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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PROGRAMA MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO PERÍODO DE 1990 A 2006. CUIABÁ MATO GROSSO - BRASIL 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

PROGRAMA MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL

SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA

ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO

PERÍODO DE 1990 A 2006.

CUIABÁ

MATO GROSSO - BRASIL

2008

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SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA

ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO

PERÍODO DE 1990 A 2006

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato

Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-

Graduação Mestrado em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional para obtenção do título de

Mestre.

Orientadora: Profª. Dra. Sandra Cristina de Moura

Bonjour

CUIABÁ

MATO GROSSO - BRASIL

2008

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3

FICHA CATALOGRÁFICA

S729a Souza, Sonia Sueli Serafim de

Análise da competitividade do algodão e da soja de

Mato Grosso no período de 1990 a 2006 / Sonia Sueli

Serafim de Souza. – 2008.

xviii, 104p. : il. ; color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Mato Grosso, Faculdade de Administração, Economia e

Ciências Contábeis, Pós-graduação em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional, 2008.

“Orientação: Prof.ª Ds. Sandra Cristina de Moura

Bonjour ”.

CDU – 338.43:633.511:633.34(817.2)

Índice para Catálogo Sistemático

1. Economia agrícola – Mato Grosso

2. Algodão – Mato Grosso – Competitividade

3. Soja – Mato Grosso – Competitividade

4. Soja-algodão – Competitividade – Modelo de Shift-

share

5. Soja – Mato Grosso – Receita de exportação

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SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA

ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO

PERÍODO DE 1990 A 2006

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato

Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-

Graduação: Mestrado em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional para obtenção do título de

Mestre.

Aprovada: 10 de Março de 2008.

Banca Examinadora:

Profª. Dra. Sandra Cristina de Moura Bonjour

Orientadora

Profª. Dra. Regina Célia de Carvalho

Examinadora Interna

Prof. Dr. Paulo Marcelo de Souza

Examinador Externo

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5

Dedico este trabalho à minha mãe Maria (in memoriun) por todo incentivo para o ingresso nesse

mestrado.

A meus filhos, Anne Katiuscia e Paulo pelo apoio e compreensão.

A Deus pela grandeza deste momento.

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6

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer àquelas pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização

deste trabalho. Pessoas que me incentivaram de diferentes maneiras.

Especialmente a professora e orientadora Sandra Cristina de Moura Bonjour pela dedicação

a esse trabalho e por todo incentivo antes e durante esse mestrado, com suas sugestões,

contribuições e sua amizade.

Aos membros da banca examinadora pelas contribuições.

Aos professores do Departamento de Economia pelos ensinamentos durante toda a minha

vida acadêmica.

À CAPES pela bolsa de estudo durante o Mestrado.

Aos colegas de curso Janice, Vitoriano, Sirlene, Luceni, Victor, Paulo César, Paulo

Henrique, Orlando, Heinhard e Marcos Daniel, pelo companheirismo.

A Enildes, Ricardo e Amauri, técnicos da UFMT , por toda atenção durante o curso.

E a todos os meus familiares e amigos que estiveram sempre presente e acreditaram no meu

trabalho.

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7

LISTA DE TABELAS

Página

1 Oferta e demanda mundial de algodão em pluma, período de 1990 a

2006...............................................................................................................

6

2 Área colhida, produção e produtividade de algodão em caroço no

Brasil..............................................................................................................

10

3 Exportações Brasileiras de Algodão em pluma............................................. 11

4 Área colhida, produção, produtividade e valor da produção de Algodão

em caroço no estado de Mato Grosso............................................................

14

5 Valor das Exportações Totais e Valor das Exportações e Importações de

Mato Grosso..................................................................................................

16

6 Área colhida, produção e produtividade de Soja em grão no

Brasil..............................................................................................................

22

7 Exportações Brasileiras de soja (grão, farelo e óleo).................................... 23

8 Área colhida, produção e produtividade de Soja em grão em Mato

Grosso............................................................................................................

26

9 Valor das exportações totais, agrícolas e não agrícolas, e valor das

exportações de soja e a participação das exportações de soja nas

exportações totais de Mato Grosso..............................................................

29

1 10 Exportações Mato-Grossenses do complexo soja (grão, farelo e óleo) em

toneladas.......................................................................................................

30

11 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato

Grosso, para a China.....................................................................................

49

12 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato

Grosso, para o Paquistão.............................................................................

50

1 13 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato

Grosso, para a Indonésia...............................................................................

51

14 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato

Grosso, para a Tailândia................................................................................

52

15 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

algodão (em %)..............................................................................................

56

16 Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso

para os Estados Unidos..................................................................................

60

17 Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso

para a União Européia...................................................................................

61

18 Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso,

para a China...................................................................................................

63

19 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

soja em grão (em %).......................................................................................

66

20 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de

Mato Grosso para a União Européia..............................................................

71

21 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de

Mato Grosso, para a Tailândia.......................................................................

72

22 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de

Mato Grosso, para a Indonésia......................................................................

73

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8

23 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de

Mato Grosso, para o Irã.................................................................................

75

24 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

farelo de soja (em %).....................................................................................

79

25 Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato

Grosso, para a China......................................................................................

82

26 Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato

Grosso, para a Índia.......................................................................................

84

27 Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato

Grosso, para o Irã..........................................................................................

85

28 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

óleo de soja (em %).......................................................................................

89

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9

LISTA DE FIGURAS

Página

1 Importações e exportações mundiais de algodão............................................ 7

2 Os 10 principais municípios produtores de algodão herbáceo (em caroço)

no estado de Mato Grosso em 2006................................................................

17

3 Principais municípios produtores de Soja no estado de Mato Grosso em

2006.................................................................................................................

27

4 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o algodão..................... 53

5 Receita de exportação de algodão, taxa de câmbio real, volume exportado e

preço................................................................................................................

55

6 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

algodão (em %)...............................................................................................

58

7 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a

soja..................................................................................................................

64

8 Receita de exportação de soja em grão, taxa de câmbio real, volume

exportado e preço em dólares..........................................................................

65

9 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

soja em grão (em %).......................................................................................

68

10 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para farelo de soja................ 76

11 Receita de exportação de farelo de soja, taxa de câmbio real, volume

exportado e preço em dólares..........................................................................

77

12 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

farelo de soja (em %)......................................................................................

81

1 13 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o óleo de soja............... 86

14 Receita de exportação de óleo de soja, taxa de câmbio real, volume

exportado e preço em dólares..........................................................................

87

15 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de

óleo de soja (em %).........................................................................................

90

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RESUMO

SOUZA, Sonia Sueli Serafim de Souza, Ms. Universidade Federal de Mato Grosso, Março

de 2008. Análise da Competitividade do Algodão e da Soja de Mato Grosso no período de

1990 a 2006. Orientadora Profª. Ds. Sandra Cristina de Moura Bonjour.

Este trabalho teve como objetivo fazer uma análise da competitividade dos produtos algodão e

soja do estado de Mato Grosso no período de 1990 a 2006, onde especificamente foram

analisadas as mudanças estruturais, bem como uma análise identificando como os preços e a

taxa de câmbio influenciaram a competitividade dos produtos. A metodologia utilizada foi um

modelo teórico e um modelo analítico, onde o modelo teórico aborda a mudança estrutural e a

competitividade. O modelo analítico englobou os métodos Constant-Market-Share (CMS), o

índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade

algodão e da soja (grão, farelo e óleo) exportados pelo estado de Mato Grosso para o mercado

internacional. Observou-se que a introdução da cultura do algodão na região dos Cerrados foi

determinante para o aumento da produção nacional. Houve mudança na estrutura de produção,

pois antes era cultivada por pequenos e médios produtores de regiões tradicionais, como São

Paulo e Paraná, que dispunham de pequenas áreas e pouca tecnologia e passou a ser cultivada

por grandes empresários nos Cerrados brasileiros que utilizavam modernas técnicas agrícolas,

grandes volumes de terras, colheita mecanizada e um nível tecnológico avançado. De acordo

com a metodologia utilizada, os efeitos preço, o câmbio e quantidade não predominaram

individualmente por todo o período analisado, sendo que apresentaram variações no câmbio,

nos preços e também na quantidade exportada, fazendo com que o efeito dominante variasse

ano a ano. O efeito quantidade foi o que mais influenciou o efeito total, o que se conclui que a

quantidade exportada do algodão, foi o que garantiu a receita dos exportadores de algodão.

Com relação à cultura da soja em Mato Grosso, tem-se que a partir da década de 1980 ela

chegou à Região Centro-Oeste e a Região Nordeste do país. A partir daí, o Centro-Oeste

tornou-se expressivo na cultura da soja. A sua introdução em Mato Grosso foi devido ao

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desenvolvimento de espécies adaptadas à região dos Cerrados, a formação de um mercado para

os produtos derivados da soja, a disponibilidade de terras, a topografia da região, o clima

favorável ao cultivo da soja e também devido a políticas públicas de incentivo direto e indireto.

De acordo com os resultados obtidos, a partir da metodologia utilizada para a soja em grão,

conclui-se que a quantidade exportada foi a variável que contribuiu para a receita dos

exportadores no período analisado. Quanto ao farelo de soja, o efeito quantidade foi o

responsável pelas receitas dos exportadores de acordo com os resultados. Referente ao óleo de

soja, tem-se que a quantidade exportada foi a variável que garantiu as receitas dos exportadores

no período estudado.

PALAVRAS-CHAVE: Competitividade. Modelo Constant-Market-Share. Modelo Shift-Share.

Receita de exportação. Soja. Algodão.

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ABSTRACT

SOUZA, Sonia Sueli Serafim de Souza Ms. Federal University of Mato Grosso, March 2008.

Analysis of the competitiveness of Cotton and Soybean of Mato Grosso from 1990 to 2006.

Advisor Prof ª Ds. Sandra Cristina de Moura Bonjour.

This work aimed to make an analysis of the competitiveness of cotton and soybean products in the

state of Mato Grosso from 1990 to 2006, where structural change weres specifically analyzed, as

well as an analysis of how prices and the exchange rate influenced the competitiveness of the

products.The theoretical model considered the structural change and competitiveness. The model

included the analytical methods Constant-Market-Share (CMS), the index of position on the

Marketing and Model Shift-Share to check the competitiveness of cotton and soybean (grain, meal

and oil) exported by the state of Mato Grosso to foreign markets. It was observed that the

introduction of the cotton crop in the region of the Cerrados was crucial to the increase of

production. There was a change in the production structure, because before it was cultivated by

small and medium producers of traditional regions such as Sao Paulo and Parana and now is

cultivated by large employers in Brazilian Cerrados, that uses Modern agricultural techniques, large

land sizes, mechanized harvesting and an advanced technological level. According to the

methodology used, the price effect, the exange rate effect and the quantity were not predominant

individually on the whole period, while showing variations in the exchange, rate in prices and also

in the exported quantity, making the dominant effect vary year to year. The quantity effect amount

was the one which most influenced the total effect, allowing the conclusion that the quantity

exported of cotton in that period was what ensured the income of cotton exporters. As for the

growing of soybeans in Mato Grosso, has been since the 80’s that its production showedup at

Center-West of the country. Since then, the Center West has become expressive on soybean. The

introduction of soy in Mato Grosso was due to the development of varieties adapted to the Cerrados

region, the growth of a market for soybean products, the availability of land, the topography of the

region, the climate for soybean cultivation and due to support public policies. According to the

results for soybean, it is concluded that the exported quantity was the variable that contributed to

the earnings of soybean grain exporters. As for soybean meal, the quantity effect was responsible

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for most of the exporters revenue. For the soybean oil, the exported quantity was also the variable

that guaranteed revenue for soybean oil exporters in the whole period.

KEYWORDS: Competitiveness. Model Constant-Market-Share. Model Shift-Share. Exports,

Soybean. Cotton.

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14

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... x

RESUMO....................................................................................................................... xii

ABSTRACT.................................................................................................................. xiv

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1

1.1. O problema e sua importância........................................................................... 1

2.CARACTERIZAÇÃO DOS MERCADOS DO ALGODÃO E DA

SOJA.........................................................................................................................

5

2.1. Algodão............................................................................................................... 5

2.1.1. Contextualização mundial ............................................................................... 5

2.1.2. Descrição do setor brasileiro............................................................................ 7

2.1.3. A atividade em Mato Grosso........................................................................... 12

2.2. Soja..................................................................................................................... 18

2.2.1. Contextualização mundial................................................................................ 18

2.2.2. Descrição do setor brasileiro............................................................................ 20

2.2.3. A atividade em Mato Grosso........................................................................... 25

3.METODOLOGIA ..................................................................................................... 33

3.1. Modelo teórico.................................................................. ................................. 33

3.1.1. Mudança estrutural........................ ................................................................. 33

3.1.2. Competitividade .............................................................................................. 35

3.2. Modelo analítico............................................. ................................................... 41

3.2.1. Modelo Constant-Market-Share...................................................................... 41

3.2.2. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS)...............................................

3.2.3. Modelo Shift-Share..........................................................................................

44

45

3.3. Fontes de dados e procedimentos....................................................................... 48

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................. 49

4.1. Desempenho das exportações Mato-Grossenses de algodão com o índice

Constant-Market-Share......................................................................................

4.2. Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o algodão........

49

54

4.3 Análise do índice Shift-Share para o algodão..................................................... 55

4.4. Desempenho das exportações Mato-Grossenses de soja com o índice

Constant-Market-Share.......................................................................................

4.5. Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a

soja.......................................................................................................................

60

64

4.6. Análise do índice Shift-Share para a soja.......................................................... 65

4.7. Desempenho das exportações Mato-Grossenses de farelo de soja com o

Índice Constant-Market-Share........................................................................

71

4.8. Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o farelo de

soja...................................................................................................................

76

4.9. Análise do Índice Shift-Share para o farelo de soja............................................

77

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15

4.12. Análise do Índice Shift-Share para o óleo de soja...........................................

5. CONSIDERAÇOES FINAIS......................................................................................

87

93

6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 101

4.10.Desempenho das exportações Mato-Grossenses de óleo de soja com o índice

Constant-Market-Share..................................................................................

82

4.11 Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o óleo de

soja...................................................................................................................

86

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema e sua importância

O agronegócio é um segmento importante dentro da economia brasileira, e o país é um dos

maiores produtores e exportadores de produtos agropecuários no cenário mundial. Segundo o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007), o Brasil é o primeiro produtor e

exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. É o segundo maior exportador de soja, primeiro

em tabaco, carne de frango, carne bovina, couro e calçados de couro, e tem a 5ª posição de maior

país produtor de algodão, e o 6º lugar no ranking dos maiores exportadores de algodão.

Segundo projeções do MAPA (2007), o Brasil será em pouco tempo o principal pólo

mundial de produção de algodão e biocombustiveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos

vegetais. O agronegócio brasileiro é responsável atualmente pelo emprego de 17,7 milhões de

trabalhadores somente no campo.

Segundo Jank et al. (2004), a expansão do agronegócio brasileiro na década de 1990 e no

começo do século XXI se deu em função de ganhos de eficiência (escala e produtividade),

competitividade e também devido a uma forte demanda por produtos agrícolas, e isso tudo em razão

da eliminação dos subsídios e controles de preços, da abertura comercial, integração do

MERCOSUL e também do controle da inflação.

O agronegócio passou por um momento de inflexão a partir do ano 2000 com a

desvalorização do real, e pôde ser verificada uma onda de crescimento desse setor, com aumentos

na produção de grãos (JANK et al., 2004).

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP

2007), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro encerrou o ano de 2006 com um

pequeno crescimento, sendo que os responsáveis por esse crescimento foram a indústria e a

distribuição do subsetor agrícola. O segmento de insumos agrícolas, bem como o segmento

primário (dentro da porteira) fechou o ano de 2006 com desempenho negativo. Quanto aos

números, o agronegócio chegou ao final de 2006 com R$ 540,06 bilhões, sendo R$ 2,43 bilhões a

mais que em 2005. Tirando a agropecuária, o agronegócio da agricultura brasileira teve um

crescimento de 2,63% em 2006. Analisando o crescimento do PIB do agronegócio, nota-se que o

melhor comportamento do setor agrícola deveu-se ao segmento industrial, principalmente ao setor

sucroalcooleiro.

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17

Com relação ao PIB da agropecuária, este somou R$ 149,80 bilhões em 2006, sendo que em

2005 foi de R$ 153,04 bilhões. O PIB básico da agricultura somou R$ 84,97 bilhões contra os R$

85,20 bilhões do ano anterior. Já o da pecuária foi de R$ 64,82 bilhões em 2006, enquanto no ano

anterior havia sido de R$ 67,84 bilhões (CEPEA/USP, 2007).

O cenário para 2007, segundo o CEPEA/USP em parceria com a Confederação Nacional da

Agricultura (CNA), é favorável, ou seja, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio acumulado

de janeiro a maio é de 1,67%, sendo que isso é resultado do bom desempenho de algumas culturas,

tais como café, batata, feijão, trigo, suínos e cebola.

De acordo com a CNA (2007), a participação do agronegócio nas exportações brasileiras

cresceu, sendo que a balança comercial do agronegócio teve um saldo recorde de US$13,88 bilhões,

no primeiro quadrimestre de 2007, ou seja, 23,1% superior em relação ao saldo obtido no primeiro

quadrimestre do ano anterior, de US$ 11,27 bilhões. Isso pode ser explicado pelo aumento das

exportações do agronegócio que foi de US$ 16,51 bilhões. Ele foi superior ao aumento das

exportações totais do Brasil nesse período, e os setores sucroalcooleiro e carnes foram os maiores

responsáveis pelo aumento no saldo da balança comercial.

Deve ser ressaltado que o bom desempenho do agronegócio brasileiro não pode ser visto

apenas pelo prisma de que o país possui uma forte vocação agropecuária, mas também na

perspectiva do desenvolvimento tecnológico e na modernização que ocorreu no campo, em virtude

de pesquisas e da expansão da indústria de máquinas e implementos agrícolas, que também foram

importantes para que o Brasil se tornasse essa potência dentro do setor.

As culturas de algodão e soja produzidas no estado de Mato Grosso utilizam alto grau de

tecnologias no campo, desde o plantio até a colheita, o que possibilitou crescimento e ganho de

produtividade desses produtos ao longo dos anos, principalmente no período de 1990 a 2006.

Destaca-se que a mudança estrutural proveniente de uma implantação de novas tecnologias é que

ocasionou o aumento de produtividade.

No entanto, o preço da soja no mercado internacional esteve instável ao longo da década de

90, e no início de 2000 caiu para nível abaixo da média. Na safra 2003/04 houve forte recuperação

do preço internacional do grão, permanecendo elevado até meados de 2004, quando caiu para nível

inferior à média histórica.

O câmbio também foi um fator que influenciou na competitividade do algodão e da soja,

pois, a desvalorização do real em relação ao dólar ocorrida em 1999 incrementou as exportações.

Diante do exposto sobre os produtos algodão e soja, questionam-se quais os fatores que foram

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18

determinantes para o incremento das exportações desses produtos mato-grossenses, no período de

1990 a 2006.

Tem-se como hipótese que o uso de tecnologias no campo, a escala de produção, o tipo de

solo favorável à produção com correções e terra barata, destacando também a colonização dos

produtores vindos da região sul do Brasil, bem como o clima favorável da região do cerrado mato-

grossense, resultaram em ganho de produtividade para os produtos da pauta de exportação do estado

de Mato Grosso: algodão e soja. Esse aumento na produtividade fez com que os produtos ficassem

mais competitivos no mercado internacional, gerando assim um incremento nas exportações mato-

grossenses no período de 1990 a 2006.

Além destes fatores, ocorreu uma mudança estrutural, principalmente ligada à tecnologia.

Também, fatores como preço, câmbio e produtividade foram importantes também para o aumento

de competitividade.

Merece destaque o Programa de Incentivo à Cultura do Algodão de Mato Grosso

(PROALMAT) que visa incentivar a pesquisa bem como reduzir em até 75% o ICMS do algodão.

Outro beneficio que os produtores recebem diz respeito ao incentivo fiscal (LEI KANDIR 87/96), o

qual promove a desoneração do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS) às exportações de produtos primários e semi-elaborados, permitindo a aplicação de créditos

do imposto referente à compra de bens de capital, fornecimento de energia elétrica, e serviços de

comunicações.

Conforme Mildenberger (2007), desde que este benefício foi concedido, há mais de uma

década, o Fisco estadual deixou de arrecadar R$ 7,4 bilhões pela desoneração do ICMS, recebendo

de compensação apenas o valor de R$ 1,3 bilhão, sendo que em 2006 o Governo Federal repassou

cerca de R$ 143 milhões, valor bem inferior aos R$ 206 milhões recebidos em 2005.

Este estudo tem como objetivo analisar a competitividade dos produtos algodão e soja (grão,

farelo e óleo) de Mato Grosso no período de 1990 a 2006. Especificamente, pretende-se fazer uma

análise da mudança tecnológica do algodão e da soja, analisando a influência dos preços e da taxa

de câmbio na competitividade, verificando as estratégias de exportação desses produtos e fazendo

uma avaliação do mercado internacional para estes produtos, após a abertura comercial no início da

década de 1990.

A partir desse objetivo, o desenvolvimento do presente trabalho dar-se-á através da seguinte

estrutura: no capítulo 2 será apresentada uma caracterização dos produtos algodão e soja no

contexto mundial, brasileiro e mato-grossense; no capítulo 3 tem-se a descrição da metodologia

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utilizada; no capítulo 4 são apresentados os resultados e discussões, e no capítulo 5 está apresentado

as considerações finais sobre o trabalho.

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20

2 CARACTERIZAÇAO DOS MERCADOS DO ALGODÃO E DA SOJA

2.1 Algodão

2.1.1 Contextualização mundial

Essa malvácea teve a sua origem formalmente na Índia, onde foram encontrados fragmentos

de tecidos feitos com essa fibra 4.000 a.C., expandindo-se depois para o Paquistão, Tailândia,

China, Irã, Síria, Turquia e Grécia. No continente americano, o algodão já era cultivado pelos

índios, mesmo antes da chegada dos descobridores da América. No Brasil os índios cultivavam essa

planta quando os portugueses aqui chegaram, sendo que eles fiavam e teciam para a fabricação de

redes.

O algodão é a fibra têxtil mais utilizada no mundo. Dela se aproveita a semente e a pluma,

cuja fibra representa 35% do peso e a semente os 65% restantes. A fibra, principal produto do

algodão, apresenta uma vasta utilização, suportando altas temperaturas, e quando molhada, fica

25% mais resistente do que seca. As fibras mais curtas são utilizadas para confecção de algodão

hidrófilo para enfermagem. Possui várias outras aplicações industriais, dentre as quais se pode citar:

confecção de fios para a tecelagem de vários tipos de tecidos, confecção de feltro, cobertores e

estofamentos, obtenção de celulose, películas fotográficas, chapas para radiografias e outros

(CORRÊA, 1989 apud RICHETTI et al. MELO, 2001).

A semente é rica em óleo (de 18 a 25%, dependendo da variedade) e contém de 20 a 25% de

proteína pura. Após a retirada da fibra do algodão, faz-se a deslinteração. Obtém-se assim o línter,

espécie de penugem que fica junto às sementes, utilizado para encher colchões, travesseiros e

almofadas e para fazer fios de alguns tipos de tapetes. O línter é também usado na produção de

celulose, apresentando uma vasta aplicação na indústria têxtil (rayon e algodão artificial), na

indústria de verniz e outras. Na indústria bélica, é empregado na preparação de pólvora, pois dele se

obtém explosivos (ABOISSA, 2007).

A Tabela 1 mostra os dados referentes à oferta e demanda mundial de algodão, de 1990 a

2006. De acordo com esses dados, pode-se observar que o mercado internacional não tem

apresentado grandes oscilações entre a produção e o consumo ao longo do período estudado, tendo

ocorrido a maior variação no ano de 2004, quando foram produzidas 26.195 toneladas de pluma e

foram consumidas 23.447 toneladas.

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Tabela 1. Oferta e demanda mundial de algodão em pluma, período de 1990 a 2006, em 1000

toneladas.

Período Estoque

inicial

Produção Importação Exportação Consumo Estoque

final

1990 5.440 18.973 6.658 6.436 18.658 5.976

1991 5.976 20.748 6.319 6.151 18.846 8.047

1992 8.047 17.920 5.890 5.547 18.810 7.500

1993 7.500 16.906 6.086 5.805 18.658 6.029

1994 6.029 18.780 6.594 6.131 18.329 6.944

1995 6.944 20.406 5.878 5.957 18.560 8.710

1996 8.710 19.601 6.222 5.843 18.980 9.710

1997 9.710 20.082 5.645 5.818 18.874 10.745

1998 10.745 18.616 5.330 5.122 18.212 11.357

1999 11.357 19.099 6.091 5.921 19.695 10.931

2000 10.931 19.345 5.706 5.748 19.768 10.465

2001 10.465 21.501 6.410 6.321 20.361 11.694

2002 11.694 19.215 6.551 6.603 21.234 9.623

2003 9.623 20.741 7.416 7.233 21.175 9.372

2004 9.372 26.195 7.257 7.624 23.447 11.753

2005 11.753 24.884 9.616 9.670 25.155 11.428

2006 11.428 25.167 9.542 9.439 26.183 10.514

Fonte: USDA (2007).

Devido a não ocorrência de grandes variações entre a produção e o consumo, os estoques

finais também não apresentaram grandes disparidades, ficando mais ou menos estáveis no período.

A variação nos estoques mundiais no período foi de 93,28%, entre o primeiro e o último ano em

estudo, e foi o item que apresentou maior variação. A produção teve um incremento de 32,65%

entre 1990 e 2006, e o consumo também apresentou resultado positivo no final do período, com um

acréscimo de 40,33% em relação a 1990.

Os dez maiores produtores mundiais de algodão em 2006 foram China, Estados Unidos,

Índia, Paquistão, Usbequistão, Brasil, Turquia, Austrália, Grécia e Síria, ficando responsáveis por

86,92% da produção mundial. Quanto aos dez maiores exportadores mundiais de algodão, no ano

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de 2006, foram os Estados Unidos, Usbequistão, Índia, Austrália, Brasil, Grécia, Burkina, Mali,

Kazaquistão, e Turquia, que conjuntamente responderam por 80,65% das exportações mundiais

totais dessa malvácea no ano de 2006 (IEA, 2007; SANTOS, 2007).

Na Figura 1 tem-se o volume das importações e exportações mundiais de algodão. Pode-se

notar que a maior disparidade entre a importação e exportação se deu no ano de 1994, sendo que a

importação superou a exportação em 464 toneladas.

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Importação

Exportação

Figura 1. Importações e exportações mundiais de algodão, período de 1990 a 2006.

Fonte: USDA (2007). Adaptado pela autora

Apesar de ter havido certa estabilização no mercado mundial, nota-se que o volume

importado superou o volume exportado, na maioria dos anos analisados, o que pode ter sido em

função do aumento da demanda em alguns mercados emergentes para o suprimento de produtos

com valor agregado maior.

2.1.2 Descrição do setor brasileiro

No Brasil foram encontradas formas selvagens do algodoeiro desde o século XVI, sendo que

estas cultivares se diferem das originalmente encontradas na Ásia e na América, evidenciando que o

algodão já se encontrava aqui há milhares de anos. Com relação às cultivares de algodão

encontradas no Brasil, Coelho (2002) argumenta que as mesmas eram do tipo arbóreo e

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apresentavam uma produção perene de quatro ou cinco anos. A primeira delas era conhecida como

Rim-de-boi ou inteiro, pelo fato das sementes serem unidas e que se assemelharem a um rim, e

tendo como característica a ausência de línter, facilitando, assim, o trabalho manual de

descaroçamento realizado pelos índios. A outra cultivar encontrada aqui no Brasil era o

quebradinho, que tinha as sementes soltas como característica.

Conforme esse autor, por volta do fim do século XVIII e começo do século XIX a cultura do

algodão no Brasil estava concentrada na região Nordeste, e era uma atividade complementar para os

agricultores.

O Maranhão despontou como o primeiro grande produtor dessa malvácea e em 1760 já

exportava para a Europa 130 sacas de algodão, chegando em 1830 a 78.300 sacas exportadas.

Posteriormente, São Paulo se apresentou como um mercado alternativo de algodão, com

vantagens de cultivo em relação a outros locais produtores.

Mas, no ano de 1870 a cultura do algodão passou por uma crise profunda, pois foram criadas

taxas sobre as exportações do produto, juntamente com aumento da safra americana do algodão

nesse período. Tudo isso, aliado à falta de apoio aos produtores para o desenvolvimento dessa

cultura por parte do governo, já que as políticas agrícolas na época estavam voltadas à expansão da

cultura do café (CORRÊA et al., 2003).

Na década seguinte houve uma recuperação dessa cultura, pois seu cultivo passou a ser

incentivado pelo governo de São Paulo, com o surgimento de fábricas de tecidos na então província.

Corrêa et al. (2003) argumenta que a evolução da cultura do algodão no Brasil pode ser dividida em

duas fases. A primeira é aquela em que o cultivo do algodão ´r destinado a atender a demanda da

Inglaterra, e a segunda é quando passa a ser produzido para atender a demanda das indústrias têxteis

do estado de São Paulo.

Já na década de 1930, a cultura do algodão ainda tinha importância secundária, apesar de já

ser um gênero de exportação, pois não recebia apoio por parte do governo quanto à pesquisa e

coordenação agrícola, o que dificultava o desenvolvimento da cotonicultura.

No período compreendido entre os anos de 1980 e 1990, o país passou a ser um grande

importador da fibra do algodão, impulsionado pela abertura da economia brasileira ao mercado

mundial, fato este que acabou com as restrições de exportação e também diminuiu a alíquota de

importação dessa fibra, que em 1986 era de 55%, passando para zero em 1990, caracterizando

assim, uma forte concorrência do produto externo para os produtores nacionais. Dessa forma, o

algodão brasileiro perdeu competitividade, já que o importado tinha preços mais baixos e

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apresentava melhor qualidade e, portanto, os produtores dessa malvácea se viram forçados a

abandonar o cultivo do algodão.

No final da década de 1990 surgiu uma nova fase para a cotonicultura brasileira, migrando

para a região Centro-Oeste do Brasil, com destaque para o estado de Mato Grosso, e o algodão

brasileiro passou a ter aumento de produtividade e qualidade da fibra com o uso de tecnologias no

campo, indo desde o plantio até a colheita, com sementes melhoradas, uso intensivo de fertilizantes

e mecanização.

A Tabela 2 apresenta dados sobre área colhida, produção e produtividade do algodão no

Brasil, no período de 1990 a 2006, onde se nota que, desde o início do período estudado, a produção

apresentou crescimento em alguns anos e queda em outros, e o maior índice foi no ano de 2004,

quando teve uma produção de 3.846.757 toneladas de algodão em caroço.

Quanto à área colhida, esta apresentou grandes oscilações ao longo do período analisado,

sendo que de 1990 a 1992 apresentou incremento ano a ano, mas no ano de 1993 teve uma forte

queda na área colhida, se recuperando nos dois anos seguintes, mas, voltando a apresentar declínio

de área no ano de 1996, ocorrendo pequenos aumentos e também quedas de área posteriormente,

não apresentando grandes incrementos nos anos seguintes.

Apesar do volume produzido ter aumentado consideravelmente a partir do ano de 1999, este

se deu pelo ganho de produtividade e não em função de um incremento de terras no sistema

produtivo. E o fator preponderante para esse aumento na produção foi a introdução da cultura na

região dos Cerrados nesse período, migrando de regiões antes tradicionais na cultura do algodão,

como São Paulo e Região Sul do Brasil, passando para um sistema de grande produção e com

elevado nível de tecnologia no sistema produtivo, gerando assim ganho de produtividade.

A maior produtividade média ocorreu no ano de 2006, na ordem de 3.478 Kg/há. No inicio

do período estudado, a produtividade do algodão era de 1.281 kg/ha e até o ano de 1998 apresentou

pouca oscilação. Mas, no ano de 1999 deu um salto, atingindo 2.206 kg/ha, e esse ganho de

produtividade foi devido à expansão da cultura do algodão na região dos Cerrados, quando se deu a

introdução de tecnologias no processo produtivo e também a incorporação de grandes empresários

na cultura dessa malvácea.

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Tabela 2. Área colhida, produção e produtividade do algodão em caroço no Brasil, período de 1990

a 2006.

Período Área colhida

(ha.)

Produção

(t)

Produtividade

(kg/ha)

1990 1.391.884 1.783.175 1.281

1991 1.485.963 2.041.123 1.373

1992 1.594.036 1.863.077 1.168

1993 922.593 1.127.364 1.221

1994 1.060.564 1.350.814 1.273

1995 1.103.536 1.441.526 1.306

1996 744.898 952.013 1.278

1997 620.417 821.271 1.323

1998 825.029 1.172.017 1.420

1999 669.313 1.477.030 2.206

2000 801.618 2.007.102 2.503

2001 875.107 2.643.524 3.020

2002 760.431 2.166.014 2.848

2003 712.556 2.199.268 3.086

2004 1.150.040 3.798.480 3.302

2005 1.258.308 3.666.160 2.913

2006 898.335 2.882.482 3.209

Fontes: IBGE/SIDRA/PAM - CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007).

Indicador Diário Soja CEPEA/ ESALQ/Séries Estatísticas (2007)

As exportações brasileiras de algodão em pluma de 1990 a 2006, estão apresentadas na

Tabela 3.

Conforme os dados apresentados sobre as exportações brasileiras de algodão em pluma,

houve uma queda nas exportações ao longo da década de 1990, apresentando aumento considerável

a partir do ano 2000, onde foram exportadas 9.402 toneladas de pluma, chegando a 651.649

toneladas de pluma no ano de 2006.

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Tabela 3. Exportações Brasileiras de algodão em pluma - período de 1990 a 2006.

Período Quantidade (t) Valor (US$

FOB)

1990 1.960 420.772

1991 2.090 445.775

1992 1.380 369.292

1993 802 263.772

1994 850 296.608

1995 1.232 391.892

1996 639 280.863

1997 527 247.006

1998 2.553 3.604.804

1999 3.042 3.802.974

2000 9.402 10.195.696

2001 73.583 73.092.801

2002 82.911

64.540.411

2003 123.751

132.311.560

2004 249.335

305.149.098

2005 276.151

313.829.836

2006 651.649 289.834.999

Fonte: MDIC, (2007).

Esse incremento nas exportações brasileiras foi devido ao aumento da produção do algodão

no estado de Mato Grosso, aliado ao aumento da produtividade do algodão e também da qualidade

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da fibra do algodão produzido nesse estado, o que despertou o interesse de diversos países

importadores da fibra.

Os principais importadores brasileiros são Argentina, Indonésia, China, Japão, Tailândia,

Taiwan. Os números referentes às exportações brasileiras de algodão se apresentam relativamente

satisfatórios, apesar das adversidades pelas quais o produtor brasileiro passa, tais como mudanças

cambiais, o atraso tecnológico e a falta de subsídios quando comparado aos seus competidores no

mercado internacional, principalmente em relação aos Estados Unidos e Austrália.

Referente aos subsídios externos, o Brasil abriu um processo na Organização Mundial do

Comércio contra os subsídios por parte dos Estados Unidos ao algodão no ano de 2002, e já teve

varias vitórias nessa questão, principalmente uma nova vitória contra os Estados Unidos na OMC

no mês de outubro de 2007, onde esta instituição avaliou que as mudanças feitas pelos Estados

Unidos foram insuficientes aos compromissos assumidos por esse país junto a OMC.

2.1.3 A atividade em Mato Grosso

No estado de Mato Grosso, o cultivo de algodão herbáceo foi introduzido primeiramente na

Região Sul do estado, no município de Três Lagoas, antes da sua divisão territorial, no início da

década de 1930, com a chegada da variedade TEXAS 7111. Em 1962 iniciou-se o plantio de

algodão no município de Rondonópolis, cuja cidade ficou conhecida como a “Rainha do Algodão

no estado”, com a predominância de pequenos produtores. A partir daí, a cultura se expandiu para

municípios na região de Cáceres, a sudoeste do Estado, tornando-se muito importante do ponto de

vista econômico e social, quando da colonização de alguns municípios, tais como: São José dos

Quatro Marcos e Mirassol D’Oeste, conforme dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato

Grosso (INDEA, 2007).

No início da década de 80, a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa Agropecuária (EMPA)

passou a realizar os primeiros trabalhos de pesquisa com 20 materiais genéticos, testando época de

plantio, competição de variedades e adubação. Este trabalho fez parte do Programa Nacional de

Pesquisa do Algodão (PNP) da época, com apoio da EMBRAPA-CNP Algodão. Com alguns

pequenos ajustes, a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural

(EMPAER-MT) hoje dá continuidade a este trabalho, que se destina mais a pequenos produtores

das regiões tradicionais de algodão do estado.

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Em Mato Grosso, até a década de 80, a cultura do algodão era restrita a pequenas

propriedades que utilizavam pouca tecnologia no campo, porém, após a década, ocorreu uma

mudança na estrutura de produção, e essa malvácea passou a ser cultivada também por grandes

empresários que utilizavam técnicas modernas de agricultura em grandes volumes de área, com um

sistema de grande produção, com colheita mecanizada e um nível tecnológico avançado (FACUAL,

2007).

Deve ser ressaltado que a participação da pesquisa na expansão do algodão nas regiões de

cerrado teve um grande incremento após a criação de uma parceria entre a Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a Fundação MT e a EMPAER-MT, a partir de 1996, o que

propiciou o lançamento de variedades como Antares e BRS Facual.

Com o uso de variedades adaptadas à região, o volume produzido de algodão saltou de

55.075 hectares no ano de 96 para 257.762 hectares no ano 2000. Esse incremento de área destinada

à produção do algodão no estado de Mato Grosso foi em virtude do incentivo criado pelo

PROALMAT, que, através do Fundo de apoio à pesquisa do algodão (FACUAL), financiou as

atividades de pesquisa, fomento e assistência técnica, o que viabilizou e fez com que se expandisse

a cultura dessa malvácea no estado.

Os pioneiros em cultivar algodão na região dos Cerrados em escala empresarial, foram

Olacyr de Moraes e Ignácio Mammana, que financiaram no começo da década de 1990 o primeiro

programa de melhoramento de variedades para Mato Grosso, com a parceria da EMBRAPA,

quando foi introduzida a variedade ITA 90 na região de Campo Novo do Parecis (FACUAL, 2006).

Ainda de acordo com o FACUAL (2006), muito pouco se sabia até então sobre a cultura do

algodão em escala comercial, sendo que surgiram doenças que quase dizimaram a cultura do

algodão, o que fez com que se investisse em pesquisas. A partir de 1998, o FACUAL passou a atuar

através de programas técnicos de pesquisa, onde foram investidos em desenvolvimento da cultura

no campo, de 1998 a 2005, o montante de R$ 39,7 milhões, com 273 projetos.

A opção em cultivar o algodão na região dos Cerrados foi como alternativa para a soja,

devido a problemas de rentabilidade apresentados por esta oleaginosa no final da década de oitenta

e inicio dos anos noventa, bem como devido aos problemas fitossanitários devido à utilização

contínua do solo (FREIRE, 1998 apud CARVALHO et al. 1999).

A expansão da cultura do algodão no Cerrado provocou uma verdadeira mudança no

panorama de produção de algodão no Brasil, pois passou a ser produzido em sua maioria por

produtores empresários e com uso elevado de tecnologia no campo.

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O cultivo e a exportação do algodão Mato-Grossense só cresceram de forma ascendente no

final da década de 90, conquistando assim, a primeira posição no cenário nacional. O algodão

produzido em Mato Grosso tem despertado o interesse de importadores de diversas partes do

mundo. Atualmente o estado exporta para a China, o Japão, a Indonésia, o Paquistão e a Tailândia

(MATOS, 2005).

Na Tabela 4 estão apresentados dados sobre área colhida, produção e produtividade do

algodão no estado de Mato Grosso, de 1990 a 2007.

Tabela 4. Área colhida, produção e produtividade do algodão em caroço no estado de Mato Grosso,

período de 1990 a 2006.

Perío

do

Área

Colhida

(ha.)

Produçã

o (t)

Produtividade

(kg/ha.)

1990 43.422 57.634 1,327

1991 68.443 73.458 1,073

1992 53.836 67.862 1,260

1993 69.584 85.641 1,230

1994 66.059 91.828 1,390

1995 69.390 87.458 1,260

1996 55.075 73.553 1,335

1997 42.259 78.376 1,854

1998 106.483 271.038 2,545

1999 200.182 630.406 3,149

2000 257.762 1.002.836 3,890

2001 412.315 1.525.376 3,699

2002 328.046 1.141.211 3,478

2003 290.531 1.065.779 3,668

2004 469.780 1.884.315 4,011

2005 482.391 1.682.839 3,488

2006 391.736 1.421.294 3,628

Fontes: IBGE/SIDRA/PAM / CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007).

Indicador Diário Algodão CEPEA / ESALQ/Séries Estatísticas (2007).

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A área cultivada de algodão herbáceo no ano de 2006 em Mato Grosso foi de 391.736

hectares e a produtividade foi de 3.628 kg/ha. Mato Grosso foi o maior produtor brasileiro de

algodão no ano de 2006, com uma produção de 1.421.294 toneladas de algodão em caroço

(Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007).

Percebe-se uma grande oscilação quanto à produção de algodão nesse período analisado,

sendo que no ano de 1990 a produção era de apenas 57.634 toneladas, com pequenas variações nos

anos seguintes, começando a despontar uma maior produção no ano de 1998, quando efetivamente

começou a produção de algodão pelos grandes empresários e ocorreu uma mudança na estrutura de

produção, bem como a cultura do algodão de Mato Grosso que passou a contar com pesquisas e

também com apoio de entidades voltadas ao desenvolvimento dessa cultura na região dos Cerrados.

O ano de 2004 foi o de maior produção de algodão no estado de Mato Grosso, quando foram

produzidas 1.884.315 toneladas de algodão em caroço, e também foi o período que o algodão Mato-

Grossense apresentou o maior índice de produtividade, ou seja, 4,011 Kg/ha.

Têm-se, na Tabela 5, os valores das exportações totais, valor das exportações de algodão e a

participação das exportações de algodão nas exportações totais pelo estado de Mato Grosso, no

período de 1990 a 2006.

No ano de 1990 não houve exportação de algodão pelo estado de Mato Grosso, sendo que no

ano de 1991 o valor exportado foi de pouco mais de US$ 438 mil, não apresentando exportação do

produto nos anos de 1992, 1993, e 1994. Já no ano de 1995 foram exportadas menos de US$ 190

mil, sendo que nos anos de 1996, 1997 e 1998 também não foi exportada nenhuma tonelada de

algodão pelo estado de Mato Grosso.

A partir do ano de 1999 houve um significativo crescimento nas exportações de algodão, e

isso foi devido ao aumento da produção a partir desse período, onde se consolidou a cultura desse

produto no estado de Mato Grosso, sendo que o ano de 2004 foi o período de maior volume

exportado, chegando à cifra de US$ 213.982 mil, o que corrobora um maior volume produzido

também nesse período.

Com relação às exportações totais pelo estado de Mato Grosso, percebe-se que apresentaram

um crescimento ascendente a partir do final da década de 1990, e que as exportações de algodão

contribuíram para esse crescimento, haja vista as exportações de algodão pelo estado terem uma

maior representatividade.

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31

De 1990 a 1998, a participação das exportações de algodão com relação às exportações

totais no estado de Mato Grosso foi nula em alguns anos e apresentou resultados insignificantes nos

anos de 1991 e de 1995, ou seja, 0,02% e 0,04% de participação, respectivamente.

A partir do ano de 2001 houve uma melhora no índice de participação (3,90%),

apresentando oscilações nos anos seguintes. Percebe-se que a maior participação foi no ano de 2004

(6,90%), o que coincidiu com uma maior produção dessa malvácea nesse ano, que teve uma

produção de 1.884.315 toneladas, ocorrendo também uma maior exportação do produto.

Tabela 5. Valor das exportações totais, agrícolas e não agrícolas, e valor das exportações de algodão

e a participação das exportações de algodão nas exportações totais pelo estado de Mato Grosso,

período de 1990 a 2006.

Período Valor das

exportações

agrícolas e não

agrícolas

(US$1000 FOB)

Valor das

exportações de

Algodão

(US$1000 FOB)

Participação

(%)

1990 253.995 0 0

1991 223.601 438 0,02

1992 310.907 0 0

1993 329.546 0 0

1994 466.033 0 0

1995 426.252 189 0,04

1996 659.308 0 0

1997 927.091 0 0

1998 652.661 0 0

1999 741.095 2.477 0,33

2000 1.033.354 10.084 0,98

2001 1.395.758 54.357 3,90

2002 1.795.792 50.907 2,83

2003 2.186.158 88.955 4,07

2004 3.102.504 213.982 6,90

2005 4.151.627 199.440 4,80

2006 4.333.467 159.553 3,68

Fonte: MDIC (2007).

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32

Adaptação da autora.

Na Figura 2, a seguir, estão apresentados os principais municípios produtores de algodão

herbáceo (em caroço) do estado de Mato Grosso no ano de 2006.

Mato Grosso concentra 20 municípios dos 35 maiores produtores de algodão do Brasil,

sendo que o destaque é para Campo Verde, também conhecido como a capital nacional do algodão,

localizado na região sul do estado, que produziu 198.605 toneladas de algodão em 2006. O

município é também o maior produtor de algodão em pluma do país. Em 2007 foram plantados 90

mil hectares, apresentando uma produtividade de 290 arrobas por hectare, bem acima da média

estadual que foi de 250 arrobas por hectare.

No ano 2006 percebe-se que houve uma concentração maior da produção de algodão na

região sul do estado, sendo os municípios de Campo verde, Pedra Preta, Primavera do Leste e

Itiquira os maiores produtores.

.

Campo Verde

Pedra Preta

Primavera do Leste

Itiquira

Diamantino

Campo Novo do Parecis

Sapezal

Campo de Julio

Rondonopolis

Nova Mutum

Figura 2. Os 10 principais municípios produtores de algodão herbáceo (em caroço) no estado de

Mato Grosso em 2006.

Fonte: IBGE/SIDRA (2007)

Adaptado pela autora.

A produção de algodão do município de Pedra Preta foi de 113.218 toneladas. Já a de

Primavera do Leste foi de 107.344 toneladas e a de Itiquira ficou em 85.278 toneladas, e o

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33

município de Nova Mutum teve a última colocação dentre os principais produtores nesse ano, com

uma produção de 40.139 toneladas.

2.2 Soja

2.2.1 Contextualização mundial

Alguns relatos mostram que o cultivo da soja remonta a 2838 anos a.C. na China, na região

do rio Yangtse, sendo muitos desses escritos numa língua ainda arcaica. Por séculos, a cultura

permaneceu restrita ao oriente, só sendo introduzida no ocidente, pela Europa, por volta do século

XV, não com finalidade de alimentação, como acontecia na China e Japão, mas de ornamentação,

como na Inglaterra, França e Alemanha. Na cultura chinesa daquele período, algumas plantas eram

consideradas sagradas, dentre elas a soja. Mais de quinhentos anos se passaram até que a civilização

ocidental percebesse o valor do grão de soja na alimentação, principalmente o seu valor protéico

(CISOJA, 2007).

Essa oleaginosa resultou da evolução de sucessivos processos de melhoramento de

genótipos ancestrais, diferentes dos que se utilizam na atualidade. Esse processo iniciou-se

naturalmente entre cultivares selvagens, com a posterior domesticação dessas, e, a partir daí, o

homem passou a direcionar melhoramento genético, visando obter as características mais desejadas.

Ainda de acordo com o CISoja (2007), foram fracassadas as primeiras tentativas de

produção de soja na Europa, devido a fatores climáticos, ausência de conhecimento sobre a cultura

e suas exigências. Os norte-americanos foram os que, entre o fim do século XIX e início do século

XX, conseguiram desenvolver o cultivo comercial da soja, criando novas variedades, com teor de

óleo mais elevado, sendo que a partir de então, ocorreu a expansão do seu cultivo.

A soja cultivada hoje é bastante diferente das cultivares que lhe deram origem. Sua

evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais, entre duas

cultivares de soja selvagem, que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China.

Sua importância na dieta alimentar da antiga civilização chinesa era tal, que a soja, juntamente com

o trigo, o arroz, o centeio e o milheto, era considerada um grão sagrado, com direito a cerimoniais

ritualísticos na época da semeadura e da colheita (EMBRAPA, 2004).

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34

Ainda segundo a EMBRAPA (2004), mesmo sendo conhecida e explorada no Oriente há

mais de cinco mil anos (é reconhecida como uma das mais antigas plantas cultivadas do Planeta), o

Ocidente ignorou o seu cultivo até a segunda década do século vinte, quando os Estados Unidos

iniciaram sua exploração comercial, sendo primeiro como forrageira e, posteriormente, como grão.

Em 1940, no auge do seu cultivo como forrageira, foram cultivados, nesse país, cerca de dois

milhões de hectares com tal propósito.

A partir de 1941, a área cultivada para grãos superou a dedicada para forragem, cujo cultivo

declinou rapidamente, até desaparecer em meados dos anos 60, enquanto a área aplicada para a

produção de grãos crescia de forma exponencial, não apenas nos Estados Unidos como também no

Brasil e principalmente na Argentina.

Conforme Carvalho (2004), o mercado internacional da soja é composto por um grupo

reduzido de produtores ou exportadores, bem como por um grupo de países com tradição de

consumo desta oleaginosa. Segundo a autora, isso faz com que as relações de comércio entre os

países sejam definidas em razão de alguns critérios que acabam influenciando a participação de

cada país nesse mercado. Dentre esses critérios, destacam-se as medidas tecnológicas referentes ao

sistema produtivo, a produtividade e as medidas políticas adotadas por órgãos reguladores de cada

país participante.

Conforme Munhoz et al. (2006), a produção mundial de soja está concentrada nas Américas

do Norte, do Sul e na Ásia, sendo que esses continentes juntamente, são responsáveis por 88% da

produção mundial de soja, onde a América do Sul é líder mundial na produção e exportação desse

produto.

Os maiores produtores mundiais de soja em 2007 foram os Estados Unidos, Brasil e

Argentina. De acordo com Carvalho (2004), os três países vêm disputando frações desse mercado

desde os anos de 1980, e os Estados Unidos que sempre prevaleceu como grande produtor e

exportador vem perdendo espaço na sua participação no mercado mundial.

O Brasil tem ganhado frações do mercado internacional dessa commodity, possuindo ainda

área disponível para o cultivo dessa oleaginosa, enquanto os Estados Unidos e Argentina possuem

limites para expandirem a área cultivada, o que pode ser considerado uma vantagem competitiva

para o Brasil frente aos outros países produtores. A Argentina, que também apresentou destaque na

produção de soja na década de 1980, se consolidou principalmente no mercado de derivados da

soja.

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35

2.2.2 Descrição do setor brasileiro

A história da soja no Brasil mostra que essa oleaginosa foi introduzida no país por volta de

1882. Naquela época, porém, o interesse pela cultura não era pelo grão, e sim pela planta como uma

espécie a ser utilizada como forrageira e na rotação de culturas, assim como para a alimentação dos

animais da propriedade. Os grãos eram administrados aos animais já que ainda não havia o seu

emprego na indústria (CISOJA, 2007).

Segundo a EMBRAPA (2004), no ano de 1891 o Instituto Agronômico de Campinas fez

testes de adaptação de cultivares. Em 1900 e 1901 este instituto promoveu a primeira distribuição

de sementes de soja para produtores do estado de São Paulo. Nesse mesmo período foi introduzido

o cultivo de soja no estado do Rio Grande do Sul, que apresentava condições climáticas

semelhantes aos do sul dos Estados Unidos, e onde a cultura encontrou condições favoráveis para o

seu desenvolvimento e expansão.

De acordo com o CISoja (2007), o cultivo comercial desta oleaginosa no Brasil se deu a

partir do ano de 1914 em Santa Rosa no Rio Grande do Sul, mas só adquirindo importância

econômica após a década de 40, com uma área cultivada de 640 ha e uma produção de 450

toneladas com rendimento médio de 700 kg/ha. Tem-se, nesse mesmo ano, a instalação da primeira

indústria processadora de soja do País, nessa mesma cidade. No ano de 1949, o Brasil passa a fazer

parte das estatísticas internacionais como produtor desta commodity, com uma produção de 25.000

toneladas.

Na década de 1960 a soja passou a ser economicamente viável, sendo que nesse período o

Brasil produziu 203.000 toneladas e no ano de 1969 teve uma produção de 1.000.000 de toneladas.

A maior variação da produção ocorreu entre a década de 1970 e a década de 1980, passando de uma

produção de 1.500.000 toneladas para 15.200.000 toneladas, respectivamente, representando um

aumento de 25,9% ao ano, enquanto o aumento na área cultivada foi de 20,8% ao ano, ocorrendo

então um significativo aumento de produtividade.

A cultura da soja se concentrou na Região Sul até os anos de 1960 e 1970, sobretudo no

estado do Rio Grande do Sul e Paraná, mas após a década de 80, a cultura dessa oleaginosa

estendeu-se para o Cerrado, tornando-se a maior região produtora do país. A expansão para essa

nova fronteira agrícola deveu-se, basicamente, aos estudos de fertilização dos solos do cerrado, à

sua topografia plana e favorável à mecanização, e ao desenvolvimento de plantas aptas à região

(CISOJA, 2007).

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36

Conforme a EMBRAPA (2004), a soja se estabeleceu no Brasil devido a vários fatores,

primeiramente na Região Sul do país nos anos de 1960 e 1970, e depois na Região dos Cerrados nos

anos de 1980 e 1990, e dentre esses fatores pode-se destacar a semelhança do ecossistema da

Região Sul do Brasil com as do Sul dos Estados Unidos, onde se puderam adotar variedades e

tecnologias de produção; incentivos fiscais disponibilizados aos produtores de trigo na região Sul

que também se estenderam aos produtores de soja1; substituição das gorduras animais por óleos

vegetais, estabelecimento de indústrias de processamento de soja, indústrias de máquinas e insumos

agrícolas; mecanização total da cultura; construção de Brasília na região central, que foi importante

para a melhoria da infra-estrutura da região dos cerrados; incentivos fiscais para abertura de novas

áreas de produção agrícola no país2; estabelecimento de agroindústrias na região central, bem como

o baixo valor das terras nas décadas de 1960 a 1980; desenvolvimento de novas cultivares

adaptadas à região dos cerrados; e, migração de alguns produtores de soja, com bom nível

econômico e tecnológico da região sul para a região dos cerrados.

Com a expansão da cultura da soja para outras regiões brasileiras e com o incremento na

produção e na produtividade dessa oleaginosa, já em 2003 o Brasil passa a ser o segundo produtor

mundial, com 26,8% da safra mundial, ou seja, 52 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2004).

A Tabela 6 mostra os dados referentes à área colhida, produção e produtividade da soja no

Brasil, e percebe-se que houve aumento da área colhida de soja no país ao longo dos anos

observados.

O incremento de área ano a ano, no período analisado, foi devido à abertura da fronteira

agrícola, mais especificamente na região dos errados brasileiros. Os dados mostram que no ano de

1999 houve decrescimento de área colhida, aumentando nos anos seguintes, mas em 2006 acontece

novamente uma queda na área colhida, isso em virtude de que os produtores rurais, diante dos

baixos preços da soja e dos altos custos para se produzir essa oleaginosa, optaram por diminuir a

área cultivada.

Observa-se ainda que mesmo diante da diminuição da área no ano de 2006, a produção foi

maior que a do ano anterior, o que pode ser explicado por um acréscimo na produtividade nesse ano

em relação ao ano anterior.

Referente à produção brasileira de soja no período analisado, tem-se que o ano de 1991

apresentou queda no volume produzido em relação ao ano anterior, mas, se recuperando nos anos

seguintes, e vindo a apresentar decréscimo no ano de 1996 novamente.

1 Os produtores de trigo cultivavam soja na entressafra do trigo.

2 Embora os principais incentivos se destinassem a produção de arroz de sequeiro.

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37

A partir do ano de 1997 houve um aumento substancial no volume produzido, o que pode

ser explicado em parte pela Lei Kandir que isenta da cobrança de ICMS os produtos in natura

destinados à exportação, o que motivou os produtores rurais a expandirem a cultura dessa

oleaginosa.

Tabela 6. Área colhida, produção e produtividade de soja em grão no Brasil, período de 1990 a

2006.

Ano Área

colhida (ha)

Produção (t) Produtividade

(kg/ha)

1990 11.551.400 20.101.300 1.740

1991 9.742.500 15.394.500 1.580

1992 9.582.200 19.418.600 2.027

1993 10.717.000 23.042.100 2.150

1994 11.501.700 25.059.200 2.179

1995 11.678.700 25.934.100 2.221

1996 10.299.470 23.166.874 2.250

1997 11.486.478 26.392.636 2.298

1998 13.303.656 31.307.440 2.353

1999 13.061.410 30.987.476 2.372

2000 13.656.771 32.820.826 2.400.

2001 13.985.099 37.907.259 2.710

2002 16.359.441 42.107.618 2.573

2003 18.524.769 51.919.440 2.802

2004 21.538.990 49.549.941 2.300

2005 22.917,006 51.136,234 2.231

2006 22.006.677 52.355.976 2.379

Fontes: IBGE/ SIDRA/PAM (2007)

CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007)

Indicador Diário Soja CEPEA / ESALQ/Séries Estatísticas (2007)

No ano de 2006 houve uma queda de área colhida em relação a 2005, mas esse ano

apresentou um grande aumento na produção e isso foi devido ao aumento da produtividade, sendo

que em 2006 a produtividade foi de 2.379 Kg/ha, ficando bem acima dos 2.231 do ano de 2005.

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38

Conforme Tavares (2003) apud Carvalho (2004), o que também contribuiu para o aumento

da cultura da soja no Brasil foi a criação de um novo instrumento de política agrícola denominado

de drawback, instituído em 2002, com a finalidade de isentar ou suspender a cobrança de tributos na

importação de matérias-primas e outros.

Um outro fator que também pode explicar esse aumento de produção foi o aumento da

produtividade da soja, com o uso intensivo de tecnologia no campo, aliados aos preços que

estiveram favoráveis até o ano de 2004, que chegou a US$ 280 a tonelada no respectivo ano.

A Tabela 7 mostra as exportações brasileiras do complexo soja de 1990 a 2006. A partir da

década de 1990, as exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) têm apresentado

mudanças quanto ao aumento das exportações do grão, em detrimento do farelo, onde a soja em

grão no ano de 1995 representava 20,2% das exportações, em 2006 respondia por 62,85% do total

das exportações do complexo soja, e em contrapartida, a participação do farelo nas exportações caiu

de 52,3% em 1995 para 31,06% em 2006 (MDIC, 2007).

Tabela 7. Exportações Brasileiras de soja (grão, farelo e óleo), período de 1990 a 2006.

Período Soja em

Grão

(1000 t )

Farelo de soja ( 1000

t )

Óleo de soja

(1000 t )

1990 4.077 8.744 772

1991 2.020 7.488 507

1992 3.740 8.501 718

1993 4.190 9.447 735

1994 5.367 10.618 1.517

1995 3.493 11.563 1.730

1996 3.647 11.226 1.332

1997 8.340 10.013 1.124

1998 9.288 10.447 1.359

1999 8.917 10.431 1.522

2000 11.517 9.364 1.073

2001 15.676 11.271 1.625

2002 15.970 12.517 1.934

2003 19.890 13.602 2.486

2004 19.248 14.486 2.517

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Fonte: MDIC, (2007).

Com relação à oferta do óleo de soja, este produto tem a característica de suprir o mercado

interno, ao contrário do farelo que se destina quase totalmente às exportações, e a parcela do óleo

nas exportações do complexo se reduziu de 27,6% para 6,1% no mesmo período.

Referente à maior exportação do grão de soja em detrimento do farelo e do óleo a partir de

2000, deve-se considerar um fator que tem sido preponderante nessa questão, que é a estrutura da

tributação brasileira, mais especificamente a Lei Kandir, que isenta de Imposto de Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS), as exportações de produtos primários e semi processados, mas que

incide sobre a movimentação interna da safra, criando assim uma vantagem às exportações do grão,

em relação ao farelo e ao óleo de soja.

Aliado a tudo isso, ainda existem barreiras tarifárias impostas aos produtos processados

pelos principais países importadores, bem como a isenção de tarifas para a aquisição de soja em

grãos pelo Japão e pela União Européia, que também contribuíram para a maior exportação deste

produto.

Assim, a exportação de soja em grão teve um aumento significativo nos últimos anos,

principalmente a partir de 1997, em função do menor processamento industrial da oleaginosa, uma

tendência verificada no setor de esmagamento em todo o país, e não apenas em Mato Grosso, por

questões cambiais e tributárias.

2.2.3 A atividade em Mato Grosso

Segundo Marta et al. (2006), a soja entrou na economia nacional mudando a estrutura de

produção de óleos no país, ou seja, antes as oleaginosas eram produzidas em pequenas unidades

familiares, com trabalhos manuais, e passou para um sistema oligopolista. Antes eram produzidos

dois outros tipos de oleaginosas, o algodão e o amendoim. Ainda de acordo com os autores, a soja

passa a ter um “status” comercial com a modernização da agricultura no país, quando acontece a

substituição do algodão e o amendoim que eram tradicionais na produção de óleo. E isso foi devido

ao fato da cultura da soja ser intensiva em capital e ao mesmo tempo ter eficiência produtiva.

No caso da introdução da soja no estado de Mato Grosso, os autores acima argumentam que

esta se deu em função do desenvolvimento de espécies adequadas à produção no cerrado e à

2005 22.435 14.422 2.743

2006 24.956 12.332 2.419

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formação de um mercado para os derivados da soja, a partir dos anos 1980, sendo que nos anos 90 o

crescimento dela se deu em menor intensidade, devido à instabilidade nos preços.

Bertrand et al. (2005) argumentam que foram vários os fatores que determinaram a ocupação

do espaço agrícola na região dos cerrados, dentre eles os preços e a disponibilidade de terras, a

topografia plana da região, o clima favorável ao cultivo da soja, aliados a políticas públicas de

incentivo, onde elas foram decisivas para a exploração de novas fronteiras agrícolas, para a infra-

estrutura da região, para a pesquisa e também para o financiamento da agricultura.

Até a década de 80, o cultivo da soja se concentrava apenas nos estados da região sul do

Brasil, mas, a partir daí, com o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao solo e ao clima das

outras regiões brasileiras, o cultivo dessa oleaginosa chegou aos estados de Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul e Goiás, no centro-oeste, e nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí na região

nordeste.

Após a década de 80, o centro-oeste tornou-se expressivo no cultivo dessa oleaginosa, visto

que pôde aproveitar a infra-estrutura construída em torno de Brasília e o baixo valor das terras, em

relação às da região sul do país. Essa cultura cresceu significativamente em todo o país, através da

incorporação de novas terras ao cultivo, áreas inexploradas e também substituição de outras culturas

(BATISTA; LÍRIO, 2004).

No ano de 2006, a região centro oeste produziu 25.904.279 toneladas de soja, enquanto a

produção nacional foi de 52.355.976 toneladas. O estado que mais se destacou na produção

nacional nos anos de 2006 foi Mato Grosso, com uma produção de 15.586.887 toneladas,

representando mais de 60% da produção na região centro oeste em 2006, conforme dados do IBGE

(2007).

Mato Grosso apresentou uma produtividade de 2.683 kg/ha no ano de 2006, com uma área

cultivada de 5.808.673 hectares em 2006, segundo dados do IBGE (2007). Foram exportadas

9.920.608 de toneladas de soja no ano 2006, totalizando um valor de US$ 2.263.291.964 de acordo

com o MDIC (2007).

A Tabela 8 apresenta os dados sobre a área colhida, produção e produtividade de soja no

estado de Mato Grosso no período analisado.

De acordo com esses dados apresentados, houve grandes oscilações quanto à área colhida,

desde o inicio do período analisado, com fases de queda na área, mas apresentando uma

recuperação no período seguinte, como é o caso do ano de 1991, que caiu para 1.164.585 hectares e

no ano seguinte já houve um incremento na área, passando para 1.453.702 hectares e assim

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aumentando nos anos seguintes, só vindo a apresentar queda novamente no ano de 1996, que foram

colhidas 1.956.148 hectares de soja em grão.

Tabela 8. Área colhida, produção e produtividade de soja em grão em Mato Grosso, período de

1990 a 2006.

Período Área

colhida

(ha.)

Produção

(t)

Produtividade

(kg/ha.)

1990 1.527.754 3.064.715 2.006

1991 1.164.585 2.738.410 2.351

1992 1.453.702 3.642.743 2.505

1993 1.678.532 4.118.726 2.454

1994 2.022.956 5.319.793 2.630

1995 2.322.825 5.491.426 2.364

1996 1.956.148 5.032.921 2.573

1997 2.192.514 6.060.882 2.764

1998 2.643.389 7.228.085 2.734

1999 2.635.010 7.473.028 2.836

2000 2.906.448 8.774.470 3.018

2001 3.121.353 9.533.286 3.054

2002 3.818.231 11.684.885 3.060

2003 4.413.271 12.965.983 2.937

2004 5.263.428 14.517.912 2.758

2005 6.106.654 17.761.444 2.909

2006 5.808.673 15.586.887 2.683

Fontes: IBGE/SIDRA/PAM (2007).

CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007).

Indicador Diário Soja CEPEA / ESALQ/Séries Estatísticas (2007).

A partir de 1997, o estado apresentou aumento na área colhida com a soja, só vindo a

apresentar queda no ano de 2006, que foi de 5.808.673 hectares. E para a safra 2007 é esperada uma

queda na área colhida também, devendo ficar em 5.146.861 hectares de acordo com o IBGE (2007).

Quanto à produção de soja no estado de Mato Grosso, no ano de 1991 houve decréscimo na

quantidade produzida, mas apresentando aumento de produção nos anos seguintes, e no ano de 1996

aconteceu uma queda na produção, assim como foi na área cultivada, sendo que após esse período

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houve aumento de produção ano a ano, só vindo a apresentar queda novamente no ano de 2006,

onde foram colhidas 15.586.887 toneladas de soja em grão, conforme dados do IBGE (2007).

Mas mesmo tendo apresentado queda de produção em 2006, o estado ainda participou com

29,77% da produção nacional de soja no ano de 2006.

Com relação à produtividade, esta tem apresentado oscilações ao longo do período

analisado, sendo que o maior índice de produtividade aconteceu no ano de 2002, onde ficou em

3.060 Kg/ha.

Essa queda de produtividade a partir do ano de 2002 pode ser explicada pelo baixo preço da

soja no mercado, pelo problema da ferrugem asiática que atingiu as lavouras brasileiras após o ano

de 2002, aliado aos altos custos para se produzir essa oleaginosa, o que levou os produtores a

utilizar menos insumos no processo produtivo, principalmente após a crise de 2004.

Os 10 maiores municípios produtores de soja em Mato Grosso, no ano de 2006, estão

representados na Figura 3.

Sorriso

Nova Mutum

Sapezal

Campo Novo do Parecis

Diamantino

Lucas do Rio Verde

Campo de Julio

Nova Ubiratã

Primavera do Leste

Itiquira

Figura 3. Principais municípios produtores de soja no estado de Mato Grosso em 2006.

Fonte: IBGE/SIDRA, (2007).

Adaptado pela autora.

Mato Grosso possui 15 municípios ocupando posições no ranking de maiores produtores de

soja no país, sendo que os sete primeiros colocados são municípios mato-grossenses. Entre os

municípios produtores de soja no estado, Sorriso teve a primeira colocação no ano de 2006, com

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596.658 hectares plantadas e 1.789.974 toneladas colhidas, o que representa 3,41% da produção

nacional. A seguir vem Nova Mutum, com uma produção de 962.045 toneladas, com uma área

plantada de 329.242 hectares no período, sendo que esse município tem uma participação de 1,8%

da produção brasileira de soja em 2006, conforme dados do IBGE (2007).

O município de Sapezal aparece em terceiro lugar na produção de soja no estado de Mato

Grosso, com uma quantidade produzida de 926.032 toneladas de grão, em 365.850 hectares

plantados. Percebe-se que a maior produção mato-grossense de soja se concentrou na região do

médio norte, e isso se deve ao fato de que essa região apresenta clima e solo favoráveis ao cultivo

da oleaginosa e também pela questão da colonização, ou seja, produtores que já cultivavam a soja e

migraram da região sul do país para produzirem essa oleaginosa nos cerrados.

Já a região sul do estado teve uma menor representatividade na produção dessa oleaginosa

em relação à região do médio norte, e isso pode ser explicado pelo fato de que a região sul do

estado se despontou como a maior produtora de algodão no ano de 2006, em detrimento da cultura

da soja. Os municípios de Primavera do leste e Itiquira tiveram a última posição nesse ranking,

onde produziram 550.440 toneladas e 415.650 toneladas, respectivamente.

Na Tabela 9 são apresentados os valores das exportações totais, valor das exportações de

soja e a participação das exportações de soja frente às exportações totais de Mato Grosso.

Observa-se o aumento das exportações de soja ao longo do período, bem como o aumento

das exportações totais, sendo que a soja é a grande responsável por esse aumento nas exportações

totais do estado.

Houve uma grande variação no valor das exportações de soja no período analisado, sendo

que apresentou queda no ano de 1991 em relação ao ano anterior, vindo a aumentar o valor

exportado no ano seguinte, caindo no ano de 1993 novamente, se recuperando posteriormente, e

assim sucessivamente até os anos de 1996 e 1997, que tiveram um aumento substancial nas

exportações, vindo a apresentar quedas nos dois anos seguintes. Já em 2001 houve um valor

exportado maior em relação aos anos anteriores, e em 2006 o valor das exportações de soja ficou

em US$ 2.263.292 mil (MDIC, 2007).

Analisando as exportações agrícolas e não agrícolas do estado de Mato Grosso, pode-se

notar que nos últimos anos o estado apresentou um aumento significativo nas suas exportações,

sendo que a partir do ano de 1998 foi crescente esse valor, chegando a US$ 4.333.376 mil no ano de

2006 (MDIC, 2007).

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Tabela 9. Valor das exportações totais, agrícolas e não agrícolas, e valor das exportações de soja e a

participação das exportações de soja nas exportações totais de Mato Grosso, período de 1990 a

2006.

Período Valor das

exportações

agrícolas e não

agrícolas (US$ 1000

FOB)

Valor das

exportações de

Soja

(US$ 1000 FOB)

Exportações de soja

em relação às

exportações totais (

% )

1990 253.995 160.392 63,15

1991 223.601 76.087 34,03

1992 310.907 143.634 46,20

1993 329.546 79.710 24,19

1994 466.033 159.178 34,16

1995 426.252 78.210 18,35

1996 659.308 129.173 19,59

1997 927.091 430.126 46,40

1998 652.661 315.417 48,33

1999 741.095 305.043 41,16

2000 1.033.354 552.472 53,46

2001 1.395.758 803.408 57,56

2002 1.795.792 980.595 54,61

2003 2.186.158 1.033.663 47,28

2004 3.102.504 1.367.928 44,09

2005 4.151.627 2.136.519 51,46

2006 4.333.467 2.263.292 52,23

Fonte: MDIC, (2007).

Dados da Pesquisa.

As exportações de soja no ano de 2006 representaram 52,23% das exportações totais do

estado. Em 2005 foram de 51,46% e 2004 ficou em 44,09% das exportações totais. Fazendo uma

análise de todo o período estudado, pode-se inferir que as exportações de soja pelo estado de Mato

Grosso tiveram uma grande representatividade no valor total das exportações do estado.

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45

Na Tabela 10 estão apresentados os dados referentes às exportações do complexo soja (grão,

farelo e óleo).

Percebe-se que de 1990 a 1992 havia predomínio do volume exportado da soja em grão

sobre o farelo, mas de 1993 a 1996 o farelo predominou sobre o grão, sendo que de 1997 em diante,

a soja em grão se consolidou como o maior produto exportado do complexo. As exportações do

farelo de soja no ano de 2006 representaram 22,70% do volume exportado do complexo; o grão

representou 75,38% e o óleo de soja 1,92%. No ano anterior, o óleo teve uma representatividade um

pouco melhor, que foi de 5,06%, o farelo em 27,89% e o grão 67,06% do volume total exportado do

complexo soja.

Tabela 10. Exportações mato-grossenses do complexo soja (grão, farelo e óleo) em toneladas, no

período de 1990 a 2006.

Período Grão (t) Farelo (t) Óleo (t)

1990 711.623 194.997 4.500

1991 345.650 327.915 10.600

1992 671.547 474.578 22.800

1993 361.676 661.296 39.810

1994 656.056 728.375 89.555

1995 355.542 864.730 125.029

1996 461.933 1.225.882 121.244

1997 1.474.072 1.179.184 104.195

1998 1.365.450 974.192 56.462

1999 1.733.330 1.377.044 227.707

2000 2.890.696 1.463.585 106.007

2001 4.492.156 1.508.367 112.199

2002 5.240.246 2.319.368 251.329

2003 4.848.483 2.687.536 344.859

2004 5.041.443 3.114.610 452.064

2005 9.086.395 3.778.956 685.165

2006 9.920.608 2.987.750 253.110

Fonte: MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) (2007).

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O melhor desempenho do óleo de soja em relação aos outros produtos do complexo foi no

ano de 1995, quando teve uma fatia de 9,29% do volume total exportado do complexo, nesse

período.

O farelo teve o seu melhor desempenho no ano de 1996, com 67,76% do volume total

exportado pelo complexo soja e o grão de soja teve o seu melhor índice no ano de 1990 com

78,10% das exportações totais do complexo.

A consolidação das exportações de soja em grão em detrimento dos demais produtos do

complexo soja a partir de 1997 é reflexo da Lei Kandir que passou a vigorar a partir de 13 de

setembro de 1996, a qual desonera da cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias

e Serviços) os produtos in natura destinados à exportação, o que levou os produtores preferissem

exportar a soja em grão a industrializá-la.

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47

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do presente trabalho será respaldada por

dois aspectos distintos, abordados nos modelos teórico e analítico.

O modelo teórico está baseado em conceitos de competitividade e de mudança estrutural. O

modelo analítico contemplará os métodos Constant-Market-Share (CMS), o índice de Posição

Relativa no Mercado (POS) e o Modelo Shift-Share, para analisar a competitividade dos produtos

soja (grão, farelo e óleo) e algodão no estado de Mato Grosso, frente ao mercado internacional no

período proposto.

3.1 Modelo teórico

No presente estudo será feito uma caracterização teórica sobre mudança estrutural e sobre

competitividade.

3.1.1 Mudança estrutural

Ishikawa (1994), citado por Bonjour (2003), argumenta que a estrutura refere-se à

composição de setores da economia e está associada a diversas relações tecnológicas ou de

comportamento. Esse autor mostra com um significado amplo o termo “mudança estrutural”,

definindo uma mudança na participação relativa dos principais componentes dos indicadores

agregados na economia. Afirma ainda que existe um conceito unificado sob vários aspectos que

demonstra a abrangência entre os fenômenos que permitem transformações na agricultura e nos

processos de industrialização, de urbanização, os quais são afetados por políticas macroeconômicas,

num processo de transformação global da economia.

Para Kilkenny e Otto (1994), as mudanças estruturais ocorrem tanto no nível micro como

no nível macro da economia, sendo que no nível micro aparecem as mudanças na organização da

produção da firma, intensidade de fatores, composição do produto, escala de operação e parcela de

participação da firma na indústria e nas formas de organização. Já no nível macro da atividade

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econômica, essas mudanças se relacionam diretamente com o nível de emprego na economia, à

localização das atividades e a participação dos setores no Produto Nacional Bruto.

Ainda de acordo com os autores, estas mudanças, geralmente, são ocasionadas pelos

deslocamentos na renda; nas preferências públicas e privadas; na intensidade das mudanças; no

tamanho e na localização da população; na segmentação dos mercados; nos produtos substitutos;

nas instituições; na tecnologia e na localização e qualidade dos recursos.

Syrquin (1988), apud Bonjour (2003) argumenta que o processo de mudança estrutural está

vinculado aos aumentos nas taxas de acumulação do capital físico e humano, nas mudanças na

composição setorial da atividade econômica que estão ligadas, inicialmente, à alocação do emprego

e, posteriormente, na produção e no uso de fatores. Então, as transformações estruturais que

acompanham o processo de crescimento e desenvolvimento econômico são constituídas pela

agregação das inter-relações das mudanças parciais que ocorrem na estrutura econômica, sendo que

a acumulação de capital físico e humano e os deslocamentos na composição da demanda, comércio,

produção e emprego constituem a essência econômica da transformação estrutural, enquanto os

processos socioeconômicos relacionados com essa mudança são identificados como periféricos.

Segundo Cacciamali (1988):

No que se refere às alterações na estrutura da demanda, no século passado, Ernest

Engel constatou que, à medida que a renda das famílias aumentava, a proporção

de seus orçamentos domésticos despendida no item alimentação decrescia. À

medida que o nível de renda per capita familiar aumenta, a demanda por produtos

agrícolas não crescerá tão depressa quanto a demanda por produtos industriais e

por serviços. A resposta da estrutura produtiva a esse estímulo implicará que a

participação do setor agrícola, no valor adicionado total, deverá decrescer à

medida que o nível do produto per capita aumenta. A estrutura de preferências e

as necessidades de uma população não são imutáveis ao longo do crescimento

econômico. Ao contrário, elas se alteram influenciadas pela aplicação de novas

técnicas e pelas mudanças que ocorrem nas instituições sociais. Ou seja, a

estrutura da demanda e a elasticidade-renda da demanda por bens e serviços são

afetadas pela aplicação de novas técnicas. Esta inter-relação ocorre porque

tecnologias novas criam demandas novas, ampliam demandas existentes e criam

bens e serviços novos para atender tanto às necessidades existentes como às novas

necessidades. Este fato implica num processo de substituição de bens; portanto, de

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mudança na estrutura da demanda agregada e intermediária de um país.

(CACCIAMALI, 1998).

Andrade (1996) argumenta que alterações estruturais estão relacionadas com a observação

do comportamento do consumo, investimento e uso de insumos intermediários, sob a ótica da

demanda final, e com o comportamento da acumulação do capital físico e humano e uso de recursos

naturais, sob a ótica da oferta. Ainda para esse autor, as inter-relações parciais na estrutura

econômica, quando agregadas, são consideradas como transformações estruturais que acompanham

o processo de crescimento e desenvolvimento econômico.

A mudança estrutural pode afetar todo o mercado mundial, causando influência sobre a

estrutura produtiva, e também na oferta de insumos utilizados na produção. Esta mudança tem sido

acompanhada também pela demanda de serviços, onde os produtos processados exigem uma mão-

de-obra diferenciada daquela usada na produção de primários (HERTEL et al. 1998, apud

BONJOUR, 2003).

O desenvolvimento das forças produtivas nas sociedades capitalistas tem dois paradigmas

básicos: a Teoria Neoclássica e a Teoria Schumpeteriana. A visão neoclássica considera a variação

tecnológica como causadora da instabilidade do sistema. Esse paradigma hegemônico, no final do

século XIX e início do século XX, mostra a tecnologia como variável exógena. Somente a partir de

1950, a questão tecnológica passa a ser fator essencial para o desenvolvimento econômico,

conforme destacado por Matos (1996).

3.1.2 Competitividade

Segundo Williamson (1989) apud Fernandes et al. (2007), em seu livro a Riqueza das

Nações, Adam Smith foi o pioneiro, na tentativa de criar uma teoria sobre o comércio internacional

entre os países, em que o comércio internacional era o mecanismo que tornava possível o

aproveitamento das vantagens absolutas e, assim, um país poderia fazer uso de todos os fatores

produtivos que fossem abundantes, e destinar o excesso de produção para o comércio com os outros

países. Em contrapartida, poderia adquirir produtos no exterior, que não fossem produzidos ou

produzidos de forma insuficiente dentro do país. Dessa forma, um país possui vantagem absoluta na

produção de um determinado bem quando tiver a capacidade de produzi-lo. com a utilização de

menos trabalho que outro país na produção desse mesmo bem.

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Posteriormente, David Ricardo, mais precisamente em 1817, expandiu o raciocínio de Smith

e criou a teoria das vantagens comparativas, a qual explicava a natureza dos fluxos de mercadorias

entre países e o equilíbrio comercial entre os mesmos. Dessa forma, uma nação teria vantagem

comparativa na produção de um determinado bem se o custo de oportunidade da produção do bem

em comparação a outros bens, nessa nação, for mais baixo que em outras nações. Deve ser

enfatizado que a teoria clássica do comércio internacional só se preocupava com o lado da oferta,

deixando de lado o efeito que a demanda teria sobre o comércio entre as nações.

Nesse mesmo sentido, Andriolli (2003) argumenta que a competitividade ou livre

concorrência é um dos princípios da economia liberal e teve como principais defensores Adam

Smith e David Ricardo. Segundo a teoria de SMITH, procurando apenas um ganho pessoal, a

pessoa trabalha, coincidentemente, para elevar ao máximo possível a renda anual da sociedade. Por

uma mão invisível a pessoa estaria sendo misteriosamente levada a executar um objetivo que jamais

fez parte das suas intenções.

E, buscando apenas seu interesse exclusivo, a pessoa muitas vezes trabalharia de modo bem

mais eficaz pelo interesse da sociedade do que se tivesse de fato esta intenção. Nota-se que a idéia

básica da livre concorrência é a fé depositada na idéia de que as pessoas, uma vez competindo entre

si, automaticamente estariam contribuindo para o progresso geral da sociedade.

Ainda conforme Andriolli (2003), Ricardo aborda a competitividade através da análise das

vantagens comparativas, que se baseia no estabelecimento de um processo de intercâmbio, onde os

envolvidos nas transações são mutuamente beneficiados nas relações.

Segundo Salleroun, (1979): “Enquanto o liberalismo clássico pedia que o Estado não

interferisse, para que a concorrência pudesse produzir todos os seus bons efeitos, o neoliberalismo

pede ao Estado que se mexa para assegurar que a concorrência possa existir”. Nesse sentido,

afirma-se que existe uma intenção clara, em nível de ideologia política, de promover a idéia da

competição como intrinsecamente positiva para a humanidade, que deixa de ser apenas um conceito

na economia para fazer parte do imaginário social das pessoas.

O tema competitividade passou a ter um papel importante na análise econômica do

desempenho das empresas após o processo de globalização da economia nos últimos anos, onde se

busca uma reestruturação produtiva e também organizacional com o desenvolvimento e a busca de

novos mercados com vistas à permanência dessas mesmas empresas no mercado.

De acordo com Farina (1999), a competitividade não apresenta uma definição mais precisa,

pois compreende tantas facetas de um mesmo problema, que se torna difícil estabelecer um conceito

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que seja ao mesmo tempo abrangente e útil, e do ponto de vista das teorias da concorrência, ela

pode ser definida como a capacidade de sobrevivência por parte das empresas de forma sustentável

e ao mesmo tempo de crescimento em mercados existentes ou em novos mercados, e que haja a

realização de lucros não negativos. A partir dessa definição, tem-se que a competitividade é uma

medida de desempenho das firmas individuais. No entanto, esse desempenho depende de relações

sistêmicas, já que as estratégias empresariais podem ser obstadas por gargalos de coordenação

vertical ou de logística.

Segundo ECIB (1993) e Castells (2000), apud Santos (2007), o termo competitividade é

tratado na literatura econômica do ponto de vista da economia do país como um todo e também de

setores específicos, não sendo consideradas as questões que dizem respeito às empresas enquanto

agentes econômicos individuais e autônomos, e a preocupação básica está em como um país ou

nação pode competir melhor em termos mundiais e de que maneira pode alocar seus recursos

internos globais de modo mais eficiente.

Porter (1986) define a competitividade como a capacidade da empresa em formular e

programar estratégias competitivas que possam aumentar ou manter, no longo prazo, uma posição

sustentável em um mercado onde haja concorrência. Essa concepção de competitividade se aplica às

corporações e se relaciona com o ramo de atuação da empresa, sendo que a competitividade

empresarial pode ser obtida a partir de um bom desempenho nas etapas da sua cadeia de valor.

Juntamente com o conceito de competitividade empresarial, foi desenvolvido o conceito de cadeia

de valor na empresa, um modelo de análise competitiva e um conjunto de estratégias genéricas, com

vistas a orientar a formulação de estratégicas especificas de competitividade empresarial, referência

para o planejamento da competitividade nos meios acadêmicos e empresariais. Portanto, cadeia de

valor de uma empresa seria uma representação das atividades que a empresa desempenha para a

efetivação de suas operações.

Porter (1986) afirma que o conceito mais ideal para a competitividade é a produtividade, e

que a elevação na participação de mercado tem dependência da capacidade das empresas em

alcançar níveis mais altos de produtividade, bem como aumentar a produtividade com o decorrer do

tempo. Assim, a competitividade, na visão desse autor, deve ser vista e compreendida sob diversas

óticas, podendo ser combinada conforme o cenário macroeconômico, ou seja, podendo receber

influências de algumas variáveis, tais como taxa de juros, taxa de câmbio, déficits e políticas

governamentais, baixos gastos com força de trabalho e recursos naturais.

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52

Conforme o conceito de Kupfer (1992), a competitividade pode ser interpretada sob duas

justificativas, a da competitividade como função do desempenho e a da competitividade vista como

função da eficiência. Na primeira visão, é a demanda que mostra quais produtos serão adquiridos e

define o posicionamento competitivo das empresas, desta forma, admitindo ou não os esforços

produtivos realizados pela empresa. A segunda visão é aquela onde a empresa define sua

competitividade, lembrando que esta definição leva em consideração as limitações da capacidade

produtiva da empresa.

Assim, a competitividade é vista como função do desempenho e influencia o resultado dos

diversos fatores que compõem a capacidade produtiva da empresa. ela considera também que é

explicada por processos produtivos, capacidade técnica, disposição de atender o mercado,

capacidade de diferenciação e qualidade dos produtos.

A competitividade não deve ser vista apenas como função de características inerentes à

empresa, conforme prega a concepção de eficiência. Também é explicada por fatores externos, pois

está relacionada aos padrões de concorrência da indústria onde a empresa está inserida, o que

corrobora com a tese de que o padrão de concorrência é um determinante para a competitividade.

De acordo com Kennedy et al. (1998) apud Farina (1999), a acepção do conceito de

competitividade tem implicações diretas para a escolha dos indicadores de desempenho, onde a

evolução da participação no mercado é um indicador de resultado que tem a vantagem de resumir

múltiplos fatores determinantes do desempenho. Assim, os custos e a produtividade explicam em

parte a competitividade, haja vista que são indicadores de eficiência, bem como inovação em

produto e processo para atender de forma adequada os clientes/consumidores, o que implica serem

elementos que irão determinar a preservação e melhoria das participações de mercado.

Horta (1983) define a competitividade a partir do desempenho das exportações industriais, e

que seriam competitivas as indústrias que ampliassem sua capacidade de participar do comércio

mundial de determinados produtos, definição que abrange além da produção, outros fatores que

possam inibir ou estimular as exportações.

Conforme Gasques et al. (2002), a literatura sobre comércio internacional é bastante rica e

há vários conceitos de competitividade internacional. Valdés (1996) enfatiza a existência de um

consenso sobre o fato da competitividade internacional ser a habilidade dos empresários criarem,

produzirem e comercializarem mercadorias e serviços com mais eficiência do que seus rivais nos

mercados domésticos ou internacionais. A literatura aponta autores que associam a baixa

competitividade das firmas às questões macroeconômicas, como taxas de juros, política tributária e

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53

outras. Entretanto, são vários os fatores que determinam a posição competitiva das firmas nos

diferentes países. Não existe um único indicador que possa explicar a baixa competitividade dos

produtos.

Ainda no estudo de Valdés (1996), foram identificados cinco principais fatores que de

alguma maneira afetam a competitividade das unidades de produção: dinamismo macroeconômico,

dinamismo financeiro, dinamismo comercial, elementos de infra-estrutura e recursos humanos das

firmas.

Há estudos como o de Gopinath (1997), que mostram que a competitividade é um conceito

relativo com duas dimensões: a doméstica e a internacional. Se em um país o crescimento real da

agricultura for maior que o crescimento da economia, então se conclui que a agricultura do país está

ganhando competitividade em relação ao resto da economia. E se o crescimento da agricultura de

um país é maior que o de outro, então, segundo esses autores, diz-se que o primeiro está ganhando

competitividade bilateral sobre o segundo.

Haguenauer (1989) argumenta que, do ponto de vista do desempenho das exportações de um

setor (indústria), são competitivas as indústrias que ampliam sua participação na oferta

internacional de determinados produtos. Conforme este autor, a competitividade consiste na

capacidade de um país em manter e expandir sua participação nos mercados internacionais e em

elevar simultaneamente o nível de vida de sua população. Segundo ele, quando se expande o

conceito também para a capacidade de competir no mercado doméstico, é utilizado o índice de

penetração das importações, o saldo entre exportações e importações ou o grau de exposição à

competição externa. Este último combina a participação de exportações e de importações na

produção e na demanda interna.

Ferraz et al. (1996) apud Silva et al. (1999) apontam que existem duas vertentes diferentes

para o conceito de competitividade. Na primeira, a competitividade é tida como um desempenho de

uma empresa ou de um produto, e sendo assim, os resultados das análises se dão na determinação

de uma dada competitividade revelada, cujo principal indicador estaria ligado à participação de um

produto ou empresa em um dado mercado (market share), onde a utilização do market share como

medida de competitividade é a contribuição mais útil e difundida da economia neoclássica para os

estudos da competitividade.

De acordo com essa visão, a participação das exportações de um determinado setor no

mercado internacional seria um indicador eficiente de competitividade internacional, e dessa forma,

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54

a competitividade de um país ou setor seria o resultado da competitividade de cada um dos agentes

pertencentes ao país, região ou setor.

Na segunda vertente, a competitividade é vista como eficiência, onde o intuito seria tentar

medir o potencial de competitividade de um dado setor ou empresa, e para isto, seria necessário a

identificação e estudo das opções estratégicas adotadas pelos agentes econômicos (FERRAZ et al.;

apud SILVA et al. 1999).

Dessa forma, a idéia da análise reporta ao paradigma da organização industrial (estrutura

→conduta →desempenho).

De acordo com Fernandes (2007)

a importância que se releva ao comércio internacional através das exportações

remete aos estudos dos complexos agroindustriais que possuem grande

importância na competitividade dos países. O Brasil possui um complexo

agroindustrial com grande participação no comércio internacional. A presença de

produtos da agroindústria na pauta de exportação é fruto da elevada

competitividade; os determinantes da vantagem comparativa são: as grandes

extensões de terra agricultáveis, o baixo custo da mão-de-obra e a adoção de

tecnologias que permitem ganhos de competitividade, o que pode ser visto pelas

vantagens comparativas de Ricardo, e difundido pela Divisão Internacional do

Trabalho, onde o país que tem vantagem comparativa em um bem deve

especializar-se nesta produção e exportar seu excedente para o exterior.

(FERNANDES, 2007).

Assim, a competitividade é vista como a capacidade de um país em produzir determinados

bens igualando ou superando os níveis de eficiência observáveis em outras economias. O

crescimento das exportações seria uma provável conseqüência da competitividade, e não sua

expressão. O conceito da competitividade é mais amplo e está associado a diferenciais de preços,

problemas tecnológicos, salários e produtividade, em que a medida mais usual é a produtividade do

trabalho.

3.2. Modelo Analítico

Serão utilizados o Modelo Constant-Market-Share (CMS), o índice de Posição Relativa no

Mercado (POS) e o Modelo Shift-Share para analisar a competitividade dos produtos algodão e soja

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55

(em grão, farelo e óleo) do estado de Mato Grosso, frente ao mercado internacional no período

proposto.

3.2.1 Modelo Constant-Market-Share

Para avaliar a competitividade será utilizado o modelo Constant-Market-Share (CMS), que

permite fazer a decomposição das taxas de crescimento das exportações do algodão e da soja no

referido período de estudo. Essa análise enfatiza o desempenho do mercado exportador em relação

ao mercado importador. Esse modelo atribui o crescimento das exportações, favorável ou

desfavorável ao setor exportador, tanto na estrutura das exportações do país quanto em sua

competitividade.

O modelo supõe que, mantida a parcela de exportação do país, a variação verificada ocorre

em função da competitividade, sendo que a decomposição do crescimento das exportações é feita de

acordo com os seguintes fatores: a) crescimento do comércio internacional; b) composição da pauta

de exportações; c) destino das exportações; d) competitividade, determinada pelo resíduo das

demais. Atribui-se ao resíduo negativo o fracasso de manter-se no comércio e ao resíduo positivo o

sucesso na ampliação da participação do comércio internacional.

O modelo permite a análise por componentes e pelo comportamento do produto no mercado

de destino, indicando os mercados onde o país é mais competitivo. Embora se faça uso de séries

passadas, o método CMS apresenta a possibilidade de serem feitas estimativas sobre o

direcionamento e a concentração do setor exportador em produtos mais dinâmicos.

De acordo com Souza (2007), ao se aplicar essa metodologia, se faz necessário pensar em

variações discretas no tempo, e não mais em termos de mudanças infinitesimais, possíveis quando

se opera com funções contínuas. Também a necessidade de agregar mercadorias heterogêneas

impõe que se trabalhe com os valores das exportações, e não quantidades exportadas. Dessa forma,

o modelo mais simples, que não faz distinção entre produtos e mercados, pode ser assim descrito:

V*.. – V.. = rV.. + (V*.. – V.. – rV..) (1)

(a) (b)

Onde:

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56

V.. = valor total das exportações no período 1 (inicial)

V*.. = valor total das exportações no período 2 (final)

r = incremento das exportações mundiais do período 1 para o período 2.

A variação das exportações do país de um período a outro está associada à variação das

exportações mundiais (a) e a um efeito residual atribuído à competitividade (b).

Como as exportações compõem-se de um conjunto diverso de produtos, tem-se para o i-

ésimo produto uma expressão análoga à (1):

V*i. – Vi. = riV i. + (V*i. – Vi - riVi.) (2)

(a) (b)

onde:

V i.. = valor total das exportações do produto i no período 1;

V*i = valor total das exportações do produto i no período 2;

ri = incremento das exportações mundiais do produto i do período 1 para o período 2.

Esta expressão pode ser agrupada em:

V*.. – V.. = riVi. + (V*i. – Vi - riVi.)

(a) (b)

V*.. – V.. = (rV..) + (ri – r)V i. + (V*i. – V i - riVi.) (3)

(a) (b) (c)

Por fim, se considerando a diferenciação das exportações por mercados de destino, chega-se

à equação de CMS para o tipo particular de produto e uma região particular de destino:

V*ij – Vij = rijV ij + (V*ij – Vij - rijVij) (4)

(a) (b)

onde::

Vij = valor total das exportações do produto i para o país j no período 1;

V*ij = valor total das exportações do produto i para o país j no período 2;

rij = incremento das exportações mundiais do produto i para o país j do período 1 para o

período 2.

Assim, esta equação pode ser agrupada em:

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57

Vijij*.. – V..= rij Vij + (V*ij – Vij - rijVij)

(a) (b)

Vijij*.. – V.. = rV.. + (ri - r)Vi. + (rij - ri )Vij + (V*ij – Vij - rijVij) (5)

(a) (b) (c) (d)

Os efeitos (a) e (b) são relacionados a fatores externos e efeitos (c) e (d), a fatores internos,

onde:

(a) É o efeito crescimento do comércio mundial; incremento observado se as

exportações tiverem crescido à mesma taxa de crescimento do comércio mundial;

(b) É o efeito composição da pauta de exportação; mudanças na estrutura da pauta com

concentração em produto com crescimento de demanda mais ou menos acelerado;

(c) Representa o efeito destino das exportações; mudanças decorrentes de exportações

de produtos para mercados de crescimento mais ou menos dinâmicos; e

(d) É o efeito residual, que representa a competitividade; refletindo a diferença entre o

crescimento atual e o crescimento que teria ocorrido nas exportações, se sua parcela de exportações

de cada bem para cada país tivesse sido mantida.

O efeito pauta de exportações (b), (ri - r)Vi mostra que se as exportações mundiais do

produto i aumentarem mais que a média mundial para todas as mercadorias exportadas. Se (ri - r) é

positivo, tornará forte esse efeito se Vi. for relativamente grande, ou seja, o efeito composição da

pauta será positivo se as exportações estiverem concentradas no produto de maior expansão ou

quando a taxa de crescimento for superior à média mundial.

O efeito destino das exportações (c), (rij - ri )Vij , será positivo se o país tiver concentrado

suas exportações em mercados que experimentaram maior dinamismo no período analisado e,

negativo se concentrado em regiões mais estagnadas.

O efeito competitividade (d) significa que uma economia é competitiva na produção de

determinada mercadoria quando consegue pelo menos igualar-se aos padrões de eficiência vigente

no resto do mundo, quanto à utilização de recursos e à qualidade do bem.

Portanto, a diferença entre o crescimento das exportações verificadas pelo modelo CMS e o

crescimento efetivo das exportações é atribuída ao efeito competitividade. A medida deste efeito

está relacionada com mudanças nos preços relativos. Assim, quando um país deixa de manter sua

parcela no mercado mundial, o termo competitividade torna-se negativo e os preços crescem para o

país, frente aos preços de seus competidores.

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58

3.2.2 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS)

O índice, que foi sugerido por Lafay (1999), determina a posição do país i no mercado

mundial do produto k, pela divisão do saldo comercial do país i, no produto k, pelo comércio

mundial W do produto k (exportações mais importações mundiais do produto k), em determinado

período de tempo n.

Algebricamente temos:

n

ikPOS = 100*

n

k

n

ik

n

ik

W

MX

Onde, n

ikPOS é a posição do país i no mercado mundial do produto k, em determinado ano n; Xik,

valor das exportações do produto k, do país i; Mik, valor das importações do produto k, do país i; e

n

kW , valor das exportações mais as importações mundiais do produto k, em determinado ano n.

Esse indicador pode apresentar resultados tanto positivos como negativos. Os países que

apresentarem resultados positivos terão posicionamento relativo superavitário no comércio

internacional e aqueles que apresentarem resultados negativos terão posicionamento relativo

deficitário no comércio internacional do produto.

De acordo com Lafay (1999), este indicador de competição internacional é influenciado por

variáveis macroeconômicas, pelo peso da economia do país em relação ao mundo, pelas

características estruturais do consumo e da produção do bem e pelas distorções que podem ser

introduzidas pelo poder público, tais como subvenção às exportações e, ou, geração de barreiras ao

processo de importação.

3.2.3 Modelo Shift-Share

Este método permite decompor o efeito de algumas variáveis sobre as exportações, que no

caso deste trabalho, aborda as commodities algodão e soja (grão, farelo e óleo).

Silva e Carvalho (1995), apud Reis e Campos (1998), colocam que esta metodologia permite

mensurar os efeitos da variação cambial sobre os preços entre diferentes momentos no tempo, Com

isso é possível verificar os efeitos das diferentes políticas cambiais sobre um mercado específico,

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59

como o mercado do algodão e da soja. Eles são captados pelas variações de seus componentes no

tempo, e não se considera a interação entre as fontes. Por isso, quando se analisa um dos efeitos, o

outro é dado como constante.

Segundo Shikida e Alves (2001), o estudo pioneiro com o modelo foi elaborado por Curtis

em 1972, para analisar o desempenho das variáveis renda e emprego, decompostas em três efeitos,

crescimento nacional, composição das atividades econômicas e diferenciação regional das

atividades econômicas, para o período de 1960 a 1969.

Dentre os trabalhos analisados que utilizaram o modelo shift-share estão Igreja et al.

(2005a), Silva (1999), Santos e Silva (2001), Silva et al. (1999), Romão et al. (1989), Shikida e

Alves (2001), Souza et al. (2002), Canuto e Xavier (1999) e Reis e Campos (1998), mas os que

mais especificamente serviram de base para elaboração deste foram os estudos de Filgueiras et al.

(2003) Igreja et al. (2005).

Segundo Romão et al. (1989), o método tem inúmeras possibilidades de aplicação,

especialmente em economia regional, e devido a esta vantagem tem resistido ao tempo e à crítica.

Os efeitos estudados serão decompostos em efeito-preço, efeito-câmbio e efeito-quantidade,

conforme detalhes a seguir:

A receita obtida pela exportação de uma determinada commodity é o resultado do produto do

preço pela quantidade vendida, ou seja,

$. RPQR (1)

onde R é a receita em real decorrente da exportação do produto, Q é a quantidade do produto

exportado, e PR$ é o preço em reais recebido pelo exportador brasileiro.

E como o preço do algodão e da soja (grão, farelo e óleo) são definidos no mercado

internacional, a conversão para preço em reais é obtida pelo produto da taxa de câmbio real pelo

preço em dólares:

PR$ = λ. PUS$ (2)

onde PUS$ é o preço em dólar recebido pelo exportador brasileiro, e λ a taxa de câmbio real

(R$/US$).

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60

Substituindo (2) em (1), tem-se que a receita da exportação do algodão e da soja são

resultantes das quantidades exportadas, da taxa de câmbio e do preço internacional das

commodities, ou seja:

R = Q . (λ. PUS$) (3)

A análise será anual, ou seja, será obtida a taxa anual de crescimento ou decrescimento da

receita das exportações dos produtos algodão e soja (grão, farelo e óleo), resultante da variação

ocorrida entre o ano analisado (t) e o ano anterior (0).

A taxa de câmbio real foi obtida a partir de taxas médias anuais para o período de 1990 a

2006, deflacionadas pelo critério da paridade do poder de compra da moeda, conforme a expressão

(4), considerando a inflação doméstica e a inflação internacional:

p

Pe

* (4)

As expressões (5) e (6) apresentam a variação da receita de exportação dos produtos algodão

e soja (grão, farelo e óleo) em reais, respectivamente, para o período inicial “0”, e o período final

“t”:

R0 = Q0. (PUS$0 . λ0) (5)

Rt = Qt . (PUS$t . λt) (6)

Na expressão (7), tem-se o “efeito-preço”, que indica a variação na receita em reais ocorrida

devido a variação no preço em dólares, na expressão (8) o “efeito-câmbio”, que capta o efeito da

variação da taxa de câmbio sobre a receita. Observa-se que ao calcular cada um dos efeitos, os

demais serão sempre considerados constantes:

) . (P 0US$t0 QRP

t (7)

) . (P tUS$t0 QRt (8)

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61

O efeito total, ou a variação total na receita das exportações dos produtos algodão e soja

(grão, farelo e óleo), em reais, do período inicial para o final, é definido por:

tt

P

tt

P

tt RRRRRRRR 00 (9)

onde: Rt - R0 é a variação total na receita em reais; ( 0

P R-R t ) mede a contribuição do preço

internacional para a variação da receita; ( P

tR-R t ) mede a contribuição do efeito câmbio e

)R-(R t

t afere a contribuição da variação no volume exportado, ou seja, o “efeito-quantidade”

representando a variação da receita, devido à variação do volume exportado.

Diante da expressão (9), é possível observar cada um dos três efeitos individualmente ou

somados, como a expressão apresenta, sendo neste caso a taxa anual de crescimento da receita de

exportação.

Para descobrir a participação de cada um dos efeitos na variação total das receitas de

exportação, multiplica-se ambos os lados da expressão (9) por: )R - R/(1 0t . Logo, tem-se:

)R - (R

)R-R(

)R - (R

)R-R(

)R - (R

)R-R(1

0t

t

0t

P

t

0t

0

P ttt (10)

Pode-se, ainda, representar cada um dos efeitos estudados em percentual do efeito total,

realizando a multiplicação dos dois lados da identidade (9) por 100).1/( 0 tt RRi , e com t = 1,

têm-se: 100].1)/[( 0 RRi t , onde i representa a taxa média anual (em %) de variação da receita

das exportações, ou seja, o efeito total. Assim, os efeitos que atuam sobre a receita de exportação,

em percentual, são dados por:

)R - R(

)R-R(

)R - R(

)R-R(

)R - R(

)R-R(

0t

t

0t

P

t

0t

0

P ttt iii i (11)

onde os três termos à direita do sinal da igualdade representam os três efeitos, em percentual, na

mesma seqüência da expressão (9).

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62

3.3 Fontes de dados e procedimentos

Para analisar as exportações e importações mato-grossenses do algodão e do complexo soja

(grão, farelo e óleo) no período de 1990 a 2006, foram utilizadas séries de dados da Secretaria de

Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(MDIC/SECEX, 1990-2006).

Os dados sobre importação e exportação mundial dos produtos algodão e soja foram

encontrados na FAO (Food and. Agriculture Organization of the United Nations) e no USDA

(United States Departament of Agriculture).

Foram adotadas as posições 5201.00.20 (algodão simplesmente debulhado, não cardado nem

penteado), 1507.10.00 (óleo bruto), 2304.00.90 (farelo) e 1201.00.90 (grãos de soja, mesmo

triturados) da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), como critério de classificação para o

algodão e para os produtos do complexo soja. Utilizou-se de séries de peso (kg) e valores (US$ e

R$), convertido para mil toneladas e milhão de dólares e milhão de reais, tanto para o algodão como

para os produtos do complexo soja.

A taxa de câmbio nominal (R$/US$) foi obtida no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(Ipeadata, 2007); o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), utilizado como Proxy

para a inflação do Brasil, foi obtido na Fundação Getúlio Vargas (FGV-Dados, 2007); e, o Índice de

Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos foi obtido no Banco Central do Brasil (Banco

Central do Brasil, 2007), sendo que este trabalho limitou em IPC dos Estados Unidos porque os

preços no mercado internacional são cotados em dólar. Os dados sobre os preços dos produtos

foram obtidos no CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, 2007).

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63

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Desempenho das exportações mato-grossenses de algodão com o índice Constant-Market-

Share

Os maiores importadores de algodão de Mato Grosso são: China, Paquistão, Argentina,

Indonésia, Japão, Tailândia, Índia, Taiwan, Hong Kong e Itália. Portanto, o critério de escolha dos

países China, Paquistão, Indonésia e Tailândia para verificar o desempenho das exportações de

algodão de Mato Grosso foi em razão desses países estarem entre os principais importadores do

algodão de Mato Grosso no período estudado.

Com relação ao índice Constant-Market-Share, ele permite fazer uma análise do

comportamento e também do desempenho das exportações de produtos de uma região ou de um

país.

O uso desse modelo Constant-Market-Share às exportações de algodão do estado de Mato

Grosso fez com que fosse possível analisar o desempenho e a contribuição dos efeitos ligados ao

crescimento do comércio mundial, o destino das exportações de algodão, bem como a

competitividade no período analisado.

O resultado do Constant-Market-Share está apresentado na Tabela 11, e mostra o modelo

de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso para a China, sendo que os

dados são a partir do ano de 2002, pois, de 1990 a 2001 os resultados foram nulos, não havendo

exportações nem importações para o cálculo desse índice.

Os resultados obtidos mostram que o efeito total foi positivo para o crescimento do

comércio mundial e do destino das exportações, assim como a participação no crescimento que foi

positiva para esses dois efeitos. Com relação ao efeito competitividade, este ficou positivo somente

no ano de 2004, onde o efeito competitividade pode ter sido influenciado pelo câmbio favorável às

exportações, o que explica também o maior índice de Posição Relativa no Mercado em 2004. Nesse

mesmo ano o efeito competitividade foi favorável também para outros paises, pois, houve um

aumento na demanda mundial de algodão em pluma em 10,73% em relação ao ano anterior. O

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64

efeito competitividade apresentou resultados negativos tanto no efeito total como na participação no

crescimento.

Tabela 11. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para a

China, período de 2002 a 2006.

Período Efeito Crescimen-

to do Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participa

ção da China

2002 129,48 258,27 -382,65 0,41

2003 -255,58 1.255,12 -995,51 0,49

2004 463,75 -465,36 31,74 0,32

2005 956,25 501,04 -1.490,59 1,16

2006 0,17

Efeito Total 1.293,90 1.549,07 -2.834,60

Participaçã

o no

cresci-

mento (%)

154,59 185,07 -338,66

Fonte: Dados da pesquisa

No ano de 2004 o efeito destino teve influência negativa, ocasionado pela concentração de

mercado, mas apresentou influência positiva nos demais anos analisados, embora esse resultado

desfavorável não tenha impactado negativamente no efeito total nem na participação no

crescimento.

Já o efeito crescimento do comércio mundial só apresentou resultado negativo no ano de

2003, sendo que não afetou o efeito total nem a participação no crescimento das exportações. As

exportações de algodão de Mato Grosso para a China aumentaram desde o início do período

analisado, sendo que apenas no ano de 2006 apresentou queda.

Referente à participação da China, esta apresentou queda, ou seja, Mato Grosso diminuiu a

participação na China em 2006. O maior índice de participação para a China foi no ano de 2005,

com 1,16%. Deve ser ressaltado que o desempenho positivo nas quantidades exportadas não foi

suficiente para apresentar competitividade. Portanto, esse efeito foi mascarado pelos demais efeitos

que foram positivos nesse período.

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65

A Tabela 12 apresenta os resultados do Constant-Market-Share para o Paquistão.

Os dados analisados são a partir do ano de 2001, sendo que de 1990 a 2000 os resultados

foram nulos, não havendo exportações nem importações para o cálculo desse índice. Observa-se

que a participação do efeito crescimento do comércio mundial foi positivo tanto no efeito total

como na participação no crescimento, onde 67,97% é explicado pelo crescimento do comércio

mundial.

Tabela 12. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para o

Paquistão, período de 2001 a 2006.

Período Efeito

Crescimento do

Comércio

Mundial

Efeito Destino

das Exportações

Efeito

Competitividade

Participa-

cão do

Paquistão

2001 111,99 7,53 -122,54 1,97

2002 15,11 -14,05 2,31 0,12

2003 -123,87 567,39 -426,76 1,54

2004 820,20 -832,18 34,98 3,90

2005 996,18 -1705,87 693,06 8,35

2006 6,15

Efeito Total 1819,61

-1977,17

184,34

Participação

no

crescimento

(%)

67,97

-73,86

6,89

Fonte: Dados da pesquisa

Apenas no ano de 2003 esse efeito teve resultado negativo, mas foi compensado pelos

demais resultados positivos, o que não influenciou no efeito total.

Quanto ao efeito destino das exportações, este apresentou resultados negativos nos anos de

2002, 2004 e 2005, impactando negativamente no efeito total e na participação no crescimento, que

foi de -73,86%. O efeito competitividade teve um bom desempenho, onde foi positivo no efeito

total e teve uma participação positiva de 6,89% no crescimento, embora nos anos de 2001 e 2003

tenha apresentado resultados negativos, mas o que não influenciou o resultado final.

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66

Dessa forma, as exportações de Mato Grosso foram competitivas para o Paquistão nesse

período analisado. O crescimento do comércio mundial também foi positivo, ficando negativo

apenas o efeito destino das exportações. O ano de 2005 foi o que apresentou o maior índice de

participação do Paquistão, 8,35%, sendo que Mato Grosso apresentou queda nas participações para

o Paquistão no ano seguinte.

Na Tabela 13 estão apresentados os resultados do Constant-Market-Share para a

Indonésia, sendo que os dados obtidos foram a partir do ano de 2000, pois, de 1990 a 1999 os

resultados foram nulos, não havendo exportação nem importação para a utilização desse índice.

De acordo com esses efeitos, nota-se que o crescimento do comércio mundial teve efeito total

positivo e sua participação no crescimento também apresentou resultados positivos, embora nos

anos de 2000 e 2003 esses índices tenham sido negativos, mas não afetando o resultado final.

Tabela 13. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para a

Indonésia, período de 2000 a 2006.

Período Efeito

Cresciment

o do

Comércio

Mundial

Efeito Destino das

Exportações

Efeito

Competitivida

de

Participaçã

o da

Indonésia

2000 -15,64 52,93 -26,64 0,16

2001 401,35 -718,42 311,16 1,22

2002 317,23 -367,54 53,65 0,83

2003 -313,77 364,44 -24,62 1,43

2004 1.417,37 -1.956,40 527,76 5,19

2005 550,75 -737,75 185,97 4,17

2006 4,32

Efeito Total 2.357,30 -3.362,74 1.028,41

Participação

no

crescimento

(%)

102,63 -146,39 44,77

Fonte: Dados da pesquisa

O efeito destino das exportações apresentou resultado negativo no efeito total em -3.362,74 e

também teve participação negativa no crescimento, ou seja, ficou em -146,39%, onde em alguns

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67

anos apresentou resultado positivo, mas que não foi suficiente para sobrepor os demais anos em que

foi negativo. Já o efeito competitividade foi responsável por 44,77% do crescimento das

exportações de Mato Grosso para a Indonésia, sendo que também teve resultado positivo no efeito

total, 1.028,41, mesmo que nos anos de 2000 e 2003 esse efeito tenha apresentado perdas.

Com relação à participação mundial, Mato Grosso apresentou queda, diminuindo assim sua

participação tanto na Indonésia como no mundo, onde a maior participação foi no ano de 2004, a

Indonésia com uma participação de 5,19% e o mundo com participação de 0,46%. Pode-se inferir

que as exportações de algodão para a Indonésia foram competitivas ao longo desse período

analisado, assim como o efeito crescimento do comércio mundial que impactou positivamente nas

exportações de algodão para esse país.

Os dados apresentados na Tabela 14 mostram os resultados do Constant-Market-Share para

a Tailândia, sendo que os dados utilizados para este estudo foram a partir de 2000, pois de 1990 a

1999 não foram obtidos dados sobre exportação e importação para análise. De acordo com os

resultados obtidos, o efeito crescimento do comércio mundial foi positivo, tanto no efeito total

como na participação do crescimento, mesmo que no ano de 2000 e 2003 os resultados tenham sido

negativos para esse efeito.

Tabela 14. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para a

Tailândia, período de 2000 a 2006.

Período Efeito Crescimento

do Comércio

Mundial

Efeito Destino das

Exporta-

ções

Efeito

Competi-

tivi-

dade

Participaçã

o da

Tailândia

2000 -2,33 2,82 3,09 0,04

2001 127,66 -143,59 14,45 0,78

2002 121,93 -90,62 -30,10 0,49

2003 -118,01 136,06 1,45 0,66

2004 919,86 -672,45 -260,23 4,14

2005 231,32 -425,45 190,79 1,64

2006 1,36

Efeito Total 1.280,35 -1.193,24 -80,38

Participa

ção no

190,24 -177,30 -11,94

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68

crescime

nto (%)

Fonte: Dados da Pesquisa.

Referente ao efeito destino das exportações, esse foi deficitário no resultado do efeito total e

também teve uma participação negativa no crescimento. Mesmo tendo apresentado resultados

positivos nos anos de 2000 e 2003, não foi suficiente para ser superavitário nesse período.

O efeito competitividade foi outro item que apresentou deficiências nesse período

analisado, tanto o seu efeito total como a participação no crescimento apresentou números

negativos, -80,38% e -11,94%, respectivamente. Assim, o que pode explicar o aumento das

exportações de algodão de Mato Grosso para a Tailândia é o efeito crescimento do comércio

mundial, ou seja, esse país passou a comprar uma maior quantidade de algodão do mundo todo,

mas só que o algodão de Mato Grosso não foi competitivo nesse período estudado para esse país.

A participação mundial apresentou queda também como nos demais países analisados, onde

a maior participação de Mato Grosso para a Tailândia foi no ano de 2004, com 4,14%.

Comparando o efeito destino para todos os países considerados nesse estudo, este teve

implicação positiva apenas para a China. Já o efeito competitividade apresentou resultado negativo

para a China e para a Tailândia, devido aos outros exportadores mundiais que recebem subsídios,

terem melhor infra-estrutura e também um nível tecnológico mais adiantado que o do Brasil. O

efeito crescimento do comércio mundial foi positivo para todos os países analisados, evidenciando

que tem sido positiva a participação de Mato Grosso no comércio mundial.

4.2 Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o algodão

Na Figura 4 está apresentado o Índice de Posição Relativa (POS). Conforme esse índice, o

país ou região que apresentar resultados superiores a zero terá saldos relativos superavitários, e o

que apresentar saldos negativos, será deficitário no mercado internacional.

.

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69

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Po

rcen

tag

em

Figura 4. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o algodão, período de 1990 a 2006.

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com os resultados obtidos pela decomposição desse índice, verifica-se que o

estado de Mato Grosso apresentou na maioria dos anos analisados resultados positivos, ou seja, teve

saldos relativos superavitários, sendo que teve saldo negativo no ano de 1995, alcançando -0,56% e

no ano 2000, com um saldo de -0,67%.

Após esse período, o estado de Mato Grosso entrou em trajetória de crescimento na sua

participação no mercado mundial, chegando a 1,44% no ano de 2004 e depois diminuiu a

participação relativa no mercado mundial, ou seja, menor participação relativa no mercado mundial

nos anos de 2005 e 2006, com 1,03% e 0,84%, respectivamente.

Esse resultado maior no ano de 2004 pode ser explicado pela maior produção e também

maior exportação de algodão nesse ano pelo estado de Mato Grosso, o que impactou no bom

desempenho desse índice nesse período. Esse desempenho nas exportações de algodão foi devido ao

câmbio favorável nesse período analisado e também às altas produtividades do algodão, bem como

a uma maior demanda da pluma no mercado internacional ocorrida nesse ano.

Assim, o estado pode aumentar ainda mais as suas exportações de algodão, pois tem

condições de expandir ainda mais suas fronteiras agrícolas, dependendo apenas dos preços

(relacionados com os custos de produção e taxa de câmbio) dessa commodity no mercado

internacional, bem como de fatores climáticos favoráveis para sua produção.

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70

4.3 Análise do índice Shift-Share para o algodão

A Figura 5 (a) mostra as receitas de exportação de algodão no período de 1990 a 2006 em

Mato Grosso, observando que estas deram um salto de crescimento a partir do ano 2001.

Em 2001 as receitas totalizaram R$ 163.078 mil e desse período em diante apresentaram um

crescimento bem expressivo, chegando ao pico no ano de 2004 com uma receita de R$ 595.110 mil,

mas apresentando queda na receita nos anos seguintes, ou seja, em 2005 e 2006. Nos anos

anteriores a 2001, houve período em que não foi exportada nenhuma tonelada de algodão pelo

estado de Mato Grosso, como é o caso dos anos de 1990, de 1992 a 1994 e de 1996 a 1998. Em

1991 e 1995 houve exportação de algodão, mas que podem ser consideradas irrelevantes, sendo que

as exportações do algodão se tornaram realmente expressivas só a partir do começo da década de

2000.

Esse crescimento decorre de planos de incentivos à cultura do algodão e às exportações,

assim como da alta produtividade e qualidade do algodão produzido no estado. Outro aspecto que

deve ser considerado é a desvalorização da moeda nacional ocorrida após o ano de 1999, o que

incentivou também as exportações, mesmo com os preços baixos da pluma no mercado

internacional.

a) Receitas (em mil R$)

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

b) Taxa de Câmbio Real (R$/US$)

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

199

01

99

11

99

21

99

31

99

41

99

51

99

61

99

71

99

81

99

92

00

02

00

12

00

22

00

32

00

42

00

52

00

6

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71

c) Volume (em toneladas)

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

d) Preço (US$/tonelada)

0,00

500,00

1.000,00

1.500,00

2.000,00

2.500,00

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Figura 5. Receita de exportação de algodão, taxa de câmbio real, volume exportado e preço em

dólares, 1990-2006.

Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.

Na Figura 5 (b) tem-se a evolução da taxa de Câmbio real, onde se nota que o câmbio teve o

seu mais alto valor em 2002.

Observa-se na Figura 5 (c) o volume das exportações Mato-Grossenses de algodão em

pluma, onde ocorreu um crescimento bem acentuado a partir do ano de 2001, sendo que foram

exportadas nesse ano a quantidade de 54.830 toneladas de pluma, e o maior volume exportado foi

no ano de 2004, onde foram embarcadas 174.362 toneladas de pluma.

Na Figura 5 (d) aparecem os preços do algodão, onde se observa que os preços oscilaram

bastante nesse período estudado. O preço mais alto foi no ano de 1995, chegando a US$ 2.061,08 a

tonelada da pluma e o preço mais baixo ocorreu em 2002, que foi de US$ 815,48 a tonelada.

Verifica-se ainda uma recuperação nos preços no ano de 2003, mas voltando a cair nos anos

seguintes. O que explica essa oscilação nos preços é um aumento da oferta mundial pelos maiores

países produtores e também pela quebra de safra em alguns anos, o que diminui a oferta do produto

e que influencia os preços no mercado mundial.

Na Tabela 15 estão relacionados os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a

receita de exportação de algodão em pluma.

Tabela 15 - Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de algodão (em

%), 1991 a 2006.

Período Efeito Preço Efeito Efeito Efeito Total

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72

Câmbio Quantidade

1991 0 0 0 0

1992 -23 69 -146 -100

1993 0 0 0 0

1994 0 0 0 0

1995 0 0 0 0

1996 -17 1 -85 -101

1997 0 0 0 0

1998 0 0 0 0

1999 0 0 0 0

2000 9,07 -21,17 311,45 299,35

2001 -31,17 22,26 454,17 445,26

2002 -6,75 10,63 16,56 20,44

2003 51,97 -19,58 42,93 75,32

2004 -6,55 -10,19 89,56 72,82

2005 -9,82 -16,83 -1,4 -28,05

2006 4,17 -9,65 -16,67 -22,15

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com o efeito total, a receita de exportação ficou negativa em quatro anos, ou seja,

em 1992, 1996, 2005 e 2006, sendo que a queda maior na receita foi no ano de 1996 -101%, e as

variáveis que influenciaram essa queda foram os efeitos quantidade, que ficou em -85% e o efeito

preço -17%, e a queda só não foi maior devido ao efeito câmbio que foi positivo nesse período.

O ano de 1992 foi o período em que houve a segunda maior queda na receita de exportação

(-100%), ocasionada também pelo efeito quantidade (-146%) e pelo efeito preço (-23%), e também

nesse ano o efeito câmbio foi importante para que a queda de receita não fosse ainda maior para os

exportadores.

O ano de 2005 teve uma queda na receita em -28,05% e dessa vez as três varáveis

juntamente foram as responsáveis por essa queda, onde o câmbio influenciou em -16,83%, o efeito

preço foi de -9,82% e o efeito quantidade foi de -1,4%. Em 2006 o efeito quantidade participou

negativamente para a queda na receita, com -16,67% e o câmbio com -9,65%, sendo que o efeito

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73

preço nesse ano segurou um pouco a queda na receita, onde apresentou uma ligeira recuperação em

relação ao ano anterior.

O efeito câmbio teve uma repercussão negativa sobre o efeito total em 5 anos do período

estudado, ou seja, em 2000, 2003, 2004, 2005 e 2006, sendo positivo em quatro anos, 1992, 1996,

2001 e 2002. No ano de 1992 foi o responsável para que a receita de exportação não ficasse mais

baixa ainda, contribuindo com 69% para o efeito total.

A participação do efeito preço sobre o efeito total foi negativa em 6 anos do período

analisado, ou seja, em 1992, 1996, 2001, 2002, 2004 e 2005, ficando positivo nos anos de 2000,

2003 e 2006. Em 2003 apresentou o melhor desempenho para o efeito total, ou seja, 51,97%.

Pode-se observar que os três efeitos estudados não predominaram individualmente por todo

o período analisado, sendo que houve variações no câmbio, nos preços da commodity e também na

quantidade exportada, o que fez com que o efeito dominante variasse ano a ano. Em nenhum dos

anos estudados os três efeitos foram conjuntamente responsáveis pelo efeito total positivo da receita

de exportação, sendo que se um efeito era positivo os dois outros eram negativos, ou vice-versa.

Verifica-se que apenas no ano de 2005 os três efeitos foram negativos, contribuindo para a queda na

receita de exportação dos produtores/exportadores dessa malvácea, sendo explicado pela queda nos

preços e valorização da moeda, e se não bastasse, teve também uma queda no volume exportado.

A Figura 6 mostra os três efeitos estudados, o efeito preço, quantidade e o efeito câmbio.

Houve predomínio do efeito preço apenas no ano de 2003, quando atingiu o patamar de

51,97%, e este foi o período em que houve uma melhora nos preços recebidos pelos exportadores,

US$ 1.239,64 a tonelada, depois de dois anos seguidos de acentuada queda. O ano de 2001 foi o que

apresentou o maior crescimento da receita de exportação no período estudado, ficando em 445,26%,

e o grande responsável por esse resultado positivo foi o efeito quantidade, que apresentou um valor

de 454,17%, juntamente com o efeito câmbio, com uma participação de 22,26% nesse ano.

Outro ano que apresentou um ótimo resultado na receita foi o ano de 2000, onde o efeito

total ficou em 299,35%, sendo que nesse período o maior influenciador foi o efeito quantidade, com

um índice de 311,45% e efeito preço, mas em menor intensidade, 9,07%.

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74

-100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

19

91

19

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19

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20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Efeito-Quantde

Efeito-Câmbio

Efeito-Preço

Figura 6. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de algodão (em

%), 1991 a 2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Em 2003 o efeito total na receita foi positivo, 75,32%, e o efeito quantidade participou

positivamente com 42,93%, e no ano de 2004 o efeito total ficou em 72,82%, sendo o responsável

por esse efeito positivo, o efeito quantidade, com 89,59%, sendo que esse resultado poderia ter sido

melhor não fosse a participação negativa dos efeitos câmbio com -10,19% e preço com -6,55%. No

período de 2002 o efeito quantidade foi importante para o resultado positivo do efeito total, com

16,56% e o efeito câmbio também teve sua participação positiva com 10,63%.

No ano de 2006 houve uma valorização da moeda nacional em relação ao ano de 2005, e a

queda na receita nesse ano foi um pouco amenizada, devido aos preços que tiveram uma ligeira

melhora em relação ao ano anterior, pois a quantidade exportada nesse ano foi 17,51% menor que

no ano de 2005.

De acordo com os resultados apresentados, o efeito quantidade foi o que mais influenciou o

efeito total, mais precisamente nos anos 1992, 1996, 2000, 2001, 2002 e 2006, ora influenciando

positivamente e ora negativamente, mas com predomínio positivo, do que se conclui que a garantia

da receita dos exportadores deu-se pela quantidade exportada do algodão nesse período, com menor

grau de influência do preço e do câmbio.

4.4 Desempenho das exportações mato-grossenses de soja com o índice Constant-Market-Share

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75

A escolha dos países Estados Unidos e China, e da União Européia foi devido ao fato de que

esses dois países mais esse bloco econômico foram grandes importadores de soja do estado de Mato

Grosso no período estudado.

O Brasil está entre os três maiores exportadores de soja do mundo, sendo que o primeiro são

os Estados Unidos e o terceiro maior exportador é a Argentina. No ano de 2006, o Brasil foi

responsável por 37% das exportações mundiais, os Estados Unidos 42,5% e a Argentina, 10,4% do

total mundial.

O Constant-Market-Share foi um dos índices utilizados para mensurar a competitividade da

soja Mato-Grossense no cenário mundial. O intuito em utilizar esse índice foi para fazer uma

análise da competitividade, a partir da decomposição do crescimento das exportações nos três

efeitos: o efeito comércio mundial, o efeito destino das exportações e o efeito competitividade.

A importância desse índice, reside no fato de fazer uma análise do comportamento e também

do desempenho das exportações de produtos de uma região ou de um país.

O uso do modelo Constant-Market-Share aplicado às exportações de soja do estado de Mato

Grosso fez com que fosse possível analisar o desempenho e a contribuição dos efeitos ligados ao

crescimento do comércio mundial, o destino das exportações de soja, bem como a competitividade

no período analisado.

O resultado do Constant-Market-Share está apresentado na Tabela 16 e mostra o modelo de

crescimento das exportações de soja pelo estado de Mato Grosso para os Estados Unidos no período

de 2000 a 2006.

Os dados das exportações de soja de Mato Grosso para os Estados Unidos foram obtidos a

partir do ano de 2000, pois de 1990 a 1999 os resultados foram nulos, não havendo exportações

nem importações para o cálculo desse índice.

Tabela 16. Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso, para os

Estados Unidos, período de 2000 a 2006.

Período Efeito

Crescimento

do Comércio

Mundial

Efeito Destino

das

Exportações

Efeito

Competitivi-

dade

Participação

Estados

Unidos

2000 5,05 -7,79 -4,72 1,06

2001 2,67 -16,91 -3,11 2,09

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76

2002 12,49 11,089 -12,48 1,02

2003 -0,01 6,139 1,84 0,57

2004 -14,85 20,05 12,72 3,47

2005 0 0 1,02 0

2006 1,81

Efeito Total 5,35 12,58 -4,33

Participação

no

crescimento

(%)

0,39 0,92 -0,32

Fonte: Dados da Pesquisa.

Os resultados do Constant-Market-Share demonstram uma variação positiva no efeito total

do crescimento do comércio mundial (5,35) e no efeito total do destino das exportações (12,58).

Quanto ao efeito total da competitividade o resultado foi negativo em -4,33, sendo que o estado

apresentou perdas nos anos de 2000 a 2002. Nos demais anos estudados, o efeito competitividade

foi positivo, mas esse ganho não foi suficiente para compensar as perdas de competitividade, uma

vez que a participação no crescimento da competitividade teve uma perda de -0,32%, influenciado

pela participação da Argentina e Estados Unidos com produto de maior valor agregado.

Com relação à participação no crescimento do efeito destino das exportações, este

apresentou um resultado positivo, correspondendo a 0,92%, denotando um ganho da participação da

soja no mercado dos paises importadores. O efeito crescimento do comércio mundial teve um

resultado positivo quanto à participação no crescimento, que foi de 0,39%, apesar de ter

apresentado resultados negativos nos anos de 2003 e 2004.

Dessa forma, a queda nas exportações de soja para os Estados Unidos no período analisado

pode ter sido devido à perda de competitividade, conforme os resultados apresentados.

A Tabela 17 mostra os resultados do Constant-Market-Share para a União Européia no

período de 1990 a 2006.

Tabela 17. Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso para a União

Européia, período de 1990 a 2006.

Período Efeito

Cresci-

mento do

Efeito Destino das

Exportações

Efeito

Competitivid

Participaçã

o União

Européia

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77

Comércio

Mundial

ade

1990 318,11 -754,83 -354,64 2,97

1991 387,40 317,91 -331,35 1,99

1992 561,25 -3.418,65 -621,32 3,34

1993 474,82 1.207,05 -400,26 2,21

1994 320,11 2.080,64 -385,43 3,84

1995 2.441,47 2.402,50 -2.391,29 1,69

1996 1.700,26 -1.023,21 -1.490,08 2,88

1997 -6.717,11 4.654,93 6.631,42 7,47

1998 -3.774,03 -1.003,64 3.763,69 5,91

1999 4.738,88 -4.689,71 -4.610,78 7,02

2000 4.703,13 4.026,09 -4.478,83 10,83

2001 2.177,38 -86,95 -2.217,54 14,12

2002 24.412,18 -15.314,15 -24.372,52 12,71

2003 -7,54 767,06 164,36 11,69

2004 -5.186,02 -4.607,98 5.359,32 14,62

2005 8.962,36 -37.939,63 -8.845,30 20,76

2006 34,22

Efeito Total 35.512,66 -58.187,57 -34.580,52

Partici-

pação no

cresci-

mento (%)

-0,62 1,01 0,60

Fonte: Dados da Pesquisa.

Esses resultados do Constant-Market-Share para a União Européia mostram que a

participação do efeito crescimento do comércio mundial foi de -0,62%, a participação do efeito

destino das exportações foi de 1,01% e a participação do efeito competitividade foi de 0,60%. O

efeito total do crescimento do comércio mundial teve um resultado positivo, mesmo tendo

apresentado resultados negativos em 1997, 1998, 2003 e em 2004.

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78

Quanto à competitividade, houve um pequeno ganho (0,60%), embora o efeito total tenha

sido negativo, o que não impactou negativamente na competitividade das exportações de soja de

Mato grosso para este bloco econômico.

Esses resultados evidenciam que o efeito competitividade e o efeito destino das exportações

foram os responsáveis pelo crescimento das exportações mato-grossenses de soja para a União

Européia, no período estudado.

Quanto à participação no comércio com a União Européia, os dados mostram que o maior

índice foi verificado em 2006, com 34,22% de participação no mercado, sendo que nesse ano foram

exportadas 4.491.694 toneladas de soja em grão para esse bloco econômico.

Esses resultados mostram que a participação de Mato Grosso, no comércio com a União

Européia foram cíclicos ao longo do período analisado, isso devido ao fato de que as exportações de

soja em grão de Mato Grosso para o mercado da União Européia não apresentaram crescimento

continuo, ou seja, houve variação ano a ano na quantidade exportada, com crescimento na

quantidade exportada em um ano e queda em outro período.

Na Tabela 18 estão apresentados os resultados do Constant-Market-Share para a China,

sendo que os dados são a partir do ano de 1997, pois, de 1990 a 1996 os resultados foram nulos, não

havendo exportações nem importações para o cálculo desse índice.

Os resultados do Constant-Market-Share para a China demonstram que no período

analisado, houve crescimento do comércio mundial, que foi de 4%, apresentando resultado positivo

quanto ao índice do efeito destino das exportações, que foi de 0,75%, mas o efeito competitividade

foi negativo nesse período -3,42%, embora nos anos de 1997 a 1998 e 2003 a 2004 tiveram

resultados positivos, o que não foi suficiente para amenizar as perdas ocorridas nos demais anos

analisados.

O efeito total da competitividade também foi negativo. Já o efeito total do crescimento do

comércio mundial e efeito destino das exportações foram positivos, embora tenham apresentados

alguns resultados negativos ao longo do período analisado, mas não impactando negativamente no

resultado final. Deve-se levar em conta que nesse período houve aumento significativo no volume

das exportações de soja de Mato Grosso para a China, só não apresentando competitividade,

segundo a metodologia proposta.

Tabela 18. Índices de crescimento das exportações de soja em grão no estado de Mato Grosso, para

a China, período de 1997 a 2006.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO§ões... · SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA ... índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade algodão

79

Período Efeito

Cresciment

o do

Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participação

China

1997 -140,20 -9,71 161,50 0,40

1998 -433,88 619,86 436,77 2,08

1999 627,04 2.269,00 -618,50 2,16

2000 513,39 362,43 -491,70 1,42

2001 227,32 -885,27 -152,42 1,80

2002 6.076,73 7.690,19 -6.010,31 4,49

2003 -2,60 5.343,38 61,56 3,32

2004 -1.824,13 4.554,12 2.171,43 3,39

2005 5.950,84 -17.709,15 -5.802,41 7,16

2006 11,04

Efeito Total 10.99 2.234,86 -10.237,16

Participaçã

o no

cresciment

o (%)

4

0,75

-3,42

Fonte: Dados da Pesquisa.

A participação do comércio de Mato Grosso com a China, de soja em grão, teve o seu

melhor desempenho no ano de 2006, que foi de 11,04% do comércio chinês, com uma exportação

de 3.317.110 toneladas de soja em grão para esse país nesse ano.

Os dados apresentados mostram que a participação do comércio de Mato Grosso com a

China ocorreu de forma cíclica no período analisado, onde não apresentou um crescimento

contínuo. Já a participação no comércio mundial do produto apresentou resultados crescentes ano

a ano.

4.5 Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a soja

A Figura 7 apresenta o Índice de Posição Relativa no Mercado (POS).

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80

0

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

0,009

0,01

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Po

rcen

tag

em

Figura 7. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a soja, período de 1990 a 2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Conforme esse índice, o país que apresentar resultados superiores a zero terá saldos relativos

superavitários, e o que apresentar saldos negativos será deficitário no mercado internacional.

Analisando o Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), verifica-se que no período

analisado não houve perda de posição de Mato Grosso no mercado internacional, pois não apareceu

resultado negativo em nenhum dos anos analisados. Nota-se que os valores são bastante

insignificantes, ficando em alguns anos acima da unidade e em outro foi nulo, o que pode ser

explicado devido ao baixo volume das exportações de soja de Mato Grosso quando se confronta

com as exportações totais de soja mundiais.

4.6 Análise do índice Shift-Share para a soja

De acordo com a Figura 8 (a), no período de 1990 a 2006 as receitas de exportação de soja

em grão no estado de Mato Grosso tiveram um crescimento expressivo, ou seja, 1.215%. No

entanto o crescimento não foi contínuo, sendo que a maior receita foi no ano de 2005 e a receita

mínima no ano de 1991. Deve ser levado em conta que esse grande crescimento ocorreu

principalmente nos anos após desvalorização da moeda no ano de 1999, e também a um aumento

nas exportações, mesmo com os preços mais baixos no mercado internacional no período.

Tem-se na Figura 8 (c) o volume das exportações mato-grossenses de soja em grão, e

observa-se que houve um crescimento acentuado ao longo do período analisado, sendo que o

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81

crescimento entre o ano de 1990 e o ano de 2006 foi de 1.293%. A respeito do crescimento da

exportação do grão, pode-se inferir que este incremento tem sido para atender a demanda externa,

uma vez que a produção de soja em Mato Grosso cresceu muito nesse período analisado, pois, em

1990 a produção foi de 3.064.715 toneladas e no ano de 2006 a produção ficou em 15.067.775

toneladas. Reforça-se esta conclusão com números, pois, enquanto em 1990 o estado exportava

23,2% da sua produção, em 2006 era o equivalente a 65,8% da sua soja produzida.

a) Receitas (em Milhões de R$)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

b) Taxa de Câmbio Real (R$/US$)

-

1,00

2,00

3,00

4,00

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

c) Volume (em 1000 ton)

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

d) Preço (US$/t)

-

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Figura 8. Receita de exportação de soja em grão, taxa de câmbio real, volume exportado e preço

em dólares, 1990-2006.

Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.

Os preços estão representados na Figura 8 (d), onde podem ser observadas oscilações em

todo o período, e teve o preço mais alto no ano de 1997, atingindo o valor de US$ 291,79 a tonelada

do grão. Essa variação nos preços pode ser explicada tanto pelo aumento da produção mundial ou

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82

aumento da oferta mundial, como por quebras de safra que acabam influenciando os preços

internacionais.

O efeito total mostra que a receita de exportação apresentou queda em seis anos, com uma

taxa acentuada de 1990 para 1991 (-60,47%), ocasionada pela situação adversa nas três variáveis

que a determinam, onde o preço internacional apresentou queda, o câmbio se valorizou e a

quantidade exportada caiu mais acentuadamente, sendo a principal responsável pela queda na

receita.

A Tabela 19 mostra os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a receita de

exportação de soja em grão.

Tabela 19. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de soja em grão

(em %), 1991 a 2006.

Período Efeito Preço Efeito

Câmbio

Efeito

Quantidade

Efeito

Total

1991 -2,42 -16,33 -41,72 -60,47

1992 -2,57 87,46 172,34 257,23

1993 2,93 -26,39 -35,18 -58,64

1994 10,26 -19,87 73,73 64,12

1995 -9,11 -11,39 -36,45 -56,95

1996 27,07 2,03 38,57 67,67

1997 4,79 2,4 232,41 239,6

1998 -20,91 4,32 -6,14 -22,73

1999 -23,67 32,98 29,49 38,8

2000 8,71 -19,84 59,52 48,39

2001 -6,63 31,24 69,1 93,71

2002 4,69 11,9 21,27 37,86

2003 -13,9 -14,45 -7,46 -35,81

2004 27,28 -13,82 4,49 17,95

2005 -13,26 -16,24 56,56 27,06

2006 -2,98 -8,91 8,08 -3,81

Fonte: Dados da Pesquisa.

A segunda maior redução na receita foi no ano 1993 (-58,64%), e foi ocasionada pelas duas

variáveis, câmbio e quantidade, onde a quantidade exportada foi a que apresentou um índice maior

de queda -35,18%.

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83

O ano de 1995 também apresentou queda na receita de exportação com a influência das três

variáveis, e como nos dois outros anos anteriores que apresentaram queda, a quantidade exportada

foi a maior influenciadora, com -36,45%. Já nos anos 1998 e 2003, que apresentaram queda na

receita de exportação, sendo -22,73% de -35,81% respectivamente, tiveram como responsáveis pela

queda de receita o preço em 1998 (-20,91%) e o câmbio em 2003 (-14,45%). O ano de 2006

apresentou uma ligeira queda na receita de exportação (-3,81%), e as variáveis que causaram esse

efeito foi a valorização cambial -8,91% e os preços -2,98, embora este último em menor

intensidade.

O efeito-preço, ou seja, as variações do preço internacional da soja sobre a receita de

exportação, predominaram nos anos de 1998 e 2004. No ano de 1992, o grande crescimento das

receitas foi proporcionado pelas variáveis câmbio (87,46%) e quantidade exportada (172,34%).

No ano de 1994 a quantidade foi a variável que proporcionou o aumento da receita de

exportação (73,73%) juntamente com o preço 10,26%. Em 1996, 1997 e 2002, as três variáveis

conjuntamente foram as responsáveis pelas receitas de exportação, sendo que a quantidade

exportada predominou sobre os outros dois efeitos, apresentando 38,57%, 232,41% e 21,27%

respectivamente.

De acordo com a Figura 9, nota-se que não teve predomínio de nenhum dos efeitos por todo

o período analisado, embora a quantidade exportada tendesse a prevalecer, e como foram anos que

apresentaram grandes variações na taxa de câmbio, na quantidade exportada e também nos preços,

houve variação de efeito dominante ano a ano.

Em 1998 o preço médio internacional da tonelada de soja esteve cotado US$ 60, abaixo do

preço de 1997, e foi o maior responsável pela redução de 22,73% na receita. Entretanto, esta

retração em 1998 deveria ser de -20,91% se dependesse unicamente do preço, mas, foi acentuada

pelo efeito negativo da quantidade exportada também (-6,14%).

Nos anos de 2000, 2001, 2002, e 2005 a quantidade exportada predominou, contribuindo

para o efeito positivo das receitas de exportação. Em 2004 foi o efeito positivo do preço (27,28%)

juntamente com a quantidade exportada (4,49%) que asseguraram uma receita de 17,95% maior do

que a do ano anterior aos exportadores.

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84

-100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

19

91

19

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19

93

19

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19

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19

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19

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19

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20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Efeito-Quantde

Efeito-Câmbio

Efeito-Preço

Figura 9. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de soja em grão

(em %), 1991 a 2006.

Fonte: Dados da Pesquisa

A influência do câmbio sobre as receitas de exportações predominou sobre os demais efeitos

nos anos de 1999, 2003 e 2006, sendo que repercutiram negativamente sobre a receita de

exportações em nove dos anos estudados.

Em janeiro de 1999, a política de preservação do câmbio valorizado chegou ao seu fim,

principalmente por causa da crise russa, que provocou aceleração na perda de reservas

internacionais. Como a política se tornou insustentável os responsáveis pela política

macroeconômica permitiram a livre flutuação do câmbio brasileiro. Isto repercutiu nas receitas de

exportações que poderiam crescer em até 32,98%, caso não houvesse variações nos preços (-

23,67%) em relação ao ano anterior.

Contudo, o fato é que em 1999 o preço médio anual da tonelada de soja no mercado

internacional foi de US$ 175, bem abaixo dos US$ 231 do ano anterior. O resultado foi uma receita

de exportação de 38,8% superior a do ano anterior, em virtude também da quantidade exportada ser

de 29,49% maior que em 1998.

Deve ser levado em consideração que a taxa de câmbio é uma variável-chave para a

agricultura de exportação, tendo considerável efeito sobre a competitividade dos produtos no

exterior.

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85

Sabe-se que a quantidade ofertada é largamente influenciada pelo preço e pela taxa de

câmbio. Logo, este efeito foi o que predominou na grande maioria dos anos, mais precisamente de

1991 a 1997, de 2000 a 2002 e no ano de 2005.

Em 1995 a redução da quantidade exportada parecia estar totalmente ligada a situação do

preço e do câmbio, ou seja, houve valorização do câmbio e queda dos preços internacionais da soja.

Em 1997, um grande aumento na quantidade exportada de soja em grão não tinha sido totalmente

influenciada pela situação do câmbio e do preço, que apresentaram apenas uma discreta melhora.

Logo, isso pode ser reflexo da Lei Kandir, uma vez que o aumento da quantidade produzida sozinha

não foi suficiente para explicar este notável crescimento na quantidade exportada.

O aumento de 239,6% na receita de exportação com relação à 1996 deve-se quase que

integralmente, ou seja, 232,41%, ao aumento da quantidade exportada, que saltou de 461.933

toneladas para 1.474.072 de toneladas.

Em 2000, a taxa de câmbio foi valorizada com relação ao ano anterior, passando de R$ 3,10

para R$ 2,54, mas a pronunciada queda na receita foi assegurada por uma notável elevação na

quantidade exportada, que, no caso das demais variáveis constantes geraria 59,52% de aumento na

receita do exportador. Logo, diante do negativo desempenho do efeito-câmbio, foi o aumento na

quantidade que assegurou um crescimento das receitas das exportações de 48,39%,

comparativamente à 1999.

Como demonstrado nos dados, desde o pico máximo do câmbio real, em 2002 R$ 3,79 por

dólar, o real tem se valorizado frente ao dólar, prejudicando acentuadamente as receitas dos

exportadores de commodities, tais como os sojicultores mato-grossenses.

Pode-se observar que, devido a elevações do volume exportado e ao preço internacional, a

receita ainda cresceu em 2004 e 2005. Contudo, no ano de 2006, uma queda no preço internacional

e uma nova valorização do câmbio foram decisivas para derrubar a receita de exportação da soja,

que decaiu de -3,81% em relação a 2005.

Desde o segundo semestre de 2004 tem se observado queda dos preços internacionais da

soja, atingindo setor desfavoravelmente até o último ano estudado.

Em geral, variações bruscas dos preços agrícolas internacionais se dão após variações na

produção mundial, uma vez que a produção de soja é muito concentrada em poucos países, e uma

irregularidade climática em um país produtor provoca grandes variações na oferta mundial.

Brandão et al. (2005), apontam também que a baixa elasticidade-preço da oferta agregada e

individual pode explicar o porquê dos ciclos no mercado internacional de grãos, uma vez que uma

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86

queda de preço não leva à redução da oferta nos EUA, Brasil e Argentina. Então a fase de baixos

preços só pode ser revertida com quebra de safra num dos grandes produtores mundiais.

Diante da recuperação da safra norte-americana e da valorização do Real, os agricultores

mato-grossenses perdem competitividade, pois diferentemente dos norte-americanos não recebem

grandes subsídios do governo, não têm um mercado de crédito bem desenvolvido, operam numa

economia com juros altos, enfrentando elevados custos de frete para fazerem seus produtos chegar

até os distantes portos, dentre outros fatores que ocasionam a redução da competitividade.

Conforme esse índice utilizado, pode-se observar que o efeito quantidade é que causou

maior influência sobre o efeito total, ora influenciando de forma positiva, ora de forma negativa.

Portanto, pode-se concluir que a quantidade exportada foi o que garantiu a receita dos exportadores

de soja em grão no período estudado, visto que a oscilação de preços e as mudanças cambiais

prejudicaram o setor.

4.7 Desempenho das exportações mato-grossenses de farelo de soja com o Índice Constant-

Market-Share

A Tabela 20 mostra o resultado do índice Constant-Market-Share do farelo de soja para a

União Européia.

Segundo o índice utilizado, no período de 1990 a 2006, o efeito crescimento do comércio

mundial foi responsável por 41,61% das exportações de farelo de soja, enquanto o efeito destino das

exportações ficou negativo nesse período em -36,36% e o efeito competitividade foi de -4,25%.

Dessa forma, o crescimento do comércio mundial foi o responsável pelo aumento das exportações

de farelo de soja no estado de Mato Grosso.

Com relação à participação no comércio mundial, o estado apresentou uma participação

mais significativa no ano de 2004, com 5,59% do mercado e a menor foi no ano de 1990, com

apenas 0,63% de participação, sendo que nesse mesmo ano o estado exportou 194.997 toneladas de

farelo, bem abaixo dos 3.114.610 toneladas que foram exportados em 2004.

A participação no mercado da União Européia teve o melhor desempenho no ano de 2005,

ficando com 10,85% do mercado, sendo exportados para esse mercado a quantia de 2.440.704

toneladas de farelo de soja. O menor índice aconteceu no ano de 1990, assim como a participação

no mundo, cerca de 1,13%, com um total exportado para a União Européia de 186.997 toneladas, o

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87

que representou 96% das exportações totais mato-grossenses de farelo de soja, ou seja, o mercado

europeu foi o maior parceiro comercial de Mato Grosso desse produto no período.

Tabela 20. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para

a União Européia, período de 1990 a 2006.

Período Efeito

Crescimento

do Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participaçã

o União

Européia

1990 89,49 -426,33 363,34 1,13

1991 257,20 -79,36 -157,54 2,21

1992 868,34 -28,14 -801,30 2,86

1993 -474,32 319,46 178,87 3,82

1994 -468,03 -2.006,99 2.468,02 4,64

1995 4.402,41 -1.244,09 -3.016,92 5,33

1996 422,50 1.421,50 -1.841,10 8,79

1997 -5.952,52 -1.048,94 6.863,65 8,33

1998 2.063,21 2.649,06 -4.669,57 5,67

1999 1.142,43 1.015,25 -2.106,78 5,54

2000 1.834,26 3.414,91 -5.229,47 6,32

2001 2.684,78 1.256,95 -3.829,93 5,60

2002 17.498,25 -1.640,95 -15.767,70 6,97

2003 -13.233,30 -694,62 14.017,62 6,06

2004 2.160,68 -9.824,66 7.607,68 10,40

2005 -403,32 -4.347,16 4. 602,98 10,85

2006 7,87

Efeito Total 12.892,06 -11.264,11 -1.318,14

Participaçã

o no

cresciment

o (%)

41,61 -36,36 -4,25

Fonte: Dados da Pesquisa.

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88

Em 2004 o estado exportou para a União Européia 79% do total de suas exportações de

farelo de soja, o que reforça que este bloco foi o maior importador do estado de Mato Grosso da

referida commodity, no período estudado.

Mesmo com crescimento do comércio mundial, os resultados mostraram que não houve

competitividade do produto, pois, na maioria dos anos analisados, os índices foram negativos, o que

influenciou o efeito total e a participação no crescimento da competitividade.

Tem-se, na Tabela 21, os resultados do índice Constant-Market-Share para a Tailândia no

período de 1993 a 2006, sendo que de 1990 a 1992 não se tem dados sobre a comercialização

desse produto com esse país.

Tabela 21. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para

a Tailândia, período de 1993 a 2006.

Período Efeito

Crescimento

do Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participaçã

o Tailândia

1993 0 0 1,5 0

1994 -4,86 245,94 -241,89 0,85

1995 22,40 -62,66 39,56 0,15

1996 0 0 3,4 0

1997 -71,79 -107,51 177,30 0,92

1998 20,05 63,17 -84,62 0,80

1999 0 0 2,76 0

2000 21,30 19,10 -39,76 0,99

2001 35,46 31,94 -61,61 1,06

2002 436,03 41,94 -474,98 2,40

2003 -351,89 -313,55 676,04 2,09

2004 89,81 1.154,68 -1.140,00 8,60

2005 -104,31 626,19 -515,67 31,06

2006 31,29

Efeito Total 92,20 1.699,25 -1.657,96

Participação

no

crescimento

0,69 12,73 -12,42

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89

Fonte: Dados da Pesquisa.

O efeito crescimento do comércio ficou em 0,69%, o efeito destino também foi positivo,

com 12,73% e o efeito competitividade foi de -12,42%.

A participação no comércio com a Tailândia foi positiva ao longo do período estudado,

sendo que em 2006 houve o maior índice de participação, cerca de 31,29% e a participação no

mundo foi de 1,32%. Mesmo com os efeitos crescimento do comércio mundial e destino das

exportações tendo sido positivos no período, não houve competitividade do farelo de soja para a

Tailândia, conforme os resultados demonstram.

Os resultados do índice Constant-Market-Share para a Indonésia estão na Tabela 22,

apresentados a partir do ano de 1993, pois, não foram encontrados dados sobre o comércio de farelo

de soja de Mato Grosso com esse país de 1990 a 1992.

Tabela 22. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para

a Indonésia, período de 1993 a 2006.

Período Efeito

Crescimento do

Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participação

Indonésia

1993 0 0 3 0

1994 -9,71 115,78 -104,87 3,14

1995 134,38 203,18 -341,06 3,25

1996 1,06 -6,73 9,87 0,30

1997 -103,47 -106,92 206,09 2,28

1998 8,59 24,50 -32,89 0,49

1999 4,89 29,40 -35,09 0,42

2000 0 0 0 0

2001 0 0 4,8 0

2002 227,50 62,81 -282,41 1,63

2003 -366,31 70,99 329,82 2,68

2004 185,93 487,61 -687,54 12,98

2005 -27,20 -79,04 103,55 7,99

2006 7,58

Efeito Total 55,66 801,57 -826,73

(%)

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90

Participação

no

crescimento

(%)

1,82 26,28 -27,11

Fonte: Dados da Pesquisa

O efeito crescimento do comércio e o efeito destino das exportações foram positivos,

sendo de 1,82% e 26,28%, respectivamente. Já o efeito competitividade ficou em -27,11%.

A participação de Mato Grosso no comércio com a Indonésia foi positiva no período

analisado, com alguns anos apresentando resultado nulo, pois não houve exportação de farelo de

soja nesses anos, e o período que apresentou o maior índice foi o ano de 2004, com 12,98%. A

participação no comércio mundial teve o maior índice no ano de 2004, também com 0,48% de

participação.

As exportações de farelo de soja para a Indonésia não foram competitivas no período

analisado. Mesmo apresentando resultados positivos em alguns anos, elas não foram suficientes

para superar os anos de perda de competitividade.

A Tabela 23 apresenta os índices de crescimento das exportações de farelo de soja para o

Irã, e de acordo com os resultados obtidos, o efeito crescimento do comércio mundial foi de

28,13%, o efeito destino das exportações ficou em -107,57% e o efeito competitividade 80,43%.

Não houve participação do Irã no comércio mundial nos anos de 2005 e 2006, pois, não

foram encontrados dados de importação desse país nesses dois anos. Quanto à participação no

mundo, os resultados encontrados foram insignificantes, demonstrando que as importações do Irã

tanto de Mato Grosso como do resto do mundo foram baixas, o que resultou em valores nulos em

vários anos.

Embora sendo pequeno o comércio de farelo de soja do estado com esse país, os

resultados mostraram que houve competitividade nas exportações dessa commodity de Mato

Grosso para o Irã.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO§ões... · SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA ... índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade algodão

91

Tabela 23. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para

o Irã, período de 1991 a 2006.

Período Efeito

Crescimento

do Comércio

Mundial

Efeito Destino

das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participaçã

o Irã

1991 0 0 0,2 0

1992 2,13 -21,87 19,55 0,24

1993 0 0 0 0

1994 0 0 0,8 0

1995 25,60 18,04 -44,44 72,73

1996 0 0 0 0

1997 0 0 0 0

1998 0 0 0 0

1999 0 0 0 0

2000 0 0 0 0

2001 0 0 0,7 0

2002 33,18 -18,44 -14,04 36,84

2003 -40,38 28,21 11,67 60,87

2004 3,55 -93,55 91,00 42,86

2005 -1,56 1,56 -1,1 0

2006 0

Efeito Total 22,51 -86,05 64,35

Participação

no crescimento

(%)

28,13 -107,57 80,43

Fonte: Dados da Pesquisa.

4.8 Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o farelo de soja

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO§ões... · SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA ... índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade algodão

92

Estão apresentados na Figura 10 os resultados do Índice de Posição Relativa (POS) para o

farelo de soja.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,0019

90

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Po

rcen

tag

em

Figura 10. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o farelo de soja, período de 1990 a

2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Segundo os valores obtidos com esse índice, o estado de Mato Grosso teve saldo relativo

superavitário em todo o período estudado, sendo que 2005 foi o período que apresentou o maior

índice, que foi de 3,75% e o menor foi no ano de 1990 de 0,36%.

Observa-se que foi crescente a participação de Mato Grosso no mercado mundial do farelo

de soja a partir do ano de 1990 até o ano de 1996, sendo que no ano de 1996 a participação foi de

1,86%. Já em 1997 houve perda de participação, caindo também no ano de 1998 e voltando a

apresentar crescimento no ano de 1999 e no ano de 2000, mas voltando a apresentar queda de

participação novamente no ano de 2001 (1,84%). Nos anos seguintes, 2002 a 2005, houve um

notável crescimento do índice de posição relativa no mercado internacional do farelo de soja, mas

voltando a declinar novamente no ano de 2006 (2,88%).

Portanto, o estado de Mato Grosso foi superavitário em todo o período estudado, segundo os

resultados, com ganhos de posição em um período e perdas em outros.

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93

4.9 Análise do Índice Shift-Share para o farelo de soja

Observa-se na Figura 11 (a), as receitas de exportação de farelo de soja no período de 1990 a

2006.

a) Receitas (em Milhões de R$)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

b) Câmbio Real (R$/US$)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

c) Volume (em 1000 t)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

d) Preço (US$/t)

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Figura 11. Receita de exportação de farelo de soja, taxa de câmbio real, volume exportado e preço

em dólares, 1990-2006.

Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.

As receitas cresceram consideravelmente, sendo que esse crescimento não ocorreu de forma

contínua, apresentando um crescimento maior a partir de 1999 quando se deu a desvalorização do

Real em relação ao Dólar, havendo expansão da quantidade exportada após esse período, mesmo

com os preços mais baixos no mercado internacional.

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94

Tem-se na Figura 11 (d) os preços do farelo de soja, e estes sofreram oscilações, o que pode

ter sido em função do aumento da produção de soja mundial, intercalado com quebras de safras que

ocorreram no período, influenciando os preços no mercado internacional. Pode-se notar que o pico

foi no ano de 2003, chegando a US$ 279 a tonelada de farelo de soja.

O crescimento da quantidade exportada ocorreu de forma quase continua, com exceção dos

anos de 1997, 1998, 2001 e 2006. Dentre as quatro variáveis analisadas, o preço foi a que menos

apresentou variação nesse período, permanecendo entre os limites de US$ 169 e US$ 279 a

tonelada. Em nove dos dezessete anos estudados, os preços estiveram abaixo da média, sendo dois

depois da desvalorização da moeda nacional, o que assegurou uma melhor condição na receita do

produtor/exportador nesses anos.

Na Tabela 24 são apresentados os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a

receita de exportação do farelo de soja.

O efeito total mostra que a receita proveniente das exportações do produto apresentou

declínio em sete anos, com queda mais acentuada no ano de 1997 para 1998 (-33,97%), em função

do efeito preço (-24,36%), que apresentou uma forte queda no mercado internacional e do efeito

quantidade (-13,72), sendo que a queda só não foi maior por causa do câmbio que esteve favorável

no ano de 1998.

Uma segunda redução na receita comparativamente ao ano anterior foi em 2006, que

apresentou uma redução de -29,29%, ocorrendo uma forte queda na quantidade exportada e também

com o câmbio estando desfavorável às exportações. A terceira maior queda na receita aconteceu no

ano de 2004, onde o efeito preço foi o grande responsável -28,98%, juntamente com o efeito

câmbio, e o maior volume exportado nesse ano amenizou a queda no efeito total em 2004.

O melhor desempenho no efeito total das receitas de exportação aconteceu em 1992, com

183,41%, onde os três efeitos juntamente contribuíram para esse bom resultado, com predomínio do

efeito câmbio, que foi de 93,54% e do efeito quantidade com 88,04%. O segundo melhor

desempenho ocorreu em 1999 (140,15%), tendo os três efeitos positivos nesse ano, com o efeito

quantidade se sobressaindo dentre os demais, com 70,07%, seguido do efeito câmbio com 51,86%.

O efeito quantidade, ou seja, o volume exportado de farelo de soja sobre a receita de

exportação, foi positivo nos períodos de 1991 a 1996 e de 1999 a 2005, sendo, portanto o grande

responsável pelo efeito total positivo na maioria dos anos.

O efeito preço foi positivo nos anos de 1991 a 1993, 1996, 1999 e 2000, 2002 a 2003 e

2006. Em 2004, o preço médio internacional da tonelada de farelo de soja esteve US$ 80,50 abaixo

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95

do valor de 2003, tendo sido o maior responsável pela queda na receita de -26,52%. Entretanto, essa

queda em 2004 deveria ter sido de -36,62% se dependesse apenas do preço e do câmbio, mas foi

amenizada pelo efeito positivo da quantidade exportada de 10,1%.

A influência do câmbio sobre as receitas de exportação predominou nos anos de 1992, 1994,

2000, 2001 e 2005, e embora não tendo predominado no restante do período, também repercutiu

negativamente na receita de exportação por vários anos.

Tabela 24. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de farelo de soja

(em %), 1991 a 2006.

Período Efeito Preço Efeito

Câmbio

Efeito

Quantidade

Efeito

Total

1991 3,25 -16,24 59,4 46,41

1992 1,83 93,54 88,04 183,41

1993 9,75 -27,67 32,26 14,34

1994 -8,04 -16,24 7,7 -16,58

1995 -0,22 -12,4 16,33 3,71

1996 34,53 1,87 56,92 93,32

1997 -18,7 1,44 -3,08 -20,34

1998 -24,36 4,11 -13,72 -33,97

1999 18,22 51,86 70,07 140,15

2000 5,77 -19,24 5,45 -8,02

2001 -3,06 32,94 4,07 33,95

2002 8,66 12,12 64,91 85,69

2003 42,29 18,06 19,82 80,17

2004 -28,98 -7,64 10,1 -26,52

2005 -0,85 -18,6 17,18 -2,27

2006 1,76 -10,25 -20,8 -29,29

Fonte: Dados da pesquisa.

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96

Em 1996 a receita cresceu 93,32% em relação à 1995, em razão do desempenho positivo de

todas as variáveis estudadas, dentre as quais se destaca a contribuição da quantidade exportada. Em

2002 a receita teve um crescimento de 85,69% onde os três efeitos contribuíram, sendo que a

quantidade exportada foi superior aos outros efeitos, com 64,91%. Em 2003 os três efeitos juntos

também elevaram as receitas de exportação em 80,17% sendo o maior responsável o efeito preço

(42,29%).

Conforme os dados apresentados, desde a cotação máxima do câmbio em 2002, o real tem se

valorizado em relação ao dólar, contribuindo negativamente para as receitas dos exportadores de

farelo de soja, e mesmo assim as receitas ainda cresceram em 2003 (cerca de 80,17%) em relação a

2002. Mas uma forte valorização do câmbio, a partir de 2004, contribuiu para derrubar as receitas

de exportação no ano de 2005, passando de -2,27% para -29,29% em 2006.

Já o efeito preço influenciou a receita de forma negativa no ano de 1994 (-8,04%), em 1997

com uma influência negativa de -18,7%, com a receita caindo -20,34% em relação ao ano anterior.

Em 1998 o efeito preço também influenciou as receitas de exportação de forma negativa (-24,36), a

qual apresentou uma queda de -33,97% em comparação ao ano de 1997. No ano de 2004 o efeito

preço teve influência negativa também nas receitas (-28,98%), implicando numa queda no efeito

total de -26,52% e no ano de 2005 também apresentou resultado negativo de -0,85%.

Na Figura 12 estão demonstrados os três efeitos, onde se pode observar que não houve

predomínio de nenhum efeito por todo o período estudado, e como esses foram anos de grandes

variações na taxa de câmbio, nos preços e no volume exportado, levou a variações no efeito

dominante ano a ano.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO§ões... · SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA ... índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade algodão

97

-100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

100%1

99

1

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Efeito-Quantde

Efeito-Câmbio

Efeito-Preço

Figura 12. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de farelo de soja

(em %), 1991 a 2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

De acordo com os dados obtidos, pode-se concluir que o efeito quantidade foi o maior

responsável pela receita positiva dos exportadores da commodity, no período estudado, sendo que o

efeito câmbio fez com que a receita ficasse prejudicada nos anos de 1994, quando houve uma queda

na receita em -16,58% em relação a 1993, com o efeito câmbio influenciando negativamente em -

16,24% e no ano de 2004 onde a receita caiu -26,52% em relação ao ano de 2003, com o câmbio

causando influência de -7,64%.

4.10 Desempenho das exportações mato-grossenses de óleo de soja com o Índice Constant-

Market-Share

Foram selecionados os países China, Índia e Irã por serem grandes parceiros comerciais do

estado de Mato Grosso, com relação à commodity óleo de soja no período analisado.

A Tabela 25 apresenta o resultado do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para a

China.

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98

Tabela 25. Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato Grosso, para a

China, período de 1990 a 2006.

Período Efeito

Crescimento

do Comércio

Mundial

Efeito Destino

das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participação

China

1990 4,42 -19,64 16,02 1,66

1991 -13,82 -29,40 44,03 7,80

1992 71,38 -197,41 125,91 20,26

1993 79,59 3.046,18 -3.100,35 50,93

1994 -588,34 2.151,82 -1.534,47 41,98

1995 -37,56 -1.389,06 1.419,66 55,06

1996 2.331,11 -2.847,40 503,62 64,62

1997 -204,10 -663,45 837,40 53,65

1998 -241,36 113,13 131,05 12,58

1999 13,99 -672,88 650,76 22,33

2000 27,80 -154,80 125,73 10,09

2001 0 0 4,34 0

2002 123,84 521,58 -618,97 10,63

2003 -597,43 2.217,31 -1.586,80 30,33

2004 172,98 -3.338,11 3.131,07 41,24

2005 315,09 280,55 -615,81 38,16

2006 10,29

Efeito Total 1.457,60 -981,57 -466,79

Participação

no

crescimento

%

157,75 -106,23 -50,52

Fonte: Dados da Pesquisa.

Conforme esse índice, o efeito crescimento do comércio mundial contribuiu em 157,75%

para as exportações do óleo de soja, de 1990 a 2006, enquanto o efeito destino das exportações foi

de -106,23% e o efeito competitividade foi de -50,52%. Sendo assim, o efeito crescimento do

comércio foi o responsável pelo incremento nas exportações de óleo de soja do estado de Mato

Grosso.

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99

O efeito crescimento do comércio mundial teve um melhor desempenho no ano de 1996, que

foi de 2.331,11. O pior desempenho foi no ano de 2003, com -597,43 e com uma exportação de

63.586 toneladas de óleo, bem abaixo das 113.963 toneladas de óleo exportadas em 2004.

A participação de Mato Grosso no mercado chinês teve o melhor desempenho no ano de

1996, alcançando o patamar de 64,62%, onde o estado exportou para a China a quantidade de

89.414 toneladas de óleo de soja. Em 2001 não houve comércio desse produto de Mato Grosso

para a China. O pior desempenho foi no ano de 1990, com 1,66% de participação no mercado,

exportando para esse país a quantia de 1.000 toneladas de óleo de soja.

O efeito crescimento do comércio mundial foi bastante expressivo no período analisado, mas

o efeito competitividade e o efeito destino das exportações foram negativos, mostrando que mesmo

aparecendo em alguns anos efeito positivo de competitividade, não foram suficientes para

influenciar o efeito competitividade. Portanto, o óleo de soja não se mostrou competitivo para o

mercado chinês ao longo dos anos analisados.

Pode-se concluir que o óleo de soja mato-grossense exportado para a China não é

competitivo porque esse país prefere comprar o grão e industrializá-lo, haja vista que possui

indústrias esmagadoras mais competitivas que as indústrias brasileiras.

Na tabela 26 aparecem os resultados do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para a

Índia. Pode-se notar que os três efeitos analisados apresentaram resultados positivos quanto à

participação no crescimento, sendo que o efeito crescimento do comércio mundial foi de 165,53%,

o efeito destino ficou em 247,70% e o efeito competitividade -412,24%. Em alguns anos

apareceram resultados negativos para os três efeitos, porém, não impactaram no resultado final.

A participação de Mato Grosso no comércio com a Índia teve o melhor resultado no ano de

2005, com índice de 61,29%, com um total exportado para esse país de 115.714 toneladas de óleo

de soja.

Com exceção de 1995, no período de 1992 a 1997 não houve comercialização desse produto

entre Mato Grosso e a Índia. O menor resultado aparece no ano de 1998, ou seja, apenas 1,10% do

mercado indiano, ano em que foram exportadas apenas 500 toneladas do produto para aquele país.

As participações no mercado mundial foram insignificantes no período em estudo. Assim,

mesmo havendo períodos em que não ocorreu comércio do óleo de soja entre Mato Grosso e a

Índia, pode-se inferir que esse produto foi competitivo no mercado indiano.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO§ões... · SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA ... índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade algodão

100

Tabela 26. Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato Grosso, para a

Índia, período de 1990 a 2006.

Período Efeito

Crescimento

do

Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participação

Índia

1990 2,37 -3,30 1,14 10,28

1991 -4,91 52,32 -47,83 20,98

1992 0 0 0 0

1993 0 0 0 0

1994 0 0 1,78 0

1995 -1,19 -176,91 176,22 24,69

1996 0 0 0 0

1997 0 0 0,33 0

1998 -12,10 10,37 10,82 1,10

1999 14,00 -287,79 276,07 33,15

2000 256,09 1.516,05 -1.777,90 58,12

2001 201,65 -161,80 -25,70 11,75

2002 573,53 -479,38 -101,32 37,22

2003 -250,88 392,44 -130,03 22,87

2004 66,23 872,71 -910,19 38,99

2005 562,24 370,67 -977,40 61,29

2006 8,55

Efeito Total 1.407,04 2.105,47 -3.504,01

Participação

no

crescimento

%

165,53 247,70 -412,24

Fonte: Dados da Pesquisa.

A Tabela 27 apresenta os resultados do índice de crescimento das exportações de óleo de

soja para o Irã. Em 1990 não houve exportação de óleo de soja de Mato Grosso para o Irã, por isso

não aparecem dados referentes a esse ano.

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101

De acordo com os resultados obtidos, o efeito crescimento do comércio mundial foi negativo

no período, ficando em -0,33%, bem como o efeito destino das exportações, que ficou em -0,10%.

O efeito competitividade teve resultado positivo de 1,43%, mesmo tendo apresentado resultados

negativos em alguns anos analisados, mas que não tiveram impacto no resultado final.

Tabela 27. Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato Grosso, para o

Irã, período de 1991 a 2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Período Efeito

Crescime

nto do

Comércio

Mundial

Efeito

Destino das

Exportações

Efeito

Competitividade

Participação

Irã

1991 -11,99 42,25 -442,00 6,84

1992 99,30 160,08 -1.824,00 14,22

1993 57,51 -92,88 974,00 3,63

1994 -95,98 240,22 -914,00 15,78

1995 -2,05 15,18 -160,00 8,21

1996 369,01 -712,89 1.715,00 20,05

1997 -35,67 225,19 -645,00 29,38

1998 -699,14 1.532,93 -1.238,00 67,35

1999 33,89 -835,43 1.432,00 55,97

2000 282,14 21,53 -621,00 48,90

2001 439,23 -597,20 397,00 39,79

2002 121,27 218,29 -2.285,00 14,86

2003 -143,00 -28,03 1.194,00 14,32

2004 17,52 -158,02 858,00 16,38

2005 102,60 138,50 -768,00 31,39

2006 6,14

Efeito Total 535 169,72 -2.327,00

Participaç

ão no

crescimen

to (%)

-0,33 -0,10 1,43

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102

A participação no comércio com o Irã teve o melhor desempenho no ano de 1998,

representando 67,35% do mercado, onde foram exportadas para aquele país 32.342 toneladas de

óleo de soja. Em 2005 foi observado o maior índice de exportações de óleo de Mato Grosso para o

Irã, totalizando 210.684 toneladas. Diante dos resultados encontrados, percebe-se que as

exportações de óleo de soja para o Irã foram competitivas no período analisado, mas os efeitos

crescimento do comércio mundial e o efeito destino das exportações não foram favoráveis para o

crescimento das exportações de óleo de soja pelo estado de Mato Grosso.

4.11 Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o óleo de soja

Tem-se, na Figura 13, os resultados referentes ao Índice de Posição Relativa (POS) para o

óleo de soja.

Conforme os dados obtidos, pode-se inferir que o estado de Mato Grosso apresentou saldos

relativos positivos em todos os anos analisados, com o melhor resultado no ano de 2005, ou seja,

3,74%. Esse resultado, obtido a partir do índice, mostra que o estado de Mato Grosso tem sua

posição relativa superavitária no mercado internacional da commodity óleo de soja.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Po

rcen

tag

em

Figura 13. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o óleo de soja, período de 1990 a

2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

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103

O mais baixo desempenho, segundo esse índice, aconteceu no ano de 1990, onde ficou em

apenas 0,06%, seguido do ano de 1991 que ficou em 0,13%. A partir desses anos apresentou

melhora nos índices, sendo crescente até o ano de 1995, e a partir de 1996 apresentou quedas

sucessivas até 1998, que atingiu o índice de 0,38%, apresentando crescimento no ano de 1999 com

1,84% de participação, voltando a cair após esse período. Após 2003 o estado voltou a apresentar

ganhos na participação na sua posição no mercado internacional, mas revelou uma retração

novamente no ano de 2006, de 1,31% .

4.12 Análise do Índice Shift-Share para óleo de soja

Como se pode observar na Figura 14 (a), as receitas de exportação de óleo de soja

apresentaram crescimento maior a partir do ano 2002.

a) Receita (em Milhões de R$)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

b) Câmbio Real (R$/US$)

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

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104

c) Volume (em 1000 t)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

d) Preço (US$/t)

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

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19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

Figura 14. Receita de exportação de óleo de soja, taxa de câmbio real, volume exportado e

preço em dólares, 1990-2006.

Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.

As receitas passaram de R$ 139 milhões em 2001 para R$ 444 milhões em 2002, chegando

ao pico em 2004, num total de R$ 848 milhões, sendo que no início do período analisado as

exportações do óleo de soja eram incipientes ainda.

Nota-se que no ano de 1999 houve uma melhora nas exportações desse produto, quando

foram exportadas 227.707 toneladas e coincidiu com o período de desvalorização cambial,

demonstrando considerável expansão na quantidade exportada, apesar dos preços baixos no

mercado internacional.

Tem-se na Figura 14 (c) os resultados da quantidade exportada de óleo de soja, apresentando

um crescimento mais acentuado a partir do ano de 2002, com um volume exportado de 251.329

toneladas.

O maior volume exportado aconteceu no ano de 2005, quando foram embarcadas 685.165

toneladas de óleo. Esse volume coincide com uma grande produção de soja em grão pelo estado de

Mato Grosso.

No item (d) da Figura 14 observa-se o preço do óleo de soja, com oscilações ao longo do

período analisado, provavelmente em conseqüência de uma maior produção de soja no mundo,

intercalando com quebras de safras, o que acaba influenciando os preços de todo o complexo da

commodity soja.

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105

Assim como as demais variáveis utilizadas no modelo, a quantidade exportada de óleo de

soja também apresentou oscilações ao longo dos anos estudados. Os preços internacionais da

commodity oscilaram entre US$ 336,1 e US$ 615,5, sendo uma diferença de 83%. Nos anos de

1991, 1992, 1998 e 1999 a 2002 e também 2004 os preços estiveram abaixo da média do período,

ou seja, US$ 500,00, sendo que os anos de 2000, 2001, 2002 e 2004 foram após a desvalorização do

real.

A Tabela 28 apresenta a decomposição dos três efeitos sobre a receita de exportação de óleo

de soja. O efeito total demonstra que a receita de exportação apresentou declínio em seis anos, com

queda mais acentuada na transição de 1999 para 2000 (-64,81%), ocasionada pela situação adversa

nas três variáveis que a determinam: o efeito preço, efeito câmbio e o efeito quantidade exportada,

ou seja, o preço declinou, o câmbio se valorizou e a quantidade exportada caiu mais

acentuadamente, sendo a principal causadora da queda na receita.

Uma segunda redução na receita, comparativamente ao ano anterior, foi em 2006 quando

atingiu o índice de -63,49%, em que uma forte queda no volume exportado (-60,92%) e no câmbio

(-9,62%) não pode ser sustentada por um preço melhor no mercado internacional. O terceiro maior

retrocesso na receita ocorreu em 1998 (-52,69), quando a quantidade exportada teve efeito negativo

em -40,04% e os preços internacionais caíram (-16,86%).

Tabela 28. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de óleo de soja

(em %), 1991 a 2006.

Período Efeito

Preço

Efeito

Câmbio

Efeito

Quantidade

Efeito

Total

1991 -9,61 -14,42 103,36 79,33

1992 -2,94 88,25 211,81 297,12

1993 17,5 29,7 65,22 112,42

1994 2,43 -2,43 121,62 121,62

1995 -3,15 -12,03 33,67 18,49

1996 -6,79 1,47 -2,86 -8,18

1997 2,9 1,8 -14,72 -10,02

1998 -16,86 4,21 -40,04 -52,69

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106

1999 -21,23 35,38 339,64 353,79

2000 -7,78 -16,85 -40,18 -64,81

2001 8,66 36,79 8,66 54,11

2002 28,46 15,32 177,3 221,08

2003 31,87 -16,8 42,88 57,95

2004 -20,63 -8,45 22,04 -7,04

2005 5,38 -19,73 44,24 29,89

2006 7,05 -9,62 -60,92 -63,49

Fonte: Dados da pesquisa.

O efeito preço sobre a receita de exportação predominou apenas no ano de 1996 com -

6,79%. O efeito câmbio predominou somente em 2001 e com um índice de 36,79%. Em 1992 os

efeitos quantidade exportada e o efeito câmbio foram os responsáveis pelo desempenho positivo da

receita de exportação de 297,12%, onde o efeito quantidade teve uma participação de 211,81%,

assim como em 1993 com 112,42%, em 2001 com 54,11% e em 2002 com 221,08%.

O melhor desempenho do efeito quantidade exportada aconteceu no ano de 1999,

representado por um índice de 339,64%, e foi nesse mesmo ano que houve o melhor desempenho da

receita de exportação de óleo de soja.

Em 2004 a receita caiu em relação a 2003 (-7,04%), sendo os efeitos câmbio e preço os

responsáveis por esse resultado negativo. Em 2005 o efeito total sobre as receitas de exportação foi

positivo, embora o câmbio tenha estado desfavorável às exportações nesse período, com a

valorização da moeda nacional.

Houve uma redução na quantidade exportada no ano de 1998, o que parece estar totalmente

ligada à situação do preço, pois apresentou queda dos preços internacionais do óleo de soja nesse

ano, permanecendo assim até os anos seguintes, apresentando recuperação a partir de 2001.

Tem-se na Figura 15 a decomposição dos três efeitos estudados. Conforme os resultados

obtidos, não houve predomínio de nenhum dos efeitos no período analisado, e como foram anos em

que ocorreram grandes variações nos preços internacionais, no câmbio e no volume exportado,

também houve variação de efeito dominante ano a ano.

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107

-100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

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100%

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20

06

Efeito-Quantde

Efeito-Câmbio

Efeito-Preço

Figura 15. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de óleo de soja

(em %), 1991 a 2006.

Fonte: Dados da Pesquisa.

O aumento de 353,79% na receita ocorrido em 1999 em relação a 1998 deve-se quase que

integralmente (339,64%) ao aumento da quantidade exportada, que saltou de 56.462 toneladas para

227.707 toneladas. Na maior parte do período analisado, a quantidade exportada foi decisiva para o

bom êxito da receita de exportação, auxiliadas pelo bom desempenho do câmbio e do preço em

alguns anos, sendo que as exportações proporcionaram renda elevada ao exportador de óleo de soja

no período analisado.

Assim, conclui-se que o crescimento das receitas de exportação de óleo de soja, no período

estudado, deveu-se em grande parte à quantidade exportada, principalmente nos anos de 1991

(103,36%), 1992 (211,81%), 1993 com 65,22%, 1994 com uma participação de 121,62%, em 1995

contribuiu positivamente para o efeito total, com 33,67%. Já em 1999 houve a melhor participação

que foi de 339,64% para o efeito total que ficou em 353,79% nesse ano. Em 2001 teve uma

participação positiva de 8,66% no efeito total e em 2002 a participação no efeito total ficou em

177,3%. No ano de 2003 a participação do efeito quantidade exportada contribuiu com 42,88% para

o efeito total positivo (57,95%), em 2004 (22,04%), e finalmente em 2005 contribuiu com 44,24%

para o efeito total.

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108

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar a competitividade do algodão e do complexo soja do

estado de Mato Grosso, de 1990 a 2006. Mais especificamente, foram analisadas as mudanças

estruturais que ocorreram ao longo do período, fazendo uma análise também de como os preços e a

taxa de câmbio influenciaram a competitividade desses produtos após a abertura da economia

brasileira no inicio de 1990.

Para esse fim, a metodologia escolhida foi um modelo teórico e um modelo analítico, onde o

modelo teórico foi a mudança estrutural e a competitividade. Por sua vez, o modelo analítico

englobou os métodos Constant-Market-Share (CMS), o índice de Posição Relativa no Mercado e o

Modelo Shift-Share para verificar a competitividade dos produtos algodão e soja (grão, farelo e

óleo) exportados pelo estado de Mato Grosso para o mercado internacional.

O Brasil foi o 6º maior produtor de algodão em 2006 e o 5º maior exportador dessa

malvácea nesse mesmo período. O comportamento da produção de algodão se deu de forma cíclica

ao longo do período analisado, onde se percebe que o aumento que houve na quantidade produzida

foi em função da produtividade e não da incorporação de novas terras ao sistema produtivo. Nota-

se que houve um decréscimo na quantidade de terra utilizada, comparando o inicio e o fim do

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109

período, ou seja, em 1990 eram utilizadas 1.391.884 hectares e no ano de 2006 foram utilizadas

909.335 hectares de terra.

A introdução da cultura do algodão na região dos cerrados foi determinante para o aumento

da produção. Houve mudança na estrutura de produção, pois antes era cultivada por pequenos e

médios produtores de regiões tradicionais como São Paulo e Paraná e passou a ser cultivada por

grandes empresários nos cerrados brasileiros. A utilização de tecnologias no campo, desde o inicio

até o fim da colheita foi um fator que trouxe aumento de produtividade, gerando assim aumento na

produção e incrementando as exportações de algodão, principalmente a partir do ano de 2000.

O cultivo do algodão em Mato Grosso por grandes produtores fez com que ocorresse

mudança na estrutura produtiva no estado também, pois, antes o algodão era cultivado por pequenos

produtores com pouca tecnologia de produção e em pequenas quantidades de terra, passando para

um sistema que utiliza modernas técnicas agrícolas, grandes volumes de terras, colheita mecanizada

e um nível tecnológico avançado.

Mato Grosso, em 2007, foi considerado o maior produtor brasileiro de algodão, passando a

ser destaque no cenário nacional a partir do final da década de 1990, quando efetivamente começou

a produção de algodão pelos grandes empresários do campo, aliado ao fato de que a cultura do

algodão no estado passou a contar com pesquisas e apoio de entidades, no sentido de desenvolver a

cultura na região dos cerrados.

As exportações de algodão pelo estado de Mato Grosso começaram a se destacar a partir do

final da década de 1990, em função do aumento na produção e com a consolidação dessa cultura no

estado, contribuindo assim com o aumento das exportações totais pelo estado de Mato Grosso.

O resultado do Constant-Market-Share (CMS) do algodão para a China mostrou que o efeito

total da competitividade foi negativo, mas foi positivo para o crescimento do comércio mundial e

para o destino das exportações. O efeito competitividade foi positivo apenas no ano de 2004. Nesse

mesmo ano o efeito competitividade foi favorável também para outros países, menos para a

Tailândia, pois, houve um aumento no consumo mundial do algodão em pluma de 21.175 para

23.477 toneladas em relação ao ano anterior.

O índice Constant-Market-Share do algodão mostrou que, para o Paquistão, houve

competitividade do algodão Mato-Grossense no período analisado, com o efeito crescimento do

comércio mundial positivo. Já o efeito destino das exportações foi negativo, tanto no efeito total

como na participação no crescimento.

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110

De acordo com o resultado do índice Constant-Market-Share do algodão para a Indonésia,

as exportações de algodão de Mato Grosso para esse país foram competitivas no período estudado.

O efeito crescimento do comércio mundial foi positivo, tanto no efeito total como na participação

no crescimento, impactando positivamente nas exportações de algodão para a Indonésia. Os

resultados mostraram que apenas o efeito destino das exportações apresentou resultado negativo

para o efeito total e também para a participação no crescimento.

Observando os resultados do Constant-Market-Share para a Tailândia, pode-se concluir que

não houve competitividade do algodão mato-grossense para o país, pois, o efeito competitividade e

o efeito destino das exportações apresentaram resultados negativos no efeito total e na participação

no crescimento. Já o efeito crescimento do comércio mundial teve um resultado positivo, o que

explica o crescimento das exportações de algodão de Mato Grosso para a Tailândia, embora não

tenha sido competitivo.

Conforme os resultados do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o algodão de

Mato Grosso, tem-se que o estado teve saldos superavitários na maioria dos anos analisados, tendo

sido deficitário apenas nos anos de 1995 e 2000. O maior resultado apresentado foi no ano de 2004,

o que pode ser explicado por uma grande produção de algodão nesse ano, e conseqüentemente, uma

maior exportação do produto.

De acordo com a o índice Shift-Share, as receitas de exportação de algodão de Mato Grosso,

no período estudado, apresentaram um grande crescimento a partir do ano de 2001. Esse

crescimento na receita de exportação decorreu do aumento da produção de algodão, principalmente

após o inicio dos anos 2000, em virtude de incentivos à cultura e exportação de algodão, ao

aumento da produtividade e também da qualidade do algodão mato-grossense, assim como da

desvalorização do Real ocorrida em 1999, favorecendo as exportações.

Quanto ao comportamento da taxa de câmbio, pôde-se observar que a maior elevação

ocorreu no ano de 2002, onde o Dólar teve a maior cotação frente ao Real.

Os preços do algodão apresentaram oscilações no período, sendo que o preço mais alto se

deu no ano de 1995 e o menor foi no ano de 2002, e essa oscilação nos preços foi devido ao

aumento na oferta mundial ou quebra de safra, o que diminuiu a oferta do produto e impactou nos

preços mundiais da pluma.

A decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação do algodão de

Mato Grosso mostrou que os três efeitos estudados, ou seja, preço, câmbio e quantidade não

predominaram individualmente por todo o período analisado, sendo que apresentaram variações no

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câmbio, nos preços e também na quantidade exportada, fazendo com que o efeito dominante

variasse ano a ano.

O efeito quantidade foi o que mais influenciou o efeito total, ora influenciando

positivamente, ora negativamente, o que se conclui que a quantidade exportada do algodão, nesse

período, foi a que garantiu a receita dos exportadores de algodão.

Com relação à soja, tem-se que o mercado internacional da soja é composto por poucos

produtores e exportadores, com a produção concentrada na América do Norte, na América do Sul e

na Ásia, sendo que o continente Sul Americano é o líder na produção e exportação dessa

oleaginosa.

Os maiores produtores e exportadores mundiais são os Estados Unidos, Brasil e Argentina,

onde esses três países disputam frações do mercado desde os anos de 1980. O Brasil tem

apresentado ganhos nessa disputa do mercado internacional, com vantagem competitiva frente aos

demais concorrentes nesse mercado, possuindo ainda terras que podem ser incorporadas no

processo produtivo, enquanto os outros dois países não possuem mais terras para serem utilizadas

com a cultura da soja.

Com a modernização da agricultura brasileira, houve uma mudança na estrutura de produção

de óleo no país, pois, o algodão e o amendoim foram substituídos pela soja para a produção de óleo.

Antes da modernização agrícola, a produção se dava em pequenas propriedades, passando então

para um sistema de grandes produtores.

Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, tendo apresentado crescimento na sua

produção no período analisado, mas o comportamento do crescimento não foi de forma contínua,

pois houve período em que apresentou queda na produção em relação aos períodos anteriores, como

foi o caso dos anos de 1991, 1996 e 2006.

A produtividade da soja em Mato Grosso apresentou oscilações ao longo do período

analisado, sendo que o maior índice de produtividade aconteceu na safra 2002, ficando em 3.060

Kg/ha. A queda na produtividade, a partir do ano de 2002, pode ser explicada pelo baixo preço da

soja no mercado, pelo problema da ferrugem asiática que atingiu as lavouras brasileiras após o ano

de 2002, aliado aos altos custos para se produzir essa oleaginosa, levando os produtores a utilizarem

menos insumos no processo produtivo, principalmente após a crise de 2004.

Com relação ao comportamento das exportações de soja pelo estado de Mato Grosso no

período estudado, percebe-se que teve variações na quantidade exportada ano a ano, onde a soja

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teve uma importante participação nas exportações totais do estado, sendo que no ano de 2006

respondeu por 52,23% do total das exportações mato-grossenses.

Com relação ao Constant-Market-Share da soja em grão para os Estados Unidos, os

resultados mostraram que o efeito total do crescimento do comércio mundial foi positivo, assim

como o efeito total do destino das exportações, mas o efeito total da competitividade foi negativo, e

juntamente com a participação do efeito competitividade no crescimento. Já a participação no

crescimento, tanto do comércio mundial quanto o destino das exportações apresentaram valores

positivos.

O resultado do Constant-Market-Share da soja em grão para a União Européia mostrou que

a participação do efeito crescimento do comércio mundial foi negativo. A participação do efeito

destino das exportações foi positivo assim como a participação do efeito competitividade que

também ficou positivo. De acordo com os resultados, pode-se concluir que o efeito competitividade

e o efeito destino das exportações foram os responsáveis pelo crescimento das exportações de soja

de Mato Grosso para a União Européia, no período analisado.

De acordo com os resultados do Constant-Market-Share da soja em grão para a China, os

efeitos crescimento do comércio mundial e destino das exportações também foram positivo. No

entanto, o efeito competitividade apresentou resultado negativo. A participação do comércio de

Mato Grosso com a China sofreu oscilações no período analisado, onde não apresentou um

crescimento contínuo. Já a participação no comércio mundial do produto apresentou resultados

crescentes ano a ano.

Deve-se levar em consideração que houve aumento significativo no volume das

exportações de soja em grão de Mato Grosso para a China, só que não foi competitivo, segundo a

metodologia utilizada.

Conforme os resultados do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) pode-se verificar

que no período analisado não houve perda de posição de Mato Grosso no mercado internacional. Os

valores foram pouco significativos, devido ao baixo volume das exportações de soja de Mato

Grosso quando se confronta com as exportações mundiais de soja em grão.

Com os resultados do índice Shift-Share para a soja em grão, verificou-se que houve um

crescimento acentuado do volume exportado ao longo de todo o período estudado. Houve

oscilações nos preços do grão de soja em todo o período, devido ao aumento da demanda mundial

em alguns períodos e quebras de safras em outro, o que reflete diretamente nos preços no mercado

internacional.

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Não houve predomínio de nenhum dos três efeitos estudados por todo o período analisado, e

como foram anos que apresentaram grandes variações na taxa de câmbio, na quantidade exportada e

também nos preços, houve variação de efeito dominante ano a ano.

O índice Constant-Market-Share do farelo de soja para a União Européia demonstrou que o

efeito crescimento do comércio mundial foi o responsável pelo aumento das exportações de farelo

de soja para esse bloco econômico, pois, o efeito competitividade foi negativo, assim como o efeito

destino das exportações. Portanto, as exportações de farelo de soja de Mato Grosso para a União

Européia no período analisado não foram competitivas, segundo o método utilizado.

De acordo com o índice Constant-Market-Share do farelo de soja para a Tailândia, pôde se

constatar que não houve competitividade desse produto. O que permitiu o crescimento das

exportações do farelo de soja foi o efeito destino das exportações e o efeito crescimento do

comércio mundial.

O Constant-Market-Share das exportações de farelo de soja do estado de Mato Grosso para

a Indonésia demonstraram que não houve competitividade dessa commodity, sendo que o efeito

crescimento do comércio mundial e o efeito destino das exportações permitiram o crescimento das

exportações do farelo de soja.

O comércio de farelo de soja de Mato Grosso com o Irã não foi muito expressivo nesses

anos analisados, mas mesmo assim, os resultados do índice Constant-Market-Share indicaram que

houve competitividade nas exportações do farelo de soja para o Irã. Com relação ao efeito

crescimento do comércio mundial, os resultados foram positivos, mas o efeito destino das

exportações, segundo esse índice utilizado, ficou negativo.

O índice de Posição Relativa no Mercado para o farelo de soja mostrou que o estado de

Mato Grosso foi superavitário em todo o período analisado, onde a participação do estado no

mercado mundial oscilou bastante, mas sempre apresentando resultados positivos.

De acordo com os resultados do índice Shift-Share, as receitas do farelo de soja tiveram um

crescimento considerável ao longo do período analisado, apesar de não ter sido de forma continua.

A quantidade exportada teve um crescimento acentuado também. Os preços do farelo de soja no

mercado internacional oscilaram bastante no período estudado, assim como o preço do grão de soja,

haja vista que esse produto também sofreu influência do aumento da oferta mundial ou de uma

quebra de safra em alguns dos países produtores.

Com relação aos resultados do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para a China,

estes mostraram que não houve competitividade desse produto no comércio de Mato Grosso com a

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China. Assim, o que permitiu o incremento das exportações de óleo de soja foi o efeito crescimento

do comércio mundial e o efeito destino das exportações, que foram positivos segundo esse índice.

Portanto, pode-se concluir que não houve competitividade, devido à China preferir comprar

o grão de soja e industrializá-lo em seu território, uma vez que possui indústrias esmagadoras mais

competitivas que as do Brasil.

O Constant-Market-Share do óleo de soja para a Índia mostrou que os três efeitos analisados

apresentaram resultados positivos, tanto no efeito total como na participação no crescimento.

Portanto, as exportações do óleo de soja para a Índia não foram competitivas no período de 1990 a

2006, segundo esse índice utilizado, apesar da nulidade em vários anos.

De acordo com os resultados do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para o Irã,

houve competitividade desse produto exportado pelo estado de Mato Grosso, embora tenha

apresentado resultados negativos na participação no crescimento do comércio mundial e destino das

exportações.

Os resultados do índice de Posição Relativa no Mercado para o óleo de soja mostraram que

o estado de Mato Grosso teve saldos positivos em todos os anos estudados, demonstrando que foi

superavitário no mercado internacional do óleo de soja, segundo esse índice utilizado.

Os resultados do índice Shift-Share para o óleo de soja mostraram que as receitas de

exportação da commodity tiveram crescimento mais considerável a partir do ano de 2002, pois no

início do período estudado as exportações eram incipientes ainda.

Pôde-se observar também que não houve predomínio de nenhum dos três efeitos estudados

por todo o período e a quantidade exportada foi a grande responsável pelo crescimento das receitas

de exportação do óleo de soja pelo estado de Mato Grosso.

Assim, de acordo com a metodologia utilizada, pode-se concluir que o algodão mato-

grossense não foi competitivo para a China e nem para a Tailândia, mas apresentou competitividade

para o Paquistão e para a Indonésia. Também se conclui que a quantidade exportada de algodão foi

a que garantiu a receita dos exportadores de algodão no período.

Com relação à soja em grão, conclui-se de acordo com os resultados, que as exportações

foram competitivas para a União Européia, mas não para os Estados Unidos e China. A quantidade

exportada foi a variável que mais contribuiu para a receita dos exportadores da soja em grão no

período analisado. Quanto ao farelo de soja, este foi competitivo apenas para o Irã, não tendo

apresentado competitividade para a União Européia, Tailândia e nem para a Indonésia. O efeito

quantidade foi o que mais influenciou as receitas dos exportadores de farelo de soja, de acordo com

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os resultados. Referente ao óleo de soja, tem-se que o mesmo não foi competitivo para a China e

nem para a Índia, mas apresentou competitividade para o Irã, e a quantidade exportada foi a variável

que garantiu as receitas dos exportadores de óleo de soja no período estudado.

Os resultados demonstraram que não houve competitividade desses produtos, algodão e soja,

para alguns países analisados, e isso pode ser devido a problemas de infra-estrutura. Mato Grosso, e

o país como um todo, apresenta uma infra-estrutura precária de transportes, o que acaba

dificultando o acesso dos produtos até os distantes portos, enquanto os seus maiores concorrentes

no mercado internacional apresentam uma melhor infra-estrutura, como é o caso dos Estados

Unidos que possui rios navegáveis, tornando assim os seus fretes mais atrativos e a Argentina, que

assim como o Brasil também é banhada pelo Oceano Atlântico, mas que produz próximo ao oceano,

e por isso os seus produtos podem ser mais competitivos. Portanto, seriam necessárias políticas

públicas voltadas para melhoria da infra-estrutura de transporte e de logística para que os produtos

agrícolas produzidos pelo estado de Mato Grosso se tornassem ainda mais competitivos no mercado

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