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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO CECAU JOÃO OTÁVIO BELIZÁRIO TONHÃO DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA HÍBRIDO FOTOVOLTAICO/HIDRELÉTRICO PARA GERAÇÃO AUTÔNOMA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Ouro Preto, 05 de Junho de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS

COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE

CONTROLE E AUTOMAÇÃO – CECAU

JOÃO OTÁVIO BELIZÁRIO TONHÃO

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA HÍBRIDO

FOTOVOLTAICO/HIDRELÉTRICO PARA GERAÇÃO AUTÔNOMA

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E

AUTOMAÇÃO

Ouro Preto, 05 de Junho de 2014

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JOÃO OTÁVIO BELIZÁRIO TONHÃO

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA HÍBRIDO

FOTOVOLTAICO/HIDRELÉTRICO PARA GERAÇÃO AUTÔNOMA

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia de Controle e Automação

da Universidade Federal de Ouro

Preto como parte dos requisitos para

a obtenção do Grau de Engenheiro de

Controle e Automação.

Orientador: João Carlos Villela de Castro

Co-orientador: Ronilson Rocha

Ouro Preto

Escola de Minas – UFOP

Junho/2014

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“A sua capacidade é do tamanho do desafio á ser superado.”

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre me dar condições físicas e psicológicas para

correr atrás dos meus sonhos. Aos meus pais e irmão, raízes de uma árvore que á sustentam

mesmo nas tempestades ou quando ela insisti em crescer rápido demais em busca do Sol.

Agradeço também a minha namorada Paula que muitas vezes abre mão de si mesma para que

eu possa me sentir o homem mais capaz do mundo de realizar os meus sonhos.

Aos meus amigos, por mostrar o quão importante é ter alguém para compartilhar os

momentos bons e ruins.

A gloriosa Escola de Minas e todos os seus professores, principalmente os que eu tive o

prazer de conviver e compartilhar experiências. Vocês foram consagrados com o dom de

multiplicar a coisa mais importante que uma pessoa pode ter, o conhecimento.

Por último e não menos importante, a República Federal Ninho do Amor e todos que fazem

parte desta família. A maior experiência de vida que um estudante pode ter durante a

faculdade e seu porto seguro para o resto de sua vida.

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RESUMO

Os potenciais fotovoltaico e hidrelétrico são fontes de energia que vêm ocupando um papel

cada vez mais importante em estratégias sustentáveis de produção de energia elétrica,

principalmente em localidades onde a extensão das formas de suprimento de energia

convencional é praticamente inviável. A proposta deste trabalho é o desenvolvimento de um

microsistema híbrido fotovoltaico/hidrelétrico para geração elétrica autônoma sem conexão

com a rede elétrica convencional. É considerado o caso de uma bomba d’água funcionando

como turbina (BFT) acoplada a um gerador assíncrono o qual é utilizado na conversão da

energia hidráulica para elétrica. A potência ativa gerada pelo sistema fotovoltaico é inserida

na linha CA utilizando um conversor estático CC-CA, o qual também pode ser utilizado na

regulagem da tensão e da frequência no gerador de indução a partir do controle de energia

ativa e reativa na linha CA.

PALAVRAS CHAVE : Fotovoltaico, hidrelétrico, turbina, geração autônoma, controle,

gerenciamento de energia.

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ABSTRACT

Potential photovoltaic and hydropower are energy sources is occupying an increasingly

important role in sustainable strategies for energy production, specially in localities where the

extension of the forms of conventional energy supply is practically impossible. The purpose

of this work is the development of a PV/hydro hybrid microsystem for autonomous power

generation without connecting to the conventional electric network. A water pump

functioning as Turbine (PFT) coupled to an asynchronous generator is used in the conversion

of electrical energy to hydraulic. The active power generated by the PV system is inserted into

the AC line using a static DC-AC converter, which also regulates the voltage and frequency

of the induction generator from the control of active and reactive power at the AC line. With

appropriate modifications, this system can also be adapted to perform the pumping of water

from the engine of PFT .

Keywords: Photovoltaic, hydroelectric turbine, autonomous generation, control, power

management.

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LISTA DE ABREVIATURAS

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

LCD – Lighting Emiting Diode

PLL – Phase Locker Loop

FP – Fator de Potência

PWM – Pulse Width Modulation

CC – Corrente Contínua

CA – Corrente alternada

BFT – Bomba de Fluxo como Turbina

KW – Kilo Watt

GI – Gerador de Indução

KVA – kilo Volt Ampér

F – Frequência

DSP – Digital Signal Processor

SRSC – Sistema de Regulagem, Supervisão e Controle

RPM – Rotação Por Minuto

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LISTA DE SÍMBOLOS

- Resistência do estator

– Resistência do estator com o motor ligado em estrela

- Resistência do estator com o motor ligado em triângulo

Uc – Tensão no capacitor

– Frequência

– Capacitância

I – Corrente

VA – Tensão na fase A

VB – Tensão na fase B

VC – Tensão na fase C

IA – Corrente na fase A

IB – Corrente na fase B

IC – Corrente na fase C

- Vetores de Clark

- Fator de potência

Pativ – Potência Ativa

Paparente - Potência Aparente

Z – Impedância

Im – Corrente de Magnetismo

L – Indutância

X – Reatância

Pelm - Potência elétrica do motor

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Pelg - Potência elétrica do gerador

η – Coeficiente de rendimento

– Capacitância ligada em estrela

μF – Micro faraday

Var – Potência Reativa

Hz – Hertz

Pn – Potência nominal

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema proposto para o sistema hibrido fotovoltaico/hidrelétrico para geração

autônoma de energia elétrica .................................................................................................... 13

Figura 2 - Esquema da turbina de uma BFT ............................................................................. 15

Figura 3 - Gerador de indução gaiola de esquilo ...................................................................... 16

Figura 4 – Auto-excitação de um motor de indução com capacitor em paralelo sem carga .... 19

Figura 5 - Esboço do sistema de Clark com relação ao sistema trifásico ................................. 22

Figura 6 - Sinais de voltagem após a transformação de Clarke................................................ 24

Figura 7 – Esboço dos vetores girantes com relação ao sistema trifásico ................................ 25

Figura 8–Estrutura simplificada de um célula foto voltaica e o efeito fotovoltaico................. 27

Figura 9 – Circuito referente as resistências de fase do motor ................................................. 30

Figura 10 - Curva de magnetização do motor de indução ........................................................ 36

Figura 11 – Simulação da malha de controle (Simulink) ......................................................... 38

Figura 12 - Correntes de fase antes das transformações de Clark e Park ................................. 39

Figura 13 - Sinais de corrente após as transformadas de Clarck e Park ................................... 39

Figura 14 - Sinal emitido pelo gerador de PWM ..................................................................... 40

Figura 15 - Esboço do comportamento da dos sinais de corrente nos terminais da bateria. ... 41

Figura 16 - Diagrama prático - Pelm x Pn ................................................................................. 42

Figura 17 - Ensaio do gerador de indução operando á vazio e motor simulando a queda

d'água. ....................................................................................................................................... 44

Figura 18 - Gerador operando a vazio ...................................................................................... 46

Figura 19 - Ensaio do GI alimentando uma carga resistiva ...................................................... 48

Figura 20 - Protótipo do dispositivo utilizado para o controle de acionamento do sistema de

geração ...................................................................................................................................... 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores obtidos no ensaio a vazio: ......................................................................... 32

Tabela 2 - Dados obtidos para o levantamento da curva de magnetização: ............................. 36

Tabela 3 - Dados obtidos em ensaio do gerador operando em vazio ...................................... 45

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1.1. Objetivo ............................................................................................................................. 13

1.2. Metodologia ....................................................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 15

2.1. Bomba operando como turbina (BFT) .............................................................................. 15

2.2. O gerador de indução (GI) ................................................................................................. 16

2.2.1. Determinação da carga capacitiva para a auto-excitação ............................................. 18

2.3. Técnicas para controle de tensão ....................................................................................... 20

2.4. Controle vetorial ................................................................................................................ 21

2.4.1. Transformada entre eixos de referência ........................................................................ 21

2.4.2. Transformada de Clark ................................................................................................. 22

2.4.3. Transformada de Park ................................................................................................... 24

2.5. Controlador LQR ............................................................................................................... 25

2.6. Sistema fotovoltaico .......................................................................................................... 26

2.6.1. Estrutura de uma célula fotovoltaica ............................................................................ 27

2.7. Armazenamento e conversão da energia gerada ............................................................... 28

2.7.1. Inversor ......................................................................................................................... 28

2.7.2. Bateria ........................................................................................................................... 28

2.7.3. Regulador de carga ....................................................................................................... 28

3. RESULTADOS .................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

3.1. Obtendo os parâmetros de GI ............................................................................................ 30

3.1.1. Dados de placa do motor .............................................................................................. 30

3.1.2. Medição da resistência do estator ................................................................................. 30

3.1.3. Ensaio a vazio ............................................................................................................... 31

3.1.4. Ensaio com o rotor bloqueado ...................................................................................... 33

3.1.5. Obtendo a curva de magnetização do gerador .............................................................. 34

3.2. Simulação do controle de reativos em um sistema trifásico.............................................. 37

3.3. Dimensionamento do banco de capacitores ...................................................................... 41

3.3.1. Cálculo do banco de capacitores ................................................................................... 42

3.4. Ensaio do GI a vazio ......................................................................................................... 44

3.5. Ensaio do GI com carga .................................................................................................... 46

4. INTERFACE DO SISTEMA DE CONTROLE E O USUÁRIO ................................ 48

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5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 51

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 52

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1. INTRODUÇÃO

O aproveitamento do potencial fotovoltaico e hidrelétrico são fonte de energia menos

poluentes e sustentáveis que vem ocupando um papel cada vez mais importante em estratégias

de produção de energia elétrica, principalmente em localidades onde a extensão das formas de

suprimentode energia convencional é praticamente inviável. Uma substancial parcela da

população mundial sobrevive sem a energia necessária ao atendimento de suas demandas

sociais básicas, tais como água potável, produção e conservação de alimentos, educação,

saúde, saneamento, telefonia de emergência e informação. Este fato ocorre principalmente em

localidades onde a extensão das formas de suprimento de energia convencional é praticamente

inviável, o que compromete drasticamente o desenvolvimento social e econômico destas

regiões. O uso de recursos naturais não renováveis para a produção energética tem sido

inviabilizado, principalmente pela dificuldade em sobrepor os efeitos negativos associados a

sua progressiva utilização, tais como o inevitável esgotamento e o aumento das preocupações

com problemas ambientais. Neste contexto, tecnologias menos poluentes e sustentáveis têm

ocupado um papel cada vez mais importante em estratégias de produção de energia elétrica,

despertando um grande interesse mundial no desenvolvimento de sistemas de geração

baseados em fontes renováveis de energia.

Seguindo esta linha, os sistemas fotovoltaicos ocupam uma posição privilegiada como uma

alternativa economicamente atrativa em oposição às fontes energéticas convencionais para a

geração de eletricidade. Características como modularidade, exiguidade e facilidade de

manutenção, impactos ambientais relativamente reduzidos e longa vida útil fazem dos

sistemas fotovoltaicos um meio adequado para geração isolada de energia elétrica. Nestes

sistemas, a energia elétrica na forma de corrente contínua é gerada a partir da conversão direta

da energia luminosa utilizando células fotovoltaicas, interligadas em arranjos série-paralelo

conhecidos como módulos solares para ampliar a capacidade de geração de energia. A

instalação de um sistema fotovoltaico é, em geral, estática sem partes móveis, altamente

modular e portátil. Entretanto, a energia gerada por estes sistemas está sujeita aos

condicionantes inerentes à natureza da energia solar, ou seja, as alterações de luz ao longo do

dia e a possível presença de condições climáticas desfavoráveis (chuva, nuvens, etc).

O aproveitamento de potenciais hidráulicos residuais através de microcentrais hidrelétricas

também constitui uma importante oportunidade para geração isolada, uma vez que apresentam

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um potencial energético não desprezível, disponível a baixo custo e com baixo impacto

ambiental. Estes tipos de centrais hidrelétricas são utilizados principalmente em cursos d’água

de pequeno e médio porte que possuam desníveis durante seu percurso, operando

normalmente a fio d’água sem um reservatório que permita a regulação do fluxo. O fluxo de

água movimenta uma turbina, produzindo energia mecânica rotacional que aciona uma

máquina elétrica girante para a geração de eletricidade. Uma alternativa robusta e de baixo

custo à turbina hidráulica, principalmente para instalações de baixa potência, é a utilização de

uma bomba de água convencional, a qual pode operar como turbina (BFT) a partir da inversão

do fluxo de água e do sentido de rotação do rotor.

Em diversas aplicações, a máquina de indução tem sido preferida para a geração de energia

em relação ao tradicional gerador síncrono devido à sua construção mais simples e barata,

robustez e fácil sincronização com a rede quando a mesma trabalha interligada com a à rede

de distribuição. Quando acionado mecanicamente á uma velocidade de rotação apropriada,

um motor de indução opera como gerador desde que seja fornecida a energia reativa

necessária para sua excitação, podendo produzir e injetar energia ativa no sistema de potência

ao qual está conectado. A tensão e a frequência produzidas por um gerador de indução são

altamente dependentes da potência reativa e da carga elétrica, as quais devem ser reguladas

com o propósito de assegurar a estabilidade e melhoramentos no desempenho dinâmico do

sistema de geração, principalmente quando não há controle da velocidade de rotação

mecânica da máquina elétrica.

A interconexão entre um sistema de geração fotovoltaica, que produz energia elétrica na

forma de corrente contínua, e um sistema de geração assíncrona, que produz energia elétrica

na forma corrente alternada, pode ser realizada utilizando um conversor CC-CA chaveado de

forma a operar nos quatro quadrantes de potência. O fluxo de energia ativa neste conversor

estático é bidirecional, permitindo tanto a inserção da potencia gerada pelo sistema

fotovoltaico ou armazenada em banco de baterias na linha CA, como também a transferência

da energia ativa produzida pelo gerador assíncrono para armazenamento em banco de

baterias. Este conversor estático também pode operar como compensador estático de reativos

para a linha CA, permitindo o controle da componente reativa da energia na linha CA. Assim,

as componentes de energia ativa e reativa podem ser controladas de forma a regular a tensão e

da freqüência produzidas pelo gerador de indução, estabelecendo um fluxo de energia ativa

entre as linhas CC e CA de forma a otimizar a geração das fontes primárias de energia.

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Figura 1 - Esquema proposto para o sistema hibrido fotovoltaico/hidrelétrico para geração autônoma

de energia elétrica

1.1. Objetivo

A objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um sistema híbrido fotovoltaico/hidrelétrico

de pequeno porte para geração elétrica autônoma sem conexão com a rede elétrica

convencional. O sistema fotovoltaico é integradocom uma bomba d’água funcionando como

Turbina (BFT) acoplada a um gerador assíncrono, utilizando um conversor estático operando

nos quatro quadrantes, o qual permite realizar o controle do fluxo de energia reativa e ativa

entre os sistemas e a carga elétrica de forma a regular a tensão e frequência na linha CA. Com

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as devidas modificações, este sistema também pode ser adaptado para efetuar o bombeamento

de água a partir da motorização da BFT

Durante a execução deste projeto, outros objetivos foram atingidos os quais estão sumarizados

a seguir:

Estudo e desenvolvimento de um sistema de geração fotovoltaica

Estudo e desenvolvimento de um micro-sistema de geração hidrelétrica

Estudo e análise da operação de Bombas Funcionando como Turbinas hidráulicas

(BFT)

Estudo de máquinas elétricas assíncronas e do gerador de indução

Estudo dos conversores de potencia chaveados

Estudo e análise de técnicas de controle para sistemas de geração de energia

1.2. Metodologia

Uma pesquisa bibliográfica éfeita com o objetivo de estudar sistemas de geração de energia

fotovoltaicos e hidrelétricos, BFT’s, gerador assíncrono, e conversores de potência VSI e CSI,

visando a elaboração modelos e estratégias de controle para o sistema de geração proposto.

As análises iniciais são feitas utilizando resultados de simulações computacionais atravésdos

softwares MATLAB, sua ferramenta SIMULINK e seu toolboxSIMPOWERSYSTEM que

visa a simulação de sistemas de controle e sistemas de potência de forma que se possa analisar

resultados preliminares com mais facilidade. É feito o cálculo do banco de capacitores de

modo a suprir a demanda de energias reativas e capacitivas para a auto-excitação do gerador.

São realizados ensaios com o motor operando como gerador em vazio e posteriormente

colocadas cargas puramente resistivas e indutivas no sistema de moto a observar a resposta do

mesmo. Posteriormente é implementado um dispositivo para o gerenciamento deste sistema,

fazendo a interface com o usuário e possibilitando-o de manobrar o sistema de acordo com a

sua necessidade energética.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Bomba operando como turbina (BFT)

Para que uma bomba opere como turbina é necessário que se faça a inversão do fluxo de

água, que tem como conseqüência a inversão do sentido de rotação do rotor. A Figura 2

ilustra, respectivamente,os sentidos do fluxo de água quando do bombeamento de água e

quando da geração de energia mecânica.

Figura 2 - Esquema da turbina de uma BFT

FONTE: MARRA,2000

No entanto, para que a bomba operecomo turbina não basta a inversão do fluxo, mas também

o aumento da altura e da vazão com relação aos dados nominais fornecidos pelo fabricante

para que seja gerada a potência nominal do motor, considerando as perdas. Estudos

realizadono Brasil por Viana (1987) no LHPCH-UNIFEI, tornaram possível o

levantamento de coeficientes experimentais, baseados em ensaios de bombas bombeando

água e operando como turbina, que permitem a determinação da altura e da vazão nominal

para uma determinada bomba operar como turbina. Tal técnica é conhecida como Método

de Viana para seleção de BFT’s. A elevação destes parâmetros torna-se necessário a fim

de que o rendimento da BFT mantenha-se igual ao da bomba. No trabalho desenvolvidopor

Medeiros (2004) no LHPCH-IRN-UNIFEI são realizados ensaios onde se conseguiu um

rendimento superior para a BFT se com- parado com a bomba. Um estudomuito interessante

também foi realizado por Chapallaz et al. (1992) na Europa onde foram levantados

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coeficientes experimentais para a determinação da altura e da vazão da bomba que irá operar

como turbina.

2.2. O gerador de indução (GI)

Estudos sobreo gerador de indução iniciaram-se na década de 30 como pode ser visto nos

trabalhos de Basset et. Al (1935) e Wagner (1939). O geradorde indução não é

propriamente um gerador, mas um motor de indução utilizado para gerar energia. Existem

dois tipos motores de indução que podem ser utilizados como gerador. O primeiropossui

um rotor bobinado e anéis coletores que interligam o circuito do rotor a um circuito

qualquer localizado no exterior da máquina. Já o segundo, o mais indicado para operar

comogerador, principalmente devido à sua simplicidade e baixo custo, possui um rotor

denominado rotor em gaiola de esquilo

FONTE: MARRA , 2000

Com relação ao gerador síncrono, utilizado em centrais hidrelétricas,o gerador de indução

possui várias vantagens, tais como:

Figura 3 - Gerador de indução gaiola de esquilo

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· custo – de acordo com o trabalhode Chapallaz et al (1990) o GI pode ser uma opção

viável técnico e economicamente para potência até 100kVA. Como será mostradono estudo

de caso adiante, pode-se conseguir uma economia de 40% na aquisição de um GI de30kW,

se comparado ao gerador síncrono de mesmo porte;

· robustez – possui uma estrutura mais simples e ausência de pólos salientes. Isto significa

que a velocidade de disparo do gerador de indução não é um grandeinconveniente, tal como

acontece nos geradores síncronos. Para máquinas de quatro pólos, os fabricantesgarantem

que a velocidade de disparo atinja o dobro da velocidade síncrona da máquina Chapallaz

et al. (1990);

simplicidade – a ausência de bobinas, anéis coletores no rotor e escovas, torna o gerador de

indução uma máquina praticamente isenta de manutenção se comparada ao gerador

síncrono. Isto éuma grande vantagem quando se trata de microcentrais hidrelétricas

operando em áreas isoladas de difícil acesso para equipes de manutenção;

sincronismo – o gerador de indução dispensa a utilização de colunas de sincronismo, o que

repercuti num menor custo de aquisição, quando comparado ao gerador síncrono.

Outravantagem que pode ser citada é com relação ao disjuntor, pois, para microcentrais é

mais viável utilizar disjuntores termomagnéticos. No entanto, quando há duas ou mais

máquinas emparalelo, é interessante a utilização de disjuntores termomagnéticos

motorizados para facilitar a operação de sincronismo entre as máquinas. Como o geradorde

indução não necessita de sincronização, o custo pode ser ainda mais reduzido, visto que o

sistema de motorização do disjuntor é caro;

Sistemade excitação – geradores assíncronos utilizam um banco de capacitores para

excitação. Possui a vantagemde ser um sistema estático, ou seja, não possui componentes

rotativos, se comparado ao gerador síncrono, que normalmente utiliza sistemas rotativos

para excitação, sendo uma excitatrizde corrente alternada e um retificador rotativo montado

no mesmo eixo do gerador (tipo “brushless”). Estes tambémpodem operar com excitatrizes

estáticas, mas o número de máquinas síncronas que utilizam este sistema é reduzido

devido ao seu alto custo.

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2.2.1. Determinação da carga capacitiva para a auto-excitação

Wang et al. (2002) descrevem uma técnica baseada em autovalorespara análise e predição dos

valores mínimo e máximo de capacitânciarequeridos para a auto-excitação de um GI. Análises

referentesà sensibilidade do valor mínimo da capacitância com relação à tensãonos terminais

do gerador, ao valor da reatância de magnetização, ao tipode carga e à velocidade imposta ao

rotor do gerador são efetuadas. Resultadosexperimentais são obtidos em uma máquina de

indução trifásica,conectada em estrela, operando como um gerador com velocidadeconstante.

Por fim, estes resultados são comparados com os resultadosanalíticos, validando a técnica

proposta.

Chapallaz et. al (1990) descreve que a carga e descarga de capacitores não é um processo

instantâneo, leva algum tempo até que as cargas (elétrons) se mudam para o capacitor ou a

partir do mesmo. No início do processo de carregamento, o fluxo de corrente, a mesma irá

parar logo que a tensão através do capacitoratingir o mesmo valor que a tensão da

fonte.Aplicando uma tensão DC a um circuito com uma resistência R e uma capacitância C,

que pode ser mostrado (usando a lei de Ohm) sendo a corrente i= U0 / R, em que U é uma

fonte de tensão constante. Uma vez que este fluxo de corrente inicial criou uma tensão (carga)

através do condensador, a queda de tensão (pressão para iniciar o fluxo) através da resistência

é agora menor do que U0 , portanto, uma corrente I no circuito irá ter um valor mais baixo.

Assim, tanto I quanto U não terão valores constantes durante o processo de carregamento e

podemos escrever :

Uc =

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Figura 4 – Auto-excitação de um motor de indução com capacitor em paralelo sem carga

FONTE: CHAPALLAZ ,1990

Acionando o gerador através de um inversor de freqüência e colocando-o em uma

determinada velocidade,surgirá uma tensão reduzida devido ao magnetismo residual na

máquina. Esta tensão, aplicada ao capacitor provoca a circulação de uma corrente adiantada

90oda mesma. Portanto, tem-se a corrente de magnetização e a corrente no capacitor em fase

com o fluxo magnético. A corrente de magnetização contribui para o aumento da tensão no

gerador, elevando a corrente de magnetismo, que por conseqüência elevará a corrente que

circula no conjunto. Esta corrente também contribui para a excitação do gerador, elevando

ainda mais a corrente de magnetismo. Esse processo se repete sucessivamente até que o

gerador atinja o equilíbrio ,que corresponde a interseção das curvas de magnetização do

gerador e de carga do capacitor (Figura 4). Este sistema se estabiliza em um determinado

valor de corrente de magnetismo e para uma tensão induzida devido a sua saturação.

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20

2.3. Técnicas para controle de tensão

Como será observado na próxima seção,tal como acontece com o gerador síncrono, a tensão

gerada pelo GI sofre um decréscimo conforme a carga aumenta caso não haja algum

sistema para o controle da tensão, caso a máquina esteja operando num sistema isolado. Esta

quedapode ser explicada pelo fato do aumento da corrente da carga causar um aumento na

queda de tensão dos circuitos internos da máquina e diminuição da corrente de

magnetização.

Várias técnicas para controle da tensão foram estudados e desenvolvidos ao longo dos anos

que podem ser vistas nos trabalhos de Basset et. Al (1935), Brennen et. Al (1977), Caldas

(1980) e Chapallaz et al (1990).

Resumindotem-se:

· método do capacitorsérie;

· método dos capacitores chaveados;

· método do controladorde carga;

· método do reator saturado;

· método do indutor controladopor tiristores.

A utilização de cada técnicadepende da natureza da carga a ser alimentada, ou seja, se é ativa

ou reativa, e também da precisão que se necessita no controle da tensão.

O controleda freqüência pode ser feito mantendo-se a velocidade do GI constante, tal como

ocorre no gerador síncrono, porém é necessário ressaltar que para que uma máquina de

indução de quatro polos, por exemplo, gere energia com freqüência de 60Hz a plena

carga, é necessário que ela opere a uma velocidade igual ou próxima a 1800 rpm.

Estas vantagens podemser maiores se for considerada a operação do GI em paralelo com

uma rede, visto que, neste caso é não é necessária a utilização de sistemas de controle de

tensão e freqüência que são definidos pela rede interligada.

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2.4. Controle vetorial

ComoempregodemicrocontroladoreseDSP’scomalto poderdeprocessamento,o

acionamentodasmáquinasassíncronas,especialmente omotordeinduçãocomrotorem

gaiola,temsetornadocadavezmaissimplesepreciso,permitindo oempregodetécnicas avançadas

decontrole.Estecapítulodescrevedeformasimplesocontrolevetorialde

máquinaselétricas,oucontroleporcampoorientado,easetapasnecessáriasparaasua

implementaçãonumsistemamicrocontrolado.

Oprincípiodocontrolevetorialnoacionamentodemáquinas elétricasestábaseado no

controledamagnitudee fasedas tensõese correntesimpostaspor umconversor estático.

Essatécnicapermitequeotorque e o fluxodeumamáquinaelétricaCAsejam

controladosdeformaindependente,damesmaformaqueé feitonocontroledamáquinade

correntecontínua(máquinaCC),o qualébastantevantajoso.

Segundo Weingartner (2007) ocontrolevetorialpermitequeaspotências

ativaereativasejamcontroladasde

formaindependente.Estatécnicaébaseadanoconceitodadecomposiçãodevariáveis

comotensão,correnteefluxos,emumsistemadeeixosfictíciosortogonais dq,osquais,

geralmente, têmcomopontofixodereferênciaofluxoproduzidonoestator,oua velocidadedo

rotor,ou aindao fluxono entreferroda máquina.

2.4.1. Transformada entre eixos de referência

Autilização dastransformadas entreeixosdereferêncianosestudosdemáquinas elétricas tem se

mostrado não apenas importante na análise, mas também na implementação

desofisticadossistemasdecontrole.AstransformadasdeClarkeede

Parkconstituemetapasfundamentaisdocontrolevetorial.Atravésdelassetornapossívela

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representaçãodevariáveistrifásicasdefasadasde120º

poroutrasbifásicascomdefasagem de90º

emeixosdereferênciaestacionáriosegirantes.

A transformada α-β-0 é uma conversão algébrica de tensões ou correntes trifásicas em uma

referência bifásica, também denominada transformação de Clarke. Para sistemas a quatro fios,

a transformada “desacopla” as componentes de seqüência zero das componentes α e β. Tem-

se a transformada de Clarke na equação (SILVA, 2008).

2.4.1.1. Transformada de Clark

AtransformadadeClarketornaumsistematrifásicoemumbifásicoortogonalcom

eixosestacionários. Nafigura 4 émostradaaequivalênciaentreosistema(a,b,c)eo

(α,β).Avariáveldenotadaporfpoderepresentarcorrente,tensão,enlacesdefluxo,ou carga

elétrica.

FONTE:LIMA, v.6

Figura 5 - Esboço do sistema de Clark com relação ao sistema

trifásico

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Decomposição dos vetores espaciais da tensão representando o sistema trifásico da Figura 5.

Sistema bifásico equivalente dados em corrente i .

[

]

⌋ [

]

Os vetores de Vα e Vβ com relação aos vetores Va , Vb e Vc trifásicos ficam dispostos de

acordo com a figura 5.

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24

Figura 6 - Sinais de voltagem após a transformação de Clarke

FONTE: LIMA, v.6

2.4.1.2. Transformada de Park

A transformada de Park consiste em transformar os vetores resultantes da transformadas de

Clarke em vetores girantes e fazê-los girar em uma velocidade arbitrária qualquer, resultando

assim em um sistema de dois vetores (Vd e Vq) em uma velocidade angular formando dois

vetores correspondentes ao sistema.

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FONTE: LIMA, v.6

2.5. Controlador LQR

O problema do regulador linear quadrático tem sido assunto de volumes de pesquisa desde

sua concepção na década de 60. Este problema consiste em manter a saída de um sistema o

mais próximo possível de um valor dereferência (normalmente zero). Para isso o LQR utiliza

o problema da otimização dos mínimos quadrados o que garante um sistema de malha fechada

estável, alcançando um nível elevado de estabilidade e robustez (CASTRO, 2009).

Tendo como base a forma típica funcional quadrática:

Como R é uma matriz real simétrica positivo definida, pode-se concluir que:

Figura 7 – Esboço dos vetores girantes com relação ao sistema trifásico

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Substituindo na Eq. Algébrica de Riccati (ARE):

Minimizando-se J em relação a K tem-se:

A expressão acima é quadrática, portanto não pode ser negativa, com isso, a mesma será nula

quando:

Como :

Onde P deve satisfazer a ARE , ou sua forma reduzida :

2.6. Sistema fotovoltaico

Um sistema fotovoltaico consiste em um sistema de conversão da energia luminosa em

energia elétrica, podendo emitir eletricidade em corrente contínua ou corrente alternada.

A composição de um sistema fotovoltaico consiste em alguns equipamentos como: o painel

solar, bateria de acumuladores, um sistema de regulagem, supervisão e controle, além dos

condicionadores de energia que são os inversores e conversores.

Os painéis solares absorvem a energia solar e a converte em energia elétrica através do efeito

fotovoltaico. Este efeito ocorre quando os elétrons absorvem a energia solar necessária para

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romper a sua banda de valência e entrar na banda de condução, onde ele terá liberdade de

interagir eletronicamente com a sua vizinhança. O campo elétrico gerado na junção acelera os

elétrons e favorece o deslocamento de cargas, gerando, dessa forma, a corrente elétrica.

Segundo o postulado de Bohr os elétrons se encontram em níveis estacionários de energia de

um átomo e para que o elétron passe para outro nível de energia ele deve absorver ou emitir

energia. A transição eletrônica de níveis se dá com a energia recebida ou cedida pelo elétron.

Dependendo da tensão e da corrente desejada faz-se associações de módulos em série e/ou

paralelo. A energia elétrica gerada é direcionada para as baterias de armazenamento de

energia. Para evitar uma corrente de retorno para os painéis utiliza-se um diodo em série.

Para o gerenciamento da carga gerada em um sistema fotovoltaico faz-se necessário um

sistema de regulagem, supervisão e controle, denominado SRSC. Como os painéis fornecem

corrente de forma contínua, torna-se necessário o uso de um inversor para utilização de cargas

que demandam corrente alternada.

2.6.1. Estrutura de uma célula fotovoltaica

A grande maioria das células fotovoltaicas são formadas de junção P-N, nessa junção cria-se

uma zona de depleção, lugar onde existe um campo elétrico gerado pela recombinação, ou

seja, associação de um elétron do material tipo N com uma lacuna do material tipo P.

Figura 8–Estrutura simplificada de um célula foto voltaica e o efeito fotovoltaico

FONTE: CERESBE, 2004

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2.7. Armazenamento e conversão da energia gerada

2.7.1. Inversor

Inversor é o dispositivo necessário para alimentação de cargas em corrente alternada através

de fontes de energia contínua. A geração do sistema fotovoltaico, assim como a energia

fornecida pelas baterias, é em corrente contínua, mas alguns tipos de cargas necessitam de

corrente alternada para operarem. Nestes casos, o inversor converte a energia contínua em

alternada. (FRAGA, 2009).

Este aparelho pode tanto converter CC em CA quanto o contrário, fazendo um chaveamento

de dispositivos semicondutores, de acordo com a freqüência se saída desejada. No caso da

conversão CC-CA por exemplo, este dispositivo recebe a corrente contínua e faz o

chaveamento de forma a produzir uma tensão com “alternâncias de sinal” , mais comumente

chamadas de corrente alternada (CA).

2.7.2. Bateria

Para uma melhor eficiência de um sistema de geração, pode-se ser utilizado bancos de bateria

para o estoque da energia gerada, afim de gerenciá-la conforme a demanda de consumo. São

capazes de transformar diretamente energia elétrica em energia potencial química e

posteriormente converter, diretamente, a energia potencial química em elétrica. Cada bateria é

composta por um conjunto de células eletroquímicas ligadas em série obtendo-se a tensão

elétrica desejada.

Para sistemas fotovoltaicos, é aconselhável a utilização de uma bateria com baixa resistência

interna, para que a mesma possa ser carregada com valores menores de corrente.

2.7.3. Regulador de carga

O regulador de carga, o qual realiza a função de um SRSC é um controlador com LVD, ligado

entre um painel solar e uma bateria. Funciona como um gerenciador de carga e descarga,

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mantendo a bateria dentro de condições ideais de funcionamento, assegurando assim longa

vida útil. Ele controla carga, flutuação e também desliga a saída automaticamente, quando a

bateria está com pouca carga, evitando que o usuário a descarregue totalmente, o que seria

fatal para a vida útil da bateria (CESAR, 2012).

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3. DESENVOLVIMENTO

3.1. Obtendo os parâmetros de GI

Para obter-se os parâmetros de um motor elétrico, têm-se três testes que podem ser feitos em

um laboratório com estrutura especifica e os equipamentos adequados de medição.

3.1.1. Dados de placa do motor

Primeiramente devem ser coletados os dados fornecidos pelo fabricante do motor, que vêm

gravados em uma placa de metal fixada na carcaça do mesmo.

KW = 0,75 HP

RPM = 1750

Vnominal = 220V

Inominal = 3,80 A

Cosϕ = 0,76

3.1.2. Medição da resistência do estator

Este teste consiste em medir a resistência entre duas fases do motor com um multímetro para

a obtenção de Rm, como mostra a figura abaixo:

Figura 9 – Circuito referente as resistências de fase do motor

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Feita a medição, obtém-se o valor Rm = 6,8Ω

Pela na análise do circuito têm-se que :

=

= >

Como a medida foi feita entre terminais das fases L1 e L2 com o motor ligado em triangulo, e

pretende-se obter a resistência do estator para o modelo equivalente em estrela , converte-se

esta resistência aplicando as relações de conversão Triangulo / Estrela, como segue:

3.1.3. Ensaio a vazio

Para este ensaio, foram feitas as ligações de modo a obtermos o circuito da figura 9

representando o motor de indução.

Foi feito o uso de um inversor de freqüência para garantirmos e velocidade de sincronismo do

motor 1800 RPM. Este inversor é ligado a um motor de indução que terá a função de fornecer

a energia cinética necessária ao gerador afim de eliminar as perdas por ventilação, atrito e

perdas no núcleo. Assim, tem-se um baixovalor de corrente que se deve ao fato de, como o

motor está girando a vazio, seu escorregamento tende á zero e sua resistência R2 tende á

infinito.

Como Rm já foi medido pelo ensaio anterior, é possível medir as perdas rotacionais

descontando a perda no estator em relação ao potencial total em vazio.

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Tabela 1 – Valores obtidos no ensaio a vazio:

V12 V23 V31 I1 I2 I3 Pc

20V 20,2V 19,9V 0,26A 0,27A 0,25A 1,5W 1800RPM

40V 40,3V 40,3V 0,47A 0,45A 0,40A 4,5W

s/carga

60V 60,4V 60,2V 0,65A 0,63A 0,66A 11,2W

80V 80,0V 79,8V 0,85A 0,82A 0,81A 18,7W

100V 99,6V 100,2V 1,03A 1,00A 0,96A 29,8W

120V 119,0V 120,0V 1,26A 1,23A 1,17A 35,5W

140V 140,0V 139,3V 1,41A 1,39A 1,36A 40,8W

160V 160,0V 159,0V 1,67A 1,66A 1,58A 53,2W

180V 179,6V 179,9V 1,89A 1,86A 1,83A 70,0W

200V 200,0V 200,0V 2,21A 2,13A 2,14A 94,0W

220V 219,0V 218,0V 2,58A 2,12A 2,41A 103,0W

220V 219,5V 219,5V 2,66A 2,59A 2,66A 158,5W 1797 RPM

com

ventilação

Substituindo Rm obtido no ensaio anterior :

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3.1.4. Ensaio com o rotor bloqueado

Neste teste, o rotor é bloqueado para não girar e a tensão é mantida pequena, em torno de 10%

a 25% da nominal (para que não haja uma grande corrente). É aplicada uma tensão no motor

até que o mesmo chegue em sua corrente nominal para que sejam coletados os parâmetros:

Para 60Hz

Vbloq = 49V

Ibloq = 3,8 A

Pbloq = 235,7 W

mHLrLsHLrLsZLrLs

ZRrRs

IV

P

I

VZrZs

bloqbloq

bloq

bloq

bloq

9,1302785,05,1047,0*33.22sin*602

3,1673,0*33.22cos*

73,03*8.3*49

7,235

3**cos33,22

8,3

3493

Para 22Hz

Vbloq = 27V

Ibloq = 1,7 A

Pbloq = 40 W

75.135,0*5.27cos*

5,03*7.1*27

40

3**cos5,27

7,1

3273

ZRrRs

IV

P

I

VZrZs

bloqbloq

bloq

bloq

bloq

Quanto maior a freqüência, os elétrons tendem a circular na periferia do conduto, assim, a

área efetiva do condutor diminui. Como a resistência obedece a seguinte formula

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onde é a resistividade do material condutor, no caso o cobre, o comprimento do condutor e

A a área de seção transversal do condutor.

Com isso, pode-se concluir que quanto maior a freqüência, menor a área da sessão transversal

e maior a resistência. Este fenômeno é conhecido como Efeito Pelicular.

Para corrigir a variação da resistência devido ao Efeito Pelicular, usa-se a seguinte formula:

3.1.5. Obtendo a curva de magnetização do gerador

A densidade do fluxo magnético que pode ser criado por um eletroímã depende do número de

espiras do enrolamento, assim como da intensidade da corrente circulante. Isso significa que a

densidade do fluxo depende da força magnetizante ou da intensidade da corrente circulante.

Estas curvas são de extrema importância quando se pretende utilizar um material para o

núcleo de um componente eletrônico como um transformador ou um indutor. Através destas

curvas são determinadas as dimensões dos núcleos de um motor para uma aplicação, assim

como o número de espiras da bobina e diversos outros parâmetros para a construção do

componente.

A curva de magnetização é caracterizada pelo eixo vertical (tensão) e eixo horizontal

(corrente de magnetização. Paraconseguir estes valores foram feitas uma série de ensaios com

o motor em vazio, para determinadas tensões .A partir dos ensaioscoletou-se parâmetros de

corrente, tensão e potência que, através de cálculos foi possível adquirir todos os parâmetros

necessários para a modelagem do motor e construção da curva de magnetização.

Primeiramente foram feitos os cálculos para o motor alimentado com 5 Volts:

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Cálculo do fator de potência:

Impedância :

(

√ )

Reatância mútua:

√ θ √

Indutância:

Corrente de magnetismo :

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Repetindo os cálculos para cada valor de tensão medido, a tensão, têm-se os seguintes

valores:

Tabela 2 - Dados obtidos para o levantamento da curva de magnetização:

V I Z Pativ FP Xm Lm Im

5V 0,13A 0,2W 0,17 0,173H 0,095A 10V 0,20A 133,23 0,6W 0,17 131,29 0,226H 0,117A 20V 0,26A 133,23 1,5W 0,17 131,29 0,348H 0,152A 40V 0,44A 157,46 4,5W 0,15 0,413H 0,256A 60V 0,65A 11,2W 0,17 0,418H 0,38A 80V 0,83A 18,7W 0,16 0,437H 0,485A

100V 1,00A 29,8W 0,17 0,453H 0,489A 120V 1,22A 35,5W 0,14 0,447H 0,711A 140V 1,39A 40,8W 0,12 0,459H 0,808A 160V 1,64A 53,2W 0,12 0,445H 0,953A 180V 1,86A 70,0W 0,12 0,441H 1,081A 200V 2,16A 94,0W 0,13 0,422H 1,257A 220V 2,37A 103,0W 0,11 0,424H 1,377A

Obtendo-se assim o a curva de magnetização do motor abaixo:

Figura 10 - Curva de magnetização do motor de indução

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3.2. Simulação do controle de reativos em um sistema trifásico

Neste capítulo é exibida a simulação do motor de indução e com controle vetorial utilizando a

ferramenta MATLAB. Nesta simulação, o motor sempre trabalha em plena carga, contando

que a queda d’água produza um torque constante.

Independentemente da variação da carga, o gerador sempre produzirá a mesma energia, em

casos de variação nas cargas como o desligamento de uma lâmpada, por exemplo, faz com

que o sistema de controle atue regulando a energia capacitiva que alimenta o motor. Esta

energia capacitiva é originada no banco de capacitores da própria bateria utilizada para

armazenar energia no sistema, esclarecendo, quando a carga é modificada, o controlador atua

no gate do inversor de freqüência, fazendo com que o mesmo faça o “chaveamento” para a

bateria até que seja suprida a energia necessária para a alimentação do gerador.

Caso haja um excesso de energia no sistema, a mesma pode ser dissipada através de uma

resistência para o aquecimento de água ou até uma lâmpada sinalizadora de carga, por

exemplo.

Com relação aos painéis fotovoltaicos, os mesmos não foram adicionados à simulação tendo

em vista que não participam desta malha de controle, neste caso, entraria apenas como uma

fonte de corrente contínua conectada diretamente à bateria através do regulador de tensão.

Abaixo pode-se observar a malha de controle desenvolvida no Simulink (ferramenta auxiliar

do MATLAB) para o gerador de indução. Esta simulação consiste em um controlador de fator

de potência em uma rede. Seu intuito é controlar as componentes reativas e ativas nos

terminais do GI. Para isso inicialmente foi feito o controle de reativos e ativos em uma rede

com tensão fixa, no intuito de, posteriormente, aplicar o mesmo procedimento considerando

que a rede é alimentada por um gerador de indução.

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Nesta simulação foi utilizada um conjunto de cargas ligados em estrela com um relé de

contato temporizado, esta carga é acionada após um determinado tempo estipulado de acordo

com o tempo de acomodação do sistema de modo que o relé sempre atue após atingido o

estado de acomodação.

Abaixo tem-se a amostragem das correntes de fase e as corrente após as transformações:

Figura 11 – Simulação da malha de controle (Simulink)

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Figura 12 - Correntes de fase antes das transformações de Clark e Park

Figura 13 - Sinais de corrente após as transformadas de Clarck e Park

As correntes ativa e de quadratura resultantes das transformações, recebem os parâmetros

angulares da PLL e passam pela transformada reversa de Clark e Park, voltando ao sistema

trifásico. Essas correntes recebem o sinal de referencia da tensão da bateria e são transmitidas

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a um conversor PWM. Este conversor transforma os sinais do controle em pulsos e os envia

ao gate do inversor para que o mesmo faça o chaveamento para controle das cargas.

Abaixo podemos observar uma amostragem de sinal gerador pelo PWM :

Os sinais emitidos pelo PWM controlam o chaveamento do inversor de acordo com a

necessidade de suprimento de energia capacitiva ao gerador, esta energia é proveniente do

banco de baterias, isto implica no funcionamento do gerador enquanto a bateria ainda não

alcançar sua carga completa, caso contrário, a bateria deixa de emitir corrente capacitiva e o

motor pode ser desligado.

Abaixo pode-se observar o comportamento do sinal de corrente medido nos terminais da

bateria:

Figura 12 - Sinal emitido pelo gerador de PWM Figura 14 - Sinal emitido pelo gerador de PWM

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Figura 15 - Esboço do comportamento dos sinais de corrente nos terminais da bateria.

3.3. Dimensionamento do banco de capacitores

A cálculo correto do banco de capacitores é um fator crucial para uma boa eficiência do

sistema de geração, observando novamente a figura 4, identifica-se quanto maior o banco de

capacitores, menor é o ângulo de inclinação de reta do capacitor e conseqüentemente, as

curvas do capacitor e de magnetização irão se intersectar em um ponto onde a corrente de

magnetização será muito elevada e os valores de tensão encontrados serão relativamente

baixos. Neste caso, a corrente de magnetização sobrecarrega o gerador, impedindo que o

mesmo atinja sua velocidade síncrona além de sobreaquecer o mesmo, podendo até sofrer

queima de seus enrolamentos.

Ao contrário do caso citado anteriormente, caso o banco de capacitores seja sub-

dimensionado, as curvas de magnetização do gerador e capacitor irão se encontrar em valores

de tensão induzida e corrente de magnetização muito baixos, o que afetará expressivamente

na eficiência do gerador.

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O ideal é que as curvas se cruzem um pouco acima do início da saturação do gerador, onde a

corrente de magnetização é relativamente baixa e a tensão induzida alcança seu valor mais

elevado.

3.3.1. Cálculo do banco de capacitores

Seguindo o raciocínio do capítulo anterior, foram feitos cálculos afim de encontrar os

melhores valores para o banco de capacitores para o gerador atuando a vazio e com carga.

Tendo que o valor do rendimento do motor é η = 0,669.

Baseando-se no diagrama prático abaixo, relacionando a potência elétrica da máquina de

indução operando como motor e qual potência a mesma pode gerar operando como gerador.

Figura 16 - Diagrama prático - Pelm x Pn

FONTE : CHAPALLAZ, 1992

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Tem-se:

Sabendo o fator de potência do motor ( , calcula-se a demanda de potência

reativa do mesmo sendo:

A relação de demanda de potência reativa entre a máquina operando como motor e gerador é

obtida também através do diagrama prático (figura 16), sendo esta as linhas traçadas

relacionando

Assim, utilizando os mesmo cálculos da demanda de potência reativa da máquina operando

como motor, podemos calcular a demanda para o gerador.

Sabendo a demanda de potência reativa do gerador, basta calcular o valor do banco de

capacitores que suprirá esta demanda. A seguir são exibidos os caçulos para um banco de

capacitores ligados em estrela.

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3.4. Ensaio do GI a vazio

Após o dimensionamento dos capacitores, foi feito um ensaio do gerador de indução (GI)

operando sem carga (á vazio). A variável controlada foi a rotação do gerador, para isto, foi

acoplado um outro motor no eixo do gerador, este motor tem sua velocidade controlada por

um inversor de frequência e este conjunto (motor/inversor) têm a função de simular a queda

d’água que alimentará o gerador.

Abaixo pode-se observar a imagem do sistema utilizado para a simulação:

Figura 17 - Ensaio do gerador de indução operando á vazio e motor simulando a queda d'água.

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Foram feitas várias amostragens de medição variando a velocidade do motor simulando a

queda d’água, conforme abaixo:

Tabela 3 - Dados obtidos em ensaio do gerador operando em vazio

Rotação (RPM) Voltagem (V) Corrente (A) Freq.(Hz)

1420 4 0,04

1440 4,2 0,05

1460 4,5 0,05

1480 5 0,06

1490 88,6 0,8

1500 122,4 1,6 49,47

1510 134,6 1,77 49,82

1530 151,9 2,03 50,43

1550 163,7 2,21 51,03

1570 172,9 2,34 51,66

1590 181,3 2,49 52,3

1610 189 2,62 52,93

1630 195,5 2,75 53,56

1650 201,8 2,87 54,19

1670 207,6 2,99 54,8

1690 213,3 3,11 55,42

1710 219,3 3,24 56,07

1730 224,9 3,36 56,7

1750 230,01 3,48 57,31

1770 235,4 3,59 57,93

1790 241,1 3,73 58,56

1810 246,7 3,84 59,16

1830 251 3,97 59,8

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Figura 18 - Gerador operando a vazio

Obs.: Até os 1490 RPM os medidores não conseguiram ler a freqüência devido a corrente

estar muito baixa.

3.5. Ensaio do GI com carga

Neste ensaio o gerador foi colocado a uma rotação em que o mesmo chegasse a geração

próxima aos 220V e foram ligadas três lâmpadas incandescentes em estrela e posteriormente

feito o mesmo ensaio com três lâmpadas incandescentes ligadas em triângulo, ambos os

ensaios tinham como objetivo observar a resposta do sistema quando fosse acionada uma

carga trifásica na rede.

No primeiro ensaio foram ligadas em estrela três lâmpadas de 127 V e 25 W. Sendo os

seguintes dados coletados do sistema:

Corrente de fase : 3,3 A

Tensão : 222,15 V

Velocidade do gerador : 1741 RPM

Corrente em cada lâmpada ≈ 0,17 A

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Posteriormente, para a carga referente a três lâmpadas de 220V e 60W :

Corrente de fase : 3,06 A

Tensão : 212 V

Velocidade do gerador : 1741 RPM

Corrente em cada lâmpada ≈ 0,27 A

Após estes dois ensaios foi feita a tentativa de retirar as lâmpadas e colocar um motor de

indução de 0,25 HP , com a finalidade de tentar o sistema com uma carga mais indutiva,

porém o motor não partiu e o gerador de desestabilizou, ficando com sua geração em torno de

5,2 V. Concluímos que na partida, o motor utilizado puxou a energia reativa que estava

alimentando o gerador, com isso o gerador ficou sem suprimento de energia para funcionar

corretamente além de perder seu magnetismo residual, o que o impossibilitou sua auto-

excitação novamente.

Abaixo pode-se observar o sistema de geração alimentando as três lâmpadas de 220 V ligadas

em triângulo :

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Figura 19 - Ensaio do GI alimentando uma carga resistiva

3.6. Interface do sistema de controle e o Usuário

Afim de facilitar a supervisão e controle de acionamento do sistema por parte do usuário, foi

criado um protótipo de um dispositivo controlado por um microcontrolador PIC18F4550,

podendo operar automaticamente o sistema de acordo com a carga da bateria, além de

informar ao usuário o status de funcionamento do sistema como geração, consumo e carga

restante da bateria.

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O sistema consiste em uma placa de circuito impresso contendo um microcontrolador

PIC18F4550, relés de acionamento para as cargas e sistema de geração e um visor de LCD

possibilitando a visualização das variáveis.

Este sistema também possui placas auxiliares contendo sensores de efeito Hall localizados nas

proximidades dos equipamentos de geração e consumo, afim de realizarem as medições e

enviarem as mesmas á placa central. Estas placas auxiliares devem se localizar

preferencialmente próximo aos dispositivos, devido a possível perda de sinal analógico

decorrente da distância entre as placas auxiliares e a placa de controle. Assim, o sinal é

convertido de analógico para digital e depois enviados ao microcontrolador, evitando estas

perdas de sina

Protótipo da placa central montado em protoboard:

Figura 20 - Protótipo do dispositivo utilizado para o controle de acionamento do sistema de geração

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4. CONCLUSÃO

A obtenção de energia elétrica através da energia luminosa é feita através de células

fotovoltaica colocadas em série-paralelo, constituindo um painel fotovoltaico. Esta energia,

após ser tratada pelo regulador de tensão pode ser utilizada para suprir cargas em corrente

contínua de 12VCC ou armazenada em acumuladores de cargas (baterias).

A utilização de um motor de indução como gerador provou-se ser possível através do

acionamento do motor por uma fonte mecânica de energia e com o auxílio de capacitores

ligados aos enrolamentos do estator. Com o banco de capacitores bem dimensionado foi

possível alcançar a auto-excitação e alimentar cargas resistivas. O controle da energia reativa

pode ser feita través da alteração no banco de capacitores ou através do método de controle de

fator de potência, utilizando um controlador LQR atuando em um inversor chaveado,

controlando a energia reativa e ativa proveniente do banco de baterias ou do próprio banco de

capacitores.

O gerador de indução se mostrou eficiente ao suprir diretamente cargas puramente resistivas,

como no caso das lâmpadas, que também não exigem uma frequência típica para o seu

funcionamento. Com relação ao abastecimento direto de cargas resistivas/indutivas o gerador

não apresentou comportamento estável, conclui-se que estas cargas quando acionadas

demandam o mesmo tipo de energia que abastece o gerador (capacitiva/reativa), fazendo com

que o mesmo, na ausência da quantidade certa destas energias, se desestabilize e saia do seu

ritmo de geração.

O dispositivo de gerenciamento desenvolvido se mostrou eficiente para o acionamento de

cargas de até 10 A, se mostrando eficiente ao sistema, podendo acionar ou desligar o gerador

de indução conforme um comando manual ou automaticamente obedecendo valores pré-

determinados de carga no banco de baterias ou demanda de energia ativa pela rede.

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4.1. Sugestões de trabalhos futuros

Este sistema pode ser facilmente instalado em qualquer residência, sendo assim, sua eficiência

energética pode ser utilizada para a conversão de energia para usos gerais, como no

aquecimento de água nos casos onde se têm maior geração do que demanda no sistema e este

excesso venha a ser dissipado em fontes desnecessárias.

Na parte do gerador de indução, foi implementado um controle de fator de potência em uma

rede convencional, utilizando como fonte de energia uma fonte de tensão simples. Com as

devidas adaptações, este sistema pode ser extremamente eficiente em conjunto com o gerador

de indução.

Este sistema de controle pode chavear um banco de capacitores (uso mais convencional) ou

para controlar as energias capacitivas fornecidas pelo próprio banco de baterias, o que

dispensaria o banco de baterias e tornaria o sistema mais “enxuto”.

A adição dos painéis solares ao sistema de controle também trás melhoras expressivas ao

sistema tendo em vista a alta flexibilidade e importância desta fonte de energia para o seu

desempenho total.

Caso seja utilizado um banco de capacitores como fonte de energia capacitiva, pode ser

implementado um sistema de controle de acionamento de bancos independentes, sendo os

mesmo acionados ou desligados conforme a demanda de energia para suprir o gerador.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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em: <http://www.ajax.com.br/ajax/pt/index.php >Acesso em 31 Maio, 2014.

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Juiz de Fora. Maio,2011. Disponível em:

http://www.ufjf.br/labsolar/2011/05/26/condicionamento. Acesso em 06. Maio de 2014

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CHAPALLAZ, Jean-Marc; EICHENBERGER, Peter; FISCHER, Gerhard. Manual on induction

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indução operando com tensão regulada e freqüência constante. SBA Controle & Automação, v. 11,

n. 01, 2000.

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MORAIS, Aniel Silva de et al. Modelagem, controle e implementação de redistribuidor de potência

complexa empregando conversor estático e utilizando DSP. 2008.

M.R. PATEL, Wind and Solar power systems, CRC press, 1999.

RAMOS, Cristina de Moura. Procedimentos para caracterização e qualificação de módulos

fotovoltaicos. 2006. Tese de Doutorado. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São

Paulo, Brasil.

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