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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA DISSERTAÇÃO ISOLAMENTO EM CROMATOGRAFIA DE IMUNOAFINIDADE E ATIVIDADE ANTIFUNGICA DE OSMOTINAS DE FLUIDOS LATICÍFEROS MARIA ZELANDIA ROCHA SILVA FORTALEZA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

DISSERTAÇÃO

ISOLAMENTO EM CROMATOGRAFIA DE IMUNOAFINIDADE E ATIVIDADE ANTIFUNGICA DE OSMOTINAS DE FLUIDOS LATICÍFEROS

MARIA ZELANDIA ROCHA SILVA

FORTALEZA

2015

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MARIA ZELANDIA ROCHA SILVA

ISOLAMENTO EM CROMATOGRAFIA DE IMUNOAFINIDADE E ATIVIDADE ANTIFUNGICA DE OSMOTINAS DE FLUIDOS LATICÍFEROS

Fortaleza-Ce

FORTALEZA

2015

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-graduação em Bioquímica, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Bioquímica.

Orientador: Prof. Dr. Márcio Viana Ramos

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências e Tecnologia

S581i Silva, Maria Zelândia Rocha.

Isolamento em cromatografia de imunoafinidade e atividade antifungica de osmotinas de fluidos laticíferos / Maria Zelândia Rocha Silva. – 2015.

84 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia,

Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Pós-Graduação em Bioquímica, Fortaleza, 2015.

Área de Concentração: Bioquímica Vegetal. Orientação: Prof. Dr. Márcio Viana Ramos. 1. Plantas lactíferas. 2. Ação antifúngica. 3. Mecanismo de defesa. I. Título.

CDD 574.192

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À Deus, à minha família por toda motivação, e

a todos que contribuíram para a realização

desse trabalho.

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Fontes de financiamento

Este trabalho foi realizado com o suporte das seguintes instituições:

Universidade Federal do Ceará (UFC), através do Laboratório de Plantas

Laticíferas, coordenado por Professor Dr. Márcio Viana Ramos, do Departamento de

Bioquímica e Biologia Molecular (DBBM).

Universidade de Fortaleza (Unifor), através do Laboratório de

Desenvolvimento de Fármacos. Coordenado pela Professora Dra. Ana Cristina de

Oliveira Monteiro Moreira, do Curso de Farmácia – Centro de Ciências da Saúde

(CCS).

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(FUNCAP)

Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. Márcio Viana Ramos por ter aceitado ser meu

orientador, pela sua paciência com minhas inúmeras dificuldades e inexperiências.

Pelos vários ensinamentos e concelhos ao logo desses dois anos. Por ser um exemplo

de profissional competente e dedicado que muito me espira. Pelos ensinamentos na

correção deste trabalho. Por ter me dado a oportunidade de fazer parte deste grupo

de pesquisa.

Ao Prof. Dr. Cleverson Diniz Teixeira de Freitas por todos os ensinamentos

teóricos e práticos durante o mestrado. Pelos conselhos e paciência com as minhas

limitações. Pelo exemplo de dedicação. Pela correção deste trabalho e todas as

contribuições para a sua realização.

Ao Prof. Dr. André Herzog por sua gentileza e disponibilidade em aceitar o

convite de participar desta defesa e suas contribuições ao trabalho. Pelos

ensinamentos em minha graduação.

Daniele Aragão Pereira por ter me ajudado na correção desta

dissertação e sugestões. Por seus ensinamentos e apoios nos momentos de angustia.

Pela sua amizade.

À Carolina Viana por ter me recebido nos primeiros dias que cheguei no

laboratório, por ter aguentado minhas perturbações e correções deste trabalho.

À Camila Tauane por sua amizade, alegria contagiante, apoio em momentos

de desesperos e correções deste trabalho.

Aos meus colegas de turma de mestrado, Isabel Cristina, Rayanne Farias

e Walace Cruz pela companhia, ajuda e apoio ao logo desses dois anos.

Ao Diego Pereira de Sousa pelos ensinamentos com os ensaios

antifúngicos, à Ayrles Brandão pelos ensinamentos e companhia.

À Beatriz Nish pelos ensinamentos de Bioinformática, ao Jackson Amaral

pelo apoio e conversas sobre o trabalho, à Juliane, João Pedro, Guilherme, Rafaela,

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Daniel, Leticia, Hugo, Camila Freitas e Raissa por ajuda em momentos que

necessitei e pela convivência. Ao Junior Abílio pela ajuda nas coletas de látex.

Aos professores Enéias Gomes Filho, José Tadeu Abreu de Oliveira, Ilka

Maria Vasconcelos, Hermógenes David Oliveira, Erica Mota, Dirce Fernandes de

Melo, Ana Lúcia e Francisco Campos pelos ensinamento durante as disciplinas do

mestrado. A professora Cristina Paiva pelos ensinamentos de cultura de tecidos. Ao

professor José Hélio Costa por aceitar ser suplente da comissão de avaliação desta

defesa.

Ao veterinário, Neto, pelos cuidados com o coelho, aos secretários de pós-

graduação, às zeladoras.

À minha família por me apoiar e me incentivar em todos os momentos

difíceis.

À todos do departamento de Bioquímica que de alguma forma contribuíram

para a conclusão desse trabalho.

Obrigada.

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RESUMO

ISOLAMENTO EM CROMATOGRAFIA DE IMUNOAFINIDADE E ATIVIDADE ANTIFUNGICA DE OSMOTINAS DE FLUIDOS LATICÍFEROS

As plantas estão constantemente sujeitas a diversos tipos de estresse, tanto bióticos

como abióticos, resultando em respostas de defesa. Decorrente disto, os vegetais

sintetizam certas proteínas denominadas de proteínas relacionadas à patogênese (PR

proteína). As Pr-proteínas chamadas de osmotinas podem ser induzidas sob

condições de estresse osmótico, frio e escassez de água. Osmotinas tem sido

purificadas de fluidos laticíferos e algumas delas estão relacionadas com a atividade

antifúngica. O objetivo do presente trabalho foi prospectar osmotinas, bem como isolá-

las e avaliar suas atividades antifúngicas, nos fluidos laticíferos das seguintes

espécies: C. grandiflora, P. rubra, T. peruviana, H. drasticus e C. papaya. Nos látex

de C. grandiflora e P. rubra foram detectadas osmotinas através de imunoensaios em

placa de ELISA, Dot Blot e Westen Blot, utilizando os anticorpos anti-CpOsm

(osmotina do látex de C. procera). Cromatografia de imunoafinidade em coluna com

anticorpos anti-CpOsm foram realizadas com o intuito de purificar estas osmotinas.

Análises por meio de espectrometria de massas, revelaram a presença de osmotina

em C. procera, C. grandiflora, P. rubra e H. drasticus. No entanto, a osmotina de C.

procera foram co-purificadas com proteases cisteínicas. A protease cisteínica co-

purificada no látex de C. procera foi identificada como Proceraina B. O alinhamento e

a análise da estrutura tridimensional da Proceraina B e CpOsm revelaram a presença

de uma sequência semelhante em ambas as proteínas, que pode ser um epítopo

disponível ao reconhecimento do anticorpo anti-CpOsm. As osmotinas isoladas de C.

grandiflora e P. rubra não apresentaram atividade antifúngica contra F. solani e C.

gloesporioides. Desde que não houve correlação entre a atividade antifúngica e à

presença destas osmotinas, as atividades proteolíticas das frações proteicas foram

avaliadas a fim de correlaciona-las à atividade antifúngica. Nos fluidos laticíferos, as

proteases cisteínicas estão mais frequentemente relacionadas à atividade antifúngica

do que as osmotinas. Estudos mais aprofundados sobre a função das osmotinas na

fisiologia de plantas laticíferas são necessários.

Palavras-chave: Plantas laticíferas, PR-proteína, Látex.

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ABSTRACT

Plants are constantly exposed to a variety of stresses conditions. However, they react

to biotic stresses by triggering a set of defense mechanisms including the synthesis of

defensive substances as the pathogenesis-related (PR) proteins. The PR-protein

named osmotin can be induced under osmotic stress and water shortage conditions.

Osmotin-like proteins have been purified from latex and some of them are related to

antifungal activity. The aim of this study was to investigate the osmotin in the following

species laticifers: C. grandiflora, P. rubra, T. peruviana, H. drasticus and C. papaya to

isolate and evaluate its antifungal activities. Immunoaffinity column chromatography

with anti-CpOsm antibodies were performed in order to purify these osmotin-like. They

were detected in latex of C. grandiflora and P. rubra by immunoassays the ELISA, Dot

Blot and Western Blot using anti-CpOsm antibody (the osmotin of C. procera latex).

Osmotin of C. procera, C. grandiflora, P. rubra and H. drasticus were identified by mass

spectrometry. However, the osmotin from C. procera was co-purified with cysteine

proteases. The co-purified cysteine protease from C. procera was identified as

Procerain B. The alignment and the 3-D structure analysis of Procerain B and CpOsm

revealed the presence of a similar sequence in both proteins. This sequence might be

an epitope which allows the anti-antibody recognition. The osmotin from C. grandiflora,

and P. rubra did not show antifungal activity against Fusarium solani and

Colletotrichum gloesporioides. Since no correlation between the antifungal activity and

the presence of these osmotins were found, the proteolytic activities of these latex

protein fractions were evaluated in order to correlate with the antifungal activity C.

procera and C. grandiflora showed a strong proteolytic activity. In latex, the cysteine

proteases are more often related to antifungal activity than osmotin, which might

explain, at least in part, the antifungal activity performed by C. grandifora and not for

its osmotin. Further studies on the role of osmotin in physiology laticifers plants are

needed.

Keywords: Laticifers plants, PR-protein, Latex.

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SUMÁRIO

item Título Página

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 Látex 15

1.2 Laticíferos 16

1.3 Calotropis procera (Ait.) R. Br. 17

1.4 Estudo de outras plantas laticíferas: Plumeria rubra, Cryptostegia grandiflora, Thevetia peruviana e Himatanthus drasticus.

19

1.5 Proteínas Relacionadas a patogêneses 23

1.6 PR-5 proteínas 25

1.7 Osmotinas: características gerais 26

1.8 Osmotina: atividade antifungica 28

1.9 Osmotina em plantas laticíferas 29

2 JUSTIFICATIVA 31

3 OBJETIVOS 31

3.1 Objetivo Geral 32

3.2 Objetivos específicos 32

4 MATERIAIS E MÉTODOS 33

4.1 Reagentes 33

4.2 Material biológico 33

4.2.1 Fungos 33

4.2.2 Plantas 33

4.3 Métodos 34

4.3.1 Coleta e fracionamento de látex 34

4.3.2 Purificação de osmotina de C. procera 34

4.3.3 Produção de anticorpos anti-CpOsm 35

4.3.4 Dot Blotting 35

4.3.5 Western Blot 36

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4.3.6 ELISA 36

4.3.7 Imobilização em Sepharose 4B dos anticorpos anti-CpOsm purificados

37

4.3.8 Purificação dos anticorpos anti-osmotina e imobilização em Sepharose 4B

38

4.3.9 Imobilização em Sepharose 4B dos anticorpos anti-CpOsm purificados

38

4.3.10 Cromatografia de imunoafinidade 38

4.3.11 Dosagem de proteínas 39

4.3.12 Eletroforese em gel de poliacrilamida 39

4.3.13 Identificação por espectrometria de massas 39

4.3.14 Análise molecular em três dimensões 40

4.3.15 Cromatografia e eletroforese de adiponectina de coelho 40

4.4 Atividade biológica 41

4.4.1 Cultivo dos fungos 41

4.4.2 Obtenção de esporos dos fungos F. solani e

C. gloesporioides

41

4.4.3 Ensaio de inibição do crescimento vegetativo de fungo 41

4.4.4 Atividade proteolítica 42

5 RESULTADOS 43

5.1 Purificação de anticorpos anti-CpOsm 43

5.2 Identificação de osmotinas em fluidos laticíferos 46

5.3 Similariedade entre CpOsm e Proceraina-B 49

5.4 Isolamento e identificação de osmotina nos látices 54

5.5 Atividade antifúngica 56

5.6 Correlação da estrutura e atividade antifúngica de CpOsm 61

5.7 Atividade proteolítica 63

5.8 Cromatografia e eletroforese de adiponectina 64

6 DISCUSSÃO 66

7 CONCLUSÃO 73

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Laticífero articulado e laticífero não articulado 17

Figura 2 Planta Calotropis procera (Ait.) R. Br. 18

Figura 3 Planta Plumeria rubra Linn. 20

Figura 4 Planta Cryptostegia grandiflora R. Br. 21

Figura 5 Planta Thevetia peruviana (Pers.) Schum. 22

Figura 6 Planta Himatanthus drasticus (Mart.). 23

Figura 7 O mecanismo de ação da osmotina contra fungos. 28

Figura 8 Purificação de anticorpos policlonais anti-CpOsm através de

cromatografia de afinidade com CpOsm imobilizada.

44

Figura 9 Imunodetecção (ELISA) de proteínas semelhante a CpOsm nos látices de estudo.

46

Figura 10 Detecção de osmotinas semelhantes a CpOsm por Dot Blot

e Western Blot nas frações proteicas de fluidos laticíferos

48

Figura 11 Perfil cromatográfico das frações proteicas de látices. 50

Figura 12 Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) dos picos da

cromatografia de afinidade (anti-CpOSm imobilizada) de

CpLP, CgLP e PrLP.

52

Figura 13 Alinhamento das sequências de CpOsm e Proceraina B e

estruturas tridimencionais.

55

Figura 14 Efeito das frações CpLP (C. procera), CgLP (C. grandiflora),

PrLP (P. rubra), TpLP (T. peruviana), HdLP (H. drasticus),

CapLP (C. papaya) sobre o crescimento vegetativo do fungo

Colletotrichum gloeosporioides.

57

Figura 15

Efeito das frações CpLP (C. procera), CgLP (C. grandiflora),

PrLP (P. rubra), TpLP (T. peruviana), HdLP (H. drasticus),

CapLP (C. papaya) sobre o crescimento vegetativo do fungo

Fusarium solani.

58

Figura 16 Atividade antifúngica dos picos cromatográficos das frações

LP (cromatografia de afinidade com anti-CpOsm imobilizado)

contra C. gloesporioides.

59

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Figura 17

Atividade antifúngica dos picos cromatográficos das frações

LP (cromatografia de afinidade com anti-CpOsm imobilizado)

contra F. solani.

60

Figura 18 Estrutura tridimensional da osmotina de Calotropis procera. 62

Figura 19 Atividade proteolítica das frações LP. 63

Figura 20 Cromatografia do soro total de coelho e eletroforese.

64

Figura 21

Alinhamento múltiplo da osmotina de Calotropis procera

(CpOsm) com diferentes adiponectinas: humana, de coelho,

camundongo e bovina.

65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Lista de classificação de proteínas relacionadas a

patogênese

24

Tabela 2

Identificação das proteínas do pico retido(PII) na cromatografia de afinidade (CpOsm-Sepharose 4B) do soro imunizado com CpOsm

45

Tabela 3

Rendimento dos picos retidos (PII) e não retidos (PI) nas cromatografias de imunoafinidade em coluna com anti-CpOsm imobilizada.

51

Tabela 4 Identificação das proteínas retidas (PII) na cromatografia

de afinidade (anti-CpOsm imobilizada) de CpLP, CgLP,

PrLP e HdLP.

53

Tabela 5 Epítopos alergênicos similares à sequência 163SGSCGP169

da CpOsm, obtidos do banco de dados SDAP.

56

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ABREVIATURAS E DEFINIÇÕES

BCIP 5-bromo-4-cloro-3-indoil fosfato

BSA Albumina sérica bovina

CapLP Fração proteica de Carica papaya

CgLP Fração proteica de Cryptostegia grandiflora

CpLP Fração proteica de Calotropis procera

CpOsm Osmotina de Calotropis procera

ELISA Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay

FPLC Fast protein liquid chromatography

HdLP Fração proteica de Himatanthus drasticus

IAA Iodoacetamida

LP Fração proteica

kDa Quilodalton

NTB Nitroazul de tetrazólio

NCBI National Center for Biotechnology Information

PBS Tampão fosfato de sódio

PDB Banco de dados de proteína

PMSF Phenylmethanesulfonylfluoride

PrLP Fração proteica de Plumeria rubra

SDS Dodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de SDS

TEMED N,N,N’,N’ – tetrametiletilenodiamina

TpLP Fração proteica de Thevetia peruviana

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15

1. INTRODUÇÃO

1.1 Látex

Látex pode ser descrito como uma dispersão coloidal de aspecto leitoso

exsudado de plantas quando estas sofrem algum tipo de injúria, seja por dano

mecânico ou por herbivoria (KEKWICK, 2001). Este fluido está presente nos

laticíferos, que são células ou fileiras de células especializadas, podendo ser

distribuídas nas raízes, caules, pecíolos, folhas e frutos (DEMARCO et al., 2006).

A hipótese mais aceita é que os fluidos laticíferos participem da defesa

química de planta, por possuírem um arsenal de moléculas como: proteases,

quitinases, peroxidases, inibidores de proteases, osmotinas, além de vários tipos de

metabólitos secundários, que são capazes de reduzir o ataque de insetos herbívoros

ou doenças provocadas por fungos ou bactérias (KONNO, 2011; HASAINI et al.,

2012). Além desta defesa química, látex pode aprisionar ou prender as peças bucais

de insetos, devido a sua viscosidade e sua propriedade colante (MOURSY, 1997).

Látex possui também papel de vedação de feridas, o que impede a infecção por

patógenos (MOOIBROEK, CORNISH, 2000; PICKARD, 2008; KONNO, 2011).

Embora látex, na maioria das vezes, apresente aspecto leitoso, este

também pode apresentar uma coloração amarelada ou alaranjada, como em plantas

pertencentes à família Papaveraceae, marrom-amarelado em plantas do gênero

Cannabis, ou pode ser límpido como em Nerium oleander (KEKWICK, 2001; LEV-

YADUN, 2014).

Uma característica relevante de látex é possuir uma elevada concentração

de poli-isopreno (borracha). Este polímero possui grande valor econômico e impacto

no cenário global. A seringueira (Hevea brasiliensis) é a principal fonte deste polímero,

que é utilizado na fabricação de vários objetos (MOOIBROEK, CORNISH, 2000). A

borracha pode ser encontrada em concentrações elevadas em látex de: H. brasiliensis

(Euphorbiaceae) 44,3%, Ficus spp. (Moraceae) 15-30%, Alstonia boonei

(Apocynaceae) 15,5%, Parthenium argentatum (Asteraceae) 8%, Calotropis procera

(Apocynaceae) 82,52%, Cryptostegia grandiflora (Apocynaceae) 96,6% e Plumeria

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16

rubra (Apocynaceae) 82,2% (AGRAWAL e KONNO, 2009; KONNO, 2011; FREITAS

et al., 2007, 2011).

1.2 Laticíferos

Plantas laticíferas possuem células especializadas que formam tubos

contínuos ou descontínuos, onde se acumula um fluido de aspecto leitoso chamado

látex, que está presente em mais de 20.000 espécies, pertencentes a mais de 40

famílias de plantas. A presença de látex é um dos traços mais característicos das

plantas pertencentes às famílias Euphorbiaceae, Asclepiadacae, Moraceae e

Apocyanaceae (AGRAWAL e KONNO, 2009).

Laticíferos possuem origem polifilética, pois eles estão presentes em

plantas sem nenhuma correlação evolutiva direta. Por isso, a sua classificação é

baseada em características morfo-anatômicas (HAGEL et al., 2008). A maioria dos

laticíferos pertence a duas categorias principais: não articulado e articulado (KONNO,

2011). Imagens representativas das duas estruturas aparecem na Figura 1. Laticíferos

articulados consistem de cadeias longitudinais de muitas células interconectadas nas

quais as paredes celulares, que separam as células individuais, permanecem intactas,

enquanto laticíferos não articulados surgem de uma simples célula alongada que

cresce nos espaços intercelulares, eventualmente se ramificando em tecidos de

plantas de modo similar às hifas de fungos (KEKWICK, 2001; HAGEL et al., 2008).

Aparentemente plantas com laticíferos não articulados exsudam látex com maior

abundância e velocidade.

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17

Figura 1. Laticífero articulado e laticífero não articulado.

Fonte: Adaptada de Konno 2011.

Além de poli-isopreno e dos metabólitos secundários, uma variedade de

carboidratos, lipídios e proteínas estão presentes nos laticíferos. Entre as proteínas

pode-se citar: proteases cisteínicas e serínicas, quitinases, lectinas e as enzimas anti-

oxidativas. Entre estas proteínas, as proteases são as mais amplamente encontradas,

como as proteases cisteínicas do látex de Caricaceae, Moraceae e Apocynaceae

(KIMMEL e SMITH, 1954; SGARBIERI et al., 1964; ARRIBÉRE et al., 1998) e

proteases serínicas de Moraceae, Euphorbiaceae e Apocynaceae (ARIMA et al.,

2000; SINGH et al., 2008).

1.3 Planta Calotropis procera (Ait.) R. Br.

Calotropis procera, espécie pertencente à família das Apocinaceas, é

encontrada em regiões tropicais e subtropicais, sendo originária do oriente médio e

da África. Esta espécie é caracterizada como uma planta arbustiva, podendo atingir

de 3 a 4 metros de altura, e pela sua grande capacidade em produzir látex (Figura 2).

Devido esta última característica, ela é conhecida popularmente como leiteiro.

Contudo, ela também pode ser conhecida como: algodão-de-seda, flor-de-seda,

ciúme, hortência, entre outros, dependendo da região onde se encontra.

Laticíferos não

articulados

Laticíferos articulados

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18

O látex da planta C. procera é conhecido popularmente por ter várias

atividades farmacológicas, dentre elas lepra, úlceras, hemorroidas, tumores, etc.

(KUMAR E ARYA, 2006; SINGH et al., 2010). O látex desta planta possui inibidores

de proteases, quitinases, proteases cisteínicas (DUBEY e JAGANNADHAM, 2003;

RAMOS et al., 2010; RAMOS et al., 2013) e de enzimas relacionadas ao estresse anti-

oxidativo (FREITAS et al., 2007), as quais são consideradas como proteínas

responsáveis pela atividade defensiva de látex. Relatos mostraram que proteínas do

seu látex exercem toxicidade às larvas de Anticarcia gemmatalis (Lepidoptera:

Noctuidae) e o besouro bruquídeo, Callosobruchus maculatus (Coleoptera:

Bruchidae) (RAMOS et al., 2007), assim como foi demonstrado possuir atividade

contra fungos fitopatogênicos: Fusarium oxysporum, Fusarium solani, Colletotrichum

gloeosporioides e Rhizoctonia solani (SOUSA et al., 2011).

Figura 2. Planta Calotropis procera (Ait.) R. Br.

Fonte: Brito, 2015.

A presença de múltiplas proteases no látex de C. procera possibilita a

existência de um grande potencial biotecnológico. Proceraina B, uma protease

cisteínica isolada do seu látex, foi purificada e caracterizada (SINGH et al., 2010) e

sua sequência de aminoácidos, assim como a clonagem cDNA e modelagem

molecular, também foram realizadas (SINGH, YADAV, DUBEY, 2013). Na fração

proteica de C. procera foram identificadas ainda três proteases cisteínicas similares à

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19

Proceraina B que foram chamadas de CpCP-1, CpCP-2 e CpCP-3 (RAMOS et al.,

2013).

1.4 Estudo de outras plantas laticíferas: Plumeria rubra, Cryptostegia

grandiflora, Thevetia peruviana e Himatanthus drasticus.

Desde que as investigações seguidas com o látex de C. procera foi

produzido resultados satisfatórios no que se refere a suas atividades biológicas, foi

buscado explorar novas plantas laticíferas. Uma das mais sérias limitações é que

muitas plantas embora produzam látex, de uma maneira geral não é fácil realizar a

coleta. A planta de C. procera produz tal quantidade de látex que é possível obter de

uma única planta até 20 mL de látex em uma coleta de 20 minutos, sem comprometer

a planta em questão. Isto representa uma rara exceção. Entretanto, a coleta de látex

de Achras sapota, por exemplo, (o saputi) ou Euphorbia tirucalli (Aveloz) pode levar

até um hora para a obtenção de 5 mililitros, o que torna sua exploração praticamente

inviável. Em várias tentativas exploratórias, novas espécies foram escolhidas para

serem introduzidas nos ensaios. Estas são Plumeria rubra (Jasmim); Cryptostegia

grandiflora (conhecida na localidade de coleta como bombom), Thevetia peruviana

(chapéu de napoleão) e Himatanthus drasticus (Janaguba). Esta última, o látex é

vendido em mercados populares e consumido na medicina popular com o intuito de

prevenir e tratar câncer e processos inflamatórios.

Plumeria rubra (Apocynaceae) é uma Árvore com altura de até 8 metros,

com ramos muito robustos e bastante seiva leitosa (Figura 3). Folhas de 10-25 cm de

largura de 10-30 cm de extensão, liso na face superior, esbranquiçadas e tomentosa.

A árvore é de clima quente e úmido e tem floração entre inverno-primavera. Sementes

planas, aladas. Vários metabólitos secundários isolados de P. rubra apresentaram

atividades anti-bacterial e molucicida (Hamburger et al., 1991). O látex de Plumeria

rubra foi alvo dos estudos iniciais no laboratório de plantas laticíferas. Uma primeira

dissertação foi recentemente concluída (ARAUJO, 2009). A fração proteica obtida foi

caracterizada quando a atividades proteolíticas (SOUSA et al., 2011) e enzimas

relacionadas ao metabolismo anti-oxidativo (FREITAS et al., 2010). Assim como o

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20

látex de C. procera, o látex de P. rubra também apresentou efeito repelente sobre

insetos (RAMOS et al., 2011).

Figura 3. Planta Plumeria rubra Linn.

Fonte: Próprio autor.

Cryptostegia grandiflora (Apocynaceae) tem porte arbustivo e foi

encontrada na região de Maranguape, próximo a Fortaleza (Figura 4). Há muito

poucos relatos de trabalhos bioquímicos, fisiológicos ou farmacológicos com esta

planta. Um estudo mostrou que atividade abortífera foi descrita para o látex de

Cryptostegia grandifora (TIWARI et al., 1982). Após uma coleta realizada, o material

laticífero foi fracionado no laboratório e através de eletroforese em gel de

poliacrilamida foi verificado que o látex de C. grandiflora R. Br. é uma rica fonte de

proteínas. As proteínas de C. grandiflora mostraram excepcional atividade larvicida

sobre Aedes aegypti (CAVALHEIRO, 2010) e também foram capazes de induzir

inflamação em animais experimentais (ALBUQUERQUE et al., 2009).

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21

Figura 4. Planta Cryptostegia grandiflora R. Br.

Fonte. http://davesgarden.com.

Thevetia peruviana (Pers.) Schum (apocynaceae) é uma planta de pequeno

porte ornamental, originaria da américa, sendo encontrada em áreas de clima tropical

e subtropical (BANDARA et al., 2010). Os ápices verdes desta planta ao serem

exsudados liberam látex, assim como frutos e folhas (Figura 5). T. peruviana é bem

conhecida por sua toxicidade, pois todas as partes das plantas contêm glicosídeos

cardíacos: caules, folhas, brotos jovens, flores e seiva (OJI e OKAFOR, 2000),

entretanto não existem relatos prévios sobre o estudo da fração proteica do látex.

Popularmente é conhecida por chapéu de napoleão e a ingestão acidental de partes

desta planta causam problemas gástricos intestinais como náuseas, vômitos e dores

abdominais (BANDARA et al., 2010).

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22

Figura 5. Planta Thevetia peruviana (Pers.) Schum.

Fonte: Próprio autor.

Janaguba é o nome popular atribuído à árvore Himatanthus drasticus no

estado do Ceará. Há uma grande predominância de sua presença na Chapada do

Araripe, região Sul do Estado. O látex de H. drasticus é coletado a partir do tronco das

árvores e diluído em água. A produção é encaminhada para Fortaleza. A garrafa de 1

litro desta preparação é vendida nos mercados públicos de Fortaleza ao preço de 30

reais. Não há qualquer controle de qualidade sobre o produto (data de coleta,

proporção de látex e água, etc). As garrafas não são, ao menos, rotuladas. O leite de

Janaguba, como é conhecido, é consumido por via oral. A quantidade e frequência de

consumo são incertas, pois vários são os relatos diferenciados sobre a frequência, a

quantidade ou objetivo de sua utilização. É interessante que mesmos os vendedores

ou usuários definem de forma imprecisa sua utilização. Predomina, entretanto, o seu

uso contra o câncer. Entretanto, muitos são os usuários que não sofrem de câncer.

Parece que a crença é voltada à prevenção, mais que ao tratamento. Estudos da sua

fração proteica contra fungos fitopatógenos e caracterização bioquímica foram

realizadas (MATOS, 2013).

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23

Figura 6. Planta Himatanthus drasticus (Mart.).

Fonte: https://reinometaphyta.wordpress.com

1.5 Proteínas Relacionadas a Patogêneses (PR proteína)

Como citado anteriormente, fluidos laticíferos são ricos em várias proteínas

relacionadas com a defesa vegetal, algumas delas classificadas como PR-proteínas.

As PR-proteínas foram descritas pela primeira vez por van Loon e van Kammen (1970)

como componentes de resposta à hipersensibilidade em folhas de tabaco que

sofreram exposição ao vírus mosaico do tabaco (TMV), provocando a mudança de

íons através da membrana celular vegetal, a produção de espécies reativas de

oxigênio, alterações no estado de fosforilação de proteínas reguladoras e transcrição

de RNA (VAN LOON, REP, PIETERSE, 2006).

Posteriormente, foram identificadas várias outras PR-proteínas (Tabela 1).

Atualmente existem 17 famílias conhecidas, que são numeradas de acordo com a

ordem de descobrimento e agrupadas pela atividade biológica e características

bioquímicas (BOL, LINTHORST, CORNELISSEN, 1990; VAN LOON et al., 1994; MIN

et al., 2004, YASMIN, SALEEM, 2013). Algumas destas proteínas são acumuladas

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24

em níveis elevados após infecção por patógenos e apresentam-se com atividade

antifúngica in vivo ou in vitro. PR-proteínas têm sido identificadas em várias espécies,

entre as mais conhecidas: Arabidopsis, cevada, tabaco, arroz, pimenta, tomate, trigo

e milho (LIU et al., 2006).

Tabela 1: Lista de classificação de proteínas relacionadas a patogênese. Segundo SINGH et al., 2013.

Família

Primeira proteína identificada na família

Propriedades

PR-1

Tabaco PR-1a

Antifúngica (14-17 kDa)

PR-2

Tabaco PR-2

β-1,3-Glucanase (25-35 kDa)

PR-3

Tabaco P, Q

Quitinases type I, II, IV, V, VI, VII (30 kDa)

PR-4

Tabaco R

Quitinases type I, II (13-19 KDa)

PR-5

Tabaco S

Thaumatin-like proteína

PR-6

Inibidor I de tomate

Inibidor de protease (6-13 kDa)

PR-7

Tomate 69

Endoproteinase

PR-8

Quitinase de pepino

Quitinase tipo III

PR-9

Tabaco

Peroxidase

PR-10

Salsa PR-1

Ribonuclease- like

PR-11

Chitinase tipo V

Quitinase tipo I

PR-12

Ps-AFP 3 Rabanete

Defensina

PR-13

THI2-1 Arabidopsis

Tioninas

PR-14

Cevada TLP 4

Proteína transferidora de lipídios(LTP)

PR-15

Cevada OxOa (germina)

Oxidase Oxalato

PR-16 Cevada OxOLP Oxidase-like oxalate PR-17

Tabaco PRp27

Desconhecido

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25

1.6 PR-5 proteínas

Neste grupo estão incluídas às taumatinas-like e as osmotinas.

Originalmente, taumatina foi purificada de frutos da espécie africana Thaumatococcus

daniellii. Ela é uma proteína de sabor adocicado e sem atividade antifúngica (VAN

DER WEL e LOEVE, 1972). Enquanto osmotina foi purificada de células de tabaco em

resposta ao estresse osmótico e possuem atividade antifúngica (SIGH et al., 1978).

Por apresentarem estruturas primárias e terciárias muito similares, proteínas

pertencentes a este grupo são nomeadas como thaumatin-like protein (TLP), osmotin-

like protein (OLP) ou osmotinas.

A maioria das proteínas deste grupo é conhecida por possuir atividade

antifúngica. Osmotina de Nicotiana tabacum mostra inibição do crescimento de

fungos, estirpes patogênicas e não patogênicas (TZOU et al., 2001) e é eficaz tanto

contra o micélio e esporos (LIU et al.,1994). Detectou-se que as osmotinas causam

rompimento da membrana dos fungos P. infestans, responsável pela doença de

ferrugem da batata e do tomate, considerado um dos agentes patogênicos mais

importantes da agricultura (WOLOSHUK et al., 1991). Estudos comprovaram que

osmotinas também apresentara efeito contra os fungos Trichoderma reesei, Fusarium

e Alternaria (DAS et al., 2011). Proteínas PR-5 podem ser classificadas em três

subclasses com base em seu ponto isoelétrico (pI): ácida, neutra e básica (VAN

LOON, REP, PIETERSE, 2006; KOIWA, SATO, YAMADA, 1994).

Os integrantes deste grupo possuem peso molecular de cerca de 20-24

kDa, 10-16 resíduos de cisteína envolvidas em 5-8 pontes dissulfeto, não são

glicosiladas e se apresentam como monômeros (SINGH et al., 2013). A grande

quantidade de pontes dissulfeto proporciona resistência à molécula, sob extremas

condições térmicas e de pH e à degradação por proteases. A estrutura tridimensional

dessas proteínas consiste de três domínios. O domínio I é constituído por folhas beta,

o domínio II por alfa hélice e o domínio III é caracterizado por um pequeno loop. Cada

domínio é estabilizado por pelo menos uma ponte dissulfeto (MIN et al., 2004).

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26

A estrutura tridimensional destas proteínas foi determinada através de

cristalografia: taumatina (OGATA et al., 1992), zeamatina (BATALIA et al., 1996),

tabaco PR-5d (KOIWA et al., 1999) e osmotina (MIN et al., 2004), além do alérgeno

Pru Av2 de cereja (DALL'ANTONIA et al., 2005), o alérgeno Ba-TLP de banana

(LEONE et al., 2006) e o NP24-I de tomate (GHOSH e CHAKRABARTI, 2008), todos

mostram semelhança tridimensional na estrutura, com três domínios e uma fenda

entre os domínios I e II (GHOSH e CHAKRABARTI, 2008).

Algumas proteínas PR-5 podem ser capazes de formar poros

transmembranares (ABAD et al.,1996; ANZLOVAR e DERMASTIA 2003), sendo

chamadas de permatinas. Exemplos de permatinas que ocorrem em concentrações

particularmente elevadas nas sementes de cereais incluem a zeamatina de milho (Zea

mays L.), a hordomatina de cevada (Hordeum vulgare L.) e a avematina de aveia

(Avena sativa L.) (ROBERTS e SELITRENNIKOFF, 1990; SKADSEN et al., 2000).

PR-5 proteínas têm sido isoladas de cevada, feijão, kiwi, milho, tabaco,

tomate, trigo (FECHT-CHRISLOFFERS et al., 2003; ZAMANI et al., 2004; WURMS et

al., 1999; ANAND et al., 2004) e A. thaliana (HU et al., 1992). Possuem uma

localização vacuolar e extracelular. Existem várias TLPs que desempenham um papel

significativo na proteção contra fungos (SINGH et al., 2013).

Osmotina e zeamatina são eficazes contra fungos patogênicos tais como

Candida albicans, Neurospora crassa e Trichoderma viride (VIGERS et al., 1992). As

TLPs presentes em semente de cevada demonstraram inibir o crescimento de fungos

patogênicos como T. viride, Candida albicans (HEJGAARD et al., 1991), Micrococcus

lysodeikticus e F. sporotrichioides (GORJANOVIC et al., 2007; SINGH et al., 2013).

1.7 Osmotina: Características gerais

Osmotina de Nicotiana tabacum é uma proteína catiônica de 244 resíduos

de aminoácidos de peso molecular de aproximadamente 26,4 kDa e um ponto

isoelétrico entre 8,13 e 7,8 que depende de sua isoforma. A estrutura desta osmotina

é constituída por três domínios e mostra-se semelhante à taumatina e outras PR-5

proteínas, tais como zeamatina. Na sua estrutura, 37% de aminoácidos estão

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27

envolvidos em conformação de folha beta e 12% tem conformação em alfa hélice,

formada por oito pontes dissulfeto (SINGH et al., 1987; VIKTOROVA et al., 2012).

Estudos em culturas de células de tabaco aclimatadas a 428 mM NaCl

mostraram que a osmotina representa 12% das proteínas celulares totais. A

localização imunocitoquímica mostrou que a osmotina é concentrada em inclusões e

vacúolos. Um valor muito baixo foi detectado no citoplasma de célula, mas não se

trata de uma localização preferencial desta proteína (SINGH et al., 1987; VIKTOROVA

et al., 2012). A síntese de osmotina pode ser regulada por, pelo menos, dez hormônios

e através de sinais ambientais, incluindo ácido abscísico, auxina, etileno, infeção por

vírus, salinidade, dessecação, frio, luz UV, infecção fúngica e ferimentos na planta

(SINGH et al., 1987; NOORI e SOKHANSANJ, 2008).

O RNA mensageiro da proteína osmotina está presente em níveis

constantes ao longo do ciclo de crescimento de células adaptadas, enquanto que em

células não aclimatadas, os níveis diminuem durante a fase exponencial de

crescimento e aumenta novamente quando as células aproximam-se da fase

estacionária. Entretanto, o ácido jasmônico e ácido abscísico induzem a síntese de

osmotina e um ambiente de baixo potencial de água parece ser necessário para seu

acúmulo. A abundância de mRNA nem sempre reflete a quantidade de proteína

acumulada, porque alguns tecidos possuem níveis elevados de mRNA, mas não da

proteína, ou vice-versa (LAROSA et al., 1992; VIKTOROVA et al., 2012).

Osmotina é uma proteína com múltiplas funções na planta, possui

atividade antifúngica, protege contra frio e escassez de água (VAN LOON, REP,

PIETERSE, 2006). Primeiramente, pensou-se que osmotina fosse uma reguladora

para o gene que codifica enzimas em resposta de planta à estresses bióticos e

abióticos. Porém, essa ideia foi refutada pela análise de sua estrutura. Foi

demonstrado que a osmotina não contém os motivos de ligação ao DNA. Por isso, é

claramente indicado que a ela regule respostas na planta por meio de sinalização

celular (ABDIN, KIRAN, ALAM, 2011).

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28

1.8 Osmotina: atividade antifúngica

Osmotina de tabaco tem atividade antifúngica, inibindo o crescimento de

hifas e germinação de esporos de um grande número de patógenos de plantas

economicamente importantes (YASMIN, SALEEM, 2014). Existem fortes evidências

de que a capacidade de osmotina para inibir o crescimento de hifas e germinação de

esporos está diretamente relacionada com a sua capacidade de alterar a

permeabilidade da membrana plasmática de fungos e a incapacidade de células para

manter um gradiente de pH na presença da proteína (Figura 4) (VIKTOROVA et al.,

2012). A atividade antifúngica pode ser afetada por fatores tais como temperatura e a

fase de crescimento de fungo (ABAD et al.,1996).

Figura 7. O mecanismo de ação de osmotina contra fungo. (1) A célula fúngica libera toxinas que

rompem a membrana de planta e induzem a sinalização através de moléculas, tais como ácido

abscísico, citocininas e outros. (2) Estas moléculas induzem a transcrição do gene de osmotina. (3) O

RNAm é traduzido para sequência de proteína. (4) A proteína osmotina é transferida para o vacúolo.

(5) osmotina fica armazenada no vacúolo até ocorrer o rompimento e ser liberada para o ambiente.

Osmotina se liga com receptor do fungo e causa ruptura de membrana e apoptose. Adaptada de

Viktorova et al., 2012.

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29

A estrutura tridimensional de osmotina apresenta uma fenda formada entre

os domínios I e II. Existem evidências de que a fenda é importante para a sua atividade

antifúngica. As diferenças de topologia e superfície do potencial eletrostático em torno

da fenda são considerados relevantes para determinar a especificidade da proteína.

Quando essa fenda é caracterizada como ácida, a proteína possui atividade

antifúngica. A modificação química de resíduos em volta da fenda ácida é necessária

para elucidar de modo preciso a atividade antifúngica da osmotina (MIN et al., 2004;

GHOSH, CHAKRABARTI, 2008). Os resíduos de aminoácidos ácidos, envolvidos na

formação da fissura ácida de osmotina são Glu84, Asp97, Asp102, Asp185, os quais

se prolongam para o interior da cavidade (MIN et al., 2004; LIU et al., 2010). Portanto,

pode ser assumido que a fenda ácida de osmotina pode também estar envolvida na

interação com o seu receptor da membrana de fungos (MIN et al., 2004)

1.9 Osmotina em plantas laticíferas

A primeira osmotina identificada em fluidos laticíferos foi de Hevea

brasiliensis. Sua massa molecular é de aproximadamente 25 kDa (demostrada por

SDS-PAGE) e sua sequência N-terminal é muito similar a osmotina de tabaco com

cerca de 80% (SUBROTO et al., 2001). No látex de Carica papaya foi isolada uma

thaumatin-like após a planta ser injuriada mecanicamente. A proteína não é obtida em

plantas saudáveis. Sua massa molecular corresponde a 22 kDa. A estrutura

secundária, desta proteína, é constituída por alfa hélice (8%), folha beta (41%) e voltas

(12%) (LOOZE et al., 2009).

Recentemente, uma osmotina de 22 kDa foi purificada e caracterizada, a

partir do látex de Calotropis procera através de dois passos cromatográficos,

primeiramente em cromatografia de troca iônica (CM-Sepharose) e após em coluna

cromatográfica de troca iônica Resouce-S (FREITAS et al., 2011a). Foram

encontradas duas isoformas com ponto isoelétrico (pI) correspondendo a 8,9 e 9,1. A

diferença de massa de 196 Da entre a duas isoformas pode ser devido a pequenas

diferenças na sequência de aminoácidos, desde que ela não é glicosilada (FREITAS

et al., 2011a).

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30

A osmotina de Calotropis procera é caracterizada por ser abundante em

resíduos de aminoácidos do tipo cisteínas, o que possibilita a formação de oito pontes

dissulfeto, causando a estabilidade da molécula a altas temperaturas. Sua estrutura

secundária é formada principalmente por 20% de alfa-hélice e 33% de folhas beta

(FREITAS et al., 2011a).

Esta osmotina de C. procera, chamada de CpOsm, exibe atividade

antifúngica contra o crescimento de hifas de fungos fitopatogênicos, F. solani e C.

gloeosporioides (FREITAS, et al., 2011b). Foi demonstrado também que CpOsm é

capaz de interagir com as membranas carregadas negativamente de micelas

artificiais, permitindo a libertação do líquido interno, como revelado por análise do

espectro de fluorescência. Além disso, a osmotina purificada de C. procera interage

com esporos de membranas de fungos, causando liberação do conteúdo

citoplasmático, o que resulta na morte de esporos (FREITAS, et al., 2011b). CpOsm

foi recentemente cristalizada com sucesso e sua estrutura tridimensional (MORENO

et al., 2013) depositada no Protein Data Bank (PDB) sob o código 4L2J, assim como

sua sequência proteica, possibilitando análises e comparações com proteínas

similares.

Osmotinas em fluidos laticíferos ainda precisam ser mais amplamente

estudadas. É pouco o conhecimento sobre dados moleculares ou de atividades destas

proteínas em fluidos laticíferos. Sendo látex o produto metabólico de células muito

especializadas, há interesse em estudar amplamente suas moléculas e no caso de

osmotinas soma-se o seu potencial aplicativo como proteínas recombinantes capazes

de proteger plantas de interesse agronômico contra fitopatógenos (SUBRAMANYAM,

ARUN, MARIASHIBU, 2012). A questão é ainda pertinente desde que os estudos

proteômicos de fluidos laticíferos e suas análises fitoquímicas demonstram que são

amplamente diversificados no contexto molecular.

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31

2. JUSTIFICATIVA

Nas plantas há diversas proteínas que estão relacionadas com fatores de

estresse abióticos e bióticos, o que torna necessário um estudo aprofundado sobre a

função dessas proteínas para se alcançar o entendimento do metabolismo e da

fisiologia vegetal. Além disso, o estudo de proteínas de defesa pode culminar no

melhoramento de plantas através da transferência dos genes de tais proteínas,

proporcionando plantas com resistência a pragas, doenças e estresses abióticos (DAS

et al., 2009).

Osmotinas são proteínas de defesa relacionadas a diferentes tipos de

estresses bióticos e abióticos. Estas proteínas proporcionam resistência a altas

concentrações de sal e temperatura, seca, e frio (VIKTOROVA et al., 2012). Algumas

osmotinas inibem o crescimento vegetativo e de esporos de fungos, alterando a

permeabilidade da membrana plasmática destes microorganismos (SINGH et

al.,1978; ABAD et al., 1996). Osmotinas foram purificadas de fluidos laticíferos das

seguintes espécies Calotropis procera, Cryptostegia grandiflora e Carica papaya.

(FREITAS et al., 2011; SOUSA, 2014; LOOZE et al., 2009).

De modo geral, o isolamento de osmotinas é um processo laborioso que

envolve pelo menos dois passos cromatográficos, demandando tempo e reagentes.

Por exemplo, FREITAS e colaboradores (2011) utilizaram cromatografia catiônica em

coluna de CM-Sepharose, seguida de Resouce-S, para purificar a osmotina do látex

de C. procera. Desse modo, seria pertinente uma nova abordagem pela qual fosse

possível prospectar osmotinas em outros fluidos laticíferos em uma estratégia de

purificação mais simples, com apenas um passo cromatográfico. Um tipo de

cromatografia eficiente para o isolamento nestas condições seria a cromatografia de

imunoafinidade.

A partir dessas informações, é evidente a importância da prospecção de

novas osmotinas em fluidos laticíferos e o estudo de suas atividades antifúngicas.

Assim como o desenvolvimento de uma metodologia de purificação mais simples e

rápida visando aperfeiçoar o processo de obtenção destas proteínas.

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32

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Desenvolver um método rápido, simples e eficiente de prospecção e

purificação de osmotinas e abordar aspectos funcionais destas proteínas contra

fungos fitopatogênicos.

3.2 Objetivos Específicos

Coletar e fracionar o látex de Calotropis procera, Cryptostegia

grandiflora, Plumeria rubra, Thevetia peruviana, Himatathus drasticus e

Carica papaya para a obtenção da fração proteica.

Purificar a osmotina do látex de Calotropis procera (CpOsm) em

cromatografia de troca iônica.

Imunizar um coelho com a CpOsm para obtenção do soro com

anticorpos anti-CpOsm.

Imobilizar a CpOsm em coluna de Sepharose 4B, visando a purificação

do anticorpo anti-CpOsm.

Purificar anticorpos anti-CpOsm em coluna com CpOsm imobilizada.

Investigar a presença de osmotina nas frações proteicas dos látex,

através de imunoensaios com anticorpos anti-CpOsm: Dot Blot, Westen

Blot e ELISA.

Imobilizar anticorpos anti-CpOsm em coluna de Sepharose 4B para a

obtenção de uma coluna cromatográfica de afinidade.

Prospectar e purificar osmotinas de outros fluidos laticíferos através de

cromatografia de imunoafinidade em coluna com anticorpos anti-CpOsm

imobilizados.

Verificar, através de espectrômetro de massas, a presença da osmotina

nos picos da cromatografia de imunoafinidade.

Determinar a atividade proteolítica das frações laticíferas de estudo e

correlacionar com a atividade antifúngica.

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33

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Reagentes

Acrilamida, bis-acrilamida, dodecil sulfato de sódio (SDS), persulfato de

amônio, N,N,N,N tetrametiletilenodiamino (TEMED), azul de bromofenol,

iodoacetamida (IAA), fluoreto de fenilmetilsulfonilo (PMSF), Resource-S, CM-

Sepharose, CNBr-Sepharose ™ 4B ativada e marcadores de peso molecular foram

obtidos da GE Healthcare (São Paulo, Brasil). Azocaseína, adjuvante completo e

incompleto de Freund, IgG de cabra anti-coelho conjugado com fosfatase alcalina, p-

nitrofenil fosfato dissódico, 5-bromo-4-cloro-3-indolyl fosfato/nitroazul tetrazolio

(BCIP/NBT), coomassie Brilliant blue R-250, membrana de nitrocelulose (Hybond-C,

Amersham life Science) e de diálise “cut off” 8.000 foram obtidos de Sigma-Aldrich

(São Paulo, Brasil). Tween 20 e Albumina Sérica Bovina (BSA) foram obtidas de

INLAB, Brasil. Os meios de cultura Sabouraud Dextrose Agar (SDA) e Yeast Peptone

Dextrose (YPD) foram obtidos da DIFCO e Himedia, respectivamente. Demais

reagentes foram de grau analítico.

4.2 Material biológico

4.2.1 Fungos

Os fungos fitopatógenos utilizados foram Fusarium solani e Colletotrichum

gloeosporioides. Ambos foram obtidos da micoteca do laboratório de plantas

laticíferas do departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade

Federal do Ceará.

4.2.2 Plantas

As seguintes espécies vegetais foram utilizadas para a coleta de látex:

Calotropis procera (Ait.) R. Br. (Apocynaceae), Plumeria rubra L. (Apocynaceae),

Cryptostergia grandiflora R.Br. (Apocynaceae), Thevetia peruviana (Pers.) Schum.

(Apocynaceae), Carica papaya L. (Caricaceae) e Himatanthus drasticus (Mart.)

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Plumel. (Apocynaceae). As plantas utilizadas na coleta de látex estavam situadas na

cidade de Fortaleza-CE (Brasil) ou em seus arredores. Todas as plantas foram

identificadas e suas exsicatas depositadas no Herbário da Universidade Federal do

Ceará, Brasil. Ambos os materiais possuem comprovante de registro para coleta no

sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade - SISBIO. Número: 44054-

19. Data da Emissão: 23/04/2014. Também possui autorização de acesso e de

remessa de componente do patrimônio genético emitido pelo CNPq, com processo

010425/2014-4. Validade: 10/06/2014 a 01/06/2018.

4.3 Métodos

4.3.1 Coleta e fracionamento de látex

A coleta e fracionamento dos fluidos laticíferos foram realizados de acordo

com os procedimentos descritos no trabalho de Freitas e colaboradores (2007). Para

coleta do látex de C. procera, C. grandiflora, P. rubra e T. peruviana foi realizada a

quebra dos ápices caulinares, enquanto que o látex de C. papaya foi coletado através

de cortes em frutos verdes. O látex de Himathantus drasticus foi coletado através de

incisões no caule, similar ao que é realizado na coleta de borracha da seringueira. Os

fluidos laticíferos foram coletados em tubos de 50 mL de polipropileno, contendo água

destilada (proporção 1:1, v:v). As suspensões foram centrifugadas a 10.000 x g por

10 min a 4 °C. Os sobrenadantes foram separados da borracha e dialisados, em

membrana com poros de 8 kDa, contra água destilada por 3 dias a 4°C.

Posteriormente, foi realizada uma nova centrifugação (10.000 x g por 10 min a 4 °C)

para retirar qualquer resquício de borracha. Os sobrenadantes resultantes foram

liofilizados e denominados de proteínas do látex (LP).

4.3.2. Purificação de osmotina de C. procera

A osmotina de C. procera (CpOsm) foi purificada como descrito por Freitas

et al., (2011). A fração proteica do látex de C. procera (CpLP) foi fracionada em três

picos após cromatografia em coluna de CM-Sepharose Fast Flow (coluna

cromatográfica trocadora de cátions). O pico PI-CM-Sepharose foi eluído com tampão

acetato de sódio 50 mM (pH 5,0). O pico PII-CM-Sepharose foi eluído com 200 mM

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35

de NaCl em tampão acetato de sódio 50mM (pH 5,0). Este foi aplicado em uma coluna

de troca iônica Resource-S acoplada em um sistema de FPLC, previamente

equilibrada com tampão fosfato de sódio 25 mM (pH 6,0). Eletroforeses em géis de

poliacrilamida (SDS-PAGE) foram realizadas para visualizar o grau de pureza dos

picos cromatográficos (LAEMIMLI, 1976).

4.3.3 Produção de anticorpos anti-osmotina

A produção de anticorpos anti-osmotina foi realizada de acordo com os

procedimentos descritos no trabalho de Ramos et al., (2006). Anticorpos policlonais

anti-CpOsm foram produzidos em coelho macho, da raça Nova Zelândia, de 4 meses

de idade, obtidos no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará.

A sensibilização foi induzida por uma dose inicial (dia 0) com CpOsm (0,5 mg em 0,5

mL de salina estéril) e adjuvante completo de Freud (0,5 mL), administrada por via

intramuscular, na pata traseira do animal. Doses reforço de 1 mg de CpOsm em 1 mL

de solução salina, com o adjuvante incompleto, foram posteriormente aplicadas por

via subcutânea no dorso do animal nos dias 21, 35 e 42. Pequenas incisões foram

realizadas nas extremidades das orelhas do coelho e aproximadamente 10-15 mL de

sangue foram coletados antes da primeira sensibilização (dia 0) e das doses de

reforço (dia 35 e 42). O sangue foi deixado em repouso em estufa a 37ºC por 5 horas,

para retração do coágulo e obtenção do soro. Posteriormente, o soro foi obtido após

centrifugação a 2.000 x g por 5 min a 25 ºC. O soro total resultante foi utilizado para a

Purificação dos anticorpos anti-CpOsm, que foram posteriormente utilizados nos

ensaios de Dot Blot, Western Blot e ELISA. O procedimento experimental e a

manutenção do animal em biotério seguiram as diretrizes nacionais e institucionais

que legislam sobre o uso de animais em experimentação científica. Após o final do

protocolo experimental o animal foi submetido à eutanásia.

4. 3.4 Dot Blot

Nos ensaios de Dot Blot foram adicionados 10 µL de cada amostra: CpLP,

CpOsm, CgLP, PrLP, TpLP, HdLP e CapLP (1 mg/mL) na membrana de nitrocelulose,

foram deixados por 10 min a 25°C para secar. As membranas foram bloqueadas com

leite desnatado 5% em PBS (NaCl 0,13 M, KCl 2,6 mM, NaHPO4 5,3 mM, KH2PO4 1,7

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36

mM, pH 7,4). Após 2h a 25 °C, os anticorpos anti-CpOsm foram adicionados nas

diluições de 1:500, 1:1000, 1:2000 e 1:5000, sob agitação a 25 °C por 2 h. Decorrido

esse período, a solução bloqueadora foi descartada e as membranas foram lavadas

três vezes consecutivas com tampão PBS, cada uma por 2 min e sob agitação.

Posteriormente as membranas foram incubadas com o segundo anticorpo na diluição

de 1:5.000, anti-IgG de coelho produzido em cabra, conjugado com fosfatase alcalina,

por 2 horas, à temperatura de 25 °C. Finalmente, após três lavagens sucessivas

idênticas às anteriores, a reação de revelação foi desenvolvida utilizando o substrato

5-bromo-4-chloro-3-indolyl phosphate/nitro blue tetrazolium (BCIP/NBT), em uma

solução de Tris-HCl 0,2 M, pH 9,0, NaCl 0,1 M, MgCl 2,5 mM, NBT 10 mg/mL e BCIP

25 mg/mL. As membranas foram deixadas sob agitação com a solução do substrato

até o aparecimento de ciclos arroxeados onde foram aplicadas as amostras. Albumina

sérica bovina (BSA) foi usada como controle negativo. A reação foi parada após

lavagem com água destilada.

4. 3.5 Western Blot

Para os ensaios de Western Blot, as amostras: CpLP, CpOsm, CgLP, PrLP,

TpLP, HdLP e CapLP foram separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida

12,5% contendo SDS e, posteriormente, transferidas para membranas de

nitrocelulose, de acordo com o método originalmente descrito por Towbin e

colaboradores (1979). Para cada ensaio de Western Blot, foram realizadas duas

eletroforeses, uma para visualização após revelação com coomassie brilhante blue R-

350 e outra para a transferência. As membranas de nitrocelulose foram incubadas por

10 min com tampão de corrida, contendo 20% de metanol. As proteínas foram

transferidas em uma unidade de transferência semi-dry, a 100 mA por 1 hora, como

descrito pelo fabricante. A reação foi realizada como descrito no ensaio de Dot Blot,

com a diferença que os anticorpos anti-CpOsm foram utilizados na concentração de

1: 2000 (v:v) e os anticorpos secundários na concentração de 1:5000 (v/v).

4.3.6 ELISA (Enzyme-linked immunosorbent assay)

Amostras das frações proteicas dos fluidos laticíferos (CpLP, CgLP, PrLP,

TpLP, HdLP e CapLP) foram dissolvidas em tampão (Na2CO3 e NaHCO3 pH 9,6) na

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37

concentração de 1000 µg/mL. Em seguida foram adicionados, em cada poço da placa

de microtitulação de poliestireno de fundo chato (estéreis) de 96 poços, 150 µL de

cada uma das soluções em duas fileiras longitudinais (posições de 1-12) e as placas

deixadas em repouso por toda a noite a 4°C. Após este período, o volume das placas

foi desprezado e as placas foram lavadas três vezes em intervalos de 5 minutos com

tampão de lavagem (PBS, pH 7,4, contendo 0,05% de Tween 20) e secadas do

excesso. Após, foram adicionados 200 µL de BSA (10 mg/mL em PBS), seguido de

repouso por 1 hora a 37°C. Em seguida outra lavagem foi feita como já descrito.

Posteriormente, foram adicionados 150 µL em cada poço do anticorpo primário

(diluição de 1:2000 de anti-CpOsm) dissolvido em tampão PBS com 0,025% de Tween

20, deixada em repouso por 2 horas a 37°C. Em seguida foram feitas lavagens e após

secar, o anticorpo secundário conjugado com a enzima fosfatase alcalina de coelho

(diluição de 1:5.000), dissolvido em PBS com 0,025% de Tween 20, foi adicionado

em cada poço 150 µL, deixada por 2 hora a 37°C. Novamente foram feitas as lavagens

e após secas, 150 µL do substrato ( p-nitrofenil fosfato dissódico preparado em água)

na concentração de 1 mg/mL foi adicionado e deixado por 30 minutos, protegido da

luz. A reação foi parada com a adição de 50 µL de hidróxido de sódio (4 N) e em

seguida a leitura da absorbância foi realizada em 405 nm em leitor de ELISA (ELx800

Absorbance Microplate Reader)

4.3.7 Imobilização de Osmotina de C. procera em Sepharose 4B

Objetivando purificar os anticorpos anti-CpOsm do soro total obtido de

coelho imunizado, a osmotina purificada de C. procera foi imobilizada em um coluna

de CNBr-activated Sepharose 4B (GE Healthcare), como descrito pela fabricante.

Primeiramente, a matriz (1g) foi lavada com 200 mL de HCl 1 mM. A amostra CpOsm

(5 mg para cada 1 g de Sepharose 4B) foi dissolvida em 5 mL de tampão bicarbonato

de sódio 0,1 M pH 8,5, contendo NaCl 0,5 M, centrifugado (1000xg por 10 min a 4°C)

e Sepharose 4B, lavada anteriomente com HCl, foi adicionada. A mistura foi deixada

por 2 horas sob agitação a 25 °C. O excesso de ligantes foi removido com lavagem

de 15 mL do tampão bicarbonato de sódio. Posteriormente, o gel (CpOsm-Sepharose)

foi incubado com 100 mL de uma solução bloqueadora (Tris-HCl 0,1 M, pH 8,0) por 2

horas a 25 °C. Após, três ciclos sucessivos de lavagens alternados (15 mL) com os

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38

tampões Tris-HCl 0,1 M (pH 8,0) e Acetato de sódio 0,1 M (pH 4,0), ambos contendo

NaCl 0,15 M, foram realizados. A coluna foi equilibrada em tampão fosfato de sódio

50 mM pH 6,0.

4.3.8 Purificação dos anticorpos anti-osmotina e imobilização em Sepharose 4B

Os soros totais, imunizados com CpOsm, (1 mL) foram aplicados na coluna

de CpOsm imobilizada, previamente equilibrada em Tampão Fosfato de Sódio 50 mM

pH 6,0. As proteínas não ligadas foram eluidas com tampão de equilíbrio e as

proteínas retidas na coluna foram eluidas posteriormente com tampão glicina-HCl 50

mM, pH 3,0 com fluxo de 1 mL/min. Frações de 0,5 mL foram coletadas e as

absorbâncias registradas a 280 nm em espectrofotômetro. As frações

correspondentes aos picos de absorbância foram dialisados contra água destilada por

3 dias a 4°C e liofilizados. As proteínas do pico retido foram liofilizadas e consideradas

como anticorpos anti-CpOsm purificados. O mesmo procedimento acima foi realizado

com o soro de coelho obtido antes da imunização com CpOsm.

4.3.9 Imobilização em Sepharose 4B dos anticorpos anti-CpOsm purificados.

Os anticorpos anti-CpOsm purificados foram imobilizados em Sepharose

4B (GE Healthcare), como descrito anteriormente na imobilização da osmotina de C.

procera.

4.3.10 Cromatografia de afinidade

Amostras das frações proteica de C. procera, C. grandiflora, P. rubra, H.

drasticus, T. peruviana e C. papaya nas concentrações de 2 mg/mL, previamente

inibidas (IAA e/ou PMSF), foram centrifugadas e 2 mL aplicados na coluna com

anticorpos anti-CpOsm imobilizados em Sepharose 4B. A coluna foi previamente

equilibrada em tampão fosfato de sódio 50 mM pH 6,0. As proteínas não ligadas foram

lavadas com tampão de equilíbrio. As proteínas retidas na coluna foram eluídas com

tampão glicina-HCl 50 mM, pH 3,0. Fluxo 1 mL/min. Frações de 1 mL foram coletadas

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39

e as absorbâncias lidas a 280 nm. Os picos foram dialisados contra água destilada

por 3 dias a 4°C e liofilizados para posteriores análises.

4.3.11 Dosagem de Proteínas

O teor de proteínas solúveis da amostras CpLP, CgLP, PrLP, TpLP, HdLP

e CapLP foram estimadas pelo método colorimétrico descrito por Bradford (1976). A

partir de 100 μL da amostra em diferentes concentrações, foram adicionados 2,5 mL

do reagente de BRADFORD. As misturas foram levemente agitadas e após 10

minutos foram realizadas as leituras das absorbâncias a 595 nm no

espectrofotômetro. A quantidade de proteínas foi estimada utilizando-se Albumina

Sérica Bovina (BSA) como referência padrão para a curva de calibração.

4.3.12 Eletroforese em gel de poliacrilamida.

Amostras das frações de C. procera, C. grandiflora e P. rubra eluídas na

cromatografia de afinidade com anticorpos anti-CpOsm imobilizados em Sepharose

4B, foram avaliadas por eletroforese em unidimensional, metodologia baseada no

trabalho de Laemmli (1970), com algumas adaptações. Uma alíquota de cada amostra

foi dissolvida em tampão Tris-HCl 0,0625 M pH 6,8 contendo 1 % de SDS, 10 % de

glicerol. O gel utilizado tinha as dimensões 8 x 7,5 x 0,1 cm. O gel de empilhamento

continha 5 % de acrilamida, em tampão Tris-HCl 0,5 M, pH 6,8. O gel de separação,

contendo 12,5 % de acrilamida, em Tris-HCl 3 M pH 8,8. Após a corrida eletroforética

o gel foi corado com coomassie Brilliant blue R-350 com a presença de água, ácido

acético e metanol (6:3:1). Em seguida, os géis foram descorados com a mesma

solução, mas sem a presença do corante, através de várias lavagens da solução.

4.3.13 Identificação por espectrometria de massas

As proteínas do soro imunizado retidas na cromatografia com CpOsm

imobilizada e proteínas dos látices de C. procera, C. grandiflora, P. rubra e H. drasticus

retidas na cromatografia com anticorpos anti-CpOsm imobilizados foram digeridas

com tripsina. As reações obtidas foram misturadas com ácido fórmico (0,1%) e

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40

submetidas à análise por espectrometria de massas através de um sistema de UPLC-

ESI-Q-TOF em um aparelho Waters Synapt (Manchester, UK). Os espectros de

fragmentação gerados foram analisados pelo software ProteinLynxGlobalServer

(PLGs) e comparados com o banco de dados do NCBI.

4.3.14 Análise molecular em três dimensões

Objetivando encontrar similaridade entre osmotina de C. procera e

Proceraina B, protease cisteínicas de C. procera, as sequências de ambas proteínas

obtidas do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/protein) foram alinhadas, utilizando o

programa BLASTp (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi). Percentual de Identidade

foi determinada utilizando o programa Clustalw2 (http://www.ebi.ac.uk/). As

sequencias com similaridade entre as duas proteínas, foram identificadas na estrutura

3-D de ambas. O modelo tridimensional da Proceraina B foi obtido através de

modelagem molecular por homologia, usando a sequência da Proceraina B como

descrito previamente por Singh et al., 2013. A estrutura 3D da osmotina de C. procera

foi obtida do banco de proteínas (PDB, 4L2J). As Estruturas foram visualizadas

usando o software Pymol.

4.3.15 Cromatografia e eletroforese de adiponectina de coelho.

A similaridade entre a adiponetina humana, de coelho, de camundongo e

bovina com a CpOsm foi analisada através do alinhamento múltiplo pelo programa

Clustalw2 (http://www.ebi.ac.uk/). Devido à similaridade, entre as duas, foi

prospectado que o anticorpo anti-CpOsm reconhecesse a adiponectina do soro de

coelho. Objetivando a purificação da adiponectina, o soro de coelho foi aplicado na

coluna cromatográfica anti-CpOsm-Sepharose 4B de acordo com o procedimento

4.3.10. Eletroforeses em géis de poliacrilamida (SDS-PAGE) foram realizadas para

visualizar a purificação da adiponectina.

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41

4.4. Atividade Biológica

4.4.1 Cultivo dos fungos

Fungos F. solani e C. gloeosporioides foram cultivados em meio de cultura

estéril Sabouraud Dextrose Agar (SDA). O meio de cultura era constituído de 65 g de

SDA dissolvido em 1 litro de água destilada e autoclavado por 15 minutos, a 120 ºC e

1,5 kgf. Os fungos foram renovados mensalmente através da transferência de pellets

de uma placa contendo os fungos para outra placa contendo apenas meio de cultura

SDA. Todos os procedimentos foram realizados em câmara de fluxo laminar contendo

chama de fogo através do bico de Bunsen e mantidos em câmara de germinação do

tipo B.O.D., a 27 ± 2 ºC, umidade de 70% e fotoperíodo de 12 horas.

4.4.2 Obtenção de esporos dos fungos F. solani e C. gloesporioides

Placas de Petri com fungos de 20 dias, foram utilizadas para obtenção de

esporos. As placas foram abertas em capela de fluxo laminar e 10 mL de água

destilada estéril foram adicionados aos meios de culturas contendo os respectivos

fungos. Com o auxílio de uma alça de Drigalski, previamente flambada, foram

realizados movimentos na superfície do micélio para a liberação dos esporos. As

suspensões obtidas foram filtradas em malhas finas de nylon estéreis para a retirada

das hifas remanescentes. Para a realização dos ensaios de inibição de crescimento,

as suspensões contendo os esporos foram ajustadas para uma concentração de 2,0

x105 esporos/mL. Os esporos foram contados em câmara de Neubauer em

microscópio óptico.

4.4.3 Ensaio de inibição do crescimento vegetativo de fungo.

Os ensaios de crescimento vegetativo foram desenvolvidos em placas de

microtitulação de poliestireno de fundo chato (estéreis) de 96 poços. Em cada poço

foi colocado 10 μL de uma suspensão de esporos (2,0 x 105 esporos/mL) e 90 μL de

meio YPD (“Yeast Peptone Dextrose”). Após 16 h na ausência de luz, a 27ºC, 100 μL

extrato proteico foi adicionado nas concentrações de 2,5 mg/mL a 0,6 mg/mL. As

amostras (CpLP, CgLP, PrLP, TpLP, HdLP e CapLP) foram filtradas em membranas

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42

de 0,22 μm, assim como os picos obtidos da cromatografia de imunoafinidade. Os

controles negativos e positivos para inibição do crescimento foram o tampão acetato

de sódio 50 mM pH 5,0 e o peróxido de hidrogênio 50 mM, respectivamente. O

crescimento foi monitorado através de leituras de absorbância a 620 nm em

espectrômetro, em intervalos de 12 horas, até um total de 48 horas, em leitor de ELISA

(ELx800 Absorbance Microplate Reader).

4.5 Atividade proteolítica

Azocaseína foi utilizada como substrato para investigar a atividade

proteolítica total em todas as frações proteicas dos fluidos laticíferos em estudo

(CpLP, CgLP, PrLP, TpLP, HdLP e CapLP). O objetivo foi correlacionar a atividade

proteolítica com a atividade antifúngica das frações proteicas. Os ensaios para

averiguar a atividade proteolítica foram conduzidos de acordo com metodologia

descrita por Freitas et al., 2007. Inicialmente, 50 µL de soluções das frações proteicas

(1 mg/mL, em 50 mM de fosfato de sódio, pH 6,0, contendo DTT 3 mM) foram,

separadamente, incubadas por 10 min para ativação das proteases cisteínicas. Após

este período, foram adicionados 200 µL de azocaseína 1% e 250 µL de tampão fosfato

de sódio 50 mM (pH 6,0). Depois de 1 hora de incubação a 37°C, a reação foi parada

com TCA 10% (ácido tricloroacético), seguida de centrifugação (10000 x g a 10 °C por

10 min). Foram retirados 400 µL dos sobrenadantes e adicionados 400 µL de hidróxido

de sódio 2 N (NaOH). A cor desenvolvida foi medida pela absorção a 420 nm no

espectrofotômetro. O substrato ao ser degradado pelas proteases libera um composto

“azo” que funciona como cromóforo neste comprimento de onda. Aos brancos da

reação, a azocaseína (substrato) foi adicionada após parada da reação com TCA.

Uma unidade de atividade foi definida como a quantidade de enzima capaz de

aumentar a absorbância em 0,01.

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43

5 RESULTADOS

5.1 Produção e Purificação de anticorpos anti-CpOsm

Osmotina do látex de Calotropis procera foi inicialmente purificada de

acordo com o protocolo proposto por Freitas et al. (2011). A proteína assim obtida foi

avaliada quanto ao grau de pureza por eletroforese e espectrometria de massas.

Anticorpos policlonais anti-osmotina (anti-CpOsm) foram obtidos após a imunização

de um coelho com a osmotina de C. procera (CpOsm). Objetivando purificar os

anticorpos anti-CpOsm, o soro de coelho, previamente imunizados com CpOsm, foi

aplicado em cromatografia de afinidade com CpOsm imobilizada. O primeiro pico

obtido (PI) correspondeu às proteínas que não se ligaram a CpOsm imobilizada em

Sepharose 4B, enquanto que o segundo pico (PII), eluído com tampão glicina 50 mM

(pH 3,0), correspondeu às proteínas com afinidade à CpOsm (Figura 8A). Proteínas

do soro não imunizado com CpOsm não se ligaram à coluna (Figura 8B), mostrando

a especificidade da ligação dos anticorpos à proteína CpOsm.

As proteínas do pico PII (Figura 8A) foram digeridas com tripsina e

analisadas por espectrometria de massas (ESI-QUAD-TOF). Através de pesquisa no

banco de dados NCBI, constatou-se unicamente a presença de imunoglobulinas de

coelho (Oryctolagus cuniculus). Nenhuma impureza foi detectada, como as albuminas

(Tabela 2). Essa fração rica em imunoglobulinas, anti-CpOsm, foi utilizada nos ensaios

de Dot Blot, Western Blot e ELISA, assim como a produção de uma coluna de

imunoafinidade para a purificação de osmotinas em diferentes fluidos laticíferos.

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44

Figura 8. Purificação de anticorpos policlonais anti-CpOsm através de cromatografia de afinidade com

CpOsm imobilizada.

(A) Perfil cromatográfico de proteínas do soro de coelho imunizado com CpOsm. (B) Perfil

cromatográfico de proteínas do soro de coelho não imunizado com CpOsm. PI eluído com tampão

fosfato de sódio 50 mM (pH 6,0). Pico PII eluído com tampão glicina-HCl 50 mM (pH 3,0). Fluxo de 1

mL/min e frações de 0,5 mL.

A B C

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45

Tabela 2. Identificação das proteínas do pico retido (PII) na cromatografia de afinidade (CpOsm-Sepharose 4B) do soro imunizado com CpOsm.

Código Proteína Íon escore Sequencias Espécie

gi|89242507 Imunoglobulina gama1 região constante 638

LSVPTSEWQRVYTMGPPREELSSR TTPAVLDSDGSYFLYSKGYLPEPVT VTWNSGTLTNGVRAPSVFPLAPCC GDTPSSTVTLGCLVKTPEVTCVVVD VSQDDPEVQFTWYINNEQVR

Oryctolagus cuniculus

gi|457366 Ig gama H-cadeia C-região 607

LSVPTSEWQRTTPAVLDSDGSYFLYSK GYLPEPVTVTWNSGTLTNGVR APSVFPLAPCCGDTPSSTVTLGCLVK TVAPSTCSKPTCPPPELLGGPSVFIFPPKPK QSSGLYSLSSVVSVTSSSQPVTCNVAHPATNTK TPEVTCVVVDVSEDDPEVQFTWYINNEQVR

Oryctolagus cuniculus

gi|165128 Ig gama H-cadeia 568

LSVPTSEWQRGYLPEPVTVTWNSGTLTNGVR GDVFTCSVMHEALHNHYTQKAPSVFPLAPC CGDTPSSTVTLGCLVKTVAPSTCSKPTCPPP ELLGGPSVFIFPPKPKQSSGLYSLSSVVSVT SSSQPVTCNVAHPATNTKTPEVTCVVVDV SQDDPEVQFTWYINNEQVR

Oryctolagus cuniculus

gi|1100745 Imunoglobulina domonio kappa 358

ASTLESGVPSRVTQGTTSVVQSFNR TPQNSADCTYNLSSTLTLTSTQYNSHK GDPVAPTVLIFPPAADQVATGTVTIVCVANK

Oryctolagus cuniculus

gi|165112 Ig gama (C) 234

VYTMGPPREELSSRTVAPSTCSKPM CPPPELLGGPSVFIFPPKPK

Oryctolagus cuniculus

gi|90055 Ig lambda região dominio C (C-lambda-5) - coelho (fragmento)

224

ATLVCLINDFYPRYAASSFLSLSANQWK ADGNSVTQGVDTTQPSK SYQSVTCQVTHEGHTVEK

Oryctolagus cuniculus

gi|27373451 domínio variável do anticorpo 120

LTSPTTEDTATYFCARTSSTTVDLK

Oryctolagus cuniculus

gi|109263 Ig cadeia pesada precursor V-A1 região (RVH135) 115

MTSPTTEDTATYFCAR

Oryctolagus cuniculus

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46

5.2 Identificação de osmotinas em fluidos laticíferos

Nos ensaios de ELISA (Figura 9) foi verificado que os anticorpos anti-

CpOsm reconheceram proteínas do látex de C. procera, como era esperado. Além

disso, houve reconhecimento de proteínas do látex de C. grandiflora e P. rubra. Por

outro lado, os anticorpos anti-CpOsm não reconheceram proteínas nas frações TpLP,

HdLP e CapLP (Figura 9).

Figura 9. Imunodetecção (ELISA) de proteínas semelhante a CpOsm nos látices de estudo.

0,0

0,4

0,8

1,2

1,6

2,0

CpLp CgLp PrLp TpLp HdLp CapLP

Ab

s 4

05

nm

Calotropis procera (CpLP), Cryptostegia grandiflora (CgLP), Himatanthus drasticus (HdLP), Plumeria

rubra (PrLP), Thevetia peruviana (TpLP) e Carica papaya (CapLP). Anticorpo primário 1:2000 e

anticorpo secundário conjugado com fosfatase alcalina 1:5000. Amostras de 2 mg/mL.

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47

Os resultados obtidos no Dot Blot confirmaram aqueles observados no

imunoensaio de ELISA. Os anticorpos anti-CpOsm reconheceram fortemente a

CpOsm na fração proteica de C. procera (Figura 10A), assim como houve

reconhecimento de proteínas de CgLP e PrLP. O reconhecimento não foi significativo

nas frações TpLP, HdLP e CapLP (Figura 10A).

As frações foram analisadas por eletroforese (SDS-PAGE), para verificar a

presença de proteínas com massas moleculares próximas a massa molecular da

CpOsm (21 kDa). A eletroforese (Figura 10B) demostrou que em CgLP e PrLP há

bandas proteicas com massas moleculares similares a da CpOsm. Após Western Blot,

os anticorpos anti-CpOsm reconheceram especificamente uma proteína de

aproximadamente 20 kDa nos látex de C. grandiflora e P. rubra (Figura 10C),

indicando a possível presença de osmotinas nestes fluidos laticíferos. Porém, no látex

de C. procera os anticorpos anti-CpOsm reconheceram proteínas com massas

moleculares que não correspondem a da CpOsm, sugerindo que houve uma reação

cruzada com proteínas de aproximadamente 25 kDa e 66 kDa. Nos fluidos laticíferos

de T. peruvina, H. drasticus e C. Papaya, os anticorpos anti-CpOsm não

reconheceram nenhuma proteína (Figura 10C).

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48

Figura 10. Detecção de osmotinas semelhantes a CpOsm por Dot Blot e Western Blot nas frações

proteicas de fluidos laticíferos.

(A) Dot Blot, (B) eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% e (C) Western Blot de CpLP (1), CpOsm

(2); CgLP (3); PrLP (4); TpLP (5), HdLP (6) e CapLP (7). Gel da eletroforese corado com Coomassie

Brilhiant Blue R-250. Os anticorpos anti-CpOsm policlonais foram utilizados como anticorpo primário

(1:2000). Anticorpo secundário marcado com fosfatase alcalina (1:5000). Foram aplicadas em cada

poço 30 μg de proteínas das frações LP e 5 μg de proteína purificada (CpOsm).

A

C B

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49

5.3 Isolamento e identificação de osmotinas nos látices

Os anticorpos policlonais anti-CpOsm purificados foram imobilizados em

matriz cromatográfica de Sepharose 4B. Esta imunocromatografia foi utilizada para

prospectar/purificar osmotinas nos látices de C. procera, C. grandiflora, P. rubra, C.

papaya, T. peruviana e H. drasticus. As frações CpLP, CgLP e PrLP apresentaram

proteínas retidas na coluna cromatográfica, estando de acordo com os imunoensaios

realizados.

Ainda de acordo com os imunoensaios (Figura 10), TpLP e CapLP não

apresentaram proteínas que ligaram-se aos anticorpos anti-CpOsm imobilizados na

matriz cromatográfica, tendo em vista que não foi observado pico retido (Figura 11).

Entretanto, o resultado obtido da cromatografia de HdLP contradiz os outros

imunoensaios, visto que houve um pequeno pico retido (Figura 11). O melhor

rendimento em massa (mg) de PII, após cromatografia, foi obtido na fração CpLP

(14%), seguido de CgLP (1,3%) e PrLP (0,6%) (Tabela 3).

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50

Figura 11. Perfil cromatográfico das frações proteicas de látices.

C. procera (CpLP), C. grandiflora (CgLP), P. rubra (PrLP), T. peruviana (TpLP), H. drasticus (HdLP) e

C. papaya (CapLP) em coluna de anticorpos anti-CpOsm imobilizados na matrix de Sepharose 4B. As

amostras foram tratadas com Iodoacetamida 10 mM e/ou 5 mM PMSF. Fluxo 1 mL/min. Frações de 0,5

mL. Amostras: 2 mg/ mL tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 6,0. A seta indica que as proteínas retidas

foram eluídas com tampão glicina 50 mM, pH 3,0.

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51

Tabela 3. Rendimento dos picos retidos (PII) e não retidos (PI) nas cromatografias de imunoafinidade

em coluna com anti-CpOsm imobilizada.

*Rendimento foi obtido após dez cromatografias de cada fração LP.

A eletroforese dos picos da cromatografia de afinidade (anti-CpOsm

imobilizada) mostrou que nos picos retidos (PII) de CpLP, CgLP e PrLP há bandas

proteicas com massas moleculares semelhantes a da CpOsm (aproximadamente 21

kDa). Além disso, no PII de CpLP há bandas proteicas de aproximadamente 25 kDa

e 66 kDa (Figura 12). Também foi observado que em CgLP e PrLP há a presença de

outras proteínas com massas moleculares acima de 20 kDa (Figura 12). Este fato

pode ser explicado em parte pela reação cruzada dos anticorpos anti-CpOsm com

estas proteínas. Devido ao fato do baixíssimo rendimento obtido para o pico

cromatográfico de HdLP não foi realizada eletroforese com o pico retido na coluna.

Os picos das frações CpLP, CgLP, PrLP e HdLP retidos na cromatografia

de afinidade foram digeridos com tripsina e analisados por espectrometria de massas.

A identificação foi realizada através do software MASCOT e o banco de dados do

NCBI. No pico retido (PII) de CpLP foi identificado osmotina e proteases cisteínicas

Amostras*

Massa seca de proteína

aplicada em cromatografia

PI PII

mg % mg % mg %

Calotropis procera

(CpLP) 120 100 19 16 17 14

Cryptostegia

grandiflora (CgLP) 120 100 16 13 1,6 1,3

Plumeria

Rubra (PrLP) 120 100 100 83 0,8 0,6

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52

(proceraina B). No pico retido de CgLP, PrLP e HdLP foram identificados apenas

osmotina ou proteína do tipo taumatina (Tabela 4).

Figura 12. Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) dos picos da cromatografia de afinidade (anti-

CpOSm imobilizada) de CpLP, CgLP e PrLP.

(PI) Pico não retido. (PII) Pico retido. O pico retido foi eluido com tampão glicina-HCl 50 mM (pH 3,0).

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53

Tabela 4: Identificação das proteínas retidas (PII) na cromatografia de afinidade (anti-CpOsm imobilizada) de CpLP, CgLP, PrLP e HdLP.

Código Proteína Massa (Da)

pI Íon Escore Sequencias Espécies

Calotropis procera

gi|12274936 Osmotina 14.388 5.02 89 CTADINGQCPNELR Fagus sylvatica

gi|7414370 Proteína relacionada a patogênese (PR-5 proteína)

28.437 6.89 64 TNCNFDGAGR Solanum lycopersicum

gi|475638275 Proceraina B, parcial

24.187 9.19 60 LPNSVDWR Calotropis procera

Cryptostergia grandiflora

gi|146737976 Taumatina 22.526 7.92 124 TGCNFDGAGR APGGCNNPCTVFK

Actinidia deliciosa

gi|197253347 Isoforma da osmotina

20.322 6.01 107 APGGCNNPCTVFK DDPTSTFTCPGGTNYR

Piper colubrinum

Plumeria rubra

gi|33338347 Proteína relacionada a patogenese

26.943 7.85 83 APGGCNNPCTVFK CTADINGQCPNELR

Gossypium hirsutum

gi|197253347 Isoforma da osmotina

20.322 6.01 75 APGGCNNPCTVFK DDPTSTFTCPGGTNYR

Piper colubrinum

gi|460414575 Taumatina 47.271 4.95 69 APGGCNNPCTVFK CTADIIGQCPNELR

Solanum lycopersicum

Himatanthus drasticus

gi|88193285

osmotina 22,900

8.90 188 CPDAYSYPK CPDAYSYPKDDQTSTFTCPGGTNYR DDQTSTFTCPGGTNYR

Theobroma cacao

gi|6470277

osmotina 25,100 8.58 112 TNCNFDGAGR CPDAYSYPK

Fragaria x ananassa

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54

5.4 Similariedade entre CpOsm e Proceraina B.

Os resultados do Western Blot e da cromatografia de afinidade, com

anticorpos anti-CpOsm imobilizados na matriz, mostraram que houve reação cruzada

dos anticorpos anti-CpOsm com outras proteínas presentes na fração protéica. A

análise de espectrometria de massas mostrou que o PII, obtido do fracionamento de

CpLP em coluna Sepharose 4B contendo a osmotina de C. procera imobilizada,

continha proteases e a sequência identificada era LPNSVDWR que correspode a

protease cisteínica, identificada como proceraina B, presente no látex de C. procera.

Para tentar verificar se as proteínas apresentaram alguma similaridade estrutural que

justificasse esse reconhecimento cruzado, foi realizado um Blast entre as sequências

de CpOsm e Proceraina B. O alinhamento realizado pelo Clustalw server, demonstrou

que há identidade linear de apenas 12,25% entre CpOsm e Proceraina B (Figura 13A).

Contudo, o alinhamento demonstrou que um pequeno peptídeo da CpOsm

(163SGSCGP169) é muito similar a uma sequência da Proceraina B (147SGVCGP152)

embora os mesmos não tenham sido alinhados. Para investigar se ambos os

peptídeos similares estariam em regiões estruturais expostas e assim passíveis de

reconhecimento por anticorpos, a localização no plano 3-D de cada peptídeo em sua

respectiva proteína foi realizado. A estrutura 3-D da Proceraina B foi obtida a partir de

modelagem molecular e da CpOsm do banco de dados (PDB: 4L2J). Ambas as

sequências (marcadas em vermelho na Figura 13B) foram identificadas como

acessíveis ao reconhecimento pelos anticorpos.

Foi realizada uma pesquisa em banco de dados de alérgenos (SDAP,

https://fermi.utmb.edu) para verificar se a sequência 163SGSCGP169 da CpOsm

possuia similaridade com epítopos alergênicos. O resultado mostrou similaridade com

epítopos alergênicos de proteínas de outras espécies vegetais, como Pas n 1

(Paspalum notatum), Ory s 1 (Oryza sativa), Zea m (Zea mays), entre outras proteínas

(Tabela 5).

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55

Figura 13. Alinhamento das sequências de CpOsm e Proceraina B e estruturas tridimencionais.

(A) Alinhamento das sequências de CpOsm e Procerain B. Os resíduos idênticos, a conservação das

propriedades semelhantes entre grupos fortes e fracos são destacadas por asterisco (*), dois pontos

(:) e ponto (.), respectivamente. Sequências marcados em vermelho mostraram semelhanças entre as

duas proteínas. (B) Estruturas tridimensionais da CpOsm (PDB ID: 4L2J) e da Procerain B. A estrutura

tridimensional da Proceraina B foi obtida por modelagem molecular utilizando o modelo da proteína

actinidina (PDB ID: 3P5U) como descrito por Singh et al, 2013.

Proceraina B

A

B CpOsm

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56

Tabela 5. Epítopos alergênicos similares à sequência 163SGSCGP169 da CpOsm, obtidos do banco de

dados SDAP.

Alérgeno Tipo

Espécie

Sequência similar Nome científico

Nome popular

1 Pas n 1 Grama Paspalum notatum Grama GGSCGP

2 Ory s 1 Alimento Oryza sativa Arroz GGSCGP

3 Zea m 1 Alimento Zea mays Milho GGSCGP

4 Mus a 4 Alimento Musa acuminata Banana SGACSP

5

Lyc e NP24

Alimento

Lycopersicon esculentum

Tomate

QGPCGP

6

Cap a 1w

Alimento

Capsicum anuumn

Pimentão

QGPCGP

5.5 Atividade antifúngica

As atividades antifúngicas das frações laticíferas e dos picos das

imunocromatografias foram analisadas através de ensaios de inibição do crescimento

vegetativo de F. solani e C. gloesriosporiodes. As frações de CpLP, CgLP e CapLP

inibiram o crescimento vegetativo de ambos os fungos. Porém, PrLP, TpLP e HdLP,

mesmo na concentração máxima de proteína (2,5 mg/mL), não inibiram o crescimento

dos fungos (Figuras 14 e 15).

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57

Figura 15. Efeito das frações CpLP (C. procera), CgLP (C. grandiflora), PrLP (P. rubra), TpLP (T.

peruviana), HdLP (H. drasticus), CapLP (C. papaya) sobre o crescimento vegetativo do fungo

Colletotrichum gloeosporioides.

H2O2; controle positivo. Controle: tampão acetato de sódio 50 mM (pH 5,0).

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58

Figura 15. Efeito das frações CpLP: C. procera), CgLP (C. grandiflora), PrLP (P. rubra), TpLP (T.

peruviana), HdLP (H. drausticus), CapLP (C. papaya) sobre o crescimento vegetativo do fungo

Fusarium solani.

H2O2; controle positivo. Controle; tampão acetato de sódio 50 mM (pH 5,0).

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59

Entre os picos retidos da imunocromatografia, contendo anticorpos anti-

CpOsm imobilizados em Sepharose 4B, somente PII (pico retido contendo a CpOsm)

de CpLP apresentou atividade antifúngica contra os dois fungos (Figuras 16 e 17).

Enquanto que, dentre os picos não retidos (PI), apenas os de CgLP e CpLP inibiram

o crescimento fúngico, mas somente contra F. solani (Figuras 16 e 17). Estes

resultados confirmam a atividade antifúngica de CpOsm já relatada, assim como a

ausência de atividade antifúngica das osmotinas de C. grandiflora e P. rubra.

Figura 16. Atividade antifúngica dos picos cromatográficos das frações LP (cromatografia de afinidade

com anti-CpOsm imobilizado) contra C. gloeosporioides.

PI: pico não retido (1 mg/mL). PII: pico retido (1 mg/mL). H2O2: controle positivo. Controle: Tampão

acetato de sódio 50 mM (pH 5,0).

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60

Figura 17. Atividade antifúngica dos picos cromatográficos das frações LP (cromatografia de afinidade

com anti-CpOsm imobilizado em Sepharose 4B) contra F. solani.

PI: pico não retido (1 mg/mL). PII: pico retido (1 mg/mL). H2O2: controle positivo. Controle: Tampão

acetato de sódio 50 mM (pH 5,0).

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61

5.6 Correlação da estrutura e atividade antifúngica da CpOsm

Na literatura verificou-se que osmotinas com atividade antifúngica possuem

uma fenda ácida entre os domínios I e II, enquanto que as osmotinas que não

possuem esta atividade apresentam fenda básica. Assim, este aspecto foi analisado

na estrutura tridimensional da CpOsm, a qual foi obtida do banco de dados PDB e

analisada pelo software PyMOL. Aminoácidos ácidos (glutamato 84, aspartato 97,

aspartato 102, aspartato 185) foram identificados na estrutura (marcados em vermelho

na Figura 18B), o que confere caráter ácido à fenda. Além disso, foi identificado que

CpOsm é formada por três domínios (Figura 18A e C). O domínio I (marcado em

vermelho) forma a estrutura principal, sendo composta por 11 fitas, que formam duas

folhas betas (Figura 18C). O domínio II (marcado em amarelo) é constituído

basicamente por alfa hélice. O domínio III (marcado em azul) é compreendido por um

loop e uma folha beta (Figura 18C).

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62

Figura 18. Estrutura tridimensional da osmotina de Calotropis procera.

(A) A proteína é dividida em três dominios: dominio I (vermelho), dominio II (amarelo), dominio III (azul).

(B) Aminoácidos ácidos da fenda selecionados em vermelho. (C) Estrutura dos dominios: I é formado

predominantemente por folha beta (vermelho), II por alfa hélice (azul), dominio II prevalência por loop

(amarelo). (PDB: 4L2J).

A

C

B

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63

5.7 Atividade proteolítica

As atividades proteolíticas das frações laticíferas foram analisadas

objetivando verificar se atividade antifúngica estava correlacionada com a presença

de proteases. CpLP, CgLP e CapLP possuem atividade proteolítica (Figura 19) e

atividade antifúngica, como descrito anteriormente (Souza et al., 2011). HdLP não

apresentou atividades proteolíticas e antifúngicas. Esses resultados mostram uma

forte correlação do papel de proteases cisteínicas em defesa de planta contra fungos.

Em contraste, PrLP e TpLP, mesmo apresentando atividades proteolíticas, não

possuíram atividade antifúngica. Esses resultados abrem a hipótese que a atividade

antifúngica pode estar diretamente relacionada com a especificidade de cada

protease.

Figura 19. Atividade proteolítica das frações LP.

CpLP (C. procera), CgLP (C. grandiflora), PrLP (P. rubra), TpLP (T. peruviana), CapLP (C. papaya) e

HdLP (H. drasticus). Azocaseína foi usada como substrato. A reação ocorreu em tampão acetato pH

6,0 com DTT 3 mM.

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64

5.8 Cromatografia e eletroforese para o isolamento adiponectina de coelho

Devido à similaridade tridimensional entre osmotina e adiponectina descrita

na literatura, soro de coelho foi aplicado na coluna cromatográfica contendo anticorpos

policlonais anti-CpOsm com o objetivo de purificar adiponectina. Foi observado um

pequeno pico retido na coluna (Figura 20A). Proteínas deste pico retido (PII) foram as

mesmas contidas no pico não retido (PI), evidenciando um reconhecimento cruzado

entre anticorpos anti-CpOsm e estas proteínas com massas moleculares na faixa de

66 kDa e 97 kDa (Figura 20B). O alinhamento múltiplo da osmotina de Calotropis

procera (CpOsm) e adiponectina demostrou similaridade de 13%. Esses resultados

mostram que a similaridade estrutural entre osmotina e adiponectina é apenas a nível

tridimensional, sem possuir epítopos antigênicos similares, como ocorreu com CpOsm

e Proceraina B.

Figura 20. Cromatografia do soro total de coelho e eletroforese.

(A) Perfil Cromatográfico do soro total de coelho em Coluna com anticorpos anti-CpOsm imobilizados

em Sepharose 4B. Fluxo 1 mL/min. Frações: 1,0 mL. Amostra 20 mg/mL, (B) Eletroforese em gel de

poliacrilamida (12,5%). Pico não retido (PI) e retido (PII), 30 µg e 10 µg respectivamente.

97.00

66.00 45.0

30.0

20.1

A B kDa PI PII

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65

HUMANO MLLLGAVLLLLALPGHDQE--TTTQGPG-VLLPLPKGACTGWMAGIPGHPGHNGAPGRDG 57

COELHO MLLLQAVLLLLALPSHGQD--STTESPG-VLIPAPKGACAGWIAGIPGHPGHNGTPGRDG 57

CAMUNDONGO MLLLQALLFLLILPSHAEDDVTTTEELAPALVPPPKGTCAGWMAGIPGHPGHNGTPGRDG 60

BOVINO MLLQGALLLLLALPSHGED---NMEDPP-----LPKGACAGWMAGIPGHPGHNGTPGRDG 52

CpOsm ----ATFTIRNNCP------------------------YTIWAAAVPGGGRRLNSGQTWT 32

:. : * : * *.:** : .:

HUMANO RDGTPGEKGE----KGDPGLIGP-KGDIGETGVPGAEGPRGFPGIQGRKGEPGEGAYVYR 112

COELHO RDGTPGEKGE----KGDAGLVGP-KGDTGETGVTGAEGPRGFPGSPGRKGEPGEGAYVYR 112

CAMUNDONGO RDGTPGEKGE----KGDAGLLGP-KGETGDVGMTGAEGPRGFPGTPGRKGEPGEAAYVYR 115

BOVINO RDGTPGEKGE----KGDPGLVGP-KGDTGETGITGIEGPRGFPGTPGRKGEPGESAYVYR 107

CpOsm INVAPGTAGARIWPRTNCNFDGAGRGRCQTGDCNGVLECKGYGQPPNTLAEYALNQFQNL 92

: :** * : : .: *. :* . * :*: . .* . :

HUMANO SAFSVGLETYVTIPNMPIRFTKIFYNQQNHYDGSTGKFHCNIPGLYYFAYHITVYMKDVK 172

COELHO SAFSVGLEGRVTIPNVPIRFTKIFYNQQNHYDSTTGKFRCNIPGLYYFSYHITVYMKDVK 172

CAMUNDONG SAFSVGLETRVTVPNVPIRFTKIFYNQQNHYDGSTGKFYCNIPGLYYFSYHITVYMKDVK 175

BOVINO SAFSVGLERQVTVPNVPIRFTKIFYNQQNHYDGTTGKFLCNIPGLYYFSYHITVYLKDVK 167

CpOsm DFFDISLVDGFNVP---MEFSPVSGSGD---KCRAIRCTADING---------QCPNELR 137

. *.:.* ..:* :.*: : . : . : : .:* * ::::

HUMANO VSLFKKDKAMLFTYDQYQENNVDQASGSVLLHLEVGDQVWLQVYGEGERNGLYADNDNDS 232

COELHO VSLFKKDKAMLFTYDQYQDKNVDQASGSVLLHLQVDDQVWLQVYGDGDHNGLYADNVNDS 232

CAMUNDONGO VSLFKKDKAVLFTYDQYQEKNVDQASGSVLLHLEVGDQVWLQVYGDGDHNGLYADNVNDS 235

BOVINO VSLYKNDKALLFTHDQFQDKNVDQASGSVLLYLEKGDQVWLQVYEGENHNGVYADNVNDS 227

CpOsm APGGCNNPCTVFKTDKYCCN--SGSCGPTTYSRFFKERCWDAYSYPKDDPTSTFTCPSGT 195

.. :: . :*. *:: : . :.*.. :: * : ..:

HUMANO TFTGFLLYHDTN- 244

COELHO ISTGFLLYHDTN- 244

CAMUNDONGO TFTGFLLYHDTN- 247

BOVINO TFTGFLLYHNIVE 240

CpOsm NYR--VIFCP--- 203 :::

Figura 21. Alinhamento múltiplo da osmotina de Calotropis procera (CpOsm) com diferentes adiponectinas: humana, de coelho, camundongo e bovina. A

similaridade foi de aproximadamente 13% entre CpOsm e os hormônios. Os resíduos idênticos, a conservação das propriedades semelhantes entre grupos

fortes e fracos são destacadas por asterisco (*), dois pontos (:) e ponto (.), respectivamente.

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66

6 DISCUSSÃO

As pesquisas que descreveram as osmotinas sugerem, com fortes

evidências, que estas proteínas participam ativamente do metabolismo vegetal em

situações de estresses. Entretanto, o fato de que estas moléculas parecem atuar em

ambas as condições de estresses, bióticos e abióticos também sugere que sejam

proteínas multifuncionais. Por esta razão e complexidade, o estudo de osmotinas deve

ainda progredir bastante. Também incentiva a pesquisa de osmotinas, a constatação

de que ocorrem em diferentes tecidos vegetais. Haveria, por exemplo, alguma relação

entre suas funções e suas localizações teciduais?

O modelo abordado neste trabalho incluiu apenas osmotinas em látex. O

trabalho buscou evidências da presença de osmotinas em novos fluidos laticíferos

ainda não avaliados para esta molécula e a partir da prospecção positiva, outras

abordagens foram conduzidas, sempre na perspectiva de melhor compreender suas

características moleculares e suas atividades.

Estudos mostraram a presença de osmotinas em diferentes fluidos

laticíferos como de C. procera (FREITAS et al., 2011) e de C. papaya (LOOZE et al.,

2009). Estes trabalhos ressaltam que látex é uma fonte de osmotina e que existem

poucos estudos. A partir disso, foi verificada, através de imunodetecção, a presença

de osmotinas nas frações proteicas de látex das seguintes espécies: Cryptostegia

grandiflora (CgLP), Plumeria rubra (PrLP), Thevetia peruviana (TpLP), Himatanthus

drasticus (HdLP) e Carica papaya (CapLP). A prospecção foi realizada utilizando os

anticorpos policlonais anti-CpOsm produzidos em coelho através da imunização com

a osmotina de C. procera.

No imunoensaio de ELISA, os anticorpos policlonais anti-osmotina de

Calotropis procera (anti-CpOms) reconheceram proteínas do látex de C. grandiflora e

P. rubra. Indicando a existência de proteínas com similaridade a osmotina de C.

procera nestes fluidos laticíferos. Por outro lado, nos látex de T. peruviana, H.

drasticus e C. papaya não houve reação antígeno-anticorpo detectável da osmotina

de C. procera pela identificação dos anticorpos anti-CpOsm policlonais. Ensaios de

Dot Blot e Werstern Blot confirmaram os mesmos resultados, uma vez mais indicando

a possível presença de osmotina em C. grandiflora e P. rubra. Anteriormente foi

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67

relatada a presença de osmotina no látex de C. grandiflora (SOUSA, 2014),

confirmando os resultados, porém seria relatada de forma inédita a presença de

osmotina no látex de P. rubra. No látex de C. papaya já havia sido caracterizada uma

taumatina (também chamada de osmotina). Entretanto a proteína foi apenas

encontrada quando a planta era anteriormente injuriada (LOOZE et al., 2009). Este

fato pode explicar a ausência de detecção de osmotina no látex de C. papaya no

presente trabalho e ainda sugere que neste caso a proteína não deve ser constitutiva,

mas induzida em resposta a dano tecidual e neste caso um processo que seria mais

próximo do que ocorre em caso de herbivoria.

Através de eletroforese, foi observado que em CgLP e PrLP há bandas

proteicas com massas moleculares aparentes similares a da CpOsm

(aproximadamente 20 kDa), fato que também poderia indicar a presença de osmotinas

nestes fluidos laticíferos. O ensaio de Western Blot confirmou que estas bandas

proteicas com massas moleculares próximas de 20 kDa seriam proteínas similares à

CpOsm, pois houve reconhecimento destas pelos anticorpos policlonais anti-CpOsm.

A maioria das osmotinas, classificadas na família PR-5, apresentam massas

moleculares de aproximadamente 20 kDa (LIU et al., 2010). Curiosamente, anticorpos

policlonais anti-CpOsm reconheceram na fração protéica do látex de C. procera, além

da CpOsm (21 KDa) bandas proteicas com massas moleculares de 66 kDa e 25 kDa

reveladas por Werstern Blot. Este resultado poderia sugerir que os anticorpos

utlizados nos ensaios não eram exclusivos para CpOsm e uma possível contaminação

poderia estar presente. Entretanto esta hipótese evidente não seria suportada visto

que a CpOsm purificada para uso no protocolo de produção de anticorpos policlonais

foi positivamente analisada quando a sua pureza por eletroforese e espectro de

massas e ainda foi utilizada para ensaios de cristalização em outros procedimentos

não inclusos neste estudo. Descartada a hipótese de contaminação, a segunda

hipótese considerada foi de que as bandas reveladas (66 kDa e 25 kDa) poderiam ter

sido resultado de reações cruzadas entre os anticorpos policlonais anti-CpOsm com

outras proteínas presentes no látex, o que foi posteriormente invetigado.

Os anticorpos policlonais utilizados nos imunoensaios foram produzidos

através da imunização de coelho com a osmotina de C. procera (CpOsm). Objetivando

purificar os anticorpos anti-CpOsm de soro de coelho, a CpOsm foi imobilizada em

matriz de Sepharose 4B. Após a cromatografia em coluna de imunoafinidade com

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CpOsm imobilizada, foram obtidos dois picos: não retido (I) e retido (II). A

espectrometria de massas do pico II confirmou a presença de imunoglobulinas de

coelho e ausência de contaminantes como albuminas. Esta análise confirmou que os

anticorpos anti-CpOsm foram purificados, assegurando a confiabilidade dos

imunoensaios realizados com estes anticorpos. De modo geral, a purificação de

osmotinas, inclusive a CpOsm, envolve dois passos cromatográficos, o que demanda

tempo e reagentes (VITALI et al., 2006; SHIH et al., 2001, BARRE et al., 2000;

FREITAS et al., 2011). Visando isolar osmotina das frações LP em um único passo

cromatográfico, os anticorpos anti-CpOsm purificados foram imobilizados em

Sepharose 4B, a fim de obter uma coluna cromatográfica de imunoafinidade. As

frações proteicas de C. procera, C. grandiflora e P. rubra apresentaram pico retido,

indicando que possivelmente as osmotinas destes fluidos laticíferos foram isoladas. A

ausência de pico retido na cromatografia da fração LP de T. peruviana e C. papaya

indica a falta de proteína semelhante à osmotina de C. procera e confirmam os

imunoensaios (ELISA, Dot Blot e Wersten Blot). Entretanto, o resultado obtido de

HdLP, na cromatografia de imunoafinidade, contradiz os outros imunoensaios, pois

houve pico retido. É provável que este fato tenha ocorrido devido a reduzida

quantidade de proteínas em HdLP.

O rendimento das frações proteicas, expresso em massa (mg), oriundo da

cromatografia de imunoafinidade foi maior, como esperado, para o látex de Calotropis

procera (14%) seguido do látex de Cryptostegia grandiflora (1,3%) e de Plumeria rubra

(0,6%). Baixos valores de rendimento podem ser justificados pela reduzida

disponibilidade das osmotinas nos extratos proteicos do látex, além do caráter

artesanal da coluna.

As análises de espectrometria de massas dos digestos trípticos dos picos

retidos de cada amostra na cromatografia de imunoafinidade (anti-CpOsm-Sepharose

4B) confirmaram que as proteínas reconhecidas eram identificadas como osmotinas.

Confirmaram ainda que apenas osmotinas estavam presentes nas amostras

digeridas. Consequentemente, a coluna de imunoafinidade foi usada também com

sucesso para o isolamento das osmotinas de C. procera, C. grandiflora, P. rubra e H.

drasticus. No entanto, no PII da fração LP de C. procera foi identificada a presença de

outra proteína além da CpOsm. A análise desta fração em eletroforese já havia

mostrado a presença de outra proteína e curiosamente ela estava presente em maior

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abundância que a própria CpOsm. Assim, a hipótese de que reações cruzadas entre

anti-CpOsm e outras proteínas da fração LP de C. procera foi efetivamente

confirmada. A proteína contaminante foi identificada como uma protease cisteínica.

Desse modo, é possível concluir que a cromatografia em coluna de afinidade com

anticorpos anti-CpOsm imobilizados é eficiente em isolar osmotinas do látex de P.

rubra e C. grandiflora. No entanto, o procedimento apenas concentrou as osmotinas

de C. procera, visto que proteases cisteínicas foram co-purificadas, o que também é

um ponto interessante. Como estas duas proteínas têm propriedades moleculares

distintas, poderiam ser purificadas em um passo cromatográfico adicional, com a

vantagem de obtenção de duas proteínas purificadas. Em adição, a

imunocromatografia de afinidade com anticorpos anti-CpOsm imobilizados foi

eficiente em isolar a CpOsm recombinante produzida em Pichia pastoris (OLIVEIRA,

2014). Portanto, essa imunocromatografia pode ser utilizada para purificar osmotinas

recombinantes, podendo ser muito útil no estudo estrutural destas proteínas, visto que

a produção de proteínas recombinantes pode ser o passo inicial no estudo da

sequência e estrutura de proteína.

Os resultados de Western Blot e espectrometria de massas demostraram

que possivelmente houve reação cruzada entre os anticorpos anti-CpOsm e uma

protease cisteínica do látex de C. procera, chamada de Proceraina B. Esta proteína

foi primeiramente isolada por Singh e colaboladores (2010), que posteriormente, em

2013, realizaram o sequênciamento completo dos seus aminoácidos. No presente

trabalho, a sequência da Proceraina B, depositada no banco de dados, foi utilizada

para avaliar a similaridade com a CpOsm, buscando uma interpretação que

justificasse a reação cruzada observada. O alinhamento das sequencias de CpOsm e

Proceraina B revelou apenas 12,5% de similaridade. Entretanto foi percebido na

sequência da Proceraina B um pequeno peptideo (147SGVCGP152), com tamanho

compatível a de epítopos imunológicos, similar ao seguimento (163SGSCGP169) da

CpOsm, os quais não foram alinados na sequencia linear. Esta observação fortaleceu

a hipótese de que o provável reconhecimento de anticorpos anti-CpOsm à Proceraina

B tenha ocorrido devido à presença deste peptídeo. As análises das estruturas

tridimensionais da Proceraina B, obtidas por meio de modelagem molecular, e da

CpOsm (PDB ID: 4L2J) revelaram que estas sequências de peptídeos estão

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localizadas sobre a superfície das proteínas, estando ambos, amplamente acessíveis

ao solvente e assim disponíveis para o reconhecimento imunológico.

O epítopo 163SGSCGP169 da CpOsm foi também reconhecido como um

epítopo alergênico em outras proteínas vegetais, como o Pas n 1 de Paspalum

notatum e Ory s 1 de de Oryza sativa. Estes resultados sugerem que a sequência

SGVCGP (Proceraina B) e SGSCGP (CpOsm) apresentem-se como epítopo

imunológico e explicam a reação cruzada entre os anticorpos policlonais anti-CpOsm

e a Proceraina B.

Uma inconsistência entre as osmotinas reside no fato de que algumas

osmotinas apresentam atividade antifúngica contra fungos fitopatógenos e

causadores de doenças humanas, enquanto outras não (SINGH et al.,1978;

MOTEIRO et al., 2003; VIGERS et al., 1992). O mecanismo de atuação de osmotinas

está relacionado à alteração da permeabilidade na membrana do fungo (ABAD et al.,

1996). A partir destas informações, foi verificada a atividade antifúngica das osmotinas

isoladas através da cromatografia de imunoafinidade com anticorpos anti-CpOsm

imobilizados em Sepharose 4B. Somente a osmotina de C. procera (CpOsm)

apresentou atividade antifúngica, enquanto que as osmotinas de P. rubra e C.

grandiflora foram inativas contra os fungos F. solani e C. gloeosporioides. É importante

ressaltar que, antes de serem aplicadas na coluna imunocromatográfica, as frações

LP foram tratadas com inibidor de proteases cisteínica e/ou serínicas (IAA, PMSF),

para que suas proteases não degradassem os anticorpos imobilizados na coluna.

Assim, a atividade antifúngica detectada no PII de C. procera é de fato oriunda da

CpOsm e não da Proceraina B que foi co-purificada. A atividade antifúngica da CpOsm

já havia sido relatada por Freitas e colaboradores (2011), enquanto que a

incapacidade da osmotina de C. grandiflora de inibir fitopatógenos foi relatada por

SOUZA et al., (2014). No mesmo ano RAMOS et al., (2014) demonstraram que uma

protease cisteínica de C. grandiflora tinha forte atividade contra fitopatógenos. É ainda

curioso neste contexto, observar que anticorpos policlonais anti-CpOsm tenham

reconhecido proteases endógenas, mas não reconheceram proteases na fração

protéica do látex de C. grandiflora. Os picos não retidos (PI) de CpLP e CgLP, obtidos

na cromatografia de imunoafinidade, apresentaram atividade antifúngica contra F.

solani. Esta atividade pode ser o resultado da ação de outras proteínas, como

peroxidase e quitinase, além de proteases presentes nestas frações proteicas

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(FREITAS et al., 2007; 2010).

Similarmente às osmotinas de P. rubra e C. grandiflora, as osmotinas

purificadas de C. papaya e Piper colubrinum não apresentam atividade antifúngica

(LOOZE, et al., 2009; MANI, SIVAKUMAR; MANJULA, 2012). A diferença na atividade

antifúngica de osmotina está provavelmente relacionada à presença de uma fenda

ácida na estrutura de osmotina com atividade antifúngica, enquanto que aquelas sem

esta atividade possuem uma fenda básica. Para avaliar este aspecto na estrutura da

CpOsm, foi realizada a identificação dos aminoácidos ácidos na sua estrutura

tridimensional. Foi constatada que a CpOsm apresenta uma fenda ácida. Outras

osmotinas, como as de tabaco e de Kaiwa et al., 1999; e Mani; Sivakumar; Manjula,

2012, apresentaram a fenda ácida e atividade antifúngica, evidenciando uma

correlação entre estes dois aspectos (LEONE et al., 2006). Desse modo, ressalta-se

a importância do estudo da estrutura tridimensional das osmotinas de P. rubra e C.

grandiflora.

O estudo da estrutura tridimensional destas osmotinas recém-descobertas

também é importante para relacioná-las a adiponectina, um hormônio humano

produzido pelos adipócitos (ARITA, et al., 1999; LIHN, et al., 2005) que exerce papel

antidiabético, antiaterogênico e atividades anti-inflamatórias (YADAV et al., 2013;

CASELLI, 2014). A similaridade de adiponectina foi detectada com osmotina (MIELE,

COSTANTINI, COLONNA, et al., 2011) o que confere um potencial farmacológico a

estas proteínas. A cromatografia anti-CpOsm-Sepharose do soro de coelho foi

realizada, objetivando a purificação de adiponectina. Foi obtido um pico retido.

Entretanto, Na eletroforese deste pico retido não foi visto banda proteica

correspondente à massa molecular de adiponectina de aproximadamente 28 kDa

(SCHERER et al., 1995), porém foram visualizadas proteínas de 66 kDa, referente

possivelmente a albumina que é uma proteína encontrada em maior abundancia no

plasma sanguíneo de massa molecular de aproximadamente 67 kDa (DENNIS et al.,

2002). Demostrado que a coluna não foi eficiente na purificação da adiponectina.

Tendo em vista que as osmotinas de C. grandiflora e P. rubra não possuem

atividade antifúngica contra F. solani e C. gloeosporioides, é provável que

desempenhem outras funções. Estudos demonstraram que osmotinas de diferentes

espécies estão envolvidas na resposta a estresse osmótico de plantas (ONISHI et al.,

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2006; HUSAINI; ABDIN, 2008). Estas proteínas podem ainda estar associadas à

tolerância a altas temperaturas, frio e seca (HUSAINI et al., 2012, VIKTOROVA et al.,

2012).

As atividades antifúngicas das frações proteicas (LP) dos fluidos laticíferos

em estudo também foram avaliadas. Foi constatado que CpLP, CgLP e CapLP

inibiram o crescimento vegetativo de F. solani e C. gloesriosporiodes, enquanto que

PrLP, TpLP e HdLP, mesmo na concentração máxima (2,5 mg/mL), não inibiram o

desenvolvimento fúngico. Estes resultados confirmaram a presença de atividade

antifúngica observada em estudos anteriores dos fluidos laticíferos de C. procera e C.

grandiflora (SOUSA et al., 2011). Como as atividades antifúngicas das frações LP não

demostraram estar diretamente relacionadas às suas osmotinas, visto que mesmo

com a sua presença em PrLP e HdLP não apresentaram atividade antifúngica. A partir

disto foi investigada a relação da atividade antifúngica de látex a outras proteínas. A

atividade antifúngica de látex tem sido relacionada a proteases cisteínicas (SOUZA et

al., 2011, SOUSA, 2010), deste modo, ensaios de atividade proteolítica foram

realizados para correlacionar estas duas atividades dos fluidos laticíferos em estudo.

Exceto PrLP e TpLP, todas as frações proteicas com atividade proteolítica

apresentaram atividade antifúngica. A ação de atividade antifúngica de proteases

purificadas dos fluidos laticíferos como C. grandiflora (RAMOS et al., 2014) confirma

a correlação entre as atividades antifúngica e proteolítica destes fluidos laticíferos

(SOUSA, 2010). A ausência de atividade antifúngica nas frações proteicas dos látex

de P. rubra e T. peruviana pode ser devido à especificidade da atividade proteolítica,

visto que proteases como pepsina e tripsina não apresentaram atividade antifúngica

(SOUZA et al., 2011). Todos estes resultados suportam que as atividades antifúngicas

sobre F. solani e C. gloeosporioides é devido principalmente às proteases cisteínicas

e não às osmotinas.

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6 CONCLUSÃO

A cromatografia de imunoafinidade em coluna com anticorpos anti-CpOsm

imobilizados é uma estratégia técnica eficiente na purificação de osmotinas de fluidos

laticíferos, visto que purificou as osmotinas de Plumeria rubra e C. grandiflora.

Entretanto, em alguns látices, como C. procera, a purificação não pode ser alcançada

devido ao reconhecimento cruzado dos anticorpos policlonais anti-CpOsm às

proteases cisteínicas. A co-purificação da Proceraina B (protease cisteínica) foi devido

ao reconhecimento, pelos anticorpos anti-CpOsm, de uma sequência (147SGVCGP152)

na protease que é semelhante a um seguimento em CpOsm (163SGSCGP169), ambas

as sequências são disponíveis ao reconhecimento imunológico. Embora, em alguns

fluidos laticíferos a cromatografia de imunoafinidade (anti-CpOsm-Sepharose) não

tenha purificado osmotina, esta estratégia pode ainda ser muito útil para isolar

osmotinas recombinantes. Nos fluidos laticíferos, proteases cisteínicas estão mais

frequentemente relacionadas à atividade antifúngica do que osmotinas.

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