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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Rizelda Regadas de Carvalho ORIGEM E PROVENIÊNCIA DA SEQUÊNCIA SILICICLÁSTICA INFERIOR DA BACIA DO JATOBÁ Dissertação de Mestrado 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Rizelda Regadas de Carvalho

ORIGEM E PROVENIÊNCIA DA SEQUÊNCIA

SILICICLÁSTICA INFERIOR DA BACIA DO JATOBÁ

Dissertação de Mestrado

2010

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RIZELDA REGADAS DE CARVALHO

Geóloga, Universidade Federal de Pernambuco, 1978

ORIGEM E PROVENIÊNCIA DAS SEQUÊNCIA SILICICLÁSTICA INFERIOR DA BACIA DO JATOBÁ

Recife, PE

2010

Dissertação que apresentou ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco, orientada pelo Prof. Dr. Virgínio Henrique Neumann e co-orientada pelo Prof. Dr. Gelson Fambrini, como preenchimento parcial dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar e Ambiental.

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C331o Carvalho, Rizelda Regadas de.Origem e proveniência da seqüência siliciclástica inferior da Bacia

do Jatobá / Rizelda Regadas de Carvalho. - Recife: O Autor, 2010. xiv, 83 folhas, il : figs. Dissertação ( Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

CTG. Programa de Pós-Graduação em Geociências, 2010. Orientador: Dr. Virginio Henrique Neumann. Inclui Bibliografia e Apêndice. 1. Formação Tacaratu. 2.Arenitos. 3.Geologia Sedimentar. I.

Título. UFPE 551 CDD (22. ed.) BCTG/2010-104

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“A cada dia, é preciso preocupar-se com o dia seguinte, inquietude,

movimentos contínuos, e o calendário das estações: é preciso arar, dar um segundo corte, trabalhar nas vinhas, plantar as árvores, irrigar os prados,

gradar, semear, estercar, ceifar, debulhar; é o tempo da colheita, é o

tempo da vindima”.

Ulrich von Hutten, 1518.

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A Carlinda de Campelo Farias, minha grande amiga irmã, pelo incentivo e apoio nessas três décadas.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Virgínio Neumann, pela valiosa contribuição, críticas, orientação, sugestões e pelo auxílio fornecido para editoração deste trabalho.

Ao Professor Gelson Fambrini, pela atenção, sugestões e recomendação bibliográfica.

À Professora Marcela Marques da UFRN, pelos esclarecimentos e modelo apresentado para descrição de lâminas petrográficas.

Ao Professor Maurício Rangel, pela gentileza, orientação, e esclarecimentos prestados acerca das dúvidas surgidas na identificação de alguns minerais das lâminas petrográficas.

Ao CNPQ, pela ajuda financeira concedida como bolsa de estudo.

À Professora e grande amiga, Ignez Guimarães, pela minha iniciação no Mestrado.

Ao coordenador do Curso de Pós-Graduação, Professor Gorki Mariano.

Ao colega geólogo, Dunaldson Rocha, pela contribuição prestada nas etapas de campo.

Ao doutorando Cristiano Aprígio pelas fotografias tiradas em campo.

À secretária da Pós-Graduação, Elizabeth Galdino, pela sua paciência, gentileza, em nos atender, sempre quando solicitada.

Aos estudantes de graduação, Leonardo Gonçalves e Rafael Lima, que nos acompanharam em algumas das etapas de campo.

A todos os colegas do mestrado, pela convivência, e pelas alegrias compartilhadas. Em especial a Ana Emília Alencar, Bruno Ferreira e César Filgueiras, que além da amizade, me auxiliaram em algumas questões de informática.

Aos funcionários do Departamento de Geologia, pela colaboração quando solicitados, e ao Laboratório de laminação da UFPE, pelas seções delgadas.

Por fim, mas não por último, também agradecemos aos nossos familiares e amigos, que souberam compreender a nossa ausência, em especial Frederico Fonseca, pelo apoio em todos os momentos.

A todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

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RESUMO

Os estudos desenvolvidos nesta dissertação foram direcionados para os sedimentos basais

da Bacia do Jatobá, com objetivo de identificar a origem e a proveniência da Formação

Tacaratu. Neste trabalho procurou-se buscar critérios e métodos utilizados para identificação

de estruturas e contatos litológicos, através dos resultados de fotointerpretação da área. São

apresentados os resultados obtidos através do estudo de campo, estudo Petrográfico de

detalhe e Difratometria de Raios-X. Analisando-se sua litologia, estruturas sedimentares,

textura e diagênese, pode-se concluir que existem duas fácies sedimentares principais,

denominadas de A e B e sete litofácies. A granulometria varia de média a grossa com níveis

conglomeráticos. A análise composicional quantitativa de 20 amostras de arenitos revelou

uma homogeneidade e regularidade composicional. 50% das rochas classificam-se como

Quartzo Arenito, seguido de Arenito Sublítico (40%), e por fim Subarcósio (10%). O quartzo

é dominantemente monocristalino, do tipo plutônico, com extinção reta (imediata). Entre os

clásticos mais grossos ocorre quartzo policristalino de origem ígnea e metamórfica. A

proveniência desses arenitos indica serem representativos de um Cráton Estável, com

evento tectônico na borda da bacia. A história diagenética desses arenitos foi desenvolvida

nos regimes eodiagenético, mesodiagenético e telodiagenético. O regime eodiagenético foi

marcado inicialmente pela presença do cimento de óxido de ferro. Esse cimento pode ter

sido originado quando o sedimento recém-depositado estava em contato com o meio

ambiente. O segundo estágio foi marcado pela compactação mecânica, resultando na

presença constante de micas encurvadas e rotacionadas. No final da eodiagênese e início

da mesodiagênese, o soterramento e a compactação química tornaram-se mais efetivos,

desencadeados por contatos côncavo-convexos e suturados dos grãos, com

empacotamento fechado, e interpenetração dos grãos. O início da mesodiagênese foi

representado por crescimento secundário de quartzo (escassos) e cimentação silicosa. O

ambiente telodiagenético (ou intempérico) atuou intensamente sobre esses depósitos,

modificando suas características. Os minerais instáveis sofreram maior alteração sob

condições do clima atual, quente e úmido. Os grãos de feldspatos foram os mais afetados

nesse processo, produzindo feldspatos sericitizados ou caulinizados.

Palavras-chave: Formação Tacaratu, proveniência de arenitos, diagênese.

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ABSTRACT

This work deals with the identification, source and provenance of the sandstones from the

Tacaratu Formation which is the basal formation of the Jatobá Basin, NE Brazil. The

methodology used in this work was field work, detailed petrography and X-Rays

Diffractometry studies. Lithology, sedimentary structures, textures and diagenesis allow to

separate the studied sandstones into two mainly sedimentary facies denominated A and B

and, others seven litofacies. The grain size are medium to coarse grained with conglomeratic

levels. The quantitative compositional analysis carried in twenty samples show that the

sandstones are homogeneous and have similar composition. 50% of the analyzed samples

are quartz sandstone, 40% are sandstone sublithic and 10% are subarkoses. The quartz

occurs dominantly as monocrystalline of plutonic origin, showing straight extinction. The

coarse grain clastic fragments are mainly polycrystalline quartz of either igneous or

metamorphic source. The sandstones provenance appears to be a stable craton. The

diagenetic history of the studied sandstone was developed in the eodiagenetic,

mesodiagenetic and telodiagentic regimes. The eodiagenetic regime was initially

characterized by iron oxide cement, may deposited when the sediment was in contact with

the atmosphere. The second stage was marked by mechanic compactness, suggested by

the presence of banded and rotated micas. The end of the eodiagenesis and the initial stage

of the mesodiagenesis, the burial and chemical compactness became more effective which

are suggested by the presence of grains showing contacts concave – convex and saturated,

besides closed package and interpenetration of the grains. The initial stage of the

mesodiagenesis was marked by the growing of secondary quartz and siliceous cementation.

The telodiagenetic environment was strong enough to change the characteristics of the

sandstone deposits. The unstable minerals were more alterably under the hot and humid

actual conditions. The feldspars grains were the most affected during this processes,

producing sericite and kaolinite.

Keywords: Tacaratu Formation, sandstone provenance, diagenesis.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS v

RESUMO vi

ABSTRACT vii

LISTA DE FIGURAS x

LISTA DE FOTOS xii

LISTA DE PRANCHAS xiv

LISTA DE TABELAS xiv

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Origem e Proveniência 1

1.2. Trabalhos Desenvolvidos na Bacia do Jatobá 1

1.3. Objetivos 2

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 3

2.1. Localização e Acesso 3

2.2. Geologia Regional 4

2.3. Aspectos Tectono-Estruturais 5

2.4. Unidades Estratigráficas 6

2.4.1. Embasamento Cristalino 7

2.4.2. Rochas Sedimentares 8

2.4.2.1. Formação Tacaratu 8

2.4.2.2. Formação Inajá 9

2.4.2.3. Formação Aliança 9

2.4.2.4. Formação Sergi 9

2.4.2.5. Formação Candeias 10

2.4.2.6. Grupo Ilhas 10

2.4.2.7. Formação São Sebastião 10

2.4.2.8. Formação Marizal 11

2.4.2.9. Formações Crato e Romualdo 11

2.4.2.10. Formação Exu 12

2.4.2.11. Coberturas Cenozóicas 12

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2.5. Hidrogeologia 12

3. MATERIAIS E MÉTODOS 14

3.1. Descrição do Método Petrográfico 15

3.1.1. Embasamento Cristalino 15

3.1.2. Formação Tacaratu 15

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO 18

4.1. Geologia Local 18

4.1.1. Embasamento Cristalino 18

4.1.1.1. Estudo Petrográfico 19

4.1.2. Bacia Sedimentar 28

4.1.3. Formação Tacaratu 33

4.2. Fácies e Sistema Deposicional 40

4.2.1. Fácies Sedimentares 41

4.2.2. Sistema Deposicional 45

4.2.3. Caracterização Faciológica 50

4.3. Estudo Petrográfico 51

4.3.1. Aspectos Petrográficos da Formação Tacaratu 53

4.4. Proveniência e Ambiente Tectônico 70

4.5. Diagênese 73

5. CONCLUSÕES 76

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78

7. ANEXOS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Localização da área estudada. 3 Figura 02- Mapa de localização do Sistema Recôncavo, Tucano e Jatobá. 4 Figura 03- Limites do Arcabouço Estrutural da Bacia do Jatobá, destacando-se suas principais feições estruturais. 5 Figura 04- Visão tridimensional do arcabouço estrutural da Bacia do Jatobá, baseado em dados gravimétricos, Costa et al. (2003). 6 Figura 05- Coluna estratigráfica da Bacia do Jatobá, Neumann et al. (2009). 7 Figura 06- Rocha: Sienogranito, plotado no Diagrama de Streckeisen para rochas ígneas. 20 Figura 07- Rocha: Monzogranito, plotado no Diagrama de Streckeisen para rochas ígneas. 22 Figura 08- Rocha: Monzogranito, plotado no Diagrama de Streckeisen para rochas ígneas. 24 Figura 09- Rocha: Monzogranito, plotado no Diagrama de Streckeisen para rochas ígneas. 26 Figura 10- Esquema representativo da Fácies A, mostrando os níveis de finos. 42 Figura 11a- Esquema representativo da Fácies B com ciclos de granodecrescência ascendente. 43 Figura 11b- Esquema representativo da Fácies B, com alternância nos níveis de energia, estratificação cruzada tabular planar, e estratificação cruzada acanalada. 43 Figura 11c- Esquema representativo da Fácies B, nível médio a grosso, com granodecrescência ascendente, pavimento de seixos com truncamento, e estratificação tabular e acanalada. 44 Figura 12- Modelo esquemático de rios entrelaçados conforme Miall (1996), com a construção dos elementos GB (barras cascalhentas), SG (depósitos formados por fluxos gravitacionais) e SB (formas de leitos arenosos). 48

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Figura 13- Visão em planta e perfil longitudinal de um sistema de leque aluvial, com a distribuição granulométrica em função da distância com a área fonte. Galloway & Hobday (1983), modificado. 49 Figura 14- Modelo esquemático deposicional da Formação Tacaratu na Bacia 50 do Jatobá. Figura 15- Principais minerais formadores de rocha em ordem crescente de estabilidade no ambiente sedimentar, Tucker (1991). 51 Figura 16- Composição do arcabouço de 20(vinte) amostras da Formação Tacaratu, plotado no Diagrama de Folk (1968). 69

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LISTA DE FOTOS

Foto 01a – Aspecto geral da lâmina com nicóis cruzados (NX). Aumento de 4X. Mc (microclina; Qz (quartzo). 4X. 21 Foto 01b – Intercrescimento mimerquítico entre quartzo(Qz) e plagioclásio(Pg). NX. Aum. de 10X. 21 Foto 02 – Aspecto geral da lâmina, NX. Aumento de 4X. 22 Foto 03a - Aspecto geral da lâmina NX. Aum. de 4X. 24 Foto 03b- Cristal de aegirina-augita inclusa no feldspato zonado, NX. Aum. de 4X. 24 Foto 03c- Cristal de zircão incluso em megacristal de quartzo. NX . Aum. de 4X. 25 Foto 04a – Aspecto geral da lâmina. NX. Aum. 4X. 26 Foto 04b – Sigmóide de anfibólio indicando possível sentido de movimento anti-horário. NX. Aum. de 20X. 26 Foto 05a – Aspecto geral da lâmina. NX. Aumento de 10X. 27 Foto 05b – Textura ígnea preservada. NX. Aum. de 10X. 27 Foto 06- Formação Inajá apresentando arenito ferruginoso, com oxidação. 28 Foto 07-Bandas de deformação preenchida por sílica. 29 Foto 08- Arenito fino, síltico argiloso, formando boudinage sedimentar. 29 Foto 09- Formação Aliança com níveis de gipsita. 30 Foto 10-Aspecto geral do afloramento n° 54. 31 Foto 11- Afloramento do Sergi bastante fraturado. 31 Foto 12-Formação Candeias com arenito fino, de aspecto lajotado, no topo do afloramento. 32 Foto 13-Estrutura sedimentar cruzada acanalada. 32 Foto 14-Afloramento do Grupo Ilhas, localmente muito fraturado. 32

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Foto 15- Arenito grosso com estratificação cruzada tabular. 34 Foto16- Base do afloramento apresentando grãos de quartzo subangulosos. Indicativo de nível com alta energia. 34  Foto 17- Arenito com estratificação tabular planar, com pavimento de seixos na base dos sets. 34 Foto 18-Contato do embasamento alterado (parte inferior da foto) com o Tacaratu (nível superior da foto). 35  Foto 19- Arenito Tacaratu com dois níveis de energia (pulsos grossos e finos). 35  Foto 20- Falha de gravidade no arenito Inajá. Contato com o Tacaratu. 35  Foto 21- Afloramento do Tacaratu com formas ruiniformes. 35 Foto 22-Arenito apresentando áreas com erosão diferencial. 36 Foto 23- Estrutura de mini-graben (centro da foto). 37 Foto 24 a- Estrutura sedimentar tipo cruzada acanalada. Lado E da estrada. 38 Foto 24 b- Afloramento com relevo alto, e apresentando formas erosivas. 38 Foto 25 a- Detalhe do afloramento lado W da estrada. Apresenta-se em forma de camadas . 39  Foto 25 b - Afloramento nivelado com a superfície do terreno. Limite da zona de falha. 39 Foto 26- Arenito de granulometria grossa, com níveis conglomeráticos, e formas erosivas. 39 Foto 27- Arenito cinza com estruturas em mini-graben e mini-horst. Centro da foto, com escala. 40     

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LISTA DE PRANCHAS

PRANCHA 1a 60 PRANCHA 1b 61 PRANCHA 2a 62 PRANCHA 2b 63 PRANCHA 3a 64 PRANCHA 3b 65 PRANCHA 4a 66 PRANCHA 4b 67 PRANCHA 5 68

LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Litofácies associadas a depósitos aluviais, segundo Miall (1978). 46 Tabela 02- Síntese dos Elementos Arquiteturais de Depósitos Fluviais, modificado de Miall (1985). 47 Tabela 03 - Análise microscópica dos arenitos da Formação Tacaratu. 54 Tabela 04- Tipos de Proveniência tectônica, ambientes geotectônicos correspondentes e composição das areias geradas, segundo Dickinson et al.(1983) e Dickinson (1985). 71

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1. INTRODUÇÃO

 

1.1. ORIGEM E PROVENIÊNCIA

O estudo da origem e proveniência sedimentar constitui atualmente uma ferramenta

fundamental na análise e na compreensão da evolução diagenética de bacias em superfície,

assim como contribuem significativamente para reconstrução da história tectônica global

(Dickinson, 1988; Miall, 1990, 2000).

A análise de proveniência é também muito utilizada na análise de bacias na

exploração de reservatórios de hidrocarbonetos, e na otimização da exploração dos

reservatórios já detectados. Esse estudo permite identificar a composição mineralógica e

litológica das áreas-fonte, inferir sua localização geográfica, clima e relevo, determinar as

principais rotas de distribuição das areias, e estimar a distância e tempo de transporte

(Remus et al.2008).

Alguns trabalhos já foram realizados em determinadas bacias brasileiras, com o

objetivo de entender sua evolução diagenética e de fornecer subsídios para a compreensão

do comportamento de produção de reservatórios, e do controle da diagênese sobre a

geometria do sistema poroso e sobre a produção de hidrocarbonetos, como por exemplo, o

estudo que De Ros (1985), efetuou na Formação Sergi, Bacia do Recôncavo. Pode-se citar

ainda os trabalhos: Gimenez (1996) na Formação Tatuí, São Paulo; Menezes (2004) na

Formação Urutuca, Bahia; Chang & Wu (2003), na Formação Pirambóia, São Paulo, entre

outros.

1.2. TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA BACIA DO JATOBÁ

Os trabalhos até então desenvolvidos na Bacia do Jatobá são de âmbito regional,

onde as informações são em nível estratigráfico, tectônico ou hidrogeológico, ou são

restritos a determinados locais, e portanto com informações pontuais.

 

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2

Dentre os trabalhos ou projetos realizados anteriormente na área da bacia, citam-se:

Barreto (1968), com foco voltado para estratigrafia; CPRM/ CNEN (1972, 1973), com

objetivo à pesquisa de Urânio, como também trabalhos voltados para áreas tectono-

estruturais Aragão & Peraro (1994) e Peraro (1995), abrangendo a parte de sísmica e

tectonismo; e, recentemente, Neumann et al.(2009), revisando a Formação Santana,

subdividiram essa unidade estratigráfica em formações Crato e Romualdo, com base nos

fósseis encontrados na base dos calcários da Formação Santana.

Dentre os trabalhos relativos à água subterrânea citam-se: Ferreira (1965); (Leal,

1970); Melo (1980) e Leite et al.(2001), dentre outros. Entretanto, nenhuma pesquisa foi

realizada anteriormente objetivando definir a proveniência dos arenitos da Formação

Tacaratu.

1.3. OBJETIVOS

 

O presente trabalho teve como principal objetivo identificar a origem e proveniência

da sequência siliciclástica da Formação Tacaratu, seu modelo deposicional, evolução

diagenética, e contato da mesma com o embasamento cristalino.

É também objetivo desta Dissertação, verificar se os arenitos supracitados são

equivalentes aos da Formação Mauriti da Bacia do Araripe ou se fazem parte de uma

sequência de idade diferente.

Com este trabalho, objetivou-se ainda, iniciar uma nova discussão sobre os arenitos

da Formação Tacaratu, até então inexistentes em termos de petrografia e evolução

diagenética.

Os estudos voltados para água subterrânea ainda hoje estão sendo aprofundados,

principalmente envolvendo as potencialidades hídricas do aquífero Inajá/Tacaratu, visando

um melhor aproveitamento de suas águas. Da mesma forma que com este estudo,

pretende-se contribuir com novos conhecimentos sobre a referida formação, através dos

resultados encontrados.

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3

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

2.1. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

A Bacia do Jatobá localiza-se na porção sul do Estado de Pernambuco, na região

conhecida como Sertão do Moxotó, porção central do Estado. O principal acesso se faz pela

BR-232, partindo do Recife até a cidade de Arcoverde, numa distância aproximada de

250Km.

A área estudada está situada na porção sul da bacia, (Figura 01) delimitada pelas

seguintes coordenadas UTM: 664900 E e 9034000 N, 610000 E e 9034000 N, 610000 E e

9005000 N, e 664900 E e 9005000N, com uma área total de 1.595 Km2. Possui uma forma

retangular com as seguintes dimensões: 55 Km de comprimento e 29 Km de largura.

Abrange grande parte da Folha de Poço da Cruz (SC.24-X-A-VI), da SUDENE, na escala de

1:100.000, envolvendo parte dos municípios de Ibimirim, Inajá, Manari e uma parte do

Estado de Alagoas.

Figura 01- Localização da área estudada

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Carva

 

2.2. G

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Carva

 

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7

IDADEUNIDADES

ESTRATIGRÁFICASAMBIENTE

DEPOSICIONALCOMPOSIÇÃOLITOLÓGICA

TECTÔ-NICA

Prote-rozóico

GEOCRONOLOGIAPERÍODO

Granitos, migmatitos, gnaisses,sienogranito, monzogranito

Embasamentocristalino

FormaçãoTacaratu

FormaçãoInajá

Fluvial “braided”associado a leques

aluviais

Marinho de plataformaassociada a fluvial

FormaçãoAliança

FormaçãoSergi

Arenitos grossos a conglomeráticosde cor rósea a avermelhada

Arenitos finos laminados, ferruginososcom intercalações arenosas e níveis

de matéria orgânica

Lacustrino raso, cominfluência fluvial

Fluvial entrelaçado comretrabalhamento eólico

Folhelhos e siltitos amarronzados eesverdeados com intercalações de

arenitos finos e calcarenitos.Níveis e gipsita

Arenitos finos esbranquiçados aróseos avermelhados

FormaçãoCandeias

FormaçãoMarizal

Flúvio-lacustre raso Folhelhos e siltitos argilosos de cormarrom, intercalados com arenitos

Planície e frentedeltaica associadaa ambiente lacustre

Alternância de arenitos médios agrossos com argilitos e siltitos creme

Fluvial de alta enegiagradando para

ambiente eólicoArenitos médios a finos com níveis

grossos na base

Formações Cratoe Romualdo

Leques aluviais/fluvial proximal e distal

Arenitos, siltitos e argilitos, com lentesde calcário, folhelhos betuminosos e

evaporíticos

Formação Exu

Coluviões

Aluviões

Lacustrino raso aprofundo, associadoa planície tipo “sabka”

Calcissiltitos e calcilutitos fossilíferosde coloração creme a cinza claro, in-

tercalados a arenitos e folhelhos

Fluvial entrelaçadopara fluvial meandrante

Arenitos grossos a conglomeráticoscom leitos finos de cor creme e róseo

localmente avermelhados

Cobertura detríticaresidual Predominantemente arenosas

Leques aluviais/Fluvial

Areias, siltes, argilas e lentesconglomeráticas

Neó-geno

Paleó-geno

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Pré-Rifte

Pós-Rifte

Pleisto-ceno

Oligo-ceno

Siné-clise

Albiano/Ceno-

maniano

Aptiano

Haute-riviano

Valan-giniano

Titho-niano

Figura 05 - Coluna Estratigráfica da Bacia do Jatobá (Neumann et. al. 2009).

2.4.1. EMBASAMENTO CRISTALINO

O embasamento da Bacia o Jatobá instalou-se integralmente sobre o terreno

Pernambuco-Alagoas. Conforme Delgado et al.(2003), o terreno Pernambuco-Alagoas

subdivide-se nos Complexos Cabrobó e Belém de São Francisco. O primeiro reúne duas

sequências, uma metasedimentar e outra metavulcânica. Ortognaisses graníticos-tonalíticos

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e migmatizados constituem o segundo. Dentre os batólitos graníticos destacam-se as suítes

Xingó e Chororó, por suas grandes dimensões.

Silva Filho et al. (2002), estudando a evolução crustal do Complexo PE/AL da

Província da Borborema, através do método de Isótopos Nd (Neodínio), identificaram cinco

tipos de batólitos denominados: Garanhuns, Ipojuca - Atalaia, Correntes - Marimbondo,

Águas Belas - Canindé e Buíque - Paulo Afonso. E de acordo com os dados definidos por

esses autores, identifica-se que a região estudada está inserida no denominado Batólito

Buíque- Paulo Afonso por suas características tipológicas.

Na geologia local se abordará os grupos pertencentes a esse tipo de batólito,

comparando-se com a área estudada.

2.4.2. ROCHAS SEDIMENTARES

2.4.2.1. Formação Tacaratu

Essa formação aflora de forma bastante contínua na borda oriental e sul da Bacia do

Jatobá, que se estende desde o rio São Francisco a W, até as proximidades da cidade de

Arcoverde, no extremo NE. Morfologicamente compõe um relevo bastante acidentado com

encostas abruptas, e formas de aspecto ruiniforme.

Litologicamente está caracterizada por uma sequência predominantemente arenosa,

onde destacam-se arenitos esbranquiçados a róseos avermelhados,grossos,

conglomeráticos e níveis de conglomerados, com intercalações pelíticas subordinadas,

muitas vezes cauliníticas.

As estruturas sedimentares mais frequentes são as cruzadas acanaladas de médio

porte, associadas de forma subordinada à estratificação plano-paralelas, cruzadas

tabular/planar e cruzadas acanaladas de aspecto festonado (fluvial); arenitos finos bem

selecionados, exibindo estratificação cruzada acanalada de grande porte (eólico).

Segundo Rocha & Leite (1999), o ambiente deposicional dessa formação é fluvial

entrelaçado (braided), associado inicialmente a leques aluviais, evoluindo para uma fácies

mediana a distal, com características de planície de inundação, e posterior retrabalhamento

eólico. A Formação Tacaratu de idade siluro-devoniana é correlacionada ao Grupo Serra

Grande da Bacia do Parnaíba, e à Formação Mauriti da Bacia do Araripe.

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2.4.2.2. Formação Inajá

A Formação Inajá é representada por arenitos finos a grossos, róseos a

avermelhados por vezes ferruginosos, contendo leitos de folhelhos e siltitos laminados,

apresentando estratificações cruzadas acanaladas e onduladas, além de estruturas do tipo

“wavy” e “linsen” e marcas de onda.

Conforme os autores, esses depósitos de idade devoniana pertencem a um ambiente

marinho de plataforma rasa, associado a um sistema fluvial “braided” entrelaçado.

2.4.2.3. Formação Aliança

Litologicamente está caracterizada por folhelhos e siltitos argilosos amarronzados e

esverdeados, com intercalações de arenitos finos, localmente grossos, além de níveis de

calcarenitos e calcissiltitos esbranquiçados a marrom claro, fossilíferos, lenticularizados e

níveis de evaporitos. Apresentam estratificações plano-paralelas, cruzadas acanaladas de

pequeno porte, e marcas onduladas.

Geralmente constitui áreas arrasadas devido a sua natureza dominantemente

pelítica. Apresenta fraca densidade de vegetação, conseqüência da má percolação de

águas e de seu conteúdo salino.

De idade neojurássica essa unidade possui um ambiente deposicional tipicamente

lacustrino raso e de grande extensão, inundando as áreas emersas onde dominava a

sedimentação fluvial dos membros basais, conforme Rocha & Leite (1999).

2.4.2.4. Formação Sergi

Essa unidade só aflora nas porções W e SW da bacia. Segundo Correia, (1965), tal

fato deve-se a eventos tectônicos que ocasionaram um sistema de falhamento NE, com

basculamento de blocos para SW, iniciando um intenso período erosivo nos blocos SE,

responsável pela ausência da Formação Sergi na porção NE da Bacia do Jatobá.

Caracteriza-se litologicamente por arenitos cinza, esbranquiçados a avermelhados,

grossos a finos, por vezes conglomeráticos, mal selecionados, contendo pavimento de

seixos e fragmentos de madeira fóssil, apresentando intercalações sílticas esverdeadas com

bolsões de argila.

As estruturas sedimentares mais frequentes são: cruzadas acanaladas e tabulares

(fluvial), e cruzadas acanaladas de grande porte (eólico).

O ambiente deposicional dessa formação de idade neojurássica é de um sistema

fluvial entrelaçado (braided), com retrabalhamento eólico e leques distais.

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2.4.2.5. Formação Candeias

Essa formação de idade eocretácica é representada por uma sequência

dominantemente pelítica, constituída por folhelhos e siltitos argilosos de coloração marrom a

cinza esverdeados, finamente laminados, intercalados com arenitos, calcarenitos e níveis de

gipsita.

As estruturas sedimentares mais frequentes são: estratificação plano-paralelas,

onduladas, acanaladas de pequeno porte, estruturas convolutas e gretas de ressecamento.

Essa unidade apresenta um ambiente deposicional flúvio-lacustre raso, e possui

idade eocretácica.

2.4.2.6. Grupo Ilhas

Litologicamente essa unidade apresenta uma alternância de arenitos médios a

grossos com argilitos e siltitos creme. As camadas de arenitos apresentam estratificação

tangencial, cruzadas sigmoidais, cruzadas acanaladas de pequeno porte, estruturas

convolutas e ondulações cavalgantes. Nas camadas de argilitos e siltitos com intercalações

de arenitos finos, ocorrem marcas onduladas e laminações plano-paralelas.

O Grupo Ilhas de idade eocretácica, possui segundo Menezes Filho et al. (1988),uma

sedimentação em regime de fluxo superior e inferior, sugerindo deposição em planície e

frente deltaica, associada a ambiente lacustrino.

2.4.2.7. Formação São Sebastião

De idade eocretácica, essa formação se estende em parte da porção setentrional da

bacia, desde a região situada a SSW do povoado de Campos, até a SSW do Horst de

Serrotinho, borda NW da Bacia do Jatobá.

Geralmente observam-se serras arredondadas ou morrotes ondulados, e mais

raramente, serras escarpadas. Litologicamente essa unidade estratigráfica está

caracterizada por arenitos médios a finos, com níveis grossos na base.

As estruturas sedimentares representativas são: estratificações cruzadas acanaladas

de grande porte, e plano-paralelas de forma subordinada.

Conforme Rocha & Leite (1999), o conjunto de características litológicas e estruturais

indicam um ambiente de sedimentação fluvial de alta energia, com gradação para um

ambiente desértico, tipicamente eólico.

De idade eocretácica, ela representa a última unidade estratigráfica na Bacia do

Jatobá, da tectono-sequência Sin-Rifte de Ponte et al. (1997).

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2.4.2.8. Formação Marizal

Essa formação representa a tectono-sequência Pós-Rifte de Ponte et al. (1997), na

Bacia do Jatobá.Ocupa uma área de aproximadamente 200Km2 com forma elipsoidal,

situada a W e SW de Ibimirim, na região denominada Baixo de Ibimirim, Magnavita,1992,

apud Leite et al. (2001).Morfologicamente, visualizam-se morrotes irregulares, suaves

ondulações e tabuleiros com bordas irregulares.

É constituída por arenitos, siltitos e argilitos, com lentes de calcário, folhelhos

betuminosos e evaporitos. Segundo Rocha & Leite (1999), não se observa estruturas

primárias nessa unidade, pois seus afloramentos são constituídos essencialmente por

blocos desagregadas, que na maioria das vezes formam extensas cascalheiras. O ambiente

deposicional é de leques aluviais e fluviais, proximais.

A Formação Marizal, baseada em seu conteúdo palinológico, possui idade

mesocretácica segundo Bruni et al.1976, apud Rocha & Leite (1999).

2.4.2.9. Formações Crato e Romualdo

Como já foi dito anteriormente, a Formação Santana definida por Rocha & Leite

(1999), foi desmembrada recentemente por Neumann et al. (2009),em Grupo Santana,

representado pelas Formações Crato e Romualdo.

Segundo Neumann et al. (2009), o sistema carbonático lacustre de idade aptiana da

Bacia do Jatobá, (calcários laminados), são semelhantes aos da Formação Crato da Bacia

do Araripe. Esse sistema carbonático apresenta características semelhantes aos de mesma

litologia e idade do Araripe da serra do Tonã, Bueno,1996, apud Neumann et al. (2009.),

sendo ambos correlacionáveis ao denominado “ Calcário Trari”, Campos de Atum e Xaréu,

da Bacia do Ceará, que tanto é gerador quanto reservatório de petróleo.Conforme Neumann

et al. (2009),um desses reservatórios análogos é o da serra Negra, na Bacia do Jatobá.

Litologicamente as Formações Crato e Romualdo estão caracterizadas por

calcissiltitos e calcilutitos fossilíferos de coloração creme a cinza claro, intercalados por

arenitos e folhelhos finamente estratificados. Apresentam estratificações plano-paralelas,

onduladas e bioturbações.

Segundo diversos autores, o ambiente deposicional foi originado por um ambiente

lacustrino raso, associado à planície tipo “Sabkha”.

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2.4.2.10. Formação Exu

Essa formação constitui a sequência de topo responsável pela morfologia aplainada

da serra Negra e da serra do Periquito, em função da sua natureza psamítica-psefítica de

forte diagênese e alto grau de silicificação.

A Formação Exu está representada dominantemente por arenitos grossos a

conglomeráticos com leitos finos, de coloração creme a lilás, localmente avermelhados. O

conjunto de características litológicas-estruturais desse pacote sedimentar permite

interpretá-lo como originário de um sistema fluvial entrelaçado ”braided”, para fluvial de

baixa sinuosidade.

Essa unidade possui idade mesocretácica, recobrindo as Formações Crato e

Romualdo, sobre uma superfície erosicional, formando uma discordância angular de baixo

ângulo. Ponte & Appi (1990), apud Rocha & Leite (1999).

2.4.2.11. Coberturas Cenozóicas

Essas coberturas ocupam faixas bastante significativas, representadas por extensas

áreas irregulares que se distribuem por toda bacia. As coberturas são em grande parte

responsáveis pela dificuldade de caracterização das relações de contato entre algumas

unidades, como também pela não identificação de falhamentos importantes, que

favoreceriam um melhor entendimento da tectônica de implantação e evolução do Rifte.

Rocha & Leite (1999).

Os colúvios possuem composição predominantemente arenosa, provenientes do

retrabalhamento das formações essencialmente psamíticas: Tacaratu, Sergi e São

Sebastião.

Os aluviões mais representativos encontram-se nos vales do rio Moxotó,

apresentando uma composição areno-argilosa.

2.5. HIDROGEOLOGIA

Na Bacia do Jatobá existem dois tipos de aquíferos. O aquífero fissural,

correspondente às rochas do embasamento cristalino, e o aquífero intersticial ou poroso,

representados pelas rochas sedimentares que compõem a bacia.

O aquífero fissural, tem um comportamento hidrogeológico bastante complexo, e os

poços perfurados apresentam os mais variados resultados, em função de suas

características litológicas e de fraturamento. As baixas vazões associadas a elevadas taxas

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de salinidade dessas águas subterrâneas, constituem fatores que limitam substancialmente

o seu aproveitamento para o consumo humano.

A exploração de água subterrânea no domínio intersticial foi agrupada por Leite et al,

(2001), em sistemas que representam características semelhantes a saber:

• Aquífero Aluvial

• Sistema Coberturas Cenozóicas

• Sistema Marizal/Santana/Exu

• Sistema Aliança/Sergi/Candeias/Ilhas

• Aquífero São Sebastião

• Aquífero Inajá/Tacaratu

Dos sistemas acima descritos, o de maior importância com relação à capacidade

produtora no aproveitamento de água subterrânea é o aquífero Inajá/Tacaratu. Como o

objetivo deste trabalho não é voltado para água subterrânea, não se fará comentários sobre

os demais sistemas.

A exploração de água subterrânea na Formação Tacaratu é feita através do sistema

de aquífero livre e confinado.

O aquífero livre ocorre expressamente na borda oriental, onde aflora a Formação

Tacaratu. Em razão da menor profundidade do aquífero, a maioria dos poços perfurados na

bacia está concentrada nessa área.

O aquífero confinado compreende as Formações Inajá e Tacaratu, quando

recobertas por outras formações, e constitui um sistema hidráulico único, designado sistema

aquífero Inajá/Tacaratu, conforme Melo (1980).

Sua área de ocorrência compreende toda extensão das bordas NE, SE e S,

repousando discordantemente sobre o embasamento cristalino. O pacote sedimentar desse

aquífero apresenta uma espessura total de 500m, sendo 350m da Formação Tacaratu e

150m da Formação Inajá (Leite et al. 2001).

Apesar de constituir o principal reservatório de água subterrânea da Bacia do Jatobá,

o aquífero Inajá/Tacaratu ainda requer mais estudos quanto à taxa de exploração e

preservação das mesmas.

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3. MATERIAS E MÉTODOS

Foram desenvolvidas atividades de campo e de laboratório de acordo com o

cronograma de execução pré-estabelecido, com eventuais modificações segundo as

circunstâncias do próprio trabalho.

A execução dos trabalhos obedeceu às seguintes etapas:

• Levantamento bibliográfico

• Fotointerpretação da área

• Etapas de campo

O levantamento bibliográfico envolveu a revisão de trabalhos realizados na Bacia do

Jatobá, bem como de outros relacionados à proveniência de siliciclásticos, com informações

que viessem a constituir subsídios para o desenvolvimento dos estudos.

A fotointerpretação da área foi efetuada através de fotografias aéreas na escala de

1:70.000 de 1969 da SUDENE, correspondendo às seguintes faixas (fotos): faixa

11(784/790); faixa 12(862/868); faixa 13(929/935); faixa 14(995/1001) e faixa

15(1047/1053). Correlacionou-se os dados obtidos na fotointerpretação com o mapa

geológico elaborado pela CPRM (Rocha & Leite, 1999) na escala de 1:250.000. Com base

nos resultados da fotointerpretação, elaborou-se um mapa geológico preliminar.

As etapas de campo obedeceram à seguinte ordem:

A primeira etapa teve como objetivo principal o reconhecimento geológico da área,

com descrição macroscópica dos afloramentos encontrados, identificando os tipos

litológicos, suas estruturas sedimentares e coleta de amostras para confecção de lâminas

petrográficas.

As segundas e terceiras etapas de campo tiveram como objetivo checar as unidades

geológicas fotointerpretadas, além de coleta de novas amostras para confecção de lâminas

petrográficas. Nessas duas fases de campo, procurou-se identificar o maior número possível

de fácies representativas dos arenitos Tacaratu, definindo o seu contato com as unidades

geológicas sobrepostas e superpostas, efetuando medições de paleocorrentes, falhas e

fraturas, bem como suas estruturas sedimentares.

Paralelamente aos resultados de campo, elaborou-se o mapa geológico definitivo na

escala de 1 :100.000, em Anexo.

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15

A Folha de Poço da Cruz (SC.24-X-A-VI), da SUDENE, na escala de 1: 100.000, foi

utilizada como base cartográfica para demarcação das áreas visitadas, e plotagem dos

afloramentos. A localização dos afloramentos foi feita com base em coordenadas UTM,

determinadas por GPS.

Além dos trabalhos desenvolvidos anteriormente, foram também realizados os

seguintes estudos:

• Análise petrográfica de 05(cinco) seções delgadas do embasamento

cristalino, para identificação dos tipos litológicos existentes na porção basal

da bacia.

• Descrição de 20 (vinte) seções delgadas do arenito Tacaratu realizadas com

base no esquema proposto por Folk (1968).

• Análise de argilas, por Difratometria de Raios-X, com intuito de identificar o

tipo de argilo-minerais na Formação Tacaratu.

• Interpretação dos dados obtidos, para elaboração dos resultados e

conclusões sobre a proveniência da Formação Tacaratu.

3.1. DESCRIÇÃO DO MÉTODO PETROGRÁFICO

3.1.1. EMBASAMENTO CRISTALINO

A mineralogia foi avaliada através da descrição dos principais constituintes minerais

das lâminas delgadas, através da composição modal estimada e calculada. Para a

classificação das rochas utilizou-se a nomenclatura para rochas ígneas proposta por

Streckeisen (1976).

3.1.2. FORMAÇÃO TACARATU

Um total de 20 (vinte) lâminas delgadas foi analisado ao microscópio ótico, tendo

sido definidos os seguintes itens:

• Composição: No arcabouço foram identificados os elementos detríticos principais

(quartzo, feldspato e fragmentos de rocha), sendo estimadas suas proporções

relativas, para posterior classificação da rocha, de acordo com a classificação de

Folk (1968). Foi também estimada a proporção dos minerais acessórios (micas,

minerais pesados opacos e outros), em relação aos constituintes principais.

• Matriz/Cimento: A matriz é determinada pela fração fina normalmente constituída por

silte e argila, encontrada nos espaços intergranulares, e que podem ser de vários

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tipos: sindeposicional, infiltrada e pseudo-matriz. O cimento é definido pelos minerais

diagenéticos existentes.

• Textura:Determinada pela granulometria, seleção granulométrica, arredondamento e

maturidade textural. Para determinação da granulometria utilizou-se a escala em

milímetros, proposta por Folk (1968). Para o arredondamento, utilizou-se a

classificação de Powers (1953), e a seleção granulométrica pelo esquema proposto

por Pettijohn et al. (1972), e Folk (1965) apud Scholle, 1979. A maturidade textural foi

definida pela classificação de Folk (1974).

• Fábrica: O contato entre os grãos expressa o tipo de arranjo e condiciona a análise

do empacotamento. Para isso, observou-se os tipos de contatos existentes que

podem ser: flutuantes, pontuais, retos, côncavo-convexo e suturados. Utilizou-se o

índice de Kahn (1956), para estimativa do índice de fechamento, através da fórmula

P=100xQ/N, onde Q=ao número de contatos grão/grão e N=ao total de contatos,

incluindo grão/grão observados em uma travessia. Definindo dessa forma se o tipo

de empacotamento encontrado é frouxo, normal ou fechado.

• Maturidade Mineralógica: É baseada na proporção dos minerais estáveis, tomando-

se como base a quantidade de quartzo sobre os demais constituintes. De acordo

com esse método, é possível denominar-se se um arenito é mineralogicamente

maturo (quando o quartzo predomina sobre os demais constituintes) ou imaturo

(quando os feldspatos e/ ou líticos ocorrem em maiores proporções do que o

quartzo).

• Para identificação de alguns tipos de minerais no microscópio petrográfico, utilizou-

se como referências os livros de Scholle (1979), Mackenzie & Guilford (1988) e

Adams et al. (1991).

• A análise modal baseou-se na contagem em separado das variedades de quartzo,

feldspato e fragmentos líticos. Através de travessias N/S na lâmina, utilizando-se os

charriots do microscópio petrográfico. Os detritos de quartzo foram separados em

monocristalino (Qm) e policristalino (Qp). No quartzo policristalino, foram distinguidas

as variedades metamórficas (Qpm) e deformada ou milonítica (Qpd) e hidrotermal ou

de veio (Qps semicomposto), segundo a classificação de Krynine (1940).

• Denominação da Rocha: Determinada através da classificação proposta por Folk

(1968).

• Difratometria de Raios-X

Os espectros de difração-X destinados à identificação das 08(oito) amostras de

argilo-minerais foram obtidos com o aparelho Siemens XRD 6000 pertencente ao

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Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE. Utilizou-se radiação de Cobre,

filtro de Níquel 40KV-30m A, e velocidade do goniômetro 1º por minuto. O material foi

triturado a 200 mesh- 0,04mm e colocado em lâmina. O método utilizado é o do pó,

ou de Debye-Scherrer, que se baseia na Equação de Bragg: 2d senӨ=nג na qual

obtêm-se os dhkl da substância, sendo conhecidos os ג(lâmbidas) (Cu= 1,542 A°), e

os ângulos Ө(teta) obtidos pela varredura do goniômetro.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. GEOLOGIA LOCAL

Na área estudada afloram as seguintes unidades estratigráficas: Embasamento

Cristalino e as formações Tacaratu, Inajá, Aliança, Sergi, Candeias, Grupo Ilhas, formações

São Sebastião e Marizal, e as Coberturas Cenozóicas, conforme mapa geológico em Anexo.

Foi percorrida toda porção basal da Bacia do Jatobá, com o intuito de verificar os

contatos geológicos entre as unidades, e principalmente analisar as fácies sedimentares da

Formação Tacaratu. Os 68 (sessenta e oito) afloramentos georeferenciados constam no

mapa de afloramentos em Anexo.

As unidades estratigráficas relatadas a seguir, estão inseridas na área em questão,

partindo-se das mais antigas para as mais recentes, de acordo com a escala de tempo

geológico.

4.1.1. EMBASAMENTO CRISTALINO

Alguns afloramentos do embasamento foram definidos analisando-se apenas seus

componentes principais, e o seu comportamento estrutural. Dos afloramentos encontrados

na área estudada identificou-se rochas granitóides como, por exemplo, nos afloramentos n°s

01, 02, 04, 07, 13, 15, 16, 17, 65 e 66,( mapa de afloramentos em anexo). O afloramento

n°02 é um granitóide com textura fanerítica, leucocrático, predominando quartzo, ortoclásio

e biotita. Está situado à NE de Manari.

O de n° 04 também posicionado à NE de Marari, no limite da borda da bacia, onde se

evidencia o contato do embasamento com a Formação Tacaratu. É um granitóide

apresentando veios de quartzo e pegmatíticos.

O afloramento 07, situado em Poço Branco/Alagoas (na divisa PE/AL) é um

granitóide muito fraturado, com direção de fratura 30°Az. Algumas dessas fraturas estão

preenchidas por veios de pegmatíticos.

Próximo à Cercadinho (região SE da folha), no afloramento 15, ocorre um granitóide

leucocrático, de cor rósea, com predominância de feldspatos do tipo ortoclásio.

No afloramento de n° 17, também situado na região SE da folha, o embasamento

encontra-se em contato com a Formação Tacaratu. Nesse local, ocorre milonitização e

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granitóide intemperizado. O contato do granitóide com o Tacaratu é demarcado pelo

limite da zona de falha (milonitização), com direção 90 Az.

Identificou-se também no interior da bacia, na base da Serra do Manari, os

afloramentos de nº65 e 66, constituídos por granitóides, podendo ser classificados como

uma “janela do embasamento”, cuja explicação pode ser atribuída a intenso falhamento,

nivelando dessa forma, o embasamento com os depósitos do Jurássico.

Essa janela do embasamento foi cartografada por Rocha & Leite (1999), no mapa

geológico da CPRM, como o Horst da Serra do Manari.

Na interpretação das fotografias aéreas, observou-se a existência de corpos distintos

dos arenitos Tacaratu na base dessa serra, constatados em campo, nesses dois

afloramentos. Por ser uma área de difícil acesso, não foi possível percorrer toda essa região

do interior da bacia, além de não ser a proposta deste trabalho.

Desses dez (10) afloramentos identificados, selecionou-se cinco (05) em função de

sua posição geográfica e área de contato com o Tacaratu, para elaboração de lâminas

petrográficas, identificando dessa maneira a sua verdadeira nomenclatura.

Como já foi dito na geologia regional, a área em questão está inserida no

denominado Batólito Buíque - Paulo Afonso, definido por Silva Filho et al.(2002). É

composto por três grupos principais: monzogranitos e granodioritos (Buíque – Paulo

Afonso); monzogranitos (Moxotó) e sienitos, quartzosienitos e sienogranitos (Mata Grande).

Os afloramentos selecionados para confecção de lâminas foram: n° 01, 02, 4b, 07 e

13. Na região estudada, foram encontrados corpos intrusivos semelhantes aos definidos por

Silva Filho et al.(2002), identificados através do estudo detalhado de lâminas petrográficas.

Os tipos de rochas encontrados foram: monzogranito, sienogranito, quartzosienito e

diatexito, conforme descritos a seguir:

4.1.1.1. ESTUDO PETROGRÁFICO

LÂMINA PCR-01 (Fotos 01a e 01b): Rocha ígnea plutônica, leucocrática,

holocristalina granular apresentando uma textura predominantemente hipidiomórfica e com a

presença dos seguintes minerais: quartzo, ortoclásio, microclina, plagioclásio, biotita, zircão

além de minerais opacos. Os cristais de quartzo são bastante fraturados e preenchidos por

provável óxido de ferro. Estes apresentam formas predominantemente anédricas, mas

podendo aparecer subédricas. A identificação do ortoclásio foi efetuada pela presença de

sua geminação típica de dois indivíduos. Já a microclina, por sua vez, apresenta sua

característica geminação xadrez. Este último mineral é um indicativo que a rocha se formou

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em alta pressão e/ou baixa temperatura. Intercrescimento granofírico é observado entre o

quartzo e o feldspato potássico, mas, em alguns trechos da lâmina estes dois minerais

apresentam contatos retos entre si, indicando que estas duas fases minerais podem ter se

cristalizado em equilíbrio.

Estes dois minerais ainda apresentam textura poiquilítica com microcristais de

quartzo inclusos nos feldspatos potássicos. Intercrescimento mimerquítico é verificado entre

o quartzo e o plagioclásio.

Composição Modal Calculada

quartzo 22%

microclina + ortoclásio 66%

plagioclásio 12%

Total 100%

 

Figura 06-Nome da rocha: Sienogranito. Plotado no Diagrama Streckeisen para rochas ígneas, (campo em amarelo).

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Foto 01a – Aspecto geral da lâmina com nicóis cruzados (NX). Aumento de 4X. Mc (microclina; Qz (quartzo).

Foto 01b – Intercrescimento mimerquítico entre quartzo (Qz) e plagioclásio (Pg). NX. Aumento de 10X.

LÂMINA PCR-02 (Foto 02): Rocha ígnea plutônica leucocrática, holocristalina

granular, saturada em SiO2 com a seguinte mineralogia: quartzo, ortoclásio, plagioclásio,

biotita, clorita, titanita (pouquíssimas), zircão, apatitas (raras) e minerais opacos. Com

relação ao conjunto dos grãos, a rocha apresenta uma textura que varia de hipidiomórfica à

xenomórfica, porém com uma quantidade pequena apresenta cristais euédricos.

A biotita apresenta-se com pleocroismo atípico fato esse que pode ser causado

pela sua alteração para clorita verificada na lâmina. Os cristais de ortoclásio

predominantemente subédricos apresentam sua geminação típica de dois indivíduos. Os

cristais de quartzo que são predominantemente anédricos apresentam extinção ondulante

indicando provavelmente o início de um processo de deformação. Já os poucos cristais de

titanita presentes na lâmina são predominantemente euédricos com a forma característica

da titanita em rochas ígneas (faces bem desenvolvidas), porém alguns cristais deste mineral

apresentam uma coloração avermelhada. Esse fato pode ser um indício de que o mineral

encontra-se com grande concentração de elementos terras raras tais como cério e/ou ítrio.

Poucas relações texturais são observadas entre os minerais. A ausência de

contatos retos dificulta qualquer tentativa de estabelecer relações de equilíbrio entre as

fases minerais. Por vezes, observa-se minerais inclusos parcialmente em outros como

quartzo e plagioclásio, lembrando a textura ofítica. Intercrescimento mimerquítico é

observado entre o quartzo e o plagioclásio.

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Composição Modal Calculada

quartzo 22,2%

microclina + ortoclásio 38,9%

plagioclásio 38,9%

Total 100%

Fig. 07 - Nome da rocha: Monzogranito. Plotado no Diagrama Streckeisen para rochas ígneas (campo em amarelo).

Foto 02 – Aspecto geral da lâmina, NX. Quartzo (Qz), Biotita(Bi), Plagioclásio(Pg) e Titanita (Ti) Aumento de 4X.

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LÂMINA PCR-04B (Fotos 03a, 03b e 03c): Rocha ígnea plutônica, leucocrática,

holocristalina granular apresentando uma textura predominantemente xenomófica com

relação ao conjunto dos grãos e os seus cristais encontram-se bastante fraturados,

principalmente os grãos de quartzo. Os minerais presentes na rocha são: quartzo,

microclina, ortoclásio, plagioclásio, biotita, titanita e aegirina-augita (CPX) e zircão. Existe a

possibilidade da presença de um mineral do grupo do epidoto, possivelmente alanita. Fato

este que não foi comprovado com a petrografia devido à qualidade da lâmina.

O quartzo apresenta-se quase que exclusivamente em cristais xenomórficos,

exibindo extinção ondulante, característica do início de deformação. Comumente apresenta

incluso em seus maiores pórfiros, cristais de zircão. A titanita se apresenta em formas

euédricas, e por vezes inclusa na microclina, como pequenos cristais formando uma textura

poiquílitica, mas também aparece em cristais maiores. A microclina, também possui

pequenos cristais de zircões inclusos nos seus pórfiros maiores. Niotita também é

observada com inclusões parciais nos outros minerais (principalmente a microclina) em uma

textura provavelmente subofítica. O plagioclásio se apresenta, em alguns trechos da lâmina,

zonados e com inclusão do clinopiroxênio aegirina-augita, poucos cristais deste piroxênio

são observados.

Composição Modal Calculada

quartzo 45%

microclina + ortoclásio (K-F) 20%

plagioclásio 35%

Total 100%

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Fig. 08-Nome da rocha: Monzogranito. Plotado no Diagrama Streckeisen para rochas ígneas. (campo em amarelo).

Foto 03a - Aspecto geral da lâmina NX. Aum. de 4X.

Foto 03b – Cristal de aegirina-augita inclusa no feldspato zonado, NX. Aum. de 4X.

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Foto 03c – Cristal de zircão (Zr) incluso em megacristal de quartzo. NX

LÂMINA PCR-07: (Fotos 04a e 04b): Rocha holocristalina de coloração rósea em

amostra de mão com grande quantidade de feldspatos potássicos. Mineralogia principal:

quartzo, ortoclásio, microclina, anfibólio, minerais opacos, cristais subédricos de

plagioclásio, além de poucos minerais do grupo do epidoto (provável alanita) foram

observados. No aspecto geral, a rocha apresenta texturas ígneas bem preservadas, porém,

localmente, observa-se estruturas indicativas de deformação em anfibólios e na biotita. Os

cristais, no seu aspecto geral, apresentam texturas xenomórficas, com raríssimos cristais

euédricos. Na Foto 04b o “sigmóide” do anfibólio sugere um movimento no sentido anti-

horário. Todos os cristais de quartzo apresentam extinção ondulante bem desenvolvida, o

que representa mais um indício de deformação sofrida pela rocha. Poucas pertitas são

observadas, porém o intercrescimento mimerquitico é bem caracterizado e de fácil

observação. Além disso, cristais de plagioclásio apresentam processos de saussuritização

que pode indicar que o membro desta série de plagioclásio seja um membro “mais albítico”

(rico em Na) e com carência de Al.

Composição Modal Calculada

quartzo 17,25 %

microclina + ortoclásio 65,5 %

plagioclásio 17,25 %

Total 100 %

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Fig.09-Nome da rocha: Monzogranito. Plotado no Diagrama Streckeisen para rochas ígneas. (campo em amarelo).

Foto 04a – Aspecto geral da lâmina. NX. Aum. de 4X.

Foto 04b – Sigmóide de anfibólio indicando possível sentido de movimento anti-horário. NX. Aum. de 20X

LÂMINA PCR-013 (Fotos 5a e 5b): Rocha ácida, holocristalina, saturada a

supersaturada em sílica, com predominância de minerais félsicos sobre máficos. Mineralogia

principal: quartzo, plagioclásio, microclina, biotita, titanita, pouquíssimos cristais de

muscovita, zircão e clorita. No seu aspecto geral, os minerais apresentam textura

panidiomórfica a xenomórfica. A alanita, assim como o zircão, ocorre por vezes como

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inclusão na biotita, esse último exibindo alos pleocróicos. A clorita apresenta-se como

alteração da biotita pré-existente, indicando o processo de cloritização. Alguns

intercrescimentos são preservados, como por exemplo, o mimerquítico. Os cristais de

quartzo apresentam-se anédricos com extinção ondulante bem desenvolvida. Trata-se de

um diatexito, ou seja, um migmatito homogêneo ainda com aspecto de granitóide. O

processo de diatexia indica um alto grau de anatexia, podendo ser constatado na lâmina,

através de texturas pré-existentes preservadas.

Composição Modal Estimada

quartzo 34 %microclina + ortoclásio 30 %plagioclásio 25 %biotita 3 %demais minerais 8 %Total 100 %

Foto 05a – Aspecto geral da lâmina. NX. Aum. de 10X

Foto 05b – Textura ígnea preservada. NX. Aum. de 10X

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4.1.2. BACIA SEDIMENTAR

As unidades estratigraficamente sobrejacentes à Formação Tacaratu identificadas

na área são as seguintes: formações Inajá, Aliança, Sergi e Candeias e Grupo Ilhas, além

das Coberturas Cenozóicas.

4.1.2.1. Formação Inajá

A Formação Inajá ocorre normalmente de forma gradativa e concordante com a

Formação Tacaratu. Os afloramentos identificados se apresentam em áreas arrasadas, e

com fácies variadas. No afloramento 06, próximo ao riacho do Coité, é constituído por um

arenito muito fino, micáceo, apresentando oxidação, ferruginoso (Foto 06) com micromicas.

Apresenta ainda pelotas argilosas (pseudo-icnofósseis), e estrutura tabular planar.

Foto 06- Formação Inajá apresentando arenito ferruginoso, com oxidação.

Nas proximidades da cidade de Inajá (afloramento 11), essa formação

tem uma textura fina, de cor mais amarelada /esbranquiçada. Outra fácies encontrada foi no

afloramento 12, com níveis conglomeráticos, e muito fraturado.

No afloramento 14, em Caraibeira, o arenito é mais fino, de cor cinza com níveis

avermelhados, apresentando bandas de deformação preenchidas por sílica (Foto 07).

Na porção E da Folha de Poço da Cruz (afloramento 20), o arenito é muito fino,

com bastante micromica, de cor cinza com intercalações de cor creme. A estrutura

sedimentar é do tipo estratificação cruzada acanalada de pequeno porte.

Outra fácies encontrada da Formação Inajá foi no afloramento de nº21. O arenito

possui uma granulometria fina, síltica argilosa, formando boudinage sedimentar (Foto 08).

Evidenciou-se bastante micromica, e intercalações de folhelhos cinza. Na parte superior,

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observou-se influência ferruginosa, por conta da exposição subaérea. Essa fácies encontra-

se muito fraturada, com algumas fraturas preenchidas por sílica.

4.1.2.2. Formação Aliança

Os únicos afloramentos identificados da Formação Aliança foram os de n°s 42 e 52.

No primeiro, lado E da folha, próximo à lagoa de São João, os folhelhos são amarronzados,

esverdeados e esbranquiçados com margas. Essa formação ocorre normalmente em

ravinas, como nos dois casos. O segundo afloramento, posicionado do lado W da folha,

aflora dentro do leito de um riacho, se apresentando de forma muito alterada, dominando o

folhelho amarronzado, esverdeado, com níveis de gipsita (Foto 09).

Foto 07-Bandas de deformação preenchida por sílica. Direções medidas: 160 Az e 40 Az.

Foto 08- Arenito fino, síltico argiloso, formando boudinage sedimentar.

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30

 

Foto 09- Formação Aliança com níveis de gipsita.

 

4.1.2.3. Formação Sergi

A Formação Sergi, apesar de sua ocorrência na área estudada, não foi mapeada na

escala deste trabalho (1: 100.000), devido a sua reduzida extensão geográfica. Essa

unidade se apresenta com pouca expressividade topográfica, evidenciada nos afloramentos

de n°s 54 e 56. O arenito do afloramento 54 possui uma granulometria fina à média de cor

cinza claro, com bandas creme alaranjadas. A direção da paleocorrente é para W.

Apresenta estratificação cruzada acanalada e a fácies de cor cinza é bem selecionada.

Encontra-se pouco fraturado, mas com direção do fraturamento preferencial de E/ W. (Foto

10).

São frequentes os fragmentos de madeira fóssil no local, característica principal

dessa unidade estratigráfica. Do lado sul da estrada, observa-se um solo típico de folhelhos,

de cor avermelhada.

No afloramento de n°56, o arenito se apresenta com um granulometria mais fina, e

extremamente fraturado. Está situado em uma zona de falha (direção 70°Az), e direção

secundária de 160°Az. Ocorrem também folhelhos e troncos de madeira fóssil. Nesse

aspecto, a situação assemelha-se ao afloramento 54 (Foto 11).

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Foto 10-Aspecto geral do afloramento n° 54.

4.1.2.4. Formação Candeias

O comportamento dessa formação nos afloramentos de n° 32, 36 e 51, é

praticamente semelhante. Ocorrem nas localidades de Poço Verde, Volta (NE de Inajá) e

nas margens do riacho Caraibeira (W de Inajá).

O afloramento 32 é constituído litologicamente por um arenito fino com aspecto

lajotado, muito fraturado, de cor avermelhada (topo do afloramento). Na base encontra-se

uma fácies de arenito fino, esbranquiçado, intercalado com folhelhos e margas. O

fraturamento preferencial é N/S e secundário E/W.

O afloramento de n°36, localizado nas margens de um barreiro, é litologicamente

semelhante ao anterior, apresentando, estratificação cruzada acanalada, e muitas fraturas.

Constituído por um arenito cinza esbranquiçado (Foto 12).

No afloramento 51, o arenito apresenta uma granulometria variando de fina à média

de cor creme avermelhado, oxidado, com níveis grossos. A estrutura evidenciada é de

cruzada acanalada “costela de adão” (Foto 13). Apresenta também uma direção de

paleocorrente para W, e com direção de fraturas E-W.

Foto 11- Afloramento da Formação Sergi bastante fraturado.

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4.1.2.5. Grupo Ilhas

Essa unidade estratigráfica foi identificada no local próximo ao Serrote de Pedras, N

de Inajá, afloramento n° 35. Litologicamente constitui-se de um arenito fino a médio, com

alguns níveis mais grossos, de cor rósea a avermelhada, predominando estratificação

cruzada acanalada. Localmente encontra-se muito fraturado e falhado (Foto 14).

Foto 14-Afloramento do Grupo Ilhas, localmente muito fraturado.

Foto 12-Formação Candeias com arenito fino, de aspecto lajotado, no topo do afloramento.

Foto 13-Estrutura sedimentar cruzada acanalada.

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4.1.2.6. COBERTURA CENOZÓICA

Os colúvios ocorrem em grandes áreas, com uma composição predominantemente

arenosa, recobrindo muitas vezes as unidades subjacentes a ela, mascarando dessa forma

a identificação de algumas unidades estratigráficas. Já os aluviões encontrados nas áreas

percorridas, são inexpressivos, com dimensões reduzidas.

4.1.3. FORMAÇÃO TACARATU

Os arenitos da sequência basal da Bacia do Jatobá, datada do Siluriano, repousam

discordantemente sobre o embasamento cristalino. Na área estudada, porções S e SE, eles

se apresentam, na maioria das vezes, em forma de escarpas ou paredões, com relevo

bastante acidentado, geralmente associado à discordância erosiva e falhamentos

extensionais. Na parte mais oriental da área, ocorre um considerável capeamento eluvial,

também observado na fotointerpretação, no denominado “Horst da Serra do Manari”.

Em outros pontos da região, os arenitos afloram como ocorrências isoladas, em

forma de morrotes, ou até mesmo expostas em pequenos afloramentos, principalmente

quando associados aos sedimentos sobrepostos (Formação Inajá). Muitas vezes esses

afloramentos são recobertos pelos eluviões, que mascaram o contato entre essas duas

unidades, que ocorre de forma gradual e concordante.

Identificou-se no campo, diversos “tipos” e feições de exposição dos arenitos da

Formação Tacaratu, desde as suas características texturais, composição, cor formas e

níveis de energia, conforme descritos a seguir:

Os afloramentos de nº04 e 05 apesar de estarem próximos (aproximadamente 2Km),

possuem comportamentos distintos e estão situados entre as Serras do Meio e Saco das

Moças. O primeiro é constituído por um arenito grosso, com estratificação cruzada tabular, e

ciclos de granodecrescência ascendente (Foto 15). Está situado na borda da bacia, em

contato com o embasamento cristalino. O afloramento de n° 05 apresenta-se com estruturas

sedimentares do tipo estratificação cruzada tabular planar e cruzada acanalada, com

alternância nos níveis de energia. Os ciclos identificados foram: alta e baixa energia (Foto

16).

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Em Poço Branco (Alagoas), área limite com o Estado de Pernambuco, afloramento

n°08, o arenito se apresenta com características típicas de ambiente fluvial, como nos

demais identificados. A estrutura apresentada nesse afloramento é estratificação cruzada

tabular e acanalada, truncamento de seixos e pavimento de seixos com granodecrescência

ascendente (Foto 17).

No afloramento 17, próximo à localidade de Umbuzeiro, ocorre uma zona de falha,

demarcando o contato do embasamento com o Tacaratu (Foto 18). Os arenitos se

apresentam com pulsos grossos e finos (Foto 19).

Foto 15- Arenito grosso com estratificação cruzada tabular.

Foto16- Base do afloramento apresentando grãos de quartzo subangulosos. Indicativo de nível com alta energia.

Foto 17- Arenito com estratificação cruzada tabular planar, com pavimento de seixos na base dos sets.

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Em Serrote Negro, na porção NE da folha, afloram, em contato geológico, as formações Tacaratu e Inajá (afloramento 29). Esse contato está demarcado por uma falha de gravidade no arenito Inajá, apresentando bandas de deformação. Esse sistema faz parte do Graben de Moxotó. A falha possui direção de 130° Az, e mergulho de 75° (Foto 20). O Tacaratu aflora de forma exuberante no local, com formatos esculpidos de maneira generosa (Foto 21).

Foto 18-Contato do embasamento alterado (parte inferior da foto) com o Tacaratu (nível superior da foto).

Foto 19- Arenito Tacaratu com dois níveis de energia (pulsos grossos e finos).

Foto 20- Falha de gravidade no arenito Inajá em contato com o Tacaratu.

Foto 21- Afloramento do arenito Tacaratu com formas ruiniformes, e exuberantes.

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Na localidade denominada Alto do Santo (afloramento 40), porção centro sul da

folha, aflora o arenito com uma granulometria grossa, com níveis conglomeráticos, de cor

creme e níveis oxidados. Apresenta estratificação plano-paralela, e cruzada acanalada.

Ainda se observa em alguns locais, áreas com erosão diferencial (Foto 22). Afloramento

muito fraturado, e plano de falha com direção 60°Az, e mergulho forte p/150º. A direção da

paleocorrente é de 330°Az. Apresenta também estruturas como um mini-graben (Foto 23),

com direção 80° Az.

 

Foto 22-Arenito apresentando áreas com erosão diferencial.

 

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Foto 23- Estrutura de mini-graben (centro da foto).

O afloramento de n° 46 (próximo à Passagem de Pedras), o arenito aflora de duas

formas distintas. O que delimita esses dois comportamentos é uma zona de falha (direção

do plano de falha 00°Az E/ W), que demarca o afloramento em dois níveis topográficos: no

lado E da estrada, limite com a zona de falha, ele se apresenta com uma cor creme claro,

com granulometria média a grossa, e estrutura sedimentar do tipo cruzada acanalada, com

níveis conglomeráticos (Fotos 24 a). Esse afloramento apresenta um relevo mais alto

(Foto24 b) com altitude aproximada de 3,0m, mais friável e com formas erosivas.

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No lado W da estrada, o arenito aflora em forma de camadas, intensamente

falhado, de cor avermelhada, granulometria média, topograficamente nivelado com a

superfície do terreno, e de aspecto maciço (Fotos 25 a e 25 b).

Foto 24 a- Estrutura sedimentar tipo cruzada acanalada. Lado E da estrada.

Foto 24 b- Afloramento com relevo alto, e apresentando formas erosivas.

 

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Na porção SW da folha, afloramento 53 (próximo à Bazilio), o arenito Tacaratu se

apresenta com granulometria grossa à conglomerática, de coloração cinza a creme

avermelhada, com formas ruiniformes e estrutura sedimentar do tipo estratificação cruzada

acanalada (Foto 26).

Foto 25 a- Detalhe do afloramento no lado W da estrada (próxima à Passagem de Pedras). Apresenta-se em forma de camadas.

Foto 25 b - Afloramento nivelado com a superfície do terreno. Limite da zona de falha.

Foto 26- Arenito de granulometria grossa, com níveis conglomeráticos, e formas erosivas.

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No afloramento de n° 63, os arenitos são de granulometria média à grossa, de cor

rósea a avermelhada, com porções creme. Esse local está situado na região SW da área

estudada, e possui semelhanças granulométricas com o de nº 53.

Na localidade de Angicos (afloramento 64), o arenito possui níveis médios a

grossos, de cor cinza, com sistema de fraturas multidirecionais, mas com direção

preferencial de 150° Az. As fraturas secundárias possuem direção para NE, e em sua

maioria, estão preenchidas por sílica. O afloramento apresenta também estruturas em forma

de mini-graben e mini-horst, com direção do graben de 40° Az. (Foto 27).

4.2. FÁCIES E SISTEMA DEPOSICIONAL

Foi Gressly (1838), apud Suguio, 1980 que trabalhando na região do Alpes,

concluiu que litologias e fósseis diferentes poderiam ocorrer na mesma época. Então ele

propôs o termo “fácies” para designar unidades de rochas caracterizadas por propriedades

litológicas e /ou paleontológicas.

Foto 27- Arenito cinza com estruturas em mini-graben e mini-horst. Centro da foto com escala.

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De acordo com Selley (1970), a definição de fácies sedimentar abrange cinco

parâmetros: geometria, litologia, paleontologia, estruturas sedimentares e padrões de

paleocorrentes.

Segundo Suguio (1980), os estudos da sequência dos ciclos horizontal e vertical,

procuram estabelecer as inter-relações espaciais dos diversos ambientes. A variação

horizontal trata das mudanças laterais das diferentes fácies. E a variação vertical estuda as

variações faciológicas através do tempo. Desse modo, um estudo completo deve integrar os

dados de variações horizontais e verticais, pois só os ambientes associados

geograficamente no sentido horizontal entre si, podem tornar-se associados na sequência

vertical.

4.2.1. Fácies Sedimentares

Conforme já descritos no item anterior, os arenitos da Formação Tacaratu possuem

características litológicas macroscópicas representadas por uma sequência

predominantemente psamítica, onde se destacam arenitos médios a grossos e arenitos

conglomeráticos. Analisando-se sua litologia, estruturas sedimentares, textura e diagênese,

pode-se concluir que existem duas fácies sedimentares principais, designadas aqui de

fácies A e B.

A fácies denominada de A, é representada por um arenito róseo a avermelhado, de

pequena espessura, de altitudes reduzidas, topograficamente nivelado com o nível do

terreno.

A granulometria varia de média a grossa, com predominância de quartzo, seguido

por feldspatos (plagioclásios e microclinas, em pequenas quantidades). Observa-se também

a presença da muscovita em forma de palhetas. Ocorre ainda o óxido de ferro, às vezes

associado à argilo-minerais, formando níveis mais finos.

O cimento varia de argilo-ferruginoso (predominante) a silicoso, com grãos

subangulosos a subarredondados.

Esses arenitos são texturalmente imaturos a submaturos, e moderadamente

selecionados.

As estruturas presentes são estratificação plano-paralela e estratificação cruzada

acanalada de médio a pequeno porte. As direções das paleocorrentes são em sua maioria

de SSE para NNW.

Esses arenitos da fácies A são intensamente fraturados e falhados. O afloramento

mais representativo dessa fácies sedimentar é de nº 46 (Foto 25 a e b), anteriormente

descrito. Sua diagênese pode ser considerada de média a forte.

O esquema representativo dessa fácies está representado na Figura 10, a seguir.

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42

0

25

50 cm

af am ag ac

Figura 10 – Esquema representativo da Fácies A, mostrando os níveis de finos. af = arenito fino, am = a. médio, ag = a. grosso, ac = a. conglomerático.

A fácies B é representada por arenitos de cor variando de cinza a creme, com

altitudes que variam entre 3m até cotas mais altas.

A granulometria varia de média a grossa com níveis conglomeráticos. Normalmente

se apresentam com alternância nos níveis de energia. Os afloramentos de nº 04 e 05,

anteriormente descritos, são bem representativos dessa fácies.

São arenitos com granodecrescência ascendente, nos quais se verifica níveis de

seixos representados por depósitos de paleopavimentos (afloramentos 05 e 08),

anteriormente descritos.

As estruturas dominantes nesses arenitos são estratificação cruzada acanalada de

médio a grande porte, e estratificação tabular planar, com alternância nos níveis de energia.

As direções das paleocorrentes medidas, variam de 340° Az a 350° Az.

O esquema representativo dessa fácies está representado nas Figuras 11a, 11b e

11c.

Esses arenitos se apresentam normalmente com formas erosivas ruiniformes,e com

erosão diferencial de aspectos exuberantes.São mais friáveis do que os da fácies A.

São constituídos por quartzo (predominante), feldspatos (em geral microclina),

muitas vezes sericitizados, micas e alguns opacos. Apresentam ainda alguns minerais

pesados (zircão e turmalina), e óxido de ferro em menor proporção.

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Os grãos de quartzo são normalmente angulosos a subangulosos, e raramente,

subarredondados. São pobremente selecionados, e variam texturalmente de imaturos a

submaturos. Em locais com grandes falhamentos, esses arenitos se apresentam

silicificados.

O principal cimento é silicoso, e a seleção granulométrica varia de moderada a

pobre. Podem ser classificados como submaturos, de diagênese média a forte.

4m

3

2

1

0af amag ac  

Figura 11 a- Esquema representativo da fácies B, com ciclos de granodecrescência ascendente. 

 

 

0

1

2

3m

af amag ac  

Figura 11b- Esquema representativo da fácies B, com alternância nos níveis de energia, estratificação cruzada tabular planar, e estratificação cruzada acanalada.

 

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44

 

2m

1

0afamag ac  

Figura 11 c – Esquema representativo da fácies B, nível médio a grosso, com granodecrescência ascendente, pavimento de seixos com truncamento, e

estratificação tabular e acanalada.  

Feitosa (1987), estudando os arenitos inferiores do Vale do Cariri, na Bacia do

Araripe, identificou três fácies distintas nesses arenitos, a saber: Fácies A - representada por

arenitos conglomeráticos com cruzadas acanaladas de grande e médio porte; fácies B -

representada por arenitos médios a grossos com cruzadas acanaladas de médio a grande

porte e por fim uma fácies denominada de C -representada por arenitos conglomeráticos em

lobos sigmoidais.

Comparando as fácies identificadas pela autora na Formação Mauriti com as fácies

evidenciadas na Formação Tacaratu, observa-se algumas semelhanças entre elas. Os

arenitos da fácies A (Mauriti) é praticamente semelhante com a fácies B (Tacaratu),

enquanto os representativos da fácies B (Mauriti) possuem as mesmas características da

fácies A (Tacaratu).

Na Formação Tacaratu, não se evidenciou a fácies C identificada na Formação

Mauriti, representada em forma de lobos sigmoidais.

Ao fazer a correlação estratigráfica entre os arenitos inferiores do Vale do Cariri

com a Formação Tacaratu (Bacia do Jatobá) e a Formação Serra Grande na Bacia do

Parnaíba, Feitosa (1987) chegou à conclusão que não seria possível correlacioná-las de

forma segura, apenas com os estudos desenvolvidos naquele momento. Mesmo tendo sido

efetuado um estudo bibliográfico das bacias supracitadas, e correlacionando com os dados

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de campo, a autora reconhece que “os sedimentos analisados apresentam estruturas

sedimentares semelhantes, entretanto sabe-se que essas semelhanças podem ocorrer em

arenitos fluviais grosseiros independentemente da época de deposição dos mesmos” (grifo

da autora).

Apesar de afirmar não ter subsídios consistentes para associar os arenitos inferiores

do Vale do Cariri com os arenitos da Formação Tacaratu, objeto deste estudo, Feitosa

(1987) os considera em seu trabalho, como correlacionáveis, visto que esses arenitos já

estão consagrados na literatura como tal.

Alguns autores apontam que a ausência de fósseis nesses arenitos, é o principal

motivo da dificuldade de correlacioná-las como de mesma origem.

4.2.2. Sistema Deposicional

Os sedimentos da Formação Tacaratu já foram interpretados por Leite et al . (2001)

como um ciclo deposicional continental originado de um sistema fluvial entrelaçado

(braided), onde inicialmente predominou a fácies proximal com nítida influência de leques

aluviais, evoluindo para uma fácies mediana a distal, com características de planície de

inundação e retrabalhamento eólico.

Della Fávera (2001), analisando feições em canais entrelaçados, em depósitos

fluviais, diagnosticou que ocorrem de duas maneiras: a) disposição em corpos tabulares,

formados de pequenas camadas lenticulares, com arranjo de granodecrescência

ascendente a partir de depósitos conglomeráticos na base (lag ou depósitos residuais).

Quando inteiramente conglomeráticos, não se percebem estruturas internas, com exceção

de laminação incipiente. Quando esses sedimentos são arenosos, a estrutura predominante

é estratificação cruzada do tipo acanalada (festão); b) ausência total de depósitos de

transbordamento.

De acordo com o modelo apresentado por Della Fávera (2001), os arenitos

estudados apresentam semelhanças com canais entrelaçados (braided), quando arenosos.

Os modelos meandrante e entrelaçado são considerados como membros extremos

do sistema fluvial, entretanto, é comum na literatura a referência de modelos com

características intermediárias aos modelos extremos. Dentro desse contexto, pode-se citar

os trabalhos de Miall (1978, 1985 e 1996), entre outros. Na classificação formulada por Miall

(1978), são utilizados elementos arquiteturais por uma associação de fácies típica e por uma

geometria específica para cada elemento. Na descrição, é empregada uma classificação

que se fundamenta na caracterização dos aspectos litológicos desses depósitos. Nessa

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proposta, o autor considera as relações genéticas entre fácies e as condições

hidrodinâmicas responsáveis pela sua deposição (Tabela 01).

Tabela 01- Litofácies associadas a depósitos aluviais, segundo Miall (1978).

Código de Fácies

Litofácies Estruturas Sedimentares Interpretação

Gms Maciço com cascalho suportado por matriz

Agradacional Depósitos de fluxos de detritos

Gm Cascalho maciço ou pobremente acamado

Acamamento horizontal, imbricação

Barras longitudinais, depósitos residuais, depósitos tipo peneira (sieve)

Gt Cascalho estratificado Estratificação cruzada acanalada

Preenchimento de canais

Gp Cascalho estratificado Estratificação cruzada planar Barras longitudinais, crescimento deltaico de antigas barras remanescentes

St Areia média a muito grossa, podendo conter seixos

Estratificações cruzadas acanaladas isoladas ou agrupadas

Dunas (regime de fluxo inferior)

Sp Areia média a muito grossa, podendo conter seixos

Estratificações cruzadas planares isoladas ou agrupadas

Barras lingóides transversais e ondas de areia (regime de fluxo superior)

Sr Areia muito fina a grossa Marcas onduladas Ondulações (regime de fluxo inferior) Sh Areia muito fina a grossa,

podendo conter seixos Laminação horizontal, lineação de partição ou de fluxo

Fluxo acamado planar (regime de fluxo superior)

Sl Areia muito fina a grossa, podendo conter seixos

Estratificação cruzada de baixo ângulo (<10º)

Preenchimento de sulcos, erosão de topo de dunas, antidunas

Se Sulcos erosionais com intraclastos

Estratificação cruzada incipiente

Preenchimento de sulco

Ss Areia fina a muito grossa podendo conter seixos

Sulcos largos e rasos Preenchimento de sulco

Fl Areia, silte e lama Laminação fina, ondulações de amplitude muito pequena

Depósitos de transbordamento ou de decantação de enchentes

Fsc Silte, lama Laminada e maciça Depósitos de areias pantanosas Fcf Lama Maciça com moluscos de

água doce Depósitos de pântanos alagadiços

Fm Lama, silte Maciça com gretas de contração (ressecação)

Depósitos de transbordamento

C Carvão, lama carbonática Vegetais, película de lama Depósitos de pântano P Carbonatos Feições pedogenéticas Solos

Comparando-se as litofácies e estruturas sedimentares segundo Miall (1978), com

as estruturas presentes na área, interpreta-se que na denominada fácies B, ocorrem sete

litofácies as quais são: Gms, Gm, Gt, Gp, Sp, Sh, e Se, variando desde areia fina a grossa,

podendo conter cascalhos,seixos, com estruturas sedimentares do tipo estratificação

cruzada planar, e acanaladas, isoladas ou agrupadas, depósitos de fluxo da detritos,

truncamento de seixos com sulcos largos e rasos.

Em 1985, Miall apresentou um novo modelo usando um método de análise de

fácies, denominada de “Análise dos Elementos de Arquitetura”, onde caracterizou oito

elementos arquiteturais denominados de: (CH), canais; (GB), forma de leito do tipo barras

conglomeráticas; (SG), depósitos de fluxos gravitacionais; (SB), forma de leito arenosa;

(DA), macroforma de acresção frontal; (LA), depósito de acresção lateral; (LS), lençóis de

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areias laminados e (OF), depósitos finos de planície de inundação. Dentro desses

elementos arquiteturais, estão inseridas as assembléias de litofácies presentes em cada

uma delas, conforme apresentados na Tabela 02.

Analisando-se esses elementos arquiteturais (Tabela 02) de depósitos fluviais e

comparando-os com o modelo esquemático da construção desses elementos proposto por

Miall (1996) para rios entrelaçados, conclui-se que, na área estudada, ocorrem três

elementos arquiteturais dos oito definidos pelo autor, que são: (GB), formas de leito tipo

barras conglomeráticas; (SB), formas de leito arenosas; e (SG), sedimento de fluxo

gravitacional.

Tabela 02- Síntese dos Elementos Arquiteturais de Depósitos Fluviais, (modificada de Miall, 1985)

Elemento Arquitetural Símbolo Principais Assembléias de Litofácies

Geometria e relacionamentos

Canais CH Várias combinações Interdigitação, lente ou camadas; base erosional, côncava para cima; escala e forma altamente variáveis, superfícies internas de erosão secundárias côncavas para cima são comuns

Formas de leito tipo barras conglomeráticas

GB Gm, Gp, Gt Lente, lençol; corpos geralmente tabulares; geralmente interdigitado com SB

Formas de leito arenosas

SB Sp, Sh, Se Lente, camada, lençol, cunha; ocorre com o preenchimento de canal, crevasses splays, topo de barras

Microformas de acresção frontal

DA Sp, Sh, Se Lente repousando em superfície plana ou base dos canais, com superfícies internas de segunda ordem convexas para cima e superfícies limitantes superiores

Depósitos de acresção lateral

LA Sp, Sh, Se, sendo menos comum Gm, Gt e Gp

Cunha, camadas, lobo; caracterização por superfícies internas da acresção lateral

Sedimento de fluxo gravitacional

SG Gm, Gms Lobo, camada; tipicamente interdigitado com GB

Lençóis de areia laminados

LS Sh, Si, St menor proporção de Sp Sr

Camada e lençol

Depósitos finos de planície de inundação

OF Fm, Fi Lençóis finos a grossos; geralmente interdigitados com SB; pode preencher canais abandonados

Considerando-se que, na área, só ocorrem três elementos arquiteturais, só foram

inseridos na Tabela 02 as litofácies presentes na área em questão, de conformidade com o

que já foi definido anteriormente.

Na figura 12, está a representação do modelo da construção dos elementos GB,

SG e SB, conforme Miall (1996). Segundo o autor, esse modelo constitui um diagnóstico de

rios entrelaçados com baixa sinuosidade.

A grande maioria dos afloramentos identificados, na área, se encontra na

anteriormente denominada fácies B, com ciclos poucos espessos, apresentando

estratificação cruzada tabular e estratificação cruzada acanalada, representando pequenas

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barras longitudinais. Os paleopavimentos seixosos representam depósitos residuais de

canais, típicos de ambientes fluviais.

Os arenitos em questão, normalmente apresentam uma textura mais grossa que o

da fácies A, são imaturos a submaturos, mal selecionados, com ciclos de granodecrescência

ascendente. Esses arenitos (fácies B), também apresentam características que se

assemelham com depósitos de leques aluviais, representados pela alternância de níveis,

como os ciclos de granodecrescência ascendente, onde essas alternâncias representam

avanços e recuos de planície aluvial, devido à variação do nível de base.

Comparando-se com o modelo de Galloway & Hobday (1983), Figura 13, o modelo

deposicional granulométrico da área estudada se encontra na fácies definida como proximal,

intermediária ou mediana (Fácies B), constituída por arenitos com granulometria grossa a

média, com níveis conglomeráticos, estratificação cruzada tabular, estratificação cruzada

acanalada, tabular, e plano - paralela, e distal (Fácies A), na qual ocorrem depósitos com

granulometria média à fina.

GBSBSG

Figura 12- Modelo esquemático de rios entrelaçados conforme Miall (1996), com a construção dos elementos GB (barras cascalhentas), e SG (depósitos formados por fluxos gravitacionais e SB (formas de leitos arenosos).

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49

A

A

B

B

...............................

......................................

............

........

..............................................

............................................................

.....................................................................

..............

..............

...........................

...........................

. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .

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PROXIMAL INTERMEDIÁRIO DISTALConglomerados Maciços

Conglomerados e arenitoscom estratificação cruzada

tabular

Arenitos comestratificação

cruzada tabulare acanalada

Arenitos comestratificação

cruzada acanaladae plano-paralela

Depósitosde finos

Figura 13- Visão em planta e perfil longitudinal de um sistema de leque aluvial com a distribuição granulométrica em função da distância com a área fonte. (Galloway & Hobday, 1983), modificado.

A reconstrução paleoambiental da porção sul da Bacia do Jatobá através da análise

de fácies, elementos arquiteturais e paleocorrentes, indica que a configuração da área

estudada foi formada a partir de um grande sistema de leques aluviais dominados por rios

entrelaçados, gerados a partir de fluxos unidirecionais e gravitacionais de alta energia,

associados a porções proximais intermediárias e distais. Esses sedimentos adentraram para

bacia de sul para o seu depocentro, provocado pelo alçamento da borda sul (região de

Manari). O bloco diagrama do modelo deposicional da área está representado na Figura 14

de forma esquemática.

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Sul da bacia do Jatobá(região de Manari)

Embasamento Cristalino

Formação Tacaratu

Alçamento da borda Sul comprogradação do sistema deleques aluviais dominadopor rios entrelaçadossobre as porçõesdistais.

Figura 14- Modelo esquemático deposicional da Formação Tacaratu na Bacia do Jatobá.

.

4.2.3. Caracterização Faciológica

A descrição faciológica das rochas siliciclásticas da Formação Tacaratu que afloram

na área estudada fundamentou-se principalmente na caracterização macroscópica definida

por: textura, cor, estruturas sedimentares e geometria dos pacotes, medições de

paleocorrentes e composição mineralógica.

Com base nesse estudo e segundo a proposta de Miall (1978), foi possível definir

duas fácies principais A e B e sete litofácies pertencentes à Fácies B que são: (i)

Conglomerados suportados por matriz arenosa (Gms); (ii) Arenitos grossos, com seixos,

apresentando granodecrecência ascendente (Gm); (iii) Arenitos grossos com estratificação

cruzada tabular e cruzada acanalada, isolada e agrupada (Gt); (iv) Arenitos médios a

grossos com estratificação cruzada planar, cruzada acanalada e alternância nos níveis de

energia (Gp); (v) Arenitos médios com estratificação cruzada acanalada e tabular, com

truncamento de seixos (Sp); (vi) Arenitos médios a finos, maciços, com estratificação tabular

planar (Sh) e (vii) Arenitos médios apresentando sulcos erosionais com intraclastos (Se).

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51

4.3. ESTUDO PETROGRÁFICO

A composição mineralógica dos sedimentos siliciclásticos depende diretamente da

composição das rochas da área fonte da bacia de deposição. Além da disponibilidade

mineral na área, a estabilidade química e mecânica é fundamental no ambiente sedimentar.

Segundo Tucker (1991), os minerais formadores de rochas podem ser classificados quanto

à estabilidade química, em uma série, desde o mais estável ao menos estável, conforme a

Figura (15). Pode-se então concluir que a estabilidade física e química de um mineral é

inversamente proporcional às condições em que ele foi gerado.

Com base nos componentes minerais, os sedimentos podem ser classificados em

termos de sua maturidade composicional.

Os componentes detríticos de rochas sedimentares são: quartzo, feldspato, micas e

argilas, e minerais pesados.

Quartzo - Esse é um dos minerais mais estáveis e de maior abundância em arenitos.

Sendo relativamente duro e sem clivagens, é mecanicamente muito estável, e pode resistir a

considerável atrito durante o transporte.

Temperaturade Formação

EstabilidadeSedimentar

Plagioclásio (rico em Ca)Olivina

Piroxênio (augita)

Biotita (mica)

Anfibólio (hornblenda) Plagioclásio (rico em Na)

Ortoclásio

Microclina

Muscovita (mica)

Chert

Quartzo Zircão Turmalina

                Figura 15 - Principais minerais formadores de rocha em ordem crescente de estabilidade no ambiente sedimentar (Tucker, 1991).

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Feldspatos - O teor médio de feldspatos em arenitos está entre 5 a 15% (Folk,

1968), compreendendo dois grupos principais: potássicos e plagioclásios, sendo o primeiro

mais abundante que o segundo nas rochas sedimentares. A estabilidade mecânica do

feldspato é menor que o quartzo, visto que os feldspatos são menos duros e tem clivagens,

o que favorece a desintegração dos cristais durante o transporte.

Micas - Biotitas e muscovitas ocorrem como lâminas, as quais podem estar

concentradas ao longo de lentes e planos de acamamento. A muscovita é mais abundante

do que a biotita, por ser mais resistente ao intemperismo.

Argilominerais - Os argilominerais raramente são identificáveis ao microscópio

petrográfico, sendo necessárias técnicas analíticas mais avançadas, como por exemplo, a

difratometria de Raios-X, para a correta identificação. As argilas podem ser tanto detríticas

quanto autigênicas nos arenitos. Argilominerais detríticos refletem a geologia da área fonte,

clima, e processos de intemperismo.

Em alguns arenitos, a maior parte da matriz argilosa é formada pela compactação e

alteração de grãos instáveis. Esse tipo de matriz é chamado pseudomatriz, podendo ser

confundida com a matriz deposicional.

Minerais pesados - Correspondem aos minerais acessórios das rochas ígneas,

metamórficas e de rochas sedimentares mais antigas. Podem ser encontrados vários tipos

de minerais pesados: opacos (magnetita, hematita, e outros), ultraestáveis (zircão, turmalina

e rutilo) e menos estáveis (granada, apatita, cianita, e outros), conforme classificação de

Folk(1968).

O estudo dos minerais pesados pode fornecer indicações de proveniência e de

eventos geológicos na área fonte.

Segundo Hubert (1971) e Pettijohn (1975), existem relações entre os tipos de

minerais pesados e a litologia da área fonte. Certos minerais pesados como a granada,

epidoto e magnetita são derivados de terrenos metamórficos de baixo e alto grau. Enquanto

zircão, turmalina e rutilo indicam fontes ígneas, metamórficas de alto grau, pegmatitos ou

mesmo autigênicos. Vai depender de que forma ocorre, como por exemplo: forma do grão,

arredondamento e cor, para dessa forma definir sua origem.

Fragmentos de rocha - A composição dos fragmentos de rocha depende

basicamente da geologia da área fonte e da durabilidade das partículas durante o

transporte. Em arenitos, os fragmentos mais comuns são:

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• rochas sedimentares de tamanho grão fino, e metassedimentares como

siltito, pelito e micaxisto;

• rochas sedimentares silicosas como o chert (quartzo policristalino);

• rochas ígneas vulcânicas e plutônicas.

Os fragmentos de rochas em arenitos dão informações muito específicas sobre a

proveniência de um depósito, se eles puderem ser relacionados a uma formação fonte.

Fragmentos de rocha são geralmente derivados de rochas supracrustais que sofreram

rápido soerguimento e erosão.

4.3.1. Aspectos Petrográficos da Formação Tacaratu

Foram analisadas neste trabalho 20 lâminas delgadas no microscópio petrográfico,

com intuito principal de se estudar a proveniência das áreas fontes dos arenitos da

Formação Tacaratu.

A classificação dos litotipos foi baseada no diagrama de Folk (1968), cujos dados

essenciais para sua determinação são as proporções relativas de quartzo, feldspato e

fragmentos líticos.

Para definição dos litotipos, considerou-se neste trabalho fragmentos de chert como

líticos. O quartzo monocristalino (Qm), policristalino (Qp) e o semicomposto (Qs) foram

considerados como quartzo, baseado na proposta de Folk (1968). Alguns autores incluem o

Qp como fragmentos líticos (Basu et al.1975 e Scholle, 1979);outros incluem as micas

também como líticos, não considerados aqui.

Para classificação genética dos tipos de grão de quartzo, utilizou-se a classificação

de Krynine (1940).

A análise modal calculada foi realizada através de travessias norte /sul na lâmina,

utilizando-se para isso, as duas escalas existentes (charriot) do microscópio eletrônico. Foi

efetuada a contagem em separado das variedades de quartzo, feldspatos e fragmentos

líticos, além das micas e minerais pesados, totalizando em torno de 200 grãos por seção

delgada.

Foram identificados os constituintes principais e acessórios e definidos a

granulometria, arredondamento, contato entre os grãos e cimento, como também a

maturidade mineralógica e textural desses arenitos, conforme pode ser observado na Tabela

03.

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Tabela 03 - Análise microscópica dos arenitos da Formação Tacaratu.

Lâmina Generalidades Arcabouço Cimento Empacotamento Maturidade Mineralógica

Maturidade Textural

Classificação (Folk 1968)

PCR 03 Arenito médio, moderadamente selecionado, com grãos subangulosos a subarredondados.

Qz mono e policristalino, com extinção reta (imediata) (maioria) e ondulante. Fragmento de rocha, opacos e minerais pesados.

Silicoso (principal), e caulinita?.

Fechado (contatos côncavo/convexoe suturado).

Matura Submatura Arenito Sublítico

PCR 04A

Arenito médio a grosso, pobremente selecionado, com grãos angulosos a subangulosos.

Qz monocristalino, com extinção reta (imediata) e poucos policristalinos. Muscovita deformada, opacos e frag. de rocha. Grãos de quartzo em alguns pontos orientados.

Silicoso. Alguns trechos ferruginosos.

Fechado Supermatura Submatura Quartzo Arenito

PCR 5A Arenito médio, com grãos muito angulosos a angulosos moderadamente selecionados.

Qz mono/policristalino, equante, poucos frag. de rocha, alguns opacos e muscovita deformada.

Silicoso Fechado (contatos côncavo/convexo).

Supermatura Submatura Quartzo Arenito

PCR 05B1

Arenito grosso, com alguns grãos conglomeráticos, pobremente selecionado, com grãos subangulosos a subarredondados.

Qz mono /policristalino, c/ ext. reta (imediata) e ondulante. Alguns qz fraturados. Qz semicomposto e cloritização da biotita. Minerais pesados (turmalina)

Silicoso (principal) e calcedônia fibrosa.

Fechado (contatos côncavo/convexo e suturados).

Supermatura Submatura a Matura

Quartzo Arenito

PCR 5B2

Arenito fino a médio, moderadamente selecionado, com grãos angulosos a subangulosos.

Qz mono e policristalino, c/ extinção reta (imediata) (principal), alguns opacos, fragmento de rocha e muscovita dobrada.

Silicoso Fechado Matura Submatura Arenito Sublítico

PCR 08A

Arenito médio a grosso, pobremente selecionado, com grãos angulosos a subangulosos.

Qz mono e policristalino, feldspato (plagioclásio e microclina), apresenta pertita. Minerais pesados, óxido de ferro, poucos fragmentos de rocha.

Silicoso e ferruginoso

Frouxo (contatos pontuais e côncavo/convexo).

Matura Submatura Subarcósio

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Tabela 03 - Análise microscópica dos arenitos da Formação Tacaratu.

Lâmina Generalidades Arcabouço Cimento Empacotamento Maturidade Mineralógica

Maturidade Textural

Classificação (Folk, 1968)

PCR 08B Arenito médio a grosso, moderadamente selecionado, grãos subangulosos a subarredondados.

Qz mono e policristalino, pouca muscovita, feldspato (microclina e plagioclásio), fragmento de rocha, turmalina e epidoto (grão composto e alguns fraturados).

Silicoso Fechado (contatos côncavo/convexo e suturado).

Matura Submatura Subarcósio

PCR 09A Arenito médio, pobremente selecionado, grãos angulosos a subangulosos.

Qz mono e policristalino, equante (origem metamórica) muitos opacos, minerais pesados (zircão e turmalina).

Silicoso e ferruginoso.

Fechado Matura Submatura Arenito Sublítico.

PCR 09B Arenito médio, pobremente selecionado, grãos subangulosos a subarredondados.

Qz mono, policristalino com extinção ondulante predominante. Qz rutilado, Qz com inclusões fluidas e muscovitas.

Silicoso e argila infiltrada tangenciando alguns grãos?.

Fechado (côncavo/convexo, suturados e tangenciais).

Supermatura Submatura Quartzo Arenito

PCR 10 Arenito médio a grosso, moderadamente selecionado, grãos angulosos a subangulosos.

Qz mono e policristalino, alguns c/ inclusões de rutilo, e qz fraturados. Muitas muscovitas encurvadas, alguns opacos, e feldspato sericitizado.

Silicoso Fechado Supermatura Submatura Quartzo Arenito

PCR 17A Arenito médio, pobremente selecionado, grãos angulosos a subangulosos.

Qz mono (dominante), policristalino de origem metamórfica, fragmento de rocha, poucas pertitas, muscovitas e opacos.

Silicoso e ferruginoso.

Normal Matura Submatura Arenito Sublítico.

PCR 17B Arenito médio, pobremente selecionado, grãos angulosos a subangulosos.

Qz mono e policristalino, fragmentos de rocha, opacos, muscovitas, qz rutilado.

Silicoso Fechado Matura Submatura Arenito Sublítico

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Tabela 03 - Análise microscópica dos arenitos da Formação Tacaratu.

Lâmina Generalidades Arcabouço Cimento Empacotamento Maturidade Mineralógica

Maturidade Textural

Classificação (Folk, 1968)

PCR 18 Arenito grosso, moderadamente selecionado, grãos angulosos a subangulosos.

Qz monocristalino, equante, Qz poli (de origem metamórfica). Minerais pesados e opacos.

Parte silicoso, e parte calcedônia fibrosa (menor proporção).

Normal Supermatura Submatura Arenito Sublítico

PCR 40A

Arenito grosso, moderadamente selecionado, grãos subangulosos (maioria) a subarredondados.

Qz monocristalino xenomórfico com extinção reta (imediata), muito fraturado. Qz poli e semicomposto com inclusão de opacos, e pesados (zircão e turmalina).

Silicoso (predominante) e ferrugioso.

Frouxo Supermatura Submatura Quartzo Arenito

PCR 40B

Arenito grosso, pobremente selecionado, grãos subangulosos a subarredondados

Qz monocristalino, extinção reta (imediata). Poucos policristalinos. Poucos opacos. Minerais pesados (zircão). Qz bastante fraturado.

Silicoso Normal Supermatura Submatura a Matura

Quartzo Arenito

PCR 46 Arenito médio a grosso, grãos subangulosos a subarredondados, moderadamente selecionado.

Qz mono, policristalino e semicomposto. Microclina e plagioclásio sericitizados. Alguns opacos.

Silicoso e calcedônia fibrosa.

Fechado Supermatura Matura Quartzo Arenito

PCR 53 Arenito médio, grãos subangulosos a subarredondados , bem selecionados.

Qz mono e policristalino, alguns de origem metamórfica, Qz semicomposto. Qz com inclusão de rutilo e pouca mica.

Ferruginoso (predominante) e silicoso.

Fechado Supermatura Matura Quartzo Arenito

PCR 63A

Arenito médio, grãos angulosos/subangulosos, moderadamente selecionado.

Qz monocristalino, fragmento de rocha, minerais pesados, poucos opacos.

Ferruginoso e silicoso

Normal Supermatura Submatura Arenito Sublítico

PCR 63B

Arenito grosso, grãos subangulosos a subarredondados, moderadamente selecionado.

Qz mono, policristalino e semicomposto. Microclina sericitizada, poucas micas, alguns opacos.

Ferruginoso Normal Supermatura Submatura Arenito Sublítico

PCR 64 Arenito médio a grosso, pobremente selecionado, grãos subangulosos a subarredondados.

Qz mono, policristalino, chert de origem de zona de cizalhamento, e origem metamórfica. Muscovita e minerais pesados.

Silicoso Fechado Supermatura Submatura a Matura

Quartzo Arenito

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Composição Detrítica O quartzo é o componente detrítico predominante, com extinção reta (imediata),

(principal) e poucos com extinção ondulante. A granulação varia de fina a média (menor

quantidade), e de média a grossa, predominando os arenitos de granulação grossa, com

índices de clasticidade em torno de 60%.

Os grãos, em sua maioria, são angulosos a subangulosos, mas algumas amostras

apresentam grãos subangulosos a subarredondados. Sua seleção granulométrica varia de

moderada a pobre, e matriz com menos de 5% de argila. De acordo com os parâmetros

encontrados, as amostras apresentam uma maturidade textural classificada como

submatura, em 75% desses arenitos.

O quartzo é principalmente monocristalino (60%), predominando os fragmentos do

tipo plutônico, podendo ser derivados de granitóides ou do tipo reciclado. Em segundo lugar,

tem-se o quartzo policristalino (17%) com extinção ondulante e, em terceiro com 3%,

aparecem os semicompostos.

Nos Qm, os grãos são xenomóricos, alguns apresentando inclusões de rutilo (Foto

04, Prancha 2b), muscovita e turmalina (Foto 04, Prancha 3b), zircão (Foto 05, Prancha 4b).

Alguns grãos são fraturados, e as fraturas preenchidas por sílica.

Os litotipos possuem poucos espaços intergranulares, com predomínio de contatos

côncavo-convexo, evidenciando alta compactação, com empacotamento fechado.

Os Qp ocorrem em todas as amostras, com predominância do tipo metamórfico e

composto deformado (sheared-quartz) de acordo Krynine (1940) e Scholle (1979). O tipo

composto metamórfico é o predominante, constituindo-se de um mosaico de vários grãos

com bordas retas. Apresentam individualização dos grãos e exibem contatos suturados,

sugerindo o tipo metamórfico xistoso de Krynine (1940), com abundantes inclusões de mica.

O tipo composto deformado, milonítico ou estirado (Scholle, 1979) apresenta

evidente orientação e estiramento dos grãos individuais, com contornos irregulares e

suturados. Os grãos por vezes apresentam uma orientação preferencial. Alguns desses

policristalinos chegam a atingir cerca de 1,60mm, com predomínio de extinção ondulante

(Foto 03, Prancha 2a) e grãos subarredondados, podendo representar fonte que sofreu alto

grau de deformação e / ou metamorfismo.

Os grãos de quartzo do tipo semicomposto ocorrem em menor proporção que os

policristalinos de variedade metamórfica ou milonítica. Consistem em dois ou mais grãos,

com evidências de recristalização, por apresentarem contatos bem formados entre os grãos

(retos e poliedrais). Essa variedade de quartzo com predomínio de extinção ondulante indica

origem de fonte de veios e filões hidrotermais (quartzo leitoso).

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Os grãos de feldspatos são pouco abundantes nesses arenitos. E quando ocorre, o

percentual tanto das variedades de plagioclásio como da microclina não ultrapassa 3% do

total da rocha. Em média o percentual de ocorrência é de 1,5% dos dois tipos existentes.

Desses dois tipos encontrados, a microclina ocorre com maior freqüência, com

poucos grãos frescos, mas identificados por sua geminação em grade (xadrez),

característica. Alguns são alterados, mostrando-se turvos, dificultando sua identificação.

Constituem-se em grãos subédricos a anédricos, e na maioria das vezes encontram-se

sericitizados

O plagioclásio apresenta-se mais fresco que o microclina e predominam os grãos

subarredondados, e comumente incluso em grãos de Qz policristalino (Foto 05, Prancha

3b).

Os fragmentos líticos ocorrem na mesma proporção que os feldspatos, com um

percentual em torno dos 3%, disseminados no arcabouço desses arenitos. Aparecem

principalmente clastos de chert com grãos subarredondados a arredondados com

dimensões entre 0,4 a 0,8mm. Outros fragmentos encontrados são basicamente quartzosos,

prováveis litoclastos metamórficos (quartzitos), e fragmentos micáceos (xistos), orientados

segundo o alongamento dos grãos.

As micas são representadas praticamente pela muscovita, ocorrendo em 95% das

lâminas, com um percentual de 7%. Frequentemente aparecem encurvadas, deformadas,

evidenciando possivelmente efeitos de compactação ou maior grau de diagênese. Elas

ocorrem em grandes lamelas (Foto 03, Prancha 4a), às vezes tangenciando os grãos de

quartzo e, em outros momentos, inclusas nos quartzos em pequenas palhetas.

Normalmente estão concentradas, ou apresentando uma direção preferencial. Mais

raramente ocorre a biotita, a qual se apresenta com as extremidades abertas, indicando

alteração (cloritização).

Muscovitas e biotitas são derivadas de várias rochas ígneas, mas provêm

principalmente de rochas metamórficas como filitos e xistos. Embora a biotita seja mais

comum na área fonte do que a muscovita, esta última é mais estável quimicamente e, logo

mais comum.

Nem sempre os argilominerais são identificados ao microscópio petrográfico.

Normalmente se utilizam técnicas mais avançadas para identificá-los, como por exemplo, a

difratometria de Raios-X ou a Catodoluminescência. No microscópio percebeu-se em

algumas poucas lâminas, a presença de um argilomineral provavelmente caulinita e illita.

Os minerais pesados opacos encontrados foram a titanita, magnetita e hematita,

representando 9% do arcabouço e os grãos não opacos mais comuns são o zircão,

turmalina, epidoto e rutilo. Apesar desses últimos constituírem apenas 1% do arcabouço, a

presença desses minerais é constante, principalmente o zircão e a turmalina.

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Os minerais pesados ultraestáveis ocorrem em forma de grãos, em sua maioria

prismáticos, com arestas arredondadas. O rutilo só ocorre em forma de agulhas, como

inclusão no quartzo (Foto 04, Prancha 2b).

Os grãos de turmalina são maiores que o de zircão às vezes com cristais medindo

0,48mm, de cor normalmente esverdeada, azulada, prismáticos (Fotos 01 e 02 Prancha 4a).

Ora ocorrem isolados, ora inclusos em grãos de quartzo (Fotos 01 e 02 Prancha 5), com

pequenas dimensões.

Os grãos de epidoto são menos abundantes do que o de zircão e a turmalina, e sua

forma de ocorrência é disseminada entre os grãos de quartzo, com grãos arredondados

(Fotos 05 e 06 Prancha 2b). O zircão normalmente aparece incluso nos grãos de quartzo, de

forma prismática (Fotos 01 e 02 Prancha 3a).

O estudo dos minerais pesados pode fornecer indicações de proveniência e eventos

geológicos na área fonte. Segundo Hubert (1971) e Pettijohn (1975), certos minerais

pesados como o epidoto, são derivados de rochas metamórficas de alto grau ou de rochas

ígneas máficas. Enquanto zircão e turmalina indicam fontes de sedimentos retrabalhados

(zircão), rochas metamórficas de alto grau, autigênicos, e de pegmatitos (turmalina azul),

como também de fontes ígneas (turmalina rósea e zircão euédrico).

A cimentação presente é principalmente silicosa e ferruginosa em menor proporção.

O cimento silicoso ocorre como crescimento secundário de quartzo, em mosaico

intergranular, e em forma de calcedônia fibrosa.

O cimento ferruginoso ocorre em torno dos grãos (Fotos 01 e 02, Prancha 1a, e

Fotos 05 e 06, Prancha1b), em forma de películas e franjas, às vezes de cor bem

avermelhada (óxido de ferro), às vezes amarelada.

A presença de cimento principalmente silicoso e de cimento ferruginoso, indica

condições climáticas diagenéticas secas ou semi-áridas.

O empacotamento, em sua maioria (13 lâminas) é fechado, expresso pelos contatos

entre os grãos côncavo-convexos, planares e alguns suturados (Foto 01, Prancha 3a).

Quatro lâminas apresentaram como resultado, um empacotamento normal, e só uma lâmina

apresentou um empacotamento frouxo, expresso por contatos pontuais, em sua maioria.

Com base nesses resultados, pode-se afirmar que tal arranjo do arcabouço (fechado

e normal), significa um efeito maior da compactação da rocha, provavelmente relacionado a

um maior soterramento.

 

 

 

 

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60

 

Mc 

Qz

cimento cimento

opacos 

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A maturidade mineralógica foi expressa pela presença de minerais pesados, e

pela quantidade de quartzo no arcabouço, com base na proporção de minerais estáveis

ME≥ 90%. Com base nessa proporção, os resultados indicaram tratar-se de rochas

supermaturas (65% dos arenitos) e as 35% restantes foram classificadas como sendo

maturas (ME <90%).

A maioria das amostras possui maturidade textural considerada submaturas

(75%), em função do conteúdo de argila (< 5%), seleção granulométrica e arredondamento.

As demais amostras analisadas (25%) foram classificadas com maturas (pouca ou nenhuma

argila), com grãos subarredondados e moderadamente selecionados a bem selecionados.

A classificação dos litotipos foi baseada no diagrama de Folk (1968), Figura 16,

com os seguintes resultados: 50% das amostras foram classificadas como Quartzo Arenito.

Em segundo, com 40%, ocorrem os Arenitos Sublíticos e, por fim, com 10% os Subarcósios.

QUARTZO (%)

FELDSPATO (%) FRAGMENTOS DE ROCHA (%)

0 50

75

95

CLASSIFICAÇÃO DE ARENITOS (FOLK, 1968)

1 - Quartzo-arenito2 - Subarcósio3 - Arenito sublítico4 - Arcósio5 - Arcósio lítico6 - Arenito lítico-feldspático7 - Arenito lítico

1000

5050

100

0 100

 

Figura 16- Composição do arcabouço de 20 (vinte) amostras da Formação Tacaratu.

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A análise por difração de raios–X, é efetuada através da estrutura da rede

cristalina. A clivagem basal e a estrutura em leitura fornecem os necessários elementos para

que haja reflexão de raios -X com espaçamento (001, 002, etc.).

No caso das argilas, em função da sua granulometria de dimensão < 2µ (0,002 mm)

é utilizada a radiocristalografia, que determina as distâncias interplanares do retículo

cristalino (d h k l ) medida em A°. A distância interplanar basal distingue os grupos:

a) 7 A°- Caulinita, nacrita, diquita e haloisita.

b) Grupo de 9,3 A°- Minerais filossilicatos

c) Grupo de 10-11 A°- Micas

d) Grupo de 12-15 A°- Montmorilonita, clorita e vermiculita.

Das 08 (oito) amostras analisadas por esses difratogramas, revelou-se que a fração

fina é constituída por caulinita em cinco amostras. O quartzo é o mineral dominante em

todas as amostras, com ocorrência exclusiva em 03 delas.

4.4. PROVENIÊNCIA E AMBIENTE TECTÔNICO

A maturidade mineralógica de um arenito reflete basicamente os processos de

intemperismo na área fonte e o grau e extensão de retrabalhamento e transporte.

Sedimentos composicionalmente imaturos estão localizados perto da sua área fonte.

Entretanto, sedimentos imaturos podem também ser produto de transporte rápido a

partir de uma área-fonte com intemperismo químico e físico limitado, e de uma deposição

com pouco retrabalhamento. Exemplos deste caso são sedimentos fluviais próximos da

fonte.

No caso dos sedimentos supermaturos a submaturos, que são os arenitos da

unidade analisada, os mesmos são o produto final de intenso intemperismo, ou de abrasão

intensa e retrabalhamento. Esses estágios da maturidade mineralógica são reflexos também

das condições deposicionais e de transporte, mas também da natureza das rochas-matrizes,

e diagênese.

Segundo Remus et al. (2008), o intemperismo químico, de modo geral, causa o

empobrecimento dos minerais instáveis originalmente presentes na rocha fonte, devido a

dissolução seletiva, ocasionando um aumento relativo dos minerais mais estáveis na

assembléia dos sedimentos clásticos. A duração do intemperismo químico diretamente

relacionado ao relevo da área fonte e disponibilidade de água, é um fator importante na

determinação dos produtos gerados.

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Quanto maior o relevo, maior a velocidade de erosão e deposição, e menor o tempo

de exposição do grão aos agentes intempéricos.

Quanto menor o relevo, menor a velocidade de erosão e deposição, e maior o tempo

de exposição do grão aos agentes intempéricos.

A composição detrítica de arenito baseada em estudos microscópicos, requer que

sejam conhecidos os percentuais de cada um dos tipos de grãos presentes na rocha, e pode

ser relacionada mais precisamente a sua área fonte e seu ambiente tectônico.

No trabalho de Dickinson et al. (1983) e Dickinson (1985), sobre os tipos de

proveniência, os autores dividem os arenitos em quatro principais terrenos de proveniência

que são: Cratón estável, Soerguimento do Embasamento, Arco Magmático e Reciclagem

orogenética, conforme Tabela 04.

Tabela 04- Tipos de Proveniência tectônica, ambientes geotectônicos correspondentes e composição das areias geradas, segundo Dickinson et al. (1983) e Dickinson (1985).

Tipos de Proveniência Ambiente Tectônico Composição das Areias Geradas

Cratón Estável Intracontinental ou plataforma passiva

Areias quartzosas (ricas em Qt) com altas taxas de Qm /Qp e K /P.

Soerguimento do Embasamento Rifte ou ruptura transformante

Areias quartzo-feldspáticas (Qm-F) pobres em Lt e Qp, similares à área fonte.

Arco Magmático Arco de ilhas ou arco continental Areias feldspático-líticas (F-L) vulcanoclásticas com altas razões P/K e Lv/Ls, gradando para areias quartzo-feldspáticas derivadas de batólitos.

Reciclagem Orogenética Cinturão orogênico ou complexo de subducção

Areias quartzo-líticas (Qt-Lt) ricas em Ls (sedimentares e meta-sedimentares), pobres em F e Lv, com razões variáveis de Qm /Qp e Qp /L.

Classificação e símbolos dos tipos de grãos (Dickinson, 1985)

A. Grãos Quartzosos (Qt = Qm +Qp); B Grãos Feldspáticos (F= P+K) e C. Fragmentos Líticos Instáveis

Qt= total de quartzosos F= total de grãos de feldspatos L= total de fragmentos líticos instáveis

Qm= quartzo monocristalino P= grãos de plagioclásio Lv= fragmentos líticos vulcânicos/ metavulcânicos

Qp= quartzo policristalino K= grãos de K- feldspato Ls= fragmentos líticos sedimentares /metassedimentares

Crátons estáveis de baixo relevo geralmente produzem areias quartzosas, a partir do

embasamento granítico-gnáissico e da reciclagem dos estratos inferiores que são

depositados sobre o cráton ou transportados para as bacias sedimentares.

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Regiões de soerguimento do embasamento são áreas de alto-relevo ao longo de

riftes e zonas de transcorrência, são constituídas dominantemente por sedimentos quartzo-

feldspáticos, pobres em fragmentos líticos, são depositadas em bacias extensionais e de

pull-apart.

Arcos magmáticos produzem areias com alto conteúdo de fragmentos de rochas

vulcânicas, e ao passo que eles são dissecados até suas raízes plutônicas, depósitos

quartzo-feldspáticos são produzidos. Assim resultam em um trend vulcânico-plutônico.

Na reciclagem orogenética, os sedimentos são variados em sua composição,

refletindo os diferentes tipos de orógenos (colisão continente-continente ou continente-

oceano). Sedimentos de reciclagem orogenética podem preencher bacias oceânicas

remanescentes, ou ainda ser capturados por sistemas fluviais e ser transportados para

bacias mais distantes, em ambientes tectônicos diferentes.

De acordo com os resultados encontrados nas amostras dos arenitos analisados

com um percentual de 60% de quartzo monocristalino (Qm) do total do arcabouço, e 20%

de quartzo policristalino (Qp), demonstram tratar-se de areias quartzosas ricas em Qt com

altas razões de Qm /Qp.

Entre os feldspatos, a proporção do tipo plagioclásio e microclina são praticamente

iguais e ocorre com apenas 3% do total do arcabouço. Os fragmentos líticos também são

escassos nesses arenitos, presentes com um percentual semelhante aos feldspatos,

contribuindo com 3%. Os fragmentos líticos encontrados são basicamente quartzosos,

provável litoclasto metamórfico (quartzitos), e outros são micáceos (xistos). Mas os

principais são fragmentos de chert.

Segundo De Ros (1985), a escassez de fragmentos líticos em arenitos, é oriunda do

retrabalhamento continuado e da granulometria comumente grossa da fonte principal.

Os minerais acessórios mais representativos são as muscovitas, constituindo 7% do

arcabouço, com ocorrência de lamelas frescas, encurvadas, por efeito da compactação. A

biotita quando presente é alterada (cloritizada).

Os minerais pesados opacos são bem representativos nesses arenitos, contribuindo

com 9% do arcabouço, representado por titanita, magnetita e hematita. Já os ultraestáveis,

apesar de ocorrer com apenas 1%, são constantes, sobretudo zircão e turmalina. O epidoto

é o mineral pesado menos abundante desse contexto.

Dos quatro tipos de proveniência proposto por Dickinson et al.(1983) e Dickinson

(1985), o modelo que se aproxima da composição detrítica analisada tem sua proveniência

de um Cratón estável, com evento tectônico de muito pouca intensidade na borda da bacia.

A composição desses arenitos não está condicionada somente à natureza da rocha-

matriz, mas também à tectônica e secundariamente ao clima e relevo da área fonte, bem

como ao transporte, ambiente de sedimentação e à diagênese.

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As características mineralógicas desses arenitos evidenciam fonte a partir de rochas

metamórficas de alto grau e rochas ígneas pertencentes ao embasamento cristalino,

situados na porção sul da bacia, evidenciadas pela abundância de quartzo, além de outros

minerais constantes nessas rochas como a muscovita, zircão, turmalina e epidoto. O clima e

o relevo da área fonte, da mesma forma que o transporte e o ambiente deposicional, tiveram

parcelas de atuação variáveis.

O clima quente e úmido e a área fonte provavelmente com relevo baixo são

evidenciados pelo intemperismo dos feldspatos e da biotita, minerais quimicamente

instáveis.

As fontes do material sedimentar de origem ígnea plutônica e metamorfisadas em

alto grau serviram como fonte dos grãos de quartzo monocristalino, dos fragmentos

metamórficos micáceos e xistosos e dos minerais pesados (zircão, turmalina e epidoto).

As muscovitas chegaram à bacia de deposição com pouca ou nenhuma alteração

intempérica, indicando que esses fragmentos sofreram pouco transporte, curto tempo de

exposição ao ambiente sedimentar, o que implica em processos de transporte e deposição

bastante rápidos.

A textura dos grãos, em sua maioria subangulosos, indica também que esses

fragmentos sofreram pouco transporte desde a área fonte até a bacia.

4.5. DIAGÊNESE

Diagênese é por definição os processos que ocorrem desde o final da deposição dos

sedimentos, até as transformações por metamorfismo ou destruição por erosão.

Segundo Tucker (1991), os processos diagenéticos que afetam as rochas estão

divididos em dois estágios principais: a diagênese precoce, que envolve os processos que

ocorrem desde a deposição até o soterramento raso, e a diagênese tardia, que envolve os

processos que afetam os sedimentos a grandes profundidades e no soerguimento. Os

termos eodiagênese, mesodiagênese e telodiagênese têm sido usados para a diagênese

precoce, a diagênese profunda e a diagênese de soerguimento, respectivamente.

Conforme De Ros & Moraes (1984), a sequência diagenética dos arenitos de uma

dada bacia é programada por fatores de pré-soterramento como proveniência, ambientes

deposicionais e situação tectônica. Esses autores concluem nesse trabalho, que o grupo de

arenitos quartzosos ou quartzoarenitos são compostos por um arcabouço físico-

quimicamente estável e uniforme e, consequentemente, caracterizado por uma evolução

diageneticamente homogênea e ionicamente “mais pobre”, desenvolvida em ambientações

intra ou peri-cratônicas. Já os arenitos líticos e seus produtos diagenéticos são

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caracterizados por arcabouços físico-quimicamente instáveis sob condições diagenéticas e

extremamente heterogêneos composicionalmente, com grandes variações do conteúdo

iônico e, portanto, na evolução diagenética em ambientações peri-orogênicas, peri-arco e ou

eugeossinclinais.

Ainda conforme esses autores, os estágios diagenéticos estão subdivididos em

eodiagênese, e mesodiagênese, envolvendo sete fases principais: processos eogenéticos

aditivos; compactação mecânica; compactação química, crescimentos secundários de

quartzo; e feldspato; cimentação calcítica; geração de porosidade secundária e redução da

porosidade secundária.

Através do estudo petrográfico e da análise de difratometria de raios-X, a história

diagenética dos arenitos da Formação Tacaratu foi desenvolvida nos regimes

eodiagenéticos, mesodiagenéticos e telodiagenético.

O regime eodiagenético foi marcado inicialmente pela presença do cimento de óxido

de ferro, de cor avermelhada, em forma de películas. Esse cimento pode ter sido originado

quando o sedimento recém-depositado estava em contato com o meio ambiente.

O segundo estágio foi marcado pela compactação mecânica, resultando na presença

constante de micas encurvadas e rotacionadas.

No final da eodiagênese e início da mesodiagênese, o soterramento e a

compactação química tornaram-se mais efetivos, desencadeado por contatos côncavo-

convexos e suturados dos grãos, com empacotamento fechado, e interpenetração dos

grãos.

O início da mesodiagênese foi representado por crescimento secundário de quartzo

(escassos) e cimentação silicosa.

A cimentação calcítica não foi observada, bem como a geração de porosidade

secundária.

O ambiente telodiagenético (ou intempérico) atuou intensamente sobre esses

depósitos, modificando suas características. Os minerais instáveis sofreram maior alteração

sob condições do clima atual, quente e úmido.

Os grãos de feldspatos pouco e muito alterados são observados nas lâminas

delgadas sempre juntos. A exposição desses minerais ao intemperismo atual intensificou

sua alteração, produzindo feldspatos parcialmente sericitizados ou caulinizados (esse último

confirmado pela difratometria de raios-X).

O cimento ferruginoso, a caulinita e a ausência de cimento carbonático, evidenciaram

esse ambiente telodiagenético.

A diagênese desses arenitos varia de média a forte, em decorrência dos contatos

entre os grãos, pela presença de micas encurvadas, ou dobradas, e pela silicificação

presente.

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Essas rochas sofreram algumas modificações na composição do arcabouço quando

foram submetidas à diagênese. Houve perda no conteúdo dos feldspatos, fragmentos líticos,

minerais acessórios finos, devido aos processos de substituição e dissolução que ocorreram

após a deposição desses sedimentos.

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5. CONCLUSÕES

Os arenitos da Formação Tacaratu possuem composição quartzo areníticos em sua

maioria seguida por arenito sublítico e subarcósios em menor proporção.

O quartzo é o componente detrítico predominante, com extinção reta. Sua

granulação varia de fina a média (menor quantidade), e de média a grossa. Predominando

os arenitos de granulação grossa, com índices de clasticidade em torno de 60%. Os grãos

em sua maioria são angulosos a subangulosos e as amostras apresentam uma maturidade

textural classificadas com submaturas (menos de 5% de argila), em 75% desses arenitos.

O quartzo é principalmente monocristalino (60%), predominando os fragmentos do

tipo plutônico, podendo ser derivados de granitóides ou do tipo reciclado. Em segundo, vem

o quartzo policristalino (20%) com extinção ondulante. De acordo com os resultados

encontrados nas amostras desses arenitos, demonstram tratar-se de areias quartzosas ricas

em Qt com altas razões de Qm /Qp. São classificadas segundo sua maturidade

mineralógica como rochas supermaturas a maturas, conforme a classificação de Folk

(1968).

A proveniência das rochas da Formação Tacaratu corresponde ao ambiente

tectônico de Cráton estável, na classificação de Dickinson (1985). As características

mineralógicas desses arenitos evidenciam fonte a partir de rochas metamórficas de alto grau

e rochas ígneas pertencentes ao embasamento cristalino, situados na porção sul da bacia,

evidenciados pela abundância de quartzo, além de outros minerais constantes nessas

rochas como a muscovita, zircão, turmalina e epidoto.

A história diagenética desses arenitos foi desenvolvida nos regimes eodiagenético,

mesodiagenético e telodiagenético.

O regime eodiagenético foi marcado inicialmente pela presença do cimento de óxido

de ferro. Esse cimento pode ter sido originado quando o sedimento recém-depositado

estava em contato com o meio ambiente. O segundo estágio foi marcado pela compactação

mecânica, resultando na presença constante de micas encurvadas e rotacionadas.

No final da eodiagênese e início da mesodiagênese, o soterramento e a

compactação química tornaram-se mais efetivos, desencadeado por contatos côncavo-

convexos e suturados dos grãos, com empacotamento fechado, e interpenetração dos

grãos.

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O início da mesodiagênese foi representado por crescimento secundário de quartzo

(escassos) e cimentação silicosa.

O ambiente telodiagenético (ou intempérico) atuou intensamente sobre esses

depósitos, modificando suas características. Os minerais instáveis sofreram maior alteração

sob condições do clima atual, quente e úmido. Os grãos de feldspatos foram os mais

afetados nesse processo, produzindo feldspatos sericitizados ou caulinizados.

Essas rochas sofreram algumas modificações na composição do arcabouço quando

foram submetidas à diagênese. Houve perda no conteúdo dos feldspatos, fragmentos líticos,

minerais acessórios finos, devido aos processos de substituição e dissolução que ocorreram

após a deposição desses sedimentos.

Com relação às semelhanças entre as formações Tacaratu (Bacia do Jatobá) e

Mauriti (Bacia do Araripe) conclui-se que ambas tiveram uma proveniência de um Cratón

estável. Os resultados do Araripe foram baseados nos dados de Feitosa (1987).

A título de sugestões para trabalhos posteriores entende-se que são importantes os

seguintes estudos: (i) catodoluminescência e microscopia eletrônica de varredura, (ii)

estudos petrofísicos e, (iii) detalhar a área de ocorrência da janela estrutural, na base da

Serra do Manari, para assim definir com precisão esse contato de extrema importância

geológica estratigráfica.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

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Bruni, M.A.L.; Cordani, U.G. ; Campos, D.R.B; Campos ,D. de A. 1976. Carta geológica do Brasil ao milionésimo. Folha Aracaju (SC. 24). Brasília: DNPM / DGM, 226p.

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ANEXOS

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1km

0

-1

-2

-3

Ki

Kc

KcJa

Ja

Ja

Rio Moxotó

Di

DiDi Di

NQc BSDt

SDtSDt PE

PE

PE

PE

A

NQc

Convenções Geológicas

Coberturas elúvio-coluviais

Ki Grupo Ilhas

Kc

Ja

Di

SDt

PE

Formação Candeias

Formação Aliança

Formação Inajá

Formação Tacaratu

Embasamento Cristalino

SEÇÃO GEOLÓGICA AB (NNW-SSE)

0 2 4 6 km

Escala gráfica

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