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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DO MAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MARINHAS TROPICAIS FRANCISCO SYLVÂNIO FERREIRA DA SILVA EFLUENTE DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU E ÓLEO VEGETAL RESIDUAL COMO MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES POR BACTÉRIAS DE ORIGEM MARINHA FORTALEZA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DO MAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MARINHAS TROPICAIS

FRANCISCO SYLVÂNIO FERREIRA DA SILVA

EFLUENTE DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU E ÓLEO VEGETAL RESIDUAL

COMO MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES POR

BACTÉRIAS DE ORIGEM MARINHA

FORTALEZA

2017

FRANCISCO SYLVÂNIO FERREIRA DA SILVA

EFLUENTE DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU E ÓLEO VEGETAL RESIDUAL COMO

MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES POR

BACTÉRIAS DE ORIGEM MARINHA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Ciências Marinhas Tropicais. Área de concentração: Utilização e manejo de ecossistemas marinhos e estuarinos. Orientadora: Profª. Drª. Oscarina Viana de Sousa. Coorientadora:. Drª. Karla Maria Catter.

FORTALEZA

2017

FRANCISCO SYLVÂNIO FERREIRA DA SILVA

EFLUENTE DA AGROINDÚSTRIA DO CAJU E ÓLEO VEGETAL RESIDUAL COMO

MATÉRIAS PRIMAS PARA PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES POR

BACTÉRIAS DE ORIGEM MARINHA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Ciências Marinhas Tropicais. Área de concentração: Utilização e manejo de ecossistemas marinhos e estuarinos.

Aprovada em: 26/06 /2017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profª. Drª. Oscarina Viana de Sousa (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profª. Drª. Regine Helena Silva dos Fernandes Vieira

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profª. Drª. Francisca Gleire Rodrigues de Menezes

À Vânia Maria Ferreira por seu amor

incondicional, dedico.

AGRADECIMENTOS

A Deus por me permitir concluir esta etapa tão importante de minha vida.

À minha mãe Vania Maria por ser meu porto seguro, força e apoio bem

presente em todos os momentos. Dos mais felizes aos mais tristes. Você é a minha

heroína!

Ao Caio César por trazer felicidade aos meus dias quando eles estavam

mais difíceis. Minha gratidão!

Ao meu irmão de alma e amigo do peito Gabriel Neto. Você é um ser

iluminado que veio na terra com o propósito de me guiar nos momentos em que eu

mais precisei de direção. Você tem um lugar enorme em meu coração.

De coração, agradeço à minha orientadora, professora e fonte de

inspiração Oscarina Viana de Sousa. Obrigado por acreditar em mim e me ensinar a

buscar sempre o meu melhor. Obrigado pelas oportunidades que você me deu e por

acreditar no meu potencial. Meus mais sinceros agradecimentos.

À professora Regine Helena Silva dos Fernandes Vieira por sua

contribuição em minha vida acadêmica. Obrigado por me abrir as portas do

laboratório e me permitir conhecer o mundo da microbiologia. Meus sinceros

sentimentos de gratidão. Com carinho, Sinfrônio.

À minha “mãe” de laboratório Karla Catter pela coorientação desse

trabalho, inspiração e companheirismo ao longo de minha caminhada acadêmica.

Sou eternamente grato a você me apresentar o mundo dos biossurfactantes e por

fazer dele um caminho mais tranquilo de ser percorrido. Muito obrigado!

Ao Victor Conde, meu “irmão” de laboratório, pelo companheirismo e por

dividir comigo momentos de verdadeiro aprendizado.

Aos meus amigos Felipe Souza e Patrícia Andrade por serem válvulas de

escape quando os dias estão mais pesados. Guardarei para sempre a alegria e o

carinho de vocês.

Ao grupo Biodançantes, em especial ao João Salmito, por me ensinar a

manter sempre viva a minha criança interior. Vocês possuem uma energia

maravilhosa e que deve ser compartilhada com o mundo todo. Gratidão!

Aos queridos Jéssica Lucinda, Edirsana Carvalho, Adson Queiróz,

Lorrana Santana e Déborah Amarante por acompanharem de perto meus momentos

de bancada e fora dela. Obrigado por dividirem comigo sua amizade e

companheirismo. Vocês são maravilhosos!

Às queridas Rosa Rebouças e Cristiane Teles por todos os ensinamentos,

broncas, risadas e voltas pra casa nesses dois anos e alguns meses de mestrado. O

ensinamento de vocês vai muito além da bancada. Os levarei para a vida. Vocês têm

o meu abraço mais caloroso.

À Gleire Menezes e Rafael Rodrigues, meus gurus na Biologia Molecular.

Agradeço imensamente a ajuda e o companheirismo de vocês. Gleire, obrigado por

me permitir fazer morada nesse coração virginiano. Rafael, você merece todo o

sucesso do mundo! Muito obrigado!

À Marina Rodríguez por dividir comigo seu conhecimento e sabedoria de

vida. Obrigado por toda a sua ajuda. Você é uma inspiração para mim.

Aos demais amigos do Laboratório de Microbiologia Ambiental e do

Pescado: Mariana Franco, Rubson Matheus, Raul Vitor, Maria João, Giselle Cristina,

Rebeca Martins, Graciene Fernandes, Jamille Rabelo, Mariana Lima, Jade Abreu,

Jéssica Costa e Patrícia Carneiro. Agradeço a cada um de vocês por toda ajuda

nesse período. Desejo todo sucesso pra cada um de vocês!

À minha amiga, irmã de alma e companheira de bancada Juliana Moraes

e seu esposo Diego Moraes pelos auxílios, incontáveis horas trabalhadas, finais de

semanas cansativos e ótimos momentos vividos ao longo de nossa caminhada no

mundo dos biossurfactantes. Vocês são anjos de luz que possuem a minha eterna

gratidão.

Ao Centro de Diagnóstico de Enfermidades de Organismos Aquáticos

(CEDECAM), do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR – UFC), em especial o

professor Rodrigo Maggioni pela parceria na etapa de sequenciamento genético das

cepas bacterianas utilizadas no trabalho.

Aos meus colegas de mestrado em especial às queridas Júlia Rabelo e

Thaís Chaves pelas conversas, apoio mútuo e risadas quando estávamos mais

desesperados. Força!

À secretária do Programa de Pós- Graduação em Ciências Marinhas

Tropicais Isabela Agadir Abreu pelas conversas e ensinamentos. Você é um amor!

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pela concessão da bolsa de pesquisa.

“Mas as árvores não guardam rancor.

Trataram de continuar a viver - e nos

toquinhos surgiram brotos verdes, como

um gesto de perdão.” (Rubem Alves)

RESUMO

Os biossurfactantes são compostos tensoativos produzidos por microrganismos que

apresentam a capacidade de solubilizar substâncias de diferentes polaridades. Tais

compostos podem ser produzidos a partir de diferentes substratos e possuem

aplicação em diferentes setores industriais. O objetivo desta pesquisa foi verificar o

potencial de produção de biossurfactantes por bactérias marinhas utilizando efluente

de uma indústria de beneficiamento da castanha do caju (ECC) e óleo vegetal

residual como matérias-primas. Foram testadas 20 cepas bacterianas pertencentes

ao acervo do Laboratório de Microbiologia Ambiental e do Pescado (LAMAP). As

cepas foram identificadas através de sequenciamento da região do 16S do rDNA.

Foram realizados testes de hemólise e produção de ramnolipídeos, indicativos da

biossíntese de biossurfactantes. Em seguida, foram realizadas fermentações

utilizando ambos os substratos e os metabólitos produzidos foram submetidos aos

testes do colapso da gota, volume de emulsificação, estabilidade da emulsão,

atividade de emulsificação e antimicrobiana. As amostras que apresentaram os

melhores resultados foram submetidas ao teste ecotoxicológico utilizando sementes

de pepino (Cucumis sativus L.) como organismo indicador. As cepas foram

identificadas como espécies dos gêneros: Pseudomonas, Bacillus, Staphylococcus,

Vibrio, Zobelella, Oceanimonas e Brachybacterium. Das 20 cepas testadas, 65%

apresentaram atividade hemolítica enquanto 40% produziram ramnolipídeos. A partir

da metabolização do efluente agroindustrial e óleo residual pelas cepas,

respectivamente, 90% e 70% apresentaram atividade no teste do colapso da gota;

60% e 20% produziram emulsões com qualidade e boa estabilidade. Foi verificado

que 50% dos metabólitos produzidos a partir do ECC e 5% do óleo residual

apresentaram atividade antimicrobiana frente a bactéria Staphylococcus aureus

(ATCC 25923). Os metabólitos produzidos a partir dos dois substratos apresentaram

efeitos tóxicos contra sementes de pepino. Esses resultados evidenciam o potencial

para produção de biossurfactantes de boa qualidade a partir de resíduos poluentes.

Contudo, existe a necessidade de uma melhor caracterização desses bioprodutos,

isolamento e avaliação de seus efeitos tóxicos no ambiente.

Palavras-chave: Poluição. Surfactantes biológicos. LCC.

ABSTRACT

Biosurfactants are tensoative compounds produced by microorganisms that have the

ability to solubilize substances with different polarities. These compounds can be

produced from different substrates and can be applied in different industrial areas.

Thus, the aim of this research was to investigate the potential of marine bacteria to

produce biosurfactants using effluent from processing of cashew nut (CNE) and

residual vegetable oil as a carbon source. Twenty bacterial strains from the

bacteriological collection of the Laboratory of Fish and Environmental Microbiology

(LAMAP) were tested. The strains were identified by 16S rRNA sequencing.

Hemolytic activity and rhamnolipids production were performed as an indicative of

biosurfactant biosynthesis. Then, fermentations were realized using both substrates

and the metabolites produced were submitted to the following tests: droplet collapse,

emulsion index, emulsification activity and antimicrobial activity. The samples that

showed the best results were submitted to the ecotoxicological test using cucumber

seeds (Cucumis sativus L.) as indicator organism. The strains were identified as

species from the genus: Pseudomonas, Bacillus, Staphylococcus, Vibrio, Zobelella,

Oceanimonas e Brachybacterium. Of the 20 strains tested, 65% showed hemolytic

activity while 40% produced rhamnolipids. From the metabolization of the

agroindustrial effluent and the residual oil, respectively, 90% and 70% of bacterial

strains showed activity in drop collapse, while 60% and 20% produced emulsions

with good quality and stability. In addition, 50% of the metabolites produced from

CNE and 5% from residual oil showed antimicrobial activity against standard strain

Staphylococcus aureus (ATCC 25923). The metabolites produced with both

substrates showed toxic effects against cucumber seeds. These results showed the

potential to produce good quality biosurfactant compounds from pollutant residues.

However, a better characterization of these bioproducts, isolation and evaluation of

their toxic effects on the environment is necessary.

Keywords: pollution. biological surfactants. CNSL.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estruturas químicas dos componentes do LCC: a) ácido anacárdico, b)

cardol, c) cardanol....................................................................................... 19

Figura 2 Ilustração do processo de produção dos biossurfactantes.......................... 30

Figura 3 Fontes de carbono utilizadas na produção de biossurfactantes pelas

cepas bacterianas: a) efluente do beneficiamento da castanha do caju; b)

óleo vegetal residual.................................................................................... 30

Figura 4 Halos de hemólise em ágar sangue indicativo da produção de

biossurfactantes após 48 horas de incubação............................................ 40

Figura 5 Halos azuis indicativos da produção de ramnolipídeos em meio ágar azul

de metileno................................................................................................. 41

Figura 6 Meio de cultivo após as 72 horas de produção de biossurfactantes

contendo efluente do beneficiamento da castanha do caju (a) e óleo

vegetal residual (b) como fontes de carbono............................................. 45

Figura 7 Líquidos metabólicos extraídos após a produção de biossufactantes........ 45

Figura 8 Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado negativo)

extraídos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da

castanha do caju frente à bactéria Escherichia coli ATCC25922............... 55

Figura 9 Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado negativo)

extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual frente à

bactéria Escherichia coli ATCC25922...................................................... 56

Figura 10 Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado positivo)

extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual frente à

bactéria Staphylococcus aureus ATCC 25923......................................... 56

Figura 11 Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado positivo)

extraídos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da

castanha do caju frente à bactéria Staphylococcus aureus ATCC 25923.. 57

Figura 12 Teste de fitotoxicidade do líquido metabólico produzido pela cepa

Pseudomonas sp. 9C a partir de óleo vegetal residual utilizando

sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.)......................................... 65

Figura 13 Teste de toxicidade do efluente do beneficiamento da castanha do caju

utilizando sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.)........................ 66

Figura 14 Teste de toxicidade do surfactante SDS utilizando sementes de pepino

Aodai (Cucumis sativus L.).......................................................................... 67

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Estabilidades das emulsões formadas utilizando líquido metabólico

extraído das fermentações com bactérias do gênero Pseudomonas a

partir de efluente do beneficiamento da castanha de caju (EBCC) e

óleo vegetal residual (OVR).................................................................. 51

Gráfico 2 Estabilidades das emulsões formadas utilizando líquido metabólico

extraído das fermentações com as bactérias das espécies Vibrio

fluvialis, Z. taiwanensis e do gênero Bacillus a partir de efluente do

beneficiamento da castanha de caju (EBCC) e óleo vegetal residual

(OVR)................................................................................................... 52

Gráfico 3 Estabilidades das emulsões formadas utilizando SDS e os líquidos

metabólicos extraídos das fermentações com as bactérias O.

baumannii, Brachybacterium sp. 11SEDH, Staphylococcus sp. 26B a

partir de efluente do líquido da castanha de caju (EBCC) e óleo

vegetal residual (OVR)......................................................................... 53

Gráfico 4 Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis

sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos extraídos a partir

das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do

caju com as cepas Pseudomonas sp. 2D, Pseudomonas sp. 2E,

Pseudomonas sp. 7A e Pseudomonas sp.7C...................................... 61

Gráfico 5 Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis

sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos produzidos a partir

das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do

caju com as cepas Pseudomonas sp. 9A, Pseudomonas sp. 9B,

Pseudomonas sp. 9C e Pseudomonas sp.18D................................ 61

Gráfico 6 Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis

sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos extraídos a partir

das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do

caju com as cepas V. fluvialis 21A, V. fluvialis 36C, Z. taiwanensis

11SA, Brachybacterium sp. 11SEDH e Staphylococcus sp. 26B e do

efluente................................................................................................. 62

Gráfico 7 Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis

sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos extraídos a partir

das fermentações com óleo vegetal residual com as cepas

Pseudomonas sp. 7C, Pseudomonas sp. 9B, Pseudomonas sp. 9C,

Pseudomonas sp. 18D, O. baumannii 12SC e com o surfactante

sintético SDS........................................................................................ 64

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Reagentes e condições utilizadas na amplificação da

subunidade 16S das bactérias através da Reação em Cadeia de

Polimerase...................................................................................... 27

Tabela 2 Reagentes do Mix de PCR e condições de termociclagem do

sequenciamento.................................................................................. 28

Tabela 3 Codificação, origem e resultado da identificação genética das

bactérias marinhas selecionadas na presente pesquisa.................... 35

Tabela 4 Resultados da atividade hemolítica e produção de ramnolipideos

das cepas isolados de água e sedimento do Mucuripe (MUC),

produtoras de biossurfactantes........................................................... 39

Tabela 5 Resultados do teste qualitativo do colapso da gota (TQCG) e

valores de pH dos líquidos metabólicos extraídos a partir de

efluente do beneficiamento da castanha do caju................................ 43

Tabela 6 Resultados do teste qualitativo do colapso da gota (TQCG) e

valores de pH dos líquidos metabólicos extraídos a partir de óleo

vegetal residual................................................................................... 44

Tabela 7 Resultados dos testes de volume de emulsificação (VE) e

atividade de emulsificação realizados utilizando os líquidos

metabólicos extraído......................................................................... 48

Tabela 8 Resultados da determinação da atividade antimicrobiana dos

líquidos metabólicos extraídos utilizando resíduos orgânicos como

fonte de carbono................................................................................. 55

Tabela 9 Percentuais de germinação (%G) das sementes de pepino Aodai

(Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico com os líquidos

metabólicos produzidos a partir do efluente do beneficiamento da

castanha do caju................................................................................. 59

Tabela 10 Percentuais de inibição (%IP) do crescimento das sementes de

pepino Aodai (Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico

com os líquidos metabólicos produzidos extraídos a partir do

efluente do beneficiamento da castanha de caju................................

60

Tabela 11 Percentuais de germinação (%G) das sementes de pepino Aodai

(Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico com os líquidos

metabólicos produzidos extraídos a partir das fermentações com

óleo vegetal residual........................................................................... 62

Tabela 12 Percentuais de inibição (%IP) do crescimento das sementes de

pepino Aodai (Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico

com os líquidos metabólicos produzidos extraídos a partir das

fermentações com óleo vegetal residual............................................. 63

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATCC American Type Culture Collection

BLAST Basic Local Alignment Search Tool

B.O.D Biochemical oxygen demand

CE Ceará

CLSI Clinical and Laboratory Standard Institute

CTAB Brometo de cetiltrimetilamônio

DNA Ácido desoxirribonucleico

DNTP’s Desoxirrimonucleotídeos

DQO Demanda química de oxigênio

EC Estímulo de crescimento

EPS Exopolissacarídeos

ES Estabilidade da emulsão

IP Percentual de inibição

LB Lúria Bertani

LCC Líquido da castanha de caju

LM Líquido metabólico

MgCl2 Cloreto de magnésio

MT Muito tóxico

NaCl Cloreto de sódio

PCR Reação em Cadeira de Polimerase

pH Potencial hidrogeniônico

q.s.p Quantidade suficiente para

rDNA DNA ribossômico

SDS Sodium dodecyl sulfate

TSA Ágar Triptona Soja

T Tóxico

U.A.E. Unidades de atividade de emulsificação

VE Volume de emulsificação

VEt Volume de emulsificação no tempo t

VE0 Volume de emulsificação no tempo 0

LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem

H2O Água

°C Graus Célsius

mL Mililitros

® Marca registrada

mM Milimolar

U Unidades

pb Pares de bases

kb Quilobase

V Voltagem

mA Miliampére

pmol Picomoles

µl Microlitro

rpm Rotações por minuto

(v/v) Volume/volume

g Grama

µm Micrômetro

mm Milímetro

M Molar

nm Nanômetro

α Alfa

β Beta

γ Gama

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................... 16

2.1 Biotecnologia marinha.......................................................................... 16

2.2 Poluição por resíduos........................................................................... 17

2.3 Efluente do beneficiamento da castanha do caju…..…………….... 18

2.4 Óleo vegetal residual……......…….……………………….…………….. 20

2.5 Reaproveitamento de resíduos..…………………………………..…..... 21

2.6 Biossurfactantes................................................................................. 22

3 HIPÓTESE CIENTÍFICA....……….…………………………...………….… 25

4 OBJETIVOS.......................................................................................... 25

4.1 Objetivo Geral........................................................................................ 25

4.2 Objetivos Específicos............................................................................ 25

5 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 26

5.1 Seleção dos microrganismos.............................................................. 26

5.2 Identificação dos microrganismos produtores de biossurfactantes 26

5.2.1 Extração do DNA total.......................................................................... 26

5.2.2 Amplificação de fragmentos da região 16S rDNA por Reação em

Cadeia de Polimerase (PCR) utilizando iniciadores universais........

26

5.2.3 Visualização dos produtos da extração e dos amplicons gerados.. 27

5.2.4 Sequenciamento do DNA bacteriano................................................. 27

5.2.5 Alinhamento das sequências nucleotídicas obtidas........................ 28

5.3 Caracterização do potencial biotecnológico das estirpes

bacterianas.............................................................................................

29

5.3.1 Atividade hemolítica.............................................................................. 29

5.3.2 Teste de detecção de ramnolipideos................................................. 29

5.3.3 Produção de biossurfactantes a partir de resíduos orgânicos........ 29

5.3.4 Teste qualitativo do colapso da gota................................................. 31

5.3.5 Volume de emulsificação (VE) e estabilidade da emulsão (ES)........ 31

5.3.6 Atividade antimicrobiana..................................................................... 32

5.3.7 Atividade de emulsificação.................................................................. 32

5.3.8 Teste de toxicidade dos subprodutos microbianos........................... 33

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 35

6.1 Identificação genotípica dos microrganismos com potencial

produtor de biossurfactantes...............................................................

35

6.2 Atividade hemolítica e produção de ramnolipídeos........................... 39

6.3 Teste qualitativo do colapso da gota e pH das fermentações........... 42

6.4 Volume de emulsificação, estabilidade da emulsão e atividade de

emulsificação.........................................................................................

47

6.5 Atividade antimicrobiana ..................................................................... 54

6.6 Teste de toxicidade com sementes de pepino.................................... 58

7 CONCLUSÕES........................................................................................ 70

REFERÊNCIAS....................................................................................... 71

14

1 INTRODUÇÃO

A vida surgiu nos oceanos há 3,5 bilhões de anos. Sua rica biodiversidade,

ainda desconhecida, desperta interesse pela busca de recursos marinhos com

potencial uso biotecnológico. Dentre os diferentes bioprodutos obtidos de

organismos marinhos destacam-se as drogas utilizadas no combate a diferentes

doenças, cosméticos, proteínas e materiais de interesse (TEIXEIRA et al., 2010).

Como parte da biodiversidade marinha, as bactérias destacam-se, pois

desempenham papel importante na produção de metabólitos com aplicações

distintas e na degradação de poluentes devido a sua ampla adaptação às diferentes

variações ambientais intrínsecas ao ambiente marinho. (THAVASI; SHARMA;

JAYALAKSHMI, 2011; DASH et al., 2013).

A decomposição biológica de poluentes através de microrganismos

(bactérias, bolores e leveduras) é denominada biorremediação. Este processo utiliza

o metabolismo microbiano para transformar essas substâncias no ambiente, onde a

microbiota utiliza os poluentes presentes no meio impactado como fonte de

nutrientes, reduzindo suas concentrações e proporcionando a sua mineralização

(ATLAS; CERNIGLIA, 1995; BRUSSEAU, 2006; JAIN; BAJPAI, 2012).

Inúmeros microrganismos têm sido descritos na literatura como

degradadores de poluentes e produtores de metabólitos de interesse. Dentre eles,

destacam-se os gêneros Pseudomonas, Bacillus, Acinetobacter, Burkolderia,

Rhodococcus, Nocardia, Serratia, Candida e Aspergilus (CASTIGLIONI; BERTOLINI;

COSTA, 2009, SAKALLE; RAJKUMAR, 2009, OBAYORI; SALAM; OMOTOYO, 2012;

HAMZA; MOHAMMED; SALE, 2012; SOBRINHO, et al., 2013,

(VARADAVENKATESAN; MURTY , 2013). Dentre esses, os gêneros Pseudomonas

e Bacillus têm sido amplamente estudados na produção de metabólitos com

propriedades surfactantes.

Biotensoativos ou biossurfactantes são compostos ativos de superfície

produzidos por microrganismos que reduzem a tensão superficial entre substâncias

de diferentes polaridades. Essa propriedade permite a sua aplicação em diferentes

setores industriais, como na remoção e recuperação de óleo na indústria petrolífera,

processos de biorremediação, indústria farmacêutica e alimentícia (NITSCHKE;

PASTORE, 2002). A biorremediação de poluentes hidrofóbicos pode ser

potencializada com o auxílio desses compostos, pois proporcionam a solubilização

15

de poluentes insolúveis no ambiente, aumentando a sua biodisponibilidade para a

comunidade microbiana degradadora (MONTAGNOLLI; LOPES; BIDOI, 2015).

Os biossurfactantes podem ser produzidos a partir de substratos de baixo

custo. O uso de fontes de carbono alternativas na sua produção permitirá uma

redução nos custos, visto que os surfactantes produzidos quimicamente têm como

matéria prima o petróleo (BEZERRA, 2012; PINTO et al., 2009). Dentre as matérias

primas de baixo valor com potencial uso na produção de biossurfactantes estão os

óleos vegetais e o efluente do beneficiamento da castanha do caju.

Os óleos vegetais são amplamente utilizados na produção de alimentos.

Seu descarte inadequado compromete os custos de tratamento de efluentes, assim

como alteram o equilíbrio natural dos corpos hídricos receptores (LOPES; BALDIN,

2009). De forma semelhante, a agroindústria do caju é reconhecida pela geração de

um subproduto tóxico ao ambiente denominado líquido da castanha de caju (LCC). É

necessário o tratamento desse efluente ou a sua adequação aos padrões de

lançamento devido aos efeitos toxicológicos que este apresenta aos corpos hídricos

receptores.

A utilização de resíduos como matéria prima para a elaboração de novos

produtos possibilita a redução dos impactos ambientais causados pelo seu

lançamento no ambiente, além de gerar lucro a partir de substratos de baixo custo

(COSTA-NETO et al., 2000). Nesse contexto, a busca por matérias residuais

domésticas e industriais como base para produção de compostos biossurfactantes é

uma abordagem biotecnológica que agrega valor econômico e é ambientalmente

correta no tratamento de compostos com potencial poluidor.

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Biotecnologia marinha

Os oceanos correspondem a 72% da superfície do planeta, possuindo

representantes de todos os domínios existentes na Terra (VARELA et al., 2014). No

ambiente marinho ocorre intensa variação de temperatura, salinidade, oxigênio,

correntes marítimas e outros fatores abióticos. Entretanto, apesar desta variação

extrema, estes ambientes apresentam uma biodiversidade altamente diversificada,

variando desde microrganismos até animais de grande porte (DASH et al., 2013).

Os ecossistemas marinhos vêm despertando interesse devido a sua rica

biodiversidade que oferece inúmeros bioprodutos de interesse humano (SATPUTE et

al., 2010). De acordo com Teixeira et al. (2010), a utilização dos recursos marinhos

pelo homem se deu historicamente através da pesca, extração de petróleo e

derivados, cultivo de organismos marinhos, lazer e turismo. Ainda segundo os

autores, a grande biodiversidade existente nesse ambiente ainda permanece

desconhecida.

A prospecção de recursos marinhos tem por finalidade a busca por

bioprodutos com uso na indústria biotecnológica. Renduelez e Días (2014) definem

biotecnologia como a utilização de agentes biológicos para uso humano. Segundo os

autores, diferentes bens ou serviços podem ser extraídos a partir do metabolismo de

microrganismos ou de partes de material biológico de animais e plantas.

Teixeira et al. (2010) apresentam o conceito de biotecnologia marinha

como “ o desenvolvimento de drogas viáveis obtidas pela bioprospecção marinha e o

desenvolvimento de organismos geneticamente modificados para propósitos

ambientais ou aquicultura”. Ainda de acordo com os autores, a biotecnologia marinha

atua em diversas áreas, dentre elas: busca por novos fármacos isolados de

diferentes organismos; desenvolvimento de tecnologias de proteção ambiental;

desenvolvimento de métodos moleculares de identificação de doenças em animais

marinhos de interesse na pesca e aquicultura.

As bactérias marinhas produzem metabólitos extracelulares que possuem

características e aplicações distintas (THAVASI; SHARMA; JAYALAKSHMI, 2011).

Dentre os diferentes produtos biológicos obtidos do ambiente marinho podem ser

citados: os inúmeros fármacos e cosméticos isolados de algas, fungos e

17

invertebrados marinhos; produtos químicos de interesse comercial e biomateriais

como ágar, quitinas, proteínas, enzimas fluorescentes, aditivos suplementares em

alimentos, dentre outros (TEIXEIRA et al., 2010; BARRETO et al., 2014).

Mesmo o ambiente marinho oferecendo inúmeros produtos de interesse

humano, esse ecossistema ainda sofre com a poluição (SATPUTE et al., 2010).

Entretanto, sabe-se que as bactérias marinhas possuem a capacidade de formar

biofilme e excretar metabólitos poliméricos que atuarão na captação de poluentes

para as células. Além disso, são capazes de suportar variações ambientais extremas,

típicas deste ambiente. Tais características tornam esses microrganismos aptos para

remediar áreas contaminadas (DASH et al., 2013). A remoção de poluentes no

ambiente por meio de microrganismos ou plantas é possível devido a capacidade

destes organismos em utilizar poluentes como fonte de carbono (MUCHA ; MARISA ;

ALMEIDA, 2014).

2.2 Poluição por resíduos

O crescimento econômico e populacional somado à busca de maior

conforto e qualidade de vida impulsiona a utilização de recursos naturais para

produção de bens de consumo, gerando grandes quantidades de resíduos que irão

modificar o meio ambiente circundante (CANESIN et al., 2014 ; SILVA ; SANTOS ;

GOMES, 2014).

Uma parcela dos resíduos gerados nos processos industriais são

descartados sob condições sanitárias e ambientais inadequadas (ARCHELA et al.,

2003; GOUVEIA, 2012). Segundo Moreira et al., (2009), a agroindústria no Brasil

produz uma grande diversidade de subprodutos e resíduos, como o bagaço da cana-

de-açúcar, coco verde, caju, etc. Há pouco mais de uma década, a produção de

resíduos agroindustriais era de aproximadamente 250 milhões de toneladas por ano

(TAMANINI; HAULY, 2004). Entretanto, esse setor tem gerado, nos últimos anos,

uma quantidade crescente de rejeitos em virtude do incentivo mundial para a

produção de alimentos industrializados (SANTOS, 2014).

O aumento na geração de resíduos da agroindustria motiva a

necessidade de buscar tecnologias viáveis para a sua transformação com o objetivo

de reduzir seus impactos no meio ambiente (FIGUEIREDO; TANAMATI, 2010).

Moreira et al., (2009) destacam que a disposição inadequada de rejeitos

18

agroindustriais apresenta sérios problemas aos ambientes em que são lançados

devido à elevada quantidade e as dificuldades na sua disposição. Entretanto, de

acordo com Sater et al., (2011), apesar das indústrias agrícolas possuírem uma

preocupação em gerenciar e reaproveitar seus subprodutos, muitas ainda descartam

seus rejeitos de forma inadequada causando sérios impactos no meio ambiente

como a contaminação do solo e do lençol freático.

Dentre os diferentes resíduos agroindustriais com potencial poluidor pode-

se destacar o efluente gerado a partir do processamento da castanha de caju e os

resíduos oleosos de origem vegetal (PIMENTEL, 2008; LIMA, 2007). Ambos ao

serem lançados na natureza sem o devido tratamento irão causar impactos

significativos tanto ao meio ambiente quanto a saúde humana (ROSA et al., 2011;

OLIVEIRA, 2014).

2.3 Efluente do beneficiamento da castanha do caju

Conhecido popularmente como cajueiro, o Anacardium occidentale L. é

uma espécie vegetal da família Anacardiacea, nativa do Brasil e encontrada

principalmente na África, Ásia, em áreas costeiras e campos do Norte e Nordeste do

Brasil (CHAVES et al., 2010; SANJEEVA et al., 2014). O fruto do cajueiro, a

castanha, possui localizado na casca um líquido escuro, corrosivo e inflamável

conhecido como líquido da castanha de caju (LCC), enquanto na parte mais interna

encontra-se a amêndoa (MAZZETO; LOMONACO; MELE, 2009; ANDRADE et al.,

2011).

O aproveitamento industrial do caju consiste, majoritariamente, no

beneficiamento da castanha e, em segundo plano, o aproveitamento do pedúnculo.

Neste processo, apenas 15% do pedúnculo são aproveitados na produção de sucos,

geleias, doces, farinhas, fermentados e néctares (MOREIRA et al., 2009). De acordo

com Pimentel et al. (2011), o beneficiamento da castanha do caju consiste na

retirada da amêndoa do interior do fruto e posterior extração do LCC a partir da

casca através do cozimento da castanha ou prensado a frio.

De acordo com Sanjeeva et al., (2014), o LCC é classificado de acordo

com o método de extração empregado em dois tipos: LCC natural e LCC técnico.

Segundo os autores, a extração a partir de solventes orgânicos dá origem ao LCC

natural, constituído por ácido anacárdico (78%), cardol (10-15%) e pequenas frações

19

de 2-metil cardol, cardanol e material polimérico. Por sua vez, a extração por

aquecimento promove a descarboxilação do ácido anacárdido, gerando o LCC

técnico, constituído por 60-65% de cardanol, 20-23% de material polimérico, 10-12%

de cardol, 1-2% de metil-cardol (MAZZETO; LOMONACO; MELE, 2009; SANJEEVA

et al.,2014).

A figura 1 apresenta as estruturas químicas dos compostos presentes no

LCC. O ácido anacárdico é constituído por 15 átomos de carbono e um grupo

carboxila na posição orto e sofre rápida descarboxilação dando origem ao cardanol,

também constituído por 15 átomos de carbono na posição meta contendo ou não

duplas ligações (IUNESCU et al., 2012).

Figura 1 – Estruturas químicas dos componentes do LCC: a) ácido anacárdico, b) cardol, c) cardanol

Fonte: MAZZETO; LOMONACO; MELE, 2009

No processo de beneficiamento da castanha do caju o LCC produzido é

removido para posterior comercialização devido às propriedades de seus

constituintes fenólicos saturados e insaturados que os permitem serem utilizados em

diferentes setores industriais (JERONIMO et al., 2012; MAIA et al., 2012).

O seu principal componente, o cardanol, possui propriedades

antioxidantes, antimicrobianas, antitumorais, antisséptica, antivermífuga,

gastroprotetora e inibidora de enzimas. Tais características possibilitam seu uso na

indústria farmacêutica, formulação de pesticidas e na produção de surfactantes

(MAZZETO; LOMONACO; MELE, 2009; YULIANA, TRAN-TCHI; JU , 2012; RIBEIRO

et al., 2013).

Segundo Santaella et al. (2002), o efluente gerado no fim do processo de

beneficiamento da castanha do caju é produzido, principalmente, durante a lavagem

das castanhas, umidificação das mesmas e lavagem dos gases e equipamentos

20

utilizados na indústria. Há uma preocupação com os efeitos desse efluente nos

corpos hídricos devido à alta quantidade de fenóis e DQO presentes (PIMENTEL,

2008; PIMENTEL et al., 2011). Somado a isso, vale ressaltar a grande quantidade de

água consumida durante o processo de beneficiamento (JERONIMO et al., 2012).

Apesar da remoção do LCC para uso comercial é nítida a necessidade de

tratamento do efluente gerado, pois mesmo após a remoção do subproduto, o

efluente proveniente do processo de beneficiamento da castanha ainda contém

traços do LCC, apresentando sérios riscos aos corpos hídricos receptores

(PIMENTEL, 2008).

2.4 Óleo vegetal residual

Alimentos fritos são amplamente consumidos em escala mundial. De

acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (2011), os óleos vegetais são

produzidos a partir de diferentes oleaginosas, sendo o óleo de palma, também

conhecido como dendê, o mais consumido mundialmente, representando 32% do

consumo. Em segundo lugar está o óleo de soja representando 29% do consumo

mundial. No Brasil, grande parte do óleo vegetal destinado à alimentação humana

(cerca de 95%) é derivado da soja, correspondendo também a matéria prima

principal para a produção de biodiesel no país (OSAKI; BATALHA, 2011).

De acordo com Freire, Mancini-Filho e Ferreira (2013), existem dois tipos

de frituras por imersão: a contínua e a descontínua. Na primeira, amplamente

utilizada em escala industrial, o alimento é frito de uma só vez com aquecimento

contínuo. Na segunda, normalmente empregada em estabelecimentos comerciais e

em residências, o óleo é aquecido para preparo de uma refeição, resfriado e

reutilizado posteriormente. Segundo os autores, em ambos os processos ocorrem

reações físico-químicas diferentes, como hidrólise, oxidação e polimerização,

gerando diferentes subprodutos que podem alterar as características do óleo como

cor (tornando-se mais escuro), viscoso, ácido e com odor desagradável.

São considerados resíduos de óleo de cozinha os óleos ou gorduras

descartados em esgotamento sanitário após utilização no processo de fritura a altas

temperaturas (ZHANG; WANG; MORTIMER, 2012). A utilização de óleos em

processos alimentícios de diferentes setores produz grandes quantidades de

resíduos (RUFINO; SARUBBO; TAKAKI, 2007). Infelizmente, no Brasil, grande parte

21

do óleo vegetal é descartado de forma indevida no solo, nos corpos hídricos, redes

de esgotos ou em processos de incineração (THODE - FILHO et al., 2013).

O descarte de óleo residual doméstico na rede pública de esgoto (quando

existe) apresenta sérios problemas econômicos, pois aumentam os custos de

tratamento de efluentes devido à obstrução dos canos da rede coletora (SEGATTO,

2013). Quando lançado diretamente no solo pode ocasionar a sua

impermeabilização, prejudicando o escoamento das águas pluviais e contribuindo

para eventos de enchentes ou até mesmo migrar para camadas mais profundas

atingindo o lençol freático (FREITAS; BARATA; NETO, 2010). Nos corpos hídricos, o

óleo impede a oxigenação e prejudica fortemente os organismos dependentes de

oxigênio (SOARES; PUPO; MOURÃO, 2013). Por outro lado, este resíduo já

desperta interesse como matéria prima para diferentes produtos, como tintas,

biodiesel, detergentes, sabão etc. (WILDNER; HILLIG, 2012).

2.5 Reaproveitamento de resíduos

A indústria de alimentos gera inúmeros resíduos que servem como fonte

de proteínas, óleos essenciais e enzimas aptas a serem reaproveitadas e

recuperadas (COELHO et al., 2001). O reaproveitamento destes resíduos evita o seu

encaminhamento aos aterros sanitários, gerando novas alternativas de utilização

(COSTA-NETO et al, 2000).

A reutilização de resíduos orgânicos como matéria prima possibilita a

geração de renda, energia e diversos produtos na indústria química, contribuindo

para a minimização dos impactos ambientais e os riscos à saúde causados pelo seu

descarte inapropriado (SANTOS, 2014). A utilização de fontes alternativas de

energia e matéria prima tem sido crescente diante da redução das reservas

petrolíferas e do rigor da legislação ambiental (SEXENA; JAWALE; JOSHIPURA,

2013).

O reuso de resíduos agroindustriais na produção de novos produtos está

relacionado não só com a redução de impactos ambientais ocasionados pela má

disposição desses rejeitos, mas está atrelada ao seu aproveitamento energético

visando à geração do lucro, pois muitos destes rejeitos são considerados matérias

primas de baixo custo (COSTA-NETO et al., 2000).

Dentre os diversos exemplos de utilização de resíduos podem ser citados

22

a utilização de casca de coco oriundas da industrialização da água de coco como

substrato para a produção de enzimas (COELHO et al, 2001), a produção de

biodiesel a partir de óleo de cozinha residual (FREITAS; BARATA; NETO, 2010), e a

utilização de resíduos agroindustriais como fonte de matéria prima na produção de

tensoativos microbianos (RUFINO; SARUBBO; TAKAKI, 2007; BEZERRA, 2012;

KHOPADE et al., 2012).

Os tensoativos de origem microbiológica ou comumente denominados

biossurfactantes são substâncias que apresentam ampla utilização na indústria

devido as suas inúmeras propriedades emulsificantes, tensoativas, antimicrobianas,

umectantes, dentre outras (FRANÇA, 2014). A utilização de resíduos de baixo valor

pode auxiliar na redução dos custos de produção dos surfactantes químicos, além

de auxiliar na redução dos problemas ambientais advindos do descarte inadequado

de efluentes e resíduos industriais (BEZERRA, 2012).

2.6 Biossurfactantes

Agentes ativos de superfície ou surfactantes são substâncias anfipáticas,

que possuem uma porção hidrofílica e outra hidrofóbica na mesma molécula. Tal

configuração permite a formação de um filme molecular que reduz a tensão

superficial e interfacial entre fases distintas como óleo e água (NITSCHKE ;

PASTORE, 2002).

Os surfactantes são produzidos quimicamente a partir de petróleo (PINTO

et al., 2009). Por sua vez, os biossurfactantes são compostos surfactantes de origem

microbiológica que possuem propriedades semelhantes aos surfactantes de origem

sintética (THAVASI; SHARMA; JAYALAKSHMI, 2011; ZHENG et al., 2012; FRANÇA,

2014). Dentre as características dos biossurfactantes está a capacidade de formar e

manter emulsões estáveis (UZOIGWE et al., 2015). Emulsões consistem em

misturas coloidais de dois líquidos imiscíveis pela ação de um emulsificante

(FRANZOL; REZENDE, 2015). Além de possuir atividade tensoativa e emulsificante,

alguns biossurfactantes possuem propriedades umectantes e antimicrobianas

(FRANÇA, 2014). Tais características permitem a sua utilização em diferentes

setores industriais com destaque na recuperação de óleo da indústria petrolífera,

alimentícia, farmacêutica e de cosméticos (UZOIGWE et al., 2015).

Os biossurfactantes são classificados de acordo com a sua natureza

23

química e com o microrganismo produtor (FRANÇA, 2014). Entretanto, Uzoigwe et al.

(2015) os classifica de acordo com o seu peso molecular em dois tipos:

Biossurfactantes: são moléculas de baixo peso molecular,

geralmente constituídos de açúcares, aminoácidos, ácidos pesados

e grupos funcionais, como o ácido carboxílico, por exemplo. Estes

são capazes de reduzir a tensão superficial, assim como produzir

emulsões estáveis;

Bioemulsificantes: são compostos de alto peso molecular

constituídos por uma mistura de heteropolissacarídeos,

lipopolissacarídeos, lipoproteínas e proteínas que apresentam forte

atividade emulsificante, porém não são eficientes em reduzir a

tensão superficial.

Segundo Nitschke e Pastore (2002), os biossurfactantes constituem uma

das principais classes de surfactantes naturais. Dentre os principais microrganismos

produtores desses compostos destacam-se as bactérias, fungos e leveduras

(KHOPADE et al., 2012 ; VARADAVENKATESAN; MURTY , 2013). Diferentes

gêneros bacterianos estão descritos como produtores de biossurfactantes, dentre

eles Pseudomonas, Bacillus, Acinetobacter, Nocardia, Aerobacillus, Nocardiopsis,

Staphylococcus, Klebsiella, Rhodococcus, dentre outros (ROCHA e SILVA et al.,

2014, VARADAVENKATESAN; MURTY, 2013; BAO et al., 2014; VYAS ; DAVE, 2011;

ZHENG et al., 2012; KHOPADE et al., 2012 ; KESKIN et al., 2015; JAIN et al., 2013,

PACHECO et al., 2010).

Em áreas poluídas (solo ou água), os biossurfactantes promovem uma

melhor dispersão do óleo, aumentando sua biodisponibilidade e acesso aos

microrganismos degradadores por meio da solubilização em micelas (ACCORSINI,

2010). O aumento da biodisponibilidade dos poluentes hidrofóbicos promovida pela

ação dos biossurfactantes acelera o processo de degradação microbiana em áreas

contaminadas (VARADAVENKATESAN ; MURTY, 2013 ; MONTAGNOLLI; LOPES;

BIDOI, 2015).

Os biossurfactantes possuem inúmeras vantagens quando comparados

aos surfactantes de origem sintética, como por exemplo: apresentam maior

24

biodegradabilidade, baixa toxicidade, são seletivos e compatíveis com os

surfactantes químicos, são eficientes em condições extremas de temperatura, pH e

salinidade (SOUZA; SALGUEIRO; ALBUQUERQUE, 2012). O longo período de

permanência dos surfactantes químicos no ambiente se dá devido a sua natureza

xenobiótica (VARADAVENKATESAN; MURTY, 2013).

Diferente dos surfactantes químicos, os biossurfactantes podem ser

produzidos a partir de diferentes fontes de carbono, dentre elas: hidrocarbonetos,

carboidratos e resíduos agroindustriais (RAHMAN et al., 2002; VIRAMONTES-

RAMOS et al., 2010; BEZERRA, 2012; DASGUPTA; GHOSH; SENGUPTA, 2013;

CAMPOS; STAMFORD; SARUBBO, 2014). Contudo, sabe-se que a utilização de

diferentes substratos na produção desses compostos pode mudar a sua

configuração molecular e suas propriedades (CAMPOS, STAMFORD; SORUBBO,

2014).

Apesar das vantagens dos biossurfactantes, seu uso na indústria ainda é

limitado, pois são menos competitivos que os surfactantes sintéticos por conta dos

altos custos dos substratos e da recuperação do bioproduto durante a produção

(SOUSA, 2011; SOBRINHO et al., 2013). Portanto, é importante que fontes de

carbono alternativas e de baixo custo sejam utilizadas, visando à redução dos custos

de produção dos biossurfactantes (BEZERRA, 2012).

Tendo como base a problemática da geração de resíduos e a possível

utilização destes na produção compostos na indústria química, este trabalho teve

como objetivo avaliar o potencial biotecnológico de bactérias marinhas produzirem

biossurfactantes utilizando efluente da agroindústria do caju e óleo vegetal residual

como fontes de carbono. O reaproveitamento desses resíduos como matéria prima

na produção de biossurfactantes poderá minimizar os impactos gerados pelo

descarte inadequado desses rejeitos no meio ambiente.

25

3 HIPÓTESE CIENTÍFICA

As bactérias marinhas possuem uma diversidade metabólica que lhes

permite utilizar resíduo da agroindústria e óleo vegetal residual como fontes de

carbono e energia produzindo metabólitos com propriedades surfactantes.

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o potencial biotecnológico de bactérias isoladas de ambiente

marinho da região portuária de Fortaleza para sintetizarem compostos

biossurfactantes a partir de resíduo da agroindústria do caju e óleo vegetal residual

de uso doméstico.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Realizar identificação genética de bactérias marinhas produtoras de

biossurfactantes;

2. Verificar o potencial dessas bactérias produzirem compostos

biossurfactantes através dos testes de hemólise e detecção de

ramnolipídeos;

3. Realizar fermentações a partir de efluente da indústria do

beneficiamento do caju e óleo vegetal residual;

4. Avaliar a produção dos biossurfactantes a partir do teste do colapso da

gota, volume de emulsificação, estabilidade da emulsão e atividade

emulsificante utilizando os líquidos metabólicos livres de células;

5. Testar a atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos contra

bactérias patogênicas;

6. Testar a toxicidade dos líquidos metabólicos utilizando sementes de

pepino Cucumis sativus L. como organismo indicador.

26

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Seleção dos microrganismos

Foram selecionadas 20 cepas bacterianas provenientes de amostras de

água e sedimento do porto do Mucuripe, Fortaleza- CE, pertencentes à coleção

bacteriológica do Laboratório de Microbiologia Ambiental e do Pescado. As culturas

puras foram renovadas em Ágar Triptona Soja (TSA) e incubadas a 35°C por 24

horas. Após esse período as cepas foram incubadas em estufa B.O.D. para posterior

realização dos testes indicativos da produção de biossurfactantes e das

fermentações. Estas cepas foram selecionadas tendo como base o seu potencial

produtor de biossurfactantes a partir de querosene comercial, verificado por Silva et

al. (2017).

5.2 Identificação dos microrganismos produtores de biossurfactantes

5.2.1 Extração do DNA total

As cepas bacterianas previamente purificadas foram inoculadas em meio

Luria Bertani (LB) a 1% de NaCl e incubadas a 35°C por 48 horas. Após este

período, retirou-se uma alíquota de 1mL do inóculo para a extração do DNA total

utilizando kit comercial Wizard® Genomic DNA Purification Kit (Promega) de acordo

com as instruções do fabricante.

5.2.2 Amplificação de fragmentos da região 16S rDNA por Reação em Cadeia

de Polimerase (PCR) utilizando iniciadores universais

O DNA total extraído foi utilizado como molde na amplificação da região

conservada do DNA ribossomal, subunidade 16S, através da Reação em Cadeia de

Polimerase (PCR) utilizando os iniciadores universais 1401L (5’- CGG TGT GTA CAA

GGC CC - 3’) e 968U (5’-AAC GCG AAG AAC CTT AC- 3’) descritos por Pereira et

al., (2011) e Zhang e Fang (2001). Os volumes e concentrações dos reagentes, as

condições de termociclagem e o tamanho dos amplicons gerados estão descritos na

tabela 1. As amplificações foram realizadas em termociclador AmpliTherm modelo

27

TX96.

Tabela 1 - Reagentes e condições utilizadas na amplificação da subunidade 16S das

bactérias através da Reação em Cadeia de Polimerase

REAGENTES DA REAÇÃO CONDIÇÕES DE TERMOCICLAGEM AMPLICONS

(pb)

Tampão 0,8 X

Desnaturação 94°C / 2min

433

MgCl2 0,4 mM

DNTPs 0,032mM

Iniciador F 0,16 mM Desnaturação/

anelamento

30 ciclos:

94°C/1min.; 52°C/1min.;

72°C /2min.

Iniciador R 0,16 mM

Taq 0,04 U

DNA * Extensão final 72°C / 8 min

H2O ultrapura q.s.p. 25µl

Fonte: Elaborada pelo autor. (*) concentração não padronizada; pb: pares de base.

5.2.3 Visualização dos produtos da extração e dos amplicons gerados

Os produtos da extração de DNA e da reação de PCR foram visualizados

através da eletroforese em gel de agarose (1%) acrescido do corante GelRed para

auxiliar na visualização das bandas com aplicação de luz ultravioleta em um

transluminador (Espectroline-UV). Foi utilizado um marcador molecular de 1kb DNA

ladder (Sigma) para visualizar o tamanho dos amplicons gerados. A migração das

moléculas no gel ocorreu com voltagem de 120V, amperagem de 120mA com tempo

de duração de 60 minutos. Os géis foram fotodocumentados em sistema Kodak

EDAS290.

5.2.4 Sequenciamento do DNA bacteriano

Após a amplificação da subunidade 16S rDNA, as amostras foram

encaminhadas ao Centro de Diagnóstico para Enfermidades de Organismos

Aquáticos (CEDECAM), do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR – UFC) para

sequenciamento do DNA bacteriano utilizando o BigDye® Terminator v3.1 Cycle

Sequencing Kit. Em microplaca de PCR contendo 96 poços foram aplicados os

componentes descritos na tabela 2, seguidos das etapas de desnaturação,

anelamento, extensão e resfriamento.

28

Tabela 2 – Reagentes do Mix de PCR e condições de termociclagem do

sequenciamento

Reagentes Concentração Condições de termociclagem

Big Dye 0,5x Desnaturação 96°C / 15s Primer 1401L 3,2 pmol

Desnaturação/anelamento 40 ciclos: 96°C/15s, 50°C/15s Primer U968 3,2 pmol Tampão 5x 0,5x Extensão final

60°C/4 min;

Água ultra pura -

Amostra de PCR 0,8µL Resfriamento 4°C Volume final 10µL

Fonte: Elaborada pelo autor.

A microplaca foi tratada com isopropanol 65% (40 µL para cada amostra)

para lavagem dos amplicons seguidas de agitação em vórtex e deixadas à

temperatura ambiente por 20 minutos. Após esse período, a mesma foi centrifugada

a 4000 rpm por 30 minutos a 22°C com posterior descarte do sobrenadante. Foi

adicionado etanol 60% (150 µL por amostra) seguido de centrifugação a 4000 rpm

por 10 minutos a 22°C. Após o descarte do álcool a placa contendo as amostras foi

seca através de centrifugação rápida (“spin”). As amostras purificadas foram

ressuspendidas em formamida (20 µL por amostra) seguidas de desnaturação a

95°C por 5 minutos e transferidas para bloco a 4°C. As amostras foram aplicadas e

lidas em sequenciador automático capilar ABI 3500.

5.2.5 Alinhamento das sequências nucleotídicas obtidas

Os fragmentos amplificados foram sequenciados através da análise das

sequências obtidas quanto à qualidade dos nucleotídeos e similaridade, utilizando-

se o programa MEGA (TAMURA et al., 2013) versão 6 com posterior comparação

com as sequências depositadas no GenBank (BENSON et al., 2002) utilizando o

Basic Local Alignment Search Tool (BLAST).

29

5.3 Caracterização do potencial biotecnológico das estirpes bacterianas

5.3.1 Atividade hemolítica

A produção de biossurfactantes está relacionada com a capacidade das

bactérias quebrarem as células vermelhas do sangue. Esta avaliação prévia foi

realizada de acordo com a metodologia descrita por Carrilo et al. (1996), com

modificações. As cepas bacterianas, após 24horas de crescimento, foram inoculadas

em placas de Petri com ágar sangue contendo 5% (v/v) de sangue de carneiro

desfibrilado. Após a inoculação, as placas foram incubadas a 35°C por 48 horas. A

positividade no teste foi evidenciada através da formação de zonas de hemólise ao

redor das colônias.

5.3.2 Teste de detecção de ramnolipídeos

A produção de ramnolipídeos seguiu a metodologia descrita por Schultz

(2010), com adaptações. As cepas com 24 horas de crescimento foram inoculadas

em placas de Petri contendo meio ágar azul de metileno (lactose 10g; fosfato de

potássio 2g; azul de metileno 0,005g; brometo de cetiltrimetilamônio 0,2g; peptona

bacteriológica 10g; ágar 15g; água deionizada q.s.p. 1000 mL). Após a inoculação,

as placas foram incubadas por até 96 horas a 35°C. A produção de ramnolipídeos foi

evidenciada pela formação de um halo azul ao redor da colônia.

5.3.3 Produção de biossurfactantes a partir de resíduos orgânicos

A produção de biossurfactantes foi realizada de acordo com a

metodologia descrita por Lima e Silva et al. (2010) com adaptações (Figura 2). As

cepas com crescimento de 24 horas foram inoculadas em meio LB e incubadas por

16 horas a 35°C. Posteriormente, foi retirado 1mL do meio de cultivo contendo

crescimento bacteriano e inoculado novamente em meio LB acrescido das fontes de

carbono nas concentrações de 2% (v/v) para o efluente do beneficiamento da

castanha de caju (Figura 3a) e 1% para o óleo vegetal residual (Figura 3b). Os

frascos permaneceram sob agitação magnética de 150 rpm a 35°C por 72 horas.

Após o período de agitação foi extraído o líquido metabólico das bactérias através de

30

centrifugação do meio de cultivo a 12000 rpm por 15 minutos a 4°C, seguido de

filtração em membranas de 0,22µm.

Figura 2: Ilustração do processo de produção dos biossurfactantes

Fonte: Adaptado de Silva (2014).

Figura 3 : Fontes de carbono utilizadas na produção de biossurfactantes pelas cepas bacterianas: a) Efluente do beneficiamento da castanha do caju; b) Óleo vegetal residual

Fonte: Autor.

a b

Ágar TSA 35°C por 24

horas Meio LB

50 mL

1 mL

Meio LB

+ substrato

Estufa Shaker a 35°C / 150

rpm por 72 horas

Centrifugação a 12000 rpm

por 15 min / 4°C

Filtragem em membrana

0,22 µm

31

5.3.4 Teste qualitativo do colapso da gota

Este teste foi realizado segundo a metodologia descrita por Bodour e

Miller-Maier (1998). Uma alíquota de 10µL de óleo de motor Castrol®10W20 foi

aplicada nos poços de uma microplaca de 96 poços seguido de descanso por 24

horas. Após o período, foram dispensadas 10µL (em triplicata) dos líquidos testes

nos poços untados: a cultura fermentada (meio com as células bacterianas após 72

horas) e do líquido metabólico resultante dessa fermentação (meio isento de células).

Foi usada água destilada esterilizada como controle negativo. Após 1 minuto, foi

verificado o comportamento da gota em contato com a superfície hidrofóbica. O

espalhamento ou o colapso da gota quando depositada na placa untada com óleo foi

interpretado como positivo, indicativo da possível redução da tensão superficial,

característica dos biossurfactantes. Entretanto, caso a gota permanecesse coesa

(semelhante ao comportamento apresentado pela gota de água) admitia-se

resultado negativo.

5.3.5 Volume de emulsificação (VE) e estabilidade da emulsão (ES)

Foi utilizada a metodologia descrita por Das, Das e Mukheryee (1998),

com modificações. Em tubos de 12mm x 100mm foram adicionados 2mL do líquido

metabólico e 2mL de óleo mineral, em triplicata. Os tubos foram agitados por 2

minutos utilizando-se agitador de tubos do tipo vórtex (Biomixer Q-L 901) e deixados

em repouso pelo mesmo período. Após o descanso, foi medida a altura da camada

emulsificada. A emulsão foi medida após 24 horas para determinação do volume de

emulsificação (VE) utilizando-se a fórmula 1. Foi acompanhado o comportamento

das emulsões através de medições até 168 horas para determinação da sua

estabilidade através da fórmula 2 descrita por Fennema (1985). O surfactante

sintético Dodecil Sulfato de Sódio (SDS) foi utilizado como controle positivo no teste.

Foram consideradas boas emulsões aquelas que após 24 horas de formadas

mantivessem VE maior ou igual a 50% da emulsão formada após os 2 minutos de

agitação (BENTO; CAMARGO; GAYLARDE, 2008).

VE(%)= x 100 (1)

32

%ES = x 100 (2)

5.3.6 Atividade antimicrobiana

A propriedade antimicrobiana dos biossurfactantes produzidos foi testada

através da metodologia descrita pelo Clinical and Laboratory Standard Institute (CLSI,

2010). A ação antimicrobiana dos líquidos metabólicos extraídos foi testada frente às

cepas padrões de Staphylococcus aureus ATCC 25923 e Escherichia coli ATCC

25922. A concentração celular dessas cepas foi padronizada comparando-se à

turvação 0,5 de MacFarland, após leitura em espectrofotômetro (BioMate 3). Após o

ajuste, os inóculos foram dispensados uniformemente em placas de Petri contendo

ágar Mueller Hinton (Difco) utilizando-se cotonetes estéreis. Foram confeccionados

poços nas placas utilizando-se cilindros previamente esterilizados e aplicados 50µl

de água destilada estéril (controle negativo) e dos líquidos metabólicos, em duplicata,

para cada bactéria testada. Como controle positivo foi usado o antimicrobiano

cloranfenicol (30µl). As placas foram incubadas a 35°C por 48 horas. A formação de

halos de inibição ao redor dos poços foi interpretada como resultado positivo no

teste e a ausência negativa.

5.3.7 Atividade de emulsificação

Este teste foi realizado segundo a técnica descrita por Cirigliano e

Carman (1984), com modificações. Em tubos de ensaio com tampa de rosca foram

adicionados 2mL do líquido metabólico, 2mL de tampão de acetato de sódio 0,1 M

(pH 3) e 1mL de óleo mineral, em triplicata. Os tubos foram agitados por 2 minutos e

permaneceram em repouso pelo período de 10 minutos. Após esse tempo, a

emulsão formada foi lida em espectrofotômetro com comprimento de onda de 540

nm. O resultado foi expresso em Unidades de Atividade de Emulsificação (U.A.E.).

Foi utilizado caldo LB acrescido de acetato de sódio como branco.

33

5.3.8 Teste de toxicidade dos subprodutos microbianos

Os líquidos metabólicos livres de células que obtiveram os melhores

resultados nos testes indicativos da produção de biossurfactantes foram

selecionados para o teste ecotoxicológico utilizando-se sementes de pepino

(Cucumis sativus L.) do tipo Aodai segundo a metodologia descrita por Rodríguez e

Perera (2009). Este teste foi realizado com o objetivo de se verificar os efeitos

toxicológicos dos subprodutos microbianos nos processos de germinação e

desenvolvimento das raízes das sementes. As mesmas foram adquiridas em

estabelecimento comercial e selecionadas com base na forma, tamanho e cor. Após

a seleção, foram desinfetadas por imersão em hipoclorito de sódio (Dinâmica) por 20

minutos, seguidas de sucessivas lavagens com água destilada, secagem e

armazenamento a 4°C na ausência de luz. Em placas de Petri contendo papel de

filtro absorvente, em duplicata, foram dispostas 20 sementes e aplicados 3mL de

cada tratamento. Foram utilizados 5 tratamentos para cada amostra selecionada nas

concentrações de 100%, 50%, 25%, 10% e 5% do líquido metabólico. Foi utilizada

água mineral como controle negativo (K-) e solução de NaCl a 0,5% como controle

positivo (K+). Após aplicação dos controles e amostras, as placas foram incubadas a

20°C por 120 horas. Após esse período foi contabilizado o número de sementes

germinadas e medidas as raízes crescidas tendo como critério de medição aquelas

com tamanho maior ou igual a 0,5 centímetros. A toxicidade foi avaliada através da

verificação da inibição do desenvolvimento das raízes (efeitos subletais) e do

percentual de sementes germinadas (efeitos letais). O percentual de inibição (IP%)

do desenvolvimento das raízes foi determinado de acordo com a fórmula 3, onde: IP

positivo indica condição tóxica, ou seja, inibição do crescimento das raízes; IP

negativo representa um estímulo de crescimento das raízes; e IP igual a 0 indica

ausência de toxicidade.

(3)

Os efeitos letais evidenciados pelo percentual de germinação das sementes foram

determinados de acordo com a seguinte classificação:

34

Não tóxicas = tratamentos com percentual de germinação acima de 90% em

relação ao controle;

Tóxicas = tratamentos com percentual de germinação entre 75 e 90% de

germinação em relação ao controle;

Muito tóxicos = tratamentos com percentual de germinação abaixo de 75%

com relação ao controle.

Além dos líquidos metabólitos, foi avaliada a toxicidade do surfactante

SDS e do efluente do beneficiamento da castanha do caju visando um melhor

entendimento dos efeitos desses compostos sobre as sementes de pepino.

35

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Identificação genética dos microrganismos com potencial produtor de

biossurfactantes

Na tabela 3 está descrita a origem das cepas e o resultado do

sequenciamento genético. O gênero Pseudomonas foi o que apresentou o maior

número de isolados (8). Além deste grupo, foram identificadas cepas pertencentes

aos gêneros Bacillus (2), Staphylococcus (1) e Brachybacterium (1). Dentre as cepas

de Bacillus, uma foi identificada como pertencente à espécie Bacillus pumilus. Foram

identificadas bactérias pertencentes às espécies bacterianas Víbrio fluvialis (3),

Zobellella taiwanensis (3) e Oceanimonas baumannii (2).

Tabela 3 – Codificação, origem e resultado da identificação genética das bactérias marinhas selecionadas na presente pesquisa

Fonte: Elaborada pelo autor.

A utilização de técnicas moleculares tem possibilitado um melhor

entendimento da dinâmica microbiana de áreas impactadas por petróleo (SANTOS,

Cepa Origem Espécie/ gênero Similaridade (%)

2D Água Pseudomonas sp. 99 2E Água Pseudomonas sp. 99 7A Água Pseudomonas sp. 99 7C Água Pseudomonas sp. 99 9A Água Pseudomonas sp. 99 9B Água Pseudomonas sp. 98 9C Água Pseudomonas sp. 99 18D Água Pseudomonas sp. 99 21A Água Vibrio fluvialis 100 31A Água Vibrio fluvialis 100 36C Água Vibrio fluvialis 100 26B Água Staphylococcus sp. 99 12E Água Bacillus sp. 99

12SEDB Sedimento Bacillus pumilus 100 11SA Sedimento Zobellella taiwanensis 100 11SB Sedimento Zobellella taiwanensis 100 11SD Sedimento Zobellella taiwanensis 100 12SC Sedimento Oceanimonas baumannii 99 12SE Sedimento Oceanimonas baumannii 99

11SEDH Sedimento Brachybacterium sp. 99

36

2012). Além disso, o estudo da comunidade bacteriana degradadora de

hidrocarbonetos em solos impactados por petróleo possibilita um melhor

entendimento do processo de biorremediação dessas áreas, principalmente quando

da sua associação com as raízes de plantas, caracterizando o processo de

fitorremediação (TSUBOI et al., 2015).

O sequenciamento da região 16S rDNA de bactérias tem gerado uma

grande quantidade de informações a respeito da diversidade microbiana. Essas

informações são depositadas em banco de dados genético e permite a identificação

de bactérias cultiváveis e não cultiváveis através da comparação de similaridades

das sequências de DNA (SANTOS, 2012).

De acordo com Satpute et al. (2010), muitos microrganismos produtores

de biossurfactantes têm sido isolados de ambientes impactados por óleo, petróleo e

derivados. No presente estudo, o gênero Pseudomonas foi o que apresentou maior

expressividade, representando um total de oito cepas. Esse grupo bacteriano é

reconhecido por sua capacidade de degradar hidrocarbonetos e utilizá-los como

única fonte de carbono (ZHAO et al., 2009 ; SANTOS, 2012), assim como a sua

capacidade de produzir biossurfactantes tem sido amplamente estudada (LIMA e

SILVA et al., 2010; BEZERRA, 2012; DHAIL; JASUJA, 2012; KACZOREK et al.,

2012).

Semelhante ao gênero Pseudomonas, o gênero Bacillus tem merecido

destaque na produção de biossurfactantes. De acordo com Varadavenkatesan e

Murty (2013), algumas bactérias desse gênero produzem lipopetídeos cíclicos como

a surfactina, presentes nas espécies B. subtilis e B. pumillus (BUGAY, 2009). A

surfactina tem sido um dos biossurfactantes mais estudados e aplicados

comercialmente (OLIVEIRA, 2010; PEREIRA et al., 2013). Em seu estudo de

produção de biossurfactante em caldo de fermentação, Bueno, Silva e Garcia-Cruz

(2010) utilizaram uma espécie de B. pumillus isolada de solo contaminado por

hidrocarboneto, mostrando que essa espécie habita áreas impactadas por petróleo e

derivados.

Foram identificadas três cepas bacterianas pertencentes à espécie Víbrio

fluvialis. Segundo Ramamurthy et al. (2014) esta espécie encontrada em ambientes

costeiros tem sido descrita como um patógeno eminente e de difícil identificação

devido as suas semelhanças fenotípicas com Vibrio cholerae e Aeromonas spp.

Entretanto, técnicas moleculares têm facilitado a distinção entre as espécies. Tonini,

37

Rezende e Grativol (2010) e Santos (2012) citam o gênero Vibrio como degradador

de compostos de petróleo.

Hamdan e Fulmer (2011) verificaram os efeitos de um dispersante

químico sobre a microbiota do óleo depositado em uma área costeira afetada pelo

vazamento da Deepwater Horizon e constataram que o dispersante químico não

inibiu o crescimento de Vibrio spp. identificados no local. A análise genética

identificou quatro cepas desse gênero, dentre elas V. fluvialis. Entretanto, de acordo

com os autores a capacidade desse gênero bacteriano de degradar petróleo e seus

componentes ainda é pouco conhecida. Verugopal e Saramma (2006) verificaram a

produção de proteases com potencial uso como aditivos em detergentes por V.

fluvialis isolados de mangue. Esses trabalhos reforçam o potencial de uso

biotecnológico dos metabólitos produzidos pelas cepas de V. fluvialis identificadas na

presente pesquisa.

Foi identificada uma cepa pertencente ao gênero Staphylococcus.

Pesquisas que avaliam a microbiota de áreas impactadas por petróleo e derivados

têm apontado bactérias pertencentes ao gênero Staphylococcus como potenciais

degradadores dessas substâncias (OLIVEIRA, 2009; LOPES, 2010). Entretanto, são

poucos os estudos que descrevem bactérias desse gênero como produtoras de

biossurfactantes.

Eddouaouda et al. (2012) verificaram que uma bactéria desse gênero foi

capaz de produzir biossurfactantes com boa estabilidade e com ação antimicrobiana

contra bactérias patogênicas (dentre elas, S. aureus e E. coli) a partir de diferentes

fontes de carbono, incluindo óleo vegetal. Keskin et al. (2015) verificaram que os

metabólitos produzidos por Staphylococcus xylosus STF1 isolada de solo

contaminado por petróleo apresentou alta atividade emulsificante e antimicrobiana.

Nesses dois estudos, os biossurfactantes produzidos pertenciam ao grupo dos

lipopeptídeos.

De acordo com Nitschke e Pastore (2002), as células de Staphylococcus

aureus possuem alta hidrofobicidade superficial. Essas células com alta atividade

surfactante pertencem ao grupo dos biossurfactantes particulados. Apesar de

possuir essa capacidade, essa espécie é considerada patogênica e apresenta

multirresistência a antimicrobianos. Esses fatores podem inviabilizar a sua aplicação

em processos de biorremediação e produção de biossurfactantes (CHINELLATO,

2017). Entretanto, de acordo com Eddououda et al. (2012), outras bactérias

38

consideradas patogênicas, como Pseudomonas aeruginosa, por exemplo, têm sido

amplamente descritas como produtoras de biossurfactantes a partir de diferentes

fontes de carbono.

Das cepas originadas de amostras de sedimento três foram identificadas

como pertencentes à espécie Zobellella taiwanensis. O primeiro registro desta

espécie foi feito por Lin e Shieh (2006) ao estudarem duas cepas bacterianas

isoladas de sedimento de manguezal em Taiwan. Segundo os autores, essas se

apresentam em forma de bastonetes móveis Gram negativos, são heterotróficas,

anaeróbicas facultativas, e apresentam teor de CG em seu DNA de 62-64 mol%.

Essa espécie é conhecida por atuar no processo de nitrificação heterotrófica e

desnitrificação aeróbica, removendo altas concentrações de amônio de áreas

contaminadas por amônia (LEI et al., 2016). Porém, existe pouca informação sobre a

produção de biossurfactantes por essa espécie.

Duas cepas isoladas de sedimento foram identificadas como

Oceanimonas baumannii. Esta espécie foi descrita e isolada primeiramente por

Brown, Sutcliffe e Cummings (2001) de estuário do River Wear, Reino Unido. Os

autores verificaram que essa bactéria foi capaz de crescer em meio de cultivo

contendo fenol como substrato a uma concentração de 5% de NaCl. Descrita

originalmente como Oceanomonas baumannii, a nomenclatura foi corrigida

posteriormente para Oceanimonas baumannii.

Segundo Ramezani, Amoozegar e Ventosa (2015), essas bactérias são

halotolerantes e se apresentam como bastonetes Gram negativos. Os autores

isolaram uma bactéria identificada como Oceanimonas sp. GK1 com capacidade de

acumular inclusões de lipídeos intracelulares identificados como poli–β-hidrobutirato

(PHB) em condições limitadas de oxigênio. Bactérias desse gênero habitam áreas

marinhas, locais onde alguns de seus espécimes foram isolados e identificados.

Uma cepa isolada de sedimento marinho foi identificada como

pertencente ao gênero Brachybacterium. As bactérias desse gênero são Gram

positivas com células de formato cocóide e parede celular constituída por ácido

meso-diaminopimélico (tipo D-Glu2) e MK-7 como menaquinona principal. Além disso,

o teor de GC em seu DNA é de 68 a 72%mol (GVOZDYAK; NOGINA; SCHUMANN,

1992; TAKEUCHI; FANG; YOKOT, 1995; HOANG et al., 2014). Segundo Hoang et al.

(2014), bactérias desse gênero têm sido isoladas de superfície de alimentos, órgãos

de animais, plantações de ginseng e sedimento costeiro contaminado por petróleo.

39

Membros desse grupo bacteriano têm sido descrito como degradadoras de

hidrocarbonetos (LILY et al., 2010). Porém, informações acerca do genoma desses

organismos ainda são limitadas (WANG et al., 2014).

6.2 Atividade hemolítica e produção de ramnolipídeos

Os resultados da atividade hemolítica e da produção de ramnolipideos

estão apresentados na tabela 4. As oito cepas pertencentes ao gênero

Pseudomonas e as espécies V. fluvialis 21A e Staphylococcus sp. 26B produziram

hemólise total ou β-hemólise. Por sua vez, as cepas V. fluvialis 31A, V. fluvialis 36C

e Z. taiwanensis 11SB produziram hemólise parcial ou α-hemólise. Sete cepas não

apresentaram atividade no teste.

Tabela 4 - Resultados da atividade hemolítica e produção de ramnolipideos das cepas isolados de água e sedimento do Mucuripe, produtoras de biossurfactantes

Cepa Hemólise Ramnolipídeos

Pseudomonas sp. 2D β Positivo Pseudomonas sp. 2E β Positivo Pseudomonas sp. 7A β Positivo Pseudomonas sp. 7C β Positivo Pseudomonas sp. 9A β Positivo Pseudomonas sp. 9B β Positivo Pseudomonas sp. 9C β Positivo

Pseudomonas sp. 18D β Positivo V. fluvialis 21A β Negativo V. fluvialis 31A α Negativo V. fluvialis 36C α Negativo

Staphylococcus sp. 26B β Negativo Bacillus sp. 12E γ Negativo

B. pumilus 12SEDB γ Negativo Z. taiwanensis 11SA γ Negativo Z. taiwanensis 11SB α Negativo Z. taiwanensis 11SD γ Negativo O. baumannii 12SC γ Negativo O. baumannii 12SE γ Negativo

Brachybacterium sp. 11SEDH γ Negativo Fonte: elaborada pelos autores. α: positivo alfa-hemólise; β: beta-hemólise; γ: gama-hemólise.

Sabe-se que a atividade hemolítica é um bom critério para pesquisa de

microrganismos produtores de biossurfactantes, podendo ser utilizada como teste

inicial na prospecção desses microrganismos (Carrilo et al.,1996). Bueno (2008)

40

utilizou como critério de seleção prévia de bactérias produtoras de biossurfactantes a

produção de β-hemólise no teste hemolítico.

As cepas isoladas de amostras de água apresentaram melhor

desempenho no teste hemolítico quando comparados às isoladas de sedimento. A

figura 4 mostra os halos de hemólise em ágar sangue produzidos por algumas

bactérias utilizadas na presente pesquisa.

Figura 4 – Halos de hemólise em ágar sangue indicativo da produção de biossurfactantes após 48 horas de incubação

Fonte: Autor.

De acordo com Schultz (2010), o teste de hemólise seleciona

microrganismos capazes de crescer utilizando proteínas do ferro, presentes na

hemoglobina. Além disso, a presença de halos de hemólise no teste pode estar

associada não apenas à produção de biossurfactantes, mas também à presença de

hemolisinas produzidas pelas bactérias. Segundo Thavasi, Sharma e Jayalakshmi

(2011), esse teste seleciona tanto bactérias produtoras como não produtoras de

biossurfactantes.

Sabe-se que algumas espécies dos gêneros Vibrio e Staphylococcus

produzem halos de hemólise no teste devido à produção de hemolisinas

(RAMAMURTHY et al., 2014; DIAS; PINHEIRO; ALVES, 2015). Possivelmente, a

positividade no teste hemolítico das cepas de V. fluvialis e Staplylococcus sp. 26B

pode estar relacionada tanto com a produção de hemolisinas em meio ágar sangue,

quanto à produção de biossurfactantes. Contudo, mesmo a presença de hemolisinas

Bacillus spp.

V. fluvialis

V. fluvialis

Pseudomonas spp.

Pseudomonas spp.

Z. taiwanensis

41

influenciando nos resultados do teste, esta determinação mostra-se como um

indicativo da presença de compostos biossurfactantes produzidos não só por

bactérias, mas também por fungos filamentosos (SPERB et al. 2015).

O teste de hemólise pode ser utilizado para selecionar os organismos

produtores de biossurfactantes. Porém, sempre que possível, deve ser realizado em

conjunto com outros testes para uma melhor análise dos resultados. É difícil realizar

prospecção de microrganismos produtores de biossurfactantes com base em um

único teste específico. O teste de produção de ramnolipídeos torna-se

imprescindível para complementar a identificação de bactérias alvo, pois pode ser

utilizado para detectar os surfactantes aniônicos biológicos e outros glicolipídeos

(SCHULTZ, 2010; SATPUTE et al., 2010; SHOEB et al., 2015).

As oito cepas pertencentes ao gênero Pseudomonas apresentaram

resultado positivo no teste de detecção de ramnolipídeos. Na figura 5 os halos azuis

em volta da colônia confirmam que os biossurfactantes produzidos por essas

bactérias pertencem ao grupo dos glicolídeos. As cepas de Vibrio fluvialis e

Staphylococcus sp. 26B que apresentaram atividade hemolítica não apresentaram

resultados no teste de ramnolipídeos confirmando a especificidade desse teste para

selecionar produtores de glicolipídeos.

Figura 5 - Halos azuis indicativos da produção de ramnolipídeos em meio ágar azul

de metileno

Fonte: Autor.

42

Os biossurfactantes produzidos por bactérias do gênero Pseudomonas

são denominados ramnolipídeos e pertencem à classe dos glicolipídeos. Esses

compostos apresentam uma porção hidrofílica onde predomina uma ramnose e outra

porção hidrofóbica, constituída por ácidos graxos. Esses biossurfactantes podem ser

produzidos a partir de açúcares e outros substratos renováveis (MAGALHÃES, 2012;

SATPUTE et al., 2010).

Varadavenkatesan e Murty (2013) ao realizarem prospecção de bactérias

produtoras de biossurfactantes verificaram que a cepa pertencente ao gênero

Bacillus apresentou melhor desempenho no teste hemolítico. Essa cepa quando

submetida ao teste de detecção de ramnolipideos não apresentou halo no meio de

cultivo, sendo o único teste com resultado negativo desse isolado bacteriano. No

presente estudo, os isolados de Bacillus não apresentaram atividade no teste

hemolítico e nem no de detecção de ramnolipídeos.

6.3 Teste qualitativo do colapso da gota e pH das fermentações

Foram realizadas 39 fermentações, 20 contendo efluente do LCC como

fonte de carbono e 19 contendo óleo vegetal residual. Os resultados do teste

qualitativo do colapso da gota e o pH das fermentações e dos líquidos metabólicos

extraídos estão apresentados nas tabelas 5 e 6.

43

Tabela 5 - Resultados do teste qualitativo do colapso da gota (TQCG) e valores de pH dos líquidos metabólicos extraídos a partir de efluente do beneficiamento da castanha do caju

CEPA

EFLUENTE (2%)

TQCG Caldo de

fermentação

pH Caldo de

fermentação

TQCG Líquido

metabólico

pH Líquido

metabólico

Pseudomonas sp. 2D Positivo* 9 Positivo* 9 Pseudomonas sp. 2E Positivo* 9 Positivo* 9 Pseudomonas sp. 7A Positivo* 9 Positivo* 9 Pseudomonas sp. 7C Positivo* 9 Positivo* 9 Pseudomonas sp. 9A Positivo* 8 Positivo* 9 Pseudomonas sp. 9B Positivo* 9 Positivo* 9 Pseudomonas sp. 9C Positivo* 9 Positivo* 9

Pseudomonas sp. 18D Positivo* 9 Positivo 9 V. fluvialis 21A Positivo 9 Positivo* 9 V. fluvialis 31A Positivo 8 Positivo 9 V. fluvialis 36C Positivo* 9 Positivo 9

Staphylococcus sp. 26B Positivo* 9 Positivo* 8 Bacillus sp. 12E Negativo 9 Negativo 9

B. pumilus 12SEDB Positivo 9 Positivo 8 Z. taiwanensis 11SA Positivo 8 Positivo 9 Z. taiwanensis 11SB Positivo 9 Positivo 9 Z. taiwanensis 11SD Positivo 8 Positivo 9 O. baumannii 12SC Positivo 8 Positivo 9 O. baumannii 12SE Negativo 8 Negativo 8

Brachybacterium sp. 11SEDH Positivo* 9 Positivo 9 Fonte: Elaborada pelo autor. (*) colapso imediato.

44

Tabela 6 - Resultados do teste qualitativo do colapso da gota (TQCG) e valores de pH dos líquidos metabólicos extraídos a partir de óleo vegetal residual

CEPA

ÓLEO VEGETAL RESIDUAL (1%)

TQCG Caldo de

fermentação

pH Caldo de

fermentação

TQCG Líquido

metabólico

pH Líquido

metabólico

Pseudomonas sp. 2D Positivo* 7 Positivo* 8 Pseudomonas sp. 2E Positivo* 8 Positivo* 8 Pseudomonas sp. 7A Positivo* 8 Positivo* 8 Pseudomonas sp. 7C Positivo* 8 Positivo* 8 Pseudomonas sp. 9A Positivo* 7 Positivo* 8 Pseudomonas sp. 9B Positivo* 8 Positivo* 8 Pseudomonas sp. 9C Positivo* 7 Positivo* 8

Pseudomonas sp. 18D Positivo* 7 Positivo* 8 V. fluvialis 21A Positivo 7 Negativo 8 V. fluvialis 36C Positivo 6 Positivo 6

Staphylococcus sp.26B Negativo 8 Negativo 9 Bacillus sp. 12E Positivo 8 Positivo 9

B. pumilus 12SEDB Positivo* 8 Positivo* 9 Z. taiwanensis 11SA Positivo 8 Negativo 8 Z. taiwanensis 11SB Negativo 9 Negativo 9 Z. taiwanensis 11SD Negativo 9 Negativo 8 O. baumannii 12SC Positivo 8 Positivo 9 O. baumannii 12SE Negativo 9 Negativo 9

Brachybacterium sp. 11SEDH Negativo 9 Negativo 9 Fonte: Elaborada pelo autor. (*) colapso imediato.

As figuras 6 e 7 mostram os caldos de fermentação após as 72 horas de

produção de biossurfactantes (meios com células bacterianas) e os líquidos

metabólicos extraídos (meio isento de células), respectivamente. Não foi possível

realizar fermentações com a cepa V. fluvialis 31A utilizando o óleo vegetal residual,

pois esta se mostrou inviável para cultivo (sem crescimento em meio de cultura) no

momento da realização do experimento.

45

Figura 6 - Meios de cultivo após as 72 horas de produção de biossurfactantes contendo: (a) efluente do beneficiamento da castanha do caju e (b) óleo vegetal residual como substratos

Fonte: Autor

Figura 7 - Líquidos metabólicos extraídos após a produção de biossurfactantes

Fonte: Autor.

De acordo com Satpute et al. (2010), os biossurfactantes podem

permanecer aderidos às células dos microrganismos produtores ou ser excretados

no meio de cultivo. A realização do teste qualitativo do colapso da gota com o meio

contendo as células bacterianas (meio de cultivo após a fermentação) e com o

líquido metabólico (meio de cultivo isento de células) permite inferir sobre essa

característica.

Dezoito (18) líquidos metabólicos apresentaram resultados positivos no

teste qualitativo do colapso da gota utilizando o efluente como substrato. Das

amostras produzidas a partir da fermentação com efluente, apenas o metabólito da

a b

46

cepa Bacillus sp.12E apresentou resultado negativo em ambos os meios (com

células e isento de células). Durante as fermentações, o pH dos caldos de

fermentação e dos líquidos metabólicos atingiram condições alcalinas (variando de 8

a 9), demonstrando um aumento do pH durante o processo de produção dos

biossurfactantes. Na fermentação com óleo vegetal residual, 14 cepas apresentaram

resultado positivo no teste com as células bacterianas, enquanto apenas 12

apresentaram atividade no meio isento de células. O pH de ambos os meios variou

de condições neutras a alcalinas (variando de 7 a 9).

Em um trabalho anteriormente realizado com as mesmas bactérias, Silva

(2014) verificou esse mesmo comportamento no pH durante fermentações utilizando

querosene como fonte de carbono. Ferreira (2015) verificou que, na produção de

biossurfactantes a partir de hidrocarbonetos de petróleo por bactérias isoladas de

amostras de rizosfera e água de manguezais no Estado do Ceará, o pH das

fermentações variou de condições neutras a alcalinas, semelhantes à presente

pesquisa.

De acordo com a literatura, o teste do colapso da gota tem sido utilizado

na prospecção de bactérias produtoras de biossurfactantes (VIRAMONTES-RAMOS

et al., 2010; DHAIL; JASUJA 2012). No teste, o espalhamento sofrido pela gota ao

entrar em contato com a superfície hidrofóbica está relacionado com a redução da

tensão superficial, característica dos biossurfactantes (SEN et al., 2010). Vale

salientar que grande parte dos metabólitos testados produziram colapso da gota

imediato, sem a necessitar de espera de 1 minuto prescrita pela metodologia,

indicando forte atividade.

O líquido metabólito produzido pela cepa Bacillus sp.12E durante a

fermentação com efluente não apresentou atividade no teste do colapso da gota.

Porém, quando o teste foi realizado com o líquido metabólito, produzido pela

fermentação com óleo, houve atividade. Possivelmente, a diferença nos tipos e nas

concentrações dos substratos utilizados produziram diferentes produtos metabólicos,

visto que o tipo de biossurfactante produzido depende de certas variáveis, dentre

elas, o tipo de substrato utilizado (CAMPOS; STAMFORD; SORUBBO, 2014).

Bactérias do gênero Bacillus têm sido descritas como produtoras de

compostos biossurfactantes a partir de substratos hidrofóbicos (BUENO; SILVA;

GARCIA-CRUZ, 2010). Ao estudar a produção de biossurfactante por uma cepa do

gênero Bacillus utilizando diferentes fontes de carbono, dentre elas óleo residual de

47

fritura, Varadavenkatesan e Murty (2013) utilizaram o teste do colapso da gota como

indicativo da produção de biossurfactante e verificaram que a cepa RT10 que

apresentou melhor desempenho nos testes realizados, apresentou atividade nesse

teste.

As bactérias identificadas como Pseudomonas sp., V. fluvialis 36C, B.

pumillus 12SEDB e O. baumannii 12SC produziram os melhores resultados no teste

com ambos os substratos. Dentre esses grupos bacterianos, os gêneros

Pseudomonas e Bacillus têm sido amplamente descritos como produtores de

biossurfactantes a partir de diferentes substratos (BUENO; SILVA; GARCIA-CRUZ,

2010; BEZERRA, 2012; DECESARO et al., 2013). Entretanto, informações a

respeito da produção de tensoativos microbianos por espécies de V. fluvialis e O.

baumannii ainda são escassas.

De acordo com Burch et al. (2011) a técnica do colapso da gota utilizando

caldo de fermentação (técnica convencional) não é capaz de detectar baixas

concentrações de biossurfactantes. Em estudo anterior, os mesmos autores

compararam o teste do colapso da gota convencional com outro modificado

atomicamente e executado em meio sólido. Como resultados, eles verificaram que o

teste modificado foi mais sensível ao detectar um maior número de bactérias

produtoras de biossurfactantes do que o teste convencional. Segundo eles, o teste

modificado permite detectar baixas quantidades de biossurfactantes e até mesmo

biossurfactantes hidrofóbicos, diferente do teste convencional.

6.4 Volume de emulsificação (VE), estabilidade da emulsão (ES%) e atividade

de emulsificação

Os resultados dos testes de volume e atividade de emulsificação estão

expressos na tabela 7. O volume de emulsão assim como a sua estabilidade foram

determinados para todos os líquidos metabólicos extraídos. Na determinação do

volume de emulsificação com os metabólitos produzidos a partir das fermentações

com o efluente nota-se que as cepas de Pseudomonas sp., V. fluvialis 21A, Z.

taiwanensis 11SA, Brachybacterium sp. 11SEDH e Staphylococcus sp. 26B

produziram subprodutos com propriedades emulsificantes ou seja, formaram

emulsões acima de 50%, com máximos valores de 79% para as cepas

Pseudomonas sp. 2D, Pseudomonas sp. 2E e Pseudomonas sp. 9B. Os

48

subprodutos dessas bactérias apresentaram desempenho semelhante ao produzido

pelo surfactante SDS na concentração de 1mg/mL (78%).

Tabela 7- Resultados dos testes de volume de emulsificação (VE) e atividade de emulsificação realizados utilizando os líquidos metabólicos extraídos

Cepa L.M. Efluente LCC L.M. Óleo vegetal

VE (%) U.A.E. VE (%) U.A.E.

Pseudomonas sp. 2D 79 ± 1,73 5,39 ± 0,47 0 3,86 ± 1,04 Pseudomonas sp. 2E 73 ± 4,58 2,71 ± 0,84 3 ± 3,00 3,65 ± 0,49 Pseudomonas sp. 7A 78 ± 3,00 4,01 ± 0,75 76 ± 2,12 4,51 ± 0,31 Pseudomonas sp. 7C 79 ± 3,46 4,53 ± 0,42 76 ± 1,73 4,64 ± 0,58 Pseudomonas sp. 9A 71 ± 1,73 4,29 ± 0,16 6 ± 5,20 5,10 ± 0,09 Pseudomonas sp. 9B 79 ± 4,58 4,92 ± 0,08 17 ± 13,53 4,03 ± 0,70 Pseudomonas sp. 9C 75 ± 3,00 4,53 ± 0,36 87 ± 3,0 4,51 ± 0,23

Pseudomonas sp. 18D 78 ± 3,00 4,81 ± 0,83 81 ± 0 4,10 ± 0,18 V. fluvialis 21A 54 ± 5,20 4,20 ± 2,44 8 ± 9,17 4,46 ± 0,06 V. fluvialis 31A 29 ± 1,73 4,78 ± 0,49 N.D N.D V. fluvialis 36C 44 ± 22,11 4,48 ± 0,34 45 ± 29,55 2,15 ± 1,44

Staphylococcus sp. 26B 67 ± 1,73 4,90 ± 0,33 5 ± 1,73 3,42 ± 0.20 Bacillus sp. 12E 20 ± 32,08 1,60 ± 1,43 0 2,49 ± 0,70

B. pumilus 12SEDB 47 ± 9,17 3,74 ± 0,19 0 3,64 ± 0,33 Z. taiwanensis 11SA 62 ± 12,12 4,62 ± 0,50 0 1,22 ± 0,11 Z. taiwanensis 11SB 25 ± 24,06 4,23 ± 1,56 0 4,02 ± 0,16 Z. taiwanensis 11SD 33 ± 25,63 4,59 ± 0,76 0 2,28 ± 1,23 O. baumannii 12SC 44 ± 24,25 4,84 ± 0,16 51 ± 39,00 4,08 ± 0,13 O. baumannii12SE 3 ± 5,20 4,8 2± 0,08 53 ± 19,29 0

Brachybacterium sp. 11SEDH 74 ± 7,55 5,22 ± 0,05 0 1,38 ± 0,21 SDS (1mg/ml) 78 ± 3,00 5,17 ± 0,13 78 ± 3,00 5,17 ± 0,13

Fonte: Elaborada pelo autor. ND: Não determinado.

Nos líquidos metabólicos produzidos com resíduo de óleo vegetal, as

cepas Pseudomonas sp. 7A, Pseudomonas sp. 7C, Pseudomonas sp. 9C e

Pseudomonas sp. 18D apresentaram os melhores resultados juntamente com as

cepas O. baumannii 12SC e O. baumannii 12SE. O metabólito da cepa

Pseudomonas sp. 9C apresentou volume de emulsificação de 87%, valor superior ao

determinado para o SDS. A bactéria O. baumannii 12SE produziu metabólito com

bom desempenho no teste do volume de emulsificação, porém não produziu

atividade no teste do colapso da gota. Possivelmente, os biossurfactantes

produzidos por essa cepa possuem alta massa molecular, típico dos

bioemulsificantes (PACWA-PLOCINICZAK et al., 2011).

Segundo Sanches (2016), diferentes variáveis podem alterar o tipo e a

qualidade dos biossurfactantes durante seu processo de produção, dentre elas a

49

fonte de carbono, pH, temperatura, salinidade e nutrientes. Os metabólitos

produzidos a partir das fermentações realizadas com efluente produziram melhores

emulsões do que aqueles produzidos a partir das fermentações com óleo residual.

Possivelmente, essa diferença pode estar associada às diferentes fontes de carbono

utilizadas no processo de produção dos biossurfactantes.

De acordo com a literatura, os biossurfactantes podem ser produzidos a

partir de diferentes matérias primas, sejam elas solúveis ou insolúveis em água

(BENTO; CAMARGO; GAYLARD, 2008). Jain et al. (2013), testaram diferentes

fontes de carbono na produção de biossurfactantes por Klebsiella sp. e verificaram

que substratos solúveis em água foram mais eficientes do que os insolúveis.

Entretanto, substratos hidrofóbicos têm maior efetividade na produção de

ramnolipídeos (SALAZAR-BRYAM, 2016).

Na presente pesquisa, quando comparados os grupos bacterianos

identificados em relação ao volume de emulsificação, as cepas de Pseudomonas sp.

produziram os melhores resultados com ambos os substratos testados. Entretanto,

nas determinações com o óleo residual um número menor de indivíduos desse

gênero produziu bons volumes, ocorrendo variações na produção dos

biossurfactantes entre as bactérias desse grupo.

Os testes que utilizam os líquidos metabólicos na avaliação da produção

de biossurfactantes fornecem informações indiretas a respeito da produção de tais

compostos, pois se assume que os biotensoativos (quando produzidos) são

excretados como metabólitos secundários pelos micro-organismos produtores,

permanecendo livres no líquido metabólico (SHOEB et al., 2015).

Dhail e Jasuja (2012) verificaram que a cepa MW2 identificada como

Pseudomonas sp. apresentou volume de emulsificação de 70% no estudo da

produção de biossurfactantes por bactérias marinhas a partir de hidrocarbonetos.

Essa cepa além de apresentar bons valores de emulsão obteve resultado positivo no

teste do colapso da gota. Em seu estudo na produção de biossurfactante por P.

aeruginosa utilizando manipueira como fonte de carbono, Bezerra (2012) alcançou

índices de emulsificação acima de 65%. Na presente pesquisa, as cepas

pertencentes ao gênero Pseudomonas apresentaram volumes de emulsão

semelhantes aos encontrados pelos autores citados, confirmando o potencial desse

grupo bacteriano em produzir compostos biossurfactantes a partir de diferentes

fontes de carbono.

50

Todos os líquidos metabólicos produzidos a partir do efluente

apresentaram boas U.A.E. na determinação da atividade emulsificante, com mínima

de 1,20 para Bacillus sp.12E e máximas de 5,39 e 5,22 para Pseudomonas sp. 2D e

Brachybacterium sp. 11SEDH, respectivamente. Os metabólitos dessas duas cepas

produziram U.A.E. superiores ao SDS (5,17). Nas determinações com os líquidos

metabólicos produzidos a partir de óleo residual a menor U.A.E. encontrada foi de

1,22 para Z. taiwanensis 11SA. O maior valor encontrado foi de 5,10 para a cepa

Pseudomonas sp. 9A. Entretanto, apesar do subproduto dessa cepa apresentar

unidades maiores, produziu baixo volume de emulsificação (6%). O líquido

metabólico da cepa Pseudomonas sp. 7C produziu o segundo maior valor de U.A.E.,

de 4,64 e produziu alto volume de emulsificação, sendo considerada mais eficiente

do que a cepa Pseudomonas sp. 9A por apresentar melhor emulsão e em maior

quantidade.

Altos valores de U.A.E. estão associados a uma alta dispersão do

componente hidrofóbico no tampão, indicando a presença de biossurfactantes,

enquanto baixos valores estão associados a baixos níveis desses compostos

(BANAT et al. ,1991). Thavasi, Sharma e Jayalakshmi (2011) verificaram que o

biossurfactante produzido por espécies de Pseudomonas sp.e Bacillus sp. a partir de

óleo cru obtiveram altos valores de U.A.E. Os autores encontraram valores de 1,95

U.A.E. para cepa de Pseudomonas sp. enquanto as cepas de Bacillus sp. obtiveram

valores entre 0,5 a 3 unidades. Mulani et al. (2017) obtiveram valores de U.A.E.

entre 1 e 3 para espécies de Bacillus sp. isolados de sedimento marinho. No

presente estudo, as cepas de Pseudomonas sp. e Bacillus sp. produziram

metabólitos, a partir de ambos os substratos, com desempenho similar a esses

autores na determinação da atividade de emulsificação.

De acordo com Willumsen e Karlson (1997), emulsões são consideradas

estáveis quando conseguem manter mais de 50% da emulsão original após 24 horas

de formadas. Na presente pesquisa, todas as cepas do gênero Pseudomonas

produziram emulsões com estabilidade acima de 70% até 168 horas de observação

com os líquidos metabólicos extraídos a partir do efluente como apresentado no

gráfico 1. Entretanto, dos líquidos metabólicos extraídos a partir do óleo vegetal,

apenas as cepas Pseudomonas sp. 7C, Pseudomonas sp. 9C e Pseudomonas sp.

18D obtiveram estabilidades acima do valor de referência (50%). Os metabólitos

dessas três cepas produziram emulsões estáveis utilizando os dois substratos

51

testados.

Gráfico 1 - Estabilidades das emulsões formadas utilizando líquido metabólico extraído das fermentações com bactérias do gênero Pseudomonas a partir de efluente do beneficiamento da castanha de caju (EBCC) e óleo vegetal residual (OVR)

Fonte: Elaborado pelo autor.

As cepas de Pseudomonas identificadas no presente trabalho

apresentaram resultados distintos nos testes realizados quando comparadas as

fontes de carbono utilizadas. Dentre as oito cepas desse grupo, as estirpes

Pseudomonas sp. 7C, Pseudomonas sp. 9C e Pseudomonas sp. 18D produziram

os metabólitos com melhores resultados nos testes indicativos da produção de

biossurfactantes utilizando as fontes de carbono testadas. Uma possível explicação

para esse fato é a diferença de fontes de carbono utilizadas nos processos de

produção dos biotensoativos, pois a utilização de diferentes substratos na produção

desses compostos pode mudar a sua estrutura molecular e suas propriedades

(CAMPOS; STAMFORD; SORUBBO, 2014). Além disso, vale salientar a possível

variedade entre essas cepas, visto que sua identificação não permitiu classifica-las

até espécie. Segundo Bueno, Camargo e Gaylarde (2008), mesmo a produção de

biossurfactantes acontecendo entre os diversos grupos microbianos, em alguns

casos um tipo de biossurfactante é limitado a um gênero e às vezes a uma espécie.

No gráfico 2 estão expressas as estabilidades das emulsões formadas

com os líquidos metabólicos das cepas de Víbrio fluvialis, Bacillus sp. e Zobellella

52

taiwanensis. Dentre as três cepas de V. fluvialis identificadas, apenas a cepa V.

fluvialis 36C produziu emulsão estável ao final das 168 horas de observação

utilizando o líquido metabólico produzido a partir do efluente. Não houve produção

de emulsões estáveis por qualquer cepa dessa espécie usando resíduo oleoso como

fonte de carbono. A cepa V. fluvialis 21A apesar de produzir um volume de

emulsificação de 54% não conseguiu manter-se estável ao final do período de

observação.

Das duas cepas identificadas como pertencentes ao gênero Bacillus,

apenas o metabólito produzido pela cepa de Bacillus sp.12E, a partir do efluente,

produziu boa emulsão. A cepa B. pumillus 11SEDH apresentou estabilidade de 49%,

sendo considerada baixa. Nenhuma das cepas desse gênero apresentou emulsão

estável no teste com os metabólitos obtidos a partir do óleo residual.

A cepa Z. taiwanensis 11SA foi a única, dentre as cepas pertencentes a

essa espécie, capaz de manter boa estabilidade (81%) no final das 168 horas de

observação na determinação com o líquido metabólico produzido a partir do efluente.

As cepas dessa espécie não apresentaram metabólitos com boa estabilidade a partir

das fermentações com óleo vegetal residual.

Gráfico 2 - Estabilidades das emulsões formadas utilizando líquido metabólico extraído das fermentações com as bactérias das espécies Vibrio fluvialis, Z. taiwanensis e do gênero Bacillus a partir de efluente do beneficiamento da castanha de caju (EBCC) e óleo vegetal residual (OVR)

Fonte: Elaborado pelo autor.

53

Como pode ser observado no gráfico 3, as cepas de O. baumannii não

produziram emulsões estáveis com o efluente. Entretanto, na determinação com

óleo residual apenas a cepa O. baumannii 12SC apresentou boa estabilidade no

final das 168 horas de observação. A cepa Brachybacterium sp. 11SEDH,

juntamente com a cepa Staphylococcus sp. 26B apresentaram emulsões estáveis no

final das observações (89% e 79%, respectivamente) utilizando apenas os

metabólitos obtidos a partir do efluente. A cepa Brachybacterium sp. 11SEDH

apresentou a maior estabilidade, dentre as cepas testadas, inclusive alcançando

estabilidade superior ao produzido pelo surfactante SDS.

Gráfico 3 - Estabilidades das emulsões formadas utilizando SDS e os líquidos metabólicos extraídos das fermentações com as bactérias O. baumannii, Brachybacterium sp. 11SEDH, Staphylococcus sp. 26B a partir de efluente do líquido da castanha de caju (EBCC) e óleo vegetal residual (OVR)

Fonte: Elaborado pelo autor.

SDS: Dodecil Sulfato de Sódio.

Emulsões formadas por biossurfactantes produzidos por bactérias do

gênero Staphylococcus são conhecidas por sua alta estabilidade. Keskin et al. (2015)

verificaram que o biossurfactante produzido por S. xylosus STF1 formou emulsões

estáveis por mais de três semanas de observação, confirmando o potencial

54

emulsificante dos metabólitos de bactérias desse gênero.

Diante dos resultados das estabilidades, nota-se que os líquidos

metabólicos produzidos a partir do efluente produziram emulsões mais estáveis ao

longo do tempo. De acordo com Franzol e Rezende (2015), emulsões que

apresentam elevada estabilidade demoram longos tempos para que ocorra a

separação das fases. As cepas que apresentaram boas emulsões e conseguiram

mantê-las estáveis ao final das 168 horas de estudo apresentam um elevado

potencial biotecnológico, visto que a efetividade de um agente emulsificante está

intimamente relacionada com a sua alta estabilidade. Vale salientar que essas

amostras com elevada estabilidade apresentaram desempenho similar a um

surfactante sintético amplamente utilizado nos diversos setores industriais,

mostrando o potencial de uso desses biossurfactantes na solubilização de

substâncias hidrofóbicas em diferentes áreas da indústria.

6.5 Atividade antimicrobiana

Os resultados do teste de atividade antimicrobiana dos líquidos

metabólicos produzidos a partir das fermentações estão apresentados na tabela 8.

Nenhum dos metabólicos produzidos com ambos os substratos apresentou atividade

frente à cepa de E. coli ATCC 25922 como pode ser visualizado nas figuras 8 e 9.

Entretanto, dos 20 líquidos metabólicos extraídos a partir da fermentação com

efluente, 10 apresentaram ação contra a cepa de S. aureus ATCC 25923 como

mostra a figura 10.

55

Tabela 8 - Resultados da determinação da atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos extraídos utilizando resíduos orgânicos como fonte de carbono

Cepa EFLUENTE DO LCC (2%) ÓLEO VEGETAL (1%)

E. coli

ATCC 25922

S. aureus

ATCC 25923

E. coli

ATCC 25922

S. aureus

ATCC 25923 Pseudomonas sp. 2D Negativo Positivo Negativo Negativo Pseudomonas sp. 2E Negativo Positivo Negativo Negativo Pseudomonas sp. 7A Negativo Positivo Negativo Negativo Pseudomonas sp. 7C Negativo Positivo Negativo Negativo Pseudomonas pp. 9A Negativo Positivo Negativo Negativo Pseudomonas sp. 9B Negativo Positivo Negativo Positivo Pseudomonas sp. 9C Negativo Positivo Negativo Negativo

Pseudomonas sp. 18D Negativo Positivo Negativo Negativo V. fluvialis 21A Negativo Positivo Negativo Negativo V. fluvialis 31A Negativo Negativo - - V. fluvialis 36C Negativo Negativo Negativo Negativo

Staphylococcus sp. 26B Negativo Negativo Negativo Negativo Bacillus sp. 12E Negativo Negativo Negativo Negativo

B. pumilus 12SEDB Negativo Negativo Negativo Negativo Z. taiwanensis 11SA Negativo Negativo Negativo Negativo Z. taiwanensis 11SB Negativo Positivo Negativo Negativo Z. taiwanensis 11SD Negativo Negativo Negativo Negativo O. baumannii 12SC Negativo Negativo Negativo Negativo O. baumannii 12SE Negativo Negativo Negativo Negativo

Brachybacterium sp. 11SEDH

sppspp. 11SEDH

Negativo Negativo Negativo Negativo Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 8 - Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado negativo) extraídos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do caju frente à bactéria Escherichia coli ATCC 25922

Fonte: Autor.

56

Figura 9 - Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado negativo) extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual frente à bactéria Escherichia coli ATCC 25922

Fonte: o autor.

Figura 10 - Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado positivo) extraídos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do caju frente à bactéria Staphylococcus aureus ATCC 25923

Fonte: Autor.

Pode-se ver que os metabólitos das bactérias do gênero Pseudomonas e

das cepas V. fluvialis 21A e Z. taiwanensis 11SB produzidos a partir das

fermentações com efluente apresentaram ação antimicrobiana frente à cepa de

57

Staphylococcus aureus testada. A cepa Pseudomonas sp. 9B foi a única bactéria que

conseguiu produzir metabólitos com propriedades antimicrobianas frente à cepa

Gram positiva testada utilizando os dois substratos testados como pode-se observar

na figura 11. As demais cepas produziram compostos com ação antimicrobiana

apenas quando fermentadas em meio contendo efluente da castanha do caju.

Figura 11 - Atividade antimicrobiana dos líquidos metabólicos (resultado positivo) extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual frente à bactéria Staphylococcus aureus ATCC 25923

Fonte: Autor.

Sabe-se que os ramnolipídeos produzidos por bactérias do gênero

Pseudomonas possuem ação antimicrobiana e antifúngica já conhecidas

(MAGALHÃES, 2012; EL-SHESHTAWY; DOHEIM, 2014). Esses dados confirmam o

potencial desse grupo bacteriano em produzir metabólicos com ação bioativa frente

às bactérias patogênicas. Alguns lipopeptídeos produzidos por bactérias do gênero

Bacillus também possuem ação antimicrobiana, de acordo com Satpute et al. (2010).

Contudo, na presente pesquisa, não foi detectado nenhum metabólito com atividade

antimicrobiana produzido por bactérias desse gênero.

Estudos que avaliam a produção de biossurfactantes e metabólitos com

ação antimicrobiana produzidos por bactérias dos gêneros Vibrio e Zobelella ainda

são escassos. Contudo, bactérias do gênero Víbrio, assim como o gênero Bacillus

58

são conhecidas por produzirem polímeros de alto peso molecular denominados

exopolissacarídeos (EPS) que envolvem a célula bacteriana e as auxilia a suportar

condições ambientais extremas. Tais bioprodutos têm despertado interesse na

indústria farmacêutica e na recuperação de poluentes no ambiente (SATPUTE et al.,

2010).

De acordo com a literatura, alguns biossurfactantes apresentam ação

contra bactérias, fungos e vírus (BENTO; CAMARGO; GAYLARDE, 2008; EL-

SHESHTAWY; DOHEIM, 2014). Inicialmente, muitos biossurfactantes foram

utilizados como antibióticos devido a sua propriedade antimicrobiana (SATPUTE et

al., 2010). Segundo Bharali e Komwar (2011), bactérias Gram negativas possuem

maior resistência à ação dos surfactantes do que bactérias Gram positivas, pois

além de possuírem lipopolissacarídeos como constituintes da parede celular,

apresentam proteínas de superfície que garantem maior proteção à célula bacteriana

contra ação dos tensoativos. Por sua vez, a susceptibilidade de bactérias Gram

positivas à ação dos surfactantes se dá devido à existência de uma única camada de

lipopolissacarídeos (EL-SHESHTAWY; DOHEIM, 2014).

De acordo com Osmari (2013) o líquido da castanha de caju possui

atividade antimicrobiana conhecida devido à presença de terpenóides e compostos

fenólicos. Dentre os compostos presentes com ação antimicrobiana pode-se citar o

ácido anacárdico (GONÇALVES, 2007). Parasa et al. (2011) verificaram que extratos

acetônicos e metanólicos de LCC apresentaram ação antimicrobiana contra cepas

de Staphylococus aureus resistentes a meticilina (SARM). Os autores explicaram tal

efeito devido à presença de ácido anacárdico nos extratos.

6.6 Teste de toxicidade com sementes de pepino

Os líquidos metabólicos que apresentaram os melhores resultados nos

testes indicativos da produção de biossurfactantes com ambos os substratos foram

selecionados para o teste ecotoxicológico utilizando sementes de pepino. Na tabela

9 estão expressos os resultados do teste tendo como critério de classificação da

toxicidade o percentual de germinação. Como se pode observar na tabela, todos os

líquidos metabólicos produzidos a partir do efluente foram classificados como “muito

tóxicos” em todas as concentrações testadas, com exceção do metabólito extraído

da cepa Pseudomonas sp. 9B na concentração de 5% que foi classificado como

59

“tóxico”.

Tabela 9 - Percentuais de germinação (%G) das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico com os líquidos metabólicos produzidos a partir do efluente do beneficiamento da castanha do caju

Cepa %G

P 1:1 1:5 1:10 1:20

Pseudomonas sp. 2D MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 2E MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 7A MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 7C MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 9A MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 9B MT MT MT MT T Pseudomonas sp. 9C MT MT MT MT MT

Pseudomonas sp. 18D MT MT MT MT MT V. fluvialis 21A MT MT MT MT MT V. fluvialis 36C MT MT MT MT MT

Z. taiwanensis 11SA MT MT MT MT MT Brachybacterium sp. 11SEDH MT MT MT MT MT

Staphylococcus sp. 26B MT MT MT MT MT Efluente MT MT MT MT MT

Fonte: Elaborada pelo autor. MT = Tóxico ; T = Tóxico.

Na tabela 10 estão apresentados os resultados dos percentuais de

inibição do crescimento das raízes das sementes de pepino no teste com os líquidos

metabólicos produzidos a partir do efluente. Quando considerado esse critério de

classificação da toxicidade todas as amostras foram classificadas como tóxicas, com

exceção do efluente do LCC que apresentou “estímulo de crescimento” das raízes

nas concentrações de 10% e 5%.

60

Tabela 10 - Percentuais de inibição (%IP) do crescimento das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico com os líquidos metabólicos produzidos extraídos a partir do efluente do beneficiamento da castanha de caju

Cepa %IP

P 1:1 1:5 1:10 1:20

Pseudomonas sp. 2D T T T T T Pseudomonas sp. 2E T T T T T Pseudomonas sp. 7A T T T T T Pseudomonas sp. 7C T T T T T Pseudomonas sp. 9A T T T T T Pseudomonas sp. 9B T T T T T Pseudomonas sp. 9C T T T T T

Pseudomonas sp. 18D T T T T T V. fluvialis 36C T T T T T

Z. taiwanensis 11SA T T T T T Brachybacterium sp. 11SEDH T T T T T

Staphylococcus sp. 26B T T T T T Efluente T T T EC EC

Fonte: Elaborada pelo autor. T = Tóxico; EC: estímulo de crescimento.

Os gráficos 4, 5 e 6 mostram as médias das medidas do elongamento das

raízes após as 120 horas de incubação. Nota-se que os líquidos metabólicos

produzidos pelas cepas Pseudomonas sp. 7C, Pseudomonas sp. 9A, Pseudomonas

sp. 9C,, V. fluvialis 21A, V. fluvialis 36C e Brachybacterium sp. 11SEDH só

favoreceram o crescimento das raízes a partir da concentração de 50%. Os demais

metabólitos só permitiram o desenvolvimento radicular das sementes a partir da

concentração de 25%. Os componentes presentes no efluente favoreceram o

crescimento das raízes em todos os tratamentos.

61

Gráfico 4 – Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos extraídos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do caju com as cepas Pseudomonas sp. 2D, Pseudomonas sp. 2E, Pseudomonas sp. 7A e Pseudomonas sp.7C

Fonte: Elaborado pelo autor. LM: Líquido metabólico.

Gráfico 5 - Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L) no teste com os líquidos metabólicos produzidos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do caju com as cepas Pseudomonas sp. 9A, Pseudomonas sp. 9B, Pseudomonas sp. 9C e Pseudomonas sp.18D

Fonte: Elaborado pelo autor. LM: Líquido metabólico.

62

Gráfico 6 - Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos extraídos a partir das fermentações com efluente do beneficiamento da castanha do caju com as cepas V. fluvialis 21A, V. fluvialis 36C, Z. taiwanensis 11SA, Brachybacterium sp. 11SEDH e Staphylococcus sp. 26B e do efluente

Fonte: Elaborado pelo autor. LM: Líquido metabólico.

Semelhante aos líquidos metabólicos produzidos a partir do efluente,

aqueles produzidos a partir de óleo vegetal residual também apresentaram efeitos

“muito tóxicos” às sementes, de acordo com a classificação baseada na

porcentagem de germinação como pode ser observado na tabela 11.

Tabela 11– Percentuais de germinação (%G) das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico com os líquidos metabólicos produzidos extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual

Cepa %G

P 1:1 1:5 1:10 1:20

Pseudomonas sp. 7C MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 9B MT MT MT MT MT Pseudomonas sp. 9C MT MT MT MT MT

Pseudomonas sp. 18D MT MT MT MT MT O.baumannii12SC MT MT MT MT MT

SDS 1mg/mL MT MT MT MT MT Fonte: Elaborada pelo autor. MT = Muito tóxico.

63

Na tabela 12 estão apresentados os percentuais de inibição das raízes

das sementes de pepino no teste com os metabólitos produzidos a partir do óleo

residual. Nota-se que todas as amostras foram consideradas tóxicas em todos os

tratamentos, com exceção do líquido metabólico produzido pela cepa Pseudomonas

sp. 9C na diluição de 5% e do surfactante SDS que proporcionaram um estímulo de

crescimento das raízes.

Tabela 12 - Percentuais de inibição (%IP) do crescimento das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) utilizadas no teste toxicológico com os líquidos metabólicos produzidos extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual

Cepa %IP

P 1:1 1:5 1:10 1:20

Pseudomonas sp. 7C T T T T T Pseudomonas sp. 9B T T T T T Pseudomonas sp. 9C T T T T EC

Pseudomonas sp. 18D T T T T T O. baumannii 12SC T T T T T

SDS 1mg/mL T T T EC EC Fonte: Elaborada pelo autor. T= Tóxico; EC = Estimulação de crescimento.

No gráfico 7 estão apresentadas as médias das medições da raízes das

sementes de pepino crescidas até 120 horas de incubação no teste com os

metabólitos produzidos a partir do óleo residual. Os líquidos metabólicos produzidos

pelas cepas Pseudomonas sp. 9B, Pseudomonas sp. 9C e Pseudomonas sp.18D só

permitiram o desenvolvimento radicular das sementes a partir da diluição de 50%,

enquanto que apenas o subproduto da cepa O. baumannii 12SC permitiu o

desenvolvimento das raízes a partir da concentração de 25% do líquido metabólico

testado. O líquido metabólico produzido pela cepa Pseudomonas sp.7C não permitiu

germinação nem crescimento de raízes em nenhum dos tratamentos realizados,

mostrando um efeito altamente tóxico desse subproduto para as sementes vegetais.

No teste com o SDS as sementes só desenvolveram seu sistema radicular a partir

da diluição da amostra pura (concentração de 100%).

64

Gráfico 7 - Comprimento das raízes das sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.) no teste com os líquidos metabólicos extraídos a partir das fermentações com óleo vegetal residual com as cepas Pseudomonas sp. 7C, Pseudomonas sp. 9B, Pseudomonas sp. 9C, Pseudomonas sp. 18D, O. baumannii 12SC e com o surfactante sintético SDS

Fonte: Elaborado pelo autor. LM: Líquido metabólico.

A avaliação da qualidade ambiental baseada apenas em parâmetros

físico-químicos não oferece informações reais sobre os efeitos de poluentes nos

organismos. Essa lacuna vem sendo preenchida pelos ensaios ecotoxicológicos que

possibilitam um entendimento ecológico da ação desses poluentes no ambiente.

Esses ensaios caracterizam a toxicidade de substâncias expondo-as a organismos

bioindicadores (SOBRINHO et al., 2013).

O período de germinação e desenvolvimento das plantas apresenta maior

sensibilidade a fatores ambientais adversos. Por essa razão, os testes fitotóxicos

baseados no índice de germinação de sementes têm sido comumente utilizados

para avaliar os efeitos de contaminantes no desenvolvimento de plantas graças à

sensibilidade das sementes durante as etapas de germinação e desenvolvimento

das plântulas e ao seu baixo custo para realização (CRUZ, 2013; SOBRINHO et al.,

2013).

Os líquidos metabólicos produzidos pelas cepas Staphylococcus sp. 26B

e Pseudomonas sp. 2E a partir do efluente apresentaram declínio do elongamento

das raízes na última diluição testada. Com exceção dessas amostras e do metabólito

produzido pela cepa Pseudomonas sp. 7C a partir do óleo vegetal, todos os líquidos

65

metabólicos testados (a partir de ambos os substratos) só favoreceram o

desenvolvimento radicular das sementes na medida em que eram diluídas. Diante

disso, pode-se observar que a diluição das amostras permitiu reduzir os efeitos

tóxicos dos subprodutos microbianos no organismo indicador testado.

Segundo o percentual de inibição das sementes, apenas o líquido

metabólico produzido pela cepa Pseudomonas sp. 9C a partir do óleo vegetal

residual apresentou estímulo de crescimento das raízes na concentração de 5%

como pode ser observado na figura 12.

Figura 12 - Teste de toxicidade do líquido metabólico produzido pela cepa Pseudomonas sp. 9C a partir da fermentação com óleo vegetal residual

Fonte: Autor.

Em seu estudo de produção de biossurfactantes por Candida sphaerica a

partir de óleo vegetal utilizando resíduo oleoso e licor de milho, Sobrinho et al. (2013)

verificaram que o líquido metabólico produzido pela estirpe apresentou característica

tóxica para as sementes vegetais testadas, inibindo a germinação e o crescimento

das raízes. Contudo, ao se testar os biossurfactantes brutos extraídos quimicamente,

nenhum deles apresentou toxicidade na concentração de 200mg/L para sementes

66

de Solanum gilo. Os biossurfactantes extraídos nas concentrações de 200mg/L,

400mg/L e 600mg/L não apresentaram efeitos tóxicos para sementes de Brassica

oleracea. De acordo com os autores, os líquidos metabólicos inibiram a germinação

e o crescimento de sementes devido à presença de substâncias extracelulares.

Portanto, possivelmente, os metabólitos produzidos pelas bactérias testadas na

presente pesquisa possuem algum componente extracelular que inibiu o

desenvolvimento das sementes de pepino no teste.

No teste com o efluente houve germinação e desenvolvimento das raízes

das sementes em todos os tratamentos, como mostra a figura 13. Contudo, o fato do

efluente promover um efeito de crescimento das raízes não o caracteriza como

atóxico, pois obteve valor de IP negativo. Possivelmente, os diferentes componentes

do efluente podem ter sido utilizados como fonte de nutrientes e/ou matéria orgânica

para as sementes favorecendo um maior crescimento de suas raízes em relação ao

controle negativo.

Figura 13 – Teste de toxicidade do efluente do beneficiamento da castanha do caju utilizando sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.)

Fonte: Autor.

O SDS apresentou esse mesmo comportamento como pode ser

observado na figura 14. Contudo, esse surfactante só permitiu o

desenvolvimento do sistema radicular das sementes à medida que houve sua

diluição para concentrações abaixo de 1mg/mL.

67

Figura 14 - Teste de toxicidade do surfactante SDS utilizando sementes de pepino Aodai (Cucumis sativus L.)

Fonte: O autor.

Dos líquidos metabólicos produzidos a partir de óleo vegetal residual,

apenas uma amostra apresentou estímulo de crescimento. É importante salientar

que as interpretações dos percentuais de inibição das raízes definem três possíveis

efeitos: tóxicos, não tóxicos e estímulo de crescimento. Sendo assim, apesar das

amostras de efluente, SDS e do líquido metabólico da cepa Pseudomonas sp. 9C

(produzido a partir de resíduo oleoso) apresentarem um estímulo de crescimento às

raízes, esse resultado não pode ser interpretado como não tóxico, pois promoveu

crescimento radicular maior em relação ao controle negativo utilizado. Esse mesmo

efeito foi encontrado por Rodríguez e Perera (2009), onde avaliaram a toxicidade de

amostras de água de dois rios da cidade de Havana, Cuba. Segundo os autores,

esse efeito teve como causa o fenômeno de hormesis, evidenciado pelo significativo

estímulo de crescimento das raízes. Vale salientar que os rios analisados possuíam

alta carga orgânica o que pode ter favorecido um maior crescimento das raízes.

Além disso, sabe-se que o efluente do LCC também possui elevadas cargas de

68

matéria orgânica (PIMENTEL et al., 2011) o que pode ter favorecido o elevado

crescimento radicular das sementes.

Uma das vantagens dos biossurfactantes em relação aos surfactantes

sintéticos é a sua baixa toxicidade. De acordo com Felix (2012), os biossurfactantes

são atóxicos, pois suas propriedades tensoativas apresentam grande

compatibilidade com as membranas biológicas. A não toxicidade dos

biossurfactantes é essencial para sua aplicação ambiental (SOBRINHO et al., 2013).

Porém, na presente pesquisa, os líquidos metabólicos (de ambos os substratos)

apresentaram efeitos tóxicos frente às sementes de pepino nas concentrações

testadas. Além da presença de compostos extracelulares nos líquidos metabólicos,

deve-se considerar que as fontes de carbono utilizadas na produção dos

biossurfactantes apresentam efeitos deletérios em muitos organismos bioindicadores.

Pimentel et al. (2011) verificaram que o efluente do beneficiamento da

castanha de caju apresentou ação altamente tóxica para Artemia sp. Na presente

pesquisa, o efluente testado estimulou o crescimento das sementes de pepino,

indicando que algum componente do efluente serviu como fonte de carbono e/ou

nutriente para as sementes permitindo um maior elongamento das raízes. A

presença de compostos hidrofóbicos como óleos vegetais podem reduzir ou tornar

mais lento o processo de germinação e desenvolvimento radicular de plantas, pois

reduzem o teor de água necessário para o desenvolvimento dos processos

fisiológicos (REZENDE, 2006).

As cepas testadas produziram metabólitos com características

biossurfactantes a partir do efluente da castanha do caju e óleo vegetal residual

conferindo um potencial uso biotecnológico dessas bactérias na produção de

tensoativos microbianos a partir de resíduos. Vale destacar que os diferentes

resíduos agrícolas e industriais despertam interesse como fonte de carbono na

produção de biossurfactantes devido ao seu potencial nutricional (SARUBBO et al.,

2016).

Na presente pesquisa, apesar dos resultados dos testes de

caracterização dos biossurfactantes indicarem a viabilidade de se produzir

tensoativos a partir dos substratos testados, os produtos metabólicos das bactérias

apresentaram efeitos tóxicos às sementes vegetais utilizadas no teste

ecotoxicológico. Faz-se necessária uma caracterização desses metabólitos e

extração dos biossurfactantes produzidos para realização de estudos mais

69

conclusivos a respeito de seus efeitos toxicológicos nos organismos indicadores,

pois a presença de compostos extracelulares no líquido metabólico pode mascarar o

efeito dos biossurfactantes nos organismos testes.

70

7 CONCLUSÕES

Diante dos resultados, se pode concluir que:

Foi possível produzir compostos biossurfactantes a partir de efluente

do beneficiamento da castanha do caju e óleo vegetal residual

utilizando bactérias marinhas;

Dentre os grupos bacterianos identificados, as cepas Pseudomonas

sp.,Vibrio fluvialis, Zobellella taiwanensis, Oceanimonas baumannii e

Staphylococcus sp. 26B obtiveram os melhores resultados no testes

indicativos da produção de biossurfactantes;

Três cepas de Pseudomonas sp. produziram metabólitos com

propriedades tensoativas utilizando ambos os substratos testados,

confirmando o potencial de uso desses resíduos como matéria prima

na produção de biossurfactantes;

As bactérias do gênero Pseudomonas e as espécie Z. taiwanensis e

Víbrio fluvialis testadas produziram metabólitos com ação

antimicrobiana frente à cepa de Staphylococcus aureus ATCC 25923;

O líquido metabólito produzido pela cepa de Pseudomonas sp. 9C a

partir de óleo residual, o surfactante SDS e o efluente da agroindústria

do caju estimularam o crescimento das raízes das sementes de pepino

no teste toxicológico, enquanto os demais metabólitos testados foram

tóxicos para as sementes;

É necessário investimento em tratamento e adequação dos resíduos

testados para que esses possam ser utilizados como fonte de carbono

na produção de biossurfactantes, visto que os subprodutos

microbianos se mostraram tóxicos ao organismo indicador testado.

71

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