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i ESTUDO DA MANUTENÇÃO MECÂNICA PLANEJADA NA AUTOVISTORIA PREDIAL NO RIO DE JANEIRO Lucas Fortes Machado Souza Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Fábio Luiz Zamberlan, D.Sc Rio de Janeiro Março de 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ

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i

ESTUDO DA MANUTENÇÃO MECÂNICA PLANEJADA NA

AUTOVISTORIA PREDIAL NO RIO DE JANEIRO

Lucas Fortes Machado Souza

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Prof. Fábio Luiz Zamberlan, D.Sc

Rio de Janeiro

Março de 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

ii

ESTUDO DA MANUTENÇÃO MECÂNICA PLANEJADA NA AUTOVISTORIA

PREDIAL NO RIO DE JANEIRO

Lucas Fortes Machado Souza

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Examinada por:

_________________________________________

Prof. Fábio Luiz Zamberlan, D.Sc (Orientador)

_________________________________________

Prof.a. Anna Carla Monteiro de Araújo, D.Sc

_________________________________________

Prof. Clarisse Gaia Edais Pepe, M.Sc.

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Março de 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

iii

Souza, Lucas Fortes Machado

Estudo da Manutenção Mecânica Planejada na Autovistoria

Predial no Rio de Janeiro. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politécnica, 2019.

XIV, 83 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Fábio Zamberlan

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Mecânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 66 - 69

1. Introdução. 2. Revisão da Literatura e Embasamento

Teórico. 3. Contextualização da Autovistoria. 4. Elaboração da

Estratégia de Manutenção Planejada. 5. A Falta de Manutenção e a

Autovistoria: Um Caso Real. 6. Considerações Finais.

I. Zamberlan, Fábio II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III.

Estudo da Manutenção Mecânica Planejada na Autovistoria Predial

no Rio de Janeiro.

iv

Dedico esse trabalho à minha

família. Obrigado por sempre

estarem ao meu lado. A conquista

é de todos nós.

v

“Perseverance is the hard work you

do after you get tired of doing the

hard work you already did.”

- Newt Gingrich

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus que esteve comigo ao longo de toda jornada nos

momentos de vitória e durante os percalços.

À minha mãe Elaine Fortes Machado Souza por ser a rocha da nossa família, apoiando

à mim e meus irmãos em todos os nossos projetos. Agradeço à ela também por enxergar os

momentos em que eu precisei de ajuda antes mesmo de mim. Sem você nada disso seria

possível.

À minha irmã Clara Fortes Machado Souza por todos os momentos de descontração e

suporte essenciais para atingir esse objetivo.

Ao meu irmão e melhor amigo Matheus Fortes Machado Souza pela parceria ao longo

dos anos de universidade. Dedico à ele também um abraço especial pelos conhecimentos na

área de Autovistoria Predial que muito contribuiram para a confecção deste trabalho.

Ao meu pai Cesar Roberto Machado Souza pela presença e amor durante essa

conquista.

Aos engenheiros civil e mecânico Jorge e Alexandre Orestes pelas informações e

conhecimento compartilhados na área da Autovistoria Predial.

Ao engenheiro mecânico Eduardo Câmara pela paciência e disponibilidade durante as

entrevistas, e pela expertise no campo da manutenção mecânica planejada de elevadores.

Aos amigos que fiz ao longo da jornada.

Por fim, deixo um abraço especial e um sincero agradecimento ao meu orientador

Fábio Zamberlan por me apresentar esse vasto campo de estudo que é a Manutenção

Planejada. Agradeço a ele também pela oportunidade e atenção durante a realização desse

trabalho.

vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ESTUDO DA MANUTENÇÃO MECÂNICA PLANEJADA NA AUTOVISTORIA

PREDIAL NO RIO DE JANEIRO

Lucas Fortes Machado Souza

Março de 2019

Orientador: Fábio Luiz Zamberlan

Curso: Engenharia Mecânica

O presente trabalho apresenta uma proposta de estratégia que vislumbre a manutenção

mecânica planejada no contexto da Autovistoria Predial. Com relação à vistoria predial, são

apresentados os aspectos históricos e, portanto, as justificativas que motivam a sua

obrigatoriedade no Rio de Janeiro. São apresentados também os aspectos legais e normativos

relevantes ao processo de inspeção predial, destacando as partes envolvidas; suas

responsabilidades; e, é claro, os aspectos técnicos e práticos envolvidos para vistoriar

edifícios. Nesse contexto, a manutenção mecânica planejada encontra-se diretamente

associada ao processo de Autovistoria e tem nos elevadores seu representante de maior

destaque dos equipamentos mecânico em edificações. Por esse motivo, o foco do presente

estudo é elaborar uma estratégia de manutenção mecânica planejada que atenda todas as

demandas de segurança e conforto para elevadores, de forma que a inspeção ateste a

qualidade da manutenção. O texto conta ainda com o apoio das leis; normas; técnicas de

manutenção presentes na literatura; e a expertise de profissionais do mercado.

Palavras-chave: Autovistoria predial, Manutenção Mecânica Planejada, Elevadores.

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/ UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

STUDY OF PLANNED MECHANICAL MAINTENANCE WITHIN BUILDING

INSPECTION IN RIO DE JANEIRO

Lucas Fortes Machado Souza

March/2019

Advisor: Fábio Luiz Zamberlan

Course: Mechanical Engineering

This work presents the proposal of a strategy that contemplates planned mechanical

maintenance within the context of Building Inspection. When it comes to building inspection,

its historical aspects are presented, as they represent the reasons why building inspection has

become mandatory in Rio de Janeiro. The work also contains the legal and normative aspects

which are pertinent to the process, whilst highlighting the related parties; their

responsibilities; and, of course, the practical and technical associated with inspecting

buildings. Given this context, planned mechanical maintenance is deeply associated with

Building Inspections as the elevators constitute the major representative of mechanical

equipments. Thus, the analysis focuses on elaborating a maintenance strategy which meets

both the safety and comfort requirements for elevators, so that the inspection certifies its

quality. The text also takes into account the legislation; the relevant standards; maintenance

techniques in the literature; and the expertise of renowned professionals in the market.

Keywords: Building Inspection, Planned Mechanical Maintenance, Elevators.

ix

Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................ 1

1.2. JUSTIFICATIVAS E MOTIVAÇÃO ................................................................................. 2

1.3. OBJETIVO E ESCOPO ....................................................................................................... 3

1.4. METODOLOGIA UTILIZADA .......................................................................................... 3

1.5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .................................................................................... 4

2. REVISÃO DA LITERATURA E EMBASAMENTO TEÓRICO ............................................ 6

2.1. BREVE INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO .................................................................... 6

2.2. DEFINIÇÃO DE MANUTENÇÃO ..................................................................................... 7

2.3. OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO ..................................................................................... 8

2.4. FALHA E O SISTEMA DE MANUTENÇÃO PLANEJADO .......................................... 9

2.4.1. DEFINIÇÃO DE FALHA ............................................................................................. 9

2.4.2. CLASSIFICAÇÃO DA TAXA DE FALHAS ........................................................... 10

2.5. TIPOS DE MANUTENÇÃO .............................................................................................. 11

2.5.1. MANUTENÇÃO À DEMANDA ................................................................................ 11

2.5.2. MANUTENÇÃO SISTEMÁTICA ............................................................................. 12

2.5.3. MANUTENÇÃO PREVENTIVA .............................................................................. 13

2.5.4. MANUTENÇÃO PREDITIVA .................................................................................. 14

2.5.5. OTIMIZAÇÃO DA MANUTENSIBILIDADE ........................................................ 16

2.6. ANÁLISE DE CRITICIDADE DA MANUTENÇÃO ..................................................... 17

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA AUTOVISTORIA .................................................................... 19

3.1. DEFINIÇÃO ........................................................................................................................ 19

3.2. A IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO PREDIAL .............................................................. 20

3.2.1. INCIDÊNCIA DE FALHAS ....................................................................................... 21

3.2.1.1. EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS ............................................................................ 21

3.2.1.2. EDIFÍCIOS COMERCIAIS ............................................................................... 22

3.2.2. MOTIVAÇÃO DO PODER PÚBLICO .................................................................... 23

3.3. ASPECTOS HISTÓRICOS ................................................................................................ 24

3.3.1. SURGIMENTO ........................................................................................................... 24

3.4. ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO REFERENTES À AUTOVISTORIA PREDIAL ..... 27

3.4.1. LEI ESTADUAL Nº 6400/13 ...................................................................................... 27

3.4.2. LEI MUNICIPAL Nº 126/13 ...................................................................................... 28

3.4.3. DECRETO Nº 37.246/13 ............................................................................................. 29

x

3.5. AGENTES ENVOLVIDOS E RESPONSABILIDADES NA AUTOVISTORIA

PREDIAL ......................................................................................................................................... 31

3.6. A AUTOVISTORIA NA PRÁTICA .................................................................................. 33

3.6.1. PASSO A PASSO DA INSPEÇÃO PREDIAL ......................................................... 34

3.6.2. LISTA DE VERIFICAÇÃO ....................................................................................... 35

3.6.3. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO ....................................... 36

3.7. INSERÇÃO DO ENGENHEIRO MECÂNICO ............................................................... 37

3.7.1. A INSPEÇÃO NOS ELEVADORES ......................................................................... 39

3.7.1.1. ETAPAS DA INSPEÇÃO DE ELEVADORES ................................................ 39

4. ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO MECÂNICA PLANEJADA ... 41

4.1. DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS MECÂNICOS .......................... 42

4.1.1. SISTEMA DE BOMBAS ............................................................................................ 42

4.1.2. ESCADAS ROLANTES ............................................................................................. 43

4.1.3. ELEVADORES ........................................................................................................... 44

4.2. A MANUTENÇÃO DE ELEVADORES ........................................................................... 44

4.2.1. DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS ............................................................................ 44

4.2.2. ROTINA E PERIODICIDADE DE MANUTENÇÃO PROPOSTAS .................... 46

4.2.2.1. A PARTIR DE DISPOSITIVO LEGAL ........................................................... 47

4.2.2.2. A PARTIR DE DISPOSITIVO CONTRATUAL ............................................. 50

4.2.2.2.1. DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA ............................................................... 50

4.2.2.2.2. DA MANUTENÇÃO À DEMANDA ................................................................. 52

4.2.3.1. MÉTODO DA ETIQUETAGEM....................................................................... 53

4.2.3.2. PLACA DE CAPACIDADE ............................................................................... 54

4.2.3.3. RECOMENDAÇÕES AOS USUÁRIOS ........................................................... 56

4.2.3.4. LEIS PERTINENTES À UTILIZAÇÃO DOS ELEVADORES ..................... 57

5. A FALTA DE MANUTENÇÃO E A AUTOVISTORIA: UM CASO REAL ........................ 58

5.1. CASA DE MÁQUINAS DOS ELEVADORES ................................................................. 58

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 64

6.1. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 64

6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS E LIMITAÇÕES DO TRABALHO 65

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 66

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Dinâmica do Processo Produtivo ................................................................................ 7

Figura 2. Curva da Banheira - Taxa de Falha x Tempo de Operação ...................................... 10

Figura 3. Organograma com as técnicas de manutenção ......................................................... 16

Figura 4. Sistemática para avaliação da melhor técnica de manutenção.................................. 18

Figura 5. União de conceitos formadores da TPM .................... Erro! Indicador não definido.

Figura 6. Tipos de acidentes prediais e sua distribuição .......................................................... 21

Figura 7. Distribuição de Falhas e Anomalias ......................................................................... 22

Figura 8. A queda de três prédios a partir do desabamento do Edifício Liberdade ................. 25

Figura 9. Consequência do desabamento na área dos fundos do Teatro Municipal ................ 26

Figura 10. Bomba de Recalque ................................................................................................ 43

Figura 11. Ficha Técnica de Elevadores .................................................................................. 46

Figura 12. Vistoria Periódica de Elevadores para emissão de Relatório de Inspeção Anual

(RIA) ........................................................................................................................................ 49

Figura 13. : Modelo de Ordem de Serviço referente à Manutenção Preventiva Mensal ......... 52

Figura 14. Modelo de Etiqueta a ser fixada no equipamento após inspeção técnica ............... 54

Figura 15. Carga Nominal [Kg] de passageiros estipulada pelo próprio fabricante a ser fixada

no elevador ............................................................................................................................... 55

Figura 16. Cuidados ao Utilizar o Elevador ............................................................................. 56

Figura 17. Descrição da casa de máquinas dos elevadores ...................................................... 59

Figura 18. Considerações acerca da Casa de Máquinas dos Elevadores.................................. 60

Figura 19. Máquinas de Tração na Casa de Máquinas dos Elevadores ................................... 61

Figura 20. Quadros de Comando na Casa de Máquinas dos Elevadores ................................. 62

Figura 21. Registro de Fiação aparente na Casa de Máquinas dos Elevadores ....................... 63

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1a. Principais agentes e suas responsabilidades na Autovistoria Predial .................... 31

Quadro 1b. Principais agentes e suas responsabilidades na Autovistoria Predial .................... 31

Quadro 1c. Principais agentes e suas responsabilidades na Autovistoria Predial .................... 31

Quadro 2. A demanda e atribuições do profissional de engenharia Mecânica ........................ 38

Quadro 3. Carga Nominal [Kg] de passageiros estipulada pelo próprio fabricante. ................ 55

xiii

LISTA DE SIGLAS

SMP Sistema de Manutenção Planejada

TPM Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total)

JIPM Japan Institute of Plant Maintenance

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

CAU/RJ

SMU

Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria Municipal de Urbanismo

COBREAP Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias

CREA-RJ Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de

Janeiro

IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia

IBAPE/SP Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia do Estado

de São Paulo

NM

MERCOSUL

Norma MERCOSUL

Mercado Comum do Sul

LTVP Laudo Técnico de Vistoria Predial

NBR Norma Brasileira

SPDA Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas

RRT

SECOVIRIO

Registro de Responsabilidade Técnica

Sindicato da Habitação do Rio

VR

VC

ADEMI

Valor Unitário Padrão Residencial

Valor Unitário Padrão Não Residencial

Associação de Dirigentes e Empresas do Mercado Imobiliário

xiv

ABADI

RIA

GEM

OS

Associação Brasileira de Administradores de Imóveis

Relatório de Inspeção Anual

Gerência de Engenharia Mecânica

Ordem de Serviço

1

1. INTRODUÇÃO

O presente capítulo tem por objetivo apresentar os principais fatores que contextualizam o

cenário do trabalho e que justificam a sua importância. Serão apresentados também a

motivação que envolveu a escolha do tema da autovistoria aliada à manutenção planejada e o

objetivo que se busca alcançar. Serão expostos ainda o escopo de estudo; a metodologia

utilizada na análise; e a estrutura seguida no trabalho para que fique claro o encadeamento

lógico desenvolvido.

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Durante muito tempo, o conceito de manutenção planejada foi negligenciado pelas

grandes empresas e organizações por ser visto como uma atividade não-lucrativa, custosa

e que demandava tempo [1]. Com o passar do tempo, essa ideia passou a ser desconstruída

devido aos grandes avanços tecnológicos e o ganho em complexidade de instalações,

equipamentos, componentes e construções como um todo. De fato, a produtividade é o

objetivo primo de uma organização e a manutenção passou a ser vista como o suporte

necessário a produção [1].

A crescente demanda por aumento de produtividade e produções ininterruptas

trouxeram consigo uma alavancada também no gerenciamento da manutenção, de forma

que esta sempre estivesse alinhado com o objetivo de ganho de produtividade [2]. A sua

importância reside em muitos pontos, dentre os quais se pode citar: A prevenção de

acidentes; garantir a segurança e integridade dos equipamentos; funcionamento adequado;

evitar reparos desnecessários e precoces; e ainda, preservar de maneira geral o patrimônio

individual.

Dado essa importância e os valores agregados ao conceito de manutenção planejada,

evidentemente as mesmas premissas se aplicam às edificações. Especificamente no caso

do Rio de Janeiro, muitas construções prezam não apenas pelos pontos descritos acima,

mas também possuem valor histórico e representam patrimônio cultural para toda a

sociedade. Preservar essas estruturas é um campo nobre de atuação.

2

Dentro desse contexto, apesar de a motivação para garantir conservação

funcionamento adequado as estruturas já ser um fato claro, nem sempre era esse o caso na

hora da prática. Assim, a proposta elaborada pela legislação estadual do Rio de Janeiro

que torna compulsório a Autovistoria Predial se propõe a aumentar a segurança e

longevidade das edificações por meio do estímulo a adotar rotinas de manutenção

periódicas.

1.2. JUSTIFICATIVAS E MOTIVAÇÃO

O desenvolvimento deste trabalho tem como um dos grandes pilares que o

justificam a recente obrigatoriedade de Autovistoria para as edificações estabelecida por

legislação estadual no Estado do Rio de Janeiro desde o ano de 2013. A importância do

processo de Autovistoria reside não apenas no prolongamento da vida útil das edificações,

mas também na garantia de que a estrutura; máquinas e componentes tenham a sua

integridade assegurada e não comprometerão a segurança das pessoas.

Tendo em vista justamente esse aspecto legal conferido às Autovistorias, em

paralelo, os conceitos de manutenção e planejamento ganham cada vez mais fôlego e

protagonismo. Se o campo da manutenção planejada já vive em constante evolução em

áreas como a indústria por exemplo, ela ganha mais um campo de atuação, visto que as

estruturas estão sujeitas à fiscalização pelos órgãos responsáveis e penalização caso

estejam em desacordo.

Surge assim, uma motivação clara para esse trabalho de criar uma conscientização

a respeito da necessidade de interface entre o serviço de autovistoria predial e a existência

de um Sistema de Manutenção Planejada (SMP). Apesar de essas duas áreas serem

tratadas individualmente pelo mercado, é fácil enxergar que seus segmentos de atuação

são complementares.

A manutenção planejada atua no sentido de garantir segurança, confiabilidade e

integridade para a estrutura, enquanto o atendimento de todos os aspectos técnicos e legais

associados à Autovistoria fornece o respaldo, ou melhor, o suporte legal e as certificações

necessárias à mesma.

3

1.3. OBJETIVO E ESCOPO

Este trabalho tem o intuito de elaborar uma estratégia de manutenção mecânica

planejada para os equipamentos relevantes no âmbito de edifícios comerciais, residenciais,

institucionais, etc. sujeitos à obrigatoriedade da Autovistoria Predial do estado do Rio de

Janeiro. Uma vez que o escopo está delimitado dessa forma, o componente mecânico mais

importante e, cuja manutenção receberá enfoque, serão os elevadores.

Nesse sentido, o presente estudo da manutenção mecânica de elevadores apresentará

ao leitor pontos como, por exemplo: a descrição técnica do equipamento para edíficios; as

normas e leis exigidas para seu funcionamento; propostas de rotinas de manutenção a

serem executadas; assim como a apresentação de fichas técnicas de acompanhamento de

manutenção; listagem específica dos itens a serem vistoriados; e a sua periodicidade.

Concomitantemente, esse trabalho também se propõe a fazer uma contextualização

acerca do panorama de exigências da Autovistoria Predial no Rio de Janeiro, apontando os

parâmetros que interceptam o estudo da manuteção mecânica planejada nesse ambiente.

1.4. METODOLOGIA UTILIZADA

No que tange a metodologia utilizada, sob o aspecto da Autovistoria predial, foi feita

uma contextualização acerca do seu surgimento; evolução; e aspectos técnicos, bem como

um embamento teórico sobre o assunto. O trabalho também se valeu de entrevista com

dois profissionais da área e buscou refletir o posicionamento de todas as entidades

envolvidas.

Ainda no que diz respeito as autovistorias, mas agora sob o aspecto legal, entram em

destaque as seguintes legislações pertinentes ao tema:

No âmbito municipal, a Lei complementar nº 126 de 26 de março de 2013;

O Decreto nº 37.426 de 11 de julho de 2013;

No âmbito estadual, a lei nº 6400, de 05 de março de 2013.

4

Sob o aspecto de manutenção mecânica e planejada foco desse estudo, o trabalho

contou com uma densa revisão bibliográfica e da literatura sobre o assunto; com as

normas e leis pertinentes à utilização de equipamentos; e ainda, com uma série de

entrevistas com alguns profissionais gabaritados na área de manutenção de elevadores na

busca de traçar uma estratégia de manutenção adequada aos requisitos propostos.

1.5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Esta monografia está divida em 7 (sete) capítulos incluindo este de introdução. Eles

foram organizados de maneira que a estrutura seja didática e explicite com clareza a

estratégia de manutenção mecânica planejada adotada para o contexto de obrigatoriedade

da Autovistoria.

O primeiro capítulo traz inicialmente as considerações iniciais, na tentativa de fazer

uma breve contextualização do temas que serão abordados. Ele aborda também as

justificativas que tornam a escolha do tema pertinente e a motivação para o

desenvolvimento do trabalho. Além disso, são apresentados o objetivo que a monografia

pretende alcançar; seu escopo de análise e, finalmente a metodologia e estruturação

utilizadas.

O segundo capítulo tem como objetivo fazer uma revisão da literatura e dos principais

conceitos de manutenção, uma vez que a elaboração de uma estratégia de manutenção

mecânica é o foco do trabalho. São apresentados, por exemplo, definição e objetivo da

manutenção; conceitos e classificações associadas a falha de componentes mecânicos; e a

tipificação das diferentes técnicas de manutenção que podem ser utilizadas dentro de um

plano de manutenção bem constituído.

O terceiro capítulo traz contexturalização da Autovistoria Predial no cenário do Rio

de Janeiro. Nele constam elementos básicos para a compreensão do tema tais como a

apresentação de aspectos da legislação que regulam a vistoria; aspectos históricos que

motivaram seu surgimento; e aspectos técnicos da sua execução. Todos esses servem de

base para a elaboração da estratégia de manutenção mecânica planejada aplicada a

elevadores do capítulo seguinte.

5

O quarto capítulo apresenta a elaboração de fato de uma sistema de manutenção

mecânica planejada para elevadores dentro do contexto de Autovistoria. Nele são

descritos brevemente alguns equipamentos mecanicos brevemente antes da descrição

técnica dos elevadores. São apresentadas também as leis en normas pertinentes que regem

a proposta de manutenção mecânica feita. Finalmente, são apresentadas também algumas

boas práticas na utilização e manutenção dos elevadores.

O objetivo do quinto capítulo é trazer um caso real de inspeção predial, mostrando na

prática um Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP) e o que foi constatato para a parte

mecânica do edifício selecionado. Assim, busca-se mais uma vez ilustrar a relação direta e

complementar que existe entre o processo de Autovistoria Predial e a execução de um

sistema de manutenção mecânica planejada estruturado.

O sexto e último capítulo apresentas as conclusões e considerações finais acerca de

como o texto foi desenvolvido, retomando as premissas utilizadas e reafirmando a

justificativa para a construção do plano de manutenção. Também são apresentados os

ganhos obtidos com a adoção da proposta; sugestões para dar continuidade ao estudo com

um escopo mais abrangente; e a delimitação do trabalho.

Por fim, seguem as referências bibliográficas, fontes das quais o autor se valeu para

dissertar sobre o tema munido de credibilidade. Em sequência, os anexos, contendo

modelos de documentação ou relatórios relevantes para melhor ilustrar seções anteriores

do texto.

6

2. REVISÃO DA LITERATURA E EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1. BREVE INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO

Historicamente se observa desde os princípios de formação de sociedades civilizadas,

a preocupação com a conservação de ferramentas e instrumentos do dia-a-dia. Contudo,

apesar dessa prática, um conceito mais bem definido da importância da manutenção surge

apenas no final do século XIX, quando a indústria mecanizada e automatizada se torna

protagonista no processo produtivo [3].

Ocorrendo ainda de forma desorganizada e sem qualquer tipo de planejamento [3], a

necessidade de manter equipamentos e componentes mecânicas operacionais - seja em

tempos de paz ou de famigeradas guerras – acabou por alavancar a evolução da

manutenção como um todo. Como um dos grandes marcos dessa evolução, é possível

apontar a famosa produção em série de Henry Ford, também conhecida como `Fordismo`,

onde ficava cada vez mais evidente a aspiração por sistemas mais elaborados e planejados

de manutenção [4].

De fato, segundo MOUBRAY [5], a manutenção vem ganhando cada vez mais

destaque em termos de gestão, quebrando o velho paradigma de que manter/conservar é

sinônimo de simplesmente minimizar custos. Ora, mas é claro que reduzir custos é um

príncipio básico da manutenção, porém entendê-la como investimento e pensar no longo

prazo do empreendimento é a estratégia atual adotada pelos negócios bem-sucedidos.

Nesse novo cenário, fica claro então, a crescente interdisciplinaridade que a

manutenção possui com outros segmentos dentro do processo produtivo. Essa interação

está ilustrada na Figura 1, onde a manutenção estaria no centro do processo produtivo e

teria interface com todas as outras etapas do empreendimento. Dessa forma, não apenas

haveria uma preocupação de todos os outros setores com a manutenção, como a própria

manutenção desempenharia papel na eficiência dos mesmos. Controle de estoques; o uso

de peças de reposição, e inovações no processo produtivo por exemplo, são todas

atividades que de beneficiariam desse diálogo próximo e planejamento em conjunto com

as atividades mantenedoras.

7

Figura 1. Dinâmica do Processo Produtivo

Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019)

Apenas como última forma de contextualização, em termos de aparato industrial no

Brasil, o que se constata é que, ainda hoje, a manutenção planejada é escassa e vista como

onerosa. Da mesma forma, também existem poucos professores e cursos dedicados à área

denotando que a conscientização acerca dos benefícios da manutenção planejada ainda é

uma discussão pertinente no campo do ensino superior brasileiro.

2.2. DEFINIÇÃO DE MANUTENÇÃO

De maneira geral o conceito de manutenção é razoavelmente intuitivo e, tipicamente,

está associado à expressões como preservar, conservar, manter, dentre outras análogas. No

entanto, buscando formalizar essa ideia, o presente texto traz duas definições que servirão

de base para sedimentar o estudo de manutenção realizado.

Para o autor ALVARES [6], o termo manutenção deve ser entendido como toda

forma de assistência prestada para o atendimento de sistemas funcionais - máquinas e

equipamentos - com o fim de preservar sua funcionalidade dentro de padrões prescritos.

8

Alternativamente, a norma NBR 5462:1994 [7], define manutenção como sendo: “A

combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão,

destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma

função requerida”.

2.3. OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO

De forma complementar as definições de manutenção introduzidas anteriormente,

também é de suma importância romper com a associação que tradicionalmente se faz do

termo manutenção com a noção de despesas e custos. Pelo contrário, a adoção de um

sistema de manutenção planejado está ligado ao conceito de investimento e planejamento.

Dessa forma, almeja-se garantir maior durabilidade de máquinas e equipamentos;

prevenir falhas e; evitar perda de produtividade devido à interrupção no processo

produtivo.

Para tanto, o sucesso de um Sistema de Manutenção Planejado (SMP) depende, em

linhas gerais, da objetividade e pragmatismo com as quais ele funciona. Baseado nessa

ideia, Alvares [6] definiu que a manutenção deve ter 3 (três) grandes funções ou objetivos

básicos que devem orientar a definição de suas rotinas. São elas:

Realizar os trabalhos de manutenção estritamente necessários;

Efetuar a manutenção com a frequência e intensidade necessárias;

Utilizar na manutenção os recursos estritamente necessários.

Para simplificar, esses três princípios basicamente estão dizendo que a manutenção

deve ser feita em termos de efetividade; frequência; e de disponibilidade de recursos da

maneira estritamente necessária e suficiente. Isto é, não realizar manutencão constitui

negligência que gerará prejuízo financeiro posteriormente. Por outro lado, mantener em

demasia representa custos adicionais e desnecessários, muitas vezes inclusive insustentáveis

para um negócio.

9

2.4. FALHA E O SISTEMA DE MANUTENÇÃO PLANEJADO

2.4.1. DEFINIÇÃO DE FALHA

De acordo com a norma NBR 5462:1994 [7], o termo ‘falha’ consiste no término

da capacidade de um item de desempenhar a função requerida. A partir dessa definição

consideramos a falha segundo dois estágios:

(i) Falha latente: É o estágio anterior ou que antecede uma possível falha

concreta de um equipamento. Ou seja, caso nenhuma ação seja tomada a

respeito de uma falha latente, essa evolui com o tempo para uma falha dita

como concreta. Essa falha não necessariamente interrompe o processo

produtivo.

(ii) Falha concreta: É o estágio de falha que necessariamente promove a

parada do equipamento e a interrupção da cadeia produtiva total ou

parcialmente.

Tendo em vista esses conceitos básicos que caracterizam as falhas de

máquinas, equipamentos ou mesmo componentes mecânicos, fica fácil constatar a

importância de se detectar a existência de falhas o mais rápido ou possível. A detecção

e, idealmente, a prevenção dessas falhas são a premissa que calcam o desenvolvimento

de um Sistema de Manutenção Planejada (SMP).

Essa conclusão será extremamente relevante nas discussões que seguem sobre

o emprego de tipos de manutenção.

10

2.4.2. CLASSIFICAÇÃO DA TAXA DE FALHAS

Uma vez que já definimos o conceito de falha e seus estágios, seguimos adiante

nas considerações para o estudo da quantidade, ou melhor, da frequência com a qual

essas falhas ocorrem no tempo. Isto é, o estudo do que as classificações que as taxas

de falhas no tempo representam para o processo produtivo. Esse tipo de análise

baseada em termos estatísticos serve como ferramenta não apenas de otimização, mas

de retirada da maior produtividade possível de máquinas e equipamentos.

Ainda segundo ALVARES [6], o ciclo de vida de um produto pode ser dividido

nos períodos de amaciamento; de vida útil e; de fim da vida útil ou desgaste. Essa

divisão de probabilidade de falha plotada contra o tempo de operação é expressa pela

famosa Curva da Banheira como mostrado na Figura 2.

Figura 2. Curva da Banheira - Taxa de Falha x Tempo de Operação

Fonte: Tolerância a falhas: conceitos e exemplos [32]

O período de número 1 corresponde ao chamado ciclo de amaciamento

(período infantil) onde a taxa de falha decresce ao longo do tempo;

O período de número 2 corresponde a chamada vida útil do equipamento e,

aqui, a taxa de falhas e mantém constante, marcada pela aleatoriedade do

uso dos componentes;

O período de número 3 corresponde ao fim da vida útil do equipamento.

Marcado pela taxa de falhas crescente (período sênior), os custos

operativos são razoavelmente altos e o índice de confiabilidade baixo.

11

2.5. TIPOS DE MANUTENÇÃO

Existem várias maneiras de agrupar os métodos de manutenção existentes na

indústria. E, embora não haja um consenso em termos de terminologia, seguiremos a

divisão em cinco técnicas proposta por ALVARES [6] mostrada anteriormente. São

elas: manutenção à demanda; manutenção sistemática; manutenção preventiva;

manutenção preditiva e; otimização da manutensibilidade [6]. O texto também contará

com o apoio da norma.

2.5.1. MANUTENÇÃO À DEMANDA

A primeira das técnicas de manutenção talvez seja a mais intuitiva e imediata de

todas elas. Como o próprio nome já diz, uma manutenção que é executada à demanda,

consiste simplesmente em corrigir um problema após a interrupção que ele impõe ao

processo produtivo. Em outras palavras, essa técnica é meramente reativa, uma vez

que não envolve nenhuma medida anterior à uma eventual falha [43].

Na realidade, para ser preciso, essa técnica de manutenção nem mesmo pode ser

classificada como ´planejada´. Exatamente por ser reativa, ela trabalha com o princípio

ativo denominado ´falha concreta´ e, assim, não envolve nenhum tipo de inspeção,

programação ou controle no sentido de preservar a durabilidade de equipamentos,

produtos e serviços. Ou seja, a manutenção à demanda não atende as dimensões que

definem a essência do conceito de planejar: a preocupação com o futuro; a incerteza; e

a não-governabilidade das ações de terceiros [43].

Dessa forma, é fácil notar que esta técnica é a mais barata – não levadas em conta

as consequências de sua adoção, claro - uma vez que não traz custos com mão-de-obra

ou equipamentos [6]. Contudo, de maneira geral, nao é um tipo de manutenção eficaz.

A ausência de planejamento pode gerar uma série de problemas, dentre eles: a

demanda por correções emergenciais custosas e, por vezes, de caráter temporário;

12

aumento no número de paradas na produção; aumento do risco de acidentes e; perda

máxima de lucro cessante.

Em última análise, é importante perceber que o ideal para um empreendimento é

adotar o melhor conjunto de técnicas que atendam à sua demanda de manutenção. Isto

é, a manutencao à demanda não só tem valor, como a sua simplicidade estrutural;

baixo custo e; componentes superdimensionados devem ser aplicados quando couber.

Na realidade, reduzir sua taxa a zero seria tecnicamente impossível e economicamente

inviável [6]. A sua ultilização está condicionada ao planejamento estratégico e ao nível

de confiabilidade que se deseja.

2.5.2. MANUTENÇÃO SISTEMÁTICA

A manutenção sistemática representa o primeiro avanço no sentido de planejar a

manutenção de máquinas e equipamentos, constituindo um passo intermediário entre

manutencão à demanda e a preventiva. De acordo com a NBR 5462:1994, a

manutenção de um item e os reparos de uma forma geral, devem ocorrer em intervalos

de tempo pré-definidos e critérios prescritos visando reduzir o número de falhas [7]. E,

por esse motivo, por vezes também é classificada como sendo preventiva periódica.

Para o caso da manutenção sistemática, o princípio ativo que define essa

frequência estipulada na norma com a qual assistência técnica deve ser prestada ao

equipamento é a chamada vida útil do componente. Foi definido por ALVARES [6]

que a vida útil é o período de vida funcional de um equipamento operando com

eficiência, segurança, continuidade e custo especificado, segundo projeto.

Dentro desse contexto, apesar de não haver nenhum tipo de inspeção

propriamente dita dos equipamentos – assim como na manutenção a demanda - o

avanço da manutenção sistemática reside no fato de já existir uma consciência da

importância de realizar manutenção para aumentar a vida útil do produto. Ela

pressupõe os conceitos de organização, estruturação e, de alguma forma, rotina, uma

vez que os reparos são realizados sistematicamente de tempos em tempos.

13

Dentre algumas das vantangens trazidas por esse tipo de manutenção, podemos

mencionar [6]:

Elimina a necessidade de inspeção;

Reduz o índice de burocratização;

Reduz a estrutura organizacional necessária para seu funcionamento;

Baixo custo operacional.

Entretanto, ainda existem algumas limitações dessa técnica que devem ser

apontadas. Como o estado dos equipamentos e o uso ao qual estão submetidos não é

avaliado, a vida útil pode ser prejudicada tanto por ausência da manutenção no tempo

devido quanto por reparos desnecessários que interrompem o processo produtivo. O

tempo de troca e reparo é muitas vezes estipulado pelo próprio fabricante e não leva

em conta a individualidade de cada operação. Assim, podem ocorrer generalizações

que propiciem esse cenário de adiantamento ou atraso indevidos no reparo [8].

2.5.3. MANUTENÇÃO PREVENTIVA

A manutenção preventiva também constitui uma técnica de manutenção planejada

pela qual se deseja prevenir a ocorrência de falhas imprevistas que afetam a cadeia

produtiva. Ela pode ser definida, segundo ALVARES [6], como a ´´assistência

técnica dada a um sistema funcional físico, segundo inspeções executadas com

frequências pré-fixadas e com o intuito de detectar falha latente´´.

Como ela monitora falha latente, ou seja, leva em conta por meio de inspeções a

situação real de uso do componente, cabe aqui fazer uma diferenciação em relação a

manutenção puramente sistemática. Nessa última, a troca e os reparos se baseiam

puramente na vida útil estipulada pelo fabricante, sem levar em conta essa

singularidade de cada equipamento. Já na manutenção preventiva, métodos – sejam

eles empíricos ou estatísticos - devem ser utilizados para a definição dos momentos de

reparo.

14

Sintetizando algumas das vantagens inerentes à utilizazação dessa técnica de

manutenção, temos:

Redução da quantidade de horas improdutivas;

Aumento do índice de confiabilidade;

Diminuição do consumo de peças de reposição;

Aumento da vida útil dos equipamentos;

Redução dos custos operativos totais da manutenção.

Entretanto, apesar de de notar maior estruturação que as técnicas apresentadas

anteriormente, a manutenção preventiva também possui algumas ressalvas. Como

mencionado, a sua aplicação exige maior estrutura funcional por parte da empresa que

precisa ter rotinas mais bem definidas, além, é claro, da necessidade de inspetores

treinados e que possam cumprir essas rotinas.

Outro ponto que exige atenção é a estipulação desses momentos destinados ao

reparos. Vale lembrar que, por existir inspeções, a manutenção preventiva exige

interrupção no processo produtivo e desmonte total ou parcial do equipamento. Dessa

forma, caso a frequência de manutenção não seja bem definida, essa técnica pode se

opor ao que ela propõe, gerando paradas desnecessárias e custos adicionais.

2.5.4. MANUTENÇÃO PREDITIVA

A manutenção preditiva representa, em teoria, a técnica mais desenvolvida da

sequência de tipos de manutenção apresentados até o momento. Seguindo a estrutura

lógica deste texto, na medida em que as técnicas avançam, o grau de complexidade

aumenta e as deficiências vão sendo mitigadas. Nesse sentido, a manutenção preditiva

surge como a técnica que busca consolidar esse caminho de maneira mais

especializada e eficiente.

Assim como na manutenção preventiva, a inspeção dos equipamentos já está

presente e o princípio ativo de monitorar a falha latente está sendo observado.

Contudo, ainda não havia antes um critério definido para estabelecer a periodicidade

15

dessas inspeções. Elas poderiam vir da orientação do fabricante ou até mesmo da

própria experiência de utilização que definiam uma rotina de reparos.

A palavra chave agora é monitoramento. Além da inspeção, o uso passa a ser

monitorado de forma quantitativa. A coleta de dados e a estipulação de paramêtros

para a posterior análise permitem apontar o momento exato em que dado equipamento

precisa de manutenção sob determinadas condições de operação. Ou seja, a inspeção

somada à análise mais profunda das medições permite que o empreendimento consiga

de fato predizer a necessidade particular de manutenção para cada equipamento

individualmente.

Algumas das implicações da adoção dessa técnica são, por exemplo:

Evitar custos e reparos desnecessários, antes do tempo;

Reduzir tempos de parada na produção;

Estender a vida útil dos equipamentos maximizando performance de maneira

individualizada pra cada etapa do processo produtivo;

Estender o intervalo de troca de peças, uma vez que é possível predizer o

momento da troca;

Maior confiabilidade no monitoramento de falha latente.

É importante salientar, entretanto, que justamente por ser mais sofisticada que

as técnicas anteriores, a manutenção preditiva é mais custosa. Ela exige profissionais

capacitados tanto para a coleta; quanto para análise de dados e seleção de parâmetros

relevantes, para que se chegue a resultados aplicáveis.

Mas, apesar disso, esta técnica não deve ser rotulada apenas como ´cara´ ou de

´alta tecnologia´. A manutenção mecânica preditiva tem a mesma essência da

preventiva: inspecionar os elementos e monitorar falha latente. O objetivo continua

sendo reduzir a probabilidade de falhas inesperadas e degradação do funcionamento

dos itens [7].

Vale lembrar que ela pode ser utilizada até para predizer falhas simples, mas

que o que vale na verdade é a seleção ou o conjunto de técnicas que é adotado para

atingir o maior custo-benefício e rentabilidade para um negócio específico. Para

sintetizar esse conhecimento com uma imagem, a figura 3 (três) traz um organograma

demonstrativo listando as técnicas de manutenção já explicadas no subitem 2.5.

16

Alguns pontos, adicionais, também são colocados brevemente, como o fato da

monitoração de um item poder ser local ou remota; a manutenção poder se destinar a

reparos ou de fato reconstruções; e o intervalo pré-definido pela manutenção

sistemáticas poder ser definido com critérios como data ou produção. O intuito é

ajudar a ilustrar e compilar o conjunto de técnicas disponível.

Figura 3. Organograma com as técnicas de manutenção

Fonte: BRANCO FILHO, GIL. Indicadores e Índices de Manutenção, 2006.

2.5.5. OTIMIZAÇÃO DA MANUTENSIBILIDADE

Todas as 4 (quatro) técnicas ou tipos de manutenção apresentadas neste texto até

o momento garantem o funcionamento na situação inicial de projeto. A otimização da

manutensibilidade é a assistência técnica fornecida à um equipamento visando

melhorar o projeto original, aumentando índices como eficiência, confiabilidade e

reduzindo as falhas [6].

17

Assim como as manutenções preventiva e preditiva essa técnica também envolve

a inspeção dos equipamentos, mas trabalha com o princípio ativo que a diferencia das

demais: o príncipio da alteração do projeto original. Nesse sentido, o uso do termo

otimizar está ligado a constante busca por levar ao mínimo a necessidade de

manutenção assim como melhorar as condições de operação do sistema.

Idealmente a sua utilização reduziria a intervenção de outras técnicas de

manutenção no processo produtivo. No entanto, como já foi colocado, em termos

práticos cada empreendimento deve selecionar o melhor conjunto de técnicas que

supram suas carências. Em última nota, apenas para elencar alguns desses ´fatores‘ de

escolha dos tipos de manutenção, podemos mencionar:

Tipo de instalação;

Grau de complexidade dos equipamentos;

Nível de confiabilidade desejada;

Recursos Disponíveis.

2.6. ANÁLISE DE CRITICIDADE DA MANUTENÇÃO

Como colocado no item anterior 2.5 e seus subitens, não é apenas a adoção de 1 (uma)

técnica de manutenção que determina o sucesso de uma organização, mas a escolha de um

conjunto adequado de técnicas que maximizem a produtividade levando em conta os recursos

disponíveis.

Tendo isso em mente, os setores responsáveis pelo gerenciamento da manutenção em

um plano estruturado podem se valer de alguns algoritmos que servem como ferramenta para

facilitar a escolha do tipo de manutenção a ser usado. A figura 4 (quatro) mostra um possível

fluxograma com intuito de tomar essa decisão.

Ela denota uma sistemática simples, porém eficaz, de perguntas e repostas no formato

de sim ou não que ajudam a direcionar a análise do profissional mantenedor no sentido de

escolher a técnica mais adequada para cada situação.

18

Figura 4. Sistemática para avaliação da melhor técnica de manutenção.

Fonte: NEWMANN (2008).

A estrutura mostrada na figura serve justamente para sistematizar a escolha do tipo de

manutenção a partir de um momento hipotético onde ocorre falha ou avaria de uma máquina,

equipamento ou componente. Evidentemente, esses critérios não são absolutos, entretanto,

eles buscam gerar um senso de padronização, criar um método de escolha simples e eficaz

que possa, inclusive, ser utilizado por outros colaboradores além daqueles ligados diretamente

a manutenção.

O resultado é que a partir da resposta a perguntas diretas e objetivas o funcionário

possa determinar com mais precisão a estratégia de manutenção a ser usada. No caso,

NEWMANN [9] os tipo de manutenção como sendo Corretiva; Preventiva ou Preditiva.

Muito embora hajam diferenças na forma como autores prestigiados agrupam os tipos de

manutenção, de maneira geral o significado intrínseco a elas permanece o mesmo.

19

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA AUTOVISTORIA

Para se elaborar um plano de manutenção planejada coerente e que atenda os requisitos

impostos à ele, primeiro é preciso conhecer o ambiente e escopo de atuação. Nesse sentido,

este capítulo tem o objetivo de trazer contextualização e alguns conceitos introdutórios

específicos a respeito do processo de inspeção predial, uma vez que ele é de suma importância

para garantir a longevidade das edificações.

3.1. DEFINIÇÃO

A Autovistoria predial acabou se tornando o nome popular para o que deve ser

enxergado como uma vistoria ou visita de cunho técnico. Essa vistoria técnica consiste em

uma inspeção, seja do prédio ou edíficio, por um profissional habilitado que atua

buscando relatar o quadro geral da estrutura. Ou seja, fornecer um diagnóstico técnico

acerca de suas condições de segurança, confiabilidade, estabilidade, funcionamento e

conservação [11].

Para trazer uma segunda definição, segundo a Norma de Inspeção Predial do

IBAPE/SP 2011 (Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia do Estado de

São Paulo) e a Norma Nacional do IBAPE 2012 (Instituto Brasileiro de Avaliações e

Perícias de Engenharia), a inspeção predial deve ser entendida como: “A avaliação isolada

ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação.”. Ou ainda,

como colocado pelo COBREAP (Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e

Perícias): “A avaliação de desempenho na fase de uso, operação e manutenção da

edificação.” [12].

Vale mencionar também que a inspeção predial realizada por esse profissional

capacitado pode constatar a demanda por exames complementares de profissionais de

outras especializações e, não raro, a realização de obras de correção ou renovação que

supram falhas e deficiências [12].

Apesar de serem descritas levemente diferente, todas essas definições no fundo

carregam em si o mesmo significado: A Autovistoria Predial constitui uma forma de

20

avaliação técnica e acompanhamento periódico de forma a garantir a saúde das

edificações.

3.2. A IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO PREDIAL

Culturalmente no Brasil,de maneira geral, ainda se observa uma postura reativa aos

problemas que podem surgir devido a falta de manutenção. Ou seja, primeiro se espera

que os problemas ocorram para tomar medidas preventivas. Da mesma forma, para o caso

de prédios e edíficios, essa questão cultural enraizada contribue para o negligenciamento

dos procedimentos corretos de conservação da estrutura.

Somados a esse fator, ainda é possível elencar a falta de recursos; e, talvez o mais

proeminente deles, o desconhecimento que muitos possuem sobre o assunto.

Naturalmente, dado esse cenário ruim, fato é que a manutenção de prédios e residências só

entra no radar de proprietários e responsáveis a partir do acontecimento de incidentes ou

mesmo acidentes mais graves [11].

Muito embora a conservação de edificações já fosse obrigatória, não era incomum que

muitas delas não recebessem manutenção nem da forma ou com a frequência adequadas

[11]. Nesse sentido, a obrigatoriedade da vistoria técnica representa o trabalho da

Prefeitura do Rio de Janeiro em estabelecer prazos, competências e obrigações dos entes

envolvidos, sejam eles síndicos; condôminos; empresa contratada; ou órgãos

fiscalizadores.

Também é importante ter em mente que as estruturas espalhadas pelo Rio de Janeiro

possuem portes e complexidades diferentes, além de serem antigas e novas. Na maioria

dos casos, os edíficios são bem construídos, porém a sua manutenção e acompanhamento

de modificações deixam a desejar [11]. Essas condições são propícias a acidentes de larga

escala como por exemplo o ocorrido com o Edifício Liberdade (Cinelândia/2012), caso

que será tratado no subitem 3.3 deste texto.

21

3.2.1. INCIDÊNCIA DE FALHAS

Com o objetivo de ilustar como falhas de fato ocorrem e são mais corriqueiras do

que se imagina, serão apresentados dois estudos estatísticos a respeito da taxa de

incidência de acidentes prediais. O primeiro busca exibir um panorama acerca das

edificações residenciais, enquanto o segundo fará o mesmo diagnóstico no escopo dos

edifícios comercias.

3.2.1.1. EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS

Segundo estudo realizado sobre acidentes em edifícios com mais de 30 anos

pela Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP no XV COBREAP no ano de 2009

e divulgado pelo Sindicato dos Engenheiros (SENGE), a distribuição de acidentes

prediais por tipo de origem está disposta como exibido na figura 6 (seis) [12].

Figura 5. Tipos de acidentes prediais e sua distribuição

Fonte: CONSENZA – Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro

(SENGE RJ), 2014 [13].

Vale salientar que o estudo contou ainda com dados de conhecimento comum

divulgados pela imprensa, além da contribuição fornecida pelo Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo. Corrobrorando o que já havia sido dito

anteriormente no texto, problemas na fase de projeto e execução ou, como

22

colocado, ´´Anomalias construtivas´´, de fato não são incomuns. Contudo, o

grande vilão dos acidentes em edíficios residenciais ocorrem devido as falhas de

manutenção e uso. Alguns exemplos que podem ser citados são as quedas de

forros e marquises.

3.2.1.2. EDIFÍCIOS COMERCIAIS

Estudo semelhante sendo realizado agora no âmbito dos edifícios comerciais

encontrou números ainda mais contundentes. A categorização foi um pouco diferente do

anterior dividindo os tipos de origem de acidentes em: Anomalias construtivas;

Anomalias Funcionais e; Falhas. O resultado está exposto no gráfico montado a partir

dos resultados e presentes na figura 7 (sete).

Figura 6. Distribuição de Falhas e Anomalias

Fonte: Retirado de XIV COBREAP – “INSPEÇÃO PREDIAL – Ferramenta de

Avaliação da Manutenção” 2007 - Flávia Z. A. Pujadas [14] e gráfico montado pelo

autor.

15%

7%

77%

EDIFÍCIOS COMERCIAIS

Anomalias Construtivas

Anomalias Funcionais

Falhas

23

O estudo contou com inspeções prediais, ou seja, vistorias técnicas,

realizadas em 1.700.000,00 m2 de Edificações Comerciais. O termo ´´Anomalias

Construtivas´´ se refere a problemas relacionadas ao projeto ou construção do

prédio. O termo ´´Anomalias Funcionais´´ se refere a problemas relacionados a

perda de funcionalidade, seja pelo fim da vida útil ou envelhecimento natural.

Por fim, e representando esmagadores 77% dos casos, no termo ´´Falhas´´

estão compreendidos os problemas relacionados à perda de desempenho por mal

uso e falta de manutenção periódica.

Dessa forma, os dados quantitativos apontados deixam ainda mais claro o

panorama que já se desenhava. Existe uma relação quase que intrínseca entre os

acidentes ocorridos em edificações e a ausência de uma estratégia planejada de

manutenção que os previna. De fato, esse panorama comprova também a

importância da obrigatoriedade do processo de autovistoria com intuito de

garantir segurança e confiabilidade.

3.2.2. MOTIVAÇÃO DO PODER PÚBLICO

Alternativamente a argumentação a respeito da incidência de falhas que sustenta

a obrigatoriedade da autovistoria e a demanda por manutenção planejada, também é

interessante analisar o posicionamento do poder público como um todo e a sua

importância no sentido de justificar a inspeção técnica mandatória.

A preocupação primária do poder público deve ser garantir o bem estar social e

condições de segurança para todos, motivo pelo qual existem as legislações. Portanto,

ficam determinadas não só a obrigatoriedade da realização de autovistoria, mas a

obrigatoriedade de se obter certificado da inspeção predial. O laudo técnico de

inspeção é enviado ao órgão fiscalizador que representa o poder público e também fica

exposto no edifício para fins de exibição quando exigido.

Dessa forma, o poder público demonstra interesse em proteger esses interesses da

sociedade na medida em que reconhece a importância da autovistoria Predial e a torna

24

compulsória. Como está expresso na Lei estadual nº 6400 de 05 de março 2013, a

autovistoria deve ser executada nas edificações com regularidade pelos respectivos

responsáveis a cada 5 (cinco) anos.

3.3. ASPECTOS HISTÓRICOS

3.3.1. SURGIMENTO

Ao longo dos anos, alguns acidentes prediais marcantes ocorreram no Brasil

essencialmente pela negligência com a conservação e manutenção das edificações.

Alguns exemplos são o desabamento parcial do Edificío Salvador localizado na

Avenida Índico em São Bernardo do Campo (2012) e o desabamento das obras de

uma loja da Avenida Mateo Bei em São Paulo (2013). No total, os dois acidentes

deixaram 11 mortos sendo uma criança e 32 feridos [15].

As perdas gerada por acontecimentos desse tipo se estende desde a perda de

vidas até a do patrimônio. Todavia, em termos de Rio de Janeiro, talvez o grande

símbolo ou estopim para a obrigatoriedade da Autovistoria tenha sido a queda do

famoso Edifício Liberdade na Cinelândia no início de 2012 [16], gerando um desastre

de grandes proporções e mostrado pelas figuras 8 (oito) e 9 (nove).

Localizado na Avenida Treze de maio, no centro da cidade, o Edifício Liberdade

possuia 20 andares e seu desabamento levou ainda a tombarem outros dois edifícios

comerciais. No ocorrido de 25 de janeiro de 2012, o Edifício Colombo de 10 (dez)

andares (localizado na Rua Manoel Carvalho, nº16) juntamente a outro edifício de 4

(quatro) andares também caíram, afetando inclusive parte da estrutura do Teatro

Municipal do Rio de Janeiro.

25

Figura 7. A queda de três prédios a partir do desabamento do Edifício Liberdade

Fonte: Novo Hamburgo Notícias (27/01/2012)

Construído entre os anos de 1938 e 1940, o Edifício Liberdade foi levantando em cima

de um terreno aterrado e, dessa forma, naturalmente propenso a recalques, discussão muito

pertinente a campo da engenharia civil. Desde então, o projeto original foi alterado,

acrescentando carga extra na estrutura com 1 (um) subsolo, garagem e 3 (três) pavimentos

adicionais. Além disso, o prédio ficou escalonado, contando com 20 (vinte) andares de

tamanho não-uniforme e decrescente até o topo até que, posteriormente, assumiu um formato

vertical.

Como se não bastasse esse histórico confuso de modificações, no ano de 2012, a

reforma produzida pela empresa TO Tecnologia Organizacional não foi feita por um

profissional de engenharia, removendo os pilares de sustentação e supostamente causando a

26

queda [16]. Contudo, muito se discute a respeito da influência da sobrecarga na estrutura e das

obras do metrô e se esses fatos poderiam ter eventualmente compremetido o Edifício

Liberdade de outras formas.

Figura 8. Consequência do desabamento na área dos fundos do Teatro Municipal

Fonte: G1 Notícias (26/01/2012)

Fato é, que após muitos debates acalourados sobre culpabilidade e análises da

estrutura - com destaque para o Clube de Engenharia - até os dias atuais, 7 (sete) anos após o

colapso dos edifícios, ainda não há consenso ou culpados definidos. Se é que se pode

destacar um ponto positivo de uma tragédia desse porte, talvez a necessidade incontestável

que surgiu de regulamentar, obrigar e fiscalizar a execução de manutenções periódicas nas

edificações. Para o caso do Edifício Liberdade, como já havia sido apontado pela Câmara em

2010 [17].

Portanto, uma vez que se entende o contexto daquele momento histórico, fica nítida a

motivação para a implementação da obrigatoriedade da Autovistoria Predial e o surgimentos

de legislações específicas. São elas: No âmbito estadual, a lei número 6.400 de 05 de Março

de 2013 e, no âmbito municipal, a Lei Complementar número 126 de 26 de Março de 2013.

27

Além disso, também será apresentada a pertinência do Decreto Nº 37.426/13 que regulamenta

a aplicação das referidas leis.

3.4. ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO REFERENTES À AUTOVISTORIA PREDIAL

3.4.1. LEI ESTADUAL Nº 6400/13

Segundo cartilha disponibilizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro e

SECOVIRIO (Sindicato da Habitação do Rio) [11], fica determinado pela Lei Nº

6400/13 ´´ a realização periódica por autovistoria, a ser realizada pelos condôminos ou

proprietários dos prédios residenciais ou comerciais e, pelo poder público, nos prédios

incluindo estruturas, fachadas, empenas, marquises, telhados e obras de contenção de

encostas bem como todas as suas instalações e cria Laudo Técnico de Vistoria Predial

(LTVP) no Município do Rio de Janeiro e dá outras providências. ´´

A lei estadual assinada pelo então governardor Sérgio Cabral estabelece assim, a

obrigatoriedade de Autovistoria decenal tanto ao prédio bem como às suas instalações

elétricas, sanitárias, mecânicas, dentre outras, que tenham menos de 25 (vinte e cinco)

anos de vida útil; e quinquenal para prédios acima desse limite.

Fica expresso, também no escopo da lei, que a Autovistoria deve ser realizada

por profissional ou empresa habilitados junto à seus respectivos conselhos. Seja o

CREA/RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de

Janeiro) no caso do profissional de engenharia quanto o CAU/RJ (Conselho de

Arquitetura e Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro) para o caso do profissional de

arquitetura.

Após a realização da Autovistoria também compete a esses dois profissionais

emitir um Laudo Técnico acompanhado de uma ART (Anotação de Responsabilidade

Técnica) no caso dos engenheiros e uma RRT (Registro de Responsabilidade Técnica)

no caso dos arquitetos. Os referidos devem ser apresentados, respectivamente ao

CREA/RJ e ao CAU/RJ [18].

28

Alguns pontos que também vale o comentário regulamentados pela lei Nº

6400/13 são a não-exigência de realização de Autovistoria para prédios residenciais

unifamiliares; e a prerogativa dada à própria Prefeitura de aplicar sanções quando

cabível a ajuizar criminalmente os infratores.

3.4.2. LEI MUNICIPAL Nº 126/13

Agora no âmbito municipal e de autoria do Poder Executivo, a Lei

Complementar Nº 126 de 2013 de autoria assinada pelo entã Prefeito do Rio de

Janeiro Eduardo Paes institue também a obrigatoriedade de vistoria técnica no

município e determina outras providências [11].

Nas palavras do Artigo 1º da lei, ´´ fica instituída a obrigatoriedade de realização

de vistorias técnicas periódicas, com intervalo máximo de cinco anos, nas edificações

existentes no Município do Rio de Janeiro, para verificar as suas condições de

conservação, estabilidade e segurança e garantir, quando necessário, a execução das

medidas reparadoras.´´ [19].

De maneira geral, o escopo da lei municipal é bem parecido com o da lei estadual

6400/13. No entanto, vale apontar alguns pontos exclusivos expressos pela lei Nº 126,

como por exemplo, a exclusão de obrigatoriedade os edifícios residenciais não apenas

unifamiliares, mas bifamiliares também; e a estipulação de penalidades definidas para

partes que não desempenhem seu papel adequadamente.

Para o caso dos profissionais habilitados no campo das engenharias e arquitetura,

em caso de prestação de informações falsas e/ou omissão deliberada de informações

que deveriam constar no laudo, uma multa será aplicada no valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais). É importante destacar que não haverá qualquer tipo de prejuízo das

demais responsabilidades civis, administrativas e criminais previstas na legislação em

vigor.

Por outro lado, a lei também estipula penalizações bem definidas aos

responsáveis pelo imóveis que não cumprem as obrigações instituídas na Lei

29

Complementar. Os responsáveis deverão ser notificados para que em até 30 dias

realizem a vistoria técnica e duas demais obrigações previstas em lei.

A punição aplicável é de multa renovável mensalmente no valor de cinco VR

(Valor Unitário Padrão Residencial) ou cinco VC (Valor Unitário Padrão Não

Residencial), dependendo do que foi definido para aquele imóvel. Essa penalização é

aplicável caso o responsável pelo imóvel incorra em uma ou mais das seguintes

infrações [19]:

Não-realização da vistoria técnica no prazo determinado;

não realização do laudo técnico que ateste estar o imóvel em condições

adequadas, após o prazo declarado para as medidas corretivas das condições

do imóvel; ou

pela não comunicação ao Município de que o imóvel encontra-se em

condições adequadas de uso.

3.4.3. DECRETO Nº 37.246/13

É necessário entender que a lei estadual Nº 6400/13 e a lei municipal Nº

126/13 estão inseridas no mesmo assunto, mas que atuam em esferas distintas como os

próprios rótulos estadual e municipal já sugerem. Nesse contexto, de acordo com o

publicado no DO (Diário Oficial) do Município a função do decreto 37.246/13 é: ´´

Regulamentar a aplicação da Lei Complementar n.o 126/13 e da Lei n.o 6400/13, que

instituem, por AUTOVISTORIA, a obrigatoriedade de realização de vistorias técnicas

nas edificações existentes no Município do Rio de Janeiro.´´

Como o tema abordado não é mais uma legislação e sim um decreto, faz-se

necessário expor os motivos para sua criação, além da citada intenção de

compatibilizar as determinações estaduais e municipais. De fato, o próprio decreto

elenca as suas razões de existência. São elas [20]:

30

A necessidade de estabelecer as condições de implementação de

vistoria técnica nas edificações existentes no Município do Rio de Janeiro;

A necessidade de definir estratégias para verificação do cumprimento da Lei

diante do grande número de edificações abrangidas pela obrigação;

A necessidade de estabelecer prazos para que os responsáveis pelos imóveis

adotem as providências que possibilitem o cumprimento das obrigações

determinadas pelas Normas;

A necessidade de compatibilizar a aplicação e a abrangência da Lei

Complementar 126/13 e da Lei 6400/13.

Novamente, vale destacar aqui alguns pontos exclusivos colocados pelo Decreto.

Primeiramente, o responsável pelo edificação deve entrar em contato com a Secretaria

Municipal de Urbanismo e comunicar que o laudo técnico atesto condições adequadas

de estado da estrutura. Isso deve ser feito pelo preenchimento de formnulário

específico disponível no portal da Prefeitura e da própria Secretaria.

O Decreto 37.246/13 também desobriga algumas edificações previstas na Lei

Complementar 126/13 da realização da Autovistoria. São elas:

As edificações residenciais unifamiliares e bifamiliares;

Todas as edificações nos primeiros cinco anos após a concessão do “habite-

se”;

As edificações com até dois pavimentos e área total construída inferior a

1.000 m2;

As edificações situadas em Áreas de Especial Interesse Social.

Por fim, também vale comentar que o Decreto 37.246/13 diz explicitamente que

a fiscalização do cumprimento das obrigações prevista no mesmo será feita por

amostragem e a partir dos seguintes critérios, em ordem de prioridade [20]:

Idade das edificações;

Áreas que concentrem edificações de grande porte;

Principais eixos de circulação de pedestres e veículos;

31

Áreas de Proteção do Ambiente Cultural;

A agressividade ambiental conforme definido na NBR 6118.

3.5. AGENTES ENVOLVIDOS E RESPONSABILIDADES NA AUTOVISTORIA

PREDIAL

Existem várias partes envolvidas no processo de inspeção predial, dentre as quais

podemos citar como sendo os principais responsáveis: Responsável pelo imóvel;

Profissional Responsável; Conselhos; Prefeitura; Entidades e; Condôminos. Cada um

desses agentes envolvidos possui os devidos atributos e responsabilidades, levando

sempre em conta a observâncias das Leis Nº 6400/13, Nº 126/13 e do Decreto

37.246/13.

Em material organizado e disposto de maneira fácil ao público, tanto o CREA/RJ

quanto a Prefeitura do Rio de Janeiro [11], disponibilizam algumas informações

pertinentes, listando os principais envolvidos, suas ações e responsabilidades no

processo de Autovistoria Predial. Essas informações estão dispostas no quadro 1 (um).

Fonte: Cartilha de Autovistoria Predial, Sindicato de Habitação (SECOVIRIO), 2014

Agente Descrição Responsabilidades

Responsável pelo

Imóvel

Condomínio,

proprietário

ou o ocupante do

imóvel, a

qualquer título.

a) Contratar vistoria técnica;

b) Enviar comunicado à

Secretaria Municipal de

Urbanismo – SMU;

c) Executar as Obras de

reparo quando necessário;

d) Contratar nova vistoria para

elaborar novo laudo;

e) Dar conhecimento do teor do

laudo aos condôminos e

arquivá-lo por 20 anos;

f) Renovar o comunicado à

SMU no prazo máximo de 5

(cinco) anos do último

comunicado.

Quadro 1a. Principais agentes e suas responsabilidades na Autovistoria Predial

32

Agente Descrição Responsabilidades

Profissional

Responsável

Profissional

legalmente

habilitado, com

registro no

Conselho de

Fiscalização

Profissional

competente.

a) Fazer vistoria e elaborar

laudo;

b) Recolher a ART ou RRT;

c) Elaborar projeto e

acompanhar a obra;

d) Possibilidade de

comunicar o resultado do

laudo.

Prefeitura Secretaria de

Urbanismo - SMU

a) Gerenciar o cadastro

eletrônico;

b) Notificar e multar os

responsáveis que não

comunicarem a vistoria ou

não executarem as obras no

prazo;

c) Fazer vistoria e multar

os responsáveis pelos imóveis

que não conservarem a

edificação;

d) Elaborar campanhas

educativas.

Conselhos CREA / CAU

a) Fiscalizar o exercício da

profissão;

b) Aplicar as sanções

decorrentes do exercício

profissional irregular ou ilegal,

na forma da legislação

específica;

c) Disponibilizar cadastro

de profissionais para

consulta da população;

d) Propor iniciativas para

aperfeiçoamento e

qualificação dos profissionais;

e) Elaborar campanhas

educativas.

Quadro 1b. Principais agentes e suas responsabilidades na Autovistoria Predial

Fonte: Cartilha de Autovistoria Predial, Sindicato de Habitação (SECOVIRIO), 2014

33

Agente Descrição Responsabilidades

Entidades ADEMI, SECOVI

RIO, ABADI

a) Sugerir a inclusão, na

convenção do condomínio,

de dispositivos que

possibilitem o

cumprimento da Lei

Complementar 126/2013 e

seu decreto regulamentador;

b) Divulgar e esclarecer

dúvidas da lei aos

associados;

c) Divulgar a Importância

da vistoria técnica através

de campanhas educativas.

Condôminos

Proprietários,

locatários e

ocupantes a

qualquer título.

a) Fiscalizar a atuação do

síndico ou administrador

no que concerne ao

cumprimento da Lei

Complementar 126/2013 e

seu decreto regulamentador;

b) Comunicar previamente

ao responsável pelo prédio

qualquer obra que pretenda

executar;

c) Não iniciar obra sem

acompanhamento de um

profissional habilitado.

Quadro 1c. Principais agentes e suas responsabilidades na Autovistoria Predial

Fonte: Cartilha de Autovistoria Predial, Sindicato de Habitação (SECOVIRIO), 2014

3.6. A AUTOVISTORIA NA PRÁTICA

Nesse momento do texto, o leitor já foi apresentado à contextualização; à abrangência

legal; às atribuições e responsabilidades das partes envolvidas; e à importância do

processo de inspeção predial no sentido de garantir a saúde das edificações as quais ela é

obrigatória. Diante desse quadro, o próximo passo da discussão será, portanto, entrar em

34

aspectos mais práticos da Autovistoria buscando aproximá-la de como ela acontece na

realidade.

3.6.1. PASSO A PASSO DA INSPEÇÃO PREDIAL

De maneira a consolidar o conteúdo exposto e torná-lo conciso, é preciso deixar claro

e de fácil acesso uma sequência macro de passos que devem ser observados para o

acompanhamento do processo de Autovistoria. Ou seja, com o intuito de divulgar e dar

publicidade aos atos públicos – príncipio inclusive constitucional no que tange o direito

administrativo – se faz necessário deixar de lado um pouco o linguajar formal e colocar as

informações de forma objetiva e direta.

Além de cartilhas divulgadas tanto pelo CREA/RJ quanto pela Prefeitura do

Município do Rio de Janeiro, a última criou um folder informativo que sintetiza

globalmente os eventos que precisam de observância em ordem cronológica. O objetivo é

tornar público a necessidade e importância de se realizar autovistoria e, ainda, estabelecer

passos fáceis para que os responsáveis pelas edificações estejam orientados e alertas. A

sequência desses passos e eventos é:

Certifique se você é responsável por um imóvel no Município do Rio de

Janeiro;

Verifique se sua edificação está sujeita a obrigatoriedade da Autovistoria

prevista em lei;

De posse dessas informações, contrate um profissional qualificado e obtenha

um laudo técnico;

Comunique o resultado a Prefeitura. Esteja sempre atento às datas limite

estipuladas;

Caso o laudo aponte carências ou exigências, tome as medidas necessárias

dentro dos prazos.

35

3.6.2. LISTA DE VERIFICAÇÃO

Em forma de texto normativo publicado pela ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas), a NBR 5674 (Norma Brasileira) [21] fixou os procedimentos de

orientação necessários para a organização de um sistema planejado de manutenção em

edificações. Contudo, é possível notar uma lacuna deixada por essa norma quanto à

avalialção técnica da qualidade da manutenção. Assim, se propondo a preencher essa

lacuna para trabalhar em conjunto com a NBR 5674, o IBAPE divulgou a Norma de

Inspeção Predial Nacional de 2012 [22].

Tendo em vista que a inspeção predial é uma grande ferramenta de estudo

sistêmico da manutenção e, mais uma vez, buscando tornar o processo de Autovistoria

mais claro e transparente acerca da sua prática, a Norma de Inspeção Predial Nacional

define uma listagem mínima de verificação que deve ser contemplada pelos inspetores

capacitados no momento da vistoria.

Nessa lista de verificação constam diversos componentes e equipamentos dos

diversos sistemas e subsistemas construtivos. Vale lembrar que a vistoria de cada item

específico está regulamentada por norma específica e que a observância dessas não

deve ser negligenciada pelo profissional. Além disso, edificações distintas possuem

portes e graus de complexidade distintos, o que, por consequência, gera demandas

igualmente distintas. A observância dessas e definição de prioridades também é tarefa

do profissional habilitado.

No mais, o conjunto de tópicos a serem vistoriados segundo a norma devem

conter, no mínimo a avaliação dos seguintes elementos:

Estrutura;

Impermeabilização;

Instalações elétricas;

Instalações hidráulicas;

Revestimentos externos em geral;

Esquadrias;

Revestimentos internos;

36

Telhados;

Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas;

Combate a incêndio;

Climatização;

Piscinas e outros equipamentos de lazer, incluindo condições de playground;

Paisagismo;

Ar-condicionado;

Ventilação;

Exaustão Mecânica;

Elevadores;

Escadas Rolantes;

Bombas e outras máquinas.

Seguindo com a ideia de uma conferência padronizada a partir de ´´check-lists´´ , de

acordo com a NBR 5674, as Autovistorias devem seguir um roteiro lógico de inspeções;

considerar equipamentos e componentes prioritários; as formas de degradação esperadas para

cada edificação e; as solicitações e reclamações dos usuários. É interessante ainda, que os

serviços de manutenção sejam classificados conforme sua urgência em [21]:

Serviços de urgência para imediata atenção ou;

Serviços a serem incluídos em programa de manutenção.

3.6.3. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO

Retomando o assunto tratado no subitem 3.2, existe uma relação clara entre a

justificativa para o obrigatoriedade da Autovistoria Predial e a elaboração de

estratégias de manutenção planejada. Agora, nas palavras da NBR 5674:

´´Economicamente relevante no custo global das edificações, a manutenção não pode

37

ser feita de modo improvisado e casual. Ela deve ser entendida como um serviço

técnico, cuja responsabilidade exige capacitação apurada.´´ [21].

Dessa forma, segundo a Norma de Inspeção Predial Nacional [22], a autovistoria

deve ser feita de maneira séria considerando risco e perda de desempenho visto as

anomalias e falhas encontradas. De fato, o condutor da inspeção deve avaliar o plano

de manutenção da edificação e suas respectivas condições de execução.

Portanto, em termos de plano de trabalho, ele deve verificar a coerência da

manutenção de máquinas e equipamentos em relação ao especificado pelo fabricante e

em relação às normas técnicas; além de verificar a adequação de rotinas e frequências

de manutenção a fatores como o uso e exposição ao ambiente.

Em termos de condições de execução do Plano de Manutenção, o inspetor deve

tanto verificar se existem condições mínimas necessárias de acesso aos equipamentos

quanto as condições de segurança para o mantenedor e os usuários da edificação. Essa

análise deve estar sempre apoiada na norma adequada para cada equipamento ou

componenente.

3.7. INSERÇÃO DO ENGENHEIRO MECÂNICO

O dimensionamento de uma equipe técnica apropriada para a realização de

Autovistoria Predial é de encargo do profissional responsável. Como este profissional é

quem assina o laudo técnico, isto é, assume responsabilidade pela edificação vistoriada, é

importante escolher sua equipe de forma cautelosa, checando por exemplo as respectivas

ART e RRT junto ao CREA/RJ e ao CAU/RJ.

O objetivo de escalar diferentes especialidades técnicas na equipe é obter uma visão

geral mais correta da edificação, com cada profissional atuando em sua área de

conhecimento. Surge então, a demanda clara pela atuação do Engenheiro Mecânico que

fica responsável pela vistoria das manutenções realizadas em bombas, elevadores e outras

máquinas. A demanda por outros profissionais também é pertinente e a lista com as

atribuições de cada um está determinada no quadro 2 (dois).

38

Formação Área de atuação

Arquiteto

Vistoria, perícia, avaliação,

monitoramento, laudo,

parecer Técnico, auditoria e

arbitragem (resolução n° 21,

de 5 de abril de 2012 –

CAU/BR)

Engenheiro civil

(construção civil,

estruturas e fundações).

Vistoria, perícia, avaliação,

arbitramento, laudo e

parecer técnico (resolução

Nº 218, de 29 de junho de

1973 – CREA/RJ)

Engenheiro eletricista

(instalações elétricas).

Engenheiro mecânico

(sistemas de bombas,

elevadores e outras

máquinas).

Engenheiro de

segurança (instalações

especiais de incêndio).

Quadro 2. A demanda e atribuições do profissional de engenharia Mecânica

Fonte: SILVA, 2015.

Uma vez exposto o escopo da atuação do engenherio mecânico no processo de

inspeção predial, como já mencionado no subitem 1.3 o foco de análise será o

desenvolvimento de uma estratégia de manutenção essencialmente para os elevadores em

edifícios residenciais e comerciais.

39

3.7.1. A INSPEÇÃO NOS ELEVADORES

Talvez o equipamento mecânico mais característico em edifícios atualmente, a

prevenção de acidentes e incidentes em elevadores deve ser evitada a todo custo. Para

tanto, a inspeção de elevadores exige que ele esteja completamente fora de operação e

interditado por até algumas horas e os testes aos quais ele deve ser submetido

envolvem diversos campos da mecânica, como o estudo de Vibrações, Metrologia e

Projetos de Máquinas.

A maioria dos edifícios residencias possuem elevadores sociais e de serviço,

enquanto os comerciais possuem quantidades até maiores. A vistoria desses

equipamentos deve analisar os componentes procurando por vestígios de falhas ou

prejuízos na performance como, por exemplo, a existência de trincas, folgas,

vibrações, ruídos, vedações inadequadas, limpeza, iluminação e fixação de guias. A

elaboração de uma estratégia de manutenção completa para os elevadores será feita no

próximo capítulo.

3.7.1.1. ETAPAS DA INSPEÇÃO DE ELEVADORES

No momento que a Autovistoria Predial atinge a etapa de inspeção dos

elevadores, o procedimento de inspeção normalmente tem início a partir da casa de

máquinas. A ideia é passar de componente em componente, com o equipamento

fora de operação, performando testes e coletando resultados. Alguns dos principais

componentes seriam, por exemplo, a máquina de tração; o dispositivo limitador de

velocidade; o quadro de comando; e o quadro de energia elétrica [44].

Após a casa de máquinas, o visoriador geralmente parte para a cabina do

elevador para mais verificações. No topo da cabina, há um espaço destinado a

técnicos e inspetores que analisam os componentes ao longo da caixa de corrida.

Também são vistoriadas as portas de todos os andares, o contrapeso, as guias e a

estrutura como um todo [44].

40

Finalmente, a última etapa é no poço do elevador. De lá o vistoriador é capaz

de averiguar o a polia tensora do dispositivo limitador de velocidade, os freios de

segurança – fica na parte debaixo da cabina – e os amortecedores [44]. Também é

interessante testar os contatos elétricos e outros dispositivos de segurança nessa

fase do procedimento de inspeção. Em linhas gerais, isso conclui as etapas macro

de inspeção dos elevadores, mas vale o comentário da importância de se ter cautela

e analisar as condições de segurança que a instalação oferece para o próprio

técnico/inspetor para que se evite acidentes.

41

4. ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO MECÂNICA PLANEJADA

Antes de começar a elaborar uma estratatégia de manutenção dos equipamentos

mecânicos em uma edificação, algumas premissas precisam ser definidas. Isto é, faz-se

necessário estabelecer os preceitos básicos que a estratégia se propõe a atender. Em acordo

com o proposto pela NBR 5674 que explicita o procedimento para manutenção de

edificações, todos os serviços de manutenção devem ser definidos em planos de curto, médio

e longo prazos, de maneira a [21]:

Coordenar os serviços de manutenção para reduzir a necessidade de sucessivas

intervenções;

Minimizar a interferência dos serviços de manutenção no uso da edificação e a

interferência dos usuários sobre a execução dos serviços de manutenção;

Otimizar o aproveitamento de recursos humanos, financeiros e equipamentos.

Para tanto, é importante que o Sistema de Manutenção Planejado (SMP) seja estruturado,

tendo definidas explicitamente quais rotinas de manutenção estão sendo adotadas; os

equipamentos e componentes específicos a serem vistoriados; a periodicidade das inspeções; a

escolha de conjunto de técnicas de manutenção adequados e; um cronograma para a

realização dos serviços de manutenção. Todos esses pontos serão desenvolvidos e colocados

na estratégia desenvolvida no texto.

Mais uma vez vale lembrar que, como já dito no escopo do presente trabalho, apesar de a

manutenção mecânica em edificações destinar algumas incumbências ao profissional de

engenharia mecânica (vide quadro 2), uma análise detalhada para o equipamento, para seus

componentes e a definição de uma prosposta de manutenção será feita estritamente para os

elevadores.

É importante mencionar também que a seguinte proposta para manutenção mecânica de

elevadores não é a única possível, mas que a elaboração desta contou com uma série de

entrevistas e o apoio de Engenheiros Mecânicos com experiência técnica na área de

manutenção de elevadores.

42

Além disso, a estratégia de manutenção planejada proposta também observa as definições

normativas presentes nas NBR13.994/2000 (transporte de pessoa portadora de deficiência);

NBR NM 207/99 (requisitos de segurança para construção e instalação); NBR 5665/83

(cáculo do tráfego em elevadores); NBR 5410/97 (instalações elétricas em baixa tensão); e

estipula ainda, um conjunto de consolidadas boas práticas que sempre podem ser adotadas no

sentido de prevenir acidentes.

4.1. DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS MECÂNICOS

4.1.1. SISTEMA DE BOMBAS

Em edifícios residenciais e comerciais as bombas de água são responsáveis

pela eficiência de fluxo hídrico [23]. Esse eficiência se destina às mais variadas

funções como, por exemplo, abastecimento de água para consumo; bombeamento para

a descarga em banheiros; suprimento dos sistemas de incêndio (sprinklers);

climatização de ambientes; e abastecimento e drenagem de piscinas.

Como as bombas são compostas de partes hidráulicas e comandos elétricos,

comumente se denomina o sistema como sendo um sistema de bombeamento. Isso

porque, justamente dependendo do tamanho do edifício e das necessidades de

consumo, esse sistema pode ser mais ou menos complexo. É preciso considerar

elementos como a vazão das bombas; a altura a ser vencida; o diâmetro das

tubulações; e a perda de carga no momento do projeto.

Apesar de existirem algumas maneiras de fazer o projeto, o sistema mais

comum no contexto de edificações é chamado de sistema de água limpa, ou

simplesmente bombas de recalque. Sua função é basicamente empurrar a água dos

reservatórios inferiores até os superiores no topo do prédio. Um exemplo de bomba de

recalque está mostrado na figura 10 (dez).

Tiago Niero, especialista do Centro de Treinamento da KSB Bombas

Hidráulicas destaca que, além da escolha da bomba só ser feita após o

dimensionamento da necessidade, a manutenção dos equipamentos deve ser feita por

43

profissionais capacitados. De preferência “as assistências técnicas autorizadas ou o

próprio fabricante são as melhores opções, tanto pela garantia como pelo uso de peças

originais.” [23].

Figura 9. Bomba de Recalque

Fonte: Casa Florêncio (10/02/2019)

4.1.2. ESCADAS ROLANTES

Geralmente, esse equipamento mecânico é utilizado com mais frequência em

edifícios comerciais, sendo difícil encontrá-lo em edificações residenciais comuns. São

utilizadas em larga escala, por exemplo, em recintos com vãos livres como é o caso de

galerias e shopping centers, e em espaços públicos de muito tráfego como é o caso de

estações de metrô e aeroportos.

Basicamente, a escada rolante é formada por uma corrente composta pela união

de degraus que se movem em movimento contínuo e circular, como um carrossel.

Acionados por uma máquina de tração, os degraus percorrem o caminho que vai do

início ao fim da escada, e depois se curvam, fazendo todo o caminho inverso por baixo

da escada e retomando o ciclo. No que diz respeito à manutenção desse equipamento,

essa deve ser periódica e seguir o estabelecido nas normas de requisitos de construção

e cálculo de tráfego.

44

4.1.3. ELEVADORES

Os elevadores talvez sejam os principais equipamentos mecânicos ou os mais

emblemáticos no contexto das edificações. Por esse motivo, eles são o foco da análise

de estratégia de manutenção proposta e serão tratados de maneira específica a partir do

item 4.2.

4.2. A MANUTENÇÃO DE ELEVADORES

4.2.1. DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS

Essencialmente os elevadores são equipamentos mecânicos que se destinam a

fazer o transporte vertical de pessoas e objetos [24]. De fato, nos dias de hoje o seu

uso se tornou indispensável tanto para edifícios comerciais quanto residenciais devido

ao grande fluxo de pessoas e serviços que o demandam. E esse é mais um motivo pelo

qual a sua estratégia de manutenção tem que ser precisa, tanto em termos de segurança

quanto de conforto, garantindo assim, que as exigências da sociedade sejam atendidas

sem o risco de acidentes e minimizando transtornos.

No entanto, antes de entrar no mérito da manutenção em si, é necessário criar

um pouco de familiaridade com os principais componentes dos elevadores. A norma

NBR NM 207/99, além de especificar os requisitos mínimos de segurança para

construção e instalação de elevadores, também lista os principais elementos do

dispositivo. Segundo o texto normativo, alguns dos mais relevantes são [24]:

Elevador de Tração: Elevador cujos cabos são acionados por atrito nas ranhuras

da polia motriz da máquina;

Cabina: A parte do elevador que transporta passageiros e objetos;

Última altura: Parte da caixa entre o pavimento extremo superior servido pelo

carro do elevador e o teto da caixa;

45

Contrapeso: Massa que assegura a tração;

Casa de Máquinas: Recinto no qual estão instaladas as máquinas e o

equipamento relacionado com elas;

Guias: Os componentes rígidos destinados a manter a direção do movimento do

carro ou do contrapeso;

Caixa: Espaço onde o carro e o contrapeso viajam. Este espaço é limitado pelo

fundo do poço, as paredes e o teto;

Limitador de Velocidade: Dispositivo que, quando o elevador atinge uma

velocidade predeterminada, causa a parada do elevador e, se necessário, aciona o

freio de segurança;

Poço: Parte da caixa situada abaixo do nível de parada mais baixo servido pelo

elevador;

Freio de Segurança: Dispositivo mecânico para parar e manter travado nas guias

o carro do elevador ou o contrapeso em caso de sobrevelocidade no sentido de

descida ou de ruptura da suspensão.

Ainda sob o aspecto descritivo, em texto informativo disponibilizado pela

Atlas Schindler - uma das grandes fabricantes de elevadores - também são comentadas

algumas características fundamentais do dispositivo como, por exemplo, a velocidade

nominal e a lotação da cabina [25]. Depois dessas variáveis determinadas, os

componentes mecânicos são selecionados e finalmente recorre-se a NBR 5665/83 para

o cálculo do tráfego nos elevadores.

É evidente que os projetos de elevadores são particulares de cada empresa,

porém é importante que os requisitos mínimos estipulados nas normas sejam

atendidos. Com o objetivo de ilustrar a disposição de alguns dos componentes dos

elevadores citados de maneira mais clara, a figura 11 (onze) apresenta um modelo de

projeto proposto em ficha técnica pela empresa Elevadores Castelo. Vale lembrar que

as cotas mostradas estão em acordo com a norma.

46

Figura 10. Ficha Técnica de Elevadores

Fonte: Elevadores Castelo (10/02/2019)

4.2.2. ROTINA E PERIODICIDADE DE MANUTENÇÃO PROPOSTAS

A elaboração da presente proposta de estratégia de manutenção de elevadores

tem duas vertentes. A primeira estabelece uma rotina detalhada de inspeção baseada

no ordenamento jurídico, ou seja, estabelece um método motivado pela obrigação legal

47

de se realizar Relatórios de Inspeção Anual (RIA). A segunda vertente – e essa de total

encargo da empresa mantenedora – consiste em uma sequência de ações de

manutenção definidas por contrato e de comum acordo entre os profissionais

responsáveis e àqueles que contratam o serviço. Mais uma vez vale lembrar que a

proposta de manutenção desenvolvida a seguir não é a única possível, mas que ela

conta com o apoio da literatura; das normas e leis; e com a expertise de profisionais

capacitados do meio.

4.2.2.1. A PARTIR DE DISPOSITIVO LEGAL

A lei N.º 2.743 de 07 de Janeiro de 1999 e a lei Nº 3.417 de 27 de junho de

2002 – alterou, acrescentou e revogou alguns pontos da lei Nº 2.743 - dispõem

acerca da instalação e conservação de aparelhos de transporte. No escopo da

manutenção de elevadores, fato é que as referidas legislações determinam a

renovação periódica da sua licença de funcionamento e, para isso, a

obrigatoriedade de inspeção e emissão do chamado Relatório de Inspeção Anual

ou simplesmente RIA [26] [27].

A empresa mantenedora ou de conservação dos elevadores deve fornecer

ainda uma cópia desse relatório tanto aos contratantes – condôminos no caso de

edifício residencial – quanto ao órgão de controle que, no caso, seria o GEM

(Gerência de Engenharia Mecânica). Também é de responsabilidade da empresa

que todos os contratos referentes à obra ou serviços de engenharia estejam

devidamente anotados junto ao CREA/RJ, na forma de anotação de

responsabilidade técnica (ART).

Uma vez enumerados os pontos pertinentes da legislação que motivam a

inspeção técnica, a seguinte proposta para elevadores elucida os componentes

específicos dos elevadores a serem analisados nessa vistoria periódica. Ao

conduzir essas etapas de inspeção por cada componenente mecânico, o vistoriador

está procurando por sinais, ou melhor dizendo, indícios do que pode vir a

interromper o funcionamento do elevador ou causar acidentes. Em outras palavras,

48

através do processo de inspeção o vistoriador está na verdade monitorando falha

latente de forma periódica e sistemática.

Seguindo então com a rotina de manutenção proposta, primeiramente na

máquina de tração, o vistoriador deve observar se existe algum tipo de vibração;

ruído; falhas em vedações; ou folgas fora do padrão. Na casa de máquinas dos

elevadores, deve checar a limpeza do ambiente; alvenaria; iluminação. O

vistoriador deve checar também os fusíveis no quadro de comando; e a arrumação

interna como um todo. Quando se fala em cabo de tração, deve-se checar a

distância do contra-peso; e verificar a existência de trincas/quebras de arame.

Seguindo para a cabina dos passageiros, o vistoriador deve checar as

condições do operador de porta (caso haja); da iluminação e revestimento interno;

cunhas de segurança; e folgas nas corrediças. Esses são alguns dos quesitos

específicos que devem ser observados na vistoria, e eles estão definidos e

compilados no relatório de vistoria periódica apresentado na figura 12 (doze).

Caso haja não-conformidade com os requisitos de funcionamento ideal, o item

deve deve ser assinalado no relatório.

Em última análise, algumas propostas e comentários sobre a vistoria

periódica ainda merecem destaque. A maioria dos edifícios residenciais padrão

possuem elevadores sociais e de serviço, motivo pelo qual é interessante

individualizar no mesmo relatório de vistoria periódica uma coluna para cada

elevador. O segundo ponto é que devido a grande circulação de pessoas e objetos

que transitam nos elevadores em edifícios comerciais, é recomendável que a

vistoria periódica seja semestral e não apenas anual, como é o caso para edifícios

residenciais.

Como já mencionado anteriormente, também é importante ter em mente a

questão do dimensionamento da equipe. No mundo prático das vistorias, o

engenheiro mecânico responsável não pode estar presente em todos os lugares,

motivo pelo qual os vistoriadores devem ser bem instruídos. Instruídos inclusive a,

caso observem detalhes que fujam a seu conhecimento, requisitar o

acompanhamento do engenheiro responsável. Essa rotina ou eventuais comentários

específicos para cada elevador estão previstas na seção de ´´observação´´ presente

também no relatório da figura 12 (doze).

49

Figura 11. Vistoria Periódica de Elevadores para emissão de Relatório de Inspeção Anual

(RIA)

Fonte: Elevadores Alt Com. E Serviços LTDA

50

4.2.2.2. A PARTIR DE DISPOSITIVO CONTRATUAL

O método proposto no item 4.2.2.1 abrangeu a inspeção técnica de uma

série de itens motivados pela obrigatoriedade prevista em lei. Entretanto, apesar

dessa rotina de vistoria garantir uma forma de acompanhamento,controle e até

mesmo funcionar como alerta para possíveis falhas, sozinha ela ainda não constitui

uma estratégia de manutenção planejada. Na realidade, ela é uma etapa posterior e

complementar a manutenão planejada. Idealmente falando, executada a

manutenção adequada do equipamento, a vistoria periódica não apontaria

problemas.

Dessa forma, a proposição de uma estratégia de manutenção densa e

estruturada cabe a empresa mantenedora de elevadores, e os termos estipulados em

contrato dizem respeito apenas à ela e a contratada. Assim, o contrato deve definir

em suas cláusulas pontos como: a quantidade de elevadores que receberão

manutenção; mencionar o fabricante do equipamento; estipular a duração –

geralmente em meses – e o valor do contrato; data de pagamento; e as obrigações

da contratante e da contratada.

A seguinte proposta de mauntenção mecânica planejada consiste na

prestação de assistência técnica para elevadores e conta com a utilização de

técnicas de manutenção selecionadas a partir do subitem 2.5. São elas: A

manutenção à demanda; a manutenção preventiva; e uma manutenção

costumeiramente chamada no âmbito contratual de manutenção emergencial

explicada mais a frente no subitem 4.2.2.2.2.

4.2.2.2.1. DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA

A metodologia proposta é essencialmente baseada na execução de

manutenção preventiva mensal nos elevadores objeto de contrato, incluindo

todas as inspeções, limpezas, ajustes e lubrificações necessárias. Como a

periodicidade está estabelecida mensalmente, cabe o questionamento acerca de

uma manutenção sistemática. No entanto, a proposta é que as visitas técnicas

51

ocorram ao mês, mas não que os mesmos itens sejam o objeto da manutenção,

o que descarta a ideia de vida útil.

O primeiro motivo para a adoção dessa estratégia é os elevadores

possuírem muitos componentes mecânicos e elétricos sujeitos a desgastes

diferentes e utilizações diferentes e, portanto, exigem tempos diferentes. O

segundo motivo é que num cenário onde se gerencia muitos contratos e a

manutenção de muitos elevadores ao mesmo tempo, buscar padronização e

uniformidade ajuda o trabalho não só na execução em si, mas na forma de controle

e prestação de contas.

Partindo agora para o escopo técnico, é interessante compartimentalizar a

manutenção em grandes grupos, de forma que cada mês seja o mês daquele grupo

pré-definido. Na presente proposta de manutenção cada grupo é repetido

semestralmente, ou seja, a sua manutenção ocorre duas vezes ao ano. Sem

esquecer, é claro, dos meses destinados à vistorias periódicas mandatórias por lei.

A divisão dos grupos proposta é:

Casa de Máquinas;

Máquinas e Cabos;

Verificação de Pavimentos;

Limpeza da Cabina e;

Funcionamento da Cabina.

Uma vez definidos esses grupos, é chegado o momento de especificar os

componentes tratados em cada um deles. Para a Casa de Máquinas, por exemplo, a

proposta prevê a limpeza da máquina de tração; limpeza da casa de máquina;

lubrificação das guias; e limpeza do poço. Na etapa de Máquinas e Cabos por

outro lado, estão previstas a verificação da máquina de tração; verificação dos

cabos de tração; verificação do regulador; e verficação do cabo regulador.

No momento da inspeção mensal, o vistoriador deve levar consigo uma OS

(Ordem de Serviço) para fins de comprovação do serviço que conta com a sua

assinatura e a do cliente. Isso fornece respaldo legal de cumprimento de contrato.

52

Essa ordem de serviço fornece ainda, um detalhamento das verificações feitas em

cada etapa dos grupos pré-definidos, juntamente com a periodicidade estipulada de

manutenção preventiva. Um modelo padrão de OS (Ordem de Serviço) que reflete

essa planejamento da manutenção está exposto na figura 13 (treze).

Figura 12. : Modelo de Ordem de Serviço referente à Manutenção Preventiva Mensal

Fonte: Elevadores Alt Com. E Serviços LTDA

4.2.2.2.2. DA MANUTENÇÃO À DEMANDA

A elaboração de uma estratégia de manutenção estruturada e planejada

visa ao máximo evitar imprevistos. Contudo, isso não significa que esses não

possam ocorrer, ou melhor, que a empresa mantenedora contratada não deva

ter medidas de contingência para esses casos. Mesmo fugindo do conceito

primo de ´´planejar´´, como explicado no item 2.5.1, a técnica de manutenção à

demanda pode e deve ser usada quando surgir a demanda por sua utilização,

53

tendo em vista o planejamento estratégico e o nível de confiabilidade que se

deseja.

Para o caso dos elevadores, a aplicação desses conceitos é bem nítida

levando em conta que o equipamento sempre pode estar sujeito à falhas e/ou

paradas repentinas. Nesses eventos, a manutenção à demanda de elevadores

não é uma opção, mas parte da estrutura contratual de um Sistema de

Manutenção Planejada (SMP) bem-sucedido.

Dessa forma, a presente proposta de estratégia de manutenção mecânica

para elevadores divide a manutenção à demanda em dois pontos: Manutenção

em atendimento normal e manutenção em atendimento de plantão. A única

diferença entre esses dois são os turnos de funcionamento. Enquanto a

manutenção em atendimento normal se restringe aos dias da semana em

horário comercial, o atendimento de plantão garante o reestabelecimento do

funcionamento normal dos elevadores no turno da noite, além de sábados,

domingos e feriados. Fato é que, não importa o dia, incidentes sempre podem

acontecer e a empresa deve estar pronta para lidar com eles.

Ainda dentro da manutenção à demanda, é possível definir uma

manutenção em caráter emergencial. A razão para destacá-la das outras e

categorizá-la separadamente é a ocorrência de acidentes. Caso hajam

passageiros retidos no interior da cabina ou em caso de acidentes, o

atendimento deve ser de prontidão 24 (vinte e quatro) horas por dia, ficando em

ambos os casos o elevador paralisado para posterior verificação e correção da

falha.

4.2.3. BOAS PRÁTICAS

4.2.3.1. MÉTODO DA ETIQUETAGEM

Agora que já foram detalhadas as rotinas de manutenção; estipuladas as

periodicidades; definidas as técnicas utilizadas e; observadas as exigências da

legislação e nos textos normativos, a cabe, finalmente, fechar a proposta de

manutenção mecânica planejada para elevadores. Para tanto, serão apresentadas

54

um conjunto de boas práticas consolidadas, como por exemplo o Método da

Etiquetagem.

Extremamente simples, porém eficaz, o método da etiquetagem consiste em

colocar uma etiqueta no equipamento contendo o nome do vistoriador e data da

última vistoria. Esse é um método fácil e prático para que o cliente tenha controle

imediato de quando foi a última e inspeção e se oriente em relação a próxima, sem

precisar buscar ordens de serviço, laudos ou contratos. Um exemplo de etiqueta

está mostrado na figura 14 (quatorze).

Figura 13. Modelo de Etiqueta a ser fixada no equipamento após inspeção técnica

Fonte: Elevadores Alt Com. E Serviços LTDA

4.2.3.2. PLACA DE CAPACIDADE

Apesar de a fixação da placa de capacidade de passageiros ser obrigatória e

estar prevista na forma da lei N.º 2.743/99 [26], a realidade é que muitos

elevadores de edifícios residenciais e comerciais falham nessa tarefa tão simples.

Outros falham ainda na fixação da capacidade correta para o elevador em questão,

negligenciando que a capacidade está estipulada no quadro 3 (três), geralmente

fornecido pelo próprio fabricante ou pela empresa de manutenção. Um exemplo

55

dessas referidas placas de capacidade está apresentado na figura 15 (quinze) pela

empresa Atlas Schindler [28].

Quadro 3. Carga Nominal [Kg] de passageiros estipulada pelo próprio fabricante.

Fonte: Retirado de Atlas Schindler (02/03/2019) e marcações feitas pelo autor.

Figura 14. Carga Nominal [Kg] de passageiros estipulada pelo próprio fabricante a ser fixada

no elevador

Fonte: Atlas Schindler (02/03/2019)

56

4.2.3.3. RECOMENDAÇÕES AOS USUÁRIOS

Uma outra boa prática interesssante de ser adotada é relativa ao uso dos

elevadores pelos usuários. Ora, mas é claro que a qualidade da manutenção define

a vida útil do elevador, contudo se a utilização do equipamento for correta, os seus

compoenentes tendem a durar mais. Minimizando o desgaste dos componentes e o

stress sob as peças, os condôminos – para o caso de um edifício residencial, por

exemplo – garantem a durabilidade do elevador. Nesse sentido, um conjunto de

cuidados ao utilizar o elevador está apresentado na figura 16 (dezesseis).

Figura 15. Cuidados ao Utilizar o Elevador

Fonte: Corpo de Bombeiros do Paraná (02/03/2019)

57

4.2.3.4. LEIS PERTINENTES À UTILIZAÇÃO DOS ELEVADORES

Ainda no que tange comportamentos louváveis por parte dos usuários nos

elevadores, duas legislações são pertinentes em termos de utilização: a Lei

Municipal do Rio de Janeiro, nº 2.546 de 12 de Maio de 1997 e a Lei Municipal do

Rio de Janeiro, nº 3.629 de 28 de Agosto de 2003 [29] [30]. No sentido de evitar

acidentes a primeira lei exige o cumprimento das seguintes normas relevantes:

Número de passageiros e a capacidade máxima não podem exceder a

determinada pelo fabricante;

Menores de 10 (dez) anos não devem andar nos elevadores desacompanhados;

Não se deve jogar água no corredor do prédio. Ao entrar no vão do elevador, a

água pode provocar curto-circuito nos fechos eletromecânicos;

Só permitir que reparos sejam feitos no elevador por pessoas ou empresas

credenciadas. O condomínio será responsabilizado civil e criminalmente caso

ocorram acidentes com o equipamento.

Por outro lado, não tanto em termos de cuidados na utilização, mas de

postura para com os outros usuários, a lei nº 3.629/2003 ´´ veda qualquer forma de

discriminação no acesso aos elevadores existentes neste Município, em virtude de

raça, sexo, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença de deficiência e

doença não-contagiosa por contato social, podendo os seus infratores reponder às

sanções criminais na forma da legislação brasileira.´´ [30].

58

5. A FALTA DE MANUTENÇÃO E A AUTOVISTORIA: UM CASO REAL

Descritos todos os aspectos da proposta de estratégia para a manutenção de elevadores

do presente texto aliados à um conjunto de boas práticas que devem ser adotadas na

utilização do equipamento, o estudo será encerrado com um exemplo prático de inspeção

técnica. O objetivo aqui é apresentar, na prática, um laudo de Autovistoria Predial que

aponta falhas que devem ser observadas e corrigidas pelos condôminos. Também é

importante ter em mente que, caso a estratégia de manutenção proposta fosse seguida à

risca, as desconformidades estariam constatadas e corrigidas antes da Autovistoria

identificá-las. No entanto, como explicado no subitem 4.2.2.2, a atuação dessas duas

vertentes é, de fato, complementar.

O prédio analisado é o condomínio do edifício residencial Julieta Mendes localizado

na cidade de Niterói no bairro de Icaraí no ano de 2014 [31]. Devido a grande extensão do

Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP), serão exibidos aqui apenas as páginas e

fotografias tocantes ao assunto da manutenção mecânica planejada de elevadores. O laudo

possui uma série de outras considerações acerca de engenharia civil e arquitetura que,

apesar de cruciais para o edifício, fogem ao escopo da presente análise.

O formato do relatório contém sempre uma descrição daquilo que foi visto pelo

profissional e, posteriormente, as considerações sobre a conformidade ou não dos

componentes.

5.1. CASA DE MÁQUINAS DOS ELEVADORES

Seguem então, em anexo, as páginas relevantes do Laudo Técnico, juntamente com as

fotos que descrevem o recinto e as fotos que constatam a falha relatada durante a inspeção

técnica.

59

Figura 16. Descrição da casa de máquinas dos elevadores

Fonte: BECKER, Laudo Técnico de Vistoria Predial, 2014.

60

Figura 17. Considerações acerca da Casa de Máquinas dos Elevadores

Fonte: BECKER, Laudo Técnico de Vistoria Predial, 2014.

61

Figura 18. Máquinas de Tração na Casa de Máquinas dos Elevadores

Fonte: BECKER, Laudo Técnico de Vistoria Predial, 2014.

62

Figura 19. Quadros de Comando na Casa de Máquinas dos Elevadores

Fonte: BECKER, Laudo Técnico de Vistoria Predial, 2014.

63

Figura 20. Registro de Fiação aparente na Casa de Máquinas dos Elevadores

Fonte: BECKER, Laudo Técnico de Vistoria Predial, 2014.

64

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1. CONCLUSÃO

Analisando o trabalho desenvolvido até aqui, podemos perceber que a proposta de

uma estratégia de manutenção mecânica planejada para elevadores foi feita de maneira

bem estrutura e densa. Também é importante perceber que foram apresentadas

justificativas para a estruturação dessa estratégia, tanto a partir de quesitos legais e

normativos, quanto da demanda exigida pelo mercado com o uso contínuo e difundido do

equipamento. E, consequentemente, do profissional de engenharia mecânica.

Além de se apoiar amplamente na legislação estadual e municipal do Rio de

Janeiro; e na norma, o estudo contou ainda com expertise de mercado de trabalho, obtida

através de entrevistas tanto com profissionais da manutenção de elevadores; quanto com

profissionais ligados ao ramo da Autovistoria Predial. Dessa forma, o texto buscou

estruturar uma estratégia de manutenção complexa que vislumbrasse todos os vieses da

questão: o governamental; o da empresa contratada de manutenção; o da inspeção técnica;

as descrições técnicas de fabricantes; e o dos usuários.

Estrutrada um estratégia que, inclusive, retomou as técnicas de manutenção

propostas na seção de revisão da literatura da monografia, o trabalho apresentou ainda um

conjunto de boas práticas para elevadores. Essas práticas, pertinentes tanto aos usuários

quanto a empresa mantenedora, também estavam alinhadas com as demandas do mercado.

Dessa forma, foi demonstrado que dada a recente obrigatoriedade da Autovistoria

Predial, adotar a estratégia de manutenção proposta implica em uma série de ganhos.

Primeiramente a conformidade com a lei e as normas, depois, é claro, o fim do corriqueiro

negligenciamento da manutenção, garantindo assim que os requisitos de segurança,

conforto e confiabilidade do equipamento estão sendo atendidos. Ficam garantidas ainda,

medidas prevenção contra acidentes e possíveis sanções que um edifício pode sofrer no

momento da Autovistoria caso a manutenção não tenha sido bem feita. Ainda mais para

um equipamento tão demandado como é o caso dos elevadores.

Por fim, definidos os ganhos agregados à adoção da estratégia de manutenção

proposta, com o objetivo de ilustrar um processo de inspeção predial técnico, foi

65

apresentado um Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP) no tocante ao equipamento

mecânico chave do trabalho – os elevadores. O estudo de caso buscou evidenciar a prática

de uma autovistoria predial e corroborar, mais uma vez, a necessidade de um Sistema de

Manutenção Planejada (SMP) para elevadores coerente.

6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS E LIMITAÇÕES DO TRABALHO

Estender a análise e detalhá-la para outros equipamentos mecânicos dentro das

instalações prediais de edifícios residencias e comerciais, uma vez que o escopo do

trabalho delimitava o estudo e a análise mais preponderante à manutenção de

elevadores. No entanto, instalações específicas como a do sistema de bombeamento ou

mesmo outros tipos de instalações e máquinas, podem conter equipamentos mecânicos

e, portanto, demandar o profissional de engenharia mecânica.

Outra sugestão que cabe também é fugir da própria delimitação em si que

restringe o estudo a equipamentos mecânicos. Como mencionado no próprio corpo do

texto, todo o processo de autovistoria e mesmo de estruturação de manutenção

planejada pode passar pelos inputs e insights de vários profissionais – o que, diga-se

de passagem está alinhado com as premissas da TPM (Manutenção Produtiva Total).

Dessa forma, análises de outras vertentes da estrutura e outros equipamentos no

detalhe fornecidas por uma equipe de profissionais de diferentes áreas, certamente

contribuiriam para o desenvolvimento de um Sistema de Manutenção Planejada (SMP)

ainda mais sofisticado.

66

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MONCHY, François. A Função Manutenção: Formação para a gerência da

Manutenção Industrial. 1.ed. São Paulo: Ed. Durban, 1987. 424 p.

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Eliminar Falhas nos Equipamentos e Aumentar a Produtividade. 1.ed. Rio de Janeiro:

EDG, 1998.

[3] ZAIONS, Douglas R. Manutenção Industrial com Enfoque na Manutenção Centrada

em Confiabilidade. Porto Alegre: UFRGS, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia),

Curso de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, 2003.

[4] TAVARES, Lourival Augusto. Excelência na Manutenção – Estratégias, Otimização e

Gerenciamento. Salvador: Casa da Qualidade Editora Ltda., 1996.

[5] MOUBRAY, John. Manutenção Centrada em Confiabilidade. São Paulo: Aladon Ltda,

2000.

[6] ALVARES, Omar Emir, Manual de Manutenção Planejada, UFPB, 1988.

[7] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5462:1994,

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Itajubá: 2000. Disponível em: <http://www.mtaev.com.br/download/mnt1.pdf>. Acesso em:

17 de novembro de 2018

[9] NEWMANN, Clóvis. Projeto de Fábrica e Lay out. Notas de aula.

[10] CITISYSTEMS, Total Productive Maintenance (TPM). Disponível em:<

https://www.citisystems.com.br/o-que-e-tpm/>. Acesso em: 25 de Novembro de 2018.

[11] PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO E SECOVIRIO - Cartilha “autovistoria –

avaliação predial” (2014). Disponível em: <

http://autovistoria.rio.rj.gov.br/public/download/CartilhaAutovistoria.pdf> Acesso em: 22 de

Janeiro de 2019.

67

[12] DOLACIO, A. C. A Obrigatoriedade da Inspeção predial COBREAP XVII –

Congresso Brasileiro de Engenharia de avaliações prediais.

[13] CONSENZA, L. - SENGE RJ – Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro, Elaboração

de Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP) – Guia de Procedimentos, 2014.

[14] PUJADAS, F. Z. A.; SALDANHA, M. S. et al - IBAPE– Instituto Brasileiro de

Avaliações e Perícias de Engenharia – Norma de Inspeção Predial Nacional, 2012.

[15] PORTAL DE NOTÍCIAS G1 - Desabamento de edifício em São Paulo - Disponível

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[16] CLUBE DE ENGENHARIA – As causas do desastre do Edifício Liberdade.

Disponível em:< http://portalclubedeengenharia.org.br/2017/11/30/edificio-liberdade-as-

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[17] CÂMARA, L. A. Parecer Técnico de Engenharia, Avaliação das causas do

desabamento do Ed. Liberdade. Disponível em: <

https://benhuser.files.wordpress.com/2010/07/desabamento-do-ed-liberdade.pdf > Acesso em:

03/02/2019.

[18] Lei Estadual do Rio de Janeiro, nº 6400, de 05 de Março de 2013.

[19] Lei Municipal Complementar do Rio de Janeiro, nº 126, de 26 de Março de 2013.

[20] Decreto nº 37.426, Rio de Janeiro, de 11 de Julho de 2013.

[21] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5.674: -

Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção, ABNT,

2012.

[22] IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia - Norma de

inspeção predial nacional, 2012.

[23] Aecweb – Bombeamento de água em edifícios. Disponível em:<

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68

[24] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NM 207: -

Elevadores elétricos de passageiros - Requisitos de segurança para construção e

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[25] Cartilha Atlas Schindler – Transporte Vertical – Normas Brasileiras e Cálculo de

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[26] Lei Municipal do Rio de Janeiro, nº 2.743 de 07 de Janeiro de 1999.

[27] Lei Municipal do Rio de Janeiro, nº Nº 3.417 de 27 de junho de 2002.

[28] Schindler 3300 – Dados de planejamento de elevadores. Disponível em:<

https://www.schindler.com/content/pt/internet/pt/solucoes-de-

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[29] Lei Municipal do Rio de Janeiro, nº 2.546 de 12 de Maio de 1997.

[30] Lei Municipal do Rio de Janeiro, nº 3.629 de 28 de Agosto de 2003.

[31] FREITAS, ANA BECKER DE. Laudo Técnico de Inspeção Predial, 2014.

[32] Tolerância a falhas: conceitos e exemplos, Curva da Banheira. Disponível em:<

http://www.inf.ufrgs.br/~taisy/disciplinas/textos/ConceitosDependabilidade.PDF>. Acesso

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[33] KARDEC, A., & NASCIF, J. Manutenção: Função Estratégica. Rio de Janeiro:

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[34] BRANCO FILHO, GIL. Indicadores e Índices de Manutenção. Rio de Janeiro: Editora

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[35] CREA-RJ. Autovistoria e Laudo Técnico de Vistoria Predial, Agosto de 2014.

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[36] PORTAL DE NOTÍCIAS NOVO HAMBURGO – A queda de três edifícios no

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[37] SILVA, Luiz Paulo Pereira, Manutenção Predial: Modelo de Laudo Técnico

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[38] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13.994:

- Elevadores de passageiros - Elevadores para transporte de pessoa portadora de

deficiência, ABNT, 2000.

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[39] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410: -

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[40] Loja Virtual Casa Florêncio – Bombas de recalque. Disponível em:<

http://www.casaflorencio.com.br/bomba-recalque> Acesso em: 10/02/2019

[41] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5665: -

Cálculo do Tráfego nos Elevadores, ABNT, 1983.

[42] Corpo de Bombeiros do Paraná – Cuidados ao Utilizar o Elevador. Disponível

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[43] Planejamento da Manutenção Mecânica – PMM. Notas de aula. UFRJ, 2018.

[44] Etapas da Inspeção de Elevadores – Auditoria dos Elevadores. Disponível em:<

https://www.meuelevador.com/inspecao-de-elevadores/> Acesso em: 02/03/2019