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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO
CAIPIRA
THALES FELIPE FERREIRA
SÃO JOÃO DEL-REI - MG
JUNHO – 2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO
CAIPIRA
THALES FELIPE FERREIRA
Graduando em Zootecnia
SÃO JOÃO DEL-REI - MG
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JUNHO – 2016
THALES FELIPE FERREIRA
CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO
CAIPIRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Zootecnia,
da Universidade Federal de São João Del Rei-Campus Tancredo de Almeida Neves,
como parte das exigências para a obtenção do diploma de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Alexandre de Oliveira Teixeira (UFSJ/CTAN)
Co-orientadora: Graziela Tarôco
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SÃO JOÃO DEL-REI - MG
JUNHO – 2016
THALES FELIPE FERREIRA
CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO
CAIPIRA
Defesa Aprovada pela Comissão Examinadora em: ______/_____/_______
Comissão Examinadora:
___________________________________________________
Leila de Gênova Gaya
(UFSJ/CTAN)
___________________________________________________
Graziela Tarôco
Co-orientadora
(UFSJ/CTAN)
___________________________________________________
Alexandre de Oliveira Teixeira
Orientador
(UFSJ/CTAN)
4
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos, da Biblioteca da
UFSJ/CTAN.
Bibliotecário (a): __________________________________________
5
DEDICATÓRIA
Dedico,
Aos meus pais, Edson e Jaqueline,
ao meu irmão Victor,
por toda confiança amor e carinho.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado saúde е força para superar as dificuldades.
A Universidade Federal de São João Del Rei pela oportunidade.
Ao meu orientador, Prof. Alexandre pela amizade, profissionalismo, pelos conselhos e
ensinamentos que contribuíram para o enriquecimento dos meus conhecimentos.
A Graziela, minha co-orientadora, pelo apoio, contribuiu de forma significativa para a
minha formação.
Ao professor Aldrin Vieira Pires (in memoriam) e à UFVJM pelo apoio e pela bolsa de
iniciação científica que foi contemplada para condução deste projeto.
Aos meus pais Edson e Jaqueline pelo amor, incentivo е apoio incondicional.
Agradeço ao meu irmão Victor pela confiança, amizade e conselhos.
À minha namorada Camila, pelo carinho, paciência e apoio nos momentos difíceis.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito
obrigado.
7
Resumo
Objetivou-se com este trabalho avaliar e comparar curvas de crescimento de
linhagens de frangos tipo caipira. Foram utilizados 9150 pintos de um dia, machos e
fêmeas, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, das seguintes
linhagens: Master Griss, Label Rouge, Pesadão vermelho e Gaúcho. O ganho de peso
médio diário foi estimado através de mensurações semanais realizadas ao nascimento, 7,
14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 63, 70, 77, 84 dias de idade. Os dados coletados foram
avaliados a partir dos modelos não-lineares: Gompertz, Logístico, Richards e von
Bertalanffy para a determinação das curvas de crescimento a partir do peso corporal das
aves. Foi empregado o “proc nlin” do SAS, utilizando o método interativo de Gauss-
Newton. Apenas as equações propostas por Gompertz, von Bertalanffy e Logístico
atingiram convergência, Desta forma, o modelo Richards não foi discutido sendo
considerado inapropriado para descrever a curva de crescimento de frangos tipo caipira.
O critério utilizado para escolha do modelo de melhor ajuste foi o índice assintótico que
combina os parâmetros R², DPA e DMA. Sendo o menor valor o índice melhor ajuste.
O modelo proposto por Gompertz foi o que melhor se adequou a linhagem Frango
Gaúcho, assim como Logístico foi para Label Rouge e Von Bertalanffy para Master
Griss e Pesadão. Todos os genótipos ao final do experimento não haviam atingido o
peso a maturidade indicando que 84 dias não era tempo suficiente e que ainda estariam
em fase de ganho de peso e deposição muscular. Linhagem Master Griss foi apontada
por todos os modelos como o de maior peso a maturidade (parâmetro “A”), enquanto o
Label Rouge o de menor peso. Entretanto, considerando que esse genótipo possui a
maior taxa de crescimento (parâmetro “K”), tal resultado é explicado pela correlação
negativa entre os parâmetros. De forma geral o modelo de Gompertz foi o que melhor se
adequou as linhagens em estudo no presente trabalho. A escolha da linhagem para
criação deve ser feita de acordo com o interesse do mercado, considerando a existência
de diferenças no desempenho.
Palavras chaves: Frango caipira, índice assintótico, modelos não lineares, curva de
crescimento.
8
Abstract
The objective of this study was to evaluate and compare the growth curves of
broiler chickens type genotypes. We used 9150 day-old chicks, males and females,
distributed in a completely randomized design of the following genotypes: Master
Griss, Label Rouge, hulking red and Gaucho. The average daily gain weight was
estimated by weekly measurements obtained at birth and with 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49,
56, 63, 70, 77, 84 days old. The data were evaluated from the non-linear models:
Gompertz, Logistic, Richards and von Bertalanffy to determine the growth curves from
the body weight of the birds. The method employed was the "proc NLIN" SAS, using
the interactive method of Gauss-Newton. Only the equations proposed by Gompertz,
von Bertalanffy and Logistic reached convergence, so the Richards model was not
discussed and it was considered inappropriate to describe the growth curve of broiler
chickens type. The criteria used for choosing the best model was the asymptotic index
that recombines the R² parameters, DPA and DMA. In this way, the lower the value, the
best rate adjustment. The model proposed by Gompertz was the best fit to the genotype
gaucho as Logistical was for Label Rouge and Von Bertalanffy to Master Griss and
heavyset. All genotypes at the end of the experiment had not reached the weight of
maturity indicating that 84 days was not enough time and that would still be in gain
stage weight and muscle deposition. The Master Griss genotype was appointed for all
models as the weightier maturity (parameter "A"), while the Label Rouge the lower
weight. However, considering that this genotype presented the highest growth rate
("K"), this result is explained by the negative correlation between the parameters.
Overall the Gompertz model was the one that best suited the strains studied in this
work. The choice of the genotype for creation must be made according to market
interest, considering the fact that there are differences in performance.
Key words: countrified chicken, asymptotic index, nonlinear models, growth curve.
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................11
2.1. SISTEMA DE CRIAÇÃO DE FRANGOS......................................................11
2.1.1 INTENSIVO...........................................................................................11
2.1.2 EXTENSIVO..........................................................................................12
2.1.3 SEMINTENSIVO..................................................................................12
2.2. SISTEMA DE CRIAÇÃO DE FRANGOS TIPO CAIPIRA............................13
2.3. LINHAGENS ...................................................................................................14
(a) LABEL ROUGE................................................................................14
(b) FRANGO GAÚCHO.........................................................................15
(c) MASTER GRISS...............................................................................15
(d) PESADÃO VERMELHO..................................................................16
2.4. CRESCIMENTO................................................................................................17
(a) MODELO GOMPERTZ....................................................................18
(b) MODELO LOGISTICO....................................................................18
(c) MODELO RICHARDS.....................................................................19
(d) MODELO VON BERTALANFFY...................................................19
3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................19
3.1. ORIGEM DOS DADOS E MANEJO DOS ANIMAIS....................................19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................22
5. CONCLUSÃO...........................................................................................................32
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS........................................................................33
10
1. Introdução
No Brasil, as aves criadas em sistema semintensivo conhecidas como caipira
(região Sudeste), colonial (região Sul) ou capoeira (região Nordeste) apresentam carne
com características sensoriais distintas daquelas criadas em sistema intensivo. Segundo
TAKAHASHI et al. (2006) estes animais possuem tecido mais escuro e textura mais
consistente, obtendo sabor acentuado e menor teor de gordura na carcaça.
O interesse dos consumidores por carne de frango criado sobre sistema
semintensivo tem aumentado em todo mundo no sentido de buscar produtos menos
agressivos ao meio ambiente, que privilegiem o bem estar animal (CASTELLINE et al.,
2002; FANATICO et al., 2006; WANG et al., 2009) e por estes produtos estarem
relacionados a uma percepção de qualidade e segurança proveniente desse sistema,
embora PONTE et al. (2008) relatem pouca evidência cientifica que suporta essa
percepção.
Para que a produção no sistema semintensivo seja viável é fundamental o
conhecimento dos diferentes padrões de crescimento das aves (rápido, intermediário e
lento), o que permite ao produtor optar por linhagens que se adequem melhor as
condições ambientais bem como apresentar características (desempenho, carcaça,
qualidade, etc.) compatíveis com as exigências do mercado consumidor. O uso de
linhagens com potencial de crescimento especifico para a atividade é possível através da
implantação de programas de melhoramento animal, que possibilitam a identificação
dos genótipo superiores (GAYA et al., 2006).
Em programas de melhoramento animal a avaliação do peso corporal em
diferentes idades é uma das característica mais utilizadas como critério de seleção
(MEYER, 2000; GAYA et al., 2006; SILVA et al., 2011).
11
Conhecer o desempenho das aves é importante para que o produtor possa
planejar aspectos relacionados com a lucratividade da atividade (fornecimento de ração,
idade de abate, etc.) bem como adequações no sistema de produção (VELOSO, 2012).
Dessa forma, objetivou-se com este estudo comparar as curvas de crescimento,
através de modelos não lineares, para as linhagens caipira Label Rouge, Master Griss,
Pesadão Vermelho e Frango Gaúcho determinando o modelo mais adequado para cada
uma delas.
2. Revisão de literatura
2.1. Sistemas de criação de frangos
No que diz respeito ao sistema de produção a avicultura não se difere quanto aos
tipos de exploração. Sendo eles: intensivo, semintensivo e extensivo (LOPES et al.,
2011) .
2.1.1. Intensivo
A avicultura intensiva requer maiores investimentos, tanto de capital como de
mão de obra. O tamanho dos lotes de aves no sistema de produção intensiva
normalmente situa-se nos milhares. Esse resultado foi alcançado por meio de avanços
na investigação sobre incubação artificial, necessidades nutricionais e controle das
doenças (LOPES et al., 2011).
Figura 1- Sistema intensivo de criação de frangos. Fonte: Embrapa Suínos e Aves
(2011)
12
2.1.2. Extensivo
Chama-se de avicultura extensiva quando os frangos são criados em liberdade e
podem debicar e ciscar em volta da casa à procura de comida (LOPES et al., 2011).
Figura 2- Sistema extensivo de criação de frangos. Fonte: Embrapa Suínos e Aves
(2013)
2.1.3. Semintensivo
No sistema de produção avícola semintensivo as galinhas encontram-se
confinadas a um espaço aberto cercado com telas. Existe um pequeno galinheiro onde as
galinhas podem permanecer à noite. O criador fornece praticamente toda a comida, a
água e outras necessidades (LOPES et al., 2011).
Segundo HELLMEISTER FILHO (2002), o sistema de criação semintensivo
deve além de oferecer condições ambientais adequadas, utilizar aves melhoradas e
adaptadas a este sistema com alto potencial genético.
13
Figura 3- Sistema semintensivo de criação de frangos. Fonte:
http://www.incaper.es.gov.br/noticias/images_2009/setembro/01_09_2009_1.jpg
2.2. Sistema de criação de frangos tipo caipira
O Ministério da Agricultura e do Abastecimento estabelece normas para o
sistema de produção de frangos tipo caipira que estão descritas no Ofício nº 007/99
(MAPA, 1999), dentre essas, determina que as aves devem ter acesso a piquetes, proíbe
a utilização de linhagens de frango de corte convencional e determina que as rações
fornecidas devem ser isentas de promotores de crescimento e de produtos de origem
animal.
São considerados sinônimos os termos frango caipira, frango colonial, frango
tipo caipira, frango estilo caipira, frango tipo colonial, frango estilo colonial e frango
verde (FIGUEREDO et al., 2011).
Segundo SILVA e NAKANO (1998) e FIGUEIREDO e ÁVILA (2001) aves
criadas em sistema semintensivo de criação de frangos expressam seu comportamento
natural pois, por terem acesso à pastagem, as aves acabam ingerindo outros alimentos,
como verduras, insetos e minhocas, o que não ocorre no sistema intensivo de criação.
14
Nesse sistema de criação a produção depende diretamente do bem estar e da saúde
animal, por isso esses são considerados os principais fatores (BOCKISCH, 1999).
2.3. Linhagens
A pressão de seleção aplicada nos programas de melhoramento resulta em
linhagens de frangos caipiras com características distintas, essas características permite
adequar a linhagem a região produtora e ao mercado consumidor.
O potencial genético de crescimento das aves pode ser obtido por curvas que
expressam seu crescimento, dessa forma auxiliando na definição da idade ótima de
abate e nos programas alimentares com os devidos ajustes nutricionais.
a) Label Rouge
Foi desenvolvida na França a partir do cruzamento de raças rústicas pelo
Instituto Agrícola (ISA). A rápida adaptação dessas aves no Brasil transformou-as num
produto tropical. São aves altamente rústicas e versáteis, obtidas através de elevado
padrão de seleção genética (COELHO et al., 2008)..
Forte e pesada, é considerada boa poedeira, sendo sua carne muito apreciada.
Possui pele fina sem acumulo de gorduras e pode apresentar média de peso vivo de 2,36
Kg com conversão de 2,65 e rendimento de carcaça de 70% aos 84 dias de idade
(COELHO et al., 2008).
Label Rouge significa selo vermelho. Esse selo foi criado em 1965 para garantir
um produto de qualidade tanto no paladar quanto nas condições de produção,
processamento e comercialização (COELHO et al., 2008).
15
FIGURA 4. Label Rouge
Fonte: ASHALEY FARMS (2012)
b) Frango Gaúcho
Desenvolvido no sul do Brasil a partir de raças rústicas de corte, possuem
plumagem variada porém, com maior predominância de aves vermelhas e pretas. A
carne é saborosa e com pouco acúmulo de gordura. Esta linhagem pode atingir 2,2 kg
aos 85 dias de idade (EMBRAPA, 2003).
FIGURA 5 - Frango Gaúcho. http://asenhoradomonte.com/wp-
content/uploads/2014/05/remecc81dios-caseiros-para-aves-de-capoeira.jpg
c) Master Griss
Suas penas mesclam o preto, branco e marrom. É uma ave da categoria super
peso, chegando a atingir 2,2 Kg em apenas 60 dias. É o legítimo Caipira Francês
exótico, de pernas compridas e com pigmentação forte, completamente adaptado para o
campo. Pode ser alimentado de forma alternativa, com ração ou pasto, podendo ser
16
criado solto adaptando-se bem a uma criação rústica ou profissional e sua carne tem
o inconfundível sabor caipira.
Figura 6. Master Griss
Fonte: CHACARA CANTAREIRA
d) Pesadão Vermelho
Ave com pescoço emplumado e penas de cores vivas. É uma excelente raça para
corte devido a quantidade de carne e peso corporal que se obtém em pouco tempo, 2,6
Kg em 56 dias de idade. O macho pode atingir em torno de 5 a 5,6 kg quando adulto
NUTRIAVES (2014). Possui ótimo ganho de peso corporal em relação ao consumo de
ração e pode ser criado em confinamento total ou em semi confinamento.
FIGURA 7. Pesadão
Fonte: NUTRIAVES
17
2.4 Crescimento
A velocidade de crescimento de um animal depende da espécie a que pertence,
sendo que animais de pequeno porte apresentam crescimento mais rápido que os de
grande porte (MIGNON-GRASTEAU & BEAUMONT, 2000).
Segundo BRACCINI NETO (1993) o conhecimento da curva de crescimento
possibilita a adoção de práticas de manejo que maximizem a produção, dando
prioridade as necessidades nutricionais de cada fase de crescimento, assim como
também podem ser empregadas para predizer a idade ótima ao abate, em função da taxa
máxima de crescimento. Dessa forma outra importância da curva de crescimento é
auxiliar no processo de seleção, bem como acompanhar o progresso genético.
As curvas de crescimento possibilitam a estimação de parâmetros biológicos
interpretáveis, permitindo a predição de características de crescimento da população
(peso inicial, taxa de crescimento e peso adulto) e avaliação do perfil de respostas de
tratamentos ao longo do tempo; estudar as interações das respostas das subpopulações
ou tratamentos com o tempo; detectar, em uma população, animais mais pesados em
idades mais precoces (FREITAS et al., 2005).
Os animais possuem uma curva de crescimento dividida em três fases:
ascendente, estabilização e descendente, seguindo um crescimento sigmoide. Nas aves a
primeira fase se prolonga por um período considerável após a eclosão, com o avançar da
idade a taxa de crescimento passa de acelerada para desacelerada com menor ganho de
peso por dia. O ponto onde ocorre a mudança da curva de ascendente para descendente
é denominado como ponto de inflexão, ou seja, a curva deixa de ser côncava e passa a
ser convexa (LOPES, 1983).
BARBATO & VASILATOSYOUNKEN (1991), relataram que o crescimento é
influenciado numa proporção de 5 a 10% pelos efeitos relacionados ao sexo do animal.
18
Em espécies que as fêmeas são mais leves do que os machos, como os frangos, a
velocidade de crescimento inicial, o ponto de inflexão e o peso a maturidade apresentam
menores valores, enquanto que a velocidade de maturação apresenta valor mais elevado.
O inverso é observado em espécies em que a fêmea é maior do que o macho.
Por meio de medidas de peso associados à idade, alguns modelos matemáticos
são amplamente utilizados na descrição da curva crescimento de animais, como
Gompertz, Logístico, von Bertalanffy e Richards.
a) Modelo Gompertz
Foi desenvolvido em 1825 por Benjamin Gompertz para estudar as leis de
natalidade e mortalidade humana. Ao contrário de outras funções a curva de Gompertz
considera que a massa corporal inicial é sempre superior a zero considerado que o
animal já nasce com algum peso. O ponto de inflexão neste modelo é fixo em 0,37 do
valor de “a” (peso assintótico quando “t” tende a mais infinito, ou seja, peso à idade
adulta) (PAZ et al., 2004).
b) Modelo Logístico
Foi proposto por Verhulst em 1838 para expressar a lei do crescimento de
populações humanas (BRACCINI NETO, 1993). Apresenta uma curva simétrica em
relação ao ponto de inflexão. Considera a velocidade de crescimento proporcional ao
crescimento efetuado e ao crescimento que fica por efetuar. Na função Logística o
parâmetro “b” é fixo e igual a 1,0 (um).
19
c) Modelo Richards
O modelo Richards é constituído por quatro parâmetros, possuindo ponto de
inflexão variável. O ponto de inflexão desse parâmetro dependente do parâmetro m
(parâmetro que dá forma à curva, sua fixação determina a forma da curva e,
consequentemente, o ponto de inflexão), que deve ser estimado para cada análise, para
que possa ser feita uma melhor interpretação biológica. No entanto, existe dificuldade
em se ajustar este modelo devido a não convergência do processo iterativo, causado
principalmente pela alta correlação negativa entre “b” (constante de integração),
relacionada ao peso inicial do animal e sem interpretação biológica bem definida. O
valor de “b” é estabelecido pelos valores iniciais de “y” peso corporal e “t” idade e “m”
(PAZ et al., 2004).
d) Modelo von Bertalanffy
Através das taxas de anabolismo e catabolismo dos tecidos do animal o modelo
foi proposto pelo seu autor, baseando-se na suposição de que o crescimento é a
diferença entre estas taxas (PAZ et al., 2004).
3. Material e Métodos
3.1 Origem dos dados e manejo doas animais
Os dados foram coletados na granja Caipirão do Parque, município de Coronel
Xavier Chaves – MG no campo das vertentes, durante o período de 13 abril de 2009 a
18 de janeiro de 2010.
Foram utilizados 9.150 pintos, machos e fêmeas, de um dia de vida,
provenientes de quatro linhagens de frango tipo caipira: Frango Gaúcho, Master Griss,
Label Rouge e Pesadão Vermelho. Os animais foram alojados em galpões com pé
20
direito de 3 metros, coberto com telhas de fibrocimento, laterais de tela galvanizada
providas de cortinas plásticas e piso de terra batida forrado com cama de maravalha (5
cm de espessura). Aos 28 dias os animais foram soltos em piquetes de 400m² providos
de forragem do gênero cynodon.
O peso corporal das aves foi mensurado semanalmente (ao nascer, 7, 14, 21, 28,
35, 42, 49, 56, 63, 70, 77, 84 dias de idade), dessa forma foi estimada a média de peso
do grupo de animais correspondentes a cada linhagem em determinado lote de acordo
com a idade. A característica de desempenho zootécnico avaliada foi o ganho em peso
médio diário.
Foram analisados 14 lotes, com diferentes distribuições do número de animais
de cada linhagem e do número total de animais dentro de cada lote, apresentados na
Tabela 1.
Tabela 1. Distribuição do número de animais das linhagens Frango Gaúcho, Label
Rouge, Pesadão Vermelho e Master Griss sobre os diferentes lotes avaliados
Lote
Linhagem
Frango Gaúcho Label Rouge Pesadão Vermelho Master Griss
1 50 358 50 50
2 50 354 50 49
3 50 495 50 50
4 50 495 50 50
5 50 350 102 50
6 55 453 50 51
7 100 450 49 50
8 50 599 51 50
9 50 496 50 50
10 50 599 50 50
11 51 503 52 49
12 52 601 48 48
13 50 597 50 50
14 50 597 50 46
21
As rações fornecidas às aves foram formuladas na própria granja, sendo sua
composição à base de milho e farelo de soja, para as fases, inicial (1 a 28 dias),
crescimento (28 a 56 dias) e terminação (56 a 84 dias), conforme informações de
composições e digestibilidade dos ingredientes apresentados por ROSTAGNO et al.
(2005) e MENDONÇA et al. (2008). Água e ração foram fornecidas as aves a vontade
durante 24 horas por dia.
Foram ajustados ao conjunto de dados de peso-idade das linhagens de frango
caipira, quatro modelos não lineares (Tabela 2). Os parâmetros dos modelos foram
estimados pelo comando “proc NLIN” do SAS (Statistical Analysis System), utilizando
algoritmo de Gauss Newton.
Tabela 2. Modelos não lineares utilizados para ajustar as curvas de crescimento, para as
linhagens de frango caipira Label Rouge, Master Griss, Gaúcho e Pesadão
Vermelho, do nascimento aos 84 dias de idade
Modelo Equação
Gompertz (LAIRD 1965) yt = Ae-Be(Kt)
+ ɛ
Logístico (NELDER, 1961) yt = A(1-Be-Kt
)-m
+ ɛ
Richards (RICHARDS, 1959) yt = A(1-Be-Kt
)m
+ ɛ
Von Bertalanffy (BERTALANFFY, 1957) yt = A(1-Be-Kt
)3
+ ɛ
yt representa o peso corporal do animal em uma determinada idade (t, em dias); A é o
peso assintomático ou peso adulto do animal quando t∞; K mede a variação da
velocidade de crescimento e está associado a taxa de maturidade; B é a constante de
integração, onde sua função é modelar a forma da curva de crescimento, porém não
possui função biológica; m é uma constante, refere-se ao ponto em que o animal passa
de uma fase de crescimento acelerado para uma fase de crescimento inibitório,
indicando o ponto a partir do qual a eficiência da taxa de crescimento começa a
diminuir.
Os critério utilizado para a escolha do modelo que melhor se ajustou aos dados
foi o índice assintótico (IA), descrito por RATKOWSKY et al. (1990). Este combina os
critérios de desvio padrão absoluto (DPA) - calculado pela raiz quadrada do quadrado
médio do resíduo, desvio médio absoluto (DMA) – calculado por ˆ| | /n
i
i i
DMA y y n
22
e coeficiente de determinação ajustado (R2
aj) - calculado por R2
aj= ((n-1)R2-p)/(n-p-1),
onde p refere-se ao número de parâmetros da função, n ao número de observações e R²
ao coeficiente de determinação, atribuindo o valor de 100 para a maior estimativa de
cada critério, sendo os demais ponderados em relação a este. Assim temos que IA=
(DPA+DMA) - R²aj. A modelagem que apresentou o menor IA foi considerado como o
modelo de melhor ajuste.
A estatística descritiva dos dados foram realizadas pelo pacote estatístico
Statistical Analysis System®
(SAS Institute, 2008), bem como a avaliação das curvas de
crescimento que foram geradas a partir do comando “proc NLIN” pelo método dos
quadrados mínimos ordinários utilizando-se o algoritmo de Gauss-Newton, descrito por
HARTLEY (1961).
Com base nos parâmetros obtidos para cada modelo avaliado, plotou-se os
gráficos pelo programa Microsoft Excel 2010.
4. Resultados e discussão
Dentre os quatro modelos não lineares propostos, Gompertz, Logístico e von
Bertalanffy atingiram a convergência, enquanto as análises realizadas pelo modelo de
Richards não convergiram. Esse mesmo resultado foi observado por VELOSO (2012)
trabalhando com frangos tipo caipira, propondo que esse modelo não se adequa a
descrição do crescimento para as das linhagens de frangos caipiras estudadas.
As informações das estatísticas descritivas dos pesos utilizados nesse estudo
estão presentes nas tabelas 3, 4, 5 e 6.
23
Tabela 3. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das
curvas de crescimento para a linhagem Frango Gaúcho
Característica N Média (g) Desvio
Padrão Mínimo Máximo
P1 14 37,28 2,16 36,00 41,00
P7 14 83,25 4,72 74,00 91,00
P14 14 169,75 10,08 155,50 189,00
P21 14 322,46 39,47 246,50 372,50
P28 14 436,32 28,06 403,00 498,50
P35 14 590,60 58,03 485,00 707,00
P42 14 806,17 74,25 698,00 996,00
P49 14 1084,36 174,15 807,00 1377,00
P56 14 1257,11 219,29 901,50 1571,00
P63 14 1467,04 182,99 1204,50 1785,00
P70 14 1636,57 150,72 1279,50 1847,50
P77 14 1808,18 154,73 1346,00 1983,50
P84 14 1978,86 197,95 1409,00 2229,00 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de idade;
P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos trinta e
cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove dias de
idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade; P70 –
peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e quatro
dias de idade; N – número de lotes avaliados.
Tabela 4. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das
curvas de crescimento para a linhagem Label Rouge
Característica N Média (g) Desvio
Padrão Mínimo Máximo
P1 14 37,64 0,92 35,00 38,00
P7 14 89,79 10,20 74,50 106,50
P14 14 174,75 13,46 150,00 204,00
P21 14 293,77 39,90 214,00 355,00
P28 14 432,19 46,31 345,50 492,75
P35 14 630,85 83,68 508,00 747,00
P42 14 854,22 62,61 737,30 915,00
P49 14 1128,36 147,78 943,00 1297,50
P56 14 1358,69 181,79 1165,50 1691,00
P63 14 1564,00 147,57 1349,50 1729,00
P70 14 1753,93 169,12 1532,50 1966,00
P77 14 2016,32 147,91 1771,00 2219,50
P84 14 2341,69 172,02 1911,00 2505,50 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de
idade; P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos
trinta e cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove
dias de idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade;
P70 – peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e
quatro dias de idade; N – número de lotes avaliados.
24
Tabela 5. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das
curvas de crescimento para a linhagem Master Griss
Característica N Média (g) Desvio
Padrão Mínimo Máximo
P1 14 42,07 3,24 36,00 44,00
P7 14 88,71 5,11 83,00 99,00
P14 14 196,64 27,37 147,00 231,50
P21 14 326,21 42,11 245,00 381,50
P28 14 468,33 14,65 451,50 505,00
P35 14 662,46 54,14 562,00 730,50
P42 14 961,41 166,12 724,50 1189,00
P49 14 1258,86 266,31 920,50 1670,50
P56 14 1470,62 254,36 1206,50 1869,00
P63 14 1669,96 209,50 1450,00 1988,50
P70 14 1874,96 124,44 1735,00 2045,50
P77 14 2141,50 106,48 1979,50 2268,50
P84 14 2455,70 150,21 2016,00 2566,50 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de
idade; P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos
trinta e cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove
dias de idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade;
P70 – peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e
quatro dias de idade; N – número de lotes avaliados.
Tabela 6. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das
curvas de crescimento para a linhagem Pesadão Vermelho
Característica N Média (g) Desvio
Padrão Mínimo Máximo
P1 14 38,64 1,54 37,00 42,00
P7 14 88,50 3,61 84,00 97,00
P14 14 192,75 25,34 156,50 238,50
P21 14 331,46 36,92 283,50 402,00
P28 14 512,75 72,14 415,00 689,50
P35 14 740,02 115,86 541,50 973,00
P42 14 941,53 133,01 711,50 1250,50
P49 14 1210,79 193,72 901,50 1521,00
P56 14 1435,14 211,97 1142,50 1810,00
P63 14 1650,96 197,65 1343,00 1980,00
P70 14 1858,43 195,62 1510,00 2163,50
P77 14 2082,54 197,92 1726,00 2400,00
P84 14 2303,79 184,57 1941,00 2637,00 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de
idade; P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos
trinta e cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove
dias de idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade;
P70 – peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e
quatro dias de idade; N – número de lotes avaliados.
25
O índice assintótico (IA), é considerado o critério mais completo por recombinar
R², DPA e DMA sendo este recomendado para escolha de modelos onde o melhor
ajuste de curva é atingido quando se obtém menores valores de índice assintótico
(ARAÚJO et al., 2012). Portanto o modelo Gompertz foi o que melhor se adequou a
linhagem Frango Gaúcho, assim como o Logístico foi para Label Rouge e Von
Bertalanffy para Master Griss e Pesadão Vermelho (Tabela 7).
Tabela 7. Parâmetros estimados e critérios de qualidade de ajustes para os modelos não
lineares utilizados para descrever o crescimento de frangos caipiras
Modelo Linhagem Parâmetros
Critério de Qualidade de
Ajuste
A B k R2
aj(%) DMA DPA IA
Gompertz
Gaúcho 2773,54 4,26 0,03 96,53 77,30 124,87 15,53
Label R. 2727,06 6,66 0,04 33,35 218,57 1151,54 94,98
Master 3709,54 4,33 0,02 96,81 97,08 143,89 14,42
Pesadão 3293,73 4,19 0,02 96,62 96,79 141,53 14,91
Logístico
Gaúcho 2674,86 5,71 0,03 96,52 78,42 124,93 15,78
Label R. 2664,52 8,32 0,04 33,40 216,35 1151,12 94,60
Master 3379,94 5,80 0,03 96,77 99,15 144,82 15,36
Pesadão 3042,705 5,61 0,03 96,58 98,95 142,39 15,82
Von
Bertalanffy
Gaúcho 3527,87 0,83 0,01 96,48 80,08 125,70 16,70
Label R. 3088,80 1,14 0,03 33,19 219,46 1152,92 95,38
Master 5097,45 0,83 0,01 96,84 96,67 143,19 13,86
Pesadão 4234,90 0,82 0,01 96,65 94,93 140,89 14,19
A-Peso à idade adulta; B-Constante de integração sem interpretação biologica; k-Taxa
de maturidade; R²-Coeficiente de determinação; DMA-Desvio médio absoluto; DPA-
Desvio padrão assintótico; IA- Índice assintótico.
Para todas linhagens os valores de “A” peso assintótico, interpretado como peso
a maturidade (idade adulta), foram superestimados em relação ao peso médio dos
26
animais aos 84 dias (Tabela 7). Resultado semelhante foi encontrado por VELOSO
(2012), demonstrando que essas linhagens, ao final do experimento, não haviam
atingido seu peso máximo, ou seja, ainda estavam em fase de crescimento e deposição
muscular.
Verificou-se que as linhagens estudadas não atingiram o peso corporal preconizado
para o abate (2300g) aos 70 dias, conforme publicado no Ofício Circular DIPOA N°
02/2012 (MAPA, 2012). No entanto VELOSO (2012) trabalhando com frangos caipira,
macho, obteve o desempenho preconizado pelo MAPA.
Segundo o modelo proposto por von Bertalanffy, o parâmetro “A”, apresentou
maior valor para a linhagem Master Griss e menor valor para Label Rouge (Tabela 7).
Esses resultados indicam que a linhagem Master Griss tende a apresentar maior peso na
idade adulta e a Label Rouge o menor peso a maturidade.
O parâmetro “k” representa velocidade de crescimento para se atingir o peso
assintótico. No modelo von Bertalanffy, a linhagem Label Rouge apresentou maior
valor de “k” (Tabela 7), evidenciando que esta apresenta maior velocidade de
crescimento (mais precoces) em relação as demais linhagens estudadas. Resultado este
justificado pelo fato de os parâmetros “A” e “k” serem correlacionados negativamente
(GARNERO et al., 2005).
A linhagem Frango Gaúcho foi o que obteve menor valor (melhor ajuste) do
desvio médio absoluto (DMA), o Label Rouge foi o que apresentou maior valor (pior
ajuste) de DMA (Tabela 7). Em relação ao desvio padrão assintótico (DPA), a linhagem
Label Rouge obteve o maior valor (pior ajuste), e o Frango Gaúcho obteve menor
valor, melhor ajuste (Tabela 7).
De acordo com os critérios para qualidade de ajuste do modelo, observou-se que
a linhagem Master Griss e Pesadão Vermelho obtiveram o menor valor de índice
27
assintótico, caracterizando como o padrão de crescimento mais para o modelo Von
Bertalanffy (Tabela 7 e Figuras 8 e 9).
Figura 8 - Curvas de crescimento para linhagem Master Griss comparando o peso
observado e o peso estimado pelo modelo Von Bertalanffy.
0200400600800
100012001400160018002000220024002600
0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84
Pes
o C
orp
ora
l (g
)
Idade (dias)
Master Griss
Peso Observado Peso Estimado
0
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84
Pes
o C
orp
ora
l (g
)
Idade (dias)
Pesadão Vermelho
Peso Observado Peso Estimado
28
Figura 9 - Curvas de crescimento para linhagem Pesadão Vermelho comparando o peso
observado e o peso estimado pelo modelo Von Bertalanffy.
No modelo Gompertz assim como no modelo de Von bertanlaffy, observou-se
que o maior valor do parâmetro “A” foi apresentado pela linhagem Master Griss
indicando que essas aves apresentam maior peso a idade adulta. A linhagem Label
Rouge apresentou o menor valor para esse mesmo parâmetro, indicando assim que são
aves com menor peso a maturidade (Tabela 7).
Em relação ao parâmetro “K” no modelo Gompertz, a linhagem Label Rouge foi
a que apresentou o maior valor enquanto Master Griss e Pesadão os menores. Dessa
forma segundo o modelo, a linhagem Label Rouge possui maior velocidade de
crescimento (mais precoce) em relação as demais linhagens estudadas (Tabela 7).
A linhagem Frango Gaúcho foi o que obteve menor valor (melhor ajuste) do
desvio médio absoluto (DMA), o Label Rouge foi o que apresentou maior valor (pior
ajuste) de DMA. Em relação ao desvio padrão assintótico (DPA), o genótipo Label
Rouge obteve o maior valor (pior ajuste), e o Frango Gaúcho obteve menor valor,
melhor ajuste (Tabela 7).
Segundo o IA o modelo de Gompertz foi o que melhor se adequou a linhagem
Frango Gaúcho (Tabela 7 e Figuras 10).
29
Figura 10- Curvas de crescimento da linhagem Frango Gaúcho comparando o peso
observado e o peso estimado pelo modelo Gompertz.
Assim como proposto por Von Bertalanffy e Gompertz, no modelo Logístico, as
aves da linhagem Master Griss obtiveram os maiores valores para o parâmetro “A”
(Tabela 7).
A linhagem Label Rouge apresentou maior valor de “K” indicando que esta
possui maior velocidade de crescimento em relação os demais linhagens (Tabela 7).
A linhagem Frango Gaúcho foi o que obteve menor valor (melhor ajuste) do
desvio médio absoluto (DMA), o Label Rouge foi o que apresentou maior valor (pior
ajuste) de DMA. Em relação ao desvio padrão assintótico (DPA), o genótipo Label
Rouge obteve o maior valor (pior ajuste), e o Frango Gaúcho obteve menor valor,
melhor ajuste (Tabela 7).
O modelo logístico foi o que melhor se ajustou aos dados para descrever as
curvas de crescimento da linhagem Label Rouge, obtendo o menor valor de índice
assintótico (IA) (Tabela 7 e Figura 11).
0200400600800
100012001400160018002000220024002600
0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84
Pes
o C
orp
ora
l (g
)
Idade (dias)
Frango Gaúcho
Peso Observado Peso Estimado
30
Figura 11 - Curvas de crescimento da linhagem Label Rouge comparando o peso
observado e o peso estimado pelo modelo Logístico.
O parâmetro “k” relaciona a taxa de crescimento com o peso adulto do animal,
dessa forma quanto maior o valor de “k” mais precoce é o animal (SANTOS et al.,
2007). Considerando a média dos valores de “k” de cada linhagem entre os modelos que
convergiram verificamos que a linhagem Label Rouge é a mais precoce, enquanto
Master Griss e Pesadão Vermelho apresentam-se como as mais tardias. Segundo
(MADEIRA et al., 2010) estudando linhagens de frango caipira houve uma diferença
significativa quanto ao consumo de ração entre as linhagens Master Griss e Label
Rouge tendo a segunda um menor consumo de ração.
Considerando os valores de “A” apresentados pelos modelos que convergiram
verificou-se que a linhagem Master Griss é a que possui maior peso a idade adulta.
0200400600800
100012001400160018002000220024002600
0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84
Pes
o C
orp
ora
l (g
)
Idade (dias)
Label Rouge
Peso Observado Peso Estimado
31
Os aves que apresentaram maior peso assintótico “A” (Master Griss) obtiveram
menores taxas de crescimento “k”, dessa forma quanto maior o peso adulto menor a
taxa de maturação ou quanto maior a precocidade menor o peso a idade adulta,
sugerindo que existe uma correlação negativa entre esses dois parâmetros. Tais
tendências foram observadas por BRACCINI NETO et al. (1996) com aves de postura,
SANTOS et al. (2007) com peixes, MAZZINI et al. (2005) com ovinos e BROWN et al.
(1976), KAPS et al. (1999), FORNI et al. (2007) e GRANERO et al. (2005) trabalhando
com bovinos de corte.
Considerando o IA como critério de avaliação mais completo verificou-se no
presente trabalho que o modelo de Gompertz foi o que apresentou o menor valor médio
para as quatro linhagens de frangos caipiras estudadas, dessa forma, assim como
FREITAS et al. (1983) e SAKOMURA E ROSTAGNO (2007) determinando que este
modelo foi o mais adequado. No entanto, segundo VELOSO (2012) analisando somente
o crescimento de machos de genótipos tipo caipira, determinou que o modelo von
Bertalanffy foi o mais adequado.
Estudos realizados por SOUZA et al. (2012) demonstraram que a idade ao abate
influencia tanto os aspectos nutricionais como a qualidade da carne sendo a maciez e
quantidade de lipídios na carne as principais modificações. Desta forma, quando os
frangos são abatidas em maiores idades, estes apresentam um aumento na firmeza da
carne devido à maior quantidade de colágeno presente nos tecidos (ZANUSSO e
DIONELLO, 2003). Segundo FARIA et al. (2009) a porcentagem lipídica é elevada
devido à proximidade das aves de atingir sua maturidade sexual, o que estaria levando à
redução das taxas anabólicas musculares e aumentando a deposição de lipídeos na
carne. A queda na taxa de conversão alimentar dos frangos no período final de criação
se deve ao fato de esses estarem próximos a atingir a taxa de máximo crescimento
32
quando perdem eficiência em converter o alimento ingerido em peso corporal,
sobretudo em virtude de esse ganho ser proporcionalmente maior em gordura (SANTOS
et al., 2005)
Após os frangos terem atingido seu máximo crescimento, há uma mudança no
perfil da curva, caracterizada pela diminuição do ritmo de crescimento, acompanhada
por menor deposição de proteína e maior de gordura (KESSLER et al., 2000).
Sabendo que as linhagens estudadas apresentam diferentes tempos para alcançar
a maturidade e que isto influencia diretamente nas características da carne sugerimos
que o manejo de criação e a época de abate deve ser avaliados dentro dos sistemas de
produção a fim de se obter carnes com atributos desejáveis pelo consumidor.
5. Conclusão
Dentre os modelos analisados, o modelo Richards não se ajustou à descrição de
crescimento das aves do tipo caipira estudadas. Os modelos Gompertz, von Bertalanffy
e Logístico se ajustaram bem ao crescimento das linhagens estudadas, sendo o modelo
proposto por Gompertz o mais adequado. Considerando a média dos modelos a
linhagem Master Griss foi apontada por todos os modelos como o de maior peso a
maturidade enquanto Label Rouge se destacou por ser a mais precoce.
A escolha da linhagem para criação deve ser feita de acordo com o interesse do
mercado uma vez que existe diferenças no desempenho.
33
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