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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASFARMÁCIA E BIOQUÍMICA
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES ONLINE DE MEDICAMENTOS DE VENDA LIVRE:
caso do Tylenol® no site da Sociedade Brasileira de Pediatria
JADEL KRATZ E LETÍCIA MIOTTO
COLABORADOR: RODRIGO FERNADES ALEXANDRE
ORIENTADORA: PROFA.CLÁUDIA MARIA OLIVEIRA SIMÕES
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar a qualidade das informações de medicamentos de venda livre, veiculadas em sites brasileiros de
sociedades de especialidades médicas
OBJETIVOS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Acessar sites de sociedades de especialidades médicas brasileiras, em busca de informações de medicamentos de venda livre
• Analisar a qualidade das informações do medicamento Tylenol®, veiculadas no site da Sociedade Brasileira de Pediatria, por comparação com dados da literatura científica atualizada
INTRODUÇÃO
INTERNET
VANTAGENS/DESVANTAGENS
CYBERCHONDRIACS
INFORMAÇÕES
USO
MEDICAMENTOS
COMUNIDADEFARMACÊUTICA
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
INTERNET
MEIO GLOBAL, PÚBLICO E ABERTO
FACILIDADE DE ACESSO
GRANDE VOLUME DE INFORMAÇÕES
SEM CONTROLE EDITORIAL
QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES?
(COLEMAN, 2003; BESSEL et al., 2002; SILBERG et al., 1997)
Fonte: Nielsen//NetRatings
Country March 2004
Australia 8,227,836Brazil 12,269,533France 14,103,852
Germany 27,172,467Hong Kong 2,546,983
Italy 15,585,562Japan 30,498,645
Netherlands 7,855,927Spain 8,188,114
Sweden 4,607,584Switzerland 3,105,164
UK 20,742,342
United States 144,403,184
TOTALS 299,307,191
ACTIVE INTERNET USERS BY COUNTRY
INTRODUÇÃO
CYBERCHONDRIACS
IMPACTO NA SAÚDE?
EUA: 80% DOS USUÁRIOS ADULTOS DA INTERNET BUSCA POR INFORMAÇÕES DE SAÚDE
36% DESTES BUSCA INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS
CIBERCONDRÍACOS ESPALHADOS PELO MUNDO
Nº CRESCENTE EM PAÍSES COM GRANDES MERCADOS FARMACÊUTICOS
(MURRAY et al., 2003; PETERSON et al., 2003; GREENSPAN, 2002)
INTRODUÇÃO
INFORMAÇÕES
DIVERSAS FONTES
CRESCENTE DEMANDA POR INFORMAÇÕES ONLINE
PREFERÊNCIAS POR SITES TIDO COMO REPUTÁVEIS E IMPARCIAIS
AS INFORMAÇÕES AUXILIAM E/OU CAUSAM PROBLEMAS E/OU SUSCITAM AINDA MAIS DÚVIDAS?
(COLEMAN, 2003; PETERSON et al., 2003; BESSEL et al., 2002)
INTRODUÇÃO
VANTAGENS
GRANDE VOLUME DE INFORMAÇÕES
FACILIDADE DE ATUALIZAÇÃO
MAIOR ENTENDIMENTO E RETENÇÃO
MELHORES HÁBITOS DE HIGIENE DE VIDA
MELHOR UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
FORTALECIMENTO DA RELAÇÃO PROFISSIONAL-PACIENTE
(MURRAY et al., 2003; BESSEL et al., 2002)
INTRODUÇÃO
DESVANTAGENS
QUALIDADE VARIÁVEL
INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA
DIFÍCIL DISCERNIMENTO (CONFIÁVEL OU NÃO?)
FALTA DE INSTRUMENTOS LEGAIS DE REGULAMENTAÇÃO
CONTATO COM PROPAGANDAS
(MURRAY et al., 2003; PETERSON et al., 2003; BESSEL et al., 2002)
INTRODUÇÃO
MEDICAMENTOS
FORMA IMPORTANTE DE INTERVENÇÃO
MEDICAMENTOS DE VENDA LIVRE
INFLUÊNCIA DAS INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS
INFORMAÇÕES TENDENCIOSAS
ÊNFASE NAS INDICAÇÕES E MINIMIZAÇÃO DOS DADOS DE SEGURANÇA (efeitos adversos, interações medicamentosas, efeitos tóxicos, etc.)
(ZACHRY, 2001; LEXCHIN, 2000)
INTRODUÇÃO
MEDICAMENTOS
MERCADO LUCRATIVO
TENDÊNCIAS DE CONSUMO
POTENCIAL USO INDISCRIMINADO
PROBLEMAS ENVOLVENDO TOXICIDADE (EX: AINES)
MASCARAMENTO DE PATOLOGIAS
(McBRYDE et al., 2003; ROBERTS; MORROW, 2003; SHEFTELL et al., 2001)
INTRODUÇÃO
COMUNIDADE FARMACÊUTICA
DIFICULDADE DE DISCERNIMENTO ENTRE PEDIDOS APROPRIADOS x INADEQUADOS
NECESSIDADE DE REAVALIAÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO
FISCALIZAÇÃO EFETIVA
(LEXCHIN, 2000)
JUSTIFICATIVA
JUSTIFICATIVA
O uso indiscriminado e não responsável de medicamentos de venda livre e seus potenciais efeitos negativos na saúde dos consumidores gera grande preocupação aos profissionais da saúde, especialmente os farmacêuticos.
Levando-se em conta a natureza comercial da Internet, este trabalho partiu da hipótese de que as informações de medicamentos de venda livre, veiculadas pela Internet, poderiam induzir ao seu uso incorreto e contribuir para agravar, ainda mais, o quadro de consumo abusivo deste grupo de medicamentos.
METODOLOGIA
METODOLOGIA
1) LEVANTAMENTO DOS SITES DE SOCIEDADES DE ESPECIALIDADES MÉDICAS BRASILEIRAS
PERÍODO: Abril e Maio de 2004
MÉTODO: máquina de busca GOOGLE (http://www.google.com.br); pesquisa restrita ao Brasil
PALAVRAS-CHAVE: “sociedade brasileira”
SELEÇÃO: ao acaso
OBJETIVO: detectar a presença de informações sobre medicamentos, somente nas páginas iniciais dos sites
METODOLOGIA
2) ANÁLISE DA QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES
Para esta análise, foi escolhido o site da Sociedade Brasileira de Pediatria (http://www.sbp.com.br), que apresentava o ícone do medicamento Tylenol®.
Foram selecionadas as apresentações pediátricas líquidas.
Informações relativas as indicações, contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, posologia, instruções de uso e armazenamento, interações, superdose e tratamento da superdose, constantes nas bulas disponíveis online, foram comparadas com as da literatura técnica atualizada: GOODMAN & GILMAN: As Bases Farmacológicas da Terapêutica, 2003; MARTINDALE: The Complete Drug Reference, 2001; MEYLER’s Side Effects of Drugs, 2000.
METODOLOGIA
Também para efeito de comparação, procurou-se, no próprio site da indústria fabricante deste medicamento, Janssen-Cilag Farmacêutica (http://www.janssen-cilag.com.br), cujo link estava presente na página do Tylenol®, links de outros países, onde esta indústria atua e, dentre os 21 sites encontrados, somente o da África do Sul (http://www.janssencilag.co.za) veiculava a bula do Tylenol®, tal qual ocorre no Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1) LEVANTAMENTO DOS SITES DE SOCIEDADES DE ESPECIALIDADES MÉDICAS BRASILEIRAS
Dos 14 sites de sociedades de especialidades médicas selecionados:
• 14% (n=2) apresentaram informações sobre medicamentos de venda livre
• 43% (n=6) apresentaram links para as indústrias farmacêuticas, que dão acesso a informações sobre os medicamentos por elas produzidas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
SOCIEDADE BRASILEIRA
ENDEREÇO ELETRÔNICO
INFORMAÇÃO MEDICAMENTOS
LINKS INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS
Anestesiologia http://www.sba.com.br NÃO NÃO
Cardiologia http://www.cardiol.br SIM SIM
Dermatologia http://www.sbd.org.br NÃO SIM
Diabetes http://www.diabetes.org.br NÃO SIM
Endocrinologia http://www.endocrino.org.br NÃO NÃO
Geriatria http://www.sbgg.org.br NÃO NÃO
Nefrologia http://www.sbn.org.br NÃO SIM
Neurologia http://www.kfssystem.com.br NÃO NÃO
Ortopedia http://www.sbot.org.br NÃO NÃO
Oftalmologia http://www.sboportal.org.br NÃO NÃO
Otorrinolaringologia http://www.sborl.org.br NÃO NÃO
Pediatria http://www.sbp.com.br SIM NÃO
Pneumologia http://www.sbpt.org.br NÃO SIM
Urologia http://www.sbu.org.br NÃO SIM
Tabela 1: Sites de sociedades de especialidades médicas selecionados na pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estes dados reforçam o fato de que as indústrias farmacêuticas fornecem suporte aos sites de sociedades de especialidades médicas, uma vez que 43% dos sites acessados apresentam links para tais indústrias. Esta estratégia coloca os usuários da Internet em contato com toda a gama de produtos por elas fabricada, o que constitui um tipo de publicidade indireta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
2) ANÁLISE DA QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES
Ao acessar o link do Tylenol®, na página inicial do site da Sociedade Brasileira de Pediatria, o usuário é redirecionado para o site específico do medicamento (http://www.tylenol.com.br/content/capa).
Entre os links disponíveis está o do próprio laboratório produtor: a Janssen-Cilag Farmacêutica (http://www.janssen-cilag.com.br).
Neste site foi possível acessar dados dos produtos disponíveis, em todos os países em que a referida indústria atua; porém, informações sobre o medicamento em questão estavam presentes somente nos sites do Brasil e da África do Sul.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Site sul-africano: disponibiliza somente as bulas dos medicamentos.
Site brasileiro: conteúdo diversificado.
No link informações de saúde, várias dicas estão disponíveis sobre febre, dor, vacinas, gripes e resfriados, importância da alimentação saudável e hábitos de higiene de vida. Entretanto, apresentam freqüentemente a frase que classifica o Tylenol® como sendo “o medicamento apropriado e mais seguro para todas as faixas etárias”, contrariando a RDC 102/2000, artigo 9, inciso 8, ANVISA/MS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Também está disponível no site uma calculadora posológica, que permite conhecer, através do peso da criança, a dose a ser administrada.
Isto, em tese, facilita o cálculo da dose do medicamento, tanto para ser usada corretamente, quanto também para ser usada excessivamente ou, até mesmo, com finalidades suicidas, já que os % de uso acidental e com objetivo suicida, relatados na literatura, não são desprezíveis!
Além disso, o fato das crianças de 0 a 10 anos serem os principais envolvidos nestas intoxicações faz com que este tipo de ferramenta num site pediátrico seja um risco desnecessário, que poderia ser evitado!!!
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisou-se o conteúdo das informações das bulas disponíveis online dos medicamentos Tylenol® gotas, Tylenol® Criança e Tylenol® Bebê, todas brasileiras, e ainda Tylenol® Elixir e Tylenol® Drops, ambos sul-africanas.
Os itens indicações, condições de armazenamento, instruções de uso e posologia estavam de acordo com a literatura científica atualizada e legislação vigente (Portaria 110, 1997, SVS/MS), apresentando informações que auxiliam o paciente na utilização correta do medicamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Bulas brasileiras: apresentam somente a hipersensibilidade ao composto.
Bulas sul-africanas: apresentam além desta, a contra-indicação em casos de disfunção hepática severa.
A literatura consultada afirma que o paracetamol deve ser administrado com cuidado aos usuários crônicos de álcool e que pacientes com disfunção hepática devem ser supervisionados pelo médico. Relata, ainda, a hepatotoxicidade dose-dependente do paracetamol; porém, nos casos de pacientes que já têm danos hepáticos severos, até mesmo doses terapêuticas podem ser tóxicas.
CONTRA-INDICAÇÕES
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as bulas apresentam informações sobre os possíveis danos hepáticos causados por doses acima das recomendadas; elas recomendam supervisão médica para os etilistas crônicos e advertem que se não desaparecerem os sintomas, o médico deverá ser consultado, obedecendo a legislação vigente (Portaria 110, 1997, SVS/MS).
Bulas sul-africanas: não apresentam informações acerca do uso durante a gravidez e lactação e não alertam sobre o uso concomitante de outros analgésicos e medicamentos que contenham paracetamol; estas informações aparecem nas bulas brasileiras.
ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estudos citados na literatura não classificam o paracetamol como teratogênico e consideram ínfimas as quantidades que passam para o leite materno, porém recomendam supervisão médica durante a gravidez e lactação.
A nefrotoxicidade causada pelo uso crônico do paracetamol está bem documentada na literatura consultada, mas não consta nas bulas brasileiras nem nas sul-africanas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A literatura consultada descreve casos de alergias, rash cutâneo, alterações hematológicas, hipoglicemia, pancreatite e possibilidade de agravamento de broncoespasmos em pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico.
Bulas sul-africanas: apresentam como reações adversas, ainda que raras, casos de alergias, rash cutâneo e alterações hematológicas, explicando como se manifestam.
Bulas brasileiras: não descrevem estas reações, apenas citam a possibilidade de ocorrência de reações adversas inesperadas e recomendam a suspensão do tratamento, sem explicar nada mais; este fato não permite ao usuário sua identificação.
REAÇÕES ADVERSAS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nenhuma das bulas analisadas apresenta informações sobre as possíveis interações medicamentosas do paracetamol, estando em desacordo com a Portaria nº 110, de 10 de março de 1997, artigo 2, inciso IIIe, da SVS/MS.
A literatura consultada descreve interações com fármacos indutores das enzimas microssomais, tais como carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, rifampicina, isoniazida, entre outros. Também há interações potenciais com fármacos hepatotóxicos, contraceptivos orais, anticoagulantes orais, antivirais e antieméticos, como a metoclopramida.
INTERAÇÕES
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Bulas sul-africanas: descrevem o quadro de superdose e seu tratamento em todos os seus detalhes, inclusive explicando a evolução do quadro de hepatotoxicidade, muito comum nestes casos.
Bulas brasileiras: citam apenas quais as doses que podem provocar hepatotoxicidade, mas não citam a possibilidade de necrose tubular e falência renal aguda, mesmo na ausência de dano hepático severo, amplamente descrito na literatura consultada. No tratamento indicam a utilização do xarope de ipeca para o esvaziamento estomacal (técnica em desuso) e não citam o uso da metionina como possível substituto ao antídoto de 1ª escolha (N-acetilcisteína 20%) e não citam o tratamento IV.
SUPERDOSE E TRATAMENTO DE SUPERDOSE
CONCLUSÃO
Tendo em vista a presença de informações sobre medicamentos de venda livre em sites da Internet, tidos como reputáveis, e os problemas envolvendo a qualidade das informações disponibilizadas, faz-se necessário que os órgãos públicos voltem sua atenção para este tema, pois aliado a este quadro, há também um grande número, documentado na literatura, de casos de intoxicação/exposição a medicamentos de venda livre, envolvendo principalmente circunstâncias em que o uso abusivo dos mesmos foi detectado.
As informações obtidas com este trabalho acrescentam subsídios para uma discussão crítica e comprometida sobre este assunto, necessária, tanto no meio acadêmico quanto junto à sociedade.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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