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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL (PROAMB) LUIDE RODRIGO MARTINS SÍNTESE DE MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS OXIDADOS E BIFUNCIONALIZADO PARA A REMOÇÃO DE CORANTES CATIÔNICOS E ANIÔNICO EM SOLUÇÃO AQUOSA OURO PRETO 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL (PROAMB)

LUIDE RODRIGO MARTINS

SÍNTESE DE MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS OXIDADOS E

BIFUNCIONALIZADO PARA A REMOÇÃO DE CORANTES CATIÔNICOS E

ANIÔNICO EM SOLUÇÃO AQUOSA

OURO PRETO

2017

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LUIDE RODRIGO MARTINS

SÍNTESE DE MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS OXIDADOS E

BIFUNCIONALIZADO PARA A REMOÇÃO DE CORANTES CATIÔNICOS E

ANIÔNICO EM SOLUÇÃO AQUOSA

Tese realizada sob orientação do Prof. Dr. Laurent

Frédéric Gil, apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Engenharia Ambiental da Universidade

Federal de Ouro Preto como requisito parcial para

obtenção de título de Doutor em Engenharia

Ambiental.

Área de Concentração: Tecnologias Ambientais

Ouro Preto

2017

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Catalogação: www.sisbin.ufop.br

Martins, Luide Rodrigo.

Síntese de materiais lignocelulósicos oxidados e bifuncionalizado para a remoção de corantes catiônicos e aniônico em solução aquosa [manuscrito] / Luide Rodrigo Martins. - 2017.

167f.: il.: color; grafs; tabs.

Orientador: Prof. Dr. Laurent Frédéric Gil.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. PROAMB. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental.

Área de Concentração: Tecnologias Ambientais.

1. Oxidação. 2. Bagaço de cana de açúcar. 3. Adsorção e Corantes. 4. Celulose bifuncionalizada. I. Gil, Laurent Frédéric. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.

CDU: 502:004

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Agradecimentos

Primeiramente, agradeço a Deus, a Nossa Senhora Aparecida e a meu Anjo da Guarda pelo

amparo espiritual para a realização deste trabalho. A Eles dedico a confiança, principalmente,

nos momentos em que foram exigidas solidez e persistência.

Agradeço muito especialmente ao meu orientador, Laurent Frederic Gil, grande mestre, amigo

e incentivador, fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. Por mais difícil que tenha

sido o percurso, com você aprendi a caminhar com ética, com respeito e a buscar a filosofia

para entender a ciência.

Ao professor Leandro Gurgel, pela substancial e essencial colaboração para a execução deste

trabalho.

À professora Tânia Márcia, pelo incentivo e pela importante contribuição.

Aos amigos dos laboratórios de Química Orgânica e Ambiental (LQOA) e Grupo de Físico

Química e Orgânica (GFQO), Francine, Filipe, Amália, Meg, Fernanda Jorge, Fernanda

Torres, Josilene e em especial Ana Luísa e Carlos.

Gostaria de destacar a minha especial gratidão ao amigo e colega de trabalho Bruno Ferreira,

pelo incentivo e pela relevante colaboração para o desenvolvimento deste projeto.

Aos professores Jason Taylor, Cornélio Freitas, Sérgio Aquino, Bruno Baeta, Aparecida

Mageste, Kátia Novack e Rosemeire Alves pelo auxílio com equipamentos, reagentes e

análises indispensáveis à realização deste trabalho.

Agradeço aos amigos Janilson grande impulsionador para o ingresso no doutorado, Bruno e

Diego, pela ajuda nos estudos acadêmicos e científicos e pelo apoio nos momentos em que, a

palavra amigo, justifica o seu significado.

Com amor e gratidão, agradeço a meus pais, Pedro e Aparecida, pela confiança incondicional,

pelo refúgio certo e seguro, por me mostrarem que o caminho do bem, do respeito ao próximo

e do esforço em busca de um ideal, nos levam às conquistas. Pai, Mãe vocês me trouxeram até

aqui. Amo vocês, obrigado! Ao meu irmão Lauro, amo você irmão. À todos os meus

familiares e amigos, fontes de inspiração, ânimo e determinação.

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Resumo

Este trabalho descreve a preparação de adsorventes lignocelulósicos para a adsorção de

corantes catiônicos e aniônico em solução aquosa. A primeira parte relata a otimização da

oxidação da celulose (Cel) e do bagaço de cana de açúcar (BCA) pelo sistema NaNO2/H3PO4

e a aplicação dos produtos oxidados na adsorção dos corantes catiônicos violeta cristal (VC) e

auramina-O (AO). As condições de oxidação foram otimizadas por métodos estatísticos de

planejamento experimental e superfície de resposta. A oxidação otimizada introduziu 4,8

mmol/g e 4,5 mmol/g de funções ácido carboxílico na Cel e no BCA respectivamente. Os

adsorventes celulose oxidada (Cox) e Bagaço de cana de açúcar oxidado (Box) foram

avaliados quanto a capacidade de adsorção em função do pH, do tempo de contato (cinética) e

da concentração inicial dos corantes (isoterma). O modelo cinético que melhor se ajustou para

a adsorção de VC por Cox foi o de Elovich (EE) e para a adsorção de AO por Cox foi o de

pseudo primeira ordem (PPO). Para a adsorção de VC e AO por Box o modelo cinético que

melhor se ajustou foi o de pseudo segunda ordem(PSO). A avaliação do modelo cinético

difusão intrapartícula (DIP) indicou que a difusão de VC e AO nos poros da Cox e do Box

não pode ser considerada a única etapa relevante para a cinética de adsorção nestes sistemas.

Os estudos das isotermas de adsorção apontaram Langmuir como o melhor modelo para a

descrição da adsorção de VC por ambos os adsorventes e Konda como o melhor modelo para

descrever a adsorção de AO pelos dois adsorventes. As capacidades de adsorção estimadas

pelo modelo de Langmuir foram de 1117,8 mg/g e 1018,2 mg/g de VC em Cox e Box

respectivamente. As capacidades de adsorção estimadas pelo modelo de Konda foram de

1223,3 mg/g e 628,8 mg/g de AO em Cox e Box respectivamente. Os estudos de dessorção e

readsorção mostraram ser possível o reuso da Cox e do Box. A segunda parte deste trabalho

descreve a produção, a partir da celulose, do adsorvente bifuncionalizado com características

zwitteriônicas, CM3, para a adsorção em sistema monocomponente do corante catiônico

violeta cristal e do corante aniônico alaranjado II (AII). A modificação química da celulose

ocorreu por meio de succinilação com anidrido succínico e posterior modificação com cloreto

de colina. O modelo cinético que melhor se ajustou à adsorção de ambos os corantes por CM3

foi o de pseudo segunda ordem. A avaliação do modelo DIP indicou que a difusão de VC ou

AII nos poros da CM3 não pode ser considerada como a única etapa relevante para a cinética

de adsorção nestes sistemas. Os estudos das isotermas de adsorção apontaram Konda e

Langmuir como os melhores modelos para descrever a adsorção de VC e AII por CM3,

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respectivamente. A capacidade de adsorção do corante catiônico VC por CM3 foi de 2367,5

mg/g e do corante aniônico AII foi de 217,5 mg/g.

Palavras chave: Celulose oxidada, bagaço de cana de açúcar oxidado, celulose zwitteriônica,

violeta cristal, auramina-O, alaranjado II, adsorção.

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Abstract

This work describes the preparation of lignocellulosic adsorbents derived from cellulose (Cel)

and sugarcane bagasse (SB) for adsorption of cationic and anionic dyes in aqueous solution.

The first part describes the optimization of cellulose and sugarcane bagasse oxidation using

NaNO2/H3PO4 system, and the use of oxidized products in the adsorption of cationic dyes

crystal violet (VC) and auramine-O (AO). The oxidation reactions of Cel and SB were

optimized using design of experiments (DOE) and response surface methodology (RSM). The

optimized synthesis conditions yielded Cox and SBox with 4.8 mmol/g and 4.5 mmol/g of

carboxylic acid groups, respectively. The adsorption of the model cationic dyes crystal violet

(CV) and auramine‒O (AO) on Cox and SBox in aqueous solution was investigated as a

function of the solution pH, the contact time and the initial dye concentration. The adsorption

of CV and AO on Cox was described by the Elovich equation and the pseudo‒first‒order

kinetic model respectively, while the adsorption of CV and AO on SBox was described by the

pseudo‒second‒order kinetic model. The intraparticle diffusion kinetic model (IPD) indicated

that the diffusion of VC and AO in the Cox and Box pores cannot be the only relevant step for

adsorption kinetics in these systems. Adsorption isotherms were well fitted by the Langmuir

and Konda models, with maximum adsorption capacities (Qmax) of 1117.8 mg/g of CV and

1223.3 mg/g of AO on Cox and 1018.2 mg/g of CV and 682.8 mg/g of AO on SBox.

Desorption efficiencies were in the range of 50‒52% and re‒adsorption capacities varied from

65 to 81%, showing the possibility of reuse of both adsorbent materials. The second part

describes the chemical modification of Cellulose using Succinic anhydride and choline

chloride as modifying agent to introduce carboxylic and ammonium functional groups on the

cellulose. The produced adsorbent (CM3) is a zwitterionic material, and was used for

adsorption of the cationic CV and anionic orange II (AII) dyes in a single component aqueous

system. The adsorption of CV and AII on CM3 was described by the pseudo-second-order

kinetic model. The IPD model indicated that diffusion of VC or AII in the CM3 pores cannot

be the only relevant step for adsorption kinetics in these systems. Adsorption isotherms were

well fitted by the Konda and Langmuir model for CV and AII respectively, with maximum

adsorption capacities (Qmax) of 2367.5 mg/g of CV and 217.5 mg/g of AII on CM3.

Keywords: Oxidized cellulose, oxidized sugarcane bagasse, zwitterionic cellulose, crystal

violet, auramine-O, orange II, adsorption.

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Lista de Figuras

2.1 - Porcentagem da população sem água tratada e saneamento básico x mortalidade

infantil.........................................................................................................................................7

2.2 - Córrego poluído por corante, Jianhe River em Luoyang, China........................................7

2.3 - Estrutura molecular dos principais grupos cromóforos....................................................10

2.4 - Estrutura molecular característica de um corante têxtil, onde o grupo cromóforo é da

família azo (Alaranjado II)........................................................................................................10

2.5 - Estrutura molecular do corante vermelho do congo (diazo).............................................12

2.6 - Estrutura molecular do corante 9,10-Antraquinona (a) e estrutura química do corante

reativo (b)..................................................................................................................................12

2.7 - Estrutura molecular do corante Violeta cristal.................................................................13

2.8 - Estrutura molecular do corante Auramina-O....................................................................13

2.9 - Estrutura molecular do corante ácido violeta...................................................................14

2.10 - Corante direto preto 19...................................................................................................14

2.11 - Estrutura química do corante Vermelho de Lonamina KA............................................15

2.12 - Estrutura molecular do corante reativo amarelo ouro remazol.......................................15

2.13 - Alguns adsorventes que podem ser aplicados a efluentes industriais.............................24

2.14 - Sessão transversal hipotética de um grânulo poroso com vários tipos de poros............26

2.15 - Classificação das isotermas conforme Giles et al., (1960).............................................36

2.16 - Características do processo de adsorção conforme as curvas de saturação segundo

Weber e Chakravorti (1974).....................................................................................................37

2.17 - Estrutura molecular da celulose......................................................................................43

2.18 - Representação da celulose nas plantas...........................................................................44

2.19 - Representação da estrutura celular em plantas...............................................................45

2.20 - Produção dos adsorventes CMA e CPA.........................................................................47

2.21 - Produção dos adsorventes Cell 5 e Cell 6.......................................................................48

2.22 - Produção da celulose funcionalizada com grupos carboxilatos.....................................48

2.23 - Produção do adsorvente CGD........................................................................................49

2.24 - Produção do adsorvente FCRNF....................................................................................49

2.25 - Produção do adsorvente phosp-cel.................................................................................50

2.26 - Produção do adsorvente Cel-AET..................................................................................51

2.27 - Produção do adsorvente Cell-MPA................................................................................51

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2.28 - Oxidação da celulose por periodato de sódio.................................................................53

2.29 - Produção da carboximetilcelulose..................................................................................53

2.30 - Oxidação da celulose por TEMPO.................................................................................55

2.31- Representação das unidades de celulose oxidada na posição C-6...................................56

2.32 - Bagaço de cana de açúcar residual de indústria Sucroalcoleira......................................59

2.33 - Estrutura das xilanas.......................................................................................................59

2.34 - Unidades primárias e monômeros da lignina..................................................................60

2.37 - Produção dos adsorventes SBC 2 e MMSBC 2..............................................................61

2.36 - Produção do adsorvente TEPA-MSB.............................................................................62

2.35 - Produção do adsorvente SMA........................................................................................62

2.38 - oxidação da unidade de lignina por cloreto de sódio......................................................64

2.39 - Funcionalização da celulose com ácido cítrico cloreto de colina...................................65

2.40 - Funcionalização da celulose com anidrido succínico e TETA.......................................66

2.41- Funcionalização da quitosana com iodeto de metila e dianidrido de EDTA...................67

2.42 Síntese do adsorvente E0.7/CMC-g-PDMDAAC.............................................................68

4.1- Estrutura química dos corantes modelo.............................................................................70

4.2 - Oxidação da celulose e do bagaço de cana de açúcar.......................................................72

4.3 - Modificação química da celulose para obtenção da CM3................................................74

5.1 - Gráficos de pareto para introdução de funções ácido carboxílico. (a) Cel e (b) BCA....85

5.2 - Mecanismo de oxidação da celulose por NaNO2/H3PO4................................................87

5.3 - Superfície de resposta e linhas de contorno para as oxidações da Cel e do BCA............90

5.4 - Oxidação da celulose por NaNO2/HNO3..........................................................................91

5.5 - Espectros FTIR da Cel, Cox (a), BCA e Box (b).............................................................93

5.6 - Espectro RMN 13

C da Cox...............................................................................................94

5.7 - Análise termogravimétrica (TGA) e derivada da curva termogravimétrica para (a) Cel,

(b) Cox, (c) BCA e (d) Box.......................................................................................................96

5.8 - MEV Cel, Cox, BCA e Box. Ampliações de 60 e 500x...................................................99

5.9 - pH-PCZ Cox (a) e Box (b)..............................................................................................101

5.10 - Capacidade de adsorção (qe) em função do pH. (a) Cox e (b) Box.............................103

5.11- Cinéticas de adsorção de PPO, PSO e EE dos corantes VC e AO por Cox (a) e Box

(b)............................................................................................................................................105

5.12- Cinéticas de adsorção DIP dos corantes VC e AO por Cox e por Box........................107

5.13 - Isotermas de adsorção dos corantes VC e AO por Cox (a) e Box (b)..........................109

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5.14 - Síntese da CM1 por reação da celulose mercerizada com anidrido succínico.............116

5.15 - Espectros FTIR da CM e da CM1................................................................................117

5.16 - Síntese do intermediário CM2 por reação da CM1 com ácido acético........................118

5.17 - Espectros FTIR da CM1 e da CM2..............................................................................119

5.18 - Síntese da CM3 a partir da reação da CM2 com cloreto de colina...............................120

5.19 - Espectros FTIR da CM1 e da CM3 nas formas básica e ácida ...................................121

5.20 - MEV C e CM3 ampliadas 60x e 500x..........................................................................122

5.21 - pH-PCZ CM3................................................................................................................123

5.22 - Capacidades de adsorção (qe) dos corantes VC (a) e AII (b) em função do pH..........125

5.23 - Cinéticas de adsorção de PPO e PSO dos corantes VC (a) e AII (b) por CM3............127

5.24 - Cinéticas de adsorção DIP dos corantes VC e AII por Cox e por Box........................129

5.25 - Isoterma de adsorção dos corantes VC e AII por CM3................................................131

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Lista de Tabelas

2.1 - Fontes de contaminação para a água potável e seus potenciais efeitos para a saúde

humana........................................................................................................................................6

2.2 - Classificação dos corantes segundo a aplicação por substrato.........................................11

4.1- Matriz de planejamento experimental para oxidação da Cel e do BCA............................73

5.1 - Significância dos coeficientes de regressão em termos das variáveis independentes......88

5.2 - ANOVA dos modelos de regressão Cox e Box................................................................89

5.3 - Parâmetros dos modelos cinéticos de PPO, PSO e EE para a adsorção de VC e AO por

Cox e Box................................................................................................................................106

5.4 - Parâmetros do modelo cinético DIP para a adsorção de VC e AO por Cox e Box........108

5.5 - Parâmetros dos modelos de isoterma para a adsorção dos corantes VC e AO por Cox e

Box..........................................................................................................................................111

5.6 - Análise elementar C, H, N da Celulose e da CM3.........................................................123

5.7 - Parâmetros dos modelos cinéticosde PPO e PSO para a adsorção de VC e AII por

CM3........................................................................................................................................128

5.8- Parâmetros do modelo cinético DIP para a adsorção de VC e AII por CM3..................130

5.9- Parâmetros dos modelos de isoterma para a adsorção de VC e AII por CM3.................134

5.10 - Comparação do desempenho dos adsorventes Cox, Box, e CM3 com os dados da

literatura..................................................................................................................................136

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Lista de símbolos e abreviaturas

AGU- Unidades β-D-anidroglicopiranose

AII- Alaranjado II

ANOVA- Análise de variância

AO- Auramina-O

AWWA- American Water Works Association

BCA- Bagaço de cana de açúcar

Box- Bagaço de cana de açúcar oxidado

C-1- Carbono 1

C-2- Carbono 2

C-3- Carbono 3

C-4- Carbono 4

C-6- Carbono 6

Ce- Concentração no equilíbrio

Cel- Celulose

Ci- Concentração inicial

CM- Celulose mercerizada

CM1- Celulose modificada com andrdo succínico

CM2- CM1 modifcada com anidrido acético

CM3- Celulose succinilada e quaternizada com cloreto de colina

CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPAM/CERH-MG- Conselho Estadual de Política Ambiental/ Conselho Estadual de

Recursos Hídricos de Minas Gerais

Cox- Celulose oxidada

DBO- Demanda bioquímica de oxigênio

DIP- Difusão intrapartícula

DMF- Dimetilformamida

DMSO- Dimetilssulfóxido

DQO- Demanda química de oxigênio

EE- Equação de Elovich

FTIR- Espectro infravermelho com transformada de Fourier

GP- Grau de polimerização

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MEV- Microscopia eletrônica de varredura

nCOOH- Número de funções ácido carboxílico

PCZ- Ponto de carga zero

ppm- Parte por milhão

PPO- Pseudo primeira ordem

PSO- Pseudo segunda ordem

qe- Capacidade de adsorção no equilíbrio

Qmax-Capacidade máxma de adsorção

Qmax,est- Capacidade máxima de adsorção estimada

Qmax,exp- Capacidade máxima de adsorção experimental

qt- Capacidade de adsorção no tempo t

RMN- Ressonância Magnética Nuclear

TGA- Análise termogravimétrica

UV- ultravioleta

VC- Violeta cristal

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Sumário

1.Introdução................................................................................................................................1

2. Revisão Bibliográfica..............................................................................................................5

2.1. A poluição dos recursos hídricos.........................................................................................5

2.2 Indústrias têxteis e corantes..................................................................................................8

2.3 Classificação e estrutura dos corantes...................................................................................9

2.4 Descarte dos corantes..........................................................................................................16

2.5 Tratamento de efluentes têxteis...........................................................................................17

2.5.1 Métodos Biológicos ........................................................................................................17

2.5.2 Métodos químicos............................................................................................................18

2.5.3. Métodos Físicos e Físico-químicos.................................................................................21

2.6. Adsorção............................................................................................................................23

2.6.1. Cinética de adsorção.......................................................................................................26

2.6.1.2 Modelos de cinéticos de adsorção.................................................................................28

2.6.1.3. Modelo cinético de pseudo primeira ordem (PPO) .....................................................29

2.6.1.4 Modelo cinético de pseudo segunda ordem (PSO) ......................................................30

2.6.1.5 Equação de Elovich.......................................................................................................30

2.6.1.6. Modelo cinético de difusão intrapartícula....................................................................31

2.6.1.7. Isotermas de adsorção .................................................................................................32

2.6.2. Modelos de isotermas de adsorção..................................................................................33

2.6.2.1. Modelo de Langmuir ...................................................................................................37

2.6.2.2. Modelo de Freundlich................................................................................................. 39

2.6.3.3. Modelo de Redlich-Peterson........................................................................................40

2.6.2.4. Modelo multicamada de Konda...................................................................................40

2.7. Adsorventes para remoção de corantes..............................................................................41

2.7.1 Celulose ...........................................................................................................................42

2.7.1.2 Oxidação de Celulose....................................................................................................51

2.7.1.3 Oxidação de celulose por halogênios e óxidos de halogênios .....................................52

2.7.1.4 Carboximetil celulose...................................................................................................53

2.7.1.5 Oxidação mediada por N-oxil-2,2,6,6-tetrametilpiperidina (TEMPO)........................54

2.7.1.6 Oxidação por óxidos de Nitrogênio..............................................................................55

2.8. Bagaço de cana de açúcar..................................................................................................58

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2.9 Materiais bifuncionalizados Zwitteriônicos .......................................................................64

3 Objetivos ...............................................................................................................................69

3.1Objetivos específicos...........................................................................................................69

4 Materiais e métodos...............................................................................................................70

4.1 Materiais..............................................................................................................................70

4.2 Purificação dos Solventes...................................................................................................71

4.2.1 Piridina ............................................................................................................................71

4.2.2 N,N’-dimetilformamida, Dimetilsulfóxido e Éter............................................................71

4.3 Preparo do Bagaço de cana de açúcar e da celulose cromatograph paper 3MM Chr .......71

4.4 Oxidação da Celulose e do Bagaço de Cana de Açúcar.....................................................72

4.5 Modificação química da celulose com anidrido succínico e cloreto de colina: obtenção da

celulose modificada CM3.........................................................................................................74

4.5.1 Mercerização celulose......................................................................................................75

4.5.2 Modificação da celulose mercerizada com anidrido succínico: Obtenção da celulose

modificada CM1.......................................................................................................................75

4.5.3 Modificação da CM1 com anidrido acético: Obtenção da celulose modificada CM2....75

4.5.4 Modificação da CM2 com cloreto de colina: Obtenção da celulose modificada CM3...76

4.6 Caracterização dos materiais...............................................................................................76

4.6.1 Percentagem do ganho de massa da Cox e da CM3 da perda de massa Box...................76

4.6.2 Determinação do número de funções ácido carboxílico na Cox, no Box e na CM1.......76

4.6.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)..........................77

4.6.4 Ressonância Magnética Nuclear (RMN).........................................................................77

4.6.5 Análise termogravimétrica (TGA)...................................................................................78

4.6.6 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)...................................................................78

4.6.7 Análise Elementar C, H e N (CHN).................................................................................78

4.6.8 Ponto de carga zero (PCZ) ..............................................................................................78

4.7 Experimentos de adsorção..................................................................................................79

4.7.1 Capacidade de adsorção em função do pH......................................................................79

4.7.2 Cinética de adsorção........................................................................................................80

4.7.3 Isoterma de adsorção........................................................................................................80

4.7.4 Experimentos de dessorção e reuso dos adsorventes.......................................................81

5 Resultados e discussão...........................................................................................................83

5.1 Celulose e bagaço de cana de açúcar oxidados...................................................................83

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5.1.1 Oxidação da Celulose e do Bagaço de Cana de Açúcar..................................................83

5.1.2 Planejamento fatorial completo 23 com triplicata no ponto central.................................85

5.1.3 Modelo de superfície de resposta.....................................................................................88

5.1.4 Caracterização dos materiais............................................................................................90

5.1.4.1 Celulose e bagaço de cana de açúcar oxidados ............................................................90

5.1.4.2 Percentagem do ganho massa da Cox e da CM3 e da perda de massa do Box.............90

5.1.4.3 Determinação do número de funções ácido carboxílico na Cox e no Box ..................91

5.1.4.4 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) ......................92

5.1.4.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) .....................................................................94

5.1.4.6 Análise termogravimétrica (TGA) ...............................................................................95

5.1.4.7 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ...............................................................98

5.1.4.8 Ponto de carga zero (PCZ)..........................................................................................100

5.1.5 Experimentos de adsorção Cox, Box.............................................................................102

5.1.5.1 Adsorção em função do pH.........................................................................................102

5.1.5.2 Estudos cinéticos.........................................................................................................104

5.1.5.3 Isotermas de adsorção.................................................................................................108

5.1.6 Estudos de dessorção e readsorção................................................................................114

5.2 Celulose succinilada e modificada com cloreto de colina................................................116

5.2.1 Síntese e caracterização da celulose modificada CM3..................................................116

5.2.1.1 Síntese da CM1...........................................................................................................116

5.2.1.2 Determinação do número de funções ácido carboxílico na CM1 (grau de succinilação)

.................................................................................................................................................117

5.2.1.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR).....................117

5.2.1.4 Síntese da CM2...........................................................................................................118

5.2.1.5 Síntese da CM3...........................................................................................................119

5.2.1.6 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .............................................................121

5.2.1.7 Ponto de carga zero (PZC) .........................................................................................122

5.2.1.8 Análise elementar C, H, N..........................................................................................123

5. 2.2 Experimentos de adsorção CM3...................................................................................124

5.2.2.1 Estudos de adsorção em função do pH.......................................................................124

5.2.2.2 Estudos cinéticos.........................................................................................................126

5.2.2.3 Isotermas de adsorção.................................................................................................130

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5.3 Comparação do desempenho dos adsorventes Cox, Box e CM3 com vários adsorventes

encontrados na literatura.........................................................................................................135

6 Conclusão.............................................................................................................................138

7 Referências Bibliográficas............................,......................................................................140

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1

1 Introdução

A quantidade de água disponível com condições apropriadas para consumo, atividades

recreativas, agrícolas e industriais vem se tornando cada vez menor, seja por motivos

climáticos ou pela poluição dos recursos hídricos (BAIRD E CANN, 2012).

O avanço tecnológico e a urbanização contribuíram para o surgimento de várias indústrias.

Consequentemente, ocorreu um acréscimo na diversidade de resíduos dos processos de

transformação e de consumo dos produtos industrializados e na forma como eles passaram a

atingir e alterar o meio ambiente, em especial os corpos d’água. A contaminação dos recursos

hídricos com diversos produtos químicos, principalmente decorrentes de efluentes industriais

com alta carga de poluentes e de esgotos domésticos descartados inadequadamente, afeta o

meio ambiente e a saúde pública. Este impacto decorre em virtude destes poluentes serem

resistentes a tratamentos químicos e biológicos e por apresentarem baixa degradabilidade e

fácil bioacumulação na cadeia alimentar. Diversos processos têm sido propostos visando

desenvolver novas tecnologias para o tratamento das águas de consumo, de esgotos

domésticos e de efluentes industriais. Este tratamento é essencial para proporcionar uma boa

qualidade de vida, preservar o meio ambiente e reduzir os custos com o sistema público de

saúde (MONTGOMERY E ELIMELECH, 2007).

Um tema que desperta grande interesse na área de tratamento de água é a remoção de corantes

sintéticos de efluentes industriais, em especial de indústrias têxteis (DOS SANTOS et al.,

2007a). Os efluentes industriais têxteis são considerados uma fonte relevante de contaminação

dos recursos hídricos, frequentemente apresentando coloração indevida e com alta quantidade

de poluentes de difícil degradação, como os corantes que são usados nos processos de

tingimento de tecidos. A produção total de corantes no mundo é estimada em mais de 700.000

t/ano e pelo menos 280.000 t/ano de corantes entra no meio ambiente por meio dos efluentes,

devido às perdas ocorridas durante o processo de fixação da tintura às fibras durante o

tingimento (BRILLAS e MARTÍNEZ-HUITLE, 2015; FORGACS et al., 2004). Além das

indústrias têxteis, diversos setores fazem uso de corantes para beneficiamento de seus

produtos, como as indústrias de alimentos, cosméticos, papel, curtimento de couro, produção

de plásticos, impressão e borracha (YAGUB et al., 2014). Os corantes não pertencem a uma

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2

mesma classe de compostos químicos, mas englobam diversas substâncias com grupos

funcionais diferenciados.

A remoção de corantes de efluentes industriais é um dos grandes problemas ambientais

enfrentados pelo setor têxtil, pois a maioria dos corantes é resistente a diversas condições,

como, por exemplo, a ação de detergentes, luz solar e calor. Eles podem causar alterações

indesejadas na cor dos corpos d’água e afetar a fotossíntese das algas. Além disso, muitos

corantes e respectivos subprodutos são tóxicos para a vida aquática, mutagênicos e/ou

carcinogênicos para os humanos (COSTA et al., 2010). Portanto, é imprescindível o

tratamento de efluentes coloridos, sendo importante que os órgãos de fiscalização tenham uma

atuação permanente, de modo que os lançamentos desses efluentes obedeçam aos padrões

ambientais estabelecidos pela legislação. No Brasil, o lançamento de efluentes em corpos

hídricos é regulamentado pelas resoluções CONAMA 357/2005 e CONAMA 430/2011.

Embora estas resoluções não estabeleçam padrões para os lançamentos de corantes, elas

determinam que os lançamentos não podem alterar as características dos corpos receptores,

isto é, não podem alterar padrões como a cor, o pH e a temperatura dos mesmos, dentre

outros.

Numerosos métodos têm sido propostos para o tratamento de efluentes têxteis, podendo ser

classificados como físicos, químicos, físico-químicos e biológicos. Dentre os vários

tratamentos disponíveis, os processos físico-químicos e os biológicos são geralmente mais

utilizados. A adsorção geralmente resulta em tratamentos com alta eficiência, facilidade de

operação e boa relação custo benefício (LAAZ et al., 2016; DERAVANESYAN et al., 2015).

Um adsorvente eficiente deve consistir em uma matriz insolúvel, estável e apresentar grupos

químicos ativos que interajam com o poluente a ser removido (HOU et al., 2007).

Atualmente, vários pesquisadores desenvolvem novas tecnologias de adsorção que empregam

materiais de baixo custo, de alta eficiência e que não geram resíduos pós-tratamento. As

pesquisas levam ao emprego de resíduos da agricultura, como o bagaço de cana de açúcar

(BCA) e de matrizes como a celulose (Cel), que podem ser utilizados como adsorventes na

forma que se encontram originalmente ou mediante transformações químicas.

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3

A celulose é o constituinte presente em maior quantidade na matéria vegetal. Este

biopolímero é formado por unidades de D-anidroglicopiranose, reunidas por meio de ligações

β (1 4) em pares chamados de celobiose (HUBER et al., 2012). A estrutura molecular da

celulose confere a ela ampla possibilidade de reações químicas iniciadas principalmente pela

reatividade dos grupos hidroxilas presentes nas unidades de celobiose (KLEMM et al., 2005).

Já o bagaço de cana de açúcar é um importante subproduto da indústria sucroalcooleira e um

dos usos mais comuns para este é na geração de energia por meio de combustão. Contudo,

uma grande parte desse BCA ainda acumula-se nas fábricas e é descartada como resíduo

agrícola podendo causar problemas ambientais. (NEUREITER et al., 2002). A estrutura do

BCA é composta por aproximadamente 50% de celulose, 25% de hemiceluloses e 25% de

lignina (SENE et al., 2002). Desta maneira, o BCA apresenta além de grupos hidroxila

fenólicos, grupos hidroxila primários e secundários que podem sofrer reações de modificação

química e, desta maneira, permitem a introdução de novos grupos funcionais. Estas

funcionalizações levam à obtenção de materiais com novas propriedades e aplicações

ambientais (KARNITZ et al., 2010).

Vários trabalhos publicados na literatura relatam o emprego da celulose e do bagaço de cana

de açúcar modificados como adsorventes de diversos poluentes (HU e WANG, 2016;

FERRERA et al., 2015; GUPTA et al., 2014; SAAD et al., 2010; O’CONELL et al., 2008).

As modificações mais comuns acontecem por meio de reações de esterificação, eterificação,

halogenação e oxidação. Normalmente, estas reações são feitas para acrescentar ou introduzir

grupos funcionais às estruturas dessas biomassas. Com esses procedimentos é possível

aumentar as afinidades entre os adsorventes produzidos e os adsorvatos que interessam ser

removidos (FERREIRA et al., 2015; QIAO et al., 2015; YU et al., 2015; KUMARI et al.,

2016; RAMOS et al., 2016).

Tendo em vista o exposto, fica evidente que a remoção de corantes de efluentes têxteis e de

outras indústrias e o desenvolvimento de novas tecnologias que envolvam a produção de

adsorventes a partir da celulose e do bagaço de cana de açúcar são de extrema relevância para

a preservação e o tratamento dos recursos hídricos. Além disso, o aproveitamento do resíduo

da indústria sucrooalcoleira, o BCA, aumenta a significância deste trabalho para a sociedade

atual, uma vez que o uso de bioadsorventes contribui com a sustentabilidade do planeta e

remove parcial ou completamente os corantes dos efluentes.

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4

O desenvolvimento deste trabalho baseou-se no processo de oxidação da Cel e do BCA, de

forma simples e rápida, o que levou à obtenção dos adsorventes, celulose oxidada (Cox) e

BCA oxidado (Box). As condições das reações de oxidação foram otimizadas para favorecer a

inserção de grupos carboxílicos e reduzir a degradação da Cel e do BCA oxidados. Este

estudo possibilitou também, a partir da esterificação da celulose, a produção do adsorvente

bifuncionalizado CM3, celulose succinilada e quaternizada com cloreto de colina. A CM3

apresenta em sua estrutura grupos aniônicos contendo grupos carboxilatos e grupos catiônicos

amônio quaternários, sendo dessa maneira, um material zwitteriônico. O interessante na

produção da CM3 é a possibilidade de remover, com um mesmo material, poluentes

catiônicos ou aniônicos, assim como proporcionar a possibilidade de remoção simultânea

destes dois tipos de poluentes em meio aquoso.

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5

2 Revisão Bibliográfica

2.1 A poluição dos recursos hídricos

A contaminação dos recursos hídricos tem sido um dos grandes problemas enfrentados pela

sociedade atual, podendo se manifestar de diversas formas, das quais se pode ressaltar a

poluição por corantes (JIN et al., 2014). O crescimento desordenado de alguns setores, como

agrícola, pecuarista, industrial e a expansão dos centros urbanos, não levaram em

consideração a preservação do meio ambiente. O crescimento populacional e os avanços

tecnológicos impulsionaram o crescimento e a diversidade industrial, que atualmente ocupa

não somente as zonas urbanas, mas também as zonas rurais de diversos países. Uma

consequência desses fenômenos é o aumento na diversidade de produtos químicos advindos

dos vários processos de transformação e na forma como eles passaram a chegar e a agir

negativamente no meio ambiente, em especial, os corpos d’água. Vários são os poluentes

descartados nos corpos d’água, incluindo metais pesados, óleos, pesticidas, corantes,

tensoativos, detergentes, aditivos, dentre outros (SMITH, 1999). Efluentes contendo corantes

têxteis são geralmente descartados inadequadamente e em grande quantidade em corpos de

águas naturais diariamente, em diversos locais do mundo.

Em decorrência da poluição dos corpos d’água e de alterações climáticas, ocorre uma forte

redução na disponibilidade de água com condições apropriadas para consumo, atividades

recreativas, agrícolas e industriais (BAIRD e CANN, 2012). Pesquisadores têm investigado a

qualidade, a disponibilidade e o tratamento dos recursos hídricos (GALVIS et al., 2014;

GUSMÃO et al., 2013; MONTGOMERY e ELIMELECH, 2007 ). Na Tabela 2.1 (p. 6) são

mostradas as principais fontes de contaminação para a água potável e seus potenciais efeitos

para a saúde humana. De acordo com os estudos de Montgomery e Elimelech (2007), muitos

desses poluentes representam problemas ambientais sérios, pois, são substâncias tóxicas

resistentes a tratamentos químicos e biológicos, e são biocumulativos. Na Figura 2.1 (p. 7) são

mostradas as percentagens da população mundial com disponibilidade de água tratada e com

saneamento básico e o reflexo do acesso a esses serviços no índice da mortalidade infantil em

várias regiões do planeta. A contaminação dos sistemas aquáticos por corantes provoca efeitos

visuais (Figura 2.2, p. 7) e organolépticos, não permitindo o consumo ou a utilização dos

mesmos. Ocasiona alteração na coloração dos corpos d’água e constitui uma barreira à

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6

penetração da luz solar na água dificultando a fotossíntese da vegetação aquática. Além disso,

a oxidação biológica desses compostos nos corpos d’água consome oxigênio dissolvido

existente, prejudicando a atividade respiratória dos organismos vivos e, em consequência,

causa o aumento da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (SILVEIRA e SANTANNA,

1990). Outro problema relacionado aos corantes é que alguns apresentam em sua composição

metais pesados (cromo, cobalto, cobre, cádmio, níquel e outros) que são tóxicos à flora e a

fauna aquática (MACHADO, 2007). Nos efluentes têxteis, há uma elevada demanda química

de oxigênio (DQO) e uma alta carga de matéria orgânica não-biodegradável, essa

característica dificulta o tratamento desses efluentes por métodos biológicos convencionais. A

razão DBO5/DQO que indica o grau de biodegradabilidade dos corantes, em geral, é menor

que 0,1. Embora o tratamento biológico convencional de efluente têxtil possa remover matéria

orgânica de forma satisfatória, é comum haver nas águas de despejo, presença de corantes

residuais não degradados por esse tipo de processo (FRANCO, 2010). Portanto, o tratamento

de efluentes contendo corantes, vem sendo o foco de muitos pesquisadores com o intuito de

contribuírem para a diminuição dos respectivos impactos nocivos sobre corpos d’água

receptores e aos seres humanos.

Tabela 2.1- Fontes de contaminação para a água potável e seus potenciais efeitos para a

saúde humana. Contaminante Meta para o

nível máximo

de

contaminantes

(mg/L)

Nível máximo

de

contaminantes

(mg/L)

Potenciais efeitos

para a saúde

Fontes de

contaminação para

a água potável

o-Diclorobenzeno 0,6 0,6 Problemas nos rins e

fígado, danos às células

do sangue.

Corantes, Tintas,

compostos de limpeza

para motores, resíduos

químicos.

Fluoreto 4,0 4,0 Fluorose nos ossos e

dentes.

Depósitos naturais,

fertilizantes, indústrias

de alumínio, aditivos

para água potável.

Benzeno 0 0,005 Câncer. Tintas, pesticidas,

alguns alimentos,

indústrias de plásticos,

drogas e gás.

Continua

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7

Continuação Tabela 2.1

Tricloroetileno 0 0,005 Câncer. Indústrias têxteis, de

adesivos e

desengraxantes de

metal.

Bário 2 2 Afeta o sistema

circulatório.

Pigmentos, selantes

epoxi, queima de

carvão.

Adaptado de Water Quality and Treatment: A Handbook of Community Water Supplies, (1999) *RTT

Figura 2.1- Porcentagem da população sem água tratada e saneamento básico x

mortalidade infantil

Adaptado de MOTGOMERY e MENACHEM (2007).

Figura 2.2- Córrego poluído por corante, Jianhe River em Luoyang, China

Fonte: sosriosdobrasil.blogspot.com

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8

O setor industrial engloba uma grande variedade de indústrias que visa atender às

necessidades do modo de vida atual, como, por exemplo, indústria têxtil, alimentícia,

cosméticos, automotiva, etc. Sendo assim, o impacto que a indústria exerce sobre o meio

ambiente e em especial sobre os corpos d’água é decorrente de um conjunto diversificado de

características peculiares a cada tipo de processo de manufatura e de consumo. Em especial, a

indústria têxtil representa um setor de destaque na economia brasileira e mundial, tendo

experimentado considerável crescimento nas últimas décadas. Uma consequência deste

crescimento é o descarte de uma grande quantidade de efluentes contendo uma alta carga de

compostos orgânicos, principalmente os corantes. Corantes são identificados como os

compostos mais problemáticos nos efluentes têxteis devido a sua alta solubilidade na água, o

que acarreta uma forte coloração e devido a sua baixa degradabilidade, ocasionada pelas

respectivas estruturas químicas, contribuindo para a degradação do meio ambiente

(MUNAGAPATI e KIM, 2016; WANG, 2014; NGUYEN e JUANG, 2013;

DELLAMATRICE, 2006). Os corantes são aplicados geralmente nos processos de

beneficiamento têxtil, particularmente aos processos de tingimento.

2.2 Indústrias têxteis e corantes

O crescimento das indústrias têxteis pode ser acompanhado pelo comércio mundial de seus

produtos. Este comércio, em 1998 foi avaliado em 370 bilhões de dólares ou cerca de 6,3% do

comércio mundial de mercadorias (JUDD, 2003). Em 2009, a China, que é o maior

exportador de produtos têxteis e vestuários do mundo, alcançou o valor de 336,9 bilhões de

dólares para a produção industrial bruta de produtos têxteis, tendo exportado no ano anterior

(2008) um montante equivalente a 65,4 bilhões de dólares (HASANBEIGI e PRICE, 2012).

O processo de beneficiamento têxtil é extremamente complexo, isto porque envolve uma

grande variedade de matérias primas (fibras sintéticas, naturais, produtos químicos, aditivos,

etc.), metodologias de produção de tecidos, etapas, maquinários e geração de resíduos

(HASANBEIGI e PRICE, 2012). Uma etapa de relevância dentro do processo de

beneficiamento têxtil é o tingimento. O processo de tingimento é antigo, e iniciou com o

objetivo de dar um aspecto diferenciado as fibras e agregar valor. Nesta etapa, é utilizada uma

ampla variedade de corantes ou pigmentos que são selecionados de acordo com as

propriedades da fibra onde serão aplicados e com as características desejadas para o produto

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9

final. Durante o processo de tingimento na indústria têxtil, três etapas são consideradas

imprescindíveis: a montagem, a fixação e o tratamento final. A fixação do corante à fibra

ocorre por meio de reações químicas e interações intermoleculares. Durante este

processamento, várias lavagens são efetuadas para retirada do excesso de corante original ou

corante hidrolisado que não fixou à fibra. Para atender as exigências do consumidor final, o

sucesso destas etapas leva em consideração:

afinidade dos corantes: o corante deve fazer parte integrante da fibra após o tingimento,

deve ter elevado grau de fixação em relação à luz, transpiração e lavagem tanto

inicialmente quanto após uso prolongado;

homogeneidade na aplicação: a cor aplicada deve ser uniforme em toda a extensão do

material têxtil;

Viabilidade econômica do processo: o tingimento deve atingir os objetivos anteriores sem

extrapolar as quantidades necessárias de corantes e de produtos auxiliares (GUARATINI

e ZANONI, 2000; ALCÂNTARA e DALTIN 1996).

A produção total de corantes no mundo é estimada em mais de 700.000 t/ano e pelo menos

280. 000 t/ano destes entra no meio ambiente por meio dos efluentes, devido a perdas

ocorridas durante o processo de fixação da tintura às fibras durante o processo de tingimento

(BRILLAS e MARTÍNEZ-HUITLE, 2015; FORGACS et al., 2004), o que dificulta o

tratamento e o reuso das águas residuais.

2.3 Classificação e estrutura dos corantes

Corantes basicamente são compostos orgânicos que podem se fixar a superfícies naturais ou

sintéticas para lhes conferir cor. Nas indústrias têxteis, a classificação dos corantes pode ser

pelo tipo de fibra, tais como corantes para nylon, algodão, poliéster, etc.; pelos métodos de

aplicação no substrato, ou seja, pela maneira que eles são fixados à fibra; e de acordo com a

sua estrutura química. Estruturalmente, a molécula do corante utilizada para o tingimento da

fibra têxtil se divide em duas partes distintas, um grupo cromóforo, também conhecido como

azo, antraquinona, triarilmetano, etc. (Figura 2.3, p. 10), que é responsável pela cor, e grupos

auxiliares, ou seja, grupos aromáticos que propiciam sua afinidade pela fibra têxtil natural ou

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10

sintética (CATANHO et al., 2006). Na Figura 2.4, é representada a estrutura do corante

Alaranjado II, um típico corante azo.

Figura 2.3- Estrutura molecular dos principais grupos cromóforos

N N

O

O

C

Figura 2.4- Estrutura molecular característica de um corante têxtil, onde o grupo

cromóforo é da família azo (Alaranjado II) HO

N

NS

O

O

ONa

Os principais grupos de corantes classificados pelo modo de fixação são os corantes reativos,

diretos, azóicos, ácidos, corantes à cuba, de enxofre, dispersivos, pré-metalizados e

branqueadores (GUARATINI e ZANONI, 2000). Essa diversidade ocorre principalmente

porque cada tipo de fibra a ser colorida requer corantes com características próprias e bem

definidas. Na Tabela 2.2 (p. 11), pode-se observar uma classificação dos corantes e pigmentos

de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), segundo a

utilização por substrato.

Azo Antraquinona Triarilmetano

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11

Tabela 2.2- Classificação dos corantes segundo a aplicação por substrato

Classe de corantes Principais campos de aplicação

À cuba sulfurados Fibras naturais e sintéticas.

À tinta Fibras naturais.

Ácidos Alimentos, couro, lã, papel, fibras naturais e

sintéticas.

Ao enxofre Fibras naturais.

Azóicos Fibras naturais e sintéticas.

Básicos Couro, lã, papel, fibras naturais e madeira.

Diretos Couro, fibras naturas e artificiais e papel.

Dispersos Fibras artificias e sintéticas.

Mordentes Fibras artificias e sintéticas, alumíno, lã.

Reativos Couro, fibras naturas, fibras artificiais e papel.

Solventes Ceras, cosméticos, gasolina, madeira, plásticos,

solventes orgânicos, tintas de escrever e vernizes.

Fonte: ABIQUIM (2005)

O corante Alaranjado II é um corante reativo contendo um grupo azo -N=N-, ligado a anéis

aromáticos. Cerca de 60% dos corantes utilizados em indústrias têxteis são corantes azos

(CATANHO et al., 2006). Os corantes azos são importantes para a indústria têxtil, pois, a

síntese destes é relativamente simples e, por isso, são produzidos em larga escala comercial.

Os corantes pertencentes a esta classe podem conter mais de um grupo azo, sendo

classificados em monoazo, diazo e triazo, de acordo com a presença de uma ou mais ligações

nitrogênio-nitrogênio (-N=N-) ligados a sistemas aromáticos. O corante Vermelho do Congo

(Figura 2.5, p. 12) é um corante diazo, ele é considerado tóxico, suspeitamente carcinogênico

e mutagênico, e de difícil eliminação no ambiente (EL MESSAOUDI et al., 2016;

GUARANTIN e ZANONI 2000).

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12

Figura 2.5- Estrutura molecular do corante vermelho do congo (diazo)

S O

O O

Na

H2N

N

NN

N

NH2

S

OO

O

Na

Os corantes antraquinona representam a segunda classe mais utilizada depois dos azos no

beneficiamento têxtil. Eles são derivados da estrutura 9,10-antraquinona (Figura 2.6), e a

variação das cores está relacionada pelo tipo, número e posição dos substituintes encontrados

na estrutura.

Figura 2.6- Estrutura molecular do corante 9,10-Antraquinona (a) e estrutura química

do corante reativo (b)

O

O(a)

O

O NH2

NH

SO2CH2CH2OSO3Na

(b)

O corante Violeta cristal (violeta de metilo) (Figura 2.7, p. 13) é um corante largamente

empregado na manufatura de cartuchos de tinta para impressoras e na indústria têxtil.

Pertence a classe dos corantes básicos, conhecido também como corantes catiônicos, com o

grupo cromóforo tipicamente apresentando grupos aminas. Esta classe de corantes é solúvel

em água e capaz de colorir a lã, o acrílico, a seda, o algodão, dentre outros. Estes corantes em

água fornecem cátions coloridos, normalmente um sal de amina ou um grupo imino ionizado.

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13

Figura 2.7- Estrutura molecular do corante Violeta cristal

N

H3C

H3C

N

H3C

CH3

N

H3C

CH3

Cl

O corante auramina-O (amarelo básico I) (Figura 2.8) é utilizado na coloração de papel,

produtos têxteis e couro. Pertencente à classe dos corantes básicos, a Agência Internacional

para Pesquisa do Câncer incluiu o corante auramina-O entre os produtos químicos para os

quais existem evidências suficientes de carcinogenicidade em experimentos com animais

devido à biotransformação deste em espécies reativas nos órgãos de ratos (MARTELLI,

1998). Além disso, há evidências que o corante auramina-O possui uma natureza altamente

perigosa, interferindo no transporte de oxigênio no sangue, o que pode causar fraqueza, falta

de ar e coloração azulada nas unhas, nariz e lábios. Um pequeno contato com o corante

auramina-O pode irritar e danificar os olhos, além de ser um possível carcinogênico para seres

humanos (GAIKWAD e KINLDY, 2009; IARC MONOGRAPHS).

Figura 2.8- Estrutura molecular do corante Auramina-O

N

HH

Cl

N

CH3

CH3

N

CH3

H3C

Os corantes ácidos são corantes aniônicos solúveis em água com diferentes grupos

cromóforos e grupos funcionais como nitro, carboxila e sulfônicos. Estes grupos substituintes

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14

tornam o corante solúvel em água, e têm vital importância no método de aplicação do corante

em fibras proteicas (por exemplo, lã, seda) e em fibras de poliamida sintética. No processo de

fixação, o corante previamente neutralizado (solução contendo cloreto, acetato,

hidrogenossulfato, etc.) se liga à fibra por meio do par de elétrons livres dos grupos amino e

carboxilato das fibras protéicas. Estes corantes caracterizam-se por substâncias com estrutura

química baseada em compostos azo, antraquinona, triarilmetano (Figura 2.9), azina, xanteno,

nitro e nitroso, que prporcionam uma ampla faixa de colorações e de graus de fixação.

Figura 2.9- Estrutura molecular do corante ácido violeta

CH3

SO3

NH

OCH2CH3

SO3

N(CH3)2

Os corantes diretos são sais altamente solúveis em água, capazes de tingir algodão, papel,

couro e nylon. São corantes aniônicos solúveis em água e, quando usados em solução com

eletrólitos, apresentam alta afinidade por fibras celulósicas. A afinidade aumenta também pela

planaridade na conformação da molécula do corante ou a dupla ligação conjugada que

aumenta a adsorção do corante sobre a fibra. Esta classe de corantes é constituída

principalmente por corantes contendo mais de um grupo azo (diazo, triazo e etc.) ou pré-

transformados em complexos metálicos (Figura 2.10).

Figura 2.10- Corante direto preto 19

N N NH2

H2N

SO3Na

OHNH2

NaO3S

NNNN

NH2

H2N

Os corantes dispersos são moléculas não aniônicas insolúveis em água, eles são aplicados em

fibras de celulose e outras fibras hidrofóbicas por meio de dispersões aquosas utilizando altas

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15

temperaturas e pressões. Esta classe de corantes tem sido utilizada principalmente para

tinturas de fibras sintéticas, tais como: acetato celulose, nylon, poliéster e poliacrilonitrila. Em

geral, apresentam grupos azo, antraquinona, nitro e benzodifurano. O corante Vermelho de

Lonamina KA representa bem esta classe (Figura 2.11).

Figura 2.11- Estrutura química do corante Vermelho de Lonamina KA

NNO2N N

CH2CH3

CH2SO3Na

NO2

Os corantes reativos diferem de todas as outras classes de corantes porque se ligam às fibras

têxteis, como algodão, por ligações covalentes. É uma das mais importantes classes de

corantes, favorecendo a obtenção de todos os tons, inclusive dos mais brilhantes, além de

apresentar boas propriedades de solidez. Existem numerosos tipos de corantes reativos, porém

os principais contêm a função azo e antraquinona como grupos cromóforos e os grupos

clorotriazinila e sulfatoetilsulfonila como grupos reativos. Este grupo de corantes apresenta

como características alta solubilidade em água e estabelecimento de uma ligação covalente

entre o corante e a fibra, cuja ligação confere maior estabilidade na cor do tecido tingido,

quando comparado a outros tipos de corantes em que o processo de coloração se opera por

meio de ligações de menor intensidade. O corante amarelo ouro remazol representa bem esta

classe (Figura 2.12).

Figura 2.12- Estrutura molecular do corante reativo amarelo ouro remazol

S

NH2

NHCCH3

NS N

O

O

O

O

O

O

S

O

O

O

Na

Na

O

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16

2.4 Descarte dos corantes

A indústria têxtil encontra-se entre os setores industriais que mais poluem em termos de

volume e composição de efluentes (YADAV et al., 2012). Uma das maiores preocupações

relacionada ao tratamento de efluentes têxteis é a remoção de corantes. Os corantes são

difíceis de serem tratados por causa da origem sintética e, principalmente, devido às estruturas

moleculares aromáticas e complexas. Eles são reconhecidos pela sua resistência a degradação

com o tempo, a exposição à luz, água, sabão, suor, agentes oxidantes e não podem ser

facilmente removidos pelos processos convencionais de tratamentos de efluentes. Além dos

corantes, diversos insumos químicos podem estar presentes nos efluentes têxteis. Dependendo

das etapas de preparação e de tingimento da fibra, compostos como amônia, amido,

estabilizadores orgânicos, desinfetantes, metais, surfactantes, óleos, gorduras, hidróxido de

sódio, sulfetos e formaldeído, dentre outros, podem fazer parte da composição do efluente

têxtil (DOS SANTOS et al., 2007a). Estima-se que aproximadamente 90% das espécies

químicas utilizadas no beneficiamento de fibras, incluindo os corantes, são eliminadas nos

efluentes após cumprirem a sua função. Estes fatores levam à geração de grandes volumes de

efluentes, os quais se caracterizam por apresentar elevada e diversificada carga orgânica e se

não tratados ou dispostos de maneira inadequada, propiciam o surgimento de efeitos

maléficos ao meio ambiente e à saúde pública. (CISNEROS; ESPINOZA; LITTER, 2002).

Considera-se que pelo menos 20% dos corantes têxteis sejam descartados em efluentes devido

a perdas ocorridas durante o processo de fixação às fibras. Deste modo, o tratamento desses

efluentes com a remoção eficiente dos corantes residuais é de fundamental importância para a

proteção do meio ambiente e para atender às normas estabelecidas pela legislação ambiental.

No âmbito de uma indústria, o tratamento deste tipo de resíduos é feito por rotinas

convencionais, normalmente envolvendo processos de coagulação, adsorção e tratamento

biológico, técnicas estas que apresentam inconvenientes, pois, geram uma grande quantidade

de lodos, não degradam os corantes e são bastante resistentes a processos biológicos

(GUPTA, 2009). Devido à estabilidade química e a natureza xenobiótica, a descoloração de

corantes têxteis não acontece com eficiência sob as condições aeróbias nas estações de

tratamento de esgoto dos sistemas municipais (PEARCE et al., 2003).

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Durante as últimas décadas, a descarga de efluentes industriais tem sido regulada para

minimizar danos ambientais. No Brasil, o descarte de efluentes em corpos d’água é

regulamentado pela resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) que foi alterada e complementada pela resolução CONAMA 430/2011. Essa

última resolução estabelece a porcentagem mínima de 60% de remoção da DBO5 em efluentes

industriais antes do lançamento, com essa porcentagem podendo ser reduzida de acordo com a

capacidade de autodepuração do corpo receptor. Em Minas Gerais, deve-se observar ainda a

resolução COPAM/CERH-MG n° 01/2008 do Conselho Estadual de Política Ambiental

(COPAM) que dispõe sobre os padrões de lançamento de efluentes nos corpos hídricos.

2.5 Tratamento de efluentes têxteis

A fim de remover corantes de efluentes têxteis, vários processos têm sido estudados para que

se consiga realizar um tratamento realmente efetivo. Os mais utilizados são baseados em

tratamentos físico-químicos como adsorção, coagulação, precipitação, degradação química,

eletroquímica e fotoquímica, seguidos de tratamento biológico.

2.5.1 Métodos Biológicos

O tratamento biológico está entre as técnicas de tratamento aplicadas a efluentes contendo

corantes, visando à descoloração e degradação. Várias espécies de micro-organismos têm sido

usadas para degradar diversos tipos de corantes. Esta metodologia oferece vantagens como

custos de implementação e operação relativamente baixos e possível mineralização dos

substratos com a formação de subprodutos que não apresentam toxicidade (GUPTA, 2009).

Os tratamentos biológicos para efluentes têxteis podem ser divididos em processos aeróbios e

anaeróbios. Os primeiros envolvem micro-organismos como fungos e bactérias capazes de

degradar corantes em presença de oxigênio. Já os processos anaeróbios são conhecidos pela

capacidade de degradação de corantes por meio de micro-organismos em ambientes com

deficiência de oxigênio.

Corantes têxteis são relativamente resistentes à degradação microbiana, desta forma, não é

surpresa que apenas uma pequena parte seja degradada nos sistemas de lodos ativados, já que

estes corantes são projetados para resistir à degradação (YESILADA et. al., 2003).

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Segundo VAN LIER (2007), a remoção de cor dos efluentes têxteis por bactérias aeróbias é

normalmente baixa (10-30%) e está normalmente atribuída à adsorção do corante no lodo.

Contudo na presença de enzimas chamadas azo redutases, algumas bactérias aeróbias são

capazes de reduzir ou clivar a ligação azo, resultando em compostos incolores e na formação

de aminas aromáticas (DOS SANTOS et al., 2007a).

2.5.2 Métodos químicos

Os tratamentos químicos para os efluentes coloridos geralmente são simples, sendo a

oxidação química, o método mais comum para a degradação química de corantes. Neste

método, a remoção de cor acontece pela oxidação das moléculas de corantes resultando na

clivagem dos respectivos anéis aromáticos (ROBINSON et al., 2001). Para obter uma

remoção de cor satisfatória por oxidação, utilizam-se agentes oxidantes poderosos, tais como,

ozônio, cloro, H2O2, reagentes Fenton (H2O2/Fe(II)), UV/H2O2 e UV/O3 (ANJANEYULU et

al., 2005).

O ozônio é um poderoso agente oxidante e pode reagir com diferentes classes de corantes com

boa eficiência de remoção de cor, ele pode atuar seletivamente oxidando grupos cromóforos e

estruturas aromáticas. As reações de oxidação podem acontecer direta ou indiretamente.

Diretamente é quando o ozônio atua como aceptor de elétrons, oxidando diretamente o

corante. Indiretamente ocorre por meio de radicais OH originados da auto-decomposição do

O3. Uma das maiores vantagens do ozônio é que ele pode ser aplicado em estado gasoso, não

contribuindo para o aumento na geração de efluente e lodo. Além disso, a descoloração pelo

emprego de ozônio se processa em um período de tempo relativamente curto, ele é eficiente

mesmo em baixas concentrações apresentando baixa sensibilidade a alterações na

temperatura. Dentre as principais desvantagens da utilização do O3 para fins de tratamento de

efluentes têxteis estão a baixa eficiência com corantes insolúveis e dispersivos, a formação de

subprodutos que podem ser tóxicos e carcinogênicos exigindo tratamento adicional, e o alto

custo acarretado pelo seu baixo tempo de meia vida (DE SOUZA et al., 2010; DOS SANTOS

et al., 2007a; ANJANEYULU et al., 2005; ROBINSON et al., 2001).

O hipoclorito de sódio, NaOCl, também pode ser utilizado para tratar efluentes coloridos. Ele

é mais utilizado no tratamento de efluentes contendo corantes com grupos ou substituintes

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amino ligados ao anel naftalênico. A taxa de descoloração aumenta com o aumento na

concentração de hipoclorito e com o decréscimo do pH. O uso de compostos clorados para a

oxidação de corantes tem diminuído em virtude da formação de aminas aromáticas entre

outros subprodutos tóxicos ou carcinogênicos produzidos por esse tipo de tratamento

(ANJANEYULU et al., 2005; ROBINSON et al., 2001).

Os processos de oxidação avançada (POA) utilizam agentes oxidantes, tais como, O3 e H2O2

juntamente com catalisadores (Fe, Mn e TiO2), seja na presença ou na ausência de fontes de

radiação. Nestes processos, a formação de radicais hidroxila com alto poder oxidante, eleva

consideravelmente a taxa de oxidação dos substratos em comparação com as práticas comuns

de oxidação. Várias combinações de POAs têm sido estudadas para a remoção de cor em

efluentes. A seguir são apresentadas algumas importantes configurações de POA.

1) Reagentes Fenton (H2O2/Fe(II)), têm se mostrado eficientes para a oxidação de matéria

orgânica e remoção de cor em efluentes que apresentam toxicidade em relação ao tratamento

biológico. O processo Fenton exibe grande eficiência em sistemas com alta concentração de

corantes e baixo pH inicial. Em estudos com corantes dispersivos, o processo Fenton exibiu

os melhores resultados quando comparado às técnicas usando oxidação eletroquímica, por

ozônio ou por hipoclorito (DOS SANTOS et al., 2007a; ANJANEYULU et al., 2005). Uma

das maiores desvantagens associada à este processo é a volumosa geração de lodo contendo

alta concentração de impurezas, como corantes e reagentes usados na floculação.

(ROBINSON et al., 2001).

2) O processo fotoquímico H2O2/UV é o POA mais utilizado para o tratamento de poluentes

recalcitrantes em efluentes. Isto se deve a importantes características como, alta remoção de

DQO, baixo tempo de retenção e não formação de lodo (DOS SANTOS et al., 2007a). A

fotólise direta do H2O2 por fótons com comprimento de onda inferiores a 370 nm produz dois

radicais .OH (equação 2.1, p. 20) que têm alto poder oxidante para a maioria dos poluentes

orgânicos, incluindo corantes. A oxidação parcial pode aumentar a biodegradabilidade do

corante e possibilitar o tratamento biológico do mesmo. Dependendo da concentração inicial

do efluente e da extensão em que ocorre a descoloração, subprodutos como haletos, metais,

aldeídos, ácidos inorgânicos e orgânicos, podem ser formados (ROBINSON et al., 2001). No

processo global, os compostos tóxicos podem ser oxidados a CO2, H2O e sais. A remoção do

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corante pode ser influenciada por fatores como: intensidade da radiação UV, pH, estrutura do

corante e composição do efluente. (ANJANEYULU et al., 2005; ROBINSON et al., 2001).

H2O2 + hυ 2HO (2.1)

O uso de UV na presença de semicondutores catalíticos, como o TiO2, é um POA que tem

mostrado considerável capacidade de remoção de cor. Assim, diferentes combinações têm

sido investigadas: O3/TiO2, O3/TiO2/H2O2 e TiO2/H2O2. Entretanto, todas são fortemente

influenciadas pelo pH do sistema, pelo tipo e concentração do corante. Recentemente,

tecnologias que substituem a radiação UV pela solar também têm sido investigadas (DOS

SANTOS et al., 2007a).

3) O tratamento eletroquímico de efluentes coloridos é um POA poderoso para controle e

degradação de poluentes recalcitrantes e pode oferecer alta eficiência na remoção de cor em

efluentes. Este tratamento necessita de pouca ou nenhuma adição de produtos químicos,

requer equipamentos simples, compactos e de fácil operação. O custo da eletricidade é

comparável ao de aditivos químicos utilizados em outros tipos de processos. Acredita-se que

o principal agente oxidante no processo eletroquímico seja o íon hipoclorito ou ácido

hipocloroso formado devido à ocorrência natural de íons cloreto no efluente. Radicais

hidroxila e outras espécies reativas também podem participar deste processo de oxidação. A

oxidação eletroquímica é não-específica, portanto, pode ser aplicada a diversos tipos de

poluentes. Contudo, taxas de fluxo relativamente altas podem diminuir a degradação do

corante (ANJANEYULU et al., 2005; ROBINSON et al., 2001).

4) De acordo com Forgacs et al. (2004), o uso de peróxido de hidrogênio (H2O2) em presença

de sulfato de Fe(II), de sulfato de Fe(III), de TiO2, ou de radiação UV é eficaz para a remoção

de classes variadas de corantes. No entanto, a otimização das condições operacionais desses

processos resultou em diferentes eficiências de remoção para cada classe de corante,

revelando uma grande dificuldade para a implantação de uma técnica universal capaz de atuar

em efluentes coloridos com ampla variedade na composição e complexidade.

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21

2.5.3 Métodos Físicos e Físico-químicos

No tratamento de efluentes por métodos físicos, destacam-se a ultrafiltração, nanofiltração e

osmose reversa, que utilizam membranas sintéticas que formam uma barreira seletiva entre

duas fases. A escolha da membrana adequada depende de algumas propriedades como:

tamanho do poro, porosidade superficial, estrutura (simétrica ou assimétrica), hidrofilicidade,

carga superficial (BILAD et al., 2014).

O processo de filtração pode ser classificado de acordo com o tamanho dos poros da

membrana utilizada. Processos de microfiltração envolvem membranas com diâmetros de

poros entre 10-1µm e 101µm, ultrafiltração 10-2 µm e 10-1 µm, nanofiltração 10-3 µm e 10-2

µm, osmose reversa 10-4 µm e 10-3 µm. Em indústrias têxteis esses métodos podem ser

usados para tratar e reaproveitar a água no processo industrial (DOS SANTOS et al., 2007b).

Contudo, o custo desta técnica é alto, as membranas são susceptíveis ao entupimento o que

reduz o tempo de vida das mesmas, e ocorre geração de lodo concentrado, o que torna um

inconveniente para o processo (ELLOUZE et al., 2012; HILAL et al., 2004).

A técnica físico-química de coagulação seguida de precipitação também é largamente

empregada para remoção de corante em efluentes têxteis. Utilizam-se polieletrólitos e/ou

floculantes inorgânicos (sais de ferro e, alumínio) que promovem a formação de agregados e a

redução da concentração de corantes e de outros compostos orgânicos. A American Water

Works Association (AWWA) sugere a coagulação-precipitação como o melhor método para a

remoção de corantes particulados em efluentes. A coagulação-precipitação pode ser utilizada

como etapa preliminar para tratamentos biológicos, reduzindo a carga a ser decomposta

biologicamente e consequentemente aumentando a eficiência do processo. Elevada remoção

de cor (acima de 90%) tem sido alcançada com aplicação de diferentes coagulantes. A

eficiência, depende entre outros fatores, do controle do pH e do tipo de corante a ser

removido. Dentre as desvantagens associadas a esta técnica estão: custo elevado dos reagentes

para precipitação e ajustes de pH, formação e aumento nas restrições à disposição do lodo

contendo os poluentes e a alta concentração de cátions que permanecem no sobrenadante,

demandando um tratamento (ANJANAEYULU et al., 2005).

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Uma importante técnica para o tratamento de efluentes têxteis e industriais em geral é a

adsorção, por apresentar alta seletividade, baixo consumo de energia e eficiência. Alguns

autores consideram esta técnica a mais vantajosa para remover ou minimizar vários tipos de

poluentes em meio aquoso, inclusive corantes (ALI et al., 2012; BHATNAGAR e

SLLANPAA, 2010).

A adsorção consiste na separação de componentes de uma mistura, em que ocorre

transferência de massa, sendo um composto diluído em uma fase fluida e um sólido

adsorvente (ZANONI e CARNEIRO, 2001). Considera-se um adsorvente eficiente, uma

matriz insolúvel, estável que contenha grupos ativos e interaja com o poluente a ser removido

(HOU et al., 2007). Por ser um processo economicamente viável em virtude do baixo

consumo de energia, muitos pesquisadores tentam desenvolver novos materiais que possam

ser utilizados como adsorventes de baixo custo. Dentre os materiais que são empregados

como adsorventes, encontram-se as plantas aquáticas, as fibras de algodão, a serragem de

madeira, o bagaço de cana de açúcar, o sabugo de milho, o coco de babaçu e o coco da praia,

dentre outros. Esses materiais podem se utilizados como suportes para novos adsorventes ou

serem utilizados ―in natura‖ o que reduz ainda mais o custo (SANTOS et al., 2003).

O uso de bagaço da cana e celulose como adsorventes mostrou-se economicamente atraente

para a remoção de cor de soluções aquosas, pois, o bagaço representa uma fonte de matéria

prima abundante e de baixo custo (SENE et al., 2002). A maior parte dos adsorventes naturais

usados com sucesso para a adsorção de corantes (adsorvato) dos efluentes são compostos

orgânicos com grupos polares reativos, responsáveis pela ligação com os corantes iônicos.

Alguns fatores influenciam a capacidade de adsorção dos adsorventes, tais como o pH da

solução, a temperatura e a concentração inicial do adsorvato em solução.

Tendo em vista as limitações de cada método de tratamento, a complexidade dos efluentes

têxteis e a estabilidade química dos corantes, não há um processo único capaz de uma

remoção satisfatória de cor das águas residuais, sendo necessária uma combinação dessas

técnicas. Isso, aliado ao potencial tóxico dos corantes e ao aumento no rigor da legislação,

tem motivado estudos com o objetivo de se desenvolver metodologias que sejam mais

eficientes e de baixo custo para o tratamento desses efluentes (NILSSON et al., 2006;

MORAES et al., 2000). Nesse sentido, a utilização de sistemas aquosos bifásicos sem

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utilização de solventes orgânicos e adsorventes não tóxicos que possam ser reutilizados, torna

a técnica de adsorção atraente e ambientalmente segura.

2.6 Adsorção

Desde o início do século XX, os processos de adsorção têm se constituído um tema de grande

interesse científico. Adsorção é um método amplamente utilizado para o tratamento de águas

residuais industriais contendo cor, metais pesados e outras impurezas orgânicas e inorgânicas.

Dentre as vantagens do processo de adsorção, estão sua simplicidade de operação e baixo

custo em comparação com outros processos de separação. (ALI et al., 2012; BHATNAGAR e

SILLANPAA, 2010). A pouca aplicação deste processo pelas indústrias está relacionada ao

preço de adsorventes atualmente disponíveis para fins comerciais. O custo da aplicação da

tecnologia de adsorção pode ser reduzido com a redução no custo do adsorvente ( HAMEED,

2009).

Vários adsorventes, como carvão ativado, peneiras moleculares, adsorventes poliméricos,

subprodutos agrícolas e outros derivados de subprodutos de processos industriais, vêm sendo

utilizados em procedimentos de separação em indústrias e laboratórios, para a purificação de

água, ar, esgotos e solo (DABROWSKI e JARONIEC, 2001). O carvão ativado é geralmente

o adsorvente mais utilizado para remoção de corantes devido à respectiva elevada capacidade

de adsorção. O carvão ativado é um adsorvente eficiente e com extensa área superficial,

entretanto, o alto custo e a regeneração deste, produz um pequeno efluente adicional e resulta

em uma perda de 10-15% do adsorvente e da sua capacidade de captação, tornando inviável a

sua aplicação em grandes escalas, pois, aumenta as despesas operacionais (ANJANEYULU et

al., 2005; FORGACS et al., 2004).

Nos últimos anos, vários pesquisadores tentaram desenvolver adsorventes alternativos e de

baixo custo. Materiais provenientes principalmente da agricultura, rejeitos agrícolas, ―in

natura” ou modificados, têm sido investigados intensivamente para remoção de corante em

soluções aquosas (GUSMÃO, 2011). Na Figura 2.13 (p. 24) são ilustrados alguns adsorventes

que podem ser utilizados para a remoção de poluentes em efluentes industriais.

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Figura 2.13- Alguns adsorventes que podem ser aplicados a efluentes industriais

O entendimento dos princípios científicos que governam os fenômenos dos processos de

adsorção exige experimentos extremamente cuidadosos para que se obtenham resultados

significativos e reprodutíveis. O avanço de métodos de simulação computacional e de novas

técnicas analíticas capazes de descreverem superfícies de camadas e interfaces é importante

para o desenvolvimento de novas abordagens teóricas em nível molecular. Muitos

pesquisadores se apoiam em pesquisas teóricas aliadas a dados laboratoriais para entenderem

melhor a adsorção (DABROWSKI, 2001).

Os processos de adsorção são analisados apresentando-se os dados do comportamento

cinético em forma de curvas de ruptura e de isotermas de adsorção, que representam a relação

de equilíbrio entre a concentração de adsorvato na fase fluida e nas partículas do adsorvente,

sendo as formas mais usuais modelos como os de Langmuir e de Freundlich (MARELLA e

DA SILVA, 2005).

As forças envolvidas na interação adsorvente-adsorvato podem variar desde as de natureza

puramente física (adsorção física) até as de natureza química (adsorção química). Na adsorção

física ou fisiossorção, podem ser formadas múltiplas camadas de adsorvato sobre a superfície

do adsorvente com aproximadamente o mesmo calor de adsorção. O adsorvato pode ser retido

na superfície por forças relativamente fracas como, forças de Van der Waals, ligações de

hidrogênio, polaridade, interações π-π entre outras. Na adsorção química ou quimissorção, há

troca de elétrons entre sítios específicos de superfícies de adsorventes e moléculas de

adsorvato resultando na formação de ligações químicas. Consequentemente, a quimissorção é

mais forte e mais estável a altas temperaturas que a fisiossorção. A quimissorção é localizada,

isto é, pode ocorrer somente nos sítios ativos e, geralmente, apenas uma camada de adsorvato

pode ser adsorvida e a adsorção é irreversível. Havendo condições favoráveis, quimissorção e

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fisiossorção podem acontecer simultaneamente (VIDAL et al., 2014a; INGLEZAKIS e

POULOPOULOS, 2006).

Num sistema de adsorção, as interações adsorvato-adsorvente podem ser usadas para definir a

homogeneidade e a heterogeneidade dos adsorventes pela da energia de adsorção. Um

adsorvente pode ser considerado homogêneo quanto à energia de seus sítios de adsorção se a

energia de cada sítio é idêntica por toda a sua superfície. Do contrário, o adsorvente será

energeticamente heterogêneo (JARONIEC, 1983). A heterogeneidade de um adsorvente

exerce sua influência nos sistemas de adsorção de acordo com o grau de cobertura superficial,

pois, à medida que os sítios de maior energia vão sendo ocupados, a diferença energética entre

os sítios ainda disponíveis para a fixação dos adsorvatos decresce (JARONIEC et al., 1981).

Outro fator que influencia os processos de adsorção são as interações moleculares adsorvato-

adsorvato. Estas interações podem afetar profundamente as forças que agem entre superfícies

sólidas e alterar o comportamento de sistemas de adsorção em um meio líquido. (KLEIN,

1986). Elas podem, por exemplo, causar mudanças nas estruturas eletrônicas moleculares de

adsorvatos e levar a um aumento na energia de ligação adsorvente-adsorvato, podem provocar

o deslocamento para diferentes sítios ativos de moléculas de adsorvato já acomodadas pela

interação com moléculas de adsorvato vindas da fase móvel, e também aumentar as taxas de

dessorção de um determinado sistema através de interações adsorvato-adsorvato repulsivas

(YU et al., 2010; KAWAI, 1997).

A característica dos poros do adsorvente também é importante num processo de adsorção. A

maioria dos adsorventes sólidos com aplicações industriais têm poros com estruturas

complexas, diferentes tamanhos e formas. Microporos são aqueles com largura inferior a 2

nm, mesoporos possuem largura entre 2 nm e 50 nm e macroporos largura superior a 50 nm.

(DABROWSKI, 2001). A Figura 2.14 (p. 26) ilustra a sessão hipotética de um grânulo poroso

com vários tipos de poros.

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Figura- 2.14- Sessão transversal hipotética de um grânulo poroso com vários tipos de

poros

F (fechado), S ( sem saída), T (transversal), I (interconectado), R (com rugosidade)

Fonte: (ROUQUEROL et al., 2014)

2.6.1 Cinética de adsorção

Prever a taxa em que a adsorção acontece é provavelmente o fator mais importante na

concepção de um sistema de adsorção, isto porque, um sistema de adsorção impõe limitações

no tempo de residência do adsorvato e as dimensões destes sistemas são fundamentadas na

cinética do processo (HO, 2006). Geralmente, teorias de adsorção são baseadas no princípio

de que uma ou mais das seguintes etapas de transporte de massa estão envolvidas na cinética

do processo:

1) transferência de massa (adsorvato) do líquido ou gás, para o filme fluido imediatamente em

contato com a superfície do adsorvente (superfície externa que circunda a partícula de

adsorvente);

2) difusão do adsorvato da camada limite para os poros do adsorvente por transporte no

líquido ou gás contido nos poros e difusão nos poros ao longo das paredes do adsorvente;

3) adsorção (fixação) do adsorvato baseada na taxa de adsorção e dessorção nos sítios da

superfície externa ou no interior do adsorvente.

A etapa inicial de transporte de massa pode ser afetada pela concentração do adsorvato e pela

intensidade de agitação, e aumentos nos valores dessas variáveis podem acelerar a difusão do

adsorvato da solução para a superfície do sólido. A segunda etapa de transporte é geralmente

considerada a etapa determinante, especialmente no caso de adsorventes microporosos. A

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27

terceira etapa é geralmente rápida e pode ser afetada pela temperatura, pH, força iônica,

concentração inicial do adsorvato, agitação, tamanho das partículas e distribuição do tamanho

dos poros. Em vista do exposto, pode-se dizer que a cinética de adsorção é controlada pelo

transporte de massa até o sítio ativo e pela fixação do adsorvato neste sítio (adsorção) (LIU,

2015; MCKAY e AL DURI, 1987).

As etapas de transporte ocorrem em séries, em que a etapa mais lenta é denominada etapa

limitante porque controla a taxa global de remoção de uma espécie da fase fluida por um

adsorvente (fase sólida). Em escoamentos turbulentos, a adsorção ocorre frequentemente por

uma combinação de difusão no filme (camada laminar que circunda o adsorvente) e difusão

nos poros. Inicialmente, a difusão pelo filme pode controlar a taxa de remoção, mesmo

porque, para se difundir no poro, a molécula precisa primeiramente superar a resistência

imposta por essa camada. Após a acumulação de uma quantidade crítica de adsorvato dentro

dos poros, o transporte através dos poros pode se tornar a etapa que limita a velocidade global

de adsorção (SNOEYINK, e SUMMERS, 1999).

O transporte de um adsorvato até o sítio de adsorção pode também ser influenciado pela

resistência à transferência de massa e/ou de calor. Quando esses fatores controlam a taxa de

adsorção global, a taxa de adsorção em uma superfície é geralmente alta. Se a resistência à

transferência de massa ocorrer através do filme fluido externo à superfície do adsorvente, ela

dependerá das condições hidrodinâmicas que afetam a espessura da camada laminar

envolvendo a partícula adsorvente. Na prática, para a maioria dos sistemas reais, a resistência

à transferência de massa nos poros é mais significativa que a resistência à transferência de

massa externa (VIDAL et al., 2014b). Sendo assim, o tamanho da partícula de adsorvente é

determinante para o tempo requerido para transportar o adsorvato dentro dos poros até um

sítio de adsorção disponível. Com relação à resistência à transferência de calor, considerando

que o processo de adsorção é exotérmico, considera-se a dissipação do calor na superfície

externa do adsorvente como a etapa limitante dessa transferência e não a condução de calor no

interior do adsorvente (SNOEYINK e SUMMERS, 1999; RUTHAVEN, 1984).

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28

2.6.1.2 Modelos cinéticos de adsorção

Os modelos matemáticos que descrevem os dados de cinética de adsorção podem ser

classificados de forma generalizada como modelos baseados na reação de adsorção e modelos

baseados na difusão de adsorção. Embora sejam diferenciados em sua natureza, ambos podem

ser utilizados para descrever processos de adsorção. Os modelos baseados na reação de

adsorção são apoiados em cinéticas de reações químicas e não levam em consideração os

processos de difusão. Já os modelos baseados na difusão de adsorção, sempre levam em

consideração as três etapas sucessivas dos processos difusivos nos sistemas de adsorção (QIU

et al., 2009). Segundo HO e MCKAY (1998), os modelos baseados nas reações de adsorção

podem ser escolhidos de acordo com o mecanismo do processo. Contudo, de uma forma geral,

eles não podem representar de forma satisfatória o curso real do processo e fornecer

informações úteis para a construção de um sistema de adsorção. Já os modelos baseados na

difusão de adsorção, representam de forma mais razoável o curso real do processo e, assim,

podem oferecer informações úteis para a construção de um sistema adsortivo.

O desenvolvimento de modelos matemáticos para a descrição da cinética dos processos de

adsorção, em geral, partem das seguintes hipóteses (SOBRINHO e FERREIRA FILHO,

1997).

O processo de adsorção ocorre sob condições isotérmicas e é um processo reversível.

Os mecanismos de transferência de massa, na camada de fluido que circunda o

adsorvente e em seu interior, podem ser descritos através de processos difusivos.

A etapa de adsorção propriamente dita é considerada ser muito mais rápida, quando

comparada com os mecanismos de transferência interparticular e intraparticular.

A partícula do adsorvente é esférica e isotrópica.

A fase líquida, no entorno do adsorvente, é consderada ser completamente misturada.

Embora seja prática comum, o estudo dos modelos cinéticos por meio de equações

linearizadas não é um método apropriado para se prever a cinética de adsorção. Isto porque,

dependendo de como é feita a linearização, os parâmetros estimados e a distribuição dos erros

associados ao modelo podem ser alterados, levando a uma conclusão enganosa com respeito

ao ajuste do modelo aos dados experimentais. Por isso, a melhor maneira de se ajustar um

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29

modelo cinético de adsorção é fazendo uso da equação que a descreve por meio de sua forma

original (não linearizada) (TSENG et al., 2014; KUMAR e SIVANESAN, 2006).

Os estudos da cinética de adsorção tendem a resultar em modelos progressivamente mais

complicados do ponto de vista matemático, pois, o aumento no número de variáveis avaliadas

experimentalmente permite descrever de forma mais acurada o comportamento cinético de um

sistema (HO e MCKAY, 1998). Softwares cada vez mais sofisticados são necessários para

elaborar novos e mais complexos modelos matemáticos fundamentados nos mecanismos de

adsorção e nas análises de difusão. Por meio destes softwares, espera-se obter informações

cada vez mais precisas a respeito dos sistemas e dos mecanismos de adsorção (QIU et al.,

2009).

2.6.1.3 Modelo cinético de pseudo primeira ordem (PPO)

O modelo de PPO (LANGERGREN, 1898) também conhecido como equação de Langergren,

foi o primeiro a descrever a taxa de adsorção baseada na capacidade de adsorção (HO, 2006).

Este modelo é um dos mais aplicados para sistemas adsortivos de adsorvatos em fase líquida

(HAMDAOUI, 2006). O modelo de PPO geralmente encontra melhores ajustes nos 20 a 30

minutos iniciais do processo de adsorção (HO e MCKAY, 1998). Ele considera que a

diferença entre a concentração da fase sólida em qualquer tempo e a concentração da fase

sólida no equilíbrio, é a força motriz da adsorção e que a taxa de adsorção global é

proporcional à força motriz (SOUZA, 2013). O modelo cinético de PPO ordem pode ser

representado pela seguinte equação:

) (2.2)

Onde: qe (mg/g) é a concentração de adsorvato no equilíbrio, qt (mg/g) é a concentração de

adsorvato na fase sólida em um determinado tempo, t (min) é o tempo e K1 (min-1

) é a

constante de velocidade de reação de PPO.

Rearranjando e integrando a equação 2.3 no limite qt=0 quando t=0 e t=t e para qt=qt, temos:

) (2.3)

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30

2.6.1.4 Modelo cinético de pseudo segunda ordem (PSO)

A equação do modelo de PSO pode ser aplicada para quimissorção com alto grau de

correlação. Este modelo é baseado na capacidade de sorção na fase sólida e embora sua

equação seja inadequada para descrever processos tipicamente controlados por fisiossorção,

esta é capaz de descrever quase toda gama de estudos onde quimissorção é a etapa limitante

do processo (QIU et al., 2009; HO e MCKAY, 1998). Do mesmo modo que o modelo de

Langergren, o modelo de PSO considera que a diferença entre a concentração da fase sólida

em qualquer tempo e a concentração da fase sólida no equilíbrio, é a força motriz da adsorção,

porém, neste caso a taxa de adsorção global é proporcional ao quadrado da força motriz

(SOUZA, 2013). A equação do modelo cinético de pseudo segunda ordem pode ser

representada pela equação:

)

(2.4)

em que: qe (mg/g) é a concentração do adsorvato na superfície do adsorvente no equilíbrio, qt

(mg/g) é a concentração da fase sólida em um determinado tempo, t (min) é o tempo e k2 é a

constante de velocidade de reação de pseudo segunda ordem (g/mg min).

Rearranjando e integrando a equação 2.4 nos limites qt=0 quando t=0 e qt=qt quando t=t tem-

se:

) (2.5)

2.6.1.5 Equação de Elovich

Uma interpretação geral da equação de Elovich envolve a variação da energia de

quimissorção com a cobertura da superfície do adsorvente. Outra explanação plausível

proposta por esse modelo reside na heterogeneidade da natureza dos sítios ativos, exibindo

diferentes energias de ativação para a quimissorção. Esta equação pode ser representada como

descrito a seguir:

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31

(2.6)

Integrando a equação 2.6 nos limites qt = 0 em t = 0 e qt = qt em t = t, tem-se a equação de

Elovich:

)

(2.7)

Em que: qt (mg/g) é a capacidade de adsorção no tempo t (min), α (mg/g min) é taxa de

sorção inicial e β (g/mg) está relacionado com a extensão da cobertura da superfície e com a

energia de ativação (OZACAR e SENGIL, 2005; CHEUNG et al., 2001).

2.6.1.6 Modelo cinético de difusão intrapartícula

O processo global de adsorção pode ser governado por uma ou mais etapas, como por

exemplo, difusão no filme ou difusão externa, difusão intrapartícula e adsorção na superfície

do poro (MALL et al., 2007). Se a difusão intrapartícula estiver envolvida no processo de

adsorção, um gráfico da raiz quadrada do tempo (t1/2

) pela quantidade de adsorvato adsorvida

no tempo t (qt) resultará em uma relação linear. Caso ela seja a etapa determinante para o

processo de adsorção, a reta traçada passará pela origem do gráfico. Quando esta reta não

passa pela origem, ou os dados apresentam multilinearidade, há um indicativo de que a etapa

de difusão intrapartícula não é o único processo responsável pelo controle da taxa de

adsorção. Deste modo, a taxa de adsorção pode também ser influenciada, até certo grau, pela

difusão no filme, ou por outros fatores, atuando até mesmo de maneira simultânea (MALL et

al., 2007; OZCAN e OZCAN, 2004).

Uma interpretação multilinear do gráfico de t1/2

por qt assume que o processo de adsorção

acontece por duas ou mais etapas evidenciadas pela multilinearidade gráfica. A primeira etapa

é rápida e atribuída ao transporte ou difusão do adsorvato pela camada limite ou camada

externa ao adsorvente. Esta etapa pode também ser atribuída à adsorção na superfície externa

do adsorvato. A segunda é uma etapa de adsorção gradual controlada pela difusão

intrapartícula e a terceira etapa é a de equilíbrio, em que o soluto é adsorvido na superfície do

adsorvato movendo-se lentamente dos macroporos para os microporos, causando uma baixa

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32

taxa de adsorção devido à baixa concentração de soluto na solução (LI et al., 2010; WU et al.,

2009; SUN e YANG, 2003).

O modelo de difusão intrapartícula foi proposto por Weber e Morris em 1962 e pode ser

representado pela seguinte equação:

√ (2.8)

em que: qt é a quantidade de adsorvato adsorvida em um tempo t, K é um fator de taxa

(mg/g.min) e C (mg/g) expressa a espessura da camada de adsorvato adsorvida no adsorvente.

Os valores de K e de C podem ser calculados pela inclinação e pelo intercepto da reta,

respectivamente, no gráfico de qt versus t1/2

(GUSMÃO, 2011;CARONI et al., 2009).

2.6.2 Isotermas de adsorção

A uma temperatura constante, a relação entre a quantidade de adsorvato contida em uma

determinada massa de adsorvente no equilíbrio (qe) e a concentração da solução no equilíbrio

(Ce) é chamada de isoterma de adsorção. Considera-se equilíbrio o ponto em que a velocidade

de adsorção é igual à velocidade de dessorção, não havendo, portanto, aumento da

concentração de adsorvato na superfície do adsorvente e nem na solução. (SNOEYINK e

SUMMERS, 1999). No equilíbrio termodinâmico a isoterma de adsorção coincide com a

isoterma de dessorção, caso contrário, é um indicativo de que esse equilíbrio não foi

alcançado e, sendo assim, as usuais equações termodinâmicas não podem ser aplicadas. A

discordância entre as isotermas de adsorção e dessorção é chamada de histerese (MYERS

2004). As isotermas apresentam papel central na obtenção de informações a respeito dos

processos de adsorção. Os modelos teóricos de isotermas são importantes para predizer e

comparar o desempenho do sistema, promover a compreensão dos mecanismos de adsorção,

as propriedades de superfície, o grau de afinidade entre o adsorvente e o adsorvato e a

capacidade máxima de adsorção (MCKAY et al., 2014; FOO e HAMEED, 2010).

Os modelos de isotermas de adsorção podem ser interpretados a partir de equações derivadas

de hipóteses com origens em observações experimentais. Tais hipóteses são testadas e caso

apresentem reprodutibilidade experimental, podem ser utilizadas para elaborar as teorias que

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33

dão origem aos modelos matemáticos. Muitas das equações usadas para descrever isotermas

de adsorção em sistemas sólido-líquido são resultantes de descrições usadas para a adsorção

de gases simples e respectivas misturas em superfícies sólidas. O uso satisfatório das teorias

aplicadas às isotermas de adsorção está associado à descrição precisa da variação da energia

livre do sistema, pois, essa variação está relacionada com os diferentes efeitos sobre a entalpia

e entropia causados pela alteração do grau de cobertura da superfície do adsorvente. É

importante frisar que os modelos matemáticos fazem uso de aproximações ou considerações

que muitas vezes idealizam algumas características dos sistemas. Isto é feito devido ao grande

número de variáveis que afetam os processos de adsorção e inviabilizam a elaboração de uma

equação geral que inclua todos os fatores intervenientes e permita a descrição de todos os

tipos de processos em um só modelo. Diversas equações que representam modelos de

isotermas de adsorção são encontradas na literatura. Cada qual com sua peculiaridade e

capacidade de gerar informações e descrever distintos sistemas de adsorção (DABROWKI,

2001; LIU, 2015; FOO e HAMEED, 2010).

2.6.2.1 Modelos de isotermas de adsorção

A formulação de um modelo de isoterma geralmente pode ser efetuada em termos de três

abordagens fundamentais. A primeira, baseada em considerações cinéticas, onde o equilíbrio

de adsorção é considerado um estado de equilíbrio dinâmico em que as taxas de adsorção e

dessorção são iguais. A segunda abordagem é baseada em aspectos termodinâmicos que

proporcionam suporte para a derivação de diversos modelos de isotermas. A terceira

abordagem é baseada na teoria de potencial e nessa abordagem, a principal ideia está na

geração de uma curva característica do processo de adsorção. Alguns modelos de isotermas

podem ser derivados levando em conta mais de um tipo de abordagem, e em alguns casos, um

tipo de abordagem pode levar a um modelo fisicamente mais significativo do que outro.

A conformidade de um modelo de isoterma com dados experimentais é geralmente uma

função do número de seus parâmetros independentes, enquanto a popularidade deste em

relação à aplicação é comumente uma função da simplicidade matemática do mesmo. Embora

um aumento no número de parâmetros independentes leve a uma adicional complexidade

matemática, este aumento é uma tendência que tem sido observada. Isto é um indicativo de

uma ampliação no cuidado dispensado à precisão conferida por um modelo na descrição do

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34

comportamento de um sistema real, visto que um maior número de parâmetros melhora o

ajuste das equações não linearizadas aos dados experimentais (MALEK, 1996).

A aplicação dos modelos aos dados experimentais exige também uma percepção acurada a

respeito do sistema em estudo. As considerações e pressupostos a respeito da realidade que

ocorre num sistema de adsorção encontram apoio nos modelos teóricos, porém, as limitações

destes modelos em descrever a realidade dos acontecimentos em escala real devem ser

levadas em consideração. Assim, embora eles possam trazer luz a importantes características

dos sistemas em estudo, algumas propriedades da dinâmica dos fatos podem passar

despercebidas. Isto ocorre porque a heterogeneidade dos sistemas de adsorção em geral,

provocada principalmente pela heterogeneidade da maioria dos adsorventes, faz com que

diversos fenômenos estejam relacionados simultaneamente com a adsorção de um adsorvato.

Fatores como tamanho e distribuição dos poros, distribuição do potencial de adsorção sobre a

superfície do adsorvente, interações adsorvato-adsorvato, impedimentos espaciais, geometria

das moléculas do adsorvato e do adsorvente, afinidade do adsorvato com a massa fluida,

formação de múltiplas camadas, competitividade por sítios ativos, dentre outros, são variáveis

que elevam a complexidade na proposição de uma equação geral que descreva com precisão

todos os fenômenos que ocorrem nos sistemas de adsorção (DABROWKI, 2001).

Assim como na cinética de adsorção, métodos de regressão linear e minimização dos

quadrados são frequentemente usados para determinar o ajuste de grande parte dos modelos

de isotermas aos dados experimentais. Contudo, a linearização dessas equações pode resultar

em constantes que não representam a melhor correlação entre a equação original e os dados

experimentais. Os parâmetros encontrados por meio do ajuste a um mesmo modelo podem

apresentar diferenças significativas entre os valores encontrados nas formas linearizadas e não

linearizadas. Além disso, para isotermas com três ou mais parâmetros, as constantes não

podem ser determinadas pelo melhor ajuste a um esboço linear (HAMDAOUI, 2006; HO,

2004; WONG et al., 2004).

Atualmente, as isotermas de adsorção são divididas em quatro classes principais e em

subgrupos dentro de cada classe. Construindo um gráfico da capacidade de adsorção no

equilíbrio (qe) pela concentração de adsorvato em solução no equilíbrio (Ce), as classes

podem ser definidas de acordo com a inclinação inicial das curvas plotadas e os subgrupos

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35

baseados no perfil da parte superior dessas curvas (GILES et al., 1960). Na Figura 2.15 (p.

36), mostra-se o aspecto das isotermas segundo as respectivas classes e subgrupos.

São quatro as principais classes ilustradas na Figura 2.15 (p. 36):

curvas S: indicam uma orientação vertical das moléculas adsorvidas na

superfície. A direção inicial da curvatura mostra que a adsorção se torna mais fácil

com o aumento da concentração. Estas isotermas geralmente aparecem em três

condições. Quando a molécula do soluto: (a) é monofuncional, (b) tem atração

intermolecular moderada ocasionando um empacotamento vertical e um arranjo

regular na superfície do adsorvente e (c) encontra forte competição por sítios

adsortivos com moléculas do solvente ou de outras espécies que podem ser

adsorvidas;

curvas L: também conhecidas como isoterma normal ou isoterma

Langmuir. Nesta classificação, é a curva mais conhecida e provavelmente, L2,

seja o caso mais recorrente em soluções diluídas. Estas isotermas usualmente

indicam moléculas adsorvidas de forma plana na superfície do adsorvente ou em

algumas vezes, íons adsorvidos orientados verticalmente com uma forte atração

intermolecular. Isotermas do tipo L podem seguir pelo menos uma das seguintes

características. a) A maioria das moléculas é adsorvida horizontalmente. b) Em

sistemas com o soluto e o adsorvente altamente polares ou sistemas nos quais há

substâncias monofuncionais iônicas com forte atração intermolecular, os

adsorvatos podem ser adsorvidos como aglomerações formadas antes da adsorção;

curvas H: indicam alta afinidade do adsorvato pelo adsorvente, ocorrendo

a adsorção completa ou de grande parte do adsorvato. Muitas vezes são

consequência de solutos adsorvidos como micelas iônicas;

curvas C: apresentam uma partição constante de soluto entre a solução e o adsorvente.

Esta linearidade mostra que o número de sítios disponíveis para adsorção se mantém

constante, isto é, quanto mais soluto é adsorvido, mais sítios são criados.

Os subgrupos dessas classes são arranjados de acordo com o perfil das partes da curva

distantes da origem. O plateau ou ponto B é considerado qualquer pequena alteração na

inclinação da curva. Ele fornece informações a respeito da interação entre a monocamada

adsorvida e o soluto presente na solução. Um longo plateau indica que uma grande barreira

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36

energética deve ser vencida antes que ocorra adsorção adicional após a primeira camada ter

sido recoberta. Portanto, o soluto tem grande afinidade pelo solvente e baixa atração pela

monocamada que recobre o adsorvente. Um pequeno plateau ou a inexistência dele aponta

para uma afinidade da monocamada por mais soluto, semelhante ou igual àquela apresentada

pela da superfície original (GILES et al., 1960).

Segundo Weber e Chakravorti (1974), as curvas descritas pelos dados experimentais de qe e

Ce em uma isoterma podem também fornecer informações a respeito da espontaneidade do

processo de adsorção como é descrito na Figura 2.16 (p. 37).

Figura 2.15- Classificação das isotermas conforme Giles et al. (1960)

Classes

Conce

ntr

ação

de

equil

íbri

o d

o s

olu

to n

o s

ubst

rato

Subgru

pos

Concentração de equilíbrio do soluto em fase fluida

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37

Figura 2.16 - Características do processo de adsorção conforme as curvas de saturação

segundo Weber e Chakravorti (1974)

A correlação dos dados no equilíbrio em uma isoterma utilizando equações teóricas ou

empíricas é essencial para as interpretações e previsões a respeito de um processo de

adsorção. São vários os modelos de isoterma publicados na literatura que podem ser usados

para descrever dados experimentais (HAMDAOUI, 2006). Dentre estes modelos estão os

modelos de Langmuir, de Freundlich, de Sips e de Konda.

2.6.2.2 Modelo de Langmuir

A isoterma de adsorção de Langmuir foi originalmente desenvolvida para descrever a

adsorção em sistema gás-sólido em carvão ativado (LANGMUIR, 1918). Contudo, ela tem

sido regularmente usada para quantificar e comparar o desempenho de diferentes

biossorventes. Este modelo assume que a ação das forças intermoleculares decresce

rapidamente com o aumento da distância e prediz uma adsorção em monocamada. A fixação

do adsorvato ocorre em um número finito de sítios, idênticos, equivalentes e com localização

bem definida. O modelo de Langmuir assume não haver interação lateral e nem impedimento

estérico entre moléculas adsorvidas, mesmo em sítios adjacentes. Na derivação do modelo,

Langmuir refere-se a uma adsorção homogênea, em que cada molécula de adsorvente possui

entalpia e energia de ativação de sorção constantes (todos os sítios têm iguais afinidades pelos

adsorvatos) e não ocorre a transmigração do adsorvato no plano da superfície. Graficamente, a

isoterma de Langmuir é caracterizada por um plateau no equilíbrio, assim, pressupõe que

Co

nce

ntr

ação

de

equil

íbri

o

do

so

luto

no

su

bst

rato

Concentração de equilíbrio do soluto em fase fluida

Irreversível

Favorável

Não Favorável

Linear

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38

ocorre um ponto de saturação onde somente uma molécula ocupa cada sítio (FOO e

HAMEED, 2010; ALLEN et al., 2004) A expressão matemática da isoterma de Langmuir

pode ser vista na equação.

(2.9)

Em que: qe (mg/g) é a capacidade de adsorção no equilíbrio, Qmax (mg/g) é a capacidade

máxima de adsorção em monocamada, Ce (mg/L) é a concentração de adsorvato no equilíbrio

e b (L/mg) é a constante de Langmuir relacionada com a afinidade de ligação com os sítios

adsortivos.

Por meio da constante b de Langmuir, pode-se calcular a variação da energia livre padrão do

sistema conforme a equação 2.10.

∆G°ads= -RTlnK° (2.10)

Onde: R é a constante dos gases ideais (8,314JK-1

mol-1

), T a temperatura absoluta (K) e K° é

a constante de equilíbrio termodinâmico padrão (adimensional).

Entretanto, para se efetuar os cálculos são necessários alguns ajustes. Conforme demonstrado

por Zhou e Zhou, (2014), a relação entre a constante de equilíbrio de Langmuir b e a

constante de equilíbrio termodinâmico padrão K° pode ser dada pela seguinte equação:

) (2.11)

Fazendo referência ao modelo de Langmuir, há também uma constante adimensional definida

por Weber e Chakravorti (1974), conhecida como fator de separação (RL). Ela pode ser

representada pela seguinte equação:

(2.13)

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39

Onde: KL refere-se à constante b de Langmuir e C0 é a concentração inicial do adsorvato.

Neste contexto, os valores de RL indicam se a adsorção é não favorável (RL > 1), linear (RL =

1), favorável (0 < RL < 1), ou irreversível (RL = 0).

2.6.2.3 Modelo de Freundlich

A isoterma de Freundlich é a mais antiga expressão que descreve a adsorção não ideal,

reversível e não restrita a formação de monocamada. Este modelo empírico propõe que a

quantidade de adsorvato na superfície de uma dada massa de adsorvente se altera com a

variação da concentração. Na perspectiva de Freundlich a quantidade adsorvida é a soma das

adsorções em todos os sítios de ligação (cada um com sua energia de ligação), onde os sítios

com maior energia de ligação são ocupados primeiro e há um decréscimo exponencial da

energia de adsorção até que o processo esteja completo. Este modelo pode ser aplicado para

adsorção em multicamadas com distribuição não uniforme do calor de adsorção e de

afinidades através de uma superfície heterogênea. Atualmente a isoterma de Freundlich tem

sido aplicada em sistemas heterogêneos, especialmente para compostos orgânicos ou espécies

com forte interação no carvão ativado e peneiras moleculares. A expressão matemática da

isoterma de Freundlich pode ser expressa por:

(2.14)

em que: qe (mg/g) e Ce ( mg/L) são as concentrações de adsorvato na superfície do adsorvente

e na solução respectivamente. Kf (L/g) e n são constantes empíricas de Freundlich (FOO e

HAMEED, 2010).

O parâmetro Kf é um indicativo da capacidade de adsorção, quanto maior o valor de Kf maior

será a capacidade de adsorção qe. O valor de 1/n está relacionado com a heterogeneidade

superficial ou com a intensidade da força de adsorção. Quanto mais o valor de 1/n se

aproxima de 0 mais heterogênea é superfície do adsorvente e quanto menores são os valores

deste parâmetro, mais intensa será a força de adsorção (FOO e HAMEED, 2010).

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40

2.6.2.4 Modelo de Redlich-Peterson

O modelo de Redlich-Peterson (R-P) pode ser aplicado a sistemas homogêneos e

heterogêneos. Este modelo é uma combinação das características dos modelos de Langmuir e

Freundlich e proporciona uma representação realística do sistema de adsorção em uma ampla

faixa de concentrações (INBARAJ et al., 2006a). O modelo de R-P pode ser representado pela

seguinte equação:

(2.15)

em que: KR (L/g) e aR (L/mg) são as constantes do modelo de Redlich-Peterson. Ce (mg/L) é a

concentração no equilíbrio e β é o expoente de R-P, que deve estar entre 0 e 1. No limite,

quando β tende a zero, o processo de adsorção se aproxima das características de adsorção de

um sistema heterogêneo, e quando β tende a 1, a equação se aproxima da equação de

Langmuir e o processo de adsorção das características de adsorção de um sistema homogêneo

(INBARAJ et al., 2006a; NG et al., 2002).

2.6.2.5 Modelo multicamada de Konda

Considerando possíveis interações entre moléculas adsorvidas, a presença de sítios ativos com

heterogeneidade energética e estérica, Konda et al. (2002) derivaram, a partir da soma de

isotermas do tipo Langmuir, um modelo matemático não linear para descrever adsorção em

multicamadas. Este modelo admite a existência de mecanismos diferentes e específicos em

cada etapa da adsorção evidenciada pelo perfil da curva. O modelo introduz um parâmetro

relativo a uma concentração crítica, acima da qual um novo mecanismo de adsorção se torna

efetivo. A equação proposta por Konda e colaboradores (2002) é mostrada a seguir:

) )

) ) (2.16)

Onde: qe (mg/g) é a capacidade de adsorção no equilíbrio, a1, a2 (mg/g), K1 e K2 (mg-1

) são

respectivamente a capacidade de adsorção e a constante de adsorção na primera e segunda

camada e b2 (mg/L) é o limite crítico de concentração do mecanismo de adsorção na referida

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41

camada. A capacidade máxima de adsorção, Qmax (mg/g), pode ser obtida pela soma das

capacidades de adsorção na primeira e segunda camada.

2.7 Adsorventes para remoção de corantes

Recentemente, vários adsorventes de baixo custo derivados de resíduos agrícolas, industriais,

ou materiais naturais, têm sido investigados intensivamente para a remoção de corantes em

soluções aquosas. Muitos pesquisadores têm investigado a utilização de substitutos baratos e

eficientes como alternativas para os adsorventes convencionais para remover cor de águas

residuais. Contudo, adsorventes econômicos, facilmente disponíveis e altamente eficazes

ainda são necessários. Suportes inorgânicos e orgânicos são amplamente aplicados em estudos

de adsorção, sendo que, os suportes orgânicos, geralmente originários de fontes renováveis,

resíduos ou subprodutos de processos industriais sem valor agregado são mais atraentes.

Os suportes inorgânicos para adsorção de corantes são diversos, eles podem ser derivados de

materiais como óxido de zinco (LEI et al., 2017), óxido de titânio (MARWA et al., 2016),

dióxido de cério (YANG et al., 2010), dióxido de zircônio (WANG et al., 2014), óxido de

manganês (HU et al., 2010), sílica (HAN et al., 2016), montmorillonita (ELSHERBINY,

2013), dentre outros. Esses adsorventes podem ser usados in natura ou modificados

quimicamente. Na literatura é relatada uma ampla faixa de capacidade de adsorção para esses

materiais com aplicações para corantes variados. MARWA et al. (2016) utilizaram óxido de

titânio como adsorvente para a adsorção do corante N719 e obtiveram capacidade máxima de

adsorção de 9,77 mg/g. HAN et al. (2016), modificaram sílica e utilizaram na adsorção dos

corantes rodamina-B e azul de metileno com capacidades máximas de adsorção iguais a

185,61 mg/g e 65,74 mg/g respectivamente. Por meio da aplicação de óxido de zinco

modificado superficialmente, LEI et al. (2017) realizaram a adsorção de vermelho do congo

alcançando uma capacidade máxima de adsorção de 334 mg/g.

Resíduos agrícolas sólidos tais como folhas, fibras, cascas de frutas, sementes e resíduos das

indústrias florestais como serragem e casca de madeira têm sido utilizados como adsorventes

(VASQUES, 2011). Estes resíduos são encontrados em abundância na agroindústria e na

natureza, com baixo valor agregado e com boas características físico-químicas. Geralmente,

estes produtos contêm vários compostos orgânicos (lignina, celulose e hemicelulose), com

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42

grupos polifenólicos que podem ser úteis para adsorção de corantes, por meio de diferentes

mecanismos (RUIZ-ROMERO et al., 2014).

Em termos de adsorventes para corantes baseados em suportes orgânicos, os resíduos

agroindustriais são uma matéria-prima que vem sendo bastante explorada. Os adsorventes

podem partir de resíduos como bagaço de cana de açúcar (GUSMÃO, 2013), casca de arroz

(MCKAY et al., 1999), casca de trigo (FATMA et al., 2007), casca de côco

(NAMASIVAYAM et al., 2001), casca de nozes (BRITO et al., 2009), casca de laranja

(ARAMI et al., 2005), dentre outros. Assim como acontece com os adsorventes a base de

matrizes inorgânicas os adsorventes derivados de matéria-prima orgânica, modificados ou in

natura apresentam valores de capacidades de adsorção em uma ampla faixa. Os exemplos a

seguir ilustram essa afirmativa. GUSMÃO et al. (2012) modificaram bagaço de cana-de-

açúcar e alcançaram uma capacidade máxima de adsorção para o corante azul de metileno

igual a 478,5 mg/g e de 1273,2 mg/g para o corante violeta cristal. Namasivayam et. al.

(2001), utilizaram casca de côco moída encontrando capacidades máximas de adsorção de

2,56 e 8,06 mg/g para os corantes rodamina-B e ácido violeta respectivamente. FATMA et al.,

(2007), utilizou farelo de trigo e conseguiu capacidades máximas de adsorção para os corantes

azul reativo 19 e amarelo 145 iguais a 117,6 e 196,1 mg/g respectivamente. DULMAN e

CUCU-MAN (2009), obtiveram capacidade de adsorção do corante marrom direto igual a

526,6 mg/g, utilizando serragem de madeira como adsorvente.

Como pode ser visto os resíduos das indústrias alimentícias têm espaço amplo entre os

suportes orgânicos para adsorção de corantes, além disso, os exemplos acima citados

demonstram que a matéria-prima do adsorvente e o tipo de corante são fatores que afetam as

capacidades de adsorção dos adsorventes, sejam eles quimicamente modificados ou não.

2.7.1 Celulose

A celulose é o biopolímero mais abundante da natureza, podendo ser extraída

facilmente de algas, bactérias e plantas. O estudo da química da celulose iniciou em 1838 com

Payen, químico agrícola francês, que mostrou por análise elementar que o tecido de plantas

contém um componente majoritário com: 44,4% de carbono; 6,2% de hidrogênio e 49,3% de

oxigênio, o que é equivalente a uma fórmula empírica de C6H10O5 e uma massa molecular de

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43

162 g/mol (KLEMM et al., 2005). A celulose é uma matéria prima polimérica quase

inexaurível e possui estrutura química e propriedades notáveis. (HUBER et al., 2012;

KLEMM et al., 2005; RAVEN et al., 1996; DURSO, 1978).

A celulose é constituída por unidades β-D-anidroglicopiranose, AGU, do inglês

anhydroglucopyranose units, que unidas em pares por ligações glicosídicas β(1→4) formam o

dímero celobiose, que é a unidade que se repete, acrescido das duas extremidades da

molécula. Cada AGU possui em seus carbonos 2, 3 e 6 grupos hidroxilas (secundárias em C-2

e C-3 e primária em C-6) que são capazes de realizar reações típicas de álcoois primários e

secundários. Já os grupamentos hidroxilas presentes em ambas as extremidades da cadeia

apresentam comportamento distinto em que a extremidade C-1 apresenta propriedades

redutoras, e a extremidade C-4 possui propriedades não-redutoras (KLEMM et al., 1998) Na

Figura 2.17, está representada a estrutura molecular da celulose.

Figura 2.17- Estrutura molecular da celulose

O

HO

HO

OH

O

OH

O

HO

OH

O

OH

O

HO

OH

OH

O

O

1

4

5

HO

OH

6

2

3

OH

OH

HO

OH

H

OH

O

O

n-4

Terminação redutoraTerminaçãonão redutora Unidade de anidroglucose, AGU

n = valor de GP

Unidade base de celobiose

As propriedades características que a estrutura molecular confere à celulose são:

hidrofilicidade, quiralidade, estabilidade, rigidez, grau de cristalinidade, insolubilidade e

resistência à ação de produtos químicos. Os grupos funcionais na estrutura da celulose são a

base para extensas redes de ligações de hidrogênio entre as AGU, que dão a este biopolímero

muitas possibilidades de formar estruturas de fibras com versáteis morfologias semi-

cristalinas. As propriedades da celulose são, portanto, determinadas por uma ordem

hierárquica definida em estrutura supramolecular (KLEMM, et al., 2005).

Nas plantas, as cadeias de celulose são longas, delgadas e estão associadas em microfibrilas

de aproximadamente 10 a 25 nm de espessura. Em algumas regiões que compõem a estrutura

vegetal, elas podem se encontrar em segmentos desordenados (amorfos) ou dispostas

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44

ordenadamente com propriedades cristalinas (Figura 2.18). As microfibrilas enrolam-se para

formar microcorrentes, que por sua vez, podem enrolar-se como fios dentro de um cabo. Cada

―cabo‖ ou macrofibrila, mede aproximadamente 0,5 µm de largura e 4 µm de comprimento.

Enroladas desta maneira, as moléculas de celulose podem ter resistência superior a um cabo

de aço de espessura equivalente (Raven et al., 1996; NG et al., 2015).

Figura 2.18- Representação da celulose nas plantas

Fonte: (NG et al., 2015)

A celulose é considerada o constituinte mais importante para a estrutura e sustentação das

plantas, sendo tipicamente encontrada na parede celular em combinação com outros

compostos, tais como, hemicelulose, lignina e pectina (KLEMM et al., 2005).

Microscopicamente três partes fundamentais da parede celular podem ser reconhecidas

(Figura 2.19, p.45): parede primária, parede secundária e lamela média. Na parede primária, a

celulose pode ser encontrada juntamente com hemicelulose, pectina, enzimas, glicoproteínas e

lignina. Na parede secundária é onde a celulose existe em maior quantidade. Nesta região, é

comum se observar três camadas distintas (S1, S2 e S3) que diferem entre si quanto à

orientação das microfibrilas de celulose. Hemicelulose e lignina, também estão presentes na

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45

parede secundária, na qual as glicoproteínas estão aparentemente ausentes. A lamela média é

a região de união entre paredes primárias adjacentes e é formada principalmente por

substâncias pécticas (RAVEN et al., 1996).

Figura 2.19- Representação da estrutura celular em plantas

Diversos tramentos químicos e físicos têm sido desenvolvidos para extrair celulose, lignina e

hemicelulose, em diferentes matrizes vegetais. Em muitos casos, a biomassa lignocelulósica é

tratada para aumentar acessibilidade às cadeias de celulose, diminuir o grau de polimerização

(GP) e a cristalinidade desta, e melhorar a bioconversão da mesma à açúcares fermentecíveis.

(BADIEI et al., 2014; MENG e RAGAUKAS, 2014; NORKRANS, 1968).

As propriedades da celulose são determinadas pela ordem hierárquica de sua estrutura

supramolecular. A mesma apresenta diversas arquiteturas, reatividades e funções originadas

pela combinação da química de polímeros e carboidratos. Interações intermoleculares, reações

de ligações cruzadas, tamanho, distribuição das cadeias e dos grupos funcionais ao longo das

unidades de glicose, são os fatores determinantes das reações e propriedades desse

biopolímero.

Em função dos grupos hidroxilas nas unidades de celobiose, a celulose apresenta amplas

possibilidades de modificações químicas, iniciadas principalmente pelas hidroxilas primárias

do carbono 6. Deste modo, polímeros com diferentes propriedades físico-químicas podem ser

obtidos por meio de sínteses com altos rendimentos. (GURGEL et al., 2008a; CORTI et al.,

2004; KLEMM et al., 2005). Embora importantes, as modificações por meio das hidroxilas do

C-6, não são as únicas que merecem atenção. Reações por intermédio das hidroxilas

secundárias nos carbonos 2 (C-2) e 3 (C-3), assim como, reações de deslocamentos

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46

nucleofílicos nos átomos de carbono também aparecem como ferramentas de síntese para

novos materiais com novas propriedades (HEINZE, 1998).

A estrutura supramolecular da celulose também é fator determinante para as propriedades

físico-químicas e reatividade desta. Devido ao seu arranjo supramolecular, a celulose

apresenta-se insolúvel em água e em solventes orgânicos comumente utilizados (HEINZE,

1998). Uma forma de ativação para o aumento da reatividade da celulose é pela quebra de

suas ligações de hidrogênio intermoleculares por meio de mercerização (KLEMM, 2005). A

mercerização consiste no tratamento das fibras de celulose com solução de hidróxido de sódio

(DURSO, 1978) e, embora reduza o grau de cristalinidade, este tratamento aumenta a área

superficial, e a acessibilidade aos grupos OH das unidades de celobiose (GURGEL et al.,

2008b). No caso de modificações desse biopolímero por meio de reações heterogêneas, a

acessibilidade e reatividade dos grupos OH são determinadas pela interação com o meio

reacional e pela etapa de ativação. O controle da ativação e do tipo de reação heterogênea à

qual a celulose é submetida permite a síntese eficaz de produtos com desejados graus de

modificações e padrões de substituição reprodutíveis (KLEMM, 2005). A modificação da

celulose em sistemas homogêneos é possível pelo do uso de solventes específicos e em muitos

casos, a dissolução por solventes é um aspecto chave para a modificação desse biopolímero.

Os solventes podem ser derivatizantes ou não-derivatizantes. Os derivatizantes compreendem

aqueles que causam a dissolução por modificação química e produzem intermediários éteres,

ésteres ou acetais. Os não-derivatizantes são aqueles capazes de dissolver celulose unicamente

via interação física intermolecular, eles atuam alterando propriedades como cristalinidade e

GP (MEDRONHO e LINDMAN, 2014). Existem várias combinações de reagentes

disponíveis para a dissolução de celulose e dependendo do tipo de dissolução, pode haver a

limitação do uso da celulose para algumas aplicações. Efeitos como substancial hidrólise das

cadeias de celulose, formação de subprodutos indesejáveis (tóxicos), solubilização parcial das

cadeias de celulose, dentre outros, devem ser considerados na escolha dos solventes a serem

utilizados (ALVES et al., 2016; MEDRONHO e LINDMAN, 2014).

A celulose é um biopolímero versátil e cuja flexibilidade pode ser ilustrada tendo em vista a

grande variedade de modificações e rotas sintéticas as quais ela pode ser submetida

(UMMARTYOTIN e MANUSPIYA, 2015; HEINZE e LIEBERT, 2001; DURSO, 1978). A

diversidade na aplicação, também é uma forte característica deste biopolímero. A celulose é

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47

empregada em áreas como: fabricação de sensores (UMMARTYOTIN e MANUSPIYA,

2015), aplicações biomédicas (ZHANG et al., 2015), fabricação de membranas para

purificação de água (THAKAUR e VOICU, 2016), adsorção de metais (TEODORO et al.,

2016), adsorção de corantes (ZHANG et al., 2014), degradação biológica de corantes

(MARTINS et al., 2015), indústria alimentícia (OKIYAMA et al., 1992), dentre outras.

As modificações químicas da celulose com o intuito de obter novos materiais adsorventes

envolvem reações de esterificação, eterificação, halogenação e oxidação (O’CONNELL et al.,

2008). A seguir serão ilustradas algumas formas de modificação e os resultados da aplicação

da celulose modificada em sistemas de adsorção.

No trabalho apresentado por Zhou et al. (2015), a celulose foi esterificada com anidridos

maleico e fitálico produzindo os materiais CMA e CPA (Figura 2.20) respectivamente. Os

adsorventes foram usados na remoção de verde malaquita em solução aquosa. A capacidade

de adsorção deste corante por CMA foi de 370 mg/g e por CPA foi de 111 mg/g.

Figura 2.20- Produção dos adsorventes CMA e CPA

O

HO

OH

OH

O

O

OH

OH

HO

n

O

HOOH

OH

O

O

OH

O

OHO

n

OH

O

O

O

HOOH

OH

O

O

OH

O

HO

n

O OO

O

O

O

CMA

CPA

OHOOC

Gurgel et al. (2008a) modificaram a celulose (Cell 1) e a celulose mercerizada (Cell 2) com

anidrido succínico para produzir os materiais Cell 5 e Cell 6 (Figura 2.21, p. 48)

respectivamente. As celuloses modificadas foram usadas para adsorver os cátions metálicos

Cu2+,

Cd2+

e Pb2+

, em solução aquosa. As capacidades de adsorção do material Cell 5 para os

cátions Cu2+,

Cd2+

e Pb2+

, foram respectivamente 123,5 mg/g, 164,0 mg/g e 294,1 mg/g, e do

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48

material e Cell 6 foi de 153,9 mg/g para o Cu2+,

, 250,0 mg/g para o Cd2+

e de 500,0 mg/g para

o Pb2+

.

Figura 2.21- Produção dos adsorventes Cell 5 e Cell 6

OH

OOO

OOH

O

O

Pridina,

Cell 1, 2 Cell 3,4

NaHCO3 (aq)

OONa

O

O

Cell 5,6

Zhang et al. (2010) estudaram a modificação da celulose com anidrido succínico na ausência

de solvente através de síntese químico-mecânica utilizando pan-mill mechanochemical

reactor. Este processo de síntese ocorre por meio de impactos mecânicos entre a mistura de

reagentes. A celulose funcionalizada com grupos carboxilato (Figura 2.22) foi utilizada para a

remoção de Pb2+

alcançando capacidade de adsorção igual a 422 mg/g em meio aquoso.

Figura 2.22- Produção da celulose funcionalizada com grupos carboxilato

Celulose OH +

O OO

Síntese químicomecânica

Celulose O C

O

CH2 C

O

O

Zhou et. al. (2013), modificou celulose via reação com glicidil metacrilato (GMA) e ácido

dietilenotetraminapentacético (DTPA) produzindo o adsorvente CGD (Figura 2.23, p. 49).

Este material foi usado na adsorção dos corantes verde malaquita e fuccina básica com

capacidade de adsorção igual a 458,7mg/g para o verde malaquita e 1155,7mg/g para o

fuccina básica.

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49

Figura 2.23- Produção do adsorvente CGD

O

HOOH

O

O O

O

O

O

HOOH

O

OH

GMA DTPA ON

O

O

N

OO

N

OO

OO

OH O

Celulose Epoxi celulose

Ep

ox

icelu

lose

CGD

NaNa

NaNa

Qi et al. (2013) estudaram a modificação da celulose reciclada de jornal por meio de reações

com hidróxido de sódio, epoxiclopropano, tetrametiletilenodiamina e dimetilcarbonato. O

produto final, celulose funcionalizada reciclada de jornal (FCRNF) (Figura 2.24), foi usado na

adsorção do corante azul turquesa remazol G-133. A capacidade de adsorção para esse

corante foi de 524 mg/g.

Figura 2.24- Produção do adsorvente FCRNF

O

HO

OH

OH

O

O

OH

OH

HO

n

O

HO

OH

O

O

O

OH

O

HO

n

NaOH

Temperatura ambiente, 2 h

Na

Na

O

HCH2C CH2Cl

O

HO

OH

O

O

O

OH

O

HO

n

O

CH

CH2H2C

CH2CH

O

H2C

N

H3C

H3CCH2 CH2 N

CH3

CH3

65°C, 3 h

O

HO

OH

O

O

OH

OR

HO

OR

CH2CHCH2N(CH3)2CH2CH2N(CH3)2

O

HO

OH

O

O

OH

OR1

HO

OR1

H3C O C O

O

CH3

80°C, 1 h

R=

OH

CH2CHCH2N(CH3)2CH2CH2N(CH3)3R1=

OH

No trabalho apresentado por Silva et. al., (2016), a celulose foi modificada com

cloroetilfosfato produzindo o adsorvente denominado phosp-cel (Figura 2.25). Este material

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50

foi aplicado na adsorção do corante verde brilhante com capacidade de adsorção de 114,2

mg/g, na melhor condição experimental.

Figura 2.25- Produção do adsorvente phosp-cel

O

HO O

OH

OH

O

O

OH

OH

O

HO + P

OCH2CH2OCl

OCH2CH2OCl

OCH2CH2OClO

O

HO O

OH

O

O

O

OH

OR

O

HO

O

P O

O

O

O

OH

OHOO

HOOH

OH

O

O

OH

OHO

O

OO

O

O

OH

OH

HO

O

O

OH

OR

HO

P

OCH2CH2OCl

OCH2CH2OCl

OCH2CH

2OClOR= H ou

Aoki et al. (1999) efetuaram a bromação de celulose com (NBS) N-bromosuccinimida e

trifenilfosfina (Ph3P), em cloreto de lítio (LiBr)/N,N-dimetilacetamida (DMA). A celulose

halogenada foi utilizada como material de partida para a produção do adsorvente 6-Deoxy-6-

mercaptocelulose e outros adsorventes derivados. Esses materiais foram usados na adsorção

dos íons metálicos prata e mercúrio em solução aquosa. Um dos derivados, o ácido 3-

mercaptopriônico (Cell-MPA) (Figura 2.26, p. 51) mostrou capacidade de adsorção igual a 36

mg/g para Cu2+

e de 105 mg/g para Pb2+

.

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51

Figura 2.26- Produção do adsorvente Cell-MPA

O

O

OH

Br

O

HOO

O

OH

CH2SCH2CH2CO2H

O

HO

LiBr-MA

SHCH2CH2CO2H

Silva et al. (2013) modificaram celulose via reação com cloreto de tionila seguida por reação

com aminoetanotiol (Figura 2.27), originando o material denominado de celulose com

aminoetanotiol (Cel-AET). Esse adsorvente mostrou capacidade de adsorção igual a 78 mg/g

para o corante vermelho RB.

Figura 2.27- Produção do adsorvente Cel-AET

O

HO O

OH

OH

O

O

OH

OH

O

HO O

O

OH

OH

HO

O

HO O

OH

Cl

O

O

OH

Cl

O

HO O

O

OH

Cl

HO

SOCl2

NH2CH2CH2SH2Cl N(CH2CH3)3

O

HO O

OH

SR

O

O

OH

SR

O

HO O

O

OH

SR

HO

HN

SHR=

n

n

n

2.7.1.1 Oxidação de Celulose

A diversidade de sítios propícios à oxidação permite que a celulose seja oxidada por diversas

rotas gerando produtos com propriedades peculiares a cada processo. As modificações

químicas que ocorrem durante a oxidação dependem intensamente de fatores como: a natureza

do oxidante, a acidez ou basicidade do meio no qual ocorre a oxidação, o tempo de reação e a

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52

concentração dos reagentes. Desta maneira, o tipo de oxidação é um fator determinante para

as propriedades macroscópicas e para o comportamento químico dos materiais a base de

celulose (COSERI et al., 2013). Um exemplo da multiplicidade dos produtos originados da

oxidação de celulose é a aplicação destes materiais em setores com distintos propósitos. Eles

podem ser utilizados nas áreas da medicina, cosméticos, indústrias farmacêuticas, agricultura,

adsorção em colunas filtrantes, indústrias de papel, dentre outras (ISOBE et al., 2013;

COLLINSON e THIELEMANS, 2010; O’CONNELL et al., 2008). A seguir são retratados

alguns dos principais métodos de oxidação de celulose.

2.7.1.2 Oxidação de celulose por halogênios e óxidos de halogênios

O pH é um parâmetro importante para o controle dos efeitos da oxidação de celulose por

halogênios e óxidos de halogênios. A oxidação com hipoclorito aquoso ocorre em posições

aleatórias da cadeia da celulose e leva a produtos com alto grau de degradação. Porém,

quando essa reação é realizada com pH ajustado em 7, a oxidação ocorre preferencialmente

nas posições C-2 e C-3 das unidades de celulose. O ajuste do pH também é importante para a

direcionar as oxidações de celulose por hipobromito e por ácido hipocloroso (PAGLIARO,

1998).

Em condições homogêneas obtidas pela dissolução em ácido fosfórico, a celulose pode ser

efetivamente oxidada na posição C-6 pelo uso de clorato de sódio ou bromato de sódio com

quantidades catalíticas de clorito ou bromito de sódio respectivamente. O controle do pH

também é importante nessas reações. A oxidação por clorato é um pouco mais intensa nas

hidroxilas primárias que a oxidação por bromato, mas a despolimerização com clorato é maior

porque conduz a produtos com maior grau de modificação nas posições C-2 e C-3 das

unidades de celulose (PAGLIARO, 1998).

A oxidação de celulose por metaperiodato de sódio (NaIO4) (Figura 2.28, p. 53) gera um

produto insolúvel em água, o 2,3-dialdeído celulose (MAEKAWA e KOSHIJIMA, 1984).

Esta oxidação provoca a clivagem das cadeias da celulose nas posições C-2 e C-3 das

moléculas de D-anidroglicopiranose sem que haja, em grande proporção, ocorrência

simultânea de reações laterais. Nesta reação, a extensão da quebra oxidativa e o rendimento

da formação de grupos aldeído são afetados por fatores como a concentração de oxidante, a

temperatura e o tempo de reação (VARMA e KULKARNI, 2002; VARMA e CHAVAN,

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53

1995). Observando o tempo e a temperatura adequada, a oxidação de celulose por

metaperiodato pode ser aprimorada pelo uso de sais de cloro, como o LiCl. Esses compostos

quebram as ligações de hidrogênio inter e intramoleculares nas cadeias do biopolímero e

facilitam a interação do agente oxidante com os sítios de oxidação (SIRVIO et al., 2011).

Figura 2.28- Oxidação da celulose por periodato de sódio

O

OH

OH

HOO

O

OH

O

NaIO4

OO

+ NaIO3 H2O+

n

n

2.7.1.3 Carboximetilcelulose

A oxidação de celulose a Carboximetilcelulose (Figura 2.29) por meio de reação com

hidróxido de sódio e ácido cloroacético gera um importante polímero com aplicações

industriais. Este polímero pode ser usado nas áreas de produtos têxteis, alimentícios, drogas,

floculantes e detergentes, dentre outras (HEBEISH et al., 2010; BISWAL e SINGH, 2004;

HEINZE E PFEIFFER, 1999).

Figura 2.29- Produção da carboximetilcelulose

O

OH

OH

HO

n

1- NaOH, 1 h

2- ClCH2COONa

Isopropanol, 55°C, 2-6 h O

O

OCH2COONa

OR

HO

n

R= H ou CH2COONa

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54

2.7.1.4 Oxidação mediada por N-oxil-2,2,6,6-tetrametilpiperidina (TEMPO)

A oxidação de celulose mediada por N-oxil-2,2,6,6-tetrametilpiperidina (TEMPO) é um dos

procedimentos mais conhecidos para oxidação seletiva das hidroxilas primárias nas unidades

de D-anidroglicopiranose da estrutura da celulose (FUKUZUMI et al., 2010). Dentre os

principais métodos de oxidações mediadas por TEMPO, estão combinações deste mediador

com: o hipoclorito de sódio (NaClO) e clorito de sódio (NaClO2) (TEMPO/NaClO/NaClO2) e

deste mediador com brometo de sódio (NaBr) e hipoclorito de sódio (NaClO2)

(TEMPO/NaBr/NaClO2) (HIROTA et al., 2009; SAITO et al., 2006). A oxidação mediada

por TEMPO é influenciada por fatores como o tipo e a concentração dos agentes oxidantes,

pela origem e pelo pré-tratamento da celulose de partida e pelo pH do meio reacional. O pH e

o tipo de agente oxidante influenciam na quantidade de grupos carboxílicos introduzidos e na

massa molecular do produto final. Considerando, por exemplo, a oxidação de celulose

mediada por 4-acetamido-TEMPO combinado com NaClO e NaClO2, em pH levemente ácido

ou neutro, esta resulta em melhores rendimentos na introdução de grupos carboxílicos e em

maiores massas moleculares para o produto oxidado, do que a oxidação efetuada com pH

entre 9 e 11 em sistemas TEMPO/NaBr/NaClO2. A concentração de oxidante reflete no grau

de oxidação da celulose e, por isso, tem efeitos sobre as características físico-químicas do

produto oxidado, tais como solubilidade, estabilidade térmica, cristalinidade e massa

molecular. A origem ou pré-tratamento da celulose de partida, pode acarretar diferenças nas

características supramoleculares e macroscópicas do produto final. Por exemplo, ao se utilizar

celulose mercerizada na oxidação mediada por TEMPO, obtém-se um sal de sódio com

estrutura química homogênea, já a oxidação de celulose nativa mediada por TEMPO, pode

resultar em um produto pastoso de celulose oxidada (HAO et al., 2017; HIROTA et al., 2009;

SAITO et al., 2006).

Assim como em outros processos oxidativos, a oxidação mediada por TEMPO, abre caminho

para a introdução de diferentes grupos funcionais na estrutura desse biopolímero e o produto

direto dessa oxidação encontra aplicações práticas, como por exemplo, na adsorção de metais

em meio aquoso (LIU et al., 2016; ZHANG et al., 2016; HUANG et al., 2015; ISOBE et al.,

2013). Na Figura 2.30 mostra-se um esquema da oxidação da celulose mediada por TEMPO.

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55

Figura 2.30 - Oxidação da celulose por TEMPO

N

O

TEMPO

R R= H, NHCOCH3

1/2 NaClO

N

O

R

N

OH

R

NaCl

NaClO

NaClO2

O

O

OH

CH2OH

O

HO

O

O

OH

O

HO

CHO

O

O

OH

COOH

O

HO

Fonte: (HIROTA et al., 2009)

2.7.1.5 Oxidação por óxidos de Nitrogênio

A oxidação utilizando óxidos de nitrogênio atua preferencialmente na posição C-6 da

estrutura da celulose. Contudo, a completa regiosseletividade é muito difícil de ser alcançada

e reações laterais que provocam despolimerização são inevitáveis. Portanto, o conhecimento

dos efeitos do processo de oxidação e o controle acurado das condições experimentais são

requisitos fundamentais para se alcançar as modificações desejadas (ATALLA e ISOGAI,

2010).

A maioria dos procedimentos para oxidação de celulose por óxidos de nitrogênio ocorre com

a dissolução do biopolímero em ácido fosfórico (H3PO4). A aplicação de soluções desse ácido

com concentrações entre 71% e 80% facilita o acesso dos agentes oxidantes aos sítios de

oxidação por provocar rapidamente o inchaço interfibrilar das cadeias de celulose. Embora de

forma incompleta, a dissolução da celulose pode ser alcançada com o uso de H3PO4 em

concentrações acima da faixa supramencionada. O aumento da temperatura interfere

positivamente no grau de dissociação e o uso de solução desse ácido em concentrações acima

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56

de 90% afeta também a cristalinidade da celulose. Outros ácidos minerais concentrados como

o HCl e o H2SO4 também podem ser utilizados para a dissolução de celulose. No entanto, a

predileção pelo H3PO4 se dá pelo motivo dele ser um ácido não corrosivo, não tóxico e de

manipulação mais segura quando comparado a outros ácidos minerais. A combinação do

H3PO4 com óxidos de nitrogênio como NaNO3 e o NaNO2 produz agentes oxidantes como o

NO+ e o N2O3 capazes de reagir com a celulose e oxidar esse biopolímero preferencialmente

na posição do C-6 (Figura 2.31) (HEINZE, 1998; DE NOOY et al., 1997; WEI et al., 1996).

Figura 2.31- Representação das unidades de celulose oxidada na posição C-6

O

HO

OH

COOH

O

O

OH

COOH

HO

n

Fonte: (KUMAR e YANG, 2002).

As alterações físico-químicas da celulose oxidada por óxidos de nitrogênio estão relacionadas

ao tipo de agente oxidante, às condições experimentais, à origem e ao pré-tratamento da

celulose de partida. Vejamos a seguir:

O tempo e a temperatura de reação são fatores intervenientes no grau de oxidação de celulose

por óxidos de nitrogênio. Em geral, aumentando-se o tempo de reação, aumenta-se o grau de

oxidação e de introdução de funções carboxílicas, tornando-se menor o tamanho das fibras. A

dependência do grau de oxidação em relação ao tempo tem efeitos desiguais para as celuloses

de diferentes origens. Isso mostra que a variação na acessibilidade aos sítios de oxidação é

determinante para a cinética da oxidação. Quanto à temperatura, em geral, ao se reduzir a

temperatura do sistema reacional, diminui-se também, a velocidade da reação, a introdução de

funções ácido carboxílico na posição C-6, e a degradação da celulose de partida (KUMAR e

YANG, 2002; HEIZE, 1998; DE NOOY et al., 1997; PAINTER et al., 1985; LAISHA e

SHARKOV, 1974).

A origem da celulose e o tipo de pré-tratamento ao qual ela é submetida apresentam efeitos

relevantes sobre a oxidação da mesma por óxidos de nitrogênio. Uma vez que esses dois

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57

fatores são determinantes para o GP da celulose a ser oxidada, eles refletem de forma

expressiva nos produtos de oxidação deste biopolímero. A influência do GP e, por

conseguinte, da origem e do pré-tratamento da celulose podem ser nitidamente notados em

sistemas que envolvem oxidação de celulose por óxidos de nitrogênio e dissolução por

H3PO4. Neste tipo de oxidação, a reação do H3PO4 com os óxidos de nitrogênio forma uma

espuma em consequência da liberação de N2O3 e essa espuma além de prevenir o

desprendimento do agente oxidante para a atmosfera garante o seu contato com o biopolímero

de celulose. A grande área superficial dentro da espuma, que se expande cerca de 20 vezes

mais do que o volume da solução original e o excesso de pressão dentro das bolhas formadas

são responsáveis pela rápida oxidação. A manutenção da espuma é crucial para o sucesso da

reação e a estabilidade da espuma aumenta com o aumento do GP da celulose de partida.

Outro interferente sobre a oxidação de celulose por óxidos de nitrogênio, relacionado à

origem da celulose de partida é a densidade das cadeias celulósicas. Essa densidade é

caracterizada pela razão das frações estruturais de celulose fracamente empacotadas (regiões

amorfas) pelas frações estruturais de celulose densamente empacotadas (regiões ordenadas).

Quanto maior a fração estrutural fracamente ordenada, maior é o grau de oxidação e a

velocidade da reação (HEINZE, 1998; LAISHA e SHARKOV, 1974; PAINTER et al., 1985;

DE NOOY et al., 1997).

A proporção dos reagentes também deve ser observada nas reações de oxidação de celulose

por óxidos de nitrogênio, por exemplo, quando a oxidação de celulose dissolvida em H3PO4 é

feita utilizando-se nitrito de sódio, há um limite para o acréscimo de NaNO2 no meio

reacional. Essa limitação ocorre devido à quantidade de N2O3 que a espuma pode reter e

também devido à formação de quantidades de fosfato de sódio que podem tornar essa espuma

mais frágil (LAISHA e SHARKOV, 1974). Neste sistema, a extensão de oxidação nas

hidroxilas secundárias também é afetada pela proporção dos reagentes. Quanto maior a

concentração de H3PO4 em relação à concentração do polissacarídeo maior é o grau de

oxidação nas hidroxilas secundárias, especialmente na posição C-3 (ANDERSSON et al.,

1990). Controlar o grau de oxidação nas hidroxilas secundárias é importante para regular a

despolimerização da celulose oxidada. A despolimerização também é ampliada pelo aumento

no grau de oxidação, que, por sua vez, diminui a estabilidade térmica do produto oxidado

(KUMAR e YANG, 2002; De NOOY et al., 1997; PAINTER et al., 1985; PANTER, 1977).

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58

Conforme Laisha e Sharkov (1974), o ordenamento das estruturas das macromoléculas de

celulose com diferentes origens é similar. Deste modo, as variações ocasionadas nas taxas e

nos produtos de oxidação podem ser atribuídas principalmente, às diferenças nas formações

das estruturas supramoleculares desse biopolímero, propriedades essas que também são

afetadas pelos tipos de pré-tratamentos.

2.8 Bagaço de cana de açúcar

O bagaço de cana de açúcar (BCA) (Figura 2.32, p.59) é um importante subproduto da

indústria sucroalcooleira e é considerado um dos mais abundantes resíduos celulósicos da

agroindústria (PANDEY et al., 2000). Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento

(CONAB), no Brasil, foram produzidas cerca de 658,7 milhões de toneladas de cana de

açúcar na safra 2015/2016, gerando consequentemente, uma grande quantidade de bagaço de

cana de açúcar. Um dos usos mais comuns para este subproduto é na produção de energia por

meio de combustão, podendo ser usado ainda, na geração de eletricidade, produção de etanol,

fabricação de papel e papelão, alimentação de animais entre outros fins. Contudo, uma grande

parte do BCA ainda acumula-se nas fábricas e é descartada como resíduo agrícola podendo

causar problemas ambientais. Assim, o aproveitamento desse excedente é uma interessante

maneira de conferir valor econômico ao BCA e também de contribuir para a preservação

ambiental. (ROCHA et al., 2015; RESENDE et al., 2011; NEUREITER et al., 2002; SENE et

al., 2002).

O BCA é composto por aproximadamente 50% de celulose, cerca de 25% de hemicelulose,

25% de lignina (Sene et al., 2002) e pequenas quantidades de extrativos e sais minerais

(cinzas) (ROCHA et al., 2015).

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59

Figura 2.32 - Bagaço de cana de açúcar residual de indústria Sucroalcoleira

As hemiceluloses são carboidratos que auxiliam na rigidez da parede celular dos tecidos

lignificados das plantas. Elas encontram-se intimamente associadas à celulose e à lignina,

formando com esses compostos, ligações de hidrogênio e ligações covalentes,

respectivamente. As hemiceluloses são uma classe de polímeros constituídos de várias

unidades de açúcares com a composição variando de acordo com o tipo de planta. Elas podem

ser classificadas como xilanas, unidades de -1,4-D-xilose ligadas, mananas, unidades de -1,4-

D-manose ligadas, arabinanas unidades de -1,5-L-arabinose ligadas e galactanas unidades de -

1,3-D-galactose ligadas. No bagaço de cana de açúcar, as principais hemiceluloses são as

xilanas (Figura 2.33, p. 60) (GURGEL, 2010; REN e SUN, 2010).

Figura 2.33- Estrutura das xilanas

O

HO O

OH

O O

HO O

OH

O

O

HOO

HO O

O

O

O

O

O

OO

HO O

OH

HOOC

O

O

HO

HOOC

O

OH

H3C

OC

CH3

OOH

C

CH3

O

O

H2C

OHO

HCC OCH

H3CO

HO

OH

A lignina é um hétero polímero natural existente em todas as plantas terrestres e em alguns

organismos aquáticos. Ela contribui para conferir resistência mecânica e impermeabilização

em vegetais lenhosos, bem como para a proteção física e química da celulose e da

hemicelulose em plantas (MAZIERO et al., 2012). Lignina é um polímero fenólico derivado

de três unidades primárias, o álcool p-cumarílico (I), o álcool coniferílico (II) e o álcool

sinapílico (III) (GURGEL, 2010; LU e RALPH, 2010). Os monômeros de lignina diferem

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60

unicamente pelo grau de substituição de seus anéis fenólicos que são comumente designados

como p-hidroxifenila (H), guaiacila (G) e siringila (S). Na Figura 2.34 são mostradas as

estruturas dos álcoois precursores e dos monômeros da lignina.

A composição química do BCA permite que essa biomassa possua diversas aplicações e

possibilita a sua modificação para produzir materiais com diferentes propriedades. A matéria

prima BCA ou os produtos dela derivados, apresentam grande capacidade para substituir

materiais que são caros, não biodegradáveis, sintetizados artificialmente e que requerem altos

custos de pré- tratamento, extração e modificação (LOH et al., 2013; FITZPATRICK et al.,

2010; PANDEY et al., 2000).

Os diferentes tipos de pré-tratamento atuam sobre os constituintes do BCA de forma peculiar

a cada processo. Eles podem, por exemplo, remover seletivamente lignina e/ou hemicelulose,

reduzir o GP e a cristalinidade da celulose. Portanto, escolher adequadamente o processo de

pré-tratamento é essencial para garantir o sucesso da modificação do BCA (RESENDE et al.,

2011).

Figura 2.34- Unidades primárias e monômeros da lignina

OH

OH

OH

OH

OCH3

OH

OH

OCH3H3CO

OH OH

OCH3

OH

OCH3H3CO

Álcool p-cumarílico (I) Álcool coniferílico (II) Ácool sinapílico (III)

p-hidroxifenila (H) Guaiacila (G) Siringila (S)

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61

O BCA tem grande aplicabilidade no campo da adsorção de poluentes em meio aquoso. Por

apresentar grupos hidroxila fenólicos, grupos hidroxilas primárias e secundárias ele pode ser

usado em reações químicas para produzir materiais com novas propriedades (KARNITZ et

al., 2010). Entre as modificações mais comuns do BCA estão aquelas que acontecem por meio

de esterificação das cadeias de celulose. Para uso como adsorvente, existem diversas rotas

sintéticas para potencializar a capacidade de fixação de poluentes orgânicos e inorgânicos por

essa biomassa, algumas delas estão descritas a seguir. Em geral, as modificações químicas da

celulose acontecem no conteúdo celulósico presente nessa biomassa. Por isso, muitas vezes as

reações para a modificação do BCA são semelhantes às reações de modificação da celulose.

Gurgel et al. (2008b) modificaram bagaço de cana de açúcar com anidrido succínico e

posterior tratamento com NaHCO3 para a remoção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) em solução

aquosa. Para a modificação foram usados o BCA mercerizado e não mercerizado. O material

produzido pela succinilação do BCA não mercerizado (SBC 2) apresentou capacidade de

adsorção para os íons Cu(II), Cd(II) e Pb(II) iguais a 185,2 mg/g, 212,8 mg/g e 416,7 mg/g,

respectivamente. Já o material produzido através do BCA mercerizado (MMSCB 2) exibiu

capacidades de adsorção para o íons Cu(II), Cd(II) e Pb(II) iguais a 185,2 mg/g, 256,2 mg/g e

500,0 mg/g respectivamente. Em estudos posteriores realizados por Gusmão et al. (2012), o

SBC 2 apresentou capacidades de adsorção iguais a 478,5 mg/g e 1273,2 mg/g para os

corantes azul de metileno e violeta cristal respectivamente. O esquema da síntese dos

materiais pode ser visto na Figura 2.35.

Figura 2.35- Produção dos adsorventes SBC 2 e MMSBC 2

OH

MMSCB: Celulose II, lignina residuale polioses

OH

OH

OH

SCB: Celulose, ligniina e polioses

OH

OH

OOO Piridina

O

OH

O

O

O

OH

O

O

NaHCO3

SCB1 e MMSCB1 SCB2 e MMSCB2

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62

Jiang et al. (2012) modificaram BCA mercerizado com epicloridrina e tetraetilenopentamina

(Figura 2.36), para adsorver o corante eosina Y em solução aquosa. A capacidade de adsorção

do eosina Y pelo BCA modificado (TEPA-MSB) foi de 399,04 mg/g.

Figura 2.36- Produção do adsorvente TEPA-MSB

OH

OH

+ Cl

O

BCA mercerizado epicloridrina

25°C, 24 hetanol

O NH

NH

NH

OH

NH

NH2

OH

NH

NH

NH

NH2

O

O

+Trietilenopentamina

NH2

25°C, 24 hetanol

TEPA-MSB

OH

Ferreira et al. (2015) modificaram BCA com ácido de Meldrum em reação livre de solvente

(Figura 2.37). O material produzido (SMA), mostrou capacidade de adsorção para o corante

violeta cristal igual a 692,1 mg/g.

Figura 2.37 - Produção do adsorvente SMA

+OO

O O

OH O

HO

O O

O

O

O

+NaHCO3 (aq)

CO2

H2O+

Na

BCA Ácido de Meldrum SMA forma ácida SMA forma básica

Além das modificações acima citadas a literatura descreve inúmeros métodos de transformar

o BCA em materiais com aprimoradas capacidades de adsorção para diversos poluentes, como

exemplos tem-se a funcionalização do BCA com grupos tiol para a remoção de mercúrio

(GUPTA et al., 2014), a modificação com nitrato férrico para remoção de aresênio(V)

(PEHLIVAN et al., 2013), o tratamento com ácido fosfórico para remoção do corante

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63

vermelho de metila (SAAD et al., 2010), carvão ativado de BCA para remoção de fenol em

coluna de leito fixo (KARUNARATHNE e AMARASINGHE, 2013), a modificação com

dianidrido de EDTA para remoção dos corantes azul de metileno e violeta cristal (GUSMÃO

et al., 2013) e a modificação com anidrido ftálico para adsorção de Co(II), Cu(II) e Ni(II)

(RAMOS et al., 2016).

No que tange à modificação de BCA por meio de oxidação para emprego em processos de

adsorção, são raríssimas as ocorrências na literatura. A grande maioria dos processos

oxidativos de BCA são para o fracionamento de hemicelulose e lignina e para o

aprimoramento de sua digestibilidade por micro-organismos. Em geral, esses processos visam

a produção de materiais e biocombustíveis que possam vir a substituir derivados do petróleo,

tais como, produtos farmacêuticos, plásticos, bioetanol e biogás (BRIENZO et al., 2009;

FITZPATRICK et al., 2010). Dentre os agentes oxidantes utilizados para o fracionamento e

aprimoramento da digestibilidade do BCA estão o ozônio, o ácido peracético e o peróxido de

hidrogênio alcalino que são bastante seletivos no ataque à lignina (GONÇALVES, 2009). A

mistura de hipoclorito de sódio e peróxido de hidrogênio é eficiente para remoção de lignina e

hemicelulose (LEE et al., 2009) e reagentes Fenton (H2O2/Fe2+

) também capazes de remover

lignina e hemicelulose (ZHANG e ZHU, 2016).

Dos poucos relatos encontrados na literatura que consideram a oxidação de BCA para

adsorção, estão os trabalhos realizados por Nada e Hassan (2006) e por Martín-Lara et al.

(2010). Nada e Hassan (2006) modificaram BCA com periodato de sódio e neste trabalho, o

BCA passou por reação com epicloridrina para promover ligações cruzadas entre os grupos

hidroxila dos constituintes lignocelulósicos do BCA. Segundo esses autores as oxidações da

celulose e da hemicelulose por NaIO4 levam a resultados semelhantes, ou seja, oxidação nas

posições do C-2 e C-3, das unidades de xilose ou AGU. Já na lignina ocorrem as reações de

oxidação que levam a desmetilação dos grupos metoxi com formação de grupos carboxílicos

(Figura 2.38, p.64). As capacidades de adsorção do BCA oxidado para os íons Fe3+

, Ni2+

,

Cu2+

e Cr3+

, foram de aproximadamente 195,3 mg/g, 88,0 mg/g, 241,3 mg/g e 390 mg/g,

respectivamente.

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64

Figura 2.38 - Oxidação da unidade de lignina por clorito de sódio

OH

OH

OCH3H3CO

Unidade ácool sinapílico (III)

COOH

COOH

OH

H2O

HOOC

Unidade ácool sinapílico(III) oxidada

NaClO2

Martín-Lara et al. (2010) modificaram BCA com H2SO4 e aplicaram na remoção de chumbo

em meio aquoso. A oxidação introduziu grupos ácidos carboxílicos na estrutura do BCA e

melhorou razoavelmente a adsorção de íons chumbo por essa biomassa. As capacidades de

adsorção do BCA não oxidado e do BCA oxidado para o Pb foram de 6,366 mg/g e 7,227

mg/g respectivamente.

Como pode ser visto, há uma grande variedade de rotas para a modificação do BCA para fins

de adsorção. Muitas fazem o uso de múltiplas etapas para chegar ao produto final e se

aproveitam principalmente do conteúdo celulósico que compõe essa biomassa. As técnicas de

modificação utilizando oxidação são pouco utilizadas, isso muito se deve aos efeitos que os

agentes oxidantes podem provocar na estrutura do BCA. Dependendo do tipo e do grau de

oxidação, o adsorvente produzido pode ser ineficaz ou apresentar baixo rendimento, devido a

fatores como hidrólise dos componentes lignocelulósicos ocasionada pela redução no GP e

cristalinidade da celulose, ruptura das cadeias de lignina e hemicelulose, assim como por

danos à coesão desses constituintes causados pelo desarranjo das interações intermoleculares

que os mantêm unidos. Assim, a perda de massa em quantidades significativas e a

solubilização do BCA oxidado muitas vezes são inevitáveis.

2.9 Materiais bifuncionalizados Zwitteriônicos

A grande maioria das publicações faz referência a adsorventes capazes de atuar na fixação de

espécies com cargas superficiais de mesmo sinal, isto é, adsorventes que imobilizam somente

ou espécies aniônicas ou espécies catiônicas. A extensão dos relatos de adsorventes

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65

portadores de grupos funcionais com cargas opostas, usados para capturar substâncias com

cargas elétricas distintas é pequena e quando se trata de adsorventes baseados em biomassa

lignocelulósica esse número é ainda menor. O interessante em produzir adsorventes

zwitteriônicos é a possibilidade de trabalhar, com um mesmo material, em ambientes com a

prevalência de poluentes com cargas positivas ou negativas, assim como proporcionar a

remoção simultânea de contaminantes com cargas opostas. A seguir são exibidas algumas

modificações aplicadas a biomassas lignocelulósicas para produzir adsorventes

Zwitteriônicos.

Marshall e Wartelle (2006) modificaram bagaço de cana de açúcar, casca de soja e palha de

milho por meio de reações com ácido cítrico e depois com dimetil-ol-diidroxietileno uréia e

cloreto de colina. Assim produziram resinas de troca iônica bifuncionalizadas, portadoras de

carga positiva (grupos amônio quaternários) e carga negativa (grupos carboxilato), tal como

ilustrado na Figura 2.39 para a celulose. As resinas produzidas por Marshall e Wartelle

(2006), foram usadas para remover cobre (Cu2+

) ou cromato (CrO4

2-) com capacidades de

adsorção de 64,1 mg/g e

77,7 mg/g respectivamente em solução aquosa.

Figura 2.39 - Funcionalização da celulose com ácido cítrico cloreto de colina

O

HOOH

COOH

O

O

OHO

O

OH

O

HO

O OH

O

O

HOOH

O

O

OHO

O

OH

O

HO

O O

O

N

N

O

HO

HO

HO

HO

HON Cl

N

N

O

HO

HO

O

O

N Cl

Celulose modifcada comácido cítrico

DMDHEU

Cloreto de colina

Celulose zwitterônica

Souza (2013) modificou o bagaço de cana de açúcar através de reação com anidrido

succínico, anidrido acético e trietilenotetramina (TETA), produzindo o material B2, capaz de

adsorver simultaneamente o corante catiônico violeta cristal (VC) e o aniônico alaranjado II

(AII) em solução aquosa. A capacidade de adsorção simultânea deste material para o VC e o

AII foi respectivamente 265,9 mg/g e 367,7 mg/g. A estrutura do adsorvente B2 pode ser vista

na Figura 2.40.

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66

Figura 2.40 - Funcionalização da celulose com anidrido succínico e TETA

H3C

O O

H3C

O

DMFTETA

O

O

O

O

O

O

O

OH

OH

OO O

piridina O

O

OH

O

O

O

OH

O

O

OH

O

O

O

O

CH3I

B2

B1

B3

B (BCA mercerizado)

DMFHN

O

NH HN

NH2

O

OH

O

O

O

O

HN

O

N N

NI

I I

Almeida et al. (2016) modificaram quitosana através de reação com iodeto de metila seguida

de reação com dianidrido de EDTA (Figura 2.41, p. 67) produzindo o material C-2 com

características zwitterionicas. C-2 foi utilizado na adsorção não simultânea dos cátions

metálicos Cu2+

, Co2+

, Ni2+

e do oxiânion CrO42-

em solução aquosa. As capacidades de

adsorção de C-2 para os íons Cu2+

, Co2+

, Ni2+

e CrO42-

foram iguais a 0,698, 1,125, 0,725 e

1,910 mmol/g respectivamente.

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67

Figura 2.41- Funcionalização da quitosana com iodeto de metila e dianidrido de EDTA

1) H2O, DMF, NaOH, 0°C, 20 min

2) CH3I, 25°C, 48 hO

HO O

NH

OH

O

O

NH2

OH

O

HO

O

O

HO O

NH

OH

O

O

N

OH

O

HO

O

I

O N

N O

O

O

O

O

O

HO O

NH

OH

O

O

N

OH

O

HO

O

I

O

HO O

NH

O

O

N

OR

O

HO

O

I

O

N

OH

OO

N

HO

HO

O

O

NOH

OO

N

HO

HO

O

O

R= H, CH3 ou

Lin et al. (2016) produziram microesferas de celulose a partir da modificação de

carboximetilcelulose contendo ligações cruzadas. A produção do material denominado de

MCA-E0.7/CMC-g-PDMDAAC envolveu sucessivas reações empregando, epiclordrina

(ECH), ácido monocloroacétco (MCA) e cloreto de dimetildialilamônio (DMDAAC). O

MCA-E0.7/CMC-g-PDMDAAC foi usado para adsorção em sistemas monocomponente dos

corantes azul de metileno e alaranjado II com capacidades de adsorção de 710,5 mg/g e 200,5

mg/g respectivamente. Um esquema da síntese do MCA-E0.7/CMC-g-PDMDAAC pode ser

visto na Figura 2.42 (p. 68).

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68

Figura 2.42 Síntese do adsorvente E0.7/CMC-g-PDMDAAC

Os exemplos apresentados acima demonstram a capacidade dos materiais zwitteriôncos em

atuar simultaneamente ou em sistemas monocomponente na remoção de poluentes com cargas

opostas. Eles ilustram também a diversidade de rotas para sínteses a partir das biomassas

lignocelulósicas e assim evidenciam o potencial desses materiais na remediação ambiental.

Portanto, a criação de materiais com essas características é um campo de pesquisa interessante

e com variadas possiblidades de aplicação.

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69

3 Objetivos

Considerando s problemas de poluição dos recursos hídricos por corantes sintéticos, a

disponibilidade e a versatilidade de modificação de materiais lignocelulósicos para a

aplicação em sistemas de adsorção, este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento e a

avaliação de adsorventes eficazes para a remoção de corantes sintéticos em meio aquoso a

partir das matrizes lignocelulósicas celulose e bagaço de cana de açúcar.

3.1 Objetivos específicos

Produzir adsorventes a partir da oxidação dos materiais lignocelulósicos, celulose e bagaço de

cana de açúcar, usando o sistema NaNO2-H3PO4.

Otimizar a introdução de funções ácido carboxílico nos adsorventes oxidados (Cox e Box)

usando métodos estatísticos de planejamento experimental.

Aplicar os adsorventes produzidos (Cox e Box) por meio da oxidação da Cel e do BCA na

adsorção em solução aquosa dos corantes catiônicos, violeta cristal e auramina-O.

Produzir um adsorvente bifuncionalizado zwitteriônico inédito a partir da celulose.

Aplicar o adsorvente bifuncionalizado (CM3) na adsorção monocomponente e em solução

aquosa dos corantes modelos, violeta cristal (catiônico) e alaranjado II (aniônico).

Avaliar o desempenho e os mecanismos de adsorção dos adsorventes produzidos em função

do pH e por meio de modelos cinéticos e de equilíbrio.

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70

4 Materiais e métodos

4.1 Materiais

O bagaço de cana de açúcar (BCA) foi obtido a partir de cana-de-açúcar cultivada na cidade

de Ouro Preto, MG, Brasil. A Celulose (Cel) cromatograph paper 3MM Chr (Cat. No. 3030‒

861) foi obtida da Whatman e a celulose microcristalina (C) utilizada foi a Avicel PH 101. Os

reagentes e solventes nitrito de sódio, hidróxido de sódio, etanol, ácido acético,

diclorometano, acetona, éter etílico, cloreto de colina, cloreto de cálcio, dimetilssulfóxido

(DMSO), bicarbonato de sódio e dimetilformamida (DMF), foram adquiridos da empresa

Synth Brasil. O Anidrido succínico, anidrido acético, ácido clorídrico, piridina e os corantes

modelo (Figura 4.1) catiônicos auramina-O (C.I.: 41000, C17H21N3.HCl, λmax = 432 nm e MM

= 303.83 g/mol) e violeta cristal (C.I.: 42555, C25H30N3Cl, λmax = 584 nm e MM = 407.98

g/mol, foram comprados da VETEC Brasil, o corante aniônico alaranjado II ( MM = 350,32

g/mol), foi obtido da VETEC e o ácido fosfórico (85%) adquirido junto a Neon Brasil.

Figura 4.1- Estrutura química dos corantes modelo

N

HH

Cl

N

CH3

CH3

N

CH3

H3C

Auramina-O (AO)

HO

N

NS

O

O

O

NaAlaranjado II (AII)

N

H3C

CH3

N

CH3

CH3

N

H3C CH3

Cl

Violeta Cristal (VC)

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71

4.2 Purificação dos solventes

4.2.1 Piridina

Em um balão de fundo redondo (2 L) contendo 40 g de hidróxido sódio, aproximadamente 1L

de piridina foi deixado sob refluxo por 12 h. Após o refluxo, a piridina foi destilada, recolhida

e armazenada em balões de fundo chato contendo hidróxido de sódio.

4.2.2 N,N’-dimetilformamida, dimetilssulfóxido e éter

A DMF, o DMSO e o éter etílico foram tratados com peneira molecular de 4 Å por 48 h. A

peneira molecular utilizada foi previamente seca em estufa por uma noite à temperatura de

120 °C.

4.3 Preparo do bagaço de cana de açúcar e da celulose cromatograph paper 3MM Chr

Primeiramente, o BCA foi seco ao sol durante uma semana e pulverizado em um moinho de

facas. Em seguida, foi peneirado em agitador eletromagnético (Bertel, modelo 2723, série

0607, Caieiras, SP, Brasil), em um sistema com peneiras de 10, 60 e 100 mesh. Após a

separação granulométrica, a fração entre 60 e 100 mesh, utilizada nesses estudos, foi

transferida para um béquer de 5 L onde água destilada foi adicionada. Esse sistema foi

aquecido a 70 °C e agitado com barra magnética por 1 h para remover os compostos solúveis

em água. Em seguida, o BCA foi filtrado em filtro de placa sinterizada (porosidade 3), lavado

com água destilada e acetona e seco em estufa a 90 °C por 2 h. Para remover os extrativos e

os compostos fenólicos, o BCA foi lavado em Soxhlet com mistura hexano/etanol (1:1 v/v)

durante 4 h e em seguida, foi seco em estufa a 90 ºC para remover os solventes orgânicos

(KARNITZ et al., 2007).

As folhas de celulose Whatman foram cortadas em pedaços de aproximadamente 50 mm2 e

moídas em moinho de faca modelo A11 basic (IKA).

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72

4.4 Oxidação da celulose e do bagaço de cana de açúcar

Na Figura 4.2 é mostrada a reação de oxidação da Cel e do BCA por NaNO2/H3PO4.

Figura 4.2- Oxidação da celulose e do bagaço de cana de açúcar

OOHO

OHO

OH

Celn

NaNO2 / H3PO4

OOHO

OHO

OH

Coxn

O

NaNO2 / H3PO4OH

BCA

OH

BoxO

T = 25oC

T = 25oC

As oxidações da Cel e do BCA foram efetuadas por meio de reação com nitrito de sódio

(NaNO2) e ácido fosfórico (H3PO4). Este tipo de oxidação leva a modificações que acontecem

preferencialmente no C-6 das unidades de anidroglicose da celulose. Contudo, reações laterais

nos C-2 e C-3 dessas unidades também podem ocorrer e o controle das condições

experimentais pode atenuar a ocorrência dessas reações (ANDERSSON et al., 1990).

Para otimizar as condições experimentais e maximizar a introdução de funções ácido

carboxílico sem degradação excessiva da Cel e do BCA de partida, foi usado o planejamento

composto central (CCD). As análises estatísticas foram realizadas com um nível de

significância de 95%. O erro puro foi escolhido para avaliar o erro experimental, a relevância

dos termos lineares e suas interações para as três variáveis independentes, bem como a falta

de ajuste, também foram avaliados. Os experimentos foram feitos em dois blocos ortogonais

atendendo à condição de rotabilidade, portanto, os efeitos desses blocos não afetam os

parâmetros estimados pelo modelo de superfície de resposta. O primeiro bloco (experimentos

1-11) foi um planejamento fatorial 23 com triplicata no ponto central (experimentos de

triagem) e o segundo bloco foi feito pela adição de pontos axiais nos níveis do desenho

experimental (experimentos 12-17) (MONTGOMERY, 2000). A matriz completa do

planejamento experimental (1-17) é mostrada na tabela 4.1.

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73

Tabela 4.1- Matriz de planejamento experimental para oxidação da Cel e do BCA

Experimentoa Tempo (h)

Volume de

H3PO4 (mL)

Massa de

NaNO2 (mg)

nCOOH Cox

(mmol/g)

nCOOH Box

(mmol/g)

1 ‒1 (3) ‒1 (6,0) ‒1 (300,0) 2,546 2,536

2 1 (7) ‒1 (6,0) ‒1 (300,0) 3,425 2,68

3 ‒1 (3) 1 (16,0) ‒1 (300,0) 2,373 2,307

4 1 (7) 1 (6,0) ‒1 (300,0) 4,224 2,605

5 ‒1 (3) ‒1 (6,0) 1 (800,0) 2,543 2,536

6 1 (7) ‒1 (6,0) 1 (800,0) 3,521 2,78

7 ‒1 (3) 1 (16,0) 1 (800,0) 3,800 3,311

8 1 (7) 1 (16,0) 1 (800,0) 4,998 3,630

9 0 (5) 0 (11,0) 0 (550,0) 4,801 3,491

10 0 (5) 0 (11,0) 0 (550,0) 4,516 3,302

11 0 (5) 0 (11,0) 0 (550,0) 4,824 3,302

12 ‒1,682(1,6) 0 (11,0) 0 (550,0) 5,793 5,791

13 1,682 (8,4) 0 (11,0) 0 (550,0) 7,043 6,285

14 0 (5) ‒1,682 (2,6) 0 (550,0) 5,193 5,177

15 0 (5) 1,682 (19,4) 0 (550,0) 6,618 6,702

16 0 (5) 0 (11,0) ‒1,682 (129,6) 5,730 4,780

17 0 (5) 0 (11,0) 1,682 (970,5) 7,398 6,384 a As massas de Cel e BCA de partida foram fixada em 1 g para todos ensaios de oxidação.

As reações de oxidação da Cel e do BCA (Figura 4.2, p. 72) com base no planejamento

experimental foram realizadas em erlenmeyers de 250 mL à temperatura ambiente.

Primeiramente foram adicionados 1 g de Cel ou BCA nos erlenmeyers, em seguida

acrescentaram-se os volumes de H3PO4 misturando-os com um bastão de vidro até encharcar

as biomassas. Na sequência, foram adicionadas as massas de NaNO2 misturando-se

vigorosamente com o bastão de vidro durante aproximadamente 10 min. Após a adição do

NaNO2, deixou-se o sistema em repouso durante o tempo pré-determinado. Os volumes de

H3PO4, as massas de NaNO2 e os tempos de reação são mostrados na matriz de planejamento

experimental (Tabela 4.1). O material oxidado (Cox ou Box) foi separado da mistura de

oxidação por filtração a vácuo em funil Büchner e lavado com água destilada até pH

aproximadamente 7. Os materiais oxidados foram secos em estufa a 65 ° C durante 4 h e o

número de funções ácido carboxílico introduzido foi determinado por retrotitulação.

De posse das melhores condições experimentais avaliadas pelos gráficos de superfície de

resposta, foram estabelecidas as proporções dos reagentes e o tempo de reação para a

produção dos adsorventes a serem utilizados nos estudos de adsorção. Assim sendo, optou-se

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74

por realizar as oxidações com 5 g de Cel ou BCA, 80 mL de H3PO4, 4 g de NaNO2 com um

tempo de reação igual a 5 h.

4.5 Modificação química da celulose com anidrido succínico e cloreto de colina:

obtenção da celulose modificada CM3

A Figura 4.3 mostra a rota de síntese do adsorvente zwitteriônico CM3:

Figura 4.3- Modificação química da celulose para obtenção da CM3

O OO

N

R= OH

O

O

ou H

CM

OO

OH

OH

HOO

O

OH

OH

HO

n

O

OHHO

O

O

HOOH

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O O

CM1

CM2

O

ORRO

O

O

ROOR

O

O

O

OH

O

O

O

OH

O

HON

ClDMSO

CaCl2

CM3

O

OHHO

O

O

HOOH

O

O

O

OH

O

O

O

O

O

NCl

+

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75

4.5.1 Mercerização celulose

Em um erlenmeyer de 1 L, 15 g de celulose microcristalina foram tratados com 750 mL de

solução NaOH (5 mol/L). O tratamento ocorreu sob agitação magnética constante,

temperatura de 25 °C e tempo igual a 18 h. Após o período de tratamento o álcali de celulose

expandido foi filtrado em filtro de placa sinterizada (porosidade 3) e lavado com água

destilada até pH 7. Em seguida a celulose mercerizada (CM) foi lavada com etanol e seca em

estufa por 1:30 h à temperatura de 85 °C, obtendo-se massa igual a 11,243g (GURGEL et al.,

2008a).

4.5.2 Modificação da celulose mercerizada com anidrido succínico: obtenção da celulose

modificada CM1

Primeiramente, uma porção da CM foi lavada com acetona e seca em estufa a 90 °C por 2 h.

Após esfriar sob vácuo em um dessecador a CM foi pesada em um balão de reação de 500

mL. Juntamente à massa obtida (7,571 g), foram adicionados ao balão de fundo redondo 35,3

g de anidrido succínico e 200 mL de piridina. O sistema foi deixado sob agitação magnética

em banho de óleo e refluxo da piridina por 24 h. O produto da reação, celulose succinilada

(CM1), foi filtrado em filtro de placa sinterizada (porosidade 3) e lavado como descrito na

sequência a seguir: com solução de ácido acético em diclorometano (CH3 COOH/CH2Cl2 1

mol/L), etanol (95%), água destilada, ácido clorídrico (HCl 0,01 mol/L), água destilada e com

acetona. Finalmente, o material foi seco em estufa a 85°C por 1 hora e pesado, obtendo-se

18,241 g.

4.5.3 Modificação da CM1 com anidrido acético: obtenção da celulose modificada CM2

A reação de modificação da CM1 com anidrido acético promove a formação de um anidrido

de ácido carboxílico entre as funções ácido carboxílico da CM1 (GURGEL et al., 2008a).

Para realizar essa reação, foram adicionados em um balão de fundo redondo, 18,159 g de

CM1 previamente secos em estufa (85°C por 2 h) e 300 mL de anidrido acético. A

temperatura e o tempo de reação foram respectivamente, 104 °C e 16 h. Após o período de

reação, o material resultante (CM2) foi lavado com anidrido acético e éter etílico tratados com

peneira molecular. Em seguida, a CM2 foi seca em estufa a 85 °C por 30 min e usada na

sequência para produzir a CM3.

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76

4.5.4 Modificação da CM2 com cloreto de colina: obtenção da celulose modificada CM3

Em um balão de fundo redondo (500 mL) ficaram sob agitação magnética, por 5 min, 26,5 g

de cloreto de colina, 40 g de cloreto de cálcio e 320 mL de DMSO. Em seguida, foram

adicionados ao balão de reação aproximadamente 18 g de CM2. Esse sistema reagiu à 76 °C

sob agitação magnética por um período correspondente a 15 h. Depois de reagir, o material foi

lavado conforme a seguinte sequência: DMF, água destilada, solução aquosa saturada de

bicarbonato de sódio, água destilada e acetona. O material produzido, CM3, secou em estufa a

90 °C durante 2 h e foi pesado, obtendo-se 18,669 g.

4.6 Caracterização dos materiais

4.6.1 Percentagem do ganho de massa da Cox e da CM1 da perda de massa Box

As percentagens do ganho de massa (pgm) da Cox em relação a Cel e do material CM1 em

relação à CM e a percentagem de perda de massa (ppm) do Box em relação ao BCA foram

calculadas pelo método gravimétrico conforme as seguintes equações:

(4.1)

(

) (4.2)

Onde: mi é a massa inicial da CM, da Cel ou do BCA e mf é a massa final da CM1, da Cox

ou do Box.

4.6.2 Determinação do número de funções ácido carboxílico na Cox, no Box e na CM1

O número de funções ácido carboxílico por grama de Cox, de Box e de CM1 foi determinado

por meio de retrotitulação (KARNITZ et al., 2007). Em um erlenmeyer de 250 mL foram

agitados em mesa agitadora, por 1:30 h e temperatura ambiente, 100 mL de solução padrão

NaOH (0,010450 mol/L) e 0,0500 g de CM1. Após filtração simples, três alíquotas de 25 mL

do filtrado relativo ao tratamento da CM1 foram tituladas com HCl padrão (0,010210 mol/L).

O mesmo procedimento foi realizado para a determinação das funções ácido carboxílico em

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77

0,0500 g de Cox ou de Box com soluções padrão NaOH (0,01273 mol/L) e HCl (0,010287

mol/L). A concentração de funções ácido carboxílico, nCOOH (mmol/g), foi calculada

conforme a seguinte equação:

)

(4.3)

em que CNaOH é a concentração da solução de NaOH em mol/L, VNaOH é o volume da solução

de NaOH em litro (L), CHCl é a concentração de HCl em mol/L, VHCl é o volume de HCl gasto

na titulação do excesso de NaOH em litro (L) e m é a massa de Box, Cox ou CM1 em grama

(g).

4.6.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)

As amostras para as análises FTIR foram preparadas misturando-se 1 mg de cada material,

Cel, Cox, BCA, Box, C, CM1, CM2 e CM3, previamente secos em estufa com 100 mg de

KBr grau espectroscópico. As amostras foram prensadas numa prensa hidráulica (Pike

CrushIR, modelo 181-1110, Pike Technologies, Canadá) para obter pastilhas de KBr de 13

mm de diâmetro. Os espectros FTIR foram gerados num espectrômetro FTIR (ABB Bomen,

modelo MB 3000) com o detector ajustado para resolução de 4 cm-1

, varrendo de 500 a 4000

cm-1

e 32 varreduras por amostra.

4.6.4 Ressonância magnética nuclear (RMN)

O espectro de ressonância magnética nuclear de carbono (RMN de 13

C) em estado sólido para

a Cox, foi obtido em espectrofotômetro Bruker DRX-500 a uma frequência de 125,72 MHz

com um acúmulo de 4096 varreduras.

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78

4.6.5 Análise termogravimétrica (TGA)

As análises termogravimétricas foram realizadas num analisador térmico Shimadzu DTG-

60H, TG-DTA simultâneo. Amostras de 2,5 mg de Cel, BCA, Cox, Box foram analisadas sob

atmosfera de nitrogênio a um fluxo de 100 mL/min. As amostras foram aquecidas de 25 a 800

°C a uma taxa de aquecimento linear de 20 °C/min.

4.6.6 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As características morfológicas da Cel, BCA, C, Cox, Box e CM3 foram examinadas com um

microscópio eletrônico de varredura VEGA3 SB (Tescan/Oxford Instruments), equipado com

filamento de tungsténio de 20 keV. As amostras em pó foram dispersas sobre fita de grafite

fixada em porta-amostras de alumínio e revestida com ouro em um sistema de revestimento

modular de alto vácuo (Quorum Technologies, modelo Q150R ES).

4.6.7 Análise Elementar C, H e N (CHN)

Foram feitas análises elementares C, H e N dos materiais C e CM3. As análises foram

realizadas em um equipamento Perkin Elmer Series II modelo 2400.

4.6.8 Ponto de carga zero (PCZ)

Os pontos de carga zero (PCZ) da Cox, do Box e da CM3 foram determinados pelo método de

titulação em massa descrito por Noh e Schwarz (1990). Para cada material, foram preparadas

três soluções aquosas de NaNO3 0,01 mol/L com valores de pH iguais a 3, 6 e 11. O ajuste do

pH foi feito com soluções aquosas de HNO3 0,1 mol/L e de NaOH 0,1 mol/L. A seguir, cinco

alíquotas de 20,0 mL de cada solução com seu respectivo pH foram transferidas para

erlenmeyers de 125 mL. Logo após, massas distintas dos materiais a serem avaliados foram

adicionadas aos erlenmeyers de modo a se obter para cada um deles suspensões de 5, 10, 15,

20 e 25% (m/v). Os valores de pH de equilíbrio foram medidos após 24 h de agitação a 25 °C

e 130 rpm com um medidor de pH (Hanna Instruments, modelo HI 223). O PCZ foi calculado

no ponto de convergência das três curvas de pH de equilíbrio contra a percentagem de m/v

dos materiais.

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79

4.7 Experimentos de adsorção

Os estudos de adsorção foram feitos para avaliar o desempenho dos adsorventes e as

propriedades dos sistemas de adsorção da Cox e do Box em relação aos corantes catiônicos

VC e AO e do adsorvente CM3 em relação ao corante catiônico VC e ao aniônico AII. Os

ensaios foram feitos em solução aquosa monocomponente para cada corante em estudo.

Todos os experimentos foram feitos em duplicatas e tiveram em comum o seguinte

procedimento: foram realizados em incubadora shaker TECNAL modelo TE-424 operando

com agitação igual a 150 rpm e temperatura controlada de 25 °C. As concentrações das

soluções de corantes foram medidas em espectrofotômetro HP 8453 UV – Visible system. As

leituras das absorbâncias foram feitas no comprimento de onda de 584 nm para o VC, 432 nm

para o AO e 486 nm para o AII. As soluções de corante foram preparadas com água

deionizada em pH ajustado antes da adição dos adsorventes e quando necessário após a adição

dos mesmos. Para os ajustes acrescentaram-se soluções de HCl e NaOH até alcançar o pH

desejado. Os ensaios foram feitos em duplicatas utilizando erlenmeyers de 250 mL com

adição de 20 mg de Box, Cox ou CM3 e 100 mL de solução de corante previamente

termostatizada à 25°C por 3 h. Os estudos de adsorção avaliaram a capacidade de adsorção

em função do pH, em função do tempo de contato (cinética) e em função da concentração de

adsorvato (isoterma).

4.7.1 Capacidade de adsorção em função do pH

Para os estudos de adsorção em função do pH, as concentrações iniciais das soluções de VC e

AO na adsorção por Cox ou Box foram de 200 mg/L e a faixa de pH variou do pH 3 ao 8. Nas

adsorções de VC e AII por CM3, a concentração inicial da solução de VC foi de 450 mg/L e a

de AII foi de 350 mg/L. A faixa de pH para os estudos com VC variou do pH 3 ao 9 e para os

estudos com AII do pH 2 ao 9. Em todos os ensaios supracitados, os tempos de contato foram

de 24 h e após esse tempo, foram retiradas amostras do sobrenadante de cada experimento. As

amostras foram diluídas com água deionizada no respectivo pH de estudo e tiveram as

concentrações analisadas com uso de espectrofotômetro.

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80

4.7.2 Cinética de adsorção

Os estudos cinéticos foram realizados a fim de determinar os tempos de equilíbrio na

adsorção monocomponente de VC e AO por Box ou Cox e de VC e AII por CM3. Além do

tempo de equilíbrio, tais estudos, tiveram como objetivo a elucidação dos mecanismos

cinéticos envolvidos em cada sistema de adsorção. Os ensaios foram conduzidos em pH

definido pelos resultados do estudo de pH. Os estudos com os adsorventes Cox e Box com os

corantes VC e AO, assim como do adsorvente CM3 com o corante VC foram realizados em

pH 8 e os estudos de adsorção do corante aniônico AII por CM3 em pH 2. A concentração

inicial das soluções de ambos os corantes adsorvidos por Cox ou Box foi de 200 mg/L e a

concentração inicial das soluções de VC e de AII adsorvidos por CM3 foram de 450 mg/L e

350 mg/L respectivamente.

4.7.3 Isoterma de adsorção

Os modelos de isoterma de adsorção são importantes para descrever a interação entre

adsorvato e adsorvente e são fundamentais para otimizar o uso dos adsorventes

(HAMDAOUI, 2006). A isoterma de adsorção pode ser obtida a uma temperatura constante

variando-se a razão adsorvente/adsorvato. Neste estudo, esta razão foi alternada mantendo-se

constante a massa dos adsorventes e alternando as concentrações dos adsorvatos. Os ensaios

foram conduzidos em pH definido pelos resultados do estudo de pH. Os estudos com os

adsorventes Cox e Box com os corantes VC e AO, assim como do adsorvente CM3 com o

corante VC foram realizados em pH 8 e os estudos de adsorção do corante aniônico AII por

CM3 em pH 2. Os tempos de contato dos ensaios de adsorção por Cox ou Box foram de 12 h

e 9 h para os experimentos com VC e com AO, respectivamente. Considerando os estudos de

adsorção por CM3, os tempos de contato foram de 12 h e 30 min para o VC e para o AII

respectivamente. As soluções de corante em diferentes concentrações foram preparadas a

partir de água deionizada com pH ajustado e soluções estoque de VC ou AO com

concentrações de 600 mg/L e de AII com concentração de 250 mg/L. Nos ensaios da Cox, do

Box e da CM3 com VC, as concentrações do corante variaram de 100 a 600 mg/g, nos ensaios

da Cox e do Box com AO, as concentrações do corante variaram de 50 a 600 mg/g e nos

ensaios da CM3 com AII, a faixa de concentração foi de 10 a 350 mg/g.

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81

4.7.4 Experimentos de dessorção e reuso dos adsorventes

Para avaliar a possibilidade de reutilização dos adsorventes Cox e Box, foram realizados

experimentos de dessorção dos corantes fixados nos adsorventes e o reuso dos adsorventes em

um novo processo de adsorção. Em sistemas com pH inicial 8, duplicatas de 0,05 g de Cox

ou Box foram carregadas por contato com 100 mL de solução VC 500 mg/L ou solução AO

400 mg/L, durante 12 h de agitação a 25 °C. Os procedimentos adicionais foram os mesmos

descritos na Seção 4.7. Após a etapa de adsorção, cada material foi recuperado por filtração

simples e lavado com excesso de água destilada para remover o montante de corante não

adsorvido. Após secar em estufa a 60 °C durante 6 h, 0,04 g de cada duplicata Cox-VC, Cox-

AO, Box-VC ou Box-AO foram pesados em erlenmeyers de 250 mL em que foram

adicionados 100 mL de solução de dessorção. As soluções de dessorção consistiram em

soluções aquosas de HCl com concentrações de 0,0500 mol/L para dessorção VC e 0,01

mol/L para dessorção de AO. Os experimentos de dessorção foram realizados a 25 °C em

incubadora shaker (Tecnal, modelo TE-424) com agitação de 150 rpm. O tempo de dessorção

foi de 4 h para Cox-VC e Box-VC, e de 2 h para Cox-AO e Box-AO. A concentração de

corante nas soluções de dessorção foi medida como descrito na Seção 4.7. A eficiência de

dessorção foi calculada usando a equação (TEODORO et al., 2016):

)

(4.4)

em que Edes(%) é a eficiência de dessorção, Ce (mg/L) é a concentração de corante na solução

aquosa de HCl no equilíbrio de dessorção, V (L) é o volume de solução de dessorção, QT,max

(mg/g) é a capacidade máxima de adsorção determinada pela carga de Cox e Box com

corantes antes da dessorção e m' (g) é a massa de Cox ou Box contida em cada adsorvente

carregado com VC ou AO (mcor) usado no estudo de dessorção.

A massa de Cox e Box contida em mcor é calculada usando a equação:

)

(

)

(4.5)

Reorganizando e simplificando a Equação 4.5 chega-se a seguinte equação:

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82

)

(

)

(4.6)

Onde mcor (g) é a massa do adsorvente Cox ou Box carregado com CV ou AO.

Para os estudos de reuso dos adsorventes (readsorção), os procedimentos foram os mesmos

descritos na etapa de adsorção (seção 4.7). A massa de adsorventes no reuso foi de 0,020 g e a

eficiência de readsorção foi calculada utilizando a equação:

) (

) (4.7)

Onde ER(%) é a eficiência de readsorção e QRE,max (mg/g) é a capacidade máxima de adsorção

no estudo de readsorção. O valor de QRE,max é calculado usando a equação:

(4.8)

Onde mc (mg) é a massa de corante dessorvida do Cox ou Box e mCR (mg) é a massa de

corante adsorvido em Cox ou Box no estudo de readsorção. Os valores de mc e mCR são

calculados usando as equações:

* ) (

)+ (4.9)

) (4.10)

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83

5 Resultados e discussão

5.1 Celulose e bagaço de cana de açúcar oxidados

5.1.1 Oxidação da celulose e do bagaço de cana de açúcar

As oxidações da Cel e do BCA foram efetuadas por meio de reação com nitrito de sódio

(NaNO2) e ácido fosfórico (H3PO4). Este tipo de oxidação leva a modificações que acontecem

preferencialmente no C-6 das unidades de anidroglicose da celulose (p. 43). Contudo, reações

laterais nos C-2 e C-3 dessas unidades também podem ocorrer reduzindo a cristalinidade das

cadeias de celulose na celulose oxidada (Cox), esse efeito, dependendo de sua intensidade

pode causar a solubilização (hidrólise) da Cox e também da celulose contida na estrutura do

Box e, com isso, inviabilizar o uso destas biomassas oxidadas como adsorventes. O controle

da extensão da oxidação em C-2 e C-3 pode ser feito pela otimização das condições

experimentais tais como temperatura, tempo de reação e proporção dos reagentes (KUMAR e

YANG, 2002; ANDERSON et al., 1998; DE NOOY et al., 1997; ANDERSSON et al., 1990;

PAINTER et al., 1985), assim, visando obter resultados reprodutíveis, confiáveis e com um

número reduzido de reações, este trabalho otimizou as condições de oxidação da Cel e do

BCA por meio do método estatístico de planejamento experimental e análise multivariada.

Há trabalhos na literatura que descrevem procedimentos para oxidação de celulose ou

biomassa lignocelulósica semelhantes à metodologia aqui empregada, contudo, os estudos

previamente publicados apresentam etapas diferentes. De maneira geral, o NaNO2 é

adicionado de forma fracionada após a dissolução da biomassa no H3PO4, nesses

procedimentos, devido à dissolução é preciso fazer o uso de técnicas de precipitação, diálise e

liofilização para a recuperação do produto oxidado (ANDERSSON et al., 1990; PAINTER et

al., 1985; PAINTER, 1977). Neste trabalho, o NaNO2 é adicionado em uma só porção e após

a oxidação da Cel e do BCA, não é preciso, além da lavagem com H2O, de etapas adicionais

para recuperação do produto oxidado. Os processos de otimização da oxidação de Cel e outras

biomassas lignocelulósicas por planejamentos experimentais encontrados na literatura

aplicam técnicas distintas daquela aqui descrita. Além disso, geralmente a oxidação é feita

para melhorar a hidrólise enzimática dessas biomassas e produzir biocombustíveis como o

biogás e etanol. Portanto, os estudos prévios analisam variáveis independentes e respostas

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84

diferentes daquelas aqui avaliadas, tais como digestibilidade enzimática, concentração de

açúcares fermentáveis, proporções de celulose, lignina e hemicelulose fracionadas (HIVECHI

et al., 2015; VASCONCELOS et al., 2013; BANERJEE et al., 2009; KIM e MAZZA 2008),

enquanto este trabalho analisa como resposta o número de funções ácido carboxílico

introduzidas (nCOOH) na matriz celulósica. Nos poucos relatos encontrados na literatura

empregando Cel e/ou BCA oxidados para adsorção, as metodologias de oxidação são

diferentes nos procedimentos e/ou nos reagentes empregados (MARTÍN-LARA et al., 2010;

SAAD et al., 2010; NADA e HASSAN, 2006).

Uma maneira eficiente de otimizar condições experimentais é fazer variar todos os fatores que

influenciam o sistema ao mesmo tempo (análise multivariada), isto porque as variáveis podem

se influenciar mutuamente e o valor ideal para uma delas pode depender do valor da outra.

Esse comportamento é conhecido como interação entre os fatores e acontece com muita

frequência. A otimização de condições experimentais variando mais de um fator ao mesmo

tempo é possível utilizando-se planejamentos experimentais baseados em princípios

estatísticos. Com esses procedimentos é possível extrair do sistema o máximo de informação

útil, fazendo um número mínimo de experimentos (NETO et al., 2001). Um planejamento

experimental construído para estimar coeficientes segundo algum modelo aproximado deve,

dentre outras coisas, proporcionar boas estimativas para todos os coeficientes exigindo poucos

experimentos e fornecer condições de avaliação dos coeficientes e do modelo, ou seja, da

regressão e da falta de ajuste (TEÓFILO e FERREIRA, 2006).

Tendo em vista os benefícios da análise multivariada e buscando uma síntese que implique

em melhores rendimentos na introdução de funções ácido carboxílico na Cel e no BCA, por

meio de oxidação com NaNO2 e H3PO4, este trabalho otimizou a modificação química dessas

biomassas por meio de um planejamento fatorial completo e composto central. As variáveis

independentes avaliadas foram o volume de H3PO4 (v), a massa de NaNO2 (m) e o tempo de

reação (t). A variável dependente (resposta) foi o número de funções ácido carboxílico

(nCOOH) introduzido nas estruturas do BCA e da Cel. Após o processo de otimização, os

materiais obtidos, celulose oxidada (Cox) e bagaço de cana de açúcar oxidado (Box), foram

aplicados na remoção dos corantes catiônicos VC e AO em solução aquosa.

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85

5.1.2 Planejamento fatorial completo 23 com triplicata no ponto central

Os experimentos de triagem para avaliar quais variáveis independentes influenciam as

respostas experimentais foram realizados por meio de planejamento fatorial completo 23 com

triplicata no ponto central gerando, portanto, um total de 11 experimentos (Tabela 4.1, p. 73).

O uso de triplicatas no ponto central possibilita avaliar a significância dos efeitos ou

coeficientes tanto no planejamento de triagem como na metodologia de superfície de resposta,

reduz o risco de se perder a relação não linear entre os intervalos estudados (níveis),

possibilita estimar um modelo razoável e verificar se há falta de ajuste (LIMA et al., 2014;

TEÓFILO e FERREIRA, 2006).

O gráfico de Pareto para a oxidação da Cel (Figura 5.1a) mostra que as variáveis

independentes tempo de reação (10,1), volume de H3PO4 (6,92) e massa de NaNO2 (4,72),

bem como a interação entre o volume de H3PO4 e a massa de NaNO2 (4,34) tiveram efeitos

significativos e com interferência positiva sobre a variável dependente nCOOH. Deve-se notar

que, para a celulose, os efeitos do tempo de reação foram os mais pronunciados em

comparação com as outras variáveis avaliadas. Para a oxidação do BCA, no gráfico de Pareto

apresentado na Figura 5.1b, observa-se que a massa de NaNO2 (6,98) e a interação entre o

volume de H3PO4 e a massa de NaNO2 (6,25) afetaram significativamente e com interferência

positiva a variável dependente. O volume de H3PO4, embora não tenha sido significativo

(4,28) para este sistema, encontra-se próximo ao limiar de apresentar significância (4,303)

para a introdução de funções carboxílicas. Quanto ao fator tempo, em contraste com a

oxidação da Cel, ele não mostrou efeitos significativos sobre a resposta na oxidação do BCA.

Figura 5.1- Gráficos de pareto para introdução de funções ácido carboxílico. (a) Cel e

(b) BCA

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86

Na oxidação da Cel, o fator tempo de reação teve o efeito mais significativo sobre o processo

oxidativo avaliado pela resposta nCOOH. Resultados semelhantes foram relatados por Kumar e

Yang (2002) na oxidação de celulose no sistema H3PO4/HNO3-NaNO2. De acordo com

Laisha e Sharkov (1974), a dependência do grau de oxidação em relação ao tempo deriva da

acessibilidade em relação aos sítios de oxidação e da heterogeneidade do sistema reacional.

Para reações heterogêneas, a acessibilidade é um fator crucial e a reatividade dos sítios ativos

na celulose é claramente controlada pela etapa de quebra das ligações de hidrogênio

intermoleculares, que também afeta o grau de cristalinidade da celulose. Em geral,

aumentando-se o tempo de reação, aumenta-se o grau de oxidação, de introdução de funções

carboxílicas e diminui-se o tamanho das fibras (KLEMM et al., 2005; LAISHA e

SHARKOV, 1974). Portanto, a adequação do tempo de reação é fundamental para se obter o

grau de modificação desejado e preservar uma importante propriedade da celulose de partida

para a produção de adsorventes, que é a insolubilidade em meio aquoso.

A importância do volume de ácido fosfórico, da massa de nitrito de sódio, assim como, as

influências destes para a introdução de nCOOH na Cox e no Box, podem ser vistas sob os

seguintes aspectos: uma vez que o HNO2 é formado a partir da reação entre NaNO2 e H3PO4

ele pode ser facilmente convertido em N2O3 e depois em NO.2 e NO

.. Estas últimas espécies,

em especial o NO.2 que é formado em grande quantidade, apresentam elétrons

desemparelhados e são responsáveis pela abstração de hidrogênio da celulose e pelo ataque a

intermediários que produzem a Cox ou o Box (Figura 5.2, p. 87) (KUMAR e YANG, 2002).

Outro elemento importante é a espuma que é formada pela produção de N2O3 in situ devido à

reação entre H3PO4 e NaNO2. Este fenômeno é considerado decisivo para a oxidação das

AGU, pois, previne o desprendimento do agente oxidante para a atmosfera e garante o seu

contato com o biopolímero de celulose, sendo que a pressão dentro das bolhas é um

componente essencial para a oxidação das biomassas. Dentro dos limites estudados, a massa

de NaNO2 inserida no sistema influencia favoravelmente na formação da espuma e dos

agentes oxidantes, daí, sua crucial relevância para a inserção de funções carboxílicas,

principalmente para o BCA, matriz para a qual esse fator mostrou provocar efeitos mais

significatvos. A resposta para a variação da massa de NaNO2 nos experimentos com BCA

mostra que a maior complexidade estrutural dessa matriz em relação a Cel exige maiores

quantidades de agente oxidante para uma oxidação mais efetiva. Esse efeito decorre do fato de

que parte dos agentes oxidantes pode estar envolvida em reações com frações de lignina e

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87

hemicelulose no BCA, além disso, esses constituintes tornam mais difícil o acesso dos

agentes oxidantes às cadeias de celulose e fazem com que o emprego de uma maior

concentração de NaNO2 seja necessário para acelerar a oxidação (BADIEI et al., 2014;

MAZIERO et al., 2012; NADA e HASSAN, 2006). É preciso frisar que, embora seja

favorável dentro dos limites estudados, o acréscimo de nitrito de sódio em excesso pode levar

à formação de quantidades indesejadas de fosfato de sódio e, desta maneira, ocasionar a

fragilização da espuma produzindo consequências negativas para o grau de oxidação

(PAINTER et al., 1985). A ação do H3PO4 interfere favoravelmente na oxidação das

biomassas, à medida que provoca o inchamento das cadeias de celulose e facilita o acesso das

espécies oxidantes aos sítios de oxidação (PAINTER et al., 1985). Apesar disso, assim como

no caso do NaNO2, é preciso cuidado com o acréscimo desse ácido ao sistema, pois, aumentos

excessivos na proporção de H3PO4 em relação à massa de Cel ou de BCA podem acarretar

aumentos na oxidação de grupos hidroxila secundários, elevando a formação de cetonas e

também a hidrólise das cadeias de celulose (ANDERSSON et al., 1990). No gráfico de Pareto

(p. 85) observa-se que os efeitos do volume de H3PO4 foram substancialmente pronunciados

na oxidação da Cel, mas não apresentaram significância estatística na oxidação do BCA. No

entanto, é preciso notar que o valor dos efeitos deste fator sobre a resposta está muito próximo

do limite de tornar-se significativo e, por este motivo, o volume de H3PO4, também foi

avaliado no modelo de superfície de resposta do BCA. Estudos sugerem que H3PO4 também

atua na hidrólise ácida de hemiceluloses e em menor grau na hidrólise ácida de lignina e

celulose, reduzindo assim a contribuição desse fator para a oxidação do BCA

(VASCONCELOS et al., 2013; RESENDE et al., 2011; ANDERSSON et al., 1990 LAISHA

e SHARKOV, 1974).

Figura 5.2 - Mecanismo de oxidação da celulose por NaNO2/H3PO4

H3PO4 + NO2 H2PO4 + HNO2

2 HNO2 N2O3 + H2O NO2 + NO + H2O

Cel-CH2-OH

Abstração dohidrogenio

Cel-CH-OH Cel-CH-OH Cel-CHO Cel-C=ONO2

NO2-HNO2

Abstração dohidrogenio

Cel-C=O

NO2

HNO2

NO2

HNO2

NO2Cel-C=O

NO2

H2OCel-COOH

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88

5.1.3 Modelo de superfície de resposta

O modelo de regressão em termos das variáveis decodificadas foi gerado a partir do

planejamento composto central (CCD) nos níveis (-1, 0, +1 e ±1,682). Para a composição do

CCD foram adicionados 6 pontos axiais passando pelo ponto central do planejamento fatorial

de triagem. A equação polinomial de segundo grau em termos da variável dependente

(nCOOH), para a Cox e para o Box foi definida como descrito a seguir:

nCOOH= a0 + a1t +a2v + a3m + a4t2 + a5v

2 + a6m

2 + a7tv + a8tm + a9vm (5.1)

em que nCOOH é a variável dependente, a0, a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7, a8 e a9 são os coeficientes de

regressão obtidos pelo ajuste do modelo aos dados experimentais, t é o tempo de reação (h), v

é o volume de ácido fosfórico (mL) e m é a massa de nitrito de sódio (mg).

Na Tabela 5.1 são mostrados os p-valores e os coeficientes de regressão em termos das

variáveis decodificadas. Nesta tabela, pode-se ver que para a Cox somente os coeficientes das

interações de segunda ordem não foram significativos (p > 0,05). Com relação ao Box, o

termo relacionado à constante, a0, os coeficientes lineares para m (a2) e para v (a3), o

coeficiente quadrático para m (a6) e o coeficiente para a interação de segunda ordem vm (a9),

apresentaram efeitos significativos (p < 0,05) para a resposta (nCOOH).

Tabela 5.1 - Significância dos coeficientes de regressão em termos das variáveis

independentes

Cel BCA

Coeficientes de

regressão

Coeficientes em termos

das variáveis

decodificadas

p‒valor

Coeficientes em termos

das variáveis

decodificadas

p‒valor

a0 ‒1,900 0,000 1,630 0,000

a1 1,080 0,001 0,328 0,119

a2 0,427 0,001 0,0759 0,009

a3 0,00531 0,003 0,00415 0,003

a4 ‒0,0925 0,004 ‒0,0309 0,188

a5 ‒0,0220 0,000 ‒0,00634 0,106

a6 ‒0,000005 0,008 ‒0,000005 0,014

a7 0,0103 0,314 0,00286 0,777

a8

as

‒0,000048 0,809 0,000030 0,881

a9 0,000174 0,060 0,000193 0,047

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89

A maneira mais confiável de se avaliar a qualidade do ajuste do modelo é empregando a

análise de variância (ANOVA) (TEÓFILO e FERREIRA 2006). Assim, os modelos de

superfície de resposta gerados a partir das equações decodificadas (5.2 e 5.3) foram avaliados

em termos desta metodologia. Os coeficientes de correlação (R2) iguais a 0,9883 para os

estudos com Cel e de 0,9881 para os estudos com BCA, revelam que os modelos de regressão

são capazes de predizer adequadamente 98,81% e 98,83% das variações das respostas em

função das variáveis independentes nos estudos de oxidação da Cel e do BCA,

respectivamente. As análises das variâncias dos modelos de superfície de resposta podem ser

vistas na Tabela 5.2. A ANOVA mostra que os modelos avaliados tiveram uma regressão

significativa (p < 0,05) e uma falta de ajuste não significativa (p > 0,05), portanto, podem ser

considerados apropriados para fazer estimativas e descrever a região de proporção ótima dos

fatores independentes para a resposta dentro dos níveis estudados.

Tabela 5.2 - ANOVA dos modelos de regressão Cox e Box

Fator GL SQ MQ Valor de F p-valor

BCA

Regressão 10 37,1 3,71 49,65 0,0000

Falta de ajuste 4 0,424 0,106 8,920 0,103

Erro puro 2 0,0238 0,0119

Total SS 16 37,5

Celulose

Regressão 10 35,8 3,58 50,5 0,000

Falta de ajuste 4 0,367 0,091 3,12 0,257

Erro puro 2 0,0589 0,0294

Total SS 16 36,2

GL (graus de liberdade), SQ (soma dos quadrados), MQ (média quadrática)

nCOOH,Cox = -1,90 + 1,080 T + 0,4270 V + 0,00531 m - 0,0925 T2

- 0,02205 V2 - 0,000005 m

2

+ 0,01035 TV - 0,000048 Tm + 0,000174 Vm (5.2)

nCOOH, Box = 1,63 + 0,328 T + 0,0759 V + 0,00415 m - 0,0309 T2

- 0,00634 V2

- 0,000005 m2

+

0,00286 TV + 0,000030 Tm + 0,000193 Vm (5.3)

Na Figura 5.3 (p. 90) são exibidos os gráficos de superfície de resposta e as linhas de contorno

geradas a partir das equações 5.2 e 5.3. Nesta Figura, pode-se ver que ao fixar o tempo de

reação no ponto central (5 h), as regiões que apresentam melhores resultados em termos de

nCOOH são encontradas quando 500 ≤ m ≤ 970 mg, e 11L ≤ v ≤ 19 mL tanto para o BCA

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90

quanto para a Cel. Esta observação vai de encontro com os dados experimentais obtidos neste

trabalho, onde, os maiores nCOOH, foram encontrados no tempo igual a 5 h com os valores de

m e v dentro da faixa mencionada.

Figura 5.3 – Superfície de resposta e linhas de contorno para as oxidações da Cel e do

BCA

5.1.4 Caracterização dos materiais

5.1.4.1 Celulose e bagaço de cana de açúcar oxidados

5.1.4.2 Percentagem do ganho de massa da Cox e da CM3 e da perda de massa do Box

As percentagens do ganho de massa da Cox em relação a Cel e da perda de massa do Box em

relação ao BCA foram calculadas conforme as equações 4.1 e 4.2, ítem 4.6.1. Após a

oxidação da Cel, observou-se um ganho de massa de 7,7% devido à conversão dos grupos

hidroxilas primárias em grupos ácido carboxílico aumentando a massa molar das AGU

(ANDERSSON et al., 1990). No caso da oxidação do BCA, observou-se uma perda de massa

030060

3

4

5

030 5

009

15

10

5

20

6

g/lomm(HOOCn )

odicá ed .lo Losfórico (mV )f

tirtin ed assa g de sódio (mM )o

h5 opmeT adadixo esoluleC

Massa de nitrito de sódio (mg)

Vo

lum

e d

e á

cid

o f

osfó

rico

(m

L)

900800700600500400300200

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

>

< 3,0

3,0 3,5

3,5 4,0

4,0 4,5

4,5 5,0

5,0 5,5

5,5 6,0

6,0

NF.

Celulose oxidada Tempo 5h

nCOOH

00306 0

3

4

003 5

009

15

01

5

20

5

OOH (mmol/g) Cn

odicá ed .loV )Lm(ocirófsof

M )gm( oidós ed otassa de nitr

agaço de cana oxidado Tempo 5B h

Massa de nitrito de sódio (mg)

Vo

l. d

e á

cdo

fosf

óri

co (

mL

)

900800700600500400300200

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

>

< 3,0

3,0 3,5

3,5 4,0

4,0 4,5

4,5 5,0

5,0

NF

Bagaço de cana oxidado Tempo 5h

nCOOH

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91

de 18,4%. Esta perda pode ser explicada pelas condições ácidas e pela presença de espécies

oxidantes capazes de degradar e aumentar a solubilidade de biopolímeros como hemicelulose

e lignina (RESENDE et al., 2011).

A reação de oxidação para a introdução dos grupos ácidos carboxílicos na Cel e no BCA é

apresentada na Figura 5.4. O interessante em introduzir tais grupos nestas biomassas é que

eles podem dissociar-se em meio básico e produzir grupos carboxilatos (COO-). Os grupos

carboxilatos são portadores de cargas negativas estabilizadas por ressonância e podem

interagir com corantes catiônicos como o VC e o AO por meio de interação eletrostática

removendo-os de soluções aquosas por adsorção (GUSMÃO et. al 2012; HUBBE et. al.,

2012).

Figura 5.4- Oxidação da celulose por NaNO2/H3PO4

OOHO

OHO

OH

Celn

NaNO2 / H3PO4

OOHO

OHO

OH

Coxn

O

NaNO2 / H3PO4OH

BCA

OH

BoxO

T = 25oC

T = 25oC

5.1.4.3 Determinação do número de funções ácido carboxílico na Cox e no Box

O nCOOH na Cox e no Box foi determinado por retrotitulação ácido-base e aplicando-se a

equação 4.3 (p. 77). Desta maneira, verificou-se haver 4,8 mmol/g e 4,5 mmol/g de funções

carboxílicas em Cox e em Box, respectivamente. Para Cox, este resultado corresponde a uma

modificação de 85% das hidroxilas primárias da celulose de partida. Tal valor representa um

alto grau de conversão. Os dados de literatura de nCOOH para celulose oxidada estão em uma

faixa de 0.2-4 mmol/g o que representa um grau de conversão de até 70,8% (XU et. al., 2014;

HIROTA, et. al., 2009; KUMAR e YANG 2002). Para Box, embora tenha sido observada

uma perda de massa, obteve-se um valor elevado de nCOOH, demonstrando que o método

otimizado neste estudo pode ser aplicado com sucesso a um resíduo agrícola e gerar um

produto com maior valor agregado.

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92

5.1.4.4 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)

Os espectros FTIR da celulose (Cel) e da celulose oxidada (Cox), do bagaço de cana-de-

açúcar (BCA) e do bagaço de cana-de-açúcar oxidado (Box) são apresentados nas Figuras

5.5a e 5.5b, respectivamente. Observando estas Figuras, é possível notar deslocamentos e

alterações nas intensidades de diversas bandas características dos espectros da Cel e do BCA

em relação aos materiais oxidados. Essas modificações nos respectivos espectros, evidenciam

mudanças nos arranjos cristalinos, rompimento de ligações de hidrogênio e introdução de

grupos ácidos carboxílicos devidas aos processos de oxidação (OH et al., 2005 e

AKERHOLM et al., 2004; LAISHA e SHARKOV,1974,).

Na Figura 5.5a, podem-se destacar, dentre outros, os seguintes deslocamentos de bandas no

espectro FTIR da Cox em relação ao da Cel: de 2905 para 2923 cm-1

referente a estiramentos

de ligações C-H; de 1644 para 1631 cm-1

de banda associada a deformações planares de

moléculas de água adsorvidas na Cel e na Cox (HATAKEYAMA et al., 1976); de 1339 para

1295 cm-1

de banda referente a torção de ligações C-O-H; e o deslocamento de 1314 para

1258 cm-1

de banda atribuída a torção e ligações CH2 (OH et al., 2005). Dentre as notáveis

reduções nas intensidades dos picos de FTIR da Cox em relação à Cel, estão aquelas vistas

nas bandas em 1432, 1376, 1165 e1115 cm-1

, estas bandas estão relacionadas,

respectivamente, a vibrações do tipo balanço de ligações de CH2 e torção de ligações C-O-H

(C-6) no plano; torções de ligações C-H; estiramento de ligações C-O-C (β 1-4) das unidades

de AGU; e a estiramentos de ligações C-O nos C-2, C-3 e C-6 (OH et al., 2005; AKERHOLM

et al. 2004; HATAKEYAMA et al., 1976 e NELSON e O’CONNOR 1964). A principal

evidência da oxidação no C-6 das AGU da Cel é o aparecimento da banda 1728 cm-1

no

espectro da Cox. Esta banda pode ser atribuída a estiramentos de ligações C=O de grupos

ácidos carboxílicos introduzidos devido a reação de oxidação (PEHLIVAN et al., 2013).

Na Figura 5.5b, as principais diferenças do espectro FTIR do Box em relação ao espectro

FTIR do BCA são: a redução da intensidade das bandas em 1519 e 1600 cm-1

no espectro do

Box. Essas bandas podem der atribuídas a vibrações de anéis aromáticos de unidades de

sinringila e guaiacila, respectivamente, em ambos os materiais. A redução na intensidade

dessas bandas indica a diminuição do teor de lignina do Box em relação ao BCA como

consequência do processo de oxidação (BRENELLI, 2016). Observa-se também na Figura

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93

5.5b, uma relevante intensificação da banda em 1736 cm-1

no espectro do Box. Esta banda, no

BCA pode ser associada a estiramentos C=O de grupos ácidos carboxílicos de moléculas que

compõe as estruturas de lignina e hemicelulose. O aumento da intensidade da banda em 1736

cm-1

no espectro do Box, associa-se à adição de grupos ácidos carboxílicos decorrente do

processo de oxidação (PEHLIVAN et al., 2013).

Figura 5.5 – Espectros FTIR da (a) Cel, Cox, (b) BCA e Box

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

30

40

50

60

70

80

1432

Tra

nsm

itan

cia

(%)

Número de onda (cm-1)

Cel

Cox

(a)

1631

1644

1376

1339

1314

1165

1115

2905

2923

40

45

50

55

60

65

1728

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

1736

Tra

nsm

itan

cia(

%)

Número de onda (cm-1

)

BCA

_____Box

1600

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

1519

(b)

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94

5.1.4.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

A Cox também foi caracterizada por espectroscopia de RMN de 13

C no estado sólido. O

espectro de RMN de 13

C da Cox (Figura 5.6) sugere que frações de celulose não oxidada estão

presentes no produto da reação de oxidação. Essa constatação deve-se aos sinais a 62 ppm e

93 ppm, que correspondem respectivamente aos carbonos C-6 e C-4 da celulose de partida.

Assim, este resultado corrobora a resposta encontrada pela avaliação do nCOOH introduzidos na

Cox que indicaram um grau de modificação de 85% dos grupos hidroxilas primários da

celulose de partida. Os sinais a 104 ppm e 83 ppm correspondem respectivamente aos átomos

de carbono anoméricos em C-1 e C-4 da Cox, (BRENELLI et al., 2016). O sinal a 73 ppm

pode ser atribuído à superposição de sinais de C-2, C-3 e C-5. A principal evidência da

formação de Cox é a presença de um sinal forte a 172 ppm, o que pode ser atribuído ao

carbono carbonílico do grupo ácido carboxílico. Também está presente um sinal fraco a 228

ppm, sugerindo que também pode ter ocorrido formação de cetona em C-3 ou C-2. A

formação de cetona não deve afetar negativamente o comportamento do material na absorção

do corante, uma vez que a cetona é um grupo polar com pares de elétrons não compartilhados.

Devido à presença de uma mistura de polímeros oxidados, o Box não foi analisado por

espectroscopia de RMN de 13

C.

Figura 5.6 - Espectro RMN de 13

C da celulose oxidada (Cox)

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95

5.1.4.6 Análise termogravimétrica (TGA)

As curvas termogravimétricas (TGA) e derivadas (DTG) para Cel, Cox, BCA e Box são

mostradas na Figura 5.7 (p. 96 e 97). Como pode ser visto na Figura 5.7 a-d, entre 44 e 55°C,

há uma pequena perda de massa inicial em todos os materiais que representa

aproximadamente 6-11% da perda de massa total, tal perda de massa é atribuída à vaporização

de água contida nas amostras. As curvas TGA para Cel e Cox exibiram um evento principal

de decomposição cada uma, nas quais, a maior diferença entre elas é uma diminuição drástica

da temperatura máxima de decomposição, Tm,2 (pico DTG) da Cox. A Tm,2 para Cel foi 369

°C e a Tm,2 para Cox foi 243 °C, esses resultados mostram haver uma menor estabilidade

térmica para a Cox e que a conversão química da Cel para Cox foi bem sucedida (KUMAR e

YANG 2002). A curva TGA do BCA apresentou dois eventos principais de decomposição,

onde, os picos de DTG a Tm,2 = 317 °C para o BCA são atribuídos à decomposição de

hemicelulose e celulose que se degradam mais rapidamente do que a lignina (Tm,3 = 379 °C)

(VARHEGYI, 1989). Na curva TGA para o Box (Figura 5.7d), há também dois principais

eventos de decomposição, isto demonstra que lignina e hemicelulose oxidadas ainda estão

presentes no produto final. Assim como foi observado para a Cox em comparação com a Cel,

o Box exibiu uma drástica redução na temperatura máxima de decomposição em comparação

com o BCA, Tm,2 (de 317°C para 253°C) e Tm,3 (de 379°C para 309°C), revelando assim, a

menor estabilidade térmica do Box em relação ao BCA.

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96

Figura 5.7 Análises termogravimétricas (TGA) e derivada das curvas

termogravimétricas (DTG) para (a) celulose (Cel), (b) celulose oxidada (Cox), (c) Bagaço

de cana (BCA) (d) Bagaço de cana oxidado (Box)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

TGA

DTG

Temperatura (oC)

Per

da

de

mas

sa,

W (

%)

(a) Celulose (Cel)

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5(T

onset = 347)

dW

/dT

(%

/oC

)

(TD,2

= 259)

(TM,2

= 369)

(TD,1

= 20)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Per

da

de

mas

sa,

W (

%)

Temperatura (oC)

TGA

-0,9

-0,8

-0,7

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

0,1(b) Celulose oxidada (Cox)(T

onset = 198)

DTG

dW

/dT

(%

/oC

)

(TD,2

= 152)

(TD,1

= 20)

(TM,2

= 243)

Continua

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97

Continuação Figura 5.7

0 100 200 300 400 500 600 700 800

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100P

erd

a d

e m

assa

, W

(%

)

Temperatura (oC)

TGA

(TD,1

= 14) (c) Bagaço de cana (BCA)

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2(T

onset = 271)

DTG

dW

/dT

(%

/oC

)

(TD,2

= 175)

(TD,3

= 333)

(TM,2

= 317)

(TM,3

= 379)

(TM,1

= 49)

0 100 200 300 400 500 600 700 800

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Per

da

de

mas

sa,

W (

%)

Temperatura (oC)

(Tonset

= 208)

TGA

(TD,1

= 15)

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

0,1

DTG

dW

/dT

(%

/oC

)

(TD,2

= 122)

(TD,1

= 293)

(TD,3

= 309)

(TM,2

= 253)

(d) Bagaço de cana oxidado (Box)

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98

5.1.4.7 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Na Figura 5.8a-d (p. 99) são mostradas as imagens de MEV da Cel e da Cox com ampliações

de 60 e 500x. Na Figura 5.8a (Cel-60x), observa-se que a celulose bruta apresenta grande

parte das fibras conservadas mesmo tendo passado por um processo de moagem. No entanto,

é possível ver por meio da Figura 5.8b, Cel magnificada 500x, que em algumas fibras houve

degradação parcial. Na Figura 5.8c (Cox-60x) observa-se que ocorreu degradação das fibras

celulósicas durante o processo de oxidação e, por isso, a Cox não se apresenta em forma

fibrilar e sim com uma grande heterogeneidade de tamanhos e formas. Na Figura 5.8d (Cox-

500x) é possível notar a heterogeneidade superficial das partículas da Cox incluindo a

presença de poros com diferentes tamanhos (CHAVAN et al., 2002).

Na Figura 5.8e-h (p. 100) são exibidas as imagens de MEV do BCA e do Box ampliadas 60 e

500x. Na Figura 5.8e (BCA-60x) mostra-se que após a moagem, o BCA apresenta partículas

de tamanhos e formas diferentes. Essa característica é resultado da heterogeneidade dos

elementos celulares, como frações de fibras e de medula. Na Figura 5.8f (BCA-500x), é

possível ver que as frações de fibra e de medula foram parcialmente degradadas durante o

processo de moagem do BCA. Nas Figuras 5.8g (Box-60x) e 5.8h (Box-500x) observam-se

que as fibras foram expostas devido à oxidação de frações de lignina e hemicelulose e que a

solubilização destas macromoléculas leva ao aparecimento de poros e fissuras na superfície

dos fragmentos de fibra e medula (FERREIRA et. al., 2015).

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99

Figura 5.8 – MEV Cel, Cox, BCA e Box. Ampliações de 60 e 500x

Continua

(a) (b)

(c) (d)

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100

Continuação Fgura 5.8

a (Cel-60x), b (Cel-500x), c (Cox-60x) d (Cox-500x), d (BCA-60x), e (BCA-500x), f (Box-

60x) g (Box-500x).

5.1.4.8 Ponto de Carga Zero (PCZ)

A análise do pH-PCZ (Figura 5.9, p. 101) retrata a influência do pH sobre a distribuição de

cargas na superfície dos adsorventes Cox e Box. Nesta perspectiva, sistemas que operam com

valores de pH acima do valor do pH-PCZ conferem uma predominância de cargas negativas

na superfície do adsorvente, enquanto que sistemas que operam com valores de pH abaixo do

pH-PCZ proporcionam uma predominância de cargas positivas na superfície do adsorvente.

(e) (f)

(g)

)

(h)

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101

Os resultados das análises pH-PCZ foram 2,70 e 2,72 para a Cox e para o Box

respectivamente. Assim, a adsorções dos corantes catiônicos VC e AO por Cox e Box tornam-

se favoráveis em sistemas que trabalham com valores de pH acima de 2,72 para ambos os

adsorventes (RAMOS et al., 2016). Estes resultados encontram apoio nos estudos de pH (p.

102) que confirmam uma boa capacidade de adsorção para ambos os corantes pelos dois

adsorventes em soluções com pH a partir de 3.

Figura 5.9 - pH-PCZ (a) Cox e (b)Box

0,000

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00

pH

% mássica (m/v)

(b)

pH 3

pH 6

pH 11

(a)

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102

5.1.5 Experimentos de adsorção Cox, Box

5.1.5.1 Adsorção em função do pH

A influencia do pH para adsorção dos corantes VC e AO (Figuras 2.7 e 2.8, p. 13) pelos

adsorventes Cox e Box foi avaliada com ensaios na faixa de pH 3 a 8. Os estudos foram feitos

com temperatura de 25°C, agitação de 150 rpm e tempos de contato de 24 horas. Os volumes

de soluções de corantes (200 mg/L) foram de 100 mL e as massas de adsorventes foram de

20 mg para cada ensaio.

O pH da solução de adsorção é um parâmetro que afeta significativamente a remoção de

adsorvatos carregados, como VC e AO, sobre adsorventes que contêm grupos ionizáveis

ácido carboxílico, como Cox e Box. Na Figura 5.10a (p. 103), observa-se que a capacidade de

adsorção de VC por Cox aumenta à medida que o pH da solução aumenta e um patamar é

atingido no pH 6. Já na adsorção de AO por Cox (Figura 5.10b, p. 103), também ocorre um

aumento da capacidade de adsorção com a elevação do pH, contudo, não foi alcançado um

patamar para a capacidade de adsorção dentro da faixa de pH estudada. Os respectivos perfis

das curvas de adsorção de VC e AO por Cox em função do pH, exibem comportamentos

distintos correlacionados com o aumento do pH. Tal constatação é um indicativo de possíveis

mudanças no mecanismo de adsorção com a alternância desses adsorvatos quando adsorvidos

por Cox. Como pode ser visto nas Figuras 5.10a e 5.10b (p. 103), as capacidades de adsorção

em pH 3 de Cox para VC (457,5 mg/g) e AO (245,0 mg/g) e de Box para VC (535,7 mg/g) e

AO (207,4 mg/g) podem ser consideradas expressivas mesmo neste baixo valor de pH. Este

resultado mostra a boa concordância entre os estudos de pH com os estudos de pHPCZ que

apontaram uma superioridade de cargas negativas na superfície de ambos os adsorventes em

soluções com pH acima de 2,72, assim, tanto Cox quanto Box têm eficazes capacidades de

adsorção mesmo a valores baixos de pH. Uma tendência semelhante foi observada por

Gusmão et al. (2012) para a adsorção dos corantes catiônicos azul de metileno e violeta de

cristal por bagaço de cana-de-açúcar succinilado (SCB 2), que também é um adsorvente

contendo grupos ácido carboxílico em sua superfície.

Considerando que não foi atingido um patamar na curva da capacidade de adsorção de AO

por Cox em função do pH, é possível que dentro das condições estudadas não tenha ocorrido a

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103

saturação do adsorvente por esse adsorvato. No entanto, estudos demonstraram (GOLDACRE

e PHILIPS, 1949) que existe a possibilidade de modificação estrutural do AO em valores de

pH superiores a 8, assim, para evitar qualquer degradação do corante o pH 8 foi considerado

como condição ótima para a adsorção de AO por Cox. Para fins de comparação, os estudos

subsequentes de adsorção de VC e AO por Cox ou Box, em função do tempo de contato e da

concentração inicial de corante, foram realizados em pH 8.

Figura 5.10- Capacidades de adsorção (qe) dos corantes VC e AO por Cox e por Box em

função do pH

2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5

0

100

200

300

400

500

600

700

800 Cox-VC(a)

pH

0

100

200

300

400

500

600

700

800 Cox-AO

qe (

mg/g

)

qe (

mg/g

)

C

O

OH

C

O

Redução do pH

Aumento do pH

Cox

ou

Box

OCox

ou

Box

3 4 5 6 7 8

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

C

O

OH

C

O

Redução do pH

Aumento do pH

Cox

ou

Box

OCox

ou

Box

Box-VC

Box-AO

qe(m

g/g

)

pH

(b)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

qe(m

g/g

)-A

O

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104

5.1.5.2 Estudos cinéticos

Prever a taxa na qual a adsorção de um poluente ocorre em um sistema particular é

provavelmente o fator mais importante na concepção de um sistema de adsorção (HO, 2006).

Neste trabalho, as constantes das taxas de adsorção e os tempos de equilíbrio na adsorção de

VC e AO por Cox e Box foram determinados por estudos cinéticos conduzidos em pH 8, com

temperatura controlada de 25 °C e agitação de 150 rpm. Os ensaios foram realizados variando

o tempo de contato entre as soluções dos corantes (100 mL) e as massas dos adsorventes (20

mg). Os mecanismos de adsorção dos corantes em Cox e Box foram avaliados por quatro

modelos cinéticos: pseudo-primeira ordem (PPO), pseudo-segunda ordem (PSO), Elovich

(EE) e difusão intrapartícula (DIP). O ajuste dos modelos, PPO, PSO e EE aos dados

experimentais foi feito por análise de regressão não linear com o software Microcal OriginPro

2015, o algoritmo de interação foi o Levenberg Marquardt com peso estatístico. Os modelos

que apresentaram melhores descrições das cinéticas de adsorção foram determinados pelos

coeficientes de determinação R2 e qui-quadrado reduzido (Xred

2) (RAMOS et al., 2016).

Nas Figuras 5.11a e b (p. 105) são mostradas as curvas das análises de regressão dos modelos

de PPO, PSO e EE aos dados experimentais. Na tabela 5.3 (p. 106) são exibidos os

parâmetros estimados por esses modelos cinéticos. Como pode ser visto na Figura 5.11a, os

tempos de equilíbrio de adsorção (te) para a adsorção de VC e AO em Cox foram alcançados

após 720 min (12 h) e 540 min (9 h), respectivamente. Na Figura 5.11b mostra-se ainda que

os tempos de equilíbrio de adsorção para VC e AO em Box foram atingidos após 540 min (9

h) e 300 min (5 h), respectivamente. Comparando os valores dos coeficientes de

determinação, R2 e Xred

2 mostrados na Tabela 5.3 (p. 106), pode-se observar que a adsorção

de VC por Cox foi mais bem ajustada pelo modelo de Elovich e, portanto, a quimissorção

pode ser considerada a etapa que controla a taxa de adsorção neste sistema. Conforme

sugerido pelos princípios do modelo EE, na adsorção de VC por Cox pode haver uma

variação na energia de adsorção com o aumento da cobertura superficial do adsorvente. O

modelo de EE ainda propõe a existência de heterogeneidade na natureza dos sítios ativos na

superfície do adsorvente resultando em diferentes energias de ativação para a quimissorção

(MCKAY et. al., 2002). Em relação à adsorção de AO por Cox, o melhor ajuste foi

encontrado usando o modelo PPO, portanto, supõe-se que a taxa de adsorção é proporcional à

concentração de AO em solução e que a adsorção pode ser influenciada pela difusão deste

adsorvato no filme entre a massa fluida e o adsorvente Cox (SALLEH et al., 2011; HO e

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105

MCKAY, 1998). A adsorção de VC e de AO por Box foi mais bem descrita pelo modelo

PSO. Por conseguinte, supõe-se que para estes sistemas a etapa limitante da taxa de adsorção

pode estar sendo governada por quimissorção envolvendo a partilha ou a troca de elétrons

entre o adsorvente e o adsorvato (HO e MCKAY, 1999).

Figura 5.11 Cinéticas de adsorção de PPO, PSO e EE dos corantes VC e AO por Cox e

por Box

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Cox-VC

Cox-AO

PPO

PSO

E. Elovich

qt(m

g/g

)

Tempo (min)

(a) Cox-VC

Cox-AO

0,0000003,3333336,6666669,99999913,33333216,66666519,99999823,33333126,666664

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Box-VC

Box-Au

PPO

PSO

E. Elovich

qt(

mg

/g)

Tempo (min)

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

900

950(b) Box-VC

Box-AO

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106

Tabela 5.3 - Parâmetros dos modelos cinéticos PPO, PSO e EE para a adsorção

de VC e AO por Cox e Box

Parâmetros Cox‒CV Cox‒AO Box‒CV Box‒AO

qe,exp (mg/g) 775,0 437,4 868,8 504,6

qe,exp (mmol/g) 2,080 1,630 2,332 1,880

PPO

k1 (min‒1

) 7,140 × 10-3

1,230 × 10-2

0,044 0,0851

qe,est (mg/g) 715,2 425,7 804,48 496,5

qe,est (mmol/g) 1,919 1,586 2,159 1,850

R2 0,9164 0,9958 0,8365 0,850

Xred2 9,228 0,4342 5,704 0,698

PSO

k2 (g/mg.min) 9,893 × 10-6

2,890 × 10-5

8,22 × 10-5

3,680 ×10-4

qe,est (mg/g) 832,6 482,5 845,9 509,6

qe,est (mmol/g) 2,234 1,798 2,270 1,899

R2 0,9667 0,9885 0,955 0,9956

Xred2 3,681 1,183 1,555 0,02026

Elovich

α (mg/g.min) 16,73 14,93 1267 1,086×107

β (g/mg) 6,100 × 10-3

1,065 × 10-2

1,1 x 10-2

3,830 × 10-2

R2 0,9766 0,9543 0,953 0,7992

Xred2 2,576 4,731 1,620 0,9382

O modelo cinético DIP também foi investigado para avaliar os mecanismos da cinética de

adsorção dos corantes VC e AO por Cox e por Box. Na Figura 5.12 (a-d) (p. 107) são

apresentados os gráficos de qt versus t1/2

a partir dos dados obtidos nos estudos cinéticos

desses sistemas. Avaliando-se o perfil dos gráficos, nota-se que a relação, t1/2

versus qt, não é

linear para nenhum dos sistemas considerados. Isso indica que a difusão dos corantes através

dos poros dos adsorventes não pode ser considerada como a única etapa que determina as

velocidades de adsorção destes sistemas. A multilinearidade exibida pelos gráficos aponta

para cinética de adsorção governada por mais de uma etapa, em que: a primeira etapa de

adsorção é rápida, e provavelmente acontece por meio de uma forte atração eletrostática, entre

os corantes e as superfícies externas dos adsorventes. A segunda etapa de adsorção é gradual,

e pode ser atribuída à difusão das moléculas dos corantes pelos poros dos adsorventes. A etapa

final ou terceira etapa refere-se à adsorção de equilíbrio, em que todos os sítios ativos dos

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107

adsorventes estão ocupados pelas moléculas de corante (AHMAD et al., 2009). A tabela 5.4

(p. 108) exibe os valores das taxas de adsorção K, e os valores de C que representam a

espessura das camadas de corante adsorvidas nos adsorventes.

Figura 5.12 - Cinéticas de adsorção DIP dos corantes VC e AO por Cox e por Box

5 10 15 20 25 30 35 40

200

300

400

500

600

700

800

Cox-Vc

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

qt (m

g/g

)

t1/2

(min1/2

)

(a) Cox-VC

5 10 15 20 25 30 35 40

100

150

200

250

300

350

400

450

Cox-AO

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

qt (

mg/g

)t^1/2

(min 1/2

)

(b) Cox-AO

0 5 10 15 20 25 30 35 40

400

500

600

700

800

900

Box-VC

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

qt(

mg/g

)

t^1/2

(min^1/2

)

(c) Box-VC

0 5 10 15 20 25 30 35 40

360

380

400

420

440

460

480

500

520

Box-AO

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

qt(

mg/g

)

t1/2

(min1/2

)

(d) Box-AO

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108

Tabela 5.4 - Parâmetros do modelo cinético DIP para a adsorção de VC e AO

por Cox e Box Parâmetros Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3

Cox-VC

K (mg/g.min) 34,21 25,62 2,529

C(mg/g) 31,73 101,4 680,5

R2 0,9088 0,9652 0,9652

Cox-AO

K (mg/g.min) 25,21 6,253 0,6182

C(mg/g) 42,69 288,2 415,88

R2 0,9967 0,9834 0,3167

Box VC

K (mg/g.min) 36,85 12,71 1,125

C(mg/g) 320,4 549,7 824,5

R2 0,8744 0,9953 0,4819

Box-AO

K (mg/g.min) 28,51 3,117 503,8

C(mg/g) 270,5 450,6 0,02852

R2 0,9821 0,8691 0,7448

5.1.5.3 Isotermas de adsorção

Os estudos das isotermas são fundamentais para avaliar o desempenho e compreender os

mecanismos envolvidos nos processos de adsorção (MCKAY et. al., 2014). Neste trabalho, as

isotermas de adsorção dos corantes VC e AO por Cox e Box foram estudadas pela variação na

concentração das soluções dos corantes, mantendo fixos a temperatura em 25°C, o pH 8 e os

tempos de contato em 12 h nos ensaios com VC e 9 h nos ensaios com AO.

Na Figura 5.13 (p. 109 e 110) são apresentados os gráficos resultantes das regressões não

lineares em termos dos modelos de isotermas avaliados. O contorno esboçado pelas isotermas

é em grande parte determinado pelo mecanismo de adsorção (GILES e SMITH 1974). Giles et

al. (1960), propuseram uma classificação dos perfis das isotermas com relação às

características que podem ser atribuídas aos processos de adsorção (Figura 2.15, p. 36).

Segundo essa classificação, os perfis das curvas com relação à adsorção de VC por Box, AO

por Box e VC por Cox encontram-se no grupo L e no subgrupo 2 e com relação a adsorção de

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109

AO por Cox no grupo L e subgrupo 4. Deste modo, a curvatura inicial (tipo L) indica que há

nesses sistemas um aumento da dificuldade dos corantes em encontrar sítios ativos

disponíveis nas superfícies dos materiais com o aumento da cobertura. Implica também que as

moléculas de corante não estão verticalmente orientadas ou não sofrem efeitos de uma forte

competição entre adsorvente e solvente. Os sistemas classificados no subgrupo 2, são

caracterizados por adsorção em monocamada com o plateau sinalizando a saturação da

superfície de adsorção, já aquele classificado no subgrupo 4 pode ser caracterizado por

adsorção com preenchimento de uma segunda camada. Segundo LIU (2015), processos de

adsorção que desviam do comportamento da isoterma de Langmuir podem ser descritos por

modelos que descrevem múltiplas camadas. Conforme esse autor, devido à heterogeneidade

na energia dos sítios ativos, ou a interações de moléculas de adsorvato a serem adsorvidas

com moléculas de adsorvato já fixadas em um sítio ativo, o processo de adsorção pode

resultar em uma adsorção aparentemente sequencial ou em múltipla camada. Assim, mesmo

que a orientação física do adsorvato na superfície do adsorvente seja em monocamada é

possível que o sistema possa ser descrito por um modelo que remete a adsorção em

multicamadas.

Figura 5.13- Isotermas de adsorção dos corantes VC e AO por Cox (a) e Box (b)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

Cox-VC

Cox-AO

Langmuir

Freundlich

RedlichPeterson

Konda

qe(m

g/g

)

Ce(mg/L)

(a)

200

400

600

800

1000

Continua

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110

Continuação Figura 5.12

-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

Box-VC

Box-AO

Langmuir

Freundlich

R-P

Konda

qe(m

g/g

)

Ce (mg/L)

(b)

Os parâmetros resultantes dos ajustes dos modelos aplicados aos dados experimentais podem

ser vistos na Tabela 5.5 (p. 111). Os modelos que melhor descrevem os sistemas de adsorção

foram determinados pelos valores dos coeficientes de regressão R2

e Xred2, tal como descrito

no item 5.1.5.2 (p. 104). Confrontando os valores de R

2 e Xred

2 exibidos na Tabela 5.5, pode-

se ver que mais de um modelo demonstra ajuste satisfatório aos dados experimentais,

portanto, uma análise articulada desses modelos pode trazer relevantes informações a respeito

dos sistemas estudados.

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111

Tabela 5.5 - Parâmetros dos modelos de isoterma para a adsorção dos corantes VC e AO

por Cox e Box

Modelos de

Isotermas Parâmetros Cox-VC Cox-AO Box-VC Box-AO

Dados

experimentais

Qmax,exp (mg/g) 1004,4 843,1 1011,0 604,1

Qmax,exp (mmol/g) 2,696 3,141 2,712 2,250

Langmuir

Qmax,est (mg/g) 1117,8 1036,6 1018,2 571,8

Qmax,est (mmol/g) 3,000 3,863 2,732 2,131

b (L/mg) 0,03557 9,571 ×10-3

0.3584 0,1264

b (L/mol) 13224 2569 133372 33809

K° 733932 142579,5 7402146 1876399,5

R2 0,9782 0,8759 0,9561 0,9122

Xred2 1,576 15,450 2,385 3,903

∆G°ads (kJ/mol) ‒33,46 ‒29,40 ‒39,18 ‒35,79

Freundlich

KF [(mg/g)/(L/mg)1/n

] 253,8 69,59 543,3 197,6

n 4,0222 2,368 8,601 5,261

1/n 0,2486 0,4222 0,1162 0,1900

R2 0,8590 0,9668 0,8273 0,9790

Xred2 11,427 4,129 9,393 0,8880

Redlich-Peterson

KR (L/g) 39,388 ‒ 372,6 205,1

aR (L/mg) 0,03442 ‒ 0,3727 0,7712

KR/aR (mg/g) 1144,3 ‒ 1001,5 265,9

KR/aR (mmol/g) 3,075 ‒ 2,689 0,991

β 1,000 ‒ 0,9964 0,8610

R2 0,9766 ‒ 0,9561 0,9952

Xred2 2,181 ‒ 2,719 0,2404

Konda

a1 (mg/g) ‒ 565,5 ‒ 422,2

a2 (mg/g) ‒ 657,8 ‒ 206,6

Qmax,exp (mg/g) ‒ 1223,3 ‒ 682,8

Qmax,exp (mmol/g) ‒ 4,558 ‒ 2,544

K1 (L/mg) ‒ 8,560 ×10-3

‒ 0,193

K2 (L/mg) ‒ 4,540 ×10-3

‒ 5,6 ×10-3

b2 (mg/L) ‒ 119,42 ‒ 60,92

R2 ‒ 0,9923 ‒ 0,9985

Xred2 ‒ 1,422 ‒ 0,102

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112

Conforme os dados mostrados na Tabela 5.5 (p.111), a adsorção de VC por Cox obteve bons

ajustes conforme os modelos de Langmuir e R-P, com um ajuste ligeiramente melhor para o

modelo de Langmuir. Observando a tabela supracitada, verifica-se a proximidade do valor do

Qmax,est de Langmuir (1117,8 mg/g) com o Qmax,exp (1004,4 mg/g) demonstrando a boa

correlação dos dados experimentais com os dados estimados por este modelo, além disso,

esses resultados mostram que a capacidade de adsorção da Cox é muito superior à capacidade

de adsorção encontrada para a Cel não modificada (8,6 mg/g). A variação da energia de Gibbs

padrão (∆G°ads) e o b de Langmuir mostram que a adsorção é energicamente favorável e que a

afinidade de Cox por VC é superada pela afinidade de Box por este corante. A equação do

modelo de R-P, expressa aumento da homogeneidade do processo de adsorção quando β tende

a 1 (NG et al., 2002). Neste sistema, a equação de R-P apresentou a constante β = 1, portanto,

indicando um processo de adsorção homogêneo do VC no adsorvente Cox. De acordo com

Mall et al. (2006), quando o β de R-P é igual a 1, os valores de aR e de KR/aR deste modelo,

são equivalentes aos valores de b e do Qmax,est do modelo de Langmuir respectivamente. Dessa

maneira, como pode ser visto na tabela 5.5, neste sistema há uma correspondência entre os

parâmetros aR e a razão KR/aR de R-P com o b e o Qmax,est de Langmuir respectivamente.

Assim sendo, esse resultado ressalta a coerência das regressões desses modelos para com os

dados experimentais. Portanto, a partir das observações acima mencionadas, o comportamento

do sistema de adsorção do corante VC pelo adsorvente Cox pode ser descrito com maior

precisão conforme os princípios de Langmuir, assim, os resultados apontam para uma

adsorção em monocamada com uma distribuição homogênea da energia de adsorção sobre a

superfície do adsorvente. (ÁLVAREZ-TORRELLAS et al., 2016; NG et al., 2002).

A adsorção de AO por Cox obteve bons ajustes conforme o modelo de Konda e o modelo de

Freundlich. Os parâmetros a1 e a2 obtidos por meio do modelo de Konda indicam uma

adsorção em dupla camada com uma maior capacidade de adsorção alcançada através do

mecanismo de adsorção do segundo estrato de adsorvato sobre o adsorvente. A capacidade

máxima de adsorção estimada pelo modelo de Konda é a soma das capacidades de adsorção

da primeira camada (a1) e da segunda camada (a2), dessa maneira, o valor estimado para esse

sistema corresponde a 1223,3 mg/g e, portanto, superestima em aproximadamente 30% o

resultado experimental 843,1 mg/g. O valor de b2 mostra que a concentração limite para haver

mudança no mecanismo de adsorção e possível formação de dupla camada deve ser superior a

119,42 mg/L, o que corresponde a aproximadamente 465mg de AO adsorvida por grama de

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113

corante. O valor de 1/n de Freundlich aponta para um processo de adsorção energeticamente

favorável e revela que intensidade da atração de AO por Cox supera a intensidade com que

este corante é atraído por Box (LIU, 2015; FOO e HAMEED, 2010; GILES et al., 1960).

Portanto, a avaliação do perfil da curva experimental, L4 (GILES et al. 1960), e a boa

concordância dos modelos de Konda e Freundlich com os dados experimentais, permite dizer

que, nesse sistema, a adsorção de AO pode ser influenciada pela interação entre moléculas de

adsorvato, pode não estar restrita a formação de monocamada, e pode ocorrer com uma

distribuição heterogênea da energia de adsorção sobre a superfície da Cox.

Os modelos que melhor se ajustaram a adsorção de VC por Box foram o de Langmuir e o de

R-P, nesse caso, a regressão dos modelos se deu com os mesmos valores de R2. Desta

maneira, o modelo mais apropriado foi determinado pela avaliação do Xred2, que leva em

consideração os graus de liberdade dos modelos avaliados. Essa avaliação apontou o modelo

de Langmuir como o mais adequado para descrever a adsorção de VC por Box. O Qmax,est para

adsorção de VC em Box de acordo com o modelo de Langmuir foi de 1018,2 mg/g, portanto,

próximo da capacidade de adsorção experimental, Qexp (1011,0 mg/g), confirmando assim, o

bom ajuste do modelo aos dados experimentais. Adicionalmente, verificou-se que o Qmax para

a adsorção de VC no BCA foi de 72,6 mg/g, mostrando que a reação de oxidação melhorou

muito a capacidade de adsorção de Box em comparação com BCA. O valor do ΔG°ads e do b

de Langmuir mostram que o processo de adsorção é energeticamente favorável e com a maior

afinidade adsorvente-adsorvato entre todos os sistemas estudados. O valor de β de R-P bem

próximo a 1 demonstra o caráter homogêneo do sistema de adsorção. Observando a Tabela

5.5 (p. 111), nota-se a boa correspondência entre os parâmetros aR e KR/aR de R-P com o b e o

Qmax,est de Langmuir respectivamente, realçando novamente, a boa correlação entre os dados

experimentais e os dados estimados pelos modelos. Portanto, a análise dos modelos das

isotermas indica que a adsorção de VC em Box ocorre predominantemente em monocamada e

com distribuição homogênea das moléculas de corante e energias de adsorção sobre a

superfície do adsorvente.

A adsorção de AO por Box encontrou melhores ajustes conforme os modelos Konda, R-P e

Freundlich, sendo que, o ajuste mais adequado se deu segundo o modelo Konda. Embora o

perfil da curva para esse sistema tenha sido classificado como L2 (GILES et al., 1960), os

modelos que melhor se ajustaram foram aqueles que indicam a sobreposição do corante em

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114

mais de uma camada. Como proposto por Liu (2015), além da sobreposição em camadas, tal

observação pode também ser característica da heterogeneidade energética do processo de

adsorção. Os parâmetros a1 e a2 obtidos por meio do modelo multicamada de Konda indicam

uma adsorção em dupla camada com uma maior capacidade de adsorção alcançada pelo

mecanismo atuante no primeiro estrato de adsorvato sobre o adsorvente. O valor de b2

informa que para haver mudança no mecanismo de adsorção a concentração de AO em

solução deve ser superior a 60 mg/L, o que corresponde a aproximadamente 434 mg de AO

adsorvidas por grama de Box. O valor de 1/n de Freundlich, entre 0 e 1, indica que o

processo é energicamente favorável, a constante β de R-P foi mais distante da unidade e,

portanto, do caráter homogêneo explicitado pelos sistemas VC-Box e VC-Cox (ALVER e

METIN, 2012; FOO e HAMEED, 2010; ALLEN et al., 2003). Portanto, a análise dos

resultados leva a concluir que pode haver interações entre as moléculas do corante

influenciando o comportamento de adsorção, e que a adsorção de AO por Box pode acontecer

de forma não restrita a formação de monocamada e com uma distribuição não uniforme do

calor de adsorção e das afinidades do corante pelos sítios de adsorção.

5.1.6 Estudos de dessorção e readsorção

Os estudos de dessorção dos corantes VC e AO foram feitos em pH 1,3 e 2, respectivamente.

A alta concentração de íons hidrônio (H3O+) nestes valores de pH possibilita a remoção dos

corantes modelo da superfície dos adsorventes por troca com íons H+ e protonação dos grupos

carboxilato no Box e na Cox. Portanto, a remoção de VC e AO de Box ou Cox pode ser

atribuída a mecanismos de troca iônica (RAMOS et al., 2016). As eficiências de remoção de

VC-Box, VC-Cox, AO-Box e AO-Cox, foram respectivamente 50,47, 51,82, 50,03 e 50,19%.

Trabalhos na literatura têm demonstrado eficiências de dessorção variadas de VC e AO em

diferentes suportes. Ferreira et al. (2015), dessorveram 57,9% de VC com HCl (0,01 mol/L)

em BCA quimicamente modificado. Ahmad (2009), dessorveu 67,5 e 88% de VC em casca de

pinus de coníferas em pó, usando NaCl (1 mol/L) e CH3COOH (1 mol/L), respectivamente.

Kumar e Ahmad (2011), utilizando CH3COOH (0,01 mol/L) e CH3COOH (1 mol/L)

dessorveram por volta de 35% e 50% de VC, respectivamente em rizoma de gengibre tratado

com H2SO4/ZnCl2. Mall et al. (2006), removeram por volta de 2% de AO com HCl 0,1 mol/L

e aproximadamente 4% de AO com HNO3 0,1 mol/L. Inbaraj et al. (2006a), removeram 98%

de AO adsorvido em poly(-glutamic acid) utilizando H2O em pH 1. Portanto, as porcentagens

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115

de remoção de VC e AO alcançadas nesse estudo encontram-se dentro de uma ampla faixa

que é descrita na literatura. O fato de não ter acontecido a remoção completa ou em grande

escala dos corantes VC e AO por HCl, nos suportes aqui estudados, significa que há uma forte

ligação entre os corantes modelo e os sítios ativos dos adsorventes Box e Cox (FERREIRA et

al., 2015; KUMAR e AHMAD, 2011; INBARAJ et al., 2006a; MALL et al., 2006).

Os estudos de readsorção foram feitos para se avaliar a possibilidade de reuso dos

adsorventes. As massas de adsorventes carregados com os respectivos corantes foram de

aproximadamente 0,02g para cada ensaio, as condições experimentais de readsorção

(concentração de corantes, tempo, temperatura, agitação e pH) foram as mesmas utilizadas na

etapa de adsorção descrita no ítem 4.7 (p. 79). Embora a dessorção dos corantes não tenha

acontecido de forma completa, Box e Cox exibiram ainda boa eficiência de readsorção em

comparação com seus rendimentos iniciais. As eficiências na readsorção de VC por Box ou

Cox foram, respectivamente, de 65,64 e 69,66% e de AO por Box ou Cox de 80,91 e 77,01%,

respectivamente. Comparando-se as capacidades de readsorção de Vc e Au por Box ou Cox

com as capacidades de adsorção desses corantes por diversos materiais não reutilizados

descritos na literatura, percebe-se que, os materiais aqui apresentados, mesmo estando

parcialmente carregados, apresentam resultados superiores aos de diversos adsorventes

descritos. (KUMAR e AHMAD, 2011; MALL et al., 2007; INBARAJ et al., 2006a; MALL et

al., 2006).

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116

5.2 Celulose succinilada e modificada com cloreto de colina

5.2.1 Síntese e caracterização da celulose modificada CM3

5.2.1.1 Síntese da CM1

Para obter-se a CM1, partiu-se da mercerização da celulose microcristalina (C) usando-se

solução de NaOH (5 mol/L). A mercerização provoca o rompimento de ligações de

hidrogênio intramoleculares e intermoleculares nas macromoléculas de celulose, aumenta a

área superficial, a reatividade e tornam mais disponíveis os grupos hidroxila destas

macromoléculas (GURGEL e GIL, 2009). Após a mercerização, a CM reagiu com anidrido

succínico em piridina para produzir a celulose mercerizada e succinilada CM1 (Figura 5.14)

(GURGEL et al., 2008a). A percentagem do ganho de massa da CM1 em relação a CM foi

calculada pelo método gravimétrico, utilizando-se a equação 4.1 do item 4.6.1 (p. 76) e desta

maneira, obteve-se um ganho de massa igual a 141,5%. Tal ganho de massa indica o êxito da

reação de succinilção da CM por meio da reação de esterificação ilustrada na Figura 5.13.

Figura 5.14 – Síntese da CM1 por reação da celulose mercerizada com anidrido

succínico

O OO

N

R= OH

O

O

ou H

CM CM1

OO

OH

OH

HOO

O

OH

OH

HO

n

OO

OR

OR

ROO

O

OR

OR

RO

n

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117

5.2.1.2 Determinação do número de funções ácido carboxílico na CM1 (grau de

succinilação)

A determinação do número de funções ácido carboxílico presentes na CM1 indica o grau de

succinilação deste material. O nCOOH da CM1 foi encontrado por retrotitulação conforme

descrito no item 4.6.2 (p. 76), aplicando-se a equação 4.3, o nCOOH obtido foi 6,746 mmol/g.

5.2.1.3 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)

Na Figura 5.15 são mostrados os espectros de FTIR da CM e da CM1. Duas importantes

modificações podem ser vistas pela comparação desses espectros. São elas: o aparecimento no

espectro da CM1, de uma banda intensa em 1740 cm-1

e de outra banda em 2928 cm-1

. Em

1740 cm-1

, a banda corresponde a estiramento simétrico de carbonila de éster e em 2928 cm-1

,

corresponde a estiramento assimétrico de grupos metilênicos (CH2). Ambas as modificações

podem ser atribuídas à introdução de grupos succínicos na estrutura da celulose devido à

reação de succinilação (GURGEL et al., 2008a).

Figura 5.15 – Espectros FTIR da CM e da CM1

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Tra

nsm

itân

cia

(%)

Número de onda (cm-1

)

CM

CM1

1740

2928

10

15

20

25

30

35

40

45

50

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118

5.2.1.4 Síntese da CM2

A reação da CM1 com anidrido acético (Figura 5.16) provoca a eliminação de H2O e promove

formação da função anidrido de ácido carboxílico na estrutura da celulose succinilada, assim,

produz o intermediário (CM2) para a síntese da CM3. As funções anidrido de ácido

carboxílico são excelentes eletrófilos capazes de reagir com grupos nucleofílicos, como por

exemplo, aminas formando amidas ou álcoois formando ésteres (GURGEL et al., 2008a).

Figura 5.16 - Síntese do intermediário CM2 por reação da CM1 com anidrido acético

O

OHHO

O

O

HO

OHO

O

O

O

O

O

O

O

O

O O

CM1

CM2

O

OHHO

O

O

HO

OHO

O

O

OH

O

O

O

OH

O

As alterações observadas pela comparação dos espectros FTIR da CM1 e da CM2 comprovam

a formação do anidrido de ácido carboxílico CM2. Como poder ser visto na Figura 5.17 (p.

119), houve o aparecimento das bandas em 1827 e 1746 cm-1

no espectro da CM2. Essas duas

bandas são características da função anidrido de ácido carboxílico. Elas apresentam uma

separação de 81 cm-1

, portanto, dentro da faixa de separação mencionada na literatura para

anidridos de ácidos carboxílicos (NAKANISHI, 1977).

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119

Figura 5.17 – Espectros FTIR da CM1 e da CM2

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1746

1827

CM1CM2

Tra

nsm

itân

cia

(%)

Número de onda (cm-1

)

18

20

22

24

26

28

30

32

34

36

5.2.1.5 Síntese da CM3

A CM3 foi sintetizada por meio da reação dos grupos anidrido de ácido carboxílico da CM2

com cloreto de colina (Figura 5.18, p. 120). A modificação da CM2 pela reação com a colina

introduziu grupos amônio quaternário na estrutura do material, produzindo o adsorvente

zwitteriônico CM3. Para comprovar o êxito das reações e a produção da CM3, foram feitos o

FTIR deste material e a análises elementares (C,H,N) da celulose de partida e da CM3.

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120

Figura 5.18 – Síntese da CM3 a partir da reação da CM2 com cloreto de colina

O

OHHO

O

O

HOOH

O

O

O

O

O

O

O

O

HON

Cl

DMSO

CaCl2

CM2

CM3

O

OHHO

O

O

HOOH

O

O

O

OH

O

O

O

O

O

N

Cl

Na Figura 5.19 (p. 121) são mostrados os espectros FTIR da CM1 e da CM3 nas formas

básica e ácida. No espectro da CM3 na forma básica, as bandas em 1238 cm-1

e 1684 cm-1

podem ser associadas a vibrações das ligações -C-C(=O)-O e das carbonilas de éster,

respectivamente (STUART, 2004). O aparecimento de uma forte banda em 1554 cm-1

no

espectro da CM3 pode ser atribuído à presença de grupos carboxilato na estrutura desse

material (GURGEL et al., 2008a). Nessa região, também aparecerem bandas relativas à

deformações assimétricas de grupos amônio quaternário (-N+(CH3)3) (GURGEL et al., 2009).

A banda de 1157 cm-1

no espectro da CM3 básica pode ser atribuída a deformações de

ligações C-N. (GURGEL et al 2009). A comparação entre os espectros da CM3 básica e da

CM1 tem como principal evidência da introdução dos grupos (-N+(CH3)3), o aparecimento da

banda em 1463 cm-1

no espectro da CM3 básica (ausente na CM1). Essa banda pode ser

atribuída a vibrações assimétricas de grupos metila (-CH3) (LIN et al., 2016; GURGEL et al.,

2009). Outra evidência importante é a intensificação da banda em 1384 cm-1

no espectro da

CM3 básica, que pode ser atribuída a vibrações de grupos metila introduzidos na estrutura

deste material pela adição da colina (STUART, 2004). Comparando o espectro da CM3 na

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121

forma ácida com o espectro da CM1, tem-se como principal evidência da introdução dos

grupos amônio quaternário na estrutura da CM3 o aparecimento da banda em 1487 cm-1

no

espectro deste último material. Esta banda pode ser atribuída a deformações assimétricas de -

CH3 dos grupos amônio quaternário (-N+(CH3)3) introduzidos. Observa-se também no

espectro da CM3 ácida a banda em 1740 cm-1

que pode ser associada ao estiramento de

ligações de carbonilas de éster dos grupos succinila e carbonilas de éster acrescentadas com a

adição da colina. As bandas em 1059 cm-1

, 1508 cm-1

e 1156 cm-1

, presentes no espectro da

CM3 ácida, podem ser atribuídas a deformações de ligações C-N (GURGEL et al., 2009).

Figura 5.19 – Espectros FTIR da CM1 e da CM3 nas formas básica e ácida

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

Tra

nsm

tânci

a (%

)

Número de onda (cm-1

)

CM3 forma básica

CM1

CM3 forma ácida

1238

1554 1157

1463

1384

1684

1487

1740

1508

11561059

5.2.1.6 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Comparando as micrografias da celulose microcristalina, Figura 5.20a-b (p. 122) ampliadas

60 e 500x respectivamente, com as micrografias do CM3, Figura 5.19c-d (p. 122) ampliadas

60 e 500x, respectivamente, é possível notar que a modificação da celulose provocou a

degradação das fibras de celulose e formou partículas com tamanhos e formas heterogêneas.

Nas Figuras 5.19c e d mostram-se, respectivamente, a presença de poros e grânulos na

superfície da CM3. Segundo Lin et al. (2015), a formação de grânulos leva a um aumento da

densidade do material e à redução na porosidade do adsorvente.

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122

Figura 5.20 – MEV celulose e CM3 ampliadas 60x e 500x

a (C-60x), b (C-500x), d(CM3-60x) e (CM3-500x)

5.2.1.7 Ponto de Carga Zero (PZC)

O pH do ponto de carga zero (pHPCZ) é aquele em que o adsorvente apresenta carga

superficial líquida nula. Abaixo do pHPCZ o somatório das cargas superficiais é positivo e

favorece a interação do adsorvente com o corante aniônico (AII). E acima do pHPCZ o

somatório das cargas superficiais é negativo e favorece a interação do CM3 com o corante

catiônico (VC). Conforme os estudos apontaram o pHPCZ do CM3 é 2,8 (Figura 5.21, p. 123).

(a) (b)

(c) (d)

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123

Figura 5.21 – pH-PCZ CM3

5.2.1.8 Análise elementar C, H, N

Na Tabela 5.6 são apresentados os resultados da análise elementar (C, H, N) dos biopolímeros

C e CM3. Comparando-se os resultados, nota-se que o teor de nitrogênio do material CM3 é

significativamente maior do que aquele contido na C. Portanto, este resultado caracteriza o

sucesso da reação da CM2 com a colina e a introdução dos grupos amônio quaternário na

estrutura da CM3. Considerando que o aumento no teor de nitrogênio deriva da introdução do

cloreto de colina na estrutura da CM3, é possível calcular que o número de funções amônio

quaternário introduzidas neste adsorvente foi igual a 4,15 mmol/g.

Tabela 5.6 – Análise elementar C, H, N da celulose e da CM3

Material %C %H %N

C 42,26 6,43 0,03

CM3 39,29 5,82 0,61

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124

5. 2.2 Experimentos de adsorção CM3

5.2.2.1 Estudos de adsorção em função do pH

A influência do pH para adsorção monocomponente do corante catiônico VC e do aniônico

AII pelo adsorvente zwitteriônico CM3 foi avaliada com ensaios na faixa do pH 3 ao 9 para o

VC e do pH 2 ao 9 para o AII. Os estudos foram feitos com temperatura de 25 °C, agitação de

150 rpm e tempo de contato de 24 horas. Os volumes de soluções dos corantes VC (450

mg/L) e AII (350 mg/L) foram de 100 mL e as massas de adsorventes foram de 20 mg para

cada ensaio.

Assim como os materiais Cox e Box, o adsorvente CM3 possui grupos ácido carboxílico

ionizáveis e, portanto, tem sua capacidade de adsorção significativamente influenciada pelo

pH da solução dos corantes. Embora a CM3 seja um material zwitteriônico cuja carga positiva

do grupo amônio quaternário não é alterada pelo pH, esta carga, pode ser estabilizada por

ânions OH- em soluções aquosas com pH elevado. Assim, caso haja competição entre as

moléculas do corante aniônico AII com os ânions OH- pelos sítios de adsorção, a

disponibilidade dos sítios (-N+(CH3)3) para a fixação do corante pode ser prejudicada. Além

disso, em condições alcalinas os grupos ácido carboxílico da CM3 tendem a estar

desprotonados, tornando possível a existência de interações repulsivas entre o AII e os grupos

carboxilato na superfície da CM3 (HUBBE et al., 2012).

Na Figura 5.22a (p. 125), observa-se que, à medida que o pH aumenta, a capacidade de

adsorção de VC por CM3 também aumenta, alcançando os melhores resultados a partir do pH

8. Este comportamento é compreensível devido à desprotonação dos grupos ácido carboxílico

na superfície da CM3 com o aumento do pH. Nesta Figura nota-se ainda a boa capacidade de

adsorção de VC por CM3 já a partir do pH 3. Neste ponto, a capacidade de adsorção é de

291,7 mg/g e supera a capacidade máxima de adsorção de diversos adsorventes aplicados para

a remoção de VC encontrados na literatura (MASOUMI et al., 2016; QIAO et al., 2015;

ZHOU et al., 2014; BAJPAI e JAIN, 2012). A CM3 apresenta o pHPCZ igual a 2,8, deste

modo, em pH acima de 2,8 o balanço de cargas superficiais deste material é negativo e

justifica o seu bom desempenho na adsorção do VC já em pH 3.

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125

Na Figura 5.22b (p. 126) apresenta-se a curva da capacidade de adsorção do AII por CM3 em

função do pH. Nesta curva é possível ver que a adsorção do AII é favorecida pela redução do

pH. Este cenário se justifica porque à medida que ocorre a redução do pH os grupos

carboxilato da CM3 vão sendo protonados, com isso, há uma diminuição da interação

repulsiva entre a CM3 e o corante aniônico. Além disso, a competição do AII com íons OH-

pelos sítios ativos deixa de ser um empecilho para o processo de adsorção. Conforme pode se

ver na Figura 5.22b, o pH que resultou em melhor desempenho da CM3 na adsorção do AII

foi o pH 2, portanto, em condições de pH abaixo do pHPCZ em que predominam as cargas

positivas na superfície da CM3.

Figura 5.22 - Capacidades de adsorção (qe) dos corantes VC (a) e AII (b) em função do

pH

3 4 5 6 7 8 9

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

2250

2500

CM3 - VC

qe (m

g/g

)

pH

(a)

O

OH

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

Aumento do pH

Redução do pH

N+ N+ClCl

CM

3

CM

3

Continua

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126

Continuação Figura 5.21

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

40

60

80

100

120

140

160

180

200

O

OH

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

O

Aumento do pH

Redução do pH

N+ N+ClCl

CM

3

CM

3

CM3-AII

qe(m

g/g

)

pH

(b)

5.2.2.2 Estudos cinéticos

Os estudos cinéticos para adsorção do VC e do AII em CM3 foram realizados em pH 8 e pH

2, respectivamente, as temperaturas foram fixadas em 25 °C e as agitações em 150 rpm. Os

volumes das soluções dos corantes foram de 100 mL e as massas dos adsorventes de 20 mg

para cada ensaio. Os mecanismos de adsorção foram avaliados pelos modelos cinéticos de

PPO, PSO e DIP. Os ajustes dos modelos de PPO e PSO aos dados experimentais foram feitos

tal como descrito nos estudos cinéticos do item 5.1.5.2 (p 104).

Nas Figuras 5.23a e b (p.127), são mostradas as curvas das análises de regressão dos modelos

de PPO, PSO aos dados experimentais. Na Tabela 5.7 (p. 128) são apresentados os parâmetros

estimados por meio destes modelos cinéticos. Como pode ser visto nas Figuras 5.23a e b, os

tempos de equilíbrio de adsorção (te) para a adsorção de VC e AII em CM3, foram alcançados

após 450 min (7:30 h) e 5 min, respectivamente. Os coeficientes de regressão R2 e Xred

2

mostram que a cinética de adsorção de ambos os corantes foi mais bem ajustada segundo o

modelo de PSO, desta maneira, supõe-se que a etapa limitante da taxa de adsorção pode estar

sendo governada por quimissorção envolvendo a partilha ou a troca de elétrons entre o

adsorvente e os adsorvatos (HO e MCKAY, 1999). Há uma grande diferença entre taxa de

adsorção, K2, do AII e do VC. Na Tabela 5.7 observa-se que essa taxa é muito mais elevada

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127

na adsorção do corante aniônico, o que reflete em um tempo de equilíbrio de adsorção muito

mais curto para o AII.

Figura 5.23 - Cinéticas de adsorção de PPO e PSO dos corantes VC (a) e AII (b) por

CM3

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 100011001200130014001500

2050

2060

2070

2080

2090

2100

2110

2120

2130

2140

2150

2160

2170

2180

2190

2200

CM3-VC

PPO

PPSO

EE

qt (

mg

/g)

Tempo (min)

(a)

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

80

85

90

95

100

105

110

115

120

125

130

135

140

AII

PPO

PSO

EE

qt (

mg/g

)

Tempo (min)

(b)

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128

Tabela 5.7 - Parâmetros dos modelos cinéticos de PPO

e PSO para a adsorção de VC e AII por

CM3

Parâmetros CM3‒CV CM3‒AII

qe,exp (mg/g) 2175,8 128,1

qe,exp (mmol/g) 5,840 0,3913

PPO

k1 (min‒1

) 0,1240 3,236

qe,est (mg/g) 2169,3 127,3

qe,est (mmol/g) 5,823 0,3889

R2 0,7616 0,8169

Xred2 0,03995 0,1518

PSO

k2 (g/mg.min) 5,455 x10-4 0,06155

qe,est (mg/g) 2178,1 131,5

qe,est (mmol/g) 5,846 0,4002

R2 0,9777 0,9216

Xred2 0,003730 0,06502

O modelo cinético DIP também foi utilizado para avaliar os mecanismos das cinéticas de

adsorção dos corantes VC e AII por CM3. Os gráficos de qt versus t1/2

(Figura 5.24, p. 129),

para ambos os estudos não apresentam uma relação linear. Portanto, indicam que a difusão

das moléculas dos corantes nos poros da CM3 não é a única etapa que determina a velocidade

de adsorção nesses sistemas. Assim como nos estudos cinéticos discutidos anteriormente (p.

104), a multilinearidade exibida pelos dados plotados nos gráficos sugere que a velocidade

dos processos de adsorção é governada por mais de uma etapa em ambos os sistemas

(AHMAD et al., 2009). Sendo que a primeira etapa, geralmente rápida, corresponde ao

transporte ou difusão do adsorvato pela camada limite ou camada externa ao adsorvente, ou a

adsorção na superfície externa do adsorvente. A segunda etapa refere-se a uma adsorção

gradual, relacionada à difusão intrapartícula. E a terceira etapa, é a de equilíbrio, em que o

adsorvato move-se lentamente dos macroporos para os microporos, causando uma baixa taxa

de adsorção devido à baixa concentração de soluto na solução. A tabela 5.8 exibe os valores

das taxas de adsorção K, e os valores de C que representam a espessura das camadas de

corante adsorvidas nos materiais.

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129

Figura 5.24- Cinéticas de adsorção DIP dos corantes VC e AII por Cox e por Box

5 10 15 20 25 30 35 40

2050

2060

2070

2080

2090

2100

2110

2120

2130

2140

2150

2160

2170

2180

2190

CM3-VC

Etapa1

Etapa 2

Etapa 3

qt (m

g/g

)

t1/2

(min1/2

)

(a) Cox-VC

0 1 2 3 4 5 6 7 8

80

85

90

95

100

105

110

115

120

125

130

135

140

qt (m

g/g

)

t1/2

(min1/2

)

CM3-AII

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

(b) CM3-AII

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130

Tabela 5.8 - Parâmetros do modelo cinético DIP para a adsorção de VC e AII

por CM3 Parâmetros Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3

CM3-VC

K (mg/g.min) 7,873 0,9276 0,3209

C(mg/g) 2080,6 2156,7 2164,3

R2 0,9552 0,9997 0,5890

CM3-AII

K (mg/g.min) 38,53 2,655 0,3228

C(mg/g) 76,56 122,7 127,2

R2 0,9505 0,9489 0,8091

5.2.2.3 Isotermas de adsorção

As isotermas de adsorção dos corantes VC e AII por CM3 foram estudadas pela variação na

concentração das soluções dos corantes, a temperatura foi fixada em 25 °C para ambos os

corantes, o pH em 8 para os estudos com VC e em 2 para os estudos com AII, o tempo de

contato foi de 12 h nos ensaios com VC e de 30 min nos ensaios com AII, e a agitação foi de

150 rpm para os dois estudos. Para avaliar os sistemas de adsorção foram usados os modelos

de isoterma de Langmuir, Freundlich, Rendlich Peterson e Konda. Os ajustes dos modelos aos

dados experimentais foram feitos tal como descrito no ítem 5.1.5.2 (p. 104).

Na Figura 5.25 (p. 131) são apresentados os gráficos resultantes das regressões não lineares

em termos dos modelos de isotermas avaliados. Segundo a classificação proposta por Giles et

al. (1974), o perfil da curva relacionada a adsorção de AII por CM3 é mais bem representado

pelo grupo L e o subgrupo 2. Deste modo, supõe-se não haver competição entre esse

adsorvato e o solvente pelos sítios de adsorção. O perfil da curva relacionada à adsorção de

VC por CM3 aponta para a formação de dupla camada quando a massa de corante por grama

de adsorvente atinge 1671,2 mg/g, ponto em que a concentração inicial da solução de VC (Ci)

é de 350mg/L e a concentração de VC em solução no equilíbrio (Ce) é de 13,97 mg/L.

Observando os gráficos das isotermas de adsorção (p. 131), é possível notar que as

percentagens de remoção de ambos os corantes são elevadas em uma ampla faixa de

concentrações iniciais. Para soluções de AII com Ci de 10 até 50 mg/L, a percentagem de

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131

remoção se mantém em torno de 75%. A partir da Ci de 75 mg/L de solução de AII, há um

decréscimo na percentagem de remoção devido ao aumento da dificuldade das moléculas do

corante em encontrar sítios ativos disponíveis para a fixação. Na isoterma do VC o perfil da

curva mostra que a eficiência de adsorção encontra-se entre 98% e 96% quando as

concentrações iniciais da solução deste corante estão entre 100 e 450 mg/L, respectivamente.

Nos pontos com Ci acima de 450 mg/L a percentagem de remoção do VC começa a decrescer

de forma mais intensa, devido a diminuição do número de sítios ativos disponíveis para a

fixação do corante. Embora aconteça a redução na percentagem de remoção, verifica-se o

aumento da capacidade de adsorção do CM3 com o aumento da Ci de ambos os corantes. O

aumento desta capacidade justifica-se, uma vez que o aumento das Ci das soluções dos

corantes aumenta a taxa de difusão das moléculas dos corantes para os sítios ativos na

superfície do adsorvente (HUBBE et.al., 2012).

Figura 5.25 - Isoterma de adsorção dos corantes VC e AII por CM3

0 20 40 60 80 100 120

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

2250

2500

2750

VC

Langmuir

Freundlich

R-P

Konda

qe

(mg/g

)

Ce (mg/L)

(a) CM3-VC

Continua

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132

Continuação Figura 5.25

0 50 100 150 200 250 300 350

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

AII

Langmuir

Freundlich

R-P

Konda

qe

(mg

/g)

Ce (mg/L)

(b) CM3-AII

Os parâmetros resultantes dos ajustes dos modelos aplicados aos dados experimentais podem

ser vistos na Tabela 5.9 (p. 133). Os modelos que melhor descrevem os sistemas de adsorção

foram determinados pelos valores dos coeficientes de regressão R2

e Xred2. Confrontando os

valores de R2 exibidos na Tabela 5.9, pode-se ver que os modelos de Konda, Langmuir e R-P,

representam bem os dados experimentais em ambos os sistemas. Para o AII, os valores do R2

encontrados para as regressões dos três modelos, são praticamente os mesmos, e os valores de

Xred2, embora com pequena diferença, mostram um melhor ajuste do modelo Langmuir,

seguido pelos modelos de R-P e Konda. A comparação entre os valores do b de Langmuir e

do K1 de Konda nos distintos sistemas, indica que a afinidade do VC pelos sítios de adsorção,

grupos carboxilato, é maior do que a afinidade do AII pelos grupos amônio quaternários. Em

ambos os sistemas, o ∆G°ads obtido por meio do modelo de Langmuir é negativo, apontando

para a espontaneidade dos processos de adsorção. O β de R-P igualou-se a unidade nos dois

sistemas, portanto, sinalizando processos de adsorção predominantemente homogêneos. Nos

dois sistemas, o Qmax estimado pelo modelo de R-P (KR/aR) superou ligeiramente os valores

estimados pelo modelo de Langmuir. Os parâmetros a1 e a2 do modelo de Konda indicam que

a adsorção de AII por CM3 é monocamada com capacidade de adsorção igual a 217,5 mg/g.

Já para a adsorção de VC por CM3, a1 e a2 mostram haver adsorção em duas camadas, onde

uma quantidade maior de VC é adsorvida na primeira camada sobre a superfície do

adsorvente. A capacidade de adsorção de VC por CM3 evidenciada pelo modelo de Konda foi

de 2367,5 mg/g. O valor do b2 de Konda, que representa a concentração limite para haver

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133

mudança no mecanismo de adsorção é igual a 957 e 3 mg/L nos sistemas CM3-AII e CM3-

VC, respectivamente.

Em sendo um material zwitteriônico, a CM3 exibiu capacidade de adsorção para o VC

superior à esta capacidade encontrada para outros adsorventes descritos na literatura.

Comparando com diversos estudos com adsorventes sítio específicos (com apenas funções

aniônicas) para adsorvato catiônicos, Gusmão et al. (2012) apresentaram um ótimo resultado

para adsorção de VC com BCA succinilado (1273,2 mg/g). Contudo, o Qmax da CM3 é

aproximadamente 2x superior ao do adsorvente sintetizado por estes autores. A capacidade de

adsorção da CM3 para o corante aniônico AII, também está entre as melhores quando

comparada a dados da literatura. Por exemplo: há estudos que relatam capacidade de 38,96

mg/g por zeólita ativada (JIN et al., 2014), 200 mg/g por microesfera de celulose

funcionalizada (LIN et al., 2016) e 239,5 mg/g por Bentonita modificada (MA et al., 2012),

dentre outros.

Considerando a elevada capacidade de adsorção de VC por CM3, é possível que além da

formação de dupla camada evidenciada pelo modelo de Konda, estejam ocorrendo efeitos de

polarização ou indução causados pela distorção da distribuição eletrônica das moléculas deste

corante próximas aos grupos funcionais da CM3, assim como, formações de aglomerações de

moléculas de corante antes da adsorção sobre a superfície do adsorvente (LEE, 1993; GILES

et al., 1960).

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134

Tabela 5.9- Parâmetros dos modelos de isoterma para a adsorção de

VC e AII por CM3 Modelos de

isotermas Parametros CM3-VC CM3-AII

Dados

experimentais

Qmax,exp (mg/g) 2403,2 201,2

Qmax,exp (mmol/g) 6,451 0,6146

Langmuir

Qmax,est (mg/g) 2607,5 217,5

Qmax,est (mmol/g) 7,0 0,6644

b (L/mg) 0,1628 0,1314

b (L/mol) 60640 43016

K° 3365520 2387388

R2 0,8910 0,9036

Xred2 47,25 4,343

∆G°ads (kJ/mol) -37,23 -36,38

Freundlich

KF [(mg/g)/(L/mg)1/n

] 695,5 61,450

N 3,496 2.37

1/n 0,2860 4,249

R2 0,7378 0,72

Xred2 113,6 12,59

Redlich-

Peterson

KR (L/g) 422,7 28,462

aR (L/mg) 0,1602 0,129

KR/aR (mg/g) 2758 220,6

KR/aR (mmol/g) 7,404 0,6733

β 1 1

R2 0,8907 0,903

Xred2 53,29 4,797

Konda

a1 (mg/g) 1458,7 217,5

a2 (mg/g) 908,8 9,159 x 10-13

Qmax,est (mg/g) 2367,5 217,5

Qmax,est (mmol/g) 6,356 0,6644

K1 (L/mg) 0,3332 0,1314

K2 (L/mg) 0,45 1,631 x 10-13

b2 (mg/L) 3 957

R2 0,9219 0,90361

χ2

red 38,062 5,972

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135

5.3 Comparação do desempenho dos adsorventes Cox, Box e CM3 com vários

adsorventes encontrados na literatura

Na tabela 5.10 (p. 135) apresenta-se a comparação dos desempenhos dos adsorventes Cox,

Box e CM3 com diversos adsorventes encontrados na literatura. Os dados desta tabela

mostram as temperaturas, os tempos de contato e as capacidades máximas de adsorção de

vários adsorventes em diversificados sistemas de adsorção para a remoção dos corantes VC,

AO e AII. Na tabela 5.10 é possível notar que os sistemas de adsorção considerados operam

em temperaturas entre 25 °C e 50 °C. A maioria dos estudos é feita a 25 °C, inclusive, os

ensaios apresentados neste trabalho. Os tempos de contato variam em uma ampla faixa, que se

estende de 5 até 28800 min (20 dias). Os tempos de contato dos adsorventes Cox, Box e CM3

com os corantes catiônicos VC e AO estão numa faixa moderada (300 min Box-AO, 540 min

Cox-AO e Box-VC e 720 min CM3-VC) quando comparados aos dados da Tabela 5.10. Já o

tempo exigido para o equilíbrio de adsorção do corante aniônico AII por CM3 é de apenas 5

minutos. Este tempo de contato é o mais curto entre todos os adsorventes listados na Tabela

5.10. Quanto à capacidade de adsorção para os corantes avaliados, os adsorventes Cox, Box e

CM3 destacam-se significativamente dos demais adsorventes encontrados na literatura. A

capacidade de adsorção do adsorvente zwitteriônico CM3 para o corante catiônico VC é a

maior dentre todos os adsorventes destacados da literatura, sendo mais de duas vezes superior

à do adsorvente que possui o segundo melhor desempenho nesse parâmetro (BCA

succinilado, Gusmão et al., (2012)). A capacidade de adsorção da CM3 para o corante

aniônico AII, também está entre as maiores dentre aquelas citadas para este corante na Tabela

5.10. A Cox e em seguida o Box têm as maiores capacidades de adsorção, com considerável

diferença, entre os adsorventes utilizados para remover AO. Quanto ao desempenho da Cox e

do Box na adsorção VC, nota-se que suas capacidades de adsorção são significativamente

superiores à dos demais adsorventes encontrados na literatura, com exceção dos materiais

CM3 (deste trabalho) e do bagaço de cana de açúcar succinilado por GUSMÃO et al. (2012).

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136

Tabela 5.10- Comparação dos adsorventes Cox, Box e CM3 com dados da literatura

Adsorvente Corante T (°C) te (min) Qmax (mg/g) Referência

Cox AO 25 540 1223,2 Este estudo

Box AO 25 300 682,8 Este estudo

Nanohidrogel AO 25 1440 337,8 Mahida e

Patel 2016

Carvão a base de

resíduos de fertilizantes AO 25 300 246,2

Mall et al.,

2006

Biopolímero de ácido γ-

glutâmico AO 28 120 277,29

Inbaraj et al.,

2006b

Cinzas de Bagaço de

cana AO 30 120 31,17

Mall et al.,

2007

Carvão ativado AO 30 120 12,5 Mall et al.,

2007

Cox VC 25 720 1117,8 Este estudo

Box VC 25 540 1018,2 Este estudo

CM3 VC 25 720 2367,5 Este estudo

Montmorilonita tratada

com H2SO4 VC 30 180 400,0

Sarma et al.,

2016

Montmorilonita bruta VC 30 180 370,4 Sarma et al.,

2016)

Folhas de chá residuais VC 50 60 285,7 Bajpai and

Jain 2012

Resíduos de gengibre

tratado VC 50 150 277,7

Kumar e

Ahmad,

2011

Carvão a base de

resíduos de fertilizantes VC 25 300 240,26

Mall et al.,

2006

Nanopartículas a base

casca de arroz

modificada

VC 30 720 97,7 Masoumi et

al., 2016

Bagaço de cana

succinilado VC 25 1200 1273,2

Gusmão et

al., 2012

Bagaço de cana

modificado com

dianidrido de EDTA

VC 25 900 327,8 Gusmão et

al., 2013

Nanocristais de

celulose funcionalisada

com carboxilato

VC 30 240 243,9 Qiao et al.,

2015

Bagaço de cana

modificado com ácido

de Meldrum

VC 25 720 692,1 Ferreira et

al., 2015

Celulose modificada

com glicidil metacrilato VC 50 150 218,8

Zhou et. al.,

2014

Continua

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137

Continuação Tabela 5.10 CM3 AII 25 5 217,5 Este estudo

Zeolita não modificada AII 60 8,13 Jin et al.,

2014

Zeólita revestida com

hexadeciltrimetilamo-

nium

AII 30 60 38,96 Jin et al.,

2014

Carvão ativado de

poliacrilonitrila AII 30 28800 (20 dias) 123,0

Hsiu-Mei et.

al., 2009

Carvão ativado de

medula AII 30 28800 (20 dias) 230,0

Hsiu-Mei et.

al., 2009

microesfera de

cellulose funcionalizada AII 25 30 200,0

Lin et. al.,

2016

Bentonita modificada

quimicamente AII 33 1440 239,5

Ma et. al.

2012

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138

6 Conclusão

Os resultados obtidos nesse trabalho mostram que as sínteses da Cox e do Box foram

otimizadas com sucesso por planejamento experimental e análise multivariada. A oxidação

desses materiais levou a um alto grau de introdução de funções ácido carboxílico tanto na Cox

(4,8 mmol/g), quanto no Box (4,5 mmol/g). Os adsorventes Cox e Box foram muito

eficientes na remoção dos corantes modelos catiônicos: violeta cristal (VC) e auramina-O

(AO) em soluções aquosas. As capacidades de adsorção desses materiais são

significativamente superiores à de grande parte dos adsorventes encontrados na literatura. A

cinética de adsorção revelou tempos de equilíbrio para a adsorção de VC e AO por Cox iguais

a 720 min e 540 min respectivamente. Esses tempos de contato podem ser considerados

convenientes dentro de uma extensa faixa que é descrita na literatura. As adsorções de VC e

AO por Cox foram descritas pelos modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem e Elovich,

respectivamente, enquanto as adsorções de VC e AO por Box foram descrita pelo modelo

cinético de pseudo-segunda ordem. A avaliação do modelo cinético difusão intrapartícula

(DIP) revela que a etapa de transporte dos corantes VC e AO pelos poros dos adsorventes Cox

ou Box não é a única que controla a taxa de adsorção nos sistemas estudados. As taxas de

adsorção são também governadas pela etapa de transporte do adsorvato através da camada

limite que circunda os adsorventes, e pela etapa de fixação e de equilíbrio de adsorção. As

isotermas de adsorção foram avaliadas por quatro modelos, dentre os quais, o modelo de

Langmuir foi o que melhor se ajustou aos dados de adsorção do corante VC por Cox ou por

Box, e o modelo de Konda foi o que melhor se ajustou aos dados de adsorção desses

adsorventes para o corante AO. As capacidades máximas de adsorção (Qmax) para VC e AO

em Cox foram 1117,8 mg/g e 1223,3 mg/g respectivamente, enquanto que os valores de Qmax

para o VC e o AO em Box foram 1018,2 mg/g e 682,8 mg/g respectivamente.

O sucesso da síntese da CM3 pela modificação química da celulose foi confirmado pelos

resultados de caracterização. Os estudos cinéticos mostraram que os tempos de equilíbrio de

adsorção para o VC e para o AII por CM3 são alcançados após 450 min e 5 min

respectivamente, estando, portanto, no caso da remoção do VC dentro de uma faixa média de

tempo de equilíbrio, e no caso do AII, sendo um dos adsorventes com a melhor taxa de

adsorção dentre aqueles encontrados na literatura. O modelo cinético que melhor se ajustou à

adsorção de ambos os corantes por CM3 foi o de pseudo segunda ordem. A avaliação do

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139

modelo cinético difusão intrapartícula (DIP) revela que a difusão dos corantes VC e AII pelos

poros da CM3 não é a única etapa que controla a taxa de adsorção nesses sistemas. As taxas

de adsorção são também governadas pela etapa de transporte do adsorvato através da camada

limite que circunda os adsorventes, e pela etapa de fixação e de equilíbrio de adsorção. Os

estudos das isotermas de adsorção apontaram Konda e Langmuir como os melhores modelos

para descrever a adsorção de VC e AII por CM3, respectivamente. A capacidade de adsorção

do corante catiônico VC por CM3 foi de 2367,5 mg/g, com a fixação deste corante ocorrendo

em dupla camada. Esta capacidade de adsorção é muito superior à de outros materiais

empregados para a adsorção de corantes encontrados na literatura. Com respeito à adsorção de

AII por CM3 a capacidade de adsorção foi de 217,5 mg/g, ocorrendo em monocamada. O

Qmax da CM3 para o AII tem valor superior ao das capacidades de diversos adsorventes

descritos na literatura para a remoção deste corante.

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140

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