universidade federal do cearÁ departamento de bioquÍmica...

62
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA ALINE GONZAGA CUNHA ATIVIDADE DE ENZIMAS DA VIA DE SÍNTESE DOS FENÓLICOS DURANTE O DESENVOLVIMENTO DE PEDÚNCULOS DE CLONES DE CAJUEIRO (Anacardium occidentale L.) FORTALEZA 2015

Upload: vuonghanh

Post on 12-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

ALINE GONZAGA CUNHA

ATIVIDADE DE ENZIMAS DA VIA DE SÍNTESE DOS FENÓLICOS DURANTE O

DESENVOLVIMENTO DE PEDÚNCULOS DE CLONES DE CAJUEIRO

(Anacardium occidentale L.)

FORTALEZA

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

ALINE GONZAGA CUNHA

ATIVIDADE DE ENZIMAS DA VIA DE SÍNTESE DOS FENÓLICOS DURANTE O

DESENVOLVIMENTO DE PEDÚNCULOS DE CLONES DE CAJUEIRO

(Anacardium occidentale L.)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioquímica, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Bioquímica. Área de concentração: Bioquímica Vegetal.

Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Raquel

Alcântara de Miranda.

Coorientador: Prof. Dr. Edy Sousa de Brito.

FORTALEZA

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

A Deus;

A meu marido, Edson Correia;

A meus pais, Dilza e Aguinézio.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal do Ceará (UFC) pela minha formação, em particular ao

Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudo.

A Secretária de Educação do Estado do Ceará (Seduc) pela licença de afastamento

concedida para a conclusão deste trabalho.

Aos meus familiares representados pelos meus pais Aguinézio Raimundo da Cunha e

Maria Gonzaga Cunha e meu marido Edson Correia Lima Neto.

A minha orientadora Dra. Maria Raquel de Alcântara Miranda, pela valiosa

orientação, pelos conhecimentos e ensinamentos.

A meu coorientador Dr. Edy Sousa de Brito pelo exemplo de competência e por sua

serenidade durante minhas pesquisas realizadas no Laboratório Multiusuário de Química de

Produtos Naturais na Embrapa.

Ao pesquisador da Embrapa Dr. Carlos Farley Herbster de Moura por me fornecer os

cajus utilizados no experimento e por seu exemplo de extrema dedicação ao trabalho de

campo em Pacajus.

Ao Dr. Jesús Fernando Ayala Zavala pela valiosa colaboração em participar dessa

banca examinadora.

Aos meus colegas do Laboratório de Fisiologia Vegetal e Bioquímica de Frutos da

UFC.

Aos analistas da Embrapa; Lorena Mara Alexandre e Silva e Paulo Riceli Vasconcelos

Ribeiro e a técnica Tigressa Helena Soares Rodrigues.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

RESUMO

O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta tropical, originária do Brasil, que se

destaca como espécie frutífera com elevada potencialidade para o consumo in natura e para o

processamento industrial. Com a descoberta de compostos bioativos presentes nos

pedúnculos, se fazem necessários estudos da atividade de enzimas da síntese dos compostos

fenólicos, tais como a fenilalanina amônia liase (PAL), UDP-glicose: trans-cinamato β-D-

glicosiltransferase (UGT), flavonol sintase (FLS) e leucoantocianidina redutase (LAR). Logo,

esse estudo objetivou determinar a atividade dessas enzimas, em pseudofrutos de cajueiro-

anão-precoce dos clones CCP 76 e BRS 189 em três diferentes estádios de maturação, além

de estabelecer o perfil de fenólicos nestes referidos estádios. Os produtos resultantes das

reações enzimáticas foram identificados e quantificados por LC-DAD. A atividade da PAL

decresce com o amadurecimento dos pseudofrutos. A enzima UGT no estádio 4 do clone CCP

76 apresentou a maior atividade enzimática específica que nos outros estádios de

desenvolvimento para o referido clone. Enquanto no clone BRS 189, a maior atividade

deteve-se no caju maduro. A maior síntese de quercetina no caju foi evidenciada no estádio 4

para os dois clones estudados. As enzimas envolvidas no metabolismo de fenólicos se

comportam diferentemente, demonstrando a complexidade dessa rota biossintética que varia

entre os clones e durante o desenvolvimento dos pedúnculos de cajueiro. Estudos posteriores,

com CLAE acoplada a espectrômetro de massa, irão elucidar melhor o perfil dos compostos

presentes em cajus liofilizados para caraterização química destes em diferentes estádios de

maturação. Portanto, o entendimento do metabolismo enzimático entre os clones e durante o

desenvolvimento do pedúnculo representam um potencial real para o desenvolvimento de

novos produtos com propriedades funcionais e promoção da saúde humana.

Palavras-chave: compostos fenólicos, PAL, UGT, FLS, LAR, estádios de maturação e

cromatografia líquida.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

ABSTRACT

The dwarf cashew apple (Anacardium occidentale L.) is a tropical plant, originated in Brazil,

which is fruit species with high potential for fresh consumption and for industrial processing.

With the discovery of bioactive compounds in the cashew apple are necessary studies of the

activity of enzymes of the synthesis of phenolic compounds, such as phenylalanine ammonia

lyase (PAL), UDP-glucose: trans-cinnamate β-D-glycosyltransferase (UGT), flavonol

synthase (FLS) and leucoanthocyanidin reductase (LAR). Soon, this study aimed to determine

the activity of these enzymes in CCP 76 and BRS 189 dwarf cashew clones in three different

stages of maturation, and to establish the phenolic profile in these stages. Reaction products

were identified and quantified by LC-DAD. PAL activity decreases with maturation for dwarf

cashew clones. UGT enzyme in the CCP 76 clone stage 4 showed the highest enzyme specific

activity than in other stages of development for that clone. Whereas BRS 189 clone, the

highest activity was in the mature cashew apple. Quercetin synthesis was evidenced in stage 4

for the two clones analyzed. The enzymes involved in the metabolism phenolic behave

differently, showing the complexity of this biosynthetic pathway that varies between clones

and during the development of cashew apple. Further studies, with mass spectrometer linked

HPLC, will elucidate the profile of the compounds present in cashews apple lyophilized for

chemical characterization of these in different stages of maturation. Therefore, the

understanding of the enzymatic metabolism between the clones and during cashew apple

development represent a real potential for the development of new products with functional

properties and promotion of human health.

Keywords: phenolic compounds, PAL, UGT, FLS, LAR, ripening stages and liquid

chromatography.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01- Visualização de caju (clone BRS 189) .................................................... 13

Figura 02 - Síntese de fenólicos simples por vias metabólicas catalisadas pelas

enzimas PAL, fenilalanina amônia liase; C4H, cinamato 4-hidroxilase e

CoAL, hidroxicinamato CoA ligase......................................................

16

Figura 03 - Via biossintética dos flavonóides e as enzimas responsáveis pela

catálise: fenilalanina amônia liase (PAL), UDP-glicose: trans-cinamato

β-D-glicosiltransferase (UGT), chalcona sintase (CHS), chalcona

isomerase (CHI), flavanona 3-hidroxilase (F3H), diidroflavonol-4-

redutase (DFR), flavonol sintase (FLS), antocianidina sintase (ANS),

antocianidina redutase (ANR) e leucoantocianidina redutase (LAR)........

17

Figura 04 - Estrutura geral dos flavonóides................................................................ 18

Figura 05 - Estrutura das principais classes de flavonóides, em que R1 e R2 indicam

os locais de possíveis substituições. OGly indica uma ligação

glicosídica...................................................................................................

19

Figura 06 - Reação catalisada pela PAL ...................................................................... 21

Figura 07 - Reação catalisada pela UDP-glicosiltransferase de morango FaGT2........ 23

Figura 08 - Reações da enzima flavonol sintase........................................................... 24

Figura 09 - Reação da leucoantocianidina redutase (LAR)......................................... 25

Figura 10 - Cajus dos clones BRS 189 (1, 2 e 3) e CCP76 (4, 5, 6) nos respectivos

estádios de desenvolvimento 2, 4 e 7; provenientes da Embrapa

Agroindústria Tropical...............................................................................

27

Figura 11 - Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da PAL

de cajus nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone CCP76.........

33

Figura 12 - Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da PAL

de cajus nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone BRS 189....................

34

Figura 13 - Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da UGT

de cajus nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone CCP 76........

36

Figura 14 - Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da UGT

de caju nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone BRS 189.......

37

Figura 15 - Cromatogramas (370 nm) do produto da atividade enzimática da FLS de

cajus nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone CCP 76............

39

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Figura 16 - Cromatogramas (370 nm) do produto da atividade enzimática da FLS de

cajus nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone BRS 189..........

40

Figura 17 - Perfil cromatográfico (356nm) dos flavonóides glicosilados de cajus do

clone CCP 76 nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C).........................................

42

Figura 18 - Perfil cromatográfico (356nm) dos flavonóides glicosilados de cajus do

clone BRS 189 nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C).......................................

43

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Atividades específicas de enzimas do metabolismo de compostos

fenólicos em pedúnculos de cajus dos clones CCP76 e BRS 189 em

diferentes estádios de maturação.

32

Tabela 02 - Dados sobre o perfil de flavonóides glicosilados durante o

desenvolvimento de pseudofrutos de dois clones de cajueiro, em

relação aos cromatogramas das Figuras 17 e 18.

.

45

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 13

2.1 O cajueiro (Anacardium occidentale L.)......................................................................... 13

2.2 Compostos fenólicos......................................................................................................... 15

2.2.1 Estrutura e função dos fenólicos simples...................................................................... 15

2.2.2 Estrutura e função dos flavonóides .............................................................................. 16

2.3 Principais enzimas do metabolismo de fenólicos .......................................................... 20

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 27

3.1 Material ............................................................................................................................ 27

3.2 Métodos ............................................................................................................................ 27

3.2.1 Conteúdo de proteínas solúveis totais ........................................................................... 28

3.2.2 Atividade da fenilalanina amônia liase (PAL).............................................................. 28

3.2.3 Atividade da UDP-glicose: trans-cinamato β-D-glicosiltransferase (UGT)................ 29

3.2.4 Atividade da flavonol sintase ........................................................................................ 29

3.2.5 Atividade da leucoantocianidina redutase .................................................................... 30

3.2.6 Avaliação do perfil de fenólicos .................................................................................... 31

3.3 Delineamento experimental e análise estatística ........................................................... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 32

4.1 Atividades das enzimas do metabolismo de fenólicos .................................................. 32

4.2 Perfil cromatográficos de fenólicos ............................................................................... 41

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 47

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

11

1 INTRODUÇÃO

O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma espécie pertencente à família

Anacardiaceae, nativa do Nordeste brasileiro onde seu cultivo apresenta grande importância

socioeconômica, principalmente devido à comercialização da castanha e em menor escala, do

pedúnculo ou caju (CARDOSO, 1999). As plantas, por serem organismos sésseis produzem

uma ampla classe de metabólitos de defesa chamados de secundários, que não participam

diretamente do metabolismo fotossintético ou respiratório, mas que são essenciais para

sobrevivência no meio ambiente (HARBORNE, 1980). Dentre esses metabólitos secundários,

estão os compostos fenólicos que vêm sendo progressivamente estudados em pedúnculos de

cajueiro, devido a sua abundância, variedade e relevância para a qualidade pós-colheita

(BRITO et al. 2007; MICHODJEHOUN-MESTRES, AMRAOUI, BRILLOUET, 2009).

O caju se apresenta como uma excelente fonte de fenólicos, todavia sua composição

físico-química pode ser modificada em função da variedade e do estádio de maturação

(SIMÕES et al. 2001). De modo que, Agostini-Costa et al. (2014) afirmaram que os

resultados observados em pesquisas até o momento, tornam-no um forte candidato para

acrescentar saúde, além de sabor na mesa tropical. Pois, fontes ricas em compostos fenólicos

são necessárias à manutenção da saúde humana como comprovado por estudos

epidemiológicos que demonstraram que a alta ingestão de frutos reduz a mortalidade por

doenças vasculares e cânceres, justificado principalmente pela atividade antioxidante presente

nesses produtos (MOURA et al. 2013).

Os fenólicos são produzidos por uma via metabólica originada inicialmente de

produtos do metabolismo primário como o aminoácido L-fenilalanina, e continuada,

subsequentemente por reações que vão dar origem a diversas classes de fenólicos, quer por

adição de novos grupos funcionais, quer por reações de polimerização.

Apesar de constar na literatura dados sobre a rota biossintética dos fenólicos, ainda

não há relatos sobre a atividade das enzimas responsáveis por essa rota em pedúnculos de

cajueiro e muito menos, ao longo dos diferentes estádios de maturação. Logo, esse estudo tem

a finalidade de revelar possíveis mudanças nas atividades das enzimas envolvidas com a

síntese de fenólicos ao longo da maturação dos pedúnculos, a fim de uma melhor

compreensão do metabolismo para a melhoria da qualidade pós-colheita e promoção da saúde

humana.

Portanto, serão quantificadas as atividades das enzimas fenilalanina amônia liase,

UDP-glicose: trans-cinamato β-D- glicosiltransferase, flavonol sintase e leucoantocianidina

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

12

redutase, além da avaliação do perfil de compostos fenólicos em diferentes estádios de

maturação de pedúnculos dos clones CCP76 e BRS189 de cajueiro anão-precoce.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O cajueiro (Anacardium occidentale L.)

O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta tropical frutífera originária do

Brasil, que se destaca por sua potencialidade tanto para o consumo in natura como para o

processamento industrial (ABREU, 2007). O Brasil é o principal produtor mundial com

1.805.000 toneladas de pedúnculo (FAO, 2012) e a região Nordeste é responsável por mais de

95% dessa produção, sendo os estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia os

principais produtores (MONTENEGRO et al. 2003). O cultivo dessa espécie se difundiu

também para outros países da Ásia, América Central e África (LEITE; PAULA-PESSOA,

2002).

Botanicamente o cajueiro apresenta um pseudofruto, o caju, que suporta o fruto

verdadeiro do tipo aquênio; a castanha é seca e indeiscente (RAVEN, 2011) (Figura 1).

Apesar de a castanha representar 10% do peso total do caju, ela é o principal produto

explorado por esse cultivo, enquanto que grandes quantidades do pedúnculo ainda são

desperdiçadas no campo ou em pós-colheita, após a retirada da castanha (ALBUQUERQUE,

2011). Entre 2001 e 2009, a produção e a produtividade do cajueiro em termos de castanha

cresceram 78% e 50%, respectivamente, quando comparadas a outras culturas frutíferas

(MAPA, 2011).

Figura 1- Visualização de caju (clone BRS 189).

Fonte: Aline Gonzaga Cunha (2014).

Mesmo com grandes perdas no aproveitamento do pedúnculo do cajueiro, a sua

relevante exploração comercial deve-se aos inúmeros produtos obtidos; como sucos,

refrigerantes, cajuínas, doces, xaropes, néctares e bebidas alcoólicas. Todavia, o uso do

pedúnculo não se restringe à indústria alimentícia, mas também tem sido utilizado como

Aquênio

Pedúnculo

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

14

substrato para a fermentação e outros bioprocessos industriais. Rocha et al. (2014) utilizaram

bagaço de caju pré-tratado com ácido sulfúrico para a produção de etanol e xilitol por

leveduras. Fontes et al. (2013) produziram o açúcar manitol a partir do suco de caju,

utilizando bactérias e uma fonte exógena de sulfato de amônio.

O caju cresceu ainda mais em importância com o avanço nas descobertas sobre as

propriedades farmacológicas e o conteúdo de fitonutrientes, como suas atividades

antimicrobiana (KUBO; NIHEI; TSUJIMOTO, 2003), anti-mutagênica (CAVALCANTE et

al. 2005), inibitória da urease (KUBO et al. 1999) e inibitória da lipoxigenase (HA; KUBO,

2005). Vergara et al. (2010) avaliaram e concluíram que o suco de caju fermentado

apresentava um melhor efeito prebiótico, quando comparado com um meio de cultura

contendo somente glicose e frutose como fontes de carbono, destacando assim mais um

produto promissor para os consumidores.

Dentre os compostos bioativos do caju estão carotenóides, vitamina C e metais

segundo Melo-Cavalcante et al. (2003) e fenólicos como os flavonóides segundo Lopes et al.

(2012). Vários estudos vêm comprovando que dietas ricas em fitoquímicos como carotenóides

e fenólicos previnem certos tipos de câncer, doenças inflamatórias, cardiovasculares e neuro-

degenerativas como cataratas e degeneração macular (BUENO et al. 2012; SERGENT et al.

2010; SNYDER et al. 2011; TANAKA; SHNIMIZU; MORIWAKI, 2012).

Outros compostos fenólicos foram identificados no caju, como (MACHEIX;

FLEURIET; BILLOT, 1990; BRITO et al. 2007):

Ácidos fenólicos como p-hidroxibenzóico, protocatecuico e gálico;

Flavonóides agliconas como quercetina, miricetina, kaempferol, cloreto de

delfinidina, ramnetina e naringenina;

Flavonóides glicosilados como naringenina 7-(6”-p-coumaroilglucosídeo),

miricetina 3-(O-galactosídeo, O-glucosídeo, O-xilopiranosídeo, O-

arabinopiranosídeo, O-arabinofuranosídeo, O-ramnosídeo), quercetina 3-(O-

galactosídeo, O-glucosídeo, O-xilopiranosídeo, O-arabinopiranosídeo, O-

arabinofuranosídeo) e kaempferol 3-O-glucosídeo;

Taninos condensados.

Nesse pseudofruto, o conteúdo total de fenólicos diminuem ao longo do

desenvolvimento com valores de 95,54 para 64,01 no clone CCP 76 e de 116, 96 para 54,85

mg de equivalentes de ácido gálico (EAG)/100 g de massa fresca (MF) no clone BRS 189,

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

15

nos estádios 2 e 7, respectivamente. Quanto ao conteúdo de flavonóides amarelos, estes

aumentam com a maturação do pedúnculo com valores de 18,57 para 56,32 no clone CCP 76

e de 27, 65 para 50,75 mg de flavonóides/100 g de MF no clone BRS 189, nos estádios 2 e 7,

respectivamente (LOPES et al. 2012).

Brito et al. (2007) também destacam que o conteúdo total de flavonóides glicosilados

encontrados em caju maduro foram de 0,28 mg de flavonóides glicosilados/g de massa seca

(MS), sendo 0,15 mg/g MS de miricetina glicosilada, 0,11 mg/g MS de quercetina glicosilada

e 0,02 mg/g MS de antocianina.

2.2 Compostos fenólicos

As plantas produzem diversos metabólitos secundários que possuem um grupo fenol,

classificados como compostos fenólicos, sendo que os fenólicos vegetais constituem um

grupo bastante heterogêneo com aproximadamente 10.000 compostos. Estes são produzidos

por duas rotas metabólicas básicas, a rota do ácido malônico e a rota do ácido chiquímico.

Esta última rota resulta na biossíntese da maioria dos fenólicos vegetais, formando

aminoácidos aromáticos como a fenilalanina para originar os ácidos fenólicos simples e seus

derivados complexos (TAIZ; ZEIGER, 2013).

2.2.1 Estrutura e função dos fenólicos simples

Os compostos fenólicos simples ou fenilpropanóides contém um anel benzênico e uma

cadeia lateral de três átomos de carbono e resultam, inicialmente, da ação da enzima

fenilalanina amônia liase (do inglês fenilalanina amônia liase-PAL) com a formação do ácido

trans-cinâmico (TAIZ; ZEIGER, 2013). Reações subsequentes àquelas catalisadas pela PAL

formam outros fenólicos simples, são eles os derivados do ácido hidroxicinâmico p-cumárico,

tais como os ácidos caféico, ferúlico e sináptico, estes formados pela ação da cinamato 4-

hidroxilase (C4H), posteriormente à ação da hidroxicinamato CoA ligase (do inglês

hidroxicinamato CoA ligase-CoAL) gera o hidroxicinamoil-CoA 4-coumaril-CoA

(MACHEIX; FLEURIET; BILLOT, 1990). Essas três etapas enzimáticas são necessárias à

biossíntese de praticamente todos os compostos fenólicos (Figura 2).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

16

Figura 2- Síntese de fenólicos simples por vias metabólicas catalisadas pelas enzimas PAL, fenilalanina

amônia liase; C4H, cinamato 4-hidroxilase e CoAL, hidroxicinamato CoA ligase.

Fonte: Imagem adaptada de Macheix, Fleuriet, Billot (1990).

Hyogo et al. (2010) têm mostrado a importância desses fenólicos simples, por meio

dos efeitos antioxidantes dos ácidos caféico e ferúlico em eliminar espécies reativas de

oxigênio em neutrófilos humanos. Além disso, o ácido caféico, em extrato de própolis,

também tem sido descrito como responsável pela ação antimicrobiana frente a micro-

organismos presentes na saliva humana (SIMÕES; BARRAL de ARAÚJO; CORREIA de

ARAÚJO, 2008).

2.2.2 Estrutura e função dos flavonóides

Os flavonóides constituem uma família relativamente diversa de moléculas aromáticas

que são derivadas dos fenilpropanóides e do malonil-coenzima A, proveniente da rota do

ácido malônico (WINKEL-SHIRLEI, 2001) (Figura 3). Estes podem se apresentar como

agliconas, porém frequentemente estão glicosilados, quando tem a capacidade de doar

elétrons ou átomos de hidrogênio, realizando uma atividade redutora (BEHLING et al. 2004;

HERNÁNDEZ et al. 2009).

FENILALANINA ÁCIDO

CINÂMICO

ÁCIDO HIDROXICINÂMICO

(p-cumárico) (ácido caféico) (ácido ferúlico)

(ácido sináptico)

HIDROXICINAMOIL CoA (4-coumaroil CoA)

PAL C4H CoAL

Derivados

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

17

Figura 3- Via biossintética dos flavonóides e as enzimas responsáveis pela catálise: fenilalanina amônia

liase (PAL), UDP-glicose: trans-cinamato β-D-glicosiltransferase (UGT), chalcona sintase (CHS), chalcona

isomerase (CHI), flavanona 3-hidroxilase (F3H), diidroflavonol-4-redutase (DFR), flavonol sintase (FLS),

antocianidina sintase (ANS), antocianidina redutase (ANR) e leucoantocianidina redutase (LAR).

Fonte: Imagem adaptada de Macheix, Fleuriet, Billot (1990) e Dixon, Liu e Jun (2013).

Fenilalanina

Ácido trans-cinâmico

PAL

Via dos fenilpropanóides

4-coumaroilCoA + 3 malonilCoA

Chalconas

CHS

Flavanonas

CHI

FLS Flavonóis

UGT 1-O- trans-cinamoil- β- D-glicopiranose

Diidroflavonóis

F3H

Leucoantocianidinas

DFR

LAR Flavan-3-óis

Antocianidinas ANR

epi-flavan-3-óis

ANS

Via de biossíntese

dos flavonóides

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

18

Nas plantas, os flavonóides são abundantes em flores, frutos e folhas e são

caracterizados pela presença de dois anéis benzeno (anéis A e B, Figura 4), podendo estes

anéis serem ligados por três átomos de carbono, formando as chalconas, ou ligados por um

anel heterocíclico C, formando os demais flavonóides (TAYLOR; GROTEWOLD, 2005).

Com base na posição e nas modificações dos anéis A, B e C, existem mais de 10.000

estruturas de flavonóides (POLLASTRI; TATTINI, 2011).

Figura 4- Estrutura geral dos flavonóides.

Fonte: Imagem adaptada de Taiz e Zeiger (2013)

Distribuídos em seis principais subgrupos (Figura 5), chalconas, flavonas, flavonóis,

flavandióis, antocianinas e taninos condensados (ou proantocianidinas); o sétimo subgrupo

trata-se das auronas que não são ubíquas ao Reino Plantae. Algumas espécies de plantas

sintetizam flavonóides especializados, tais como os isoflavonóides que são encontrados em

leguminosas (WINKEL-SHIRLEI, 2001).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

19

Figura 5- Estrutura das principais classes de flavonóides, em que R1 e R2 indicam os locais de possíveis

substituições. OGly indica uma ligação glicosídica.

Fonte: Imagem adaptada de Taylor e Grotewold (2005).

Os flavonóides apresentam importantes funções fisiológicas nas plantas como; atração

de pássaros, germinação do pólen, proteção contra radiação, quelação de metais, impedimento

ao herbivorismo e na defesa contra patógenos (HARBORNE, 1993; GOULD et al. 2006).

Jeong et al. (2014) afirmaram que flavonóides de Citrus sp. funcionavam como barreira na

defesa química constitutiva contra fungos. Kobayashi et al. (2004) demonstraram ainda que

os flavonóides funcionam como sinais químicos liberados pelas raízes de leguminosas durante

a formação de nódulos por bactérias fixadoras de nitrogênio.

Estudos mostraram, quanto à distribuição intracelular, que os flavonóides estão

presentes nos vacúolos, cloroplastos e até no núcleo (POLSTER et al. 2006; HERNÁNDEZ

et al. 2009; POLLASTRI; TATTINI, 2011; AGATI et al. 2012). Os diversos papéis exercidos

por esses fenólicos em interações planta-ambiente corroboram com sua presença em uma

grande variedade de células e compartimentos sub-celulares. Além disso, a massiva

localização dos flavonóides em apêndices externos como tricomas está associada às funções

de proteção à radiação UV (ROZEMA et al. 1997). Li et al. (1993), Bieza e Lois (2001)

observaram os papéis-chave dos flavonóides na proteção contra radiação UV-B, examinando

mutantes de Arabidopsis que não sintetizavam tais compostos.

Brown et al. (2001) e Murphy, Peer e Taiz (2000) mostraram que os flavonóides

podem regular negativamente o transporte polar de auxina in vivo, interferindo, dessa forma,

na formação do gradiente do fitohormônio (BUER; MUDAY, 2004). Mo, Nagel e Taylor

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

20

(1992) descreveram a importância dos flavonóides na germinação do pólen, uma vez que

mutantes deficientes em flavonóides não produziram tubos polínicos funcionais, porém com a

adição in vitro de flavonóis, a fertilidade era restaurada.

Raghunathan et al. (2012) e Pahari et al. (2012) demonstraram a habilidade dos

flavonóides em interagir com regiões polares e apolares da bicamada lipídica, beneficiando o

ordenamento dos lipídios e prevenido danos oxidativos (ERLEJMAN et al. 2004).

Além dos flavonóides apresentarem propriedades antioxidantes baseadas em sua

capacidade de neutralizar radicais livres, eles possuem a capacidade de quelar metais

transientemente; estes complexos de flavonóides com cátions revelam atividade superóxido

dismutase (SOUZA; GIOVANI, 2004; MALESEV; KUNTIC, 2007).

Os flavonóides não são produzidos pelos animais, os quais dependem da ingestão de

plantas para obtê-los (KYLE; DUTHIE, 2006). Unnikrishnan et al. (2014) apontam estes

compostos como uma alternativa para tratamento de diabetes, hiperlipidemia e estresse

oxidativo. Já, Winkel-Shirley (2001) afirma que as isoflavonas extraídas de alimentos à base

de soja, têm sido associadas a efeitos antineoplásicos, enquanto os estilbenos presentes no

vinho tinto contribuem para redução de doenças cardíacas. Ray e Bagchi (2005) afirmam

ainda que os flavonóides desencadeiam a morte celular programada (apoptose) em vários

modelos animais.

2.3 Principais enzimas do metabolismo de fenólicos

A fenilalanina amônia liase (PAL, EC 4.3.1.24) catalisa a desaminação não oxidativa

da L-fenilalanina (L-Phe) em ácido trans-cinâmico que é a primeira reação da via de síntese

dos fenólicos (Figura 6) e, portanto, uma importante etapa reguladora por representar uma

ligação entre o metabolismo primário e o secundário (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Essa enzima está amplamente distribuída em plantas superiores, sendo hidrossolúvel e

intracelularmente distribuída no citoplasma (MACDONALD; D CUNHA, 2007), plastídios,

mitocôndrias e microcorpos (HANSON; HAVIR, 1981).

A massa molecular da PAL varia entre 270 a 330 kDa com uma estrutura tetramétrica,

constituída por quatro cadeias polipeptídicas idênticas (CAMM; TOWERS, 1973). O pH

ótimo para a reação varia entre 8 e 8,7, sem requerer qualquer cofator (MACHEIX;

FLEURIET; BILLOT, 1990).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

21

Figura 6- Reação catalisada pela PAL.

Fonte: Imagem adaptada de Taiz e Zeiger (2013).

A PAL tem como principal substrato a L-Phe, porém em menor grau utiliza o

aminoácido L-tirosina (L-Tyr), enquanto D-Phe e D-Tyr atuam como inibidores competitivos

(OGATA et al. 1967; HODGINS, 1968). Os mecanismos regulatórios de sua atividade

incluem efeitos alostéricos, inativação por proteases específicas e inibição pelo produto final

da reação (TENA et al. 1984). Em muitas espécies vegetais, a regulação da atividade da PAL

torna-se mais complexa pela existência de múltiplos genes que codificam essa enzima, pois

alguns são expressos apenas em tecidos específicos ou sob certas condições ambientais

(LONGEMANN et al. 1995).

Essa primordial enzima do metabolismo de fenólicos tem sido estudada em diversos

frutos como amora, framboesa, morango, groselha preta e groselha vermelha, por Flores et al.

(2014), cereja, kiwi, ameixa, framboesa por Halbwirth et al. (2009), Citrus, tomate, uva,

maça, pêra, manga, pêssego e morango por Macheix, Fleuriet e Billot (1990). Lopez-Galvez

et al. (1996) correlacionaram aumentos da atividade da PAL com o decréscimo na aparência e

qualidade visual de alface minimamente processado, assim, concluíram que condições que

promovessem a redução da atividade enzimática melhoraria a aparência de produtos vegetais.

Outras aplicações foram desenvolvidas para a PAL, Watanabe et al. (1992) afirmam

ser possível quantificar L-Phe e L-Tyr em plasma, urina e outros fluidos corpóreos de

humanos. Já, Evans et al. (1987) demonstraram o uso industrial da PAL catalisando a reação

no sentindo inverso para a produção de fenilalanina que é precursor do edulcorante aspartame.

As glicosiltransferases (GT) (EC 2.4.x.y) catalisam a transferência de um açúcar

móvel para uma ampla gama de moléculas aceptoras, tais como açúcares, lipídios, proteínas,

ácidos nucléicos, antibióticos e outras pequenas moléculas, incluindo metabólitos secundários

de plantas, como os fenólicos (YONEKURA-SAKAKIBARA; HANADA, 2011). Essas

enzimas podem ser classificadas em 97 famílias, das quais a família GT1, também referida

PAL

Ácido trans-cinâmico Fenilalanina

NH3

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

22

como UDP-glicosiltransferases (UGTs), compreende isoformas divergentes em plantas,

animais, fungos, bactérias e vírus (CHEYNIER et al. 2013; CAZY, 2015). Em plantas, as

UGTs utilizam açúcares como glicose, galactose e arabinose, ativados por uridina difosfato

(UDP), como moléculas doadoras (CHEYNIER et al. 2013).

A glicosilação normalmente ocorre no citosol, mas conjugados são encontrados no

vacúolo (VOGT; JONES, 2000). Nesse processo ocorrem mudanças nas propriedades

químicas das moléculas aceptoras em vários aspectos, são elas: aumento da solubilidade de

glicosídeos e ésteres de açúcar, aumento considerável da estabilidade, e, por conseguinte,

diminuição da reatividade, em virtude da ligação do grupo funcional da molécula com o

açúcar (JONES; VOGT, 2001).

No metabolismo dos fenólicos, essas enzimas se sobressaem por glicosilar ácidos

hidroxicinâmico (LUNKENBEIN et al. 2006), assim como flavonóides (CHENG et al. 1994),

alcalóides (MOEHS et al. 1997) e precursores das coumarinas e da lignina (MACHEIX;

FLEURIET; BILLOT, 1990).

Tais conjugados formados, glicosídeos e ésteres de glicose, têm sido identificados em

numerosas plantas (HERRMANN, 1989), os primeiros são destacados por Dixon (2001)

como moléculas de grande importância biológica para as plantas, agindo como compostos de

defesa ou como fontes de armazenamento de energia.

Em morango (Fragaria x ananassa Duch.), a UDP-glicose: trans-cinamato

glicosiltransferase (FaGT2, E.C 2.4.1.177) foi avaliada no amadurecimento do fruto com

massa molecular de 61.4 kD, 555 aminoácidos, pH reacional entre 8 e 8,5, temperatura ótima

de 21 ºC para atuação da enzima e especificidade por substratos como ácido benzoico, ácido

cinâmico e seus respectivos derivados. A reação formou ésteres de ácido cinâmico e de ácido

p-cumárico que são os prováveis precursores dos compostos responsáveis pelo aroma em

frutos (Figura 7). Estudos da expressão gênica revelaram que os genes da FaGT2 eram

ativados tanto pelo amadurecimento como em resposta ao estresse oxidativo (LUNKENBEIN

et al. 2006).

A expressão desses genes da FaGT2 é regulada negativamente pela síntese de auxina

nos aquênios (GIVEN et al. 1988). Durante os estádios iniciais do desenvolvimento do fruto

esse fitohormônio promove o seu crescimento, porém com o amadurecimento há o declínio de

auxina no receptáculo, provavelmente devido ao fim da síntese e transporte de auxina para os

aquênios. Logo, Benítez et al. (2003) tem mostrado que a expressão dos genes de FaGT2 é

regulada negativamente por auxina.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

23

Figura 7- Reação catalisada pela UDP-glicosiltransferase de morango FaGT2.

Fonte: Imagem adaptada de Lunkenbein et al. (2006).

Latza, Gansser e Berger (1996) afirmam que o morango foi o primeiro alimento a ser

descoberto fonte de 1-O- trans-cinnamoil β-D glicopiranose, no entanto Michodjehoun-

Mestres, Amraoui e Brillouet (2009) já purificaram e caracterizaram 1-O- trans-cinamoil- β-

D-glicopiranose em pedúnculo de caju.

A avaliação dos níveis desse composto, em cajus dos clones CCP76 e EMBRAPA 50

e variedades Parakou Rouge e Parakou Jaune, mostraram que 1-O- trans-cinamoil- β- D-

glicopiranose é mais abundante na epiderme do pedúnculo do que na polpa do caju, sendo de

quatro a cinco vezes mais abundante na epiderme. Desses clones citados anteriormente o

clone CCP76 possui o menor conteúdo, em cajus maduros, sendo de 6,2 mg/100g MF,

enquanto o clone EMBRAPA 50, o maior; 20,1 mg/100g MF (MICHODJEHOUN-

MESTRES; AMRAOUI; BRILLOUET, 2009).

Em morangos maduros de diferentes cultivares, o composto 1-O-trans-cinamoil- β- D-

glicopiranose tem uma concentração média de 5 mg/100g MF, porém nas cultivares Marlate e

Carisma esses valores foram de 23 a 25 mg/100g MF (AABY et al. 2012).

Essa UDP-glicose: trans-cinamato β-D-glicosiltransferase (E.C 2.4.1.177) também

tem sido encontrada em Eucalyptus perriniana (NAGASHIMA et al. 2004), Ipomoea batatas

(SHIMIZU; KOJIMA, 1984), Phaseolus vulgaris (EDWARDS; MAVANDAD; DIXON,

1990), Vanilla planifolia (FUNK; BRODELIUS, 1992) e Verbesiana caracasana (VITALI et

al. 1999).

A enzima flavonol sintase (FLS, E.C 1.14.11.23) catalisa a formação dos flavonóis na

rota biossintética dos flavonóides, através da conversão dos diidroflavonóis (diidroquercetina,

diidrokaempferol e diidromiricetina) em (quercetina, kaempferol e miricetina) (FLORES et

al. 2014) (Figura 8). Essa enzima pertence ao grupo das dioxigenases dependente de 2-

oxoglutarato (2-ODD), que utilizam oxigênio molecular como co-substrato e são

R2=R3=R4=H: ácido cinâmico R2=R3=R4=H: cinamoil-D-glicose

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

24

caracterizadas por requerer cofatores como ferro (Fe2+), 2-oxoglutarato e ascorbato

(BRITSCH; HELLER; GRISEBACH, 1981).

A massa molecular da FLS encontrada em Citrus unshiu foi de 38 kDa com atividade

enzimática máxima observada em pH entre 5 e 6 e temperatura ótima de 37oC, com

diidroquercetina como substrato (WELLMANN et al. 2002). Essa classe de enzimas

funcionalmente heterogêneas tem diferentes especificidades por substratos como flavonóides,

giberelinas e alcalóides (PRESCOTT; LLOYD, 2000; LUKACIN et al. 2003).

Figura 8- Reações da enzima flavonol sintase.

Fonte: Imagem adaptada de Li et al. (2013).

Quanto aos mecanismos regulatórios dessa enzima, incluem mudanças no potencial

redox celular que ativam a biossíntese de flavonóis (TAYLOR; GROTEWOLD, 2005) pela

ativação do fator de transcrição MYB, este envolvido com o desenvolvimento, metabolismo

celular e mediação de respostas a estresses bióticos e abióticos (DUBOS et al. 2010).

A FLS já foi extraída de Dianthus caryophyllus (FORKMANN, 1991), Citrus unshiu

(MORIGUCHI et al. 2002), Matthiola incana (SPRIBILLE; FORKMANN, 1984), Petunia

hybrida (FORKMANN et al. 1986) e Vitis vinifera (MATTIVI et al. 2006).

Não consta na literatura as possíveis aplicações da FLS na indústria ou medicina,

apesar de seus produtos reacionais apresentarem relevantes funções, como a utilização da

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

25

quercetina complexada com íons metálicos, como agente antitumoral (DURGO et al. 2011)

ou sua interação com lipoproteínas de baixa densidade (LDL), presentes no sangue de

humanos, evitando as influências tóxicas e apoptóticas da LDL oxidada (YAO et al. 2012).

Já, Psahoulia et al. (2007) mostraram que quercetina pode induzir o acúmulo de receptores de

morte e induzir a apoptose em células tumorais de câncer do cólon, enquanto Baliga et al.

(2014) relataram que kaempferol e quercetina são efetivos na redução dos sintomas

associados à colite ulcerosa. Miricetina e seus derivados têm sido reportado ter efeito

anticâncer (LEE et al. 2007), anti-inflamatório (WANG et al. 2010) e atividades citotóxicas

(DIMAS et al. 2000).

Em plantas, Havaux e Kloppstech (2001) destacam que os flavonóis desempenham um

papel mais importante do que as xantofilas na proteção de folhas de Arabidopsis induzidas a

dano oxidativo pela exposição à luz visível por um longo período. Essa proteção ao dano

oxidativo, de acordo com Agati et al.(2009), não pode ser atribuída a blindagem fornecida por

quercetina-3-O-glucosídeo 7-O-raminosídeo e Kaempferol 3-O-glucosídeo 7-O-raminosídeo à

luz visível (400-700 nm), mas na capacidade deles reduzirem as espécies reativas de oxigênio

(ROS) e não em evitar sua geração (AGATI et al. 2012). Todavia, Brown et al. (1998)

mostraram que a quercetina possuía a capacidade de se complexar com íons Cu e Fe, inibindo

a geração de ROS pela reação de Fenton, bem como reduzindo ROS já formadas.

A enzima leucoantocianidina redutase (LAR; E.C. 1.17.1.3) catalisa a reação que

reduz leucoantocianidinas (flavan-3,4-dióis), de forma dependente de NADPH, em (+)

catequinas (flavan-3-óis) (PFEIFFER et al. 2006; GAGNÉ et al. 2009) (Figura 9). O produto

dessa reação é monômero para a biossíntese das proantocianidinas também conhecidas como

taninos condensados, formados a partir da condensação de flavan-3-óis (catequinas) e epi-

flavan-3-óis (epicatequinas) (DIXON; XIE; SHARMA, 2005).

Figura 9- Reação da enzima leucoantocianidina redutase. (LAR).

Fonte: Imagem de Pfeiffer et al. (2006).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

26

Quanto à especificidade da LAR, há uma exigência por substratos com o anel B dos

flavonóides hidroxilados, como observado nas leucoantocianidinas: leucopelargonidina,

leucocianidina e leucodelfinidina (TANNER et al. 2003). De tal forma, que a LAR apresenta

a mesma similaridade química da enzima antocianidina redutase (ANR), quanto à

especificidade por tais substratos hidroxilados, como observado em folhas de uva e maçã

(PFEIFFER et al. 2006).

LAR foi descrita por atuar enzimaticamente, em espécies cultivadas como, Camellia

sinensis (PUNYASIRI et al. 2004), Vitis vinífera (PFEIFFER et al. 2006; GAGNÉ et al.

2009) e Malus x domestica (PFEIFFER et al. 2006). Em Camelia sinenses, o pH reacional

ótimo foi de 7,6 com a reação ocorrendo a 25 ºC.

Os produtos da ação da LAR que vão originar os taninos condensados apresentam

importantes funções ecológicas e sensoriais/nutricionais. Em plantas, os taninos agem como

fatores de proteção contra radiação (SOLOVCHENKO; EIBERGER, 2003), doenças (DAI et

al. 1995) e predadores (FORKNER; MARQUIS; LILL, 2004), além de serem componentes

cruciais que conferem propriedades sensoriais, como amargura e adstringência aos frutos

(BROSSAUD; CHEYNIER, 2001).

Com base em todas as informações discutidas anteriormente, esse trabalho quantifica a

atividade de enzimas relevantes ao metabolismo de fenólicos em diferentes etapas do

desenvolvimento do pedúnculo do cajueiro, com o objetivo de esclarecer os mecanismos de

acúmulo/redução desses fitonutrientes tão abundantes.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

27

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Material

Foram avaliados pseudofrutos dos clones BRS 189 (vermelho) e CCP 76 (alaranjado)

de cajueiro-anão-precoce nos estádios: pedúnculo verde e castanha madura e seca (estádio 2),

pedúnculo mudando de cor e castanha madura e seca (estádio 4) e pedúnculo colorido e

castanha madura e seca (estádio 7), de acordo com Alves et al. (1999).

Um total de 15 cajus, para cada tratamento, foram colhidos manualmente em

setembro de 2014, na estação experimental de Pacajus-CE da Embrapa Agroindústria

Tropical, e acondicionados em caixas plásticas forradas com espuma e em apenas uma

camada de frutos. Em seguida, foram transportados para o Laboratório de Bioquímica e

Fisiologia de Frutos no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade

Federal do Ceará, em Fortaleza.

Figura 10: Cajus dos clones BRS 189 (1, 2 e 3) e CCP76 (4, 5, 6) nos respectivos estádios de

desenvolvimento 2, 4 e 7; provenientes da Embrapa Agroindústria Tropical.

Fonte: Aline Gonzaga Cunha

3.2 Métodos

Os pseudofrutos foram separados da castanha, que foi descartada, e depois

processados em centrífuga doméstica para obtenção das polpas (exceto para o ensaio da UGT

1 2 3

4 5 6

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

28

e para o perfil de fenólicos), sendo que o filtrado resultante (amostra) foi utilizado para as

análises a seguir, sendo armazenado em freezer doméstico a -20 ºC. Todas as etapas da

extração enzimática foram realizadas a 4 ºC.

3.2.1 Conteúdo de proteínas solúveis totais

Todas as atividades enzimáticas determinadas foram especificas baseadas no conteúdo

total de proteínas que foi quantificado segundo o método de Bradford (1976). A quantificação

de proteínas solúveis totais foi realizada com adição de 100 µL de amostra mais 1000 µL do

reagente de Bradford e absorbância monitorada a 595 nanômetros (nm) em espectrofotômetro

de multi-detecção de microplaca Synergy Mx (BioTek, EUA). O controle consistiu em 100

µL de água deionizada mais 1000 µL do reagente de Bradford. De posse das leituras, os

resultados foram expressos em mg de proteína solúvel/g de massa fresca.

3.2.2 Atividade da fenilalanina amônia liase (PAL)

O extrato enzimático e a atividade da PAL foram determinados pelos métodos

descritos originalmente por Mori, Sakurai e Sakuta (2001) e El-Shora (2002). As enzimas

foram extraídas a partir 1 g de amostra homogeneizado em 4 mL de tampão Tris-HCl 100

mM pH 8,4, seguido de centrifugação a 10.000 xg por 10 min à 4 ºC, sendo o sobrenadante

considerado o extrato enzimático.

A mistura reacional foi composta por 20 µL de β-mercaptoetanol 50 mM, 100 µL do

extrato, 580 µL do tampão Tris-HCl 100 mM pH 8,4 e 200 µL de L-fenilalanina 40 mM. A

reação foi incubada a 30 ºC por 60 min, e após esse período, sendo interrompida com 100 µL

de HCl 6 M. Na amostra controle, a solução de L-fenilalanina 40 mM foi adicionada, somente

após a adição de HCl 6 M. A mistura reacional foi centrifugada a 10.000 xg por 10 min e o

sobrenadante foi aplicado em LC-DAD para a quantificação de ácido trans-cinâmico,

formado a partir da fenilalanina. Os resultados foram expressos em nano unidades catalíticas

(nKat)/kg de proteína (P).

A cromatografia líquida (LC) acoplada com detector por arranjo de diodos (DAD) foi

realizada em um sistema cromatográfico modelo Agilent LC-20A (Shimadzu, Japão)

acoplado ao detector SPD-M20A e amostrador automático SIL-20AC. As amostras foram

percoladas através de uma coluna C18 de fase reversa com dimensões de 4,6 x 150 mm à

temperatura constante em 30 ºC. O gradiente de eluição iniciou com 95% de solvente A (água

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

29

com 0,1% de ácido fórmico) e 5% de solvente B (acetonitríla com 0,1% de ácido fórmico) e

aumentou para 100% de B, em 30 min (LANDMANN, FINK E SCHWAB, 2007).

O fluxo do solvente foi de 0,4 mL/min, o volume de injeção de 20 µL e a absorbância

mensurada em 254 nm. O pico foi identificado baseado no tempo de retenção do padrão ácido

trans-cinâmico (Sigma, EUA) que foi quantificado, segundo uma curva de calibração com

uma solução padrão.

3.2.3 Atividade da UDP-glicose: trans-cinamato β-D-glicosiltransferase (UGT)

Inicialmente, uma solução de 50 µL de ácido trans-cinâmico 50 mM foi injetada, com

uma seringa, em dez locais diferentes do pseudofruto, segundo método de Landman, Fink e

Schwab (2007), com modificações. O controle consistia na injeção de água destilada nos

pedúnculos. Após 24 h em temperatura ambiente (24 ºC), os cajus foram processados em

Ultra Turrax T25 Digital (IKA, Alemanha), a amostra foi filtrada em uma peneira doméstica e

o filtrado resultante centrifugado a 5.000 xg por 15 min a 4 ºC. O sobrenadante recolhido foi

aplicado em LC-DAD para a quantificação de 1-O-trans-cinamoil-β-D-glicopiranose,

formado a partir de ácido trans-cinâmico e os resultados foram expressos em nKat/kg P. A

LC-DAD foi realizada nas mesmas condições descritas acima para a PAL.

3.2.4 Atividade da flavonol sintase (FLS)

O extrato enzimático foi preparado segundo método de Flores et al. (2014), com

modificações, a partir de 5 g de amostra, 0,25 g de polivinilpolipirrolidona (PVPP) e 4 mL de

0,1 M de Tris/HCl com 0,4% de ascorbato de sódio pH 7,25, homogeneizados por 5 min, à

4ºC. A mistura foi centrifugada a 5.000 xg por 10 min a 4 ºC e o sobrenadante foi considerado

o extrato enzimático.

A determinação da atividade enzimática foi realizada como descrito por Halbwirth et

al. (2009) e Flores et al. (2014), com modificações. A reação enzimática continha 50 µL do

susbtrato dihidroquercetina, 50 µL de extrato, 5 µL de 3,48 mM de 2-oxoglutarato, 5 µL de

2,01 mM de FeSO4.7 H2O e 60 µL do tampão Tris/HCl 0,1M com 0,4% de ascorbato de sódio

pH 7,25. O controle consistia na substituição do substrato por água destilada. A mistura foi

incubada por 45 min a 30 ºC, seguido de adições de 140 µL de acetato de etíla, 10 µL de

ácido acético e 10 µL de 0,1 mM de EDTA. Essa mistura foi aplicada em LC-DAD para a

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

30

quantificação de quercetina, formada a partir da diidroquercetina e os resultados foram

expressos em nKat/kg P.

Quanto à análise cromatográfica, esta foi realizada em um sistema cromatográfico

HPLC-920 acoplado com detector por arranjo de diodos PDA e amostrador automático

(Varian, EUA). As amostras foram percoladas através de uma coluna MICROSORB 100,

mantida à temperatura de 35 °C. A eluição foi realizada inicialmente na proporção 50:50 dos

solventes A (água com 0,1% de ácido fosfórico) e B (metanol grau HPLC), aumentando para

100% de B dos 20 a 25 min, voltando para a proporção 50:50 (solventes A e B) dos 27 aos 35

min finais. O fluxo do solvente foi de 1 mL/min, o volume de injeção de 20 µL e a

absorbância mensurada em 370 nm. O pico foi identificado baseado no tempo de retenção do

padrão quercetina (Sigma, EUA) que foi quantificado segundo uma curva de calibração com

uma solução padrão.

3.2.5 Atividade da leucoantocianidina redutase (LAR)

O extrato e a determinação da atividade da LAR foram realizados por adaptação do

método de Gagné et al. (2009). A amostra (2 g) foi homogeneizada com 3 mL do tampão de

lise (0,1 M HEPES pH 7,3, 1 % de sacarose (p/v), 1% polietileno glicol (PEG, p/v), 25 mM

de CaCl2), juntamente com 200 mg de PVPP. O homogenato foi centrifugado a 20.000 xg por

10 min a 4 ºC e o sobrenadante foi incubado com a resina Dowex 1 x 2 com malha 200,

equilibrada com o tampão de lise. Após a incubação, repetiu-se a centrifugação e o

sobrenadante consistia no extrato enzimático.

A mistura reacional continha 10 µL de diidroquercetina (1 g/L em metanol), 10 µL de

NADPH 20 mM e 110 µL de tampão Tris-HCl 0,1 M pH 7,5. A reação iniciou com adição de

70 µL do extrato, seguido de incubação a 25 ºC por 30 min, quando foi parada com a adição

de 200 µL de acetato de etíla e uma vigorosa agitação. Os resíduos resultantes da atividade

enzimática foram dissolvidos em 100 µL de metanol grau HPLC para análise por LC-DAD,

que quantificou (+) catequina, formada a partir da diidroquercetina. Os resultados foram

expressos em nKat/kg P.

O sistema cromatográfico foi o mesmo das enzimas UGT e PAL, porém as condições

cromatográficas diferiram. O gradiente de eluição iniciou-se com 90% de solvente A (água

com 0,1% de ácido fosfórico) e 10% de solvente B (metanol P.A), aumentando para 26% de

B, dos 40 aos 55 min, 100% de B dos 55 aos 65 min, finalizando com 10% de B até os 75

min. O fluxo do solvente foi de 0,4 mL/min, o volume de injeção de 20 µL e a absorbância

mensurada em 270 nm. O pico foi identificado baseado no tempo de retenção do padrão

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

31

catequina (Sigma, EUA) que foi quantificado segundo uma curva de calibração com uma

solução padrão.

3.2.6 Avaliação do perfil de fenólicos

Conforme Brito et al. (2007), cajus íntegros foram cortados em suas partes centrais,

sendo estas liofilizadas. Do material liofilizado, 300 mg foram extraídos com 10 mL metanol-

água (60:40, v/v) em sonicador UltraCleaner USC1400 (China) por 60 min em temperatura

ambiente. Procedeu- se, em seguida, com centrifugação a 1680 xg por 15 min a 4 ºC e o

sobrenadante coletado (8mL) foi evaporado em rotaevaporador R-215 (Buchi, Suíça), sendo o

resíduo ressuspendido em 1 mL metanol-água (60:40, v/v). Essa solução foi posteriormente

levada ao sonicador por 10 min, filtrada em filtro Syringe PTFE com diâmetro de 13 mm e

poro 0,22 µm, seguido de análise por LC-DAD.

O sistema cromatográfico utilizado foi o mesmo das amostras da enzima flavonol

sintase, com alterações apenas no gradiente de eluição. Os solventes foram A (água com 0,1%

de ácido fosfórico) e B (Metanol grau HPLC) e o gradiente iniciou com 80% de solvente A e

20% de solvente B, aumentando para 27% de B entre 5 e 18 min, 47% de B de 18 a 24 min,

61% de B de 24 a 25 min, finalizando a corrida com a proporção de A:B de 0:100 (v/v). O

fluxo foi constante de 1 mL/min, o volume de injeção de 20µL e a absorbância mensurada em

370 nm (flavonóides) e 254nm (ácidos orgânicos). Os resultados preliminares mostram picos

que representam flavonóides glicosilados com diferentes tempos de retenção e que podem ser

quantificados como mg de equivalente molar de quercetina/g MS.

3.3 Delineamento experimental e análise estatística

O experimento foi conduzido em Delineamente Inteiramente Casualizado (DIC) com

os seis materiais genéticos como tratamentos. Para avaliar diferenças significativas (p < 0,05)

entre as amostras foi realizada análise de variância (ANOVA) com médias avaliadas pelo

teste de comparação múltipla de Tukey. O software Assistat 7.7 beta (Paraíba, Brasil) foi

utilizado para a análise estatística e os valores representam a média de três replicatas.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Atividades das enzimas do metabolismo de fenólicos

As atividades de quatro enzimas, sendo duas da via dos fenilpropanóides (PAL, UGT)

e duas da via dos flavonóides (FLS e LAR) foram avaliadas em três diferentes estádios de

maturação do pseudofruto de dois clones de cajueiro. As figuras 11 e 12 mostram os

cromatogramas obtidos após o ensaio da PAL em diferentes estádios de caju dos clones

CCP76 e BRS 189, respectivamente.

O ácido trans-cinâmico, produzido nessa reação, apresentou um tempo de retenção de

26,4 min e a sua produção, devido à atividade da PAL foi diminuindo conforme avançava o

desenvolvimento do caju, em ambos os clones (Tabela 1). Os cajus do clone CCP 76

apresentaram uma atividade enzimática mais alta no estádio 2, 126,30 nkat/Kg P, diminuindo

quase 50% com o amadurecimento, no estádio 7 apresentava 69,14 nkat/Kg P, porém não foi

observado diferença estatística nesses valores. Já, os cajus do clone BRS 189 obtiveram um

menor conteúdo inicial, 80,93 nkat/Kg P no estádio 2 e depois uma queda ainda maior de 70%

da atividade inicial com o amadurecimento; 23,58 nkat/Kg P no estádio 7.

Tabela 1. Atividades específicas de enzimas do metabolismo de compostos fenólicos em pedúnculos de cajus

dos clones CCP76 e BRS 189 em diferentes estádios de maturação.

Clones Estádio Atividade enzimática*

PAL (nkat/Kg P)

UGT (nkat/Kg P)

FLS (nkat/Kg P)

LAR (nkat/Kg P)

CCP76 2 126,30 a 14,36 b 113,08 b - 4 87,11 a 222,77 a 7.676,24 a - 7 69,14 a 2,78 c 1.655,96 b -

BRS189 2 80,93 a 0, 60 c 116,30 b - 4 -a 3, 67 b 29.733, 51 a - 7 23, 58 b 78,12 a 3.575,96 b -

*Valores médios com letras diferentes são significativamente diferentes entre si ao nível de 5%, pelo teste de Tukey. a(-) representa ausência de atividade enzimática.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

33

Figura 11- Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da PAL de cajus nos estádios 2 (A), 4

(B) e 7 (C) do clone do clone CCP76. * Pico1: ácido trans-cinâmico.

Ácido trans cinâmico 1

1

1

A

B

C

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

34

Figura 12- Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da PAL de cajus nos estádios 2 (A), 4

(B) e 7 (C) do clone BRS 189. * Pico1: ácido trans-cinâmico.

Ácido trans cinâmico 1

1

1

1

A

B

C

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

35

O decréscimo observado na atividade da PAL corrobora com os resultados

apresentados por Lopes et al. (2012) que mostram que o conteúdo de fenólicos totais reduz

entre os estádios 2 e 7 de 95,54 para 64,01 mg de equivalentes de ácido gálico (EAG)/100 g

massa fresca (MF) no clone CCP 76 e de 116.9 para 54.8 mg (EAG)/100g (MF) em cajus do

clone BRS 189.

A ausência de atividade da PAL nos frutos BRS 189 no estádio 4, apesar de

improvável nesse tipo de tecido, foi também observada em estádios imaturos e maduros de

ameixa (Prunus domestica), cereja (Prunus avium) e amora (Rubus fruticosa) por Halbwirth

et al. (2009). Todavia, os mesmos autores encontraram valores de atividade da PAL

crescentes com o amadurecimento de kiwi (280 nkat/Kg P), de Sambucus nigra (de 3 para

101 nkat/Kg P) e framboesa (50 nkat/Kg P). O aumento da atividade da PAL durante o

amadurecimento de frutos está associado ao acúmulo de antocianinas e outros compostos

fenólicos (GIVEN; VENIS; GRIERSON, 1988).

Em morangos, a atividade da referida enzima revelou dois picos de atividade de

90.000 nkat/Kg P, um em frutos verdes e outro em frutos quase maduros (CHENG; BREEN,

1991) isso pode ser explicado pelos múltiplos genes que codificam essa proteína e que são

expressos em tecidos específicos ou sob certas condições ambientais (LONGEMANN et al.

1995).

As figuras 13 e 14 mostram os cromatogramas obtidos após o ensaio da UGT em

diferentes estádios de caju dos clones CCP 76 e BRS 189, respectivamente. O produto dessa

reação, 1-O trans-cinamoil B-D-glicopiranose apresentou um tempo de retenção de 21,8 min

e sua concentração denotava uma variação significativa na atividade da UGT durante o

desenvolvimento dos pedúnculos de ambos os clones (Tabela 1). Os cajus CCP 76

apresentaram um forte aumento na atividade da UGT no estádio 4 de 222,77 nkat/Kg P,

seguido de queda, enquanto os pseudofrutos BRS 189 aumentaram continuamente de 0,60

para 78,12 nkat/Kg P, entre os estádios 2 e 7, respectivamente.

Michodjehoun-Mestres et al. (2009) avaliaram o conteúdo de 1-O trans-cinamoil B-D-

glicopiranose em diferentes clones e variedades de caju e observaram um aumento de 1,6 para

6,2 mg/100g MF desse composto, a medida que os pseudofrutos CCP 76 amadureciam. O

aumento da atividade da UGT no estádio 4 pode explicar esse maior conteúdo do produto

reacional nos frutos maduros.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

36

Figura 13- Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da UGT de cajus nos estádios 2 (A), 4

(B) e 7 (C) do clone do clone CCP 76. *Pico 1: 1-O trans-cinamoil B-D-glicopiranose.

1

1

1

1-O trans cinamoil B- D glicopiranose A

B

C

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

37

Figura 14- Cromatogramas (254 nm) do produto da atividade enzimática da UGT de caju nos estádios 2 (A), 4

(B) e 7 (C) do clone do clone BRS 189. *Pico 1; 1-O trans-cinamoil B-D-glicopiranose.

1

1

1

1-O trans cinamoil B- D glicopiranose A

B

C

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

38

Enquanto isso, o aumento da atividade até o estádio 7 no BRS 189 pode resultar em

níveis ainda mais altos desse produto, pois cajus maduros de outros clones e variedades

avaliados, pelos autores acima, apresentavam valores mais altos de trans-cinamoil, como

EMBRAPA 50, 20,1 mg/100 g MF; Parakou Rouge, 15,2 mg/100 g MF e Parakou Jaune; 13,9

mg/100 g MF.

Nesse estudo com os pedúnculos de cajueiro, os resultados mostram que o aumento da

atividade da UGT estava associado com a mudança ou estabelecimento da cor. Segundo Latza

et al. (1996) a formação do cinamoil glicose, produto da UGT, antecede a formação dos

pigmentos antociânicos em frutos e pode diferir entre as diferentes cultivares (LUNKENBEIN

et al. 2006).

Além disso, não pode ser descartada a hipótese que a diferença de atividade da UGT

entre os clones de cajueiro pode ser justificada em virtude da avaliação apenas do ácido

cinâmico como substrato, pois, se levarmos em consideração que se trata de uma enzima

inespecífica que glicolisa outros substratos, a atividade poderia ter um comportamento

diferente.

Lunkenbein et al. (2006) explicaram que a UGT está envolvida em vias metabólicas

ativadas pelo amadurecimento nos tecidos do morango, uma vez que é fraca a expressão dos

seus genes em tecidos vegetativos. Além disso, a expressão de alguns genes relacionados ao

amadurecimento do morango tem sua expressão regulada negativamente pela síntese de

auxina nos aquênios (GIVEN et al. 1988; BENÍTEZ et al. 2003). De modo, que nos estádios

iniciais do desenvolvimento do fruto, o fitohormônio auxina promove o crescimento do fruto,

sendo o amadurecimento desencadeado pelo declínio de auxina no receptáculo, estimulando a

expressão de vários genes como o da UGT.

As figuras 15 e 16 mostram os cromatogramas obtidos após o ensaio da FLS em

diferentes estádios de caju dos clones CCP 76 e BRS 189, respectivamente. O produto dessa

reação é o flavonóide amarelo, quercetina, que apresentou um tempo de retenção de 8,8 min

em ambos os clones.

O pico de atividade da FLS ocorreu no estádio 4, correspondendo com a mudança de

cor dos pseudofrutos (Tabela 1). Então, os cajus CCP 76 e BRS 189 apresentaram valores

respectivos de 7.676,24 e 29.733, 51 nkat/Kg P neste referido estádio.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

39

Figura 15- Cromatogramas (370 nm) do produto da atividade enzimática da FLS de cajus nos estádios 2

(A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone CCP 76. *Pico 1; quercetina.

1

1

A

B

C

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

40

Figura 16- Cromatogramas (370 nm) do produto da atividade enzimática da FLS de cajus nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C) do clone do clone BRS 189. *Pico 1; quercetina

1 1

1

A

B

C

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

41

Ao longo do desenvolvimento, o clone vermelho BRS 189 (3.575,96 nkat/Kg P; no

estádio 7) apresentou uma maior atividade da FLS, sugerindo que outros pigmentos como os

carotenóides e os flavonóides amarelos miricetina contribuam para a coloração alaranjada do

clone CCP 76, conforme observado por Lopes et al. (2012) que obtiveram valores de

carotenóides totais e flavonóides amarelos aumentando com o desenvolvimento do caju para

os dois clones aqui estudados e Brito et al. (2007) que evidenciaram glicosídeos de miricetina

como os flavonóis mais abundantes em caju. Esse aumento dos conteúdos de flavonóides

amarelos encontrados em cajus CCP 76 e BRS 189, sendo no estádio 7 até 56,3 para o

primeiro clone referido e até 50,7 mg/100 g para o segundo clone podem ser explicados em

virtude do aumento da atividade da FLS no estádio 4 (LOPES et al. 2012).

Nenhuma atividade enzimática foi encontrada para a LAR (Tabela 1) ao longo do

desenvolvimento do pseudofruto nos dois clones. Em uvas, Gagné et al. (2009) mostrou que

LAR é ativada cedo e sintetizada durante o florescimento e estabelecimento do fruto,

facilitando a biossíntese precoce de taninos.

4.2 Perfil cromatográfico de fenólicos

O perfil cromatográfico de fenólicos permitiu uma caracterização preliminar quanto às

diferenças nas concentrações dos principais flavonóides glicosilados nos pedúnculos de

cajueiro dos clones CCP 76 e BRS 189 (Figuras 17 e 18). Todavia, a identificação da massa

molecular desses compostos depende da utilização de um HPLC acoplado a um espectrômetro

de massas, porém o curto tempo para a execução desse trabalho, devido à sazonalidade da

produção do cajueiro, não permitiu que esses dados fossem considerados, sendo uma meta

futura a ser considerada.

Os cromatogramas revelam compostos representados por cinco picos com tempos de

retenção de 19,7; 21,3; 22,4; 24,2 e 24,6 em minutos que se repetem durante o

desenvolvimento do caju, mas com diferença entre os clones.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

42

Figura 17- Perfil cromatográfico (356nm) dos flavonóides glicosilados de cajus do clone CCP 76 nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C). Picos: 1- tR 19,7 min; 2- tR 21,3 min; 3- tR 22,4 min; 4-tR 24, 2 min e 5- tR 24,6 min.

A

B

C

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

43

Figura 18- Perfil cromatográfico (356nm) dos flavonóides glicosilados de cajus do clone BRS 189 nos estádios 2 (A), 4 (B) e 7 (C). Picos: 1- tR 19,7 min; 2- tR 21,3 min; 3- tR 22,4 min; 4-tR 24, 2 min e 5- tR 24,6 min.

A

B

C

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

44

No clone BRS 189, esses compostos decaem em concentração do estádio 2 para o 4,

de 11,22 para 0,12 mg/g MS, respectivamente, e o caju maduro no estádio 7 ainda apresenta

alguns desses compostos totalizando 0,48 mg/g MS (Tabela 2). O clone CCP 76, também

apresentou uma queda entre os estádios 2 e 4 de 5,69 para 3,26 mg/g MS, porém nos

pseudofrutos maduros, estes não foram detectados (Tabela 2).

Os cromatogramas (254 nm) também mostram picos iniciais provavelmente referentes

a compostos hidrofílicos como ácidos orgânicos e açúcares solúveis que são eluídos mais

rapidamente que os fenólicos.

Dentre as enzimas avaliadas (Tabela 1), a FLS é a responsável pela síntese de

quercetina e em ambos os clones, esta apresenta um aumento no estádio 4, provavelmente

associado a mudança de cor do caju. Entre os clones, o BRS 189 apresentou uma atividade

muito mais alta da FLS do que o CCP 76 e isso pode ter refletido no conteúdo de flavonóides

glicosilados persistirem até o estádio 7, diferentemente do observado para o clone CCP 76

que culminou com o desaparecimento desses flavonóides glicosilados (Tabela 2).

Além disso, durante a maturação, ocorre um decréscimo no teor de ácidos orgânicos

no caju, como já observado por Lopes (2011), porém não só esses compostos contribuem para

a acidez, mas também os fenólicos que também podem apresentar caráter acídico,

contribuindo para a adstringência (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Logo, os flavonoides

existentes no caju maduro do clone BRS 189 podem ser responsáveis pela maior

adstringência do mesmo, e sua ausência no clone CCP 76 permita uma maior doçura do caju

deste clone, aliado ao maior conteúdo de sólidos solúveis, já verificado por Moura et al.

(2013).

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

45

Tabela 2. Dados sobre o perfil de flavonóides glicosilados durante o desenvolvimento de pseudofrutos

de dois clones de cajueiro, em relação aos cromatogramas das Figuras 17 e 18.

Clone Estádio Pico Tempo de retenção

(min) Conteúdo* (mg/g MS)

BRS 189

2

Total 11,2294 1 19,77 4,0853 2 21,33 2,4556 3 22,41 2,9447 4 24,28 0,6117 5 24,62 1,1321

4

Total 0,1210 1 19,79 0,0185 2 21,35 0,0138 3 22,44 0,0532 4 24,30 0,0133 5 24,64 0,0222

7

Total 0,4895 1 19,77 - a 2 21,33 - a 3 22,43 0,3074 4 24,28 - a 5 24,61 0,1821

CCP 76

2

Total 5,6914 1 19,79 1,7133 2 21,35 1,1201 3 22,43 1,7731 4 24,29 0,3843 5 24,62 0,7006

4

Total 3,2662

1 19,77 0,6638 2 21,33 0,4696 3 22,41 1,1470 4 24,29 0,3912 5 24,61 0,5946

7

Total - 1 - - b 2 - - b 3 - - b 4 - - b 5 - - b

*Quantificados como mg de equivalente molar de quercetina (370 nm). a Quantidade traço; b Não detectado.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

46

5. CONCLUSÃO

As enzimas envolvidas no metabolismo de fenólicos se comportam diferentemente,

demonstrando a complexidade dessa rota biossintética que varia entre os clones e durante o

desenvolvimento dos pedúnculos de cajueiro. Foi observado que a atividade da PAL decresce

com o amadurecimento dos pseudofrutos, influenciando o conteúdo total de fenólicos, todavia

as enzimas intermediárias da rota apresentam aumentos da atividade nos estádios relacionados

à mudança de cor, indicando que grupos enzimáticos específicos (UGT e FLS) são ativados às

custas do decréscimo de outras atividades enzimáticas.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AABY, K; MAZUR, S; NES, A. & SKREDE, G. Phenolic compounds in strawberry

(Fragaria x ananassa Duch.) fruits : Composition in 27 cultivars and changes during

ripening. Food Chemistry. v. 132, p. 86–97, 2012.

ABREU, C. R. A. Qualidade e atividade antioxidante total de pedúnculos de clones

comerciais de cajueiro anão precoce. 2007. 111f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de

Alimentos) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.

AGATI, G; STEFANO, G, BIRICOLTI, S; TATTINI, M. Mesophyll distribution of

‘antioxidant’ flavonoid glycosides in Ligustrum vulgare leaves under contrasting sunlight

irradiance, Annals of Botany, v. 104, p.853–861, 2009.

AGATI, G; AZZARELLO, E; POLLASTRI, S. & TATTINI, M. Flavonoids as antioxidants

in plants: location and functional significance. Plant Science, v. 196, p. 67–76, 2012.

AGOSTINI-COSTA, T. da S; VIEIRA, R. F; NAVES, R. V. Caju, identidade tropical que

exala saúde. Revista toda fruta. 2014. Disponível em: <http://www.todafruta.com.br>.

Acesso em: 26 nov. 2014.

ALBUQUERQUE, D. P. L; KHAN, A. S; LIMA, P. V. P. S; CARVALHO, E. B. S. A

competitividade externa da amêndoa de castanha de caju brasileira no período de 1990 a

2007. Economia do Ceará em Debate 2010- IPEC, Fortaleza, v.1, p. 85-108, 2011.

ALVES, R. E; BEZERRA, F. C; ABREU, F. A.P. Development and maturation of the apple

of early dwarf cashew tree CCP 76. Acta Horticulturae, Wageningen, n. 485, p. 230-255,

1999.

BALIGA, M. S; SAXENA, A; KAUR, K; KALEKHAN, F; CHACKO, A; VENKATESH, P;

FAYAD, R. Chapter 50 – Polyphenols in the Prevention of Ulcerative Colitis: Past, Present

and Future. Polyphenols in Human Health and Disease, v. 01, p. 655-663, 2014.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

48

BEHLING, E. B; SENDÃO, M. C; FRANCESCATO, H. D. C; ANTUNES, L. M. G.

Flavonóide quercetina: aspectos gerais e ações biológicas. Alimentos e Nutrição, v. 15, p.

285-292, 2004.

BENÍTEZ-BURRACO, A; BLANCO-PORTALES, R; REDONDO-NEVADO, J; BELLIDO,

M. L; MOYANO, E; CABALLERO, J. L; MUNÕZ-BLANCO, J. Cloning and

characterization of two ripening-related strawberry (Fragaria x ananassa cv Chandler)

pectate lyase genes. Jounal of Experimental Botany, v. 54, p. 633–645, 2003.

BIEZA, K; LOIS, R. An Arabidopsis mutant tolerant to lethal ultraviolet-B levels shows

constitutively elevated accumulation of flavonoids and other phenolics. Plant Physiology, v

126, p. 1105–1115, 2001.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantification of microgram

quantities of protein utilizing the principle of protein - dye binding. Analytical Biochemistry,

Georgia, v. 722, p. 248-254, 1976.

BRITO, E. S. de; ARAUJO, M. C. P. de, LIN, L; HARNLY, J. Determination of the

flavonoid components of cashew apple (Anacardium occidentale) by LC-DAD-ESI/MS.

Food Chemistry, v. 105, p. 1112–1118, 2007.

BRITSCH, L; HELLER, W; GRISEBACH, H. Conversion of flavanone to flavone,

dihydroflavonol and flavonol with an enzyme system from cell cultures of parsley. Zeitschrift

für Naturforschung, v. 36, p.742–750, 1981.

BROSSAUD, F; CHEYNIER, V.A.C.N. Bitterness and astringency of grape and wine

polyphenols. Australian Journal of Grape and Wine Research, v. 7, p. 33–39, 2001.

BROWN, J.E; KHODR, K; HIDER, R.C; RICE-EVANS, C.A. Structural dependence of

flavonoid interactions with Cu(II) ions: implication for their antioxidant properties.

Biochemical Journal, v. 339, p.1173–1178, 1998.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

49

BROWN, D. E; RASHOTTE, A. M; MURPHY, A. S; NORMANLY, J; TAGUE, B. W;

PEER, W.A; TAIZ, L; MUDAY, G. K. Flavonoids act as negative regulators of auxin

transport in vivo in Arabidopsis. Plant Physiology, v. 126, p. 524-535, 2001.

BUENO, J. M; SAEZ-PLAZA, P; RAMOS-ESCUDERO, F; JIMENEZ, A. M; FETT, R;

ASUERO, A. G. Analysis and antioxidant capacity of anthocyanin pigments. Part II:

Chemical structure, color, and intake of anthocyanins. Critical Reviews in Analytical

Chemistry, v. 42, p. 126–151, 2012.

BUER, C. S; MUDAY, G. K. The transparent testa4 mutation prevents flavonoid synthesis

and alters auxin transport and the response of Arabidopsis roots to gravity and light. Plant

Cell, v. 16, p. 1191-1205, 2004.

CAMM, E. L; TOWERS, G. H. N. Phenylalanine ammonia lyase. Phytochemistry, v. 12, p.

961-973, 1973.

CARDOSO, J. E. et al. Genetic resistance of dwarf cashew (Anacardium occidentale L.) to

anthracnose, black mold, and angular leaf spot. Crop Protection, v. 18, n.1, p. 23-27, 1999.

CAVALCANTE, A. A. M; RUBENSAM, G; ERDTMANN, B; BRENDEL, M. &

HENRIQUES, J. A. P. Cashew (Anacardium occidentale) apple juice lowers mutagenicity of

aflatoxin B1 in S. typhimurium TA 102. Genetics and Molecular Biology, v. 28, p. 328–333,

2005.

CAZY. CAZy database. Disponível em < http://www.cazy.org/GlycosylTransferases.html>

Acesso em 09 Fev. 2015.

CHENG, G. W; BREEN, P. L. Activity of phenylalanine ammonia-lyase (PAL) and

concentrations of anthocyanins and phenolics in developing strawberry fruit. Journal

American Society Horticultural Science, v. 116, p. 865–869, 1991.

CHENG, G. W; MALENCIK, D. A; BREEN, P. J. UDP-glucose: flavonoid O-

glucosyltransferase from strawberry fruit. Phytochemistry, v. 35, p. 1435–1439, 1994.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

50

CHEYNIER, V; COMTE, G; DAVIES, K. M; LATTANZIO, V; MARTENS, S. Plant

phenolics: Recent advances on their biosynthesis, genetics, and ecophysiology. Plant

Physiology and Biochemistry, v.72, p. 1-20, 2013.

CHITARRA, M. I. F; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e

manuseio. 2. ed. Lavras:Ufla, 2005. 785p.

DAI, G.H; ANDARY, C; MONDOLOT-COSSON, L; BOUBALS, D. Histochemical studies

on the interaction between three species of grapevine, Vitis vinifera, V. rupestris and V.

rotundifolia and the downy mildew, Plasmopara viticola. Physiology and Molecular Plant

Pathology, v. 46, p. 3–8, 1995.

DIMAS, K; DEMETZOS, C; ANGELOPOULOU, D; KOLOKOURIS, A;

MAVROMOUSTAKOS, T. Biologicalactivity of myricetin and its derivatives against human

leukemic cell lines in vitro. Pharmacological Research, v. 42, p. 475–478, 2000.

DIXON, R. A. Natural products and plant disease resistance. Nature, v. 411, p. 843–847,

2001.

DIXON, R. A; XIE, D.-Y; SHARMA, S.B. Proanthocyanidins—a final frontier in flavonoid

research? New Phytologist, v. 165, p. 09–28, 2005.

DIXON, R. A; LIU, C; JUN, J. H. Metabolic engineering of anthocyanins and condensed

tannins in plants. Current Opinion in Biotechnology, v. 24, p. 329–335, 2013.

DUBOS, C; STRACKE, R; GROTEWOLD, E; WEISSHAAR, B; MARTIN, C; LEPINIEC,

L. MYB transcription factors in Arabidopsis, Trends Plant Science, v. 15, p. 573-581, 2010.

DURGO K; HALEC I; SOLA, I; FRANEKIC, J. Cytotoxic and genotoxic effects of the

quercetin/lanthanum complex on human cervical carcinoma cells in vitro. Archives of

Industrial Hygiene and Toxicology, v. 62, p. 221–227, 2011.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

51

EDWARDS, R; MAVANDAD, M; DIXON, R. A. Metabolic fate of cinnamic acid in elicitor

treated cell suspension cultures of Phaseolus vulgaris. Phytochemistry, v. 29, p. 1867-1873,

1990.

EL-SHORA, H. M. Properties of phenylalanine ammonia-lyase from Marrow cotyledons.

Plant Science, Columbus, v. 162, p. 1-7, 2002.

ERLEJMAN, A.G; VERSTRAITEN, S.V; FRAGA, C.G; OTEIZA, P.I. The interaction of

flavonoids with membranes: potential determinants of flavonoid antioxidant effects. Free

Radical Research, v.38, p. 1311–1320, 2004.

EVANS, C. T; CONRAD, D; HANNA, K; PETERSON, W; CHOMA, C; MISAWA, M.

Novel stabilization of phenylalanine ammonia lyase catalyst during bioconversion of trans-

cinnamic acid to L-phenylalanine. Applied Microbiology Biotechnology, v. 25, p. 399-405,

1987.

FAO. Faostat. 2012. Disponível em: < http://faostat3.fao.org/faostat-

gateway/go/to/download/Q/QC/E> Acesso em 27 Mar. 2014.

FLORES G, DE LA PEÑA MORENO F, BLANCH G. P, DEL CASTILLO, M. L. R.

Phenylalanine ammonia-lyase, flavanone 3β-hydroxylase and flavonol synthase enzyme

activity by a new in vitro assay method in berry fruits. Food Chemistry, v. 153, p. 130–133,

2014.

FONTES, C. P. M. L; SILVEIRA, M. S; GUILHERME, A. A. FERNANDES, F. A. N;

RODRIGUES, S. Substitution of yeast extract by ammonium sulfate for mannitol production

in cashew apple juice. Biocatalysis and Agricultural Biotechnology, v. 2, p. 69–75, 2013.

FORKMANN, G; DE VLAMING, P; SPRIBILLE, R; WIERING, H; SCHRAMM, A.W.

Genetic and biochemical studies on the conversion of dihydroflavonols to flavonols in flowers

of Petunia hybrida. Zeitschrift fur Naturforschung, v. 41, p. 179–186, 1986.

FORKMANN, G. Flavonoids as flower pigments: the formation of the natural spectrum and

its extension by genetic engineering. Plant Breeding, v. 106, p. 1–26, 1991.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

52

FORKNER, R.E; MARQUIS, R.J; LILL, J.T. Feeny revisited: condensed tannins as

antiherbivore defences in leaf-chewing herbivore communities of Quercus. Ecological

Entomology, v. 29, 174–187, 2004.

FUNK, C; BRODELIUS, P. E. Phenylpropanoid metabolism in suspension cultures of

Vanilla planifolia Andr. IV. Induction of vanillic acid formation. Plant Physiology, v. 99, p.

256-262, 1992.

GAGNÉ, S; LACAMPAGNE, S; CLAISSE, O. & GÉNY, L. Leucoanthocyanidin reductase

and anthocyanidin reductase gene expression and activity in flowers, young berries and skins

of Vitis vinifera L. cv. Cabernet-Sauvignon during development. Plant Physiology

Biochemistry, v. 47, p. 282–90, 2009.

GIVEN, N. K; VENIS, M. A. & Grierson, D. Hormonal regulation of ripening in the

strawberry, a non-climacteric fruit. Planta, v. 174, p. 402–406, 1988.

GOULD, K. S; LISTER, C; ANDERSEN, O. M; MARKHAM, K. R. Flavonoid functions in

plants. Flavonoids, p. 397–441, 2006.

HA, T. J. & KUBO, I. Lipoxygenase inhibitory activity of anacardic acids. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p. 4350–4354, 2005.

HALBWIRTH, H. et al. Measuring flavonoid enzyme activities in tissues of fruit species.

Journal Agricultural Food Chemistry, v. 57, p. 4983–4987, 2009.

HANSON, K. R; HAVIR, E. A. Phenylalanine ammonia-lyase, in The Biochemistry of

Plants, v. 07, Conn, E. E; Ed; Academia Press, New York, 1981. 577p.

HARBORNE, J.B. Plant phenolics, in: E.A. Bell, B.V. Charlwood (Eds.), Encyclopedia of

Plant Physiology, New Series, Secondary Plant Products, vol. 8, Springer-Verlag, Berlin,

Germany, 1980, p. 329 e 402.

HARBORNE, J. B. Introduction to Ecological Biochemistry, 4ª edição; Academic Press:

London, 1993.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

53

HAVAUX, M & KLOPPSTECH, K. The protective functions of carotenoid and flavonoid

pigments against excess visible radiation at chilling temperature investigated in Arabidopsis

npq and tt mutants. Planta, v. 213, p. 953–966, 2001.

HERRMANN, K. Occurrence and content of hydroxycinnamic and hydroxybenzoic acid

compounds in foods. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 28, p. 315–347,

1989.

HERNÁNDEZ, I; ALEGRE, L; BREUSEGEM, F. V; MUNNE-BOSCH, S. How relevant are

flavonoids as antioxidants in plants. Trends in Ecology & Evolution, p. 125–132, 2009.

HODGINS, D. S. The presence of a carbonyl group at the active site of L-phenylalanine

ammonia lyase. Biochemical and Biophysical Research Communications. v. 32, p. 246-253,

1968.

HYOGO, A.; KOBAYASHI, T.; GARCIA DEL SAZ, E. & SEGUCHI, H. Antioxidant

effects of protocatechuic acid, ferulic acid, and caffeic acid in human neutrophils using a

fluorescent substance. International Journal Morphology, v. 28, p. 911-920, 2010.

JEONG et al. Variation in flavonoid levels in ’Citrus benikoji’ Hort. ex. Tan. infected by

Colletotrichum gloeosporioides. Food Chemistry, v. 148, p. 284-288, 2014.

JONES, P; VOGT, T. Glycosyltransferases in secondary plant metabolism: Tranquilizers and

stimulant controllers. Planta, v. 213, p. 164–174, 2001.

KOBAYASHI, H; NACIRI-GRAVEN, Y; BROUGHTON, W. J; PERRET X. Flavanoids

induce temporal shifts in gene-expression of nod-box controlled loci in Rhizobium sp.

NGR234. Molecular Microbiology, v. 51, p. 335-347, 2004.

KUBO, I; NIHEI, K. & TSUJIMOTO, K. Antibacterial action of anacardic acids against

Methicillin Resistant Staphylococcus aureus (MRSA). Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v. 51, p. 7624–7628, 2003.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

54

KUBO, J; LEE, J. R. & KUBO, I. Anti-helicobacter pylori agents from the cashew apple.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 47, p. 533–537, 1999.

KYLE, J.A.M., DUTHIE, G.G. Flavonoid in food. In flavonoids, in: O.M. Andesen, K.R.

Markham (Eds.), Chemistry, Biochemistry and Applications, CRC Taylor & Francis Group,

Boca Raton, p. 219–262, 2006.

LANDMANN, C; FINK, B. & SCHWAB, W. FaGT2: a multifunctional enzyme from

strawberry (Fragaria x ananassa) fruits involved in the metabolism of natural and xenobiotic

compounds. Planta, v. 226, p. 417-428, 2007.

LATZA, S; GANSSER, D; BERGER, R. G. Identification and Accumulation of 1-O-trans-

Cinnamoyl-β-D-glucopyranose in Developing Strawberry Fruit (Fragaria ananassa Duch.

Cv. Kent). Journal of Agricultural Food Chemistry, v. 44, p. 1367-1370, 1996.

LEE, K. W; KANG, N. J; ROGOZIN, E. A; KIM, H. G; CHO; Y. Y; BODE; A.M; LEE H.J;

SURH, Y. J; BOWDEN, G. T; DONG, Z. Myricetin is a novel natural inhibitor of neoplastic

cell transformation and MEK1. Carcinogenesis, v. 28, p. 1918–1927, 2007.

LEITE, L. A. S; PAULA-PESSOA, P. F. A. Aspectos sócioeconômicos. In: BARROS, L. M.

(Ed.). Caju: produção: aspectos técnicos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical;

Brasília, DF: Informação Tecnológica, p. 15-17, 2002.

LI, J; OU-LEE, T-M; RABA, R; AMUNDSON, R. G; LAST, R. L. Arabidopsis flavonoid

mutants are hypersensitive to UV-B radiation. The Plant Cell, v. 05, p. 171–179, 1993.

LONGEMANN, E; PARNISKE, M; HAHLBROCK, K. Modes of expression and common

structural features of the complete phenylalanine ammonia-lyase gene family in parsley.

Proceedings of the National Sciences of the United States, v. 92, p. 5905-5909, 1995.

LOPES, M. M. A; MIRANDA, M. R. A; MOURA, C. F. H; ENÉAS, J. Bioactive compounds

and total antioxidant capacity of cashew apples (Anacardium occidentale L.) during the

ripening of early dwarf cashew clones. Ciência e Agrotecnologia, v. 36, p. 325– 332, 2012.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

55

LOPEZ-GALVEZ, G; SALTVEIT, M. E; CANTWELL, M. I. Wound induced phenylalanine

ammonia lyase activity: Factors affecting its induction and correlation with the quality of

minimally processed lettuce. Postharvest Biology and Technology, v. 09, p. 223-233, 1996.

LUKACIN, R; WELLMANN, F; BRITSCH, L; MARTENS, S; MATERN, U. Flavonol

synthase from Citrus unshiu is a bifunctional dioxygenase. Phytochemistry, v. 62, p. 287–

292, 2003.

LUNKENBEIN, S. et al. Cinnamate Metabolism in Ripening Fruit. Characterization of a

UDP-Glucose: Cinnamate Glucosyltransferase from Strawberry. Plant Physiology, v. 140,

p.1047–1058, 2006.

MACDONALD, M. J; D’ CUNHA, G. B. A modern view of phenylalanine ammonia lyase.

Biochemistry and Cell Biology, v. 85, p. 273–282, 2007.

MACHEIX, J. J; FLEURIT, A; BILLOT, J. Fruit phenolics. CRC Press, Inc. Florida, 1990.

MALESEV, D.M; KUNTIC, V. Investigation of metal–flavonoid chelates and the

determination of flavonoids via metal–flavonoid complexing reactions, Journal of the

Serbian Chemical Society, v. 72, p. 921–939, 2007.

MATTIVI, F; RAFFAELE, G; VRHOVSEK, U; STEFANINI, M; VELASCO, R. Metabolite

profiling of grape: Flavonols and anthocyanins. Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v. 54, p. 7692–7702, 2006

MELO-CAVALCANTE, A. A; RÜBENSAM, G; PICADA, J.N; SILVA, E. G; MOREIRA,

F. J. C; HENRIQUES, J.A.P. Mutagenic evaluation, antioxidant potential and antimutagenic

activity against hydrogen peroxide of cashew (Anacardium occidentale) apple juice and

cajuina. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 41, p. 360-369, 2003.

MICHODJEHOUN-MESTRES, L; AMRAOUI, W. & BRILLOUET, J.-M. Isolation,

characterization, and determination of 1-O-trans-cinnamoyl-beta-D-glucopyranose in the

epidermis and flesh of developing cashew apple (Anacardium occidentale L.) and four of its

genotypes. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 57, p. 1377–82, 2009.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

56

MO, Y; NAGEL, C; TAYLOR, L. P. Biochemical complementation of chalcone synthase

mutants defines a role for flavonols in functional pollen. Proceedings of the National

Academy of Sciences of the United States, v.89, p. 7213-7217, 1992.

MOEHS, C. P; ALLEN, P. V; FRIEDMAN, M; BELKNAP, W. R. Cloning and expression of

solanidine UDP-glucose glucosyltransferase from potato. The Plant Journal, v. 11, p. 227–

236, 1997.

MONTENEGRO, A. A. T et al. Cultivo do Cajueiro. Embrapa Agroindústria Tropical.

Sistemas de Produção. ISSN 1678-8702. Versão eletrônica, 2003.

MORI, T; SAKURAI, M; SAKUTA, M. Effects of conditioned medium on activities of PAL,

CHS, DAHP synthase (DS-Co and Ds-Mn) and anthocyanin production in suspension

cultures of Fragaria ananassa. Plant Science, Columbs, v. 160, p. 355-360, 2001.

MORIGUCHI, T; KITA, M; OGAWA, K; TOMONO, Y; ENDO, T; OMURA, M. Flavonol

synthase gene expression during citrus fruit development. Physiologica Plantarum, v. 114, p.

251–258, 2002.

MOURA, C. F. H; ALVES, R. E; SILVA, E de O; LOPES, M. M de A. Fisiologia e

tecnologia pós-colheita do pedúnculo do cajueiro. 2. ed. rev. ampl. Brasília, DF: Embrapa

Agroindústria Tropical, 2013. 31p. (Embrapa Agroindústria Tropical, 17).

MURPHY, A; PEER, W. A; TAIZ L. Regulation of auxin transport by aminopeptidases and

endogenous flavonoids. Planta, v. 211, p. 315-324, 2000.

NAGASHIMA, S; TOMO, S; ORIHARA, Y; YOSHIKAWA, T. Cloning and

characterization of glucosyltransferase cDNA from Eucalyptus perriniana cultured cells.

Plant Biotechnology, v. 21, p. 343-348, 2004.

OGATA, K; UCHIYAMA, K; YAMADA, H. Metabolism of aromatic amino acid in

microorganisms. Part I: formation of cinamic acid from phenylalanine. Agricultural

Biological Chemistry, v. 31, p. 200-206, 1967.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

57

PAHARI, B; CHAKRABORTY, S; CHAUDHURI, S; SENGUPTA, B; SENGUPTA, P. K.

Binding and antioxidant properties of therapeutically important plant flavonoids in

biomembranes: insights from spectroscopic and quantum chemical studies. Chemistry and

Physics of Lipids, v. 165, p. 488–496, 2012.

PFEIFFER, J; KÜHNEl C; BRANDT, J; DUY,D; PUNYASIRI, P.A. N; FORKMANN, G;

FISCHER, T. C. Biosynthesis of flavan 3-ols by leucoanthocyanidin 4-reductases and

anthocyanidin reductases in leaves of grape (Vitis vinifera L.), apple (Malus x domestica

Borkh.) and other crops. Plant Physiology and Biochemistry, v. 44, p. 323–334, 2006.

POLLASTRI, S.; TATTINI, M. Flavonols: old compounds for old roles. Annals of Botany, v.

108, p. 1225–1233, 2011.

POLSTER, J; DITHMAR, H; BURGEMEISTER, R; FRIEDEMANN, G; FEUCHT, W.

Flavonoids in plant nuclei: detection by laser microdissection and pressure catapulting

(LMPC), in vivo staining, and UV-visible spectroscopic titration. Physiology Plant, v. 126, p.

163–174, 2006.

PRESCOTT, A.G; LLOYD, M.D. The iron (II) and 2-oxoaciddependent dioxygenases and

their role in metabolism. Natural Product Reports, v. 17, p. 367–383, 2000.

PSAHOULIA, F.H; DROSOPOULOS, K.G; DOUBRAVSKA, L; ANDERA L; PINTZAS,

A. Quercetin enhances TRAIL-mediated apoptosis in colon cancer cells by inducing the

accumulation of death receptors in lipid rafts. Molecular Cancer Therapeutics, v. 6, p. 2591–

2599, 2007.

PUNYASIRI, P. A. N; ABEYSINGHE, I. S. B; KUMAR, V; TREUTTER, D; DUY, D;

GOSCH, C; MARTENS, S; FORKMANN, G; FISCHER, T. C. Flavonoid biosynthesis in tea

plant Camellia sinensis: properties of enzymes of the prominent epicatechin and catechin

pathways. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 431, p. 22-30, 2004.

RAGHUNATHAN, M; ZUBOVSKI, Y; VENABLE, R. M; PASTOR, R.W; NAGLE, J. F;

TRISTRAM-NAGLE, S. Structure and elasticity of lipid membranes with genistein and

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

58

daidzein bioflavonoids using X-ray scattering and MD simulations, The Journal Physical

Chemistry, p. 3918–3927, 2012.

RAVEN, P. H; EVERT, R. F; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2011. 830p.

RAY, S. D; BAGCHI, D. Roles of polyphenols, flavonoids, and oligomeric

proanthocyanidins in cancer chemoprevention. In Phytopharmaceuticals in Cancer

Chemoprevention. Edited by Bagchi D, Preuss HG. CRC Press, p. 311-348, 2005.

ROCHA, M. V. P; RODRIGUES, T. H. S; DE ALBUQUERQUE, T. L; Gonçalves, L. R. B.

& DE MACEDO, G. R. Evaluation of dilute acid pretreatment on cashew apple bagasse for

ethanol and xylitol production. Chemical Engineering Journal, Fortaleza, v. 243, p 234–243,

2014.

ROZEMA, J; VAN DE STAAIJ J; BJORN, L.O; CALDWELL, M. M. UV-B as an

environmental factor in plant life: stress and regulation. Trends in Ecology &Evolution, v.

12, p. 22–28, 1997.

SERGENT, T; PIRONT, N; MEURICE, J; TOUSSAINT, O; SCHEINDER, Y.-J.

Antiinflammatory effects of dietary phenolic compounds in an in vitro model of inflamed

human intestinal epithelium. Chemico-Biological Interactions, v. 188, p. 659–667, 2010.

SHIMIZU, T; KOJIMA, M. Partial purification and characterization of UDPG:t-cinnamate

glucosyltransferase in root of sweet potato, Ipomoea batatas Lam. The Journal of

Biochemistry, v. 95, p. 205-212, 1984.

SIMÕES, A. N. et al. Caracterização química de pedúnculos de caju CCP-76 em diferentes

estádios de desenvolvimento. Caatinga, v.14, n. 1, p. 75-78, 2001.

SIMÕES, C. C; ARAÚJO, D. B; ARAÚJO, R. P. C. Estudo in vitro e ex vivo da ação de

diferentes concentrações de extratos de própolis frente aos microrganismos presentes na saliva

de humanos. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 18, p.84–89, 2008.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

59

SNYDER, S. M; REBER, J. D; FREEMAN, B. L; ORGAD, K; EGGETT, D. L; PARKER, T.

L. Controlling for sugar and ascorbic acid, a mixture of flavonoids matching navel oranges

significantly increases human postprandial serum antioxidant capacity. Nutrition Research, v.

31, p. 519–526, 2011.

SOLOVCHENKO, A; SCHMITZ-EIBERGER, M. Significance of skin flavonoids for UV-B

protection in apple fruits. Journal of Experimental Botany, v. 54, 1977–1984, 2003.

SOUZA, R.F; DE GIOVANI, W. F. Antioxidant properties of complexes of flavonoids with

metal ions, Redox Report, v. 9, p. 97-104, 2004.

SPRIBILLE, R; FORKMANN, G. Conversion of dihydroflavonols to flavonols with enzyme

extracts from flower buds of Matthiola incana. Zeitschrift fur Naturforschung, v. 39, p. 714–

719, 1984.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 918p.

TANAKA, T; SHNIMIZU, M; MORIWAKI, H. Cancer chemoprevention by carotenoids.

Molecules, v. 17, p. 3202–3242, 2012.

TANNER, G.J; FRANCKI, K.T; ABRAHAMS, S; WATSON, J.M; LARKIN, P.J; ASHTON

A.R. Proanthocyanidin biosynthesis in plants. The Journal of Biological Chemistry, v. 278,

p. 31647–31656, 2003.

TAYLOR, L. P; GROTEWOLD, E. Flavonoids as developmental regulators. Plant Biology,

v. 8, p. 317-323, 2005.

TENA, M; LÓPEZ-VALBUENA, R; JORRIN, J. Induction of phenylalanine ammonia-lyase

in hypocotyls of sunflower seeslings by light, excision and sucrose. Physiologia Plantarum,

v. 60, p. 159-165, 1984.

UNNIKRISHNAN, M.K ; VEERAPUR, V; NAYAK, Y; MUDGAL, P. P; MATHEW, G.

Chapter 13 – Antidiabetic, Antihyperlipidemic and Antioxidant Effects of the Flavonoids.

Polyphenols in Human Health and Disease, v.01, p. 143-161, 2014.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA …repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19292/1/2015_dis_agcunha.pdf · Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

60

VERGARA, C. M. A. C; HONORATO, T. L; MAIA, G. A; RODRIGUES, S. Prebiotic effect

of fermented cashew apple (Anacardium occidentale L.) juice. Food Science and

Technology, Fortaleza, v.43, p.141-145, 2010.

VITALI, A; MONACHE, G; ZAPPIA, G; MISITI, D; GACS-BAITZ, E; BOTTA, B. Beta-

glucosyltransferase in cell cultures of Verbesina caracasana. Heterocycles, v. 50, p. 721-730,

1999.

VOGT, T; JONES, P. Glycosyltransferases in plant natural product synthesis: characterization

of a supergene family. Trends Plant Sci, v. 5, p. 380–386, 2000.

WANG, S. J; TONG, Y; LU, S; YANG, R; LIAO, X; XU; Y. F; LI, X. Anti-inflammatory

activ-ity of myricetin isolated from Myrica rubra Sieb. et Zucc. leaves. Planta Medica. v. 76,

p. 1492–1496, 2010.

WATANABE, S. K; HERNANDEZ-VELAZCO, G; ITURBE-CHINAS, F; LOPEZ-

MUNGIA, A. Phenylalanine ammonia lyase from Sporidiobolus pararoseus and

Rhodosporidium toroloides: application for phenylalanine and tyrosine deamination. World

Journal Microbiology and Biothecnology, v. 08, p. 406-410, 1992.

WELLMANN, F; LUKACIN, R; MORIGUCHI, T; BRITSCH, L; SCHILTZ, E. Functional

expression and mutational analysis of flavonol synthase from Citrus unshiu. European

Journal of Biochemistry, v. 269, p. 4134-4142, 2002.

WINKEL-SHIRLEY, B. Flavonoid biosynthesis: a colorful model for genetics, biochemistry,

cell biology and biotechnology. Plant Physiology, v. 126, p. 485-493, 2001.

YAO, S; SANG, H; SONG, G; YANG, N; LIU, Q; ZHANG, Y; JIAO, P; ZONG, C; QIN, S.

Quercetin protects macrophages from oxidized low-density lipoprotein-induced apoptosis by

inhibiting the endoplasmic reticulum stress-C/EBP homologous protein pathway.

Experimental Biology and Medicine, v. 237, p. 822–831, 2012.

YONEKURA-SAKAKIBARA, K.; HANADA, K. An evolutionary view of functional

diversity in family 1 glycosyltransferases. The Plant Journal, v. 66, p. 182-193, 2011.