132 caracterizaÇ~o de carvÕes ativados...

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132 DE CARVÕES ATIVADOS UTILIZADOS NA INDUSTRIA DO OURO: PROPRIEDADES FíSICAS, QUÍMICAS E ESTUDO CINÉTICO. A.C O. Ladeira' , ME M. F1gueira "' , V S T C1m1nE.'ll i "'' Realizou-se um estudo c omparativo de caracterizaçio de cinco amostras de carvões ativados, juntamente com uma análise da cinética de adsorçio do aurocianeto, a partir de soluçÕes aquosas diluídas . A etapa de caracter1zaçio v1sou a determinação e quantificação de propriedades físicas e quími c as importantes para um bom desempenho dos c arvões em c1rcuitos de adsorção para recuperação de ouro . A anál1se cinética avaliou a influência de pa r âmet ros de processos tais co mo temperatu ra , concentração de ouro em solução, agitação, pH e tempo nas de adsorção do em car o ativado Os resultados obt1dos foram comparados com dado s d1 spo ve is na literatura e apontaram divergências no que d1z respeito ao mecanism o controlador da reação de adsorção CHARACTERIZATION DF ACTIVATED CARBDNS UTILIZED lN THE GOLO INDUSTRY : PHYSICAL AND CHEMICAL PROPERTIES , AND KINETIC STUDY lh e work compr1ses a comparat1ve character1zation of five samples of activated carbons and a kinet1c evaluation of gold adsorption from diluted solutions lhe characterization was aimed at determining and quant1fying some physi c al and chemical properties considered important for an adequate performance of carbons in gold plants lhe k1netic study analised the influence of gold concentration in solution, temperature, pH, agitation and time on the rate of gold adsorption on carbon The data obtained were compared with those reported in literature . A discussion of these results based on the suggested mechanism is also presented Membro do Grupo de Pesquisas da Mineração Morro Velho S.A. e Departamento de Engenharia Química, UFMG de Engenharia I Universidade Federal de Minas Gerais, Rua Espírito Santo, 35, Belo Horizonte- MG Brasil; CEP 30160 . J

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132

CARACTERIZAÇ~O DE CARVÕES ATIVADOS UTILIZADOS NA INDUSTRIA DO

OURO: PROPRIEDADES FíSICAS, QUÍMICAS E ESTUDO CINÉTICO.

A.C O. Ladeira' , ME M. F1gueira"' , V S T C1m1nE.'ll i "''

Realizou-se um estudo c omparativo de caracterizaçio de cinco amostras de carvões ativados, juntamente com uma análise da cinética de adsorçio do comple~o aurocianeto, a partir de soluçÕes aquosas diluídas . A etapa de caracter1zaçio v1sou a determinação e quantificação de propriedades físicas e quími c as importantes para um bom desempenho dos c arvões em c1rcuitos de adsorção para recuperação de ouro . A anál1se cinética avaliou a influência de pa r âmet ros de processos tais como temperatu ra , concentração de ouro em solução, agitação, pH e tempo nas ta~as de adsorção do comple~o em car vão ativado Os resultados obt1dos foram comparados com dados d1 sponí ve is na literatura e apontaram divergências no que d1z respeito ao mecanismo controlador da reação de adsorção

CHARACTERIZATION DF ACTIVATED CARBDNS UTILIZED lN THE GOLO

INDUSTRY : PHYSICAL AND CHEMICAL PROPERTIES , AND KINETIC STUDY

lh e work compr1ses a comparat1ve character1zation of five samples of activated carbons and a kinet1c evaluation of gold adsorption from diluted solutions lhe characterization was aimed at determining and quant1fying some physi c al and chemical properties considered important for an adequate performance of carbons in gold plants lhe k1netic study analised the influence of gold concentration in solution, temperature, pH, agitation and time on the rate of gold adsorption on carbon The data obtained were compared with those reported in literature . A discussion of these results based on the suggested mechanism is also presented

~Atualmente Membro do Grupo de Pesquisas da Mineração Morro Velho S . A. e Departamento de Engenharia Química, UFMG ~Departamento de Engenharia Metal~rgica I Universidade Federal de Minas Gerais, Rua Espírito Santo, 35, Belo Horizonte- MG Brasil; CEP 30160 .

I I

I I I I

J

13 3

INTRODUl;í."iO

O pr·ocesso de c.dsorç:ão em carvão ativado do ouro e prata,

presentes em soluções contendo cianeto, apresentou uma grande

ace1taç:io mund1al a partir da d~cada de 70 Este fato se deve, em

parte, ao desenvolvimento de métodos eficientes de eluiç:ão do

ouro e de regeneração do carvão . Além di~so, o processo de

adsorção com carvão ativado oferece algumas vantagens sobre o

pr ocesso Merrlll-Crowe, tais como a adsorç:ão é menos afetada

pelas impurezas do licor- , dispensa os estágios de clarificação e

filtração, e, a perda de ouro solGvel ~significativamente menor

A preferincia pelo processo com carvão ativado em relação ao

método tra d icional Merrill-Crowe se de ve , portanto, à sua maJor

eficlÉ?ncJa de metais preciosos em soluções de

baixo teor e ao seu menor custo operac1onal e de cap1tal

Dentre a s técni c a s mais empregadas

utilizando-se o carvão ativado tem-se

(i) carvão em polpa (CIP) consiste em contactar

do our·o

em sentido

con tra-corrente e utilizando tanques com agitação, o carvão

ativado com a polpa já cianetada .

(ii) car vão na lixiviação <CIL) a adsorç:ão se realiza

juntamente com a cianetaç:ão; é indicada para minérios que contém

mater1al carbonáceo capaz de adsorver parte do ouro em solução

(ili) car vão em coluna <CIC> geralmente utilizada para soluções

clarificadas, provenientes de lixiviação em pillha ou tanques com

agitação , que alimentam uma série de colunas com carvão ativado .

O car vão utilizado na adsorção deve apresentar algumas

caracteristicas import~ntes para um bom desempenho no circuito .

Dentre elas tem-se elevada taxa de extraç:ão de ouro, alta

capac1dade de carregamento de ouro e alta resistência à abrasão .

Esta última caracteristica é importante para reduzir as perdas de

ouro, decorrentes da geração de finos, principalmente nas

circuitas CIP e CIL No circuito CIC pode-se utilizar carvões

menos resistentes, pois o efeito abrasivo nio é tão pronunciado .

134

Para ser ut1l1zado em circu1tos de adsorçâo, o carvão deve

ser, previamente, submetido a uma avaliação de suas propriedades

fisicas e guimicas Para tal, são realizados testes padrão em

laboratório, com o obJetlVD de caracterizar· este carvão e

avaliar a viabilidade de seu emprego em circuitos de adsorção

Entretanto, as not-mas dos testes padrão de caracterização

enfat1zarn as propriedades físicas e quÍmicas, de iKando pouco

e )( plorados os aspectos ctnéticos . ~ importante ressaltar gue, na

prática por razões c1né t 1cas tempo longo necessário para

u t i 1 i z ar- plenamente a capactdade má)(ima de carregamento do

carvão> e econ6micas minimizar perdas de finos) trabalha-se

distante do eguilíbrio, com bai)(OS níveis de carr·egamento, e

port anto, em cond1çÕes nas quais os fatores cinéticas destacam-se

como predominante Além dtsso, os testes padrão ut1l1zam soluç ões

de elevada concentração de ouroJ Incompatíveis com a fai)(a

normalmente empregada em c ircuitos industriais

Considerando-se os aspectos acima e)(postos, re.~alicou-se um

estudo v isando : Cil a caracterização de cinco amostra s de carvões

ativados de fabricação nac1onal e estrangeira, englobando a

determinação de propriedades fístcas e quÍmicas ( i i I a aná lt se

da cinética de adsorçâo de ouro, a partir de soluçÕes d1luídas

de forma a estabelecer a influencia das variáveis de processo nas

ta)(as de reac;:ão das diferentes amostras Os resultados foram

comparados com os dados disponíveis na literatura .

METODOLOGIA

Os carvões nacionais analisados estão identificados pelas

letras A, 8, c e D e o carvão importado pela letra E A

granulometria nominal das amostras, fornecidas pelos fabricantes

é de 8)(16 Mesh Tyler 2,36 )( 1,00 mm ), e)(ceto a amostra A cuja

granulometria é de 6)(16 Mesh Tyler < 3,35 )( 1,00 mm

O Índice de iodo foi determinado de acordo com a norma ASTM-

1510/60, segundo a qual o carvão é colocado em cantata com uma

solução de iodo 0 , 1 N par- a que ocorra a adsorc;:ão do iodo pelo

~

r

I

I

I

..,.. ... ,

135

Após

concentração

um determ1nado tempo de cantata faz-se a dosagem da

res1dual do 1odo em soluçâo

determlnciç ã o r1a das amostras

baseou-se no método de adsorc;ão de nitrogênio segundo o modelo

BET Para tal utilizou-se o equipamento Ouantasorb, da

Ouantachrome Corp

Na determinação do índice de resistência à abrasão aplicou-se

a norma AWWA-8604 -- 7 4 , a qual aval ia a resistência do carvão ao

atrito, comparando-se os r·esultados de aná 1 i se granulométrica

antes e depoi s de se colocar o carvão em um recipiente fechado,

juntamente com bolas de aço e em condição de vibração intensa,

equ1pamento da marca Ro - Tap

Características VIsuais das amostras tais como : forma do

gr-ão, presença de trincas e impurezas foram quantificadas com o

auxilio de lupa e m1croscopia eletrôn1ca

Os ensaios para avaliação da cinética

realizados em um reatar de vidro de 2000

de adsorc;ão foram

cm~. com agitação

mecânica e 1merso em banho termostatizado. Trabalhou-se com 1,0

grama de carvão e 1000 cm''·• de solução sintética de ouro com

concentração de 2 ~g / cm~ Foram retiradas amostras periódicas da

solução e a concentração de ouro foi dosada por

espectrofotometria de absorção atômica .

RESULTADOS E DISCUSS~O

Caracterização do Carvão Ativado

Os resultados obtidos na caracterização dos diversos

carvões estão apresentados na tabela I .

!ABEL.\ l

Caracterizaç!o dos Carvões At ivados

Car'i'âc Matéria !r incas ltpurezas Supdície Refi1ténci a pri1a Especifica Abras!c

(1 vol.l (1 vol.) (12/gi (t i

Coce da 20,13 1.0 ISi02I 5H 80 .40 Bahia SP escória

Coco da 27. 45 2, 7 !Si02 1210 51.45 B<hia SP ,PR FezOusc.

car. ladeira )

Coce da 11, 46 0,9 (car. j1 O~; ~ '-' w 9G.90

Bahia e SP.PR aadeira l Babaçu

Caroço 14,93 1.7 (SiOz, 10M 88,35 pessegc SP rev .forno l

Coce da 4,55 0.2 1215 94,80 Bahia PP

PP : pouco profundas, SP : seai-pro!Ulldas, PF. : pro!Ulldas

---- -- - - -·-~···- ~-- - -~------ "'""

Jndi ce Carbono lodo fixo

(tg/g) (11

840 76.8~

1035 78.41

1040 60. 44

819 75,66

1127 84,60

Materia l Volá til

(%)

4.42

U 1

4,68

1,80

2,96

]_ J(,

I J

r 1 3 7

Superfície Especifica e Indice de Iodo

De acordo com os valores obtidos para superfície especifica e

para o índice de iodo <tabela 11, observa-se uma correspondência

d1reta entre ambos os valores determinados, isto ê, altos valores

de superfic1e especifica correspondem a altos Índices de iodo.

Os dados obtidos no estudo cinético mostraram que carvões

que apresentaram elevados índices adsorveram mais rapidamente o

ouro em soluçâo e apresentaram uma maior capac1dade de

carregamento Este fato fo1 verificado quando se fez o estudo das

var1áveis de processo des critas no item da avaliação cinética .

Estes resultados contrariam Davidson 111 que, ao avaliar as

propriedades que poderiam afetar a constante cinética da reaçio,

não encontrou relação direta entre li) constante cinética e

superfície especifica, Iili constante cinét1ca e índice de iodo,

e (liil superfície especifica e índice de iodo .

Resistência à Abrasão

As amostras submetidas ao teste de resistência à abrasão

foram compostas obedecendo a uma mesma proporção granulométr· ica

O índice de resistência à abrasão está diretamente relacionado

com a porcentagem de trincas dos grãos com o tipo de matéria­

prima e com a presença de impurezas na amostra.

Como mostra a tabela I, o carvão importado apresentou o maior

Índice de resistência à abrasão, ou seja, 94,8% . Isto significa

que, após o ensaio, 5,2% do material encontrava-se abai~o do

tamanho médio inicial das partículas Os carvões C e D mostraram­

se mais adequados aos circu1tos CIP e CIL de adsarção, por

apresentarem índices elevados, 190,9 e 88,4%1 respectivamente

A presença de impurezas, dentre as quais carvão de madeira,

qua r tzo~ hematita, escÓria e

mascarar o valor de resistência

imprecisa Dentre os carvões

revestimento

e conduzir

produzidos a

de forno, podem .

à uma avaliação

partir da mesma

13 8

matéria-prima, o car·vão E possui a menor porcentagem de tr1ncas

(4,6:1. em volume) e o malar· Índice de re s i s tência à abrasã o

(94,8:1.) o carvão 8, apesar de possuir uma alta porcentagem d e

trincas <27,5:1. em volume), apresentou um Índice de resistência à

abrasão relativamente alto (81,5%) Isto pode ser ewpli c ado pelo

seu elevado nível de impurezas, em espec1al o quartzo

Microscopia Eletrônica e Análise de Lupa

A análise visual através de lupa

eletrônica são ferramentas nticroscopia

determinação de características tewturai s

amostra, bem como para a identificação

Juntamente com

importantes para

e mm·· foi óg i c as

da p r·esença

d

a

d a

de

contaminantes Estas caractet- i s t icas pod e m estat- diretamente

relac1onadas com propriedades dos carvões como, p o r exempl o ,

r e sistênc1a à abra s ão . A figura 1 ilustra a natureza altamen te

p o rosa d 2 supet·fíci e do ca r-vão at1vado, ass 1m c o mo a

heterogeneidade do s tamanhos dos por os

mostrada pela figura 2 .

A ocorrência de trincas é

Carbono FiKo , Voláteis e Cinzas

o teor de ca r bono fixo e voláteis são uma medida da

eficiência do processo de at1vação . Uma ativação eficiente produz

carvões com elevados teores de carbono fixo e baixo índice de

voláteis De acordo com a tabela I, o carvão importado apresenta

um teor de carbono fiwo de 84,6%, sendo o car v ão C o que mais se

aproxima deste com um teor de 80,4% . Os outros carvões

apresentaram valores bem Inferiores aos anteriores <tabela Il

As impurezas minerais, quantificadas pelo teor de cinzas, são

decorrentes de falhas técnicas ou de negligência no manuseio da

matéria prima e/ou produto Já os contaminantes orgân1cos (po r

ewemplo, carvão de madeira) contribuem para elevar o teor de

carbono fiwo A tabela I mostra o baiwo teor de impurezas do

c arvão importado em comparação com os produtos nacionais .

I I

I I I

~-

I !

I I

Figura 1 - Superfície porosa do carvão ativado .

( Fator de amplia~ão 200 Xl

Figura 2 - Trincas presentes nos grãos do carvão ativado .

( Fator de amplia~ão 100 Xl

139

140

A tabela I I ilustra o efeito da var1açâo da concentraçâo de

ou r o na velocidadP in1cial de extração . Como pode ser· observado,

n ijo é ev1dente um a cor· relação entre concentr .. c.c;âo do mc~ tal em

solução e velocidade Inicial

Tabela II

Efeito da concentração de ouro <Au) na velocidade inicial de

eKtração (VI)

CARVZ'\0

[ {<u J (.ug \ cm'c')

1 2 3 4

A

Vi (h t)

0,4044 0,5254 0,3552 0,3900

8

Vi (h . .• )

0,7090 0,7624 o' 937:~ 0,9146

c

Vi (h• • ')

1,2435 1,4292 1,3795 1,2618

D

V! (h')

0, 87 69 0,6601 0,7428 0,5742

Os resultados obtidos estão coerentes com a

E

VI (h · t)

0,7932 1,2681

1,0733

l1teratura .

Fleming et alii <2> observou que a constante cinética da reação

não é influenciada pelas variações de concentração de ouro em

solução, quando se trabalha com soluções diluídas.

Conclui-se que, dentro da faixa de concentração estudada, a

velocidade inicial <tabela II> e a extração de ouro (figura 3)

não são afetadas pela concentração inicial do metal em solução

Efeito da Temperatura

O efeito da temperatura na capacidade de adsorção é ilustrado

graficamente na figura 4 . Na faixa entre 298 e 308K, as extrações

finais são semelhantes para todos os carvões, diminuindo em

temperaturas mais elevadas, principalmente entre 338 e 353K A

353K a extração f1nal sofre um decréscimo Significativo I I I

I J

141

Avaliação Cinética

Os parimetros da discussão cinética foram obtidos das funções

definidas estatislrcamente pelo método dos mínimos quadrados.

Efeito da Concentração de Ouro

A figura J i lustra o efeito da var1açao da concentração de ouro na taxa de extra~ão para o carvão A Da mesma forma que para os demais car v ões , esta variação não influenciou sign1ficat1vamente os níve1s finais de extracão . Para soluções com concentração de de ouro igual a 1 ug/cm~ a extração após 4 horas de teste foi ligeiramente maior Apesar deste resultado, não se pode at 1 r· mar que existe

aumento dos níve1s finais de

concentração de ouro em solução

100 (Au]

(UQicm 3 )

o 4 80 03

6.2 o <>I 9 > 60 «> a: o Vl Cl <(

" 40 <(

~ • 20

2

uma correlação

extrac;:ão

CARVPD c

pH = 10,7 298 K 900 min·l

3

com

4 TEMFO (h)

direta entre

o decréscimo

Figura 3 - Efeito da concentração na extração de ouro

o

da

14 2

Cineticamente , e ra de se espe ra r um incr·emento na veloc! dd dc>

1nicial com o aumento da temperatura Por outro lado, esperava-se

um decréscimo na capac idade de adsorç:ão, prÓxima do equ!lÍbt- I<:J

Os dados experimentais obtidos confirmam o decrésc uno na

capacidade de adsorç:ão, entretanto, a rela~;ão de crescimento da

ve locidade inicial com a temperatura mostrou-se Irregular Este

comportamento irregular pode estar relacionado com a tend ê n c ia

oposta de crescimento da veloc idade inicial e de dec réscimo das

conversões finais Este fato re flete -se na curva de extração e ,

port anto, no valor calculado de ve locidade lniClal Um va l o r

médio de energia de at1vação aparente Igual a 2,4 Kcal/mol fo1

es timado

.,

o o > 0:: o Vl o <

" < ,e o

100 • T (KJ

!:..

2

CARVk:J 8

pH=10,7 (Au]= 2~gtcm3 900 min-1

3 4

TEMPO (h)

Figura 4 - Efeito da temperatu r a na extração de ouro .

.....

-143

Este resultado está de acordo com os trabalhos de Fuerstenau

et alii 131 e Fleming et alii 121, que reportam valores de 2 , 0 e

2,6 Kcal/mol, respectivamente Os baixos valores de energia de

ativacão são um indicativo de que a etapa controladora da reacão

é a difusão na película líquida ou difusão nos poros da partícula

de carvão . A energia de ativacão aparente engloba

valor calculado

constantes

um reflexo cinéticas e de equilíbrio,

destas tendências opos tas

Efeit o do pH

sendo o

O pH estudado variou d e 10 a 12 e foi ajustado com s olução de

NaOH ou HCl O estudo limitou-se a pH bási c os, por serem estas as

c on d 1ç:Ões adotadas na industrial e, de v idO às

difi c uldade s e xpe r 1me n ta 1s t1 e>cor- rentes da forrnação do gás HCN

Como most ra a

variável na extracão de ouro

não 11 á

E ~;t e

Influência marcante

fato es t á de a c or-do

desta

com a.

literatu r a , que afirma have r uma grande influência na adsorcão de

ouro ao se reduzir o pH para va lores abaixo de 6, enquanto que

para valores de pH maiores que 6 ocorre um decréscimo marginal na

adsorcão 141

Confirmando

significativa dos

o que fo1

valores

mencionado acima, não houve alteração

encontrados para velocidade inicial de

reação, assim como para a porcentagem final de extração na faixa

de pH entre 10 e 12

Efeito da Agitação

A faixa de agitação estudada abrangeu os níveis de 150 a 200

min - • Entre 150 e 900 m1n -~ um aumento na velocidade de agitação

acarreta um incremento na extração final ; acima de 900 min · • este

efeito é menos acentuado <figura 61 O mesmo pode-se dizer à

respeito da velocidade Inicial da reação. O aumento da velocidade

inicial com a elevação ao nível de agitação se deve à diminuição

da película líquida, no caso de reação controlada por difusão .

u~

100 -- --CARVÃO A

o pH =10,0

80 OpH=I0,5 A pH = 10,7

~ o <> pH = 11,0 o 'V pH = 12,0 >

60 a:: o /g Vl o <t

" 40

298 K 3

c(

[Au) = 2).lg l cm ::-e • 900 min-'

3 4 TEMPO fh l

F1gura 5 - E +e it o d o pH na extraç io d e o uro .

100 I ' I

80 L / 'V

I o I o /;/ CARVÃI:J E

i 60

t o 1800 min-I 'V 900 min -1

" 40 o 300 min-I

< ~ o . " 298 K

f.Au) = 2ugtcm3 pH = 10,7

2 3 4

TEMRJ (h)

Figura 6 - Efeito da agitação na extração de ouro

....

14 ')

A pequena Influência da ag1taçio sobre a velocidade inicial

em n1ve1s superiorec a 1300 m1n sugere o início da mudança do

mecanismo de controle da reação, passando de difusão na película

liqu1da para controle qu1m1co

da partícula de carvão

ou controle por d1fusão nos poros

Efe1to do Tempo

A f1gura 7 ilustra o comportamento dos vár1os carvões

estudados, quando submetidos a ensaios de adsorção com tempo de

cantata de 10 horas O carvão E apresentou o melhor desempenho,

adsorvendu cerca de 83% do ouro ap6s duas · horas de teste e

at1ngindo uma extração final de 97% O carvão C, somente apos 4

horas de cantata, apresenta níve1s de extração pr6x1mos ao do

carvão E Apesar d1sso, este é um carvão extremamente reat1vo e

apresenta uma extração final d e 98% Os carvões A e 8 apresentam

níveis de extração comparáveis ao do carvão E ap6s 6 horas de

contato e atingem uma extração f1nal de 93% Os resultados menus

satisfat6rios foram obt1dos com o carvao O máx1mo de extração em

torno de 85% e uma baixa velocidade inicial de extraçâo de ouro

Estudo dos Modelos Cinéticas

A influência das variáveis de processo na velocidade inicial

da reação foi estudada através do ajuste dos dados experimentais

a diversas equações A equação que apresentou melhor ajuste,

embora não seja uma equação fenomenol6gica, é descrita por 151

X ª b

b + t

onde,

a b =constantes ladimensional, hl

t tempo

X fração reagida

[ 1)

j

~ I '

J

100 ~ ~'r-O~~

~_jJó. - o

0/~ 801-- Av 0

s ~ (;~ ~=: > 60 f V CARVliJ C a: / <>cARVffJ c o (/) o CARIA) E o <(

"' <(

,! o

l i zo[_ j I 2 3 4 5 6 7 8 9 lO

TEMPO (h )

Figura 7 - Efeito do tempo na extraçâo de ouro

Temperatura 298K, ag1taçâo 900 m1n '

concentração de ouro 2.ug\cm' ', pH = i O, l

.<:

" ~

9,6

7,2

4,8

A CARVÃO B

V CARVÃO C

23 45 678910

TEW'O (h)

1 46

Figura 8 - Ajuste dos dados experimentais a forma linearizada dd

equação [iJ

..

1 47

Conforme !l ustra

da equação [ 1] '

super1ores a 0,99,

a f1gura 8, que apresenta a forma line arizada

foram obtidos coefi c 1entes de correlação

para tempos de reação em torno de 10 horas

A liter a t ur a 13,6-8) prop6e a segu1nte equação cinética de

primeira ordem para descrever o fenômeno de adsorção de ouro em

carvões at1vados

ln [Au)so

[AuJs

onde,

k t

[Au)so = concentração inicial de ouro em soluÇão

[AuJs = concentraç ã o de ouro em soluç ão no temp o t

k = constante c1nét1ca

[2]

Entretanto , o aJuste dos ponto s experimentais à equação [2)

só se mostra sat1sfatório

quatro horas . Fleming et

para tempos

alii ( 2 ) e

de reação

Fuerstenau

infer1ores a

et a l i i (3)

calcularam os valores da constante c1nética (k) com base apenas

nos 60 minutos 1niciais de reação , período para o qual a equação

de primeira ordem se ajusta , relat1 vamente bem, aos dados

exper1mentais Esta estreita faixa de aplicação, confirmada pela

literatura, limita sua utilização prática . Para tempos mais

longos de reação , a equação [!J proposta no presente trabalho,

apresenta-se como a mais adequada para descrever a

processo,conforme ficou demonstrado na figura 8

Considerando- se a equação geral de velocidade de reação de

ordem n

d[AuJ

dt

ande,

k A [Au)s"

v

A area superficial

V volume do fluido

e modificando-a em termos de fração reagida , ou seJa

[3)

: ~i

~

i

I( :i

:.J·i:

~ -~ ~

.! ij; :f 'I n~

.. J r

·.!_j' · •. ; •

' ·' ' t ol

.' I· ··· •)

li irl :i; !i~l :~ ~j lf' r. ;;':

i! :I Jl

H! ,. '\

J

l4 o

l (;u) ~; = [ Au) so 11 - X [4J

obtém-se

Q.L-~ L~-.B. [AuJso '' • ( 1 - X) ( 5]

dt v

A part1r

de n=i

da derivação da equação [5), no tempo t=ü, p a ra valores

isto é , partindo-se da hipótese de reação de primeira

ordem , chega-se a equação abalKO

V1 QLI ~ ( 6)

dt l t ; -o v

Esta equação mostra a não dependªncia da velocidade inicial com a

concentração de ouro em solução, como verifi c ado pel a f1gura 3 e

reflete de modo adequado o mecan1smo de d1fusão 11• ordem)

A literatura most r a certas controvérsias sobre o mec an 1smo de

controle da reação . Para Fleming et ali i (2) a constan te

cinética é definida pela equação

k ks kc Av/(kc K + ks) [7]

onde ks e kc são constantes relativas à transferenc1a de massa, K

é constante de equilíbrio e Av é um parâmetro eKpresso em un1dade

de área por unidade de volume . ~artindo-se desta defin1ção e

considerando-se a transferência de massa controlada por difusão

na película isto é, ks (( kc, e partículas esféricas, obtém-se ,

k = Q k:;, [ 8 j

K d

Fleming (2) baseou-se no fato de k depender do 1nverso do

d1ámetr·o da partícula para eKplicar o mecani smo de contro le da

reação por· difusão na p el i cu la . Esta h iPÓtese par ece

ir1 consisten t e, uma V€..12 que, quand o o mecanismo controlador é a

difusão na película, a cons.tante de transferência de massa, < ks),

..

14 9

pode ser considerada como

como mostra a equaçâ o l 9 J

Inversamente proporcional ao diâmetro,

ks ,.2_..,_,0'--_,De [9)

d

A equacio [9] ~ uma f o rma l1mite da equacio ad1mens ional geral,

em sistemas em reg1me de escoamento lam1nar lbalM O numero de

Rey nolds)( 9)

2 ,0 + 0,6 f<e' ·''' (Se} :\ / :-c>J

on d e 1

Ue coef1c1ente d e dlfu s 1v1d ade

Re numero de Reynolds

Se n0mero de Schm1dt

Subs t1t u1ndo-se a equacio [9J na [ BJ,

v c2rdadFJ , 1 nversam<=>nte propore 1 ona 1 a d''

k 1_2~~"'-Ds:.e

K d'"'

[10)

verifica--s e que , k é, na

[11]

Assim sendo o resultado obtido por Fleming 12)

k proporcional a d - ~) ~ indicativo de mecanismo de controle por

difusâo nos poros Quando a resistência à transferência de massa

nos poros é elevada, pode-se mostrar que a constante cinética

para difusâo nas poros se torna Inversamente proporcional ao

diâmetro da partícula, a partir da equaçâo de velocidade de

reação ·

-r a 6 De!_ .1 / f:~ [Auls k [AuJs [12)

d

Outro fato no estudo de Flemlng(2), que fa vor ece o controle

por difusão nos po ro s é a alta concentração de ouro utilizada em

seus testes Cem torno de 30 ppm)(9)

150

Parttndo-se do pressuposto do coeftcJente de transferêncta de

massa, (ks), ser inversamente proporcional ao diâmetro da

partícula, em ststemas onde a diferença relattva de denstdade

partículas/solução é pequena (bat~o número de Reynolds), também

Fuerstenau (3) chegou a uma e~pressão similar à deduztda no

presente trabalho

k l_Ç_ De Me_ [13]

d'' f

Os resultados e~perimentais deste autor aJustaram-se à função

k versus 1/d2, comprovando, dessa forma, a htpÓtese de reação

controlada por difusão na película

No presente trabalho, os resultados obtidos para veloctdade

inicial em relação à agitação reforçam a supostção de mecantsmo

controlado por difusão na película, uma vez que a velocidade

inictal apresenta uma certa tendência crescente com o aumento da

agitação Além dtsso, a pequena Influência da temperatura na

veloctdade inictal é também indicativo de controle por difusão

CONCLUSí':íO

A caracterização tecnológica mostrou que, em relação as

propriedades avaliadas, todos os carvões nacionais apresentaram

índices inferiores aos do carvão importado, comprometendo o uso

destes em circuitos de adsorção, em especial circuitos CIP e CIL

Dentre as variáveis analisadas e considerando as condições

típicas da prática industrial, tais como solu~nPs dtluídas e

meto alcal1no, somente a agitação e o tempo e~ercem Influência

marcante na velocidade de adsorção e na e~tracão final do ouro

Sendo assJm, a avaliação destes parâmetros é fundamental para

que, na práttca, possa-se trabalhar dentro de nívets mats

favoráveis.

O presente trabalho propõe

fenomeno de adsorção do ouro em

uma equação para descrever o

carvões ativados para tempos

-...&

151

longos d e reaçâo Através da avaliaçio dos resultados obtidos

sugere-se que o mecanismo controlador da reaçio de adsorçio de

ouro, em so luçÕes de bai~a c oncentração , seja por difusio na

pelí c ula l i q u1da

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