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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” MICROBIOLOGIA
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MICROBIOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS DE
NIVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO. REVISÃO DE LITERATURA.
ANDRÉIA CARDOSO MENDES
CUIABÁ
2016
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MICROBIOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS
DE NIVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO. REVISÃO DE LITERATURA.
ANDRÉIA CARDOSO MENDES
Orientador: Dr. Euziclei Gonzaga De Almeida
Trabalho apresentado ao Programa de
especialização, para obtenção do título de
especialista em microbiologia.
CUIABÁ
2016
ANDRÉIA CARDOSO MENDES
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MICROBIOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS DE
NIVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO. REVISÃO DE LITERATURA.
Monografia apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade de Mato Grosso, como requisito para obtenção do Grau de especialista em Microbiologia.
Banca examinadora ______________________________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Euziclei Gonzaga De Almeida Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT __________________________________________________________________________ Co-orientador: Prof. MSc. Aurélio Rosa da Silva Júnior Universidade de Cuiabá - UNIC
Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá, 16 de dezembro de 2016.
Mendes, Andréia Cardoso
A importância do ensino de microbiologia na formação dos alunos
de nível fundamental e médio. Revisão de literatura. / Andréia
Cardoso Mendes, Monografia sob a orientação do Prof. Dr. Euziclei
Gonzaga De Almeida e Co-orientação do Prof. MSc. Aurélio Rosa
da Silva Júnior – Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso
2016. 32 f.
1. Educação Básica 2. Práticas pedagógicas 3. Ensino de ciências
CDD
Índices para catálogo sistemático
1. Educação Básica 2. Práticas pedagógicas 3. Ensino de ciências
DEDICATÓRIA:
Aos meus pais, sou eternamente grata por terem
dedicado a vida por mim.
Ao meu noivo, pelo apoio, incentivo e por tornar
meus dias mais alegres.
AGRADECIMENTOS
À Deus pelo amor infinito.
À Universidade Federal de Mato Grosso, em especial ao Programa de Pós-Graduação em
Microbiologia, pela oportunidade de participar do curso de especialização.
Ao Professor Prof. Dr. Euziclei Gonzaga De Almeida, meu orientador, pela disponibilidade.
Ao Prof. MSc. Aurélio Rosa da Silva Júnior, meu co-orientador, pela incansável dedicação e
comprometimento, indispensável para a concretização deste trabalho.
Aos colegas de curso, em especial à Andressa, Michellen e Carla pela parceria e amizade
no decorrer do curso.
À minha família pelo apoio, em todos os momentos da vida.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................11
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................14
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................14
3 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................................16
3.1 MICROBIOLOGIA ......................................................................................................16
3.2 ENSINO – APRENDIZAGEM .....................................................................................19
4 DISCUSSÃO ....................................................................................................................24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................28
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................30
RESUMO:
MENDES, A. C. A importância do ensino de microbiologia na formação dos alunos de
nível fundamental e médio. Revisão de literatura. Cuiabá, UFMT, 2016. 32 p. (Monografia –
Especialização em Microbiologia)
A Microbiologia tem se mostrado cada vez mais relacionada com questões
multidisciplinares como a saúde, higiene e meio ambiente, ultrapassando os limites do
ensino superior e dos laboratórios, porém, os microrganismos surgem na ementa do
ensino fundamental e médio apenas como agentes causadores de doenças. Para mudar
essa visão, é necessário utilizar metodologias visando estimular o caráter científico e
crítico do aluno. As atividades práticas são essenciais para o estímulo à aprendizagem de
microbiologia, sendo apontadas como uma estratégia eficaz de ensino-aprendizagem por
despertar maior interesse e participação ativa dos alunos. As novas mídias educacionais
associadas ao planejamento para execução de ações simples no cotidiano devem fazer
parte da vida da escola. A relação teoria-prática constitui-se como pano de fundo dos
recursos entendidos como estratégia de ensino-aprendizagem em uma perspectiva
educacional significativa e articulada com o mundo do trabalho. Assim, pode-se inferir que
o planejamento pedagógico é de suma importância na escolha de abordagens
metodológicas para o ensino de microbiologia.
Palavras-chave: Educação básica, práticas pedagógicas, ensino de ciências.
ABSTRACT:
MENDES, A. C. The importance of teaching microbiology in the training of
elementary and middle school students. Literature review. Cuiabá, UFMT, 2016. 32 p.
(Monograph - Specialization in Microbiology).
Microbiology has been increasingly related to multidisciplinary issues such as health,
hygiene and environment, beyond the limits of higher education and laboratories, but
microorganisms appear in the elementary and secondary education only as agents that
cause diseases. To change this view, it is necessary to use methodologies to stimulate the
scientific and critical character of the student. Practical activities are essential for the
stimulation of microbiology learning, being pointed out as an effective teaching-learning
strategy because it arouses greater interest and active participation of students. The new
educational media associated with planning for simple actions in daily life should be part of
the life of the school. The theory-practice relationship constitutes the background of
resources understood as a teaching-learning strategy in a meaningful and articulated
educational perspective with the world of work. Thus, it can be inferred that pedagogical
planning is of paramount importance in the choice of methodological approaches for the
teaching of microbiology.
Key words: Basic education, pedagogical practices, science teaching.
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INTRODUÇÃO
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1. INTRODUÇÃO
A microbiologia classicamente é definida como o ramo da biologia voltado para o
estudo dos seres microscópicos. A palavra microbiologia provem da fusão das palavras
gregas mikrós-, que significa pequeno, e –biologia, do grego bíos = vida + logos = estudo.
Com base neste conceito, a microbiologia aborda um vasto e diversos grupo de
organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser encontrados como
células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos. Assim, a microbiologia envolve o
estudo de organismos procarióticos (bactérias, archaeas), eucarióticos (algas,
protozoários, fungos) e também seres acelulares (vírus).
O estudo deste campo se torna fundamental a diversos cursos de nível superior
como os da área de saúde e biológicas, fazendo com que a compreensão do tema por
parte dos discentes é fundamental para o sucesso profissional. Nesse contexto, acredita-
se que quanto mais cedo esta área do conhecimento for trabalhada com os alunos, melhor
será o rendimento deles no nível superior.
Entretanto o ensino da microbiologia no nível médio e fundamental não é tarefa
simples, os educadores têm a difícil missão de abordar temas complexos que muitas vezes
se tornam impossíveis de serem transmitidos somente através de aulas em salas tendo o
livro didático como base teórica, pois a maioria das escolas não possuem ainda uma
infraestrutura capaz de suprir a necessidade do professor e do aluno.
A importância do conhecimento em microbiologia vai além de servir de base para
alunos que ingressarão em cursos superiores relacionados à área. Sua importância está
também no fato dos microrganismos fazerem parte do dia-dia da população sendo
necessário à manutenção da vida, porém as pessoas em geral têm receio dos
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microrganismos porque geralmente são difundidos os impactos negativos que eles causam
e pouco sobre os mecanismos essenciais de suporte à vida que eles desempenham.
A escola tem o papel de mudar essa concepção, agindo como veículo, levando a
informação até o aluno para que ele promova a melhoria de sua qualidade de vida e de
sua família. Contudo, em uma metodologia de ensino tradicional, os alunos permanecem
passivos e, em grande parte dos casos, as informações e conteúdos passados pelo
professor não são realmente absorvidos por eles, são decorados até a data da avaliação e
depois deixados de lado, pois a relação com o cotidiano ainda fica abstrata.
Portanto o ensino de microbiologia com qualidade no ensino fundamental e médio
se torna relevante, uma vez que o acesso a informação deixará o aluno mais apto a
conseguir responder e entender questionamentos do cotidiano, além de colaborar para o
sucesso desse aluno em seu campo profissional no futuro.
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OBJETIVOS
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
• Discutir a importância do ensino de microbiologia nas escolas de nível
fundamental e médio.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Revisar na literatura o ensino de microbiologia.
• Abordar a importância desta área do conhecimento.
• Buscar dados sobre o ensino desta área nas escolas de nível fundamental e
médio.
• Discutir possíveis metodologias que busquem maximizar a difusão do
conhecimento em microbiologia nas escolas.
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REVISÃO DE
LITERATURA
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3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 MICROBIOLOGIA
É atribuído a Antony Van Leeuwenhoek a invenção do microscópio em 1673, com o
equipamento ainda rudimentar experimentos eram feitos em observar água de rios, fezes e
saliva onde foram descritos diminutos objetos móveis e invisíveis a olho nu, que foram
chamados de “animálculos”, porque acreditava se tratar de minúsculos animais vivos.
Leeuwenhoek redigiu diversas cartas para a sociedade Real Inglesa em que relatava os
pequenos animálculos, estas cartas foram importantes para dar registro a origem do
estudo de microbiologia.
Diversas teorias surgiram para tentar explicar a origem desses animálculos, em 1745
John Needham cozinhou um pedaço de carne para destruir organismos preexistentes e
colocou-os em frascos abertos onde observou que surgiram colônias de microrganismos
na superfície e concluiu que elas surgiam por geração espontânea, essa ideia ficou
conhecida como teoria da Abiogênese.
Porém em 1769, Lazaro Spallanzani ferveu caldo de carne em um frasco por uma hora
e então vedou-o. Não apareceu nenhum microorganismo, e portanto, esse resultado opôs
a abiogênese. Em 1836, Franz Schulze passava o ar através de uma solução de ácido
forte antes de inseri-los na infusão de carne fervida em frasco fechado. No ano seguinte,
Theodor Schwann passava o ar através de um tubo aquecido antes de inseri-lo no caldo
estéril. Nos dois experimentos não surgiram os micróbios, porque aqueles existentes no ar
foram mortos pelo calor ou pelo ácido. Esta era a teoria da Biogênese, que de maneira
resumida diz que uma vida provem de outro organismo vivo.
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Em 1850, Pasteur encontrou microorganismos de diferentes tipos em vinhos. Conclui
que a fermentação ocorria devido à presença de microorganismos que produziam
transformações químicas no ambiente em que estão. A pasteurização também foi uma
descoberta de Pasteur, que consistia em um método que preservava o alimento sem
qualquer alteração do sabor, quando era submetido a temperaturas de 50-60° C por vários
minutos.
Graças aos trabalhos de Pasteur, desenvolveu-se a cirurgia anti-séptica, cuja
aplicação, em 1867, se deve ao cirurgião britânico Joseph Lister, que empregou como
desinfetante o ácido fênico. Esse procedimento reduziu de forma significativa os casos de
mortalidade por infecção pós-operatória.
Outra grande figura da microbiologia no século XIX foi o alemão Robert Koch, que em
1876 isolou a bactéria causadora do carbúnculo. As bases da microbiologia foram
solidamente fundadas entre 1880 e 1990. Discípulos de Pasteur e Koch, entre outros,
descobriram inúmeras bactérias capazes de causar doenças específicas e elaboraram um
conjunto de técnicas e procedimentos laboratoriais para revelar a ubiqüidade, diversidade
e o poder dos micróbios.
Em 1882, Koch descobriu o bacilo da tuberculose e, um ano depois, o microrganismo
responsável pela cólera asiática. Também em 1883 foi identificada a bactéria causadora da
difteria. Nesse mesmo período, Pasteur e seus assistentes comprovaram que animais
vacinados com um bacilo de antraz especialmente cultivado se mostravam imunes à
doença. Essa descoberta deu início ao estudo da imunidade e dos princípios que
fundamentaram a prevenção e o tratamento de doenças por meio de vacinas e soros.
Pasteur, em 1885, produziu uma vacina contra a raiva, e um assistente seu, Charles
Chamberland, descobriu que, enquanto as bactérias não eram capazes de atravessar
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filtros de porcelana, outros organismos o eram. Em 1892, o pesquisador russo Dimitri
Ivanovski constatou que o agente causador do mosaico do tabaco era do tipo filtrável. Dez
anos depois, outro organismo filtrável foi identificado como causador da febre aftosa do
gado. Aos poucos foram sendo aprimoradas técnicas muito precisas para investigar esses
organismos, que passaram a ser conhecidos como vírus. As rickéttsias, que se
assemelham às bactérias muito pequenas, foram descritas pela primeira vez pelo
patologista americano Howard Taylor Ricketts, em 1908, quando ele estudava a febre das
montanhas Rochosas, doença provocada por esses microrganismos.
A partir da década de 1940, a microbiologia experimentou uma fase extremamente
produtiva, durante a qual foram identificados vários microrganismos causadores de
doenças e desenvolveram-se métodos para controlá-los. Esses organismos também foram
utilizados na indústria, canalizando-se sua atividade para a produção de artigos para o
comércio e a agricultura. A pesquisa sobre os microrganismos também fez progredir o
conhecimento do homem a respeito dos seres vivos, ao fornecer material adequado para o
estudo de complexos processos vitais, como o metabolismo.
Devido à complexidade e importância dessa ciência, didaticamente, a microbiologia é
subdividida em: Genética Microbiana; Microbiologia Médica; Microbiologia Clínica;
Fisiologia Microbiana; Microbiologia Veterinária; Microbiologia Industrial; Microbiologia
Ambiental; Microbiologia dos Alimentos; Microbiologia Espacial; Microbiologia Evolutiva;
Aeromicrobiologia (estudos dos micro-organismos que são transportados pelo ar).
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3.2 ENSINO – APRENDIZAGEM
O professor como facilitador do processo ensino - aprendizagem dispõe de várias
metodologias para iniciar um tema em sala de aula. Nas ciências, entretanto, o uso destas
metodologias pode variar desde um jogo lúdico a um vídeo-documentário. Segundo
Vasconcelos et al. (2002), a abordagem prática poderia ser considerada não só como
ferramenta do ensino de ciências na problematização dos conteúdos como também ser
utilizada como um fim em si mesmo, enfatizando a necessidade de mudança de atitude
para com a natureza e seus recursos, pois, além de sua relevância disciplinar, possui
profunda significância no âmbito social.
Cada estudante assimila o conteúdo de modo idiossincrático, pois o processo depende
fundamentalmente do que o estudante já sabe, ou seja, de seu conhecimento anterior,
sobre o qual ele construirá o novo conhecimento. Desta forma, o resultado final do
processo de aprendizagem é também diferente para cada estudante (Freire, 1987).
Pozo (2002) defende que o processo ensino-aprendizagem deva priorizar o ensino de
estratégias para aprender a aprender e lidar com as informações e conhecimentos
adquiridos. Mas para que o aluno se aproprie das estratégias de aprendizagem é preciso
que o professor tenha atitudes estratégicas em relação ao seu fazer pedagógico,
concebendo-o como uma tarefa complexa que pode ter diversas respostas a depender das
intenções e estratégias escolhidas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio também afirmam ser
fundamental dar ênfase ao conhecimento dos estudantes, abrindo espaço para suas
relações pessoais, experiências, significados e valores que essa ciência pode ter para
eles, caracterizando uma aprendizagem significativa (Brasil, 1999).
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Pelizzari et al. (2002) discutem a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel. Essa
teoria afirma que para uma aprendizagem significativa, o aluno tem que relacionar a nova
informação com seu conhecimento prévio. Desse modo, a aprendizagem não se torna
meramente “mecânica”.
Em uma metodologia de ensino tradicional, os alunos permanecem passivos e, em
grande parte dos casos, as informações e conteúdos passados pelo professor não são
realmente absorvidos por eles. Os alunos se veem obrigados a decorar conceitos e nomes
que, na maioria das vezes, não fazem sentido (Welker, 2007).
Os conteúdos são apenas memorizados por um período de tempo limitado apenas
visando à avaliação e, geralmente, são esquecidos logo em seguida, o que evidencia a
não ocorrência de um aprendizado concreto (Pelizzari, 2002; Possobom et al., 2003),
tampouco a transformação daquela informação em conhecimento.
Considerando como Garcia (2005), que a escola é um espaço formativo e a educação
uma prática de formação da pessoa, é necessário que este espaço não se limite somente
ao repasse de informações sobre um determinado assunto. É importante que a escola
tenha por missão contribuir para que o aluno desenvolva habilidades e competências que
lhe permitam trabalhar as informações, ou seja, selecionar, criticar, comparar, elaborar
novos conceitos a partir dos que se tem. Para isso, o professor pode usar técnicas de
ensino que aperfeiçoem o processo de ensino-aprendizagem. A teoria dada em sala de
aula pode estar vinculada a uma atividade prática que possibilite ao aluno aplicar o
conceito apresentado de preferência a um acontecimento cotidiano.
O professor tem, portanto, o dever de fazer a correlação dos conteúdos curriculares
com a formação dos alunos como cidadãos (Leite e Esteves, 2005). Desse modo, há a
promoção da Alfabetização Científica, definida como o processo pelo qual a linguagem das
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Ciências Naturais adquire significados, como um caminho trilhado para que para o
indivíduo amplie seu conhecimento, sua cultura e se mostre como um cidadão inserido na
sociedade, “ultrapassando a mera reprodução de conceitos científicos, destituídos de
significados, de sentidos e de aplicabilidade” (Lorenzetti e Delizoicov, 2001).
Para que o ensino de Ciências Naturais se torne significativo, o professor precisa
deixar de ser o mero informante dos conhecimentos científicos ou o grande organizador
das classificações biológicas e passar a investigar o que pensam seus alunos, a interpretar
suas hipóteses, a considerar seus argumentos e a analisar suas experiências em relação
aos contextos culturais (Oliveira, 1999).
Ele precisa, ainda, reconhecer os alunos como construtores de suas idéias de Ciências
a partir das suas atividades, que devem ser coerentes com a atividade científica, pois para
eles não têm sentido os modelos baseados somente na explicação do professor e na
realização de exercícios de aplicação. Desta maneira, para aprender efetivamente, os
alunos devem contar com um grande número de tarefas diversas e os professores devem
conhecer muitas técnicas e recursos (Sanmartí, 2002).
Vincular a teoria à prática tem seus pontos positivos. Quando é dada a chance ao
aluno de tocar, ver, observar ou acompanhar um processo vivenciado teoricamente em
sala de aula, a construção de um conceito científico se fortalece em evidências que ele
mesmo acompanhou. Para a inserção de determinadas práticas no âmbito escolar e
também infantil, as ferramentas escolhidas são o vídeo didático, a atividade prática e a
paródia, através de um conteúdo interativo e cômico que leva a teoria até a criança de
forma agradável e contextualizada com o seu cotidiano. Mesmo sendo importante para o
seu aprendizado, somente trabalhar com aula expositiva, na qual o professor explica
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oralmente e utiliza o quadro, às vezes soa desanimador. Propor aulas práticas gera
curiosidade e um sentimento de satisfação nos alunos (Prigol; Giannotti, 2008).
Neste sentido, muitos professores procuram tornar as aulas cada vez mais dinâmicas e
atraentes, de maneira que o aluno perceba-a como um momento em que ele está
aprendendo e vivendo algo novo, não distanciado da sua realidade e torna-se cada vez
mais comum o emprego de atividades que fujam do tradicional esquema de aulas teóricas.
Dentre estas atividades, as que possuem um caráter lúdico são especialmente
interessantes (Ribeiro, 2001).
Para Huizinga (1971) e Piaget (1971), a atividade lúdica supõe uma ordenação da
realidade, seja ela subjetiva ou intuitiva, ou objetiva e consciente. Rizzi (2001) afirma que o
homem sempre manifestou uma tendência lúdica. Muitos autores afirmam que esta
atividade não se limita apenas à humanidade, seria anterior até ao próprio homem, pois já
era praticada por alguns animais.
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DISCUSSÃO
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4 DISCUSSÃO
A Aprendizagem Significativa é obtida quando o aluno associa o conhecimento prévio
aos novos significados, a partir da utilização do material potencialmente significativo e um
método de ensino significativo (Ausubel, 1999). E, concomitantemente, o aprendizado
baseado em problemas leva a uma aprendizagem fixadora do conteúdo e potencializadora
da capacidade de interpretação do aluno (Berbel, 1998).
A Microbiologia tem se mostrado cada vez mais relacionada com questões
multidisciplinares como a saúde, higiene e meio ambiente, ultrapassando os limites do
ensino superior e dos laboratórios (Antunes et. al. 2012). Entretanto, Carvalhal (1997)
mostra que os microrganismos surgem na ementa do ensino fundamental e médio apenas
como agentes causadores de doenças, e infelizmente os alunos acabam tendo essa visão.
Quando na realidade, a maioria dos micro-organismos não causam doenças, por exemplo,
dentre as bactérias, apenas 2% são patogênicas (Pessoa, 2012).
Atualmente, verifica-se que as práticas de laboratório ainda assumem um caráter
restrito, apoiadas em roteiros do tipo “receita” (Oliveira, 2011), que não estimulam a
construção significativa de habilidades e competências dos alunos. Nas Ciências Exatas,
Psillos e Niedderer (2002) declaram que as aulas práticas em sua maioria decorrem da
utilização de equipamentos e medições, sendo que estes exercícios pouco contribuem
para a compreensão entre teoria e prática. Nas Ciências da Saúde as práticas laboratoriais
transcorrem em sua maioria na demonstração de aspectos correlacionados ao organismo,
como elementos presentes no indivíduo, microbiota residente, agentes causadores de
doenças, entre outros. Da mesma forma, nesta área, a aula pode não estimular o caráter
científico e crítico do aluno.
A realização das atividades práticas despertou um maior interesse pelo tema, notando -
se a participação ativa dos alunos. Essa observação é positivamente relatada por Cassanti
25
et al. (2007), Possobom et al. (2003), Prado et al. (2004) e Welker (2007), que consideram
que as atividades práticas são essenciais para o estímulo à aprendizagem de Biologia,
sendo apontada como uma estratégia eficaz de ensino-aprendizagem.
Vicentini e Domingues (2008) atestaram que 86% dos professores entrevistados
evidenciaram melhora nos resultados devido à utilização do vídeo em sala, 14%
mostraram-se indiferentes e nenhum alegou não ter obtido melhora com a utilização do
vídeo em suas aulas. As novas mídias educacionais devem fazer parte da vida da escola.
Para a exibição do vídeo, foram utilizados uma televisão e um aparelho de DVD como
recurso, algo rotineiro nas maiorias das escolas. O que falta então é o planejamento para a
execução de ações simples no cotidiano escolar.
Compreendemos que a finalidade de todo processo educativo é promover os
estudantes em todos os aspectos humanos e na educação formal, especialmente, o
desenvolvimento da autonomia intelectual (Freire, 1997; Pozo, 2002; Demo, 1998;
Galiazzi, 2003). A autonomia intelectual deve ser um objetivo explícito a alcançar quando
decidimos pelas estratégias de ensino mais adequadas. Um mesmo conteúdo pode ter
diversas abordagens e nossas escolhas têm razões que muitas vezes não estão explícitas,
mas, com certeza, estão ligadas à nossa formação inicial, à nossa vivência como discentes
e ao contexto social.
Possolli (2009) complementa que “a relação teoria-prática constitui-se como pano de
fundo dos recursos entendidos como estratégia de ensino-aprendizagem em uma
perspectiva educacional significativa e articulada com o mundo do trabalho”. Assim, pode-
se inferir que o desenho pedagógico é de suma importância na escolha de abordagens
metodológicas para o ensino de qualquer disciplina, pois pressupõe que o discente
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interage de maneira direta com os objetivos investigados, o que pode ampliar o acesso ao
tipo de aprendizagem defendida.
Pozo (2002) chama a atenção para o fato de que um mestre que trabalha lançando
mão de estratégias deve, aos poucos, ensinar a elaboração de estratégias aos alunos de
forma que estes cada vez mais ganhem autonomia e possam criar estratégias próprias
para aprender, desta forma, mestres estratégicos podem formar aprendizes estratégicos.
27
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de metodologias deve ser posto em prática mais vezes, a fim de subsidiar ações
e métodos que contribuam para reter a atenção de alunos, os incentivando ao estudo
dessa ciência de extrema importância, e fazendo com eles sejam propagadores de
conhecimento.
Cabe ao professor definir qual será a melhor estratégia para o ensino de acordo com o
perfil dos alunos. Não há uma receita pronta, essa sensibilidade o professor adquire com o
passar do tempo.
Percebe-se também a importância de se trabalhar o conteúdo de microbiologia desde o
ensino fundamental e médio, pois desta forma o aluno ganha uma bagagem maior de
informação para adentrar o ensino superior, além de conseguir desde cedo correlacionar o
conteúdo teórico ao seu cotidiano.
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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