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Animakids - Formação para o empreendedorismo inclusivo através da capacitação na área da animação de eventos -

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Projeto Animar para Capacitar

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Animakids - Formação para o empreendedorismo inclusivo através da

capacitação na área da animação de eventos -

Page 2: Anima Kids

1

Í ndice

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 2

Contextualização .....................................................................................................................................................2

I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL ....................................................................... 4

1.1. Empowerment .................................................................................................................................................4

1.2. Capacitação .......................................................................................................................................................5

1.3. Motivação ..........................................................................................................................................................5

1.4. Empreendedorismo e Educação não-formal ........................................................................................6

1.5. O Animakids .....................................................................................................................................................8

II. NARRATIVA DA PRÁTICA: PASSO A PASSO ............................................................ 10

1.Preparação dos/as formadores/as ........................................................................................................... 11

2.Constituição do Grupo de Formandos/as ............................................................................................... 13

3.Três Módulos de Formação Técnica .......................................................................................................... 13

4.Experiências Pré-profissionalizantes....................................................................................................... 18

5.Sessão de Formação sobre técnicas de procura ativa de emprego/formação .......................... 20

6.Workshop sobre o marketing pessoal ..................................................................................................... 20

7.Autonomização ................................................................................................................................................. 21

III. INSTRUMENTOS/FERRAMENTAS UTILIZADAS .................................................. 24

Compromisso de Participação ..................................................................................................................... 265

Dossier - Escultura de Balões .......................................................................................................................... 26

Dossier - Jogos Tradicionais ............................................................................................................................ 30

Dossier - Pinturas de Rosto ............................................................................................................................. 34

Questionário de Satisfação da(s) atividade(s) ...................................................................................... 347

IV. AVALIAÇÃO ...................................................................................................................... 38

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 42

Documentos Consultados ................................................................................................................................. 43

Page 3: Anima Kids

2

Íntroduça o

O empowerment exige a posse de conhecimentos, capacidades técnicas e atitudes

visadas pela capacitação. Estas capacidades podem ser desenvolvidas em diversos

contextos, representando as situações de educação não-formal condições propícias

ao seu desenvolvimento. O Animakids, concebido enquanto ferramenta

empreendedora e potenciadora de oportunidades de educação, de relação e de

autonomia, pretende ser um guia para técnicos/as e monitores/as para a

promoção da capacitação e do empreendedorismo de jovens em contextos de

educação não-formal.

Contextualização

O Programa Escolhas é um programa de âmbito nacional, tutelado pela

Presidência do Conselho de Ministros, e fundido no Alto Comissariado para a

Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), que visa promover a inclusão social de

crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis,

tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social.

O projeto Animar para Capacitar é uma iniciativa de intervenção social

implementada nas freguesias de Jovim e de S. Pedro da Cova (SPC) do Município de

Gondomar, financiada pelo Programa Escolhas (PE). É promovido pela Câmara

Municipal de Gondomar e gerido pela Associação Gondomar Cultural. Tem ainda

como parceiros sociais: a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Gondomar

(CPCJG), o Instituto Português da Juventude (IPJ), a Direção Geral de Reinserção

Social – Equipa Porto Penal 4 (DGRS), os Agrupamentos de Escolas de SPC e de

Jovim e Foz-do-Sousa, a Escola Secundária de SPC, o Programa para a Inclusão e

Cidadania (PIEC) e a Junta de Freguesia de Jovim.

O Projeto tem como objetivo a inclusão de crianças, jovens e famílias (oriundos de

territórios que apresentam fatores de vulnerabilidade crítica) através da inclusão

escolar, formação e emprego, cidadania, inclusão digital e empreendedorismo. A

promoção da capacitação é transversal a todas estas dimensões.

O Animakids é uma iniciativa do projeto Animar para Capacitar orientada para a

motivação, (re)socialização, mediação, inserção social e profissional e de

Page 4: Anima Kids

3

acompanhamento de públicos em situação de vulnerabilidade. É uma iniciativa de

empreendedorismo e capacitação que procura responder a problemas de

desvalorização da formação escolar/profissional e do trabalho; bem como de fraca

estruturação de projetos de vida e participação cívica.

Tenciona ser uma ferramenta que motive para o trabalho/empregabilidade em

part-time, para o desenho de um projeto de vida e, por fim, contribua para a

(re)inserção social em conformidade com as normas socialmente vigentes. Nesse

sentido sugere dinâmicas que providenciem experiências pré-profissionalizantes e

que, em simultâneo e de forma não-formal, incidam sobre questões relacionadas

com o saber-estar e saber-ser, bem como sobre a importância e valorização da

formação escolar/profissional como fator indispensável para a igualdade de

oportunidades.

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4

Í. Enquadramento Teo rico e Conceptual

Com base em Antunes (2010) tendo em conta que cada contexto, que cada grupo

de pessoas/comunidade representa uma situação particular e única, e sabendo que

não podemos “ocupar o lugar” dessas populações, o trabalho interventivo deve

definir-se em torno de quatro pontos centrais que estão profundamente inter-

relacionados:

i) Capacitação e desenvolvimento de competências (pessoais e sociais) para o

empowerment;

ii) Relação efetiva de comunicação e de confiança;

iii) Centralidade do grupo alvo específico, ao longo de todo o processo de

intervenção;

iv) Reflexão contínua na e sobre a ação.

1.1. Empowerment

O empowerment representa o domínio das competências (sociais, políticas,

económicas, culturais, educativas e de formação, legais e de saúde e ambiente)

necessárias para a inserção social, ou seja a plena integração na comunidade de

referência (Teles e Pinto, 2009). Segundo Rappaport o termo empoderamento

remete para um processo através do qual se ganha «mestria ou controlo sobre as

suas vidas e participação democrática na vida das suas comunidades» (Rappaport

citado por Menezes, 2007: 57).

Assim, sendo o empowerment exige a posse de conhecimentos, capacidades

técnicas e atitudes visadas pela capacitação. Estas capacidades podem ser

desenvolvidas em diversos contextos, representando as situações de educação

não-formal condições propícias ao seu desenvolvimento.

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1.2. Capacitação

A capacitação pode ser definida como um conjunto de mecanismos intencionais

que procuram prover ou contribuir para reconhecer os indivíduos de

competências (Teles e Pinto, 2009). Remete para um processo bidirecional (top

down e bottom up) que depende fortemente dos indivíduos, dos contextos e dos

processos (Teles e Pinto, 2009) e que pode ocorrer a três níveis: individual,

organizacional e comunitário. Zimmerman, citado por Menezes (2007), acrescenta

ainda uma segunda variante, a capacitação psicológica (intrapessoal, interacional e

comportamental).

No Animakids as estratégias de capacitação para o alcance das mudanças

desejadas (inserção profissional e social) envolvem o indivíduo e a comunidade

passando pela motivação e (re)socialização. Nesta sequência o recurso foi

concebido enquanto ferramenta empreendedora e potenciadora de oportunidades

de educação, de relação e de autonomia.

1.3. Motivação

Etimologicamente o termo motivação deriva da palavra latina moveres que

significa mover. Remete, assim, para uma direção do comportamento, ou seja uma

ação originada por um impulso e orientada para um objetivo. A motivação que

portanto conduz à ação pode ter origem intrínseca e/ou extrínseca (Heckhausen e

Heckhausen, 2008). Recuperando a questão de Rudolp (2003) "por que o indivíduo

se comporta da maneira como ele o faz?", pode-se responder que ele o faz porque

tem uma motivação.

O objetivo que orienta a ação originada pela motivação pode ser equiparado a uma

necessidade sentida pelo indivíduo. Recorrendo assim a Maslow (1955, 1970) o

objetivo pode ser a satisfação de necessidades básicas/físicas, ou seja o evitamento

de algo indesejável, ou pode reportar-se a necessidades mais elevadas, à

necessidade de crescimento e desenvolvimento, à procura de alcançar algo mais

desejável, à realização pessoal.

Nesta sequência, importa fomentar nos jovens o desejo pela plena inserção social,

pela realização pessoal através da formação e/ou inserção profissional e orientar

as ações para a (re)socialização. Neste âmbito, a inserção profissional manifesta-se

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enquanto finalidade e/ou meio para o alcance de uma meta superior, a inserção

social, pois promove a adequação do padrão comportamental e relacional às

normas socialmente vigentes.

1.4. Empreendedorismo e Educação não-formal

No domínio da educação o discurso teórico de referência é decisivo para a forma

como se concebe a intervenção educativa. Nesta linha de pensamentos a

intervenção no Animakids orienta-se por uma conceção da educação enquanto

acontecimento permanente. «Numa perspetival de aprendizagem ao longo da vida,

uma educação empreendedora deve envolver os jovens (…) Uma boa prática de

ensino é o desenvolvimento de iniciativas que incluam a aprendizagem pela

realização - “aprender, fazendo” - onde os jovens enfrentam o mundo real e

experienciam atividades empreendedoras» (Redford, 2010: 4).

O conceito de educação permanente surge associado ao Movimento da Educação

Permanente1 que afirma que uma situação educativa, tanto pode ocorrer em

contextos escolares, no âmbito de contextos de educação não-formal, como em

situações de carácter informal.

A partir da Carta Internacional de Educação para o Lazer da Associação Mundial de

Recreação e Lazer, a finalidade básica da educação consiste em «desenvolver os

valores e atitudes das pessoas e provê-las com o conhecimento e aptidões que lhes

permitirão sentir-se mais seguras e obter mais prazer e satisfação da vida»

(Associação Mundial de Recreação e Lazer, 1993, on-line). Esta conceção não só

reconhece à educação a importância para o trabalho e a economia, mas considera-a

essencial para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento de pessoas

equilibradas.

Corroborando com Antunes (2010) a experiência e a comunicação passam a ser

duas componentes centrais da formação. Dependendo a possibilidade de aprender

do envolvimento dos sujeitos nas situações vividas, da diversidade das situações,

da capacidade de as integrar (Fernandes, 2004), e não apenas das ofertas das

instituições (Illich, 1976), a educação assume-se pela sua dimensão democrática.

1 O manifesto da Educação Permanente pode ser associado ao relatório Faure (1981), publicado com o título “Aprender a Ser”, que em simultâneo defende o conceito e dá início à ideia da cidade educativa.

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Neste sentido, a educação não segue a lógica da reprodução, mas da descoberta, da

reflexão crítica, da consciência aprofundada e formação emancipadora2 e

libertadora que, por sua vez, leva à Acão. Freire (1979), no contexto escolar,

denomina-a por pedagogia da conscientização. A partir da conceção apresentada

distinguem-se três formas de educação, a educação formal, não-formal e informal.

Mantendo-se fiel às práticas dos espaços em que surge o Animakids, este orienta-

se pela educação não-formal. Esta dimensão «representa, para os projetos

Escolhas, um âmbito e uma ferramenta educativos indispensáveis à estratégia de

inclusão social, de cidadania democrática e de participação plena que se quer

promover junto das crianças e jovens» (Teles; Pinto; 2009: 27).

A educação não-formal define-se em articulação e complementaridade entre a

educação formal e informal. De forma geral a educação não-formal abrange todo

um campo de atuação educativa não escolar (englobando instituições, atividades,

meios e âmbitos da educação) que, no entanto, tenha sido criado expressamente

para satisfazer determinados objetivos educativos, concretamente que tenha por

intenção a educação facilitadora de aprendizagens de conhecimentos e

competências identificáveis (Morand-Aymond, 1992). Dito de outro modo, é um

tipo de educação intencional, com objetivos definidos, porém não circunscrita à

escolaridade convencional (Trilla-Bernet, 1992).

Canário (1999) relaciona a educação não-formal com:

i) a flexibilidade de horários, programas e locais,

ii) a participação ativa e voluntária (dos/as jovens na integração das

situações educativas) em ambientes não-hierárquicos3; e ainda

iii) a preocupação (da equipa técnica) em traçar situações educativas e

experiências singulares, que sejam mobilizadoras e significativas para os

contextos e públicos específicos.

A estes fatores Teles e Pinto (2009) acrescentam:

iv) a centralidade do/a aprendente,

2 A formação emancipadora é condição para o desenvolvimento local. Analogicamente a um exemplo de Rogers (1977) do âmbito da psicoterapia, também aqui a intenção não é curar as pessoas conforme a normatividade, mas fazer com que sarem. A ideia que está subjacente é o acompanhamento e a ajuda ao longo do próprio desenvolvimento. 3 Acrescento de Teles e Pinto (2009)

Page 9: Anima Kids

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v) a importância das relações de afetividade e proximidade,

vi) o papel incontornável das atividades lúdico-pedagógicas,

vii) a predominância da avaliação qualitativa, contínua e participada por

todos/as, e ainda

viii) a proposta educativa assente em valores sociais e humanos que

conduzam a processos de transformação pessoal e coletiva.

1.5. O Animakids

O Animakids foi criado no âmbito da atividade Empresa de Prestação de Serviços

do Animar para Capacitar com o objetivo de promover o empreendedorismo

inclusivo e a capacitação como área estratégica de intervenção, facilitando assim a

autonomização individual de forma gradual.

Pretende despertar e promover as capacidades empreendedoras dos/as jovens

para que criem as suas próprias oportunidades e se tornem independentes em

termos de emprego e subsistência, tirando grande satisfação pessoal nisso.

Em consonância com as afirmações de Teles e Pinto (2009) o Animakids assenta,

em valores sociais e princípios promotores da inclusão social e da cidadania

democrática (igualdade de oportunidades, coesão social, valorização e respeito

das/pelas diferenças, solidariedade e cooperação).

A finalidade educativa primária das ofertas e atividades do Animakids é a

exposição dos/as jovens a situações significativas que possam conduzir à

aprendizagem e motivá-los/as. «A motivação e a valorização das experiências

pessoais são instrumentos relevantes do sucesso dos processos de capacitação»

(Teles e Pinto, 2009: 96), daí que seja importante refletir sobre as potencialidades

da formação experiencial do Animakids, a fim de conferir visibilidade à educação

informal e sobretudo não-formal, quando as situações e experiências são pensadas

intencionalmente como situações educativas.

O Animakids não sugere uma lógica cronológica nem está preso a horários, é

flexível, suscetível de adaptação e alteração segundo as exigências e desafios que

possam surgir. A adesão por parte dos/as jovens é voluntária.

As conversas informais podem ajudar os/as jovens a tomar decisões, revelando-se

para isso essencial que os/as jovens participem e estabeleçam interações

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significativas (Silva, 2004). Neste sentido a participação, cuja importância é

salientada ainda por Menezes (2007), Guerra (2002) e Pacheco (2006), de

todos/as os/as envolvidos/as, ao longo de todo o processo é uma prioridade. A

formação experiencial assume uma importância central, pois esta não só tem

impacto a nível cognitivo, como na totalidade da pessoa, a nível do saber, saber-

fazer e saber-estar (Menger, 2005).

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ÍÍ. Narrativa da Pra tica: Passo a Passo

O Animakids surgiu na sequência do acolhimento no Animar para Capacitar

(Centro Lúdico Municipal de SPC) de duas jovens para a realização de um estágio

profissional na área do apoio psicossocial. Ao longo dos cinco meses de

intervenção, requeridos para obtenção da certificação profissional, as atividades

passaram sobretudo por oficinas de expressão plástica e dramática. Estas

atividades tiveram grande impacto junto dos/as destinatários/as e despoletaram

nos/as jovens o interesse em experienciá-las no papel de dinamizadores/as. Em

simultâneo as mesmas foram ganhando visibilidade no exterior o que originou a

solicitação ao Animar para Capacitar para sua integração em diversos eventos

socioculturais.

Foram por fim o reconhecimento das potencialidades inerentes a essas dinâmicas

e a procura da comunidade que fizeram surgir a ideia de criar o Animakids como

ferramenta de motivação para o trabalho/empregabilidade em part-time, para a

procura de formação e para o desenho de um projeto de vida, concretamente de

implementar o Animakids enquanto Empresa de Prestação de Serviços.

Partindo então da experiência de estágio para a teorização do Animakids,

fundamentou-se a solução de intervenção alternativa na animação de eventos.

Após análises consecutivas com os/as jovens interessados/as na disseminação do

Animakids e entre equipa, após recomendações proferidas por especialistas da

área do empreendedorismo e capacitação, em sessões de avaliação promovidas

pelo PE, a versão inicial regista diversas alterações no sentido de conferir ao

Animakids uma melhor aplicabilidade noutros contextos.

Nesta sequência, a versão final que aqui é apresentada centra-se na formação

técnica das três dinâmicas que maior procura apresentaram e que diretamente se

associam à animação de eventos: escultura de balões, jogos tradicionais e pinturas

de rosto. Não obstante é fundamental iniciar-se a narrativa com as preocupações

que estiveram inerentes a todo o processo de implementação.

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1. Preparação dos/as formadores/as

O presente subcapítulo reitera as preocupações transversais a todo o processo de

implementação do Animakids. Trata-se de cuidados a ter por parte da equipa

técnica e/ou monitores/as em todas as fases de implementação. Esta definiu-se em

torno dos quatro pontos centrais supracitados que se encontram intimamente

inter-relacionados.

1. 1. Desenvolvimento de competências pessoais e sociais

Ao longo de todo o processo de implementação do Animakids, em concreto de

acompanhamento dos/as jovens foi impreterível ter-se a consciência plena de que

o objetivo final da intervenção é o desenvolvimento de competências (pessoais e

sociais) promotoras da capacitação (pessoal e social).

Assim sendo, não menosprezando a relevância da aquisição de saberes técnicos, foi

essencial ter-se em atenção o saber-ser, o saber-estar e a capacidade de

autonomização dos/as jovens. Nesta sequência atribui-se valor acrescentado à

forma de relacionamento entre pares, entre os/as jovens e os elementos técnicos e,

posteriormente, entre os/as jovens e os potenciais utentes. Enfatizando-se a

importância do respeito pelo/a outro/a e pela diferença, teve-se especial atenção à

forma de interacção adotada ao longo das sessões e à capacidade de iniciativa, por

exemplo no que diz respeito à entreajuda.

Para desinibir e promover o sentido de grupo optou-se assim por iniciar cada

sessão com dinâmicas de ice-breaking e team-building.

1. 2. Relação efetiva de comunicação e de confiança

A própria relação entre os/as formadores/as e os/as formandos/as, baseando-

se na comunicação igualitária bidirecional e na confiança, tencionou servir de

exemplo. Existindo comunicação efetiva e confiança entre equipa técnica e

jovens, a base para a expressão e autoafirmação por parte dos/as jovens esteve

salvaguardada, uma vez que estes/as não temeram manifestar divergências de

pensamento e propor alternativas. A participação dos/as formadores/as nas

dinâmicas de ice-breaking e team-building contribuiu em muito para a afirmação

dessa relação.

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1. 3. Centralidade do grupo alvo específico

Tendo sido um fator implícito até ao momento, a centralidade do grupo alvo ao

longo de todo o processo de implementação foi uma condição indispensável.

A presente proposta alternativa de intervenção passou por diferentes grupos alvos

distribuídos por duas freguesias. Cada grupo apresentou as suas particularidades

(interesses, ambições, disponibilidades …) que importou ter em conta para poder

adequar os conteúdos das diferentes sessões e da formação em geral.

Em sequência o cronograma para a intervenção foi negociado e as sessões

agendadas de acordo com as disponibilidades de cada um/a, frisando-se que

existiria flexibilidade para ajustes caso se verificasse a necessidade devido a

compromissos imprevistos. Também a estrutura do mesmo se apresentou aberta e

suceptível de a qualquer momento integrar sugestões que surgissem por parte

dos/as jovens.

Nesta conjuntura a metodologia da aprendizagem pela conversa revelou ser um

processo de excelência para conhecer o grupo, especificamente cada elemento do

grupo, e despertar o interesse na criação das suas próprias oportunidades. As

conversas aparentemente informais permitiram a auscultação de interesses e uma

orientação mais personalizada em que se fomentou a importância da escolaridade

e o valor pelo trabalho para a independência em termos de subsistência.

Esta orientação prosseguiu também fora das sessões estipuladas através da análise

do perfil dos/as jovens, do levantamento de ofertas formativas (Cursos de

Educação e Formação para Jovens, Cursos de Formação Profissional) ou

profissionais correspondentes e da motivação para o ingresso nos respetivos

cursos, no mercado do trabalho ou para a criação do próprio emprego.

1. 4. Reflexão contínua na e sobre a ação

A abertura e a flexibilidade, no entanto, reforçaram a necessidade de reflexão na e

sobre a Acão, para que se criasse um distanciamento analítico, se mantivesse

presente a finalidade da intervenção e, apesar de todos os ajustes, se seguisse um

fio condutor. Posto isto, com base na escuta ativa e na observação, a intervenção foi

acompanhada por reflexões contínuas entre formadores/as e também em reuniões

de equipa alargada do Animar para Capacitar.

Page 14: Anima Kids

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Ainda em simultâneo à implementação do Animakids a equipa técnica articulou

com outras instituições (parceiras) no sentido de propiciar a integração dos jovens

em eventos que conferissem experiências pré-profissionalizantes e/ou de

promover ações de formação complementares à formação técnica prevista. A

sessão de formação sobre técnicas de emprego/formação é um exemplo que se

desenvolveu em articulação com o Gabinete de Inserção Profissional

2. Constituição do Grupo de Formandos/as

Tendo-se verificado que o grupo constituinte das diferentes versões do Animakids

fora constituído por jovens entre os 14 e 19 anos de idade que tinham tido

experiências desmotivantes em contextos de educação formal, foi deveras

importante que a adesão ao grupo fosse voluntária.

Assim a divulgação do Animakids a este grupo de jovens foi conseguida através das

Assembleias de Jovens que ocorriam no Animar para Capacitar semanalmente. Em

sequência a constituição do grupo passou pela inscrição e participação voluntária,

mas assídua, na formação, sendo o horário das sessões flexível e negociado com o

grupo de formandos/as. Antes do início da formação celebrou-se um contrato de

compromisso de participação entre formadores/as e formandos/as.

O número de elementos dos grupos Animakids foi variando. Como o Animakids

não foi uma atividade em exclusivo no Animar para Capacitar e para permitir um

acompanhamento individual dos/as jovens, considerou-se que o número adequado

equivale a um ratio de quatro formandos/as por formador/a. Deste modo o

acompanhamento foi personalizado e o funcionamento regular das restantes

atividades não ficou comprometido.

3. Três Módulos de Formação Técnica

A formação técnica, como referido acima, incide sobre as três dinâmicas que ao

longo das diferentes fases de experimentação e avaliação do Animakids maior

impacto nos/as jovens e maior procura na comunidade demonstraram.

Dividido em três módulos foram assim apresentadas três práticas de animação de

eventos, nomeadamente escultura de balões, jogos tradicionais e pinturas de rosto.

Page 15: Anima Kids

14

3.1. Duração das Sessões

A duração de cada sessão foi apontada para hora e meia, mas na prática existiu

flexibilidade para ajustes consoante as motivações. Quando se observou grande

motivação nos/as jovens, as sessões estenderam-se até duas horas.

3.2. Dinâmicas de Grupo

Deu-se início a cada sessão com uma ou duas dinâmicas de grupo. Embora estas

estivessem previstas apenas para as primeiras sessões, para quebrar a barreira

inicial e criar o sentido de grupo entre os/as jovens, os seus contributos para a

motivação e os benefícios a elas associadas no decorrer de cada sessão justificaram

o recurso às mesmas em cada sessão. Inicialmente estas foram selecionadas

pelos/as formadores/as, consoante as suas características de ice-breaking e

promotoras do team-building.

Com o decorrer da formação foram os/as próprios jovens que propuseram e

prepararam as dinâmicas, segundo critérios destacados pela equipa formadora.

Por vezes as mesmas foram utilizadas para fins de distração a meio ou no final das

sessões.

3.3. Estruturação da Dimensão Técnica

O ponto central das sessões foi a aprendizagem das dinâmicas supracitadas. Ficou

à responsabilidade dos elementos da equipa formadora disponibilizar o guião

prático para cada sessão, bem como os materiais necessários.

Page 16: Anima Kids

15

Sequência de sessões

Atendendo à impossibilidade de compilar todos os modelos inscritos em cada

módulo foram distribuídos documentos/guiões práticos que, passo a passo,

expuseram os princípios básicos e 10 modelos exemplificativos das respetivas

dinâmicas. Os exemplos serviram de ponto de partida para a definição de dossiers

personalizados.

Em cada módulo, o dossier resultante da união de todos os documentos visou

despertar e contribuir para a promoção de capacidades empreendedoras que

auxiliassem a constituição do Animakids enquanto empresa de prestação de

serviço no sentido da criação de oportunidades.

Teve-se o cuidado de definir a sequência dos (10) guiões práticos referentes a cada

módulo consoante o seu grau de complexidade. Posto isto, iniciou-se com a

apresentação dos princípios básicos, passando-se seguidamente à experimentação

técnica de modelos que foram aumentando no grau de complexidade.

Após as primeiras duas sessões de cada módulo, em que foram retratados os

princípios básicos, facultou-se em simultâneo o acesso à Internet para que os/as

formandos/as a qualquer momento pudessem tomar a iniciativa de pesquisar

modelos alternativos e acrescentar novos exemplos ao dossier disponibilizado pela

equipa formadora.

Sequência de módulos

A própria sequência dos módulos foi pensada intencionalmente a partir da

intensidade de interação e de contacto físico inerente a cada dinâmica. Nesta lógica

começou-se pela escultura de balões, em que a interação basilar é estabelecida

entre dois elementos de forma verbal, aquele/a que esculpe o balão e a criança que

o receberá.

Page 17: Anima Kids

16

Seguiu-se o módulo dos jogos tradicionais que requereu a organização e

coordenação de pequenos e médios grupos e que solicitou contacto físico para o

desenrolar harmonioso dos diversos jogos.

Por fim, prosseguiu-se com as pinturas de rosto que, não obstante a relação

estabelecida entre dois elementos, necessitaram de maior contacto físico, logo

exigiram maior cuidado com a higiene pessoal e com o acondicionamento do

material.

Page 18: Anima Kids

17

3.4. Discussão/Avaliação

Para finalizar cada sessão, o grupo juntou-se em círculo e discutiu o desenrolar da

mesma. Neste momento valorizou-se a expressão de cada elemento, para se

pronunciar sobre a dimensão estética dos resultados, mas sobretudo para se

pronunciar sobre as sensações pessoais. Incentivou-se a reflexão sobre a sessão e

sobre os seus eventuais contributos a nível pessoal: Sinto-me capaz? Sinto-me mais

confiante? Quero aprender mais? O que gosto mais nas sessões? O que gostaria de

fazer?

Page 19: Anima Kids

18

4. Experiências Pré-profissionalizantes

Na sequência da formação relatada no ponto anterior, providenciou-se

experiências pré-profissionalizantes nos espaços físicos do Animar para Capacitar,

através do envolvimento em atividades de animação do Projeto, bem como noutros

espaços do concelho. Estas últimas foram proporcionadas através da integração

dos/as jovens em diferentes eventos locais promovidos por entidades parceiras.

São exemplos a apontar:

Comemoração do Dia Mundial da Criança (organizado pelo Agrupamento Vertical

de Jovim e Foz do Sousa)

Comemoração do Dia Mundial da Criança (organizado pela Junta de Freguesia de

SPC)

Page 20: Anima Kids

19

Feira da Saúde (organizada pela Comissão Social de Freguesia de SPC)

Festa de Final de Ano Letivo (organizada pela Junta de Freguesia de SPC)

o Festival Gasómetro (organizado pela Associação Social Estrelas de Silveirinhos).

Page 21: Anima Kids

20

Estas iniciativas de cariz comunitário, ou seja não remuneradas, contaram com o

apoio técnico e material do Animar para Capacitar que disponibilizou os materiais

necessários e supervisionou as animações.

Sempre que oportuno e possível as experiências foram acompanhadas pela

aplicação aos/às beneficiários/as de um questionário de satisfação, que fora

previamente elaborado com os/as jovens.

Estas experiências pré-profissionalizantes apoiaram a divulgação do Animakids

pela comunidade.

5. Sessão de Formação sobre técnicas de procura ativa de

emprego/formação

Concluída a formação prática, promoveu-se, em articulação com o Gabinete de

Inserção Profissional da Câmara Municipal de Gondomar, uma sessão de formação

sobre técnicas de procura ativa de emprego. Sob forma de debate aberto,

abordaram-se questões relacionadas com a inscrição ou regularização da situação

no Instituto do Emprego e Formação Profissional e de incentivo à criação do

próprio emprego. Nesta formação atribuiu-se principal relevo ao destaque das

competências individuais dos/as jovens, aliadas à valorização pessoal dos/as

mesmos/as enquanto seres participativos e criativos na sociedade.

No final a técnica do Gabinete de Inserção Profissional disponibilizou-se a verificar

a situação de inscrição dos/as jovens, sendo que os/as mesmos/as, em

contrapartida, se comprometeram, em caso de desativação, a regularizar a mesma.

A formação decorreu numa quinta-feira, a comunicação a situação face à inscrição

foi comunicada na sexta-feira e já na segunda-feira os/as jovens cuja inscrição não

estava ativa ou se limitava a emprego, foram regularizar a mesma e/ou inscrever-

se para formação.

6. Workshop sobre o marketing pessoal

Dando continuidade à formação sobre técnicas de procura ativa de emprego

dinamizou-se, no âmbito do Centro de Inclusão Digital, promovido no Animar para

Capacitar pelo PE, um workshop sobre o marketing pessoal. Este workshop, que

teve a duração de 7horas, centrou-se em aspetos essenciais à própria apresentação

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dos/as jovens e dos serviços de animação de eventos a prestar. Em concreto fez-se

uma introdução a um conjunto de ferramentas para a criação de uma identidade

pessoal e corporativa.

Para o efeito foram utilizadas as plataformas de criação de blogs Wordpress e

Blogger, assim como ferramentas de microblogging como o Twitter. Por acréscimo

foi vincada a pertinência duma presença nas redes sociais, no Facebook e no

Linkedin, assim como da disseminação do serviço em suporte físico, tais como

cartões-de-visita, panfletos e cartazes.

Ainda neste âmbito foram apresentadas soluções offline para a criação de um

currículo e um portefólio digital, elaborados com recurso às ferramentas do

Microsoft Office (Word, Publisher e PowerPoint) assim como software de tratamento

e edição de imagem/vídeo (Paint.NET e Windows Live Movie Maker).

Durante o workshop enfatizou-se a importância do impacto da dimensão visual no

público, do qual se espera que venha a ser cliente. Assim, a par com a dimensão

textual (que importa estar livre de incorreções ortográficas e gramaticais), o olhar

dos/as jovens foi direcionado para a mensagem implícita contida nas imagens a

divulgar e a necessidade de uma seleção crítica.

7. Autonomização

Por fim, efetuou-se o acompanhamento dos/as jovens (individualmente ou

pequenos grupos auto-organizados) no processo de autonomização. Este

acompanhamento consistiu na revisão e apreciação de projetos dos/as jovens, na

sua divulgação, bem como na comunicação de eventos que pudessem integrar os

seus serviços.

Page 23: Anima Kids

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Neste contexto importa referir que, tendo em conta o interesse em autonomização

revelado pelos/as jovens, o Gabinete de Inserção Profissional mostrou-se

disponível para prestar esclarecimentos e apoios no que a questões com a gestão

financeira diz respeito.

Para auxiliar a gestão, na primeira sessão o Animar para Capacitar avançou com o

material necessário. Deste modo antecipou-se o investimento requerido à iniciação

da animação de eventos, já que os/as jovens não possuíam retaguarda para

investir. Posto isto a receita auferida reverteu a 100 por cento para os/as jovens.

Merecem destaque os seguintes projetos que foram colocados em prática de forma

autónoma.

Aniversário da Isabel no Jardim-de-Infância

A festa de aniversário da Isabel foi planificada e dinamizada por duas jovens de 16

anos de idade. Colocaram em prática pinturas de rosto e esculturas de balões,

adaptando ainda ao contexto o jogo “Soltem a Parede”.

Comemoração do Dia Mundial da Criança no Animar para Capacitar

A comemoração do Dia Mundial da Criança no Animar para Capacitar em 2012 foi

proposta, organizada e dinamizada por um grupo de cinco jovens com idades entre

os 14 e os 21 anos de idade. Colocaram em prática pinturas de rosto, esculturas de

balões, coordenando ainda um conjunto de jogos de grupo. Para finalizar os

dinamizadores convidaram o grupo de dança do Animar para Capacitar e

organizaram um lanche.

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Ingresso no Curso Técnico de Design

Em sequência à conclusão da formação Animakids, uma jovem ingressou no curso

profissional Técnica de Design, a fim de concluir o 12º ano e obter a certificação

profissional na área do design, ampliando assim o seu leque de oportunidades.

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ÍÍÍ. Ínstrumentos/Ferramentas Utilizadas

De forma geral recorreu-se a três instrumentos ao longo da formação Animakids.

Logo à partida concebeu-se um compromisso de participação a ser assinado por

cada jovem e pela equipa formadora. Visto que a adesão à formação foi de cariz

voluntária, mas a assiduidade na participação era desejada, para permitir uma

continuidade na formação, este revelou ser uma mais-valia, pois gerou em ambas

as partes o sentimento de comprometimento.

Como ferramenta estruturadora de toda a formação técnica criou-se um dossier,

um aglomerado de guiões práticos que foram disponibilizados em cada sessão.

Dada a dimensão do mesmo, apresentamos neste documento apenas os dois

primeiros capítulos de cada módulo, concretamente os princípios básicos e o

primeiro exemplo das respetivas dinâmicas.

Por último elaborou-se um questionário de satisfação que, sempre que oportuno

e possível, foi aplicado aos/às beneficiários/as das animações. Este já se encontra

desdobrado a outras atividades que foram sendo propostas pelos/as jovens e

foram integradas nos seus projetos de autonomização.

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Dossier

- Escultura de Balões –

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Princí pios Ba sicos

A escultura de balões é uma prática que requer alguma agilidade, mas de fácil

apreensão.

É passível de ser dinamizada junto de grandes grupos, uma vez que apresenta

baixos custos a nível de materiais e os diferentes modelos exigem relativamente

pouco investimento temporal na sua execução.

Kit Básico:

Bomba Balão

Balões Canudos de várias cores

Técnicas Básicas:

Esta prática não requer a aprendizagem de técnicas específicas. É necessário

apenas encher o balão, dar o nó e seguidamente torcer consoante a forma que se

quiser obter. Exceto indicação contrária, torce-se sempre a partir do nó.

Dicas:

Para encher parcialmente o balão aconselha-se alongar o balão no ponto

final desejado. Ao encher sentir-se-á maior pressão nesse ponto, sabendo-se

assim quando parar.

A utilização de marcadores de acetato permite o desenho de detalhes que

enriquecem as formas e lhes conferem novas expressões.

Balões de outros formatos, como por exemplo em formato de pera,

permitem a elaboração de uma maior variedade de formas.

Estão disponíveis exemplos de inúmeras formas na Internet, basta dedicar-

se um pouco de tempo à pesquisa. Segue uma sugestão de consulta:

http://aprendi.net/esculturas-de-baloes/.

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Flor:

Materiais necessários:

Bomba Balão

Dois balões canudos de diferentes cores, por exemplo verde e rosa

Passo a Passo:

1. Encher os balões, deixando aproximadamente três dedos da ponta dos

balões por encher.

2. Pegar no balão verde, dobrá-lo e torcê-lo para moldar uma folha.

3. Repetir o procedimento para moldar uma segunda folha.

4. Pegar no balão rosa e atar as extremidades.

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5. Pressionar o balão a meio e torcer, obtendo a forma de “8”.

6. Repetir o mesmo procedimento com ambos os círculos obtidos.

7. Empurrar o ar do balão até à ponta para obter uma bolinha, conforme

imagem e enrolar o espaço vazio do talo no centro das pétalas da flor.

Bom trabalho!

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Dossier

- Jogos Tradicionais -

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Princí pios Ba sicos

Os jogos tradicionais são uma prática que promove o fair-play e team-building,

para além de serem muito divertidos.

São passíveis de serem dinamizados junto de grandes grupos, uma vez que

envolvem em simultâneo vários indivíduos e permitem a divisão por grupos.

Apresentam ainda baixos custos a nível de materiais e podem ser improvisados a

qualquer momento.

Kit Básico:

É importante referir que o kit que aqui é apresentado é uma sugestão para que se

possa dinamizar alguns jogos quando estes não estão inicialmente previstos.

Lenço Corda Giz

Nos casos em que a dinamização de jogos tradicionais está prevista é essencial

verificar quais os materiais indispensáveis à sua concretização, uma vez que o kit

pode estar incompleto.

Técnicas Básicas:

Esta prática não requer a aprendizagem de técnicas específicas. É necessário

conhecer ou promover a definição conjunta de regras a fim de se poder

arbitrar/orientar os mesmos de modo imparcial.

Dicas:

Estão disponíveis exemplos de inúmeros e multiculturais jogos tradicionais

na Internet, basta dedicar-se um pouco de tempo à pesquisa.

Existem também coletâneas dos mesmos. Segue uma sugestão de consulta:

Brincar com Tradição- Jogos tradicionais para crianças de Patrícia Pereira.

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Macaca:

Materiais necessários:

Giz Patela (pedra ou objeto substituto)

Preparação do Jogo:

1. Desenhar a macaca no solo, com o giz ou

um objeto pontiagudo.

2. Numerar as casas de um a oito.

3. O espaço em volta da casa número um é a

terra, e o espaço número oito é o céu.

Regras do Jogo:

1. A primeira criança lança a patela, para a casa “1”. Se a patela tocar no risco

ou sair para fora, a criança perde a vez, e jogará a seguinte.

2. Se a patela ficar dentro da casa, a criança terá que fazer o percurso para a

apanhar. Esse percurso consiste em saltar ao pé-coxinho de casa em casa,

exceto na que tem a patela. Nas casas “3/4” e “6/7”, a criança terá de saltar

com os dois pés ao mesmo tempo. Chegando às casas “6/7” salta, rodando

no ar, sobre si mesmo caindo nas mesmas casas. Reinicia agora o percurso

inverso até chegar à casa anterior, que tem a patela e apanhá-la,

equilibrando-se apenas num pé.

3. Se a criança conseguir alcançar de novo a terra, volta a lançar a patela, desta

vez para a casa número dois, e realiza novamente o percurso. Se falhar,

passa a vez à criança seguinte, e na próxima jogada partirá da casa onde

perdeu.

4. Todas as vezes que o percurso for realizado da casa "1" à "8", a criança terá

de fazer o percurso novamente, mas agora no sentido inverso, ou seja, do

céu até à casa “1”. No entanto, neste percurso inverso, a criança salta apenas

até à casa onde está a patela. Por exemplo, se a patela estiver na casa “2”,

o/a jogador/a vai até às casas “3/4”, apanha a patela e volta para o céu.

5. Quando estes dois percursos forem completos, a criança saltará ao pé-

coxinho as casas “1”, “2”, “4”, “5”, “7”, “6”, “5”, “3”, “2” e “1”.

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(Caso o tempo seja limitado, pode-se passar agora ao ponto 8. É de salientar que

quando uma criança perde numa determinada casa, quando voltar a jogar é dessa

casa que recomeça.)

6. Posteriormente faz-se o percurso todo caminhando, com a patela em cima

do peito do pé.

7. Seguidamente, torna-se a fazer o mesmo percurso, saltando ao pé-coxinho,

sem a patela, mas de olhos fechados, perguntando aos colegas: “Queimei?”.

Se o jogador pisar a linha, diz-se, “Queimaste”, caso contrário, continua a

fazer o percurso, podendo apenas abrir os olhos nas casas seis/sete.

8. Finalmente, terminado este percurso, a criança vai até ao céu e, de costas,

atira por três vezes, a patela para a macaca, caso acerte no interior de uma

casa, assinala-a com uma cruz, e coloca o seu nome. Caso contrário, cede a

vez ao colega. Nas casas que já estiverem assinaladas, só o jogador que lá

tiver o nome é que as pode pisar, ou caso tenha a permissão do dono dessa

casa.

Fim do jogo:

O jogo termina quando todas as casas estiverem assinaladas, isto é “está feita a

macaca”. Ganha o/a jogador/a que possuir mais casas, ou seja, mais macacas.

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Dossier

- Pinturas de Rosto –

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Princí pios Ba sicos

As pinturas de rosto são uma prática que requer alguma agilidade e treino.

É passível de ser dinamizada junto de pequenos e grandes grupos, sendo para isso

conveniente adequar a dimensão das pinturas à duração do evento e ao número

estipulado de utentes. As pinturas de rosto requerem um considerável

investimento inicial. No entanto esse investimento rentabiliza-se, uma vez que

permite a pintura de muitos rostos.

Esta prática exige ainda cuidados adicionais ao nível da higiene pessoal e

acondicionamento dos materiais, pois os produtos são aplicados diretamente

sobre a pele das crianças.

Kit Básico:

Cores apropriadas (três cores básicas, preto e branco)

Pinceis/Esponja Recipiente para água Toalhetes Purpurinas (opcional) Espelho

Técnicas Básicas:

Esta prática não requer a aprendizagem de técnicas

específicas, no entanto pode ser enriquecida com a

transposição de conhecimentos na área do desenho.

Para ampliar o leque de tonalidades disponíveis, é

deveras útil conhecer-se a roda das cores.

Dicas:

Fazer o esboço a branco orienta a pintura a cores e facilmente permite

correções.

Iniciar o desenho pelo lado oposto à mão que utiliza para desenhar

contribui para uma maior simetria do motivo.

Aplicar purpurinas ou desenhar pequenos ornamentos enriquece o desenho.

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Coraça o:

Materiais necessários:

Cores apropriadas Pincel Recipiente para água Toalhetes Purpurinas (opcional) Espelho

Passo a Passo:

1. Esboçar a branco o coração.

2. Preencher o esboço a vermelho.

3. Traçar como pormenor o reflexo do coração a branco e aplicar purpurinas

4. Limpar devidamente o material utilizado.

Bom trabalho!

1

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ÍV. Avaliaça o

O produto Animakids foi continuamente testado nas suas aplicações o que originou

as sucessivas alterações, culminando na versão apresentada.

A avaliação foi efetuada em diferentes momentos e contextos, nomeadamente:

No final de cada sessão entre formandos/as e equipa formadora,

No final das animações de evento, através da aplicação dos questionários de

satisfação,

Em Assembleias de Jovens,

Em Reuniões de Equipa,

Em Reuniões em articulação com as entidades parceiras do Animar para

Capacitar,

Em sessões de avaliação promovidas pelo PE, e

Em atendimentos com familiares dos/as jovens.

O balanço final é positivo.

Mais-valias

Como mais-valias destacam-se nos/as jovens:

Maior manifestação de curiosidade perante a novidade e o desconhecido;

Aumento da capacidade de concentração e escuta;

Maior adequação de comportamentos na interação com a equipa formadora

e no grupo de pares;

Aumento do sentido de responsabilidade e de cumprimento dos

compromissos assumidos;

Definição de objetivos a médio e longo prazo e maior capacidade de

concretização;

Motivação para a continuação ou reingresso no sistema de ensino

(profissional);

Maior motivação para a procura ativa de emprego e de ocasiões de

oportunidade;

Maior iniciativa de procura de informação e de apoios;

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Melhoria ao nível da comunicação verbal;

Melhor capacidade para lidar com situações frustrantes; e, last but not least,

Maior valorização pessoal.

Dificuldades

Por outro lado a equipa formadora sentiu algumas dificuldades ao longo da

implementação do Animakids. Estas prendem-se à particularidade de o Animakids

ter sido implementado num contexto lúdico e orientar-se maioritariamente pelos

parâmetros da educação não-formal, requerendo assim uma grande abertura e

flexibilidade por parte da equipa técnica.

Embora a intervenção seguisse uma estrutura comum a todos os elementos, a

valorização do individual prevaleceu durante todo o processo. Posto isto, a

importância atribuída à expressão das ambições e dos interesses de cada um, bem

como à prossecução do alcance dos objetivos próprios, acarretou para a equipa

formadora a necessidade de maior determinação no que à disponibilidade para

os/as jovens, a pesquisas adicionais e articulações interinstitucionais dizem

respeito. Estes fatores que transcenderam a formação propriamente dita foram os

que mais contribuíram para os resultados supracitados.

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V. Consideraço es Finais

Em jeito de conclusão apresentam-se algumas considerações finais para quem

tenha ficado aliciado pelo Animakids e queira aplicar esta estratégia de

intervenção junto de uma população jovem.

Ao longo de todas as implementações do Animakids e independentemente se se

tratou da primeira ou da mais recente versão, pode-se afirmar que entre todos os

critérios expostos a relação efetiva de comunicação e de confiança foi o mais

frutífero. Para que a intervenção tenha sucesso o primeiro passo a dar é confiar-se

nos/as jovens, vendo-os/as como pessoas pensadoras, participativas e sobretudo

capazes. Assim sendo o grupo alvo quase instintivamente passará a estar no centro

da intervenção.

Não obstante é imperativo que, enquanto formador/a se crie um distanciamento

analítico através da reflexão continua na e sobre a ação para que o objetivo

primeiro não seja relegado. O objetivo é desenvolver competências pessoais e

sociais e promover o empreendedorismo inclusivo e a capacitação, facilitando a

autonomização individual de forma gradual. O acesso às ofertas formativas e de

emprego e a possibilidade de encaminhamento representam oportunidades

imediatas que convém fomentar nos/as jovens enquanto passo indispensável para

a realização pessoal.

Neste âmbito a articulação com outras instituições (parceiras) foi essencial. Por um

lado conduziu a informação valiosa e ampliou o leque de oportunidades pré-

profissionalizantes a proporcionar aos/às jovens através da integração dos seus

serviços em eventos, por outro lado potenciou a complementação da formação

através da dinamização de ações de formação e sensibilização adicionais.

Destacam-se aqui as entidades parceiras do Animar para Capacitar e o Gabinete de

Inserção Profissional.

Embora se considere que os módulos selecionados sirvam à motivação dos/as

jovens, aconselha-se que estes sejam refletidos consoante o grupo específico.

Poderão ser substituídos em conformidade com os interesses dos/as jovens e de

acordo com a maior procura na comunidade. Primordial é ouvir-se os/as jovens, os

seus interesses e ambições para os cativar e estimular a sua participação. Apesar

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de poder significar a extensão do tempo de preparação das sessões, o ideal seria

envolve-los/as em todas as fases da intervenção.

Sugestões

O Animar para Capacitar já desenvolveu, noutras ocasiões, workshops de

sensibilização sobre a higiene e a imagem pessoal que seria pertinente dinamizar

enquanto sessão complementar.

É ainda opinião da equipa formadora, que uma intervenção estruturada paralela

com as famílias poderia aumentar o impacto do Animakids junto dos/as jovens,

uma vez que desempenharia a função de catalisador que teria continuidade e seria

reforçado nos seus contextos íntimos.

Page 43: Anima Kids

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Refere ncias Bibliogra ficas

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