universidade federal de pelotas faculdade de agronomia ...€¦ · márcio peter, miriã miranda...

87
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos TESE Efeitos das condições de processamento e do teor de amilose sobre propriedades tecnológicas, sensoriais e nutricionais de extrusados expandidos à base de arroz e feijão Nathan Levien Vanier Engenheiro Agrônomo Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos Pelotas, 2014

Upload: others

Post on 01-Nov-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

TESE

Efeitos das condições de processamento e do teor de amilose sobre

propriedades tecnológicas, sensoriais e nutricionais de extrusados

expandidos à base de arroz e feijão

Nathan Levien Vanier

Engenheiro Agrônomo

Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos

Pelotas, 2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

2

Nathan Levien Vanier

Efeitos das condições de processamento e do teor de amilose sobre

propriedades tecnológicas, sensoriais e nutricionais de extrusados

expandidos à base de arroz e feijão

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos da Universidade Federal de

Pelotas, como requisito parcial à obtenção

do Título de Doutor em Ciência e

Tecnologia de Alimentos.

Comitê de orientação: Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias (DCTA-FAEM-UFPEL)

Prof. Dr. Maurício de Oliveira (DCTA-FAEM-UFPEL)

Dr. Jose De J. Berrios (WRRC-ARS-USDA)

Pelotas, 2014

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

Universidade Federal de Pelotas / Sistema de BibliotecasCatalogação na Publicação

V258e Vanier, Nathan LevienVanEfeitos das condições de processamento e do teor deamilose sobre propriedades tecnológicas, sensoriais enutricionais de extrusados expandidos à base de arroz efeijão / Nathan Levien Vanier ; Moacir Cardoso Elias,orientador ; Maurício de Oliveira, Jose De Jesus Berrios,coorientadores. Pelotas, 2014.Van87 f. : il.

VanTese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação emCiência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade deAgronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas,2014.

Van1. Amilose. 2. Amilopectina. 3. Arroz. 4. Cromatografiade permeação em gel. 5. Extrusão. I. Elias, Moacir Cardoso,orient. II. Oliveira, Maurício de, coorient. III. Berrios, Jose DeJesus, coorient. IV. Título.

CDD : 664

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

3

Banca examinadora:

Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias (UFPEL-FAEM)

Profa. Dra. Elessandra da Rosa Zavareze (UFPEL-FAEM)

Profa. Dra. Ana Paula Wally Vallim (IFSUL-CAVG)

Prof. Dr. Jander Luiz Fernandes Monks (IFSUL)

Prof. Dr. Fabrizio da Fonseca Barbosa (UFPEL-CCQFA)

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

4

Dedico este trabalho aos meus pais,

João Luiz e Mônica.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela família e pelos amigos que o Senhor me deu. Agradeço,

também, por me dar forças para lutar pelos meus objetivos.

Aos meus pais, João Luiz e Mônica, que sempre se preocuparam com a

minha formação pessoal e profissional, por todo o apoio e carinho. Agradeço por

estarem sempre ao meu lado, sendo o meu porto seguro.

Ao orientador acadêmico, Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias. Muito obrigado pela

amizade, pelo convívio e pelos ensinamentos profissionais e pessoais que levarei

para toda a vida.

Ao co-orientador no exterior, Dr. Jose De J. Berrios, pelo apoio, pelos

ensinamentos e pela atenção prestada durante o período de doutorado sanduíche.

Ao co-orientador Prof. Dr. Maurício de Oliveira, pela amizade, pelos

ensinamentos e pelos auxílios prestados durante minha caminhada acadêmica.

Ao amigo Prof. Dr. Ricardo Tadeu Paraginski, pela amizade, pelos

ensinamentos e por ter topado tantos desafios “impossíveis” durante os períodos de

graduação – como estagiários do Laboratório de Grãos –, de Mestrado e de

Doutorado.

Ao amigo Pesquisador James Pan, da Unidade de Alimentos Processados do

USDA, fundamental para que eu superasse as dificuldades no exterior. A essa

pessoa extremamente dedicada ao trabalho e focada em ajudar o próximo, agradeço

pela amizade e pela atenção prestada durante o período do doutorado sanduíche.

Às colegas e amigas Eng. de Alimentos M.Sc. Rosana Colussi e Eng. de

Alimentos Dra. Vânia Zanella Pinto, pelo apoio na pesquisa.

Aos Pesquisadores do USDA Artur Klamczynski, Delilah Wood, Gary

Takeoka, Rebecca Milczarek, Roberto Avena, Tina Williams, Wallace Yokoyama, por

me auxiliarem na condução de algumas análises laboratoriais e por me transmitirem

ensinamentos preciosos.

Ao Pesquisador Varatharajan Vamadevam, da Agri-Food Canadá, pelo

precioso auxílio na realização da análise de cromatografia de permeação em gel.

Aos professores Alvaro Renato Guerra Dias, Cesar Valmor Rombaldi,

Elessandra da Rosa Zavareze, Fábio Clasen Chaves, Leonardo Nora e Manoel

Artigas Schirmer, pela contribuição no meu desenvolvimento profissional.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

6

Aos colegas do Laboratório de Grãos, em especial Aline Pereira, Cláudia

Camargo, Cristiano Dietrich Ferreira, Fabiana Torma Botelho, Flávia Fernandes

Paiva, Gabriela Alves, Jarine Amaral do Evangelho, Jean Oliveira, Jorge Tiago

Schwanz Göebel, Josiane Bartz, Luciana Prietto, Nelisa Lamas, Rafael de Almeida

Schiavon, Shanise Lisie Mello El Halal, Valmor Ziegler, Wagner Schellin Vieira da

Silva e Wilner Peres, pelo apoio e pela amizade.

Aos alunos de iniciação científica do Laboratório de Grãos, em especial André

Talhamento, Bruno Artur Rockenbach, Daiane Kroning, Felipe Cruz Borges, Jean

Ávila Schwartz, Jennifer da Silva, Juciano Gabriel da Silva, Lázaro Costa Canizares,

Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos

Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana Zanetti, e às alunas de iniciação científica do

Laboratório de Bromatologia da Faculdade de Nutrição, Andressa Gonçalves e

Chaiane Goulart Soares, pelo apoio e pela amizade.

Ao amigo e colega Eng. Agr. M.Sc. Ronei Dorneles Machado, que sempre

esteve pronto para me auxiliar nos momentos mais difíceis, e por compartilhar os

momentos de alegria e de dificuldade da caminhada pessoal e profissional.

À CAPES, pela concessão das bolsas de Doutorado e Doutorado Sanduíche,

e ao CNPq, à.FAPERGS e ao Polo de Alimentos pelo apoio à pesquisa.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

7

“O conhecimento envaidece; é o amor que constrói”

(1 Cor 8, 1)

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

8

RESUMO

VANIER, Nathan Levien. Efeitos das condições de processamento e do teor de amilose sobre propriedades tecnológicas, sensoriais e nutricionais de extrusados expandidos à base de arroz e feijão. 2014. 87f. Tese (Doutorado)–Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. A extrusão é uma operação que transforma matérias-primas em produtos cozidos, estáveis no armazenamento, prontos para consumo, através da utilização rápida de elevada temperatura e pressão. Composição e características do produto extrusado dependem de variáveis do processo de extrusão, que incluem as características da farinha utilizada, temperatura, umidade da farinha e outras. Objetivou-se, com o estudo, avaliar efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre propriedades tecnológicas, sensoriais e nutricionais de extrusados expandidos à base de arroz e feijão. O trabalho foi dividido em dois Estudos. Os tratamentos de ambos os Estudos foram preparados em extrusora dupla-rosca de 18 mm com 6 zonas de aquecimento-arrefecimento, com taxa de alimentação de 50 g.min-1, velocidade de rosca de 500 rpm e orifício de saída na zona de expansão com 3,0 mm de diâmetro. No Estudo 1, foram avaliados efeitos da umidade da farinha (18% e 22%) e da temperatura de extrusão (100°C e 140°C) sobre propriedades tecnológicas, sensoriais e nutricionais de extrusados expandidos à base de arroz e feijão. As farinhas mistas utilizadas no Estudo 1 foram preparadas pela mistura de arroz, feijão, farelo de trigo, resíduo sólido de indústria de suco de maçã, sal e açúcar. Foram testadas, ainda, três farinhas de arroz na adição, com diferentes teores de amilose: 6,1%, 17,7% e 23,1%. No Estudo 2, amidos isolados de grãos de três cultivares de arroz, uma cultivar de feijão carioca e o amido comercial de milho denominado Hylon V®, com teores de amilose de 8, 20, 32, 35 e 55%, respectivamente, foram extrusados com umidade de 22% e temperatura máxima de 100°C, visando avaliar efeitos do teor de amilose sobre propriedades tecnológicas dos extrusados expandidos, bem como avaliar as alterações estruturais na amilose e na amilopectina causadas pelo processo de extrusão. Extrusados expandidos à base de arroz e feijão com alto índice de expansão, baixa densidade, baixa dureza e boa aceitação sensorial foram obtidos utilizando farinha mista com 18% de umidade e temperatura de extrusão de 140°C, havendo aumento do índice de expansão e redução da dureza do extrusado com a diminuição o teor de amilose do arroz na mistura. A farinha de arroz com 6,1% de amilose propiciou extrusados com maior índice de expansão e menor dureza. A extrusão da farinha com 18% de umidade e 140°C propiciou maior teor de compostos fenólicos livres, resultado da solubilização de compostos fenólicos complexados presentes na parede celular. De forma semelhante, uma parte da fração fibra insolúvel foi solubilizada com o processo de extrusão. O maior índice de expansão na extrusão dos amidos isolados de arroz, feijão e milho ocorre com teores de amilose entre 20 e 35%. O processo de extrusão promove a quebra das ligações α(1,6), predominantemente, das cadeias de amilose e de amilopectina do amido, independentemente se de arroz, feijão ou milho.

Palavras-Chave: amilose, amilopectina, arroz, cromatografia de permeação em gel, extrusão.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

9

ABSTRACT

VANIER, Nathan Levien. Effects of processing conditions and amylose content on technological, sensory and nutritional properties of rice and bean-based expanded snacks. 2014. 87f. Tese (Doutorado)–Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Extrusion is a high-temperature-and-pressure, and short-time technology that converts agricultural commodities into fully cooked, shelf-stable and ready-to-eat products. The composition and the physical characteristics of the extrudates depends on several process parameters, such as characteristics of the formulation, extrusion temperature, moisture content of the formulation, and others. This work aims to evaluate effects of extrusion conditions and amylose content on technological, sensory and nutritional properties of rice and bean-based expanded snacks. The work was divided in two studies. The treatments were all prepared using the same 18 mm twin screw extruded, with six barrel zones, feed rate of 50 g.min-1, screw speed of 500 rpm, and 3.00 mm-die. In the first study, the effects of feed moisture (18% and 22%) and barrel temperature (100 and 140°C) on technological, sensory and nutritional properties of expanded snacks were evaluated. The raw formulations were prepared by mixing rice and bean flours, wheat bran, apple pomace, salt and sugar. Moreover, three different rice flours were tested, varying in amylose content (6.1, 17.7 and 23.1%). In the second study, starch isolated from three rice cultivars, one Carioca bean cultivar and the commercial Hylon V® maize starch, with amylose content of 8, 20, 32, 35 and 55%, respectively, were extruded at 22% of feed moisture and 100°C barrel temperature, aiming to evaluate effects of amylose content on technological properties of expanded snacks, as well as to evaluate the structural changes on amylose and amylopectin as a function of extrusion processing. Rice-bean-based expanded extrudates with high expansion ratio, low bulk density, low hardness and good overall acceptability were obtained using 18% of feed moisture and 140°C of barrel temperature. The rice flour presenting 6.1% amylose content provided extrudates with higher expansion ratio and lower hardness. The use of 18% feed moisture and 140°C barrel temperature provided extrudates with high free phenolic compounds content, which is a result of bound phenolics solubilization. Similarly, insoluble fiber was partially solubilized and converted to soluble fiber due to extrusion. The greater expansion ratio occurred in starches with amylose content between 20 and 35%. The extrusion mainly caused the cleavage of α(1,6) linkages from amylopectin and amylose, regardless of starch origin.

Keywords: amylose, amylopectin, rice, gel permeation chromatography, extrusion technology.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A) Estrutura da amilose [polímero linear composto por D-glicoses

unidas em α-1,4]. B) Estrutura da amilopectina [polímero ramificado composto

por D-glicoses unidas em α-1,4 e α-1,6]................................................................ 24

Figura 2 – Visão geral da estrutura granular do amido em diferentes níveis de

ampliação............................................................................................................... 26

Figura 3 – Representação de uma curva típica obtida na análise das

propriedades viscoamilográficas do amido em um Rapid Visco Analyzer

(RVA)..................................................................................................................... 27

Figura 4 – Estrutura da dupla-rosca utilizada no preparo dos extrusados

expandidos. ZC1 = Zona de cocção 1; ZC2 = Zona de cocção 2; M1 =

Misturador 1; ZC3 = Zona de cocção 3; M2 = Misturador 2; ZC4 = Zona de

cocção 4; ZAP = Zona de alta pressão.................................................................. 35

Figura 5 – Extrusados expandidos à base de arroz, com diferentes teores de

amilose, e feijão obtidos pelas diferentes condições de extrusão adotadas no

Estudo 1................................................................................................................. 42

Figura 6 – Torque (%) registrado pela extrusora dupla-rosca de 18 mm durante

o preparo dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão............................ 43

Figura 7 – Pressão (psi) registrada pela extrusora dupla-rosca de 18 mm

durante o preparo dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão............... 44

Figura 8 – Efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre o

índice de expansão dos extrusados à base de arroz e feijão................................ 45

Figura 9 – Efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre a

densidade (g.cm-3) dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão.............. 47

Figura 10 – Efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre a

dureza (N) dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão........................... 49

Figura 11 – Avaliação sensorial dos extrusados expandidos pré-selecionados

com base nos resultados de taxa de expansão, densidade e dureza................... 50

Figura 12 – Efeitos das condições de extrusão sobre o teor de compostos

fenólicos livres (mg ác. gálico.100 g-1) dos extrusados à base de arroz e

feijão....................................................................................................................... 52

Figura 13 – Efeitos das condições de extrusão sobre a atividade antioxidante

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

11

de radicais DPPH (mg Trolox equiv.100 g-1) dos extrusados à base de arroz e

feijão.......................................................................................................................

54

Figura 14 – Imagens de microscopia estereoscópica dos extrusados

expandidos de amido isolado contendo 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e

55% (E) de amilose. Números 1 e 2 representam, respectivamente, imagens

tomadas com 0,71X de aproximação da vista frontal e 1,6X de aproximação da

seção transversal dos extrusados.......................................................................... 60

Figura 15 – Torque (%) e pressão (psi) registrados pela extrusora dupla-rosca

18 mm durante o preparo dos extrusados expandidos de amido isolado com

diferentes teores de amilose.................................................................................. 62

Figura 16 – Índice de expansão e densidade (g.cm-3) dos extrusados

expandidos de amido isolado de grãos em função do teor de amilose................. 63

Figura 17 – Dureza (kg) dos extrusados expandidos de amido isolado de grãos

em função do teor de amilose................................................................................ 64

Figura 18 – Valores L* (A), a* (B) e b* (C) da análise colorimétrica dos amidos

nativos e extrusados com diferentes teores de amilose........................................ 66

Figura 19 – Perfil viscoamilográfico dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32% (C),

35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e extrusados............................................ 68

Figura 20 – Imagens de microscopia ótica dos amidos com 8% (A), 20% (B),

32% (C), 35%, (D) e 55% (E) de amilose. Números 1 e 2 representam imagens

dos amidos nativos e extrusados, respectivamente, com 40X de

aproximação........................................................................................................... 70

Figura 21 – Cromatografia de permeação em gel Sepharose CL-2B dos amidos

com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e

extrusados.............................................................................................................. 71

Figura 22 – Cromatografia de permeação em gel Sepharose CL-6B dos amidos

com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e

extrusados.............................................................................................................. 72

Figura 23 – Difratogramas de raios-X dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32%

(C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e extrusados..................................... 74

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características dos genótipos de arroz Calamylow-201, M-206 e L-

206 utilizados no Estudo 1...................................................................................... 30

Tabela 2 – Características físico-químicas e estruturais dos amidos de arroz,

feijão e milho, utilizados no Estudo 2...................................................................... 30

Tabela 3 – Delineamento experimental para avaliar efeitos do teor de amilose

do arroz, da umidade da formulação e da temperatura de extrusão sobre

parâmetros operacionais do processo e tecnológicos, sensoriais e de avaliação

nutricional de extrusados arroz-feijão..................................................................... 31

Tabela 4 – Delineamento experimental para avaliar efeitos do processo de

extrusão e do teor de amilose sobre parâmetros operacionais do processo,

propriedades tecnológicas e componentes da estrutura do amido isolado de

arroz, feijão e milho................................................................................................ 32

Tabela 5 – Efeitos das condições de extrusão sobre a composição proximal (%

em base seca) dos extrusados à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão.......... 51

Tabela 6 – Efeitos da temperatura de extrusão sobre os teores de vitamina B1,

fibras solúveis e insolúveis, e valor energético dos extrusados expandidos à

base de farinha de arroz (6,1% de amilose) e farinha de feijão............................. 55

Tabela 7 – Efeitos da temperatura de extrusão sobre o perfil de aminoácidos

dos extrusados expandidos à base de farinha de arroz (6,1% de amilose) e

farinha de feijão...................................................................................................... 58

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

13

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................ 8

ABSTRACT............................................................................................................ 9

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 10

LISTA DE TABELAS............................................................................................. 12

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 15

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 17

2.1. O processo de extrusão.................................................................................. 17

2.2. Propriedades tecnológicas de extrusados expandidos................................... 19

2.3. Avaliação sensorial e propriedades nutricionais de extrusados expandidos.. 20

2.4. Propriedades estruturais e tecnológicas do amido......................................... 23

3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 29

3.1. Materiais.......................................................................................................... 29

3.2. Métodos........................................................................................................... 30

3.2.1. Delineamento experimental.......................................................................... 30

3.2.2. Preparo das amostras.................................................................................. 32

3.2.3. Avaliações.................................................................................................... 34

3.2.3.1. Parâmetros operacionais.......................................................................... 34

3.2.3.1.1. Torque e pressão de funcionamento da extrusora................................. 34

3.2.3.2. Propriedades físico-químicas, tecnológicas e sensoriais dos extrusados

expandidos............................................................................................................. 35

3.2.3.2.1. Índice de expansão dos extrusados....................................................... 35

3.2.3.2.2. Densidade dos extrusados..................................................................... 35

3.2.3.2.3. Dureza dos extrusados.......................................................................... 35

3.2.3.2.4. Avaliação sensorial dos extrusados....................................................... 36

3.2.3.2.5. Perfil colorimétrico dos amidos nativos e extrusados............................ 36

3.2.3.2.6. Perfil viscoamilográfico (RVA) dos amidos nativos e extrusados.......... 36

3.2.3.3. Parâmetros de avaliação nutricional dos extrusados expandidos............ 37

3.2.3.3.1. Composição proximal............................................................................. 37

3.2.3.3.2. Compostos fenólicos livres e atividade antioxidante de radicais

DPPH...................................................................................................................... 37

3.2.3.3.2.1. Obtenção do extrato............................................................................ 37

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

14

3.2.3.3.2.2. Compostos fenólicos livres................................................................. 38

3.2.3.3.2.3. Atividade antioxidante de radicais DPPH............................................ 38

3.2.3.3.3. Vitaminas B1.......................................................................................... 38

3.2.3.3.4. Fibra solúvel e fibra insolúvel................................................................. 38

3.2.3.3.5. Valor energético..................................................................................... 39

3.2.3.3.6. Perfil de aminoácidos............................................................................. 39

3.2.3.4. Propriedades estruturais do amido isolado............................................... 39

3.2.3.4.1. Microscopia estereoscópica................................................................... 39

3.2.3.4.2. Microscopia ótica.................................................................................... 39

3.2.3.4.3. Cromatografia de permeação em gel sepharose 2B e 6B..................... 40

3.2.3.4.4. Difração de raio-X.................................................................................. 40

3.2.4. Estatística..................................................................................................... 40

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 42

4.1. Estudo 1 – Estudo 1 - Efeitos do teor de amilose do arroz, da umidade da

formulação e da temperatura de extrusão sobre parâmetros operacionais do

processo e tecnológicos, sensoriais e nutricionais de extrusados à base de

arroz e feijão........................................................................................................... 42

4.2. Estudo 2 – Efeitos do processo de extrusão e do teor de amilose sobre

parâmetros operacionais do processo, propriedades tecnológicas e

componentes da estrutura do amido isolado de arroz, feijão e milho.................... 59

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 76

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 77

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

15

1. INTRODUÇÃO

O feijão compõe, juntamente com o arroz, a base da dieta diária dos

brasileiros. Principalmente nos países em desenvolvimento, o feijão é uma

importante fonte de proteínas em substituição parcial às carnes e outros alimentos

protéicos pela população de baixa renda, além de ser fonte de carboidratos, ácidos

graxos poliinsaturados, vitaminas, minerais e compostos fenólicos.

A extrusão é uma operação que transforma matérias-primas agrícolas em

produtos cozidos, estáveis no armazenamento, prontos para consumo, com

melhores características de textura e sabor, através da utilização de elevada

temperatura e pressão em pouco tempo.

Inicialmente utilizada nas indústrias de cereais, laticínios, pães, doces e de

rações para animais, esta tecnologia foi usada, mais recentemente, no

desenvolvimento de alimentos à base de feijões, com baixo índice glicêmico, baixo

teor de gordura, livres de glúten e com valor agregado. A mistura da farinha de feijão

com ingredientes ricos em amido, como a farinha de arroz, melhora a propriedade

de expansão dos extrusados. A farinha de arroz é um ingrediente atrativo para

extrusão devido ao seu sabor brando, cor atrativa, hipoalergenicidade e facilidade de

digestão.

Durante o processo de extrusão ocorre uma série de fenômenos simultâneos,

tais como a gelatinização de amido, a desnaturação de proteínas, a modificação de

lipídeos, o desenvolvimento da reação de Maillard, a degradação de vitaminas e

pigmentos, e a inativação de enzimas, microrganismos e fatores antinutricionais.

A composição e as características físicas do produto final extrusado

dependem de uma série de variáveis do processo de extrusão, que incluem as

características da farinha utilizada, a temperatura, a pressão, a velocidade da rosca,

o grau de umidade da farinha, a taxa de alimentação da extrusora, a energia

produzida, a configuração da rosca, entre outras. A proporção de amilose e

amilopectina na farinha apresenta efeito significativo sobre a viscosidade do material

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

16

gelatinizado durante a extrusão, influenciando, logo, no índice de expansão, na

densidade e na textura do extrusado.

Autores como Pìtts et al. (2014), afirmam que mesmo sendo uma tecnologia

desenvolvida há algumas décadas e que muitos estudos tenham sido realizados

sobre efeitos das condições de processamento sobre a qualidade dos extrusados,

ainda há muito a se entender sobre as variáveis do processo, as interações entre os

ingredientes usados nas formulações e os efeitos das modificações nas matérias-

primas sobre propriedades tecnológicas, nutricionais e sensoriais dos produtos

finais.

Objetivou-se, com o estudo, avaliar efeitos das condições de extrusão e do

teor de amilose sobre propriedades tecnológicas, nutricionais e sensoriais de

extrusados expandidos à base de arroz e feijão.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

17

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O processo de extrusão

A extrusão é uma operação rápida, versátil, moderna, que utiliza altas

temperaturas para converter matérias primas agrícolas em produtos cozidos, com

baixa umidade e estáveis ao armazenamento (BERRIOS et al., 2010). O processo

reduz a presença de micro-organismos nos alimentos, inativa enzimas e minimiza

perdas de nutrientes e sabores dos alimentos durante a pós-colheita (BERRIOS et

al., 2013). Devido a flexibilidade do processo, a extrusão é amplamente utilizada na

produção de cereais matinais e rações, e em indústrias de produtos não alimentares

(CHINNASWAMY, 1993).

De acordo com Berrios et al. (2013), as farinhas submetidas ao processo de

extrusão, tanto em extrusoras de rosca simples como em extrusoras dupla-rosca,

passam por três fases principais: (1) alimentação e mistura; (2) cocção e transição; e

(3) alta pressão. Na primeira fase, de alimentação e mistura, a farinha é

continuamente transportada de um recipiente armazenador para a extrusora. A

distribuição precisa de material é feita por uma balança reguladora de fluxo, com

rosca condutora associada, operando em velocidade que atenda o fluxo de material

programado. O material é, então, conduzido pela(s) rosca(s) da extrusora, em alta

velocidade, até a zona de cocção. Água, óleo ou outro fluido pode ser injetado por

um compartimento da extrusora para hidratar a mistura antes de atingir a zona de

cocção.

Na segunda fase, de cocção, a mistura é aquecida pelo calor proveniente do

corpo da extrusora (temperatura programada para operação) e pelo calor gerado

pela própria rosca em funcionamento. Nesta fase ocorre uma série de fenômenos

simultâneos, tais como a gelatinização de amido, a desnaturação de proteínas, a

modificação de lipídeos, o desenvolvimento da reação de Maillard, a degradação de

vitaminas e pigmentos, e a inativação de enzimas, micro-organismos e fatores

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

18

antinutricionais (BHATTACHARYA; PRAKASH, 1994; MULLA et al., 2011; RUFIÁN-

HERNARES et al., 2006).

De acordo com Ruiz-Ruiz et al. (2008), a desnaturação que ocorre durante a

extrusão causa o rompimento de pontes de hidrogênio e ligações dissulfídicas

responsáveis pelas estruturas secundárias e terciárias das proteínas.

Na terceira fase, denominada de fase de alta pressão, o material gelatinizado

é expelido por um orifício de saída ao final do corpo da extrusora, onde o formato do

material dependerá da geometria do orifício de saída. A restrição do fluxo do

material ao entrar na zona de expansão promove o aumento da pressão. Ao sair do

corpo da extrusora e atingir a pressão atmosférica, o material expande por causa do

alívio de pressão (GUY, 2001).

Moraru e Kokini (2003) dividiram o processo de expansão em cinco etapas

principais: (1) alterações no amido; (2) formação de bolhas; (3) inchamento do

extrusado; (4) crescimento das bolhas; e (5) colapso das bolhas. Segundo os

mesmos autores, durante o processo de expansão, as propriedades reológicas do

material gelatinizado desempenham papel fundamental nas características finais do

extrusado expandido.

As propriedades reológicas, por sua vez, dependem da composição da

farinha e das condições utilizadas na extrusão (taxa de alimentação, umidade da

farinha, velocidade da rosca e temperatura) (ROBIN et al., 2012a). Os principais

alimentos utilizados como matérias-primas para produtos extrusados são cereais,

amidos e/ou vegetais (ANTON et al., 2009). Segundo Tahnoven et al. (1998), estes

ingredientes são os mais utilizados por darem estrutura e textura desejáveis aos

produtos extrusados expandidos.

A extrusão de farinha obtida de grãos de leguminosas, como o feijão,

restringe o índice de expansão do produto extrusado (NAYAK et al., 2011a). A

mistura da farinha de feijão com ingredientes ricos em amido, como a farinha de

milho ou de arroz, melhora a propriedade de expansão dos extrusados. De acordo

com Ding et al. (2005), a farinha de arroz é um ingrediente atrativo para extrusão

devido ao seu sabor brando, cor atrativa, hipoalergenicidade e facilidade de

digestão.

Mesmo sendo uma tecnologia desenvolvida há algumas décadas e que

muitos estudos tenham sido realizados sobre efeitos das condições de

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

19

processamento sobre a qualidade dos extrusados, ainda há muito a se entender

sobre as variáveis do processo, as interações entre os ingredientes usados nas

formulações e os efeitos das modificações nas matérias-primas sobre propriedades

tecnológicas dos produtos finais (PITTS et al., 2014).

2.2. Propriedades tecnológicas de extrusados expandidos

As principais propriedades tecnológicas avaliadas em extrusados expandidos

são índice de expansão, densidade e textura. Estas propriedades dependem de uma

série de variáveis do processo de extrusão, que incluem as características da farinha

utilizada, a temperatura, a pressão, a velocidade da rosca, o grau de umidade da

farinha, a taxa de alimentação da extrusora, a energia produzida, a configuração da

rosca, entre outras (BRENNAN et al., 2011).

Em geral, extrusados preparados com maior umidade de farinha apresentam

menor índice de expansão, maior densidade e maior dureza. Altas temperaturas e

taxas de alimentação adequadas aumentam a viscosidade da matriz (farinha/amido),

favorecendo o crescimento de bolhas no processo de expansão. Logo, o produto

final terá menor densidade e menor dureza. Produtos extrusados expandidos com

estas características tendem a apresentar boa aceitabilidade sensorial.

Anton et al. (2011) adicionaram diferentes proporções (15, 30 e 45%) de

farinha de feijão branco e de feijão vermelho em amido de milho, e extrusaram o

material em extrusora dupla-rosca de 19 mm, com taxa de alimentação de 1,8 kg.h-1,

umidade da farinha de 22%, velocidade de rosca de 150 rpm e temperatura máxima

de 160°C. Houve redução no índice de expansão à medida que aumentou a

proporção de farinha de feijão adicionada ao amido de milho.

Ding et al. (2005) avaliaram efeitos da taxa de alimentação (20-32 kg.h-1), da

velocidade de rosca (180-320 rpm), da umidade da farinha (20-32%) e da

temperatura de extrusão (100-140°C) sobre propriedades tecnológicas de

extrusados expandidos à base de farinha de arroz. Os autores utilizaram extrusora

dupla-rosca de 37 mm de diâmetro. Umidades da farinha e temperaturas de

extrusão mais baixas propiciaram extrusados expandidos com menor densidade,

maior índice de expansão e menor dureza.

Lazou et al. (2010) verificaram o aumento da densidade de extrusados

preparados com farinha mista de milho e lentilha com o aumento da taxa de

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

20

alimentação e da umidade da farinha, e com a diminuição da temperatura de

extrusão. A expansão apresentou comportamento contrário à densidade. Os autores

utilizaram extrusora dupla-rosca de 16 mm, com velocidade de rosca fixa de 200

rpm, taxa de alimentação entre 2,52 e 6,84 kg.h-1, umidade entre 13 e 19%, e

temperatura entre 170 e 230°C.

2.3. Avaliação sensorial e propriedades nutricionais de extrusados expandidos

A aceitação do consumidor pelos produtos extrusados expandidos está

intimamente associada à aparência visual, à textura e ao valor destes produtos

(ANTON; LUCIANO, 2007). A textura dos extrusados tem sido amplamente avaliada

utilizando o equipamento texturômetro. Estudos foram realizados comparando os

resultados obtidos na análise em texturômetro com os resultados obtidos por um

painel sensorial, com provadores. Estes dois métodos mostraram boa correlação

(LIU et al., 2000;. SAELEAW et al., 2012).

Poucos trabalhos reportam efeitos das condições de extrusão sobre a

qualidade sensorial de extrusados expandidos à base de farinha mista de cereais e

leguminosas. Bhattacharya e Prakash (1994) relataram aceitação sensorial

semelhante entre extrusados expandidos preparados com 80% de farinha de arroz e

20% de farinha de grão de bico e extrusados expandidos preparados apenas com

farinha de arroz. A temperatura máxima de extrusão adotada no estudo foi de

150°C.

İbanoğlu et al. (2006) avaliaram os efeitos da taxa de alimentação (22-26

kg.h-1) e da velocidade de rosca (220-340 rpm) na aceitação sensorial de extrusados

expandidos preparados com 30% de farinha de arroz, 30% de farinha de grão de

bico, 20% de farinha de milho e 10% de outros aditivos. Embora os autores tenham

verificado diferenças significativas (p≤0,05) nas propriedades físicas dos extrusados,

as faixas testadas para a variável taxa de alimentação e a variável velocidade de

rosca não afetaram o sabor e a aceitação sensorial do produto.

Diferentes proporções de lentilha foram adicionadas à farinha de milho por

Lazou et al. (2010). Os autores avaliaram os efeitos da temperatura de extrusão

(170, 200 e 230°C), da taxa de alimentação (2,52, 4,86 e 6,84 kg.h-1) e da umidade

da farinha (13, 16 e 19%) sobre a qualidade sensorial dos extrusados expandidos. A

nota atribuída pelos provadores, em geral, diminuiu (p≤0,05) com a adição de

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

21

lentilha na formulação, exceto para o extrusado preparado com farinha mista

contendo 30% de lentilha, o qual apresentou aceitação igual (p≤0,05) a do extrusado

preparado apenas com farinha de milho.

Se por um lado utilizar o amido de milho como ingrediente para preparo de

extrusados expandidos é sinônimo de qualidade tecnológica do produto, haja vista a

boa capacidade de expansão e textura propiciadas, por outro lado significa baixa

qualidade nutricional, longe de satisfazer consumidores que buscam produtos mais

saudáveis (RAMPERSAD et al., 2003). Várias tentativas têm sido feitas para

melhorar o perfil nutricional de alimentos extrusados. Entre estas tentativas está a

incorporação de farinha de leguminosas em farinhas de cereais e amidos, visando

melhorar os níveis de proteínas e fibra alimentar dos extrusados. No entanto, esta

tarefa não é simples, uma vez que a adição de fontes proteicas e ricas em fibras

influencia a capacidade de expansão, a textura e a aceitabilidade dos extrusados.

A mistura de farinha de arroz com farinha de feijão é uma alternativa para

enriquecimento nutricional dos produtos expandidos. O arroz apresenta alto valor

energético, é rico em vitaminas do complexo B e sais minerais (fósforo, ferro e

cálcio), e apresenta proteína de boa qualidade entre os cereais, contendo oito

aminoácidos essenciais ao homem (CARVALHO et al., 2012). O feijão é um dos

alimentos mais importantes para a população brasileira, sendo uma das principais

fontes de proteína. É rico em lisina, mas limitante nos aminoácidos sulfurados

metionina e cisteína (PIRES et al., 2006). O feijão pode ser considerado

complementar ao arroz, que é deficiente em lisina e relativamente rico em

aminoácidos sulfurados.

Além do valor nutricional do feijão, os grãos podem ser considerados uma

fonte importante de fibras. A fibra alimentar dos alimentos é dividida em duas

frações: solúvel e insolúvel. A fração solúvel é constituída por pectinas, algumas

hemiceluloses, gomas, mucilagens, e polissacarídeos de reserva (TIWARI;

CUMMINS, 2011). A fibra solúvel se dissolve em água para formar um gel,

aumentando a viscosidade dos alimentos. A fração insolúvel apresenta três

componentes principais: celulose, hemicelulose e lignina (LUNN; BUTTRISS, 2007).

Esta fração é predominante nos alimentos e ainda resistente à digestão.

A fibra alimentar não apenas promove a saúde do intestino; promove também

a redução do colesterol, a regulação do índice glicêmico e o bem-estar.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

22

Diferentemente do amido, da proteína e dos lipídeos, a fibra alimentar não é

digerida, passando diretamente para o cólon onde é fermentada por bactérias para

produzir ácidos carboxílicos de cadeia curta (BERRIOS et al., 2010).

Segundo Robin et al. (2012), durante a extrusão a fração fibra solúvel –

principalmente polímeros de xilose, glicose e arabinose – é solubilizada.

Arabinoxilanas com baixo grau de ramificação foram descritas por Ralet et al. (1990)

como a porção que é solubilizada com maior facilidade.

Outro aspecto nutricional positivo atribuído ao feijão é a presença de

compostos fenólicos, que apresentam capacidade antioxidante. Nayak et al. (2011b)

estudaram o teor de compostos fenólicos e a atividade antioxidante de farinhas

mistas de batata roxa e ervilha submetidas ao processo de extrusão em extrusora

dupla-rosca de 18 mm, com taxa de alimentação de 45 g.min-1, umidade da farinha

de 17%, velocidade de rosca de 300 rpm e 130°C. Os autores verificaram aumento

no teor de compostos fenólicos das farinhas extrusadas, comparadas à respectiva

farinha não extrusada. Segundo os mesmos autores, o aumento do teor de

compostos fenólicos em extrusados pode ser atribuído à solubilização de compostos

fenólicos conjugados ou complexados e/ou a lixiviação de fibras solúveis, proteínas

e outros compostos solúveis não-fenólicos, como mono, di e oligossacarídeos.

Por outro lado, Anton et al. (2009) verificaram reduções no teor de compostos

fenólicos de extrusados preparados com farinha mista de feijão vermelho (Phaseolus

vulgaris L.) e amido de milho, utilizando extrusora dupla-rosca de 19 mm, com taxa

de alimentação de 1,8 kg.h-1, umidade da farinha de 22%, velocidade de rosca de

150 rpm e temperatura máxima de 160°C. Segundo os mesmos autores, a extrusão

promove a polimerização de ácidos fenólicos e taninos, dificultando, assim, sua

extração. Tanto no estudo de Nayak et al. (2011b) como no de Anton et al. (2009) foi

verificada correlação positiva entre compostos fenólicos e atividade antioxidante dos

extrusados.

Para Nayak et al. (2011a), a atividade antioxidante dos extrusados depende

dos seguintes fatores: (1) quebra de compostos fenólicos complexados em

compostos fenólicos de menor massa molecular; (2) interação entre compostos

fenólicos e proteínas durante a ação do calor; e (3) formação de produtos da reação

de Maillard, os quais podem apresentar atividade antioxidante.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

23

A tecnologia de extrusão permite a inativação total ou parcial dos fatores

antinutricionais presentes nas leguminosas, como o feijão (SHIMELIS; RAKSHIT,

2007). Os fatores antinutricionais, como inibidores de tripsina e o ácido fítico,

produzem efeitos adversos na nutrição humana e animal (MARTÍN-CABREJAS et

al., 2004). A extrusão também aumenta a digestibilidade da proteína e do amido de

cereais e leguminosas (BERRIOS et al., 2006).

A ingestão diária de vitaminas é pequena comparada com outros nutrientes.

No entanto, as vitaminas são cruciais para a manutenção da saúde. As vitaminas

diferem quanto à estrutura química e composição. Logo, sua estabilidade durante a

extrusão também é variável (SINGH et al., 2007). O nível de degradação das

vitaminas durante o processamento depende de vários fatores, como umidade,

temperatura, luminosidade, presença de oxigênio, tempo e pH (CAMIRE, 1998).

Beetner (1974) avaliou o teor de vitamina B1 em extrusados de milho. O autor

relatou diminuição entre 10% e 81% no teor de vitamina B1 da farinha de milho ao

extrusá-la com temperaturas entre 149 e 193°C, com velocidade de rosca de 125

rpm. O mesmo autor, em trabalho posterior (BEETNER, 1976), ajustando a

temperatura de extrusão para 232°C e com umidade da farinha de 15%, verificou

perda total de vitamina B1 na farinha de triticale após extrusão. Por outro lado, Athar

et al. (2006) não verificaram diferenças no teor de vitamina B1 em função da

temperatura de extrusão (130-160°C).

2.4. Propriedades estruturais e tecnológicas do amido

O amido é composto por dois polímeros: a amilose e a amilopectina (Fig. 1). A

amilose é formada por unidades de glicose unidas por ligações glicosídicas α-1,4,

originando uma cadeia linear. Já a amilopectina é formada por unidades de glicose

unidas em α-1,4 e α-1,6, formando uma estrutura ramificada. As proporções, em que

essas estruturas aparecem, diferem em relação às fontes botânicas, variedades de

uma mesma espécie e, mesmo numa mesma variedade, de acordo com o grau de

maturação da planta (ELIASSON, 2004; TESTER; KARKALAS, 2004).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

24

Figura 1 – A) Estrutura da amilose [polímero linear composto por D-glicoses unidas em α-1,4]. B) Estrutura da amilopectina [polímero ramificado composto por D-glicoses unidas em α-1,4 e α-1,6].

A proporção de amilose e amilopectina no amido tem efeito significativo sobre

a viscosidade do material gelatinizado durante a extrusão, influenciando, logo, o

índice de expansão do extrusado (PITTS et al., 2014). Segundo Politz et al. (1994), a

massa molecular de ambos os polímeros, amilose e amilopectina, é diminuída em

função do processo de extrusão. Porém, moléculas mais ramificadas de

amilopectina apresentam maiores reduções na massa molecular.

As alterações na massa molecular da amilose e da amilopectina em função

do processo de extrusão podem ser avaliadas por cromatografia de permeação em

gel ou cromatografia de exclusão por tamanho (JACKSON et al., 1990). Meuser et

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

25

al. (1982) apresentaram cromatogramas indicando diminuição na massa molecular

da amilopectina após extrusão sob alta temperatura. Entretanto, poucos estudos

mostram efeitos da extrusão sobre as propriedades estruturais da amilose e da

amilopectina.

Amidos ricos em amilopectina expandem mais do que amidos ricos em

amilose. Por apresentar cadeias mais curtas e ramificadas do que a amilose, a

amilopectina apresenta menor habilidade para se reorganizar após o processo de

gelatinização, formando uma matriz menos viscosa. Já a amilose, por apresentar

cadeias longas e lineares, é capaz de formar facilmente novas interações após

gelatinização e, logo, uma matriz mais viscosa (CHINNASWAMY, 1993; LAI;

KOKINI, 1991).

A disposição entre a amilose e a amilopectina no interior dos grânulos de

amido varia entre os amidos das diferentes espécies. A difratometria de raios-X é

utilizada para revelar a presença e a característica da estrutura cristalina de um

amido (SINGH, 2011). Os padrões “A”, “B” e “C” são as diferentes formas

poliméricas encontradas nos amidos que diferem no empacotamento das duplas

hélices da amilopectina.

A cristalinidade tipo A ocorre na maioria dos cereais (milho, arroz, trigo, aveia)

e é descrita como uma unidade celular monocíclica altamente condensada e

cristalina, em que 12 resíduos de glicose de duas cadeias no sentido anti-horário

abrigam quatro moléculas de água entre as hélices. A estrutura de padrão tipo B

(tubérculos, raízes, amido retrogradado, cereais com alto teor de amilose) é mais

claramente definida, sendo composta por uma unidade básica de cadeias que são

empacotadas em um arranjo hexagonal, onde a unidade celular tem duas duplas

hélices no sentido anti-horário, alinhadas e arranjadas em paralelo. Essa estrutura

contém 36 moléculas de água para cada 12 resíduos de glicose, sendo que a

metade dessa água é fortemente ligada às duplas hélices, e a outra metade é

concentrada em um eixo em parafuso (OATES, 1997; ELIASSON, 2004). O amido

de feijão apresenta cristalinidade tipo C, que é uma mistura entre os tipos A e B

(HOOVER et al., 2010).

De acordo com Hoover et al. (2010), diferenças na cristalinidade do amido

são influenciadas por: (1) tamanho de cristalito; (2) número de cristalitos que estão

arranjados em uma matriz cristalina, (3) teor de umidade, e (4) conteúdo polimórfico.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

26

Na Fig. 2 está apresentada a estrutura granular do amido em diferentes níveis

de ampliação.

Figura 2 – Visão geral da estrutura granular do amido em diferentes níveis de ampliação. Fonte: SINGH, 2011.

Quando aquecido em excesso de água o amido passa pela transição de uma

fase ordenada para uma fase desordenada chamada gelatinização. Sabe-se que a

gelatinização tem início no hilo e se expande rapidamente para a periferia, dando-se,

inicialmente, nas regiões amorfas devido à fragilidade das ligações de hidrogênio

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

27

nessas áreas, ao contrário do que ocorre nas regiões cristalinas (SINGH, 2003). À

medida que os grânulos continuam se expandindo, acontece a lixiviação da amilose

da fase intergranular para a fase aquosa. O conjunto de mudanças que envolvem a

ruptura da estrutura granular, o inchamento, a hidratação e a solubilização das

moléculas de amido é definido como o fim da gelatinização (THARANATHAN, 2002).

Um gel (ou pasta) é formado durante o aquecimento do amido em excesso de

água, constituído por uma fase contínua de amilose e/ou amilopectina solubilizada e

uma fase descontínua, composta por fragmentos (HOOVER et al., 2010). As

propriedades do gel de amido são determinadas, principalmente, através do Rapid

Visco Analyzer (RVA).

Na Fig. 3 está apresentada uma curva típica obtida na análise

viscoamilográfica de um amido no Rapid Visco Analyzer (RVA).

Figura 3 – Representação de uma curva típica obtida na análise das propriedades viscoamilográficas do amido em um Rapid Visco Analyzer (RVA). Fonte: KAUR et al., 2007.

No período inicial da análise de RVA o grânulo absorve água, seguido por um

rápido aumento na viscosidade com o aumento da temperatura. Após atingir o

máximo, a viscosidade começa a diminuir como resultado do rompimento e da

fragmentação dos grânulos durante a agitação contínua durante a análise. Este

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

28

comportamento é conhecido como quebra de viscosidade, que é a medida da

facilidade com que os grânulos intumescidos se desintegram com a agitação do gel.

De acordo com Singh et al. (2006), baixo valor de quebra de viscosidade pode ser

atribuído a baixa desintegração dos grânulos de amido que apresentam alto teor de

amilose.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

29

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

No Estudo 1 foram utilizados os seguintes materiais vegetais: (1) grãos arroz

branco polido (Oryza sativa L.) dos genótipos Calamylow-201, M-206 e L-206, os

quais foram gentilmente cedidos pela California Cooperative Rice Research

Foundation, Inc. (CCRRF), localizada em Biggs, California, Estados Unidos; (2)

grãos de feijão preto (Phaseolus vulgaris L.) considerados “hard-to-cook”,

acondicionados hermeticamente durante 4 anos no Western Regional Research

Center (WRRC) do United States Department of Agriculture (USDA), localizado em

Albany, California, Estados Unidos; (3) farelo de trigo, o qual foi fornecido por

ConAgra Mills, de Oakland, California, Estados Unidos; e (4) resíduo sólido de

indústria de suco de maçã, fornecido por Tree Top, Inc., localizada na cidade de

Selah, Washington, Estados Unidos. Além destes materiais, foram utilizados sal e

açúcar no preparo das formulações do Estudo 1. Na tab. 1 estão apresentadas as

características gerais dos genótipos de arroz utilizados no Estudo 1, os quais

constituem uma das variáveis independentes deste Estudo, conforme apresentado

no item 3.2.1.

No Estudo 2 foram utilizados amidos isolados de três genótipos de arroz

(Oryza sativa L.), de um genótipo de feijão carioca (Phaseolus vulgaris L.) e de

amido comercial de milho Hylon V®. Grãos de arroz dos genótipos Moti, IRGA 406 e

IRGA 417, bem como grãos de feijão carioca da cultivar Pérola, foram obtidos da

coleção de amostras do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade

de Grãos (LABGRÃOS) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). O amido

comercial Hylon V® foi fornecido por Ingredion, Inc., de Bridgewater, Estado de New

Jersey, Estados Unidos. O amido foi isolado dos grãos de arroz conforme método

descrito por Colussi et al. (2014), enquanto o amido de feijão carioca foi isolado de

acordo com o método descrito por Rupollo et al. (2011). As características físico-

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

30

químicas e estruturais dos amidos de arroz, feijão e milho utilizados no Estudo 2

estão apresentadas na tab. 2.

Tabela 1 – Características dos genótipos de arroz branco polido Calamylow-201, M-206 e L-206 utilizados no Estudo 1.

Cultivar Características

Calamylow - 201 M - 206 L - 206

Classe Curto - glutinoso Médio Longo

Dimensões

Comprimento (mm) 4,43 5,84 7,41

Largura (mm) 2,79 2,75 2,15

Relação C/L 1,6 2,2 3,5

Teor de amilose (%) 6,3 17,7 23,1

Teor de proteína (%) 5,7 5,9 6,2

* Informações fornecidas por California Cooperative Rice Research Foundation, Inc., responsável pela multiplicação e comercialização das sementes de arroz Calamylow-201, M-206 e L-206.

Tabela 2 – Características físico-químicas e estruturais dos amidos de arroz, feijão e milho, utilizados no Estudo 2. Fonte Arroz Arroz Arroz Feijão Milho

Cultivar Moti IRGA 406 IRGA 417 Pérola *

Teor de amilose (%) 8,0 20,0 32,0 35,0 55,0

Teor residual de proteína (%) 0,17 0,19 0,41 0,40 0,02

Padrão da estrutura cristalina A A A C B

* Amido de milho comercial denominado Hylon V®.

3.2. Métodos

3.2.1. Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado no Estudo 1 foi o completamente

casualizado trifatorial (3x2x2), em duas repetições, conforme apresentado na tab. 3,

enquanto que o delineamento experimental adotado no Estudo 2 foi o

completamente casualizado bifatorial (2x5), também em duas repetições, conforme

apresentado na tab. 4.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

31

Tabela 3 – Delineamento experimental para avaliar efeitos do teor de amilose do arroz, da umidade da formulação e da temperatura de extrusão sobre parâmetros operacionais do processo e tecnológicos, sensoriais e de avaliação nutricional de extrusados arroz-feijão.

Variáveis independentes

Tratamentos Teor de amilose da

farinha de arroz (%) Umidade (%)

Temperatura

máxima de

extrusão (°C)

Variáveis dependentes*

1

2 6,1 18 100

Torque médio registrado

pela extrusora

3 17,7 22 140

4 23,1

Pressão de

funcionamento

5 Índice de expansão

6 Densidade

7

Controle 1 = formulação preparada com farinha de arroz

contendo 6,1% de amilose Dureza

8 Sensorial

9 Composição proximal

10

Controle 2= formulação preparada com farinha de arroz

contendo 17,7% amilose Compostos fenólicos

11

12

Atividade antioxidante de

DPPH

13

Controle 3 = formulação preparada com farinha de arroz

contendo 23,1% de amilose Vitamina B1

14 Fibra solúvel e insolúvel

15 Valor energético

Perfil de aminoácidos

*Variáveis listadas conforme a ordem de apresentação dos resultados.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

32

Tabela 4 – Delineamento experimental para avaliar efeitos do processo de extrusão e do teor de amilose sobre parâmetros operacionais do processo, propriedades tecnológicas e componentes da estrutura do amido isolado de arroz, feijão e milho.

Variáveis independentes Tratamentos

Modificação Amido Variáveis dependentes*

1 Microscopia estereoscópica

2 Nativo Torque

3 Extrusado

Arroz Moti – 8% de amilose

Arroz IRGA 406 – 20% de amilose Pressão de funcionamento

4 Índice de expansão

5

Arroz IRGA 417 – 32% de amilose

Feijão Carioca – 35% de amilose Densidade dos extrusados

6 Dureza dos extrusados

7

Milho Hylon V® – 55% de amilose

Perfil colorimétrico

8 Perfil viscoamilográfico (RVA)

9

Microscopia ótica

10

Perfil de cadeias de amilose e

amilopectina, dos amidos

íntegros e desramificados

Arranjo semicristalino

*Variáveis listadas conforme a ordem de apresentação dos resultados.

3.2.2. Preparo das amostras

Para o preparo das formulações do Estudo 1, os grãos de arroz branco

polidos foram moídos em moinho de pinos (modelo 160Z, Hosakawa Micron,

Summit, NJ, Estados Unidos), apresentando tamanho médio de partículas de 35

Mesh após a moagem. Já os grãos de feijão foram moídos previamente em moinho

de martelos (modelo WBB-4, Gluender Pulverizing Co., St. Louis, MO, Estados

Unidos) para posteriormente serem moídos em moinho de pinos (modelo 160Z,

Hosakawa Micron, Summit, NJ, Estados Unidos). Assim como as farinhas de arroz, a

farinha de feijão também apresentou tamanho médio de partículas de 35 Mesh. O

farelo de arroz e a farinha de resíduo sólido de indústria de suco de maçã recebidos

no Laboratório já apresentavam tamanho de partículas médio de 45 e 35 Mesh,

respectivamente.

As formulações (2,5 kg) foram preparadas utilizando 61,6% de farinha de

arroz, 26,4% de farinha de feijão, 2,5% de farelo de trigo, 2,5% de resíduo sólido de

indústria de suco de maçã, 2,0% de sal e 5,0% de açúcar. A homogeneização das

misturas foi realizada em misturadora planetária (modelo N-50, Hobart Corp., Troy,

OH, Estados Unidos), com rotação média por 5 minutos. Dessa forma, a mistura

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

33

arroz-feijão compunha 88% da formulação, numa razão arroz:feijão de 70:30

(peso/peso), considerada ideal para o balanço de aminoácidos essenciais à dieta

dos seres humanos.

As misturas foram acondicionadas em embalagens herméticas da marca

Ziploc®, com capacidade aproximada para 3 kg de farinha. Imediatamente foi

determinado o teor de água de cada formulação, conforme o método descrito pela

ASAE (2000). O conhecimento do teor de água de cada formulação permitiu calcular

o volume de água a ser injetado na extrusora de forma a contemplar as umidades

da farinha a serem testadas no Estudo 1, 18% e 22%, conforme apresentado na tab.

1. A extrusão foi realizada na planta piloto do Western Regional Research Center

(WRRC) do United States Department of Agriculture (USDA), utilizando extrusora

dupla-rosca de 18 mm (modelo MIC 18/GL 30D, American Leistritz Extruder Corp.,

NJ, Estados Unidos).

A extrusora apresentava 6 zonas de aquecimento-arrefecimento, sendo

utilizada a seguinte programação para as zonas, considerando o início como a zona

de alimentação e o término como a zona de expansão: 60, 80, 90, 90, 100 ou 140, e

100°C. A taxa de alimentação da extrusora com as formulações foi de 50 g.min-1 e a

velocidade da rosca foi mantida constante a 500 rpm.

Cerca de 800 g de extrusados expandidos, de cada tratamento, foram

coletados após a saída na zona de expansão e deixados arrefecer por 30 minutos

em temperatura ambiente. Após, o material foi cortado com o auxílio de uma

tesoura, em pequenos pedaços (ao redor de 10 cm), e acondicionado em

embalagem Ziploc®. Posteriormente, uma amostra (40 g) dos extrusados

expandidos de cada tratamento foi moída para a determinação do grau de umidade,

de acordo com o método descrito pela American Society of Agricultural Engineers

(ASAE, 2000).

De posse do conhecimento do grau de umidade, foi calculado o peso

necessário para cada amostra atingir 6% de umidade, ideal para acondicionamento

e comercialização de extrusados expandidos. Esta etapa de secagem foi conduzida

a 70°C em estufa com circulação forçada de ar.

Para o preparo dos tratamentos do Estudo 2, o qual foi constituído por 10

tratamentos (tab. 4), cerca de 100 g dos amidos de arroz, feijão e milho foi mantida

no estado nativo, enquanto outra parte (700 g) foi extrusada. O procedimento

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

34

adotado na extrusão dos amidos isolados foi semelhante ao procedimento adotado

para o preparo dos tratamentos do Estudo 2. A mesma extrusora dupla-rosca de 18

mm (modelo MIC 18/GL 30D, American Leistritz Extruder Corp., NJ, Estados Unidos)

foi utilizada, com programação fixa de 60, 80, 90, 90, 100 e 100°C, para cada uma

das seis zonas de aquecimento-arrefecimento. A taxa de alimentação, como no

Estudo 1, foi de 50 g.min-1, e a velocidade da rosca foi mantida constante a 500 rpm.

A umidade dos amidos foi fixada em 22%. Os extrusados foram coletados conforme

descrito para o Estudo 1 e secos até 10% de umidade. Na Fig. 4 é apresentada a

estrutura da dupla-rosca utilizada nos Estudos 1 e 2.

Figura 4 – Estrutura da dupla-rosca utilizada no preparo dos extrusados expandidos. ZC1 = Zona de cocção 1; ZC2 = Zona de cocção 2; M1 = Misturador 1; ZC3 = Zona de cocção 3; M2 = Misturador 2; ZC4 = Zona de cocção 4; ZAP = Zona de alta pressão.

Parte (100 g) dos extrusados expandidos obtidos nos Estudos 1 e 2 foi moída

em moinho laboratorial (Cyclone Sample Mill modelo 3010-030, UDY Corporation,

Fort Collins, CO, Estados Unidos) para ser utilizada em algumas análises.

3.2.3. Avaliações

3.2.3.1. Parâmetros operacionais

3.2.3.1.1. Torque e pressão de funcionamento da extrusora

A leitura do torque e da pressão de funcionamento da extrusora foi realizada

no painel de comandos da extrusora, durante o preparo dos tratamentos, tanto do

Estudo 1 como do Estudo 2. Os dados foram coletados a cada 60 segundos,

totalizando 20 repetições para as amostras do Estudo 1 e 10 repetições para as

amostras do Estudo 2.

ZC1 ZC2 M1 M2 ZC3 ZC4 ZAP

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

35

3.2.3.2. Propriedades tecnológicas e sensoriais dos extrusados expandidos

3.2.3.2.1. Índice de expansão dos extrusados

Para determinação do índice (ou razão) de expansão, 5 leituras do diâmetro

foram tomadas ao acaso de 25 extrusados expandidos contendo cerca de 4 cm de

comprimento. O diâmetro dos extrusados foi determinado utilizando paquímetro

digital. A taxa de expansão foi calculada como a razão entre o diâmetro médio dos

extrusados expandidos e o diâmetro do orifício de saída (3,0 mm) dos extrusados na

zona de expansão da extrusora.

3.2.3.2.2. Densidade dos extrusados

A determinação da densidade dos extrusados foi realizada pelo método do

deslocamento volumétrico, conforme descrito por Altan et al. (2009), utilizando

esferas de vidro com diâmetro entre 1,00 e 1,18 mm como meio de deslocamento.

Cerca de 5 g de extrusados foram dispostos em um recipiente de vidro e cobertos

com esferas de vidro até a borda do recipiente. O volume dos extrusados foi

determinado pela seguinte fórmula: Volume (cm³) = (Peso do recipiente com esferas

de vidro – Peso do recipiente com esferas e extrusados) / (Densidade das esferas

de vidro). A densidade, em g.cm-³ foi calculada pela razão entre o peso dos

extrusados dispostos no recipiente e o seu volume.

3.2.3.2.3. Dureza dos extrusados

A resistência mecânica dos extrusados à quebra foi avaliada em texturômetro

(TA-XT2, Texture Technologies Corp., Reino Unido), calibrado com 5 kg de carga e

utilizando apenas um ciclo de compressão. Os extrusados foram dispostos

individualmente sobre uma plataforma metálica (85 x 10 mm) e, posteriormente,

pressionados com um probe em formato de guilhotina (55 x 1 mm). Para avaliar a

dureza dos extrusados expandidos obtidos no Estudo 1, o probe foi programado

para pressionar o extrusado até 2,5 mm de profundidade, com velocidades pré, pós

e de teste de 10, 10 e 0,5 mm.s-1, respectivamente.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

36

A força trigger foi programada para 0,020 kg. Para avaliar a dureza dos

extrusados expandidos do Estudo 2, a mesma profundidade de 2,5 mm foi

programada, bem como as mesmas velocidades pré e pós-teste foram adotadas. No

entanto, a velocidade de teste e a força trigger foram ajustadas para 1,0 mm.s-1 e

0,010 kg, respectivamente. No total, 25 avaliações foram realizadas para cada

tratamento, em ambos os Estudos.

3.2.3.2.4. Avaliação sensorial dos extrusados

A avaliação sensorial dos extrusados expandidos obtidos no Estudo 1 foi

realizada no Western Regional Research Center (WWRC) do United States

Department of Agriculture (USDA). Foram utilizados 50 avaliadores não treinados,

entre funcionários, pesquisadores e alunos de pós-graduação do WWRC-USDA, de

ambos os sexos, com idade entre 18 e 70 anos, para avaliação contendo cinco

amostras pré-selecionadas. A seleção das amostras foi realizada de acordo com os

resultados de taxa de expansão, densidade e textura.

A aceitabilidade dos consumidores aos extrusados foi medida através do teste

de escala hedônica de 9 pontos, não estruturada, variando de desgostei muitíssimo

(1) à gostei muitíssimo (9). As amostras foram servidas em cabines individuais sob

luz branca, em pratos de porcelana, com codificações de três dígitos. A ordem de

apresentação foi inteiramente casualizada.

3.2.3.2.5. Perfil colorimétrico dos amidos nativos e extrusados

Para a avaliação do perfil colorimétrico dos amidos nativos e extrusados de

arroz, feijão e milho, do Estudo 2, foi utilizado um colorímetro Minolta, modelo CR-

300, o qual indica as cores em um sistema tridimensional. O eixo vertical L* aponta a

cor da amostra numa variação do preto ao branco. O eixo a* indica a variação da cor

entre o verde e o vermelho. O eixo b* indica a variação do azul ao amarelo. Foram

feitas 10 determinações nos amidos nativos e extrusados. As leituras foram

realizadas colocando as amostras em um recipiente de 22 cm de diâmetro e 3 cm de

altura, em que o amido cobria completamente o fundo do recipiente.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

37

3.2.3.2.6. Perfil viscoamilográfico (RVA) dos amidos nativos e extrusados

A viscosidade das amostras de amido nativo e extrusado, do Estudo 2, foi

determinada através do analisador rápido de viscosidade (Rapid Visco Analyser),

modelo RVA-3D+ da Newport Scientific Pty. Ltd., Sidney, Austrália, provido do

software Termocline, utilizando o perfil de análise denominado “Standard 1”. O

analisador rápido de viscosidade foi projetado para determinações de viscosidade de

produtos amiláceos a partir de pequenas quantidades de amostra (3-4 g) e em curto

espaço de tempo (13-20 min). As etapas de aquecimento, temperatura constante e

resfriamento são monitoradas automaticamente por computador (WALKER et al.,

1988).

Foram tomados 25 mL de água destilada e 3,5 g de amostra, previamente

corrigida para 14% de umidade e colocada em copo especial de folha de alumínio,

em duplicata. Após a inserção da paleta e da colocação do copo no aparelho, o ciclo

do teste foi iniciado, sendo os resultados das análises interpretados a partir dos

gráficos fornecidos pelo software do aparelho.

3.2.3.3. Parâmetros de avaliação nutricional dos extrusados expandidos

3.2.3.3.1. Composição proximal

O teor de água dos extrusados foi determinado de acordo com as

recomendações da American Society of Agricultural Engineers (ASAE, 2000). As

análises do teor de cinzas, proteína bruta e lipídios foram executadas de acordo com

o método indicado pela Association of Oficial Analytical Chemists (AOAC, 2006). O

teor de carboidratos foi determinado por diferença dos demais componentes.

3.2.3.3.2. Compostos fenólicos livres e atividade antioxidante de radicais DPPH

3.2.3.3.2.1. Obtenção do extrato

Para extração dos compostos fenólicos, 2 g de amostra foram solubilizados

em 20 mL de metanol 80% e deixados sob agitação constante por 1 h, em

temperatura ambiente ao abrigo da luz. Os extratos foram centrifugados a 5000 rpm

por 20 minutos (modelo 5430R, Eppendorf International, Estados Unidos). O

sobrenadante foi coletado e o resíduo foi solubilizado outras duas vezes em metanol

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

38

80%, repetindo-se o processo de extração. Ao final das 3 lavagens, as 3 alíquotas

do sobrenadante de cada amostra foram misturadas e rotaevaporadas. O extrato

rotaevaporado foi concentrado em 25 mL de metanol 80% e armazenado a 4°C para

realização das análises de compostos fenólicos livres e atividade antioxidante de

radicais DPPH.

3.2.3.3.2.2. Compostos fenólicos livres

O teor de compostos fenólicos livres foi determinado pelo método de Folin-

Ciocalteau, conforme descrito por Zielinski e Kozlowska (2000). Foram adicionados

100 µL do extrato em tubo de falcon de 15 mL e completado o volume para 500 µL

com água destilada. Adicionou-se 250 µL de reagente Folin-Ciocalteau 1 N e

aguardou-se 8 minutos para redução dos compostos fenólicos com o reagente Folin-

Ciocalteau. Após, foram adicionados 1,25 mL da solução de carbonato de sódio

(20%) ao tubo de falcon, agitado e colocado em ambiente ao abrigo da luz. A leitura

foi realizada após 2 horas em espectrofotômetro a 725 nm. Os resultados foram

expressos em mg de ácido gálico por 100 g de amostra, a partir da curva de

quantificação preparada com ácido gálico nas concentrações 12,5, 25, 50, 75 e 100

ppm.

3.2.3.3.2.3. Atividade antioxidante de radicais DPPH

A atividade antioxidante de radicais DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) foi

determinada conforme pela reação de 100 µL do extrato com 3,9 mL de solução de

DPPH, a qual apresentou, inicialmente, absorbância entre 1,080 e 1,120 nm. A

mistura foi agitada em vortex e a leitura foi realizada em espectrofotômetro a 515 nm

após 2 horas de reação em temperatura ambiente ao abrigo da luz. O aparelho foi

zerado com metanol. A atividade antioxidante foi expressa em mg de Trolox

equivalente por 100 g de amostra, com base na curva de quantificação preparada

com o reagente Trolox nas concentrações de 100, 130, 150, 180 e 200 ppm.

3.2.3.3.3. Vitamina B1

O teor de vitamina B1 dos extrusados expandidos foi determinado de acordo

com os métodos 942.23, 953.17 e 957.17, da Association of Oficial Analytical

Chemists (AOAC, 2005).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

39

3.2.3.3.4. Fibra solúvel e fibra insolúvel

Os teores de fibra solúvel e insolúvel dos extrusados expandidos foram

determinados pelo método 991.43 da Association of Oficial Analytical Chemists

(AOAC, 2005).

3.2.3.3.5. Valor energético

A determinação do valor energético foi realizada por meio de calorimetria

direta (AC-350, LECO Corporation, St. Joseph, MI, Estados Unidos), seguindo o

Manual de Instruções para quantificação do valor energético de alimentos fornecido

pelo fabricante do equipamento (LECO, 2002).

3.2.3.3.6. Perfil de aminoácidos

O perfil de aminoácidos dos extrusados expandidos foi determinado por

cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, Shimadzu, bomba LC - 20AT,

Detector SPD-M20A e Injetor SIL 10AF, Kyoto, Japão). As amostras passaram por

hidrólise prévia com ácido clorídrico (HCl) bidestilado 6 N, seguida de derivação em

pré-coluna dos aminoácidos livres com fenilisotiocianato (PITC) e a separação dos

derivativos feniltiocarbamilaminoácidos (PTC-aa), em coluna de fase reversa C18

(Pico-Tag –3,9 x 300 mm), com detecção por UV a 254 nm. A quantificação da

amostra foi baseada na área de cada pico de aminoácido, utilizando como referência

a área do pico do padrão interno de aminoácidos, com concentração conhecida,

eluídos nas mesmas condições e pelo mesmo tempo das amostras.

3.2.3.4. Propriedades estruturais do amido isolado

3.2.3.4.1. Microscopia estereoscópica

Os extrusados preparados com amidos de diferentes teores de amilose foram

fotografados em microscópio estereoscópico (Nikon SMZ25, Nikon Instruments Co.,

Mellvile, NY, Estados Unidos). Imagens foram obtidas das frações longitudinais e de

cortes transversais dos extrusados expandidos, com aproximações de 0,71X e 1,6X,

respectivamente.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

40

3.2.3.4.2. Microscopia ótica

Os amidos nativos e extrusados avaliados no Estudo 2 foram fixados com

solução de iodo e observados em microscópio ótico (Olympus BX45, Olympus

Optical Co., Tokyo, Japão), com sistema analisador de imagem acoplado (digital

Olympus camera C3030 and Image Pro-Plus version 4.5 software, Media

Cybernetics, Inc., Rockville, MD, Estados Unidos).

3.2.3.4.3. Cromatografia de permeação em gel sepharose CL-2B e CL-6B

A estrutura molecular foi avaliada através da cromatografia de permeação em

gel (GPC) Sepharose CL-2B. As amostras foram preparadas conforme descrito por

Bertoft et al., (2008) com algumas modificações. Os grânulos de amido (8 mg) foram

dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO) a 90% (0,3 mL) por agitação suave e

aquecimento por 5 minutos, em seguida foram deixadas à temperatura ambiente

durante 16 h. Após o período de agitação, as amostras foram aquecidas durante 2 a

5 min e diluídas com água quente (0,7 mL). A distribuição de tamanho das cadeias

do amido foi obtida por cromatografia com o emprego de uma coluna contendo gel

de agarose Sepharose CL-2B (1,6 x 32 cm) (Pharmacia, Uppsala, Suécia). Uma

fração de amido dissolvido (0,3 mL) foi eluída através da coluna com NaOH a 0,01 M

como eluente, a uma taxa de 0,5 mL.min-1. As frações de 1 mL foram recolhidas e o

teor de carboidratos totais foi determinado pela reação de fenol-ácido sulfúrico 42

(DUBOIS et al., 1956).

Para a análise molecular dos amidos desramificados as amostras foram

dissolvidos em 90% de DMSO, como descrito acima, e desramificada com

pululanase e isoamilase (específicas para α-1,6) como descrito por Bertoft et al.

(2008). A distribuição do comprimento da cadeia de amido desramificado foi

submetido a cromatografia em uma coluna contendo gel de agarose Sepharose CL-

6B (1,6 x 90 cm) (Pharmacia, Uppsala, Suécia), eluindo-se 1 mL da amostra com

NaOH 0,5 M a uma taxa de 1 mL.min-1. As frações pares (1 mL) foram recolhidas e o

teor de carboidratos totais foi analisado, utilizando a reação de fenol-ácido sulfúrico

(DUBOIS et al., 1956).

3.2.3.4.4. Difração de raio-X

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

41

Difratogramas de raio-X dos amidos nativos e extrusados foram obtidos com

um difratômetro de raio-X (modelo XRD-6000, Shimadzu, Japão) em que a região de

varredura da difração variou de 3 a 45°, com uma tensão alvo de 30 kV, uma

corrente de 30 mA e velocidade de varredura de 1°.min-1.

3.2.4. Estatística

Os dados foram analisados quanto a sua normalidade e

homocedasticidade, submetidos à análise de variância (ANOVA) e, posteriormente,

comparados pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Estudo 1 - Efeitos do teor de amilose do arroz, da umidade da formulação e

da temperatura de extrusão sobre parâmetros operacionais do processo e

tecnológicos, sensoriais e nutricionais de extrusados à base de arroz e feijão

Na Fig. 5 está apresentada uma fotografia dos extrusados expandidos obtidos

no Estudo 1, a qual foi capturada utilizando uma câmera digital (modelo D600,

Nikon, Japão), onde é perceptível a diferença de cor e de diâmetro entre os

extrusados preparados nas diferentes umidades e temperaturas. No entanto, não é

observada diferença no aspecto visual dos extrusados em função do teor de amilose

da farinha de arroz utilizada na mistura com farinha de feijão.

Figura 5 – Extrusados expandidos à base de arroz, com diferentes teores de amilose, e feijão obtidos pelas diferentes condições de extrusão adotadas no Estudo 1.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

43

Os extrusados preparados com umidade de 18% e 140°C apresentaram

coloração mais clara do que os demais, bem como maior diâmetro. A coloração mais

clara pode ser resultante da maior distribuição das antocianinas no produto

extrusado, haja vista que o diâmetro é maior nestes extrusados, ou resultante da

degradação das antocianinas.

O torque e a pressão registrados pela extrusora durante o preparo dos

tratamentos estão apresentados nas Figs. 6 e 7, respectivamente.

Figura 6 – Torque (%) registrado pela extrusora dupla-rosca de 18 mm durante o preparo dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

O maior torque (p≤0,05) foi registrado no preparo dos extrusados utilizando a

farinha de arroz com 6,1% de amilose na umidade de 18% e 100°C, seguido dos

tratamentos preparados também com 18% de umidade e 100°C, mas utilizando as

farinhas de arroz com 17,7 e 23,1% de amilose. De forma geral, a menor umidade

da farinha e a maior temperatura de extrusão foram responsáveis pelo menor torque.

Stojceska et al. (2009) também observaram maior torque ao utilizarem menores

umidades da farinha durante a extrusão de bagaço do malte da cerveja adicionado à

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

44

farinha de trigo e ao amido de milho, na proporção de 10% (peso/peso). Os autores

realizaram a extrusão em equipamento dupla-rosca de 37 mm, com umidades da

farinha variando de 12% a 17%, taxa de alimentação fixa de 25 kg.h-1, temperatura

máxima de 120°C e velocidade de rosca fixa de 200 rpm.

Figura 7 – Pressão (psi) registrada pela extrusora dupla-rosca de 18 mm durante o preparo dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

Comportamento semelhante ao torque foi verificado na pressão (Fig. 7). No

entanto, a maior pressão (p≤0,05) foi observada no preparo dos tratamentos com

maior teor de amilose da farinha de arroz, 17,7 e 23,1%, com 18% de umidade e

100°C. Os resultados estão de acordo com os relatos de Akdogan (1996), que

observou redução da pressão ao aumentar a umidade da farinha e a temperatura de

extrusão durante a extrusão de amido de arroz contendo 6,5% de proteína,

utilizando extrusora dupla-rosca.

O índice de expansão dos extrusados à base de arroz e feijão, preparados

com diferentes farinhas de arroz na mistura e em diferentes condições, está

apresentada na Fig. 8.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

45

Figura 8 – Efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre o índice de expansão dos extrusados à base de arroz e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

O maior (p≤0,05) índice de expansão foi verificado nos extrusados preparados

com a farinha de arroz com 6,1% de amilose, com umidade de 18% e temperatura

de 140°C, seguido das formulações preparadas com farinha de arroz com 17,7 e

23,1% de amilose, nas mesmas condições (18% de umidade e 140°C). Logo, ficou

evidente, pelo teste de expansão, que a menor umidade da farinha e a maior

temperatura de extrusão promoveram a propriedade de expansão dos extrusados.

Estes resultados corroboram com a aparência visual dos extrusados

expandidos, previamente apresentada na Fig. 5, onde foi verificado nitidamente

maior diâmetro nos extrusados preparados com 18% de umidade da farinha e

temperatura de 140°C, comparados aos demais. Os menores índices de expansão,

por outro lado, foram verificados nos extrusados preparados com 22% de umidade

da farinha e 100°C (Fig. 8).

De acordo com Bouvier e Campanella (2014), dois fatores controlam a

capacidade de expansão da farinha gelatinizada: (1) a viscosidade da matriz e (2) a

elasticidade da matriz. À medida que a farinha gelatinizada chega à zona de

expansão se inicia o crescimento de uma bolha, como resultado da diferença de

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

46

pressão entre o interior da própria bolha em formação e a pressão atmosférica. A

primeira resistência encontrada pela bolha para crescer é a viscosidade do material

que forma a parede da bolha, que na verdade é a própria matriz.

A água presente na farinha atua como plastificante, deixando a matriz menos

elástica e mais densa. Quanto maior o teor de água, maior a chance da matriz ficar

demasiadamente densa e, assim, interromper o crescimento da bolha. No presente

Estudo, a umidade de 22% foi suficiente para dificultar o crescimento da bolha, haja

vista os menores valores (p≤0,05) de índice de expansão observados nos

extrusados expandidos preparados com 22% de umidade comparados aos

preparados com 18% de umidade, para ambas as temperaturas de extrusão.

Temperaturas mais elevadas podem favorecer o crescimento da bolha, pois a

viscosidade da matriz é reduzida (DING et al., 2005). Conforme verificado na Fig. 8,

extrusados preparados a 140°C, comparados aos extrusados preparados a 100°C

em uma mesma umidade da farinha e teor de amilose do arroz, apresentaram maior

taxa de expansão. Este fato permite inferir que a temperatura de 140°C foi suficiente

para reduzir a viscosidade da farinha gelatinizada e aumentar a sua elasticidade,

promovendo, assim, maior crescimento de bolhas do que a temperatura de 100°C.

De acordo com Pitts et al. (2014), amidos ricos em amilopectina expandem

mais do que amidos ricos em amilose, pois a presença de cadeias curtas e

ramificadas de amilopectina dificulta a formação de interações moleculares,

enquanto que a estrutura linear das moléculas de amilose permite a formação de

interações fortes, aumentando a viscosidade do amido gelatinizado (matriz). A

viscosidade da matriz é considerada como o primeiro empecilho ao crescimento da

bolha de vapor d’água durante o processo de expansão. Isto pode explicar o maior

índice de expansão verificado nos extrusados preparados com a farinha de arroz

com 6,1% de amilose comparados às farinhas de arroz com 17,7 e 23,1% de

amilose na condição 140°C/18% de umidade (Fig. 8).

Anton et al. (2009) prepararam formulações contendo 15, 30 e 45% de farinha

de feijão branco ou feijão vermelho, ambos da espécie Phaseolus vulgaris L., em

amido de milho, e extrusaram os materiais com extrusora dupla-rosca de 19 mm,

com velocidade de rosca de 150 rpm, taxa de alimentação de 1,8 kg.h-1, 160°C e

utilizando orifício de saída na zona de expansão de 4,5 mm. O índice de expansão

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

47

encontrado pelos autores variou entre 1,7 e 2,17, sendo inferiores aos índices de

expansão observados no presente estudo (Fig. 8).

Os maiores índices de expansão verificados neste estudo, comparados às

observações de Anton et al. (2009), se deram, provavelmente, devido: (1) a

presença de 2,5% de farelo de trigo e 2,5% de farinha do resíduo sólido de indústria

de maçã nas formulações, os quais apresentavam alto teor de fibra alimentar; (2) a

maior velocidade de rotação da dupla-rosca utilizada no presente Estudo (500 rpm);

e (3) ao menor diâmetro do orifício de saída da zona de expansão utilizado no

preparo dos extrusados do presente Estudo, o qual apresentava 3,00 mm de

diâmetro.

A densidade dos extrusados apresenta-se como uma relação inversa ao

índice de expansão. Os resultados da avaliação da densidade dos extrusados

expandidos preparados à base de feijão e arroz, em função do teor de amilose da

farinha de arroz de mistura, da umidade da farinha e da temperatura de extrusão,

estão apresentados na Fig. 9.

Figura 9 – Efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre a densidade (g.cm-³) dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

48

A menor densidade (p≤0,05) dentre todos os tratamentos foi observada

naqueles extrusados que apresentaram maiores índices de expansão. Resultados

similares foram encontrados por Ding et al. (2005), ao prepararem extrusados

expandidos de farinha de arroz em diferentes umidades da farinha e temperaturas

de extrusão, também utilizando uma extrusora dupla-rosca. Segundo os autores,

que testaram umidades entre 14 e 22% e temperaturas entre 100 e 140°C, maiores

umidades e menores temperaturas propiciam extrusados com maior densidade.

Stojceska et al. (2009) reportaram densidade variando de 0,13 a 0,50 g.cm-³

em extrusados preparados com farinha mista contendo 10% do resíduo do malte e

90% de farinha de trigo ou amido de milho. Estes autores trabalharam com

umidades da farinha entre 12 e 17% e temperatura de extrusão fixa de 120°C. Altan

et al. (2009) observaram densidade de 0,365 g.cm-³ em extrusados preparados com

farinha de cevada com umidade de 20,5%, temperatura máxima de extrusão de

150°C e velocidade de rosca fixa em 175 rpm, sendo esta densidade bem superior

aos valores mais baixos de densidade obtidos no presente estudo, os quais variaram

de 0,18-0,22 g.cm-³.

Na Fig. 10 é apresentada a dureza dos extrusados expandidos em função do

teor de amilose da farinha de arroz de mistura, da umidade da farinha e da

temperatura de extrusão. A dureza é um parâmetro de qualidade de grande

importância na avaliação da aceitação dos produtos extrusados (CARVALHO et al.,

2012). É um parâmetro de textura que, fisicamente, representa a força necessária

para o probe penetrar no extrusado, enquanto que, sensorialmente, representa a

força requerida para a compressão de uma substância entre os dentes.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

49

Figura 10 – Efeitos das condições de extrusão e do teor de amilose sobre a dureza (N) dos extrusados expandidos à base de arroz e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

De acordo com Ding et al. (2005), a dureza está associada à expansão e à

estrutura das células dos extrusados. Como consequência da menor taxa de

expansão e maior densidade dos extrusados, os maiores valores de dureza foram

apresentados pelas amostras preparadas com 18% de umidade da farinha e 100°C.

Os extrusados expandidos preparados com a farinha de arroz com 6,1% de amilose,

18% de umidade e 140°C, por sua vez, apresentaram a menor dureza. Estudos

anteriores (ALTAN et al., 2009; DING et al., 2005; ROBIN et al., 2012) também

apontaram menor dureza em extrusados com maior taxa de expansão, maior

porosidade e menor densidade.

Os cinco tratamentos que apresentaram os maiores valores de taxa de

expansão, e os menores valores de densidade e dureza dos extrusados foram

selecionados para compor uma avaliação sensorial. Os seguintes tratamentos foram

selecionados: (1) 6,1% de amilose-18% de umidade-140°C; (2) 17,7% de amilose-

18% de umidade-140°C; (3) 23,1% de amilose-18% de umidade-140°C; (4) 6,1% de

amilose-18% de umidade-100°C; e (5) 23,1% de amilose-18% de umidade-100°C.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

50

Na Fig. 11 estão apresentados os valores médios de atribuído por 50

avaliadores não treinados a cada tratamento, utilizando a escala hedônica de 9

pontos não estruturada.

Figura 11 – Avaliação sensorial dos extrusados expandidos pré-selecionados com base nos resultados de taxa de expansão, densidade e dureza.

Não houve diferença estatística (p≤0,05) entre os extrusados preparados com

18% de umidade da farinha e 140°C, independente do teor de amilose da farinha de

arroz usada na mistura. Por outro lado, os valores médios atribuídos pelos

provadores aos extrusados preparados nestas condições foram maiores (p≤0,05) do

que os valores médios atribuídos aos extrusados preparados com 18% de umidade

e 100°C (Fig. 11).

Por reunirem um conjunto de características superiores aos demais

tratamentos, os extrusados expandidos preparados com farinha de arroz com 6,1%

de amilose, 18% de umidade e 140°C foram escolhidos para aprofundar estudos

sobre efeitos das condições de extrusão nos parâmetros de avaliação nutricional. O

conjunto de características que embasaram a escolha destes extrusados como os

mais promissores incluiu: (1) coloração mais clara; (2) maior índice de expansão, (3)

menor densidade, (4) menor dureza; e (5) média mais alta na avaliação sensorial.

Além disso, os comentários feitos pelos provadores no item “observações gerais” da

avaliação sensorial apontavam maior “crocância” para os extrusados provenientes

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

51

do tratamento 6,1% de amilose/18% de umidade/140°C, sendo este outro aspecto

positivo atribuído a estes extrusados expandidos.

Na tab. 5 é apresentada a composição centesimal da farinha não extrusada e

dos extrusados expandidos à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão, em função

das condições de extrusão.

Tabela 5 – Efeitos das condições de extrusão sobre a composição proximal (% em base seca) dos extrusados à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão.

Condição de extrusão Composição FNE*

100°C/18% 100°C/22% 140°C/18% 140°C/22%

Proteína 10,41±0,09a 10,60±0,19a 10,52±0,13a 10,58±0,21a 10,50±0,15a

Cinzas 3,56±0,04a 3,59±0,02a 3,69±0,08a 3,59±0,04a 3,70±0,13a

Lipídeos 2,35±0,08a 1,47±0,04b 1,22±0,05c 1,24±0,08c 1,15±0,05c

Carboidratos totais** 83,68 84,34 84,57 87,07 84,65

Resultados expressam médias de três repetições ± desvio padrão. Valores acompanhados por letras minúsculas diferentes, na mesma linha, diferem estatisticamente (p≤0,05). * FNE = farinha não extrusada. ** Valores calculados por diferença dos demais constituintes.

Não houve diferença (p≤0,05) nos teores de proteína bruta e cinzas entre as

amostras extrusadas e a farinha não extrusada. No entanto, houve redução (p≤0,05)

no teor de lipídeos dos extrusados expandidos, comparados à FNE. Redução

semelhante no teor de lipídeos foi relatada por Guy e Ryu (2014), ao comparar a

composição proximal de extrusados de farinha de ginseng com a farinha não

extrusada. A formação de complexos amilose-lipídeos é apontada pelos autores

como um dos responsáveis pela redução do teor de lipídeos nos alimentos

extrusados.

De acordo com Singh et al. (2007), alguns lipídeos podem ser perdidos no

momento de expansão do extrusado, na forma de óleo livre, e outros podem se

complexar com amilose, formando complexos que dificultam sua extração.

Na Fig. 12 é apresentado o teor de compostos fenólicos livres na farinha não

extrusada e nos extrusados expandidos à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão,

em função das condições de extrusão.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

52

Figura 12 – Efeitos das condições de extrusão sobre o teor de compostos fenólicos livres (mg ác. gálico.100 g-¹) dos extrusados à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

Houve redução (p≤0,05) no teor de compostos fenólicos livres (solúveis) nos

extrusados expandidos, comparados à farinha não extrusada (FNE), exceto para os

extrusados preparados 140°C e 18% de umidade da farinha, os quais apresentaram

teor semelhante (p≤0,05) ao da FNE. Viscidi et al. (2004) e Zadernowski et al. (1999)

reportaram redução do teor de compostos fenólicos totais em amostras de aveia

extrusadas, comparadas às respectivas amostras não extrusadas. De acordo com

os autores, perdas no teor de compostos fenólicos em função do processo de

extrusão são esperadas, uma vez que a alta temperatura do processo tende a

quebrar/transformar os compostos polifenólicos em outros compostos fenólicos ou

não-fenólicos. Além disso, Remy et al. (2000), sugeriram que a extrusão pode

promover a polimerização de ácidos fenólicos e taninos, reduzindo sua solubilidade.

Estes aspectos explicam a redução (p≤0,05) observada no teor de compostos

fenólicos livres dos tratamentos 100°C/18%, 100°C/22% e 140°C/22%, comparados

à FNE.

Anton et al. (2009) também verificaram menor (p≤0,05) teor de compostos

fenólicos livres em extrusados expandidos preparados com farinhas mistas de amido

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

53

de milho e farinha de feijão branco ou de feijão vermelho, comparados às

respectivas farinhas mistas não extrusadas.

Por outro lado, Nayak et al. (2011b) observaram maior teor de compostos

fenólicos livres em extrusados de farinha mista batata roxa-ervilha, independente da

proporção de mistura utilizada (35, 50 ou 65%), do que nas respectivas farinhas

mistas não extrusadas. Os autores utilizaram a mesma extrusora dupla-rosca de 18

mm usada no preparo dos tratamentos do presente estudo, com umidade da farinha

de 17%, temperatura máxima de 130°C, velocidade de rosca de 300 rpm e taxa de

alimentação de 45 g.min-¹.

Segundo os mesmos autores, o aumento no teor de compostos fenólicos

livres pode ser devido a: (1) rompimento das ligações éter e éster dos compostos

fenólicos complexados na parede celular, tornando-os livres e mais facilmente

extraíveis da matriz; e/ou (2) lixiviação de fibras solúveis, proteínas e outros

compostos solúveis que não sejam fenólicos, como mono, di e oligossacarídeos.

Nesse sentido, o fato do teor de compostos fenólicos livres das amostras

preparadas na condição 140°C/18% não diferir (p≤0,05) da FNE se deve,

provavelmente, ao maior rompimento das ligações éter e éster entre os compostos

fenólicos (complexados, ligados) e os compostos de parede celular propiciado por

esta condição de extrusão, tornando os fenólicos mais solúveis e mais facilmente

extraíveis durante as lavagens com o solvente metanol 80%. Portanto, por mais que

na condição 140°C/18% tenha ocorrido a degradação de parte dos compostos

fenólicos, o conteúdo foi compensado pela liberação daqueles previamente

complexados, naturalmente presentes na FNE.

Na Fig. 13 é apresentada a atividade antioxidante de radicais DPPH dos

extrusados expandidos à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão, em função das

condições de extrusão.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

54

Figura 13 – Efeitos das condições de extrusão sobre a atividade antioxidante de radicais DPPH (mg Trolox equiv.100 g-¹) dos extrusados à base de arroz (6,1% de amilose) e feijão. Barras de erro indicam o desvio padrão. Barras com letras diferentes são significativamente diferentes (p≤0,05).

O mecanismo da reação de eliminação de radicais livres DPPH envolve a

simples transferência de um elétron (PRIOR et al., 2005). Houve diminuição (p≤0,05)

da atividade antioxidante de radicais DPPH em todos os extrusados, quando

comparados à FNE. A análise de correlação de Pearson entre o teor de compostos

fenólicos livres e a atividade antioxidante de radicais DPPH (dados não

apresentados) indicou correlação positiva (r=0,60) entre ambos, com alto grau de

significância (p≤0,001).

Sharma et al. (2012) observaram aumento da atividade antioxidante de

radicais DPPH em extrusados de farinha de cevada, preparados em extrusora dupla

rosca de 25 mm, com taxa de alimentação de 20 kg.h-1, velocidade de rosca de 400

rpm, umidade da farinha de 15 ou 20% e temperatura máxima de 150 ou 180°C. De

acordo com os autores, compostos escuros provenientes da reação de Maillard,

particularmente melanoidinas, podem se formar durante a extrusão. Estes

compostos apresentam atividade antioxidante, aumentando, assim, os valores para

esta variável nos extrusados, comparados ao material não extrusado.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

55

No presente estudo, pelo alto grau de significância da correlação entre

compostos fenólicos e a atividade antioxidante, pode-se inferir que as condições

testadas não promoveram a formação de compostos escuros provenientes da

reação de Maillard ou que tais compostos, mesmos que presentes nos extrusados,

não influenciaram na atividade antioxidante.

Na tab. 6 são apresentados os efeitos da temperatura de extrusão sobre os

teores de vitamina B1, fibra solúvel e fibra insolúvel, e o valor energético dos

extrusados expandidos à base de farinha de arroz (6,1% de amilose) e feijão com

18% de umidade.

Tabela 6 – Efeitos da temperatura de extrusão sobre os teores de vitamina B1, fibras solúveis e insolúveis, e valor energético dos extrusados expandidos à base de farinha de arroz (6,1% de amilose) e farinha de feijão.

Análise FNE* 100°C e

18%umidade

140°C e

18%umidade

Vitamina B1 (mg.100 g-¹) 0,14±0,00 a 0,14±0,00 a 0,14±0,01 a

Fibra solúvel (g.100 g-¹) 1,24±0,03 c 1,61±0,02 b 1,88±0,05 a

Fibra insolúvel (g.100 g-¹) 6,83±0,02 a 6,24±0,02 b 5,96±0,04 c

Valor energético (cal.100 g-¹) 382 387 390

Resultados expressam médias de três repetições ± desvio padrão. Valores acompanhados por letras minúsculas diferentes, na mesma linha, diferem estatisticamente (p≤0,05). * FNE = farinha não extrusada.

Uma vez que vitaminas diferem quanto à estrutura química e composição, sua

estabilidade durante a extrusão também é variável (SINGH et al., 2007). O consumo

inadequado de vitamina B1, ou tiamina, promove danos ao sistema nervoso e

cardiovascular do organismo, levando a uma síndrome mundialmente conhecida

como béri-béri (BRAVATA et al., 2014). Isto mostra a importância do estudo do teor

de vitamina B1 nos extrusados expandidos.

A farinha mista prepara com arroz, feijão, farelo de trigo e resíduo sólido de

indústria de suco de maçã, utilizada no Estudo 1, apresentou 0,14 mg de vitamina

B1 por 100 g. Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO/WHO, 2001), os

requerimentos mínimos de ingestão diária de vitamina B1 para crianças de até 6 e 9

anos são, respectivamente, 0,6 e 0,9 mg. Já para adultos, a recomendação mínima

para ingestão diária de vitamina B1 é de 1,2 mg. Os extrusados preparados com

umidade mais baixa, de 18%, foram escolhidos para a avaliação do teor de vitamina

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

56

B1, já que teores mais baixos de água representam ponto mais crítico à preservação

de vitamina B1 durante a extrusão (GUZMAN-TELLO; CHEFTEL, 1987; MAGA;

SIZER, 1978; PHAM; DEL ROSARIO, 1986).

Não houve alteração (p≤0,05) no teor de vitamina B1 em função do processo

de extrusão e da temperatura de extrusão (tab. 6). Poucos trabalhos avaliaram o

efeito das condições de extrusão sobre o teor de vitamina B1. Beetner (1974)

verificou diminuição de entre 10% e 81% no teor de vitamina B1 da farinha de milho

ao extrusá-la com temperaturas entre 149 e 193°C, com velocidade de rosca de 125

rpm. O mesmo autor em trabalho posterior (BEETNER, 1976), ajustando a

temperatura de extrusão para 232°C e com umidade da farinha de 15%, verificou

perda total de vitamina B1 na farinha de triticale após extrusão. Por outro lado, Athar

et al. (2006) não verificaram diferenças no teor de vitamina B1 em função da

temperatura de extrusão (130-160°C).

No presente estudo, as temperatura de 140°C, mais baixa do que as

verificadas nos relatos da literatura, associada à maior velocidade de rosca (500

rpm) em extrusora dupla-rosca, pode ter favorecido a preservação de vitamina B1 da

farinha mista de arroz, feijão, farelo de arroz e resíduo sólido de indústria de suco de

maçã.

A fibra alimentar dos alimentos é dividida em duas frações: solúvel e

insolúvel. A fração solúvel é constituída por pectinas, algumas hemiceluloses,

gomas, mucilagens, e polissacarídeos de reserva (TIWARI; CUMMINS, 2011). A

fibra solúvel se dissolve em água para formar um gel, aumentando a viscosidade

dos alimentos. Isto ajuda a regular os níveis de glicose pós-prandial, insulina e

colesterol (JENKINS et al., 2000). A fração insolúvel apresenta três componentes

principais: celulose, hemicelulose e lignina (LUNN; BUTTRISS, 2007). Esta fração é

predominante nos alimentos e ainda resistente à digestão. A fibra insolúvel acelera a

passagem dos alimentos pelo estômago e pelo intestino delgado, e é fermentada no

cólon por bactérias, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (JOHNSON et al.,

2006).

Houve aumento (p≤0,05) no teor de fibra solúvel e redução (p≤0,05) no teor

de fibra insolúvel nos extrusados expandidos, comparados à FNE (tab. 6). As

alterações mais severas foram observadas nos extrusados preparados a 140°C.

Resultados semelhantes foram encontrados por Berrios et al. (2002), ao extrusar

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

57

farinha de feijão preto com a mesma extrusora utilizada no presente estudo, com

taxa de alimentação de 80 g.min-¹, velocidade de rosca de 200 rpm, umidade da

farinha de 20% e temperatura máxima de 160°C. Os autores verificaram aumento

nos teores de rafinose e estaquiose, constituintes da fração solúvel. Resultados

semelhantes também foram relatados por Lintas et al. (1995) e Gualberto et al.

(1997).

Segundo Tiwari e Cummins (2011), durante a extrusão não há alteração no

teor de fibra alimentar, mas sim uma solubilização e redistribuição de fibras

insolúveis para a forma solúvel. Nesse sentido, os resultados apresentados na tab. 5

sugerem que a maior temperatura utilizada (140°C) promoveu a maior solubilização

de fibras insolúveis do que a menor temperatura (100°C).

Os extrusados apresentaram valor energético inferior a produtos comerciais,

como os extrusados expandidos de milho com sabor de queijo (564 calorias.100 g-¹)

e cebola (498 calorias.100 g-¹) (NUTRITION DATA, 2014), sendo esta uma

vantagem dos extrusados expandidos preparados à base de arroz e feijão no

presente estudo.

Na tab. 7 são apresentados os efeitos da temperatura de extrusão sobre o

perfil de aminoácidos dos extrusados expandidos à base de farinha de arroz (6,1%

de amilose) e feijão com 18% de umidade.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

58

Tabela 7 – Efeitos da temperatura de extrusão sobre o perfil de aminoácidos (g.100 g-¹ de proteína) dos extrusados expandidos à base de farinha de arroz (contendo 6,1% de amilose) e farinha de feijão.

Aminoácido FNE* 100°C

18%umidade

140°C

18%umidade

FAO/WHO

(2002)***

FAO/WHO

(2002)****

Ácido glutâmico + Glutamina

16,72 16,99 17,05

Ácido aspártico + Asparagina

12,11 11,99 11,72

Leucina** 8,58 8,64 8,68 5,9 6,1

Arginina 7,64 7,73 7,74

Lisina** 6,35 6,09 6,03 4,5 4,8

Fenilalanina** 6,00 5,96 6,01

Tirosina** 4,03 4,00 4,07

3,8

(fen + tir) 4,1

Valina** 5,23 5,28 5,28 3,9 4,0

Serina 5,17 5,31 5,40

Alanina 4,53 4,60 4,60

Isoleucina** 4,53 4,54 4,55 3,0 3,1

Prolina 4,51 4,63 4,59

Treonina** 4,51 4,04 4,02 2,3 2,5

Glicina 4,00 4,01 4,00

Histidina** 2,93 2,94 2,90 1,5 1,6

Metionina** 2,03 1,86 1,89 2,2 2,4

Cisteína 1,52 1,45 1,47

Resultados são médias de duas determinações, expressos em g.100 g-¹ de proteína. * FNE = Formulação não extrusada. ** Aminoácidos essenciais. *** Escore de ingestão de aminoácidos recomendado pela FAO/WHO para adultos (g.100 g-¹ de proteína). **** Escore de ingestão de aminoácidos recomendado pela FAO/WHO para crianças entre 3 e 10 anos (g.100 g-¹ de proteína).

As condições de extrusão podem alterar a composição de aminoácidos dos

alimentos, uma vez que cada aminoácido tem suscetibilidade distinta à degradação

em função da temperatura (CAMPOS; ARÊAS, 1993; SANTIAGO et al., 2001).

Houve redução (p≤0,05) no teor de alguns aminoácidos, como ácido aspártico +

asparagina, lisina, treonina e metionina, em função do processo de extrusão.

Resultado semelhante foi observado por Santiago et al. (2001). Os autores

verificaram redução nos teores de lisina, treonina e isoleucina em farinha de grão de

bico (Cicer arietinum L.) após extrusão a 130°C e umidade da farinha de 13%.

O perfil de aminoácidos essenciais dos extrusados obtidos nas condições

apresentadas na tab. 7 atendeu aos valores recomendados pela Food and

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

59

Agriculture Organization e da World Health Organization (FAO/WHO, 2002), tanto

para crianças entre 3 e 10 anos como para adultos, exceto para o aminoácido

metionina. Cintra et al. (2007), ao estudar aminoácidos limitantes em uma dieta à

base de arroz e feijão, observaram treonina e os aminoácidos sulfurados como

limitante primário e secundário, respectivamente. Os teores de lisina e metionina

observados nos extrusados expandidos do presente estudo são superiores aos

observados por Carvalho et al. (2012), ao elaborar extrusados expandidos com

farinha mista de arroz quebrado e bandinha de feijão.

4.2. Estudo 2 - Efeitos do processo de extrusão e do teor de amilose sobre

parâmetros operacionais do processo, propriedades tecnológicas e

componentes da estrutura do amido isolado de arroz, feijão e milho

O isolamento das variáveis que afetam as propriedades tecnológicas do

produto final da extrusão, referentes aos ingredientes, é fundamental para o correto

entendimento das alterações que ocorrem a nível molecular em função do processo,

visto que a grande maioria dos estudos utilizou farinhas mistas, complexas,

impossibilitando o aprofundamento científico do tema.

Na Fig. 14 estão apresentadas as imagens de microscopia estereoscópica

dos extrusados expandidos preparados com amido isolado de arroz, feijão e milho,

com diferentes teores de amilose.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

60

Figura 14 – Imagens de microscopia estereoscópica dos extrusados expandidos de amido isolado contendo 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose. Números 1 e 2 representam, respectivamente, imagens tomadas com 0,71X de aproximação da vista frontal e 1,6X de aproximação da seção transversal dos extrusados.

E1

D1

C1

B1

A1

E2

D2

C2

B2

A2

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

61

Os extrusados preparados com amido de arroz com 8% de amilose (Fig.

14A2) apresentaram poros menores, com paredes mais tenras dos que os

extrusados preparados com amido de arroz com 20 e 32% de amilose (Figs. 14B2 e

14C2). No momento da expansão, foi observado que a matriz gelatinizada do amido

com apenas 8% de amilose apresenta mais elasticidade do que os demais materiais.

As bolhas se formavam, cresciam, mas ou estouravam ou murchavam.

Por outro lado, os extrusados preparados com amido de milho Hylon V®

contendo 55% de amilose (Fig. 14E2) podem ser considerados uma massa

compacta, sem poros, resultado da baixa elasticidade e alta viscosidade e

densidade da matriz gelatinizada no momento da expansão.

Os materiais com teores intermediários de amilose (Figs. 14B2, 14C2 e 14D2)

apresentaram um melhor equilíbrio entre elasticidade e viscosidade da matriz, os

quais permitiram crescimento e sustentação de bolhas, respectivamente, no

momento de expansão.

Os resultados estão de acordo com os relatos de Chinnaswamy (1993) e Lai e

Kokini (1991). Segundo estes autores, amidos ricos em amilopectina expandem

mais do que amidos ricos em amilose. Por apresentar cadeias mais curtas e

ramificadas do que a amilose, a amilopectina apresenta menor habilidade para se

reorganizar após o processo de gelatinização, formando uma matriz menos viscosa.

Já a amilose, por apresentar cadeias longas e lineares, é capaz de formar facilmente

novas interações após gelatinização e, logo, uma matriz mais viscosa.

Na Fig. 15 estão apresentados o torque e a pressão registrados pela

extrusora durante o processamento dos amidos isolados de arroz, feijão e milho,

com diferentes teores de amilose.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

62

Figura 15 – Torque (%) e pressão (psi) registrados pela extrusora dupla-rosca 18 mm durante o preparo dos extrusados expandidos de amido isolado com diferentes teores de amilose. Barras de erro indicam o desvio padrão.

O maior torque (p≤0,05) e a menor pressão (p≤0,05) foram registrados

durante o preparo dos extrusados de amido de arroz com 8% de amilose, enquanto

que o menor torque (p≤0,05) e a maior pressão (p≤0,05) foram observados durante o

preparo dos extrusados de amido de milho com 55% de amilose.

Segundo Abeykoon et al. (2009), a mensuração do torque permite verificar o

estado do polímero ao longo do corpo da extrusora, sendo conduzido pela rosca e

sob ação das variáveis do processo de extrusão. O maior torque (p≤0,05) verificado

no amido com 8% de amilose, comparado aos demais, se deve, provavelmente, à

maior adesividade da matriz. Por outro lado, por ser um material rico em

amilopectina e, portanto, haver pouca reorganização após gelatinização via

interações amilose-amilose, a pressão apresentada foi a mais baixa (p≤0,05).

Portanto, apesar de apresentar alta adesividade, o material apresentou baixa

viscosidade.

Comportamento contrário pode ser atribuído ao material extrusado com amido

de milho com 55% de amilose. O alto teor de amilose favoreceu a fluidez do material

durante a condução pela dupla-rosca. No entanto, a pressão foi maior (p≤0,05) do

que nos demais tratamentos, pois, por se tratar de material rico em amilose, a

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

63

reorganização dos grânulos gelatinizados foi favorecida, formando uma matriz mais

viscosa.

Na Fig. 16 estão apresentados o índice de expansão e a densidade dos

extrusados expandidos preparados com amidos de diferentes teores de amilose.

Figura 16 - Índice de expansão e densidade (g.cm-³) dos extrusados expandidos de amido isolado de grãos em função do teor de amilose. Barras de erro indicam o desvio padrão.

O índice de expansão e a densidade apresentaram comportamento inverso. O

menor índice de expansão (p≤0,05) foi observado nos extrusados preparados com

amido de milho com 55% de amilose, seguido do extrusados preparados com amido

de arroz com 8% de amilose. A maior densidade (p≤0,05) foi verificada nos

extrusados preparados com amido contendo 55% de amilose. Não foi observada

diferença (p≤0,05) na densidade dos extrusados preparados com amido de arroz

contendo 8% de amilose e 20% de amilose.

Os resultados observados na Fig. 16, para a variável índice de expansão,

corroboram com a observação visual dos extrusados apresentados na Fig. 14. O

baixo teor de amilose propiciou extrusados pouco estruturados, com paredes tenras,

embora seja observada a presença de alguns poros pequenos. Já o alto teor de

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

64

amilose propiciou extrusados com baixa elasticidade, alta viscosidade da matriz e

quase total ausência de poros.

Na Fig. 17 é apresentada a dureza dos extrusados expandidos em função do

teor de amilose do amido utilizado na extrusão.

Figura 17 – Dureza (kg) dos extrusados expandidos de amido isolado de grãos em função do teor de amilose.

A menor dureza (p≤0,05) foi apresentada pelos extrusados expandidos

preparados com amido de arroz com 8% de amilose, o menor teor testado no

presente estudo. Dureza semelhante (p≤0,05) foi observada entre os extrusados

preparados com amidos de 20, 32 e 35% de amilose. Já os extrusados preparados

com amido com 55% de amilose apresentaram dureza cerca de duas vezes superior

ao extrusados preparados com amidos de 20, 32 e 35% de amilose.

A baixa dureza e a facilidade com que o extrusado expandido preparado com

amido de baixo teor de amilose quebra estão associadas à presença de poros e à

ausência de interações fortes entre amilose-amilose e amilose-amilopectina após a

gelatinização do amido, que deixou a matriz pouco viscosa e com paredes de bolha

pouco espessas. Enquanto todos os tratamentos apresentaram ponto de fratura

superior a 2,5 segundos, os extrusados expandidos preparados com amido de arroz

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

65

com 8% de amilose facilmente quebraram com aproximadamente 1 segundo de

compressão no teste de dureza (Fig. 17).

Na Fig.18 estão apresentados os resultados de L*, a* e b* da análise

colorimétrica dos amidos nativos e extrusados, em função do teor de amilose. Os

eixos L*, a* e b* indicam variações de cor do preto ao branco, do verde ao vermelho

e do azul ao amarelo, respectivamente.

Os amidos extrusados, de forma geral, apresentaram menores valores de L* e

a*, e maiores valores de b* do que os amidos nativos, indicando coloração mais

escura e amarelada após o processo de extrusão. Comportamento diferente foi

observado no material extrusado de amido de feijão, com 35% de amilose, onde

houve aumento do valor de a*, indicando tonalidade mais avermelhada nos

extrusados do que no amido isolado.

De acordo com Rupollo et al. (2011) e Vanier et al. (2012), o amido isolado de

feijão carioca, como o utilizado no presente Estudo, pode naturalmente apresentar a

presença de compostos fenólicos, deixando o amido com tonalidade mais

avermelhada. Este fato justifica o maior (p≤0,05) valor de a* observado pelo amido

nativo de feijão comparado aos demais (Fig. 18). O processo de extrusão, além de

deixar o amido de feijão mais escuro, como observado nos demais tratamentos

deste estudo, promoveu a coloração avermelhada do material.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

66

Figura 18 – Valores L* (A), a* (B) e b* (C) da análise colorimétrica dos amidos nativos e extrusados com diferentes teores de amilose. Barras de erro indicam o desvio padrão.

A

B

C

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

67

Na Fig. 19 está apresentado o perfil viscoamilográfico dos amidos de arroz,

feijão e milho, nativos e extrusados, em função do teor de amilose.

Quando aquecido em excesso de água o amido passa pela transição de uma

fase ordenada para uma fase desordenada, chamada gelatinização. À medida que

os grânulos continuam se expandindo, acontece a lixiviação da amilose da fase

intergranular para a fase aquosa. O conjunto de mudanças que envolvem a ruptura

da estrutura granular, o inchamento, a hidratação e a solubilização das moléculas de

amido é definido como o fim da gelatinização (THARANATHAN, 2002).

Um gel (ou pasta) é formado durante o aquecimento do amido em excesso de

água, constituído por uma fase contínua de amilose e/ou amilopectina solubilizada e

uma fase descontínua, composta por fragmentos (HOOVER et al., 2010).

Após a extrusão, todos os amidos testados no presente Estudo apresentaram

perda da organização semicristalina da amilopectina, uma vez que foi verificada

ausência de pico de viscosidade para todos os amidos, independentemente do teor

de amilose, na análise do perfil viscoamilográfico (Fig. 19).

Robin et al. (2012) relataram que a presença de pico de viscosidade em

amido de trigo extrusado, mesmo com desaparecimento da cristalinidade do amido.

De acordo com os autores, com a extrusão pode ocorrer a formação de estruturas

no amido capazes de reter água durante o aquecimento na análise do perfil

viscoamilográfico, de forma semelhante aos grânulos nativos, mas sem apresentar

organização cristalina alguma.

Conforme observado na Fig. 18C, o amido extrusado de arroz com 32% de

amilose apresentou pequeno pico de viscosidade, mesmo com temperatura inferior a

60°C durante a avaliação do perfil viscoamilográfico. Este comportamento não foi

observado nos demais tratamentos extrusados.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

Figura 19. Perfil viscoamilográfico dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e extrusados.

A B

C D E

68

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

Na Fig. 20 estão apresentadas imagens de microscopia ótica dos amidos

nativos e extrusados. De acordo com Ratnayake e Jackson (2007), após a

gelatinização os grânulos de amido pode persistir na forma de “ghosts” ou

“fantasmas”. Relatos recentes mostraram que estas formas ocorrem após

hidratação, gelatinização e colapso dos grânulos de amido, sendo preferencialmente

constituídas pela fração amilopectina (DEBET; GIDLEY, 2007; ZHANG et al., 2012).

Os amidos de baixo teor de amilose, 8 e 20% (Figs. 20A e 20B), quando

extrusados, ainda mantiveram estrutura granular semelhando aos seus respectivos

amidos nativos, enquanto que nos amidos com alto teor de amilose, 32, 35 e 55%

(Figs. 20C, 20D e 20E), foi observada maior desestruturação da estrutura granular.

Durante o processo de gelatinização, a amilose é lixiviada do grânulo de

amido, enquanto as duplas hélices da amilopectina são rompidas, perdendo, assim,

sua organização semicristalina. Como já relatado anteriormente, as moléculas

longas e lineares de amilose apresentam maior facilidade para formar novas

interações após o processo de gelatinização, ocorrido durante o processo de

extrusão.

O amido de milho Hylon V® com 55% de amilose apresentou o maior “ghost”

(Fig. 20E2). O seu alto teor de amilose resultou na maior lixiviação deste polímero

do grânulo de amido durante a gelatinização e numa reorganização mais intensa

durante o processo de expansão.

Os amidos nativos e extrusados foram avaliados por cromatografia de

permeação em gel. A distribuição de tamanho molecular das frações eluídas em gel

Sepharose CL-2B está apresentada na Fig. 21. Os amidos também foram

desramificados com as enzimas pullulanase e isoamilase e as frações eluídas em

gel Sepharose CL-6B estão apresentadas na Fig. 22.

69

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

70

Figura 20 – Imagens de microscopia ótica dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35%, (D) e 55% (E) de amilose. Números 1 e 2 representam imagens dos amidos nativos e extrusados, respectivamente, com 40X de aproximação.

A1 A2

B1 B2

C1 C2

D1 D2

E1 E2

Arr

oz

IRG

A 4

06

F

eijã

o C

ario

ca

Milh

o –

Hyl

on

A

rro

z IR

GA

41

7

Arr

oz

Mo

ti

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

Figura 21. Cromatografia de permeação em gel Sepharose CL-2B dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e extrusados.

A B

C D E

71

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

72

Figura 22. Cromatografia de permeação em gel Sepharose CL-6B dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e extrusados.

A B

C D E

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

As frações eluídas em gel Sepharose CL-2B (Fig. 21) podem ser divididas em

três: (1) fração de alto peso molecular (18-30); (2) fração de peso molecular

intermediário (30-40); e (3) fração de baixo peso molecular (40-70) (VAMADEVAM et

al., 2014). A primeira fração tipicamente representa moléculas de amilopectina,

enquanto as demais, superiores a 30, representam amilose.

A extrusão promoveu a redução do peso molecular das moléculas de

amilopectina, com aumento nas frações maiores, referentes às moléculas mais

lineares (Fig. 21). Segundo Singh et al. (2014), as cadeias ramificadas de

amilopectina tornam a molécula suscetível aos danos por cisalhamento durante a

extrusão.

O material desramificado pelas enzimas pullulanase e isoamilase, que clivam

ligações α(1-6), eluído em gel Sepharose CL-6B, também pode ser dividido em três

frações: (1) fração entre 60 e 80, que compreende cadeias longas de glicose; (2)

fração 80 a 120, que compreende cadeias lineares de tamanho médio; e (3) fração

acima de 120, que corresponde às cadeias curtas de glicose, provenientes da

desramificação da amilopectina (VAMADEVAM et al., 2014).

Não foi verificada diferença nas frações desramificadas de amido nativo e

extrusado dos materiais com 8% e 20% de amilose. Este fato indica que a extrusão

clivou preferencialmente ligações α(1-6), das ramificações da amilopectina. Em

amidos com maior teor de amilose, como é o caso dos amidos com 32%, 35% e

55% utilizados no presente estudo, foi observada pequena redução das frações de

cadeia longa (60-80) e média (80-120), indicando que algumas ligações α(1-4)

foram, também, clivadas.

Os resultados estão de acordo com Politz et al. (1994), que relataram que

moléculas grandes de amilopectina, bastante ramificadas, em farinha de milho,

apresentam as maiores reduções no tamanho molecular durante a extrusão.

Na Fig. 23 estão apresentados os difratogramas de raio-X dos amidos nativos

e extrusados. Os difratogramas de raio-X dos amidos nativos revelaram padrões de

estrutura cristalina de acordo com os relatos da literatura (COLUSSI et al., 2014;

VAMADEVAM et al., 2014; VANIER et al., 2012) para os amidos de arroz, feijão e

Hylon V®.

73

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

Figura 23. Difratogramas de raios-X dos amidos com 8% (A), 20% (B), 32% (C), 35% (D) e 55% (E) de amilose, nativos e extrusados. Os difratogramas dos amidos nativos correspondem à curva em preto, enquanto os difratogramas dos amidos extrusados correspondem à linha em cinza.

A B

C D E

74

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

Os amidos nativos de arroz, com 8, 20 e 32% de amilose, apresentaram

estrutura cristalina tipo A, com picos principais no ângulo de difração 2θ de 15°, 17°,

18° e 23° (Figs. 23A, 23B e 23C). O amido nativo de feijão, com 35% de amilose,

apresentou estrutura cristalina tipo C, com picos principais nos ângulos de difração

2θ de 5,6°, 15°, 17°, 18° e 23° (Fig. 23D). Já o amido Hylon V®, de milho, com 55%

de amilose, apresentou estrutura cristalina tipo B, com picos principais nos ângulos

de difração 2θ de 5,6°, 18° e 20° (Fig. 23E).

A extrusão, nas condições aplicadas neste estudo, promoveu desestruturação

total das duplas hélices de amilopectina dos amidos com 8% de amilose (Fig. 23A) e

35% de amilose (Fig. 23D), haja vista a ausência dos picos inicialmente presentes

nos respectivos amidos nativos.

De acordo com Lambert et al. (2009), cristais de amilopectina originários de

estruturas cristalinas tipo B podem se formar a partir da retrogradação da

amilopectina após a gelatinização de amidos, sendo observados em ângulos de

difração 2θ de 5,6° e 13°. Por outro lado, complexos amilose-lipídeos podem ser

verificados em amidos gelatinizados e retrogradados no ângulo de difração 2θ de

20°.

Nos amidos extrusados de arroz que apresentavam 20% de amilose e 32%

de amilose (Figs. 23B e 23C) e no amido extrusado de milho (Hylon V®) com 55%

de amilose foram observados picos de difração nos ângulos 2θ de 13° e 20°,

indicando a reorganização parcial da amilopectina e da amilose, respectivamente,

em cristais, após a extrusão.

75

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

76

5. CONCLUSÕES

5.1. É possível a obtenção de extrusados à base de arroz e feijão com alto

índice de expansão, baixa densidade, baixa dureza e boa aceitação sensorial a

partir de farinha mista (70:30) com 18% de umidade e temperatura de extrusão de

140°C, havendo aumento do índice de expansão e redução da dureza do extrusado

com a diminuição o teor de amilose do arroz na mistura.

5.2. A extrusão propicia aumentos das proporções de compostos fenólicos

livres e de fibra solúvel, com redução da proporção de fibra insolúvel das farinhas

mistas de arroz e feijão, havendo maior efeito do processo com aumentos da

temperatura de extrusão e redução da umidade das farinhas utilizadas, mas a

temperatura de extrusão e a umidade da farinha mista não interferem no teor de

vitamina B1 e nem no valor energético.

5.3. O maior índice de expansão na extrusão dos amidos isolados de arroz,

feijão e milho ocorre com teores de amilose entre 20 e 35%. A amilopectina, apesar

de favorecer a elasticidade da matriz gelatinizada, não é capaz de formar novas

interações para fortalecer a parede das bolhas.

5.4. O processo de extrusão promove a quebra das ligações α-1,6,

predominantemente, das cadeias de amilose e de amilopectina do amido,

independentemente se de arroz, feijão ou milho.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

77

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEYKOON, C.; MCAFEE, M.; THOMPSON, S.; KELLY, A. L.; BROWN, E. C.

Investigation of torque fluctuations in extrusion through monitoring of motor variables.

In: Proceedings of the Polymer Processing Society Europe, Larnaca (Cyprus), p. 18-

21, 2009.

AKDOGAN, H. Pressure, torque, and energy responses of a twin screw extruder at

high moisture contentes. Food International, v. 29, p. 423-429, 1996.

ALTAN, A,; MCCARTHY, K. L.; MASKAN, M. Effect of screw configuration and raw

material on some properties of barley extrudates. Journal of Food Engineering,

v.92, p. 377-382, 2009.

ANTON, A. A.; FULCHER, R. G.; ARNTFIELD, S. D. Physical and nutritional impact

of fortification of corn starch-based extruded snacks with common bean (Phaseolus

vulgaris L.) flour: Effects of bean addition and extrusion cooking. Food Chemistry, v.

113, p. 989-996, 2009.

AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis.

18 ed. Washington DC US, 2005.

AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis.

18 ed. Washington DC US, 2006.

ASAE – American Society of Agricultural Engineers. Moisture measurement –

unground grain and seeds. In: Standards, 2000. St. Joseph: ASAE, p. 563, 2000.

ATHAR, N.; HARDACRE, A.; TAYLOR, G.; CLARK, S.; HARDING, R.;

MCLAUGHLIN, J. Vitamin retention in extruded food products. Journal of Food

Composition and Analysis, v. 19, p. 379-383, 2006.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

78

BEETNER, G. Degradation of thiamine and riboflavin during extrusion processing.

Journal of Food Science, v. 39, p. 207-208, 1974.

BEETNER, G. Stability of thiamine and riboflavin during extrusion processing of

triticale. Journal of Milk and Food Technology, v. 39, p. 244-250, 1976.

BERRIOS, J. de J. Extrusion cooking of legumes: Dry bean flours. In: Encyclopedia

of Agricultural, Food and Biological Engineering, 1st Edition, New York, NY:Taylor

and Francis Group, p. 1-8, 2006.

BERRIOS, J. de J.; CAMARA, M.; TORIJA, M. E., ALONSO, M. Effect of extrusion

cooking and sodium bicarbonate addition on the carbohydrate composition of Black

bean flours. Journal of Food Processing and Preservation, v. 26, p. 113-128,

2002.

BERRIOS, J. de J.; MORALES, P.; CÁMARA, M.; SÁNCHEZ-MATA, M. C.

Carbohydrate composition of raw and extruded pulse flours. Food Research

International, v. 43, p. 531-536, 2010.

BERRIOS, J. de J.; TANG, J., SWANSON, B. G. 2008. Extruded legume. US Patent

application publication no. 2008/0145483 A1.

BERTOFT, E.; PIYACHOMKWAN, K.; CHATAKANONDA, P.; SRIROTH, K. Internal

unit chain composition in amylopectins. Carbohydrate Polymers, V. 74, p. 527–543,

2008.

BHATTACHARYA, S.; PRAKASH, M. Extrusion of blends of rice and chick pea

flours: a response surface analysis. Journal of Food Engineering, v. 21, p. 315-

330, 1994.

BOUVIER, J-M.; CAMPANELLA, O. Extrusion processing technology: food and non-

food biomaterials, John Wiley & Sons, pp. 507, 2014.

BRAVATÁ, V.; MINAFRA, L.; CALLARI, G.; GELFI, C.; GRIMALDI, L. M. E. Analysis

of thiamin transporter genes in sporadic beriberi. Nutrition, v. 30, p. 485-488, 2014.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

79

BRENNAN, C.; BRENNAN, M.; DERBYSHIRE, E.; TIWARI, B. K.Effects of extrusion

on the polyphenols, vitamins and antioxidant activity of foods. Trends in Food

Science & Technology, v. 22, p. 570-575, 2011.

CAMIRE, M. E. Chemical changes during extrusion cookin: recent advances, In:

Process-Induced Chemical Changes in Foods. Plenum Press:New York, NY, p. 109-

122, 1998.

CAMPOS, M. A.; ARÊAS, J. A. G. Protein nutritional value of extrusion-cooking

defatted lung flour. Food Chemistry, v. 47, p. 61-66, 1993.

CARVALHO, A. V.; BASSINELLO, P. Z.; MATTIETTO,R. A.; CARVALHO,R. N.;

RIOS, A. O.; SECCADIO, L. L.Processamento e caracterização de snack extrudado

a partir de farinhas de quirera de arroz e de bandinha de feijão. Brazilian Journal of

Food Technology, v. 15, p. 72-83, 2012.

CHINNASWAMMY, R. Basic of cereal starch expansion. Carbohydrate Polymers,

v. 21, p. 157-167, 1993.

CINTRA, R. M. G. C.; MAGALHÃES, C. O.; GARCIA, R. R.; MELLO, R.; PADILHA,

A.; KUSAI, C.; CAETANO, L. Avaliação de qualidade da proteína de arroz e feijão e

de dieta da região sudeste do Brasil. Alimentos e Nutrição, v. 18, p. 283-289, 2007.

COLUSSI, R.; PINTO, V. Z.; EL HALAL, S. L. M.; VANIER, N. L.; VILLANOVA, F. A.;

SILVA, R. M.; ZAVAREZE, E. R.; DIAS, A. R. G. Structural, morphological, and

physicochemical properties of acetylated high-, medium-, and low-amylose rice

starches. Carbohydrate Polymers, v. 103, p. 405-413, 2014.

DEBET, M. R.; GIDLEY, M. J. Why do gelatinized starch granules not dissolve

completely? Roles for amylose, protein, and lipid in granule “ghost” integrity. Journal

of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, p. 4752-4760, 2007.

DING, Q-B.; AINSWORTH, P.; TUCKER, G.; MARSON, H. The effect of extrusion

conditions on the physicochemical properties and sensory characteristics of rice-

based expanded snacks. Journal of Food Engineering, v. 66, p. 283-289, 2005.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

80

ELIASSON, A. C. Starch in food – Structure, function and applications. New

York: Boca Raton, CRC,. 605p, 2004.

FAO/WHO. Human vitamin and mineral requirements. Report of a joint FAO/WHO

expert consultation, Bangkok, Thailand, 2001.

FAO/WHO. Protein and amino acid requirements in human nutrition: report of a joint

FAO/WHO/UNU expert consultation, Geneva, Switzerland, 2002.

GUALBERTO, D. G.; BERGMAN, C. J.; KAZEMZADEH, M.; WEBER, C. W. Effect of

extrusion processing on the soluble and insoluble fiber and phytic acid contents of

cereal brans. Plant Foods for Human Nutrition, v. 51, p. 187-198, 1997.

GUI, Y.; RYU, G-H. Effects of extrusion cooking on physicochemical properties of

White and red ginseng (powder). Journal of Ginseng Research, v.38, p. 146-153,

2014.

GUY, R. Extrusion cooking: Technologies and applications. Woodhead Publishing

Ltd:Cambridge, p. 3-5, 2001.

GUZMAN-TELLO, R.; CHEFTEL, J. C. Thiamine destruction during extrusion cooking

as an indicator of the intensity of thermal processing. International Journal of Food

Science and Technology, v. 22, p. 549-562, 1987.

HOOVER, R.; HUGHES, T.; CHUNG, H. J.; LIU, Q. Composition, molecular

structure, properties, and modification of pulse starches: A review. Food Research

International, v. 43, p. 399–413, 2010.

İBANOĞLU, t.; AINSWORTH, P.; ÖZER, E. A.; PLUNKETT, A. Physical and

sensory evaluation of a nutritionally balanced gluten-free extruded snack. Journal of

Food Engineering, v. 75, p. 469-472, 2006.

JACKSON, D. S.; GOMEZ, M. H.; WANISKA, R. D.; ROONEY, L. W. Effects of

single-screw extrusion cooking on starch as measured by aqueous high-performance

size-exclusion chromatography. Cereal Chemistry, v. 67, p. 529-532, 1990.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

81

JENKINS, D. J. A.; KENDALL, C. W. C.; VUKSAN, V. Viscous fibers, health claims,

and strategies to reduce cardiovascular disease risk. American Journal of Clinical

Nutrition, v. 71, p. 401-402, 2000.

KAUR, A.; SINGH, N.; EZEKIEL, R.; GURAYA, H. S. Physicochemical, thermal and

pasting properties of starches separated from different potato cultivars grown at

different locations. Food Chemistry, v. 101, p. 643-651, 2007.

LAI, L. S.; KOKINI, J. L. Physicochemical changes and rheological properties of

starch during extrusion. Biotechnology Progress, v. 7, p. 251-266, 1991.

LAMBERTS, L.; GOMAND, S. V.; DERYCKE, V.; DELCOUR, J. A. Presence of

amylose crystallites in parboiled rice. Journal of Agricultural and Food Chemistry,

v. 57, p. 3210-3216, 2009.

LAZOU, A.; KROKIDA, M. Structural and textural characterization of corn-lentil

extruded snacks. Journal of Food Engineering, v. 100, p. 392-408, 2010.

LECO. Metals Energy Mining Agriculture Geology. AC-350 Instruction Manual, Leco

Corporation, St. Joseph, MI, p. 5-26, 2002.

LINTAS, C.; CAPPELONI, M.; MONTALBANO, S.; GAMBELLI, L. Dietary fiber in

legumes: Effect of processing. European Journal of Clinical Nutrition, v. 49, p.

S292-302, 1995.

LIU, Y.; HSIEH, F.; HEYMANN, H.; HUFF, H. E. Effect od process conditions on the

physical and sensory properties of extruded oat-corn puff. Journal of Food Science,

v. 65, p. 1253-1259, 2000.

LUNN, J.; BUTTRISS, J. L. Carbohydrates and dietary fiber. Nutrition Bulletin, v.

32, p. 21-64, 2007.

MAGA, J. A.; SIZER, C. E. Ascorbic acids and thiamine reduction during extrusion of

potato flakes. Lebensmittel Wissenschaft und Technologie, v. 11, p. 192-194,

1978.

MARTIN-CABREJAS, M. A.; SANFIZ, B., VIDAL, A.; MOLLÁ, E.; ESTEBAN, R.;

LÓPEZ-ANDREU, F. J. Effect of fermentation and autoclaving on dietary fiber

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

82

fractions and antinutritional factors of beans (Phaseolus vulgaris L.). Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 52, p. 261-266, 2004.

MEUSER, F.; VAN LENGERICH, B.; KOHLER, F. Einfluss der extrusionsparamter

auf funktionelle eigenschaften von weizenstarke. Starch, v. 34, p. 366-372, 1982.

MORARU, C. I.; KOKINI, J. L. Nucleation and expansion during extrusion and

microwave heating of cereal foods. Comprehensive Reviews in Food Science and

Food Safety, v. 2, p. 147-165, 2003.

MULLA, M. Z.; BHARADWAJ, V. R.; ANNAPURE, U. S.; SINGHAL, R. S. Effect of

formulation and processing parameters on acrylamide formation: A case study on

extrusion blends of potato flour and semolina. LWT-Food Science and Technology,

v. 44, p. 1643-1648, 2011.

NAYAK, B.; BERRIOS, J. DE J.; POWERS, J. R.; TANG, J. Effect of extrusion on the

antioxidant capacity and color attributes of expanded extrudates prepared from

purple potato and yellow pea flour mixes. Journal of Food Science, v. 76, p. 6,

2011a.

NAYAK, B.; LIU, R. H.; BERRIOS, J. DE J.; TANG, J.; DERITO, C. Bioactivity of

antioxidants in extruded products prepared from purple potato and dry pea flours.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 59, p. 8233-8243, 2011b.

NUTRITION DATA. Nutrition data for commercially available snack food, 2014.

Disponível em: <http://nutritiondata.self.com/foods-

snack000000000000000000000.html>. Acesso em 12 de dezembro de 2014.

OATES, C. G. Towards and understanding of starch granule structure and

hydrolysis. Trends in Food Science & Technology, v.8, p.375-382, 1997.

PATIL, R. T.; BERRIOS, J. de J.; TANG, J. SWANSON, B. G. Evaluation of the

methods for expansion properties of legume extrudates. Applied Engineering in

Agriculture, v. 23, p. 777-783, 2007.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

83

PHAM, C. B.; DEL ROSARIO, R. R. Studies on the development of texturized

vegetable products by extrusion process. III. Effects of processing variables on

thiamine retention. Journal of Food Technology, v. 21, p. 569-576, 1986.

PIRES, C. V.; OLIVEIRA, M. G. A.; ROSA, J. C.; COSTA, N. M. B. Qualidade

nutricional e escore químico de aminoácidos de diferentes fontes protéicas. Ciência

e Tecnologia de Alimentos, v. 26, p. 179-187, 2006.

PITTS, K. F.; FAVARO, J.; AUSTIN, P.; DAY, L. Co-effect of salt and sugar on

extrusion processing, rheology, structure and fracture mechanical properties of

wheat-corn blend. Journal of Food Engineering, v. 127, p. 58-66, 2014.

POLITZ, M. L.; TIMPA, J. D.; WASSERMAN, B. P. Quantitative measurement of

extrusion-induced starch fragmentation products in maize flour using nonaqueous

automated gel-permeation chromatography. Cereal Chemistry, v. 71, p. 532-536.

PRIOR, R. L.; WU, X. L.; SCHAICH, K. Standardized methods for the determination

of antioxidant capacity and phenolics in food and dietary supplements. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p. 4290-4302, 2005.

RALET, M. C.; THIBAULT, J. F. Influence of extrusion-cooking on the physico-

chemical properties of wheat bran. Journal of Cereal Science, v. 11, p. 249-259,

1990.

RAMPERSAD, R.; BADRIE, N.; COMISSIONG, E. Physico-chemical and sensory

characteristics of flavoured snacks from extruded cassava/pigeonpea flour. Journal

of Food Science, v. 68, p. 363-367, 2003.

RATNAYAKE, W. S.; JACKSON, D. S. A new insight into the gelatinization process

of native starches. Carbohydrate Polymers, v. 67, p. 511-529, 2007.

REMY, S.; FULCRAND, H.; LABARBE, B.; CHEYNIER, V.; MOUTOUNET, M. First

confirmation in red wine of products resulting from direct anthocyanin-tannin

reactions. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 80, p. 745-751,

2000.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

84

ROBIN, F.; DUBOIS, C.; PINEAU, N.; LABAT, E.; THÉODULOZ, C.; CURTI, D.

Process, structure and texture of extruded whole wheat. Journal of Cereal Science,

v. 56, p. 358-366, 2012a.

ROBIN, F.; SCHUCHMANN, H. P.; PALZER, S. Dietary fiber in extruded cereals:

Limitations and opportunities. Trends in Food Science & Technology, v. 28, p. 23-

32, 2012b.

RUFIÁN-HENARES, J. A.; DELGADO-ANDRADE, C.; MORALES, F. J. Analysis of

heatdamage indices in breakfast cereals: influence of composition. Journal of

Cereal Science, v. 43, p. 63-69, 2006.

RUIZ-RUIZ, J.; MARTÍNEZ-AYALA, A.;DRAGO, S.; GONZÁLEZ, R.; BETANCUR-

ANCONA, D.; CHEL-GUERRERO, L. Extrusion of a hard-to-cook bean (Phaseolus

vulgaris L.) flour blend. LWT-Food Science and Technology, v. 41, p. 1799-1807,

2008.

RUPOLLO, G.; VANIER, N. L.; ZAVAREZE, E. R.; de OLIVEIRA, M.; PEREIRA, J.

M.; PARAGINSKI, R. T.; DIAS, A. R. G.; ELIAS, M. C. Pasting, morphological,

thermal and crystallinity properties of starch isolated from beans stored under

different atmospheric conditions. Carbohydrate Polymers, v. 83, p. 1403-1409,

2011.

SAELEAW, M.; DÜRRSCHMID, K.; SCHLEINING, G. The effect of extrusion

conditions on mechanical-sound and sensory evaluation of rye expanded snack.

Journal of Food Engineering, v. 110, p. 532-540, 2012.

SANTIAGO, R. A. C.; MOREIRA-ARAÚJO, R. S. R.; PINTO E SILVA, M. E. M.;

ARÊAS, J. A. G. The potential of extruded chickpea, corn and bovine lung for

malnutrition programs. Innovative Food Science Technologies, v. 2 p. 203-209,

2001.

SHARMA, P.; GUJRAL, H.S.;SINGH, B. Antioxidant activity of barley as affected by

extrusion cooking. Food Chemistry, v. 131, p. 1406-1413, 2012.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

85

SHIMELIS, E. A.; RAKSHT, S. K. Effect of processing on antinutrients and in vitro

digestibility of kidney bean (Phaseolus vulgaris L.) varieties grown in East Africa.

Food Chemistry, v. 103, p. 161-172, 2007.

SINGH, N. Functional and physicochemical properties of pulse starch. In: Pulse

foods: processing, quality and technological applications. Academic press, 2011, p.

91-120.

SINGH, N. Morphological, thermal and rheological properties of starches from

different botanical sources. Food Chemistry, v.81, n.219-231, 2003.

SINGH, N.; INOUCHI, N.; NISHINARI, K. Structural, thermal and viscoelastic

characteristics of starches separted from normal, sugary and waxy maize. Food

Hydrocolloids, v. 20, p. 923–935, 2006.

SINGH; S.; GAMLATH, S.; WAKELING, L. Nutritional aspects of food extrusion: a

review. International Journal of Food Science and Technology, v. 42, p. 916-929,

2007.

STOJCESKA, V.; AINSWORTH, P.; PLUNKETT, A.; IBANOGLU, S. The effect of

extrusion cooking using different water feed rates on the quality of ready-to-eat

snacks made from food by-products. Food Chemistry, v. 114, p. 226-232, 2009.

TAHNOVEN, R.; HIETANEN, A.; SANKELO, T. KORTANIEMI, V. M.; LAAKSO, P.;

KALLIO, H. Snack foods. Lebensmittel Untersuchung Forschung, v. 206, p. 360-

363, 1998.

TESTER, R. F.; KARKALAS, J.; QI, X. Starch – composition, fine structure and

architecture. Journal of Cereal Science, v. 39, n. 1, p. 151-165, 2004.

THARANATHAN, R. N. Food-derived carbohydrates – Structural complexity and

functional diversity. Critical Reviews in Biotechnology, v. 22, p. 65-84, 2002.

TIWARI, U.; CUMMINS, E. Functional and physicochemical properties of legume

fibers. In: Pulse foods: processing, quality and technological applications. Academic

press, 2011, p. 121-156.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia ...€¦ · Márcio Peter, Miriã Miranda Silveira, Patrícia Gomes Vivian, Rodrigo Fernandes dos Santos, Vanessa Bubolz, Veridiana

86

VAMADEVAM, V.; HOOVER, R.; BERTOFT, E.; SEETHARAMAN, K. Hydrothermal

treatment and iodine binding provide insights into the organization of glucan chains

within the semi-crystalline lamellae of corn starch granules. Biopolymers, v. 101, p.

871-885, 2014.

VANIER, N. L.; ZAVAREZE, E.; PINTO, V. Z.; KLEIN, B.; BOTELHO, F. T.; DIAS, A.

R. G.; ELIAS, M;. C. Physicochemical, cristallinity, pasting and morphological

properties of bean starch oxidised by different concentrations of sodium hypochlorite.

Food Chemistry, v. 131, p. 1255-1262, 2012.

VISCIDI, K. A.; DOUGHERTY, M. P.; BRIGGS, J.; CAMIRE, M. E. Complex phenolic

compounds reduce lipid oxidation in extruded oat cereals. LWT-Food Science and

Technology, v. 37, p. 789-796, 2004.

WALKER, C. E.; ROSS, A. S.; WRIGLEY, C. W.; MCMASTER G.J. Accelerated

starch-paste characterization with the Rapid Visco-Analyzer. Cereal Foods World, v.

33, p. 491–494, 1988.

ZADERNONSKI, R.; NOWAK-POLAKOWSKA, H.; RASHED, A. A. The influence of

heat treatment on the activity of lipo- and hydrophilic components of oat grain.

Journal of Food Processing and Preservation, v. 23, p. 177-191, 1999.

ZHANG, B.; DHITAL, S.; HAQUE, E.; GIDLEY, M. Preparation and characterization

of gelatinized granular starches from aqueous ethanol treatments. Carbohydrate

Polymers, v. 90, p. 1587-1594, 2012.

ZIELINSKI, H.; KOZLOWSKA, H. Antioxidant activity and total phenolics in selected

cereal grains and their different morphological fractions. Journal of Agricultural and

Food Chemistry, v. 48, p. 2008-2016, 2000.