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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS COMPORTAMENTO E BIOLOGIA ANIMAL Rosielle Concolato da Costa Análise temporal de uma população de Hydromedusa maximiliani (Mikan, 1820) restrita a uma área de Reserva em Minas Gerais, Brasil Juiz de Fora 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

COMPORTAMENTO E BIOLOGIA ANIMAL

Rosielle Concolato da Costa

Análise temporal de uma população de Hydromedusa maximiliani (Mikan, 1820)

restrita a uma área de Reserva em Minas Gerais, Brasil

Juiz de Fora

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA …...confecção de materiais utilizados em campo, cuidando do meu filho e de mim de forma que eu tivesse tranquilidade para trabalhar. Agradeço

Rosielle Concolato da Costa

Análise temporal de uma população de Hydromedusa maximiliani (Mikan, 1820)

restrita a uma área de Reserva em Minas Gerais, Brasil

Dissertação de mestrado apresentada ao

Instituto de Ciências Biológicas, da

Universidade Federal de Juiz de Fora, como

parte dos requisitos para obtenção do Título

de Mestre em Ciências Biológicas (Área de

Concentração em Comportamento e

Biologia Animal).

Orientadora: Profa. Dra. Iara Alves Novelli

Coorientadora: Profa. Dra. Bernadete Maria de Sousa

Juiz de Fora

2018

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Ficha catalográfica elaborada através do programa de geração

automática da Biblioteca Universitária da UFJF, com os dados

fornecidos pelo(a) autor(a)

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Rosielle Concolato da Costa

Análise temporal de uma população de Hydromedusa maximiliani (Mikan, 1820)

restrita a uma área de Reserva em Minas Gerais, Brasil

Dissertação de mestrado apresentada ao

Instituto de Ciências Biológicas, da

Universidade Federal de Juiz de Fora, como

parte dos requisitos para obtenção do Título

de Mestre em Ciências Biológicas (Área de

Concentração em Comportamento e

Biologia Animal)

Aprovada em 28 de fevereiro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Iara Alves Novelli

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Bernadete Maria de Sousa

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Fabiano Matos Vieira

Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

______________________________________________________________________

Prof. Dr Adriano Reder de Carvalho

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais -

Campus Juiz de Fora

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Ao meu grande mestre Altair Mendes da

Costa, o naturalista nato que me fez ser

apaixonada pela observação do ambiente e

dos seres vivos, à Luzia Concolato da

Costa, minha referência de garra e trabalho,

pai e mãe, porto seguro onde pude deixar

minha maior riqueza protegida e bem

cuidada, meu filho Arthur. Aos meus três

amores dedico esse trabalho.

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Agradecimentos

Agradeço ao Senhor Deus que sempre está no controle de todas as coisas e

permitiu o cumprimento dessa etapa em minha vida (obrigada Pai).

Agradeço imensamente a dedicação, apoio e incentivo, da minha orientadora

Prof.ª Drª Iara Alves Novelli, sem a qual esse sonho não seria possível. Ao seu marido,

Prof. Dr. Fabiano Matos Vieira por suas generosas contribuições a esse estudo. Muito

obrigada por estarem em minha vida e permitir que eu estivesse na vida de vocês em um

momento tão gostoso como a chegada de seu filho e meu sobrinho emprestado,

Guilherme.

O meu muito obrigada à minha Coorientadora Prof.ª Drª. Bernadete Maria de

Sousa por ensinar com maestria e permitir que sua experiência alcançasse a mim e a

este trabalho. Obrigada pelo voto de confiança.

Agradeço à minha primeira orientadora Profª Drª. Sonia Sin Singer Brugiolo

pelo amor, incentivo e apoio desde a graduação.

Agradeço aos membros da banca pelas considerações, sugestões e contribuições

riquíssimas.

Agradeço ao Prof. Dr. Samuel Campos Gomides pelas sugestões e indicações

valiosas.

À equipe que esteve comigo no trabalho de campo: Erika Gabriela Latorre

Hurtado, Wesiley da Silva Monteiro (amigos que o mestrado me deu) e também ao

Matheus Dutra nas tarefas de campo. Um agradecimento especial ao funcionário da

prefeitura responsável pela Reserva, Sr. Miguel que muito contribuiu com seu

conhecimento empírico da área e do comportamento dos cágados. Agradeço ao meu Pai

Altair Mendes da Costa que nos acompanhou em todas as idas ao campo, não somente

nos levando até à Reserva, antes disso, confeccionando a maioria das ferramentas

utilizadas durante o trabalho, se inteirando do assunto pesquisado e enriquecendo nossos

dias com sua experiência e paixão pelas coisas simples da vida. Sem vocês não

conseguiria executar e finalizar essa etapa de capturas. Obrigada pelos conselhos, risos

por causa dos tombos no barro e partilha de sabedoria.

Aos amigos conquistados durante esse tempo e que vou levar pra toda vida:

Fernanda Silva, Antônio, Rafael e Lucas Brian. A todos que direta e indiretamente me

ajudaram a vivenciar e a concluir esse estudo. Aos estimados colegas do Laboratório de

Herpetologia do Departamento de Zoologia da UFJF.

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Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Juiz de Fora – Comportamento e Biologia Animal pela oportunidade de

realização desse estudo e a todos os coordenadores e professores que ministraram cursos

e disciplinas ao longo deste período de mestrado.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

pelo fomento desta pesquisa.

Aos diretores, coordenadores e amigos do colégio dos Jesuítas, onde leciono:

agradeço a compreensão e apoio nesses dois anos de estudos.

Ao amigo Carlos Eduardo Mello pela ajuda com as análises estatísticas.

À amiga Nádia, por todo amor e verdade nas conversas e vezes que me fez

vislumbrar que eu poderia (amiga, eu posso!).

À minha família que me incentivou, me ouviu em momentos de tensão, me

alavancou quando pensei que não conseguiria e me deu o suporte para que eu pudesse

me dedicar à pesquisa: Minhas irmãs e irmãos Katiele, Gilmar, Ricardo e Gizelle,

minhas cunhadas e cunhados Rodrigo, Carla, Gisele e Alexandre meus sobrinhos

queridos: Alice, Mariah, Lucas, Ana Beatriz, Samuel, Pedro e André. Obrigada pelo

amor e confiança.

À minha Mãe Luzia Concolato da Costa que me ajudou desde o início na

confecção de materiais utilizados em campo, cuidando do meu filho e de mim de forma

que eu tivesse tranquilidade para trabalhar.

Agradeço ao Arthur, meu “fiote” pelo abraço mais fabuloso do mundo, dado

quando eu voltava para casa após um período de ausência; pelo sorriso mais lindo que

existe ao poder experimentar, em eventuais idas ao campo, o gosto de estar em contato

com a natureza.

Àqueles que, mesmo me chamando de maluca, me incentivaram e acreditaram

que era possível.

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Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade das tartarugas

mais que a dos mísseis.

Tenho em mim esse atraso de nascença.

Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal

É maior do que o mundo.

Manoel de Barros

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Resumo

Para o estudo de monitoramento de uma população de quelônios, é

determinante estudar a variação do número de indivíduos ao longo do tempo e como a

estrutura etária, e a razão sexual podem influenciar na composição da mesma,

permitindo sua expansão, estabilidade ou declínio. Dessa forma, o objetivo deste estudo

foi comparar o tamanho estimado e a estrutura da população de H. maximiliani através

de dados de captura e recaptura obtidos há mais de uma década com os dados obtidos

atualmente pelo mesmo método de captura e recaptura dos espécimes manualmente e

com auxílio de puçás. A estimativa da população em 2004/2005 foi de 9 indivíduos com

amplitude de 6 a 15 espécimes, sendo amostrados 10 indivíduos, enquanto que em

2016/2017 foi de 11 com amplitude de 8 a 16 espécimes, sendo que foram amostrados

um total de 12 indivíduos. Foi observado que o tamanho da população não sofreu

alterações significativas comparado aos dados do presente estudo com os dados

coletados há 12 anos, aparentemente demonstrando uma estabilidade numérica, porém o

esforço amostral do presente estudo foi aproximadamente três vezes maior, o que

levaria a se esperar um número maior de capturas. Não foi observado uma grande

discrepância entre os dois períodos amostrados, mesmo quando comparados entre si

com relação a proporção de jovens e adultos amostrados. Quatro indivíduos foram

capturados nos dois períodos, sendo que em 2004/2005 dois eram animais adultos e dois

eram jovens; em 2016/2017 os quatro indivíduos apresentaram taxas de crescimento

muito similares às taxas observadas para a espécie como também relatado em outros

trabalhos e os dois considerados jovens apresentavam caracteres morfológicos e

morfométricos que os categorizavam como machos adultos. Apesar dessa diferença na

estrutura etária e sexual da população não ter significância estatística, o crescimento ao

longo do tempo e a não observação na amostragem de um número maior de jovens

causou a mudança na composição estrutural. Pode-se afirmar que, apesar de também

não serem precisos, os dados sobre a estimativa dessa população isolada de H.

maximiliani levam ao alarmante questionamento da continuidade da mesma a longo

prazo devido às pressões exercidas por fatores como endogamia por isolamento em uma

área circundada por regiões antropizadas, baixo recrutamento e diminuição do número

de jovens uma vez que esses estão crescendo e mudando de classe etária.

Palavras chave: Hydromedusa; Chelidae, estrutura populacional; crescimento,

populações isoladas.

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Abstract

For the monitoring study of a population of chelonians, it’s determinant to study

the variation of the number of individuals over time and how the age structure, and the

sex ratio can influence the composition of the same, allowing its expansion, stability or

decline. Thus, the objective of this study was to compare the estimated size and

structure of the H. maximiliani population through capture and recapture data obtained

over a decade ago with the data currently obtained by the same method of capture and

recapture of the specimens manually and with the aid of puçás.

The population estimate in 2004/2005 was 9 individuals with a range of 6 to 15

specimens, with 10 individuals being sampled, while in 2016/2017 it was 11 with a

range of 8 to 16 specimens, and a total of 12 individuals sampled. It was observed that

the population size didn’t suffer significant changes comparing the data of the present

study with the data collected 12 years ago, apparently demonstrating a numerical

stability, however the sample effort of the present study was approximately three times

higher, which would lead to expect a greater number of catches. A large discrepancy

between the two sampling periods wasn’t observed, even when compared to the

proportion of young adults and adults sampled. Four individuals were captured in both

periods, two of which were adult and two were young; in 2016/2017 the four

individuals presented growth rates very similar to the rates observed for the species as

also reported in other studies and the two considered young had morphological and

morphometric characters that categorized them as adult males. Although this difference

in the age and sexual structure of the population isn’t statistically significant, growth

over time and non-observation in the sample of a larger number of young people caused

a change in the structural composition. It’s possible to affirm that, although they are not

accurate, data on the estimation of this isolated population of H. maximiliani lead to

alarming questioning of its continuity in the long term due to the pressures exerted by

factors such as inbreeding in an enclosed area by anthropized regions, low recruitment

and decrease in the number of young people since these are growing and changing age

group.

Key words: Hydromedusa; Chelidae, population structure; growth, isolated populations.

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Lista de ilustrações

Figura 1 – Vista panorâmica da região da Reserva Biológica Municipal Santa Cândida,

Juiz de Fora, Minas Gerais. Localização: 21°41’20’’S e 43°20’40’’W ...................... 16

Figura 2 – Vista parcial de alguns trechos de riacho e do tanque de decantação primária

da Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

....................................................................................................................................... 17

Figura 3 – Técnicas de marcações utilizadas nos espécimes de Hydromedusa

maximiliani capturados na Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz de Fora,

Minas Gerais ................................................................................................................. 19

Figura 4 – Número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani capturados/recaptu-

rados e número de horas de permanência em campo por amostragem ........................ 21

Figura 5 – Médias mensais dos dados abióticos coletados na Reserva Biológica

Municipal Santa Cândida, Juiz de Fora, Minas Gerais e número de indivíduos de

Hydromedusa maximiliani capturados por mês ............................................................ 22

Figura 6 – Indivíduos capturados na Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz

de Fora, Minas Gerais. Detalhe da região do plastrão, da esquerda para a direita:

indivíduo jovem, fêmea adulta e macho adulto de H. maximiliani. ............................. 23

Figura 7 – Número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani na Reserva Biológica

Municipal Santa Candida, Juiz de Fora, Minas Gerais, capturados em cada dia de

campo, número acumulado de todos os indivíduos capturados ao longo do período 1 -

2004/2005 e do período 2 - 2016/2017 ......................................................................... 26

Figura 8 – Gráfico mostrando a estrutura da população de Hydromedusa maximiliani na

Reserva Biológica Municipal Santa Candida, Juiz de Fora, Minas Gerais, quanto ao

comprimento máximo do plastrão (CMP), no período 1 (2004/2005) e no período 2

(2016/2017). ................................................................................................................. 27

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Morfometria dos espécimes de Hydromedusa maximiliani amostrados

durante o período de 2004-2005 e 2016-2017, na Reserva Biológica Municipal Santa

Cândida, Juiz de Fora, Minas Gerais ............................................................................ 25

Tabela 2 – Número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani capturados na Reserva

Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz de Fora, Minas Gerais, em 2004/2005 (período

1) e em 2016/2017 (período 2) e proporção de jovens e adultos em cada período ....... 24

Tabela 3 – Média de crescimento utilizando a medida do comprimento máximo do

plastrão (em centímetros) e incremento de massa corporal -MC (em gramas) dos

indivíduos de Hydromedusa maximiliani capturados na Reserva Biológica Municipal

Santa Cândida, Juiz de Fora, Minas Gerais, no período 1 (2004/2005) e no período 2

(20016/2017). ............................................................................................................... 24

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 16

3. RESULTADOS ................................................................................................... 21

4. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 34

ANEXO ...................................................................................................................... 39

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1. INTRODUÇÃO

Os Testudines agrupam os répteis conhecidos como quelônios, que apresentam

carapaça e plastrão. Os quelônios estão distribuídos em duas linhagens, Cryptodira e

Pleurodira, diferenciadas devido à forma de retração do pescoço. Dentro do grupo

Pleurodira estão os espécimes que retraem o pescoço de modo lateral; nele existem

cerca de 92 espécies, distribuídas em três famílias. Na família Chelidae estão reunidos

espécimes com a característica muito marcante do pescoço extremamente longo ou, nos

que possuem o pescoço não tão longo, com a flexão lateral sigmóide muito mais

evidente que nos indivíduos da família Pelomedusidae (ERNST; BARBOUR, 1989). A

família Chelidae é a mais expressiva das famílias de Pleurodira e reúne 58 espécies

distribuídas em 14 gêneros. Duas destas espécies pertencem ao gênero Hydromedusa

(COSTA et al., 2015; Turtles of the World, 2017).

Hydromedusa maximiliani (Mikan 1920) e H. tectifera (Cope, 1869) são

conhecidas popularmente como “cágados-pescoço-de-cobra” ou “cágados-de-pescoço-

comprido” e habitam pequenos riachos de águas límpidas e frias, rasos e

encachoeirados, típicos de regiões serranas, acima de 600 m de altitude (COSTA et al.

2015; SOUZA, 2005;).

Hydromedusa maximiliani é uma espécie endêmica da floresta Atlântica

brasileira (SOUZA, 1995; YAMASHITA, 1990) e das regiões montanhosas (ERNST;

BARBOUR, 1989), considerada vulnerável pela IUCN (2017-3) e pela fundação

Biodiversitas de acordo com a última revisão da lista de espécies ameaçadas (Fundação

Biodiversitas, 2007). No estado de Minas gerais já foi considerada criticamente em risco

(COPAM, 1995; MOREIRA, 1998) e mesmo não estando na Lista Vermelha Brasileira

(Ministério do Meio Ambiente, 2014), é tida como ameaçada localmente em Minas

Gerais (COPAM, 2010) e no Espírito Santo (ALMEIDA et al, 2007; COSTA et al.

2015). Foram registradas em no Estado da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo (COSTA et al. 2015). Em Minas Gerais, a presença de espécimes

de H. maximiliani ocorre em Viçosa (PEREIRA; CUOCULO, 1940), na Fazenda Santa

Rita, em Faria Lemos (MOREIRA, 1994), na Reserva Biológica Municipais Santa

Cândida (RBMSC) e na Reserva do Poço D’Anta (CHAGAS; RAPOSO-FILHO, 1999;

NOVELLI et al., 2013; COSTA et al., 2015).

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Os estudos com a população de H. maximiliani da Reserva Biológica Municipal

Santa Cândida em Juiz de Fora, MG, foram iniciados na década de 90 com Chagas e

Raposo-Filho (1999). Outros estudos foram realizados e publicados por Novelli e Sousa

(2007), Novelli et al., (2013) e Rocha-Barbosa et al. (2014). Os últimos dados acerca da

dieta e estrutura populacional foram coletados no ano de 2005 (Novelli et al, 2013).

Os quelônios de água doce apresentam longo tempo de vida e os estudos

temporais com enfoque ecológico em populações desse grupo se fazem necessários para

a avaliação dessas populações e consequentemente para propostas à sua conservação

(HENRY, 2003; LITZGUS, 2006; MOREIRA, 1994; SMITH et al., 2006). Dessa

forma, novos estudos com a população de H. maximiliani após 12 anos de um estudo

ecológico realizado com esse quelônio na RBMSC podem refletir o atual estado de

conservação dessa espécie nessa área.

Para o estudo de monitoramento de uma população de quelônios, é determinante

estudar a variação do número de indivíduos de uma espécie ao longo do tempo, bem

como compreender alguns processos ecológicos relacionados a uma dada espécie, como

a estrutura etária, a razão sexual, a densidade, as taxas de sobrevivência e o

recrutamento de filhotes (BALESTRA et al., 2016). Trata-se de estudos que dependem

de um conhecimento prévio da história natural da espécie a ser monitorada, tais como

sua extensão de ocorrência, o uso do hábitat e hábitos alimentares; além do mais, é

obrigatoriamente, um estudo de longa duração quando se tem como espécies alvo

organismos como os quelônios de água doce que apresentam uma vida longa,

crescimento lento e maturação sexual tardia (BALESTRA et al., 2016).

Em estudos de monitoramentos quando bem delineados tem-se resultados que

permitem avaliar as respostas de uma população às práticas de manejo, a programas de

conservação, bem como aos impactos de fatores externos, tais como doenças, caça e

conversão de hábitat (BALESTRA et al., 2016). Além disso, podem até refletir o

histórico de uso de uma dada espécie em um determinado local e gerar resultados que

possibilitem inferir tendências populacionais futuras em diferentes cenários de manejo

para subsidiar tomadas de decisão (DAIGLE; JUTRAS, 2005; GIBBONS, 1990;

LITZGUS; MOUSSEAU, 2004; SOUZA; VOGT, 1994; TOMAS et al. 2006, ).

O estudo da população H. maximiliani na RBMSC se justifica não somente pela

preocupação com a conservação da diversidade biológica, mas também pela

necessidade de se verificar a atual condição dessa população comparando os dados

atuais com os dados coletados por Novelli et al (2013); população tal que se encontra

isolada e restrita a uma área transformada em Reserva Biológica circundada por bairros

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de uma zona urbana e que possui um tanque de decantação de alvenaria, ou seja um

ambiente modificado pela ação humana.

Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo estimar o tamanho da

população e verificar a estrutura populacional de uma espécie endêmica de cágado , H.

maximiliani, comparando os dados obtidos com os dados registrados em um estudo feito

com a mesma população em 2004/2005 bem como levantar questionamentos sobre

quais atitudes tomar para solucionar possíveis problemas em decorrência desse

isolamento que levariam a não continuidade desta a longo prazo.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Área de amostragem

A Reserva Biológica Municipal Santa Cândida (RBMSC) (21º 41’20’’ S e 43º

20’ 40’’W) localiza-se a oeste da área central de Juiz de Fora, região da Zona da Mata,

sudeste do estado de Minas Gerais. Com uma área de cerca de 113,31 ha, a RBMSC é

circundada pelos Bairros Monte Castelo, Carlos Chagas, Milho Branco, São Pedro e

Caiçaras (Figura 1).

Figura 1 – Vista panorâmica da região da RBMSC, Juiz de Fora, Minas Gerais. Localização: 21°41’20’’S

e 43°20’40’’W; Fonte: Google Maps

A área da Reserva representa um fragmento com vegetação típica do bioma

Mata Atlântica, encontrando-se em estágio de regeneração secundária. O relevo é

inclinado, apresentando fortes ondulações que originam encostas e vales acompanhados

pela mata, com morros que variam de 60 a 200m de altura e altitudes extremas que

variam de 760 a 960m acima do nível do mar. Devido ao caráter semidecíduo de muitos

de seus elementos arbóreos nas estações do ano de menor pluviosidade e temperaturas

mais baixas, enquadram-se no tipo de Floresta Estacional Semidecídua Montana

(LAFETÁ, 1998).

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Antes de ser transformada em Reserva, na área funcionava um reservatório de

águas para abastecer uma fazenda de café (Figura 2). Esse reservatório identificado

como tanque de decantação primária represa águas do córrego Milho Branco, principal

córrego da RBMSC e é formado por uma barragem de alvenaria de 15,6m de extensão,

acumulando água até aproximadamente 29 m acima da barragem com profundidade que

varia de 0,2m, nas margens mais distantes da barragem a 2,0 m, junto à barragem

conforme Novelli et al. (2013) (Figura 2). A ocupação desordenada pela população

carente local muito próxima aos limites da Reserva e a invasão desses moradores para a

coleta ilícita de lenha constitui uma possibilidade de ameaça (obs. pess.), visto que

ações do homem que induzem a perda de habitat como desmatamento e poluição da

água são os principais fatores que afetam as populações de H. maximiliani (MARTINS;

SOUZA, 2009).

Figura 2 – Vista parcial de alguns trechos de riacho (A e B) e do tanque de

decantação primária (C, D e E) da Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz

de Fora, MG, Brasil. Fotos do Autor

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Amostragem, captura e identificação dos espécimes

Os espécimes de H. maximiliani foram amostrados entre setembro de 2016 e

setembro de 2017. Em cada mês foram realizadas duas idas ao campo. Os espécimes

foram capturados manualmente ou com auxílio de puçás, nos trechos de riachos acima

da do tanque de decantação primária e nos tanques de decantação primária e secundária,

localizados no interior da reserva, represando o córrego Milho Branco (Figura 2).

Após a captura, cada espécime foi marcado permanentemente com entalhes nas

placas marginais da carapaça (CAGLE, 1939) e uma marcação temporária com números

arábicos na região das placas vertebrais da carapaça com caneta corretivo à base de

água, atóxica, que permitia a identificação do indivíduo sem a necessidade de captura

(BALESTRA et al., 2016)

A morfometria dos espécimes também foi realizada no campo, com paquímetro

manual Starret® (precisão de 0,02mm) e a massa corpórea (MC), foi aferida com

dinamômetro portátil Pesola® (precisão de 10g). As medidas aferidas foram às mesmas

adotadas por Souza (1995) e Novelli et al. (2013), onde o Comprimento máximo da

carapaça (CMC) foi medido em linha reta desde a borda anterior até a borda posterior

da carapaça; a Largura máxima da carapaça (LMC) foi medida em linha reta entre a

maior distância da borda lateral dos escudos marginais de um lado ao outro; a altura

máxima da carapaça (AMC) foi medida perpendicularmente ao plastrão, ao nível de

maior distância entre os escudos do plastrão e os escudos vertebrais da carapaça; o

comprimento máximo do plastrão (CMP) foi medido em linha reta desde o escudo

intergular até o ponto de junção dos escudos anais; a largura máxima do plastrão (LMP)

foi medida em linha reta através da sutura entre os escudos abdominais e peitorais, de

um ponto de junção entre estes dois escudos e o marginal (Figura 3)

A identificação sexual dos espécimes de H. maximiliani foi realizada através da

verificação de caracteres morfológicos distintivos como a concavidade no plastrão e a

cauda mais comprida e mais grossa nos machos quando comparados com as fêmeas

(MARTINS, 2006). Foram considerados adultos os machos que apresentaram CMC à

partir de 10,17cm e fêmeas com CMC igual o maior que 13,42cm (MARTINS, 2006).

Aferição dos dados abióticos

Os dados climatológicos (temperatura do ambiente, da água e umidade relativa

do ar) foram aferidos com um termo-higrômetro Oregon Scientific® (THG 312; rigor

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19

de medição =/-1ºC de 0ºC a -40ºC) na área de estudo (tanque de decantação primária e

ambiente).

Figura 3 – Técnicas de marcações utilizadas nos espécimes de Hydromedusa maximiliani capturados na

Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz de Fora, Minas Gerais. Indivíduo logo após a captura

(A). Em B marcação do tipo permanente. Indivíduo nº 1 com marcação permanente desde o período 1, em

2004/2005 (C) e com marcação temporária feita com caneta corretivo atóxica (D). Em E marcação

temporária no indivíduo 13. Fotos do Autor

Análise dos dados

Para as análises dos dados foram utilizadas ferramentas da estatística descritiva.

Para algumas das análises estatísticas, foi utilizado o software SPSS (Statistical Package

for Social Sciences), versão 23.0. Para todos os testes foi considerado um nível de

significância ≤ 0,05.

Os dados do estudo feito em 2004/2005 (NOVELLI et al., 2013), considerado

aqui como período 1, foram comparados com os dados do período desse estudo,

chamado de período 2, em 2016/2017, ambos feitos com a mesma população isolada na

Reserva Biológica Municipal Santa Cândida.

O Coeficiente de correlação de Pearson (r) foi utilizado para determinar se o

número de capturas e a quantidade de horas em campo apresentam relação direta.

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20

Para verificar a razão sexual macho: fêmea, foi feito o teste binomial em virtude

da amostra não ter um tamanho considerável.

As análises relacionadas às diferenças entre o número de jovens e de adultos na

população em cada um dos períodos (2004/2005 e 2016/2017) separadamente e juntos

comparativamente, foram feitas aplicando o teste do qui-quadrado.

A estrutura da população foi estabelecida a partir de classes de tamanho

corporal, utilizando o comprimento máximo do plastrão – CMP, pelo fato de seu

crescimento ser relativamente reto (ERNST; LOVICH, 1986). Sete classes de tamanho

de plastrão – até 2,0 cm, até 4,0 cm, até 6,0 cm, até 8,0 cm, até 10,0 cm, até 12,0 cm e

até 14 cm. Para a comparação das estruturas populacionais entre os dois períodos foi

utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov que permite verificar se os dados seguem uma

distribuição normal e se os dados comparados possuem distribuição equivalentes.

O tamanho da população foi estimado para ambos os períodos (2004/2005 e

2016/2017) através do método Schnabel para populações fechadas (onde os eventos de

migração, emigração, morte e nascimentos não são considerados); os intervalos de

confiança foram obtidos através do método de distribuição de Poisson.

Este trabalho foi desenvolvido em consonância com os princípios adotados pelo

Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA, com a aprovação da Comissão

de ética no uso de animais da UFJF (Protocolo CEUA/UFJF n° 019/2016), adotados no

presente estudo e com autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade – ICMBio/SISBIO. E a autorização da AGENDA-JF (Anexo 1).

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21

3. RESULTADOS

Esforço amostral e número de indivíduos capturados

Foram realizadas 22 incursões à RBMSC, realizadas entre setembro de 2016 e

setembro de 2017, totalizando 90 horas e um esforço amostral de 360 horas, visto que as

buscas ativas e capturas foram feitas por quatro pessoas (Figura 4).

O coeficiente de correlação de Pearson (r) demonstrou que houve uma fraca

relação entre o esforço de captura (número de horas que se permaneceu em campo) e o

número de indivíduos capturados em cada dia de campo (r = 0,390).

Figura 4 – Número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani capturados/recapturados e número de

horas de permanência na Reserva Biológica Municipal Santa Candida, Juiz de Fora, Minas Gerais, em cada dia de captura.

Dados abióticos

Os dados abióticos temperatura do ar, temperatura da água e umidade relativa

do ar foram coletados a cada incursão ao campo, posteriormente foi feita uma média

mensal de cada dado. Observou-se uma correlação de moderada a forte (p=0,62) entre a

0

1

2

3

4

5

6

7

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

mero d

e h

ora

s

Número de incursões ao campo

Indivíduos capturados em cada dia de campo Permanência em campo (horas)

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22

temperatura da água e o número de indivíduos capturados, demonstrando uma maior

chance de se capturar uma maior quantidade de espécimes quando a temperatura da

água é maior (Figura 5).

Figura 5 – Médias mensais dos dados abióticos coletados na Reserva Biológica Municipal Santa Cândida,

Juiz de Fora, MG e número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani capturados por mês ao longo

deste estudo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

02468

1012141618202224262830

Um

idad

e re

lati

va d

o a

r %

Ind

ivíd

uo

s ca

ptu

rad

os

e te

mp

erat

ura

do

ar

e ág

ua

Ind. Capturados Temperatura ar (Celsius)

Temperatura água (Celsius) Umidade relativa do ar %

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23

Capturas e Recapturas – dados morfométricos

Um total de 12 espécimes de H. maximiliani foi capturado (Figura 6). Destes

espécimes, um foi capturado dez vezes, 1 oito vezes, 1 sete vezes, 1 seis vezes, 3 quatro

vezes, 1 duas vezes e 4 uma vez cada. Ou seja, foram obtidas 37 recapturas (Tabela 1).

Deste período, identificou-se 5 machos (41,7%), 4 fêmeas (33,3%) e 3 jovens (25%).

Separando os animais em 2 grupos: 75% de adultos e 25% de jovens (Tabela2).

No período de 2004/2005 foram capturados 10 espécimes de H. maximiliani,

em um total de sete incursões a campo, em sete meses (Figura 7). Destes, 2 foram

capturados seis vezes, 1 cinco vezes, 2 quatro vezes, 1 três vezes, 1 duas vezes e 3 uma

vez cada. Ou seja, foram obtidas 23 recapturas (Tabela 1). Deste período, foram

identificados 3 machos (30%), 3 fêmeas (30%) e 4 jovens (40%). Separando os animais

em 2 grupos (60% de adultos e 40% de jovens) (Tabela 2)

Quando considerados os dois períodos de estudo (2004/2005 e 2016/2017),

observou-se um total de 18 espécimes amostrados (oito machos adultos, seis fêmeas

adultas e quatro jovens em que não foi possível identificar o sexo), totalizando 60

recapturas de H. maximiliani (Tabela 3).

Figura 6 – Indivíduos capturados na Reserva Biológica Municipal Santa Cândida. Detalhe da região do

plastrão, da esquerda para a direita: indivíduo jovem, fêmea adulta e macho adulto de H. maximiliani.

Fotos do Autor

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Crescimento dos indivíduos amostrados em ambos os períodos

Quatro espécimes foram capturados nos dois períodos de amostragem

(indivíduos 1, 4, 9 e 13) e foram os mais recapturados durante o período deste trabalho

(período 2). Dois indivíduos considerados jovens no período 1 (indivíduo 9 e indivíduo

13) foram identificados como machos no período 2.

Quando analisados conjuntamente, os quatro indivíduos apresentaram em

média um crescimento de 2,48 cm e um incremento de massa corporal de 221,29

gramas. Na análise dos dois indivíduos que já eram considerados adultos no período de

2004/2005 chegou-se a média de 0,33 cm de crescimento corporal e um incremento de

59,58 gramas. Já na análise dos dois indivíduos que eram jovens em 2004/2005 e se

tornaram adultos em 2016/2017 o crescimento em média foi de 4,62 cm no

comprimento do plastrão e um incremento de massa corporal de 383 gramas (Tabela 3).

Tabela 2 – Número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani capturados na Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, em 2004/2005 (período 1) e em 2016/2017 (período 2) e proporção de jovens e

adultos em cada período.

2004/2005 2016/2017

Adultos Joven

s

Adultos Joven

s

Macho

s Fêmea

s Total Macho

s Fêmea

s Total

indivíduo

s 3 3 4 10

5 4 3 12

%

30 30 40

41,7 33,3 25

60 40 100 75 25 100

Tabela 3 – Média de crescimento utilizando a medida do comprimento máximo do plastrão (em

centímetros) e incremento de massa corporal (MC) (em gramas) dos indivíduos de Hydromedusa

maximiliani capturados na RBMSC, no período 1 (2004/2005) e no período 2 (20016/2017).

Adultos e juvenis em 2004/2005 e em 2016/2017

N CMP MC

4 2,48 ± 2,183 221,29 ± 166,64

Adultos em 2004/2005 e em 2016/2017

N CMP MC

2 0,33 ± 2,47 59,58 ± 73,66

Juvenis em 2004/2005 e Adultos em 2016/2017

N CMP MP

2 4,62 ± 0,806 383 ± 32,53

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Tabela 1 – Morfometria dos espécimes de Hydromedusa maximiliani amostrados durante o período de 2004-2005 e 2016-2017, na Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, Juiz

de Fora, Minas Gerais. M = macho adulto; F =fêmea adulta; J = Jovem/Sexo Indeterminado; M* = jovem em 2004-2005 e macho em 2016-2017. Medidas lineares em centímetro e

Massa corpórea em gramas. CMC= Comprimento máximo da carapaça; LMC= largura máxima da carapaça; AMC= altura máxima da carapaça; CMP= comprimento máximo do

plastrão; LMP= largura máxima do plastrão e MC= massa corpórea. 1=Período 2004-2005. 2=Período 2016-2017.

Espécime Sexo/Idade

CMC CMC LMC LMC AMC AMC CMP CMP LMP LMP MC MC Captura Captura Recapturas Recapturas Total

1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 Recapturas

1M 20,78 20 ,07 11,30 11,95 5,20 5,65 13,48 13,64 7,58 7,80 552,50 560,00 1 1 3 9 12

4F 14,73 15,40 8,84 9,05 3,95 4,00 11,44 11,95 6,73 8,15 308,33 420,00 1 1 5 7 12

5F 15,93 - 9,72 - 4,30 - 11,52 - 6,97 - 323,33 - 1 0 3 0 3

8M 15,28 - 9,32 - 3,76 - 11,63 - 6,85 - 315,00 - 1 0 5 0 5

9M* 10,49 17,80 6,52 10,20 2,84 4,50 7,91 13,10 5,09 7,70 114,00 520,00 1 1 4 6 10

10M 15,00 - 9,44 - 4,06 - 11,38 - 7,65 - 305,00 - 1 0 0 0 0

12M 12,90 - 7,92 - 3,86 - 9,83 - 6,54 - 210,00 - 1 0 0 0 0

13M* 12,18 19,30 7,25 11,25 3,04 4,83 9,00 13,05 6,03 7,96 140,00 500,00 1 1 1 5 6

14F 12,46 - 7,99 - 3,20 - 9,46 - 6,06 - 166,67 - 1 0 2 0 2

15J 4,30 - 3,00 - 0,80 - 2,85 - 1,65 - 7,80 - 1 0 0 0 0

16J - 10,42 - 6,70 - 2,91 - 7,94 - 5,10 - 110,00 0 1 0 0 0

17M - 15,11 - 9,31 - 3,84 - 10,90 - 6,03 - 320,00 0 1 0 3 3

18M - 13,05 - 8,40 - 3,30 - 9,51 - 6,55 - 100,00 0 1 0 3 3

19F - 14,61 - 9,38 - 4,05 - 10,97 - 7,10 - 300,00 0 1 0 3 3

20J - 7,53 - 5,33 - 2,00 - 5,66 - 3,74 - 50,00 0 1 0 1 1

21J - 9,40 - 6,10 - 2,30 - 7,00 - 4,41 - 70,00 0 1 0 0 0

22F - 14,70 - 9,11 - 3,78 - 10,86 - 6,86 - 280,00 0 1 0 0 0

23F - 14,00 - 8,70 - 3,83 - 10,60 - 6,73 - 260,00 0 1 0 0 0

TOTAL 18 10 12 23 37 60

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Figura 7 – Número de indivíduos de Hydromedusa maximiliani na Reserva Biológica Municipal Santa Candida capturados em cada dia de campo, número acumulado de todos os indivíduos capturados ao longo do período 1 - 2004/2005 (Gráfico A) e do período 2 - 2016/2017 (Gráfico B).

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Estrutura Populacional

A estrutura populacional de H. maximiliani na RBMSC nos períodos

2004/2005 e 2016/217 não apresentou variação significativa (D = 0.14286, p = 1), a

qual possui indivíduos distribuídos nas classes de tamanho do comprimento máximo do

plastrão (CMP) similares nos dois períodos; e que indivíduos com CMP com até 12 cm

foram os mais capturados em ambos períodos de estudo (Figura 8).

Figura 8 – Estrutura da população de Hydromedusa maximiliani na Reserva Biológica Municipal Santa

Candida quanto ao comprimento máximo do plastrão (CMP), no período 1 (2004-2005) e no período 2

(2016-2017).

Nas análises relacionadas às diferenças na proporção de jovens e adultos na

população, não foi observado uma grande discrepância no período de 2004/2005

(p=0,527) e em 2016/217 (p=0,083). Quando a proporção entre jovens e adultos de

ambos os períodos foi comparada, também não foram evidenciadas diferenças

estatisticamente significativas (p=0,439), com a razão entre juvenis e adultos similar

entre os dois períodos de estudo.

Os testes binomiais feitos com os números de machos e fêmeas na população,

tanto para o período 2004/2005 (3 machos - 50%; 3 fêmeas - 50%) quanto para o

período 2016/2017 (5 machos - 55,5%; 4 fêmeas - 44,4%) quando analisados

separadamente, apresentaram valores de p=1 e quando comparados entre si, o valor de p

foi de 0,480, indicando que não existe diferença significativa na razão sexual na

população em ambos os períodos.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

2 4 6 8 10 12 14

mer

o d

e in

div

ídu

os

Classes de tamanho CMP (comprimento máximo do plastrão)

2004-2005 2016-2017

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Estimativa da população

Quanto à estimativa da população, de acordo com o método Schnabel que

analisa captura-recapturas de espécimes, no período 1 (2004/2005) o tamanho médio

estimado da população foi de 9 indivíduos, com uma amplitude calculada pelo método

de distribuição de Poisson de 6 a 15 indivíduos.

No período 2016/2017, de acordo com o mesmo método, o tamanho médio da

população foi estimado em 11 indivíduos, com uma amplitude de 8 a 16 indivíduos.

Comparando a média do tamanho estimado da população através do teste não

paramétrico U de Mann-Whitney, verifica-se que não há diferença significativa no

tamanho da população entre os dois períodos estudados (p=0,447).

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4. DISCUSSÃO

Quando comparados os dois períodos (2004/2005 e 2016/2017) percebeu-se

que mesmo o esforço amostral tendo sido maior no segundo período (22 incursões ao

campo) o número de indivíduos de H. maximiliani amostrados não foi

proporcionalmente maior, o que levanta questionamentos a respeito do número de

indivíduos nessa população atualmente, uma vez que o esforço amostral foi

aproximadamente três vezes maior, esperava-se que a quantidade de indivíduos

capturados também fosse maior.

As médias dos dados abióticos e o número de capturas em cada mês do

presente estudo apontam correlação entre os dados de estudos da biologia de H.

maximiliani, como por exemplo, eventos de seu ciclo biológico e a época do ano como

também relatado por Famelli (2014) que estudou uma população de H. maximiliani

entre 2007 e 2009.

Em relação aos quatro indivíduos capturados nos dois períodos (espécimes

números 1, 4, 9 e 13) e seu crescimento em 12 anos, verificou-se que apresentaram

médias de crescimento para adultos e para jovens muito similares ao crescimento médio

padrão para a espécie como também estudado por Martins e Souza (2008) também para

H. maximiliani, com um crescimento rápido desde a eclosão para os juvenis seguido de

uma diminuição na taxa de crescimento à medida que os indivíduos atingem a

maturidade sexual, o que reflete estratégias distintas de grupos etários onde os jovens

investem maior energia no crescimento enquanto os adultos investem maior energia na

reprodução como também relatado por Gibbons, (1990) no estudo com a espécie

Trachemys scripta; Spencer (2002) para as espécies Emydura macquarii e Chelodina

expansa; Martins e Souza (2009) em um estudo com H. maximiliani do Parque Estadual

Carlos Botelho (PECB), São Paulo, uma área de Mata Atlântica.

No presente estudo foi observada uma mudança na estrutura populacional entre

os 2 períodos de captura de estudo. Em 2004/2005 a estrutura da população foi

analisada a partir de uma amostragem de três machos, três fêmeas e quatro juvenis com

sexo indeterminado. Em 2016/2017 a amostragem da população foi de cinco machos,

quatro fêmeas e três juvenis. Em ambos períodos quatro indivíduos estavam presentes

na população. Em 2004/2005 dois desses indivíduos já eram adultos, sendo um macho e

uma fêmea, e os outros dois eram juvenis. Os mesmos indivíduos foram recapturados no

período de 2016/2017, porém os juvenis previamente marcados já apresentavam os

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30

caracteres morfológicos e morfométricos que os categorizavam como indivíduos

adultos. Essa diferença na estrutura etária e sexual da população não teve significância

estatística, entretanto vale ressaltar que o número de indivíduos jovens no presente

estudo faz questionar se está efetivamente ocorrendo recrutamento de novos animais,

que também foi observado nos estudos de Souza (1995) e Souza e Abe (1997) com H.

maximiliani, ambos no PECB, ocorre entre setembro e janeiro que é o período

reprodutivo da espécie. Somente três indivíduos jovens do presente estudo foram

capturados; um em outubro, um fevereiro e um em março, mesmo o esforço amostral

sendo maior que o do primeiro período de estudos (2004/2005). Uma população é

considerada saudável e em expansão quando apresenta não somente um grande número

de indivíduos, mas diversidade de indivíduos distribuídos nas categorias etárias. O que

influencia diretamente essa distribuição e a viabilidade de uma população a longo prazo

está relacionado a fatores como o grau de isolamento desses indivíduos, razão sexual e

estrutura etária. Uma população estará possivelmente em declínio se apresentar um

maior percentual de indivíduos adultos do que jovens (BEGON, 2007; RICKLEFS,

2003). Dessa forma, de acordo com os dados obtidos nesse estudo, pode-se sugerir que

a população de H. maximiliani esteja possivelmente em declínio.

Existem várias causas para mudanças na estrutura populacional dos quelônios

de água doce, como por exemplo o crescimento corporal ao longo do tempo causa a

mudança na composição estrutural da população (MARTINS; SOUZA, 2009). Porém, a

influência antrópica, a migração de indivíduos entre populações distintas e a predação

também podem ser fatores importantes na estruturação populacional (HAILEY et al.,

1988; HALL et al., 1999; MOORE; SEIGEL, 2006). Na população de H. maximiliani

da RBMSC não podemos considerar a migração como um fator para a mudança na

estrutura populacional, uma vez que se trata de uma população isolada em um ambiente

protegido de uma Reserva Biológica, porém restrito, dentro de uma área bastante

antropizada em seus limites externos.

Em outros estudos com H. maximiliani a variação na razão sexual foi mais

acentuada. Souza (1995) registrou ao longo de dois anos uma população adulta (n=58)

composta por 20 machos e 38 fêmeas, um percentual de 34,5% e 65,5%

respectivamente. Martins e Sousa (2009) estudando a mesma população de Souza

(1995), verificaram que a proporção sexual na população ao longo de 13 anos foi em

média de um macho para duas fêmeas. Entretanto, na população de H. maximiliani

estuda por Famelli et al. (2011) ao longo de 12 meses foi verificada a mesma proporção

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sexual da população de H. maximiliani da RBMSC (55,5% de machos, n=10; e 44,4%

de fêmeas, n=8).

Em estudo realizado com uma população de H. maximiliani no PECB, uma

área de Mata Atlântica, em São Paulo, entre os anos de 1993 e 1994, Souza (1995)

estimou uma população de 139 indivíduos (amplitude entre 1 a 145 espécimes na

população) ao longo do estudo, porém capturou 103 espécimes ao longo 5 Km de cursos

d'água em uma área de 350 hectares. O que equivale a aproximadamente 21 indivíduos

por quilômetro de rio.

Martins e Souza (2009) ampliaram a amostragem do estudo de Souza (1995)

durante os anos de 2003 e 2006, na mesma região de estudo. Em novas análises, a

estimativa no período de 1993/1994 foi de 235 indivíduos (amplitude entre 92 a 1016

indivíduos), e entre os anos de 2003/2006 foi de 318 indivíduos (amplitude entre 101 a

1842 espécimes). Porém, em todos os dos dois períodos foram capturados 164

indivíduos ao todo, o que corresponde a 33,4 espécimes por quilômetro de rios. Eles

afirmam ainda que maiores conclusões sobre a variação do tamanho estimado dessa

população são inviáveis, uma vez que foram observados grandes intervalos de confiança

nessas estimativas dos dois períodos de amostragem dos quelônios.

Em uma população de H. maximiliani localizada no Parque Estadual da Serra

do Mar (PESM), no estado de São Paulo, Famelli et al. (2011) entre os anos de

2004/2005 estimaram uma população de 43,72 indivíduos ao longo de 1,03 Km de rios.

Entretanto, foram capturados 25 espécimes ao longo do período, correspondendo a

aproximadamente 25 espécimes por quilômetro de rios. Estes dados são próximos aos

observados por Souza (1995) e Martins e Souza (2009).

O tamanho da população de H. maximiliani na RBMSC não sofreu alterações

significativas no intervalo de 12 anos, aparentemente demonstrando uma estabilidade

numérica, o que foi confirmado pelo teste de U de Mann-Whitney (p=0,447).

Em relação às estimativas de tamanho populacional nos diversos estudos feitos

com populações de H. maximiliani, podemos afirmar que os dados não são precisos. De

acordo com Jones e Hartifield (1995) e Verdon & Donnelly (2005) resultados que

apresentam grandes intervalos de confiança são influenciados pela relativa baixa taxa de

recaptura, o que foi constatado no presente estudo e nos estudos de Souza (1995),

Martins e Souza (2009) e Famelli et al. (2011). Em relação ao tamanho da população de

indivíduos capturados, não podemos considerar os trabalhos de Souza (1995), Martins e

Souza (2009) e Famelli et al. (2011) como bons parâmetros comparativos, uma vez que

as áreas de captura desses trabalhos são muito maiores que a área do presente estudo e

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as populações estudadas são abertas e não isoladas como acredita-se que seja a

população da RBMSC. Outro fato a ser mencionado é a interferência humana, uma vez

que os espécimes amostrados na RBMSC habitam em trechos de riachos e em um

tanque de decantação de alvenaria no interior da mesma, localizada entre cinco bairros

no município de Juiz de Fora, MG. Este tanque tinha, no início do século XX, a função

de armazenar água para abastecer a antiga Fazenda Santa Cândida e localidades

próximas. Os espécimes capturados nos estudos de Souza (1995), Martins e Souza

(2009) e Famelli et al. (2011) são também oriundos de áreas de Reserva Ambiental,

porém, em localidades mais extensas com riachos não represados, ou seja com menor

interferência humana.

Os fatores que mais ameaçam uma população de quelônios de água doce estão

relacionados à perda e fragmentação do habitat (DAIGLE; JUTRAS, 2005; FAMELLI

et al., 2012; GIBBONS et al., 2000; KLEMENS, 2000; LITZGUS; MOUSSEAU, 2004;

MOORE; SEIGEL, 2006). A conservação desses quelônios fica cada vez mais

trabalhosa devido ao crescimento das populações humanas e sua interferência no

ambiente. Somando-se a isso as características biológicas desses espécimes como a

longevidade, a dispersão limitada com baixo índice de migração e alto índice de perda

de ovos e filhotes que não sobrevivem (CONGDON; GIBBONS, 1990, WILBUR;

MORIN, 1988) nos levam ao pensamento de que a população estudada possa apresentar

futuramente uma alteração mais relevante em sua estrutura com um possível aumento de

indivíduos adultos, uma vez que os jovens, apesar de serem mais sucetíveis à ações de

predação, por exemplo, se desenvolvem em adultos e uma diminuição no número de

novos indivíduos, o que levaria à médio e longo prazos ao fim dessa população. Em um

estudo de uma população de Clemmys guttata no Canadá, Enneson e Litzgus (2008)

indicaram que a persistência da população requer uma sobrevivência alta de jovens, o

que indica que esse estágio de vida deve ser considerado estratégico para a conservação

da população.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da estimativa populacional não diferir estatisticamente nos dois

períodos, foi possível perceber uma tendência ao declínio no número de indivíduos de

H. maximiliani.. Um dos motivos que leva a esse questionamento seria o número de

indivíduos capturados nesse trabalho ter sido muito próximo do número de indivíduos

da amostra em 2004/2005, mesmo o esforço amostral tendo sido três vezes maior (em

22 incursões ao campo foram capturados 12 indivíduos, enquanto em 2004/2005 em

sete incursões, foram capturados 10 indivíduos). Outro fator que reforça o aparente

declínio desta população está no fato da não captura de um número mais expressivo de

jovens. Sabe-se que uma população saudável deve apresentar uma proporção maior de

jovens. O isolamento dessa população de cágados endêmicos de Mata Atlântica,

restritos a uma área de Reserva circundada por bairros de uma zona urbana, e por serem

animais com grande longevidade, maturidade sexual tardia, e a característica de não se

locomoverem em grandes distâncias, nos leva a reforçar a importância da conservação

dessa população e a pensar em formas leva-la a uma estabilidade e posterior

crescimento para que não venha a desaparecer. Com isso é importante salientar a

urgência de um plano político para manutenção da Reserva Biológica Municipal Santa

Cândida, não só pelos cágados que ali vivem, mas por toda forma de vida que um

fragmento que esse ecossistema ameaçado em todo o Brasil representa.

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ANEXO

Licença SisBio ICMBio

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