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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETADRIADO EXECUTIVO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DANIEL PARENTE BANHOS O PAPEL DO EMPREENDEDOR COMO LÍDER NO GERENCIAMENTO DE EQUIPES: ESTUDO DE CASO DA PRODUTORA DE AUDIOVISUAL MANTRA PRODUÇÕES FORTALEZA 2013

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E

SECRETADRIADO EXECUTIVO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

DANIEL PARENTE BANHOS

O PAPEL DO EMPREENDEDOR COMO LÍDER NO GERENCIAMENTO DE

EQUIPES: ESTUDO DE CASO DA PRODUTORA DE AUDIOVISUAL MANTRA

PRODUÇÕES

FORTALEZA

2013

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DANIEL PARENTE BANHOS

O PAPEL DO EMPREENDEDOR COMO LÍDER NO GERENCIAMENTO DE

EQUIPES: ESTUDO DE CASO DA PRODUTORA DE AUDIOVISUAL MANTRA

PRODUÇÕES

Monografia apresentada à Faculdade de

Economia, Administração, Atuária,

Contabilidade e Secretariado Executivo, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Carlos Manta Pinto de

Araújo. MS

FORTALEZA

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo

B17p Banhos, Daniel Parente.

O papel do empreendedor como líder no gerenciamento de equipes: estudo de caso da

produtora de audiovisual Mantra Produções/ Marcelo Medeiros Rocha. – 2013.

71 f. : il. color.; enc.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,

Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, Curso de Bacharelado em

Administração, Fortaleza, 2013.

Orientação: Profº. Ms. Carlos Manta Pinto de Araújo

1. Audiovisual 2. Empreendedorismo 3. Liderança 4. Grid Gerencial I. Título.

CDD 658

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DANIEL PARENTE BANHOS

O PAPEL DO EMPREENDEDOR COMO LÍDER NO GERENCIAMENTO DE

EQUIPES: ESTUDO DE CASO DA PRODUTORA DE AUDIOVISUAL MANTRA

PRODUÇÕES

Esta monografia foi submetida à Coordenação do curso de Administração, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Administração, outorgado pela

Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na

Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo

com as normas técnicas científicas.

Aprovada em: _____/_____/________.

BANCA EXAMINADORA NOTA

__________________________________________________ ________

Prof. Carlos Manta de Araújo Pinto, MS (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________________ ________

Prof. Laudemiro Rabelo de Souza e Moraes

Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________________ ________

Prof. José Carlos Lázaro da silva filho

Universidade Federal do Ceará (UFC)

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Aos meus pais – Joaquim e Izabela –

principalmente, minha mãe, que com muita

força de vontade determinação e coragem

conseguiram, mesmo em situações muito

desafiadoras, dar uma educação de qualidade

aos seus filhos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar saúde e me proporcionar tantas coisas boas em minha vida.

A minha família por ter sido compreensiva nos momentos necessários.

A minha namorada, Lia, por sempre eu poder contar com sua ajuda incondicional. E

que sempre me motivou a conquistar e superar desafios.

Ao meu orientador – Carlos Manta – pela sua ajuda, compreensão, receptividade,

paciência, disponibilidade e orientação de qualidade.

Aos professores Laudemiro Rabelo e José Carlos Lázaro por fazerem parte da banca

examinadora.

A Júlia Manta, empreendedora e Diretora/Produtora da Mantra Produções, por ter me

concedido a entrevista que serviu como objeto de estudo deste trabalho e pela paciência e

disponibilidade em ajudar.

Aos amigos da faculdade que me ajudaram durante o curso e a confecção deste

estudo.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

RESUMO

O presente estudo foi elaborado com o objetivo de mostrar o quão importante é o

papel do líder no crescimento e consolidação de uma empresa através do bom gerenciamento

de equipes abordando a questão: qual o estilo de liderança que um empreendedor cuja

estrutura se organiza em torno de projetos e se desfaz ao seu término? O estudo teve

como base referenciais teóricos sobre Liderança e Empreendedorismo; juntamente, com uma

entrevista realizada com Júlia Manta, Diretora/Produtora da Mantra Produções, uma empresa

de produção autoral, a fim de identificar o seu estilo Empreendedor e de Liderança (o tópico

4.1 mostra essa análise, assim como as próprias respostas da entrevista permitem tirar

algumas conclusões sobre o seu perfil) que foram responsáveis por fazer com que a empresa

esteja no mercado desde 2001. A metodologia constituiu em enquadrar a produtora seguindo

modelos de estilos de Liderança propostos por, principalmente, Hersey/Blanchard e Blake &

Mouton mencionados por Chiavenato dentre outros. No que diz respeito ao

Empreendedorismo foram utilizados conceitos propostos por Dornelas, Chiavenato e Degen.

Palavras chave: Produtora audiovisual; empreendedorismo; liderança; grid gerencial.

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ABSTRACT

The present study was designed with the aim of showing how important is the role of

the leader in the growth and consolidation of a company through good management teams

addressing the question: what is the leadership style that an entrepreneur whose structure is

organized around projects and dissolves to a close? The study was based on theoretical

Leadership and Entrepreneurship, along with an interview with Julia Manta, Director /

Producer of Mantra Productions, a production company copyright in order to identify your

style and Entrepreneurial Leadership (topic 4.1 shows this analysis, as well as their own

responses allow the interview to draw some conclusions about his profile) who were

responsible for making the company is in the market since 2001. The methodology was

followed in framing the production models of leadership styles proposed by mainly Hersey /

Blanchard and Blake & Mouton Chiavenato mentioned by others. As regards the

Entrepreneurship were used concepts proposed by Dornelas, Chiavenato and Degen.

Key Words: Audiovisual Producer Enterpreneurship, Leadership, Managerial Grid

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Grade Gerencial....................................................................................................40

Figura 2 – Liderança Situacional...........................................................................................43

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Elementos do Processo Empreendedor………………….................................. 27

Quadro 2 – Graus de Influenciação………………………………….................................. 32

Quadro 3 – Comparativo entre as teorias X e Y……………………................................... 34

Quadro 4 – Comparativo entre os estilos de liderança………………................................. 38

Quadro 5 – Comparativo entre as lideranças centrada na tarefa e centrada nas

pessoas…………………………………………………...................................................... 39

Quadro 6 – Estilos de liderança apropriados aos vários níveis de

maturidade............................................................................................................................. 44

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13

CAPÍTULO 2 - EMPREENDEDORISMO ............................................................................. 15

2.1 O que é empreendedorismo? .......................................................................................... 17

2.2 Características básicas dos Empreendedores ................................................................. 18

2.2.1 Características dos Empreendedores de sucesso ..................................................... 19

2.3 Tipos de empreendedores ............................................................................................... 23

2.3.1. O Empreendedor Nato (Mitológico) ....................................................................... 24

2.3.2. O Empreendedor que Aprende (Inesperado) .......................................................... 24

2.3.3. O Empreendedor Serial (Cria novos Negócios) ..................................................... 25

2.3.4. O Empreendedor Corporativo ................................................................................ 25

2.3.5. O Empreendedor Social .......................................................................................... 26

2.3.6. O Empreendedor por Necessidade ......................................................................... 26

2.3.7. O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar) ..................................................... 27

2.3.8. O Empreendedor “Normal” (Planejado) ................................................................. 28

2.4 O Processo Empreendedor ............................................................................................. 28

CAPÍTULO 3 – LIDERANÇA ................................................................................................ 30

3.1 A Teoria X e A Teoria Y ................................................................................................ 32

3.2 Conceitos sobre Liderança ............................................................................................. 36

3.3 Estilos de liderança......................................................................................................... 39

a) Liderança “Autocrática, Liberal e Democrática”. ..................................................... 39

b) “Liderança centrada na tarefa versus liderança centrada nas pessoas”. .................... 41

c) “Ênfase na produção versus ênfase nas pessoas”. ..................................................... 42

3.4 Liderança Situacional ..................................................................................................... 44

3.4.1 Estilo de liderança a ser adotado de acordo com a maturidade dos liderados ......... 45

CAPÍTULO 4 - O CASO “MANTRA PRODUÇÕES” .......................................................... 49

4.1 Análise do perfil Empreendedor e de Liderança da empresária Júlia Manta ................. 61

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CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 67

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 68

APÊNDICE .............................................................................................................................. 70

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13

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

As organizações são constituídas por pessoas com sentimentos, motivos e vontades

diferentes, sujeitas às correlações de forças presentes no ambiente, que por sua vez, produzem

alterações na motivação, nos relacionamentos e nos resultados obtidos pelas mesmas. Logo,

para fazer uma equipe funcionar, o líder (que pode ser um gerente, um diretor, um presidente,

etc) tem que saber lidar e como conduzir as pessoas, isto é, ele tem que ser capaz de liderá-las

e administrar as diferenças que existem entre as mesmas. Cabe ressaltar que a análise neste

projeto direcionou-se às lideranças formais.

Portanto, é primordial que o líder moderno possua a capacidade de saber lidar com

vários tipos de pessoas nas mais diversas situações, pois será através delas que as ações da

empresa tomam vida e, consequentemente, os resultados são atingidos ou não. Feita essa

observação é necessário que o líder também tenha em mente que é bastante importante cuidar

da motivação dos colaboradores. Esse cuidado deve abranger desde a satisfação pessoal até a

melhoria das condições de trabalho, seja tanto no próprio ambiente de trabalho quanto no

conteúdo do trabalho em si.

Esta problemática é também para empreendimentos direcionados para projetos que

desenvolvem suas atividades, primordialmente, direcionadas para projetos licitatórios

mantendo tanto estruturas que aumentam ou diminuem em função da existência de editais

lançados por entes públicos. A questão que se põe é: qual o estilo de liderança que um

empreendedor cuja estrutura se organiza em torno de projetos e se desfaz ao seu término?

Este tipo de empresa conta com uma rede de relacionamentos cujos componentes são

profissionais que negociam com o empreendedor o valor de suas participações. E como todas,

está sujeita à exigência de produtividade e a satisfação de seus contratantes e de seus

colaboradores. Este trabalho vem com o objetivo de mostrar o quão importante é o papel do

líder no crescimento e consolidação de uma empresa através do bom gerenciamento de

equipes.

A pesquisa teve origem na observação da Mantra Produções, uma microempresa

produtora de audiovisuais, cuja trajetória vem ocorrendo há mais de dez anos com as

dificuldades típicas do setor, porém, a mesma parece ser tipicamente um caso de sucesso

empresarial. A observação desse tipo de empreendimento pode representar modelos que

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14

possam ser multiplicados para outros empreendimentos congêneres. A proposta foi, portanto

relatar uma situação que possa vir a ser motivo de exemplo de empreendedorismo enfocando

a liderança de equipes de trabalho.

A metodologia adotada na pesquisa foi a do estudo de caso (ler e escrever o que é e o

que justifica este método) baseado em uma entrevista com a empreendedora relatando a sua

experiência em um projeto que envolveu a SECULT – Secretaria de Cultura do Estado do

Ceará e o MIS – Museu da Imagem o do Som. Este estudo em particular poderá servir de

exemplo que permite identificar aspectos que poderão que poderão despertar a adoção de

indicações de rumo para alguns empreendedores em condição semelhante.

A presente monografia está subdividida em cinco capítulos sendo o primeiro a

Introdução, o segundo Empreendedorismo onde são abordados os conceitos, características e

tipos de empreendedores; o terceiro Liderança onde são abordados conceitos tipos e estilos de

liderança; o quarto “O caso Mantra Produções”, onde foi realizada uma entrevista para

identificar seu perfil Empreendedor e de Liderança; e o quinto Considerações Finais.

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CAPÍTULO 2 - EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo é essencial para a geração de riquezas dentro de um país,

promovendo o crescimento econômico e melhorando as condições de vida da população.

Portanto, pode-se dizer que o empreendedorismo configura-se como um fator

importantíssimo na geração de emprego e renda. Para Dornelas (2008) o mundo está

atravessando a era do empreendedorismo . “O empreendedorismo é uma revolução silenciosa,

que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.

(JEFFRY TIMMOS 1990 Apud DORNELAS; 2008, p. 05)

No Brasil, o empreendedorismo começou a tomar forma na década de 1990 através da

criação de instituições como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas) e a Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software), despertando assim,

o tema a nível nacional. Atualmente, o SEBRAE é o órgão mais conhecido pelo pequeno

empresário brasileiro, pois essa entidade busca dar todo o suporte necessário para o pequeno

empreendedor brasileiro.

A partir do final da década de 1990 o conceito de empreendedorismo começou a

ganhar mais destaque e, a cada ano que passa, este tema vem ganhando cada vez mais

relevância devido aos grandes benefícios que são gerados para um país e sua população. Por

sua vez, cada vez mais pessoas desejam iniciar seu próprio negócio.

Pode-se apontar os Estados Unidos como o grande responsável pela disseminação do

empreendedorismo no mundo, pois na década de 1990, a economia americana, que tinha um

forte programa de incentivo ao empreendedorismo tanto privado como público, apresentou

um imenso dinamismo empresarial, um rápido crescimento econômico, baixos índices de

desemprego e baixas taxas de inflação. Logo, chegou-se a conclusão de que o

empreendedorismo estava fortemente ligado ao crescimento econômico, gerando empregos,

renda e prosperidade para as nações. Então um número cada vez maior de países passou a dar

mais relevância ao tema “empreendedorismo”.

Devido a grande repercussão mundial que esse assunto ganhou, em 1999, foi criado o

projeto GEM (Global Enterpreneurship Monitor) uma iniciativa da Babson College (nos

Estados Unidos) e da London Business School (na Inglaterra), com o objetivo de medir a

atividade empreendedora dos países e observar seu relacionamento com o crescimento

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econômico. No início este projeto contou com a participação de 10 países e em 2011 chegou

ao número de 54.

O principal propósito do projeto é medir o envolvimento dos indivíduos na criação de

novos negócios, isto é, o empreendedor em seu estágio inicial. Esse estágio inicial inclui os

indivíduos que estão em processo de iniciar um novo negócio, assim como aqueles que estão

conduzindo um negócio a menos de 42 meses. Portanto, este configura-se como o grande

diferencial do GEM em comparação com outras pesquisas. Os países são avaliados através do

índice chamado TEA que vem do termo inglês Total Early-Stage Entrepreneurial Activity,

que significa Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial.

Atualmente, o GEM pode ser considerado como a pesquisa mais abrangente sobre

empreendedorismo no mundo. O Brasil passou a fazer parte deste projeto a partir do ano

2000 sendo este executado pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade, o IBPQ.

Uma informação bastante interessante, de acordo com a pesquisa GEM 2011, Sebrae e

o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBPQ), é que o Brasil ficou em terceiro

lugar num total de 54 países participantes (atrás apenas de China e Estados Unidos) na

quantidade de pessoas que possuem um negócio próprio ou estão envolvidos na criação de

um, sendo 27 milhões de pessoas entre 18 e 64 anos, independentemente do tipo, porte, nível

de sofisticação ou tempo de existência desse negócio.

O Brasil vive um momento bastante favorável no que diz respeito a iniciar novos e

este pode ser comprovado através dos dados acima. Percebe-se que cada vez mais pessoas

desejam aproveitar esse momento favorável. Além dessa ótima fase existem outros motivos

pelos quais as pessoas desejam abrir seu próprio negócio, o autor Degen (1989, p. 15) os cita

logo abaixo:

1. Vontade de ganhar muito dinheiro, mais do que seria possível na

condição de empregado.

2. Desejo de sair da rotina e levar suas próprias ideias adiante.

3. Vontade de ser seu próprio patrão e não ter de dar satisfações a

ninguém sobre seus atos.

4. A necessidade de provar a si e aos outros de que é capaz de

realizar um empreendimento e;

5. O desejo de desenvolver algo que traga benefícios, não só para

si, mas para a sociedade.

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17

2.1 O que é empreendedorismo

Segundo Dornelas (2008, p. 22),

(...) empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em

conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. E a perfeita

implementação destas oportunidades leva à criação de negócios de

sucesso.

O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) define o empreendedorismo como “a

capacidade de antever necessidades e satisfazer além das expectativas” (Apostila CIEE, p.

03).

Não se pode abordar o tema empreendedorismo sem mencionar a principal figura que

torna o tema realidade, essa figura é o “Empreendedor”.

O termo empreendedor vem da palavra francesa entrepreneur e quer dizer aquele que

assume riscos e começa algo novo. Dornelas define o empreendedor como sendo aquele que

“detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

calculados” (DORNELAS, 2008, p. 23).

Dornelas (2008) afirma também que o empreendedor de sucesso possui uma

característica única que é o amplo conhecimento da área na qual ele atua.

Joseph Schumpeter1(1949 apud DORNELAS, 2008, p. 22) define o empreendedor

como: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução

de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela

exploração de novos recursos e materiais”.

O autor Ronald Degen (1989) também menciona Joseph Schumpeter e a sua teoria

sobre a destruição criativa, que é justamente o processo de criar novos produtos, novos

mercados e novos métodos de produção, dando assim, combustível ao desenvolvimento.

1 Apesar de Schumpeter presidente-fundador da Econometric Society (1933), ele não foi um

matemático, mas um economista que sempre foi um entusiasta da integração com a Sociologia para o melhor

entendimento de suas teorias económicas.

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Exemplificando essa teoria pode-se citar a criação da caneta esferográfica que tornou

obsoleta a caneta tinteiro, a calculadora eletrônica que tornou a régua de cálculo obsoleta e

assim por diante. Portanto, vê-se que essa destruição criativa é a criação de novos produtos

fazendo com que os antigos caiam no desuso. Logo, mais uma vez, percebe-se a importância

que o empreendedor tem no processo de geração de riqueza para o país, pois por estar sempre

procurando inovar, ele acaba se tornando um dos principais responsáveis pelo

desenvolvimento e crescimento do mesmo e sua população.

Para Kirzner (1973 apud DORNELAS, 2008, p. 22) o empreendedor é caracterizado

como: “aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um

ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente”.

Segundo Idalberto Chiavenato o empreendedor é aquele que “inicia e/ou opera um

negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e

inovando continuamente” (CHIAVENATO; 2007, p. 03).

De acordo com Chiavenato (2007), o empreendedor não é simplesmente um fundador

de novas empresas ou criador de novos negócios, ele é a alavanca da economia, isto é, é

aquele que a impulsiona; ele é quem fareja as oportunidades e transforma boas ideias em

realidade. Portanto, pode-se dizer que o empreendedor é a energia da economia sendo o

mesmo responsável pela sua transformação e crescimento. Chiavenato (2007) destaque

também que o espírito empreendedor não se encontra apenas naqueles que abriram empresas

ou criaram um negócio, mas também naqueles que estão dispostos a assumir riscos e a inovar

constantemente.

2.2 Características básicas dos Empreendedores

Para Chiavenato (2007) existem três características básicas que podem ser

identificadas em um empreendedor, são elas:

1. Necessidade de realização: as pessoas apresentam diferentes graus quanto à

necessidade de realização pessoal. Existem aquelas que apresentam pouca

necessidade de realização pessoal, são aquelas que se contentam facilmente com

aquilo que atingiu. Porém, existem aquelas que possuem um elevado grau de

necessidade de realização. Esse tipo de pessoa é competitiva, está sempre buscando o

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19

“algo a mais” e não se contenta com qualquer coisa. Logo, o empreendedor apresenta

um alto grau de necessidade de realização.

2. Disposição para assumir riscos: ao se iniciar um negócio é certo que o

empreendedor irá ter que assumir vários tipos de risco, como: o financeiro, pois,

provavelmente, antes ele tinha um emprego ou carreira segura, com uma renda certa

mensal, e agora ele vai partir para algo onde não existe mais essa segurança; o risco

familiar ao envolver parentes no negócio e o risco psicológico devido às chances de

fracassar.

3. Autoconfiança: aqueles que possuem autoconfiança estão mais dispostos a enfrentar

problemas e desafios e, por conseguinte, possuem chances bem maiores de superá-los.

Os empreendedores de sucesso são pessoas que acreditam em suas habilidades

pessoais para a superação desses problemas.

Dessa forma, pode-se dizer que empreendedores, de forma geral, são pessoas que

acreditam no seu potencial; ele acredita que o seu sucesso depende do seu próprio

esforço e habilidades. Já a população em geral não apresenta esse tipo de mentalidade.

2.2.1 Características dos Empreendedores de sucesso

Como pôde ser visto acima existem três características básicas que um empreendedor

necessita ter, segundo Chiavenato. Estas são a Necessidade de Realização, a Disposição

para assumir riscos e Autoconfiança.

Porém, apresentar apenas essas três características não significa que um

empreendedor irá ter sucesso em sua empreitada, aliás, não existe uma fórmula pré-

estabelecida que irá fazer com que um novo negócio tenha sucesso ou que um já existente se

perpetue ao longo dos anos. Mas, segundo McClelland (1961 apud CHIAVENATO, 2007, p.

18) se um empreendedor deseja ser bem sucedido são necessárias as seguintes características:

Iniciativa e busca por oportunidades;

Perseverança;

Comprometimento;

Busca de qualidade e eficiência;

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Coragem para assumir riscos, mas calculados;

Fixação de metas objetivas;

Busca de informações;

Planejamento e monitoração sistemáticos, isto é, detalhamento de

planos e controles;

Capacidade de persuasão e de estabelecer redes de contatos

pessoais;

Independência, autonomia e controle.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o SEBRAE, o

empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está

constantemente buscando novos caminhos, novas soluções e formas, tendo sempre como foco

as necessidades das pessoas.

O SEBRAE também caracteriza o empreendedor de forma mais ampla. Ele leva em

consideração três aspectos, estes são quanto à realização, quanto ao planejamento e quanto

a questões relacionadas ao poder. Pode-se perceber logo abaixo que estas se assemelham

bastante as da do autor McClelland.

1. Características relativas à realização:

Busca oportunidades e toma a iniciativa.

Corre riscos calculados.

Exige Qualidade e eficiência.

É persistente.

É comprometido.

2. Características relativas ao planejamento:

A busca de informações.

Estabelecimento de metas.

Planejamento e monitoramento sistemático.

3. Características relativas ao poder:

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Persuasão e rede de contatos.

Independência e autoconfiança.

Já Dornelas (2008; p. 17 e 18) se aprofunda mais sobre o tema, e cita as características

que os empreendedores de sucesso possuem.

1. São Visionários: eles têm a visão de como será o futuro para seu

negócio e sua vida, e o mais importante: eles têm a habilidade de

implementar seus sonhos.

2. Sabem tomar decisões: eles não se sentem inseguros, sabem

tomar as decisões corretas na hora certa, principalmente nos momentos de

adversidade, sendo isso um fator-chave para o seu sucesso. Além de tomar

decisões, implementam suas ações rapidamente.

3. São indivíduos que fazem a diferença: os empreendedores

transformam algo de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo

concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade.

Sabem agregar valor aos serviços e produtos que colocam no mercado.

4. Sabem explorar ao máximo as oportunidades: para a maioria

das pessoas, as boas ideias são daqueles que as vêem primeiro, por sorte ou

por acaso. Para os visionários (empreendedores), as boas ideias são geradas

daquilo que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para

transformá-las em oportunidade, por meio de dados e informação. O

empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um

individuo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances

melhoram quando seu conhecimento aumenta.

5. São determinados e dinâmicos: eles implementam suas ações

com total comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os

obstáculos, com uma vontade ímpar de “fazer acontecer”. Mantêm-se

sempre dinâmicos e cultivam um certo inconformismo diante da rotina.

6. São dedicados: eles se dedicam 24h por dia, 7 dias por semana,

ao seu negócio. Comprometem o relacionamento com os amigos, com a

família, e até mesmo com a própria saúde. São incansáveis e loucos pelo

trabalho.

7. São otimistas e apaixonados pelo que fazem: eles adoram o

trabalho que realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível

que os mantém cada vez mais animados e autodeterminados. O otimismo

faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso.

8. São independentes e constroem o próprio destino: eles querem

estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem ser

independentes, em vez de empregados; querem criar algo novo e

determinar os próprios passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio

patrão e gerar empregos.

9. Ficam ricos: ficar rico não é o principal objetivo dos

empreendedores. Eles acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso

dos negócios.

10. São líderes e formadores de equipe: os empreendedores têm um

senso de liderança incomum. E são respeitados e adorados por seus

funcionários, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los,

formando um time em torno de si. Sabem que, para obter êxito e sucesso,

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22

dependem de uma equipe de profissionais competentes. Sabem ainda

recrutar as melhores cabeças para assessorá-los nos campos onde não

detêm o melhor conhecimento.

11. São bem relacionados (networking): os empreendedores sabem

construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente externo da

empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe.

12. São organizados: os empreendedores sabem obter e alocar os

recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros, de forma racional,

procurando o melhor desempenho para o negócio.

13. Planejam, Planejam, Planejam: os empreendedores de sucesso

planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro rascunho do plano

de negócios até a apresentação do plano a investidores, definição das

estratégias de marketing do negócio etc., sempre tendo como base a forte

visão de negócio que possuem.

14. Possuem conhecimento: São sedentos pelo saber e aprendem

continuamente, pois sabem que quanto maior o domínio sobre um ramo de

negócio, maior é sua chance de êxito. Esse conhecimento pode vir da

experiência prática, de informações obtidas em publicações especializadas,

em cursos, ou mesmo de conselhos de pessoas que montaram

empreendimentos semelhantes.

15. Assumem riscos calculados: talvez essa seja a característica mais

conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele

que assume riscos calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as reais

chances de sucesso. Assumir riscos tem relação com desafios. E para o

empreendedor, quanto maior o desafio, mais estimulante será a jornada

empreendedora.

16. Criam valor para a sociedade: os empreendedores utilizam seu

capital intelectual para criar valor para a sociedade, com a geração de

empregos, dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua

criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas.

Como pode ser visto existem muitas definições e características sobre o

empreendedor, dessa forma, percebe-se que o mesmo está fortemente ligado à criação de

novos negócios, pessoas visionárias, criatividade, disposição para assumir riscos, saber

identificar e aproveitar as oportunidades etc. Porém, Dornelas (2008; p. 19 e 22) identifica

três mitos e crenças populares sobre pessoas empreendedoras.

Mito 1: Empreendedores são natos, nascem para o sucesso.

Realidade:

Enquanto a maioria dos empreendedores nasce com um

certo nível de inteligência, empreendedores de sucesso

acumulam habilidades relevantes, experiências e contatos

com o passar dos anos.

A capacidade de ter visão e perseguir oportunidades

aprimora-se com o tempo.

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23

Mito 2: Empreendedores são “jogadores” que assumem riscos

altíssimos.

Realidade:

Tomam riscos calculados.

Evitam riscos desnecessários.

Compartilham o risco com outros.

Dividem o risco em “partes menores”.

Mito 3: Os empreendedores são “lobos solitários e não conseguem

trabalhar em equipe.

Realidade:

São ótimos líderes.

Criam times/ equipes.

Desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com

colegas, parceiros, clientes fornecedores e muitos outros.

2.3 Tipos de empreendedores

Como já foi mencionado o empreendedor é um agente muito importante para um país,

pois ele é um dos grandes responsáveis pela geração de empregos. Além disso, ele é quem irá

construí-la e transformá-la sendo assim, também, responsável pela sua identidade.

Muitos são os motivos pelos quais levam as pessoas a empreender como por exemplo

a necessidade, a oportunidade, uma sucessão familiar etc. Em vista disso, pode-se concluir

que existem vários tipos de empreendedores e que se tornar empreendedor pode acontecer

com qualquer pessoa. Segundo Dornelas (2007) existem oito tipos de empreendedores, que

são: o empreendedor nato, empreendedor que aprende, empreendedor serial, empreendedor

corporativo, empreendedor social, empreendedor por necessidade, empreendedor herdeiro e o

empreendedor normal/planejado. Logo abaixo seguem as características de cada um.

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2.3.1. O Empreendedor Nato (Mitológico)

São os mais conhecidos. Geralmente, constroem impérios a partir do nada e carregam

consigo histórias brilhantes de sucesso. Esse tipo de empreendedor começa a trabalhar

bastante cedo, portanto logo aprendem a arte da negociação e vendas. Na maioria dos casos

(em países ocidentais) esses empreendedores são imigrantes ou filhos de imigrantes. De

acordo com Dornelas (2007) os Empreendedores Nato são visionários, otimistas, estão à

frente do seu tempo, são pessoas altamente comprometidas com aquilo que fazem e possuem

valores familiares e religiosos bastante fortes. Exemplos: Bill Gates e Sílvio Santos. Em

Fortaleza, no Ceará, existe um exemplo bastante conhecido desse tipo de empreendedor, onde

descendentes de libaneses criaram, do zero, um empreendimento de sucesso chamado lojas

Esplanada. Esses descendentes de Libaneses são a famosa família Otoch.

2.3.2. O Empreendedor que Aprende (Inesperado)

Este segundo tipo de empreendedor tem se tornado bastante comum. Ele é aquela

pessoa que, quando menos se espera, acabando se tornando um empreendedor, pois acabou se

deparando com uma oportunidade de explorar uma atividade econômica e então resolve

encarar esse desafio deixando seu emprego de lado e se dedicando totalmente ao seu negócio

próprio.

Segundo Dornelas (2007; p. 12) o Empreendedor que Aprende é:

(...) o caso clássico de quando a oportunidade bata à porta. É uma

pessoa que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se tornar

um via a alternativa de carreira em grandes empresas como a única

possível.

O despertar dessa pessoa para o empreendedorismo, geralmente, ocorre quando

alguém a convida para fazer parte de uma sociedade ou então a mesma percebe que pode

criar um negócio próprio. Em geral, não é fácil tomar essa decisão de mudar totalmente de

carreira, pois a pessoa está saindo da sua zona de conforto e, além disso, novos e vários

problemas irão surgir. Dornelas (2007) diz que pessoas que estão pensando em alternativas

para a sua aposentadoria, muitas vezes se encaixam nesse tipo de empreendedor.

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2.3.3. O Empreendedor Serial (Cria novos Negócios)

“O Empreendedor Serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria,

mas principalmente pelo ato de empreender” (DORNELAS; 2007, p. 12).

Segundo Dornelas (2007) este tipo de empreendedor caracteriza-se por não se

contentar em abrir uma única empresa e fazer com que ela se torne uma grande corporação ao

longo dos anos. O empreendedor Serial é uma pessoa dinâmica que gosta de correr riscos, ele

gosta da adrenalina presente na criação de novos negócios, ele explora as oportunidades que

identifica ao seu redor. Portanto, o mesmo está sempre bastante atento aos acontecimentos,

ele busca participar de eventos de negócios e comemorações, faz parte de associações e

procura manter uma boa rede de relacionamentos.

O Empreendedor Serial possui algumas habilidades de grande valor no mundo

empresarial. Segundo Dornelas (2007) são elas:

Ele sabe montar equipes;

Sabe motivar o seu time;

Possui habilidade de captar recursos para iniciar o seu negócio;

Sabe como colocar a empresa em funcionamento e;

Sua habilidade mais marcante e mais forte é a de acreditar fielmente nas

oportunidades e o mesmo não descansa até implementá-las.

Como já foi mencionado anteriormente, este tipo de empreendedor gosta de se

envolver em vários negócios ao mesmo tempo, portanto podem existir alguns fracassos em

sua trajetória. Porém, o mesmo os tira como lição e acabam servindo também como estímulo

para as suas novas investidas.

2.3.4. O Empreendedor Corporativo

O Empreendedor Corporativo diferencia-se dos anteriores, pois ele não está ligado ao

fato de abrir seu próprio negócio (não que isso o impeça de abrir seu negócio futuramente),

mas o seu foco é dentro da organização onde ele trabalha.

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Dornelas (2007, p. 13) define o Empreendedor Corporativo como:

São geralmente executivos muito competentes, com capacidade

gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham

de olho nos resultados para crescer no mundo corporativo. Assumem

riscos e têm o desafio de lidar com a falta de autonomia, já que nunca

terão o caminho 100% livre para agir.

Geralmente, este tipo de empreendedor apresenta características como forte habilidade

de negociação, eles são bons vendedores de suas ideias, convencem as pessoas a fazerem

parte do seu time e sabem reconhecer o esforço dos integrantes da sua equipe, sabem fazer

networking dentro e fora da organização. Este tipo de empreendedor, caso deseje abandonar

sua carreira e resolva abrir seu próprio negócio, pode acabar se deparando com algumas

dificuldades, pois o mesmo estava acostumado com alguns recursos e regalias que a

organização, na qual ele trabalhava, fornecia para ele.

2.3.5. O Empreendedor Social

Segundo Dornelas (2007, p. 13), o Empreendedor Social:

(...) tem como missão de vida construir um mundo melhor para as

pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento

singular. Tem um desejo imenso de mudar o mundo criando

oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas.

Pode-se perceber que o Empreendedor Social é um tipo bastante diferente dos demais,

pois sua maior preocupação é para com os demais e não com si próprio. Este tipo de

empreendedor tem o desejo de corrigir a mazelas da sociedade e transformá-la em um lugar

melhor para todos. Este tipo de empreendedor não almeja aumentar o seu patrimônio,

enriquecer ou ser um grande empresário, ele simplesmente prefere aplicar os seus recursos de

forma a melhorar e mudar a vida das outras pessoas.

2.3.6. O Empreendedor por Necessidade

Dornelas (2007, p. 14) define o Empreendedor por Necessidade como aquele que:

(...) cria o próprio negócio porque não tem alternativa. Geralmente

não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta

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outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente, se

envolve em negócios informais, desenvolvendo tarefas simples,

prestando serviços e conseguindo como resultado pouco retorno

financeiro.

Este tipo de empreendedor acaba não trazendo desenvolvimento econômico para um

país, pois, como pode ser visto acima, o mesmo se envolve em pequenos negócios, exercem

tarefas simples, que acabam servindo apenas para a sua subsistência e da sua família.

Geralmente, as pessoas que se encaixam nesse tipo de empreendedor, são pessoas que

possuem um grau de escolaridade um pouco mais baixa, não tem acesso a uma educação de

qualidade e também não tem acesso a recursos, portanto, o mesmo encontra-se em uma

situação desfavorável a dos demais tipos de empreendedores e acaba não tendo condições de

abrir o seu negócio de forma mais estruturada.

Como resultado, os empreendimentos abertos por essas pessoas são bastante simples,

pouco inovadores, não se desenvolvem, permanecem da mesma forma por anos, ou acabam

não durando muito tempo pelo fato da falta de conhecimento em gestão e, por serem, na

maioria das vezes, negócios informais, acabam não contribuindo com impostos e taxas.

Por não gerar desenvolvimento econômico, Dornelas (2007) considera este tipo de

empreendedor um grande problema social para os países em desenvolvimento, como no caso

do Brasil.

2.3.7. O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar)

O Empreendedor Herdeiro, logo cedo, começa a trabalhar no negócio da família. Ele

tem a missão de dar continuidade à empresa familiar e o seu maior desafio será multiplicar o

patrimônio da mesma e fazer com que ela perdure ao longo dos anos e até que o ciclo inicie

novamente com os novos herdeiros assumindo o comando.

Atualmente, esta tarefa de multiplicar o patrimônio da empresa está cada vez mais

difícil, pois a concorrência está cada vez maior e cada vez mais versátil, para conquistar uma

fatia maior de mercado são necessários investimentos maiores, novas técnicas e com o

surgimento de novos mercados torna-se necessário que o Empreendedor Herdeiro se

qualifique e esteja mais atento às informações e às mudanças que ocorrem no seu ambiente,

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

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logo, percebe-se que o conhecimento tornou-se um fator chave no processo de expansão da

estrutura da empresa familiar.

2.3.8. O Empreendedor “Normal” (Planejado)

Segundo Dornelas (2007) as teorias relacionadas a empreendedores de sucesso

apresentam o planejamento como uma das atividades mais importantes desenvolvidas pelos

mesmos. O motivo é simples, o uso do planejamento aumenta a probabilidade de se ter

sucesso em um empreendimento.

Dornelas (2007, p. 16) define este tipo de empreendedor da seguinte forma:

O empreendedor que faz a “lição de casa”, que busca minimizar os

riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem

uma visão de futuro clara e que trabalha em função de metas é o

empreendedor aqui definido como o “normal” ou planejado. Normal

do ponto de vista do que se espera de um empreendedor (...)

Portanto, vê-se que o empreendedor normal é aquele do qual se espera que faça tudo

aquilo que é necessário para abrir um negócio.

2.4 O Processo Empreendedor

O Processo empreendedor são as fases pelas quais um empreendimento passa, desde

antes de o negócio, propriamente dito, existir até enquanto o mesmo durar ao longo dos anos.

De acordo com Dornelas (2008) as etapas do processo empreendedor são as seguintes:

1. Identificar e avaliar a oportunidade

2. Desenvolver o plano de negócios

3. Determinar e captar os recursos necessários

4. Gerenciar a empresa criada

O quadro abaixo mostra os processos envolvidos em cada etapa do Processo

Empreendedor.

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Quadro 1 – O Processo Empreendedor

Identificar e

avaliar a

oportunidade

Desenvolver o plano de

negócios

Determinar e

captar os

recursos

necessários

Gerenciar a

empresa criada

Criação e

abrangência da

oportunidade.

1. Sumário Executivo Recursos pessoais Estilo de gestão

2. O conceito do negócio Recursos de

amigos e parentes

Fatores críticos de

sucesso

Oportunidade

versus habilidades

e metas pessoais.

3. Equipe de gestão Angels

Identificar

problemas atuais

e potenciais

4. Mercado e

competidores

Capitalistas de

risco

Implementar um

sistema de

controle

Valores percebidos

e reais da

oportunidade.

5. Marketing e vendas Bancos Profissionalizar a

gestão

6. Estrutura e operação Governo

Entrar em novos

mercados Situação dos

competidores.

7. Análise estratégica

Incubadoras 8. Plano financeiro

9. Anexos Hisrich (1998 apud DORNELAS, 2008; p. 27)

Um ponto bastante abordado nos estudos sobre empreendedorismo, e também

bastante importante, é o desenvolvimento do plano de negócios. Este requer bastante

paciência e trabalho daquele que deseja abrir uma empresa. O plano de negócios envolve

vários conceitos e em síntese pode-se dizer que o mesmo terá como finalidade determinar a

estratégia do negócio, o seu mercado consumidor, os seus concorrentes, mostrar como serão

geradas as receitas, como ele pretender crescer, ou seja, o plano de negócios irá mostrar a

essência do projeto. Porém, neste estudo, o plano de negócios não será abordado com riqueza

de detalhes, pois o mesmo não tem finalidade ensinar como se elabora um plano de negócios.

O Processo Empreendedor funciona como um roteiro para aqueles que desejam abrir

um negócio, não que isso signifique que um negócio possa ser aberto sem passar por essas

etapas, mas um empreendedor que resolva seguir essas etapas tem mais chances de obter

sucesso em seu empreendimento.

Porém a pessoa que resolve empreender não precisa terminar uma etapa para começar

outra, ele pode agir da forma que a situação demandar, ou até mesmo, algumas vezes poderá

até ser necessário voltar algumas etapas no processo empreendedor para corrigir falhas ou

adicionar novas informações.

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CAPÍTULO 3 – LIDERANÇA

A liderança existe desde os primórdios da humanidade, visto que, a história da mesma

é constituída de grandes líderes; como exemplo podemos citar Jesus Cristo, que além da

divindade, por seus atos conduziu apóstolos e multidões e, por isto pode ser também

considerado o maior líder que já existiu. Porém, o estudo do tema “Liderança” é

relativamente recente tendo seu início em meados dos anos 1930 quando surgiu a teoria dos

traços.

A teoria dos traços é uma das mais antigas a respeito da liderança. Segundo esta

teoria, o líder é aquele que possui alguns traços específicos de personalidade, que o

diferenciam das outras pessoas. São características marcantes, através das quais pode

influenciar o comportamento das demais pessoas. A teoria dos traços parte do princípio de

que certos indivíduos possuem uma combinação especial de traços de personalidade, que

podem ser definidos e utilizados para identificar pessoas predispostas a se tornarem grandes

líderes no futuro.

Ao longo do tempo, surgiram vários estudiosos a respeito do tema liderança. Este, por

sua vez foi sendo aprofundado e muitos conceitos e teorias foram surgindo com o intuito de

entender os comportamentos das pessoas no ambiente organizacional e então poder extrair o

que os colaboradores tem de melhor para oferecer para as organizações. Esse conhecimento

adquirido tem como grande objetivo o crescimento das organizações.

Até a algumas décadas atrás, para o chefe bastava sentar-se na cadeira e exercer

controles mecânicos, saber planejar, organizar, controlar e corrigir. O bom chefe era aquele

que tinha o pessoal na palma da mão, ou seja, o total controle dos seus funcionários dentro da

empresa, isto é, o funcionário não era levado tão à sério como é hoje em dia. Porém, devido

ao grande aumento no número de concorrentes, as empresas perceberam nos seus

colaboradores o diferencial competitivo que estes podiam lhe atribuir, estas por sua vez

passaram a necessitar mais do capital intelectual que os mesmos podiam oferecer. Isso fez

com que o antigo chefe evoluísse, agora este tinha que ser capaz de estimular os funcionários

a serem mais dedicados e saber extrair dos mesmos suas melhores habilidades afim de

conseguir realizar os objetivos das empresas.

O que nós pode ser observado é que a liderança é necessária em todas as atividades,

em todos os tipos de organização e, principalmente, nas empresas onde esta é uma das

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principais funções administrativas, destacando-se pela sua complexidade; o líder é, antes de

tudo, uma pessoa de visão, pois ele é responsável por enxergar onde e como a organização

deseja estar no futuro, dessa forma ele se compromete a botar em prática planos que levarão a

organização ao patamar que ele vislumbrara outrora. O comprometimento gera

responsabilidade, poder e confiança, fazendo com que as metas estabelecidas possam ser

atingidas.

Chiavenato (1992, p. 146) defende a ideia de que deve haver líderes em todos os

níveis hierárquicos da empresa, dando foco no gerente.

(...) os líderes devem estar presentes no nível de direção, no de gerência

e em todos os demais níveis da organização. A empresa precisa de

líderes em os seus níveis hierárquicos e em todas as suas áreas de

atuação. Contudo, é na gerência que reside o ponto mais crítico da

liderança (...) A gerência funciona como o nível mediador, seja

interpretando os objetivos fixados pela direção, seja transformando-os

em planos e programas de trabalho para serem executados pelas demais

pessoas da organização.

Através da afirmação acima verifica-se que, para Chiavenato, a gerência é o objeto de

maior importância dentro de uma empresa, pois será ela que irá transformar as metas e os

objetivos em realidade.

O líder deve observar frequentemente os comportamentos pessoal e profissional de

seus colaboradores, identificar os pontos fortes e os pontos fracos de cada indivíduo e deve

sempre buscar melhorias contínuas, tanto no aspecto técnico quanto no comportamental. Ele

precisa também, incentivar e mobilizar a realização de mudanças, buscando sempre a

superação dos desafios de cada dia. E, assim, determinar prioridades e identificar as melhores

soluções para os problemas, sejam eles pessoais ou profissionais.

A liderança é um processo bastante abrangente, pois se pararmos para pensar irá se

perceber que, praticamente, tudo à nossa volta envolve liderança; como exemplo, pode-se

citar algumas ocasiões de um indivíduo no seu dia-a-dia a família, a escola, a faculdade, etc.

Ela se manifesta sempre que uma pessoa procura influenciar o comportamento de outro ou de

um grupo, de forma a alcançar seus objetivos.

A partir do estudo da liderança, fica claro que não existe apenas uma maneira

específica de liderar, cada líder tem seu estilo próprio de conduzir as pessoas. Ela passou de

uma visão autoritária do chefe de antigas organizações militares, para enfocar um conceito

mais complexo de trabalhar com as pessoas que são movidas por emoções. Esse conceito é

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32

baseado no conhecimento e na habilidade requeridos para lidar com cada uma das diferentes

personalidades pessoais.

De maneira geral, a liderança é uma atividade que está diretamente ligada às pessoas.

E, para que o trabalho seja desenvolvido de acordo com os objetivos propostos pelo líder, é

fundamental que haja uma relação muito grande de confiança entre os envolvidos.

3.1 A Teoria X e A Teoria Y

A teoria X e a Teoria Y, proposta por Douglas McGregor em 1960, sugere alguns

comportamentos que o ser humano possui. Logo, o estilo de direção que os administradores

(líderes) irão adotar dependerá bastante do comportamento do indivíduo em si e também do

comportamento do mesmo dentro da empresa. A Teoria X ou estilo tradicional baseia-se nas

seguintes concepções que segundo Chiavenato (1992, p. 31 e 32):

As pessoas são indolentes e preguiçosas: evitam o trabalho ou

trabalham o mínimo possível, sempre em função de recompensas salariais

diretas e imediatas.

As pessoas não têm ambições, não gostam de assumir

responsabilidades e preferem ser dirigidas para se sentirem seguras.

As pessoas são egocêntricas e os seus objetivos individuais geralmente

se opõem aos objetivos da empresa.

As pessoas resistem às mudanças, pois procuram o seu status quo e a

sua segurança e não assumem riscos que possam colocá-las em perigo.

Em face de sua dependência as pessoas são incapazes de autocontrole e

de autodisciplina: precisam, portanto, ser dirigidas e controladas

externamente.

A Teoria X para Hersey/ Blanchard (2006 p. 60).

(...) supõe que a maioria das pessoas prefere ser dirigida, não está interessada

em assumir responsabilidades e deseja, acima de tudo, segurança. Essa

filosofia é acompanhada pela crença de que as pessoas são motivadas pelo

dinheiro, pelos benefícios marginais e pela ameaça de punição.

Analisando esses pontos propostos pela Teoria X vê-se que esta é uma teoria bem

extrema e a sensação que fica é que ela vê as pessoas como máquinas, como seres que não

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33

tem desejos, vontades, aspirações e sentimentos, mas claro não se pode excluir o fato de que

existem algumas pessoas que apresentam algumas características citadas acima, porém a

grande maioria das pessoas almeja crescer dentro de uma organização, logo, dificilmente,

pessoas que possuem esse desejo de crescimento profissional irão apresentar essas

características. Em suma, pode-se dizer que esta é uma visão bastante pessimista do

comportamento humano. Portanto, administradores, líderes, gerentes, pessoas que exercem

cargo de chefia, que adotam essa teoria tendem a ter um estilo de administração duro, rígido e

autocrático.

A Teoria Y ou estilo moderno baseia-se nos seguintes preceitos:

As pessoas não têm desprazer em trabalhar. Pelo contrário, o trabalho

pode ser fonte de satisfação e de recompensas quando é

voluntariamente desempenhado ou pode ser fonte de punição quando

imposto e forçado. (CHIAVENATO, 1992, p. 32).

Ou seja, o empregado trabalha porque gosta daquilo que faz e quando não sente prazer

em seu trabalho, este passa a se tornar algo desagradável, sem sentido. Quando isto ocorre o

trabalho acaba virando algo muito desagradável, ou seja, uma punição.

As pessoas têm motivação individual, potencial de desenvolvimento,

ambições e capacidade para assumir responsabilidades. Podem exercer

autocontrole e autodireção quando conhecem os objetivos que devem

ser alcançados na empresa. O controle externo e a ameaça de punição

não são os únicos meios capazes de obter a dedicação e o esforço das

pessoas. (CHIAVENATO, 1992, p. 32).

Isto é, as pessoas trabalham porque tem objetivos, ambições e desejam alcançá-los; e

não pelo simples fato de que se ela não desempenhar uma tarefa corretamente será punida.

Os objetivos individuais das pessoas nem sempre se opõem aos

objetivos da empresa. Podem ser complementares e alcançados

simultaneamente quando as condições permitirem. (CHIAVENATO,

1992, p. 32)

Isto é, muitas vezes o funcionário sabe que alcançando o objetivo da empresa,

consequentemente, ele alcançará o seu.

As pessoas podem aceitar ou mesmo procurar responsabilidades dentro

de certas condições. A fuga à responsabilidade, a falta de ambição e a

preocupação exagerada com a segurança pessoal são consequências de

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34

experiências negativas de cada pessoa e não uma característica humana

inerente a todas as pessoas. Este comportamento não é causa, mas

efeito de alguma experiência malsucedida em alguma empresa.

(CHIAVENATO, 1992, p. 33)

Este é um ponto bastante importante, pois experiências traumatizantes podem fazer

com que o funcionário se acomode e perca a vontade de vencer desafios. Cabe então ao líder

trazer de volta a motivação outrora perdida.

A teoria Y “postula que os indivíduos podem basicamente auto dirigir-se e ser

criativos no trabalho, se forem adequadamente motivados. Por isso uma função essencial dos

administradores é a de desencadear esse potencial nas pessoas” (HERSEY/BLANCHARD;

2006, p. 60).

Vê-se que a Teoria Y é uma teoria que leva mais em conta o lado humano, isto é, ela

leva em consideração que as pessoas têm vontades, desejos, objetivos e ambição, isto é, a

Teoria Y sabe que o sucesso do seu funcionário é o sucesso da organização. Logo, a

motivação do colaborador é algo levado bastante a sério pelos administradores que utilizam

esse teoria, pois será a partir dela que os mesmos poderão extrair os melhores resultados dos

seus funcionários. O administrador que adota a Teoria Y tende a ter um estilo democrático e

participativo e este vai ter uma tendência também a encorajar seus liderados para que estes

possam estar sempre motivados a fim de conquistar os melhores resultados.

Quadro 2 – Comparativo entre as teorias X e Y

PRESSUPOSIÇÕES DA TEORIA X PRESSUPOSIÇÕES DA TEORIA Y

As pessoas são preguiçosas e indolentes. As pessoas são esforçadas e gostam de ter o

que fazer.

As pessoas evitam o trabalho e procuram o

menor esforço possível.

O trabalho é uma atividade tão natural como

brincar ou descansar.

As pessoas evitam a responsabilidade, a

fim de se sentirem mais seguras.

As pessoas procuram e aceitam

responsabilidades e desafios.

As pessoas preferem ser controladas e

dirigidas.

As pessoas podem ser automotivadas e

autodirigidas.

As pessoas são ingênuas e sem iniciativas. As pessoas são criativas e competentes.

As pessoas têm pouca imaginação e pouca

ambição.

A imaginação, a criatividade e a

engenhosidade são comuns.

(Chiavenato; 1992, p. 33)

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35

Analisando as Teorias X e Y percebe-se que as duas apresentam pressuposições bem

extremas conforme demonstrado no quadro 2, embora seja plausível que em um quadro

completo de funcionários se identifique que 100% estejam enquadrados em uma ou em outra

das possibilidades teóricas. Sempre, em uma equipe, haverá pessoas que apresentam traços da

Teoria X e traços da Teoria Y. Cabe ao líder identificar os tipos e as características de

pessoas com as quais está lidando.

Após essa identificação o administrador irá utilizar (para dirigir seus liderados) a

forma que melhor se enquadra às particularidades dos membros da sua equipe, salvo que esta

tem que também se enquadrar dentro das necessidades da organização, pois a forma de

direção que um administrador irá escolher tem que impactar positivamente os resultados da

mesma.

Levando em consideração, que as mudanças no ambiente (mercado) acontecem de

maneira muito rápida e as organizações precisam se adaptar a elas para continuarem

competitivas e se manter no mercado; ou se possível, prever essas mudanças e efetuar os

ajustes necessários antes que ela aconteça deixa a organização em uma situação bastante

favorável em relação às demais. Isto demanda um perfil pessoal profissional e pessoal

diferente daquele adotado em situações mais estáveis. Neste, os indivíduos deverão ser mais

bem qualificados e com uma atitude proativa e polivalente. Para este novo perfil a liderança

também será diferenciada, ou seja, menos exigida e menos controladora.

Quando fala-se em capacidade de adaptação das organizações a mudanças fala-se em

capacidade de adaptar os seus colaboradores àquela nova realidade, pois uma organização é

composta por pessoas e serão estas que irão definir o futuro da empresa frente a essa nova

realidade.

Portanto, mais uma vez entra aqui o método que será escolhido para dirigir os

liderados que pode ser a Teoria X, a Y, um mix das duas, ou um meio termo entre as duas,

pois como foi visto o gestor necessita ter a capacidade de adaptação e flexibilidade para lidar

com as mudanças que são impostas a ele através do ambiente em que a organização se

encontra.

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3.2 Conceitos sobre Liderança

Paul Hersey e Kenneth Blanchard definem liderança da seguinte maneira “é o

processo de influenciar as atividades de indivíduos ou grupos para a consecução de um

objetivo numa dada situação. Em essência, a liderança envolve a realização de objetivos com

e através das pessoas” (HERSEY/BLANCHARD; 2006, p. 105).

Quadro 3 – Graus de influenciação

OS GRAUS DE INFLUENCIAÇÃO

Coação Persuasão Sugestão Emulação

Forçar, coagir ou

constranger mediante

pressão, coerção ou

compulsão.

Prevalecer sobre uma

pessoa, sem forçá-la,

através de conselhos,

argumentos ou induções

para que faça alguma

coisa.

Colocar ou apresentar um

plano, idéia ou proposta a

uma pessoa ou grupo,

para que considere,

pondere ou execute.

Procurar imitar com

vigor, para igualar ou

ultrapassar, ou, pelo

menos,chegar a ficar

quase igual a alguém.

(Chiavenato; 1992, p. 147)

Para Chiavenato (1992, p. 147)

(...) a liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre

exclusivamente em grupos sociais. Podemos defini-la como uma

influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através

do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais

objetivos específicos.

Chiavenato (1992) também menciona que a liderança é um processo de influenciar

pessoas. Segundo o mesmo influência “é uma transação interpessoal, na qual uma pessoa age

no sentido de modificar ou provocar o comportamento de uma outra, de maneira

intencional”(CHIAVENATO, 1992, p. 147). Portanto, o quadro 2 além de definido sugere os

graus de influenciação exercidos pelos líderes, seguindo uma gradação que inclua coação,

persuasão, sugestão ou emulação.

Para Vicenti Falconi (2009) a liderança é o fator mais importante dentro de uma

organização. Sem esta não acontece nada, isto é, a empresa não anda.

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37

De acordo com Falconi (2009, p. 14):

(...) liderar é bater metas consistentemente, com o time fazendo certo.

Quem não bate metas não é líder. Ser um bom líder é conseguir

resultados por meio das pessoas, então a pessoa do líder deve investir

uma parte substancial de seu tempo no desenvolvimento de sua equipe.

Portanto, o tema de Recursos Humanos é central no desenvolvimento

do Conteúdo da Liderança.

Observando a definição de liderança do autor Vicenti Falconi tem-se a sensação de

que a mesma é uma versão mais moderna daquela dos autores Paul Hersey e Kenneth

Blanchard, pois os mesmos também focam na realização de objetivos e metas.

Falconi (2009) também destaca que o líder é o único agente capaz de realizar

mudanças na organização, portanto, a implantação e a mudança são indelegáveis, sendo o

mesmo responsável diretamente pelas mesmas. E esta mudança ocorre através da capacitação

dos liderados, papel essencial do líder.

Através das afirmações acima podemos verificar que Vicenti Falconi é um autor

bastante objetivo quando se trata do assunto liderança não é por outra razão visto que este

também é um entendimento da Qualidade Total da qual ele foi um dos introdutores no Brasil

dessa filosofia administrativa.

Ele também destaca que a boa governança corporativa é essencial no que diz respeito

ao exercício da liderança.

Para Falconi (2009, p. 14 à 16) um líder deve implementar dentre outros aspectos:

1. Um sistema que possa atribuir a todos as pessoas metas que sejam críveis e

desafiadoras.

2. Promover a aquisição de conhecimento técnico pela equipe.

3. Garantir o estabelecimento e melhoria contínua de um sistema de

recrutamento e seleção. Participar do recrutamento e seleção de sua equipe.

Selecionar, dentre os recrutados, pessoas excepcionais e garantir um

crescimento mais rápido.

4. Participar das várias formas de Treinamento de sua equipe exercendo a

função de professor em alguns casos. Reconhecer que as pessoas tem a

necessidade de aprender continuamente.

5. Inspirar as pessoas. Sonhe grande, promova o sonho e inspire as pessoas.

Sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

38

6. Fazer Coaching2. Supervisionar a maneira de trabalhar de sua equipe e

aconselhar, fazendo ajustes de procedimento.

7. Promover a meritocracia. Promover uma avaliação do desempenho de seu

time de forma honesta e construtiva, dando feedback contínuo. Demitir

quando necessário. Afastar de 5% a 10% por ano aqueles mais mal avaliados

do time.

8. Alinhar os interesses das pessoas com os da organização por meio de um

sistema de incentivos.

9. Cuide da cultura da organização, trabalhando valores que garantirão o seu

futuro. Estes valores devem estar incluídos na avaliação de desempenho.

10. Promover uma cultura de alto desempenho, “esticando” as metas e

atribuindo valor aos que superam.

11. Promova a cultura de tomar decisões com bases em fatos e dados. Incentive

a prática da análise e da síntese como elemento principal do planejamento e

fundamental no processo de aprendizado. Exija a apresentação das análises

em suas reuniões.

12. Promova uma cultura de “enfrentamento de fatos” que valoriza a verdade e

não tem medo de ver os fatos como são. Aqui espera-se que os líderes

comuniquem para seus times não só o que está indo bem, mas também os

maus resultados afim de trabalhar em cima destes para então melhorá-los.

Bergamini (1992) cita várias definições de vários autores sobre liderança, dentre elas

destaca-se as der:

Reuter (1941 apud BERGAMINI, 1992, p. 96) “Liderança é uma habilidade

de persuadir ou dirigir as pessoas sem o uso do prestígio ou da força de uma

autoridade formal, ou de circunstâncias externas”.

Stogdill (1950 apud BERGAMINI, 1992, p. 96) “A liderança é o processo

de influenciar as atividades do grupo através da colocação e da chegada a

objetivos”.

Cowley (1954 apud BERGAMINI, 1992, p. 96) “O líder é uma pessoa que

tem sucesso em conseguir que as pessoas o sigam”.

Dubin (1951 apud BERGAMINI, 1992, p. 96) “Liderança é o exercício da

autoridade e da tomada de decisões”.

Desta forma pode-se concluir que liderança é a capacidade de gerenciar um grupo de

pessoas, fazendo com que esse grupo gere resultados e se transforme em uma equipe

eficiente. Fazendo com que a mesma alcance os objetivos propostos em prol da organização.

2 Termo do léxico inglês que traduz a relação de um conselheiro particular com um executivo na condução

de pessoal e profissional

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

39

O conceito de liderança pode variar de autor para autor e dentro das organizações

podem ter alguns significados diferentes. Pode-se constatar que a maior parte dos autores

conceitua liderança como processo de influência de um indivíduo sobre outro indivíduo ou

grupo, objetivando a realização de metas e objetivos em uma situação dada.

3.3 Estilos de liderança

Chiavenato (1992) cita alguns estudos famosos sobre os estilos de liderança. Dentre

eles, estão os três estilos mais conhecidos e talvez os mais difundidos que são o Autocrático,

Liberal e Democrático; e as outras duas abordagens são a Liderança centrada na tarefa

versus Liderança centrada nas pessoas; e a terceira e última é a Ênfase na produção

versus Ênfase nas pessoas.

a) Liderança “Autocrática, Liberal e Democrática”.

Esses três estilos foram criados pelos autores White e Lippitt através de um estudo em

1939 que obteve grande repercussão nos Estados Unidos. De forma bastante resumida esses

estilos de liderança dizem o seguinte: a autocrática põe forte ênfase no líder; a liberal enfatiza

os colaboradores e a democrática põe ênfase tanto no líder como nos colaboradores.

O quadro abaixo explica como funciona cada um dos três, sob diferentes perspectivas

e facilita o entendimento dos estilos.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

40

Quadro 4 - Comparativo entre estilos de liderança

LIDERANÇA

AUTOCRÁTICA

LIDERANÇA

LIBERAL LIDERANÇA

DEMOCRÁTICA

Tomada de

decisões

Apenas o líder decide e fixa

as diretrizes sem qualquer

participação do grupo

Total liberdade para a

tomada de decisões grupais

ou individuais, com

participação mínima do

líder.

As diretrizes são debatidas e

decididas pelo grupo que é

estimulado e assistido pelo líder.

Programação

dos trabalhos

O líder determina as

providências para a execução

das tarefas, cada uma por vez,

à medida que se tornam

necessárias e de maneira

imprevisível para o grupo.

A participação do líder no

debate é limitada,

apresentando apenas

alternativas variadas ao

grupo, esclarecendo que

poderia fornecer

informações desde que as

pedissem.

O próprio grupo esboça as

providências e técnicas para

atingir o alvo, com

aconselhamento técnico do líder,

quando necessário. As tarefas

ganham novas perspectivas com

os debates.

Divisão do

trabalho

O líder determina qual a

tarefa que cada um deverá

executar e qual o seu

companheiro de trabalho.

Tanto a divisão das tarefas

como a escolha dos colegas

fiacam totalmente por conta

do grupo. Absoluta falta de

participação do líder.

A divisão das tarefas fica a

critério do próprio grupo e cada

membro tem liberdade de

escolher seus colegas de tarefa.

Participação

do líder

O líder é "pessoal" e

dominador nos elogios e nas

críticas ao trabalho de cada

membro.

O líder não faz nenhuma

tentativa de avaliar ou

regular o curso das coisas.

Somente faz comentários

irregulares sobre as

atividades, quando

perguntado.

O líder procura ser um membro

normal do grupo, em espírito,

sem encarregar-se muito de

tarefas. É objetivo e limita-se aos

fatos em seus elogios e críticas.

(Chiavenato, 1992, p. 150)

O que pode ser observado é que, em uma organização, um líder nunca adotará apenas

um estilo de liderança. O método a ser escolhido irá depender sempre dos tipos de pessoas e

dos tipos de tarefas a serem executadas, ou seja, é muito provável que um líder tenha a

necessidade de utilizar os três estilos. Isso reforça o fato de que os gestores precisam ser

pessoas dinâmicas e precisam também ter ampla capacidade de adaptação a novas situações.

Hersey e Blanchard (1986, p. 117) afirmam que:

(...) quanto mais os gerentes adaptarem seu estilo de comportamento de

líder no sentido de atender à situação específica e às necessidades dos

seus subordinados, tanto mais eficazes serão na consecução dos objetivos

pessoais e organizacionais.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

41

b) “Liderança centrada na tarefa versus liderança centrada nas pessoas”.

Esses dois estilos foram criados por Douglas Mcgregor cuja menção é feita por

Chiavenato 1992. Através de um estudo na década de 1960 Mcgregor obteve grande

repercussão nos Estados Unidos e posteriormente em outros países. Tendo como base os

estudos de Mcgregor, Chiavenato (1992, p. 151) descreve abaixo esses dois estilos.

A liderança centrada na tarefa: trata-se de um estilo de liderança preocupado

estritamente com a execução da tarefa e com os resultados. É típica das

empresas ou unidades que costumam concentrar as pessoas em cargos

desenhados segundo o modelo clássico, de maneira padronizada e isolada. É a

liderança preocupada exclusivamente com o trabalho e em conseguir que as

coisas sejam feitas de acordo com os métodos preestabelecidos e com os

recursos disponíveis. Lembra alguma coisa da Teoria X.

A liderança centrada nas pessoas: trata-se de um estilo preocupado com os

aspectos humanos dos subordinados e que procura manter uma equipe de

trabalho atuante, dentro de maior participação nas decisões. Dá mais ênfase às

pessoas do que ao trabalho em si, procurando compreender e ajudar os

subordinados e preocupando-se mais com as metas do que com os métodos, sem

descurar-se do nível de desempenho desejado. Lembra a Teoria Y.

Quadro 5 – Comparativo entre as lideranças centrada na tarefa e centrada nas pessoas.

Como se comporta um líder orientado

para as tarefas:

Como se comporta um líder orientado

para as pessoas:

Planeja e define como o trabalho será

feito.

Atua como apoio e retaguarda para os

seguidores.

Atribui responsabilidades pelas tarefas. Desenvolve relações sociais com

seguidores.

Define claramente os padrões de

trabalho. Respeita os sentimentos das pessoas.

Busca completar as tarefas. É sensitivo quanto às necessidades dos

seguidores.

Monitora os resultados do desempenho. Mostra confiança nos seguidores.

(Chiavenato, 1992, p. 152)

Um gestor, que decida utilizar o estilo de liderança centrado na tarefa, deve ter muito

cuidado, pois, por a mesma estar fortemente ligada a execução da tarefa, ela pode vir

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

42

acompanhada de fortes pressões e isso pode acabar causando um sentimento de insatisfação

gerando conflitos dentro da equipe e atrapalhando a produtividade.

Mas, a liderança centrada na tarefa pode ser benéfica em ações de curto prazo, por

exemplo, onde os resultados estabelecidos por metas precisam ser atingidos mais rapidamente

e a própria equipe tem a consciência do benefício que essa rapidez irá gerar para todos dentro

da organização.

Como foi dito anteriormente, esse estilo pode ser aplicado em ações de curto prazo e é

importante que o mesmo não se estenda para o médio ou longo prazo, pois, casso isso

aconteça, algumas características negativas podem ser observadas, como: maior rotatividade

de pessoal, devido ao grande nível de insatisfação gerado nos funcionários, elevado

absenteísmo, alto nível de desperdício, redução do ritmo de trabalho e possíveis reclamações

trabalhistas contra a empresa. Portanto, o gestor precisa saber quando e como será a melhor

maneira de utilizar esse estilo, pois a utilização do mesmo pode acabar gerando muitos

conflitos para a organização e isso irá impactar, negativamente, a produtividade da mesma.

Já a liderança centrada nas pessoas mostra-se uma ótima opção no que diz respeito a

gerir pessoas, pois ela cria um ambiente de confiança entre o líder e os liderados, isto é, o

liderado passa a perceber que ele é importante para a organização e que os seus resultados

contribuem para o crescimento da mesma, dessa forma o gestor consegue manter um bom

grau de motivação dentre os colaboradores da empresa.

c) “Ênfase na produção versus ênfase nas pessoas”.

Figura 1. Grid Gerencial

Alta 9 1,9 9,9

8

7

6

5 5,5

4

3

2

1 1,1 9,1

Baixa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Baixa Alta

Preocupação com a Produção

Preocupação

com

as

Pessoas

(Chiavenato, 1992, p. 153)

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

43

O Grid Gerencial (ou Grade Gerencial) foi criado pelos autores Blake e Mouton.

Segundo estes autores existem dois pontos muito importantes nos quais os gestores devem

estar atentos a fim de poder exercer a liderança mais adequada possível, são eles: a produção

e as pessoas.

A Grade Gerencial é composta por dois eixos cada um com nove divisões, onde 1 é o

menor grau e 9 representa o maior grau de ênfase possível. O eixo X demonstra a

Preocupação com a Produção e o eixo Y demonstra a Preocupação com as pessoas e a

interação entre os dois eixos define o estilo de liderança do gestor.

No cruzamento de linhas e colunas podem existir 81 posições diferentes para

caracterizar os estilos de liderança, porém Blake e Mouton (1972 apud CHIAVENATO 1992,

p. 152 e 153) destacam cinco principais estilos de liderança, são eles:

1. Estilo 1.1: Representa quase nenhuma preocupação pela produção ou

pelas pessoas. É a tendência do mínimo esforço indispensável para

permanecer na empresa.

2. Estilo 9.1: Representa forte preocupação pela produção e

pouquíssima preocupação pelas pessoas que estão produzindo.

3. Estilo 1.9: É o estilo de liderança que enfatiza as pessoas, com

pouquíssima preocupação com a produção ou pelos resultados que

elas estão obtendo.

4. Estilo 5.5: É o meio-termo sem grandes ênfases. O gerente adota a

atitude de conseguir apenas resultados médios, mas sem grande

esforço das pessoas. É a tendência a mediocridade.

5. Estilo 9.9: Demonstra elevada preocupação tanto pela produção,

como pelas pessoas que produzem. É a tendência à excelência, tanto

nos resultados da produção como na satisfação das pessoas.

É importante que um gestor saiba avaliar o seu estilo de liderança através da Grade

Gerencial, pois após fazer essa verificação ele será capaz de saber quanto de ênfase ele está

colocando em cada variável e a partir desse ponto verificar se a forma como ele está

liderando está adequada com a realidade da área na qual ele atua e com a equipe que ele

lidera, e caso seja necessário, é indispensável que o líder faça ajustes para obter os resultados

desejados.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

44

3.4 Liderança Situacional

No mundo corporativo existe uma ideia bastante forte de que os gestores necessitam

ser pessoas flexíveis e que saibam identificar a melhor maneira de gerir os seus liderados.

Pois bem, a teoria da Liderança Situacional se encaixa exatamente na afirmação acima, pois

de acordo com Hersey/Blanchard (2006, p. 88) esta teoria afirma que: “(...)não existe um

único modo melhor de influenciar as pessoas. O estilo de liderança que uma pessoa deve

adotar com indivíduos ou grupos depende do nível de maturidade das pessoas que o líder

deseja influenciar”.

A mesma baseia-se na inter-relação entre (Hersey/Blanchard; 2006):

1. A quantidade de orientação e direção (comportamento de tarefa) que o líder oferece.

2. A quantidade de apoio sócio-emocional (comportamento de relacionamento) dado

pelo líder e;

3. O nível de prontidão (maturidade) dos subordinados no desempenho de uma tarefa,

função ou objetivo específico.

Observando os três pontos acima percebe-se que a Liderança Situacional tenta

envolver as variáveis necessárias a fim de entender as relações cotidianas no mundo

corporativo, para então criar abordagens que tornem o processo de liderança mais eficaz. É

importante frisar que a Liderança Situacional trata sobre o comportamento do líder em

relação aos seus liderados.

Outro ponto bastante importante e bastante mencionado nessa teoria é a maturidade

dos liderados e ela pode ser definida como “a capacidade e a disposição das pessoas de

assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento”

(HERSEY/BLANCHARD; 2006, p. 187). O nível de maturidade de determinado empregado

ou grupo nunca será totalmente maduro ou imaturo, visto que a maturidade deve ser

considerada de acordo com a tarefa que será executada, isto é, para uma determinada

atividade um colaborador pode ser considerado maduro, assim como para outro tipo de

atividade, o mesmo pode ser imaturo.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

45

3.4.1 Estilo de liderança a ser adotado de acordo com a maturidade dos

liderados

Hersey e Blanchard (2006) definem quatro quadrantes e em cada um deles existe um

estilo de liderança que varia de acordo com o grau de maturidade que determinada tarefa

requer conforme ilustra a figura 2. Aplicando o método definido por estes autores à medida

que o grau de maturidade3 do liderado vai aumentando o líder, imediatamente, deve usar o

estilo que mais se adeque ao nível de maturidade que o seu subordinado atingiu, para tanto.

Cada um dos estilos Determinar, Persuadir, Compartilhar e Delegar, representa uma

combinação dos comportamentos de tarefa e de relacionamento

Figura 2. Liderança Situacional.

(Hersey/Blanchard, 2006; p. 189)

O comportamento de tarefa esta relacionado ao modo como o líder vai dirigir as

pessoas, dizendo-lhes o que fazer como fazer quando e onde fazer, isto é haverá um

estabelecimento de metas, objetivos e dos papéis que cada um vai desempenhar.

3 Este autor menciona um método para medir a maturidade o qual não é detalhado neste estudo por

extrapolar a sua finalidade.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

46

O comportamento de relacionamento é a forma com que o líder vai se comunicar com

as pessoas, como por exemplo, fornecer feedback, encorajar as pessoas, dar apoio quando

precisar. Isto é, o comportamento de relacionamento está ligado ao lado mais humano, pois

aqui o gestor precisa saber ouvir os seus subordinados, saber apoiar-lhes e lhes dar apoio.

Ainda relacionado à figura 2 tem-se a Maturidade dos Liderados, esta vai de M1 até

M4. Onde, M1 representa baixo grau de maturidade; M2 baixo a moderado; M3 moderado a

alto e M4 alto grau de maturidade.

Conforme mencionado anteriormente, os estilos da Liderança Situacional são:

Determinar (E1), Persuadir (E2), Compartilhar (E3) e Delegar (E4) e os níveis de maturidade

M1, M2, M3 e M4 se adequam respectivamente aos estilos citados acima. O quadro abaixo

facilita a visualização dessa afirmação.

Quadro 6 - Estilos de liderança apropriados aos vários níveis de maturidade

Nível de Maturidade Estilo Apropriado

M1 Maturidade baixa.

Pessoas que não têm capacidade nem

disposição ou inseguras.

E1 Determinar

Comportamento de tarefa alta e

relacionamento baixo.

M2 Maturidade entre baixa e moderada

Pessoas que não tem capacidade, mas tem

disposição ou confiança em si.

E2 Persuadir

Comportamento de tarefa alta e

relacionamento alto.

M3 Maturidade entre moderada e alta

Pessoas que tem capacidade, mas não tem

disposição ou são inseguras.

E3 Compartilhar

Comportamento de relacionamento alto e

tarefa baixa.

M4 Maturidade alta

Pessoas capazes (competentes) e dispostas

(seguras).

E4 Delegar

Comportamento de relacionamento baixo e

tarefa baixa.

(Hersey/Blanchard; 2006, p. 192)

Após verificar quais os níveis de maturidade se encaixam melhor em cada estilo de

liderança, cabe agora uma breve definição dos mesmos.

1. Determinar: se caracteriza pelo fato de o líder definir as funções e

especificar o que as pessoas devem fazer, como, quando e onde devem

executar várias tarefas. Privilegia, portanto, o comportamento diretivo.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

47

Esse estilo implica um comportamento de tarefa alta e relacionamento

baixo. (HERSEY/BLANCHARD, 2006, p. 190).

Nesse estágio, o que o liderado necessita é de informações para poder executar suas

tarefas do dia-a-dia, ou seja, uma direção que tenha como objetivo o cumprimento de

determinadas tarefas. Portanto, podemos observar (através do quadro 6) que este estilo requer

um alto grau de tarefa e baixo relacionamento.

2. Persuadir: chama-se o estilo de persuadir porque a maior parte da

direção ainda é dada pelo líder. Mas, mediante explicações e

comunicações bilaterais, o líder procura conseguir que os liderados se

sintam convencidos psicologicamente a adotarem os comportamentos

desejados. Esse estilo envolve comportamento de alta tarefa e alto

relacionamento. (HERSEY/BLANCHARD, 2006, p. 190)

Nota-se que nesse segundo estágio de maturidade o liderado ganhou mais confiança,

portanto, seu nível de entusiasmo e empolgação aumenta, mas ele ainda não possui a

capacidade necessária para cumprir determinadas tarefas. Logo, o gestor precisa acompanha-

lo mais de perto fornecendo-lhe ajuda e direção. Dessa forma está explicado o alto grau de

relacionamento e tarefa.

3. Compartilhar: o líder e o liderado participam juntos da tomada decisão,

sendo o papel principal do líder facilitar a tarefa e a comunicação. Esse

estilo envolve comportamento de relacionamento alto e tarefa baixa.

(HERSEY/BLANCHARD, 2006, p. 190 e 191).

Geralmente, as pessoas que se encontram nesse estágio possuem competência, mas

não apresentam mais o nível de entusiasmo outrora observado, logo, falta-lhes motivação

para cumprir determinada tarefa. Portanto, cabe ao líder trazer essa motivação de volta

através de uma comunicação voltada a apoiar o liderado em suas tarefas diárias. Então,

conclui-se que haverá um alto grau no comportamento de relacionamento e um baixo grau no

comportamento de tarefa, visto que o subordinado possui capacidade, mas em contrapartida

encontra-se desmotivado.

4. Delegar: embora possa ainda ser o líder quem identifica o problema, a

responsabilidade de executar os planos cabe a esses liderados maduros,

que por sua conta desenvolvem o projeto e decidem como, quando e onde

fazer as coisas. Como são psicologicamente maduros, não necessitam de

uma comunicação bidirecional acima do normal ou de um

comportamento de apoio. Esse estilo envolve um comportamento de

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

48

relacionamento baixo e tarefa baixa. (HERSEY/BLANCHARD, 2006, p.

191)

Ou seja, aqui, os liderados já atingiram um alto grau de maturidade e como resultado

o mesmo receberá mais liberdade do seu gestor. Dessa forma, explica-se o baixo nível nos

comportamentos de relacionamento e de tarefa.

Pode-se perceber que a teoria da Liderança situacional é uma teoria que fornece um

ótimo grau de informação sobre como tratar um subordinado a fim de obter os melhores

resultados possíveis. Logo, ela representa uma excelente ferramenta para ajudar os líderes,

gestores, gerentes e diretores a gerir seus liderados, pois ela tem início a partir do nível de

motivação dos mesmos e de acordo com esse nível, o gestor vai estar apto para escolher qual

será a melhor forma de liderar um subordinado ou uma equipe.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

49

Capítulo 4 - O CASO “MANTRA PRODUÇÕES”

Dados da empresa:

Razão social: Júlia Manta Correia Lima Araújo

Nome fantasia: Mantra Produções Data de fundação: 04/01/ 2001

Dados do currículo do(a) empresário(a):

Nome do(a) proprietário(a): Júlia Manta Correia Lima Araújo

Escolaridade (graduação): formada em História pela UECE

Cursos de formação na área de atuação:

Curso Instituição Ano de

conclusão

Cinema de Animação Casa Amarela Eusélio de Oliveira 2000

Cinema e Vídeo Casa Amarela Eusélio de Oliveira 2002

Extensão em audiovisual Escola de Audiovisual de Fortaleza 2008

Trabalhos realizados pela empresa:

Titulo Ano Entidade financiadora

Guerra dos Bárbaros (Animação) 2001 Governo do Estado do Ceará e

Funarte.

Coleção 5 Presentes pra Fortaleza (Cine de

Dedo)

2009 Secretaria de Cultura de

Fortaleza.

Coleção: Memória da Animação Cearense

(Cine de dedo)

2010 Governo do Estado do Ceará.

Encontros em volta da fogueira Dragão do

Mar

2010 Idealizado e Organizado pela

ONG Mediação de Saberes.

Colóquios chineses – com palestras de dois

professores vindos de Lisboa – ISCTE

Instituto Universitário de Lisboa

2010 BNB – SEBRAE – ACEP

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50

Memórias Centenárias (Publicação e

Documentário)

2011 Governo do Estado do Ceará.

Histórias MIS (Publicação e Documentário) 2012 Governo do Estado do Ceará.

Entrevista realizada com Júlia Manta Correia Lima Araújo, Diretora/Produtora e fundadora

da Mantra Produções.

Data da entrevista: 13.02.2013

Local: Shopping Aldeota

1. Porque você resolveu empreender e qual motivo levou você a escolher essa área?

Entrevistada: Eu sempre tive uma vocação para ser uma profissional autônoma e sempre tive

interesse pelas artes, balé, pelo áudio visual, pintura e desenho.

Durante o meu curso de História, pela UECE, mais especificamente na disciplina História do

Ceará, me interessei pelo episódio chamado Guerra dos Bárbaros. Essa guerra caracterizou-se

pelo conflito entre colonizadores e os índios da região, e ao mesmo tempo eu estava fazendo

um curso de Animação.

Então me ocorreu a ideia de elaborar um roteiro sobre esse conflito que eu estava estudando

no meu curso de História. Saiu um edital de cultura, que financia projetos na área de

audiovisual, e como eu tive essa ideia sobre a Guerra dos Bárbaros, resolvi elaborar o projeto

e acabei sendo contemplada pelo edital.

Porém, o edital exigia que houvesse uma produtora que desse vida ao projeto, então minhas

opções eram ou contactar uma produtora já existente ou criar uma própria. Após analisar a

situação resolvi abrir uma empresa, pois eu teria uma maior liberdade e eu mesma passaria a

administrar os recursos financeiros referentes aos projetos.

Comentário: Como muitas empresas, surgiu através da identificação de uma oportunidade e

ir atrás de botar essa ideia em prática. Aliada a vontade de trabalhar para si própria.

2. O que é a Mantra Produções e como ela funciona?

Entrevistada: A Mantra Produções é uma produtora que realiza projetos culturais e está mais

voltada para a área de elaboração de projetos audiovisuais. Ela se enquadra no perfil de

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

51

empresas virtuais. É uma firma individual que, basicamente, é composta por mim e meu pai,

o qual trabalhou em todos os projetos como produtor executivo, administrando, juntamente

comigo, os mesmos e conforme a demanda de cada projeto eu vou contratando profissionais

a fim de atender essa demanda.

Quando não há projetos a empresa é composta apenas por mim, meu pai (produtor executivo)

e o contador, mas quando há projetos, existem muitas pessoas envolvidas no mesmo, como

por exemplo, em a Guerra dos Bárbaros, onde havia diretor de produção, diretor de arte,

editores, animadores, músicos, isto é, as pessoas vão sendo contratadas conforme a

necessidade do projeto.

Comentário: Como pode ser visto a Mantra Produções é uma microempresa, que depende da

existência de projetos para poder operar, portanto está justificado o baixo número de

empregados.

3. Como ocorreu o planejamento para iniciar a Mantra Produções? Foi realizado algum

tipo de projeto antes de dar início ao empreendimento a fim de verificar se o mesmo era

viável ou não?

Entrevistada: Não houve planejamento, mas acho que seria bastante interessante ter feito

alguma coisa do tipo na época ou até mesmo realizar algum tipo de estudo durante o seu

funcionamento a fim de verificar pontos que poderiam ser melhor explorados.

A criação da empresa foi meio que algo instintivo. Eu não queria ter uma empresa, eu queria

fazer um filme e a melhor forma de fazer o filme era criando uma empresa. Participo no

CETREDE de um curso de iniciação empresarial. Quanto ao planejamento do trabalho, este é

orientado pelo processo que requer um sequenciamento de atividades que vão desde a ideia

inicial, o roteiro, a produção propriamente dita e a apresentação, nomeadamente, quando se

trata de projeto oriundo de premio (licitação).

Comentário: A entrevistada tinha o desejo de documentar a Guerra dos Bárbaros e percebeu

que a melhor forma de fazê-lo era abrindo uma empresa, isto é, ela identificou uma

oportunidade e tomou a decisão necessária para poder dar vida a sua ideia. Como a mesma

comentou, a empresa foi criada instintivamente sem um planejamento mais elaborado a fim

de verificar a sua viabilidade econômica.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

52

4. Você é uma pessoa que se mantém informada a respeito da área na qual atua, isto é,

participa de congressos, fóruns, palestras, faz algum tipo de curso, procura estar atenta

aos desejos e necessidades do mercado?

Entrevistada: Durante esses dois últimos anos eu estive meio parada no que diz respeito a

esse assunto, mas eu sempre fiz cursos, oficinas, participei de festivais, sempre assisti a

filmes e procurei me manter atenta ao que está acontecendo nessa área, isto é, eu procurei

sempre me manter atualizada.

Comentário: Manter-se atualizado, seja qual for a área em que uma pessoa atue, é algo não

só importante, mas também necessário nos dias de hoje, pois saber o que ocorre na área em

que a pessoa atua é primordial no que diz respeito a ter novas ideias.

Além disso, a pessoa que se mantem atualizada é capaz de identificar as necessidades do

mercado, os costumes dos consumidores e dessa forma ela é capaz de criar produtos ou

serviços que venham a satisfazer esses consumidores ou até mesmo criar um novo mercado.

5. Consegue captar recursos para a realização dos projetos da Mantra? Caso afirmativo

os recursos são públicos ou privados?

Entrevistada: Para esse tipo de projeto que eu realizo é um pouco complicado, pois existem

basicamente os editais do Município, os editais do Estado e os editais Federais para poder

atender a uma enorme demanda e os valores dos mesmos são sempre baixos, pois os recursos

destinados à cultura são escassos.

Apesar de existir a Lei de Incentivo à cultura (Lei Rouanet n° 8.313 de 23 de dezembro de

1991), que faz deduções de impostos nas empresas que financiam projetos voltados para a

cultura, captar recursos através da iniciativa privada é muito complicado, pois a mesma só

tem interesse em financiar grandes projetos, isto é, aqueles que obtêm grande repercussão.

Portanto, a captação de recursos ocorre através de recursos públicos.

Comentário: Percebe-se que a Mantra Produções é uma empresa que tem uma dependência

muito grande do lançamento de editais a fim de poder realizar os seus projetos, isto é, ela tem

uma grande dependência de recursos públicos para poder realizar o seu trabalho.

Essa dependência de recursos públicos se acentua mais ainda pelo fato de empresas privadas

não ter o interesse em financiar esse tipo de atividade, pois as mesmas só se mostram

interessadas em financiar projetos que gerem grande repercussão, isto é, a iniciativa privada

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETADRIADO …

53

prefere financiar trabalhos que irão lhe trazer uma maior visibilidade a ter seus impostos

deduzidos através da lei de incentivo à cultura.

6. Considerando o ambiente em que a Mantra desenvolve suas atividades tente

identificar:

Pontos fortes: Pontos fracos:

Boa capacidade de criar projetos. Não oferecer outros tipos de produtos.

Saber expor o projeto a fim de conseguir

financiamentos.

Empresa muito pequena, tendo apenas uma

pessoa para elaborar e criar projetos (fase que

antecede a execução dos mesmos).

Fazer orçamentos que condizem com a

realidade do projeto.

Confiança de que haverá um bom resultado

após o projeto ser realizado.

Cumprimento de acordos conforme foram

negociados. Respeito com as pessoas

contratadas.

Ameaças: Oportunidades:

Dependência de recursos do Estado e do

Município.

Criar novos produtos, a fim de sustentar a

empresa quando não houver recursos estatais

para financiar os projetos.

Existem muitas produtoras e pouco recurso

para que as mesmas possam elaborar seus

projetos.

(concorrência)

Oferecer o que há de forte na Mantra

Produções, que é a elaboração de projetos,

para outras empresas.

Comentário: Relativamente a elaboração de projetos, todos os que apresentou não

apresentaram problemas de execução, principalmente, orçamentária. O mesmo pode ser dito

daqueles projetos que a empresa obteve êxito nos certames de concorrência, pois, foram

todos finalizados e a obras entregues aos respectivos financiadores. No entanto, por ter um

reduzido mix de produtos, a empresa acaba se especializando e deixa de explorar outras

oportunidades na atividade audiovisual ou mesmo na produção de eventos correlatos;

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7. Que características e habilidades pessoais você acha que são ou foram responsáveis

por fazerem com que a Mantra Produções esteja no mercado desde o início até hoje em

dia?

Entrevistada: Compromisso com as pessoas envolvidas, com os financiadores e

compromisso de cumprir os contratos. Dessa forma, a Mantra Produções foi capaz de

construir, ao longo dos anos, uma imagem positiva onde a pessoa que contrata o serviço da

empresa sabe que, aquilo que foi acordado será cumprido exatamente como foi prometido

com qualidade e que a empresa não irá falhar no que diz respeito à entrega do projeto.

Comentário: Nota-se aqui uma preocupação da entrevistada com a qualidade do projeto, com

os prazos de entrega, com o acabamento do mesmo e a preocupação em cumprir tudo o que

foi estabelecido em contrato. Ao mesmo tempo percebe-se também a existência da

preocupação com as pessoas que estão envolvidas na preparação do projeto, portanto pode-se

dizer que a entrevistada, ao longo dos anos, teve a preocupação de construir uma imagem

sólida no mercado que transmita confiança tanta para as pessoas que irão trabalhar junto à

ela, como para com os entes que irão financiar os projetos.

8. Quais as características e habilidades você acha que precisa ter ou melhorar a fim de

que possa dar continuidade ao seu negócio?

Entrevistada: Para dar continuidade a Mantra Produções, acredito que é importante estar

sempre se reciclando, estar atualizada sobre o que está acontecendo nessa área, estudar e se

aprimorar, ou seja, o importante é não se acomodar e achar que já sabe de tudo, pois sempre

estão surgindo coisas novas.

Outro ponto importante (talvez o mais) seria ampliar o leque de produtos e serviços

oferecidos pela empresa a fim de que ela tenha mais autonomia e deixe de ser tão dependente

de financiamentos públicos (lançamento de editais), pois ter uma dependência tão grande

como essa pode acabar se tornando algo perigoso, como por exemplo, no governo Cid Gomes

onde o mesmo ficou, por dois anos, sem abrir editais.

Comentário: Percebe-se que há uma preocupação em diversificar, criar novos produtos e

serviços a fim de dar mais autonomia para a empresa e livrá-la dessa perigosa dependência de

financiamentos públicos, pois, pelo visto, a Mantra Produções só está operando quando são

lançados editais e, além disso, ela precisa ser contemplada pelos mesmos para poder obter

recursos.

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9. Como ocorre a negociação de um projeto?

Entrevistada: Existem duas fases. A primeira é quando é lançado um edital e a segunda

ocorre quando o projeto é contemplado pelo edital, ou seja, a fase de execução do projeto.

A primeira fase não sei se pode ser chamada de negociação. Ela funciona da seguinte

maneira: o edital é lançado, verifico se vale à pena investir no mesmo; caso seja ele se mostre

interessante verifico o que é necessário fazer para cumprir suas especificações; observados

esses pontos, elaboro um projeto sobre o que eu desejo fazer e envio para a entidade

responsável. Tendo cumprido esses passos só me resta ser contemplada pelo edital.

A segunda fase é a fase de execução do projeto, ocorre após ser aprovado pelo edital. Após

essa a aprovação vou atrás dos profissionais necessários para dar vida àquele projeto. Como o

projeto aprovado tem um orçamento certo, que não pode ser mudado, eu acabo não tendo

muita flexibilidade na hora de contratar esses profissionais. Basicamente, eu informo quanto

é o orçamento disponível e pergunto se a pessoa aceita trabalhar dentro daquele orçamento.

Comentário: O processo ocorre da seguinte maneira: é lançado um edital de audiovisual;

escolhe-se uma área então é enviado um projeto que pode ser uma animação, um

documentário, um filme de ficção, cursos, cineclubs, etc. Para cada uma dessas áreas acima é

destino um determinado recurso, portanto, após decidir qual será a área na qual o seu projeto

irá se enquadrar, o mesmo deverá ser orçado de acordo com valor que consta no edital. Após

o envio do projeto só resta esperar para ser contemplado com o recurso, para então dar início

a fase de execução do mesmo, o que vai implicar a contratação da mão-de-obra necessária

para dar vida e ele.

No caso do edital o que conta é a qualidade do projeto e o currículo da empresa. No caso da

licitação o que conta é o preço.

10. A Mantra Produções possui um quadro de colaboradores fixo? Sim ou não

Entrevistada: Não. Como colaboradores fixos somente o contador, o produtor executivo e eu

que sou a Diretora/Produtora.

Comentário: Visto que a forma de operação da empresa é através de projetos que são

contemplados em editais ou licitações, o quadro de funcionários é formado quando os

mesmos recebem recursos públicos para poderem sair do papel, ou seja, quando não há

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projetos não existe a necessidade de ter funcionários, pois não há projetos para serem

executados.

11. Caso não possua um quadro de colaboradores fixo. Como você lida com eles, como

você os comanda?

Entrevistada: Posso dizer que à medida que fui amadurecendo minha forma de lidar com eles

foi mudando, mas sempre procurei lidar com os mesmos através do diálogo, expondo os

prazos que tem que ser cumpridos e como devem ser cumpridos. Sempre procuro contratar

pessoas nas quais eu confie na qualidade, pessoas que eu já conheço o trabalho e vão me

apresentar um serviço com a qualidade que eu estou esperando.

Após a contratação espero contar com a compreensão do mesmo, sempre o cobrando de

forma amistosa, mas caso seja necessário procuro ser mais ríspida. Sempre procuro tratá-los

da forma mais tranquila e sem autoritarismo, pois a experiência obtida ao longo dos anos me

ensinou a ter mais “jogo de cintura”, dessa forma sou capaz de lidar com os contratados de

forma mais calma e tranquila.

Faço o máximo de reuniões possíveis com a equipe explicando o que quero fazer, como quero

fazer e o prazo de término daquele trabalho. Com essas reuniões espero obter uma maior

sintonia entre mim e a equipe e me certificar de que a mesma entendeu o que eu espero que

seja feito. Após começar a execução do projeto faço análises do mesmo a fim de verificar se

ele está saindo de acordo como foi planejado ou se será necessário fazer ajustes.

Comentário: O fato de não haver um quadro fixo de colaboradores e o seu amadurecimento

como pessoa e como profissional, a ensinou a ser uma pessoa mais flexível no que diz

respeito liderar pessoas. Ela percebeu que a melhor forma de abordá-los é de forma amistosa

e tranquila (quando necessário ser ríspida), fazendo reuniões para explicar o que será feito,

como será feito, o que ela espera que cada um faça e ao longo da execução do projeto são

feitas análises para verificar o andamento do projeto.

12. Os projetos são desenvolvidos na sede da empresa ou é adotado regime de trabalho à

distância (teletrabalho)?

Entrevistada: A parte do projeto é realizado na sede da Mantra e algumas atividades são

realizadas na residência de colaboradores. Mas a maior parte é realizada na sede da Mantra.

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Algumas atividades por exemplo requerem laboratório especializado, neste caso são feitas

fora da sede.

Comentário: Algumas etapas do projeto são necessárias que sejam feitas em laboratórios

especiais, visto que não vale à pena o custo que teria ao implantar esses equipamentos mais

sofisticados.

13. Como percebe a inovação (nos produtos ou na maneira de fazê-los) como fator de

diferenciação da Mantra com os seus concorrentes?

Entrevistada: Na verdade, eu não analiso os meus concorrentes para saber o que eles tem de

diferente. Eu, simplesmente, executo os meus projetos e não estou preocupada como é que os

outros produtores estão realizando os projetos deles, mas acredito que seria interessante

analisá-los a fim de obter uma diferenciação e mais destaque no mercado. Posso classificar

esse assunto como algo a aperfeiçoar.

Um assunto onde eu sou exigente é no cumprimento dos prazos e contratos e o respeito com

as pessoas que estão envolvidas no projeto, acho que isso pode me diferenciar dos demais.

Em relação a produtos posso dizer que a Mantra Produções inovou nesse quesito, pois foram

produzidos Cines de Dedo, que são livrinhos de animação, os quais nunca foram feitos antes

no Brasil e já está na terceira coleção, inclusive existe um animador que faz trabalhos para

mim, que viaja para fora do país, e disse que nunca foi feito esse tipo de trabalho no mundo,

mas nesse caso é muito difícil ter certeza se realmente nunca nada parecido foi feito no

mundo.

Comentário: Pode-se perceber aqui que Júlia é uma pessoa que tem plena confiança no seu

talento e na sua capacidade de executar projetos. Ela acredita também na imagem que

construiu ao longo dos anos através do seu esforço, dedicação e qualidade depositados nos

projetos que já entregou.

Porém, em um negócio, seja ele em qualquer área, não se pode esquecer de analisar os seus

concorrentes, pois a qualquer momento eles podem surgir com algum com algo

revolucionário que irá requerer uma rápida reação da empresa para contornar a situação, além

disso analisar a concorrência pode gerar informações valiosas que irão fornecer vantagens

competitivas.

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14. Você é uma pessoa que busca inovar no seu empreendimento, ou você acha que a

inovação custa muito caro e dá muito trabalho e prefere se manter no mesmo nível em

que as outras empresas se encontram?

Entrevistada: A criação do Cine de Dado, com certeza, foi um projeto inovador, mas ao criá-

lo eu não estava pensando em criar algo novo que revolucionasse o mercado. Através de

pesquisas sobre o que está acontecendo na área foi que eu tive a ideia de fazer esse livrinho

que por consequência foi algo inovador, ele surgiu naturalmente e não por ter um desejo de

criar algo novo.

Em relação à inovação, não sou uma pessoa que pensa na inovação de forma direta, acredito

quem está sempre se reciclando e estudando, naturalmente, vão surgir ideias inovadoras. Mas

pensando bem, acho que tenho uma busca pela inovação, pois procuro criar novos produtos

ou serviços que me forneçam uma maior autonomia e independência dos recursos públicos.

Como no caso da animação sobre recém-nascidos, onde através da observação de um serviço

que já existia, que é a fotografia de recém-nascidos, tive vontade de inovar e de criar algo que

não existia. Então pensei vou criar um filme de animação sobre recém-nascidos e vou

oferecê-lo juntamente com esse serviço já existente, portanto um pacote de filme e vídeo.

Logo, essa foi uma tentativa de inovar. Além disto, a própria tecnologia impõe atualização.

Comentário: Sem perceber, Júlia, é uma pessoa que busca inovar no seu empreendimento,

mesmo que de forma suave. O que lhe falta é ter uma maior consciência a respeito dessa

temática.

15. Você costuma ouvir as ideias das pessoas que estão trabalhando com você; você

simplesmente age da sua maneira, um pouco dos dois ou depende da situação?

Entrevistada: Eu sempre escuto o que as pessoas têm a dizer, independente da situação, seja

tanto em casos onde existe uma abertura para alterar um projeto, como em casos onde não

existe essa abertura para alterá-los, nessas situações eu tento dialogar com a pessoa que teve a

ideia para mostra-la que o projeto não pode ser modificado.

Quando alguém tem uma ideia sobre um determinado ponto e essa ideia pode ser colocada

em prática eu a executo. Acho que na vida nós devemos estar sempre dispostos a escutar.

Comentário: Aqui, percebe-se a preocupação que Júlia tem com as pessoas pelo fato de a

mesma ter consciência que ouvir as opiniões dos colaboradores é algo importante. Além

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disso, ela não se mostra uma líder que, simplesmente, faz o que quer sem levar em

consideração as ideias das pessoas que estão trabalhando junto com ela.

16. Com base na pesquisa utilizando o questionário de Grid Gerencial de Blake e

Mouton:

A presente questão tem como finalidade identificar o estilo de Liderança da

entrevistada através do Grid Gerencial de Blake e Mouton. Este tema é abordado no

CAPÍTULO 3, tópico 3.3, item C.

Instruções para a realização do questionário 16.1:

Na tabela abaixo, existem seis conjuntos de frases que descrevem características do

comportamento gerencial. Elas podem ser consideradas como uma descrição de si mesmo.

Em cada conjunto existem cinco afirmativas (A, B, C, D e E). Ao lado dessas

afirmativas existem espaços em branco. Nesses espaços, coloque notas de 1 à 5 sendo a nota

5 aquela que é a mais parecida com você e sua maneira de atuar; a nota 4 será a sua segunda

no que você julgar semelhante à você; a nota 3 será a sua terceira opção; a nota 2 a sua quarta

opção e a quinta e última nota será a nota de número 1. Dessa forma você atribuirá nota 1

àquela afirmativa que menos se parece com você e com sua maneira de atuar.

Tabela 16.1 – Questionário Grid Gerencial Paul Hershey e Kenneth Blanchard

Opção Pergunta Nota (1 - 5)

Decisão

A1 Aceito a decisão tomada pelos outros. 5

B1 Dou alto valor a manter boas relações. 5

C1 Procuro decisões passíveis, embora não perfeitas, da parte dos outros,

inclusive eu mesmo. 3

D1 Dou grande valor a obter decisões duradouras. 5

E1 Dou grande valor a obter decisões criativas que resultem em

compreensão e acordo. 5

Convicção

A2 Ou estou de acordo com as opiniões, atitudes e ideias dos outros, ou

evito tomar qualquer partido. 3

B2 Prefiro aceitar opiniões, atitudes e ideias dos outros, antes de impor as

minhas. 3

C2 Quando surgem ideias, opiniões e atitudes diferentes das minhas,

assumo uma posição intermediária. 5

D2 Defendo minhas ideias, opiniões e atitudes mesmo que com isso,

algumas vezes, possa ofender os outros. 3

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E2

Ouço e procuro ideias, opiniões e atitudes diferentes das minhas.

Tenho convicções claras, mas reajo às boas ideias mudando meu

modo de pensar.

5

Entusiasmo

A3 Deixo de ver coisas para poder viver. 4

B3 Apoio encorajo e cumprimento os outros pelo que desejam fazer. 5

C3 Ofereço sugestões positivas para manter as coisas em frente. 5

D3 Sei o que quero e faço pressão para que os outros aceitem. 5

E4 Dirijo todas as minhas energias para o que estou fazendo e os outros

reagem com entusiasmo. 5

Conflito

A4 Quando surge conflito, procuro manter-me neutro ou for a dele. 3

B4 Procuro evitar gerar conflito, mas quando ele surge, procuro

apaziguar os sentimentos e manter as pessoas unidas. 5

C4 Quando surge conflito, procuro ser justo mas firme e obter uma

solução equitativa. 5

D4 Quando surge conflito, tento eliminá-lo ou impor minha posição. 3

E4 Quando surge conflito, procuro identificar as razões e dar solução às

subjacentes. 5

Temperamento

A5 Ficando neutro me sinto provocado. 3

B5 Por causa das tensões que as perturbações podem produzir, reajo de

modo cálido e amistoso. 4

C5 Sob tensão, sinto-me inseguro quanto ao que devo fazer para evitar

futuras pressões. 5

D5 Quando as coisas não vão bem, defendo-me, resisto ou volto a carga

contrargumento. 4

E5 Quando provocado, contenho-me, embora minha impaciência seja

visível. 4

Humor

A6 Meu humor é considerado pelos outros como um tanto sem graça. 3

B6 Meu humor visa manter as relações amistosas, ou quando surgem

tensões, ele desvia a atenção do lado sério. 3

C6 Meu humor tem intenção de ser persuasivo em obter aceitação para

mim ou para os meus pontos de vista. 5

D6 Meu humor causa impacto. 3

E6 Meu humor ajusta-se à situação e lhe dá perspectiva. Mantenho um

senso de humor, mesmo sob pressão. 5

(LIMA, 2007, p. 105 e 106)

Resultado do Questionário

Insira a pontuação de cada um dos itens da tabela 16.1 na tabela 16.2 e em seguida

analise em qual dos estilos do Grid sua personalidade mais se adequa, dessa forma, o estilo

que obtiver a maior somatória será o estilo da pessoa entrevistada.

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Tabela 16.2 – Resultado do Estilo do Grid Gerencial

Pontuação

Características 1.1 1.9 5.5 9.1 9.9

1 Decisões A1 5 B1 5 C1 3 D1 5 E1 5

2 Convicção A2 3 B2 3 C2 5 D2 3 E2 5

3 Entusiasmo A3 4 B3 5 C3 5 D3 5 E3 5

4 Conflito A4 3 B4 5 C4 5 D4 3 E4 5

5 Temperamento A5 3 B5 4 C5 5 D5 4 E5 4

6 Humor A6 3 B6 3 C6 5 D6 3 E6 5

Total A 21 B 25 C 28 D 23 E 29

1.1 1.9 5.5 9.1 9.9

(LIMA, 2007; p. 106)

Comentário: Ao observar a tabela 16.2, percebe-se que o estilo de liderança, de acordo com o

Grid Gerencial, de Júlia Manta é o 9.9, pois foi o que obteve a maior pontuação. De acordo

com o que foi explicado no capítulo 3, item c, o estilo 9.9 é um dos cinco principais estilos

propostos pelo Grid Gerencial de Blake e Mouton. A definição desse estilo é que o líder

demonstre elevada preocupação tanto pela produção, como pelas pessoas que produzem. É a

tendência a excelência, tanto nos resultados como na satisfação das pessoas.

Ao observar o tipo de atividade que a Mantra Produções, elaboração de projetos, percebe-se

que a preocupação com a tarefa tem que ser elevada. Após ser realizado o questionário 16.1,

obtém-se a comprovação dessa afirmativa. No que se refere ao tratamento das pessoas,

também pode ser observado que existe uma grande preocupação com as pessoas. Talvez, a

forte ênfase que Júlia põe tanto nas pessoas como nas tarefas faz com que a empresa esteja

em operação desde 2001.

4.1 Análise do perfil Empreendedor e de Liderança da empresária Júlia

Manta

A empresa Mantra produções nasceu a partir da vontade de uma estudante do curso de

História da Universidade Estadual do Ceará - UECE (e também aluna de um curso de Cinema

de Animação) de transformar em um filme de animação o episódio conhecido como a Guerra

dos Bárbaros, conflito entre colonizadores e índios do Ceará.

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Júlia Manta, Diretora/Produtora e fundadora da Manta Produções, tinha duas opções

para dar vida a esse filme. A primeira era contactar uma produtora já existente e a segunda

era criar sua própria produtora. Após muito refletir sobre esse dilema, Júlia, que sempre teve

vocação para ser uma profissional autônoma e sempre teve interesse pelas artes, pelo áudio

visual, pintura e desenho, resolveu abrir sua própria produtora. Percebe-se então que a mesma

identificou uma oportunidade e foi atrás do que era necessário para botá-la em prática,

características citadas por McClelland (1961 apud CHIAVENATO 2007) e o SEBRAE (sem

data de publicação), que são identificar oportunidades e tomar iniciativa, assumindo também

os riscos envolvidos – uma das três características básicas de um empreendedor segundo

Chiavenato (2007) – na criação de uma produtora de audiovisuais. Outro ponto que pode ser

observado foi um dos motivos que a levou Júlia a abrir uma empresa que foi o desejo de ser

uma profissional autônoma e de acordo com Degen (1989) um dos motivos que leva as

pessoas a abrir seu próprio negócio é a vontade de ser seu próprio patrão.

Nasce então a Mantra Produções que caracteriza-se por ser uma produtora que realiza

projetos culturais, com foco na área de elaboração de projetos audiovisuais. De acordo com a

fundadora da empresa, a mesma foi criada sem a elaboração de um estudo mais elaborado

que tivesse como finalidade verificar a viabilidade financeira da futura empresa, nas palavras

da empresária, a empresa foi criada “instintivamente”, e um dos motivos para que isso

ocorresse foi a inexperiência da mesma e falta de conhecimento na área de negócios, visto

que ela cursava o curso de História. Analisando a forma como a produtora surgiu observa-se

que o tipo de empreendedor no qual Júlia mais se aproxima e o tipo Empreendedor que

Aprende (Inesperado), com a diferença de que ela não teve que abandonar sua antiga

profissão para iniciar uma totalmente nova.

A Mantra Produções é composta por Júlia, Diretora/Produtora, seu pai, Produtor

Executivo e um contador. Porém, quando existem projetos a serem executados, faz-se

necessária a contratação de funcionários para executar aquele projeto, isto é, o quadro de

funcionários varia de acordo com a execução dos projetos e para a execução dos mesmos são

necessários recursos do governo que são concedidos através de editais e licitações, no caso da

Mantra Produções os recursos são provenientes, em sua maioria, de editais. A produtora

tornou-se então muito dependente do lançamento de editais, visto que a iniciativa privada,

mesmo obtendo incentivos, não tem interesse em financiar a execução desses projetos, elas

têm interesse em financiar apenas aqueles de grande geram grandes repercussões; e além do

lançamento desses editais ela ainda precisa ser contemplada pelos mesmos.

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O fato de não ter um quadro fixo de funcionários fez com que a empreendedora

aprendesse a se tornar uma pessoa mais flexível no que diz respeito a liderar os funcionários

com os quais ela trabalha em cada projeto. Tomando como base as respostas da entrevista,

pode-se tirar algumas conclusões levando-se em conta o quadro 4 que trata dos estilos

Autocrático, Liberal e Democrático:

Quanto à tomada de decisão, ela mostra características da liderança autocrática, pois é

ela quem decide e fixa as diretrizes a serem adotadas. Porém, com base na questão 16,

percebe-se que a mesma dá bastante atenção às opiniões daqueles que estão

trabalhando para ela e, além disso, caso alguém sugira alguma ideia melhor e viável

ela resolve implantá-la.

Quanto à programação dos trabalhos, ela também demonstra traços predominantes da

do estilo autocrático.

Quanto à divisão do trabalho, no caso da Mantra Produções cada pessoa é contratada

de acordo com a habilidade necessária para cada tipo de tarefa, portanto a escolha da

tarefa que cada um irá realizar é feita pela Júlia, basicamente, no ato da contratação.

Esse processo de dizer o que cada um irá fazer é uma característica que está associada

à liderança autocrática.

Quanto à participação do líder, a predominância é a do estilo democrático visto a

forma como ela costuma tratar as pessoas que trabalham para ela.

Percebe-se que o estilo de liderança predominante da mesma é o autocrático, porém

isso não quer dizer que ela é uma líder autocrática e sempre adotará esse estilo, visto que a

mesma disse que sempre procura escutar o que os outros têm a dizer e procura tratá-los da

forma mais amistosa possível, sempre através de muito diálogo e reuniões que tem como

finalidade fazer com que todos trabalhem em sintonia.

Outra análise que pode ser feita a respeito do seu estilo de liderança é a questão da

Liderança centrada na tarefa versus Liderança centrada nas pessoas. Visto que a Mantra

Produções é uma produtora que realiza projetos culturais com foco na elaboração de projetos

audiovisuais, verifica-se (através da observação do quadro 5) que existe uma predominância

do estilo Centrado na Tarefa, pois, como foi constatado na entrevista, existe uma grande

preocupação em cumprir prazos e ser capaz de entregar os projetos de acordo como os

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mesmos foram acordados. De acordo com o que consta no quadro 5, podem ser identificadas

características que dizem respeito a liderança centrada na tarefa, como:

Planeja e define como o trabalho será feito.

Busca completar as tarefas.

Monitora os resultados do desempenho.

Define claramente os padrões de trabalho.

Podem ser identificadas também, através do quadro 5, algumas características

pertencentes a Júlia que se enquadram na Liderança Centrada nas pessoas, como:

Atua como apoio e retaguarda para os seguidores.

Mostra confiança nos seguidores; ela procura contratar pessoas nas quais ela confia e

conhece o trabalho.

Respeita os sentimentos das pessoas; ela procura tratar as pessoas, que trabalham com

ela, com respeito e de forma amistosa.

Como pode ser visto, ela possui características relacionadas tanto à liderança centrada

na tarefa, como a liderança centrada nas pessoas, porém a primeira mostra-se predominante.

Isso pode ser justificado pelo tipo de atividade que a sua empresa exerce, que é a execução de

projetos, ou seja, para a empresa o mais importante é cumprir os prazos que foram

estabelecidos e entregar os projetos de acordo como os mesmos foram contratados e esse

sentimento de entregar os projetos é comum a todos os que estão envolvidos em sua

elaboração.

Outro ponto importante da entrevista é o questionário proposto na questão de número

16, a fim de verificar qual é o seu estilo de liderança baseado no Grid Gerencial, onde o

mesmo avalia à ênfase posta nas pessoas e a ênfase posta na tarefa. Para o tipo de atividade

que a Mantra Produções exerce, que é a elaboração de projetos, espera-se que haja uma forte

ênfase na tarefa, pois esta é a razão de existir da empresa. Após realizar o questionário 16.1

comprova-se o que era esperado, além do questionário 16.1, outros relatos que Júlia forneceu

durante a entrevista comprovam essa preocupação com a execução dos projetos, por exemplo,

como quando ela diz que procura contratar pessoas que ela já conhece o trabalho e a

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qualidade e quando ela menciona que existe uma grande preocupação no cumprimento de

prazos e metas. Outra observação que pode ser feita é a respeito da preocupação com as

pessoas que, de acordo com a pesquisa, mostrou-se bastante elevada. Este ponto também

pode ser observado quando ela menciona que procura, sempre, tratar todos de forma

amistosa, calma, respeitosa, procura sempre ouvir a opinião dos outros e quando possível, ela

as bota em prática.

Ao levar-se em conta a teoria da Liderança Situacional o que pode ser observado é

que o estilo de liderança, do qual ela mais se aproxima, é o estilo Delegar, pois as pessoas

que serão contratadas já possuem as habilidades técnicas necessárias, ou seja, elas já possuem

plena capacidade para executar as tarefas e se sentem seguras para realizá-las. Portanto, resta

à mesma coordená-los e monitorá-los a fim de que os mesmos possam executar suas

habilidades da melhor maneira possível, a fim de dar vida ao projeto.

Voltando a analisar o lado empreendedor da empresária, pode-se perceber algumas

características que são mencionadas ao longo deste estudo como:

Exige qualidade (SEBRAE, sem data de publicação e McClelland, 1961 apud

Chiavenato 2007) – a qualidade é um fator que está presente a partir da contratação

dos funcionários.

É persistente, comprometida e dedicada (SEBRAE, sem data de publicação;

McClelland, 1961 apud CHIAVENATO 2007 e Dornelas, 2008) – o

comprometimento com a entrega dos projetos e cumprimentos dos prazos é um de

seus pontos fortes.

Estabelece metas (SEBRAE, sem data de publicação e McClelland, 1961 apud

CHIAVENATO 2007) – as metas são estabelecidas levando-se em conta o orçamento

disponível para a elaboração do projeto.

Realiza planejamento e monitoramento sistemático (SEBRAE, sem data de

publicação; McClelland, 1961 apud CHIAVENATO 2007 e Dornelas, 2008) – antes

de os projetos entrarem na fase de execução são feitas reuniões para definir como ele

será realizado e após o seu início, é feito o seu monitoramento para garantir que o

mesmo está saindo de acordo com o planejado.

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Possui conhecimento (Dornelas, 2008) – ela fez vários cursos referentes à área na qual

atua e conhece o mercado de audiovisuais.

É Autoconfiante (uma das três características básicas citadas por Chiavenato, 2007) –

ela possui plena confiança na sua habilidade de elaborar projetos, inclusive, ela

acredita que essa sua habilidade lhe rendeu uma imagem positiva no mercado.

Finalizando esta análise constata-se que a Mantra Produções tem um grande desafio a

superar pela frente que é a questão da dependência dos lançamentos de editais para a

elaboração dos seus projetos, isto é, a dependência de recursos públicos. Júlia reconhece que

tem que diversificar os produtos oferecidos pela empresa, a fim de se livrar dessa

dependência de recursos públicos. Outra oportunidade que ela cita é oferecer o que há de

forte na Mantra produções, que é a elaboração de projetos, para outras empresas.

Apesar da mesma confiar no seu talento e sua competência para elaborar projetos, a

partir do momento em que a Mantra Produções passar a se aventurar mais pela iniciativa

privada, Júlia precisará ter em mente que de que será necessário passar a observar a

concorrência e sempre tentando inovar tendo como objetivo obter destaque e competitividade

no mercado.

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CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo mostrar o quão importante é o papel do líder no

crescimento e consolidação de uma empresa através do bom gerenciamento de equipes

abordando a questão: Qual o estilo de liderança que um empreendedor cuja estrutura se

organiza em torno de projetos e se desfaz ao seu término?

Para atender à estes requisitos foi feita entrevista com a empreendedora Júlia Manta

através desta foi feita uma análise do seu perfil Empreendedor e de Liderança. Após feita esta

análise chegou-se à resposta proposta pelo estudo, porém, pode-se chamar atenção para um

ponto: porque identificou-se que existe a predominância do estilo Autocrático, enquanto que

ao mesmo tempo seu estilo, de acordo com o Grid Gerencial, apontou para forte ênfase nas

pessoas e forte ênfase nas tarefas?

A resposta é simples, o fato de existir uma predominância do estilo Autocrático está

relacionado, simplesmente, ao tipo de a atividade fim da empresa, que é execução e a entrega

de projetos de conforme foi acordado, ou seja, existe uma forte ênfase na tarefa, pois esta é a

atividade fim da empresa.

Isso não quer dizer que Júlia é uma pessoa autocrática, pois como pôde ser visto ela se

preocupa com as pessoas que trabalham para ela e uma das provas dessa preocupação foi o

resultado da questão 16, que aborda o Grid Gerencial, o qual apontou um resultado para o

estilo 9.9 que quer dizer que existe uma forte ênfase colocada tanto nas pessoas como na

tarefa.

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REFERÊNCIAS

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distancia. Curso: ATITUDE EMPREENDEDORA. Disponível em:

http://stoa.usp.br/fjcapeletto/files/696/3597/AtitudeEmpreendedora.pdf. Acesso em

06/01/2013.

CHIAVENATO, Idalberto; Gerenciando pessoas: O Passo Decisivo para a Administração

de Pessoas. 3 ed. Revisada e Ampliada: Makron Books, 1992.

CHIAVENATO, Idalberto; Empreendedorismo dando asas ao espírito empreendedor:

Empreendedorismo e viabilização de novas empresas Um guia eficiente para iniciar e tocar o

seu próprio negócio. 2 ed. revista e ampliada, São Paulo: Saraiva, 2007.

BERGAMINI, Cecília Whitaker; Psicologia aplicada à administração de empresas:

psicologia do comportamento organizacional. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1992.

DEGEN, Ronald; O empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial: Guia para

montar seu negócio, vencer as dificuldades e administrar os riscos. 8 ed. São Paulo: Makron

Books, 1989.

DORNELAS, José Carlos Assis; Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 3

ed. revista e atualizada, Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. – 5ª reimpressão.

DORNELAS, José Carlos Assis; Empreendedorismo na prática: Mitos e Verdades do

Empreendedor de Sucesso. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

FALCONI, Vicenti; O verdadeiro poder: Práticas de gestão que conduzem a resultados

revolucionários. 1 ed. Nova Lima – Minas Gerais: INDG – Instituto de Desenvolvimento

Gerencial, 2009.

HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth H; Psicologia para administradores: A Teoria e

as técnicas da Liderança Situacional. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2006.

12ª reimpressão.

LIMA, Thiago Fernandes de; Como utilizar os princípios da liderança e da inteligência

emocional na gerência de projetos. Monografia no curso de Ciência da Computação.

Universidade Federal de Pernambuco, 2007.

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69

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas. GEM 2011: Brasil é

o terceiro país com maior n° de empresas. Disponível em:

http://www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-

pesquisas/temasestrategicos/empreendedorismo/205-27-gem-2011-brasil-e-o-terceiro-pais-

com-maior-nb0-de/BIA_20527. Acesso em 05/01/2013.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas. Características do

empreendedor. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-

territorial/o-que-e/empreendedorismo/caracteristicas-do-empreendedor/BIA_336. Acesso em

06/01/2013.

IBPQ – Instituto Brasileiro da Produtividade e Qualidade; FGV – Fundação Getúlio Vargas.

GEM – Global Enterpreneurship Monitor 2011: Empreendedorismo no Brasil. Disponível

em: http://gestaoportal.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-pesquisas/temas-

estrategicos/empreendedorismo/Livro%20GEM%20Brasil%202011.pdf. Acesso em

06/01/2013.

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APÊNDICE

1. Porque você resolveu empreender e qual motivo levou você a escolher essa área?

2. O que é a Mantra Produções e como ela funciona?

3. Como ocorreu o planejamento para iniciar a Mantra Produções? Foi realizado algum tipo

de projeto antes de dar início ao empreendimento a fim de verificar se o mesmo era viável ou

não?

4. Você é uma pessoa que se mantém informada a respeito da área na qual atua, isto é,

participa de congressos, fóruns, palestras, faz algum tipo de curso, procura estar atenta aos

desejos e necessidades do mercado?

5. Consegue captar recursos para a realização dos projetos da Mantra? Caso afirmativo os

recursos são públicos ou privados?

6. Considerando o ambiente em que a Mantra desenvolve suas atividades tente identificar:

Pontos fortes: Pontos fracos:

Ameaças: Oportunidades:

7. Que características e habilidades pessoais você acha que são ou foram responsáveis por

fazerem com que a Mantra Produções esteja no mercado desde o início até hoje em dia?

8. Quais as características e habilidades você acha que precisa ter ou melhorar a fim de que

possa dar continuidade ao seu negócio?

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9. Como ocorre a negociação de um projeto?

10. A Mantra Produções possui um quadro de colaboradores fixo? Sim ou não

11. Caso não possua um quadro de colaboradores fixo. Como você lida com eles, como você

os comanda?

12. Os projetos são desenvolvidos na sede da empresa ou é adotado regime de trabalho à

distância (teletrabalho)?

13. Como percebe a inovação (nos produtos ou na maneira de fazê-los) como fator de

diferenciação da Mantra com os seus concorrentes?

14. Você é uma pessoa que busca inovar no seu empreendimento, ou você acha que a

inovação custa muito caro e dá muito trabalho e prefere se manter no mesmo nível em que as

outras empresas se encontram?

15. Você costuma ouvir as ideias das pessoas que estão trabalhando com você; você

simplesmente age da sua maneira, um pouco dos dois ou depende da situação?

16. Com base na pesquisa utilizando o questionário de Grid Gerencial de Blake e Mouton:

Tabela 16.1 – Questionário Grid Gerencial Paul Hershey e Kenneth Blanchard

Opção Pergunta Nota (1 - 5)

Decisão

A1 Aceito a decisão tomada pelos outros.

B1 Dou alto valor a manter boas relações.

C1 Procuro decisões passíveis, embora não perfeitas, da parte dos outros,

inclusive eu mesmo.

D1 Dou grande valor a obter decisões duradouras.

E1 Dou grande valor a obter decisões criativas que resultem em

compreensão e acordo.

Convicção

A2 Ou estou de acordo com as opiniões, atitudes e ideias dos outros, ou

evito tomar qualquer partido.

B2 Prefiro aceitar opiniões, atitudes e ideias dos outros, antes de impor as

minhas.

C2 Quando surgem ideias, opiniões e atitudes diferentes das minhas,

assumo uma posição intermediária.

D2 Defendo minhas ideias, opiniões e atitudes mesmo que com isso,

algumas vezes, possa ofender os outros.

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E2

Ouço e procuro ideias, opiniões e atitudes diferentes das minhas.

Tenho convicções claras, mas reajo às boas ideias mudando meu

modo de pensar.

Entusiasmo

A3 Deixo de ver coisas para poder viver.

B3 Apoio encorajo e cumprimento os outros pelo que desejam fazer.

C3 Ofereço sugestões positivas para manter as coisas em frente.

D3 Sei o que quero e faço pressão para que os outros aceitem.

E4 Dirijo todas as minhas energias para o que estou fazendo e os outros

reagem com entusiasmo.

Conflito

A4 Quando surge conflito, procuro manter-me neutro ou for a dele.

B4 Procuro evitar gerar conflito, mas quando ele surge, procuro

apaziguar os sentimentos e manter as pessoas unidas.

C4 Quando surge conflito, procuro ser justo mas firme e obter uma

solução equitativa.

D4 Quando surge conflito, tento eliminá-lo ou impor minha posição.

E4 Quando surge conflito, procuro identificar as razões e dar solução às

subjacentes.

Temperamento

A5 Ficando neutro me sinto provocado.

B5 Por causa das tensões que as perturbações podem produzir, reajo de

modo cálido e amistoso.

C5 Sob tensão, sinto-me inseguro quanto ao que devo fazer para evitar

futuras pressões.

D5 Quando as coisas não vão bem, defendo-me, resisto ou volto a carga

contrargumento.

E5 Quando provocado, contenho-me, embora minha impaciência seja

visível.

Humor

A6 Meu humor é considerado pelos outros como um tanto sem graça.

B6 Meu humor visa manter as relações amistosas, ou quando surgem

tensões, ele desvia a atenção do lado sério.

C6 Meu humor tem intenção de ser persuasivo em obter aceitação para

mim ou para os meus pontos de vista.

D6 Meu humor causa impacto.

E6 Meu humor ajusta-se à situação e lhe dá perspectiva. Mantenho um

senso de humor, mesmo sob pressão.

(LIMA, 2007, p. 105 e 106)

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Tabela 16.2 – Resultado do Estilo do Grid Gerencial

Pontuação

Características 1.1 1.9 5.5 9.1 9.9

1 Decisões A1

B1

C1

D1

E1

2 Convicção A2

B2

C2

D2

E2

3 Entusiasmo A3

B3

C3

D3

E3

4 Conflito A4

B4

C4

D4

E4

5 Temperamento A5

B5

C5

D5

E5

6 Humor A6

B6

C6

D6

E6

Total

A

B

C

D

E

1.1 1.9 5.5 9.1 9.9

(LIMA, 2007, p. 106)