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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
PROGRAMA MESTRADO EM AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA
ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO
PERÍODO DE 1990 A 2006.
CUIABÁ
MATO GROSSO - BRASIL
2008
2
SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA
ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO
PERÍODO DE 1990 A 2006
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato
Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação Mestrado em Agronegócios e
Desenvolvimento Regional para obtenção do título de
Mestre.
Orientadora: Profª. Dra. Sandra Cristina de Moura
Bonjour
CUIABÁ
MATO GROSSO - BRASIL
2008
3
FICHA CATALOGRÁFICA
S729a Souza, Sonia Sueli Serafim de
Análise da competitividade do algodão e da soja de
Mato Grosso no período de 1990 a 2006 / Sonia Sueli
Serafim de Souza. – 2008.
xviii, 104p. : il. ; color.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Mato Grosso, Faculdade de Administração, Economia e
Ciências Contábeis, Pós-graduação em Agronegócios e
Desenvolvimento Regional, 2008.
“Orientação: Prof.ª Ds. Sandra Cristina de Moura
Bonjour ”.
CDU – 338.43:633.511:633.34(817.2)
Índice para Catálogo Sistemático
1. Economia agrícola – Mato Grosso
2. Algodão – Mato Grosso – Competitividade
3. Soja – Mato Grosso – Competitividade
4. Soja-algodão – Competitividade – Modelo de Shift-
share
5. Soja – Mato Grosso – Receita de exportação
4
SONIA SUELI SERAFIM DE SOUZA
ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DO ALGODÃO E DA SOJA DE MATO GROSSO NO
PERÍODO DE 1990 A 2006
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato
Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação: Mestrado em Agronegócios e
Desenvolvimento Regional para obtenção do título de
Mestre.
Aprovada: 10 de Março de 2008.
Banca Examinadora:
Profª. Dra. Sandra Cristina de Moura Bonjour
Orientadora
Profª. Dra. Regina Célia de Carvalho
Examinadora Interna
Prof. Dr. Paulo Marcelo de Souza
Examinador Externo
5
Dedico este trabalho à minha mãe Maria (in memoriun) por todo incentivo para o ingresso nesse
mestrado.
A meus filhos, Anne Katiuscia e Paulo pelo apoio e compreensão.
A Deus pela grandeza deste momento.
6
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer àquelas pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização
deste trabalho. Pessoas que me incentivaram de diferentes maneiras.
Especialmente a professora e orientadora Sandra Cristina de Moura Bonjour pela dedicação
a esse trabalho e por todo incentivo antes e durante esse mestrado, com suas sugestões,
contribuições e sua amizade.
Aos membros da banca examinadora pelas contribuições.
Aos professores do Departamento de Economia pelos ensinamentos durante toda a minha
vida acadêmica.
À CAPES pela bolsa de estudo durante o Mestrado.
Aos colegas de curso Janice, Vitoriano, Sirlene, Luceni, Victor, Paulo César, Paulo
Henrique, Orlando, Heinhard e Marcos Daniel, pelo companheirismo.
A Enildes, Ricardo e Amauri, técnicos da UFMT , por toda atenção durante o curso.
E a todos os meus familiares e amigos que estiveram sempre presente e acreditaram no meu
trabalho.
7
LISTA DE TABELAS
Página
1 Oferta e demanda mundial de algodão em pluma, período de 1990 a
2006...............................................................................................................
6
2 Área colhida, produção e produtividade de algodão em caroço no
Brasil..............................................................................................................
10
3 Exportações Brasileiras de Algodão em pluma............................................. 11
4 Área colhida, produção, produtividade e valor da produção de Algodão
em caroço no estado de Mato Grosso............................................................
14
5 Valor das Exportações Totais e Valor das Exportações e Importações de
Mato Grosso..................................................................................................
16
6 Área colhida, produção e produtividade de Soja em grão no
Brasil..............................................................................................................
22
7 Exportações Brasileiras de soja (grão, farelo e óleo).................................... 23
8 Área colhida, produção e produtividade de Soja em grão em Mato
Grosso............................................................................................................
26
9 Valor das exportações totais, agrícolas e não agrícolas, e valor das
exportações de soja e a participação das exportações de soja nas
exportações totais de Mato Grosso..............................................................
29
1 10 Exportações Mato-Grossenses do complexo soja (grão, farelo e óleo) em
toneladas.......................................................................................................
30
11 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato
Grosso, para a China.....................................................................................
49
12 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato
Grosso, para o Paquistão.............................................................................
50
1 13 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato
Grosso, para a Indonésia...............................................................................
51
14 Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato
Grosso, para a Tailândia................................................................................
52
15 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
algodão (em %)..............................................................................................
56
16 Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso
para os Estados Unidos..................................................................................
60
17 Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso
para a União Européia...................................................................................
61
18 Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso,
para a China...................................................................................................
63
19 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
soja em grão (em %).......................................................................................
66
20 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de
Mato Grosso para a União Européia..............................................................
71
21 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de
Mato Grosso, para a Tailândia.......................................................................
72
22 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de
Mato Grosso, para a Indonésia......................................................................
73
8
23 Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de
Mato Grosso, para o Irã.................................................................................
75
24 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
farelo de soja (em %).....................................................................................
79
25 Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato
Grosso, para a China......................................................................................
82
26 Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato
Grosso, para a Índia.......................................................................................
84
27 Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato
Grosso, para o Irã..........................................................................................
85
28 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
óleo de soja (em %).......................................................................................
89
9
LISTA DE FIGURAS
Página
1 Importações e exportações mundiais de algodão............................................ 7
2 Os 10 principais municípios produtores de algodão herbáceo (em caroço)
no estado de Mato Grosso em 2006................................................................
17
3 Principais municípios produtores de Soja no estado de Mato Grosso em
2006.................................................................................................................
27
4 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o algodão..................... 53
5 Receita de exportação de algodão, taxa de câmbio real, volume exportado e
preço................................................................................................................
55
6 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
algodão (em %)...............................................................................................
58
7 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a
soja..................................................................................................................
64
8 Receita de exportação de soja em grão, taxa de câmbio real, volume
exportado e preço em dólares..........................................................................
65
9 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
soja em grão (em %).......................................................................................
68
10 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para farelo de soja................ 76
11 Receita de exportação de farelo de soja, taxa de câmbio real, volume
exportado e preço em dólares..........................................................................
77
12 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
farelo de soja (em %)......................................................................................
81
1 13 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o óleo de soja............... 86
14 Receita de exportação de óleo de soja, taxa de câmbio real, volume
exportado e preço em dólares..........................................................................
87
15 Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de
óleo de soja (em %).........................................................................................
90
10
RESUMO
SOUZA, Sonia Sueli Serafim de Souza, Ms. Universidade Federal de Mato Grosso, Março
de 2008. Análise da Competitividade do Algodão e da Soja de Mato Grosso no período de
1990 a 2006. Orientadora Profª. Ds. Sandra Cristina de Moura Bonjour.
Este trabalho teve como objetivo fazer uma análise da competitividade dos produtos algodão e
soja do estado de Mato Grosso no período de 1990 a 2006, onde especificamente foram
analisadas as mudanças estruturais, bem como uma análise identificando como os preços e a
taxa de câmbio influenciaram a competitividade dos produtos. A metodologia utilizada foi um
modelo teórico e um modelo analítico, onde o modelo teórico aborda a mudança estrutural e a
competitividade. O modelo analítico englobou os métodos Constant-Market-Share (CMS), o
índice de Posição Relativa no Mercado e o Modelo Shift-Share para verificar a competitividade
algodão e da soja (grão, farelo e óleo) exportados pelo estado de Mato Grosso para o mercado
internacional. Observou-se que a introdução da cultura do algodão na região dos Cerrados foi
determinante para o aumento da produção nacional. Houve mudança na estrutura de produção,
pois antes era cultivada por pequenos e médios produtores de regiões tradicionais, como São
Paulo e Paraná, que dispunham de pequenas áreas e pouca tecnologia e passou a ser cultivada
por grandes empresários nos Cerrados brasileiros que utilizavam modernas técnicas agrícolas,
grandes volumes de terras, colheita mecanizada e um nível tecnológico avançado. De acordo
com a metodologia utilizada, os efeitos preço, o câmbio e quantidade não predominaram
individualmente por todo o período analisado, sendo que apresentaram variações no câmbio,
nos preços e também na quantidade exportada, fazendo com que o efeito dominante variasse
ano a ano. O efeito quantidade foi o que mais influenciou o efeito total, o que se conclui que a
quantidade exportada do algodão, foi o que garantiu a receita dos exportadores de algodão.
Com relação à cultura da soja em Mato Grosso, tem-se que a partir da década de 1980 ela
chegou à Região Centro-Oeste e a Região Nordeste do país. A partir daí, o Centro-Oeste
tornou-se expressivo na cultura da soja. A sua introdução em Mato Grosso foi devido ao
11
desenvolvimento de espécies adaptadas à região dos Cerrados, a formação de um mercado para
os produtos derivados da soja, a disponibilidade de terras, a topografia da região, o clima
favorável ao cultivo da soja e também devido a políticas públicas de incentivo direto e indireto.
De acordo com os resultados obtidos, a partir da metodologia utilizada para a soja em grão,
conclui-se que a quantidade exportada foi a variável que contribuiu para a receita dos
exportadores no período analisado. Quanto ao farelo de soja, o efeito quantidade foi o
responsável pelas receitas dos exportadores de acordo com os resultados. Referente ao óleo de
soja, tem-se que a quantidade exportada foi a variável que garantiu as receitas dos exportadores
no período estudado.
PALAVRAS-CHAVE: Competitividade. Modelo Constant-Market-Share. Modelo Shift-Share.
Receita de exportação. Soja. Algodão.
12
ABSTRACT
SOUZA, Sonia Sueli Serafim de Souza Ms. Federal University of Mato Grosso, March 2008.
Analysis of the competitiveness of Cotton and Soybean of Mato Grosso from 1990 to 2006.
Advisor Prof ª Ds. Sandra Cristina de Moura Bonjour.
This work aimed to make an analysis of the competitiveness of cotton and soybean products in the
state of Mato Grosso from 1990 to 2006, where structural change weres specifically analyzed, as
well as an analysis of how prices and the exchange rate influenced the competitiveness of the
products.The theoretical model considered the structural change and competitiveness. The model
included the analytical methods Constant-Market-Share (CMS), the index of position on the
Marketing and Model Shift-Share to check the competitiveness of cotton and soybean (grain, meal
and oil) exported by the state of Mato Grosso to foreign markets. It was observed that the
introduction of the cotton crop in the region of the Cerrados was crucial to the increase of
production. There was a change in the production structure, because before it was cultivated by
small and medium producers of traditional regions such as Sao Paulo and Parana and now is
cultivated by large employers in Brazilian Cerrados, that uses Modern agricultural techniques, large
land sizes, mechanized harvesting and an advanced technological level. According to the
methodology used, the price effect, the exange rate effect and the quantity were not predominant
individually on the whole period, while showing variations in the exchange, rate in prices and also
in the exported quantity, making the dominant effect vary year to year. The quantity effect amount
was the one which most influenced the total effect, allowing the conclusion that the quantity
exported of cotton in that period was what ensured the income of cotton exporters. As for the
growing of soybeans in Mato Grosso, has been since the 80’s that its production showedup at
Center-West of the country. Since then, the Center West has become expressive on soybean. The
introduction of soy in Mato Grosso was due to the development of varieties adapted to the Cerrados
region, the growth of a market for soybean products, the availability of land, the topography of the
region, the climate for soybean cultivation and due to support public policies. According to the
results for soybean, it is concluded that the exported quantity was the variable that contributed to
the earnings of soybean grain exporters. As for soybean meal, the quantity effect was responsible
13
for most of the exporters revenue. For the soybean oil, the exported quantity was also the variable
that guaranteed revenue for soybean oil exporters in the whole period.
KEYWORDS: Competitiveness. Model Constant-Market-Share. Model Shift-Share. Exports,
Soybean. Cotton.
14
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... x
RESUMO....................................................................................................................... xii
ABSTRACT.................................................................................................................. xiv
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1. O problema e sua importância........................................................................... 1
2.CARACTERIZAÇÃO DOS MERCADOS DO ALGODÃO E DA
SOJA.........................................................................................................................
5
2.1. Algodão............................................................................................................... 5
2.1.1. Contextualização mundial ............................................................................... 5
2.1.2. Descrição do setor brasileiro............................................................................ 7
2.1.3. A atividade em Mato Grosso........................................................................... 12
2.2. Soja..................................................................................................................... 18
2.2.1. Contextualização mundial................................................................................ 18
2.2.2. Descrição do setor brasileiro............................................................................ 20
2.2.3. A atividade em Mato Grosso........................................................................... 25
3.METODOLOGIA ..................................................................................................... 33
3.1. Modelo teórico.................................................................. ................................. 33
3.1.1. Mudança estrutural........................ ................................................................. 33
3.1.2. Competitividade .............................................................................................. 35
3.2. Modelo analítico............................................. ................................................... 41
3.2.1. Modelo Constant-Market-Share...................................................................... 41
3.2.2. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS)...............................................
3.2.3. Modelo Shift-Share..........................................................................................
44
45
3.3. Fontes de dados e procedimentos....................................................................... 48
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................. 49
4.1. Desempenho das exportações Mato-Grossenses de algodão com o índice
Constant-Market-Share......................................................................................
4.2. Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o algodão........
49
54
4.3 Análise do índice Shift-Share para o algodão..................................................... 55
4.4. Desempenho das exportações Mato-Grossenses de soja com o índice
Constant-Market-Share.......................................................................................
4.5. Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a
soja.......................................................................................................................
60
64
4.6. Análise do índice Shift-Share para a soja.......................................................... 65
4.7. Desempenho das exportações Mato-Grossenses de farelo de soja com o
Índice Constant-Market-Share........................................................................
71
4.8. Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o farelo de
soja...................................................................................................................
76
4.9. Análise do Índice Shift-Share para o farelo de soja............................................
77
15
4.12. Análise do Índice Shift-Share para o óleo de soja...........................................
5. CONSIDERAÇOES FINAIS......................................................................................
87
93
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 101
4.10.Desempenho das exportações Mato-Grossenses de óleo de soja com o índice
Constant-Market-Share..................................................................................
82
4.11 Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o óleo de
soja...................................................................................................................
86
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema e sua importância
O agronegócio é um segmento importante dentro da economia brasileira, e o país é um dos
maiores produtores e exportadores de produtos agropecuários no cenário mundial. Segundo o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2007), o Brasil é o primeiro produtor e
exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. É o segundo maior exportador de soja, primeiro
em tabaco, carne de frango, carne bovina, couro e calçados de couro, e tem a 5ª posição de maior
país produtor de algodão, e o 6º lugar no ranking dos maiores exportadores de algodão.
Segundo projeções do MAPA (2007), o Brasil será em pouco tempo o principal pólo
mundial de produção de algodão e biocombustiveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos
vegetais. O agronegócio brasileiro é responsável atualmente pelo emprego de 17,7 milhões de
trabalhadores somente no campo.
Segundo Jank et al. (2004), a expansão do agronegócio brasileiro na década de 1990 e no
começo do século XXI se deu em função de ganhos de eficiência (escala e produtividade),
competitividade e também devido a uma forte demanda por produtos agrícolas, e isso tudo em razão
da eliminação dos subsídios e controles de preços, da abertura comercial, integração do
MERCOSUL e também do controle da inflação.
O agronegócio passou por um momento de inflexão a partir do ano 2000 com a
desvalorização do real, e pôde ser verificada uma onda de crescimento desse setor, com aumentos
na produção de grãos (JANK et al., 2004).
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP
2007), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro encerrou o ano de 2006 com um
pequeno crescimento, sendo que os responsáveis por esse crescimento foram a indústria e a
distribuição do subsetor agrícola. O segmento de insumos agrícolas, bem como o segmento
primário (dentro da porteira) fechou o ano de 2006 com desempenho negativo. Quanto aos
números, o agronegócio chegou ao final de 2006 com R$ 540,06 bilhões, sendo R$ 2,43 bilhões a
mais que em 2005. Tirando a agropecuária, o agronegócio da agricultura brasileira teve um
crescimento de 2,63% em 2006. Analisando o crescimento do PIB do agronegócio, nota-se que o
melhor comportamento do setor agrícola deveu-se ao segmento industrial, principalmente ao setor
sucroalcooleiro.
17
Com relação ao PIB da agropecuária, este somou R$ 149,80 bilhões em 2006, sendo que em
2005 foi de R$ 153,04 bilhões. O PIB básico da agricultura somou R$ 84,97 bilhões contra os R$
85,20 bilhões do ano anterior. Já o da pecuária foi de R$ 64,82 bilhões em 2006, enquanto no ano
anterior havia sido de R$ 67,84 bilhões (CEPEA/USP, 2007).
O cenário para 2007, segundo o CEPEA/USP em parceria com a Confederação Nacional da
Agricultura (CNA), é favorável, ou seja, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio acumulado
de janeiro a maio é de 1,67%, sendo que isso é resultado do bom desempenho de algumas culturas,
tais como café, batata, feijão, trigo, suínos e cebola.
De acordo com a CNA (2007), a participação do agronegócio nas exportações brasileiras
cresceu, sendo que a balança comercial do agronegócio teve um saldo recorde de US$13,88 bilhões,
no primeiro quadrimestre de 2007, ou seja, 23,1% superior em relação ao saldo obtido no primeiro
quadrimestre do ano anterior, de US$ 11,27 bilhões. Isso pode ser explicado pelo aumento das
exportações do agronegócio que foi de US$ 16,51 bilhões. Ele foi superior ao aumento das
exportações totais do Brasil nesse período, e os setores sucroalcooleiro e carnes foram os maiores
responsáveis pelo aumento no saldo da balança comercial.
Deve ser ressaltado que o bom desempenho do agronegócio brasileiro não pode ser visto
apenas pelo prisma de que o país possui uma forte vocação agropecuária, mas também na
perspectiva do desenvolvimento tecnológico e na modernização que ocorreu no campo, em virtude
de pesquisas e da expansão da indústria de máquinas e implementos agrícolas, que também foram
importantes para que o Brasil se tornasse essa potência dentro do setor.
As culturas de algodão e soja produzidas no estado de Mato Grosso utilizam alto grau de
tecnologias no campo, desde o plantio até a colheita, o que possibilitou crescimento e ganho de
produtividade desses produtos ao longo dos anos, principalmente no período de 1990 a 2006.
Destaca-se que a mudança estrutural proveniente de uma implantação de novas tecnologias é que
ocasionou o aumento de produtividade.
No entanto, o preço da soja no mercado internacional esteve instável ao longo da década de
90, e no início de 2000 caiu para nível abaixo da média. Na safra 2003/04 houve forte recuperação
do preço internacional do grão, permanecendo elevado até meados de 2004, quando caiu para nível
inferior à média histórica.
O câmbio também foi um fator que influenciou na competitividade do algodão e da soja,
pois, a desvalorização do real em relação ao dólar ocorrida em 1999 incrementou as exportações.
Diante do exposto sobre os produtos algodão e soja, questionam-se quais os fatores que foram
18
determinantes para o incremento das exportações desses produtos mato-grossenses, no período de
1990 a 2006.
Tem-se como hipótese que o uso de tecnologias no campo, a escala de produção, o tipo de
solo favorável à produção com correções e terra barata, destacando também a colonização dos
produtores vindos da região sul do Brasil, bem como o clima favorável da região do cerrado mato-
grossense, resultaram em ganho de produtividade para os produtos da pauta de exportação do estado
de Mato Grosso: algodão e soja. Esse aumento na produtividade fez com que os produtos ficassem
mais competitivos no mercado internacional, gerando assim um incremento nas exportações mato-
grossenses no período de 1990 a 2006.
Além destes fatores, ocorreu uma mudança estrutural, principalmente ligada à tecnologia.
Também, fatores como preço, câmbio e produtividade foram importantes também para o aumento
de competitividade.
Merece destaque o Programa de Incentivo à Cultura do Algodão de Mato Grosso
(PROALMAT) que visa incentivar a pesquisa bem como reduzir em até 75% o ICMS do algodão.
Outro beneficio que os produtores recebem diz respeito ao incentivo fiscal (LEI KANDIR 87/96), o
qual promove a desoneração do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) às exportações de produtos primários e semi-elaborados, permitindo a aplicação de créditos
do imposto referente à compra de bens de capital, fornecimento de energia elétrica, e serviços de
comunicações.
Conforme Mildenberger (2007), desde que este benefício foi concedido, há mais de uma
década, o Fisco estadual deixou de arrecadar R$ 7,4 bilhões pela desoneração do ICMS, recebendo
de compensação apenas o valor de R$ 1,3 bilhão, sendo que em 2006 o Governo Federal repassou
cerca de R$ 143 milhões, valor bem inferior aos R$ 206 milhões recebidos em 2005.
Este estudo tem como objetivo analisar a competitividade dos produtos algodão e soja (grão,
farelo e óleo) de Mato Grosso no período de 1990 a 2006. Especificamente, pretende-se fazer uma
análise da mudança tecnológica do algodão e da soja, analisando a influência dos preços e da taxa
de câmbio na competitividade, verificando as estratégias de exportação desses produtos e fazendo
uma avaliação do mercado internacional para estes produtos, após a abertura comercial no início da
década de 1990.
A partir desse objetivo, o desenvolvimento do presente trabalho dar-se-á através da seguinte
estrutura: no capítulo 2 será apresentada uma caracterização dos produtos algodão e soja no
contexto mundial, brasileiro e mato-grossense; no capítulo 3 tem-se a descrição da metodologia
19
utilizada; no capítulo 4 são apresentados os resultados e discussões, e no capítulo 5 está apresentado
as considerações finais sobre o trabalho.
20
2 CARACTERIZAÇAO DOS MERCADOS DO ALGODÃO E DA SOJA
2.1 Algodão
2.1.1 Contextualização mundial
Essa malvácea teve a sua origem formalmente na Índia, onde foram encontrados fragmentos
de tecidos feitos com essa fibra 4.000 a.C., expandindo-se depois para o Paquistão, Tailândia,
China, Irã, Síria, Turquia e Grécia. No continente americano, o algodão já era cultivado pelos
índios, mesmo antes da chegada dos descobridores da América. No Brasil os índios cultivavam essa
planta quando os portugueses aqui chegaram, sendo que eles fiavam e teciam para a fabricação de
redes.
O algodão é a fibra têxtil mais utilizada no mundo. Dela se aproveita a semente e a pluma,
cuja fibra representa 35% do peso e a semente os 65% restantes. A fibra, principal produto do
algodão, apresenta uma vasta utilização, suportando altas temperaturas, e quando molhada, fica
25% mais resistente do que seca. As fibras mais curtas são utilizadas para confecção de algodão
hidrófilo para enfermagem. Possui várias outras aplicações industriais, dentre as quais se pode citar:
confecção de fios para a tecelagem de vários tipos de tecidos, confecção de feltro, cobertores e
estofamentos, obtenção de celulose, películas fotográficas, chapas para radiografias e outros
(CORRÊA, 1989 apud RICHETTI et al. MELO, 2001).
A semente é rica em óleo (de 18 a 25%, dependendo da variedade) e contém de 20 a 25% de
proteína pura. Após a retirada da fibra do algodão, faz-se a deslinteração. Obtém-se assim o línter,
espécie de penugem que fica junto às sementes, utilizado para encher colchões, travesseiros e
almofadas e para fazer fios de alguns tipos de tapetes. O línter é também usado na produção de
celulose, apresentando uma vasta aplicação na indústria têxtil (rayon e algodão artificial), na
indústria de verniz e outras. Na indústria bélica, é empregado na preparação de pólvora, pois dele se
obtém explosivos (ABOISSA, 2007).
A Tabela 1 mostra os dados referentes à oferta e demanda mundial de algodão, de 1990 a
2006. De acordo com esses dados, pode-se observar que o mercado internacional não tem
apresentado grandes oscilações entre a produção e o consumo ao longo do período estudado, tendo
ocorrido a maior variação no ano de 2004, quando foram produzidas 26.195 toneladas de pluma e
foram consumidas 23.447 toneladas.
21
Tabela 1. Oferta e demanda mundial de algodão em pluma, período de 1990 a 2006, em 1000
toneladas.
Período Estoque
inicial
Produção Importação Exportação Consumo Estoque
final
1990 5.440 18.973 6.658 6.436 18.658 5.976
1991 5.976 20.748 6.319 6.151 18.846 8.047
1992 8.047 17.920 5.890 5.547 18.810 7.500
1993 7.500 16.906 6.086 5.805 18.658 6.029
1994 6.029 18.780 6.594 6.131 18.329 6.944
1995 6.944 20.406 5.878 5.957 18.560 8.710
1996 8.710 19.601 6.222 5.843 18.980 9.710
1997 9.710 20.082 5.645 5.818 18.874 10.745
1998 10.745 18.616 5.330 5.122 18.212 11.357
1999 11.357 19.099 6.091 5.921 19.695 10.931
2000 10.931 19.345 5.706 5.748 19.768 10.465
2001 10.465 21.501 6.410 6.321 20.361 11.694
2002 11.694 19.215 6.551 6.603 21.234 9.623
2003 9.623 20.741 7.416 7.233 21.175 9.372
2004 9.372 26.195 7.257 7.624 23.447 11.753
2005 11.753 24.884 9.616 9.670 25.155 11.428
2006 11.428 25.167 9.542 9.439 26.183 10.514
Fonte: USDA (2007).
Devido a não ocorrência de grandes variações entre a produção e o consumo, os estoques
finais também não apresentaram grandes disparidades, ficando mais ou menos estáveis no período.
A variação nos estoques mundiais no período foi de 93,28%, entre o primeiro e o último ano em
estudo, e foi o item que apresentou maior variação. A produção teve um incremento de 32,65%
entre 1990 e 2006, e o consumo também apresentou resultado positivo no final do período, com um
acréscimo de 40,33% em relação a 1990.
Os dez maiores produtores mundiais de algodão em 2006 foram China, Estados Unidos,
Índia, Paquistão, Usbequistão, Brasil, Turquia, Austrália, Grécia e Síria, ficando responsáveis por
86,92% da produção mundial. Quanto aos dez maiores exportadores mundiais de algodão, no ano
22
de 2006, foram os Estados Unidos, Usbequistão, Índia, Austrália, Brasil, Grécia, Burkina, Mali,
Kazaquistão, e Turquia, que conjuntamente responderam por 80,65% das exportações mundiais
totais dessa malvácea no ano de 2006 (IEA, 2007; SANTOS, 2007).
Na Figura 1 tem-se o volume das importações e exportações mundiais de algodão. Pode-se
notar que a maior disparidade entre a importação e exportação se deu no ano de 1994, sendo que a
importação superou a exportação em 464 toneladas.
-
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Importação
Exportação
Figura 1. Importações e exportações mundiais de algodão, período de 1990 a 2006.
Fonte: USDA (2007). Adaptado pela autora
Apesar de ter havido certa estabilização no mercado mundial, nota-se que o volume
importado superou o volume exportado, na maioria dos anos analisados, o que pode ter sido em
função do aumento da demanda em alguns mercados emergentes para o suprimento de produtos
com valor agregado maior.
2.1.2 Descrição do setor brasileiro
No Brasil foram encontradas formas selvagens do algodoeiro desde o século XVI, sendo que
estas cultivares se diferem das originalmente encontradas na Ásia e na América, evidenciando que o
algodão já se encontrava aqui há milhares de anos. Com relação às cultivares de algodão
encontradas no Brasil, Coelho (2002) argumenta que as mesmas eram do tipo arbóreo e
23
apresentavam uma produção perene de quatro ou cinco anos. A primeira delas era conhecida como
Rim-de-boi ou inteiro, pelo fato das sementes serem unidas e que se assemelharem a um rim, e
tendo como característica a ausência de línter, facilitando, assim, o trabalho manual de
descaroçamento realizado pelos índios. A outra cultivar encontrada aqui no Brasil era o
quebradinho, que tinha as sementes soltas como característica.
Conforme esse autor, por volta do fim do século XVIII e começo do século XIX a cultura do
algodão no Brasil estava concentrada na região Nordeste, e era uma atividade complementar para os
agricultores.
O Maranhão despontou como o primeiro grande produtor dessa malvácea e em 1760 já
exportava para a Europa 130 sacas de algodão, chegando em 1830 a 78.300 sacas exportadas.
Posteriormente, São Paulo se apresentou como um mercado alternativo de algodão, com
vantagens de cultivo em relação a outros locais produtores.
Mas, no ano de 1870 a cultura do algodão passou por uma crise profunda, pois foram criadas
taxas sobre as exportações do produto, juntamente com aumento da safra americana do algodão
nesse período. Tudo isso, aliado à falta de apoio aos produtores para o desenvolvimento dessa
cultura por parte do governo, já que as políticas agrícolas na época estavam voltadas à expansão da
cultura do café (CORRÊA et al., 2003).
Na década seguinte houve uma recuperação dessa cultura, pois seu cultivo passou a ser
incentivado pelo governo de São Paulo, com o surgimento de fábricas de tecidos na então província.
Corrêa et al. (2003) argumenta que a evolução da cultura do algodão no Brasil pode ser dividida em
duas fases. A primeira é aquela em que o cultivo do algodão ´r destinado a atender a demanda da
Inglaterra, e a segunda é quando passa a ser produzido para atender a demanda das indústrias têxteis
do estado de São Paulo.
Já na década de 1930, a cultura do algodão ainda tinha importância secundária, apesar de já
ser um gênero de exportação, pois não recebia apoio por parte do governo quanto à pesquisa e
coordenação agrícola, o que dificultava o desenvolvimento da cotonicultura.
No período compreendido entre os anos de 1980 e 1990, o país passou a ser um grande
importador da fibra do algodão, impulsionado pela abertura da economia brasileira ao mercado
mundial, fato este que acabou com as restrições de exportação e também diminuiu a alíquota de
importação dessa fibra, que em 1986 era de 55%, passando para zero em 1990, caracterizando
assim, uma forte concorrência do produto externo para os produtores nacionais. Dessa forma, o
algodão brasileiro perdeu competitividade, já que o importado tinha preços mais baixos e
24
apresentava melhor qualidade e, portanto, os produtores dessa malvácea se viram forçados a
abandonar o cultivo do algodão.
No final da década de 1990 surgiu uma nova fase para a cotonicultura brasileira, migrando
para a região Centro-Oeste do Brasil, com destaque para o estado de Mato Grosso, e o algodão
brasileiro passou a ter aumento de produtividade e qualidade da fibra com o uso de tecnologias no
campo, indo desde o plantio até a colheita, com sementes melhoradas, uso intensivo de fertilizantes
e mecanização.
A Tabela 2 apresenta dados sobre área colhida, produção e produtividade do algodão no
Brasil, no período de 1990 a 2006, onde se nota que, desde o início do período estudado, a produção
apresentou crescimento em alguns anos e queda em outros, e o maior índice foi no ano de 2004,
quando teve uma produção de 3.846.757 toneladas de algodão em caroço.
Quanto à área colhida, esta apresentou grandes oscilações ao longo do período analisado,
sendo que de 1990 a 1992 apresentou incremento ano a ano, mas no ano de 1993 teve uma forte
queda na área colhida, se recuperando nos dois anos seguintes, mas, voltando a apresentar declínio
de área no ano de 1996, ocorrendo pequenos aumentos e também quedas de área posteriormente,
não apresentando grandes incrementos nos anos seguintes.
Apesar do volume produzido ter aumentado consideravelmente a partir do ano de 1999, este
se deu pelo ganho de produtividade e não em função de um incremento de terras no sistema
produtivo. E o fator preponderante para esse aumento na produção foi a introdução da cultura na
região dos Cerrados nesse período, migrando de regiões antes tradicionais na cultura do algodão,
como São Paulo e Região Sul do Brasil, passando para um sistema de grande produção e com
elevado nível de tecnologia no sistema produtivo, gerando assim ganho de produtividade.
A maior produtividade média ocorreu no ano de 2006, na ordem de 3.478 Kg/há. No inicio
do período estudado, a produtividade do algodão era de 1.281 kg/ha e até o ano de 1998 apresentou
pouca oscilação. Mas, no ano de 1999 deu um salto, atingindo 2.206 kg/ha, e esse ganho de
produtividade foi devido à expansão da cultura do algodão na região dos Cerrados, quando se deu a
introdução de tecnologias no processo produtivo e também a incorporação de grandes empresários
na cultura dessa malvácea.
25
Tabela 2. Área colhida, produção e produtividade do algodão em caroço no Brasil, período de 1990
a 2006.
Período Área colhida
(ha.)
Produção
(t)
Produtividade
(kg/ha)
1990 1.391.884 1.783.175 1.281
1991 1.485.963 2.041.123 1.373
1992 1.594.036 1.863.077 1.168
1993 922.593 1.127.364 1.221
1994 1.060.564 1.350.814 1.273
1995 1.103.536 1.441.526 1.306
1996 744.898 952.013 1.278
1997 620.417 821.271 1.323
1998 825.029 1.172.017 1.420
1999 669.313 1.477.030 2.206
2000 801.618 2.007.102 2.503
2001 875.107 2.643.524 3.020
2002 760.431 2.166.014 2.848
2003 712.556 2.199.268 3.086
2004 1.150.040 3.798.480 3.302
2005 1.258.308 3.666.160 2.913
2006 898.335 2.882.482 3.209
Fontes: IBGE/SIDRA/PAM - CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007).
Indicador Diário Soja CEPEA/ ESALQ/Séries Estatísticas (2007)
As exportações brasileiras de algodão em pluma de 1990 a 2006, estão apresentadas na
Tabela 3.
Conforme os dados apresentados sobre as exportações brasileiras de algodão em pluma,
houve uma queda nas exportações ao longo da década de 1990, apresentando aumento considerável
a partir do ano 2000, onde foram exportadas 9.402 toneladas de pluma, chegando a 651.649
toneladas de pluma no ano de 2006.
26
Tabela 3. Exportações Brasileiras de algodão em pluma - período de 1990 a 2006.
Período Quantidade (t) Valor (US$
FOB)
1990 1.960 420.772
1991 2.090 445.775
1992 1.380 369.292
1993 802 263.772
1994 850 296.608
1995 1.232 391.892
1996 639 280.863
1997 527 247.006
1998 2.553 3.604.804
1999 3.042 3.802.974
2000 9.402 10.195.696
2001 73.583 73.092.801
2002 82.911
64.540.411
2003 123.751
132.311.560
2004 249.335
305.149.098
2005 276.151
313.829.836
2006 651.649 289.834.999
Fonte: MDIC, (2007).
Esse incremento nas exportações brasileiras foi devido ao aumento da produção do algodão
no estado de Mato Grosso, aliado ao aumento da produtividade do algodão e também da qualidade
27
da fibra do algodão produzido nesse estado, o que despertou o interesse de diversos países
importadores da fibra.
Os principais importadores brasileiros são Argentina, Indonésia, China, Japão, Tailândia,
Taiwan. Os números referentes às exportações brasileiras de algodão se apresentam relativamente
satisfatórios, apesar das adversidades pelas quais o produtor brasileiro passa, tais como mudanças
cambiais, o atraso tecnológico e a falta de subsídios quando comparado aos seus competidores no
mercado internacional, principalmente em relação aos Estados Unidos e Austrália.
Referente aos subsídios externos, o Brasil abriu um processo na Organização Mundial do
Comércio contra os subsídios por parte dos Estados Unidos ao algodão no ano de 2002, e já teve
varias vitórias nessa questão, principalmente uma nova vitória contra os Estados Unidos na OMC
no mês de outubro de 2007, onde esta instituição avaliou que as mudanças feitas pelos Estados
Unidos foram insuficientes aos compromissos assumidos por esse país junto a OMC.
2.1.3 A atividade em Mato Grosso
No estado de Mato Grosso, o cultivo de algodão herbáceo foi introduzido primeiramente na
Região Sul do estado, no município de Três Lagoas, antes da sua divisão territorial, no início da
década de 1930, com a chegada da variedade TEXAS 7111. Em 1962 iniciou-se o plantio de
algodão no município de Rondonópolis, cuja cidade ficou conhecida como a “Rainha do Algodão
no estado”, com a predominância de pequenos produtores. A partir daí, a cultura se expandiu para
municípios na região de Cáceres, a sudoeste do Estado, tornando-se muito importante do ponto de
vista econômico e social, quando da colonização de alguns municípios, tais como: São José dos
Quatro Marcos e Mirassol D’Oeste, conforme dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato
Grosso (INDEA, 2007).
No início da década de 80, a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa Agropecuária (EMPA)
passou a realizar os primeiros trabalhos de pesquisa com 20 materiais genéticos, testando época de
plantio, competição de variedades e adubação. Este trabalho fez parte do Programa Nacional de
Pesquisa do Algodão (PNP) da época, com apoio da EMBRAPA-CNP Algodão. Com alguns
pequenos ajustes, a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural
(EMPAER-MT) hoje dá continuidade a este trabalho, que se destina mais a pequenos produtores
das regiões tradicionais de algodão do estado.
28
Em Mato Grosso, até a década de 80, a cultura do algodão era restrita a pequenas
propriedades que utilizavam pouca tecnologia no campo, porém, após a década, ocorreu uma
mudança na estrutura de produção, e essa malvácea passou a ser cultivada também por grandes
empresários que utilizavam técnicas modernas de agricultura em grandes volumes de área, com um
sistema de grande produção, com colheita mecanizada e um nível tecnológico avançado (FACUAL,
2007).
Deve ser ressaltado que a participação da pesquisa na expansão do algodão nas regiões de
cerrado teve um grande incremento após a criação de uma parceria entre a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a Fundação MT e a EMPAER-MT, a partir de 1996, o que
propiciou o lançamento de variedades como Antares e BRS Facual.
Com o uso de variedades adaptadas à região, o volume produzido de algodão saltou de
55.075 hectares no ano de 96 para 257.762 hectares no ano 2000. Esse incremento de área destinada
à produção do algodão no estado de Mato Grosso foi em virtude do incentivo criado pelo
PROALMAT, que, através do Fundo de apoio à pesquisa do algodão (FACUAL), financiou as
atividades de pesquisa, fomento e assistência técnica, o que viabilizou e fez com que se expandisse
a cultura dessa malvácea no estado.
Os pioneiros em cultivar algodão na região dos Cerrados em escala empresarial, foram
Olacyr de Moraes e Ignácio Mammana, que financiaram no começo da década de 1990 o primeiro
programa de melhoramento de variedades para Mato Grosso, com a parceria da EMBRAPA,
quando foi introduzida a variedade ITA 90 na região de Campo Novo do Parecis (FACUAL, 2006).
Ainda de acordo com o FACUAL (2006), muito pouco se sabia até então sobre a cultura do
algodão em escala comercial, sendo que surgiram doenças que quase dizimaram a cultura do
algodão, o que fez com que se investisse em pesquisas. A partir de 1998, o FACUAL passou a atuar
através de programas técnicos de pesquisa, onde foram investidos em desenvolvimento da cultura
no campo, de 1998 a 2005, o montante de R$ 39,7 milhões, com 273 projetos.
A opção em cultivar o algodão na região dos Cerrados foi como alternativa para a soja,
devido a problemas de rentabilidade apresentados por esta oleaginosa no final da década de oitenta
e inicio dos anos noventa, bem como devido aos problemas fitossanitários devido à utilização
contínua do solo (FREIRE, 1998 apud CARVALHO et al. 1999).
A expansão da cultura do algodão no Cerrado provocou uma verdadeira mudança no
panorama de produção de algodão no Brasil, pois passou a ser produzido em sua maioria por
produtores empresários e com uso elevado de tecnologia no campo.
29
O cultivo e a exportação do algodão Mato-Grossense só cresceram de forma ascendente no
final da década de 90, conquistando assim, a primeira posição no cenário nacional. O algodão
produzido em Mato Grosso tem despertado o interesse de importadores de diversas partes do
mundo. Atualmente o estado exporta para a China, o Japão, a Indonésia, o Paquistão e a Tailândia
(MATOS, 2005).
Na Tabela 4 estão apresentados dados sobre área colhida, produção e produtividade do
algodão no estado de Mato Grosso, de 1990 a 2007.
Tabela 4. Área colhida, produção e produtividade do algodão em caroço no estado de Mato Grosso,
período de 1990 a 2006.
Perío
do
Área
Colhida
(ha.)
Produçã
o (t)
Produtividade
(kg/ha.)
1990 43.422 57.634 1,327
1991 68.443 73.458 1,073
1992 53.836 67.862 1,260
1993 69.584 85.641 1,230
1994 66.059 91.828 1,390
1995 69.390 87.458 1,260
1996 55.075 73.553 1,335
1997 42.259 78.376 1,854
1998 106.483 271.038 2,545
1999 200.182 630.406 3,149
2000 257.762 1.002.836 3,890
2001 412.315 1.525.376 3,699
2002 328.046 1.141.211 3,478
2003 290.531 1.065.779 3,668
2004 469.780 1.884.315 4,011
2005 482.391 1.682.839 3,488
2006 391.736 1.421.294 3,628
Fontes: IBGE/SIDRA/PAM / CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007).
Indicador Diário Algodão CEPEA / ESALQ/Séries Estatísticas (2007).
30
A área cultivada de algodão herbáceo no ano de 2006 em Mato Grosso foi de 391.736
hectares e a produtividade foi de 3.628 kg/ha. Mato Grosso foi o maior produtor brasileiro de
algodão no ano de 2006, com uma produção de 1.421.294 toneladas de algodão em caroço
(Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007).
Percebe-se uma grande oscilação quanto à produção de algodão nesse período analisado,
sendo que no ano de 1990 a produção era de apenas 57.634 toneladas, com pequenas variações nos
anos seguintes, começando a despontar uma maior produção no ano de 1998, quando efetivamente
começou a produção de algodão pelos grandes empresários e ocorreu uma mudança na estrutura de
produção, bem como a cultura do algodão de Mato Grosso que passou a contar com pesquisas e
também com apoio de entidades voltadas ao desenvolvimento dessa cultura na região dos Cerrados.
O ano de 2004 foi o de maior produção de algodão no estado de Mato Grosso, quando foram
produzidas 1.884.315 toneladas de algodão em caroço, e também foi o período que o algodão Mato-
Grossense apresentou o maior índice de produtividade, ou seja, 4,011 Kg/ha.
Têm-se, na Tabela 5, os valores das exportações totais, valor das exportações de algodão e a
participação das exportações de algodão nas exportações totais pelo estado de Mato Grosso, no
período de 1990 a 2006.
No ano de 1990 não houve exportação de algodão pelo estado de Mato Grosso, sendo que no
ano de 1991 o valor exportado foi de pouco mais de US$ 438 mil, não apresentando exportação do
produto nos anos de 1992, 1993, e 1994. Já no ano de 1995 foram exportadas menos de US$ 190
mil, sendo que nos anos de 1996, 1997 e 1998 também não foi exportada nenhuma tonelada de
algodão pelo estado de Mato Grosso.
A partir do ano de 1999 houve um significativo crescimento nas exportações de algodão, e
isso foi devido ao aumento da produção a partir desse período, onde se consolidou a cultura desse
produto no estado de Mato Grosso, sendo que o ano de 2004 foi o período de maior volume
exportado, chegando à cifra de US$ 213.982 mil, o que corrobora um maior volume produzido
também nesse período.
Com relação às exportações totais pelo estado de Mato Grosso, percebe-se que apresentaram
um crescimento ascendente a partir do final da década de 1990, e que as exportações de algodão
contribuíram para esse crescimento, haja vista as exportações de algodão pelo estado terem uma
maior representatividade.
31
De 1990 a 1998, a participação das exportações de algodão com relação às exportações
totais no estado de Mato Grosso foi nula em alguns anos e apresentou resultados insignificantes nos
anos de 1991 e de 1995, ou seja, 0,02% e 0,04% de participação, respectivamente.
A partir do ano de 2001 houve uma melhora no índice de participação (3,90%),
apresentando oscilações nos anos seguintes. Percebe-se que a maior participação foi no ano de 2004
(6,90%), o que coincidiu com uma maior produção dessa malvácea nesse ano, que teve uma
produção de 1.884.315 toneladas, ocorrendo também uma maior exportação do produto.
Tabela 5. Valor das exportações totais, agrícolas e não agrícolas, e valor das exportações de algodão
e a participação das exportações de algodão nas exportações totais pelo estado de Mato Grosso,
período de 1990 a 2006.
Período Valor das
exportações
agrícolas e não
agrícolas
(US$1000 FOB)
Valor das
exportações de
Algodão
(US$1000 FOB)
Participação
(%)
1990 253.995 0 0
1991 223.601 438 0,02
1992 310.907 0 0
1993 329.546 0 0
1994 466.033 0 0
1995 426.252 189 0,04
1996 659.308 0 0
1997 927.091 0 0
1998 652.661 0 0
1999 741.095 2.477 0,33
2000 1.033.354 10.084 0,98
2001 1.395.758 54.357 3,90
2002 1.795.792 50.907 2,83
2003 2.186.158 88.955 4,07
2004 3.102.504 213.982 6,90
2005 4.151.627 199.440 4,80
2006 4.333.467 159.553 3,68
Fonte: MDIC (2007).
32
Adaptação da autora.
Na Figura 2, a seguir, estão apresentados os principais municípios produtores de algodão
herbáceo (em caroço) do estado de Mato Grosso no ano de 2006.
Mato Grosso concentra 20 municípios dos 35 maiores produtores de algodão do Brasil,
sendo que o destaque é para Campo Verde, também conhecido como a capital nacional do algodão,
localizado na região sul do estado, que produziu 198.605 toneladas de algodão em 2006. O
município é também o maior produtor de algodão em pluma do país. Em 2007 foram plantados 90
mil hectares, apresentando uma produtividade de 290 arrobas por hectare, bem acima da média
estadual que foi de 250 arrobas por hectare.
No ano 2006 percebe-se que houve uma concentração maior da produção de algodão na
região sul do estado, sendo os municípios de Campo verde, Pedra Preta, Primavera do Leste e
Itiquira os maiores produtores.
.
Campo Verde
Pedra Preta
Primavera do Leste
Itiquira
Diamantino
Campo Novo do Parecis
Sapezal
Campo de Julio
Rondonopolis
Nova Mutum
Figura 2. Os 10 principais municípios produtores de algodão herbáceo (em caroço) no estado de
Mato Grosso em 2006.
Fonte: IBGE/SIDRA (2007)
Adaptado pela autora.
A produção de algodão do município de Pedra Preta foi de 113.218 toneladas. Já a de
Primavera do Leste foi de 107.344 toneladas e a de Itiquira ficou em 85.278 toneladas, e o
33
município de Nova Mutum teve a última colocação dentre os principais produtores nesse ano, com
uma produção de 40.139 toneladas.
2.2 Soja
2.2.1 Contextualização mundial
Alguns relatos mostram que o cultivo da soja remonta a 2838 anos a.C. na China, na região
do rio Yangtse, sendo muitos desses escritos numa língua ainda arcaica. Por séculos, a cultura
permaneceu restrita ao oriente, só sendo introduzida no ocidente, pela Europa, por volta do século
XV, não com finalidade de alimentação, como acontecia na China e Japão, mas de ornamentação,
como na Inglaterra, França e Alemanha. Na cultura chinesa daquele período, algumas plantas eram
consideradas sagradas, dentre elas a soja. Mais de quinhentos anos se passaram até que a civilização
ocidental percebesse o valor do grão de soja na alimentação, principalmente o seu valor protéico
(CISOJA, 2007).
Essa oleaginosa resultou da evolução de sucessivos processos de melhoramento de
genótipos ancestrais, diferentes dos que se utilizam na atualidade. Esse processo iniciou-se
naturalmente entre cultivares selvagens, com a posterior domesticação dessas, e, a partir daí, o
homem passou a direcionar melhoramento genético, visando obter as características mais desejadas.
Ainda de acordo com o CISoja (2007), foram fracassadas as primeiras tentativas de
produção de soja na Europa, devido a fatores climáticos, ausência de conhecimento sobre a cultura
e suas exigências. Os norte-americanos foram os que, entre o fim do século XIX e início do século
XX, conseguiram desenvolver o cultivo comercial da soja, criando novas variedades, com teor de
óleo mais elevado, sendo que a partir de então, ocorreu a expansão do seu cultivo.
A soja cultivada hoje é bastante diferente das cultivares que lhe deram origem. Sua
evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais, entre duas
cultivares de soja selvagem, que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China.
Sua importância na dieta alimentar da antiga civilização chinesa era tal, que a soja, juntamente com
o trigo, o arroz, o centeio e o milheto, era considerada um grão sagrado, com direito a cerimoniais
ritualísticos na época da semeadura e da colheita (EMBRAPA, 2004).
34
Ainda segundo a EMBRAPA (2004), mesmo sendo conhecida e explorada no Oriente há
mais de cinco mil anos (é reconhecida como uma das mais antigas plantas cultivadas do Planeta), o
Ocidente ignorou o seu cultivo até a segunda década do século vinte, quando os Estados Unidos
iniciaram sua exploração comercial, sendo primeiro como forrageira e, posteriormente, como grão.
Em 1940, no auge do seu cultivo como forrageira, foram cultivados, nesse país, cerca de dois
milhões de hectares com tal propósito.
A partir de 1941, a área cultivada para grãos superou a dedicada para forragem, cujo cultivo
declinou rapidamente, até desaparecer em meados dos anos 60, enquanto a área aplicada para a
produção de grãos crescia de forma exponencial, não apenas nos Estados Unidos como também no
Brasil e principalmente na Argentina.
Conforme Carvalho (2004), o mercado internacional da soja é composto por um grupo
reduzido de produtores ou exportadores, bem como por um grupo de países com tradição de
consumo desta oleaginosa. Segundo a autora, isso faz com que as relações de comércio entre os
países sejam definidas em razão de alguns critérios que acabam influenciando a participação de
cada país nesse mercado. Dentre esses critérios, destacam-se as medidas tecnológicas referentes ao
sistema produtivo, a produtividade e as medidas políticas adotadas por órgãos reguladores de cada
país participante.
Conforme Munhoz et al. (2006), a produção mundial de soja está concentrada nas Américas
do Norte, do Sul e na Ásia, sendo que esses continentes juntamente, são responsáveis por 88% da
produção mundial de soja, onde a América do Sul é líder mundial na produção e exportação desse
produto.
Os maiores produtores mundiais de soja em 2007 foram os Estados Unidos, Brasil e
Argentina. De acordo com Carvalho (2004), os três países vêm disputando frações desse mercado
desde os anos de 1980, e os Estados Unidos que sempre prevaleceu como grande produtor e
exportador vem perdendo espaço na sua participação no mercado mundial.
O Brasil tem ganhado frações do mercado internacional dessa commodity, possuindo ainda
área disponível para o cultivo dessa oleaginosa, enquanto os Estados Unidos e Argentina possuem
limites para expandirem a área cultivada, o que pode ser considerado uma vantagem competitiva
para o Brasil frente aos outros países produtores. A Argentina, que também apresentou destaque na
produção de soja na década de 1980, se consolidou principalmente no mercado de derivados da
soja.
35
2.2.2 Descrição do setor brasileiro
A história da soja no Brasil mostra que essa oleaginosa foi introduzida no país por volta de
1882. Naquela época, porém, o interesse pela cultura não era pelo grão, e sim pela planta como uma
espécie a ser utilizada como forrageira e na rotação de culturas, assim como para a alimentação dos
animais da propriedade. Os grãos eram administrados aos animais já que ainda não havia o seu
emprego na indústria (CISOJA, 2007).
Segundo a EMBRAPA (2004), no ano de 1891 o Instituto Agronômico de Campinas fez
testes de adaptação de cultivares. Em 1900 e 1901 este instituto promoveu a primeira distribuição
de sementes de soja para produtores do estado de São Paulo. Nesse mesmo período foi introduzido
o cultivo de soja no estado do Rio Grande do Sul, que apresentava condições climáticas
semelhantes aos do sul dos Estados Unidos, e onde a cultura encontrou condições favoráveis para o
seu desenvolvimento e expansão.
De acordo com o CISoja (2007), o cultivo comercial desta oleaginosa no Brasil se deu a
partir do ano de 1914 em Santa Rosa no Rio Grande do Sul, mas só adquirindo importância
econômica após a década de 40, com uma área cultivada de 640 ha e uma produção de 450
toneladas com rendimento médio de 700 kg/ha. Tem-se, nesse mesmo ano, a instalação da primeira
indústria processadora de soja do País, nessa mesma cidade. No ano de 1949, o Brasil passa a fazer
parte das estatísticas internacionais como produtor desta commodity, com uma produção de 25.000
toneladas.
Na década de 1960 a soja passou a ser economicamente viável, sendo que nesse período o
Brasil produziu 203.000 toneladas e no ano de 1969 teve uma produção de 1.000.000 de toneladas.
A maior variação da produção ocorreu entre a década de 1970 e a década de 1980, passando de uma
produção de 1.500.000 toneladas para 15.200.000 toneladas, respectivamente, representando um
aumento de 25,9% ao ano, enquanto o aumento na área cultivada foi de 20,8% ao ano, ocorrendo
então um significativo aumento de produtividade.
A cultura da soja se concentrou na Região Sul até os anos de 1960 e 1970, sobretudo no
estado do Rio Grande do Sul e Paraná, mas após a década de 80, a cultura dessa oleaginosa
estendeu-se para o Cerrado, tornando-se a maior região produtora do país. A expansão para essa
nova fronteira agrícola deveu-se, basicamente, aos estudos de fertilização dos solos do cerrado, à
sua topografia plana e favorável à mecanização, e ao desenvolvimento de plantas aptas à região
(CISOJA, 2007).
36
Conforme a EMBRAPA (2004), a soja se estabeleceu no Brasil devido a vários fatores,
primeiramente na Região Sul do país nos anos de 1960 e 1970, e depois na Região dos Cerrados nos
anos de 1980 e 1990, e dentre esses fatores pode-se destacar a semelhança do ecossistema da
Região Sul do Brasil com as do Sul dos Estados Unidos, onde se puderam adotar variedades e
tecnologias de produção; incentivos fiscais disponibilizados aos produtores de trigo na região Sul
que também se estenderam aos produtores de soja1; substituição das gorduras animais por óleos
vegetais, estabelecimento de indústrias de processamento de soja, indústrias de máquinas e insumos
agrícolas; mecanização total da cultura; construção de Brasília na região central, que foi importante
para a melhoria da infra-estrutura da região dos cerrados; incentivos fiscais para abertura de novas
áreas de produção agrícola no país2; estabelecimento de agroindústrias na região central, bem como
o baixo valor das terras nas décadas de 1960 a 1980; desenvolvimento de novas cultivares
adaptadas à região dos cerrados; e, migração de alguns produtores de soja, com bom nível
econômico e tecnológico da região sul para a região dos cerrados.
Com a expansão da cultura da soja para outras regiões brasileiras e com o incremento na
produção e na produtividade dessa oleaginosa, já em 2003 o Brasil passa a ser o segundo produtor
mundial, com 26,8% da safra mundial, ou seja, 52 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2004).
A Tabela 6 mostra os dados referentes à área colhida, produção e produtividade da soja no
Brasil, e percebe-se que houve aumento da área colhida de soja no país ao longo dos anos
observados.
O incremento de área ano a ano, no período analisado, foi devido à abertura da fronteira
agrícola, mais especificamente na região dos errados brasileiros. Os dados mostram que no ano de
1999 houve decrescimento de área colhida, aumentando nos anos seguintes, mas em 2006 acontece
novamente uma queda na área colhida, isso em virtude de que os produtores rurais, diante dos
baixos preços da soja e dos altos custos para se produzir essa oleaginosa, optaram por diminuir a
área cultivada.
Observa-se ainda que mesmo diante da diminuição da área no ano de 2006, a produção foi
maior que a do ano anterior, o que pode ser explicado por um acréscimo na produtividade nesse ano
em relação ao ano anterior.
Referente à produção brasileira de soja no período analisado, tem-se que o ano de 1991
apresentou queda no volume produzido em relação ao ano anterior, mas, se recuperando nos anos
seguintes, e vindo a apresentar decréscimo no ano de 1996 novamente.
1 Os produtores de trigo cultivavam soja na entressafra do trigo.
2 Embora os principais incentivos se destinassem a produção de arroz de sequeiro.
37
A partir do ano de 1997 houve um aumento substancial no volume produzido, o que pode
ser explicado em parte pela Lei Kandir que isenta da cobrança de ICMS os produtos in natura
destinados à exportação, o que motivou os produtores rurais a expandirem a cultura dessa
oleaginosa.
Tabela 6. Área colhida, produção e produtividade de soja em grão no Brasil, período de 1990 a
2006.
Ano Área
colhida (ha)
Produção (t) Produtividade
(kg/ha)
1990 11.551.400 20.101.300 1.740
1991 9.742.500 15.394.500 1.580
1992 9.582.200 19.418.600 2.027
1993 10.717.000 23.042.100 2.150
1994 11.501.700 25.059.200 2.179
1995 11.678.700 25.934.100 2.221
1996 10.299.470 23.166.874 2.250
1997 11.486.478 26.392.636 2.298
1998 13.303.656 31.307.440 2.353
1999 13.061.410 30.987.476 2.372
2000 13.656.771 32.820.826 2.400.
2001 13.985.099 37.907.259 2.710
2002 16.359.441 42.107.618 2.573
2003 18.524.769 51.919.440 2.802
2004 21.538.990 49.549.941 2.300
2005 22.917,006 51.136,234 2.231
2006 22.006.677 52.355.976 2.379
Fontes: IBGE/ SIDRA/PAM (2007)
CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007)
Indicador Diário Soja CEPEA / ESALQ/Séries Estatísticas (2007)
No ano de 2006 houve uma queda de área colhida em relação a 2005, mas esse ano
apresentou um grande aumento na produção e isso foi devido ao aumento da produtividade, sendo
que em 2006 a produtividade foi de 2.379 Kg/ha, ficando bem acima dos 2.231 do ano de 2005.
38
Conforme Tavares (2003) apud Carvalho (2004), o que também contribuiu para o aumento
da cultura da soja no Brasil foi a criação de um novo instrumento de política agrícola denominado
de drawback, instituído em 2002, com a finalidade de isentar ou suspender a cobrança de tributos na
importação de matérias-primas e outros.
Um outro fator que também pode explicar esse aumento de produção foi o aumento da
produtividade da soja, com o uso intensivo de tecnologia no campo, aliados aos preços que
estiveram favoráveis até o ano de 2004, que chegou a US$ 280 a tonelada no respectivo ano.
A Tabela 7 mostra as exportações brasileiras do complexo soja de 1990 a 2006. A partir da
década de 1990, as exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) têm apresentado
mudanças quanto ao aumento das exportações do grão, em detrimento do farelo, onde a soja em
grão no ano de 1995 representava 20,2% das exportações, em 2006 respondia por 62,85% do total
das exportações do complexo soja, e em contrapartida, a participação do farelo nas exportações caiu
de 52,3% em 1995 para 31,06% em 2006 (MDIC, 2007).
Tabela 7. Exportações Brasileiras de soja (grão, farelo e óleo), período de 1990 a 2006.
Período Soja em
Grão
(1000 t )
Farelo de soja ( 1000
t )
Óleo de soja
(1000 t )
1990 4.077 8.744 772
1991 2.020 7.488 507
1992 3.740 8.501 718
1993 4.190 9.447 735
1994 5.367 10.618 1.517
1995 3.493 11.563 1.730
1996 3.647 11.226 1.332
1997 8.340 10.013 1.124
1998 9.288 10.447 1.359
1999 8.917 10.431 1.522
2000 11.517 9.364 1.073
2001 15.676 11.271 1.625
2002 15.970 12.517 1.934
2003 19.890 13.602 2.486
2004 19.248 14.486 2.517
39
Fonte: MDIC, (2007).
Com relação à oferta do óleo de soja, este produto tem a característica de suprir o mercado
interno, ao contrário do farelo que se destina quase totalmente às exportações, e a parcela do óleo
nas exportações do complexo se reduziu de 27,6% para 6,1% no mesmo período.
Referente à maior exportação do grão de soja em detrimento do farelo e do óleo a partir de
2000, deve-se considerar um fator que tem sido preponderante nessa questão, que é a estrutura da
tributação brasileira, mais especificamente a Lei Kandir, que isenta de Imposto de Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), as exportações de produtos primários e semi processados, mas que
incide sobre a movimentação interna da safra, criando assim uma vantagem às exportações do grão,
em relação ao farelo e ao óleo de soja.
Aliado a tudo isso, ainda existem barreiras tarifárias impostas aos produtos processados
pelos principais países importadores, bem como a isenção de tarifas para a aquisição de soja em
grãos pelo Japão e pela União Européia, que também contribuíram para a maior exportação deste
produto.
Assim, a exportação de soja em grão teve um aumento significativo nos últimos anos,
principalmente a partir de 1997, em função do menor processamento industrial da oleaginosa, uma
tendência verificada no setor de esmagamento em todo o país, e não apenas em Mato Grosso, por
questões cambiais e tributárias.
2.2.3 A atividade em Mato Grosso
Segundo Marta et al. (2006), a soja entrou na economia nacional mudando a estrutura de
produção de óleos no país, ou seja, antes as oleaginosas eram produzidas em pequenas unidades
familiares, com trabalhos manuais, e passou para um sistema oligopolista. Antes eram produzidos
dois outros tipos de oleaginosas, o algodão e o amendoim. Ainda de acordo com os autores, a soja
passa a ter um “status” comercial com a modernização da agricultura no país, quando acontece a
substituição do algodão e o amendoim que eram tradicionais na produção de óleo. E isso foi devido
ao fato da cultura da soja ser intensiva em capital e ao mesmo tempo ter eficiência produtiva.
No caso da introdução da soja no estado de Mato Grosso, os autores acima argumentam que
esta se deu em função do desenvolvimento de espécies adequadas à produção no cerrado e à
2005 22.435 14.422 2.743
2006 24.956 12.332 2.419
40
formação de um mercado para os derivados da soja, a partir dos anos 1980, sendo que nos anos 90 o
crescimento dela se deu em menor intensidade, devido à instabilidade nos preços.
Bertrand et al. (2005) argumentam que foram vários os fatores que determinaram a ocupação
do espaço agrícola na região dos cerrados, dentre eles os preços e a disponibilidade de terras, a
topografia plana da região, o clima favorável ao cultivo da soja, aliados a políticas públicas de
incentivo, onde elas foram decisivas para a exploração de novas fronteiras agrícolas, para a infra-
estrutura da região, para a pesquisa e também para o financiamento da agricultura.
Até a década de 80, o cultivo da soja se concentrava apenas nos estados da região sul do
Brasil, mas, a partir daí, com o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao solo e ao clima das
outras regiões brasileiras, o cultivo dessa oleaginosa chegou aos estados de Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás, no centro-oeste, e nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí na região
nordeste.
Após a década de 80, o centro-oeste tornou-se expressivo no cultivo dessa oleaginosa, visto
que pôde aproveitar a infra-estrutura construída em torno de Brasília e o baixo valor das terras, em
relação às da região sul do país. Essa cultura cresceu significativamente em todo o país, através da
incorporação de novas terras ao cultivo, áreas inexploradas e também substituição de outras culturas
(BATISTA; LÍRIO, 2004).
No ano de 2006, a região centro oeste produziu 25.904.279 toneladas de soja, enquanto a
produção nacional foi de 52.355.976 toneladas. O estado que mais se destacou na produção
nacional nos anos de 2006 foi Mato Grosso, com uma produção de 15.586.887 toneladas,
representando mais de 60% da produção na região centro oeste em 2006, conforme dados do IBGE
(2007).
Mato Grosso apresentou uma produtividade de 2.683 kg/ha no ano de 2006, com uma área
cultivada de 5.808.673 hectares em 2006, segundo dados do IBGE (2007). Foram exportadas
9.920.608 de toneladas de soja no ano 2006, totalizando um valor de US$ 2.263.291.964 de acordo
com o MDIC (2007).
A Tabela 8 apresenta os dados sobre a área colhida, produção e produtividade de soja no
estado de Mato Grosso no período analisado.
De acordo com esses dados apresentados, houve grandes oscilações quanto à área colhida,
desde o inicio do período analisado, com fases de queda na área, mas apresentando uma
recuperação no período seguinte, como é o caso do ano de 1991, que caiu para 1.164.585 hectares e
no ano seguinte já houve um incremento na área, passando para 1.453.702 hectares e assim
41
aumentando nos anos seguintes, só vindo a apresentar queda novamente no ano de 1996, que foram
colhidas 1.956.148 hectares de soja em grão.
Tabela 8. Área colhida, produção e produtividade de soja em grão em Mato Grosso, período de
1990 a 2006.
Período Área
colhida
(ha.)
Produção
(t)
Produtividade
(kg/ha.)
1990 1.527.754 3.064.715 2.006
1991 1.164.585 2.738.410 2.351
1992 1.453.702 3.642.743 2.505
1993 1.678.532 4.118.726 2.454
1994 2.022.956 5.319.793 2.630
1995 2.322.825 5.491.426 2.364
1996 1.956.148 5.032.921 2.573
1997 2.192.514 6.060.882 2.764
1998 2.643.389 7.228.085 2.734
1999 2.635.010 7.473.028 2.836
2000 2.906.448 8.774.470 3.018
2001 3.121.353 9.533.286 3.054
2002 3.818.231 11.684.885 3.060
2003 4.413.271 12.965.983 2.937
2004 5.263.428 14.517.912 2.758
2005 6.106.654 17.761.444 2.909
2006 5.808.673 15.586.887 2.683
Fontes: IBGE/SIDRA/PAM (2007).
CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) (2007).
Indicador Diário Soja CEPEA / ESALQ/Séries Estatísticas (2007).
A partir de 1997, o estado apresentou aumento na área colhida com a soja, só vindo a
apresentar queda no ano de 2006, que foi de 5.808.673 hectares. E para a safra 2007 é esperada uma
queda na área colhida também, devendo ficar em 5.146.861 hectares de acordo com o IBGE (2007).
Quanto à produção de soja no estado de Mato Grosso, no ano de 1991 houve decréscimo na
quantidade produzida, mas apresentando aumento de produção nos anos seguintes, e no ano de 1996
aconteceu uma queda na produção, assim como foi na área cultivada, sendo que após esse período
42
houve aumento de produção ano a ano, só vindo a apresentar queda novamente no ano de 2006,
onde foram colhidas 15.586.887 toneladas de soja em grão, conforme dados do IBGE (2007).
Mas mesmo tendo apresentado queda de produção em 2006, o estado ainda participou com
29,77% da produção nacional de soja no ano de 2006.
Com relação à produtividade, esta tem apresentado oscilações ao longo do período
analisado, sendo que o maior índice de produtividade aconteceu no ano de 2002, onde ficou em
3.060 Kg/ha.
Essa queda de produtividade a partir do ano de 2002 pode ser explicada pelo baixo preço da
soja no mercado, pelo problema da ferrugem asiática que atingiu as lavouras brasileiras após o ano
de 2002, aliado aos altos custos para se produzir essa oleaginosa, o que levou os produtores a
utilizar menos insumos no processo produtivo, principalmente após a crise de 2004.
Os 10 maiores municípios produtores de soja em Mato Grosso, no ano de 2006, estão
representados na Figura 3.
Sorriso
Nova Mutum
Sapezal
Campo Novo do Parecis
Diamantino
Lucas do Rio Verde
Campo de Julio
Nova Ubiratã
Primavera do Leste
Itiquira
Figura 3. Principais municípios produtores de soja no estado de Mato Grosso em 2006.
Fonte: IBGE/SIDRA, (2007).
Adaptado pela autora.
Mato Grosso possui 15 municípios ocupando posições no ranking de maiores produtores de
soja no país, sendo que os sete primeiros colocados são municípios mato-grossenses. Entre os
municípios produtores de soja no estado, Sorriso teve a primeira colocação no ano de 2006, com
43
596.658 hectares plantadas e 1.789.974 toneladas colhidas, o que representa 3,41% da produção
nacional. A seguir vem Nova Mutum, com uma produção de 962.045 toneladas, com uma área
plantada de 329.242 hectares no período, sendo que esse município tem uma participação de 1,8%
da produção brasileira de soja em 2006, conforme dados do IBGE (2007).
O município de Sapezal aparece em terceiro lugar na produção de soja no estado de Mato
Grosso, com uma quantidade produzida de 926.032 toneladas de grão, em 365.850 hectares
plantados. Percebe-se que a maior produção mato-grossense de soja se concentrou na região do
médio norte, e isso se deve ao fato de que essa região apresenta clima e solo favoráveis ao cultivo
da oleaginosa e também pela questão da colonização, ou seja, produtores que já cultivavam a soja e
migraram da região sul do país para produzirem essa oleaginosa nos cerrados.
Já a região sul do estado teve uma menor representatividade na produção dessa oleaginosa
em relação à região do médio norte, e isso pode ser explicado pelo fato de que a região sul do
estado se despontou como a maior produtora de algodão no ano de 2006, em detrimento da cultura
da soja. Os municípios de Primavera do leste e Itiquira tiveram a última posição nesse ranking,
onde produziram 550.440 toneladas e 415.650 toneladas, respectivamente.
Na Tabela 9 são apresentados os valores das exportações totais, valor das exportações de
soja e a participação das exportações de soja frente às exportações totais de Mato Grosso.
Observa-se o aumento das exportações de soja ao longo do período, bem como o aumento
das exportações totais, sendo que a soja é a grande responsável por esse aumento nas exportações
totais do estado.
Houve uma grande variação no valor das exportações de soja no período analisado, sendo
que apresentou queda no ano de 1991 em relação ao ano anterior, vindo a aumentar o valor
exportado no ano seguinte, caindo no ano de 1993 novamente, se recuperando posteriormente, e
assim sucessivamente até os anos de 1996 e 1997, que tiveram um aumento substancial nas
exportações, vindo a apresentar quedas nos dois anos seguintes. Já em 2001 houve um valor
exportado maior em relação aos anos anteriores, e em 2006 o valor das exportações de soja ficou
em US$ 2.263.292 mil (MDIC, 2007).
Analisando as exportações agrícolas e não agrícolas do estado de Mato Grosso, pode-se
notar que nos últimos anos o estado apresentou um aumento significativo nas suas exportações,
sendo que a partir do ano de 1998 foi crescente esse valor, chegando a US$ 4.333.376 mil no ano de
2006 (MDIC, 2007).
44
Tabela 9. Valor das exportações totais, agrícolas e não agrícolas, e valor das exportações de soja e a
participação das exportações de soja nas exportações totais de Mato Grosso, período de 1990 a
2006.
Período Valor das
exportações
agrícolas e não
agrícolas (US$ 1000
FOB)
Valor das
exportações de
Soja
(US$ 1000 FOB)
Exportações de soja
em relação às
exportações totais (
% )
1990 253.995 160.392 63,15
1991 223.601 76.087 34,03
1992 310.907 143.634 46,20
1993 329.546 79.710 24,19
1994 466.033 159.178 34,16
1995 426.252 78.210 18,35
1996 659.308 129.173 19,59
1997 927.091 430.126 46,40
1998 652.661 315.417 48,33
1999 741.095 305.043 41,16
2000 1.033.354 552.472 53,46
2001 1.395.758 803.408 57,56
2002 1.795.792 980.595 54,61
2003 2.186.158 1.033.663 47,28
2004 3.102.504 1.367.928 44,09
2005 4.151.627 2.136.519 51,46
2006 4.333.467 2.263.292 52,23
Fonte: MDIC, (2007).
Dados da Pesquisa.
As exportações de soja no ano de 2006 representaram 52,23% das exportações totais do
estado. Em 2005 foram de 51,46% e 2004 ficou em 44,09% das exportações totais. Fazendo uma
análise de todo o período estudado, pode-se inferir que as exportações de soja pelo estado de Mato
Grosso tiveram uma grande representatividade no valor total das exportações do estado.
45
Na Tabela 10 estão apresentados os dados referentes às exportações do complexo soja (grão,
farelo e óleo).
Percebe-se que de 1990 a 1992 havia predomínio do volume exportado da soja em grão
sobre o farelo, mas de 1993 a 1996 o farelo predominou sobre o grão, sendo que de 1997 em diante,
a soja em grão se consolidou como o maior produto exportado do complexo. As exportações do
farelo de soja no ano de 2006 representaram 22,70% do volume exportado do complexo; o grão
representou 75,38% e o óleo de soja 1,92%. No ano anterior, o óleo teve uma representatividade um
pouco melhor, que foi de 5,06%, o farelo em 27,89% e o grão 67,06% do volume total exportado do
complexo soja.
Tabela 10. Exportações mato-grossenses do complexo soja (grão, farelo e óleo) em toneladas, no
período de 1990 a 2006.
Período Grão (t) Farelo (t) Óleo (t)
1990 711.623 194.997 4.500
1991 345.650 327.915 10.600
1992 671.547 474.578 22.800
1993 361.676 661.296 39.810
1994 656.056 728.375 89.555
1995 355.542 864.730 125.029
1996 461.933 1.225.882 121.244
1997 1.474.072 1.179.184 104.195
1998 1.365.450 974.192 56.462
1999 1.733.330 1.377.044 227.707
2000 2.890.696 1.463.585 106.007
2001 4.492.156 1.508.367 112.199
2002 5.240.246 2.319.368 251.329
2003 4.848.483 2.687.536 344.859
2004 5.041.443 3.114.610 452.064
2005 9.086.395 3.778.956 685.165
2006 9.920.608 2.987.750 253.110
Fonte: MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) (2007).
46
O melhor desempenho do óleo de soja em relação aos outros produtos do complexo foi no
ano de 1995, quando teve uma fatia de 9,29% do volume total exportado do complexo, nesse
período.
O farelo teve o seu melhor desempenho no ano de 1996, com 67,76% do volume total
exportado pelo complexo soja e o grão de soja teve o seu melhor índice no ano de 1990 com
78,10% das exportações totais do complexo.
A consolidação das exportações de soja em grão em detrimento dos demais produtos do
complexo soja a partir de 1997 é reflexo da Lei Kandir que passou a vigorar a partir de 13 de
setembro de 1996, a qual desonera da cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) os produtos in natura destinados à exportação, o que levou os produtores preferissem
exportar a soja em grão a industrializá-la.
47
3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do presente trabalho será respaldada por
dois aspectos distintos, abordados nos modelos teórico e analítico.
O modelo teórico está baseado em conceitos de competitividade e de mudança estrutural. O
modelo analítico contemplará os métodos Constant-Market-Share (CMS), o índice de Posição
Relativa no Mercado (POS) e o Modelo Shift-Share, para analisar a competitividade dos produtos
soja (grão, farelo e óleo) e algodão no estado de Mato Grosso, frente ao mercado internacional no
período proposto.
3.1 Modelo teórico
No presente estudo será feito uma caracterização teórica sobre mudança estrutural e sobre
competitividade.
3.1.1 Mudança estrutural
Ishikawa (1994), citado por Bonjour (2003), argumenta que a estrutura refere-se à
composição de setores da economia e está associada a diversas relações tecnológicas ou de
comportamento. Esse autor mostra com um significado amplo o termo “mudança estrutural”,
definindo uma mudança na participação relativa dos principais componentes dos indicadores
agregados na economia. Afirma ainda que existe um conceito unificado sob vários aspectos que
demonstra a abrangência entre os fenômenos que permitem transformações na agricultura e nos
processos de industrialização, de urbanização, os quais são afetados por políticas macroeconômicas,
num processo de transformação global da economia.
Para Kilkenny e Otto (1994), as mudanças estruturais ocorrem tanto no nível micro como
no nível macro da economia, sendo que no nível micro aparecem as mudanças na organização da
produção da firma, intensidade de fatores, composição do produto, escala de operação e parcela de
participação da firma na indústria e nas formas de organização. Já no nível macro da atividade
48
econômica, essas mudanças se relacionam diretamente com o nível de emprego na economia, à
localização das atividades e a participação dos setores no Produto Nacional Bruto.
Ainda de acordo com os autores, estas mudanças, geralmente, são ocasionadas pelos
deslocamentos na renda; nas preferências públicas e privadas; na intensidade das mudanças; no
tamanho e na localização da população; na segmentação dos mercados; nos produtos substitutos;
nas instituições; na tecnologia e na localização e qualidade dos recursos.
Syrquin (1988), apud Bonjour (2003) argumenta que o processo de mudança estrutural está
vinculado aos aumentos nas taxas de acumulação do capital físico e humano, nas mudanças na
composição setorial da atividade econômica que estão ligadas, inicialmente, à alocação do emprego
e, posteriormente, na produção e no uso de fatores. Então, as transformações estruturais que
acompanham o processo de crescimento e desenvolvimento econômico são constituídas pela
agregação das inter-relações das mudanças parciais que ocorrem na estrutura econômica, sendo que
a acumulação de capital físico e humano e os deslocamentos na composição da demanda, comércio,
produção e emprego constituem a essência econômica da transformação estrutural, enquanto os
processos socioeconômicos relacionados com essa mudança são identificados como periféricos.
Segundo Cacciamali (1988):
No que se refere às alterações na estrutura da demanda, no século passado, Ernest
Engel constatou que, à medida que a renda das famílias aumentava, a proporção
de seus orçamentos domésticos despendida no item alimentação decrescia. À
medida que o nível de renda per capita familiar aumenta, a demanda por produtos
agrícolas não crescerá tão depressa quanto a demanda por produtos industriais e
por serviços. A resposta da estrutura produtiva a esse estímulo implicará que a
participação do setor agrícola, no valor adicionado total, deverá decrescer à
medida que o nível do produto per capita aumenta. A estrutura de preferências e
as necessidades de uma população não são imutáveis ao longo do crescimento
econômico. Ao contrário, elas se alteram influenciadas pela aplicação de novas
técnicas e pelas mudanças que ocorrem nas instituições sociais. Ou seja, a
estrutura da demanda e a elasticidade-renda da demanda por bens e serviços são
afetadas pela aplicação de novas técnicas. Esta inter-relação ocorre porque
tecnologias novas criam demandas novas, ampliam demandas existentes e criam
bens e serviços novos para atender tanto às necessidades existentes como às novas
necessidades. Este fato implica num processo de substituição de bens; portanto, de
49
mudança na estrutura da demanda agregada e intermediária de um país.
(CACCIAMALI, 1998).
Andrade (1996) argumenta que alterações estruturais estão relacionadas com a observação
do comportamento do consumo, investimento e uso de insumos intermediários, sob a ótica da
demanda final, e com o comportamento da acumulação do capital físico e humano e uso de recursos
naturais, sob a ótica da oferta. Ainda para esse autor, as inter-relações parciais na estrutura
econômica, quando agregadas, são consideradas como transformações estruturais que acompanham
o processo de crescimento e desenvolvimento econômico.
A mudança estrutural pode afetar todo o mercado mundial, causando influência sobre a
estrutura produtiva, e também na oferta de insumos utilizados na produção. Esta mudança tem sido
acompanhada também pela demanda de serviços, onde os produtos processados exigem uma mão-
de-obra diferenciada daquela usada na produção de primários (HERTEL et al. 1998, apud
BONJOUR, 2003).
O desenvolvimento das forças produtivas nas sociedades capitalistas tem dois paradigmas
básicos: a Teoria Neoclássica e a Teoria Schumpeteriana. A visão neoclássica considera a variação
tecnológica como causadora da instabilidade do sistema. Esse paradigma hegemônico, no final do
século XIX e início do século XX, mostra a tecnologia como variável exógena. Somente a partir de
1950, a questão tecnológica passa a ser fator essencial para o desenvolvimento econômico,
conforme destacado por Matos (1996).
3.1.2 Competitividade
Segundo Williamson (1989) apud Fernandes et al. (2007), em seu livro a Riqueza das
Nações, Adam Smith foi o pioneiro, na tentativa de criar uma teoria sobre o comércio internacional
entre os países, em que o comércio internacional era o mecanismo que tornava possível o
aproveitamento das vantagens absolutas e, assim, um país poderia fazer uso de todos os fatores
produtivos que fossem abundantes, e destinar o excesso de produção para o comércio com os outros
países. Em contrapartida, poderia adquirir produtos no exterior, que não fossem produzidos ou
produzidos de forma insuficiente dentro do país. Dessa forma, um país possui vantagem absoluta na
produção de um determinado bem quando tiver a capacidade de produzi-lo. com a utilização de
menos trabalho que outro país na produção desse mesmo bem.
50
Posteriormente, David Ricardo, mais precisamente em 1817, expandiu o raciocínio de Smith
e criou a teoria das vantagens comparativas, a qual explicava a natureza dos fluxos de mercadorias
entre países e o equilíbrio comercial entre os mesmos. Dessa forma, uma nação teria vantagem
comparativa na produção de um determinado bem se o custo de oportunidade da produção do bem
em comparação a outros bens, nessa nação, for mais baixo que em outras nações. Deve ser
enfatizado que a teoria clássica do comércio internacional só se preocupava com o lado da oferta,
deixando de lado o efeito que a demanda teria sobre o comércio entre as nações.
Nesse mesmo sentido, Andriolli (2003) argumenta que a competitividade ou livre
concorrência é um dos princípios da economia liberal e teve como principais defensores Adam
Smith e David Ricardo. Segundo a teoria de SMITH, procurando apenas um ganho pessoal, a
pessoa trabalha, coincidentemente, para elevar ao máximo possível a renda anual da sociedade. Por
uma mão invisível a pessoa estaria sendo misteriosamente levada a executar um objetivo que jamais
fez parte das suas intenções.
E, buscando apenas seu interesse exclusivo, a pessoa muitas vezes trabalharia de modo bem
mais eficaz pelo interesse da sociedade do que se tivesse de fato esta intenção. Nota-se que a idéia
básica da livre concorrência é a fé depositada na idéia de que as pessoas, uma vez competindo entre
si, automaticamente estariam contribuindo para o progresso geral da sociedade.
Ainda conforme Andriolli (2003), Ricardo aborda a competitividade através da análise das
vantagens comparativas, que se baseia no estabelecimento de um processo de intercâmbio, onde os
envolvidos nas transações são mutuamente beneficiados nas relações.
Segundo Salleroun, (1979): “Enquanto o liberalismo clássico pedia que o Estado não
interferisse, para que a concorrência pudesse produzir todos os seus bons efeitos, o neoliberalismo
pede ao Estado que se mexa para assegurar que a concorrência possa existir”. Nesse sentido,
afirma-se que existe uma intenção clara, em nível de ideologia política, de promover a idéia da
competição como intrinsecamente positiva para a humanidade, que deixa de ser apenas um conceito
na economia para fazer parte do imaginário social das pessoas.
O tema competitividade passou a ter um papel importante na análise econômica do
desempenho das empresas após o processo de globalização da economia nos últimos anos, onde se
busca uma reestruturação produtiva e também organizacional com o desenvolvimento e a busca de
novos mercados com vistas à permanência dessas mesmas empresas no mercado.
De acordo com Farina (1999), a competitividade não apresenta uma definição mais precisa,
pois compreende tantas facetas de um mesmo problema, que se torna difícil estabelecer um conceito
51
que seja ao mesmo tempo abrangente e útil, e do ponto de vista das teorias da concorrência, ela
pode ser definida como a capacidade de sobrevivência por parte das empresas de forma sustentável
e ao mesmo tempo de crescimento em mercados existentes ou em novos mercados, e que haja a
realização de lucros não negativos. A partir dessa definição, tem-se que a competitividade é uma
medida de desempenho das firmas individuais. No entanto, esse desempenho depende de relações
sistêmicas, já que as estratégias empresariais podem ser obstadas por gargalos de coordenação
vertical ou de logística.
Segundo ECIB (1993) e Castells (2000), apud Santos (2007), o termo competitividade é
tratado na literatura econômica do ponto de vista da economia do país como um todo e também de
setores específicos, não sendo consideradas as questões que dizem respeito às empresas enquanto
agentes econômicos individuais e autônomos, e a preocupação básica está em como um país ou
nação pode competir melhor em termos mundiais e de que maneira pode alocar seus recursos
internos globais de modo mais eficiente.
Porter (1986) define a competitividade como a capacidade da empresa em formular e
programar estratégias competitivas que possam aumentar ou manter, no longo prazo, uma posição
sustentável em um mercado onde haja concorrência. Essa concepção de competitividade se aplica às
corporações e se relaciona com o ramo de atuação da empresa, sendo que a competitividade
empresarial pode ser obtida a partir de um bom desempenho nas etapas da sua cadeia de valor.
Juntamente com o conceito de competitividade empresarial, foi desenvolvido o conceito de cadeia
de valor na empresa, um modelo de análise competitiva e um conjunto de estratégias genéricas, com
vistas a orientar a formulação de estratégicas especificas de competitividade empresarial, referência
para o planejamento da competitividade nos meios acadêmicos e empresariais. Portanto, cadeia de
valor de uma empresa seria uma representação das atividades que a empresa desempenha para a
efetivação de suas operações.
Porter (1986) afirma que o conceito mais ideal para a competitividade é a produtividade, e
que a elevação na participação de mercado tem dependência da capacidade das empresas em
alcançar níveis mais altos de produtividade, bem como aumentar a produtividade com o decorrer do
tempo. Assim, a competitividade, na visão desse autor, deve ser vista e compreendida sob diversas
óticas, podendo ser combinada conforme o cenário macroeconômico, ou seja, podendo receber
influências de algumas variáveis, tais como taxa de juros, taxa de câmbio, déficits e políticas
governamentais, baixos gastos com força de trabalho e recursos naturais.
52
Conforme o conceito de Kupfer (1992), a competitividade pode ser interpretada sob duas
justificativas, a da competitividade como função do desempenho e a da competitividade vista como
função da eficiência. Na primeira visão, é a demanda que mostra quais produtos serão adquiridos e
define o posicionamento competitivo das empresas, desta forma, admitindo ou não os esforços
produtivos realizados pela empresa. A segunda visão é aquela onde a empresa define sua
competitividade, lembrando que esta definição leva em consideração as limitações da capacidade
produtiva da empresa.
Assim, a competitividade é vista como função do desempenho e influencia o resultado dos
diversos fatores que compõem a capacidade produtiva da empresa. ela considera também que é
explicada por processos produtivos, capacidade técnica, disposição de atender o mercado,
capacidade de diferenciação e qualidade dos produtos.
A competitividade não deve ser vista apenas como função de características inerentes à
empresa, conforme prega a concepção de eficiência. Também é explicada por fatores externos, pois
está relacionada aos padrões de concorrência da indústria onde a empresa está inserida, o que
corrobora com a tese de que o padrão de concorrência é um determinante para a competitividade.
De acordo com Kennedy et al. (1998) apud Farina (1999), a acepção do conceito de
competitividade tem implicações diretas para a escolha dos indicadores de desempenho, onde a
evolução da participação no mercado é um indicador de resultado que tem a vantagem de resumir
múltiplos fatores determinantes do desempenho. Assim, os custos e a produtividade explicam em
parte a competitividade, haja vista que são indicadores de eficiência, bem como inovação em
produto e processo para atender de forma adequada os clientes/consumidores, o que implica serem
elementos que irão determinar a preservação e melhoria das participações de mercado.
Horta (1983) define a competitividade a partir do desempenho das exportações industriais, e
que seriam competitivas as indústrias que ampliassem sua capacidade de participar do comércio
mundial de determinados produtos, definição que abrange além da produção, outros fatores que
possam inibir ou estimular as exportações.
Conforme Gasques et al. (2002), a literatura sobre comércio internacional é bastante rica e
há vários conceitos de competitividade internacional. Valdés (1996) enfatiza a existência de um
consenso sobre o fato da competitividade internacional ser a habilidade dos empresários criarem,
produzirem e comercializarem mercadorias e serviços com mais eficiência do que seus rivais nos
mercados domésticos ou internacionais. A literatura aponta autores que associam a baixa
competitividade das firmas às questões macroeconômicas, como taxas de juros, política tributária e
53
outras. Entretanto, são vários os fatores que determinam a posição competitiva das firmas nos
diferentes países. Não existe um único indicador que possa explicar a baixa competitividade dos
produtos.
Ainda no estudo de Valdés (1996), foram identificados cinco principais fatores que de
alguma maneira afetam a competitividade das unidades de produção: dinamismo macroeconômico,
dinamismo financeiro, dinamismo comercial, elementos de infra-estrutura e recursos humanos das
firmas.
Há estudos como o de Gopinath (1997), que mostram que a competitividade é um conceito
relativo com duas dimensões: a doméstica e a internacional. Se em um país o crescimento real da
agricultura for maior que o crescimento da economia, então se conclui que a agricultura do país está
ganhando competitividade em relação ao resto da economia. E se o crescimento da agricultura de
um país é maior que o de outro, então, segundo esses autores, diz-se que o primeiro está ganhando
competitividade bilateral sobre o segundo.
Haguenauer (1989) argumenta que, do ponto de vista do desempenho das exportações de um
setor (indústria), são competitivas as indústrias que ampliam sua participação na oferta
internacional de determinados produtos. Conforme este autor, a competitividade consiste na
capacidade de um país em manter e expandir sua participação nos mercados internacionais e em
elevar simultaneamente o nível de vida de sua população. Segundo ele, quando se expande o
conceito também para a capacidade de competir no mercado doméstico, é utilizado o índice de
penetração das importações, o saldo entre exportações e importações ou o grau de exposição à
competição externa. Este último combina a participação de exportações e de importações na
produção e na demanda interna.
Ferraz et al. (1996) apud Silva et al. (1999) apontam que existem duas vertentes diferentes
para o conceito de competitividade. Na primeira, a competitividade é tida como um desempenho de
uma empresa ou de um produto, e sendo assim, os resultados das análises se dão na determinação
de uma dada competitividade revelada, cujo principal indicador estaria ligado à participação de um
produto ou empresa em um dado mercado (market share), onde a utilização do market share como
medida de competitividade é a contribuição mais útil e difundida da economia neoclássica para os
estudos da competitividade.
De acordo com essa visão, a participação das exportações de um determinado setor no
mercado internacional seria um indicador eficiente de competitividade internacional, e dessa forma,
54
a competitividade de um país ou setor seria o resultado da competitividade de cada um dos agentes
pertencentes ao país, região ou setor.
Na segunda vertente, a competitividade é vista como eficiência, onde o intuito seria tentar
medir o potencial de competitividade de um dado setor ou empresa, e para isto, seria necessário a
identificação e estudo das opções estratégicas adotadas pelos agentes econômicos (FERRAZ et al.;
apud SILVA et al. 1999).
Dessa forma, a idéia da análise reporta ao paradigma da organização industrial (estrutura
→conduta →desempenho).
De acordo com Fernandes (2007)
a importância que se releva ao comércio internacional através das exportações
remete aos estudos dos complexos agroindustriais que possuem grande
importância na competitividade dos países. O Brasil possui um complexo
agroindustrial com grande participação no comércio internacional. A presença de
produtos da agroindústria na pauta de exportação é fruto da elevada
competitividade; os determinantes da vantagem comparativa são: as grandes
extensões de terra agricultáveis, o baixo custo da mão-de-obra e a adoção de
tecnologias que permitem ganhos de competitividade, o que pode ser visto pelas
vantagens comparativas de Ricardo, e difundido pela Divisão Internacional do
Trabalho, onde o país que tem vantagem comparativa em um bem deve
especializar-se nesta produção e exportar seu excedente para o exterior.
(FERNANDES, 2007).
Assim, a competitividade é vista como a capacidade de um país em produzir determinados
bens igualando ou superando os níveis de eficiência observáveis em outras economias. O
crescimento das exportações seria uma provável conseqüência da competitividade, e não sua
expressão. O conceito da competitividade é mais amplo e está associado a diferenciais de preços,
problemas tecnológicos, salários e produtividade, em que a medida mais usual é a produtividade do
trabalho.
3.2. Modelo Analítico
Serão utilizados o Modelo Constant-Market-Share (CMS), o índice de Posição Relativa no
Mercado (POS) e o Modelo Shift-Share para analisar a competitividade dos produtos algodão e soja
55
(em grão, farelo e óleo) do estado de Mato Grosso, frente ao mercado internacional no período
proposto.
3.2.1 Modelo Constant-Market-Share
Para avaliar a competitividade será utilizado o modelo Constant-Market-Share (CMS), que
permite fazer a decomposição das taxas de crescimento das exportações do algodão e da soja no
referido período de estudo. Essa análise enfatiza o desempenho do mercado exportador em relação
ao mercado importador. Esse modelo atribui o crescimento das exportações, favorável ou
desfavorável ao setor exportador, tanto na estrutura das exportações do país quanto em sua
competitividade.
O modelo supõe que, mantida a parcela de exportação do país, a variação verificada ocorre
em função da competitividade, sendo que a decomposição do crescimento das exportações é feita de
acordo com os seguintes fatores: a) crescimento do comércio internacional; b) composição da pauta
de exportações; c) destino das exportações; d) competitividade, determinada pelo resíduo das
demais. Atribui-se ao resíduo negativo o fracasso de manter-se no comércio e ao resíduo positivo o
sucesso na ampliação da participação do comércio internacional.
O modelo permite a análise por componentes e pelo comportamento do produto no mercado
de destino, indicando os mercados onde o país é mais competitivo. Embora se faça uso de séries
passadas, o método CMS apresenta a possibilidade de serem feitas estimativas sobre o
direcionamento e a concentração do setor exportador em produtos mais dinâmicos.
De acordo com Souza (2007), ao se aplicar essa metodologia, se faz necessário pensar em
variações discretas no tempo, e não mais em termos de mudanças infinitesimais, possíveis quando
se opera com funções contínuas. Também a necessidade de agregar mercadorias heterogêneas
impõe que se trabalhe com os valores das exportações, e não quantidades exportadas. Dessa forma,
o modelo mais simples, que não faz distinção entre produtos e mercados, pode ser assim descrito:
V*.. – V.. = rV.. + (V*.. – V.. – rV..) (1)
(a) (b)
Onde:
56
V.. = valor total das exportações no período 1 (inicial)
V*.. = valor total das exportações no período 2 (final)
r = incremento das exportações mundiais do período 1 para o período 2.
A variação das exportações do país de um período a outro está associada à variação das
exportações mundiais (a) e a um efeito residual atribuído à competitividade (b).
Como as exportações compõem-se de um conjunto diverso de produtos, tem-se para o i-
ésimo produto uma expressão análoga à (1):
V*i. – Vi. = riV i. + (V*i. – Vi - riVi.) (2)
(a) (b)
onde:
V i.. = valor total das exportações do produto i no período 1;
V*i = valor total das exportações do produto i no período 2;
ri = incremento das exportações mundiais do produto i do período 1 para o período 2.
Esta expressão pode ser agrupada em:
V*.. – V.. = riVi. + (V*i. – Vi - riVi.)
(a) (b)
V*.. – V.. = (rV..) + (ri – r)V i. + (V*i. – V i - riVi.) (3)
(a) (b) (c)
Por fim, se considerando a diferenciação das exportações por mercados de destino, chega-se
à equação de CMS para o tipo particular de produto e uma região particular de destino:
V*ij – Vij = rijV ij + (V*ij – Vij - rijVij) (4)
(a) (b)
onde::
Vij = valor total das exportações do produto i para o país j no período 1;
V*ij = valor total das exportações do produto i para o país j no período 2;
rij = incremento das exportações mundiais do produto i para o país j do período 1 para o
período 2.
Assim, esta equação pode ser agrupada em:
57
Vijij*.. – V..= rij Vij + (V*ij – Vij - rijVij)
(a) (b)
Vijij*.. – V.. = rV.. + (ri - r)Vi. + (rij - ri )Vij + (V*ij – Vij - rijVij) (5)
(a) (b) (c) (d)
Os efeitos (a) e (b) são relacionados a fatores externos e efeitos (c) e (d), a fatores internos,
onde:
(a) É o efeito crescimento do comércio mundial; incremento observado se as
exportações tiverem crescido à mesma taxa de crescimento do comércio mundial;
(b) É o efeito composição da pauta de exportação; mudanças na estrutura da pauta com
concentração em produto com crescimento de demanda mais ou menos acelerado;
(c) Representa o efeito destino das exportações; mudanças decorrentes de exportações
de produtos para mercados de crescimento mais ou menos dinâmicos; e
(d) É o efeito residual, que representa a competitividade; refletindo a diferença entre o
crescimento atual e o crescimento que teria ocorrido nas exportações, se sua parcela de exportações
de cada bem para cada país tivesse sido mantida.
O efeito pauta de exportações (b), (ri - r)Vi mostra que se as exportações mundiais do
produto i aumentarem mais que a média mundial para todas as mercadorias exportadas. Se (ri - r) é
positivo, tornará forte esse efeito se Vi. for relativamente grande, ou seja, o efeito composição da
pauta será positivo se as exportações estiverem concentradas no produto de maior expansão ou
quando a taxa de crescimento for superior à média mundial.
O efeito destino das exportações (c), (rij - ri )Vij , será positivo se o país tiver concentrado
suas exportações em mercados que experimentaram maior dinamismo no período analisado e,
negativo se concentrado em regiões mais estagnadas.
O efeito competitividade (d) significa que uma economia é competitiva na produção de
determinada mercadoria quando consegue pelo menos igualar-se aos padrões de eficiência vigente
no resto do mundo, quanto à utilização de recursos e à qualidade do bem.
Portanto, a diferença entre o crescimento das exportações verificadas pelo modelo CMS e o
crescimento efetivo das exportações é atribuída ao efeito competitividade. A medida deste efeito
está relacionada com mudanças nos preços relativos. Assim, quando um país deixa de manter sua
parcela no mercado mundial, o termo competitividade torna-se negativo e os preços crescem para o
país, frente aos preços de seus competidores.
58
3.2.2 Índice de Posição Relativa no Mercado (POS)
O índice, que foi sugerido por Lafay (1999), determina a posição do país i no mercado
mundial do produto k, pela divisão do saldo comercial do país i, no produto k, pelo comércio
mundial W do produto k (exportações mais importações mundiais do produto k), em determinado
período de tempo n.
Algebricamente temos:
n
ikPOS = 100*
n
k
n
ik
n
ik
W
MX
Onde, n
ikPOS é a posição do país i no mercado mundial do produto k, em determinado ano n; Xik,
valor das exportações do produto k, do país i; Mik, valor das importações do produto k, do país i; e
n
kW , valor das exportações mais as importações mundiais do produto k, em determinado ano n.
Esse indicador pode apresentar resultados tanto positivos como negativos. Os países que
apresentarem resultados positivos terão posicionamento relativo superavitário no comércio
internacional e aqueles que apresentarem resultados negativos terão posicionamento relativo
deficitário no comércio internacional do produto.
De acordo com Lafay (1999), este indicador de competição internacional é influenciado por
variáveis macroeconômicas, pelo peso da economia do país em relação ao mundo, pelas
características estruturais do consumo e da produção do bem e pelas distorções que podem ser
introduzidas pelo poder público, tais como subvenção às exportações e, ou, geração de barreiras ao
processo de importação.
3.2.3 Modelo Shift-Share
Este método permite decompor o efeito de algumas variáveis sobre as exportações, que no
caso deste trabalho, aborda as commodities algodão e soja (grão, farelo e óleo).
Silva e Carvalho (1995), apud Reis e Campos (1998), colocam que esta metodologia permite
mensurar os efeitos da variação cambial sobre os preços entre diferentes momentos no tempo, Com
isso é possível verificar os efeitos das diferentes políticas cambiais sobre um mercado específico,
59
como o mercado do algodão e da soja. Eles são captados pelas variações de seus componentes no
tempo, e não se considera a interação entre as fontes. Por isso, quando se analisa um dos efeitos, o
outro é dado como constante.
Segundo Shikida e Alves (2001), o estudo pioneiro com o modelo foi elaborado por Curtis
em 1972, para analisar o desempenho das variáveis renda e emprego, decompostas em três efeitos,
crescimento nacional, composição das atividades econômicas e diferenciação regional das
atividades econômicas, para o período de 1960 a 1969.
Dentre os trabalhos analisados que utilizaram o modelo shift-share estão Igreja et al.
(2005a), Silva (1999), Santos e Silva (2001), Silva et al. (1999), Romão et al. (1989), Shikida e
Alves (2001), Souza et al. (2002), Canuto e Xavier (1999) e Reis e Campos (1998), mas os que
mais especificamente serviram de base para elaboração deste foram os estudos de Filgueiras et al.
(2003) Igreja et al. (2005).
Segundo Romão et al. (1989), o método tem inúmeras possibilidades de aplicação,
especialmente em economia regional, e devido a esta vantagem tem resistido ao tempo e à crítica.
Os efeitos estudados serão decompostos em efeito-preço, efeito-câmbio e efeito-quantidade,
conforme detalhes a seguir:
A receita obtida pela exportação de uma determinada commodity é o resultado do produto do
preço pela quantidade vendida, ou seja,
$. RPQR (1)
onde R é a receita em real decorrente da exportação do produto, Q é a quantidade do produto
exportado, e PR$ é o preço em reais recebido pelo exportador brasileiro.
E como o preço do algodão e da soja (grão, farelo e óleo) são definidos no mercado
internacional, a conversão para preço em reais é obtida pelo produto da taxa de câmbio real pelo
preço em dólares:
PR$ = λ. PUS$ (2)
onde PUS$ é o preço em dólar recebido pelo exportador brasileiro, e λ a taxa de câmbio real
(R$/US$).
60
Substituindo (2) em (1), tem-se que a receita da exportação do algodão e da soja são
resultantes das quantidades exportadas, da taxa de câmbio e do preço internacional das
commodities, ou seja:
R = Q . (λ. PUS$) (3)
A análise será anual, ou seja, será obtida a taxa anual de crescimento ou decrescimento da
receita das exportações dos produtos algodão e soja (grão, farelo e óleo), resultante da variação
ocorrida entre o ano analisado (t) e o ano anterior (0).
A taxa de câmbio real foi obtida a partir de taxas médias anuais para o período de 1990 a
2006, deflacionadas pelo critério da paridade do poder de compra da moeda, conforme a expressão
(4), considerando a inflação doméstica e a inflação internacional:
p
Pe
* (4)
As expressões (5) e (6) apresentam a variação da receita de exportação dos produtos algodão
e soja (grão, farelo e óleo) em reais, respectivamente, para o período inicial “0”, e o período final
“t”:
R0 = Q0. (PUS$0 . λ0) (5)
Rt = Qt . (PUS$t . λt) (6)
Na expressão (7), tem-se o “efeito-preço”, que indica a variação na receita em reais ocorrida
devido a variação no preço em dólares, na expressão (8) o “efeito-câmbio”, que capta o efeito da
variação da taxa de câmbio sobre a receita. Observa-se que ao calcular cada um dos efeitos, os
demais serão sempre considerados constantes:
) . (P 0US$t0 QRP
t (7)
) . (P tUS$t0 QRt (8)
61
O efeito total, ou a variação total na receita das exportações dos produtos algodão e soja
(grão, farelo e óleo), em reais, do período inicial para o final, é definido por:
tt
P
tt
P
tt RRRRRRRR 00 (9)
onde: Rt - R0 é a variação total na receita em reais; ( 0
P R-R t ) mede a contribuição do preço
internacional para a variação da receita; ( P
tR-R t ) mede a contribuição do efeito câmbio e
)R-(R t
t afere a contribuição da variação no volume exportado, ou seja, o “efeito-quantidade”
representando a variação da receita, devido à variação do volume exportado.
Diante da expressão (9), é possível observar cada um dos três efeitos individualmente ou
somados, como a expressão apresenta, sendo neste caso a taxa anual de crescimento da receita de
exportação.
Para descobrir a participação de cada um dos efeitos na variação total das receitas de
exportação, multiplica-se ambos os lados da expressão (9) por: )R - R/(1 0t . Logo, tem-se:
)R - (R
)R-R(
)R - (R
)R-R(
)R - (R
)R-R(1
0t
t
0t
P
t
0t
0
P ttt (10)
Pode-se, ainda, representar cada um dos efeitos estudados em percentual do efeito total,
realizando a multiplicação dos dois lados da identidade (9) por 100).1/( 0 tt RRi , e com t = 1,
têm-se: 100].1)/[( 0 RRi t , onde i representa a taxa média anual (em %) de variação da receita
das exportações, ou seja, o efeito total. Assim, os efeitos que atuam sobre a receita de exportação,
em percentual, são dados por:
)R - R(
)R-R(
)R - R(
)R-R(
)R - R(
)R-R(
0t
t
0t
P
t
0t
0
P ttt iii i (11)
onde os três termos à direita do sinal da igualdade representam os três efeitos, em percentual, na
mesma seqüência da expressão (9).
62
3.3 Fontes de dados e procedimentos
Para analisar as exportações e importações mato-grossenses do algodão e do complexo soja
(grão, farelo e óleo) no período de 1990 a 2006, foram utilizadas séries de dados da Secretaria de
Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC/SECEX, 1990-2006).
Os dados sobre importação e exportação mundial dos produtos algodão e soja foram
encontrados na FAO (Food and. Agriculture Organization of the United Nations) e no USDA
(United States Departament of Agriculture).
Foram adotadas as posições 5201.00.20 (algodão simplesmente debulhado, não cardado nem
penteado), 1507.10.00 (óleo bruto), 2304.00.90 (farelo) e 1201.00.90 (grãos de soja, mesmo
triturados) da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), como critério de classificação para o
algodão e para os produtos do complexo soja. Utilizou-se de séries de peso (kg) e valores (US$ e
R$), convertido para mil toneladas e milhão de dólares e milhão de reais, tanto para o algodão como
para os produtos do complexo soja.
A taxa de câmbio nominal (R$/US$) foi obtida no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipeadata, 2007); o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), utilizado como Proxy
para a inflação do Brasil, foi obtido na Fundação Getúlio Vargas (FGV-Dados, 2007); e, o Índice de
Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos foi obtido no Banco Central do Brasil (Banco
Central do Brasil, 2007), sendo que este trabalho limitou em IPC dos Estados Unidos porque os
preços no mercado internacional são cotados em dólar. Os dados sobre os preços dos produtos
foram obtidos no CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, 2007).
63
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Desempenho das exportações mato-grossenses de algodão com o índice Constant-Market-
Share
Os maiores importadores de algodão de Mato Grosso são: China, Paquistão, Argentina,
Indonésia, Japão, Tailândia, Índia, Taiwan, Hong Kong e Itália. Portanto, o critério de escolha dos
países China, Paquistão, Indonésia e Tailândia para verificar o desempenho das exportações de
algodão de Mato Grosso foi em razão desses países estarem entre os principais importadores do
algodão de Mato Grosso no período estudado.
Com relação ao índice Constant-Market-Share, ele permite fazer uma análise do
comportamento e também do desempenho das exportações de produtos de uma região ou de um
país.
O uso desse modelo Constant-Market-Share às exportações de algodão do estado de Mato
Grosso fez com que fosse possível analisar o desempenho e a contribuição dos efeitos ligados ao
crescimento do comércio mundial, o destino das exportações de algodão, bem como a
competitividade no período analisado.
O resultado do Constant-Market-Share está apresentado na Tabela 11, e mostra o modelo
de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso para a China, sendo que os
dados são a partir do ano de 2002, pois, de 1990 a 2001 os resultados foram nulos, não havendo
exportações nem importações para o cálculo desse índice.
Os resultados obtidos mostram que o efeito total foi positivo para o crescimento do
comércio mundial e do destino das exportações, assim como a participação no crescimento que foi
positiva para esses dois efeitos. Com relação ao efeito competitividade, este ficou positivo somente
no ano de 2004, onde o efeito competitividade pode ter sido influenciado pelo câmbio favorável às
exportações, o que explica também o maior índice de Posição Relativa no Mercado em 2004. Nesse
mesmo ano o efeito competitividade foi favorável também para outros paises, pois, houve um
aumento na demanda mundial de algodão em pluma em 10,73% em relação ao ano anterior. O
64
efeito competitividade apresentou resultados negativos tanto no efeito total como na participação no
crescimento.
Tabela 11. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para a
China, período de 2002 a 2006.
Período Efeito Crescimen-
to do Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participa
ção da China
2002 129,48 258,27 -382,65 0,41
2003 -255,58 1.255,12 -995,51 0,49
2004 463,75 -465,36 31,74 0,32
2005 956,25 501,04 -1.490,59 1,16
2006 0,17
Efeito Total 1.293,90 1.549,07 -2.834,60
Participaçã
o no
cresci-
mento (%)
154,59 185,07 -338,66
Fonte: Dados da pesquisa
No ano de 2004 o efeito destino teve influência negativa, ocasionado pela concentração de
mercado, mas apresentou influência positiva nos demais anos analisados, embora esse resultado
desfavorável não tenha impactado negativamente no efeito total nem na participação no
crescimento.
Já o efeito crescimento do comércio mundial só apresentou resultado negativo no ano de
2003, sendo que não afetou o efeito total nem a participação no crescimento das exportações. As
exportações de algodão de Mato Grosso para a China aumentaram desde o início do período
analisado, sendo que apenas no ano de 2006 apresentou queda.
Referente à participação da China, esta apresentou queda, ou seja, Mato Grosso diminuiu a
participação na China em 2006. O maior índice de participação para a China foi no ano de 2005,
com 1,16%. Deve ser ressaltado que o desempenho positivo nas quantidades exportadas não foi
suficiente para apresentar competitividade. Portanto, esse efeito foi mascarado pelos demais efeitos
que foram positivos nesse período.
65
A Tabela 12 apresenta os resultados do Constant-Market-Share para o Paquistão.
Os dados analisados são a partir do ano de 2001, sendo que de 1990 a 2000 os resultados
foram nulos, não havendo exportações nem importações para o cálculo desse índice. Observa-se
que a participação do efeito crescimento do comércio mundial foi positivo tanto no efeito total
como na participação no crescimento, onde 67,97% é explicado pelo crescimento do comércio
mundial.
Tabela 12. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para o
Paquistão, período de 2001 a 2006.
Período Efeito
Crescimento do
Comércio
Mundial
Efeito Destino
das Exportações
Efeito
Competitividade
Participa-
cão do
Paquistão
2001 111,99 7,53 -122,54 1,97
2002 15,11 -14,05 2,31 0,12
2003 -123,87 567,39 -426,76 1,54
2004 820,20 -832,18 34,98 3,90
2005 996,18 -1705,87 693,06 8,35
2006 6,15
Efeito Total 1819,61
-1977,17
184,34
Participação
no
crescimento
(%)
67,97
-73,86
6,89
Fonte: Dados da pesquisa
Apenas no ano de 2003 esse efeito teve resultado negativo, mas foi compensado pelos
demais resultados positivos, o que não influenciou no efeito total.
Quanto ao efeito destino das exportações, este apresentou resultados negativos nos anos de
2002, 2004 e 2005, impactando negativamente no efeito total e na participação no crescimento, que
foi de -73,86%. O efeito competitividade teve um bom desempenho, onde foi positivo no efeito
total e teve uma participação positiva de 6,89% no crescimento, embora nos anos de 2001 e 2003
tenha apresentado resultados negativos, mas o que não influenciou o resultado final.
66
Dessa forma, as exportações de Mato Grosso foram competitivas para o Paquistão nesse
período analisado. O crescimento do comércio mundial também foi positivo, ficando negativo
apenas o efeito destino das exportações. O ano de 2005 foi o que apresentou o maior índice de
participação do Paquistão, 8,35%, sendo que Mato Grosso apresentou queda nas participações para
o Paquistão no ano seguinte.
Na Tabela 13 estão apresentados os resultados do Constant-Market-Share para a
Indonésia, sendo que os dados obtidos foram a partir do ano de 2000, pois, de 1990 a 1999 os
resultados foram nulos, não havendo exportação nem importação para a utilização desse índice.
De acordo com esses efeitos, nota-se que o crescimento do comércio mundial teve efeito total
positivo e sua participação no crescimento também apresentou resultados positivos, embora nos
anos de 2000 e 2003 esses índices tenham sido negativos, mas não afetando o resultado final.
Tabela 13. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para a
Indonésia, período de 2000 a 2006.
Período Efeito
Cresciment
o do
Comércio
Mundial
Efeito Destino das
Exportações
Efeito
Competitivida
de
Participaçã
o da
Indonésia
2000 -15,64 52,93 -26,64 0,16
2001 401,35 -718,42 311,16 1,22
2002 317,23 -367,54 53,65 0,83
2003 -313,77 364,44 -24,62 1,43
2004 1.417,37 -1.956,40 527,76 5,19
2005 550,75 -737,75 185,97 4,17
2006 4,32
Efeito Total 2.357,30 -3.362,74 1.028,41
Participação
no
crescimento
(%)
102,63 -146,39 44,77
Fonte: Dados da pesquisa
O efeito destino das exportações apresentou resultado negativo no efeito total em -3.362,74 e
também teve participação negativa no crescimento, ou seja, ficou em -146,39%, onde em alguns
67
anos apresentou resultado positivo, mas que não foi suficiente para sobrepor os demais anos em que
foi negativo. Já o efeito competitividade foi responsável por 44,77% do crescimento das
exportações de Mato Grosso para a Indonésia, sendo que também teve resultado positivo no efeito
total, 1.028,41, mesmo que nos anos de 2000 e 2003 esse efeito tenha apresentado perdas.
Com relação à participação mundial, Mato Grosso apresentou queda, diminuindo assim sua
participação tanto na Indonésia como no mundo, onde a maior participação foi no ano de 2004, a
Indonésia com uma participação de 5,19% e o mundo com participação de 0,46%. Pode-se inferir
que as exportações de algodão para a Indonésia foram competitivas ao longo desse período
analisado, assim como o efeito crescimento do comércio mundial que impactou positivamente nas
exportações de algodão para esse país.
Os dados apresentados na Tabela 14 mostram os resultados do Constant-Market-Share para
a Tailândia, sendo que os dados utilizados para este estudo foram a partir de 2000, pois de 1990 a
1999 não foram obtidos dados sobre exportação e importação para análise. De acordo com os
resultados obtidos, o efeito crescimento do comércio mundial foi positivo, tanto no efeito total
como na participação do crescimento, mesmo que no ano de 2000 e 2003 os resultados tenham sido
negativos para esse efeito.
Tabela 14. Índices de crescimento das exportações de algodão do estado de Mato Grosso, para a
Tailândia, período de 2000 a 2006.
Período Efeito Crescimento
do Comércio
Mundial
Efeito Destino das
Exporta-
ções
Efeito
Competi-
tivi-
dade
Participaçã
o da
Tailândia
2000 -2,33 2,82 3,09 0,04
2001 127,66 -143,59 14,45 0,78
2002 121,93 -90,62 -30,10 0,49
2003 -118,01 136,06 1,45 0,66
2004 919,86 -672,45 -260,23 4,14
2005 231,32 -425,45 190,79 1,64
2006 1,36
Efeito Total 1.280,35 -1.193,24 -80,38
Participa
ção no
190,24 -177,30 -11,94
68
crescime
nto (%)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Referente ao efeito destino das exportações, esse foi deficitário no resultado do efeito total e
também teve uma participação negativa no crescimento. Mesmo tendo apresentado resultados
positivos nos anos de 2000 e 2003, não foi suficiente para ser superavitário nesse período.
O efeito competitividade foi outro item que apresentou deficiências nesse período
analisado, tanto o seu efeito total como a participação no crescimento apresentou números
negativos, -80,38% e -11,94%, respectivamente. Assim, o que pode explicar o aumento das
exportações de algodão de Mato Grosso para a Tailândia é o efeito crescimento do comércio
mundial, ou seja, esse país passou a comprar uma maior quantidade de algodão do mundo todo,
mas só que o algodão de Mato Grosso não foi competitivo nesse período estudado para esse país.
A participação mundial apresentou queda também como nos demais países analisados, onde
a maior participação de Mato Grosso para a Tailândia foi no ano de 2004, com 4,14%.
Comparando o efeito destino para todos os países considerados nesse estudo, este teve
implicação positiva apenas para a China. Já o efeito competitividade apresentou resultado negativo
para a China e para a Tailândia, devido aos outros exportadores mundiais que recebem subsídios,
terem melhor infra-estrutura e também um nível tecnológico mais adiantado que o do Brasil. O
efeito crescimento do comércio mundial foi positivo para todos os países analisados, evidenciando
que tem sido positiva a participação de Mato Grosso no comércio mundial.
4.2 Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o algodão
Na Figura 4 está apresentado o Índice de Posição Relativa (POS). Conforme esse índice, o
país ou região que apresentar resultados superiores a zero terá saldos relativos superavitários, e o
que apresentar saldos negativos, será deficitário no mercado internacional.
.
69
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Po
rcen
tag
em
Figura 4. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o algodão, período de 1990 a 2006.
Fonte: Dados da pesquisa.
De acordo com os resultados obtidos pela decomposição desse índice, verifica-se que o
estado de Mato Grosso apresentou na maioria dos anos analisados resultados positivos, ou seja, teve
saldos relativos superavitários, sendo que teve saldo negativo no ano de 1995, alcançando -0,56% e
no ano 2000, com um saldo de -0,67%.
Após esse período, o estado de Mato Grosso entrou em trajetória de crescimento na sua
participação no mercado mundial, chegando a 1,44% no ano de 2004 e depois diminuiu a
participação relativa no mercado mundial, ou seja, menor participação relativa no mercado mundial
nos anos de 2005 e 2006, com 1,03% e 0,84%, respectivamente.
Esse resultado maior no ano de 2004 pode ser explicado pela maior produção e também
maior exportação de algodão nesse ano pelo estado de Mato Grosso, o que impactou no bom
desempenho desse índice nesse período. Esse desempenho nas exportações de algodão foi devido ao
câmbio favorável nesse período analisado e também às altas produtividades do algodão, bem como
a uma maior demanda da pluma no mercado internacional ocorrida nesse ano.
Assim, o estado pode aumentar ainda mais as suas exportações de algodão, pois tem
condições de expandir ainda mais suas fronteiras agrícolas, dependendo apenas dos preços
(relacionados com os custos de produção e taxa de câmbio) dessa commodity no mercado
internacional, bem como de fatores climáticos favoráveis para sua produção.
70
4.3 Análise do índice Shift-Share para o algodão
A Figura 5 (a) mostra as receitas de exportação de algodão no período de 1990 a 2006 em
Mato Grosso, observando que estas deram um salto de crescimento a partir do ano 2001.
Em 2001 as receitas totalizaram R$ 163.078 mil e desse período em diante apresentaram um
crescimento bem expressivo, chegando ao pico no ano de 2004 com uma receita de R$ 595.110 mil,
mas apresentando queda na receita nos anos seguintes, ou seja, em 2005 e 2006. Nos anos
anteriores a 2001, houve período em que não foi exportada nenhuma tonelada de algodão pelo
estado de Mato Grosso, como é o caso dos anos de 1990, de 1992 a 1994 e de 1996 a 1998. Em
1991 e 1995 houve exportação de algodão, mas que podem ser consideradas irrelevantes, sendo que
as exportações do algodão se tornaram realmente expressivas só a partir do começo da década de
2000.
Esse crescimento decorre de planos de incentivos à cultura do algodão e às exportações,
assim como da alta produtividade e qualidade do algodão produzido no estado. Outro aspecto que
deve ser considerado é a desvalorização da moeda nacional ocorrida após o ano de 1999, o que
incentivou também as exportações, mesmo com os preços baixos da pluma no mercado
internacional.
a) Receitas (em mil R$)
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
b) Taxa de Câmbio Real (R$/US$)
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
199
01
99
11
99
21
99
31
99
41
99
51
99
61
99
71
99
81
99
92
00
02
00
12
00
22
00
32
00
42
00
52
00
6
71
c) Volume (em toneladas)
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
200000
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
d) Preço (US$/tonelada)
0,00
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2.500,00
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Figura 5. Receita de exportação de algodão, taxa de câmbio real, volume exportado e preço em
dólares, 1990-2006.
Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.
Na Figura 5 (b) tem-se a evolução da taxa de Câmbio real, onde se nota que o câmbio teve o
seu mais alto valor em 2002.
Observa-se na Figura 5 (c) o volume das exportações Mato-Grossenses de algodão em
pluma, onde ocorreu um crescimento bem acentuado a partir do ano de 2001, sendo que foram
exportadas nesse ano a quantidade de 54.830 toneladas de pluma, e o maior volume exportado foi
no ano de 2004, onde foram embarcadas 174.362 toneladas de pluma.
Na Figura 5 (d) aparecem os preços do algodão, onde se observa que os preços oscilaram
bastante nesse período estudado. O preço mais alto foi no ano de 1995, chegando a US$ 2.061,08 a
tonelada da pluma e o preço mais baixo ocorreu em 2002, que foi de US$ 815,48 a tonelada.
Verifica-se ainda uma recuperação nos preços no ano de 2003, mas voltando a cair nos anos
seguintes. O que explica essa oscilação nos preços é um aumento da oferta mundial pelos maiores
países produtores e também pela quebra de safra em alguns anos, o que diminui a oferta do produto
e que influencia os preços no mercado mundial.
Na Tabela 15 estão relacionados os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a
receita de exportação de algodão em pluma.
Tabela 15 - Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de algodão (em
%), 1991 a 2006.
Período Efeito Preço Efeito Efeito Efeito Total
72
Câmbio Quantidade
1991 0 0 0 0
1992 -23 69 -146 -100
1993 0 0 0 0
1994 0 0 0 0
1995 0 0 0 0
1996 -17 1 -85 -101
1997 0 0 0 0
1998 0 0 0 0
1999 0 0 0 0
2000 9,07 -21,17 311,45 299,35
2001 -31,17 22,26 454,17 445,26
2002 -6,75 10,63 16,56 20,44
2003 51,97 -19,58 42,93 75,32
2004 -6,55 -10,19 89,56 72,82
2005 -9,82 -16,83 -1,4 -28,05
2006 4,17 -9,65 -16,67 -22,15
Fonte: Dados da pesquisa.
De acordo com o efeito total, a receita de exportação ficou negativa em quatro anos, ou seja,
em 1992, 1996, 2005 e 2006, sendo que a queda maior na receita foi no ano de 1996 -101%, e as
variáveis que influenciaram essa queda foram os efeitos quantidade, que ficou em -85% e o efeito
preço -17%, e a queda só não foi maior devido ao efeito câmbio que foi positivo nesse período.
O ano de 1992 foi o período em que houve a segunda maior queda na receita de exportação
(-100%), ocasionada também pelo efeito quantidade (-146%) e pelo efeito preço (-23%), e também
nesse ano o efeito câmbio foi importante para que a queda de receita não fosse ainda maior para os
exportadores.
O ano de 2005 teve uma queda na receita em -28,05% e dessa vez as três varáveis
juntamente foram as responsáveis por essa queda, onde o câmbio influenciou em -16,83%, o efeito
preço foi de -9,82% e o efeito quantidade foi de -1,4%. Em 2006 o efeito quantidade participou
negativamente para a queda na receita, com -16,67% e o câmbio com -9,65%, sendo que o efeito
73
preço nesse ano segurou um pouco a queda na receita, onde apresentou uma ligeira recuperação em
relação ao ano anterior.
O efeito câmbio teve uma repercussão negativa sobre o efeito total em 5 anos do período
estudado, ou seja, em 2000, 2003, 2004, 2005 e 2006, sendo positivo em quatro anos, 1992, 1996,
2001 e 2002. No ano de 1992 foi o responsável para que a receita de exportação não ficasse mais
baixa ainda, contribuindo com 69% para o efeito total.
A participação do efeito preço sobre o efeito total foi negativa em 6 anos do período
analisado, ou seja, em 1992, 1996, 2001, 2002, 2004 e 2005, ficando positivo nos anos de 2000,
2003 e 2006. Em 2003 apresentou o melhor desempenho para o efeito total, ou seja, 51,97%.
Pode-se observar que os três efeitos estudados não predominaram individualmente por todo
o período analisado, sendo que houve variações no câmbio, nos preços da commodity e também na
quantidade exportada, o que fez com que o efeito dominante variasse ano a ano. Em nenhum dos
anos estudados os três efeitos foram conjuntamente responsáveis pelo efeito total positivo da receita
de exportação, sendo que se um efeito era positivo os dois outros eram negativos, ou vice-versa.
Verifica-se que apenas no ano de 2005 os três efeitos foram negativos, contribuindo para a queda na
receita de exportação dos produtores/exportadores dessa malvácea, sendo explicado pela queda nos
preços e valorização da moeda, e se não bastasse, teve também uma queda no volume exportado.
A Figura 6 mostra os três efeitos estudados, o efeito preço, quantidade e o efeito câmbio.
Houve predomínio do efeito preço apenas no ano de 2003, quando atingiu o patamar de
51,97%, e este foi o período em que houve uma melhora nos preços recebidos pelos exportadores,
US$ 1.239,64 a tonelada, depois de dois anos seguidos de acentuada queda. O ano de 2001 foi o que
apresentou o maior crescimento da receita de exportação no período estudado, ficando em 445,26%,
e o grande responsável por esse resultado positivo foi o efeito quantidade, que apresentou um valor
de 454,17%, juntamente com o efeito câmbio, com uma participação de 22,26% nesse ano.
Outro ano que apresentou um ótimo resultado na receita foi o ano de 2000, onde o efeito
total ficou em 299,35%, sendo que nesse período o maior influenciador foi o efeito quantidade, com
um índice de 311,45% e efeito preço, mas em menor intensidade, 9,07%.
74
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Efeito-Quantde
Efeito-Câmbio
Efeito-Preço
Figura 6. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de algodão (em
%), 1991 a 2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
Em 2003 o efeito total na receita foi positivo, 75,32%, e o efeito quantidade participou
positivamente com 42,93%, e no ano de 2004 o efeito total ficou em 72,82%, sendo o responsável
por esse efeito positivo, o efeito quantidade, com 89,59%, sendo que esse resultado poderia ter sido
melhor não fosse a participação negativa dos efeitos câmbio com -10,19% e preço com -6,55%. No
período de 2002 o efeito quantidade foi importante para o resultado positivo do efeito total, com
16,56% e o efeito câmbio também teve sua participação positiva com 10,63%.
No ano de 2006 houve uma valorização da moeda nacional em relação ao ano de 2005, e a
queda na receita nesse ano foi um pouco amenizada, devido aos preços que tiveram uma ligeira
melhora em relação ao ano anterior, pois a quantidade exportada nesse ano foi 17,51% menor que
no ano de 2005.
De acordo com os resultados apresentados, o efeito quantidade foi o que mais influenciou o
efeito total, mais precisamente nos anos 1992, 1996, 2000, 2001, 2002 e 2006, ora influenciando
positivamente e ora negativamente, mas com predomínio positivo, do que se conclui que a garantia
da receita dos exportadores deu-se pela quantidade exportada do algodão nesse período, com menor
grau de influência do preço e do câmbio.
4.4 Desempenho das exportações mato-grossenses de soja com o índice Constant-Market-Share
75
A escolha dos países Estados Unidos e China, e da União Européia foi devido ao fato de que
esses dois países mais esse bloco econômico foram grandes importadores de soja do estado de Mato
Grosso no período estudado.
O Brasil está entre os três maiores exportadores de soja do mundo, sendo que o primeiro são
os Estados Unidos e o terceiro maior exportador é a Argentina. No ano de 2006, o Brasil foi
responsável por 37% das exportações mundiais, os Estados Unidos 42,5% e a Argentina, 10,4% do
total mundial.
O Constant-Market-Share foi um dos índices utilizados para mensurar a competitividade da
soja Mato-Grossense no cenário mundial. O intuito em utilizar esse índice foi para fazer uma
análise da competitividade, a partir da decomposição do crescimento das exportações nos três
efeitos: o efeito comércio mundial, o efeito destino das exportações e o efeito competitividade.
A importância desse índice, reside no fato de fazer uma análise do comportamento e também
do desempenho das exportações de produtos de uma região ou de um país.
O uso do modelo Constant-Market-Share aplicado às exportações de soja do estado de Mato
Grosso fez com que fosse possível analisar o desempenho e a contribuição dos efeitos ligados ao
crescimento do comércio mundial, o destino das exportações de soja, bem como a competitividade
no período analisado.
O resultado do Constant-Market-Share está apresentado na Tabela 16 e mostra o modelo de
crescimento das exportações de soja pelo estado de Mato Grosso para os Estados Unidos no período
de 2000 a 2006.
Os dados das exportações de soja de Mato Grosso para os Estados Unidos foram obtidos a
partir do ano de 2000, pois de 1990 a 1999 os resultados foram nulos, não havendo exportações
nem importações para o cálculo desse índice.
Tabela 16. Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso, para os
Estados Unidos, período de 2000 a 2006.
Período Efeito
Crescimento
do Comércio
Mundial
Efeito Destino
das
Exportações
Efeito
Competitivi-
dade
Participação
Estados
Unidos
2000 5,05 -7,79 -4,72 1,06
2001 2,67 -16,91 -3,11 2,09
76
2002 12,49 11,089 -12,48 1,02
2003 -0,01 6,139 1,84 0,57
2004 -14,85 20,05 12,72 3,47
2005 0 0 1,02 0
2006 1,81
Efeito Total 5,35 12,58 -4,33
Participação
no
crescimento
(%)
0,39 0,92 -0,32
Fonte: Dados da Pesquisa.
Os resultados do Constant-Market-Share demonstram uma variação positiva no efeito total
do crescimento do comércio mundial (5,35) e no efeito total do destino das exportações (12,58).
Quanto ao efeito total da competitividade o resultado foi negativo em -4,33, sendo que o estado
apresentou perdas nos anos de 2000 a 2002. Nos demais anos estudados, o efeito competitividade
foi positivo, mas esse ganho não foi suficiente para compensar as perdas de competitividade, uma
vez que a participação no crescimento da competitividade teve uma perda de -0,32%, influenciado
pela participação da Argentina e Estados Unidos com produto de maior valor agregado.
Com relação à participação no crescimento do efeito destino das exportações, este
apresentou um resultado positivo, correspondendo a 0,92%, denotando um ganho da participação da
soja no mercado dos paises importadores. O efeito crescimento do comércio mundial teve um
resultado positivo quanto à participação no crescimento, que foi de 0,39%, apesar de ter
apresentado resultados negativos nos anos de 2003 e 2004.
Dessa forma, a queda nas exportações de soja para os Estados Unidos no período analisado
pode ter sido devido à perda de competitividade, conforme os resultados apresentados.
A Tabela 17 mostra os resultados do Constant-Market-Share para a União Européia no
período de 1990 a 2006.
Tabela 17. Índices de crescimento das exportações de soja no estado de Mato Grosso para a União
Européia, período de 1990 a 2006.
Período Efeito
Cresci-
mento do
Efeito Destino das
Exportações
Efeito
Competitivid
Participaçã
o União
Européia
77
Comércio
Mundial
ade
1990 318,11 -754,83 -354,64 2,97
1991 387,40 317,91 -331,35 1,99
1992 561,25 -3.418,65 -621,32 3,34
1993 474,82 1.207,05 -400,26 2,21
1994 320,11 2.080,64 -385,43 3,84
1995 2.441,47 2.402,50 -2.391,29 1,69
1996 1.700,26 -1.023,21 -1.490,08 2,88
1997 -6.717,11 4.654,93 6.631,42 7,47
1998 -3.774,03 -1.003,64 3.763,69 5,91
1999 4.738,88 -4.689,71 -4.610,78 7,02
2000 4.703,13 4.026,09 -4.478,83 10,83
2001 2.177,38 -86,95 -2.217,54 14,12
2002 24.412,18 -15.314,15 -24.372,52 12,71
2003 -7,54 767,06 164,36 11,69
2004 -5.186,02 -4.607,98 5.359,32 14,62
2005 8.962,36 -37.939,63 -8.845,30 20,76
2006 34,22
Efeito Total 35.512,66 -58.187,57 -34.580,52
Partici-
pação no
cresci-
mento (%)
-0,62 1,01 0,60
Fonte: Dados da Pesquisa.
Esses resultados do Constant-Market-Share para a União Européia mostram que a
participação do efeito crescimento do comércio mundial foi de -0,62%, a participação do efeito
destino das exportações foi de 1,01% e a participação do efeito competitividade foi de 0,60%. O
efeito total do crescimento do comércio mundial teve um resultado positivo, mesmo tendo
apresentado resultados negativos em 1997, 1998, 2003 e em 2004.
78
Quanto à competitividade, houve um pequeno ganho (0,60%), embora o efeito total tenha
sido negativo, o que não impactou negativamente na competitividade das exportações de soja de
Mato grosso para este bloco econômico.
Esses resultados evidenciam que o efeito competitividade e o efeito destino das exportações
foram os responsáveis pelo crescimento das exportações mato-grossenses de soja para a União
Européia, no período estudado.
Quanto à participação no comércio com a União Européia, os dados mostram que o maior
índice foi verificado em 2006, com 34,22% de participação no mercado, sendo que nesse ano foram
exportadas 4.491.694 toneladas de soja em grão para esse bloco econômico.
Esses resultados mostram que a participação de Mato Grosso, no comércio com a União
Européia foram cíclicos ao longo do período analisado, isso devido ao fato de que as exportações de
soja em grão de Mato Grosso para o mercado da União Européia não apresentaram crescimento
continuo, ou seja, houve variação ano a ano na quantidade exportada, com crescimento na
quantidade exportada em um ano e queda em outro período.
Na Tabela 18 estão apresentados os resultados do Constant-Market-Share para a China,
sendo que os dados são a partir do ano de 1997, pois, de 1990 a 1996 os resultados foram nulos, não
havendo exportações nem importações para o cálculo desse índice.
Os resultados do Constant-Market-Share para a China demonstram que no período
analisado, houve crescimento do comércio mundial, que foi de 4%, apresentando resultado positivo
quanto ao índice do efeito destino das exportações, que foi de 0,75%, mas o efeito competitividade
foi negativo nesse período -3,42%, embora nos anos de 1997 a 1998 e 2003 a 2004 tiveram
resultados positivos, o que não foi suficiente para amenizar as perdas ocorridas nos demais anos
analisados.
O efeito total da competitividade também foi negativo. Já o efeito total do crescimento do
comércio mundial e efeito destino das exportações foram positivos, embora tenham apresentados
alguns resultados negativos ao longo do período analisado, mas não impactando negativamente no
resultado final. Deve-se levar em conta que nesse período houve aumento significativo no volume
das exportações de soja de Mato Grosso para a China, só não apresentando competitividade,
segundo a metodologia proposta.
Tabela 18. Índices de crescimento das exportações de soja em grão no estado de Mato Grosso, para
a China, período de 1997 a 2006.
79
Período Efeito
Cresciment
o do
Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participação
China
1997 -140,20 -9,71 161,50 0,40
1998 -433,88 619,86 436,77 2,08
1999 627,04 2.269,00 -618,50 2,16
2000 513,39 362,43 -491,70 1,42
2001 227,32 -885,27 -152,42 1,80
2002 6.076,73 7.690,19 -6.010,31 4,49
2003 -2,60 5.343,38 61,56 3,32
2004 -1.824,13 4.554,12 2.171,43 3,39
2005 5.950,84 -17.709,15 -5.802,41 7,16
2006 11,04
Efeito Total 10.99 2.234,86 -10.237,16
Participaçã
o no
cresciment
o (%)
4
0,75
-3,42
Fonte: Dados da Pesquisa.
A participação do comércio de Mato Grosso com a China, de soja em grão, teve o seu
melhor desempenho no ano de 2006, que foi de 11,04% do comércio chinês, com uma exportação
de 3.317.110 toneladas de soja em grão para esse país nesse ano.
Os dados apresentados mostram que a participação do comércio de Mato Grosso com a
China ocorreu de forma cíclica no período analisado, onde não apresentou um crescimento
contínuo. Já a participação no comércio mundial do produto apresentou resultados crescentes ano
a ano.
4.5 Análise do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a soja
A Figura 7 apresenta o Índice de Posição Relativa no Mercado (POS).
80
0
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
0,008
0,009
0,01
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Po
rcen
tag
em
Figura 7. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para a soja, período de 1990 a 2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
Conforme esse índice, o país que apresentar resultados superiores a zero terá saldos relativos
superavitários, e o que apresentar saldos negativos será deficitário no mercado internacional.
Analisando o Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), verifica-se que no período
analisado não houve perda de posição de Mato Grosso no mercado internacional, pois não apareceu
resultado negativo em nenhum dos anos analisados. Nota-se que os valores são bastante
insignificantes, ficando em alguns anos acima da unidade e em outro foi nulo, o que pode ser
explicado devido ao baixo volume das exportações de soja de Mato Grosso quando se confronta
com as exportações totais de soja mundiais.
4.6 Análise do índice Shift-Share para a soja
De acordo com a Figura 8 (a), no período de 1990 a 2006 as receitas de exportação de soja
em grão no estado de Mato Grosso tiveram um crescimento expressivo, ou seja, 1.215%. No
entanto o crescimento não foi contínuo, sendo que a maior receita foi no ano de 2005 e a receita
mínima no ano de 1991. Deve ser levado em conta que esse grande crescimento ocorreu
principalmente nos anos após desvalorização da moeda no ano de 1999, e também a um aumento
nas exportações, mesmo com os preços mais baixos no mercado internacional no período.
Tem-se na Figura 8 (c) o volume das exportações mato-grossenses de soja em grão, e
observa-se que houve um crescimento acentuado ao longo do período analisado, sendo que o
81
crescimento entre o ano de 1990 e o ano de 2006 foi de 1.293%. A respeito do crescimento da
exportação do grão, pode-se inferir que este incremento tem sido para atender a demanda externa,
uma vez que a produção de soja em Mato Grosso cresceu muito nesse período analisado, pois, em
1990 a produção foi de 3.064.715 toneladas e no ano de 2006 a produção ficou em 15.067.775
toneladas. Reforça-se esta conclusão com números, pois, enquanto em 1990 o estado exportava
23,2% da sua produção, em 2006 era o equivalente a 65,8% da sua soja produzida.
a) Receitas (em Milhões de R$)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
b) Taxa de Câmbio Real (R$/US$)
-
1,00
2,00
3,00
4,00
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
c) Volume (em 1000 ton)
-
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
d) Preço (US$/t)
-
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Figura 8. Receita de exportação de soja em grão, taxa de câmbio real, volume exportado e preço
em dólares, 1990-2006.
Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.
Os preços estão representados na Figura 8 (d), onde podem ser observadas oscilações em
todo o período, e teve o preço mais alto no ano de 1997, atingindo o valor de US$ 291,79 a tonelada
do grão. Essa variação nos preços pode ser explicada tanto pelo aumento da produção mundial ou
82
aumento da oferta mundial, como por quebras de safra que acabam influenciando os preços
internacionais.
O efeito total mostra que a receita de exportação apresentou queda em seis anos, com uma
taxa acentuada de 1990 para 1991 (-60,47%), ocasionada pela situação adversa nas três variáveis
que a determinam, onde o preço internacional apresentou queda, o câmbio se valorizou e a
quantidade exportada caiu mais acentuadamente, sendo a principal responsável pela queda na
receita.
A Tabela 19 mostra os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a receita de
exportação de soja em grão.
Tabela 19. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de soja em grão
(em %), 1991 a 2006.
Período Efeito Preço Efeito
Câmbio
Efeito
Quantidade
Efeito
Total
1991 -2,42 -16,33 -41,72 -60,47
1992 -2,57 87,46 172,34 257,23
1993 2,93 -26,39 -35,18 -58,64
1994 10,26 -19,87 73,73 64,12
1995 -9,11 -11,39 -36,45 -56,95
1996 27,07 2,03 38,57 67,67
1997 4,79 2,4 232,41 239,6
1998 -20,91 4,32 -6,14 -22,73
1999 -23,67 32,98 29,49 38,8
2000 8,71 -19,84 59,52 48,39
2001 -6,63 31,24 69,1 93,71
2002 4,69 11,9 21,27 37,86
2003 -13,9 -14,45 -7,46 -35,81
2004 27,28 -13,82 4,49 17,95
2005 -13,26 -16,24 56,56 27,06
2006 -2,98 -8,91 8,08 -3,81
Fonte: Dados da Pesquisa.
A segunda maior redução na receita foi no ano 1993 (-58,64%), e foi ocasionada pelas duas
variáveis, câmbio e quantidade, onde a quantidade exportada foi a que apresentou um índice maior
de queda -35,18%.
83
O ano de 1995 também apresentou queda na receita de exportação com a influência das três
variáveis, e como nos dois outros anos anteriores que apresentaram queda, a quantidade exportada
foi a maior influenciadora, com -36,45%. Já nos anos 1998 e 2003, que apresentaram queda na
receita de exportação, sendo -22,73% de -35,81% respectivamente, tiveram como responsáveis pela
queda de receita o preço em 1998 (-20,91%) e o câmbio em 2003 (-14,45%). O ano de 2006
apresentou uma ligeira queda na receita de exportação (-3,81%), e as variáveis que causaram esse
efeito foi a valorização cambial -8,91% e os preços -2,98, embora este último em menor
intensidade.
O efeito-preço, ou seja, as variações do preço internacional da soja sobre a receita de
exportação, predominaram nos anos de 1998 e 2004. No ano de 1992, o grande crescimento das
receitas foi proporcionado pelas variáveis câmbio (87,46%) e quantidade exportada (172,34%).
No ano de 1994 a quantidade foi a variável que proporcionou o aumento da receita de
exportação (73,73%) juntamente com o preço 10,26%. Em 1996, 1997 e 2002, as três variáveis
conjuntamente foram as responsáveis pelas receitas de exportação, sendo que a quantidade
exportada predominou sobre os outros dois efeitos, apresentando 38,57%, 232,41% e 21,27%
respectivamente.
De acordo com a Figura 9, nota-se que não teve predomínio de nenhum dos efeitos por todo
o período analisado, embora a quantidade exportada tendesse a prevalecer, e como foram anos que
apresentaram grandes variações na taxa de câmbio, na quantidade exportada e também nos preços,
houve variação de efeito dominante ano a ano.
Em 1998 o preço médio internacional da tonelada de soja esteve cotado US$ 60, abaixo do
preço de 1997, e foi o maior responsável pela redução de 22,73% na receita. Entretanto, esta
retração em 1998 deveria ser de -20,91% se dependesse unicamente do preço, mas, foi acentuada
pelo efeito negativo da quantidade exportada também (-6,14%).
Nos anos de 2000, 2001, 2002, e 2005 a quantidade exportada predominou, contribuindo
para o efeito positivo das receitas de exportação. Em 2004 foi o efeito positivo do preço (27,28%)
juntamente com a quantidade exportada (4,49%) que asseguraram uma receita de 17,95% maior do
que a do ano anterior aos exportadores.
84
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Efeito-Quantde
Efeito-Câmbio
Efeito-Preço
Figura 9. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de soja em grão
(em %), 1991 a 2006.
Fonte: Dados da Pesquisa
A influência do câmbio sobre as receitas de exportações predominou sobre os demais efeitos
nos anos de 1999, 2003 e 2006, sendo que repercutiram negativamente sobre a receita de
exportações em nove dos anos estudados.
Em janeiro de 1999, a política de preservação do câmbio valorizado chegou ao seu fim,
principalmente por causa da crise russa, que provocou aceleração na perda de reservas
internacionais. Como a política se tornou insustentável os responsáveis pela política
macroeconômica permitiram a livre flutuação do câmbio brasileiro. Isto repercutiu nas receitas de
exportações que poderiam crescer em até 32,98%, caso não houvesse variações nos preços (-
23,67%) em relação ao ano anterior.
Contudo, o fato é que em 1999 o preço médio anual da tonelada de soja no mercado
internacional foi de US$ 175, bem abaixo dos US$ 231 do ano anterior. O resultado foi uma receita
de exportação de 38,8% superior a do ano anterior, em virtude também da quantidade exportada ser
de 29,49% maior que em 1998.
Deve ser levado em consideração que a taxa de câmbio é uma variável-chave para a
agricultura de exportação, tendo considerável efeito sobre a competitividade dos produtos no
exterior.
85
Sabe-se que a quantidade ofertada é largamente influenciada pelo preço e pela taxa de
câmbio. Logo, este efeito foi o que predominou na grande maioria dos anos, mais precisamente de
1991 a 1997, de 2000 a 2002 e no ano de 2005.
Em 1995 a redução da quantidade exportada parecia estar totalmente ligada a situação do
preço e do câmbio, ou seja, houve valorização do câmbio e queda dos preços internacionais da soja.
Em 1997, um grande aumento na quantidade exportada de soja em grão não tinha sido totalmente
influenciada pela situação do câmbio e do preço, que apresentaram apenas uma discreta melhora.
Logo, isso pode ser reflexo da Lei Kandir, uma vez que o aumento da quantidade produzida sozinha
não foi suficiente para explicar este notável crescimento na quantidade exportada.
O aumento de 239,6% na receita de exportação com relação à 1996 deve-se quase que
integralmente, ou seja, 232,41%, ao aumento da quantidade exportada, que saltou de 461.933
toneladas para 1.474.072 de toneladas.
Em 2000, a taxa de câmbio foi valorizada com relação ao ano anterior, passando de R$ 3,10
para R$ 2,54, mas a pronunciada queda na receita foi assegurada por uma notável elevação na
quantidade exportada, que, no caso das demais variáveis constantes geraria 59,52% de aumento na
receita do exportador. Logo, diante do negativo desempenho do efeito-câmbio, foi o aumento na
quantidade que assegurou um crescimento das receitas das exportações de 48,39%,
comparativamente à 1999.
Como demonstrado nos dados, desde o pico máximo do câmbio real, em 2002 R$ 3,79 por
dólar, o real tem se valorizado frente ao dólar, prejudicando acentuadamente as receitas dos
exportadores de commodities, tais como os sojicultores mato-grossenses.
Pode-se observar que, devido a elevações do volume exportado e ao preço internacional, a
receita ainda cresceu em 2004 e 2005. Contudo, no ano de 2006, uma queda no preço internacional
e uma nova valorização do câmbio foram decisivas para derrubar a receita de exportação da soja,
que decaiu de -3,81% em relação a 2005.
Desde o segundo semestre de 2004 tem se observado queda dos preços internacionais da
soja, atingindo setor desfavoravelmente até o último ano estudado.
Em geral, variações bruscas dos preços agrícolas internacionais se dão após variações na
produção mundial, uma vez que a produção de soja é muito concentrada em poucos países, e uma
irregularidade climática em um país produtor provoca grandes variações na oferta mundial.
Brandão et al. (2005), apontam também que a baixa elasticidade-preço da oferta agregada e
individual pode explicar o porquê dos ciclos no mercado internacional de grãos, uma vez que uma
86
queda de preço não leva à redução da oferta nos EUA, Brasil e Argentina. Então a fase de baixos
preços só pode ser revertida com quebra de safra num dos grandes produtores mundiais.
Diante da recuperação da safra norte-americana e da valorização do Real, os agricultores
mato-grossenses perdem competitividade, pois diferentemente dos norte-americanos não recebem
grandes subsídios do governo, não têm um mercado de crédito bem desenvolvido, operam numa
economia com juros altos, enfrentando elevados custos de frete para fazerem seus produtos chegar
até os distantes portos, dentre outros fatores que ocasionam a redução da competitividade.
Conforme esse índice utilizado, pode-se observar que o efeito quantidade é que causou
maior influência sobre o efeito total, ora influenciando de forma positiva, ora de forma negativa.
Portanto, pode-se concluir que a quantidade exportada foi o que garantiu a receita dos exportadores
de soja em grão no período estudado, visto que a oscilação de preços e as mudanças cambiais
prejudicaram o setor.
4.7 Desempenho das exportações mato-grossenses de farelo de soja com o Índice Constant-
Market-Share
A Tabela 20 mostra o resultado do índice Constant-Market-Share do farelo de soja para a
União Européia.
Segundo o índice utilizado, no período de 1990 a 2006, o efeito crescimento do comércio
mundial foi responsável por 41,61% das exportações de farelo de soja, enquanto o efeito destino das
exportações ficou negativo nesse período em -36,36% e o efeito competitividade foi de -4,25%.
Dessa forma, o crescimento do comércio mundial foi o responsável pelo aumento das exportações
de farelo de soja no estado de Mato Grosso.
Com relação à participação no comércio mundial, o estado apresentou uma participação
mais significativa no ano de 2004, com 5,59% do mercado e a menor foi no ano de 1990, com
apenas 0,63% de participação, sendo que nesse mesmo ano o estado exportou 194.997 toneladas de
farelo, bem abaixo dos 3.114.610 toneladas que foram exportados em 2004.
A participação no mercado da União Européia teve o melhor desempenho no ano de 2005,
ficando com 10,85% do mercado, sendo exportados para esse mercado a quantia de 2.440.704
toneladas de farelo de soja. O menor índice aconteceu no ano de 1990, assim como a participação
no mundo, cerca de 1,13%, com um total exportado para a União Européia de 186.997 toneladas, o
87
que representou 96% das exportações totais mato-grossenses de farelo de soja, ou seja, o mercado
europeu foi o maior parceiro comercial de Mato Grosso desse produto no período.
Tabela 20. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para
a União Européia, período de 1990 a 2006.
Período Efeito
Crescimento
do Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participaçã
o União
Européia
1990 89,49 -426,33 363,34 1,13
1991 257,20 -79,36 -157,54 2,21
1992 868,34 -28,14 -801,30 2,86
1993 -474,32 319,46 178,87 3,82
1994 -468,03 -2.006,99 2.468,02 4,64
1995 4.402,41 -1.244,09 -3.016,92 5,33
1996 422,50 1.421,50 -1.841,10 8,79
1997 -5.952,52 -1.048,94 6.863,65 8,33
1998 2.063,21 2.649,06 -4.669,57 5,67
1999 1.142,43 1.015,25 -2.106,78 5,54
2000 1.834,26 3.414,91 -5.229,47 6,32
2001 2.684,78 1.256,95 -3.829,93 5,60
2002 17.498,25 -1.640,95 -15.767,70 6,97
2003 -13.233,30 -694,62 14.017,62 6,06
2004 2.160,68 -9.824,66 7.607,68 10,40
2005 -403,32 -4.347,16 4. 602,98 10,85
2006 7,87
Efeito Total 12.892,06 -11.264,11 -1.318,14
Participaçã
o no
cresciment
o (%)
41,61 -36,36 -4,25
Fonte: Dados da Pesquisa.
88
Em 2004 o estado exportou para a União Européia 79% do total de suas exportações de
farelo de soja, o que reforça que este bloco foi o maior importador do estado de Mato Grosso da
referida commodity, no período estudado.
Mesmo com crescimento do comércio mundial, os resultados mostraram que não houve
competitividade do produto, pois, na maioria dos anos analisados, os índices foram negativos, o que
influenciou o efeito total e a participação no crescimento da competitividade.
Tem-se, na Tabela 21, os resultados do índice Constant-Market-Share para a Tailândia no
período de 1993 a 2006, sendo que de 1990 a 1992 não se tem dados sobre a comercialização
desse produto com esse país.
Tabela 21. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para
a Tailândia, período de 1993 a 2006.
Período Efeito
Crescimento
do Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participaçã
o Tailândia
1993 0 0 1,5 0
1994 -4,86 245,94 -241,89 0,85
1995 22,40 -62,66 39,56 0,15
1996 0 0 3,4 0
1997 -71,79 -107,51 177,30 0,92
1998 20,05 63,17 -84,62 0,80
1999 0 0 2,76 0
2000 21,30 19,10 -39,76 0,99
2001 35,46 31,94 -61,61 1,06
2002 436,03 41,94 -474,98 2,40
2003 -351,89 -313,55 676,04 2,09
2004 89,81 1.154,68 -1.140,00 8,60
2005 -104,31 626,19 -515,67 31,06
2006 31,29
Efeito Total 92,20 1.699,25 -1.657,96
Participação
no
crescimento
0,69 12,73 -12,42
89
Fonte: Dados da Pesquisa.
O efeito crescimento do comércio ficou em 0,69%, o efeito destino também foi positivo,
com 12,73% e o efeito competitividade foi de -12,42%.
A participação no comércio com a Tailândia foi positiva ao longo do período estudado,
sendo que em 2006 houve o maior índice de participação, cerca de 31,29% e a participação no
mundo foi de 1,32%. Mesmo com os efeitos crescimento do comércio mundial e destino das
exportações tendo sido positivos no período, não houve competitividade do farelo de soja para a
Tailândia, conforme os resultados demonstram.
Os resultados do índice Constant-Market-Share para a Indonésia estão na Tabela 22,
apresentados a partir do ano de 1993, pois, não foram encontrados dados sobre o comércio de farelo
de soja de Mato Grosso com esse país de 1990 a 1992.
Tabela 22. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para
a Indonésia, período de 1993 a 2006.
Período Efeito
Crescimento do
Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participação
Indonésia
1993 0 0 3 0
1994 -9,71 115,78 -104,87 3,14
1995 134,38 203,18 -341,06 3,25
1996 1,06 -6,73 9,87 0,30
1997 -103,47 -106,92 206,09 2,28
1998 8,59 24,50 -32,89 0,49
1999 4,89 29,40 -35,09 0,42
2000 0 0 0 0
2001 0 0 4,8 0
2002 227,50 62,81 -282,41 1,63
2003 -366,31 70,99 329,82 2,68
2004 185,93 487,61 -687,54 12,98
2005 -27,20 -79,04 103,55 7,99
2006 7,58
Efeito Total 55,66 801,57 -826,73
(%)
90
Participação
no
crescimento
(%)
1,82 26,28 -27,11
Fonte: Dados da Pesquisa
O efeito crescimento do comércio e o efeito destino das exportações foram positivos,
sendo de 1,82% e 26,28%, respectivamente. Já o efeito competitividade ficou em -27,11%.
A participação de Mato Grosso no comércio com a Indonésia foi positiva no período
analisado, com alguns anos apresentando resultado nulo, pois não houve exportação de farelo de
soja nesses anos, e o período que apresentou o maior índice foi o ano de 2004, com 12,98%. A
participação no comércio mundial teve o maior índice no ano de 2004, também com 0,48% de
participação.
As exportações de farelo de soja para a Indonésia não foram competitivas no período
analisado. Mesmo apresentando resultados positivos em alguns anos, elas não foram suficientes
para superar os anos de perda de competitividade.
A Tabela 23 apresenta os índices de crescimento das exportações de farelo de soja para o
Irã, e de acordo com os resultados obtidos, o efeito crescimento do comércio mundial foi de
28,13%, o efeito destino das exportações ficou em -107,57% e o efeito competitividade 80,43%.
Não houve participação do Irã no comércio mundial nos anos de 2005 e 2006, pois, não
foram encontrados dados de importação desse país nesses dois anos. Quanto à participação no
mundo, os resultados encontrados foram insignificantes, demonstrando que as importações do Irã
tanto de Mato Grosso como do resto do mundo foram baixas, o que resultou em valores nulos em
vários anos.
Embora sendo pequeno o comércio de farelo de soja do estado com esse país, os
resultados mostraram que houve competitividade nas exportações dessa commodity de Mato
Grosso para o Irã.
91
Tabela 23. Índices de crescimento das exportações de farelo de soja no estado de Mato Grosso, para
o Irã, período de 1991 a 2006.
Período Efeito
Crescimento
do Comércio
Mundial
Efeito Destino
das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participaçã
o Irã
1991 0 0 0,2 0
1992 2,13 -21,87 19,55 0,24
1993 0 0 0 0
1994 0 0 0,8 0
1995 25,60 18,04 -44,44 72,73
1996 0 0 0 0
1997 0 0 0 0
1998 0 0 0 0
1999 0 0 0 0
2000 0 0 0 0
2001 0 0 0,7 0
2002 33,18 -18,44 -14,04 36,84
2003 -40,38 28,21 11,67 60,87
2004 3,55 -93,55 91,00 42,86
2005 -1,56 1,56 -1,1 0
2006 0
Efeito Total 22,51 -86,05 64,35
Participação
no crescimento
(%)
28,13 -107,57 80,43
Fonte: Dados da Pesquisa.
4.8 Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o farelo de soja
92
Estão apresentados na Figura 10 os resultados do Índice de Posição Relativa (POS) para o
farelo de soja.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,0019
90
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Po
rcen
tag
em
Figura 10. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o farelo de soja, período de 1990 a
2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
Segundo os valores obtidos com esse índice, o estado de Mato Grosso teve saldo relativo
superavitário em todo o período estudado, sendo que 2005 foi o período que apresentou o maior
índice, que foi de 3,75% e o menor foi no ano de 1990 de 0,36%.
Observa-se que foi crescente a participação de Mato Grosso no mercado mundial do farelo
de soja a partir do ano de 1990 até o ano de 1996, sendo que no ano de 1996 a participação foi de
1,86%. Já em 1997 houve perda de participação, caindo também no ano de 1998 e voltando a
apresentar crescimento no ano de 1999 e no ano de 2000, mas voltando a apresentar queda de
participação novamente no ano de 2001 (1,84%). Nos anos seguintes, 2002 a 2005, houve um
notável crescimento do índice de posição relativa no mercado internacional do farelo de soja, mas
voltando a declinar novamente no ano de 2006 (2,88%).
Portanto, o estado de Mato Grosso foi superavitário em todo o período estudado, segundo os
resultados, com ganhos de posição em um período e perdas em outros.
93
4.9 Análise do Índice Shift-Share para o farelo de soja
Observa-se na Figura 11 (a), as receitas de exportação de farelo de soja no período de 1990 a
2006.
a) Receitas (em Milhões de R$)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
b) Câmbio Real (R$/US$)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
c) Volume (em 1000 t)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
d) Preço (US$/t)
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Figura 11. Receita de exportação de farelo de soja, taxa de câmbio real, volume exportado e preço
em dólares, 1990-2006.
Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.
As receitas cresceram consideravelmente, sendo que esse crescimento não ocorreu de forma
contínua, apresentando um crescimento maior a partir de 1999 quando se deu a desvalorização do
Real em relação ao Dólar, havendo expansão da quantidade exportada após esse período, mesmo
com os preços mais baixos no mercado internacional.
94
Tem-se na Figura 11 (d) os preços do farelo de soja, e estes sofreram oscilações, o que pode
ter sido em função do aumento da produção de soja mundial, intercalado com quebras de safras que
ocorreram no período, influenciando os preços no mercado internacional. Pode-se notar que o pico
foi no ano de 2003, chegando a US$ 279 a tonelada de farelo de soja.
O crescimento da quantidade exportada ocorreu de forma quase continua, com exceção dos
anos de 1997, 1998, 2001 e 2006. Dentre as quatro variáveis analisadas, o preço foi a que menos
apresentou variação nesse período, permanecendo entre os limites de US$ 169 e US$ 279 a
tonelada. Em nove dos dezessete anos estudados, os preços estiveram abaixo da média, sendo dois
depois da desvalorização da moeda nacional, o que assegurou uma melhor condição na receita do
produtor/exportador nesses anos.
Na Tabela 24 são apresentados os resultados da decomposição dos três efeitos sobre a
receita de exportação do farelo de soja.
O efeito total mostra que a receita proveniente das exportações do produto apresentou
declínio em sete anos, com queda mais acentuada no ano de 1997 para 1998 (-33,97%), em função
do efeito preço (-24,36%), que apresentou uma forte queda no mercado internacional e do efeito
quantidade (-13,72), sendo que a queda só não foi maior por causa do câmbio que esteve favorável
no ano de 1998.
Uma segunda redução na receita comparativamente ao ano anterior foi em 2006, que
apresentou uma redução de -29,29%, ocorrendo uma forte queda na quantidade exportada e também
com o câmbio estando desfavorável às exportações. A terceira maior queda na receita aconteceu no
ano de 2004, onde o efeito preço foi o grande responsável -28,98%, juntamente com o efeito
câmbio, e o maior volume exportado nesse ano amenizou a queda no efeito total em 2004.
O melhor desempenho no efeito total das receitas de exportação aconteceu em 1992, com
183,41%, onde os três efeitos juntamente contribuíram para esse bom resultado, com predomínio do
efeito câmbio, que foi de 93,54% e do efeito quantidade com 88,04%. O segundo melhor
desempenho ocorreu em 1999 (140,15%), tendo os três efeitos positivos nesse ano, com o efeito
quantidade se sobressaindo dentre os demais, com 70,07%, seguido do efeito câmbio com 51,86%.
O efeito quantidade, ou seja, o volume exportado de farelo de soja sobre a receita de
exportação, foi positivo nos períodos de 1991 a 1996 e de 1999 a 2005, sendo, portanto o grande
responsável pelo efeito total positivo na maioria dos anos.
O efeito preço foi positivo nos anos de 1991 a 1993, 1996, 1999 e 2000, 2002 a 2003 e
2006. Em 2004, o preço médio internacional da tonelada de farelo de soja esteve US$ 80,50 abaixo
95
do valor de 2003, tendo sido o maior responsável pela queda na receita de -26,52%. Entretanto, essa
queda em 2004 deveria ter sido de -36,62% se dependesse apenas do preço e do câmbio, mas foi
amenizada pelo efeito positivo da quantidade exportada de 10,1%.
A influência do câmbio sobre as receitas de exportação predominou nos anos de 1992, 1994,
2000, 2001 e 2005, e embora não tendo predominado no restante do período, também repercutiu
negativamente na receita de exportação por vários anos.
Tabela 24. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de farelo de soja
(em %), 1991 a 2006.
Período Efeito Preço Efeito
Câmbio
Efeito
Quantidade
Efeito
Total
1991 3,25 -16,24 59,4 46,41
1992 1,83 93,54 88,04 183,41
1993 9,75 -27,67 32,26 14,34
1994 -8,04 -16,24 7,7 -16,58
1995 -0,22 -12,4 16,33 3,71
1996 34,53 1,87 56,92 93,32
1997 -18,7 1,44 -3,08 -20,34
1998 -24,36 4,11 -13,72 -33,97
1999 18,22 51,86 70,07 140,15
2000 5,77 -19,24 5,45 -8,02
2001 -3,06 32,94 4,07 33,95
2002 8,66 12,12 64,91 85,69
2003 42,29 18,06 19,82 80,17
2004 -28,98 -7,64 10,1 -26,52
2005 -0,85 -18,6 17,18 -2,27
2006 1,76 -10,25 -20,8 -29,29
Fonte: Dados da pesquisa.
96
Em 1996 a receita cresceu 93,32% em relação à 1995, em razão do desempenho positivo de
todas as variáveis estudadas, dentre as quais se destaca a contribuição da quantidade exportada. Em
2002 a receita teve um crescimento de 85,69% onde os três efeitos contribuíram, sendo que a
quantidade exportada foi superior aos outros efeitos, com 64,91%. Em 2003 os três efeitos juntos
também elevaram as receitas de exportação em 80,17% sendo o maior responsável o efeito preço
(42,29%).
Conforme os dados apresentados, desde a cotação máxima do câmbio em 2002, o real tem se
valorizado em relação ao dólar, contribuindo negativamente para as receitas dos exportadores de
farelo de soja, e mesmo assim as receitas ainda cresceram em 2003 (cerca de 80,17%) em relação a
2002. Mas uma forte valorização do câmbio, a partir de 2004, contribuiu para derrubar as receitas
de exportação no ano de 2005, passando de -2,27% para -29,29% em 2006.
Já o efeito preço influenciou a receita de forma negativa no ano de 1994 (-8,04%), em 1997
com uma influência negativa de -18,7%, com a receita caindo -20,34% em relação ao ano anterior.
Em 1998 o efeito preço também influenciou as receitas de exportação de forma negativa (-24,36), a
qual apresentou uma queda de -33,97% em comparação ao ano de 1997. No ano de 2004 o efeito
preço teve influência negativa também nas receitas (-28,98%), implicando numa queda no efeito
total de -26,52% e no ano de 2005 também apresentou resultado negativo de -0,85%.
Na Figura 12 estão demonstrados os três efeitos, onde se pode observar que não houve
predomínio de nenhum efeito por todo o período estudado, e como esses foram anos de grandes
variações na taxa de câmbio, nos preços e no volume exportado, levou a variações no efeito
dominante ano a ano.
97
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%1
99
1
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Efeito-Quantde
Efeito-Câmbio
Efeito-Preço
Figura 12. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de farelo de soja
(em %), 1991 a 2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
De acordo com os dados obtidos, pode-se concluir que o efeito quantidade foi o maior
responsável pela receita positiva dos exportadores da commodity, no período estudado, sendo que o
efeito câmbio fez com que a receita ficasse prejudicada nos anos de 1994, quando houve uma queda
na receita em -16,58% em relação a 1993, com o efeito câmbio influenciando negativamente em -
16,24% e no ano de 2004 onde a receita caiu -26,52% em relação ao ano de 2003, com o câmbio
causando influência de -7,64%.
4.10 Desempenho das exportações mato-grossenses de óleo de soja com o Índice Constant-
Market-Share
Foram selecionados os países China, Índia e Irã por serem grandes parceiros comerciais do
estado de Mato Grosso, com relação à commodity óleo de soja no período analisado.
A Tabela 25 apresenta o resultado do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para a
China.
98
Tabela 25. Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato Grosso, para a
China, período de 1990 a 2006.
Período Efeito
Crescimento
do Comércio
Mundial
Efeito Destino
das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participação
China
1990 4,42 -19,64 16,02 1,66
1991 -13,82 -29,40 44,03 7,80
1992 71,38 -197,41 125,91 20,26
1993 79,59 3.046,18 -3.100,35 50,93
1994 -588,34 2.151,82 -1.534,47 41,98
1995 -37,56 -1.389,06 1.419,66 55,06
1996 2.331,11 -2.847,40 503,62 64,62
1997 -204,10 -663,45 837,40 53,65
1998 -241,36 113,13 131,05 12,58
1999 13,99 -672,88 650,76 22,33
2000 27,80 -154,80 125,73 10,09
2001 0 0 4,34 0
2002 123,84 521,58 -618,97 10,63
2003 -597,43 2.217,31 -1.586,80 30,33
2004 172,98 -3.338,11 3.131,07 41,24
2005 315,09 280,55 -615,81 38,16
2006 10,29
Efeito Total 1.457,60 -981,57 -466,79
Participação
no
crescimento
%
157,75 -106,23 -50,52
Fonte: Dados da Pesquisa.
Conforme esse índice, o efeito crescimento do comércio mundial contribuiu em 157,75%
para as exportações do óleo de soja, de 1990 a 2006, enquanto o efeito destino das exportações foi
de -106,23% e o efeito competitividade foi de -50,52%. Sendo assim, o efeito crescimento do
comércio foi o responsável pelo incremento nas exportações de óleo de soja do estado de Mato
Grosso.
99
O efeito crescimento do comércio mundial teve um melhor desempenho no ano de 1996, que
foi de 2.331,11. O pior desempenho foi no ano de 2003, com -597,43 e com uma exportação de
63.586 toneladas de óleo, bem abaixo das 113.963 toneladas de óleo exportadas em 2004.
A participação de Mato Grosso no mercado chinês teve o melhor desempenho no ano de
1996, alcançando o patamar de 64,62%, onde o estado exportou para a China a quantidade de
89.414 toneladas de óleo de soja. Em 2001 não houve comércio desse produto de Mato Grosso
para a China. O pior desempenho foi no ano de 1990, com 1,66% de participação no mercado,
exportando para esse país a quantia de 1.000 toneladas de óleo de soja.
O efeito crescimento do comércio mundial foi bastante expressivo no período analisado, mas
o efeito competitividade e o efeito destino das exportações foram negativos, mostrando que mesmo
aparecendo em alguns anos efeito positivo de competitividade, não foram suficientes para
influenciar o efeito competitividade. Portanto, o óleo de soja não se mostrou competitivo para o
mercado chinês ao longo dos anos analisados.
Pode-se concluir que o óleo de soja mato-grossense exportado para a China não é
competitivo porque esse país prefere comprar o grão e industrializá-lo, haja vista que possui
indústrias esmagadoras mais competitivas que as indústrias brasileiras.
Na tabela 26 aparecem os resultados do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para a
Índia. Pode-se notar que os três efeitos analisados apresentaram resultados positivos quanto à
participação no crescimento, sendo que o efeito crescimento do comércio mundial foi de 165,53%,
o efeito destino ficou em 247,70% e o efeito competitividade -412,24%. Em alguns anos
apareceram resultados negativos para os três efeitos, porém, não impactaram no resultado final.
A participação de Mato Grosso no comércio com a Índia teve o melhor resultado no ano de
2005, com índice de 61,29%, com um total exportado para esse país de 115.714 toneladas de óleo
de soja.
Com exceção de 1995, no período de 1992 a 1997 não houve comercialização desse produto
entre Mato Grosso e a Índia. O menor resultado aparece no ano de 1998, ou seja, apenas 1,10% do
mercado indiano, ano em que foram exportadas apenas 500 toneladas do produto para aquele país.
As participações no mercado mundial foram insignificantes no período em estudo. Assim,
mesmo havendo períodos em que não ocorreu comércio do óleo de soja entre Mato Grosso e a
Índia, pode-se inferir que esse produto foi competitivo no mercado indiano.
100
Tabela 26. Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato Grosso, para a
Índia, período de 1990 a 2006.
Período Efeito
Crescimento
do
Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participação
Índia
1990 2,37 -3,30 1,14 10,28
1991 -4,91 52,32 -47,83 20,98
1992 0 0 0 0
1993 0 0 0 0
1994 0 0 1,78 0
1995 -1,19 -176,91 176,22 24,69
1996 0 0 0 0
1997 0 0 0,33 0
1998 -12,10 10,37 10,82 1,10
1999 14,00 -287,79 276,07 33,15
2000 256,09 1.516,05 -1.777,90 58,12
2001 201,65 -161,80 -25,70 11,75
2002 573,53 -479,38 -101,32 37,22
2003 -250,88 392,44 -130,03 22,87
2004 66,23 872,71 -910,19 38,99
2005 562,24 370,67 -977,40 61,29
2006 8,55
Efeito Total 1.407,04 2.105,47 -3.504,01
Participação
no
crescimento
%
165,53 247,70 -412,24
Fonte: Dados da Pesquisa.
A Tabela 27 apresenta os resultados do índice de crescimento das exportações de óleo de
soja para o Irã. Em 1990 não houve exportação de óleo de soja de Mato Grosso para o Irã, por isso
não aparecem dados referentes a esse ano.
101
De acordo com os resultados obtidos, o efeito crescimento do comércio mundial foi negativo
no período, ficando em -0,33%, bem como o efeito destino das exportações, que ficou em -0,10%.
O efeito competitividade teve resultado positivo de 1,43%, mesmo tendo apresentado resultados
negativos em alguns anos analisados, mas que não tiveram impacto no resultado final.
Tabela 27. Índices de crescimento das exportações de óleo soja no estado de Mato Grosso, para o
Irã, período de 1991 a 2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
Período Efeito
Crescime
nto do
Comércio
Mundial
Efeito
Destino das
Exportações
Efeito
Competitividade
Participação
Irã
1991 -11,99 42,25 -442,00 6,84
1992 99,30 160,08 -1.824,00 14,22
1993 57,51 -92,88 974,00 3,63
1994 -95,98 240,22 -914,00 15,78
1995 -2,05 15,18 -160,00 8,21
1996 369,01 -712,89 1.715,00 20,05
1997 -35,67 225,19 -645,00 29,38
1998 -699,14 1.532,93 -1.238,00 67,35
1999 33,89 -835,43 1.432,00 55,97
2000 282,14 21,53 -621,00 48,90
2001 439,23 -597,20 397,00 39,79
2002 121,27 218,29 -2.285,00 14,86
2003 -143,00 -28,03 1.194,00 14,32
2004 17,52 -158,02 858,00 16,38
2005 102,60 138,50 -768,00 31,39
2006 6,14
Efeito Total 535 169,72 -2.327,00
Participaç
ão no
crescimen
to (%)
-0,33 -0,10 1,43
102
A participação no comércio com o Irã teve o melhor desempenho no ano de 1998,
representando 67,35% do mercado, onde foram exportadas para aquele país 32.342 toneladas de
óleo de soja. Em 2005 foi observado o maior índice de exportações de óleo de Mato Grosso para o
Irã, totalizando 210.684 toneladas. Diante dos resultados encontrados, percebe-se que as
exportações de óleo de soja para o Irã foram competitivas no período analisado, mas os efeitos
crescimento do comércio mundial e o efeito destino das exportações não foram favoráveis para o
crescimento das exportações de óleo de soja pelo estado de Mato Grosso.
4.11 Análise do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o óleo de soja
Tem-se, na Figura 13, os resultados referentes ao Índice de Posição Relativa (POS) para o
óleo de soja.
Conforme os dados obtidos, pode-se inferir que o estado de Mato Grosso apresentou saldos
relativos positivos em todos os anos analisados, com o melhor resultado no ano de 2005, ou seja,
3,74%. Esse resultado, obtido a partir do índice, mostra que o estado de Mato Grosso tem sua
posição relativa superavitária no mercado internacional da commodity óleo de soja.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Po
rcen
tag
em
Figura 13. Índice de Posição Relativa no Mercado (POS), para o óleo de soja, período de 1990 a
2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
103
O mais baixo desempenho, segundo esse índice, aconteceu no ano de 1990, onde ficou em
apenas 0,06%, seguido do ano de 1991 que ficou em 0,13%. A partir desses anos apresentou
melhora nos índices, sendo crescente até o ano de 1995, e a partir de 1996 apresentou quedas
sucessivas até 1998, que atingiu o índice de 0,38%, apresentando crescimento no ano de 1999 com
1,84% de participação, voltando a cair após esse período. Após 2003 o estado voltou a apresentar
ganhos na participação na sua posição no mercado internacional, mas revelou uma retração
novamente no ano de 2006, de 1,31% .
4.12 Análise do Índice Shift-Share para óleo de soja
Como se pode observar na Figura 14 (a), as receitas de exportação de óleo de soja
apresentaram crescimento maior a partir do ano 2002.
a) Receita (em Milhões de R$)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
b) Câmbio Real (R$/US$)
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
104
c) Volume (em 1000 t)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
d) Preço (US$/t)
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Figura 14. Receita de exportação de óleo de soja, taxa de câmbio real, volume exportado e
preço em dólares, 1990-2006.
Fonte: Resultados da pesquisa baseados em: SECEX, FGV Dados e Banco Central do Brasil.
As receitas passaram de R$ 139 milhões em 2001 para R$ 444 milhões em 2002, chegando
ao pico em 2004, num total de R$ 848 milhões, sendo que no início do período analisado as
exportações do óleo de soja eram incipientes ainda.
Nota-se que no ano de 1999 houve uma melhora nas exportações desse produto, quando
foram exportadas 227.707 toneladas e coincidiu com o período de desvalorização cambial,
demonstrando considerável expansão na quantidade exportada, apesar dos preços baixos no
mercado internacional.
Tem-se na Figura 14 (c) os resultados da quantidade exportada de óleo de soja, apresentando
um crescimento mais acentuado a partir do ano de 2002, com um volume exportado de 251.329
toneladas.
O maior volume exportado aconteceu no ano de 2005, quando foram embarcadas 685.165
toneladas de óleo. Esse volume coincide com uma grande produção de soja em grão pelo estado de
Mato Grosso.
No item (d) da Figura 14 observa-se o preço do óleo de soja, com oscilações ao longo do
período analisado, provavelmente em conseqüência de uma maior produção de soja no mundo,
intercalando com quebras de safras, o que acaba influenciando os preços de todo o complexo da
commodity soja.
105
Assim como as demais variáveis utilizadas no modelo, a quantidade exportada de óleo de
soja também apresentou oscilações ao longo dos anos estudados. Os preços internacionais da
commodity oscilaram entre US$ 336,1 e US$ 615,5, sendo uma diferença de 83%. Nos anos de
1991, 1992, 1998 e 1999 a 2002 e também 2004 os preços estiveram abaixo da média do período,
ou seja, US$ 500,00, sendo que os anos de 2000, 2001, 2002 e 2004 foram após a desvalorização do
real.
A Tabela 28 apresenta a decomposição dos três efeitos sobre a receita de exportação de óleo
de soja. O efeito total demonstra que a receita de exportação apresentou declínio em seis anos, com
queda mais acentuada na transição de 1999 para 2000 (-64,81%), ocasionada pela situação adversa
nas três variáveis que a determinam: o efeito preço, efeito câmbio e o efeito quantidade exportada,
ou seja, o preço declinou, o câmbio se valorizou e a quantidade exportada caiu mais
acentuadamente, sendo a principal causadora da queda na receita.
Uma segunda redução na receita, comparativamente ao ano anterior, foi em 2006 quando
atingiu o índice de -63,49%, em que uma forte queda no volume exportado (-60,92%) e no câmbio
(-9,62%) não pode ser sustentada por um preço melhor no mercado internacional. O terceiro maior
retrocesso na receita ocorreu em 1998 (-52,69), quando a quantidade exportada teve efeito negativo
em -40,04% e os preços internacionais caíram (-16,86%).
Tabela 28. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de óleo de soja
(em %), 1991 a 2006.
Período Efeito
Preço
Efeito
Câmbio
Efeito
Quantidade
Efeito
Total
1991 -9,61 -14,42 103,36 79,33
1992 -2,94 88,25 211,81 297,12
1993 17,5 29,7 65,22 112,42
1994 2,43 -2,43 121,62 121,62
1995 -3,15 -12,03 33,67 18,49
1996 -6,79 1,47 -2,86 -8,18
1997 2,9 1,8 -14,72 -10,02
1998 -16,86 4,21 -40,04 -52,69
106
1999 -21,23 35,38 339,64 353,79
2000 -7,78 -16,85 -40,18 -64,81
2001 8,66 36,79 8,66 54,11
2002 28,46 15,32 177,3 221,08
2003 31,87 -16,8 42,88 57,95
2004 -20,63 -8,45 22,04 -7,04
2005 5,38 -19,73 44,24 29,89
2006 7,05 -9,62 -60,92 -63,49
Fonte: Dados da pesquisa.
O efeito preço sobre a receita de exportação predominou apenas no ano de 1996 com -
6,79%. O efeito câmbio predominou somente em 2001 e com um índice de 36,79%. Em 1992 os
efeitos quantidade exportada e o efeito câmbio foram os responsáveis pelo desempenho positivo da
receita de exportação de 297,12%, onde o efeito quantidade teve uma participação de 211,81%,
assim como em 1993 com 112,42%, em 2001 com 54,11% e em 2002 com 221,08%.
O melhor desempenho do efeito quantidade exportada aconteceu no ano de 1999,
representado por um índice de 339,64%, e foi nesse mesmo ano que houve o melhor desempenho da
receita de exportação de óleo de soja.
Em 2004 a receita caiu em relação a 2003 (-7,04%), sendo os efeitos câmbio e preço os
responsáveis por esse resultado negativo. Em 2005 o efeito total sobre as receitas de exportação foi
positivo, embora o câmbio tenha estado desfavorável às exportações nesse período, com a
valorização da moeda nacional.
Houve uma redução na quantidade exportada no ano de 1998, o que parece estar totalmente
ligada à situação do preço, pois apresentou queda dos preços internacionais do óleo de soja nesse
ano, permanecendo assim até os anos seguintes, apresentando recuperação a partir de 2001.
Tem-se na Figura 15 a decomposição dos três efeitos estudados. Conforme os resultados
obtidos, não houve predomínio de nenhum dos efeitos no período analisado, e como foram anos em
que ocorreram grandes variações nos preços internacionais, no câmbio e no volume exportado,
também houve variação de efeito dominante ano a ano.
107
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Efeito-Quantde
Efeito-Câmbio
Efeito-Preço
Figura 15. Decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação de óleo de soja
(em %), 1991 a 2006.
Fonte: Dados da Pesquisa.
O aumento de 353,79% na receita ocorrido em 1999 em relação a 1998 deve-se quase que
integralmente (339,64%) ao aumento da quantidade exportada, que saltou de 56.462 toneladas para
227.707 toneladas. Na maior parte do período analisado, a quantidade exportada foi decisiva para o
bom êxito da receita de exportação, auxiliadas pelo bom desempenho do câmbio e do preço em
alguns anos, sendo que as exportações proporcionaram renda elevada ao exportador de óleo de soja
no período analisado.
Assim, conclui-se que o crescimento das receitas de exportação de óleo de soja, no período
estudado, deveu-se em grande parte à quantidade exportada, principalmente nos anos de 1991
(103,36%), 1992 (211,81%), 1993 com 65,22%, 1994 com uma participação de 121,62%, em 1995
contribuiu positivamente para o efeito total, com 33,67%. Já em 1999 houve a melhor participação
que foi de 339,64% para o efeito total que ficou em 353,79% nesse ano. Em 2001 teve uma
participação positiva de 8,66% no efeito total e em 2002 a participação no efeito total ficou em
177,3%. No ano de 2003 a participação do efeito quantidade exportada contribuiu com 42,88% para
o efeito total positivo (57,95%), em 2004 (22,04%), e finalmente em 2005 contribuiu com 44,24%
para o efeito total.
108
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi analisar a competitividade do algodão e do complexo soja do
estado de Mato Grosso, de 1990 a 2006. Mais especificamente, foram analisadas as mudanças
estruturais que ocorreram ao longo do período, fazendo uma análise também de como os preços e a
taxa de câmbio influenciaram a competitividade desses produtos após a abertura da economia
brasileira no inicio de 1990.
Para esse fim, a metodologia escolhida foi um modelo teórico e um modelo analítico, onde o
modelo teórico foi a mudança estrutural e a competitividade. Por sua vez, o modelo analítico
englobou os métodos Constant-Market-Share (CMS), o índice de Posição Relativa no Mercado e o
Modelo Shift-Share para verificar a competitividade dos produtos algodão e soja (grão, farelo e
óleo) exportados pelo estado de Mato Grosso para o mercado internacional.
O Brasil foi o 6º maior produtor de algodão em 2006 e o 5º maior exportador dessa
malvácea nesse mesmo período. O comportamento da produção de algodão se deu de forma cíclica
ao longo do período analisado, onde se percebe que o aumento que houve na quantidade produzida
foi em função da produtividade e não da incorporação de novas terras ao sistema produtivo. Nota-
se que houve um decréscimo na quantidade de terra utilizada, comparando o inicio e o fim do
109
período, ou seja, em 1990 eram utilizadas 1.391.884 hectares e no ano de 2006 foram utilizadas
909.335 hectares de terra.
A introdução da cultura do algodão na região dos cerrados foi determinante para o aumento
da produção. Houve mudança na estrutura de produção, pois antes era cultivada por pequenos e
médios produtores de regiões tradicionais como São Paulo e Paraná e passou a ser cultivada por
grandes empresários nos cerrados brasileiros. A utilização de tecnologias no campo, desde o inicio
até o fim da colheita foi um fator que trouxe aumento de produtividade, gerando assim aumento na
produção e incrementando as exportações de algodão, principalmente a partir do ano de 2000.
O cultivo do algodão em Mato Grosso por grandes produtores fez com que ocorresse
mudança na estrutura produtiva no estado também, pois, antes o algodão era cultivado por pequenos
produtores com pouca tecnologia de produção e em pequenas quantidades de terra, passando para
um sistema que utiliza modernas técnicas agrícolas, grandes volumes de terras, colheita mecanizada
e um nível tecnológico avançado.
Mato Grosso, em 2007, foi considerado o maior produtor brasileiro de algodão, passando a
ser destaque no cenário nacional a partir do final da década de 1990, quando efetivamente começou
a produção de algodão pelos grandes empresários do campo, aliado ao fato de que a cultura do
algodão no estado passou a contar com pesquisas e apoio de entidades, no sentido de desenvolver a
cultura na região dos cerrados.
As exportações de algodão pelo estado de Mato Grosso começaram a se destacar a partir do
final da década de 1990, em função do aumento na produção e com a consolidação dessa cultura no
estado, contribuindo assim com o aumento das exportações totais pelo estado de Mato Grosso.
O resultado do Constant-Market-Share (CMS) do algodão para a China mostrou que o efeito
total da competitividade foi negativo, mas foi positivo para o crescimento do comércio mundial e
para o destino das exportações. O efeito competitividade foi positivo apenas no ano de 2004. Nesse
mesmo ano o efeito competitividade foi favorável também para outros países, menos para a
Tailândia, pois, houve um aumento no consumo mundial do algodão em pluma de 21.175 para
23.477 toneladas em relação ao ano anterior.
O índice Constant-Market-Share do algodão mostrou que, para o Paquistão, houve
competitividade do algodão Mato-Grossense no período analisado, com o efeito crescimento do
comércio mundial positivo. Já o efeito destino das exportações foi negativo, tanto no efeito total
como na participação no crescimento.
110
De acordo com o resultado do índice Constant-Market-Share do algodão para a Indonésia,
as exportações de algodão de Mato Grosso para esse país foram competitivas no período estudado.
O efeito crescimento do comércio mundial foi positivo, tanto no efeito total como na participação
no crescimento, impactando positivamente nas exportações de algodão para a Indonésia. Os
resultados mostraram que apenas o efeito destino das exportações apresentou resultado negativo
para o efeito total e também para a participação no crescimento.
Observando os resultados do Constant-Market-Share para a Tailândia, pode-se concluir que
não houve competitividade do algodão mato-grossense para o país, pois, o efeito competitividade e
o efeito destino das exportações apresentaram resultados negativos no efeito total e na participação
no crescimento. Já o efeito crescimento do comércio mundial teve um resultado positivo, o que
explica o crescimento das exportações de algodão de Mato Grosso para a Tailândia, embora não
tenha sido competitivo.
Conforme os resultados do índice de Posição Relativa no Mercado (POS) para o algodão de
Mato Grosso, tem-se que o estado teve saldos superavitários na maioria dos anos analisados, tendo
sido deficitário apenas nos anos de 1995 e 2000. O maior resultado apresentado foi no ano de 2004,
o que pode ser explicado por uma grande produção de algodão nesse ano, e conseqüentemente, uma
maior exportação do produto.
De acordo com a o índice Shift-Share, as receitas de exportação de algodão de Mato Grosso,
no período estudado, apresentaram um grande crescimento a partir do ano de 2001. Esse
crescimento na receita de exportação decorreu do aumento da produção de algodão, principalmente
após o inicio dos anos 2000, em virtude de incentivos à cultura e exportação de algodão, ao
aumento da produtividade e também da qualidade do algodão mato-grossense, assim como da
desvalorização do Real ocorrida em 1999, favorecendo as exportações.
Quanto ao comportamento da taxa de câmbio, pôde-se observar que a maior elevação
ocorreu no ano de 2002, onde o Dólar teve a maior cotação frente ao Real.
Os preços do algodão apresentaram oscilações no período, sendo que o preço mais alto se
deu no ano de 1995 e o menor foi no ano de 2002, e essa oscilação nos preços foi devido ao
aumento na oferta mundial ou quebra de safra, o que diminuiu a oferta do produto e impactou nos
preços mundiais da pluma.
A decomposição da taxa anual de crescimento das receitas de exportação do algodão de
Mato Grosso mostrou que os três efeitos estudados, ou seja, preço, câmbio e quantidade não
predominaram individualmente por todo o período analisado, sendo que apresentaram variações no
111
câmbio, nos preços e também na quantidade exportada, fazendo com que o efeito dominante
variasse ano a ano.
O efeito quantidade foi o que mais influenciou o efeito total, ora influenciando
positivamente, ora negativamente, o que se conclui que a quantidade exportada do algodão, nesse
período, foi a que garantiu a receita dos exportadores de algodão.
Com relação à soja, tem-se que o mercado internacional da soja é composto por poucos
produtores e exportadores, com a produção concentrada na América do Norte, na América do Sul e
na Ásia, sendo que o continente Sul Americano é o líder na produção e exportação dessa
oleaginosa.
Os maiores produtores e exportadores mundiais são os Estados Unidos, Brasil e Argentina,
onde esses três países disputam frações do mercado desde os anos de 1980. O Brasil tem
apresentado ganhos nessa disputa do mercado internacional, com vantagem competitiva frente aos
demais concorrentes nesse mercado, possuindo ainda terras que podem ser incorporadas no
processo produtivo, enquanto os outros dois países não possuem mais terras para serem utilizadas
com a cultura da soja.
Com a modernização da agricultura brasileira, houve uma mudança na estrutura de produção
de óleo no país, pois, o algodão e o amendoim foram substituídos pela soja para a produção de óleo.
Antes da modernização agrícola, a produção se dava em pequenas propriedades, passando então
para um sistema de grandes produtores.
Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, tendo apresentado crescimento na sua
produção no período analisado, mas o comportamento do crescimento não foi de forma contínua,
pois houve período em que apresentou queda na produção em relação aos períodos anteriores, como
foi o caso dos anos de 1991, 1996 e 2006.
A produtividade da soja em Mato Grosso apresentou oscilações ao longo do período
analisado, sendo que o maior índice de produtividade aconteceu na safra 2002, ficando em 3.060
Kg/ha. A queda na produtividade, a partir do ano de 2002, pode ser explicada pelo baixo preço da
soja no mercado, pelo problema da ferrugem asiática que atingiu as lavouras brasileiras após o ano
de 2002, aliado aos altos custos para se produzir essa oleaginosa, levando os produtores a utilizarem
menos insumos no processo produtivo, principalmente após a crise de 2004.
Com relação ao comportamento das exportações de soja pelo estado de Mato Grosso no
período estudado, percebe-se que teve variações na quantidade exportada ano a ano, onde a soja
112
teve uma importante participação nas exportações totais do estado, sendo que no ano de 2006
respondeu por 52,23% do total das exportações mato-grossenses.
Com relação ao Constant-Market-Share da soja em grão para os Estados Unidos, os
resultados mostraram que o efeito total do crescimento do comércio mundial foi positivo, assim
como o efeito total do destino das exportações, mas o efeito total da competitividade foi negativo, e
juntamente com a participação do efeito competitividade no crescimento. Já a participação no
crescimento, tanto do comércio mundial quanto o destino das exportações apresentaram valores
positivos.
O resultado do Constant-Market-Share da soja em grão para a União Européia mostrou que
a participação do efeito crescimento do comércio mundial foi negativo. A participação do efeito
destino das exportações foi positivo assim como a participação do efeito competitividade que
também ficou positivo. De acordo com os resultados, pode-se concluir que o efeito competitividade
e o efeito destino das exportações foram os responsáveis pelo crescimento das exportações de soja
de Mato Grosso para a União Européia, no período analisado.
De acordo com os resultados do Constant-Market-Share da soja em grão para a China, os
efeitos crescimento do comércio mundial e destino das exportações também foram positivo. No
entanto, o efeito competitividade apresentou resultado negativo. A participação do comércio de
Mato Grosso com a China sofreu oscilações no período analisado, onde não apresentou um
crescimento contínuo. Já a participação no comércio mundial do produto apresentou resultados
crescentes ano a ano.
Deve-se levar em consideração que houve aumento significativo no volume das
exportações de soja em grão de Mato Grosso para a China, só que não foi competitivo, segundo a
metodologia utilizada.
Conforme os resultados do Índice de Posição Relativa no Mercado (POS) pode-se verificar
que no período analisado não houve perda de posição de Mato Grosso no mercado internacional. Os
valores foram pouco significativos, devido ao baixo volume das exportações de soja de Mato
Grosso quando se confronta com as exportações mundiais de soja em grão.
Com os resultados do índice Shift-Share para a soja em grão, verificou-se que houve um
crescimento acentuado do volume exportado ao longo de todo o período estudado. Houve
oscilações nos preços do grão de soja em todo o período, devido ao aumento da demanda mundial
em alguns períodos e quebras de safras em outro, o que reflete diretamente nos preços no mercado
internacional.
113
Não houve predomínio de nenhum dos três efeitos estudados por todo o período analisado, e
como foram anos que apresentaram grandes variações na taxa de câmbio, na quantidade exportada e
também nos preços, houve variação de efeito dominante ano a ano.
O índice Constant-Market-Share do farelo de soja para a União Européia demonstrou que o
efeito crescimento do comércio mundial foi o responsável pelo aumento das exportações de farelo
de soja para esse bloco econômico, pois, o efeito competitividade foi negativo, assim como o efeito
destino das exportações. Portanto, as exportações de farelo de soja de Mato Grosso para a União
Européia no período analisado não foram competitivas, segundo o método utilizado.
De acordo com o índice Constant-Market-Share do farelo de soja para a Tailândia, pôde se
constatar que não houve competitividade desse produto. O que permitiu o crescimento das
exportações do farelo de soja foi o efeito destino das exportações e o efeito crescimento do
comércio mundial.
O Constant-Market-Share das exportações de farelo de soja do estado de Mato Grosso para
a Indonésia demonstraram que não houve competitividade dessa commodity, sendo que o efeito
crescimento do comércio mundial e o efeito destino das exportações permitiram o crescimento das
exportações do farelo de soja.
O comércio de farelo de soja de Mato Grosso com o Irã não foi muito expressivo nesses
anos analisados, mas mesmo assim, os resultados do índice Constant-Market-Share indicaram que
houve competitividade nas exportações do farelo de soja para o Irã. Com relação ao efeito
crescimento do comércio mundial, os resultados foram positivos, mas o efeito destino das
exportações, segundo esse índice utilizado, ficou negativo.
O índice de Posição Relativa no Mercado para o farelo de soja mostrou que o estado de
Mato Grosso foi superavitário em todo o período analisado, onde a participação do estado no
mercado mundial oscilou bastante, mas sempre apresentando resultados positivos.
De acordo com os resultados do índice Shift-Share, as receitas do farelo de soja tiveram um
crescimento considerável ao longo do período analisado, apesar de não ter sido de forma continua.
A quantidade exportada teve um crescimento acentuado também. Os preços do farelo de soja no
mercado internacional oscilaram bastante no período estudado, assim como o preço do grão de soja,
haja vista que esse produto também sofreu influência do aumento da oferta mundial ou de uma
quebra de safra em alguns dos países produtores.
Com relação aos resultados do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para a China,
estes mostraram que não houve competitividade desse produto no comércio de Mato Grosso com a
114
China. Assim, o que permitiu o incremento das exportações de óleo de soja foi o efeito crescimento
do comércio mundial e o efeito destino das exportações, que foram positivos segundo esse índice.
Portanto, pode-se concluir que não houve competitividade, devido à China preferir comprar
o grão de soja e industrializá-lo em seu território, uma vez que possui indústrias esmagadoras mais
competitivas que as do Brasil.
O Constant-Market-Share do óleo de soja para a Índia mostrou que os três efeitos analisados
apresentaram resultados positivos, tanto no efeito total como na participação no crescimento.
Portanto, as exportações do óleo de soja para a Índia não foram competitivas no período de 1990 a
2006, segundo esse índice utilizado, apesar da nulidade em vários anos.
De acordo com os resultados do índice Constant-Market-Share do óleo de soja para o Irã,
houve competitividade desse produto exportado pelo estado de Mato Grosso, embora tenha
apresentado resultados negativos na participação no crescimento do comércio mundial e destino das
exportações.
Os resultados do índice de Posição Relativa no Mercado para o óleo de soja mostraram que
o estado de Mato Grosso teve saldos positivos em todos os anos estudados, demonstrando que foi
superavitário no mercado internacional do óleo de soja, segundo esse índice utilizado.
Os resultados do índice Shift-Share para o óleo de soja mostraram que as receitas de
exportação da commodity tiveram crescimento mais considerável a partir do ano de 2002, pois no
início do período estudado as exportações eram incipientes ainda.
Pôde-se observar também que não houve predomínio de nenhum dos três efeitos estudados
por todo o período e a quantidade exportada foi a grande responsável pelo crescimento das receitas
de exportação do óleo de soja pelo estado de Mato Grosso.
Assim, de acordo com a metodologia utilizada, pode-se concluir que o algodão mato-
grossense não foi competitivo para a China e nem para a Tailândia, mas apresentou competitividade
para o Paquistão e para a Indonésia. Também se conclui que a quantidade exportada de algodão foi
a que garantiu a receita dos exportadores de algodão no período.
Com relação à soja em grão, conclui-se de acordo com os resultados, que as exportações
foram competitivas para a União Européia, mas não para os Estados Unidos e China. A quantidade
exportada foi a variável que mais contribuiu para a receita dos exportadores da soja em grão no
período analisado. Quanto ao farelo de soja, este foi competitivo apenas para o Irã, não tendo
apresentado competitividade para a União Européia, Tailândia e nem para a Indonésia. O efeito
quantidade foi o que mais influenciou as receitas dos exportadores de farelo de soja, de acordo com
115
os resultados. Referente ao óleo de soja, tem-se que o mesmo não foi competitivo para a China e
nem para a Índia, mas apresentou competitividade para o Irã, e a quantidade exportada foi a variável
que garantiu as receitas dos exportadores de óleo de soja no período estudado.
Os resultados demonstraram que não houve competitividade desses produtos, algodão e soja,
para alguns países analisados, e isso pode ser devido a problemas de infra-estrutura. Mato Grosso, e
o país como um todo, apresenta uma infra-estrutura precária de transportes, o que acaba
dificultando o acesso dos produtos até os distantes portos, enquanto os seus maiores concorrentes
no mercado internacional apresentam uma melhor infra-estrutura, como é o caso dos Estados
Unidos que possui rios navegáveis, tornando assim os seus fretes mais atrativos e a Argentina, que
assim como o Brasil também é banhada pelo Oceano Atlântico, mas que produz próximo ao oceano,
e por isso os seus produtos podem ser mais competitivos. Portanto, seriam necessárias políticas
públicas voltadas para melhoria da infra-estrutura de transporte e de logística para que os produtos
agrícolas produzidos pelo estado de Mato Grosso se tornassem ainda mais competitivos no mercado
internacional.
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