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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOGRAFIA JULIANA DA SILVA OLIVEIRA VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS. BOA VISTA/RR 2014

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOGRAFIA

JULIANA DA SILVA OLIVEIRA

VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO

URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS.

BOA VISTA/RR

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

JULIANA DA SILVA OLIVEIRA

VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO

URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS.

Monografia apresentada com pré-requisito

para conclusão do Curso de Bacharel em

Geografia do Instituto de Geociências da

Universidade Federal de Roraima.

Orientador: Prof.° MSc. Thiago Morato

Carvalho.

BOA VISTA/RR

2014

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

JULIANA DA SILVA OLIVEIRA

VULNERABILIDADES AOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO CAUAMÉ EM DECORRÊNCIA DA EXPANSÃO

URBANA E USO PARA LAZER EM SUAS PRAIAS.

Trabalho de Monografia apresentado

como pré-requisito para conclusão do

curso de Bacharel em Geografia da

Universidade Federal de Roraima,

defendida em 17 de julho de 2014

avaliado pela seguinte banca

examinadora:

______________________________

Prof.° MSc. Thiago Morato Carvalho.

Instituto de Geociências – UFRR (Orientador)

_____________________________

Prof.ª Dr.ª Gersa Mourão

Instituto de Geociências – UFRR (Ministrante da Disciplina)

_____________________________

Prof. MSc. Carlos Sander

Instituto de Geociências – UFRR (Avaliador)

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

Oliveira, Juliana da Silva.

Vulnerabilidades aos impactos ambientais da bacia

hidrográfica do rio cauamé em decorrência da expansão urbana e uso

para lazer em suas praias/ Juliana da Silva Oliveira, Boa Vista, 2014.

65p.

Orientador: Prof.° MSc. Thiago Morato Carvalho.

Dissertação (Graduação) – Universidade Federal de Roraima,

Instituto de Geociências, Departamento de Geografia.

1- Bacia hidrográfica do rio Cauamé. 2 - Boa Vista. 3 -

Sensoriamento Remoto. 4 - Geoprocessamento. 5 - Vulnerabilidade.

6 - Praias. I – Título. II – Carvalho, Thiago Morato (orientador)

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus acima de tudo, pela proteção, amor, cuidado e sabedoria que tem

me concedido nesses anos de estudo.

Ao Prof.° MSc. Thiago Morato Carvalho, por dispor do seu tempo e paciência para

comigo nesse processo de elaboração da pesquisa, também pela orientação e apoio.

Aos professores do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Roraima,

que por meio de seus conhecimentos foram fundamentais na minha formação.

A minha amada mãe Mª da Conceição da Silva Oliveira pelo amor, carinho,

incentivo e compreensão nos momentos de ausência.

Ao meu esposo Dayvison Bruno P. da Silva pelo amor, paciência e

companheirismo.

Aos meus cunhados Sara Vanessa P. da Silva, Aldinei Oliveira e primo André

Felipe da Silva Araújo pela colaboração na visita a campo e na aplicação dos questionários,

ao meu sogro Sebastião Correa da Silva por me socorrer na hora do sufoco, e a minha com

cunhada Daiane Maciel pela colaboração na tradução do resumo para o inglês.

A todos os meus colegas de curso de geografia que ao longo desses anos foram

cúmplices e companheiros.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

“O temor do Senhor é o princípio do

conhecimento.” Pv. 1:7

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar temporalmente o uso e cobertura da bacia

hidrográfica do rio Cauamé, para o ano de 2014 e análise visual para 1943, 1975, e identificar

as vulnerabilidades sócio-ambientais com base no padrão de uso destinado ao lazer nas praias

do rio Cauamé, adjacentes às áreas urbanizadas de Boa Vista. A metodologia consistiu em

técnicas de sensoriamento remoto/geoprocessamento e campo. As principais etapas foram:

levantamento bibliográfico, cujo objetivo foi estudar sobre a temática do estudo e verificar

estudos anteriores na região da pesquisa; as técnicas de sensoriamento

remoto/geoprocessamento foram utilizadas para a classificação do uso e cobertura da terra,

mapas temáticos, perfil longitudinal, declividade e hipsometria; foram realizadas idas a

campo, cujo objetivo foi a descrição dos pontos vulneráveis a impactos ambientais, e para

aplicação de questionário, no intuito de conhecermos o perfil dos banhistas que frequentam as

praias. A bacia do rio Cauamé apresenta uma grande extensão de campos, divididos em

campos secos e úmidos, além da presença de lagos, pouca declividade no terreno, variando de

0º a 5º. A bacia foi compartimentada em três divisões: alta, média e baixa bacia as quais

representem o alto curso do rio Cauamé, médio e baixo curso. Esses três compartimentos

foram segmentados em quatro tipos de padrões de drenagem: retos, paralelos, dendríticos,

sub-dendítricos. Foram identificadas 06 praias para o lazer as quais são frequentadas aos

feriados e finais de semanas pelos banhistas. Três na zona norte: Praia do Caçari, Praia da

Polar e Praia do Curupira e Três na zona Oeste: Banho da Ponte, Banho do Caranã e Banho da

Cachoeirinha. Os resultados desta pesquisa ajudarão a traçar o perfíl do meio físico, como o

padrão de uso e cobertura da bacia do rio Cauamé, e servir de base para a caracterização das

áreas destinadas ao lazer, conhecidas popularmente como banhos, e seus respectivos impactos

ambientais.Informações importantes para o gerenciamento/planejamento urbano e de áreas

úmidas, assim como compor bases iniciais do entendimento dos aspectos

hidrogeomorfológicos de Roraima.

Palavras-chave: Bacia hidrográfica do rio Cauamé. Boa Vista. Sensoriamento Remoto.

Geoprocessamento. Vulnerabilidade. Praias.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

ABSTRACT

The purpose of this research was to describe the use and cover the Cauamé river basin, the

decade between 1943, 1970 and 2014, and to identify the social and environmental

vulnerabilities based on the usage pattern for leisure on the beaches of Cauamé river adjacent

to urbanized areas of Boa Vista. The methodology consisted of sensing techniques remote/

geo-processing. The main steps were: bibliographical survey that whose objective was to

study on the subject of study and verify previous studies in the research area; The remote

sensing techniques remote/ geo-processing have been classification of land cover, thematic

maps, longitudinal profile, slope and hypsometric were realized in days of research. Whose

objective was the description of vulnerabiliies to environmental impacts and implementation

of the questionnaire. In order to know the profile of swimmers attending the riverbanks. The

river basin Cauamé have been showed a big expanse of fields, dividing between dry wet

fields, and the presence of lakes. Have less declivity between of 0º and 5º and three

topographic compartments were divided into: high, médium and low Cauamé with drainage

patterns with three characteristics: straight, parallel and dentritic. Have 06 beachs to

recreation that are very well organised and frequently visited by the public in holidays and

weekends for bathers. In the north zone are located three beachs with: Caçari beach, Polar

beach and Curupira beach, and in the West zone also are located three baths with: bath bridge,

Caranã bath, and Cachoeirinha bath. The results of this survey will help in profile physical

state, can be use the pattern and the coverage of Cauamé River basin, should serve as a basis

to characterization of playground and comfort knowed with baths and its environmetal

impacts information more importante for urban planning and wetlands. Hidrogeomorfologicos

os aspects of Roraima.

Keywords: Cauamé River Basin. Remote Sensing. Geoprocessing. Boa Vista. Vulnerability.

Beachs.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.............. 24

Figura 02 - Fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano de 1943, com

destaque em preto para o aglomerado urbano e o caminho já existente

em direção ao rio Cauamé.....................................................................

26

Figura 03 - Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.................. 34

Figura 04 - Mapa de Variação da Declividade da Bacia do rio Cauamé e Perfil

Longitudinal...........................................................................................

35

Figura 05 - Divisão da Compartimentação alto, médio e baixo Cauamé. Rede de

Drenagem: padrões de drenagem do rio Cauamé e seus afluentes........

36

Figura 06 - Uso e cobertura da terra: classificação supervisionada. Bacia

hidrográfica do rio Cauamé, Roraima...................................................

38

Figura 07 - Porcentagem da distribuição das classes de uso e cobertura da terra

da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé...................................................

39

Figura 08 - Comparativo da fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano

de 1943 com o período atual, em destaque os lagos e igarapés: 1-

Igarapé do Pricumã; 2- Igarapé Grande; 3 – Igarapé Caranã. B –

Imagem GeoEye, 2014..........................................................................

41

Figura 09 - Comparativo entre as décadas de 40, 70 e período atual (1943, 1975 e

2014). A e Aa- Boa Vista 1943, com destaque para a mancha urbana

com área de 32,86 km²; B e Ba- Boa Vista 1975, com destaque para a

mancha urbana com área de 62,88 km²; C e Ca- Boa Vista 2014, com

destaque para a mancha urbana que passou para 131,19 km²...............

42

Figura 10 - Comparativo entre de 1943 e 2014: A e Aa- Visão de parte do baixo

Cauamé após o bairro Cidade Satélite; B e Ba – Alteração da

paisagem ao longo dos anos no sentido Ponte do

Cauamé/BR174/Pacaraima....................................................................

43

Figura 11 - Comparativo entre de 1943 e 2014: A – Fotografia aérea da praia do

Caçari e vegetação nativa da década de 40; B- 2014 e a evolução na

paisagem com destaque para alteração da vegetação de veredas e

ilhas de mata, na área urbana e vegetação aluvial (planície de

inundação) inalterada.............................................................................

44

Figura 12 - A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização

das praias na Zona Norte da cidade e bairros circunvizinhos

(Paraviana e Caçari)...............................................................................

46

Figura 13 - A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização

das praias na Zona Oeste da cidade e bairros circunvizinhos (Cidade

Satélite, Jardim Caranã e Cauamé)........................................................

46

Figura 14 - Fotos da visita da praia do Caçari: A- lixeira disponível na entrada da

praia; B – placa institucional da campanha ambiental; C – vendedor

ambulante na areia da praia; D – visão da margem da praia e

banhistas................................................................................................

48

Figura 15 - Nota dada pelos banhistas à Praia do Caçari......................................... 49

Figura 16 - Fotos tiradas in loco: A- lixeira disponível ao longo da praia; B –

bares situados na praia; C – placa educativa promovida pela PMBV;

D – visão da margem da praia e banhistas no momento do lazer..........

50

Figura 17 - Nota dada pelos banhistas à Praia da Polar........................................... 50

Figura 18 - Fotos tiradas in loco: A- visão da margem direita e esquerda da praia;

B – grupo de banhistas em momento de lazer; C – lixo descartado na

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

areia da praia; D – estrutura demolida de um antigo bar....................... 52

Figura 19 - Nota dada pelos banhistas à Praia do Curupira..................................... 52

Figura 20 - Fotos tiradas in loco: A- Placa de conscientização ambiental da

PMBV; B – Bar fixo localizado na margem do rio; C – banheiro com

fossa asséptica pertencente ao bar; D – visão da margem da praia e

banhistas; E – Visão direita sentido Boa Vista/Pacaraima, da praia e

do bar; F – Visão de cima da ponte do lado esquerdo Boa

Vista/Pacaraima, da praia......................................................................

54

Figura 21 - Nota dada pelos banhistas à Praia da Ponte........................................... 55

Figura 22 - Fotos tiradas in loco: A- placa de sinalização de proibido veículo

automotor na área da praia; B – visão geral da praia e margem

esquerda ao fundo do rio Cauamé com vegetação nativa sem

alterações; C – foz do igarapé Caranã; D – visão da margem direita

da praia e banhistas. E e F – Lixo despejado na estrada que dá acesso

ao banho.................................................................................................

56

Figura 23 - Nota dada pelos banhistas a Banho do Caranã...................................... 57

Figura 24 - Fotos tiradas in loco: A- visão geral da praia e sua vegetação nativa;

B – margem do rio esculpindo a entrada da praia; C – área de

extração de material à margem do rio; D – lixo presente em torno da

planície de inundação............................................................................

58

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS........................................................................................................ 13

2.1 Objetivo Geral....................................................................................................... 13

2.2 Objetivos Específicos............................................................................................ 13

3 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14

3.1 Utilização de SIGs para Análise Geográfica………………………………….. 19

4 MATERIAS E MÉTODOS............................................................................... 23

4.1 Localização da Área de Estudo.............................................................................. 23

4.2 Metodologia…………………………………………………………………....... 29

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 32

5.1 Caracterização Fisiográfica da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé...................... 32

5.2 Uso e Cobertura da Terra.................................................................................. 36

5.3 Áreas Vulneráveis da Bacia do Cauamé.............................................................. 39

5.4 Praias Fluviais: Localização e Descrição das Áreas de Lazer do rio Cauamé....... 44

5.4.1 Praia do Caçari..................................................................................................... 47

5.4.2 Praia da Polar....................................................................................................... 49

5.4.3 Praia do Curupira................................................................................................ 51

5.4.4 Banho da Ponte..................................................................................................... 53

5.4.5 Banho do Caranã.................................................................................................. 55

5.4.6 Banho Cachoeirinha............................................................................................. 57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 61

ANEXO ................................................................................................................ 65

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

11

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa visa caracterizar temporalmente o uso e cobertura da bacia

hidrográfica do rio Cauamé para o ano de 2014, e análise visual do entorno da cidade de Boa

Vista-RR para os anos de 1943 e 1975, possibilitando identificar as vulnerabilidades

socioambientais com base no padrão de uso nas proximidades do rio Cauamé, principalmente

com relação às áreas urbanizadas de Boa Vista. Essa problemática se deve à expansão urbana,

que têm acarretado a ocupação irregular em áreas consideradas de risco e áreas de

preservação permanente (APP), como planícies fluviais e os lagos.

O rio Cauamé é afluente da margem direita do rio Branco e drena a cidade de Boa

Vista pela sua margem direita por aproximadamente 18,70 km. Ao longo do perímetro

urbano, além do uso habitacional em áreas de invasão, também se enquadra o uso destinado

ao lazer, conhecidos popularmente como "banhos". Na região do baixo Cauamé, onde

ocorrem formações de depósitos aluvionares, conhecidos como praias, são frequentadas por

banhistas, que procuram essas áreas do rio em busca de lazer, principalmente aos finais de

semana.

Caracterizar estes ambientes é fundamental para estabelecer padrões de

vulnerabilidades ambientais, decorrentes do uso irregular e atividades de lazer, as quais

favorecem impactos diretos ao meio ambiente como depósitos de lixos, lançamento de

efluentes e alteração na cobertura vegetal.

Alguns questionamentos foram levantados com intuito de verificar, se a expansão da

cidade de Boa Vista está acarretando ações impactantes na planície do rio Cauamé, por

exemplo: i) as áreas de risco a inundações têm aumentando no entorno do rio Cauamé? A

resposta a esta pergunta pode ser devido à expansão urbana, favorecendo invasão em áreas de

APP (ambientes de planície favorável a alagamentos); ii) O uso das praias para lazer

(geoturismo) do rio Cauamé tem acarretado problemas ambientais? A resposta a esta pergunta

pode ser que as praias do Cauamé tem se degradado com a poluição de lixos; instalação de

bares, favorecendo lançamentos de esgoto diretamente no canal; iii) Houve alterações

consideráveis como desmatamento ao longo do Cauamé? Uma possível resposta a esta

pergunta é que houve uma considerável alteração na cobertura vegetal (APP) da planície do

Cauamé.

Essa pesquisa é parte integrante e base para os estudos em andamento, dentro do

escopo do projeto "Aspectos hidrogeomorfológicos do Estado de Roraima", coordenado pelo

Laboratório de Métricas da Paisagem (Mepa) do Dep. de Geografia da Universidade Federal

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

12

de Roraima. Cuja finalidade será contribuir para a questão da compartimentação hidrográfica

da bacia do rio Cauamé, tipos de uso e cobertura, dando suporte para o entendimento sobre

suas vulnerabilidades, devido ao uso das terras e a utilização de suas praias, do baixo Cauamé,

para lazer. Este estudo servirá de suporte para o planejamento e gestão territorial de ambientes

de áreas úmidas, ambientes pouco estudados nesta região. O suporte desta pesquisa é através

do Mepa o qual possui parcerias com a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais) e Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia).

Dentro desse contexto, no item três será apresentado uma breve fundamentação

teórica relacionada à temática da pesquisa, introduzindo o tema no âmbito da Geografia e sua

importância para análise ambiental e social, sendo um instrumento de políticas públicas; e

respectivas técnicas usuais, por exemplo, utilização de programas para o processamento de

dados no âmbito dos SIGs (Sistemas de Informações Geográfica), os quais foram à base para

elaboração do uso e cobertura da terra, descrição do relevo, delimitação e compartimentação

da bacia hidrográfica, análise da drenagem, e descrição das praias.

A pesquisa seguiu algumas etapas metodológicas, escritas no item quatro, onde são

apresentadas as técnicas utilizadas para os produtos gerados nesse trabalho. Seguindo a ordem

metodológica, em primeiro momento foi definida a bacia hidrográfica do rio Cauamé e sua

planície fluvial, delimitando sua área, e extraindo os dados da compartimentação

geomorfológica. Foi possível comparar imagens da área de estudo para os anos de 1943, 1975

e 2014, para identificar as possíveis mudanças que ocorreram ao longo dos anos e as pressões

que vêm ocorrendo ao longo do rio, com a expansão do perímetro urbano de Boa Vista.

Após as análises do meio físico e questão da dinâmica do uso e cobertura da terra,

esta pesquisa caracterizou os tipos de praias do baixo Cauamé e analisou o aspecto do uso

destinado ao lazer, com a aplicação de questionários, cuja finalidade foi caracterizar o perfil

dos banhistas nestes locais, servindo de base para uma discussão dos impactos gerados nesse

tipo de geoturismo.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

13

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Classificar, o uso e cobertura da bacia hidrográfica do rio Cauamé em 2014.

Identificar as vulnerabilidades socioambientais e características das praias para lazer no

perímetro urbano de Boa Vista.

2.3 Objetivos Específicos

1. Delimitar a bacia hidrográfica do rio Cauamé e sua planície fluvial;

2. Caracterização fisiografica da bacia com base nos seguintes produtos:

hipsometria, declividade, perfil topográfico, uso e cobertura do solo, os quais

foram importantes para compartimentação hidrográfica;

3. Comparar imagens da área para os anos 1943, 1975 e 2014 para identificar as

possíveis mudanças que ocorreram ao longo dos anos;

4. Identificar áreas vulneráveis devido à expansão urbana relacionado ao

suprimento da cobertura vegetal e lagos aterrados;

5. Mapear e caracterizar as áreas utilizadas para lazer (praias) e conhecer o perfil

dos banhistas através de aplicação de questionários.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

14

3 REFERENCIAL TEÓRICO

A presente pesquisa aborda a respeito da descrição dos aspectos fisiográficos e

impactos ambientais da bacia hidrográfica do rio Cauamé, com base em técnicas de

sensoriamento remoto e geoprocessamento, usuais na elaboração de levantamentos de dados

geográficos de uma determinada região. O tema é amplo e existem vários trabalhos

dissertando a respeito desse assunto, dentre eles, foram utilizados nessa pesquisa alguns

trabalhos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (Manuais Técnicos em

Geociências – n. 9 - Introdução ao Processamento Digital de Imagens, do ano de 2001 e

Manual Técnico em Geociências - Manual Técnico de Uso da Terra do ano de 2013) além do

trabalho de Ramdolph (1998). Para tratar um pouco da história de Roraima e Boa Vista,

utilizamos os trabalhos de Freitas (1993) Veras (2009) e Silva e Veras (2012).

Para temática e foco da pesquisa, aspectos geomorfológicos e bacias hidrográficas,

também existem uma gama de autores que trata desse assunto, neste estudo foram utilizados

os trabalhos de Christofoletti (1980); Guerra e Cunha (2011); Silva et al., (2003, 2004) para

tratar da temática geral.

No entanto, é importante enfatizar que quanto aos estudos da região de Roraima,

principalmente os relacionados aos aspectos hidrogeomorfológicos, há certa limitação de

bibliografia. Ainda assim, há importantes trabalhos que tratam sobre esta temática. Na

presente pesquisa foram utilizados os trabalhos de Carvalho (2012); Carvalho e Carvalho

(2012); para tratar dos aspectos fisiográficos a qual a bacia hidrográfica está inserida no

contexto regional; para tratar do contexto local utilizamos os trabalhos de Barroso (2009);

Costa & Neto (2010) para uma breve caracterização, do ponto de vista de outros autores.

Para se conhecer uma determinada região é importante que se conheça a dinâmica da

paisagem, pois é por meio de sua evolução que reconhecemos os agentes modificadores na

paisagem, sejam eles naturais ou proporcionados pela ação do homem. Carvalho e Morais

(2013) reforçam essa idéia ao dizer que a paisagem representa uma área importante para os

estudos do uso e cobertura da terra e que ambos estão relacionados, pois os elementos

constituídos pelo uso e cobertura da terra estruturam a paisagem de determinado lugar seja de

ordem natural, seja pela ação do homem (antrópica), ambos em constante dinâmica.

Os cursos de água são dinâmicos e influenciam a paisagem e o modelamento do relevo

de forma direta, de acordo com Christofolletti (1980, p.102) “(...) os cursos de água

constituem processo morfogenético dos mais ativos na esculturação da paisagem terrestre”.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

15

Segundo o autor citado a drenagem fluvial é composta por um conjunto de canais de

escoamento inter-relacionados que formam a bacia de drenagem, definida como a área

drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade de água que atinge

os cursos fluviais está na dependência do tamanho da área ocupada pela bacia, da precipitação

total e de seu regime, e das perdas devidas à evapotranspiração e à infiltração.

Entre os vários conceitos a respeito do que é uma bacia hidrográfica destacamos o

conceito de Silva, Schulz e Camargo (2003, 2004, p. 93), conceitua de forma dinâmica o que

é uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem ao dizer que é uma área da superfície terrestre

que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado

ponto de um canal fluvial.

Christofoletti (1980, p.102) classifica as bacias de drenagem de acordo com o

escoamento global em quatro tipos: a) exorréicas: quando o escoamento das águas se faz de

modo contínuo até o mar ou oceano; b) endorréicas: quando as drenagens são internas e não

possuem escoamento até o mar, desembocando em lagos ou dissipando-se nas areias do

deserto, ou perdendo-se nas depressões cársicas; c) arréicas: quando não há nenhuma

estruturação em bacias hidrográficas, como nas áreas desérticas onde a precipitação é

negligenciável e a atividade dunária é intensa, obscurecendo as linhas e os padrões de

drenagem; d) criptorréicas: quando as bacias são subterrâneas, como nas áreas cársicas.

O estado de Roraima possui uma identidade regional e insere-se na Amazônia como

uma região que apresenta as mais variadas tipologias morfológicas do relevo e vegetação,

caracterizar a região amazônica é de fundamental importância para compreendermos a

dinâmica morfoclimática no estado de Roraima. (CARVALHO, 2012)

O domínio morfoclimático da Amazônia é característico de áreas tropicais, com baixa

amplitude térmica, elevadas temperaturas médias, possui solos de baixa fertilidade, latossolos

e podzolos, pode ser caracterizada por terras baixas, relevos florestados e uma dicotomia entre

rios alóctones e autóctones, além de possuir um complexo sistema vegetacional distribuído

em áreas periodicamente inundadas (várzeas) e áreas de terra firme, sendo assim, é importante

ressaltar que as áreas úmidas da Amazônia são mantidas pela precipitação, pelo sistema

fluvial ou por ambos e que são áreas dependentes do clima, da topografia e do sistema de

drenagem. (CARVALHO, 2012)

De acordo com Carvalho (2012) na Amazônia as áreas úmidas abrangem mais de

500.000 km² ao longo da bacia hidrográfica do Amazonas. As florestas periodicamente

inundadas são formadas por águas brancas, claras e pretas, onde se desenvolvem a vegetação

de várzea e igapó.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

16

Em Roraima a estação chuvosa, inicia-se no mês de maio e estende-se até agosto e

meados de setembro, com uma média pluviométrica para a região de estudo de 1650 mm/ano,

período o qual influência a dinâmica dos rios de Roraima. É consequentemente um dos fatores

determinantes na modificação da paisagem, por trata-se de rios que se caracterizam por serem

apenas continentais, além da sua formação da cobertura vegetal, conjunto de formações

primárias (florestais e campestres), que estão condicionadas, além de outros fatores, aos

diferentes índices pluviométricos da região. Podemos ainda destacar a significativa variação

dos níveis de vazão do rio no período de estiagem e no período chuvoso, além da sua

capacidade de transporte que também, variam conforme a dinâmica do fluxo. A capacidade de

transporte de carga sedimentar que um rio tem, é de fundamental importância para se entender

a dinâmica do mesmo.

Os rios de Roraima caracterizam-se por serem em sua maioria autóctones, e seu

escoamento global é classificado como exorréicos, além de possuir um complexo sistema

lacustre nas áreas abertas, podemos encontrar essas características no lavrado (nordeste de

Roraima) e nas campinaranas no sul do Estado.

Reforçando essa idéia Carvalho (2012) descreve:

“Podemos caracterizar os rios de Roraima sendo na maioria autóctones, com um

complexo sistema lacustre nas áreas abertas, como o lavrado no nordeste de

Roraima e as campinaranas no sul. É uma região ainda insuficientemente descrita,

em termos de processos hidrogeomorfológicos e biológicos, é necessário um melhor

entendimento de como as florestas e as áreas abertas alagadas nesta região,

juntamente com processos geomorfológicos funcionam. Neste aspecto, pesquisas

voltadas para a questão do meio físico-biótico são chaves para a compreensão destes

ambientes”.

Verifica-se a carência de estudos nessa área, e o quão importante se faz pesquisas mais

específicas a respeito do lavrado roraimense. Carvalho (2009, p.9) acrescenta a esta idéia

informando que “as áreas florestadas que rodeiam o lavrado são pouco estudadas fisionômica

e floristicamente, e muito ameaçadas se encontram, devido à colonização e usos da terra que

induzem ao desmatamento”. Logo vemos o quão enraizado está a questão da ação antrópica, o

homem como sujeito modificador da paisagem, no aspecto paisagístico de uma dada área.

É típico da região de Roraima áreas fechadas e abertas, que segundo Carvalho (2009):

“dentro do domínio morfoclimático da hileia, a região de Roraima tem uma peculiar

vegetação composta por áreas abertas e fechadas, as quais dão identidade regional e

condicionam a presença de fauna e flora adaptadas a estes ambientes”. As áreas abertas são

conhecidas regionalmente como lavrado e caracterizam-se por possuírem feições topográficas

suaves, entre 30-60 metros de altura, formada por tesos, que são ondulações do terreno e

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17

agem como divisores de águas, também ocorrem formações mais altas e complexas, como os

inselbergs, que são também conhecidos como morro testemunho, por se destacar na paisagem

de forma isolada além de pães-de-açúcar.

O lavrado localiza-se na porção norte e central do Pediplano rio Branco-Rio Negro e

possui em seu relevo, uma baixa energia, que na região central favorece a formação de um

sistema de lagos sazonais rasos de formato circular, não fluviais, os quais estão associados às

águas pluviais e aos lençóis freáticos. Esse lagos tem como característica secarem no período

de estiagem; já no período chuvoso, eles formam uma grande extensão de áreas alagadas

interconectadas (CARVALHO, 2012).

O rio Branco possui uma vegetação aluvial tipicamente de várzea, e ainda é possível

encontrar algumas espécies de igapó provenientes dos rios de água preta que drenam das

campinaranas do baixo rio Branco.

As áreas florestadas que rodeiam o lavrado são muito susceptíveis a ação antrópica

com a colonização e uso da terra que induzem ao desmatamento, além de serem pouco

estudadas fisionômica e floristicamente. É notável a ação antrópica sendo fator determinante

na modificação da paisagem e consequentemente no desmatamento da área de floresta

presente na região.

Acrescentando a essa idéia Guerra e Cunha (2011) descreve: “os desequilíbrios

ambientais originam-se, muitas vezes, da visão setorizada dentro de um conjunto de

elementos que compõem a paisagem. A bacia hidrográfica, como unidade integradora desses

setores (naturais e sociais) deve ser administrada com esta função, a fim de que os impactos

ambientais sejam minimizados”. Inserido nesse contexto, esta a cidade de Boa Vista-RR e a

bacia hidrográfica do rio Cauamé, área de estudo desta pesquisa.

Sobre a origem de Boa Vista, esta iniciou-se de uma das inúmeras fazendas de gado

situadas ao longo dos rios que compõem a bacia do rio Branco, quando a região ainda

pertencia ao estado do Amazonas, no final do século 19, comandada pelo capitão Inácio

Lopes de Magalhães em 1830 (FREITAS, 1993, VERAS 2009).

No ano de 1858 o povoado foi elevado a categoria paroquial com a denominação de

freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco e em 9 de julho de 1890 a freguesia foi

elevada à categoria de vila, sede de um novo município denominado Boa Vista do Rio

Branco, criado pelo Governador da Província do Amazonas, Augusto Ximeno Villeroy. Em

1943, Boa Vista tornou-se a capital do recém-criado Território Federal do Rio Branco, em

1962 passou a se chamar Território Federal de Roraima. No ano de 1988, com a nova

Constituição Federal, se institui como estado de Roraima (FREITAS, 1993).

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18

Boa Vista situa-se na porção nordeste do Estado. Com uma área de 5.687,036 km²,

limita-se com Pacaraima a norte, Normandia a nordeste, Bonfim a leste, Cantá a sudeste,

Mucajaí a sudoeste, Alto Alegre a oeste e Amajari a noroeste. Sua população estimada em

2013 é de 308.996. (IBGE).

Ao longo dos anos a cidade de Boa Vista foi expandindo de forma considerada,

desordenada, não seguindo o Plano Diretor que consiste na Lei Complementar Nº 924, de 28

de Nov. de 2006, que não acompanhou o crescimento da cidade ao longo das décadas. O

Plano diretor tem como finalidade ser um dos instrumentos da política de desenvolvimento

municipal determinante para a ação dos agentes públicos e privados que atuam no Município

de Boa Vista e tem como objetivo geral a promoção do ordenamento territorial e o

desenvolvimento social e econômico sustentável do Município, a partir do reconhecimento de

suas potencialidades e de seus condicionantes ambientais (LEI COMPLEMENTAR Nº 924,

2006).

Por meio deste instrumento legal, identificamos a importância que os mananciais

possuem e destacamos algumas normas que foram estabelecidas para um crescimento

ordenado da cidade que na prática não está sendo aplicadas:

SEÇÃO I

DA POLÍTICA DE MEIO AMBIENTE

Art. 7º – (...)

IV – o reconhecimento do relevante serviço ambiental prestado pelos corredores

ecológicos compostos pelos rios Uraricoera, Tacutú, Cauamé, Mucajaí e Rio

Branco, interligando Unidades de Conservação da Natureza de importância regional;

V – a revisão dos limites da Área de Proteção Ambiental do Rio Cauamé;

Art. 10 – Para fins desta lei entende-se por poluição e/ou degradação ambiental

qualquer alteração das qualidades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente

que possam: (...)

III – ocasionar danos relevantes à flora, à fauna e a qualquer recurso natural;

(LEI COMPLEMENTAR N° 924 p. 04-05)

Nesse trecho supracitado pode ser observado que a Lei não ampara de forma

abrangente e nem regulamenta a expansão da área urbana da cidade. Ela só sugere que seja

feito uma revisão dos limites da APP do rio Cauamé, o que ainda não foi feito.

Será discutido ao longo da pesquisa as áreas de pressão ás margens do rio Cauamé e

assim pode-se observar o quanto uma Lei regulamentadora eficiente favoreceria e protegeria

aquela área de APP, que vêm sofrendo com a expansão urbana da cidade de forma

desordenada.

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19

3.1 Utilização de SIGs para Análise Geográfica

Os Sistemas de Informações Geográfica (SIGs) surgiram há mais de três décadas e

têm se tornado ferramentas valiosas nas mais diversas áreas de conhecimento. Os

concomitantes progressos em cartografia, sensoriamento remoto e outras áreas correlatas ao

geoprocessamento de dados contribuíram para o avanço e a sofisticação dos SIG

(RAMDOLPH, 1998).

A primeira fotografia aérea foi tirada em 1844 quando o Engenheiro Militar Francês

Aimé Laussedat, construiu a primeira câmara fotogramétrica e idealizou um método para

aplicação desta câmara em trabalhos topográficos, tirando as primeiras fotos aéreas, a bordo

de um avião. Durante a Segunda Guerra Mundial houve um avançado desenvolvimento das

técnicas de Sensoriamento Remoto. As fotografias aéreas foram aperfeiçoadas, surgiram à

fotografia colorida e as películas infravermelhas e começou a serem utilizados os sensores a

base de radar. (IBGE 2001).

O primeiro satélite foi lançado em 1957, pela URSS chamado de Sputnik 1 com fins

bélicos devido aos conflitos da Guerra Fria. Ate 1966, o desenvolvimento de aparelhos de SR

se deu principalmente no âmbito militar, a partir desse ano começaram a serem

comercializados os serviços do sensoriamento remoto.

Os SIGs constituem um ambiente tecnológico e organizacional que tem, cada vez

mais, ganho adeptos no mundo todo. Seu desenvolvimento esta diretamente relacionado com

os avanços na área de computação. Somente após 1960 com o avanço da informática,

cresceram tanto os métodos conceituais de análise espacial, quanto as reais possibilidades de

mapeamento temático quantitativo (BURROUGH, 1986 apud Ramdolph, 1998).

Nestas últimas décadas os programas, têm se tornado ferramentas valiosas nas mais

diversas áreas de conhecimento, e evoluíram como meios de reunir e analisar dados espaciais

diversos, dentre os quais, muitos foram desenvolvidos para fins de planejamento e de manejo

de recursos naturais ao nível urbano, regional, estadual e nacional de órgãos.

Nas décadas posteriores, ocorreram avanços consideráveis em equipamentos e

programas, que permitiram novas aplicações, houve também a redução de seus custos, con-

tribuindo para tornar os SIGs uma tecnologia de rápida difusão e aceitação.

Ao longo dos anos vários satélites, com a finalidade de levantamento dos recursos

terrestres, foram lançados, dentre eles, destacam-se a série Landsat 1 em 1972, Landsat 2 em

1975 , Landsat 3 em 1978 , Landsat 4 em 1982, anos depois foi lançado o Landsat 5, em 1993

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foi lançado o Landsat 6 que nunca entrou em operação; Landsat 7 em 1999 e Landsat 8 em

2013; Cbers (2 e 2B), Spot (1,2,3,4, 5), Ikonos, QuickBird, Jers, Radarsat, Alos, dentre outros.

De acordo com o Manual Técnico em Geociências - Manual Técnico de Uso da

Terra (2013) os satélites mais usuais no Brasil até recentemente foram o Landstat-TM (Land

Remote Sensing Satellite – Tematic Mapper) e o Spot (Satellite pour l'Observation de la

Terre). Na respectiva pesquisa foi utilizado as imagens dos satélites da série Landsat, GeoEye

e da missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) que serão melhor descritos abaixo.

O Landsat da NASA foi o primeiro entre os programas de Sensoriamento Remoto

para recursos naturais. A série Landsat teve início na segunda metade da década de 60, a

partir de um projeto desenvolvido pela Agência Espacial Americana e dedicado

exclusivamente à observação dos recursos naturais terrestres. Essa missão foi denominada

Earth Resources Technology Satellite (ERTS) passando a se chamar e em 1975, Landsat.

O primeiro satélite, e também o primeiro desenvolvido para atuar diretamente em

pesquisas de recursos naturais, foi lançado em 1972 e denominado ERTS-1 ou Landsat-1.

Levou dois instrumentos a bordo: as câmeras RBV (Return Beam Vidicon) e MSS

(Multispectral Scanner System). Em 1975 foi lançado o Landsat 2 e em 1978 o Landsat 3 com

os mesmos instrumentos do primeiro satélite, e foram considerados satélites experimentais.

Em 1982 começou a operar o Landsat 4, com o MSS e também com o sensor TM

(Thematic Mapper), ele foi projetado para dar suporte às pesquisas nas mais diversas áreas

temáticas, especializado em recursos naturais. Já o Landsat-5 foi lançado dois anos depois,

com os mesmos instrumentos sensores do L4. Em 1995 o sensor MSS do satélite L5 deixou

de enviar dados, já o sensor TM manteve-se ativo até novembro de 2011, e ficou por 28 anos

em operação. Posteriormente, o sensor MSS foi religado a bordo do satélite Landsat 5,

coletando imagens apenas dos Estados Unidos, oferecendo continuidade aos trabalhos e

produtos do Landsat.

Em 1993, o Landsat 4 e o Landsat 5 já haviam superado suas vidas úteis e um novo

satélite foi projetado para entrar em órbita, porém, o sexto satélite da série Landsat não

conseguiu atingir a órbita terrestre, devido à ocorrência de falhas no lançamento. O Landsat 6

foi projetado com o sensor ETM (Enhanced Thematic Mapper), com configurações

semelhantes ao seu antecessor, inovando na inclusão da banda 8 pancromática com 15 metros

de resolução espacial.

O Landsat 7 foi a órbita em 1999 com um novo sensor ETM+ (Enhanced Thematic

Mapper Plus) que é a evolução do anterior, o sensor ETM. Esta ferramenta foi capaz de

aumentar as possibilidades de uso dos produtos Landsat, oferecendo a versatilidade e

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eficiência obtidas nas versões anteriores. Conseguiu melhorar a acurácia do sistema, manteve

os mesmos intervalos espectrais, ampliou a resolução espacial da banda 6 (infravermelho

termal) para 60 metros, além de tornar a banda pancromática operante e permitir a geração de

composições coloridas com 15 metros de resolução (EMBRAPA, 2013).

Até 2003 o Landsat 7 enviou dados completos para a Terra, só que ele apresentou

avarias de hardware e começou a operar com o espelho corretor de linha (SLC) desligado.

Desde então, para tornar as imagens do Landsat 7 aptas à utilização é necessário que sejam

feitas correções prévias e análise de acurácia no posicionamento e calibração dos pixels.

O satélite mais recente da série foi lançado em 2013, o satélite LDCM (Landsat Data

Continuity Mission) ou Landsat 8. Ele opera com os instrumentos OLI (Operational Land

Imager) e TIRS (Thermal Infrared Sensor). O sensor OLI dará continuidade aos produtos

gerados a partir dos sensores TM e ETM+, a bordo das plataformas anteriores, além de incluir

duas novas bandas espectrais, uma projetada para estudos de áreas costeiras e outra para

detecção de nuvens do tipo cirrus.

Algumas aplicações das imagens da série Landsat são: estudos de sedimentos na

água, mapeamento de águas costeiras, diferenciação solo/vegetação, estradas e áreas urbanas,

delineação de corpos d‟água, mapeamento de rios e corpos de águas etc.

O satélite GeoEye é um Satélite de Observação da Terra, operado no mercado por

empresa do setor privado que, desde 2006, também é responsável pelo controle dos satélites

Orbview e Ikonos. Atualmente a missão atua com um único satélite, que leva a bordo dois

sensores, pancromático e multiespectral, que alcançam respectivamente 41 centímetros e 1,6

metros de resolução espacial. O satélite GeoEye é capaz de adquirir imagens em amplas áreas

do globo terrestre, em intervalos de revisita de no máximo 3 dias. Esta característica, aliada à

alta resolução espacial, possibilita o mapeamento em escalas cartográficas grandes, de

fenômenos distribuídos em extensas áreas. Há previsão de que o próximo satélite da série seja

lançado no futuro próximo, com resolução espacial de 25 cm (EMBRAPA, 2013).

As imagens GeoEye começaram a ser fornecidas a partir de 2008 e, desde então, a

missão contribui para disseminar o uso de imagens de satélites em incontáveis aplicações,

voltadas tanto ao mercado quanto à pesquisa científica. As imagens do GeoEye também

proveem importantes sistemas disponíveis na web, os quais revolucionaram o uso de imagens

de satélites e foram fundamentais para aproximar o cidadão comum da tecnologia geoespacial

(EMBRAPA, 2013).

As principais utilizações dos produtos do GeoEye é para mapeamentos urbanos e

rurais que exijam alta precisão dos dados (cadastro, redes, planejamento, telecomunicações,

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saneamento, transportes), mapeamentos básicos e aplicações gerais em Sistemas de

Informação Geográfica, levantamento e monitoramento do uso e cobertura das terras (com

ênfase em áreas urbanas), estudo de áreas verdes urbanas, agricultura de precisão, cadastros

rurais, índice de vegetação e laudos periciais em questões ambientais.

Sobe a missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) foi atuar na produção de

um banco de dados digitais para todo o planeta, necessários na elaboração de um Modelos

Digitais de Elevação (MDEs) das áreas continentais. Os dados foram produzidos para a região

do planeta posicionada entre os paralelos 56ºS e 60ºN. Apresentam sensores com visada

vertical e lateral, com capacidade de reproduzir três dimensões espaciais do relevo: latitude,

longitude e altitude (x, y, z).

O uso de imagens da SRTM é um grande aliado na elaboração dos estudos

ambientais, pois são imagens que permitem caracterizar o relevo e a altimetria de uma

determinada região. São imagens caracterizadas como Modelos Digitais de Elevação (MDEs),

importantes para estudos geomorfológicos dentre outros, em que a variável relevo é

importante. Sendo possível analisar variáveis Geomorfométricas (quantificar a morfologia do

relevo), aspectos como declividade; hipsometria; perfis topográficos, dentro outros (Carvalho

e Bayer, 2008; Carvalho, 2009b).

Outra ferramenta importante e de fácil manuseio auxiliador na elaboração de

trabalhos no ambiente de SIGs tem sido o Google Earth que foi desenvolvido pela empresa

Keyhole, Inc., uma companhia que a Google adquiriu em 2004. O nome do produto foi

alterado para Google Earth em 2005. É uma ferramenta de consulta de fácil acesso com

imagens de alta resolução (Landsat e GeoEye). Uma das grandes utilidades deste programa é

o usuário poder inserir informações via internet usando a linguagem Keyhole Markur

Panguage (KML), juntamente com a linguagem Extensible Markup Language (XML).

O programa permite navegar por imagens de satélite de todo o planeta, girar uma

imagem, marcar e salvar locais, medir distâncias entre dois pontos e ter uma visão

tridimensional de uma determinada localidade, vetorizar perfis topográficos, etc. O programa

é gratuito, mais possui mais três versões pagas que além de serem mais rápidas possuem mais

funções e recursos. Os dados vêm de diversas fontes, os mesmos têm resoluções variadas,

tendo imagens com maior resolução geralmente em grandes centros urbanos (ANDRADE E

MEDINA, 2007).

De acordo com Carvalho e Carvalho (2012b) o uso dos produtos derivados por

imageamento orbital e/ou suborbital vão depender do objetivo de cada estudo, sendo

necessário o usuário estabelecer critérios como escala de análise (podendo ser fixa ou

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23

variada), necessidade de imagens de diferentes datas (estudo multitemporal), escolha do

produto que melhor identifique o objeto a ser mapeado (interpretado), dentre outros, os quais

vão depender basicamente dos objetivos da pesquisa. Por exemplo, dependendo da escala de

análise, sensores como Landsat 5 apresentam resolução espacial (tamanho do pixel) de 30

metros, já Landsat 7 ou imagens Geocover 2000 são de ~15 metros, além de outros com alta

resolução, como o Quickbird ou Ikonos (~1m), porém com elevado preço.

Reforçando essa idéia o Manual Técnico em Geociências - Introdução ao

Processamento Digital de Imagens (IBGE 2001, p. 39) diz que na hora da seleção do sensor e

das bandas espectrais para um determinado projeto, dois parâmetros são fundamentais: a

resolução espacial e a resolução espectral. A resolução espacial está relacionada ao tamanho

do pixel da imagem, o que irá interferir na escala de trabalho. A resolução espectral está

relacionada com a capacidade de discriminação dos alvos espectralmente semelhantes, ou

seja, número de bandas do sensor, quando maior, mais detalhes podem ser discriminados com

relação ao espectro.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Localização da Área de Estudo

O estudo foi desenvolvido na bacia hidrográfica do rio Cauamé, afluente da margem

direita do rio Branco. Possui 3.159,065 km² e está situada na porção nordeste do estado de

Roraima, abrangendo os municípios de Boa Vista e Alto Alegre (Figura 1).

A bacia hidrográfica do Cauamé possui diferentes domínios. Pode ser observado, ao

longo da paisagem, grandes extensões de um relevo plano com a presença de formas residuais

características da região como inselbergs, campo de blocos e colinas, que localizam-se na

porção sudeste. Os Inselbergs e remanescentes residuais altimetricamente encontram-se na

faixa de 290m e 450m sendo representados pelas serras do Taiano, Tabaio, Murupu e Nova

Olinda, presentes no alto e médio Cauamé e depressão de Boa Vista.

As áreas abaciadas, ou seja, mais planas, inundáveis, veredas e lagos distribuem-se em

planícies e terraços fluviais do rio Cauamé e igarapés maiores. O relevo ainda apresenta um

solo coberto por campos graminosos e também é composto por igarapés com alinhamento de

veredas de buritis. Dentre os igarapés afluentes do rio Cauamé, destacam-se o Murupú, Au-

au, igarapé Caranã.

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24

Figura 1 – Mapa de Localização da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.

Em nível regional, a bacia do Cauamé abrange o Planalto Residual de Roraima e

Pediplano Rio Branco-Rio Negro. Ao realizar o diagnóstico físico da área, Barroso (2009)

informa que quase grande parte dessa porção do Estado é marcada por formas do relevo

resultantes de processos de aplainamento, desenvolvido sobre as rochas sedimentares da

Formação Boa Vista, sendo caracterizado por superfície plana e levemente ondulada de

dissecação muito fraca a fraca, marcada pela existência de vários lagos concêntricos,

ocasionalmente sujeitos ao extravasamento no período chuvoso, conferindo um aspecto

bastante característico da paisagem da região e áreas arenosas, constituindo campos de dunas

fixas.

Reforçando essa ideia, Costa &Neto (2010) ressalta que no “período seco verifica-se

uma rede desordenada de canais divagantes, pontilhada por lagos. Na época das chuvas esses

interflúvios ficam submersos pelas águas pluviais, ocasionando represamento provavelmente

por falta de drenagens estabelecidas, decorrentes de um baixo gradiente topográfico”.

O solo da área é formado por processos pedogenéticos que segundo Barroso (2009, p. 38):

“as áreas topograficamente elevadas são constituídas por argissolo amarelo,

alumínico, textura arenosa/média e latossolo amarelo, alumínico, textura média com

potencialidade natural apenas regular para lavoura (...). Nas feições de savanas,

ocorrem áreas de cotas mais baixas, abaciadas, com argissolo acinzentado,

alumínico, textura arenosa média e planossolo háplico e hidromórfico, distrófico

arênico, com mudança textural abrupta, arenosa/argilosa, restrita para lavouras, em

face das deficiências de fertilidade natural e do déficit hidríco sazonal”.

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A área em termos geológico ainda possui dois contrastes: no seu baixo curso afloram

rochas basálticas (Complexo vulcânico Apoteri) destacando-se a serra Nova Olinda e nas

cabeceiras predominam metassedimentos (paragnaisses e metacherts do Grupo Cauarane).

Quanto ás águas subterrâneas predominam o domínio intergranular (Sistema Aqüífero Boa

Vista) com produtividade bastante elevada, até 113m3/h, e secundariamente, o domínio

fraturado, de menor potencialidade (BARROSO 2009, p. 39).

A cidade de Boa Vista é drenada pelo baixo Cauamé, por aproximadamente 18,70 km

de extensão ao longo rio. Apresenta uma altitude média de 85m acima do nível do mar e

apresenta um clima quente e úmido, com apenas duas estações bem definidas: Chuvoso (de

abril a setembro) e Estiagem (de outubro a março). O crescimento urbano da cidade deu-se

em direção às margens do rio Cauamé, ocasionando pressão nessa área como pode ser

observado nas figuras 8 e 9 do item 5.3.

Podemos observar na figura 2 como era Boa Vista na década de 40, recém capital do

Território Federal do Rio Branco. Verifica-se que o aglomerado urbano era pequeno e

concentrado no que antes era a fazenda Boa Vista em 1943.

Com relação ao aspecto histórico do planejamento urbano da cidade, eo qual ocorreu

entre 1944 e 1946, pelo engenheiro civil Darcy Aleixo Derenusson, correlacionado a um

plano geopolítico estratégico na fronteira amazônica, o formato de leque, ou seja, um formato

radial concêntrico, em alusão às ruas de Paris, na França e inspirado na cidade de Belo

Horizonte-MG. Porém, o que verifica-se é que esse leque eram os caminhos que já estavam

feitos em direção ao rio Cauamé e outros acessos adjacentes à cidade, o que pode ser

observado na fotografia aérea de 1943 (Figura 2).

Percebe-se que ao longo dos anos a cidade foi crescendo e seu modelamento inicial foi

sendo distorcido devido à forma de uso do seu espaço urbano. O setor Leste foi definido

como área nobre, o Oeste, como periférico, marcado pela privatização dos benefícios da

urbanização e pela marginalização das populações mais pobres, historicamente excluídas dos

bens e serviços produzidos pela sociedade (VERAS, 2009). Observa-se com mais intensidade

a ação antrópica constante no seu entorno, contribuindo de modo significativo para a

modificação da paisagem.

Segundo Reis Neto (2007, apud Falcão et al. 2012, p.881)

“Esta modificação vem se intensificando devido ao rápido crescimento urbano por

que passou a cidade nas últimas décadas, principalmente, nos bairros residenciais

periféricos, ocupados geralmente por população de baixo poder aquisitivo, o que

levou a ocupação de sítios instáveis, descaracterizando o mosaico original da

vegetação e criando graves problemas de degradação ambiental na áreas de lagos e

nascentes de igarapé”.

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26

É notório que o avanço da urbanização de forma desordenada causa uma série de

fatores negativos ao meio natural, acarretando degradação progressiva das áreas de

mananciais. Outro fator determinante nesses impactos, também é a especulação imobiliária e

as ocupações irregulares, que de forma não planejada se alojam numa determinada área

causando prejuízos ao meio ambiente.

A questão das chamadas „invasões‟ geram vários transtornos e consequências

negativas para a cidade e o meio ambiente. De acordo com Pinheiro et al. (2008 apud Falcão

et. al. 2012, p.883) “esses assentamentos, além de se caracterizarem por precárias condições

de vida, contribuem sobremaneira para o agravo do problemas ambiental das cidades, uma

vez que as já minguadas áreas de proteção ambiental terminam sendo ocupadas”.

Figura 2 – Fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano de 1943, com destaque em

preto para o aglomerado urbano e o caminho já existente em direção ao rio Cauamé.

Fonte: Acervo MEPA/UFRR.

O rio Cauamé é margeado pelos bairros Caçari, Paraviana, Cauamé, Jardim Caranã,

Cidade Satélite e mais recentemente pelo Monte das Oliveiras, o qual é resultante de

ocupação indevida. Os principais problemas ambientais que podem ser identificados ao longo

do rio são principalmente a ocupação irregular, que são áreas de pressão; degradação

ambiental ocasionada pela destruição das matas ciliares, poluição doméstica devido à falta de

saneamento básico.

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Tendo como referência o destaque supracitado na p. 18, da Seção I do Plano Diretor,

identificamos que nele a margem do Cauamé era pra ser preservada quanto a ocupação da

terra, verifica-se que essa ocupação se deu mais precisamente em direção à margem.

De acordo com Cunha e Guerra (2011, p. 345) “a degradação ambiental pode ter uma

série de causas. No entanto, é comum colocar-se a responsabilidade no crescimento

populacional e na consequente pressão que esse crescimento proporciona sobre o meio

físico”, logo não podemos afirmar que o crescimento da cidade em direção à margem do rio

Cauamé é um fator condicionante para impactos ambientais, pode ser sim um dos fatores que

contribuem para tais impactos, conforme a citação:

“O manejo inadequado do solo, tanto em áreas rurais, como em áreas urbanas, é a

principal causa da degradação (...). Essas áreas estão, portanto, mais sujeitas a sofrer

degradação do que aquelas com grande pressão demográfica, mas que levem em

conta os riscos da natureza (...). As próprias condições naturais podem, junto com o

manejo inadequado, acelerar a degradação”. (CUNHA E GUERRA, 2011, p.345)

Na medida em que o processo de urbanização aumenta, traz consigo problemas ao

meio ambiente, o que se verifica é que não só a expansão urbana e sim outros fatores também

são culminantes na questão dos impactos ambientais.

Para caracterizar a bacia hidrográfica do rio Cauamé, foi necessário gerar alguns

produtos, com o intuito de se conhecer geomorfologicamente a área foram gerados, dentre

eles o mapa de Uso e Cobertura da Terra, pois é de fundamental importância identificar o uso

e a cobertura para conhecer os elementos da paisagem, pois ela pode ser classificada de

acordo com o grau de intervenção humana, e a dinâmica de ocupação do solo pode definir se

essa paisagem é natural, que não sofreu alteração antrópica.

O uso e cobertura da terra consistem em caracterizar a vegetação e demais elementos

naturais que revestem o solo, e identificar de que forma o homem esta utilizando a área por

ele ocupada (CARVALHO e MORAIS, 2013), e a necessidade de se conhecer esses

elementos consiste em identificar os pontos de pressão que vêm ocorrendo nas áreas

vulneráveis ocasionados pela ação humana e assim criar estratégias de amenizar os danos

causados pela ocupação do homem.

De acordo com Carvalho e Morais (2013)

“conhecer como estão relacionados e estruturados os elementos da paisagem

(função, estrutura e dinâmica), é ferramenta crucial para a caracterização da

cobertura do solo, bem como, os tipos de usos antrópicos que interferem nesses

sistemas, identificar e interpretar os diferentes usos e tipos de cobertura de uma

região, além de contribuir para os estudos da paisagem que o cerca, é o meio pelo

qual podemos compreender sua dinâmica espaço-temporal”.

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A dinâmica espaço e tempo, definem a evolução da paisagem e as modificações que a

mesma sofreu, seja por fatores naturais que atuam constantemente no modelado do relevo,

hidrografia, vegetação, etc., seja na ação humana que é um grande modificador da paisagem.

Essas alterações podem não serem percebidas em um curto espaço temporal, podendo até ser

consideradas como aparentemente estáticas, mas ao se comparar a paisagem numa evolução

temporal serão identificadas as modificações ocorridas na paisagem.

Outro produto gerado foi o Perfil Longitudinal e Declividade que resultam do trabalho

que o rio executa para manter o equilíbrio entre a capacidade e a competência, de um lado,

com a quantidade e o calibre da carga detrítica, de outro lado, através de toda a sua extensão

(CHRISTOFOLETTI, 1980).

É importante que seja traçado o Perfil Longitudinal de um rio, pois ele mostra a sua

declividade, ou gradiente, sendo, de acordo com Christofoletti (1980) “a representação visual

da relação entre a altimetria e o comprimento de determinado curso de água”.

A compartimentação de uma bacia possui características distintas em cada

compartimento:

1- Alto compartimento: caracteriza-se por serem ambientes com maiores declividades,

com áreas convexas que são altamente suscetíveis aos processos denudacionais que consistem

no processo de erosão das vertentes, e o favorecimento da erosão laminar, que consiste na

lavagem do solo, ou seja, remoção homogenia de uma capa de solos. São áreas de coleta de

água e de erosão, o que implica no entalhamento e regressão das cabeceiras dos rios. São

nessas áreas que se encontram as nascentes do rio além de ser ambiente vulnerável a ação do

homem, com a mecanização;

2- Médio compartimento: é característico dessa área o equilíbrio entre os dois

sistemas, o denudacional (erosivo) e o agradacional (deposicional). Nessa ambiente

concentram-se lagos, sistemas de paleocanais, formando uma planície fluvial em

desenvolvimento, havendo uma tendência de equilíbrio da taxa de transporte e sedimentação;

3- Baixo compartimento: tem como principal processo o agradacional, ou seja, onde

ocorrer maior deposição dos sedimentos, isso devido à perda de energia (gradiente do canal),

havendo menor capacidade de transportar os sedimentos, acumulando além de sedimentos a

água.

Como descrito em Christofoletti (1980) “em direção à jusante, há aumento

proporcional da largura, da profundidade e da velocidade das águas”, ou seja, em direção à

jusante a granulometria dos sedimentos fluviais vão diminuindo o que representa a

diminuição na competência do rio.

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Outro produto importante na análise geomorfologia da bacia é a hipsometria, que

“preocupa-se em estudar as inter-relações existentes em determinada unidade horizontal de

espaço no tocante a sua distribuição em relação às faixas altitudinais, indicando a proporção

ocupada por determinada área da superfície terrestre em relação às variações altimétricas a

partir de determinada isoípsa base” (CHRISTOFOLETTI, 1980, p.117).

Com o mapa da Divisão da Compartimentação Topográfica e Rede de Drenagem os

quais apresentam morfologias da rede de drenagem de acordo com as características

estruturais, litológicas, pedológicas e climática de uma região, foi possível identificar e

classificar os padrões tomando como base os padrões clássicos de drenagem, difundidos na

literatura sendo eles retangular: consequência da influência exercida por falhas ou pelo

sistema de juntas ou de diáclases; paralela: os cursos de água escoam paralelamente uns aos

outros; dendítrica: seu desenvolvimento assemelha-se à configuração de uma árvore, podendo

haver dois "sub" padrão sub-dendrítico, o que caracteriza um baixo grau de densidade do

padrão dendrítico e o sub-retangular.

4.2 Metodologia

A pesquisa seguiu algumas etapas metodológicas que serão descritas abaixo:

1. Levantamento bibliográfico sobre a temática da pesquisa, após este

levantamento, foi realizado uma triagem e leitura do material levantado o qual

deu aporte para a construção da fundamentação teórica da pesquisa.

2. Descrição fisiográfica e compartimentação da bacia hidrográfica do Cauamé: a

caracterização do relevo (fisiografia) foi realizada com base em modelos

digitais de elevação (SRTM) onde foram gerados produtos como hipsometria

(fatiamento altimétrico), perfil topográfico longitudinal e a declividade. Foram

utilizadas técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento na elaboração

dos Mapas Temáticos utilizando os programas ENVI versão 4.3 e Quantum

Gis versão 1.8.0. As imagens utilizadas foram: Landsat 8 (OLI) de 2014 e da

SRTM (Shuttle Radar Topograhy Mission). Os procedimentos estão descritos

a seguir:

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30

i) Delimitação da bacia hidrográfica do rio Cauamé: Foi utilizada imagem

da SRTM do estado de Roraima. A qual foi importante para visualizar

o entalhamento da rede de drenagem, delimitar os divisores de água.

Também foi utilizada a base vetorial da rede de drenagem, extraída dos

modelos digitais de elevação da SRTM para o estado de Roraima,

elaborada pelo Mepa. A drenagem foi importante para auxiliar na

delimitação da bacia hidrográfica, permitindo maior detalhe na

vetorização. Com a programa Quantum Gis foi vetorizado os limites da

bacia na escala de 1:150.000, após a vetorização, o polígono do limite

da bacia hidrográfica foi importado no programa Envi 4.3 para extração

da imagem pertencente à bacia.

ii) Uso e cobertura da terra: Para caracterizar a cobertura da terra como

vegetação, campos e corpos de água, e o tipo de uso, área urbanas e

lavouras, foram utilizadas imagens Landsat 8 (OLI), ano de 2014, para

o período de estiagem. Com a utilização do programa Envi 4.3 foi

elaborado mapa temático de uso e cobertura da terra através do método

de classificação supervisionada, que consiste num método que

relaciona áreas da imagem com as classes de cobertura da terra que

deseja separar. Ou seja, o analista, com conhecimento prévio da área ou

por inferências, seleciona amostras das classes na imagem, que se

deseja obter, chamadas de amostras de treinamento, conforme manual

técnico de Uso e Cobertura da Terra (IBGE, 2001). Com a seleção de

cada classe da imagem o programa irá correlacionar às informações dos

pixels da imagem e assim agrupar os dados, ou seja, será identificado

na imagem o padrão de comportamento espectral de cada pixel, sua

assinatura, utilizando-se de padrões estatísticos neste caso o método de

Máxima Verso Semelhança, método mais usual para classificação

supervisionada. O produto será o mapa temático da área de uso e

cobertura da terra.

Foram amostradas regiões de seis tipologias da paisagem que

melhor representam a espacialização dos elementos contidos nessa

área, as classes foram: água, vegetação, solo exposto, solo úmido,

cultivo e área urbana.

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31

iii) Perfil Topográfico Longitudinal; Declividade e Hipsometria: esses

produtos foram importantes para compartimentar a bacia hidrográfica

do Cauamé em três compartimentos, definidos em alta, média e baixa

bacia.

Foi necessário caracterizar o perfil longitudinal do rio,

importante para definir os pontos de quebra do gradiente do canal,

método útil para identificar os trechos de transição entre o alto; médio e

baixo rio Cauamé. Foi traçado o perfil ao longo do canal principal da

nascente até a sua foz, com o rio Branco. O perfil foi feito com base

nos modelos digitais de elevação da SRTM, utilizando o programa

Envi 4.3, na função "transect - profile".

3. Para mapear as áreas vulneráveis devido à expansão urbana (o que tinha e

como esta atualmente), suprimento da cobertura vegetal e lagos aterrados,

foram utilizadas fotografias aéreas de 1943, levantamento aéreo da Força

Aérea dos Estados Unidos, cedidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia, e tratadas no Laboratório de Métricas da Paisagem (Mepa/UFRR);

imagem do GeoEye (2014) através do programa Google Earth (7.1.2.2041),

sendo possível comparar para a região de Boa Vista, entre os anos de 1975

com a imagem do Lansdat e 2014, as alterações ocorridas em detrimento da

expansão urbana. Estas imagens foram analisadas, de forma visual, no

programa QuantumGis (vs. 1.8.0), com base no acesso da ferramenta

"OpenLayers", usando a base de dados "Google Satellite"; onde foram

identificadas e mapeadas as alterações, como lagos aterrados, supressão da

vegetação de APP da planície do Cauamé; expansão urbana ocasionado áreas

de pressão na margem do rio e demais aspectos da área.

4. Mapeamento e Caracterização das praias do baixo Cauamé: As praias do baixo

Cauamé foram mapeadas e caracterizadas com base em imagens do GeoEye

(2014) através do programa Google Earth (7.1.2.2041), sendo possível no

programa vetorizar os limites das praias, calcular a área, verificar sua

localização referente aos bairros de Boa Vista. Também foram realizados

trabalhos de campo para o reconhecimento da área, registro fotográfico,

caracterizar o ambiente, verificando possíveis problemas relacionados aos

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32

aspectos ambientais, como desmatamento, invasão, infraestrutura, e a aplicação

de questionários, cuja finalidade foi conhecer o perfil dos frequentadores das

praias. As idas a campo foram realizadas durante os finais de semana, com

intuito de conciliar com os dias de maior atividade destes locais, entre os meses

de abril e maio. As perguntas relacionadas ao questionário se referem ao perfil

dos banhistas para saber qual o bairro proveniente desses frequentadores e a

opinião deles a respeito das praias como área de lazer, que estão no Anexo A-

Questionário aplicado aos banhistas.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização Fisiográfica da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.

Com a utilização de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto e o auxílio

dos programas citados na metodologia, alguns produtos a respeito da geomorfologia da bacia

do rio Cauamé foram obtidos, os quais estão descritos a seguir.

Com o produto hipsométrico foi possível caracterizar as diferentes classes altimétricas

do relevo. Conforme pode ser observado na figura 3, as cotas altimétricas da bacia variam

ente 62 e 400 m, sendo que a área predominante encontra-se entre as cotas de 62-100 m, que

estão inseridas no baixo e o médio Cauamé.

Foi possível identificar as mudanças de gradiente longitudinal e dividir a bacia do rio

Cauamé em três compartimentos, definidos em alta, média e baixa bacia. Os compartimentos

foram definidos conforme pode ser observado na figura 4 e posteriormente na figura 5:

1- Alta Bacia: É nesse compartimento que se encontram as nascentes do rio, possui

uma área de 751,723 km², com altitudes entre 75m a 100m, com uma extensão do canal de

aproximadamente 18,35 km. Caracteriza-se por ambientes com maiores declividades, entre 2°

e 5°, ou seja, ambiente favorável a processos erosivos (denudacional), com maior

suscetibilidade a erosão laminar e linear, além de ser ambiente vulnerável a ação do homem,

por exemplo, devido à utilização do solo, como aragem do solo por mecanização.

2- Média Bacia possui 1.231,581 km² de área, com cotas altimétricas entre 62m a 75m,

e uma extensão de 31,48 km de canal. É característico dessa área o equilíbrio entre os

sistemas denudacionais e agradacionais, os quais consistem em ambientes suscetíveis a erosão

(denudacionais); e ambientes suscetíveis a processos de sedimentação (agradacionais), que

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33

recebem os sedimentos provenientes das áreas mais altas. Nesse ambiente concentram-se a

maior quantidade de lagos, pois o relevo não tem energia o suficiente para escoar o fluxo, o

qual fica estagnado em determinadas áreas planas, sendo os divisores de água formado pelos

tesos (morfologia convexas - pequenos morros), cuja declividade varia de 0° a 1°,

apresentando áreas também com declividade maiores, entre 1° a 5° (Serras e Morros).

3- Baixa Bacia: com uma área de 1.175,761 km² cujo relevo caracteriza-se por

extensão planície rebaixada, com cotas altimétricas em torno de 62m, e presença de serras e

morros cujas cotas atingem 400 metros. O baixo Cauamé tem como principal processo o

agradacional, ou seja, morfologias típicas de ambiente deposicional, menor capacidade de

transportar os sedimentos, favorecendo maior taxa de deposição. O canal do rio é mais

desenvolvido com aproximadamente 28,43km de extensão, formando uma planície fluvial

mais desenvolvida que no médio trecho, com formações de buritizais em paleocanais, nos

ambientes de terraço fluvial. Neste trecho tem como principal característica morfológica do

canal as formações de meandro, com depósitos de areia (praias), formados por sedimentos de

fundo, os quais são transportados e estabilizados nos trechos de convexidade do canal. Estes

depósitos apresentam como característica marcante as barras de pontal (barras fluviais) que

são feições de deposição muito comuns no sistema fluvial meandrante. Morfologicamente,

são constituídas por uma sucessão de linhas desenvolvidas na margem convexa, que crescem

em função da migração do canal. Ocorrem nas várzeas dos principais rios e em meandros

abandonados, popularmente conhecidas como praias, locais de uso para os banhos do Cauamé

(IBGE 2009).

Com relação à compartimentação da rede de drenagem, podemos classificar a bacia do

Cauamé em três padrões principais (Figura 5). O primeiro padrão é o paralelo os quais os

cursos de água escoam paralelamente uns aos outros, ocorrem predominantemente na região

da margem esquerda do alto e médio Cauamé. O padrão retangular e sub-retangular se

desenvolve na margem esquerda do baixo Cauamé, os quais se formam por conseqüência da

influência exercida por falhas ou pelo sistema de juntas ou de diáclases; e o padrão dendrítico

é característico da alta bacia, formado pelas nascentes, e o sub-dendrítico ocorre

predominantemente na margem direita da média e baixa bacia hidrográfica, onde ocorrem a

maios concentração de drenagem.

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Figura 3 – Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica do rio Cauamé.

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Figura 4 – Mapa de Variação da Declividade da Bacia do rio Cauamé e Perfil Longitudinal.

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36

Figura 5 - Divisão da Compartimentação alto, médio e baixo Cauamé e Rede de Drenagem:

padrões de drenagem do rio Cauamé e seus afluentes.

5.2 - Uso e Cobertura da Terra

Foram identificadas as seguintes classes: vegetação, campos secos, campos úmidos,

área urbana, lavoura e massa d´água. Pode ser observada na figura 6 e 7 a distribuição das

classes, alem da quantidade de cultivos presentes na região, as quais são atividades que

favorecem o desmatamento e a antropização do espaço natural e consequentemente impactos

ambientais ao longo de sua planície fluvial.

O período avaliado foi o de estiagem, que se dá entre os meses de outubro a março,

para o ano de 2014. Como o pode ser observado na figura 7 à vegetação representa 9,4% da

bacia, estando em sua maioria, presentes no alto e médio Cauamé e margeando o canal do rio,

a vegetação é composta pelas ilhas de mata, e aluvial. Verifica-se uma baixa porcentagem da

classe massa d´água, com 0,6%, constituída pelo canal principal e sistemas lacustres. A classe

predominante é a de campos secos e úmidos (lavrado), com um total de 73% da área, sendo

que destes 48% são de campos seco e 25% de campos úmidos.

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Os 48% os quais representam os campos secos, estão distribuídos no baixo e médio

Cauamé, os quais representam o lavrado da região, constituído por vegetação rasteira.

As áreas de campo úmido, que representam 25% da bacia, estão concentradas no alto e

uma pequena porção no médio e baixo compartimento da bacia, isso devido à maior

concentração de vegetação (ilhas de mata) e igarapés (veredas), afluentes do Cauamé, o que

nos leva a considerar que esses ambientes estão susceptíveis a inundações periódicas dos

igarapés (veredas), pois este sistema de drenagem possui maior densidade, e está em estreito

contato com o canal principal.

Este ambiente permite com que haja uma constante troca de água entre as veredas,

lagos e canal principal, que no período de estiagem retém uma parte da água nos sistemas

lacustres permanentes ou temporários (JUNK 1980). A classe "urbana" é representada pela

cidade de Boa Vista, margem direita do baixo Cauamé, com 14% representativa na bacia. A

classe cultivo com 3% é representada pelas fazendas de irrigação da região as quais são as

áreas de maior impacto na bacia, devido à mecanização.

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Figura 6 – Uso e cobertura da terra: classificação supervisionada. Bacia hidrográfica do rio

Cauamé, Roraima.

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Figura 7 - Porcentagem da distribuição das classes de uso e cobertura da terra da Bacia

Hidrográfica do rio Cauamé.

5.3. Áreas Vulneráveis da Bacia do Cauamé

O papel do homem é fundamental para a análise de vulnerabilidade. A ocupação

realizada sem considerar os aspectos ambientais pode causar graves problemas ambientais. Os

elementos em risco, sociedade e/ou estruturas físicas, podem estar expostos de diferentes

maneiras a uma mesma ameaça. O aumento da vulnerabilidade em ambientes urbanos decorre

não somente do crescimento sem precedentes das cidades, como também da especulação

imobiliária, da pobreza crônica, da precariedade do acesso e da posse da terra urbana, da má

administração e do investimento inadequado em infraestrutura urbana. (SAITO, 2011).

Alguns processos de dinâmica global que afetam diretamente na vulnerabilidade são:

crescimento populacional, rápida urbanização, mudanças ambientais globais e guerra. Esses

processos não são independentes, mas pelo contrário, são todos intrinsecamente relacionados.

Com a expansão urbana da cidade de Boa Vista-RR, podemos observar áreas

vulneráveis a impactos ambientais. Conforme pode ser observado na figura 8, a área urbana

da cidade cresceu em direção a margem direita do rio Cauamé, acarretando no aterramento de

lagos, devido a expansão urbana.

O igarapé Pricumã, como pode ser observado no ponto 1 da figura 8, foi afetado com

essa expansão, parte sendo aterrado e canalizado, com 2,13 km de extensão e 3,20 km não

canalizada. Neste local ocorreu uma diminuição do canal, com a colmatagem de dois canais

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de 1ª ordem da margem esquerda do igarapé e suprimento da vegetação em alguns pontos,

com maior significância no lago de nascente (aterrado) e na vegetação de contato com a

planície do rio Branco, para extração de areia e garimpo Foram contados na figura 8 em torno

de 57 lagos em sua maioria não existem mais, ou seja, foram aterrados com a expansão

urbana.

Na figura 9 foi realizado um comparativo entre as décadas de 40, 70 e período atual

(1943, 1975 e 2014). Boa Vista em 1943, possuía uma área urbana de 32,86 km² em 1975,

essa área passou para 62,88 km², e em 2014 aumentou para 131,19 km², um aumento de

299,23% na expansão urbana desde 1943, acarretando uma pressão devida à expansão urbana

ao longo da planície do rio Cauamé.

A vulnerabilidade é acarretada pelo uso da terra e alteração em sua cobertura,

fragilizando o ambiente, o qual possui uma suscetibilidade a certos processos naturais,

principalmente os decorrentes de alagamentos por ação pluvial em trechos de lagos

colmatados em Boa Vista, e os de ação fluvial, ao longo dos igarapés e planície como a do

Cauamé, problema de ordem natural o qual é intensificado pela ocupação indiscriminada das

área de proteção ambiental, por exemplo, áreas úmidas as quais são por lei de uso restrito,

devido o trado de Ramsar em 1979, o qual o Brasil é signatário.

No caso de Boa Vista, a região é naturalmente ambiente favorável ao estabelecimento

de sistemas lacustres devido ao baixo gradiente do relevo e lençol freático raso (CARVALHO

E CARVALHO, 2012; FALCÃO, 2012), e que devido a expansão urbana, tem acarretado na

vulnerabilidade local, o qual apresenta um crescimento acelerado, com uma taxa desde a

década de 40 de 299,23%. Estes impactos podem ser agravados por diversas ações, como

efluentes domésticos, despejo de resíduos sólidos e orgânicos, invasão/desmatamento da APP,

dentre outros.

Pode ser avaliado que os problemas gerados pelas rápidas mudanças na distribuição

populacional são enormes e os reflexos socioambientais são notáveis como: a deficiência de

moradia, degradação ambiental a ausência de serviços básicos como um todo. Esses fatores

acarretam impactos ambientais na bacia do rio Cauamé e consequentemente mudança em sua

dinâmica hídrica e geomorfológica.

Não resta duvida que o desmatamento ocorra com essa pressão ocasionada pela

expansão urbana, mas vale ressaltar que, o desmatamento se for seguido de um manejo

adequado do solo, a degradação ambiental pode ser mitigada.

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41

Foi observado ao longo da planície do rio Cauamé, figuras 10 e 11, que a vegetação

manteve-se praticamente inalterada longo dos anos (1943-2014), principalmente na margem

esquerda do rio, a qual não é afetada diretamente pela cidade, porém, da mesma forma ao

longo da margem direita do rio (adjacente à cidade) também podemos destacar que não houve

alterações significativas. Na área urbana, o que se percebe de alteração na mata nativa é nas

proximidades da margem direita, relativo ao desmatamento das ilhas de mata e veredas,

principalmente no bairro Caçari.

Figura 8 – A – Comparativo da fotografia aérea da cidade de Boa Vista/RR no ano de 1943

com o período atual, em destaque os lagos e igarapés: 1- Igarapé do Pricumã; 2- Igarapé

Grande; 3 – Igarapé Caranã. B – Imagem GeoEye, 2014.

Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.

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42

Figura 9 – Comparativo entre as décadas de 40, 70 e período atual (1943, 1975 e 2014). A e

Aa- Boa Vista 1943, com destaque para a mancha urbana com área de 32,86 km²; B e Ba- Boa

Vista 1975, com destaque para a mancha urbana com área de 62,88 km²; C e Ca- Boa Vista

2014, com destaque para a mancha urbana que passou para 131,19 km².

Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.

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43

Figura 10 – Comparativo entre de 1943 e 2014: A e Aa- Visão de parte do baixo Cauamé após

o bairro Cidade Satélite; B e Ba – Alteração da paisagem ao longo dos anos no sentido Ponte

do Cauamé/BR174/Pacaraima.

Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.

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44

Figura 11 – Comparativo entre de 1943 e 2014: A – Fotografia aérea da praia do Caçari e

vegetação nativa da década de 40; B- 2014 e a evolução na paisagem com destaque para

alteração da vegetação de veredas e ilhas de mata, na área urbana. E vegetação aluvial

(planície de inundação) inalterada.

Fonte: Acervo Mepa/UFRR; Google Earth.

5.4 Praias Fluviais: Localização e Descrição das Áreas de Lazer do rio Cauamé.

As praias são formadas a partir de processos deposicionais, ou seja, o trabalho do rio

em depositar sedimentos de fundo, os quais são transportados e estabilizados nos trechos de

convexidade do canal.

As praias do rio Cauamé são bastante freqüentadas no período seco, que o período

onde o nível de água do rio está baixo, favorecendo o surgimento das barras de areia, ou seja,

aparecimento das praias e sua utilização para banho (lazer).

Foram identificadas e mapeadas seis praias, ao longo do rio Cauamé, as quais

localizam-se predominantemente no baixo trecho, devido ao perfil longitudinal do rio

caracterizar-se por uma baixo gradiente, favorecendo um padrão de canal meandriforme, e

consequentemente na deposição de sedimentos de fundo, os quais dito anteriormente,

constituem-se nas praias, ativas somente durante o período de estiagem. As praias em média

possuem uma área entre 6.528 m² (Banho Cachoeirinha) a 108,25 km² (Praia do Caçari).

A Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR (PMBV) como órgão regulamentador e

fiscalizador criou a Lei Complementar Nº 018, 1974 que estabelece normas foram para o uso

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45

e ocupação dessas áreas de banho. Conforme artigo 127 do Código de Postura do Município

(Lei Complementar Nº 018, 1974) é proibido em balneários ou praias:

Banhar animais;

Retirar areia ou outro material que prejudique a sua finalidade;

Armar barracas por mais de 24 horas ou fora dos locais determinados, sem prévia

licença da Prefeitura;

Fazer fogueiras nos matos ou bosques adjacentes;

Lançar pedra, vidros ou outros objetos que possam causar danos aos banhistas;

Danificar, remover ou alterar as cabines ou outros melhoramentos realizados pela

Prefeitura;

Praticar jogos esportivos que atentem contra a saúde e a segurança dos outros

banhistas;

Praticar esportes aquáticos, com barcos motorizados, nas áreas de maior freqüência

dos banhistas;

Fica expressamente proibido às embarcações, motores e esquiadores nas praias e

exibirem num raio de área de 500 metros de extensão a partir da praia.

Em visita a campo nas praias do Cauamé, observamos que algumas dessas proibições

não são cumpridas nem fiscalizadas, como por exemplo, a presença de lixo nas áreas de

banho, verifica-se também a presença de barcos motorizados no canal do rio e Jet ski.

As figuras 12 e 13 identificam as praias mais frequentadas por banhistas em busca de

lazer, as quais localizam-se no baixo Cauamé, no trecho de área urbana de Boa Vista-RR,

estas foram identificadas por zonas urbanas (Norte e Oeste).

Na Zona Norte, encontra-se a Praia do Caçari, cujo acesso se dá pelo bairro Caçari;

Praia da Polar, no bairro Paraviana, a mais frequentada e estruturada dessa Zona, e a Praia do

Curupira. Na Zona Oeste da cidade, localiza-se a Praia da Ponte, praia muito frequentada aos

feriados e finais de semana; banho do Caranã, que leva esse nome devido estar situado no

bairro Jardim Caranã e o banho da Cachoeirinha, no bairro Cidade Satélite.

Em cada praia foram aplicados 10 questionários (Anexo). As perguntas realizadas

compõem os critérios para o levantamento do perfil dos frequentadores.

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Figura 12 – A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização das praias na

Zona Norte da cidade e bairros circunvizinhos (Paraviana e Caçari).

Fonte: Google Earth.

Figura 13 – A- Imagem Landsat 1 de1975 e B – GeoEye de 2014: Localização das praias na

Zona Oeste da cidade e bairros circunvizinhos (Cidade Satélite, Jardim Caranã e Cauamé).

Fonte: Google Earth.

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47

5.4.1 Praia do Caçari

Localizada na Zona Norte da cidade, com uma área aproximada de 108,25 km² no

período seco, a praia do Caçari é uma porção do rio Cauamé frequentada por pescadores,

comerciantes e banhistas principalmente aos finais de semana. O local é de fácil acesso, e

possui uma entrada entre os arbustos que nos leva até as margens do rio.

Por meio de visita in loco, observou-se que na margem direita situa-se o ambiente de

deposição do rio, ou seja, a praia, utilizada para o lazer. Na margem esquerda, encontramos a

vegetação nativa sem grandes alterações, com solapamentos pontuais nas bordas sem

vegetação. No período seco é possível atravessar o rio sem o auxílio de barcos ou canoas, uma

vez que volume de água do canal encontra-se baixo.

Foram aplicados dez questionários entre os banhistas que se encontravam no dia da

visita a campo. Os entrevistados possuem faixa etária que varia entre 18 a 53 anos. Por meio

dos questionários pudemos identificar que a maioria desses frequentadores provém de outros

bairros, geralmente da Zona Oeste (Alvorada, Silvio Botelho, Conj. Cidadão etc.), que se

deslocam em busca de lazer e de um ambiente sossegado para relaxar. Eles costumam ir aos

finais de semana com amigos e/ou familiares e passar em média 4h no local, geralmente aos

domingos à tarde.

Conforme observado na figura 14, é possível perceber comerciantes as margens do rio

com seu veículo, prática que é proibida pelos órgãos de fiscalização. Foi possível observar

também, que no local há um contêiner para descarte dos resíduos sólidos (latas, sacola

plásticas, etc), produzidos pelos banhistas, e mesmo assim, ainda há descarte do lixo no solo.

Foi observado uma placa de advertência “Praia Limpa” implantada pela prefeitura de Boa

Vista-RR, a qual indica que o local ocorre campanha de Educação Ambiental realizada por

parte da prefeitura junto frequentadores/moradores do bairro. No local existe um bar fixo,

conhecido como Bar da Tia, o qual não possui banheiro, até porque não é permitido a

construção de fossa asséptica tão próxima a margem do rio.

Segundo os entrevistados, não há visitas frequentes de guarda-vidas e de autoridade

policial no local, no entanto, ressaltam que a praia é um local tranquilo, não há brigas nem

criminalidade. Foi solicitado aos banhistas que dessem uma nota de 0 à 10 para a praia,

considerando todos os aspectos que eles acham necessários para o lazer (Figura 15).

As notas dadas representam o grau de satisfação dos banhistas com relação ao

ambiente como um todo. Observa-se que não foi dada nenhuma nota inferior a 3, o que nos

leva a pensar que não existe um alto grau de insatisfação dos banhistas com relação à praia;

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48

10% deram nota de 4 a 7, por considerar a falta de policiamento no local e a infra estrutura, e

poderia haver melhorias, principalmente por parte da prefeitura em disponibilizar banheiros

químicos e mais lixeiras na praia (Figura 15).

Em entrevista ao ambulante que se encontrava no local, foi questionado o motivo de

sua preferência em vender no local e não em outras praias. Em resposta, nos informou que

esta praia (Caçari) é a melhor praia dentre as 6 pesquisadas, para se estar e trabalhar, por ser

um ambiente familiar e sossegado, sendo que este é um dos principais fatores para que ele

levasse suas filhas para se divertir (Figura 14-C). Com base na pesquisa realizada, o índice de

aprovação da praia é de 90%, por ser considerada um local tranquilo para o lazer e com pouco

movimento de pessoas (Figura 15).

FIGURA 14 – Fotos da visita da praia do Caçari: A- lixeira disponível na entrada da praia; B

– placa institucional da campanha ambiental; C – vendedor ambulante na areia da praia; D –

visão da margem da praia e banhistas.

Fonte: Dayvison Bruno e Juliana Oliveira

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Figura 15 – Nota dada pelos banhistas à Praia do Caçari.

0% 10%

90%

0-3

4-7

8-10

5.4.2 Praia da Polar

A praia da polar é um ambiente localizado a margem direita do rio Cauamé,

frequentada principalmente por banhistas aos finais de semana, com uma área aproximada de

24.590 m² no período seco. O local tem acesso por meio de mata densa e solo compactado.

Possui três restaurantes/bares muito frequentados pelos banhistas, porém, não há banheiros no

local. O que favorece que seja utilizada a mata da praia como banheiro, onde foi observado

acúmulo de papel higiênico no local.

Observou-se que a praia da Polar é um ambiente mais organizado e a mais frequentada

entre as praias da Zona Norte, e segundo os entrevistados, com a presença constante de

policiamento e fiscalização SMTRAN (Secretaria Municipal de Trânsito), porém não houve

relatos sobre os guarda-vidas. Há lixeiras disponibilizadas pelos proprietários dos bares, em

lugares visíveis aos banhistas, com intuito de coletar o descarte dos resíduos (Figura 16).

A faixa etária dos banhistas entrevistados foi de 17 a 49 anos. É notável que maioria

dos banhistas vem de bairros da Zona Oeste, e os mesmos frequentam o local por considerá-lo

tranquilo. A placa de conscientização da prefeitura de Boa Vista-RR com o titulo “Praia

Limpa” também estava em local visível.

Os banhistas costumam ir aos finais de semana com amigos e/ou familiares para

passar em média 4h no local, geralmente aos domingos à tarde. Ainda, de acordo eles a praia

é tranquila, sem criminalidade ou brigas.

Foi solicitado que fosse dado uma nota de 0 à 10 para a praia, considerando todos os

aspectos que eles acham necessários para o lazer (Figura 17). Observa-se que não foi dada

nenhuma nota inferior a 3, sendo que 30% deram nota de 4 a 7 por considerar, que poderia

haver melhorias, principalmente por parte da prefeitura em disponibilizar banheiros químicos

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50

ou seja mais infra estrutura e 70% relataram que estão muito satisfeitos com o “banho” e que

costumam frequentarem todos os finais de semana, no período seco, para se divertir, levar a

família, conversar com os amigos.

FIGURA 16 - Fotos tiradas in loco: A- lixeira disponível ao longo da praia; B – bares situados

na praia; C – placa educativa promovida pela PMBV; D – visão da margem da praia e

banhistas no momento do lazer.

Fonte: Dayvison Bruno e Juliana Oliveira

Figura 17 – Nota dada pelos banhistas à Praia da Polar.

0%

30%

70%

0-3

4-7

8-10

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51

5.4.3 Praia do Curupira

A praia do Curupira é um local com entrada irregular, pouco frequentada por

banhistas, localizada no bairro Paraviana na margem direita do rio Cauamé. É um ambiente

sem construção ou qualquer tipo de infraestrutura, onde possui ruínas de um antigo bar, que

segundo os banhistas, em cumprimento a uma ordem judicial movida pelos moradores do

local (Figura 18). Possui uma área de praia, no período seco de aproximadamente de 19.020

m².

No local não havia lixeiras ou contêineres para descarte de resíduos, porém, havia a

placa “Praia Limpa”, para orientar os banhistas a manter limpos os balneários da cidade, o que

não foi observado, pois o lixo encontrava-se descartado por toda a areia da praia e ainda, logo

na entrada verificou-se o descarte de eletrodomésticos (geladeira).

O local não é muito “badalado”, pelo contrário, quase não foi possível atingir o total,

dos 10 questionários a serem aplicados. A faixa etária dos banhistas entrevistados foi de 20 a

47 anos. É notável, segundo entrevistas, que a maioria dos banhistas vem de bairros da zona

oeste, e os mesmos frequentam o local por considerá-lo tranquilo, e que costumam passar a

tarde toda, geralmente 4h, no domingo. Segundo os entrevistados, não existe nenhum tipo de

fiscalização do Órgão de Trânsito (SMTRAM) nem a presença constante da policia militar e

guarda-vidas.

Com a atribuição das notas dada pelos banhistas à praia (Figura 19) observa-se que

20% consideram a praia ruim, sem estrutura e de difícil acesso; 30% deram nota de 4 a 7 por

considerar, que poderia haver melhorias a presença de vendedores ambulante e até mesmo

que fosse mais frequentada e 50% relataram que estão satisfeitos com o “banho”, e que

costumar ir aos finais de semana, no período seco, para se divertir, levar a família, conversar

com os amigos, pelo motivo da praia ser isolada e pouco freqüentada, não tem brigas nem

bagunça. Geralmente os banhistas levam sua bebida para passar à tarde.

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52

FIGURA 18 - Fotos tiradas in loco: A- visão da margem direita e esquerda da praia; B –

grupo de banhistas em momento de lazer; C – lixo descartado na areia da praia; D – estrutura

demolida de um antigo bar.

Fonte: Dayvison Bruno e Juliana Oliveira

Figura 19 – Nota dada pelos banhistas a Praia do Curupira.

20%

30%

50%

0-3

4-7

8-10

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53

5.4.4 Banho da Ponte

A praia da ponte do Cauamé, conhecida como Banho da Ponte, localiza-se as margens

da BR 174, sentido Pacaraima, com uma área aproximada de 61.630 m². É um ambiente

muito “badalado” aos finais de semana e feriados, principalmente no período de estiagem. Em

suas areias brancas e fina os banhistas costumam passar o dia todo no local. Foi possível ver a

presença de famílias, além de grupos formados por jovens a procura de diversão, sendo

frequentado por vários tipos de pessoas provenientes em sua maioria, da Zona Oeste da

cidade. Os dois lados da praia (lado direito e esquerdo da ponte) são utilizados pelos banhistas

(Figura 20).

Do lado direito, sentido Boa Vista/Pacaraima, possui um bar/restaurante chamado

Restaurante Chico do Carneiro, que inclusive no dia da visita estava interditado pela

Prefeitura. Nele costuma ocorrer festas, com músicas e apresentação de bandas ao vivo, o que

atrai muita gente para o local. Lá possui um banheiro, masculino e feminino, com vasos

sanitários e fossa asséptica o que é permitido, pois o mesmo não encontra-se em área de

alagamento, apesar que ao ocorrer uma cheia excepcional do rio, o nível de água pode

alcançar a área, por se tratar de uma planície de inundação. Ainda identificamos que o bar é

abastecido pela água do próprio rio, por meio de um cano e uma bomba d´água (Figura 20).

Do lado esquerdo também há a presença de uma estrutura de madeira, que aparentava

ser um bar, mas que no momento não encontra-se em funcionamento, mas essa parte da praia

também é utilizada pelos banhistas.

A faixa etária dos banhistas entrevistados foi de 19 a 55 anos. É notável segundo

entrevistas, que maioria dos banhistas vem de bairros da zona oeste, e os mesmos frequentam

o local por considerá-lo agradável para o lazer, alguns costumam passar o dia todo na praia e

utilizar a estrutura do bar para comer e beber, outros costumam passar a tarde toda (4h) do

domingo no local. Segundo os entrevistados, no local existe uma constante fiscalização do

Órgão de Trânsito (SMTRAM) a presença constante da policia militar e raramente dos

bombeiros (guarda-vidas), mesmo assim, foi relatado que sempre acontecem brigas, furtos e

roubos no local.

Com a atribuição das notas dada pelos banhistas à praia (Figura 21) observa-se que

não houve índice de reprovação (notas de 0-3); 20% deram nota de 4 a 7 pela questão das

brigas que ocorrem com freqüência e pela falta de estrutura, como lixeiras ao longo da praia,

mais vendedores ambulantes, cadeiras e mesas disponíveis na praia para sentar etc. e 80%

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relataram que estão satisfeitos com o “banho” e que costumar ir aos finais de semana, no

período seco, para se divertir, levar a família, conversar com os amigos e dançar.

Também foi identificado no local a placa “Praia Limpa”, além da presença de carro na

areia da praia, com som ligado.

FIGURA 20 - Fotos tiradas in loco: A- Placa de conscientização ambiental da PMBV; B –

Bar fixo localizado na margem do rio; C – banheiro com fossa asséptica pertencente ao bar; D

– visão da margem da praia e banhistas; E – Visão direita sentido Boa Vista/Pacaraima, da

praia e do bar; F – Visão de cima da ponte do lado esquerdo Boa Vista/Pacaraima, da praia.

Fonte: Juliana Oliveira.

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Figura 21 - Nota dada pelos banhistas à Praia da Ponte.

0%20%

80%

0-3

4-7

8-10

5.4.5 Banho do Caranã

O Banho do Caranã possui uma área aproximada de 22.510 m² no período seco, recebe

esse nome por estar localizada na Zona Oeste no bairro Caranã, esse ponto do rio Cauamé é a

foz do igarapé Caraná. A praia possui acesso irregular por uma estrada de terra. Podemos

perceber que a área de expansão está indo em direção a margem do rio, porém, observou-se

que a vegetação da planície de inundação está manteve-se preservada.

No local existem placas de conscientização para preservação da natureza. Porém,

constatou-se na estrada que dá acesso ao banho, o descarte de lixo sólido diretamente no solo,

como carcaças de eletrodomésticos (Figura 22). Na estação chuvosa, com o alagamento da

planície de inundação é provável que esse lixo será transportado para o leito do rio, uma vez

que o nível da água afeta o local observado.

Foram aplicados 10 questionários entre os freqüentadores que se encontravam no dia

da visita. Foi possível identificar no questionário que o local é bastante frequentado por

pessoas residentes no próprio bairro.

Os entrevistados relataram que o ideal para as famílias tomarem banho sossegado é até

às 15-16h, que a partir desse horário não é possível ficar no local, pois existe a presença de

pessoas de má índole, que consequentemente provocam brigas e confusões na área. Não há

visita das autoridades policias, nem do Corpo de Bombeiros. Também não há nenhum tipo de

estrutura no local, como bares, barracas. No dia da visita também não verificou-se a presença

de vendedores ambulantes.

Com a atribuição das notas dada pelos banhistas à praia (Figura 23) observa-se 20%

deram notas de 0 a 3 devido à praia ser mal freqüentada e não ter nenhuma estrutura; 30%

deram nota de 4 a 7 pela questão das brigas que ocorrem com freqüência e pela falta de

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estrutura, e 50% relataram que estão satisfeitos com o “banho” e que costumam ir aos finais

de semana, no período seco, para se divertir, por ser um ambiente sem muito movimento.

FIGURA 22 – Fotos tiradas in loco: A- placa de sinalização de proibido veículo automotor na

área da praia; B – visão geral da praia e margem esquerda ao fundo do rio Cauamé com

vegetação nativa sem alterações; C – foz do igarapé Caranã; D – visão da margem direita da

praia e banhistas. E e F – Lixo despejado na estrada que dá acesso ao banho.

Fonte: Juliana Oliveira

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FIGURA 23 - Nota dada pelos banhistas ao Banho do Cananã.

20%

50%

30%

0-3

4-7

8-10

5.4.6 Banho da Cachoeirinha

A visita ao banho da cachoeirinha foi realizada no mês de junho (chuvoso),

infelizmente, não foi possível fazer o campo no período de estiagem. A praia fica localizada

na Zona Oeste da cidade no bairro Cidade Satélite, com uma área aproximada de 6.528 m². É

um local de difícil acesso, com percurso muito alterado, pois constatamos que na planície de

inundação existe a extração de sedimentos e descarte de lixo solido (Figura 24).

Diferentes das outras praias (banhos), o local não havia placas ou lixeiras para

preservação do ambiente. Foi possível observarmos com a visita in loco que a mesma é

frequentada por pessoas residentes do próprio bairro, mesmo sendo considerado lugar de

lazer, ela não apresenta condições de segurança, pois é formada por rochas pontiagudas, que

de certa forma torna o local perigoso para banho. Além da questão da marginalidade, que é

característico do local.

Não foi possível aplicar nenhum questionário na praia, porque nos dias das visitas não

havia ninguém no local, mas podemos perceber que não existe a ronda das autoridades

policias, nem do Corpo de Bombeiros. Também não há nenhum tipo de estrutura, como bares,

barracas, nem a presença de vendedores ambulantes. A praia em si não é atrativa para o lazer.

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FIGURA 24 - Fotos tiradas in loco: A- visão geral da praia e sua vegetação nativa; B –

margem do rio esculpindo a entrada da praia; C – área de extração de material à margem do

rio; D – lixo presente em torno da planície de inundação.

Fonte: Dayvison Bruno.

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59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desta pesquisa pudemos avaliar que a bacia hidrográfica do rio Cauamé é um

ambiente dinâmico, com presença dos elementos característicos da paisagem do lavrado de

Roraima, com ilhas de mata, veredas (buritizais), sistemas lacustres desconexos da planície

fluvial, e que durante o período analisado manteve-se significativamente inalterado. Sendo um

ambiente propício para o lazer, devido as características morfológicas do canal,

proporcionando na região do baixo Cauamé a deposição de material sedimentar, o qual

formam-se as praias para os banhos. Foi possível identificar e caracterizar fisiograficamente e

geomorfologicamente a bacia hidrográfica sua dinâmica e o uso e cobertura da terra.

Elaborou-se a compartimentação da bacia hidrográfica, seguindo critérios

geomorfológicos, com base em técnicas de sensoriamento remoto/geoprocessamento,

levando-se em consideração a divisão em três compartimentos: alto, médio e baixo Cauamé.

Importante para a descrição fisiográfica da paisagem do Cauamé, servindo de suporte para o

planejamento e gerenciamento territorial da área de estudo.

As áreas vulneráveis a ação antrópica encontram-se na margem direita do rio, no

compartimento do baixo Cauamé, devido à expansão urbana que ocasionou a alteração do

meio natural, como aterramento de lagos e desmatamento da vegetação nativa. Sendo nestas

tipologias vegetacionais não pertencentes a planície de inundação, como ilhas de mata e

veredas, as quais identificou-se significativa alteração desde a década de 40. No entanto, a

vegetação da planície fluvial, manteve-se relativamente inalterada, o que inicialmente parecia

ser uma contradição. No alto e médio Cauamé, houve alteração na vegetação não pertencente

a planície de inundação, porém, com menor intensidade com relação ao baixo Cauamé, trecho

de expansão de Boa Vista-RR. Da mesma forma que no baixo, não foi observado mudança

significativa na vegetação da planície fluvial, constatado através das fotografias aéreas de

1943 e imagens de satélites atuais (2014).

O rio Cauamé, como bem explanado, é um ponto importante no cenário urbano da

cidade de Boa Vista-RR, por se tratar de um ambiente favorável a formação de praias.

A estação seca e chuvosa tem uma grande importância na dinâmica do rio. No período,

de estiagem, a formação das praias é bem marcante, as quais são ambientes utilizados para o

lazer, principalmente aos finais de semana.

Foi possível mapear e caracterizar seis praias na margem direita do rio, no baixo

Cauamé, sendo elas: Praia Caçari, Polar e Curupira, localizadas na Zona Norte da cidade; e

Banhos da Ponte, Caranã e Cachoeirinha, localizados na Zona Oeste da cidade. Muito

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60

distintas entre si, essas praias são muito frequentadas por pessoas geralmente provenientes dos

bairros mais distantes em busca de um local tranquilo e amigável para relaxar. Sendo entre

estas, as praias de maior pontuação a praia da Polar e Cauamé por apresentarem uma boa

estrutura, e as praias com menor índice de aprovação foi a do Caranã e Cachoeirinha, devido a

serem inadequadas, desde o ponto de vista ambiental como o social (marginalidade).

Estas praias durante a estação chuvosa, a qual inicia-se em abril-maio e estende-se até

agosto-setembro, período que ocorre a cheia do rio, logo é característico nessa temporada que

ocorra uma diminuição e até mesmo sejam submersas as áreas de praias, fazendo com que os

banhistas deixem de ir com mais frequências aos banhos. Sendo a temporada de praias os

meses setembro a março.

Dessa forma tomamos como satisfatório os resultados desta pesquisa, baseada em

levantamento de campo, o qual objetivou-se caracterizar o aspecto social das praias, e em

técnicas de sensoriamento remoto/geoprocessamento com intuito de caracterizar e contribuir

com o banco de dados do projeto Aspectos Hidrogeomorfológicos do Estado de Roraima

(Mepa/Dep.Geografia/UFRR), importante para a compreensão da dinâmica física-biótica-

social das áreas úmidas de Roraima. Base para a preservação e o planejamento e gestão do

manejo de bacias hidrográficas, por estas serem integrantes e atuantes numa sociedade.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE

61

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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0%C3%81REAS%20OCUPADAS%20NAS%20PROXIMIDADES%20DO%20RIO%20CA

UAM%C3%89%20PRAIA%20DA%20PONTE,%20DO%20CURUPIRA,%20DA%20POLA

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65

ANEXO – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS BANHISTAS DO GRUPO DE

AMOSTRAGEM.

Questionário

Sexo: ( )M ( )F

Idade:_____________

Bairro proveniente:_____________________________

Banhista ( )Comerciante ( )Outros ( )_______________

1- Acompanhantes: ( )esposa; ( )filhos; ( )familiares; ( )amigos; ( )namorada(o);

2- Com que freqüência você vem à praia?

( )diariamente; ( ) aos finais de semana; ( )só aos sábados; ( )só aos domingos; ( )

esporadicamente; ( )outros ________________________

3- Costuma passar quantas horas?_________________________________________

4- O que costuma trazer para a praia?

( )comida ( )bebidas diversas ( )água ( )rede ( )barraca ( )mesa ( )cadeira.

5- Qual o descarte que faz do lixo?

____________________________________________________________________

6- Existe a coleta de lixo no local? ( )sim ( ) não

7- Há presença de guardas vida? ( )sim ( ) não

8- Há presença de autoridades policiais? ( )sim ( ) não

9- Costuma usar os bares da praia? ( )sim ( )não

10- Quanto à infraestrutura dos bares você está satisfeito? ( )sim ( )não

11- Possuem banheiros? ( )sim ( )não

12- Quanto à criminalidade? ( )sim ( )não

13- Que tipo de criminalidade? ( )roubos e furtos; ( )brigas; ( )assedio sexual.

14- Uma nota de 0 a 10 qual você classifica este banho? Qual o motivo da nota dada?

____________________________________________________________________