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0 Universidade Federal do Pampa Fernanda Berwaldt Justen Maiana Pinheiro dos Santos Vilma Constancia Fioravante dos Santos O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL NO ATENDIMENTO A USUÁRIOS CADASTRADOS NO HIPERDIA E ADSCRITOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE URUGUAIANA URUGUAIANA 2011

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Universidade Federal do

Pampa

Fernanda Berwaldt Justen

Maiana Pinheiro dos Santos

Vilma Constancia Fioravante dos Santos

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL NO ATENDIMENTO A

USUÁRIOS CADASTRADOS NO HIPERDIA E ADSCRITOS EM UMA

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE URUGUAIANA

URUGUAIANA

2011

1

FERNANDA BERWALDT JUSTEN

MAIANA PINHEIRO DOS SANTOS

VILMA CONSTANCIA FIORAVANTE DOS SANTOS

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL NO ATENDIMENTO

A USUÁRIOS CADASTRADOS NO HIPERDIA E ADSCRITOS EM UMA

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE

URUGUAIANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Profª Dda. Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt

Uruguaiana

2011

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3

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Lorena e Egon, meus primeiros orientadores na vida, muitas vezes ao

lembrarmos de suas faces preocupadas, de suas renuncias em prol de meus sonhos, de seus

trabalhos, de seu apoio incondicional para me dar o melhor, me sentia disposta para seguir em

frente, este trabalho concluído é por vocês!

À minha irmã que esteve do meu lado incondicionalmente, agradeço pelo apoio, motivação e

compreensão de minha ausência. Ao meu namorado e companheiro Carlos, pelo seu amor que

fez com que eu suportasse a distância sonhando com um futuro maravilhoso juntos, pelo seu

apoio e incentivo para que eu completasse mais esta etapa, muito obrigada.

A Deus que permitiu que este trabalho se concretizasse, apesar de tantos obstáculos

encontrados durante a caminhada e muitos momentos de instabilidade emocional que fez com

que a fé me fizesse levantar e seguir em frente.

À profª Dda. Karina Silveira de Almeida Hammerschmdt, orientadora, por ter enriquecido este

trabalho com sua experiência e conhecimentos. À Profª Dda. Adriana Roese pela amizade e

incentivo que contribui para que eu tivesse uma formação acadêmica diferenciada. À Profª Ms.

Beatriz Franchini pela amizade, companheirismo, por ter me acolhido em muitos momentos de

desanimo com suas palavras sabias, ter convivido com você foi um presente. Ao Profº Drº

Thomas Josué Silva pela pelas grandes reflexões acerca da sociedade e da ética, pela amizade

e companheirismo, conviver com você me trouxe grande conhecimento e aprendizado não só

sobre suas disciplinas mas sobre a vida.

Às minhas amigas e colegas Maiana e Vilma, que me compreenderam nos momentos de

ausência e estiveram ao meu lado durante a graduação, obrigada pelo carinho e apoio. Aos

meus amigos, pelas alegrias e momentos de descontração que me proporcionaram, pois a

presença, companhia, sorriso e as suas palavras de estimulo e carinho foram expressões de

amor. Às enfermeiras Ivania e Michela e ao técnico de enfermagem e amigo, Anderson, que me

enriqueceram em conhecimento, agradeço por suas palavras e relatos de experiências, também

pelo modo acolhedor com que me receberam, foi muito bom tê-los conhecido e compartilhado

vários momentos com vocês. As colegas de estágio, Bruna, Simoni e Valéria, pela compreensão

dos momentos de estresse, pelas ausências em algumas programações e principalmente pela

amizade.

Às Agentes Comunitárias de Saúde, Liliane, Silvia, Adriana, Mônica, Eleuza e Geci por terem

cooperado com a realização deste estudo.

Fernanda

4

AGRADECIMENTOS

À Deus pela vida e presença constante. Aos meus pais, Tania e José, pessoas de infinito amor

que me concederam a vida e a oportunidade de enriquecer-me como pessoa e intelectualmente.

À minha querida avó Maria Inês Pinheiro que sempre acreditou nas minhas potencialidades,

mesmo em seu ínfimo entendimento, me ensinou com sabedoria que o conhecimento é uma das

maiores riquezas do ser humano.

À amiga Lisiane Paula que esteve presente em todos os momentos da minha vida acadêmica,

vivenciando junto comigo as alegrias, vitórias, tristezas e instantes de cansaço. Obrigada pela

amizade, compreensão e escuta. Aos meus tios, tias, primos e primas que sempre estiveram

acompanhando a minha caminhada. Aos padrinhos Silvia e Rogério, Valmor e Vera e Vitor e

Cledi pela atenção, carinho e amor que sempre me ofertaram.

Às amigas, colegas de graduação e companheiras na construção deste trabalho, Fernanda

Justen e Vilma Fioravante, sinto-me grata por tê-las conhecido, que a nossa amizade seja um

amor que nunca morra.

À Universidade Federal do Pampa pela acolhida. Aos mestres que ofertam conhecimento no

decorrer destes quatro anos. À orientadora Profª Dda. Karina Silveira de Almeida

Hammerschmdt, pela contribuição com sua experiência durante o desenvolvimento deste

trabalho. A Profª Dda. Adriana Roese amiga, incentivadora e parceira de trabalhos, grande

responsável pelo meu amor à Saúde Pública, obrigada por tudo. A Profª Ms. Beatriz Franchini

pela amizade, profissionalismo e pelos ensinamentos em saúde mental, enriqueceu-me muito tê-

la conhecido. Ao Profº Drº Thomas Josué Silva pela criticidade, momentos de reflexão e releitura

do mundo. Aos colegas da graduação de enfermagem que se tornaram meus grandes amigos,

os levarei com carinho por toda a minha vida.

Às Agentes Comunitárias de Saúde, Liliane, Silvia, Adriana, Mônica, Eleuza e Geci que nos

guiaram à população de estudo. Aos usuários hipertensos e/ou diabéticos que participaram da

pesquisa. À Estratégia Saúde da Família e a gerente que nos concederam espaço para a

realização do Trabalho de Conclusão de Curso.

À minha querida amiga Enfª Naiana Oliveira que mesmo distante sempre ofertou carinho e

amizade. Às Enfermeiras Josi Nunes e Laura Tarragó, pessoas e profissionais maravilhosas que

tive o prazer de conhecer, e descobrir que existem outras maneiras de se fazer Enfermagem,

obrigada pela amizade e companheirismo neste último estágio da graduação.

Maiana Pinheiro

5

AGRADECIMENTOS

Àqueles que me cuidam e mostraram-me que caráter e generosidade são grandes riquezas

da vida, Solon e Tereza, meus pais. Aos meus queridos e amados irmãos pelo incentivo e

apoio nos momentos em que precisei, às minhas cunhadas por terem me dado meus três

sobrinhos lindos, que são o grande amor da tia. Queridos, amo vocês. À Deus por ter me

dado a vida no seio da família mais maravilhosa do mundo.

Às minhas companheiras e pesquisadoras Fernanda Justen e Maiana Pinheiro pelo convívio

e amizade. À minha grande amiga Caroline Altermann pela compreensão de minhas

ausências, pela amizade inabalável e exemplo de perseverança.

Ao meu namorado Fernando Fan pela tranqüilidade que me transmitiu e visibilidade de

novas alternativas todas as vezes que senti-me triste ou cansada.

Aos meus queridos mestres Adriana Roese, Beatriz Franchini e Thomas Silva por me

mostrarem que devemos ser pessoas humanas antes de sermos profissionais Enfermeiros.

Seus títulos vem depois do dom que tem, meu muito obrigado, por acreditarem em meu

potencial e contribuírem para minha “hiperatividade crônica de idéias”.

As Enfermeiras Josi Nunes e Laura Dias por mostrarem que a Enfermagem inovadora,

competente e humana é possível.

A minha super orientadora Karina Hammerschmidt por ouvir meus argumentos e discutí-los

comigo, me trazer a Terra sempre me faz crescer, pois sabe como é: teimoso é quem teima

comigo!

E a todas as demais pessoas que estiveram comigo durante minha caminhada, ouvindo-me

falar no SUS, na Saúde Coletiva e na Enfermagem com maior autonomia, estas que

contribuíram para tornar-me a pessoa que sou hoje, capaz de definir meu próprio caminho.

Vilma Constancia

6

EPÍGRAFE

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho! Já nem penso mais em ti... Mas será que nunca deixo De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana

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RESUMO

Os objetivos deste estudo foram: a) Conhecer a produção científica acerca do planejamento estratégico ou planejamento em saúde e saúde da família e atenção primária à saúde na literatura nacional e internacional de 2000 a 2010; b) Identificar o planejamento realizado pelo gerente da ESF estudada, no atendimento as demandas apresentadas pelos usuários portadores de diabetes e hipertensão adscritos na referida ESF; c) Refletir sobre o Planejamento Estratégico Situacional no atendimento dos usuários portadores de hipertensão e diabetes cadastrados numa ESF de uma cidade de médio porte na ESF estudada. Utilizou-se estudo de caso seguindo as orientações de Yin (2005), também seguindo pressupostos do autor desenvolvemos revisão integrativa previamente ao estudo de caso. Os sujeitos da pesquisa foram o gerente da Estratégia Saúde da Família do município de Uruguaiana/RS e usuários portadores de hipertensão e/ou diabetes cadastrados no HiperDia e adscritos nesse estabelecimento de saúde. A coleta de dados foi desempenhada por meio de entrevistas semi-estruturada com o gerente e 86 usuários cadastrados no HiperDia. Emergiram como resultados da revisão integrativa três temáticas: planejamento participativo, planejamento em saúde: organização para a qualidade dos serviços e planejamento em saúde: ações específicas, sendo que o planejamento em saúde como atribuição do profissional da saúde permeou todas categorias que emergiram na pesquisa. Com a pesquisa realizada com os atores envolvidos em nosso estudo emergiram três categorias temáticas: dificuldades em planejar as ações realizadas, a resolutividade das ações da ESF e ações específicas do gerente da ESF: o trabalho do enfermeiro. O planejamento ocorre posterior as ações realizadas, de modo que a assistência é prestada de acordo com a demanda espontânea. Também, dificuldades quanto à dispensação da medicação para os usuários. Constatamos conscientização por parte do gerente quanto à suficiência da resolutividade das ações desenvolvidas e que ainda existem dificuldades na co-responsabilização sobre o estado de saúde dos usuários por parte dos profissionais. No que tange as respostas dos usuários, com o estudo averiguamos que não houve discussão concisa acerca da resolutividade do serviço. E quando questionados no que o serviço poderia melhorar, a maioria das sugestões foram mais consultas médicas, seguido de maior oferta e variedade de medicações e consultas odontológicas. A consulta de Enfermagem foi citada uma únca vez como motivo de busca do serviço e atividades física ou em grupo não foram citadas. Os dados emergidos sensibilizaram uma discussão mais ampla acerca do tema planejamento e ações em saúde.

Palavras Chaves: hipertensos e/ou diabéticos, Planejamento Estratégico Situacional e ESF.

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10

2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 13

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 14

3.1 A Estratégia Saúde da Família .................................................................................. 14

3.2 Problemas de Saúde: hipertensão arterial sistêmica e diabetes melittus .................. 16

3.3 Planejamento Estratégico Situacional ....................................................................... 18

4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 21

4.1 Tipo de Estudo .......................................................................................................... 21

4.2 O Projeto de Estudo de Caso .................................................................................... 23

4.2.1 Componentes do estudo de caso ........................................................................... 23

4.2.2 O papel da teoria no planejamento do estudo ........................................................ 24

4.2.3 Preparação para a coleta de dados ....................................................................... 26

4.2.4 Coleta de evidências .............................................................................................. 27

4.2.5 Princípios para a coleta de dados .......................................................................... 28

4.3 Aspectos Éticos ......................................................................................................... 30

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 32

5.1 Revisão integrativa a cerca da produção científica dos enfermeiros sobre o tema

planejamento em saúde na ESF ..................................................................................... 32

5.2 Análise das entrevistas: coleta de dados do estudo de caso .................................... 51

5.2.1 O planejamento: depoimento da gerente e dos usuários ....................................... 53

5.2.1.1 Dificuldades em planejar as ações realizadas ..................................................... 53

5.2.1.2 A resolutividade das ações da ESF ..................................................................... 60

5.2.1.3 Ações específicas do gerente da ESF: o trabalho do Enfermeiro ....................... 65

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 72

9

APÊNDICES ................................................................................................................... 76

APÊNDICE I- Protocolo do Estudo de Caso .................................................................. 77

APÊNDICE II - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................... 79

APÊNDICE III – Termo de Confidencialidade ................................................................ 80

APENDICE IV - Tabelas com o quantitativo de publicações segundo o ano, descritor, base de dados e busca .................................................................................................. 81

APENDICE V - Formulário de registro do corpus de análise ......................................... 84

10

1 INTRODUÇÃO

A realização deste estudo deu-se pelo estímulo de transformação de uma

realidade vivenciada por nós, acadêmicas, durante práticas disciplinares do curso de

graduação de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, no município de

Uruguaiana/RS. No decorrer das práticas, observamos o elevado número de pessoas

portadoras de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) como Diabetes mellitus

(DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) que necessitavam de ações direcionadas e

resolutivas por parte da Estratégia Saúde da Família (ESF), porém em algumas vezes

não visualizávamos o atendimento destas necessidades.

Pensamos que para o atendimento das necessidades apresentadas, pelos

indivíduos e comunidade, os serviços de saúde necessitam planejar, pois este figura-se

como ferramenta de organização na gestão do trabalho que proporciona não somente o

atendimento das necessidades, mas também contribui para a qualidade da assistência

prestada à população.

Sabemos que no setor da saúde existem alguns instrumentos que norteiam o

modo de colocar em prática o planejamento a ser realizado, tendo como modelo mais

utilizado o Planejamento Estratégico Situacional (PES) (MATUS, 1996).

Cabe ressaltar a importância da realização do planejamento baseado no PES,

pois acreditamos que este possa influenciar e participar diretamente na mudança da

situação em saúde. Como afirma Tancredi, Barrios e Ferreira (1998) este método é

sugerido ao sistema de saúde por responder às questões de ordem políticas,

considerando também os atores que não estão envolvidos diretamente na assistência à

saúde.

O PES surgiu na década de 70, tendo como principal idealizador o chileno Carlos

Matus e apresenta como principais características o reconhecimento do ator social como

parte da realidade, que é entendida como complexa, pois cada ator enxerga a realidade

da sua maneira, e dinâmica, por estar em constante mudança. Esse tipo de

planejamento permite a realização de diagnóstico situacional de um contexto para

planejar as ações a serem desenvolvidas (TANCREDI, BARRIOS e FERREIRA, 1998).

11

Devido o PES levar em consideração o que o ator social pensa ser problema, é

que se faz importante a discussão do mesmo nessa pesquisa. Para a ESF ser resolutiva

aos usuários portadores de hipertensos e/ou diabéticos, ela deve atender as

necessidades de saúde percebidas por eles. Pensamos que, geralmente as equipes de

saúde da família que não tem um planejamento baseado no PES apresentarão

fragilidades no atendimento às necessidades apresentadas pelos indivíduos e

comunidade.

Consideramos importante resgatar brevemente a sustentação do Sistema Público

de Saúde Brasileiro, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1990 e que se

encontra firmado na Lei 8.080, que estabelece a saúde como direito de todos e dever do

Estado, tendo como princípios norteadores a universalidade, a integralidade, a

descentralização e a participação da comunidade. Estaremos dando ênfase aos

princípios da participação social e descentralização (BRASIL, 1990).

Entende-se por participação social o direito ao acesso e elaboração de políticas

públicas em saúde e a fiscalização da execução das mesmas, este princípio caracteriza

o SUS de maneira singular diante de outros países, pois o povo participa diretamente na

organização, no debate, na formulação e execução dos programas de saúde do país.

Por sua vez, descentralização consiste na transferência das responsabilidades, decisões

e atribuições da União para os Estados e para os Municípios (CECCIM e

FEUERWERKER, 2004).

Na reafirmação dos princípios do SUS tem-se a criação, no ano de 1994, do

Programa Saúde da Família (PSF) como uma Política de Atenção Básica em Saúde com

o objetivo de reorganizar o modelo assistencial de saúde, deixando de lado o modelo

tradicional. A Atenção Básica fundamenta-se em possibilitar o acesso a todas as

pessoas e de maneira contínua aos serviços de saúde e como já citada anteriormente

vem para reafirmar os princípios do SUS (BRASIL, 2006).

O PSF primeiramente surgiu no formato de programa, com um prazo de

finalização definido, porém atualmente passou a ser uma estratégia, tendo em vista que

não figura um tempo de finalização. Diante da mudança da terminologia, neste estudo

abordaremos o termo ESF.

12

A ESF tem como foco a família e a comunidade, atuando em uma área adscrita e

como princípios, uma maior responsabilidade com o território definido e com a saúde

dos moradores nele inseridos, além do trabalho de uma equipe multiprofissional, visando

à integralidade, a resolutividade, a intersetorialidade e o estímulo à participação social

(BRASIL, 2006).

No âmbito da ESF são desenvolvidos vários programas, a fim de atender a

população cadastrada no serviço, em que um deles é o HiperDia. Este consiste em um

sistema informatizado destinado ao cadastramento e acompanhamento de usuários

portadores de diabetes e/ou hipertensão e permite gerar informações para os gerentes

de todas as esferas de governo, subsidiando o planejamento de ações que contemplem

as necessidades prioritárias em saúde dos portadores destas DCNT. De acordo com o

Ministério da Saúde cerca de 60% a 80% dos agravos relacionados à HAS e DM

poderiam ser tratados ainda na rede básica de saúde. Face ao exposto é que elegemos

como população desta pesquisa os hipertensos e/ou diabéticos (BRASIL, 2001).

Escolhemos uma das ESFs do município de Uruguaiana como local de estudo

devido à inserção da Universidade Federal do Pampa neste espaço e pela possível

contribuição que este estudo pode oferecer para as Políticas Públicas de Saúde do

Município.

Elegemos como metodologia para o desenvolvimento deste trabalho o Estudo de

Caso seguindo as orientações de Robert Yin, que irá permitir que haja a preservação

das características da investigação como um todo e expressará com clareza os

acontecimentos da realidade (Yin, 2005).

Assim, temos como problemática deste estudo: Como o Planejamento

Estratégico Situacional pode contribuir no atendimento a usuários portadores de

hipertensão e/ou diabetes cadastrados no HiperDia e adscritos na ESF?

13

2 OBJETIVOS

a) Conhecer a produção científica acerca do planejamento estratégico ou planejamento

em saúde e saúde da família e atenção primária à saúde na literatura nacional e

internacional;

b) Identificar o planejamento realizado pelo gerente da ESF estudada, no atendimento

as demandas apresentadas pelos usuários portadores de diabetes e hipertensão

adscritos na referida ESF;

c) Refletir sobre o Planejamento Estratégico Situacional no atendimento dos usuários

portadores de hipertensão e diabetes cadastrados numa ESF de uma cidade de médio

porte na ESF estudada.

14

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A Estratégia Saúde da Família

De mesma forma que o Conselho Nacional de Secretários de Saúde conceitua

como sinônimos a Atenção Primária á Saúde (APS) e Atenção Básica em Saúde (ABS),

nesta discussão tratar-se-á estes dois termos com o mesmo significado (BRASIL, 2007).

Porém, será utilizado o termo ABS como referência, pois, conforme Gil (2006), antes da

criação do SUS, década de 1970, a APS foi o termo utilizado para fazer-se referência às

propostas de mudança do sistema assistencial voltadas à reorganização de gastos,

depois disso, com o desenvolvimento de mecanismos financeiros e operacionais

orientados pelo SUS, o termo ABS tem sido mais utilizado voltado à reestruturação nos

modelos do Estado assistir os indivíduos (GIL, 2006).

Considera-se a importância da ABS quando se discute a construção e

fortalecimento do SUS, pois a mesma é reconhecida como a base para a eficiência e

efetividade deste sistema, pois preconiza o consumo de serviços de saúde de acordo

com as necessidades da população, um contraponto à fragmentação da atenção em

saúde, ao uso em demasia de serviços especializados e ao uso abusivo de tecnologias

médicas (BRASIL, 2007).

Em se tratando das necessidades em saúde, pode-se identificá-las como um

conceito operacional, aquele escolhido para se eleger o objeto da atenção em saúde, o

nortear de suas ações. Porém, sempre se deve aliar a esta idéia o pensamento de que

as ações demandadas por este conceito devem estar em sintonia com fatores

determinantes da saúde (CAMPOS e BATAIERO, 2007), uma vez que as necessidades

em saúde não incluem somente a utilização dos serviços. Ainda expõe-se que o

modelo médico centrado tem levado a um esgotamento significativo dos sistemas de

saúde, em que o custo não compensa a eficácia (BRASIL, 2007). A influência deste

modelo é eficiente na elevação dos gastos com a saúde e insuficiente “quanto ao

impacto na melhoria da qualidade de vida e saúde da população e otimização dos

serviços” (GIL, 2006, p. 1172).

15

Neste viés, a ABS vem ao encontro da satisfação das necessidades em saúde e a

regularização da utilização dos recursos disponibilizados pelo SUS, uma vez que a

melhoria dos indicadores de saúde de um país está associada a ações claras que

garantam o acesso universal a serviços que efetivamente possam trazer benefícios à

população (BRASIL, 2007).

Este modelo contempla dentre suas particularidades dirigir ações que abrangem o

sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inserção sócio-cultural e

desenvolve ações que vão desde a promoção até a reabilitação da saúde. Desenvolve-

se por meio do trabalho em equipe, da participação da comunidade sob territórios

delimitados e da dinamicidade existente nesses espaços, de forma a permitir o

planejamento e a programação descentralizada de suas práticas. (BRASIL, 2006a).

Ainda, se faz importante neste esclarecimento que a ABS serve como a porta de

entrada ao sistema de saúde, ou seja, o primeiro contato do usuário com o sistema de

saúde que o conduzirá de maneira organizada e hierarquizada, caso necessário, até a

atenção média e alta complexidade. Dentre suas particularidades, tem a capacidade de

dedicar-se a agravos de saúde mais comuns e lidar com vários destes ao mesmo tempo,

que se apresentem, sobretudo em fases iniciais (BRASIL, 2007). Este modelo organiza-

se para possibilitar o acesso universal e continuo a serviços de saúde resolutivos e de

qualidade. Ainda, possui a atribuição de realizar avaliação e acompanhamento

sistemático dos resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e

programação (BRASIL, 2006a).

Assim, o Ministério da Saúde oferta à população a ESF como uma forma de

reorganizar o modelo assistencial, com maior proximidade da população e não apenas

como um programa limitado a ações de baixa resolutividade (BRASIL, 2007). A ESF é

uma estratégia organizativa da ABS, com caráter integral de atenção às necessidades

em saúde de uma população em determinado espaço territorial (BRASIL, 2007). A

integralidade é aqui entendida como um dos princípios do SUS, a abrangência das

práticas em saúde exercidas por esta estratégia.

Reconhecendo-se que as ações da ABS nos Municípios brasileiros são

instrumentalizadas pela ESF, contextualiza-se o surgimento desta estratégia por meio de

um breve e sintético histórico da atenção em saúde no SUS. Anteriormente a

conceitualização da ESF como um novo modelo a ser seguido, as ações da ABS eram

práticas em estabelecimentos de saúde denominados Unidades Básicas de Saúde

16

(UBS). Estas unidades pouco realizavam ações de cunho educativo ou preventivo, então

o Ministério da Saúde, em contrapartida, lançou o PSF instituindo assim a família como

foco de atenção, definindo o conceito de território, adscrição de clientela, trabalho em

equipe, resolutividade, intersetorialidade e participação social, depois incorporou a esse

conceito não mais a qualificação de Programa, mas sim de Estratégia, a ESF (BRASIL,

2007). Sabe-se que, as ações em saúde nos Municípios não operam única

exclusivamente por meio de ESF, ainda existem UBS que estão incorporando a ESF

como modelo de atenção.

No que se refere a concretização das práticas deste modelo pensa-se na

estrutura e no processo de trabalho desenvolvido pelos profissionais da saúde que nele

atuam. A equipe mínima de profissionais de uma ESF, em território urbano, é composta

por um médico generalista, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e Agentes

Comunitários de Saúde em número suficiente para atender toda a população adscrita,

máximo um ACS para cada 750 pessoas e até 12 ACS por ESF (BRASIL, 2006a).

Preconiza-se a esta composição a presença de um auxiliar administrativo para

ajudar no processo de registros e organização de prontuários e registros, principalmente

em se tratando do repasse de dados para o Sistema de Informação da Atenção Básica

(SIAB) (BRASIL, 2007).

3.2 Problemas de Saúde: hipertensão arterial sistêmica e diabetes melittus

Segundo o Ministério da Saúde a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um grave

problema de saúde pública no Brasil, porque torna-se um dos mais importantes fatores

de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas, cerebrovasculares e renais,

sendo que quando associado a diabetes mellitus (DM), é responsável igualmente por

50% dos casos de insuficiência renal terminal (BRASIL, 2006b).

A DM também apresenta-se como uma das doenças de alta morbi-mortalidade,

tendo a capacidade de interferir na qualidade de vida de seus portadores além de ser

uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal e ser responsável por

sérias conseqüências como amputação dos membros inferiores, cegueira e doença

cardiovascular (BRASIL, 2006c).

17

A possibilidade de ocorrer à associação entre HAS e DM figura em 50% dos

casos (BRASIL, 2001), tornando-se um dado preocupante para o país por denotar

onerosos gastos econômicos aos serviços de saúde com tratamento destas doenças,

além de acarretar inúmeros prejuízos ao portador.

Segundo Péres, Magna e Viana (2003) o alto índice de óbitos decorrentes das

DCNT, HAS e DM, podem ser atribuídos a maior longevidade da população brasileira,

bem como as modificações ocasionadas pelo estilo de vida.

O Ministério da Saúde (MS) refere como um dado alarmante:

No Brasil, a hipertensão arterial e o diabetes são responsáveis, de longe, pela primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à diálise (BRASIL, 2010).

Tendo em vista a problemática relacionada as duas DCNT abordadas, o MS criou

um Plano Nacional de Reorganização da Atenção à HAS e ao DM com o intuito de

diminuir o ônus das doenças cardiovasculares e com isso também implementar um

sistema informatizado denominado HiperDia que surgiu no ano de 2002 (BRASIL, 2001).

O HiperDia é um sistema de cadastramento e acompanhamento de usuários

portadores de hipertensão e/ou diabetes disponível em todas as unidades ambulatoriais

do SUS, que permite a geração de informações aos gerentes de todas esferas de

governo. Tem como objetivos permitir o acompanhamento dos usuários cadastrados e

garantir aos mesmos o recebimento de medicamentos prescritos, este sistema em longo

prazo permitirá que seja traçado o perfil epidemiológico da população cadastrada,

podendo assim implementar estratégias de saúde pública que oferecerão meios para

mudança do quadro atual de agravos causados por estas DCNT e consequentemente

aumentar a qualidade de vida das pessoas portadoras de HAS e DM (BRASIL, 2010).

Assim,o HiperDia estará proporcionando os subsídios necessários para o

planejamento dos gerentes para o atendimento das necessidades dos diabéticos e/ou

18

hipertensos, portanto reforça-se aqui a importância do ato de planejar. sistema

informatizado denominado HiperDia que surgiu no ano de 2002 (BRASIL, 2001).

3.3 Planejamento Estratégico Situacional

O planejamento é definido como instrumento para auxiliar a elaboração de planos

para enfrentar um processo de mudança, envolve a adoção de um conjunto de

procedimentos que possibilitam a interação com a realidade, a programação de

estratégias e ações para alcançar um objetivo estabelecido (MELLEIRO, TRONCHIN E

CIAMPONE, 2005). Destacamos que planejar segundo Matus (1996) é tomar

decisões tendo a consciência de que podemos apenas prever algumas possibilidades,

sem conhecer o futuro.

No âmbito da saúde, o Planejamento Estratégico Situacional (PES), de Carlos

Matus, vem sendo crescentemente utilizado e é considerado um instrumento de gestão

direcionado para a solução de problemas, no qual os atores sociais participam desse

processo (MELLEIRO, TRONCHIN e CIAMPONE, 2005).

O PES reconhece os diversos atores sociais em uma realidade complexa e

dinâmica. Ele possibilita a explicação de um problema a partir da visão do ator social

que o afirma, a identificação das possíveis razões e busca propor diferentes soluções.

(MELLEIRO, TRONCHIN e CIAMPONE, 2005). Neste caso, por problema entendemos

que é aquilo que incomoda o ator social e o estimula a buscar soluções adequadas.

Assim, processar um problema significa explicar como este nasce e se desenvolve, fazer

planos para atacar sua causa e analisar a viabilidade política do plano ou viabilizar sua

solução (MATUS, 1996).

Para solucionar o problema, ou seja, promover mudanças é necessário que os

atores sociais envolvidos em uma situação acumulem poder, que é entendido em quatro

dimensões, poder político, econômico, administrativo e técnico, pois sem eles as

possibilidades de gerar modificações são mínimas. O primeiro diz respeito à

representação formal de organizações da sociedade civil; o segundo, são atores sociais

que detêm o manejo de recursos econômico-financeiros; o terceiro dirige-se aqueles que

19

ocupam cargos administrativos; e o último, diz respeito aqueles que detêm

conhecimento sobre determinadas áreas (MATUS, 1996).

Outro aspecto do PES é o triângulo de governo que representa os níveis de

controle exercidos pelos atores sociais sobre a resolução de problemas. Os três vértices

do triangulo se referem ao projeto de governo, que tratam a seleção do problema e as

maneiras de enfrentá-lo, a governabilidade, que é a relação entre as variáveis que o ator

controla e as que ele não controla no processo de governo e a capacidade de governo,

entendida como a capacidade de condução do ator e sua equipe de governo (CUBAS,

2002).

O PES é constituído por quatro momentos: explicativo, normativo, estratégico e

tático operacional. Este método quebra a lógica linear, pois todos estes momentos

podem estar acontecendo simultaneamente (MATUS, 1996).

No momento explicativo a realidade é explicada com base nos problemas

elencados como prioridade, buscando a compreensão de porque eles ocorrem e

identificando os centros práticos de ação, isto é, os nós críticos, que são identificados

por meio de uma análise situacional (MATUS, 1996).

Ao explicarmos o problema através da análise situacional partimos do suposto de

que a realidade pode ser explicada de várias maneiras, de acordo com a situação em

que se encontra o ator social, sendo assim, podem existir diferentes diagnósticos

situacionais ao mesmo tempo (MELLEIRO, TRONCHIN e CIAMPONE, 2005).

Na saúde, segundo Melleiro, Tronchin e Ciampone (2005)

Os conhecimentos do processo de avaliação de estrutura, processo e resultado, dos recursos epidemiológicos, dos estudos dos sistemas de referencia e de contra-referencia, bem como do fluxo dos usuários que atendemos são considerados elementos essenciais para uma explicação dinâmica da situação-problema a ser enfrentada.

No momento normativo são identificados os atores que fazem parte do problema

e os recursos que esse dispõe para controlar as operações. Elabora-se uma projeção de

cada uma das ações pensadas. A projeção das ações leva em consideração a relação

entre as quatro dimensões dos poderes. Nesse momento, é que se definem prazos e

metas para a execução das ações, porém deve-se constantemente avaliar o cálculo

sobre o futuro e criar diferentes cenários para a ação, partindo do conhecimento os

20

atores e dos recursos que cada um controla (MELLEIRO, TRONCHIN e CIAMPONE,

2005).

O momento estratégico tem seu foco na construção da viabilidade da ação,

identifica-se todos os atores que estão a favor ou contra o plano proposto e calcula-se o

tipo de controle que cada um exerce na operacionalização do plano (MELLEIRO,

TRONCHIN e CIAMPONE, 2005).

O momento tático operacional refere-se a implementação das ações propostas

e adequá-lo diante das situações que se apresentam (MATUS, 1996).

Através da análise dos problemas potenciais possibilitada pelo PES o gerente pode

utilizar-se de ações preventivas e contingentes (MELLEIRO, TRONCHIN e CIAMPONE,

2005).

Sendo assim, reafirmamos que operacionalizar o PES nas ações da Atenção

Básica, in loco nas ESF, se faz como melhor método e se aproxima da complexidade

que envolve esta realidade.

21

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de Estudo

Elegemos como metodologia o Estudo de caso seguindo as orientações de Yin

(2005), segundo o autor, esta metodologia permite a realização de pesquisa que

preserve as características de um fenômeno na sua totalidade e demonstre seu

significado na vida real além de considerar a dinamicidade existente entre o contexto e o

fenômeno (Yin, 2005).

Minayo (2008) descreve o Estudo de Caso como investigação qualitativa para

mapear, descrever e analisar o contexto, sendo útil para gerar conhecimentos que

permitam exame detalhado de processos organizacionais ou relacionais, também

esclarecer os fatores que interferem em determinados processos e dentre outros

atributos, avaliar processos e resultados de propostas implementadas.

Em virtude de um dos objetivos específicos deste estudo deter-se na identificação

da literatura pertinente a produção cientifica nacional e internacional, pretende-se

realizar a revisão bibliográfica do tipo revisão integrativa seguindo os passos de Cooper

(1982).

Conforme Yin (2005) um dos meios para se atingir os objetivos do estudo

proposto é a revisão da literatura, realizada anteriormente a execução do estudo, pois a

mesma pode auxiliar na precisão da organização da questão de estudo e explorar as

discussões sobre determinado tema.

Assim, realizamos uma revisão do tipo integrativa, seguindo os preceitos de

Cooper (1982). Para o autor, devido à informatização das pesquisas, a revisão envolve

inferências científicas que cedem status de validade do conhecimento recebido por meio

dela, então a revisão integrativa, a partir de sua sistematização, declara ao pesquisador

o conhecimento produzido sobre a área de seu interesse e permite que as conclusões

retiradas desse conhecimento tenham validade científica. A realização deste tipo de

pesquisa exigiu que se fossem respeitados os seguintes passos: 1) formulação e

identificação do problema de pesquisa; 2) coleta de dados 3) avaliação dos dados

22

(variáveis); 4) análise e interpretação dos dados e 5) apresentação dos resultados

(COOPER, 1982).

Passo 1 - A revisão de literatura tem como problemática: Qual a produção

científica dos enfermeiros sobre o tema planejamento em saúde na ESF?

Passo 2 - Como critérios de coleta de dados, buscamos publicações científicas

nacionais e internacionais indexadas no Banco de Dados de Enfermagem (BDENF),

Literatura Latino Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Literatura

Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), que tenha disponível o texto completo

e seja publicado entre os anos de 2000 a 2010. Para a busca das publicações, faremos

duas pesquisas nas referidas bases, na primeira utilizaremos como descritor primário de

assunto: Planejamento Estratégico, como secundário: Saúde da Família ou Atenção

Primária. Na segunda pesquisa, como descrito primário de assunto: Planejamento em

Saúde e como descritor secundário: Saúde da Família ou Atenção Primária a Saúde.

Fizemos estas duas buscas em virtude dos campos de descrição de busca oferecerem

apenas três opções de descritores, e neste caso, será considerado um quarto descritor

de assunto que aumentou a validade deste estudo.

Como critérios de inclusão temos publicações: em idiomas português, inglês e

espanhol que apresentem no mínimo o descritor primário e o secundário no resumo

utilizado como delimitador para a coleta de dados.

Passo 3 - Para a constituição da avaliação dos dados serão consideradas as

seguintes variáveis: ano de publicação; título da publicação; fonte de publicação; tipo de

publicação; formação do autor; base de indexação. Na variável tipo de publicação

consideramos três tipos e categorias: as teórico/reflexiva, pesquisa e relato de

experiência. Para tanto foi elaborado formulário de registro contendo as variáveis.

Passo 4 - Para a análise e interpretação dos dados realizaremos redução,

visualização, comparação dos dados e categorização dos resultados. Neste foi

desenvolvido um instrumento de análise, composto por: código de referência, título da

publicação, ano da publicação, base de indexação, fonte de publicação, formação do

autor e tipo de publicação.

Passo 5 - Este passo trata das implicações que a revisão trouxe no formato de

conhecimento (Cooper, 1982). Para a publicação deste estudo será considerado as

normas nacionais e internacionais sobre os direitos autorais dos estudos analisados.

23

4.2 O Projeto de Estudo de Caso

Durante o desenvolvimento da metodologia de estudo de caso o projeto foi tido

como um plano para conectar os dados empíricos de forma que eles possam responder

as questões iniciais do estudo e permitam que se alcance a determinadas conclusões

(Yin, 2005). Pensando-se nesta afirmativa, trataremos ao longo dos próximos itens

momentos ou técnicas que viabilizem e assegurem a confiabilidade da pesquisa

proposta.

4.2.1 Componentes do estudo de caso

O estudo de caso possui cinco componentes básicos para o projeto de pesquisa.

O primeiro componente diz respeito às questões de estudo onde as mesmas devem ser

claras e apropriadas ao estudo de caso. Temos como questão deste estudo:

Como o Planejamento Estratégico Situacional pode contribuir no

atendimento a usuários portadores de hipertensão e/ou diabetes cadastrados no

HiperDia e adscritos na ESF?

O segundo componente trata da proposição do estudo, que direciona a reflexão a

uma questão teórica que devem ser examinadas no estudo e mostra onde deve-se

procurar evidências relevantes (Yin, 2005). O estudo em questão tem a seguinte

proposição:

As ações desenvolvidas pela ESF norteadas pelo Planejamento Estratégico

Situacional podem melhorar a qualidade do atendimento a usuários portadores de

hipertensão e/ou diabetes nela adscritos.

O terceiro componente refere-se a definição do que é um “caso” a partir da

definição da unidade de análise. Temos a unidade de análise como o foco principal do

estudo, o componente que orienta os pesquisadores no decorrer do estudo. O estudo

proposto tem como caso o Planejamento Estratégico Situacional e unidades

incorporadas de análise:

24

O gerente da ESF, os usuários portadores de hipertensão, diabetes e

hipertensão e diabetes adscritos na mesma.

O quarto componente, lógica que une os dados as proposições e o quinto,

critérios para interpretar as constatações, serão discutidos na análise dos dados,

segundo orientações de Yin (2005).

4.2.2 O papel da teoria no planejamento do estudo

A partir dos componentes delimitados (questão de estudo, proposição e unidade

de análise), é necessário que desenvolva-se a teoria antes que busquem-se os dados,

isto permite que os pesquisadores tenham em mente o porquê estudar determinado

tema (Yin, 2005). Neste sentido, ainda que exista uma variedade de teorias que podem

ser objeto de estudo, a escolha da mesma depende do tema do estudo.

Neste estudo, in loco, a teoria que tem maior afinidade é a organizacional, pois

ela apresenta estrutura e funções organizacionais, o foco deste estudo é a organização

da ESF, que é um estabelecimento de saúde. Então, formulamos a seguinte teoria:

O estudo de caso evidenciará que o Planejamento Estratégico Situacional

contribui para melhorar a qualidade do atendimento usuários portadores de

hipertensão e/ou diabetes cadastrados no HiperDia e adscritos na ESF.

A partir da avaliação dos tipos de Estudo de Caso, pensamos que a pesquisa a

ser realizada adapta-se ao Estudo de caso único incorporado, segundo Yin (2005)

Único em virtude da pesquisa a ser realizada ter como objeto de estudo um único

contexto, a ESF, que é um estabelecimento considerado característico entre outras ESF

e também por ter um único caso, o Planejamento Estratégico Situacional. Por sua vez,

incorporado por ter como objetos de estudo mais de uma unidade incorporada de

análise: o gerente da ESF, usuários hipertensos, diabéticos e hipertensos e

diabéticos que estejam cadastrados no HiperDia e adscritos na ESF a ser estudada.

Apresentaremos na sequencia como representação esquemática a

explicação do método deste estudo.

25

26

Depois de explicitado o tipo de estudo de caso, iniciaremos a preparação para

a coleta dos dados.

4.2.3 Preparação para a coleta de dados

Segundo Yin (2005) este momento dentro da pesquisa envolve as técnicas

necessárias para oferecer validade aos dados buscados em campo e instrumentos

ao pesquisador durante a coleta de dados. Ainda, contem componentes específicos,

como habilidades prévias por parte dos pesquisadores, treinamento e preparação

para o estudo de caso específico, desenvolvimento de um protocolo de estudo,

triagem dos possíveis estudos de caso e condução de estudo de caso piloto (Yin,

2005).

Neste estudo, acreditamos que os pesquisadores tenham habilidades que

lhes permitiu boa condução do estudo de caso, uma vez que se consideraram

indivíduos capazes de fazer boas perguntas e interpretá-las de maneira flexível e

imparcial à idéias preconcebidas.

Também, percebemos que o treinamento e preparo à execução da pesquisa

não se fez imperativo, pois as idealizadoras do estudo são as mesmas que

realizaram a prática da coleta de dados. Bem como, o estudo caso-piloto não se fez

viável, tendo em vista o conhecimento prévio, por parte dos pesquisadores, do

espaço físico da ESF e também, da limitação de tempo disponível para este

momento.

Desta forma, avaliamos o protocolo como de grande valia à execução da

coleta de dados, pois este se destinou a nortear as ações dos pesquisadores e

consiste numa maneira de aumentar a confiabilidade da pesquisa, ele contém o

instrumento, os procedimentos e as regras para se utilizar o estudo de caso (Yin,

2005).

Esclarecemos que o protocolo evidencia as seguintes seções: A) visão geral

do estudo de caso, neste item trataremos: A1) questão do estudo de caso; A2)

proposição do estudo; A3) estrutura teórica; B) procedimentos de campo, neste,

serão abordados B1) os nomes dos locais a serem visitados; B2) plano de coleta de

27

dados; C) questões do estudo de caso, neste item serão apresentadas questões

que dirigem-se ao pesquisador, estas funcionam como lembretes para que sejam

coletadas as informações desejadas, são questões de nível 2; e D) questão para

avaliação do estudo de caso, esta será respondida apenas com os resultados do

estudo. O protocolo do estudo de caso será apresentado na íntegra no APÊNDICE I.

4.2.4 Coleta de evidências

Este momento foi aquele em que buscamos provas que permitiram a efetiva

discussão do estudo proposto e o alcance dos resultados esperados. As evidências

foram provenientes, neste estudo, de documentos e entrevistas. Após análise destas

fontes estes estão descritos na sequência.

A documentação pode oferecer informações importantes a todos os tipos de

estudo. Porém não se deve tomá-la como fonte de informação literal, uma vez que

foi editada por seus autores, um bom pesquisador utiliza esta fonte para incorporar

ou corroborar as evidências que foram observadas por meio de outras fontes (Yin,

2005).

Neste estudo utilizamos a agenda do quantitativo de indivíduos com

hipertensão e/ou diabetes; além de documentos administrativos sobre o atendimento

a essa população, evidenciados pelo cadastro e controle do HiperDia.

As Entrevistas são fontes de grande importância para a coleta de

informações num estudo de caso (Yin, 2005). Neste estudo será utilizado o tipo de

entrevista semi-estruturada, individualmente no domicílio de cada hipertenso e/ou

diabético selecionado e ao gerente no espaço físico da ESF.

Neste estudo consideramos como gerente o Enfermeiro, em função da

literatura apontá-lo com o profissional que atua ocupando espaços estratégicos na

tomada de decisão, como coordenação e gerenciamento na área da saúde. Além

disso, na ESF em questão quem assume formalmente a gerência do serviço é o

profissional Enfermeiro.

Partindo do exposto, as entrevistas foram gravadas em dispositivos de

gravação de voz digital e armazenadas em unidade do computador de uma das

28

pesquisadoras. As entrevistadoras seguiram as perguntas norteadoras encontradas

no protocolo de estudo de caso (APÊNDICE I).

As entrevistas foram aplicadas em uma única data combinada com o Agente

Comunitário de Saúde (ACS), pois ele divulgou a data à população alvo do estudo,

sendo esta os usuários portadores de hipertensão e/ou diabetes cadastrados no

HiperDia e adscritos na ESF e o gerente da ESF. Como critério de exclusão tivemos

os usuários que não encontravam-se seus domicílios na data marcada para a

realização da entrevista.

4.2.5 Princípios para a coleta de dados

Segundo Yin (2005) existem três princípios para a garantia do controle de

qualidade da coleta de dados: utilização de várias fontes de evidências, criação de

um banco de dados e sustentar o encadeamento das idéias, estes serão descritos

na sequência.

Princípio 1: Várias fontes de evidências. Conforme Yin (2005) não é

recomendado a utilização de fontes isoladas na realização da coleta de dados, pois

quaisquer descobertas ou conclusões do estudo de caso podem ser mais acuradas

ou convincentes se baseadas em várias fontes de informações, além disso, pode ser

realizado um processo de triangulação a partir destas fontes. A triangulação que

será utilizada neste estudo é a triangulação dos dados que consiste em um

fundamento lógico para transpor os dados de diferentes fontes de forma a

corroborarem entre eles, com vistas ao mesmo fato ou fenômeno.

29

Figura 2: Convergência das fontes de dados às Unidade de Análise do Estudo (Yin, 2005, p.127, adaptação nossa)

Princípio 2: Criação de um banco de dados para o estudo. Este pode ser objeto

de análise secundária, segundo Yin (2005) ainda não foi definida a distinção entre o

relatório do estudo de caso e o banco de dados estudo, porém sabe-se que este

princípio pode aumentar a confiabilidade do estudo.

Este princípio diz respeito à forma como será organizado e documentado os

dados coletados. Neste estudo os dados foram armazenados em arquivos de

WORD e MP3. Esses dados foram arquivados em local reservado e protegido em

uma pasta digital localizada em uma unidade do computador de uma das

pesquisadoras. As evidências serão utilizadas única e exclusivamente para o

desenvolvimento deste estudo e serão armazenadas por cinco anos.

Princípio 3: Manter o encadeamento de evidências.Este deve ser seguido

em função de aumentar a confidencialidade das informações pertinentes ao estudo

de caso. Consiste em permitir que um leitor externo siga da origem da evidência às

etapas do estudo em qualquer direção (seja do inicio ao final ou o vice-versa) para

isso o processo deve estar claro e conciso (Yin, 2005).

Entrevistas Semi-Estruturadas

Planejamento Estratégico Situacional

Documentação

30

4.3 Aspectos Éticos

O estudo desenvolvido respeitou os princípios éticos, em todas as etapas da

pesquisa foi respeitada e cumprida a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº

196, de 10 de outubro de 1996, que regulamenta a realização de pesquisas

envolvendo seres humanos.

O estudo foi esclarecido a todos os sujeitos envolvidos e os que manifestaram

estar de acordo em participar de todas as etapas do desenvolvimento deste,

aceitaram a participar do estudo ao assinarem o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE II) e Termo de Confidencialidade (APÊNDICE III).

Os documentos contaram com a assinatura de um dos pesquisadores e do

pesquisado, em duas vias, uma para o arquivo dos pesquisadores e outra entregue

aos sujeitos da pesquisa (hipertenso e/ou diabético e o gerente). Os participantes

Figura 3: Encadeamento lógico das evidências do estudo Fonte: Yin, 2005, p.133, adaptação nossa.

31

foram informados o direito de poderem desistir da participação do estudo a qualquer

momento, sem prejuízo do seu atendimento na Estratégia Saúde da Família. Ainda,

que a participação na pesquisa é voluntária e sem remuneração em espécie alguma,

foi esclarecido que, nos resultados, e na divulgação do estudo, será preservado o

anonimato dos entrevistados e da instituição, bem como a veracidade dos dados.

Este projeto foi encaminhado ao comitê de Ética da UNIPAMPA setembro de

2010, recebendo aprovação Unipampa/CEP nº 026 2010, em novembro de 2010,

quando iniciamos nossas coletas de dados.

32

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capitulo, apresentaremos os resultados da pesquisa e a discussão dos

mesmos, iniciando pela revisão integrativa, passando aos resultados e discussão

das entrevistas com os atores envolvidos no estudo. Desta forma, a seguir

demonstraremos a revisão integrativa em formato de artigo científico.

5.1 Revisão integrativa a cerca da produção científica dos enfermeiros sobre o tema

planejamento em saúde na ESF

33

PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE ENFERMEIROS ACERCA DO PLANEJAMENTO EM SAÚDE: CONCEPÇÕES E REFLEXÕES PARA A ESF

1 Introdução O ser humano diariamente deve decidir que ações realizar e como realizá-las em sua vida. Para agir ele necessita adotar uma forma de organizar os seus pensamentos, para que as ações sejam contempladas. Assim, vivencia-se a prática de planejar. Em algumas situações estas escolhas são automáticas, mais comumente nos casos corriqueiros do dia-a-dia, mas estas nem sempre são feitas dessa maneira. Tendo em vista a competitividade apresentada pelo mercado de trabalho que se vivencia no mundo atual, faz-se de grande necessidade que o profissional adote um tipo de planejamento para orientar-se. O planejamento pode ser compreendido como uma ação de alta complexidade, somente executada por grandes empresas, mas este ato está intrinsecamente ligado com a vida cotidiana do ser humano (PAIM, 2009). O importante do planejamento é chegar aos objetivos, pois a prática de criar plano para executar as ações data dos primórdios da humanidade, pois grandes personalidades da história, da religião, da sociedade e de culturas diversificadas tiveram que planejar suas ações em algum momento. Muita coisa mudou até os dias de hoje em relação ao planejamento, pois criar planos e projetar as ações continua sendo o grande segredo de empresas, de governantes, de estabelecimentos educacionais, de saúde, dentre tantas outras organizações, fortalecendo assim que a essência é a mesma quando remete-se ao ato de planejar. Com ênfase nos estabelecimentos de saúde, sejam eles Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégias Saúde da Família (ESF) ou até mesmo instituições hospitalares, os planejamentos necessitam tencionar o que destacam como essenciais à instituição, que prioridades devem ter. Para isto, criam-se os planos de trabalho com cronogramas que contemplam períodos para auxiliar na organização, bem como as atividades a serem desempenhadas em dias discriminados, sendo este um exemplo pontual a curto prazo do planejamento. Contudo, Almeida et al (2001) trata o ato de planejar como processo contínuo que possibilita que os gestores tenham uma postura organizacional principalmente na relação cidadão/cliente, além de interagir com o meio que ele atua. Na saúde, o planejamento auxilia de fato o gestor a manter-se organizado com as atividades a serem desempenhadas, destacando o profissional enfermeiro, este na maioria dos estabelecimentos de saúde é incumbido, de maneira privativa, de organizar as atividades respeitando à divisão social e técnica do trabalho ou ainda em função da assistência nos espaços onde atua. Observando o que nos relata Merhy (1994) planejar é um tema de grande importância na vida do homem, destacando três situações: o planejamento como instrumento/atividades dos processos de gestão das organizações, pois nestas ocorrem diferentes processos de trabalho que necessitam de articulação; como impulsionador de práticas transformadoras, com vislumbre especial a determinação de relação social de maneira alternativa à lógica reguladora do mercado; e também

34

como método de ação governamental, no que se refere à política, ou seja, em sua produção. Mas quando se fala em elaborar planos, planejar, tencionar as ações de trabalho também se reflete que tipos de planejamentos são mais utilizados, diante disso Tancredi, Barrios e Ferreira (1998), destacam o planejamento em saúde como um dos mais utilizados pelos gestores, este processo permite desenhar, executar, acompanhar e avaliar o conjunto de propostas de ação sobre determinado momento da realidade, para isto faz-se o recorte da realidade vivenciada. Nesta modalidade de planejamento atuam atores sociais que integram a realidade. Outro tipo de planejamento muito conhecido é o estratégico que é adotado por empresas, encontra-se voltado para processos gerenciais, fortalecendo a orientação e reorientação de negócios e produtos (KURCGANT, 2005). Os autores Barbosa e Brondani (2005) destacam o planejamento estratégico como processo que tem a intenção de manter os objetivos da empresa, com seus recursos e mudanças principalmente as que acompanham o mercado objetivando que o crescimento seja satisfatório. Dentre os inúmeros tipos de planejamento existentes, destacamos neste trabalho o Planejamento Estratégico Situacional (PES), tendo como idealizador o chileno Carlos Matus. Sendo o autor Carlos Matus um economista atuante e profissional que desempenhou as suas funções junto ao Ministério da Fazenda do governo chileno, passou por momentos de intensa reflexão sobre o modelo tradicional de planejar e então passou a resenhar idéias que dariam futuramente início a criação do PES. O PES é indicado como planejamento para ser utilizado por profissionais da área da saúde, da política, de grandes empresas, por isso merecendo um realce especial porque é voltado para a resolução dos problemas, sendo o problema algo que incomoda o ator social e que ao mesmo tempo em que incomoda também o motiva para buscar a solução adequada, ou seja, ele visa à promoção das mudanças (MATUS, 1996). Nessa situação de mudança, o planejamento permite que sejam visualizados também os macroproblemas e para resolver estas situações é organizado em quatro grandes momentos de praticidade. Os quatro grandes momentos do PES que encontram-se inter-relacionados buscam responder indagações fundamentais no processo da decisão dentre eles destaca-se o momento explicativo, normativo, estratégico e o tático operacional (KURCGANT, 2005) No momento explicativo tenta-se explicar a realidade, no normativo identifica-se quem são os atores sociais parte integrante do problema e quais os recursos que se tem para enfrentar tal situação, já no momento estratégico analisa-se como tornar o plano viável de acontecer e último momento é o tático-operacional destinado ao momento da implementação das ações propostas e adequação a realidade (MATUS, 1996). Acredita-se que todas as formas de planejar são momentos válidos a todos os profissionais e atores sociais que fazem parte da realidade, como observa Tancredi, Barrios e Ferreira (1998) não existe planejamento perfeito e nem plano irreprovável. Face ao exposto torna-se de grande interesse conhecer o que os enfermeiros que atuam em diversos estabelecimentos de saúde têm cientificamente produzido a cerca do ato de planejar em saúde na ESF.

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2 Objetivos Identificar a produção científica dos Enfermeiros sobre o tema planejamento em saúde na ESF. 3 Metodologia Pesquisa bibliográfica do tipo integrativa, seguindo os preceitos de Harris Cooper. Para este autor, devido à informatização das pesquisas, a revisão envolve inferências científicas que cedem status de validade do conhecimento recebido por meio dela, então a revisão integrativa, a partir de sua sistematização, declara ao pesquisador o conhecimento produzido sobre a área de seu interesse e permite que as conclusões retiradas desse conhecimento tenham validade científica (COOPER, 1982). A realização deste tipo de pesquisa exige que se respeite os seguintes passos: 1) formulação e identificação do problema de pesquisa; 2) coleta de dados 3) avaliação dos dados (variáveis); 4) análise e interpretação dos dados e 5) apresentação dos resultados (COOPER, 1982). Para a formulação e identificação da problemática do estudo tem-se: Qual a produção científica dos enfermeiros sobre o tema planejamento em saúde na ESF? Como critérios de coleta de dados, foram buscadas publicações científicas nacionais e internacionais indexadas no Banco de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), que tivessem disponível texto completo on-line, independente do ano de publicação. Para a busca das publicações, foram realizados dois momentos de pesquisa nas referidas bases, o primeiro utilizou o descritor primário de assunto Planejamento Estratégico e como descritor secundário Saúde da Família ou Atenção Primária. A coleta dos referidos dados realizou-se no primeiro semestre de 2010. Explica-se que o segundo momento de pesquisa emergiu em virtude dos campos de descrição de busca oferecem apenas três opções de descritores, ao instituir-se na pesquisa um quarto descritor percebeu-se a necessidade de realizar-se uma nova pesquisa. Acredita-se que, a pesquisa complementar realizada poderia oferecer maior validade ao estudo e visão mais ampla por parte das autoras acerca do tema. Assim, esta teve como descritor primário de assunto: Planejamento em Saúde e como descritor secundário: Saúde da Família ou Atenção Primária a Saúde. A partir disso, para as duas buscas como critérios de inclusão teve-se: ter texto completo disponível online, ter pelo menos um dos descritores utilizados na coleta de dados no resumo do texto, pelo menos um autor Enfermeiro e duas vezes ou mais a palavra planejamento no corpo do texto. A pesquisa acerca da formação do autor foi realizada na própria publicação e, se necessário, na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para a avaliação dos dados foi elaborado um instrumento de coleta de dados: denominado Formulário de registro, contendo: código de referência, título, fonte e ano da publicação, formação do autor, tipo de artigo, tipo de estudo e base de indexação (APENDICE V) Para a análise e interpretação dos dados realizaremos redução, visualização, comparação dos dados e categorização dos resultados. Para atender a apresentação dos resultados, utilizou-se a estatística descritiva. Acrescenta-se que, para a realização do estudo, foram respeitadas as normas nacionais e internacionais sobre os direitos

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autorais dos estudos analisados. Na variável tipo de publicação consideramos três tipos e categorias: as teórico/reflexiva, pesquisa e relato de experiência. Ao final da coleta de dados, foram selecionados os trabalhos que se adequaram aos objetivos do estudo, compondo o corpus de análise, este que se trata do conjunto de textos selecionados para ser realizada a análise acerca do tema. Na próxima página, encontra-se o a figura que ilustra a metodologia da presente pesquisa.

Figura 1- Desenho da metodologia (COOPER, 1982, adaptação nossa)

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4 Descrição dos Resultados Com primeira coleta de dados, verificou-se, inicialmente, na base de dados MEDLINE, com o descritor Planejamento Estratégico que não surgiu nenhuma publicação, ao filtrar, inserindo o descritor Atenção Primária à Saúde, não emergiu nenhuma publicação e ao inserir o descritor Saúde da Família surgiram 12.647 publicações. Consultando a base de dados LILACS, com o primeiro descritor da busca emergiram 968 publicações, ao filtrar, inserindo o segundo descritor emergiu 39 e ao inserir o terceiro descritor surgiu 1.447 publicações. Na base de dados BDENF, com o primeiro descritor emergiram 15 artigos, ao filtrar, com o segundo descritor não emergiu nenhuma publicação e ao pesquisar com o terceiro descritor e por se tratar da opção ou no formulário de pesquisa surgiu 366 publicações. Ao realizar-se a coleta de dados complementar, segundo momento de pesquisa, verificou-se inicialmente que na base de dados MEDLINE, com o descritor Planejamento em Saúde apresentou 4.406 publicações, ao filtrar, inserindo o descritor Atenção Primária à Saúde, emergiram 223 publicações e ao inserir o descritor Saúde da Família surgiram 12.861 publicações. Na busca realizada na base de dados LILACS emergiu com o primeiro descritor 1.339 publicações, ao filtrar, inserindo o segundo descritor houve 62 publicações e ao inserir o terceiro descritor apresentou-se 459 publicações. Na base de dados BDENF emergiu na busca com o primeiro descritor 72 publicações, ao filtrar, com o segundo descritor, 19 publicações e com o terceiro restaram 384 publicações.

TABELA 1 Primeira busca Planejamento Estratégico

Fonte: Os autores, 2010.

Descritores MEDLINE LILACS BDENF

Planejamento Estratégico 0 960 15

Atenção Primária à Saúde 0 39 0

Saúde da Família 12.647 1.447 366

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TABELA 2 Segunda busca Planejamento em Saúde

Fonte: Os autores, 2010.

Para visualização dos dados obtidos, as publicações que possuíam o texto disponível online das duas buscas foram agrupadas segundo a base de dados (APÊNDICE IV). Assim, na base de dados MEDLINE as publicações que emergiram da primeira pesquisa datam do ano de 1997, 27 (2%) das publicações, e da busca completar de 2001, 80 (9,3%) das publicações. O ápice de publicações com os descritores da primeira busca deu-se no ano de 2008 com 135(12%) das publicações e dos descritores em 2009, 110 (13%) das publicações, no ano de 2010 ambas as bases tiveram 7 publicações. Quanto à base de dados LILACS, na primeira busca com os descritores as publicações iniciaram-se no ano 2000 com 12 (3%) publicações, e no segundo momento da pesquisa com os descritores em 1983, 1 (0,21%) das publicações. Quanto aos descritores, depois de 1983, somente em 1996 surgem publicações, 5 (1%) das publicações, 7 (1,5%) das publicações em 1997 e 13 (3%) em 1998 e em 1999. No ano seguinte emergiram 9 (2%) das publicações no segundo momento da pesquisa com os descritores, 16 (4%) das publicações em 2001 na primeira busca e 16 (3%) na segunda busca com descritores. As publicações aumentaram quantitativamente até ter seu ápice no ano de 2008, 81 (18%) das publicações na primeira busca e no mesmo ano na busca complementar, 76 (17%) das publicações. No ano de 2010, não foram encontrados textos disponíveis online na referida base. Ao realizar a análise da distribuição quantitativa das publicações que emergiram das pesquisas na base de dados BDENF verifica-se que as publicações acerca do tema iniciaram-se no ano de 1993, depois as próximas publicações aconteceram em 1999 e 2000, todos estes anos com somente uma publicação. Já no ano de 2002, emergiram três publicações tanto na primeira busca com descritores, quanto no segundo momento de pesquisa com os descritores. Referente a 2004, na primeira busca foram de encontradas 5 publicações e 4 publicações na segunda busca com descritores, a partir de então percebe-se que quantitativamente inicia-se o aumento progressivo de publicações a partir do ano de 2005, com suba de 280% de um ano para outro na primeira busca e de 325% na

Descritores MEDLINE LILACS BDENF

Planejamento em Saúde 4.406 1.339 72

Atenção Primária à Saúde

229 62 19

Saúde da Família 12.681 459 384

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segunda busca. Em 2009 foram encontradas 4 publicações em 2009, e em 2010 até o primeiro semestre não havia registro de nenhuma publicação. No que tange aos critérios de exclusão, organizou-se uma tabela para ilustrar o quantitativo de artigos excluídos do corpus de análise.

TABELA 3 Quantitativo de publicações excluídas segundo os critérios de exclusão nas

bases de dados MEDLINE, LILACES E BDENF, segundo as duas buscas realizadas.

Busca Critérios

Planejamento em Saúde Planejamento Estratégico

MEDLINE LILACS BDENF MEDLINE LILACS BDENF Não ter texto on-line disponível 11821 1006 298 11534 1007 258 Não ter resumo completo na base 182 41 - 253 45 0 Não ter pelo menos um dos descritores no resumo

511 189 33 749 185 26

Não ter o texto Completo Online 27 11 3 10 32 22 Não ter enfermeiro como autor 47 118 3 14 111 0 Não ser um artigo científico 0 14 7 21 7 6 Não ter duas vezes ou mais a palavra planejamento no corpo do texto

45 47 15 2 14 1

Total restante 14 21 7 64 46 53

Fonte: Os autores, 2011.

*Dos artigos científicos que integram o corpus de análise, alguns se encontraram repetidos entre as

bases de dados de uma mesma busca e entre as buscas.

Assim, quanto a busca de dados relacionados ao descritor planejamento estratégico, na base de dados MEDLINE foram excluídas 11534 (91%) das publicações por não ter o texto disponível on-line, 253 (2%) das publicações por não apresentarem resumo completo na base, 749 (6%) por não ter pelo menos um descritor no resumo, 10 (0,1%) por não ter o texto completo on-line, 14 (0,11%) por não ter enfermeiro como autor, 21 (0,2%) por não ser um artigo científico, 2 (0,02%) por não apresentar duas vezes ou mais a palavra planejamento no corpo do texto, restando assim 64 publicações.

Na base de dados LILACS, quanto a primeira busca com o descritor planejamento estratégico, 1007 (69%) por não ter disponível texto on-line, 185 (1,3%) das publicações por não ter pelo menos um dos descritores no resumo, 32 (2,2%) por não ter o texto completo on-line, 111 (8%) por não terem um Enfermeiro como autor, 7 (0,5%) não serem um artigo científico, 14 (1%) por não ter duas vezes a palavra planejamento ao longo do texto, restando assim 46 publicações.

Na base de dados BDENF, ainda quanto a primeira busca com o descritor planejamento estratégico, 258 (77%) das publicações foram excluídas por não disponibilizarem o texto on-line, nenhuma por não possuir o resumo completo, 26

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(8%) publicações foram excluídas por não possuírem um dos descritores no resumo do texto, 22 (6,5%) por não possuírem o texto completo on-line, todas as publicações tinham pelo menos um autor Enfermeiro, 6 por não ser um artigo cientifico e 1 (0,3%) por não ter pelo menos uma vez a palavra planejamento no corpo do texto, restando assim 53 publicações. Para a avaliação dos dados, quanto à busca com o descritor Planejamento em Saúde, observou-se que, na base de dados MEDLINE, 12001 (93%) foram excluídos por não ter o texto disponível on-line, 180 (1,3%) por não possuírem resumo completo, 541 (4%) dos artigos foram excluídos por não possuírem um dos descritores utilizados na busca em seu resumo, 31 (0,2%) por não disponibilizarem o texto completo on-line gratuitamente, 47 (0,4%) por não possuírem Enfermeiro como autor, 46 (0,4%) por não ter pelo menos uma vez a palavra planejamento no corpo do texto, ressalta-se que destes 100% eram artigos científicos, restando 14 publicações. A busca complementar teve na base de dados LILACS 1006 (69%) das publicações excluídas por não ter o texto disponível on-line, 41 (3%) das publicações excluídas por não ter resumo completo na base, 191 (13%) excluídas por não apresentar pelo menos um dos descritores no resumo, 11 (2,4%) por não possuir o texto completo disponível online, 125 (27,2%) por não ter um Enfermeiro como autor, 14 (3%) por não ser um artigo científico, 57 (12%) por não ter pelo menos uma vez a palavra planejamento no corpo do texto, restando 41 publicações. Na BDENF, 80% (309) foram excluídos por não possuírem texto disponível on-line, todos os artigos possuíam resumo na base de dados, 41 (10%) das publicações 45 foram excluídas por não apresentarem um dos descritores no resumo, 1% (3) por não ter o texto completo online, 3 (1%) por não terem Enfermeiro como autor, 7 (2%) por não ser um artigo científico, 15 (4%) por não ter pelo menos duas vezes a palavra planejamento ao longo do texto, restando 7 publicações. 5 Discussão dos Resultados

As 41 publicações selecionadas para este estudo foram organizadas conforme apêndice V que descreve as publicações dos corpus de análise quanto ao código de referência, título da publicação, fonte da publicação, autor, formação do autor, ano da publicação, tipo de publicação e tipo de estudo.

Desta forma, quanto aos anos de publicação pode-se fazer a seguinte análise dos dados: o ano marco de publicação foi o ano 2009, com 10 (25%) dos artigos científicos, seguido de 2008 com 6 (15%) dos artigos, 2007 e 2006 com 7 (17%) artigos, no ano de 2005 foram apresentados 4 (10%) artigos, aumentando no ano de 2004 para 5 (12%) artigos, decaindo a 0 o número de publicações em 2003, e coincidindo em 2002 e 2001 com 1 (2%) artigo.

Quanto aos meios de publicações a Revista Brasileira de Enfermagem foi a que mais publicou artigos relacionados a presente pesquisa, totalizando 9 artigos científicos publicados, a Revista Ciência & Saúde Coletiva apresentou 7 publicações, já a Texto e Contexto Enfermagem e Cadernos de Saúde Pública igualaram-se em número de publicações totalizando 6 artigos. Em sequência a revista Latino-Americana de Enfermagem teve 3 publicações cientificas, a revista da

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Escola de Enfermagem da USP e a Revista de Saúde Pública tiveram 2 publicações e as demais revistas totalizaram uma única publicação acerca do tema, a saber: Semina: Ciências Biológicas e da Saúde; Interface – Comunicação; Saúde e Sociedade; Revista Brasileira de Epidemiologia; Arquivos Brasileiros de Cardiologia; e a Revista da Escola de Anna Nery de Enfermagem.

Quanto à formação dos autores das publicações, verificou-se que 21 (52 %) das publicações são escritas somente por Enfermeiros sem a autoria de outros profissionais. Os artigos produzidos por um Enfermeiro em conjunto com outro autor somam 10 (24%) das publicações, dentre estes destaca-se que, 5 (50%) foram publicações que emergiram da parceria de Enfermeiros e Médicos, entre Enfermeiros e Nutricionistas, Antropólogos, Assistentes Sociais e Dentistas.

Além destes, 2 (4 %) das publicações possuem pelo menos um autor Enfermeiro mais autores como: Engenheiro, Assistente Social, Psicólogo e Médico. Porém, das 41 publicações, em 8 (19%) delas não foi possível encontrar o currículo de alguns dos autores, uma vez que as referências inseridas no texto eram insuficientes para localizar o currículo na Plataforma Lattes, de maneira a ser classificado como currículo não encontrado.

Um interessante dado encontrado passado que dos 41 artigos que entraram para o corpus de análise, quanto ao tipo de estudo apenas 2 (5%) foram teórico-reflexivos e 1 (2%) do tipo relato de experiência, os demais 38 (92%) foram pesquisas. Quanto a natureza do estudo, verificou-se que 33 (79%) publicações são qualitativas, 6 (14%) são quantitativas e 3 (7%) de natureza qualitativa-quantitativa.

6 Categorias Temáticas Ao analisar os dados, fez-se análise temática, por meio de categorização, a partir dos assuntos que emergiram mais vezes nas publicações do corpus de análise. As temáticas emergentes foram: 1) Planejamento participativo; 2) Planejamento em saúde: organização para a qualidade do serviço; 3) Planejamento em saúde: Ações específicas. Pensando-se em todas as temáticas apresentou-se o planejamento em saúde como atribuição do profissional da saúde, permeando todas as demais categorias que emergiram na pesquisa 6.1 Planejamento participativo Tendo em vista que, a ESF tem como base o trabalho em equipe multiprofissional, destaca-se que neste todos podem contribuir na organização do serviço e participar na gerência, inclusive no planejamento das ações, de maneira que a responsabilidade pelas mesmas seja compartilhada por toda a equipe (MARQUES E SILVA, 2004). Em mesmo norte Oliveira e Spiri (2006) destacam que a equipe esta inteiramente ligada à realização de trabalhos, tarefas e que a partir do conjunto coletivo que se extrai o sucesso para as realizações objetivadas.

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Ainda, o trabalho da equipe multiprofissional, possibilita o estreito relacionamento dos profissionais que compõem a equipe entre si, como também a relação com as famílias, pois a ESF tem estas como foco principal do seu trabalho, estas ações auxiliam ativamente para que as pessoas aceitem o acompanhamento freqüente e busquem satisfazer-se das necessidades em saúde que apresentam (OLIVEIRA e SPIRI, 2006).

Além disso, desenhou-se como competência do saber-fazer do profissional tendo em vista que suas funções estimulam a participação de toda a comunidade no planejamento, execução e avaliação das ações que são praticadas no território (OLIVEIRA e MARCON, 2007a).

Assim, o planejamento é reconhecido como parte das competências organizacionais dos trabalhadores em saúde, pois estes devem estar preparados para solucionar os principais problemas da comunidade organizando suas atividades e reconhecendo a saúde como uma produção social (OLIVEIRA E MARCON, 2007a).

Para tanto, a saída do profissional a campo para posterior reconhecimento do território é importante no processo de planejar as ações que venham a viabilizar o enfrentamento dos problemas, pois como Nery et al (2009) destacam as equipes a responsabilidade das equipes que atuam em estabelecimentos de saúde não devem limitar-se apenas as quatro paredes do setor.

Além disso, Giacomozzi e Lacerda (2006) destacam que esta prática vai além do ato da equipe sair do serviço, pois entende-se como forma de contornar o modelo centrado na doença e compreender o contexto sócio-cultural que envolve a dinâmica familiar.

A equipe presta assistência de maneira integral, de modo efetivo e continuo, considerando que a família participa de abordagens interdisciplinar, planeja as ações, organiza o trabalho e compartilha das decisões (OLIVEIRA e SPIRI, 2006)

No sentido de contribuir com o planejamento das ações de cuidado, busca-se novas tecnologias que possam maximizar e obter novas e importantes informações acerca da situação de saúde da população adscrita às ESF (PAVARINI et al, 2008). Somam-se a isso, os esforços que os profissionais vêm realizando na assistência às famílias no âmbito da comunidade, organizando meios para maximizar as informações coletadas e reconhecendo-as como importante unidade de cuidado (ROCHA et al, 2002). Isto demanda ações de profissionais, gestores e comunidades compromissadas com a organização do sistema (SANTOS et al, 2007). Porém as famílias não têm sido incluídas no planejamento e tomada de decisões relacionadas à assistência, sendo apenas unidade receptora de cuidados e informações prestadas (OLIVEIRA e MARCON, 2007a). Para tanto, reconhece-se que no âmbito da ESF, existe a necessidade de conscientizar não somente os profissionais e instituições de ensino superior para o aprimoramento do conhecimento para abordagens às famílias. Mas também sensibilizá-los para o trabalho em equipe, assistência humanizada e conscientização de gestores e população na participação do planejamento das ações desenvolvidas por este serviço Rosa e Labate (2005). Neste contexto, Noronha et al (2009) relatam que a formação e educação permanente da equipe multiprofissional podem favorecer a atuação de profissionais mais flexíveis para as intervenções e o trabalho com as famílias. Existe uma trajetória de inovações quando se refere aos currículos e projetos políticos de ensino, pois busca-se apresentar aos profissionais de enfermagem

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ainda na formação como se dá os problemas sociais e de saúde na população, possibilitando assim que sejam capazes de intervir na reorganização do setor da saúde (COSTA e MIRANDA, 2009). De acordo com Costa e Miranda (2009), a formação ofertada deveria ser de profissionais críticos e reflexivos, além de serem generalistas. Nesse sentido se reflete sobre os movimentos de mudança dos currículos ainda na graduação, pois a equipe multiprofissional tem a base de sua formação dentro das universidades. Almeja-se que o profissional esteja preparado para atender a atual conformação de saúde, desde o momento em que consolida-se o SUS e a ESF. Após a formação o profissional passa a atuar e visualiza-se que o planejamento e o trabalho em equipe andam juntos, são uma estratégia de reorganização prioritária para a transformação do modelo de atenção e fortaleceria a saúde pública. Colaborando com esta reflexão, Nery et al (2009) ressaltam que a equipe reconhece que o gerente exerce papel fundamental no planejamento e avaliação das ações e a importância da participação dos trabalhadores no planejamento das ações.

Discute-se que seja de extrema importância o planejamento das ações em conjunto com a população, que não deve ser considerada apenas como objeto mas como sujeito de intervenção e também em conjunto com outros setores e serviços a fim de potencializar as ações a serem desenvolvidas (PAULA, PALHA E PROTT, 2004). Assim, percebe-se que o planejamento é uma ferramenta importante para os profissionais alcançarem suas metas quanto ao andamento das ações promovidas pelo serviço quanto para a mudança do modelo de saúde. De forma que, a ampliação da visão dos sujeitos envolvidos em planejar se faz de grande importância, tendo em vista que as ações a serem implementadas num serviço de saúde interferem nos modos de viver da população adscrita e no processo de trabalho dos profissionais. 6.2 Planejamento em saúde: organização para a qualidade do serviço Os princípios do SUS integralidade, eqüidade e descentralização, têm nas necessidades em saúde dos indivíduos e grupos sociais seu suporte de sustentação e efetivação. Tal prerrogativa traz o planejamento/programação como importante instrumento de apreensão dessas necessidades (BUDÓ et al, 2007). O trabalho da equipe na ESF ganha um destaque especial principalmente por trabalhar com a integralidade do cuidado na saúde, pois diante deste principio permite-se obter maior impacto referente aos fatores que interferem no processo saúde-doença (ARAÚJO e ROCHA, 2009). A integralidade somada ao planejamento permite que as reais necessidades de saúde de uma comunidade sejam atendidas. Nesse sentido, a prática efetiva da promoção da saúde, baseada na realidade local de cada comunidade e, considerando os indivíduos que a compõem em suas diferentes dimensões, representa a estratégia central para estabelecer melhores condições de vida e, conseqüentemente, uma elevação de sua qualidade. A promoção da saúde é trabalhada de duas formas: como produto do esforço de um serviço local na apreensão e satisfação máxima das necessidades de uma comunidade e como a

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articulação de cada serviço de saúde a rede mais complexa, composta por outros serviços não necessariamente no setor da saúde. Neste contexto, pensa-se na intersetorialidade com potencialidade de articular setores fundamentais que podem desencadear mudanças mais efetivas e duradouras para o setor saúde. Como exemplo tem-se setores como a educação, agropecuária, ambiente e habitação (PAULA, PALHA e PROTTI, 2004). A intersetorialidade constitui a concepção ampliada de planejamento, execução e controle da prestação de serviços e incorpora a resolução de necessidades individualizadas, idéias de integração, território e equidade (PAULA, PALHA e PROTTI, 2004). Tendo em vista o acima exposto, tem-se a ESF, com o intuito de reorientar o modelo assistencial em saúde, e norteando-se pelos seguintes princípios: adscrição da clientela, que se refere ao estabelecimento de vínculo entre a população e a equipe de saúde e a unidade de saúde; territorialização,refere-se ao mapeamento e segmentação da população por território; diagnóstico da situação de saúde da população adscrita, permite a geração de dados sobre as influencias socioambientais na saúde da população adscrita e planejamento baseado na realidade local, permitindo a programação das atividades orientadas para as prioridades da população local (SOUSA E HAMANN, 2009). Desta forma, um novo modelo de atenção à saúde, segundo Oliveira e Marcon (2007a) trás consigo grandes desafios, como a necessidade de profissionais com um perfil e qualificação que se adapta as novas demandas de atuação, interferindo no planejamento a ser realizado pelos mesmos na abordagem às famílias. Também, expõe-se que o planejamento deve se configurar num processo participativo, na esfera mais próxima da população, onde o processo de descentralização propicia a construção de uma política de saúde flexível à diversidade de necessidades em saúde de cada localidade (BUDÓ et al, 2007).

Conforme Giacomozzi e Lacerda (2006) em estudo realizado com profissionais que compunham equipes de ESF, o planejamento mencionado pelos entrevistados reporta às atividades assistenciais, como a captação de pessoas em situação de risco e busca por novas formas de trabalhar com a saúde das pessoas para que objetivos da equipe sejam alcançados.

Para que ações citadas acima sejam realizadas é importante que os profissionais articulem entre si. A equipe multiprofissional torna-se indispensável para o trabalho na ESF, já que são reconhecidas como instrumento fundamental para o desenvolvimento do trabalho e a própria consolidação da estratégia (COLOMÉ, LIMA e DAVIS, 2008). No entanto, tem-se a consciência de que é necessário que sejam estabelecidas prioridades nas ações a serem realizadas, por meio da integração entre a equipe de saúde e a comunidade (HERNRIQUE, ANDRADE e OLIVEIRA, 2006). A realização da avaliação é relevante para reconhecer se as ações que estão sendo colocadas em prática são efetivas e se o planejamento alcança as necessidades da população. Esta é fundamental no planejamento e o enfermeiro deve conhecer a avaliação dos serviços de saúde. As ações em saúde realizadas pelas equipes podem ser avaliadas no intuito de reconhecer a satisfação dos usuários em relação às mesmas, de maneira a contribuir no planejamento. Também, a avaliação pode ser considerada importante ferramenta na oferta de direções a serem seguidas no processo de planejamento (GAIOSO e MISHIMA, 2006). Pois, um sistema de avaliação efetivo pode-se

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reordenar a prestação de serviços de saúde, redirecionando de forma a contemplar as necessidades do público, abrangidas por estas ações.

Nesta direção, a Portaria n° 648, de 28 de março de 2006, reforça os objetivos da reorganização da atenção em saúde e explicitam suas responsabilidades sanitárias no conjunto do sistema, dentre eles está a realização de avaliação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e programação e estimular a participação popular e o controle social (SOUSA e HAMANN, 2009).

No entanto, discute-se que as ações realizadas pelas equipes de saúde da família não são planejadas, demonstrando determinada assistência ainda ineficaz quanto a demanda (BAPTISTA, MARCON e SOUZA, 2008) Ainda, são reconhecidas as dificuldades que os serviços de saúde possuem em planejar as ações em saúde que serão colocadas em práticas, tendo em vista que, as demandas em saúde são difíceis de serem previstas, popis as ações precisam obrigatoriamente estar a disposição das pessoas, porém não sabe-se ao certo quando elas irão demandá-las (RIBERO, PIRES e BLANK, 2004). A incerteza quanto aos dados que tem-se em relação a uma população e a imprevisibilidades das necessidades em saúde, Goulart e Algayer (2009) trazem que existe a necessidade da equipe conhecer a realidade da população atendida, das organizações familiares e comunitárias e utilize estas informações para desenvolver o planejamento das ações, de forma que as ações executadas sejam compatíveis com as necessidades em saúde da população. De mesma forma, expõe-se que a partir da análise da situação de saúde local e seus determinantes, os profissionais e gestores possuirão os dados iniciais necessários para o efetivo planejamento das ações a serem desenvolvidas. Através das visitas aos domicílios serão identificados os componentes familiares, a morbidade referida, as condições de moradia, saneamento e condições ambientais das áreas onde essas famílias estão inseridas. Essa etapa inicia o vínculo da unidade de saúde/equipe com a comunidade, a qual é informada da oferta de serviços disponíveis e dos locais, dentro do sistema de saúde, que prioritariamente deverão ser a sua referência (SANTANA e CARMAGNANI, 2001). Seguindo o mesmo pensamento, Benito et al (2005) acrescentam que além de conhecer a clientela assistida, a ESF deve conhecer a demanda de serviço, de modo que permita a adequação da capacidade de atendimento e adoção de medidas que satisfaçam as necessidades dos clientes. Cita ainda que estes conhecimentos levam a uma maior compreensão do processo saúde-doença, permitindo o planejamento de intervenções para além das práticas curativas. Santana e Carmagnani (2001) apresentam os preceitos do planejamento estratégico como elemento articulador dos modos de intervenção, pois este tipo de planejamento tem base na resolução de problemas e não em programas de saúde. Também, relata que a adscrição da clientela é positiva por permitir diagnóstico situacional, tornando propício um planejamento efetivo, baseado na realidade existente. 6.3 Planejamento em saúde: Ações específicas

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O Planejamento em Saúde realizado para qualificar as ações específicas desenvolvidas nas Estratégias de Saúde da Família (ESF) pode ser entendido como complementar ou precedente à elas. Um exemplo disso é o relatado em pesquisa realizada por Giacomozzi e Lacerda (2006), onde os autores retratam que a Visita Domiciliária (VD) pode auxiliar no planejamento das ações em saúde a serem realizadas no âmbito das ESF.

Ainda com este intuito Pavarini at al (2008) demonstram os benefícios da utilização do geoprocessamento na obtenção e análise de informações relacionadas às populações que vivem nas comunidades como facilitador do processo do cuidado e planejamento da implementação do mesmo. Um instrumento que beneficia o planejamento local é o Sistema de Informação em Saúde (SIS) (BAPTISTA, MARCON e SOUZA, 2008).

Outra questão pontual referente as ações em saúde cabe destacar o depoimento trazido por Moura e Silva (2005) quanto ao planejamento familiar em que os profissionais ofertam aos usuários métodos contraceptivos, de acordo com o estudo a dos enfermeiros entrevistados 21 (72,4%) haviam participado de alguma capacitação sobre o anticoncepcional, mas os demais enfermeiros, ou seja, 8 (2 7,6%) não possuíam capacitação e nem reconheciam o fato como deficiência.

O trabalho realizado pelos profissionais da saúde junto aos hipertensos é desafiador, como mostra um estudo realizado por Sousa, Souza e Schochi (2006), o elevado número de usuários com pressão arterial elevada revela a falta de efetividade da atenção que é ofertada aos usuários, possivelmente estejam ocorrendo falhas em outros processos patológicos como a diabetes, dislipidemias, obesidade o que consequentemente aumenta o risco para complicações cardíacas. Planejar as ações também faz parte do processo da enfermagem que assiste a família e a criança, mas em alguns casos não se discute como sendo uma atividade privativa do enfermeiro, pois planejar trata-se de instrumento para assistência de enfermagem, para diversos grupos sociais (ROCHA, NASCIMENTO e LIMA, 2002).

Assim, sendo o planejamento tão imprescindível para o trabalho dos profissionais da saúde, torna-se de grande importância a reorganização do trabalho com base nas necessidades de saúde, pontuando ações programáticas com ênfase na abrangência populacional, a fim de conhecer a realidade que as famílias encontram-se, desse modo é possível ofertar uma assistência integral a população conforme preconiza-se no Guia Prático do Programa Saúde da Família (SOUSA, SOUZA e SCHOCHI, 2006).

7 Considerações Finais Ao finalizar a presente revisão integrativa, buscando as melhores evidências possíveis, no que tange a produção científica dos enfermeiros sobre o planejamento em saúde na ESF, entende-se que o enfermeiro tem produzido, porém de maneira muito tímida a respeito da temática. As publicações analisadas, os artigos científicos dos enfermeiros, na área do planejamento, embora tenham crescido numericamente nos últimos anos, ainda demonstra que a pesquisa não esta totalmente consolidada. Também foi possível a visualizar lacunas frente ao planejamento desenvolvido por este profissional dentro da ESF em que atua, pois em muitos

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casos observa-se que o planejamento existente é insuficiente para atender as ações específicas e pontuais do estabelecimento de saúde, sendo assim o usuário passa a ser desassistido. Frente às lacunas é de grande importância sugerir que os enfermeiros identifiquem quais as prioridades para pesquisar na área da enfermagem sobre o planejamento, para que possa ser construído o conhecimento em áreas com menos embasamento científico, evitando assim a realização de estudos isolados, que contribuem, porém de maneira muito carente a profissão. É importante que os pesquisadores enfermeiros, redefinam as estratégias dos resultados encontrados no decorrer de suas pesquisas, pensando em viabilizar a implantação de evidências que sejam científicas, com o intuito de integrar tanto os resultados de estudos de metodologia quantitativa e/ou qualitativa. Outra questão de grande relevância trazida por Pompeo, Rossi e Galvão, (2009) é que o enfermeiro necessita ter competências também relacionadas com a capacidade de transformar o contexto da sua prática. Assim, os autores relatam que para que a prática seja transformada há necessidade do profissional também conhecer diversas fontes de informação, no que refere-se às questões epidemiológicas, estatísticas e de cunho metodológico frente à pesquisa. Diante do exposto, acredita-se que ao conhecer os diferentes contextos, o profissional que trabalha com o ato de planejar terá grandes chances de enriquecer não só a prática em saúde, mas também a prática social. REFERÊNCIAS

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51

5.2 Análise das entrevistas: coleta de dados do estudo de caso

A seguir, discorreremos a cerca da apresentação dos resultados e análise das

entrevistas com os usuários e gerente. Para situar nosso cenário de estudo,

trazemos uma breve caracterização do mesmo.

A Unidade Básica de Saúde que atualmente atua como ESF foi inaugurada

no ano de 2000 e trabalha em conjunto com seis Agentes Comunitários de Saúde

(ACS), apresentando seis micro-áreas adscritas, onde o total de famílias

cadastradas pelos mesmos chega a 904, totalizando 3.839 habitantes referenciados

para este serviço (SIAB, 2010).

Ressaltamos que, apesar do número de famílias cadastradas atingir quase o

máximo de habitantes preconizados pelo Ministério da Saúde, 4500 habitantes

(BRASIL, 2006a), por sua localização geográfica o serviço de saúde estudado

também recebe usuários de todo seu entorno geográfico. Isto faz com que, a ESF

venha a atender grande número de famílias que não são cadastradas, compondo

demanda aumentada por atendimento. A figura 1, ilustra o entorno geográfico do

serviço.

Figura 1 - Imagem da localização geográfica da ESF e a delimitação da demanda em seu entorno geográfico. Fonte - Google Earth, 2010, grifos nossos.

52

Figura 2: Descrição das microáreas adscritas à ESF estudada, Legenda: Linha Rosa – microárea (nº08); Linha amarela – microárea (nº55); Linha verde – microárea (nº56); Linha azul – microárea (nº40); Linha vermelha – microárea (nº37); Linha branca – microárea (nº06); Fonte: Google Earth, 2010, grifo nosso.

Conforme documento de uso pessoal da gerente da ESF, em outubro de

2010, o serviço atendia a demanda de 500 usuários hipertensos, 41 diabéticos e 85

hipertensos e diabéticos. Ainda, segundo o relatório do SIAB das 904 famílias

cadastradas, formalmente existiam somente 114 hipertensos e 40 diabéticos nas

microáreas adscritas pelos ACS (SIAB, 2010). Ressalta-se que, na base de dados

do SIAB não é possível obter o quantitativo de usuários que acometidos por HAS e

DM associadas.

Dos 114 usuários hipertensos e 40 diabéticos cadastrados no HiperDia e

adscritos à ESF, 86 habitantes foram entrevistados constituindo a população desta

pesquisa, pois os demais não se encontravam no domicílio durante o período de

realização das entrevistas ou negaram-se a realizá-la.

Discutimos ainda, conforme estimativas do Ministério da Saúde, que a

prevalência geral de HAS é de 20% da população adulta (BRASIL, 2002), quanto a

DM, considera-se que seja de aproximadamente 11% (BRASIL 2006c). Conforme os

dados supracitados, emerge o questionamento sobre os dados encontrados na

53

pesquisa e o quantitativo esperado no âmbito populacional, isto gera um hiato entre

a realidade e a teoria, incitando possível incongruência dos dados do SIAB.

Conforme metodologia do trabalho, a seguir apresentamos os achados da

entrevista com a gerente e usuários da ESF, para identificação dos depoimentos

salientamos que foram utilizados nomes de flores. Retomamos que no presente

estudo a gerência da ESF é realizada pelo profissional Enfermeiro, de forma que em

nossa discussão permeará a denominação ora gerente, ora Enfermeira.

Com o intuito de promover discussão mais ampla e compreensão dos dados

entrelaçamos a entrevista com a gerente e as entrevistas com os usuários. Para

tanto apresentamos a seguinte categoria: O planejamento: depoimento da gerente e

dos usuários.

5.2.1 O planejamento: depoimento da gerente e dos usuários

Ao analisar os dados da pesquisa, emergiram três subcategorias dentro desta

categoria referentes ao planejamento realizado pelo serviço, de acordo com o

depoimento dos sujeitos da pesquis. São elas: dificuldades em planejar as ações

realizadas, a resolutividade das ações da ESF e ações especificas do gerente da

ESF: o trabalho do enfermeiro.

5.2.1.1 Dificuldades em planejar as ações realizadas

Para Cubas (2005) o gerente de um serviço de saúde é um profissional, que

além de ser competente tecnicamente deve estar apto a lidar com tarefas complexas

e possuir disposição para realizar o planejamento. Porém, quanto ao trabalho das

ESF, conforme Baptista et al (2008, p.227) este ainda “se organiza sem

planejamento”. Isto pode ser o reflexo da agenda da gerência dos serviços de saúde

54

ser preenchidas por problemas emergenciais e pela sobrecarga das demandas por

ações em saúde (CUBAS, 2005)

A partir de análise realizada na entrevista com a gerente, quando questionada

sobre a existência de planejamento realizado na ESF, verificou-se que o processo

de planejamento, é incipiente, isto pode ser evidenciado com o seguinte depoimento:

Na verdade, não existia, não existe um planejamento. A gente trabalha de acordo com a necessidade, em função de ter uma área de abrangência muito grande, de ter só esse posto de referência, então são muitos pacientes. Trabalhar com planejamento a gente não trabalha, é de acordo com a demanda. Na verdade, porque teria que ter mais profissionais envolvidos (FLOR DE LIZ, 2010).

O planejamento, quando realizado, pode melhorar as condições de trabalho

das equipes, uma vez que seus membros poderiam realizar suas atividades em

função de propósitos claros e explícitos. De maneira que, os gestores, gerentes e

usuários poderiam reconhecer o trabalho realizado, diminuindo assim a alienação de

todas as partes envolvidas (PAIM, 2009).

A relevância do planejamento em saúde, contrasta-se com a situação relatada

no depoimento anterior. Concernente a este fato, salienta-se que as instituições de

saúde possuem justificativas político-institucionais e éticas para o uso do

planejamento. Além disso, nestas a quantidade e complexidade das tarefas a serem

executadas envolvem a vida de milhares de pessoas, denotando o imperativo de

não arriscar-se ao improviso (PAIM, 2009).

Conforme achados da pesquisa na ESF estudada não há um processo de

planejamento prévio às ações, a gerente faz menção a área de abrangência extensa

como justificativa deste fato, o que segundo a mesma acarreta no trabalho pautado

na demanda espontânea. Além disso, constata-se que a gerente do serviço

menciona a necessidade dos outros profissionais envolverem-se neste processo.

Em estudo com Enfermeiros de ESF do Estado da Bahia, Nascimento e

Nascimento (2005) demonstram nos depoimentos destes profissionais que o

planejamento em saúde é uma forma de operacionalizar o trabalho nestes serviços,

porém evidenciam a necessidade do trabalho em áreas delimitadas. Pois, segundo

os Enfermeiros, a atuação com famílias adscritas e delimitação de abrangência

55

facilitaria a elaboração do planejamento das ações e a gerência, possibilitando a

reorganização das práticas em saúde. Também, a territorialização pode facilitar a

identificação dos problemas de saúde, condições de vida e dirigir as ações da ESF

conforme as necessidades em saúde daquela área.

Nesta temática, Ferreira et al (2009) relatam que o envolvimento dos

profissionais no planejamento da ESF ainda não é alcançado pelas equipes de

saúde, uma vez que parte dos profissionais não tem oportunidade para desenvolver

tais competências.

Em pesquisa com os gerentes de serviços de saúde, Cubas (2005) verificou

que a participação da equipe no planejar em saúde é um facilitador deste processo.

A mesma autora, relata que nos discursos dos pesquisados existe a preocupação

com a participação de toda a equipe no reconhecimento dos problemas e na busca

de propostas de ações. Sendo assim o planejamento local necessita de estímulo e

de capacitação para acontecer.

Quando questionada sobre a execução do planejamento, verifica-se no

depoimento a seguir que ocorre posterior a ação:

Então assim: planejamento a gente planeja depois que já aconteceu. Na verdade teria que ser antes, então a gente planeja, tem tantos hipertensos e tantos diabéticos, vamos fazer o que? Quais são as ações? (FLOR DE LIZ, 2010).

A cerca desta fala Matus (1996), retrata planejar significa pensar antes de

agir, refletir a cerca das possibilidades, analisar as possíveis vantagens e

desvantagens e propor objetivos. Ainda, para o mesmo autor o PES, como já citado

em nossa revisão de literatura, se apresenta como cálculo que permite gerenciar em

situações de conflito, parte da premissa de que não é possível predizer o futuro, mas

sim fazer previsões de possibilidades para projetar ações e portanto, ser oportuno e

eficaz na ação. De modo a desfazer-se de improvisações (MATUS, 1996).

A citação acima se faz oportuna nesta categoria, pois a distribuição da

medicação além de ser um dos objetivos do HiperDia é uma necessidade entre

estes usuários. E as dificuldades apontadas em planejar, conforme já discutido,

pode refletir de maneira negativa no tratamento medicamentoso dos hipertensos

56

e/ou diabéticos. Uma vez que, o fornecimento de medicação é uma ação de grande

importância dentro de uma ESF, pois usuários, como os cadastrados no HiperDia,

são acometidos por doenças crônicas e muitas vezes necessitam do tratamento

medicamentoso de uso contínuo para a estabilização do quadro clínico.

Faz-se de grande relevância enfatizar que o HiperDia é um sistema que

nasceu em 2001, objetivando cadastrar e permitir que os profissionais da saúde

acompanhem usuários hipertensos e/ou diabéticos em todas as unidades

ambulatoriais do SUS. Diante deste acompanhamento é possível gerar informações

locais para orientar as ações de gestores nas diferentes esferas de governo, a

saber, federal, estadual e municipal e do Ministério da Saúde. O HiperDia também

garante à ESF que os usuários recebam as medicações prescritas (BRASIL, 2011).

No decorrer desta pesquisa uma das questões abordadas junto à gerente da

ESF trata-se da medicação, pois entende-se que é importante para o tratamento e

reabilitação do usuário.

Diante da questão a gerente reconhece que a ESF atende a demanda de uma

área geográfica bastante extensa e que isto pode estar influenciando na

possibilidade de realizar a previsão das medicações a serem ofertadas aos usuários.

A gente trabalhar só com hipertensos das famílias abrangidas e dos agentes de saúde é uma coisa! Trabalhar com todos, de todos os bairros é outra. E ai, assim a dispensação é a cada trinta dias, a orientação é que eles nunca fiquem sem, quando não tem lá é orientado que venha até o posto do centro. Mas às vezes falta (FLOR DE LIZ, 2010).

Diante do depoimento da gerente da ESF, quanto à falta de medicação

esporadicamente, é importante salientar que em 2002, o Ministério da Saúde, criou a

Portaria GM nº 371/02, referente ao Programa Nacional de Assistência Farmacêutica

para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (HiperDia), parte integrante do Plano

Nacional de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus.

A portaria citada acima refere como responsabilidade do Gestor Federal a

aquisição e fornecimento aos municípios dos medicamentos padronizados para

tratamento da Hipertensão Arterial e do Diabetes Mellitus de forma a contemplar

todos os pacientes cadastrados (BRASIL, 2002).

57

Com a intenção de conhecer a realidade vivenciada pelos usuários quanto à

medicação, entrevistamos a totalidade de 86 usuários e construímos uma tabela

com as principais respostas coletadas, bem como o quantitativo de cada uma.

Quanto à dispensação de medicação, as respostas que emergiram foram dos que

sempre tem a medicação e dos que não respondem em momento algum da

entrevista como obtém a medicação para o tratamento.

TABELA 1

Respostas quanto à dispensação de medicação

Respostas mais freqüentes Quantitativo

Sempre tem a medicação 6

Não responderam o que fazem 13

Total 19

Fonte: Entrevistados, 2010.

Diante dos depoimentos dos entrevistados é possível perceber que o número

de usuários que citam que sempre tem acesso a medicação é a minoria, ou seja,

fazem parte apenas de 7% dos entrevistados.

Frente a esta questão trazemos fragmento dos depoimentos dos usuários que

não são assolados com a problemática da dispensação de medicação:

Sempre tem a medicação, sempre tem. Olha eu não sei de onde vem, mas sei que vem. Vem a medicação, fica ali e eles dão pra todas as pessoas a gente consulta, o doutor já da a receita, a gente já pega o remédio ali (ROSA, 2010).

Percebe-se que mesmo sendo a minoria dos entrevistados que citam que o

acesso a medicação existe, sendo assim verifica-se que o tratamento que ajuda na

reabilitação do usuário não encontra-se comprometido.

É sabido que nos casos DCNT, como a HAS e DM, os profissionais devem

controlar a totalidade de usuários portadores, mas na prática, isso não ocorre, há

infinitos motivos para tal situação, porém as que mais se destacam de acordo com

58

Três, et al (2009) são: a não adesão ao tratamento farmacológico, as modificações

ao estilo de vida, as dificuldades em adquirir as medicações de uso contínuo, devido

à disponibilidade que a rede pública de saúde oferta, além da deficiência na relação

usuário-médico dentre tantos outros fatores.

Diante de haver a dificuldade de adquirir a medicação, alguns usuários

referiram que às vezes o serviço de saúde oferta as medicações, sendo assim a

tabela abaixo ilustra o quantitativo de respostas apresentadas para a questão

norteadora.

TABELA 2

Respostas dos usuários quanto ter as medicações às vezes

Respostas mais freqüentes Quantitativo

Sempre compram 23

Buscam a medicação em outro serviço 11

Não referiram o que fazem 22

Total 56

Fonte: Entrevistados, 2010.

Para ilustração da situação trazemos os fragmentos dos depoimentos dos

entrevistados, que referiram ter às vezes a medicação e suas condutas: “Sempre

tem, mas tem meses que não tem completo, não tem todas as medicações, às vezes

tem que comprar” (ACÁCIA, 2010); “Nem sempre tem, eu não sei como acontece a

organização (MARGARIDA, 2010); “A medicação não é sempre que tem,

ultimamente nem tem, eu tenho só comprado” (BROMÉLIA, 2010); “Medicamento é

que falta, eu pego, às vezes tem, agora ultimamente não tem tido, já vou dizendo há

uns quatro mês atrás” (LÍRIO, 2010).

Para Oliveira e Palha (2008) a dispensação e distribuição de medicamentos

de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados é um dos grandes

objetivos do HiperDia.

Assim é possível entender e todo e qualquer usuário que necessita de

medicação para usufruir de um tratamento qualificado, necessita ter direito de

59

acesso a medicação, porém o que torna-se um dado agravante e preocupante é

quanto aos entrevistados que citam que nunca conseguem pegar a medicação na

ESF estudada. A seguir apresentaremos o quantitativo de respostas para esta

questão.

TABELA 3

Respostas dos usuários quanto não ter a medicação na ESF

Respostas mais freqüentes Quantitativo

Compram a medicação 1

Buscam em outra ESF 2

Não responderam o que fazem 8

Total 11

Fonte: Entrevistados, 2010.

De acordo com a usuária a seguir em situações de não ter a medicação na

ESF em que se encontra adscrita, esta adota outras condutas como: “Mas nunca

tem ali, daí vou no posto lá do centro, se não tem ainda tem que comprar, porque eu

uso duas medicações, alguns quando eu comecei não tinha, daí comprava na

farmácia é ali pertinho” (FRÉSIA, 2010). “Meu guri pega medicação pra mim, com a

secretaria do secretario de saúde, no posto nunca tem” (LISIANTO, 2010). “Nunca

tem o remédio que eu preciso, nunca tem ali. Eu compro, compro com meu dinheiro.

Consegui eu consigo, mas eu tenho desconto com “a empresa X”, daí nem vou

ali”(TULIPA, 2010, grifos nossos).

Eu tenho que ir centro de saúde, lá no grande pegar. Aqui nunca tem, aqui não tem nada prá pressão, não tem nada. Fui pegar e não tinha, tomei um captopril que eu tinha em casa, mas não resolve muito a pressão não obedece muito o captopril (IRIS, 2010).

Em presença dos depoimentos apresentados acima entende-se o quanto é de

grande importância que a medicação esteja sempre disponibilizada para os usuários

adscritos na ESF, pois sendo a HAS e a DM, DCNT há portadores que encontram-se

60

em estado avançado da doença, e sendo a medicação um dos tipos de tratamentos

adotado, este necessita estar presente diariamente na vida dos usuários.

5.2.1.2 A resolutividade das ações da ESF

Desde sua criação a ESF tem sido uma das prioridades do governo federal

para a reorganização dos serviços de saúde, tendo como principal objetivo o

atendimento integral e de qualidade a todos os usuários. Esta estratégia é a principal

contra partida oferecida aos usuários em se tratando de assistência pelo Estado

frente à crise do modelo assistencial que vivenciamos (MERHY, 2007).

Por sua vez, a resolutividade pode ser entendida como uma forma de avaliar

os serviços de saúde a partir dos resultados do atendimento aos usuários. Ainda,

envolve aspectos quantitativos e qualitativos como, por exemplo, demanda,

satisfação do usuário, necessidades em saúde dos usuários, questões econômicas

e culturais (TURRINI et al, 2008).

A resolutividade na ESF pode ser avaliada em dois aspectos, quanto à

capacidade de atender sua demanda e encaminhar os casos que necessitam de

atenção de maior complexidade e quanto à solução do problema de saúde do

individuo, desde sua consulta inicial até a solução do mesmo em outros níveis de

atenção (TURRINI et al, 2008).

Ao questionar a gerente se as ações desenvolvidas pela ESF atendiam

suficientemente as demandas em saúde dos hipertensos e/ou diabéticos

cadastrados no HiperDia e nela adscritos verifica-se a conscientização relacionada

ao déficit de atendimento e resolutividade nas ações de saúde, evidenciado no

depoimento na sequencia:

Não conseguimos atender a demanda, com certeza não conseguimos. Não é suficiente nosso atendimento porque: não tem como fazer. Tem que trabalhar com o inicio, na ponta. Dever-se-ia trabalhar antes deles virem até o posto, que é o trabalho das agentes de saúde, orientação que a gente faz na triagem. Mas não é suficiente, pelo número de pacientes que tem e que a unidade não suporta. O número de consultas médicas, não suporta a necessidade da população (FLOR DE LIZ, 2010).

61

As necessidades da população pouco são evidenciadas, destaca-se a

prevenção, que no discurso da gestora infere a responsabilidade pela atuação na

prevenção fora do espaço físico do serviço, ainda sendo considerada como uma

atividade externa a ESF, e quando existe é delegada aos profissionais ACS. Porém,

sabe-se que é atribuição comum a todos os profissionais que atuam neste modelo

de atenção em todos os espaços onde seja necessária intervenção positiva no

estado de saúde da população adscrita (BRASIL, 2006). De modo que, a prevenção

e promoção da saúde não são especifica atribuição de um profissional, mas

perpassa todo o atendimento realizado pela ESF.

Ainda ao tratar do tema atendimento às demandas, demonstramos o

depoimento com referencia à estrutura física da UBS:

Eu acho que falta muito mais coisa, falta sala de espera, que a gente não fez, eu acho que a gente não tem material, não é uma desculpa, mas a gente não tem material. Não tem vídeo, não tem nada, orientação para grupo, eles não vêm se é só pra gente conversa, eles tem que ter um vínculo, eles tem que ter alguma coisa em troca para vir. A gente nunca conseguiu fazer (FLOR DE LIZ, 2010).

Evidenciamos no depoimento anterior que, não há uma co-responsabilização

sobre o estado de saúde do usuário, além disso, o mesmo é responsabilizado pelo

não comparecimento nas reuniões de grupo quando propostas. Acreditamos que,

este deve obter informações claras que permitam que tome decisões de forma

autônoma, exigindo assim, que a ESF disponha de maior tempo com o usuário.

Quanto à autonomia do usuário, existe o envolvimento do Enfermeiro em

informar para conseguir a adesão do usuário, “e não como transmitir a informação

de maneira a assegurar decisões esclarecidas e substancialmente autônomas”

(ZOBOLI, 2007, p. 319).

No que a gerente refere quanto aos recursos materiais, questionamos se a

estrutura física, unicamente, é o diferencial para a resolutividade do serviço na ESF.

Com toda a certeza, esta é complementar, mas será que há interferência na

resolutividade da atuação da equipe, formação de vínculos com a população,

62

interesse e iniciativa em realizar atividades de prevenção e promoção pioneiras na

ESF?

Porém, reconhecemos assim como Nascimento e Nascimento (2005) que os

profissionais Enfermeiros percebem como uma problemática as condições de

trabalho vivenciadas nas ESF. Nisso, para atuarem adequadamente é importante

serem oferecidas condições mínimas para que o processo de trabalho seja colocado

em prática.

Em nosso estudo verificamos que é claro a necessidade do vínculo para a

concretização da resolutividade, mas o apoio didático pode ser importante, desta

forma cabe reflexão sobre a didática utilizada nas orientações realizadas, será que

somente a transmissão de conhecimento em um fluxo único é resolutiva?

É sabido que a educação em saúde precisa eminentemente assumir

transformações em suas práticas, isto será possível quando inovações pedagógicas

permitirem maior aproximação com as famílias, o que consentirá o reconhecimento

dos modos de vida e singularidade de ações. O profissional Enfermeiro quando

desvencilhar-se de práticas pedagógicas tradicionais, estará apta para desenvolver

transformações, “com vistas à promoção da autonomia dos sujeitos sociais, em

busca do exercício de cidadania” (NASCIMENTO E NASCIMENTO, 2005, p.344).

Ao transcrevermos as entrevistas com os usuários, agrupamo-las de modo a

quantificarmos as respostas mais comuns de modo que obtivemos as seguintes

tabelas:

TABELA 4

Respostas dos usuários quanto a resolutividade das ações da ESF

Respostas mais frequentes Quantitativo

Consideram resolutivo 24

Não o consideram resolutivo 4

Às vezes é resolutivo, mas não deram sugestões para sê-lo 13

Não relataram se o serviço é resolutivo ou não e deram sugestões 39

Fonte: Entrevistados, 2010.

63

Verificamos que, dentre as respostas dos usuários nas entrevistas realizadas,

não houve discussão suficiente para questionarmos os motivos pelos quais os

mesmos não consideram o serviço resolutivo. Ao recebermos as respostas se

consideravam ou não o serviço resolutivo, apenas 28% (24) dos usuários o

considerava resolutivo, por outro lado 45% (39) deles não concretizaram a resposta

de nosso questionamento. Destes últimos, 54% (21) não expressaram-se de modo

conciso quanto à sugestão de melhorias, 28% (11) relatara que o serviço poderia ser

melhor (mais resolutivo) caso houvessem mais consultas médicas a disposição,

15%(6) se houvesse maior oferta de medicação e 3% (1) mencionou maior número

de consultas odontológicas, conforme tabela abaixo.

TABELA 5

Usuários que não relataram se o serviço é resolutivo ou não e deram sugestões

Respostas mais freqüentes Quantitativo

Sugeriram mais consultas médicas 11

Maior oferta e variedade de remédios 6

Maior número de consultas odontológicas 1

Foram vagos em suas sugestões.

21

Total 39

Fonte: Entrevistados, 2010.

Esta disparidade quanto às respostas mais frequentes e a natureza das

sugestões pode ser evidenciada na dificuldade em obter informações e

esclarecimento quanto às ações oferecidas pelo serviço, demonstrado nos

depoimentos abaixo:

Acho que poderia melhorar aqueles atendimentos de ficha, porque assim: tu nunca sabes se tens que ir pela manhã, se tens que ir a tarde, se tem que ir a noite, prá poder tirar a ficha, para ver se conseguiu uma ficha (GERÂNIO, 2010).

64

Chegas e pede uma informação, os que trabalham ali (ESF) não dão uma resposta direta, eles não sabem dar. Então, a gente vai para uma necessidade (AZALÉIA, 2010).

Neste contexto faz-se referencia ao vínculo, que segundo Merhy (2002) é a

responsabilização dos profissionais pelas condições de saúde de sua clientela e a

referência do usuário por estes profissionais. Inferimos o seguinte questionamento,

como é possível o gerente, realizar as atividades preconizadas pelo Ministério da

Saúde se não há proximidade entre aqueles que oferecem os serviço e aqueles que

demandam? Não há outras sugestões de melhoria da qualidade além da oferta de

mais consultas médicas, odontológicas e medicações? Quais as justificativas para

que as consultas de Enfermagem, reuniões em grupo e atividades físicas não serem

sequer citadas nas sugestões dos usuários.

Os questionamentos acima demonstram uma situação preocupante para o

atual cenário da Saúde Pública do Município acolhido pelo estudo, pois tratamos de

doenças crônicas, ou seja, agravos com cura restrita com alto custo para o sistema

público de saúde.

Entretanto, existe a consciência do gerente da importância das atividades

físicas já oferecidas pelo serviço no período da realização da pesquisa. Nesta

abordagem ao ser questionada sobre a implementação de atividades destinadas a

população, emerge que:

Há mais coisas a serem realizadas. Então, uma das atividades que ajudou bastante foi esse grupo de atividade física, que eles fazem três vezes na semana, que sempre tem alguma orientação, que eles sempre tem, que começam a perceber que faz bem, mas eu acho que falta bastante ainda” (FLOR DE LIZ, 2010).

Retomamos que conforme o Ministério da Saúde, o enfermeiro deve

desenvolver atividades que atendam o usuário integralmente, atuando na promoção

e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e

manutenção da saúde (BRASIL, 2001). Além disso, especificamente para a

população de hipertensos e/ou diabéticos os Cadernos de Atenção Básica nº 16 e nº

17 trazem basicamente como atividades preconizadas para este profissional a

realização de consulta de Enfermagem abordando fatores de risco, tratamento não-

65

medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento e as doenças;

desenvolvimento de atividades educativas de promoção de saúde com todas as

pessoas da comunidade; entre outras (BRASIL, 2006b;c).

5.2.1.3 Ações específicas do gerente da ESF: o trabalho do Enfermeiro

Na Atenção Básica à Saúde é evidente a eficiência e efetividade do SUS, pois

este modelo preconiza o consumo de serviços de saúde de acordo com as

demandas da população, contrapondo-se ao uso em demasia de serviços super

especializados e ao uso abusivo de tecnologias médicas (BRASIL, 2007). Atividades

como promoção, proteção e recuperação da saúde são exercidas pelo enfermeiro,

que pode também atuar como gerente ao mesmo tempo (NETO E SAMPAIO, 2007).

O enfermeiro pode utilizar-se do gerenciamento como instrumento de

trabalho, para alcançar a finalidade de prestação de assistência equânime,

resolutiva e integral (NETO E SAMPAIO, 2007). O processo de trabalho da ESF

deve basear-se na criação de vínculos efetivos entre usuários e os membros da

equipe multiprofissional. O profissional deve dar ouvidos as necessidades

apresentadas e as sinais não expressos verbalmente pelos usuários (DIAS, CUNHA

E AMORIM, 2005). A inserção do enfermeiro na equipe de Saúde da Família

promove a consolidação do vínculo deste profissional com a comunidade. Tal

relação permite à equipe de enfermagem o desenvolvimento de ações efetivas na

promoção da saúde da comunidade, uma vez que a aproxima do ambiente de

convivência e das relações sociais do indivíduo (SANTOS E RIBEIRO, 2010).

Neste sentido, verificou-se que o conhecimento do gerente acerca da clientela

atendida pela ESF se dá de maneira superficial, tendo em vista que relata que

conhece apenas as que mais freqüentavam a ESF:

As que freqüentavam o posto, sim, as que vinham mais seguido ao posto sim, mas sem nenhuma. Assim a gente tem quase 600, mas a maioria assim não era freqüente. Sempre quem vinha até o posto, seriam basicamente os mesmos. Não é todos que vem (FLOR DE LIZ, 2010).

66

Esta situação aponta que o vínculo entre o profissional e os usuários

apresenta difícil estabelecimento, tendo em vista o atendimento de demanda não

programada. Segundo Campos (2007) o vínculo inicia a partir do contato entre

profissionais e usuários, da confiança por parte do sujeito acerca da contribuição do

profissional sobre a defesa de sua saúde e quando existe responsabilização por

parte da equipe pela saúde das pessoas que estão em determinada região adscrita

a esta equipe. Esta responsabilização trata do acompanhamento de casos

singulares e concretos, com nome e endereço. Tal recurso permite a identificação de

pessoas que requerem maior atenção e o favorecimento das potencialidades de

cada indivíduo, um sistema mais pessoal e menos burocrático, favorecendo desta

forma que os usuários se mostrem mais seguros para agir com mais autonomia

(CAMPOS, 2007).

Esta fragilidade no vinculo também é verificada com os usuários, onde

aproximadamente 50% dos entrevistados não conhecem o gerente da ESF, como

exposto na TABELA 6.

TABELA 6

Conhecimento dos usuários acerca de quem é o gerente da ESF

Respostas mais freqüentes Quantitativo

Não conhecem 40

Conhecem 15

Sabem quem é a pessoa mas não sabem o cargo que exerce 12

Sabem o cargo que exerce mas não sabem o nome do gerente 5

Citaram ser outro profissional 3

Fonte: Entrevistados, 2010.

Santos e Ribeiro (2010) em sua pesquisa ressalta que muitas vezes o usuário

não conhece o enfermeiro e seus afazeres, pois é um usuário pouco assíduo da

ESF, porém este fato não justifica, pois o trabalho do enfermeiro não deve ser

desenvolvido somente dentro do espaço físico da ESF. Outra hipótese levantada

pelo estudo, é que o enfermeiro esteja desempenhando mais burocrático que

67

assistencial, ficando distante do usuário ou até mesmo que seu trabalho tenha

pouco destaque dentre os outros profissionais. Gomes e Oliveira (2005) afirmam que

o enfermeiro absorve tudo como sendo seu, sem uma especificidade de ação ou

delimitação de seu papel, isto tende a torná-lo invisível à instituição, à equipe de

saúde e à sociedade. Para Santos e Ribeiro (2010), saber quem é o enfermeiro

torna-se relevante quando essa identidade expressa a definição do exercício da

enfermagem em Atenção Básica, e não quando significa apenas apontar o

enfermeiro da ESF.

No que diz respeito ao vínculo, uma oportunidade para a criação do mesmo e

conhecimento da demanda pode ser encontrada na consulta de Enfermagem (CE).

Esta representa um espaço de interação entre profissional e usuário onde a saúde

se constitui como objeto central da atenção (MACHADO, LEITÃO E HOLANDA,

2005). Com a lei n° 7498, de 1986, a consulta de enfermagem foi definida como

prática privativa do enfermeiro (BRASIL, 1987), sendo entendida como uma ação

voltada ao individuo, família e comunidade com o intuito de promover a saúde

(VANZIN E NERY, 1996).

A CE deve seguir uma metodologia que inclui a realização de histórico de

enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, prescrição de

enfermagem e evolução (SILVEIRA E PORTELA, 2001). Feliciano (2010) aponta

que muitos profissionais, principalmente aqueles com vários anos de formação, têm

a sensação de vulnerabilidade profissional no momento da CE, por não estar

devidamente capacitados para o exercício da clínica, quanto pela percepção de que

ainda não foram claramente definidos os limites de sua competência nesse domínio.

Neste contexto, verificou-se que a consulta de Enfermagem é considerada

pelos usuários como de menor importância na busca por atendimento, fato

explicitado no depoimento a seguir:

Eles vem para consulta de enfermagem, após a consulta do médico. Nunca eles vem para Enfermeira para depois com o médico. Tem essa visão também. Então, é sempre menor a consulta de Enfermagem do que a do médico, porque muitos compram a medicação, muitos não querem escutar, eles tem aquele receio de quero me tratar, não quero saber porque (FLOR DE LIZ, 2010).

68

Verifica-se que a representação social concernente a consulta médica é

histórica e esta impregnada no discurso da gerente, pois segundo a mesma “os

usuários procuram o serviço somente para consultar com o médico. Também, que a

consulta de Enfermagem é de menor valia que a do profissional médico, além de

resumir-se numa atividade de escuta por parte dos usuários”.

Além disso, Santos e Ribeiro (2010), apontam que os profissionais enfermeiros são

vistos como generosos, solidários e muito acessíveis. Esta imagem tem raiz na

história da profissão, que era exercida pela vocação e dedicação cristã, ou como

penalidade pelos desvios de caráte, além da mística existente ao redor das

mulheres que detinham o poder de cura. Contudo Gomes e Oliveira (2005)

ressaltam que essas imagens, apesar da evolução do comportamento e do perfil

profissional, ainda apresentam resquícios no imaginário socioprofissional. Infere-se

que o vinculo entre a clientela e a gerente poderia oferecer maior valorização às

consultas de Enfermagem.

Sobre a CE ainda, evidenciou-se na pesquisa que a maioria dos usuários

citaram como motivo da procura pela ESF o atendimento médico em detrimento da

consulta de enfermagem, esta, mencionada apenas por 1 usuários dos 86

entrevistados, como exposto na TABELA 7.

69

TABELA 7

Motivo da busca pela ESF

Respostas mais freqüentes Quantitativo

Consultas médicas 57

Consulta de enfermagem 1

verificação da pressão arterial 22

Verificação da taxa glicêmica 4

Busca por medicação 23

Pesagem para acompanhamento do programa bolsa família 3

Grupos de promoção da saúde 3

Atividade física 3

Consultas odontológicas 5

Renovação da carteira de hipertenso 1

Realização ou troca de curativos 1

Fonte: Entrevistados, 2010

Estes achados já foram mencionados em outras pesquisas, Ogata, Machado

e Catoia (2009) obtiveram demonstraram que a procura dos usuários pela unidade

está centrada no tratamento de doenças, consulta médica, medicamento e

procedimentos técnicos de enfermagem.

O mesmo autor afirma que estes achados são justificados pela história da

saúde na sociedade brasileira, pois se criou uma cultura de cuidados em saúde

baseado na assistência individual e curativa, onde a população valoriza a resolução

imediata dos problemas de saúde. Para o autor “a população vincula a assistência a

saúde com a consulta médica desconsiderando o papel do restante da equipe na

assistência, não reconhecendo como atendimento as ações desenvolvidas por

outros profissionais” (OGATA, MACHADO e CATOIA, 2009, p.825).

Segundo Pai, Schrank e Pedro (2006), o modelo biomédico de atenção à

saúde é fator prevalente nas organizações dos serviços de saúde, na assistência

prestada e no próprio senso comum. Isto acontece porque o curativismo permanece

sendo o foco principal na promoção da saúde. Neste contexto, as contribuições da

enfermagem acabam sendo sustentações às práticas médicas, constituindo-se de

70

um trabalho complementar na hegemonia médica e assim sendo reconhecido na

sociedade. Os profissionais de enfermagem acabam por sustentar, muitas vezes, o

mito da doação vocacional como alternativa para garantir prestígio social.

Deste modo, percebe-se que a ESF ainda não conseguiu mudar o foco do

atendimento, que ainda mantém-se médico centrado apesar de ser papel da equipe

de saúde da família atuar na promoção, prevenção, recuperação e na manutenção

da saúde da população adscrita, com ações que busquem uma atenção integral a

saúde, estabelecendo vínculo com a comunidade.

A ESF requer dos profissionais de saúde habilidades que muitas vezes não

adquiridas durante a formação acadêmica. Desta forma, pensa-se que a desarmonia

entre o trabalho desenvolvido pelos enfermeiros e o novo modelo de atenção

proposto provenha da falta de preparo desse profissional, o qual não transferiu de

forma adequada o seu foco assistencial para o indivíduo como ser social, sujeito e

objeto da saúde comunitária (SANTOS E RIBEIRO, 2010)

71

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o estudo de caso realizado verificamos que o PES pode contribuir

positivamente no atendimento dos hipertensos e/ou diabéticos adscritos a ESF.

Tendo em vista que, levantamos alguns nós críticos que dificultam o processo de

planejamento realizado pela gerente do serviço estudado, como aqueles discutidos

em nossa análise das entrevistas, a retomar: dificuldades em planejar as ações

realizadas, a distribuição ineficaz da medicação para os hipertensos e/ou diabéticos:

o planejamento das demandas, a resolutividade das ações da ESF e ações

especificas do gerente da ESF: o trabalho do enfermeiro.

Resgatamos, também, que o processo de planejamento demonstrou-se

desafiador dentro do processo de trabalho dos profissionais, levando a dificuldades

em identificar as demandas dos usuários e atendê-las.

Assim, inferimos que se faz desafiador o processo de planejamento para o

gerente, pois demanda a pactuação entre todos os envolvidos, tanto para os

profissionais como para os usuários. Neste caso, a pactuação é bastante ineficaz,

pois o comprometimento é carente de ambos os lados.

Além disso, verificamos que existe o imperativo de mudanças nas práticas

realizadas pelos profissionais, também a importância de incentivos quanto a

realização do planejamento, seja ele em relação a educação quanto a autonomia do

profissional. Além disso, nosso trabalho abre espaço e oferece subsídios teóricos

para outros estudos que podem vir a serem desenvolvidos no intuito de contribuir

com a qualidade da assistência prestada aos usuários.

Também acreditamos que nossa iniciativa contribui para o enriquecimento do

conhecimento a cerca do tema planejamento para a Enfermagem e na consolidação

do SUS. Pois discutir meios de promover ações que venham atender as demandas

contribui na qualificação da assistência em saúde prestada e no aprimoramento de

nosso Sistema Público de Saúde.

Consideramos também, que nossa graduação foi privilegiada em ter como

pesquisa para a obtenção do grau Bacharel em Enfermagem uma discussão mais

ampla sobre a assistência prestada aos usuários e a realidade vivenciada por eles.

72

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73

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76

APÊNDICES

77

APÊNDICE I- Protocolo do Estudo de Caso

A. Visão geral do projeto do estudo de caso

A.1 . Questão do estudo de caso

Como o planejamento estratégico situacional contribui no atendimento a hipertensos

e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e adscritos na ESF?

A.2. Proposição do estudo

O planejamento das ações desenvolvidas pelo ESF pode melhorar a qualidade do

atendimento a hipertensos e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e nela adscritos.

A.3 Estrutura teórica

O estudo de caso evidenciará que o PES contribui para melhorar a qualidade do

atendimento a hipertensos e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e adscritos na

ESF.

B. Procedimentos de campo

B. 1) Nomes e locais a serem visitados

Gerente da ESF. e diabéticos e/ou hipertensos em seus domicílios.

B.2) Plano de coleta de dados

Julho a Agosto/ 2010: Visita de aproximação da ESF e coleta dos dados.

C. Questões do estudo de caso

C1 – Questões para o gerente

1. Como o gerente realiza o planejamento das ações desenvolvidas pela ESF no

atendimento a hipertensos e/ou diabéticos?

2. Qual o tipo de planejamento que a ESF realiza para a população de

hipertensos e/ou diabéticos ?

3. O gerente conhece a clientela cadastrada no HiperDia e adscrita na ESF?

4. Além das consultas médicas, quais atividades a ESF promove para os

hipertensos e/ou diabéticos?

5. Como se dá o controle e dispensação de medicação por parte da ESF para

os hipertensos e/ou diabéticos?

6. As ações desenvolvidas pela ESF atendem suficientemente as demandas

em saúde dos hipertensos e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e nela

adscritos?

78

C2 – Questões para hipertensos e/ou diabéticos

1. Além das consultas médicas, quais atividades a ESF promove para os

hipertensos e/ou diabéticos?

2. Como se dá o controle e dispensação de medicação por parte da ESF para

os hipertensos e/ou diabéticos?

3. As ações desenvolvidas pela ESF atendem suficientemente as demandas

em saúde dos hipertensos e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e nela

adscritos?

4. Os hipertensos e/ou diabéticos conhecem o gerente da ESF?

D. Questão de avaliação do estudo de caso

O PES pode contribuir de fato para a melhoria do atendimento a hipertensos e/ou

diabéticos cadastrados no HiperDia e adscritos na ESF?

79

APÊNDICE II - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado a participar de um estudo de caso intitulado: “O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL NO ATENDIMENTO A HIPERTENSOS E/OU DIABÉTICOS CADASTRADOS NO HIPERDIA E ADSCRITOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE URUGUAIANA”. O objetivo desta pesquisa é refletir sobre o planejamento estratégico situacional no atendimento a hipertensos e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e adscritos na ESF Para o desenvolvimento do estudo serão realizadas entrevistas individuais

com os diabéticos e/ou hipertensos e o gerente da ESF, estas entrevistas serão

gravadas. Caso você aceite participar da pesquisa seu nome será mantido em

anonimato, e as informações obtidas com esta entrevista serão divulgadas em meios

científicos.

A sua participação nesse estudo é voluntária. Você tem a liberdade de se

recusar a participar do estudo ou desistir a qualquer momento. Pela sua participação

no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro e/ou não terá seu

atendimento de saúde prejudicado, de nenhuma maneira. Para qualquer dúvida,

durante este estudo, você poderá entrar em contato com o pesquisador responsável

(Karina Hammerschmidt) através do telefone (55)91899003 ou através do endereço

BR 472, KM 592, caixa postal 118, CEP 97500 970, UNIPAMPA/Campus

Uruguaiana. Também, com as demais pesquisadoras Vilma C. F. dos Santos (55)

99396606; Maiana P. do Santos (55) 84280099; Fernanda B. Justen (55)91823770.

Eu, _________________________________________________ li o texto

acima e compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual fui convidado (a) a

participar. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação no estudo a

qualquer momento sem justificar minha decisão. Eu concordo voluntariamente

em participar do estudo.

Data _________________

_________________________ ___________________

Nome do entrevistado Assinatura

_________________________ ___________________

Nome do entrevistador Assinatura

80

APÊNDICE III – Termo de Confidencialidade

Título do projeto: o Planejamento Estratégico Situacional no atendimento a hipertensos e/ou diabéticos cadastrados no HiperDia e adscritos em uma Estratégia de Saúde da família do município de Uruguaiana. Pesquisador responsável: Profª Dda.Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt

Instituição/ departamento: Universidade Federal do Pampa/ Curso de Enfermagem

Telefone para Contato com Karina S. A. Hammerschmidt: (55) 9189 9003;

Telefone para Contato com Vilma C. F. dos Santos (55) 99396606;

Telefone para Contato com Maiana P. do Santos (55) 84280099;

Telefone para Contato com Fernanda B. Justen (55) 91823770.

Local para a coleta de dados: Estratégia Saúde da Família localizado no Bairro

Tabajara Brites no município de Uruguaiana/RS.

Os pesquisadores do presente projeto comprometem-se a preservar a

privacidade dos participantes cujos dados serão coletados através de entrevistas

com Hipertensos e/ou Diabéticos adscritos na ESF e o gerente desta, e concordam,

igualmente, que estas informações serão utilizadas única e exclusivamente para a

execução do presente estudo. As informações somente poderão ser divulgadas de

forma anônima e serão mantidas arquivadas por um período de cinco anos sob

responsabilidade da pesquisadora responsável Karina Silveira de Almeida

Hammerschmidt e após esse período os dados serão destruídos. Este estudo foi

revisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do

Pampa em 10/11/2010 com número de registro Unipampa/CEP 018 2010.

Uruguaiana, 10 de novembro de 2010.

____________________________________________________

Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt (Pesquisador responsável)

__________________________________

Fernanda Berwaldt Justen (Pesquisador)

__________________________________

Maiana Pinheiro dos Santos (Pesquisador)

__________________________________

Vilma Constancia Fioravante dos Santos (Pesquisador)

81

APENDICE IV - Tabelas com o quantitativo de publicações segundo o ano, descritor,

base de dados e busca

Quantitativo disponível online: base de dados BDENF

Busca/Total por

ano

1993 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL

DE

ARTIGOS

ONLINE

Planejamento

estratégico 1 1 1 - 3 4 5 14 12 23 10 4 - 78

Desc. Primário - - - - - - - - - - - - - -

Desc. Sec./ APS - - - - - - - 1 - - - - - 1

Desc. Sec./ SF - - 1 - 2 1 3 9 7 13 5 3 - 43

Desc. Primário

+ Saúde da

Família

- - - - - - - - - - - - - -

Atenção

primária à

saúde +Saúde

da família

- - - - - - - 1 - - - - - 1

Desc. primário +

Atenção

Primária à

Saúde

- - - - - - - - - - - - - -

Planejamento

em saúde

1 1 1 0 3 4 4 13 12 22 10 4 0 75

Desc. Primário - - - - - - - - - - - - - -

Desc. Sec./ APS - - - - - - - - - - - - - -

Desc. Sec./ SF - - 1 - 2 1 - 7 8 11 3 2 - 35

Desc. Primário

+ Saúde da

Família

- - - - - - - - - - - - - -

Atenção

primária à

saúde +Saúde

da família

- - - - - - - 1 - - - - - 1

Desc. primário +

Atenção

Primária à

Saúde

- - - - - - - - - - - - - -

82

Quantitativo disponível online: base de dados MEDLINE

Busca/Total

por ano

199

7

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

200

7

200

8

200

9

201

0

TOTAL

DE

ARTIGO

S

ONLINE

Planejament

o estratégico

28 36 40 54 114 75 117 97 107 106 69 135 118 7 1107

Desc.

primário

- - - - - - - - - - - - - - -

Desc. Sec./

APS

- - - - 1 2 1 - - 6 1 3 8 - 19

Desc. Sec./

SF

- - - - 1 5 8 10 17 15 16 16 40 - 131

Desc.

Primário +

Saúde da

Família

- - - - - - - - - - - - - - -

Atenção

primária à

saúde

+Saúde da

família

- - - - - - - - 1 - - - - - 1

Desc.

primário +

Atenção

Primária à

Saúde

- - - - - - - - - - - - - - -

Planejament

o em saúde

0 80 44 70 50 65 69 70 105 110 7 860

Desc.

primário

- - - - - - 1 - - - - 1

Desc. Sec./

APS

_ 1 2 1 _ _ _ _ 2 _ 6

Desc. Sec./

SF

_ 1 2 3 9 16 15 18 14 34 _ 113

Desc.

Primário +

Saúde da

Família

_ _ _ _ _ _ _ _ 1 1 _ 2

Atenção

primária à

saúde

+Saúde da

família

_ _ _ _ 2 3 1 3 6 _ 15

Desc.

primário +

Atenção

Primária à

Saúde

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 0

83

Quantitativo disponível online: base de dados LILACS

Busca/Tota

l por ano

198

3

199

6

199

7

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

200

7

200

8

200

9

201

0

TOTAL

DE

ARTIG

OS

ONLIN

E

Planejame

nto

estratégico

_ 1 2 1 2 2 3 3 6 9 10 16 17 29 56 44 47

Desc.

Primário

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Desc. Sec./

APS

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Desc. Sec./

SF

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Desc.

Primário +

Saúde da

Família

_ _ _ 1 _ _ _ _ 3 1 8 6 5 16 18 26

Atenção

primária à

saúde

+Saúde da

família

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 1

Desc.

primário +

Atenção

Primária à

Saúde

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1

Planejame

nto em

saúde

1 5 7 13 13 9 16 21 28 53 46 46 60 76 65 0 459

Desc.

Primário

- - - - - - - - - - - - - - - 0

Desc. Sec./

APS

- - - - - - - - - - 1 - - 1 3 - 6

Desc. Sec./

SF

- - - 7 1 1 8 7 6 16 22 25 34 51 52 0 230

Desc.

Primário +

Saúde da

Família

- - - - - - - - - - - - - - 1 - -

Atenção

primária à

saúde

+Saúde da

família

- - - - - - - - - - 1 - - - 4 - 5

Desc.

primário +

Atenção

Primária à

Saúde

- - - - - - - - - - - - - - - - -

84

APENDICE V - Formulário de registro do corpus de análise

Descrição das publicações quanto ao: código de referencia, título da publicação, ano

e fonte de publicação, formação do autor, tipo de artigo e estudo e base de

indexação.

Título da publicação Ano Fonte Autor Formação do autor

Tipo de publicação

Tipo de estudo

A Prática Da Assistência Domiciliar Dos Profissionais Da Estratégia De Saúde

Da Família

2006 Texto

Contexto Enferm

Clélia Mozara Giacomozzi

Maria Ribeiro Lacerda

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

Opinião De Enfermeiros Acerca Do Que É

Trabalhar Com Famílias No Programa Saúde Da

Família1

2007

Rev Latino-ame de

Enfermagem

Raquel Gusmão Oliveira

Sonia Silva Marcon Enfermeiros Pesquisa

Qualitativo

User Satisfaction From The Perspective Of Acceptability In The

Family Health Scenario

2007 Texto

Contexto Enferm

Vanessa Pirani Gaioso Silvana Martins Mishima

Enfermeiros Pesquisa Quantitativo e

qualitativo

Sistema de Informações

Geográficas para a Gestão de Programas Municipais de Cuidado

a Idosos

2006 Texto

Contexto Enferm

Sofia Cristina Iost Pavarini, Eduardo Mario Mendiondo, Marcelo Montaño,

Diogo Martino FernandesAlmeida,

Marisa Silvana Zazzetta de Mendiondo,

Elizabeth Joan Barham, Elisete Silva Pedrazzani

Enfermeiro Engenheiro Assistente

Social Psicólogo

Pesquisa Quantitativo

Trabalhar com famílias no Programa de Saúde da Família: a prática do enfermeiro em Maringá-

Paraná

2007

Rev Escola de Enfermagem USP

Raquel Gusmão Oliveira, Sonia Silva

Marcon Enfermeiros Pesquisa

Qualitativo

Enfermagem Pediátrica E Abordagem Da

Família: Subsídios Para O Ensino De Graduação

2002

Rev Latino-ame de

Enfermagem

Semiramis Melani Melo Rocha,

Lucila Castanheira Nascimento,

Regina Aparecida Garcia de Lima

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

Saúde Mental No Programa Saúde Da Família: Caminhos E Impasses De Uma

Trajetória Necessária

2009 Cad.

Saúde Pública

Roselma Lucchese, Alice Guimarães

Bottaro de Oliveira, Marta Ester Conciani,

Samira Reschetti Marcon

Enfermeiro Assistente

social

Qualitativo

Trabalho Em Equipe Multiprofissional:

2009 Ciência &

Saúde Ricardo Corrêa

Ferreira, Médico

Psicólogo Pesquisa

Qualitativo

85

A Perspectiva Dos Residentes Médicos

Em Saúde Da Família

Coletiva Cássia Regina Rodrigues Varga, Roseli Ferreira da

Silva

Enfermeiro

As Práticas Desenvolvidas No

Programa Saúde Da Família Contribuem

Para Transformar O Modelo De Atenção À Saúde?

2009

Revista brasileira

de Enfermag

em

Helena Eri Shimizu, Carlos Rosales

Enfermeiro Carlos

Rosales (citação

insuficiente para

encontrar currículo

Pesquisa Qualitativo

Avaliação Da Cobertura Assistencial Das

Equipes De Saúde Da Família Às Pessoas Que Faleceram Por

Doenças Cerebrovasculares Em

Maringá, Paraná, Brasil

2008 Cad.

Saúde Pública

Eliane Katsume Kikumoto Baptista, Sonia Silva Marcon,

Regina Kazue Tanno de Souza

Enfermeiros Pesquisa Quantitativo

Linhas De Tensões No Processo De

Acolhimento Das Equipes De Saúde Bucal Do Programa

Saúde Da Família: O Caso De Alagoinhas,

Bahia, Brasil

2007 Cad.

Saúde Pública

Adriano Maia dos Santos,

Marluce Maria Araújo Assis,

Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues, Maria Angela Alves

do Nascimento, Maria Salete Bessa

Jorge

Odontólogo Enfermeiro Odontólogo Enfermeiro Enfermeiro

Pesquisa Qualitativo

Programa Saúde Da Família: A Construção De Um Novo Modelo

De Assistência

2006

Rev Latino-ame de

Enfermagem

Walisete de Almeida Godinho Rosa,

Renata Curi Labate

Enfermeiro

Teórico-reflexivo

Qualitativo

A Teorização Sobre Processo De Trabalho

Em Saúde Como Instrumental Para

Análise Do Trabalho No Programa Saúde Da

Família

2004 Cad.

Saúde Pública

Edilza Maria Ribeiro,

Denise Pires, Vera Lúcia G. Blank

Enfermeiros Denise Pires

(citação insuficiente

para encontrar currículo)

Pesquisa Qualitativo

Dinâmica Do Atendimento Em

Planejamento Familiar No Programa Saúde Da

Família No Brasil

2007 Cad.

Saúde Pública

Escolástica Rejane Ferreira Moura,

Raimunda Magalhães da Silva

,

Marli Teresinha Gimeniz Galvão

Enfermeiros

Pesquisa Qualitativo

86

Resiliência: Nova Perspectiva Na

Promoção Da Saúde Da Família?

2009 Ciência &

Saúde Coletiva

Maria Glícia Rocha da Costa e Silva Noronha; Paloma Sodré Cardoso; Tatiana Nemoto Piccoli Moraes;

Maria de Lourdes Centa

Enfermeiros Nutricionista

Pesquisa Qualitativo

Título da publicação Ano Fonte Autores Formação Tipo de

publicação Tipo de estudo

A enfermagem e o programa saúde da

família: uma parceria de sucesso?

2004 Rev Bras Enferm,

Dalvani Marques, Eliete Maria Silva

Enfermeiros Pesquisa Descritivo

Acolhimento no cotidiano dos auxiliares

de enfermagem nas unidades de saúde da família, londrina (PR)

2009 Ciência &

Saúde Coletiva,

Sônia Regina Nery, Elisabete de Fátima

Polo de Almeida Nunes,

Brígida Gimenez de Carvalho,

Regina Melchior, Rossana Staevie

Baduy, Josiane Vivian

Camargo de Lima

Enfermeiros Brígida

Gimenez de Carvalho

(lattes não encontrado)

Pesquisa Qualitativo

As práticas das enfermeiras de uma unidade de saúde da

família de londrina, e a relação com as

atribuições do exercício profissional

2008

Semina: Ciências

Biológicas E Da

Saúde,

Suellen Karina de Oliveira Giroti,

Elisabete de Fátima Polo de Almeida

Nunes, Mara Lúcia Rocha

Ramos

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

Assistência pré-natal no programa saúde da

família 2006

Esc Anna Nery R Enferm.

Sebastião Junior Henrique, Duarte

Sônia Maria, Oliveira de Andrade

Enfermeiros Duarte

Sônia Maria (lattes não

encontrado) Oliveira de Andrade( lattes não

encontrado)

Pesquisa Revisão de literatura

Capacitação das equipes locais como

estratégia para a institucionalização da avaliação em saúde

2008 Cad.

Saúde Pública

Maria José Scochi, Sonia Silva Marcon, Magda Lúcia Félix

de Oliveira, Maria Angélica

Pagliarini Waidman, Maria Bernadete

Gonçalves, Paula Nishiyama,

Regina Lúcia Dalla Torre Silva,

Wladithe Organ de Carvalho

Enfermeiros Médico

Farmaceutico

Regina Lúcia Dalla Torre Silva (lattes não

encontrado)

Relato de experiência

Qualitativo

87

Características de um grupo de usuários do programa Saúde da família na cidade de

campo bom (RS), Brasil em 2006

2009 Ciência &

Saúde Coletiva,

Bárbara Niegia Garcia de Goulart, Andressa Regina

Algayer

Fonoaudiólogo

Enfermeiro Pesquisa

Concepções de violência e práticas de cuidado dos usuários

da estratégia de saúde da família: uma

perspectiva cultural

2007 Texto

Contexto Enferm,.

Maria de Lourdes Denardin Budó,

Fernanda Carlise Mattioni, Tiago da

Silva Machado, Lúcia Beatriz

Ressel, Zulmira Newlands

Borges

Enfermeiros Antropólogo

Pesquisa Pesquisa

exploratório descritiva

Conhecimento Gerencial Requerido Do

Enfermeiro No Programa Saúde Da

Família

2005 Rev Bras Enferm.

Gladys Amélia Vélez Benito,

Luciana Corrêa Becker

Jefferson Duarte, Daniela Stuarte

Leite

Enfermeiros Pesquisa Quantitativo

Estratégias Gerencias Na Implantação Do

Programa De Saúde Da Família

2005 Rev Bras Enferm

Mônica Aguilar Estevam Dias,

Fátima Teresinha Scarparo Cunha,

Wellington Mendonça de

Amorim

Enfermeiros

Pesquisa Pesquisa qualitativa descritiva

Gerentes Do Território Na Estratégia Saúde

Da Família: Análise E Perfil De Necessidades De

Qualificação

2007 Rev Bras Enferm,

Francisco Rosemiro Guimarães,

Ximenes Neto, José Jackson Coelho

Sampaio

Enfermeiros Médico

Pesquisa

Pesquisa exploratória-

descritiva

Intersetorialidade: uma vivência prática

ou um desafio a ser conquistado?

2004

Interface - Comunic.,

Saúde, Educ.,

Kelly Andressa de Paula,

Pedro Fredemir Palha,

Simone Teresinha Protti

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

O perfil da emergência do

Hospital da Restauração: uma

análise dos possíveis impactos

após a municipalização dos

serviços de saúde

2004 Rev. Bras. Epidemiol.

Betise Mery Alencar S.M. Furtado,

José Luiz C. Araújo Jr.,

Paulleti Cavalcanti

Enfermiro José Luiz C.

Araújo Jr. Paulleti

Cavalcanti (lattes não

encontrado)

Pesquisa Quantitativo

Processos de trabalho na Equipe Estratégia de

Saúde da Família

2009 Rev Bras Enferm

Daniela Soccoloski Pavoni, Cássia Regina, Gotler

Medeiros

Daniela Soccoloski Pavoni (

lattes não encontrado) Enfermeiro

Pesquisa Qualitativo

88

Programa Saúde da Família no Brasil: uma agenda incompleta?

2009 Ciência &

Saúde Coletiva,

Maria Fátima de Sousa,

Edgar Merchán Hamann

Enfermeiro Médico

Pesquisa

Quali-quantitativo

Programa saúde da família no Brasil: um

enfoque sobre Seus pressupostos

básicos, operacionalização e

Vantagens

2001 Saúde e

Sociedade

Milena Lopes Santana,

Maria Isabel Carmagnani

Enfermeiros Pesquisa

Qualitativo

Título Da Publicação Ano Fonte Autor Formação Tipo

Artigo/Estudo

Hipertensão arterial e saúde da família:

atenção aos portadores em município de pequeno porte na

região sul do Brasil

2006 Arq. Bras. Cardiol.

Luciano Burigo de Sousa;

Regina Kazue Tanno de

Souza; Maria José Scochi

Médico Enfermeiros

Pesquisa Quantitativo

Competência profissional e

assistência em Anticoncepção

2005 Rev.

Saúde Publica

Escolástica Rejane Ferreira

Mouraa e Raimunda

Magalhães da Silvab

Enfermeiros Pesquisa Qualitativa

Família em situação de risco e sua inserção no programa de Saúde da família: uma reflexão necessária à prática

profissional

2005

Texto

contexto

-

enferm.

Darielli Gindri Resta

Maria da Graça Corso Motta

Enfermeiros Teórico

Reflexivo Qualitativo

Avaliação da descentralização da

vigilância epidemiológica para a equipe de Saúde da

Família

2008

Ciênc.

saúde

coletiva,

Silvone Santa Bárbara da

Silva Santos; Cristina Maria Meira de Melo.

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

Processo de ascensão ao cargo e as facilidades e

dificuldades no gerenciamento

2008 Rev. Bras,

Enferm

Francisco Rosemiro

Guimarães Ximenes Neto; José Jackson

Coelho Sampaio

Enfermeiro Médico

Pesquisa Qualitativo

Saúde Da Família: Mudando Práticas? Estudo De Caso No

Município De Natal (Rn)

2009

Ciênc.

saúde

coletiva

Marize Barros de Souza Araújo;Paulo de Medeiros Rocha

Enfermeiro Médico

Pesquisa Qualitativo

Visão De Enfermeiras Sobre As Articulações Das Ações De Saúde Entre Profissionais De Equipes De Saúde Da

Família

2008 Rev Esc Enferm

USP

Isabel Cristina dos Santos

Colomé, Maria Alice Dias da Silva Lima,

Roberta Davis3

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

89

Programa Saúde da Família: perfil de idosos

assistidos por uma equipe

2004 Rev Bras Enferm

Lorena Aparecida de Oliveira Araújo; Maria Márcia Bachion

Enfermeiros Pesquisa Quali-

quantitativo

Programa Saúde da Família: a experiência

de equipe multiprofissional

2006 Rev

Saúde Pública

Elaine Machado de Oliveira; Wilza Carla

Spiri. Enfermeiros Pesquisa Qualitativa

Sistema único de Saúde e da Família na Formação Acadêmica

do Enfermeiro

2009 Rev. Bras Enferm,

Roberta Kaliny de Souza

Costa; Francisco

Arnoldo Nunes Miranda

Enfermeiros Teórico-reflexivo

Qualitativo

Integralidade da Atenção à Saúde na

perspectiva da gestão no município

2006 Texto

Contexto Enferm,

Luciane Prado Kantorski;

Vanda Maria da Rosa Jardim;

Valéria Cristina Christello Coimbra; Michele

Mandagará de Oliveira; Rita Maria Heck.

Enfermeiros Pesquisa Qualitativo

*Algumas citações dos nomes dos autores encontradas nos artigos foram insuficientes para

ser localizado o currículo na Plataforma Lattes, de maneira a ser classificado como currículo

não encontrado.