universidade federal do pará · a subjetividade é o modo que cada uma apreende e assimila as...
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Bases teóricas
• O CURSO
• I. CONDIÇÃO FEMININA: PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO, A SUBJETIVIDADE E O GÊNERO
II. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DA PSICOLOGIA CLÍNICA
GESTALTICA
III. EXPERIÊNCIA DAS PARTICIPANTES
A subjetividade é o modo que cada uma apreende e assimila as informações do mundo que nos singulariza e individualiza O gênero é a ação política de
filtrar as formações discursivas presentes nos modos de viver a condição
feminina. Sem deixar de mencionar que a
sexualidade heterossexual é uma das formas de
vivenciar o desejo
Racismo e subjetividade
Racismo formal
IDEOLOGIA que veicula a tese das distintas raças, inferioridade em base
biológica
Subjetividade Modelada, produzida
por processos coletivos, institucionais, sociais
autônoma
Racismo existencial
Belém foi fundada no ano de 1616 sob o nome
de Feliz Lusitânia, trocado para Santa
Maria do Grão Pará e Santa Maria de Belém do
Grão Pará. O censo de 2010 realizado pelo IBGE indica que a cidade tem
2.100.319 habitantes.
O município tem 68 bairros e 8 distritos
administrativos.
(disponível em www.ibge.gov.br; www.belemdopara.com.br,
www3.belem.pa.gov.br/
Atualmente, no Pará, a Organização Estadual das
Comunidades Quilombolas do Estado do Pará assevera
que 77% dos habitantes Malungu é da raça negra que abarca os pardos. As raízes genealógicas das linhagens que constituem a herança cultural e subjetiva de um
povo são: Yoruba, Cabindu, Zalu, Bijago e Fula.(Bentes &
Amador ,2004).
“Não quero que a minha casa seja
cercada de muros por todos os
lados, nem que as minhas
janelas sejam tapadas. Quero
que as culturas de todas as terras sejam sopradas
para dentro
da minha casa, o mais livremente
possível. Mas recuso-me a ser desapossado da
minha por
Qualquer outra.
Mahatma Gandhi
PORTARIA Nº 992, DE 13/05/ 2009
INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE
INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA define os princípios, a marca, os objetivos, as
diretrizes, as estratégias e as responsabilidades de gestão voltados para a melhoria das
condições de saúde desse segmento da população.
Inclui ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e
prevenção de doenças,
gestão participativa, participação popular e
controle social, produção de conhecimento,
formação e educação permanente para
trabalhadores de saúde,
visando à promoção da equidade em saúde da
população negra.
GÊNERO E SUBJETIVIDADE
Gênero: ação política, que requer envolvimento pessoal e coletivo visando romper com as ideologias
que naturalizam a hierarquia entre os
sujeitos nos aspectos: sexo, cor e classe
CONDIÇÃO FEMININA: PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO, A SUBJETIVIDADE E O GÊNERO
I. A autonomia
II. O adonamento do corpo: Controle dos corpos e da sexualidade
III. O trabalho : Funções inferiores: tacacazeiras, cozinheiras, boias-frias, mulatas
para dançar, traficadas
Anos 90 - Brasil
• Reconhecimento pelo governo FHC que o pais é racista
• Essencialismo birracial X a diversidade é multicultural
• Democracia é reconhecer direitos, debelar desigualdades econômicas, sociais, educacionais, habitacionais, sem destruir as diferenças
• Multiculturalismo: diferenças, raça, sexo, etnicidade, genero, religião = grupos
Racismo Brasil
• Impregnado nos mecanismos de reprodução institucional
• Demandas para o governo:
• políticas distributivas
• Esclarecimento a sociedade
• Superação do preconceito
identidade Conceito de si mesmo + representação social + respeito e reconhecimento pela alteridade
Autoconceito: ideia de si mesma
Dimensões: autonomia, confiança, físico (corpo), escolaridade, social (Villa Sanchez e Escribaño)
O eu social e por extensão o “nós” são expressos através do que chamamos de identidade
Qual é o lugar passado da mulher
negra?
Opressão, conceito depreciativo de si
mesma
O corpo da mulher negra foi violado em todos os sentidos e se constituiu historicamente como um corpo servil, que podia ser manipulado de todas as formas e por todas as pessoas desde seus senhores até seus filhos. Desse processo, originam-se as representações das negras como selvagens sexuais, desqualificadas, prostitutas ou ainda o estereótipo da mãe preta. (HOOKS, 1995, p. 469).
sexualidade
• Carneiro (1995) infere que a exaltação sexual da escrava e o culto à sensualidade da mulata, mais do que explicar os ataques sexuais às escravas, parecem cumprir a função justificadora do estupro colonial às mulheres negras, minimizando assim a violência com o mito da democracia racial,
mulata
• termo de origem espanhola, vem do diminutivo de mulo, animal resultante do cruzamento de duas espécies diferentes, na época colonial, quando o conceito de raça ainda era vigente vinha a denominar os filhos de um negro com um branco.
• A Discriminação da mulher negra, olhar lançado sobre a mulata enquanto objeto sexual é ainda constante na sociedade brasileira (GOMES, 1995). Nos últimos vinte anos, virou marketing internacional do Brasil como um país de festa permanente.
mulata
época da escravidão profissão
• ligado aos processos étnicos consequência da sociedade escravocrata,
• A condição de mulata é considerada, por alguns,
como categoria profissional para simples produto de
exportação. • Representa uma forma de status e de ascensão em
relação a outros trabalhos que pagam salário mínimo.
• O que se questiona, é se essas mulheres percebem que junto com este status
tem uma simbologia de exploração. (GOMES, 1995,
p.74).
estética
• A desvalorização da mulher também se mostra através do ataque à estética negra:
• Olha nega do cabelo duro que não gosta de pensar..
• As formas fartas do corpo são referidas socialmente como exageradas, o que é uma grande incoerência, visto que o Brasil é um dos países onde a cirurgia plástica é muito difundida. São tantos implantes de silicone para seios, nádegas, lábios
• De quem são esses fenótipos? Ou eles só se tornam exagerados quando estão no corpo negro?
trabalho
• No contexto histórico, a mulher negra é vista como alicerce da raça, uma vez que aos homens negros, após a abolição, excluídos da nova ordem social, não foi oportunizado assumir um papel de trabalhador livre. Desse modo restou à mulher negra a responsabilidade pela manutenção da família.
Transmissão da cultura
• Apesar dessa marca histórica, o lugar da mulher negra também foi perpassado pela
resistência, pois ela foi o alicerce fundamental na transmissão da cultura
africana. Desde o período do Ventre Livre, quando foi permitido à mulher negra •
carregar seus •filhos, ela funcionou como base estrutural da família, exercendo ao mesmo
tempo a função materna e paterna, .portanto mulheres fortes que funcionaram em regime de
matriarcado. (NOGUEIRA, 1999, p 44).
Sofrimento psíquico
• SE MANIFESTA NA SUBJETIVIDADE POR MEIO DOS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO QUE NOS TORNA NEGRO
• GESTALTICAMENTE como o sofrimento se instala? pelas introjeções, projeções e confluências que são disfunções de contato
• Contato é a identificação de necessidades e a resolução das mesmas para isto é preciso reconhecer-se, escutar-se, sentir-se, tocar-se movimentar-se e falar.
RESOLUÇÃO DO CFP
•N.º 018/2002: Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial
ARTIGOS
Art. 2º - Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a discriminação ou preconceito de raça ou etnia.
Art. 3º - Os psicólogos, no exercício profissional, não serão coniventes e nem se omitirão perante o crime do racismo.
Art. 4º - Os psicólogos não se utilizarão de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação racial.
A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DA
PSICOLOGIA CLÍNICA GESTALTICA
• POLARIDADES: LUZ E SOMBRA – O
APARECER DO FENOMENO • 1. escravidão E opressão x LIBERDADE E
AUTONOMIA • 2. conceito depreciativo de si mesma x
AUTOCONCEITO AFIRMATIVO • 3. corpo servil x CORPO APRECIADO E
ADONADO • 4. selvagens sexuais x DESEJO EXPRESSO • 5. estereótipo da mãe preta x MULHER
PÚBLICA QUE ESCOLHE •
estrategias para desmontar a
dominação
• autonomia pelo conhecimento de si
• autoamor e autorespeito
• atitude de ocupar espaços
• conhecer os procedimentos e as formas de funcionamento das instituições públicas e suas ideologias
• empoderar-se superando o sentimento de inadequação
•
Intervenção na clínica social
• A consciência e a fronteira de contato são
estratégias pelas quais alguém bloqueia ou
expande sua subjetividade.
• Quando são estabelecidas fronteiras rígidas, surge o medo e uma sensação de receber uma carga insuportável de excitação, em consequência, o isolamento e a impotência
• Esta dinâmica ocorre em um campo relacional, portanto, o temor e o
estranhamento diante do desconhecido intensificam o contato com aquilo que é
familiar, uma vez que o hábito tem grande força.
Para interromper o padrão de comportamento já
instalado, é necessária uma intensa mobilização de
energia para que o indivíduo se movimente em
direção ao afastamento da órbita do habitual, expandindo, dessa
maneira, a fronteira da familiaridade.
privilégios de uma sociedade
pseudamente democrática? • Colonizadores dos corpos e das
subjetividades negras impingem um processo vicioso de negação da identidade potente para os negros.
• Em se tratando de crianças, os efeitos são mais perniciosos na medida em que a subjetivação infantil compreende a vivência de experiências que lhes permitam constituir-se como seres autônomos, adultos saudáveis.
• Sem tais referencias ganha espaço o adoecimento e a baixa estima; um autoconceito empobrecido e uma autoimagem erigida em base as pressões do modelo europeu.
• Gestalticamente falando, o racismo requer ser entendido como um sintoma, uma figura, uma forma que é produto de um fundo: a falsa democracia.
• Assim, supera-lo requer desvelar as significações do silêncio em torno das relações raciais no Brasil.
Poder e pertencimento • Não compartilhar
características que definem o grupo: negros:
feios, preguiçosos, inferiores, fedorentos, sem
status
• DESEJO COMPARTILHAR ESTAS
REPRESENTAÇÕES, PERTENCER AO
GRUPO?
• NÃO.
EMBRANQUECER: Pertencer ao grupo
racial branco é a fonte do poder ostentado que permite ‘SUPERAR” a
discriminação que o negro vivencia, assim
como pertencer ao gênero masculino
permite discriminar o gênero feminino
Dinâmica do sofrimento
• Psicologicamente, a discriminação social,
atua sob dois vetores no contato:
• a) como símbolos substitutos das relações.
• b) como símbolos substitutos das
necessidades organísmicas.
O Sol possui varias características cor,
temperatura, tamanho, etc. As condições
climáticas, podem sofrer alterações, porém sua
forma continua constante. A característica que
permanece constante é abstraída do todo e passa representá-lo. Assim, um
desenho de um círculo suspenso é geralmente reconhecido como uma representação do sol,
mesmo
que ele não tenha a
informação da cor.
DENTRO E O FORA NO EXCESSO DE SIMBOLIZAÇÃO Perls, Hefferline e Goodman, (1997), compreendem a simbolização e a linguagem como abstrações de objeto e da experiência. Como tal, possuem apenas algumas características do representado, por isso seu uso adequado seria “junto com” e não “no lugar de”. Tomarmos o símbolo “no lugar de”, distancia-nos das experiências organísmicas, pois falta-nos a excitação provocada pelas características ausentes do objeto/experiência, que por sua vez, reduzem ou não despertam apetites. O excesso de simbolização limita-nos o contato, ao reduzir a experiência à um pequeno número de características do objeto/experiência tornando-os opacos, vazios, frente às necessidades organísmicas.
Símbolo
• Etimologia: deriva do grego symbolon = sinal para reconhecimento
• Correspondência para distinguir
• Apenas quando é posto junto se torna símbolo que adquire excesso de significados
• Níveis de interpretação:
• A) concreto, físico, visível,
• B) interno, invisível,
símbolos
• Atos simbólicos: renovar votos de casamento
• Atitude simbolizante: perceber que o objeto/coisa/sentimento tem vários significados
• Atraves da projeção
A abordagem de campo da Gestalt-terapia (Kurt Lewin), permite-nos compreender os fenômenos psicológicos influenciando e sofrendo influência, revelando valências e relações, conexões e status nas Rede de relacionamento. O CAMPO INFLUENCIA A QUALIDADE DO contato que é o que nos une ao meio; contato é relação. A neurose é caracterizada pela substituição de si pelo meio; é a falta de relação consigo mesmo a falta de discriminação e a valência com partes dos símbolos sem contato com o todo.
Auto-conceito
• Estima, sentimentos, experiências e atitudes que a mulher desenvolve sobre seu próprio eu;
• POSITIVO: orienta a experiência e o ajustamento criativo; não mostra grandes discrepâncias entre eu real e ideal, abertura para o outro
• Não é inato, é construído ao longo da vida sob a influencia de pessoas significativas, família, escola, sociedade, experiências de sucesso e de fracasso
componentes
• cognitivo: conjunto de características com as quais a mulher descreve a si mesma e orienta seu modo habitual de existir e comportar
• Afetivo: emoções e avaliações que acompanham a auto-descrição
• comportamento
dimensões
• 1. autonomia: sentimento de
independencia, autovalor e posse
• 2. confiança: segurança no meio; amor da familia, expressar sentimentos, perceber-se querida
• 3. físico: satisfação com a aparência, competência física nos esportes
• 4. escola e sociabilidade:
atenção, comunicação,
relação com outras crianças