................................................ 123 7.2.1 O Perfil das Organizações e dos Respondentes....................................... 124 7.2.1.1 Análise Descritiva das Variáveis Demográficas.......................................... 124 7.2.1.2 Análise Descritiva e Análise Fatorial dos Macroconstrutos dos Modelos

Originais.......................................................................................................

129 7.2.1.2.1 Modelo de Gestão Organizacional............................................................ 130 7.2.1.2.2 Modelo da Gestão do Conhecimento......................................................... 137 7.3 PERGUNTA 1............................................................................................. 147 7.3.1 Segmentação das Empresas....................................................................... 147 7.3.1.1 Método Hierárquico de Ward....................................................................... 147 7.3.1.2 Dendrograma................................................................................................ 147 7.3.2 Análise Descritiva dos Segmentos............................................................. 150 7.3.2.1 Nível do Cargo x Segmento......................................................................... 150 7.3.2.2 Gênero x Segmento...................................................................................... 151 7.3.2.3 Formação x Segmento.................................................................................. 152 7.3.2.4 Origem do Capital x Segmento.................................................................... 152 7.3.2.5 Região Geográfica x Segmento.................................................................... 153 7.3.2.6 Setor Industrial x Segmento......................................................................... 154 7.3.2.7 Tempo no Cargo x Segmento....................................................................... 156 7.3.2.8 Tempo na Organização x Segmento............................................................. 156 7.3.2.9 Experiência em Gestão x Segmento............................................................. 157 7.3.2.10 Estatística Descritiva de Variáveis Referentes a Idade e Experiências

Profissionais x Segmento..............................................................................

158 7.3.2.11 Estatística Descritiva das Variáveis dos Macroconstrutos de Gestão

Organizacional..............................................................................................

159 7.3.2.12 Estatística Descritiva das Variáveis dos Macroconstrutos de Gestão do

Conhecimento...............................................................................................

163 7.3.3 Classificação dos Respondentes nos Segmentos Identificados............... 169 7.3.4 Verificação da Diferença das Médias dos Fatores nos

Segmentos....................................................................................................

171 7.3.4.1 Análise de Variância Multivariada – MANOVA......................................... 171

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7.3.4.2 Análise de Variância Univariada – ANOVA............................................... 172 7.3.5 Resposta à Pergunta 1................................................................................ 173 7.4 PERGUNTA 2............................................................................................. 174 7.4.1 Medida do Relacionamento Linear entre os Pares de

Macroconstrutos dos Modelos Adotados..................................................

174 7.4.2 Análise da Relação entre os Modelos Adotados....................................... 175 7.4.3 Resposta a Pergunta 2................................................................................ 176 7.5 RESUMO DOS RESULTADOS E DOS TESTES DE HIPÓTESE........... 177 8 CONCLUSÃO............................................................................................. 178 8.1 SUMÁRIO DA PESQUISA......................................................................... 178 8.2 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES............................................................... 184 8.3 RECOMENDAÇÕES PARA AS ORGANIZAÇÕES................................. 185 8.4 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS.......................................... 186 REFERÊNCIAS......................................................................................... 188 ANEXOS..................................................................................................... 202 Anexo I - Quadros de resultados da Análise de Correlação Canônica....... 202 Anexo II - Questionário................................................................................ 204

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PARTE I - INTRODUÇÃO

1 O PROBLEMA

1.1 INTRODUÇÃO

Booth, Colomb e Williams (2000) destacam a importância da declaração do problema

explorado em uma pesquisa e ressaltam que deve ser expressa em duas partes: a primeira

revela uma condição de conhecimento incompleto ou compreensão falha; a segunda expõe as

conseqüências dessa falta de conhecimento ou compreensão, bem como o custo acarretado

pela falta, ou os benefícios decorrentes da sua superação.

Tomando esta orientação como ponto de partida, o preâmbulo deste estudo, sua

contextualização e a completa declaração do problema são apresentados nesta e nas próximas

seções.

O acirramento da competição no meio empresarial é assunto freqüentemente abordado

por diversos autores (PORTER, 1980; DAVENPORT, 1993; D’AVENI, 1995; COLLINS ,

PORRAS, 1996; DAVIS , MEYER, 1999; BETHLEM, 1999, 2002, 2004 e 2005). Essa

competição implica a adoção de medidas que permitam às organizações a criação de

vantagens competitivas que as diferenciem e distanciem dos demais competidores,

destacando-se as empresas que melhor se apresentem ao mercado, e especialmente, ao seu

público-alvo (PORTER, 1984).

Para gerar vantagens competitivas é necessário um sistema de Gestão Organizacional,

capaz de estruturar e orientar os esforços empreendidos. Nogueira (1999) destaca a

importância da existência de um processo de planejamento acompanhado de uma sistemática

de controle gerencial, que permita a ocorrência de feedback, que leva ao aprendizado da

organização. O autor acresce ao planejamento e controle outras dimensões, como o

direcionamento dos recursos humanos e a visão da organização em direção ao futuro.

Apesar dos esforços promovidos pelas empresas serem dirigidos primeiramente à

sobrevivência, é o crescimento e a orientação para o futuro (PRAHALAD , HAMEL, 1990)

que leva as organizações à continuidade de suas operações. Todavia, freqüentemente a

atenção dos executivos parece restringir-se a situações transitórias, emergentes e pontuais.

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A despeito da intenção de tornar as organizações perenes, muitas acabam sucumbindo,

mesmo após alcançarem posições de destaque no mercado. Fleck (2004) sugere que a

sobrevivência deve ser vista como uma propriedade dinâmica das empresas.

Segundo a autora, as chances das organizações desfrutarem de uma existência

continuada podem variar com o tempo, dependendo do aumento ou redução da propensão à

autoperpetuação, revelada por traços organizacionais relacionados ao processo de

crescimento. Esses traços remetem à gestão interna e aos negócios e referem-se à exploração

das sinergias; à alocação de recursos; à resolução de problemas diante do aumento da

complexidade; à formação gerencial; às iniciativas empreendedoras; à motivação para a

expansão; à gestão de mudanças.

Diante da crescente complexidade das organizações e das constantes mudanças do

ambiente externo que as sujeitam, passa a ser imprescindível lidar com um conjunto de dados,

informações e conhecimentos em volume crescente e gerenciar o seu fluxo para proporcionar

maior agilidade e segurança à tomada de decisões.

A visão das organizações baseadas em conhecimento assume destaque na gestão

estratégica, ao oferecer o suporte para a compreensão da importância dos recursos baseados

em conhecimento para o avanço sustentado das organizações (LEE et al, 2005).

Deste modo, com base em suas capacidades, as organizações devem estar atentas às

suas circunstâncias e identificar as informações e conhecimentos necessários a serem criados,

obtidos e acumulados, como tratá-los, socializá-los e deles tirar proveito, especialmente por

força do aprendizado, considerando os fins a que se destinam e os objetivos de longo prazo a

alcançar, tornando-se aptas a enfrentar as incertezas do futuro.

Portanto, o estudo da performance da Gestão do Conhecimento – GC, a partir do

processo de circulação do conhecimento, composto pela criação, acumulação,

compartilhamento, uso e de internalização de conhecimentos, mostra-se relevante para a

ampliação do nível do saber acadêmico sobre o assunto e para o balizamento das

organizações, dada a mobilidade e volatilidade do conhecimento.

O baixo desempenho poderia implicar a dificuldade de competir no mercado, pela

rápida superação das práticas adotadas e resultar na extinção dos empreendimentos.

Apesar do crescente número de empresas que passa a adotar práticas inerentes à GC,

pouco ainda é sabido a respeito dos resultados e efeitos alcançados com tais práticas e mesmo

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se estas guardam alguma relação com o processo de Gestão Organizacional - GO - conduzido

pelas organizações em operação no Brasil.

Mostra-se então necessário, pertinente e oportuno estudar a GC à luz da GO, em

termos dos resultados alcançados com o emprego dos meios e recursos disponíveis,

mobilizados em decorrência da percepção de sua importância estratégica.

Emerge daí a indagação quanto à existência de relação entre a Gestão Organizacional,

aqui delimitada aos macroconstrutos correspondentes à formalização do planejamento e

controle, ao direcionamento dos recursos humanos e ao direcionamento para o futuro

(NOGUEIRA, 1999) e o desempenho da Gestão do Conhecimento expresso por seus

macroconstrutos (LEE et al., 2005).

No caso de se considerar que a GC provoca diferenças nos resultados da atividade

empresarial, os aspectos relacionados a essas diferenças devem ser conhecidos, de modo a

serem posteriormente medidos, a exemplo do que fizeram Lee et al. (2005).

Estas questões apontam para a necessidade de aprofundamento dos estudos e

investigações sobre o tema, particularmente a respeito de como o fenômeno se manifesta no

Brasil, de maneira a ampliar o saber sobre o assunto e instigar a continuidade e o

aprofundamento das pesquisas acadêmicas nesta área.

1.2 A PERGUNTA DA PESQUISA

O processo de Gestão Organizacional é delimitado nesta pesquisa pelos

macroconstrutos de Planejamento e Controle, Direcionamento dos Recursos Humanos e

Direcionamento para o Futuro.

O Planejamento e Controle pressupõe o estudo de ao menos um problema e a fixação

de objetivos, segundo políticas e diretrizes previamente estabelecidas (ANTHONY, 1965).

O autor sugere que nas organizações consideradas em nível de excelência em termos

da Gestão Organizacional, a sua missão, os objetivos e ações devem estar claramente

formulados e detalhados. Devem ser amplamente comunicados a toda a organização e refletir

o equilíbrio entre os interesses dos stakeholders. Deve haver uma estimativa clara do fluxo de

caixa de todos os projetos de investimento, que são descritos de modo a facilitar a

comparação entre si e o estabelecimento de prioridades, havendo um responsável que defende

e lidera a realização desses projetos.

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Os responsáveis pela implantação dos projetos de investimento devem possuir grande

habilidade e competência em técnicas de gestão, tecnologia da informação e liderança de

equipes (NORTON, 1987).

Os projetos levados a efeito nas organizações em nível de excelência são

freqüentemente avaliados quanto à sua evolução e término, de acordo com: os benefícios

percebidos pelos clientes; o aumento da eficiência gerado nos processos de comercialização; o

grau de aprendizado e inovação e os benefícios financeiros proporcionados para a empresa.

O esforço empreendido nos processos de planejamento e controle, em geral é

orientado ao emprego de recursos tangíveis (ROSSATO, 2002). Lorange & Morton (1974)

defendem o uso de variáveis não-monetárias, sugerindo uma evolução em relação aos

sistemas de controle de desempenho dos processos de planejamento, o que representa uma

visão precursora da Gestão do Conhecimento.

Tendo em vista que muitas das variáveis não monetárias estão associadas à gestão dos

recursos humanos, as organizações com processos em nível de excelência na Gestão

Organizacional devem revelar maior direcionamento dos recursos humanos do que as demais

empresas, o que é expresso pela presença de uma cultura e capacitação voltadas à tomada de

decisões, assunção de riscos e orientada por liderança inspiradora (NOGUEIRA, 1999) para o

alcance da visão de futuro pretendida.

Essas organizações devem contar com profissionais criativos e empreendedores e

oferecer-lhes incentivos e recompensas (KANTER, 1983, 1989, 1997; MILES , SNOW,

1984; PETERS, 1989; DAVENPORT, 1994; MALETZ , NOHRIA, 2001) e considerar que os

erros cometidos fazem parte do aprendizado (PETERS, 1989).

A busca do autodesenvolvimento (KANTER, 1983, 1989, 1997; DRUCKER, 1999) e

a adoção de programas de capacitação (KANTER, 1983 ; 1997; PETERS, 1989;

DAVENPORT, 1994; HERZBERG, 1997), bem como a remuneração associada ao resultado,

tida também como incentivo e recompensa às ações rápidas e constantes voltadas ao

aperfeiçoamento (PETERS, 1989; DAVENPORT, 1994), parecem ser também aspectos

próprios às organizações que se destacam das demais.

As organizações em nível de excelência na Gestão Organizacional devem revelar

maior direcionamento para o futuro do que as demais, o que parece ser caracterizado: pelo

envolvimento de toda a alta direção e demais executivos na elaboração e no detalhamento da

estratégia empresarial; pelo acompanhamento sistemático e preparo para mudanças

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tecnológicas pertinentes ao seu mercado de atuação; pelo reflexo da visão do futuro sobre as

ações de curto prazo (HAMEL, PRAHALAD, 1994; GADIESH , GILBERT, 1998; DAVIS ,

MEYER, 1998; HAGEL III , SINGER, 1999; KUTILAKA , VENKATRAMAN, 2001;

CHRISTENSEN, 2002; DAY , SCHOEMAKER, 2004).

Outras características das organizações em que haja maior direcionamento para o

futuro são: a realização de pré-testes de novas ofertas junto aos clientes (KUTILAKA ,

VENKATRAMAN, 2001; PRAHALAD, 2004), o reconhecimento quanto ao seu pioneirismo

em inovações (HAMEL , PRAHALAD, 1994; DAVIS , MEYER, 1998; CHRISTENSEN,

2002); a busca por novos tipos de clientes (ABELL , HAMMOND, 1979; PRAHALAD,

1990; CHRISTENSEN, 2002); o desenvolvimento de novas maneiras de oferecer valor

superior aos clientes em comparação às demais empresas (ABELL , HAMMOND, 1979;

CHRISTENSEN, 2002).

Essas organizações devem possuir conhecimento claro de suas competências

essenciais (PRAHALAD , HAMEL, 1990; HAGEL III , SINGER, 1999; DAY ,

SCHOEMAKER, 2004) e oferecer crescente número de produtos e serviços em comparação

aos concorrentes (ABELL , HAMMOND, 1979; PRAHALAD, 1990; DAVIS , MEYER,

1998; HAX & WILDE, 1999; CHRISTENSEN, 2002), além de estabelecer parcerias com

outras empresas (SHAPIRO , VARIAN, 1999; HAGEL III , SINGER, 1999; HAX , WILDE,

1999; KUTILAKA , VENKATRAMAN, 2001; DAY , SCHOEMAKER, 2004;

PRAHALAD, 2004), de modo a ampliar suas capacidades e chances de êxito.

Complementando os aspectos inerentes aos macroconstrutos empregados nesta

pesquisa, faz-se necessário considerar o processo de circulação do conhecimento, em termos

da Gestão do Conhecimento, a partir dos recursos intangíveis mobilizados pelas organizações,

suas características, e o desempenho alcançado com a Gestão do Conhecimento

(CRAWFORD, 1994; EDVINSSON, MALONE, 1998; STEWART, 1998; SVEIBY, 1998,

LEE et al., 2005).

Assim, parece haver considerável interação entre o modo com que as organizações

gerenciam seus processos de planejamento e controle, orientam os esforços promovidos por

seus recursos humanos e a maneira como direcionam as suas ações para o futuro que buscam

construir e o desempenho que alcançam com a contribuição oferecida pela GC.

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Neste sentido, busca-se conhecer as diferentes características entre os processos de

gestão empresarial e de gestão do conhecimento nas empresas, a partir da percepção dos

executivos que é apresentada nesta pesquisa.

Isto posto, a partir do estudo dos modelos desenvolvidos por Nogueira (1999) e por

Lee et al. (2005) são formuladas duas perguntas para esta pesquisa, sendo a primeira a

seguinte:

Existem grupos de empresas que apresentam características semelhantes em sua

gestão e na Gestão do Conhecimento?

O propósito desta indagação decorre do interesse em conhecer a existência de

segmentos de empresas que se comportam de modo semelhante em termos dos processos de

sua própria gestão e da gestão do conhecimento.

A resposta a esta questão poderá evidenciar o distanciamento ou a proximidade entre

as práticas nas duas áreas, e entre tais práticas e o que recomendam os estudos acadêmicos.

Em conseqüência, poderá revelar aspectos comuns que permitam ampliar o saber sobre a

maneira pela qual é gerido o conhecimento e permitir a inserção da GC no processo de Gestão

Organizacional como elemento estrutural a contribuir para o atingimento e manutenção da

excelência das organizações.

A segunda questão remete ao estudo da existência de relação entre a excelência da

Gestão Organizacional e a performance alcançada pela Gestão do Conhecimento, em

conformidade com os aspectos apresentados nesta seção, e é expressa do seguinte modo:

Qual a relação entre a excelência na Gestão Organizacional e a performance dos

processos de Gestão do Conhecimento adotados pelas grandes organizações em operação

no Brasil?

A resposta à segunda questão poderá permitir o entendimento e o aprofundamento do

estudo sobre tal associação e a partir de novos estudos possibilitar a identificação de relações

de causa e efeito, obter informações decisivas e sistêmicas sobre o assunto, o que se mostra

relevante aos propósitos acadêmicos.

A representação gráfica da relação entre as dimensões referentes à excelência da

Gestão Organizacional (NOGUEIRA, 1999) e as dimensões que avaliam a performance dos

processos de Gestão do Conhecimento (LEE et al., 2005), exploradas nas perguntas da desta

pesquisa, é apresentada na figura 1.1.

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FIGURA 1.1. – Dimensões da Gestão Organizacional x Dimensões de desempenho da Gestão do Conhecimento.

Excelência da Gestão Organizacional

Desempenho da Gestão do Conhecimento

• Planejamento e Controle

• Direcionamento dos Recursos Humanos

• Direcionamento para o Futuro

• Criação• Acumulação• Compartilhamento• Utilização• Internalização

Excelência da Gestão Organizacional

Desempenho da Gestão do Conhecimento

• Planejamento e Controle

• Direcionamento dos Recursos Humanos

• Direcionamento para o Futuro

• Criação• Acumulação• Compartilhamento• Utilização• Internalização

O uso combinado dos modelos empregados por Nogueira (1999) e por Lee et al.

(2005), voltados respectivamente à GO e à avaliação da performance da GC, que dão suporte

a esta pesquisa, e a obtenção das respostas às perguntas formuladas neste estudo visam

permitir fazer inferências quanto à existência de relação entre a excelência da GO e a

performance da GC e abrir caminhos para que novas pesquisas façam avançar o estado da

arte.

1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO

A determinação dos objetivos de uma pesquisa é parte essencial e primordial de um

projeto de investigação, à medida que permite tornar explícito o objeto da pesquisa e o fim a

ser atingido, bem como justificar as ações a serem empreendidas, o processo adotado e os

recursos empregados no decorrer do trabalho a realizar.

Hussey & Collis (2005) relacionam um conjunto de objetivos, combinados ou não,

que devem ser perseguidos em uma pesquisa. Neste caso são: investigar um problema

existente, explorar e analisar questões mais gerais e gerar novo conhecimento.

Consoante o entendimento de Barros & Junqueira (2005), ajustado ao caso concreto,

esta pesquisa tem por objetivo geral, investigar, de modo empírico, se as grandes

organizações em operação no Brasil, representadas por seus executivos, consideram excelente

a sua Gestão Organizacional e como avaliam a performance da Gestão do Conhecimento.

Quanto aos objetivos específicos, este estudo investigará a partir de um conjunto de

empresas, por intermédio da percepção de um dos executivos de cada uma: o impacto das

variáveis utilizadas para avaliar o grau de formalização dos processos de planejamento e

controle, o direcionamento dos recursos humanos, o direcionamento para o futuro e o

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desempenho da GC, expresso pela circulação do conhecimento, caracterizada pela criação,

acumulação, compartilhamento, utilização e internalização do conhecimento, bem como o

nível de excelência e performance desses processos; a existência de características que

diferenciem a maneira de gerir as organizações em comparação ao modo pelo qual o

conhecimento é gerido. Tudo, com o propósito de oferecer a resposta ao problema

apresentado, conforme Booth, Colomb & Williams (2000) e ampliar o domínio sobre os

fundamentos e as práticas gerenciais estudadas no ambiente acadêmico.

1.4 JUSTIFICATIVAS PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO

As razões que justificam a realização deste estudo repousam no fato de que as

organizações vêm passando por inúmeras intervenções, com o propósito de torná-las mais

eficientes1 e eficazes (KOTTER, 1995). Todavia, algumas das metodologias, métodos,

técnicas e práticas adotadas em muitas empresas se revelam inócuas ou prejudiciais à sua

sobrevivência e crescimento (DUCK, 1993, CHRISTENSEN et al., 2002), seja por sua

concepção, interpretação ou implementação, aliadas às intercorrências causadas por fatores

espúrios.

O fato é que mesmo as organizações que alcançam grandes proporções, acabam por

definhar e serem alijadas do mercado, à revelia da vontade e além da sua capacidade e de seus

executivos em anteverem e enfrentarem problemas. Mesmo entre aquelas que subsistem,

muitas operam abaixo do nível de desempenho que poderiam atingir (FLECK, 2004).

Persistem então os esforços em identificar os fatores que auxiliam a Gestão Organizacional e

adotar as melhores práticas para minimizar as influências negativas que podem levar as

organizações à derrocada (BRUNO, LEIDECKER , HARDER, 1987).

Collins e Porras (1996) consideram que as organizações direcionadas ao futuro têm

melhores chances de continuidade do que aquelas centradas no dia-a-dia que se tornam

reativas. Na ausência de mecanismos de delineamento do futuro (HAMEL , PRAHALAD,

1 Para os propósitos desta pesquisa, será adotado o significado de eficiência, segundo a definição apresentada no DICIONÁRIO eletrônico Houaiss da língua portuguesa, onde eficiência é: virtude ou característica de (uma pessoa, um maquinismo, uma técnica, um empreendimento etc.) conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou de dispêndio de energia, tempo, dinheiro ou meios. Eficácia, por sua vez, representa a qualidade ou característica de quem ou do que, num nível de chefia, planejamento, chega realmente à consecução de um objetivo.

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1995), de alerta antecipado (GILAD, 2004) e de medidas de contingência (PORTER, 1980),

acabam sendo surpreendidas e até extintas, em decorrência de situações que não puderam

prever, evitar, modificar ou mesmo produzir por falta de capacidade de antevisão e preparo.

Tais considerações levam a ponderar que não bastam os ativos tangíveis para

assegurar a sobrevivência e levar ao crescimento, embora tradicionalmente tomados pelos

executivos como foco do processo de planejamento e gestão.

A insuficiência dos ativos tangíveis conduz à consideração da importância potencial e

prática dos ativos intangíveis em serem reunidos aos primeiros, de modo a ampliar o grau de

sucesso do planejamento e da gestão organizacionais.

A Gestão do Conhecimento, como modelo abrangente, tem por propósito orientar os

esforços e o emprego de recursos intangíveis, com vistas ao alcance e à preservação dos

interesses das organizações, ao auxiliar a criação de vantagens competitivas (TERRA, 2005).

Tendo em conta que o Século XXI passa a ser considerado como o início da Era do

Conhecimento (LEITE , SILVA, 2004), em razão dos avanços do saber, do manejo e do seu

emprego, o presente estudo mostra-se não somente oportuno, mas pertinente, em razão das

questões enfrentadas pelo ambiente acadêmico, na busca de oferecer contribuições para

estudo das organizações.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Segundo Vergara (2000), a delimitação do estudo refere-se à moldura que o autor nele

coloca, que explicita para o leitor o que é contido e o que dele fica fora, não podendo ser

confundida com a definição do universo e da amostra da pesquisa.

Acolhendo este ensinamento, esta pesquisa é voltada ao estudo da GO, por intermédio

de três macroconstrutos referentes respectivamente à formalização do planejamento e

controle, ao direcionamento dos recursos humanos e o direcionamento para o futuro, em

termos da excelência do processo de gerenciamento. Outros aspectos relativos à GO fogem ao

seu escopo. Quanto à GC, o objeto de interesse recai sobre o seu desempenho, alcançado por

intermédio de cinco macroconstrutos: criação, acumulação, utilização, compartilhamento e

internalização do conhecimento.

A pesquisa foi realizada com o emprego de um survey e seus resultados foram

submetidos a estudos quantitativos a fim de testar um conjunto de hipóteses e oferecer

resposta às perguntas da pesquisa.

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Tomando com base os registros teóricos e empíricos compulsados, foram verificados a

realidade das empresas pesquisadas, a partir da percepção dos seus executivos, quanto aos

macroconstrutos explorados neste estudo referentes à GO e à GC, assim como os resultados e

repercussões alcançadas com o emprego da GC, haja vista a escassez de pesquisas empíricas

voltadas ao tema no Brasil.

1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A relevância deste estudo deriva da necessidade de ser ampliado o nível de

conhecimento sobre a GO associada à GC, a partir da percepção de executivos de grandes

organizações, quanto aos processos e às formas adotadas por suas empresas no Brasil.

Grande parte dos textos publicados sobre GO e GC tem caráter normativo

(ANTUNES, 2000; ROSSATO, 2002; FIGUEIREDO, 2005; MORESI, 2006), fato que em

nada desmerece os estudos realizados, porém, diante da existência de considerável acervo

teórico, mostra-se necessário verificar empiricamente as afirmações e orientações nele

contidas, de maneira a abrir caminho para futuras pesquisas mais conclusivas, diante das

limitações a que esta é submetida.

Até o presente, este autor não identificou a existência de pesquisas empíricas

realizadas no Brasil com o propósito estabelecido para este estudo, aspecto que reforça a

motivação em aprofundar o conhecimento sobre o estado da arte em nosso ambiente. Tal

tarefa vem ao encontro da intenção de dissipar dúvidas e inquietações próprias do estágio

atual de desconhecimento, o que caracteriza a originalidade, a pertinência e a oportunidade

deste trabalho.

Assim sendo, a relevância deste estudo reside na contribuição que se pretende oferecer

à teoria existente e às práticas empresariais, especialmente diante da inexistência de um

pensamento dominante quanto ao tema e suas bases conceituais, podendo estender-se a

possíveis formas de implantação e geração de benefícios a serem fruídos a partir da adoção da

Gestão do Conhecimento no ambiente brasileiro.

Mesmo no que se refere aos casos relatados em publicações acadêmicas, em relatos de

praticantes nas mídias segmentadas e de natureza jornalística, as orientações em sua maioria

têm origem e aplicação em culturas diferentes da brasileira.

Em termos das práticas empresariais, há muitas recomendações propostas na literatura,

mas pouco ainda é sabido a respeito da sua operacionalização e dos resultados alcançados no

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Brasil, de maneira a também subsidiar o entendimento, a formação de convicção e as decisões

dos executivos, em termos de emprego de metodologias de Gestão Organizacional e Gestão

do Conhecimento e os benefícios dessas metodologias.

Assim, espera-se que os resultados desta pesquisa possam ampliar o grau de

conhecimento sobre a GO e a GC, em termos das características, comportamentos e práticas

identificados e indicar necessidades, requisitos, restrições, facilidades e dificuldades que as

cerca.

Sob o enfoque proposto por Marconi e Lakatos (2002) quanto à análise de valoração

do problema apresentado, são explorados cinco aspectos, os quais esta deverá preencher:

viabilidade, no tocante à possibilidade de resolução eficaz do problema por meio da pesquisa;

relevância, no que se refere à capacidade de a pesquisa produzir conhecimentos novos;

novidade, no tocante à adequação ao estágio atual da evolução científica; exeqüibilidade, em

termos de possibilitar alcançar uma conclusão válida; oportunidade, por atender a interesses

particulares e gerais no momento em que ocorre.

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo está organizado do seguinte modo:

A primeira parte corresponde à introdução do tema e à descrição do problema,

compondo o capítulo inaugural.

A segunda parte, compreendida pelos capítulos de 2 a 5, explora o referencial teórico,

onde são sumariados os estudos sobre GO e GC que servem de base e dão robustez a esta

pesquisa.

A terceira parte, composta pelo capítulo 6, refere-se à metodologia, onde: é detalhado

o método de pesquisa; são definidas as perguntas; é apresentado o plano de referência; e são

formuladas as hipóteses, apresentados os macroconstrutos e suas definições operacionais.

Ainda no mesmo capítulo são pormenorizados o processo de coleta de dados, o frame

amostral e a amostra empregada, sendo também apresentados o método e o instrumento de

coleta de dados, os procedimentos para a análise de dados, a preparação dos dados e as

limitações da pesquisa.

A parte final abrange os capítulos 7 e 8, que respectivamente expõem a análise dos

resultados da pesquisa e as conclusões alcançadas, seguidas por recomendações e sugestões

para futuros estudos.

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Ao final do conjunto, são apresentadas as referências bibliográficas e os anexos que

contêm quadros complementares elaborados no decorrer do processo de análise dos dados

coletados, bem como o instrumento de pesquisa adotado.

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PARTE II - REFERENCIAL TEÓRICO

A escolha do tema abordado neste trabalho levou em consideração os três estágios do

processo de pesquisa considerados por Davis e Clyde (1997), em termos de escopo e

profundidade: a realização de uma pesquisa exploratória, como parte do desenvolvimento e

avaliação de possíveis temas em uma área do saber; a investigação em profundidade

suficiente para assegurar a existência de suporte a uma pesquisa formal e uma proposta de

dissertação; uma pesquisa ampla ao referencial teórico.

Seguindo a orientação de Davis e Clyde (1997), a pesquisa ao referencial teórico

reuniu um conjunto alentado de obras e pesquisas realizadas por diversos autores de renome

nas respectivas áreas de estudo e é apresentada nos Capítulos 2 a 5, uma vez que os

macroconstrutos empregados, por sua natureza, exigiram que sua abordagem fosse apartada,

sendo tratado cada assunto de maneira pormenorizada, e oferecida ao leitor maior comodidade

e objetividade.

A figura 2.1 a seguir indica a seqüência da abordagem de cada um dos

macroconstrutos explorados nos dois modelos que embasam o presente estudo e os capítulos

em que serão estudados.

FIGURA 2.1. – Distribuição do conteúdo do referencial teórico por capítulo.

Excelênciada GestãoOrganizacional

DesempenhodaGestãodo Conhecimento

Desempenhoda

• Criação• Acumulação•• Utilização• Internalização

do Conhecimento

Planejamento e Controle

Direcionamento

DirecionamentoparaFuturo

• Criação• Acumulação• Compartilhamento • Utilização• Internalização

Excelênciada Excelênciada Gestão Gestão

Capítulo 5

Organizacional Conhecimento

•••••

do Conhecimento

• RecursosHumanos

o

•••••

OrganizacionalExcelência da Gestão Desempenho da Gestão

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

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2 PLANEJAMENTO E CONTROLE

2.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo a abordagem dos assuntos relativos ao planejamento estratégico, à

estratégia empresarial e ao controle é adstrita aos aspectos associados à Gestão do

Conhecimento – GC, no que se refere à fundamentação, orientação, suporte e razão para a

realização deste estudo. Deste modo, não se pretende promover um estudo exaustivo,

tampouco uma revisão histórica, além do que se possa considerar como necessário e

suficiente para a exploração da Gestão Organizacional, quanto ao nível de excelência em suas

práticas e à GC, quanto à sua performance, os pontos de tangência e de complementaridade.

2.2 PLANEJAMENTO E CONTROLE

Anthony (1965) aborda o controle gerencial como o processo em que os

administradores asseguram que os recursos serão obtidos e usados eficiente e eficazmente no

atendimento dos objetivos, sendo conduzido em um quadro de referência onde são

combinadas atividades de planejamento e controle, levando em conta os aspectos

motivacionais dos indivíduos.

O autor considera ainda que devem ser abrangidos todos os aspectos das operações da

organização. O sistema de controle é construído, via de regra, entorno de uma estrutura

financeira, embora medidas não monetárias sejam também importantes. Distingue ainda

objetivos e metas, quanto ao tempo de resposta e ao nível hierárquico daquele que toma as

decisões.

Lorange e Morton (1974) abordam a ligação entre a fase de planejamento, considerada

de longo prazo, com o controle, de curto prazo, atribuindo graus a essa ligação, conforme o

estágio de evolução da organização e a maior experiência em lidar com orçamento do que

com planejamento de longo prazo.

Destacam a crescente instabilidade do ambiente externo, o que requer o estreitamento

entre o sistema formal de planejamento e o sistema de controle, a flexibilidade dos sistemas

de planejamento e controle a fim de responder à crescente diversificação das grandes

organizações, e a utilização de um maior conjunto de variáveis não monetárias.

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Flamholtz (1979) atribui importância aos sistemas de controle, em razão da

necessidade de coordenação das atividades, de influenciar decisões e ações e fornecer

feedback sobre as operações, tendo como pressuposto básico a necessidade de motivar as

pessoas a atingirem os objetivos organizacionais.

O autor, em adição, define quatro componentes básicos de um sistema de controle

gerencial: as metas, os padrões, o método de medição e o método de administração de

recompensas. Reforça que todas as metas importantes devem ser medidas, pois um dos efeitos

disfuncionais decorre do fato de que as metas não medidas tendem a receber menor atenção

ou ser ignoradas.

Defende que a avaliação da eficácia de um sistema de controle deve satisfazer os

critérios comportamentais de validade, confiabilidade e relevância, cuja inobservância pode

levar a disfunções em termos de deslocamento de metas e mensurabilidade.

Abell e Hammond (1979) consideram que o primeiro passo do planejamento

estratégico corresponde à definição do negócio. Com este propósito, deve ser levado em

consideração o grupo de clientes a ser atendido, a funcionalidade que lhes será oferecida e a

tecnologia a ser empregada.

Porter (1979) apresenta o modelo de cinco forças, empregado para permitir a análise

estratégica de diferentes indústrias, caracterizando as relações entre os diversos atores que

operam em um processo de rivalidade. Considera as relações de poder entre as organizações e

seus fornecedores e clientes; estuda as ameaças representadas por organizações que passam a

competir na indústria, denominadas entrantes, além de outro tipo de ameaça, caracterizada

pela substituição das ofertas por outras melhor ajustadas ao público-alvo; analisa as barreiras

de entrada e saída dos negócios.

Posteriormente, Porter (1980) apresenta as chamadas estratégias genéricas –

diferenciação, liderança de custo total e foco -, cujo objetivo é permitir criar vantagem

competitiva de longo prazo numa indústria específica, conforme o segmento tomado como

alvo. Ressalta a distinção entre eficácia operacional e estratégia, apesar da importância de

ambas para o desempenho superior das organizações (PORTER, 1996).

Merchant (1982) destaca que o foco em mensuração e feedback pode ser enganoso,

podendo-se utilizar outras técnicas. Em sua visão, as limitações pessoais representam um

importante problema, uma vez que nem sempre os indivíduos compreendem o que deles se

espera, ou como desempenhar melhor seu trabalho, pela carência de capacidade, treinamento

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ou informação, além das distorções perceptuais cognitivas inatas aos seres humanos,

caracterizadas pela incapacidade de processar bem novas informações ou tomar decisões

consistentes.

Reforça a ausência de congruência de metas entre empregados e organizações, a

exemplo do que ensina Anthony (1965). Defende a necessidade de um bom controle

multidimensional orientado para o futuro.

Para evitar problemas de controle, o espaço para o comportamento impróprio deve ser

minimizado por intermédio do exercício do controle sob diferentes formas: sobre ações

específicas, resultados ou pessoas. Mesmo com o exercício do controle, ocorrem disfunções

relacionadas a cada forma.

Quanto ao controle sobre ações específicas, Merchant (1982) destaca os atrasos na

operação e comportamentos rígidos e burocráticos. Em relação ao controle sobre resultados,

os problemas referem-se à definição das áreas de resultado, ocorrendo o deslocamento de

metas, quando as pessoas são estimuladas a gerar resultados errados. Descreve ainda a

distorção de dados, devido à falta de objetividade dos métodos de mensuração, podendo

ocorrer falsificação dos dados ou atenuação, o que requer a separação de responsabilidades.

Ackoff (1983) considera que a atenção das organizações deve ser dirigida a

desenvolver capacidade em controlar as variáveis cujos efeitos possam representar ameaças a

si e reagir, considerando diferentes cenários, por intermédio de planos de contingência, uma

vez que nem todas as variáveis são controláveis. A base desse processo reside no aprendizado

e na adaptação da organização, em lugar de ações de previsão, uma vez que as organizações

não operam em um ambiente estanque.

Em relação à gestão das oportunidades e ameaças que submetem as organizações,

Barney (1986) considera que é função da alta gerência, a sua identificação, devendo explorar

os recursos disponíveis em quatro dimensões: o seu valor, a sua raridade, a capacidade de sua

imitação ou de substituição pelos competidores.

Barney (1986) reconhece que os dirigentes estão sujeitos a limitações quanto ao

manejo de todos os atributos e características da empresa, o que implica a impossibilidade de

alcançar diretamente vantagens competitivas sustentáveis, exclusivamente a partir de um

planejamento estratégico formal.

A vantagem competitiva surge do emprego dos recursos existentes na empresa,

caracterizados por seu capital humano, físico e organizacional, com os quais são exploradas as

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oportunidades e anuladas as ameaças. Não obstante, se faz necessária a proteção desses

recursos, de maneira dificultar a cópia pelos competidores, o que resultaria na perda da

vantagem competitiva alcançada.

Mintzberg (1987) propõe uma hierarquia de cinco estratégias genéricas, define os 5 Ps

elementares da estratégia e diferencia estratégia deliberada de estratégia emergente.

Ansoff e McDonnel (1990) consideram que a formalização de uma estratégia pode

melhorar a performance da organização, pois ainda que não produza nenhuma ação imediata,

estabelece o direcionamento da empresa, com base nos objetivos perseguidos. Tal

direcionamento está sujeito a informações incompletas e incertezas que vão sendo depuradas

no processo de busca, sendo passível de revisões.

Os autores ressaltam que, ao longo de um processo de formulação da estratégia, as

principais dificuldades enfrentadas decorrem: do caráter político dos processos decisórios,

sujeitos aos aspectos que refletem a cultura organizacional e a sua estrutura de poder e

impedem enfrentar os desafios impostos pelo ambiente; da falta de capacitação, capacidade e

de sistemas motivacionais que levem a pensar e agir estrategicamente; da dicotomia

representada pela escolha entre atividades até então lucrativas e as inovações; da falta de

informações sobre a própria organização e o ambiente que a cerca; da falta de capacidade

gerencial para formular e implementar estratégias.

Stalk et al. (1992) consideram que a capacitação representa a habilidade de combinar

escala e flexibilidade, a partir de processos e práticas compartilhados pela empresa, com base

na velocidade, consistência, antecipação, agilidade, adaptação e inovação. Essas

características tomam como ponto de partida o foco no cliente e suas necessidades e não a

orientação voltada a produtos e mercados ou às atividades específicas da cadeia de valor,

como fizera Porter (1979 e 1980). Para tornar viável essa visão, deve ser desenvolvida uma

cultura de aprendizado contínuo.

Entendem que a estrutura das organizações deve permitir o reforço da capacitação e a

criação de mecanismos de estímulo ao compartilhamento de recursos de modo holístico e a

longo prazo e dificultar a imitação das estratégias pelos concorrentes, auxiliada por sua

complexidade, preocupação manifestada por Barney (1986).

Kaplan e Norton (1992) indicam que as organizações devem superar e deslocar a

primazia das medidas financeiras tradicionais que podem indicar sinais incorretos de

desempenho a longo prazo, que podem interferir na melhoria contínua e na inovação, exigidas

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pelo ambiente competitivo, no que se aproxima de Anthony (1965). Destacam que tais

medidas destoam do conceito de habilidades e competências, que vêm orientando as

empresas.

Os autores entendem que devem ser consideradas diferentes medidas, equilibradas, de

modo a permitir uma visão mais adequada sobre o nível de performance e possibilitar o

direcionamento da atenção às áreas críticas do negócio e propõem o Balanced Scorecard –

BSC.

O BSC inclui métricas financeiras que revelam os resultados alcançados e as

complementa com medidas operacionais que representam o caminho para a performance

futura, em quatro diferentes perspectivas: a satisfação dos clientes; os processos internos; as

atividades de inovação e melhoria da organização.

A perspectiva do cliente busca responder a pergunta sobre como os clientes vêem a

empresa, por intermédio de medidas próprias. Já a perspectiva interna do negócio leva as

empresas ao entendimento sobre as atividades que devem alcançar o grau de excelência, para

a satisfação dos clientes.

Sob a perspectiva financeira, as medidas devem indicar se a estratégia adotada está

contribuindo para o aumento da lucratividade, crescimento e aumento do valor para o

acionista.

Ressalvam que as medidas financeiras focalizam as ações passadas e podem ser

incapazes de refletir as ações presentes de criação de valor. Mesmo assim, se adequadas,

podem revelar a inadequação de estratégias em gerar lucro a longo prazo ou apontar falhas na

definição e emprego dos demais grupos de medidas.

Os autores ressaltam que as medidas adotadas dão destaque à estratégia, e não ao

controle e consideram que as pessoas adotarão os comportamentos e ações necessárias para

atingir as metas, na direção da visão mais geral da empresa. Anthony (1965) considera,

porém, que em termos de congruência de objetivos, aqueles individuais devem ser

direcionados pelas organizações, buscando a sua convergência, que a rigor não é espontânea e

muitas vezes também não é voluntária. Por sua vez, Flamholtz (1979) alerta que os sistemas

de controle, não têm o propósito de exercer o controle do comportamento das pessoas, mas de

influenciá-las a agir de modo coerente com as metas da organização.

Estudo realizado por Nogueira e Amaral (1992) encontrou correlações significativas

entre a medida de planejamento e os indicadores de desempenho das organizações.

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Mintzberg (1993) considera que o planejamento estratégico, na forma usualmente

definida, reflete uma programação e não um pensamento estratégico, o que impede uma

resposta eficaz às mudanças. As orientações rígidas da programação dirigidas aos gerentes

utilizam análises do passado para fixar os objetivos e ações de implementação e controle,

impedindo a geração de idéias, a inovação, a intuição e a criatividade que são encontradas de

modo imprevisível em qualquer parte da empresa.

Para o autor, a estratégia deve ser baseada na síntese do aprendizado e da experiência

obtida a partir todas as possíveis fontes disponíveis na empresa que possam estar envolvidas

diretamente com a determinação da direção a ser seguida.

A função dos planejadores deveria ser “auxiliar” no trabalho dos pensadores por

intermédio de análises formais e impulsionar o pensamento estratégico; oferecer estímulos e

assegurar o compartilhamento do direcionamento escolhido pelo conjunto de empregados, em

lugar de "calcular" a estratégia.

A formalização da estratégia deve ser flexível o bastante para considerar idéias

relevantes surgidas em qualquer ponto da organização.

Doyle (1994) afirma ser necessário o equilíbrio entre os interesses de todos os

stakeholders, na definição dos objetivos estratégicos da empresa, uma vez que o privilégio de

um determinado índice de desempenho pode representar o interesse de alguns em detrimento

de outros grupos.

Apesar de haver fatores internos e externos às organizações que determinam a

necessidade alterar a importância dos indicadores de desempenho, há um nível mínimo de

satisfação dos interesses dos diversos grupos, mesmo sem a maximização dos índices.

A existência de um espectro entre a satisfação e a maximização dos interesses permite

a realização de manobras pela alta gerência, de modo a buscar atender a todos os grupos na

definição da estratégia organizacional, e ajustar a performance de cada índice às mudanças

ambientais.

A partir da disseminação do BSC, Kaplan e Norton (1996) observam que algumas

empresas ao empregarem o conjunto de medidas por eles proposto, criam um novo sistema de

gestão estratégica que permite associar a estratégia de longo prazo às ações de curto prazo.

Essa associação ocorre:

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• a partir da expressão da visão sob a forma de um conjunto de objetivos e medidas,

acordados entre a alta gerência, e da discriminação dos fatores de sucesso de

longo prazo;

• ao ser comunicada a estratégia de longo prazo a todos os níveis da organização,

promovendo o entendimento da estratégia adotada e o alinhamento dos objetivos

departamentais e individuais com a estratégia;

• ao ser promovida a integração do plano de negócio com o planejamento

financeiro, a partir do conjunto de metas definidas para as medidas do BSC a

partir da definição de prioridades e alocação de recursos, orientado para os

objetivos estratégicos de longo prazo;

• ao serem capazes de obter aprendizado estratégico e feedback, em razão da

avaliação da estratégia em face dos resultados recentes, do ponto de vista da

satisfação dos clientes, dos processos internos e do aprendizado, ajustando-a para

refletir o aprendizado de curto prazo.

Blaxhill e Hout (1998) se dedicam a identificar a orientação a ser seguida pelas

organizações, no tocante ao processo decisório. Propõem um conjunto de questões analíticas:

Como minha empresa pode construir capacidades mais rápido? Onde minha arquitetura

operacional e minha mentalidade atrasam a empresa? Qual o desempenho do ciclo O.O.D.A

(Observation, Orientation, Decision, Action). dos meus competidores?

Os autores concluem que as organizações devem se tornar capazes de oferecer rápida

resposta em servir seus consumidores e se antecipar aos seus concorrentes para crescerem de

modo lucrativo, o que implica maior aproximação da empresas com os seus consumidores e

dos gerentes com seus subordinados.

Quinn (2001) considera que as estratégias bem-sucedidas devem conter três elementos

essenciais: as políticas mais importantes que orientam ou limitam as ações; os objetivos ou as

metas mais relevantes a serem atingidos; os principais programas que devem atingir as metas

defindas dentro dos limites estabelecidos.

Além disso, o autor arrola alguns fatores críticos de sucesso e elementos estruturais

que contribuem para o estabelecimento de uma estratégia eficaz, como: o direcionamento de

esforços a objetivos claros e bem entendidos, decisivos e atingíveis; o estímulo à iniciativa,

com autonomia e compromisso na busca de estabelecer o rumo e o ritmo das ações; a

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concentração de poder no lugar e no tempo; a formação de reservas de recursos para permitir

a realização de manobras de contingência; a liderança coordenada e comprometida com os

objetivos; o emprego do fator surpresa com velocidade, inteligência e segredo.

Andrews (2001) define estratégia corporativa como um processo organizacional

muitas vezes indissociado da estrutura, do comportamento e da cultura organizacional.

Para a formulação e implantação da estratégia corporativa deve ser estimada a

capacidade de obter vantagens diante de riscos aceitáveis para atender as necessidades do

mercado. Assim, a organização deve observar o cumprimento de um conjunto de etapas

seqüentes e complementares representadas pela: identificação de oportunidades e ameaças;

conhecimento sobre as suas forças e fraquezas; determinação e dimensionamento dos recursos

necessários; identificação dos valores pessoais e aspirações da alta gerência; assunção das

responsabilidades para com a sociedade.

A implementação de uma estratégia requer atenção voltada à estrutura organizacional

e seus relacionamentos, no que se refere: aos processos de admissão e sistemas de incentivo e

motivação; à divisão do trabalho; à coordenação das responsabilidades e aos sistemas de

informação; ao estabelecimento de padrões e medidas desempenho, para fins de controle; à

participação da liderança.

Rumelt (2001) entende que o sucesso da estratégia, em termos de sua formulação e

prática, transcende à apuração de resultados de curto prazo. Impõe o estudo dos fatores e

tendências mais relevantes que auxiliam a perseguição do sucesso a longo prazo.

Deste modo, mostra-se necessário estabelecer um crivo para avaliar a adequação da

estratégia aos fins propostos, representado por pressupostos como: consistência entre políticas

e os objetivos; consonância entre a estratégia e o ambiente externo e suas modificações;

formação e manutenção de vantagens competitivas; exeqüibilidade a partir do emprego dos

recursos disponíveis à luz das alternativas estratégicas.

A formulação e a implementação de estratégias empresariais parecem estar

intimamente associadas à obtenção e ao emprego de capacidades e habilidades capazes de

permitirem que as organizações desempenhem seu papel à frente dos competidores.

O quadro 2.1 a seguir apresenta o resumo conceitual extraído do referencial teórico

estudado sobre processos de elaboração de estratégias e sobre alinhamento estratégico que

embasaram a elaboração do macroconstruto Planejamento e Controle e associa os

ensinamentos de parte dos autores às questões que compõem o instrumento de medida

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referente a este macroconstruto, sendo destacados em negrito aqueles que deram origem

diretamente aos itens assinalados..

Quadro 2.1 – Resumo conceitual do referencial para o Processo de Planejamento e Controle. AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES Anthony (1965)

O controle gerencial é um processo em que se assegura o uso eficiente e eficaz dos recursos obtidos, conduzido em um quadro de referência onde são combinadas atividades de planejamento e controle, levando em conta os aspectos motivacionais dos indivíduos. O sistema de controle é construído, via de regra, entorno de uma estrutura financeira, embora medidas não monetárias sejam também importantes. Distingue objetivos e metas, quanto ao tempo de resposta e ao nível hierárquico daquele que toma as decisões.

Lorange & Morton (1974)

Estabelecem o liame entre a fase de planejamento, considerada de longo prazo, com o controle, de curto prazo, atribuindo graus a essa ligação, conforme o estágio de evolução da organização e a maior experiência com orçamento do que com planejamento. A crescente instabilidade do ambiente externo requer: o estreitamento entre o sistema formal de planejamento e o sistema de controle, a flexibilidade dos sistemas de planejamento e controle, em resposta ao crescimento da diversificação em grandes organizações e a utilização de um maior conjunto de variáveis não monetárias.

Flamholtz (1979)

Ressalta a importância dos sistemas de controle, em razão da necessidade de coordenação das atividadades, de influenciar decisões e ações e fornecer feedback sobre as operações, tendo por base a necessidade de motivar as pessoas a atingirem os objetivos organizacionais Define os componentes básicos de um sistema de controle gerencial: as metas, os padrões, o método de medição e o método de administração de recompensas. Todas as metas importantes devem ser medidas, pois do contrário, tendem a receber menor atenção ou serem ignoradas. A avaliação da eficácia de um sistema de controle deve satisfazer os critérios comportamentais de validade, confiabilidade e relevância, cuja inobservância pode levar a disfunções, em termos do deslocamento de metas e mensurabilidade.

Porter (1979, 1980, 1996)

Caracteriza as relações entre os diversos atores que operam em um processo de rivalidade, por intemédio do Modelo de Cinco Forças. Considera as relações de poder entre as organizações e seus fornecedores e clientes, estuda as ameaças representadas por organizações que passam a competir numa indústria e estuda a substituição das ofertas por outras melhor ajustadas ao público-alvo e analisa as barreiras de entrada e saída dos negócios. Propõe as chamadas estratégias genéricas – diferenciação, liderança de custo total e foco -, cujo objetivo é permitir criar vantagem competitiva de longo prazo numa dada indústria. Distingue eficácia operacional e estratégia, apesar da importância de ambas para o desempenho superior das organizações.

10.

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Merchant (1982)

O foco em mensuração e feedback pode ser enganoso. As limitações pessoais representam um importante problema, pois nem sempre os indivíduos compreendem o que deles se espera, ou como desempenhar melhor seu trabalho, pela carência de capacidade, treinamento ou informação, além das distorções perceptuais cognitivas, caracterizadas pela incapacidade de processar bem novas informações ou tomar decisões consistentes. É necessário um controle multidimensional orientado para o futuro. Deve ser evitado o comportamento impróprio com o exercício do controle sobre ações específicas, resultados ou pessoas. A distorção de dados, decorre da falta de objetividade dos métodos de mensuração, podendo ocorrer falseamento dos dados ou atenuação, o que requer a separação de responsabilidades.

Ackoff (1983) Atenção dirigida ao controle das variáveis cujos efeitos possam representar ameaças à empresa, e ao desenvolvimento de capacitações que permitam reagir contingencialmente em diferentes cenários, tendo por base o aprendizado e a adaptação, em lugar da previsão que levem a um posicionamento mais eficaz.

4; 9; 12.

Barney (1986) O planejamento formal não é capaz de gerar vantagens competitivas sustentáveis. A alta gerência deve gerir as oportunidades e ameaças, explorando os recursos com base em seu valor, raridade, vulnerabilidade à cópia e superação A vantagem reside potencialmente em alguns recursos disponíveis, cabendo à alta gerência associar as oportunidades aos recursos (capital humano, físico e organizacional.

14.

Ansoff & McDonnel (1990)

A formalização de estratégias direciona a priorização e a escolha de projetos estratégicos e pode melhorar a performance das empresas. As dificuldades enfrentadas decorrem dos aspectos políticos, da falta de capacitação e de sistemas motivacionais, da dicotomia entre o status quo e as inovações; da falta de informações e de capacidade gerencial.

2; 4; 6; 14; 15.

Stalk et al. (1992)

A capacitação representa a habilidade de combinar escala e flexibilidade a partir dos processos e práticas compartilhados, tendo como base a velocidade, a agilidade, a consistência, a antecipação, a adaptação e a inovação. O foco no cliente e nas suas necessidades. Deve ser desenvolvida uma cultura de aprendizado contínuo, compartilhamento dos recursos e dificultada a imitação com a complexidade da estrutura.

10; 12; 14; 16.

Kaplan & Norton (1992)

Apresentam um conjunto de medidas abrangente do negócio - denominado BSC - que incorpora métricas financeiras para avaliação das ações passadas e medidas voltadas à performance financeira futura, com base na satisfação dos clientes, nos processos internos e nas atividades de inovação e melhoria das organizações.

9; 10; 11; 12; 13; 15

Nogueira e Amaral (1992)

Encontraram correlações significativas entre a medida de planejamento e os indicadores de desempenho das organizações.

5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16.

Mintzberg (1993)

A rigidez na formalização do planejamento estratégico pode impedir a eficácia da resposta às mudanças, a geração de idéias, inovação, intuição e criatividade. A estratégia deve se basear na síntese do aprendizado e da experiência existentes

3; 9; 12.

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44

nas diversas fontes da empresa. Os planejadores devem: se dedicar às análises formais e impulsionar o pensamento estratégico; oferecer estímulos e assegurar o compartilhamento do direcionamento.

Doyle (1994) Deve haver equilíbrio entre os interesses de todos os stakeholders, na definição dos objetivos estratégicos da empresa, evitando-se o desequilíbrio, o conflito e a perda de desempenho de longo prazo para todos os interessados. A existência de um espectro entre satisfação e maximização dos interesses permite buscar atender a todos os grupos de interesse.

2.

Kaplan & Norton (1996)

Apresentam, com base no BSC, um sistema de gestão estratégica, que permite associar a estratégia de longo prazo às ações de curto prazo, a partir: da transformação da visão em objetivos e medidas; da ampla comunicação da estratégia e associação aos objetivos dos diversos atores; da integração entre o plano de negócio e o plano financeiro; do estabelecimento de prioridades e alocação dos recursos; do aprendizado decorrente da comparação da estratégia com os resultados, sob as diferentes perspectivas; do ajuste da estratégia e do feedback.

1; 2; 4; 6; 8; 9; 10; 11; 12; 13.

Blaxhill & Hout (1998)

Buscam identificar a melhor maneira para tomar decisões. Propõem questões voltadas ao aumento da velocidade na capacitação, ao impacto da estrutura na velocidade de resposta da empresa, ao modelo formal de planejamento e gestão dos competidores. As organizações devem se tornar capazes de responder rapidamente ao servir seus consumidores e antecipar-se aos seus concorrentes para crescerem de modo lucrativo, o que implica maior aproximação da empresas com os consumidores e dos gerentes com seus subordinados.

4; 9.

Andrews (2001)

A estratégia é um processo organizacional que considera a estrutura, o comportamento e a cultura organizacional e seus relacionamentos, sendo constituída pelas fases de formulação e implementação promovidas a partir da análise do ambiente externo e interno, da assunção de risco, dimensionamento de recursos, identificação de valores pessoais e aspirações e responsabilidade social.

1; 3; 5; 9; 14; 15; 16.

Quinn (2001) Define os termos políticas, objetivos, metas, estratégia e programas e arrola os fatores críticos de sucesso para a fixação de uma estratégia eficaz. As estratégias bem-sucedidas contêm três elementos essenciais: as políticas mais importantes orientando ou limitando as ações; as metas ou objetivos mais importantes a serem atingidos; os principais programas que devem atingir as metas definidas dentro dos limites estabelecidos.

1; 3; 4; 6; 7; 8.

Rumelt (2001)

O sucesso da estratégia impõe o estudo dos fatores e tendências de longo prazo. Propõe crivos para avaliar o alinhamento entre a estratégia e os seus fins, através da consistência entre políticas e objetivos; consonância entre estratégia e o ambiente externo; formação e manutenção de vantagens competitivas e exeqüibilidade diante das alternativas.

1; 3; 5; 9.

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45

3 DIRECIONAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS

3.1 INTRODUÇÃO

A análise do direcionamento dos Recursos Humanos implica a apuração de um

conjunto de elementos que apontam para o ajustamento da gestão de tais recursos ao processo

de Gestão Organizacional de modo integrado.

Ao ser pesquisada a literatura foi dada maior atenção aos aspectos tidos pelos autores

como os mais relevantes a esse direcionamento, que implica o alinhamento com o processo de

planejamento e controle e com o direcionamento para o futuro, notadamente quanto: às

posturas e estruturas organizacionais apropriadas à inovação; à qualificação, desenvolvimento

e participação dos empregados das áreas de RH na estruturação dos recursos e no apoio às

estratégias organizacionais; remuneração, estímulos e recompensas; à tolerância aos erros,

autonomia, iniciativa, comunicação e liderança.

Cumpre ressaltar a relevância da possível existência de relação entre o

Direcionamento dos Recursos Humanos e a Gestão do Conhecimento, haja vista que muitos

autores dedicados à GC dirigem sua atenção ao fator humano, expresso pelo chamado capital

intelectual (Edvinsson, 1997; Nonaka e Takeuchi, 1997; Stewart, 1998; Wiseman, 1998;

Cavalcanti & Gomes, 2000, 2001; CHOI e LEE, 2003; Lee et al., 2005). O pensamento destes

autores é apresentado no Capítulo 5.

3.2 DIRECIONAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS

Kanter (1983) estuda um conjunto de empresas consideradas inovadoras e questiona a

sua postura tímida, em face às mudanças.

Arrola um conjunto de condutas e estruturas organizacionais favoráveis ao surgimento

de inovações, tais como: dispor de sistemas, normas, cultura e recompensas que incentivem as

pessoas a serem empreendedoras, a solucionarem problemas, enxergarem e aproveitarem

oportunidades; contar com uma estrutura formada por pequenas equipes de trabalho

autônomas e completas; possuir uma cultura de orgulho, ao invés de uma cultura de

mediocridade ou inferioridade.

Miles e Snow (1984), ressaltam a importância da gestão de recursos humanos alinhada

à gestão estratégica, aspecto que ganha destaque a partir do crescimento e do aumento da

complexidade das organizações. Destacam a relevância da seleção de empregados, quanto à

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sua qualificação, escolaridade e necessidades de desenvolvimento, de maneira que as

empresas atinjam seus objetivos de negócios.

Identificam a dificuldade dos órgãos de recursos humanos em agir estrategicamente,

em razão de geralmente não participarem do processo de planejamento, o que pode levar à

impossibilidade de aporte dos recursos necessários e adequados à execução da estratégia

escolhida pelas empresas, tornando-se necessário o compromisso da alta gerência.

A intuição dos gerentes e o auxílio de consultores externos são os meios mais usados

para as decisões sobre pessoal, em detrimento da área de recursos humanos que poderia ser

útil ao apoiar as estratégias organizacionais nos problemas de estruturação de pessoal,

desenho organizacional e de processos.

Miles e Snow (1984) relacionam as estratégias de negócio aos sistemas de gestão de

recursos humanos e classificam as organizações em quatro tipos, a partir de seu papel

estratégico e das suas características de suporte organizacional (reatoras, defensoras,

prospectadoras e analisadoras).

As empresas reatoras são caracterizadas pela oferta de um produto único. Não têm

prioridade o menor custo ou a diferenciação de produtos e serviços, tampouco há uma

estratégia formal de recursos humanos.

As defensoras são caracterizadas por uma estrutura organizacional funcional e uma

estratégia competitiva baseada em liderança por custo, com a padronização da linha de

produtos. Nessas empresas há um departamento de recursos humanos, delineado

internamente, cujas principais responsabilidades são a admissão, o treinamento e a

manutenção de pessoal.

As empresas prospectadoras são caracterizadas por uma estrutura divisional, em que a

diversificação de sua linha de produtos e a diferenciação formam a base de sua estratégia de

negócios. As estratégias de recursos humanos são orientadas para a captação de recursos

humanos por intermédio do desenvolvimento de políticas específicas e consultoria externa.

As analisadoras completam o conjunto. São inovadoras e adotam o enfoque como

estratégia, na escolha de nichos bem definidos. A estratégia de recursos humanos é

caracterizada por um meticuloso planejamento e alocação, conforme as necessidades da

estratégia de negócio.

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Kanter (1989) recomenda às organizações que: reduzam a burocracia; assumam uma

postura empreendedora; eliminem camadas hierárquicas e agilizem o processo de criação de

novos negócios; aproximem-se dos clientes, empregados e fornecedores e definam novas

políticas de recompensa.

A autora sugere que nas empresas que visam prosperar, os gerentes:

• Pensem estrategicamente e invistam no futuro, obtendo bons resultados no

presente.

• Empreendam e assumam riscos, mas garantam que as falhas não custem nada ao

negócio.

• Façam tudo cada vez melhor, e despendam mais tempo em comunicação com os

empregados.

• Conheçam profundamente o seu negócio, e deleguem mais.

• Sejam obsessivos em relação às visões e sua condução, porém, mantenham-se

flexíveis em responder e mudar de direção prontamente.

• Liderem e definam o direcionamento, sendo, no entanto, participativos, ouvindo

adequadamente e cooperando.

• Dediquem-se inteiramente a empreender, mantendo-se saudáveis.

• Obtenham crescente sucesso, cuidando da família da melhor maneira.

Peters (1989) declara que não basta ser excelente. As empresas realmente excelentes

são as que conseguem evoluir rapidamente. Arrola cinco aspectos que considera serem

essenciais a um desempenho proativo:

• Obsessão pela atenção aos clientes, com flexibilidade e sensibilidade.

• Inovação constante e acelerada em todas as áreas da empresa, com estímulo às

novas iniciativas, e tolerância aos fracassos bem-intencionados e com os

inovadores persistentes.

• Participação com alto envolvimento e compartilhamento de informações por todos

na organização e divisão dos ganhos.

• Hierarquia mínima e maiores recompensas, com base na qualidade e atenção ao

cliente.

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• Liderança voltada a mudanças, capaz de disseminar e compartilhar uma visão

inspiradora; controle através de sistemas simples, que meçam o que é realmente

importante.

• A capacidade de encontrar novas soluções que permitam otimizar o emprego de

recursos escassos amplia as chances de sucesso, diante do agravamento da

competição que apresenta um escopo internacional sem precedentes.

Assim, as empresas devem prestar atenção no seu negócio atual, e nos demais aspectos

em mudança que exigem maior rapidez nas ações e capacidade de manobras criativas com

maior flexibilidade.

Davenport (1993), ao abordar os processos de mudança e de inovação nas

organizações, atribui prioridade aos aspectos organizacionais e aos recursos humanos em

relação aos tecnológicos e considera que para a inovação ser possível, deve haver alinhamento

e equilíbrio entre os elementos facilitadores e os demais aspectos-chave da empresa.

Os elementos facilitadores são classificados em dois tipos: os estruturais são

representados principalmente pela existência de equipes multifuncionais autônomas,

possuidoras de diferentes habilidades e capacitações em uma única unidade de trabalho. Os

culturais são associados a uma cultura participativa, em que é estimulada a delegação de

poderes, a participação nas decisões e a redução da hierarquia na comunicação, tornando-a

mais aberta.

O autor entende que uma cultura de maior controle se justifica principalmente em

ambientes de baixo comprometimento, margens de lucro apertadas e necessidade de

consistência e qualidade superiores aos demais aspectos.

Em termos dos recursos humanos, os principais facilitadores estão associados à

maneira individual de motivar, treinar, avaliar e compensar os trabalhadores.

A inovação exige novas habilidades e conseqüentemente uma variedade de programas

de treinamento devem ser realizados. Apesar da possibilidade de contratação de empregados

preparados, esta pode afetar a lealdade e o moral dos funcionários. A melhor opção é, desde o

início, contratar pessoas flexíveis e investir para ampliar e tornar a capacidade e as

habilidades adaptáveis aos novos processos.

A motivação é um aspecto essencial para o desempenho, e depende principalmente da:

possibilidade do desenvolvimento de múltiplas habilidades pelo funcionário; sua identificação

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com as tarefas; mensuração, com o objetivo de fornecimento de feedback. Políticas de

compensação do desempenho atreladas a uma orientação de mensuração também contribuem

para o aumento da motivação e da performance.

A motivação, segundo Davenport (1994), é resultado de cinco aspectos-chave do

trabalho: a variedade de conhecimentos necessária para completar o trabalho; o grau em que

um trabalho envolve a conclusão de toda uma atividade; a percepção da importância e o

impacto do trabalho; a liberdade e o discernimento com que o trabalho é realizado; a

importância do feedback.

Kotter (1995) ao apresentar sua concepção acerca da diferença existente entre gestão e

liderança, sustenta que muitas das empresas que alcançaram sucesso duradouro em épocas de

maior estabilidade do ambiente, se caracterizaram pela orientação dirigida à gestão, deixando

de lado a formação de uma cultura voltada à formação de liderança.

Nas ocasiões marcadas pela previsibilidade, pela ordem e pela garantia do potencial

das organizações para gerar resultados de curto prazo, eventuais mudanças têm caráter

evolucionário. Os bons resultados são atingidos por intermédio da condução de processos que

mantêm em operação os sistemas organizacionais. A gestão é calcada nas atividades de

planejamento, orçamento, organização, controle e resolução de problemas e políticas de

pessoal.

As mudanças ocorridas nas relações de consumo e a disputa entre países e

organizações que o mundo presenciou sem preparo prévio, alteraram a conduta e as formas e

competir. Este quadro exige das organizações uma postura, baseada na busca permanente da

mudança, visando à adaptação e à manutenção de suas posições competitivas, estando sujeitas

a maior complexidade, desafios, ameaças e oportunidades.

Embora a gestão seja essencial às organizações, o processo de mudança sofre grande

influência da liderança, responsável pelo direcionamento a ser assumido com vistas ao longo

prazo.

As organizações passam a ser compelidas a desenvolver uma visão de futuro e

estabelecer estratégias que, por intermédio da liderança exercida, comuniquem os objetivos,

alinhem os empregados e influenciem a criação de equipes e coalizões, inspiradas e motivadas

para superar obstáculos de diferentes naturezas, tornando-se responsáveis pela criação ou

adaptação dos processos à nova realidade.

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Diferentemente da gestão coatora, o sacrifício, a dedicação e a criatividade tomam

lugar provocados por estímulos que levam superar as resistências à mudança, a partir do

exercício da liderança (KOTTER, 1995).

Herzberg (1987) desenvolve a teoria higiene-motivacional, a partir de pesquisas em

que foram estudadas características organizacionais em diferentes países.

Estabelece distinções entre os fatores envolvidos na produção da satisfação e na

motivação para o trabalho e aqueles que levam à insatisfação. Considera que a satisfação no

trabalho não é oposta à insatisfação, mas à ausência de satisfação. Da mesma maneira, em

relação à insatisfação no trabalho, o seu oposto é a ausência de satisfação e não a satisfação.

Os fatores que evitam a insatisfação, considerados como fatores de higiene extrínsecos

ao trabalho, referem-se ao impulso de evitar a dor causada pelo ambiente e são representados:

pela política e administração da empresa, pela supervisão, pelos relacionamentos

interpessoais, status, condições de trabalho, salário e segurança.

Os fatores de crescimento psicológico ou motivadores, intrínsecos ao trabalho, são: o

trabalho em si, a execução, o reconhecimento pela execução, a responsabilidade e o

crescimento ou progresso.

Herzberg (1987) indica os princípios que reforçam ou aumentam os fatores

motivacionais: A retirada de alguns controles, sendo mantida a responsabilidade; o aumento

da responsabilidade dos indivíduos pelo seu próprio trabalho; a atribuição de uma unidade

natural completa de trabalho; o aumento da autoridade do funcionário em sua atividade,

liberdade no cargo; acesso direto dos empregados aos relatórios periódicos; a introdução de

tarefas novas e mais difíceis; a atribuição de tarefas específicas ou especializadas, que

permitam os funcionários se especializarem.

Kanter (1997) aborda a mudança do trabalho manual, para o trabalho autônomo e

destaca o aumento do compromisso do trabalhador. Ressalta que as mudanças no ambiente

estão eliminando os meios para gerar esse compromisso e sugere a oferta de estímulos para a

motivação, como:

• A declaração da missão, para auxiliar a formação da crença no próprio trabalho e

inspirar os empregados.

• O controle da agenda voltado aos resultados com maior autonomia sobre as

atividades, em lugar dos procedimentos.

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• O aprendizado, com a criação de oportunidades para adquirir novas habilidades ou

aplicá-las em novas áreas.

• A reputação, por meio do reconhecimento público ostensivo.

• O crédito e a oferta de prêmios aos profissionais que se destacam, ampliando e

reforçando a reputação dos gerentes.

• O compartilhamento da criação de valor, a partir de incentivos, como a

participação nos lucros.

Drucker (1999), atento à importância do ser humano nas relações organizacionais,

sugere que os profissionais tenham um perfil apropriado para oferecer as contribuições

adequadas à organização a que pertença, e passem por um processo de aprendizado e

desenvolvimento.

A avaliação do perfil desejado deve considerar: os pontos fortes e fracos; a

personalidade e forma de agir; os valores; a principal forma de contribuição; a habilidade de

inter-relacionamento.

Os valores dos funcionários devem ser levados em conta, uma vez que a

incompatibilidade entre os valores individuais e os da empresa implica a condenação à

frustração e ao baixo desempenho. Embora não venham a ser idênticos, os valores de ambas

as partes devem estar próximos para coexistirem.

Drucker (1999) sugere a reflexão acerca de três aspectos quanto à contribuição dos

empregados: o que a situação requer; de que modo se pode maximizar a contribuição em

relação ao que precisa ser feito; que resultados devem ser alcançados para fazer a diferença.

Kaplan e Norton (2001) ressaltam que os líderes devem ser capazes de motivar a

mudança por intermédio da inspiração quanto ao futuro. A remuneração deve estar alinhada à

consecução dos objetivos estratégicos.

Maletz e Nohria (2001) situam as organizações no chamado whitespace, isto é, o

ambiente que contém todas as oportunidades que ficam fora do escopo do planejamento

formal. Enfatizam que a capacidade em recrutar, desenvolver e reter gerentes aptos a se

desenvolverem nesse ambiente é provavelmente o modo mais importante para a gerência

sênior desenvolver a capacidade de gerar resultados, contando com pessoas naturalmente

empreendedoras que valorizam uma cultura empresarial que suporta a inovação e a

colaboração.

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O quadro 3.1 a seguir apresenta o resumo conceitual extraído do referencial teórico

sobre o macroconstruto Direcionamento de Recursos Humanos e associa as contribuições de

cada autor às questões que compõem o instrumento de medida referente a este

macroconstruto, sendo destacados em negrito aqueles que deram origem diretamente aos itens

assinalados..

Quadro 3.1 – Resumo conceitual do referencial para o Direcionamento dos Recursos Humanos. AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES

Kanter (1983)

As posturas e estruturas organizacionais apropriadas à inovação, ente outras, são: sistemas; normas; cultura e recompensas, para incentivar o empreendedorismo; solução de problemas; percepção e aproveitamento de oportunidades. Pequenas equipes autônomas e completas.

1; 4; 5; 6; 8.

Miles & Snow (1984)

São aspectos relevantes às organizações em crescimento: o alinhamento da gestão de recursos humanos com a estratégia da empresa; a seleção de empregados com base na qualificação e nas necessidades de desenvolvimento; o compromisso da alta gerência; a maior participação das áreas de RH na estruturação desses recursos, no desenho organizacional e dos processos, e no apoio às estratégias empresariais. Categorizam as empresas, segundo o papel estratégico e as características de suporte em reatoras, defensoras, prospectadoras e analisadoras.

3; 4.

Kanter (1989)

Para as empresas que visam prosperar, é importante: a redução da burocracia, assunção de postura empreendedora, eliminação de camadas hierárquicas, agilização na criação de negócios; a aproximação com clientes, empregados e fornecedores; a adoção de novas políticas de recompensa. Recomenda aos gerentes: pensar estrategicamente e investir no futuro, com bons resultados presentes; empreender e assumir riscos, sem que as falhas custem algo ao negócio; aperfeiçoamento constante e maior investimento de tempo na comunicação com os empregados; conhecimento profundo do negócio, maior delegação, obsessão em relação às visões e sua condução, porém com flexibilidade de resposta e pronto redirecionamento; liderança e direcionamento participativos; audição, cooperação e dedicação a empreender, mantendo-se saudáveis; crescente sucesso, com equilíbrio na vida pessoal.

1; 4; 8.

Peters (1989)

Ressalta cinco diretrizes essenciais para a prosperidade no ambiente atual: atenção pelos clientes, estímulo à inovação e tolerância ao erro, ampla participação e envolvimento, liderança visionária e inspiradora; controle através da medição do que é importante e compartilhamento de informações. São fatores que favorecem essa postura: direção, remuneração, integração, cultura e postura gerencial. Os funcionários devem ser pagos para agir rapidamente e constantemente aperfeiçoar tudo o que é feito.

1; 2; 5; 6; 7; 9; 10; 12.

Davenport (1993 e 1994)

São fatores organizacionais e de recursos humanos que favorecem a inovação: equipes multifuncionais autônomas,

1; 4; 9; 10; 11.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES cultura participativa e delegação de poder, treinamento constante, e iniciativa através de motivação, remuneração e avaliação. Destaca os habilitadores organizacionais e de recursos humanos, como: trabalho em equipes multifuncionais, cultura participativa, treinamento constante, e motivação, remuneração e avaliação que incentivem e recompensem uma postura individual ativa nos processos de mudança.

Kotter (1995)

Estabelece diferenças entre gestão e liderança. Esta última tem papel de destaque no processo de mudança das empresas, ao definir a visão e a estratégia; alinhar pessoas; comunicar objetivos; influenciar equipes; inspirar e motivar os indivíduos.

1; 2.

Herzberg (1997)

Os fatores de crescimento ou motivadores, intrínsecos ao trabalho são: o trabalho em si, a execução do trabalho, o reconhecimento pelas realizações, responsabilidade e crescimento ou progresso.

1; 5; 9.

Kanter (1997)

Mudança do trabalho supervisionado para o autônomo. Aumento do comprometimento dos empregados. A motivação deve ser provocada pelos gerentes, por intermédio da: missão; controle dos compromissos pelos funcionários; ênfase nos resultados; aprendizado, reputação; reconhecimento e compartilhamento da criação de valor; incentivos como a participação nos lucros e nas ações baseadas na cooperação.

1; 3; 4; 5; 6; 8.

Drucker (1999)

Os profissionais devem ter um perfil adequado, sujeitos a processos de aprendizado e desenvolvimento, dotados de valores compatíveis com os da organização. Deve haver reflexão acerca da contribuição a ser oferecida. Cada profissional deve ser responsável por seu próprio desenvolvimento.

8.

Kaplan e Norton (2001)

Os líderes devem ser capazes de motivar a mudança por meio da inspiração quanto ao futuro. A remuneração deve estar alinhada à consecução dos objetivos estratégicos.

2.

Maletz e Nohria (2001)

A capacidade de recrutar, desenvolver e reter gerentes capazes de se desenvolverem no whitespace é provavelmente o modo mais importante pelo qual a gerência sênior pode gerar resultados nesse novo ambiente de negócios, contando com pessoas naturalmente empreendedoras que valorizam uma cultura empresarial que suporta a inovação e colaboração.

3.

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4 DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO

4.1 INTRODUÇÃO

A preocupação com o futuro é evidenciada na vida das pessoas e das empresas, na

busca da redução das incertezas e da ansiedade que acomete os indivíduos ao desempenharem

seus diferentes papeis no dia-a-dia. Não obstante, uns e outros emprestam à questão do futuro

características divinatórias e não dirigem seus esforços e atenção a esse futuro, seja para se

prepararem para ele, ou para construí-lo, ainda que sujeitos a surpresas, que poderiam de

outro modo, ter seus efeitos atenuados.

É freqüente atribuir-se às preocupações do dia-a-dia e ao volume de trabalho que

consome todo o tempo dos executivos a responsabilidade pela falta de atenção orientada ao

futuro. Todavia, o entendimento da maioria dos autores aponta para o fato de tratar-se, na

verdade, de falta de capacidade e habilidades para lidar com os processos de planejamento e

controle e de gestão de recursos humanos, conforme será exposto adiante.

Este capítulo explora os aspectos pertinentes ao direcionamento para o futuro, de

maneira a permitir sua melhor compreensão em termos da Gestão Organizacional.

O entendimento de diferentes autores expresso neste capítulo, parece apontar para a

existência de relação entre o Direcionamento para o Futuro e a Gestão do Conhecimento, uma

vez que muitos estudiosos dedicados ao Direcionamento para o Futuro exploram aspectos

fundamentais à GC uma vez que dão grande atenção à prospectiva e à preparação das

organizações para futuro, em termos da inovação, da busca por novos mercados e clientes, do

emprego de TI, da transmissão, compartilhamento, armazenamento, resgate, reuso e

internalização do conhecimento com vistas ao longo prazo, o que é também apontado por

diferentes autores dedicados à GC (STATA, 1989; ANDERSON et al., 1994; STEIN ,

ZWASS, 1995; GRANT, 1996a; PEFFERS , SANTOS, 1996; SPENDER, 1996a;

STEWART, 1998; TEECE, 1998; WISEMAN, 1998; HENDRIKS , VRIENS, 1999; ZACK,

1999; SCHWARTZ , TE'ENI, 2000; MASSEY et al., 2001; HOLSAPPLE , JOSHI, 2002),

como será visto no Capítulo 5.

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4.2 DIRECIONAMENTO PARA O FUTURO

A definição do negócio da empresa é o ponto de partida para o planejamento

estratégico de uma organização que descreverá sua trajetória em direção ao futuro para o qual

deverá ser orientada, e em função do que as demais decisões estratégicas serão tomadas a fim

de ser aumentada a sua longevidade.

Abell e Hammond (1979), e posteriormente Abell (1980), estudam a questão da

definição do negócio. Apontam a natureza cíclica dessa definição e apresentam os vários

conceitos e classificações usados para definir a estratégia de uma organização e delinear o

negócio em que a organização atua. Os autores indicam algumas falhas nos modelos

anteriores quanto à sua aplicação no ambiente de negócios atual, onde os limites do mercado

são dificilmente percebidos e dinamicamente alterados.

Afirmam que um negócio pode ser definido com base na demanda, em termos dos

recursos disponíveis ou das atividades executadas pela organização, ou seja, quanto aos

produtos e serviços oferecidos. No lado da oferta, o foco é orientado aos mercados atendidos.

Seguem a segunda abordagem e acrescentam aos produtos e mercados uma nova dimensão - a

tecnologia utilizada -, ao definirem o negócio de uma organização.

Sugerem que para definir o negócio sejam considerados três aspectos: a quem a

empresa pretende servir (clientes, mercado, lado da demanda); quais necessidades dos

consumidores serão satisfeitas, de modo a ser estabelecido o que fazer (funcionalidades

oferecidas aos clientes, necessidades atendidas, produtos, lado da oferta); como os

consumidores serão satisfeitos (tecnologia utilizada).

Para cada dimensão é necessário verificar qual o escopo desejável, como o mercado

deve ser segmentado e como a diferenciação para estes segmentos deve ser operacionalizada.

Consideradas essas três dimensões e suas combinações, os objetivos podem ser

determinados em relação: ao escopo (abrangência do negócio em termos de grupos de

consumidores, funcionalidades e tecnologias); à segmentação; e à diferenciação (como o

negócio participa em cada uma das dimensões), de modo a ser oferecida maior satisfação aos

clientes.

Quanto à determinação do escopo, os autores recomendam que sejam considerados em

relação a cada uma das três dimensões a ele associadas: os potenciais benefícios para os

clientes, resultantes da amplitude da sua definição; a identificação das potenciais eficiências

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de custo; os diferentes requisitos de marketing, manufatura, P&D, serviços e distribuição; a

capacidade de ampliação da definição da atividade, sem a perda do seu sentido ou foco.

No tocante à segmentação e à diferenciação, são considerados os custos, representados

pela customização da oferta, e os benefícios decorrentes da maior atratividade exercida pelos

produtos customizados, o que implica analisar trade-offs.

Sugerem a reflexão entre a customização e a padronização, considerando-se: o

comportamento de compra dos consumidores, em termos do valor atribuído ao preço baixo,

em comparação a outros benefícios; a existência de economias de custo através da

padronização, ou do domínio de um nicho e as implicações da especialização sobre o custo;

os impactos promovidos pela segmentação e diferenciação sobre os requisitos de marketing,

manufatura, P&D, serviço e distribuição; a capacidade de expandir para atender as

necessidades diferenciadas de um mercado segmentado.

Para Prahalad e Hamel (1990) a sustentação das vantagens competitivas requer a

tomada de decisões que conduzam ao desenvolvimento de uma competência central que

permita a rápida adaptação às constantes mudanças do ambiente circunstante às organizações,

com base no desenvolvimento de competências organizacionais essenciais para a conquista de

novos mercados.

A competência central deve ser de difícil imitação e resultar do aprendizado da

empresa, especialmente em termos da capacidade de coordenação das diferentes habilidades

de produção e integração tecnológica, de modo a entregar valor aos clientes com produtos

inovadores.

A inovação surge a partir da identificação de oportunidades para a aplicação da

competência central em novos mercados, novos produtos ou para suprir necessidades latentes.

Envolve ainda a definição de produtos centrais que podem estar contidos em diversos

produtos finais que denotam a competência principal da empresa, representam vantagem

sobre os concorrentes e reforçam a marca no decorrer do tempo.

A agilidade necessária a oferecer resposta às oportunidades emergentes requer a

reformulação da estrutura organizacional baseada em Unidades Estratégicas de Negócio -

UEN. Contudo, a independência na divisão de responsabilidades dessas unidades provoca

distorções como a falta de investimentos no desenvolvimento de competências e produtos

centrais e o isolamento de recursos e competências, que poderiam ser compartilhados.

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Deste modo, visando à construção do futuro, não deve ser deixada de lado a formação

de competências centrais em troca da eficiência operacional e dos ganhos de curto prazo.

Hamel e Prahalad (1994) introduzem o conceito intenção estratégica, que corresponde

a um sonho animador que transmite uma noção de direção, descoberta e destino aos

empregados em relação ao longo prazo, que cria um desajuste entre os recursos e as

aspirações.

Destacam que muitas empresas têm dificuldade em acompanhar o ritmo das

mudanças, em razão de um comportamento caracterizado pela extrapolação linear do passado,

através de iniciativas de reestruturação e reengenharia, como: downsizing, redução de

overhead, empowerment dos empregados, redesenho de processos e racionalização de

portfólio. Embora sejam relevantes, não são atividades voltadas à construção das indústrias do

futuro, mas de apoio ao negócio.

Os autores observam que a postura gerencial e não de liderança, e o pouco tempo

dedicado à observação do ambiente externo, com vistas a entender como será o futuro e à

preparação para a construção de uma perspectiva de futuro compartilhada com seus pares, têm

caracterizado os executivos.

De maneira a modificar o quadro existente, propõem um conjunto de questões a serem

respondidas pelos executivos, com o propósito de identificar o grau de preparo das

organizações para construírem o futuro e liderarem, em lugar de se verem forçadas a seguir os

competidores. Tais questões:

• Instigam os executivos a refletirem sobre o seu futuro, em comparação ao dos

competidores e afirmarem se esse futuro é convencional e reativo ou é distintivo e

de longo prazo.

• Levam a que sejam indicadas as questões do negócio que mais absorvem a

atenção dos executivos: a reengenharia e os processos centrais ou a geração de

novas estratégias centrais.

• Provocam uma avaliação da maneira com que os competidores vêem a sua

empresa: criadora ou seguidora de regras.

• Levam à realização de um inventário quanto à força dominante da empresa: a

eficiência operacional ou a inovação e o crescimento.

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• Estimulam a revisão do foco da empresa para os esforços de construção de

vantagens, em termos de conseguir a equiparação aos competidores ou superá-los.

• Conduzem a uma avaliação sobre quem comanda as transformações da empresa:

os competidores ou a visão de futuro dos próprios executivos.

• Provocam a auto-análise acerca da utilização da maior parte do tempo dos

executivos, quanto a ser empregado como faz um engenheiro de manutenção, ou

um arquiteto a projetar o futuro.

D’Aveni (1995) propõe que as empresas criem um futuro capaz de eliminar as

vantagens dos competidores.

Porter (1996) recomenda o ajuste entre vantagem competitiva e a sua sustentação, com

a formação de barreiras consistentes entre cada atividade e a estratégia empresarial, através:

de um processo de alinhamento; do reforço de atividades, inclusive por intermédio de

parcerias; da otimização dos esforços, por exemplo, através do aumento do giro de estoques.

A despeito dos aspectos destacados, o valor individual das atividades não pode ser

considerado isoladamente, sob pena de promover o surgimento da subotimização.

A redescoberta da estratégia, na visão do autor advém: da superação da repetição das

falhas em promover escolhas; da queda nas “armadilhas do crescimento”, caracterizadas pela

desorientação, que corroem as vantagens competitivas; do crescimento não sustentado, ao ser

tomado de modo obsessivo, em detrimento de outros aspectos que lhe dêem suporte.

O autor por fim destaca a importância do exercício da liderança, pela necessidade de

um “timoneiro” na condução e no ritmo do negócio, capaz de promover as adaptações

necessárias às imposições do ambiente, antevendo a “mudança dos ventos”.

Em pesquisa realizada junto a 25 empresas, Nogueira & Moreira (1997), movidos

pelas questões relacionadas ao futuro das empresas, destacam que quanto ao contexto de

negócios, os executivos esperam mudanças radicais, porém não acreditam na visão de futuro

da empresa e dedicam pouco de seu tempo a questões estratégicas. O grau de direcionamento

para o futuro é influenciado pelo alinhamento de recursos humanos seguido do alinhamento

de tecnologia da informação.

Nogueira e Moreira (1997) concluem que para a empresa construir seu futuro de

maneira proativa, deve contar com indivíduos caracterizados por um perfil empreendedor,

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dotados de autonomia para decidirem, aperfeiçoados, avaliados e remunerados

adequadamente e de modo coerente.

Quanto à existência de um processo formal de planejamento empresarial, esta não

exerce influência relevante sobre as questões-chave para a construção do futuro da empresa.

Em geral, as empresas que revelam maior grau de direcionamento para o futuro, ou

seja, aquelas caracterizadas por atribuírem maior importância a uma visão de longo prazo que

leve à construção de competências que resultem na prosperidade futura, são as que obtêm um

grande volume de faturamento e possuem elevado número de empregados (NOGUEIRA ,

MOREIRA, 1997).

Nogueira (1999) considera que as idéias contidas em Hamel e Prahalad (1994),

representam um relevante instrumento para avaliação do grau de direcionamento para o futuro

das organizações, a partir do qual, acrescido por outras abordagens, promoveu a estruturação

do macroconstruto Direcionamento para o Futuro, explorado nesta pesquisa.

O autor considera que é preciso entender como as forças competitivas influenciam a

lucratividade da indústria, a exemplo do que aponta Porter (1979), mas deve também ser

identificado onde especificamente a lucratividade está localizada em uma determinada

indústria.

Gadiesh e Gilbert (1998) apresentam o conceito de profit pool, representado pelo lucro

total que pode ser obtido em todos os pontos ao longo da cadeia de valor de uma indústria.

Segundo os autores, os executivos tendem a se concentrar no crescimento de receitas e de

market share, assumindo que os lucros são conseqüentes. Sob a perspectiva proposta, passa a

haver um deslocamento da atenção, que passa a enfatizar o profit share em detrimento do

market share, o que pode determinar o abandono de antigos pressupostos, reflexões sobre

decisões do passado e iniciativas contra-intuitivas.

O mapeamento das fontes de lucro - profit pools - de uma indústria procura obter

respostas a indagações essenciais sobre o seu estado atual e evolução, em termos: das

atividades rentáveis; das causas da formação de profit pools em algumas delas; da sujeição a

mudanças; da possibilidade e identificação do surgimento de novos modelos de negócios mais

lucrativos.

Os autores consideram que os profit pools podem ser de grande valia a indústrias

submetidas a rápidas mudanças estruturais. Ressaltam que as mudanças direcionadas por

desregulamentação, novos competidores ou novas tecnologias resultam na redistribuição de

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lucros ao longo da cadeia de valor e alertam para o fato de que, embora as mudanças rápidas

ofereçam novas fontes de lucro, podem eliminar fontes tradicionais, implicar perigo para os

líderes da indústria e ameaçar o controle do profit pool alcançado.

Davis e Meyer (1998) afirmam que a conectividade, a velocidade e os intangíveis

baseados nas dimensões fundamentais do universo: tempo, espaço e massa, experimentaram

grandes modificações em anos recentes e estão tornando as regras menos claras e redefinindo

os negócios e a forma de viver.

A realização de negócios no futuro próximo, ocorrerá sob um novo paradigma: a

oferta de produtos e serviços a qualquer hora, em qualquer lugar e de forma imaterial, a partir

do que serão gerados novos negócios, fortemente baseados em Conhecimento e em

Tecnologia de Informação.

A desregulamentação de algumas indústrias, a miniaturização dos equipamentos e o

desenvolvimento de tecnologias móveis incentivaram o desenvolvimento de novas

tecnologias que tornaram acessível a conexão entre pessoas e empresas, a qualquer hora e

lugar, intensificada pela disseminação da Internet. Esse aumento em massa das conexões vai

mudar a forma de condução de todos os negócios, agravada pela interconexão dos

dispositivos eletrônicos que irá provocar um efeito dominó, modificando o comportamento da

economia.

A capacidade de aumento das velocidades altera a percepção das pessoas. A

expectativa atual é de resposta em tempo real, 24 horas por dia. Conseqüentemente, a

velocidade dos negócios aumentou súbita e vertiginosamente, reduzindo o ciclo de vida dos

produtos de anos para meses, ou até semanas.

Nesse quadro, a intangibilidade passa a ser um fator de extrema importância na

composição de valor para a Nova Economia, principalmente quanto às formas de serviço

propriamente dito ou agregado a produtos, à informação e à emoção.

A intangibilidade está, portanto, cada vez mais presente, seja na inovação de um

produto, numa marca, na confiança e no relacionamento entre as pessoas e as organizações e

provoca mudanças na maneira de ver o mundo, crescendo mais rapidamente do que os

tangíveis.

Os autores dão destaque a três parâmetros básicos que caracterizam o que chamam de

Nova Economia: the Blur of desires, na qual os produtos e serviços se fundem para formar

uma oferta e onde os papéis dos vendedores e compradores convergem em uma troca; the

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Blur of fulfillment, em que estratégias e organizações se dissolvem na economia Web e

permeiam relacionamentos; the Blur of resources, onde as pessoas não estão mais divididas

em seus momentos de trabalho e de consumo, e o capital é mais um passivo do que um ativo.

Desta forma, conceitos tradicionais devem mudar para uma forma extremamente flexível de

adaptabilidade e velocidade de ajuste às novas demandas.

Shapiro e Varian (1999) afirmam que sistemas de informação são vitais para todas as

empresas na era da tecnologia da informação. Porém, devido aos modelos de negócio

desenvolvidos em vários tipos de indústria, os componentes do produto final são fabricados

por diversos fornecedores que possuem diferentes sistemas de informação. Estes sistemas,

quando pertencem a uma mesma cadeia produtiva, devem ser compatíveis para permitirem a

exploração de suas vantagens, ou não representarão diferenciais competitivos, em face de

outras empresas que atuam no mesmo nicho de mercado.

Assim sendo, as empresas não devem apenas focar suas atividades para superar seus

competidores, mas fazer com que seus colaboradores atinjam um nível de conhecimento

tecnológico capaz de produzir sinergias que se transformem em diferenças.

Os autores destacam que deve ser considerada ainda a formação de alianças com

parceiros detentores de tecnologias compatíveis, para superar a concorrência.

Shapiro e Varian (1999) definem os conceitos de lock in e de efeito de rede. O lock in

ocorre quando há investimentos de grande porte em bens duráveis complementares

específicos para a implementação de uma tecnologia. Pode ocorrer em um nível individual,

organizacional ou até mesmo social.

A mudança de opção em relação à tecnológica escolhida, uma vez promovidos os

investimentos, pode implicar um custo de mudança excessivo, que representa o ponto de

apoio para muitas organizações firmarem suas estratégias, como forma de reter seus clientes.

Quanto ao efeito de rede, este surge quando o valor de um produto ou serviço pode ser

rateado pelos múltiplos usuários dos benefícios oferecidos, levando à redução do seu custo

individual, o que resulta na fixação de uma tecnologia como dominante.

Hagel III e Singer (1999) definem custos de interação, como o tempo e o dinheiro

gastos, sempre que pessoas e empresas trocam produtos, serviços ou idéias. Tais trocas podem

ocorrer entre empresas, dentro de empresas, ou entre empresas e clientes. A intenção será

sempre minimizar os custos de interação. Assim, a empresa tenderá a incorporar uma

atividade em sua própria organização em vez de contratar terceiros, diante de custos menores

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de interação na execução interna de uma atividade em comparação aos custos da execução

externa, e vice-versa.

Mudanças nos custos de interação podem provocar a reorganização rápida e radical de

toda uma indústria. Quanto mais interações de negócios se moverem para as redes eletrônicas

como a Internet, mais os pressupostos básicos da organização corporativa vão ser

transformados e extintos, o que leva os executivos a refletirem sobre o negócio em que

realmente estão.

Apontam três diferentes negócios que podem ser encontrados em todas as empresas:

relação com os clientes, inovação de produtos e infra-estrutura. Apesar de interligados, são

bastante distintos e requerem diferentes recursos.

Cada negócio desempenha papéis exclusivos, emprega diferentes tipos de pessoas, e

tem diferentes orientações econômicas, competitivas e até mesmo culturais.

Quando exploradas em uma única empresa, as divergências econômicas e culturais

associadas aos três negócios resultam em conflito por não poderem ser otimizados

simultaneamente, o que leva à realização de escolhas e concessões que limitam os ganhos que

derivam das otimizações locais.

Enquanto muitas empresas se esforçam para manter reunidos os seus processos

centrais, surgem competidores altamente especializados capazes de otimizar a atividade na

qual se concentram, alcançando vantagens sobre as empresas integradas. As pressões da

desregulamentação, da competição global, e dos avanços tecnológicos, têm levado várias

empresas a separar seus negócios, “desempacotando-os” e dirigindo o foco à sua competência

principal.

As empresas “desempacotadas” deverão se “re-empacotar” com suas assemelhadas,

restando num futuro próximo grandes competidores focados em infra-estrutura e

relacionamento com clientes, e diversos pequenos competidores focados na inovação de

produtos, em decorrência da exigência de velocidade que geralmente não é conseguida nas

grandes organizações.

Hax e Wilde II (1999), apresentam o modelo Delta, com o propósito de promover a

análise estratégica das empresas. Classificam as estratégias segundo três vetores: o melhor

produto, solução para os clientes e lock in sistêmico.

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No tocante ao melhor produto, a competição tem por base a economia de produtos

produzidos com baixo custo ou diferenciação de posicionamento. A conquista de clientes

resulta da superioridade do produto ou serviço, sendo importante a rápida introdução, na

perseguição da liderança no mercado e no estabelecimento de um projeto ou design

dominante.

O segundo vetor corresponde à solução para os clientes, de maneira a satisfazer a

maior parte, senão a totalidade, das necessidades dos clientes. A competição tem como base a

redução dos custos do consumidor ou o aumento da lucratividade do negócio do cliente. A

conquista dos clientes se dá pelo estreitamento do relacionamento, visando antecipar

necessidades e desenvolver conjuntamente novos produtos. Normalmente exige o

desenvolvimento de parcerias e alianças que podem incluir fornecedores, concorrentes e

clientes que possam complementar a oferta.

Finalmente quanto ao aprisionamento sistêmico, ou System Lock-In. A competição

baseia-se na economia de sistema, que é representada pelo aprisionamento interno dos clientes

e complementares ao sistema/plataforma tecnológica.

Em lugar da restrição do escopo ao produto ou aos consumidores, a empresa deve

considerar relevantes todos os competidores que contribuem para a criação de valor

econômico.

A implementação da estratégia escolhida implica a escolha de três processos com

enfoques distintos, para cada uma das seguintes dimensões destacadas a seguir, a partir da

seguinte legenda: BP - best product; CS - customer solutions ou SL - system lock-in.

Eficácia operacional – (BP) operação de baixo custo ou diferenciação; (CS) benefícios

para o cliente; ou (SL) melhor desempenho do sistema;

Foco no Consumidor – (BP) foco nos canais de distribuição; (CS) foco na ampliação

de valor da oferta ao cliente e customização; ou (SL) foco nos complementares do sistema;

Inovação – (BP) inovação dos produtos; (CS) inovação dos serviços ao consumidor;

ou (SL) inovação da arquitetura do sistema.

Kutilaka & Venkatraman (2001) consideram que diante do quadro de incerteza, as

empresas que alcançarão o sucesso se tornarão enxutas, conseguirão adaptar-se a períodos de

recessão econômica com agilidade, e serão capazes de construir e promover oportunidades de

crescimento.

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Para competir com sucesso no futuro, o foco estratégico das organizações deve ser

voltado ao gerenciamento do risco das atividades e não à sua minimização. Importa também a

construção de relacionamentos-chave com outras organizações a fim possibilitar a formação

de redes de negócio.

Para formular uma estratégia eficaz para o futuro, os autores apresentam quatro

atividades-chave que devem ser desenvolvidas em três estágios distintos.

No primeiro estágio, é avaliado o meio-ambiente a fim de serem detectadas e

avaliadas oportunidades passíveis de implementação que orientem a obtenção de um conjunto

de opções que permitam o crescimento da empresa em condições de incerteza.

No segundo estágio, as empresas devem desenvolver as opções estratégicas adquiridas

por intermédio de um sistema de reavaliação periódica. As ações são voltadas a garantir o

sucesso das opções, por meio de novos investimentos ou pela aquisição de novas opções que

complementem as anteriores. O valor de uma opção se modifica de acordo com a alteração do

grau de incerteza.

No último estágio as empresas precisam obter o retorno das opções adquiridas e

desenvolvidas. Três alternativas podem ser escolhidas: realizar o investimento necessário para

transformar uma opção em capacitação de negócio; abandonar as opções que não têm mais

capacidade de prover benefícios; introduzir opções complementares para robustecer e

aumentar o grau de certeza da estratégia da empresa, sob condições de mudanças abruptas em

que o valor dos ativos é alterado rapidamente.

Para criar e realizar o valor a partir das opções é necessário um cuidadoso e

coordenado alinhamento entre os domínios do negócio e a redefinição do papel dos principais

executivos, que desenvolvem percepções, além daquelas que tradicionalmente se referem às

suas próprias funções, tornando-se de algum modo em executivos com visão multidisciplinar.

Christensen et al. (2002), afirmam que a maioria das empresas que se julgam

inovadoras são, na realidade, adeptas de um modelo de inovação que apenas sustenta e atende

à demanda de mercados estabelecidos e consumidores já existentes. O único meio para as

organizações continuarem a crescer é oferecer inovações, enquanto seus negócios-chave

permanecem fortes.

O processo consiste primeiramente em diferenciar as inovações disruptivas das

inovações de manutenção, seguindo-se a escolha dentre duas estratégias de criação de

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inovações disruptivas: a criação de novos mercados e a adoção de um novo modelo de

negócio.

As inovações sustentadas, ou de manutenção, são produzidas através de inovações que

alimentam as novas demandas de clientes e mercados já estabelecidos.

A distinção entre as inovações sustentadas e as disruptivas é caracterizada pelo fato de

que, enquanto os líderes da indústria tendem a manter o foco em tecnologias sustentadas,

gerando melhorias incrementais de engenharia e performance em seus produtos, as empresas

que desejam criar novos negócios devem buscar tecnologias disruptivas, pois estas não

despertam interesse dos líderes de mercado e possuem em geral altas margens de lucro.

Com o objetivo de criar um novo mercado para as inovações disruptivas, os autores

recomendam a realização de três testes, visando ao sucesso das estratégias:

• A inovação é orientada a consumidores que não eram capazes de usar o

produto/serviço por falta de dinheiro, conhecimento ou habilidade?

• A inovação está orientada a consumidores que aceitam bem produtos simples?

• A inovação ajudará os consumidores a realizarem de modo mais fácil e eficaz o

que têm tentado fazer?

No caso de rompimento do modelo de negócios, o foco é dirigido aos segmentos de

mercado menos exigentes, em que os preços devem ser mais baixos. Para que a ruptura tenha

sucesso, são necessários dois outros testes:

• Os produtos líderes oferecem mais do que o nível de satisfação desejado?

• A empresa pode criar um novo modelo de negócio?

Ao ser implementada a estratégia deve ser dirigida atenção aos recursos, processos e

valores utilizados, de maneira a criar um programa para a inovação, segundo os seguintes

princípios básicos: antecipação do início da inovação; existência de um plano sólido;

capacitação do pessoal para distinguir as idéias sustentáveis e disruptivas; criação de

processos para o desenvolvimento de planos de negócios disruptivos.

Day e Shoemaker (2004) exploram o conceito da visão periférica a ser adotado pelas

organizações. As constantes mudanças no meio-ambiente ocultam oportunidades na periferia

do alcance do foco estratégico das empresas, que podem representar áreas de ataques ou

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fontes de erros estratégicos. A atenção à periferia pode permitir a solução de pequenos

problemas que podem se agravar.

Com o objetivo de encontrar o equilíbrio entre o foco nas atividades-chaves e a visão

periférica de potenciais oportunidades, alguns desafios devem ser vencidos pelas empresas.

Mas a limitação de recursos torna difícil a escolha entre a especialização e a realização de

esforços para aumentar o escopo da visão periférica.

Um dos desafios é dispor de capacidade para identificar na periferia o que é realmente

importante, evitando-se o excesso de informações e a má utilização dos recursos.

Outro desafio decorre do fato de que as organizações restringem sua visão para

obterem uma melhor performance nas atividades mais importantes a cada momento e

enxergam somente os aspectos que possuem relação com o seu foco atual de negócios.

A visão periférica normalmente é usada para suprir a falta de informações relativas aos

pontos cegos. Porém, diante de mudanças abruptas, uma visão focada em atividades

específicas de um cenário pode multiplicar os pontos cegos e gerar graves conseqüências.

O terceiro desafio é representado pela busca de novas oportunidades de negócio de

modo mais amplo. Daí, a visão periférica assume importância vital diante das grandes

mudanças de conhecimento e de tendências emergentes.

Um conjunto de técnicas voltadas a desenvolver a visão periférica de negócios é

sugerido por Day e Shoemaker (2004):

• Expansão de foco com a promoção de extensa pesquisa de informações, com o

objetivo de detectar tendências, padrões e relacionamentos, havendo quatro meios

de detecção de oportunidades: mais e melhores experimentos; melhores análises

das informações existentes; melhor reconhecimento de padrões; técnicas de rápida

mudança de ajustes.

• Formulação de perguntas corretas. O problema da expansão de foco é reunir

informações irrelevantes. Daí a importância da formulação objetiva das perguntas

corretas, para que os resultados sejam suficientes para o foco na exploração da

periferia.

• Experimentação e imersão na periferia. As empresas devem atentar para os

detalhes da periferia, de maneira a desenvolverem experiências em coletar

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resultados e decidirem quanto à expansão de sua área de atuação em direção a

oportunidades potenciais.

• Tecnologia para ganhar agilidade. As empresas devem utilizar todas as

tecnologias existentes para aumentar a velocidade de suas atividades e reações.

Os autores apresentam um modelo de cinco estágios, baseado no aprendizado

organizacional que ocorre com o desenvolvimento de insights coletivos dentro da

organização:

• A definição do escopo determina a abrangência do campo de visão, limitado

apenas às partes relevantes do ambiente, sendo necessária uma avaliação prévia

do ambiente, para determinar as fontes de oportunidades e ameaças, considerada a

estratégia da empresa, que deveria ser motivada pela extensão ou pela

alavancagem das capacitações atuais para mercados adjacentes.

• A busca pode ser focada na extração que é direcionada em um domínio familiar,

com maior intensidade e menor abrangência, ou na exploração, que vai além, em

direção à periferia e é direcionada pela curiosidade típica das organizações

aprendizes. O processo de busca pode ser auxiliado por mecanismos formais,

como: participação em organizações profissionais, palestras, conferências

acadêmicas ou da indústria, assinaturas de publicações e serviços de informações

e alianças e parcerias estratégicas.

• A interpretação requer canais para compartilhar e interpretar a informação obtida

na busca, internamente e com parceiros externos, evitando-se obstáculos

organizacionais e de comportamento, como excesso de confiança e pensamento

grupal. É essencial o diálogo espontâneo, através de uma cultura de respeito,

confiança, curiosidade, e principalmente tolerância a situações de ambigüidade,

contornadas com a formulação de múltiplas hipóteses sobre o ambiente.

• A ação requer cuidado com as atitudes relativas às informações obtidas, de modo

a serem evitados erros decorrentes de conclusões precipitadas. Ocorre de forma

progressiva, até atingir o nível adequado de abrangência e resolução, sem que se

espere demais por uma imagem clara e de grande apelo para decidir.

• O aprendizado e o ajuste ocorrem após a ação e o início da obtenção de feedback.

A interação entre as ações, percepções e reações da organização permitirão

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aprofundar o entendimento sobre o ambiente. O aprendizado requer pensamento

lateral e perguntas que visam desconfirmar crenças, com base em intuição e

análise de dados sob diversas perspectivas para melhor entender o ambiente e

ajustar o campo de visão para as áreas mais relevantes à organização.

Pralahad (2004) considera necessário rever a lógica de funcionamento das

organizações, pois a vigente pode levar à internalização do foco gerencial, deixando de lado a

visão periférica, que revela novas oportunidades de negócio. Sugere a inclusão dos conceitos

de criação de valor.

Segundo o autor, a criação de valor passa a ser baseada em experiência. Gerado em

um ponto de troca entre as empresas e o cliente, ou seja, o cliente é co-autor da criação de

valor que tem nos produtos e serviços apenas o canal de comunicação. O consumidor passa a

tomar as principais decisões e a considerar os trade-offs associados, em lugar de ser

persuadido a meramente comprar ou não um produto ou serviço. Nesse contexto, tecnologias,

produtos e processos são importantes, como transportadores da experiência, mas não se

constituem em metas principais da inovação.

O novo paradigma provoca uma mudança na ótica tradicional da cadeia de valor, antes

baseada na transformação de insumos em produtos distribuídos por uma logística que

utilizava os canais existentes para atingir o mercado consumidor.

Surge o conceito de teia de valor, na qual os consumidores ao disporem de múltiplos

canais de acesso, escolhem a forma pela qual desejam interagir com a empresa.

Essa teia de valor traz novas demandas necessárias para a criação do valor:

• Existência de uma rede de experiência.

• Produtos e serviços inteligentes.

• Diálogo por intermédio de canais diretos de comunicação com os consumidores,

para analisar as informações produzidas pela utilização dos produtos. O

consumidor passa a ser tratado como uma fonte de competências.

• Acesso e escolha, uma vez que o consumidor, em fase de redefinição do conceito

de escolha, não se contenta em adquirir pacotes com preços altos, se a sua real

necessidade reside em apenas alguns itens. O acesso dos clientes aos produtos e a

possibilidade de escolha maximizam o valor criado.

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• Transparência, que passa a permitir a participação do cliente no processo

produtivo do produto ou serviço e possibilitará identificar os que desejam

transparência e envolvimento, provendo todas as informações para análise de

riscos relativos à decisão da aquisição de um produto ou serviço.

• Importância de comunidades de consumidores.

• Ação em tempo real.

• Habilidade em lidar com a heterogeneidade e complexidade do mercado.

• Formação de alianças entre organizações.

• Rápida reconfiguração de recursos.

Para que a alta gerência das empresas possa mudar a lógica dominante de sua cultura

corporativa é necessário o deslocamento do conceito de “melhores práticas” para o de

“próximas práticas”, uma vez que aquelas são incapazes de criar uma posição de liderança

através da criação de vantagem competitiva diferenciada. Uma estratégia efetiva não

extrapola o passado; prepara para o futuro.

Ao serem buscadas as próximas práticas, deve ser reduzido o risco no

desenvolvimento de novos produtos por meio de experimentos de baixo custo que permitam

aprender e descobrir maneiras de obter vantagem a partir de descontinuidades, promovendo a

evolução, em lugar da reação a condições impostas. Desta forma, o rápido aprendizado e a

articulação do aprendizado se tornam críticos para a nova lógica da empresa.

Uma vez que a redefinição de indústrias é dirigida principalmente pelos consumidores,

é fundamental desenvolver a capacidade de enxergar além da lógica dominante, das fronteiras

geográficas e da indústria, para a identificação de novas oportunidades de negócios ao longo

do tempo.

O quadro 4.1 apresenta o resumo conceitual a partir do referencial teórico sobre o

Macroconstruto Direcionamento para o Futuro e a influência de cada autor sobre as questões

que compõem o questionário para este Macroconstruto na presente pesquisa, sendo

destacados em negrito aqueles que deram origem diretamente aos itens assinalados..

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Quadro 4.1 – Resumo conceitual do referencial para o Direcionamento para o Futuro. AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES

Abell & Hammond (1979)

O ponto de partida do planejamento estratégico é a definição do negócio da empresa, uma decisão criativa que influencia a saúde do negócio e de onde são derivados os objetivos, composta por três dimensões a serem definidas: o grupo de consumidores servido, as necessidades atendidas por intermédio de funcionalidades, e a tecnologia que viabiliza a oferta.

9; 10; 13.

Prahalad & Hamel (1990)

A competência central deve ser desenvolvida e suportada por uma arquitetura estratégica, com base no compartilhamento de recursos e no balanceamento do trade-off entre curto e longo prazo. Segundo os autores a inovação deriva da identificação de oportunidades de aplicação da competência central em novos mercados, produtos e no atendimento de necessidades latentes.

9; 11; 12; 13.

Hamel & Prahalad (1994)

As dificuldades de lidar com o ritmo de mudanças atual vêm da pouca atenção às questões estratégicas e do foco demasiado dirigido a questões de eficiência operacional. Para liderar, as empresas devem inovar mais, e para isso os executivos devem, fazer a si mesmos uma série de perguntas com base no tempo dedicado à estratégia e promover o abandono de perspectivas pessoais e idiossincráticas.

1; 2; 3; 4; 6; 8; 12.

Nogueira & Moreira (1997)

Operacionalizaram o instrumento com base nas idéias de Prahalad & Hamel, (1990), para avaliar 25 empresas e descobriram que nessas organizações: os executivos pouco se dedicam às questões estratégicas e não confiam na visão de futuro articulada pela empresa; o direcionamento para o futuro é influenciado em primeiro lugar pelo alinhamento de R.H. e em seguida pelo alinhamento de T.I.; a existência de planejamento formal não é determinante para o Direcionamento para o Futuro que está presente em maior grau em empresas de maior porte.

9; 11; 12; 13.

Gadiesh & Gilbert (1998)

O conceito de profit pool representa o lucro total possível em uma indústria e fornece perspectiva para a definição do negócio como alternativa a receitas e market share. Essa nova perspectiva é mais adequada a um ambiente de grandes mudanças, pois estas sempre trazem a redistribuição dos lucros na indústria.

1.

Davis & Meyer (1998)

A redução de clareza nas regras que levam a redefinições nos negócios e à forma de viver, que tiveram início a partir do aumento da conectividade, da velocidade e da importância dos intangíveis alavancados pela tecnologia.

1; 8; 13.

Nogueira (1999)

Estruturou o Macroconstruto “Direcionamento para o Futuro” embasado nas questões sugeridas por Prahalad & Hamel.

1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14.

Shapiro & Varian (1999)

As empresas não são capazes de fornecer todos os componentes que fazem parte de um sistema e por isso, além de atenção aos competidores, devem focar nos colaboradores, através de alianças e parcerias. São apresentados os conceitos de lock-in decorrente de custos de

14.

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71

AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES mudança e de efeito de rede que é o aumento de valor de um produto ou serviço, proporcional à base de usuários.

Hagel III & Singer (1999)

Existem três tipos de negócio dentro de cada empresa, com dinâmicas e lógicas diferentes do ponto de vista econômico, competitivo e cultural: relacionamento com os clientes, inovação de produtos e infra-estrutura. Com a mudança drástica na dinâmica econômica, a especialização em apenas um deles traz grandes vantagens.

14.

Hax & Wilde II (1999)

O Modelo Delta oferece três opções estratégicas para as empresas lidarem com os novos desafios de complexidade, incerteza e mudança. Tais estratégias não são mutuamente excludentes e refletem as idéias apresentadas por Shapiro & Varian (1999) e Hagel III & Singer (1999). Consolidam uma forma única de competir com o melhor produto à qual são acrescidas as estratégias de soluções para os clientes e de lock-in.

13; 14.

Kutilaka & Venkatraman (2001)

Em um ambiente de grande incerteza, as empresas devem manter a capacidade de permanecerem enxutas e ao mesmo tempo construir oportunidades de crescimento. Para isso apresentam uma abordagem sistemática para gestão do risco, em detrimento de sua minimização, com base no conceito de opções.

1; 3; 4; 5; 6; 7; 14.

Christensen et al. (2002)

Apresentam um modelo que visa permitir a criação de novos mercados e modelos de negócio por meio de inovações disruptivas, que podem levar à criação de novas formas de crescimento sustentável para as empresas, enquanto o negócio central ainda está fortalecido.

1; 8; 9; 10; 13.

Day & Schoemaker (2004)

A visão periférica é importante para identificar oportunidades e ameaças, não visíveis através do foco central das empresas. Apresentam um modelo com base no conceito de aprendizado organizacional, com o objetivo de operacionalizar e agir sobre a visão periférica para a definição de estratégias mais robustas, sem o dispêndio desnecessário de recursos.

4; 5.

Prahalad (2004)

É importante combater a lógica dominante das organizações para descobrir as verdadeiras oportunidades de criação de valor. O valor não está mais inserido em produtos e serviços. É criado juntamente com o cliente, através de redes de experiências, com base em novas práticas desenvolvidas a partir da experimentação.

7; 12; 14.

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72

5 A GESTÃO DO CONHECIMENTO

5.1 INTRODUÇÃO

No início do Século XX, os sistemas de medição de desempenho foram orientados

para medir o desempenho financeiro (HAYES ET AL, 1988 E JOHNSON , KAPLAN, 1991),

dada a influência exercida: pelo crescimento do mercado de capitais, pelos organismos

reguladores, por altos executivos e pelo governo, na busca pela eficiência operacional.

A partir dos anos 70, o mercado passou a ser caracterizado por crescente instabilidade.

O perfil comprador cedeu lugar ao ofertante, acirrando a concorrência em escala global. A

revolução tecnológica e a escassez de recursos afetaram intensa e diretamente as mais

diferentes indústrias e trouxeram em seu bojo novos desafios quanto ao modo de administrar

as organizações.

Lorange e Morton (1974) defendem, então, o uso de variáveis não-monetárias,

sugerindo uma evolução em relação aos sistemas de controle de desempenho dos processos de

planejamento.

Ao final do século, outros grupos de interesse adquiriram importância, como os

clientes, fornecedores, entidades civis, organizações não governamentais - ONG, sindicatos e

as comunidades em geral, implicando a necessidade de monitoração e emprego de novas

dimensões de desempenho (BRIGNALL , BALLANTINE, 1996; ATKINSON et al.1997;

NEELY, 1998).

Os processos de avaliação de performance até então empregados passam a revelar

incongruências de diferentes naturezas e magnitudes.

A turbulência passa a caracterizar o mercado. Este entendimento é reforçado por

Richardson & Gordon (1980), pois a produtividade é uma medida da eficiência, não um

indicativo de eficácia, que pode ser mais importante para o sucesso do negócio. Skinner

(1986) destaca que a eliminação das perdas e ineficiências, tida como ponto focal da maioria

dos programas de produtividade, não é suficiente para restabelecer a saúde competitiva.

No tocante à competição, Day (1990) entende que tanto o processo deliberado pela

alta gerência, quanto o emergente devem ser explorados na elaboração da estratégia

competitiva, valendo-se as organizações dos benefícios de ambos.

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Enquanto o processo formal ou deliberado está mais sintonizado com amplas

generalizações a respeito da indústria, especialmente quanto às ações dos concorrentes, novas

tecnologias e canais de acesso ao mercado, o processo emergente é mais orientado aos

clientes, portanto mais sensível às mudanças.

No que se refere ao nível de agregação das informações, muitas das medidas adotadas

fornecem informações cuja abrangência impede o aprofundamento da análise. Como

exemplo, as medidas de produtividade agregada mensuram a eficiência do conjunto dos

fatores de produção, mas não funcionam na prática, sendo tidas como muito complexas,

equivocadas, irrelevantes e incapazes de motivar o desempenho (ARMITAGE, ATKINSON,

1990).

Gaj (1990) alerta para a possibilidade de ocorrer uma simplificação exagerada da

realidade, pela redução do processo estratégico a uma “receita de bolo”. Lembra que a

administração se insere nas ciências sociais, e como tal está sujeita à complexidade

situacional e às relações entre pessoas e grupos, elementos de destaque na gestão do

conhecimento.

Em relação ao horizonte temporal, Wisner e Fawcett (1991) destacam que a

dependência excessiva do curto prazo sob a ótica financeira pode ser refletida na adoção de

programas de redução de custos e prejudicar o aporte de recursos em áreas geradoras de

vantagem competitiva a longo prazo. Os critérios de desempenho tradicionais, sozinhos, não

são capazes de permitir um entendimento pleno da posição competitiva da empresa.

Johnson e Kaplan (1991) reforçam a existência de distorção no emprego dominante de

métricas financeiras. Afirmam que a busca de resultados financeiros a curto prazo cria uma

barreira para investimentos e programas de melhorias em áreas estrategicamente importantes,

em razão da identificação de variadas maneiras de alcançar lucros por intermédio de decisões

de investimento.

Ao explorar as medidas de performance, Kaydos (1991) destaca a importância de sua

aferição, por atender a diversas finalidades, dentre elas: comunicar a estratégia e clarear

valores; identificar problemas e oportunidades; melhorar o controle e o planejamento;

identificar quando e onde a ação é necessária; guiar e mudar comportamentos; tornar o

trabalho realizado visível; favorecer o envolvimento das pessoas; servir de base para um

sistema de remuneração e tornar mais fácil o processo de delegação de responsabilidade.

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A operacionalização das medidas de desempenho ocorre por intermédio de

indicadores que permitem quantificar o objeto de interesse, e, em conjunto, revelam

informações necessárias para gerenciar a competitividade do sistema organizacional.

Motta (1991) entende que toda a essência da visão estratégica na administração pode

ser resumida na idéia de ser construída ao nível organizacional uma postura suficientemente

forte para indicar claramente um futuro flexível o bastante para ser alterado de acordo com as

modificações ambientais.

Eccles e Pyburn (1992) e Rose (1995) ressaltam, que no tocante às medidas de

desempenho financeiras, embora importantes, revelam os resultados da ação gerencial e do

desempenho organizacional, mas não as suas causas. Tampouco auxiliam na previsão do

desempenho futuro.

A falta de relevância das informações financeiras e contábeis para o gerenciamento

diário das atividades, aliada à estrutura departamentalizada, levam à criação de sistemas de

aferição locais, muitas vezes sem o estudo prévio do impacto causado sobre outras áreas e o

negócio como um todo (BITITCI, 1994), resultando na fragmentação da visão organizacional.

O foco sobre a eficiência, tida como uma das estratégias a permitir a manutenção das

vantagens competitivas, em que o custo é o determinante de sucesso em um ambiente estável

e comprador (FLEURY, 1995), cede espaço à eficácia, em termos da capacidade de atender as

expectativas dos clientes, ao ser estabelecido o direcionamento dos planos de ação.

Kaplan e Norton (1996b) destacam o caráter genérico das medidas financeiras e a falta

de aderência aos objetivos estratégicos que provêem vantagens sustentáveis, pois a análise

financeira não consegue retratar todas as dimensões consideradas relevantes para a estratégia

da empresa, como: a satisfação do consumidor, a exposição da marca ao mercado e os

investimentos em programas da qualidade, por sua difícil quantificação monetária. O foco

nessas medidas leva também a considerar a possibilidade de ocorrência de subotimização

(Flapper et al., 1996).

Schalkwyk (1998) aponta a falta de agilidade em prover informações, como outro

aspecto atinente à avaliação da performance com base financeira e contábil, em razão da

demora na compilação e na manipulação de dados financeiros, o que torna a informação inútil

para a rápida tomada de decisão, uma vez que as informações financeiras são produzidas com

periodicidade pré-determinada.

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Mintzberg (1998) ao discutir a formalização ou emergência, preocupação também

expressa por Day (1990), no que se refere à adoção da estratégia, explora a problemática da

aprendizagem e do controle e considera que uma estratégia puramente deliberada bloqueia a

aprendizagem, que é favorecida pela forma emergente, que, no entanto, impede o controle.

Baseia seu entendimento no fato de que nenhuma organização tem conhecimento

suficiente para prever tudo o que venha a acontecer, e assim ignorar a aprendizagem ao longo

do processo. Acresce que ninguém é flexível o bastante para deixar as coisas acontecerem ao

acaso, abrindo mão de todo o controle. Portanto, não há maneira ideal de se formular

estratégia.

Assumem destaque os aspectos não financeiros, baseados na formação do

conhecimento e em sua gestão. Nesse sentido, Drucker (1999), considera que cada

profissional do conhecimento deve ser responsável por seu próprio desenvolvimento, deve

procurar atuar onde possa dar a maior contribuição, e saber como e quando mudar o trabalho

que faz. Os profissionais do conhecimento tendem a ter mobilidade, e a transcender as

organizações onde atuam.

A rigor, os modelos financeiros e contábeis não perdem importância, mas deixam de

merecer o destaque de antanho, emergindo os modelos não monetários que passam a ter como

base a Gestão do Conhecimento, cuja performance passa a ser explorada a seguir.

5.2 A PERFORMANCE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO

Este estudo toma como base o trabalho realizado por Lee et al. (2005) que propõem e

exploram uma nova métrica - o índice de desempenho da gestão do conhecimento

(Knowledge Management Performance Index - KMPI), para avaliar o desempenho das

organizações, em termos de como é promovida a Gestão do Conhecimento (GC).

Lee et al. (2005) consideram que as empresas são sempre orientadas para acumular e

aplicar conhecimento, para criar valor econômico e vantagem competitiva. Por esse motivo,

sugerem haver a necessidade de um índice composto por cinco componentes que podem ser

usados para determinar o processo de circulação do conhecimento (Knowledge Circulation

Process - KCP): criação, acumulação, compartilhamento, utilização, e internalização do

conhecimento.

Quando a eficiência do KCP aumenta, o KMPI também cresce, tornando as empresas

aptas a tornarem-se intensivas em conhecimento. Para provar a contribuição do KMPI, um

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survey foi realizado por Lee et al. (2005) em 101 empresas listadas na bolsa KOSDAQ na

Coréia.

Os resultados estatísticos mostram que o índice - KMPI - proposto pode representar

eficiência do processo de circulação do conhecimento – KCP.

A visão das empresas, baseada em conhecimento, surgiu como um importante aspecto

para a gestão estratégica. Essa visão provê uma base teórica para explicar as razões pelas

quais os recursos baseados em conhecimento desempenham um papel importante na

sustentação da competitividade das empresas (SPENDER, 1996a; SPENDER, 1996b; CHOI,

LEE, 2003).

A visão de uma empresa baseada em recursos (WERNERFELT, 1984; BARNEY,

1991; TEECE, 1998) promove uma perspectiva fundada no conhecimento e postula que a

vantagem competitiva é construída sobre os recursos intangíveis - tácitos e explícitos - obtidos

internamente às organizações (CAVALCANTI , GOMES, 2000b, 2001).

De modo similar, para Hendriks e Vriens (1999), a visão das organizações baseada em

conhecimento considera que os ativos de conhecimento existentes em determinado momento

provêem uma oportunidade para alcançar a vantagem competitiva sustentável. Esses ativos

tendem a ser criados, acumulados, compartilhados e utilizados entre indivíduos, facilitados

pelo emprego da Tecnologia da Informação – TI.

Uma visão baseada em conhecimento pode explicar por que certas organizações são

mais competitivas, submetidas às mesmas condições de mercado. Os ativos do conhecimento

são em geral dependentes da qualidade do conhecimento organizacional e dos ativos

intangíveis (GRANT, 1996a; GRANT 1996b).

Alavi e Leidner (2001) consideram que a gestão do conhecimento possui

características multifacetadas, tais como: o estado mental, o objeto, o processo, o acesso à

informação e a capacidade de influenciar ações futuras e sintetizam as diferenças entre estas

perspectivas sobre o conhecimento, conforme indicado no Quadro 5.1 a seguir.

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Quadro 5.1 – Diferenças entre as perspectivas sobre o conhecimento. Dimensões Perspectivas Implicações para a GC Estado mental

O conhecimento é o estado do saber e do entendimento.

A GC envolve o desenvolvimento do aprendizado e do entendimento dos indivíduos por intermédio da provisão de informações.

Objeto O conhecimento é um objeto a ser armazenado e manejado.

A chave da GC é construir e gerir estoques de conhecimento.

Processo O conhecimento é um processo de aplicação da expertise.

O foco da GC é dirigido ao fluxo e ao processo de criação, compartilhamento e distribuição do conhecimento.

Acesso à informação

O conhecimento é uma condição de acesso à informação.

O foco da GC é o acesso organizado e a recuperação do conteúdo.

Capacidade O conhecimento é o poder de influenciar a ação.

A GC refere-se à construção das competências centrais e ao entendimento do know-how estratégico.

O estudo da GC comporta diversas abordagens e abrange diferentes áreas da Gestão

Organizacional. Alguns autores, como Zack (1999) e Souza (2003) exploram os assuntos

administrativos e sociais. Enfatizam a importância do suporte estratégico à GC e da cultura

organizacional nas quais opera.

Outros autores dirigem o foco a processos específicos e atividades de GC, como:

aquisição de conhecimento, geração, armazenamento, distribuição, aplicação, e medida

(PETRASH, 1996; SZULANSKI, 1996; MIRCHANDANI & PAKATH, 1999;

HOLSAPPLE, JOSHI, 2002). Gold, Malhotra e Segars (2001) orientam seus trabalhos à

agenda de pesquisa e à perspectiva geral da GC.

Stata, (1989) e Senge (1990) consideram o aprendizado como a única vantagem

competitiva sustentável. Schatz (1992) entende que o aprendizado resulta em conhecimento

organizacional (ou memória). Stein e Zwass (1995) julgam que a memória da organização

tem um efeito em decisões presentes e desempenha um importante papel no sucesso das

operações e respostas da organização às mudanças e desafios.

Purser et al. (1992) destacam a ocorrência de muitas tentativas para auxiliar as

organizações a aumentarem sua capacidade de aprendizagem e tornarem-se sistemas de

aprendizagem. Van der Ven e Pooley (1992), ao indicarem a maneira pela qual as

organizações podem ampliar sua capacidade de aprendizagem, identificam vários problemas

com que as organizações se deparam.

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Alguns estudos destacam a importância e o papel da TI na GC, de modo particular

(LIOU , NUNAMAKER, 1993) ou geral (PEREZ-BUSTAMANTE, 1999). Um Sistema de

GC (Kowledge Management System - KMS) é um sistema de informação que emprega

modernas tecnologias, como: Internet, Intranets, browsers, bases de dados, e softwares para

sistematizar, facilitar e acelerar a GC em toda a organização.

Rouse et al. (1998) usam a mineração - forma de extração de informações análoga à

exploração de riquezas minerais - para extrair conhecimento de várias fontes de dados e

aplicá-lo a problemas mais complexos e de maior valor agregado. Consideram que os

sistemas de suporte à decisão (Decision Support Systems – DSS) poderiam ser usados para

prover o conhecimento certo na forma correta para as pessoas certas no momento adequado.

Os fatores de sucesso e fracasso da GC são também objeto de interesse. Incluem a

compensação do provedor de conhecimento, a existência de sistemas de incentivo e de uma

cultura organizacional apropriada (KROGH , 1998).

Gray (2000) descreve como os sistemas de gestão do conhecimento - KMS - podem

aumentar a efetividade das equipes que analisam problemas complexos e não repetitivos e

consideram a modificação na composição das equipes. Os sistemas de gestão do

conhecimento facilitam a incorporação de maior variedade de conhecimentos pelas equipes, o

que implica melhorias na efetividade das soluções e aumenta a habilidade de adaptação das

organizações. Reforça a importância da distribuição do conhecimento nas organizações, uma

vez que amplia a especialização dos empregados.

Quanto ao uso estratégico da Internet para atividades de GC, Szykman et al. (2000)

propõem a adoção de uma infra-estrutura adequada para representar e desenvolver um modelo

computacional de Decision Support System - DSS que possibilite a hospedagem de arquivos

de projeto na Internet, e revele-se uma importante fonte de armazenamento e recuperação de

conhecimento.

Dieng (2000) discute o potencial da Internet e das Intranets no desenvolvimento de

KMS distribuídos. Martin & Eklund, (2000) reforçam esse ponto de vista, ao destacarem que

a metalinguagem baseada em XML foi desenvolvida para a recuperação do conhecimento.

Rabarijaona et al.(2000) utilizam XML para apoiar os usuários corporativos na tradução das

características corporativas em registros que as definam. Schwartz e Te'eni (2000)

recomendam o uso da Internet e de e-mails para disseminar o conhecimento.

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A flexibilidade que a Internet oferece passa a favorecer a criação de outros recursos

como é o caso de um protótipo de KMS, denominado PlanetOnto, desenvolvido para apoiar

uma comunidade acadêmica na construção e compartilhamento de um arquivo de notícias que

suporta de modo integrado a GC, conforme ilustram Domingue & Motta (2000), ampliando a

performance da gestão do conhecimento.

Rodriguez (2002) explora a transformação das organizações acerca da orientação de

sua gestão, desde a centralização, passando pela descentralização, gestão pela qualidade total,

reengenharia de processos, resultados balanceados, virtualização até a fase de empresa

aprendiz, na qual o processo de GC assume maior importância, caracterizado pelos processos

de criação, identificação, coleta, adaptação, organização, aplicação e compartilhamento do

conhecimento.

O autor descreve os conhecimentos considerados críticos para as organizações que

aprendem: os clientes, as melhores práticas, sua competência e capacidade, produtos e

serviços, mercados emergentes, competidores, tecnologia, regulação e parcerias. Para tanto,

essas organizações devem ser dotadas dos seguintes atributos: visão e objetivos estratégicos,

liderança, gestão de resultados, cultura da confiança, estrutura flexível e dinâmica,

comunicação e informações acessíveis, novas tecnologias, gestão de mudanças, aprendizado a

partir dos erros, compromisso e ética.

Para Bohm et al. (2005), a Gestão do Conhecimento orientada a processos tem em

vista prover informações adequadas aos empregados, especialmente diante de processos

pouco estruturados.

O ajustamento e a análise da própria organização são especialmente importantes para a

GC, dado que a monitoração, a redução e a eliminação dos problemas internos decorrem do

aprendizado organizacional e contribuem para o fortalecimento e o crescimento das

organizações, de maneira a torná-las eficazes.

Miranda (2006) propõe o Modelo de Gestão do Conhecimento Estratégico – GCE que

parte da premissa de que a GCE é função da cognição, da tecnologia, da cultura

organizacional, do modelo gerencial e do contexto. A avaliação das condições sistêmicas

determinantes para a implantação ou desenvolvimento de um programa de GCE se dá por

intermédio do cálculo da média ponderada dos fatores, cálculo esse a ser realizado no início e

ao final do processo de implementação. Os coeficientes relativos a cada fator são obtidos a

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partir do questionamento feito a um conjunto de respondentes que avaliam cada fator de

acordo com uma escala de prioridades e ou de importância entre eles.

Cumpre ressaltar que o autor não indica a realização de pesquisas empíricas que

empreguem o modelo. Revela, no entanto, um esforço para estabelecer métricas capazes de

mensurar os processos de gestão do conhecimento.

5.3 O PROCESSO DE CIRCULAÇÃO DO CONHECIMENTO - KCP

Uma vez estabelecidas as precondições e os demais aspectos necessários à

implantação da GC, cumpre explorar o processo de circulação do conhecimento – KCP, por

intermédio de seus componentes, conforme ilustrado na figura 5.1 a seguir.

FIGURA 5.1. – Processo de circulação do conhecimento.

• Cr• Ac• Co• Ut• Int

5.3.1 Criação do Conheciment

O primeiro componente

variedade de conhecimentos, tác

inter-relações sinérgicas entre ind

Para medir a criação d

construtos dedicados à compree

dirigido ao uso freqüente de bol

adequada das tarefas entre ante

conhecimento essencial às ativid

No tocante à procura e

exploram o emprego de recurs

conhecimento administradas pel

sugestões de modo ágil, aux

importância ao domínio de tec

iação umulação mpartilhamento ilização ernalização

o

do KCP é a criação do conhecimento, a qual implica uma

itos ou explícitos, que é acelerada com o encorajamento de

ivíduos de diversas formações, experiências e origens.

o conhecimento, Lee et al. (2005) desenvolveram dois

nsão das tarefas e das informações. O foco do primeiro é

etins eletrônicos para a análise das atividades; à transmissão

cessores e sucessores; à existência de pleno domínio do

ades desempenhadas.

compreensão das informações, Leonard e Sensiper (1998)

os, como as sessões de brainstorming e outras fontes de

as organizações, para serem obtidas de informações úteis e

iliando essa compreensão. Os autores atribuem grande

nologia, como os programas de computador, necessário à

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realização das tarefas. A orientação voltada à aceitação de novos conhecimentos e sua

aplicação oportuna em suas atividades é também destacada por eles.

Nonaka e Takeuchi (1997) consideram que desde a sua criação o conhecimento é

convertido de tácito a explícito e vice-versa, durante todo o ciclo de vida do “fluxo do

conhecimento”.

Nonaka et al. (2000) entendem que os gerentes têm um papel-chave na transformação

de conhecimento tácito – aquilo que sabemos implicitamente – em conhecimento explícito –

aquilo que sabemos formalmente. Os gerentes são as pessoas que sintetizam o conhecimento

tácito, não só dos funcionários da linha de frente, como também dos executivos, tornando-os

explícitos, incorporando-os a novos produtos e tecnologias. Visão semelhante tem Figueiredo

(2005), em termos da importância de um sistema gerencial que estimule a inovação e a

criatividade, explorando as competências essenciais às organizações, aproveitando as

melhores práticas, fazendo fluir o conhecimento ao longo das organizações.

Esse fluxo do conhecimento é caracterizado pela conversão do conhecimento, que

ocorre de quatro modos: socialização, externalização, combinação e internalização e implica a

interação entre eles (NONAKA et al. 2000).

5.3.2 Acumulação de Conhecimento

A acumulação de conhecimento é o segundo componente do Processo de Circulação

do Conhecimento - KCP. O conhecimento acumulado nas empresas pode desempenhar um

papel importante na eliminação de obstáculos e ineficiências e, ao mesmo tempo, melhorar a

performance da gestão (WALSH; UNGSON, 1991). Deste modo, deve ser sistematicamente

acumulado, pois do contrário poderá não atender às futuras necessidades na tomada de

decisão. Neste sentido, Moresi, (2006) destaca que há que se desenvolver uma solução que

armazene e recupere o conhecimento organizacional e o torne disponível para uso, e acresce

que, diante do grande fluxo de informações nas organizações, torna-se necessário vincular o

conhecimento produzido aos objetivos estratégicos da organização.

Cumpre ressaltar que a acumulação do conhecimento refere-se ao conhecimento

explícito, e não ao tácito (POLANYI, 1966) que as organizações não acumulam. Deve ser

criado um ambiente propício para que este conhecimento emerja.

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O’Leary, (1998a, b, c) explora a acumulação do conhecimento por intermédio de três

construtos: a utilização de bases de dados, a administração sistemática das tarefas do

conhecimento e a capacidade para acumulação.

A utilização de bases de dados implica a consulta a arquivos e às bases de dados da

empresa previamente à realização das tarefas. Requer ampla pesquisa sobre os consumidores

a partir de tais fontes a fim de ser obtido o conhecimento necessário às atividades das

organizações.

A administração sistemática do conhecimento das tarefas é promovida: pela busca em

acumular experiência a partir do projeto e do desenvolvimento de novas tarefas; pelo acúmulo

de orientações legais e políticas relacionadas às atividades; pela capacidade de administrar de

modo sistemático o conhecimento necessário às atividades; pelo armazenamento organizado

do conhecimento explícito para uso posterior.

O terceiro construto, a capacidade para acumulação, implica a rigorosa documentação

do conhecimento necessário às tarefas e a adoção de meios de síntese e armazenamento dos

resultados dos esforços educacionais promovidos.

5.3.3 Compartilhamento do Conhecimento

O terceiro componente do KCP é o compartilhamento do conhecimento que deve ser

difundido e então contribuir para tornar o processo de trabalho inteligente e intensivo em

conhecimento. Se os trabalhadores puderem encontrar o conhecimento a partir das fontes

geridas pelas empresas, estarão aptos a aplicá-lo e realizarem seus trabalhos com sucesso, o

que requer a integração do conhecimento a partir de fontes múltiplas, para obter ganhos de

performance.

O compartilhamento do conhecimento abrange tanto o conhecimento estratégico

quanto o conhecimento ostensivo. Ao nível estratégico, Sviokla (1996) aborda dois aspectos:

o compartilhamento das informações nas organizações e conhecimentos necessários às tarefas

realizadas e o aumento da eficácia das tarefas.

Ruggles (1998), por sua vez, estuda o compartilhamento do conhecimento ostensivo

com o emprego de tecnologia e interação social, por intermédio do desenvolvimento de

sistemas de informação, de Intranets e boletins eletrônicos e pela promoção e incentivo às

equipes.

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Carvalho e Bonassi (2005) destacam que o melhor saber está no grupo, na equipe

executiva e não somente em um dos executivos.

Ao explorar a questão do compartilhamento do conhecimento, Figueiredo (2005)

atribui maior importância ao aprendizado, pois não basta o compartilhamento por si mesmo,

uma vez que importa mais colaborar para aprender do que compartilhar.

5.3.4 Utilização de Conhecimento

A utilização do conhecimento, quarto componente do KCP, pode ocorrer em todos os

níveis de atividade gerencial: uma das formas comuns de utilização do conhecimento é a

adoção das melhores práticas de outras organizações de destaque, revelar o conhecimento

relevante e aplicá-lo (O’DELL e GRAYSON, 1998; FIGUEIREDO, 2005). Cumpre destacar

que em relação às melhores práticas, Bethlem (2004) considera que estas não existem, mas

mesmo que existissem, o tempo necessário ao seu estudo e replicação as tornaria inúteis em

um ambiente em constante mudança.

Não obstante, dois aspectos pertinentes à utilização do conhecimento se mostram

relevantes segundo alguns autores, o grau e a cultura de utilização do conhecimento nas

organizações. Blanning e David (1995) voltam-se ao grau de utilização, expresso pelo

estímulo ao trabalho em equipe, por intermédio do uso de informações e conhecimento

disseminados amplamente em toda a empresa. A facilitação da realização das tarefas é

potencializada com a troca extensiva de dados por via eletrônica - EDI - e com o uso de

ferramentas como diagramas de fluxo de trabalho, exigidos e usados na execução de tarefas.

Wiseman (1988) dirige a sua atenção à cultura de utilização do conhecimento nas

organizações, à medida que haja encorajamento para esse compartilhamento, inclusive

reforçado pela oferta de incentivos e pelo estabelecimento de políticas de benefícios

oferecidos em troca de sugestões de novas idéias que façam uso do conhecimento existente.

Considera também relevante a criação de programas de pesquisa e educacionais que formam a

base para o desenvolvimento de hábitos e atitudes favoráveis à utilização do conhecimento.

5.3.5 Internalização de Conhecimento

O quinto construto do KCP é a internalização do conhecimento, que pode ocorrer

quando os trabalhadores, individualmente, descobrem o conhecimento relevante, o obtêm e o

aplicam, o que pode resultar na formação de conhecimento novo.

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A internalização do conhecimento, segundo Lee et al. (2005), é caracterizada e medida

por intermédio de três aspectos: a capacidade para internalizar o conhecimento relacionado às

tarefas, oportunidade de educação e nível de aprendizagem organizacional.

A capacidade para internalizar o conhecimento relacionado às tarefas é caracterizada

por quatro afirmações contidas no instrumento de pesquisa: posse do completo domínio das

tarefas executadas nas organizações; possibilidade de aprendizado de tudo que for necessário

para o desempenho de novas tarefas, o que implica também a adaptação das organizações;

possibilidade de uso de recursos como a Internet para a obtenção do conhecimento necessário

para a realização das tarefas; possibilidade de recorrer às melhores práticas para aplicação.

A oportunidade de educação implica a oferta de oportunidades de treinamento aos

empregados, para aumentar a sua adaptação a novas tarefas e à oferta de educação

universitária para o desenvolvimento das habilidades dos empregados em executar suas

tarefas.

O nível de aprendizagem organizacional refere-se à gestão sistemática do

conhecimento, como no que toca aos casos de formar conhecimento sobre o consumidor e

possibilitar prever demanda. Para isso é necessária a padronização extensiva à toda a

organização das fontes de informação, bem como da atualização e manutenção regular do

conhecimento e das informações.

Lee et al. (2005) acrescentam que as organizações precisam apoiar a combinação dos

vários componentes dos KMS, ao: desenvolverem sua infra-estrutura; oferecerem segurança

ao conhecimento já existente e ao novo; distribuírem e combinarem diferentes conhecimentos.

Devem facilitar o aprendizado dos indivíduos, promovendo a sua ampliação, cristalização e

síntese ao nível dos grupos, por intermédio de diálogos, debates e trocas de experiências.

Para os autores, a GC pode ser descrita como a gestão do ambiente, no qual o fluxo do

conhecimento é promovido ao longo das diferentes fases de seu ciclo de vida.

Nonaka et al. (2000) consideram ainda que o conhecimento desenvolvido em um local

de uma organização pode ser tornado disponível para outras unidades, por intermédio de uma

base ou repositório de conhecimentos organizacionais. Deste modo, as organizações

sobrevivem com o desenvolvimento contínuo de novos conhecimentos baseados em idéias

criativas, experiências diárias, e no trabalho de departamentos como o de P&D.

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Uma empresa só pode dar o melhor de si, se todas as áreas do conhecimento

disponível forem combinadas, implicando a existência de um fluxo que representa a

circulação do conhecimento.

A efetividade do processo de circulação do conhecimento - KCP - é influenciada pela

cultura organizacional, em termos das relações humanas, da harmonia entre as esferas de

tomada de decisão, da qualidade do processo de trabalho, das alianças estratégicas, da

confiança dos clientes na marca, da efetividade na gestão estratégica, e do caráter e visão do

CEO, entre outros aspectos. Portanto, o conhecimento organizacional aumenta à medida que o

KCP oferece suporte às atividades gerenciais.

Tuomi (2000) sugere que o conhecimento organizacional é criado quando a

informação assume determinado significado a partir de dados que emergem como subproduto

de processos cognitivos. Deste modo, o avanço do KCP, pode criar competência e aumentar o

desempenho gerencial.

Na visão do autor, o conhecimento acumulado nas organizações é um subproduto do

KCP, portanto, possui fluxo e velocidade. Se o fluxo é veloz, então o conhecimento é

acumulado, compartilhado, utilizado, e interiorizado rapidamente e o desempenho gerencial

evolui.

Garvin (2001) ao estudar as organizações que aprendem explora três requisitos que

considera críticos para tal aprendizado, a que chamou de “os três M”: significado (meaning) –

que implica superar as questões conceituais por intermédio de uma definição plausível e bem

fundamentada de organização que aprende, que seja conversível em ação e de fácil aplicação;

gestão (management) – dada a necessidade de orientações mais claras sobre aspectos práticos,

envolvendo recomendações operacionais em lugar de grandes aspirações; mensuração

(measurement) – decorrente da necessidade de se verificar na prática como os resultados do

aprendizado organizacional podem ser aferidos em termos de velocidade e intensidade, a

exemplo do que fizera Stata (1989).

A abordagem e a mensuração do processo de gestão do conhecimento resultam de

estudos em marketing e GC (LEE et al., 2005).

Em marketing, o índice de satisfação dos clientes (Customer Satisfaction Index - CSI)

foi desenvolvido para avaliar a performance das organizações quanto ao passado, presente e

futuro (ANDERSON et al., 1994). O CSI mede a qualidade dos bens e serviços, em termos de

como são percebidos pelos clientes que os consomem.

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Fornell et al. (1996) propõem o CSI norte-americano (ACSI) que emprega uma

abordagem múltipla, geral o suficiente para permitir a comparação entre empresas, indústrias,

setores, e nações, baseado nas relações de causa e efeito, o que o torna ponto central da cadeia

de relacionamentos que ocorrem a partir dos antecedentes de satisfação dos clientes:

expectativas, qualidade percebida, e valor – quanto às suas conseqüências – redução de

reclamações e aumento da lealdade dos clientes. Quando a relação entre os antecedentes e as

conseqüências é gerida adequadamente, as empresas são bem sucedidas inclusive em

converter os clientes insatisfeitos em clientes leais.

A busca por indicadores de desempenho há muito mobiliza estudiosos e executivos.

Dentre os diversos esforços dedicados à mensuração de desempenho, Kaplan e Norton (1992)

introduzem o Balanced Scorecard - BSC, a partir do uso de uma combinação de medidas em

quatro categorias - desempenho financeiro, conhecimento do cliente, processos internos do

negócio, e aprendizagem e crescimento -, para alinhar as iniciativas individuais,

organizacionais e inter-departamentais. Os autores acreditam que o BSC pode auxiliar as

organizações a testar e atualizar a sua estratégia, conhecer as necessidades de seus clientes e

os objetivos dos acionistas.

Edvinsson (1997) afirma que o capital intelectual de uma empresa pode ser medido,

documentado, e monitorado. Sveiby (1998) detalha a maneira de usar e medir os ativos

intangíveis e como monitorá-los para alcançar o sucesso financeiro.

Antunes, (2000) estuda o impacto do capital intelectual sobre a Contabilidade, haja

vista esta não retratar o real valor das empresas, uma vez que os benefícios intangíveis

alteram o seu patrimônio, à medida que o conhecimento é empregado como um recurso

econômico. A partir do modelo de mensuração e gerenciamento do capital intelectual

elaborado pelo grupo Skandia, a autora promove uma apreciação crítica da relação entre este e

o goodwill e propõe ajustes ao modelo, de modo a permitir a Contabilidade considerá-lo parte

das demonstrações contábeis. Sugere que o valor de mercado de uma organização contemple

o seu capital financeiro somado ao capital intelectual e ao goodwill que “corresponde à

diferença residual do que não foi ainda identificado pelo capital intelectual”.

A avaliação da performance da GC torna-se mais importante, por promover a

aprendizagem organizacional estratégica (STEWART, 1998; TEECE, 2000; MASSEY et al.,

2001) e desenvolver as capacidades exigidas para atender as expectativas dos clientes.

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McElroy (2003) propõe uma inversão na relação de precedência entre estratégia e GC,

uma vez que para o autor o processamento da GC é que gera a estratégia, contrapondo a visão

tradicional em que a GC suporta e está submetida à estratégia (KAPLAN , NORTON, 2001).

O autor propõe o modelo do ciclo de vida do conhecimento (Knowledge Life Cicle –

KLC), composto por duas estruturas: a primeira sob a ótica da oferta voltada à integração do

conhecimento, através da captura, codificação e compartilhamento. A segunda, sob a ótica da

demanda, denominada produção do conhecimento, preocupa-se com a geração do novo

conhecimento, de modo a preencher as lacunas das organizações.

A natureza dinâmica do KCP, conforme proposto por Lee et al. (2005) é representada

pelo conceito de fluxo de conhecimento composto pelos cinco macroconstrutos já descritos,

cuja operacionalização é apresentada a seguir. O quadro 5.2 apresenta o resumo conceitual a

partir do referencial teórico sobre tais macroconstrutos e a influência de cada autor sobre as

questões que compõem o questionário, no que se refere à GC, sendo destacados em negrito

aqueles que deram origem diretamente aos itens assinalados.

Quadro 5.2. – Resumo conceitual do referencial para a Gestão do Conhecimento.

AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES

Wernerfelt (1984)

Explora as organizações sob o enfoque dos recursos, em lugar de seus produtos, numa analogia às barreiras de entrada. Defende a idéia da construção de vantagens competitivas a partir dos conhecimentos tácitos e explícitos desenvolvidos internamente às organizações.

5; 7.

Wiseman (1988)

Explora o uso estratégico da Tecnologia da Informação, a partir de aspectos de impulsão estratégica: a diferenciação, os custos, a inovação, o crescimento, as alianças. A utilização do conhecimento associado à TI implica a existência de uma cultura que encoraje o seu compartilhamento; a oferta de incentivos e recompensas por novas idéias apresentadas que utilizem o conhecimento disponível; a criação de programas de pesquisa e educacionais.

23; 24; 25.

Stata (1989)

Estuda o problema da competição nas indústrias dos EUA, expresso pelo declínio da taxa de inovações, principalmente pela falta de inovação gerencial, em comparação à pouca inovação em tecnologia e produtos, associada à velocidade de aprendizagem organizacional e à difusão do conhecimento em práticas. Propõe a pesquisa cooperativa entre as empresas e a academia, com foco nos problemas críticos de gerenciamento; desenvolvimento, disseminação e teste de novos métodos e ferramentas de aprendizagem; compartilhamento de experiências; uso de abordagem interdisciplinar.

1; 4; 5; 7; 16; 17; 18; 19; 27; 28; 29; 30; 31.

Senge (1990) A criação de organizações de aprendizagem implica formar 5; 16; 19; 20;

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES pessoas que: aprendem a ver a realidade pela perspectiva sistêmica, desenvolvem domínio pessoal e aprendem a expor e reestruturar modelos mentais de maneira colaborativa. Expõe cinco disciplinas fundamentais ao desenvolvimento de organizações centradas no aprendizado: domínio pessoal, modelos mentais, aprendizagem em equipe, visão compartilhada e pensamento sistêmico que formam um ciclo contínuo de aprendizado. As deficiências na gestão podem ser corrigidas a partir de relações interligadas, que pressupõem a superação das premissas hierárquicas. A transformação depende da revisão dos modelos mentais e ampliação da percepção de mundo.

23; 27.

Weber et al. (1990)

Exploram a utilização do conhecimento, em termos do estimulo ao trabalho em equipe a partir do uso: de informações e conhecimento disseminados em toda a empresa; extensivo de meios eletrônicos para a troca de informações que facilitem a realização das tarefas; de diagramas de fluxo de trabalho , exigidos e utilizados na execução das tarefas, de acordo com o que afirmam conforme indicam Lee et al. (2005)..

20; 21; 22.

Barney (1991)

Explora a relação entre os recursos das empresas e as vantagens competitivas sustentáveis, por intermédio de quatro dimensões: valor, raridade, imitabilidade e possibilidade de substituição. Tais parâmetros orientam para a importância dos recursos intangíveis sobre os quais a vantagem competitiva é construída.

3; 5; 7; 8; 9.

Walsh & Ungson (1991)

Consideram que as representações do conceito de memória organizacional são fragmentadas e subdesenvolvidas. Ao aperfeiçoarem a teoria, apontam possíveis relações pertinentes ao antropomorfismo; definem memória organizacional e elaboram a sua estrutura e discutem os processos de obtenção, retenção e recuperação de informações e como podem ser bem ou mal empregados na gestão.

8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15.

Purser et al. (1992)

Exploram as barreiras ao desenvolvimento do conhecimento, em termos da sua aquisição, retenção, ao modelo de referência do conhecimento, do planejamento e do compatilhamento. Apontam forças favoráveis e desfavoráveis ao aprendizado das equipes. O aprendizado é facilitado por decisões estabelecidas em fóruns pequenos e informais, úteis ao compartilhamento e aos questionamentos, à maior exposição das pessoas à cena divisada e ao emprego da abordagem participativa nas decisões.

4; 16; 19; 23.

Schatz (1992)

O conhecimento explorado no ambiente científico inclui dados e literatura formal, resultados e notícias informais, que implicam a observação do conhecimento disponível e o registro e compartilhamento das inter-relações entre os objetos de estudo, por intermédio de um sistema eletrônico comunitário voltado ao conhecimento alcançado - memória organizacional - que auxilia a operação efetiva. A memória organizacional, composta por informações tangíveis e intangíveis tem como foco de interesse o registro, a seleção

1; 6; 10; 18; 21.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES e o compartilhamento do conhecimento obtido. Estabelece um liame entre a comunidade científica e as organizações, no tocante à obtenção e emprego do conhecimento.

Van der Ven & Pooley (1992)

Examinam os processos de aprendizagem, diante de inovações tecnológicas, e a maneira de ampliar a capacidade de aprendizagem das organizações. Identificam vários problemas enfrentados: a associação entre o processo de planejamento e a obtenção de fundos para inovações, que distorce o planejamento visando à obtenção de recursos; a percepção de sucesso da gerência refletida nas pressões de controle sobre os trabalhadores do conhecimento, que implicam distorções nos resultados apurados, de modo a aliviar a tensão; a alteração da equipe responsável pelas inovações; a inadequada distinção entre inovação ou criação de um negócio dificultando o aprendizado adaptativo na direção escolhida; a necessidade de conduta, de modo a ampliar o volume de troca de informações e a aprendizagem.

1; 13; 24; 25; 28.

Liou & Nunamaker (1993)

Exploram fases e etapas do processo de obtenção do conhecimento, como: planejamento, extração, análise e verificação da validade do conhecimento, facilitados por sistemas de suporte a decisão em grupo (Group Decision Suport Systems – GDSS) na obtenção do conhecimento a partir de múltiplos especialistas, para a formação de um centro de informações que armazene o conhecimento e possibilite as trocas.

8; 12; 13; 21.

Anderson et al. (1994)

Os graus de satisfação e lealdade dos consumidores são associados aos retornos a longo prazo e podem ser avaliados. Uma orientação voltada aos consumidores implica alinhar os processos, recursos, medidas de desempenho e estrutura organizacional, de modo a tratar os consumidores como ativos da empresa.

9; 32.

Blanning & David (1995)

A exemplo de Weber et al. (1990), estudam o uso do conhecimento, em termos do estimulo ao trabalho em equipe a partir do uso: de informações e conhecimento disseminados em toda a empresa; extensivo de meios eletrônicos para a troca de informações que facilitem a realização das tarefas; de diagramas de fluxo de trabalho , exigidos e utilizados na execução das tarefas, conforme indicam Lee et al. (2005).

20; 21; 22.

Stein & Zwass (1995)

A memória da organização tem efeito em decisões presentes e desempenha um importante papel no sucesso das operações e respostas da organização às mudanças e desafios, à medida que o conhecimento experimentado é a base da competitividade. A TI oferece o suporte a essa memória, expresso pelo Modelo de Sistema de Informação da Memória Organizacional (Organization Memory Information System - OMIS) composto pelas funções de aquisição, retenção, manutenção, busca e recuperação de informações. A agenda de pesquisa, para o desenvolvimento do sistema depende do ambiente da organização, do seu

2; 5; 6; 8; 13; 14; 15.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES ciclo de vida e das relações entre o sistema, o aprendizado organizacional e o processo decisório.

Fornell et al. (1996)

O Índice de Satisfação do Consumidor Norte-americano (American Customer Satisfaction Index – ACSI), emprega uma abordagem que permite a comparação entre empresas, indústrias, setores, e nações, a partir dos antecedentes de satisfação dos clientes: expectativas, qualidade percebida, e valor – e suas conseqüências: redução de reclamações e aumento da lealdade dos clientes.

9; 32.

Grant (1996a, b)

A capacidade organizacional, a estrutura, a hierarquia, a distribuição de autoridade na tomada de decisões e os limites horizontal e vertical das empresas implicam a eficiência na utilização do conhecimento e requerem a sua integração. A efetividade na criação e gestão da capacidade requer a correspondência entre o escopo do conhecimento e as estruturas necessárias para gerir tal integração. A direção e a rotina são mecanismos para integrar o conhecimento. Os ativos do conhecimento são em geral dependentes da qualidade do conhecimento organizacional e dos ativos intangíveis. As organizações aplicam o conhecimento tácito em bens e serviços, e os mecanismos de coordenação levam à sua integração. O papel das organizações é antes aplicar do que criar conhecimento.

12; 20; 26; 27; 29; 33.

Peffers & Santos (1996)

Os efeitos de inovações em produtos e serviços ao longo do tempo, resultantes do aprendizado e da competição, crescem em função do aumento do aprendizado e do comportamento dos competidores, no tocante à adoção de tecnologias semelhantes. A taxa de crescimento dos benefícios gerados é baixa durante o aprendizado de uma nova aplicação pelos usuários, enquanto a integram às suas práticas, e cresce, quando se torna familiar a eles. O gradiente se reduz à medida que os benefícios atingem o seu limite em termos dos ganhos proporcionados, ou quando os competidores investem em aplicações semelhantes em resposta aos benefícios obtidos pelos inovadores.

27; 29; 30.

Petrash (1996)

Explora os capitais do conhecimento: humano, estrutural e dos clientes, e o seu fluxo. Descreve o modelo empregado em uma organização, em termos dos processos empregados, estrutura organizacional e relacionamento entre os capitais. O patrocínio da alta direção visa estimular a ampliação do conhecimento, sua visibilidade diante dos stakeholders e a medição dos resultados.

20; 24; 30.

Spender (1996 a, b)

A visão das empresas intensivas em conhecimento oferece a base para explicar as razões pelas quais os recursos baseados em conhecimento desempenham um papel importante na sustentação da competitividade, a partir da produção e aplicação do conhecimento. O conhecimento em lugar de ser um ativo, representa um aspecto qualitativo das atividades desempenhadas pelos gerentes. As organizações intensivas em conhecimento são caracterizadas pela: flexibilidade interpretativa; gestão delimitada; identificação das influências organizacionais; distinção entre características sistêmicas e seus

3; 7; 27.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES componentes. São destacados diferentes tipos de conhecimento envolvidos em um sistema dinâmico que expressa a teoria das firmas. O conhecimento organizacional, o aprendizado e a memória, são elementos interdependentes desse sistema. Explora o conhecimento em termos de sua natureza implícita e explícita, individual e social e o curso de sua transmissão.

Sviokla (1996)

Os gerentes, ao implementarem tecnologias radicalmente novas, necessitam organizar variadas ações, considerar ramificações políticas no interior das organizações e gerir o fluxo do projeto e o trabalho realizado a fim de atingir economias de escala. Ocorre então uma mudança de comportamento dos empregados para se tornarem produtores de resultados, como trabalhadores do conhecimento. A codificação do conhecimento tácito implica o compartilhamento, que leva a ampliar a visão do perfil dos clientes. A adoção ou resistência à tecnologia radicalmente nova decorre de aspectos como: a cultura interna e externa às organizações, o papel das lideranças, os estímulos e recompensas oferecidos, o acesso ao conteúdo, o cuidado do adotante com a abordagem de implementação.

7; 9; 16; 17; 19; 23; 24.

Szulanski (1996)

A dificuldade de transferência do conhecimento nas organizações, na forma das melhores práticas está associada a fatores como: a falta de capacidade de absorção, a ambigüidade causal e relacionamento entre a fonte e o receptor. O processo de transferência percorre os estágios: iniciação, implementação, evolução e integração. O custo, a relevância e as resistências internas são dificuldades inerentes a essa transferência. Quanto às resistências internas, estas decorrem das características do conhecimento transferido, da fonte do conhecimento, do receptor e do contexto.

7.

Edvinsson (1997)

O capital intelectual - soma dos capitais humano e estrutural - de uma empresa pode ser medido, documentado, e monitorado. Sua gestão é mais do que gestão do conhecimento. Impulsiona o capital humano e o capital estrutural juntos. Os desafios são: primeiro, gerir o processo de desenvolvimento do capital intelectual a partir da criação de valores para reunir, capturar e compartilhar o conhecimento para alavancar e capitalizar os valores. Segundo, melhorar a capacidade de criação de valor da companhia pelo uso mais efetivo de conhecimento. O objetivo da gestão do conhecimento é ampliar a capacidade de criação de valor, através do uso mais efetivo do conhecimento, enquanto o objetivo do capital intelectual é ampliar as capacidades de geração de valor da empresa, pela identificação, captura, alavancagem e reciclagem do capital intelectual, o que inclui a criação e a extração de valor. A gestão do capital intelectual proporciona: acentuação da curva de aprendizagem; redução do tempo para aplicação; redução de custos e investimentos, ou a reciclagem, dos capitais estrutural e organizacional; maior valor adicionado, em razão de melhores interações; criação de novos valores por intermédio de novas conexões e combinações.

3; 16; 19; 23; 27; 30.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES

Nonaka & Takeuchi (1997)

Os gerentes sintetizam o conhecimento tácito, não só dos funcionários da linha de frente, mas dos executivos, tornando-os explícitos, incorporando-os a novos produtos e tecnologias. O fluxo do conhecimento é caracterizado pela conversão do conhecimento, que ocorre de quatro modos: socialização, externalização, combinação e internalização e implica a interação entre eles. As organizações devem facilitar o aprendizado dos indivíduos e promover a sua ampliação, cristalização e síntese ao nível dos grupos, por intermédio de diálogos, debates e trocas de experiências. A gestão do conhecimento pode ser descrita como a gestão do ambiente, no qual o fluxo do conhecimento é promovido ao longo das diferentes fases de seu ciclo de vida. O conhecimento desenvolvido em um local de uma organização pode ser tornado disponível a outras unidades, por intermédio de uma base ou repositório de conhecimentos organizacionais.

16; 17; 19; 26; 27; 30; 34.

Krogh (1998)

Fonte de vantagens competitivas, a rápida criação e difusão do conhecimento nas organizações tornam-se prioritárias nas agendas dos gerentes que se dirigem a ferramentas e abordagens para visualizarem, obterem, aplicarem, refinarem e transferirem o conhecimento e a experiência disponível nas organizações, dependendo da capacidade de mobilização dos recursos do conhecimento de posse de indivíduos e grupos, transformando-os em atividades de geração de valor, sob diferentes perspectivas, como a cognitivista, que explora “o que é”, e a construtivista, “o que poderia ser”. A criação do conhecimento depende do grau de atenção que é lhe dedicado e da instância onde reside – individual ou social, implicando a captura individual, o compartilhamento, a localização em termos de quem o detém e os princípios em termos da socialização do conhecimento. Os fatores de sucesso da gestão do conhecimento incluem a compensação do provedor de conhecimento, a existência de sistemas de incentivo e de uma cultura organizacional apropriada.

2; 3; 4; 5; 7; 16; 17; 19; 23; 24.

Leonard & Sensiper (1998)

A inovação depende do conhecimento individual e coletivo dos empregados. Algumas competências são capturadas e codificadas por processos e apoio de TI. A inovação impõe a reunião do conhecimento de diversas origens, disciplinas e perspectivas pessoais e a cooperação é um aspecto crítico. A inovação percorre o caminho de um funil e ocorre por intermédio de ciclos incrementais convergentes, cujos passos são: a geração de idéias; o desenvolvimento; os testes; a adoção; as vendas ou a implementação; os serviços pós-vendas e o contínuo aperfeiçoamento. As inovações enfrentam barreiras à geração e ao compartilhamento do conhecimento, como: auto-censura, falta de estímulos, suporte e recompensas. As autoras apontam a relevância da diversidade de campos de pesquisa e interesse a serem explorados: projetos,

4; 5; 6; 7; 8; 9; 18; 24; 25.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES psicologia cognitiva, dinâmicas de grupo, e TI.

O’Dell & Grayson, (1998)

A utilização do conhecimento é freqüentemente promovida pela adoção das melhores práticas de outras organizações, pela revelação e aplicação do conhecimento relevante. A transferência interna de conhecimento é um processo interpessoal que requer relacionamento prévio ao compartilhamento e à transferência. O aprendizado e a transferência são processos interativos, contínuos e dinâmicos que não repousam sobre o conhecimento estático, sendo essenciais habilidades e capacidades específicas, que incluem: orientação para o aperfeiçoamento dos processos; metodologia comum para o aperfeiçoamento e a mudança; habilidade para trabalhar efetivamente em equipes; tecnologia para apoiar a organização e a transferência do conhecimento. Transferências bem sucedidas das melhores práticas remetem ao desejo de aprender, individualmente e em grupo. Implicam a existência de um sistema de reconhecimento e recompensa e exercício de liderança.

16; 17; 19; 23; 24; 25; 29; 30.

O’Leary (1998 a, b,c )

O domínio do conhecimento pelas organizações ocorre por intermédio de sistemas apoiados por TI, que o capturem e o tornem disponível. Tal processo implica a criação de modelos de gestão que levem à descoberta do conhecimento, a partir de dados e representações do conhecimento. A profusão de informações e conhecimento impõe a sua filtragem, em função de sua qualidade, importância e de quem o provê. À medida que se avulta, requer a adoção de processos de busca que viabilizem e agilizem a sua recuperação. Sistemas de GC - KMS - demandam liderança capaz de estimular e recompensar o compartilhamento do conhecimento, com base em atividades passíveis de mensuração. Os KMS facilitam o reuso do conhecimento existente e a criação de novos, a fim de favorecer a tomada de decisão. O crescimento da GC, ocorre por intermédio do emprego de ferramentas como Web, Lotus Notes, Internet e Intranets. A conversão e a conexão do conhecimento pelo compartilhamento são aspectos essenciais à gestão. Quanto à conexão, medidas de aproximação das pessoas ao conhecimento e vice-versa, bem como a aproximação entre pessoas e entre distintos conhecimentos requerem tecnologias diversas, porém convergentes. Empresas de consultoria e de serviços profissionais são freqüentemente as primeiras a adotar novas tecnologias, devendo estar à frente das empresas para as quais oferecerão seus serviços. Devem, portanto, possuir o domínio e os meios para gerir o conhecimento adquirido para posterior emprego. Tal conhecimento é inserido em sistemas de gestão do conhecimento, composto por bases de conhecimento e ontologias. As ontologias provêem estrutura para o desenvolvimento das bases de conhecimento, bem como permitem visões dessas bases que podem conter informações acerca de

1; 6; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 18; 20; 21; 28; 34.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES processos, indústrias, medidas de desempenho e outros elementos. Cada uma das visões ou enfoques é representativa da estrutura da base de conhecimento empregada e toma parte da ontologia das melhores práticas. Ao nível mais elevado de abstração, as ontologias definem as bases de conhecimento específicas. Ao nível mais baixo, servem para definir modelos que provêem meios para navegar através do conhecimento.

Rouse et al. (1998)

Dedicam-se ao mapeamento e à investigação voltados a extrair conhecimento de várias fontes de dados e aplicá-lo a problemas mais complexos e de maior valor agregado. Os sistemas de suporte à decisão (Decision Support Systems – DSS) podem ser usados para prover o conhecimento adequado na forma correta para as pessoas certas, no momento preciso. Porém, há pouco interesse por parte dos usuários do conhecimento na compilação de dados, em métodos de pesquisa e discussões. Em lugar disso, interessam-se pelo conhecimento disponível em termos de conceitos e princípios que aprimorem seu planejamento, decisões e alocação de recursos. A mineração do conhecimento visa aproximar as necessidades, ao empregar o mapeamento do conhecimento, associado a um padrão de reconhecimento de habilidades dos usuários, que leva em consideração o contexto em que se encontram inseridos e desdobra-se em seis etapas: extração, compilação, formulação de afirmações, organização, identificação, representação de relacionamentos e interpretação do conhecimento.

5; 9; 14; 33.

Ruggles (1998)

Muitas empresas seguem linhas similares em termos dos esforços dirigidos à GC. Geralmente partem da implementação da capacidade tecnológica como sistemas de informação que permitem a captura e o compartilhamento do saber corporativo. Este pode ser o passo inicial para as organizações que não dispõem de capacidade básica para acessar, absorver e transferir o conhecimento. Posteriormente é percebida a importância dos fatores pessoais. A tecnologia por si só é incapaz de promover a transferência do conhecimento. A geração do conhecimento é a chave do crescimento, a despeito dos esforços envolvidos na sua obtenção, acesso e transferência. A gestão do conhecimento deve balancear os aspectos referentes às pessoas, aos processos e à tecnologia, com predomínio da primeira. A cultura e a mudança de comportamento representam os fatores de maior relevância na gestão e transferência do conhecimento. Os esforços deveriam ser dirigidos ao mapeamento das fontes internas de conhecimento, ao desenvolvimento de redes de trabalhadores do conhecimento e ao estabelecimento de novos papéis para o conhecimento.

7; 16; 17; 18; 19; 20; 23.

Stewart (1998)

Capital Intelectual é o conhecimento existente em uma organização que pode ser usado para criar uma vantagem. Deve ser observado por diferentes perspectivas, para obter uma visão coerente dos indicadores financeiros e não-

7; 9; 20; 32.

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95

AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES financeiros: Valor Geral de Ativos Intangíveis; Capital Humano; Capital Estrutural; Capital do Cliente. O resultado do Capital Humano é a inovação, ou seja, a eficiência do capital estrutural, medido pela participação da receita de novos produtos em relação às receitas totais da empresa. A capacidade de inovação não está associada ao número de produtos e de patentes, mas à qualidade dessas inovações, no que se refere à posição, à rotatividade, à experiência e ao aprendizado. O Capital Estrutural é medido pela avaliação dos estoques de conhecimento, isto é, pelos pontos fortes e fracos da empresa relativos ao seu ativo intangível e por itens como: a amplitude da linha de produtos, potencial para ampliação das linhas, barreiras à entrada e potencial de licenciamento, participação no mercado, que formam a “agenda de gerenciamento”, a partir da qual é comparado cada fator com a concorrência. O conhecimento está intimamente associado ao fluxo físico das coisas. Quanto às medidas de capital do cliente, algumas empresas dedicam-se mais à monitoração dos funcionários, do que à aferição da satisfação do cliente. Essas medidas são expressas por intermédio de índices de retenção, lucratividade do cliente, satisfação e lealdade.

Sveiby (1998)

A gestão de empresas baseadas em conhecimento é expressa por três elementos: estrutura interna (patentes, conceitos, modelos administrativos e informatizados), estrutura externa (cultura da organização) e competência (habilidades individuais, educação formal, experiência e os valores do indivíduo). Os ativos intangíveis são expressos por: indicadores de crescimento/renovação; indicadores de eficácia e indicadores de estabilidade, que permitem a monitoração de sua evolução.

10; 23; 25; 27; 30; 31; 32; 33; 34.

Teece (1998)

As mudanças do processo produtivo de transformação e fabricação de bens para o processamento de informações, desenvolvimento, aplicação e transferência de novos conhecimentos, implicam o surgimento de atividades de retornos crescentes, caracterizadas pelos ativos do conhecimento que dão origem às competências. O conhecimento é classificado como: tácito e codificado; observável e não observável quanto ao uso; positivo e negativo, quanto aos sucessos e fracassos de seu emprego que devem ser somados ao aprendizado; autônomo e sistêmico que implica repercussões isoladas ou sistêmicas. O valor dos ativos do conhecimento é obtido a partir das capacidades dinâmicas, representadas pelas habilidades das organizações em perceberem e dimensionarem as oportunidades, reconfigurarem e protegerem os ativos do conhecimento, competências, ativos complementares e tecnologias, de modo a atingirem vantagens competitivas. A base do conhecimento inclui o conhecimento das necessidades dos consumidores e das capacidades dos fornecedores, o que exige, no todo, habilidade em criar, transferir, incorporar, integrar e explorar tais ativos.

3; 5; 7; 9; 10; 12; 13; 27; 32; 34.

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96

AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES

Hendriks & Vriens (1999)

A visão das organizações intensivas em conhecimento considera que os ativos de conhecimento provêem uma oportunidade para alcançar a vantagem competitiva sustentável. Esses ativos tendem a ser criados, acumulados, compartilhados e utilizados entre indivíduos, mais facilmente, com o emprego da tecnologia da informação – TI, por intermédio dos sistemas baseados em conhecimento (Knowledge Based Systems – KBS) que potencializam os processos relacionados à gestão do conhecimento, com base em oito dimensões que conformam o domínio da estimativa de valor do conhecimento: avaliação do conhecimento existente; determinação do valor estratégico do conhecimento; comparação do conhecimento para competição; determinação do conhecimento necessário; criação de conhecimento; distribuição; aplicação; avaliação do conhecimento.

5; 6; 8; 18; 21; 28; 32.

Mirchandani & Pakath (1999)

Examinam quatro modelos de sistemas de suporte à decisão: simbiótico, especialista, holístico e adaptativo. Estabelecem a distinção quanto ao impacto dos estilos de gestão do conhecimento, no tocante: ao processo de resolução de problemas; à fonte de conhecimento – racional ou procedural; à seleção da base do conhecimento; à integridade do conhecimento. O modelo holístico é o mais avançado, à medida que postula a ampla capacidade de reconhecimento e processamento.

7; 12; 13; 22; 29; 33; 34.

Pe´rez-Bustamante (1999)

A tecnologia e os processos de inovação têm como base o conhecimento e o fluxo contínuo de informações, que oferecem suporte à competitividade, a partir das relações sinérgicas entre os ativos intangíveis. As organizações devem explorar seu potencial em criar conhecimento com a interação entre seus membros, em lugar de dirigir sua atenção aos dados, informações ou conhecimento gerados externamente. Quanto à maneira com que o conhecimento pode ser disseminado internamente às organizações, o desenvolvimento e a implementação de uma cultura do conhecimento dependem dos gerentes do conhecimento, seu componente essencial.

2; 7; 19; 23; 27; 29.

Zack (1999)

O desenvolvimento de uma estratégia para o conhecimento deve promover o alinhamento entre recursos e capacidades, inseridos em uma arquitetura técnica e organizacional que dê suporte à criação do conhecimento e à gestão e emprego de processos que supram as lacunas existentes entre o conhecimento necessário e o disponível. O mapeamento do conhecimento interno e externo permite estimar o hiato existente em termos dos seus reflexos sobre o atingimento dos objetivos e a revisão da estratégia vigente.

5; 7; 8; 10; 18; 26.

Cavalcanti & Gomes (2000)

Os modelos econômicos tradicionais de produção devem incorporar o conhecimento como fator essencial da produção econômica. Propõem um modelo para a gestão dos capitais do conhecimento que contempla o mapeamento de diferentes aspectos relevantes ao processo de gerenciamento.

3; 5; 7; 9; 10; 12; 14; 16; 22; 23.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES

Dieng (2000)

O uso da Internet e das intranets no desenvolvimento de KMS distribuídos é potencialmente de grande valia e permite uma ampla variedade de escolhas de operacionalização dos meios, consoante os diversos atores envolvidos, o papel por eles desempenhado nas organizações e o conteúdo a ser acessado. As dificuldades associadas à difusão do conhecimento são: a organização do conteúdo, a sua recuperação e a adaptação dos usuários aos recursos.

1; 5; 6; 8; 18; 19; 21; 28.

Domingue & Motta (2000)

A flexibilidade da Internet favorece a criação de recursos, como o protótipo de KMS, denominado PlanetOnto, desenvolvido para apoiar uma comunidade acadêmica na construção e compartilhamento de conteúdo que apóia suporta de modo integrado a gestão do conhecimento, por intermédio de análise semântica.

1; 5; 6; 8; 13; 14; 18; 19; 21; 28.

Gray (2000)

Os sistemas de gestão do conhecimento - KMS - podem aumentar a efetividade das equipes que analisam problemas complexos e não repetitivos, pelo aperfeiçoamento da maneira com que a composição das equipes é ampliada. Sistemas de gestão do conhecimento facilitam a incorporação de maior variedade de conhecimentos pelas equipes, aumentam a habilidade de adaptação da organização e reforçam a distribuição do conhecimento na organização que amplia a especialização dos empregados.

5; 6; 8; 13; 14; 16; 17; 19; 20; 21; 23; 27; 34.

Martin & Eklund, (2000)

O emprego e as limitações da Web na recuperação de conteúdo do conhecimento requerem uma ferramenta cujo propósito é superar tais limitações, o que ocorre por intermédio da metalinguagem baseada em XML.

1; 28.

Rabarijaona et al.(2000)

O emprego da Web e de ontologias para a gestão do conhecimento, por intermédio de documentos em formato XML, facilita a indexação de conteúdo, sua recuperação e apóia os usuários corporativos na tradução das características corporativas em registros que as definam.

1; 13; 21; 28; 33; 34.

Schwartz & Te'eni (2000)

Gerentes não dispõem de tempo ou inclinação para pesquisar o conhecimento organizacional. Seria mais efetivo que o conhecimento fosse ao seu encontro. Para essa aproximação, a Web e os e-mails representam uma forma de disseminar o conhecimento. O recurso do kMail é o ponto de partida para atingir os objetivos da comunicação organizacional: comandar uma ação; gerir ações coletivas; exercer influência; prover informações para ações futuras (disseminação do conhecimento); buscar informações para ações futuras (aquisição do conhecimento).

1; 13 ; 21; 28

Szykman et al. (2000)

Exploram a necessidade de redução de custos de desenvolvimento e as limitações de contar com o conhecimento disponível em somente um lugar, considerada a variedade de conhecimentos necessários que vão além dos conhecimentos centrais de cada organização. É necessária uma infra-estrutura adequada para representar e desenvolver um modelo computacional (Decision Suport System – DSS) que possibilite a hospedagem de arquivos de projeto na Internet, e revele-se uma importante fonte de armazenamento, recuperação, reuso, compartilhamento e

6; 8; 21; 33; 34.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES troca do conhecimento.

Teece (2000)

As vantagens competitivas decorrem do fluxo da criação, domínio, proteção e uso dos ativos do conhecimento. Mais do que ferramentas de TI, requerem o desenvolvimento de capacidades dinâmicas, exploradas de modo pertinente, oportuno e corretamente direcionadas. A gestão do conhecimento sujeita-se aos efeitos de rede; à lógica de custos e demanda; à relação entre oportunidade e incerteza tecnológica; aos regimes de apropriação – em termos de proteção de segredos e observância a patentes e direitos autorais. Dentre os desafios a superar na economia do conhecimento está a avaliação do desempenho da gestão do conhecimento.

3; 5; 7; 10; 11; 12; 13; 32; 34.

Tuomi (2000)

O conhecimento organizacional é criado quando a informação assume determinado significado a partir de dados que emergem como subproduto de processos cognitivos, diante da existência de práticas sociais compartilhadas. A informação como conhecimento explícito está sujeita a problemas inerentes à informação interpessoal. A memória organizacional e os sistemas de gestão do conhecimento, em lugar de sistemas isolados, combinam recursos técnicos e processos sociais que auxiliam a superação dos problemas.

16; 17; 19; 23.

Alavi & Leidner (2001)

A gestão do conhecimento pode ser vista segundo perspectivas multifacetadas, como: o estado mental, o objeto, o processo, o acesso à informação, e a capacidade para influenciar ações futuras. A TI apresenta elevado potencial para apoiar os processos associados à criação, guarda e recuperação, transferência e aplicação do conhecimento.

5; 6; 8; 13; 21.

Cavalcanti & Gomes (2001)

O conhecimento é o novo fator de produção que leva à definição do perfil do trabalhador do conhecimento. A Inteligência Empresarial expressa e aproveita a sinergia existente entre o conhecimento, a inovação e o empreendedorismo. Os capitais do conhecimento são classificados em quatro grupos que facilitam seu entendimento e manejo – capital ambiental (descrito pelos aspectos econômico-financeiros, sócio-culturais, político-legais), estrutural (aspectos referentes aos sistemas administrativos, conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes, softwares, cultura organizacional), de relacionamento (relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros) e intelectual (capacidade, habilidade, experiência). É necessário um inventário que permita identificar as habilidades e competências necessárias à organização e a maneira de suprí-las.

3; 5; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 15; 18; 19; 25; 29; 32; 33; 34.

Gold, Malhotra & Segars. (2001)

A gestão do conhecimento vista a partir das capacidades organizacionais tem como vetores essenciais: a infra-estrutura do conhecimento composta pela tecnologia, estrutura e cultura organizacional; a arquitetura do processo do conhecimento expressa pela aquisição, conversão, aplicação e proteção do conhecimento. O interesse se volta à criação do capital intelectual e à

7; 10; 13; 23; 34.

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AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES integração do conhecimento, visando à efetividade organizacional, com implicações para a pesquisa e a prática gerencial, resultando na análise do portfólio das oportunidades do conhecimento. A capacidade do conhecimento é expressa pelo processo e pela infra-estrutura, o que implica a busca do conhecimento, a sua codificação, o crescimento (expansão da criação e compartilhamento) e integração.

Massey et al.(2001)

Uma estratégia de gestão do conhecimento bem sucedida identifica os pontos-chave para alcançar resultados. Esses pontos freqüentemente residem nos processos essenciais que podem ser recriados para capitalizar e ampliar os recursos e capacidades do conhecimento organizacional. Ressaltam a importância da iniciativa de recriar o processo de relacionamento com clientes e de capitalizar os recursos baseados em conhecimento. O uso integrado da TI auxilia a melhora do desempenho de clientes e especialistas, ao prover acesso e disponibilidade ao conhecimento, bem como sua aquisição, reunião e disseminação aos que dele necessitam. O desafio é alavancar os ativos do conhecimento para aumentar significativamente o relacionamento com clientes e modificar a maneira de conduzir o negócio. A combinação entre as disciplinas de Customer Relationship Management - CRM e GC possibilita a exploração de sinergias a partir do: foco sobre os pontos críticos, alinhado com a estratégia organizacional; suporte da alta gerência; tratamento do conhecimento como processo, em lugar de produto; reconhecimento da TI como meio, e não mensagem; experimentação rápida e prova imediata do conceito; acesso e compartilhamento do conhecimento; uso disciplinado da gestão de projetos, em termos de extensão e estimativas, de modo a ser evitada a perda de rumo e de recursos.

8; 9; 21; 32.

Holsapple & Joshi (2002)

O uso do modelo Delphi, permite o estudo das atividades e suas inter-relações no manejo do conhecimento e de seu fluxo - aquisição, seleção, internalização e uso, a partir da identificação das suas fontes.

5; 7; 13; 14; 26.

Rodriguez (2002)

Explora a transformação das organizações acerca da orientação de sua gestão, desde a centralização, passando pela descentralização, gestão pela qualidade total, reengenharia de processos, resultados balanceados, virtualização até a fase de empresa aprendiz, na qual o processo de GC assume maior importância, caracterizado pelos processos de criação, identificação, coleta, adaptação, organização, aplicação e compartilhamento do conhecimento. Os conhecimentos considerados críticos para as organizações que aprendem são sobre: os clientes, as melhores práticas, sua competência e capacidade, produtos e serviços, mercados emergentes, competidores, tecnologia, regulação e parcerias. Para tanto, as organizações devem ser dotadas dos seguintes atributos: visão e objetivos estratégicos, liderança, gestão de resultados, cultura da confiança; estrutura flexível e dinâmica, comunicação e

5; 7; 8; 11; 16; 17; 19; 20; 23; 29.

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100

AUTORES CONCEITOS APRESENTADOS QUESTÕES informações acessíveis, novas tecnologias, gestão de mudanças, aprendizado a partir dos erros, compromisso e ética.

Souza (2003)

A TI vem sendo explorada para apoiar e estimular a troca do conhecimento explícito, mas sua participação em relação ao conhecimento tácito restringe-se principalmente a e-mails, groupware e boletins eletrônicos. A troca de conhecimento entre os membros das organizações, sob a perspectiva centrada nas pessoas, tem como base a informalidade dos diálogos. A liderança e o suporte oferecidos pela alta gerência de modo contínuo às relações sociais, assumem elevada importância.

1; 6; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 23; 28.

Figueiredo (2005)

Explora os processos de criação, compartilhamento e utilização do conhecimento sob um enfoque estratégico e indica os pilares para a GC: stakeholders (clientes, fornecedores, colaboradores, sociedade, relacionamentos e parcerias); cultura organizacional; processos e melhores práticas; inovação e criatividade; resultados; competição; capital intelectual e competências essenciais; TI; o conhecimento propriamente dito.

6; 16; 17; 23; 29.

Lee et al.(2005)

Exploram uma nova métrica para avaliarem o desempenho das organizações, em termos da maneira como é gerido o conhecimento, realçando o aspecto dinâmico representado pelo conceito de fluxo de conhecimento, composto por: criação, acumulação, compartilhamento, utilização e internalização..

1; 2; 3; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34.

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101

PARTE III - METODOLOGIA

6 METODOLOGIA

6.1 INTRODUÇÃO

Segundo a taxonomia de informações apresentada por Bento e Ferreira (1982), figura

6.1, este estudo enquadra-se no nível de informações preditivas que deverão permitir formar

um quadro geral sobre como se apresenta a Gestão do Conhecimento - GC - nas grandes

empresas no Brasil, em termos do seu desempenho e identificar a existência de relação entre a

performance da GC e a excelência na Gestão Organizacional.

FIGURA 6.1. – Taxonomia de Bento e Ferreira.

Informações Decisivas

Informações Preditivas

Informações Sugestivas

Suposições

Tal enquadramento decorre do fato de que o conhecimento ex

permite dar um passo além das pesquisas que culminam por formu

haver familiaridade e compreensão sobre o tema, diante da literatura di

Diferentemente do primeiro estágio, em lugar de concluir o es

de hipóteses, neste segundo estágio estas dão início ao processo de in

se conhecer como o fenômeno ocorre, a que fatores parece estar ass

entre esses fatores.

Neste estágio do saber são realizadas, entre outras, pesquisas

escolhida para operacionalizar este estudo, descrita pormenorizadamen

Portanto, este estudo apóia-se no modelo de prática da p

referidos autores, em termos da decisão da pesquisa e da sua co

contribuição para a geração de conhecimentos.

InformaçõesSistêmicas

istente sobre o assunto

lar suposições, dado já

sponível.

tudo com a formulação

vestigação, na busca de

ociado e qual a relação

do tipo Survey, aquela

te adiante.

esquisa indicado pelos

ndução, quanto à sua

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102

Vergara (2000) adota dois critérios básicos para a determinação do tipo da pesquisa: a

finalidade e os meios empregados para a sua realização. Quanto aos fins, esta pesquisa

enquadra-se nos tipos descritivo e explicativo, uma vez que serão expostas características de

determ

da por intermédio de questionário; metodológica, por empregar

instrum

s & Marconi (1991) afirmam não haver ciência sem o emprego de métodos

científicos, definidos como “... o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com

rmite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e

verdade

de. Este método se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, a

partir d

essário compreender, antes,

porque

omo premissa.

inada amostra em relação ao fenômeno estudado, sendo verificada a existência de

relação entre os achados.

Quanto aos meios, trata-se de pesquisa que emprega diferentes meios para encontrar as

respostas às perguntas formuladas, sendo: de campo, por ser realizada no local onde ocorre o

fenômeno, operacionaliza

entos de captação da realidade percebida pelos respondentes; bibliográfica, por tratar-

se de um estudo sistematizado, desenvolvido com base em material publicado em diferentes

mídias acessíveis aos acadêmicos e muitas ao público em geral, onde foi obtida a base teórica

e conceitual.

6.2 MÉTODO DE PESQUISA

Lakato

maior segurança e economia, pe

iros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do

cientista”.

O método da abordagem do problema, adotado nesta pesquisa, é o hipotético-

dedutivo, cujas bases foram lançadas por Popper (2000) juntamente com o critério da

falseabilida

a qual são formuladas hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, é testada a

predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pelas hipóteses.

As críticas ao método hipotético-dedutivo são as mesmas formuladas ao método

dedutivo, à medida que fornecer premissas, das quais um acontecimento pode ser deduzido,

talvez não seja suficiente para ensejar o entendimento, sendo nec

são verdadeiras as premissas.

Outra crítica ao método dedutivo decorre do entendimento de que a dedutibilidade não

apenas não é condição suficiente, como não é condição necessária, pois muitas são as

explicações que não têm qualquer lei c

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103

Há ainda a questão denominada como “paradoxo de Hempel”, descrito por Kaplan

(1969): “Para submeter a teste a assertiva de que todos os cisnes são brancos, examinamos

cisnes, para ver se têm essa cor; porém, não nos ocorreria examinar objetos coloridos para

verifica

to, por intermédio de tentativas de refutação

resultan

a taxonomia voltada às ciências sociais, em

que cla

m consonância ao

método

enunciadas as perguntas da pesquisa, já apresentadas no Capítulo 1, visando estabelecer o

ssas nas próximas seções.

nce dos

proces

r se são outra coisa que não cisnes”.

Popper (2000) propõe três etapas para o processo investigatório: o problema; a solução

proposta - consistindo numa conjectura e dedução de conseqüências na forma de proposições

passíveis de teste; os testes de falseamen

te da observação e da experimentação.

Quanto aos métodos de procedimento da investigação, voltados à explicação geral dos

fenômenos, são considerados como etapas mais concretas desta apuração.

Lakatos & Marconi (1991) apresentam um

ssificam os métodos em: histórico, comparativo, monográfico, estatístico, tipológico,

funcionalista e estruturalista. Este trabalho adota o método estatístico, e

de abordagem escolhido, por permitir obter, a partir de conjuntos complexos,

representações mais simples e constatar se as verificações simplificadas têm relações entre si.

6.3 DEFINIÇÃO DAS PERGUNTAS DA PESQUISA

De maneira a facilitar o trabalho do leitor encontram-se a seguir novamente

liame entre elas, o plano de referência e as hipóteses expre

Existem grupos de empresas que apresentam características semelhantes na sua

gestão e na Gestão do Conhecimento?

Qual a relação entre a excelência na Gestão Organizacional e a performa

sos de Gestão do Conhecimento adotados pelas grandes organizações em operação

no Brasil?

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6.4 PLANO DE REFERÊNCIA E DEFINIÇÕES OPERACIONAIS

A partir dos fundamentos teóricos e dos esforços de outras pesquisas empíricas

apresentados nos capítulos anteriores, foi elaborado o plano de referência que orientou o

presente estudo.

Ao ser delimitado o âmbito da pesquisa aos fundamentos teóricos encontrados na

literatura sobre Gestão Organizacional e Gestão do Conhecimento, procurou-se codificar o

conteúdo estudado, de maneira a especificar as relações existentes entre ambas e os

macroconstrutos que as compõem.

Este estudo tem como objetivos conhecer e comunicar: a existência de relação entre a

excelência na Gestão Organizacional caracterizada pelos macroconstrutos propostos por

Nogueira (1999) e a performance da GC alcançada pelas organizações, segundo os

macroconstrutos considerados no modelo de Lee et al. (2005), aumentando-se o nível do

saber existente sobre este assunto.

6.4.1 Macroconstrutos associados à Gestão Organizacional:

Formalização do Planejamento e Controle.

Para maior eficácia dos processos de Gestão Organizacional (NOGUEIRA, 1999),

espera-se que seja maior a formalização dos processos de planejamento e controle, em

comparação às demais organizações, onde a formalização é menor, no que se refere: à

formulação e à comunicação da missão, dos objetivos e das estratégias organizacionais; ao

equilíbrio entre os interesses dos stakeholders em relação aos objetivos fixados; ao

detalhamento das ações a executar; à gestão de caixa no que tange aos projetos de

investimento; à padronização dos projetos e à sua priorização; à atribuição de

responsabilidade para a condução de projetos; ao estabelecimento de pontos de controle e

periodicidade de seus exames; aos benefícios percebidos pelos clientes; à eficiência dos

processos de comercialização; ao grau de aprendizado e inovação proporcionados pelos

projetos de investimento; aos benefícios financeiros alcançados; às habilidades e competência

no emprego de técnicas de gestão, de tecnologia da informação e de liderança de equipes.

Para os fins desta pesquisa, procurou-se medir por intermédio deste macroconstruto

todos os aspectos descritos, sistematizados e sumariados no capítulo 2, que agrupam os itens

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105

propostos no instrumento de pesquisa, a partir de Nogueira (1999), conforme apresentado no

quadro 6.1 a seguir.

Quadro 6.1 – Operacionalização do Macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle. Formalização do Planejamento e Controle Itens Nº dos Itens do

Instrumento de PesquisaFormulação e comunicação da missão, dos objetivos e das estratégias organizacionais.

I-1; I-3

Equilíbrio entre os interesses dos stakeholders em relação aos objetivos fixados.

I-2

Detalhamento das ações a executar. I-4 Gestão de caixa no que toca aos projetos de investimento. I-5 Padronização e priorização dos projetos. I-6 Atribuição de responsabilidade para a condução de projetos. I-7 Estabelecimento de pontos de controle e periodicidade de seus exames.

I-8; I-9

Benefícios percebidos pelos clientes. I-10 Eficiência dos processos de comercialização. I-11 Grau de aprendizado e inovação proporcionados pelos projetos de investimento.

I-12

Benefícios financeiros alcançados. I-13 Habilidades e competência no emprego de técnicas de gestão, da tecnologia da informação e da liderança de equipes.

I-14; I-15; I-16

Direcionamento dos Recursos Humanos

Em adição, ao exposto em relação ao macroconstruto anterior, espera-se que nas

organizações com processos caracterizados como de excelência na Gestão Organizacional

haja maior direcionamento dos recursos humanos do que nas demais empresas, expresso pela:

presença de uma cultura e capacitação voltadas à tomada de decisões e assunção de riscos;

liderança inspiradora para o atingimento da visão de futuro pretendida; admissão de

profissionais criativos e empreendedores e oferta de incentivos e recompensas a esses

profissionais; interpretação de que os erros fazem parte do aprendizado; busca do

autodesenvolvimento; adoção de programas de capacitação; remuneração associada ao

resultado e empregada como incentivo e recompensa às ações rápidas e constantes voltadas ao

aperfeiçoamento.

Procurou-se medir por intermédio deste macroconstruto todos os aspectos descritos,

sistematizados e sumariados no capítulo 3, que agrupam os itens propostos no instrumento de

pesquisa, a partir de Nogueira (1999), conforme apresentado no quadro 6.2 a seguir.

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106

Quadro 6.2 – Operacionalização do Macroconstruto Direcionamento dos Recursos Humanos. Direcionamento dos Recursos Humanos Itens Nº dos Itens do

Instrumento de Pesquisa Presença de uma cultura e capacitação voltadas à tomada de decisões e assunção de riscos.

II-1; II-5

Liderança inspiradora para o atingimento da visão de futuro pretendida.

II-2

Admissão de profissionais criativos e empreendedores e oferta de incentivos e recompensas a esses profissionais.

II-3; II-4

Interpretação de que os erros fazem parte do aprendizado. II-6; II-7 Busca do autodesenvolvimento. II-8 Adoção de programas de desenvolvimento. II-9 Remuneração associada ao resultado, e como incentivo e recompensa às ações rápidas e constantes voltadas ao aperfeiçoamento.

II-10; II11; II-12

Direcionamento para o Futuro

Espera-se também que nas organizações com processos mais eficazes de Gestão

Organizacional haja maior direcionamento para o futuro do que nas demais empresas,

caracterizado pelo: envolvimento da alta direção na elaboração e no detalhamento da

estratégia empresarial; acompanhamento sistemático e preparo para as mudanças das

tecnologias e dos padrões tecnológicos pertinentes ao seu mercado de atuação; reflexo da

visão do futuro sobre as ações de curto prazo; pré-teste de novas ofertas junto aos clientes;

reconhecido pioneirismo em inovações; busca de novos tipos de clientes; desenvolvimento de

novas maneiras de fazer ofertas de valor aos clientes; conhecimento claro de suas

competências essenciais; crescente número de ofertas em comparação aos concorrentes;

estabelecimento de parcerias com outras empresas.

Do mesmo modo do que foi explicitado anteriormente em relação ao macroconstruto

referente ao direcionamento dos recursos humanos, procurou-se medir por intermédio deste

macroconstruto todos os aspectos descritos, sistematizados e sumariados no capítulo 4, que

agrupam os itens propostos no instrumento de pesquisa, a partir de Nogueira (1999),

conforme apresentado no quadro 6.3 a seguir:

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107

Quadro 6.3 – Operacionalização do Macroconstruto Direcionamento para o Futuro. Direcionamento para o Futuro Itens Nº dos Itens do

Instrumento de PesquisaSucesso do futuro independe do cenário. III-1; III-5 Visão refletida em ações de curto prazo. III-2; III-6; III-12 Estratégia envolve todos os executivos. III-3 Acompanhamento sistemático do ambiente. III-4 Pré-teste de novas ofertas junto aos clientes. III-7 Reconhecido pioneirismo em inovações. III-8 Busca de novos tipos de clientes. III-9 Desenvolvimento de novas maneiras de fazer ofertas de valor aos clientes.

III-10

Conhecimento claro de suas competências essenciais. III-11 Crescente número de ofertas em comparação aos concorrentes.

III-13

Estabelecimento de parcerias com outras empresas. III-14

6.4.2 Macroconstrutos associados à Gestão do Conhecimento:

O processo de Gestão do Conhecimento é aquele que possibilita um efeito

aprendizado, ao permitir que as organizações desenvolvam e mantenham vantagens

competitivas, tendo como elementos-chave os capitais do conhecimento.

A Gestão do Conhecimento, caracterizada neste estudo pelo processo de circulação do

conhecimento - KCP- deve contribuir para o aperfeiçoamento da Gestão Organizacional, o

que é explorado nesta pesquisa, por intermédio dos macroconstrutos que compõem o modelo

de Lee et al. (2005). Assim, sugerem estes autores que nas organizações com maior

performance na Gestão do Conhecimento, a circulação do conhecimento revele melhor

desempenho em termos de:

• Criação do conhecimento, a partir da compreensão das tarefas a executar, da

compreensão e das informações.

• Acumulação do conhecimento em termos da utilização de bases de dados, da

gestão sistemática das tarefas do conhecimento e da capacidade para acumulação

do conhecimento.

• Compartilhamento, no que se refere ao compartilhamento do conhecimento

estratégico e ao compartilhamento do conhecimento ostensivo.

• Utilização, quanto ao grau de utilização do conhecimento na organização e à

cultura de utilização do conhecimento.

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• Internalização, quanto à capacidade de internalizar o conhecimento relacionado às

tarefas, à oportunidade de educação e ao nível de aprendizagem organizacional.

A partir do modelo de Lee et al. (2005), procurou-se medir por intermédio dos

macroconstrutos: Criação, Acumulação, Compartilhamento, Utilização e Internalização do

Conhecimento todos os aspectos descritos, sistematizados e sumariados no capítulo 5. Para

facilitar a visualização do leitor, o quadro 6.4 reúne os macroconstrutos e que agrupam os

itens propostos no instrumento de pesquisa.

Quadro 6.4 – Operacionalização dos Macroconstrutos da Performance da Gestão do Conhecimento.

Gestão do Conhecimento Criação do conhecimento Itens:

Nº dos Itens do Instrumento de Pesquisa

Criação do conhecimento a partir da compreensão das tarefas a executar.

IV-1; IV-2; IV-3.

Criação do conhecimento, a partir da compreensão das informações.

IV-4; IV-5; IV-6; IV-7.

Acumulação do conhecimento Itens:

Nº dos Itens do Instrumento de Pesquisa

Utilização de bases de dados. IV- 8; IV-9. Gestão sistemática das tarefas do conhecimento. IV-10; IV-11; IV-12; IV-

13. Capacidade para acumulação. IV-14; IV-15. Compartilhamento do Conhecimento Itens:

Nº dos Itens do Instrumento de Pesquisa

Compartilhamento do conhecimento estratégico. IV-16; IV-17 Compartilhamento do conhecimento ostensivo. IV-18; IV-19 Utilização do Conhecimento Itens:

Nº dos Itens do Instrumento de Pesquisa

Grau de utilização do conhecimento na organização. IV-20; IV-21; IV-22. Cultura de utilização do conhecimento. IV-23; IV-24; IV-25. Internalização do Conhecimento Itens:

Nº dos Itens do Instrumento de Pesquisa

Capacidade de internalizar o conhecimento relacionado às tarefas.

IV-26; IV-27; IV-28; IV-29.

Oportunidade de educação. IV-30; IV-31. Nível de aprendizagem organizacional. IV-32; IV-33; IV-34.

Uma vez apresentados o plano de referência e as definições operacionais, a próxima

etapa corresponde à apresentação das hipóteses formuladas, que permitirão responder as

perguntas da pesquisa.

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109

6.5 HIPÓTESES

A busca de solução para um problema implica, no caso das pesquisas qualitativas, a

formulação de suposições e nas pesquisas quantitativas, a formulação de hipóteses. Em ambos

os casos, tanto as suposições quanto as hipóteses, acompanhadas de suas definições, provêem

auxílio ao processo de ampliação do conhecimento sobre o problema atacado e permitem a

orientação do esforço da pesquisa em si e a análise de dados, em termos da ocorrência ou não

de sua rejeição.

A partir da identificação e da definição do problema, foram escolhidos dois modelos

que se mostram apropriados para orientar a pesquisa. Em seguida, buscou-se o amparo do

referencial teórico adequado, de maneira a aproveitar o conhecimento existente sobre o

assunto de que trata o problema, seguindo o princípio do “anão inteligente” (BENTO &

FERREIRA,1982).

Os impactos causados pelos ambientes interno e externo foram considerados,

delimitados ao ambiente brasileiro e às grandes empresas que nele operam e que constituem o

frame amostral estudado, do qual é extraída a amostra explorada. Foram então definidas duas

proposições que dão origem e sustentação às hipóteses a seguir formuladas que foram

submetidas a testes, para determinar a sua validade (MARCONI , LAKATOS, 1986).

A primeira proposição remete à pergunta inicial da pesquisa, e é assim expressa:

1) É possível a existência de grupos distintos de empresas que apresentem

características semelhantes em suas Gestões Organizacional e do Conhecimento.

O ponto central desta proposição consiste na possibilidade de haver agrupamentos

entre as empresas pesquisadas, a partir da percepção de seus executivos, entorno dos fatores

associados à excelência da Gestão Organizacional - GO - e à performance da Gestão do

Conhecimento - GC.

Para a operacionalização desta proposição, são formuladas duas hipóteses, expressas a

seguir sob a forma de hipóteses nulas.

H0,1 – Não existem segmentos estatisticamente diferenciados quanto aos escores fatoriais do Nível de Formalização do Planejamento, Direcionamento de seus Recursos Humanos, Direcionamento para o Futuro e Performance da Gestão do Conhecimento.

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O propósito desta hipótese é avaliar a existência de segmentos que revelem diferença

significante entre os diversos fatores explorados, de maneira a permitir o destaque de aspectos

pertinentes à GO e à GC.

H0,2 – Não existe função de classificação estatisticamente significante que discrimine as empresas participantes da pesquisa em categorias, de acordo com os fatores definidos para o Nível de Formalização do Planejamento, Direcionamento de seus Recursos Humanos, Direcionamento para o Futuro e Performance da Gestão do Conhecimento.

Esta hipótese busca verificar a existência de traços comuns que levem ao agrupamento

das empresas participantes da pesquisa, a partir dos fatores considerados nos modelos

empregados, de maneira a permitir o destaque de aspectos pertinentes à sua gestão e à GC.

A segunda proposição refere-se à segunda pergunta da pesquisa e é assim expressa:

2) A Gestão Organizacional, expressa pela formalização do Planejamento e

Controle, pelo Direcionamento dos Recursos Humanos e pelo Direcionamento para o

Futuro está associada à performance dos processos de Gestão do Conhecimento

adotados pelas grandes organizações em operação no Brasil.

O cerne desta proposição consiste na idéia de que a performance dos processos

organizacionais está ligada aos seus componentes internos e aos elementos contextuais da GC.

A ausência ou a pouca concentração de um elemento contextual ou componente está

relacionada à performance do processo de GC. Esta proposição remete ao exame da existência

de relação entre os processos de Gestão Organizacional e da Gestão do Conhecimento, no que

toca aos macroconstrutos que comportam a circulação do conhecimento, a exemplo do que

fora proposto por Nogueira, (1999) no que se refere às características internas dos processos,

e por Lee et al. (2005), no tocante à GC.

Para fins de operacionalização desta proposição, são formuladas quatorze hipóteses,

apresentadas sob a forma de hipóteses nulas, divididas em três grupos: o primeiro refere-se às

associações entre os macroconstrutos referentes à Gestão Organizacional, no total de três

hipóteses. O segundo grupo, com dez hipóteses, às associações entre os macroconstrutos

relativos ao desempenho da GC. O último grupo, composto por uma hipótese, refere-se à

associação entre a excelência da Gestão Organizacional e a performance da Gestão do

Conhecimento. A figura 6.2 retrata a interação entre os macroconstrutos estudados, por

intermédio da representação das hipóteses ora descritas.

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FIGURA 6.2. – Representação gráfica das hipóteses de números 3 a 16.

H0,3 - Não existe associação entre o Direcionamento dos Recursos Humanos e o Nível de Formalização do Planejamento e Controle nas empresas pesquisadas.

H0,4 - Não existe associação entre o Direcionamento para o Futuro e o Nível de Formalização do Planejamento e Controle nas empresas pesquisadas.

H0,5 - Não existe associação entre o Direcionamento para o Futuro e o Direcionamento dos Recursos Humanos nas empresas pesquisadas.

H0,6 - Não existe associação entre a Criação do Conhecimento e a Acumulação do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,7 - Não existe associação entre a Criação do Conhecimento e o Compartilhamento do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,8 - Não existe associação entre a Criação do Conhecimento e a Utilização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,9 - Não existe associação entre a Criação do Conhecimento e a Internalização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,10 - Não existe associação entre a Acumulação do Conhecimento e o Compartilhamento do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

Planejamento e Controle

Direcionamento dos Recursos Humanos

Direcionamento para o Futuro

H0,3H0,4

H0,5

Criação

H0,16

Acumulação

Compartilhamet

Utilização

Internalização

H0,6 H0,7

H0,12

H0,11 H0,10

H0,13H0,8

H0,15H0,14 H0,9

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H0,11 - Não existe associação entre a Acumulação do Conhecimento e a Utilização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,12 - Não existe associação entre a Acumulação do Conhecimento e a Internalização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,13 - Não existe associação entre o Compartilhamento do Conhecimento e a Utilização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,14 - Não existe associação entre o Compartilhamento do Conhecimento e a Internalização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

H0,15 Não existe associação entre a Utilização do Conhecimento e a Internalização do Conhecimento nas empresas pesquisadas.

Finalmente, com o propósito de verificar a existência de relação entre a excelência da

Gestão Organizacional e a performance da Gestão do Conhecimento, é formulada a última

hipótese nula da pesquisa:

H0,16 Não existe associação entre a excelência da Gestão Organizacional e a performance da Gestão do Conhecimento.

Uma vez apresentados o plano de referência e as hipóteses formuladas, a próxima

etapa corresponde à associação dos macroconstrutos de cada um dos modelos empregados

neste estudo aos respectivos itens que compõem o instrumento de pesquisa utilizado.

Por intermédio dos referidos itens, foram cotejadas a excelência da Gestão

Organizacional e a performance da GC, a partir do arcabouço teórico em face dos resultados

obtidos a partir da percepção dos executivos consultados.

6.6 COLETA DOS DADOS

6.6.1 Frame Amostral

Visando atender ao pressuposto de exeqüibilidade deste estudo em face da

complexidade dos aspectos abordados, particularmente quanto à GC, optou-se por realizar

esta pesquisa junto a executivos de grandes empresas em operação no Brasil. Foi considerado

também o fato do assunto ser recente especialmente no País, onde seu emprego se mostra

mais freqüente em organizações de maior porte. Tais empresas são relacionadas no ranking

publicado anualmente pela revista Maiores e Melhores (2006).

A despeito de ser possível realizar esta pesquisa junto a pequenas e médias empresas,

considerou-se que em empresas de maior porte as características relatadas na literatura

deveriam se mostrar mais evidentes, e reduzir a possibilidade de formação de vieses por parte

dos respondentes. Espera-se com isso diminuir a possibilidade de contaminação dos achados

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da pesquisa, o que exigiria a adoção de outros cuidados na apuração das informações que

dificultariam e alongariam excessivamente a sua operacionalização.

Tendo em vista que o propósito primordial desta pesquisa está associado à questão da

excelência e da performance, a lista publicada pela referida revista foi reordenada, a partir da

relação Lucro Líquido/Patrimônio Líquido, que pareceu melhor retratar a dimensão da

performance.

6.6.2 Participantes

A partir do frame considerado, alcançou-se um total de cento e sessenta e cinco

executivos que responderam o questionário preparado para a pesquisa, do que resultaram

cento e dez observações válidas, isto é, que obedecem aos critérios para sua aceitação,

conforme será tratado adiante. Do ponto de vista estatístico o tamanho da amostra preenche os

requisitos de exeqüibilidade e validade para atender as exigências próprias dos testes

necessários, sendo, portanto, suficiente (CHURCHILL , IACOBUCCI, 2004), de acordo com

o número de itens componentes dos construtos explorados.

O aumento do número de empresas pesquisadas implicaria a elevação dos custos de

sua realização, do prazo para sua consecução e ampliação da complexidade, sem que tal

representasse aumento compensador de seu poder explicativo.

Vale ressaltar a ocorrência de ruptura com o propósito da aleatoriedade em relação à

pesquisa em si, no que se refere à premissa de seleção de uma amostra neutra, conforme

Cooper e Schindler (2002).

Os participantes da pesquisa foram qualificados por sua responsabilidade direta pela

definição dos processos e conteúdo da Gestão Organizacional e da Gestão do Conhecimento

em suas organizações, ou pelo acompanhamento dos resultados alcançados em seu ambiente,

sendo considerados como respondentes os ocupantes de cargos dos níveis 1 ao 5, na estrutura

hierárquica das respectivas organizações, sendo o nível 1 equivalente ao executivo de nível

mais elevado nas organizações a desempenhar suas funções no Brasil.

Uma vez que os executivos que decidiram participar da pesquisa, o fizeram por auto-

seleção, este é outro aspecto a reforçar o fato de que a amostra empregada é de conveniência e

não uma amostra probabilística, o que impede assegurar a neutralidade dos resultados.

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Foi percebida de antemão a dificuldade em qualificar os respondentes, em função da

complexidade e distinção da estrutura das organizações pertencentes à amostra, bem como da

variada nomenclatura adotada pelas organizações.

Tendo em vista a necessidade de coletar a percepção dos executivos que dispusessem

de ampla visão sobre suas organizações, pareceram adequados os responsáveis pelas funções

de Planejamento, Marketing, Comercial, Tecnologia da Informação, Recursos Humanos,

Logística e Gestão do Conhecimento, mesmo que esta função não integre o organograma,

dado ser recente a sua inserção nas empresas, como se pôde constatar.

A despeito da restrição da amostra apontada, a pesquisa visou analisar os itens que

permitem avaliar a percepção dos respondentes a respeito dos aspectos que representam a

excelência da Gestão Organizacional e a performance da Gestão do Conhecimento.

De maneira a serem obtidas informações com um maior grau de confiabilidade, foram

estabelecidos outros requisitos para a inclusão dos respondentes na amostra, além do nível do

cargo: idade superior a 27 anos, nível superior concluído, no mínimo um ano completo no

exercício de sua função na respectiva empresa e participação de somente um respondente por

empresa.

De modo a atingir um número adequado de empresas na amostra, foi feito contato com

mais de um executivo na quase totalidade das empresas. Nos casos em que mais de uma

resposta foi obtida, foi selecionada a resposta do executivo de nível mais elevado na

hierarquia e abandonadas as demais.

Os respondentes foram previamente contatados por telefone ou e-mail, havendo sido

realizada uma prospecção acerca das pessoas mais indicadas para oferecerem respostas sobre

o tema desta pesquisa. O acesso aos respondentes se deu de modo direto por contato realizado

pelo pesquisador, ou por intermédio de indicação de outros integrantes das empresas em que

trabalham, havendo sido apresentadas previamente as razões da pesquisa, seus propósitos, os

cuidados acerca do sigilo observado e algumas orientações complementares.

Uma vez que este estudo lida com percepções, os resultados devem ser interpretados

como tal, pois não se pode assegurar que tais percepções sejam isentas de vieses, inclusive

pelo caráter voluntário do respondente, ao concordar em participar da pesquisa.

Ademais, as conclusões alcançadas restringem-se ao conjunto de participantes, não

podendo ser generalizadas, em decorrência das limitações do método empregado.

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6.6.3 O Método da Coleta de Dados

A pesquisa Survey pode ser descrita como a obtenção de dados ou informações sobre

características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como

representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente

um questionário (BABBIE, 1999).

A escolha do Método Survey, se deu em razão dos seguintes fatos e razões:

• O desejo do pesquisador de obter maior abrangência na pesquisa, ao explorar uma

amostra que permitisse tratamento multivariado. Em relação a este aspecto, houve

o cuidado em assegurar que o pesquisador não fosse tomado pela chamada

síndrome da técnica favorita (COOPER , SCHINDLER, 2002).

• O Survey, como método de coleta de dados em pesquisa social, começou a ser

utilizado por volta de 1930, de forma simples e com linguagem clara, o que

possibilitou o aperfeiçoamento rápido da técnica. Assim, verificou-se um aumento

significativo no número de estudos e de variáveis demográficas e o

desenvolvimento e uso de gráficos e escalas, oferecendo aos respondentes maior

facilidade nas respostas. Paralelo a isso, houve também um avanço significativo

na análise dos dados (ALWIN , CAMPBELL, 1987; FRANKEL,M. , FRANKEL,

O. ; SMITH, 1987).

• O uso sistemático do Survey tornou-se notório em áreas como Psicologia,

Administração, Sociologia, Ciência política, Economia, entre outras,

demonstrando ser uma forma eficiente de obter informações acerca de atitudes,

opiniões, crenças e julgamentos de pequenas e grandes populações, por

intermédio de sondagem, visando descobrir as possíveis relações existentes entre

variáveis sociais e psicológicas (MAZZON, GUAGLIARDI , FONSECA, 1983;

KERLINGER, 2003).

Babbie (1999) considera o método como lógico, pois é guiado por todas as restrições

lógicas; determinístico, por possibilitar ao pesquisador de survey documentar processos de

causalidade, na busca de explicar as razões e as fontes de eventos, características e

correlações observados; geral, por levar ao entendimento acerca da população de onde foi

extraída a amostra; parcimonioso, por permitir obter o máximo de compreensão com um

mínimo de variáveis, ao viabilizar a construção de diversos modelos explicativos e escolher o

mais adequado, economizando tempo e esforço; específico, pois requer a conceituação e a

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explicitação das variáveis e medidas. Excede, portanto as pretensões deste estudo,

preenchendo seus requisitos.

6.6.4 Instrumento de Coleta de Dados

6.6.4.1 Definição do questionário

O processo de coleta de dados foi instrumentalizado, conforme citado, por intermédio

de um questionário, aplicado pela Internet, o que é detalhado a seguir:

Hair Jr, et al. (2005) abordam o Método de Survey e sua implementação por diferentes

meios: o survey de painel, que considera o estudo longitudinal; os questionários administrados

por entrevistador - sendo que ambos fogem aos propósitos deste trabalho; os questionários

auto-administrados, sem a presença do pesquisador, que os entrega pessoalmente ou os remete

pelo correio ou por via eletrônica - meio empregado neste estudo.

Quanto à aplicação dos questionários, os autores fazem a ressalva de que

diferentemente do Método de Observação, no Método de Survey o participante sabe

claramente que estão sendo coletadas informações sobre o seu comportamento e atitudes, e

por esta razão podem ser influenciados ao oferecerem suas respostas. Ressaltam a necessidade

de sua validação através de teste e a determinação do método de administração do

questionário, o que foi atendido nesta pesquisa.

No preâmbulo do questionário foram expressas orientações acerca dos procedimentos

para o registro das respostas, de maneira a dissipar eventuais dúvidas.

O questionário foi remetido por e-mail aos respondentes ou entregue impresso,

conforme a preferência manifestada.

O acesso aos respondentes foi, em sua maioria, viabilizado a partir do conhecimento

pessoal do pesquisador, bem como por intermédio da indicação feita por amigos e alunos do

pesquisador que conheciam previamente os executivos. Em ambos os modos ocorreram

recusas, decorrentes do receio de vazamento de informações ou de compromissos de

confidencialidade firmados pelos executivos com suas empresas, no total de 16 casos.

Muitos dos respondentes ainda que tenham concordado e respondido o questionário,

reforçaram a importância e o compromisso assumido pelo pesquisador em assegurar a

confidencialidade das informações e da identidade das empresas e dos próprios executivos.

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O questionário, apresentado no Anexo II, é composto por um conjunto de afirmações,

organizadas em oito blocos que correspondem aos macroconstrutos empregados neste estudo,

totalizando setenta e seis itens. Ao final foram solicitadas informações voltadas a aspectos

exploratórios do ponto de vista demográfico, de maneira a caracterizar o respondente (idade,

gênero, ocupação, formação e experiência) e sua empresa, no total de onze itens.

A construção do questionário e sua apresentação em planilha eletrônica, além dos

aspectos processuais referentes ao rigor da pesquisa do ponto de vista científico e às restrições

inerentes ao meio, visou tomar o menor tempo possível dos respondentes e mantê-los

interessados em participar da pesquisa. Os primeiros testes revelaram que o tempo de resposta

variou de quinze a vinte e cinco minutos, o que se confirmou posteriormente, pelas

informações prestadas pelos respondentes.

Spiller & Dias (2004), realizaram uma pesquisa de campo para um estudo referente à

Inteligência Competitiva, junto a organizações pertencentes à indústria de distribuição de

derivados de combustível no Brasil. Naquela oportunidade foi também empregado um

questionário que representou uma experiência adicional aplicada ao instrumento de coleta de

dados desta pesquisa.

Cada item do questionário corresponde a uma proposição a respeito da qual o

respondente indicou seu grau de discordância ou concordância.

As respostas às questões fechadas, foram organizadas em uma escala ordinal do tipo

Likert (HAIR JR, et al., 2005) com seis pontos, adotada por poder ser tratada estatisticamente

como métrica de observação intervalar. A esse respeito, Nogueira (1999) esclarece que:

“Kerlinger (2003) destaca as escalas de Likert como um tipo específico de escala ordinal de pontos adjetivados ‘assumidos como intervalares.’ Abelson e Tuckey (1970), argumentam que ‘a atribuição de valores numéricos às categorias de uma escala métrica ordinal permite o seu tratamento como se fosse medida como intervalar’”.

Os dados foram analisados através de técnicas de análise multivariada, conforme

Sharma, (1996) e Hair et. al. (2005), com o emprego do software SPSS.

6.6.4.2 Pré-teste e revisão final do questionário

O pré-teste foi realizado em duas etapas: A primeira se deu por meio da aplicação do

questionário a um conjunto de vinte executivos que correspondem em termos de atribuições e

experiência aos executivos que participaram efetivamente da pesquisa.

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A contribuição oferecida pelos participantes do pré-teste decorreu do aprendizado

adquirido nas suas próprias organizações e da experiência profissional que possuíam em

cargos de gerência, a partir das suas vivências organizacionais, especialmente no que toca ao

entendimento dos itens e eventual receio ou dúvida demonstrada ao respondê-los.

A segunda etapa, por cautela, correspondeu à aplicação de oito questionários

administrados pessoalmente pelo pesquisador junto a executivos qualificados e pertencentes

às empresas que integram o frame considerado para o estudo. As respostas a esses

questionários não foram incluídas no cômputo da amostra final.

Ao término de ambas as etapas foram promovidos ajustes em alguns itens por

substituição de vocábulos, de modo a facilitar o seu entendimento, quando da realização do

trabalho de campo definitivo.

6.6.4.3 Operacionalização das variáveis

Nesta pesquisa, a partir dos modelos empregados por Nogueira (1999) e Lee et al.

(2005), foi elaborado o questionário composto por múltiplas questões a respeito de cada uma

das variáveis consideradas. Os Quadros 6.1 a 6.4 detalham o plano de levantamento de dados,

ao relacionarem os macroconstrutos e seus respectivos construtos ao conjunto de itens

correspondentes às variáveis a medir, a exemplo do que fizera Spiller (1990) em seu estudo,

não estando contidas nos quadros citados os itens voltados a obter informações demográficas

dos respondentes e de suas empresas.

6.7 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS

O objeto de estudo desta pesquisa, a partir dos modelos adotados, exigiu a formulação

de um conjunto de itens, como ficou demonstrado na sua definição e descrição nas seções

anteriores.

Deste modo, a análise dos dados obtidos com o emprego do survey impõe o uso de

técnicas de análise uni e multivariada, uma vez que os macroconstrutos referentes à

excelência da Gestão Organizacional e à performance da Gestão do Conhecimento requerem

o exame das inter-relações entre os macroconstrutos a partir das variáveis que os representam.

O emprego de diferentes técnicas quantitativas resulta da necessidade de serem

tomados os cuidados recomendados na literatura, quanto à sua aplicação e à interpretação dos

resultados, assim como em relação às suas limitações, em termos da eventual insuficiência em

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explicar adequadamente os fenômenos estudados, o que levou a serem consideradas diferentes

possibilidades de caminhamento para enfrentar contingências.

A partir das técnicas de análise disponíveis, foram executados os seguintes estudos

quantitativos através dos procedimentos disponíveis no software SPSS:

Análises descritivas dos dados:

• Apresentação das distribuições, médias e desvios-padrão apurados a partir dos

itens componentes dos macroconstrutos empregados, de modo a sumarizar o

conjunto de dados.

• No caso das variáveis contínuas, referentes aos itens que retratam os dados

demográficos, foram apurados os valores médios, desvios-padrão e valores

máximos e mínimos, para idade, experiência profissional, experiência em gestão,

tempo na organização e tempo no cargo atual.

Para variáveis discretas, como: gênero, nível do cargo, área de trabalho dos

executivos, área de formação acadêmica, origem do capital, ramo de atividade das empresas

representadas na amostra e região geográfica onde estão instaladas as empresas foram

apuradas as freqüências e os percentuais relativos de cada categoria dessas variáveis, em face

ao conjunto da amostra.

Foram realizados estudos cruzados, com o emprego do procedimento CROSSTABS -

entre o tempo na organização e o tempo no cargo; tempo na organização e nível do cargo;

tempo na organização e experiência em gestão; tempo na organização e idade; idade e

experiência em gestão; idade e nível do cargo, idade e gênero, gênero e nível do cargo;

origem do capital e atividade da empresa, com o propósito de identificar eventuais relações

entre tais variáveis, que orientassem para a realização do aprofundamento do estudo sobre

esses pares. Foram também realizados estudos gráficos pelo procedimento SCATTER PLOT

bivariado entre as combinações das variáveis citadas, com o mesmo propósito. E ainda as

seguintes análises:

Análise de confiabilidade com a apuração dos valores de Alfa de Cronbach foram

realizados por intermédio do procedimento RELIABILITY dos itens componentes dos oito

macroconstrutos considerados no estudo.

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Análise fatorial e apuração das cargas fatoriais dos itens correspondentes a cada um

dos oito macroconstrutos de ambos os modelos utilizados, segundo as orientações de Sharma

(1996) e Hair et al. (2005), com a utilização das seguintes técnicas e procedimentos:

• Medidas de adequação da amostra, por intermédio do cálculo de KMO e teste de

esfericidade de Bartlett.

• Cálculo das comunalidades utilizando como método de extração e análise dos

componentes principais.

• Cálculo da variância total explicada a partir dos autovalores para cada

componente

• Emprego do procedimento gráfico SCREE PLOT para a determinação do número

de fatores.

Análises de correlação entre os macroconstrutos componentes do modelo de Gestão

Organizacional entre si e dos macroconstrutos do modelo de Gestão do Conhecimento

também entre si.

Análise hierárquica de segmento, através das observações contidas na amostra por

intermédio do método hierárquico de Ward, procedimento QUICK CLUSTER e geração de

dendrograma.

Análise descritiva das variáveis demográficas discretas e variáveis contínuas,

agrupadas por faixa, para interpretação dos segmentos, contemplando a realização de estudos

cruzados a partir do procedimento CROSSTABS. Cálculo das médias e desvios-padrão das

variáveis contínuas. Cálculo das médias e desvios-padrão de todos os itens componentes dos

macroconstrutos da Gestão Organizacional e da Gestão do Conhecimento.

Análise discriminante dos segmentos por fator correspondente aos macroconstrutos da

Gestão Organizacional e da Gestão do Conhecimento.

Análise das funções discriminantes canônicas com o cálculo dos autovalores das

funções e do Lambda de Wilks. Cálculo da função discriminante canônica padronizada e da

matriz estrutural. Cálculo dos centróides.

Análise da classificação estatística dos resultados.

Finalmente foi realizado o cálculo da correlação canônica, entre os macroconstrutos de

ambos os modelos originários.

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121

6.8 PREPARAÇÃO DOS DADOS

6.8.1 Outliers, Dados faltantes e Respondentes não qualificados

Tendo em vista a forma com que foi conduzida a pesquisa, o tamanho da amostra e o

número mínimo necessário de respostas para permitir o emprego das técnicas quantitativas

apropriadas para validar o estudo, foi planejado o processo de preparação dos dados, para

promover o seu saneamento.

A depuração dos dados foi realizada a partir da eliminação dos registros enquadrados

nas seguintes situações:

Outliers – foi procedida a busca para sua identificação, por intermédio da análise de

segmentos, afinal não encontrados.

Dados faltantes – em relação a esta discrepância, Hair et al. (2005), consideram como

casos típicos de dados faltantes: o erro amostral; os dados censurados; os erros na entrada dos

dados, como no caso da digitação; respostas incompletas; a falta de vontade do respondente

em informar os dados.

Foi promovida a substituição de quatro observações, uma vez que havia respostas em

quantidade suficiente para permitir esta escolha, a despeito da possibilidade de adoção de uma

ou mais medidas visando à depuração da amostra, como: exclusão de casos ou de variáveis

com dados faltantes; substituição de casos que apresentassem dados faltantes; adoção de

técnicas que permitem a estimação dos dados faltantes.

Respondentes não qualificados – o processo de seleção dos integrantes da amostra pré-

qualificou os respondentes que se comprometeram formalmente a responder pessoalmente os

questionários, o que pode ter reduzido a delegação e dificultado a não evidenciação de

despreparo. Todavia, não havia como impedir a delegação. Além disso, diante da ocorrência

de mais de uma resposta por empresa, foi selecionada somente uma das respostas válidas:

aquela oferecida pelo executivo de maior nível hierárquico na empresa.

6.8.2 Tratamento da não-resposta

Os motivos costumeiros para não-resposta em um survey permitem categorizar os não

respondentes em três grupos: os que não receberam ou tiveram acesso ao questionário;

aqueles que se recusaram a responder e aqueles que não estavam aptos a responder, seja por

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122

limitação de tempo, física ou de entendimento, incluindo incapacidade de leitura,

compreensão e escrita (FOWLER JR e FLOYD, 2001).

O tratamento dado aos casos de não-resposta foi a substituição da empresa por outra,

ou o abandono de todo o questionário, no caso de estar incompleto. Não foi possível

identificar claramente as causas da não-resposta daqueles que sequer responderam ao convite.

Sabe-se, porém, em razão do temor declarado por muitos que o receio de ocorrer a

identificação das empresas e dos próprios respondentes, além da existência de acordos de

confidencialidade firmados pelos executivos representaram significativas barreiras à obtenção

de um número maior de respostas.

6.9 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Verifica-se a predominância de empresas situadas nas regiões sudeste e sul, tanto no

frame amostral considerado, quanto na amostra obtida, o que poderá implicar a existência de

vieses, decorrentes de fatores culturais, o que, no entanto, não se poderá identificar e discutir

nesta pesquisa, por fugir ao escopo e envergadura deste estudo.

Quanto ao método em si, há também algumas limitações. Primeiro, por tratar-se de

pesquisa baseada em percepções, há a possibilidade de vieses, diante da participação de

somente uma pessoa por empresa, o que poderá implicar a introdução de um viés pessoal ou

funcional nos dados e causar impacto nos resultados da pesquisa, restringindo a possibilidade

de generalização e replicação. Porém, devem ser consideradas as dificuldades de ordem

prática em se conseguir mais de um participante por empresa em todas as observações da

amostra, embora tenha sido tentado, não foi possível obter tal número de participantes,

conforme citado anteriormente.

A despeito da reflexão promovida acerca da escolha dos executivos mais adequados

para participarem desta pesquisa, há ainda assim um risco que não pode ser omitido, quanto à

escolha do indivíduo errado que responderá o questionário.

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123

PARTE IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

7.1 INTRODUÇÃO

A organização deste capítulo foi feita de maneira a privilegiar a perspectiva do leitor e

assim facilitar a apreciação do seu conteúdo. Deste modo, as perguntas da pesquisa são

destacadas em conjunto e a ordem de apresentação das técnicas usadas na apuração dos

resultados foi organizada visando atender ao propósito ora declarado.

Assim, este capítulo foi distribuído em cinco seções. Após esta introdução, é

apresentada a análise descritiva dos resultados, em termos do perfil do frame amostral e dos

macroconstrutos dos modelos originais.

A terceira seção aborda a primeira pergunta da pesquisa, onde é apresentada a

segmentação das organizações e a sua classificação nos segmentos identificados. Ao final são

analisados os segmentos e apresentados os testes de hipótese realizados que culminaram com

a resposta à referida pergunta.

A quarta seção é dedicada à segunda pergunta, onde é obtida a medida do

relacionamento linear entre os pares de macroconstrutos dos modelos adotados. Em seguida é

apresentada a análise da relação entre os citados modelos, chegando-se à resposta a esta

pergunta.

A análise dos resultados é concluída, na quinta seção, com a apresentação dos resumos

e testes de hipótese que deram sustentação a todo o processo.

7.2 ANÁLISE DESCRITIVA

O frame amostral do qual foram extraídas as empresas participantes deste estudo é

composto por vinte e um setores industriais listados na revista Maiores e Melhores (2006).

O processo de análise dos resultados obtidos tem início com a interpretação dos

aspectos gerais, sendo abordados primeiramente os setores industriais, a origem do capital das

organizações e a região geográfica onde está situada a sede de cada empresa. Em seguida, são

abordados os dados demográficos relativos aos respondentes.

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124

Cumpre sublinhar o fato de tratar-se de uma amostra de conveniência, conforme

descrito no capítulo 6, o que implica que a ocorrência de resultados não pode ser generalizada

além da própria amostra.

7.2.1 O Perfil das Organizações e dos Respondentes

7.2.1.1 Análise Descritiva das Variáveis Demográficas

Os Setores Industriais e as Organizações.

Conforme o quadro 7.1, os resultados indicam, respectivamente, a marcante

participação de organizações integrantes dos setores de química e petroquímica; tecnologia e

computação; serviços diversos; bancos; farmacêutico, de higiene e cosméticos; e

telecomunicações.

Vale ressaltar que a classificação dos setores utilizada neste estudo corresponde àquela

empregada pela revista Maiores e Melhores (2006), de onde foi extraído o frame amostral

tomado como referência para a pesquisa realizada.

A concentração em determinados setores ocorreu casualmente, e não por escolha do

pesquisador, conforme também relatado no capítulo 6. Não obstante, tal concentração não

implica prejuízo ao estudo, uma vez que a pretensão está em conhecer a realidade das grandes

organizações em operação no Brasil, a partir da percepção de seus executivos.

Quadro 7.1 – Distribuição das organizações por setor industrial.

Freqüência Percentagem Percentagem Acumulada

Alimentos e Bebidas 6 5,5 5,5Atacado e Comércio Exterior 2 1,8 7,3Automotivo 2 1,8 9,1Bancos 10 9,1 18,2Comércio Varejista 6 5,5 23,6Confecções e Têxteis 2 1,8 25,5Construção 1 0,9 26,4Eletroeletrônico 1 0,9 27,3Farmc. Higiene e Cosméticos 9 8,2 35,5Material de Construção 2 1,8 37,3Mecânica 3 2,7 40,0Mineração 4 3,6 43,6Papel e Celulose 1 0,9 44,5Plásticos e Borracha 3 2,7 47,3Quimica e Petroquímica 16 14,5 61,8Serviços de Transporte 4 3,6 65,5Serviços Diversos 10 9,1 74,5Serviços Públicos 7 6,4 80,9Siderurgia e Metalurgia 1 0,9 81,8Tecnologia e Computação 12 10,9 92,7Telecomunicações 8 7,3 100,0Total 110 100,0

Setor IndustrialEstatísticas

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125

O quadro 7.2 complementa as informações do quadro 7.1, e indica a origem do capital

das organizações participantes deste estudo.

Quanto à origem do capital, 63 empresas são controladas por capital estrangeiro,

enquanto 34 são empresas de capital brasileiro privado e as 13 restantes são empresas estatais.

Em relação à localização, as sedes das organizações situam-se na quase totalidade nas

regiões sul-sudeste (103), seguidas pelas região Centro-oeste (5) e regiões Norte-nordeste (2).

Quadro 7.2 – Origem do capital das organizações que empregam os respondentes.

Brasileiro Privado

Brasileiro Estatal Estrangeiro Total

Alimentos e Bebidas 1 5 6Atacado e Comércio Exterior 2 2Automotivo 2 2Bancos 3 3 4 10Comércio Varejista 6 6Confecções e Têxteis 1 1 2Construção 1 1Eletroeletrônico 1 1Farmc. Higiene e Cosméticos 9 9Material de Construção 1 1 2Mecânica 3 3Mineração 2 2 4Papel e Celulose 1 1Plásticos e Borracha 1 2 3Quimica e Petroquímica 3 2 11 16Serviços de Transporte 3 1 4Serviços Diversos 3 7 10Serviços Públicos 1 6 7Siderurgia e Metalurgia 1 1Tecnologia e Computação 3 1 8 12Telecomunicações 2 6 8Total 34 13 63 110

Setor IndustrialOrigem do Capital

Os Respondentes.

A análise descritiva relativa aos respondentes divide-se em dois aspectos: o primeiro

associado ao indivíduo em si abrange o gênero, a idade e a formação originária.

O gênero feminino corresponde a 20 respondentes, cuja idade média é de 41 anos. Os

homens correspondem a 90 respondentes e a média de idade destes é de 44 anos. Quanto à

formação acadêmica, a área de Ciências Exatas abrange 70 respondentes, ou 63,6% da

amostra, havendo predomínio desta nas organizações pertencentes aos setores industriais de

orientação tecnológica. A área de Ciências Humanas é representada por 30,0% e os

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126

executivos com esta formação encontram-se dispersos na amostra. A participação de

respondentes com formação na área das Ciências Biomédicas é de 6,4% e sua presença ocorre

com maior intensidade no setor industrial de fármacos, higiene e cosméticos.

O segundo aspecto explora: a vida funcional dos indivíduos e o nível de

responsabilidade dos cargos que ocupam, comparados com o cargo de nível mais elevado

existente nas empresas no Brasil; a experiência profissional e em funções gerenciais; o tempo

na organização; o tempo no exercício do cargo atual.

Para os fins deste estudo, no que toca à determinação do número de níveis de

responsabilidade a ser considerado, foram propostos aos respondentes cinco níveis, em razão

da variedade das estruturas organizacionais estudadas.

O nível 1 corresponde àquele ocupado pelo executivo de mais alto posto no Brasil. O

nível 2, de acordo com as características das organizações, conforme explicado no parágrafo

anterior, abrange executivos ocupantes de cargos correspondentes à vice-presidência ou

diretoria-executiva; o nível 3 corresponde à diretoria-executiva ou superintendência. O nível 4

equipara-se à superintendência ou gerência de grandes estruturas departamentais, ou órgãos

regionais. Finalmente, o nível 5 corresponde a cargos equivalentes a departamentos ou

gerência de área ou filial.

No tocante à idade dos respondentes, a média é mais elevada nos níveis de cargo mais

altos. Este achado pode ser uma característica da amostra estudada, ou estar associado, entre

outros aspectos, à experiência de vida e profissional adquirida pelos executivos.

As estatísticas descritivas quanto aos cargos e a idade de seus ocupantes encontram-se

sumariadas no quadro 7.3.

Quadro 7.3 – Distribuição dos cargos dos respondentes por nível e média de idade.

1 2 1,8 1,8 46 1,42 32 29,1 30,9 46 7,43 45 40,9 71,8 42 7,94 24 21,8 93,6 40 6,85 7 6,4 100 43 8,7

Total 110 100 43 7,8

Estatísticas

Freqüência Percentagem Percentagem Acumulada

Média de Idade

d.p.Nível do

cargo

A distribuição de responsabilidade por gênero indica o predomínio do gênero

masculino na ocupação dos cargos.

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127

O quadro 7.4 apresenta um resumo das variáveis idade e experiência dos respondentes,

havendo uma grande dispersão em relação a estas variáveis.

Quadro 7.4 – Distribuição dos respondentes por idade e tempo de experiência. Variáveis tatísticas (anos)

Média Mín. Máx.Idade 43 27 59Experiência profissional 22 4 45Experiência em gestão 11 1 33Tempo na organização 12 1 33Tempo no cargo 4 1 22

De modo a aprofundar o conhecimento sobre a amostra estudada, foram promovidos

alguns cruzamentos entre as variáveis à busca de elementos que ajudem a alcançar melhor

entendimento sobre a Gestão Organizacional e a Gestão do Conhecimento.

Os quadros 7.5 e 7.6 e as figuras 7.1 e 7.2 associam respectivamente a idade dos

respondentes ao tempo na organização e a experiência em funções gerenciais em faixas de

tempo.

A freqüência relativa em cada uma das faixas de tempo consideradas parece apontar

para a ocorrência de um processo de encarreiramento.

Quadro 7.5 – Associação idade e tempo na organização.

Quantidade Média Desvio Padrão1 a 2 12 37 7,83 a 5 22 42 8,46 a 10 29 41 7,2> 10 47 47 6,1Total 110 43 7,8

Idade (anos)Faixa

Tem

po n

a O

rgan

izaç

ão

FIGURA 7.1. - Diagrama de dispersão idade x tempo na organização.

20 30 40 50 60

Idade

0

10

20

30

40

Tem

po n

a or

gani

zaca

o

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128

Quadro 7.6 – Associação entre idade e experiência em gestão.

Quantidade Média Desvio Padrão1 a 2 8 37 8,13 a 5 22 37 6,56 a 10 43 43 6,7> 10 37 48 6,1Total 110 43 7,8

Expe

riênc

ia e

m

Ges

tão

Faixa Idade (anos)

FIGURA 7.2. - Diagrama de dispersão idade x experiência em gestão.

20 30 40 50 60

Idade

0

10

20

30

40

Expe

rienc

ia e

m g

esta

o

Ao ser analisada a possível associação entre o tempo no cargo e o tempo na

organização, conforme expresso no quadro 7.7 e ilustrado pela figura 7.3, os dados parecem

apontar para o fato de que a ocupação dos cargos ocorre com freqüência a partir da

permanência dos indivíduos nas organizações. Ao ser associada a experiência em gestão ao

tempo na organização, expressas no quadro 7.8 e na figura 7.4, observa-se maior dispersão,

sugerindo experiência prévia ao ingresso nas organizações.

Quadro 7.7 – Associação entre o tempo no cargo e o tempo na organização.

Tempo no Cargo

Faixas 1 a 2 3 a 5 6 a 10 > 10 Total

1 a 2 11 1 - - 12

3 a 5 9 13 - - 22

6 a 10 8 16 5 - 29

> 10 8 21 13 5 47

Tem

po n

a O

rgan

izaç

ão

Total 36 51 18 5 110

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129

FIGURA 7. 3. - Diagrama de dispersão tempo no cargo x tempo na organização.

0 5 10 15 20 25

Tempo no cargo

0

10

20

30

40

Tem

po n

a or

gani

zaca

o

Quadro 7.8 – Associação entre a experiência em gestão e o tempo na organização.

Experiência em Gestão

Faixas 1 a 2 3 a 5 6 a 10 > 10 Total

1a 2 2 2 6 2 12

3 a 5 1 7 8 6 22

6 a 10 2 8 12 7 29

> 10 3 5 17 22 47

Tem

po n

a O

rgan

izaç

ão

Total 8 22 43 37 110

FIGURA 7.4. - Diagrama de dispersão experiência em gestão x tempo na organização.

0 10 20 30

Experiencia em gestao40

0

10

20

30

40

Tem

po n

a or

gani

zaca

o

7.2.1.2 Análise Descritiva e Análise Fatorial dos Macroconstrutos dos Modelos Originais.

A seguir são apresentados os resultados da pesquisa, para cada conjunto de itens do

questionário, caracterizando os diferentes macroconstrutos definidos anteriormente. O

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detalhamento destes resultados compreende as análises descritiva, fatorial e de confiabilidade,

sintetizadas nos quadros que se seguem, conforme proposto respectivamente pelos autores dos

modelos originais, Nogueira (1999) e Lee et al. (2005).

7.2.1.2.1 Modelo de Gestão Organizacional.

Formalização do Planejamento e Controle.

Análise Descritiva

A análise descritiva do macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle

revela que as empresas respondentes apresentam índices de sofisticação moderados ao longo

de todas as variáveis. Dentre os itens melhor avaliados, destacam-se as atividades

relacionadas ao processo de formulação estratégica das empresas, incluindo, mais

especificamente, uma boa formulação da missão e objetivos, levando em consideração para

tal, a avaliação por intermédio de benefícios financeiros, a atribuição de responsabilidade na

condução de projetos e a competência em técnicas de gestão.

Não obstante, a avaliação formal periódica, a avaliação por aprendizado e inovação e

por benefícios aos clientes apresentam os níveis mais baixos do conjunto.

A avaliação dos projetos quando de sua conclusão por critérios definidos, a

competência em TI e a comunicação clara de objetivos estratégicos ocupam um espaço

intermediário, havendo uma lacuna entre a a formulação da missão e dos objetivos e a

comunicação dos objetivos e estratégias.

Parece haver carência de maior padronização dos projetos que permita estimativas

mais claras de valores e melhor comparação por eficiência de processos. Embora as empresas

afirmem que acompanham formalmente todos os seus projetos de investimento, os critérios

adotados para tal parecem ainda se limitar ao tradicional enfoque econômico-financeiro,

sendo relegada a um plano inferior a análise de benefícios ao cliente.

Os resultados que suportam a presente análise encontram-se apresentados no quadro

7.9.

Análise Fatorial

Ainda no quadro 7.9, são apresentados de modo resumido os resultados da análise

fatorial que resultou em um KMO de 0,915 e uma significância de 0,000 no teste de

esfericidade de Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos

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três fatores foi de 71,28%. A partir de suas correlações com os itens originais dos

questionários os fatores foram nomeados e encontram-se descritos a seguir:

FATOR 1: Avaliação e Competência. Remete aos processos de controle e acompanhamento,

bem como ao nível de competência das organizações em termos de técnicas de gestão,

liderança e domínio da Tecnologia da Informação, no que toca ao seu planejamento e

controle.

FATOR 2: Formalização de Projetos. Está associado ao nível de formalização com que a

empresa formula, executa e controla seus projetos de investimento. Não abrange a formulação

da estratégia, mas apenas sua implantação de uma maneira sistemática e estruturada, por meio

de projetos de investimento.

FATOR 3: Planejamento Estratégico. Incorpora as variáveis relacionadas ao processo de

formulação da estratégia da organização, incluindo a definição de sua missão e visão,

considerando os interesses das partes envolvidas, definição dos objetivos e planos de ação

para alcançá-los e a comunicação das estratégias à organização.

Em resumo, ao serem analisados os fatores em conjunto, tem-se que em termos da

“Avaliação e Competência”, há o predomínio da avaliação por benefícios financeiros e da

competência em técnicas de gestão, sendo demonstrada preocupação com a competência em

TI, em liderança, eficiência de processos, por aprendizado e inovação, mas com pouca

atenção aos benefícios oferecidos aos clientes, o que pode afastar as organizações do sucesso

pretendido, pelo hiato que pode surgir entre o que o mercado quer e o que é oferecido a ele.

No tocante ao fator Formalização de Projetos, a assunção de responsabilidade para a

condução dos projetos se destaca, apoiada por critérios de desempenho, nas estimativas de

valores não muito claras, carecendo os projetos de maior cuidado em sua padronização para

torná-los comparáveis e aumentar a eficiência alocacional de recursos. Os escores obtidos nos

diversos itens que compõem este fator parecem ser explicados em parte pelo menor escore

alcançado pela avaliação formal periódica. Essa pouca formalização pode inibir a

realimentação de informações capazes de auxiliar o avanço do estágio em que se encontram

as empresas nas demais dimensões.

Em relação ao fator Planejamento Estratégico, o estabelecimento de rumo para as

atividades organizacionais, diante da escassez ou inadequação da comunicação dos objetivos

e estratégias que comprometam os integrantes das organizações, pode levar à adoção de ações

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sem a devida explicitação, podendo, portanto, reduzir a efetividade das organizações, ou

dificultando o seu aumento.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,946, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada, assim como os

fatores obtidos, com valores de 0,910, 0,892 e 0,877, respectivamente. De acordo com Hair et

al. (2005), o valor alfa de Cronbach pode ser empregado como coeficiente de confiabilidade

para avaliar a consistência interna de uma escala de medidas.

Segundo Sharma (1996), a medida de adequação da amostra - KMO - provê uma

forma de avaliar a extensão em que os indicadores de um construto se mantêm próximos,

caracterizando a homogeneidade das variáveis. Ressalta que, embora não haja testes

estatísticos para a medida do KMO, há valores de referência que podem ser considerados, a

partir de 0,70, havendo sido este ultrapassado, conforme demonstram os resultados apurados.

No tocante às cargas fatoriais dos itens do macroconstruto, conforme ilustrado no

quadro 7.9, Hair et al. (2005) sugerem para o referido tamanho da amostra cargas superiores a

0,52. O menor valor considerado (0,584) supera o limite inferior sugerido pelos autores

(HAIR et al,. 2005, p. 107, tabela 3.2). As cargas empregadas para a composição de cada um

dos fatores encontram-se destacadas em amarelo em cada um nos quadros subseqüentes.

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Quadro 7.9 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle.

1 2 3Avaliação por eficiência de processos 4,31 1,445 0,780 0,752Avaliação por benefícios aos clientes 3,94 1,429 0,747 0,411 0,743Competência em técnicas de gestão 4,65 1,193 0,731 0,472 0,763Competência em Liderança 4,40 1,243 0,687 0,652Avaliação por benefícios financeiros 4,97 1,177 0,660 0,585Avaliação por aprendizado e inovação 4,02 1,381 0,650 0,494 0,717Competência em TI 4,43 1,317 0,621 0,443 0,588Projetos - padronizados e comparáveis 4,29 1,384 0,814 0,787Projetos - responsável identificado 4,83 1,305 0,813 0,788Projetos - critérios definidos avaliam término 4,47 1,318 0,717 0,746Projetos - estimativas claras de valores 4,38 1,484 0,587 0,614Projetos - avaliação formal periódica 4,07 1,419 0,561 0,584 0,672Objetivos refletem todos os stakeholders 4,62 1,271 0,811 0,742Missão e objetivos formulados 5,02 1,278 0,797 0,734Comunicação clara de objetivos e estratégias 4,42 1,377 0,790 0,788Ações para objetivos bem explicitadas 4,17 1,367 0,538 0,619 0,735Autovalor 4,563 3,497 3,344Variância Explicada por Fator 28,52% 21,86% 20,90%Alpha de Cronbach por Fator 0,910 0,892 0,877Alpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMO

Descrição Média d.p. ComunalidadeFatores

0,0000,915

0,946

Direcionamento dos Recursos Humanos.

Análise Descritiva

As médias mais elevadas, embora modestas, referem-se ao investimento em

desenvolvimento de RH, à busca do autodesenvolvimento, à promoção do aprendizado e troca

de experiências e à relevância da liderança para alcançar uma visão de futuro.

As médias mais baixas apuradas indicam que a remuneração parece não ser

considerada como um meio de incentivo e recompensa pela postura individual ativa nos

processos de mudança; e pela resposta rápida em relação ao aperfeiçoamento do trabalho

realizado e aos resultados alcançados (quadro 7.10).

O recrutamento e a seleção de indivíduos criativos e empreendedores, assim como o

incentivo a condutas criativas empreendedoras, com escores muito próximos e baixos revelam

a pouca atenção ao ambiente em constante mudança.

Análise Fatorial

O quadro 7.10 também apresenta, de modo resumido, os resultados da análise fatorial,

que resultou em um KMO de 0,916 e uma significância de 0,000 no teste de esfericidade de

Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois fatores

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134

apurados foi de 70,12%. A partir de suas correlações com os itens originais dos questionários

os fatores foram nomeados e encontram-se descritos a seguir.

FATOR 1: Desenvolvimento de Recursos Humanos. Incorpora variáveis associadas ao

processo de obtenção de profissionais dotados de iniciativa e criatividade, que busquem o

autodesenvolvimento e aceitem desafios, uma vez que as organizações consideram relevante o

aporte de recursos para promover o desenvolvimento de suas equipes, assumem os erros como

parte do processo de aprendizado e atribuem importância à liderança com vistas ao longo

prazo.

FATOR 2: Estímulos e Recompensas. Este fator remete principalmente ao uso da

remuneração como estímulo e recompensa pela assunção de posturas tidas pelas organizações

como adequadas, em termos de pró-atividade nas mudanças, agilidade, aperfeiçoamento e

produção de resultados.

Ao serem reunidos os elementos obtidos a partir dos achados referentes aos fatores

nominados, tem-se que em termos do fator Desenvolvimento de Recursos Humanos as

organizações que queiram competir em vantagem e expandir seus negócios devem promover

a mineração dos melhores talentos, capazes de responder adequadamente a uma cultura de

desafio, que se mostra ainda tênue, ou capacitá-los para tanto, o que parece já estar ocorrendo,

como forma de suprir as necessidades das organizações. O estímulo ao autodesenvolvimento e

a promoção do aprendizado e a troca de experiências deve ser ainda mais estimulados,

havendo maior amparo para que os profissionais tenham mais ousadia em propor inovações,

tornando-se seguros para fazer surgir a liderança que leve as organizações ao alcance de suas

visões de futuro.

Quanto ao fator Estímulos e Recompensas, verifica-se que a remuneração pouco é

empregada para esse fim. Porém, faltam incentivos de outras naturezas que estimulem a

adoção de uma postura criativa e inovadora, associadas à busca e investimento nos

profissionais com perfis adequados ao grau de competição que se acentua no mercado.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,916, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada, assim como os

fatores obtidos, com valores de 0,923 e 0,887, respectivamente.

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Tendo por base os limites indicados na subseção 7.2.2.1, todos os resultados superam

os valores mínimos recomendados na literatura. A menor carga fatorial encontrada (0,544),

conforme registrado no quadro 7.10, supera o patamar de 0,52 sugerido por Hair et al. (2005).

Quadro 7.10 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Direcionamento dos

Recursos Humanos.

1 2Profissionais capacitados a enfrentar desafios 4,19 1,358 0,828 0,749Investe em desenvolvimento de RH 4,42 1,316 0,828 0,738Liderança para alcançar visão de futuro 4,26 1,246 0,759 0,403 0,738Cultura de desafio 3,98 1,361 0,756 0,700Promove aprendizado e troca de experiências 4,27 1,320 0,749 0,611Profissionais buscam autodesenvolvimento 4,35 1,302 0,741 0,696Erros vistos como parte do aprendizado 4,22 1,295 0,722 0,557Recruta e seleciona criativo e empreendedor 3,78 1,423 0,544 0,512 0,558Remuneração - postura ativa nas mudanças 3,53 1,444 0,869 0,833Remuneração - agilidade e aperfeiçoamento 3,55 1,487 0,849 0,814Remuneração associada a resultados 3,74 1,595 0,794 0,661Incentiva postura criativa e empreendedora 3,79 1,497 0,533 0,690 0,760Autovalor 4,931 3,483Variância Explicada por Fator 41,09% 29,03%Alpha de Cronbach por Fator 0,923 0,887Alpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

Descrição Média d.p. Comunalidade

0,0000,916

70,12%

Fatores

0,936

Direcionamento para o Futuro.

Análise Descritiva

Os escores médios são em geral modestos. Os mais elevados referem-se ao

envolvimento do conjunto de executivos nas questões estratégicas, ao acompanhamento

sistemático do ambiente e à expectativa de mudanças radicais no ambiente de negócios, de

modo que as organizações não sejam surpreendidas negativamente (quadro 7.11), dirigindo a

atenção para o ambiente externo.

Os três escores mais baixos revelam a pouca formação de parcerias, para a oferta de

novos serviços, pouca dedicação de tempo dos executivos ao seu desenvolvimento

profissional, em razão do acúmulo de compromissos em suas agendas, o que pode

eventualmente obstar o avanço da criatividade e inovação em comparação com os

concorrentes e reconhecimento da existência de uma lacuna em termos de inovações em

comparação com os concorrentes.

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Análise Fatorial

O quadro 7.11 expõe resumidamente os resultados da análise fatorial, que resultou em

um KMO de 0,881 e uma significância de 0,000 no teste de esfericidade de Bartlett, indicando

a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois fatores apurados foi de 65,70%.

A partir de suas correlações com os itens originais dos questionários os fatores foram

nomeados e encontram-se descritos a seguir.

FATOR 1: Inovação. Abrange a formação de reputação das organizações tidas como

inovadoras, proativas na busca de novos clientes e o desenvolvimento de novas formas de

ofertar serviços, bem como o domínio de suas competências e o preparo para as mudanças

bruscas do ambiente.

FATOR 2: Comprometimento. Está associado ao compromisso e à participação dos

executivos nas estratégias empresariais, ao acompanhamento permanente do ambiente

circunstante e à busca do desenvolvimento profissional, como forma de atualização.

FATOR 3: Parcerias. Consiste na formação de parcerias com outras organizações e na

adoção de medidas de curto prazo consentâneas com a visão de futuro escolhida para as

organizações, indicando a busca e obtenção de recursos e meios não disponíveis internamente,

mas que auxiliem a consecução das intenções de longo prazo.

Em suma, quanto ao fator Inovação, há um modesto grau de concordância com a

ocorrência de uma mudança radical do ambiente de negócios no futuro, o que se repete em

menor em termos do conhecimento das próprias competências, dificultando a oferta de novas

formas de oferecer serviços e buscar novos clientes, portanto, é coerente que sejam baixos os

níveis de inovação, experimentação contínua, o que pode resultar na falta de empenho e

ousadia para enfrentar as incertezas do futuro.

O fator Comprometimento revela grande comprometimento do conjunto de executivos

nas organizações em relação à estratégia adotada, ocorrendo considerável acompanhamento

sistemático do ambiente, mas relativamente há pouco empenho em dedicar tempo para o

desenvolvimento das competências técnicas e gerenciais, o que pode conduzir à perda de

percepção sobre as modificações do ambiente e como reagir a elas.

O fator Parcerias indica um freqüente isolamento das empresas, que poderiam

potencializar suas operações e conhecimento, a partir da experiência alheia e do

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aproveitamento de virtudes encontradas em outras organizações que poderiam maximizar os

resultados e melhor preparar para o longo prazo.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,873, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada, assim como os

fatores obtidos, com valores de 0,905, 0,887 e 0,583, respectivamente. Este último, lindeiro

do limite sugerido por Hair et al. (2005).

Foram eliminados os itens com carga inferior a 0,50, e verificada a influência sobre as

mesmas medidas, do que resultou o Alpha de Cronbach indicado.

Quadro 7.11 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Direcionamento para o

Futuro.

Comunalidade1 2 3

Reconhecida como Inovadora 4,16 1,450 0,875 0,796Busca novos clientes 4,29 1,410 0,862 0,777Desenvolve novas formas de oferecer serviços 4,31 1,353 0,816 0,749Experimentação contínua 4,13 1,654 0,714 0,520Conhece competências 4,35 1,430 0,697 0,654Inova mais que os concorrentes 3,85 1,319 0,634 0,518 0,672Mudança radical do ambiente de negócios 4,47 1,261 0,505 0,498 0,555Desenvolvimento Profissional 3,71 1,436 0,716 0,556Estratégia envolve todos os executivos 4,84 1,223 0,645 0,608Acompanha sistematicamente o ambiente 4,48 1,283 0,522 0,609 0,737Novos serviços através de parcerias 2,93 1,549 0,781 0,676Visão refletida em ações de CP 4,13 1,395 0,667 0,584Autovalor 4,272 1,936 1,676Variância Explicada por Fator 35,60% 16,13% 13,97%Alpha de Cronbach por Fator 0,905 0,717 0,583Alpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

Média d.p.

0,8730,0000,881

65,70%

FatoresDescrição

7.2.1.2.2 Modelo da Gestão do Conhecimento

Criação do Conhecimento.

Análise Descritiva

Os escores mais elevados referem-se respectivamente ao domínio do uso da TI na

execução das tarefas, e à disposição em aceitar e aplicar novos conhecimentos. Os escores

mais baixos apontam para a obtenção de informações e sugestões de modo ágil, a partir de

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sessões de braintorming, e para o uso de TI na análise de atividades (quadro 7.12). Ao nível

intermediário encontram-se os escores médios relativos ao uso de várias fontes de

conhecimento e o domínio do conhecimento essencial às atividades. Estes dois aspectos se

mostram importantes inclusive pela possibilidade de infuenciarem o avanço de vários

aspectos relacionados aos macroconstrutos ligados à Gestão Organizacional, dada a

correlação existente esta e a Gestão do Conhecimento, como será abordado adiante, na seção

7.4.2.

Análise Fatorial

No quadro 7.12, a exemplo dos anteriores encontram-se resumidos os resultados da

análise fatorial, que resultou em um KMO de 0,836 e uma significância de 0,000 no teste de

esfericidade de Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos

dois fatores apurados foi de 71,46%. A partir de suas correlações com os itens originais dos

questionários, os fatores foram nomeados e encontram-se descritos a seguir.

FATOR 1: Escopo e Domínio. Este fator contempla a orientação voltada à obtenção de novos

conhecimentos, a partir do emprego de diversas fontes e do uso da TI para a realização das

tarefas, de modo que seja atingido o domínio do conhecimento essencial às principais

atividades das organizações.

FATOR 2: Agilidade. Este fator implica o empenho na obtenção de contribuições a partir dos

integrantes das organizações e no uso da TI para fins de análise, ambos poucos expressivos,

comparados aos demais aspectos considerados no macroconstruto.

Resumindo, quanto ao fator Escopo e Domínio, Os escores médios embora de boa

magnitude, indicam oportunidade para a busca pela elevação da performance em termos do

domínio do conhecimento essencial, dada a formação de vantagens competitivas ser

mandatória. Assim, mostra-se relevante o emprego de múltiplas fontes de obtenção do

conhecimento que alicerce as ações pertinentes. Neste sentido em termos do fator Agilidade, o

emprego de técnicas para a obtenção ágil de contribuições se mostra relevante, associada ao

uso da TI para a realização de análise das atividades, visando otimizá-las.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,834, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada, assim como os

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fatores obtidos, com valores de 0,848 e 0,570, respectivamente, este último, valor limítrofe,

conforme sugerido por Hair et al. (2005).

Quadro 7.12 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Criação do Conhecimento.

1 2Permeável a novos conhecimentos 4,63 1,233 0,853 0,735Uso de várias fontes de informações 4,36 1,163 0,805 0,703Domínio do conhecimento essencial 4,34 1,273 0,772 0,742Domínio de TI para a realização das tarefas 4,79 1,220 0,758 0,590Uso de TI na análise de atividades 4,13 1,545 0,933 0,879Obtenção ágil de contribuições 3,60 1,402 0,553 0,577 0,639Autovalor 2,861 1,426Variância Explicada por Fator 47,69% 23,77%Alpha de Cronbach por Fator 0,848 0,570Alpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

Descrição Média d.p. Fatores Comunalidade

0,8340,0000,836

71,46%

Acumulação do Conhecimento.

Análise Descritiva

Dentre as médias apresentadas no quadro 7.13, a mais elevada corresponde à

acumulação de orientações legais e políticas com o propósito de balizar a realização das

tarefas, revelando importância ao acompanhamento do ambiente. Os menores valores

referem-se à acumulação dos resultados educacionais e à documentação do conhecimento,

que podem indicar aspectos idiossincráticos culturais, especialmente quanto à resistência dos

indivíduos ao esforço dedicado ao registro do conhecimento adquirido. Essa resistência, se

existente, pode implicar indiretamente prejuízos à acumulação e, por conseguinte, à posterior

transmissão dos conhecimentos adquiridos, que pode ser substituída pela transmissão oral.

Análise Fatorial

No quadro 7.13, a exemplo dos anteriores encontram-se resumidos os resultados da

análise fatorial, que resultou em um KMO de 0,903 e uma significância de 0,000 no teste de

esfericidade de Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos

dois fatores apurados foi de 73,72%. A partir de suas correlações com os itens originais dos

questionários os fatores foram nomeados e encontram-se descritos a seguir.

FATOR 1: Armazenamento. Leva em conta os aspectos pertinentes à guarda e acumulação do

conhecimento criado, de maneira a tornar as organizações aptas a administrar o conhecimento

ao qual têm acesso e domínio.

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FATOR 2: Pesquisa. Contempla a pesquisa e reunião do conhecimento passível de ser

alcançado a partir de estudos, consultas e coletas realizadas no decorrer do tempo, de modo

organizado e sistemático.

O fator Armazenamento, traduzido em termos dos escores médios alcançados,

indicam que as organizações consideram-se aptas não o bastante para lidar com o

conhecimento necessário às suas atividades. A acumulação do conhecimento para o uso

posterior é ainda eventual na maioria das vezes. Assim, os escores alcançados com a

acumulação dos resultados educacionais e a documentação do conhecimento correspondem a

essa realidade, o que pode apontar para a oportunidade de realização de investimentos

voltados à formação de uma postura voltada a promover a reunião e a preservação do

conhecimento criado e adquirido, reduzindo-se as eventuais restrições ao fluxo do

conhecimento.

No tocante ao fator Pesquisa, além de um elevado grau de atenção dedicado ao

ambiente externo, em termos dos aspectos políticos e legais, que convergem para a orientação

voltada ao desempenho econômico-financeiro já visto, verifica-se o acúmulo de experiência a

partir do aprendizado decorrente da elaboração de projetos e das práticas. Todavia, à pesquisa

junto a consumidores e a bases de dados e à consulta a essas bases não é atribuído o mesmo

grau de importância do que nos demais aspectos associados à pesquisa, o que sugere que tal

atenção é dirigida especialmente a objetos que gerem reflexos ou tragam resultados em prazos

mais curtos.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,914, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada, assim como os

fatores obtidos, com valores de 0,910 e 0,835, bastante acima dos limites sugeridos por Hair

et al. (2005).

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Quadro 7.13 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Acumulação do Conhecimento.

1 2Conhecimento armazenado para uso posterior 4,33 1,150 0,871 0,861Acumulação de resultados educacionais 4,04 1,394 0,841 0,802Conhecimento amplamente documentado 4,09 1,365 0,819 0,774Apta a administrar o conhecimento 4,43 1,104 0,767 0,738Acúmulo de orientações legais e políticas 4,90 1,133 0,840 0,751Acúmulo de experiência com novas tarefas 4,62 1,181 0,785 0,727Pesquisa consumidores e bases de dados 4,22 1,309 0,695 0,609Consulta prévia a arquivos e bases de dados 4,38 1,133 0,465 0,647 0,636Autovalor 3,224 2,674Variância Explicada por Fator 40,29% 33,43%Alpha de Cronbach por Fator 0,910 0,835Alpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

0,0000,903

73,72%

Comunalidade

0,914

Descrição Média d.p. Fatores

Compartilhamento do Conhecimento.

Análise Descritiva

Os resultados apontados no quadro 7.14 revelam certa homogeneidade em termos dos

valores apurados acerca da questão do compartilhamento, com razoável freqüência e

intensidade. Neste sentido, o escore mais elevado aponta para o emprego da TI para fins de

compartilhamento, podendo ser considerado para justificá-lo uma possível atração exercida

pela tecnologia sobre as pessoas e a facilidade de comunicação que proporciona.

Análise Fatorial

O quadro 7.14, expressa de modo resumido os resultados da análise fatorial, que

atingiu o valor de 0,751 para o KMO e uma significância de 0,000 no teste de esfericidade de

Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois fatores

apurados foi de 76,50%. A partir das correlações com os itens originais dos questionários foi

apurado um só fator, a seguir nomeado e descrito.

FATOR 1: Compartilhamento. Abrange os aspectos referentes aos estímulos, meios e

benefícios da comunhão do conhecimento já explícito, ou assim tornado, a partir do

conhecimento tácito.

O uso da TI para o compartilhamento do conhecimento é o destaque deste fator.

Quanto aos demais, de escores próximos entre si, estes revelam o reconhecimento quanto ao

aumento da eficácia, a partir da transformação do conhecimento tácito em explícito e de seu

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compartilhamento como meio de socialização do conhecimento. O maior desempenho no

compartilhamento agiliza o fluxo, elevando a performance da Gestão do Conhecimento.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,835, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada,. bastante

superior aos limites sugeridos por Hair et al. (2005).

Quadro 7.14 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Compartilhamento do Conhecimento.

Compartilhamento - aumento da eficácia 4,38 1,188 0,917 0,842Promoção do compartilhamento entre equipes 4,37 1,333 0,890 0,792Compartilhamento do conhecimento 4,38 1,157 0,873 0,761Uso de TI para compartilhamento 4,80 1,255 0,816 0,665AutovalorAlpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

Descrição Média d.p. ComunalidadeFator

0,75176,50%

0,0000,8353,060

Utilização do Conhecimento.

Análise Descritiva

Os resultados indicados no quadro 7.15 apontam para o distanciamento entre as

práticas e as recomendações da literatura. A utilização do conhecimento implica a formação

de uma cultura orientada para o compartilhamento do conhecimento que aproxima as pessoas

ao estimular o trabalho em equipe, sendo recomendável a produção de estímulos que

despertem o interesse pelo aproveitamento do conhecimento disponível, mas que requer certa

disciplina, emprego de métodos apropriados para o uso e o reuso do conhecimento,

reduzindo-se os esforços em obter novamente o conhecimento antes disponível.

Análise Fatorial

O quadro 7.15, expressa de modo resumido os resultados da análise fatorial, que

resultou em um KMO de 0,844 e uma significância de 0,000 no teste de esfericidade de

Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois fatores

apurados foi de 67,74%. A partir das correlações com os itens originais dos questionários foi

apurado um só fator, a seguir nomeado e descrito.

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FATOR 1: Utilização. Compreende o conjunto de meios voltados a modificar atitudes

dirigidas ao aproveitamento do conhecimento existente, de modo habitual.

O fator Utilização revela sua importância, a partir do reconhecimento de que o uso de

informações e conhecimento disseminados de modo abrangente nas organizações estimula o

trabalho em equipe, podendo formar uma cultura própria de encorajamento ao

compartilhamento, embora o escore alcançado não chegue a ponto de enfatizar este aspecto.

Os resultados apontam para o pouco uso de ferramentas e técnicas associadas à GC e de

programas de pesquisa e educacionais associadas a ela dirigidos.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,880, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada. bastante

superior aos limites sugeridos por Hair et al. (2005).

Quadro 7.15 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Utilização do

Conhecimento.

Estímulos pelo uso do conhecimento 3,64 1,543 0,868 0,754Cultura de compartilhamento 3,95 1,492 0,853 0,728Compartilhamento estimula trabalho em equipe 4,17 1,387 0,831 0,691Diagramas são exigidos e usados 3,61 1,415 0,791 0,625Há programas de pesquisa e educacionais. 3,66 1,558 0,767 0,589AutovalorAlpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

Descrição Média d.p. Fator Comunalidade

3,3870,8800,0000,844

67,74%

Internalização do Conhecimento.

Análise Descritiva

O uso crescente da Internet para obter conhecimento, a possibilidade de adoção das

melhores práticas de outras organizações, a possibilidade de aprendizado, a oportunidade de

treinamento para adaptação a novas situações e o domínio das tarefas destacam-se dos demais

itens que exploram a internalização do conhecimento apresentados no quadro 7.16.

Já em relação à atualização e manutenção do conhecimento e ao gerenciamento

sistemático do conhecimento, seja sobre o consumidor ou a previsão da demanda, revelam

menor expressão. Os escores médios mais baixos referem-se à adoção de padrões para as

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fontes de informação e à oferta de educação superior aos colaboradores. Pode-se aventar

como possibilidade quanto ao primeiro, a profusão de alternativas que podem dificultar a

padronização. A orientação às métricas financeiras pode também dissuadir as iniciativas de

oferta de educação universitária, o que parece estar se modificando a partir do surgimento de

universidades corporativas em organizações de grande porte.

Análise Fatorial

O quadro 7.16, expressa de modo resumido os resultados da análise fatorial, que

resultou em um KMO de 0,834 e uma significância de 0,000 no teste de esfericidade de

Bartlett, indicando a adequação da análise. A variância total explicada pelos dois fatores

apurados foi de 75,57%. A partir das correlações com os itens originais dos questionários

foram apurados três fatores que são a seguir nomeados e descritos.

FATOR 1: Organização. Compreende o conjunto de meios dedicados a organizar o

conhecimento para sua internalização nas organizações, a partir da sua atualização

permanente e manutenção, pela padronização das fontes de informação para evitar a perda de

foco e recursos e pelo conhecimento sistemático do consumidor e das demandas atuais e

antecipação das demandas futuras.

FATOR 2: Aprimoramento. Abrange a adoção das melhores práticas do mercado e

aprendizado com o uso dos recursos disponíveis, notadamente a Internet, e o completo

domínio das tarefas desempenhadas nas atividades organizacionais.

FATOR 3: Capacitação. Implica a adequação às mudanças gerenciais e operacionais às quais

submetem as organizações, possibilitando tanto o ajustamento, quanto o aperfeiçoamento, não

apenas ao nível operacional, mas ao desenvolvimento do senso crítico proporcionado pelo

desenvolvimento intelectual, a partir da educação.

Ao serem analisados os fatores, tem-se que em relação ao fator Organização a

manutenção e atualização regular das informações e do conhecimento é o item que mais se

destaca, o que implica não somente as dimensões econômico-financeiras, mas o conhecimento

sobre os consumidores e o mercado, que recebem menor atenção das organizações. Assume

importância a padronização das fontes de informação para a otimização não apenas da

pesquisa, mas para permitir a fixação do conhecimento, a partir da interação do conhecimento

de diferentes origens e natureza, que a amostra revela como o de menor importância dentre

todos os escores apurados.

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O fator denominado Aprimoramento apresenta bons escores médios que em conjunto

apontam para a relevância de cada uma das características que compõem este fator, no sentido

de concorrerem para o aumento do nível de internalização do conhecimento nas organizações.

Finalmente, em relação ao último fator extraído do macroconstruto Internalização do

Conhecimento, apurou-se que no tocante à Capacitação, embora a oportunidade de

treinamento para aumentar a adaptação dos empregados a novas tarefas tenha alcançado um

escore elevado, tal capacitação restringe-se aos aspectos operacionais. Já a oferta de educação

universitária para desenvolver habilidades e competências nos empregados, e, por

conseguinte, formar o senso crítico, ampliar o poder de criação e inovação atinge um escore

muito inferior àquele relativo ao treinamento, a despeito de sua maior importância a longo

prazo.

Análise de Confiabilidade

O Alpha de Cronbach de 0,874, obtido a partir do procedimento RELIABILITY do

SPSS, para o Macroconstruto indica que este possui confiabilidade adequada. bastante

superior aos limites sugeridos por Hair et al. (2005). De maneira análoga, o mesmo ocorre em

relação aos fatores obtidos, com valores de 0,897, 0807 e 0,698, respectivamente.

Quadro 7.16 – Resumo dos resultados obtidos para o macroconstruto Internalização do Conhecimento.

1 2 3Conhecimento atualizado e mantido 4,22 1,430 0,862 0,792Padrões para as fontes de informação 3,94 1,467 0,859 0,847Conhecimento do consumidor e demanda 4,02 1,388 0,775 0,801Possibilidade de adoção das melhores práticas 4,82 1,220 0,810 0,736Possibilidade de aprendizado 4,63 1,140 0,797 0,713Uso da Internet para obter conhecimento 4,91 1,154 0,710 0,499 0,754Completo domínio das tarefas. 4,46 1,155 0,551 0,618 0,700Oportunidade de treinamento para adaptação 4,55 1,290 0,784 0,769Oferta de educação universitária 3,88 1,595 0,781 0,690Autovalor 2,621 2,391 1,789Variância Explicada por Fator 29,13% 26,57% 19,88%Alpha de Cronbach por Fator 0,897 0,807 0,698Alpha para o MacroconstrutoBartlett – Sig.KMOVariância Explicada

0,0000,834

75,57%

Comunalidade

0,874

Descrição Média d.p. Fatores

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146

Resumo

No quadro 7.17 são apresentados de modo resumido os resultados que permitiram

reduzir os 76 itens da pesquisa a 17 fatores. Todos os Macroconstrutos apresentaram

adequada confiabilidade, com valores para o coeficiente Alpha de Cronbach superiores a

0,834.

Quadro 7.17 –Resumo da Confiabilidade, Adequação e Poder de Explicação.

Modelo Macroconstruto Itens Fatores KMO Bartlett α de Cronbach

% da Variação Explicada

Formalização do Planejamento e Controle 16 3 0,915 0 0,946 71,28Direcionamento dos Recursos Humanos 12 2 0,916 0 0,936 70,12Direcionamento para o Futuro 14 3 0,881 0 0,873 65,70Criação do Conhecimento 7 2 0,836 0 0,834 71,46Acumulação do Conhecimento 8 2 0,903 0 0,914 73,72Compartilhamento do Conhecimento 4 1 0,751 0 0,835 76,50Utilização do Conhecimento 6 1 0,844 0 0,880 67,74Internalização do Conhecimento 9 3 0,834 0 0,874 75,57

GO

GC

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147

7.3 PERGUNTA 1.

Nesta seção são apresentados os resultados alcançados a partir das análises dos dados

coletados por intermédio do instrumento da pesquisa contido no Anexo II, com o propósito de

oferecer a resposta à pergunta 1 da pesquisa, apresentada na seção 7.3.7.

Todas as etapas do estudo encontram-se pormenorizadas e distribuídas em subseções,

acompanhadas de quadros e figuras que explicam e ilustram o trabalho realizado e os

resultados apurados.

Ao final da seção são testadas as hipóteses, baseadas nos procedimentos realizados a

partir do uso do software SPSS e então é formalmente respondida a seguinte pergunta:

Existem grupos de empresas que apresentam características semelhantes em sua gestão

e na Gestão do Conhecimento?

7.3.1 Segmentação das Empresas

7.3.1.1 Método Hierárquico de Ward.

Para responder a citada pergunta, é necessário antes identificar e isolar em segmentos

todas as observações da amostra e então promover as análises dos segmentos apurados. A

análise de segmentos foi realizada por intermédio do método hierárquico de Ward que permite

estabelecer o número de segmentos, caracterizar através das médias os centros desses

segmentos e identificar observações atípicas óbvias, que neste estudo não ocorreram.

7.3.1.2 Dendrograma.

Foi gerado um dendrograma, apresentado na figura 7.5, que identificou três

segmentos, e agrupou as observações que compõem cada um desses conglomerados. No

extremo superior do primeiro segmento, encontram-se as organizações tecnologia-intensivas,

como é o caso de algumas empresas pertencentes aos setores industriais de Farmacêutica,

Higiene e Limpeza, Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Bancos.

As organizações representadas no primeiro segmento possuem características que

revelam tratar-se de empresas voltadas a oferecer inovações e que dirigem maior atenção aos

seus clientes, além de outros aspectos que são pormenorizados ao longo da seção, por

intermédio dos quadros apresentados onde são realçados pontos que se destacaram na

consolidação dos questionários respondidos.

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148

No extremo oposto, encontram-se especialmente representadas empresas ligadas ao

comércio e serviços, além de indústrias voltadas a negócios de menor valor agregado e com

menor tecnologia embarcada.

O segmento intermediário possui características comuns a cada um dos outros dois, e

ocupa um estágio mediano de aprimoramento das práticas de Gestão Organizacional e de

Gestão do Conhecimento, conforme será destacado adiante.

Ao serem analisados os resultados obtidos com o emprego do Método de Ward,

percebe-se que os segmentos extremos apresentam características opostas entre si, em relação

a todos os macroconstrutos investigados, o que significa que o segmento de número 1 se

mostra melhor ajustado às recomendações contidas na literatura estudada, enquanto o de

número 2 se apresenta de modo inverso.

A partir destes resultados, os segmentos passam a ser denominados como: segmento 1

– Avançado, totalizando 67 observações, segmento 2 – Passivo, totalizando 23 observações e

segmento 3 - Em Transição, com o total de 20 observações. As características de cada um dos

segmentos serão detalhadas adiante, de modo a explicar e justificar a denominação adotada.

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149

FIGURA 7.5. - Dendrograma contendo as observações da amostra da pesquisa

1

3

2

Avançado

Passivo

Em Transição

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150

O quadro 7.18 exibe os valores dos centróides dos três segmentos identificados, a

partir dos fatores correspondentes aos macroconstrutos que integram os modelos de Gestão

Organizacional e de Gestão do Conhecimento, apurados com o emprego do Método de Ward.

Quadro 7.18 – Análise dos centróides dos três segmentos identificados, a partir dos fatores correspondentes aos macroconstrutos dos modelos de GO e GC.

Avançado (1)

Passivo (2)

Em Transição (3)

P - Avaliação e Competência 0,337 -0,556 -0,490P - Projetos 0,329 -0,028 -1,072P - Planejamento 0,210 -1,190 0,664RH - Desenvolvimento 0,459 -1,206 -0,151RH - Estímulos e Recompensas 0,345 -0,488 -0,596F - Inovação 0,504 -0,841 -0,722F - Comprometimento 0,171 -0,761 0,301F - Parcerias 0,006 -0,114 0,110CR - Escopo e Domínio 0,444 -1,117 -0,203CR - Agilidade 0,183 -0,623 0,103AC - Armazenagem 0,338 -0,739 -0,282AC - Pesquisa 0,381 -0,931 -0,207CO - Compartilhamento 0,524 -1,247 -0,321UT - Utilização 0,532 -1,311 -0,273IN - Organização 0,420 -0,971 -0,291IN - Aprimoramento 0,216 -0,491 -0,159IN - Capacitação 0,291 -0,609 -0,273

SegmentoFatores

7.3.2 Análise Descritiva dos Segmentos.

De maneira a ampliar e aprofundar a investigação sobre os segmentos formados, é

apresentada a seguir a sua análise descritiva, de modo a permitir a melhor interpretação dos

resultados alcançados. Primeiramente são apresentadas as análises descritivas relativas aos

aspectos demográficos das organizações integrantes da amostra e dos executivos que

responderam o questionário utilizado neste estudo. Os quadros que contém os resultados

expressos em termos verticais e horizontais, ou seja, a participação percentual das variáveis

estudadas em cada segmento e entre segmentos. Em seguida são analisados os itens

componentes dos macroconstrutos.

7.3.2.1 Nível do Cargo x Segmento

O segmento Avançado foi o único a contemplar executivos do nível um. Quanto aos

demais, o segmento Passivo apresenta a menor participação no nível 2 proporcionalmente,

ocorrendo, por conseguinte, maior participação dos níveis mais baixos da hierarquia. O

segmento Em Transição revela baixa participação do nível 4, conforme indica o quadro 7.19.

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151

Quadro 7.19 – Análise Descritiva do Nível de Cargo por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 2 0 0 2

% no segmento 3,0 0,0 0,0 1,8% entre segmentos. 100 0 0 100

Freqüências 21 3 8 32% no segmento 31,3 13,0 40,0 29,1

% entre segmentos. 65,6 9,4 25,0 100Freqüências 25 11 9 45

% no segmento 37,3 47,8 45,0 40,9% entre segmentos. 55,6 24,4 20,0 100

Freqüências 16 7 1 24% no segmento 23,9 30,4 5,0 21,8

% entre segmentos. 66,7 29,2 4,2 100Freqüências 3 2 2 7

% no segmento 4,5 8,7 10,0 6,4% entre segmentos. 42,9 28,6 28,6 100

Freqüências 67 23 20 110% no segmento 100 100 100 100

% entre segmentos. 60,9 20,9 18,2 100Total

Número de Casos por SegmentoNível do cargo: Número de Casos de Tabulação Cruzada de

SegmentosTotal

Nív

el d

o ca

rgo

1

2

3

4

5

7.3.2.2 Gênero x Segmento

Quanto ao gênero, a participação das mulheres no segmento Avançado é

proporcionalmente menor do que nos demais segmentos, como indica o quadro 7.20.

Quadro 7.20 – Análise Descritiva de Gênero por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 8 6 6 20

% no segmento 11,9 26,1 30,0 18,2% entre seg. 40 30 30 100Freqüências 59 17 14 90

% no segmento 88,1 73,9 70,0 81,8% entre seg. 65,6 18,9 15,5 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Total

Gên

ero

Feminino

Masculino

Total

Gênero: Número de Casos de Tabulação Cruzada de Segmentos

Número de Casos por Segmento

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152

7.3.2.3 Formação x Segmento

No tocante à formação acadêmica, a maior concentração de respondentes graduados

na área de Ciências Exatas acompanha a distribuição geral das observações entre os três

segmentos. Quanto aos graduados em Ciências Biomédicas, a proporção no segmento

Avançado é superior ao que ocorre em relação aos demais segmentos, devido à maior

concentração de organizações voltadas ao setor farmacêutico, de higiene e limpeza, o que é

verificado por intermédio do quadro 7.21.

Quadro 7.21 – Análise Descritiva da Formação por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 45 12 13 70

% no segmento 67,2 52,2 65,0 63,6% entre seg. 64,3 17,1 18,6 100Freqüências 16 10 7 33

% no segmento 23,9 43,5 35,0 30,0% entre seg. 48,5 30,3 21,2 100Freqüências 6 1 0 7

% no segmento 9,0 4,3 0,0 6,4% entre seg. 85,7 14,3 0,0 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Total

Número de Casos por SegmentoTotal

Form

ação

Exatas

Humanas

Biomédicas

Formação: Número de Casos de Tabulação Cruzada de Segmentos

7.3.2.4 Origem do Capital x Segmento

Ao ser considerada a proporção de organizações representadas em cada um dos

segmentos (quadro 7.22), constata-se haver pequena superioridade de empresas estrangeiras

no segmento Avançado e de capital brasileiro estatal no segmento Em Transição.

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153

Quadro 7.22 – Análise Descritiva da Origem do Capital por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 20 9 5 34

% no segmento 29,9 39,1 25,0 30,9% entre seg. 58,8 26,5 14,7 100Freqüências 6 2 5 13

% no segmento 9,0 8,7 25,0 11,8% entre seg. 46,2 15,4 38,4 100Freqüências 41 12 10 63

% no segmento 61,2 52,2 50,0 57,3% entre seg. 65,1 19,0 15,9 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Total

Número de Casos por SegmentoTotal

Origem do Capital: Número de Casos de Tabulação Cruzada de

SegmentosO

rigem

do

Cap

ital

Brasileiro Privado

Brasileiro Estatal

Estrangeiro

7.3.2.5 Região Geográfica x Segmento

O quadro 7.23 apresenta proporções consistentes com a distribuição das observações

na amostra nas regiões sul-sudeste para todos os segmentos.

Quadro 7.23 – Análise Descritiva da Região Geográfica por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 3 0 2 5

% no segmento 4,5 0,0 10,0 4,5% entre seg. 60 0 40 100Freqüências 1 1 0 2

% no segmento 1,5 4,3 0,0 1,8% entre seg. 50,0 50,0 0,0 100Freqüências 63 22 18 103

% no segmento 94,0 95,7 90,0 93,6% entre seg. 61,2 21,3 17,5 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Reg

ião

Geo

gráf

ica Centro-

oeste

Norte-nordeste

Sul-sudeste

Total

Região Geográfica: Número de Casos de Tabulação Cruzada de

Segmentos

Número de Casos por SegmentoTotal

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154

7.3.2.6 Setor Industrial x Segmento

Em função da distribuição da amostra, a participação percentual da maioria das

indústrias não corresponde ao peso relativo de cada segmento, em relação ao total de

observações. O segmento Avançado apresenta o predomínio do setor de química e

petroquímica, seguido pelos setores de tecnologia e computação, telecomunicações e

farmacêutica de higiene e cosméticos, todos considerados como setores em que os

trabalhadores do conhecimento participam com maior intensidade. No segmento Passivo

destacam-se também os setores de serviços públicos, tecnologia e computação e farmacêutica

de higiene e cosméticos. No segmento Em Transição há o predomínio do setor de serviços

diversos e bancos, seguidos dos setores de serviços de transporte, serviços públicos e de

tecnologia e computação, conforme apresentado no quadro 7.24.

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Quadro 7.24 – Análise Descritiva dos Setores Industriais por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 2 2 2 6

% no segmento 3,0 8,7 10,0 5,5% entre seg. 33,3 33,3 33,4 100Freqüências 1 1 0 2

% no segmento 1,5 4,3 0,0 1,8% entre seg. 50,0 50,0 0 100Freqüências 2 0 0 2

% no segmento 3,0 0,0 0,0 1,8% entre seg. 100,0 0,0 0,0 100Freqüências 5 1 4 10

% no segmento 7,5 4,3 20,0 9,1% entre seg. 50,0 10,0 40,0 100Freqüências 4 1 1 6

% no segmento 6,0 4,3 5,0 5,5% entre seg. 66,6 16,7 16,7 100Freqüências 1 1 0 2

% no segmento 1,5 4,3 0,0 1,8% entre seg. 50,0 50,0 0,0 100Freqüências 0 1 0 1

% no segmento 0,0 4,3 0,0 0,9% entre seg. 0,0 100 0,0 100Freqüências 1 0 0 1

% no segmento 1,5 0,0 0,0 0,9% entre seg. 100,0 0,0 0,0 100Freqüências 6 3 0 9

% no segmento 9,0 13,0 0,0 8,2% entre seg. 66,7 33,3 0,0 100Freqüências 1 1 0 2

% no segmento 1,5 4,3 0,0 1,8% entre seg. 50,0 50,0 0,0 100Freqüências 2 1 0 3

% no segmento 3,0 4,3 0,0 2,7% entre seg. 66,7 33,3 0,0 100Freqüências 3 1 0 4

% no segmento 4,5 4,3 0,0 3,6% entre seg. 75,0 25,0 0,0 100Freqüências 0 1 0 1

% no segmento 0,0 4,3 0,0 0,9% entre seg. 0,0 100 0,0 100Freqüências 2 0 1 3

% no segmento 3,0 0,0 5,0 2,7% entre seg. 66,7 0,0 33,7 100Freqüências 15 1 0 16

% no segmento 22,4 4,3 0,0 14,5% entre seg. 93,8 6,2 0,0 100Freqüências 2 0 2 4

% no segmento 3,0 0,0 10,0 3,6% entre seg. 50,0 0,0 50,0 100Freqüências 4 0 6 10

% no segmento 6,0 0,0 30,0 9,1% entre seg. 40,0 0,0 60,0 100Freqüências 2 3 2 7

% no segmento 3,0 13,0 10,0 6,4% entre seg. 28,6 42,8 28,6 100Freqüências 1 0 0 1

% no segmento 1,5 0,0 0,0 0,9% entre seg. 100,0 0,0 0,0 100Freqüências 7 3 2 12

% no segmento 10,4 13,0 10,0 10,9% entre seg. 58,3 25,0 16,7 100Freqüências 6 2 0 8

% no segmento 9,0 8,7 0,0 7,3% entre seg. 75,0 25,0 0,0 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 61,2 21,3 17,5 100

Telecomunicações

Total

Seto

r Ind

ustri

al

Serviços Diversos

Serviços Públicos

Siderurgia e Metalurgia

Tecnologia e Computação

Papel e Celulose

Plásticos e Borracha

Quimica e Petroquímica

Serviços de Transporte

Farmcêutica Higiene e Cosméticos

Material de Construção

Mecânica

Mineração

Número de Casos por SegmentoTotal

Comércio Varejista

Atacado e Com. Exterior

Automotivo

Bancos

Alimentos e Bebidas

Confecções e Texteis

Construção

Eletroeletrônico

Região Geográfica: Número de Casos de Tabulação Cruzada de Segmentos

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156

7.3.2.7 Tempo no Cargo x Segmento

O quadro 7.25 indica ligeira vantagem do segmento Avançado em termos de

concentração na faixa de 6-10 anos no segmento Avançado, enquanto a faixa de 3-5 anos

predomina no segmento Passivo, e a faixa 1-2 anos, no segmento Em Transição, o que

aponta para a existência de equipes com mais experiência em suas atividades no cargo para o

primeiro segmento.

Quadro 7.25 – Análise Descritiva de Tempo no Cargo por Segmento.

Avançado PassivoEm

TransiçãoFreqüências 20 7 9 36

% no segmento 29,9 30,4 45,0 32,7% entre seg. 55,6 19,4 25,0 100Freqüências 30 14 7 51

% no segmento 44,8 60,9 35,0 46,4% entre seg. 58,8 27,5 13,7 100Freqüências 14 1 3 18

% no segmento 20,9 4,3 15,0 16,4% entre seg. 77,8 5,5 16,7 100Freqüências 3 1 1 5

% no segmento 4,5 4,3 5,0 4,5% entre seg. 60,0 20,0 20,0 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Total

Número de Casos por SegmentoTotal

Tem

po n

o C

argo

1 a 2

3 a 5

6 a 10

>10

Tempo no Cargo: Número de Casos de Tabulação Cruzada de Segmentos

7.3.2.8 Tempo na Organização x Segmento

O quadro 7.26, indica diferenças importantes entre os segmentos, por faixa, com

predomínio na faixa > 10 anos nos segmentos Avançado e Em Transição. Quanto aos

segmentos Passivo e Em Transição apresentam significativa concentração nas duas primeiras

faixas.

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157

Quadro 7.26 – Análise Descritiva de Tempo na Organização por Segmento.

Avançado Passivo Em Transição

Freqüências 6 2 4 12% no segmento 9,0 8,7 20,0 10,9

% entre seg. 55,6 19,4 25,0 100Freqüências 12 6 4 22

% no segmento 17,9 26,1 20,0 20,0% entre seg. 58,8 27,5 13,7 100Freqüências 17 9 3 29

% no segmento 25,4 39,1 15,0 26,4% entre seg. 77,8 5,5 16,7 100Freqüências 32 6 9 47

% no segmento 47,8 26,1 45,0 42,7% entre seg. 60,0 20,0 20,0 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Total

Tempo na Organização: Número de Casos de Tabulação Cruzada de Segmentos

Número de Casos por Segmento

TotalTe

mpo

na

Org

aniz

ação

1 a 2

3 a 5

6 a 10

>10

7.3.2.9 Experiência em Gestão x Segmento

De acordo com os resultados indicados no quadro 7.27 as proporções por faixa entre

os segmentos equilibram-se razoavelmente bem como a proporção de observações de cada

segmento. Ainda assim, o segmento Passivo contém proporcionalmente a maior parcela de

executivos na faixa 1-2 anos, havendo predomínio dos segmentos Avançado na faixa 3-5 anos

e Em Transição na faixa de 6-10. Ao serem comparados esses resultados com os do quadro

7.26, parece haver um leve predomínio da experiência gerencial sobre o conhecimento do

ambiente interno no segmento Em Transição, ocorrendo o inverso em relação ao segmento

Avançado. As empresas do segmento Avançado parecem dedicar maior empenho em

capacitar seus gerentes, do que contratá-los “prontos”.

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Quadro 7.27 – Análise Descritiva de Experiência em Gestão por Segmento.

Avançado Passivo Em Transição

Freqüências 4 3 1 8% no segmento 6,0 13,0 5,0 7,3

% entre seg. 55,6 19,4 25,0 100Freqüências 16 4 2 22

% no segmento 23,9 17,4 10,0 20,0% entre seg. 58,8 27,5 13,7 100Freqüências 25 8 10 43

% no segmento 37,3 34,8 50,0 39,1% entre seg. 77,8 5,5 16,7 100Freqüências 22 8 7 37

% no segmento 32,8 34,8 35,0 33,6% entre seg. 60,0 20,0 20,0 100Freqüências 67 23 20 110

% no segmento 100 100 100 100% entre seg. 60,9 20,9 18,2 100

Total

Expe

riênc

iaem

Ges

tão

1 a 2

3 a 5

6 a 10

>10

Experiência em Gestão: Número de Casos de Tabulação Cruzada de Segmentos

Número de Casos por Segmento

Total

7.3.2.10 Estatística Descritiva de Variáveis Referentes a Idade e Experiências Profissionais x Segmento

O quadro 7.28 consolida o registro das variáveis demográficas relativas à idade e à

experiência profissional e gerencial. As médias dos valores e as suas dispersões são

equiparáveis nos três segmentos: Avançado (1), Passivo (2) e Em Transição(3).

Quadro 7.28 – Análise Descritiva Consolidada das Variáveis Demográficas por Segmento.

Idade Tempo na organização

Tempo no cargo

Experiência profissional

Experiência em gestão

Média 42 12 5 21 10d.p. 7,6 8,9 3,5 8,5 6,9

Média 44 10 4 23 10d.p. 8,8 8,6 2,8 10 5,9

Média 44 13 4 24 12d.p. 7,1 11,4 3,4 7,5 7,2

Média 43 12 4 22 10d.p. 7,8 9,3 3,3 8,7 6,7

1

2

Total

3

Número do Segmento

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159

7.3.2.11 Estatística Descritiva das Variáveis dos Macroconstrutos de Gestão Organizacional.

Nos quadros 7.29 a 7.36 encontram-se destacados na cor verde os valores superiores a

cinco, indicando haver grande concordância com as assertivas propostas no questionário e

resumidas nos quadros. Os valores destacados na cor cinza, retratam os mais graus mais

baixos apurados, inferiores a três.

Formalização do Planejamento e Controle

A análise descritiva dos segmentos, a partir das variáveis integrantes do

macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle apresenta médias elevadas para o

segmento Avançado, conforme o quadro 7.29. Ao serem analisados os segmentos a partir dos

valores médios apurados empregando a reunião dos itens em fatores, conforme discutido na

subseção 7.2.1.2, verifica-se que em termos gerais este segmento apresenta muito bons

resultados em termos dos fatores Avaliação e Competência – AC -, Formalização de Projetos

– FP - e Planejamento Estratégico –PE -, indo ao encontro das recomendações apresentadas

na literatura.

No quadro 7.29 são realçados os itens com os maiores escores médios, que

correspondem a altos níveis de concordância com as afirmações contidas no questionário da

pesquisa, em termos de avaliação por benefícios financeiros, da importância da formulação da

missão e dos objetivos, do estabelecimento de responsabilidade pela condução dos projetos,

da competência em técnicas de gestão e do atendimento dos objetivos aos interesses dos

stakeholders. Os demais escores revelam aspectos que variam da pouca à ampla concordância

com as afirmações.

Quanto ao segmento Passivo, constata-se que em relação ao fator Avaliação e

Competência – AC -, há deficiências, principalmente em termos da avaliação por benefícios

aos clientes, aspecto enfatizado na literatura (ACKOFF, 1983; STALK et al., 1992;

MINTZBERG, 1983; KAPLAN ; NORTON, 1992 e 1996) e por aprendizado e inovação.

Quanto ao fator Formalização de Projetos – FP -, há pouca variação dos escores médios,

situando-se entre os pontos 3 (discordo pouco) e 4 (concordo pouco) de modo oposto às

empresas integrantes do segmento Avançado. No tocante ao fator Planejamento Estratégico

– PE -, os escores médios são mais baixos e a clareza na comunicação de objetivos e

estratégias atinge o menor valor.

A análise geral deste segmento com relação à formalização do planejamento e controle

situa as empresas integrantes da amostra numa quase-neutralidade entre a pouca discordância

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160

e a pouca concordância com o que dispõe a literatura, reforçando a idéia de estagnação e

passividade que nomeia o agrupamento.

A análise dos escores médios do segmento Em Transição, a partir dos fatores

apresenta bons resultados, em termos do fator Avaliação e Competência - AC, não revelando

grandes afastamentos entre os escores, destacando-se a avaliação por benefícios financeiros,

aspecto recorrente em todos os segmentos. O fator Formalização de Projetos - FP - apresenta

um escore inferior, que remete à pouca freqüência com que ocorre o acompanhamento dos

projetos. Quanto ao fator Planejamento Estratégico - PE, três médias encontram-se entre os

pontos 4 (concordo pouco) e 5 (concordo muito):- formulação da missão e dos objetivos que

refletem os interesses dos stakeholders, comunicação clara de objetivos estratégicos e ações

voltadas ao atingimento dos objetivos bem explicitadas.

Quadro 7.29 – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Formalização do

Planejamento e Controle, por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Missão e objetivos formulados 5,42 0,855 3,57 1,502 5,35 0,988Objetivos refletem todos os stakeholders 5,00 0,969 3,17 1,267 5,00 0,973Comunicação clara de objetivos e estratégias 4,93 0,974 2,87 1,486 4,50 1,100Ações para objetivos bem explicitadas 4,64 1,069 2,96 1,492 4,00 1,257Projetos - estimativas claras de valores 4,93 1,210 3,43 1,701 3,65 1,226Projetos - padronizados e comparáveis 4,84 1,053 3,74 1,484 3,10 1,294Projetos - responsável identificado 5,36 0,900 4,22 1,413 3,75 1,410Projetos - critérios definidos avaliam término 4,99 1,037 3,87 1,217 3,45 1,432Projetos - avaliação formal periódica 4,79 0,897 3,26 1,484 2,60 1,142Avaliação por benefícios aos clientes 4,49 1,106 2,83 1,557 3,35 1,309Avaliação por eficiência de processos 4,84 1,188 3,22 1,445 3,80 1,399Avaliação por aprendizado e inovação 4,58 1,089 2,65 1,229 3,70 1,261Avaliação por benefícios financeiros 5,45 0,724 4,22 1,347 4,25 1,410Competência em técnicas de gestão 5,06 0,833 4,09 1,564 3,90 1,165Competência em TI 4,91 1,097 3,74 1,356 3,60 1,231Competência em Liderança 4,94 0,776 3,22 1,380 3,95 1,276

Fator

PE

FP

AC

Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)Planejamento e Controle

Direcionamento dos Recursos Humanos

A continuidade da análise, agora dirigida ao macroconstruto Direcionamento dos

Recursos Humanos, quadro 7.30, revela em termos gerais, valores mais modestos do que em

relação ao macroconstruto Formalização do Planejamento e Controle.

No segmento Avançado, com relação fator Desenvolvimento de Recursos Humanos –

DRH - os dois maiores escores que indicam o reconhecimento da realização de investimentos

no desenvolvimento dos R.H. e a busca dos profissionais pelo autodesenvolvimento. Os

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161

demais encontram-se entre o ponto 4 (concordo pouco) e o ponto 5 (concordo muito), o que

revela considerável esforço das organizações em criar uma cultura voltada aos desafios,

recrutar e selecionar profissionais criativos e empreendedores, capazes de ajustarem-se a essa

cultura, orientada por uma liderança para o alcance da visão de futuro, onde é promovido o

aprendizado e a troca de experiências e os erros fazem parte do aprendizado. Quanto ao fator

Estímulos e Recompensas –ER -, os resultados são bons e indicam que a remuneração

cumpre o papel de incentivar e recompensar as posturas adequadas, criativas e

empreendedoras.

O segmento Passivo revela afastamento das práticas gerenciais em relação à literatura,

sendo marcado pela pouca discordância. Em termos do fator Desenvolvimento de Recursos

Humanos – DRH -, os escores são baixos, Os mais elevados correspondem: aos erros vistos

como parte do aprendizado e à realização de investimentos em RH.

Os três menores escores médios do segmento correspondem ao fator Estímulos e

Recompensas –ER - e encontram-se entre os pontos 2 (discordo muito) e 3 (discordo pouco).

Indicam que a remuneração representa pouco, em termos de estímulos e recompensas

proporcionados ao empregados.

Quanto ao segmento Em Transição, no que se refere ao fator Desenvolvimento de

Recursos Humanos – DRH -, um dos escores médios ultrapassa o ponto 4 (concordo pouco):

liderança para alcançar a visão de futuro. Oito fatores têm escores médios entre os pontos 3

(discordo pouco) e 4 (concordo pouco), indicando empenho por parte das organizações em

desenvolver a sua equipe. O fator Estímulos e Recompensas –ER - apresenta os escores mais

baixos do segmento, localizados entre os pontos 2 (discordo muito) e 3 (discordo pouco) e

referem-se à remuneração associada a resultados, à postura ativa nas mudanças e à agilidade e

aperfeiçoamento. Esta mescla reforça a condição transitória em que se encontram as empresas

integrantes deste segmento, que se mostram mais positivas e atuantes em relação aos seus

Recursos Humanos.

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162

Quadro 7.30 – Análise Descritiva das Variáveis de Direcionamento de RH por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Cultura de desafio 4,54 0,959 2,48 1,310 3,85 1,268Liderança para alcançar visão de futuro 4,84 0,751 2,78 1,313 4,05 1,050Recruta e seleciona criativo e empreendedor 4,39 1,128 2,52 1,238 3,20 1,361Profissionais capacitados a enfrentar desafios 4,79 0,946 2,65 1,191 3,95 1,276Promove aprendizado e troca de experiências 4,94 0,868 2,91 1,311 3,60 1,046Erros vistos como parte do aprendizado 4,69 1,003 3,09 1,621 3,95 0,826Profissionais buscam autodesenvolvimento 5,01 0,807 2,91 1,203 3,75 1,164Investe em desenvolvimento de RH 5,06 0,903 3,04 1,331 3,85 0,988Remuneração associada a resultados 4,31 1,317 2,96 1,718 2,70 1,455Remuneração - postura ativa nas mudanças 4,18 1,141 2,39 1,438 2,65 1,089Remuneração - agilidade e aperfeiçoamento 4,18 1,205 2,35 1,369 2,85 1,348Incentiva postura criativa e empreendedora 4,49 1,035 2,26 1,356 3,20 1,436

Direcionamento dos Recursos Humanos

Fator

DRH

ER

Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)

Direcionamento para o Futuro

A análise dos fatores que compõem o macroconstruto Direcionamento para o Futuro

apresentada no quadro 7.31, indica para o segmento Avançado elevados escores, embora

somente um supere o ponto 5 (concordo muito): o envolvimento de todos os executivos na

formulação de estratégias.

Em termos do fator Inovação - IV, os escores são quase todos próximos a 5,

destacando-se a busca de novos clientes e o conhecimento das competências essenciais ao

negócio (DAY, SCHOEMAKER, 2004). Em geral, as organizações incluídas neste segmento

não concordam muito com a idéia de que inovam mais do que os concorrentes. Há uma forte

crença na mudança radical dos negócios no futuro, o que explica a experimentação contínua

com novas ofertas.

O fator Comprometimento - CP - se mostra relevante, tendo como destaque a elevada

concordância com a ocorrência do envolvimento de todos os executivos com a estratégia,

seguido pelo acompanhamento sistemático do ambiente e pela pouca dedicação de tempo dos

executivos para o desenvolvimento profissional.

As organizações se distanciam um pouco da formação do fator Parcerias- PA - para

inovações (SHAPIRO, VARIAN, 1999), que atinge um escore próximo a 3 (discordo pouco).

Somente um escore encontra-se abaixo do ponto 3, grifado no quadro, e indica pouca

dedicação dos executivos à estratégia (PRAHALAD , HAMEL, 1994).

O segmento Passivo, em termos do fator Inovação – IV -, apresenta escores que

indicam pouca discordância, ponto 3, o que significa que as organizações inovam pouco, mas

revelam alguma crença na dependência do sucesso atrelado ao cenário. Parecem menos

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163

empenhadas em conquistar novos clientes e em desenvolver novas ofertas de serviços, há

ainda falta de maior conhecimento de suas competências para poderem inovar. O fator

Comprometimento –CP - se mostra pouco expressivo nos três itens que o compõem, embora

todos os escores sejam superiores a 3. Em relação ao fator Parcerias – PA -, o segmento

Passivo é o que delas mais se distancia, como seria de esperar.

O segmento, Em Transição, tem quatro de seus maiores escores entre os pontos 4

(concordo pouco) e 5 (concordo muito). Quanto ao fator Inovação – IV - distancia-se muito

do segmento Passivo, principalmente em termos do desenvolvimento de novas formas de

oferecer serviços, conhecimento de suas competências e busca por novos clientes. Há

considerável crença em relação à ocorrência de mudança radical do ambiente de negócios no

futuro. Os escores associados ao fator Comprometimento – CP - se mostram mais próximos

dos valores apurados para o segmento Avançado do que para o segmento Passivo.

O envolvimento de todos os executivos na estratégia é o principal destaque do

segmento, atingindo o maior escore, embora abaixo de 5. No tocante ao fator Parcerias – PA,

este segmento supera os demais em termos de isolamento. Finalmente, as organizações

acreditam que a visão de futuro é refletida nas ações de curto prazo.

Quadro 7.31 – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Direcionamento para o

Futuro por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Estratégia envolve todos os executivos 5,21 0,993 3,78 1,413 4,80 1,005Acompanha sistematicamente o ambiente 4,94 1,028 3,22 1,166 4,40 1,231Desenvolvimento Profissional 3,88 1,430 3,17 1,586 3,75 1,164Mudança radical do ambiente de negócios 4,81 0,988 3,52 1,563 4,45 1,191Inova mais que os concorrentes 4,24 1,156 3,13 1,290 3,40 1,429Experimentação contínua 4,90 1,208 2,91 1,621 2,95 1,504Reconhecida como Inovadora 4,76 1,088 3,17 1,527 3,30 1,418Busca novos clientes 4,97 0,984 3,09 1,443 3,40 1,188Desenvolve novas formas de oferecer serviços 4,93 0,974 3,04 1,397 3,70 1,129Conhece competências 4,97 0,904 2,96 1,581 3,85 1,424Novos serviços através de parcerias 3,06 1,526 2,83 1,850 2,60 1,231Visão refletida em ações de CP 4,30 1,267 3,52 1,675 4,25 1,333

CP

IV

PA

Fator

Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)Direcionamento para o Futuro

7.3.2.12 Estatística Descritiva das Variáveis dos Macroconstrutos de Gestão do Conhecimento

Criação do Conhecimento

Os resultados da análise da Criação do Conhecimento, quadro 7.32, apresentam no

segmento Avançado escores entre os pontos 4 (concordo pouco) e 5 (concordo muito). O fator

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164

Escopo e Domínio – ED - é caracterizado por elevados escores. O domínio de TI para a

realização de tarefas e a permeabilidade a novos conhecimentos superam o ponto 5, enquanto

o domínio do conhecimento essencial se aproxima desse patamar. Várias fontes de

conhecimento e informações são empregadas.

O fator Agilidade – AG - conta com escores expressivos, mas inferiores aos do fator

Escopo e Domínio – ED -, destacando-se o domínio da TI para a análise de atividades,

seguida pela obtenção ágil de contribuições.

O segmento Passivo apresenta três escores entre os pontos 3 (discordo pouco) e 4

(concordo pouco) e três fatores entre os pontos 2 (discordo muito) e 3 (discordo pouco). O

fator Escopo e Domínio – ED - revela escores modestos, mas acima de 3, que indicam haver

razoável domínio de TI para a realização de tarefas e permeabilidade a novos conhecimentos,

havendo menos domínio do conhecimento essencial e moderado uso de várias fontes de

conhecimento e informações. O fator Agilidade - AG - contempla o uso razoável de TI na

análise de atividades (LEE et al., 2005). Há também pouca agilidade na obtenção de

contribuições dos colaboradores (LEONARD , SENSIPER, 1998), estes últimos atingiram os

escores mais baixos, o que indica pouca agilidade na criação do conhecimento.

O segmento Em Transição apresenta cinco itens cujos valores situam-se entre os

pontos 4 e 5. Somente um está no intervalo entre os pontos 3 e 4 do questionário. Os escores,

portanto, são favoráveis. No fator Escopo e Domínio – ED - destaca-se o domínio de TI para

a realização de tarefas. Quanto ao fator Agilidade – AG -, a obtenção de contribuições de

modo ágil se mostra razoável, enquanto o uso da TI na análise de atividades é melhor

avaliado.

Quadro 7.32 – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Criação do Conhecimento por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Domínio do conhecimento essencial 4,91 0,811 2,78 1,242 4,20 1,056Uso de várias fontes de informações 4,78 0,966 3,39 1,340 4,10 0,788Domínio de TI para a realização das tarefas 5,25 0,841 3,52 1,504 4,70 0,865Permeável a novos conhecimentos 5,10 0,956 3,48 1,377 4,35 0,933Uso de TI na análise de atividades 4,45 1,438 3,17 1,749 4,15 1,226Obtenção ágil de contribuições 4,09 1,177 2,09 1,164 3,70 1,129

ED

AG

Criação do Conhecimento

Fator

Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)

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165

Acumulação do Conhecimento

A análise dos resultados contidos no quadro 7.33 revela para o segmento Avançado

que o valor médio de dois fatores encontram-se entre os pontos 5 (concordo muito) e 6

(concordo totalmente): o acúmulo de orientações legais e políticas e de experiência com novas

tarefas. Os demais escores se mostram elevados e encontram-se entre os pontos 4 e 5. Este

segmento indica, portanto boa capacidade em termos de empresas que aprendem e retêm

conhecimento. Em termos do fator Armazenaamento - AZ -, as organizações sentem-se aptas

a administrar o conhecimento e para isso, são capazes de armazená-lo sistematicamente para

uso posterior, bem como são acumulados os resultados educacionais. Assim, o conhecimento

é amplamente documentado.

Quanto ao fator Pesquisa - PQ -, seus escores, neste segmento, são ainda mais

elevados do que no fator anterior. Conforme os respondentes, ocorre o acúmulo de

orientações legais e políticas e da própria experiência adquirida com novas tarefas. Além

disso, costumeiramente os arquivos e as bases de dados são consultados previamente à

execução das tarefas São feitas extensivas pesquisas sobre consumidores e bases de dados,

freqüentemente.

O segmento Passivo apresenta seis escores entre os pontos 3 e 4 e dois entre os pontos

2 e 3. No que se refere ao fator Armazenamento - AZ - destaca-se a pouca acumulação de

resultados educacionais e documentação do conhecimento, o que representa um risco

importante de volatilização do conhecimento, sendo modestos os escores referentes à aptidão

em administrar o conhecimento e o seu armazenamento para uso posterior. Em termos do

fator Pesquisa - PQ -, o acúmulo de orientações legais e políticos sobressai. Verifica-se pouca

concordância em termos da ocorrência de pesquisas junto a consumidores e bases de dados,

havendo resultados próximos em termos da consulta prévia a arquivos e bases de dados e

acúmulo de experiência com novas tarefas, o que parece ser conseqüente da escassez das

práticas de pesquisa.

Quanto ao segmento Em Transição, cinco escores situam-se entre os pontos 4 e 5 e

três entre os pontos 3 e 4. Os resultados em geral são bons. No tocante ao fator

Armazenaamento - AZ - há pouca concordância com a aptidão em administrar o

conhecimento, o seu armazenamento para uso posterior, e pouca discordância quanto à

documentação e com a acumulação de resultados educacionais que atingiu o escore mais

baixo, indicando a ocorrência de perda de uma parcela do conhecimento criado ou adquirido.

No fator Pesquisa – PQ -, somente um escore encontra-se abaixo do ponto 4: a pesquisa junto

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a consumidores e bases de dados. Os demais situam-se entre os pontos 4 e 5, indicando bons

resultados. Mais uma vez a atenção é voltada majoritariamente ao acúmulo de orientações

legais e políticas.

Quadro 7.33 – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Acumulação do Conhecimento, por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Consulta prévia a arquivos e bases de dados 4,81 0,892 3,39 1,270 4,10 0,912Pesquisa consumidores e bases de dados 4,76 1,031 3,00 1,314 3,80 1,056Acúmulo de experiência com novas tarefas 5,10 0,781 3,39 1,438 4,40 0,883Acúmulo de orientações legais e políticas 5,34 0,827 3,87 1,325 4,60 0,940Apta a administrar o conhecimento 4,85 0,857 3,39 1,270 4,20 0,768Conhecimento armazenado para uso posterior 4,75 0,893 3,39 1,373 4,00 0,918Conhecimento amplamente documentado 4,69 1,033 2,61 1,234 3,80 1,105Acumulação de resultados educacionais 4,66 1,162 2,83 1,302 3,35 0,933

AZ

PQ

Fator

Acumulação do Conhecimento

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Compartilhamento do Conhecimento

Conforme o quadro 7.34, o segmento Avançado apresenta um elevado escore médio

para todo o conjunto de itens, que formaram somente um fator: Compartilhamento - CO.

Acima do ponto 5 (concordo muito) destaca-se o uso de TI para compartilhamento. Seguem-

se a ele com escores próximos, o estímulo ao compartilhamento entre equipes e o aumento da

eficácia em decorrência dessa comunhão do conhecimento (O´LEARY, 1998 a, b, c; DIENG,

2000; SOUZA, 2003) ressaltada na literatura de modo recorrente.

Em relação ao segmento Passivo, dos quatro escores, dois estão contidos entre os

pontos 3 (discordo pouco) e 4 (concordo pouco) e os outros dois, entre os pontos 2 (discordo

muito) e 3 (discordo pouco). Os resultados tendem para a pouca discordância em todos os

fatores deste segmento.

O segmento Em Transição apresenta homogeneidade entre os escores alcançados,

sendo três entre os pontos 4 (concordo pouco) e 5 (concordo muito) e o quarto fator quase

alcançando o ponto 4.

Quadro 7.34 – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Compartilhamento do

Conhecimento, por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Compartilhamento do conhecimento 4,90 0,890 3,17 1,193 4,05 0,686Compartilhamento - aumento da eficácia 4,97 0,834 2,96 1,065 4,05 0,759Uso de TI para compartilhamento 5,34 0,880 3,48 1,473 4,50 0,761Promoção do compartilhamento entre equipes 4,99 1,007 2,96 1,331 3,95 0,826

CO

Fator

Compartilhamento do Conhecimento Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)

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167

Utilização do Conhecimento

Em relação às médias deste macroconstruto, ilustrado no quadro 7.35, todos os itens

formaram um só fator: Utilização - UT. No segmento Avançado os escores encontram-se

entre os pontos 4 e 5. O conjunto apresenta homogeneidade entre os resultados das médias e

sugere que as organizações nele situadas promovem boa utilização do conhecimento que

detêm. As organizações deste segmento consideram que o compartilhamento estimula o

trabalho em equipe. Verifica-se a existência de uma cultura voltada ao compartilhamento e à

oferta de estímulos pelo uso do conhecimento. Em menor grau, de intensidade e freqüência,

há programas de pesquisa e educacionais, e diagramas são pouco exigidos e usados.

O segmento Passivo apresenta todos os escores incluídos entre os pontos 2 e 3, sendo

os piores resultados associados à escassez de programas de pesquisas e educacionais e de

estímulos pelo uso do conhecimento. As organizações com o perfil deste segmento tendem a

estagnar e perder expressão no mercado.

O segmento Em Transição tem escores de graus variados. Um no intervalo entre os

pontos 4 e 5; três escores encontram-se entre os pontos 3 e 4 e somente um escore está entre

os pontos 2 e 3. Enquanto o nível de estímulo representado pelo uso do conhecimento

compartilhado no trabalho em equipe pode ser considerado bom, os demais, ainda que pouco,

revelam discordância em relação ao exposto na literatura.

Quadro 7.35. – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Utilização do

Conhecimento, por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Compartilhamento estimula trabalho em equipe 4,76 1,001 2,39 1,118 4,25 1,020Diagramas são exigidos e usados 4,13 1,290 2,26 1,176 3,40 0,940Cultura de compartilhamento 4,69 1,062 2,22 1,085 3,50 1,318Estímulos pelo uso do conhecimento 4,39 1,243 2,09 1,164 2,90 1,119Há programas de pesquisa e educacionais. 4,30 1,371 2,13 1,180 3,30 1,174

UT

Fator

Utilização do Conhecimento

Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)Estatísticas Descritivas dos Segmentos

Internalização do Conhecimento

Os escores relativos a este macroconstruto encontram-se expostos no quadro 7.36.

Mais uma vez a análise acompanha cada um dos fatores gerados anteriormente, conforme

apresentado na subseção 7.2.1.2, que para este macroconstruto são denominados

respectivamente como: Organização - OR -, Aprimoramento - AP e Capacitação - CA,

analisados separadamente para cada segmento. O segmento Avançado contempla três escores

entre os pontos 5 e 6 (concordo totalmente). Os outros seis escores situam-se entre os pontos 4

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168

(concordo pouco) e 5 (concordo muito). Quanto ao fator Organização – OR -, a atualização e

a manutenção do conhecimento atingem um bom escore, seguidas pelo conhecimento do

consumidor e da demanda e pelo uso de padrões para as fontes de informação. O fator

Aprimoramento – AP - é caracterizado pela possibilidade de adoção das melhores práticas

(LEE et al. 2005), pelo uso da Internet para obter conhecimento, pela possibilidade de

aprendizado e pelo completo domínio das tarefas. Os escores relativos ao fator Capacitação –

CA- se mostram muito elevados e correspondem à oportunidade de treinamento para

adaptação a novas situações e oferta de educação universitária. Ocorre aí o completamento do

ciclo que caracteriza o fluxo do conhecimento nas organizações. Embora no Brasil, ainda não

se tenha atingido um patamar de excelência, algumas organizações e setores já se destacam

em relação à cena.

No segmento Passivo, os escores ligados ao fator Organização – OR - situam-se entre

os pontos 2 (discordo muito) e 3 (discordo pouco) e correspondem respectivamente à pouca

ou deficiente atualização e manutenção do conhecimento, de modo geral e do conhecimento

do consumidor e da demanda em especial, bem como quanto à fixação de padrões para as

fontes de informação. Os escores relativos ao fator Aprimoramento – AP - apontam para a

possibilidade de adoção das melhores práticas, o bom uso da Internet para obter

conhecimento, e níveis razoáveis para a possibilidade de aprendizado e completo domínio das

tarefas. Quanto ao fator Capacitação – CA -, há razoável oportunidade de treinamento para

adaptação e pouca oferta de educação universitária.

O segmento Em Transição apresenta cinco escores entre os pontos 4 (concordo

pouco) e 5 (concordo muito) e os quatro restantes entre os pontos 3 (discordo pouco) e 4

(concordo pouco). Quanto ao fator Organização – OR -, são razoáveis os escores associados

ao conhecimento atualizado e mantido, aos padrões para as fontes de informação e ao

conhecimento do consumidor e demanda. Os valores alcançados pelo fator Aprimoramento –

AP - correspondem ao freqüente uso da Internet para obter conhecimento, à adoção das

melhores práticas, à possibilidade de aprendizado, ao bom nível de domínio das tarefas. Em

termos do fator Capacitação – CA -, há mais oportunidades de treinamento para adaptação a

novas tarefas e menor oferta de educação universitária.

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169

Quadro 7.36 – Análise Descritiva das Variáveis do Macroconstruto Internalização do Conhecimento, por Segmento.

Média d.p. Média d.p. Média d.p.Completo domínio das tarefas. 4,88 0,930 3,61 1,305 4,05 0,999Possibilidade de aprendizado 4,97 0,969 3,91 1,311 4,30 1,031Uso da Internet para obter conhecimento 5,19 0,909 4,26 1,544 4,70 1,081Possibilidade de adoção das melhores práticas 5,24 0,780 3,78 1,650 4,60 1,142Oportunidade de treinamento para adaptação 5,07 1,005 3,30 1,329 4,20 1,005Oferta de educação universitária 4,49 1,364 2,74 1,484 3,15 1,461Conhecimento do consumidor e demanda 4,69 0,988 2,57 1,376 3,45 0,999Padrões para as fontes de informação 4,64 1,069 2,17 1,230 3,60 0,995Conhecimento atualizado e mantido 4,81 1,019 2,87 1,546 3,80 1,322

OR

AP

CA

Fator Item Avançado (67) Passivo (23) Em Transição (20)Estatísticas Descritivas dos SegmentosInternalização do Conhecimento

7.3.3 Classificação das Empresas nos Segmentos Identificados

A análise discriminante foi realizada com probabilidade a priori proporcional ao

tamanho dos segmentos da amostra.

Foi apurado o valor do Lambda de Wilks, conforme o quadro 7.37 e calculados os

coeficientes das funções discriminantes canônicas, apresentados na matriz de estrutura,

quadro 7.38, cuja distribuição dos itens integrantes dos segmentos encontra-se ilustrada na

figura 7.6. Finalmente, os resultados da classificação obtidos são apresentados no quadro

7.39. Os resultados da classificação revelam que 95,5% dos casos agrupados originalmente

estão corretamente classificados.

Hair et al. (2005) ensinam que quanto maior a dispersão entre grupos, menor o valor

do Lambda de Wilks e maior a significância, o que de fato ocorreu.

Quadro 7.37 – Cálculo do lambda de Wilks.

Teste da Função

Lambda de Wilks Chi-square df Sig.

1 a 2 0,121 209,339 34 0,000 2 0,460 76,836 16 0,000

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170

Quadro 7.38 – Matriz de Estrutura.

1 2Utilização do Conhecimento Utilização 0,659 0,006Compartilhamento do Conhecimento Compartilhamento 0,615 0,042Direcionamento de Recursos Humanos Desenvolvimento 0,528 -0,050Criação do Conhecimento Escopo e Domínio 0,479 -0,011Direcionamento para o Futuro Inovação 0,449 0,295Internalização do Conhecimento Organização 0,410 0,048Acumulação do Conhecimento Pesquisa 0,372 0,010Acumulação do Conhecimento Armazenagem 0,296 0,062Formalização do Planejamento e Controle Avaliação e Competência 0,255 0,172Direcionamento de Recursos Humanos Recompensas 0,247 0,228Internalização do Conhecimento Capacitação 0,241 0,067Direcionamento para o Futuro Comprometimento 0,221 -0,204Criação do Conhecimento Agilidade 0,193 -0,099Internalização do Conhecimento Aprimoramento 0,180 0,026Formalização do Planejamento e Controle Projetos 0,158 0,518Formalização do Planejamento e Controle Planejamento 0,383 -0,484Direcionamento para o Futuro Parcerias 0,023 -0,055

Fatores FunçãoMacroconstruto

FIGURA 7.6. – Função Discriminante Canônica

-6 -4 -2 0 2 4 6

Função 1

-6

-4

-2

0

2

4

6

Funç

ão 2 1

2

3

Método de Ward123

Centróide

Função Discriminante Canonica

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171

Quadro 7.39 – Resultados da classificação.

1 2 31 65 0 2 672 1 22 0 233 2 0 18 201 97 0 3 1002 4 96 0 1003 10 0 90 100

Associação ao segmento prevista Total

95,5% das observações agrupadas originalmente estão corretamente classificadas.

Número do segmento

Original

n

%

7.3.4. Verificação da Diferença das Médias dos Fatores nos Segmentos

7.3.4.1 Análise de Variância Multivariada - MANOVA

Com o objetivo de verificar a significância estatística da diferença das médias dos

escores

Para todos os testes multivariados de significância realizados, foi identificada a

diferen

Quadro 7.40. Testes multivariados de significância.

fatoriais obtidos nos segmentos identificados, foram aplicados os testes de Pillais,

Hottelings e Wilks, quadro 7.40, com o emprego do procedimento de análise de variância

multivariada – MANOVA do SPSS, de acordo com o indicado por Hair et al. (2005).

ça da média dos fatores nos segmentos obtidos por meio da análise hierárquica.

Teste Valor F g.l. Hip g.l. Erro Sig.Pillais 1,27755 9,56998 34 184 0,000Hotellings 3,98603 10,55127 34 180 0,000Wilks 0,12069 10,0555 34 182 0,000

7.3.4.2 Análise de Variância Univariada - ANOVA.

Para complementar os testes multivariados descritos, foi realizada também a análise de

variânc

ia para cada fator, através da aplicação de testes F univariados, utilizando o

procedimento ANOVA do SPSS. Verificou-se que 16 dos 17 fatores apresentaram médias

significativamente diferentes entre os agrupamentos, conforme ilustra o quadro 7.41.

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172

Quadro 7.41. Análise de variância para cada fator - ANOVA. Macroconstruto Fator F Sig.

Avaliação e Competência 11,67 0,000Formalização de Projetos 20,56 0,000Planejamento Estratégico 36,72 0,000Desenvolvimento de RH 42,11 0,000Estímulos e Recompensas 12,44 0,000Inovação 35,82 0,000Comprometimento 9,94 0,000Parcerias 0,27 0,764Escopo e Domínio 34,48 0,000Agilidade 6,24 0,003Armazenamento 13,39 0,000Pesquisa 20,83 0,000

Compartilhamento do Conhecimento Compartilhamento 56,98 0,000

Utilização do Conhecimento Utilização 65,44 0,000

Organização 25,49 0,000Aprimoramento 4,93 0,009Capacitação 8,99 0,000

Criação do Conhecimento

Acumulação do Conhecimento

Internalização do Conhecimento

Formalização do Plan. e Controle

Direcionamento dos Recursos Humanos

Direcionamento para o Futuro

Após a realização da ANOVA, visando comparar os três segmentos entre si,

constat

Quadro 7.42 – Resultado da aplicação do teste para mais de duas médias - ANOVA.

ou-se que somente para a variável “Novos serviços através de parcerias”, integrante do

Macroconstruto Direcionamento para o Futuro, destacada no quadro 7.42, não há diferença

significante. Para todas as outras há diferença significante entre as médias para pelo menos

um dos segmentos, o que reforça a distinção e independência entre os segmentos

considerados.

Novos serviços através de parcerias 4,466 2 107 0,014

2 0,230 0,9283 0,460 0,4321 -0,230 0,9283 0,230 0,9501 -0,460 0,4322 -0,230 0,950

1

2

3

Novos serviços através de parcerias

Seg (j) Diferença média (i-j) Sig.

Teste de Homogeneidade de Variâncias

Levene df1

Comparações múltiplas Dunnett T3 (variâncias distintas) Seg (i)

Estatística de df2 Sig.

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173

7.3.5 Resposta à Pergunta 1.

Uma vez analisadas as variáveis e os segmentos encontrados e realizados os testes de

hipótese, cujas saídas foram reproduzidas a partir dos resultados obtidos a partir do uso do

software SPSS, na seção 7.3, são apresentados a seguir os resultados dos testes de hipótese

referentes à primeira pergunta da pesquisa e a sua resposta.

Para responder a primeira pergunta foram enunciadas duas hipóteses, conforme

apresentado na seção 6.5, expressas na forma de hipótese nula.

O propósito da hipótese nula H0,1 foi avaliar a existência de segmentos que revelassem

diferença significante entre os diversos fatores explorados, de maneira a permitir o destaque

de aspectos pertinentes à Gestão Organizacional e à Gestão do Conhecimento.

A hipótese nula H0,2 buscou identificar a existência de traços comuns que levassem a

verificar a significância dos segmentos, a partir dos fatores considerados nos modelos

empregados, de maneira a permitir o destaque de aspectos pertinentes à sua gestão e à Gestão

do Conhecimento.

As hipóteses nulas H0,1, e H0,2 foram ambas rejeitadas, conforme apurado a partir dos

resultados apresentados nesta seção, a partir das análises de segmento e discriminante

realizadas.

Assim sendo, como resposta à primeira pergunta da pesquisa, os resultados apontam

para a existência de segmentos distintos de empresas que apresentam características

semelhantes em sua gestão e na Gestão do Conhecimento, conforme demonstrado.

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174

7.4 PERGUNTA 2.

Nesta seção são apresentados os resultados alcançados a partir das análises dos dados

coletados por intermédio do instrumento da pesquisa contido no Anexo II, visando oferecer a

resposta a segunda e última pergunta da pesquisa.

Todas as etapas da análise realizada encontram-se pormenorizadas e distribuídas ao

longo desta seção. Os quadros correspondentes às saídas dos procedimentos empregados por

intermédio do software SPSS, especialmente no que se refere ao estudo da correlação

canônica estão contidos no Anexo I para fins de consulta.

Ao final desta etapa, na subseção 7.4.3, é apresentada a resposta à pergunta: Qual a

relação entre a excelência na Gestão Organizacional e a performance dos processos de

Gestão do Conhecimento adotados pelas grandes organizações em operação no Brasil?

7.4.1 Medida do Relacionamento Linear entre os Pares de Macroconstrutos dos Modelos Adotados

A análise de correlação busca medir o grau de associação entre duas variáveis,

conforme Levine, Berenson & Stephan (2000). Assim, procurou-se verificar tal associação

entre os macroconstrutos de cada modelo empregado e destes entre si para ambos os modelos,

de acordo com o que é apresentado nas subseções a seguir.

A partir da análise realizada, chegou-se à conclusão de que há correlação, significante

ao nível de 0,01, entre os fatores do modelo de Gestão Organizacional. O mesmo ocorre entre

os fatores do modelo de Gestão do Conhecimento. Finalmente, também em relação aos fatores

de ambos os modelos, conforme exposto no quadro 7.43.

Quadro 7.43 – Análise de correlação entre fatores dos macroconstrutos referentes à Gestão Organizacional, à Gestão do Conhecimento e a ambos os modelos entre si.

Dir

ecio

nam

ento

dos

R

ecur

sos H

uman

os

Dir

ecio

nam

ento

par

a o

Futu

ro

Cri

ação

do

Con

heci

men

to

Acu

mul

ação

do

Con

heci

men

to

Com

part

ilham

ento

do

Con

heci

men

to

Util

izaç

ão d

o C

onhe

cim

ento

Inte

rnal

izaç

ão d

o C

onhe

cim

ento

Planejamento e Controle 0,756 0,730 0,660 0,667 0,611 0,684 0,738Direcionamento dos Recursos Humanos 0,758 0,697 0,655 0,720 0,781 0,768Direcionamentro para o Futuro 0,633 0,701 0,639 0,692 0,718Criação do Conhecimento 0,697 0,649 0,709 0,718Acumulação do Conhecimento 0,754 0,695 0,823Compartilhamento do Conhecimento 0,800 0,788Utilização do Conhecimento 0,775

GO

GC

Macroconstrutos analisados

Gestão Organizacional Gestão do Conhecimento

Correlação significante ao nível de 0,01para todos os itens.

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175

7.4.2 Análise da Relação entre os Modelos Adotados

A correlação canônica é uma das técnicas apropriadas para representar a relação entre

dois conjuntos de variáveis. Uma das vantagens desta técnica é permitir a análise de dois

conjuntos multivariados. Desta forma, será utilizada para avaliar as relações entre os

macroconstrutos de Gestão Organizacional e Gestão do Conhecimento.

No caso deste trabalho, cumpre verificar se a Gestão Organizacional - GO – em

termos de seus macroconstrutos (Formalização do Planejamento e Controle, Direcionamento

dos Recursos Humanos e Direcionamento para o Futuro) se associa à Gestão do

Conhecimento - GC – também em termos de seus macroconstrutos (Criação, Acumulação,

Compartilhamento, Utilização e Internalização do Conhecimento). Por simplificação optou-se

por apresentar no Anexo I os quadros referentes ao uso desta técnica.

Ao serem analisadas as matrizes de correlação, verifica-se a existência de correlação

positiva entre as variáveis de GO e da mesma forma entre as variáveis de GC. Além disso, as

correlações entre todas as variáveis são positivas, isto é, a Gestão Organizacional é

positivamente correlacionada à Gestão do Conhecimento.

Somente uma dimensão para cada grupo de variáveis foi considerada significativa ao

nível de 5% pelo teste do Lambda de Wilks. Assim, as correlações entre os 2 conjuntos de

variáveis podem ser consideradas por intermédio de apenas um par de dimensões canônicas.

O valor da medida de redundância para a variável canônica é 0,824, o que sugere que

cerca de 82% da variação dos macroconstrutos de GO é explicada pelas variáveis canônicas

opostas. Os coeficientes padronizados para a dimensão canônica, relativos às variáveis de GO,

sugerem que o macroconstruto Direcionamento dos Recursos Humanos é o que mais

influencia na formação da variável canônica. Da mesma forma, os macroconstrutos Criação

do Conhecimento - CR, Compartilhamento do Conhecimento – CO, Utilização do

Conhecimento - UT e Internalização do Conhecimento - IN são os mais importantes para a

dimensão canônica que representa o conjunto GC, conforme apresentado no Anexo I.

Segundo Sharma (1996), deve ser observado que as cargas representam uma relação

bivariada entre uma variável particular e a variação canônica. Essas cargas essencialmente

ignoram a presença de outras variáveis. Por outro lado, os coeficientes canônicos apontam

para a contribuição de cada variável na presença de todas as outras. Diante disso, o autor

sugere o uso dos coeficientes canônicos para determinar a importância de cada variável na

formação da variação canônica.

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176

Sendo assim, a dimensão canônica representa a Gestão Organizacional, obtida

principalmente a partir do Direcionamento dos Recursos Humanos. De maneira análoga,

tomando-se por base os coeficientes canônicos e principalmente as cargas canônicas, os

macroconstrutos Criação do Conhecimento - CR, Compartilhamento do Conhecimento – CO,

Utilização do Conhecimento - UT e Internalização do Conhecimento - IN são influentes na

formação da dimensão canônica para os macroconstrutos de GC.

Os macroconstrutos dos modelos de Gestão Organizacional e a dimensão canônica,

DC_GC (Gestão do Conhecimento) são fortemente correlacionados. Além disso, os

macroconstrutos de Gestão do Conhecimento e a dimensão canônica DC_GO (Gestão

Organizacional) também são altamente correlacionados. Ou seja, novamente têm-se

fortalecida a premissa de relação bidirecional entre os componentes de ambos os modelos.

7.4.3 Resposta à Pergunta 2

Uma vez estudadas as variáveis referentes a cada um dos modelos empregados

conjuntamente para a consecução desta pesquisa, cuja análise foi extensamente apresentada

na seção anterior, foram realizados os testes das hipóteses enunciadas na seção 6.5 e os seus

resultados são a seguir apresentados com vistas a oferecer a resposta à segunda e última

pergunta da pesquisa.

O propósito das hipóteses H0,3 a H0,15 foi avaliar a existência de relação mútua entre os

três macroconstrutos que compõem o modelo que caracteriza a excelência na Gestão

Organizacional e a performance da Gestão do Conhecimento, este caracterizado pelo processo

de circulação do conhecimento.

As hipóteses H0, 3, a H0, 15 foram todas testadas e rejeitas, a partir das análises de

correlação realizadas.

Finalmente, com o propósito de verificar a existência de relação entre a excelência da

Gestão Organizacional e a performance da Gestão do Conhecimento, foi formulada a última

hipótese nula da pesquisa, H0,16.

A hipótese H0, 16 foi também testada e rejeitada, conforme o resultado da análise de

correlação canônica.

Assim sendo, como resposta à segunda pergunta da pesquisa, os resultados indicam

haver associação significante entre todos os macroconstrutos dos modelos originais e de

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177

maneira global, entre os próprios modelos, no que se refere à excelência na Gestão

Organizacional e à performance da Gestão do Conhecimento, conforme demonstrado.

Vale ressaltar que as relações entre as dimensões da Gestão Organizacional e da

Gestão do Conhecimento são reduzidas a uma dimensão significativa, de acordo com o

resultado do teste F.

7.5 RESUMO DOS RESULTADOS E DOS TESTES DE HIPÓTESE

O quadro 7.44 a seguir apresenta o resumo do esforço de análise, as técnicas

empregadas e os resultados dos testes de hipótese realizados e encerra o presente capítulo.

Quadro 7.44 – Resultados dos Testes de Hipótese

Hipótese Técnica empregada Resultado

H0,1 Análise de Segmento Rejeitada

H0,2 Análise Discriminante. Rejeitada

H0,3 até H0,15 Análise de Correlação Todas Rejeitadas

H0,16 Análise de Correlação

Canônica Rejeitada

O próximo capítulo apresenta o resumo do trabalho e as conclusões alcançadas. São

também destacadas as principais contribuições, seguidas por recomendações e sugestões para

novos estudos.

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178

8 CONCLUSÃO

Neste capítulo é apresentado o sumário da pesquisa, contextualizando os seus

objetivos e a metodologia empregada. São também destacadas as principais contribuições e

oferecidas recomendações e sugestões para futuras pesquisas.

8.1 SUMÁRIO DA PESQUISA

A gestão das organizações implica a adoção de um conjunto de procedimentos de

diferentes naturezas, que organizam e orientam as ações promovidas por seus integrantes com

vistas à perenização destas e ao seu crescimento.

A sobrevida e a evolução das organizações estão sob constante ameaça, diante das

disputas com os concorrentes e de fatos supervenientes de toda ordem. De maneira a superar

os riscos e reveses, os esforços gerenciais respondem pela orientação do curso das ações em

suas respectivas esferas de competência. Tal orientação requer atenção em pelo menos três

aspectos do processo de gestão organizacional (GO), considerados essenciais por Nogueira

(1999) para o alcance do nível de excelência que parece caracterizar as organizações que se

destacam das demais: a Formalização do Planejamento e Controle, o Direcionamento dos

Recursos Humanos e a Orientação para o Futuro, três dos macroconstrutos do modelo

proposto pelo referido autor, empregados neste estudo.

Acresce ao interesse dedicado à Gestão Organizacional por acadêmicos e praticantes o

entendimento de diversos estudiosos de que as métricas calcadas em dimensões financeiras

não são suficientes para permitir o alcance e a preservação das vantagens competitivas,

devendo ser considerados outros aspectos, dos quais se ocupa a Gestão do Conhecimento

(GC).

Deste modo, tomando como ponto de partida o estudo de Lee et al. (2005) referente ao

desempenho da Gestão do Conhecimento, este estudo foi dedicado a verificar o processo de

circulação do conhecimento em face do processo de Gestão Organizacional levado a efeito em

grandes empresas em operação no Brasil, tidas como excelentes pelos resultados que

alcançam a cada ano. Essas organizações formam um seleto conjunto que corresponde ao

frame amostral que serviu de referência para a extração da amostra de conveniência utilizada

neste estudo (MAIORES E MELHORES, 2006).

A partir da percepção dos executivos participantes da amostra, investigou-se como o

recente movimento da Gestão do Conhecimento ocorre no Brasil.

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179

Assim, buscou-se ampliar o nível de conhecimento a respeito do processo de gestão

das organizações aliado à gestão do conhecimento a partir do emprego conjugado de dois

modelos conceituais: o modelo de Nogueira (1999), voltado à Gestão Organizacional e o

modelo de Lee et al.(2005), dedicado à Gestão do Conhecimento.

No curso do estudo foram analisadas as principais contribuições da literatura relativas

à formalização do planejamento e controle, ao direcionamento dos recursos humanos, ao

direcionamento para o futuro e ao processo de circulação do conhecimento, caracterizado pela

criação, acumulação, compartilhamento, utilização e internalização do conhecimento.

Estudou-se como estes macroconstrutos vêm sendo investigados e discutidos no ambiente

acadêmico, a nível teórico e através de estudos empíricos.

Este estudo teve também como objetivo teórico verificar a adequação do modelo de

Lee et al. (2005) à realidade brasileira a despeito da distância cultural existente entre as

culturas brasileira e coreana, conforme ressalta Hofstede (1980) ao estudar as diferenças

culturais existentes entre países, uma vez que o modelo de Lee et al. (2005) foi originalmente

testado na Coréia do Sul.

O modelo resultante empregado neste estudo, ao congregar os modelos de Nogueira

(1999) e Lee et al. (2005), permitiu investigar, sob um corte transversal, a existência de

grupos de empresas dotadas de características semelhantes em sua gestão e na Gestão do

Conhecimento.

Investigou-se também a existência de relação entre a excelência na Gestão

Organizacional e a performance da Gestão do Conhecimento, a partir dos macroconstrutos

que as caracterizam.

Assim, este estudo teve como foco obter respostas às seguintes perguntas:

• Existem grupos de empresas que apresentam características semelhantes em sua

gestão e na Gestão do Conhecimento?

• Qual a relação entre a excelência na Gestão Organizacional e a performance dos

processos de Gestão do Conhecimento adotados pelas grandes organizações em

operação no Brasil?

Visando responder estas perguntas, foram formuladas e testadas dezesseis hipóteses

expressas sob a forma de hipóteses nulas.

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Foram coletadas informações de 110 empresas, por intermédio de seus executivos, a

respeito dos dois assuntos que compõem o tema da pesquisa, em termos das práticas correntes

nessas organizações. O arcabouço teórico utilizado foi expresso através de afirmativas

avaliadas pelos executivos.

O processo de investigação empregou o método Survey que foi operacionalizado por

intermédio do questionário contido no Anexo I, encaminhado aos respondentes por e–mails

ou impressos. O questionário foi composto por questões originalmente formuladas pelos

autores dos modelos que deram suporte a este estudo.

Em complemento aos itens dos questionários originais, foi formulado um conjunto de

questões voltadas a aspectos demográficos referentes às organizações a que pertenciam os

respondentes e a eles próprios, de modo a contextualizar a pesquisa e obter elementos

adicionais que permitiram conhecer o perfil dos participantes e de suas organizações.

Previamente à aplicação do questionário junto aos integrantes da amostra, o mesmo

passou por um processo de pré-teste do qual participaram vinte executivos pertencentes a

empresas não incluídas na amostra, com atribuições e experiência correspondentes às dos

executivos que efetivamente participaram da pesquisa. Como complemento ao pré-teste foram

entrevistados oito executivos, de modo a verificar o entendimento do inteiro teor dos itens,

revelar eventuais dúvidas, identificar a possibilidade de haver receio em responder os itens

formulados e acompanhar o processo e o tempo de resposta ao instrumento.

Ao final destes testes foram promovidos alguns ajustes em itens do questionário, na

parte correspondente ao questionário criado por Lee et al. (2005), isto em razão da sua

tradução do idioma inglês, o que foi feito com o auxílio de um profissional especialista no

idioma. Procurou-se retratar com a maior fidelidade o conteúdo original, assegurar o

entendimento do significado dos itens (validação de face) e aferir a aderência dos itens do

questionário aos macroconstrutos da pesquisa.

O questionário foi composto por itens organizados em uma escala ordinal do tipo

Likert com seis pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 6 (concordo totalmente).

Todas as informações coletadas durante a pesquisa foram sujeitas a um compromisso

de confidencialidade acerca da identidade dos respondentes e das organizações para as quais

trabalham.

Para a operacionalização dos modelos de referência da pesquisa foi utilizado um

conjunto de técnicas de análise, aplicadas a partir dos procedimentos disponíveis no software

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SPSS que permitiram realizar os testes das hipóteses formuladas, alcançar as respostas às

perguntas da pesquisa e oferecer as contribuições apresentadas na próxima seção.

A análise dos dados obtidos com o emprego do survey demandou o uso de técnicas de

análise uni e multivariada, uma vez que os macroconstrutos referentes à excelência da Gestão

Organizacional e à performance da Gestão do Conhecimento requereram o exame das inter-

relações entre os macroconstrutos a partir das variáveis que os representam.

O emprego de diferentes técnicas quantitativas resultou da necessidade de serem

tomados os cuidados recomendados na literatura, quanto à sua aplicação e à interpretação dos

resultados, assim como em relação às suas limitações, em termos da eventual insuficiência em

explicar adequadamente os fenômenos estudados.

A partir de uma perspectiva teórica, os resultados apurados neste estudo alcançaram o

objetivo inicial de responder as perguntas da pesquisa, conforme descrito a seguir.

Inicialmente, foi identificada a existência de grupos de empresas que apresentam

características semelhantes em sua gestão e na Gestão do Conhecimento.

Foram encontrados segmentos de empresas que revelam diferença significante entre os

fatores que caracterizam a Gestão Organizacional e a Gestão do Conhecimento, a partir dos

seus respectivos macroconstrutos, conforme a percepção dos executivos que participaram da

pesquisa. Os três segmentos encontrados indicam claramente tal distinção.

As características de cada segmento originaram a criação de uma denominação capaz

de identificá-los e deixar evidente o distanciamento mútuo, em razão do grau de aderência das

organizações e de suas práticas aos preceitos contidos na literatura que aborda os aspectos que

conformam os macroconstrutos que integram os modelos que deram origem a este estudo.

Assim as diferenças que emergiram dos resultados destacam um primeiro grupo,

denominado Avançado, um segundo, chamado Passivo, mais afastado das orientações dos

diversos autores expressas nas obras compulsadas no curso deste trabalho e um terceiro

segmento, denominado Em Transição, cujas características são intermediárias em relação

àquelas reveladas pelos demais.

Para complementar a resposta à primeira pergunta da pesquisa foi demonstrada a

existência de uma função capaz de diferenciar claramente os três segmentos citados, a partir

dos fatores que caracterizam os modelos de Gestão Organizacional e Gestão do

Conhecimento.

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Para responder a segunda pergunta da pesquisa, “qual a relação entre a excelência na

Gestão Organizacional e a performance dos processos de Gestão do Conhecimento adotados

pelas grandes organizações em operação no Brasil?”, foram formuladas e testadas hipóteses

que tiveram por propósito avaliar a existência de relação mútua entre os macroconstrutos que

compõem o modelo relativo à excelência na Gestão Organizacional e os macroconstrutos que

compõem o modelo referente à performance da Gestão do Conhecimento.

O teste destas hipóteses indicou associação significante entre todos os

macroconstrutos da pesquisa e, de maneira global, entre a excelência na Gestão

Organizacional e a performance dos processos de Gestão do Conhecimento adotados pelas

grandes organizações em operação no Brasil.

O detalhamento do estudo acerca dessas correlações indicou serem elas positivas e

significantes e sugere que o macroconstruto Direcionamento dos Recursos Humanos é o mais

influente na formação da variável canônica que representa a Gestão Organizacional. Quanto à

Gestão do Conhecimento, o mesmo ocorre em relação à importância dos macroconstrutos

Criação, Compartilhamento, Utilização e Internalização do Conhecimento, que são os mais

influentes na formação da variável canônica Gestão Organizacional.

As contribuições deste estudo não se limitaram aos achados decorrentes dos testes das

hipóteses formuladas. A análise dos segmentos possibilitou um grau de detalhamento que

trouxe à tona elementos que realçaram aspectos relevantes destacados no arcabouço teórico

que explicam a localização das empresas nos respectivos segmentos.

Ao ser promovida a análise do segmento denominado Avançado, verificou-se que as

práticas adotadas pelas organizações que a ele pertencem concordam muito com as

recomendações contidas nas referências da literatura, no que toca a todos os macroconstrutos

de ambos os modelos.

Os poucos itens que revelaram valores desfavoráveis e sugerem a necessidade de

maior sintonia neste segmento referem-se ao macroconstruto Direcionamento para o Futuro,

que indicou a existência de discordância entre as afirmações calcadas na literatura e as

práticas das organizações estudadas, quanto à dedicação dos executivos à estratégia, embora

todos se envolvam com ela.

As empresas pertencentes ao segmento, Passivo, com resultados mais baixos,

apresentam resultados menos distantes do exposto na literatura: a avaliação sistemática dos

investimentos realizados, de acordo com os seus benefícios financeiros; a existência de um

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responsável pelos projetos; a competência em técnicas de gestão; o domínio da Tecnologia da

Informação; e o uso da Internet para obter conhecimento.

Os itens que atingiram os escores médios mais baixos, inferiores ao ponto central da

escala, são freqüentes no segmento Passivo. Estes indicam discordâncias em relação às

afirmações contidas em itens do questionário e representam o afastamento das organizações

de importantes preceitos da literatura. Os maiores afastamentos identificados são: falta de

avaliação sistemática de investimentos considerando o aumento de benefícios percebidos

pelos clientes; avaliação por aprendizado e inovação; comunicação clara dos objetivos e

estratégias; incentivos à criatividade e ao empreendedorismo; falta de uso da remuneração

para incentivar e recompensar uma postura individual ativa em processos de mudança e

aperfeiçoamento; oferta limitada de novos produtos e serviços através de parcerias com outras

empresas; dependência do sucesso futuro ao cenário; pouca dedicação dos executivos à

estratégia; transmissão inadequada de tarefas de funcionários aos seus sucessores; pouca

agilidade na obtenção de contribuições dos empregados; pouca documentação do

conhecimento; falta de estímulos ao uso do conhecimento e de programas de pesquisa e

educacionais; falta de criação de padrões extensivos a toda a organização para as fontes de

informação; pouco conhecimento a respeito dos consumidores e da demanda.

Ainda que o senso comum possa apontar para a aparente obviedade de alguns desses

resultados, cumpre enfatizar que estudos empíricos servem para verificar afirmações prévias e

podem oferecer robustez ao senso comum ou então derrubá-lo, porém com base em juízo de

realidade.

Quanto ao segmento denominado Em Transição, este revela maior aproximação ao

segmento Avançado, em comparação ao segmento Passivo, indicando haver predominância

de características que apontam para a evolução das organizações que o compõem. Os maiores

escores obtidos referem-se à formulação da missão e dos objetivos que refletem os interesses

dos stakeholders; ao envolvimento de todos os executivos com a estratégia; o domínio da TI

para a realização de tarefas.

Os escores mais baixos apurados apontam para: pouca avaliação formal periódica de

projetos; pouco uso da remuneração como estímulo e recompensa; baixa adesão a parcerias.

Verificou-se, então haver uma clara segmentação entre as empresas estudadas, cujas

características explicam e justificam a denominação adotada.

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8.2 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

Os resultados obtidos através deste estudo apresentam relevantes implicações de

natureza teórica, metodológica e gerencial.

O estudo oferece contribuição teórica e metodológica em termos do uso de uma

perspectiva de fluxo do conhecimento que toma forma a partir do conceito de circulação do

conhecimento e passa a estar associado ao processo de Gestão Organizacional, que apesar de

dinâmico, parece ser gerido de modo quase estático em muitas organizações. Sob esta ótica, a

fluidez do conhecimento pode assumir características semelhantes a de catalizadores, que

aceleram ou retardam as reações químicas e bioquímicas.

Em termos de implicações gerenciais, os resultados do estudo podem servir como

guias de ação para auxiliar a alta gerência nos processos de decisão em relação aos aspectos

referentes à Gestão Organizacional e à Gestão do Conhecimento.

Pensar e refletir sobre os processos e recursos necessários ao gerenciamento das

organizações, com vistas à sua sobrevivência e ao crescimento, é parte das atribuições dos

executivos de topo nas organizações. Neste sentido, tanto o referencial teórico quanto os

resultados aqui alcançados representam subsídios importantes a serem levados em conta em

diferentes situações enfrentadas por diversas organizações, em termos das práticas e decisões

que as encaminhem à continuidade e ao crescimento, haja vista o extenso leque de setores

industriais abrangidos por este estudo.

Os resultados permitem, ainda, a realização de análises apartadas, considerando cada

um dos oito macroconstrutos individualmente, e análises conjuntas daqueles macroconstrutos

que interessem à alta administração das organizações e especialmente a outros estudiosos que

venham dedicar seus estudos a essas dimensões.

Para as organizações que estejam na fase anterior à da adoção da Gestão do

Conhecimento, o referencial teórico oferece uma visão geral do assunto, enquanto os

resultados da pesquisa aprofundam esta visão, em razão da interação dos macroconstrutos.

Para as empresas já envolvidas com a implantação da Gestão do Conhecimento, este estudo

poderá servir como um meio auxiliar ao processo de revisão e correção de rumos.

A perspectiva de fluxo do conhecimento associado ao processo de gestão

organizacional citada anteriormente representa a dinâmica da circulação do conhecimento,

podendo assim auxiliar o aperfeiçoamento do processo de gestão das organizações e o

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desenvolvimento de técnicas e práticas capazes de orientar a formação de vantagens

competitivas que acentuem o nível de excelência gerencial das organizações. Quanto ao saber

acadêmico, os achados deste estudo podem despertar novas indagações vis-à-vis o referencial

teórico empregado.

8.3 RECOMENDAÇÕES PARA AS ORGANIZAÇÕES

Tomando por base os achados desta pesquisa, ainda que seus resultados não possam

ser generalizados além do conjunto das empresas participantes, recomenda-se que para as

empresas que ainda não iniciaram o processo de implantação da Gestão do Conhecimento,

sejam consideradas as orientações contidas na literatura pesquisada e os resultados desta

pesquisa, por permitirem a adoção de cautelas e preparo, indicados nas demais

recomendações expressas a seguir.

Preliminarmente é necessário o desenvolvimento de uma cultura voltada a gerir o

conhecimento nas organizações, o que requer a sensibilização dos colaboradores de diferentes

áreas e níveis hierárquicos.

A literatura explora duas vertentes para a gestão do conhecimento: uma voltada a

processos e a outra a recursos. A despeito das diferenças entre essas abordagens, o ponto de

convergência de ambas situa-se no fator humano, o que implica a oferta de estímulos e

recompensas, de modo a serem vencidas a inércia e as resistências às mudanças, seja no

ambiente interno às empresas, na forma de trabalhar ou nas relações interpessoais.

Devem ser identificado e incentivado o desenvolvimento de características pessoais

como: iniciativa e aceitação de novos conhecimentos, o interesse por pesquisa sistemática e

capacitação no uso de novas ferramentas, bem como ações voltadas ao aperfeiçoamento

pessoal.

É essencial criar a noção de circulação do conhecimento, de maneira a ser facilitado o

seu fluxo com o mínimo de obstruções.

A tecnologia tem um papel fundamental nos processos de Gestão do Conhecimento,

uma vez que influencia tanto a forma de realizar o trabalho como a maneira de gerenciá-lo. O

emprego de sistemas integrados de gestão exige que as pessoas passem a executar suas tarefas

de acordo com rotinas, padrões e procedimentos determinados pela tecnologia. Portanto, a

capacitação e o incentivo ao emprego de ferramentas e recursos tecnológicos não apenas

parecem agilizar, mas aumentar o fluxo do conhecimento.

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Outra recomendação refere-se à gerência da implantação da Gestão do Conhecimento,

sendo prudente dedicar especial atenção ao macroconstruto Acumulação do Conhecimento

que, ao menos na amostra estudada, apresentou desempenho inferior aos demais em termos de

associação à Gestão Organizacional.

Os resultados da pesquisa mostram também menor associação entre a Gestão do

Conhecimento e os macroconstrutos Formalização do Planejamento e Controle e

Direcionamento para o Futuro. Embora os resultados não sejam generalizáveis seria prudente

atentar para os aspectos e benefícios de um maior entrosamento.

Finalmente, cumpre ressaltar, a exemplo do que orienta a literatura compulsada, a

importância da Internet e das ferramentas correlatas nas diferentes etapas que compõem o

processo de circulação do conhecimento, e uma última recomendação a partir dos resultados

da pesquisa: reorientar a atenção especialmente voltada aos benefícios financeiros para a

geração de valor para os clientes.

8.4 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

A Gestão do Conhecimento é um assunto recente no Brasil, mas que vem despertando

crescente interesse junto ao ambiente acadêmico e a praticantes, o que é sinalizado pelo

aumento da freqüência de participantes em congressos e outros eventos congêneres, bem

como de trabalhos publicados. Muitas empresas vêm buscando mais informações sobre a GC,

de maneira a formar convicção acerca da pertinência e oportunidade de sua adoção.

Estes fatos indicam haver um campo muito amplo a ser explorado por estudiosos que

por ela se interessem. Diferentes formas de abordagem podem ser escolhidas, tomando como

ponto de partida outros mecanismos de gestão.

Além disso, diversas métricas para aferir o andamento da sua implantação nas

empresas ou o seu desempenho uma vez implantada, foram ou estão para ser criadas e

testadas, associadas ou não a ferramentas como o Balanced Score Card – BSC (KAPLAN ,

NORTON, 1992, 1996a, b, 2001), por exemplo estão a merecer atenção. Aplicações

específicas como em áreas de projetos, recursos humanos e marketing, podem ser criadas e

experimentadas.

Associações com outras formas de gestão conhecidas podem ser estudadas e

submetidas a teste, como foi o caso desta pesquisa. Os processos de planejamento,

implantação, controle e acompanhamento do seu progresso nas organizações podem ser

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investigados por diferentes ângulos, assim como outras possíveis associações entre a GC e

funções como logística e marketing podem merecer atenção de estudiosos para verificar sua

existência e relevância.

Os resultados encontrados, no que se refere ao Direcionamento para o Futuro,

apontam para a necessidade de aprofundamento de pesquisas relacionadas a este aspecto da

Gestão Organizacional, de modo a identificar com maior clareza sua importância para as

empresas e como estas devem e podem preparar-se melhor para enfrentar a passagem do

tempo.

Sugere-se prosseguir o estudo sobre o fluxo de circulação do conhecimento por

intermédio de uma abordagem isolada ou conjunta dos macroconstrutos utilizados nesta

pesquisa, visando identificar as razões do nível de desempenho alcançado por eles, ou testá-

los novamente a partir de amostras mais homogêneas.

Outra possibilidade seria estudar formas de modificação do gradiente desse fluxo,

como por exemplo, através da oferta de estímulos à criação, à acumulação, ao

compartilhamento, à utilização e à internalização do conhecimento, como estágios do

processo de circulação, especialmente quanto ao macroconstruto Acumulação do

Conhecimento, em razão dos resultados obtidos nesta pesquisa.

Sugere-se também a expansão da amostra e a verificação da manutenção dos

resultados, bem como a avaliação do comportamento de organizações de setores distintos,

acrescidas de comparações entre os setores.

Finalmente, os macroconstrutos estudados podem ainda ser revistos e acrescidos de

variáveis que melhor os representem para a realidade brasileira.

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Anexo I - Quadros de resultados da Análise de Correlação Canônica

Quadro I.1 – Autovalores e correlações canônicas Autovalores e Correlações Canônicas

Fator Autovalor Percentual Percentual Acumulado

Corr Canônica

1 3,009 95,749 95,749 0,866 2 0,110 3,507 99,256 0,315 3 0,023 0,744 100 0,151

Quadro I.2 –Análise da Redução das Dimensões Análise da Redução de Dimensões

Fator λ Wilks F

GL Hip. GL do Erro Sig do F

1 a 3 0,220 13,760 15 282 0,000 2 a 3 0,880 1,697 8 206 0,101 3 a 3 0,977 0,810 3 104 0,491

Quadro I.3 – Análise de Redundância da GO

Prop. da var. do modelo de GO explicada por suas próprias dimensões Canônicas

Prop. da var. do modelo de GO explicada pelas dimensões Canônicas Opostas

Proporção da Variância Proporção da Variância CV1-1 0,824 CV2-1 0,618 CV1-2 0,087 CV2-2 0,009 CV1-2 0,090 CV2-3 0,002

Quadro I.4 – Análise de Redundância da GC

Prop. da Var. do Modelo de GC Explicada por suas próprias dimensões Canônicas

Prop. da var. do modelo de GC explicada pelas dimensões Canônicas Opostas

Proporção da Variância Proporção da Variância CV2-1 0,773 CV1-1 0,580 CV2-2 0,059 CV1-2 0,006 CV2-3 0,058 CV1-2 0,001

Quadro I.5 – Análise dos Coeficientes Canônicos Padronizados e das CargasCanônicas para GO

Coef. Canônicos padronizados para GO Cargas Canônicas para GO

1 2 3 1 2 3 PLAN -0,293 -0,683 -1,465 PLAN -0,888 -0,242 -0,392 RH -0,542 1,616 0,231 RH -0,955 0,291 0,056 FUT -0,253 -1,068 1,230 FUT -0,878 -0,342 0,335

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Quadro I.6 – Análise dos Coeficientes Canônicos Padronizados e das CargasCanônicas para GC Coef. Canônicos padronizados para GC

Cargas Canônicas para GC

1 2 3 1 2 3 CR -0,210 0,242 -0,663 CR -0,844 0,002 -0,181 AC -0,067 -1,630 0,913 AC -0,840 -0,459 0,237 CO -0,014 0,998 0,975 CO -0,844 0,205 0,380 UT -0,390 0,296 0,422 UT -0,922 0,175 0,195 IN -0,420 0,054 -1,510 IN -0,940 -0,097 -0,140

Quadro I.7 – Análise dos Coeficientes das Cargas Canônicas para GO e GC

Correlações entre a GO e a Dimensão Canônica GC

Correlações entre a GC e a Dimensão Canônica GO

Fator GO_GC Fator GC_GO Formalização do Planejamento e Controle. -0,769 Criação.do Conhecimento -0,731

Direcionamento dos Recursos Humanos. -0,828 Acumulação do Conhecimento -0,728

Direcionamento para o Futuro. -0,760 Compartilhamento do Conhecimento -0,731

Utilização do Conhecimento -0,799

Internalização do Conhecimento -0,814

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Anexo II - Questionário

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