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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA. RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: 08/2014 a 07/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO: Título do Projeto de Pesquisa: Impacto da reabilitação funcional nas incapacidades físicas relacionadas ao Vírus Linfotrópico de Células T Humana-1 (HTLV-1) Nome do Orientador: Denise da Silva Pinto Titulação do Orientador: Doutorado Departamento: Instituo de Ciências da Saúde Unidade: Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional Laboratório: Ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA e Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO) Título do Plano de Trabalho: Efeitos de um programa fisioterapêutico sobre as limitações do equilíbrio e da marcha nos portadores do Vírus Linfotrópico de Células T Humana-1 (HTLV-1) Nome do Bolsista: Luzielma Macêdo Glória Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq AF ( x ) PIBIC/FAPESPA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq,

CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA.

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período: 08/2014 a 07/2015

( ) PARCIAL

( x ) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:

Título do Projeto de Pesquisa: Impacto da reabilitação funcional nas incapacidades físicas

relacionadas ao Vírus Linfotrópico de Células T Humana-1 (HTLV-1)

Nome do Orientador: Denise da Silva Pinto

Titulação do Orientador: Doutorado

Departamento: Instituo de Ciências da Saúde

Unidade: Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Laboratório: Ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA e Faculdade de

Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO)

Título do Plano de Trabalho: Efeitos de um programa fisioterapêutico sobre as limitações do equilíbrio

e da marcha nos portadores do Vírus Linfotrópico de Células T Humana-1 (HTLV-1)

Nome do Bolsista: Luzielma Macêdo Glória

Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/ CNPq

( ) PIBIC/CNPq – AF

( x ) PIBIC/FAPESPA

1-INTRODUÇÃO:

O vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1) é um retrovírus

humano com tropismo para linfócitos. É o agente responsável por diversas patologias

associada a ele, dentre elas pela Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao

HTLV-1 (PET/MAH) (ROMANELLI et al., 2010; SOBRINHO et al. 2012).

Os indivíduos infectados pelo HTLV-1 são na maioria das vezes assintomáticos.

Aqueles que apresentam algum sinal ou sintoma permanecem por um longo período expostos

à infecção antes da manifestação. Diferentes fatores estão envolvidos na interação

vírus/hospedeiro e na passagem do estado de assintomático para portador de doença associada

ao HTLV-1, bem como nos indivíduos sintomáticos onde nota-se carga pro viral elevada e

resposta imune aumentada (CHAMPS, et al 2010).

Estima-se que 15 a 20 milhões de indivíduos estejam infectados pelo vírus do tipo

1 em todo mundo, com maiores prevalências relatadas em países do Caribe, América do Sul,

oeste africano e Japão (OLIVEIRA, 2009; SIQUEIRA, 2009; ROMANELLI et al., 2010).

A PET/MAH ocorre em mais de 4% dos seus portadores. A mesma cursa com

quadro clínico caracterizado por acometimento de indivíduos predominantemente na quarta e

na quinta décadas de vida, raramente, antes dos 20 anos ou após os 70 anos, com início

insidioso e evolução lentamente progressiva. Há predominância do sexo feminino sobre o

masculino, em proporção de 2:1 a 3:1(CHAMPS, et al 2010).

As manifestações são caracterizadas por paraparesia espástica, com maior

comprometimento dos músculos proximais dos membros inferiores, é comumente assimétrica

e associada a sinais de liberação piramidal: hiperreflexia, clônus e sinal de Babinski. A

inflamação envolve medula espinhal, provocando comprometimentos motores (fraqueza e

espasticidade em membros inferiores); sensitivos (parestesias e dores neuropáticas), distúrbios

esfincterianos vesicais e intestinais, além de disfunção erétil no homem (LANNES et al 2006;

ROMANELLI et al., 2010). Alterações sensoriais e profundas tais como: parestesia e

disestesia nos membros, bem como câimbras e dor na região lombar e membros inferiores

também são descritas. Os pacientes muitas vezes apresentam dificuldade de locomoção, perda

do equilíbrio e fadiga muscular. Estes sintomas podem prejudicar o desempenho de suas

atividades de vida diária (AVDs), incluindo o auto-cuidado, a capacidade para vestir-se e a

mobilidade/locomoção (COUTINHO, 2011).

2-JUSTIFICATIVA:

Estudos envolvendo pacientes portadores de HTLV-1 são pouco frequentes na

área da reabilitação de equilíbrio e marcha. Para mudar essa realidade, propõe-se esta

pesquisa com intuito de fornecer a estes pacientes um tratamento adequado para suas

necessidades físico-funcionais levando ao fisioterapeuta um conhecimento específico bem

como aprimorado sua atuação com estes pacientes, uma vez que a fisiopatologia de infecção

pelo HTLV-1 ainda se mantém no desconhecimento de muitos profissionais da área da saúde,

com um destaque especial para os profissionais da reabilitação. Além disso, este projeto tem a

necessidade de dar seguimento ao projeto já desenvolvido com esses pacientes no âmbito da

reabilitação na Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFPA, bem como

ampliação e consolidação das linhas de pesquisa voltadas para o HTLV já desenvolvidas no

Núcleo de Medicina Tropical (NMT), Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e Instituto de

Ciências da Saúde (ICS), associado ao incentivo de formação de novas linhas voltadas para a

reabilitação de pacientes sintomáticos portadores de HTLV-1. Propõe-se nessa pesquisa,

ampliar e consolidar as linhas de pesquisa com o enfoque na reabilitação neurofuncional dos

pacientes matriculados no ambulatório do NMT, uma vez que nossa região é considerada

endêmica para esse vírus.

3-OBJETIVOS:

3.1-GERAL

Analisar a eficácia de um programa de assistência fisioterapêutica aplicado às limitações

funcionais do equilíbrio e da marcha dos pacientes portadores de HTLV – 1 sintomáticos

matriculados no ambulatório do Núcleo de medicina Tropical da Universidade Federal do

Pará.

3.2-ESPECÍFICOS

-Avaliar os efeitos do programa fisioterapêutico implementado sobre possíveis alterações do

equilíbrio, da marcha e mobilidade;

-Avaliar os efeitos do programa fisioterapêutico implementado sobre a força dos grupos

musculares de tronco e membros inferiores;

- Avaliar os efeitos do programa fisioterapêutico implementado sobre a funcionalidade dos

pacientes sobre as AVD’s.

4- MATERIAIS E MÉTODOS:

Trata-se de um estudo de Intervenção Terapêutica realizado com pacientes

portadores de HTLV – 1 sintomáticos para alteração de equilíbrio e marcha matriculados no

Ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, no período de

agosto de 2014 a julho 2015.

Foram inseridos intencionalmente no estudo pacientes com diagnóstico clínico e

molecular confirmado de HTLV-1, apresentando limitações no equilíbrio e na marcha,

encaminhados pela equipe médica responsável pelo ambulatório do Núcleo de Medicina

Tropical da UFPA para serem atendidos pelo Laboratório de Estudos em Reabilitação

Funcional (LAERF) no período de agosto de 2013 a julho 2014. A seleção dos casos foi feita

por conveniência respeitando a ordem de chegada ao serviço e o enquadramento nos critérios

de inclusão propostos pela pesquisa. Foram incluídos no estudo indivíduos infectados pelo

HTLV-1 acometidos por limitações no equilíbrio e na marcha, de ambos os sexos,

maioridade, que não estivessem co-infectados com outros vírus ou outras situações clínicas

que levem à imunossupressão, com concordância voluntária do indivíduo na participação do

estudo. A não observância de um dos critérios de inclusão implicou-se na exclusão do

indivíduo da pesquisa.

O protocolo de intervenção fisioterapêutica teve como lócus a Faculdade de

Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFPA e onde foi realizado pelo aluno bolsista, sob

supervisão do coordenador deste projeto, com início após o devido encaminhamento médico e

devida construção do plano terapêutico individual voltado para reabilitação de equilíbrio e

marcha de cada paciente selecionado para amostra do estudo. Cada paciente do estudo foi

submetido a um programa terapêutico de 20 sessões, que teve início após uma avaliação física

neurofuncional constituída dos seguintes itens: Grau de auxilio a marcha; força muscular (0 a

5) 0 sem contração muscular e 5 contração contra resistência manual; Índice de Tinetti

(ANEXO A) para avaliar marcha e equilíbrio, a pontuação máxima da marcha é de 12 pontos

e do equilíbrio 16 pontos, a soma das duas variáveis pode variar de 0 a 28 pontos e classifica

o paciente em alto, médio e baixo risco de sofrer quedas, quanto menor a pontuação maior o

risco de quedas; Teste de mobilidade Time Get Up and Go (ANEXO B) para avaliar a

mobilidade, o qual o paciente se levanta de uma cadeira, percorre 3 metros, retorna e senta no

mesmo lugar de origem. Esse percurso é cronometrado e o seu resultado classifica o paciente

em mobilidade normal (<10 segundos), boa (entre 10 a 20 segundos), regular (entre 20 a 30

segundos) e prejudicada (>30 segundos); Escores das Provas de Função Muscular dos

músculos do tronco, através do teste de Alcance Funcional, e realizada apenas nos cadeirantes

e Índice de Katz (ANEXO C) para avaliar a funcionalidade nas atividades de vida diária.

Para comparação dos efeitos do programa terapêutico, foram repetidos os mesmos

procedimentos de avaliação acima descritos após a 10ª sessão, e registrando todos os dados

em ficha própria, considerando ainda que os desfechos observados foram comparados no

mesmo grupo, sendo os sujeitos da amostra controles deles mesmos.

O programa terapêutico foi realizado uma vez por semana com duração de 50

(cinquenta) minutos para cada paciente, respeitando o horário combinada com os mesmo na

avaliação inicial, lembrando que o aluno bolsista foi responsável por um paciente por vez, sob

supervisão do seu orientador. Estes atendimentos foram aplicados utilizando recursos

terapêuticos manuais, mecânicos e elétricos com finalidades específicas para cada paciente de

acordo com os indicadores observados na avaliação inicial. Para tanto, abaixo estão descritos

os recursos empregados na intervenção fisioterapeutica:

-Alongamentos ativos, ativo-assistido e passivos são exercícios voltados para o aumento da

flexibilidade muscular e ganho de amplitude de movimento.

-Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) para facilitar o processo de reeducação

funcional e aquisição de habilidades motoras.

-Os exercícios rotacionais de tronco, muito utilizados pelo Conceito Neuroevolutivo Bobath,

atuam na melhora do controle postural e do equilíbrio dinâmico.

-Cinesioterapia passiva, ativa-assistida e resistida, para ganho de amplitude articular de

movimento, força e flexibilidade muscular.

-Faixa Elástica, para ganho de força e flexibilidade muscular.

-Bola Terapêutica, para incremento da flexibilidade muscular.

-Cama Elástica e Barras Paralelas, para treino de equilíbrio postural e coordenação motora.

-Tatame terapêutico e Espaldar, como plataforma de apoio para a realização dos exercícios

terapêuticos.

-Manobras aplicadas preferencialmente sobre os movimentos diagonais da cintura pélvica,

tronco e membros inferiores contribuírem de forma efetiva para a facilitação dos padrões de

marcha.

-Treino de caminhada através de circuitos para ganho das etapas da marcha.

Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética do Núcleo de Medicina Tropical

para apreciação prévia, segundo a resolução 196/96 do CNS, obtendo aprovação sob parecer

número 063/2011 (ANEXO D).

Análise estatística: Os dados contínuos foram inicialmente avaliados pelo teste

de normalidade de Shapiro-Wilk. Os dados considerados paramétricos, foram comparados

aplicando-se o teste T Stundent e nos dados não-paramétricos utilizou-se o teste de Wilcoxon,

adotando o valor de 0,05 como nível de significância. Os dados categóricos foram

representados através de frequência relativa (%). Todos os dados foram analisados utilizando

o software GraphPad Prism for Windows, versão 5.0.

5-RESULTADOS E DISCURSSÃO:

Foram avaliados 18 pacientes com PET/MAH, porém apenas 13 conseguiram

terminar as 10 sessões previstas no estudo, desses 2 eram cadeirantes e 11 não cadeirantes,

todos com sintomas característicos de PET/MAH, ou seja, fraqueza, formigamento,

espasticidade, clônus , dentre outros sintomas, 61,5% (N=8) eram do sexo feminino e 38,5%

(N=5) do sexo masculino, a faixa etária prevalente foi de 40 a 49, 50 a 59 e 60 a 60 anos,

todas com 30% (N=3) respectivamente, cerca de 69,2% (N=9) eram casados.

Através da análise descritiva pode-se observar que a metade, ou seja, 46,2%

(N=6) se locomovem sem auxilio, porém, outra parcela necessita de algum auxílio, conforme

verifica-se na FIGURA 1.

FIGURA 1: Distribuição dos pacientes com relação ao grau de auxílio na marcha.

Na avaliação inicial de Tinetti, os pacientes foram classificados como médio risco de

sofrerem quedas e após a intervenção essa classificação se manteve, com resultados

estatisticamente significantes. Analisou-se também separadamente equilíbrio e marcha,

conforme demonstrado na FIGURA 2:

FIGURA 2: Avaliação inicial do marcha e equilíbrio, através do índice de Tinetti.

A mobilidade dos pacientes antes da intervenção era prejudicado e após a

intervenção foi para uma boa, o que foi estatisticamente significante (FIGURA 3).

FIGURA 3: Avaliação inicial e final da mobilidade, através do teste de Time Get Up and Go.

Houve uma melhora na força muscular dos grupos musculares Ileopsoas e

quadríceps, após a intervenção da fisioterapia conforme demonstrado na TABELA 2:

TABELA 2: Avaliação da força muscular Inicial e Final proximal e distal de membros inferiores.

GRAU DE FORÇA INICIAL FINAL P Ileopsoas D

3,3±1,3 4±1,4 < 0,0001*

Ileopsoas E

3,2±1,6 3,8±1,6 0,0009*

Quadríceps D

3,7±1,5 4,3±1,5 0,0051*

Quadríceps E

3,7±1,8 4,2±1,7 0,0123*

D=Direiro, E=Esquerdo

O teste de alcance funcional aplicados apenas nos pacientes cadeirantes, mostrado

na TABELA 2, observa-se que os cadeirantes têm grau de acometimentos diferentes, ou seja,

o controle de tronco em C1 e maior que em C2.

TABELA 2: Avaliação inicial e final do Teste de Alcance Funcional dos 2 cadeirantes

TESTES DE ALCANCE FUNCIONAL

Avaliação inicial Avaliação final

C1* C2** C1* C2**

43 cm 10 cm 55 cm 14 cm *Primeiro cadeirante; ** Segundo cadeirante; *** Mediana de três tentativas realizadas por cada paciente.

Por último, tem-se a avaliação inicial e final da funcionalidade dos pacientes para

a realização das atividades de vida diária, no qual observou-se que inicialmente a média da

pontuação na escala classifico-os em semidependentes e após a intervenção essa classificação

foi para independente, o que não foi estatisticamente significante (FIGURA 5):

FIGURA 4: Avaliação inicial e final da funcionalidade através do Índice de Katz .

6 – DISCUSSÃO

Em nossa pesquisa cerca de 61,5% (N=8) eram do sexo feminino e 38,5% (N=5) do

sexo masculino, nossos resultados corroboram com a pesquisa realizada por Carod-Artal e

cols (2007) com todos os pacientes do Hospital Sarah de Brasília durante o ano 2006 com

diagnóstico de paraparesia espástica/mielopatía de origem não tumoral, no qual todos foram

submetidos a exames para determinar a infecção ou não por HTLV-1, dos paciente

diagnosticados com mielopatía associada ao HTLV-1, dos 42 casos, 62% eram mulheres. Em

outro estudo de Champs e cols (2010) do tipo serie de casos de pacientes com mielopatia pelo

HTLV-1, pesquisa em prontuários no Hospital Sarah Belo Horizonte, entre os 206 pacientes

do estudo, houve predomínio de mulheres (67%), com proporção de 2:1 em relação ao sexo

masculino.

Neste estudo, faixa etária prevalente foi de 40 a 49, 50 a 59 e 50 a 59 anos, todas com

30% (N=3) respectivamente, em uma pesquisa realizada por Santos e Rodriques (2011) com

69 pacientes portadores de lesão neurológica não traumática com infecção pelo HTLV-1 em

Macapá, os resultados desses estudos foram semelhantes aos encontrados em nossa pesquisa

no qual, 47,8% tinham 40 a 49 anos de idade e 33,3% de 50 a 59 anos. Em nossa pesquisa

cerca de 69,2% (N=9) eram casados, no estudo de Santos e Rodrigues, 42 (60,9%) eram

casados, corroborando com nossos estudos, em contrapartida no estudo de Coutinho e cols

(2011) dos 73 pacientes com PET/MAH, 56 (76,7%) eram solteiros e 17 (23,3%3) eram

casados.

Através da análise descritiva pode-se observar que a metade, ou seja, 46,2% (N=6) se

locomovem sem auxilio, porém, outra parcela necessita de algum auxílio, diferente do estudo

do estudo de Coutinho e cols (2011) no qual dos setenta e três pacientes portadores de

PET/MAH, desses, trinta e seis pacientes (49,3%) necessitavam de ajuda de suportes para

andar, ou seja, 12 (16,4%) bengala, 7 (9,6%) muletas, 1 (1,4%) andador e 16 (21,9%)

necessitava de cadeiras de rodas.

Na avaliação inicial de Tinetti, os pacientes foram classificados como médio risco

de sofrerem quedas com média de 20,4±4,9 e após a intervenção essa classificação se

manteve, porém com média maior 23,2±4,2, com resultados estatisticamente significantes.

Quando avaliados separadamente equilíbrio e marcha, inicialmente a média para o equilíbrio

foi de 12,0±2,6), após intervenção essa média foi para (13,5±2,2), dados estatisticamente

significantes com p-valor=0,0055, ao passo que para a marcha inicialmente a média foi de

8,2±2,7 e após a fisioterapia a média foi para 9,3±2,6, o que foi estatisticamente significante

com p-valor igual a 0,0097. Em nossas pesquisas em artigos científicos, verificou-se que até o

momento ainda não foram divulgados resultados dessa escala aplicados em pacientes com

PET/MAH, sendo estes resultados exclusivos de nossa pesquisa, porém essa escala é muito

aplicada em idosos que apresentam grandes ricos de sofrerem quedas, semelhantes aos nossos

pacientes. Conforme estudo de Figueiredo e cols (2007), a Escala de Tinetti pode ser

considerada boa preditora de queda e relatam que os quatro itens do equilíbrio em

combinação com três itens relacionados à marcha predizem a ocorrência de quedas.

Na avaliação do TUG inicial o tempo gastos para realizá-lo foi de 34,2±20,1 segundos,

classificando-os como mobilidade prejudicada. Após a intervenção terapêutica esse tempo foi

para 21,8±12,1 segundos, classificando-os como mobilidade boa, o que foi estatisticamente

significante p-valor = 0,0033. Em outro estudo realizado com 14 pacientes ambulatoriais que

foram consecutivamente selecionados e divididos aleatoriamente em dois grupos - grupo I

(FNP realizada com um terapeuta) e grupo II (FNP realizada com o auxílio de um tubo

elástico) - por sorteio, nesse estudo foram feitas análise do teste TUG, realizado no início do

tratamento e após 60 dias de tratamento, os resultados mostraram que no grupo I, houve

diferença estatisticamente significativa (p = 0,047), mas esta diferença não foi observada no

grupo II (p = 0,10). Na análise inter-grupos, não foi observado diferença significativa (p =

0,45), mostrando e sugerindo que a aplicação de PNF com supervisão direta do terapeuta ou

com o uso de faixa elástica foram igualmente eficazes, melhorando a mobilidade e equilíbrio

em ambos os grupos (BRITTO, CORREA e VINCENT, 2013). Em nosso estudo também

observamos melhoras do equilíbrio e mobilidade, apesar da intervenção ter tido 10 sessões de

fisioterapia. Em um trabalho de Torriani et al. (2006), para verificar comparativamente o

desempenho do TUG em pacientes com patologias neurológicas diversas, os portadores de

mielopatias apresentaram uma média de 22,60 (±5,37) segundos, além disso Os pacientes

portadores de mielopatias também apresentaram um grau de déficit de equilíbrio considerável

de acordo com o TUG. Doretto (2001) Apud Torriani e cols (2006), relatam que isso se deve

ao fato de haver lesões nas vias aferentes e vias eferentes alterando a entrada e processamento

das informações bem como o órgão efetor para resposta muscular.

A força muscular do ileopsoas Direito inicialmente obteve um escore de 3,3±1,3 e

após a intervenção 4±1,4, o que foi estatisticamente significante com p-valor < 0,0001, a força

muscular do ileopsoas esquerdo inicialmente obteve escore 3,2±1,6 e após a intervenção

3,8±1,6 o que foi estatisticamente significante com p-valor = 0,0009. Com relação a força

muscular do quadríceps direito o escore inicial foi de 3,7±1,5, após a intervenção o escore foi

para 4,3±1,5, o que foi estatisticamente significante com p-valor=0,0051, já a força do

quadríceps esquerdo inicialmente obteve um escore de 3,7±1,8 e após a intervenção 4,2±1,7 o

que foi significante com p-valor=0,0123. Araújo e cols (2010) descrevem que o tratamento

neurofuncional pode favorecer o aumento de força muscular e a propriocepção, e que o treino

da força muscular melhora o equilíbrio e diminui o risco de quedas. Esse tipo de treinamento,

além de se apresentar como um elemento de reabilitação, possui um impacto

musculoesquelético positivo na excitação neuromotora, que melhora a integridade do tecido

conjuntivo, proporcionando um bem-estar (HARRIS e WATKINS, 2001).

O teste de alcance funcional aplicados apenas no pacientes cadeirantes, mostrado na

tabela 1, observa-se que os cadeirantes apresenta grau de acometimento diferente, ou seja, o

controle de tronco em C1 e maior que em C2. Vários trabalhos destacam a importância da

preservação da musculatura de tronco no equilíbrio, o qual é considerado um pré-requisito

funcional para os movimentos de membros superiores realizados na posição sentada,

principalmente, através da atividade antecipatória realizada pelos músculos eretores da

espinha ou abdominais (LEITE, SOFIA E CASTRO, 2008). Além disso, os músculos

extensores da coluna vertebral, juntamente com os músculos abdominais, têm função muito

importante na manutenção do equilíbrio durante o deslocamento antero-posterior

(SEELEN,1991 apud MEDOLA e cols, 2011).

Por fim, funcionalidade dos pacientes para a realização das atividades de vida diária

inicialmente a média da pontuação classifico-os em semidependentes e após a intervenção foi

para independente, o que não foi estatisticamente significante. Na pesquisa de Coutinho e cols

(2011) onde as AVDs mais comprometidas eram relacionadas à mobilidade/ locomoção e limpeza,

seguida do auto-cuidado. Estes autores verificaram ainda que a mulher é atingida em maior proporção

que os homens, observaram ainda que tinham prejuízos relacionados à capacidade de deitar-se e

levantar-se, a se deslocar de um local para outro e de pegar objetos no chão foram apontados como os

mais difíceis para a maioria dos pacientes. Um outro estudo que avaliou o perfil de deficiência de

pacientes com HTLV-1 no Brasil demonstrou que a locomoção (caminhar e subir ou descer escadas) e

o controle da bexiga foram as áreas funcionais mais afetadas (FRANZOI, 2005).

6 - PUBLICAÇÕES:

-Artigo publicado: Using the Internacional Classification of Functioning, Desability and

Health as a tool for analysis of the effect of physical therapy on spasticity in HAM/TSP

patients. (ANEXO E)

-Artigo aceito para publicação (no prelo): Perfil clínico-epidemiológico de pacientes

infectados pelo HTLV-1 em Belém/Pará. (ANEXO F)

-Melhor trabalho apresentado na modalidade pôster no III COESA (ANEXO G)

-Resumo apresentados no VII COMLAT (ANEXO H)

-Resumos apresentados no MedTrop 2015 (ANEXO I)

-Resumos submetidos no V congresso do Barros Barretos ( ANEXO J)

8 - CONCLUSÃO: Pode-se observar que os sujeitos do estudo apresentavam défices no

equilíbrio, marcha, mobilidade sujeitando os mesmo ao risco de sofrerem quedas, assim como

apresentavam perda da força de membros inferiores e tronco o que também pode levar ao

risco de quedas, assim como a fadiga e hipotrofia, perda da amplitude articular do movimento

e que o protocolo terapêutico proposto foi capaz de melhorar esses prejuízos e assim

proporcionar uma melhor qualidade de vida. Observou-se também que os envolvidos

apresentavam uma funcionalidade semidependente, passando para independente após a

intervenção, e desta maneira favorecendo os mesmo na realização das suas AVD’s.

9-ANEXOS:

9.1- ANEXO A: ÌNDICE DE TINETTI

9.2- ANEXO B: TIME GET UP AND GO

9.3 – ANEXO C: ÍNDICE DE KATZ

9.4 – ANEXO D: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

9.5-ANEXO E: PUBLICAÇÃO DE ARTIGO

9.6-ANEXO E: PRELO DO ARTIGO

9.7- ANEXO G: TRABALHO PREMIADO, NA MODALIDADE POSTER, NO III

COESA

9.8- ANEXO H: RESUMO APRESENTADOS NO VII COMLAT

9.9- ANEXO I: RESUMOS APRESENTADOS NO MEDTROP 2015

9.9- ANEXO J: RESUMOS ACEITOS NO V CONGRESSO DO BARROS BARRETOS

2015.

10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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na Espasticidade de Pacientes Paraplégicos. INTELLECTUS – Revista Acadêmica Digital

do Grupo POLIS Educacional, Jul./Dez. 2008.

MEDOLA, Fausto O., CASTELLO, Gabriela L. M., FREITAS, Luciane N. F., BUSTO

Rosângela M. Avaliação Do Alcance Funcional em Indivíduos com Lesão Medular Espinhal

Usuários De Cadeira De Rodas. Revista Movimenta; Vol 2, N 1, 2009.

OLIVEIRA, P.et al. Disfunção Erétil em Pacientes Infectados pelo HTLV-I. Gazeta Médica

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ROMANELLI, L.C.F. et al.O Víru s Linfotrópico de Células T Humanos Tipo 1 (HTLV -1):

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SOBRINHO, F.P. G; MACHADO, A.S; CRUZA, A; LESSA, H.A; RAMOS, E.A. Rinite

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135-9.

11 - DIFICULDADES: O principal fator negativo relacionado à execução do projeto é a

adesão irregular dos pacientes às sessões de Fisioterapia previstas no protocolo experimental,

pois os portadores de PET/MAH em sua maioria desenvolvem incapacidades físicas que

limitam sua capacidade de locomoção e os tornam dependentes de cuidadores e transporte

adequado para o comparecimento às sessões de forma ininterrupta, o que é essencial para o

alcance pleno dos objetivos do projeto.

12 - PARECER DO ORIENTADOR: Em relação ao desenvolvimento das atividades do

aluno-bolsista, considero excelente, com frequência regular, cumprimento efetivo da carga

horária prevista, bom desempenho técnico e responsabilidade na execução das tarefas práticas

e teóricas do seu plano de trabalho.