universidade federal de sÃo joÃo del-rei … · conhecimento dos diferentes padrões de...

38
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO CAIPIRA THALES FELIPE FERREIRA SÃO JOÃO DEL-REI - MG JUNHO 2016

Upload: trinhxuyen

Post on 08-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES

CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO

CAIPIRA

THALES FELIPE FERREIRA

SÃO JOÃO DEL-REI - MG

JUNHO – 2016

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES

CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO

CAIPIRA

THALES FELIPE FERREIRA

Graduando em Zootecnia

SÃO JOÃO DEL-REI - MG

2

JUNHO – 2016

THALES FELIPE FERREIRA

CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO

CAIPIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Zootecnia,

da Universidade Federal de São João Del Rei-Campus Tancredo de Almeida Neves,

como parte das exigências para a obtenção do diploma de Bacharel em Zootecnia.

Orientador: Alexandre de Oliveira Teixeira (UFSJ/CTAN)

Co-orientadora: Graziela Tarôco

3

SÃO JOÃO DEL-REI - MG

JUNHO – 2016

THALES FELIPE FERREIRA

CURVAS DE CRESCIMENTO DE LINHAGENS DE FRANGOS TIPO

CAIPIRA

Defesa Aprovada pela Comissão Examinadora em: ______/_____/_______

Comissão Examinadora:

___________________________________________________

Leila de Gênova Gaya

(UFSJ/CTAN)

___________________________________________________

Graziela Tarôco

Co-orientadora

(UFSJ/CTAN)

___________________________________________________

Alexandre de Oliveira Teixeira

Orientador

(UFSJ/CTAN)

4

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos, da Biblioteca da

UFSJ/CTAN.

Bibliotecário (a): __________________________________________

5

DEDICATÓRIA

Dedico,

Aos meus pais, Edson e Jaqueline,

ao meu irmão Victor,

por toda confiança amor e carinho.

6

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde е força para superar as dificuldades.

A Universidade Federal de São João Del Rei pela oportunidade.

Ao meu orientador, Prof. Alexandre pela amizade, profissionalismo, pelos conselhos e

ensinamentos que contribuíram para o enriquecimento dos meus conhecimentos.

A Graziela, minha co-orientadora, pelo apoio, contribuiu de forma significativa para a

minha formação.

Ao professor Aldrin Vieira Pires (in memoriam) e à UFVJM pelo apoio e pela bolsa de

iniciação científica que foi contemplada para condução deste projeto.

Aos meus pais Edson e Jaqueline pelo amor, incentivo е apoio incondicional.

Agradeço ao meu irmão Victor pela confiança, amizade e conselhos.

À minha namorada Camila, pelo carinho, paciência e apoio nos momentos difíceis.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito

obrigado.

7

Resumo

Objetivou-se com este trabalho avaliar e comparar curvas de crescimento de

linhagens de frangos tipo caipira. Foram utilizados 9150 pintos de um dia, machos e

fêmeas, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, das seguintes

linhagens: Master Griss, Label Rouge, Pesadão vermelho e Gaúcho. O ganho de peso

médio diário foi estimado através de mensurações semanais realizadas ao nascimento, 7,

14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 63, 70, 77, 84 dias de idade. Os dados coletados foram

avaliados a partir dos modelos não-lineares: Gompertz, Logístico, Richards e von

Bertalanffy para a determinação das curvas de crescimento a partir do peso corporal das

aves. Foi empregado o “proc nlin” do SAS, utilizando o método interativo de Gauss-

Newton. Apenas as equações propostas por Gompertz, von Bertalanffy e Logístico

atingiram convergência, Desta forma, o modelo Richards não foi discutido sendo

considerado inapropriado para descrever a curva de crescimento de frangos tipo caipira.

O critério utilizado para escolha do modelo de melhor ajuste foi o índice assintótico que

combina os parâmetros R², DPA e DMA. Sendo o menor valor o índice melhor ajuste.

O modelo proposto por Gompertz foi o que melhor se adequou a linhagem Frango

Gaúcho, assim como Logístico foi para Label Rouge e Von Bertalanffy para Master

Griss e Pesadão. Todos os genótipos ao final do experimento não haviam atingido o

peso a maturidade indicando que 84 dias não era tempo suficiente e que ainda estariam

em fase de ganho de peso e deposição muscular. Linhagem Master Griss foi apontada

por todos os modelos como o de maior peso a maturidade (parâmetro “A”), enquanto o

Label Rouge o de menor peso. Entretanto, considerando que esse genótipo possui a

maior taxa de crescimento (parâmetro “K”), tal resultado é explicado pela correlação

negativa entre os parâmetros. De forma geral o modelo de Gompertz foi o que melhor se

adequou as linhagens em estudo no presente trabalho. A escolha da linhagem para

criação deve ser feita de acordo com o interesse do mercado, considerando a existência

de diferenças no desempenho.

Palavras chaves: Frango caipira, índice assintótico, modelos não lineares, curva de

crescimento.

8

Abstract

The objective of this study was to evaluate and compare the growth curves of

broiler chickens type genotypes. We used 9150 day-old chicks, males and females,

distributed in a completely randomized design of the following genotypes: Master

Griss, Label Rouge, hulking red and Gaucho. The average daily gain weight was

estimated by weekly measurements obtained at birth and with 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49,

56, 63, 70, 77, 84 days old. The data were evaluated from the non-linear models:

Gompertz, Logistic, Richards and von Bertalanffy to determine the growth curves from

the body weight of the birds. The method employed was the "proc NLIN" SAS, using

the interactive method of Gauss-Newton. Only the equations proposed by Gompertz,

von Bertalanffy and Logistic reached convergence, so the Richards model was not

discussed and it was considered inappropriate to describe the growth curve of broiler

chickens type. The criteria used for choosing the best model was the asymptotic index

that recombines the R² parameters, DPA and DMA. In this way, the lower the value, the

best rate adjustment. The model proposed by Gompertz was the best fit to the genotype

gaucho as Logistical was for Label Rouge and Von Bertalanffy to Master Griss and

heavyset. All genotypes at the end of the experiment had not reached the weight of

maturity indicating that 84 days was not enough time and that would still be in gain

stage weight and muscle deposition. The Master Griss genotype was appointed for all

models as the weightier maturity (parameter "A"), while the Label Rouge the lower

weight. However, considering that this genotype presented the highest growth rate

("K"), this result is explained by the negative correlation between the parameters.

Overall the Gompertz model was the one that best suited the strains studied in this

work. The choice of the genotype for creation must be made according to market

interest, considering the fact that there are differences in performance.

Key words: countrified chicken, asymptotic index, nonlinear models, growth curve.

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................10

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................11

2.1. SISTEMA DE CRIAÇÃO DE FRANGOS......................................................11

2.1.1 INTENSIVO...........................................................................................11

2.1.2 EXTENSIVO..........................................................................................12

2.1.3 SEMINTENSIVO..................................................................................12

2.2. SISTEMA DE CRIAÇÃO DE FRANGOS TIPO CAIPIRA............................13

2.3. LINHAGENS ...................................................................................................14

(a) LABEL ROUGE................................................................................14

(b) FRANGO GAÚCHO.........................................................................15

(c) MASTER GRISS...............................................................................15

(d) PESADÃO VERMELHO..................................................................16

2.4. CRESCIMENTO................................................................................................17

(a) MODELO GOMPERTZ....................................................................18

(b) MODELO LOGISTICO....................................................................18

(c) MODELO RICHARDS.....................................................................19

(d) MODELO VON BERTALANFFY...................................................19

3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................19

3.1. ORIGEM DOS DADOS E MANEJO DOS ANIMAIS....................................19

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................22

5. CONCLUSÃO...........................................................................................................32

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS........................................................................33

10

1. Introdução

No Brasil, as aves criadas em sistema semintensivo conhecidas como caipira

(região Sudeste), colonial (região Sul) ou capoeira (região Nordeste) apresentam carne

com características sensoriais distintas daquelas criadas em sistema intensivo. Segundo

TAKAHASHI et al. (2006) estes animais possuem tecido mais escuro e textura mais

consistente, obtendo sabor acentuado e menor teor de gordura na carcaça.

O interesse dos consumidores por carne de frango criado sobre sistema

semintensivo tem aumentado em todo mundo no sentido de buscar produtos menos

agressivos ao meio ambiente, que privilegiem o bem estar animal (CASTELLINE et al.,

2002; FANATICO et al., 2006; WANG et al., 2009) e por estes produtos estarem

relacionados a uma percepção de qualidade e segurança proveniente desse sistema,

embora PONTE et al. (2008) relatem pouca evidência cientifica que suporta essa

percepção.

Para que a produção no sistema semintensivo seja viável é fundamental o

conhecimento dos diferentes padrões de crescimento das aves (rápido, intermediário e

lento), o que permite ao produtor optar por linhagens que se adequem melhor as

condições ambientais bem como apresentar características (desempenho, carcaça,

qualidade, etc.) compatíveis com as exigências do mercado consumidor. O uso de

linhagens com potencial de crescimento especifico para a atividade é possível através da

implantação de programas de melhoramento animal, que possibilitam a identificação

dos genótipo superiores (GAYA et al., 2006).

Em programas de melhoramento animal a avaliação do peso corporal em

diferentes idades é uma das característica mais utilizadas como critério de seleção

(MEYER, 2000; GAYA et al., 2006; SILVA et al., 2011).

11

Conhecer o desempenho das aves é importante para que o produtor possa

planejar aspectos relacionados com a lucratividade da atividade (fornecimento de ração,

idade de abate, etc.) bem como adequações no sistema de produção (VELOSO, 2012).

Dessa forma, objetivou-se com este estudo comparar as curvas de crescimento,

através de modelos não lineares, para as linhagens caipira Label Rouge, Master Griss,

Pesadão Vermelho e Frango Gaúcho determinando o modelo mais adequado para cada

uma delas.

2. Revisão de literatura

2.1. Sistemas de criação de frangos

No que diz respeito ao sistema de produção a avicultura não se difere quanto aos

tipos de exploração. Sendo eles: intensivo, semintensivo e extensivo (LOPES et al.,

2011) .

2.1.1. Intensivo

A avicultura intensiva requer maiores investimentos, tanto de capital como de

mão de obra. O tamanho dos lotes de aves no sistema de produção intensiva

normalmente situa-se nos milhares. Esse resultado foi alcançado por meio de avanços

na investigação sobre incubação artificial, necessidades nutricionais e controle das

doenças (LOPES et al., 2011).

Figura 1- Sistema intensivo de criação de frangos. Fonte: Embrapa Suínos e Aves

(2011)

12

2.1.2. Extensivo

Chama-se de avicultura extensiva quando os frangos são criados em liberdade e

podem debicar e ciscar em volta da casa à procura de comida (LOPES et al., 2011).

Figura 2- Sistema extensivo de criação de frangos. Fonte: Embrapa Suínos e Aves

(2013)

2.1.3. Semintensivo

No sistema de produção avícola semintensivo as galinhas encontram-se

confinadas a um espaço aberto cercado com telas. Existe um pequeno galinheiro onde as

galinhas podem permanecer à noite. O criador fornece praticamente toda a comida, a

água e outras necessidades (LOPES et al., 2011).

Segundo HELLMEISTER FILHO (2002), o sistema de criação semintensivo

deve além de oferecer condições ambientais adequadas, utilizar aves melhoradas e

adaptadas a este sistema com alto potencial genético.

13

Figura 3- Sistema semintensivo de criação de frangos. Fonte:

http://www.incaper.es.gov.br/noticias/images_2009/setembro/01_09_2009_1.jpg

2.2. Sistema de criação de frangos tipo caipira

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento estabelece normas para o

sistema de produção de frangos tipo caipira que estão descritas no Ofício nº 007/99

(MAPA, 1999), dentre essas, determina que as aves devem ter acesso a piquetes, proíbe

a utilização de linhagens de frango de corte convencional e determina que as rações

fornecidas devem ser isentas de promotores de crescimento e de produtos de origem

animal.

São considerados sinônimos os termos frango caipira, frango colonial, frango

tipo caipira, frango estilo caipira, frango tipo colonial, frango estilo colonial e frango

verde (FIGUEREDO et al., 2011).

Segundo SILVA e NAKANO (1998) e FIGUEIREDO e ÁVILA (2001) aves

criadas em sistema semintensivo de criação de frangos expressam seu comportamento

natural pois, por terem acesso à pastagem, as aves acabam ingerindo outros alimentos,

como verduras, insetos e minhocas, o que não ocorre no sistema intensivo de criação.

14

Nesse sistema de criação a produção depende diretamente do bem estar e da saúde

animal, por isso esses são considerados os principais fatores (BOCKISCH, 1999).

2.3. Linhagens

A pressão de seleção aplicada nos programas de melhoramento resulta em

linhagens de frangos caipiras com características distintas, essas características permite

adequar a linhagem a região produtora e ao mercado consumidor.

O potencial genético de crescimento das aves pode ser obtido por curvas que

expressam seu crescimento, dessa forma auxiliando na definição da idade ótima de

abate e nos programas alimentares com os devidos ajustes nutricionais.

a) Label Rouge

Foi desenvolvida na França a partir do cruzamento de raças rústicas pelo

Instituto Agrícola (ISA). A rápida adaptação dessas aves no Brasil transformou-as num

produto tropical. São aves altamente rústicas e versáteis, obtidas através de elevado

padrão de seleção genética (COELHO et al., 2008)..

Forte e pesada, é considerada boa poedeira, sendo sua carne muito apreciada.

Possui pele fina sem acumulo de gorduras e pode apresentar média de peso vivo de 2,36

Kg com conversão de 2,65 e rendimento de carcaça de 70% aos 84 dias de idade

(COELHO et al., 2008).

Label Rouge significa selo vermelho. Esse selo foi criado em 1965 para garantir

um produto de qualidade tanto no paladar quanto nas condições de produção,

processamento e comercialização (COELHO et al., 2008).

15

FIGURA 4. Label Rouge

Fonte: ASHALEY FARMS (2012)

b) Frango Gaúcho

Desenvolvido no sul do Brasil a partir de raças rústicas de corte, possuem

plumagem variada porém, com maior predominância de aves vermelhas e pretas. A

carne é saborosa e com pouco acúmulo de gordura. Esta linhagem pode atingir 2,2 kg

aos 85 dias de idade (EMBRAPA, 2003).

FIGURA 5 - Frango Gaúcho. http://asenhoradomonte.com/wp-

content/uploads/2014/05/remecc81dios-caseiros-para-aves-de-capoeira.jpg

c) Master Griss

Suas penas mesclam o preto, branco e marrom. É uma ave da categoria super

peso, chegando a atingir 2,2 Kg em apenas 60 dias. É o legítimo Caipira Francês

exótico, de pernas compridas e com pigmentação forte, completamente adaptado para o

campo. Pode ser alimentado de forma alternativa, com ração ou pasto, podendo ser

16

criado solto adaptando-se bem a uma criação rústica ou profissional e sua carne tem

o inconfundível sabor caipira.

Figura 6. Master Griss

Fonte: CHACARA CANTAREIRA

d) Pesadão Vermelho

Ave com pescoço emplumado e penas de cores vivas. É uma excelente raça para

corte devido a quantidade de carne e peso corporal que se obtém em pouco tempo, 2,6

Kg em 56 dias de idade. O macho pode atingir em torno de 5 a 5,6 kg quando adulto

NUTRIAVES (2014). Possui ótimo ganho de peso corporal em relação ao consumo de

ração e pode ser criado em confinamento total ou em semi confinamento.

FIGURA 7. Pesadão

Fonte: NUTRIAVES

17

2.4 Crescimento

A velocidade de crescimento de um animal depende da espécie a que pertence,

sendo que animais de pequeno porte apresentam crescimento mais rápido que os de

grande porte (MIGNON-GRASTEAU & BEAUMONT, 2000).

Segundo BRACCINI NETO (1993) o conhecimento da curva de crescimento

possibilita a adoção de práticas de manejo que maximizem a produção, dando

prioridade as necessidades nutricionais de cada fase de crescimento, assim como

também podem ser empregadas para predizer a idade ótima ao abate, em função da taxa

máxima de crescimento. Dessa forma outra importância da curva de crescimento é

auxiliar no processo de seleção, bem como acompanhar o progresso genético.

As curvas de crescimento possibilitam a estimação de parâmetros biológicos

interpretáveis, permitindo a predição de características de crescimento da população

(peso inicial, taxa de crescimento e peso adulto) e avaliação do perfil de respostas de

tratamentos ao longo do tempo; estudar as interações das respostas das subpopulações

ou tratamentos com o tempo; detectar, em uma população, animais mais pesados em

idades mais precoces (FREITAS et al., 2005).

Os animais possuem uma curva de crescimento dividida em três fases:

ascendente, estabilização e descendente, seguindo um crescimento sigmoide. Nas aves a

primeira fase se prolonga por um período considerável após a eclosão, com o avançar da

idade a taxa de crescimento passa de acelerada para desacelerada com menor ganho de

peso por dia. O ponto onde ocorre a mudança da curva de ascendente para descendente

é denominado como ponto de inflexão, ou seja, a curva deixa de ser côncava e passa a

ser convexa (LOPES, 1983).

BARBATO & VASILATOSYOUNKEN (1991), relataram que o crescimento é

influenciado numa proporção de 5 a 10% pelos efeitos relacionados ao sexo do animal.

18

Em espécies que as fêmeas são mais leves do que os machos, como os frangos, a

velocidade de crescimento inicial, o ponto de inflexão e o peso a maturidade apresentam

menores valores, enquanto que a velocidade de maturação apresenta valor mais elevado.

O inverso é observado em espécies em que a fêmea é maior do que o macho.

Por meio de medidas de peso associados à idade, alguns modelos matemáticos

são amplamente utilizados na descrição da curva crescimento de animais, como

Gompertz, Logístico, von Bertalanffy e Richards.

a) Modelo Gompertz

Foi desenvolvido em 1825 por Benjamin Gompertz para estudar as leis de

natalidade e mortalidade humana. Ao contrário de outras funções a curva de Gompertz

considera que a massa corporal inicial é sempre superior a zero considerado que o

animal já nasce com algum peso. O ponto de inflexão neste modelo é fixo em 0,37 do

valor de “a” (peso assintótico quando “t” tende a mais infinito, ou seja, peso à idade

adulta) (PAZ et al., 2004).

b) Modelo Logístico

Foi proposto por Verhulst em 1838 para expressar a lei do crescimento de

populações humanas (BRACCINI NETO, 1993). Apresenta uma curva simétrica em

relação ao ponto de inflexão. Considera a velocidade de crescimento proporcional ao

crescimento efetuado e ao crescimento que fica por efetuar. Na função Logística o

parâmetro “b” é fixo e igual a 1,0 (um).

19

c) Modelo Richards

O modelo Richards é constituído por quatro parâmetros, possuindo ponto de

inflexão variável. O ponto de inflexão desse parâmetro dependente do parâmetro m

(parâmetro que dá forma à curva, sua fixação determina a forma da curva e,

consequentemente, o ponto de inflexão), que deve ser estimado para cada análise, para

que possa ser feita uma melhor interpretação biológica. No entanto, existe dificuldade

em se ajustar este modelo devido a não convergência do processo iterativo, causado

principalmente pela alta correlação negativa entre “b” (constante de integração),

relacionada ao peso inicial do animal e sem interpretação biológica bem definida. O

valor de “b” é estabelecido pelos valores iniciais de “y” peso corporal e “t” idade e “m”

(PAZ et al., 2004).

d) Modelo von Bertalanffy

Através das taxas de anabolismo e catabolismo dos tecidos do animal o modelo

foi proposto pelo seu autor, baseando-se na suposição de que o crescimento é a

diferença entre estas taxas (PAZ et al., 2004).

3. Material e Métodos

3.1 Origem dos dados e manejo doas animais

Os dados foram coletados na granja Caipirão do Parque, município de Coronel

Xavier Chaves – MG no campo das vertentes, durante o período de 13 abril de 2009 a

18 de janeiro de 2010.

Foram utilizados 9.150 pintos, machos e fêmeas, de um dia de vida,

provenientes de quatro linhagens de frango tipo caipira: Frango Gaúcho, Master Griss,

Label Rouge e Pesadão Vermelho. Os animais foram alojados em galpões com pé

20

direito de 3 metros, coberto com telhas de fibrocimento, laterais de tela galvanizada

providas de cortinas plásticas e piso de terra batida forrado com cama de maravalha (5

cm de espessura). Aos 28 dias os animais foram soltos em piquetes de 400m² providos

de forragem do gênero cynodon.

O peso corporal das aves foi mensurado semanalmente (ao nascer, 7, 14, 21, 28,

35, 42, 49, 56, 63, 70, 77, 84 dias de idade), dessa forma foi estimada a média de peso

do grupo de animais correspondentes a cada linhagem em determinado lote de acordo

com a idade. A característica de desempenho zootécnico avaliada foi o ganho em peso

médio diário.

Foram analisados 14 lotes, com diferentes distribuições do número de animais

de cada linhagem e do número total de animais dentro de cada lote, apresentados na

Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição do número de animais das linhagens Frango Gaúcho, Label

Rouge, Pesadão Vermelho e Master Griss sobre os diferentes lotes avaliados

Lote

Linhagem

Frango Gaúcho Label Rouge Pesadão Vermelho Master Griss

1 50 358 50 50

2 50 354 50 49

3 50 495 50 50

4 50 495 50 50

5 50 350 102 50

6 55 453 50 51

7 100 450 49 50

8 50 599 51 50

9 50 496 50 50

10 50 599 50 50

11 51 503 52 49

12 52 601 48 48

13 50 597 50 50

14 50 597 50 46

21

As rações fornecidas às aves foram formuladas na própria granja, sendo sua

composição à base de milho e farelo de soja, para as fases, inicial (1 a 28 dias),

crescimento (28 a 56 dias) e terminação (56 a 84 dias), conforme informações de

composições e digestibilidade dos ingredientes apresentados por ROSTAGNO et al.

(2005) e MENDONÇA et al. (2008). Água e ração foram fornecidas as aves a vontade

durante 24 horas por dia.

Foram ajustados ao conjunto de dados de peso-idade das linhagens de frango

caipira, quatro modelos não lineares (Tabela 2). Os parâmetros dos modelos foram

estimados pelo comando “proc NLIN” do SAS (Statistical Analysis System), utilizando

algoritmo de Gauss Newton.

Tabela 2. Modelos não lineares utilizados para ajustar as curvas de crescimento, para as

linhagens de frango caipira Label Rouge, Master Griss, Gaúcho e Pesadão

Vermelho, do nascimento aos 84 dias de idade

Modelo Equação

Gompertz (LAIRD 1965) yt = Ae-Be(Kt)

+ ɛ

Logístico (NELDER, 1961) yt = A(1-Be-Kt

)-m

+ ɛ

Richards (RICHARDS, 1959) yt = A(1-Be-Kt

)m

+ ɛ

Von Bertalanffy (BERTALANFFY, 1957) yt = A(1-Be-Kt

)3

+ ɛ

yt representa o peso corporal do animal em uma determinada idade (t, em dias); A é o

peso assintomático ou peso adulto do animal quando t∞; K mede a variação da

velocidade de crescimento e está associado a taxa de maturidade; B é a constante de

integração, onde sua função é modelar a forma da curva de crescimento, porém não

possui função biológica; m é uma constante, refere-se ao ponto em que o animal passa

de uma fase de crescimento acelerado para uma fase de crescimento inibitório,

indicando o ponto a partir do qual a eficiência da taxa de crescimento começa a

diminuir.

Os critério utilizado para a escolha do modelo que melhor se ajustou aos dados

foi o índice assintótico (IA), descrito por RATKOWSKY et al. (1990). Este combina os

critérios de desvio padrão absoluto (DPA) - calculado pela raiz quadrada do quadrado

médio do resíduo, desvio médio absoluto (DMA) – calculado por ˆ| | /n

i

i i

DMA y y n

22

e coeficiente de determinação ajustado (R2

aj) - calculado por R2

aj= ((n-1)R2-p)/(n-p-1),

onde p refere-se ao número de parâmetros da função, n ao número de observações e R²

ao coeficiente de determinação, atribuindo o valor de 100 para a maior estimativa de

cada critério, sendo os demais ponderados em relação a este. Assim temos que IA=

(DPA+DMA) - R²aj. A modelagem que apresentou o menor IA foi considerado como o

modelo de melhor ajuste.

A estatística descritiva dos dados foram realizadas pelo pacote estatístico

Statistical Analysis System®

(SAS Institute, 2008), bem como a avaliação das curvas de

crescimento que foram geradas a partir do comando “proc NLIN” pelo método dos

quadrados mínimos ordinários utilizando-se o algoritmo de Gauss-Newton, descrito por

HARTLEY (1961).

Com base nos parâmetros obtidos para cada modelo avaliado, plotou-se os

gráficos pelo programa Microsoft Excel 2010.

4. Resultados e discussão

Dentre os quatro modelos não lineares propostos, Gompertz, Logístico e von

Bertalanffy atingiram a convergência, enquanto as análises realizadas pelo modelo de

Richards não convergiram. Esse mesmo resultado foi observado por VELOSO (2012)

trabalhando com frangos tipo caipira, propondo que esse modelo não se adequa a

descrição do crescimento para as das linhagens de frangos caipiras estudadas.

As informações das estatísticas descritivas dos pesos utilizados nesse estudo

estão presentes nas tabelas 3, 4, 5 e 6.

23

Tabela 3. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das

curvas de crescimento para a linhagem Frango Gaúcho

Característica N Média (g) Desvio

Padrão Mínimo Máximo

P1 14 37,28 2,16 36,00 41,00

P7 14 83,25 4,72 74,00 91,00

P14 14 169,75 10,08 155,50 189,00

P21 14 322,46 39,47 246,50 372,50

P28 14 436,32 28,06 403,00 498,50

P35 14 590,60 58,03 485,00 707,00

P42 14 806,17 74,25 698,00 996,00

P49 14 1084,36 174,15 807,00 1377,00

P56 14 1257,11 219,29 901,50 1571,00

P63 14 1467,04 182,99 1204,50 1785,00

P70 14 1636,57 150,72 1279,50 1847,50

P77 14 1808,18 154,73 1346,00 1983,50

P84 14 1978,86 197,95 1409,00 2229,00 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de idade;

P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos trinta e

cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove dias de

idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade; P70 –

peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e quatro

dias de idade; N – número de lotes avaliados.

Tabela 4. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das

curvas de crescimento para a linhagem Label Rouge

Característica N Média (g) Desvio

Padrão Mínimo Máximo

P1 14 37,64 0,92 35,00 38,00

P7 14 89,79 10,20 74,50 106,50

P14 14 174,75 13,46 150,00 204,00

P21 14 293,77 39,90 214,00 355,00

P28 14 432,19 46,31 345,50 492,75

P35 14 630,85 83,68 508,00 747,00

P42 14 854,22 62,61 737,30 915,00

P49 14 1128,36 147,78 943,00 1297,50

P56 14 1358,69 181,79 1165,50 1691,00

P63 14 1564,00 147,57 1349,50 1729,00

P70 14 1753,93 169,12 1532,50 1966,00

P77 14 2016,32 147,91 1771,00 2219,50

P84 14 2341,69 172,02 1911,00 2505,50 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de

idade; P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos

trinta e cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove

dias de idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade;

P70 – peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e

quatro dias de idade; N – número de lotes avaliados.

24

Tabela 5. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das

curvas de crescimento para a linhagem Master Griss

Característica N Média (g) Desvio

Padrão Mínimo Máximo

P1 14 42,07 3,24 36,00 44,00

P7 14 88,71 5,11 83,00 99,00

P14 14 196,64 27,37 147,00 231,50

P21 14 326,21 42,11 245,00 381,50

P28 14 468,33 14,65 451,50 505,00

P35 14 662,46 54,14 562,00 730,50

P42 14 961,41 166,12 724,50 1189,00

P49 14 1258,86 266,31 920,50 1670,50

P56 14 1470,62 254,36 1206,50 1869,00

P63 14 1669,96 209,50 1450,00 1988,50

P70 14 1874,96 124,44 1735,00 2045,50

P77 14 2141,50 106,48 1979,50 2268,50

P84 14 2455,70 150,21 2016,00 2566,50 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de

idade; P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos

trinta e cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove

dias de idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade;

P70 – peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e

quatro dias de idade; N – número de lotes avaliados.

Tabela 6. Estatística descritiva das variáveis utilizadas na estimativa de parâmetros das

curvas de crescimento para a linhagem Pesadão Vermelho

Característica N Média (g) Desvio

Padrão Mínimo Máximo

P1 14 38,64 1,54 37,00 42,00

P7 14 88,50 3,61 84,00 97,00

P14 14 192,75 25,34 156,50 238,50

P21 14 331,46 36,92 283,50 402,00

P28 14 512,75 72,14 415,00 689,50

P35 14 740,02 115,86 541,50 973,00

P42 14 941,53 133,01 711,50 1250,50

P49 14 1210,79 193,72 901,50 1521,00

P56 14 1435,14 211,97 1142,50 1810,00

P63 14 1650,96 197,65 1343,00 1980,00

P70 14 1858,43 195,62 1510,00 2163,50

P77 14 2082,54 197,92 1726,00 2400,00

P84 14 2303,79 184,57 1941,00 2637,00 P1 - peso com um dia de idade; P7 - peso aos sete dias de idade; P14 – peso aos quatorze dias de

idade; P21 – peso aos vinte e um dias de idade; P28 – peso aos vinte e oito dias de idade; P35 – peso aos

trinta e cinco dias de idade; P42 – peso aos quarenta e dois dias de idade; P49 – peso aos quarenta e nove

dias de idade; P56 – peso aos cinquenta e seis dias de idade; P63 – peso aos sessenta e três dias de idade;

P70 – peso aos setenta dias de idade; P77 – peso aos setenta e sete dias de idade; P84 – peso aos oitenta e

quatro dias de idade; N – número de lotes avaliados.

25

O índice assintótico (IA), é considerado o critério mais completo por recombinar

R², DPA e DMA sendo este recomendado para escolha de modelos onde o melhor

ajuste de curva é atingido quando se obtém menores valores de índice assintótico

(ARAÚJO et al., 2012). Portanto o modelo Gompertz foi o que melhor se adequou a

linhagem Frango Gaúcho, assim como o Logístico foi para Label Rouge e Von

Bertalanffy para Master Griss e Pesadão Vermelho (Tabela 7).

Tabela 7. Parâmetros estimados e critérios de qualidade de ajustes para os modelos não

lineares utilizados para descrever o crescimento de frangos caipiras

Modelo Linhagem Parâmetros

Critério de Qualidade de

Ajuste

A B k R2

aj(%) DMA DPA IA

Gompertz

Gaúcho 2773,54 4,26 0,03 96,53 77,30 124,87 15,53

Label R. 2727,06 6,66 0,04 33,35 218,57 1151,54 94,98

Master 3709,54 4,33 0,02 96,81 97,08 143,89 14,42

Pesadão 3293,73 4,19 0,02 96,62 96,79 141,53 14,91

Logístico

Gaúcho 2674,86 5,71 0,03 96,52 78,42 124,93 15,78

Label R. 2664,52 8,32 0,04 33,40 216,35 1151,12 94,60

Master 3379,94 5,80 0,03 96,77 99,15 144,82 15,36

Pesadão 3042,705 5,61 0,03 96,58 98,95 142,39 15,82

Von

Bertalanffy

Gaúcho 3527,87 0,83 0,01 96,48 80,08 125,70 16,70

Label R. 3088,80 1,14 0,03 33,19 219,46 1152,92 95,38

Master 5097,45 0,83 0,01 96,84 96,67 143,19 13,86

Pesadão 4234,90 0,82 0,01 96,65 94,93 140,89 14,19

A-Peso à idade adulta; B-Constante de integração sem interpretação biologica; k-Taxa

de maturidade; R²-Coeficiente de determinação; DMA-Desvio médio absoluto; DPA-

Desvio padrão assintótico; IA- Índice assintótico.

Para todas linhagens os valores de “A” peso assintótico, interpretado como peso

a maturidade (idade adulta), foram superestimados em relação ao peso médio dos

26

animais aos 84 dias (Tabela 7). Resultado semelhante foi encontrado por VELOSO

(2012), demonstrando que essas linhagens, ao final do experimento, não haviam

atingido seu peso máximo, ou seja, ainda estavam em fase de crescimento e deposição

muscular.

Verificou-se que as linhagens estudadas não atingiram o peso corporal preconizado

para o abate (2300g) aos 70 dias, conforme publicado no Ofício Circular DIPOA N°

02/2012 (MAPA, 2012). No entanto VELOSO (2012) trabalhando com frangos caipira,

macho, obteve o desempenho preconizado pelo MAPA.

Segundo o modelo proposto por von Bertalanffy, o parâmetro “A”, apresentou

maior valor para a linhagem Master Griss e menor valor para Label Rouge (Tabela 7).

Esses resultados indicam que a linhagem Master Griss tende a apresentar maior peso na

idade adulta e a Label Rouge o menor peso a maturidade.

O parâmetro “k” representa velocidade de crescimento para se atingir o peso

assintótico. No modelo von Bertalanffy, a linhagem Label Rouge apresentou maior

valor de “k” (Tabela 7), evidenciando que esta apresenta maior velocidade de

crescimento (mais precoces) em relação as demais linhagens estudadas. Resultado este

justificado pelo fato de os parâmetros “A” e “k” serem correlacionados negativamente

(GARNERO et al., 2005).

A linhagem Frango Gaúcho foi o que obteve menor valor (melhor ajuste) do

desvio médio absoluto (DMA), o Label Rouge foi o que apresentou maior valor (pior

ajuste) de DMA (Tabela 7). Em relação ao desvio padrão assintótico (DPA), a linhagem

Label Rouge obteve o maior valor (pior ajuste), e o Frango Gaúcho obteve menor

valor, melhor ajuste (Tabela 7).

De acordo com os critérios para qualidade de ajuste do modelo, observou-se que

a linhagem Master Griss e Pesadão Vermelho obtiveram o menor valor de índice

27

assintótico, caracterizando como o padrão de crescimento mais para o modelo Von

Bertalanffy (Tabela 7 e Figuras 8 e 9).

Figura 8 - Curvas de crescimento para linhagem Master Griss comparando o peso

observado e o peso estimado pelo modelo Von Bertalanffy.

0200400600800

100012001400160018002000220024002600

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84

Pes

o C

orp

ora

l (g

)

Idade (dias)

Master Griss

Peso Observado Peso Estimado

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84

Pes

o C

orp

ora

l (g

)

Idade (dias)

Pesadão Vermelho

Peso Observado Peso Estimado

28

Figura 9 - Curvas de crescimento para linhagem Pesadão Vermelho comparando o peso

observado e o peso estimado pelo modelo Von Bertalanffy.

No modelo Gompertz assim como no modelo de Von bertanlaffy, observou-se

que o maior valor do parâmetro “A” foi apresentado pela linhagem Master Griss

indicando que essas aves apresentam maior peso a idade adulta. A linhagem Label

Rouge apresentou o menor valor para esse mesmo parâmetro, indicando assim que são

aves com menor peso a maturidade (Tabela 7).

Em relação ao parâmetro “K” no modelo Gompertz, a linhagem Label Rouge foi

a que apresentou o maior valor enquanto Master Griss e Pesadão os menores. Dessa

forma segundo o modelo, a linhagem Label Rouge possui maior velocidade de

crescimento (mais precoce) em relação as demais linhagens estudadas (Tabela 7).

A linhagem Frango Gaúcho foi o que obteve menor valor (melhor ajuste) do

desvio médio absoluto (DMA), o Label Rouge foi o que apresentou maior valor (pior

ajuste) de DMA. Em relação ao desvio padrão assintótico (DPA), o genótipo Label

Rouge obteve o maior valor (pior ajuste), e o Frango Gaúcho obteve menor valor,

melhor ajuste (Tabela 7).

Segundo o IA o modelo de Gompertz foi o que melhor se adequou a linhagem

Frango Gaúcho (Tabela 7 e Figuras 10).

29

Figura 10- Curvas de crescimento da linhagem Frango Gaúcho comparando o peso

observado e o peso estimado pelo modelo Gompertz.

Assim como proposto por Von Bertalanffy e Gompertz, no modelo Logístico, as

aves da linhagem Master Griss obtiveram os maiores valores para o parâmetro “A”

(Tabela 7).

A linhagem Label Rouge apresentou maior valor de “K” indicando que esta

possui maior velocidade de crescimento em relação os demais linhagens (Tabela 7).

A linhagem Frango Gaúcho foi o que obteve menor valor (melhor ajuste) do

desvio médio absoluto (DMA), o Label Rouge foi o que apresentou maior valor (pior

ajuste) de DMA. Em relação ao desvio padrão assintótico (DPA), o genótipo Label

Rouge obteve o maior valor (pior ajuste), e o Frango Gaúcho obteve menor valor,

melhor ajuste (Tabela 7).

O modelo logístico foi o que melhor se ajustou aos dados para descrever as

curvas de crescimento da linhagem Label Rouge, obtendo o menor valor de índice

assintótico (IA) (Tabela 7 e Figura 11).

0200400600800

100012001400160018002000220024002600

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84

Pes

o C

orp

ora

l (g

)

Idade (dias)

Frango Gaúcho

Peso Observado Peso Estimado

30

Figura 11 - Curvas de crescimento da linhagem Label Rouge comparando o peso

observado e o peso estimado pelo modelo Logístico.

O parâmetro “k” relaciona a taxa de crescimento com o peso adulto do animal,

dessa forma quanto maior o valor de “k” mais precoce é o animal (SANTOS et al.,

2007). Considerando a média dos valores de “k” de cada linhagem entre os modelos que

convergiram verificamos que a linhagem Label Rouge é a mais precoce, enquanto

Master Griss e Pesadão Vermelho apresentam-se como as mais tardias. Segundo

(MADEIRA et al., 2010) estudando linhagens de frango caipira houve uma diferença

significativa quanto ao consumo de ração entre as linhagens Master Griss e Label

Rouge tendo a segunda um menor consumo de ração.

Considerando os valores de “A” apresentados pelos modelos que convergiram

verificou-se que a linhagem Master Griss é a que possui maior peso a idade adulta.

0200400600800

100012001400160018002000220024002600

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84

Pes

o C

orp

ora

l (g

)

Idade (dias)

Label Rouge

Peso Observado Peso Estimado

31

Os aves que apresentaram maior peso assintótico “A” (Master Griss) obtiveram

menores taxas de crescimento “k”, dessa forma quanto maior o peso adulto menor a

taxa de maturação ou quanto maior a precocidade menor o peso a idade adulta,

sugerindo que existe uma correlação negativa entre esses dois parâmetros. Tais

tendências foram observadas por BRACCINI NETO et al. (1996) com aves de postura,

SANTOS et al. (2007) com peixes, MAZZINI et al. (2005) com ovinos e BROWN et al.

(1976), KAPS et al. (1999), FORNI et al. (2007) e GRANERO et al. (2005) trabalhando

com bovinos de corte.

Considerando o IA como critério de avaliação mais completo verificou-se no

presente trabalho que o modelo de Gompertz foi o que apresentou o menor valor médio

para as quatro linhagens de frangos caipiras estudadas, dessa forma, assim como

FREITAS et al. (1983) e SAKOMURA E ROSTAGNO (2007) determinando que este

modelo foi o mais adequado. No entanto, segundo VELOSO (2012) analisando somente

o crescimento de machos de genótipos tipo caipira, determinou que o modelo von

Bertalanffy foi o mais adequado.

Estudos realizados por SOUZA et al. (2012) demonstraram que a idade ao abate

influencia tanto os aspectos nutricionais como a qualidade da carne sendo a maciez e

quantidade de lipídios na carne as principais modificações. Desta forma, quando os

frangos são abatidas em maiores idades, estes apresentam um aumento na firmeza da

carne devido à maior quantidade de colágeno presente nos tecidos (ZANUSSO e

DIONELLO, 2003). Segundo FARIA et al. (2009) a porcentagem lipídica é elevada

devido à proximidade das aves de atingir sua maturidade sexual, o que estaria levando à

redução das taxas anabólicas musculares e aumentando a deposição de lipídeos na

carne. A queda na taxa de conversão alimentar dos frangos no período final de criação

se deve ao fato de esses estarem próximos a atingir a taxa de máximo crescimento

32

quando perdem eficiência em converter o alimento ingerido em peso corporal,

sobretudo em virtude de esse ganho ser proporcionalmente maior em gordura (SANTOS

et al., 2005)

Após os frangos terem atingido seu máximo crescimento, há uma mudança no

perfil da curva, caracterizada pela diminuição do ritmo de crescimento, acompanhada

por menor deposição de proteína e maior de gordura (KESSLER et al., 2000).

Sabendo que as linhagens estudadas apresentam diferentes tempos para alcançar

a maturidade e que isto influencia diretamente nas características da carne sugerimos

que o manejo de criação e a época de abate deve ser avaliados dentro dos sistemas de

produção a fim de se obter carnes com atributos desejáveis pelo consumidor.

5. Conclusão

Dentre os modelos analisados, o modelo Richards não se ajustou à descrição de

crescimento das aves do tipo caipira estudadas. Os modelos Gompertz, von Bertalanffy

e Logístico se ajustaram bem ao crescimento das linhagens estudadas, sendo o modelo

proposto por Gompertz o mais adequado. Considerando a média dos modelos a

linhagem Master Griss foi apontada por todos os modelos como o de maior peso a

maturidade enquanto Label Rouge se destacou por ser a mais precoce.

A escolha da linhagem para criação deve ser feita de acordo com o interesse do

mercado uma vez que existe diferenças no desempenho.

33

6. Referências

ARAÚJO, R.O. Componentes de covariâncias estimados por metodologia bayesiana

para parâmetros biológicos obtidos por modelos não lineares para bubalinos

da raça Murrah. 2009. 73f Dissertação (Mestrado em Produção Animal) -

Programa de Pósgraduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria,

RS.

BARBATO, G.F.; VASILATOS-YOUNKEN, R. Sex-linked and maternal effects on

growth in chickens. Poultry Science, v.70, p.709-718, 1991.

BERTALANFFY, L. V.; Quantitative laws in metabolism and growth. Quarterly

Review of Biology, p. 217-231, 1957.

BOCKISCH, F.J.; JUNGBLUTH, T.; RUDOVSKY, A. Technical indicators for

evaluation of housing systems for cattle, pigs and laying hens relating to animal

welfare. Zuchtungskunde, v.71, n.1, p.38-63, 1999.

BRACCINI NETO, J. Estudo genético de curvas de crescimento de aves de postura.

1993. 102f. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em Ciências)-Curso de Pós-

graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Pelotas, RS.

BROWN, J. E.; FITZHUGH, H. A.; CARTWRIGHT, T. C. A comparison of nonlinear

models for describing weight-age relationships in cattle. Journal of Animal

Science, v. 42, n. 4, p. 810-818, 1976.

CASTELLINI, C.; MUGNAI, C.; DAL BOSCO, A. Effect of organic production

system on broiler carcass and meat quality. Meat science, v. 60, n. 3, p. 219-225,

2002.

COELHO, A. A. D.; SAVINO, V. J. M.; ROSÁRIO, M. F.; Frango feliz: caminhos

para a avicultura alternativa. FEALQ, 2008.

FANATICO, A. C., et al. "Evaluation of slower-growing broiler genotypes grown with

and without outdoor access: Sensory attributes." Poultry Science 85.2 (2006): 337-

343.

34

FIGUEIREDO, E. D., PAIVA, D. D., ROSA, P., ÁVILA, V. D., & TALAMINI, J.

(2001). Diferentes denominações e classificação brasileira de produção alternativa

de frangos. In CONFERÊNCIA APINCO (pp. 209-222).

FIGUEIREDO, E.A.P.; ÁVILA, V.S. Produção agroecológica de frangos de corte e

galinhas de postura. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2001. 185p

FORNI, S. et al. Analysis of beef cattle longitudinal data applying a nonlinear

model. Journal of animal Science, v. 85, n. 12, p. 3189-3197, 2007.

FREITAS, A. R.; Curvas de crescimento na produção animal. R. Bras. Zootec, v. 34, n.

3, p. 786-795, 2005.

GARNERO, A.V.; MARCONDES, C.R.; BEZERRA, L.A.F. et al. Parâmetros

genéticos da taxa de maturação e do peso assintótico de fêmeas da raça Nelore.

Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, n.5, p.652-662,

2005.

GAYA, L.G.; FERRAZ, J.B.S.; REZENDE, F.M.; MOURÃO, G.B.; MATTOS, E.C.;

ELER. J.P.; MICHELAN FILHO. T.; Heritability and genetic correlation estimates

for performance and carcass and body composition traits in a male broiler line.

Poultry Science, v. 85, n. 5, p. 837-843, 2006.

HELLMEISTER FILHO, P.; MENTEN, J. F. M.; SILVA, M. A. N. D.; COELHO, A.

A. D.; SAVINO, V. J. M. (2003). Efeito de genótipo e do sistema de criação sobre

o desempenho de frangos tipo caipira. Revista Brasileira de Zootecnia, 32(6).

KAPS, M.; HERRING, W. O.; LAMBERSON, W. R. Genetic and environmental

parameters for mature weight in Angus cattle. Journal of animal Science, v. 77, n.

3, p. 569-574, 1999.

KESSLER, A. M.; SNIZEK JR, P. N.; BRUGALLI, I. Manipulação da quantidade de

gordura na carcaça de frangos. In: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia

Avícolas. Campinas: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia, 2000. p. 107-

133.

LOPES, P.S. Curvas de crescimento, análise econômica e estudo de índices de

seleção para aves Leghorne. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 1983.

Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, 1983.

35

LOSPES, J. C. O.; – Floriano, PI: EDUFPI; UFRN, 2011. 94p.: il. (Técnico em

Avicultura, 1 ).

MADEIRA, L.A.; SARTORI, J.R.; ARAUJO, P.C. et al. Avaliação do desempenho e

do rendimento de carcaça de quatro linhagens de frangos de corte em dois sistemas

de criação. Rev. Bras.Zootec., v.39, p.2214-2221, 2010.

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. BRASIL. Departamento

de Inspeção de Produtos de Origem Animal/ divisão de operações industriais.

Ofício Circular DOI/DIPOA n° 02/2012 de 01/02/2012. Registro do Produto

“Frango Caipira ou Frango Colonial” ou “Frango Tipo ou Estilo Caipira” ou “Tipo

ou Estilo Colonial”. Brasília, DF: Ministério da Agricultura e do Abastecimento,

2012.

MAZINI, A., MUNIZ, J., AQUINO, L. e SILVA, F. (2003). Análise da curva de

crescimento de machos Hereford. Ciência Agrotécnica, Vol. 27, n. 5, p. 1105-

1112.

MENDONÇA, M.O.; SAKOMURA, N.K.; SANTOS, F.R. et al. Níveis de energia

metabolizável para machos de corte de crescimento lento criados em

semiconfinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.8, p.1433-1440, 2008.

MEYER, K.; Estimates of genetic parameters for mature weight of Australian beef cows

and its relationship to early growth and skeletal measures. Livestock Production

Science 44.2 (1995): 125-137.

MIGNON-GRASTEAU, S. Genetic parameters of growth curve parameters in male and

female chickens. British Poultry Science, v. 40, n. 1, p. 44-51, 1999.

NELDER, J. A. The fitting of a generalization of the logistic curve. Biometrics, v. 17,

n. 1, p. 89-110, 1961.

PAZ, C. C. P. Ajuste de Modelos Não-Lineares em Estudos de Associação entre

Polimorfismos Genéticos e Crescimento em Bovinos de Corte1. R. Bras. Zootec,

v. 33, n. 6, p. 1416-1425, 2004.

PONTE, P. I. P., et al. "Pasture intake improves the performance and meat sensory

attributes of free-range broilers." Poultry Science 87.1 (2008): 71-79.

RATKOWSKY, D.A. Handbook of nonlinear regression models. N. York: Marcel

Dekker, 1990. 241p.

36

RICHARDS, F. J. A flexible growth function for empirical use. Journal of

experimental Botany, v. 10, n. 2, p. 290-301, 1959.

ROSTAGNO, H.S., ALBINO, L.F.T., DONZELE, J.L. et al. Composição de alimentos

e exigências nutricionais - Tabelas Brasileiras. Viçosa, MG: Universidade

Federal de Viçosa, 2005. 141p.

SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de pesquisa em nutrição de

monogástricos. Jaboticabal: Funep, 2007. 283p.

SANTOS, A.L.; SAKOMURA, N.K.; FREITAS, E.R. et al. Estudo do Crescimento,

Desempenho, Rendimento de Carcaça e Qualidade de Carne de Três Linhagens de

Frango de Corte. Rev. Bras. Zootec., v.34, p.158 9-1598, 2005.

SANTOS, V. B.; FREITAS, R.T.F.; SILVA, F.F.; FREATO, F.A.; Avaliação de curvas

de crescimento morfométrico de linhagens de tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus). Ciênc. agrotec., v. 31, n. 5, 2007.

SILVA, F.S.; ALENCAR, M. M.; FREITAS, A. R.; PACKER, I. U.; MOURÃO, G. B.

(2011). Curvas de crescimento em vacas de corte de diferentes tipos

biológicos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 46(3), 262-271.

SILVA, R.D.M.; NAKANO, M. Sistema caipira de criação de galinhas. Piracicaba: O

Editor, 1998. 110p.

SOUZA, X. R.; FARIA, P. B.; BRESSAN, M. C. Qualidade da carne de frangos

caipiras abatidos em diferentes idades. Arq. bras. med. vet. zootec, v. 64, n. 2, p.

479-487, 2012.

TAKAHASHI, S. E., et al. "Efeito do sistema de criação sobre o desempenho e

rendimento de carcaça de frangos de corte tipo colonial." Arquivo Brasileiro de

Medicina Veterinária e Zootecnia (2006): 624-632.

VELOSO, R.C. Padrão de crescimento, parâmetros de desempenho e divergência

genética de genótipos de frango tipo caipira. Dissertação de mestrado,

Departamento de Zootecnia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri, Piracicaba. Diamantina, 2012.

WANG, K. H., et al. Effect of a free-range raising system on growth performance,

carcass yield, and meat quality of slow-growing chicken. Poultry Science 88.10

(2009): 2219-2223.

37

ZANUSSO, J.T.; DIONELLO, N.J.L. Produção avícola alternativa – análise dos fatores

qualitativos da carne de frangos de corte tipo caipira. Rev. Bras. Agroc., v.9,

p.191-194, 2003.