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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia) Elda Azevedo Guerra Recife, 2009.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma

Farmacêutica sólida de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Elda Azevedo Guerra

Recife, 2009.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma

Farmacêutica sólida de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Departamento de Ciência Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Ciências Farmacêuticas. Área de Concentração: Produção e Controle de Qualidade de Medicamentos.

Orientador: Profª Drª Miracy Muniz de Albuquerque

Co-orientador: Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto

Mestranda: Elda Azevedo Guerra

Recife, 2009.

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Guerra, Elda Azevedo

Desenvolvimento e validação de metodologia analítica aplicados à forma farmacêutica sólida de Aesculus hippocastanum L. (castanha da índia) / Elda Azevedo Guerra. – Recife : O Autor, 2009.

82 folhas : fig., tab. e graf.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal

de Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2009.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Medicamentos de origem vegetal. 2.

Fitoterápico. 3. Castanha da índia. 4. Controle de

qualidade. I.Título.

615.322 CDU (2.ed.) UFPE 615.32 CDD (22.ed.) CCS2009-124

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

Recife, 29 de maio de 2009.

PRESIDENTE E EXAMINADOR INTERNO: Profª. Drª. Miracy Muniz de Albuquerque (Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco). EXAMINADOR INTERNO: Profª. Drª. Jane Sheila Higino (Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco). EXAMINADOR EXTERNO: Profo. Dr. Luiz Alberto Lira Soares (Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Reitor

Amaro Henrique Pessoa Lins

Vice-Reitor

Gilson Edmar Gonçalves e Silva

Pró-Reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação

Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

Diretor do Centro de Ciências da Saúde

José Thadeu Pinheiro

Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde

Márcio Antonio de Andrade Coelho Gueiros

Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas

Dalci José Brondani

Vice-Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas

Antônio Rodolfo de Faria

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Pedro José Rolim Neto

Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Beate Saegesser Santos

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DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA

Dedico este trabalho aos meus pais,

Itamar e Joselma,

pela compreensão, amor e apoio, dispensados em todos

os momentos de minha vida.

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AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOO

A Deus meu Senhor e salvador, por todas as bênçãos concedidas e mais esta etapa da minha

vida, pois Ele é a razão do meu viver;

A Universidade Federal de Pernambuco, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêutica que possibilitou a realização deste curso;

A minha orientadora Prfª Drª Miracy Muniz de Albuquerque, pela orientação e apoio

dispensado durante o período do trabalho;

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto, pelo apoio e a oportunidade que me

concedeu;

A minha família, meus pais Itamar e Joselma, minha irmã Talita e meus sobrinhos Júlya e

Gabriel, amo muito vocês, não teria conseguido chegar até aqui sem o apoio, amor e

compreensão de todos;

Aos amigos do NCQMC – Núcleo de Controle e Qualidade de Medicamentos e Correlatos

(Rosário, Ruth, Júnior, Reniere, Luis, Júlia, Rosana, Ana, Alrenice), todos foram

fundamentais para esta conquista, sou agradecida a Deus por todos, pelo apoio, orientação e

auxílio;

As minhas amigas, Thays Lucena, Magaly, Josiane, Aline, Waldenice, Elâne, Ana Paula, e

todos que me incentivaram durante esta caminhada com atitudes e palavras de ânimo e

coragem, todos estarão sempre no meu coração;

As minha amigas do convívio diário, Thaís Menezes, Amanda Casé e Waldenice Alencar,

pelo apoio e amizade;

A empresa BRIFARMA, na pessoa do Profº Britto e Rosário Britto, pelo fornecimento dos

produtos, que foram indispensáveis para a realização deste trabalho.

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MMEENNSSAAGGEEMM

“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo que há em mim bendiga o seu santo nome.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios ”

(Salmos 103:1, 2)

“Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para

dentro do seu próprio ser, e atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um

oásis no recôndito da sua alma. E agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.”

(Augusto Cury)

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SSUUMMÁÁRRIIOO

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................................x

LISTA DE TABELAS.......................................................................................................................xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.......................................................................................xiv

LISTA DE SÍMBOLOS.....................................................................................................................xv

RESUMO..........................................................................................................................................xvi

ABSTRACT......................................................................................................................................xvii

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................1

OBJETIVOS.........................................................................................................................................4

Geral...............................................................................................................................................4

Específicos......................................................................................................................................4

CAPÍTULO I........................................................................................................................................5

Artigo I: Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum L.): química, farmacologia e controle de

qualidade (Artigo submetido à Revista Brasileira de Plantas Medicinais)..........................................5

CAPÍTULO II.....................................................................................................................................23

Artigo II: Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica para o Doseamento de escina

nas cápsulas de castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.).......................................................24

CAPÍTULO III...................................................................................................................................42

Artigo III: Desenvolvimento e Validação do teste de Dissolução para cápsulas contendo extrato

seco de Castanha da Índia...................................................................................................................43

CONCLUSÕES GERAIS..................................................................................................................59

PERSPECTIVAS...............................................................................................................................60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................61

ANEXOS............................................................................................................................................63

x

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LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS

CAPÍTULO I.

Artigo I: Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum L.): química, farmacologia e controle de

qualidade (Artigo submetido à Revista Brasileira de Plantas Medicinais)

Figura 1: Aesculus hippocastanum L. (árvore, flor e fruto).................................................................9

Figura 2: Estrutura química da escina (Escina Ia, Ib, IIa e IIb)..........................................................10

CAPÍTULO II.

Artigo II: Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica para o Doseamento de escina

nas cápsulas de castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.)

Figura 1: Espectros de absorção, ordem zero (A) e derivada de primeira ordem (B), para escina....32

Figura 2: Representação gráfica da curva de calibração e da equação da reta da escina (padrão)

obtida pelo método espectrofotométrico derivativo de primeira ordem na região do

UV......................................................................................................................................................33

Figura 3: Derivadas de primeira ordem das varreduras espectrais: A- amostra do placebo e B-

Escina Sigma (120 µg/ml).................................................................................................................38

CAPÍTULO III.

Artigo III: Desenvolvimento e Validação do teste de Dissolução para cápsulas contendo extrato

seco de Castanha da Índia

Figura 1: Representação gráfica do padrão de escina e placebo, A-ordem zero e B-primeira

derivada..............................................................................................................................................49

Figura 2: Perfis de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, na meio HCl 0,1M (500ml),

velocidade de 50rpm, nos aparatos pá e cesta....................................................................................51

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Figura 3: Perfis de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, no meio HCl 0,1M (500ml),

velocidade de 75rpm, aparatos pá e cesta...........................................................................................52

Figura 4: Representação gráfica da linearidade média das três curvas autênticas.............................53

xii

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LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS

CAPÍTULO II.

Artigo II: Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica para o Doseamento de escina

nas cápsulas de castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.)

Tabela 1: Preparo das soluções para o ensaio de exatidão.................................................................31

Tabela 2: Doseamento das cápsulas de Castanha da Índia.................................................................32

Tabela 3: Quantificação de escina pelo método espectrofotométrico derivativo de primeira ordem,

resultado da linearidade......................................................................................................................33

Tabela 4: Análise de variância da linearidade da escina (padrão) para o método proposto

método................................................................................................................................................34

Tabela 5: Resultado da Repetibilidade...............................................................................................34

Tabela 6: Precisão intermediária para as cápsulas de castanha da índia (contendo extrato seco) em

diferentes dias e analistas...................................................................................................................35

Tabela 7: Análise de variância da Precisão Intermediária..................................................................35

Tabela 8: Resultado da Exatidão para percentual de recuperação......................................................36

Tabela 9: Análise da robustez quanto ao tempo para utilização da solução de escina.......................36

Tabela 10: Análise dos dados em diferentes comprimentos de onda, para verificação da Robustez.37

Tabela 11: Análise estatística (ANOVA), entre os dados de tempo para solução de escina e

diferentes comprimentos de onda para robustez................................................................................37

CAPÍTULO III.

Artigo III: Desenvolvimento e Validação do teste de Dissolução para cápsulas contendo extrato

seco de Castanha da Índia

Tabela 1: Avaliação do meio de dissolução para cápsulas de Castanha da Índia e padrão de

escina..................................................................................................................................................50

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Tabela 2: Percentuais de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, na meio HCl 0,1M (500ml),

velocidade de 50rpm, nos aparatos pá e cesta....................................................................................50

Tabela3: Percentuais de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, na meio HCl 0,1M (500ml),

velocidade de 75 rpm, nos aparatos pá e cesta...................................................................................51

Tabela 4: Dados das três curvas autênticas da linearidade.................................................................53

Tabela 5: Análise estatística dos dados da linearidade.......................................................................53

Tabela 6: Resultados da repetibilidade da dissolução das cápsulas de Castanha da Índia.................54

Tabela 7: Precisão Intermediária, avaliação da dissolução em dias e analistas diferentes.................54

Tabela 8: Análise de variância (ANOVA), entre dias e analistas diferentes da precisão

intermediária.......................................................................................................................................55

Tabela 9: Exatidão do método de dissolução das cápsulas de Aesculus hippopastanum...................55

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LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS EE SSIIGGLLAASS

ANOVA: Análise de Variância

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CVI: Insuficiência Venosa Crônica

gl: grau de liberdade

HCl: Ácido clorídrico

MQ: Média Quadrática

PA: Princípio Ativo

PG: Prostaglandinas

SQ: Soma Quadrática

SR: Solução Reagente

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LLIISSTTAA DDEE SSIIMMBBOOLLOOSS

%: percentagem

α : alfa, letra grega

ß : beta, letra grega

λ: lambida, letra grega

g: grama

M: molar

mg: miligrama

nm: nanômetro

kg: kilograma

µg: micrograma

Pb: chumbo

® : marca registrada

rpm: rotações por minuto

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RREESSUUMMOO

Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica

sólida de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia)

O tratamento das enfermidades humanas com plantas medicinais, ou seus derivados, é uma prática antiga e que atualmente encontra-se em expansão por todo o mundo. A busca por este tipo de terapia tem crescido muito nos últimos anos devido ao baixo custo destes produtos em comparação aos industrializados obtidos por síntese química. Os fitoterápicos são medicamentos obtidos empregando-se, como princípio ativo, exclusivamente matérias-primas vegetais e caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, como também pela constância de sua qualidade. No Brasil estes produtos são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e devem apresentar critérios de qualidade, segurança e eficácia requeridos. Levantamento realizado no site da ANVISA, detectou a castanha da índia como um dos fitoterápicos com maior número de produtos registrados. A castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.) é natural dos Balcãns, região do Cáucaso e do leste asiático. Possui em sua composição vários compostos, entretanto estudos apontam que a escina (mistura complexa de saponinas triterpênicas) é o composto responsável por sua ação farmacológica. As principais atividades relacionadas à escina são: antiedematogênica, antinflamatória e propriedades venotônicas, todas estão relacionadas ao mecanismo molecular de permeabilidade vascular seletiva. A busca de métodos analíticos para avaliação da qualidade destes produtos é de grande importância, tendo em vista a deficiência em compêndios oficiais de métodos para análise dos produtos fitoterápicos. Para quantificação de escina em cápsulas contendo extrato seco de sementes da castanha da índia, padronizado com 6,5% de escina, foi realizado extração das saponinas e posteriormente avaliado o teor do ativo na amostra pelo método espectrofotométrico derivativo de primeira ordem na região do ultravioleta no comprimento de onda de 579 nm, o método foi validado segundo guia para validação de métodos analíticos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária apresentando resultados com coeficiente de variação menor que 5%, limite aceitável. Também foi realizado o desenvolvimento metodológico da dissolução das cápsulas, avaliando o tempo hábil para a biodisponibilidade do ativo, através de perfil comparativo utilizando para o teste meio, aparato e velocidade diferentes, com coleta em 5, 15, 30, 45 e 60 minutos. Nos testes foram obtidos performance ideal para o meio HCl 0,1 M, em velocidade de 75 rpm e cesta como aparato, com a finalidade de quantificar a escina em cápsulas contendo extrato de castanha da índia. O método de dissolução foi validado apresentando-se linear, específico e preciso, com resultados confiáveis e reprodutíveis. Os métodos analíticos desenvolvidos podem ser aplicados na rotina laboratorial do controle de qualidade. Palavras-chave: fitoterápico, castanha da índia, controle de qualidade, validação, dissolução, formas farmacêuticas sólida

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AABBSSTTRRAACCTT

Development and Validation of Analytic Methodology applied to Solid Pharmaceutical Form

Aesculus hippocastanum L. (Horse Chestnut)

The treatment of the human illnesses with from medicinal plants, or your derivatives, is an old practice and nowadays itself in expansion for all the world. The search for this of therapy has been growing a lot in the last years due to the cost low of these products in comparison to the industrialized obtained by chemical synthesis. Phytopharmaceutical are obtained medications itself employing, active principle, exclusively vegetable raw materials and characterized by the effectiveness knowledge and of the risks of use, as well as by the constancy of quality. In Brazil these products are regulated by the National Agency of Sanitary Vigilance (ANVISA) and should present quality criterion, safety and effectiveness. Raising in ANVISA site, detected horse chestnut as one of phytopharmaceutical with largest number of registered products. Horse chestnut (Aesculus hippocastanum L.) is natural of Balkans, region of the Caucasus and of the Asian east. It owns in its composition several composed, however studies point that escin (complex mixture of triterpenoid saponins) is the responsible composite for its pharmacological action. The main activities related to escin are: antiswollen, antiphlogistic and properties venotonic, all are related to molecular mechanism of selective vascular permeability. The search of analytic methods for quality evaluation of these products is of great importance, having in mind the deficiency in official compendium of methods for products phytopharmaceutical analysis. For escin quantification in capsules contend horse chestnut seeds dry extract, standardized with 6.5% of escin, was accomplished saponins extraction and afterwards evaluated the content the active in the sample by the method spectrophotometric first-rate derivative order in the region of the ultraviolet in the wave length of 579 nm, the method was validated according guide for validation of analytic methods of the National Agency of Sanitary Vigilance presenting results with coefficient of smaller variation than 5%, acceptable limit. It also was accomplished the capsules dissolution methodological development, evaluating the skilled time for the bioavailability of the active, through comparative profile using to the test half, apparatus and different speed, with collection in 5, 15, 30, 45 and 60 minutes. The tests were obtained ideal performance for the middle HCl 0.1 M, in speed of 75 rpm and basket as apparatus, with the purpose of quantifying for escin in capsules contend horse chestnut extract. The dissolution method was validated presenting itself lineal, specific and precision, with reliable and reproducible results. The developed analytic methods can be applied in the routine laboratory of the quality control. Key-words: phytopharmaceutical, horse chestnut, quality control, validation, dissolution, solid dosage forms

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

O tratamento das enfermidades humanas a partir de plantas medicinais, ou seus derivados, é

uma prática antiga e que atualmente encontra-se em expansão por todo o mundo (MELO et al.

2007). O conhecimento das plantas faz parte dos primeiros estudos do homem, visto que este

necessitava coletar raízes, caules, folhas e frutos destinados à alimentação e à cura de seus males

(OLIVEIRA, 2005). Os componentes da biodiversidade podem fornecer uma ampla gama de

produtos de importância econômica. Dentre eles, destacam-se os fitoterápicos, que são aqueles

medicamentos preparados exclusivamente a base de plantas medicinais (GUERRA, 2004).

O uso dos fitoterápicos é uma alternativa terapêutica com objetivo de prevenir, curar ou

minimizar os sintomas das doenças, de forma mais acessível à população e aos serviços públicos de

saúde, em comparação aos produtos produzidos por síntese química (TOLEDO, 2003). Os

fitoterápicos sempre apresentaram uma parcela significativa no mercado de medicamentos. O setor

movimenta globalmente US$ 21,7 bilhões por ano. No Brasil, não existem dados oficiais

atualizados, porém, estima-se que esse mercado gira em torno de US$ 160 milhões por ano

(CARVALHO et al., 2008). A limitação da utilização da maioria das plantas em uso é a falta de

respaldo técnico em códigos oficiais (formulários e farmacopéias). O conhecimento dos aspectos de

atividade biológica do vegetal é requisito essencial para a transformação da planta medicinal no

produto fitoterápico, havendo também interesse em estudos de desenvolvimento de metodologias

analíticas (TOLEDO, 2003).

Aesculus hippocastanum L. comumente conhecida como castanha da índia, é natural dos

Balcãns, região do Cáucaso e do leste asiático, porém hoje em dia é cultivada em praticamente todo

o mundo (SIRTORI, 2001). Na literatura são encontrados diversos relatos sobre a utilização da

espécie na terapêutica. Em 1960 Lorenz e Marek, descreveram a atividade antiedematogênica em

edema de pata de rato, para a β-escina (saponina triterpênica). Os estudos demonstraram que, as

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

propriedades anti-inflamatória, antiedematogênicas, antiexudativas e vaso protetoras do extrato de

Aesculus hippocastanum são dependentes da concentração de escina. Mais recentemente

descobriram sua utilização no tratamento da insuficiência venosa crônica (SIRTORI, 2001).

No Brasil, o principal órgão responsável pela regulamentação de plantas medicinais e seus

derivados é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que tem como papel proteger e

promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços e

participando da construção de seu acesso (CARVALHO et al., 2008).

Para os fitoterápicos e demais produtos farmacêuticos, os métodos analíticos permitem a

avaliação da qualidade do produto, garantindo, assim, a constância de ação terapêutica e a

segurança de utilização (SIMÕES, 2004). Para garantir que um método analítico gere informações

confiáveis e interpretáveis sobre a amostra testada, ele deve sofrer uma avaliação denominada

validação (LA ROCA et al., 2007). Validar, em análise química, é estar com o objetivo voltado

para a confiabilidade analítica do laboratório e do método escolhido ou desenvolvido para se obter o

resultado (LEITE, 2002). Para que os ensaios sejam reconhecidos nacional e internacionalmente

devem seguir normas que determinam as diretrizes para cada avaliação, obtendo então resultados

confiáveis e adequado ao uso pretendido (ICH, 2005; INMETRO, 2003; USP 31, 2008). No Brasil,

a ANVISA regulamenta a validação pela resolução RE Nº 899 (2003).

A espectroscopia UV-Vis representa um conjunto de características favoráveis, as quais

deveriam garantir a sua condição de ferramenta analítica de primeira escolha. Trata-se de uma

técnica consolidada, de fácil implementação, baixo custo e sensibilidade compatível com muitas das

necessidades que surgem no controle de qualidade de produtos farmacêuticos. Infelizmente, a baixa

seletividade faz com que a sua aplicação fique seriamente comprometida, principalmente quando há

necessidade de se analisar matrizes complexas (CORDEIRO, 2006).

Um problema analítico clássico é a determinação simultânea sem prévia separação química

de dois ou mais compostos em uma mesma amostra ou os interferentes encontrados em formulações

2

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

e em extratos de plantas. Deste modo, a espectrofotometria derivativa é uma técnica analítica de

grande utilidade e que oferece maior seletividade resolvendo problemas de sobreposição espectral.

A espectrofotometria derivativa consiste na representação das derivadas da absorvância em relação

ao comprimento de onda (dA/dλ), em função do comprimento de onda (SANTOS,2005).

O método espectrofotométrico derivativo no ultravioleta tem sido largamente empregado

nas análises de controle de qualidade de preparações farmacêuticas devido a sua rapidez e

simplicidade (MARTINS et al., 2007). Com o objetivo de eliminar os interferentes do extrato da

castanha da índia, utilizou-se a técnica da derivação de primeira ordem nas análises das cápsulas.

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

OOBBJJEETTIIVVOOSS

Geral

• Desenvolvimento tecnológico e validação de metodologia analítica para quantificação de

escina e avaliação de ensaio de dissolução de forma farmacêutica cápsula contendo extrato

seco de Aesculus hippocastanum L. (castanha da índia).

Específicos

• Desenvolvimento e validação de metodologia (espectrofotométrica) para quantificação de

saponinas (escina) de Aesculus hippocastanum L.

• Aplicação de metodologia para o produto acabado (cápsulas de extrato seco padronizado).

• Desenvolvimento e otimização de ensaios de dissolução para cápsulas.

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

CCAAPPÍÍTTUULLOO II

Artigo de Revisão:

Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum L.): química, farmacologia e

controle de qualidade

(Artigo submetido à Revista Brasileira de Plantas Medicinais)

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

REVISÃO

Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum L.): química, farmacologia e controle de

qualidade

GUERRA, E.A.*; BRAGA, R.M.C.; ALBUQUERQUE, M.M.

Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos (NCQMC), Universidade Federal

de Pernambuco, Avenida Professor Arthur de Sá, s/n,Cidade Universitária, Recife, PE, Brasil, CEP:

52740 – 520 *[email protected]

RESUMO: O tratamento das enfermidades humanas com plantas medicinais, ou seus derivados, é

uma prática antiga e que atualmente encontra-se em expansão por todo o mundo. Atualmente,

produtos farmacêuticos elaborados com plantas medicinais têm encontrado crescente aceitação na

terapêutica, sendo de grande importância o estudo da Castanha da Índia. Os fitoterápicos são

regulamentados no Brasil como medicamentos convencionais e devem apresentar critérios similares

de qualidade, segurança e eficácia requeridos pelos órgãos reguladores. O nome científico da

Castanha da índia é Aesculus hippocastanum L., os relatos de sua utilização na terapêutica datam do

início do século 18, como antifebril e mais tarde a descoberta de sua ação com propriedades

antiedematogênica, antiinflamatória, sua ação está relacionada a atuação da escina na

permeabilidade vascular. Diversas partes do vegetal são utilizadas, apresentando assim, composição

química bastante variada, seus principais grupos são: saponinas, flavonóides, taninos, óleos e

outros. A parte mais usada é a semente.

Palavras-chave: Castanha da Índia, escina, constituintes químicos, atividade biológica, controle de

qualidade

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ABSTRACT: Horse Chestnut (Aesculus hippocastanum): chemistry, pharmacology and

control quality. The treatment of the human illnesses with from medicinal plants, or your

derivatives, is an old practice and nowadays itself in expansion for all the world. Nowadays,

elaborated pharmaceutical products with medicinal plants have been finding increasing acceptance

in the therapeutics, being of great importance the Horse Chestnut study. Phytopharmaceutical are

regulated in Brazil as conventional medications and should present similar criterion of quality,

safety and effectiveness required by the institutions regulators. The scientific name the horse

chestnut is Aesculus hippocastanum L., the reports of its utilization in the therapeutics date of the

beginning of 18th century, as antifeverish and later the discovery of its action with properties

antiswollen, antiphlogistic, its action is related to escin performance in the vascular permeability.

Several parts of the vegetable are used, presenting, chemical composition varied , their principal

groups are: Saponins, flavonoids, tanins, oils and another. The useddest part is the seed.

Key words: Horse Chestnut, escin, chemical constituents, biological activity

INTRODUÇÃO

O tratamento das enfermidades humanas a partir de plantas medicinais, ou seus derivados, é

uma prática antiga e que atualmente encontra-se em expansão por todo o mundo. A Organização

Mundial da Saúde estima que 80% das pessoas dependem da medicina tradicional, em especial nas

nações em desenvolvimento (Melo et al., 2007). O Brasil possui farmacopéia popular muito diversa

baseada em plantas medicinais, resultado de miscigenação cultural envolvendo africanos, europeus

e indígenas, com introdução de espécies exóticas pelos colonizadores e escravos (Melo et al., 2007).

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O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie

humana, este tipo de terapia alternativa é bastante utilizada pelo fator do baixo custo e de fácil

acesso (Werkman et al., 2008). Sendo comercializadas em feiras livres, mercados populares e

encontradas em quintais residenciais (Maciel, 2002).

Nos dias atuais as pessoas tem se preocupado cada vez mais com a saúde, e essa busca vai

além da medicina tradicional. A utilização da medicina alternativa e complementar é a abordagem

médica sem a utilização de tratamentos alopáticos (sistema da medicina em que o medicamento

induz no organismo reações opostas aos sintomas a fim de neutralizá-los (Silva, 2006)). Estudo

realizado no ano de 2002 em pacientes com problemas cardiovasculares, como hipertensão,

insuficiência venosa crônica e doenças coronarianas, em 80% dos casos a fitoterapia estava presente

como alternativa de tratamento. Dentre as plantas medicinais utilizadas, o extrato de sementes de

castanha da índia demonstrou aumento (de forma dose-dependente) do tônus venoso, do fluxo

venoso e linfático, além de diminuir o edema de origem linfática e inflamatória (Frishman, 2009). A

insuficiência venosa crônica (IVC) é definida como a anormalidade do funcionamento do sistema

venoso causado por uma incompetência valvular, associada ou não à obstrução do fluxo venoso,

que pode ser congênita ou adquirida (França, 2003; Figueiredo, 2004; Barros-Júnior, 2003).

A Castanha da Índia é espécie amplamente utilizada como recurso terapêutico pelos

brasileiros, sendo empregada em produtos industrializados e comercializados em várias formas

farmacêuticas. A planta é árvore muito frondosa, apresenta muitas flores que dependendo da

variedade podem ser brancas ou amareladas, o fruto é formado por cápsula esverdeada, contendo

uma semente ou mais, muito elegante e de crescimento rápido, adaptando-se a qualquer solo e

aclimatando-se facilmente sob qualquer altitude (Figura 1) (Pio Correa, 1984). Árvore natural dos

Balcãns, região do Cáucaso e do leste asiático, hoje em dia é cultivada em praticamente toda a

Europa (Sirtori, 2001), e em várias regiões do mundo devido sua excelente resistência às condições

ambientais. O nome científico é Aesculus hippocastanum L. (família: Hippocastanaceae).

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Pesquisadores descobriram no mediterrâneo duas variedades de A. hippocastanum, uma na

forma híbrida (flores rosa) e outra pura (flores branca).

Árvore Flor Fruto FIGURA 1. Aesculus hippocastanum L. (árvore, flor e fruto). Figuras extraídas de: Árvore

(http://vidanatural. fortunecity.com/white.html); Flor (http://caldeiraodenovidadesplantasmedicinais.blog.spot/2008) e

Fruto (www.sabaoeglicerina.com.br/loja/product_info.php)

Os relatos da utilização de castanha da índia na terapêutica datam do início do século 18,

como antifebril e mais tarde, no final do século 19 foi descoberta sua ação como antiedematogênica

(edema é acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial). Sua ação vascular e antinflamatória

está relacionada a escina, saponinas encontrada nas sementes da planta. Além destas ações também

apresentou resultados satisfatórios em pacientes portadores de insuficiência venosa crônica , quando

comparados a placebos e tratados com hidróxietilrutinosídeo (Sirtori, 2001).

Os fitoterápicos são medicamentos obtidos empregando-se, como princípio ativo,

exclusivamente matérias primas vegetais e são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos

riscos de seu uso, como também pela constância de qualidade (BRASIL, 2004). Os fitoterápicos são

regulamentados no Brasil como medicamentos convencionais, não especificamente como

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fitoterápico, e têm que apresentar critérios similares de qualidade, segurança e eficácia requeridos

pelos órgãos reguladores (Robbers, 1996).

Composição Química

As sementes, flores, cascas, cápsula ou núcleo do fruto da castanha da índia são partes do

vegetal utilizados. Apresenta composição química bastante variada, podendo-se encontrar:

saponinas, flavonóides, taninos, óleos e outros compostos químicos. A parte mais usada na

terapêutica são as sementes.

As saponinas triterpênicas (Becker et al., 2002) representam o principal grupo de

substâncias responsáveis pela ação do A hippocastanum L., cujo teor mínimo é de 3 % de acordo

com a farmacopéia alemã (Deutsches Arzneibuch, 2004 a,b). A escina é formada por mistura

complexa, da qual 60% é constituída por quatro substâncias (Yoshikawa et al, 1994): escina Ia (24

%), escina Ib (17 %), escina IIa (13 %) e escina IIb (6 %) (Figura 2). As sementes apresentam

teores de escina variados de espécime para espécime, em função da estação do ano e da maturidade

da semente.

O

CH2OH

CH2OHO

O

OH

O

COOH

OH

O

O

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

CH2OH

OHR3

R2

R1

CH3

CH3

O

CH3

O

CH3

T =

A =

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Saponinas R1 R2 R3

Escina Ia T -COCH3 -CH2OH Escina Ib A -COCH3 -CH2OH Escina IIa T -COCH3 -H Escina IIb A -COCH3 -H

FIGURA 2: Estruturas químicas da escina (Escina Ia, Ib, IIa e IIb).

A escina existe em duas formas, α e ß, que podem ser distinguidas por: ponto de fusão,

rotação específica, índice hemolítico e solubilidade em meio aquoso. A forma α-escina é formada

pela migração do grupo acil que envolve o grupamento hidroxi nas posições C21, C22 e C28, esta

transformação pode ocorrer pelo simples aquecimento a 100ºC da solução aquosa de ß-escina. A ß-

escina aparece como componente ativo da mistura de saponinas e sua forma molecular está presente

nos produtos farmacêuticos (Sirtoli, 2001).

Outro grupo são os flavonóides que nas sementes são de cerca de 0,29% calculados em

relação a presença de rutina. As agliconas (flavonóides que não possuem açúcar em sua estrutura

química, ou seja, a forma livre) são quercetina e canferol, que podem apresentar ligação glicosídica

(forma conjugada). As cadeias de açúcar podem variar entre glicose, ramnose e xilose (Hubner,

1999).

Tanino é uma classe de compostos encontrada na castanha da índia, representado por

proantocianidinas. São polímeros de flavan-3-ol, cujos monômeros mais conhecidos são a

epicatequina e a catequina. Estes compostos podem ser encontrados no pericarpo (parede do fruto e

na semente) (Morimoto, 1987).

Além destes compostos, a proporção de óleos na semente seca chega a 7%, sendo formado

por ésteres de glicerol e diversos ácidos graxos. O ácido palmítico é o principal ácido graxo

esterificado, porém também são encontrados os ácidos láurico, oléico, araquidônico e esteárico

(Bombardelli, 1996). Nas sementes podem também ser encontrados: até 50% de amido, 10% de

proteínas e carboidratos, como sacarose e glicose. A semente fresca contém vitaminas do complexo

B, como, por exemplo, a tiamina (B6) e riboflavina (B2), além de vitamina C (Hubner, 1999).

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Propriedades Biológicas

Na literatura são encontrados diversos relatos sobre a utilização da espécie na terapêutica

(Bombardelli, 1996 & Kim, 2003). Em 1960, Lorenz & Marek já descreviam a atividade

antiedematogênica em edema de pata de rato, para a β-escina (saponinas triterpênica) (Sirtoli,

2001). As principais atividades relacionadas à escina são: antiedematogênica, antinflamatória e

propriedades venotônicas, todas estão relacionadas ao mecanismo molecular, definido como

permeabilidade vascular seletiva que é o aumento da sensibilidade de íons moleculares nos canais

de cálcio resultando em aumento do tônus venoso e arterial (Sirtoli, 2001). Outro mecanismo de

ação proposto é a liberação de prostaglandinas (PG) F2α das veias, antagonista da serotonina e

histamina (Bombardelli, 1996).

As PG da série E causam relaxamento dos tecidos venosos, ao passo que as PG da série Fα

produzem contração. O aumento do tônus venoso induzido por escina in vitro foi associado ao

aumento da síntese de PG F2α no tecido venoso. Os glicosaminoglicanos são enzimas envolvidas na

degradação de proteoglicanos que determinam a rigidez capilar e o tamanho dos poros. Estudo

realizado em pacientes varicosos, em tratamento realizado com castanha da índia demonstra

redução na atividade dessas enzimas, através do estudo os autores afirmaram que a escina age no

sítio de liberação da enzima, exercendo efeito estabilizador sobre a membrana lisossômica

(Bombardelli, 1996).

A administração do extrato de Aesculus hippocastanum L. apresentou propriedades

protetoras de capilares. O estudo demonstrou ainda que, as propriedades antiedematogênicas,

antiexudativas e vaso protetoras do extrato de Aesculus hippocastanum são dependentes da

concentração de β-escina. Outra indicação para comprimidos contendo escina é o tratamento de

hemorróidas, dores, sangramento e intumescimento que são reduzidos significativamente quando

comparado com placebos (Sirtoli, 2001).

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O extrato de A. hippocastanum L. apresentou propriedade inibitória da angiogênese (Kim,

2003), como psoríase, dermatite, retinopatia associada ao diabetes, arteriosclerose ou processo

inflamatório crônicos como artrite. Estudo em células endoteliais destaca a utilização da β-escina

para o câncer, principalmente em determinados tipos de tumores que se desenvolvem pelo rápido

crescimento de vasos, o estudo comprovou a ação inibitória da angiogênese e a apoptose (morte

celular) pela ação da β-escina (Cui, 2008).

Feng Wei et al., 2004 demonstra a ação antinflamatória da escina Ia e Ib, em comparação

com a dexametasona (corticóide que previne ou suprime processos inflamatórios através da resposta

imunológica), este estudo fez a avaliação de edema e inchaço em orelha de ratos, utilizando como

tratamento a escina (saponinas totais, escina Ia, escina Ib, isoescina Ia e Isoescina Ib) e a

dexametasona, os resultados apontam que a dexametasona apresentou 55,6% de inibição da

inflamação, contra 79,3% e 71,5% de escina Ia e Ib, respectivamente. Ainda por sua ação

antiedematosa, estudos utilizaram a castanha da índia como agente na terapia da paralisia facial

causada por infecção viral do canal ósseo. O resultado demonstrou redução do edema provocado

pela infecção melhorando o quadro de inchaço e dor (Lin, 2008).

Outros estudos avaliaram a utilização da castanha da índia para o trato gastrointestinal.

Efeito gastroprotetor da escina em ratos com lesões na mucosa gástrica apresentou melhor resultado

quando comparado ao omeprazol (medicamento antiulceroso da mucosa gástrica) (Yoshikawa & Li,

1999). Foi investigado o efeito das frações de saponinas totais e escina Ia, Ib, IIa e IIb, no trânsito

gastrointestinal (GI) e íleo de camundongos, os resultados mostraram que todos as amostras testadas

aceleraram o trânsito GI e preservaram o íleo de irritações (Yoshikawa & Matsuda, 1999). Estudo

com a castanha da índia demonstrou que a fração de saponina e os compostos Ia e IIb foram

determinantes para o esvaziamento gástrico, observando que os animais alimentados e tratados com

Aesculus hippocastanum apresentaram um percentual maior para o esvaziamento gástrico (dose-

dependente), em relação aos animais não alimentados (Yoshikawa et al., 1999).

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Luciano Saso et al., em 2006 demonstraram alta ação da ß-escina como inibidor da lípase

(enzima que atua sobre lipídeos, produzida pelo pâncreas), sendo de grande importância para a

prevenção ou até mesmo tratamento das diversas doenças e principalmente infecções causadas pela

enzima lípase, como é o caso da infecção causada pelo Helicobacter pylori (bactéria que infecta o

revestimento da mucosa gástrica).

As forças de contração geradas em células não musculares como os fibroblastos são

importantes na vasoconstricção e cicatrização de ferimentos, e parecem influenciar a morfologia e

as propriedades mecânicas dos tecidos. Foram analisados vários extratos de plantas incorporados

em géis de colágeno que induzem as forças de contração de fibroblastos, dentre as amostras

analisadas o extrato de Aesculus hippocastanum apresentou bons resultados, pois é hábil para

induzir forças de contração em fibroblastos por formação de tensão das fibras (Fujimura et al., 2006

e 2007).

Os Flavonóides são compostos multiativos, as principais funções são proteção dos vasos,

prevenção da agregação plaquetária e diminuição da permeabilidade capilar, sendo diferenciado

pelos vários mecanismos dependendo dos receptores envolvidos. Dentre os mecanismos, a inibição

do ácido hialurônico (composto presente na parede dos vasos) através da degradação pela enzima

hialuronidase. A permeabilidade da parede capilar depende da quantidade de ácido hialurônico

presente, quanto menor a quantidade maior a permeabilidade capilar (Arct & Pytkowska, 2008).

Oleszek et al., 2007 isolaram e estabeleceram a estrutura de sete flavonóides a partir de

métodos espectrais, estes compostos estão presentes nas sementes e em extratos de castanha da

índia, este estudo contribuiu para a obtenção de quercetina, e glicosídeos purificados para a

produção de cosméticos e suplementos alimentares.

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Interações no organismo

A cultura popular na utilização de plantas medicinais, trazida através dos tempos, corrobora

no uso indiscriminado de plantas medicinais dentro do contexto da auto-medicação. Do ponto de

vista toxicológico, deve-se considerar que a planta medicinal ou o fitoterápico não tem somente

efeitos imediatos e facilmente correlacionados com a sua ingestão, mas, também, os efeitos que se

instalam a longo prazo e de forma assintomática, como os carcinogênicos, hepatotóxicos e

nefrotóxicos (Nicoletti et al., 2007).

Teoricamente, em razão de seus constituintes, a semente de Castanha da Índia aumenta o

risco de sangramentos quando utilizada com ácido acetilsalicílico, varfarina, heparina, clopidogrel e

antiinflamatórios como ibuprofeno ou naproxeno. A escina, componente saponínico da castanha da

índia, se liga às proteínas plasmáticas podendo afetar a ligação de outras drogas (Nascimento &

Turolla, 2006). A sensibilização por contato é referida como uma reação adversa, desenvolvendo

urticária e dispnéia (problema respiratório), após contato com produto contendo escina (Popp,

1994).

Estudo realizado por Felix Grases et al., em 2004 demonstrou que a adição de escina em

urina sintética contendo indinavir, retardou o tempo de início de cristalização renal (cerca de 5,5

minutos). O Indinavir (inibidor da protease e da transcriptase reversa) para o tratamento de

pacientes com HIV, pode ser cristalizado no lúmen dos túbulos renais, devido sua insolubilidade em

meio aquoso, causando bastante cólica renal.

Testes com ratos foram realizados para observar a toxicidade sanguínea da escina. Os ratos

tratados utilizaram dosagens de 5,10 e 15 mg Kg-1 (Intra Peritonial), foram analisados os índices

hematológicos (células branca e vermelha, plaquetas e hemoglobinas) e índice de coagulação

sanguínea (tempo de protrombina e trombina, ativação de tromboplastina e tempo de coagulação).

Os resultados revelaram que o número de células brancas diminuiu, e aumentou o de células

vermelhas, plaquetas e hemoglobina. As doses de 10 e 15 mg Kg-1 de escina diminui o índice de

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coagulação (dose-dependente), significando que a escina pode ser tóxica dependendo da dose

(Chum-Mei et al., 2006).

Controle de qualidade

O estabelecimento de parâmetros, para a matéria-prima responsável pela atividade

terapêutica, é fundamental para que a qualidade de um medicamento seja assegurada. Para matérias-

primas vegetais isto não é simples de ser alcançado, pois a sua qualidade depende de fatores

relacionados à variabilidade biológica, formas de cultivo e época de coleta, além de fatores

relacionados a operações posteriores, tais como secagem, armazenamento e moagem, fatores estes

que podem modificar, significativamente, a complexa composição do material vegetal e/ou de seu

produto derivado. Assim, para que haja reprodutibilidade na qualidade de fitoterápicos é necessário

que um rígido protocolo de controle seja implementado desde a produção do material vegetal,

passando pelas operações de transformação e culminando na avaliação da forma farmacêutica final

(Brandão & Martins, 2006; Loew et al., 1999; Gaedcke & Steinhoff, 2000; BRASIL, 2004; Calixto,

2000; Sonaglio et al., 2004).

O enfoque para a importância da qualidade dos fitoterápicos é reforçada, principalmente

devido a estudos realizados por diversas regiões do Brasil que apontaram baixa qualidade de vários

fitoterápicos contendo Aesculus hippocastanum. Em Recife-Pernambuco, foram avaliados produtos

a base de plantas medicinais (dez amostras de castanha da índia, onze de capim-limão e seis de

centela) quanto a sua qualidade. Esta avaliação constatou ausência das informações obrigatórias em

92,59% das amostras, quanto a análise da pureza 59,26% das amostras foram reprovadas, devido

principalmente ao elevado teor de umidade e cinzas totais (Melo et al., 2007). Outra avaliação

semelhante foi realizada e os resultados dos 584 produtos analisados, demonstraram que a maioria

deles não atendem as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

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ficando evidente o descaso das indústrias com as determinações dos órgãos reguladores e a dúvida

com relação à qualidade desses produtos (Amorim et al., 2005).

No Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, estudo verificou a qualidade de amostras

preparadas com Aesculus hippocastanum L.. Nas amostras a escina foi detectada, mas os teores

foram muito variáveis, estando abaixo do especificado em bibliografia (3,0% a 10,0%) em quase

todas as amostras. A pesquisa demonstrou que muitos produtos disponíveis no comércio brasileiro

encontram-se fora das especificações necessárias para a atividade farmacológica (Zuccoloto &

Apel, 1999). Já uma avaliação quanto a detecção de metais pesados (cádmio, mercúrio e chumbo)

em amostras de plantas medicinais usadas no Brasil, detectou em três amostras de castanha da índia

153, 156 e 1480 µg Pb g-1, enquanto que nas outras amostras apresentaram valores abaixo de 22 µg

Pb g-1. Sendo preocupante para os consumidores que utilizam por longo prazo, este produto. Os

outros metais foram detectados em algumas amostras, porém o percentual não é preocupante para a

saúde (Caldas & Machado, 2004).

Os resultados destes estudos demonstram a necessidade urgente de fiscalização efetiva e a

grande importância do controle de qualidade para as matérias primas vegetais, assim como, todos os

produtos comercializados que sejam derivados de plantas, uma vez que se deve garantir a qualidade

do produto e segurança toxicológica, para que o consumidor obtenha o resultado esperado.

CONCLUSÃO

Estudos com a castanha da índia e seu extrato, tem sido realizados principalmente devido as

ações terapêuticas demonstradas para as doenças do sistema vascular em especial relacionados aos

membros inferiores (varizes, hemorróidas, edema, IVC), além da atividade antinflamatória. Estas

ações, já comprovadas, são atribuídas principalmente ao complexo de saponinas triterpênicas

denominado de escina, que apresenta importante eficácia em comparação com medicamentos de

ações específicas para determinadas doenças e na terapia de outras enfermidades.

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Entretanto, ainda são necessários mais estudos na área farmacológica e química, tendo em

vista o potencial da escina e a procura por fitoterápicos, uma vez que a população tem buscado cada

vez mais a utilização destes produtos. Porém a qualidade do produto deve ser levada em conta, e

desta forma apresentar à população medicamentos de qualidade, tendo em vista que diversos

estudos apontam a baixa qualidade de alguns fitoterápicos produzidos no Brasil, assim como a

toxicidade e interação apontadas por estudo para castanha da índia.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AMORIM, E.L.C. et al. Produtos à base de plantas medicinais comercializadas em Pernambuco

– Nordeste do Brasil. Acta Farmaceutica Bonaerense, v.24, n.1, p.113-22, 2005.

ARCT, J.; PYTKOWSKA, K.; Flavonoids as components of biologically active cosmeceuticals.

Clinics in Dermatology, v.26, p.347-57, 2008.

BARROS-JÚNIOR, N. Insuficiência Venosa Crônica. Angiologia e Cirurgia Vascular: guia

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Figura 1: Aesculus hippocastanum: Árvore (http://vidanatural.fortunecity.com/white.html); Flor

(http://caldeiraodenovidadesplantasmedicinais.blog.spot/2008) e Fruto

(www.sabaoeglicerina.com.br/loja/product_info.php). Acessado em: 28 de Fevereiro de 2009.

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

CCAAPPÍÍTTUULLOO IIII

Artigo II:

Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica para o Doseamento de

escina nas cápsulas de castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.)

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica para o Doseamento de

escina nas cápsulas de castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.)

GUERRA, E.A.1; GRANJEIRO JÚNIOR, S.1; SILVA, R. H.1; ALBUQUERQUE, M.M.1

1NCQMC – Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos/UFPE; Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Professor Arthur de Sá, s/n,Cidade Universitária,

Recife, PE, Brasil, CEP: 52740 – 520

RESUMO:

A Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum L.) é uma espécie amplamente utilizada como recurso terapêutico, sendo empregada em produtos industrializados e comercializados em várias formas farmacêuticas. O componente responsável pela atividade terapêutica é a escina e a dose diária deve estar compreendida entre 32 e 120mg, para produzir a ação terapêutica desejada. A quantificação do princípio ativo de um medicamento é de grande relevância, para o controle de qualidade, sobretudo quando se trata de medicamento fitoterápico, onde poucos estudos têm sido desenvolvidos. O teor de escina (mistura complexa de saponinas triterpênica) em cápsulas contendo extrato seco de Aesculus hippocastanum L. e amido, foi elaborado e posteriormente validado, uma vez que não existe em compêndios oficiais método para sua quantificação em forma farmacêutica sólida. A validação do método de quantificação de ativos em formas farmacêuticas representa um item importante para garantir a segurança dos resultados, os parâmetros para a realização dos testes seguiram legislação vigente. A análise para quantificação de escina, foi realizada pelo método espectrofotométrico derivativo no visível, após reação de Liebermann para saponinas triterpênicas, a substância de referência utilizada foi a ß-escina da Sigma-Aldrich®, o comprimento de onda escolhido para leitura foi 579 nm. O parâmetro linearidade foi realizado com cinco determinações entre 60 e 240 µg/ml, a equação da reta obtida foi y = 0,00002x + 0,0002 com R2 = 0,9953. Robustez, precisão, limite de detecção, de quantificação, e os demais parâmetros foram avaliados estatisticamente com intervalo de 95% de confiança (teste F, ANOVA). Os resultados obtidos demonstram que o método apresenta-se adequado para sua utilização na rotina dos laboratórios de controle de qualidade. Palavras-chave: Castanha da Índia, escina, quantificação, validação

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

ABSTRACT:

Horse Chestnut (Aesculus hippocastanum L.) is widely species used as therapeutic resource, being

employed in industrialized products and marked in several pharmaceutical forms. The responsible

component for the therapeutic activity is escina and the daily dose cover between 32 and 120mg, to

produce therapeutic action. The quantification of the active principle of a medication is of great

relevance, for the quality control, above all when it treatment medication phytopharmaceutical,

where few studies have been being developed. The tenor of escin (complex mixture of triterpenoid

saponins) in capsules contend Aesculus hippocastanum L. dry extract and starch, was accompleshed

and afterwards validated, there are not in official compendium method for quantification in

pharmaceutical form solid. The quantification method validation of active in pharmaceutical forms

represents an important item to guarantee the results safety, the parameters for the tests

accomplishment followed legislation validated. The analysis for escin quantification, it was

accomplished by the method spectrophotometric derivative in the visible, after Liebermann's

Reaction for triterpenics saponins, the substance of used reference was ß-escin da Sigma-Aldrich®,

the wave length chosen for reading 579NM. The parameter linearity was accomplished with five

determinations between 60 and 240µg/ml, the equation of the straight line is y = 0,00002x + 0,0002

with R2 = 0,9953. Robustness, precision, detection limit, of quantification, and the parameters were

evaluated statistically with interval of 95% reliable (test F, ANOVA). The obtained results

demonstrate that the method it presents adequate for its utilization in the control laboratories routine

of quality. Key-words: Horse Chetnut, escin, quantification, validation

INTRODUÇÃO

Os fitoterápicos são medicamentos obtidos empregando-se, como princípio ativo,

exclusivamente matérias-primas vegetais e são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos

riscos de seu uso, como também pela constância de sua qualidade (BRASIL, 2004a). O estímulo ao

uso dos fitoterápicos tem como objetivo, prevenir, curar ou minimizar os sintomas das doenças,

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

com um custo mais acessível à população e aos serviços públicos de saúde, comparativamente

àqueles obtidos por síntese química, que são, em geral, mais caros, devido às patentes tecnológicas

envolvidas (TOLEDO, 2003).

Aesculus hippocastanum L. comumente conhecida como castanheira da índia, é natural dos

Balcãns, região do Cáucaso e do leste asiático, porém hoje em dia é cultivada em praticamente toda

a Europa. Na literatura são encontrados diversos relatos sobre a utilização da espécie na terapêutica.

Em 1960 Lorenz e Marek, descreveram a atividade antiedematogênica em edema de pata de rato,

para a β-escina (saponina triterpênica) (SIRTORI, 2001). As principais atividades relacionadas à

escina são: antiedematogênica, antinflamatória e propriedades venotônicas, todas estão relacionadas

ao mecanismo molecular, definido como permeabilidade vascular seletiva que é o aumento da

sensibilidade de íons moleculares nos canais de cálcio resultando em aumento do tônus venoso e

arterial (SIRTORI, 2001). Outro mecanismo de ação proposto é a liberação de prostaglandinas (PG)

F2α das veias, antagonista da serotonina e histamina (BOMBARDELLI, 1996).

No Brasil, estima-se que 25% dos US$ 8 bilhões de faturamento, em 1996, da indústria

farmacêutica nacional sejam originados de medicamentos derivados de plantas (SIMÕES, 2004).

Tendo em vista o grande crescimento do mercado dos fitoterápicos e as exigências legais, segundo

RDC Nº 48 de 16 de março de 2004, faz se necessário para o registro destes medicamentos o

relatório de controle de qualidade incluindo as metodologias analíticas. A falta de metodologia

farmacopéica para o produto acabado contendo escina, despertou a necessidade do desenvolvimento

de um método analítico para o produto. O método proposto para a quantificação da escina nas

cápsulas de castanha da índia utiliza a reação de Liebermann, para quantificação de saponinas

triterpênicas e esta reação usa como reagente o cloreto férrico (BESSA, 2007; LIMA, 2009).

A validação do método de quantificação de ativos em formas farmacêuticas é um item

importante para garantir a segurança dos resultados. Vários guias contendo diretrizes sobre

validação de procedimentos analíticos estão disponíveis atualmente (BRASIL, 2003; ICH, 2005;

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

INMETRO, 2003 e USP, 2008). Segundo esses guias, os principais parâmetros exigidos para

avaliação de um método são: especificidade, linearidade, precisão, exatidão, robustez, limite de

quantificação e limite de detecção. Nos dias atuais o processo de validação de metodologia analítica

é uma ferramenta de importância fundamental para o controle e manutenção da qualidade dos

produtos farmacêuticos obtendo assim, o resultado de eficácia, segurança requerido e satisfação do

cliente. Além de poder entender melhor o processo, evitando possíveis falhas, e poder adotar

medidas de prevenção para o controle de qualidade do método desenvolvido.

A espectrofotometria derivativa é atualmente uma ferramenta adicional que auxilia na

resolução de diversos problemas analíticos. A derivatização dos espectros permite separar sinais

sobrepostos e eliminar “background” causado pela presença de outras espécies na amostra.

Portanto, torna-se desnecessária uma etapa preliminar de separação das espécies a serem

determinadas, simplificando o procedimento e aumentando a velocidade analítica

(ROLLEMBERG; VIDOTTI, 2006). A espectrofotometria derivativa é aplicada em várias áreas, da

química, principalmente em análises de produtos alimentícios, como corante, e em análises de

fármacos, principalmente em produtos contendo dois a três componentes, pesticidas, entre outras

(ABBASPOUR, 2002; BRESCANSIN, 2002; CORDEIRO, 2006; DEBATTISTA, 1998;

TROMBETA, 2004). A técnica derivativa também pode ser utilizada para produtos à base de

plantas medicinais, uma vez que estes produtos apresentam uma grande quantidade de interferentes

e que seus extratos apresentam composição muita variada de substâncias (OSÓRIO, 2004).

Diante do exposto, foi desenvolvido e validado um método de quantificação para cápsulas

contendo escina, empregando o método espectrofotométrico derivativo de primeira ordem na região

do ultravioleta.

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

MATERIAS E MÉTODOS

Material

O material utilizado foi cedido pelo laboratório BRIFARMA (extrato seco de sementes da

castanha da índia SANRISIL e cápsulas da Genix). O extrato seco de Castanha da Índia

padronizado em 6,5% de escina e identificado, segundo a Farmacopéia Brasileira 4ª edição (Farm.

Bras.IV, 2003).

Foi utilizado como material de referência a Escina (ß-escina), da Sigma-Aldrich®. As

demais substâncias utilizadas no experimento: ácido clorídrico P.A. (Vetec), metanol P.A. (Vetec),

clorofórmio (Quimex), álcool propílico (JT Baker), éter etílico anidro (Tédia Brasil), ácido acético

glacial (Nuclear, Vetec), ácido sulfúrico P.A.(Dinâmica), cloreto férrico P.A. (Vetec), Amido

(Vetec).

Solução Padrão

A solução padrão de escina foi preparada dissolvendo-se o padrão de escina em balão

volumétrico de 50 ml com ácido acético glacial, obtendo solução na concentração de 120µg/ml.

Solução Amostra

Determinou-se o peso de 20 cápsulas, contendo o extrato seco da castanha da índia e amido,

em balança analítica modelo AE260 (Mettler) e modelo CP225D (Sartorius) (Farm Bras IV, 1988).

O conteúdo das cápsulas foi homogeneizado e, transferido o equivalente a 7,5 mg de escina para

erlenmeyer de 250 ml, adicionou-se 50 ml de metanol 65% (V/V). O conjunto foi pesado e

aquecido sob refluxo, em banho-maria por 30 minutos, após, foi resfriado e retomado seu peso

inicial pela adição de metanol a 65% (V/V) e filtrado. Foram evaporados 20 ml da solução sob

pressão reduzida, sendo o resíduo transferido com o auxílio de 20 ml de ácido clorídrico 0,1 M, para

funil de separação de 250 ml, e procedeu-se a extração com a mistura de 15 ml de n-propanol e 35

ml de clorofórmio, agitou-se energicamente por 2 minutos, separou-se a fase orgânica, adicionou-se

à fase aquosa 20 ml de ácido clorídrico e procedeu-se uma nova extração, nas condições citadas. As

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

soluções reunidas foram evaporadas até secura, sob pressão reduzida. O resíduo obtido foi lavado

com duas porções de 10 ml de éter etílico, a fase etérea foi filtrada e o filtro lavado com 10 ml de

éter etílico. O filtrado foi descartado, o éter remanescente do filtro e do recipiente foi eliminado.

Após a eliminação do éter, o filtro e o recipiente contendo o resíduo foram lavados com ácido

acético glacial transferindo a solução para balão volumétrico de 25 ml. Completou-se o volume com

ácido acético glacial, a fim de obter solução de trabalho de 120µg/ml.

Solução reagente de Cloreto férrico ácido SR

A solução reagente foi preparada segundo a Farm Bras IV ed (2003), dissolve-se 15 mg de

cloreto férrico P.A. em 20 ml da mistura de ácido acético glacial e ácido sulfúrico (1:1).

Reação com Cloreto férrico

Para realização da reação de Liebermann com escina, transferiu-se 2 ml da solução padrão e

solução amostra para tubos de ensaios, individualmente, e adicionou-se 4 ml da solução reagente de

cloreto férrico ácido SR em cada solução, homogeneizando-a. Preparou-se o branco em tubo de

ensaio com 2 ml de ácido acético glacial e 4 ml da solução reagente de cloreto férrico ácido SR. Os

tubos foram aquecidos em banho-maria a 60 ºC durante 25 minutos, utilizando Banho Maria

Termostatizado HAAKE modelo 003. Resfriado à temperatura ambiente e realizada a varredura da

amostra e do padrão no intervalo de 400-700 nm em espectrofotômetro modelo 50UV/VIS

(Varian/Venkel), para obter a derivada de primeira ordem no comprimento de onda de 579 nm.

Condição espectrofotométrica

Para o estudo foi realizado a varredura da amostra (extrato seco de semente da castanha da

índia e amido) e da escina nos comprimentos de onda de 700nm-400nm, utilizando como solvente

ácido acético glacial.

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Validação da metodologia

Para a validação da metodologia analítica foram avaliados os parâmetros de linearidade,

precisão, exatidão, robustez, especificidade, limite de detecção e limite de quantificação, conforme

RE Nº 899, de 29 de maio de 2003

Linearidade

A partir da solução 0,3mg/ml de escina em ácido acético glacial, foram preparadas em balão

volumétrico de 10 ml, as concentrações: 60, 90, 120, 150, 180 e 240 µg/ml. De cada concentração

obtida, foi retirado 2 ml para tubo de ensaio e prosseguiu-se como descrito em reação com Cloreto

férrico. Com os dados foram calculados o coeficiente de correlação e a equação da reta.

Precisão

Este parâmetro foi avaliado através dos métodos de repetibilidade e precisão intermediária.

A repetibilidade foi determinada pela análise de seis determinações a 100% da concentração

testada, ou seja, 120 µg/ml. A precisão intermediária foi determinada em triplicata, durante dois

dias, por dois analistas diferentes.

Exatidão

A exatidão foi realizada através do percentual de recuperação de uma quantidade conhecida

da solução padrão, adicionada à amostra conforme Tabela 1. A tabela relaciona as quantidades de

cada solução transferida para balão volumétrico de 10 ml, obtendo-se o percentual de recuperação

final das amostras. A solução amostra utilizada foi de 120 µg/ml e a solução padrão foi de 240

µg/ml. Para calcular a exatidão do método utilizou-se a equação [1], segundo a RE 899/2003.

[1] Exatidão = (concentração média experimental/concentração teórica) x 100

30

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Tabela 1: Preparo das soluções para o ensaio de exatidão

ITEM Volume (ml) da solução amostra

Volume (ml) da solução Padrão

Concentração (µg/ml)

A 5 ml - 60 µg/ml R1 3 ml 1 ml 60 µg/ml R2 6 ml 2 ml 120 µg/ml R3 6,5 ml 3 ml 150 µg/ml

Escina - 2,5 ml 60 µg/ml A = solução com amostra; R1, R2 e R3 = são as soluções de recuperação; Escina = solução com padrão Robustez

A robustez do método foi avaliada através da análise de variação do tempo entre preparo e

utilização da solução de escina e variando-se o comprimento de onda de detecção em 578, 579, 580

nm. Na análise do tempo foi utilizada solução de escina, na concentração de 120 µg/ml, a

temperatura ambiente. Nos tempos de 0 e 10 minutos, foram feitas varreduras e analisadas por

espectrofotométrica derivativa de primeira ordem, nas mesmas condições de análise.

Especificidade

O ensaio de especificidade foi realizado com o placebo que contém na cápsula apenas o

amido, para observar possíveis interferências, em relação ao método analítico testado.

Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ)

O LD e LQ foram calculados pela divisão do desvio padrão do coeficiente linear, obtidos

com a média das três curvas de calibração, pela média do coeficiente angular (CA) das respectivas

curvas multiplicado, por três e dez, respectivamente, conforme equação 2 e 3.

[2] LD = 3 x DP/CA

[3] LQ = 10 x DP/CA

31

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura 1 apresenta os espectros da escina (padrão) e do placebo, utilizando a

espectrofotometria na faixa de 400 - 700 nm (faixa de comprimento de onda na região da luz

visível). Afim de minimizar a sobreposição espectral, que apresentam os produtos derivados de

plantas o que dificulta a determinação direta do valor de absorvância pelo método univariado, usou-

se a espectrofotometria derivativa de primeira ordem, afim de aumentar a sensibilidade do método.

Onde A representa a varredura de ordem Zero e B a derivada de primeira ordem. Onde observou-se

que o comprimento de onda que apresenta melhor resultado, pelo método derivativo de primeira

ordem é em 579 nm.

400 450 500 550 600 650 700

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

Abs

orvâ

ncia

comprimento de onda (nm)

Amostra PA placebo

400 450 500 550 600 650 700-0,004

-0,002

0,000

0,002

0,004

0,006 Placebo Padrão Amostra

dA/d

λ

comprimento de onda (nm)

579nm

A B

Figura 1: Espectros de absorção de ordem zero (A) e de derivada de primeira ordem (B), para escina. Os resultados para o teor de escina nas cápsulas de Castanha da índia, (Brifarma), encontra-

se relacionado na tabela 2 e é a média de seis determinações

Tabela 2: Doseamento das cápsulas de Castanha da Índia ITEM dA/dλ (%)

1 -0,00208 94,64 2 -0,00218 99,07 3 -0,00211 96,05 4 -0,00229 104,09 5 -0,00223 101,36 6 -0,00228 103,64

MÉDIA -0,0022 99,81 DESVPAD 8,626E-05 3,92096

CV(%) 3,93 3,93

32

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Linearidade

Os resultados estão ilustrados na Tabela 3 e representados graficamente na Figura 2. A

equação de regressão linear obtido pelo método proposto, utilizando a média das três curvas, foi y =

0,00002x + 0,0002. O coeficiente de correlação obtido foi de 0,9953 demonstra que a curva está

dentro dos padrões exigidos, segundo orientações da ANVISA, para produtos de origem vegetal o

valor do coeficiente pode ser maior ou igual a 0,98.

Tabela 3: Quantificação de escina pelo método espectrofotométrico derivativo de primeira ordem, resultado da linearidade

ITEM 60 µg/ml 90 µg/ml 120 µg/ml 150 µg/ml 180 µg/ml 240 µg/ml Curva 1 -0,00111 -0,00174 -0,00227 -0,00282 -0,00325 -0,00410Curva 2 -0,00110 -0,00168 -0,00212 -0,00259 -0,00330 -0,00411Curva 3 -0,00110 -0,00171 -0,00210 -0,00260 -0,00330 -0,00410MÉDIA -0,0011 -0,0017 -0,0022 -0,0027 -0,0033 -0,0041

MÉDIA (%) 51,01 79,06 100,02 123,44 151,80 189,71DESVPAD 0,00001 0,00003 0,00009 0,00013 0,00003 0,00001

CV% -0,52 -1,75 -4,30 -4,87 -0,88 -0,14

Linearidade

y = 2E-05x + 0,0002R2 = 0,9953

00,00050,001

0,00150,002

0,00250,003

0,00350,004

0,0045

50 100 150 200 250

Concentração (mg/ml)

dA/d

λ

Figura 2: Representação gráfica da curva de calibração e da equação da reta da escina (padrão) obtida pelo método espectrofotométrico derivativo de primeira ordem na região do UV. A análise de variância (ANOVA) dos resultados das três curvas demonstraram que não há

falta de ajuste (Tabela 4).

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Tabela 4: Análise de variância da linearidade da escina (padrão) para o método proposto FONTE SQ gl MQ Fcal Ftab

REGRESSÃO 2,95218E-05 2 1,47609E-05 21,157 3,89 RESIDUAL 1,04653E-05 15 6,97685E-07

Falta de Ajuste 5,14393E-06 3 1,71464E-06 3,867 4,10 Erro Puro 5,32135E-06 12 4,43445E-07

TOTAL 3,99871E-05 17 2,35218E-06

Não há falta de ajuste

Precisão

Os resultados obtidos com o parâmetro repetibilidade para a forma farmacêutica está

exposto na tabela 5. Observamos que os resultados mostram que o método tem boa repetibilidade, e

apresenta um CV% de 1,72%, valor menor que o limite referido na RE Nº 899 que é 5%.

Tabela 5: Resultado da Repetibilidade ITEM 120µg/ml Concentração (%)

1 -0,00226 102,72 -0,00224 101,83 -0,00224 101,84 -0,00223 101,45 -0,00215 97,76 -0,00223 101,4

MÉDIA -0,00223 101,14DESVPAD 0,00004 1,7428

CV% -1,72 1,72

Os resultados da precisão intermediária estão representados na tabela 6. Este parâmetro foi

avaliado em dias diferentes e por analistas diferentes.

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Tabela 6: Precisão intermediária para as cápsulas de castanha da índia (contendo extrato seco) em diferentes dias e analistas

TEOR (%) Analista 1 Analista 2 Concentração

Dia 1 Dia 2 Dia 1 Dia 2 101,36 101,82 101,95 101,36102,73 101,82 101,36 97,73

120 µg/ml

105,45 101,36 102,73 101,82MÉDIA 103,18 101,67 102,02 100,30

DESVPAD 2,08299 2,6E-01 0,68384 2,24222CV% 2,02 0,26 0,67 2,24

O estudo da precisão do método entre os ensaios demonstraram não há grande diferença

entre as amostras analisadas individualmente em pequenos intervalos de tempo e assim como entre

analistas, os resultados encontrados estão de acordo com os limites especificados. Na análise

estatística de variância (tabela 7) o Fcalculado foi de 1,74 e 3,16 em quanto o Ftabelado de 4,96,

demonstrando não haver diferença estatisticamente significativa no nível de 95% de confiança entre

os analistas e dias, respectivamente.

Tabela 7: Análise de variância da Precisão Intermediária FONTE SQ gl MQ Fcalculado F tabelado

Analistas 4,800675 1 4,800675 1,7385173 Dias 7,792408 1 7,792408 3,1648303

4,96

Resíduo 19,82121 10 Total 32,41429 11

Exatidão

A exatidão foi demonstrada através do percentual de recuperação (tabela 8). O resultado da

Exatidão foi de 107,81% para as amostras das cápsulas, verificando assim, que o ensaio para a

quantificação de escina é exato.

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Tabela 8: Resultado da Exatidão para percentual de recuperação

ITEM A (µg/ml) R1 (µg/ml) R2 (µg/ml) R3 (µg/ml) Padrão (µg/ml)1 54,50 67,00 137,45 158,20 66,002 55,00 66,00 136,36 164,70 63,303 56,00 68,20 130,90 166,40 65,40

MÉDIA 55,17 67,07 134,90 163,10 64,90DESVPAD 0,76376 1,10151 3,50956 4,32782 1,41774

CV% 1,38 1,64 2,60 2,65 2,18recuperação

(%) 91,94 111,78 112,42 108,73 108,167

Exatidão (%) 107,81 * A = amostra; R1, R2 e R3 = recuperação 1, 2 e 3 (amostra + padrão) e Padrão = escina (Sigma-Aldrich®) Robustez

Na análise da robustez do método, observou-se que a solução de escina utilizada na hora do

preparo e depois de 10 minutos, na concentração de 240 µg/ml, em temperatura ambiente não

apresentou variação significativa no valor da leitura, em relação ao valor original (Tabela 9).

Tabela 9: Análise da robustez quanto ao tempo para utilização da solução de escina TEOR (%)

ITEM Tempo zero Tempo 10 minutos 1 100,73 100,73 2 100,98 100,49 3 100,90 100,00

MÉDIA 100,87 100,41 DESVPAD 1,25E-01 3,73E-01

CV% 0,12 0,37

Ainda para a análise deste parâmetro, observou-se que a solução de padrão, na concentração

de 120 µg/ml, não apresentou variação significativa no valor da leitura de sua absorvância na

modificação do comprimento de onda de 578, 579 e 580 nm (Tabela 10).

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Tabela 10: Análise dos dados em diferentes comprimentos de onda, para verificação da robustez

TEOR (%) ITEM 578 nm 579 nm 580 nm

1 2

96,23 102,73

96,36 103,18

96,23 103,18

3 103,18 101,82 101,36 4 103,18 101,82 101,36

MÉDIA 101,33 100,80 100,53 DESVPAD 3,408257 3,02E+00 2,996411

CV% 3,36 3,00 2,98

Tabela 11: Análise estatística (ANOVA), entre os dados de tempo para solução de escina e diferentes comprimentos de onda para robustez.

FONTE Fcalculado Ftabelado

Comprimento de Onda (nm)

0,0667 4,26 (9,2; 0,05)

Tempo (min) 4,1622 7,71 (4,1; 0,05)

O método apresentou-se robusto frente as variações de comprimentos de ondas e tempo (10

minutos) para a utilização da solução. Os dados da análise de variância (tabela 11) confirmam que

com nível de 95% de confianças, as pequenas variações feitas no método não apresentou diferença

estatística, Fcalculado menor que Ftabelado.

Especificidade

Comparando-se o perfil espectrofotométrico obtido para placebo e para o padrão, pode-se

observar que não há interferência do amido (placebo) em relação a escina. Apresentado-se

específico para a finalidade pretendida (Figura 2).

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400 450 500 550 600 650 700-0,004

-0,002

0,000

0,002

0,004

0,006

PA Escina

dA/d

λ

comprimento de onda (nm)

579nm

400 450 500 550 600 650 700-0,004

-0,002

0,000

0,002

0,004

0,006 Placebo

Figura 3: Derivadas de primeira ordem das varreduras espectrais: A- amostra do placebo e B-

Escina Sigma (120 µg/ml).

Limite de detecção e limite de quantificação

A partir do momento que se define que o método é linear, podem ser calculados os valores

de LD e LQ, utilizando a média do desvio padrão (DP) do primeiro ponto da reta e coeficiente

angular (CA). Os valores obtidos para o LD e LQ foram de 0,0012 µg/ml e 0,0039 µg/ml,

respectivamente, indicando boa sensibilidade do método.

CONCLUSÕES

O método para determinação de escina no extrato seco de Aesculus hippocastanum na forma

farmacêutica cápsula, foi testado e validado conforme a resolução 899/2003 e pelas recomendações

internacionais. Os resultados obtidos mostram que o método é preciso, linear, robusto, exato e

seletivo. Sendo uma alternativa para avaliação da qualidade do produto pela Indústria Farmacêutica,

uma vez que não consta em nenhum compêndio oficial método de quantificação da escina para

forma farmacêutica sólida.

dA/d

λ

comprimento de onda

579nm

A B

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

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CCAAPPÍÍTTUULLOO IIIIII

ARTIGO III:

Desenvolvimento e Validação do teste de Dissolução para cápsulas contendo

extrato seco de Castanha da Índia

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Desenvolvimento e Validação do teste de Dissolução para cápsulas contendo extrato seco de

Castanha da Índia

GUERRA, E.A.1; GRANJEIRO-JÚNIOR, S. 1; SILVA, R.H.1; ALBUQUERQUE, M.M. 1

1NCQMC – Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos/UFPE; Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Professor Arthur de Sá, s/n,Cidade Universitária,

Recife, PE, Brasil, CEP: 52740 – 520

RESUMO:

A mistura de saponinas triterpênicas conhecida como escina é o principal componente ativo da castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.), encontrado em maior percentual nas sementes. Os relatos da utilização de castanha da índia na terapêutica datam do início do século 18, como antifebril e mais tarde, no final do século 19 foi descoberta sua ação como antiedematogênica. Hoje, é conhecida também sua eficácia para o tratamento de inflamações e insuficiência venosa crônica (CVI). O teste de dissolução para cápsulas de castanha da índia visa garantir a disponibilidade in vitro e, absorção da escina. Para avaliação da dissolução foi desenvolvido um método analítico por espectrofotometria derivativa no visível. A validação assegura que o método atenda ás exigências das aplicações analíticas, garantindo a confiabilidade dos resultados. O método proposto leva em conta a liberação do ativo em função das concentrações em tempos pré-estabelecidos. Foram testados os parâmetros: o meio foi com água, HCl 0.1M e Lauril 0,1%, quanto ao aparato utilizou-se cesto e pá, 50 e 75 rotações por minuto (rpm), com tempos de coleta de 5, 15, 30, 45 e 60 minutos. Após a avaliação, determinou-se como parâmetros para a cápsula contendo extrato seco de castanha da índia: HCl 0.1M, cesto, 75 rpm em 45 minutos. O método foi validado e apresentou linearidade, com equação da reta y = 0,000015x +0,0002 e coeficiente de correlação 0.9976, os demais parâmetros exatidão, precisão, especificidade foram avaliados e estatisticamente analisados por teste F e ANOVA. O método é importante para a avaliação do controle de qualidade do produto, assegurando eficácia e segurança ao seu uso. Palavras-chave: castanha da índia, escina, controle de qualidade, dissolução, validação

ABSTRACT:

Triterpenics saponins mixture known as escin is the main active component of the horse chestnut

(Aesculus hippocastanum L.), found in percentage larger in the seeds. The horse chestnut utilization

reports in the therapeutics date of the beginning of 18th century, antifeverish and the end of 19th

century was discovered its action as antiswollen. Today, also is known its effectiveness for the

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inflammations treatment and chronic venous insufficiency (CVI). The dissolution test for horse

chestnut capsules guarantee the availability in vitro and, escin absorption. For dissolution evaluation

was developed an analytic method spectrophotometric derivative in the visible. The validation

assures that the method attends requirement of the analytic applications, guaranteing the results

reliability. The proposed method carrie the liberation of the active in concentrations function in

times pre-established. They were tried the parameters: the means with water, HCl 0.1M and Lauril

0,1%, regarding the apparatus it used basket and spade, 50 and 75 rotations per minute (rpm), with

times of collection of 5, 15, 30, 45 and 60 minutes. After evaluation, it determined as parameters

for the capsule contend dry extract of horse chestnut: HCl 0.1M, basket, 75 rpm in 45 minutes. The

method was validated and presented linearity, with straight line equation y = 0,000015x +0,0002

and correlation coefficient 0.9976, the parameters acurancy, precision, specificity were evaluated

and statistically analyzed by test F and ANOVA. The method is important for the quality control

evaluation of the product, assuring effectiveness and safety to your use.

Key-words: Horse Chestnut, escin, quality control, dissolution, validation

INTRODUÇÃO

As sementes da castanha da índia são utilizadas no tratamento de varizes, hemorróidas,

como antiinflamatório, e evidências afirmam sua atividade no tratamento da insuficiência venosa

crônica (CVI). Elas apresentam uma mistura complexa de saponinas triterpênicas, tendo como

principal componente a β-escina (MARTINS; BRANDÃO, 2006). O nome castanha da índia foi

dado por se acreditar que seria uma planta oriunda da Índia, porém só mais tarde foi descoberta que

era uma árvore natural dos Balcãns, região do Cáucaso e do leste asiático (SIRTORI, 2001). Seu

nome científico é Aesculus hippocastanum L. da família Hippocastanaceae.

As formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral são amplamente prescritas na

prática médica e a absorção de fármacos a partir dessas formas depende da liberação dos mesmos da

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sua forma farmacêutica. (MALESUIK et al., 2006; CORRÊA, 2006; AGUIAR et al., 2005). A

existência de influência da forma farmacêutica sobre a absorção de fármacos era conhecida já em

1902, porém só em 1950, a Farmacopéia Americana incluiu, em algumas monografias, o teste de

desintegração e, em 1970, o teste de dissolução (PORTA; YAMAMICHI; STORPIRTIS, 2002).

Dissolução pode ser definida de forma simplificada como o processo pelo qual um fármaco

é liberado de sua forma farmacêutica e se torna disponível para ser absorvido pelo organismo.

Desse modo, os testes de dissolução in vitro constituem uma importante ferramenta de controle de

qualidade (MARCOLONGO, 2003; DELALONDE; RUIZ, 2007; YUKSEL; KANIK; BAYKARA,

2000; DA ROSA, 2005). Os testes de dissolução de formas farmacêuticas sólidas estão descritos em

monografias, entretanto, são poucas as monografias de medicamentos fitoterápicos que descrevem o

método, portanto, os parâmetros do teste (seleção do aparelho, tipo de meio, seu volume, velocidade

de agitação, tempo de amostragem) devem ser pesquisados e definidos (MEIRA, 2006).

Os aparelhos de dissolução utilizados para as formas farmacêuticas sólidas podem ser pá ou

cesto. Cesto é rotineiramente utilizado para cápsulas, com agitação de 50 a 100 rpm e as pás são

mais frequentes para comprimidos e cápsulas, com agitação de 50 ou 75 rpm (MARQUES;

BROWN, 2002). Para a seleção do meio de dissolução é feita considerando a solubilidade e a faixa

de dosagem do fármaco de maneira a assegurar que as condições adequadas sejam atendidas. As

especificações quanto a duração do teste é, na maioria dos casos, de 30 a 60 minutos e as

especificações de um único ponto, para formas de liberação imediata. Quando determinam-se os

parâmetros para um novo método de dissolução é necessário validá-lo.

Validar é demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida, e que atenda a

aplicabilidade analítica assegurando a confiabilidade dos resultados. O método deve apresentar

especificidade, linearidade, sensibilidade, exatidão, adequada à análise (BRASIL, 2003).

Espectrofotometria na região do UV-VIS é uma das técnicas analíticas mais empregadas, em

função de robustez, custo relativamente baixo e grande número de aplicações desenvolvidas. Muitas

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das inovações referentes à espectrofotometria consiste em estratégias para aumento de sensibilidade

(ROCHA; TEIXEIRA, 2004). O método baseado no uso da espectrofotometria derivativa mesmo

sendo recente estudos já foram desenvolvidos utilizando esta ferramenta para determinação de

sistemas multicomponentes, ativos em plantas, corantes, análises orgânicas e inorgânica de

componentes (ROJAS; OJEDA, 2009; PASCHOAL et al., 2003; OSÓRIO; MARTINS, 2004;

MARTINS et al., 2007; ROLLEMBERG; VIDOTTI, 2006).

Então, propôs-se utilizar a espectrofotometria derivativa de primeira ordem para o método

de dissolução de cápsulas de castanha da índia, tendo em vista a dificuldade de eliminar

interferentes em produtos á base de plantas.

MATERIAL E MÉTODOS

Material

Cápsulas de castanha da índia (contendo extrato seco padronizado de sementes de Aesculus

hippocastanum, com amido), escina (ß-escina) Sigma–Aldrich®, Ácido clorídrico (Vetec), Ácido

acético glacial (Vetec), Cloreto férrico PA (Vetec), Ácido sulfúrico (Dinâmica®) e Lauril sulfato de

sódio (Vetec).

Teor das cápsulas de Castanha da Índia

As cápsulas de castanha da índia (Aesculus hippocastanum L.) foram quantificadas quanto

ao teor de escina, por método espectrofotométrico. Determinou-se o peso de 20 cápsulas (Farm.

Bras.IV) o conteúdo das cápsulas foi homogeneizado e, transferido o equivalente a 7,5 mg de escina

para erlenmeyer de 250 ml, adicionou-se 50 ml de metanol 65% (V/V). O conjunto foi pesado e

aquecido sob refluxo, em banho-maria por 30 minutos, após, foi resfriado e retomado seu peso

inicial pela adição de metanol a 65% (V/V) e filtrado. Foram evaporados 20 ml da solução sob

pressão reduzida, sendo o resíduo transferido com o auxílio de 20 ml de ácido clorídrico 0,1 M, para

funil de separação de 250 ml, e procedeu-se a extração com a mistura de 15 ml de n-propanol e 35

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ml de clorofórmio, agitou-se energicamente por 2 minutos, separou-se a fase orgânica, adicionou-se

à fase aquosa 20 ml de ácido clorídrico e procedeu-se uma nova extração, nas condições citadas. As

soluções reunidas foram evaporadas até secura, sob pressão reduzida. O resíduo obtido foi lavado

com duas porções de 10 ml de éter etílico, a fase etérea foi filtrada e o filtro lavado com 10 ml de

éter etílico. O filtrado foi descartado, o éter remanescente do filtro e do recipiente foi eliminado.

Após a eliminação do éter, o filtro e o recipiente contendo o resíduo foram lavados com ácido

acético glacial transferindo a solução para balão volumétrico de 25 ml. Completou-se o volume com

ácido acético glacial, a fim de obter solução de trabalho de 120µg/ml.

Preparo do padrão

A solução referência foi preparada com escina (98,1%), pesando 6,6 mg em balança

analítica modelo CP225D (Sartorius) dissolvendo-se em balão volumétrico de 50 ml em ácido

acético, procedeu-se a reação com cloreto férrico ácido SR e posteriormente varredura

espectrofotométrica, na região do visível (400 - 700 nm), afim de verificar comprimento de onda a

ser utilizado. Os dados foram analisados utilizando a derivada de primeira ordem.

Cinética de dissolução

Para realização dos perfis de dissolução foi utilizado dissolutor modelo DT60 (Erweka) com

seis cubas contendo 500ml de meio de dissolução, rotação de 50 e 75 rpm, aparatos pás e cesta, na

temperatura de 37±0,5 °C. Em cada cuba foram colocadas duas cápsulas para testar os três

diferentes meios: água, laurilsulfato de sódio a 0,1% e ácido clorídrico 0,1M. A escolha do volume

do meio e a quantidade de cápsulas utilizadas, consideraram o baixo teor de escina na forma

farmacêutica analisada (USP 31b). Alíquotas de 20 ml do meio de dissolução foram coletadas nos

intervalos de 5, 15, 30, 45 e 60 min, após cada retirada o volume foi completado. Cada alíquota foi

evaporada e o resíduo foi retomado com ácido acético para balão volumétrico de 10 ml. Uma

alíquota de 2 ml foi retirada para proceder a reação com cloreto férrico, e realizar varredura

espectrofotométrica em espectrofotômetro 50 UV/VIS (Varian/Venkel).

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Estudo da validação

Após determinar os parâmetros do teste de dissolução, o mesmo foi validado.

Determinando-se linearidade, especificidade, precisão, limite de detecção (LD) e quantificação

(LQ) e exatidão, para o método.

Linearidade

A linearidade foi realizada com escina (Sigma-Aldrich®) em cinco concentrações

diferentes, 6.5, 97.5, 130, 162,5 e 195 µg/ml, em triplicata, para a construção de três curvas

autênticas.

Especificidade

A especificidade do método foi realizada em quatro análises com placebo da cápsula de

Aesculus hippocastanum. Para verificar a interferência do placebo no método proposto.

Precisão

O parâmetro de precisão foi realizado nos níveis de repetibilidade, 6 (seis) dissoluções nas

condições do método proposto, e precisão intermediária com 2 (dois) analistas diferentes e em dois

dias consecutivos .

Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ)

O LD e LQ foram calculado pela divisão do desvio padrão do coeficiente linear, obtidos

com a média das três curvas de calibração, pela média do coeficiente angular das respectivas curvas

multiplicado, por três e dez, respectivamente.

Exatidão

A exatidão foi realizada em três concentrações: baixa (50%), média (100%) e alta (150%).

As amostras foram cápsulas com placebo contaminado com escina, nas respectivas concentrações

de 65, 130 e 195 µg. Os teores médios foram calculados pela média das dissoluções em triplicata.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

A figura 1 apresenta os espectros de ordem zero (A) e primeira derivada (B) da escina e do

placebo, na faixa de 400 - 700 nm. Afim de minimizar a forte sobreposição espectral, que podem

apresentar os produtos derivados de plantas o que dificulta a determinação direta do valor de

absorvância pelo método univariado, usou-se a espectrometria derivativa de primeira ordem, para

aumentar a sensibilidade do método. O espectro da primeira derivada foi obtido com Δ λ = 1 nm e

aplicando sobre 19 pontos experimentais a função “Smoothing”, usando o método simplificado de

Savitzky-Golay.

Realizada a varredura observou-se que o melhor resultado pelo método derivativo de

primeira ordem é obtido em 575 nm, para a dissolução.

Figura 1: Representação gráfica do padrão de escina e placebo, A-ordem zero e B-primeira derivada

Os meios de dissolução água e laurilsulfato de sódio 0,1%, apresentaram elevado grau de

interferência e baixa seletividade, o meio de dissolução ácido clorídrico 0,1 M foi o mais seletivo e

apresentou menor variação entre as analises, os resultados estão ilustrado na tabela 1.

400 450 500 550 600 650 700

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

Abs

orvâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Escina Placebo

400 450 500 550 600 650 700-0,003

-0,002

-0,001

0,000

0,001

0,002

0,003

Escina Placebo

dA/d

λ

Comprimento de onda (nm)

575 nm

B A

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Tabela 1: Avaliação do meio de dissolução para cápsulas de Castanha da Índia e padrão de escina

ÁGUA HCl 0,1 M LAURIL 0,1% ITEM

Padrão Extrato Padrão Extrato Padrão Extrato

1 -0,00214 -0,00299 -0,00214 -0,00208 -0,00214 -0,00312

2 -0,00226 -0,00295 -0,00226 -0,00208 -0,00226 -0,00307

3 -0,00220 -0,00297 -0,00220 -0,00208 -0,00220 -0,00309

MÉDIA -0,00220 -0,00297 -0,00220 -0,00208 -0,00220 -0,00309

DESVPAD 5,8E-05 0,0000225 5,8E-05 2E-06 5,8E-05 2,5E-05

CV% -2,64 -0,76 -2,64 -0,10 -2,64 -0,81

(Pa - Ext)* 0,00077 0,00012 0,00090

*Diferença entre leituras do padrão (PA) e do extrato (Ext)

O teor de escina liberado das cápsulas de castanha da índia no meio HCl 0,1M, estão

ilustrados na tabela 2 e figura 2 (aparato pá e cesta em 50 rpm) e na tabela 3 e figura 3 (aparato pá e

cesta em 75 rpm).

Tabela 2: Percentuais de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, na meio HCl 0,1M (500ml), velocidade de 50rpm, nos aparatos pá e cesta

TEOR MÉDIO LIBERADO (%) 50 rpm

TEMPO (min)

Pá CV% Cesta CV% 5 40,52 4,7 28,15 4 15 51,62 2,4 40,03 1,2 30 67,67 4,9 55,12 0,4 45 76,05 2,5 69,89 3,8 60 75,36 3,5 71,91 0,5

50

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Perfil 50 rpm

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

5min 15min 30min 45min 60min

Tempo

Con

cent

raçã

o (%

)

Cesta

Figura 2: Perfis de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, na meio HCl 0,1M (500ml), velocidade de 50rpm, nos aparatos pá e cesta

Tabela 3: Percentuais de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, na meio HCl 0,1M (500ml), velocidade de 75 rpm, nos aparatos pá e cesta

TEOR MÉDIO LIBERADO (%) 75 rpm

TEMPO (min)

Pá CV% Cesta CV% 5 34,52 3,8 19,23 4,04 15 51,69 0,58 49,25 1,23 30 62,35 0,56 63,05 0,4 45 72,8 1,32 78,93 3,88 60 81,74 3,9 85,86 0,48

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Perfil 75 rpm

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

100,00

5min 15min 30min 45min 60min

Tempo

Con

cent

raçã

o (%

)

Cesta

Figura 3: Perfis de dissolução das cápsulas de Castanha da Índia, no meio HCl 0,1M (500ml),

velocidade de 75rpm, aparatos pá e cesta

Com base nos resultados dos perfis, levando em conta a liberação de escina das cápsulas em

função dos tempos, foram escolhidos os parâmetros da dissolução: HCl 0,1M como meio, aparato

cesta, 75 rpm e o tempo de 45 minutos, onde mais de 75% de escina já foi liberado.

Validação

Após determinação do método e dos parâmetros para o teste de dissolução, foi realizada a

validação do método, seguindo as normas nacional e internacional (BRASIL, 2004b; ICH, 1996;

USP 31).

Linearidade

A curva de calibração se mostrou ajustada e linear, com coeficiente de correlação de 0,9976

e equação da reta y = 0,000015x + 0,0002. Os resultados das três curvas autênticas estão

representados na tabela 4 e ilustrado na figura 4. A análise estatística dos dados foi feita pela análise

de variância, os resultados estão representados na tabela 5, onde demonstra que não há falta de

ajuste pois apresenta Fcalculado menor que o Ftabelado.

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Tabela 4: Dados das três curvas autênticas da linearidade

ITEM 65μg/ml 97,5 μg/ml 130 μg/ml 162,5 μg/ml 195 μg/ml

Curva 1 -0,00113 -0,001666 -0,00217 -0,00258 -0,00316Curva 2 -0,00119 -0,001730 -0,00219 -0,00258 -0,00314Curva 3 -0,00122 -0,001650 -0,00218 -0,00255 -0,00312MÉDIA -0,00118 -0,00168 -0,00218 -0,00257 -0,00314

MÉDIA (%) 53,53 76,45 99,13 116,88 142,87DESVPAD 0,00005 0,00004 0,00001 0,00002 0,00002

CV% -3,97 -2,52 -0,47 -0,75 -0,62Valor

Absoluto 0,00118 0,00168 0,00218 0,00257 0,00314

Linearidade

y = 0,000015x + 0,0002R2 = 0,9976

0

0,0005

0,001

0,0015

0,002

0,0025

0,003

0,0035

50,0 70,0 90,0 110,0 130,0 150,0 170,0 190,0

Concentração (μg/ml)

Abs

orvâ

ncia

Figura 4: Representação gráfica da linearidade média das três curvas autênticas Tabela 5: Análise estatística dos dados da linearidade

FONTE SQ gl MQ Fcal Ftab REGRESSÃO 7,12969E-06 2 3,5648E-06 920,999 3,89 RESIDUAL 4,64475E-08 12 3,8706E-09 Curva Linear

Falta de Ajuste 1,82595E-08 2 9,1298E-09 3,238 4,10 Erro Puro 2,8188E-08 10 2,8188E-09

TOTAL 7,17614E-06 14 3,5687E-06 Não há falta de ajuste

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Limite de detecção (LD) e Limite de quantificação (LQ)

Os resultados obtidos foram: LD 0,0074 µg/ml e LQ 0,0248 µg/ml, determinados conforme

preconizado pela RE Nº 899 de 23 de maio de 2003, demonstrando a sensibilidade do método à

escina.

Especificidade

Os resultados dos ensaios de dissolução das cápsulas com o placebo, demonstraram

absorvâncias médias de 0,000008 e o CV% foi 2,75%, estando conforme especificação da

legislação que é no máximo 5%. O teste demonstra que o placebo não interfere na leitura da escina

no método proposto, como representado na figura 1.

Precisão

O método apresenta-se preciso nos dois níveis avaliados. O nível de repetibilidade

apresentou CV% de 3,16% (Tabela 6). E para a precisão intermediária (tabela 7) foi avaliado

segundo método estatístico de análise de variância entre dias e analistas, demonstrando com 95% de

confiança que não há diferença significativa entre os parâmetros avaliados, resultados representados

na tabela 8.

Tabela 6: Resultados da repetibilidade da dissolução das cápsulas de Castanha da Índia

ITEM 1 2 3 4 5 6 MÉDIA DESVPAD CV%dA/dλ -0,00185 -0,00200 -0,00189 -0,00186 -0,00184 -0,00189 -0,00189 (%) 84,23 90,95 85,69 84,38 83,43 85,74 85,74

5,9577E-05 3,16

Tabela 7: Precisão Intermediária, avaliação da dissolução em dias e analistas diferentes Analista 1 Analista 2 ITEM

Dia 1 Dia 2 Dia 1 Dia 2 86,23 90,84 85,00 90,00 82,18 84,36 86,23 86,23

Concentração (%)

84,36 86,23 84,38 88,18 MÉDIA 84,26 87,14 85,20 88,14

DESVPAD 2,024812 3,33451 0,94367 1,88677 CV% 2,40 3,83 1,11 2,14

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Tabela 8: Análise de variância (ANOVA), entre dias e analistas diferentes da precisão intermediária FONTE SQ gl MQ Fcalculado F tabelado

Analistas 0,740033 1 0,740033 0,1591 Dias 6,249633 1 6,249633 1,5243

4,96

Resíduo 40,2599 10 Total 47,24957 11

Exatidão

Os resultados da recuperação foram de 48,54%, 97,21% e 147,55%, os percentuais

encontrados estão dentro do limite de especificação da legislação que é 95-105%, do valor teórico,

dados apresentados na Tabela 9.

Tabela 9: Exatidão do método de dissolução das cápsulas de Aesculus hippopastanum CONCENTRAÇÃO DE RECUPERAÇÃO (%)CONCENTRAÇÃO

TEÓRICA (%) 1 2 3 4

MÉDIA DESVPAD CV%

50 50,17 47,52 47,57 48,89 48,54 1,25972 2,60

100 95,92 100,95 96,02 95,94 97,21 2,49537 2,57

150 147,00 144,10 149,00 150,10 147,55 2,63376 1,78

CONCLUSÕES

Através da avaliação in vitro da solubilização da castanha da índia nas cápsulas, pelo

método de dissolução, foi possível verificar o parâmetro solubilidade relacionado ao tempo. E esta

avaliação está ligada ao parâmetro segurança e eficácia do produto.

O método desenvolvido e validado disponibilizar uma metodologia de dissolução para

quantificação de escina em cápsulas de extrato seco de castanha da índia, tendo em vista que não

existe em compêndios oficiais método de análise para dissolução de cápsulas contendo escina.

Os resultados demonstram que o método encontra-se dentro dos padrões exigidos pelos

órgãos reguladores, uma vez que se mostrou linear, com coeficiente de correlação próximo a

unidade, método específico, ou seja, o amido adicionado nas cápsulas não interfere na leitura do

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

método, além de apresentar-se preciso e exato com 95% de confiança estatisticamente. Portanto, é

um método analítico aplicável na rotina de controle de qualidade de laboratórios farmacêuticos.

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

CONCLUSÕES GERAIS

O método por espectrofotometria derivativa elaborado para quantificação de escina nas

cápsulas contendo extrato seco de castanha da índia, mostrou-se eficiente para a avaliação do

controle de qualidade desta forma farmacêutica. Uma vez que não existem nos compêndios oficiais

métodos para a avaliação da forma farmacêutica cápsulas contendo escina.

O método de dissolução desenvolvido demonstrou repetibilidade e sensibilidade para

avaliação da liberação de escina in vitro das cápsulas, representando assim, um teste para a

avaliação do controle de qualidade do produto.

Os métodos para quantificação e dissolução de escina nas cápsulas de extrato seco de

castanha da índia foram validados segundo a RDC nº 899, de 29 de maio de 2003 da ANVISA,

todos os parâmetros avaliados estavam dentro dos limites especificados pela legislação.

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

PPEERRSSPPEECCTTIIVVAASS

Avaliação das cápsulas de castanha da índia, quanto a estabilidade acelerada e de longa

duração;

Avaliação e comparação da técnica por espectrofotometria para quantificação de escina, com

outras técnicas analíticas;

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GUERRA, E.A. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analítica aplicados à Forma Farmacêutica sólida de Aesculus

hippocastanum L. (Castanha da Índia)

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

AANNEEXXOOSS

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

REVISTA BRASILEIRA DE PLANTAS MEDICINAIS

Botucatu, 26 de maio de 2009

Ilma Sra

Elda Azevedo Guerra Prezada Senhora

Temos a grata satisfação de acusar o recebimento da revisão “Castanha da

Índia (Aesculus hippocastanum): química, farmacologia e controle de qualidade”,

de autoria de GUERRA, E.A.; BRAGA, R.M.C.; ALBUQUERQUE, M.M., o qual recebeu o

protocolo no 09/076.

Sem mais para o momento, subscrevemo-nos.

Atenciosamente

Prof. Dr. Lin Chau Ming

Editor Chefe

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

Escin,

≥95%, powder Product Name

Product Number E1378

Product Brand SIGMA

CAS Number 6805-41-0

Molecular Formula C54H84O23

Molecular Weight 1101.23

TEST SPECIFICATION LOT 026K1386 RESULTS

APPEARANCE OFF-WHITE POWDER CONFORMS

SOLUBILITYCLEAR COLORLESS TO FAINT YELLOW

SOLUTION AT 50 MG/ML OF METHANOL CLEAR VERY FAINT YELLOW

WATER BY KARL FISCHER NMT 5.0% 0.7%**

SOLVENT CONTENT NMT 2.0% (ETHANOL) 1.2% (ETHANOL)**

SOLVENT CONTENT NMT 0.05% (METHANOL) 0.01% (METHANOL)**

PURITY BY THIN LAYER CHROMATOGRAPHY CONSISTENT WITH HISTORY CONFORMS**

PURITY BY SODIUM HYDROXIDE TITRATION* MINIMUM 95% 98.1%**

*ANHYDROUS BASIS **SUPPLIER

INFORMATION NOTE *ANHYDROUS BASIS

RECOMMENDED RETEST 2 YEARS FEBRUARY 2008

QC RELEASE DATE FEBRUARY 2006

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hippocastanum L. (Castanha da Índia)

2 Escina (Sigma-Aldrich®) PA

1

1 = Extrato seco de A. hippocastanum L. 6,5%

2 = Extrato seco de A. hippocastanum L. 2,5%

Cromatografia Camada Delgada (Identificação Escina)

Condições:

Placa: sílica GF254

Fase móvel: n-butanol, ácido acético glacial e água (50:10:40)

Aplicar: 20µl

Revelador: solução de Anisaldeído SR

Método: F. BRAS IV (Farmacopéia Brasileira ). 4º ed. São Paulo: Atheneu. Pt. 6, p. 221, 2003

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