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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ALINE MOTA DE BARROS MARCELLINI INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSAMENTO DE NÉCTAR DE PITANGA: ASPECTOS DE SEGURANÇA, QUALIDADE E EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR. Rio de Janeiro 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ALINE MOTA DE BARROS MARCELLINI

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSAMENTO DE

NÉCTAR DE PITANGA: ASPECTOS DE SEGURANÇA, QUALIDADE E EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR.

Rio de Janeiro

2014

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ALINE MOTA DE BARROS MARCELLINI

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSAMENTO DE

NÉCTAR DE PITANGA: ASPECTOS DE SEGURANÇA, QUALIDADE E EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR.

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisitos parcial à obtenção do título de Doutor em Ciência de Alimentos

Dra. Rosires Deliza

Orientadora

Dr. Amauri Rosenthal

Co-orientador

TRABALHO EXPERIMENTAL DESENVOLVIDO NA

EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS

Rio de Janeiro

2014

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M314 Marcellini, Aline Mota de Barros.

Inovação tecnológica no processamento de néctar de pitanga: aspectos de segurança, qualidade e expectativa do consumidor / Aline Mota de Barros Marcellini. – Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2014. 147f.: il. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, Rio de Janeiro, 2014. Orientador: Rosires Deliza. Co-orientador: Amauri Rosenthal. 1. Pitanga - Análise sensorial. 2. Estudos de Consumidor. 3. Alta Pressão Hidrostática. 4. Carotenoides. I. Deliza, Rosires. (Orient.). II. Rosenthal, Amauri. (Co-orient). III. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos. IV. Título.

CDD: 664.001

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ALINE MOTA DE BARROS MARCELLINI

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSAMENTO DE NÉCTAR DE PITANGA: ASPECTOS DE SEGURANÇA, QUALIDADE E EXPECTATIVA DO

CONSUMIDOR.

Tese de Doutorado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos,

Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como requisito parcial pra obtenção do título de Doutor em Ciência de Alimentos.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Profa. Dra. Rosires Deliza

Orientadora Embrapa Agroindústria de Alimentos – Rio de Janeiro

_____________________________________________ Prof. Dr. Amauri Rosenthal

Co-orientador Embrapa Agroindústria de Alimentos – Rio de Janeiro

_____________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Guedes Torres

Instituto de Química - UFRJ

_____________________________________________ Profa. Dra. Verônica Maria de Araújo Calado

Escola de Química – UFRJ

_____________________________________________ Profa. Dra. Lúcia Helena Esteves dos Santos Laboissière

Faculdade de Farmácia – UFMG

_____________________________________________ Prof. Dr. Lauro Luís Martins Medeiros de Melo

Escola de Química – UFRJ

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As minhas princesas, minhas filhas Ana Beatriz e Manuela...

...aos meus pais, Sirlene e Manuel, meus maiores incentivadores...

...ao meu marido, Paulo Sergio, o meu porto seguro...

...dedico.

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AGRADECIMENTOS

Mais uma vez a Ti Senhor, eu agradeço pela sua infinita bondade e misericórdia.

As minhas filhas, Manuela e Ana Beatriz, obrigada pelos momentos de alegria e

descontração. Tudo só vale apena para tê-los com vocês!

Aos meus pais, Sirlene e Manuel, com vocês tenho aprendido dia-a-dia o

significado do sentimento “amor incondicional”. Muito obrigada!

Ao meu grande amor, Paulo Sergio, sabemos o quão difícil foi este período para

nós, mas ter você ao meu lado é imprescindível. Muito obrigada pela sua paciência. Te

amo!

A minha orientadora, Dra. Rosires Deliza, de fato e de direito, finalmente! Muito

obrigada por confiar em mim e me ajudar a crescer e evoluir. Sua orientação e amizade

foram fundamentais neste momento tenso e único da vida.

Ao meu Co-orientador, Dr. Amauri Rosenthal, obrigada pela confiança, amizade e

oportunidade de aprendizado.

A banca examinadora Dra. Lúcia Helena Esteves dos Santos Laboissière; Dra.

Verônica Calado; Dr. Lauro Luís Martins Medeiros de Melo e Dr. Alexandre Guedes

Torres pelas valiosas correções, sugestões e considerações.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos e seus funcionários que mais uma vez me

acolheram de forma espetacular.

A De Marchi Indústria e Comércio de Frutas Ltda que gentilmente cedeu toda a

polpa de pitanga in natura utilizada neste estudo.

A Claudia Gomes e Cátia Oliveira, as amigas que fiz durante esta jornada.

Obrigada por toda a ajuda técnica, amizade e concelhos “maternos”.

A Maristella Martineli e Jéssica Rivas, amigas do IQ, pelo carinho, amizade e

companheirismo em todos os momentos.

A Ellen Almeida, minha companheira de pitanga e pressão. Obrigada pela ajuda e

companhia foram essenciais.

A Dra. Daniella De Grandi Castro Freitas, pesquisadora do Laboratório de Análise

Sensorial e Instrumental, obrigada pela amizade e carinho.

Aos amigos e companheiros do Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental da

Embrapa, Mayara Lima, Karla Resende, Felipe Reis, Nathália Henriques, Ellen Almeida,

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Thalita Gomes, Marcela Alcântara, Raquel Claverie, Carolina Claudio, Denize Oliveira,

Juliana Andrade e Fernanda Tojal, que ajudaram infinitamente na execução desde

trabalho e dividiram as expectativas dos testes finais.

Ao Especialista José Carlos Sá Ferreira, técnico do Laboratório de Análise

Sensorial e Instrumental, obrigada pelo apoio durante os testes de consumidor e

ensinamentos.

Ao Marcos Moulin, Caio e Lohanna, os idealizadores e executores dos lindos

rótulos utilizados neste estudo. Obrigada pelo carinho!

Aos meus avaliadores dos Perfis Livre e Flash, Sérgio (Filé), Agnelli, Marco

Antunes, Marcos Moulin, Anderson, Claudia, Felipe, Willian Júnior, Simone, Sidnéia e

Vanessa. Obrigada pela dedicação a este trabalho.

Aos funcionários e estagiários do Laboratório de Cromatografia Líquida da Embrapa

Agroindústria de Alimentos pelo espaço, apoio técnico e paciência durante a realização

das análises.

Aos consumidores que realizaram as análises sensoriais desta tese. Muito obrigada

vocês foram parte primordial deste estudo.

A Alessandra, Maria Eduarda e Eduardo, meus eternos incentivadores e amigos

desta e de outras vidas.

À minha avó Armenia, que não poupou orações para que eu tenha terminado este

trabalho.

Ao meu avô, Augusto (in memoriam), que me deixou bem antes desta caminhada

começar, mas ensinou-me grandes lições de perseverança que mais uma vez pude

exercitar!

A toda a minha família, obrigada pelo estímulo desde a infância.

A minha super chefa, MSc. Andréa Bittencourt, sua liderança faz toda a diferença.

As minhas amigas e amigos da UCB, Andréa Bittencourt, Elaine Lima, Luciana

Moura, Ethel Gomes, Cristiane Cravo, Etiene Picanço, Mônica Mano, Patrícia Fernandes,

Nicolas Tebaldi e Ricardo Laino. Sem vocês o trabalho perderia a graça.

Aos meus alunos e alunas, obrigada pelo incentivo diário.

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"Acompanha a marcha dos acontecimentos sem sofreguidão. A tua ansiedade ou

o teu receio não alterarão o curso das horas. Aguarda o que há de suceder, sem

que te imponhas sofrimento desde a véspera. O que pensas que acontecerá,

talvez se dê, não porém da forma como aguardas, porquanto, a vida obedece a

um plano de incessantes mudanças e transformações. Desse modo, espera com

harmonia íntima, afastando do teu programa a agitação e o medo."

Joanna de Ângelis.

(“Vida Feliz” psicografado por Divaldo P. Franco)

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MARCELLINI, Aline Mota de Barros. Inovação Tecnológica no Processamento

de Néctar de Pitanga: Aspectos de Segurança, Qualidade e Expectativa do

Consumidor. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos). Instituto de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

A pitanga (Eugenia uniflora L.) é uma fruta típica de pomares domésticos e

apresenta quantidade significativa de compostos bioativos. Todavia, quando

madura é suscetível às injúrias, o que dificulta o transporte e comercialização. A

produção de néctar da fruta constitui, portanto, alternativa de consumo. A Alta

Pressão Hidrostática tem sido sugerida como método de processamento que

preserva as características sensoriais e nutricionais sem usar aditivos e

conservantes, fornecendo produto seguro microbiologicamente e com prazo de

validade estendido, além de atender às demandas de mercado que busca

produtos próximos aos não processados. Este trabalho teve como objetivo

processar néctar de pitanga utilizando a Alta Pressão Hidrostática (APH) visando

esterilidade comercial e avaliar o efeito desta tecnologia inovadora nas

características sensoriais, nutricionais, na expectativa e disposição a pagar do

consumidor. Para o processamento da polpa de pitanga foi realizado

planejamento de superfície de resposta (23), onde pressão, tempo e temperatura

foram as variáveis independentes, a variável resposta obedeceu a legislação

brasileira (Salmonella spp., aeróbios mesófilos, coliformes a 45ºC e fungos

filamentosos e leveduras). A formulação do néctar de pitanga utilizou as

metodologias escala do ideal e de superfície de resposta para identificar a doçura

e diluição ideais sob o ponto de vista do consumidor. A formulação obtida foi

analisada quanto à cor instrumental e teor total e perfil de carotenoides. Foram

criados oito rótulos/embalagens para o néctar de pitanga, com a manipulação dos

fatores: ilustração, antioxidantes, aditivos, APH e logomarca da Embrapa; todos

com dois níveis, a partir de planejamento fatorial fracionado. Foi avaliada a

intenção de compra por 116 consumidores utilizando escala não estruturada de

10cm. Para avaliar o efeito da tecnologia aplicada e informação sobre aditivos e

antioxidantes na disposição a pagar dos produtos foi utilizado o método BDM, no

qual 149 consumidores participaram. O néctar pressurizado (300MPa por 5 min

em 25oC), in natura e quatro marcas comercias foram avaliados sensorialmente

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utilizando o Perfil Livre (PL) e Perfil Flash (PF) por 10 avaliadores treinados. Os

parâmetros de cor instrumental avaliados não apresentaram diferença significa

entre as amostras pressurizada e in natura. Os teores de carotenoides totais e

licopeno na polpa de pitanga pressurizada foram superiores aos das amostras in

natura e pasteurizada. Os resultados da escala do ideal e a metodologia de

superfície de respostas identificaram formulações semelhantes (10g de açúcar e

36mL de polpa de pitanga/100mL de néctar e 9,82g de açúcar e 33mL

polpa/100mL de néctar, respectivamente). Distintos segmentos de consumidores

foram identificados baseado na observação dos rótulos/embalagens revelando

que a ilustração foi importante fator na intenção de compra do produto. O método

BDM não revelou diferença significativa entre os produtos (p>0,05) para o preço

de reserva atribuído pelos consumidores. O Perfil Livre e Perfil Flash foram

capazes de caracterizar sensorialmente as amostras de néctar in natura,

pressurizado e comerciais, em ambas as metodologias a similaridade das polpas

in natura e pressurizada foi observada.

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MARCELLINI, Aline Mota de Barros. Technological innovation on the Brazilian

cherry nectar processing: safety, quality and consumer expectation. Tese

(Doutorado em Ciência de Alimentos). Instituto de Química, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Brazilian cherry (Eugenia uniflora L.) is a tropical fruit typically from orchards,

and has a high quantity of bioactive compounds. However, it is quite fragile, being

susceptible to injuries which difficult transportation and commercialization. The

nectar is, therefore, an alternative to consumption. The High Hydrostatic Pressure

(HHP) has been suggested as a processing method that preserves the sensory

and nutritional characteristics without using additives or preservatives, keeping the

product microbiologically safe and with extended shelf life. In addition, it achieves

market demands that look for products close to the unprocessed ones. The

objective of this study was to process Brazilian cherry nectar using HHP aiming at

commercial sterility, and to evaluate the effect of this innovative technology on

sensory, nutritional, and consumer’s expectation and willingness to pay. The

cherry pulp processing was carried out the response surface methodology (23),

where pressure, temperature and time were the independent variables, and the

response variable followed the Brazilian legislation (Salmonella spp., aerobic

mesophilic, coliform at 45° C and molds and yeasts). To formulate the Brazilian

cherry nectar the just about right scale and response surface methodology were

used to identify the sweetness and ideal dilution from the consumer point of view.

The formulation obtained was analyzed for the instrumental color, total content

and carotenoid profile. Eight labels/packaging were created for the Brazilian cherry

nectar, with the manipulation of the factors: illustration, antioxidants, additives,

HHP and Embrapa logo; all with two levels from a fractional factorial design.

These eight labels/packaging were evaluated by 116 consumers for the intention

to purchase using 10 cm unstructured scales. The BDM method was used to

evaluate the effect of the applied technology, and the information on additives and

antioxidants on the willingness to pay for products by149 fruit juice consumers.

The pressurized nectar (300MPa for 5 min at 25oC), fresh and four commercial

products were evaluated using the Free Choice Profile (FCP) and Flash Profile

(FP) by 10 trained assessors. Color parameters showed no difference between

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pressurized and fresh samples. The total carotenoids and lycopene levels of the

pressurized Brazilian cherry pulp were higher than those in fresh samples and

pasteurized. The results of the just about right scale and response surface

methodology identified similar formulations (10g of sugar and 36ml of cherry pulp /

100mL nectar and sugar and 33ml 9.82g pulp / 100mL nectar, respectively).

Distinct consumer segments were identified based on the observation of the

labels/packaging, revealing that illustration was an important factor on the intention

to purchase of the product. The BDM method showed no significant difference

between products (p>0.05) for the reservation price assigned by consumers. The

FCP and FP were able to sensory characterize the fresh, pressurized and

commercial samples; it was observed in both methodologies the sensory similarity

between the fresh and pressurized pulps.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Pitanga (Eugenia uniflora L.) 22

Figura 2. Estrutura química dos carotenoides encontrados na pitanga (RODRIGUEZ-AMAYA, 2001)

25

Figura 3. Ilustração dos rótulos utilizados neste estudo. A = Tradicional; B = Moderna

54

Figura 4. Rótulos utilizados neste estudo conforme a descrição mostrada na Tabela 5 - Moderno

56

Figura 5. Rótulos utilizados neste estudo conforme a descrição mostrada na Tabela 5 - Tradicional

57

Figura 6. Exemplos de rótulos nas embalagens. 58

Figura 7. Rótulos utilizados no estudo de disposição a pagar 61

Figura 8. Amostras de néctar de pitanga avaliadas quanto à disposição a pagar

62

Figura 9. Ficha utilizada no estudo de aceitação esperada e disposição a pagar

62

Figura 10. Cromatograma obtido para a polpa de pitanga in natura 74

Figura 11. Cromatograma obtido para a polpa de pitanga pressurizada 75

Figura 12. Cromatograma obtido para a polpa de pitanga pasteurizada 75

Figura 13. Determinação da doçura “ideal” para a formulação de néctar de pitanga.

77

Figura 14. Determinação da diluição “ideal” para a formulação de néctar de pitanga

78

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Figura 15. Gráfico de Superfície de Resposta para estimar a diluição e doçura ideais de néctar de pitanga.

80

Figura 16. Dendrograma dos consumidores (n=116) 87

Figura 17. Part-worths e importância relativa (IR) dos fatores das embalagens/rótulos em função da intenção de compra para os consumidores do Cluster 1 (n=32). A = ilustração tradicional; B = ilustração moderna

88

Figura 18. Part-worths e importância relativa (IR) dos fatores das embalagens/rótulos em função da intenção de compra para os consumidores do Cluster 2 (n=58). A = ilustração tradicional; B = ilustração moderna

88

Figura 19. Part-worths e importância relativa (IR) dos fatores das embalagens/rótulos em função da intenção de compra para os consumidores do Cluster 3 (n=26). A = ilustração tradicional; B = ilustração moderna.

89

Figura 20. Distribuição das amostras por avaliador e consenso - Perfil Livre. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas

108

Figura 21. Distribuição das amostras e atributos, Perfil Livre. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas

110

Figura 22. Distribuição das amostras por avaliador e consenso – Perfil Flash. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas.

113

Figura 23. Distribuição das amostras e atributos, Perfil Flash. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas

115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição centesimal da fruta de pitangueira in natura 23

Tabela 2. Delineamento experimental 47

Tabela 3. Variáveis independentes e níveis de planejamento 52

Tabela 4. Fatores de embalagem de néctar de pitanga e respectivos níveis utilizados no estudo da Conjoint Analysis

53

Tabela 5. Delineamento fracionado para elaboração dos rótulos das embalagens de néctar de pitanga

55

Tabela 6. Fatores de embalagem e respectivos níveis utilizados neste experimento

59

Tabela 7. Delineamento para elaboração dos rótulos do estudo de disposição a pagar

60

Tabela 8. Análise microbiológica da polpa de pitanga in natura (não pressurizada)

65

Tabela 9. Contagem de coliformes a 45ºC, aeróbios mesófilos e fungos filamentosos e leveduras nas amostras do planejamento experimental utilizado

66

Tabela 10. Caracterização físico-química da polpa de pitanga in natura 68

Tabela 11. Média1,2 dos parâmetros de cor instrumental no sistema Hunter 70

Tabela 12. Média1,2 ± desvio padrão dos teores de carotenoides totais e perfil

71

Tabela 13. Coliformes a 45° e fungos filamentosos e leveduras em polpa de pitanga controle (não pressurizada) e tratada por APH (300 MPa/5min/25°C), armazenada a 5±1ºC

76

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Tabela 14. Médias de aceitação das amostras de néctar de pitanga 79

Tabela 15. Médias* de aceitação das amostras de néctar de pitanga 82

Tabela 16. Média de Intenção de Compra das Embalagens/Rótulos 84

Tabela 17. Características sócio-econômicas dos consumidores 93

Tabela 18. Porcentagem de aceitação dos consumidores que alegaram já ter consumido néctar de pitanga.

94

Tabela 19. Frequência na leitura de rótulos pelos consumidores. 95

Tabela 20. Ordenação§ dos fatores de embalagem que interferem na intenção de compra dos consumidores.

96

Tabela 21. Declaração de conhecimento sobre Alta Pressão Hidrostática e consumo de alimentos que contenham antioxidantes e aditivos

97

Tabela 22. Médias* de aceitação da expectativa** e preço máximo que estão dispostos a pagar pelos produtos

99

Tabela 23. Preço de reserva, valores mínimo, máximo e médio+ citados pelos consumidores para embalagem contendo 500mL de néctar

101

Tabela 24. Atributos levantados pelos avaliadores e o número dos que citaram cada atributo

103

Tabela 25. Número de vezes que cada atributo foi citado pelos avaliadores e apresentou alta correlação (r>0,5; r<-0,5) nas dimensões 1 e 2, para o PL.

106

Tabela 26. Variância explicada pelas cinco primeiras dimensões – Perfil Livre

107

Tabela 27. Número de vezes que cada atributo foi citado pelos avaliadores e apresentou alta correlação (r>0,5; r>0,5) nas dimensões 1 e 2 para o PF

111

Tabela 28. Variância explicada pelas cinco primeiras dimensões – Perfil Flash

113

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 18

2.0 OBJETIVOS 21

2.1 OBJETIVO GERAL 21

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 21

3.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 22

3.1 PITANGA 22

3.1.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E TEOR DE ANTIOXIDANTES 23

3.2 PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS – POLPAS, NÉCTARES E SUCOS DE

FRUTAS 27

3.3 AS TECNOLOGIAS INOVADORAS – ALTA PRESSÃO HIDROSTÁTICA (APH). 29

3.4 ESTUDOS DE CONSUMIDOR E ANÁLISE SENSORIAL 34

3.4.1 ESTUDOS DE CONSUMIDOR 34

3.4.1.1 O MÉTODO DE BECKER-DEGROOT-MARSCHAK (BDM) 42

3.4.2 ANÁLISE SENSORIAL – TESTES DESCRITIVOS 43

3.4.2.1 PERFIL LIVRE 44

3.4.2.2 PERFIL FLASH 44

4.0 MATERIAL E MÉTODOS 46

4.1 MATERIAL 46

4.1.1 ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE 46

4.2 MÉTODOS 46

4.2.1 PROCESSAMENTO DA POLPA DE PITANGA IN NATURA 46

4.2.2 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DA POLPA 47

4.2.2.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS 47

4.2.2.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 48

4.2.3 AVALIAÇÃO DA VIDA ÚTIL DO NÉCTAR DE PITANGA 50

4.2.4 ESTUDOS DE CONSUMIDOR E ANÁLISE SENSORIAL 50

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4.2.4.1 DETERMINAÇÃO DA DILUIÇÃO E DOÇURA IDEIAS DO

NÉCTAR DE PITANGA 50

4.2.4.2 EFEITO DA EXPECTATIVA NA AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS 53

4.2.4.3 AVALIAÇÃO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR 58

4.2.4.4 PERFIL LIVRE E PERFIL FLASH 64

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO 65

5.1 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA POLPA DE PITANGA IN NATURA 65

5.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 68

5.3 AVALIAÇÃO DA VIDA ÚTIL DA POLPA DE PITANGA 76

5.4 ESCALA DO IDEAL E SUPERFÍCIE DE RESPOSTA 77

5.5 EFEITO DA EXPECTATIVA NA AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS 84

5.6 AVALIAÇÃO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR 92

5.7 PERFIL LIVRE (PL) E PERFIL FLASH (PF) 103

5.7.1 PERFIL LIVRE 103

5.7.2 PERFIL FLASH 111

6.0 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES 117

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 119

APÊNDICE 144

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18

1.0 INTRODUÇÃO

A produção mundial de frutas tem apresentado crescimento, porém, com

volumes estáveis nos últimos anos. Nesse cenário, o Brasil é o terceiro maior

produtor mundial e o segmento tem garantido colheita superior a 40 milhões de

toneladas de frutas frescas desde 2004. No grande mapa do agronegócio global,

a importância do Brasil é inquestionável, sendo capaz de atender o mercado

interno e vem alcançando um espaço maior no mercado internacional,

principalmente com as frutas tropicais, em função das características sensoriais

particulares. Afirmativas comprovadas pelo desempenho das exportações

brasileiras de frutas frescas nas quais, em 2013, o Brasil destinou aos clientes

externos um total de 711,869 mil toneladas de frutas, 2,7% a mais do que o

enviado no ano anterior (SANTOS et al, 2013; TODA FRUTA, 2008).

Dentre as frutas tropicais produzidas está a pitanga (Eugenia uniflora L.),

que é típica de pomares domésticos, com aroma e sabor únicos, coloração que

varia do alaranjado ao vermelho escuro; porém, algumas variedades podem

apresentar coloração quase roxa ou, mesmo, negra. Tais características de

coloração evidenciam a presença de considerável teor de carotenoides e

compostos fenólicos sendo diretamente proporcional ao grau de maturação da

fruta. Esses compostos possuem ampla atividade antioxidante. Dados

epidemiológicos destacam o papel destas substâncias na prevenção do risco de

desenvolvimento de algumas doenças crônicas, como vários tipos de câncer,

doenças cardiovasculares e regulação do Diabetes Mellitus tipo 2 (BAGETTI,

2009; LOPES et al, 2005; LIMA et al, 2002, LOPES, 2005; CHOI et al, 2014;

KARPPI et al, 2009; WOOTTON-BEARD; RYAN, 2011).

Todavia, quando madura, a pitanga apresenta grande susceptibilidade às

injúrias, sendo de difícil conservação, o que desfavorece o transporte e

comercialização. Assim, a produção de néctar da fruta constitui alternativa de

consumo para os mercados nacional e internacional, mesmo em períodos de

entressafra. Dados da consultoria Nielsen por Corrêa (2014) reforçam essa

possibilidade, pois houve aumento na venda de sucos de frutas prontos para

consumo no Brasil, com crescimento de 11,7% até o 5º bimestre de 2013, se

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comparado com 2012. Aliado ao sabor único está o apelo nutricional que o

consumo de pitanga é capaz de proporcionar ao consumidor (CORRÊA, 2014;

BAGETTI, 2009; LOPES et al, 2005).

Entretanto, o processamento ao qual o fruto deve ser submetido, geralmente o

calor, pode depreciar tanto as características sensoriais quanto nutricionais. As

tecnologias denominadas inovadoras são capazes de processar alimentos

garantindo a manutenção das características sensoriais e nutricionais e, ao

mesmo tempo deixá-los livres de aditivos e conservantes, estando seguros

microbiologicamente e com prazo de validade estendido (KEENAN et al, 2012;

GÓMEZ; WELTI-CHANES; ALZAMORA, 2011; HOUSKA et al, 2006;

RATTANATHARNALERK; CHIEWCHAN; SRICHUMPOUNG, 2005; THAKUR;

NELSON, 1998; SAN MARTÍN; BARBOSA-CÁNOVAS; SWANSON, 2002; VAN

DER PLANCKEN et al, 2008).

É importante ressaltar que a necessidade de mudança na tecnologia utilizada

para o processamento também advém das exigências do atual mercado

consumidor, mais preocupado com questões nutricionais e de saúde (CÁRCEL et

al, 2012; CAO et al, 2012; MERTENS, 1992; COSTA et al; 2000; DELIZA et al,

2003; KREBBERS et al, 2003; RASO et al, 2003; DELIZA et al, 2005; VAN DER

PLANCKEN et al, 2008; RAWSON et al, 2011; RENDUELES et al, 2011;

HARTYANI et al, 2011).

A Alta Pressão Hidrostática (APH) é uma tecnologia inovadora e tem sido

investigada como um processo capaz de minimizar a perda da qualidade

nutricional e sensorial, ao mesmo tempo em que inativa microrganismos

patogênicos e deteriorantes dos alimentos. Os parâmetros de pressão

normalmente utilizados na indústria de alimentos não são capazes de romper

ligações covalentes, mantendo inalterados os compostos que conferem cor,

aroma e sabor aos alimentos (FARKAS; HOOVER, 2000; BARBOSA-CÁNOVAS;

RODRÍGUEZ, 2002; CAO et al, 2012; KEENAN et al, 2012; KNORR, 1993;

GOULD, 2000; McKAY et al, 2011)

Entretanto, toda inovação, como o processamento por APH, deve ser

submetida à avaliação do consumidor e satisfazer as necessidades e expectativas

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(BIGLIARDI; GALATI, 2013, KARANTININIS; SAUER; FURTAN, 2010;

BECKEMAN; SKJOLDEBRAND, 2007).

Os testes de aceitação e intenção de compra têm sido responsáveis em

cumprir essa tarefa (STONE; SIDEL, 2004). Entretanto, já está reportado na

literatura que a preferência por um produto pode diferir drasticamente caso ocorra

em uma situação hipotética, como em um estudo experimental, ou se envolver

compromisso real de compra, no qual o consumidor terá de enfrentar as

consequências das suas escolhas. Outro fator que também deve ser considerado

são as características não sensoriais do produto, como: a embalagem, a marca,

as informações nutricionais, as informações sobre a tecnologia de processo, etc.

Para investigar a disposição a pagar tem sido sugerido os métodos da economia

experimental, como o sugerido por Becker; DeGroot; Marschak (1964) (BDM) pois

essas ferramentas são capazes de estimar o quão dispostos estão os

consumidores para usufruírem daquele produto, sendo refletido no preço que

estão dispostos a pagar (GINON et al, 2009; GINON et al, 2014a; GINON et al,

2014b; LANGE et al, 2002; NOUSSAIR et al, 2004a; NOUSSAIR et al, 2004b).

Desse modo, investigar a percepção do consumidor em relação ao produto obtido

pelo uso de tecnologia não convencional e o quanto está disposto a pagar por ele

são etapas necessárias no processo de desenvolvimento de um produto.

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2.0 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Processar néctar de pitanga utilizando a tecnologia de Alta Pressão

Hidrostática, visando esterilidade comercial e avaliar o efeito desta tecnologia

inovadora aplicada em um produto tradicional nas características sensoriais,

nutricionais, expectativa e disposição a pagar do consumidor.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar os parâmetros de tempo, temperatura e pressão para o

processamento do néctar de pitanga, visando esterilidade comercial.

Avaliar a vida útil do produto processado por Alta Pressão Hidrostática.

Estudar os efeitos da APH no teor de carotenoides totais e perfil na polpa

de pitanga in natura, pressurizada e pasteurizada.

Comparar as metodologias de superfície de resposta e escala ideal para a

determinação dos teores de polpa e de açúcar adicionado pra elaboração de

néctar de pitanga.

Elaborar rótulos para as embalagens de néctar de pitanga através da

manipulação de fatores de embalagem.

Caracterizar e comparar por Perfil Livre e Perfil Flash os néctares de

pitanga preparados a partir da polpa in natura, pressurizada e marcas comerciais

disponíveis.

Verificar o preço máximo que os consumidores estão dispostos a pagar

pela inovação em néctar de pitanga.

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3.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 PITANGA

A pitanga (Eugenia uniflora L.) também conhecida como “Surinam cherry” ou

“Brazilian cherry”, é caracterizada por apresentar baga globosa, com sete a dez

sulcos longitudinais de 1,5 a 5,0 cm de diâmetro; coroado com sépalas

persistentes que possui aroma característico intenso e gosto doce e ácido (Figura

1). Já a coloração do fruto maduro varia desde o alaranjado, vermelho, vermelho

escuro, podendo chegar até quase roxo ou negro. Tal diversidade evidencia que

no Brasil não existem variedades perfeitamente definidas de pitangueiras sendo

comum o consumo de todas essas variedades (ONGARATTO, 2009; PORCU,

2004; BEZERRA et al, 2000; LEDERMAN; BEZERRA; CALADO, 1992; LIMA;

MÉLO; LIMA, 2000).

Figura 1. Pitanga (Eugenia uniflora L.).

A pitangueira é nativa do Brasil, cresce em regiões de clima tropical e

subtropical, especificamente nas regiões Sul e Sudeste. Apesar do clima

diferenciado, seu cultivo adapta-se às condições climáticas da região Nordeste,

principalmente no estado de Pernambuco, onde há o maior plantio racional em

escala comercial, com produção anual entre 1.300 e 1.700 toneladas por ano

(BEZERRA et al, 2000; SILVA, 2006). No mundo, atualmente, destacam-se a

América Central, Estados Unidos, China e Sul da França com plantios comerciais

da fruta (SILVA, 2006).

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Lopes (2005) afirmou que os frutos da pitangueira, quando maduros, são de

difícil conservação e armazenamento, dificultando sua comercialização. Esse fato

ocorre devido à grande susceptibilidade do fruto em sofrer injúrias, em função da

película fina que recobre a polpa. Por isso, estabelecer o beneficiamento industrial

de sua polpa e sua aplicação na produção de diversos produtos proporciona a

difusão do consumo dessa fruta. Bagetti (2009) propôs que as porções

comestíveis da pitanga poderiam ser usadas para elaboração de polpas

congeladas de néctar, pós para sorvetes, néctares naturais, entre outros

produtos.

3.1.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E TEOR DE ANTIOXIDANTES

A Tabela 1 apresenta a composição centesimal do fruto da pitangueira in

natura (TACO, 2011). Verifica-se o grande teor de água que compõe o fruto, e

ainda apresenta quantidades significativas de carboidratos e fibras.

Tabela 1. Composição centesimal do fruto da pitangueira in natura.

Nutrientes Teor

Valor Energético 41Kcal/100g

Umidade 88,3%

Proteína 0,9%

Lipídios 0,2%

Carboidratos 10,2%

Fibra Alimentar 3,2%

Cinzas 0,4%

Vitamina C 24,9mg/100g

Equivalente de retinol (RE)1 154μg/100g

Equivalente de Atividade de Retinol (RAE)2 77 μg/100g de 11 RE = 1 mg de retinol + 1/6 mg de trans beta-caroteno + 1/12 mg de cis beta-caroteno + 1/12 mg de outros

trans carotenóides pró-vitamínicos A + 1/24 de outros cis carotenóides pró-vitamínicos A.

2 1 RAE = 1 mg de retinol + 1/12 μg de trans beta-caroteno + 1/24 mg de cis beta-caroteno + 1/24 mg de

outros trans carotenóides pró-vitamínicos A + 1/48 de outros cis carotenóides pró-vitamínicos A.

É importante ressaltar que a composição da pitanga, além dos produtos

derivados, não está restrita apenas aos macro e micronutrientes, mas também à

diversidade e concentrações significativas de compostos bioativos que conferem

propriedades especiais (BAGETTI, 2009).

Lopes (2005) afirmou que a pitanga é caracterizada pela presença de

compostos funcionais, sendo o seu néctar rico em vitaminas e antioxidantes.

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Bezerra et al (2000) informaram que na medicina popular brasileira, a pitanga,

quando submetida á decocção ou infusão, pode ser estimulante, antifebril,

antidiarreica e antirreumática, sugerindo seu carácter funcional. Além dessas

propriedades, Martinez-Correa et al (2011) reportaram a grande propriedade

antioxidante desse fruto, pois contém diferentes fitoquímicos, muitos dos quais

com propriedade antioxidante que podem estar relacionadas com o retardo do

envelhecimento e a prevenção de certas doenças (LIMA; MELO; SILVA, 2002).

Lima, Melo e Silva (2002), Lopes (2005) e Bagetti (2009) afirmaram que a

pitanga apresenta consideráveis teores de compostos fenólicos e carotenoides,

evidenciado pela coloração característica do fruto e sendo diretamente

proporcional ao grau de maturação.

Dentre os compostos fenólicos, destacam-se os flavonoides, os quais

quimicamente englobam as antocianidinas e os flavonóis (LIMA; MELO, LIMA,

2002). Em estudo realizado por Lima et al (2000), os teores de antocianinas e

flavonóis totais em polpa de pitanga de coloração roxa foram 22,50mg/100g e

13,93mg/100g, respectivamente. Bagetti et al (2011) avaliaram o conteúdo de

antocianina em pitangas de coloração roxa (136 ± 6mg.100 g-1) vermelha (69 ± 3

mg.100 g-1) e amarela (25 ± 1 mg.100 g-1), e foi possível evidenciar que o extrato

etanólico de pitanga roxa continha o maior teor de antocianinas, seguido pelos

extratos vermelho e laranja (p<0,05); os autores pontuaram ainda que o conteúdo

de antocianinas de pitanga de polpa roxa e vermelha eram mais elevados do que

de polpas de amora (Morus nigra) (41,8 mg.100 g-1), uva (Vitis vinifera) (30,9

mg.100 g-1) e açaí (Euterpe oleracea) (22.8 mg.100 g-1).

Já os carotenoides são pigmentos naturais responsáveis pelas cores de

amarelo a laranja ou vermelho de muitas frutas (RODRÍGUEZ-AMAYA et al,

2008). Cavalcante (1991) determinou os carotenoides que compõem a pitanga,

sendo: fitoflueno, β-caroteno, ζ-caroteno, β-criptoxantina, γ-caroteno, licopeno e

rubixantina. Apontou ainda que o licopeno é o principal carotenoide da pitanga

representando 32% dos carotenoides totais, e concluiu que dentre os frutos

existentes na natureza a pitanga está entre os que possuem maior teor de

carotenoides (225,9 μg/g). Bagetti et al (2011), também, avaliaram o teor de

carotenoides em pitanga das colorações vermelha e amarela. Os autores

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verificaram que os carotenoides encontrados foram licopeno, β-criptoxantina, β-

caroteno e em menores concentrações a rubixantina. A pitanga vermelha

apresentou teores de 166±7μg.g-1 de licopeno, 16±2 μg.g-1 de β-criptoxantina e

2,9±0,8 μg.g-1 de β-caroteno. Enquanto que a amarela 151±30 μg.g-1; 37±7 μg.g-1

e 5,1±0,8 μg.g-1 de licopeno, β-criptoxantina e β-caroteno, respectivamente.

A Figura 2 apresenta as estruturas químicas dos carotenoides mais

comumente encontrados na pitanga.

Figura 2. Estrutura química dos carotenoides encontrados na pitanga (RODRIGUEZ-AMAYA, 2001).

Os carotenoides são reconhecidamente importantes na prevenção de doenças

e manutenção de boa saúde (RAO e RAO, 2007). Atuam como antioxidantes, e

alguns deles apresentam atividade pró-vitamínica A. Já os compostos fenólicos

são considerados grandes colaboradores para a atividade antioxidante dos

alimentos (WANG et al, 2011). Segundo Halliwell (2007), antioxidante é qualquer

substância, quando comparada a um substrato oxidável, que quando presente em

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baixas concentrações atrasa ou previne a oxidação de um substrato1. A oxidação

do substrato pode ocorrer pela presença de radicais livres, ou também, pela

presença de espécies reativas de oxigênio (EROS) ou nitrogênio (ERN).

Em organismos vivos a formação de radicais livres é um processo fisiológico e

contínuo que ocorre no citoplasma, nas membranas celulares e nas mitocôndrias

(BARBOSA et al, 2010). Entretanto segundo Scheibmeir et al (2005), em

abundância, essas substâncias podem danificar moléculas, como o DNA, RNA,

proteínas e lipídios, e submeter o organismo a prejuízos. Stephens, Khanolkar e

Bain (2009) explicam que o estresse oxidativo é um desses prejuízos, e tal

fenômeno pode propiciar o surgimento ou agravamento de diversas doenças

crônicas não-transmissíveis.

Os antioxidantes podem atuar de várias formas, incluindo a complexação de

íons metálicos, a eliminação de radicais livres, e a decomposição de peróxidos e

prevenindo o estresse oxidativo. A intensidade destes efeitos depende na

estrutura química e concentração do antioxidante presente.

Polyakov et al (2001) relataram que os carotenoides, geralmente, agem

como antioxidantes pela adição radicalar a cadeia do carotenoide, ou pela

abstração do hidrogênio do carotenoide, ou ainda pela transferência de elétrons.

Adicionalmente, evidências epidemiológicas reforçam a hipótese de que

antioxidantes contidos em frutas e vegetais podem ajudar a prevenir ou afetar o

desenvolvimento de algumas doenças crônicas, como cânceres de vários tipos,

doenças cardiovasculares e regulação do Diabetes Mellitus tipo 2 (CHOI et al,

2014; KARPPI et al, 2009; WOOTTON-BEARD; RYAN, 2011).

Como já mencionado anteriormente, a pitanga é uma fruta altamente

perecível, por isso a necessidade de elaboração de produtos a partir dos frutos.

Wootton-Beard e Ryan (2011) e Cavalcante (1991) afirmaram que técnicas de

processamento e estocagem de sucos ou néctar de frutas podem alterar

significativamente a composição qualitativa e quantitativa destes compostos

bioativos (pigmentos), principalmente devido à separação das partes da fruta e o

tratamento em si. Calor, separação e estocagem resultam em oxidação,

degradação térmica e lixiviação destes compostos. A pasteurização e a

1 O termo substrato oxidável inclui qualquer molécula orgânica encontrada in vivo.

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estocagem de muitas frutas vermelhas, e seus derivados, resultam na perda da

cor “vermelho brilhante” e torna o produto com aspecto amarronzado (FERRARI;

MARESCA; CICCARONE, 2011). Silva (1999) acrescentou que os principais

fatores que influenciam a estabilidade destes compostos são: estrutura química,

temperatura, atividade de água, pH, oxigênio, luz e presença de íons metálicos.

Assim, com o objetivo de minimizar as perdas nutricionais que podem

ocorrer no processamento dos alimentos, produtores e pesquisadores estão em

busca de novos métodos de processamento de alimentos, denominados como

tecnologias inovadoras (HOUSKA et al, 2006).

3.2 PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS – POLPAS, NÉCTARES E SUCOS DE FRUTAS

Segundo Cárcel et al (2012), a indústria de alimentos está em constante

evolução, em resposta a diferentes desafios. Nos últimos anos, vários estudos

têm apontado que os consumidores buscam consumir alimentos de preparo fácil e

rápido e que possuam características similares aos produtos in natura, para

garantir a manutenção das características sensoriais e nutricionais e, ao mesmo

tempo, devem estar livres de aditivos e conservantes, seguros

microbiologicamente e com prazo de validade estendido. Neste sentido, a

introdução de novas tecnologias pode levar a uma redução do tempo de

processamento, ou melhoria nas condições de operação (CÁRCEL et al, 2012;

CAO et al, 2012; MERTENS, 1992; COSTA et al; 2000; DELIZA; ROSENTHAL;

SILVA, 2003; KREBBERS et al, 2003; DELIZA et al, 2005; VAN DER PLANCKEN

et al, 2008; RAWSON et al, 2011; RENDUELES et al, 2011; HARTYANI et al,

2011).

Dentre estes produtos que podem ser consumidos de maneira fácil e prática

estão os néctares e sucos de frutas, e a produção destes tem apresentado um

incremento anual no Brasil, seja em função da praticidade de consumo do

produto, da necessidade de inserção de alimentos saudáveis na dieta ou, ainda,

pelo aumento do poder aquisitivo do brasileiro (CORRÊA, 2014; LABOISSIÈRE et

al, 2007; MONTEIRO, 2006). Segundo a consultoria Nielsen Holding, por Corrêa

(2014), apesar do cenário negativo em relação à economia nacional, a busca pela

qualificação do consumo se mantém, sendo comprovada pelo aumento na venda

de produtos como sucos de frutas pronto para consumo, com crescimento de

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11,7% até o 5º bimestre de 2013, se comparado com 2012. O relatório mais

recente sobre o setor global de bebidas na Europa revelou que o suco de frutas e

néctares atingiram 10,7 bilhões de litros em 2011 (EUROPEAN FRUIT JUICE

ASSOCIATION, 2012). Tais dados apontam que a indústria de néctares e sucos

de frutas prontos para beber como um dos segmentos mais promissores e,

inclusive, podendo ser beneficiada pela produção do néctar de pitanga,

principalmente por ser um fruto altamente perecível, cuja polpa é a principal

maneira de comercialização (SANTOS et al, 2002; SILVA, 2006).

Porém, associado à produção de néctar está o tratamento térmico, como meio

de estender a vida útil do produto. Entretanto, o processamento térmico não só

inativa microrganismos e enzimas, como também, altera significativamente a cor,

aroma, sabor, textura e valor nutritivo dos produtos processados (KEENAN et al,

2012; GÓMEZ; WELTI-CHANES; ALZAMORA, 2011; RATTANATHARNALERK;

CHIEWCHAN; SRICHUMPOUNG, 2005; THAKUR; NELSON, 1998; SAN

MARTÍN; BARBOSA-CÁNOVAS; SWANSON, 2002; VAN DER PLANCKEN et al,

2008).

Dessa forma, o calor deprecia a qualidade do suco, conferindo atributos

sensoriais não característicos e degradando os compostos bioativos presentes na

pitanga (CAVALCANTE, 1991). Ferrari, Maresca e Ciccarone, (2011)

acrescentaram que os pigmentos naturalmente presentes nos alimentos,

usualmente com as variações de vermelho e azul, em função da grande

reatividade, são prontamente degradados e formam compostos de cor

amarronzada e indesejáveis.

É fato que os carotenoides apresentam estrutura com alto grau de insaturação

e, à medida que ocorre algum tipo de processamento e estocagem, há perdas de

carotenoides devido à oxidação, ação enzimática, aquecimento e exposição à luz

(FERREIRA, 2011; QIU et al, 2006).

Estudos realizados por Cavalcante (1991) mostraram a redução significativa

de todos os carotenoides em polpa de pitanga, seja quando fora estocada sob

congelamento (-18ºC) por um período de 90 dias, ou ainda, quando fora

submetida à pasteurização (80ºC/3min), exceto para o teor de β-caroteno que

apresentou ligeiro aumento. Além disso, após estocagem por 180 dias do produto

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pasteurizado (temperatura ambiente média de 28ºC) observaram grande queda

nos teores de carotenoides totais.

Dessa forma, um novo desafio para a indústria de alimentos tem sido lançado,

à medida que novos processos de preservação precisam ser desenvolvidos e

adotados para atender às exigências do consumidor (FERRARI; MARESCA;

CICCARONE, 2010; HUANG et al, 2013; ROSENTHAL et al, 2002; SAN MARTIN,

et al, 2002). Para responder às referidas exigências estão as tecnologias

inovadoras.

3.3 AS TECNOLOGIAS INOVADORAS – ALTA PRESSÃO HIDROSTÁTICA (APH)

Dentre as tecnologias inovadoras, capazes de atender as exigências do

consumidor está a Alta Pressão Hidrostática (APH) que é uma técnica de

preservação que consiste em submeter alimentos líquidos ou sólidos a pressões

entre 100MPa e 1000MPa2, associado ou não à temperatura, podendo o alimento

estar ou não embalado (CAO et al, 2012; FDA, 2000). É um processo não

térmico, capaz de inativar microrganismos patogênicos e deteriorantes dos

alimentos, assim como ativar ou inativar enzimas, minimizando a perda da

qualidade em termos nutricionais e sensoriais, atendendo a essa nova demanda

de mercado (KEENAN et al, 2012; KNORR, 1993; GOULD, 2000). A APH é

considerada como processo não térmico, devido à mínima quantidade de calor

gerada durante a pressurização (BARBOSA-CÁNOVAS; RODRÍGUEZ, 2002).

Cao et al (2012) acrescentaram que as temperaturas utilizadas são a ambiente ou

em torno de 60ºC, classificando assim o processo em não térmico. McKay et al

(2011) afirmaram que das tecnologias não térmicas de processamento a APH é

uma das mais promissoras.

Os níveis de pressão normalmente propostos e utilizados na indústria de

alimentos não são capazes de romper ligações covalentes, mantendo inalterados

os compostos que conferem cor, aroma e sabor aos alimentos (OEY et al, 2008;

FARKAS; HOOVER, 2000; BARBOSA-CÁNOVAS; RODRÍGUEZ, 2002). Assim, a

APH tem sido sugerida como alternativa efetiva ao referido processamento

2 1MPa = 10bar = 145,6psi = 0,1 atm

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térmico para ser empregada na pasteurização ou esterilização de vários produtos

(OGAWA et al, 1989; ALEMÁN et al, 1996).

Esta tecnologia já é comercialmente utilizada pelo mundo em uma grande

variedade de alimentos, desde o final do século passado e início dos anos 2000.

Na França, sucos de frutas pressurizados são encontrados desde este período.

Nos EUA a guacamole (pasta de abacate), ostras, leite, carne de porco, pedaços

de frango e até mesmo refeições completas contendo carne e vegetais, além dos

sucos de frutas, também, já estão comercialmente disponíveis desde o final do

século passado (SMELT, 1998; LADO; YOUSEF, 2002; RAMASWAMY;

BALASUBRAMANIAM; KALETUNÇ, 2005). Atualmente, outros produtos já são

encontrados que incluem carnes cozidas, mariscos, néctares, sucos de frutas e

vegetais além de saladas (NORTON; SUN, 2008).

Muitos trabalhos são encontrados na literatura científica que comprovam a

eficiência da APH para o processamento de alimentos. Ferrari, Maresca e

Ciccarone, (2011) processaram suco de romã por APH. Os resultados

demostraram que a APH à temperatura ambiente melhora a qualidade do suco de

romã, pois aumenta a intensidade da cor vermelha e preserva o conteúdo natural

de antocianinas, logo após o processamento. Entretanto, a atividade residual de

algumas enzimas independente das condições de processo causou a degradação

de nutracêuticos. Assim, os autores sugerem que a escolha dos parâmetros de

processo devem levar em consideração, também, a degradação das antocianinas.

Os autores concluíram que a aplicação da APH fora interessante para o

processamento de suco de romã, em função do alto valor agregado devido aos

nutracêuticos (antocianina, polifenóis e taninos) em grandes concentrações.

Chen et al (2013) também avaliaram, posteriormente, suco de romã e

obtiveram resultados semelhantes. Os autores compararam o efeito da APH em

diferentes condições (300 e 400 MPa, por 2,5; 5; 10; 15; 20 e 25 min) com a

pasteurização (110ºC/8,6s). Vários parâmetros foram avaliados. Dentre estes

estavam: inativação microbiana, cor, fenóis totais, antocianinas e capacidade

antioxidante imediatamente após o processamento e posteriormente ao

armazenamento por 90 dias a 4°C. A inativação microbiana ocorreu

satisfatoriamente em ambas as tecnologias de processo. O produto pressurizado

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apresentou grande retenção de cor, antocianina e capacidade antioxidante,

também foi observado o aumento dos compostos fenólicos totais, imediatamente

após o processamento. Durante o período de armazenamento, ambos os

processos garantiram a seguridade microbiológica. O brilho e a cor vermelha

tornaram-se menores nos dois produtos obtidos, entretanto o suco de romã

pasteurizado apresentou melhor cor que o pressurizado. Ademais, o conteúdo de

antocianinas, fenólicos totais e atividade antioxidante nos dois produtos

diminuíram, mas o produto submetido à APH preservou melhor os nutrientes.

Vega-Gálvez et al (2014) avaliaram os efeitos nas características sensoriais e

propriedades antioxidantes da polpa de phisalis submetida à APH (300, 400 e

500MPa por 1, 3 e 5 min). Foram determinados os teores de compostos fenólicos,

capacidade antioxidante e cor nos dias zero e sessenta de armazenamento. Os

autores observaram que, com relação à cor, nenhum dos parâmetros avaliados

apresentou diferença significativa com a amostra controle. Alterações nos

compostos fenólicos foram evidenciadas após o processamento. A capacidade

antioxidante foi aumentada nos parâmetros 500MPa/5min do produto

pressurizado. Com o armazenamento, todos os produtos perderam cor. Os

autores concluíram que a tecnologia de APH apresenta grande potencial para

preservar a polpa de phisalis, podendo ser benéfico para o desenvolvimento de

um novo produto funcional.

Keenan et al (2012) elaboraram smoothies de frutas3, e processaram o

produto utilizando calor ou APH (450MPa/20ºC/5min ou 600MPa/20ºC/10min), e

avaliaram a capacidade antioxidante total, além de grupos de antioxidantes

(fenóis totais, antocianinas e ácido ascórbico), cor instrumental e atividade da

enzima polifenoloxidase. No processo térmico, a capacidade antioxidante total, os

fenóis totais, ácido ascórbico e o parâmetro L da cor foram reduzidos quando

comparados às amostras in natura e processada por APH (450MPa/20ºC/5min).

Foi observada a completa inativação da enzima polifenoloxidase pelo calor. No

processamento 450MPa/20ºC/5min observou-se os maiores teores de atividade

antioxidante total, fenóis e antocianinas quando comparado ao processo com

3 Smoothies de frutas são bebidas obtidas a partir da mistura de frutas, suco de frutas, gelo, iogurte e leite

(KEENAN et al, 2012)

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600MPa/20ºC/10min. De modo geral, com o armazenamento não foram

observadas grandes alterações, exceto pelo teor de ácido ascórbico que reduziu

significativamente.

Pontes (2008) processou polpa de manga por APH e avaliou os teores de β-

caroteno relatando o aumento ou a manutenção quando comparado com o

controle (sem pressurização), e não apresentando diferença significativa entre as

distintas condições utilizadas (p>0,05).

Ferreira (2011) avaliou o efeito do binômio tempo e pressão usados pela APH

nos teores e na isomerização dos carotenoides da polpa de cajá, utilizando a

metodologia de superfície de resposta. As amostras-controle (não pressurizadas)

e as pressurizadas não diferiram significativamente nas concentrações dos trans-

carotenoides, embora tenha ocorrido uma tendência de decréscimo nestes

isômeros. As concentrações dos cis-isômeros foram significativamente maiores

nas amostras pressurizadas, com exceção do β-caroteno. Acima de 400MPa e

por mais de 15 minutos de pressurização ficou mais evidente a tendência de

redução da forma trans em todos os carotenoides estudados e, de modo inverso,

uma elevação das concentrações de cis-carotenoides na polpa de cajá

pressurizada.

Os teores de carotenoides na APH tendem a ter diminutas perdas. Tal fato

pode ser corroborado pelo estudo realizado por Qui et al (2006), no qual foi

avaliado o efeito da APH no conteúdo total de licopeno e seus isômeros, em

solução padrão de licopeno e polpa de tomate. Os autores observaram redução

nos teores de licopeno, principalmente quando armazenados à temperatura

ambiente, e as alterações foram “pressão-dependente”, isto é, quanto maior o

nível de pressão executado maior foi a perda. Também foi observado que as

amostras de polpa de tomate apresentaram maior retenção de licopeno quando

comparadas às soluções de licopeno. Por fim, os autores concluíram que a maior

estabilidade do carotenoide foi alcançada na polpa de tomate pressurizada a

500MPa, armazenada a 4±1ºC e, aparentemente, pode permanecer estável por 6

meses.

É importante ressaltar que alguns estudos sugeriram que a APH pode

aumentar o teor de carotenoides totais de néctares e sucos quando comparado

àqueles sem tratamento (CORRALES et al, 2008; DE ANCOS et al, 2000).

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Corrales et al (2008); Butz; Tauscher (2002) e Butz et al (2003) sugeriram que o

aumento do teor de carotenoides totais e β-caroteno nos produtos pressurizados

ocorreu em função do aumento da extração deste nutriente, pois as pressões

aplicadas sobre a matriz do alimento na qual o β-caroteno está geralmente

compartimentalizado e protegido de influências exteriores é rompida.

Entretanto os dados obtidos por Huang et al (2013) não corroboram os

resultados descritos anteriormente com relação aos teores de carotenoides e

fenóis. Os autores avaliaram em néctar de damasco os efeitos da APH (300-500

MPa por 5-20 min) e comparam com o produto pasteurizado (110°C/8,6s) e in

natura. Foram avaliados: teor de enzimas, compostos fenólicos e carotenoides.

As enzimas polifenoloxidase, peroxidase foram significativamente ativadas, já a

atividade da pectinametilesterase não foi alterada pela APH, entretanto a

pasteurização inativou completamente todas as enzimas. De forma inesperada,

os autores observaram que o produto submetido à pasteurização apresentou

aumento significativo no conteúdo de fenólicos totais, e não exibiu efeito sobre os

teores de carotenoides totais e perfil, exceto α-caroteno comparado ao néctar de

damasco in natura. Os efeitos da APH nos teores de fenólicos, carotenoides totais

e perfil além de cor instrumental eram diretamente relacionados com os níveis de

pressão e tempo de processo. Na maioria das condições de processo por APH

observaram aumento de fenóis, mas significativamente menores do que aqueles

em néctares de damasco tratados por pasteurização. Os produtos pressurizados

também não mostraram nenhum efeito sobre carotenoides totais e perfil, exceto

no tratamento em 500 MPa/20 min, que aumentou o teor de carotenoides totais e

β-caroteno. Entretanto, com relação aos parâmetros de cor, os produtos

pressurizados apresentaram maior similaridade com o in natura do que o néctar

de damasco pasteurizado.

É fato que a eficiência desta tecnologia está relacionada à natureza do

alimento, isto é ao pH, atividade de água, composição química, estrutura física, e

aos tipos de contaminantes do produto fresco, entre outros (RUIZ-CAPILLAS;

CARBALLO; COLMENERO, 2007; KOSEKI; YAMAMOTO, 2007; MOR-MUR;

YUSTE, 2003; DONSÍ; FERRARI; DI MATTEO, 1996). Assim, é necessário que

cada matriz alimentícia seja estudada para que a viabilidade do processo possa

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ser avaliada, no que tange à manutenção das características nutricionais e

sensoriais.

3.4 ESTUDOS DE CONSUMIDOR E ANÁLISE SENSORIAL

Apesar das reconhecidas vantagens dos produtos pressurizados, a

realização de estudos de consumidor, bem como a descrição das características

do produto são fundamentais para a elaboração de um produto que atenda as

demandas de mercado.

3.4.1 ESTUDOS DE CONSUMIDOR

MacFie (2007) apontou que o desenvolvimento de produtos de sucesso é

impulsionado pelas necessidades e aceitação dos consumidores, sendo estes

aspectos fundamentais. E para garantir o sucesso do produto no atual mercado

competitivo é necessária uma atitude positiva dos consumidores (CARDELLO;

SCHUTZ; LESHER, 2007; BUTZ et al, 2003; CARDELLO, 2003; DELIZA et al,

2005), isto é, toda inovação deve ser aprovada pelo consumidor. A inovação é a

comercialização de uma nova ideia e é necessária para o crescimento e

competitividade dos mercados, com as inovações as indústrias podem se

destacar dos concorrentes e satisfazer as expectativas dos consumidores

(BIGLIARDI; GALATI, 2013, KARANTININIS; SAUER; FURTAN, 2010;

BECKEMAN; SKJOLDEBRAND, 2007).

A inovação na indústria de alimentos deve combinar inovação tecnológica com

inovação social e cultural com o objetivo de produzir alimentos que satisfaçam as

necessidades nutricionais e pessoais dos consumidores. A inovação pode ocorrer

em todas as partes da cadeia alimentar e pode ser classificada em: novos

ingredientes e materiais; inovação em alimentos frescos, novas tecnologias de

processo, inovação na qualidade do alimento, novos métodos de embalagem e

novos métodos de distribuição ou varejo (BIGLIARDI; GALATI, 2013).

Frewer et al (2011) acrescentaram que o desenvolvimento de novas

tecnologias alimentares, também, deve considerar os aspectos psicológicos,

sociais, políticos e, ainda, fatores históricos. Frewer et al (2011) e Butz et al

(2003) apontaram que a consciência pública sobre a APH é baixa e, as pesquisas

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sugeriram que os consumidores apresentam atitudes “neutras” a “ligeiramente

positivas”. Entretanto, Deliza, Rosenthal e Silva (2003), em estudo sobre a

percepção de produtos pressurizados, sugeriram que a informação sobre a

tecnologia apresentou impacto positivo na percepção do produto. Nielsen et al

(2009) concluíram que a atitude do consumidor em relação à APH foi baseada no

balanço entre os riscos e os benefícios advindos do produto, considerando como

principais vantagens a característica de ser natural, a melhoria do sabor e o alto

valor nutritivo; foi considerada a principal desvantagem a falta de informação

sobre a tecnologia.

Os néctares e sucos de frutas são tidos como alimentos tradicionais,

reconhecidos pelos consumidores pelas características ligadas ao regionalismo e

qualidade sensorial. Os produtores de alimentos tradicionais enfrentam o desafio

de melhorar ainda mais a segurança, salubridade e conveniência de seus

produtos por meio de diferentes inovações, que lhes permitirá manter e ampliar

sua participação no mercado, que é altamente competitivo e cada vez mais global

(GUERRERO et al, 2009). Assim, a inovação é essencial para obter melhores

oportunidades de mercado, além disso, para atingir o sucesso da introdução de

alimentos inovados também é importante adquirir um bom entendimento das

percepções, expectativas e atitudes dos consumidores em relação às inovações

em produtos alimentares tradicionais (KÜHNE et al, 2010).

Assim, Costa e Jongen (2006) acrescentaram que para que as novas

tecnologias sejam aplicadas com sucesso na produção de alimentos devem ser,

prioritariamente, analisadas em função do valor percebido pelo consumidor. Visto

que, o produto inovado pode não ser bem sucedido, caso o mercado consumidor

não esteja preparado ou disposto a aceitar a inovação. Em geral, a aceitação de

uma inovação depende da inovação em si e do produto alimentício inovado

(GUERRERO et al, 2009; GUERRERO et al, 2013).

Guerrero et al (2009) pontuam que os produtos tradicionais possuem uma

forte ligação com os consumidores, pois são percebidos como uma herança

cultural, imutável. Assim, os consumidores percebem o produto tradicional como

sendo algo que precisa ser preservado. Isso, obviamente, é contraditório com a

ideia de inovação, como comprovado por Guerrero et al (2013) que realizaram

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estudo cross-cultural com 476 consumidores, pela metodologia de sorting4, para

compreender o significado dos conceitos “tradicional” e “inovação”. Os autores

verificaram a incompatibilidade dos termos “tradicional” e “inovação”. Assim,

inovar em um produto tradicional, como néctar de pitanga, pode ser um desafio.

Entretanto, Vanhonacker et al (2013) investigaram a aceitação dos

consumidores quando inovações foram implementadas em produtos tradicionais.

Os autores demostraram que a inovação pode ter sucesso em atrair novos

consumidores para essa classe de produtos tradicionais, enquanto que os

consumidores com média e alta frequência de consumo destes alimentos

expressaram, de maneira clara, aceitação positiva para uma ampla variedade de

inovações em produtos tradicionais.

Uma das maneiras mais simples de se determinar a aceitação de um produto

é por meio dos testes de aceitação, que são utilizados com o intuito de

transformar dados subjetivos em objetivos, sendo capazes de obter informações

importantes sobre o grau com que as pessoas gostam ou não de um determinado

produto (STONE; SIDEL, 2004). Concomitante, também, é realizado o teste de

intenção de compra, no qual o consumidor expressa o anseio em comprar o

produto.

Na literatura científica existem alguns trabalhos que avaliaram o grau de

aceitação e intenção de compra de produtos pressurizados frente ao mercado

consumidor, como Marcellini (2006), Laboissière (2007) e Pontes (2008) que

processaram polpas por APH (300MPa/5min/25ºC) para a formulação de sucos

de abacaxi, maracujá e manga, respectivamente. Vale ressaltar que os autores

realizaram os testes de aceitação e intenção de compra sem que nenhuma

informação a cerca do produto fosse fornecida. Os resultados apontaram que as

amostras de suco obtidas a partir da polpa in natura e a partir da polpa tratada por

APH apresentaram média de aceitação significativamente (p<0,05) superior às

amostras comerciais e sem diferença (p>0,05) entre si. Entretanto, Marcellini

(2006) e Pontes (2008) observaram que duas amostras comerciais (termicamente

4 A metodologia de sorting é um procedimento simples que coleta dados similares, onde os julgadores

agrupam os atributos baseada na similaridade percebida (CHOLLET; VALENTIN; ABDI, 2014).

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processadas) também não apresentaram diferença significativa (p>0,05) entre os

sucos obtidos da polpa in natura e a partir da polpa tratada por APH.

Quanto à intenção de compra, Marcellini (2006) observou que as amostras de

suco obtidas a partir da polpa in natura e pressurizada apresentaram intenção de

compra significativamente superior (p<0,05) às demais amostras, não diferindo

(p>0,05) entre si, embora o suco pressurizado não tenha diferido de duas marcas

comercias de sucos, termicamente processados. Resultados semelhantes para a

intenção de compra foram obtidos por Laboissiére (2007). Já as marcas

comerciais apresentaram intenção de compra com diferença significativa (p<0,05)

em relação aos sucos in natura e pressurizado; diferente do observado por

Marcellini (2006).

Mais recentemente encontramos o trabalho de Hayes et al (2014) que avaliou

a aceitação de empadas, que teve a carne moída utilizada para sua elaboração

processada por APH. A avaliação foi feita às cegas, isto é, os consumidores não

sabiam a diferença das condições de processo das amostras. Os autores

observaram que os consumidores tiveram menor aceitação das empadas

produzidas com carne moída pressurizada comparada a não pressurizada. As

médias de aceitação foram significativamente menores que no produto não

pressurizado para os atributos de textura, sabor e suculência. Os resultados

encontrados divergem dos obtidos por produtos de origem vegetal.

Apesar das satisfatórias características sensoriais dos sucos e néctares

pressurizados sabe-se que a escolha e consequente compra de um alimento pelo

consumidor é influenciada por vários fatores inter-relacionados e não apenas

pelas características sensoriais do produto. Esses fatores variam desde

experiências anteriores com o produto, o contexto, a informação disponível, a

ainda a personalidade do consumidor (DELIZA; ROSENTHAL; SILVA, 2003).

Deliza (1996), Lange, Issanchou e Combris (2000), Behrens (2002), Noronha

(2003), Carneiro et al (2005), Laboissière (2007), Rebollar et al (2012), Ares e

Deliza (2010); Ares, Gimenez e Deliza (2010) e Ares et al (2010b) observaram

que a embalagem (cores, desenhos, forma, etc.), além das informações descritas

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como a tecnologia empregada, foram capazes de interferir na expectativa5 do

consumidor, influenciando na aceitação e intenção de compra do produto embora,

muitas vezes, tenha ocorrido de forma inconsciente. Assim, Hayes et al (2014)

justificam que, em seu trabalho com carne moída, seria possível que um

segmento de consumidores estivesse disposto a aceitar uma pequena perda da

qualidade sensorial do produto caso fosse compensado por uma maior confiança

na seguridade.

Segundo Deliza e MacFie (1996) a expectativa tem papel determinante na

aceitação de um produto. A expectativa em um produto apresenta grande

influência na seleção e intenção de compra (ARES et al, 2010b). É muito provável

que os consumidores escolham um produto à medida que a expectativa garanta

um produto com atributos positivos (ALMLI et al, 2011; DELIZA; MacFIE, 1996).

Jantathai et al (2014) afirmaram que a expectativa pode ser definida como

uma hipótese sobre o futuro; a percepção em si é o teste de hipóteses, resultando

em novas experiências, que serão a base para novas e futuras expectativas. A

expectativa com um alimento é criada pelo consumidor, mesmo antes que seja

experimentado, em função das suas características extrínsecas, isto é aparência,

informação nutricional, e características da embalagem (VARELA; ARES;

GIMÉNEZ; GÁMBARO, 2010). A marca e o rótulo, também, têm um impacto

importante no comportamento do consumidor, estas variáveis não sensoriais

podem de fato influenciar na aceitação do produto (ARES; DELIZA, 2010;

LABOSSIÈRE et al, 2007). Ares e Deliza (2010) acrescentaram que o conteúdo

nutricional do produto pode sugerir um benefício nutricional particular e assim

atrair o consumidor.

Entretanto, outros fatores extrínsecos também apresentam importância.

Estudos com azeite de oliva extra virgem na Califórnia mostraram que o preço e a

região de origem do produto influenciaram a intenção e compra (DELGADO;

GUINARD, 2011; SANTOSA; GUINARD, 2010). Delgado, Gómez-Rico e Guinard

(2013) em outro estudo sobre a intenção de compra de azeite de oliva extra

virgem verificaram que os consumidores esperavam pagar mais (até US$30),

5 Conjunto de ideias, sentimentos ou atitudes geradas pelos indivíduos a partir de situações, pessoas ou

produtos que eles podem vir a experimentar (EARTHY, 1997).

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quando foram apresentados apenas as embalagem do produto, contendo 375mL.

Entretanto, na degustação às cegas (sem embalagem) os consumidores,

geralmente, não estavam dispostos a pagar mais de US$10 (embalagem de

375mL), e a aceitação foi menor, em geral.

Deliza e MacFie (1996) afirmaram que há certo número de sinais extrínsecos

utilizados pelos consumidores para julgar os produtos, dessa forma os rótulos dos

produtos desempenham um papel importante, tanto fornecendo informações de

marca e informações aos consumidores sobre os ingredientes e além das

questões nutricionais. Evidenciaram, ainda, que se o consumidor não tem

nenhuma experiência prévia direta com o produto, as informações contidas no

rótulo do produto tem um impacto maior sobre expectativas.

Entretanto as questões sensoriais não devem ser renegadas. Hurling e

Shepherd (2003) complementaram que os consumidores irão consumir o produto

quando tiverem a esperança que o produto será saboroso, e recusarão quando

esperarem que tenha baixa qualidade sensorial.

Torres-Moreno et al (2012) evidenciaram a importância de se estudar o

efeito das informações sobre as expectativas dos consumidores e aceitabilidade

do produto em cada caso concreto, a fim de compreender a resposta do

consumidor para uma nova característica do produto. Assim, a habilidade de

estabelecer expectativas sobre um produto em particular torna-se uma estratégia

essencial para a indústria de alimentos com o objetivo de promover a satisfação

do consumidor (DELIZA; ROSENTHAL; SILVA, 2003).

Segundo Laboissière et al (2007), uma das maiores dificuldades neste tipo

de pesquisa é quantificar o efeito de cada atributo na avaliação das

embalagens/rótulos desenvolvidos. A Conjoint Analysis é uma ferramenta

estatística apropriada para investigar o efeito desses atributos (variáveis

independentes) na variável dependente (intenção de compra por ex.) (DELIZA;

ROSENTHAL; SILVA, 2003; MOSKOWITZ et al 2004;. CARDELLO et al 2006;

MOSKOWITZ e SILCHER 2006).

Assim o uso de uma metodologia de análise que permita a estimação da

importância de vários atributos, avaliados ao mesmo tempo, na intenção de

compra ou expectativa do consumidor é de grande utilidade (FONT I FURNOLS et

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al, 2011). A Conjoint Analysis uma técnica capaz de descobrir os fatores que

controlam o comportamento de escolha do consumidor (CARDELLO; SCHUTZ;

LESHER, 2007). A Conjoint Analysis deriva do campo da psicologia, da

matemática e psicometria e tem ajudado os profissionais de marketing a entender

a importância de atributos de produtos e serviços em processos de escolha e de

compra (MALHOTRA, 2001).

O objetivo da Conjoint Analysis é calcular a importância relativa (IR) dos

atributos contidos nos produtos avaliados na pesquisa (DE PELSMAEKER;

DEWETTINCK; GELLYNCK, 2013). Segundo Cardello, Schutz e Lesher, (2007)

pela variação dos atributos em diferentes níveis, a Conjoint Analysis permite

descobrir a IR de cada um dos atributos sem a necessidade de pedir sempre

diretamente ao consumidor sua opinião sobre a importância desse atributo para

suas escolhas. Outro dado fornecido pela Conjoint Analysis são os part-woths de

cada atributo avaliado. Os part-worths são capazes de prever o interesse do

consumidor em relação a qualquer conceito de produto específico. Halme e Kallio

(2014) mostraram a importância da Conjoint Analysis para o estudo do marketing.

Em outubro 2013 no ISI Web of Knowledge, foram encontrados 2.758 visitas para

o termo Conjoint Analysis, o que demostra o interesse nesta ferramenta (HALME;

KALLIO, 2014).

A inovação tecnológica, como a APH, também é capaz de gerar expectativas

no consumidor, principalmente, quando é executada em um produto tradicional,

como néctar de pitanga, e interferir na aceitação e intenção de compra, devendo,

portanto, ser avaliada. Dessa forma, para que produtos com sucesso de mercado

sejam desenvolvidos as áreas de marketing e técnica devem estar alinhadas

(GRUNERT et al, 1996).

De acordo com Henson (1995) a aceitação ou rejeição de novas tecnologias é

o resultado de um complexo processo decisório que envolve a avaliação dos

riscos e benefícios percebidos, associado com a nova tecnologia e com as

alternativas existentes. Normalmente, quando a alteração é pequena os produtos

são mais facilmente aceitos e quando o processo tecnológico é mais complexo o

consumidor torna-se mais crítico ao produto. Fato corroborado por Guerrero et al

(2009) que afirmou que, em geral, as inovações que aumentam a seguridade ou

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que agreguem benefícios ao produto são bem aceitas, quando as características

do produto não são fundamentalmente afetadas. Siegrist (2008) acrescentou que

a percepção dos benefícios e riscos, além da similaridade com o produto in natura

são fatores importantes que podem determinar a aceitação de novas tecnologias

alimentares. Assim, Deliza (1996) e Siegrist (2008) ressaltaram que a inovação

tecnológica orientada para o consumidor deve ser ponto importante para a

indústria de alimentos e deve ser considerada no estágio inicial de

desenvolvimento de um produto.

É importante mencionar que poucos consumidores possuem conhecimento

sobre as tecnologias inovadoras de processamento de alimentos, como a APH.

As pessoas leigas podem não só ter dificuldades em avaliar riscos associados

com os novos alimentos, mas também serem incapazes de verificar os possíveis

benefícios. Portanto, a confiança é uma questão importante. O público atribui

competência para a indústria de alimentos. No entanto, pode não estar convicto

da veracidade dos fatores quando essa informação é fornecida pela indústria de

alimentos. Assim, a falta de confiança pode prejudicar os esforços para informar o

público sobre os benefícios de novas tecnologias. Por conseguinte, a

recomendação ou o suporte proveniente de institutos de pesquisa, universidades

ou organizações que apontam os benefícios do produto pode ser positivo. Siegrist

(2008) acrescentou que caso o consumidor não tenha confiabilidade nas

informações oferecidas pelos órgãos técnicos e científicos pode resultar em

efeitos negativos não intencionais.

Outro fator importante foi apontado por Combris et al (2009) afirmando que

nos testes de aceitação e intenção de compra as preferências declaradas pelos

participantes devem ter um impacto no bem-estar. Noussair et al (2004a),

acrescentaram que a decisão individual pode diferir drasticamente se esta é

localizada em uma situação hipotética, como em um estudo experimental, ou se

eles envolvem um compromisso real de compra. Apenas dessa maneira ter-se-á a

verdadeira opinião dos consumidores, pois estes sabem que terão de enfrentar as

consequências das suas decisões, após o teste ter sido finalizado. Para que tal

objetivo seja atingido, somente utilizando métodos da economia experimental será

possível conhecer realmente a intenção de compra de alimentos tradicionais nos

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quais são empregadas inovações tecnológicas (LANGE et al, 2002; NOUSSAIR et

al, 2004a; NOUSSAIR et al, 2004b). Tais métodos são capazes de elucidar a real

intenção de compra, à medida que fornecem incentivos, geralmente monetário

aos participantes, para que estes revelem suas preferências com maior

veracidade (GINON et al, 2014).

3.4.1.1 O MÉTODO DE BECKER-DEGROOT-MARSCHAK (BDM)

Um dos métodos utilizados é o proposto por Becker; DeGroot; Marschak

em 1964 (BDM), caracterizado por ser um leilão experimental, no qual é

identificado o preço máximo que os consumidores estão dispostos a pagar pelo

produto, chamado de preço de reserva6. Neste método é solicitado ao participante

que revele o preço máximo que está disposto a pagar e é comparado com o preço

de venda. Caso o preço de venda do produto seja igual ou inferior ao preço de

reserva o consumidor poderá comprar o produto. Caso os consumidores não

expressem o preço máximo que estão dispostos a pagar pelo produto podem

perder a oportunidade de compra ou, caso exagerem no valor, assumem o risco

de pagar mais pelo produto do que gostariam (COMBRIS et al, 2009). A principal

vantagem dessa metodologia é que existe maior comprometimento dos

participantes com o estudo, pois envolve o desembolso de dinheiro, colocando os

consumidores em uma situação mais próxima de uma real situação de compra.

Lusk e Shogren (2004) afirmaram que neste método cria-se um mercado

simulado, sendo por isso examinadas escolhas reais e não hipotéticas.

Ginon et al (2009) apontaram outras vantagens adicionais do BDM, como o

fato dos participantes não competirem entre si para adquirir o produto7, ser fácil

de explicar os procedimentos experimentais, bem como o curto tempo de

treinamento e de execução do teste. É importante ressaltar que neste método

podem-se utilizar condições experimentais diferentes, como: às cegas (Blind

condition) - as amostras serão avaliadas pelos consumidores sem nenhuma

informação sobre as mesmas; expectativa (Expectancy condition) - aos 6 Preço de reserva é o valor máximo que o consumidor estaria disposto a pagar para obter aquele bem de

consumo (CIRINO et al, 2010). 7 No método de Vickrey (1961) há uma competição entre os consumidores, pois apenas um produto está à

venda. Assim, dentre os consumidores, quem oferecer o maior valor comprará o produto (GINON et al, 2009).

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consumidores será apresentada a embalagem de cada produto, os consumidores

avaliam a sua expectativa em relação a eles. Por fim, o consumidor estará

completamente informado sobre o produto (Full information condition) isto é, irá

avaliar cada amostra observando as informações contidas na embalagem e ao

mesmo tempo provando a amostra (GUERRERO et al, 2009; GINON et al, 2009;

COMBRIS et al, 2009; SULMONT-ROSSÉ et al, 2008). Ou ainda, em uma única

condição, mas com amostras distintas.

Dentre os diversos estudos que utilizaram esta metodologia podemos

destacar: Feldkamp; Schroeder e Lusk (2005) e Froehlic; Carlberg e Ward (2009)

que avaliaram produtos cárneos; Rozan; Stenger e Willinger (2004) para maçã,

batata e baguete; De Groote, Kimenju e Morswetz (2008) em milho; Combris et al

(2007) para peras; Maia (2010) em maçãs; Marette et al (2010) em iogurte

enriquecido; Ginon et al (2009) e Ginon et al (2014a) para baguetes; Henrique

(2013) para presunto e Ginon et al (2014b) em pão, queijo, presunto e suco de

laranja.

3.4.2 ANÁLISE SENSORIAL – TESTES DESCRITIVOS

Os testes descritos são capazes de identificar a presença ou ausência de

diferenças perceptíveis, definirem características sensoriais importantes de um

produto, e são capazes de detectar particularidades dificilmente detectadas por

outros procedimentos analíticos (MUÑOZ; CIVILLE; CARR, 1992; STONE; SIDEL,

2004). Assim, os testes descritivos podem complementar os afetivos

principalmente quando produtos são desenvolvidos utilizando tecnologias

inovadoras. Delaure e Sieffermann (2004) acrescentam que os testes descritivos

são utilizados na indústria para caracterizar a identidade dos produtos.

Diferentes tipos de metodologias foram desenvolvidas e podem ser

utilizadas para caracterizar vários produtos. Alguns métodos são baseados na

seleção e treinamento de avaliadores. Em seguida, os descritores de referência

são determinados e, por fim, o painel é calibrado com esses descritores de

referência. Outros métodos permitem ao avaliador decidir mais livremente como

indicar diferenças entre as amostras (DEHLHOLM et al, 2012; APARICIO;

MEDINA; ROSALES, 2007). Este segundo grupo, de metodologias, são

desenvolvidas de forma mais rápida, por isso ganharam popularidade e têm sido

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capazes de descrever com sucesso vários produtos. Duas destas metodologias

são o Perfil Livre (PL) e Perfil Flash (PF).

3.4.2.1 PERFIL LIVRE

PL é uma técnica sensorial proposta por Williams e Langron em 1984, que

apresenta como maior vantagem um número total de sessões significativamente

menor do que os outros métodos descritivos. Tal fato se dá em função das

diminuídas e até eliminadas etapas de treinamento, seleção final dos avaliadores

e treinamento final, além de não haver necessidade de reuniões e consenso para

o desenvolvimento da terminologia descritiva (DAMÁSIO, 1999; RÚA, 2003).

Tárrega e Tarancón (2014) acrescentam que o vocabulário utilizado apresenta

termos mais parecidos com os usados pelos consumidores, isto é, menos

técnicos, e podem ser utilizados pelas áreas de marketing. A análise estatística

utilizada é a Procrustes Generalizada (GPA). Trata-se de um método estatístico

capaz de ajustar variações próprias do método produzindo uma figura

consensual. Esta técnica é adequada, pois no PL trabalha-se com um número de

atributos distintos para cada avaliador (WU et al, 2002).

A GPA permite consensualizar os diferentes julgamentos dos avaliadores

através de três ajustes: a translação, a rotação e o escalonamento. A translação

corrige o efeito de nível da escala já que, pela não presença de padrões no PL, os

avaliadores podem utilizar diferentes faixas de escala para um mesmo atributo. A

rotação corrige as diferentes interpretações que podem ser atribuídas a um

mesmo termo e o escalonamento permite a compressão ou expansão das

configurações individuais corrigindo as variações de amplitude da escala, isto é,

um avaliador pode utilizar pequena porção da escala para expressar sua

percepção, enquanto outro utiliza pontos afastados da referida escala

(MARCELLINI, 2005).

3.4.2.2 PERFIL FLASH

Como o objetivo de tornar o PL uma metodologia mais rápida e barata

equiparada às técnicas convencionais, Dairou e Sieffermann (2002) sugeriram

combinar o PL com uma avaliação comparativa, desenvolvendo a técnica

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denominada Perfil Flash (PF). Terhaag e Benassi (2010) explicaram que o PF é

baseado numa combinação do método de PL com a técnica de ordenação. Sendo

assim, os avaliadores recebem todas as amostras ao mesmo tempo e devem

ordená-las em uma escala não estruturada, o que não é permitido no PL, pois as

amostras são avaliadas de forma monádica. Assim a metodologia permite uma

descrição mais rápida e barata comparativamente às técnicas convencionais.

Sauvageot (1998) afirmou que escalas de ordenação são intuitivas e

tornam a execução do teste mais fácil, pois os avaliadores apenas ranqueiam as

amostras para cada atributo. Dessa forma, esta metodologia pode fornecer mais

rapidamente a mesma descrição de um produto como no perfil convencional.

Assim como no PL, o GPA é utilizado como ferramenta para análise estatística do

PF (DAIROU; SIEFFERMANN, 2002).

Ambas as metodologias foram utilizadas para descrever diferentes tipos de

produtos (MARCELLINI, 2005; DELIZA; MacFIE; HERDDERLEY, 2005;

TERHAAG; BENASSI, 2010; DAIROU; SIEFFERMANN, 2002; DEHLHOLM et al,

2012; SANTOS et al, 2013; APARICIO; MEDINA; ROSALES, 2007; DELARUE;

SIEFFERMANN, 2004). Entretanto, não foram utilizadas para néctar de pitanga

ou mesmo de forma comparativa.

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4.0 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATERIAL

Polpa de pitanga vermelha foi fornecida pela De Marchi Indústria e

Comércio de Frutas Ltda., localizada em Jundiaí/SP.

4.1.1 ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE

Os frutos foram despolpados e a polpa acondicionada em embalagens

plásticas, seladas a vácuo. Foram imediatamente congeladas à temperatura de -

18º C e transportadas à Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) onde ficaram

armazenadas à -18º C em câmaras de congelamento até serem submetidas à

APH. Esse material será denominado de polpa in natura.

4.2 MÉTODOS

4.2.1 PROCESSAMENTO DA POLPA DE PITANGA IN NATURA

A polpa in natura congelada foi descongelada sob refrigeração durante a

noite anterior ao tratamento, acondicionada em embalagens plásticas de

polietileno estéril (150X230MM - NASCO) de baixa densidade e termoseladas,

evitando a presença de ar.

O processamento por APH foi realizado no equipamento isostático

Stansted Food Lab 9000 (Stansted Fluid Power), com câmara de pressão de

250mL de capacidade nominal e câmara de operação até 900MPa. A mistura de

água e etanol (30/70 v/v) foi utilizada como meio de pressurização, como indicado

pelo fabricante do equipamento. Os ensaios foram realizados na Planta Piloto II

da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro - RJ.

Para a determinação das condições experimentais (pressão, tempo e

temperatura) utilizadas no processamento foi realizado delineamento

experimental de superfície de resposta (23), com 11 corridas incluindo três

repetições do ponto central; as variáveis independentes foram: pressão (300MPa,

400MPa e 500MPa), temperatura (25ºC, 30ºC e 35ºC) e tempo (5 minutos, 10

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minutos e 15 minutos). Em cada corrida, foram processada três embalagens

contendo cerca de 70mL de polpa de pitanga.

Os níveis de pressão, temperatura e tempo deste estudo são apresentados

na Tabela 2.

Tabela 2. Delineamento experimental.

Variáveis Independentes Níveis de Planejamento

-1 0 +1

Pressão (MPa) 300 400 500 Temperatura (ºC) 25,0 30,0 35,0 Tempo (minutos) 5 10 15

A variável resposta foi estabelecida conforme a Instrução Normativa

número 12, de 7 de janeiro 2000 (MAPA) (BRASIL, 2000), e a Resolução RDC

número 12, de 02 de janeiro de 2001(ANVISA) (BRASIL, 2001), isto é que atenda

a legislação para Salmonella spp., fungos filamentosos e leveduras e coliformes a

45oC (FDA, 2001; FDA, 2002; FDA, 2003). A condição de processo identificada

como adequada microbiologicamente foi utilizada nas etapas subsequentes.

4.2.2 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DA POLPA

4.2.2.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

As análises microbiológicas foram realizadas nas amostras de polpa de

pitanga processada por APH obtidas a partir do delineamento mostrado na Tabela

2, bem como nos controles “não tratados”. Das três embalagens processadas em

cada run, duas seguiram para as análises microbiológicas, realizadas em

triplicata, e uma permaneceu como contra-prova, o mesmo procedimento foi

mantido para os controles “não-tratados”. Todas as análises foram realizadas de

acordo com a Instrução Normativa número 12, de de 7 de janeiro 2000 (MAPA)

(BRASIL, 2000), e a Resolução RDC número 12, de 02 de janeiro de 2001

(ANVISA) (BRASIL, 2001), exceto para Salmonella spp., avaliando fungos

filamentosos e leveduras e coliformes a 45oC.

Durante a etapa de caracterização inicial da polpa de pitanga in natura,

observou-se a ausência de Samonella spp. Assim, decidiu-se que esta análise

não seria mais realizada nas amostras submetidas à APH devido às limitações da

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câmara de pressão quanto ao volume de amostra necessário para os ensaios,

bem como devido às orientações fornecidas no plano de amostragem

determinado pela Resolução RDC número 12, de 02 de janeiro de 2001(ANVISA)

(BRASIL, 2001) considerando o número de amostras.

4.2.2.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

Com o intuito de caracterizar a polpa de pitanga in natura, foram realizadas

as análises de pH, acidez total titulável, sólidos solúveis, de acordo com AOAC

(2000) e BRASIL (2003a).

Análises de cor instrumental, além da quantificação dos teores totais e

perfil de carotenoides (PACHECO, 2009; RODRIGUEZ-AMAYA, 2001) foram

executadas na polpa in natura, polpa pressurizada (300MPa, 25ºC e 5 minutos) e

polpa pasteurizada (90ºC por 60 segundo). A amostra pasteurizada foi

processada na Planta Piloto II da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e

seguiu metodologia descrita por Lopes et al. (2013).

A análise de cor foi realizada por transmitância no aparelho Color Quest

XE, escala CIELAB e CIELCh, com abertura de 0,375mm de diâmetro, com

iluminante D65/10, em quadruplicata.

Para a determinação dos teores totais e perfil de carotenoides, as amostras

foram submetidas à extração e subsequente saponificação do extrato por 16

horas à temperatura ambiente em frasco do tipo erlenmeyer âmbar rosqueado. A

leitura de carotenoides totais foi realizada em espectrofotômetro usando-se éter

de petróleo como “branco”. O comprimento de onda utilizado foi 470nm. O valor

da leitura de absorbância esteve dentro da faixa de linearidade do

espectrofotômetro que é de 0,2 a 0,8 (PACHECO, 2009; RODRIGUEZ-AMAYA,

2001). A equação 1 foi utilizada para estimar o teor de carotenoides totais (em

µg/100g).

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Concentração (µg/100g) = Abs. x Dil. x Vol. x 10000 Eq. 1 3450 x ma.

Em que:

Abs. = valor da leitura de absorbância

Dil. = diluição do extrato (quando usada para faixa de linearidade)

Vol. = volume do balão volumétrico utilizado (mL)

ma. = massa da amostra (g)

Na determinação cromatográfica dos carotenoides, uma alíquota de 0,5 a

2mL do extrato etéreo foi transferida para recipiente âmbar de 3mL. A quantidade

da alíquota foi escolhida baseada no teor de carotenoides totais, anteriormente

determinado por espectrofotometria, de tal modo que a resposta cromatográfica

ficasse dentro da faixa de trabalho usada na curva de calibração. O solvente foi

então removido sob fluxo de ar comprimido. Ao resíduo foram adicionados 100μL

de acetona e o vial foi então agitado em vórtex durante 10 segundos. Com auxílio

de pipetador automático, a solução obtida foi transferida para vial com redutor de

volume e realizou-se a análise cromatográfica (PACHECO, 2009; RODRIGUEZ-

AMAYA, 2001). As análises foram realizadas em sistema cromatográfico

Waters®, com bomba analítica W600 com forno para colunas, degaseificador em

linha, injetor automático 717 plus e detector de arranjo de diodos PDA 2996. O

cromatógrafo foi controlado por microcomputador, pelo software de controle e

processamento de dados Empower®, também da Waters® (PACHECO, 2009;

RODRIGUEZ-AMAYA, 2001).

As condições cromatográficas foram:

Temperatura do forno da coluna cromatográfica em 33ºC

Fluxo da fase móvel a 0,8mL/minuto

Volume de injeção de 15µL

Tempo de análise de 28 minutos

Gradiente de eluição com as fases móveis: A) Metanol e B) Éter metil-terc-butílico

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4.2.3 AVALIAÇÃO DA VIDA ÚTIL DO NÉCTAR DE PITANGA

As amostras de polpa in natura e pressurizada (300MPa/5minutos/25ºC)

foram avaliadas aos: zero, sete, 14, 21, 28 dias e 35 de armazenamento sob

refrigeração conforme requerido na Instrução Normativa número 12, de de 7 de

janeiro 2000 (MAPA) (BRASIL, 2000), e a Resolução RDC número 12, de 02 de

janeiro de 2001 (ANVISA) (BRASIL, 2001).

4.2.4 ESTUDOS DE CONSUMIDOR E ANÁLISE SENSORIAL

Para a execução desta etapa do projeto foi necessário formular o néctar a

partir da polpa de pitanga e, para tal, identificar a diluição e doçura ideais. Neste

estudo, optou-se por utilizar como adoçante apenas a sacarose.

4.2.4.1 DETERMINAÇÃO DA DILUIÇÃO E DOÇURA IDEAIS DO NÉCTAR DE

PITANGA

Foram utilizadas duas metodologias para identificar a diluição e doçura

ideais sob o ponto de vista do consumidor de néctar de frutas, a saber: escala

relativa ao ideal e superfície de resposta.

Para determinar as concentrações de açúcar e a diluição da polpa a serem

utilizadas nos testes, de escala relativa ao ideal e superfície de resposta, alguns

consumidores foram convidados a duas reuniões, que ocorreram no Laboratório

de Análise Sensorial e Instrumental (LASI) da Embrapa Agroindústria de

Alimentos – RJ. Nessas reuniões os consumidores determinaram as amostras

que seriam avaliadas nos testes de determinação da diluição e doçura ideias para

o néctar de pitanga.

ESCALA RELATIVA AO IDEAL

Para a determinação da diluição e doçura “ideal” do néctar, foram

recrutados 100 consumidores de sucos e néctares de frutas e utilizada a escala

relativa ao ideal (DELIZA, 2001). Os testes foram realizados no Laboratório de

Análise Sensorial e Instrumental (LASI) da Embrapa Agroindústria de Alimentos –

RJ, em duas sessões. A primeira compreendeu a determinação da doçura “ideal”

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e a segunda, a determinação da diluição “ideal”, sendo realizada uma semana

após a primeira. Para a determinação da doçura “ideal” foram utilizadas cinco

diferentes concentrações de açúcar (6%, 8%, 10%, 12% e 14%), mantendo a

mesma concentração de polpa em todas as amostras (35mL/100mL néctar).

Utilizando o resultado obtido com relação à doçura “ideal” (10g de

açúcar/100mL) de polpa, cinco diferentes concentrações de polpa de pitanga

foram preparadas e avaliadas pelos consumidores. As concentrações testadas

foram: 25%, 30%, 35%, 40% e 45% mL de polpa/100mL néctar.

Neste estudo foi utilizada uma escala não estruturada de 10cm, ancorada

nos extremos com as expressões “muito menos doce que o ideal” e “muito mais

doce que o ideal” quando a doçura foi avaliada. Para diluição ideal “muito menos

concentrado que o ideal” e “muito mais concentrado que o ideal” foram as

expressões utilizadas. O ponto central das duas escalas continha a expressão

“ideal”. As amostras de néctar de pitanga foram servidas aos consumidores

monadicamente, à temperatura de 82°C, em copos plásticos brancos

descartáveis de 50mL, codificados com números de três algarismos, sob

iluminação vermelha em cabines individuais de prova. A ordem de apresentação

das amostras seguiu delineamento de blocos completos balanceados (MacFIE et

al, 1989). Água e biscoitos foram oferecidos aos avaliadores.

A coleta de dados foi realizada no software FIZZ e a avaliação dos

participantes foi transformada em dados numéricos (0 a 10), os quais foram

analisados por meio de regressão linear simples utilizando o software XLSTAT

(2012).

SUPERFÍCIE DE RESPOSTA PARA A DETERMINAÇÃO DA DILUIÇÃO “IDEAL” E

DOÇURA “IDEAL”

Foi elaborado delineamento experimental de superfície de resposta (22),

com 3 pontos centrais e quatro axiais, totalizando 11 amostras. As variáveis

independentes foram teor de polpa e teor de açúcar (Tabela 3) e a variável

dependente foi a aceitação dos consumidores em relação ao néctar de pitanga

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avaliada em escala hedônica não-estruturada de 10cm, onde os extremos

compreenderam a “desgostei extremamente” e “gostei extremamente”.

Os néctares foram formulados seguindo as quantidades de polpa e açúcar

mostradas na Tabela 3 e avaliados por 100 consumidores de sucos e néctares de

frutas. Os procedimentos experimentais foram semelhantes ao estudo anterior. As

análises foram realizadas no Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental

(LASI) da Embrapa Agroindústria de Alimentos – RJ.

Tabela 3. Variáveis independentes e níveis de planejamento. Variáveis Independentes

Níveis de Planejamento

-1,41 -1 0 +1 +1,41

Açúcar(g/100mL) 4,12 5,0 7,0 9,0 9,82 Polpa (mL/100mL) 21,72 25,0 33,0 41,0 44,28

A coleta de dados foi realizada no software FIZZ e a avaliação dos

participantes foi transformada em dados numéricos (0 a 10) os quais foram

submetidos à ANOVA e análise de superfície de resposta utilizando o software

Statistica StatSoft® (2004).

TESTE DE ACEITAÇÃO

Após terem sido determinados o teor de açúcar e a concentração de polpa

para a obtenção do néctar de pitanga nas metodologias descritas acima, foi

realizado um teste de aceitação com as duas amostras com 100 consumidores de

sucos e néctares de frutas. Tal teste foi executado com o intuito de confirmar

estatisticamente (p>0,05) a semelhança sensorial em termos de aceitação entre

os produtos desenvolvidos

A aceitação foi avaliada em escala hedônica não-estruturada de 10cm, em

que os extremos compreenderam a “desgostei extremamente” e “gostei

extremamente”. As duas amostras de néctar de pitanga foram servidas aos

consumidores monadicamente, à temperatura de 82°C, em copos plásticos

brancos descartáveis de 50mL, codificados com números de três algarismos, sob

iluminação vermelha em cabines individuais de prova. A ordem de apresentação

das amostras foi balanceada. Água e biscoitos foram oferecidos aos avaliadores.

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A coleta de dados foi realizada no software FIZZ e a avaliação dos

participantes foi transformada em dados numéricos (0 a 10), e submetidos à

Análise de Variância, utilizando o programa XLSTAT-MX (2012).

4.2.4.2 EFEITO DA EXPECTATIVA NA AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS

Os fatores de embalagem manipulados para a elaboração dos rótulos

foram: ilustração, antioxidantes, aditivos, alta pressão hidrostática e logomarca da

Embrapa; todos com dois níveis, estes encontram-se descritos na Tabela 4.

Tabela 4. Fatores de embalagem de néctar de pitanga e respectivos níveis utilizados no estudo da Conjoint Analysis.

Fatores Níveis Descrição

Ilustração 2 1. Tradicional

2. Moderna

Logomarca da Embrapa 2 1. Presença da Logomarca

2. Ausência da Logomarca

Informação sobre tecnologia 2 1. Presença da Informação “Produto elaborado por Alta Pressão Hidrostática. Tecnologia segura que prolonga a vida útil do produto e mantém as vitaminas, além do aroma e sabor natural da pitanga.”

2. Ausência da Informação

Informação sobre aditivos 2 1. Não contém aditivos

2. Ausência da informação

Informação sobre antioxidantes 2 1. Rico em Antioxidantes

2. Ausência da informação

As descrições “Tradicional” e “Moderna” expressam o conceito que cada

uma das ilustrações apresenta. Tais conceitos seguem as ilustrações já

encontradas nos rótulos/embalagens disponíveis nos mercados de grande e

pequeno porte da cidade do Rio de Janeiro. Foi caracterizada como “Tradicional”

a ilustração que configura a presença da fruta, do campo e da natureza, mais

comum entre os produtos disponíveis. Já a denominada como “Moderna”

apresenta um carácter mais contemporâneo que mistura cores fortes, encontrada

com menor frequência. As ilustrações, bem como, toda a configuração dos

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rótulos/embalagens, foi criação dos estagiários do Núcleo de Comunicação

Organizacional da Embrapa Agroindústria de Alimentos – Rio de Janeiro. A

Figura 3 apresenta as ilustrações “Tradicional” e “Moderna” criadas.

Figura 3. Ilustração dos rótulos utilizados neste estudo. A = Tradicional; B =

Moderna.

Com base nos fatores e níveis (Tabela 4), foi elaborado planejamento

fatorial fracionado ¼ otimizado, obtido pelo XLSTAT (20012). Esse tipo de

planejamento foi utilizado pelo fato de que o número elevado de fatores, cinco, em

dois níveis resultaria em quantidade elevada de rótulos/embalagem (25=32),

dificultando demasiadamente a execução do experimento. A Tabela 5 apresenta

as oito embalagens criadas a partir de planejamento fatorial fracionado.

Oito rótulos foram criados usando os programas Corel® e Ilustrator®

(licenciado para a Embrapa Agroindústria de Alimentos) respeitando o

preconizado pelas normas brasileiras de rotulagem (Portaria número 27/1998, a

Instrução Normativa 12/2003 além da Resolução da Diretoria Colegiada números

259/2002, 359/2003 e 360/2003) (BRASIL, 1998; BRASIL, 2002; BRASIL, 2003a,

BRASIL, 2003b; BRASIL, 2003c).

A

B

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Tabela 5. Delineamento fracionado para elaboração dos rótulos das embalagens

de néctar de pitanga.

1 “Produto elaborado por Alta Pressão Hidrostática. Tecnologia segura que prolonga a vida útil do produto e

mantém as vitaminas, além do aroma e sabor natural da pitanga.”

Cento e dezesseis consumidores avaliaram a intenção de compra dos

produtos utilizando escala não estruturada de 10cm, ancorada nos extremos com

as expressões “certamente não compraria” e “certamente compraria”. O teste foi

realizado em sala de aula na Escola de Nutrição da Universidade Federal do

Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), localizada no bairro da Urca - RJ. A sala de

aula teve as mesas e cadeiras posicionadas de forma que os consumidores não

tivessem nenhum contato entre si, simulando uma cabine sensorial, evitando

qualquer tipo de interferência.

As embalagens foram codificados com números de três algarismos e

avaliadas de forma monádica. A ordem de apresentação das amostras seguiu

delineamento de blocos completos balanceados (MacFIE et al, 1989).

Os resultados obtidos foram submetidos a Analise de Variância (ANOVA),

Conjoint e Cluster Analysis, utilizando o programa XLSTAT-MX (2012).

As Figuras 4 e 5 mostram os rótulos elaborados especialmente para este

estudo e a Figura 6 apresenta os nas embalagens.

Embalagens Ilustração Logomarca da

Embrapa

Informação sobre

Tecnologia1

Informação Sobre

Aditivos

Informação Sobre

Antioxidantes

1 Tradicional Ausência Ausência Não contém aditivos

Rico em Antioxidantes

2 Tradicional Presença Ausência Ausência da informação

Rico em Antioxidantes

3 Tradicional Ausência Presença1 Ausência da

informação Ausência

4 Tradicional Presença Presença1 Não contém

aditivos Ausência

5 Moderna Presença Presença1 Ausência da

informação Rico em

Antioxidantes

6 Moderna Ausência Presença1 Não contém

aditivos Rico em

Antioxidantes

7 Moderna Presença Ausência Não contém aditivos

Ausência

8 Moderna Ausência Ausência Ausência da informação

Ausência

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Figura 4. Rótulos utilizados neste estudo conforme a descrição mostrada na

Tabela 5 - Moderno.

3

4

1

2

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Figura 5. Rótulos utilizados neste estudo conforme a descrição mostrada na

Tabela 5.

5

6

8

7

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Figura 6. Exemplos de rótulos nas embalagens.

4.2.4.3 AVALIAÇÃO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR

O teste de avaliação da disposição a pagar foi realizado na sala Multiuso

da Universidade Castelo Branco (UCB), localizada no bairro de Realengo, Rio de

Janeiro - RJ. A sala de Multiuso teve as mesas e cadeiras posicionadas de forma

que os consumidores não tivessem nenhum contato entre si, simulando uma

cabine sensorial, evitando qualquer tipo de interferência. Participaram deste

estudo 149 consumidores, incluindo professores, funcionários e alunos da UCB,

os quais atenderam aos seguintes critérios de inclusão: deveriam ser

consumidores de sucos ou néctares de frutas, maiores de 21 anos e

apresentassem documento de identidade.

Foram elaborados e avaliados os rótulos de néctar de pitanga, os quais

foram identificados a partir dos resultados obtidos no estudo descrito no item

4.2.4.2. Tal estudo apontou a contribuição positiva de níveis específicos dos

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fatores: informação sobre a tecnologia utilizada, informações sobre aditivos,

informação sobre antioxidantes e logomarca da Embrapa, em todos os segmentos

de consumidores, mas em proporções distintas. Assim, decidiu-se utilizar a

ilustração de maior part-worth positivo (tradicional) e manter em todos os rótulos a

logomarca da Embrapa, além de manipular os fatores: tecnologia de processo

(APH ou pasteurização) e informações sobre aditivos e antioxidantes (ausência e

presença). A Tabela 6 descreve os fatores de embalagem manipulados para a

elaboração dos rótulos.

Tabela 6. Fatores de embalagem e respectivos níveis utilizados neste experimento.

Fatores Níveis Descrição

Tecnologia de Processo 2 1. Produto Pressurizado “Produto elaborado por Alta Pressão Hidrostática. Tecnologia segura que prolonga a vida útil do produto e mantém as vitaminas, além do aroma e sabor natural da pitanga.”

2. Produto Pasteurizado ““Produto elaborado por Pasteurização. Tecnologia segura que prolonga a vida útil do produto.”

Informação sobre aditivos e antioxidantes

2 1. Ausência da informação

2. “Não contém aditivos” e “Rico em Antioxidantes”

(Produto Pressurizado) ou “Não contém aditivos” e “Contém Antioxidantes” (Produto Pasteurizado)

Com base nos fatores e níveis (Tabela 6), foi elaborado planejamento

fatorial (22), resultando em quatro embalagens distintas. Quatro rótulos foram

criados usando os programas Corel® e Ilustrator® (licenciado para a Embrapa

Agroindústria de Alimentos) respeitando o preconizado pelas normas brasileiras

de rotulagem respeitando o preconizado pelas normas brasileiras de rotulagem

(Portaria número 27/1998, a Instrução Normativa 12/2003 além da Resolução da

Diretoria Colegiada números 259/2002, 359/2003 e 360/2003) (BRASIL, 1998;

BRASIL, 2002; BRASIL, 2003a, BRASIL, 2003b; BRASIL, 2003c). Toda a

configuração dos rótulos/embalagens foi criação dos estagiários do Núcleo de

Comunicação Organizacional da Embrapa Agroindústria de Alimentos – Rio de

Janeiro.

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60

Vale ressaltar que o fator tecnologia apresenta dois níveis “Produto

Pressurizado” e “Produto Pasteurizado” com a respectiva explicação do que cada

um produz. Dessa forma, foi possível avaliar o efeito da inovação tecnológica em

um produto tradicional.

A Tabela 7 apresenta o delineamento utilizado para a elaboração dos

rótulos.

Tabela 7. Delineamento para da elaboração dos rótulos do estudo de disposição

a pagar.

1 “Produto elaborado por Alta Pressão Hidrostática. Tecnologia segura que prolonga a vida útil do produto e

mantém as vitaminas, além do aroma e sabor natural da pitanga.” 2 “Produto elaborado por Pasteurização.

Tecnologia segura que prolonga a vida útil do produto.”

A Figura 7 apresenta os rótulos desenvolvidos para este segundo ensaio.

Já a Figura 8 apresenta as amostras como foram avaliadas pelos consumidores.

O estudo foi dividido em três etapas. A primeira compreendeu a avaliação

da aceitação; em seguida avaliou-se a disposição a pagar, pelo método do BDM

(BECKER; DEGROOT; MARSCHAK, 1964) e, por fim, foi aplicado um

questionário sócio econômico, com questões atitudinais (atitudes frente à

inovação) e de hábito de consumo (APENDICÊ - A). Esse questionário foi

elaborado baseado em outros já existentes na literatura, além de questões

formuladas especificamente para esta tese (VIDIGAL et al, 2014; GINON et al,

2014a).

Embalagens Tecnologia Informação sobre aditivos e antioxidantes

1 APH1 Não contém aditivos Rico em Antioxidantes

2 APH1 Ausência da informação Ausência da informação

3 Pasteurizado2 Não contém aditivos Contém Antioxidantes

4 Pasteurizado2 Ausência da informação Ausência da informação

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61

Figura 7. Rótulos utilizados no estudo de disposição a pagar.

1

2

3

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62

Figura 8. Amostras de néctar de pitanga avaliadas quanto à disposição a pagar.

A aceitação esperada apenas observando as embalagens foi avaliada

utilizando escala hedônica estruturada de nove pontos, conforme Figura 9,

ancorada nos extremos com as expressões “desgostei extremamente” e “gostei

extremamente”. Os produtos foram avaliados de forma monádica, balanceados e

codificados com algarismos de três dígitos aleatórios (STONE; SIDEL, 2004;

MacFIE et al, 1989).

Figura 9. Ficha utilizada no estudo de aceitação esperada e disposição a pagar.

Como mostra a Figura 9, ao consumidor foi solicitado que apontasse o

valor máximo que estaria disposto a pagar por cada produto, sabendo que em

média 500mL de néctar ou suco de fruta custa R$2,70. Ressalta-se aqui que essa

tomada de informação representa colocar cada participante em situação onde

2

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existe o compromisso real de compra (BECKER; DEGROOT; MARSCHAK, 1964;

GUERRERO et al, 2009; GINON et al, 2014a; GINON et al, 2014b; GINON et al,

2009; COMBRIS et al, 2009; SULMONT-ROSSÉ et al, 2008).

Após a avaliação da aceitação e da indicação do preço máximo que cada

participante estaria disposto a pagar por 500mL de cada néctar de pitanga do

estudo (preço de reserva), deu-se prosseguimento ao método BDM (BECKER;

DEGROOT; MARSCHAK, 1964). Para tal, foi realizado um primeiro sorteio, com o

objetivo de determinar qual produto (dos quatro avaliados) poderia ser vendido ao

consumidor. Em seguida, procedeu-se a um segundo sorteio, onde cada

participante retirou um preço de uma sacola contendo fichas marcadas com

preços distintos, os quais corresponderam à variação de preço de néctar e suco

de frutas do mercado local (R$1,50 a R$3,90, variando em R$0,30). Esse preço é

denominado preço de venda do produto.

Conhecendo-se o preço de venda e o preço de reserva, foi possível saber

se o consumidor pode comprar ou não o néctar de pitanga; ou seja, quando o

preço de reserva foi maior ou igual ao preço de venda, ele foi apto a comprar,

pagando o preço marcado na ficha. Por outro lado, se o preço de reserva (preço

máximo que estaria disposto a pagar) foi inferior ao preço de venda (sorteado

dentre os valores encontrados no mercado) ele não pode comprar o néctar.

Para que os participantes estivessem familiarizados com os procedimentos

do teste, no início da sessão foi feita uma apresentação explicando o método,

utilizando slides que exemplificavam a situação de compra e venda que seria

realizada. As apresentações foram realizadas individualmente ou para grupos de

no máximo quatro pessoas. Também foi salientado ao consumidor a importância

de atribuir ao produto o valor máximo que estariam dispostos a pagar por 500mL

de néctar de pitanga. Cada consumidor recebeu R$10,00 para participar do

estudo e utilizar na compra deste mesmo produto.

Finalmente, os consumidores preencheram questionários sócio-

demográfico, atitudinais (atitudes frente à inovação) e de hábito de consumo, a

fim de verificar se a utilização da APH foi observada por eles.

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Os dados foram avaliados utilizando Análise de Variância, qui-quadrado,

Conjoint e Cluster Analyses, utilizando o programa XLSTAT-MX (2012).

4.2.4.4 PERFIL LIVRE E PERFIL FLASH

Para a análise descritiva dos néctares de pitanga utilizando a metodologia

Perfil Livre (PL) e Perfil Flash (PF), 10 avaliadores treinados foram utilizados. No

desenvolvimento da terminologia descritiva, utilizou-se o método de rede e as

amostras utilizadas foram preparadas a partir da polpa de pitanga in natura, polpa

de pitanga pressurizada, além de quatro diferentes marcas de polpas comerciais

pasteurizadas disponíveis no mercado. As amostras foram preparadas (diluídas e

adoçadas) tal como a in natura e a pressurizada. A partir dos termos gerados por

avaliador, foram elaboradas fichas individuais, com escala não estruturada de 9

cm (DAMÀSIO, 1999). A definição dos termos descritores foi elaborada pelo

avaliador em concordância com o líder.

No PL, as amostras foram avaliadas de forma monádica, avaliadas em

temperatura ambiente, ordem de apresentação balanceada e codificadas com

algarismos de três dígitos (STONE; SIDEL, 2004; MacFIE et al, 1989). Foram

oferecidos água e biscoito tipo água para que os avaliadores lavassem a boca

entre uma amostra e outra.

No PF, todas as amostras foram entregues ao mesmo tempo aos

participantes e codificadas com números de três algarismos (DAIROU;

SIEFFERMANN, 2002). Os demais procedimentos foram semelhantes ao PL.

As amostras foram avaliadas com três repetições para cada metodologia.

Os dados de cada avaliador foram alocados em matriz (atributos nas colunas e

amostras nas linhas) e foram analisados por Análise Procrustes Generalizada

(DAIROU; SIEFFERMANN, 2002).

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5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA POLPA DE PITANGA IN NATURA

A Tabela 8 apresenta os resultados da avaliação microbiológica da polpa

de pitanga in natura quanto aos parâmetros exigidos pela legislação brasileira

(BRASIL, 2000; BRASIL, 2001).

Tabela 8. Análise microbiológica da polpa de pitanga in natura (não pressurizada)

Determinações Resultado Resolução

(BRASIL, 2001)

Fungos filamentosos e Leveduras (UFC/g) < 1,0 x 10¹ máx 5 x 103

Coliformes a 45°C (NMP/g) < 3 máx 1

Salmonella spp. (ausência em 25g) Ausente Ausente

Aeróbios Mesófilos (UFC/g) 1,24 x 103 104 UFC

Analisando os resultados obtidos, observa-se que a polpa de pitanga sem

tratamento algum apresentou baixa contagem de fungos filamentosos e

leveduras, atendendo às exigências o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (BRASIL, 2001). Da mesma forma, coliformes a 45ºC e Samonella

spp. encontravam-se de acordo com os padrões exigidos para polpa de pitanga

(BRASIL, 2000; BRASIL, 2001).

Nas análises de aeróbios mesófilos foi possível observar contagem maior

de micro-organismos, mas ainda de acordo com o que estabelece a legislação

brasileira. Entretanto, é importante reduzir a contagem de aeróbios mesófilos em

alimentos, o que justifica o uso da APH, pois tem sido um dos indicadores

microbiológicos mais comumente utilizado para a qualidade sanitária dos

alimentos, indicando se a limpeza, a desinfecção e o controle da temperatura

durante os processos de tratamento industrial, transporte e armazenamento foram

realizados de forma adequada. Além disso, todas as bactérias patogênicas de

origem alimentar são mesófilas (FRANCO; LANDGRAF, 2005).

Com base nos resultados obtidos para Samonella spp, decidiu-se que essa

análise não seria mais realizada nas amostras submetidas à APH devido às

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limitações da câmara de pressão quanto ao volume de amostra necessário para

os ensaios, bem como devido às orientações fornecidas no plano de amostragem

determinado pela Resolução RDC número 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL,

2001) considerando o número de amostras.

A Tabela 9 apresenta os resultados das análises microbiológicas realizadas

seguindo o delineamento experimental utilizado.

Tabela 9. Contagem de coliformes a 45ºC, aeróbios mesófilos e fungos

filamentosos e leveduras nas amostras do planejamento experimental utilizado.

Tratamentos

MPa/ min /ºC

Coliformes a 45° (NMP/g)

Aeróbios Mesófilos (UFC/g)

Fungos filamentosos e leveduras (UFC/g)

300/5 min/ 25 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

300/ 15 min/ 25 <3 4,0 x 10² < 1,0 x 10 ¹

500/ 5 min/ 25 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

500/15 min/ 25 <3 <1,0 x 10¹ 5,5 x 10 ¹

300/ 5 min/ 35 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

300/15 min/35 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

500/ 5 min/ 35 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

500/15 min/ 35 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

400/10 min/ 30 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

400/10 min/ 30 <3 1,5 x 10² < 1,0 x 10 ¹

400/10 min/ 30 <3 <1,0 x 10¹ < 1,0 x 10 ¹

Analisando a Tabela 9, observa-se que a ausência de coliformes a 45ºC foi

mantida, resultado já esperado uma vez que não se havia detectado presença do

referido micro-organismo na amostra não tratada, estando o produto de acordo

com a legislação brasileira.

A contagem de aeróbios mesófilos e fungos filamentosos e leveduras foi

reduzida pela aplicação da APH, como já descrito na Tabela 9, quando

comparado à amostra in natura. Entretanto nas condições de

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300MPa/15minutos/25ºC e 400MPa/10minutos/30ºC pode-se observar que a

redução de aeróbios mesófilos não ocorreu na mesma ordem de grandeza.

Segundo Cheftel (1995), Ananta et al. (2001) e Lado e Yousef (2002) em

processos alternativos de inativação microbiana, como a APH, os micro-

organismos são mais comumente “estressados” ou injuriados ao invés de

completamente inativados. Dessa forma, o estresse subletal pode induzir ao

posterior reparo celular, caso condições favoráveis de crescimento sejam

oferecidas. Os resultados obtidos nas condições 300MPa/15minutos/25ºC e

400MPa/10minutos/30ºC podem ser explicados por tal fenômeno, no qual as

células microbianas, que provavelmente sofreram dano, apresentaram reparo

celular.

Os fungos filamentosos e leveduras são importantes para a indústria de

néctares e sucos como micro-organismos deteriorantes de alimentos, à medida

que afetam o tempo de vida útil dos produtos (FARKAS; HOOVER, 2000), embora

não possuam expressão como microbiota patogênica.

Os resultados obtidos no estudo exploratório sobre o efeito da APH em

micro-organismos indicaram que todas as condições avaliadas permitiram que a

polpa de pitanga estivesse de acordo com o requerido pela legislação vigente

(BRASIL, 2001).

O custo do processo está relacionado à pressão utilizada e ao tempo de

exposição à pressão. O capital necessário para o equipamento de APH cresce

exponencialmente com o aumento da pressão de trabalho (HOOVER et al. 1989;

MERTENS; DEPLACE, 1993; FARKAS; HOOVER, 2000). A viabilidade

econômica do processo de APH requer que as condições de processamento

sejam otimizadas pelo uso de menores combinações de tempo, temperatura e

pressão, capazes de eliminar os micro-organismos patogênicos e deteriorantes. É

ideal não utilizar pressões superiores a 350MPa, para reduzir o custo de

operação, e, ainda, garantir o efeito mínimo da APH na qualidade sensorial do

produto. Entretanto, aplicações comerciais de sucesso utilizam pressões

superiores. Em geral é reconhecido que o processamento em batelada (batch)

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deve ter o tempo de processo de 5 minutos ou inferior (DE HEIJ et al, 2003;

BAYINDIRLI et al, 2006).

Considerando o exposto acima, assim como os resultados obtidos por meio

do estudo exploratório e apresentados pela literatura, recomenda-se o

processamento da polpa de pitanga utilizando os parâmetros 300MPa por 5 min a

25oC, os quais foram aplicados na polpa para obtenção dos produtos utilizados no

estudo de vida útil e na avaliação sensorial.

5.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

As médias e desvios-padrão dos parâmetros físico-químicos da polpa de

pitanga in natura estão expressos na Tabela 10.

Tabela 10. Caracterização físico-química da polpa de pitanga in natura.

Análises Médias§ DP

Acidez em Ácido Cítrico (g/100g) 0,48 0,04

pH 3,54 0,02

Sólidos Solúveis (°Brix) 6,50 0,40

§média de três repetições.

De acordo com o Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de

Identidade e Qualidade para polpa de pitanga, o pH máximo deve ser 3,4, teor de

sólidos solúveis maior que 6 e acidez total mínima de 0,92. Assim, a polpa usada

neste trabalho não atingiu os requerimentos da legislação, referentes à acidez e

ao pH. Estando, portanto em discordância com a legislação vigente (BRASIL,

2003a).

As variações observadas na caracterização de frutos podem ser

decorrentes de diversos fatores, como o cultivar analisado, representatividade da

amostra, condições de cultivo, método analítico e até mesmo problemas

provenientes de processamento na indústria.

Diversos estudos empregando a tecnologia de APH em polpas, néctares e

sucos de frutas demonstraram que essa tecnologia não afetou as características

físico-químicas dos produtos. Tiburski (2009) relatou que a APH não provocou

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alterações nos parâmetros físico-químicos avaliados na polpa de cajá. Resultados

semelhantes foram relatados por Pontes (2008) em suco de manga e por

Wolbang et al (2008) em melão submetido a APH. Bull et al (2004) avaliaram tais

parâmetros em suco de laranja e não observaram diferenças em relação ao suco

in natura.

Em estudo com sobremesas à base de morango, o pH, a acidez e o teor de

sólidos solúveis do produto mantiveram-se inalterados após o processamento por

APH, e durante três meses de armazenamento refrigerado (FONBERG-

BROCZEK,1999). Marcellini (2006) relatou que amostras de polpa de abacaxi in

natura e processadas por APH não diferiram significativamente para pH, °Brix e

acidez total em ácido cítrico (g/100g). Em estudo realizado com polpa de mamão,

foi observado que quanto maior a pressão empregada no processo, maior o pH

do produto após o processamento. Entretanto, é importante salientar que tal

resultado foi observado apenas quando a polpa foi submetida ao tratamento mais

severo (500 MPa/15min.), não ocorrendo em pressões mais amenas. Já para os

valores de sólidos solúveis totais não houve diferença (p>0,05) entre os

tratamentos (SHINAGAWA, 2009). Com base nos resultados acima citados

estabeleceu-se que as análises físico-químicas (pH, sólidos solúveis, e acidez

total titulável) não seriam efetuadas na polpa processada por APH.

A Tabela 11 apresenta os resultados obtidos para a análise de cor

instrumental das amostras in natura e pressurizada (300MPa/5minutos/25ºC) e

pasteurizada (90ºC/60s). Os parâmetros medidos em relação à placa branca de

cerâmica foram L=96,55; a=-0,35 e b=-0,16.

Analisando a Tabela 11 pode-se observar que só apresentou diferença

significativa (p<0,05) o parâmetro L (luminosidade) entre a polpa in natura e

pressurizada. Nos demais resultados não houve diferença significativa (p<0,05)

entre as amostras in natura e pressurizada. Tal resultado indica que a polpa in

natura e pressurizada de pitanga são similares, sugerindo que a pressão utilizada

não foi capaz de romper ligações covalentes, mantendo inalterados os compostos

que conferem cor (BARBOSA-CÁNOVAS; RODRÍGUEZ, 2002; FARKAS;

HOOVER, 2000).

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Tabela 11. Média1,2 dos parâmetros de cor instrumental no sistema Hunter.

In Natura Pressurizada Pasteurizada DMS

L3 40,27±0,07a 39,76±0,10b 35,81±0,21c 0,30

a4 13,95±0,12a 14,0±0,13a 10,76±0,15b 0,24

b5 12,78±0,17a 12,67±0,21a 16,14±0,22ª 0,42

C6 18,92±0,2a 18,88±0,23a 19,40±0,24b 0,47

°Hue 7 42,49±0,15a 42,15±0,25a 56,31±014b 0,39

1Letras iguais numa mesma linha não diferem entre si significativamente (p>0,05), pelo teste de Fisher.

2

análises realizadas em quadruplicata. 3L = luminosidade (0 = preto e 100 = branco);

4a= intensidade de

verde/vermelho (-80 até zero = verde, do zero ao +100 = vermelho) 5b= intensidade de azul/amarelo (-100

até zero = azul, do zero ao +70 = amarelo) 6C= chroma= (a *

2 + b *

2)1/2

em um sistema de coordenadas polares

7°Hue ângulo hue = arctan (b*/a*) em um sistema de coordenadas polares

É importante ressaltar que o componente da cor “a” que avalia a

intensidade das cores verde/vermelho (onde -80 até zero = verde, do zero ao

+100 = vermelho) apresentou diferença significativa entre as amostras in natura e

pasteurizada (p<0,05). A cor vermelha é a coloração mais importante do néctar de

pitanga, demonstrando, dessa forma o prejuízo que o processo de pasteurização

provocou no produto.

O °Hue é capaz de definir a tonalidade de cor, onde valores próximos a 0°

representam tonalidades da cor vermelha e valores próximos a 90° evidenciam

tons mais amarelos. Nos ensaios realizados observou-se que a amostra

pasteurizada apresentou diferença significativa (p>0,05) quando comparada as

amostras in natura e pressurizada, que não diferiram significativamente (p<0,05)

entre si. Esse resultado confirma que a polpa de pitanga pressurizada apresenta

tonalidade vermelha similar a polpa in natura.

Na literatura existem alguns trabalhos que avaliaram as alterações de cor

instrumental nas amostras estudadas quando processadas por APH. Huang et al

(2013) avaliaram a cor instrumental de néctar de damasco e Vega-Gálvez et al

(2014) a polpa de groselha. Ambos os estudos observaram que os produtos

pressurizados apresentavam cor similar aos in natura, assim como o presente

estudo. Já Keenan et al. (2010) verificaram um incremento significativo na

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intensidade de vermelha de smoothie de frutas quando comparado ao produto in

natura.

A Tabela 12 apresenta a média dos teores de carotenoides totais e o perfil

para as amostras de polpa de pitanga in natura, pressurizada (300MPa/25ºC/5

min) e pasteurizada (90ºC/60s).

Tabela 12. Médias1,2 ± desvio padrão dos teores de carotenoides totais e perfil. In natura Pressurizada Pasteurizada

Carotenoides totais (µg/100g) 3762,5±128,0b 4510,5±16,3a 3343,0±58,0c

Licopeno (µg/100g) 1367,5±135,1b 2858,5±43,1a 1034,5±71,4b

β-criptoxantina (µg/100g) 894,5±4,9a 569,0±29,7b 848,0±7,1a

β-caroteno (µg/100g) 169,0±5,7a 115,5±9,2b 177,0±2,8a

Luteína (µg/100g) 23,0±8,5a 15,5±3,5a 18,5±6,3a

Zeaxantina (µg/100g) 23,0±7,1a 31,0±5,7a 19,0±5,7a

1Letras iguais numa mesma linha não diferem entre si significativamente (p>0,05) pelo teste de Fisher.

2 Análises realizadas em duplicata.

Observando a Tabela 12, conclui-se que a polpa de pitanga submetida à

APH (4510,5µg/100g) apresentou maiores teores (p<0,05) de carotenoides totais

(superior a 20%), seguida pela polpa in natura (3762,5µg/100g) e pasteurizada

(3343,0µg/100g) (p<0,05).

Ferreira (2011) concluiu que poucas são as pesquisas voltadas ao estudo

do impacto da APH nas propriedades funcionais dos alimentos, mais

precisamente na estabilidade dos carotenoides. Os estudos descritos na literatura

comprovam que maiores concentrações de carotenoides totais nos produtos

pressurizados não é incomum. A APH, assim como outros processos inovadores,

pode aumentar a permeabilidade das células vegetais, favorecendo a migração

dos compostos bioativos contidos nas estruturas das plantas para o solvente

(CORRALES et al, 2008). Assim, à APH é atribuída a maior capacidade de

extração dos carotenoides.

Resultado semelhante foi observado para o licopeno, cujo teor na amostra

pressurizada foi superior em 109% (p<0,05) (2858,5µg/100g) comparada à

amostra in natura (1367,5µg/100g). As polpas in natura (1367,5µg/100g) e

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pasteurizada (1034,5µg/100g) não apresentaram diferença significativa entre si,

com menores teores de licopeno. Tal resultado favorece o consumo de néctar de

pitanga submetido à APH, pois está fundamentado na literatura a associação do

consumo de licopeno e o decréscimo no risco de desenvolvimento de doenças

crônicas como diversos tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Choi et al.

(2014) avaliaram o efeito inibitório da proliferação de células cancerosas de

diversas variedades de tomate cereja e comprovou que o licopeno é capaz de

inibir a proliferação destas células cancerosas, mas a maior atividade foi

observada contra o carcinoma do colo do útero e as células de câncer de pulmão.

Já Karppi et al. (2009) em seu estudo sobre câncer de próstata concluiram que a

quantidade sérica de licopeno é inversamente proporcional ao risco de

desenvolvimento deste tipo de câncer.

A APH foi amplamente estudada em polpa de tomate. Com parâmetros de

processo de 500MPa/20°C, Krebbers et al (2003) observaram um significativo

acréscimo no teor de licopeno. Esta elevação no teor do licopeno também foi

observada por Sanchés-Moreno et al (2006), Qiu et al (2006) e por Patras et al

(2009) em pressões de 600MPa. Em suco de tomate, Hsu (2008) e Hsu et al

(2008) observaram elevação de 62% na concentração dos carotenoides totais e

de 56% e 60%, respectivamente, no licopeno com pressões acima de 300MPa e a

4ºC e 25°C. No entanto, ao elevar a temperatura da amostra para 50°C, houve

uma redução na concentração dos carotenoides totais e do licopeno, comparado

aos demais tratamentos de APH (HSU, 2008). Em contrapartida, com 600MPa e

com tempo de pressurização de 60 minutos, Fernández-García, Butz e Tauscher

(2001) não relataram mudanças nos níveis do licopeno e do β-caroteno em

relação às amostras controle.

Os carotenoides denominados β-criptoxantina e β-caroteno apresentaram

comportamento de estabilidade diferente dos analitos anteriormente descritos, ou

seja, as polpas in natura e pasteurizada mantiveram as maiores concentrações

(p>0,05) na ordem de 894,5µg/100g e 848,0µg/100g, respectivamente para β-

criptoxantina, e 169,0µg/100g e 177,0µg/100g para β-caroteno. Enquanto que na

polpa pressurizada valores menores foram observados (569,0µg/100g para β-

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criptoxantina e 115,5µg/100g para β-caroteno), representando um decréscimo de

35%.

Huang et al (2013) afirmaram que tal fenômeno pode acontecer em função

de reações de isomerização. Ma et al (2008) relataram que condições de

processo entre 100 e 700MPa por 5 minutos em temperatura ambiente para suco

de cenoura levaram ao decréscimo dos carotenoides totais e aumento dos

isômeros cis. Varma et al (2010) também observaram o mesmo comportamento

em tomates. De forma adicional, Huang et al (2013) e Kim et al (2001) sugeriram

que o decréscimo destes carotenoides pode estar associado à atividade das

lipoxigenases, que são capazes de catalisar a oxidação de carotenoides e não

foram desativadas nas condições de processo utilizadas. Em contrapartida, De

Ancos et al (2002) e Sanchez-Moreno et al. (2003) reportaram aumento

significativo de β-caroteno e β-criptoxantina, dentre outros carotenoides, ambos

em suco de laranja.

Já os carotenoides luteína e zeaxantina apresentaram teores menores

variando de 15 a 31µg/100g e não foram observadas diferenças significativas seja

na polpa in natura ou em qualquer processamento.

A diversidade de efeitos ocorridos nos carotenoides totais e perfil em

função do processamento por APH pode ser atribuída aos parâmetros de

processo utilizado, como pressão, tempo e temperatura, além da matriz

alimentícia e a atividade de lipoxigenase (HUANG et al, 2013). Lopes (2005)

acrescentou que a maior perda de carotenoides foi em função da oxidação e

vários outros fatores, tais como exposição à luz e ao oxigênio, tipo de matriz

alimentícia, presença de enzimas, disponibilidade de água e presença de

antioxidantes e/ou pró-oxidantes que podem influenciar o processo oxidativo.

Rodríguez-Amaya et al. (2008) complementaram que a degradação tende a

aumentar quando há a destruição da estrutura celular do fruto e do tipo de

carotenoide envolvido.

As Figuras 10, 11 e 12 apresentam um dos cromatogramas, proveniente da

duplicata, das polpas de pitanga in natura, pressurizada e pasteurizada,

respectivamente.

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Figura 10. Cromatograma obtido para a polpa de pitanga in natura.

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Figura 11. Cromatograma obtido para a polpa de pitanga pressurizada.

Figura 12. Cromatograma obtido para a polpa de pitanga pasteurizada.

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5.3 AVALIAÇÃO DA VIDA ÚTIL DA POLPA DE PITANGA

A Tabela 13 apresenta a enumeração dos microrganismos durante a vida

útil da polpa de pitanga in natura e tratada por APH (300MPa/5min/25ºC).

Tabela 13. Coliformes a 45° e fungos filamentosos e leveduras em polpa de pitanga controle (não pressurizada) e tratada por APH (300 MPa/5min/25°C), armazenada a 5±1ºC.

Armazenamento (dias)

Coliformes a 45° (NMP/g) Fungos filamentosos e leveduras (UFC/g)

APH In Natura APH In Natura

Zero <3 <3 <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹

7 <3 <3 <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹

14 <3 <3 <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹

21 <3 <3 <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹

28 <3 <3 <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹

35 <3 <3 <1,0 x 10¹ <1,0 x 10¹

Com os resultados obtidos, é possível afirmar que a vida útil da polpa de

pitanga é superior a 35 dias, pois não houve crescimento de coliformes a 45ºC ou

fungos filamentosos e leveduras. A literatura científica tem mostrado o grande

conteúdo de compostos bioativos presentes na pitanga e nas folhas; dentre estes

estão os compostos fenólicos (CELLI et al, 2011; VICTORIA et al, 2012; LIMA et

al, 2002; LOPES, 2005) e carotenoides (RODRÍGUEZ-AMAYA et al, 2008;

CAVALCANTE, 1991). Tais compostos apresentam ação amplamente

reconhecida como antioxidantes, capazes também de atrasar e ou impedir a

oxidação de produtos alimentares, além de apresentarem propriedades

antibacteriana, anti-inflamatória, antiviral e anticarcinogênica (HOLETZ et al.,

2002; COUTINHO et al, 2010a,b; MARTINEZ-CORREA et al, 2011).

Considerando o exposto acima, sugere-se que a longa vida útil da polpa de

pitanga pode ser atribuída à presença de compostos que atuam como fatores

antimicrobianos. Em adição, é importante mencionar que o pH característico da

pitanga (pH=3,5) também contribui para o prolongamento da vida útil da polpa de

pitanga. Em estudos futuros, recomenda-se que a vida útil da polpa de pitanga

seja investigada por período superior a 35 dias.

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5.4 ESCALA DO IDEAL E SUPERFÍCIE DE RESPOSTA

Os resultados do estudo para determinação da doçura e diluição ideal

utilizando a escala do ideal são mostrados nas Figuras 13 e 14, respectivamente.

A partir da equação da reta calculou-se a doçura “ideal” do néctar de pitanga, cujo

valor foi de 10,0g de sacarose/100mL. Em relação à diluição estimou-se que

36mL de polpa devem ser utilizados para se obter a diluição “ideal”, segundo os

participantes do estudo.

A doçura e diluição ideal para sucos e néctares variam de acordo com as

características da fruta, ou seja, a acidez, pH e sólidos solúveis e também

conforme a população escolhida para o teste. De acordo com Medina (1987), os

sucos concentrados e destinados à exportação, quando adoçados, recebem a

concentração de 10% de sacarose.

Figura 13. Determinação da doçura “ideal” para a formulação de néctar de pitanga.

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Figura 14. Determinação da diluição “ideal” para a formulação de néctar de pitanga.

Marcellini (2005) determinou a doçura “ideal” para suco de abacaxi

concentrado, utilizando sacarose e diferentes edulcorantes, por meio de escala

relativa ao ideal estruturada. Para teor de açúcar obteve-se a adição de

8,5g/100mL de suco reconstituído conforme a orientação do fabricante. Já

utilizando polpa in natura. Marcellini (2006) sugeriu 7,01g de açúcar e 56,5% de

polpa de abacaxi para a formulação de suco. No estudo realizado por Tiburski

(2009), a formulação de néctar de cajá deveria conter 33% de polpa em 100mL de

água e 10,4g de açúcar/100mL. Martins (2008) identificou 8% de açúcar para a

doçura ideal de suco tropical de cupuaçu, Brito et al (2007) 9,6% para o néctar de

goiaba e para Teixeira (2011) os valores encontrados para formulação ideal em

suco de jabuticaba foram 40% de polpa e 8,5% de açúcar.

A escala do ideal também foi utilizada para estimar o teor de açúcar em

produtos diferentes de néctares e sucos de fruta. Souza et al (2011) estimaram

em 17g/100g a adição de açúcar em queijo petit suisse e, para café torrado e

moído, Moraes e Bolini (2009) encontraram 9,5%.

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Essa metodologia é muito popular no marketing e R&D das indústrias, pois

é de fácil aplicação (ARES; BARREIRO; GIMÉNEZ, 2009).

A Tabela 14 apresenta as médias da aceitação para as 11 amostras do

néctar de pitanga utilizando a metodologia de superfície de resposta.

Tabela 14. Médias de aceitação das amostras de néctar de pitanga avaliadas.

* avaliada em escala hedônica não estruturada, onde 0: “desgostei extremamente” e 10: “gostei extremamente”

As médias de aceitação variaram de 3,5 a 6,1. É importante verificar a

consistência dos dados gerados em função da proximidade das médias de

aceitação na repetição do ponto central (5,2; 5,1 e 4,9). Os resultados da ANOVA

revelaram efeitos significativos para açúcar (linear e quadrático: p=0,0001 e

p=0,0289, respectivamente), além de linear para a polpa (p=0,0427), interferindo

nas notas de aceitação (Tabela 14). Portanto, pode-se determinar a equação da

reta, em que Z é a aceitação, X a concentração de açúcar e Y o teor de polpa.

Noventa e sete por cento (R2ajustado = 0,97) da aceitabilidade foram explicadas

pelo modelo de regressão.

Z = 0,20292 + 0,8863X - 0,0403X2 + 0,0321Y

Além disso, pode-se construir o gráfico de superfície de resposta, ilustrado

na Figura 15. As áreas verde e amarela do gráfico indicam as piores notas de

aceitação, enquanto que as áreas vermelhas apontam para as amostras mais

apreciadas pelos consumidores. Observa-se que o ensaio 6 encontra-se na

região otimizada, sendo, portanto, identificado como o ideal de concentrações de

Ensaios Variáveis Independentes Variável Resposta

Açúcar (g/100mL) Polpa (mL/100mL) Aceitação*

1 5,0 25,0 4,2 2 5,0 41,0 3,8 3 9,0 25,0 5,7 4 9,0 41,0 5,5 5 4,12 33,0 3,5 6 9,82 33,0 6,1 7 7,0 21,72 5,1 8 7,0 44,28 4,9 9 7,0 33,0 5,2 10 7,0 33,0 5,1 11 7,0 33,0 4,9

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açúcar e polpa para a formulação de néctar de pitanga. O ensaio 6 corresponde a

concentração de 9,82g de açúcar/100mL e 33mL de polpa de pitanga/100mL de

néctar.

Substituindo os valores do ensaio 6 no modelo matemático, verifica-se a

similaridade entre os valores teórico (6,1) e experimental (6,06), isso mostra a

aderência e o grau de confiança da equação obtida para a região otimizada.

Figura 15. Gráfico de Superfície de Resposta para estimar a diluição e doçura ideais de néctar de pitanga.

A metodologia de superfície de resposta tem sido extensiva e

eficientemente utilizada por vários autores para otimizar a formulação de produtos

a partir de características sensoriais e físico-químicas, abrangendo alimentos de

diferentes origens, como: néctares, sucos e geleias de frutas, pães sem glúten,

chocolate, hidromel e até mesmo salsichas com baixo teor de lipídios acrescido

de óleo de peixe (ERDEM et al, 2014; KITTISUBAN; RITTHIRUANGDEJ;

SUPHANTHARIKA, 2014; GOMES et al, 2013; MARCHETTI; ANDRÉS;

CALIFANO, 2014; ACOSTA et al, 2008; DESHPANDE et al, 2008; DE MARCHI et

al, 2009; FELBERG et al, 2010; GRANATO et al, 2013; MONACO et al, 2010;

MONDRAGÓN-BERNAL et al, 2010; SOUKOULIS; TZIA, 2010; KARAMAN et al.,

Ensaio 6

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2011; ARCIA et al, 2010; DOOLEY et al, 2012; NIKZADE et al, 2012; YOUN;

CHUNG, 2012).

Soukoulis e Tzia (2010) pesquisaram substitutos parciais (suco de uva

concentrado e melaço de cana) para sacarose em sorvete de chocolate e

utilizaram metodologia de superfície de resposta, a qual foi eficiente para

identificar as concentrações dos substitutos que contribuíssem com uma boa

aceitação do produto. Para obtenção de suco de maracujá utilizando a

metodologia de superfície de resposta De Marchi et al (2009) determinaram a

doçura e o teor de oBrix da polpa, os resultados obtidos foram 10% de açúcar e

2,5ºBrix.

Acosta et al (2008) formularam geleia de mix de frutas (abacaxi, banana e

maracujá) com baixo valor calórico pela metodologia de superfície de resposta

tendo como variável depende a aceitação do produto. Os autores concluíram que

a metodologia foi aplicada com sucesso pois permitiu estimar os teores de

edulcorante, pectina e cálcio que devem ser utilizados para a produção de geleia

de mix de frutas.

Abdullah e Cheng (2001) também utilizaram a metodologia de superfície de

resposta no processamento de geleia de mix de frutas (abacaxi, carambola e

mamão) com baixo valor calórico e sugeriram formulações com aceitação

consideradas “ideais”. Granato et al (2010) desenvolveram sobremesa a base de

proteína de soja com suco de goiaba vermelha. Felberg et al (2010) elaboraram

bebida de soja com café adoçada com açúcar. Para elaboração do planejamento

experimental de superfície de resposta três, variáveis independentes (23; soja,

café e açúcar) foram utilizadas. A metodologia foi adequada no desenvolvimento

do produto.

Ederm et al (2014) utilizaram a metodologia de superfície de resposta para

produzir chocolate com simbiótico; utilizaram com este propósito: Bacillus indicus

HU36, matodextrina e fibra de limão. Os autores obtiveram a formulação

otimizada e foram capazes de validar o modelo. De acordo com os resultados, a

concentração de fibra de limão poderia ser mantida constante em 1,5 (g/100 g)

enquanto a concentração de maltodextrina no intervalo de 3,20 a 3,91 (g/100 g),

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assim o produto obteve as melhores características sensoriais. Kittisuban,

Ritthiruangdej e Suphantharika (2014) também provaram que a metodologia de

superfície de resposta foi uma ferramenta útil para obtenção da formulação

adequada, para pão de arroz sem glúten.

De acordo com Dooley et al (2012), a otimização de um produto com

técnica eficiente é fundamental para entender as interações entre os ingredientes

e como estes afetam a aceitação do consumidor. Assim, é fundamental avaliar

novamente a aceitação das amostras identificadas nos dois estudos descritos.

A Tabela 15 apresenta os resultados do teste de preferência das amostras

obtidas nos estudos de escala do ideal (A: 10g de açúcar e 36mL de polpa de

pitanga/100mL de néctar) e planejamento experimental por superfície de resposta

(B: 9,82g de açúcar/100mL e 33mL de polpa de pitanga/100mL de néctar).

Tabela 15. Médias* de aceitação das amostras de néctar de pitanga

Amostra Aceitação

p=0,32** A 6,09

B 6,35 A: 10g de sacarose e 36mL de polpa de pitanga/100mL de néctar – escala do “ideal” B: 9,82g de sacarose e 33mL de polpa de pitanga/100mL de néctar – planejamento experimental por superfície de resposta. * avaliada em escala hedônica estruturada variando de 0 = desgostei extremamente até 10 = gostei extremamente ** Valor de p calculado pelo teste t de Student.

Os resultados mostraram que não houve diferença significativa (p>0,05)

entre as duas amostras avaliadas sugerindo que os dois métodos foram similares

para estimar a diluição e doçura para a formulação de néctar de pitanga, apesar

da maior média obtida (6,35) ter sido da amostra otimizada pela metodologia de

superfície de resposta.

Já que os dois métodos apresentaram resultados similares quanto à

aceitação, é importante compará-los no que se refere às metodologias

propriamente ditas. Na escala do ideal foram apresentadas aos consumidores 10

amostras, enquanto que no planejamento de superfície de resposta foram 11. Em

ambos os experimentos as amostras foram balanceadas e oferecidas em

diferentes sessões. Porém, dependendo do número de variáveis independentes

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consideradas no planejamento, o número de amostras pode elevar

demasiadamente e dificultar a participação dos consumidores, pois deverá ocorrer

em muitas sessões para evitar a fadiga sensorial.

Ares, Barreiro e Giménez (2009) acrescentam que a escala utilizada na

metodologia escala do ideal é de fácil aplicação, e em função da escala utilizada é

capaz de avaliar a intensidade de somente um atributo e desconsiderar a

interação entre as proporções de diferentes ingredientes e efeitos em outros.

Adicionalmente, Li, Hayes e Ziegler (2014) declararam que esta escala pode

incorporar alguns vieses. Por exemplo, um participante que está em restrição

calórica pode tratar “doçura” de sorvete como um atributo negativo, e tender a

avaliar sempre sorvete como 'muito doce'. Por outro lado, um atributo muito

apreciado, pode ser sempre avaliado como “não suficiente”. Por exemplo, um

participante que gosta muito de queijo pode sempre considerar que a quantidade

de queijo em uma pizza como sendo “não suficiente”.

Já na metodologia de superfície de resposta, a avaliação do néctar se dá a

partir da aceitação do produto. Dessa forma, os consumidores podem avaliar o

produto como um todo, observando e analisando todos os atributos que o

compõem, considerando as interações entre as proporções de diferentes

ingredientes e seus efeitos na característica final.

Apesar do relatado anteriormente, nos néctares dos dois estudos os teores

de polpa e açúcar foram similares e igualmente apreciados pelos participantes.

Possivelmente em alimentos com composição mais complexa o resultado não se

repita.

Por fim, a metodologia de superfície de resposta em função do

planejamento estatístico de maior abrangência definido pela fatorial apresenta

melhor desempenho, o que não é observado na escala do ideal. Em

contrapartida, na escala do ideal tanto a análise quanto a interpretação dos

resultados são mais fáceis do que na metodologia de superfície de resposta. Por

outro lado, a escala do ideal não gera o modelo matemático capaz de prever

concentrações sensorialmente mais aceitas.

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5.5 EFEITO DA EXPECTATIVA NA AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS

A Tabela 16 apresenta os resultados obtidos para intenção de compra das

embalagens/rótulos desenvolvidos neste estudo.

Tabela 16. Médias de Intenção de Compra das Embalagens/Rótulos.

Amostras Intenção de Compra Embalagem/rótulo

1 6,1a,b

2 5,8a,b

3 6,1a,b

4 6,6ª

5 5,7a,b

6 5,3b

7 5,8a,b

8 4,0c

* Médias com letras iguais, não diferem entre si pelo teste de Fisher (p>0,05). **0=certamente não compraria até 10=certamente compraria

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Analisando os resultados é possível observar que a amostra 4 (6,6)

apresentou (p<0,05) maior intenção de compra, mas não diferiu das amostras 1,

2, 3, 5, e 7. A amostra 8 apresentou menor desempenho de intenção de compra.

A amostra 4 foi a embalagem/rótulo caracterizada por apresentar a

ilustração denominada como tradicional, além de apresentar a informação quanto

a tecnologia de APH, a logomarca da Embrapa, e, por fim, a alegação “não

contém aditivos”. Já a amostra 8 foi produzida utilizando a ilustração denominada

moderna e não continha nenhum outro fator de embalagem.

A embalagem/rotulagem dos alimentos fornece uma maneira atraente para

transmitir sinais que acabam diferenciando o produto para os potenciais

consumidores. Silayoi e Speece (2007) afirmam que estes elementos visuais e

informativos afetam de forma significativa as decisões de compra dos

consumidores.

Entretanto, quando os dados da intenção de compra são analisados por

técnicas estatísticas univariadas, médias são obtidas e assume-se que o critério

de aceitabilidade dos consumidores seja homogêneo, o que implica que os

valores desta forma obtidos podem não ser representativos da real situação. Por

esta razão a variabilidade individual dos consumidores também deve ser

considerada (GREENHOFF; MacFIE, 1994; CARDELLO; FARIA, 2000).

Villanueva (2003) acrescentou que as médias obtidas em testes aceitação

ou de intenção de compra podem ser afetadas por valores extremos, por

distribuições assimétricas ou por distribuições multimodais de dados. Em testes

com consumidores, esta limitação é grave porque impede a detecção de

segmentos de indivíduos em função das amostras de sua preferência. Por

exemplo, se em um teste 50% dos consumidores mostrarem alta aceitação por

determinada amostra e os demais mostrarem baixa aceitação pela mesma, a

média dos dados coletados resultará num valor intermediário, o que não

representará a verdadeira opinião de nenhum dos dois grupos de consumidores.

Assim, informações sobre preferências individuais dos consumidores são

perdidas.

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No entanto, a detecção de preferências individuais tem sido fundamental

para a área de marketing das indústrias, que, em função da atual competitividade

dos mercados, procura identificar consumidores potenciais e dirigir a otimização e

venda de produtos para mercados específicos (DELIZA, 2004; VILLANUEVA,

2003).

Segundo Greenhoff e MacFie (1994), a solução para o problema da

utilização de médias na análise de dados é o uso de técnicas multivariadas, que

conduz de forma separada as análises dos vários subgrupos encontrados dentro

dos consumidores que participaram do estudo (GREENHOFF; MacFIE, 1994;

YACKINOUS; WEE; GUINARD, 1999). Müller e Hamm (2014) acrescentaram que

a segmentação dos dados obtidos por testes de aceitação é uma técnica muito

comum e seus benefícios são enfatizados por todos os livros de marketing.

Carbonell et al (2008) afirmaram que o método proposto para a segmentação de

consumidores baseado na análise de Cluster permite a segmentação dos

consumidores baseada nas suas preferências e identificando estas preferências.

A Figura 16 apresenta o dendrograma que segmentou os consumidores

baseado na similaridade de respostas em relação à aceitação. Um único

consumidor que não se ajustou ao modelo, isto é, aquele consumidor que os

dados submetidos à ANOVA não apresentou diferença significativa (p>0,20) foi

excluído das análises seguintes. Assim, os dados de 116 foram analisados.

Nessa análise foi utilizada a distância Euclidiana e a técnica de aglomeração foi o

método de Ward.

Três grupos de consumidores foram identificados, os quais

compreenderam 32, 58 e 26 indivíduos. Este resultado demonstrou a

heterogeneidade na intenção de compra dos participantes. Outros estudos

também demonstram a heterogeneidade dos consumidores quando identificaram

diferentes segmentos, como Laboissière et al (2007) com suco tropical de

maracujá e Ares et al (2010b) com sobremesa de chocolate. Entretanto, Dantas

(2001) relatou somente um segmento de consumidores quando avaliou a intenção

de compra de alface minimamente processado.

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21

29 10

6

57

11

2

7 94

19 11

5

69

34

78

11

1

97

3 22

35

38 23

71

10

86 61

10

0

98

10

5

99

12

82 6 52

10

4

53

90

10

3

58

59

16

44

76 8 5 48

79

18

28 1 33

17

15

68

25

31

32

26

49

63

70

84

11

4

87

89

36

43

11

0

75

14 40

41

74 2 1

09

83

30

11

6

13

20

56

85

62

93

37

51

39 50

55

60 96

27

73

80

11

64

42

77

46

54 72 9 95

65

67

88 47

92 66 4 10

8

10

2

10

1

24

81

10

7

11

3

45

910

20

40

60

80

100

120

Dis

sim

lari

dad

e

Figura 16. Dendrograma dos consumidores (n=116).

Ares et al (2010a) e Roininen et al (1999) afirmaram que a atitude dos

consumidores em relação à alimentação está cada vez mais segmentada e

caracterizar esses segmentos entendendo as diferentes atitudes pode permitir a

identificação e compreensão das variáveis que afetam a escolha dos alimentos.

Adicionalmente, Combris et al (2009) reportaram grande heterogeneidade na

avaliação do consumidor das informações de rotulagem e sugeriram que convém

levar em conta essa variabilidade, somente dessa forma diferentes produtos

poderão apresentar sucesso de mercado.

A Conjoint Analysis foi aplicada para determinar os path-woths para os

diferentes níveis dos atributos e determinar a importância relativa para os

consumidores. Os part-worths e a importância relativa (IR) dos atributos que

compuseram as embalagens/rótulos em função da intenção de compra dos

consumidores para o Cluster 1, 2 e 3 encontram-se, respectivamente nas Figuras

17, 18 e 19, e foram determinadas a partir da Conjoint Analysis.

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Figura 17. Part-worths e importância relativa (IR) dos fatores das embalagens/rótulos em função da intenção de compra para os consumidores do Cluster 1 (n=32). A = ilustração tradicional; B = ilustração moderna.

.

Figura 18. Part-worths e importância relativa (IR) dos fatores das embalagens/rótulos em função da intenção de compra para os consumidores do Cluster 2 (n=58). A = ilustração tradicional; B = ilustração moderna.

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Figura 19. Part-worths e importância relativa (IR) dos fatores das embalagens/rótulos em função da intenção de compra para os consumidores do Cluster 3 (n=26). A = ilustração tradicional; B = ilustração moderna.

Avaliando as Figuras 17, 18 e 19 pode-se reafirmar a heterogeneidade dos

segmentos quanto aos part-worths e importância relativa dos fatores da

embalagem. Entretanto, observa-se um mesmo comportamento no que diz

respeito à influência positiva da informação sobre a tecnologia de APH, presença

da logomarca da Embrapa, além das alegações “não contem aditivos” e “rico em

antioxidantes”.

O Cluster 1 (Figura 17) foi caracterizado pelos consumidores interessados

no tipo de ilustração (IR = 38,2%) da embalagem/rótulos e a denominada

moderna teve contribuição positiva na avaliação da intenção de compra, seguido

pela presença de “contém antioxidante” (IR = 20,4%) e pela informação da

tecnologia de APH (IR 19,8%); informação sobre a ausência de aditivos (IR

11,2%) e presença da logomarca (IR = 10,4%) de instituto de pesquisa brasileiro

(Embrapa) apresentaram menor importância para os consumidores. Pode-se

dizer que esse segmento, apesar de mostrar certo interesse pelas informações

contidas nas embalagens/rótulos, foi direcionado na intenção de compra pela

ilustração.

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No Cluster 2, composto por 56 consumidores (Figura 18), a informação

sobre a tecnologia de APH foi o atributo mais importante (IR = 26,1%), seguido

pelos demais que apresentaram IR similares (ilustração: IR = 20,5% (ilustração

tradicional), presença de antioxidante: IR 19,8%, ausência de aditivos: IR =

18,2%, e logomarca da Embrapa: IR = 15,5%). Tais resultados sugerem que as

pessoas do segmento 2 parecem se envolver mais com o produto que estão

adquirindo e também como o teste. Ares et al (2014) observaram resultado

semelhante ao avaliar a influência de estilos de pensamento, racional ou intuitivo,

sobre as escolhas do consumidor e processamento da informação em rótulos de

iogurte. Os autores verificaram a formação de dois Clusters, no Cluster 1 os

consumidores apresentaram respostas mais racionais, realizaram busca de

informações mais longa e profunda, associada a uma análise mais ponderada dos

rótulos para tomarem suas decisões, enquanto que Cluster 2 os consumidores

apresentaram condutas que foram classificadas como intuitivas.

Já no Cluster 3 (Figura 19), a ilustração foi o fator que apresentou maior

importância (IR = 66,7%; ilustração tradicional), seguido por informação sobre a

tecnologia de APH (IR = 10,2%); os outros atributos obtiveram baixa importância,

inferior a 8,1%. Ficou evidente que para estes consumidores a ilustração foi o

fator determinante na intenção de compra dos néctares.

É importante apontar que em todos os Clusters a ilustração da

embalagem/rótulo foi, em maior ou menor grau, decisivo para a intenção de

compra dos participantes. Vários artigos têm reportado tal resultado (ARES et al,

2010b; CARNEIRO et al, 2005; DELIZA; MacFIE, 1996). Ares et al (2010b)

identificaram três segmentos de consumidor em estudo sobre fatores da

embalagem de sobremesa de doce de leite. Os resultados mostraram que IR para

o design foi de 79,5%; 80,0%; 72,2% para cada cluster, respectivamente.

Enquanto que a IR para a alegação “enriquecido com antioxidantes” foi de apenas

3,1%; 7,3% e 14,1%, respectivamente.

No presente estudo, os consumidores dos Clusters 1 e 2 ainda mostram

interesse para os outros atributos de embalagem/rótulo, o que não foi verificado

no estudo de Ares et al (2010b).

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Os resultados para néctar de pitanga sugerem que a ilustração apresenta

grande importância na intenção de compra dos consumidores. Deliza et al (1999)

verificaram que as ilustrações e símbolos fornecem importantes informações aos

consumidores sobre o que esperar do produto e obviamente podem ser

importante em influenciar a intenção de compra.

Outro fator relevante para ser observado é o efeito da informação sobre a

APH na intenção de compra dos consumidores. Olsen et al (2011) afirmaram que

enquanto os cientistas de alimentos focam na tecnologia em si e aplaudem o

progresso da ciência, a maioria dos consumidores são conservadores e céticos

em relação às mudanças. Além disso, a percepção dos riscos pelos

consumidores pode diferir das avaliações dos pesquisadores (WILKINSON et al,

2004). Em contrapartida, Grunert et al (2003) afirmaram que existe um interesse

crescente do consumidor pela tecnologia de produção de alimentos e, como

consequência, as atitudes dos consumidores em relação às novas tecnologias

alimentares devem ser levadas em conta no processo de desenvolvimento de

novos produtos.

No presente estudo, verificou-se que nos Clusters 1 e 2 a IR dada à

informação sobre APH foi de 19,8% com part-worth de 0,250 e IR de 26,1% com

part-worths de 0,341, respectivamente, e foi, portanto, inferior aos resultados

reportados para o suco de maracujá pressurizado (IR: 39,2%) (LABOISSIÈRE et

al, 2007). Tais resultados, de IR e part-worths, indicam a contribuição positiva da

tecnologia e confirmam o interesse por produtos advindos tecnologias inovadoras.

Nielsen et al (2009) reportaram grande potencial para os produtos pressurizados

e Frewer et al (2011) complementaram que, em geral, a consciência pública sobre

tais produtos é baixa.

Este estudo sugere a contribuição positiva da alegação “rico em

antioxidante” na intenção de compra de néctar de pitanga, com IR de 20,4% com

part-worths de 0,224 e IR de 19,8% com part-worths de 0,423 para os Clusters 1

e 2, respectivamente. Tais resultados apontam para a presença de um

consumidor preocupado com questões de saúde. Entretanto, foi observado no

Cluster 3 a baixa IR (8,12%) e, segundo Lagerkvist (2013) este resultado não

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significa que a alegação tenha sido irrelevante, mas que não interferiu

diretamente na intenção de compra.

Os fatores “não contém aditivos” e logomarca da Embrapa apresentaram

as menores IR’s para todos os Clusters.

Kim e Kim (2001), em estudo na Coreia do Sul, verificaram que os

consumidores consideraram aditivos alimentares como ingredientes

possivelmente perigosos e buscavam alimentos que não os continham. Em 2007,

Kim et al observaram que estudantes do ensino médio não tinham conhecimento

sobre aditivos alimentares e mal reconheciam a informação sobre estes na

embalagem/rótulo dos produtos avaliados; adicionalmente, pontuaram a

necessidade de campanhas para maior educação sobre os aditivos. Shim et al

(2011) entrevistaram 430 consumidores e perceberam a mesma necessidade. Os

resultados do presente estudo sugerem que os consumidores dos Clusters 1 e 3

também têm pouca informação sobre os perigos dos aditivos, pois a IR obtida foi

baixa, indicando a não relevância deste fator para a intenção de compra dos

néctares.

A Embrapa é uma empresa pública de pesquisa e demonstrou não

apresentar grande visibilidade dos consumidores, pois a IR da presença dessa

logomarca na intenção de compra dos produtos foi baixa.

Os resultados do presente estudo corroboram os relatados por Ares et al

(2010a,b) sobre a importância dos atributos não-sensoriais, tais como a ilustração

e a tecnologia empregada para o processo, na decisão do consumidor de comprar

alimentos funcionais.

5.6 AVALIAÇÃO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR

A Tabela 17 apresenta o perfil sócio econômico dos participantes deste

teste. Verifica-se que 64,4% dos participantes foram do gênero feminino e 35,6%

do masculino. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), a população brasileira é constituída por 51% de mulheres e

49% de homens, revelando que a população pesquisada não refletiu a proporção

do país. Entretanto, vale lembrar que o estudo foi realizado em Instituição de

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Ensino Superior Privada e estudos recentes sobre a inserção das mulheres nas

universidades indicam a tendência ao predomínio feminino na matrícula e nos

egressos da graduação universitária (YANNOULAS, 2007) explicando, portanto, o

perfil da população estudada.

Tabela 17. Características sócio-econômicas dos consumidores.

Variáveis sócio demográficas

N Total=149

%

Gênero Feminino 96 64,4% Masculino 53 35,6% Faixa etária Não respondeu 2 1,3% 21-25 anos 44 29,5% 26-35 anos 55 36,9% 36-45 anos 25 16,8% 46-55 anos 19 12,8% 56-65 anos 4 2,7% > 66 anos 0 0,0% Escolaridade Nenhuma 0 0,0% Fundamental Incompleto 5 3,4% Fundamental Completo 3 2,0% Médio Incompleto 1 0,7% Médio Completo 26 17,5% Superior Incompleto 69 46,3% Superior Completo 11 7,4% Pós-graduação 34 22,8% Renda Familiar Não respondeu 3 2,0% 1-5 s.m.* 93 62,4% 6-10 s.m.* 26 17,5% 11-20 s.m.* 19 12,8% 21-30 s.m.* 6 4,0% >31 s.m.* 2 1,3% Freq. de consumo de néctar e suco de fruta

Não respondeu 1 0,7% Uma vez ao mês 8 5,4% Uma vez a cada 15 dias 14 9,4% Duas vezes por semana 51 34,2% Todos os dias 58 38,9% Mais de uma vez por dia 17 11,4%

*s.m. - salário mínimo = R$724,00, em maio de 2014.

A idade média foi de 32,6 ± 11 anos . O maior número de consumidores foi

de 18 a 35 anos, representando 66,4% do total de participantes. Em menor

proporção foi a faixa etária de 36 a 45 anos (16,8%).

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Quanto à renda familiar 62,4% dos consumidores declararam ter renda

entre um e cinco salários mínimos. 17,5% dos consumidores informaram ter renda

entre seis e 10 salários mínimos. O IBGE (2010) afirmou que 49,15% da

população brasileira possui renda entre um e cinco salários mínimos, enquanto

que somente 3,06% declaram ter renda superior a seis e inferior a 10 salários-

mínimos. Assim como a caracterização do gênero da população, o maior poder

aquisitivo foi função do local de execução do estudo. A seguir serão

apresentados os principais resultados obtidos neste estudo.

Foi determinado como pré-requisito para a participação no teste ser

consumidor de néctar ou suco de frutas. Assim, pode-se observar a alta

frequência de consumo diário e semanal do produto, sendo 38,9% e 34,2%

respectivamente. Dados publicados por Souza et al (2013), referentes ao

Inquérito Nacional de Alimentação composto por amostra probabilística de 34.003

indivíduos maiores de 10 anos da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008 e

2009, mostraram que apenas 39,8% apresentam o hábito de consumirem

néctares, sucos ou refrescos.

Quando perguntado aos consumidores se já haviam experimentado néctar

de pitanga, somente 36,2% declararam ter consumido o produto, enquanto que

61,7% nunca tinham tomado o referido néctar. Sugere-se que a grande proporção

de consumidores que nunca haviam experimentado néctar de pitanga ocorre

provavelmente em função do fruto ser típico de pomares domésticos acrescido

das características de fragilidade da fruta, que torna improvável a compra in

natura e também pela pouca disponibilidade no mercado do néctar industrializado.

Aos consumidores que já consumiram néctar de pitanga foi questionado o

quanto gostam do produto e os resultados são mostrados na Tabela 18.

Tabela 18. Porcentagem de aceitação dos consumidores que alegaram já ter consumido néctar de pitanga.

Aceitação** 1 2 3 4 5 6 7

Frequência 1,7% 0% 5,3% 22,8% 17,5% 19,3% 33,33%

**avaliada em escala estruturada variando de 1: desgostei extremamente até 7: gostei extremamente

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Observa-se que 70,13% dos consumidores declararam gostar de néctar de

pitanga pois atribuíram notas 5 a 7 evidenciando o potencial do produto no

mercado consumidor.

A Tabela 19 apresenta os resultados em relação ao hábito de leitura de

rótulos pelos consumidores.

Tabela 19. Frequência na leitura de rótulos pelos consumidores.

Hábito de Leitura dos Rótulos N

Total = 149

%

Nunca 1 0,7 Raramente 14 9,4 Às vezes 50 33,6 Frequentemente 34 22,8 Sempre 50 33,6

Analisando a Tabela 19, pode-se observar que 56,4% da população

declararam ler frequentemente ou sempre os rótulos dos alimentos que

consomem. Machado et al (2006) verificaram que dos consumidores

entrevistados (n=300) 19% não leem e 81% leem, sendo que destes, 52% são de

leitores constantes e 28,7% de leitores não constantes. Della Lucia et al (2007)

reportaram que 36,8% afirmaram lê-los sempre e 30,5% às vezes . Em pesquisa

realizada nos Estados Unidos, foi observado que 60% dos entrevistados tinham

lido os rótulos e destes, 65% disseram que os rótulos aumentaram seu

conhecimento sobre segurança; 43% mudaram o comportamento em

consequência da informação presente (BRUHN, 1997). Estes dados são

indicativos da importância da leitura de rótulos de produtos alimentícios, na busca

por informação, qualidade e segurança alimentar (MACHADO et al, 2006).

Foi realizado teste de qui-quadrado associando o hábito de leitura de rótulo

com a frequência de consumo de néctares de frutas (p=0,0004) e os resultados

sugerem que quanto maior foi o consumo de néctar mais frequente foi o hábito de

leitura de rótulos. Tal dado evidência a importância das informações corretas para

um público interessado em comprar alimentos de melhor qualidade nutricional.

Já está reportado na literatura (DELIZA, 1996; LANGE et al, 2000;

BEHRENS, 2002; NORONHA, 2003; LABOISSIÈRE, 2007 e REBOLLAR et al,

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96

2012) que vários fatores podem interferir na intenção de compra dos

consumidores tais como: marca, prazo de validade, informações nutricionais,

preço e etc. Assim, foi solicitado aos consumidores que ordenassem sete fatores

(marca, preço, prazo de validade, informações nutricionais, informações sobre

ingredientes, informações sobre aditivos e outras (como: processamento,

armazenamento, etc.) do mais importante para o menos importante. A Tabela 20

contém os resultados.

Tabela 20. Ordenação§ dos fatores de embalagem que interferem na intenção de compra dos consumidores.

Fatores

Somatório* (DMS = 111)**

Prazo de Validade 291ª Informação Nutricional 367ª,b Preço 440b,c Informação sobre Ingredientes 458b,c Marca 469b,c Informação sobre Aditivos 547c Outros 673d §

o mais importante para o menos importante. * Somatório com letras iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Friedman (p>0,05). ** DMS = Diferença mínima significativa

Verifica-se que o “prazo de validade” foi o mais importante para os

consumidores, não diferindo da “informação nutricional”. Em seguida vieram

“preço”, “informação sobre ingredientes” e “marca” que não diferiram (p>0,05) da

“informação nutricional”. Para o atributo “informação sobre aditivos” ficou

evidenciado que não deve interferir na intenção de compra, embora não tenha

diferido dos fatores “preço” “informação sobre ingredientes” e “marca” e, ao

mesmo tempo sugerindo grande variabilidade nas respostas dos participantes.

“Outros” possíveis fatores da embalagem tiveram menor importância na intenção

de compra dos consumidores.

Os resultados sugerem que questões relacionadas à saúde como “prazo de

validade” e “informação nutricional” são importantes, mas o “preço”, “informação

sobre ingredientes” e “marca” também são igualmente relevantes na tomada de

decisão. É importante ressaltar o grau de instrução da população pesquisada e

provavelmente por este motivo estes fatores (“prazo de validade” e “informação

nutricional”) tenham sido os mais relevantes. Della Lucia et al (2007) reportaram o

prazo de validade (89,6%), o preço (77,8%) e a marca do produto (73,6%) como

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as características de rótulo/embalagem mais procuradas. Adicionalmente,

Laboissière (2007) e Abadio (2003) relataram a grande importância das marcas

conhecidas na intenção de compra de alimentos, além do preço.

A Tabela 21 apresenta os resultados sobre os conhecimentos a respeito de

APH e a opinião dos consumidores quanto ao consumo de antioxidantes e

aditivos.

Tabela 21. Declaração de conhecimento sobre Alta Pressão Hidrostática e consumo de alimentos que contenham antioxidantes e aditivos. Discordo

totalmente

Não concordo

nem discordo

Concordo totalmente

Alta Pressão Hidrostática*

26,8% (n=40)

4,7% (n=7)

8,0% (n=12)

26,2% (n=39)

6,7% (n=10)

5,4% (n=8)

21,4% (n=32)

Antioxidantes na alimentação**

13,4% (n=20)

2,7% (n=4)

1,3% (n=2)

34,2% (n=51)

9,4% (n=14)

4,8% (n=7)

33,6% (n=50)

Exclusão de aditivos***

15,4% (n=23)

2,7% (n=4)

9,4% (n=14)

32,9% (n=49)

10,7% (n=16)

6,0% (n=9)

20,8% (n=31)

*Tenho algum conhecimento sobre a tecnologia denominada Alta Pressão Hidrostática. **Costumo inserir na minha alimentação alimentos que contenham antioxidantes. ***Costumo excluir da minha alimentação alimentos que contenham aditivos.

Observa-se que 65,7% dos participantes alegaram ter pouco ou nenhum

conhecimento sobre APH, confirmando os estudos de Siegrist (2008) no qual

afirmou que a maioria da população tem pouco conhecimento sobre novas

tecnologias de processamento de alimentos. É fato que o desconhecimento sobre

uma tecnologia pode gerar desconfiança do consumidor e dificultar a intenção de

compra do produto, pois são incapazes de decidir se novos alimentos produzidos

por estas tecnologias estão associados com possíveis riscos.

Em contrapartida, de forma inesperada 21,4% dos participantes, deste

estudo alegaram ter algum conhecimento sobre a tecnologia de APH. É sabido

que a APH não é uma tecnologia de amplo conhecimento da população.

Podsakoff et al (2003) afirmaram que estudos baseados em questionários auto

preenchíveis, os consumidores podem apresentar comportamentos que são

considerados como socialmente desejáveis, não sendo condizente com a

realidade.

47,8% declararam ter o hábito de inserir alimentos ricos em antioxidantes

na alimentação e, ao mesmo tempo, 37,5% disseram que excluem os alimentos

que contém aditivos.

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Antioxidantes são substâncias que, mesmo em baixas concentrações,

retardam ou minimizam a oxidação de substratos. Os benefícios terapêuticos de

uma dieta rica em frutas e hortaliças, principais fontes de compostos

antioxidantes, têm sido confirmados por diversos estudos (HALLIWELL et al,

1995; PINHEIRO et al, 2011). Os resultados do presente estudo sugerem falta de

informação da população sobre alimentação saudável.

Polônio (2010) ressaltou que o consumo de aditivos alimentares está

associado a comportamentos e estilos de vida adotados pela sociedade moderna,

decorrente da necessidade de alimentos de uso prático, rápido, saboroso e com

prazo de validade estendido. Tais características podem ser alcançadas pelo uso

de aditivos alimentares. Entretanto, diversos estudos têm comprovado reações

adversas dos aditivos, notadamente corantes artificiais, como os utilizados em

néctares e sucos de fruta industrializados, como alergias, alterações

neurocomportamentais, e carcinogenicidade (ASERO, 2002). Polônio (2010)

investigou a percepção de riscos das mães de pré-escolares de escolas

municipais da Baixada Fluminense, quanto aos efeitos adversos provocados pelo

consumo de aditivos alimentares e verificou que as mães, em sua maioria, não

percebem os riscos à saúde advindos do consumo de aditivos alimentares e,

dessa forma, a exclusão destes não foi essencial. Com características sócio

econômicas diferentes do grupo populacional estudado por Polônio, o presente

estudo sugere que os entrevistados também desconhecem os riscos causados

pelos aditivos alimentares em vista da baixa exclusão da alimentação diária. É

fato que este estudo foi executado em Instituição Privada de Ensino Superior que

possui o curso de Nutrição como uma de suas carreiras, porém poucos foram os

alunos e professores do curso que participaram desta pesquisa. Tais resultados

sugerem que práticas de educação nutricional sejam administradas à população

estudada.

A Tabela 22 apresenta a média dos 149 consumidores para a expectativa e

preço máximo que estão dispostos a pagar pelos néctares de pitanga apenas

observando as embalagens/rótulos.

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Tabela 22. Médias* de aceitação da expectativa** e preço máximo que estão dispostos a pagar pelos produtos.

Amostras Aceitação

(DMS=0,50)*** Preço máximo (R$)

(DMS=0,49)*** Embalagem/rótulo

APH - Não contém

aditivos - Rico em

Antioxidantes

6,5ª 3,27ª

APH - Sem informação

6,4ª 3,21ª

Pasteurizado - Não contém aditivos - Contém Antioxidantes

6,7ª 3,37ª

Pasteurizado - Sem

informação 6,3ª 3,22ª

* Médias com letras iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Fisher (p>0,05). **1= desgostei extremamente até 9= gostei extremamente *** DMS = Diferença mínima significativa

Observando a Tabela 22, verifica-se que não houve diferença (p>0,05)

quanto à preferência média esperada dos consumidores em relação às

embalagens/rótulos testados, bem como o preço médio máximo que estão

dispostos a pagar pelos produtos. Ressalta-se que os preços máximos foram

superiores ao encontrado nos supermercados (R$2,70) sugerindo que a inovação

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tecnológica, APH, aplicada em produto tradicional como o néctar de fruta, não foi

rejeitada pelos consumidores.

Os resultados obtidos corroboram os achados de Cardello et al. (2007) que

sugeriram que a APH é uma tecnologia muito menos conhecida e apresenta

menor carga de emoção quando comparada às tecnologias de irradiação e de

modificação genética (OGM). Tal fato pode ter contribuído para minimizar a

diferença em relação à percepção dos produtos.

Entretanto, Cunningham e Sobolewski (2011) afirmaram que em alguns

casos algumas informações não apresentam sucesso ou não têm o efeito

esperado para fins de rotulagem nutricional, a menos que o consumidor tenha alto

grau de conhecimento no assunto. Assim, a aceitação do produto inovado como o

néctar de pitanga pressurizado poderia apresentar resultados ainda melhores em

outras condições de estudo.

Apesar de não haver diferença (p>0,05) entre as amostras para a

aceitação e o preço de reserva, foi realizado teste estatístico para investigar a

correlação entre as variáveis. Primeiramente foi feito o teste de normalidade de

Kolmogorov-Smirnov, tendo sido observado que nenhuma delas seguiu

distribuição normal. Optou-se então pelo teste de correlação de Spearman, o qual

evidenciou correlação positiva entre aceitação e preço de reserva (p<0,0001 e o

coeficiente de Spearman = 0,54). Dessa forma, mesmo não havendo diferença

significativa entre as amostras para aceitação e para o preço de reserva, os

consumidores indicam que quanto maior a aceitação maior o preço que os

consumidores estão dispostos a pagar pelo ´produto.

Ginon et al (2014a) compararam os resultados obtidos a partir de escalas

hedônicas com dados da economia experimental (preço de reserva). Os autores

observaram que uma pontuação hedônica alta não significou que o consumidor

estava disposto a pagar um preço elevado pelo produto, mesmo para um produto

de baixo valor monetário (baguete). Resultado similar ao observado neste estudo

foi relatado por De Groote et al (2014) que avaliaram farinha de milho

biofortificada. Os autores utilizaram o método do BDM em dois momentos. No

primeiro, o consumidor não obtinha informações sobre o produto, já no segundo

foram completamente informados sobre as características nutricionais do produto

avaliado. Observaram que a disposição a pagar (preço de reserva) aumentou nos

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101

produtos que apresentavam maior qualidade nutricional e reduziu nos produtos

convencionais, quando receberam as informações completas sobre os produtos.

Na metodologia do BDM, apenas uma das amostras pode ser vendida aos

consumidores, ao invés das quatro anteriormente avaliadas quanto à expectativa

e ao preço máximo de reserva indicado. Assim, posteriormente à avaliação

monádica das amostras, foi realizado um sorteio para identificar a amostra que

participaria do leilão. A Tabela 23 apresenta os resultados obtidos quanto à

disposição a pagar pelo método do BDM. É importante ressaltar que como a

escolha do produto a ser avaliado pelo método do BDM se dá por sorteio, cada

produto foi avaliado por número diferente de consumidores.

Tabela 23. Preço de reserva, valores mínimo, máximo e médio+ citados pelos consumidores para embalagem contendo 500mL de néctar.

Amostras 1* 2** 3*** 4****

Preço de Reserva Mínimo

R$1,00 R$2,00 R$1,80 R$1,50

Preço de Reserva Máximo

R$12,00 R$10,00 R$7,50 R$5,70

Preço Médio de Reserva

R$3,31±2,11ª R$3,35±1,51a R$3,30±1,15a R$3,14±1,29a

Indivíduos que comprariam §

n=24 n=24 n=29 n=12

Indivíduos que não comprariam§§

n=12 n=20 n=15 n=12

+ Médias com letras iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Fisher (p>0,05).

* APH + Não contém aditivos + Rico em Antioxidantes.** APH + Sem informação.*** Pasteurizado + Não contém aditivos + Contém Antioxidantes.*** Pasteurizado + Sem informação.

§ Preço de

reserva foi maior ou igual ao preço de venda.§§

Preço de reserva foi inferior ao preço de venda

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102

Observa-se grande variação de preço de reserva, sendo que os produtos

pressurizados alcançaram os maiores valores (R$10,00 e R$12,00) quando

comparados aos pasteurizados (R$7,50 e R$5,70); porém, ambos alcançaram

valores superiores aos preços de mercado (R$2,70). Já para os preços mínimos

que os consumidores pagariam em ambos os casos, também observou-se a não

conformidade com o praticado no mercado consumidor. Ginon et al. (2014a)

reportaram que apesar de ser uma situação experimental, os preços de reserva

raramente foram diferentes do praticado no mercado, observado de forma distinta

neste estudo. Tal resultado sugere que os entrevistados podem ser consumidores

de néctares e sucos de frutas, mas não devem ter o hábito de compra-los.

Foram realizadas duas análises estatísticas, ANOVA e qui-quadrado. A

ANOVA com o objetivo de verificar se houve diferença significativa nos preços de

reserva dos diferentes rótulos/embalagens e o qui-quadrado para investigar se

houve associação entre a aceitação do produto e o preço de reserva indicado.

Não houve diferença (p>0,05) para o preço de reserva entre as

embalagens/rótulos estudados. Adicionalmente, pode-se observar que não houve

associação (qui-quadrado=2,85; p=0,4147) entre o tipo de rótulo e a compra pelos

consumidores dos néctares. Portanto, mais uma vez pode-se sugerir que a

inovação tecnológica, APH, em produto tradicional como o néctar de pitanga foi

aceita pelos consumidores (Tabela 23)

O tipo de metodologia proposta, BDM, deve ser utilizada em conjunto com

a análise sensorial clássica, pois o desejo do consumidor em obter produtos com

melhores características sensoriais e nutricionais não implica na disposição de

pagar mais por este produto. Shackelford et al. (2001) afirmaram que apenas a

avaliação da preferência pode levar a conclusões tendenciosas sobre o potencial

de mercado para um novo produto. Os autores relataram que 70% dos

consumidores preferiram um bife mais macio, porém, somente 50% mostraram-se

dispostos a pagar mais por esta característica sensorial.

Henrique (2013) avaliou a disposição a pagar por presunto pressurizado

com redução de sal e concluiu que o método do BDM foi capaz de complementar

as informações sobre a preferência dos consumidores por produtos cárneos

inovadores no sentido de melhor compreender o quanto estão dispostos a pagar

pela inovação e não se apenas gostam dos produtos ditos inovadores.

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103

Ginon et al. (2009) afirmaram que o método do BDM foi eficiente para

determinar diferenças significativas na avaliação dos consumidores de baguete,

produto de consumo diário e preço baixo. Os consumidores estavam dispostos a

pagar mais por produtos “fonte de fibras”, em torno de 12%. Entretanto, os

autores relataram que a aceitação do produto também foi importante,

evidenciando a relevância dos aspectos sensoriais associados à informação

nutricional. Por fim, os autores ressaltaram a importância do método do BDM para

avaliar o real valor de um produto associando questões sensoriais com

informação nutricional.

5.7 PERFIL LIVRE (PL) E PERFIL FLASH (PF)

5.7.1 PERFIL LIVRE

Para o levantamento de atributos foram recrutados 18 avaliadores

treinados e semi treinados, funcionários da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Entretanto, apenas 10 executaram todas as etapas das metodologias e foram

considerados para a caracterização do néctar de pitanga. Dairou e Sieffermann

(2002) apontaram que no mínimo oito avaliadores são recomendados para testes

descritivos como o PL. A Tabela 24 apresenta os atributos levantados pelos

avaliadores e o número dos que citaram cada atributo.

Tabela 24. Atributos levantados pelos avaliadores e o número dos que citaram cada atributo.

Atributos Avaliadores

Aparência

Cor característica 1, 2, 3, 6, 7, 8, 9, 10

Cor marrom avermelhado 4

Cor amarela 9

Cor alaranjado marrom 2

Cor vermelho-tijolo 8

Cor laranja 8

Cor vermelha 5, 8

Aparência característica 6

Duas fases 5

Partículas escuras 5

Precipitação rápida 5

Presença de partículas 6, 7, 9

continua

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104

Tabela 24. Atributos levantados pelos avaliadores e o número dos que citaram cada atributo.

Atributos Avaliadores

Partículas em suspensão 2, 3, 5, 8, 10

Precipitado 1, 4, 8, 10

Ralo 3

Homogêneo 3, 10

Cristalino 1

Turvo 1, 5

Viva 2

Grumos uniformes e muito divididos 5

Aroma

Aroma característico 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10

Aroma doce 2, 3, 4

Aroma de terra 3

Aroma refrescante 2,5

Aroma característico com agitação 5

Aroma de madeira 7

Aroma ácido 1, 8

Aroma de cozido 2

Aroma passado/fermentado 8

Sabor

Sabor característico 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9

Gosto ácido 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10

Gosto amargo 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10

Gosto doce 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10

Sabor adstringente 1, 3, 5, 6, 8, 9, 10

Sabor de pitanga verde 7

Sabor de madeira 7

Sabor picante 5

Sabor de folha 4

Sabor refrescante 2

Sabor cozido 2

Sabor passado/fermentado 9

Gosto residual ácido 2

Gosto residual amargo 2

After-taste 5

Consistência

Diluído 9

Textura viscosa 3

Arenoso 1, 3, 4, 6, 7

Concentração 8

continuação

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105

Observa-se na Tabela 24 que 48 atributos sensoriais foram levantados

indicando grande diversidade de características percebidas pelos avaliadores

principalmente em relação à aparência e sabor, pois os atributos cor característica

e gosto amargo foram citados por oito avaliadores; aroma e sabor característico,

gosto ácido e doce por nove e sabor adstringente por sete avaliadores. Segundo

Lima, Melo e Silva (2002), a pitanga é uma fruta com aroma característico intenso

e gostos doce e ácido pronunciados. Vale ressaltar que cada avaliador

participante percebeu de 9 a 17 atributos, número similar ao obtido por Santos

(2013) com cookies e Deliza, MacFie e Herdderley (2005) para suco de maracujá.

Já Barcenás, Elortondo e Albisu (2003), na análise de queijos, relataram que os

avaliadores elucidaram de 10 a 23 atributos.

Em menor proporção, mas também relevante, foi o atributo partículas em

suspensão tendo sido citado por cinco avaliadores. Os demais atributos

apresentaram menor frequência de citação.

A utilização da GPA para o PL possibilitou verificar que os atributos cor

característica, aroma característico, sabor característico, gosto ácido, gosto

amargo, gosto doce e sabor adstringente caracterizam as amostras de néctar de

pitanga, pois mostraram alta correlação (r>0,5; r<-0,5) com as duas primeiras

dimensões (superior a 70%) (Tabela 25). Este critério de correlação de 0,5

adotado aqui para selecionar os atributos é o mesmo utilizado por Marcellini,

Deliza e Bolini (2006) e mais criterioso que os valores utilizados por Kitzberger et

al (2010), de 0,4.

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106

Tabela 25. Número de vezes que cada atributo foi citado pelos avaliadores e apresentou alta correlação (r>0,5; r<-0,5) nas dimensões 1 e 2, para o PL.

Atributos 1 Dimensão (39,90%)

2 Dimensão (33,55%)

Aparência

Cor característica 8 7 1 Cor marrom avermelhado 1 1 0 Cor amarela 1 1 1 Cor alaranjado marrom 1 1 0 Cor vermelho-tijolo 1 1 0 Cor laranja 1 1 0 Cor vermelha 2 2 0 Aparência característica 1 0 1 Duas fases 1 1 0 Partículas escuras 1 1 0 Precipitação rápida 1 0 1 Presença de partículas 3 2 0 Partículas em suspensão 5 1 3 Precipitado 4 2 2 Ralo 1 1 0 Homogêneo 2 2 1 Cristalino 1 0 0 Turvo 2 0 1 Viva 1 1 0 Grumos uniformes e muito divididos

1 0 0

Aroma

Aroma característico 9 2 5 Aroma doce 3 1 1 Aroma de terra 1 1 0 Aroma refrescante 2 1 1 Aroma característico com agitação 1 0 1 Aroma de madeira 1 1 1 Aroma ácido 2 1 1 Aroma de cozido 1 0 1 Aroma passado/fermentado 1 1 1

Sabor

Sabor característico 9 6 1 Gosto ácido 9 3 6 Gosto amargo 8 1 6 Gosto doce 9 2 5 Sabor adstringente 7 2 3 Sabor de pitanga verde 1 0 1 Sabor de madeira 1 1 0 Sabor picante 1 0 1 Sabor de folha 1 0 0

continua

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107

Tabela 25. Número de vezes que cada atributo foi citado pelos avaliadores e apresentou alta correlação (r>0,5; r<-0,5) nas dimensões 1 e 2, para o PL.

Atributos 1 Dimensão (39,90%)

2 Dimensão (33,55%)

Sabor refrescante 1 1 1 Sabor cozido 1 1 0 Sabor passado/fermentado 1 1 0 Gosto residual ácido 1 0 1 Gosto residual amargo 1 0 1 After-taste 1 0 1

Consistência Diluído 1 1 0 Textura viscosa 1 1 1 Arenoso 5 2 0 Concentração 1 0 1

A variância é explicada pelas cinco primeiras dimensões, são apresentadas

na Tabela 26.

Tabela 26. Variância explicada pelas cinco primeiras dimensões – Perfil Livre.

Dimensão Explicação

1 39,90% 2 33,55% 3 11,03% 4 9,54% 5 5,97%

A soma da porcentagem de explicação das duas primeiras dimensões

(73,5%) pode ser considerada alta. Vit, Deliza e Pérez (2011), analisando mel,

obtiveram 64,2%, Guàrdia et al (2010) para presuntos 83,7%, Marcellini (2006b)

para suco de abacaxi se referiu a 93,57%, Deliza, MacFie e Herdderley (2005)

para suco de maracujá 78,70% e Rúa (2003) ao avaliar vinhos relatou 82,23% de

explicação, todos nas duas primeiras dimensões. Dessa forma, optou-se assim,

neste estudo, por discutir as amostras dentro de uma solução bidimensional.

Segundo Marcellini (2005), a metodologia do PL permite verificar as

semelhanças entre as características de cada amostra devido à proximidade entre

as mesmas nas dimensões analisadas, além de correlacionar os atributos com as

continuação

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108

referidas amostras observando a configuração de consenso nas dimensões de

maior explicação com os atributos de alta correlação positiva e negativa.

A Figura 20 mostra os resultados da caracterização das amostras por

avaliador, além do consenso, o qual é identificado pela maior fonte e em cor

vermelha.

Figura 20. Distribuição das amostras por avaliador e consenso - Perfil Livre. A1

= in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas.

Observa-se a proximidade das amostras A1 e A2, in natura e pressurizada

e, ao mesmo tempo o distanciamento das demais amostras, as quais foram

submetidas ao processo de pasteurização. Adicionalmente é possível observar a

proximidade das amostras A5 e A6, em ambas as dimensões, e também da

amostra A3 somente na dimensão 1. Em contrapartida A4 ficou separada de

todas as amostras evidenciando a grande diferença em relação às demais.

A Figura 21 contém as amostras e os atributos que as caracterizam.

Verifica-se que as amostras A5 e A6, ambas pasteurizadas, na dimensão 1 foram

caraterizadas por cor caraterística, sabor característico, partículas escuras, cor

vermelha, cor vermelho tijolo, cor marrom avermelhado e viva. A dimensão 2

separou somente a amostra A5 por: aroma ácido, textura viscosa, aparência

característica, gosto residual ácido e homogêneo. Observa-se que as amostras

pasteurizadas foram descritas por cor e sabor característico, os quais são

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109

esperados nas amostras in natura e pressurizada. Porém, ressalta-se que o

consumo de pitanga in natura não é comum, em função das características da

fruta, como já relatado anteriormente. Dessa forma, como não houve sessões de

treinamento, etapa não requerida pela técnica do PL, possivelmente os

avaliadores consideraram como característico os néctares que conhecem, isto é,

os produtos pasteurizados.

As amostras A1 e A2, in natura e pressurizada respectivamente, foram

descritas pelos atributos aroma e gosto doce, pela dimensão 2. Já na dimensão 1,

precipitado e ralo foram importantes atributos. É importante ressaltar que a

amostra processada para este estudo, bem como a in natura, não foram

adicionadas de qualquer estabilizante para permitir manter o produto em fase

única.

A amostra A3 foi caracterizada especialmente por sabor refrescante. Por

fim, a amostra A4 foi descrita por aroma e sabor de passado/fermentado, aroma e

sabor cozido e gosto amargo.

Laboissière (2007) caracterizou sensorialmente o suco de maracujá pela

metodologia de PL e relatou que as amostras in natura e pressurizada

(300MPa/5min./25ºC) encontravam-se próximas no plano bidimensional em

relação às características de aparência, aroma, sabor e consistência. As amostras

in natura e pressurizada foram associadas aos atributos presença de precipitado,

presença de flocos laranja, presença de partículas em suspensão, aparência de

suco natural, aroma natural, aroma ácido, sabor natural, sabor equilibrado

ácido/doce, gosto ácido, presença de partículas e consistência de refresco. Já as

amostras comerciais foram descritas como: aroma e sabor artificial, aroma

estranho, gosto doce, gosto amargo, sabor de perfume/sabonete. Tais resultados

são muito positivos para o desenvolvimento de produtos pressurizados pois

mostram a possibilidade de desenvolver produto similar ao in natura como anseia

o consumidor.

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110

A1A2

A3

A4

A5

A6

Cor característicaCor marrom avermelhado

Cor amarela

Cor alanjado marromCor vermelho tijolo

Cor laranja Cor vermelha

Aparência característica

Duas fases

Partículas escuras

Precipitação rápida

Presença de partículas

Partículas em suspensão

PrecipitadoRalo

Homogêneo

CristalinoTurvo

Viva

Grumos uniformes e muito divididos

Aroma característico

Aroma doceAroma de terra

Aroma refrescante

Aroma característico com agitação

Aroma de madeiraAroma ácido

Aroma de cozidoAroma

passado/fermentado

Sabor característico

Gosto ácidoGosto amargo

Gosto doce

Sabor adstringente

Sabor de pitanga verde

Sabor de madeira

Sabor picante

Sabor de folha

Sabor refrescante

Sabor cozidoSabor passado/fermentado

Gosto residual ácido

Gosto residual amargoAfter-taste

Diluído

Textura viscosa

Arenoso

Concentração

-1,6

-1,2

-0,8

-0,4

0

0,4

0,8

1,2

1,6

-1,6 -1,2 -0,8 -0,4 0 0,4 0,8 1,2 1,6

Dim

en

o 2

(3

3,5

5 %

)

Dimensão 1 (39,90 %)

Figura 21. Distribuição das amostras e atributos, Perfil Livre. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas.

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111

5.7.2 PERFIL FLASH

Os dados obtidos pelo PF também foram submetidos à GPA e mostrados

na Tabela 27.

Tabela 27. Número de vezes que cada atributo foi citado pelos avaliadores e apresentou alta correlação (r>0,5; r<-0,5) nas dimensões 1 e 2 para o PF.

Atributos 1 Dimensão (43,8%)

2 Dimensão (33,3%)

Aparência

Cor característica 8 8 4 Cor marrom avermelhado 1 1 0 Cor amarela 1 1 1 Cor alaranjado marrom 1 1 1 Cor vermelho-tijolo 1 1 0 Cor laranja 1 1 0 Cor vermelha 2 2 1 Aparência característica 1 1 0 Duas fases 1 1 0 Partículas escuras 1 1 0 Precipitação rápida 1 1 0 Presença de partículas 3 2 0 Partículas em suspensão 5 4 0 Precipitado 4 3 0 Ralo 1 0 1 Homogêneo 2 2 1 Cristalino 1 0 1 Turvo 2 1 0 Viva 1 1 1 Grumos uniformes e muito divididos

1 0 0

Aroma

Aroma característico 9 5 4 Aroma doce 3 1 2 Aroma de terra 1 0 0 Aroma refrescante 2 0 2 Aroma característico com agitação 1 0 1 Aroma de madeira 1 1 0 Aroma ácido 2 2 1 Aroma de cozido 1 0 1 Aroma passado/fermentado 1 0 0

continua

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112

Tabela 27. Número de vezes que cada atributo foi citado pelos avaliadores e apresentou alta correlação (r>0,5; r<-0,5) nas dimensões 1 e 2 para o PF.

Sabor

Sabor característico 9 6 5 Gosto ácido 9 5 6 Gosto amargo 8 3 7 Gosto doce 9 2 7 Sabor adstringente 7 2 2 Sabor de pitanga verde 1 0 1 Sabor de madeira 1 1 1 Sabor picante 1 1 1 Sabor de folha 1 0 1 Sabor refrescante 1 0 1 Sabor cozido 1 0 1 Sabor passado/fermentado 1 0 0 Gosto residual ácido 1 0 0 Gosto residual amargo 1 0 1 After-taste 1 1 1

Consistência

Diluído 1 1 1 Textura viscosa 1 1 0 Arenoso 5 2 1 Concentração 1 0 0

Resultado semelhante ao obtido no PL foi observado no PF pois foi

possível observar que os atributos cor característica, aroma característico, sabor

característico, gosto ácido, gosto amargo, gosto doce e sabor adstringente

caracterizam as amostras de néctar de pitanga, pois mostraram alta correlação

(r>0,5; r<-0,5) com as duas primeiras dimensões (superior a 70%) geradas

evidenciando a importância destes atributos para descrever das amostras dos

néctares de pitanga.

Adicionalmente, os atributos cor vermelha, presença de partículas,

partículas em suspensão, precipitado, aroma doce, aroma refrescante, aroma

ácido e arenoso também evidenciaram alta correlação (r>0,5; r<-0,5).

Provavelmente estes atributos apresentaram alta correlação pela possibilidade

dos avaliadores terem comparado as amostras, grande diferencial da

metodologia.

continuação

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113

A variância explicada pelas cinco primeiras dimensões do PF está na

Tabela 28. A soma da porcentagem de explicação das duas primeiras dimensões

(77,0%) também pode ser considerada alta e foi similar à alcançada no PL.

Tabela 28. Variância explicada pelas cinco primeiras dimensões – Perfil Flash.

Dimensão Explicação

1 43,78% 2 33,28% 3 12,23% 4 6,43% 5 4,27%

A Figura 22 contém os resultados da caracterização sensorial das

amostras por avaliador e também do consenso, o qual é identificado em maior

fonte e na cor vermelha.

Figura 22. Distribuição das amostras por avaliadores e consenso – Perfil Flash. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas.

Observa-se a proximidade das amostras A1 e A2, in natura e

pressurizada, respectivamente e o grande distanciamento em relação às demais

que foram pasteurizadas. Adicionalmente é possível observar a proximidade das

amostras A5 e A6. Assim como no PL, a amostra A4 ficou separada de todas as

demais. Os resultados obtidos pelo PF foram semelhantes aos obtidos pelo PL.

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114

A Figura 23 mostra as amostras e os atributos que as caracterizam.

Verifica-se que as amostras A1 e A2, in natura e pressurizada respectivamente,

foram descritas por: presença de partículas, precipitado, diluído, ralo e duas

fases. Somente os atributos ralo e precipitado foram semelhantes ao PL.

A amostra A6 foi descrita por cor característica, cor vermelho tijolo, sabor

característico, viva, partículas escuras, textura viscosa, marrom avermelhado e

aparência característica. Resultado semelhante ao PL. Já a amostra A5 foi

caracterizada pelos atributos: aroma ácido, turvo, homogêneo, aroma

característico, after-taste e sabor picante.

A amostra A3 foi caracterizada por: sabor refrescante, sabor de folha e

aroma doce. Nesta metodologia foi evidenciado outros dois atributos adicionais

(sabor de folha e aroma doce) não percebidos pelo PL. Por fim, a amostra A4 não

foi bem caracterizada por nenhum atributo, tal como no PL.

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115

A1

A2

A3

A4

A5

A6Cor característica Cor marrom avermelhado

Cor amarela

Cor alanjado marrom

Cor vermelho tijolo

Cor laranja

Cor vermelha

Aparência característica

Duas fases

Partículas escuras

Precipitação rápida

Presença de partículas

Partículas em suspensão

Precipitado

Ralo

Homogêneo

Cristalino

Turvo

Viva

Grumos uniformes e muito divididos

Aroma característico

Aroma doce

Aroma de terra

Aroma refrescante

Aroma característico com agitação

Aroma de madeiraAroma ácido

Aroma de cozido

Sabor característico

Gosto ácido

Gosto amargo

Gosto doce

Sabor adstringente

Sabor de pitanga verde

Sabor de madeira

Sabor picante

Sabor de folha

Sabor refrescante

Sabor cozido

Gosto residual ácido

Gosto residual amargoAfter-taste

Diluído

Textura viscosa

Arenoso

Concentração

-2

-1

0

1

2

-2,5 -1,5 -0,5 0,5 1,5 2,5

Dim

en

são

2 (

33,2

8 %

)

Dimensão 1 (43.78 %)

Figura 23. Distribuição das amostras e atributos, Perfil Flash. A1 = in natura; A2 = pressurizada; A3, A4 A5 e A6 = comerciais pasteurizadas.

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116

De modo geral, o PL e PF chegaram a resultados similares,

principalmente em relação ao posicionamento das amostras. Outro ponto

importante que se deve levar em consideração é a fadiga ou mesmo

dificuldade que estes testes podem gerar aos avaliadores.

Foi relatado por todos os avaliadores que o PF, pela necessidade de

comparação entre as amostras para cada atributo, tornou o teste mais propício

à fadiga sensorial. Dessa forma, quando o estudo envolver um elevado número

de amostras e com sabor e aroma intensos esta metodologia não deve ser

utilizada. Entretanto, também relataram que apesar da fadiga, estavam mais

confiantes nos resultados gerados por si próprios em função da possibilidade

de comparação entre as amostras. Terhaag e Benassi (2010) caracterizaram

bebidas de soja comerciais e também ressaltaram que o procedimento de

ordenação em comparação com o uso de escalas de intervalos facilitou o

consenso, mas, por outro lado, foi uma limitação, uma vez que restringe o

número de amostras a serem avaliadas simultaneamente pela possibilidade de

fadiga sensorial.

A literatura já tem apresentado trabalhos que avaliam a similaridade de

diferentes metodologias. Delarue e Sieffermann (2004) compararam PF e teste

descritivo convencional em iogurtes e queijos utilizando painéis distintos e

observaram que o PF e o método convencional foram semelhantes na

caracterização sensorial de iogurtes de morango. No entanto, para as amostras

de queijos houve discrepância entre os resultados dos dois painéis. Albert et al

(2011) para nuggets de peixe aplicaram ADQ e PL e relataram resultados

similares. Castro (2012) desenvolveu bebida láctea probiótica e utilizou a ADQ

e PL para descrever as amostras. Relatou resultados favoráveis para o PL e

ressaltou a redução do tempo de análise. Entretanto, os avaliadores no PL

utilizaram maior número de termos descritores para avaliar menos amostras.

Com base no exposto, ambas as metodologias dispenderam menor

tempo para a sua execução e podem ser uma interessante alternativa para a

avaliação sensorial de produtos.

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6.0 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES

Os parâmetros de pressão, tempo e temperatura (300MPa/5 min/25oC)

utilizados para o processamento da polpa de pitanga atenderam as exigências

da legislação brasileira vigente.

A tecnologia de APH foi eficiente para elevar significativamente os teores

de carotenoides totais e licopeno na polpa de pitanga comparada às amostras

in natura e pasteurizada.

Os néctares de pitanga obtidos utilizando a escala do ideal e a

metodologia de superfície de respostas alcançaram resultados semelhantes.

Entretanto, apesar da similaridade, sugere-se o uso da metodologia de

superfície de resposta em função do planejamento estatístico de maior

abrangência definido pelo fatorial, associado à resposta que a escala hedônica

pode oferecer, contribuindo para o adequado processo de desenvolvimento de

produto.

A ilustração do rótulo/embalagem foi fundamental para a intenção de

compra do produto. Já os atributos relacionados ao tipo de processamento,

bem como suas consequências no produto, foram valorizados por parte dos

consumidores. Na elaboração dos rótulos/embalagens não foi utilizada a

denominação de venda do produto “Néctar de Pitanga”, sugere-se que em

estudos futuros este item não seja omitido.

Os consumidores que fizeram parte deste estudo demostraram ter um

perfil diferenciado, buscando de forma consciente uma alimentação saudável.

O método BDM demonstrou que a inovação tecnológica não reduziu a

expectativa do consumidor em relação aos produtos avaliados ou o valor que

estão dispostos a pagar, comparado aos processos tradicionais de

processamento. Entretanto, o método não foi efetivo para identificar diferenças

na valoração de distintos néctares de pitanga, sugerindo que aspectos

sensoriais do produto podem contribuir para tal diferenciação, evidenciando,

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portanto, a necessidade de incluir a degustação do produto no planejamento do

estudo.

Tais resultados evidenciam a necessidade de estreitar o canal de

comunicação entre o processador de alimentos e o consumidor, seja utilizando

folhetos explicativos nas gôndolas dos supermercados ou por meio de

propagandas elucidativas sobre as tecnologias de processamento de alimentos

que preservam as características nutricionais e sensoriais dos produtos.

O Perfil Livre e Perfil Flash foram capazes de caracterizar

sensorialmente os néctares de pitanga in natura, pressurizado e amostras

comerciais. Em ambas as metodologias a similaridade dos néctares obtidos a

partir das polpas in natura e pressurizada foi observada, apesar dos distintos

atributos elicidados em cada metodologia para descrevê-las. Como o Perfil

Livre e o Perfil Flash requerem menos tempo para a execução comparados

com outros métodos sensoriais descritivos, podem ser alternativas adequadas

para a avaliação sensorial de néctares.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO SÓCIO ECONÔMICO, E DE HÁBITO DE CONSUMO.

1. Consumidor:

2. Sexo: [ ] feminino [ ] masculino

3. Idade: ............... anos

4. Escolaridade:

Nenhuma

Fundamental Incompleto

Fundamental completo

Médio incompleto

Médio completo

Superior incompleto

Superior completa

Pós-graduação

5. Profissão: ...........................................

6. Renda familiar mensal (salário mínimo: R$ 724,00):

[ ] 1 a 5 salários mínimos [ ] >5 a 10 salários mínimos

[ ] >10 a 20 salários mínimos [ ] > 20 a 30 salários mínimos

[ ] > 30 salários mínimos

7. Quantas pessoas vivem com a renda mensal declarada? ...........................................

8. Com que frequência você toma suco ou néctar de frutas?

Uma vez por

mês

Uma vez a

cada 15 dias

Duas vezes

por semana

Todos os

dias

Mais de uma

vez por dia

9. O suco ou néctar é ? [ ] Feito em casa com a fruta/polpa, [ ] Industrializado (garrafa, caixinha etc) ou

[ ] Ambos

10. Quem compra o suco ou néctar de frutas que você consome?

[ ] Eu mesma(o) [ ] Outra pessoa Quem? __________________ [ ] As duas opções anteriores.

11. Você já experimentou suco ou néctar de pitanga? [ ] Sim [ ] Não. Se NÃO experimentou vá para a 13.

12. Em caso afirmativo, o quanto você gosta deste?

Desgosto

extremamente

Não gosto em

desgosto

Gosto

extremamente

13. Por favor, marque na escala abaixo o quanto você gosta de experimentar novos alimentos (novas receitas,

novos sabores de sucos, lançamentos de produtos, etc.).

Desgosto

extremamente

Não gosto em

desgosto

Gosto

extremamente

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14. Você costuma ler o rótulo dos produtos que consome?

Nunca

Raramente Às vezes Frequentemente Sempre

15. Queremos saber o que você observa no rótulo e que considera importante. Estão listados abaixo vários

fatores que compõem os rótulos/embalagens. Dentre tais itens, por favor, ordene do mais importante para o

menos importante em relação ao quanto influenciam na decisão de compra. Numere de 1 a 7 sendo 1 o

MAIS IMPORTANTE o principal fator que contribui para a sua decisão, 2 o segundo mais importante e

assim sucessivamente, onde o 7 é MENOS IMPORTANTE :

[ ] A marca

[ ] O preço

[ ] Prazo de validade

[ ] Informações nutricionais

[ ] Informações sobre ingredientes

[ ] Informações sobre aditivos

[ ] Outras: processamento, armazenamento, diferencial do produto.

16. Por favor, expresse sua opinião quanto às questões relacionadas ao consumo de alimentos:

Discordo

totalmente

Não

concordo

nem discordo

Concordo

totalmente

Costumo inserir na minha alimentação alimentos

que contenham antioxidantes.

Costumo excluir da minha alimentação alimentos

que contenham aditivos.

17. Por favor, expresse seu grau de confiança nas distintas fontes de informação sobre os alimentos listados

abaixo:

Confio totalmente nas informações fornecidas por:

Discordo

totalmente

Não

concordo nem

discordo

Concordo

totalmente

Jornais Populares

Jornais Idôneos

Revistas

Órgãos do Governo

Indústria de Alimentos

Amigos

Grupos Ambientalistas

Telejornais

Publicações Científicas

Órgãos de Defesa do Consumidor

Programas de TV

Pesquisador Científico/Cientista

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO · ALINE MOTA DE BARROS MARCELLINI INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSAMENTO DE NÉCTAR DE PITANGA: ASPECTOS DE SEGURANÇA, QUALIDADE E EXPECTATIVA

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18. Leia as afirmativas abaixo e marque nas escalas a sua opinião.

Discordo

totalmente

Não

concordo nem

discordo

Concordo

totalmente

Eu não estou totalmente familiarizado com novas

tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos.

Novos alimentos não são mais saudáveis do que os

alimentos tradicionais.

As afirmações sobre os benefícios de novas

tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos são frequentemente

muito exageradas.

Já existem inúmeros alimentos saborosos no

mercado, então nós não precisamos de novas

tecnologias para produzir mais alimentos.

Novas tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos reduzem a qualidade

natural dos alimentos.

Novas tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos provavelmente não

trarão, a longo prazo, efeitos negativos à saúde.

Novas tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos proporcionam às

pessoas um maior controle sobre as suas escolhas

alimentares.

Novos produtos que utilizam novas tecnologias de

alimentos podem ajudar as pessoas a terem uma dieta

equilibrada.

Novas tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos podem causar, a longo

prazo, efeitos negativos ao meio ambiente.

Pode ser arriscado mudar rapidamente para novas

tecnologias empregadas na produção e/ou

processamento de alimentos.

A sociedade não deve depender demais de

tecnologias para resolver os seus problemas

alimentares.

Não faz sentido experimentar alimentos produzidos a

partir de alta tecnologia, porque os que eu consumo

já são bons o suficiente.

A mídia geralmente fornece uma visão equilibrada e

imparcial das novas tecnologias empregadas na

produção e/ou processamento de alimentos.

Tenho algum conhecimento sobre a tecnologia

denominada Alta Pressão Hidrostática.