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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO LUCAS MELGAÇO DA SILVA AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA NA ALFABETIZAÇÃO: CONTEXTOS NO ENSINO PÚBLICO DE UM MUNICÍPIO DO ESTADO DO CEARÁ FORTALEZA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

LUCAS MELGAÇO DA SILVA

AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA NA ALFABETIZAÇÃO: CONTEXTOS NO

ENSINO PÚBLICO DE UM MUNICÍPIO DO ESTADO DO CEARÁ

FORTALEZA

2016

LUCAS MELGAÇO DA SILVA

AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA NA ALFABETIZAÇÃO: CONTEXTOS NO ENSINO

PÚBLICO DE UM MUNICÍPIO DO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Educação. Área de concentração: Avaliação do Ensino-Aprendizagem. Orientador: Profª. Drª. Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca.

FORTALEZA

2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências Humanas

S586a Silva, Lucas Melgaço.

Avaliações em larga escala na alfabetização : contextos no ensino público de um município do estado do Ceará/ Lucas Melgaço Silva. – 2016.

98 f. :il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa

de Pós-Graduação em Educação, Fortaleza, 2016. Área de Concentração: Educação Brasileira. Orientação: Profa. Dra. Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca. 1. Alfabetização - Ceará. 2. Programas de ação afirmativa na educação.3. Avaliação

educacional – Ceará. I. Título.

CDD 379.24098131

LUCAS MELGAÇO DA SILVA

AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA NA ALFABETIZAÇÃO: CONTEXTOS NO ENSINO

PÚBLICO DE UM MUNICÍPIO DO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Educação. Área de concentração: Avaliação do Ensino-Aprendizagem.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profª. Drª. Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profª. Drª. Adriana Eufrásio Braga

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profª. Drª. Lídia Azevedo de Meneses

Faculdade Luciano Feijão (FLF)

_________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Hélio Leite

Universidade Federal do Ceará (UFC)

A Deus.

A minha mãe, Maria de Fátima e ao meu pai,

Joaquim Quintino (in memoriam).

AGRADECIMENTOS

À minha família, por sempre creditar em mim confiança.

À Profª. Dr. Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca, pela excelente orientação.

Aos professores participantes da banca examinadora, Profª Adriana Braga, Profª

Lídia Azevedo, Profº Hélio Leite, pelo tempo, pelas valiosas colaborações e sugestões.

Ao Professor Nicolino por sempre se dispor em contribuir com minha formação.

À Profª. Maria do Carmo Pinheiro Marques e Profª. Maria Apolinário Chagas,

pela amizade e apoio incondicional.

A todos os companheiros de trabalhos da Secretaria de Educação, por fazer parte

de minha trajetória profissional.

Ao Éder Enzo, pela amizade sempre necessária.

À Wirla Rizane, dedicação e presença nos momentos precisos.

À Rayssa Barcellos, à Bruna Silva, à Larissa Dantas, à Aldenir Soares e ao

Antônio Melo, por caminharem ao meu lado e pelos momentos de pura felicidade.

Aos funcionários e aos amigos, do PPGE/UFC, em nome da Ariadna Torres, pela

compreensão e dedicação no apoio e informações prestadas.

Aos amigos do mestrado, em nome da Camila Saraiva e Tânia, pelas reflexões,

críticas e sugestões recebidas.

Aos demais amigos, que mesmo nos períodos de aflição, proporcionaram

momentos prazerosos de constante alegria.

Meus agradecimentos.

“A palavra progresso não terá qualquer sentido

enquanto houver crianças infelizes.”

Albert Einstein

RESUMO

O presente estudo apresenta as características e as estruturas de cinco sistemáticas avaliativas

de acompanhamento dos processos ensino-aprendizagem de cunho nacional, regional e

municipal que avaliam a alfabetização, a saber: Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA),

Provinha Brasil, o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado do Ceará

(SPAECE-Alfa), Provinha do PAIC (Programa de Alfabetização na Idade Certa) e Avaliação

Municipal do 1º Ano, desenvolvidas em um município do estado do Ceará. Observa-se, ainda,

seus percursos metodológicos na produção de indicadores que conduzam com eficiência o

processo de alfabetização de crianças. Levando em consideração que todas se tratam de

avaliações que mensuram a alfabetização, a pesquisa parte do pressuposto da (in)existência de

diálogos que complementem a efetivação de suas propostas. Para tanto, elencamos como

objetivos do trabalho descrever a estrutura geral e específica de cada avaliação em larga

escala na área de alfabetização; fazer estudo comparativo das avaliações em larga escala na

área de alfabetização; confrontar os resultados das avaliações em larga escala na área de

alfabetização de um município do estado do Ceará. A metodologia da pesquisa é de natureza

qualitativa, na forma de estudo de caso, com cunho descritivo. Como principais resultados, no

que tange ao objeto desse estudo, identificaram-se falhas estruturais quanto ao retorno dos

resultados à sociedade; observaram-se quadros semelhantes ocorridos entre as instâncias

administrativas de cada avaliação; e que ambas estão interligadas a programas específicos de

apoio à alfabetização e à formação de professores.

Palavras-chave: Avaliação em larga escala. Ensino-aprendizagem. Alfabetização e

Letramento.

ABSTRACT

The present study shown the characteristics and the structures of five evaluative systematic

monitoring of the teaching-learning processes of imprint national, regional and municipal that

evaluate the literacy: National Evaluation of Literacy (NEL), Provinha Brasil, Permanent

System of Basic Education Evaluation of Ceará (PSBEEC)-alpha, Provinha do PAIC

(Literacy Program at the right age) and Municipal evaluation of the 1st year, developed in a

city on the state of Ceará. It will also be observed, its methodological pathways in the

production of indicators that lead with efficiency the literacy process of children. It was also

observed, its methodological pathways for the production of indicators that lead with

efficiency the literacy process of children. whereas all treat of assessments that measure

literacy, the search assumes the (in)existence of dialogs that complement the realization of its

proposals. From the mentioned, this work had as objectives to write the general structure and

specific to each evaluation on a large scale in the area of literacy; to make comparative study

of evaluations on a large scale in the area of literacy; to confront the results of evaluations on

a large scale in the area of adult literacy a city on the state of Ceará. The research

methodology is qualitative, in the form of case study, with a descriptive feature. The main

results, referring to the object of this study, we identified structural failures with respect to the

return of the results to the society; it was observed similar frameworks that occurred between

the administrative instances of each evaluation; and that both are linked to specific support

programs for literacy and the training of teachers.

Keywords: Evaluation on a large scale. Teaching-learning. Literacy

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 − Escala por padrão de desempenho .................................................................. 33

Figura 2 − Mapa dos resultados (SPAECE Alfa 2007)....................................................... 33

Figura 3 − Mapa dos resultados (SPAECE Alfa 2007)....................................................... 33

Figura 4 − Resultados de desempenho e participação ....................................................... 65

Figura 5 − Relatório de acertos e erros por aluno .............................................................. 68

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 − Níveis de alfabetização na 2º série do EF................................................ 26

Gráficos 2 e 3 − Resultados gerais da Avaliação Municipal do 1º ano............................... 67

Gráficos 4 e 5 − Resultados gerais da Avaliação Municipal do 1º ano .............................. 67

Gráfico 6 − Resultados Provinha PAIC – 2º ano.......................................................... 69

Gráfico 7 − Resultados Provinha PAIC – 3º ano.......................................................... 69

Gráfico 8 − Porcentagem de crianças de 3º ano do ensino fundamental por nível de

proficiência em escrita.............................................................................. 70

Gráfico 9 − Porcentagem de crianças de 3º ano do ensino fundamental por nível de

proficiência em leitura.............................................................................. 71

Gráfico 10 − Porcentagem de crianças de 3º ano do ensino fundamental por nível de

proficiência em matemática...................................................................... 71

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 − Matriz de Referência – SPAECE – ALFA – Língua Portuguesa.................... 32

Tabela 2 − Matriz de Referência – Provinha Brasil – Língua Portuguesa....................... 36

Tabela 3 − Matriz de Referência – Provinha Brasil – Matemática................................... 37

Tabela 4 − Matriz de Referência da Provinha Municipal do 1º Ano – Língua

Portuguesa...................................................................................................... 39

Tabela 5 − Matriz de Referência – Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) –

Língua Portuguesa.......................................................................................... 44

Tabela 6 − Matriz de Referência – Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) –

Matemática..................................................................................................... 45

Tabela 7 − Quantitativo total de alunos matriculados no Ensino Fundamental I............. 51

Tabela 8 − Matrículas nos anos iniciais............................................................................ 52

Tabela 9 − Média de estudantes por turma....................................................................... 52

Tabela 10 − Total de estudantes incluídos.......................................................................... 53

Tabela 11 − Matrículas em tempo integral......................................................................... 53

Tabela 12 − Taxa de aprovação.......................................................................................... 54

Tabela 13 − Taxa de reprovação......................................................................................... 54

Tabela 14 − Taxa de abandono........................................................................................... 55

Tabela 15 − Taxa de distorção idade-série......................................................................... 55

Tabela 16 − Panorama das matrizes de referências das avaliações da alfabetização......... 57

Tabela 17 − Panorama de elaboração das avaliações da alfabetização.............................. 59

Tabela 18 − Panorama de aplicação das avaliações da alfabetização................................ 61

Tabela 19 − Panorama de divulgação dos resultados das avaliações da alfabetização...... 63

Tabela 20 − Panorama dos objetivos do uso dos resultados das avaliações da

alfabetização................................................................................................... 64

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Avaliação Nacional da Alfabetização

DAM Diretoria de Avaliação e Monitoramento

EF Ensino Fundamental

FACED Faculdade de Educação

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PAIC Programa de Alfabetização na Idade Certa

SPAECE Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado do Ceará

UFC Universidade Federal do Ceará

LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem

* Asterisco

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

2 CONCEPÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL............................ 16

2.1 Avaliação da aprendizagem............................................................................... 18

3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CARACTERÍSTICAS,

CONCEITOS E PROGRAMAS ...................................................................... 21

3.1 Contextualizando alfabetização ....................................................................... 21

3.2 Contextualizando letramento............................................................................ 23

3.3 Formações de professores para a alfabetização e o letramento ante os

contextos avaliativos externos em larga escala................................................ 25

3.3.1 O Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC ...................................... 26

3.3.2 O Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa – PNAIC .......................... 27

4 AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA NO BRASIL: HISTÓRICOS,

OBJETIVOS, METODOLOGIAS E ESTRUTURAS ................................... 28

4.1 Avaliação em larga escala no Estado do Ceará............................................... 30

4.1.1 Sistema Permanente de Avaliação da Educação do Ceará – SPAECE-Alfa

(2º ano do EF) .................................................................................................... 31

4.1.2 Provinha Brasil (2º ano do EF).......................................................................... 34

4.1.3 Avaliação Municipal do 1º Ano (1º ano do EF)................................................. 39

4.1.4 Provinha do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC (2º e 3º ano

do EF).................................................................................................................. 41

4.1.5 Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA (3º ano do EF)............................. 42

5 METODOLOGIA .............................................................................................. 47

5.1 Natureza da pesquisa ........................................................................................ 47

5.1.1 Procedimentos técnicos ..................................................................................... 48

5.1.1.1 Levantamento bibliográfico ................................................................................ 48

5.1.1.2 Pesquisa documental ........................................................................................... 49

5.1.1.3 Observação participante ..................................................................................... 49

5.1.1.4 Estudo comparativo ............................................................................................ 50

5.2 Lócus da pesquisa............................................................................................... 50

5.2.1 Caracterização política do município................................................................. 51

5.2.2 Caracterização educacional do município......................................................... 51

6 RESULTADOS................................................................................................... 56

6.1 Comparativos das características das avaliações da alfabetização

desenvolvidas no município pesquisado .......................................................... 56

6.1.1 Matriz de referência .......................................................................................... 56

6.1.2 Elaboração do instrumento avaliativo ............................................................... 58

6.1.3 Aplicação do instrumento avaliativo ................................................................. 60

6.1.4 Divulgação dos resultados .................................................................................. 62

6.1.5 O que é feito a partir dos resultados .................................................................. 64

6.2 Comparativos dos resultados das avaliações da alfabetização

desenvolvidas no município pesquisado........................................................... 65

6.2.1 Sistema Permanente de Avaliação da Educação do Ceará – SPAECE-Alfa ... 65

6.2.2 Provinha Brasil .................................................................................................. 66

6.2.3 Provinha Municipal do 1º Ano .......................................................................... 66

6.2.4 Provinha do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC .................... 67

6.2.5 Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA .................................................... 70

7 CONSIDERAÇÕES........................................................................................... 72

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 75

ANEXO A – MATRIZ DE REFERÊNCIA DA PROVINHA DO

PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA - PAIC ........... 79

14

1 INTRODUÇÃO

Na busca de informações que possibilitem visualizar, identificar e intervir os

problemas relacionados ao fracasso da educação brasileira, a configuração estrutural e

pedagógica escolar nacional preza a avaliação como fator essencial na busca pela qualidade

educacional. Assim, muitos municípios, durante o período de um ano, passam por vários

momentos de avaliação em larga escala na área de alfabetização, gerando sobrecargas em

alunos, professores e gestores educacionais. Alguns, como do Estado do Ceará, chegam a

participar de seis desses momentos.

Nesse universo, diversos instrumentos avaliativos são aplicados nas escolas no

decorrer do ano letivo. Em especial, alguns desses instrumentos são direcionados à

mensuração do nível de escrita e leitura dos alunos que compõem o ciclo de alfabetização

compreendido do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental.

Sendo notória a demasia de avaliações externas praticadas no mesmo contexto,

focaremos a atenção desse estudo em um município do estado do Ceará e iniciaremos nossa

discussão por meio do seguinte questionamento: as avaliações em larga escala, na área de

alfabetização, aplicadas atualmente neste município têm os mesmos objetivos,

metodologias e estruturas, passíveis de apoiarem o acompanhamento sistemático dos

processos de ensino-aprendizagem dos alunos?

Nesse contexto, é evidente que se elas têm a mesma proposta talvez possam ser

unificadas ou até mesmo reduzidas, visando à diminuição dos custos operacionais de suas

aplicações, além de minimizar os efeitos de sobrecargas emocionais em alunos, professores e

gestores educacionais.

Sabemos que é imperioso identificar se há coerência entre essas avaliações e a

reformulação e a melhoria das práticas e políticas educacionais. Prontamente, diversas

pesquisas sobre avaliação – interna e externa – do rendimento escolar têm-se desencadeado

por toda a cultura historicamente construída, especialmente nas últimas duas décadas. Essas

pesquisas, em sua maioria, buscam apenas confirmar ou refutar a efetivação dessas políticas

avaliativas de modo a identificar as melhorias educacionais por elas causadas, propondo a

continuidade dessas sistemáticas.

Em outros casos, observa-se também pesquisas relacionadas apenas à comparação

de características pontuais dos aspectos dos conteúdos de algumas avaliações. Podemos citar

como exemplo um estudo realizado por meio da comparação das matrizes de referência de

matemática do SAEB com a do NAEP, publicado no volume 26, número 61, da Revista

15

Científica Estudos em Avaliação Educacional, da Fundação Carlos Chagas, no ano de 2015.

Em síntese, diferentemente das características pontuadas no parágrafo acima, esse

estudo possui os seguintes objetivos:

Geral:

Analisar se as avaliações em larga escala na área de alfabetização, aplicadas

atualmente em um município do estado do Ceará, têm os mesmos objetivos, metodologias e

estruturas, de modo a apoiarem o acompanhamento sistemático dos processos de ensino-

aprendizagem dos alunos.

Específicos:

1. Descrever a estrutura geral e específica de cada avaliação em larga escala na área de

alfabetização aplicadas em um município do estado do Ceará;

2. Fazer estudo comparativo das avaliações em larga escala na área de alfabetização

aplicadas em um município do estado do Ceará;

3. Confrontar os resultados das avaliações em larga escala na área de alfabetização de um

município do estado do Ceará, no acompanhamento sistemático dos processos de

ensino-aprendizagem.

Nessa lógica, buscamos apresentar os históricos, as características e as estruturas

de cinco sistemáticas de cunho nacional, regional e municipal que avaliam a alfabetização no

município pesquisado, a saber: Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do

Estado do Ceará (SPAECE-Alfa); Provinha Brasil; Avaliação Municipal do 1º Ano; Provinha

do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC; e Avaliação Nacional da Alfabetização

(ANA).

Ademais, observaremos seus percursos metodológicos na produção de indicadores

que conduzam com eficiência o processo de alfabetização de crianças, de modo a fazer

comparativos entre eles, tomando como pressuposto a (in)existência de diálogos que

complementem a efetivação de suas propostas e tendo como base de observação os resultados

dessas avaliações.

Trata-se de uma aproximação ao tema, o qual elencamos aportes teóricos que vêm

investigando tal temática. Desse modo, trazemos uma literatura que versa sobre o fenômeno

das avaliações externas, bem como dos processos de alfabetização e letramento, buscando

16

unir tais temáticas na consecução de programas/projetos de avaliação que caminhem de modo

similar, lançando luz sobre suas similitudes e diferenças.

2 CONCEPÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL1

A avaliação acompanha o ser humano desde sua existência. Este, mesmo que

inconsciente, a todo o momento observa, compara e julga, ou seja, procede a uma avaliação

(VIANNA, 2000).

Podemos perceber a avaliação nos diversos contextos da sociedade, por exemplo:

judiciário, econômico, civil, administrativo, tributário, político, cultural, comercial,

educacional, Ciências da Saúde, entre outros. A finalidade dela depende, todavia, do meio ao

qual se posta e do sentido de sua utilização.

Tomando como base essa concepção, podemos observar que a avaliação envolve

visões e características de diversos campos do conhecimento, tais como a antropologia, a

psicologia, a sociologia, a filosofia, a ética, além das influências das teorias do currículo, das

aprendizagens e da didática, quando mencionada no campo educacional. Ainda, perpassa por

questões de natureza política e ideológica (ESTADO DE SANTA CATARINA, 2014).

No âmbito do sistema educacional, sabe-se que o emprego da avaliação é cada vez

mais presente. Porém, atualmente, a avaliação ainda é associada apenas à mensuração do

rendimento escolar (VIANNA, 2000 p. 25), processo estritamente burocrático. Segundo

Libâneo (2012, p. 264), “na tradição e no cotidiano das escolas, a medição tem sido mais

valorizada do que a avaliação – tanto que muitos alunos estudam para tirar nota, e não para

aprender”.

Contrapondo a ideia apenas de medir, o vocábulo avaliação é vasto e pode ser

aplicado em dois sentidos – o restrito, que diz respeito atinente à microavaliação, e o amplo,

referente à macroavaliação.

No meio educacional e avaliativo, a macroavaliação (ou avaliação externa) alude

à avaliação do desempenho escolar em larga escala. É externa porque é feita por avaliadores

postados fora do contexto a ser avaliado, com o intuito de não interferir ou influenciar no

resultado final, e, em larga escala, pois busca atingir um público considerável, além de

abranger aspectos mais globalizantes a serem avaliados. Na maioria das vezes, os

instrumentos avaliativos utilizados na avaliação externa são compostos por testes com

1 Esse tópico teve como base os estudos realizados no Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação do autor, referenciados ao final do trabalho.

17

perguntas de múltipla escolha.

Nesse tipo de avaliação, estão considerados três objetivos básicos:

[...] (a) a definição de subsídios para a formulação de políticas educacionais; (b) o acompanhamento ao longo do tempo da qualidade da educação; e (c) a produção de informações capazes de desenvolver relações significativas entre as unidades escolares e os órgãos centrais ou distritais de secretarias, bem como iniciativas dentro das escolas. (UFJF. CAED, 2009).

No âmbito escolar, a avaliação externa proporcionará aos gestores uma visão geral

e até mesmo individual de como está o sistema escolar, tendo como base o ensino e o

aprendizado do aluno. Dessa forma, serão obtidos subsídios para planejar e redirecionar ações

e metas voltadas à regulação e à melhoria da oferta de ensino. Quanto à gestão de sistemas, o

Estado, em posse do conhecimento da realidade avaliada, utiliza-se deste para elaborar e

orientar ações e políticas públicas voltadas ao campo educacional (UFJF. CAED, 2009).

Como exemplo desse tipo de avaliação, mencionamos a avaliação de sistemas e a de

programas.

Ainda, pertencente ao campo da macroavaliação, nos reportamos à avaliação

institucional, relacionada ao aperfeiçoamento pessoal e material da instituição, além da

melhoria da qualidade dos serviços ofertados. Geralmente, esse tipo de avaliação se compõe

da autoavaliação e da avaliação externa.

A microavaliação ou avaliação interna é aquela desenvolvida e aplicada em sala

de aula, recorrentemente, pelo próprio professor. Esta é caracterizada como avaliação do

ensino e aprendizagem e tem como principal foco o progresso no aprendizado (aluno) e a

prática de ensino (professor).

Nesses mecanismos de avaliação, é muito frequente o professor utilizar-se de

testes com perguntas, de múltipla escola ou abertas, trabalhos individuais ou em grupos,

apresentações, observações e relatórios, motivado pelo objetivo de compreender como e o que

o aluno aprende, com vistas a buscar melhores opções para a efetivação do conhecimento

deste de modo significativo.

Vale ressaltar a ideia de que, mesmo com métodos e conceitos aparentemente

distintos, as avaliações de perfil externo e de feição interna se complementam, considerando-

se seus objetivos centrais, que são a transformação educacional, de modo a garantir o

aperfeiçoamento e a qualidade da oferta de ensino, assim como a melhoria da aprendizagem.

Desse modo, por intermédio das reflexões de Vianna (2000, p. 21), podemos

inferir que a avaliação educacional [...] não se limita apenas à verificação do rendimento

escolar, atividade rotineira (e burocrática) no âmbito institucional da escola. A avaliação atual

18

concentra-se em um nível maior, segundo uma perspectiva integrada a programas de

qualidade.

Nessa lógica, percebemos que o trabalho do professor, ante a avaliação

educacional, é bastante complexo, estando arraigados nesse processo diversos fatores, entre

estes, a aprendizagem escolar.

2.1 Avaliação da Aprendizagem

É sabido que, desde os primórdios, houve a necessidade de avaliar, no entanto,

essa avaliação era algo inconsciente, livre de intencionalidade, sem ligação com a mudança de

posicionamento ou o aprimoramento do ser ou de algo. Ainda não se pensava a avaliação com

objeto integrante do ambiente escolar, tampouco como parte do processo de ensino-

aprendizagem.

Uma vez introduzida a avaliação no âmbito da aprendizagem escolar, por muito

tempo, ela se caracterizou como seletiva, classificatória, sem ligação com a prática educativa,

equiparando-se ao que hoje é conhecido como exame. Com os estudos de alguns pensadores,

porém – entre eles Stufflebeam (1971) – influenciados pelas ideias de Scriven (1967) sobre

a avaliação como um levantamento de dados para análise e posterior julgamento de valor,

pactua-se que a avaliação propõe a tomada de decisão (apud VIANNA, 2000, p. 26).

Na sociedade hodierna, quando pensamos em avaliação da aprendizagem, nos

remetemos às ideias de Cipriano Luckesi (2005, p.33), para quem “[...]pode ser

caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que

implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo”,

ou até diz respeito a uma prática estratégica voltada para a tomada de decisão por parte do

professor a favor da efetivação da aprendizagem do educando de acordo com a realidade.

Deve-se conceber o ato de avaliar como ferramenta de auxílio do cotidiano

escolar no que tange à regulação da prática de ensino, bem como diagnosticar, formar e somar

a aquisição do conhecimento. Propõe-se, no entanto, que as características da avaliação sejam

bem definidas e diferenciadas em relação às propriedades do exame.

De acordo com sua intencionalidade, a avaliação pode ser caracterizada em alguns

tipos, três dos quais serão descritos nos parágrafos a seguir: Diagnóstica, Formativa e

Somativa.

Inicialmente, é necessário que haja uma avaliação diagnóstica que indicará os

19

conhecimentos preexistentes dos alunos, assim como aptidões e interesses, alocando-os em

um determinado nível. Desse maneira, fica facilitada a intervenção do professor quanto às

dificuldades e às facilidades no ensino-aprendizagem. (ALMEIDA; FRANCO, 2011, p. 25).

A avaliação da aprendizagem de caráter formativo tem finalidades voltadas para o

retorno quanto ao meio (método ou didática) utilizado pelo professor para atingir a

compreensão/formação do aluno com vistas ao ensino-aprendizagem, bem como de modo a

detectar falhas e erros (ALMEIDA e FRANCO, 2011, p. 24).

Quanto à avaliação somativa, conforme sugere a denominação, assume caráter

somativo no que diz respeito aos conhecimentos adquiridos pelos educandos durante todo o

período, sendo esta carregada por julgamento de valor para definir a condição do aluno quanto

a sua promoção ou não, mediante a soma de critérios previamente definidos (ALMEIDA e

FRANCO, 2011, p. 24). Esse tipo de avaliação, mesmo contendo essas características, não se

enquadra no tipo dito excludente, pois não é utilizada de forma isolada dos demais perfis

avaliativos.

Mesmo que a avaliação se divida em diversos tipos, não podemos deixar de

exprimir que um depende do outro para que o processo, como um todo, tenha efetivação ante

a aquisição do conhecimento pelo educando. É necessário diagnosticar para que se possa

pensar em estratégias formativas e, consequentemente, somar o conhecimento adquirido

mediante a intervenção educativa no decorrer de um dado período. Assim, a avaliação, como

leciona Vianna (2000, p. 18) “não constitui uma teoria geral, mas um conjunto de

abordagens teóricas sistematizadas que fornecem subsídios para julgamentos valorativos.” O

autor ainda acentua que

[...] a avaliação nunca é um todo acabado, auto-suficiente, mas uma das múltiplas possibilidades para explicar um fenômeno, analisar suas causas, estabelecer prováveis consequências e sugerir elementos para uma discussão posterior, acompanhada de tomada de decisões, que considerem as condições que geraram os fenômenos analisados criticamente. (2000, p. 18).

As palavras de Heraldo Vianna (2000) vêm intensificar a indissociação da

avaliação com o meio – o avaliador, o avaliado e o instrumento utilizado para avaliar. Logo,

a avaliação assume papel flexível e dependente, mediante a concessão de sua prática como

meio de mudança, não priorizando o método em detrimento do processo.

Juntamente com os tipos de avaliação, muito se discute os métodos e os

instrumentos avaliativos: seja na educação básica, seja no ensino superior, os professores

dividem-se entre testes, seminários, trabalhos de pesquisa individuais e em grupo, relatórios

20

de observação, entre outros. Independentemente do método, é necessário que a finalidade não

se afaste do objetivo maior, a efetivação da aprendizagem. O método ou o instrumento a ser

escolhido pelo professor em determinada turma deve, no entanto, adequar a situação e a

realidade dos sujeitos a serem avaliados. Não há de ultrapassar, pois, as barreiras cognitivas

das pessoas, tampouco, o potencial destas no que diz respeito à resolução de problemas,

diagnosticados e trabalhados previamente pelo professor.

É importante lembrar que, quando mencionamos avaliação da aprendizagem,

diversos fatores devem ser considerados, visto que esta não é uma prática isolada, mas sim um

conjunto de características correlacionadas e dependentes. Ainda, se há de levar em

consideração o modo como avaliar e por que avaliar. Devemos manifestar, no entanto, a ideia

de que o ato de avaliar não é concebido de fórmula ou método pronto, assim como os porquês

de avaliar irão depender da realidade que se avalia e do objetivo final que se pretende atingir.

Sob tais argumentos, o educando deve estar consciente dos motivos pelos quais

está sendo avaliado, percebendo a importância de tal ação para que se efetive a aprendizagem

por intermédio da rotina preestabelecida mediante as atitudes do educador. Diante disso, a

avaliação, em qualquer modalidade de ensino, precisa ser vista como instrumento de

elaboração do conhecimento. Além disso, a prática docente envolve a avaliação e esta deve

proporcionar um acompanhamento mais sistemático da relação ensino-aprendizagem. Nos

dias atuais, percebemos destaque nas questões da avaliação da aprendizagem, por via da

necessidade de se rever como a escola, através dos tempos, realiza esse processo.

Há uma diferenciação evidente, como evoca Jussara Hoffmann (1999), entre o

conceito de educação e avaliação, em que os educadores percebem a ação de educar e avaliar

como dois momentos distintos e não relacionados. Esses fatores são indissociáveis, visto que

avalia para educar; avaliamos enquanto educamos e educamos para posteriormente avaliar o

educando quanto à efetiva formulação do conhecimento. Por meio desse pensamento,

avaliação deve assumir característica processual.

Neste trabalho, abordaremos a avaliação em seu contexto externo,

(macroavaliação ou avaliação em larga escala), a qual será contextualizada em âmbito

nacional, estadual e municipal, nos tópicos seguintes.

21

3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CARACTERÍSTICAS, CONCEITOS E

PROGRAMAS

Antes de conhecer um pouco mais sobre cada uma das avaliações mencionadas

nesse estudo, é necessário compreender sobre a área a qual elas se delimitam e buscam

diagnosticar qual seja o processo de alfabetização.

Logo, neste capítulo, discutiremos conceitos de alfabetização e letramento,

contextualizando com os programas de formação continuadas de professores, existentes no

âmbito educacional cearense e que possuem, em suas propostas, a avaliação externa em larga

escala como objeto fundamental de aferição da efetividade das ações de alfabetização em

língua portuguesa e matemática, desenvolvidas no cenário escolar formal.

3.1 Contextualizando a alfabetização

A Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, determinou a ampliação do tempo de

duração do Ensino Fundamental para nove anos (BRASIL, 2015a). Antes eram oito anos e a

série anteriormente denominada Alfabetização não estava inclusa nesse segmento. Com essa

lei, essa série passou a fazer parte do Ensino Fundamental I, tornando-se o 1º ano desse

segmento. A partir disso, tomou-se como ciclo de alfabetização das crianças no Brasil, o 1º ao

3º ano do Ensino Fundamental I.

Durante esse ciclo, a criança deverá ser alfabetizada e letrada, não sendo

obrigatoriamente exigido que esses processos aconteçam em apenas um desses anos, mas sim,

que seja um procedimento conjunto e contínuo.

Como nosso estudo possui relação direta com a alfabetização e o letramento, é

necessário nos debruçar sobre esses conceitos no sentido de compreendermos melhor esses

processos, já que são de suma importância para a inserção do indivíduo na sociedade

hodierna.

A alfabetização é uma fase que deve ser conduzida de forma que o alfabetizando

obtenha êxito nesse processo. Essa fase corresponde ao início de construção da língua escrita

do sujeito. Ante a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB Lei nº 9394/96),

entendemos que a alfabetização deve ser iniciada pela criança aos seis anos de idade no 1º ano

do ensino fundamental I (BRASIL, 2015b). Devendo ser esse processo executado de forma a

garantir que a criança, em um entendimento mais amplo e antes de qualquer coisa, obtenha o

conhecimento do alfabeto e assim aprenda habilidades de leitura e escrita.

22

Para que isso ocorra, o professor deve trabalhar o processo de aquisição dessas

habilidades de forma consciente de que essa arte irá fazer parte da vida dos indivíduos e estará

presente em seus momentos de convívio em sociedade.

No entanto, devemos esclarecer que a alfabetização não se restringe apenas em

codificar e decodificar. Há uma série de componentes essenciais e indispensáveis que também

fazem parte dessa ação e que antecedem a efetivação desse processo. Soares (2003, p. 1)

advoga que

aprender a ler e escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou para decodificar. Envolve, também, aprender a segurar num lápis, aprender que se escreve de cima para baixo e da esquerda para a direita; enfim envolve uma série de aspectos [...] (SOARES, 2003, p. 1).

Nessa perspectiva, podemos entender que, para concretização da alfabetização

pelo educando, é necessário, antes de qualquer coisa, domínio de técnicas por parte do

alfabetizador no que diz respeito ao ensino da língua escrita, bem como a conquista de

habilidades psicomotoras por parte do alfabetizado.

O explicitado por Soares é apenas o início de todo esse ciclo, que abrange

prestezas interdependentes e que se consolidam, dentre diversas ações, no ler, no escrever, no

interpretar, no entender e no utilizar os diferentes tipos de textos no convívio social.

Mesmo com estudos mais profundo sobre o assunto, ainda encontramos quem

acredita que alfabetizar é apenas decodificar palavras, “transformar grafemas em fonemas”

(SOARES, 2011, p.16). Como vimos, essas atividades fazem parte do processo. Todavia,

precisamos ter claro que alfabetizar é ir além de decodificar palavras. É compreender e

exprimir significados a partir do que foi decodificado. Em seu sentido pleno, o processo de alfabetização deve levar à aprendizagem de uma mera tradução do oral para o escrito, e deste para aquele, mas à aprendizagem de uma forma peculiar, e muitas vezes idiossincrática relação fonemas-grafemas, de um outro código, que tem, em relação ao código oral, especificidade morfológica e sintática, autonomia de recursos de articulação do texto e estratégias próprias de expressão/compreensão (SOARES, 2011, p. 17).

Para que isso se efetive, a criança necessita de um determinado período de tempo,

o qual possibilitará o desenvolvimento de diversas situações de aprendizagens que

contribuirão por sua passagem pelos níveis de aquisição da língua.

Sobre isso, Emília Ferreiro e Ana Teberosky, ao final de 1970, elaboraram uma

psicogénese da língua escrita na qual denominou alguns níveis de aquisição da leitura e

escrita que o sujeito percorre do início ao fim do processo de alfabetização. Esses níveis se

relacionam com as fases piagetianas de desenvolvimento da criança, fato esse que se explica

23

por meio da experiência que Ferreiro adquiriu no período em que esteve trabalhando

diretamente com Jean Piaget.

De cinco níveis apontados por Ferreiro e Teberosky (2008), o primeiro nível

denominado Pré-silábico seria aquele no qual não se percebe a escrita como representação da

língua falada.

Em um primeiro momento, a criança usaria desenhos ou rabiscos para representar

o que desejaria falar. Ainda nesse nível, em um momento posterior, já poderia estabelecer

diferenças entre números e letras e utilizaria letras do seu nome para escrever outras palavras.

No nível seguinte, denominado Silábico, a criança já atribui à escrita a

representação da fala. Consegue entender que para cada sílaba falada deve haver um grafema

para representar a escrita. Em geral, representa a sílaba pela vogal que tem nela.

Temos ainda o nível Silábico- alfabético. Neste nível, a criança domina a escrita

de alguns fonemas e sua completa representação, mas ainda representará algumas silabas por

apenas um grafema.

No próximo nível, o Alfabético, a criança já consegue representar os fonemas

pelos grafemas correspondentes e identifica as regularidades da língua, no entanto, cometendo

pequenos erros de escrita, mas não interferindo na compreensão do leitor.

Por último, o nível Ortográfico, desenvolve-se no decorrer da vida do indivíduo,

correspondendo ao domínio continuo das normas as quais compõem a língua.

O estudo realizado pelas autoras nos permite aferir determinados progressos das

crianças, entre os quais, o detrimento de achar que não há uma lógica ou há um completo

desconhecimento quando uma criança representa a palavra bola apenas pelas vogais “O” e

“A”.

A partir do conhecimento baseados nesses níveis, os professores podem elaborar

estratégias metodológicas que auxiliem a criança a progredir até ser considerada pertencente

ao último nível da psicogênese da língua escrita. As autoras, todavia, desassociaram o

processo de alfabetização ao de letramento, conceito este último que passamos a discutir.

3.2 Contextualizando letramento

O letramento, por vez, caracteriza-se como algo além da perspectiva da

alfabetização, como a vivência e o uso da cultura escrita e falada no cotidiano do indivíduo.

Não é apenas obter o conhecimento do alfabeto para se considerar alfabetizado e/ou letrado. É

a união dessas duas partes, alfabetização e letramento, que permitirá a obtenção desse status

24

ante à sociedade. Portanto, acreditamos que esses dois processos podem e devem ocorrer de

forma simultânea.

Para melhor entendimento, precisamos recorrer ao passado, momento em que era

possível identificar muitos sujeitos considerados analfabetos. Por diversas razões, houve um

declínio desses números de analfabetos. Entretanto, ser apenas alfabetizado nos dias atuais já

não era suficiente. Era preciso fazer uso das habilidades de ler e de escrever. A partir desse

ponto, surgiu o conceito de letramento.

Soares (1998) não vincula a palavra letrado, aquele que é versado em letras, ao

significado da palavra letramento. O sujeito é considerado letrado na perspectiva do

letramento aquele que, além de ser alfabetizado, faz uso social da leitura e da escrita. Segundo

a autora ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e de decodificar a língua escrita; apropriar-se da escrita é tomar a escrita como ‘própria’, ou seja, é assumi-la como sua ‘propriedade (p. 39).

Cada sujeito se apropriará do uso da leitura e da escrita de acordo com suas

necessidades e/ou com o seu gosto pessoal. Desse modo, temos diferentes tipos e níveis de

letramento. Segundo Soares (1998), há poucas pesquisas no Brasil para identificar o grau de

letramentos dos brasileiros. A teórica ainda afirma que para ser considerado letrado é

necessário que o sujeito tenha concluído pelo menos o 5º ano do Ensino Fundamental I.

Entretanto, existem diferentes situações sociais e/ou econômicas que vão

influenciar a vida estudantil dos alunos até que atinjam o 5º ano. Podendo uns apresentar-se

letrado e outros apenas terem passados por esses anos sem se apropriar da leitura e da escrita.

É sabido que as crianças que têm pais letrados têm bagagem maior e maiores condições de

interagir e integrar o mundo letrado do que aquelas crianças com um nível social que não

permite um contato maior com culturas diversificadas.

Elencando a estes entendimentos, alfabetização e letramento “implica ampliar a

competência comunicativa dos aprendizes, isto é, a competência gramatical e a competência

textual, considerando o nível de ensino e aprendizagem da língua (FORTALEZA, 2011.

p.197- 198)”.

Considerando todas essas concepções, podemos firmar que a escrita, sem dúvidas,

faz parte da vida do indivíduo. Quando nasce, após os primeiros anos, inicia-se seu processo

de aprendizado da língua falada e, consequentemente, a aquisição dos sinais gráficos –

alfabeto – que irá reproduzir sua fala através da escrita. A partir desse momento, a escrita

25

estará presente de forma direta no seu cotidiano.

Nessa lógica, o individuo se utilizará da escrita e da leitura nas mais diversas

situações, em especial, como forma de se comunicar, organizar melhor o pensamento, difundir

ideias e informações, além de manter relações sociais.

Em meio a tudo isso, no âmbito escolar, os alunos do ciclo que percorre o

processo de alfabetização são avaliados sem se considerar essa diversidade de fatores que

influenciarão nos seus resultados.

3.3 Formações de professores para a alfabetização e letramento ante os contextos

avaliativos externos em larga escala

Atualmente, os processos avaliativos internos e externos, que permeiam o

ambiente escolar, possibilitam ao professor e a todo o sistema educacional a visualização da

realidade educacional em que se encontram seus alunos. Essa visualização se dá por meio da

obtenção de dados estatísticos e pedagógicos que permitem, dentre diversos aspectos,

mudanças de práticas docentes e reorientações de políticas públicas para o ensino.

Todavia, embasada nos diferentes níveis de aquisição da leitura e da escrita que

são apresentados por Ferreiro e Teberosky, a avaliação da aprendizagem em crianças que

estão no processo de alfabetização deve ter como finalidade averiguar em qual nível de

desenvolvimento a criança se encontra e, a partir desse diagnóstico, desenvolver metodologias

para que haja progressão para outros níveis ou aperfeiçoamento do nível o qual se encontra.

Assim, seria importante que essa avaliação fosse, a princípio, diagnóstica e, subsequente,

formativa.

Entretanto, para a concretização dessas situações por parte dos envolvidos, os

processos avaliativos internos e externos presentes no cotidiano escolar não são suficientes. É

cogente que o professor desenvolva estudos contínuos na área de alfabetização e letramento,

que tenha conhecimentos acerca do trabalho docente, didáticas, metodologias, assim como

também, esteja em constante atualização de conhecimentos.

Levando em consideração que a preocupação com a alfabetização de crianças

deve ser prioridade não somente do professor ou da escola, mas de toda a sociedade, foi

instituída como meta cinco do Plano Nacional de Educação (PNE) – lei nº 13.005, de junho

de 2014 (BRASIL, 2015c), com vigência até 2024, a ser alcançada por todos os municípios

brasileiros e Distrito Federal – “Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º

ano do Ensino Fundamental” (BRASIL, p.5, 2014).

26

Nesse sentido, propondo garantir a alfabetização de crianças no início do ciclo

escolar ou ciclo de alfabetização, que compreende o 1º, 2º e 3º ano do ensino fundamental,

diversos programas de formação continuada de professores são desenvolvidos em âmbito

municipal, estadual e federal.

Estes programas possuem como objetivo assegurar a alfabetização escolar dentro

do dito ideal. Desse modo, são promovidas formações teóricas/práticas de professores de

modo que esse profissionais estejam aptos a atuarem nas séries de maior desenvolvimento da

alfabetização e do letramento; garantia de material didático adequado; além de

acompanhamento sistemático dos resultados alcançados por meio de avaliações em larga

escala de cunho externo.

Assim, no âmbito do Ceará, faremos uma breve contextualização dos dois maiores

programas de formação desenvolvidos nas séries iniciais perpetrados no estado.

3.3.1 O Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC

No ano de 2004, por ocasião da criação do Comitê Cearense para a Eliminação do

Analfabetismo Escolar, pela Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, e constituído por

diversos órgãos, entre eles o UNICEF, a APRECE, a UNDIME/CE, o INEP/MEC e diversas

universidades cearenses, foram realizadas pesquisas sobre alfabetização de crianças nos

municípios cearenses, cujos resultados levaram a dados preocupantes. Segundo o relatório

divulgado, o estudo revelou uma situação de alfabetização crítica (Gráfico 1).

Gráfico 1: Níveis de alfabetização na 2ª série do EF.

Fonte: Relatório final do Comitê para Eliminação da Alfabetização Escolar (Adaptado).

27

Por meio dos resultados, pôde-se observar o quanto estava caótica a situação

educacional na perspectiva do ler e do escrever no estado cearense. Assim, UNDIME/CE, e

APRECE, com apoio do UNICEF, idealizaram e criaram um programa de alfabetização por

meio de um acordo de cooperação mútua entre estado e municípios: O Programa de

Alfabetização na Idade certa (PAIC), inicialmente aderido por 56 municípios. Mais tarde, em

2007, a execução do programa foi assumida oficialmente pelo Governo do Estado Ceará,

tornando-se uma política pública, momento em que todos os municípios fizeram o pacto de

adesão (CEARÁ, 2012).

Diante disso, por meio do regime de cooperação, “o programa foi organizado em

cinco eixos: Gestão da Educação Municipal, Avaliação Externa, Alfabetização, Formação do

Leitor e Educação Infantil”. Assim sendo, adotou-se como principal objetivo “alfabetizar

todos os alunos das redes públicas de ensino do estado até os 7 anos de idade” (CEARÁ,

2012, p.17). Nesse contexto, “a cooperação integra várias linhas de ação, com intervenções

sistêmicas que objetivam potencializar a capacidade dos municípios de gerarem bons

resultados na alfabetização de crianças” (CEARÁ, 2012, p.29)2.

Por meio da observação da potencialidade do PAIC em relação à eliminação do

analfabetismos escolar no estado do Ceará, o governo federal propôs a criação de um

programa de características idênticas, todavia, a nível nacional. Desse modo, em 2012, foi

instituída a criação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).

3.3.2 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC

Em 2012, sob influências das experiências de alfabetização de crianças realizadas

pelo Governo do Estado do Ceará, por meio do Programa de Alfabetização na Idade Certa

(PAIC), foi criado o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).

Diferentemente do PAIC, que promovi suas ações apenas no estado de origem – Ceará – o

PNAIC propõe a alfabetização de crianças em âmbito nacional. Assim, foi assinado um

acordo – Pacto – entre governo federal, Distrito Federal, estados, municípios, no sentido de

fortalecer e garantir a alfabetização de crianças até os oito anos de idade, ou 3º ano do ensino

fundamental. Momento este que fecha o ciclo de alfabetização (BRASIL, 2015d. p.11).

2 Por meio da observação da potencialidade do PAIC em relação a eliminação do analfabetismo escolar no estado do Ceará, o governo federal propôs a criação de um programa de características idênticas, todavia, a nível nacional. Desse modo, em 2012, foi instituída a criação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).

28

Segundo o programa, ao assinar o acordo, os envolvidos se comprometem com a

alfabetização de crianças nas disciplinas de língua portuguesa e matemática; colaboração,

junto ao INEP, com a aplicação de avaliações universais aos formandos do ciclo de

alfabetização; e o apoio dos estados para com os municípios na implementação e no

desenvolvimento do programa (BRASIL, 2015d. p.11).

Ainda, para a concretização dos objetivos, de acordo com a cartilha de orientação

do programa (BRASIL, 2015d, p.12, 13 e 14), a estrutura do PNAIC foi pensada de modo a

desenvolver as ações do programa dentro de quatros eixos, a saber:

I. Formação continuada de professores alfabetizadores;

II. Materiais didáticos e pedagógicos;

III. Avaliações;

IV. Gestão, controle social e mobilização.

O eixo III faz referência à Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), a qual

integra o Saeb. Adiante, focaremos o estudo nesse eixo com o intuito de fazermos

comparativos dessa avaliação com as demais provas aplicadas em níveis semelhantes e

que igualmente competem para o acompanhamento das ações desenvolvidas no âmbito

desses programas e bem como dos níveis de alfabetização das crianças beneficiadas com a

educação pública escolar.

4 AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA NO BRASIL: HISTÓRICO, OBJETIVOS,

METODOLOGIAS E ESTRUTURAS

No Brasil, as pesquisas sobre avaliação, segundo Libâneo (2012, p. 264), tiveram

início no ano de 1930, porém, o início das experiências de avaliação do rendimento escolar

em larga escala foi marcado pelo desenvolvimento do Programa de Expansão e Melhoria da

Educação no Meio Rural (Edurural/NE) EDURURAL no Nordeste do país, datado do início

da década de 1980 (GATTI, 1993).

Esse programa abalizou estudo envolvendo coleta e análise de dados quantitativos

e qualitativos que incluíam o testes de rendimento escolar para o acompanhamento de 603

escolas rurais, com 807 professores e cerca de 7.000 alunos de 2ª e 4ª séries e suas respectivas

famílias (THERRIEN, 2016).

29

Para Sousa (2005 apud Gatti, Vianna, Davis, 1991, p.9), o programa foi planejado para ser desenvolvido no período 1980-1985, em 250 municípios dos estados da região Nordeste do Brasil, tinha como objetivos centrais a ampliação do acesso à escola, da população em idade escolar; a maior eficiência dos processos de escolarização; e, melhor qualidade da educação, a ser traduzida, entre outros indicadores, em melhoria do rendimento escolar dos alunos atendidos pelo programa.

Esses objetivos vinculam-se aos discursos sobre a democratização do acesso à

educação no Brasil, visto no âmago dos movimentos sociais, nos anos de 1970 e 1980,

materializando-se com a promulgação da Constituição Nacional de 1988 e firmado por meio

da LDB de 1996.

Com isso, a educação, direito de todos e dever do estado e da família (BRASIL,

2015e), passa a considerar o ensino escolar como propulsor da aquisição de conhecimentos

necessários ao exercício da cidadania e da qualificação para o trabalho.

Para isso, o artigo 206 da Constituição e o artigo 3 da LDB elencam, dentre outros

princípios, a garantia de padrão de qualidade. Assim, para que o disposto seja cumprido, a

própria LDB garante, em seu artigo 9, inciso VI, que a União se responsabilizará de

“assegurar o processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental,

médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de

prioridades e a melhoria da qualidade do ensino (BRASIL, 2015b)”.

Nesse cenário, desde a garantia do direito à educação pela Constituição de 1988,

passando pelo fortalecimento de tal ideal pela LDB de 1996, observamos diversas

transformações no tratamento dos processos educativos, promovidos pela pesquisa científica e

intensificação da cultura avaliativa, em especial, a de larga escala, para a melhoria da

qualidade educacional por meio da promoção e da reestruturação de políticas públicas.

Dentre tantas experiências em avaliação em larga escala realizadas desde o

EDURURAL, o Ministério da Educação, juntamente com diversas instituições de pesquisa

educacional, implementaram no ano de 1990, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Básica (SAEB), o qual contou com uma amostra do rendimento escolar de estudantes de

instituições públicas que ofertavam as 1ª, 3ª, 5ª e 7ª séries do Ensino Fundamental (BRASIL,

2016).

Dentre tantas mudanças acontecidas no SAEB, as maiores ocorreram em 2005,

quando este foi reestruturado pela Portaria Ministerial nº 931, de 21 de março de 2005,

passando a ser composto por duas avaliações: Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb)

e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil, e, em

30

2013, quando a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), prevista no Pacto Nacional pela

Alfabetização na Idade Certa- PNAIC, passou a compô-lo (BRASIL, 2016).

Desde a experiência do EDURURAL, perpassando pela LDB/1996 e a criação do

SAEB, estados e municípios do Brasil têm dispensado esforços na promoção de políticas

avaliativas para aferição do rendimento escolar por meio dos seus próprios sistemas, mesmo

que a união tenha instituído exames, índices e indicadores com alcance nacional (LÍBANEO,

2012, p. 265).

Dentre os estados da federação, o Ceará possui forte influência no cenário

nacional, visto que o desenvolvimento de estudos e os programas se relacionam com práticas

avaliativas voltadas para a promoção da educação e, especificamente, a erradicação do

analfabetismo infantil.

Como exemplo de política avaliativa desenvolvida nesse estado, está a criação do

Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE) no ano de 1992. A

aplicação das avaliações desse sistema abrange os alunos das escolas públicas das redes

estaduais e municipais, desde as etapas de Alfabetização até o Ensino Médio (CEARÀ, 2016).

Considerando que essa cultura avaliativa perpassa a instância estadual, um estudo

que está sendo realizado pelo Núcleo de Avaliação Educacional, do Programa de Pós-

Graduação em Educação Brasileira, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do

Ceará, desde o ano de 2010, atualizada em 2013, identificou a existência de sistemas próprios

municipais de avaliação em diversos municípios do Estado do Ceará3. Assim, podemos

perceber o desenvolvimento de avaliações a nível nacional, estadual e municipal no estado.

4.1 Avaliação em larga escala no Estado do Ceará

O termo avaliação, como sabemos, relaciona-se com a verificação da qualidade de

um determinado objeto para posterior julgamento valorativo, seguido de tomada de decisão.

Assim, no decorrer do período letivo, são concebidas pelos docentes distintas condições e

tipos de instrumentos avaliativos, para aferição dos resultados dos níveis de aprendizagens

dos educandos, pontuando-se os objetivos anteriormente definidos e aqueles que já foram

concretizados. Tomando por base a sala de aula, esses instrumentos variam entre provas, 3 O estudo foi citado por sua proponente, Professora Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca, que fez referência ao trabalho inicial de Oliveira, Marques e Ribeiro (2010), durante sua participação na Mesa Redonda intitulada “Gestão educacional e sistemas municipais de avaliação”, no VI Congresso Internacional em Avaliação Educacional, ocorrido entre os dias 5, 6 e 7 de novembro de 2015, na cidade de Fortaleza/CE. Segundo a autora, os resultados serão inicialmente publicados em um Trabalho de Conclusão de Curso em desenvolvimento no Curso de Pedagogia, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal do Ceará.

31

portfólios, trabalhos em grupo, pesquisas, apresentações orais, peças teatrais, entre outros.

Assim, ao visualizar os objetivos da avaliação, tal como o sujeito a ser avaliado, é possível

eleger os instrumentos adequadamente pertinentes ao processo.

No âmbito escolar brasileiro, observamos diversas avaliações, em diferentes

níveis (federal, estadual, municipal), que objetivam acompanhar o desenvolvimento

educacional das crianças nas séries iniciais do ensino fundamental. Especificamente, elas

aspiram aferir, por meio do instrumento prova, o nível dos alunos em relação à efetivação do

processo de alfabetização em língua portuguesa e matemática.

Nessas provas, definem-se como base de construções Matrizes de Referências,

elaboradas de acordo com os aspectos globais do conhecimento, os quais as crianças precisam

ter adquirido no decorrer do ciclo de alfabetização.

Além disso, suas organizações estruturais e pedagógicas consideram diversos

fatores internos, externos e, algumas vezes, intrínseco à escola e ao aluno, intervenientes dos

resultados obtidos. Nessa sentido, apresentaremos nos tópicos subsequentes as descrições

dessas sistemáticas a fim de adquirirmos informações para posteriores análises e comparações

entre as mesmas.

Ainda, levando em consideração o contexto do Estado do Ceará e por estarmos

tratando de avaliação da alfabetização, abordaremos as avaliações que mensuram essa

temática e que são desenvolvidas, especificamente no município lócus da pesquisa.

4.1.1 Sistema Permanente de Avaliação da Educação do Ceará – SPAECE-Alfa (2º ano do

EF)

O SPAECE é uma avaliação externa e censitária, aplicada anualmente ao 2º

(SPAECE-Alfa), 5º e 9º ano do ensino fundamental e no 1º, 2º e 3º ano do ensino médio, das

escolas públicas estaduais e municipais do Ceará. As demais séries são avaliadas de forma

amostral4.

Em decorrência dos baixos níveis de alfabetização no estado e por ocasião da

criação do PAIC, Em 2007[...], a Secretaria de Educação realizou uma avaliação da capacidade de leitura dos alunos da rede pública do 2º ano do Ensino Fundamental por meio do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará – Alfabetização (Spaece Alfa). De caráter universal, a prova proporcionou uma linha de base para avaliação do Paic ao longo dos anos (CEARÀ, 2012, p.30).

4 A partir de 2013, as turmas de 2ª e 3ª série do ensino médio também passaram a ser avaliadas de forma

amostral.

32

As provas elaboradas em decorrência dessa avaliação, assim como as

anteriormente pontuadas, são estruturadas por meio de matriz de referência, porém, as

habilidades englobam apenas conhecimentos acerca da língua portuguesa, relacionados à

leitura e à escrita. Como seguem.

Tabela 1: Matriz de Referência – SPAECE-Alfa – Língua Portuguesa

Fonte: SPAECE/Caed

33

Os resultados dessa avaliação são organizados em escalas que são utilizadas para

verificar em qual dos cinco níveis de alfabetização as crianças se encontram. Cada nível de

alfabetização é representado por uma cor.

Figura 1: Escala por padrão de desempenho

Fonte: SPAECE/Caed.

A cor vermelha expressa o nível de não alfabetizado, a cor laranja o de

alfabetização incompleta, a cor amarela intermediário, a cor verde-claro de suficiente e verde-

escuro de desejável.

Veja nas figuras abaixo, a exemplificação dos resultados dos municípios na escala

de proficiência por cor, comparando o ano de 2007 com 2013, que foram, respectivamente, o

ano de início e o de edição divulgada mais recente do programa:

Figura 2: Mapa dos resultados Figura 3: Mapa dos resultados

(SPAECE Alfa 2007). (SPAECE Alfa 2013).

Fonte: PAIC/SEDUC/CE Fonte: PAIC/SEDUC/CE

34

De acordo com as figuras, verificamos que, na primeira aplicação do SPAECE-

Alfa, a maioria dos municípios apresentava o nível intermediário de alfabetização, segundo a

escala de cores. Após alguns anos de desenvolvimento desse sistema de avaliação,

verificamos uma significativa melhora desses níveis. Nesse sentido, constata-se que em 2013,

a maioria dos municípios já apresentava o nível desejado de alfabetização.

4.1.2 Provinha Brasil (2º ano do EF)

A Provinha Brasil, instituída por meio da Portaria normativa nº 10, de 24 de abril

de 2007, estruturada pelo Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais Anísio

Teixeira (INEP) e implementada desde 2008, é uma avaliação promovida pelo Governo

Federal em parceria com os governos das demais esferas administrativas e algumas

instituições educacionais. Ela possui caráter diagnóstico e é aplicada, em âmbito nacional, nas

turmas de 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas, duas vezes ao ano: uma de

entrada, no início do período letivo e uma de saída, ao final do período letivo (BRASIL,

2015f). A fundamentação para avaliar esse período escolar baseia-se na proposta do Plano de

metas – Todos pela Educação, que considera forçoso “alfabetizar as crianças até, no máximo,

os oito anos de idade, aferindo os resultados por exame periódico específico” (BRASIL,

2015g).

Essa prova propõe averiguar o desenvolvimento dos conhecimentos referentes à

Língua Portuguesa e à Matemática dos alunos que, por no mínimo de um ano, foram

submetidos ao processo de alfabetização, sendo essa segunda área incluída apenas a partir de

2011. O intuito dessa inclusão, de acordo com a proposta da avaliação, foi a garantia da

ampliação do diagnóstico dos conhecimentos básicos que todos precisam adquirir ao final

desse ciclo de estudos.

Nessa ótica, a Provinha Brasil abaliza como principais objetivos

a) avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos iniciais do ensino

fundamental; b) oferecer às redes e aos professores e gestores de ensino um resultado da

qualidade da alfabetização, prevenindo o diagnóstico tardio das dificuldades de aprendizagem; e

c) concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional. (BRASIL, p. 6, 2015f)

É imperioso que todo e qualquer tipo de avaliação, seja ela educacional ou não,

deve concorrer para a melhoria qualitativa daquilo que se apóia, nesse sentido, de acordo com

35

a proposta avaliativa da Provinha Brasil, os professores, escolas e secretarias de educação, em

posse dos resultados e informações coletadas por meio do instrumento, poderão promover e

garantir melhorias no processo de ensino-aprendizagem e alfabetização de crianças, ante à

promoção e à adaptação de políticas educacionais, revisão de planejamentos, estratégias

pedagógicas, construção de metas, mudanças e reformulação de componentes curriculares, de

modo a adequar-se às prioridades de cada município, sistema de ensino, escola ou

professores, bem como as necessidades dos alunos (BRASIL, p.6, 2015f). Vale ressaltar que a

prática dessa avaliação não é obrigatória, bem como sua data de aplicação, que pode ser

definida a critério do sistema de ensino. Entretanto, segundo sua proposta, a participação dos

sistemas de ensino promove benefícios a todos que praticam e fazem parte da ação escolar. • Os alunos poderão ter suas necessidades mais bem atendidas mediante o diagnóstico realizado e, com isso, espera-se que o seu processo de alfabetização aconteça satisfatoriamente. • Os professores alfabetizadores contarão com um instrumental valioso ― que possibilitará a reorientação sobre o que ensinar e como ensinar ― para identificar, de forma sistemática, as dificuldades dos alunos. Além disso, as análises e interpretações dos resultados e os documentos pedagógicos a eles relacionados poderão contribuir para a formação dos professores. • Os gestores poderão fazer escolhas bem fundamentadas em sua gestão, reunindo elementos para o planejamento curricular e para subsidiar a formação continuada dos professores alfabetizadores, a fim de melhorar a qualidade do ensino em sua rede (BRASIL, p.7, 2015f).

A elaboração do instrumento avaliativo, prova, pauta-se mediante utilização de

matrizes de referência para cada área a ser avaliada, língua Portuguesa e Matemática. Vejamos

a seguir:

36

Tabela 2: Matriz de Referência – Provinha Brasil – Língua Portuguesa

Fonte: MEC/INEP

37

Tabela 3: Matriz de Referência – Provinha Brasil – Matemática

Fonte: MEC/INEP

A matriz de referência de língua portuguesa elenca aptidões acerca de

conhecimentos relacionados à leitura e à escrita. Sua elaboração teve como principal

38

pressuposto o documento Pró-Letramento – Programa de Formação Continuada de

Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental, além de documentos que

orientam as diversas avaliações nacionais desenvolvidas pelo INEP.

Ao visualizarmos a matriz, podemos verificar que sua proposta é trabalhar com os

conceitos de escrita alfabética e letramento: o primeiro como sendo o processo de aquisição

da compreensão das regras de funcionamento do sistema de escrita, enquanto que o segundo

seria compreendido como capacidade de usos e funções sociais da língua escrita. Sendo

assim, esses processos devem ser erigidos de forma complementar e em paralelo, entendendo

o processo de alfabetização como um procedimento de inclusão e de integração participativa

dos sujeitos (BRASIL, 2015f).

Nesse contexto, observamos que foram consideradas em sua estrutura habilidades

fundamentais para o desenvolvimento da alfabetização, como vistas em seus eixos:

apropriação do sistema de escrita; leitura; compreensão e valorização da cultura escrita.

No que concerne à alfabetização matemática evidenciada nessa avaliação, consiste

num processo de leitura e escrita que visa permitir ao aluno utilizar as ideias matemáticas para

compreender o mundo onde vive e muni-lo de ferramentas para resolver os problemas com os

quais são confrontados. Trata-se de um procedimento concreto e, ao mesmo tempo abstrato,

onde busca-se compreender o que se lê e se escreve a respeito dos números, de operações, do

espaço e da forma, das grandezas e das medidas e do tratamento da informação (BRASIL,

2015f).

Essa concepção alinha-se com o que conhecemos como aprendizagem

significativa que consisti em “um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com

um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo” (MOREIRA e MASINI,

2001, p. 17), ou seja, é o significado que o sujeito atribui as suas vivências e conhecimentos já

adquiridos.

Em consequência, destaca-se que uma das principais competências que se espera

desenvolver no processo de alfabetização matemática, é o uso da linguagem simbólica

correspondente às noções fundamentais da Matemática, em que os símbolos matemáticos

devem aparecer como elementos facilitadores da comunicação, caracterizando-se, sobretudo,

pela compreensão dos significados das operações. Prontamente, o aluno desenvolve

estratégias pessoais de resolução de problemas, as quais serão propulsoras dessa concepção,

demandando a passagem por situações que possibilitem a consolidação progressiva dos

conceitos matemáticos, e, por conseguinte, instigando a constituição de uma postura

39

questionadora que possibilite levá-lo a desenvolver o pensamento lógico e a vislumbrar as

relações de causa e efeito (BRASIL, 2015f).

De acordo com o que afirmamos no início deste tópico e ainda o que descrevemos

sobre as características da Provinha Brasil, podemos verificar que esta caracteriza-se como

sendo uma avaliação em larga escala de cunho externo, porém, sua correção se dar na própria

instituição, por meio de técnicos das secretarias de educação do município, do núcleo gestor

da escola e, na maioria das vezes, pelo próprio professor da turma avaliada. Para orientar

nessa correção e na interpretação dos resultados, é disponibilizado junto aos instrumentos

avaliativos, um folhetim contendo as instruções necessárias.

4.1.3 Avaliação Municipal do 1º Ano (1º ano do EF)

O município pesquisado implantou, em 2008, a Lei nº 1.269/07, regulamentada

pelo Decreto nº 2.010/09 e pelo Decreto nº 3.045/2014 que sistematiza avaliação com os

alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, a fim de monitorar o nível de proficiência dos

discentes nos eixos de leitura e escrita, na fase de alfabetização.

Baseada nos Parâmetros Curriculares e na Matriz Curricular do município foi

criada uma Matriz de Referência que engloba as habilidades que deverão ser dominadas pelos

alunos nessa série/ano. Como segue:

Tabela 4: Matriz de Referência da Provinha Municipal do 1º Ano – Língua Portuguesa

Eixo 1:Apropriação do sistema de escrita

Tópicos Nº descritor

Descritor Detalhamento

1-Distinção

entre letras e outras formas

gráficas

D1

(SPAECE-D1)

Identificar letras entre

rabiscos, desenhos, números e outros símbolos

gráficos.

Avalia se o aluno identifica letras entre várias formas gráficas tais como rabiscos,

desenhos, números e outros símbolos gráficos, apresentadas em diferentes

seqüências.

D2

(SPAECE-D2)

Reconhecer as letras do

alfabeto.

Avalia se o aluno reconhece uma determinada letra, ou uma sequência de

letras.

2-Domínio das Convenções

gráficas.

D3 (SPAECE-D3)

Identificar as direções da escrita.

Avalia se o aluno identifica a direção correta da escrita (de cima para baixo, da esquerda para a direita), identificando a localização

do início e término da escrita em uma página de caderno ou em um texto.

Avalia se o aluno identifica o espaçamento

40

D4 (SPAECE-D4)

Identificar o espaçamento entre palavras na

segmentação da escrita.

entre palavras na segmentação da escrita, contando as palavras de uma frase ou os

espaçamentos entre elas.

3-Desenv. da consciência fonológica.

D5

(SPAECE-D6)

Identificar Rimas.

Avalia se o aluno identifica os sons semelhantes (no final da palavra).

D6

(SPAECE- D7)

Contar as sílabas de uma

palavra.

Avalia se o aluno conta sílabas

(os “pedacinhos”) de uma palavra.

D7

(SPAECE-D8)

Identificar sílabas

(consoante/vogal) no início de palavras.

Avalia se o aluno identifica o som da sílaba

inicial, formada pelo padrão consoante/vogal/consoante de uma palavra.

D8

(SPAECE-D9)

Identificar sílabas (consoante/vogal) no final

de palavras.

Avalia se o aluno identifica o som da sílaba final, formada pelo padrão consoante/vogal

de uma palavra.

4-Domínio da escrita.

D9 (PRÓ-

LETRAMENTO LP-Alfa)

Escrever palavras de cor.

Avalia se o aluno é capaz de escrever de cor

palavras como o próprio nome.

D10 (PRÓ-

LETRAMENTO LP-Alfa)

Escrever segundo o princípio alfabético.

Avalia se o aluno compreende o princípio alfabético que regula o sistema de escrita.

D11 (PRÓ-

LETRAMENTO LP-Alfa)

Escrever sentenças com maior ou menor extensão.

Avalia se o aluno escreve, mesmo com

alguns erros, sentenças com maior ou menor extensão.

Eixo 2:Leitura Tópicos Nº

descritor Descritor Detalhamento

1-Decodificaçã

o e compreensã

o de palavras.

D12

(SPAECE-D10)

Ler palavras com sílabas no padrão canônico (consoante/vogal).

Avalia se o aluno lê palavras formadas por sílabas no padrão canônico: consoante/vogal.

D13

(SPAECE-D11)

Ler palavras no padrão não canônico (consoante/vogal/ consoante)

Avalia se o aluno lê palavras formadas por sílabas no padrão não canônico: (consoante/vogal/consoante)

2-

Decodificação e

compreensão de textos.

D14 (SPAECE -D12)

Compreender frases.

Avalia se o aluno lê frases com estrutura sintática simples, na ordem direta.

Leitura individual Tópicos Nº Descritor Detalhamento

41

Descritor 3-Desenvolv. da capacidade de decodificação.

D15 (Pró-letramento LP-

Alfa)

Identificar e/ou reconhecer as letras do alfabeto.

Avalia se o aluno é capaz de identificar ou reconhecer as letras do alfabeto.

D16 (Pró-letramento LP-

Alfa)

Ler palavras no padrão canônico e não canônico.

Avalia se o aluno é capaz de ler palavras compostas por diferentes estruturas silábicas.

D17 (Pró-letramento LP-

Alfa)

Ler frases com estrutura simples.

Avalia se o aluno é capaz de ler frases com estrutura sintática simples.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação do município pesquisado – Cedido/adaptado.

A elaboração e a aplicação dessa avaliação são realizadas pela própria equipe da

Secretaria Municipal de Educação, por meio da Diretoria de Avaliação e Monitoramente –

DAM.

A tabulação dos dados é sistematizada em uma plataforma específica, trabalho

esse também desenvolvido pela DAM.

Consolidados, os resultados dessa avaliação são apresentados a gestores e

professores por meio de gráficos específicos. Ainda, os professores com turmas que

evidenciam alfabetização igual ou superior a 90% recebem incentivos por meio de

bonificação, e a escola, a qual pertence a turma, reconhecimento ante a comunidade escolar.

Além de conhecer essas avaliações, é necessário compreender sobre a área em que

tais avaliações se delimitam e buscam diagnosticar qual seja o processo de alfabetização.

4.1.4 Provinha do Programa de Alfabetização na Idade Certa - PAIC (2º e 3º ano do EF)

A Provinha PAIC surgiu por decorrência da implantação do Programa de

Alfabetização na Idade Certa - PAIC. Esse instrumento faz parte de um dos eixos do

programa: o de avaliação.

Ela possui como objetivo avaliar, de forma diagnóstica, as aprendizagens dos

alunos que compõe o 2º ano, e que serão os beneficiados pelas ações do PAIC durante todo o

ano letivo. Em virtude da criação do Programa PAIC Mais, o 3º ano também passou a realizar

essa avaliação.

Por se tratar de uma avaliação diagnóstica, essa prova busca proporcionar aos

professores, gestores escolares, secretaria de educação e demais interessados, indicadores de

42

níveis de alfabetização aos quais encontram-se as crianças. Esses indicadores servirão de base

para a condução do trabalho docente, de modo a promover a regulação da aprendizagem,

como propõe as ideias de Perrenoud (1998).

Os instrumentos avaliativos dessa sistemática são construídos externamente, tendo

como base uma matriz de referência5. Quanto à escala de proficiência, mesmo não ficando

explícita, observa-se a utilização da mesma do SPAECE-Alfa.

De posse dos resultados da aplicação da avaliação diagnóstica do PAIC, ao início

do período letivo, os envolvidos no processo educacional planejam e realizam ações tendo

com foco a mudança qualitativa desses resultados ao longo do ano.

No sentido de observar a concretização do trabalho desenvolvido, ao final do

período letivo, é aplicada uma avaliação de caráter externo, universal e censitária aos alunos

participantes do programa. Essa avaliação mostrará o que foi concretizado por meio das ações

planejadas e desenvolvidas durante o ano, no que se alude à alfabetização das crianças.

Estamos nos referindo ao SPAECE-Alfa (COELHO, 2013, p. 27).

4.1.5 Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA (3º ano do EF)

A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) é uma sistemática de caráter

externo, universal e censitário. Tem como objetivo diagnosticar o domínio das habilidades dos

alunos das escolas públicas municipais ao final do 3º ano do ensino fundamental – final do

ciclo de alfabetização – em língua portuguesa e matemática.

A ANA integra as ações desenvolvidas no âmbito do Pacto Nacional pela

alfabetização (PNAIC), criado por meio da Portaria nº 867, de 4 de julho de 20126, que

propõe, em seu artigo 1º, “[...] alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade,

ao final do 3º ano do ensino fundamental, aferindo os resultados por exame periódico

específico [...]” (BRASIL, 2015e). Inicialmente, a ANA possuía como proposta ser uma

avaliação anual, porém, isso só foi verificado em suas duas primeiras aplicações, no ano de

2013 e 2014, sendo vetada sua aplicação em 20157.

5 Por ser uma matriz bastante extensa, sua visualização poderá ser feita em forma de anexo ao final desse trabalho. 6 Posteriormente, neste mesmo trabalho, abordaremos este programa em tópico específico. 7 Em discurso divulgado nas mídias sociais, o Ministério da Educação justificou essa decisão alegando que seria apenas uma pausa para a reestruturação dessa avaliação. Os principais motivos pontuados foram: 1 – A demora na publicação dos resultados, visto que a prova realizada ao final do ano de 2014 só teve seus resultados divulgados no segundo semestre de 2015; e 2 - A inexistência de um banco de itens de 3º ano do

43

Por caracterizar-se como avaliação voltada para verificação do rendimento escolar

da alfabetização (língua portuguesa e matemática), seus objetivos se constituem em: i) Avaliar o nível de alfabetização dos educandos no 3º ano do ensino fundamental ii) Produzir indicadores sobre as condições de oferta de ensino; iii) Concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional (BRASIL, 2013, p.7).

Para assegurar a promoção da efetividade dos objetivos, por meio da obtenção

dos dados resultantes de sua aplicação, os instrumentos avaliativos da ANA são construídos

resguardados em matrizes de referências, uma de língua portuguesa, que abrange

conhecimentos acerca dos processos de alfabetização em leitura e escrita, e uma de

matemática, que envolve conhecimentos concernentes a números e à álgebra; geometria;

grandezas e medidas; e tratamento da informação. Como podemos observar a seguir:

Ensino Fundamental para a elaboração da prova, fato esse que foi confirmado por meio de lançamento de edital público, em 2015, para seleção de professores para formulação de itens.

44

Tabela 5: Matriz de Referência – Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) – Língua

Portuguesa

Fonte: MEC/INEP

45

Tabela 6: Matriz de Referência – Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) – Matemática

Fonte: MEC/INEP

Com base na matriz, o instrumento avaliativo de língua portuguesa possui vinte

itens, mesclado com três questões de escritas (itens de respostas abertas) e dezessete questões

objetivas (itens de múltipla escolha).

46

Segundo a proposta da avaliação (BRASIL, p. 8, 2013), “os itens abertos

aplicados no teste de Língua Portuguesa têm como intuito [...] verificar o desenvolvimento da

habilidade de escrever palavras de forma convencional e de produzir textos”. Nessa lógica,

busca-se observar o aprendizado das crianças em relação à [...] estrutura do texto, capacidade de gerar o conteúdo textual de acordo com o gênero solicitado e de organizar esse conteúdo, estruturando os períodos e utilizando adequadamente os recursos coesivos (progressão do tempo, marcação do espaço e relações de causalidade). Assim, com a produção textual dos estudantes, espera-se avaliar os contextos de uso da escrita, a organização textual, a coerência e coesão da produção, o uso de pontuação e aspectos ortográficos e gramaticais [...] (BRASIL, p. 8, 2013).

Quanto ao caderno de Matemática, sua organização também possui o total de

vinte itens, porém, todos são objetivos de múltipla escolha.

Complementando a estrutura dessa avaliação, além de aferir o conhecimento

escolar, ela verifica outros fatores que contribuem no processo educacional, logo, também

busca “avaliar aspectos de contexto que envolvam a gestão escolar, a infraestrutura, a

formação docente e a organização do trabalho pedagógico, entendidos como aspectos

intervenientes no processo de aprendizagem” (BRASIL, 2013, p.7). Assim, são aplicados

questionários contextuais aos docentes gestores.

Mesmo que toda a estruturação, a execução e a correção da ANA sejam realizadas

por sujeitos externos à instituição escolar, é orientado que, no momento de sua aplicação, o

professor da turma a ser avaliada esteja presente na sala de aula.

Tendo como base os testes realizados pelos alunos e a resolução dos questionários

contextuais que tratam sobre as condições de oferta do ensino nas unidades escolares, os

resultados da ANA são concebidos por meio da abrangência estadual, municipal e escolar,

sendo ausentes resultados individuais por aluno. Ademais, esses resultados consideram

também os quantitativos de participação dos alunos, os quais são observados por meio da

coleta dos dados informados no Censo da Educação Básica realizados a cada ano.

Levando em consideração esses dados, a participação da escola na avaliação, bem

como a divulgação dos resultados, é condicionada ao quantitativo de alunos matriculados no

3º ano do Ensino Fundamental, no mínimo 10, tendo destes, 80% respondentes das provas.

Em salas multisseriadas, são extraídos apenas dados amostrais.

É importante ressaltar que, atualmente, a ANA integra o Saeb, juntamente à

Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb, e à Avaliação Nacional do Rendimento

Escolar - Anresc ou comumente conhecida, "Prova Brasil".

47

5 METODOLOGIA

Apresentaremos nas seções subsequentes os métodos e técnicas utilizados no

trajeto de desenvolvimento desta pesquisa. Além disso, faremos a contextualização do

município alvo da investigação.

5.1 Natureza da pesquisa

O trabalho de natureza qualitativa, na forma de estudo de caso, com cunho

descritivo, feita por meio de observação in locus e nos documentos e sites oficiais utilizados.

Consoante Rossman e Rallis (1998) apud Creswell (2007), na pesquisa qualitativa

o pesquisador pode “desenvolver um nível de detalhes sobre a pessoa ou sobre o local e estar

altamente envolvido nas experiências reais dos participantes (p. 186)”, podendo utilizar um ou

mais meios investigativos.

É relevante ressaltar que essa natureza de pesquisa [...] é fundamentalmente interpretativa. Isso significa que o pesquisador faz uma interpretação dos dados. Isso inclui o desenvolvimento de descrição de uma pessoa ou de um cenário, análise de dados para identificar temas ou categorias e finalmente, fazer uma interpretação ou tirar conclusões sobre seu significado, pessoal e teoricamente, mencionando as lições aprendidas e oferecendo mais perguntas a serem feitas (ROSSMAN; RALLIS, 1998; WOLCOTT, 1994 Apud CRESWELL 2007, p. 186).

O estudo de caso, por tratar-se de análises de descrições, para uma melhor

exposição e um entendimento dos resultados, foram elencadas cinco categorias, a saber:

Matriz de referência; Elaboração do instrumento avaliativo; Aplicação do instrumento

avaliativo; Divulgação dos resultados; O que é feito a partir dos resultados.

A partir da categorização, passamos para a fase de conclusão, momento realizado

por meio de estudo caso que, consoante Gil, (2008) versa sobre estudo aprofundado dos

elementos, de modo a admitir extensivos detalhamentos. Assim, esse estudo se deu pela

comparação entre as avaliações apresentadas nesse análise e as desenvolvidas no município

pesquisado, ante cada categoria elencada.

Para Triviños (1987) e Gil (2008), a tipologia descritiva possui como objetivos

essenciais a descrição das características de determinada população ou acontecimento ou,

ainda, o estabelecimento de afinidades entre variáveis. Esses autores afirmam que algumas

das particularidades desse tipo de pesquisa dar-se-á pelo emprego de técnicas padronizadas

para obtenção dos dados.

48

Ademais, de acordo com Rudio (2014, p. 71 e 72), a pesquisa descritiva preocupa-

se em descobrir e observar acontecimentos, podendo aparecer em formas de pesquisa

documental, estudo de caso, entre outras. Segundo o autor Estudando o fenômeno, a pesquisa descritiva deseja conhecer a sua natureza, sua composição, processos que o constituem ou nele se realizam[...]. O problema será enunciado em termos de indagar se o fenômeno acontece ou não, que variáveis o constituem, como classificá-lo, que semelhanças ou diferenças existem entre determinados fenômenos, etc. Os dados obtidos devem ser analisados e interpretados e podem ser qualitativos, utilizando-se palavras para descrever o fenômeno [...] (RUDIO, 2014, p. 71).

Destarte, apresentaremos a seguir os procedimentos técnicos utilizados no

percurso metodológico de acordo com a sequência de acontecimento.

5.1.1 Procedimentos técnicos

Levando em consideração o tipo da pesquisa, o percurso metodológico do

trabalho, o qual nos possibilitou obter os resultados, foi realizado em quatro momentos, a

saber: levantamento de dados e teorização por meio da pesquisa bibliográfica; da pesquisa

documental; e, com o intuito de complementarmos as informações coletadas, a observação;

em seguida, para termos suporte para discussão, recorremos ao estudo comparativo dos

resultados. Seguem, portanto, as etapas.

5.1.1.1 Levantamento bibliográfico

Esse tipo de procedimento, segundo Oliveira (2007, p. 69) vale-se de “estudo

direto em fontes científicas”. Ainda, possui como principal objetivo “colocar o pesquisador

em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto”

(MARCONI E LAKATOS, 2003, p. 183), sendo de essencial importância ao pesquisador no

“reforço paralelo nas análises de suas pesquisas ou manipulação de suas informações”

(TRUJILLO, 1974, p.230 Apud MARCONI E LAKATOS, 2003, p.183)

49

5.1.1.2 Pesquisa documental

De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 174), a pesquisa desse modelo se

caracteriza pelas fontes da coleta de informações restringirem-se a documentos, escritos ou

não, estabelecendo a ideia de fontes primárias. Segundo as autoras, podemos entender como

exemplos desse caso documentos de arquivos públicos, publicações parlamentares e

administrativas, estatísticas (censos), documentos de arquivos privados, cartas, contratos,

entre outros (p.175).

Esta técnica, nesse estudo, concretizou-se no levantamento de informações e

análises de documentos em sites oficiais, acerca das avaliações descritas. Assim foram

utilizados como principais meios de obtenção dos dados publicações de leis, portarias e

orientações sobre todas as sistemáticas, beneficiando a percepção do processo de maturidade,

bem como de enriquecimento de conceitos, grupos, conhecimentos, comportamentos,

mentalidades e práticas (CELLARD, 2008).

5.1.1.3 Observação participante

Marconi e Lakatos (2003, p. 190) afirmam que “a observação é uma técnica de

coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados

aspectos da realidade”

Como alguns dados e informações identificados no decorrer da construção do

trabalho não conseguiram sustentar-se sob os documentos examinados, visto que não existia

disponibilização nos ambientes consultados, foi necessária a busca por meios que pudéssemos

utilizar para comprovação daquilo que seria exposto na pesquisa. Nesse caso, recorremos à

técnica de observação participante, a qual foi empregada para descrever e analisar processos e

contextos que não foram publicizados de forma externa pelas mídias das instâncias

administrativas de cada avaliação.

Nese caso, a observação nos possibilitou “a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Desempenha papel importante nos processos observacionais, no contexto da descoberta, e obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade (MARCONI E LAKATOS, 2003, p. 191)”.

Nesse tipo de observação, a participante, o pesquisador estuda e toma parte das

50

atividades habituais do grupo fazendo com que os sujeitos entendam a importância e a

necessidade da investigação, todavia, sem esconder o seu objetivo ou a sua missão quanto ao

estudo (MARCONI E LAKATOS, 2003, p. 191).

Neste contexto, essa etapa do trabalho careceu de específica atenção no

envolvimento do pesquisador com o pesquisado no sentido de se efetivar o cumprimento dos

objetivos estabelecidos. Destarte, a observação realizou-se na conjuntura das atividades

desenvolvidas no âmbito da secretaria de educação do município pesquisado.

5.1.1.4 Estudo comparativo

Com os resultados auferidos por meio da pesquisa documental e da observação,

utilizamos estudos comparativos que, no caso da descrição, como a apresentada neste

trabalho, segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 107 e 108) “pode averiguar a analogia entre ou

analisar os elementos de uma estrutura. Logo, interpretando as ideias das autoras, utilizamos

esse método com objetivo de verificar similitudes e diferenças entre as características das

sistemáticas avaliativas, bem como de seus resultados no município pesquisado.

Quanto ao esclarecimento dos elementos o método comparativo concerne, até

determinado mote, “apontar vínculos causais, entre os fatores presentes e ausentes

(MARCONI E LAKATOS, 2003, p. 108)”.

Para fácil visualização e entendimento, os resultados advindos das comparações

das categorias serão disponibilizados em tabelas no tópico cinco que trata dos resultados e

discussão.

5.2 Lócus da pesquisa

Neste tópico, faremos uma breve apresentação descritiva do município e, por

estarmos tratando de avaliação da alfabetização, pontuaremos o contexto educacional ao qual

está inserido, levando em consideração as séries iniciais do ensino fundamental.

51

5.2.1 Caracterização política do município

A pesquisa, realizada no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em

Educação Brasileira, desenvolveu-se em um município do estado do Ceará, descrito neste

momento.

Consoante o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE, a localidade

tornou-se município em 1985 e encontra-se na região metropolitana de Fortaleza. Sua

população é estimada em 209.057 habitantes e possui área de 106, 648km², de acordo com o

último senso (IBGE, 2015).

Apesar de pouco tempo de emancipação política, o município se caracteriza como

tendo uma das principais arrecadações do estado do Ceará, sendo sua economia baseada no

comercio e na indústria, essa última umas das principais no âmbito estadual.

5.2.2 Caracterização educacional do município

Com base nos dados coletados no senso escolar de 2013 e 2014, disponibilizados

por meio do Painel Educacional do INEP/MEC, o panorama educacional do município em

relação às séries iniciais do ensino fundamental apontam um quantitativo de 15.757

matrículas, como disposto na tabela 1. Demais dados podem ser observados nas tabelas 7, 8,

9, 10, 11, 12, 13 e 14, dispostas abaixo8.

Tabela 7: Quantitativo total de alunos matriculados no ensino fundamental I

Ano: 2014

Escolas

Matrículas

Rede

Rede Municipal (RM) 78 15.757

Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

8 Os dados apresentados consideram somente as escolas que atendem os anos iniciais do Ensino Fundamental.

52

Tabela 8: Matrículas nos anos iniciais

Matrículas nos Anos Iniciais 2013 2014

RM

RM

1º ano

2.595 2.384

2º ano

2.677 4.417

3º ano

2.888 2.899

4º ano

3.024 2.954

5º ano

3.312 3.103 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Na tabela 8, observamos que, de 2013 para 2014, o quantitativo de alunos

matriculados no 2º ano aumentou 65%, que é um resultado significativo. Nesse caso,

podemos perceber o grande quantitativo de provas aplicadas, levando em consideração que

três das sistemáticas analisadas são aplicadas neste ano de ensino e uma delas duas vezes ao

ano.

Tabela 9: Média de estudantes por turma

Média Estudantes por Turma 2013 2014

RM

RM

1º ano

19,20 18,80

2º ano

20,00 20,90

3º ano

22,20 23,80

4º ano

23,60 23,30

5º ano

24,20 24,40 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Mesmo com o aumento de matrículas no 2º ano em 2014, como visto na tabela 8,

se compararmos a média de alunos por turma (tabela 9) de 2013 com 2014, perceberemos a

permanência do valor, com irrisório aumento, em 2014. De tal modo, podemos inferir que

houve aumento de turmas e, consequentemente, de professores e possivelmente de escolas,

nesse ano de ensino.

53

Tabela 10: Total de estudantes incluídos

Total de Estudantes Incluídos 2013 2014

RM

RM

1º ano

65 26

2º ano

91 123

3º ano

116 99

4º ano

109 127

5º ano

103 114 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Quanto à inclusão de alunos com necessidades especiais, percebemos de 2013

para 2014, redução nas turmas de 1º e 3º ano e aumento considerável nas turmas de 2º, 4º e 5º

ano.

Tabela 11: Matrículas em tempo integral

Matrículas em Tempo Integral

2013 2014

RM

RM

1º ano

196 291

2º ano

520 885

3º ano

857 984

4º ano

984 1.009

5º ano

1.181 1.197 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

De acordo com a tabela 11, de 2013 para 2014, houve um aumento de matrículas

em tempo integral em todas as séries. Todavia, essa quantidade fica abaixo de 1/3 do total de

alunos matriculados, o que podemos considerar como baixa.

54

Tabela 12: Taxa de aprovação

Taxa de Aprovação (%) 2013 2014

RM

RM

1º ano

98,70 99,10

2º ano

95,20 94,90

3º ano

93,30 92,70

4º ano

93,30 91,90

5º ano

95,40 95,20 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Observando a tabela 12, percebemos que nenhuma das turmas apresentadas, tanto

em 2013 quanto em 2014, teve taxa de aprovação inferior a 90%, o que podemos considerar

como positivo.

Tabela 13: Taxa de reprovação

Taxa de Reprovação (%) 2013 2014

RM

RM

1º ano

0,00 0,00

2º ano

4,30 4,60

3º ano

6,00 6,60

4º ano

5,40 7,20

5º ano

3,70 3,80 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Consequentemente em relação à tabela 12, a tabela 13 aponta taxa de reprovação

baixa, porém, com atenção para o 3º que reteve 6,60% dos alunos, e o 4º ano que reteve

7,20%, no ano de 2014. Todas as turmas tiveram taxas maiores em 2014 comparado com

2013.

55

Tabela 14: Taxa de abandono

Taxa de Abandono (%) 2013 2014

RM

RM

1º ano

1,30 0,90

2º ano

0,50 0,50

3º ano

0,70 0,70

4º ano

1,30 0,90

5º ano

0,90 1,00 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Como dado positivo, em 2014, com exceção do 5º ano, todas as turmas

diminuíram a taxa de abandono. No somatório de todas as turmas deste mesmo ano, essa taxa

fica abaixo de 5%.

Tabela 15: Taxa de distorção idade-série

Taxa de Distorção Idade-série (%) 2013 2014

RM

RM

1º ano

4,90 0,80

2º ano

9,60 5,50

3º ano

18,00 13,60

4º ano

22,70 21,30

5º ano

22,60 24,00 Fonte: INEP/Painel Educacional - Adaptado.

Na tabela 15, com ressalva para o 1º ano em 2014 que ficou abaixo de 1%,

podemos perceber altíssimas taxas de distorção idade-série em todos os anos de ensino, tanto

em 2013 como 2014. Cabe salientar que a redução desse índice de um ano para o outro foi

irrisório, tendo o 5º ano apresentado aumento em 2014.

Se considerarmos que no ano de 2014 todas as crianças da rede municipal, aptas a

participarem das avaliações mencionadas neste estudo, estiveram presentes no dia da

aplicação e efetivaram a realização da prova, iremos perceber um total de 9.700 alunos, o que

56

podemos entender como sendo um número bastante alto se ponderarmos o total da população

de diversos municípios do estado do Ceará, tais como: Altaneira 6.82 hab.; Antonina do Norte

6.916 hab.; Arneiroz 7.652 hab.; Baixio 6.020 hab.; Ererê 6.697 hab.; General Sampaio 6.099

hab.; Granjeiro 4.616 hab.; Guaramiranga 6.451 hab.; Itaiçaba 7.255 hab.; Jati 7.524 hab.;

Moraújo 7.956 hab.; Mulungu 9.156 hab.; Pacujá 5.986 hab.; Palhano 8.748 hab.; Penaforte

8.224 hab.; Potiretama 6.110 hab.; São João do Jaguaribe 7.805 hab.; Senador Sá 6.852 hab.;

Tarrafas 8.739 hab.; Umari 7.522 hab., de acordo com senso populacional de 20109 (IBGE,

2015).

Outrossim, existem avaliações que aferem língua portuguesa e matemática, e

avaliações que, além disso, são aplicadas duas vezes ao ano. Logo, existem, nesse contexto,

alunos que respondem entre duas a quatro provas de uma mesma sistemática.

A partir dessas observações, podemos afirmar que o sistema escolar ao qual

mencionamos é bastante denso em relação à população educacional atendida e ao quantitativo

de avaliações externas aplicadas.

6 RESULTADOS

As seções seguintes apresentam os resultados obtidos ante os objetivos

anteriormente estabelecidos e a categorização definida com critério de coleta para dados.

Ademais, definimos um tópico específico para observarmos as características das avaliações

da alfabetização desenvolvidas no município e outro para visualizarmos os resultados das

mesmas.

6.1 Comparativos das características das avaliações da alfabetização desenvolvidas no

município pesquisado

Neste tópico, pontuamos as diferenças e as similitudes de cada avaliação. Para

melhor visualização e entendimento dos dados, elegemos como meio de exposição a

construção de uma tabela para cada categoria.

6.1.1 Matriz de referência

Nesta categoria, fizemos um levantamento sobre a responsabilização da definição

da matriz de referência de cada avaliação, as disciplinas e os assuntos que são abordados e a

9 Vale ressaltar que os dados educacionais pontuados referem-se ao ano de 2014 e 2013.

57

quantidade de descritores ou habilidades pontuados em cada matriz.

Tabela 16: Panorama das matrizes de referências das avaliações da alfabetização.

Avaliação Quem Elabora? Disciplinas Avaliadas Assuntos/Eixos

Quantidade de Descritores/Ha

bilidades*

Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA

Governo Federal/Ministério

da Educação – MEC

Língua portuguesa Matemática

Líng. port.: Leitura; escrita.

Mat.: Números e álgebra; geometria;

grandezas e medidas; tratamento da informação.

12 Líng. port. 18 Mat.

Provinha Brasil

Governo Federal/Ministério

da Educação – MEC

Língua portuguesa Matemática

Líng. port.: Apropriação do

sistema de escrita; leitura.

Mat.: Números e operações; geometria; grandeza e medidas;

tratamento da informação.

10 Líng. port. 16 Mat.

Sistema Permanent

e de Avaliação

da Educação do Ceará – SPAECE-

Alfa

Governo do Estado do Ceará/Secretaria

de Educação do Estado do Ceará – SEDUC/Centro de Políticas Públicas e

Avaliação da Educação – CAED

Língua portuguesa

Líng. port.: Apropriação do

sistema de escrita; leitura.

22 Líng. port.

Provinha Programa

de Alfabetização na Idade

Certa – PAIC

Governo do Estado do Ceará/Secretaria

de Educação do Estado do Ceará –

SEDUC

Língua portuguesa Matemática

Líng. port.: Apropriação do

sistema de escrita; leitura; escrita.

Mat.: Números e operações; espaço e forma; grandeza e

medidas; tratamento da informação.

22 Líng. port. 22 Mat.

Provinha do 1º Ano

Governo Municipal/Secretari

a Municipal de Educação

Língua portuguesa

Apropriação do sistema de escrita;

leitura. 17 Líng. port.

*Na Provinha PAIC os dados são referentes aos descritores que aparecem entre o 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental (EF) I. A visualização individual de cada ano de ensino pode ser vista no Anexo A deste trabalho.

Fonte: Da pesquisa.

58

Na visualização da tabela acima, podemos identificar que a definição ou a

construção da matriz fica a cargo de entes externos àqueles a serem avaliados.

No que concernem às disciplinas, percebemos que algumas das sistemáticas

possuem matemática e língua portuguesa em sua estrutura enquanto outras não. Esse caso é

visto na Provinha do 1º ano e no SPAECE-Alfa que, mesmo sendo estruturada pela mesma

instituição da Provinha PAIC, apresenta-se apenas com língua portuguesa. Quanto aos eixos

abordados nessas disciplinas, verificamos total semelhança de uma avaliação para outra.

Na comparação das habilidades pontuadas em cada matriz, apenas a Provinha Paic

e o SPAECE-Alfa possuem o mesmo quantitativo, podendo ser percebido a existência de dois

extremos no quantitativo das avaliações que mensuram o 2º ano. A Provinha Brasil que aponta

apenas dez para língua portuguesa, e o SPAECE-Alfa e Provinha PAIC que apresentam vinte

e duas habilidades cada, na mesma disciplina.

6.1.2 Elaboração do instrumento avaliativo

Podemos observar que a elaboração de todas as sistemáticas avaliativas ora

apresentadas é de responsabilidade de órgãos externos ao contexto avaliado, oriundos do

Governo Federal e Estadual, exceto a Prova do 1º ano que é elaborada pela Secretaria de

Educação do próprio município pesquisado.

Esses órgãos são responsáveis por conduzir todo o processo de criação das

avaliações, desde a elaboração das matrizes de referência à construção dos itens que

comporão os testes avaliativos. Quanto à teoria utilizada para elaboração, dentre as cinco

avaliações, percebe-se a predominância da Teoria de Reposta ao Item - TRI10. Assim,

observemos a tabela a seguir.

.

10 A TRI é uma teoria baseada em cálculos estatísticos utilizada na maioria das avaliações em larga escala existentes no Brasil, desde a construção do item que compõe o instrumento avaliativo até o modo de divulgação dos resultados.

59

Tabela 17: Panorama de elaboração das avaliações da alfabetização.

Avaliação Quem Administra? Quem Elabora? Teoria

Predominante Tipos de

Itens

Quantidade de itens

Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA

Governo Federal/Ministério

da Educação – MEC

Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Anísio Teixeira - INEP

Teoria de Resposta ao Item

– TRI

Múltipla escolha e discursiv

os

20 Líng. Port.

20 Mat.

Provinha Brasil

Governo Federal/Ministério

da Educação – MEC

Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Anísio Teixeira - INEP

Teoria de Resposta ao Item

– TRI*

Múltipla escolha

20 Líng. Port.

20 Mat.

Sistema Permanent

e de Avaliação

da Educação do Ceará – SPAECE-

Alfa

Governo do Estado do Ceará/Secretaria

de Educação do Estado do Ceará –

SEDUC

Centro de Políticas Públicas e

Avaliação da Educação – CAED

Teoria de Resposta ao Item

– TRI

Múltipla escolha

24 Líng. Port.

Provinha Programa

de Alfabetização na Idade

Certa – PAIC

Governo do Estado do Ceará/Secretaria

de Educação do Estado do Ceará –

SEDUC

Governo do Estado do Ceará/Secretaria

de Educação do Estado do Ceará – SEDUC/Centro de Políticas Públicas e

Avaliação da Educação – CAED

Teoria de Resposta ao Item

– TRI*

Múltipla escolha e discursiv

os

22 Líng. Port.

22 Mat.

Provinha do 1º Ano

Governo Municipal/Secretari

a Municipal de Educação

Governo Municipal/Secretari

a Municipal de Educação

Teoria Clássica dos Testes – TCT

Múltipla escolha e discursiv

os

15 Líng. port.

*A TRI é utilizada na elaboração dos testes. Na análise dos resultados utiliza-se a TCT.

Fonte: Da pesquisa.

Ainda, dependendo da avaliação, são encontrados itens discursivos e de múltipla

escolha. A quantidade total de itens em cada prova varia de acordo com a instância (Federal,

Estadual, Municipal), a área do conhecimento (Língua Portuguesa, Matemática), e o ano

avaliado (1º, 2º e 3º ano).

60

6.1.3 Aplicação do instrumento avaliativo

Em sua maioria, por se caracterizarem como avaliações externas, assim como na

elaboração, a aplicação dessas provas são realizadas por órgãos externos ao contexto avaliado.

São equipes preparadas para esse processo, contratadas pelas instâncias

administrativas de cada avaliação, com ressalva para a Provinha Brasil que é aplicada, a

critério do sistema de ensino, pelo próprio professor da turma, e a Avaliação Municipal do 1º

ano que aproxima-se do ambiente avaliado, visto que sua aplicação é feita pelos técnicos da

Secretaria de Educação do próprio município. Observemos a tabela abaixo.

61

Tabela 18: Panorama de aplicação das avaliações da alfabetização.

Avaliação Quem

Gerencia a Aplicação

Quem Aplica Período de Aplicação

Quem Corrigi?

Avaliação Nacional da

Alfabetização – ANA

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Anísio Teixeira – INEP

Equipe Indicada pelo

INEP

Quarto semestre

Instituto Nacional

de Estudos e Pesquisas

Anísio Teixeira –

INEP

Provinha Brasil

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Anísio Teixeira – INEP

Professor da turma

avaliada*

Entrada: Primeiro semestre

Saída: Quarto semestre

Professor da turma avaliada*

Sistema Permanente de Avaliação da Educação do

Ceará – SPAECE-Alfa

Centro de Políticas

Públicas e Avaliação da Educação –

CAED

Equipe indicada pelo

CAED em Parceria com a

SEDUC

Quarto semestre

Centro de Políticas

Públicas e Avaliação

da Educação – CAED

Provinha Programa de

Alfabetização na Idade Certa –

PAIC

Secretaria Municipal de

Educação

Equipe indicada pela

Secretaria Municipal de Educação*

Primeiro Semestre

Secretaria Municipal

de Educação

Provinha do 1º Ano

Secretaria Municipal de

Educação

Equipe indicada pela

Secretaria Municipal de

Educação

Quarto semestre

Secretaria Municipal

de Educação

*Exemplo do município pesquisado, podendo ter variações em outros sistemas.

Fonte: Da pesquisa.

A aplicação de praticamente todas as avaliações ocorre no quarto semestre do ano

letivo, o que não abre margem para a conclusão e a publicação dos resultados ainda no

período letivo vigente. Em alguns casos, a visualização dos resultados é ainda mais

conflitante, uma vez que só são recebidos pelos interessados, instituição de ensino, gestores,

professores e alunos, no decorrer do ano seguinte, tempo em que os educandos já estão em

séries mais avançadas, não sendo possíveis intervenções mais efetivas no processo de ensino-

aprendizagem. É o caso do SPAECE-Alfa, que lança seus resultados entre o final do primeiro

62

semestre e início do segundo semestre do ano seguinte ao qual a avaliação foi realizada e,

como caso ainda mais extremo, a ANA que tem divulgado apenas no terceiro semestre do ano

seguinte.

No caso da Provinha Brasil, essa visualização dependerá exclusivamente da

Secretaria Municipal de Educação, visto que toda a organização após o recebimento dos

cadernos de prova fica a critério desta.

Na Provinha PAIC, a organização é semelhante à Provinha Brasil, porém, é

disponibilizado pela instituição elaboradora, no caso, a Secretaria de Educação do Estado do

Ceará, uma plataforma para sistematização dos resultados com data para inicio e finalização

dos trabalhos.

Quanto à correção, o que nos chamou maior atenção foi a Provinha Brasil que,

mesmo tendo características de instrumento externo, possui como corretor da turma avaliada o

próprio professor.

6.1.4 Divulgação dos Resultados

A divulgação dos resultados de cada sistemática avaliativa é feita de forma

variada. Algumas se fundamentam na Teoria de Resposta ao Item, disponibilizando em

escalas de proficiências, construídas com base na alocação dos alunos em diferentes níveis de

conhecimentos, os quais devem ser adquiridos no decorrer do ciclo de alfabetização. Outras

utilizam a Teoria Clássica dos Testes, baseando-se apenas na média do somatório de acertos e

notas de cada sujeito, como visto anteriormente na descrição de cada avaliação.

Dependendo da abrangência e da instância administrativa, a publicação desses

resultados é feita por sistemas de ensino, seja ele federal, estadual ou municipal, por unidade

escolar, por turma e por aluno em sites oficiais ou plataformas específicas para tais fins. O

acesso, em alguns casos, é disponibilizado apenas para os sistemas de ensino ou responsáveis

diretos pela instituição educativa, não existindo publicação. Em outros casos, é

disponibilizado para toda a sociedade, seja como forma de retorno das ações desenvolvidas

por meio de políticas públicas, seja para realização de pesquisa por meio da comunidade

científica, para premiações específicas, ou simplesmente para consultas. Para melhor

compreensão, vejamos a tabela a seguir:

63

Tabela 19: Panorama de divulgação dos resultados das avaliações da alfabetização.

Avaliação Quem Divulga? Quem pode Visualizar?

Onde é Divulgado?

Como é Divulgado?

Avaliação Nacional da

Alfabetização – ANA

Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Anísio Teixeira – INEP

Sociedade em geral

Site oficial; Plataforma específica

Por sistema de ensino

(estadual, municipal); Por escola

Provinha Brasil Não é divulgado*

Secretaria Municipal de

Educação; Escola;

Professor da turma avaliada*

Não é divulgado*

Não é divulgado*

Sistema Permanente de Avaliação da Educação do

Ceará – SPAECE-Alfa

Centro de Políticas Públicas

e Avaliação da Educação –

CAED/Secretaria Estadual de Educação –

SEDUC

Sociedade em geral Site oficial

Por sistema de ensino

(estadual, municipal); Por escola; Por aluno

Provinha Programa de

Alfabetização na Idade Certa –

PAIC

Não é divulgado*

Secretaria Estadual de Educação; Secretaria

Municipal de Educação;

Escola; Professor da

turma avaliada*

Não é divulgado*

Não é divulgado*

Provinha do 1º Ano

Não é divulgado*

Secretaria Municipal de

Educação; Escola;

Professor da turma avaliada

Não é divulgado*

Não é divulgado*

*Exemplo do município pesquisado, podendo ter variações em outros sistemas.

Fonte: Da pesquisa.

Nos casos em que não há publicação, a tabulação dos dados da avaliação, bem

como a visualização dos resultados, são realizados em plataformas sistematizadas com acesso

restrito. Com ressalva para a Provinha Brasil que não possui nenhum tipo de sistema, embora,

64

no site oficial desta avaliação, conste da seguinte frase “[...] em 2013, por conta das ações do

PNAIC, o INEP está desenvolvendo um Sistema online para apoiar as redes de ensino que

queiram lançar seus resultados da Provinha Brasil, gerar relatórios e analisar os dados de

forma mais sistemáticas” (BRASIL, 2015). No caso da Provinha PAIC, a plataforma é

disponibilizada pela SEDUC, já na Provinha do 1º ano, pela SME.

6.1.5 O que é feito a partir dos resultados

A tabela a seguir faz referência à efetivação das propostas avaliativas para com o

retorno à sociedade ante as ações de melhoria da qualidade educacional.

Tabela 20: Panorama dos objetivos do uso dos resultados das avaliações da alfabetização.

O que é feito por meio dos resultados?

Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA

Promoção e reestruturação de políticas públicas para alfabetização.

Provinha Brasil Ações de planejamento e replanejamento da prática de ensino por parte do professor.

Sistema Permanente de Avaliação da Educação do

Ceará – SPAECE-Alfa

Promoção e reestruturação de políticas públicas para alfabetização.

Premiação de escolas com melhores resultados.

Apoio às escolas com piores resultados. Repasse do ICMS para os municípios.

Provinha Programa de Alfabetização na Idade Certa –

PAIC

Ações de planejamento e replanejamento da prática de ensino por parte do professor.

Provinha do 1º Ano Ações de planejamento e replanejamento da prática de ensino por parte do professor.

Bonificação de incentivo aos professores com turmas ditas alfabetizadas.

Reconhecimento das turmas e escolas com melhores resultados.

Fonte: Da pesquisa.

Mesmo que sejam apontadas ações de reestruturação e criação de políticas para a

melhoria da educação, isso, de modo geral, não é perceptível de forma concreta.

65

6.2 Comparativos dos resultados das avaliações da alfabetização desenvolvidas no

município pesquisado

Neste tópico, pontuaremos os resultados das avaliações na área de alfabetização

desenvolvidas no município e aqui descritas, confrontando-as entre si no sentido de

analisarmos o desempenho de um ano para outro, ressaltando a passagem dos mesmos alunos

em cada ano de ensino.

6.2.1 Sistema Permanente se Avaliação do Estado do Ceará – SPAECE-Alfa

A análise e a divulgação dos resultados dessa avaliação são realizadas externas às

escolas e aos sistemas municipais de ensino, por meio de instituições contratadas para esse

fim.

Os resultados são expostos mediante alocação das escolas, dos municípios e do

estado em relação à percentagem dos níveis de proficiência, de acordo com a escala da

avaliação. Como vistos abaixo:

Figura 4: Resultados de Desempenho e Participação.

Fonte: Spaece/Caed – Boletim de resultados - Adaptado.

A figura acima diz respeito à publicação dos resultados de cada município de

acordo com a escala de proficiência. Essa publicação diz respeito aos dados que a sociedade

como todo tem acesso. Neste trabalho, foram suprimidos dados referentes à identificação do

município pesquisado, bem como dados de resultados de outros municípios.

Quanto ao desempenho individual da escola e dos alunos, o acesso fica restrito ao

Sistema Municipal e Estadual de Ensino.

66

6.2.2 Provinha Brasil

De acordo com o site oficial da Provinha Brasil, “com o resultado da correção em

mãos, é possível identificar qual o nível de alfabetização e o nível de matemática que os

alunos encontram-se (BRASIL, 2015h)”.

Todavia, essa avaliação não possui sistema de tabulação de dados e nem meios

estatísticos e pedagógicos que possibilitem fidedignidade na interpretação dos resultados,

tanto da parte federal como da municipal. Apenas é preenchido um formulário gabarito pelo

professor da turma, com os erros e acertos de cada criança, sendo direcionado à Secretaria

Municipal de Educação.

Ademais, não observamos retorno de seus resultados para a instância a qual a

administra, no caso, a união por meio do Ministério da Educação. Outro aspecto relevante é

sobre a ausência de divulgação direta para a sociedade.

A justificativa observada para essa característica se baseia no fato de ser uma

avaliação de cunho diagnóstico e que sua correção e interpretação de resultados dependem

apenas do professor da turma avaliada, da escola ou do sistema municipal de educação.

Todavia, essa realização fica a critério interno desses envolvidos, embora não sejam

idealizadores dessa ideia de avaliação, tampouco deram instrução ou passaram por formação

adequada para essa finalidade.

6.2.3 Provinha Municipal do 1º Ano

A Provinha Municipal do 1º Ano divulga seus resultados gerais apenas

internamente por meio das médias simples de acertos e erros. O intuito maior é divulgar a lista

do quantitativo de turmas e escolas que obtiveram ou não, êxito na avaliação. Vejamos os

exemplos abaixo:

67

Gráficos 2 e 3: Resultados gerais da Avaliação municipal do 1º Ano.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Município Pesquisado – Exemplo cedido.

Gráficos 4 e 5: Resultados gerais da Avaliação municipal do 1º Ano.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Município Pesquisado – Exemplo cedido.

Entretanto, as escolas e os professores recebem os resultados com o desempenho

de cada aluno na avaliação, de acordo com as habilidades identificadas na matriz de

referência, planilha esta formatada no mesmo modelo da vista na figura 5.

A sistemática avaliativa apresentada não possui escala de proficiência, sua

aplicação é realizada ao final do ano letivo e, segundo a Secretaria Municipal de Educação, os

resultados abalizarão as ações a serem desenvolvidas no ano seguinte, pelos professores

alocados junto aos alunos da turma avaliada.

6.2.4 Provinha do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC

Os resultados da Provinha do PAIC são sistematizados em uma plataforma

disponibilizada pelo Governo do Estado do Ceará para os municípios. Assim, com os

68

resultados das provas, a Secretaria Municipal de Educação fazem o preenchimento desse

ambiente.

Portanto, os resultados podem ser observados por meio de um relatório em que

aparecem os erros e os acertos dos alunos em cada questão, como mostra a figura 5. Além

disso, é possível verificar o percentual de acertos de cada aluno, turma e escola.

Figura 5: Relatório de Acertos e Erros por Aluno.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Município Pesquisado – Cedido.

Não é possível observar a percentagem de acertos por município, no entanto, a

própria Secretaria Municipal de Educação faz o somatório simples de acerto por unidade

escolar e divide pelo total de escolas. Os resultados desses cálculos são observados por meio

dos seguintes gráficos:

69

Gráfico 6: Resultados provinha PAIC - 2º ano.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Município Pesquisado – Exemplo cedido.

Gráfico 7: Resultados provinha PAIC - 3º ano.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Município Pesquisado – Exemplo cedido.

Podemos considerar que a forma como os resultados são apresentados carece de

reflexão e interpretação mais aprofundada por parte dos responsáveis pelo processo

educacional, professor, núcleo gestor e Sistema Municipal de Educação, fato esse que é

apenas orientado, porém não acompanhado.

70

Essa interpretação deve partir das análises dos descritores observados nos itens

que compõem a prova, até o planejamento em conjunto com todos os envolvidos, de ações

que possibilitem intervenções diretas no processo de ensino-aprendizagem.

Além disso, mesmo que essa avaliação se caracterize como sendo diagnóstica para

orientar as ações de ensino-aprendizagem do professor, é evidente a necessidade de um

retorno à sociedade de como anda a aprendizagem dos alunos no decorrer do processo escolar

ao início do período letivo.

6.2.5 Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA

Os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização, a partir do segundo ano de

aplicação (2014), foram disponibilizados para toda a sociedade por meio de plataforma

específica, sendo possível visualizar os resultados gerais por município, estado e federação,

como exemplificado por meio dos gráficos a seguir.

Gráfico 8: Porcentagem de crianças do 3º ano do ensino fundamental por nível de

proficiência em escrita.

Fonte: MEC/Inep/DAEB/ANA.

71

Gráfico 9: Porcentagem de crianças do 3º ano do ensino fundamental por nível de

proficiência em leitura.

Fonte: MEC/Inep/DAEB/ANA.

Gráfico 10: Porcentagem de crianças do 3º ano do ensino fundamental por nível de

proficiência em matemática.

Fonte: MEC/Inep/DAEB/ANA.

Podemos perceber nesses gráficos a alocação do percentual de proficiência do

município de acordo com cada nível da escala. Todavia, os resultados das escolas são

divulgados por meio de boletim individual e só podem ser acessados mediante o código do

INEP de cada escola. Não são divulgados resultados por aluno e os microdados, mesmo que

72

prometidos pelo MEC em discurso nas mídias sociais, até o momento não foram

disponibilizados.

Para concluirmos essa parte do trabalho, é necessário ressaltarmos que

requeríamos a comparação entre os resultados do município pesquisado ante as cinco

sistemáticas avaliativas, de modo a fazer análises de desempenho de um ano para outro,

levando em consideração a passagem dos mesmos alunos em cada ano de ensino. Ou seja,

considerando que essas avaliações são aplicadas nos três anos de ensino fundamental (1º, 2º e

3º ano), e que, possivelmente o aluno que realizou a Prova Municipal do 1º Ano em 2012,

realizara a Provinha Brasil, a Provinha PAIC e o SPAECE-Alfa em 2013 e,

consequentemente, a ANA em 2014, seria possível identificar seu panorama de melhoria no

processo de alfabetização no decorrer desse período.

Esse objetivo não foi possível se efetivar, visto a inexistência de diálogo,

complementação e continuidade de uma avaliação para outra. Isso pode ser observado por

meio do distanciamento das escalas de proficiências de cada avaliação, nas diferenças das

matrizes de referência, na ausência da área da matemática em algumas avaliações, e pela falta

de acompanhamento da efetivação da Provinha Brasil, ou seja, mesmo sendo uma avaliação

federal, não existe obrigatoriedade de sua aplicação e retorno, ficando toda sua logística a

critério do município.

Ademais, a maioria das sistemáticas não publicizam os resultados gerais do

município à sociedade em geral. Em alguns casos, há a divulgação junto ao sistema de ensino,

no entanto, aparecem resultados descontextualizados, impossibilitando, em alguns casos, a

comparabilidade ou até mesmo a simples leitura. Como no caso da ausência de resultados

referentes à Provinha Brasil, e os casos dos gráficos de resultados da Provinha PAIC e da

Provinha Municipal do 1º Ano.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acompanhamento e a visualização sistemática do desenvolvimento da

alfabetização e do letramento durante o ciclo de alfabetização é, sem dúvidas, imprescindível

à prática pedagógica do professor, que possui como objetivo final a efetivação da

aprendizagem do educando.

Diante do estudo realizado para esta dissertação, podemos perceber que, no Brasil,

esse acompanhamento segue uma trajetória de fortalecimento por meio da inclusão de

73

sistemáticas avaliativas em larga escala no meio educacional, tanto a nível nacional, estadual,

como também municipal.

Se por um lado evidencia-se que a inclusão desse tipo de avaliação se tornou

necessário para visualizar a real situação de como se encontra o nível de aprendizado dos

alunos, sem a influência de agentes internos ao processo educativo, por outro, de acordo com

o estudo ora exposto, percebemos que a lógica como isso vem ocorrendo perpassa essa

necessidade, deixando de ser um instrumento de auxílio ao professor, para ser um mero

instrumento de controle e regulação (CATANI, OLIVEIRA E DOURADO, 2002 Apud

LIBÂNEO, 2012), o que reduz os momentos destinados aos reais exercícios de diagnósticos

de aprendizagem, corroborando, portanto, para a ineficiência das reflexões das práticas

pedagógicas dos professores.

Nessa pesquisa, de acordo com a descrição das avaliações e os resultados obtidos

e na comparação das mesmas, podemos identificar a existência de variados e distintos

instrumentos e momentos avaliativos no ciclo de alfabetização do município pesquisado,

todavia, em alguns casos, sem delineamento claro e concreto dos objetivos que se pretendem

atingir, bem como das ações desencadeadas por meio da visualização dos resultados

adquiridos no decorrer e ao final desse processo. Isso pode ser observado já na organização

estrutural dessas avaliações.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) esclarece que a

alfabetização deve ser iniciada pela criança no 1º ano do ensino fundamental I. Ao momento

que isso é posto, entendemos que esse processo deve perdurar por alguns anos seguintes. No

caso, o 2º e o 3º ano desse mesmo nível de ensino. Isso nos confirma a alfabetização como

algo processual que pode e deve ser possibilitado durante esse ciclo de três anos.

Como percebemos a existência de aplicações de instrumentos avaliativos em

todos os três anos desse ciclo, nos torna evidente que essas avaliações deveriam possuir como

objetivo principal de suas propostas o diálogo entre si, de modo a proporcionar, tanto aos

sistemas educacionais como aos gestores professores e alunos, o acompanhamento sistemático

do desenvolvimento escolar dos sujeitos submetidos aos testes, o que contribui para a

produção de diagnósticos de aprendizagem que não seja tardio e para a reflexão efetiva das

práticas pedagógicas do professorado.

Outrossim, o grande quantitativo de instrumentos para avaliar o mesmo processo,

porém, sem conexão evidente entre si, colabora para o aumento da sobrecarga em todos os

setores responsáveis pela execução dos trabalhos oriundos dessas avaliações, afetando,

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notadamente, professores e alunos, de modo a comprometer diretamente a qualidade da ação

educativa.

Além de todas essas percepções, como proposição acerca desses instrumentos,

podemos aferir que a unificação destes, já que suas execuções permeiam iguais ambientes,

pode gerar redução de gastos de recursos públicos financeiros destinados à implementação

dessas avaliações. Especificamente, um desses instrumentos diz respeito à Provinha Brasil

que, como discutida, não possui efetivação em sua proposta, nem tão pouco retorno para a

União e a sociedade em geral.

Como amostra dessa proposição, podemos evidenciar o Sistema de Avaliação

Baiano da Educação – SABE, que utiliza como um dos instrumentos da avaliação da

alfabetização, denominada Avalie Alfa, os testes da Provinha Brasil, disponibilizados pelo

MEC (LEITE, 2014, p. 155 e 156). No caso do Ceará, dentro da exemplificação dada pelo

município pesquisado, essa avaliação realizada no Estado da Bahia equivale à Provinha PAIC.

Nesse perspectiva, caso o exemplo do SABE fosse seguido pelas instâncias administrativas no

Ceará, haveria a efetivação daquilo que foi mencionado no parágrafo acima.

De modo a concluirmos nossas proposições, ressaltamos que as críticas levantadas

por meio desse estudo não se refere específica e diretamente ao município que se deu o

levantamento dos dados. Essa cidade, neste trabalho, foi utilizado apenas como base de

exemplificação daquilo que pode ser evidenciado sobre as avaliações em larga escala

atualmente desenvolvidas no Brasil, especialmente no Estado do Ceará. Salvo a Avaliação do

1º ano que, entre todas, foi a que apresentou com mais clareza o alcance de seus objetivos,

que é a valorização dos profissionais da educação e o uso pedagógico dos resultados no ano

subsequente.

Assim, percebemos que a organização e a promoção dessas sistemáticas

ultrapassam as perspectivas dos sistemas municipais de educação, estando arraigadas em

programas maiores, nacional e estadual, de avaliação educacional.

Visto a fragilidade observada nas estruturas das avaliações aqui discutidas, torna-

se necessário o aprofundamento de pesquisas como essas, que venham a relacionar os

objetivos elencados por essas sistemáticas, com a consecução do uso de seus resultados para o

acompanhamento pedagógico das ações docentes e a real melhoria do ensino e da

aprendizagem dos alunos do ciclo de alfabetização.

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ANEXO A – MATRIZ DE REFERÊNCIA DA PROVINHA DO PROGRAMA DE

ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA – PAIC

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